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MATERIAL DE AULA TEMA: Teorias Psicogenéticas em Discussão PROFESSOR: Vinícius Reccanello de Almeida PARTE I FATORES BIOLÓGICOS E SOCIAIS O LUGAR DA INTERAÇÃO SOCIAL NA CONCEPÇÃO DE JEAN PIAGET (Yves de La Taille) • Piaget: • A inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interações sociais que são, em geral, demasiadamente negligenciadas. • O desenvolvimento intelectual é simultaneamente obra da sociedade e do indivíduo. • Duas preocupações: • definir de forma mais precisa o que deve se entender por ser social; • verificar como os fatores sociais comparecem para explicar o desenvolvimento intelectual. O homem como ser social • Piaget: O homem normal não é social da mesma maneira aos seis ou aos vinte anos de idade, e, por conseguinte, sua individualidade não pode ser da mesma qualidade nesses dois diferentes níveis. • O grau ótimo de socialização se dá quando a troca entre dois indivíduos atinge o equilíbrio. • No total, o equilíbrio de uma troca de pensamentos supõe: • um sistema comum de signos e de definições; • uma conservação de proposições válidas obrigando aquele que as reconhece como tal; • uma reciprocidade de pensamento entre os interlocutores. 1 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • “Ser social” de mais alto nível: é aquele que consegue relacionar-se com seus semelhantes de forma equilibrada. • Equação elaborada por Piaget: é um agrupamento – os interlocutores deverão também, cada um de seu lado, ser capazes de pensar seguindo a mesma operação. • Então: para Piaget, não se trata de traçar uma fronteira entre o social e o não social, mas sim de, a partir de uma característica importante das relações possíveis entre pessoas de nível operatório (que representa o grau máximo de socialização do pensamento), comparar graus anteriores de socialização. • Socialização da inteligência nas fases de desenvolvimento • ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR: é essencialmente individual, pouco ou nada devendo às trocas sociais. • ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO: as crianças ainda não conseguem estabelecer trocas intelectuais equilibradas. Motivo: pensamento egocêntrico: • falta de capacidade de aderir a uma escala comum de referência; • a criança não conserva necessariamente, durante uma conversa, as definições que ela mesma deu e as afirmações que ela mesma fez; • a criança tem extrema dificuldade em se colocar no ponto de vista do outro. • Piaget: as noções do Eu e do Outro são construídas conjuntamente, num longo processo de diferenciação. • É justamente esta relativa indiferenciação que determina o tipo de ser social que uma criança ainda é no estágio pré-operatório. A qualidade de suas trocas intelectuais com outrem ainda define um grau de socialização precário, onde ela se encontra ainda isolada dos outros, por não estar plenamente consciente de si e fechada em si mesma por alguma decisão autônoma, mas por não conseguir usufruir da riqueza que essas trocas lhe trarão mais tarde. • ESTÁGIO OPERATÓRIO: as trocas intelectuais começarão a se efetuar como ilustrado pela equação descrita por Piaget. Paralelamente, a criança alcançará a personalidade. 2 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • “Ser social” de mais alto nível: é aquele que consegue relacionar-se com seus semelhantes de forma equilibrada. • Equação elaborada por Piaget: é um agrupamento – os interlocutores deverão também, cada um de seu lado, ser capazes de pensar seguindo a mesma operação. • Então: para Piaget, não se trata de traçar uma fronteira entre o social e o não social, mas sim de, a partir de uma característica importante das relações possíveis entre pessoas de nível operatório (que representa o grau máximo de socialização do pensamento), comparar graus anteriores de socialização. O processo de socialização • As raízes da “marcha para o equilíbrio” encontram-se no período sensório-motor, durante o qual a criança constrói esquemas de ação que constituem uma espécie de lógica das ações e das percepções. • Questão: As relações sociais sempre favorecem o desenvolvimento? Piaget não compartilha desse “otimismo social”. 3 Tipos de relação social COAÇÃO SOCIAL COOPERAÇÃO • Toda relação entre dois ou n indivíduos na qual intervém um elemento de autoridade ou de prestígio. • O indivíduo coagido tem pouca participação racional na produção, conservação e divulgação das ideias. • Uma vez aceito o produto, o indivíduo coagido o conserva, limitando-se a repetir o que lhe impuseram. • A coação corresponde a um nível baixo de socialização (ex. um fala e o outro se limita a ouvir e a memorizar – não há um verdadeiro diálogo; ex’. nenhum dos participantes do diálogo necessita se descentrar). • Pressupõe a coordenação das operações de dois ou mais sujeitos. • Não há assimetria, imposição, repetição, crença etc. Há discussão, troca de pontos de vista, controle mútuo dos argumentos e das provas. • Representa o mais alto nível de socialização. É o tipo de relação interindividual que promove o desenvolvimento. • A cooperação não é um sistema de equilíbrio estático, como ocorre no regime da coação. É equilíbrio móvel. • É um método. É a possibilidade de se chegar a verdades. Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 4 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • Piaget pensa o social e suas influências sobre os indivíduos pela perspectiva da ética • Ser coercitivo ou ser cooperativo depende de uma atitude moral. • O desenvolvimento cognitivo é condição necessária ao pleno exercício da cooperação, mas não condição suficiente. • Reflexo no campo político: o regime, as instituições devem valorizar a igualdade e a democracia. • A teoria de Piaget é uma defesa do ideal democrático. Mas trata-se de uma defesa de caráter científico, uma vez que ele procura demonstrar que a democracia é condição necessária ao desenvolvimento e à construção da personalidade. 5 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 VYGOTSKY E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE CONCEITOS (Marta Kohl de Oliveira) • As proposições de Vygotsky acerca do processo de formação de conceitos nos remetem à discussão das relações entre pensamento e linguagem, à questão da mediação culturalno processo de construção de significados por parte do indivíduo, ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimentos de natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Substrato biológico e construção cultural no desenvolvimento humano • O ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro social. • A cultura torna-se parte da natureza humana num processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico do homem. • Funcionamento do cérebro: as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem. • Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria as formas de ação que o distinguem de outros animais. • Vygotsky rejeitou a ideia de funções mentais fixas e imutáveis (o cérebro pode servir a novas funções, criadas na história do homem, sem que sejam necessárias transformações morfológicas no órgão físico). • Instrumentos e símbolos construídos socialmente definem quais das inúmeras possibilidades de funcionamento cerebral serão efetivamente concretizadas ao longo do desenvolvimento e mobilizadas na realização de diferentes tarefas. • Organização cerebral – baseada em SISTEMAS FUNCIONAIS • Filogênese: estruturação básica estabelecida ao longo da história da espécie. • Ontogênese: a estrutura dos processos mentais e as relações entre os vários sistemas funcionais transformam-se ao longo do desenvolvimento individual. 6 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • Atividades mentais: • nos estágios iniciais do desenvolvimento: apoiam-se principalmente em funções mais elementares; • nos estágios subsequentes: há a participação de funções superiores. • Mediação – inclui dois aspectos complementares • A capacidade de lidar com representações que substituem o real. A operação com sistemas simbólicos – e o consequente desenvolvimento da abstração e da generalização – permite a realização de formas de pensamento que não seriam possíveis sem esses processos de representação e define o salto para os chamados processos psicológicos superiores, tipicamente humanos. • Refere-se ao fato de que os sistemas simbólicos que se interpõem entre sujeito e objeto de conhecimento têm origem social. É a cultura que fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade e, por meio deles, o universo de significações que permite construir uma ordenação, uma interpretação, dos dados do mundo real. • Internalização: ao longo do seu desenvolvimento o indivíduo internaliza formas culturalmente dadas de comportamento, num processo em que atividades externas, funções interpessoais, transformam-se em atividades internas, intrapsicológica. O processo de formação de conceitos • Funções básicas da linguagem humana: • intercâmbio social; • pensamento generalizante (simplifica e generaliza a experiência, ordenando as instâncias do mundo real em categorias conceituais cujo significado é compartilhado pelos usuários dessa linguagem). • Pensamento verbal: não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala. 7 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 8 Questão: Como se transforma, ao longo do desenvolvimento, o sistema de relações e generalizações contido numa palavra? Percurso genético do desenvolvimento do pensamento conceitual Pensamento sincrético Pensamento por complexos Pensamento conceitual A criança forma conjuntos baseados em fatores perceptuais. Ex. proximidade espacial. Os nexos são instáveis e não relacionados aos atributos relevantes dos objetos. Em um complexo, as ligações entre seus componentes são concretas e factuais, e não abstratas e lógicas. Um complexo é um agrupamento concreto de objetos unidos por ligações factuais. Qualquer conexão factualmente presente pode levar à inclusão de um determinado elemento em um complexo. A formação de complexos exige a combinação de objetos com base em sua similaridade, a unificação de impressões dispersas. A criança agrupa objetos com base em um único atributo, sendo capaz de abstrair características isoladas da totalidade da experiência concreta. O signo mediador é incorporado à sua estrutura como uma parte indispensável do processo como um todo. A linguagem do grupo cultural onde a criança se desenvolve dirige o processo de formação de conceitos: a trajetória de desenvolvimento de um conceito já está predeterminada pelo significado que a palavra que o designa tem na linguagem dos adultos. Na formação dos conceitos, a criança interage com os atributos presentes nos elementos do mundo real, sendo essa interação direcionada pelas palavras que designam categorias culturalmente organizadas. Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 9 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 10 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • Tipos de conceitos: • Cotidianos / espontâneos: desenvolvidos no decorrer da atividade prática da criança, de suas interações sociais imediatas. • A criança adquire consciência dos seus conceitos espontâneos relativamente tarde: a capacidade de defini-los por meio de palavras, de operar com eles à vontade, aparece muito tempo depois de ter adquirido os conceitos. • Científicos: aqueles adquiridos por meio do ensino, como parte de um sistema organizado de conhecimentos, particularmente relevantes nas sociedades letradas. • Os conceitos científicos, embora transmitidos em situações formais de ensino-aprendizagem, também passam por um processo de desenvolvimento. • O desenvolvimento do conceito científico começa com uma definição verbal e com sua aplicação em operações não-espontâneas. • O desenvolvimento dos conceitos espontâneos da criança é ascendente, enquanto o desenvolvimento dos seus conceitos científicos é descendente, para um nível mais elementar e concreto. • Embora os conceitos científicos e espontâneos se desenvolvam em direções opostas, os dois processos estão intimamente relacionados. É preciso que o desenvolvimento de um conceito espontâneo tenha alcançado um certo nível para que a criança possa absorver um conceito científico correlato. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 11 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 DO ATO MOTOR AO ATO MENTAL: A GÊNESE DA INTELIGÊNCIA SEGUNDO WALLON (Heloysa Dantas) A motricidade: do ato motor ao ato mental • Motricidade: associada ao conjunto do funcionamento da pessoa. • Atividade muscular – duas funções: • Cinética (clônica): responde pelo movimento visível, pela mudança de posição do corpo ou de segmentos do corpo no espaço. • Postural (tônica): responde pela manutenção da posição assumida (atitude), e pela mímica. • No antagonismo entre ato motor e mental, ao longo do processo de fortalecimento do ato mental, por ocasião da aquisição crescente do domínio dos signos culturais, a motricidade em sua dimensão cinética tende a se reduzir, a se virtualizar em ato mental. • O ato mental, que se desenvolve a partir do ato motor, passa em seguida a inibi-lo, sem deixar de ser atividade corpórea. • Motricidade expressiva da mímica: • inteiramente ineficaz do ponto de vista instrumental (não tem efeitos transformadores sobre o ambiente físico); • em relação ao ambiente social: pela expressividade o indivíduo humano atua sobre o outro. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 12 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 13 Tipologia do movimento Movimentos reflexos Movimentos involuntários (automáticos) Movimentos voluntários (praxias) A influência ambiental, aliada ao amadurecimento da região temporal do córtex, dará lugar à fase simbólica e semiótica. A criança agora dispõe de: - movimentos instrumentais; - movimentos simbólicos (ideomovimentos). Controlados no nível da medula. - Pós-nascimento: movimentos reflexos, impulsivos, globais e incoordenados. - Duração dessa etapa: 3 meses. - A partir deles, evoluirão os movimentos expressivos. Controlados em nível subcortical pelo sistema extrapiramidal. Exemplo: movimentos expressivos (mímica, atitude) – permanecem inconscientes (ex. balanço dos braços no andar). Controlados no nível cortical pelo sistema piramidal. - A predominância dos gestos instrumentais, práxicos, começa a se estabelecer no segundo semestre (e se impõe apenas no final do primeiro ano – quando o amadurecimento cortical torna aptos os sistemas necessários à exploração direta sensório-motora da realidade: a marcha, a preensão, a capacidade de investigação ocular sistemática). A sequência psicogenética de aparecimento dos diferentes tipos de movimento acompanha a marcha, que se faz de baixo para cima, do amadurecimento das estruturas nervosas. Exemplos de amadurecimento das competências práxicas Início do primeiro ano - O ser está à mercê das suas sensações internas, viscerais e posturais. Por volta do segunda trimestre - O reflexo de preensão será substituído por uma preensão voluntária, ainda muito tosca: a chamada preensão palmar, em que a mão se fecha em torno do objeto sem fazer uso da oposição entre o polegar e os outros dedos (vantagem da espécie humana). Por volta de nove meses - A chamada preensão em pinça, em que polegar e indicador se opõem e complementam. Por volta do primeiro ano - A competência no uso das mãos só está completa quando se forma a bilateralidade, e as duas mãos deixam de atuar indiferenciadamente para adotarem uma ação complementar, em que cabe à dominante a iniciativa, e à não dominante uma atividade auxiliar. Essas são apenas as praxias básicas; as especiais, próprias de cada cultura, como segurar adequadamente um lápis ou um pincel para escrever, percorrer uma página a partir do alto, à esquerda, ou de baixo, à direita, ou ainda segurar um garfo ou manusear pauzinhos para comer, não podem obviamente ser consideradas produto do amadurecimento cortical. Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 14 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 15 As fases da inteligência Fase impulsivo- emocional (1º ano de vida) - Dominam as relações emocionais com o ambiente e o acabamento da embriogênese: trata-se nitidamente de uma fase de construção do sujeito, onde o trabalho cognitivo está latente e ainda indiferenciado da atividade afetiva. Fase sensório-motora e projetiva (1 a 3 anos) - Momento em que a inteligência poderá dedicar-se a construção da realidade. - Fase da inteligência prática ou das situações. - Final do segundo ano: a fala e as condutas representativas são inegáveis (nova forma de relação com o real, que emancipará a inteligência do quadro preceptivo imediato). Personalíssimo (3 a 6 anos) Categorial (6 a 11 anos) Adolescência ou puberdade (a partir de 11 anos) Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • Pensamento discursivo (A partir dos 5 anos) • Com a função simbólica e a linguagem, inaugurar-se-á o pensamento discursivo. • É sincrético em sua origem. • O sincretismo alcança não só os conteúdos como os processos do pensamento inicial: os próprios mecanismos de assimilação e oposição são indiferenciados, de maneira que duas coisas são simultaneamente assimiladas e opostas: O sol e o céu, mas não são a mesma coisa. • Pensamento categorial: forma mais diferenciada de pensamento. Sua condição: a qualidade diferenciada da coisa em que se apresenta, tornada "categoria" abstrata, exigência para a definição, e, por conseguinte, para a elaboração do conceito. • Elaboração do conceito: permitirá a atribuição das qualidades específicas de um objeto, tornando-o assim distinto de outros, sem carregar consigo os demais atributos do objeto em que aparece. • Exemplo: Enquanto o "pesado" do barco estiver confundido com as suas outras características, como "grande", será impossível chegar à solução do problema do afundamento da faca. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 16 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 PARTE II AFETIVIDADE E COGNIÇÃO DESENVOLVIMENTO DO JUÍZO MORAL E AFETIVIDADE NA TEORIA DE JEAN PIAGET (Ives de La Taille) O desenvolvimento do juízo moral na criança • As regras do jogo • Piaget: Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por estas regras. • Jogos coletivos: • representam uma atividade interindividual necessariamente regulada por certas normas que, embora geralmente herdadas das gerações anteriores, podem ser modificadas pelos membros de cada grupo de jogadores, fato este que explicita a condição de "legislador" de cada um deles. • embora tais normas não tenham em si caráter moral, o respeito a elas devido é, ela sim, moral (e envolve questões de justiça e honestidade). • tal respeito provém de mútuos acordos entre os jogadores, e não da mera aceitação de normas impostas por autoridades estranhas à comunidade de jogadores. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 17 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 18 Três etapas da evolução da prática e da consciência da regra ANOMIA (até 5, 6 anos) HETERONOMIA (até 9, 10 anos) AUTONOMIA • Crianças de até cinco, seis anos de idade não seguem regras coletivas. • Interessam-se, por exemplo, por bolas de gude, mas antes para satisfazerem seus interesses motores ou suas fantasias simbólicas, e não tanto para participarem de uma atividade coletiva. • Há interesse em participar de atividades coletivas e regradas. • Características desta participação: - primeira: as regras não pode, ser modificadas; - segunda: frequentemente introduz, sem qualquer consulta prévia a seu adversário, alguma variante que lhe possibilita ter melhor desempenho e não acha estranho afirmar no final de uma partida que "todo mundo ganhou“. • A criança heterônoma não assimilou ainda o sentido da existência de regras: não as concebe como necessárias para regular e harmonizar as ações de um grupo de jogadores e por isso não as segue à risca; e justamente por não as conceber desta forma, atribui-lhes uma origem totalmente estranha à atividade e aos membros do grupo, e uma imutabilidade definitiva que faz as regras assemelharem-se a leis físicas. • Suas características correspondem à concepção adulta do jogo. • Primeiro: as crianças jogam seguindo as regras com esmero. • Segundo: o respeito pelas regras é compreendido como decorrente de mútuos acordos entre os jogadores, cada um concebendo a si próprio com possível "legislador", ou seja, criador de novas regras que serão submetidas à apreciação e aceitação dos outros. • A autonomia demonstrada na prática da regra aparece um pouco mais cedo do que aquela revelada pela consciência da mesma Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 O dever moral • Ingresso da criança no universo moral: dá-se pela aprendizagem de diversos deveres a ela impostos pelos pais e adultos (não mentir, não pegar as coisas dos outros ..). • Imposições: possíveis na fase de heteronomia da criança: se ela já está inclinada a aceitar como inquestionáveis regras de jogos, provavelmente reagirá da mesma forma a regras morais. • Concepções morais infantis em relação ao dever – 3 situações: a) Dano material; b) Mentira; c) Roubo. • Histórias: Um menino quebra dez copos sem querer; na segunda, outro quebra um só durante uma ação ilícita, e pede-se à criança que diga se ela acha os protagonistas culpados, qual o mais culpado, e por quê. • Realismo moral – 3 características: • é considerado bom todo ato que revela uma obediência às regras ou aos adultos que as impuseram; • é ao pé da letra, e não no seu espírito, que as regras são interpretadas; • há uma concepção objetiva da responsabilidade, ou seja, julga-se pelasconsequências dos atos e não pela intencionalidade daqueles que agiram. • Exemplos – realismo moral: • DANO MATERIAL: A criança em fase de realismo moral julga mais culpado alguém que tenha quebrado dez copos sem querer do que alguém que somente tenha quebrado um durante uma ação ilícita. • MENTIRA: criança pequena julga mais culpado alguém que tenha distorcido a verdade de forma flagrante embora sem querer enganar o próximo (dizer, por exemplo, que viu um "cachorro grande como um boi", para expressar um susto levado) do que alguém que tenha dito algo falso, mas verossímil, para levar algum proveito pessoal (por exemplo, alegar que está com dor de cabeça para fugir a alguma tarefa caseira). 19 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 Justiça • DEVERES: costumam vir sob uma forma pronta e acabada, e como imperativos a serem obedecidos. • JUSTIÇA: representa mais um ideal, uma meta, portanto algo a ser conquistado, um bem a ser realizado. A cada momento, deve-se decidir como fazer justiça, e, no mais das vezes, não existem procedimentos precisos para que se alcance o intento: deve-se, justamente, avaliar, pesar, interpretar as diversas situações e então decidir o que fazer. • Heteronomia: para a criança pequena, a justiça se confunde com a lei e com a autoridade. • JUSTIÇA IMANENTE: todo crime será inelutavelmente castigado, mesmo que seja por forças da natureza • SANÇÕES: • a) sanções expiatórias: quando a qualidade do castigo é estranha àquela do delito; Ex. privar de sobremesa alguém que mentiu. • b) sanções por reciprocidade: Ex. excluir do grupo alguém que mentiu porque a mentira é justamente incompatível com a confiança mútua. • RELAÇÃO DA JUSTIÇA DISTRIBUTIVA COM A AUTORIDADE: Ex. uma mãe manda sistematicamente um de seus dois filhos comprar pão, porque o outro sempre reclama quando lhe pedem para fazê-lo. É certo a mãe agir assim? Para as crianças pequenas, a ordem adulta é “justa”, pois provém de um adulto e deve ser obedecida. As duas morais da criança e os tipos de relações sociais • Discussão: Piaget e Durkheim. • DURKHEIM: todo ato moral envolve obrigatoriamente dois aspectos: o dever e o bem. O dever corresponde ao sentimento de obrigatoriedade que experimentamos perante uma regra moral, e que nos faz a ela obedecer. Além de seu caráter de obrigatoriedade, toda regra moral tem também o caráter da "desejabilidade", ou seja, os objetos dos diversos deveres precisam, de alguma forma, aparecer como atraentes, como bons (e não apenas imperativos) para que sejam obedecidos. O desenvolvimento intelectual e moral decorre de uma interiorização, pela criança, da cultura vigente. • Ponto comum entre Piaget e Durkheim: a moral é um fato social, e, portanto, uma consciência puramente individual não seria capaz de elaborar e respeitar regras morais. 20 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • Piaget – categorias das relações interindividuais: COAÇÃO: • é uma relação assimétrica, na qual um dos polos impõe ao outro suas formas de pensar, seus critérios, suas verdades; • é uma relação onde não existe reciprocidade; • é uma relação constituída no sentido de que suas regras são dadas de antemão, e não podem nem devem ser construídas pelos diferentes participantes (eles não podem ser "legisladores"); • as relações de coação são contraditórias com o desenvolvimento intelectual das pessoas a elas submetidas; • impede a reciprocidade – não possibilita à criança construir as estruturas mentais operatórias necessárias à sua conquista; • da coação deriva-se a heteronomia moral (respeito unilateral). COOPERAÇÃO: • relações simétricas, portanto, regidas pela reciprocidade; • são relações constituintes, que pedem, pois, mútuos acordos entre os participantes, uma vez que as regras não são dadas de antemão; • somente com a cooperação, o desenvolvimento intelectual e moral pode ocorrer, pois ele exige que os sujeitos se descentrem para poder compreender o ponto de vista alheio; • no que tange à moral, da cooperação derivam o respeito mútuo e a autonomia; • para Piaget, as relações entre crianças promovem a cooperação, justamente por se configurarem como relações a serem constituídas entre seres iguais. 21 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 22 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • Piaget e Bovet • Piaget simpatiza com as ideias de Bovet pois, levam em conta as relações entre os indivíduos, e não somente a relação entre cada indivíduo e a "sociedade". Todavia, Piaget reencontra as mesmas divergências que o opõem a Durkheim quando Bovet baseia todo respeito moral nos sentimentos de medo e amor. Escreve ele: "Se todo dever emana das personalidades superiores a ela, como a criança adquirirá uma consciência autônoma?” Afetividade e inteligência na Teoria Piagetiana do desenvolvimento do juízo moral • Toda educação moral visa fazer com que as crianças sejam capazes de controlar seus sentimentos, seus desejos, em nome de um ideal social ou grupal. • A afetividade é a mola propulsora das ações, e a Razão está a seu serviço. • Mas... frequentemente devemos agir contra nossos interesses. É aliás, nestes casos que se identifica comumente uma ação moral. • Piaget: • Início do desenvolvimento moral: moral da heteronomia – inspirada pelos sentimentos de medo, amor, sagrado. • Ação em função do respeito mútuo: moral autônoma - o que move as ações da moral autônoma é este "sentimento", todo racional, que é o da necessidade (“aquilo que não pode não ser”). • A tomada de consciência não depende apenas de uma "vontade" inata do sujeito. Antes são solicitadas pelo meio social, contanto que as relações deste meio sejam de cooperação. • Afeto e moral se conjugam em harmonia: o sujeito autônomo não é um "reprimido", mas sim um homem livre, pois livremente convencido de que o respeito mútuo é bom e legítimo. Tal liberdade lhe vem de sua Razão, e sua afetividade "adere" espontaneamente a seus ditames. 23 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 O PROBLEMA DA AFETIVIDADE EM VYGOTSKY (Marta Kohl de Oliveira) • Crítica de Vygotsky: um dos principais defeitos da psicologia tradicional é a separação entre os aspectos intelectuais,de um lado, e os volitivos e afetivos, de outro, propondo a consideração da unidade entre esses processos. • Pensamento: tem sua origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção. Consciência • Correntes: • Reducionismo comportamentalista: procurava explicar processos elementares sensoriais e reflexos, propondo a eliminação do construto consciência da psicologia científica. • Psicologia idealista: tomava a consciência como substância, como um "estado interior" preexistente, uma realidade subjetiva primária. • Vygotsky: consciência como organização objetivamente observável do comportamento, que é imposta aos seres humanos através da participação em práticas socioculturais. • Toma a dimensão social da consciência como essencial, sendo a dimensão individual derivada e secundária. • O processo de construção de um plano intrapsicológico a partir de material interpsicológico, de relações sociais, é o processo mesmo de formação da consciência. • A internalização não e um processo de cópia da realidade externa num plano interior já existente; é, mais do que isso, um processo em cujo seio se desenvolve um plano interno da consciência. • Então, a consciência: • representa um salto qualitativo na filogênese, sendo o componente mais elevado na hierarquia das funções psicológicas humanas; • é a própria essência da psique humana, constituída por uma inter-relação dinâmica, e em transformação ao longo do desenvolvimento, entre intelecto e afeto, atividade no mundo e representação simbólica, controle dos próprios processos psicológicos, subjetividade e interação social. 24 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 Subjetividade e intersubjetividade • Funções psicológicas superiores: • referem-se a processos voluntários, ações conscientemente controladas, mecanismos intencionais; • são as funções que apresentam o maior grau de autonomia em relação aos fatores biológicos do desenvolvimento, sendo, portanto, claramente um resultado da inserção do homem num determinado contexto sócio-histórico. • A internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas constitui o aspecto característico da psicologia humana; é a base do salto qualitativo da psicologia animal para a psicologia humana. • A passagem do nível interpsicológico para o nível intrapsicológico envolve: • relações interpessoais densas, mediadas simbolicamente, e não trocas mecânicas limitadas e um patamar meramente intelectual; • a construção de sujeitos absolutamente únicos, com trajetórias pessoais singulares e experiências particulares em sua relação com o mundo e, fundamentalmente, com as outras pessoas. Sentido e significado • Os processos mentais superiores são processos mediados por sistemas simbólicos. • Linguagem: fornece os conceitos e as formas de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento • Significado: • é componente essencial da palavra sendo, ao mesmo tempo, um ato de pensamento, na medida em que o significado de uma palavra já é, em si, uma generalização; • propicia a mediação simbólica entre o indivíduo e o mundo real; • é um critério da palavra, seu componente indispensável; • mas, do ponto de vista da psicologia, o significado de cada palavra é uma generalização ou um conceito; • refere-se ao sistema de relações objetivas que se formou no processo de desenvolvimento da palavra, consistindo num núcleo relativamente estável de compreensão da palavra, compartilhado por todas as pessoas que a utilizam. 25 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • Sentido: refere-se ao significado da palavra para cada indivíduo, composto por relações que dizem respeito ao contexto de uso da palavra e às vivências afetivas do indivíduo. • O sentido da palavra liga seu significado objetivo ao contexto de uso da língua e aos motivos afetivos e pessoais dos seus usuários. • Relaciona-se com o fato de que a experiência individual é sempre mais complexa do que a generalização contida nos signos. O discurso interior • Processo de aquisição da linguagem: • Uso da fala socializada, com a função de comunicação, contato social. • Em fases mais avançadas de sua aquisição, porém, a linguagem, utilizada inicialmente para intercâmbio com outras pessoas, é internalizada, e passa a servir ao próprio indivíduo. • O discurso interior • É fragmentado, abreviado, contém quase só núcleos de significação, consistindo numa espécie de "dialeto pessoal", compreensível apenas pelo próprio sujeito. • Predomina o sentido sobre o significado das palavras: no plano intrapsicológico o indivíduo lida com a dimensão do significado que relaciona as palavras às vivências afetivas e contextuais muito mais que ao seu aspecto objetivo e compartilhado. • Função: apoiar os processos psicológicos mais complexos: • de pensamento • de autorregulação • de planejamento da ação • de monitoração do próprio funcionamento afetivo-volitivo. • Vygotsky: • As palavras desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento, mas também na evolução histórica da consciência como um todo. Uma palavra é um microcosmo da consciência humana. 26 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 27 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 A AFETIVIDADE E A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO NA PSICOGENÉTICA DE WALLON (Heloysa Dantas) Teoria da emoção • Período IMPULSIVO-EMOCIONAL (0 a 1 anos): a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento. • Emoção: • vista como o instrumento de sobrevivência típico da espécie humana (bebê: capacidade de mobilizar poderosamente o ambiente, no sentido do atendimento das suas necessidades); • é social: fornece o primeiro e mais forte vínculo entre os seres da espécie e supre a insuficiência da articulação cognitiva nos primórdios da história do ser e da espécie; • suas raízes estão na função tônica; • ela é simultaneamente social e biológica em sua natureza; realiza a transição entre o estado orgânico do ser e a sua etapa cognitiva, racional, que só pode ser atingida através da mediação cultural, isto é, social. • Teoria da emoção: • DIALÉTICA:tem natureza contraditória. Atenção ao suporte orgânico da consciência sem reduzi-la a um epifenômeno, uma vez que não confunde anterioridade com supremacia, mas, pelo contrário, identifica a função posterior como mais complexa e posteriormente dominante. • GENÉTICA: acompanha as mudanças funcionais. A conduta emocional depende de centros subcorticais (vale dizer, sua expressão é involuntária e incontrolável) e, com a maturação cortical, torna-se suscetível de controle voluntário. • As emoções e o papel do tônus • EMOÇÕES HIPOTÔNICAS: redutoras do tônus. Ex. o susto e a depressão. • EMOÇÕES HIPERTÔNICAS: geradoras de tônus. Ex. a cólera e a ansiedade, capazes de tornar pétrea a musculatura periférica. 28 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 Características do comportamento emocional • Sua função basicamente social explica o seu caráter contagioso, epidêmico. • Do seu caráter social resulta ainda a tendência que tem para nutrir-se com a presença dos outros. Plateias desempenham o papel do oxigênio que alimenta a chama emocional: deixada a sós, entregue a si mesma, a manifestação tende a se extinguir rapidamente. • A emoção traz consigo a tendência para reduzir a eficácia do funcionamento cognitivo; neste sentido, ela é regressiva. Mas a qualidade final do comportamento do qual ela está na origem dependerá da capacidade cortical para retomar o controle da situação. • “Circuito perverso" da emoção: a de surgir nos momentos de incompetência, e então, devido ao seu antagonismo estrutural com a atividade racional, provocar ainda maior insuficiência. • A educação da emoção deve ser incluída entre os propósitos da ação pedagógica, o que supõe o conhecimento íntimo do seu modo de funcionamento. • A revolução orgânica provocada pela emoção concentra no próprio corpo a sensibilidade: ocupada com as próprias sensações viscerais, metabólicas, respiratórias, corporais, fica diminuída a acuidade da percepção do exterior. • O caráter altamente contagioso da emoção vem do fato de que ela é visível, abre-se para o exterior através de modificações na mímica e na expressão facial. Afetividade e inteligência • O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade diferenciou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira. • A história da construção da pessoa será constituída por uma sucessão pendular de momentos dominantemente afetivos ou dominantemente cognitivos, não paralelos, mas integrados. • Três grandes momentos: • afetividade emocional ou tônica; • afetividade simbólica e • afetividade categorial 29 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 As etapas da construção do eu • Impulsivo-emocional: • o recém-nascido (centrípeto em sentido radical), está ocupado primordialmente com seu "Eu" corporal e reage muito pouco aos objetos do mundo físico. • Sensório-motor e projetivo: • faz referência ao caráter de exteriorização do processo ideativo em seus primórdios; • "Projetivo" é o equivalente a "simbólico“ (função simbólica, no início, depende ainda das manifestações motora); • o antagonismo existente entre o ato motor e o ato mental opera no sentido de iniciar a lenta inibição (sinônimo de interiorização) da motricidade; • a denominação "sensório motor/projetivo" indica a proximidade entre uma forma de lidar com a realidade e aquela outra que a reduzirá. • Personalíssimo: • instrumentada pela função simbólica, a percepção de si poderá transformar-se em "consciência de si" ampliando-se na direção do passado e do futuro; • tal elaboração se faz por um tipo especial de interação, caracterizado pela oposição e negação do outro: é pela expulsão do que há de alheio dentro de si, que se fabrica o Eu; • fase marcada por uma sucessão de manifestações que vão desde a rebeldia e o negativismo em estado quase puro, à sedução do outro e depois à sua imitação; • cabe à educação: satisfação das necessidades orgânicas e afetivas, a oportunidade para a manipulação da realidade e a estimulação da função simbólica, depois a construção de si mesmo; • a tempestade do personalismo, se teve um final feliz, permitiu a superação do sincretismo da pessoa. Esta realização poderá então ser transposta para o plano da inteligência e permitir a gradual superação do sincretismo do pensamento. 30 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 • Categorial: • fase de aquisição da capacidade conceitual, e com ela a possibilidade de definir e explicar; • estreitamente dependente dos conteúdos, ela implica a superação, lenta e difícil, das tendências sincréticas da inteligência infantil, ainda pouco diferenciada da afetividade. • Puberdade e adolescência • é a segunda e última crise construtiva; ela parte de uma ruptura profunda, que se dá no nível somático e impõe toda uma reconstrução do esquema corporal; • a função categorial, ampliando o alcance da inteligência, abriu espaços para novas definições do Eu. A pessoa se abre para dimensões ideológicas, políticas, metafísicas, éticas, religiosas, que precisa preencher. 31 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 32 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 QUESTÕES DE CONCURSOS 1) (VUNESP) Na obra Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão, De La Taille (In: De La Taille; Oliveira e Dantas, 1992) afirma que para Piaget, o homem não é social da mesma maneira aos seis meses ou aos vinte anos. No entendimento de De La Taille (1992), Piaget defende que a socialização da inteligência só começa a) com as operações mentais superiores. b) a partir da aquisição da linguagem. c) no estágio das operações formais. d) no estágio operatório concreto. e) no estágio sensório-motor. 2) (VUNESP) Durante uma reunião em uma escola de educação infantil, a equipe docente conversava sobre as crianças de 5 anos, e as professoras afirmavam que os meninos e meninas estão muito “dependentes” e “sem limites”. A coordenadora propôs, então, a leitura de trechos da obra Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão, para que a equipe pudesse refletir sobrea prática educativa. Nessa obra, Taille (in: Taille et alii, 1992) baseado nos estudos de Piaget, afirma que a) a educação moral deve ser ensinada através de lição de moral, histórias e sermões, exclusivamente em momentos pontuais de ensino. b) somente a imposição da autoridade, a relação mestre/aluno em direção à manutenção da heteronomia e a apresentação de modelos precisos possibilitam o desenvolvimento moral. c) o método coercitivo de educação é inevitável e necessário em todo o processo da educação moral, devendo ser exclusivo até o final da formação da personalidade, ou seja, o final da adolescência. d) para favorecer a conquista da autonomia, a escola precisa respeitar e aproveitar as relações de cooperação que espontaneamente nascem das relações entre as crianças. e) a equipe escolar necessita definir e explicitar para as crianças e suas famílias as sanções que serão aplicadas, e deve, também, encaminhar para especialistas os alunos com problemas de comportamento. 3) (VUNESP) Os jogos de regras atualmente comercializados, assim como os demais brinquedos, costumam indicar uma classificação etária. Se seguirmos as teorizações piagetianas, também é possível depreender uma classificação dos jogos conforme o desenvolvimento do juízo moral. Segundo Yves de La Taille (em Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão), as pesquisas de Piaget sobre os jogos de regras indicam que a evolução da prática e da consciência da regra pode ser dividida em três etapas, na seguinte sequência: a) assimilação, acomodação e adaptação. b) pré-operatória, operatória-formal e operatória-concreta. c) anomia, heteronomia e autonomia. d) coletivização, simbolização e internalização. e) inconsciência, pré-consciência e consciência. 33 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 4) (VUNESP) Considere o trecho. “[...] a criança desta fase não concebe tais regras como um contrato firmado entre jogadores, mas sim como algo sagrado e imutável pois imposto pela ‘tradição’. E, a fortiori, não concebe a si própria como possível legisladora, ou seja, como possível inventora de regras que possam ser, por mútuo acordo, legitimadas coletivamente”. (DE LA TAILLE, Y., OLIVEIRA, M.K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão) De acordo com a concepção de Piaget, o trecho exemplifica o conceito de a) sensório motor. b) operações formais. c) anomia. d) autonomia. e) heteronomia. 5) (CONSULPLAN) Para aqueles que superam as resistências iniciais, a obra de Wallon adquire um apelo especial: a possibilidade de integrar a ciência psicológica e uma concepção epistemológica dialética e derivar dela uma pedagogia politicamente comprometida. (DANTAS, H. Afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon. In: LA TAILLE, Y., DANTAS, H., OLIVEIRA, M. K. Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus Editorial, 1992.). Baseando-se em Wallon a respeito da criança e seu desenvolvimento, é INCORRETO afirmar que: a) Não estuda a criança como um ser fragmentado, mas como um ser completo e constituinte do meio sociocultural em que vive. b) A emoção, o ato motor e a inteligência são campos funcionais que, no início da vida da criança, são indiferenciados e imaturos. c) Ressalta que o ser humano é psiquismo antes de ser organismo; por isso, a maturação orgânica é dispensável para a evolução funcional. d) Considera a “evolução dialética da personalidade” como uma construção progressiva, onde se realiza a integração da duas principais funções: a afetividade e a inteligência. 6) (VUNESP) Quando se estuda o tema “Abordagens do processo de ensino e aprendizagem”, é inevitável que se dê atenção à abordagem cognitivista, particularmente aos trabalhos do pesquisador suíço Jean Piaget. Um dos pontos de destaque em sua teoria é o conceito de reversibilidade. Na obra “Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão” (LaTaille, Oliveira e Dantas, 1992), encontramos que, segundo Piaget, “a reversibilidade não é qualidade inata, nem simples aprendizagem dos códigos linguísticos: é construída ativamente pelo sujeito durante seu desenvolvimento cognitivo. Sua conquista e sua presença final são, portanto, a prova de que o sistema cognitivo caminha em direção a) ao equilíbrio”. b) à filogênese”. c) à ontogênese”. d) à gestalt”. e) ao pensamento pré-operatório”. 34 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 7) (FCC) A consciência afetiva é a forma pela qual o psiquismo emerge da vida orgânica: corresponde à sua primeira manifestação. Pelo vínculo imediato que se instaura com o ambiente social, ela garante o acesso ao universo simbólico da cultura, elaborado e acumulado pelos homens ao longo de sua história. Dessa forma é ela que permitirá a tomada de posse dos instrumentos com os quais trabalha a atividade cognitiva. Neste sentido, ela lhe dá origem. (Adaptado de: DANTAS, H. “Afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon”. In: Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão, 1992, p. 85 e 86) De acordo com o texto, a) o acesso ao universo simbólico permite ao ser humano desenvolver sua consciência afetiva. b) quanto mais vínculos sociais forem feitos, maior será a capacidade cognitiva do ser humano. c) a primeira manifestação de psiquismo no ser humano é a consciência afetiva. d) a atividade cognitiva da origem à consciência afetiva. e) a vida orgânica garante o acesso ao universo simbólico da cultura. 8) (VUNESP) Na obra Teorias Psicogenéticas em Discussão (La Taille; Oliveira; Dantas, 1992), La Taille comenta que “É interessante notar uma peculiaridade da teoria de Piaget no que se refere às influências da interação social no desenvolvimento cognitivo. Em geral, quando se pensa em tais influências, aborda-se a questão da cultura: determinadas ideologias, religiões, classes sociais, sistema econômico, presença ou ausência de escolarização, características da linguagem, riqueza ou pobreza do meio etc. Piaget pouco se remete a fatores dessa ordem, o que certamente limita sua teoria. (…), a alternativa determinante por ele assinalada é aquela que opõe a coação à cooperação.” Para La Taille, isso significa que Piaget pensa o social e suas influências sobre os indivíduos pela perspectiva da a) ética. b) estética. c) Liberdade d) educação. e) linguagem 35 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 9) (IF-SP) Leia as afirmativas a seguir, extraídas do livro “Piaget, Vygostky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão" (LA TAILLE, Y.; DANTAS, H.; OLIVEIRA, M. K.,1992). I. “A linguagem humana, sistema simbólico fundamental na mediação entre sujeito e objeto de conhecimento, tem duas funções básicas: a de intercâmbio social e a de pensamento generalizante." II. “Vê-se portanto que não se trata de traçar uma fronteira entre o social e o não social, mas sim de, a partir de uma característica importante das relações possíveis entre pessoas de nível operatório - que representa o grau mínimo de socialização do pensamento - , comparar graus anteriores de socialização." III. “No antagonismo entre motor e mental, ao longo do processo de fortalecimento deste último, por ocasião da aquisição crescente do domínio dos signos culturais, a motricidade em sua dimensão cinética tende a se reduzir, a se virtualizar em ato mental." Assinale a alternativa que apresenta, na ordem correta, os teóricos a que cada uma das afirmativas faz referência. a) I - Vygotsky; II- Piaget; III- Wallon. b) I - Piaget; II- Wallon; III- Vygotsky c) I - Wallon; II- Vygotsky; III- Piaget. d) I- Vygotsky; II- Wallon; III- Piaget. e) I - Piaget; II - Vygotsky; III- Wallon. 10) (PUC-PR) Reconhecido estudioso de Jean Piaget no meio brasileiro, Yves de La Taille (1992) afirma que o pensador francês, ao abordar o desenvolvimento do juízo moral da criança, estuda o jogo coletivo de regras,por considerá-lo paradigmático a respeito da moralidade humana. Dessa forma, a evolução da prática e da consciência da regra pode ser representada pela(s) seguinte(s) etapa(s): I. Anomia, em que crianças de até cinco, seis anos de idade (em média) não seguem regras coletivas. Interessam-se pelo jogo, mas para satisfazer seus interesses motores ou suas fantasias simbólicas, não tanto para participar de uma atividade coletiva. II. Autonomia, em que crianças de até nove, dez anos de idade (em média) interessam-se em participar de atividades coletivas e regradas. Sem conceber, no entanto, tais regras como um contrato firmado entre jogadores, mas sim como algo sagrado e imutável, não tendo a si própria como “legisladora”, ou seja, como possível inventora de regras que possam ser, por mútuo acordo, legitimadas coletivamente. III. Heteronomia, que corresponde à concepção adulta do jogo, em que as crianças jogam seguindo e respeitando as regras por compreendê-las como decorrentes de acordos mútuos entre os jogadores, cada um concebendo a si próprio com possível "legislador", ou seja, criador de novas regras que serão submetidas à apreciação e aceitação dos outros. 36 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 Está CORRETO o que é expresso em a) I. b) II. c) III. d) I e III. e) II e III. 11) (IF-SP) As teorias psicogenéticas, discutidas por La Taylle, Oliveira e Dantas (1992), trazem a temática da afetividade e cognição. Entre as teorias psicogenéticas destaca-se a desenvolvida por Jean Piaget (1896- 1980), que contribui para a compreensão do desenvolvimento do juízo moral na criança. Com base na teoria piagetiana pode-se afirmar que: a) Todo ato moral envolve obrigatoriamente dois aspectos: o dever e o bem, sendo que o primeiro corresponde ao sentimento de obrigatoriedade que experimentamos perante uma regra moral. b) Os aspectos mais difundidos e explorados na abordagem piagetiana são aqueles referentes ao funcionamento cognitivo, entre eles, a centralidade dos processos psicológicos superiores no funcionamento típico da espécie humana. c) A teoria piagetiana é considerada uma teoria cognitivista, à medida que se preocupou com a investigação dos processos internos relacionados à aquisição, organização e uso do conhecimento. d) Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por tais regras. 12) (VUNESP) Miguel, supervisor de ensino em um município paulista, assessorou a equipe técnica de uma das escolas sob sua supervisão na organização de estudos, nos horários de trabalho pedagógico coletivo (HTPC), sobre a teoria psicogenética de Jean Piaget. Logo no primeiro encontro, os docentes indagaram sobre a suposta oposição entre as concepções de Piaget e de Vygotsky a respeito do desenvolvimento humano e da aprendizagem, no que foram esclarecidos, com base em Castorina (2005), que essa oposição é um equívoco que se deve a leituras superficiais das pesquisas de ambos. Outro esclarecimento inicial, com apoio em La Taille (in La Taille, Oliveira e Dantas,1992), foi o de que Piaget afirma, na obra Études Sociologiques, ser o desenvolvimento intelectual, desde o nascimento, obra simultânea a) de Deus e da natureza. b) de Deus e da sociedade. c) da sociedade e da família. d) do indivíduo e da natureza. e) da sociedade e do indivíduo. 37 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 13) (VUNESP) Flávio, Supervisor de Ensino, ciente de que o exercício profissional de seu cargo envolve assessorar o trabalho pedagógico na Diretoria de Ensino e nas escolas para assegurar a aprendizagem a todos os estudantes, colaborou com os diretores e coordenadores das escolas de seu setor na organização de um seminário sobre as teorias psicogenéticas desenvolvidas por Piaget, Vygotsky e Wallon, com apoio na obra de La Taille, Oliveira e Dantas (1992). Como primeiro tema a ser abordado foi eleito “O Lugar da Interação Social na Concepção de Jean Piaget”, uma vez que Piaget costuma ser criticado por “desprezar” o papel dos fatores sociais no desenvolvimento humano. Entretanto, como analisa La Taille, na obra escolhida, nada seria mais injusto do que acreditar que tal desprezo realmente existiu. O máximo que se pode dizer é que, de fato, Piaget não se deteve longamente sobre a questão, contentando-se em a) destacar que o conhecimento real e concreto é construído através de experiências com outras pessoas. b) afiançar que o conhecimento é construído por informações advindas da interação com o ambiente. c) situar as influências e determinações da interação social sobre o desenvolvimento da inteligência. d) relatar situações vividas pelas crianças e adolescentes nas quais se infere a presença de interações sociais. e) alegar que aprender é uma interpretação pessoal do mundo baseada, porém, numa concepção da coletividade em que o sujeito vive. 38 GABARITO 1) B 2) D 3) C 4) E 5) C 6) A 7) C 8) A 9) A 10) A 11) D 12) E 13) C Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS. Teorias Psicogenéticas em Discussão. Summus Editorial. São Paulo, 1992. 39 Licensed to Bruna Rodrigues Carneiro Chinchio - brunarchinchio@outlook.com - 387.733.448-26 Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39