Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>Desenvolvimento Econômico 13 1.3 Indicadores de desenvolvimento Nos anos de 1990, na América Latina, os indicadores sociais melhoraram, apesar do crescimento da dívida externa e da inflação. Isso resultou da difusão da educação, da cons- cientização social dos governantes e do aumento da renda per capita. A vida média passou de 50 para 65 anos; a taxa de mortalidade infantil reduziu-se de 130 por mil para 50 por mil; a educação primária universalizou-se e a taxa de natalidade reduziu-se de 4,5% para 3%, em função do uso generalizado de anticoncepcionais (Hirschman, 1996, p. 881-890). Esse mesmo fenômeno parece estar ocorrendo em nível mundial. Entre 1980/98, a taxa de mortalidade de menores de cinco anos caiu nos países de baixa renda de 177 por mil nascidos vivos, para 107 por mil, e de 79 por mil, para 38 por mil nos países de renda média. Melhoria similar ocorreu no número de matrículas nas escolas primárias e secundárias (Banco Mundial, 2003). o crescimento da renda per capita é fundamental para melhorar indicadores sociais. Essa variável correlaciona-se com os níveis educacionais e liberdades políticas. Imprensa livre e debate público aberto influenciam indicadores de bem-estar (Banco Mundial, 1991, p. 57). A mortalidade infantil declina com o aumento dos níveis de educação feminina. Mães esclarecidas passam a amamentar os recém-nascidos, a esterilizar a mamadeira e a aplicar soro caseiro, o que evita o surgimento de muitas doenças. Porém, além da renda devem-se considerar indicadores que possam refletir melhorias sociais e econômicas, como alimentação, atendimento médico e odontológico, educação, segurança e qualidade do meio ambiente. Medidas destinadas a reduzir a po- breza podem ser indispensáveis quando for grande o contingente de pessoas carentes. A distribuição direta de renda através de programas de saúde, educação e alimentação da população mais pobre é indispensável para a melhoria dos indicadores de desenvolvimento. A produção de sementes geneticamente modificadas está revolucionando a agricultura em todo o mundo, com substanciais ganhos de produtividade. Em 2003, foram cultivados 15,5 milhões de hectares com milho geneticamente modificado. Nesse mesmo ano, a produção de soja transgênica no Brasil foi obtida em 3 milhões de hectares, sobretudo no Rio Grande do Sul. A produtividade aumenta pela possibilidade de combater as ervas daninhas sem afetar as plantas. Pode-se aplicar plantio direto, com economia de mão de obra e capital, o que exige maiores aplicações de herbici- das. Os críticos afirmam que os produtos transgênicos podem afetar a saúde da população, embora técnicos tenham afirmado não haver problemas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) produzirá 11 tipos de sementes de soja transgênica, para que a sua oferta não fique nas mãos de uma ou duas empresas multinacionais do setor. 10 Para maiores detalhes, consulte no site da Editora Atlas o texto Indicadores do desenvolvimento mundial.</p><p>( 14 Desenvolvimento Econômico Souza Desenvolvimento Econômico 15 1.3.1 Indicadores econômicos globais do desenvolvimento mundial países de baixa renda, 31 por mil em países de renda média e de apenas 5 por mil nos países de alta renda (Banco Mundial, 2003). Alguns indicadores mostram que o nível de vida vem aumentando em todo o mundo. Nesse mesmo ano, a taxa de mortalidade infantil ainda se apresentava relativamente Entre 1988/1993, a expectativa de vida elevou-se de 60 para 62 anos nos países pobres, elevada em países de renda média, como África do Sul (56 por mil), Brasil (31 por mil) de 66 para 68 nas economias de renda média e de 76 para 77 nos países ricos. No período e México (24 por mil). Nos países mais pobres essa taxa ainda era muito alta em Serra 1985/1990, nesses países, o analfabetismo entre adultos reduziu-se, respectivamente, Leoa (182 por mil) e Angola (154 por mil). Na China, a taxa de mortalidade infantil (31 de 44% para 41%, de 26% para 17% e de 24% para 14%. Entre 1970/1998, a taxa de por mil) é igual à do Brasil; porém, na Índia, apesar da melhoria significativa dos últimos mortalidade infantil por mil nascidos vivos reduziu-se substancialmente em todo o mun- anos, ela ainda se mostra bastante elevada (67 por mil). do. Assim, entre 1980/1998, essas taxas caíram, respectivamente, de 97 para 68 nos Além da vacinação infantil (sarampo, poliomielite), difusão de água tratada, sanea- países pobres, de 60 para 31 nas economias de renda média e de 12 para 6 nos países mento básico e melhorias no sistema de higiene, o combate à fome também é fundamental ricos (Banco Mundial, 1990, 1995 e 2003). para reduzir a mortalidade infantil. Alimentação mais adequada ajuda a melhorar a saúde Em 2001, o PIB per capita (ponderado pela paridade do poder de compra de cada país) e o desempenho escolar das crianças. Maior consumo de carnes elevou a altura média variava de US$ 470 em Serra Leoa, o país mais pobre do mundo, a US$ 34.320 nos EUA, dos adultos nos EUA, Europa e Japão. Maior consumo de proteínas e vitaminas também o país mais rico e poderoso. 11 Serra Leoa é país com o menor Índice de Desenvolvimento eleva o índice de massa corporal dos indivíduos. A eliminação da desnutrição crônica não Humano (0,275), a mais alta taxa de mortalidade infantil (182 mortes por mil nascidos depende apenas de maior disponibilidade interna de alimentos, mas também da elevação vivos) e a menor média de vida (34,5 anos) (Banco Mundial, 2003). do poder aquisitivo da população mais pobre e de melhorias no sistema de distribuição de alimentos. Torna-se fundamental a pesquisa agronômica para desenvolver variedades Nesse mesmo ano, o PIB per capita dos países de baixa renda foi de US$ 2.230, grupo de alimentos mais produtivas e mais baratas. A manutenção de estoques reguladores de no qual se incluem a India (US$ 2.840) e o Paquistão 1.890), entre outros países. No grupo das nações de renda média baixa (US$ 4.674), aparecem o Egito (US$ 3.520), produtos agrícolas, por parte do governo, evita crises de abastecimento e elevação dos preços de gêneros de primeira necessidade, favorecendo as populações mais pobres. o Paraguai 5.210) e a Turquia 5.890). Brasil (US$ 7.360) encontra-se entre Em decorrência do aumento do nível de renda, melhor alimentação e desenvolvimento as economias com renda média alta juntamente com o México (US$ 8.430) e a Argentina (US$ 11.320). Entre os países de alta renda (US$ 26.989), incluem-se os da medicina, tem se elevado a expectativa de vida ao nascer, a qual oscilava em 2001 entre EUA (US$ 34.320) e a maioria dos países europeus (Banco Mundial, 2003). 34,5 anos em Serra Leoa e 81,3 anos no Japão (Banco Mundial, 2003). Entre 1880 e 1980 a expectativa de vida ao nascer nos países industrializados aumentou de 45 para 75 anos. Os países com as maiores taxas de crescimento anual do PIB per capita, entre Grande salto desse indicador ocorreu também no Sri Lanka (Sul da Ásia), que subiu de 45 1990/2001, foram China (8,8%) e Coreia do Sul (4,7%). Nesse mesmo período, o PIB per anos, em 1945, para 72 em 1993. Nos países do Mercosul, em 2001, a expectativa de vida capita se reduziu em alguns países, como Serra Leoa (-6,6%) e Federação Russa (-3,5%). ao nascer variava de 67,8 anos no Brasil a 75,8 no Chile. No Paraguai, essa idade era de No Brasil, ele ainda aumentou 1,4% no período, sendo bastante baixo seu crescimento 70,5 anos, na Argentina 73,9 anos e no Uruguai 75 anos (Banco Mundial, 1991 e 1995). na África do Sul (0,2%), país que ainda tem graves problemas raciais, e na Suíça (0,3%), A tecnologia na agroindústria alimentar reduziu os preços dos alimentos e aumentou a provavelmente por ter chegado a um alto nível de oferta de calorias e proteínas. Os gastos públicos com educação, em relação ao PNB, aumentam com o nível de renda: países de alta renda, 5,4%; países de renda média alta, 5%; países de renda média 1.3.2 Nutrição e expectativa de vida baixa, 3,5%; e países de baixa renda, 3,3%. Os gastos com saúde em relação ao PNB, em 2000, também foram crescentes com o nível de renda dos países, respectivamente: 6,2%, Em 1970, a taxa de mortalidade infantil por mil nascidos vivos era relativamente alta 3,3%, 3% e 1,3%. A Coreia do Sul gastou 3,8% do PNB com educação, no período; seus mesmo nos países ricos, sendo igual a 20 por mil nos EUA e a 18 por mil no Reino Unido gastos com saúde em 2000 foram iguais a 899 dólares per capita. No Brasil, os gastos e França. Em 1993, esse indicador reduziu-se para 9 nos EUA e para 7 nos dois últimos públicos com saúde atingiram US$ 631 dólares per capita, no mesmo ano; esse valor foi países (Banco Mundial, 1995). Entre 1980/1998 houve grande melhoria desse indicador, superior às quantias gastas pelo México 477) e Federação Russa (US$ 405); os gastos em razão da vacinação em massa das crianças. Em 2001, essa taxa era de 127 por mil em públicos do governo brasileiro com educação foram de 4,7% do PNB, percentual superior ao de muitos países de renda média. Com relação à saúde, os gastos per capita do Brasil (US$ 631) somente superam os do México (US$ 477) e Rússia (US$ 405). Entre os países 11 Tradicionalmente, a renda per capita tem sido usada como o principal indicador de desenvolvimen- sul-americanos, os que mais gastam com saúde são Argentina (US$ 1.091) e Uruguai (US$ to. É um indicador importante; porém, como média, camufla a distribuição de renda, não refletindo o nível de bem-estar da população de baixa renda, que pode ser bastante numerosa. Economias com 1.007). Entre os países de alta renda, os maiores gastos per capita com saúde são os dos renda muito concentrada, como a dos países exportadores de petróleo do Oriente Médio, possuem EUA (US$ 4.499) e Suíça (US$ 3.161). altas rendas per capita. Existe nesses países, porém, um número reduzido de pessoas ricas, com a Da mesma forma, a taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos e mais também maioria da população vivendo na miséria. mostra correlação direta com os níveis de renda. Em 2001, a taxa de alfabetização era</p><p>16 Desenvolvimento Econômico Souza Desenvolvimento Econômico 17 de 63% nas economias de baixa renda, 86,6% nas de renda média e de 99% nas de alta renda. A redução do índice de analfabetismo, principalmente entre as mulheres, é muito demanda de energia é explicada também pelo clima muito frio ou muito quente, devido ao importante porque influencia as taxas de mortalidade infantil (Banco Mundial, 2003). uso generalizado de calefação ou ar condicionado. Nos países mais pobres, as áreas mais distantes das fontes de geração de energia nem sempre são atendidas por esses serviços. A eletrificação rural constitui importante fator de desenvolvimento da agricultura, pois Indicadores econômicos e de infraestrutura do desenvolvimento mundial possibilita o uso de motores elétricos, o acesso a informações e o uso de eletrodomésticos, como televisão, geladeira e freezer. Devido ao crescimento demográfico mais acelerado, os países pobres precisam au- Em relação à qualidade de vida, cabe destaque a preservação do meio ambiente. Essa mentar a produção de alimentos. Em alguns desses países houve crescimento expressivo questão é inferida pela variação média anual do desmatamento entre 1990/95. Enquanto do valor agregado pela agricultura, entre 1990/1999, como Moçambique (5,2%) e Peru as florestas foram ampliadas nos países de alta renda (desmatamento igual a -0,2% no (5,8%). Nesse período, essa taxa foi maior nos países mais pobres, decrescendo nos países período), elas se reduziram nos países de renda média alta (0,5% de desmatamento), de mais alta renda. No Brasil ela foi de chegando a 3,8% na Índia, sendo negativa chegando a 0,7% nos países de baixa renda. Brasil se mantém na média de seu grupo em alguns países, como Rússia (-6,3%) e Angola (-3,1%). Os países ricos, exportadores de de renda (0,5%), sendo o desmatamento mais intenso nas Filipinas (3,5%), Serra Leoa produtos manufaturados, podem importar com facilidade os alimentos e matérias-primas (3%) e Paraguai (2,6%), países exportadores de madeiras de lei. de que necessitam. Porém, nos países pobres, com a economia centrada no setor agrícola, índice de Gini, importante indicador de desigualdade, mede a distribuição de renda um desempenho negativo desse setor afeta toda a sua estrutura produtiva. Com base em entre as classes sociais. Serra Leoa possui a distribuição de renda do mundo (Gini 1989/1991, o índice da produção mundial de alimentos chegou a 130,3 em igual a 62,9), seguido pelo Brasil (60,0) e África do Sul (59,3). o Paquistão (31,2) e a Esse índice cresceu para 151,1 nos países de renda média baixa e para 124,3 nos de baixa (37,8%) possuem a melhor distribuição de renda entre os países pobres. Em nível renda; em alguns países ele se reduziu, como Japão (95,2), Alemanha (92,3) e Rússia mundial, as melhores distribuições de renda são do Japão (24,9), Suíça (25) e Noruega (64,4) (Banco Mundial, 2003). (25,8). Entre os países de renda média, cabe destaque ao Egito (28,9) e Coreia do Sul desempenho da agricultura depende do uso de insumos modernos, como fertili- (31,6). Os EUA possuem o maior índice de Gini entre os países de alta renda (40,8). zantes, tratores e colheitadeiras, que elevam a produtividade da terra e do trabalho. Na maioria dos países pobres, o valor agregado por trabalhador agrícola ainda é muito baixo, atingindo em 1996/1998 menos de mil dólares. Nos países de renda média baixa, a pro- 1.3.4 Índices de desenvolvimento humano mundial dutividade do trabalho agrícola chega a menos de US$ 4.000, incluindo-se nessa faixa o México 2.164) e a Rússia No Brasil, esse valor chegou a US$ 4.081 e Todos os indicadores anteriores podem ser sintetizados pelos índices de desenvolvi- na Coreia do Sul ele montou a US$ Nos países ricos, o rendimento do trabalho mento humano (IDH), elaborados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimen- agrícola elevou-se a US$ 36.889 na França e a nos EUA. baixo crescimento to (PNUD). Esse índice mede o nível do desenvolvimento dos países, regiões e municípios, agrícola se deve a problemas de mercado, políticas viesadas contra a agricultura e escassez neste último caso com algumas adaptações. IDH é calculado pela média simples de três de terras, como no Japão e nos países da Europa. No Canadá e EUA, a escassez de mão componentes: (a) longevidade, educação (taxa de alfabetização, peso 2/3, e taxa de ma- de obra é compensada pelo grande número de tratores por mil trabalhadores agrícolas: trícula nos três níveis de ensino, peso 1/3) e nível de renda (PIB real per capita em dólares 1.642 e 1.484, respectivamente. o uso de tratores também é intenso na Noruega (1.276) PPC). o IDH varia de 0 a 1: desenvolvimento humano baixo (IDH £ 0,499); desenvolvi- e França (1.236). No Brasil, em 1995/1997, empregavam-se apenas 57 tratores por mil mento humano médio (0,5 £ IDH (0,799); desenvolvimento humano alto (IDH 0,800). Exceto Rússia (106) e Turquia (58), esse número é ainda menor nos países Em 1999, o PNUD modificou a metodologia de cálculo do PIB per capita, antes medido mais pobres, chegando a ser nulo na Etiópia e em Serra Leoa. em dólares norte-americanos, introduzindo o conceito de paridade do poder de compra de Outro importante indicador do desempenho econômico global é a taxa de expansão das cada país. Isso elevou a renda média dos países pobres. No caso do Brasil, a renda média exportações. Entre 1990/1999, ela foi negativa em Serra Leoa (-12,2%), que esteve se reduziu por esse critério, porque a valorização cambial havia colocado o País no grupo em guerra nos anos de 1990, e de pequena amplitude na Suécia (2,2%) e Federação Russa das nações de elevado desenvolvimento humano. Assim, em 1997, o IDH do Brasil era (2,3%); ela atingiu valores altos em economias como Coreia do Sul (15,6%) e México igual a 0,809 pela metodologia antiga posição) e a 0,739 pela metodologia nova (14,3%). Nesse período, as exportações brasileiras cresceram 4,9% ao ano, em média, o que posição). Contudo, observa-se em qualquer uma das metodologias o aumento persistente pode ser considerado satisfatório, tendo em vista que a moeda encontrava-se valorizada. do desenvolvimento humano no Brasil nível de bem-estar da população também pode ser inferido pelo consumo de ele- Em 2001, os países com os maiores índices de desenvolvimento humano foram a tricidade per capita. Esse indicador cresce com nível de renda: 22 kw/hora na Etiópia, Noruega 0,944), Islândia (0,942) e Suécia (0,941). Os EUA aparecem em lugar 827 kw/h na China, 1.878 kw/h no Brasil, 6.539 kw/h na França, 12.331 kw/h nos EUA (0,944) e o Japão em (0,932). Os países com os menores IDH localizam-se na África: e 24.422 kw/h na Noruega. nível de industrialização influencia consumo de eletrici- Serra Leoa (0,275), Niger (0,292) e Burkina Faso (0,330). Observa-se que o IDH cresce com dade, assim como o percentual da população atendida por redes de Maior o nível de renda (2001): países de baixa renda (0,447); renda média baixa (0,733); renda média alta (0,822); países ricos (0,930). Maiores índices de educação e de longevidade</p><p>18 Desenvolvimento Econômico Souza Desenvolvimento Econômico 19 dependem do crescimento econômico, embora este também seja altamente influenciado formando a agricultura tradicional de subsistência. Alguns autores incluem no setor de pelos níveis educacionais e de saúde (PNUD, 2003). subsistência o segmento do setor terciário que serve de refúgio aos desempregados urba- Em 2001, o IDH do Brasil foi igual a 0,777, um pouco abaixo do IDH da Federação nos, bem como aos empregados mal remunerados, que buscam um complemento para Russa (0,779) e acima do da Venezuela (0,775) e Filipinas (0,751). Apesar do lento cres- sua renda nos "biscates". Como são atividades de mercado, embora informais, isto é, não cimento do PIB per capita do Brasil nas últimas décadas, principalmente entre 1990/2001 constituídas legalmente, prefere-se excluí-las do setor de subsistência. Muitas empresas de (1,4%), seu IDH cresceu 20,8% entre 1975/2001. Essa taxa foi superior à verificada no "fundo de quintal" funcionam à margem da legislação, mas, tecnicamente, nem sempre se mesmo período nos países de renda média alta (11,5%), renda alta (9%) e baixa renda diferenciam de empresas legalmente constituídas. Nesta seção, para facilitar a (5,5%), sendo ligeiramente inferior àquela dos países de renda média baixa (21,7%). empregar-se-á a expressão setor de subsistência no sentido de "agricultura de subsistência". Isso mostra que os maiores níveis de desenvolvimento obtido pelo Brasil, depois de 1975, Esse setor de subsistência, assim definido, consome grande parte de sua produção, des- resultaram do progresso obtido nas áreas de saúde e educação. A vacinação reduziu a mortalidade infantil e a taxa de mortalidade de adultos; houve progresso também na re- tinando parcela insignificante para o mercado. Essa parcela pode, contudo, expandir-se ou dução do analfabetismo, maior nível de acesso à água potável e ao ensino fundamental e contrair-se em função do dinamismo temporário do setor de mercado externo, que dinamiza superior. Em termos mundiais, os maiores níveis de desenvolvimento alcançados foram os tanto o meio rural como o setor urbano e industrial. No processo de desenvolvimento, do Egito (49,7%), Paquistão (45,1%) e Índia (41,8%). Países do Mercosul apresentaram o setor de mercado interno se expande em detrimento do setor agrícola de subsistência, melhorias menos significativas: Paraguai, 11,4%; Uruguai, 10,3% e Argentina, 8,3%. enquanto a participação do setor de mercado externo no produto total se reduz. No interior do Brasil, o desenvolvimento tem sido muito desigual. o Distrito Federal setor de mercado interno, nos estágios iniciais do desenvolvimento, forma-se pelas (DF) lidera o ranking do desenvolvimento humano no Brasil (0,844), por concentrar a atividades ligadas ao atendimento da população residente e ao fornecimento de insumos e massa salarial da administração pública federal e pelos gastos elevados nas áreas de edu- serviços às empresas e pessoas vinculadas ao comércio externo, como alimentos, matérias- cação e saúde. Os Estados brasileiros com os maiores índices de desenvolvimento são Santa -primas beneficiadas, embalagens, transportes etc. No processo de desenvolvimento, o setor Catarina (SC, 0,822), São Paulo (0,820) e Rio Grande do Sul (RS, 0,814). Os Estados das industrial urbano leva vantagens em seu relacionamento com o setor agrícola, através da Regiões Sul e Sudeste possuem os maiores IDH, seguindo-se os Estados do Centro-Oeste, extração do excedente gerado neste último setor. o setor agrícola apresenta, sistematica- com forte base agroindustrial, Norte e Nordeste. mente, superávits na balança comercial, porque suas exportações excedem o volume de Romão (1993) incluiu a incidência de pobreza e o coeficiente de Gini para calcular suas importações, uma vez que suas necessidades de consumo são supridas, basicamente, os índices de desenvolvimento humano ampliado (IDHA). Os Estados mais desenvolvidos, pelo setor de mercado interno. Esse superávit em moeda estrangeira é utilizado no finan- classificados por esses índices, tendem a apresentar IDHA mais altos e, portanto, índices ciamento de importações de máquinas, equipamentos e insumos industriais utilizados no mais baixos de desigualdade-pobreza. Desse modo, quanto melhor distribuída estiver a setor industrial urbano. renda, tanto maior será o nível de vida do conjunto da população (Romão, 1993, p. 108). A Figura 1.1 mostra a estrutura de uma economia subdesenvolvida típica. Para atingir Oliveira (2001) elaborou o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Modificado, uti- o objetivo proposto, algumas suposições precisam ser estabelecidas: (a) a balança comercial lizando parte da metodologia do IDH da ONU e do Índice de Condições de Vida do IPEA. da economia nacional mantém-se equilibrada; (b) o valor das exportações do meio rural estudo indicou uma melhoria sensível dos indicadores de desenvolvimento humano e apresenta-se significativamente superior, ao valor das exportações do meio urbano de pobreza, tanto do conjunto do Rio Grande do Sul (RS), como da maior parte de suas industrial pelo menos nas fases iniciais do processo de desenvolvimento; (c) meio regiões. Entretanto, eles apontaram o aumento da concentração de renda regional e esta- rural mantém superávit na balança comercial (d) o meio urbano e industrial dual, sobretudo entre 1980 e 1991.¹ apresenta déficit em sua balança comercial com o exterior (X, pela necessidade de importar bens de capital e insumos industriais; e (e) o meio urbano e industrial possui um superávit com o meio rural, ou seja, o valor da produção do meio urbano e industrial destinado ao meio rural supera o valor da parcela da produção do meio rural ende- 1.4 Estrutura de uma economia subdesenvolvida reçada ao meio urbano e industrial Em sua forma mais primitiva, a economia subdesenvolvida encontra-se compartimen- A produção do meio rural destina-se à sua subsistência à exportação tada nos setores de subsistência, de mercado interno e de mercado externo. setor de e ao consumo no meio urbano e industrial A produção enviada ao mercado + subsistência compõe-se de latifúndios e minifúndios improdutivos, em sua maior parte. XR) é composta por alimentos e matérias-primas. equilíbrio do meio rural será dado por: Estes constituem segmentos econômicos de baixa produtividade, pouco monetizados, (1) 12 A Fundação de Economia e Estatística do RS elaborou o Índice de Desenvolvimento Socioeconô- mico para os municípios, com quatro blocos de variáveis, cada um pesando (a) Domicílio e Saneamento; (b) Educação; (c) Saúde e (d) Renda.</p><p>20 Desenvolvimento Econômico Souza Desenvolvimento Econômico 21 rados, máquinas e equipamentos diversos. Se as exportações do meio rural não crescerem Setor na velocidade necessária, em termos de quantidade e de valor os déficits comerciais Externo acabarão bloqueando o crescimento econômico. Desse modo, a expansão das exportações agrícolas e, mesmo, de produtos manufaturados, desde as fases iniciais da industrialização, torna-se indispensável para evitar estrangulamentos no processo de Meio desenvolvimento. Rural Com a expansão da economia de mercado, cai a participação da produção destinada à subsistência na produção total Em muitas regiões subdesenvolvidas, isso ocorre principalmente em função da elevação dos preços das exportações. Tal participação au- Meio Urbano menta no caso de reduções dos preços dos bens agrícolas exportados, quando cresce RR e Industrial diminui Nas crises do setor de mercado externo do Brasil, no passado, as populações voltavam às atividades de subsistência e esse setor expandia-se. Ele funcionava como ele- mento de estabilidade da economia, amortecendo as crises do setor de mercado externo e mantendo o nível de emprego do meio rural, embora com baixa produtividade (Furtado, 1970, p. 85). Figura 1.1 Estrutura de uma economia A economia estaciona nas crises e evolui nos surtos exportadores, pelos encadeamentos das exportações sobre as atividades urbanas de mercado interno. No longo prazo, contudo, A equação (1) diz que, no equilíbrio, o déficit do meio rural com o meio urbano e são as migrações rurais e urbanas e os investimentos que afetam o nível da produção do industrial > fica financiado por seu superávit com o exterior Por seu setor de mercado interno. A produção destinada ao consumo próprio do meio rural se reduz, turno, a produção do meio urbano e industrial destina-se ao próprio meio urbano enquanto aumenta a demanda urbana por produtos agropecuários. o desenvolvimento à exportação e ao meio rural A produção destinada ao mercado externo e econômico tende, portanto, a substituir a produção do setor de subsistência por produção ao meio urbano e industrial compõe-se de produtos industrializados e serviços. destinada ao setor de mercado interno e às exportações. Entretanto, essa transformação o equilíbrio do meio de estrutura depende do dinamismo das exportações e de suas ligações com o setor de mercado interno. Assim, torna-se importante aumentar sua competitividade pela redução (2) de custos e melhoria da qualidade dos produtos exportados. ou seja, o déficit do meio urbano e o exterior no equilíbrio, fica setor de mercado externo compreende a agricultura comercial, especializada para integralmente financiado por seu superávit com o meio rural Como o segundo exportação, e as atividades comerciais ligadas ao comércio de importação e de exportação membro das equações (1) e (2) que: da economia urbana. crescimento desse setor depende, em grande parte, da situação do mercado internacional para primários. A demanda internacional determina (3) os preços e, então, a oferta dos países subdesenvolvidos. Quando a participação do país mostra-se importante no comércio internacional de determinado produto, sua oferta Pela equação (3), chega-se à conclusão de que, no equilíbrio da balança comercial influencia também os preços. Dadas as receitas das exportações, obtêm-se o volume e a nacional M), o superávit do meio rural com o exterior fica exatamente igual ao déficit composição das importações, determinando-se, então, a dinâmica do setor de mercado externo do meio urbano e industrial. Em outras palavras, no processo de substituição de interno. Uma pauta exportadora muito concentrada, com produtos muito instáveis em importações, o meio rural financia as importações e o desenvolvimento do meio urbano termos de preços e quantidades exportadas, tende a internalizar crises periódicas, dificul- e industrial. tando o desenvolvimento do setor de mercado interno. À medida que a economia consegue A extração do do setor de subsistência para desenvolvimento do setor diversificar a pauta exportadora e resguardar-se de crises externas, exercendo algum tipo urbano-industrial pode ser feita também através de pesada tributação, como na Restau- de controle sobre o nível de oferta do produto exportado, com o objetivo de estabilizar os ração Meiji japonesa, por confisco cambial, assim como pela deterioração das relações de preços, pode beneficiar-se amplamente dos encadeamentos das exportações sobre o setor troca contra a agricultura, em favor da indústria, ou por captação de poupanças via setor de mercado interno. À medida que a economia se industrializa por substituição de importações, MU tende a crescer rapidamente, uma vez que a indústria precisa importar insumos manufatu- Crescimento no longo prazo 13 Produto não gasto no processo produtivo e apropriado pela firma na forma de lucro. No longo prazo, a economia passa a produzir bens antes importados, graças a uma 14 Para maiores detalhes, ver Capítulo 9, seção 9.3.4. política deliberada de substituição de importações. Na verdade, essa é uma fase posterior do processo de desenvolvimento. Em fase mais primitiva, é o próprio setor de subsistência</p><p>( 22 Desenvolvimento Econômico Souza Desenvolvimento Econômico 23 que produz as manufaturas para seu próprio consumo, através do artesanato e das cha- foi a insuficiência de sua base exportadora, entre surgimento do café, em madas indústrias rurais ou de "fundo de quintal". Em uma fase posterior, com a expansão 1860, como produto dinâmico de exportação, e a introdução do trabalho assalariado, das exportações de produtos primários, esses bens manufaturados nas próprias fazendas alguns anos mais tarde, foram fundamentais para a expansão do setor de mercado inter- vão sendo gradativamente substituídos por artigos industrializados Esses no. Por volta de 1950, esse setor, através da variável investimento, passou a substituir as bens importados de tecnologia superior, e mais baratos, deslocam a produção do artesão. exportações como elemento-chave na formação do produto nacional. Mudou-se, então, Em uma fase mais adiantada, é a vez de algumas manufaturas importadas cederem seu de uma economia agroexportadora para um sistema, "cujo principal centro dinâmico é o lugar à produção nacional, efetuada em escala industrial. Para que isso ocorra, costuma- mercado interno" (Furtado, 1970, p. 232). -se estabelecer forte esquema protecionista, sem o qual a indústria nacional não teria Contudo, como os investimentos são constituídos, em grande parte, por bens de condições de competir com os produtos importados mais baratos, de melhor qualidade e com tradição no mercado. capital importados, são as exportações que representam a contrapartida da poupança para seu financiamento. Há uma mudança no caráter da base exportadora, e foi isso que o elemento-chave do modelo apresentado é a demanda externa por produtos pri- ocorreu no Brasil após 1950: as exportações, de "fator determinante do nível de renda", mários, que dinamiza o setor de mercado interno e reduz a participação da produção passaram a ser o "elemento estratégico no processo de formação de capital" (Furtado, 1970, de subsistência no produto global. o setor de mercado interno passa progressivamente p. 234). Em uma economia já industrializada, como a do Brasil, a importância da base a produzir bens antes importados e destinados ao consumo do meio rural. Surtos ou cri- exportadora se traduz tanto no efeito multiplicador sobre o setor de mercado interno, como ses do setor de mercado externo produzem efeitos de encadeamento de expansão ou de no financiamento das importações de bens de capital. Ademais, o aumento do mercado contração do setor de mercado interno./Quanto maiores forem os multiplicadores da base interno gera economias de escala e eleva a produtividade total. A inserção da economia exportadora, tanto maiores serão os efeitos de encadeamento do setor de mercado externo em mercados externos mais dinâmicos e mais competitivos estimula o desenvolvimento no conjunto da economia. tecnológico interno. Em 1930, quando a Grande Depressão mundial levou o Brasil a queimar café e a Argentina a jogar trigo no mar, realizou-se uma política macroeconômica anticíclica, pois, Em suma, a base exportadora aparece como a causa do crescimento econômico das ao manter estável a renda dos agricultores, em moeda nacional, estava-se evitando que a regiões subdesenvolvidas, principalmente nos seus primeiros estágios, e como elemento dinâmico de aumento de eficiência e competitividade em economias industrializadas. A recessão se ampliasse aos setores vinculados direta e indiretamente ao setor exportador. Quanto mais diversificada for a base exportadora, menores serão os impactos de reduções industrialização surge em uma etapa posterior e como consequência do desenvolvimento de preços ou de quantidades exportadas de alguns produtos sobre o setor de mercado inicial da base exportadora. "O grau de industrialização pode ser, e frequentemente é, Da mesma forma, quanto maiores a dimensão e a diversidade da economia na- mais uma consequência do que uma causa do nível de prosperidade" (Viner, 1969, p. 20). cional, tanto menor será, em termos relativos, o impacto das exportações sobre o nível da Em outras palavras, uma agricultura em expansão e uma base econômica diversificada produção e do emprego em termos agregados. representam maiores níveis de renda, que se traduzem em maior grau de consumo, de À medida que o setor de mercado interno se desenvolve, vão surgindo atividades lo- poupança e de investimento. cais, ligadas aos serviços e ao comércio, bem como indústrias substitutivas de importações. Quando se perpetua o subdesenvolvimento, em geral, a base exportadora mostra-se investimento no próprio setor de mercado interno passa a ter importância decisiva no pouco dinâmica e concentrada em um ou dois produtos agrícolas, de sorte que os efeitos crescimento econômico, tanto quanto o conjunto das exportações de modo geral. Chega- multiplicadores são muito fracos e a base apresenta-se muito instável. Pode ocorrer, tam- -se a um ponto do desenvolvimento em que o dinamismo da economia nacional passa bém, que grande parte do empresariado nacional seja residente no exterior, repatriando a ser comandado pelo conjunto das condições que afetam o setor de mercado interno, os lucros, o que inibe o desenvolvimento do setor de mercado interno. Em suma, a dinâ- independente do desempenho da base mica de expansão de uma economia em desenvolvimento dependerá, em última análise, As exportações têm explicado o crescimento secular das economias do ritmo de crescimento de suas exportações (determinada principalmente por sua pro- Celso Furtado argumentou que um dos responsáveis pelo subdesenvolvimento brasileiro dutividade e competitividade), do grau de integração das cadeias produtivas internas, da estrutura interna de distribuição de renda e da eliminação dos estrangulamentos do 15 desenvolvimento econômico. Para maiores detalhes sobre a teoria da base exportadora, ver Capítulo 12, seção 12.2. 16 É o caso da economia brasileira em 2003, com crescimento do PIB de apenas 0,13%, apesar do grande superávit da balança comercial de US$ 23,8 lento crescimento da economia se 17 Se algum outro produto dinâmico de exportação houvesse surgido no Brasil, em 1760, e não um deve à redução dos gastos públicos, que tem afetado os à pesada tributação, às altas século mais tarde, como foi o caso do café, nível de desenvolvimento do País seria, certamente, taxas de juros e ao achatamento salarial do funcionalismo público, entre outros fatores. A própria bastante superior ao atual. A esse respeito, Celsc Furtado calcula que, se a renda per capita do Brasil expansão das exportações, favorecida pela isenção de impostos e câmbio favorável, se deve à retração também houvesse crescido à taxa de 1,5% ao ano, entre 1750/1850, como ocorreu entre 1850/1950, do setor de mercado interno, quando as empresas procuram colocar no exterior os produtos não o País teria uma renda per capita de 500 dólares em 1950. Esse era, aproximadamente, o nível da vendidos no setor de mercado renda per capita, nesse ano, dos principais países europeus.</p><p>24 Desenvolvimento Econômico Souza Desenvolvimento Econômico 25 1.5 Estrangulamentos do desenvolvimento privados interessados na realização de empreendimentos conjuntos. Os recursos públicos A dificuldade em diversificar e expandir as exportações e fatores como concentração ficariam destinados a áreas de interesse social, como educação, segurança pública e em da renda, educação defasada, falta de mão de obra especializada, deficiência de infraes- investimentos em infraestrutura econômica com longo período de maturação. trutura e insuficiência de poupança interna e de investimentos públicos constituem No processo de desenvolvimento, no qual o setor de mercado interno se expande e de estrangulamento que precisam ser vencidos, sob pena de bloquear o crescimento pontos da o setor de subsistência se contrai, deslocam-se trabalhadores e atividades para o setor economia. Geralmente, é o Estado quem exerce uma ação coordenadora do desenvol- urbano-industrial. Cresce a produtividade total da economia, porque a produtividade do vimento e quem procura vencer esses estrangulamentos. Em fases mais do setor de mercado interno é mais elevada do que a do setor de subsistência. desequilí- processo de desenvolvimento, os principais estrangulamentos decorrem do esgotamento brio externo ocorre de modo natural, uma vez que o setor urbano-industrial não produz, do modelo de substituição de em razão da pequena dimensão do mercado necessariamente, para a exportação, enquanto suas importações são crescentes. Em outras interno para algumas substituições, como bens de capital, da insuficiência de capital e da palavras, o desequilíbrio externo acaba ocorrendo porque a propensão marginal a importar concentração da é maior no setor de mercado interno do que no setor de subsistência. As atividades antes A transição de uma economia de subsistência para uma economia realizadas no setor de subsistência importavam quantidades insignificantes de produtos; com amplo setor de mercado interno, pressupõe a transposição de inúmeros obstáculos no setor de mercado interno, em que a produtividade média da mão de obra, os salários criados pelo próprio crescimento Nesse processo, o desenvolvimento ocorreria médios e os coeficientes de importações são maiores, a transferência de trabalhadores e por etapas, começando pela economia de passando pelas exportações e pelas atividades para o setor urbano-industrial acaba ampliando o volume das importações. inovações tecnológicas, e terminando pela era do consumo em massa (Rostow, 1971), com A tendência ao desequilíbrio externo de uma economia em desenvolvimento poderá altos níveis de bem-estar para o conjunto da população nacional (welfare ser apreendida claramente com base na análise das Tabelas 1.2 e 1.3, que apresentam As etapas do desenvolvimento econômico foram criticadas por autores como Douglas dados de uma economia fictícia. North. Segundo ele, os EUA não teriam seguido um desenvolvimento por etapas, porque não conheceram a fase da economia de subsistência; esse país teria se desde o Tabela 1.2 Estrutura da economia no período início, sob impulso de empreendimentos capitalistas, tendo seu crescimento sido impul- Coeficiente sionado pelo dinamismo do mercado mundial. A base exportadora explicaria o desenvol- Número de Produto Importações Produtividade de vimento de cada região. E, à medida que os meios de transporte se novos Setores trabalhadores (Y) (M) (Y/L) importações produtos passavam a ser exportados, dinamizando as atividades interligadas, o comércio (L) 1.000) (R$ 1.000) (R$ 1) (M/Y) e os serviços (North, 1977, p. 295). Mercado Na maioria dos países subdesenvolvidos, desde a Grande Depressão da década de Interno 40.000 300.000 100.000 7.500 0,333 1930, as políticas de desenvolvimento têm enfatizado a industrialização via substituição Subsistência 160.000 200.000 15.000 1.250 0,075 de importações, com incentivos eventuais às As principais medidas foram: (a) Total da adoção de barreiras alfandegárias e intervenções no mercado cambial, com a manipulação economia 200.000 500.000 115.000 2.500 0,230 da taxa de câmbio e confisco de divisas; (b) controle quantitativo de a fim de evitar a fuga de divisas com gastos supérfluos e proporcionar mercado para a indústria Fonte: Adaptada de Furtado (1961, cap. 5). nacional nascente; (c) incentivos a indústrias específicas, através de créditos subsidiados e renúncias fiscais, com a participação de empresas estatais e de empresas estrangeiras; No período inicial, o setor de mercado interno, empregando 40 mil trabalhadores, (d) aumento do poder de compra das populações rurais, por meio de políticas agrícolas, gerava milhões de reais de produto e importava uma quantia correspondente a R$ envolvendo crédito, seguro, preços mínimos, estoques reguladores, investimentos em 100 milhões; a produtividade média da mão de obra montava a por trabalhador estradas rurais, comercialização da produção e reforma agrária; e (e) implantação de ao ano e o coeficiente de importações era de 0,333. No setor de subsistência, encontravam- infraestrutura de transportes, energia e comunicações. -se 160 mil trabalhadores, gerando um produto equivalente a R$ 200 milhões, e o setor A tendência moderna é o Estado tornar-se menos intervencionista, com sua atuação importava uma quantia correspondente a R$ 15 milhões. A produtividade do trabalho do voltada para a orientação da economia. Essa coordenação pode ser constituída pela mon- setor de subsistência 1.250 por trabalhador ao ano) era seis vezes menor do que a do tagem de um banco de projetos em áreas de interesse estratégico e pela busca de grupos setor de mercado interno e o coeficiente de importações (0,075) constituía cerca de 23% do coeficiente desse setor. 18 As dificuldades serão ainda maiores se a base exportadora for concentrada em poucos produtos, Suponha que até o fim do período final 25% dos trabalhadores do setor de subsistên- com preços instáveis, e direcionada para um ou dois mercados externos. cia se desloque para o setor de mercado interno. Como resultado, o produto total cresce 19 Veja na seção 11.1.2 deste livro as "Etapas do desenvolvimento econômico" de Rostow. para R$ 750.000 (+50%) e as importações totais sobem para Isso acarreta pressões consideráveis sobre o balanço de pagamentos. Embora a produtividade</p><p>( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( Desenvolvimento Econômico 27 26 Desenvolvimento Econômico Souza do trabalho e o coeficiente de importações de cada setor não variem, no conjunto da econo- 3. Explique as relações entre indicadores sociais, indicadores de produção e indicadores mia eles A produtividade total por trabalhador sobe de no período básicos de desenvolvimento. inicial para R$ 3.750 no período final; e o coeficiente de importações global eleva-se de 4. Conceitue população miserável, ou indigente, e população pobre. que define linha 0,23 para 0,282. Constata-se desse modo que, com o desenvolvimento, aumentam tanto da pobreza e linha da miséria? a produtividade total da economia, como seu coeficiente de importações, implicando a 5. Explique por que os indicadores sociais estão melhorando nos países subdesenvolvidos tendência ao desequilíbrio externo (Furtado, 1961, cap. 5). mesmo com crescimento econômico mais lento. 6. Explique a lógica da correlação entre níveis de educação com a melhoria de outros Tabela 1.3 Estrutura da economia no período final. indicadores sociais, como redução da mortalidade infantil. 7 Compare os níveis dos indicadores sociais globais do Brasil com aqueles dos países Y Setores M L Y/L Variação % (R$ 1.000) M/Y mais pobres do mundo. Faça o mesmo em relação aos países de renda média e de alta (R$ 1.000) (R$ de Y de M renda. Mercado 8. Compare os níveis dos indicadores de mortalidade infantil, expectativa de vida, edu- Interno 80.000 600.000 200.000 7.500 0,333 +100 +100 cação e saúde do Brasil com os dos países mais pobres do mundo. Faça o mesmo em Subsistência 120.000 150.000 11.250 1.250 0,075 -25 -25 relação aos países de renda média e de alta renda. Total da 9. Compare os indicadores econômicos e de infraestrutura do Brasil com aqueles dos economia 200.000 750.000 211.250 3.750 0,282 +50 +83,7 países mais pobres do mundo. Faça o mesmo em relação aos países de renda média Fonte: Adaptada de Furtado (1961, cap. 5). e de alta renda. 10. Caracterize uma economia subdesenvolvida, conceituando economia de subsistência, Nas economias que adotam esse modelo de industrialização, as exportações não cres- setor de mercado interno e setor de mercado externo. cem no mesmo ritmo do crescimento das importações pelas seguintes razões: (a) a estraté- 11 Explique como se processa o financiamento do desenvolvimento do setor de mercado gia adotada é substituir importações e não estimular prioritariamente as exportações; (b) interno. à medida que a industrialização avança, os novos produtos substituídos são os de capital 12. Comente os principais desequilíbrios de uma economia em desenvolvimento. cada vez mais como bens de consumo duráveis e bens de capital; (c) qualquer 13. Demonstre a tendência ao desequilíbrio externo de uma economia subdesenvolvida. aumento de exportações eleva a renda interna e induz o aumento das importações. Como 14. Disserte sobre os desequilíbrios externo e interno da economia brasileira em 2003. sugere o sucesso dos países industrializados do Sudeste Asiático, a expansão simultânea das exportações, principalmente de produtos manufaturados, torna-se fundamental para o prosseguimento do desenvolvimento Isso se explica porque as exportações exercem efeitos de encadeamento sobre o setor de mercado interno e viabilizam importa- ções de bens de capital, o que eleva a produtividade média da economia. Questões para reflexão e 1. Discuta: (a) o subdesenvolvimento como produto do desenvolvimento; (b) a divisão internacional do trabalho; e (c) a situação da teoria do desenvolvimento antes da Segunda Guerra Mundial. 2. Conceitue desenvolvimento, estabelecendo sua diferença de crescimento econômico, e explique o que é desenvolvimento sustentável e desenvolvimento como mudança de estrutura. 20 Esta suposição é feita apenas para simplificar a análise. 21 Para melhor responder às questões 7, 8, 9 e 14, consulte no site da Editora Atlas <www.Edi- toraAtlas.com.br> os textos Indicadores do desenvolvimento mundial e Estrangulamento externo da economia brasileira.</p>

Mais conteúdos dessa disciplina