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Gestão do Sistema Municipal de Saúde

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GESTÃO DO SISTEMA 
MUNICIPAL DE SAÚDE
Autoria: Warllon de Souza Barcellos
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Xxxxxx
 Xxxxxxxxxxx
 Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 XXX p.; il.
 ISBN XXXXXXXXXXXXX
1.Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxx
CDD XXXX.XXX
Impresso por:
Reitor: Janes Fidelis Tomelin
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachon
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Tiago Lorenzo Stachon
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech 
UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal ..... 7
CAPÍTULO 2
Atenção Primária à Saúde: Princípios e Organização ............ 41
CAPÍTULO 3
Plano Municipal de Saúde e a Participação Popular 
como Instrumento de Garantia de Direitos ............................ 75
APRESENTAÇÃO
A Constituição Federal de 1988, marco da redemocratização do país, estabe-
leceu garantias fundamentais a todo cidadão, institucionalizando seus direitos. É 
nela que se encontra a base do sistema de saúde brasileiro, o Sistema Único de 
Saúde (SUS), que garante a saúde como direito de todos e dever do Estado. 
Essa garantia ocorre mediante o desenvolvimento de políticas sociais e eco-
nômicas que visam à redução do risco de doenças e de outros agravos. Também 
apresenta como princípios o acesso universal e igualitário a ações e serviços para 
a promoção, proteção e recuperação do indivíduo, assegurando a todos os cida-
dãos o acesso a serviços de saúde, sejam eles de atenção básica, média ou alta 
complexidade (BRASIL, 1988). 
Além disso, o novo sistema de saúde previa uma rede regionalizada e hie-
rarquizada, conforme a complexidade de atenção, fundamentada nos princípios 
da universalidade, integralidade e equidade. Mais adiante aprofundaremos esse 
tópico, retomando a discursão no próximo capítulo.
O SUS propõe mudanças profundas no modelo de planejar, organizar e gerir 
as ações e os serviços de saúde, possuindo um modelo de organização de servi-
ços que traz como característica marcante a valorização no nível municipal. Para 
falar sobre a organização do serviço de saúde, precisamos primeiramente enten-
der os princípios da Gestão em Saúde que devem ser aplicados.
Ao se constituir a ideia de que as ações e os serviços públicos de saúde 
constituem um sistema único e integrado em uma rede regionalizada e hierarqui-
zada, temos uma noção que transcende a verticalidade formal político-administra-
tiva de cada poder responsável pelo cuidado à saúde. As disputas políticas devem 
enfrentar o conceito de solidariedade e pactuação, respeitando a autonomia de 
cada poder da federação. 
Nesse contexto, as ações e os serviços de saúde constituem um direito so-
cial e um dever do Estado, e são gerenciadas sob a responsabilidade das três 
esferas autônomas de governo (federal, estadual e municipal), conforme pacto 
federativo brasileiro, seguindo uma mesma doutrina e com os mesmos conceitos 
organizativos em todo o território nacional. 
De acordo com a Constituição Federal de 1988, os municípios são autôno-
mos em relação ao Estado e à União. O Sistema deve ser alicerçado em uma 
relação solidária e harmoniosa, respeitando a autonomia de cada ente federado e 
com decisões baseadas em consenso. Não deveria haver hierarquia entre as di-
ferentes esferas de governo. As diretrizes do novo sistema de saúde serviram de 
base para estruturar as mudanças necessárias, fortalecendo a descentralização, 
de forma que cada município passasse a gerir as ações em saúde segundo as 
necessidades locais (MOIMAZ et al., 2010). 
Esse dever de ser alicerçado em uma relação solidária constitui um dos gran-
des impasses na questão da regionalização, uma vez que mobiliza poderes, in-
teresses e divergências políticas entre os níveis de governo. No início dos anos 
1990, momento em que o país vivia sob impacto da crise fiscal e da escassez de 
recursos, foram incluídas na agenda preocupações como a eficiência, a eficácia e 
a efetividade da ação governamental, assim como a qualidade dos serviços. 
Nesse mesmo período, a descentralização ganhou força: o que antes enfati-
zava a transferência de atribuições para ganho de eficiência, passou a integrar a 
dimensão de redistribuição do poder, tencionando a desburocratização e a exces-
siva hierarquização dos processos decisórios (FARAH, 2001). 
Os municípios passam a ser os responsáveis por executar as ações e os 
programas de saúde, ampliar o acesso, qualificar os serviços e ordenar a Rede 
de Atenção à Saúde (RAS) (BRASIL, 2009), pois o trabalho da assistência e da 
gestão da saúde não se esgota nos limites geográficos do município. A importân-
cia da ação municipal, desde a década de 1990, principalmente na área social, 
chama a atenção para um conjunto de abordagens inovadoras e, também, para o 
estabelecimento de novas esferas de participação e negociações entre os atores, 
nos cenários das políticas públicas.
Bons estudos!
Professor: Warllon de Souza Barcellos.
CAPÍTULO 1
A Gestão do Sistema Único de 
Saúde no Âmbito Municipal
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Demonstrar como se desenvolve o processo de gestão do Sistema Único de 
Saúde. 
 3 Debater sobre o planejamento, a organização e os sistemas de informação em 
saúde. 
 3 Apontar como a Secretaria Municipal de Saúde coordena o Fundo Municipal 
de Saúde. 
 3 Proporcionar a capacidade de compreensão sobre o Sistema Único de Saúde. 
 3 Possibilitar o conhecimento acerca do processo de gestão do Sistema Único 
de Saúde. 
 3 Propiciar o entendimento de como a lei orçamentária é aplicada nos âmbitos 
estadual e municipal. 
8
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
9
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A gestão e o planejamento são instrumentos de grande utilidade para a or-
ganização da ação dos atores e agentes, que orientam as iniciativas e geram 
convergência e articulação das diversas formas de intervenção na realidade da 
saúde. Dessa maneira, o planejamento contribui para a mobilização das energias 
sociais e constitui uma referência para a implementação das ações que podem 
desatar o processo de transformação na direção e com os objetivos definidos pela 
sociedade. Isto é, o planejamento representa uma maneira de pensar o futuro e 
de fundamentar as escolhas e prioridades.
Teixeira (2010) menciona a utilização do termo “planejamento” em vários es-
paços e instâncias de gestão, seja no campo da esfera pública, seja no campo da 
esfera privada, no sentido de desenhar, executar e acompanhar ações para inter-
venção sobre determinada realidade. Vilasbôas (2004) reforça a ideia de ações 
com vistas à intervenção realizada por atores sociais, na perspectiva de mudança, 
mas também com a possibilidade de manutenção de determinada situação. Matus 
(1996, p. 14), por sua vez, afirma que: “negar o planejamento é negar a possibili-
dade de escolher o futuro, é aceitá-lo seja ele qual for”. 
O histórico do planejamento remete a um contexto de uma tentativa de re-
gulação global da sociedade, o que pode ser ilustrado pela experiência inicial dos 
países socialistas. Enquanto alternativa à economia de mercado, o planejamento 
nos países socialistas adotouum modelo de regulação baseado em um único ator 
tecnocrático, subordinando as relações intersubjetivas a uma visão de desenvolvi-
mento baseado no determinismo econômico. 
Na saúde, a apropriação de um modelo de planejamento surgiu da demanda 
dos sistemas de saúde, acarretada pela mudança nas condições de vida e saúde 
da população. O reconhecimento da prática do planejamento em saúde por orga-
nismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), coincide 
com o desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido na segunda metade do 
século XX, o qual foi acompanhado pela organização de redes e sistemas de saú-
de (VIEIRA, 2009). 
2 A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA 
ÚNICO DE SAÚDE
O contexto da saúde no Brasil, antes da criação do SUS, era bastante dife-
rente da conjuntura atual. À época, a saúde era considerada ausência de doença, 
a assistência era centrada no foco médico-hospitalar, a promoção da saúde era 
tarefa exclusiva do Ministério da Saúde (MS) e todas as ações de saúde eram 
centralizadas no estado, não havendo participação das unidades federativas e 
dos municípios (VIEIRA, 2009).
10
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
Nesse cenário, o acesso dos cidadãos brasileiros à assistência era restrito. 
De modo geral, se pode dizer que os cidadãos estavam divididos entre: os que 
podiam pagar pelos serviços de saúde; os trabalhadores que contribuíam com 
o Instituto Nacional de Previdência Médica da Previdência Social (INAMPS) e, 
por isso, tinham direito à assistência prestada por esse instituto; e os que não 
tinham nenhum direito à assistência, chamados de “indigentes”, que eram total-
mente dependentes de ações filantrópicas e de caridade (VIEIRA, 2009).
No que tange à promoção da saúde e à prevenção de doenças, as ações 
eram desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, e tinham como ênfase as campa-
nhas de vacinação e controle de endemias. Estas eram as únicas ações desen-
volvidas com caráter universal, ou seja, sem nenhum tipo de discriminação com 
relação à população beneficiária (VILASBÔAS, 2004).
A realidade social desse período era de exclusão da maior parte dos cida-
dãos do direito à saúde e de aumento de doenças, como verminoses e aquelas 
relacionadas à escassez de saneamento básico. Essa situação passou a ser 
questionada por grupos da sociedade civil e por trabalhadores da saúde que, 
de forma articulada, começaram a debater sobre o futuro da saúde brasileira, 
resultando em um movimento chamado Reforma Sanitária (VILASBÔAS, 2004).
Em âmbito mundial, se observava uma tendência a mudanças, claramen-
te indicadas na Declaração de Alma-Ata, documento esse que foi redigido ao 
final da Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, em 
1978. Esse documento aponta para a necessidade da participação efetiva dos 
estados na saúde do seu povo através da promoção de políticas de saúde que 
visassem ao bem-estar físico, mental e social como direitos fundamentais dos 
seus habitantes, enfatizando que os cuidados primários em saúde são direitos 
fundamentais e devem ser a principal meta social de todos os governos (VI-
LASBÔAS, 2004).
Esse cenário, paralelo ao processo de redemocratização e ao amadureci-
mento das ideias da Reforma Sanitária, resultou no que é considerado um mar-
co histórico para a saúde no Brasil: a VIII Conferência Nacional de Saúde, rea-
lizada em 1986. O Relatório Final dessa Conferência identifica o estado como 
responsável por assegurar o direito à saúde para toda a população e aprova a 
proposta de criação do SUS (BRASIL, 1986).
A criação do SUS foi o maior movimento de inclusão social já visto na his-
tória do Brasil, e representou uma afirmação política de compromisso do estado 
brasileiro para com os direitos dos seus cidadãos, tendo como importante princí-
pio a universalização do acesso às ações e aos serviços de saúde.
11
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
A figura a seguir apresenta três artigos da Seção Saúde da Constituição 
Federal de 1988, que acabou dando origem ao Sistema Único de Saúde (SUS).
FIGURA 1 – A SAÚDE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
FONTE: O autor.
2.1 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
A nova ordem constitucional instituída em 1988 determina o direito à 
saúde como um dos direitos fundamentais, estabelecendo a obrigação do 
estado de garanti-lo. Analisando os dispositivos constitucionais, tem-se que 
“a saúde é concebida como direito de todos e dever do estado, que a deve 
garantir mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do 
risco de doenças e outros agravos” (BRASIL, 1988), regendo-se pelos prin-
cípios do SUS. Esses princípios são de origem doutrinária e organizacional.
O princípio da Universalidade estabelece que o SUS deve atender a 
todos, sem distinções ou restrições, sendo este o princípio fundamental das 
mudanças previstas pelo SUS, pois garante a todos os brasileiros o direito 
à saúde. A Integralidade se fundamenta no entendimento de que as pesso-
as têm o direito de serem atendidas no conjunto de suas necessidades, in-
dividuais e coletivas, e que os serviços de saúde devem estar organizados 
de modo a oferecer todas as ações requeridas por essa atenção integral 
(CARVALHO, 2006).
12
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
A Equidade, princípio este decorrente da igualdade prevista pela Cons-
tituição Federal de 1988, se baseia na disponibilização de serviços que pro-
movam a justiça social, canalizando maior atenção aos que mais necessitam, 
e diferenciando as necessidades de cada um. O princípio de equidade do 
SUS corresponde, portanto, a oferecer mais a quem mais precisa, de forma a 
dar condições para que todos tenham a mesma possibilidade. O princípio de 
Participação Social prevê a organização e a participação da comunidade na 
gestão do SUS, que ocorre legalmente por meio dos Conselhos e das Confe-
rências de Saúde nas três esferas de governo: nacional, estadual e municipal.
O princípio de Descentralização estabelece a divisão de responsabilidades 
referentes à gestão e às políticas da saúde no país. De acordo com esse prin-
cípio, o poder e a responsabilidade sobre a saúde são distribuídos entre os três 
níveis de governo, objetivando uma prestação de serviços com mais eficiência e 
qualidade, assim como a fiscalização e o controle por parte da sociedade. 
Os municípios passam a ser os responsáveis pela organização da oferta de 
todas as ações e serviços de saúde, e por estabelecerem as políticas locais de 
saúde. O princípio de Hierarquização é uma forma de organização dos serviços e 
ações que visa atender às diferentes necessidades de saúde da população, sen-
do a atenção básica a responsável pela resolubilidade da maioria das necessida-
des em saúde da população, e a ordenadora da rede de atenção à saúde.
O princípio de Regionalização é considerado uma estratégia importante para 
a organização do sistema de saúde. É um processo técnico-político relacionado à 
definição de recortes espaciais para fins de planejamento, organização e gestão 
de redes de ações e serviços de saúde. Essa diretriz deverá ser operacionalizada 
por meio da articulação das ações e dos serviços de saúde, para que possam pro-
duzir o cuidado integral da população.
O SUS nasceu no contexto da redemocratização do país, no en-
tendimento de que o acesso à saúde é direito do cidadão e de-
ver do estado. Criado a partir da Constituição de 1988, as bases 
para a construção do SUS foram idealizadas a partir de diretrizes 
e princípios. Os princípios doutrinários nada mais são do que a 
base filosófica para a reforma sanitária e a própria criação do 
SUS. Já os princípios organizativos orientam a forma de colocar 
os princípios doutrinários na prática. Saiba mais conferindo a fi-
gura a seguir!
13
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
FIGURA 2 – PRINCÍPIOSDO SUS
FONTE: O autor.
ENTENDA OS MOMENTOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 
SITUACIONAL
O Planejamento Estratégico Situacional – PES foi idealizado por Ma-
tus, autor chileno, a partir de sua vivência como ministro da Econo-
mia do governo Allende, no período de 1970-1973. O PES é um mé-
todo de planejamento por problema – principalmente problemas mal 
estruturados e complexos. É importante destacar que os problemas 
são sempre abordados em suas múltiplas dimensões – política, eco-
nômica, social, cultural etc. –, e em suas multissetorialidades, pois 
suas causas não se limitam ao interior de um setor ou área específi-
co; e sua solução depende, muitas vezes, de recursos extrassetoriais 
e da interação dos diversos atores envolvidos na situação.
14
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
FIGURA 3 – ETAPAS DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO 
ESTRATÉGICO SITUACIONAL
FONTE: O autor.
• Momento 1 - explicativo: selecionando e compreendendo o problema. 
Este é o momento da seleção e da análise dos problemas conside-
rados relevantes para o ator social e sobre os quais este pretende 
intervir. O QUE É?
• Momento 2 - projetar: momento de desenhar o plano de intervenção, 
ou seja, de definir a situação objetivo ou situação futura desejava e as 
operações/ações concretas que visam resultados, tornando com refe-
rência os nós críticos selecionados. O QUE DEVE SER?
• Momento 3 - estratégico: construindo a viabilidade do plano. Nesse 
momento é realizada a análise de viabilidade do plano nas suas várias 
dimensões: política, econômica, cognitiva e organizativa. O QUE FA-
ZER? COM QUE? COMO? PARA QUE?
• Momento 4 - fazer: momento da ação, da implementação e do plano. 
Um compromisso de ação que visa resultados, impacto nos proble-
mas selecionados, que se traduzem em novas situações mais favorá-
veis do que a situação inicial. 
15
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
Confira os links a seguir:
Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema 
Único de Saúde – SUS e sobre as transferências intergovernamentais 
de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 de dezembro de 1990.
Disponível em: https://servicos2.sjc.sp.gov.br/media/116799/micro-
soft_word_-_lei_n_8142.pdf. 
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recupera-
ção da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços corres-
pondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 
DF, 20 set. 1990. p.18055.
Disponível em: http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attach-
ment/113483714/L8080.pdf. 
3 PLANEJAMENTO E 
INSTRUMENTOS DE GESTÃO EM 
SAÚDE MUNICIPAL
O planejamento em saúde é um instrumento de extrema utilidade para orga-
nizar as ações dos agentes e atores, que orienta o caminho e as iniciativas que 
geram convergência e articulação das múltiplas formas de intervir na realidade 
apresentada. Desse modo, o planejamento contribui para mobilizar as energias 
sociais e constituir uma referência para a implementação das ações que podem 
influenciar no processo de transformação direta e com os objetivos traçados e 
definidos pela sociedade. Isso significa, portanto, que o planejamento representa 
uma forma de pensar no futuro e de fundamentar as decisões e prioridades. 
Teixeira (2010) aborda sobre a utilização do termo “planejamento” em vários 
espaços e instâncias de gestão, seja no campo da esfera pública, seja no campo 
da esfera privada, no sentido de desenhar, executar e acompanhar ações para 
intervenção sobre determinada realidade social. Vilasbôas (2004) reforça a ideia 
de ações com vistas à intervenção realizada por atores sociais, na perspectiva 
de mudança, mas também com a possibilidade de manutenção de determinada 
situação. Matus (1996), por sua vez, afirma que “negar o planejamento é negar a 
possibilidade de escolher o futuro, é aceitá-lo seja ele qual for”.
16
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
O histórico do planejamento remete a um contexto de uma tentativa de re-
gulação global da sociedade, o que pode ser ilustrado pela experiência inicial dos 
países socialistas. Enquanto alternativa à economia de mercado, o planejamento 
nos países socialistas adotou um modelo de regulação baseado em um único ator 
tecnocrático, subordinando as relações intersubjetivas a uma visão de desenvolvi-
mento baseado no determinismo econômico.
Na saúde, a apropriação de um modelo de planejamento surgiu da deman-
da pelos sistemas de saúde, acarretada pela mudança nas condições de vida e 
saúde da população. O reconhecimento da prática do planejamento em saúde por 
organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), coin-
cide com o desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido na segunda metade 
do século XX, o qual foi acompanhado pela organização de redes e sistemas de 
saúde. No Brasil, a institucionalização do planejamento pela gestão está inscrita 
na Constituição Federal de 1988. Os documentos formais do processo de planeja-
mento orçamentário são o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentá-
rias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
O PPA se refere às diretrizes e às políticas institucionais, aos objetivos e 
às metas da administração pública, e nele o governo indica o que pretende fa-
zer, como fazer e quanto fazer. Esse plano é publicizado na forma de lei e edi-
tado a cada quatro anos. O gestor governa um ano com o PPA elaborado no 
período anterior, e o último ano do PPA elaborado pela gestão será o primeiro 
ano da próxima gestão.
A LDO contempla as metas e as prioridades da administração pública 
para o exercício financeiro. Além disso, ela orienta a elaboração da LOA, dis-
põe sobre alterações na legislação tributária e estabelece a política de apli-
cação de recursos das agências financeiras oficiais de financiamento. Assim 
como possibilita a participação do Congresso Nacional na definição de metas 
e prioridades, e na elaboração da proposta orçamentária.
A LOA, por sua vez, compreende três orçamentos: fiscal, da seguridade 
social (OSS) e das empresas estatais, e estima receitas e despesas relativas 
aos três poderes. O PPA, a LDO e a LOA são construídos, em cada nível de 
gestão, a partir das necessidades informadas por cada ente da administração 
pública federal, estadual e municipal. No caso da saúde, os instrumentos de 
planejamento são o Plano de Saúde (PS), a Programação Anual de Saúde 
(PAS) e o Relatório Anual de Gestão (RAG).
O PS é o instrumento que apresenta as intenções e os resultados a serem 
buscados no período de quatro anos, os quais são expressos em objetivos, 
diretrizes e metas; ou seja, é a definição das políticas de saúde em uma de-
terminada esfera de gestão e a base para a execução, o acompanhamento, a 
avaliação e a gestão do sistema de saúde. 
17
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
Ele é o documento orientador do conteúdo da área de saúde no PPA, ao 
passo que a PAS é o instrumento que operacionaliza as intenções expressas no 
PS, e nela são detalhadas as ações, as metas e os recursos financeiros que ope-
racionalizam o respectivo plano. Assim como apresentados os indicadores para a 
avaliação (a partir dos objetivos, das diretrizes e das metas do Plano de Saúde), 
para cada um dos quatro anos do plano.
No que se refere aos instrumentos de planejamento, existem distin-
tos modelos e métodos que variam desde aqueles que só contem-
plam a simples projeção de tendências, até modelos complexos, com 
fundamento em diferentes marcos teóricos e conceituais, que pro-
põem uma visão mais elaborada da situação problematizada. Isso 
levando em consideração as variáveis externas ao problema, as vi-
sões e as proposições dos diferentesatores sociais envolvidos e do 
planejamento em particular.
Já o RAG é o instrumento que apresenta os resultados alcançados, apura-
dos com base no conjunto de indicadores, que foram indicados na Programação 
Anual para acompanhar o cumprimento das metas nela fixadas. A institucionali-
zação do planejamento na saúde e o reforço à importância dos instrumentos PS, 
PAS e RAG foram ampliados com a criação do Sistema de Planejamento do SUS 
(PlanejaSUS), cujos objetivos são:
• pactuação de diretrizes gerais para o processo de planejamento no âm-
bito do SUS;
• formulação de metodologias unificadas e modelos de instrumentos bási-
cos do processo de planejamento, englobando o monitoramento e a ava-
liação, e que traduzam as diretrizes do SUS, com capacidade de adapta-
ção às particularidades de cada esfera administrativa;
• implementação e difusão de uma cultura de planejamento que integre e 
qualifique as ações do SUS entre as três esferas de governo, e subsidie 
a tomada de decisão por parte de seus gestores;
• promoção da integração do processo de planejamento e orçamento no 
âmbito do SUS, bem como da intersetorialidade desse sistema, de ma-
neira articulada com as diversas etapas do ciclo de planejamento;
• monitoramento e avaliação do processo de planejamento, das ações im-
plementadas e dos resultados alcançados, de modo a fortalecer o Plane-
jaSUS e a contribuir para a transparência do processo de gestão do SUS 
(BRASIL, 2006).
18
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
Vieira (2009) observa que a lógica que orienta a construção do PS é a do 
planejamento estratégico; ao passo que a lógica que orienta a PAS é a do pla-
nejamento tático operacional, baseada nas ideias de Mario Testa (1995) para o 
planejamento em saúde.
O exercício cotidiano do planejamento em saúde é marcado pelo acompa-
nhamento da realidade, que, por ser dinâmica e complexa, exige uma constante 
avaliação e monitoramento das decisões e de suas consequências. Nesse con-
texto, métodos e técnicas de planejamento não podem e nem devem representar 
recursos para o “enquadramento”, para a racionalidade exacerbada. A instrumen-
talidade dos métodos e das técnicas de planejamento está na capacidade de “fa-
zer sentido” aos sujeitos demandantes, operadores e gestores do sistema de saú-
de. Para esse “fazer”, não existe receita ou método total, pois essa possibilidade 
já afastaria o valor de uso de uma opção metodológica, haja vista a diversidade 
de contextos e realidades a serem planejadas, modificadas e sustentadas.
O planejamento no âmbito do SUS se configura como responsabi-
lidade dos entes públicos. Deve ser elaborado de forma integrada, 
contínua, articulada e solidária entre as esferas de governo: União, 
Estados, Municípios e Distrito Federal, proporcionando direcionalida-
de à gestão pública. O planejamento contempla as singularidades de 
cada território, respeitando as características de ascendência e pro-
porcionando ampla participação do controle social. Através da figura 
a seguir, você pode observar como é esta articulação na prática.
FIGURA 4 – CICLO GERAL DO PLANEJAMENTO REGIONAL INTEGRADO NO SUS
FONTE: O autor.
19
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
GIOVANELLA, L. Ideologia e poder no planejamento estratégi-
co em saúde: uma discussão da abordagem de Mario Testa. 1989. 
361p. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional 
de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de 
Janeiro, 1989. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/
icict/4983. Acesso em: 21 mar. 2022. 
REZENDE, D. A.; ULTRAMARI, C. Plano diretor e planejamento es-
tratégico municipal: introdução teórico-conceitual. Revista de Ad-
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PAULO, L. F. A. Planejamento estratégico e gestão por resultados: o 
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26, n. 3, p. 981-1007, 2016. Disponível em: 
https://www.scielo.br/j/physis/a/Y5VYdpKtMVZkhK4KwGj4pGy/?for-
mat=pdf&lang=pt. Acesso em: 21 mar. 2022. 
4 OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 
QUE INSTRUMENTALIZAM E APOIAM 
A GESTÃO DO SUS
A informação é um instrumento fundamental para a tomada de decisões, pois 
constitui fator desencadeador do processo informação-decisão-ação, tríade que 
sintetiza, de forma geral, a dinâmica das atividades de vigilância em saúde (SI-
QUEIRA, 2005). Para melhor contextualização, é preciso que você compreenda a 
diferença entre dado e informação, porque é comum ocorrer confusão com rela-
ção a estes conceitos (SIQUEIRA, 2005):
• Dado: é definido como um valor quantitativo referente a um fato ou cir-
cunstância, o número bruto que ainda não sofreu tratamento estatístico 
ou, em outras palavras, a matéria-prima para produção de informação. 
• Informação: é definida como a percepção obtida a partir dos dados, o 
dado trabalhado ou o resultado da análise e combinação de vários da-
dos. Após a obtenção da informação, é necessário interpretá-la dentro 
do contexto do qual ela faz parte, assim, resultará em uma descrição de 
situação real, associada a um referencial explicativo sistemático.
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4983
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4983
20
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
É importante salientar que a informação em saúde é a base da gestão dos 
serviços, uma vez que orienta a implantação, o acompanhamento e a avaliação 
dos modelos de atenção à saúde e das ações de prevenção e controle de doen-
ças. Os dados ou informações advindas de outros setores também podem ser de 
interesse da saúde. Cabe aos gestores articular com os diversos órgãos que os 
produzem, de modo a complementar e estabelecer um fluxo regular de informa-
ção em cada nível do setor saúde, para que, assim, eles sejam bem aproveitados 
na esfera da saúde (SIQUEIRA, 2005). 
Outra definição importante para este contexto é a de sistema, compreendido 
como o conjunto integrado de partes que se articulam para uma finalidade co-
mum. Por sua vez, sistema de informação é descrito como o conjunto de unidades 
de produção, análise e divulgação de dados, que atua integrado e articulado com 
o propósito de atender às demandas para o qual foi criado. Resumidamente, um 
sistema de informação deve dispor de suporte necessário para que o planejamen-
to, as decisões e as ações dos gestores, no nível do qual faz parte (municipal, es-
tadual e federal), não se baseiem em dados subjetivos, conhecimentos ultrapas-
sados ou conjecturas, mas em informações atuais e objetivas relativas à realidade 
analisada (BRASIL, 2005).
Os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) são instrumentos padronizados 
de monitoramento e coleta de dados, cujo objetivo é o fornecimento de informa-
ções para análise e melhor compreensão de importantes problemas de saúde da 
população. Isso, por sua vez, subsidia, instrumentaliza e apoia as decisões do 
Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as esferas, nos processos de plane-
jamento, regulação, controle, avaliação e auditoria (BRASIL, 2005). São consti-
tuídos por vários subsistemas e têm como objetivo geral facilitar a formulação 
e a avaliação das políticas, planos e programas de saúde, contribuindo com o 
processo de tomada de decisões. Para isso, contam com os requisitos técnicos e 
profissionais essenciais ao planejamento, coordenação e supervisão das ativida-
des relativas à coleta, registro, processamento, análise, apresentação, difusão de 
dados e geração de informações. 
Um de seus fundamentos básicos, na concepção do SUS, é proporcionar a 
análise da situação de saúde local, tomando como referencial microrregiões ho-
mogêneas e considerando, principalmente, a realidade daquele lugar, ou seja, 
as condições de vida da população na determinação do processo saúde-doen-
ça. Sendo assim, o nível localtem, então, responsabilidades, não apenas com 
a alimentação do SIS, mas também com a sua organização e gestão. Portanto, 
outro aspecto de grande importância é o entendimento do sistema de informa-
ção, que deve ser hierarquizado, e seu fluxo de dados deve ocorrer de forma 
ascendente, de modo inversamente proporcional à agregação geográfica. Em 
outras palavras, no nível local é necessário dispor, para as análises epidemioló-
gicas, de maior número de variáveis.
21
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
O SUS foi organizado de modo a estar o mais próximo possível da 
realidade dos seus usuários – as comunidades –, e são eles que 
podem e devem ajudar a construir os serviços de saúde baseados 
na sua realidade, pois são quem têm o maior conhecimento sobre 
suas demandas.
FIGURA 5 – ORGANIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DO SUS
FONTE: O autor.
Atualmente, os recursos usados no processamento eletrônico estão sen-
do amplamente utilizados pelos SIS, aumentando sua eficiência já que possibi-
litam a obtenção e o processamento de um volume de dados cada vez maior. 
Além disso, permitem a articulação entre diferentes subsistemas. Logo, a com-
patibilidade das principais bases de dados dos diversos SIS, com o objetivo de 
sua utilização conjunta, é uma meta buscada há um certo tempo pelos profis-
sionais que trabalham com a informação no setor saúde, porque proporciona 
uma maior dinâmica. Isto é, as ações de vigilância são potencializadas por 
meio da utilização de sistemas nacionais de informações. Tal compatibilidade 
se apresenta como pré-requisito para o melhor desenvolvimento de uma políti-
ca de informação e informática para o SUS (BRASIL, 2005).
22
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
FIQUE ATENTO: no Brasil, diversos SIS federais foram instituídos 
antes da implantação do SUS, e os seus objetivos estavam direcio-
nados apenas para os governos federal e/ou estadual. Assim, os mu-
nicípios assumiram o papel de coletores de dados e, com frequência, 
ocorria a subutilização das informações. Desse modo, eles não par-
ticipavam ativamente do processo de elaboração dos planejamen-
tos, dispondo de pouca ou nenhuma experiência e autonomia para 
a formulação de políticas e tomada de decisões. Somente a partir da 
Norma Operacional Básica do SUS (NOB/SUS 01/96) cresceu a res-
ponsabilidade dos municípios em relação ao seu papel decisório nas 
ações em seu território (VIDOR; FISHER; BORDIN, 2011).
4.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E 
SUA APLICABILIDADE NA SAÚDE
O processo de gestão da área da saúde exige a capacidade de enfrentar 
problemas de alta complexidade diariamente, assim como tomar decisões de 
alta relevância social. Dessa maneira, a informação deve ser entendida como 
um fator esclarecedor de incertezas, que possibilite um planejamento mais pró-
ximo das necessidades de saúde para atingir uma situação futura esperada. O 
crescimento da difusão da tecnologia da informática possibilitou o acesso ágil 
a bases de dados com informações variadas e desagregadas sobre saúde:
• informações epidemiológicas (óbitos, nascidos vivos e doenças de notifi-
cação compulsória);
• informações assistenciais (internações, consultas, exames e tratamentos); 
• informações para monitoramento de programas específicos (PSF, PNI e 
Hiperdia);
• informações de cadastro (estabelecimentos, cartão SUS etc.).
É importante dizer que a disponibilidade de informações não garante a 
assertividade das ações. Ao utilizar as informações, aquele que as usa deve 
fazer perguntas pertinentes, para que seja possível mapear, adequadamente, 
o cenário e definir os objetivos desejados. Em geral, o que se pretende é 
a redução máxima das incertezas para subsidiar o processo de tomada de 
decisão com base em evidências. Para tanto, é necessário conhecer o usuário 
dos serviços, os territórios, as inter-relações com o meio ambiente, as caracte-
rísticas socioculturais, entre outras particularidades da esfera verificada. 
23
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
A medida da realidade é dada por meio de indicadores de saúde, que se 
configuram como parâmetros, aplicados com o objetivo de avaliar a situação de 
saúde, bem como fornecer contribuições para o processo de planejamento. Des-
sa forma, por intermédio de indicadores, é possível acompanhar tendências histó-
ricas de diferentes coletividades, na mesma época ou da mesma coletividade, em 
diferentes períodos (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).
SAIBA MAIS: a década de 1970 marcou a história das estatísticas 
de saúde no Brasil, pois este período foi marcado pela Lei Federal 
nº 6.015/73, que regulamentou o registro civil no país e atribuiu ao 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a responsabilidade 
pelas estatísticas originadas a partir dele. Outro marco importante, em 
1975, foi a realização da primeira reunião nacional sobre o SIS, duran-
te a conferência nacional de saúde. Alguns dos principais sistemas de 
informações de saúde, de abrangência nacional, foram criados entre 
meados da década de 1970, e princípios dos anos 1980.
O uso de indicadores socioeconômicos, demográficos e de saúde permite co-
nhecer as características de uma determinada população e sua evolução, ao longo 
do tempo, no território. O acesso aos indicadores, obtidos de sistemas de infor-
mação, aumenta a capacidade da gestão em intervir nos pontos críticos, ou seja, 
nos problemas que, se enfrentados, farão grande diferença na transformação da 
realidade. Veja a seguir as principais categorias de informação que devem estar ao 
alcance das gerências das três esferas de gestão (CARVALHO; EDUARDO, 1998):
• demográfico/econômico-social e cultural: os censos populacionais peri-
ódicos ou ocasionais permitem conhecer a estrutura de uma população 
em determinada área geográfica, como sexo e idade, constituindo as pi-
râmides de população, estado civil, religião, nacionalidade, entre outras 
características sociais, econômicas e culturais. 
• eventos vitais: se referem ao registro de nascimentos vivos, nascimentos 
mortos, óbitos etc. Fornecem, ainda, dados importantes para a confec-
ção de vários indicadores, como mortalidade, morbidade, vida média ou 
esperança de vida e cobertura das ações. 
• morbidade: permite o registro de doenças por sexo, idade, procedimen-
tos médicos, raça, nacionalidade, procedência e outras variáveis de inte-
resses clínico, epidemiológico, social, econômico e cultural. Assim, viabi-
liza importantes dados coletados, de forma periódica ou ocasional, para 
o controle das doenças, investigação de etiologia e patogenia, relação 
com fatores econômicos, sociais e culturais; como também para a inves-
tigação da eficácia das medidas preventivas e terapêuticas. 
24
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
• classificação internacional de doenças: agrupa as doenças ou eventos 
segundo as características semelhantes apresentadas, criando a nomen-
clatura de doenças e sua classificação. Além da padronização e univer-
salização do diagnóstico, fornece os códigos das enfermidades para fins 
clínicos, epidemiológicos e de processamento das informações. 
• avaliação hospitalar: porcentagem da ocupação, mortalidade, necropsia, 
infecção e outros agravos em ambiente hospitalar. Fornece dados sobre 
números de consultas produzidas, por idade, sexo, tipos de procedimen-
to e outras variáveis de interesse. Também permite a construção de indi-
cadores de cobertura populacional e utilização dos serviços, concentra-
ção das atividades por paciente, produtividade e outros. 
• qualidade: se refere, principalmente, aos sistemas de avaliação sanitária dos 
estabelecimentos prestadores de serviços de saúde ou produtores de ali-
mentos, medicamentos, equipamentos, saneantes etc. Permite conhecer as 
condições técnicas de funcionamento desses estabelecimentos,as circuns-
tâncias de risco e a qualidade de produtos, como alimentos e medicamentos.
• administrativo: gestão financeira/orçamento, folha de pagamento e recur-
sos humanos, gestão de estoques de materiais de consumo, equipamen-
tos e outros bens patrimoniais, além do controle de processos/expedien-
te administrativo.
A Portaria nº 2.135, de 25 de setembro de 2013, estabelece diretrizes para o 
processo de planejamento, no âmbito do SUS, e define que a análise situacional 
deve ser orientada pelos seguintes temas (BRASIL, 2013): 
• estrutura do sistema de saúde;
• redes de atenção à saúde;
• condições sócio-sanitárias;
• fluxos de acesso;
• recursos financeiros;
• gestão do trabalho e da educação na saúde;
• ciência, tecnologia, produção e inovação em saúde e gestão.
Desse modo, uma vinculação aos SIS é evidente, tanto em caráter diagnósti-
co quanto em monitoramento e avaliação das mudanças nos indicadores, após a 
implementação de planos de saúde. Logo, as informações são fundamentais para 
a definição de ações, monitoramento e avaliação. Elas podem ser obtidas de vá-
rias fontes, porém é fundamental saber buscá-las, visto que são relevantes para a 
composição da análise situacional do plano de saúde, justamente para a definição 
de objetivos e priorização de ações; assim como para o registro do andamento 
das ações de monitoramento, avaliação e controle social.
25
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
SAIBA MAIS: entre os sistemas nacionais de informação em saúde 
existentes, alguns se destacam em razão de sua maior relevância 
para a vigilância epidemiológica: Sistema de Informação de Agravos 
de Notificação (Sinan), Sistema de Informações sobre Mortalidade 
(SIM), Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), Sis-
tema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) e Sistema de Informa-
ções Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS).
É inquestionável a contribuição dos SIS e suas ferramentas eletrônicas 
associadas para o processo de planejamento no SUS. A qualidade do processo de 
gestão e planejamento está intimamente relacionada à capacidade dos gestores em 
explorar a potencialidade dos referidos sistemas. Na vigência de uma realidade, com 
vastos dados gerados cotidianamente na esfera do SUS, não é possível se desviar da 
responsabilidade de fazer uso e de aplicar as informações disponíveis, dependendo 
da efetividade das ações empreendidas no campo do cuidado em saúde. 
Por ocasião das definições de ações previstas, o gestor precisa ir além de seu pla-
no de governo, porque o objetivo final é atender às necessidades de saúde da popula-
ção. Não se pode conhecer tais necessidades, de forma sistemática, sem o uso dos SIS 
para atuarem, estrategicamente, na agenda de trabalho da gestão em saúde (GARCIA; 
REIS, 2016). Os sistemas de Informação em Saúde mais usados no Brasil são:
Sinan:
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan tem como objetivo 
coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo sistema de vigilân-
cia epidemiológica das três esferas de governo, por intermédio de uma rede informa-
tizada de apoio ao processo de investigação e subsídio à análise de informações da 
vigilância epidemiológica das doenças de notificação compulsória. Suas atribuições, 
nas três esferas de governo, com relação à gestão, estruturação e operacionaliza-
ção do sistema de informação epidemiológica informatizada possuem o objetivo de 
garantir a alimentação permanente e a regulação de dados nacionais, estaduais e 
municipais, sendo definidas pela Portaria MG/MS n.º 1.399, Portaria GM/MS n.º 95 
e Instrução Normativa SVS/MS n.º 2. Acompanhe um resumo das atribuições desse 
sistema, de acordo com a esfera de competência (BRASIL, 2007):
• União: compete à Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde 
(SVS/MS), como gestora nacional do Sinan:
 » estabelecer diretrizes e normas técnicas para o Sinan; 
 » prestar apoio técnico às unidades federadas para utilização e operacio-
nalização do Sinan; 
26
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
 » estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados em nível estadual; 
 » atualizar e fornecer as versões do Sinan e os modelos de instrumentos 
de coleta de dados para as unidades federadas; 
 » coordenar a seleção dos códigos correspondentes aos agravos de inte-
resses estadual e municipal, segundo a Classificação Internacional de 
Doenças (CID 10); 
 » consolidar os dados provenientes das unidades federadas;
 » informar às unidades federadas a ocorrência de casos de notificação 
compulsória, detectados em países que fazem fronteira com o Brasil; ou 
a ocorrência de surtos/epidemias, com risco de disseminação no país;
 » avaliar regularidade, completitude, consistência e integridade dos da-
dos, bem como a duplicidade de registros, efetuando os procedimentos 
definidos como de responsabilidade do nível nacional para manutenção 
da qualidade da base de dados;
 » realizar análises epidemiológicas e operacionais;
 » retroalimentar as informações para os integrantes do sistema;
 » divulgar informações e análises epidemiológicas.
• Estado:
 » consolidar os dados do Sinan provenientes dos municípios; 
 » prestar apoio técnico aos municípios para utilização e operacionalização 
do Sinan;
 » coordenar a seleção dos códigos correspondentes à tabela de estabele-
cimentos de saúde a ser utilizada pelo Sinan;
 » estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados em nível municipal, 
respeitando os fluxos e prazos estabelecidos pela SVS/MS;
 » distribuir as versões do Sinan e seus instrumentos de coleta de dados 
para os municípios; 
 » enviar os dados à SVS/MS regularmente, observados os prazos estabe-
lecidos na Portaria;
 » informar às outras unidades federadas a ocorrência de casos de notifi-
cação compulsória, detectados na sua área de abrangência (residentes 
em outras unidades federadas), ou a ocorrência de surtos/epidemias, 
com risco de disseminação no país;
 » informar à SVS/MS a ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de 
disseminação no país;
27
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
 » avaliar a regularidade, completitude, consistência e integridade dos da-
dos, bem como a duplicidade de registros, efetuando os procedimentos 
definidos como de responsabilidade da unidade federada para a manu-
tenção da qualidade da base de dados;
 » realizar análises epidemiológicas e operacionais; 
 » retroalimentar as informações para os integrantes do sistema; 
 » divulgar informações e análises epidemiológicas;
 » normatizar os aspectos técnicos de maneira complementar à atuação 
do nível federal para a sua área de abrangência. 
• Municípios:
 » prestar apoio técnico às unidades notificantes; 
 » coletar e consolidar os dados provenientes de unidades notificantes; 
 » estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados pelas unidades no-
tificantes, respeitando os fluxos e prazos estabelecidos pela SVS/MS; 
 » enviar os dados para nível estadual, observados os fluxos e prazos es-
tabelecidos pelos estados e pela SVS/MS; 
 » distribuir as versões do Sinan e seus instrumentos de coleta de dados 
para as unidades notificantes; 
 » informar à unidade federada a ocorrência de casos de notificação com-
pulsória, detectados na sua área de abrangência, residentes em outros 
municípios; ou a ocorrência de surtos/epidemias, com risco de dissemi-
nação no país;
 » avaliar a regularidade, completitude, consistência e integridade dos da-
dos, bem como a duplicidade de registros, efetuando os procedimentos 
definidos como de responsabilidade do município para a manutenção 
da qualidade da base de dados;
 » realizar análises epidemiológicas e operacionais;
 » retroalimentar os dados para os integrantes do sistema; 
 » divulgar informações e análises epidemiológicas; 
 » normatizar aspectostécnicos em caráter complementar à atuação do 
nível estadual para a sua área de abrangência; 
 » executar a rotina fluxo de retorno para obter os casos residentes notifi-
cados por outros municípios/estados, e disponibilizar o arquivo gerado 
para os seus distritos sanitários, semanalmente.
• Distrito Federal: compete, simultaneamente, as atribuições referentes a es-
tados e municípios.
28
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
SIME:
O Sistema Integrado de Monitoramento de Eventos em Saúde Pública (SIME) 
é uma plataforma para o registro e acompanhamento de eventos de importância em 
saúde pública da SVS. Foi desenvolvido pela equipe de tecnologia da informação da 
Coordenação Geral de Vigilância e Resposta (CGVR) para as emergências em saúde 
pública, e é gerenciado pela equipe técnica do Centro de Informações Estratégicas 
de Vigilância em Saúde (CIEVS/SVS/MS). Além disso, apresenta acesso restrito aos 
usuários cadastrados. O SIME possui diferentes módulos em que, respectivamente, 
são registradas:
• notificações recebidas pela SVS, CIEVS estaduais e municipais, por profis-
sionais de saúde, entre outros; 
• eventos com importância para monitoramento no SIME ─ casos que confi-
guram um potencial Evento de Saúde Pública de Importância Nacional (ES-
PIN); ou Evento de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) com 
importância para monitoramento pelo CIEVS; 
• registros dos informes (vigilância internacional) e rumores (imprensa, mídia 
social e outros). Além do registro, o SIME permite a atualização on-line das 
informações e monitoramento das notificações, eventos, informes e rumo-
res, bem como acompanhamento da emissão de relatórios e de pesquisas, 
podendo ser acessado pelas áreas técnicas e CIEVS locais.
Os CIEVS têm como finalidade incentivar a captação de notificações, prospec-
ção, manejo e análise de dados, além de informações estratégicas relevantes à prá-
tica da vigilância em saúde, assim como congregar mecanismos de comunicação 
avançados. Com isso, foi constituído no Departamento de Doenças Transmissíveis 
(DEVIT), no âmbito da SVS/MS, em março de 2006. Também atua como unidade 
operacional do Ministério da Saúde para comunicação de possíveis emergências 
junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). Para apoio ao cumpri-
mento das suas atribuições na detecção, avaliação e monitoramento de Eventos de 
Saúde Pública (ESP), a partir de 2007, o CIEVS/SVS/MS passou a contar, também, 
com centros similares estruturados nas Secretarias Estaduais de Saúde (SES) e nas 
Secretarias Municipais (SMS) das capitais.
No âmbito da SVS, o Comitê de Monitoramento de Eventos de importância para 
a Saúde Pública (CME) e o SIME completam, junto ao CIEVS, as estruturas de ges-
tão e acompanhamento de eventos de importância para a saúde pública. O Regula-
mento Sanitário Internacional (RSI) é um instrumento jurídico internacional elaborado 
para ajudar a proteger os países contra a propagação internacional de doenças, in-
cluindo os riscos para a saúde pública e as emergências de saúde pública. Desde 
que entrou em vigor, no dia 15 de julho de 2007, está juridicamente atuante em 194 
países. Assim, conforme o instrumento de decisão para a avaliação e notificação dos 
eventos, segundo o anexo 2 do RSI, os eventos de saúde pública são monitorados 
pelo CIEVS/MS nas seguintes situações:
29
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
• impacto grave sobre a saúde pública;
• evento incomum ou inesperado;
• existência de risco significativo de propagação;
• existência de risco significativo de restrições ao comércio ou viagens.
SIAB:
O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) foi implantado em 1998, 
substituindo o Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saú-
de (SIPACS). Dessa maneira, este sistema foi desenvolvido como instrumento ge-
rencial dos sistemas locais de saúde e agrupou, em sua formulação, conceitos como 
território, problema e responsabilidade sanitária, estando completamente inserido no 
contexto de reorganização do SUS no país, o que fez com que assumisse carac-
terísticas distintas dos demais sistemas existentes. Tais características significaram 
avanços concretos no campo da informação em saúde. Dentre elas, são destacadas:
• a micro-espacialização de problemas de saúde e de avaliação de intervenções;
• a utilização mais ágil e oportuna da informação;
• a produção de indicadores capazes de cobrir todo o ciclo de organização 
das ações de saúde, a partir da identificação de problemas;
• a consolidação progressiva da informação, partindo de níveis menos agre-
gados para mais agregados.
Por meio do SIAB, informações sobre cadastros de famílias, condições de mo-
radia e saneamento, situação de saúde, produção, além de composição das equipes 
de saúde podem ser obtidas. Ele é considerado o principal instrumento de monitora-
mento das ações do programa saúde da família, e sua gestão é feita na Coordenação 
de Acompanhamento e Avaliação (CAA/DAB/SAS). Sua missão é monitorar e avaliar 
a atenção básica, instrumentalizando a gestão, fomentando e consolidando a cultura 
avaliativa nas três instâncias de gestão do SUS.
Faz parte das ações estratégicas da política definida pelo Ministério da Saúde 
a disponibilização da base de dados do SIAB na internet, com o objetivo de fornecer 
informações que subsidiem a tomada de decisão pelos gestores do SUS; também a 
instrumentalização pelas instâncias de controle social, divulgando, assim, os dados 
para o uso em todos os atores envolvidos na consolidação do SUS.
O Sinan é um sistema de grande importância para a vigilância em 
saúde no País, sendo alimentado, principalmente, pela notificação 
e investigação de casos de doenças e agravos constantes da lista 
nacional de doenças de notificação compulsória. Veja, na figura a se-
guir, as principais características de funcionamento do Sinan.
30
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
FIGURA 6 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO (SINAN)
FONTE: O autor.
FIGURA 7 – CARACTERÍSTICAS DO SINAN
FONTE: O autor.
31
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
O Sinan foi concebido pelo Centro Nacional de Epidemiologia 
para ser operado a partir das unidades de saúde, considerando 
o objetivo de coletar e processar dados sobre agravos de noti-
ficação no território nacional, em todas as esferas do governo. 
Conhecer e entender esse sistema é muito importante para os 
profissionais de saúde.
FIGURA 8 – FLUXOGRAMA DAS INFORMAÇÕES DO SINAN
FONTE: O autor.
32
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
5 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA: 
FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE
A descentralização político-administrativa, através da municipalização, 
promoveu a reorganização dos serviços e ações em saúde, a redistribuição de 
poder e competências, bem como a responsabilização dos municípios na pro-
moção de mudanças no modelo assistencial, no planejamento, na organiza-
ção, no controle, na avaliação e na gestão dos serviços públicos de saúde de 
seu território. É uma estratégia para minimizar as desigualdades regionais. Ela 
prevê não apenas a transferência da esfera federal para as demais esferas, e 
da responsabilidade de execução das ações, mas se trata também de efetuar 
a descentralização de recursos financeiros e de poder.
Durante a década de 1990, ocorreram os principais avanços do processo 
de descentralização do setor saúde no Brasil. A esfera municipal se tornou a 
principal responsável pela gestão da rede de serviços de saúde no país e pela 
prestação direta da maioria das ações e programas.
No início da mesma década, em que o país vivia sob impacto da crise 
fiscal e escassez de recursos, foram incluídas na agenda preocupações como 
a eficiência, a eficácia e a efetividade da ação governamental, além da quali-
dade dosserviços. Nesse mesmo período, a descentralização ganhou força: o 
que antes enfatizava a transferência de atribuições para ganho de eficiência, 
passou a integrar a dimensão de redistribuição do poder, tencionando a des-
burocratização e a hierarquização dos processos decisórios.
PINHEIRO, A. L. S. et al. Gestão da saúde: o uso dos sistemas de 
informação e o compartilhamento de conhecimento para a tomada 
de decisão. Texto e Contexto-Enfermagem, [s. l.], v. 25, 2016. 
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cesso-de-auditoria-do-sus-revista-atualiza-saude-v1-n1.pdf. Aces-
so em: 23 mar. 2022.
https://doi.org/10.1590/0104-07072016003440015
33
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
A importância da ação municipal desde a década de 1990, principalmente 
na área social, chama a atenção para um conjunto de abordagens inovadoras 
e, também, para o estabelecimento de novas esferas de participação e negocia-
ções entre os atores, nos cenários das políticas públicas. A diversidade das ca-
racterísticas dos municípios no Brasil fez com que a descentralização não ocor-
resse de forma homogênea. Esse mesmo fator interferiu também na capacidade 
dos municípios em assumir a gestão. Mesmo assim, a descentralização favore-
ceu novos arranjos institucionais como a promoção de ações intersetoriais inte-
gradas, diminuindo a fragmentação das ações em parceria com outros níveis de 
governo e com governos de outros municípios (CARVALHO; EDUARDO, 1998).
A descentralização pode ser vista como facilitadora para o controle social 
da saúde e para a participação popular. A participação popular se dá, sobretu-
do, nos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Saúde e nas respecti-
vas Conferências de Saúde, realizadas a cada quatro anos. As Conferências e 
os Conselhos são constituídos por gestores, profissionais de saúde, usuários 
do sistema (50%) e outras entidades/pessoas representativas, de forma pa-
ritária; e têm, dentre outras, a função de formular as diretrizes da política de 
saúde e de acompanhar sua execução. 
5.1 FINANCIAMENTO DA SAÚDE 
PÚBLICA
A Emenda Constitucional nº 29/2000 define os percentuais mínimos de apli-
cação em ações e serviços públicos de saúde para níveis federal, estadual e mu-
nicipal; ou seja, definiu a participação das esferas de governo federal, estadual e 
municipal para o financiamento das ações e serviços de saúde do SUS. A EC 29 
representou um importante avanço para diminuir a instabilidade no financiamento 
que o setor de saúde enfrentou a partir da Constituição, bem como uma vitória da 
sociedade na questão da vinculação orçamentária. Contudo, não definiu o que vi-
riam a ser considerados os gastos com saúde. Mesmo com a ausência da definição 
no texto constitucional, a consolidação do SUS foi avançando e os responsáveis por 
sua execução adotaram como parâmetros os preceitos da Lei Orgânica da Saúde.
Os percentuais de investimento financeiro dos municípios, estados e 
União no SUS são definidos atualmente pela Lei Complementar nº 141, de 13 
de janeiro de 2012, resultante da sanção presidencial da Emenda Constitucio-
nal 29. Por esta lei, municípios e Distrito Federal devem aplicar anualmente, 
no mínimo, 15% da arrecadação dos impostos em ações e serviços públicos 
de saúde, cabendo aos estados 12%. No caso da União, o montante aplicado 
deve corresponder ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, acres-
cido do percentual relativo à variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano 
antecedente ao da lei orçamentária anual (BRASIL, 2012).
34
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
A movimentação dos recursos financeiros é realizada com os Fundos de Saúde, 
que se constituirão em unidades orçamentárias e gestoras dos recursos da saúde. Ou-
tro debate que se levanta a partir do subfinanciamento da saúde é a relação entre o pú-
blico e o privado, já que recursos públicos acabam sendo repassados ao setor privado. 
A queda da participação dos recursos federais no financiamento da saúde públi-
ca reduz o papel exercido pelo governo federal na determinação da política de saúde; 
e aumenta a dos municípios, o que justifica o aumento crescente da preocupação dos 
gestores municipais, fato que tende ao agravamento, considerando a promulgação 
da Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016 – que congelou os 
gastos com saúde por 20 anos e estabeleceu limites desfavoráveis de correção no 
financiamento da saúde (BRASIL, 2016).
Ainda sobre mudanças no financiamento do SUS, no dia 28 de dezembro 
de 2017 foi publicada, em Edição Extra do Diário Oficial da União, a Portaria nº 
3.992, de 28 de dezembro de 2017. Essa Portaria trata do financiamento e da 
transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saú-
de do SUS (BRASIL, 2017). 
A Portaria traz um novo modelo de financiamento do SUS, que vai transferir 
para estados e municípios a responsabilidade de decidir em quais programas e 
serviços de saúde serão aplicados os recursos repassados pelo governo federal, 
e começou a valer a partir de janeiro de 2018. Desde a publicação da Portaria nº 
204/2007, os blocos de financiamento sempre se caracterizaram por serem blo-
cos financeiros, tendo uma conta corrente vinculada a cada um dos cinco blocos 
de custeio: atenção básica; atenção de média e alta complexidade ambulatorial e 
hospitalar; assistência farmacêutica; vigilância em saúde; gestão do SUS; e bloco 
de investimento (BRASIL, 2007).
A nova Portaria traz expressivas mudanças, entre elas a junção dos antigos blo-
cos de financiamento de custeio em um único bloco, mantendo-se grupos de ações 
dentro do Bloco de Custeio. Esses grupos de ações deverão refletir a vinculação, ao 
final de cada exercício, do que deu origem ao repasse do recurso, bem como o esta-
belecido no Plano de Saúde e na Programação Anual de Saúde dos entes.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o principal sistema de saúde 
brasileiro, sendo utilizado pela maior parte da população. Assim, a 
Constituição Federal de 1988 estabeleceu que a gestão do SUS seja 
fundamentada por meio da União, estados e municípios, sendo seu 
financiamento responsabilidade dos recursos oriundos dessas esfe-
ras. Na figura a seguir, você conhecerá mais detalhes sobre o finan-
ciamento do SUS por meio da Seguridade Social, sistema composto 
pelas três esferas, e que é responsável por gerenciar e aplicar os 
recursos financeiros.
35
A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
FIGURA 9 – FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL 
(SAÚDE, ASSISTÊNCIA E PREVIDÊNCIA)
FONTE: O autor.
36
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
PAES-SOUSA, R.; RASELLA, D.; CAREPA-SOUSA, J. Política econô-
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file:///C:/Users/01844524060/Downloads/admin,+v4n3-03-ARTIGO+-
2-Financiamento+dos+tres+niveis+de+governo+do+Brasil.pdf. Acesso 
em: 23 mar. 2022.
1 O Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização 
(SI-PNI) foi desenvolvido para possibilitar aos gestores envolvidos 
no Programa Nacional de Imunização a avaliação dinâmica do riscoquanto à ocorrência de surtos ou epidemias, a partir do registro dos 
imunobiológicos aplicados e do quantitativo populacional vacina-
do. Com base no exposto, cite duas repercussões práticas que a 
boa gestão dessas informações pode promover em termos de saú-
de pública, assim como argumente sobre a importância de se obter 
informações a respeito da cobertura vacinal referente a uma deter-
minada vacina em um município em um determinado ano.
2 A informação em saúde é a base da gestão dos serviços, pois 
orienta a implantação, o acompanhamento e a avaliação dos mo-
delos de atenção à saúde e das ações de prevenção e controle de 
doenças. Descreva o que é “dado” e o que é “informação”.
3 O Sinan é um sistema de grande importância para a vigilância em 
saúde no país, sendo alimentado, principalmente, pela notificação 
e investigação de casos de doenças e agravos constantes da lista 
nacional de doenças de notificação compulsória. Descreva quais 
sãos os objetivos do Sinan.
6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A implantação do SUS trouxe uma série de desafios a serem enfrentados, 
na medida em que o novo modo de ver e pensar saúde exigiu dos gestores e pro-
fissionais da área que ampliassem suas ações de forma a contemplar a melhoria 
dos fatores que influenciam no processo saúde-doença. Nesse sentido, o maior 
https://doi.org/10.1590/0103-11042018S313
https://doi.org/10.1590/0103-11042018S313
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A Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito MunicipalA Gestão do Sistema Único de Saúde no Âmbito Municipal Capítulo 1 
desafio foi mudar o conceito de saúde na sociedade e nos serviços de saúde, 
enraizados ao antigo modelo assistencial (DA SILVA et al., 2011). 
A saúde passou a ser organizada como um sistema público, no qual os ser-
viços oferecidos pela iniciativa privada devem obedecer às mesmas regras e aos 
mesmos princípios do sistema público. Nesse contexto, todos devem trabalhar 
de modo a abranger ações de promoção e proteção da saúde, tratamento, re-
cuperação e reabilitação dos doentes e prevenção de doenças (BRASIL, 2009). 
Buscando atingir os objetivos iniciais da criação do SUS, foram estabeleci-
dos princípios que regem o seu funcionamento, tanto a nível de gestão quanto 
a nível assistencial. Assim, as ações passaram a ter como eixo norteador 
os princípios ideológicos ou doutrinários: a universalização, a equidade e 
a integralidade. Além disso, o SUS tem como princípios organizativos: a 
regionalização e a hierarquização, a descentralização e o comando único, a 
participação popular e a resolubilidade (BRASIL, 2009).
A Constituição Federal de 1988 e a Lei nº. 8080/90 definiram princípios e 
diretrizes a serem seguidos na gestão do SUS. Além disso, estabeleceram que 
a gestão do SUS deve ser compartilhada entre as três esferas governamentais 
(SILVA; EGYDIO; SOUZA 1999). 
Assim, de forma conjunta, União, Estados e Municípios precisam definir 
meios de controle e avaliação contínua dos serviços prestados, além de acom-
panharem as condições de saúde da população, gerenciando e aplicando os 
recursos financeiros e humanos a fim de atender às necessidades locais. Ade-
mais, cabe aos gestores do SUS planejar suas ações a curto e médio prazos, 
promovendo as políticas de saúde adequadas a cada realidade (SILVA; EGY-
DIO; SOUZA 1999).
Observa-se que a gestão do SUS deve estar em consonância com a rea-
lidade da população a ser atendida. Nesse sentido, precisam ser levados em 
consideração fatores demográficos e epidemiológicos que alteram significa-
tivamente a configuração populacional de cada região do Brasil (SILVA; FI-
GUEIREDO; TONINI, 2011). 
O conhecimento das condições de saúde dos habitantes é fator determi-
nante que influenciará diretamente o processo de gestão em saúde. De acordo 
com Mendes (2011), as condições de saúde são as particularidades que se 
apresentam de modos diferentes na saúde dos indivíduos, exigindo respostas 
reativas ou dinâmicas, pontuais ou continuadas.
A gestão do SUS precisa levar em consideração fatores que podem in-
fluenciar o desenvolvimento dessas condições, como condições de moradia, 
segurança, emprego, as desigualdades sociais e econômicas, a globalização, 
a alimentação etc. A descentralização do planejamento em saúde se torna in-
dispensável, considerando a dimensão do país (KIDD, 2016; BRASIL, 2006).
38
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
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§3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a 
serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios 
em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio 
dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, 
avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; 
revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, 
de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial 
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condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização 
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CAPÍTULO 2
Atenção Primária à Saúde: 
Princípios e Organização
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Abordar a atenção primária em saúde.
 3 Demonstrar o processo organizativo do Sistema Úni-
co de saúde e suas contribuições para a gestão.
 3 Apontar os tipos, as técnicas e os instrumentos de ava-
liação dos serviços de saúde municipal.
 3 Desenvolver no aluno a capacidade de compreender a atenção básica.
 3 Demonstrar como a atenção básica é um instrumen-
to de porta de entrada da política de saúde. 
 3 Possibilitar que o aluno compreenda sobre os processos de avaliação dos 
serviços de saúde através da análise de dados quantitativos e qualitativos. 
42
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
43
Atenção Primária à Saúde: Princípios e OrganizaçãoAtenção Primária à Saúde: Princípios e Organização Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, com a publicação 
da Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990, teve como objetivo atender aos 
princípios constitucionais de garantir o direito ao acesso às ações e aos ser-
viços de saúde em todo o território nacional. Nesse sentido, mecanismos de 
normatização de funcionamento e gestão do sistema foram criados para regu-
lar a saúde no Brasil. A saúde no Brasil passou a ser organizada em diferen-
tes níveis assistenciais, de acordo com a complexidade do serviço oferecido, 
formando-se, então, a Rede de Atenção à Saúde (RAS). Nesse contexto, a 
atenção primária figura como peça fundamental na estrutura da rede, além de 
ser a porta de entrada da rede assistencial.
A atenção básica foi instituída como uma ferramenta para a melhoria da saú-
de geral da população, e também como uma forma de reduzir os gastos públicos 
com saúde a níveis secundário e terciário. Nesse sentido, a PNAB foi criada para 
regulamentar as ações e diretrizes implantadas no âmbito da saúde comunitária 
no país. Essas estratégias receberam influências tanto locais e regionais quanto 
internacionais. A atenção maior foi dada à implementação de programas para a 
redução de epidemias, endemias e problemas de saúde comuns que geram tanto 
riscos à vida da população quanto gastos públicos exacerbados.
Nesse ínterim, as ações da atenção básica são desenvolvidas nas Unidades 
Básicas de Saúde (UBSs), que são as estruturas nas quais se encontram os pro-
fissionais de saúde responsáveis por determinada região. Assim, cada região é 
atendida por uma UBS, na qual são realizados os serviços de saúde em atenção 
primária e secundária. Tais serviços são desenvolvidos por equipes compostas 
por profissionais diversos. São oferecidos serviços de saúde de forma integral, 
dentre eles: orientações, grupos de controle, prevenção, acompanhamento do es-
tado de saúde e atividade física.
2 OS PRINCÍPIOS DA APS COM 
A ATENÇÃO CENTRADA NO 
PACIENTE/USUÁRIO
A Atenção Primária, ou Atenção Básica à Saúde – ABS, se caracteriza por 
ser um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange 
a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tra-
tamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde. Ela tem 
como objetivo desenvolver uma atenção integral, com impacto na saúde e autono-
mia dos usuários e nos determinantes e condicionantes de saúde da comunidade 
(BRASIL, 2017).
44
 Gestão do Sistema Municipal de Saúde
Ela segue o princípio da descentralização pautado pelo Sistema único de Saúde 
– SUS. Nesse sentido, ela está inserida bem próxima à vida das pessoas da região 
na qual está localizada. As Unidades Básicas de Saúde – UBS devem ser o primeiro 
contato dos usuários, ou seja, elas são a porta de entrada para o acesso aos serviços 
ofertados pelo SUS. Portanto, os serviços são pautados pelos seguintes princípios: 
universalidade, acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, integralidade da 
atenção, responsabilização, humanização, equidade e participação social. Outrossim, 
os profissionais integrantes das equipes de saúde da família precisam considerar os 
usuários em sua singularidade, se atentando a sua inserção sociocultural, e buscan-
do produzir uma atenção integral centrada no paciente (BRASIL, 2012).
Na atenção primária em saúde deve haver continuidade nas ações, 
sendo a evidência centrada na atenção do paciente/usuário, e não 
no profissional de saúde. Nesse nível de atenção o profissional opor-
tunizará ao paciente/usuário atendimento a todas as suas necessida-
des e coordenará a atenção, ou seja, quando houver a necessidade 
do usuário ser atendido por outro nível de atenção, como o terciário 
(Unidade de Saúde Hospitalar). O profissional da atenção primária 
fará a coordenação da ida e da volta do paciente (Sistema de Refe-
rência e Contrarreferência).
Nesse ínterim, a Política Nacional de Atenção Básica – PNAB aborda vá-
rios assuntos ao longo do texto, e elenca os fundamentos e as diretrizes a se-
rem seguidos pelas ABS/UBS. Apresentaremos a estrutura e os aspectos que são 
abordados pelo título “Princípios e Diretrizes”,

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