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<p>Tecnologias Educacionais e as Linguagens</p><p>O ato de ler</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao término desta aula, vocês serão capazes de:</p><p>• reconhecer a importância da leitura e do ato de ler, de compreender e de interpretar;</p><p>• identificar os níveis de leitura em textos.</p><p>Caros(as) alunos(as),</p><p>Nesta aula, trataremos sobre um assunto interessante para</p><p>a maioria das sociedades: a leitura e os níveis de leitura.</p><p>Você já parou para pensar sobre as diversas formas de</p><p>leitura que temos a oportunidade de realizar? E de como é</p><p>importante sabermos ler verdadeiramente?</p><p>Esses questionamentos serão apenas algumas das reflexões</p><p>que faremos nesta aula.</p><p>Lembrem-se, vocês são os protagonistas da aprendizagem,</p><p>então, mãos à obra!</p><p>Bons estudos!</p><p>06Aula</p><p>45</p><p>1 - O ato de ler: o que ler?</p><p>2 - Níveis de leitura de um texto.</p><p>1 - O ato de ler: o que ler?</p><p>O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a</p><p>presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está</p><p>continuando a viagem por conta própria (Mário Quintana).</p><p>Inspirados em Mario Quintana, iniciemos efetivamente</p><p>nossa aula! Vamos em frente!</p><p>Como primeiro passo para tratarmos sobre a leitura,</p><p>vamos refletir sobre a imagem e a prática da leitura na</p><p>sociedade atual:</p><p>Embora estejamos no século da informação</p><p>por meio da imagem (uma imagem vale mais</p><p>que mil palavras), é inegável a importância e</p><p>a necessidade da leitura, pois desempenha</p><p>funções informativa e recreativa, ao transmitir</p><p>a História e a Cultura da humanidade.</p><p>A prática da leitura nos enreda desde o</p><p>momento em que começamos a “entender” o</p><p>mundo que nos envolve. Com a vontade de</p><p>entender quem somos, buscamos na leitura</p><p>(de textos escritos, orais e não-verbais) as</p><p>respostas que almejamos, ou seja, a leitura nos</p><p>abraça de forma a proporcionar um passeio</p><p>pelo imaginário, pelo mundo mágico, pelas</p><p>fantasias e pela realidade que nos cerca!</p><p>A leitura crítica é aquela que permite ir</p><p>além do “dito”, além do “exposto”; ler nas</p><p>“entrelinhas” é uma forma de ler criticamente.</p><p>Mas será que estamos preparados para fazer</p><p>tal leitura (Educadores De Sucesso, 2010).</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>“De maneira geral o leitor crítico irá conscientemente ou</p><p>inconscientemente avaliar o original por diversos diferentes aspectos,</p><p>como por exemplo:</p><p>• Coesão ou Continuidade: [...] refere à integração entre frases,</p><p>parágrafos, capítulos, e tramas do livro, indicando se o autor consegue</p><p>manter uma narrativa onde os elementos estão sempre conectados.</p><p>• Consistência: a consistência se refere à qualidade da obra de manter</p><p>a mesma “voz” ou forma narrativa em sua totalidade, ou dentro de cada</p><p>trama que eventualmente justifique “vozes” diferentes.</p><p>• Coerência: a coerência se refere à capacidade do autor de criar uma</p><p>realidade coerente para sua história, sem “surpresas” que pareçam não</p><p>se encaixar na realidade apresentada.</p><p>• Concisão: a concisão se refere à qualidade do texto de ser conciso, não</p><p>apresentando “pontas soltas” ou divagações que não contribuem para a</p><p>história como um todo.</p><p>• Clareza: a clareza indica se o texto é ou não facilmente lido.</p><p>• Cadência: a cadência, ou ritmo, do texto é resultante da velocidade de</p><p>leitura sugerida pela fluidez e clareza do texto, e pela organização das</p><p>tramas e capítulos” (UOL, 2014).</p><p>Seções de estudo</p><p>Nesse contexto, caro aluno, a leitura pode não ser</p><p>encarada como simples decodificação de signos, ou seja, ela</p><p>não é uma atividade mecânica que determina uma postura</p><p>passiva diante do texto, mas pode e deve ir além. Para Paulo</p><p>Freire (1985, p. 11-12):</p><p>A leitura do mundo precede a leitura da</p><p>palavra, daí que a posterior leitura desta não</p><p>possa prescindir da continuidade da leitura</p><p>daquele. Linguagem e realidade se prendem</p><p>dinamicamente. A compreensão do texto a</p><p>ser alcançada por sua leitura crítica implica</p><p>na percepção das relações entre o texto e o</p><p>contexto.</p><p>De acordo com Gold (2010, p. 6), o texto escrito deve</p><p>ser percebido e articulado como um instrumento relacionado</p><p>à função de estratégia, tanto na área de linguagem em geral,</p><p>como no meio específico, como o texto empresarial.</p><p>Podendo intervir mediante três dimensões: cultural,</p><p>aspecto motivacional e econômico, cada qual em seu meio</p><p>de trabalho.</p><p>E o que seria o contexto? Que tal pesquisar?</p><p>O que vocês entenderam acerca da declaração que o educador Paulo</p><p>Freire fez?</p><p>Veja bem, se você ainda não entendeu o que leu, não</p><p>siga em frente com sua leitura. Como sugestão, retorne à</p><p>citação de Paulo Freire e tente entendê-la, só assim você estará</p><p>exercitando a leitura responsável e crítica dentro do contexto</p><p>em que estamos inseridos.</p><p>Uma compreensão crítica do ato de ler, além de</p><p>possibilitar a “tradução” dos significados das palavras,</p><p>promove o desvendamento daquilo que está “por trás”</p><p>delas. Assim, podemos observar que o vocabulário para a</p><p>transmissão da mensagem faz com que todo esse contexto</p><p>possa ser compreendido pelo interlocutor. Observe alguns</p><p>exemplos abaixo: Exemplo 1:</p><p>FIGURA 1 - EXEMPLO DE COMPREENSÃO</p><p>CRÍTICA.</p><p>Disponível em: http://ipuhistoria- atualidades.blogspot.com/2010/08/</p><p>charge eleicao-2010.html. Acesso em: 12 set. 2010.</p><p>46Tecnologias Educacionais e as Linguagens</p><p>Perceba que, na imagem acima, há o contexto que</p><p>determina a compreensão e a interpretação do texto. Dessa</p><p>forma, o menino da imagem solicita ajuda da mãe em relação</p><p>aquilo que ele está vendo/ouvindo na televisão, pois não</p><p>condiz com o discurso proferido pela sua mãe sobre a mentira,</p><p>gerando, assim, uma incoerência sobre a definição de mentira</p><p>para a criança, a qual fica extremamente confusa.</p><p>A maneira de se expressar pode ser articulada de forma</p><p>mais simples, mas com uma complexidade em sua escrita.</p><p>A linguagem se faz com um rebuscamento e leva ao leitor</p><p>a compreensão, e assim, não deixa de ser apresentada a forma</p><p>culta e coerente que deve ter um texto sobre essa criticidade</p><p>que estamos relatando no decorrer de nossa aula.</p><p>Por exemplo:</p><p>A média de produção do último ano fiscal foi maior</p><p>do que a do ano anterior. Foram instaladas novas máquinas</p><p>hidráulicas para a estamparia, automáticas e de alta velocidade</p><p>aumentando o número de peças, e foi introduzida nova</p><p>metodologia, a fim de gerar economia com tempo e mão de</p><p>obra (Gold, 2010, p.20).</p><p>Percebe-se que a escrita viabiliza uma clareza nas</p><p>informações, não deixando de apresentar um vocabulário</p><p>mais elaborado na transmissão da mensagem. E com isso,</p><p>a informação/ideia principal vai sobressair dentre as demais</p><p>apresentadas para a articulação do comunicado aos seus</p><p>interlocutores.</p><p>Para melhor compreensão, vejamos como é organizada a</p><p>letra da música “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho:</p><p>Vocês que fazem parte dessa massa</p><p>que passa nos projetos do futuro</p><p>é duro tanto ter que caminhar</p><p>e dar muito mais que receber.</p><p>E ter que demonstrar sua coragem</p><p>à margem do que possa parecer</p><p>e ver que toda essa engrenagem</p><p>já sente a ferrugem te comer.</p><p>Eh!... ô... ô... vida de gado</p><p>Povo marcado eh!... povo feliz!</p><p>Lá fora faz um tempo confortável</p><p>a vigilância cuida do normal</p><p>os automóveis ouvem a notícia</p><p>os homens a publicam no jornal</p><p>e correm através da madrugada</p><p>a única velhice que chegou</p><p>demoram-se na beira da estrada</p><p>e passam a contar o que sobrou.</p><p>O povo foge da ignorância</p><p>apesar de viver tão perto dela</p><p>e sonham com melhores tempos idos</p><p>contemplam essa vida numa cela</p><p>esperam nova possibilidade</p><p>de verem esse mundo se acabar</p><p>a Arca de Noé, o dirigível</p><p>não voam nem se pode flutuar.</p><p>Não voam nem se pode flutuar...</p><p>Percebeu como essa letra nos conduz à reflexão? Notou</p><p>como as palavras representam muito mais do que “parecem”</p><p>representar?</p><p>Observe as palavras que Zé Ramalho selecionou para</p><p>compor a letra. Veja que as palavras não foram aleatoriamente</p><p>dispostas; cada uma tem uma intenção, está no texto com</p><p>finalidade determinada. Assim:</p><p>A coerência diz respeito à conexão entre as</p><p>ideias apresentadas no texto. Sem ela, as frases</p><p>ficam perdidas e sem lógica. Evidentemente,</p><p>esta característica não é apenas do</p><p>texto moderno, mas de toda e qualquer</p><p>comunicação</p><p>escrita ao longo dos tempos. A</p><p>língua escrita exige um rigor e uma disciplina</p><p>de expressão muito maiores do que a língua</p><p>falada, obrigando o emissor a expressar-se</p><p>com harmonia tanto na relação de sentido</p><p>entre as palavras quanto no encadeamento de</p><p>ideias dentro do texto (Gold, 2010, p.10).</p><p>A decodificação da palavra escrita é uma necessidade</p><p>óbvia, porém constitui apenas a primeira etapa do processo</p><p>da leitura criativa. A decodificação permite a intelecção, ou</p><p>seja, a percepção do assunto, permite entender o significado</p><p>do que foi lido. Assim, a linguagem escrita em detrimento</p><p>ao ato de ler e compreender o enunciado, nos leva a uma</p><p>reflexão e entendimento com significado, além de apresentar</p><p>essa comunicação de várias maneiras, sendo uma escrita mais</p><p>objetiva, simples, e levando em conta as normas gramaticais.</p><p>É importante que amplie continuamente seus conhecimentos. Para</p><p>tanto, sugerimos a leitura do seguinte artigo: CAMPOS, G. P. C. O</p><p>processo de leitura: da decodificação à interação. Disponível em: http://</p><p>www.faculdadeobjetivo.com.br/arquivos/OProcessoDeLeitura.pdf.</p><p>Acesso em: 3 maio 2014.</p><p>Em seguida faz-se a interpretação, que é a continuidade</p><p>da leitura do mundo, realizada pelo leitor. A interpretação,</p><p>muitas vezes, extrapola a letra do texto, pois se baseia nas</p><p>relações entre texto e contexto.</p><p>Na letra da música que acabaram de ler, viram que as suas</p><p>interpretações foram além da letra do texto, não é mesmo?</p><p>Sendo assim, interpretar é um ato que requer dedicação</p><p>e seriedade por parte do leitor. Cumprida as etapas anteriores,</p><p>está o leitor apto para empreender a aplicação do conteúdo</p><p>da leitura, de acordo com o objetivo a que se propôs. É</p><p>muito interessante determinarmos objetivos quando vamos</p><p>processar nossas leituras, como por exemplo: vamos ler para</p><p>quê? E com que finalidade?</p><p>Que tal, agora, aprendermos como fazer uma leitura</p><p>mais elaborada?</p><p>A técnica de sublinhar, conforme muitos autores</p><p>destacam, é de grande utilidade para a intelecção e interpretação</p><p>do texto, facilitando o trabalho de resumir, esquematizar</p><p>ou fichar. Pode-se até afirmar que sem compreensão e</p><p>interpretação do texto, torna-se impossível empregar com</p><p>eficiência as técnicas de resumo, esquema e fichamento.</p><p>A leitura é uma atividade necessária no mundo de hoje</p><p>e não deve restringir-se às finalidades de estudo. É preciso ler</p><p>47</p><p>para se informar, para participar, para ampliar conhecimentos</p><p>e alcançar uma compreensão melhor da realidade atual. N</p><p>opinião de Ezequiel T. Silva (1983, p. 46):</p><p>Optar pela leitura é, então, sair da rotina,</p><p>é querer participar do mundo criado pela</p><p>imaginação de determinado escritor. Ler é</p><p>basicamente, abrir-se para novos horizontes,</p><p>é ter possibilidade de experenciar outras</p><p>alternativas de existência, é concretizar um</p><p>projeto consciente, fundamentando na</p><p>vontade individual.</p><p>Segundo a mesma vertente de pensamento exposta por</p><p>Silva (1983), a linguista Sgarbi (2009) nos lembra que:</p><p>Lemos, não só a linguagem verbal (fala e escrita), como,</p><p>também a linguagem não verbal. Quando olhamos para uma</p><p>pintura, uma escultura ou quando observamos as reações</p><p>do nosso corpo ou, ainda, quando assistimos a um filme,</p><p>também, estamos fazendo leituras.</p><p>E então, pronto para exercitar nossa Língua Portuguesa</p><p>por meio da leitura? Espero que sim! Então, vamos em frente,</p><p>pois temos mais uma seção nesta aula, a qual trata sobre as</p><p>distintas formas em que um texto pode ser lido.</p><p>2 - Níveis de leitura de um texto</p><p>Para iniciar, reiteramos a relevância de reforçar a ideia da</p><p>importância do ato de ler e entender quais conhecimentos e</p><p>objetivos devemos deter para nos tornarmos bons leitores.</p><p>Vamos começar?</p><p>Começamos, então, a perceber que um dos grandes</p><p>desafios a ser enfrentado pela escola e pela sociedade é o de</p><p>fazer com que os alunos aprendam a ler e a ler reflexivamente.</p><p>Segundo Geraldi (2006), a leitura é um processo de</p><p>interlocução entre leitor/autor mediado pelo texto, nisso</p><p>vemos a importância do contato do aluno com o texto e</p><p>obras literárias, para que ele possa atribuir significado ao texto,</p><p>e a partir disso conseguir relacioná-lo a outros textos, ou a</p><p>realidade ou pensamento.</p><p>Assim, a leitura passa a ser fundamental para o domínio</p><p>das múltiplas estruturas contidas nos textos, as quais são</p><p>responsáveis pelo sentido. Nesse contexto, o pouco hábitoda</p><p>leitura reflete-se na escrita e, consequentemente, na fala,</p><p>restringindo ao vocabulário.</p><p>Dessa forma, o conhecimento prévio necessário à</p><p>compreensão do texto também fica restrito, pois, segundo</p><p>Ângela Kleiman (1995, p.13):</p><p>O leitor utiliza na leitura o conhecimento que</p><p>ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo</p><p>de sua vida. É mediante a interação de diversos</p><p>níveis de conhecimento como o conhecimento</p><p>linguístico, o textual, o conhecimento de</p><p>mundo, que o leitor consegue construir o</p><p>sentido do texto.</p><p>É importante fazer uma distinção entre ler e aprender</p><p>a ler. Ler é estabelecer uma comunicação com textos verbais</p><p>ou não verbais, por meio da busca da compreensão, enquanto</p><p>a aprendizagem da leitura constitui uma tarefa permanente,</p><p>que se enriquece com novas habilidades, na medida em que</p><p>se manejam adequadamente textos cada vez mais complexos.</p><p>Por isso, a aprendizagem da leitura não se restringe ao</p><p>primeiro ano da vida escolar. Essa leitura, na verdade, seriam</p><p>os métodos referentes à determinada área a que se observa. O</p><p>profissional (mediador) vai ter a responsabilidade de mediar</p><p>e extrair de uma determinada leitura sua finalidade, contendo</p><p>nesse processo objetivos claros e definidos.</p><p>SABER MAIS</p><p>“À leitura como processo, sempre caberá estudo e aprofundamento,</p><p>pois envolve leitor e texto e a interação entre esses dois. A investigação</p><p>dos fatores que contribuem para a compreensão textual requer especial</p><p>atenção, uma vez que interfere em todas as áreas do conhecimento,</p><p>sendo objeto de estudo interdisciplinar” (Ler E Compreender Textos,</p><p>2014).</p><p>Sgarbi (2009, p.89) afirma que “para capacitar os alunos</p><p>[...] para o encontro com o texto; constatando-o, cotejando-o</p><p>e transformando-o, há que se criar condições concretas para</p><p>que esses alunos leiam de maneira significativa”.</p><p>Kleiman (1999, p. 16) exemplifica:</p><p>[...] Os professores que lembramos e</p><p>admiramos e que tiveram alguma influência nas</p><p>nossas vidas são aqueles que demonstraram</p><p>gostar de suas matérias e conseguiram</p><p>transmitir esse entusiasmo pelo saber.</p><p>Outro autor ratifica este pensamento ao</p><p>mencionar que: Em outras palavras, o</p><p>professor é aquele que precisa ser leitor e</p><p>que apresenta as diferentes possibilidades</p><p>de leitura: livros, poemas, notícias, receitas,</p><p>paisagens, imagens, partituras, sons, gestos,</p><p>corpos em movimento, mapas, gráficos,</p><p>símbolos, o mundo enfim:</p><p>“(...) Ou o texto dá um sentido ao mundo, ou</p><p>ele não tem sentido nenhum” (Lajolo, 1994,</p><p>p. 14).</p><p>Contudo, é importante ficar atento para o fato de que</p><p>o aluno também precisa fazer a sua parte! Esse profissional</p><p>deve estar próximo ao aluno no processo de aprendizagem,</p><p>sanando dúvidas, fazendo observações e análises, mostrando</p><p>o caminho a ser seguido, mas permitindo que o aluno caminhe</p><p>sozinho na busca por novos horizontes que somente a leitura</p><p>pessoal pode revelar. Diante da palavra e do contato com os</p><p>textos que os alunos podem compreender a funcionalidade</p><p>das palavras e o uso da gramática, por isso é tão importante</p><p>que o aluno descubra o mundo da leitura. O orientador deve</p><p>ser aquele que mostra o caminho a ser seguido, ele fornece as</p><p>ferramentas para que o leitor desvende o texto e extraia dele</p><p>o máximo possível. Precisa demonstrar ao aluno segurança,</p><p>estímulo e um caminho longo a ser seguido, porém prazeroso</p><p>e com uma ótima recompensa.</p><p>48Tecnologias Educacionais e as Linguagens</p><p>Assim, a leitura importa quando o leitor transforma</p><p>a linguagem escrita em linguagem oral e quando o leitor</p><p>consegue captar e dar sentido ao conteúdo da mensagem,</p><p>analisando o valor dessa no contexto social. Por isso, a</p><p>importância da leitura</p><p>reside, principalmente, no ato de</p><p>ensinar a ler. Para Reina e Durigan (2003, p. 21),</p><p>[...] ensinar leitura não é responsabilidade</p><p>exclusiva do professor de língua, mas sim</p><p>de todos aqueles que usam esse código,</p><p>seja para a interação, para a transmissão de</p><p>conhecimentos, para a atuação sobre o outro,</p><p>seja para o relacionamento com o mundo</p><p>sensível.</p><p>Outro aspecto importante no trabalho com a leitura é a</p><p>interdisciplinaridade vinculada à intertextualidade, pois todas</p><p>as disciplinas, sejam das áreas das ciências exatas, agrárias,</p><p>humanas ou qualquer outra são discursivas, requerem</p><p>desempenho de linguagem, e a leitura e a escrita são o fim e o</p><p>meio de todo trabalho escolar.</p><p>A interdisciplinaridade deve ir além da mera justaposição</p><p>de disciplinas e, ao mesmo tempo, levar o aluno a pensar, a</p><p>ser um aluno crítico, a buscar em vários meios o que possa</p><p>ajudá-lo a compreender melhor seu universo de leitura e de</p><p>vida. A leitura é compreensão, produção e interação com o</p><p>meio. O aluno deve ser ativo na sociedade, capaz de expressar</p><p>pensamentos e incorporar significações no processo social</p><p>em que vive.</p><p>Se um “texto remete a outros textos e estes</p><p>apontam para outros no futuro” (Kleiman, 1999, p. 62), a</p><p>interdisciplinaridade permite que os contextos dos programas</p><p>de diversas disciplinas sejam introduzidos em decorrência da</p><p>leitura de um texto lido em sala de aula.</p><p>Entenderam o que é interdisciplinaridade e</p><p>intertextualidade? Se tem dúvidas, leiam o parágrafo anterior</p><p>novamente.</p><p>Entretanto, a questão do ensino da leitura é ampla e pode</p><p>situar-se na própria conceituação do que é leitura, na forma</p><p>como é avaliada pelos professores, no papel que ocupa na</p><p>sociedade, nos meios que são oferecidos para que ela ocorra,</p><p>na metodologia que o professor adota para ensiná-la e na</p><p>maneira como o aluno a compreende e valoriza.</p><p>Cansados? Acredito que vocês ainda têm energia para</p><p>aprender muito mais! A partir de agora, estudaremos o ato</p><p>da leitura (conhecimentos prévios, objetivos e hipóteses),</p><p>vejamos:</p><p>Mas, de que precisamos para realizar uma boa leitura?</p><p>O ato de ler aciona uma série de ações no pensamento do</p><p>leitor, por meio das quais ele pode extrair novas informações</p><p>ou remetê-las às informações anteriores.</p><p>Na interação com essas informações, aqui denominadas</p><p>de conhecimento prévio, o leitor pode mantê-las, modificálas</p><p>ou desenvolvê-las durante a assimilação do conteúdo, pois</p><p>“[...] quando um leitor é incapaz de chagar</p><p>à compreensão através de um nível de</p><p>informação, ele ativa outros tipos de</p><p>conhecimentos para compensar as falhas</p><p>momentâneas” (Kleiman, 1999, p. 17).</p><p>Assim, ao ler um texto qualquer, o leitor escolhe aspectos</p><p>relevantes, ignora outros irrelevantes ou desinteressantes,</p><p>dando atenção aos aspectos que interessam, ou seja, àqueles</p><p>sem os quais seria impossível compreender o texto. Por isso,</p><p>[...] a ativação do conhecimento prévio</p><p>é essencial à compreensão, pois é o</p><p>conhecimento que o leitor tem sobre o assunto</p><p>que lhe permite fazer as inferências necessárias</p><p>para relacionar diferentes partes discretas do</p><p>texto num todo coerente (Kleiman, 1999, p.</p><p>25).</p><p>Essas inferências são hipóteses que o leitor levanta,</p><p>antecipando informações com base nas pistas que vai</p><p>percebendo durante a leitura. Portanto, quando chega à</p><p>escola, o aluno já é um leitor do mundo, pois desde muito</p><p>novo começa a observar, antecipar, interpretar e interagir,</p><p>dando significado a seres, objetos e situações que o rodeiam:</p><p>O conhecimento linguístico, o conhecimento textual, o</p><p>conhecimento do mundo devem ser ativados durante a leitura</p><p>para poder chegar ao momento da compreensão, momento</p><p>este que passa desapercebido, em que as partes discretas se</p><p>juntam para fazer um significado (Kleiman, 1999, p. 26).</p><p>Você e eu fazemos a leitura de tudo que nos cerca! Essa</p><p>aprendizagem natural da leitura deve ser considerada pelo</p><p>professor e incorporada às suas estratégias de ensino, com o</p><p>fim de melhorar a qualidade desse processo contínuo, iniciado</p><p>no momento em que o aluno é capaz de captar e atribuir</p><p>significado às coisas do mundo.</p><p>Assim, a ação de ler o mundo é enriquecida na medida</p><p>em que o educando enfrenta progressivamente numerosos e</p><p>variados textos, pois:</p><p>A forma do texto determina, até certo ponto,</p><p>os objetivos de leitura: há um grande número</p><p>de textos, como romances, contos, fábulas</p><p>(...) notícias de jornal, artigos científicos (...):</p><p>parece claro que o objetivo geral ao ler o jornal</p><p>é diferente daquele quando lemos um artigo</p><p>científico (Kleiman, 1999, p. 33).</p><p>Note que o trabalho de leitura na escola tem por objetivos</p><p>levar o leitor à analise e à compreensão das ideias dos autores e</p><p>a buscar no texto os elementos básicos e os efeitos de sentido.</p><p>E é isto que esperamos que faça, a partir deste momento</p><p>que está aprendendo mais sobre a maravilhosa habilidade da</p><p>leitura.</p><p>Para saborear um pouco este mundo da leitura, eis que</p><p>cito um trecho de um texto/poema de Martha Medeiros, em</p><p>que a autora expõe seu imenso prazer em ler:</p><p>Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros.</p><p>Gosto de interromper a leitura num trecho</p><p>especialmente bonito e encostá-lo contra o</p><p>peito, fechado, enquanto penso no que foi</p><p>lido. Depois reabro e continuo a viagem.</p><p>[…] Gosto do barulho das paginas sendo</p><p>folheadas. Gosto das marcas de velhice</p><p>que o livro vai ganhando: […] a lombada</p><p>descascando, o volume ficando meio ondulado</p><p>49</p><p>com o manuseio. Tem gente que diz que uma</p><p>casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso</p><p>o mesmo de uma casa sem livros (Martha</p><p>Medeiros).</p><p>Dessa forma, cremos que a caminhada para o aprendizado</p><p>da leitura acontece lendo e, da mesma forma, aprendemos a</p><p>escrever escrevendo; vendo outras pessoas lerem e escreverem,</p><p>tentando e errando, sempre nos guiando pela busca do significado</p><p>mediante hipóteses ou pela necessidade de produzir algo que</p><p>tenha sentido.</p><p>Fiquem antenados! Na internet vocês podem encontrar inúmeros sites</p><p>sobre o tema em estudo. Sugiro que realizem buscas utilizando termos</p><p>com palavras-chave e procure ler alguns artigos em relação ao conteúdo</p><p>e procure fazer uma análise crítica das informações encontradas no site!</p><p>Nesse contexto e de acordo com Kleiman (1999, p. 36),</p><p>“vários autores consideram que a leitura é, em grande medida,</p><p>um jogo de adivinhação, pois o leitor ativo, realmente engajado</p><p>no processo, elabora hipóteses e as testa, à medida que vai</p><p>lendo”.</p><p>Assim, para elaborar hipóteses, o leitor precisa ter acesso</p><p>ao texto cuja leitura foi transformada em objetivo, ou seja, ele</p><p>deve prever o tema do texto com base nas pistas dadas; então,</p><p>para ter acesso ao texto, é preciso ter acesso ao seu código e à</p><p>mensagem escrita.</p><p>Enfim, é preciso que professor e alunos entendam que ler</p><p>não é um ato mecânico de decodificação: é o estabelecimento de</p><p>relações dentro de contextos, de vivências de mundo; não são</p><p>frases ou palavras soltas que levam o leitor a entender que isso</p><p>seja o ato de ler.</p><p>Vale salientar que, para que esse quadro mude, é preciso</p><p>que professor e aluno estejam verdadeiramente envolvidos.</p><p>Nesse sentido, pensamos que o processo de</p><p>ensinoaprendizagem da leitura na sala de aula situa-se dentro</p><p>de dois objetivos fundamentais: serve como meio eficaz para</p><p>aprofundamento dos estudos e aquisição de cultura geral.</p><p>E, então, estão percebendo como a leitura é interessante,</p><p>importante e indispensável em nossas vidas?</p><p>E então? Entenderam bem as questões iniciais</p><p>relacionadas a leitura e sua importância? Em caso de</p><p>resposta afirmativa:</p><p>Parabéns! Mas, há muitos outros conhecimentos a</p><p>serem agregados sobre o tema. Para tanto, sugerimos que consultem</p><p>as obras, periódicos e sites indicados ao final desta aula.</p><p>Retomando a aula</p><p>1 - O ato de ler: o que ler?</p><p>Nesta seção, vimos que, para que possamos efetuar</p><p>uma leitura significativa, faz-se necessário construir sentido</p><p>através dos conhecimentos prévios que vocês possuem sobre</p><p>o assunto e a interação com o suporte de leitura.</p><p>Assim, para de fato obter informações corretas</p><p>sobre</p><p>o texto lido e consequentemente construir um suporte de</p><p>sentido para a compreensão e a interpretação deste texto,</p><p>é preciso, ainda, lançar mão dos conhecimentos culturais</p><p>adquiridos ao longo da vida, tais como as crenças, as opiniões</p><p>ou atitudes.</p><p>A motivação ou objetivos diferentes atuarão na</p><p>construção da representação sobre o evento ou o enunciado</p><p>presente no texto, o que faz com que, ao ler um mesmo texto,</p><p>diferentes leitores construam significados diferenciados,</p><p>produzindo diferentes tipos de inferências.</p><p>Finalmente, na seção inicial, tivemos a oportunidade de</p><p>começar a perceber como a leitura é importante em nossas</p><p>vidas, além de reconhecer que é interessante sabermos “ler”</p><p>as diversas situações às quais somos expostos e o quanto é</p><p>importante, também, sabermos interpretar devidamente os</p><p>diferentes textos.</p><p>2 - Níveis de leitura de um texto</p><p>Na seção 2, estudamos os níveis de leitura de um texto,</p><p>os quais trazem a seguinte questão à tona: fazer uma leitura e</p><p>aprender a fazer uma leitura. Tais ações são distintas, pois no</p><p>ato de ler, estabelece-se uma comunicação com textos verbais</p><p>e não verbais via compreensão holística.</p><p>No entanto, a aprendizagem da leitura compõe uma</p><p>ação permanente, que se enriquece com novas habilidades, na</p><p>medida em que se manejam adequadamente textos cada vez</p><p>mais complexos.</p><p>Por isso, a aprendizagem da leitura não se restringe ao</p><p>primeiro ano da vida escolar, mas, sobretudo, a caminhada</p><p>do leitor. Somos nós que estabelecemos o nível de leitura</p><p>que iremos ter, uma vez que a dedicação deve ser séria e</p><p>permanente no processo de compreensão e interpretação</p><p>textual.</p><p>Nas palavras de Paulo Freire: “A leitura de mundo</p><p>precede a leitura da palavra”.</p><p>Existem inúmeros cursos sobre os conteúdos tratados nas seções desta</p><p>aula, inclusive gratuitos, que podem ser encontrados e realizados pela</p><p>internet. Assim, é importante que realize pesquisas em sites de busca,</p><p>utilizando o termo curso junto à palavra que representa a conceituaçãodo</p><p>termo estudado, como por exemplo: “curso leitura”.</p><p>Aproveite a oportunidade para aprofundar e/ou ampliar ainda mais seus</p><p>conhecimentos!</p><p>FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três</p><p>artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados,</p><p>1989.</p><p>GERALDI, João Wanderley (Org.) O texto na sala de</p><p>aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2001.</p><p>Vale a pena ler</p><p>Vale a pena</p><p>50Tecnologias Educacionais e as Linguagens</p><p>CAMPOS, G. P. C. O processo de leitura: da</p><p>decodificação à interação. Disponível em: http://www.</p><p>faculdadeobjetivo.com.br/arquivos/OProcessoDeLeitura.</p><p>pdf. Acesso em: 3 maio 2014.</p><p>EDUCADORES DE SUCESSO. Homepage.</p><p>Disponível em: http://educadoresdesucesso.blogspot.</p><p>com/. Acesso em: 14 set. 2010.</p><p>IPU – HISTÓRIAS E ATULIDADES. Charge</p><p>seleção. Disponível em: http://ipu-historia-atualidades.</p><p>blogspot. com/2010/08/charge-eleicao-2010.html. Acesso</p><p>em: 12 set. 2010.</p><p>LER E COMPREENDER TEXTOS. A leitura e os</p><p>diferentes níveis de interpretação. Disponível em: http://</p><p>www. lerecompreendertextos.com.br/2012/09/a-leitura-e-</p><p>osdiferentes-niveis-de.html. Acesso em: 3 maio 2014.</p><p>UOL. O que é leitura crítica? Disponível em:</p><p>http:// linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/</p><p>gramaticaortografia/ 37/artigo265053-1.asp. Acesso em: 3</p><p>maio 2014.</p><p>Vale a pena acessar</p><p>O Clube de Leitura de Jane Austen</p><p>Vale a pena assistir</p><p>Minhas anotaçõesKATO, Mary. No mundo da escrita: uma perspectiva</p><p>psicolinguística. São Paulo: Ática, 1986. (Série</p><p>Fundamentos)</p><p>ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro</p><p>da. (Orgs.) Leitura: perspectivas interdisciplinares. 2ª ed.</p><p>São Paulo: Ática, 1991.</p>

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