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Conteudista: Prof.ª Dra. Jane Laner Cardoso Revisão Textual: Esp. Pérola Damasceno Objetivos da Unidade: Compreender a importância do controle social e a participação da sociedade na gestão da saúde; Entender a elaboração da programação anual de saúde; Conhecer os principais instrumentos de monitoramento da gestão na APS. 📄 Contextualização 📄 Material Teórico 📄 Material Complementar 📄 Referências Controle Social Esse conteúdo vai fazer o(a) aluno(a)/profissional entender a importância e o processo da participação social e os principais instrumentos de gestão, tornando-o(a), mais preparado(a) para exercer a gestão do SUS na Atenção Primária à Saúde (APS). 1 / 4 📄 Contextualização Introdução No setor saúde, o controle social passou a expressar a possibilidade de a sociedade controlar o Estado por meio da participação social. Em 1990, quando a organização jurídica do País incorporou os conselhos de saúde na estrutura de decisões do SUS, o controle social adquiriu, também, um caráter fiscalizatório dos recursos públicos. Portanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem como uma das suas prerrogativas a participação da população, que é legalmente garantida pelos conselhos e conferências de saúde interferindo nas políticas de saúde, tanto em ambiente federal, estadual como municipal. Ao falarmos em participação social é importante definir alguns conceitos. Nos dicionários de língua portuguesa participação significa fazer parte ou ser parte. A participação seria intrínseca à vida social, contemplando as relações do indivíduo e coletividade, e seu papel mais ou menos ativo ou passivo. Pressupõe-se que uma reunião de sujeitos com uma organização, autonomia e democratização é uma gestão participativa. Desenvolve-se um ambiente participativo e uma cultura participativa, que é sintetizada pelos valores democráticos na sociedade, e quanto mais efetivo forem, maior a possibilidade de participação social. A participação social no setor saúde, no Brasil, começou nas décadas de 1970 e 1980 por meio de conselhos comunitários populares e conselhos administrativos. A Lei 8.142 reedita o artigo sobre a participação da comunidade, tornando obrigatório a existência de conselhos municipais, estaduais e federais, ampliando, dessa forma, a autonomia desses conselhos e definindo novas normas de organização e funcionamento. A partir disso, ficam oficializadas as normas de organização e funcionamento dos conselhos, com regimes e regimentos internos específicos elaborados por seus conselheiros. 2 / 4 📄 Material Teórico De importância histórica, a Lei 8142/90 vem regulamentar a participação da comunidade e na gestão do SUS por meio de conselhos de saúde, que devem existir em nível local, estadual e federal. Os conselhos de saúde, definidos por lei, são: órgão colegiado, em caráter permanente e deliberativo, composto por representantes do governo, prestadores de serviço e usuários que atuam na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, deliberando sobre aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído, em cada esfera de governo. Assim sendo, compreende-se a gestão do serviços de saúde, no Brasil, como sendo participativa: no âmbito municipal, pelos conselhos municipais de saúde, que podem ser formados pelos vários conselhos locais de saúde; e pelos conselhos estaduais e federais de saúde. As conferências nacionais de saúde constituem esfera pública de participação social efetivando a democracia em saúde pública, e foram instituídas pela mesma lei. Importante salientar a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que teve como tema o direito de cidadania, a reformulação do Sistema Nacional de Saúde e o financiamento do setor saúde. Suas deliberações fizeram parte do debate político para a construção e aprovação da Constituição de 1988. Participação Social A participação social exige um exercício democrático no cotidiano e uma reflexão intensa, bem como um processo de aprendizagem, respeito às diferenças e ampliação dos espaços de convivência e debate público. O sistema colegiado de conferências e conselhos de saúde é uma inovação na política institucional e cultural da maior importância, dentro do avanço democrático do SUS. Posteriormente, a implantação da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) estabeleceu entre seus princípios e diretrizes para participação do usuário no exercício do controle social. As formas de participação podem ser: Participação coletiva: é integração em qualquer grupo social e se caracteriza por uma associação com algum objetivo e disposição de trabalho, com uma busca em comum; Participação organizada: objetivo em comum com aproveitamento máximo dos recursos disponíveis em cada momento, assegurando a efetivação das ações; Os conselhos de saúde surgiram do Brasil com o objetivo de operacionalizar o controle social. Suas funções seriam de liberar, fiscalizar, normatizar ou registrar, assessorar ou prestar consultoria e informar ou comunicar a população. A participação do controle social, exercida pelos conselhos locais de saúde, são resultado da descentralização das decisões e farão com que a população possa acompanhar, avaliar e priorizar as ações das equipes de saúde da família. Dessa forma, estimulam a participação dos usuários, ampliando sua autonomia e capacidade do autocuidado. Vale ressaltar que existem outros mecanismos de participação da sociedade na construção das políticas públicas para o SUS, tais como: sistemas de informação ou cidadão, Ouvidoria Geral do SUS (136) e Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS. Os conselhos e as conferências de saúde são considerados as formas expressivas da descentralização do poder e, atualmente e ao longo do tempo, têm propiciado relevantes avanços da participação popular na gestão das políticas de saúde pública. Retomando, o registro histórico, em 1998, foi instituído o Pacto dos indicadores da Atenção Básica, regulamentado em 1999 como instrumento nacional de monitoramento e avaliação das ações e serviços de saúde referentes a esse nível de atenção, estabelecido entre as três esferas de gestão. Entre 1999 e 2002, o processo do Pacto foi aprimorado com a inclusão de indicadores mais sintéticos e estratégicos em relação às áreas prioritárias da atenção primária. Dentre estes, a Internação por Causas Sensíveis a APS (ICSAP), que é um indicador que reflete a capacidade da APS de resolver os problemas de saúde, cuja atenção é de sua responsabilidade, antes que o paciente necessite uma internação hospitalar para o problema. É um indicador indireto da qualidade da APS, medido por eventos hospitalares, composto por um amplo leque de causas que envolve dezenove grupos da Participação em organização: subsidia grupos fornecendo ideias ou materiais para objetivos comuns; Participação em mutirão: feito por um convite à população para que realize com seus próprios trabalhos uma ação que contempla a responsabilidade de governo. Lista Brasileira de Condições Sensíveis à Atenção Primária, abarcando, em grande parte, a diversidade da clínica em APS. A avaliação e monitoramento na APS enfrenta desafios pelo amplo escopo de seu objeto. A amplitude da prática na APS, porta de entrada do usuário no sistema de saúde, além de seu papel de coordenação da atenção aos casos que necessitam encaminhamento a outras instâncias do sistema (STARFIELD, 2002), torna a APS responsável por atender a todas as questões de saúde de determinado território. Um dos projetos importantes de avaliação da APS foi o PMAQ-AB. Abordava avaliação de 47 indicadores de sete áreas estratégicas e classificados segundo a natureza de seu uso. Os indicadores de desempenho foram vinculados ao processo de avaliação externa e utilizados para a classificação das equipes de saúde, ao passo que os indicadores de monitoramento eram acompanhados, de forma regular, para complementação de informaçõessobre a oferta de serviços e resultados alcançados por cada equipe (RUIVO, 2021). Já o programa Previne Brasil, idealizado a partir de 2019, estabeleceu um elenco reduzido de indicadores primordiais. Ao usar a população cadastrada como denominador de metas para a APS, o cadastramento precisa ser realizado com qualidade e registrado adequadamente e para 100% da população. Confira, a seguir, os marcos da avaliação normativa no Brasil – 1988 a 2019 (TOMASI et al., 2021): 1988 SUS 1994 Saúde da família 2002 a 2004 Expansão e consolidação; Saúde da familia. 2004 – 2005 ELB PROESF 2006 Politica nacional de atenção básica 2011 PQMAQ/PNAB 2014/2015 Mais médicos 2016 EC95 Conheça o quadro dos indicadores frequentemente utilizados na avaliação e monitoramento da APS: 2017 PNAB 2019 Previne Brasil Tabela 1 – Indicadores frequentes utilizados na avaliação e monitoramento da APS Fonte: TOMASI et al., 2021 Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE O link do Power BI da Atenção Primária Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina tem indicadores de monitoramento da APS utilizados pela gestão estadual em para uso dos municípios do Estado. Você pode aproveitar para conhecer um pouco mais do seu município. Você terá todos esses dados para consulta no celular, caso queira. Divulgue para o gestor do seu município. Note que na página de cada indicador no rodapé das figuras, você encontra informações detalhadas, inclusive com fórmulas explicando qual a referência usada para o cálculo do referido indicador: Site Atenção Primária Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina Estimativa de cobertura por equipe de APS do seu município; Produção de categorias profissionais; Estimativa de cobertura de saúde bucal; População cadastrada x estimativa; Taxa de internação por causa sensíveis a APS (ICSAP); Capacidade instalada de APS; Cofinanciamento estadual da APS; https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMzVjYmZmZDQtYWJhYi00MTI4LTg4NTctOTJhMGMyYzVkYjgwIiwidCI6IjhkNjNlOThhLWM0MzktNDM5Yy1iYjAyLTEwOGM5ZWZiZTBjMyJ9&utm_source=Monitoramento+da+APS+SC&utm_medium=Diretoria+de+Aten%C3%A7%C3%A3o+Prim%C3%A1ria+SES+SC&utm_campaign=maps Conversando Sobre os Principais Instrumentos de Gestão... A Programação Anual de Saúde – PAS é o instrumento que operacionaliza as intenções explicitadas no Plano de Saúde, cuja finalidade é sistematizar, anualmente, as metas do Plano de Saúde, prevendo, devidamente, os recursos orçamentários a serem executados. Para estados e municípios, a PAS deve conter a definição das ações, que, no ano específico, irão garantir alcançar os objetivos e metas do Plano de Saúde, bem como a identificação dos indicadores e recursos que serão utilizados para o monitoramento da PAS. Portanto, a PAS deve ter calendário anual com o mesmo período definido para o exercício orçamentário. Após a sua elaboração, deve-se obter a aprovação do respectivo Conselho de Saúde, antes do encaminhamento da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) do exercício correspondente, sendo que a execução será sempre no ano subsequente. A lei ainda estabelece que o processo de planejamento e orçamento do SUS deve ser ascendente, do nível local até o federal, discutido com seus órgãos deliberativos, de acordo com as necessidades da política de saúde local e regionalizada. Deve estar em consonância com a disponibilidade de recursos previstos nos planos dos municípios, estaduais, do Distrito Federal e da União. Todo processo de planejamento em saúde deverá observar os prazos do Plano Plurianual – PPA, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual. Adesão do Programa Saúde na Escola; Indicadores Previne Brasil; Dados de mortalidade SC; Consulta de estabelecimentos e profissionais da APS; Cobertura vacinal. Livro Avaliação, Monitoramento e Melhoria da Qualidade na APS Conheça um pouco a legislação e seus marcos históricos. TOMASI, E.; NEDEL, F. B.; BARBOSA, A. C. Q. Avaliação, Monitoramento e Melhoria da Qualidade na APS. APS Em Revista, v. 3, n. 2, p. 131-143, 2021. Lei n.º 8.080, de 19/09/90: os artigos 36 e 37 dessa Lei definem que o processo de planejamento e orçamento do SUS será ascendente, do nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessidades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União; Lei n° 8.142, de 28/12/90: essa Lei dispõe sobre a participação da comunidade no SUS, mas também sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde, e no art. 2º define que os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como: I – despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e entidades, da administração direta e indireta; II – investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional; III – investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde; IV – cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. No art. 4º estabelece como condição para o recebimento dos recursos do SUS, a elaboração de plano de saúde e relatório de gestão; Emenda Constitucional 29: altera os arts. 34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição Federal e acrescenta artigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para assegurar os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde. Foi regulamentada pela Lei Complementar 141 de 13/01/2012; Portaria GM/MS 4.279 de 30/12/10: a Rede de Atenção à Saúde organiza-se a partir de um processo de gestão da clínica associado ao uso de critérios de eficiência microeconômica na aplicação de recursos, mediante planejamento, gestão e financiamento intergovernamentais cooperativos, voltados para o desenvolvimento de soluções integradas de política de saúde; Decreto 7.508 de 28/06/11: regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa. Os artigos 15 a 19 tratam do processo de planejamento da saúde, suas características, seus instrumentos, ferramentas e a participação dos fóruns de pactuação do SUS e da sociedade nesse planejamento; Resolução CIT nº 1 de 29/09/11: estabelece diretrizes gerais para a instituição de Regiões de Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), nos termos do Decreto Nº 7.508, de 28 de junho de 2011; Lei Complementar 141 de 13/01/12: regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19/09/1990, e 8.689 de 27/07993. Os artigos 30, 31 e 36 da Lei tratam do processo de planejamento, do planejamento regional, do papel dos Conselhos de Saúde nesse processo e das audiências públicas para apresentação do Relatório Detalhado do Quadrimestre e do Relatório de Gestão; Portaria GM/MS 2.135 de 25/09/13: estabelece diretrizes para o processo de planejamento no âmbito do SUS detalhando o que está expresso na Lei 8.080/90, no Decreto 7.508/11 e na LC 141/12; Resolução CIT n. 23, de 17/06/17: estabelece diretrizes para os processos de Regionalização, Planejamento Regional Integrado, elaborado de forma ascendente, e Governança das Redes de Atenção à Saúde no âmbito do SUS; Comissão Intergestores Tripartites (CIT) A Comissão Intergestores Tripartites (CIT) resulta da pactuação na esfera Federal, que atua na direção Nacional do SUS. Participam gestores do SUS das esferas de governo, que são: União, Estados, DistritoFederal e Municípios. Sua composição é paritária, formada por 15 membros, sendo cinco indicados pelo Ministério da Saúde (MS), cinco pelo Conass e cinco pelo Conasems. A representação de estados e municípios nessa Comissão é regional, sendo um representante para cada uma das cinco regiões no País. Nesse espaço, as decisões são tomadas por consenso e não por votação. A CIT está vinculada à direção nacional do SUS. Comissão Intergestores Bipartites (CIB) Já a Comissão Intercessores Bipartite são espaços Estaduais de articulação, e a pactuação política tem o objetivo de orientar, regulamentar e avaliar os aspectos operacionais do processo de descentralização das ações de saúde. Sua constituição também é paritária e se dá por representantes do governo estadual, indicados pelo secretário Estadual de Saúde, e dos secretários municipais de saúde, indicados pelo órgão de representação e o conjunto de municípios do Estado. É denominado Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), espaço onde o secretários municipais de saúde, por meio de representação, debatem acerca de temas estratégicos antes da discussão nas reuniões de CIB. Os Cosems também são considerados instâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde e são de extrema importância, porque representam a participação dos gestores locais nos espaços de negociação. A CIB foram institucionalizadas pela Norma Operacional Básica n.º 1, de 1993, instalada em todo o território nacional. Cabe ao gestor municipal procurar o Cosems de seu estado e saber quais as possibilidades de participação no processo de constituição e funcionamento da CIB. Resolução CIT n. 37, de 22/03/2018: dispõe sobre o processo de Planejamento Regional Integrado e a organização de macrorregiões de saúde. Segundo o decreto n.º 7.508/28, de junho de 2011, no seu artigo 30, as comissões intergestores pactuaram a organização e o funcionamento das ações e Serviços de Saúde integrados em redes de atenção à saúde sendo: a CIT no âmbito da União vinculada ao Ministério da Saúde para efeitos administrativos e operacionais. A CIB no âmbito dos Estados vinculados a secretarias Estaduais de saúde para efeitos operacionais e administrativos. A Comissão Intergestores Regional (CIR), no âmbito Regional, está vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos administrativos e operacionais, e deve observar as diretrizes da CIB. Importante mencionar como se dá a transparência no SUS. Ela pode ser feita de várias maneiras, que vão desde a participação social, seja em conselhos ou conferências, bem como a participação dos gestores nos vários espaços de negociação, até em conselhos locais (CIR, CIB ou CIT) com registros das pactuações, que são o próprio exercício da transparência na gestão. Outras formas são os portais de transparência das várias instâncias governamentais, em sites ou relatórios. Os sistemas de informação em saúde, regulação das consultas, pagamento por desempenho das equipes, pactuações programadas das filas de espera são mais alguns exemplos. Serviços de Saúde e Qualidade A melhoria contínua da qualidade nos serviços de saúde teve um sentido amplo não se restringindo apenas aos aspectos técnicos e científicos de atenção, mas, também, no que diz respeito à adequação aos problemas da comunidade, à eficiência e à equidade. Portanto, o envolvimento de todos os membros da equipe de saúde, dos usuários e da comunidade é o que respalda a decisão política dos gestores. A qualidade se alcança com esforços coletivos, sistemáticos e na busca de interesses em comum. Em relação aos profissionais de saúda, espera-se que atitudes e disposição com compromisso ético e político contribuam para os serviços se desenvolverem. A saúde é um importante indicador, inclusive considerado social em nosso país, pois há necessidade de oferecer mais e melhores Serviços de Saúde segundo as necessidades de grupos excluídos, para que alcancem condições de vida mais favoráveis. O trabalho das equipes de saúde deve ser desenvolvido como parte integrante da rotina de trabalho, por isso, devem buscar metodologias e instrumentos apropriados e factíveis, que os motivem para alcançar resultados concretos e rápidos. Para monitorar a qualidade do serviços utiliza-se dados previamente existentes nos sistemas de informação que tem uma alimentação sistemática e regular. Esses são fundamentais para a construção de indicadores elegíveis segundo os critérios de relevância para alcançar os objetivos dos serviço de saúde. Falando em qualidade dos serviços da APS, desde 2019 temos o Programa Previne, que avalia os desempenhos dos municípios por indicadores pactuados. Então, Vamos Falar um Pouco do Programa Previne Brasil Foi instituído pela Portaria n.º 2.979, de 12 de novembro de 2019, e está vigente até a presente data, como modelo de financiamento para atenção primária. Prevê repasse de transferência para os municípios, que tem como base quatro critérios: captação ponderada, pagamento por desempenho, incentivo para as ações estratégicas e incentivo financeiro com base em critério populacional. A proposta do programa tem como o princípio a estruturação de um modelo de financiamento para tensão primária focado em aumentar o acesso das pessoas ao serviços da atenção primária e o vínculo entre população e equipe, induzindo a responsabilização dos gestores e dos Profissionais de Saúde pelas pessoas e seus territórios. Portanto, o Programa Previne Brasil tem como objetivo a melhoria do acesso à atenção primária. O Previne Brasil subsidia valor financeiro per capita referente à população cadastrada nas equipes, por isso a importância do cadastramento de todas as populações residências nos diversos territórios e um cadastramento de qualidade municípios com grandes problemas em relação ao cadastramento com qualidade, bem como ao adequado o registro desses cadastros nos sistemas solicitados. Esse cadastro é feito para todas as famílias que residem nos territórios sobre responsabilidade da atenção primária e das suas respectivas equipes sendo que o grau de desempenho assistencial das equipes somadas aos incentivos específicos, como ampliação de horário de atendimento programa saúde na hora, equipes de saúde bucal informatização – informatiza APS, equipes de consultório na rua, equipes que estão como campo de prática para formação das residências na atenção primária entre outros programas. Componentes do Financiamento da Atenção Primária Sobre os componentes de financiamento na atenção primária, o cálculo é feito com base em quatro componentes: captação ponderada, pagamento por desempenho, incentivo financeiro com base em critério populacional e incentivo para ações estratégica. Cada um desses componentes foi estruturado para propiciar a ampliação do acesso das pessoas ao serviços da APS e promover o vínculo entre a equipe e a população, induzindo a responsabilização dos gestores e dos profissionais pelo cidadãos de cada território. Entendendo o que é Captação Ponderada A captação ponderada é uma forma de repasse financeiro para APS aos municípios e ao Distrito Federal, sendo o modelo de remuneração calculado com base no número de pessoas cadastradas nos territórios. O cadastro deve ser feito pelas equipes de saúde da família, equipes de atenção primária, equipes de saúde de família ribeirinha, equipes de consultório na rua e equipes de atenção primária prisional. O componente captação ponderada deve considerar fatores que ajudem a situação de vulnerabilidade socioeconômica, o perfil de idade e a classificação Rural/Urbana de cada município, baseado nos dados do IBGE. Sobre o Cadastro do Cidadão O cadastro é feito pelo CPF ou Cartão Nacional de Saúde – CNS, e deve ser realizado por todos os integrantes das equipes de saúde. As informações coletadas podem ser registradas no sistema de Coleta de Dados Simplificada (CDS) e no Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), nos sistemas próprios de gestão ou contratados e posteriormenteenviados ao Ministério da Saúde. Os cadastros devem ser sempre monitorados pelo sistema de informação em saúde para a atenção básica (SISAB). A seguir, seguem os indicadores adotados pele Programa Previne Brasil. Indicadores Previne Brasil para o Ano de 2022 Ainda, tem-se os incentivos para ações estratégicas: Os incentivos para ações estratégicas abrangem características específicas de acordo com a necessidade de cada município ou território. Esses incentivos contemplam a implementação de programas, estratégias e ações que refletem na melhoria do cuidado na APS e na Rede de Atenção à Saúde: Proporção de gestantes com pelo menos seis consultas pré-natal realizadas, sendo a primeira até a 12ª semana de gestação; Proporção de gestantes com realização de exames para sífilis e HIV; Proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado; Proporção de mulheres com coleta de citopatológico na APS; Proporção de crianças de 1 ano de idade vacinadas na APS contra Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B, infecções causadas por Haemophilus influenzae tipo b e Poliomielite inativada; Proporção de pessoas com hipertensão, com consulta e pressão arterial aferida no semestre; Proporção de pessoas com diabetes, com consulta e hemoglobina glicada solicitada no semestre. Programa Saúde na Hora; Equipe de Saúde Bucal (eSB); As transferências financeiras referentes a cada uma das ações estratégicas observam as regras previstas nas normas vigentes que regulamentam a organização, o funcionamento e financiamento dos respectivos programas, estratégias e ações. Unidade Odontológica Móvel (UOM); Centro de Especialidades Odontológicas (CEO); Laboratório Regional de Prótese Dentária (LRPD); Equipe de Consultório na Rua (eCR); Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF); Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR); Microscopista; Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP); Custeio para o ente federativo responsável pela gestão das ações de atenção integral à saúde dos adolescentes em situação de privação de liberdade; Programa Saúde na Escola (PSE); Programa Academia da Saúde; Programas de apoio à informatização da APS; Incentivo aos municípios com residência médica e multiprofissional; Outros que venham a ser instituídos por meio de ato normativo específico. Em Síntese Os principais instrumentos para o planejamento e gestão no âmbito do SUS são: o Plano de Saúde e as respectivas Programações Anuais e o Relatório de Gestão. Assim, o processo de planejamento e gestão é cíclico, cujas normas exigem o cumprimento dos prazos para a elaboração dos instrumentos. O Plano de Saúde deve ser a base para a elaboração do orçamento do governo. Esta compreensão deve vigorar tanto para os Planos de Saúde como para as Programações Anuais de Saúde. Conforme o §2º do art. 36 da LC n. 141/12, antes da data de encaminhamento da Lei de Diretrizes Orçamentárias do exercício correspondente, os entes da federação deverão encaminhar a Programação Anual do Plano de Saúde ao respectivo Conselho de Saúde, para aprovação. Cabe salientar que o orçamento na saúde deriva do processo de planejamento da gestão. Pode-se concluir, que a participação social faz parte do processo de cogestão, que inicia com o ato de planejar em conjunto. Deve-se considerar que planejar é uma tarefa das três esferas de governo, que tem papel importante na organização e na oferta dos serviços à população. Estratégias de avaliação da APS são fundamentais para além da melhoria do financiamento. O PMAQ atuou na avaliação de estrutura e oferta de serviços e o Previne Brasil, por sua vez, o desempenho da APS por um conjunto de indicadores que são indutores de melhorias. Porém, esse processo deve ser contínuo e longitudinal, e deve prever, de alguma forma, e avaliar acesso da população aos serviços também. Existem evidências importantes sobre o impacto da estratégia saúde da família, mas avaliações contínuas ajudam a sustentar a validade do modelo de assistência. Os efeitos da sua expansão tem sido comprovados por um número crescente de estudos divulgados em periódicos nacionais e internacionais, congressos e eventos no Brasil e no exterior. Todo esse processo, ao longo do tempo, tem contribuído para que os gestores que fazem parte do SUS estejam, cada vez mais, sensibilizados com a necessidade de organizar nas secretarias de saúde, as rotinas e a descentralização de tarefas, bem como a qualificação de equipes para planejar, acompanhar, monitoram e avaliar. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeo Os Conselhos e Conferências de Saúde 3 / 4 📄 Material Complementar Os Conselhos e Conferências de SaúdeOs Conselhos e Conferências de Saúde https://www.youtube.com/watch?v=1O7l3Jmo1jI Leitura Rodas de Conversa Pré-Conferência Estadual de Saúde Mental no ERJ Você entenderá o passo a passo da organização de uma conferência de saúde, tendo como exemplo a preparação para conferência de saúde mental. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE O Processo de Regionalização da Saúde em um Estado do Nordeste Brasileiro Você poderá entender com o processo de participação pode se dar a partir da regionalização de saúde. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Humaniza SUS: Gestão Participativa Através do exemplo do projeto Humaniza SUS, você poderá compreender, na prática, com se dá a gestão participativa. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://www.saude.rj.gov.br/atencao-psicossocial/novidades/2022/07/rodas-de-conversa-pre-conferencia-estadual-de-saude-mental-no-erj https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1393088 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_gestao_participatica_cogestao_2ed.pdf A Ação Coletiva e a Cooperação no Sistema Único de Saúde Nesse artigo, você poderá refletir sobre o processo coletivo de participação social no SUS. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://www.scielo.br/j/physis/a/xXHMXgF8rnnngQPWrdwK6WG/?lang=pt BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Previne Brasil – Modelo de financiamento para a APS. Disponível em: <https://aps.saude.gov.br/gestor/financiamento>. Acesso em: 13/04/2023. CAMPOS, G. W. S. Um método para análise e cogestão de coletivo: a constituição do sujeite, a produção de valor de uso e a democracia em instituições – método da roda. 5 ed. São Paulo: Hucitec, 2015, 240p. Disponível em: <https://www.academia.edu/40375899/TRATADO_DE_SA%C3%9ADE_COLETIVA_Livro_Gast%C3%A3o_Wag ner?auto=download&email_work_card=download-paper>. Acesso em: 13/04/2023. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade: princípios, formação e prática. São Paulo: Artmed, 2018. RUIVO, A. C. O. et al. Disponibilidade de insumos para o planejamento reprodutivo nos três ciclos do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica: 2012, 2014 e 2018. Cadernos de Saúde Pública, v. 37, p. e00123220, 2021. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/csp/a/wSdLzrhW7RTGZ7dGPqwWfFj/abstract/?lang=pt>. Acesso em: 13/04/2023. STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco, 2002. TOMASI, E.; NEDEL, F. B.; BARBOSA, A. C. Q. Avaliação, Monitoramento e Melhoria da Qualidade na APS. APS Em Revista, v. 3, n. 2, p. 131-143, 2021. Disponível em: <https://apsemrevista.org/aps/article/view/208>. Acesso em: 13/04/2023. 4 / 4 📄 Referências