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<p>4.0</p><p>julho/2023</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1</p><p>SUMÁRIO</p><p>PARTE GERAL................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 8</p><p>INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 9</p><p>Conceito de Direito Penal .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 9</p><p>Funcionalismo penal ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 9</p><p>Velocidades do Direito Penal.......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 10</p><p>Direito Penal do inimigo ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 10</p><p>Classificação do Direito Penal.........................................................................................................................................................................................................................................................................................12</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL .............................................................................................................................................................................................................................................................................13</p><p>Princípio da reserva legal ou estrita legalidade ....................................................................................................................................................................................................................13</p><p>Princípio da ofensividade ou lesividade ........................................................................................................................................................................................................................................................ 15</p><p>Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos .............................................................................................................................................................................................................. 15</p><p>Princípio da proporcionalidade ........................................................................................................................................................................................................................................................................................ 16</p><p>Princípio da intervenção mínima .....................................................................................................................................................................................................................................................................................17</p><p>Princípio da insignificância ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 18</p><p>Princípio da pessoalidade ou da intranscendência .............................................................................................................................................................................................................21</p><p>Princípio da individualização da pena ..................................................................................................................................................................................................................................................................21</p><p>Princípio da culpabilidade ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 22</p><p>Princípio da vedação ao bis in idem ................................................................................................................................................................................................................................................................... 23</p><p>Princípio da adequação social.......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 23</p><p>Resumindo... ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 24</p><p>TEORIA DA NORMA PENAL .................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 25</p><p>Características da norma penal .............................................................................................................................................................................................................................................................................. 25</p><p>Classificações da norma penal..................................................................................................................................................................................................................................................................................... 25</p><p>Normas penais em branco .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 27</p><p>Interpretação da lei penal................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 28</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a</p><p>penal é</p><p>sempre subjetiva, NÃO sendo admitida a responsabilidade objetiva.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 23</p><p>Princípio da vedação ao bis in idem</p><p>A vedação ao bis in idem é a proibição da dupla punição pelo mesmo fato. Está previsto no Pacto de São</p><p>José da Costa Rica, incorporado ao ordenamento jurídico pelo Decreto n. 678/92. Nessa linha:</p><p>SÚMULA 241 DO STJ</p><p>A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como</p><p>circunstância judicial.</p><p>Princípio da adequação social</p><p>De acordo com esse princípio, uma conduta não pode ser considerada materialmente típica quando estiver</p><p>de acordo com as práticas comuns da sociedade. Entretanto, a maioria da doutrina não aceita sua aplicação de</p><p>forma direta por se contrapor ao princípio da legalidade e, por isso, este princípio teria sua atuação limitada:</p><p>1 À fundamentação de algumas abolitio criminis.</p><p>2 À ausência de criação de tipos que traduzam condutas com aceitação social e moral.</p><p>Acerca disso, veja o esquema a seguir:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 24</p><p>Resumindo. . .</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 25</p><p>TEORIA DA NORMA PENAL</p><p>Características da norma penal</p><p>São características da norma penal:</p><p>A EXCLUSIVIDADE A lei penal monopoliza a criação de crimes e cominação de penas.</p><p>A ANTERIORIDADE A lei penal deve ser anterior ao fato que pretende punir.</p><p>A IMPERATIVIDADE O cumprimento da lei penal é obrigatório.</p><p>A GENERALIDADE A lei penal aplica-se indistintamente a todas as pessoas.</p><p>A IMPESSOALIDADE</p><p>A lei penal faz referência a fatos abstratos.</p><p>o Exceções: abolitio criminis e anistia.</p><p>Classificações da norma penal</p><p>Lei penal incriminadora</p><p>A lei penal incriminadora é aquela que cria crimes e comina penas, possuindo a seguinte estrutura:</p><p>PRECEITO PRIMÁRIO Descrição da conduta criminosa. Ex.: matar alguém.</p><p>PRECEITO SECUNDÁRIO Cominação da pena. Ex.: reclusão, de 6 a 20 anos.</p><p>A parte geral do Código Penal não contém normas incriminadoras.</p><p>Lei penal não incriminadora</p><p>Em regra, as leis penais não incriminadoras estão na parte geral do Código Penal e dividem-se em:</p><p>PERMISSIVAS</p><p>Autorizam a prática de condutas típicas (excludentes de ilicitude).</p><p>o Ex.: legítima defesa (art. 23 do CP).</p><p>EXCULPANTES</p><p>Preveem a exclusão de culpabilidade ou a impunidade de certos delitos.</p><p>o Ex.: exclusão de culpabilidade do inimputável (art. 26, caput, do CP) e a</p><p>retratação no crime de falsa testemunha/perícia (art. 342, § 2º, do CP).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 26</p><p>LEIS PENAIS</p><p>INCRIMINADORAS Criam crimes e cominam penas.</p><p>NÃO</p><p>INCRIMINADORAS</p><p>PERMISSIVAS</p><p>Autorizam a prática de condutas típicas.</p><p>Ex.: estado de necessidade.</p><p>EXCULPANTES</p><p>Afastam a culpabilidade ou caracterizam</p><p>a impunidade. Ex.: inimputabilidade.</p><p>INTERPRETATIVAS</p><p>Explicam conceitos. Ex.: conceito de</p><p>funcionário público para fins penais.</p><p>INTERPRETATIVAS</p><p>Esclarecem o conteúdo/alcance de outras normas.</p><p>o Ex.: conceito de funcionário público para fins penais (art. 327 do CP) e</p><p>conceito de casa (art. 13 do CP).</p><p>DE APLICAÇÃO</p><p>Estabelecem o campo de validade da legislação penal.</p><p>o Ex.: aplicação da lei penal no território nacional (art. 5º, caput, do CP).</p><p>DIRETIVAS</p><p>Estabelecem princípios vetores do Direito Penal.</p><p>o Ex.: princípio da reserva legal (art. 1º do CP).</p><p>INTEGRATIVAS</p><p>Complementam a tipicidade na tentativa (art. 14, II, do CP), na participação</p><p>(art. 29, caput, do CP) e nos crimes omissivos impróprios (art. 13, § 2º, do CP).</p><p>Outras classificações</p><p>As leis penais podem ser, ainda:</p><p>COMPLETAS OU PERFEITAS Apresentam todo o conteúdo da conduta típica.</p><p>INCOMPLETAS OU IMPERFEITAS</p><p>Precisam de complementação:</p><p>o Por outras leis.</p><p>o Por atos administrativos.</p><p>o Pelo operador do direito.</p><p>Ex.: normas penais em branco e tipos penais abertos.</p><p>Resumindo. . .</p><p>Resumindo as classificações mais cobradas:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 27</p><p>Normas penais em branco</p><p>Conceito</p><p>Norma penal em branco é aquela que, em regra, possui o preceito secundário (pena) completo, mas o</p><p>preceito primário (descrição típica) precisa de complementação.</p><p>NÃO CONFUNDA</p><p>NORMA PENAL EM BRANCO TIPO PENAL ABERTO</p><p>É complementada por outra lei ou ato administrativo. É complementada por uma interpretação do jurista.</p><p>Por outro lado, a norma penal em preto é aquela que não precisa de complemento.</p><p>Espécies</p><p>As normas penais em branco podem ser:</p><p>HOMOGÊNEAS</p><p>O complemento tem a mesma natureza jurídica da norma em branco (= lei). Podem ser:</p><p>o HOMOVITELINAS → a lei penal é complementada por outra lei penal.</p><p>o HETEROVITELINAS → a lei penal é complementada por lei extrapenal.</p><p>HETEROGÊNEAS</p><p>O complemento possui natureza jurídica diversa da norma em branco (= ato</p><p>administrativo, como decretos e portarias).</p><p>Excepcionalmente, pode-se ter uma norma penal em branco ao avesso ou inversa, cujo preceito primário</p><p>está completo, mas o preceito secundário precisa de complementação. É um crime sem pena. Nesse caso, o</p><p>complemento será necessariamente uma lei, em respeito ao princípio da reserva legal. Ex.: genocídio.</p><p>Outras espécies</p><p>A doutrina aponta, ainda, norma penal em branco:</p><p>DE FUNDO</p><p>CONSTITUCIONAL</p><p>É a norma cujo complemento vem da Constituição Federal. Ex.: homicídio cometido contra</p><p>autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CRFB/88 (art. 121, § 2º, VII, do</p><p>CP). Essa classificação é trazida pelo professor Cleber Masson.</p><p>AO QUADRADO É a norma cujo complemento também depende de complementação.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 28</p><p>Interpretação da lei penal</p><p>Interpretação quanto aos órgãos</p><p>Quanto aos órgãos, a interpretação da lei penal pode ser:</p><p>AUTÊNTICA</p><p>Realizada pelo próprio texto de lei, podendo ser:</p><p>o CONTEXTUAL → realizada quando da edição do texto legal.</p><p>o POSTERIOR → realizada em momento posterior, com o objetivo de sanar</p><p>eventuais dúvidas que pairam sobre o texto legal.</p><p>DOUTRINÁRIA Realizada pelos estudiosos do direito.</p><p>JURISPRUDENCIAL Realizada pelos aplicadores do direito.</p><p>Interpretação quanto aos meios</p><p>Quanto aos meios, a interpretação da lei penal pode ser:</p><p>LITERAL Busca compreender o real significado das palavras.</p><p>TELEOLÓGICA Busca compreender a finalidade da lei.</p><p>SISTÊMICA Busca compreender o dispositivo dentro do sistema em que ele se encontra.</p><p>HISTÓRICA Busca compreender o momento histórico em que o dispositivo foi elaborado.</p><p>Interpretação quanto aos resultados</p><p>Quanto aos resultados, a interpretação da lei penal pode ser:</p><p>DECLARATÓRIA Não restringe, nem amplia, apenas declara o sentido da lei.</p><p>RESTRITIVA Restringe o alcance da lei.</p><p>EXTENSIVA</p><p>Amplia o alcance da lei, podendo ser:</p><p>o EM SENTIDO ESTRITO → amplia o alcance para abranger situações não</p><p>previstas, mas desejadas pelo legislador. Ex.: extensão da palavra “casa” no crime</p><p>de violação de domicílio (art. 150 do CP).</p><p>o ANALÓGICA → Utilização de elementos genéricos fornecidos pela própria lei,</p><p>permitindo ampliação do seu conteúdo. Ex.: art. 121, §2º, I, do CP “ mediante paga</p><p>ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe”.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 29</p><p>Analogia</p><p>A analogia é uma forma de integração da lei, que ocorre na hipótese de lacuna desta. Assim, na ausência</p><p>de lei específica, busca-se outra lei, que regulamenta caso semelhante. No Direito Penal:</p><p>ANALOGIA IN BONAM PARTEM</p><p>É PERMITIDA.</p><p>Ex.: possibilidade de interrupção da gravidez originária de estupro</p><p>estendida para os casos de violação sexual mediante fraude.</p><p>ANALOGIA IN MALAM PARTEM É VEDADA.</p><p>Não se pode confundir, entretanto, a analogia com a interpretação analógica:</p><p>INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA</p><p>Utiliza elementos da própria lei. Utiliza outra lei.</p><p>É possível. Só é possível quando em benefício do réu.</p><p>Tempo e lugar do crime</p><p>Tempo do crime</p><p>Há</p><p>3 teorias que buscam explicar o tempo do crime:</p><p>TEORIA DA ATIVIDADE Considera-se praticado o crime no momento da atividade.</p><p>TEORIA DO RESULTADO Considera-se praticado o crime no momento do resultado.</p><p>TEORIA DA UBIQUIDADE Considera-se praticado o crime no momento da atividade e do resultado.</p><p>O Código Penal brasileiro adotou a teoria da atividade (art. 4º do CP), que tem implicações na aferição da</p><p>imputabilidade penal (ex.: menor de 18 anos dispara contra um sujeito que morre uma semana depois, quando ele</p><p>já completou 18 anos → o agente é inimputável, uma vez que tinha menos de 18 anos no momento da atividade).</p><p>Vale mencionar que essa teoria é importante apenas nos crimes materiais ou de resultado, uma vez que</p><p>nos crimes formais ou de mera conduta a consumação se dá no momento da atividade.</p><p>Em relação à prescrição da pretensão punitiva, adota-se a teoria do resultado, de modo que a prescrição</p><p>só começa a correr do dia em que o crime se consumou (art. 111, I, do CP).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 30</p><p>Lugar do crime</p><p>Há, também, 3 teorias que buscam explicar o lugar do crime:</p><p>TEORIA DA ATIVIDADE Considera-se praticado o crime no local da atividade.</p><p>TEORIA DO RESULTADO Considera-se praticado o crime no local do resultado.</p><p>TEORIA DA UBIQUIDADE Considera-se praticado o crime no local da atividade e do resultado.</p><p>O Código Penal brasileiro adotou a teoria da ubiquidade (art. 6º do CP), que tem implicações na definição da</p><p>competência da justiça brasileira.</p><p>Vale mencionar que essa teoria é importante apenas nos crimes à distância (nos quais a conduta e o</p><p>resultado ocorrem em países diversos), uma vez que os interesses de 2 países foram afetados, tendo ambos</p><p>a competência para julgamento. Nesse sentido, para evitar bis in idem, o Código Penal prevê o seguinte:</p><p>A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas</p><p>(RECLUSÃO + DETENÇÃO), ou nela é computada, quando idênticas (RECLUSÃO + RECLUSÃO).</p><p>Não confunda, entretanto, os crimes à distância com os crimes plurilocais:</p><p>CRIMES À DISTÂNCIA CRIMES PLURILOCAIS</p><p>Envolve países diversos. Envolve comarcas diversas.</p><p>A questão é de soberania. A questão é de competência.</p><p>Aplica-se a teoria da ubiquidade.</p><p>Aplica-se a teoria do resultado, salvo no caso de</p><p>crimes dolosos contra a vida (competência do Tribunal</p><p>do Júri), em que se aplica a teoria da atividade.</p><p>Macete</p><p>Para memorizar as teorias adotadas em cada caso, costuma-se utilizar o seguinte macete:</p><p>L Lugar.</p><p>LUGAR DO CRIME = TEORIA DA UBIQUIDADE</p><p>U Ubiquidade.</p><p>T Tempo.</p><p>TEMPO DO CRIME = TEORIA DA ATIVIDADE</p><p>A Atividade.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 3 1</p><p>Lei penal no tempo</p><p>Introdução</p><p>Conforme o princípio da continuidade das leis, uma lei entra em vigor e produz efeitos até que ela seja</p><p>revogada (total ou parcialmente) por outra lei. O costume e o desuso não revogam leis.</p><p>Direito Penal intertemporal</p><p>O Direito Penal intertemporal visa solucionar conflitos de leis penais no tempo. As regras são as seguintes:</p><p>REGRA</p><p>O tempo rege o ato (tempus regit actum) ↴</p><p>o Aplica-se a lei penal vigente à época do fato.</p><p>EXCEÇÃO</p><p>Extratividade da lei penal benéfica ↴</p><p>o RETROATIVIDADE → a lei penal benéfica aplica-se a fatos anteriores à sua vigência.</p><p>o ULTRATIVIDADE → a lei penal benéfica continua a ser aplicada aos fatos praticados</p><p>durante a sua vigência, mesmo após revogada.</p><p>Lei penal mais benéfica</p><p>Abolitio criminis</p><p>Ocorre quando a lei posterior descriminaliza conduta antes considerada crime. Assim:</p><p>REQUISITOS</p><p>1 Revogação formal do tipo penal.</p><p>2</p><p>Supressão material do fato criminoso (perda de relevância do fato para todo o Direito Penal).</p><p>o OBS.: em caso de continuidade típico-normativa, na qual ocorre o mero deslocamento</p><p>topográfico do tipo penal, não há a supressão material do fato criminoso.</p><p>De acordo com o Código Penal, a abolitio criminis é causa extintiva de punibilidade, porque, apesar de</p><p>excluir a tipicidade, como o fato antes típico já foi praticado, o que se extingue é a punibilidade. Assim:</p><p>NINGUÉM pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela</p><p>a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. CUIDADO! Os efeitos extrapenais, como a</p><p>obrigação de reparar o dano, NÃO cessam!.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 32</p><p>Novatio legis in mellius</p><p>Ocorre quando uma nova lei mantém a tipificação ilícita da conduta, mas traz um tratamento mais benéfico</p><p>para o agente. Ex.: diminuição de pena, exclusão de qualificadora, criação de atenuante etc.</p><p>Mesmo havendo sentença condenatória transitada em julgado, a norma mais favorável retroage em</p><p>benefício do réu. Cabe ao juízo da execução a aplicação da nova lei (de ofício).</p><p>TEORIA DA PONDERAÇÃO CONCRETA</p><p>A nova lei mais favorável deve ser apurada no caso concreto.</p><p>Lei penal mais severa</p><p>Novatio legis incriminadora</p><p>Ocorre quando uma conduta que anteriormente seria considerada lícita passa a ser tipificada como crime.</p><p>NÃO RETROAGE!</p><p>Novatio legis in pejus</p><p>Ocorre quando uma nova lei passa a tratar de forma mais gravosa a conduta delitiva.</p><p>NÃO RETROAGE!</p><p>Crime continuado e crime permanente</p><p>De acordo com a Súmula 711 do STF, a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime</p><p>permanente, se a sua vigência é anterior à CESSAÇÃO da continuidade ou da permanência. Nesse sentido:</p><p>CRIME</p><p>PERMANENTE</p><p>É aquele cuja execução se prolonga no tempo por vontade do agente.</p><p>o Ex.: extorsão mediante sequestro.</p><p>CRIME</p><p>CONTINUADO</p><p>Ocorre quando o agente, mediante mais de uma conduta, pratica 2 ou + crimes da mesma</p><p>espécie nas mesmas condições de tempo, lugar e modo. Trata-se de uma ficção jurídica.</p><p>o Ex.: seis crimes de furto no mesmo horário, no mesmo local e da mesma maneira.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 33</p><p>Lei penal em branco</p><p>A alteração ou a revogação do complemento da lei penal em branco possui os seguintes efeitos:</p><p>EM SITUAÇÃO DE</p><p>NORMALIDADE</p><p>O complemento não é dotado de ultratividade.</p><p>o Ex.: droga excluída da portaria da ANVISA ➙ a sentença será absolutória.</p><p>EM SITUAÇÃO DE</p><p>ANORMALIDADE</p><p>O complemento é dotado de ultratividade.</p><p>o Ex.: revogação de tabelamento de preços de mercadorias ➙ a sentença é</p><p>condenatória, restando caracterizado o crime contra a economia popular.</p><p>Resumindo. . .</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 34</p><p>Data do fato ➙ LEI A</p><p>Trâmite da ação ➙ LEI B</p><p>Sentença ➙ LEI C</p><p>Lei penal intermediária</p><p>De acordo com o STF, no RE 418.876-MT, dada a garantia constitucional de retroatividade da lei penal</p><p>mais benéfica ao réu, é consensual na doutrina que prevalece a norma mais favorável, que tenha tido vigência</p><p>entre a data do fato e a da sentença. Assim:</p><p>Aplicando o entendimento do STF, se a lei B, mais favorável ao agente, esteve vigente entre a data do</p><p>fato e a sentença, ela é aplicável ao caso, tendo efeitos retroativos e ultrativos.</p><p>Combinação de leis penais</p><p>No Direito Penal brasileiro, discutia-se acerca da possibilidade de combinação de leis penais (lei velha +</p><p>lei nova) para a formação de uma lei híbrida (lex tertia). Havia dois entendimentos ↴</p><p>1ª CORRENTE Não é possível, uma vez que viola a separação de poderes. Defendida por Nelson Hungria.</p><p>2ª CORRENTE</p><p>É possível, uma vez que o magistrado estaria atuando dentro dos limites estabelecidos pelo</p><p>legislador. Defendida por José Frederico Marques.</p><p>Atualmente, a questão já está pacificada no STF (info. 727) e no STJ (súmula 501), sendo que ambos os</p><p>tribunais NÃO admitem a combinação de leis penais.</p><p>Leis penais temporárias</p><p>Conceito</p><p>O art. 3º do Código Penal preceitua expressamente que a lei excepcional ou temporária, embora</p><p>decorrido o período de sua duração (lei temporária) ou cessadas as circunstâncias que a determinaram (lei</p><p>excepcional), aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Assim, as</p><p>leis penais temporárias (em sentido</p><p>amplo) dividem-se em temporárias (em sentido estrito) e excepcionais ↴</p><p>LEIS TEMPORÁRIAS São aquelas que possuem prazo de vigência previamente determinado.</p><p>LEIS EXCEPCIONAIS São aquelas que vigem durante uma situação emergencial.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 35</p><p>Resumindo ↴</p><p>Características</p><p>As leis temporárias (em sentido amplo), possuem as seguintes características:</p><p>INTERMITÊNCIA NÃO são duradouras.</p><p>AUTORREVOGAÇÃO</p><p>Em regra, uma lei somente pode ser revogada por outra lei. Contudo, as</p><p>leis temporárias e as leis excepcionais revogam-se, respectivamente, na</p><p>data fixada em seu próprio texto ou quando se encerra o período anormal.</p><p>ULTRATIVIDADE</p><p>A lei excepcional ou temporária, ainda que decorrido o período de sua</p><p>duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao</p><p>fato praticado durante sua vigência (mesmo que seja mais gravosa).</p><p>Confl ito aparente de normas</p><p>Conceito</p><p>O conflito aparente de normas penais ou antinomia aparente ocorre quando a uma mesma conduta ou</p><p>fato podem ser aplicadas, em tese, mais de uma norma penal.</p><p>Requisitos</p><p>Para restar caracterizada a antinomia aparente, são necessários os seguintes requisitos cumulativos:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 36</p><p>1º</p><p>• Unidade de fato</p><p>• Prática de um único crime (≠ concurso de crimes).</p><p>2º</p><p>• Pluralidade de normas</p><p>• Mais de uma norma aparentemente aplicável.</p><p>3º</p><p>• Vigência simultânea das normas</p><p>• Todas as normas aparentemente aplicáveis devem estar vigentes (≠ conflito de leis no tempo).</p><p>Finalidades</p><p>A antinomia aparente possui as seguintes finalidades:</p><p>FINALIDADE PRÁTICA Evitar bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato).</p><p>FINALIDADE JURÍDICA Manter a unidade e a coerência lógica do sistema penal.</p><p>Solução</p><p>A antinomia aparente pode ser solucionada pelos seguintes princípios</p><p>S Subsidiariedade</p><p>E Especialidade</p><p>C Consunção</p><p>A Alternatividade</p><p>MACETE ➙ SECA</p><p>Princípio da especialidade</p><p>Havendo norma especial, fica excluída a aplicação da norma geral.</p><p>NORMA ESPECIAL = NORMA GERAL + ELEMENTOS ESPECIALIZANTES</p><p>Por exemplo: homicídio (norma geral) e infanticídio (norma especial).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 37</p><p>Princípio da subsidiariedade</p><p>Ocorre quando a norma (primária) que prevê uma ofensa maior a determinado bem jurídico EXCLUI a</p><p>aplicação de outra norma (subsidiária) que prevê uma ofensa menor ao mesmo bem jurídico. Assim:</p><p>NORMA PRIMÁRIA NORMA SUBSIDIÁRIA</p><p>Prevê fato mais grave. Prevê fato menos grave.</p><p>A subsidiariedade pode ser:</p><p>EXPRESSA</p><p>Ocorre quando a própria norma prevê expressamente que a sua aplicação só se</p><p>dá quando o fato não constitui crime mais grave.</p><p>Ex.: punição por importunação sexual, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>TÁCITA</p><p>Não há menção expressa à subsidiariedade, sendo esta extraída do caso concreto.</p><p>Ex.: MP faz denúncia de crime roubo (norma primária) e, não sendo possível o</p><p>enquadramento, aplica-se a norma subsidiária (furto).</p><p>Princípio da consunção ou da absorção</p><p>O fato definido por uma norma incriminadora, sendo mais amplo e mais grave, absorve outros fatos,</p><p>menos amplos e menos graves (ex.: a lesão corporal é absorvida pelo homicídio). Assim:</p><p>NORMA CONSUNTIVA Prevê o fato mais amplo (o todo).</p><p>NORMA CONSUMIDA Prevê o fato menos amplo (a parte).</p><p>Hipóteses:</p><p>CRIME</p><p>PROGRESSIVO</p><p>Ocorre quando o agente pretende, desde o início, produzir o resultado mais grave,</p><p>praticando sucessivas violações ao mesmo bem jurídico.</p><p>É também chamado de crime de ação de passagem, uma vez que o crime menos</p><p>grave é necessário para produzir o crime mais grave.</p><p>Ex.: lesão corporal (crime de ação de passagem) e homicídio (crime mais grave –</p><p>pretendido inicialmente) ➙ para matar a vítima, é preciso feri-la.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 38</p><p>PROGRESSÃO</p><p>CRIMINOSA</p><p>Ocorre quando o agente, de início, pretende produzir resultado menos grave, mas,</p><p>no decorrer da conduta, decide produzir o resultado mais grave (mutação do dolo).</p><p>Ex.: o agente pretende apenas lesionar a vítima, mas, no decorrer da conduta,</p><p>muda de ideia e decide matá-la.</p><p>FATOS IMPUNÍVEIS</p><p>Funcionam como meios de preparação, de execução ou meros desdobramentos</p><p>lógicos do fato principal, podendo ser:</p><p>o FATO ANTERIOR → meio preparatório do fato principal (ex.: o furto –</p><p>crime-fim – absorve a violação de domicílio – crime-meio).</p><p>o FATO SIMULTÂNEO → praticado simultaneamente ao fato principal (ex.: o</p><p>estupro em via pública absorve o crime de ato obsceno).</p><p>o FATO POSTERIOR → funciona como mero desdobramento do fato principal</p><p>(ex.: o furto absorve eventual crime de dano praticado contra o objeto).</p><p>Como exemplo de consunção, tem-se o seguinte entendimento sumulado:</p><p>SÚMULA 17 DO STJ</p><p>Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.</p><p>Princípio da alternatividade</p><p>Existem dois tipos de alternatividade:</p><p>ALTERNATIVIDADE</p><p>PRÓPRIA</p><p>São os tipos mistos alternativos (crimes de ação múltipla), que possuem mais de um</p><p>núcleo, sendo que a realização de qualquer deles configura crime único.</p><p>A doutrina critica a classificação dessa situação como antinomia aparente, uma vez</p><p>que não há pluralidade de normas (requisito da antinomia aparente).</p><p>ALTERNATIVIDADE</p><p>IMPRÓPRIA</p><p>A alternatividade imprópria ocorre quando uma mesma conduta criminosa é</p><p>disciplinada por dois ou mais tipos penais.</p><p>A doutrina critica a classificação como antinomia aparente, uma vez que se trata</p><p>de conflito de leis no tempo (solucionado pelo Direito Penal intertemporal).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 39</p><p>Lei penal no espaço</p><p>Regras</p><p>O estudo da lei penal no espaço importa ao Direito Penal Internacional, que se ocupa dos crimes que</p><p>violam interesses de dois ou mais países. Nesse sentido, observa-se o seguinte:</p><p>REGRA</p><p>PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE</p><p>o Aplica-se a lei brasileira ao crime praticado no território nacional.</p><p>EXCEÇÕES</p><p>PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE</p><p>o Aplica-se a lei brasileira ao crime praticado no exterior.</p><p>PRINCÍPIO DA INTRATERRITORIALIDADE</p><p>o Aplica-se a lei estrangeira ao crime praticado no território nacional.</p><p>Territorial idade</p><p>Segundo o princípio da territorialidade, aplica-se a LEI BRASILEIRA, sem prejuízo de convenções,</p><p>tratados e regras de direito internacional, ao delito cometido no TERRITÓRIO NACIONAL.</p><p>Trata-se de uma territorialidade temperada ou mitigada, pois admite exceções.</p><p>Nesse contexto, são considerados território nacional:</p><p>O TERRITÓRIO NACIONAL</p><p>PROPRIAMENTE DITO</p><p>É o espaço em que o Estado exerce a sua soberania política.</p><p>O TERRITÓRIO NACIONAL</p><p>POR EXTENSÃO</p><p>Consideram-se extensão do território nacional:</p><p>o As embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a</p><p>serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem.</p><p>o As aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de</p><p>propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço</p><p>aéreo correspondente ou em alto-mar.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 40</p><p>Extraterritorial idade</p><p>Conceito</p><p>É a aplicação da LEI PENAL BRASILEIRA a crimes praticados FORA DO BRASIL.</p><p>Princípios</p><p>A extraterritorialidade é regida pelos seguintes princípios:</p><p>PERSONALIDADE OU</p><p>NACIONALIDADE</p><p>Aplica-se nos seguintes casos:</p><p>o Personalidade ativa → brasileiro comete crime no exterior.</p><p>o Personalidade passiva → crime cometido no exterior contra vítima brasileira.</p><p>DOMICÍLIO O agente será sujeito à lei de seu domicílio, independentemente da nacionalidade.</p><p>DEFESA REAL OU</p><p>PROTEÇÃO</p><p>Aplica-se a crime praticado no estrangeiro que ofende bem jurídico brasileiro,</p><p>independentemente da nacionalidade do agente.</p><p>JUSTIÇA UNIVERSAL Aplica-se a crimes cuja punição interesse a todos os países.</p><p>REPRESENTAÇÃO</p><p>Aplica-se em caso de crimes praticados em aeronaves e embarcações brasileiras,</p><p>mercantes ou de propriedade privada,</p><p>quando em território estrangeiro e aí não</p><p>sejam julgados (também chamado de princípio da bandeira, da substituição, do</p><p>pavilhão ou princípio subsidiário).</p><p>Extraterritorialidade incondicionada</p><p>A extraterritorialidade incondicionada não se sujeita a nenhuma condição legal:</p><p>1 Crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da República.</p><p>Princípio da defesa real. 2</p><p>Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do DF, de Estado,</p><p>de Território, de Município, de Empresa Pública, de Sociedade de</p><p>Economia Mista, autarquia ou fundação estatuída pelo Poder Público.</p><p>3 Crimes contra a administração pública, por quem está a seu serviço.</p><p>4 Crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.</p><p>Princípios da personalidade</p><p>(ativa) e do domicílio.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 4 1</p><p>Extraterritorialidade condicionada</p><p>A extraterritorialidade condicionada submete-se a algumas condições:</p><p>1 Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (princípio da justiça universal).</p><p>2 Crimes praticados por brasileiros (princípio da personalidade ativa).</p><p>3</p><p>Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,</p><p>quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados (princípio da representação).</p><p>As condições são as seguintes:</p><p>1 Entrar o agente no território nacional.</p><p>2 Ser o fato punível também no país em que foi praticado.</p><p>3 Estar o crime incluído entre aqueles que autorizam a extradição.</p><p>4 Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena.</p><p>5</p><p>Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,</p><p>segundo a lei mais favorável.</p><p>Extraterritorialidade hipercondicionada</p><p>Hipótese de crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (princípio da personalidade</p><p>passiva). Além das as condições da extraterritorialidade condicionada, devem ser cumpridas as seguintes:</p><p>1 Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição.</p><p>2 Ter havido a requisição do Ministro da Justiça.</p><p>Eficácia da sentença estrangeira</p><p>A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências,</p><p>pode ser homologada no Brasil para:</p><p>1 Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos CIVIS.</p><p>2 Sujeitá-lo a medida de segurança.</p><p>A competência para homologação de sentença estrangeira é do STJ.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 42</p><p>1º</p><p>• INCLUI-SE o dia do começo</p><p>2º</p><p>• EXCLUI-SE o dia do vencimento</p><p>3º</p><p>• Desprezam-se → frações de dia e frações de real.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Para fins de reincidência, NÃO se exige a homologação da sentença penal estrangeira no Brasil.</p><p>Contagem dos prazos</p><p>Os prazos do Direito Penal são contados da seguinte forma:</p><p>Não confunda com os prazos processuais penais:</p><p>DIREITO PENAL PROCESSO PENAL</p><p>INCLUI o início e EXCLUI o fim (mais rápido). EXCLUI o início e INCLUI o fim (mais lento).</p><p>Ambas as contagens são feitas para beneficiar o réu.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 43</p><p>INFRAÇÃO</p><p>PENAL</p><p>CRIME</p><p>Infração penal a que a lei comina pena DE RECLUSÃO</p><p>OU DE DETENÇÃO, quer isoladamente, quer alternativa</p><p>ou cumulativamente com a pena de MULTA.</p><p>CONTRAVENÇÃO</p><p>PENAL</p><p>Infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena DE</p><p>PRISÃO SIMPLES ou de MULTA, ou ambas, alternativa</p><p>ou cumulativamente.</p><p>TEORIA GERAL DO CRIME</p><p>Disposições gerais</p><p>Conceito de crime</p><p>Critério material ou substancial</p><p>Conforme esse critério, crime é a ação ou omissão humana (conduta humana), bem como a conduta da</p><p>pessoa jurídica nos crimes ambientais, que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos.</p><p>Critério formal ou legal</p><p>Conforme esse critério, crime é o que a lei define como tal. Nesse sentido:</p><p>LEI DE INTRODUÇÃO AO CP</p><p>Art. 1º. Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer</p><p>isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a</p><p>que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.</p><p>Portanto:</p><p>Essas modalidades de infração penal também podem receber as seguintes denominações:</p><p>CRIME</p><p>Sinônimo de delito.</p><p>o OBS.: algumas vezes o ordenamento jurídico utiliza o termo delito como</p><p>sinônimo de infração penal, é o caso do “flagrante-delito”.</p><p>CONTRAVENÇÃO PENAL Sinônimo de crime anão, delito liliputiano e crime vagabundo.</p><p>NÃO há diferença ontológica (de estrutura ou natureza jurídica) entre crime e contravenção penal,</p><p>sendo a diferença meramente qualitativa (qualidade das penas) e quantitativa (quantidade das penas).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 44</p><p>1ª CORRENTE</p><p>• Segundo Luiz Flávio Gomes, não se trata de crime (pois não há pena de reclusão ou detenção),</p><p>nem de contravenção (pois não há pena de prisão simples). Trata-se de infração penal sui generis.</p><p>2ª CORRENTE</p><p>• Segundo o STF e a maioria da doutrina, trata-se de crime, por previsão da própria Lei de Drogas</p><p>e por aplicação do princípio da especialidade (a Lei de Drogas afasta a aplicação do CP).</p><p>Nesse sentido, é possível elencar as seguintes diferenças:</p><p>CRIME OU DELITO CONTRAVENÇÃO PENAL</p><p>Cumprimento máximo de 40 anos Cumprimento máximo de 5 anos</p><p>A tentativa é punível, em regra A tentativa é impunível</p><p>Aplica-se a extraterritorialidade Não se aplica a extraterritorialidade</p><p>Ação penal pública ou privada Ação penal pública incondicionada</p><p>No caso do art. 28 da Lei de Drogas, em que NÃO há pena de reclusão, detenção, prisão simples ou</p><p>multa, há a seguinte discussão acerca de sua classificação:</p><p>Critério analítico ou dogmático</p><p>Considera os elementos estruturais do crime, variando conforme a teoria adotada:</p><p>TEORIA</p><p>QUADRIPARTIDA</p><p>Para essa teoria, crime é o fato:</p><p>o Típico.</p><p>o Ilícito.</p><p>o Culpável.</p><p>o Punível.</p><p>Essa teoria é criticada por considerar a punibilidade um elemento e não mera</p><p>consequência do crime. Nesse sentido, a morte do agente, por exemplo, extingue a</p><p>punibilidade, mas não extingue o crime.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 45</p><p>TEORIA</p><p>TRIPARTIDA</p><p>Para essa teoria, crime é o fato:</p><p>o Típico.</p><p>o Ilícito.</p><p>o Culpável.</p><p>Quem defende essa teoria pode ser:</p><p>o Clássico.</p><p>o Finalista.</p><p>A maior parte da doutrina brasileira adota a teoria tripartida finalista.</p><p>TEORIA</p><p>BIPARTIDA</p><p>Para essa teoria, crime é o fato:</p><p>o Típico.</p><p>o Ilícito.</p><p>A culpabilidade é considerada pressuposto para a aplicação da pena.</p><p>Quem defende essa teoria é, necessariamente, finalista.</p><p>Sistemas penais</p><p>Introdução</p><p>Trata-se do estudo da evolução do conceito analítico de crime, passando pelos seguintes sistemas:</p><p>1 Sistema clássico.</p><p>2 Sistema neoclássico.</p><p>3 Sistema finalista.</p><p>4</p><p>Sistema funcionalista, que pode ser:</p><p>o Moderado (Roxin).</p><p>o Radical (Jakobs).</p><p>Há outros sistemas, mas esses são os mais importantes.</p><p>É importante mencionar que, caso esse seja o seu primeiro contato com o Direito Penal, alguns conceitos</p><p>podem ficar nebulosos (ou jogados), mas tudo se encaixará quando formos estudar com mais detalhes os</p><p>elementos do crime. Caso o seu edital não cobre o assunto, você pode pular para o próximo tópico.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 46</p><p>Sistema clássico</p><p>REPRESENTANTES Franz von Liszt, Ernst von Beling e Güstav Radbruch.</p><p>TEORIAS</p><p>o Teoria causal ou naturalista da ação → a ação (conduta) é o movimento</p><p>corpóreo que produz modificação no mundo exterior.</p><p>o Teoria psicológica da culpabilidade → a culpabilidade é o vínculo psicológico entre</p><p>o autor e o fato, através do dolo ou da culpa.</p><p>ELEMENTOS DO</p><p>CRIME</p><p>Para o sistema clássico o crime possui os seguintes elementos:</p><p>A) Tipicidade, composta por:</p><p>o Conduta (sem finalidade).</p><p>o Resultado.</p><p>o Nexo causal.</p><p>o Tipicidade em sentido estrito.</p><p>B) Ilicitude, sendo a mera contrariedade</p><p>entre o fato típico e o direito, ausentes as</p><p>causas de justificação (excludentes de ilicitude).</p><p>C) Culpabilidade, composta por:</p><p>o Imputabilidade (como mero pressuposto).</p><p>o Dolo ou culpa (finalidade).</p><p>CRÍTICAS</p><p>A sistema clássico recebeu diversas críticas, dentre elas:</p><p>o A conceituação da conduta como um movimento humano (ação) não abrange a</p><p>omissão, que poderia ser caracterizada como crime.</p><p>o A necessidade de a ação gerar um resultado no mundo exterior não permite</p><p>caracterizar a tentativa branca (que não atinge o objeto material) como crime,</p><p>uma vez que não há resultado naturalístico.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 47</p><p>Sistema neoclássico</p><p>REPRESENTANTES Reinhard Frank e Edmund Mezger.</p><p>TEORIAS</p><p>o Teoria causal ou naturalista da ação → a conduta é um comportamento (ação</p><p>ou omissão) que produz modificação no mundo exterior.</p><p>o Teoria normativa (ou psicológico-normativa) da culpabilidade → aqui a</p><p>culpabilidade deixa de ser um mero vínculo psicológico entre autor e fato,</p><p>passando a abranger a reprovabilidade do ato (caracterizada pela</p><p>possibilidade de o agente agir de modo diverso).</p><p>ELEMENTOS DO</p><p>CRIME</p><p>Para o sistema neoclássico o crime possui os seguintes elementos:</p><p>A) Tipicidade, composta por:</p><p>o Conduta (sem finalidade).</p><p>o Resultado.</p><p>o Nexo causal.</p><p>o Tipicidade em sentido estrito.</p><p>B) Ilicitude, que abrange não só a contrariedade entre o fato típico e o direito, mas</p><p>também o potencial de lesividade (aspecto material da ilicitude).</p><p>C) Culpabilidade, composta por:</p><p>o Imputabilidade (como elemento).</p><p>o Dolo (dolus malus → com a consciência da ilicitude) ou culpa.</p><p>o Exigibilidade de conduta diversa.</p><p>CRÍTICAS</p><p>A sistema neoclássico recebeu diversas críticas, dentre as quais se destaca o</p><p>excesso de subjetividade especialmente no que diz respeito à avaliação da consciência</p><p>da ilicitude do fato, o que poderia gerar decisões arbitrárias.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 48</p><p>Sistema finalista</p><p>REPRESENTANTE Hans Welzel.</p><p>TEORIAS</p><p>o Teoria finalista da ação → a conduta é a ação ou omissão humana, consciente</p><p>e voluntária (dolosa ou culposa), dirigida a um fim (lícito ou ilícito).</p><p>o Teoria normativa pura da culpabilidade → a culpabilidade é o juízo de valor que</p><p>se realiza sobre o autor, quando da prática de um fato típico, devendo ser</p><p>avaliada sem considerar qualquer elemento psicológico ou subjetivo.</p><p>ELEMENTOS DO</p><p>CRIME</p><p>Para o sistema neoclássico o crime possui os seguintes elementos:</p><p>A) Tipicidade, composta por:</p><p>o Conduta (dolosa ou culposa).</p><p>o Resultado.</p><p>o Nexo causal.</p><p>o Tipicidade em sentido estrito (formal e material).</p><p>B) Ilicitude, sendo a contrariedade entre o fato típico e o direito, ausentes as causas</p><p>de justificação (excludentes de ilicitude) – não há mais o aspecto material. Há,</p><p>entretanto, o aspecto subjetivo, ou seja, o agente deve saber que está diante de</p><p>uma situação justificante (ex.: o agente deve saber que está em legítima defesa).</p><p>C) Culpabilidade, composta por:</p><p>o Imputabilidade.</p><p>o Potencial consciência da ilicitude.</p><p>o Exigibilidade de conduta diversa.</p><p>MACETE → CRIME = TIC (TIPICIDADE, ILICITUDE E CULPABILIDADE)</p><p>CRÍTICAS</p><p>A sistema finalista recebeu diversas críticas, dentre as quais se destaca a</p><p>concentração da teoria no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do resultado.</p><p>Essa teoria é adotada pela maior parte da doutrina brasileira.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 49</p><p>Sistema funcionalista moderado ou racional-teleológico</p><p>REPRESENTANTE Claus Roxin.</p><p>PRESSUPOSTOS</p><p>1) A função do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos (individuais ou coletivos).</p><p>2) O Direito Penal é a ultima ratio (princípio da subsidiariedade).</p><p>3) A pena deve possuir caráter:</p><p>o Preventivo geral (relacionado à sociedade).</p><p>o Preventivo especial (relacionado ao agente).</p><p>ELEMENTOS DO</p><p>CRIME</p><p>Para esse sistema, o crime é composto pelos seguintes elementos:</p><p>o Tipicidade.</p><p>o Ilicitude.</p><p>o Responsabilidade (o agente imputável é merecedor de pena?).</p><p>RESPONSABILIDADE = CULPABILIDADE + MERECIMENTO DA PENA</p><p>TEORIA DA</p><p>IMPUTAÇÃO</p><p>OBJETIVA</p><p>A teoria da (não) imputação objetiva visa complementar o conceito de nexo de</p><p>causalidade (integrante da tipicidade), de modo que, além de se verificar a relação de</p><p>causa e efeito entre conduta e resultado, deve-se aferir:</p><p>o Se a conduta cria ou incrementa um risco proibido.</p><p>o Se o risco se realiza no caso concreto.</p><p>o Se o tipo penal criado pelo legislador alcança o resultado ocorrido.</p><p>Assim, por exemplo, se um indivíduo pretende matar seu desafeto comprando-lhe um</p><p>pacote turístico para um local perigoso, ele está criando um risco PERMITIDO (≠</p><p>proibido). Assim, caso o desafeto morra, NÃO HÁ responsabilização do agente.</p><p>INJUSTO PENAL</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 50</p><p>Sistema funcionalista radical ou sistêmico</p><p>REPRESENTANTE Günther Jakobs.</p><p>PRESSUPOSTOS</p><p>1) A função do Direito Penal é a proteção da norma (estabilização da norma).</p><p>Assim, a punição visa mostrar à sociedade que a norma, embora violada,</p><p>continua vigente. Isso mantém a confiança da sociedade no Direito Penal.</p><p>2) O Direito Penal é um sistema autopoiético (fechado e autorreferente).</p><p>3) O Direito Penal não se vincula a outros sistemas (ex.: Direito Constitucional).</p><p>ELEMENTOS DO</p><p>CRIME</p><p>Para esse sistema, o crime é composto pelos seguintes elementos:</p><p>o Tipicidade.</p><p>o Ilicitude.</p><p>o Culpabilidade.</p><p>A conduta, integrante da tipicidade, seria o comportamento humano voluntário,</p><p>causador de um resultado evitável que viola o sistema jurídico, frustrando as</p><p>legítimas expectativas normativas.</p><p>TEORIA DA</p><p>IMPUTAÇÃO</p><p>OBJETIVA</p><p>Jakobs também desenvolveu sua teoria da (não) imputação objetiva, a qual</p><p>considera o padrão de comportamento que orienta os indivíduos em sociedade</p><p>(o indivíduo é exercente de papeis sociais). Sua teoria se baseia no seguinte:</p><p>o Risco permitido → se o agente atua de acordo com o seu papel, criando um</p><p>risco permitido do qual advém resultado lesivo, este não lhe será imputado.</p><p>o Princípio da confiança → se o agente atua confiando que os demais indivíduos se</p><p>manterão dentro dos limites do risco permitido, o resultado não lhe será imputado.</p><p>o Proibição de regresso → se o agente, atuando conforme o seu papel, contribui</p><p>para a infração penal de outrem, o resultado não lhe será imputado.</p><p>o Capacidade da vítima → se a vítima, por sua própria vontade, tiver se colocado</p><p>na situação de risco, o resultado não será imputado ao agente.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 5 1</p><p>1</p><p>• CONDUTA</p><p>2</p><p>• RESULTADO (NATURALÍSTICO OU MATERIAL)</p><p>3</p><p>• NEXO CAUSAL</p><p>4</p><p>• TIPICIDADE (EM SENTIDO ESTRITO)</p><p>Elementos do crime</p><p>Estudaremos, a seguir, os elementos do crime conforme a teoria finalista tripartida, que prevalece no Brasil:</p><p>Tipicidade</p><p>Visão geral</p><p>Conforme vimos, crime é fato típico, ilícito e culpável. Agora, iniciaremos o estudo de cada um desses</p><p>aspectos, começando pelo fato típico (tipicidade em sentido amplo), cujos elementos são os seguintes:</p><p>A conduta e a tipicidade estão presentes em todos os crimes, já o resultado naturalístico e o nexo</p><p>causal só existem nos crimes materiais consumados. Nesse sentido:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 52</p><p>CRIMES</p><p>MATERIAIS</p><p>Também chamados de crimes causais. São aqueles cujo tipo penal contém a conduta e o</p><p>resultado, sendo este último necessário para a consumação. Ex.: homicídio.</p><p>CRIMES</p><p>FORMAIS</p><p>Também chamados de crimes de consumação antecipada ou de resultado cortado. São</p><p>aqueles cujo tipo penal contém a conduta e o resultado, mas dispensa este último para</p><p>a consumação (a ocorrência do resultado configura mero exaurimento). Ex.: extorsão.</p><p>CRIMES DE</p><p>MERA CONDUTA</p><p>Também chamados de crimes de simples atividade. São aqueles cujo tipo penal contém</p><p>apenas a conduta, sem previsão de resultado. Ex.: porte ilegal</p><p>de arma de fogo.</p><p>Conduta</p><p>Conceito</p><p>Conduta é um comportamento humano (AÇÃO ou OMISSÃO) voluntário e consciente (DOLOSO ou</p><p>CULPOSO) dirigido a determinada finalidade (lícita ou ilícita).</p><p>TEORIA FINAL OU FINALISTA</p><p>Analisa a finalidade/motivo/vontade do agente, que não poderá ser separada da conduta. Analisa-se se a</p><p>conduta foi dolosa ou culposa, e, não presente tais elementos, há a atipicidade.</p><p>Espécies</p><p>São espécies de conduta a:</p><p>AÇÃO Crimes comissivos (praticados por ação).</p><p>OMISSÃO</p><p>Crimes omissivos (praticados por omissão), que podem ser:</p><p>o Omissivos puros ou próprios → o tipo penal descreve uma conduta omissiva, ou</p><p>seja, um não fazer proibido (ex.: omissão de socorro).</p><p>o Omissivos impuros, impróprios ou comissivos por omissão → o tipo penal descreve</p><p>uma conduta positiva, mas sua execução se dá por omissão nas hipóteses em que</p><p>o agente podia e devia agir para evitar o resultado.</p><p>Os crimes omissivos impróprios encontram fundamento no art. 13, § 2º, do CP, que estabelece que apenas</p><p>responderá por eles aqueles que têm o dever jurídico de evitar o resultado e o poder de agir (não basta ter</p><p>o dever de agir, exigindo-se também o poder de agir → DEVER + PODER). As situações são as seguintes:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 53</p><p>1</p><p>Quando o agente “tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância”.</p><p>Ex.: pais em relação aos filhos menores e policial em relação aos cidadãos.</p><p>2</p><p>Quando o agente “de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado”.</p><p>Ex.: cuidar de criança a pedido da mãe (relação informal) ou ser cuidador de idosos (relação contratual).</p><p>3</p><p>Quando o agente, “com o seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado”.</p><p>Ex.: convencer uma pessoa que não sabe nadar a entrar na piscina.</p><p>Assim, o crime omissivo próprio difere-se do crime omissivo impróprio no seguinte sentido:</p><p>CRIME OMISSIVO PRÓPRIO CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO</p><p>Lei prevê omissão. Lei prevê ação (se aplica a qualquer crime do CP).</p><p>Dever geral de agir. Dever especial de agir (figura dos garantidores).</p><p>NÃO HÁ obrigação de enfrentar o perigo. HÁ obrigação de enfrentar o perigo.</p><p>São unissubsistentes, não se admitindo a tentativa. São plurissubsistentes, admitindo-se a tentativa.</p><p>Ex.: omissão de socorro.</p><p>Ex.: o salva-vidas (garantidor), que deixa de salvar</p><p>uma pessoa que está se afogando responde por</p><p>homicídio (crime comissivo por omissão).</p><p>Conduta dolosa</p><p>O dolo é a intenção, finalidade ou vontade de se praticar determinada conduta.</p><p>DOLO NATURAL OU VALORATIVAMENTE NEUTRO</p><p>O dolo analisado é natural ou valorativamente neutro, porque que não se analisa o motivo da prática do ato,</p><p>nem se o agente sabia que praticava um ilícito, mas, tão somente, a intenção de praticar o ato.</p><p>Teorias do dolo:</p><p>TEORIA DA VONTADE</p><p>Para a configuração do dolo basta a vontade livre e consciente de</p><p>produzir o resultado (dolo direto).</p><p>TEORIA DO CONSENTIMENTO</p><p>Atua com dolo quem, mesmo prevendo o resultado lesivo e não o querendo</p><p>de forma direta, assume o risco de produzi-lo (dolo eventual).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 54</p><p>Elementos do dolo:</p><p>ELEMENTO COGNITIVO É a consciência de estar praticando os elementos do tipo.</p><p>ELEMENTO VOLITIVO É a vontade de praticar ou a assunção do risco do resultado.</p><p>Espécies de dolo:</p><p>DOLO</p><p>DIRETO</p><p>É aquele em que o agente quer praticar a conduta descrita no tipo penal, dirigindo-se</p><p>finalisticamente para o resultado. Pode ser classificado em:</p><p>o DOLO GENÉRICO → é a vontade de praticar a conduta, sem finalidade específica.</p><p>o DOLO ESPECÍFICO → é a vontade de atingir um resultado específico com a conduta.</p><p>o DOLO DE PROPÓSITO → emana de uma reflexão acerca da conduta criminosa.</p><p>o DOLO DE ÍMPETO → ocorre nas chamadas “explosões emocionais” (dolo repentino).</p><p>o DOLO DE 1º GRAU → é a simples intenção ou vontade de gerar determinado resultado.</p><p>o DOLO DE 2º GRAU → ocorre quando o agente, querendo gerar determinado resultado,</p><p>tem a CERTEZA de que outros resultados serão gerados, mas age mesmo assim. Ex.: o</p><p>agente, querendo matar um desafeto, coloca bomba no avião, mantando outras pessoas.</p><p>o DOLO GERAL → ocorre quando o agente pratica uma determinada conduta dolosa (dolo</p><p>direto de 1º grau) e, acreditando ter alcançado o resultado, pratica um segundo ato, o</p><p>qual, efetivamente, gera o resultado. Nesse caso, o dolo será geral para alcançar o 2º</p><p>ato, respondendo o agente por um único crime consumado, como se o resultado tivesse</p><p>decorrido da 1ª conduta. Ex.: o agente acredita que matou a vítima a facadas, mas a</p><p>morte, na verdade, ocorreu com o segundo ato (enterro da vítima).</p><p>DOLO</p><p>INDIRETO</p><p>Ocorre quando o agente não quer produzir resultado certo e determinado. Pode ser:</p><p>o DOLO EVENTUAL → o agente não quer produzir o resultado, mas o prevê e o aceita</p><p>como possível, assumindo o risco de que ele ocorra. Etapas:</p><p>✓ 1º → Previsão concreta do resultado (resultado passa pela cabeça do agente).</p><p>✓ 2º → Consentimento com o resultado previsto anteriormente.</p><p>✓ 3º → Aceitação do risco de se produzir o resultado.</p><p>o DOLO ALTERNATIVO → o agente, com igual intensidade, deseja produzir um ou outro</p><p>resultado. Nesse caso, o agente sempre responde pelo crime mais grave.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 55</p><p>CRIME CULPOSO</p><p>IMPRUDÊNCIA É o agir culposo</p><p>NEGLIGÊNCIA É a omissão culposa</p><p>IMPERÍCIA É a culpa profissional</p><p>Conduta culposa</p><p>O crime é culposo quando o agente dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.</p><p>IMPRUDÊNCIA O agente faz algo que a cautela/prudência/bom senso não recomenda.</p><p>NEGLIGÊNCIA O agente deixa de fazer algo que a cautela recomenda.</p><p>IMPERÍCIA</p><p>O agente, autorizado a exercer arte/ofício/profissão, não reúne conhecimentos teóricos</p><p>ou práticos suficientes para tanto.</p><p>Portanto:</p><p>Os tipos culposos devem ser previstos expressamente (princípio da excepcionalidade).</p><p>ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO</p><p>1 Conduta voluntária (ação ou omissão normalmente lícita).</p><p>2 Violação do dever objetivo de cuidado (por imprudência, negligência ou imperícia).</p><p>3 Resultado naturalístico involuntário.</p><p>4 Nexo causal entre conduta e resultado.</p><p>5 Tipicidade (enquadramento ao modelo de crime previsto em lei).</p><p>6</p><p>Previsibilidade objetiva do resultado → deve ser possível ao homem médio prever o resultado nas</p><p>circunstâncias em que ocorreu (mera possibilidade de previsão).</p><p>7 Ausência de previsão → no caso concreto, o agente não prevê o resultado (culpa inconsciente).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 56</p><p>INCONSCIENTE É a culpa sem previsão (o agente não prevê o resultado no caso concreto).</p><p>CONSCIENTE É a culpa com previsão (o agente prevê o resultado, mas acredita que não vai ocorrer).</p><p>PRÓPRIA Agente não quer o resultado, nem assume o risco de produzi-lo.</p><p>IMPRÓPRIA O agente prevê e quer produzir o resultado, mas acredita estar em situação justificante.</p><p>Espécies de culpa:</p><p>Vale, aqui, diferenciar as espécies de culpa das espécies de dolo:</p><p>CONSCIÊNCIA VONTADE</p><p>DOLO DIRETO Prevê Quer</p><p>DOLO EVENTUAL Prevê Assume o risco – “FODA-SE”</p><p>CULPA CONSCIENTE Prevê Acredita poder evitar – “FUDEU”</p><p>CULPA INCONSCIENTE Sem previsão (mas com previsibilidade) Não quer o resultado</p><p>Crime preterdoloso</p><p>O crime preterdoloso ou preterintencional é aquele em que há dolo na conduta antecedente e culpa no</p><p>resultado consequente. Por exemplo, a lesão corporal seguida de morte.</p><p>Não cabe tentativa.</p><p>Vejamos mais detalhes dessa classificação:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 57</p><p>Excludentes de conduta</p><p>Excluem a conduta:</p><p>1</p><p>O caso fortuito (origem humana) ou força maior (origem na natureza), que são acontecimentos</p><p>imprevisíveis e inevitáveis não causados pela vontade humana.</p><p>2</p><p>A coação FÍSICA irresistível, na qual o coator usa o coagido como instrumento. Não confunda:</p><p>o Coação FÍSICA → exclui a conduta (portanto, exclui a tipicidade).</p><p>o Coação MORAL → exclui a exigibilidade de conduta diversa (portanto, exclui a culpabilidade).</p><p>3 Os estados de inconsciência (sonambulismo e hipnose).</p><p>4</p><p>Os atos ou movimentos reflexos (reações à provocação dos sentidos). Não confunda:</p><p>o Ações em curto-circuito (explosões emocionais passíveis de serem controladas).</p><p>o Atos habituais ou automáticos (realizados repetidamente, tornando-se automáticos).</p><p>Ambas as situações NÃO são capazes de excluir a conduta.</p><p>Resumindo</p><p>Resultado</p><p>Conceito</p><p>Resultado é o efeito ou a consequência da conduta do agente.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 58</p><p>Espécies</p><p>O resultado pode ser de dois tipos:</p><p>Crime sem resultado</p><p>Não há crime sem resultado jurídico (lesão a bem jurídico tutelado), pois qualquer crime viola uma lei.</p><p>Entretanto, é possível um delito sem resultado naturalístico. Assim, os crimes podem ser:</p><p>RELEMBRANDO</p><p>MATERIAIS A lei prevê um resultado e exige que ele ocorra para que o crime se consume.</p><p>FORMAIS A lei prevê um resultado, mas não exige que ele ocorra.</p><p>DE MERA CONDUTA A lei não prevê resultado.</p><p>Nexo causal</p><p>Conceito</p><p>Também chamado de nexo de causalidade ou relação de causalidade, é o vínculo entre a conduta</p><p>praticada pelo agente e o resultado naturalístico. Assim:</p><p>CONDUTA RESULTADO</p><p>NEXO CAUSAL</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 59</p><p>Teorias sobre nexo causal</p><p>No Código Penal são adotadas as seguintes teorias:</p><p>REGRA</p><p>TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES – CONDITIO SINE QUA NON</p><p>Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido (art. 13, parte</p><p>final, do CP). Para identificar a causa, a doutrina propõe o método da eliminação hipotética:</p><p>o Se, eliminando um acontecimento, o crime continua existindo, este é considerado causa.</p><p>o Se, eliminando um acontecimento, o crime desaparece, este não é considerado causa.</p><p>Critica-se essa teoria por ela, supostamente, permitir o regresso ao infinito (poder-se-ia concluir,</p><p>por exemplo, que o casamento dos pais do agente seria causa do homicídio). Entretanto, essa</p><p>crítica não merece prosperar, uma vez que não se trata de uma mera causalidade física, mas</p><p>de uma causalidade psíquica (análise de dolo ou culpa).</p><p>EXCEÇÃO</p><p>TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA</p><p>A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,</p><p>produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou (art. 13, §</p><p>1º, do CP). Assim, por essa teoria, causa é aquela que contribui de maneira eficaz para o</p><p>resultado, não bastando a contribuição de qualquer modo.</p><p>Concausas</p><p>Concausa é uma causa alheia à conduta do agente que concorre para a produção do resultado. Assim,</p><p>há uma convergência de causas, resultando na seguinte distinção:</p><p>CAUSA EFETIVA Fatores preexistentes, concomitantes ou supervenientes.</p><p>CAUSA CONCORRENTE Conduta do agente.</p><p>As concausas podem ser classificadas em:</p><p>DEPENDENTES O resultado só acontece por causa da conduta, não excluindo o nexo causal.</p><p>INDEPENDENTES</p><p>Acontecem por motivos diversos da conduta, podendo ser:</p><p>o Absolutas: totalmente desvinculadas da conduta do agente (rompem o nexo).</p><p>o Relativas: ligadas, de algum modo, à conduta do agente.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 60</p><p>Concausas absolutamente independentes</p><p>Nesse caso, o resultado ocorreria de qualquer forma:</p><p>CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES</p><p>PREEXISTENTE</p><p>1º Tício envenena Mévio.</p><p>2º Caio dá um tiro em Mévio.</p><p>3º Mévio morre no dia seguinte em razão do veneno.</p><p>o CAUSA EFETIVA → veneno.</p><p>o CAUSA CONCORRENTE → disparo.</p><p>Tício responde por homicídio doloso e Caio por homicídio tentado.</p><p>CONCOMITANTE</p><p>1º Tício envenena Mévio e, ao mesmo tempo, Caio lhe dá um tiro.</p><p>2º Mévio morre em razão do disparo.</p><p>o CAUSA EFETIVA → disparo.</p><p>o CAUSA CONCORRENTE → veneno.</p><p>Caio responde por homicídio doloso e Tício por homicídio tentado.</p><p>SUPERVENIENTE</p><p>1º Tício envenena Mévio.</p><p>2º Mévio sofre um acidente de carro e morre em razão deste.</p><p>o CAUSA EFETIVA → acidente de carro.</p><p>o CAUSA CONCORRENTE → veneno.</p><p>Tício responde por homicídio tentado.</p><p>As causas absolutamente independentes (preexistentes, concomitantes ou supervenientes) afastam o</p><p>nexo causal e o agente responde só pelos atos já praticados.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 6 1</p><p>Concausas relativamente independentes</p><p>Nesse caso, o resultado só acontece por causa da conduta, apesar de ela não ter sido a efetiva causa:</p><p>CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES</p><p>PREEXISTENTE</p><p>Mévio, portador de hemofilia, é vítima de facada executada por Caio. O ataque para matar</p><p>produz lesão leve, mas, em razão da doença preexistente, Mévio morre.</p><p>o CAUSA EFETIVA → hemofilia.</p><p>o CAUSA CONCORRENTE → facada.</p><p>Se Caio sabia da doença, responde por homicídio. Caso contrário, responde por tentativa.</p><p>CONCOMITANTE</p><p>Caio dispara contra Mévio, que, ao perceber, tem um infarto e morre.</p><p>o CAUSA EFETIVA → infarto.</p><p>o CAUSA CONCORRENTE → disparo.</p><p>Caio responde por homicídio consumado.</p><p>SUPERVENIENTE</p><p>QUE PRODUZIU O RESULTADO POR SI SÓ</p><p>Caio atira em Mévio, que é levado ao hospital, o qual pega fogo, causando a morte de Mévio.</p><p>o CAUSA EFETIVA → incêndio.</p><p>o CAUSA CONCORRENTE → disparo.</p><p>Caio responde por homicídio tentado (teoria da causalidade adequada).</p><p>QUE NÃO PRODUZIU O RESULTADO POR SI SÓ:</p><p>Caio atira em Mévio, que é socorrido, mas morre em função de erro médico.</p><p>o CAUSA EFETIVA → erro médico.</p><p>o CAUSA CONCORRENTE → disparo.</p><p>Caio responde por homicídio doloso consumado e o médico por homicídio culposo.</p><p>As causas relativamente independentes (preexistentes e concomitantes) não afastam o nexo causal. Já</p><p>causas relativamente independentes supervenientes ↴</p><p>NÃO AFASTAM O NEXO CAUSAL AFASTAM O NEXO CAUSAL</p><p>Se não produziram o resultado por si sós. Se produziram o resultado por si sós.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 62</p><p>TIPICIDADE</p><p>FORMAL</p><p>TIPICIDADE</p><p>MATERIAL</p><p>TIPICIDADE</p><p>PENAL</p><p>Resumindo</p><p>Tipicidade</p><p>Espécies</p><p>São duas as espécies de tipicidade que juntas formam a tipicidade penal:</p><p>TIPICIDADE FORMAL Subsunção do fato à normal penal.</p><p>TIPICIDADE MATERIAL Relevância da lesão ao bem jurídico tutelado.</p><p>Dessa forma:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 63</p><p>Adequação típica</p><p>A adequação típica é a prática de enquadrar a conduta ao tipo (tipicidade formal), podendo ser:</p><p>POR SUBORDINAÇÃO</p><p>IMEDIATA OU DIRETA</p><p>Ocorre quando há perfeita correlação entre conduta e tipo, sem a</p><p>necessidade de qualquer outra norma para o enquadramento típico.</p><p>POR SUBORDINAÇÃO</p><p>MEDIATA OU INDIRETA</p><p>Ocorre quando a conduta não se enquadra de forma direta ao tipo e há</p><p>necessidade de se encontrar uma norma de extensão típica na parte geral.</p><p>Existem 3 normas de extensão da tipicidade no Código Penal:</p><p>EXTENSÃO TEMPORAL</p><p>TENTATIVA</p><p>O crime é tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por</p><p>circunstâncias alheias à vontade do agente (a norma permite a aplicação da lei</p><p>penal a um momento anterior ao da consumação).</p><p>EXTENSÃO PESSOAL</p><p>PARTICIPAÇÃO NO CONCURSO DE PESSOAS</p><p>Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este</p><p>cominadas, na medida de sua culpabilidade (a norma permite a aplicação da lei</p><p>penal a pessoas diversas dos autores).</p><p>EXTENSÃO DA CONDUTA</p><p>CRIMES COMISSIVOS POR OMISSÃO (OMISSÃO IMPRÓPRIA)</p><p>A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para</p><p>evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:</p><p>o Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância</p><p>o De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado.</p><p>o Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.</p><p>A norma permite a aplicação da lei penal a uma conduta que, em tese, só</p><p>poderia ser praticada por ação. Assim, no caso de agentes com o dever e o</p><p>poder de agir,</p><p>a conduta pode ser praticada por omissão.</p><p>Conforme vimos, essas normas são classificadas como normas penais não incriminadoras integrativas.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 64</p><p>Tipo penal</p><p>É o modelo genérico e abstrato da conduta proibida ou permitida, podendo ser:</p><p>TIPO INCRIMINADOR OU LEGAL Descreve uma conduta criminosa.</p><p>TIPO PERMISSIVO OU JUSTIFICADOR Autoriza a prática de um fato típico (excludentes de ilicitude).</p><p>Elementos do tipo penal</p><p>O tipo penal possui os seguintes elementos:</p><p>Classificações do tipo penal</p><p>O tipo penal pode ser:</p><p>NORMAL OU</p><p>ANORMAL</p><p>o TIPO NORMAL → possui núcleo + elementos descritivos.</p><p>o TIPO ANORMAL → possui núcleo + elementos descritivos, normativos e/ou subjetivos.</p><p>FECHADO</p><p>OU ABERTO</p><p>o TIPO FECHADO → possui a descrição completa da conduta.</p><p>o TIPO ABERTO → possui elementos normativos que dependem de valoração.</p><p>SIMPLES OU</p><p>MISTO</p><p>o TIPO SIMPLES → possui um único núcleo.</p><p>o TIPO MISTO → possui dois ou mais núcleos, podendo ser:</p><p>✓ ALTERNATIVO – se o agente praticar dois ou mais núcleos contra o mesmo</p><p>objeto, ele pratica um único crime.</p><p>✓ CUMULATIVO – se o agente praticar dois ou mais núcleos, ele responde por</p><p>tantos crimes quanto forem os núcleos praticados.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 65</p><p>FATOS JURÍDICOS</p><p>NATURAIS Produzidos pela natureza</p><p>HUMANOS</p><p>ATOS LÍCITOS</p><p>ATOS ILÍCITOS</p><p>PENAIS</p><p>EXTRAPENAIS</p><p>Il ic itude</p><p>Conceito</p><p>É a contrariedade entre fato típico praticado e o ordenamento jurídico. Assim é necessário que o fato</p><p>seja típico, para então questionar a ilicitude. Em tese, todo fato típico é presumidamente ilícito, SALVO se</p><p>estiverem presentes excludentes de ilicitude (casos em que se exclui SOMENTE a ilicitude e não a tipicidade).</p><p>Terminologia</p><p>Muitos autores utilizam o termo “antijuridicidade” como sinônimo de “ilicitude”. Entretanto, o professor</p><p>Cleber Masson critica essa equiparação, afirmando se tratar, na verdade, de um erro técnico. Isso porque fato</p><p>jurídico é todo acontecimento que produz efeitos jurídicos, podendo ser:</p><p>Isso significa que o crime é um fato jurídico, por mais que seja ilícito.</p><p>Causas excludentes da i l icitude</p><p>Terminologias</p><p>As causas excludentes de ilicitude também podem ser chamadas de causas de justificação, justificativas,</p><p>tipos penais permissivos, descriminantes ou eximentes. Entretanto, cuidado para não confundir:</p><p>EXIMENTES DIRIMENTES</p><p>Referem-se às excludentes de ILICITUDE. Referem-se às excludentes de CULPABILIDADE.</p><p>Divisão</p><p>As excludentes de ilicitude podem ser:</p><p>GENÉRICAS</p><p>Previstas na parte geral do CP e aplicáveis aos crimes em geral (estado de necessidade, legítima</p><p>defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito).</p><p>ESPECÍFICAS</p><p>Previstas na parte especial do CP e na legislação extravagante e aplicáveis a crimes específicos</p><p>(ex.: hipóteses de aborto permitido e abate de animal protegido para saciar a fome).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 66</p><p>Elementos</p><p>As excludentes de ilicitude possuem elementos:</p><p>OBJETIVOS São os elementos previstos em lei.</p><p>SUBJETIVOS Dizem respeito ao conhecimento da situação justificante pelo agente.</p><p>No Brasil, prevalece que ambos os elementos devem estar presentes.</p><p>Estado de necessidade</p><p>Conceito</p><p>Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que NÃO</p><p>provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas</p><p>circunstâncias, não era razoável exigir-se (art. 24, caput, do CP).</p><p>Teorias</p><p>Em relação ao estado de necessidade, há as seguintes teorias:</p><p>TEORIA</p><p>UNITÁRIA</p><p>ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL.</p><p>O estado de necessidade sempre exclui a ilicitude, desde que o bem jurídico preservado</p><p>tenha valor igual ou superior ao bem sacrificado.</p><p>TEORIA</p><p>DIFERENCIADORA</p><p>ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL. MILITAR</p><p>O estado de necessidade é justificante ou exculpante quando, respectivamente, exclui:</p><p>o A ILICITUDE → se o bem preservado tiver valor igual ou superior ao bem sacrificado.</p><p>o A CULPABILIDADE → se o bem preservado tiver valor inferior ao bem sacrificado.</p><p>Elementos</p><p>O estado de necessidade possui os seguintes elementos:</p><p>ESTADO DE</p><p>NECESSIDADE</p><p>SITUAÇÃO DE</p><p>NECESSIDADE</p><p>FATO</p><p>NECESSITADO</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 67</p><p>Destrinchando:</p><p>SITUAÇÃO DE</p><p>NECESSIDADE</p><p>Elementos:</p><p>o Perigo atual (parte da doutrina defende que o perigo pode ser iminente, uma</p><p>vez que este pode se transformar rapidamente em atual).</p><p>o Perigo não provocado voluntariamente (mediante dolo ou culpa) pelo agente.</p><p>o Ameaça a direito próprio ou alheio.</p><p>o Ausência de dever legal de enfrentar o perigo.</p><p>FATO NECESSITADO</p><p>Elementos:</p><p>o Inevitabilidade (não há outro modo de evitar o perigo).</p><p>o Proporcionalidade.</p><p>Espécies</p><p>O estado de necessidade pode ser:</p><p>QUANTO À</p><p>TITULARIDADE</p><p>o PRÓPRIO → protege direito próprio.</p><p>o DE TERCEIRO → protege direito alheio.</p><p>QUANTO À</p><p>SUBJETIVIDADE</p><p>o REAL → situação real de perigo.</p><p>o PUTATIVO → perigo imaginário.</p><p>QUANTO À ORIGEM</p><p>DO PERIGO</p><p>o AGRESSIVO → agressão a bem jurídico alheio à situação – ex.: pular o muro</p><p>de uma casa para fugir de cachorro.</p><p>o DEFENSIVO → agressão a bem jurídico pertencente ao causador do perigo</p><p>– ex.: quebrar o vidro do carro do dono do animal para fugir do ataque.</p><p>Estado de necessidade recíproco</p><p>Ocorre quando duas pessoas agem, uma contra a outra, em estado de necessidade.</p><p>Comunicabilidade do estado de necessidade</p><p>O estado de necessidade se comunica a todos os praticantes do fato necessitado.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 68</p><p>Resumindo</p><p>Legítima defesa</p><p>Conceito</p><p>Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta</p><p>agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem (art. 25, caput, do CP).</p><p>Requisitos</p><p>SITUAÇÃO</p><p>JUSTIFICANTE</p><p>Agressão humana injusta (contrária ao direito = ilícita).</p><p>Agressão humana atual (está ocorrendo) ou iminente (está em vias de ocorrer).</p><p>Agressão a direito próprio (legítima defesa própria) ou alheio (legítima defesa de terceiro).</p><p>AÇÃO</p><p>JUSTIFICADA</p><p>Reação com os meios necessários.</p><p>Uso moderado dos meios necessários.</p><p>Observados os requisitos, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que</p><p>repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 69</p><p>Espécies</p><p>QUANTO À</p><p>TITULARIDADE</p><p>o PRÓPRIA → protege direito próprio.</p><p>o DE TERCEIRO → protege direito alheio.</p><p>QUANTO À</p><p>SUBJETIVIDADE</p><p>o REAL → situação real de legítima defesa.</p><p>o PUTATIVA → legítima defesa imaginária.</p><p>o EXCESSIVA OU SUBJETIVA → o agente, por erro escusável, excede os</p><p>limites da legítima defesa (nesse caso, ele não responde pelo excesso).</p><p>QUANTO À ORIGEM</p><p>DO PERIGO</p><p>o AGRESSIVA OU ATIVA → o agente se defende praticando um fato</p><p>previsto como infração penal (ex.: lesão corporal).</p><p>o DEFENSIVA OU PASSIVA → o agente apenas se defende da injusta</p><p>agressão, sem praticar nenhum fato típico.</p><p>Outras espécies</p><p>A legítima defesa também pode ser:</p><p>SUCESSIVA É a reação ao excesso da vítima em legítima defesa.</p><p>ESPECÍFICA</p><p>Introduzida pelo Pacote Anticrime, essa espécie de legítima defesa é aplicável ao</p><p>agente de segurança pública, que repele agressão ou risco de agressão a vítima</p><p>mantida refém durante a prática de crimes (presentes os demais requisitos).</p><p>O professor Cleber Masson considera esse dispositivo desnecessário, uma vez que,</p><p>presentes os requisitos da legítima defesa, esta já estaria caracterizada,</p><p>independentemente de se tratar de agente de segurança pública.</p><p>Aberratio ictus</p><p>O aberratio ictus, conforme veremos mais adiante, é uma espécie de erro acidental, no qual o agente,</p><p>tentando atingir uma pessoa, atinge pessoa diversa. Se esse agente estiver em legítima defesa, esta estará</p><p>caracterizada</p><p>mesmo diante do erro na execução.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 70</p><p>Não confunda</p><p>Por fim, não se pode confundir legítima defesa com estado de necessidade:</p><p>LEGÍTIMA DEFESA ESTADO DE NECESSIDADE</p><p>Repulsa contra uma agressão injusta. Conflito entre bens jurídicos.</p><p>O bem jurídico sofre uma agressão. O bem jurídico é exposto a perigo.</p><p>A agressão é humana.</p><p>O perigo pode decorrer de ato humano (que não</p><p>seja agressão injusta), força da natureza ou</p><p>ataque de animais.</p><p>O comportamento é dirigido contra o agressor.</p><p>O comportamento pode ser dirigido contra</p><p>terceiro inocente.</p><p>No que tange ao ataque de animais, vale a pena a seguinte ressalva:</p><p>ATAQUE PROVOCADO PELO DONO ATAQUE NÃO PROVOCADO</p><p>Configura agressão injusta (legítima defesa). Configura perigo atual (estado de necessidade).</p><p>Resumindo</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 71</p><p>Estrito cumprimento de dever legal</p><p>Previsão</p><p>O estrito cumprimento de dever legal está previsto no art. 23, III, primeira parte, do CP e,</p><p>diferentemente do estado de necessidade e da legítima defesa, o Código Penal não conceituou o instituto.</p><p>Assim, a doutrina conceitua o instituto como uma causa de exclusão de ilicitude consistente na prática</p><p>de um fato típico em cumprimento de dever legal.</p><p>Dever legal</p><p>O dever legal é aquele imposto direta ou indiretamente pela lei. Assim, essa excludente abrange não só</p><p>a lei em sentido estrito, mas também atos administrativos e decisões judiciais.</p><p>IMPORTANTE</p><p>A excludente NÃO se aplica em caso de estrito cumprimento de dever moral/religioso.</p><p>Destinatários</p><p>Quanto aos destinatários da excludente, há a seguinte divergência:</p><p>1ª CORRENTE</p><p>Defendida por Mirabete → Essa descriminante é exclusiva de agentes públicos, abrangendo</p><p>o particular somente quando no exercício da função pública.</p><p>o Ex.: policiais efetuando prisões e mesário (particular no exercício da função pública).</p><p>2ª CORRENTE</p><p>Defendida por Flávio Monteiro de Barros (corrente majoritária) → O particular também</p><p>pode invocar essa descriminante quando estiver sob a imposição de um dever legal.</p><p>o Ex.: advogado que se recusa a depor em juízo em virtude do sigilo profissional e</p><p>dever de guarda, vigilância e educação dos filhos.</p><p>Incompatibilidade com crimes culposos</p><p>Nenhuma lei pode impor o dever de imprudência, negligência ou imperícia, razão pela qual o estrito</p><p>cumprimento de dever legal é INCOMPATÍVEL com os crimes culposos.</p><p>Comunicabilidade da excludente</p><p>O estrito cumprimento de dever legal de um dos agentes comunica-se aos demais.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 72</p><p>1</p><p>• Lesões em atividades esportivas</p><p>• No esporte, pode haver a prática de lesões corporais (fato típico), mas o esporte é</p><p>regulamentado e incentivado pelo Estado, de modo que, se o atleta observar as regras e limites</p><p>deste, será acobertado pela excludente.</p><p>2</p><p>• Intervenções médicas ou cirúrgicas</p><p>• As intervenções médicas também podem acarretar lesões corporais (fato típico). Entretanto, a</p><p>medicina é atividade essencial para a sociedade, sendo o médico acobertado pela excludente.</p><p>3</p><p>• Ofendículas (também chamadas de ofendículos ou ofensáculas).</p><p>• Trata-se de meio de defesa da propriedade ou de outros bens jurídicos, servindo como</p><p>advertência (portanto, deve estar visível). Ex.: cerca elétrica e arame farpado. Há quem defenda</p><p>se tratar de legítima defesa preordenada.</p><p>Exercício regular de direito</p><p>Previsão</p><p>O exercício regular de direito está previsto no art. 23, III, segunda parte, do CP e, diferentemente do</p><p>estado de necessidade e da legítima defesa, o Código Penal não conceituou o instituto.</p><p>Assim, a doutrina conceitua o instituto como uma causa de exclusão de ilicitude consistente na prática</p><p>de um fato típico no desempenho de um direito que lhe é assegurado pelo ordenamento jurídico.</p><p>Limites</p><p>O exercício regular de direito não se confunde com o abuso de direito, devendo ser regular (limitado).</p><p>Assim, ultrapassados os limites, o agente RESPONDE pelo crime praticado.</p><p>Exemplos</p><p>Não confunda</p><p>Por fim, não se pode confundir exercício regular de direito com estrito cumprimento de dever legal:</p><p>EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL</p><p>É facultativo. É compulsório.</p><p>Decorre de lei, regulamento ou costume (para parte</p><p>da doutrina).</p><p>Decorre de lei, direta ou indiretamente.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 73</p><p>Excesso</p><p>Conceito</p><p>Excesso é a intensificação desnecessária de uma conduta inicialmente justificada.</p><p>Fundamento</p><p>As justificantes, apesar de amplamente admitidas, devem ser utilizadas dentro dos limites da legislação e</p><p>da proteção dos bens jurídicos (observando-se a reação moderada e o uso dos meios necessários).</p><p>Espécies</p><p>O excesso pode ser:</p><p>PUNÍVEL</p><p>O agente responde por excesso doloso (consciente) ou culposo (inconsciente)</p><p>nas excludentes de ilicitude.</p><p>IMPUNÍVEL</p><p>O agente não responde pelo excesso, por ausência de culpabilidade, se ele for:</p><p>o ACIDENTAL → quando a intensificação desnecessária se dá em virtude</p><p>de caso fortuito ou força maior.</p><p>o EXCULPANTE → quando a intensificação desnecessária se dá em</p><p>virtude de perturbação de ânimo, medo ou susto.</p><p>Caracterização</p><p>O excesso, em cada uma das excludentes, é caracterizado da seguinte forma:</p><p>ESTADO DE NECESSIDADE</p><p>Caracteriza-se quando o agente utiliza meios dispensáveis e</p><p>sacrifica bem jurídico alheio.</p><p>LEGITIMA DEFESA</p><p>Caracteriza-se quando:</p><p>o O agente usa meios desnecessários.</p><p>o O agente usa imoderadamente o meio necessário.</p><p>o O agente usa imoderadamente meios desnecessários.</p><p>ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL Caracteriza-se quando o agente não observa os limites legais.</p><p>EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO Caracteriza-se pelo exercício abusivo do direito consagrado.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 74</p><p>Causa supralegal de exclusão de i l ic itude</p><p>Conceito</p><p>Trata-se de causa de exclusão de ilicitude não prevista em lei.</p><p>Hipótese</p><p>É causa supralegal de exclusão de ilicitude o consentimento do ofendido:</p><p>Consentimento posterior</p><p>Se o consentimento for posterior NÃO há exclusão de ilicitude, mas pode refletir na punibilidade (renúncia</p><p>ou perdão no caso de ação privada, por exemplo).</p><p>Culpabi l idade</p><p>Conceito</p><p>Culpabilidade é o juízo de reprovabilidade que recai sobre a formação e a manifestação de vontade do</p><p>agente que pratica fato típico e ilícito. Por meio dela, decide-se se o agente deverá (ou não) cumprir pena.</p><p>RELEMBRANDO</p><p>No sistema finalista, adotado no Brasil, adota-se a teoria normativa pura em relação à culpabilidade, não se</p><p>analisando aspectos subjetivos (dolo e culpa), apenas aspectos objetivos:</p><p>o Imputabilidade.</p><p>o Potencial consciência da ilicitude. MACETE = IPÊ</p><p>o Exigibilidade de conduta diversa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 75</p><p>1</p><p>• ELEMENTO INTELECTIVO</p><p>• É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato.</p><p>2</p><p>• ELEMENTO VOLITIVO</p><p>• É a capacidade de autodeterminação (determinar-se conforme aquele entendimento).</p><p>BIOLÓGICO É inimputável quem possui determinadas condições biológicas (ex.: menor de 18 anos).</p><p>PSICOLÓGICO É inimputável quem possui alguma alteração comportamental no momento da conduta.</p><p>BIOPSICOLÓGICO É a fusão dos dois critérios (biológico + psicológico).</p><p>Imputabi l idade</p><p>Conceito</p><p>É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de se autodeterminar conforme esse</p><p>entendimento. Em outras palavras, é a capacidade “de entender e de querer”.</p><p>Elementos</p><p>Em regra, a imputabilidade possui 2 elementos:</p><p>No Brasil, há, ainda, o critério cronológico, que determina a presunção de inimputabilidade aos menores</p><p>de 18 anos. Assim, a imputabilidade inicia-se a partir dos 18 anos.</p><p>Momento para a aferição</p><p>A imputabilidade penal deve ser aferida no momento da conduta (ação ou omissão).</p><p>Inimputabilidade</p><p>Existem 3 critérios para a delimitação</p><p>das causas de inimputabilidade.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 76</p><p>No Brasil, são adotados os seguintes critérios:</p><p>REGRA</p><p>SISTEMA BIOPSICOLÓGICO</p><p>São causas de inimputabilidade:</p><p>o Doença mental.</p><p>o Desenvolvimento mental incompleto.</p><p>o Desenvolvimento mental retardado.</p><p>EXCEÇÕES</p><p>SISTEMA BIOLÓGICO</p><p>o Menor de 18 anos.</p><p>SISTEMA PSICOLÓGICO</p><p>o Embriaguez completa fortuita ou acidental.</p><p>Menoridade</p><p>Os menores de 18 anos possuem presunção absoluta de INIMPUTABILIDADE, enquanto os maiores de</p><p>18 anos possuem presunção relativa de IMPUTABILIDADE. Nesse sentido:</p><p>SÚMULA 74 DO STJ</p><p>Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil (RG,</p><p>certidão de nascimento ou outro documento equivalente)..</p><p>Especificidades:</p><p>EMANCIPAÇÃO A emancipação civil NÃO produz efeitos no Direito Penal.</p><p>SUPERVENIÊNCIA DE</p><p>MAIORIDADE</p><p>Em caso de crime permanente e eventual superveniência de maioridade</p><p>durante a permanência, o agente será considerado IMPUTÁVEL, uma</p><p>vez que também praticou a conduta como tal.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 77</p><p>Doença mental</p><p>A expressão doença mental, possui sentido amplo, abrangendo a enfermidade:</p><p>BIOLÓGICA OU</p><p>TOXICOLÓGICA</p><p>o BIOLÓGICA → decorrente da formação biológica do indivíduo.</p><p>o TOXICOLÓGICA → decorrente do uso de álcool e drogas.</p><p>CONGÊNITA OU</p><p>ADQUIRIDA</p><p>o CONGÊNITA → nasce com o indivíduo.</p><p>o ADQUIRIDA → o indivíduo a adquire ao longo da vida.</p><p>PERMANENTE OU</p><p>TRANSITÓRIA</p><p>o PERMANENTE → está sempre presente.</p><p>o TRANSITÓRIA → está presente por período passageiro (ex.: delírios febris).</p><p>Se o agente comete o delito em momentos de lucidez, ele deve ser tratado como IMPUTÁVEL.</p><p>Desenvolvimento mental incompleto ou retardado</p><p>Entende-se por desenvolvimento mental:</p><p>INCOMPLETO</p><p>Ausência de maturidade psicológica para compreender a vida em sociedade.</p><p>o Ex.: a doutrina traz o exemplo dos indígenas, a depender do grau de</p><p>adaptação à vida em sociedade (nem todo indígena é inimputável).</p><p>RETARDADO</p><p>Prejuízos ao coeficiente intelectual do indivíduo.</p><p>o Ex.: a doutrina traz o exemplo do surdo-mudo, também a depender do grau</p><p>de adaptação à vida em sociedade (ou compreensão da vida em sociedade).</p><p>Efeitos da inimputabilidade</p><p>A inimputabilidade pode gerar absolvição:</p><p>PRÓPRIA É a absolvição propriamente dita, sem aplicação de nenhuma sanção penal.</p><p>IMPRÓPRIA Há processo e julgamento, mas a sanção é de medida de segurança (e não pena).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 78</p><p>1º</p><p>• Diminuição da pena de 1/3 a 2/3.</p><p>2º</p><p>• Análise da possibilidade de substituição da pena diminuída por medida de segurança.</p><p>Semi-imputabilidade</p><p>É a redução (e não eliminação total) da capacidade de entendimento e de autodeterminação do agente</p><p>– o critério adotado é o biopsicológico. Trata-se de causa de diminuição da pena (e não de inimputabilidade).</p><p>Caso seja condenado, deverão ser observadas as seguintes etapas:</p><p>Importante mencionar que o Código Penal adotou o sistema vicariante (substitutivo) ou unitário, de modo</p><p>que o agente só pode cumprir uma das sanções (pena ou medida de segurança) NÃO sendo possível a cumulação.</p><p>Emoção e paixão</p><p>De acordo com o Código Penal, a emoção (aspecto psicológico de natureza transitória – ex.: medo) e a</p><p>paixão (aspecto psicológico de natureza duradoura – ex.: ciúme) NÃO excluem a imputabilidade penal.</p><p>Embriaguez</p><p>Trata-se da intoxicação do organismo por álcool ou outra substância de efeitos análogos.</p><p>FASES DA EMBRIAGUEZ</p><p>FASE EUFÓRICA</p><p>Marcada pela desinibição.</p><p>o É possível a prática de crimes comissivos ou omissivos.</p><p>EMBRIAGUEZ</p><p>PARCIAL.</p><p>FASE AGITADA</p><p>Marcada por atitudes mais agressivas.</p><p>o É possível a prática de crimes comissivos ou omissivos. EMBRIAGUEZ</p><p>TOTAL</p><p>FASE DO COMA</p><p>Marcada pelo sono progressivo.</p><p>o É possível a prática de crimes omissivos (próprios ou impróprios).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 79</p><p>Além disso, a embriaguez pode ser:</p><p>VOLUNTÁRIA O agente quer se embriagar.</p><p>NÃO excluem a imputabilidade penal.</p><p>CULPOSA O agente não quer se embriagar.</p><p>PREORDENADA</p><p>O agente quer se embriagar para cometer um crime.</p><p>o NÃO exclui a imputabilidade, além de configurar agravante genérica.</p><p>FORTUITA OU ACIDENTAL</p><p>Emana de caso fortuito ou força maior, podendo ser:</p><p>o TOTAL → EXCLUI a imputabilidade.</p><p>o PARCIAL → NÃO exclui a imputabilidade, mas é causa de redução de</p><p>pena (de 1/3 a 2/3).</p><p>No tocante à embriaguez crônica ou patológica, esta é equiparada a doença mental (art. 26, caput, do</p><p>CP), excluindo a imputabilidade penal por essa via.</p><p>Potencial consciência da i lic itude</p><p>Existem 3 critérios para se identificar a potencial consciência da ilicitude:</p><p>CRITÉRIO FORMAL Para ter consciência da ilicitude o agente deve conhecer a norma penal.</p><p>CRITÉRIO MATERIAL</p><p>Para ter consciência da ilicitude o agente deve conhecer o caráter imoral,</p><p>antissocial ou injusto de sua conduta.</p><p>CRITÉRIO</p><p>INTERMEDIÁRIO</p><p>Para identificar a potencial consciência da ilicitude, é necessário analisar se o</p><p>agente, no caso concreto, tinha condições de saber que sua conduta era ilícita.</p><p>o Adotado pela doutrina brasileira.</p><p>No bojo do critério intermediário, surge a teoria da “valoração paralela na esfera do profano”, que</p><p>consiste na avaliação paralela (ao conhecimento jurídico) realizada pelo ser humano leigo/comum (profano). Por</p><p>meio dessa teoria, busca-se compreender se o ser humano comum, considerando sua vivência e sua cultura,</p><p>teria condições (= mera possibilidade) de, no caso concreto, conhecer o caráter ilícito de sua conduta.</p><p>É causa de exclusão da potencial consciência da ilicitude o erro de proibição inevitável ou escusável (que</p><p>será estudado com detalhes na teoria do erro).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 80</p><p>ATENÇÃO</p><p>A falta de consciência da ilicitude NÃO SE CONFUNDE com o desconhecimento da lei, que é inescusável.</p><p>Enquanto a primeira constitui a insciência de que o agir é proibido, a segunda significa, tão somente, a falta</p><p>de compreensão do texto legal.</p><p>Exigibi l idade de conduta diversa</p><p>Conteúdo</p><p>De acordo com o critério da exigibilidade de conduta diversa, só é culpável aquele que pratica fato típico</p><p>e ilícito em situação de normalidade (na qual é exigível conduta diversa). Assim, excluem esse elemento:</p><p>1 A coação moral irresistível.</p><p>2 A obediência hierárquica.</p><p>Coação moral irresistível</p><p>A coação moral irresistível ocorre quando o autor do crime é coagido moralmente a praticá-lo.</p><p>RELEMBRANDO</p><p>Vale recapitular a seguinte distinção:</p><p>o Coação FÍSICA → exclui a conduta (portanto, exclui a tipicidade).</p><p>o Coação MORAL → exclui a exigibilidade de conduta diversa (portanto, exclui a culpabilidade).</p><p>A coação moral irresistível possui os seguintes requisitos:</p><p>1 Promessa, pelo coator, de mal grave, iminente e verossímil.</p><p>2 Inevitabilidade do mal por outro modo.</p><p>3 Irresistibilidade da ameaça (se for resistível, o coator e o coagido respondem em concurso de pessoas).</p><p>4</p><p>Envolvimento mínimo de 3 pessoas (coator, coagido e vítima do crime).</p><p>o OBS.: é possível o envolvimento de apenas duas pessoas, na hipótese em que o coagido e a</p><p>vítima são a mesma pessoa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 8 1</p><p>Importante mencionar que o simples temor reverencial NÃO exclui a culpabilidade.</p><p>TEMOR REVERENCIAL</p><p>É o receio de desagradar pessoa pela qual se nutre um profundo respeito.</p><p>Obediência hierárquica</p><p>A obediência hierárquica ocorre quando um funcionário público subalterno pratica o crime em cumprimento</p><p>de uma ordem não manifestamente ilegal emitida por seu superior hierárquico. Assim, os requisitos são:</p><p>1 Ordem NÃO manifestamente ilegal (caso contrário, ambos respondem em concurso de pessoas).</p><p>2 Ordem emanada de autoridade competente.</p><p>3 Relação de Direito Público.</p><p>4 Envolvimento mínimo de 3 pessoas</p><p>2</p><p>Tempo e lugar do crime ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 29</p><p>Lei penal no tempo ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................31</p><p>Lei penal no espaço ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 39</p><p>Contagem dos prazos .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 42</p><p>TEORIA GERAL DO CRIME..................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 43</p><p>Disposições gerais .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 43</p><p>Tipicidade ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 51</p><p>Ilicitude .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 65</p><p>Culpabilidade .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 74</p><p>Teoria do erro................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 82</p><p>Sujeitos do crime .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................89</p><p>Classificação dos crimes ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................90</p><p>Iter criminis ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 93</p><p>CONCURSO DE PESSOAS..................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 100</p><p>Conceito ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 100</p><p>Requisitos ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 100</p><p>Autoria ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................103</p><p>Participação ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 105</p><p>Cooperação dolosamente distinta ...................................................................................................................................................................................................................................................................107</p><p>Executor reserva................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................107</p><p>Comunicabilidade e incomunicabilidade .....................................................................................................................................................................................................................................................107</p><p>Resumindo... ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 108</p><p>CONCURSO DE CRIMES ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 109</p><p>Conceito ....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................</p><p>(o superior hierárquico, o funcionário subalterno e a vítima do crime).</p><p>5 Cumprimento estrito da ordem.</p><p>Efeito</p><p>Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente</p><p>ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 82</p><p>Teoria do erro</p><p>Visão geral</p><p>Por questões didáticas, adotaremos a metodologia do professor Cristiano Rodrigues no estudo da teoria</p><p>do erro, que consiste em unir todas as espécies de erro em um único tópico de estudo.</p><p>Assim, a partir de agora, estudaremos as seguintes espécies de erro:</p><p>Erros essenciais</p><p>Introdução</p><p>Conforme descrito no mapa, os erros essenciais relacionam-se aos elementos essenciais do crime:</p><p>T Tipicidade → erro de tipo incriminador.</p><p>I Ilicitude → erro de tipo permissivo.</p><p>C Culpabilidade → erro de proibição.</p><p>É importante destacar que o erro de tipo (incriminador ou permissivo) recai sobre dados da realidade,</p><p>enquanto o erro de proibição recai sobre a noção acerca do caráter ilícito do fato praticado.</p><p>IMPORTANTE</p><p>O erro, aqui, abrange tanto a falsa percepção (erro propriamente dito) quanto o total desconhecimento</p><p>(ignorância) do agente sobre um ou mais elementos do tipo.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 83</p><p>Evitabilidade ou inevitabilidade</p><p>O erro (de tipo ou de proibição) pode ser evitável ou inevitável. Vejamos:</p><p>ERRO DE</p><p>TIPO</p><p>CRITÉRIO OBJETIVO DE AFERIÇÃO DA (IN)EVITABILIDADE – HOMEM MÉDIO</p><p>o ERRO ESCUSÁVEL, INEVITÁVEL OU INVENCÍVEL → o homem médio, no lugar do</p><p>agente, também erraria. Nesse caso, exclui-se dolo e culpa.</p><p>o ERRO INESCUSÁVEL, EVITÁVEL OU VENCÍVEL → o homem médio, no lugar do agente,</p><p>não erraria. Nesse caso, exclui-se o dolo e pune-se a culpa (se houver previsão).</p><p>ERRO DE</p><p>PROIBIÇÃO</p><p>CRITÉRIO SUBJETIVO DE AFERIÇÃO DA (IN)EVITABILIDADE – PERFIL DO AGENTE</p><p>o ERRO ESCUSÁVEL, INEVITÁVEL OU INVENCÍVEL → o agente, diante de suas</p><p>peculiaridades (vivência e cultura), não tinha condições de saber que a conduta era</p><p>criminosa. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade, isentando o agente de pena.</p><p>o ERRO INESCUSÁVEL, EVITÁVEL OU VENCÍVEL → o agente, diante de suas</p><p>peculiaridades (vivência e cultura), tinha condições de saber que a conduta era criminosa.</p><p>Nesse caso, não se exclui a culpabilidade, mas a pena será diminuída de 1/6 a 1/3.</p><p>Delito putativo por erro (de tipo ou de proibição)</p><p>O delito putativo por erro de:</p><p>TIPO Ocorre quando o agente pratica um fato que ele acredita ser crime, mas não é.</p><p>PROIBIÇÃO Ocorre quando o agente pratica um fato que acredita ser proibido, mas não é.</p><p>Perceba que são institutos opostos ao erro de tipo ou de proibição, uma vez que, nesses casos, o</p><p>agente sequer comete crime (o delito é imaginário, só existe na cabeça do agente).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 84</p><p>Erro de tipo incriminador</p><p>O erro de tipo incriminador relaciona-se à tipicidade e ocorre quando o agente comete o crime em erro</p><p>sobre os fatos que está realizando. Ele pensa que está fazendo uma coisa, mas não está. Ex.: o agente acha</p><p>que está se relacionando com pessoa maior de 18 anos, mas na verdade está cometendo estupro de vulnerável.</p><p>CONSEQUÊNCIAS</p><p>ERRO INEVITÁVEL</p><p>Exclui dolo e culpa, tornando o fato atípico. Entretanto, a atipicidade pode ser:</p><p>o Absoluta → conduz à ausência de ilícito penal.</p><p>o Relativa → conduz à desclassificação para outro crime.</p><p>ERRO EVITÁVEL Afasta o dolo, punindo a conduta culposa, se houver previsão.</p><p>Erro de tipo permissivo</p><p>O erro de tipo permissivo relaciona-se à ilicitude, incidindo sobre as causas excludentes de ilicitude. Essa</p><p>espécie de erro ocorre quando o agente acredita estar em situação fática que enseje alguma excludente de</p><p>ilicitude, mas não está. São as descriminantes putativas (ex.: legítima defesa putativa).</p><p>CONSEQUÊNCIAS</p><p>ERRO INEVITÁVEL Afasta dolo e culpa, tornando o fato atípico.</p><p>ERRO EVITÁVEL</p><p>Afasta o dolo, punindo a conduta culposa (aqui, a culpa é imprópria, uma vez que o</p><p>agente tem a intenção de causar o resultado).</p><p>Parcela minoritária da doutrina critica o entendimento de que a descriminante putativa por erro sobre</p><p>os pressupostos fáticos de uma excludente configuraria erro de tipo (permissivo). Para essa parcela, o agente,</p><p>na descriminante putativa, atua com dolo, não havendo que se falar em exclusão da tipicidade. Assim, sustenta-</p><p>se a ideia de que se trata de erro de proibição sui generis. Luiz Flávio Gomes era partidário desse entendimento.</p><p>Erro determinado por terceiro</p><p>Se o erro de tipo (incriminador ou permissivo) não for espontâneo, ou seja, se for provocado por terceiro,</p><p>quem responde pelo crime é o terceiro que determinou o erro. Isso porque o sujeito enganado realiza o tipo</p><p>objetivo, enquanto o enganador realiza o tipo subjetivo, provocando dolosamente a conduta criminosa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 85</p><p>Erro de proibição</p><p>O erro de proibição relaciona-se à culpabilidade e ocorre quando o agente não sabe que o ato é proibido,</p><p>isto é, ele acha que pode praticar determinada conduta. Ex.: estrangeiro vem para o Brasil e acha que pode</p><p>vender maconha, uma vez que a conduta é lícita em seu país de origem.</p><p>CONSEQUÊNCIAS</p><p>ERRO INEVITÁVEL Afasta a culpabilidade, isentando o agente de pena.</p><p>ERRO EVITÁVEL Não afasta a culpabilidade, mas diminui a pena de 1/6 a 1/3.</p><p>A doutrina aponta, ainda, o erro de proibição indireto que ocorre em caso de discriminante putativa</p><p>causada não por erro quanto aos pressupostos fáticos (como no erro de tipo permissivo), mas por erro quanto</p><p>à existência (ex.: o agente acredita haver legítima defesa da honra em caso de adultério) ou quanto aos limites</p><p>(ex.: o agente mata uma pessoa para a legítima defesa do patrimônio) da situação justificante.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 86</p><p>Erros acidentais</p><p>Introdução</p><p>Os erros acidentais recaem sobre os elementos secundários do tipo. Assim, o erro acidental trata dos</p><p>dados acessórios ao tipo objetivo não alterando, entretanto, sua existência. São eles:</p><p>ERRO SOBRE O OBJETO MATERIAL</p><p>o Erro sobre a pessoa.</p><p>o Erro sobre a coisa.</p><p>ERRO NA EXECUÇÃO</p><p>o Aberratio ictus.</p><p>o Aberratio criminis.</p><p>Chamados pela doutrina</p><p>de crimes aberrantes.</p><p>ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL o Aberratio causae.</p><p>Erro sobre o objeto material</p><p>ERRO SOBRE A PESSOA</p><p>Aqui, o agente se confunde quanto à identidade da vítima.</p><p>Ex.: o agente atira em quem ele acredita ser seu desafeto, mas, na</p><p>verdade, é seu irmão gêmeo.</p><p>ERRO SOBRE A COISA</p><p>Aqui, o objeto material é uma coisa e não uma pessoa.</p><p>Ex.: o agente entra em uma loja para furtar produtos importados,</p><p>mas, na verdade, furta produtos nacionais.</p><p>ATENÇÃ0! Só há erro acidental sobre o objeto se a confusão não</p><p>interfere na essência do crime (no exemplo dado, o furto continua</p><p>sendo furto). Caso contrário, estará configurado o erro de tipo</p><p>essencial (ex.: o agente guarda cocaína pensando ser farinha).</p><p>Em ambos os casos, o agente responde como se tivesse atingido a vítima ou o objeto pretendidos (teoria</p><p>da equivalência dos bens jurídicos).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 87</p><p>Erro na execução</p><p>ABERRATIO ICTUS</p><p>Aqui, o agente, por erro na execução, atinge pessoa diversa.</p><p>Ex.: o agente erra a mira e acerta pessoa que está ao lado da vítima pretendida.</p><p>ABERRATIO CRIMINIS</p><p>Aqui, o agente, por erro na execução, atinge bem jurídico diverso do pretendido</p><p>(em vez de se atingir a coisa, atinge-se a pessoa).</p><p>Ex.: o agente tenta atingir uma vidraça, mas atinge uma pessoa. Nesse caso,</p><p>ignora-se a tentativa de dano ao patrimônio e pune-se a lesão corporal ou morte.</p><p>Tanto, no aberratio ictus, quanto no aberratio criminis, se o agente gera 2 resultados, ele responde pelo</p><p>concurso de crimes formal perfeito.</p><p>Não confunda:</p><p>ERRO SOBRE A PESSOA ABERRATIO ICTUS</p><p>Erro de valoração a respeito da identidade da vítima Erro na realização da conduta</p><p>Macete → erro do irmão gêmeo Macete → erro da bala perdida</p><p>Ambos são erros quanto à vítima pretendida</p><p>O agente responde como se tivesse atingido o resultado pretendido</p><p>Erro sobre o nexo causal</p><p>O erro sobre o nexo causal ocorre quando o agente pretende atingir determinado resultado, mediante</p><p>dada relação de causalidade, mas obtém o resultado mediante outra relação de causalidade (por ele</p><p>desencadeada e igualmente eficaz). Ex.: o agente tenta matar seu desafeto afogado. Para tanto, joga-o da</p><p>ponte, mas este morre em virtude de ter colidido a cabeça com o alicerce da ponte.</p><p>NÃO CONFUNDA</p><p>O erro sobre o nexo causal NÃO se confunde com o dolo geral, uma vez que no erro sobre o nexo causal,</p><p>há a prática de uma única conduta e no dolo geral, há a prática de duas condutas.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 88</p><p>ERRO DE TIPO INCRIMINADOR</p><p>Eu achava que estava</p><p>fazendo uma coisa, mas</p><p>estava fazendo outra...</p><p>Eu atirei na pessoa</p><p>errada. Achei que fosse a</p><p>Maria, mas era a sua irmã</p><p>Eu nem sabia que isso era</p><p>proibido!</p><p>Eu achava que estava em</p><p>legítima defesa, mas não</p><p>estava...</p><p>Sou ruim de mira! Queria</p><p>acertar Maria, mas</p><p>acertei a pessoa ao lado</p><p>Eu queria só atirar na</p><p>vidraça, acabei atingindo</p><p>uma pessoa...</p><p>ERRO DE TIPO PERMISSIVO ERRO DE PROIBIÇÃO</p><p>ERRO SOBRE A PESSOA ABERRATIO ICTUS ABERRATIO CRIMINIS</p><p>Resumindo. . .</p><p>Segue um resumo ilustrado das principais espécies de erro:</p><p>Erros essenciais</p><p>Erros acidentais</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 89</p><p>1</p><p>• Autor</p><p>2</p><p>• Partícipe</p><p>Sujeitos do crime</p><p>Sujeitos</p><p>Sujeito ativo</p><p>Sujeito ativo é quem comete a infração penal, seja como:</p><p>A pessoa jurídica também pode ser sujeito ativo de crimes. Nesse sentido, a CRFB/88 previu</p><p>expressamente a possibilidade de responsabilização criminal da pessoa jurídica por crimes contra a ordem</p><p>econômica e financeira, contra a economia popular e contra o meio ambiente.</p><p>Quanto aos crimes ambientais, tanto o STJ quanto o STF atualmente AFASTARAM a aplicação da teoria</p><p>da dupla imputação. Assim, é possível responsabilizar penalmente a pessoa jurídica por crimes ambientais,</p><p>independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em nome dela. Ou seja, o MP</p><p>pode apresentar denúncia apenas contra a pessoa jurídica, sem a necessidade de a pessoa física constar nesta.</p><p>Sujeito passivo</p><p>É a vítima do crime, que pode ser</p><p>MATERIAL FORMAL</p><p>Também chamada de imediata, direta ou eventual, é</p><p>a titular do bem jurídico tutelado pela norma penal.</p><p>Também chamada de mediata, indireta ou constante, é</p><p>a titular da norma penal (Estado).</p><p>A pessoa jurídica também pode ser vítima de crimes.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 90</p><p>1</p><p>•UNISSUBJETIVOS, UNILATERAIS OU DE CONCURSO EVENTUAL</p><p>•Em regra, são cometidos por uma única pessoa, mas admitem concurso de agentes. Ex.: homicídio.</p><p>2</p><p>•PLURISSUBJETIVOS, PLURILATERIAIS OU DE CONCURSO NECESSÁRIO</p><p>•O tipo penal exige a prática do crime por dois ou mais agentes. Ex.: associação criminosa, rixa e bigamia.</p><p>3</p><p>•CRIMES ACIDENTALMENTE COLETIVOS, EVENTUALMENTE COLETIVOS OU EVENTUALMENTE PLURISSUBJETIVOS</p><p>•Em regra, são cometidos por uma única pessoa, mas a pluralidade de agentes constitui modalidade mais grave do</p><p>delito. Ex.: furto praticado em concurso de pessoas (forma qualificada).</p><p>Classificação dos crimes</p><p>Quanto ao diploma normativo</p><p>COMUNS Previstos no Código Penal. Ex.: homicídio.</p><p>ESPECIAIS Previstos em leis penais extravagantes. Ex.: crimes ambientais.</p><p>Quanto ao sujeito ativo</p><p>A) Classificação relativa à especialidade do sujeito ativo:</p><p>COMUNS Podem ser praticados por qualquer pessoa. Ex.: furto.</p><p>PRÓPRIOS</p><p>Somente podem ser praticados pelo sujeito ativo descrito no tipo. Ex.: peculato,</p><p>que exige a qualidade de funcionário público do autor.</p><p>DE MÃO PRÓPRIA</p><p>Além de exigir determinada condição especial do sujeito ativo, requer que este</p><p>pessoalmente pratique a conduta. Ex.: falso testemunho.</p><p>B) Classificação relativa ao número de agentes:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 9 1</p><p>Quanto ao resultado natural ístico</p><p>MATERIAIS</p><p>São aqueles cujo tipo penal contém a conduta e o resultado, sendo este último</p><p>necessário para a consumação. Ex.: homicídio.</p><p>FORMAIS</p><p>São aqueles cujo tipo penal contém a conduta e o resultado, mas dispensa o último</p><p>para a consumação (o resultado configura mero exaurimento). Ex.: extorsão.</p><p>MERA CONDUTA</p><p>São aqueles cujo tipo penal contém apenas a conduta, sem previsão de resultado.</p><p>Ex.: porte ilegal de arma de fogo.</p><p>Quanto ao resultado jurídico</p><p>DE DANO Consumam-se com a efetiva lesão ao bem jurídico. Ex.: roubo.</p><p>DE PERIGO</p><p>Consumam-se com a possibilidade de lesão ao bem jurídico. Podem ser:</p><p>o De perigo concreto → são os que exigem a comprovação do perigo para</p><p>a consumação. Ex.: incêndio.</p><p>o De perigo abstrato ou presumido → são os que dispensam a comprovação</p><p>do perigo para a consumação. Ex.: associação criminosa.</p><p>Quanto ao momento da consumação</p><p>INSTANTÂNEOS A consumação não se prolonga no tempo. Ex.: homicídio.</p><p>PERMANENTES A consumação se protrai no tempo. Ex.: cárcere privado.</p><p>INSTANTÂNEOS DE</p><p>EFEITOS PERMANENTES</p><p>São crimes instantâneos com consequências duradouras. Ex.: confecção de certidão</p><p>falsa, utilizada por período prolongado no tempo.</p><p>Quanto à habitual idade</p><p>HABITUAIS PRÓPRIOS</p><p>Consumam-se com a reiteração de atos que denotam um estilo ou modo de vida do</p><p>agente. Ex.: curandeirismo.</p><p>HABITUAIS IMPRÓPRIOS</p><p>A consumação não depende da reiteração da conduta. Entretanto, se esta</p><p>ocorrer, haverá um só crime. Ex.: gestão fraudulenta (art. 4° da Lei n. 7.492/86, que</p><p>dispõe sobre os crimes contra o sistema financeiro nacional).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 92</p><p>Quanto ao número de núcleos</p><p>DE AÇÃO ÚNICA O tipo penal possui apenas um verbo nuclear.</p><p>DE AÇÃO MÚLTIPLA</p><p>O tipo penal possui mais de um verbo nuclear, de forma que a realização de</p><p>qualquer deles configura o crime.</p><p>Quanto à possibi l idade de fracionamento da conduta</p><p>UNISSUBSISTENTES São aqueles cuja conduta típica não admite qualquer fracionamento.</p><p>PLURISSUBSISTENTES São aqueles cuja conduta típica admite fracionamento (maioria dos crimes).</p><p>Quanto à posição topográfica no tipo</p><p>SIMPLES</p><p>Previstos no caput.</p><p>o É o tipo penal em sua forma básica.</p><p>QUALIFICADOS</p><p>Previstos nos parágrafos do caput.</p><p>o Possuem circunstâncias que conduzem a limites punitivos abstratos superiores.</p><p>PRIVILEGIADOS</p><p>Previstos nos parágrafos do caput.</p><p>o Possuem circunstâncias que conduzem a limites punitivos inferiores.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 93</p><p>IDEALIZAÇÃO É o surgimento da ideia na cebeça do criminoso.</p><p>DELIBERAÇÃO É a pondereção entre prós e contras.</p><p>RESOLUÇÃO É a decisão de praticar o crime.</p><p>Iter criminis</p><p>Introdução</p><p>Iter criminis é o itinerário do crime (caminho do crime), que abrange as seguintes fases:</p><p>FASE INTERNA o Cogitação.</p><p>FASE EXTERNA</p><p>o Preparação.</p><p>o Execução.</p><p>o Consumação.</p><p>Fases do crime</p><p>Cogitação</p><p>É a intenção de praticar o delito, ou seja, o planejamento mental (fase interna ou subjetiva).</p><p>É impunível.</p><p>Um dos fundamentos da impunibilidade da cogitação é o chamado “direito à perversão”.</p><p>DIREITO À PERVERSÃO</p><p>É o direito que o ser humano tem de ser “mau” em seus pensamentos, sendo que o Estado nada pode fazer.</p><p>A fase da cogitação pode ser dividida em 3 etapas:</p><p>Preparação</p><p>É a prática dos atos necessários para o início da execução do delito (sai do plano mental e inicia os atos</p><p>concretos). Ex.: pegar o revólver, colocar a munição e guardar na mochila.</p><p>Os atos preparatórios são, EM REGRA, impuníveis, SALVO quando caracterizarem crime autônomo (ex.:</p><p>associação criminosa, petrechos de falsificação e atos preparatórios de terrorismo).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g</p><p>i n a 94</p><p>Execução</p><p>No Brasil, ato executório é aquele que inicia a execução do núcleo do tipo (= VERBO).</p><p>SURGIMENTO DA PUNIBILIDADE</p><p>Somente com os atos executórios é que o agente pode ser punido.</p><p>Os atos executórios devem ser:</p><p>IDÔNEOS Capazes de ofender o bem jurídico.</p><p>INEQUÍVOCOS Dirigidos à lesão do bem jurídico.</p><p>Aqui, há possibilidade de tentativa.</p><p>Consumação</p><p>O crime é consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Aqui, o agente</p><p>completa o crime, gerando a lesão ao bem jurídico tutelado. Quanto ao momento da consumação, vejamos:</p><p>CRIME MATERIAL OU DE</p><p>RESULTADO</p><p>Consumação = conduta + resultado.</p><p>o Ex.: furto.</p><p>CRIME FORMAL OU DE</p><p>CONSUMAÇÃO ANTECIPADA</p><p>Consumação = conduta (lei prevê o resultado, que não precisa ocorrer).</p><p>o Ex.: associação criminosa.</p><p>CRIME DE MERA CONDUTA OU</p><p>SIMPLES ATIVIDADE</p><p>Consumação = conduta (lei não prevê resultado).</p><p>o Ex.: falso testemunho.</p><p>CRIME PERMANENTE</p><p>A consumação se protrai no tempo, até que o agente cesse sua prática.</p><p>o Ex.: extorsão mediante sequestro</p><p>CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO</p><p>A consumação se dá com a produção do resultado naturalístico.</p><p>o Ex.: qualquer crime do CP cometido por omissão.</p><p>CRIME OMISSIVO PRÓPRIO</p><p>A consumação se dá no momento do descumprimento (omissão) do dever</p><p>imposto pelo tipo mandamental.</p><p>o Ex.: omissão de socorro.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 95</p><p>CRIME QUALIFICADO PELO</p><p>RESULTADO</p><p>A consumação se dá no momento da produção do resultado mais grave.</p><p>o Ex.: lesão corporal seguida de morte.</p><p>CRIME HABITUAL</p><p>A consumação exige a reiteração da conduta típica.</p><p>o Ex.: curandeirismo.</p><p>Resumindo</p><p>Exaurimento</p><p>O iter criminis encerra-se com a consumação, mas, após a sua ocorrência, pode ainda sobrevir o chamado</p><p>“exaurimento” do crime, que pode ser entendido como a completa concretização do tipo, incluídos aí todas as</p><p>componentes do dolo do tipo e demais elementos subjetivos especiais.</p><p>Trata-se de um instituto típico dos crimes formais, nos quais há a previsão da conduta e do resultado,</p><p>que não precisa ocorrer. Assim, sua ocorrência é considerada mero exaurimento do crime.</p><p>CONSEQUÊNCIAS DO EXAURIMENTO</p><p>CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL</p><p>DESFAVORÁVEL</p><p>O exaurimento, em regra, deve influir na pena-base, como circunstância</p><p>judicial desfavorável (consequência do crime – art. 59, caput, do CP).</p><p>QUALIFICADORA</p><p>Em alguns casos, o exaurimento atua como qualificadora. Ex.: crime de</p><p>resistência – se, em razão da resistência, o ato não se executar a pena</p><p>será maior (art. 329, § 1º, do CP).</p><p>CAUSA DE AUMENTO DE PENA</p><p>Em alguns casos, o exaurimento atua como causa de aumento de pena.</p><p>Ex.: corrupção passiva – a pena é aumentada, se, em consequência da</p><p>vantagem/promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar ato de</p><p>ofício ou o pratica infringindo dever funcional (art. 317, § 1º, do CP).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 96</p><p>Tentativa</p><p>Conceito</p><p>O crime é tentado quando, iniciada a execução, ele não se consuma por circunstâncias alheias à vontade</p><p>do agente. Assim, ele reponde pelo MESMO CRIME, só que na forma tentada.</p><p>Elementos</p><p>Os elementos da tentativa são os seguintes:</p><p>1 Início da execução do crime.</p><p>2 Dolo de consumação.</p><p>3 Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.</p><p>Punibilidade</p><p>Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,</p><p>diminuída de um a dois terços (a redução será tanto menor quanto mais próxima da consumação).</p><p>Excepcionalmente, a tentativa pode ser punida com a mesma pena do crime tentado, quando há expressa</p><p>previsão. Ex.: votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem (art. 309, do Código Eleitoral).</p><p>Espécies de tentativa</p><p>A tentativa pode ser:</p><p>BRANCA OU</p><p>VERMELHA</p><p>o BRANCA OU INCRUENTA → o objeto material não é atingido.</p><p>o VERMELHA OU CRUENTA → o objeto material é atingido.</p><p>PERFEITA OU</p><p>IMPERFEITA</p><p>o PERFEITA, ACABADA OU CRIME FALHO → o agente esgota o processo</p><p>executório, mas o crime não se consuma (compatível apenas com crimes materiais).</p><p>o IMPERFEITA OU INACABADA → o agente não esgota o processo executório.</p><p>IDÔNEA OU</p><p>INIDÔNEA</p><p>o IDÔNEA → de resultado possível.</p><p>o INIDÔNEA → é o caso do crime impossível por absoluta ineficácia do meio ou</p><p>impropriedade do objeto material (veremos com detalhes mais adiante).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 97</p><p>Admissibilidade</p><p>Em regra, admite-se tentativa, desde que o crime seja plurissubsistente. Excepcionalmente, NÃO admitem</p><p>tentativa, dentre outros, os seguintes crimes:</p><p>MACETE: PUCCACHO</p><p>P PRETERDOLOSOS → por se caracterizarem pela culpa no resultado, não admitem tentativa.</p><p>U UNISSUBSISTENTES → a conduta é exteriorizada mediante único ato, não havendo iter criminis.</p><p>C CULPOSOS → em regra, não admitem tentativa, pois exigem resultado (exceção: culpa imprópria).</p><p>C CONTRAVENÇÕES PENAIS → não admitem tentativa por expressa previsão legal.</p><p>A ATENTADOS → a tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado (ex.: art. 352 do CP).</p><p>C CONDICIONADOS → possuem a existência condicionada à produção de determinado resultado.</p><p>H HABITUAIS → dependem da habitualidade da conduta (entendimento controvertido).</p><p>O OMISSIVOS PRÓPRIOS → não exigem um resultado decorrente da omissão.</p><p>Tentativa abandonada</p><p>Desistência voluntária</p><p>A desistência voluntária ocorre quando o agente, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução.</p><p>MACETE</p><p>Se POSSO prosseguir e NÃO QUERO = desistência voluntária.</p><p>Se QUERO prosseguir e NÃO POSSO = tentativa.</p><p>Arrependimento eficaz</p><p>O arrependimento eficaz ocorre quando o agente executa o crime, mas impede que o resultado se</p><p>produza (só posso me arrepender do que JÁ FIZ). Assim, o instituto possui os seguintes requisitos cumulativos:</p><p>VOLUNTARIEDADE</p><p>A atitude deve ser livre de coação, podendo, inclusive, ser fruto de um</p><p>aconselhamento de terceiro (≠ espontaneidade).</p><p>EFICÁCIA O agente deve, efetivamente, impedir a consumação do crime.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 98</p><p>1</p><p>• Crime cometido SEM violência ou grave ameaça à pessoa.</p><p>2</p><p>• REPARAÇÃO do dano ou RESTITUIÇÃO da coisa.</p><p>3</p><p>• Reparação ou restituição ATÉ o recebimento da denúncia/queixa.</p><p>Consequências</p><p>O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução (desistência voluntária) ou impede</p><p>que o resultado se produza (arrependimento eficaz) só responde pelos atos já praticados.</p><p>Por outro lado, se o agente desiste voluntariamente ou se arrepende, mas, mesmo assim, o crime se</p><p>consuma, ele responde pelo crime, mas é beneficiado por uma atenuante genérica (art. 65, III, b, do CP).</p><p>Arrependimento posterior</p><p>Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, se reparado o dano ou restituída a coisa,</p><p>ATÉ O RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3.</p><p>Trata-se de causa obrigatória de redução de pena. Assim, o instituto possui os seguintes requisitos cumulativos:</p><p>Resumindo</p><p>Crime impossível</p><p>Conceito</p><p>Vimos que crime impossível é uma espécie de tentativa incapaz de produzir resultado (tentativa inidônea).</p><p>TERMINOLOGIAS</p><p>O crime impossível também pode ser chamado de crime oco, quase crime, tentativa inidônea, tentativa</p><p>inadequada, tentativa impossível, tentativa irreal ou tentativa supersticiosa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 99</p><p>1</p><p>• Ineficácia ABSOLUTA do meio de execução.</p><p>• Ex.: tentar matar alguém com a força do pensamento.</p><p>2</p><p>• Impropriedade ABSOLUTA do objeto material.</p><p>• Ex.: tentar matar pessoa que já está morta.</p><p>Natureza jurídica</p><p>Trata-se de causa de exclusão da tipicidade (o fato é atípico).</p><p>Espécies</p><p>O crime pode ser impossível por:</p><p>Crime putativo por obra do agente provocador</p><p>Ocorre quando uma pessoa induz o agente a praticar o crime e, ao mesmo tempo, adota providências</p><p>para que este não se</p><p>consume. Trata-se de um crime imaginário, que só existe na mente do agente.</p><p>Sobre esse assunto, há o seguinte entendimento do STF:</p><p>SÚMULA 145 DO STF</p><p>NÃO HÁ CRIME quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 100</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>S</p><p>O</p><p>D</p><p>E</p><p>P</p><p>E</p><p>S</p><p>S</p><p>O</p><p>A</p><p>S</p><p>(G</p><p>ÊN</p><p>E</p><p>R</p><p>O</p><p>)</p><p>COAUTORIA (ESPÉCIE)</p><p>PARTICIPAÇÃO (ESPÉCIE)</p><p>1</p><p>• Pluralidade de agentes (culpáveis).</p><p>2</p><p>• Relevância causal das condutas.</p><p>3</p><p>• Vínculo subjetivo entre os agentes.</p><p>4</p><p>• Unidade de infração penal para todos os agentes.</p><p>5</p><p>• Existência de fato punível (alguns autores não mencionam esse requisito, pressupondo que este</p><p>está presente nos demais requisitos).</p><p>CONCURSO DE PESSOAS</p><p>Conceito</p><p>O concurso de pessoas (ou concurso de agentes) ocorre quando dois ou mais agentes, em acordo de</p><p>vontades, ou seja, com liame subjetivo, concorrem para a prática de determinado crime ou contravenção penal,</p><p>podendo se dar na forma de coautoria ou participação. Assim:</p><p>Requisitos</p><p>Visão geral</p><p>Para ser caracterizado o concurso de pessoas, são exigidos os seguintes requisitos:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 101</p><p>1</p><p>•UNISSUBJETIVOS, UNILATERAIS OU DE CONCURSO EVENTUAL</p><p>•Em regra, são cometidos por uma única pessoa, mas admitem concurso de agentes. Ex.: homicídio.</p><p>2</p><p>•PLURISSUBJETIVOS, PLURILATERIAIS OU DE CONCURSO NECESSÁRIO</p><p>•O tipo penal exige a prática do crime por dois ou mais agentes. Ex.: associação criminosa, rixa e bigamia.</p><p>3</p><p>•CRIMES ACIDENTALMENTE COLETIVOS, EVENTUALMENTE COLETIVOS OU EVENTUALMENTE PLURISSUBJETIVOS</p><p>•Em regra, são cometidos por uma única pessoa, mas a pluralidade de agentes constitui modalidade mais grave do</p><p>delito. Ex.: furto praticado em concurso de pessoas (forma qualificada).</p><p>Requisitos</p><p>Pluralidade de agentes (culpáveis)</p><p>O concurso de pessoas é caracterizado pela presença de, pelo menos, 2 agentes, podendo ser:</p><p>1 AUTOR + AUTOR (COAUTORIA)</p><p>2 AUTOR + PARTÍCIPE (PARTICIPAÇÃO)</p><p>Todos os agentes devem ser culpáveis (não havendo culpabilidade de um dos agentes, não há coautoria,</p><p>mas autoria mediata).</p><p>Conforme vimos, quanto ao número de agentes, os crimes podem ser classificados em:</p><p>As regras de concurso de agentes aqui estudadas são aplicáveis APENAS aos crimes unissubjetivos,</p><p>uma vez que, para os demais, há regras específicas no próprio tipo.</p><p>Relevância causal das condutas</p><p>Esse requisito diz respeito à necessidade de que todas as condutas contribuam para o resultado final.</p><p>PARTICIPAÇÃO INÓCUA</p><p>É aquela na qual o agente subjetivamente quer concorrer para o resultado, mas, objetivamente não</p><p>concorre. Ex.: Caio empresta uma arma para Tício cometer um homicídio, mas Tício opta por matar com</p><p>veneno. Nesse caso, não há concurso de pessoas, pois falta a relevância causal.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 102</p><p>Vínculo subjetivo</p><p>Também chamado de liame subjetivo, liame psicológico ou concurso de vontades, é a vontade de colaborar</p><p>para o crime de um terceiro, ainda que este não saiba.</p><p>IMPORTANTE</p><p>NÃO é necessário o prévio ajuste entre os agentes, bastando que as vontades destes sejam homogêneas.</p><p>Identidade de infração penal para todos os agentes</p><p>Todos que concorrem para o crime, respondem pelo mesmo crime (teoria monista). Assim, no concurso de</p><p>pessoas, é possível atribuir o crime próprio a quem não possui as características especiais exigidas no tipo. Por</p><p>exemplo, é possível que um particular responda por peculato (crime próprio de funcionário público) em concurso com</p><p>o funcionário. Entretanto, pelo princípio da individualização da pena, estas serão calculadas separadamente.</p><p>Por outro lado, por expressa opção legislativa, há exceções pluralistas, nas quais os agentes concorrem</p><p>para a produção de um mesmo resultado, mas respondem por crimes diversos.</p><p>POR EXEMPLO</p><p>No caso de aborto praticado com o consentimento da gestante, a gestante responde pelo crime do art.</p><p>124 (provocar aborto em si mesma, ou consentir que outro lho provoque) e o terceiro responde pelo crime</p><p>do art. 126 (provocar aborto com o consentimento da gestante).</p><p>Existência de fato punível</p><p>Pelo princípio da exterioridade, não basta a pluralidade de agentes e o vínculo subjetivo. Exige-se, ainda,</p><p>que o crime tenha sido praticado ou, ao menos, tentado. Nesse sentido, dispõe o art. 31 do CP:</p><p>O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, SALVO disposição expressa em contrário, NÃO são</p><p>puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 103</p><p>Autoria</p><p>Teorias</p><p>Teoria objetiva</p><p>A teoria objetiva apresenta um conceito restritivo de autor, podendo ser:</p><p>FORMAL</p><p>Autor é apenas aquele que executa o núcleo do tipo e partícipe é aquele que</p><p>concorre de qualquer modo para o crime, mas sem executá-lo.</p><p>o Adotada pelo Código Penal.</p><p>MATERIAL</p><p>Autor é quem possui a contribuição mais relevante para o crime (sem,</p><p>necessariamente, executar o núcleo) e partícipe é aquele que possui a</p><p>contribuição menos relevante.</p><p>Teoria subjetiva</p><p>A teoria subjetiva apresenta um conceito extensivo de autor, considerando autor quem tem vontade de</p><p>autor (querendo o fato como próprio) e partícipe quem tem vontade de partícipe (querendo o fato como alheio).</p><p>Teoria objetivo-subjetiva</p><p>É a teoria do domínio do fato, que mescla critérios objetivos e subjetivos para a definição de autor. Para</p><p>essa teoria, autor é aquele que possui domínio do fato, manifestado pelo:</p><p>DOMÍNIO DA AÇÃO Realização pessoal dos elementos descritos no tipo (autoria imediata).</p><p>DOMÍNIO DA VONTADE</p><p>Utilização um terceiro para a execução da conduta (autoria mediata) por meio de:</p><p>o Coação.</p><p>o Erro.</p><p>o Aparato organizado de poder (= autoria de escritório).</p><p>DOMÍNIO FUNCIONAL</p><p>Ocorre quando há a divisão de tarefas, restando caracterizada a autoria de</p><p>todos aqueles que realizam parcela do plano (coautoria).</p><p>Adotada pelo Código Penal no que diz respeito à autoria mediata.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 104</p><p>Espécies de autoria</p><p>Autoria direta e indireta</p><p>A autoria pode ser:</p><p>DIRETA OU IMEDIATA</p><p>O autor direto executa os elementos do tipo.</p><p>Aqui, PODE HAVER coautoria.</p><p>INDIRETA OU MEDIATA</p><p>O autor indireto se utiliza de outra pessoa para a realização do crime.</p><p>Hipóteses previstas no Código Penal:</p><p>o Erro de tipo determinado por terceiro.</p><p>o Coação moral irresistível.</p><p>o Obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico.</p><p>o Utilização de inimputáveis por idade ou doença mental.</p><p>Aqui, NÃO HÁ coautoria.</p><p>Autoria colateral ou paralela</p><p>Ocorre quando duas ou mais pessoas, uma ignorando a intenção da outra, realizam condutas</p><p>convergentes à execução de um crime. Nesse caso, como não há liame subjetivo, eles não são coautores e</p><p>respondem cada um pelo que fez (um por consumação e o outro por tentativa).</p><p>AUTORIA COLATERAL INCERTA</p><p>Ocorre quando, na autoria colateral, não se consegue identificar a conduta de cada agente. Nesse caso,</p><p>aplica-se o princípio da dúvida (in dubio pro reo) e ambos respondem por tentativa.</p><p>Coautoria</p><p>É a coexistência de autores na realização de crime ou contravenção. Pode ser:</p><p>PARCIAL OU</p><p>FUNCIONAL</p><p>Ocorre quando os autores praticam atos diversos que, somados, geram a infração penal.</p><p>DIRETA OU</p><p>MATERIAL</p><p>Ocorre quando os autores praticam a mesma conduta, gerando a infração penal.</p><p>Os crimes de mão própria NÃO admitem coautoria, EXCETO o crime de falsa perícia.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 105</p><p>PARTICIPAÇÃO</p><p>MORAL</p><p>INDUZIR Fazer nascer a ideia na cabeça de alguém</p><p>INSTIGAR Reforçar uma ideia que já existe</p><p>MATERIAL AUXILIAR Fornecer os meios materiais para a prática do crime</p><p>Participação</p><p>Conceito</p><p>Conforme vimos, partícipe é aquele que concorre de qualquer modo para o crime, mas sem executá-lo.</p><p>TEORIA OBJETIVO-FORMAL</p><p>Formas de participação</p><p>A participação pode</p><p>se dar das seguintes formas:</p><p>Auxíl io posterior à consumação</p><p>Se auxílio posterior à consumação do delito for:</p><p>COM PRÉVIO AJUSTE É participação (HÁ concurso de pessoas).</p><p>SEM PRÉVIO AJUSTE É favorecimento pessoal (NÃO HÁ concurso de pessoas).</p><p>Outras pecul iaridades</p><p>Participação de menor importância</p><p>Ocorre quando a participação é de leve ou reduzida eficácia causal, de modo que o agente concorre</p><p>para o resultado em menor grau. Nesse caso, a pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3.</p><p>Participação impunível</p><p>Conforme vimos, o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, SALVO disposição expressa em</p><p>contrário, NÃO são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 106</p><p>Participação por omissão</p><p>Quanto à omissão de quem:</p><p>TEM O DEVER DE AGIR</p><p>Configura-se participação por omissão.</p><p>o Lembre-se da figura dos garantidores (art. 13, § 2º, do CP).</p><p>NÃO TEM O DEVER DE AGIR Trata-se de conivência e não de participação.</p><p>Participação em cadeia</p><p>Também chamada de participação da participação, exige a presença de, pelo menos, 3 pessoas (1 autor</p><p>e 2 partícipes), sendo que um partícipe ajuda outro partícipe.</p><p>NÃO CONFUNDA</p><p>A participação em cadeia é diferente da participação sucessiva, que ocorre quando uma pessoa é induzida,</p><p>instigada ou auxiliada a praticar um crime por duas ou mais pessoas.</p><p>Punição do partícipe</p><p>Existem 4 teorias acerca da punição do partícipe:</p><p>ACESSORIEDADE MÍNIMA Para punir o partícipe, basta que o autor pratique fato típico.</p><p>ACESSORIEDADE LIMITADA Para punir o partícipe, basta que o autor pratique fato típico e ilícito.</p><p>ACESSORIEDADE MÁXIMA</p><p>Para punir o partícipe, o autor deve praticar fato típico, ilícito e culpável.</p><p>o É a que mais tem sido adotada.</p><p>HIPERACESSORIEDADE</p><p>Para punir o partícipe, o autor deve praticar fato típico, ilícito, culpável e</p><p>efetivamente punido no caso concreto.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 107</p><p>ELEMENTARES</p><p>•INTEGRAM A MODALIDADE BÁSICA DO CRIME</p><p>•As elementares se comunicam, desde que conhecidas por todos os agentes. Ex.: para que o particular</p><p>seja processado por peculato, ele deve conhecer a condição de funcionário público do outro agente.</p><p>CIRCUNSTÂNCIAS</p><p>•SÃO DADOS QUE SE AGREGAM AO TIPO FUNDAMENTAL, PODENDO SER:</p><p>•PESSOAIS OU SUBJETIVAS → nunca se comunicam. Ex.: homicídio privilegiado por relevante valor moral.</p><p>•REAIS OU OBJETIVAS → comunicam-se, desde que conhecidas por todos os agentes. Ex.: homicídio</p><p>qualificado pela tortura.</p><p>CONDIÇÕES</p><p>•SÃO DADOS QUE EXISTEM INDEPENDENTEMENTE DA PRÁTICA DO CRIME, PODENDO SER:</p><p>•PESSOAIS OU SUBJETIVAS → nunca se comunicam. Ex.: reincidência.</p><p>•REAIS OU OBJETIVAS → comunicam-se, desde que conhecidas por todos os agentes. Ex.: invasão de</p><p>domicílio em período noturno.</p><p>Cooperação dolosamente distinta</p><p>Quando um dos concorrentes quer participar de crime menos grave, aplica-se a pena:</p><p>DO CRIME MENOS GRAVE</p><p>Se o resultado mais grave era IMPREVISÍVEL.</p><p>o Não há concurso de pessoas.</p><p>DO CRIME MENOS GRAVE</p><p>AUMENTADA ATÉ METADE</p><p>Se o resultado mais grave era PREVISÍVEL.</p><p>o Há a chamada cooperação dolosamente distinta ou desvios</p><p>subjetivos entre os agentes.</p><p>Executor reserva</p><p>O executor reserva é aquele que se disponibiliza para eventual intervenção no crime, podendo ser:</p><p>AUTOR Se ele efetivamente intervém.</p><p>PARTÍCIPE Se ele apenas presencia o crime, sem intervir.</p><p>Comunicabi l idade e incomunicabi l idade</p><p>Quanto à (in)comunicabilidade de elementares, circunstâncias e condições, temos o seguinte:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 108</p><p>Resumindo. . .</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 109</p><p>CONCURSO DE CRIMES</p><p>Conceito</p><p>O concurso de crimes ocorre quando o sujeito realiza dois ou mais crimes, idênticos ou não, através de</p><p>uma ou mais condutas, determinando, de acordo com a espécie de concurso, a forma de aplicação da pena.</p><p>Aplicação da pena</p><p>No concurso de crimes, aplica-se os seguintes sistemas de aplicação da pena:</p><p>CÚMULO MATERIAL Soma-se as penas de todos os crimes praticados.</p><p>EXASPERAÇÃO</p><p>Aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas</p><p>aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade (no caso do concurso</p><p>formal perfeito) ou de um sexto até dois terços (no caso do crime continuado).</p><p>Concurso material ou real</p><p>No concurso material, o agente, mediante duas condutas distintas, pratica dois ou mais crimes.</p><p>ESPÉCIES</p><p>CONCURSO MATERIAL HOMOGÊNEO Os crimes são idênticos.</p><p>CONCURSO MATERIAL HETEROGÊNEO Os crimes são distintos.</p><p>Adota-se o sistema do cúmulo material.</p><p>Concurso formal ou ideal</p><p>No concurso formal, o agente, mediante uma só conduta, pratica dois ou mais crimes.</p><p>ESPÉCIES</p><p>CONCURSO FORMAL HOMOGÊNEO Os crimes são idênticos.</p><p>CONCURSO FORMAL HETEROGÊNEO Os crimes são distintos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 10</p><p>Em relação ao sistema de aplicação da pena, se o concurso for:</p><p>FORMAL PERFEITO OU PRÓPRIO</p><p>O agente NÃO ATUA com desígnios autônomos.</p><p>o Adota-se o sistema da exasperação, SALVO quando</p><p>prejudicial ao agente, hipótese em que deverá ser</p><p>aplicado o sistema do cúmulo material.</p><p>FORMAL IMPERFEITO OU IMPRÓPRIO</p><p>O agente ATUA com desígnios autônomos.</p><p>o Adota-se o sistema do cúmulo material.</p><p>Crime continuado</p><p>O crime continuado é caracterizado pelos seguintes requisitos:</p><p>1 Pluralidade de crimes da mesma espécie.</p><p>2</p><p>Condições objetivas semelhantes de tempo, lugar e modo de execução ↴</p><p>o Conexão temporal.</p><p>o Conexão local.</p><p>o Conexão modal.</p><p>3 Unidade de desígnio.</p><p>Adota-se o sistema da exasperação, SALVO quando prejudicial ao agente, hipótese em que deverá ser</p><p>aplicado o sistema do cúmulo material.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 1 1</p><p>CONCURSO DE CRIMES</p><p>VÁRIAS CONDUTAS</p><p>CONCURSO MATERIAL</p><p>SOMA-SE AS PENAS</p><p>CRIME CONTINUADO</p><p>Mesmos crimes, nas mesmas</p><p>condições de tempo, lugar e</p><p>modo.</p><p>UMA PENA (+ 1/6 a 2/3)</p><p>UMA CONDUTA</p><p>CONCURSO FORMAL</p><p>PERFEITO OU PRÓPRIO</p><p>UM ÚNICO OBJETIVO</p><p>UMA PENA (+ 1/6 a 1/2)</p><p>IMPERFEITO OU IMPRÓPRIO</p><p>VÁRIOS OBJETIVOS</p><p>SOMA-SE AS PENAS</p><p>Esquematizando a apl icação da pena</p><p>Resumindo. . .</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 12</p><p>Erro na execução</p><p>Relembrando as hipóteses de erro na execução:</p><p>ABERRATIO ICTUS Aqui, o agente, por erro na execução, atinge pessoa diversa.</p><p>ABERRATIO CRIMINIS</p><p>Aqui, o agente, por erro na execução, atinge bem jurídico diverso do pretendido</p><p>(em vez de se atingir a coisa, atinge-se a pessoa).</p><p>Em caso de resultado duplo (concurso de crimes), será aplicada a mais grave das penas cabíveis ou, se</p><p>idênticas, somente uma delas, mas com o aumento, em qualquer caso, de um sexto até metade (exasperação).</p><p>Ou seja, aplica-se a regra do concurso formal perfeito.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 13</p><p>TEORIA DA SANÇÃO PENAL</p><p>Sanção penal</p><p>Com a prática da infração penal surge a pretensão punitiva estatal materializada na sanção penal, sendo</p><p>que a pena e a medida de segurança são suas espécies. Assim:</p><p>Teoria geral da pena</p><p>Finalidades</p><p>Diversas teorias buscam explicar as finalidades da pena, vejamos as principais:</p><p>TEORIA ABSOLUTA Para essa teoria, a finalidade da pena é a retribuição (castigo).</p><p>TEORIA RELATIVA</p><p>Para essa teoria, a finalidade da pena é a prevenção, que pode ser:</p><p>GERAL → voltada à sociedade:</p><p>o Negativa: intimidação social.</p><p>o Positiva: reafirmação do Direito Penal.</p><p>ESPECIAL → voltada ao condenado:</p><p>o Negativa: para evitar a reincidência.</p><p>o Positiva: ressocialização do condenado.</p><p>TEORIA MISTA Para essa teoria, a finalidade da pena é retribuir e prevenir (adotada pelo CP).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 14</p><p>ESPÉCIES DE PENA</p><p>PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE</p><p>PENA RESTRITIVA DE DIREITOS</p><p>PENA DE</p><p>MULTA</p><p>Espécies de pena</p><p>O Código Penal prevê as seguintes espécies de pena:</p><p>Penas privativas de l iberdade</p><p>Espécies</p><p>São penas privativas de liberdade:</p><p>RECLUSÃO Deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto.</p><p>DETENÇÃO</p><p>Deve ser cumprida em regime semiaberto ou aberto.</p><p>o SALVO necessidade de transferência a regime fechado.</p><p>PRISÃO SIMPLES Deve ser cumprida em regime semiaberto ou aberto.</p><p>Regimes</p><p>Quanto aos regimes de cumprimento, temos o seguinte:</p><p>FECHADO É a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média.</p><p>SEMIABERTO É a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.</p><p>ABERTO É a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 1 5</p><p>Regime inicial</p><p>As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,</p><p>ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso, observando os seguintes regimes iniciais:</p><p>FECHADO Condenado a pena superior a 8 anos.</p><p>SEMIABERTO Condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não exceda a 8 anos.</p><p>ABERTO Condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos.</p><p>Resumindo. . .</p><p>Regime especial</p><p>As MULHERES cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos</p><p>inerentes à sua condição pessoal e aplicando-se, no que couber, as disposições acima.</p><p>Detração</p><p>COMPUTAM-SE, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória,</p><p>no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 1 6</p><p>Penas restrit ivas de direitos</p><p>Características</p><p>As penas restritivas de direitos são:</p><p>SUBSTITUTIVAS</p><p>Derivam da permuta que se faz após a aplicação, na sentença condenatória, da pena</p><p>privativa de liberdade. Não há tipos penais prevendo, no preceito secundário, pena</p><p>restritiva de direito. Assim, quando juiz aplica uma pena privativa de liberdade, ele pode</p><p>substitui-la por uma restritiva de direitos, pelo MESMO PRAZO da primeira.</p><p>AUTÔNOMAS São autônomas porque subsistem por si mesmas após a substituição.</p><p>Espécies</p><p>Prestação pecuniária</p><p>Pagamento em dinheiro destinado:</p><p>1 À vítima.</p><p>2 A seus dependentes.</p><p>3 A entidade pública ou privada com destinação social (na falta dos anteriores).</p><p>O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se</p><p>coincidentes os beneficiários.</p><p>Perda de bens e valores</p><p>Retirada compulsória de bens (móveis ou imóveis) e valores (tanto moeda corrente quanto papéis</p><p>negociáveis na Bolsa de Valores) em favor do Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN, tendo como limite:</p><p>1 O montante do prejuízo causado, OU</p><p>2 O proveito obtido pelo agente ou por terceiros.</p><p>▪ ▪ ▪ o que for maior.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 1 7</p><p>Prestação de serviços à comunidade</p><p>Atribuição de tarefas gratuitas ao condenado – de acordo com suas aptidões – em entidades</p><p>assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres. Essa pena somente pode ser aplicada</p><p>às condenações superiores a 6 meses de privação de liberdade.</p><p>Interdição temporária de direitos</p><p>As penas de interdição temporária de direitos são:</p><p>1 Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo.</p><p>2</p><p>Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença</p><p>ou autorização do poder público.</p><p>3 Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.</p><p>4 Proibição de frequentar determinados lugares.</p><p>5 Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.</p><p>Limitação de fim de semana</p><p>Obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro</p><p>estabelecimento adequado, onde poderão ser ministrados cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.</p><p>Requisitos para a substituição</p><p>As penas restritivas de direitos substituem as privativas de liberdade, quando:</p><p>1</p><p>Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com</p><p>violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo.</p><p>2</p><p>Réu não reincidente em crime doloso.</p><p>o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, DESDE QUE, em face de</p><p>condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha</p><p>operado em virtude da prática do mesmo crime.</p><p>3</p><p>A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os</p><p>motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja SUFICIENTE.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 1 8</p><p>PELA JUSTIÇA FEDERAL São revertidas ao Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN.</p><p>PELA JUSTIÇA ESTADUAL OU DO DF São revertidas aos respectivos fundos estaduais e distrital.</p><p>Regras para a substituição:</p><p>CONDENAÇÃO IGUAL OU INFERIOR A UM ANO CONDENAÇÃO SUPERIOR A UM ANO</p><p>o Multa; OU</p><p>o Pena restritiva de direitos.</p><p>o Uma pena restritiva de direitos e multa; OU</p><p>o Duas restritivas de direitos.</p><p>Conversão em PPL</p><p>A conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade será:</p><p>OBRIGATÓRIA</p><p>Quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. Nesse</p><p>caso, será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado</p><p>o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.</p><p>FACULTATIVA</p><p>Quando sobrevier condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o</p><p>juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la</p><p>se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.</p><p>Pena de multa</p><p>Conceito</p><p>Pagamento, ao Fundo Penitenciário, de certa quantia em dinheiro. Na prática, as penas de multa aplicadas:</p><p>Esses fundos possuem, entre suas finalidades, gerir e aperfeiçoar o sistema prisional.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 1 9</p><p>Critério bifásico</p><p>Para a aplicação da pena de multa, o Código Penal adotou o sistema bifásico:</p><p>1ª FASE Cálculo do número de dias-multa (não inferior a 10 e nem superior a 360).</p><p>2ª FASE Cálculo do valor do dia-multa (não inferior a 1/30 do salário-mínimo, nem superior a 5x o salário-mínimo).</p><p>A multa pode ser aumentada ATÉ O TRIPLO, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica</p><p>do réu, é INEFICAZ, embora aplicada no máximo.</p><p>Pagamento voluntário</p><p>A multa deve ser paga dentro de 10 dias depois de transitada em julgado a sentença.</p><p>A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento seja</p><p>parcelado.</p><p>Execução</p><p>Transitada em julgado a sentença condenatória e não havendo pagamento voluntário, a multa será</p><p>executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor (não podendo ser convertida</p><p>em prisão), aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 20</p><p>Aplicação da pena</p><p>Introdução</p><p>Conceito</p><p>A aplicação da pena é atividade discricionária (vinculada aos limites legais) exclusivamente judicial.</p><p>Pressuposto</p><p>A culpabilidade do agente é o pressuposto para a aplicação da pena.</p><p>Sistemas ou critérios de aplicação</p><p>Existem os seguintes critérios de aplicação da pena:</p><p>CRITÉRIO TRIFÁSICO</p><p>Composto por três fases distintas e sucessivas:</p><p>o 1ª FASE → fixação da pena-base.</p><p>o 2ª FASE → aplicação de agravantes e atenuantes.</p><p>o 3ª FASE → aplicação de causas de aumento e diminuição.</p><p>CRITÉRIO BIFÁSICO</p><p>Composto por duas fases distintas e sucessivas:</p><p>o 1ª FASE → fixação da pena-base e aplicação de agravantes e atenuantes.</p><p>o 2ª FASE → aplicação de causas de aumento e diminuição.</p><p>Sistemas adotados no Brasil</p><p>No Brasil, o critério adotado para a:</p><p>PENA PRIVATIVA DE</p><p>LIBERDADE</p><p>É o</p><p>trifásico, composto por três fases distintas e sucessivas:</p><p>o 1ª FASE → fixação da pena-base.</p><p>o 2ª FASE → aplicação de agravantes e atenuantes.</p><p>o 3ª FASE → aplicação de causas de aumento e diminuição.</p><p>MULTA</p><p>É o bifásico, composto por duas fases distintas e sucessivas:</p><p>o 1ª FASE → cálculo do número de dias-multa.</p><p>o 2ª FASE → cálculo do valor de cada dia-multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 21</p><p>Critério trifásico</p><p>Primeira fase</p><p>Na primeira fase é fixada a pena-base considerando as circunstâncias judiciais ↴</p><p>1 Culpabilidade.</p><p>Podem ser FAVORÁVEIS ou DESFAVORÁVEIS ao réu.</p><p>2 Antecedentes.</p><p>3 Conduta social.</p><p>4 Personalidade do agente.</p><p>5 Motivos.</p><p>6 Circunstâncias do crime.</p><p>7 Consequências do crime.</p><p>8 Comportamento da vítima. Pode ser FAVORÁVEL ou NEUTRO, mas NUNCA DESFAVORÁVEL.</p><p>Só podem ser utilizadas pelo juiz se não caracterizarem circunstâncias legais (ex.: agravante ou atenuante,</p><p>causas de aumento ou de diminuição).</p><p>Destrinchando:</p><p>CULPABILDADE</p><p>Essa culpabilidade NÃO se confunde com a culpabilidade elemento do</p><p>crime, uma vez que qualquer agente culpável que tenha praticado fato</p><p>típico e ilícito será punido. Trata-se, aqui, do GRAU de culpabilidade.</p><p>ANTECEDENTES</p><p>Dizem respeito à vida pretérita do réu em âmbito criminal, sendo</p><p>consideradas apenas as sentenças condenatórias transitadas em julgado.</p><p>o SÚMULA 444 DO STJ → É vedada a utilização de inquéritos</p><p>policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.</p><p>CONDUTA SOCIAL</p><p>Dizem respeito à vida pretérita do réu em âmbito diverso do criminal</p><p>(sociedade, família, local de trabalho etc.).</p><p>PERSONALIDADE DO AGENTE É o retrato psíquico do agente.</p><p>MOTIVOS Dizem respeito às influências externas e internas.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 22</p><p>CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME Forma, tempo e lugar.</p><p>CONSEQUÊNCIAS DO CRIME Em relação à vítima, aos seus familiares e à sociedade.</p><p>COMPORTAMENTO DA VÍTIMA Verifica-se se o comportamento da vítima facilita ou provoca o crime.</p><p>Na primeira fase o juiz NÃO PODE reduzir a pena aquém do mínimo ou aumentá-la além do máximo.</p><p>Segunda fase</p><p>Na segunda fase é fixada a pena intermediária com base nas agravantes e atenuantes ↴</p><p>Agravantes são circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:</p><p>1</p><p>A reincidência, SALVO se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior</p><p>tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos.</p><p>2</p><p>Ter o agente cometido o crime:</p><p>o Por motivo fútil ou torpe.</p><p>o Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.</p><p>o À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou</p><p>impossível a defesa do ofendido.</p><p>o Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que</p><p>podia resultar perigo comum.</p><p>o Contra CADI (cônjuge, ascendente, descendente, irmão).</p><p>o Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de</p><p>hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica.</p><p>o Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão.</p><p>o Contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida.</p><p>o Quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade.</p><p>o Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça</p><p>particular do ofendido.</p><p>o Em estado de embriaguez preordenada.</p><p>Essas são as agravantes genéricas (previstas na parte geral e aplicáveis aos crimes em geral). Há, ainda,</p><p>agravantes específicas (previstas na parte especial e aplicáveis a crimes específicos).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 23</p><p>Atenuantes são circunstâncias que sempre atenuam a pena:</p><p>1 Ser o agente menor de 21, na data do fato, ou maior de 70 anos, na data da sentença.</p><p>2 O desconhecimento da lei.</p><p>3</p><p>Ter o agente:</p><p>o Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral.</p><p>o Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou</p><p>minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano.</p><p>o Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade</p><p>superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima.</p><p>o Confessado ESPONTANEAMENTE, perante a autoridade, a autoria do crime.</p><p>o Cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.</p><p>A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime,</p><p>embora não prevista expressamente em lei (atenuante inominada ou de clemência).</p><p>Há divergência sobre a possibilidade de a pena poder ser reduzida aquém da pena mínima ou além da</p><p>pena máxima fixada no primeiro momento do critério trifásico. A posição majoritária tem sido a seguinte:</p><p>SÚMULA 231 DO STJ</p><p>A circunstância de ser o réu menor de 21 anos, à data dos fatos delituosos, NÃO conduz à imposição da</p><p>pena abaixo do mínimo legal.</p><p>Havendo concurso entre agravantes e atenuantes, observa-se o seguinte</p><p>REGRA Deverá ser feita a compensação (agravante neutraliza atenuante e vice-versa).</p><p>EXCEÇÕES</p><p>O CP aponta as seguintes circunstâncias preponderantes:</p><p>o Motivos determinantes do crime.</p><p>o Personalidade do agente.</p><p>o Reincidência (é sempre agravante).</p><p>As referidas circunstâncias prevalecem sobra as demais. Ex.: a agravante da reincidência</p><p>prevalece sobre a atenuante da confissão espontânea.</p><p>Podem ser agravantes ou atenuantes</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 24</p><p>OBSERVAÇÕES</p><p>1 O rol de agravantes é TAXATIVO, enquanto o de atenuantes é EXEMPLIFICATIVO.</p><p>2</p><p>Tanto as agravantes quanto as atenuantes são de incidência OBRIGATÓRIA.</p><p>Entretanto, em relação às agravantes, é necessário um cuidado para não haver bis in idem.</p><p>Ex.: no infanticídio não se usa as agravantes genéricas de crime praticado contra descendente ou</p><p>contra criança, uma vez que esses fatores são elementares do crime.</p><p>3 A AGRAVANTE mais cobrada é a da REINCIDÊNCIA.</p><p>4 A ATENUANTE mais cobrada é a da CONFISSÃO.</p><p>5</p><p>Diferentemente das causas de aumento e diminuição, as agravantes e atenuantes não possuem um</p><p>valor definido para o aumento (a jurisprudência tem entendido razoável a fração de 1/6 para cada</p><p>agravante ou atenuante, observando os limites mínimos e máximos do preceito secundário).</p><p>Terceira fase</p><p>Na terceira fase é fixada a pena definitiva considerando:</p><p>AS MAJORANTES OU</p><p>CAUSAS DE AUMENTO</p><p>Exemplo de causa de aumento:</p><p>No roubo a pena aumenta-se de um terço até metade se a violência ou</p><p>ameaça é exercida com emprego de arma.</p><p>AS MINORANTES OU</p><p>CAUSAS DE DIMINUIÇÃO</p><p>Exemplo de causa de diminuição:</p><p>Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente</p><p>ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.</p><p>Assim como as agravantes e atenuantes, as causas de aumento e diminuição também podem ser genéricas</p><p>(ex.: tentativa – prevista na parte geral e aplicável aos crimes em geral) ou específicas (ex.: emprego de</p><p>arma – prevista na parte especial para crimes específicos).</p><p>Cuidado para não confundir:</p><p>MAJORANTES QUALIFICADORAS</p><p>O aumento é fracionário. Há um novo mínimo e um novo máximo</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 25</p><p>No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a</p><p>um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.</p><p>Nessa fase, o juiz não está preso aos limites mínimos e máximos do preceito secundário.</p><p>Limite das penas</p><p>A Constituição Federal estabelece que não haverá pena de caráter perpétuo. Assim:</p><p>LIMITE PREVISTO NO</p><p>CÓDIGO PENAL</p><p>O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior</p><p>a 40 anos (limite definido pelo Pacote Anticrime). Quando o agente for condenado</p><p>a penas que superem tal limite, elas devem ser unificadas.</p><p>CONDENAÇÃO POR</p><p>FATO POSTERIOR</p><p>Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-</p><p>se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.</p><p>CONCESSÃO DE</p><p>BENEFÍCIOS</p><p>Os benefícios são calculados com base na PENA TOTAL aplicada, e não com base</p><p>na pena unificada (Súmula 715 do STF).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 26</p><p>Medidas de segurança</p><p>Introdução</p><p>Conceito</p><p>Espécie de sanção penal cuja única finalidade é a prevenção especial (caráter medicinal/terapêutico).</p><p>Pressuposto</p><p>O pressuposto para a aplicação da medida de segurança é a periculosidade, isto é, a efetiva probabilidade</p><p>de o agente voltar a delinquir (juízo de prognose – olhar para o futuro). A periculosidade pode ser:</p><p>PRESUMIDA OU FICTA É a periculosidade dos inimputáveis.</p><p>REAL OU CONCRETA</p><p>É a periculosidade dos semi-imputáveis (deve ser provada no caso concreto,</p><p>por meio de laudo pericial).</p><p>Destinatários</p><p>Quanto à aplicação de sanção penal, tem-se o seguinte:</p><p>AO IMPUTÁVEL Aplica-se a pena.</p><p>AO INIMPUTÁVEL Aplica-se a medida de segurança.</p><p>AO SEMI-IMPUTÁVEL</p><p>Aplica-se:</p><p>o A pena (se não houver periculosidade).</p><p>o A medida de segurança (se houver periculosidade).</p><p>Espécies</p><p>São duas as espécies de medida de segurança:</p><p>MEDIDA DETENTIVA</p><p>Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em</p><p>outro estabelecimento adequado.</p><p>MEDIDA RESTRITIVA Sujeição a tratamento ambulatorial.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 27</p><p>Prazos</p><p>A medida de segurança deve observar os seguintes prazos:</p><p>PRAZO MÍNIMO De 1 a 3 anos.</p><p>PRAZO MÁXIMO</p><p>Súmula 527 do STJ → o tempo de duração da medida de segurança não deve</p><p>ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.</p><p>Requisitos</p><p>São requisitos para aplicação de medida de segurança:</p><p>1 Prática de fato típico e ilícito devidamente comprovado.</p><p>2 A periculosidade do agente.</p><p>3 Não ter havido a extinção da punibilidade.</p><p>Sentença</p><p>A sentença que determina a aplicação da medida de segurança ao:</p><p>INIMPUTÁVEL É absolutória imprópria.</p><p>SEMI-IMPUTÁVEL</p><p>É condenatória, uma vez que o juiz deve:</p><p>o 1º → condenar.</p><p>o 2º → diminuir a pena de 1/3 a 2/3.</p><p>o 3º → avaliar a possibilidade de substituir a pena por medida de segurança.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 28</p><p>SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – SURSIS</p><p>Conceito</p><p>A suspensão condicional da pena ou sursis é a possibilidade de o juiz liberar o condenado do cumprimento</p><p>da pena privativa de liberdade, DESDE QUE preenchidos certos requisitos.</p><p>Requisitos</p><p>Para que a execução da PPL seja suspensa, são necessários os seguintes requisitos:</p><p>1</p><p>Pena privativa de liberdade aplicada não superior a 2 anos, SALVO:</p><p>o SURSIS ETÁRIO → condenado com mais de 70 anos.</p><p>o SURSIS HUMANITÁRIO → condenado com problema de saúde.</p><p>2 Não ser o réu reincidente em crime doloso.</p><p>3</p><p>A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos</p><p>e as circunstâncias, autorizem a concessão do benefício.</p><p>4 NÃO ser indicada ou cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.</p><p>Período de suspensão</p><p>A execução da PPL será suspensa:</p><p>POR 2 A 4 ANOS No caso do sursis simples.</p><p>POR 4 A 6 ANOS No caso do sursis etário e humanitário.</p><p>A suspensão NÃO se estende às penas restritivas de direitos nem à multa.</p><p>Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se PRORROGADO o</p><p>prazo da suspensão até o julgamento definitivo.</p><p>Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.</p><p>Pena não superior a 4 anos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 29</p><p>Condições</p><p>Legais</p><p>SURSIS SIMPLES,</p><p>ETÁRIO E HUMANITÁRIO</p><p>o Prestar serviços à comunidade, OU</p><p>o Limitação de fim de semana.</p><p>SURSIS ESPECIAL</p><p>Se o condenado houver reparado o dano, SALVO impossibilidade de fazê-lo, e se</p><p>as circunstâncias do art. 59 do CP lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá</p><p>substituir a exigência do tópico anterior pelas seguintes condições, cumulativamente:</p><p>o Proibição de frequentar determinados lugares.</p><p>o Proibição de ausentar-se da comarca onde reside sem autorização do juiz.</p><p>o Comparecimento pessoal e obrigatório ao juízo, mensalmente.</p><p>Judicia is</p><p>A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que:</p><p>1 Adequadas ao fato.</p><p>2 Adequadas à situação pessoal do condenado.</p><p>Revogação</p><p>OBRIGATÓRIA</p><p>A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:</p><p>o É condenado, em sentença irrecorrível, por CRIME DOLOSO.</p><p>o Frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua,</p><p>sem motivo justificado, a reparação do dano.</p><p>o Descumpre a condição do § 1º do art. 78 do CP (prestação de serviços à</p><p>comunidade ou limitação de fim de semana no primeiro ano do prazo).</p><p>FACULTATIVA</p><p>A suspensão poderá ser revogada se o condenado:</p><p>o Descumpre qualquer outra condição imposta.</p><p>o É irrecorrivelmente condenado, por CRIME CULPOSO ou por</p><p>CONTRAVENÇÃO, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.</p><p>Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o</p><p>período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.</p><p>No primeiro ano do prazo.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 30</p><p>LIVRAMENTO CONDICIONAL</p><p>Conceito</p><p>É uma forma de antecipação da liberdade do condenado antes do término do cumprimento da pena.</p><p>NÃO CONFUNDA</p><p>LIVRAMENTO CONDICIONAL SUSPENSÃO CONDICIONAL</p><p>O condenado cumpre parte de sua pena em liberdade. O condenado não chega sequer a cumprir a pena.</p><p>Requisitos</p><p>Para que seja possível o livramento condicional, são necessários os seguintes requisitos:</p><p>1 Pena privativa de liberdade fixada na sentença igual ou superior a 2 anos.</p><p>2</p><p>Cumprimento de pena:</p><p>o + DE UM TERÇO se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes.</p><p>o + DA METADE se o condenado for reincidente em crime doloso.</p><p>o + DE DOIS TERÇOS nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico</p><p>ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for</p><p>reincidente específico em crimes dessa natureza.</p><p>Com o Pacote Anticrime, em se tratando de condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado</p><p>com resultado morte (ou reincidente nessas situações) passa a ser vedado o livramento condicional.</p><p>3 Reparação do dano causado pela infração, SALVO efetiva impossibilidade de fazê-lo.</p><p>4</p><p>Comprovados (cumulativamente):</p><p>o Bom comportamento durante a execução da pena.</p><p>o Não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses.</p><p>o Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído.</p><p>o Aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto.</p><p>Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do</p><p>livramento ficará também SUBORDINADA À CONSTATAÇÃO DE CONDIÇÕES PESSOAIS que façam</p><p>presumir que o liberado não voltará a delinquir.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 31</p><p>Condições</p><p>A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento.</p><p>Revogação</p><p>OBRIGATÓRIA</p><p>Se o liberado vem a ser condenado a PPL, em sentença irrecorrível:</p><p>o Por crime cometido durante a vigência do benefício.</p><p>o Por crime anterior, observado o disposto no art. 84 do CP.</p><p>Art. 84 do CP → as penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se</p><p>para efeito do livramento.</p><p>FACULTATIVA</p><p>Se o liberado:</p><p>o Deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença.</p><p>o For irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não</p><p>seja privativa de liberdade.</p><p>Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, SALVO quando a revogação resulta de</p><p>condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve</p><p>solto</p><p>o condenado.</p><p>Extinção da pena</p><p>O juiz não poderá declarar extinta a pena enquanto não passar em julgado a sentença em processo a</p><p>que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.</p><p>Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 32</p><p>EFEITOS DA</p><p>CONDENAÇÃO</p><p>PRINCIPAL SANÇÃO PENAL</p><p>PENA</p><p>MEDIDA DE</p><p>SEGURANÇA</p><p>SECUNDÁRIOS</p><p>DE NATUREZA</p><p>PENAL</p><p>DE NATUREZA</p><p>EXTRAPENAL</p><p>GENÉRICOS</p><p>ESPECÍFICOS</p><p>EFEITOS DA CONDENAÇÃO</p><p>Introdução</p><p>Condenação é a decisão judicial (sentença ou acórdão) que impõe pena (ao imputável) ou medida de</p><p>segurança (ao semi-imputável), em razão do reconhecimento da prática de um fato típico, ilícito e culpável.</p><p>Efeitos</p><p>Visão geral</p><p>Efeitos secundários</p><p>Natureza penal</p><p>São efeitos que, de algum modo, repercutem no Direito Penal. Por exemplo, a condenação:</p><p>1 Induz a reincidência.</p><p>2 Obsta a concessão do sursis.</p><p>3 Enseja a revogação do sursis.</p><p>4 Enseja a revogação do livramento condicional.</p><p>5 Enseja a revogação da reabilitação.</p><p>6 Eleva o prazo da prescrição da pretensão executória.</p><p>▪ ▪ ▪ dentre outros efeitos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 33</p><p>Natureza extrapenal</p><p>São efeitos que não repercutem no Direito Penal, mas repercutem em outros âmbitos:</p><p>GENÉRICOS</p><p>São efeitos automáticos da condenação:</p><p>o Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.</p><p>o A perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de 3º de boa-fé:</p><p>✓ Dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,</p><p>alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito.</p><p>✓ Do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito</p><p>auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.</p><p>ESPECÍFICOS</p><p>São efeitos da condenação, a serem motivadamente declarados em sentença:</p><p>o A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:</p><p>✓ Quando aplicada PPL por tempo igual ou superior a 1 ano, nos crimes praticados</p><p>com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública.</p><p>✓ Quando for aplicada PPL por tempo superior a 4 anos nos demais casos.</p><p>o A incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes</p><p>dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do</p><p>mesmo poder, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado.</p><p>o Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado para a prática de crime doloso.</p><p>Além disso, a Lei n. 13.964/2019 regulamenta a pena de perda de bens (prevista no art. 5°, XLVI, b, da</p><p>CRFB/88) para o condenado por infração com pena máxima superior a 6 anos de reclusão, caso seja comprovada</p><p>a incompatibilidade dos bens do patrimônio do condenado frente ao seu rendimento lícito.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 34</p><p>REABILITAÇÃO</p><p>Conceito</p><p>A reabilitação é um instituto que visa assegurar ao condenado que já tenha cumprido pena:</p><p>o O sigilo dos registros sobre seu processo e condenação.</p><p>o A extinção dos efeitos secundários extrapenais específicos da sentença penal condenatória, VEDADA</p><p>reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do art. 92 do CP ↴</p><p>Art. 92. São também efeitos da condenação:</p><p>I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:</p><p>a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados</p><p>com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;</p><p>b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos nos demais casos.</p><p>II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos</p><p>à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou</p><p>outro descendente ou contra tutelado ou curatelado.</p><p>Requisitos</p><p>A reabilitação poderá ser requerida se cumpridos os seguintes requisitos:</p><p>1</p><p>Decurso de 2 anos do dia em que for extinta a pena ou terminar sua execução, computando-se o</p><p>período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação.</p><p>2 Domicílio no país pelo prazo de 2 anos.</p><p>3 Demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado.</p><p>4</p><p>Ressarcimento do dano causado pelo crime ou demonstração da absoluta impossibilidade de fazê-lo,</p><p>até o dia do pedido, ou exibição de documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.</p><p>Revogação</p><p>A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for</p><p>condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 35</p><p>EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE</p><p>Conceito</p><p>Trata-se da extinção do direito de punir (jus puniendi) do Estado.</p><p>Espécies</p><p>Morte do agente</p><p>A CRFB/88 prevê que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, sendo, portanto, intransmissível.</p><p>Assim, a morte do agente (comprovada pela certidão de óbito) extingue a punibilidade.</p><p>Anistia, graça e indulto</p><p>ANISTIA</p><p>Características:</p><p>o É o esquecimento jurídico da infração.</p><p>o De competência do Congresso Nacional.</p><p>o Advém de ato legislativo.</p><p>INDULTO</p><p>Características:</p><p>o É forma de clemência.</p><p>o De competência do Presidente da República.</p><p>o Advém de decreto.</p><p>Espécies:</p><p>o COLETIVO → indulto propriamente dito.</p><p>o INDIVIDUAL → graça.</p><p>Inaplicabilidade:</p><p>o Crimes hediondos.</p><p>o Tortura.</p><p>o Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.</p><p>o Terrorismo.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 36</p><p>Prescrição, decadência ou perempção</p><p>Prescrição</p><p>Atinge a pena de qualquer crime (independentemente do tipo de ação penal), SALVO nos casos de</p><p>imprescritibilidade. O tema será estudado em tópico próprio.</p><p>Decadência</p><p>Atinge os crimes de ação privada e de ação pública condicionada à representação.</p><p>Decadência é o prazo (de 6 meses, em regra) para que o ofendido ou seu representante legal exerça seu</p><p>direito de queixa ou de representação.</p><p>Perempção</p><p>Sanção processual imposta ao querelante omisso na ação penal exclusivamente privada.</p><p>Outras hipóteses</p><p>Abolitio criminis</p><p>Extingue-se a punibilidade pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso.</p><p>Os efeitos civis não cessam, razão pela qual o agente continua obrigado a reparar o dano.</p><p>Renúncia ao direito de queixa</p><p>É ato voluntário do ofendido, que desiste do direito de propor ação penal privada, sendo que a renúncia</p><p>em relação a um dos autores do crime a todos se estenderá.</p><p>Perdão aceito</p><p>É ato voluntário do ofendido que visa a obstar o prosseguimento da ação penal privada, sendo ato</p><p>bilateral (depende de aceitação). No caso de concurso de pessoas, se o ofendido o conceder a qualquer um</p><p>dos agentes (querelados), a todos os outros se estenderá. Por outro lado, no caso de haver ofensa a mais de</p><p>uma pessoa, se um dos ofendidos o conceder, não prejudica o direito dos outros.</p><p>Perdão judicial</p><p>Ocorre quando o juiz deixa de aplicar a pena ao autor do crime em face de certas circunstâncias. Ex.:</p><p>no caso do homicídio e lesão corporal culposos, o juiz pode deixar de aplicar a pena se as circunstâncias do fato</p><p>criminoso atingirem o próprio agente de forma tão grave que sua imposição se mostre desnecessária.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 37</p><p>1</p><p>• Segurança jurídica ao autor da infração penal.</p><p>2</p><p>• Forma de evitar a ineficácia do Estado.</p><p>3</p><p>• Impertinência da sanção penal (a função preventiva da pena deve ser manifestada</p><p>logo após a prática da infração).</p><p>PRESCRIÇÃO</p><p>Introdução</p><p>Conceito</p><p>Prescrição é a perda, em face do decurso do tempo, do direito do Estado de punir (prescrição da pretensão</p><p>punitiva – PPP) ou de executar uma punição já imposta (prescrição da pretensão executória – PPE). Assim:</p><p>PRETENSÃO</p><p>PUNITIVA</p><p>Refere-se ao interesse do Estado em aplicar a pena.</p><p>Manifesta-se</p><p>ANTES do trânsito em julgado da condenação para ambas as partes.</p><p>PRETENSÃO</p><p>EXECUTÓRIA</p><p>Refere-se ao interesse do Estado em executar a pena.</p><p>Manifesta-se APÓS do trânsito em julgado da condenação para ambas as partes.</p><p>É fundamental pontuar o seguinte:</p><p>1</p><p>A prescrição é matéria preliminar (antecede a análise do mérito) e de ordem pública (pode ser alegada</p><p>a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição).</p><p>2 Os prazos prescricionais são improrrogáveis.</p><p>Fundamentos</p><p>A doutrina aponta os seguintes fundamentos para a prescrição penal:</p><p>Natureza jurídica</p><p>A prescrição tem natureza jurídica de causa extintiva da PUNIBILIDADE (e não do CRIME).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 38</p><p>Crimes imprescrit íveis</p><p>De acordo com a CRFB/88, são imprescritíveis:</p><p>1 Racismo (inclusive a injúria racial, conforme Lei n. 14.532/2023).</p><p>2 Ação dos grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.</p><p>São também inafiançáveis.</p><p>Espécies de prescrição</p><p>Visão geral</p><p>Nesse sentido:</p><p>PPP</p><p>o PROPRIAMENTE DITA → não há trânsito em julgado para nenhuma das partes.</p><p>o RETROAVIVA → não há trânsito em julgado para a defesa, mas há para a acusação.</p><p>o SUPERVENIENTE → não há trânsito em julgado para a defesa, mas há para a acusação.</p><p>PPE Há trânsito em julgado para ambas as partes.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 39</p><p>PPP – Prescrição da pretensão punitiva</p><p>PPP propriamente dita</p><p>Disposições iniciais</p><p>Na PPP propriamente dita NÃO HÁ trânsito em julgado para nenhuma das partes.</p><p>Ocorre antes do RECEBIMENTO DA DENÚNCIA.</p><p>Prazos</p><p>O prazo é regulado pela pena máxima cominada ao delito, senão vejamos:</p><p>PRAZO PRESCRICIONAL PENA</p><p>20 anos + 12 anos</p><p>16 anos + 8 anos até 12 anos</p><p>12 anos + 4 até 8 anos</p><p>8 anos + 2 até 4 anos</p><p>4 anos 1 até 2 anos</p><p>3 anos - 1 ano</p><p>Os prazos são reduzidos de METADE se o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos (menoridade</p><p>relativa), ou, na data da sentença, maior de 70 anos (senilidade) – aplica-se a todas as espécies de prescrição.</p><p>Termo inicial</p><p>A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:</p><p>REGRA Do dia em que o crime se consumou.</p><p>EXCEÇÕES</p><p>o No caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa.</p><p>o Nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência.</p><p>o Nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da</p><p>data em que o fato se tornou conhecido.</p><p>o Nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra criança e</p><p>adolescente, previstos no CP ou em legislação especial, da data em que a vítima completar</p><p>18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal [Lei n. 14.344/2022].</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 40</p><p>Causas interruptivas da PPP</p><p>O curso da prescrição interrompe-se:</p><p>1</p><p>Pelo RECEBIMENTO (≠ oferecimento) da denúncia ou da queixa.</p><p>o OBS1.: a REJEIÇÃO da denúncia NÃO interrompe a prescrição.</p><p>o OBS2.: se a denúncia for recebida por juízo absolutamente incompetente, a prescrição NÃO é</p><p>interrompida; se o juízo for relativamente incompetente, a prescrição é interrompida.</p><p>o OBS3.: o recebimento do aditamento da denúncia ou da queixa interrompe a prescrição</p><p>APENAS em relação ao novo crime ou ao novo acusado objeto do aditamento.</p><p>2</p><p>Pela pronúncia.</p><p>o OBS1.: a pronúncia é uma decisão interlocutória mista não terminativa, fundada em indícios de</p><p>autoria e prova da materialidade, que submete o acusado ao julgamento pelo Júri.</p><p>o OBS2.: a impronúncia, a absolvição sumária e a desclassificação NÃO interrompem a prescrição.</p><p>o OBS3.: de acordo com a Súmula 191 do STJ, a pronúncia é causa interruptiva da prescrição,</p><p>AINDA QUE o tribunal do júri venha a desclassificar o crime.</p><p>3</p><p>Pela decisão confirmatória da pronúncia.</p><p>o OBS.: é o caso em que a defesa recorre da decisão de pronúncia e o Tribunal mantém a</p><p>decisão, confirmando a pronúncia (a prescrição é novamente interrompida).</p><p>4</p><p>Pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis.</p><p>o OBS1.: atualmente, o STF entende que o acórdão confirmatório da condenação também</p><p>interrompe a prescrição (info. 965).</p><p>o OBS2.: a sentença que aplica medida de segurança ao inimputável é ABSOLUTÓRIA, não</p><p>interrompendo a prescrição. Já a que aplica medida de segurança ao semi-imputável é</p><p>CONDENATÓRIA, interrompendo a prescrição.</p><p>5 Pelo início ou continuação do cumprimento da pena.</p><p>6 Pela reincidência.</p><p>Rol taxativo!</p><p>Com a interrupção da prescrição, todo o prazo começa a correr, NOVAMENTE, do dia da interrupção,</p><p>exceto no caso de início ou continuação do cumprimento da pena.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 41</p><p>COMUNICABILIDADE</p><p>CONCURSO DE</p><p>PESSOAS</p><p>A interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a TODOS OS AUTORES do</p><p>crime, exceto nos casos de início ou continuação do cumprimento da pena ou reincidência.</p><p>CONCURSO DE</p><p>CRIMES</p><p>Nos CRIMES CONEXOS, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais</p><p>a interrupção relativa a qualquer deles.</p><p>Causas impeditivas e suspensivas</p><p>Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:</p><p>1</p><p>Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime.</p><p>o OBS.: são as chamadas questões prejudiciais, de competência do juízo criminal, SALVO as relativas ao</p><p>estado civil das pessoas, de competência do juízo cível (nessa hipótese, o juízo criminal deve suspender</p><p>o processo e a prescrição até que a questão prejudicial seja resolvida na esfera cível).</p><p>2 Enquanto o agente cumpre pena no exterior.</p><p>3 Na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis.</p><p>4 Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.</p><p>Essas causas são tanto impeditivas, quanto suspensivas, a depender do momento em que ocorrem. Assim, se o prazo</p><p>ainda não começou a fluir, a causa é impeditiva; se o prazo já se iniciou, a causa é suspensiva.</p><p>PPP retroativa</p><p>Introdução</p><p>Na PPP retroativa HÁ trânsito em julgado para a acusação, mas não para a defesa.</p><p>Contagem</p><p>O prazo é contado regressivamente, ou seja, de trás para frente → da decisão condenatória recorrível,</p><p>passando, novamente, pelas etapas interruptivas já ocorridas, até o recebimento da denúncia. Assim:</p><p>TERMO INICIAL Publicação da sentença (ou acórdão) condenatória recorrível.</p><p>TERMO FINAL Recebimento da denúncia ou queixa.</p><p>O prazo regula-se pela pena aplicada na sentença (pena em concreto).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 42</p><p>PPP superveniente, subsequente ou intercorrente</p><p>Introdução</p><p>Na PPP superveniente HÁ trânsito em julgado para a acusação, mas não para a defesa.</p><p>Contagem</p><p>O prazo começa a correr da publicação da sentença condenatória (1ª instância) até o trânsito em julgado</p><p>para ambas as partes, levando-se em conta a pena concretamente aplicada na sentença. Assim</p><p>TERMO INICIAL Publicação da sentença condenatória recorrível.</p><p>TERMO FINAL Trânsito em julgado definitivo para as partes.</p><p>O prazo regula-se pela pena aplicada na sentença (pena em concreto).</p><p>Hipóteses</p><p>A prescrição superveniente ocorre em duas hipóteses:</p><p>1 Após o trânsito em julgado para a acusação, o réu, intimado, recorre e não tem seu recurso apreciado.</p><p>2 Após o trânsito em julgado para a acusação, o réu não é intimado da sentença.</p><p>PPE – Prescrição da pretensão executória</p><p>Introdução</p><p>Na PPE, há o trânsito em julgado da sentença condenatória para as duas partes.</p><p>Contagem</p><p>A prescrição da pretensão executória começa a correr:</p><p>1</p><p>Do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a</p><p>suspensão condicional da pena ou o livramento condicional.</p><p>2</p><p>Do dia em que se interrompe a execução, SALVO quando o tempo da interrupção deva ser computado</p><p>na pena.</p><p>O prazo regula-se pela pena aplicada na sentença (pena</p><p>109</p><p>Aplicação da pena ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 109</p><p>Concurso material ou real ............................................................................................................................................................................................................................................................................................... 109</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 3</p><p>Concurso formal ou ideal .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 109</p><p>Crime continuado ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 110</p><p>Esquematizando a aplicação da pena .......................................................................................................................................................................................................................................................... 111</p><p>Resumindo... ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 111</p><p>Erro na execução .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 112</p><p>TEORIA DA SANÇÃO PENAL ........................................................................................................................................................................................................................................................................................... 113</p><p>Sanção penal ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 113</p><p>Teoria geral da pena ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 113</p><p>Penas privativas de liberdade .................................................................................................................................................................................................................................................................................... 114</p><p>Penas restritivas de direitos ........................................................................................................................................................................................................................................................................................ 116</p><p>Pena de multa ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 118</p><p>Aplicação da pena ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 120</p><p>Medidas de segurança ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 126</p><p>SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – SURSIS ................................................................................................................................................................................................... 128</p><p>Conceito ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 128</p><p>Requisitos ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 128</p><p>Período de suspensão................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 128</p><p>Condições ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 129</p><p>Revogação............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 129</p><p>LIVRAMENTO CONDICIONAL .......................................................................................................................................................................................................................................................................................130</p><p>Conceito .....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................130</p><p>Requisitos .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................130</p><p>em concreto), contudo o prazo prescricional é</p><p>aumentado de um terço se o condenado é REINCIDENTE.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 43</p><p>RELEMBRANDO</p><p>Os prazos são reduzidos de METADE quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos</p><p>(menoridade relativa), ou, na data da sentença, maior de 70 anos (senilidade).</p><p>Causas interruptivas</p><p>O curso da prescrição interrompe-se:</p><p>1 Pelo início ou continuação do cumprimento da pena.</p><p>2 Pela reincidência.</p><p>Essas causas NÃO se comunicam, nem no concurso de pessoas, nem no concurso de crimes.</p><p>Causa impeditiva</p><p>Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição NÃO CORRE durante o tempo em</p><p>que o condenado está preso por outro motivo.</p><p>Resumindo. . .</p><p>PPP PPP RETROATIVA PPP SUPERVENIENTE PPE</p><p>Antes do recebimento</p><p>da denúncia.</p><p>Do recebimento da</p><p>denúncia até a sentença</p><p>condenatória.</p><p>“PARA TRÁS”</p><p>Da sentença</p><p>condenatória até seu</p><p>trânsito em julgado.</p><p>“PARA FRENTE”</p><p>Após o trânsito em</p><p>julgado da sentença ou</p><p>acórdão condenatórios.</p><p>Regula-se pela pena</p><p>máxima aplicável</p><p>Regula-se pela pena</p><p>aplicada</p><p>Regula-se pela pena</p><p>aplicada</p><p>Regula-se pela pena</p><p>aplicada.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 44</p><p>Prescrição antecipada ou virtual</p><p>A prescrição virtual é a antecipação da prescrição retroativa e ocorre quando o juiz, passado o primeiro</p><p>lapso interruptivo da prescrição (recebimento da denúncia), prevê que ainda que o réu seja condenado com a</p><p>pena máxima, será possível reconhecer a prescrição no momento da sentença. Nesse sentido:</p><p>SÚMULA 438 DO STJ</p><p>É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena</p><p>hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.</p><p>Prescrição da multa</p><p>A prescrição da pena de multa ocorrerá:</p><p>1 Em 2 anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada.</p><p>2</p><p>No mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for</p><p>alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 45</p><p>PARTE ESPECIAL</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 46</p><p>DOS CRIMES CONTRA A PESSOA</p><p>Dos crimes contra a vida</p><p>Homicídio</p><p>Homicídio simples</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Matar alguém.</p><p>PENA Reclusão, de 6 a 20 anos.</p><p>O homicídio simples possui as seguintes características:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 47</p><p>Homicídio privilegiado</p><p>O homicídio privilegiado possui as seguintes características:</p><p>Homicídio qualificado</p><p>A pena será de 12 a 30 anos, se o homicídio for qualificado:</p><p>PELO</p><p>MOTIVO</p><p>Se o homicídio é cometido:</p><p>o Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe (repugnante).</p><p>o Por motivo fútil (banal).</p><p>PELOS</p><p>MEIOS</p><p>Se o homicídio é cometido com emprego de:</p><p>o Veneno (meio insidioso).</p><p>o Fogo ou explosivo (podem resultar perigo comum).</p><p>o Asfixia (meio cruel).</p><p>o Tortura (meio cruel).</p><p>o Outro meio insidioso (utilizado sem que a vítima tenha conhecimento dele) ou cruel (que</p><p>causa um sofrimento excessivo), ou de que possa resultar perigo comum (que abrange</p><p>um número indeterminado de pessoas).</p><p>o Arma de fogo de uso restrito ou proibido.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 48</p><p>PELOS</p><p>MODOS</p><p>Se o homicídio é cometido mediante:</p><p>o Traição (pelas costas).</p><p>o Emboscada (tocaia/cilada).</p><p>o Dissimulação (ocultação da intenção do homicida).</p><p>o Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.</p><p>PELOS FINS</p><p>Se o homicídio é cometido para assegurar:</p><p>o A execução de outro crime (homicídio como meio para a prática de outro crime).</p><p>o A ocultação de outro crime (ex.: matar a única testemunha do crime).</p><p>o A impunidade de outro crime (o crime é conhecido, mas a autoria não).</p><p>o A vantagem de outro crime (vantagem patrimonial ou não, direta ou indireta).</p><p>PELOS</p><p>SUJEITOS</p><p>PASSIVOS</p><p>Se o homicídio é cometido contra:</p><p>o Contra menor de 14 anos (Lei n. 14.344/2022).</p><p>o Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio).</p><p>o Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,</p><p>integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no</p><p>exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou</p><p>parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.</p><p>Majorantes do homicídio</p><p>A pena é aumentada de:</p><p>1/3</p><p>Se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos.</p><p>o OBS.: O professor Cleber Masson aponta uma falha legislativa no § 4º do art. 121 do</p><p>CP uma vez que o homicídio praticado contra o menor de 14 anos, a partir da Lei n.</p><p>14.344/2022, deixa de ser causa de aumento de pena e passa a ser qualificadora.</p><p>Aliás, trata-se de uma qualificadora de NATUREZA OBJETIVA, comunicando-se no</p><p>concurso de pessoas, DESDE QUE seja de conhecimento de todos os agentes.</p><p>1/3 até 1/2</p><p>Se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de</p><p>segurança, ou por grupo de extermínio.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 49</p><p>Majorantes do homicídio contra menor de 14 anos</p><p>A pena do homicídio contra menor de 14 anos é aumentada de:</p><p>1/3 até 1/2 Se a vítima é PCD ou pessoa com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade.</p><p>2/3</p><p>Se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,</p><p>preceptor ou empregador da vítima ou tiver qualquer autoridade sobre ela.</p><p>Majorantes do feminicídio</p><p>A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 até 1/2 se o crime for praticado:</p><p>1 Durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao parto.</p><p>2</p><p>Contra pessoa maior de 60 anos, com deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem condição</p><p>limitante ou de vulnerabilidade física ou mental.</p><p>3 Na presença FÍSICA OU VIRTUAL de descendente ou de ascendente da vítima.</p><p>4</p><p>Em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art.</p><p>22 da Lei Maria da Penha.</p><p>Homicídio culposo</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 50</p><p>Majorante do homicídio culposo</p><p>No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 se:</p><p>1</p><p>O crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.</p><p>o OBS.: na imperícia, o agente não domina a técnica; aqui, o agente a domina, mas não a observa.</p><p>2 O agente deixa de prestar imediato socorro à vítima.</p><p>3 O agente não procura diminuir as consequências do seu ato.</p><p>4 O agente foge para evitar prisão em flagrante.</p><p>Hediondez</p><p>É hediondo o homicídio:</p><p>SIMPLES Quando praticado em atividade típica de GRUPO DE EXTERMÍNIO.</p><p>QUALIFICADO Será SEMPRE crime hediondo (seja consumado ou tentado).</p><p>Ação penal</p><p>A ação penal no crime de homicídio, doloso ou culposo, é de iniciativa pública incondicionada.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 5 1</p><p>INDUZIR</p><p>• Despertar, dar, criar a ideia na cabeça da vítima, a qual ainda não a possui.</p><p>• Ex.: a vítima conta seus problemas a um sujeito e ele sugere que esta dê fim a sua vida.</p><p>INSTIGAR</p><p>• Reforçar, encorajar uma ideia já existente.</p><p>• Ex.: sujeito em cima do prédio e a multidão embaixo gritando “pula”.</p><p>AUXILIAR</p><p>• Dar apoio material ao ato suicida, disponibilizando os meios materiais para que o suicídio ocorra.</p><p>• Ex.: emprestar arma de fogo para que a vítima se suicide.</p><p>Induzimento, instigação ou auxíl io a suicídio ou a automuti lação</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>INDUZIR ou INSTIGAR alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-</p><p>lhe AUXÍLIO para que o faça.</p><p>PENAS</p><p>o Reclusão, de 6 meses a 2 anos.</p><p>o Reclusão, de 2 a 6 anos, se resultar morte.</p><p>o Reclusão, de 1 a 3 anos, se resultar lesão corporal grave ou gravíssima.</p><p>Núcleos do tipo</p><p>Características</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 52</p><p>PENA MAJORADA</p><p>DUPLICADA</p><p>Se a vítima é menor ou tem diminuída, por</p><p>qualquer causa, a capacidade de resistência</p><p>Por motivo egoístico, torpe ou fútil</p><p>ATÉ O DOBRO</p><p>Se a conduta é realizada por meio da rede</p><p>de computadores, de rede social ou</p><p>transmitida em tempo real.</p><p>EM METADE</p><p>Se o agente é líder ou coordenador de grupo</p><p>ou de rede virtual.</p><p>Majorantes</p><p>A pena é majorada nos seguintes casos:</p><p>Especificidades quanto ao sujeito passivo</p><p>Se o crime ora estudado é cometido contra menor de 14 anos ou contra quem, por enfermidade ou</p><p>deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,</p><p>não pode oferecer resistência e resulta em:</p><p>LESÃO CORPORAL DE</p><p>NATUREZA GRAVÍSSIMA</p><p>Responde o agente por lesão corporal gravíssima, nos termos do art. 129, § 2º, do CP.</p><p>MORTE Responde o agente por homicídio, nos termos do art. 121 do CP.</p><p>Ação penal</p><p>A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 53</p><p>Infanticídio</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Matar, sob a influência do estado puerperal (perturbações físicas e psíquicas</p><p>decorrentes do parto), o próprio filho, durante o parto ou logo após.</p><p>PENA Detenção, de 2 a 6 anos.</p><p>Características</p><p>Ação penal</p><p>A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 54</p><p>Aborto</p><p>Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Provocar aborto em si mesma (autoaborto) ou consentir que outrem lho provoque.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos.</p><p>Aborto provocado por terceiro</p><p>Pode ser sem o consentimento da gestante:</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Provocar aborto, sem o consentimento da gestante.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 10 anos.</p><p>Pode ser, ainda, com o consentimento da gestante:</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Provocar aborto, com o consentimento da gestante.</p><p>PENA</p><p>Reclusão, de 1 a 4 anos.</p><p>o OBS.: Aplica-se a pena do aborto sem consentimento, se a gestante não</p><p>é maior de 14 anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento</p><p>é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 55</p><p>Características</p><p>Forma majorada</p><p>As penas serão aumentadas de:</p><p>1/3</p><p>Se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante</p><p>sofre lesão corporal de natureza grave.</p><p>1/2 Se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.</p><p>Aborto legal</p><p>O aborto é permitido:</p><p>1 Para salvar a vida da gestante.</p><p>2 Em caso de gravidez resultante de estupro.</p><p>3 Em caso de feto anencéfalo - ADPF 54.</p><p>Ação penal</p><p>A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 56</p><p>Das lesões corporais</p><p>Lesão corporal leve</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano.</p><p>Características</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 57</p><p>Lesão corporal qual ificada</p><p>Lesão corporal grave</p><p>CARACTERIZAÇÃO</p><p>Se resulta:</p><p>o Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias.</p><p>o Perigo de vida (somente a título de culpa, senão seria homicídio tentado).</p><p>o Debilidade permanente de membro, sentido ou função.</p><p>o Aceleração de parto (a gravidez deve ser conhecida pelo agente).</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos.</p><p>Lesão corporal gravíssima</p><p>CARACTERIZAÇÃO</p><p>Se resulta:</p><p>o Incapacidade permanente para o trabalho.</p><p>o Enfermidade incurável.</p><p>o Perda ou inutilização do membro, sentido ou função.</p><p>o Deformidade permanente.</p><p>o Aborto (a gravidez deve ser conhecida pelo agente).</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 8 anos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 58</p><p>Características</p><p>Outras qualificadoras</p><p>Lesão corporal seguida de morte</p><p>CARACTERIZAÇÃO</p><p>Quando resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o</p><p>resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 12 anos.</p><p>Trata-se de crime preterdoloso.</p><p>Razões da condição do sexo feminino</p><p>CARACTERIZAÇÃO Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 59</p><p>Violência doméstica</p><p>Lesões corporais leves, cuja vítima não é necessariamente mulher, ou seja, o sujeito passivo pode ser</p><p>homem ou mulher. Sendo mulher, também incidirão as regras específicas da Lei Maria da Penha.</p><p>CARACTERIZAÇÃO</p><p>Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou</p><p>companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o</p><p>agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 3 anos.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena será aumentada de 1/3:</p><p>o Nos casos de lesão corporal grave, gravíssima ou seguida de morte.</p><p>o Se o crime for cometido contra PCD.</p><p>Minorantes e majorantes</p><p>Diminuição de pena</p><p>HIPÓTESE</p><p>Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral</p><p>ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.</p><p>DIMINUIÇÃO O juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3.</p><p>Aumento de pena</p><p>HIPÓTESES</p><p>A) Se o crime é:</p><p>o Praticado contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos.</p><p>o Praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de</p><p>segurança, ou por grupo de extermínio.</p><p>B) Se a lesão é praticada contra autoridade/agente descrito nos arts. 142 e 144</p><p>da CRFB/88, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança</p><p>Pública, no exercício da função ou em razão dela, ou contra seu cônjuge, companheiro</p><p>ou parente consanguíneo até o 3º grau, em razão dessa condição.</p><p>AUMENTOS</p><p>A) A pena será aumentada de 1/3.</p><p>B) A pena será aumentada de 1/3 a 2/3.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 60</p><p>Substituição da pena</p><p>HIPÓTESES</p><p>Não sendo graves as lesões e:</p><p>o Se ocorrer alguma das hipóteses de diminuição.</p><p>o Se as lesões forem recíprocas.</p><p>CONSEQUÊNCIA O juiz pode substituir a pena de detenção pela de multa.</p><p>Forma culposa</p><p>Previsão</p><p>CARACTERIZAÇÃO A lesão culposa ocorre por imprudência, negligência ou imperícia.</p><p>CONSEQUÊNCIA Detenção, de 2 meses a 1 ano.</p><p>Aumento de pena</p><p>HIPÓTESES</p><p>Se:</p><p>o O crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão/arte/ofício.</p><p>o O agente deixa de prestar imediato socorro à vítima.</p><p>o O agente não procura diminuir as consequências do seu ato.</p><p>o O agente foge para evitar prisão em flagrante.</p><p>AUMENTO A pena é aumentada de 1/3.</p><p>Especificidades</p><p>A lesão corporal culposa possui as seguintes especificidades:</p><p>1 A ação penal é pública condicionada à representação da vítima.</p><p>2</p><p>O juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente</p><p>de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária (perdão judicial).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 6 1</p><p>Hediondez</p><p>É hedionda a:</p><p>1 Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima.</p><p>2 Lesão corporal seguida de morte.</p><p>▪ ▪ ▪ quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144, da CRFB/88, integrantes</p><p>do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência</p><p>dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o 3º grau, em razão dessa condição.</p><p>Ação penal</p><p>A ação penal será:</p><p>PÚBLICA CONDICIONADA À</p><p>REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA</p><p>Na lesão corporal:</p><p>o Leve.</p><p>o Culposa.</p><p>o Praticada por razões da condição do sexo feminino.</p><p>PÚBLICA INCONDICIONADA</p><p>Na lesão corporal:</p><p>o Grave.</p><p>o Gravíssima.</p><p>o Seguida de morte.</p><p>o Leve, nos casos de violência doméstica (ADI 4.424).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 62</p><p>Da periclitação da vida e da saúde</p><p>Perigo de contágio venéreo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio</p><p>de moléstia venérea, de que SABE OU DEVE SABER que está contaminado.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA Se É INTENÇÃO do agente transmitir a moléstia. Reclusão, de 1 a 4 anos e multa.</p><p>AÇÃO PENAL Pública condicionada à representação.</p><p>Perigo de contágio de moléstia grave</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Praticar, COM O FIM DE TRANSMITIR a outrem moléstia grave de que está</p><p>contaminado, ato capaz de produzir o contágio.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>Perigo para a vida ou saúde de outrem</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>SUBSIDIARIEDADE Somente haverá esse crime se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo</p><p>decorre do transporte de pessoas para a prestação de</p><p>serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em</p><p>desacordo com as normas legais.</p><p>A pena é aumentada</p><p>de 1/6 a 1/3.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 63</p><p>Abandono de incapaz</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Abandonar pessoa que está sob seu CUIDADO, GUARDA, VIGILÂNCIA OU</p><p>AUTORIDADE, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos</p><p>resultantes do abandono.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 3 anos.</p><p>FORMA QUALIFCADA</p><p>Se do abandono resulta lesão corporal grave. Reclusão, de 1 a 5 anos.</p><p>Se resulta morte. Reclusão, de 4 a 12 anos.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se o abandono ocorre em lugar ermo.</p><p>As penas aumentam-se</p><p>de 1/3.</p><p>Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,</p><p>irmão, tutor ou curador da vítima.</p><p>Se a vítima é maior de 60 anos.</p><p>Exposição ou abandono de recém-nascido</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se do fato resulta lesão corporal grave. Detenção, de 1 a 3 anos.</p><p>Se resulta morte. Detenção, de 2 a 6 anos.</p><p>Omissão de socorro</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança</p><p>abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave</p><p>e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se do fato resulta lesão grave. A pena é aumentada de metade.</p><p>Se resulta morte. A pena é triplicada.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 64</p><p>Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o</p><p>preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o</p><p>atendimento médico-hospitalar emergencial.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se do fato resulta lesão corporal grave. A pena é aumentada até o dobro.</p><p>Se resulta morte. A pena é aumentada até o triplo.</p><p>Maus-tratos</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou</p><p>vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a</p><p>de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo</p><p>ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina.</p><p>PENA Detenção, de 2 meses a 1 ano, ou multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se do fato resulta lesão corporal grave. Reclusão, de 1 a 4 anos.</p><p>Se resulta morte. Reclusão, de 4 a 12 anos.</p><p>FORMA MAJORADA Se o crime é praticado contra menor de 14 anos. Aumenta-se a pena de 1/3.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 65</p><p>Da rixa</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Participar de rixa (caracterizada pela presença de pelo menos 3 pessoas que</p><p>brigam indiscriminadamente entre si), SALVO para separar os contendores.</p><p>PENA Detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se ocorre morte ou lesão corporal</p><p>de natureza grave.</p><p>Detenção, de 6 meses a 2 anos (aplicada</p><p>pela simples participação na rixa).</p><p>Características</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 66</p><p>Dos crimes contra a honra</p><p>Calúnia</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.</p><p>EXCEÇÃO DA VERDADE</p><p>Admite-se a prova da verdade, SALVO:</p><p>o Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não</p><p>foi condenado por sentença irrecorrível.</p><p>o Se o fato é imputado ao Presidente da República ou a chefe de governo</p><p>estrangeiro.</p><p>o Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido</p><p>por sentença irrecorrível.</p><p>É punível a calúnia contra os mortos.</p><p>Características</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 67</p><p>Difamação</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.</p><p>EXCEÇÃO DA VERDADE</p><p>A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público</p><p>e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.</p><p>Características</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 68</p><p>Injúria</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se a injúria consiste em violência ou vias de fato</p><p>(injúria real), que, por sua natureza ou pelo meio</p><p>empregado, se considerem aviltantes.</p><p>Reclusão, de 1 a 3 anos, e</p><p>multa.</p><p>Se a injúria consiste na utilização de elementos</p><p>referentes a religião ou à condição de pessoa</p><p>idosa ou com deficiência (Lei n. 14.532/2023).</p><p>Detenção, de 3 meses a 1</p><p>ano, e multa, além da pena</p><p>correspondente à violência.</p><p>EXCEÇÃO DA VERDADE É incabível.</p><p>PERDÃO JUDICIAL</p><p>O juiz pode deixar de aplicar a pena:</p><p>o Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria.</p><p>o No caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.</p><p>Injúria preconceituosa</p><p>A Lei n. 14.532/2023 deslocou parte do crime de injúria preconceituosa do § 3º, do art. 140, do Código</p><p>Penal para a Lei de Racismo (continuidade normativo-típica). Dessa forma, o crime de injúria racial deixou de ser</p><p>crime contra a honra para ser crime de racismo, sendo, portanto, inafiançável e imprescritível.</p><p>Assim, a Lei de Racismo passou a descrever a injúria racial da seguinte forma: injuriar alguém (não precisa</p><p>ser a coletividade), ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional.</p><p>Entretanto, a injúria religiosa não foi deslocada para a Lei de Racismo, apesar de ser um dos elementos</p><p>do tipo. Assim, quanto à religião, o art. 2º-A, da Lei de Racismo, funciona como norma especial em relação ao</p><p>art. 1º, sendo o único crime da referida lei que não abrange a religião, pois esta continua no CP.</p><p>Deste modo, a injúria preconceituosa, no CP, consiste na utilização de elementos referentes a religião</p><p>ou à condição de pessoa idosa ou com deficiência.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 69</p><p>Características</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 70</p><p>Disposições comuns</p><p>Aumento de pena</p><p>UM TERÇO</p><p>As penas aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:</p><p>o Contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro.</p><p>o Contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do</p><p>Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do STF.</p><p>o Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação.</p><p>o Contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 anos</p><p>ou pessoa com deficiência,</p><p>exceto no caso de injúria [Lei n. 14.344/2022].</p><p>EM DOBRO Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa.</p><p>EM TRIPLO</p><p>Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede</p><p>mundial de computadores (inserido pelo Pacote Anticrime – após derrubada de vetos).</p><p>Exclusão de crime</p><p>Não constituem INJÚRIA OU DIFAMAÇÃO punível:</p><p>1</p><p>A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por</p><p>seu procurador.</p><p>Nesses casos, responde pela</p><p>injúria ou pela difamação</p><p>quem lhe dá publicidade. 2</p><p>O conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação</p><p>ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.</p><p>3</p><p>A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, SALVO quando inequívoca a intenção</p><p>de injuriar ou difamar.</p><p>Retratação</p><p>O querelado que, ANTES da sentença, se retrata DA CALÚNIA OU DA DIFAMAÇÃO fica isento de pena.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação,</p><p>a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 7 1</p><p>Ação penal</p><p>REGRA Ação penal privada.</p><p>EXCEÇÕES</p><p>A ação penal será pública:</p><p>o INCONDICIONADA → no caso da injúria real, quando resulta lesão corporal.</p><p>o CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA → se o crime for</p><p>cometido contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro.</p><p>o CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO → no caso de injúria</p><p>preconceituosa e de crime contra funcionário público, em razão de suas funções.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 72</p><p>Dos crimes contra a l iberdade indiv idual</p><p>Dos crimes contra a l iberdade pessoal</p><p>Constrangimento ilegal</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver</p><p>reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a NÃO FAZER o</p><p>que a lei permite, ou a FAZER o que ela não manda.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do</p><p>crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.</p><p>EXCLUSÃO DO CRIME</p><p>Não configura constrangimento ilegal:</p><p>o A intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou</p><p>de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida.</p><p>o A coação exercida para impedir suicídio.</p><p>Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.</p><p>O delito de constrangimento ilegal possui as seguintes características:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 73</p><p>Ameaça</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de</p><p>causar-lhe mal injusto e grave.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.</p><p>AÇÃO PENAL Pública condicionada à representação.</p><p>O crime de ameaça possui as seguintes características:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 74</p><p>Perseguição</p><p>Incluído pela Lei n. 14.132/2021:</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Perseguir alguém, REITERADAMENTE E POR QUALQUER MEIO, ameaçando-lhe a</p><p>integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de</p><p>qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.</p><p>PENA Reclusão, de 6 meses a 2 anos, e multa (além das penas correspondentes à violência).</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:</p><p>o Contra criança, adolescente ou idoso.</p><p>o Contra mulher por razões da condição de sexo feminino.</p><p>o Mediante concurso de 2 ou mais pessoas ou com o emprego de arma.</p><p>AÇÃO PENAL Pública condicionada à representação.</p><p>O crime de perseguição possui as seguintes características:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 75</p><p>Violência psicológica contra a mulher</p><p>Incluído pela Lei n. 14.188/2021:</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno</p><p>desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos,</p><p>crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,</p><p>isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer</p><p>outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação.</p><p>PENA Reclusão, de 6 meses a 2 anos, e multa, se o ato não constitui crime mais grave.</p><p>O crime de violência psicológica contra a mulher possui as seguintes características:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 76</p><p>Sequestro e cárcere privado</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>A pena é de reclusão, de 2 a 5 anos:</p><p>o Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do</p><p>agente ou maior de 60 anos.</p><p>o Se o crime é praticado mediante internação em casa de saúde ou hospital.</p><p>o Se a privação da liberdade dura mais de 15 dias.</p><p>o Se o crime é praticado contra menor de 18 anos.</p><p>o Se o crime é praticado com fins libidinosos.</p><p>A pena é de reclusão, de 2 a 8 anos:</p><p>o Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,</p><p>grave sofrimento físico ou moral.</p><p>O crime de sequestro e cárcere privado possui as seguintes características:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 77</p><p>Redução a condição análoga à de escravo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Reduzir alguém a condição análoga à de escravo:</p><p>o Quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva.</p><p>o Quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho.</p><p>o Quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida</p><p>contraída com o empregador ou preposto.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorre quem:</p><p>o Cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador,</p><p>com o fim de retê-lo no local de trabalho.</p><p>o Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos</p><p>ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:</p><p>o Contra criança ou adolescente.</p><p>o Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.</p><p>COMPETÊNCIA Justiça Federal.</p><p>O crime de redução a condição análoga à de escravo possui as seguintes características:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 78</p><p>Tráfico de pessoas</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave</p><p>ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de (dolo específico):</p><p>o Remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo.</p><p>o Submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo.</p><p>o Submetê-la a qualquer tipo de servidão.</p><p>o Adoção ilegal.</p><p>o Exploração sexual.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>MAJORADA</p><p>A pena é aumentada de um terço até a metade se:</p><p>o O crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de</p><p>exercê-las.</p><p>o O crime for cometido contra criança, adolescente, pessoa idosa ou PCD.</p><p>o O agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de</p><p>hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica</p><p>inerente ao exercício de emprego, cargo ou função.</p><p>o A vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.</p><p>FORMA</p><p>MINORADA</p><p>A pena é reduzida de 1/3 a 2/3 se o agente for primário e não integrar organização criminosa.</p><p>O crime de tráfico de pessoas possui as seguintes características:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 79</p><p>Dos crimes contra a inviolabi</p><p>l idade do domicí l io</p><p>Violação de domicílio</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou</p><p>tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.</p><p>FORMA</p><p>QUALIFICADA</p><p>Se o crime é cometido durante a noite, ou em</p><p>lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de</p><p>arma, ou por duas ou mais pessoas.</p><p>Detenção, de 6 meses a 2 anos, além</p><p>da pena correspondente à violência.</p><p>EXCLUSÃO</p><p>DO CRIME</p><p>Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:</p><p>o Durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou</p><p>outra diligência.</p><p>o A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou</p><p>na iminência de o ser.</p><p>CASA</p><p>A expressão “casa” compreende:</p><p>o Qualquer compartimento habitado.</p><p>o Aposento ocupado de habitação coletiva.</p><p>o Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.</p><p>Não se compreendem na expressão “casa”:</p><p>o Hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta.</p><p>o Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.</p><p>Com a nova Lei de Abuso de autoridade (Lei n. 13.869/2019), revogou-se o § 2º do art. 150 do CP, que</p><p>estabelecia: aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos</p><p>legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 80</p><p>Dos crimes contra a inviolabi l idade de correspondência</p><p>Violação de correspondência</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Na mesma pena incorre:</p><p>o Quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não</p><p>fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói.</p><p>o Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica.</p><p>o Quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente</p><p>comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação</p><p>telefônica entre outras pessoas.</p><p>o Quem impede a comunicação ou a conversação referidas acima.</p><p>o Quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância</p><p>de disposição legal.</p><p>FORMA MAJORADA As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se o agente comete o crime, com abuso de função em</p><p>serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico.</p><p>Detenção, de 1 a 3 anos.</p><p>Acerca desse tipo, nas palavras de Rogério Greco, “os comportamentos anteriormente previstos no art. 151</p><p>do diploma repressivo, para que possam ser considerados típicos, deverão se amoldar a qualquer uma das figuras</p><p>que lhes são equivalentes, constantes da Lei n. 4.117, de 27 de agosto de 1962, que institui o Código Brasileiro de</p><p>Telecomunicações, ou da Lei n. 6.538, de 22 de junho de 1978, que dispôs sobre os serviços postais, além da Lei n.</p><p>9.296, de 24 de julho de 1996, que regulamentou o inc. XII, parte final, do art. 5º da Constituição Federal”.</p><p>Correspondência comercial</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Abusar da condição de sócio ou empregado (crime próprio) de estabelecimento</p><p>comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou</p><p>suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 2 anos.</p><p>AÇÃO PENAL Pública condicionada à representação.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 8 1</p><p>Dos crimes contra a inviolabi l idade dos segredos</p><p>Divulgação de segredo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de</p><p>correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação</p><p>possa produzir dano a outrem.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas,</p><p>assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de</p><p>informações ou bancos de dados da Administração Pública.</p><p>Detenção, de 1 a</p><p>4 anos, e multa.</p><p>AÇÃO PENAL</p><p>Somente se procede mediante representação, SALVO quando resultar prejuízo para</p><p>a Administração Pública, caso em que a ação penal será incondicionada.</p><p>Violação do segredo profissional</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função,</p><p>ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem.</p><p>o OBS.: o crime é formal, NÃO sendo necessária a efetiva produção do dano.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.</p><p>AÇÃO PENAL Somente se procede mediante representação.</p><p>Invasão de dispositivo informático</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Invadir dispositivo informático DE USO alheio, conectado ou não à rede de</p><p>computadores, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem</p><p>autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo ou de instalar</p><p>vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.</p><p>o OBS.: a Lei n. 14.155/2021 passou a considerar crime a invasão de dispositivo</p><p>informático MESMO QUE este não seja alheio (mas esteja sob uso alheio) e</p><p>AINDA QUE este não esteja protegido por senha. Agora o sujeito passivo é</p><p>o USUÁRIO (não necessariamente titular) do dispositivo.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa (deixou de ser crime de menor potencial ofensivo).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 82</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo</p><p>ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida</p><p>no caput.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Aumenta-se a pena de 1/3 a 2/3:</p><p>o Se da invasão resulta prejuízo econômico.</p><p>Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra:</p><p>o Presidente da República, governadores e prefeitos.</p><p>o Presidente do Supremo Tribunal Federal.</p><p>o Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia</p><p>Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do DF ou de Câmara Municipal.</p><p>o Dirigente máximo da administração direta e indireta (da U, E, M, DF).</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas</p><p>privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em</p><p>lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido.</p><p>o Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>AÇÃO PENAL</p><p>Somente se procede mediante representação, SALVO se o crime é cometido contra</p><p>a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,</p><p>DF ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.</p><p>O crime de invasão de dispositivo informático possui as seguintes características:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 83</p><p>DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO</p><p>Do furto</p><p>Furto simples</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.</p><p>o OBS.: trata-se da subtração patrimonial NÃO VIOLENTA.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Esse tipo penal compõe-se dos seguintes elementos:</p><p>TIPO OBJETIVO</p><p>SUBTRAIR Núcleo do tipo.</p><p>COISA Aquilo que possui existência corpórea.</p><p>ALHEIA</p><p>Que pertence a outrem</p><p>OBS.: coisa sem dono não é objeto de furto.</p><p>MÓVEL</p><p>Que pode ser removida ou deslocada.</p><p>Coisa móvel por equiparação: energia elétrica</p><p>ou qualquer outra que tenha valor econômico.</p><p>TIPO SUBJETIVO</p><p>DOLO Consciência + Vontade</p><p>ELEMENTO SUBJETIVO ESPECIAL Para si ou para outrem.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 84</p><p>Características</p><p>Situações específicas</p><p>FURTO DE CADÁVER</p><p>Se POSSUI valor econômico (quando utilizados para pesquisas, por exemplo)</p><p>configura furto, se NÃO, trata-se de crime contra o respeito aos mortos.</p><p>FURTO DE USO</p><p>NÃO HÁ CRIME quando presentes as características do furto de uso:</p><p>o Subtração</p><p>de coisa infungível.</p><p>o Intenção de uso momentâneo.</p><p>o Devolução rápida da coisa.</p><p>o Antes que a vítima perceba.</p><p>FURTO SOB VIGILÂNCIA Não torna, por si só, o crime impossível.</p><p>FURTO FAMÉLÍCO Subtração para saciar a fome → pode configurar estado de necessidade.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 85</p><p>Formas majorada e priv i legiada</p><p>FORMA</p><p>MAJORADA</p><p>A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.</p><p>FORMA</p><p>PRIVILEGIADA</p><p>Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode:</p><p>o Substituir a pena de reclusão pela de detenção.</p><p>o Diminuir a pena de um a dois terços.</p><p>o Aplicar somente a pena de multa.</p><p>Formas qual ificadas</p><p>A pena é de reclusão:</p><p>DE 2 A 8 ANOS, E</p><p>MULTA</p><p>Se o crime é cometido:</p><p>o Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa.</p><p>o Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza.</p><p>o Com emprego de chave falsa.</p><p>o Mediante concurso de duas ou mais pessoas</p><p>DE 4 A 10 ANOS, E</p><p>MULTA</p><p>Se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.</p><p>DE 4 A 8 ANOS, E</p><p>MULTA</p><p>Se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou</p><p>informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de</p><p>mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro</p><p>meio fraudulento análogo. Nesse caso, considerada a relevância do resultado gravoso:</p><p>o A pena aumenta-se de 1/3 a 2/3, se o crime é praticado mediante a utilização</p><p>de servidor mantido fora do território nacional.</p><p>o A pena aumenta-se de 1/3 ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou</p><p>vulnerável.</p><p>DE 3 A 8 ANOS, E</p><p>MULTA</p><p>Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro</p><p>Estado ou para o exterior.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 86</p><p>DE 2 A 5 ANOS, E</p><p>MULTA</p><p>Se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou</p><p>dividido em partes no local da subtração.</p><p>DE 4 A 10 ANOS, E</p><p>MULTA</p><p>Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou</p><p>isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.</p><p>Furto de coisa comum</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem</p><p>legitimamente a detém, a coisa comum.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.</p><p>AÇÃO PENAL Somente se procede mediante representação.</p><p>EXTINÇÃO DA</p><p>PUNIBILIDADE</p><p>Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a</p><p>que tem direito o agente.</p><p>Não confunda</p><p>É importante apresentar as seguintes distinções</p><p>FURTO MEDIANTE FRAUDE ESTELIONATO</p><p>O agente emprega a fraude para facilitar a</p><p>subtração da coisa.</p><p>A vítima, enganada, entrega voluntariamente a</p><p>coisa ao agente.</p><p>FURTO COM ABUSO DE CONFIANÇA APROPRIAÇÃO INDÉBITA</p><p>O agente tem mero contato com a coisa e possui,</p><p>desde o início, o dolo de subtrair o bem.</p><p>O agente inicialmente tem a posse legítima do bem,</p><p>mas passa a agir como se dono fosse.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 87</p><p>Do roubo e da extorsão</p><p>Roubo</p><p>Roubo simples</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou</p><p>violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à</p><p>impossibilidade de resistência.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 10 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência</p><p>contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a</p><p>detenção da coisa para si ou para terceiro (roubo impróprio).</p><p>Características</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 88</p><p>Forma majorada</p><p>A pena aumenta-se de 1/3 até metade:</p><p>1 Se há o concurso de duas ou mais pessoas.</p><p>2 Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.</p><p>3</p><p>Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado:</p><p>o Para outro Estado.</p><p>o Para o exterior.</p><p>4 Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.</p><p>5</p><p>Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,</p><p>possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.</p><p>6 Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca.</p><p>A pena aumenta-se de 2/3:</p><p>1 Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo.</p><p>2</p><p>Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato</p><p>análogo que cause perigo comum.</p><p>Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,</p><p>aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.</p><p>Forma qualificada</p><p>Se da violência resulta:</p><p>1 Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 a 18 anos, e multa.</p><p>2 Morte (= latrocínio), a pena é de reclusão de 20 a 30 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 89</p><p>Extorsão</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de (dolo</p><p>específico) obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,</p><p>tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 10 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Aumenta-se a pena de um terço até metade se o crime é cometido:</p><p>o Por duas ou mais pessoas.</p><p>o Com emprego de arma.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se a extorsão é praticada mediante violência e resulta:</p><p>o Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 a 18 anos, e multa.</p><p>o Morte, a pena é de reclusão de 20 a 30 anos, e multa.</p><p>Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima (sequestro</p><p>relâmpago), e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica:</p><p>o A pena é de reclusão, de 6 a 12 anos, e multa.</p><p>o Se resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 16 a 24 anos.</p><p>o Se resulta morte, a pena é de reclusão, de 24 a 30 anos.</p><p>Não confunda</p><p>ROUBO EXTORSÃO</p><p>A vantagem é obtida independentemente do</p><p>comportamento da vítima.</p><p>A conduta da vítima é indispensável para se obter</p><p>a vantagem.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 90</p><p>Características</p><p>Extorsão mediante sequestro</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,</p><p>como condição ou preço do resgate (é sempre hediondo).</p><p>PENA Reclusão, de 8 a 15 anos.</p><p>FORMA MINORADA</p><p>Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade,</p><p>facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (delação</p><p>premiada) – Parte da doutrina defende que houve revogação tácita desse dispositivo</p><p>pelo art. 13 da Lei n. 9.807/99.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se o sequestro dura mais de 24 horas, se o sequestrado é menor de 18 ou maior</p><p>de 60 anos, ou se o crime é cometido por associação criminosa:</p><p>o A pena é de reclusão, de 12 a 20 anos.</p><p>Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>o A pena é de reclusão, de 16 a 24 anos.</p><p>Se resulta a morte:</p><p>o A pena é de reclusão, de 24 a 30 anos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 9 1</p><p>Extorsão indireta</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém,</p><p>documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 92</p><p>Da usurpação</p><p>Alteração de l imites</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha</p><p>divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Na mesma pena incorre quem:</p><p>o Desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias</p><p>(usurpação de águas).</p><p>o Invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso</p><p>de mais de duas pessoas,</p><p>terreno ou edifício alheio, para o fim de</p><p>esbulho possessório (esbulho possessório).</p><p>EMPREGO DE VIOLÊNCIA</p><p>o Se HÁ emprego de violência, incorre também na pena a esta cominada.</p><p>o Se NÃO HÁ emprego de violência e a propriedade é particular,</p><p>somente se procede mediante queixa.</p><p>Supressão ou alteração de marca em animais</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal</p><p>indicativo de propriedade.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 93</p><p>Do dano</p><p>Dano</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se o crime é cometido:</p><p>o Com violência à pessoa ou grave ameaça.</p><p>o Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não</p><p>constitui crime mais grave (subsidiariedade).</p><p>o contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de</p><p>Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade</p><p>de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos.</p><p>o Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima</p><p>(somente se procede mediante queixa).</p><p>A pena é de detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa, além da pena</p><p>correspondente à violência.</p><p>Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem</p><p>de direito, desde que o fato resulte prejuízo.</p><p>PENA Detenção, de 15 dias a 6 meses, ou multa.</p><p>AÇÃO PENAL Somente se procede mediante queixa.</p><p>Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente</p><p>em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.</p><p>Esse tipo foi tacitamente revogado pela Lei n. 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e</p><p>administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 94</p><p>Alteração de local especialmente protegido</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local</p><p>especialmente protegido por lei.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.</p><p>Esse tipo foi tacitamente revogado pela Lei n. 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e</p><p>administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 95</p><p>Da apropriação indébita</p><p>Apropriação indébita</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:</p><p>o Em depósito necessário.</p><p>o Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,</p><p>testamenteiro ou depositário judicial.</p><p>o Em razão de ofício, emprego ou profissão.</p><p>Características</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 96</p><p>Apropriação indébita previdenciária</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos</p><p>contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorre quem deixar de:</p><p>o Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à</p><p>previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a</p><p>segurados, a terceiros ou arrecadada do público.</p><p>o Recolher contribuições devidas que tenham integrado despesas contábeis</p><p>ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços.</p><p>o Pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores</p><p>já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.</p><p>EXTINÇÃO DA</p><p>PUNIBILIDADE</p><p>É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o</p><p>pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas</p><p>à previdência, na forma definida em lei ou regulamento, ANTES do início da ação fiscal.</p><p>PERDÃO JUDICIAL</p><p>É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente</p><p>for primário e de bons antecedentes, desde que:</p><p>o Tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia,</p><p>o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios.</p><p>o O valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior</p><p>àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo</p><p>o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.</p><p>Essa possibilidade NÃO SE APLICA aos casos de parcelamento de contribuições cujo</p><p>valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente,</p><p>como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 97</p><p>Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou</p><p>força da natureza.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.</p><p>FORMAS</p><p>EQUIPARADAS</p><p>Na mesma pena incorre:</p><p>o Quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da</p><p>quota a que tem direito o proprietário do prédio (apropriação de tesouro).</p><p>o Quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,</p><p>deixando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à</p><p>autoridade competente, no prazo de 15 dias (apropriação de coisa achada).</p><p>Disposição comum</p><p>Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa apropriada, o juiz pode:</p><p>1 Substituir a pena de reclusão pela de detenção.</p><p>2 Diminuí-la de um a dois terços.</p><p>3 Aplicar somente a pena de multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 98</p><p>Do estelionato e outras fraudes</p><p>Estelionato</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio (crime de</p><p>duplo resultado), induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil,</p><p>ou qualquer outro meio fraudulento.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>FORMA PRIVILEGIADA</p><p>Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa, o juiz pode:</p><p>o Substituir a pena de reclusão pela de detenção.</p><p>o Diminuir a pena de um a dois terços.</p><p>o Aplicar somente a pena de multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorre quem:</p><p>o Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa</p><p>alheia como própria (disposição de coisa alheia como própria).</p><p>o Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,</p><p>gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro,</p><p>mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas</p><p>circunstâncias (alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria).</p><p>o Defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro</p><p>modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado</p><p>(defraudação de penhor).</p><p>o Defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve</p><p>entregar a alguém (fraude na entrega de coisa).</p><p>o Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio</p><p>corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com</p><p>o intuito de haver indenização ou valor de seguro (fraude para</p><p>recebimento de indenização ou valor de seguro).</p><p>o Emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado,</p><p>ou lhe frustra o pagamento (fraude no pagamento por meio de cheque).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 99</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena aumenta-se de 1/3 ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou</p><p>vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>FRAUDE ELETRÔNICA</p><p>A pena é de reclusão, de 4 a 8 anos, e multa, se a fraude</p><p>é cometida com a</p><p>utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro</p><p>por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico</p><p>fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.</p><p>FORMA MAJORADA DA FRAUDE ELETRÔNICA</p><p>o Considerada a relevância do resultado gravoso, a pena aumenta-se de</p><p>1/3 a 2/3, se o crime é praticado mediante a utilização de servidor</p><p>mantido fora do território nacional.</p><p>o A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em detrimento de</p><p>entidade de direito público ou de instituto de economia popular,</p><p>assistência social ou beneficência.</p><p>AÇÃO PENAL</p><p>Somente se procede mediante representação, SALVO se a vítima for:</p><p>o A Administração Pública, direta ou indireta.</p><p>o Criança ou adolescente.</p><p>o Pessoa com deficiência mental.</p><p>o Maior de 70 anos de idade ou incapaz.</p><p>Não confunda:</p><p>ESTELIONATO APROPRIAÇÃO INDÉBITA</p><p>No estelionato, o agente tem o dolo de enganar</p><p>desde o início.</p><p>Na apropriação indébita, o dolo de não restituir a</p><p>coisa surge depois.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 200</p><p>Fraude com a uti l ização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros</p><p>A Lei n. 14.478/2022 inseriu o seguinte dispositivo no Código Penal:</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras ou intermediar operações que envolvam ativos</p><p>virtuais, valores mobiliários ou quaisquer ativos financeiros com o fim de (elemento subjetivo</p><p>específico) obter vantagem ilícita (de natureza econômica), em prejuízo alheio, induzindo ou</p><p>mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.</p><p>o OBS.: trata-se de um tipo misto alternativo, que possui mais de 2 núcleos, sendo que,</p><p>se o agente praticar dois ou mais desses núcleos contra o mesmo objeto material,</p><p>estará caracterizado 1 único crime.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa (crime incompatível com os benefícios da Lei n. 9.099/95).</p><p>Aqui, é importante destacar as principais características do novo tipo:</p><p>Quanto à competência, há, atualmente, 2 correntes:</p><p>1ª CORRENTE É da Justiça Federal, por se tratar de crime contra o sistema financeiro.</p><p>2ª CORRENTE</p><p>É da Justiça Estadual, pela localização topográfica do CP (crime contra o patrimônio)</p><p>e pelo sujeito passivo (o cidadão e não a instituição financeira). Além disso, a própria</p><p>CRFB/88 (art. 109, inciso VI) dispõe que deve haver lei expressa para a definição da</p><p>competência da Justiça Federal.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 201</p><p>Dupl icata simulada</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida,</p><p>em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.</p><p>PENA Detenção, de 2 a 4 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do</p><p>Livro de Registro de Duplicatas.</p><p>Abuso de incapazes</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de</p><p>menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à</p><p>prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de 3os.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.</p><p>Induzimento à especulação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade</p><p>mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos</p><p>ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Fraude no comércio</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor:</p><p>o Vendendo, como verdadeira/perfeita, mercadoria falsificada/deteriorada.</p><p>o Entregando uma mercadoria por outra.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.</p><p>FORMA</p><p>QUALIFICADA</p><p>Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir,</p><p>no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender</p><p>pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade.</p><p>o A pena é de reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 202</p><p>FORMA</p><p>PRIVILEGIADA</p><p>Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa, o juiz pode:</p><p>o Substituir a pena de reclusão pela de detenção.</p><p>o Diminuí-la de um a dois terços.</p><p>o Aplicar somente a pena de multa.</p><p>Outras fraudes</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de</p><p>transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento.</p><p>PENA Detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa.</p><p>AÇÃO PENAL</p><p>Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as</p><p>circunstâncias, deixar de aplicar a pena.</p><p>Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em</p><p>comunicação ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da</p><p>sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo.</p><p>PENA</p><p>Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia</p><p>popular (subsidiariedade).</p><p>Emissão irregular de conhecimento de depósito ou warrant</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal.</p><p>o São títulos de crédito impróprios.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>Fraude à execução</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.</p><p>AÇÃO PENAL Somente se procede mediante queixa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 203</p><p>Da receptação</p><p>Receptação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio,</p><p>coisa que sabe ser produto de crime (RECEPTAÇÃO PRÓPRIA), ou influir para que</p><p>terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte (RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA).</p><p>o OBS.: trata-se de um crime parasitário, que depende de um crime anterior</p><p>(se a infração anterior for uma contravenção, não haverá receptação).</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do DF, de Município ou de</p><p>autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou</p><p>empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,</p><p>montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito</p><p>próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve</p><p>saber ser produto de crime – A pena é de reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.</p><p>o Equipara-se à atividade comercial, qualquer forma de comércio irregular ou</p><p>clandestino, inclusive o exercício em residência.</p><p>FORMA CULPOSA</p><p>Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor</p><p>e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio</p><p>criminoso – A pena é de detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas.</p><p>o Nesse caso, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as</p><p>circunstâncias, deixar de aplicar a pena.</p><p>FORMA PRIVILEGIADA</p><p>Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa, o juiz pode:</p><p>o Substituir a pena de reclusão pela de detenção.</p><p>o Diminuí-la de um a dois terços.</p><p>o Aplicar somente a pena de multa.</p><p>AUTONOMIA</p><p>A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime</p><p>de que proveio a coisa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 204</p><p>Características</p><p>Receptação de animal</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a</p><p>finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção,</p><p>ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 205</p><p>Imunidade penal nos crimes patrimoniais</p><p>IMUNIDADE PENAL</p><p>ABSOLUTA</p><p>É ISENTO de pena quem comete qualquer dos crimes em prejuízo:</p><p>o Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal.</p><p>o De ascendente ou descendente (parentesco legítimo ou ilegítimo, civil ou natural).</p><p>RELATIVA</p><p>Somente se procede MEDIANTE REPRESENTAÇÃO, se o crime é cometido em prejuízo:</p><p>o Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado.</p><p>o De irmão, legítimo ou ilegítimo.</p><p>o De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.</p><p>EXCLUSÃO</p><p>NÃO SE APLICAM as imunidades:</p><p>o Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de</p><p>grave ameaça ou violência à pessoa.</p><p>o Ao estranho que participa do crime.</p><p>o Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 206</p><p>DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL</p><p>Dos crimes contra a propriedade intelectual</p><p>Violação de direito autoral</p><p>Forma simples</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Violar direitos de autor e os que lhe são conexos.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.</p><p>AÇÃO PENAL Procede-se mediante queixa.</p><p>Forma qualificada</p><p>A pena é de reclusão, de 2 a 4 anos, e multa:</p><p>1</p><p>Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer</p><p>meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa</p><p>do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente.</p><p>o Na mesma pena incorre quem, com o intuito de lucro, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz</p><p>no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma</p><p>reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou</p><p>do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou</p><p>fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.</p><p>Procede-se mediante ação penal pública incondicionada.</p><p>2</p><p>Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer</p><p>outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um</p><p>tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou</p><p>indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do</p><p>produtor de fonograma, ou de quem os represente.</p><p>Procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.</p><p>Essas disposições NÃO se aplicam quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe</p><p>são conexos, em conformidade com o previsto na Lei de Direitos Autorais, nem a cópia de obra intelectual ou</p><p>fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 207</p><p>DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO</p><p>Atentado contra a liberdade de trabalho</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:</p><p>A) A exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou</p><p>não trabalhar durante certo período ou em determinados dias.</p><p>B) A abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede</p><p>ou paralisação de atividade econômica.</p><p>PENA</p><p>A) Detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>B) Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de</p><p>trabalho (atentado contra a liberdade de contrato de trabalho), ou a não fornecer</p><p>a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola</p><p>(boicotagem violenta).</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>Atentado contra a liberdade de associação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de</p><p>participar de determinado sindicato ou associação profissional.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 208</p><p>Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Participar de suspensão (greve dos empregadores – lockout) ou abandono (greve</p><p>dos empregados), coletivo de trabalho praticando violência contra pessoa ou coisa.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>CONCURSO DE</p><p>PESSOAS</p><p>No abandono coletivo do trabalho exige-se o concurso de, no mínimo, 3 empregados.</p><p>Paralisação de trabalho de interesse coletivo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a</p><p>interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.</p><p>O rol de serviços considerados essenciais está no art. 10 da lei de greve.</p><p>Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola e sabotagem</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola (invasão de</p><p>estabelecimento industrial, comercial ou agrícola), com o intuito de (dolo específico)</p><p>impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar</p><p>(sabotagem) o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Frustração de direito assegurado por lei trabalhista</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho.</p><p>PENA Detenção de 1 ano a 2 anos, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>FORMAS</p><p>EQUIPARADAS</p><p>Na mesma pena incorre quem:</p><p>o Obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento,</p><p>para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida.</p><p>o Impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante</p><p>coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 209</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a vítima é menor de 18, pessoa idosa, gestante,</p><p>indígena ou pessoa com deficiência física ou mental.</p><p>Frustração de lei sobre a nacional ização do trabalho</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Frustrar, com fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>Exercício de atividade com infração de decisão administrativa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa (se a decisão</p><p>for judicial, poderá configurar o delito de desobediência a decisão judicial sobre</p><p>perda ou suspensão de direito).</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa.</p><p>Alic iamento para o fim de emigração</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Recrutar trabalhadores, mediante fraude, para levá-los a território estrangeiro.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Alic iamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Aliciar trabalhadores, para levá-los a outra localidade do território nacional.</p><p>PENA Detenção de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de</p><p>execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança</p><p>de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu</p><p>retorno ao local de origem.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a vítima é menor de 18, pessoa idosa, gestante,</p><p>indígena ou pessoa com deficiência</p><p>física ou mental.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 10</p><p>DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS</p><p>Dos crimes contra o sentimento religioso</p><p>Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa;</p><p>impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente</p><p>ato ou objeto de culto religioso.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.</p><p>FORMA MAJORADA Se há violência, a pena é aumentada de 1/3, além da pena correspondente à violência.</p><p>Dos crimes contra o respeito aos mortos</p><p>Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.</p><p>FORMA MAJORADA Se há violência, a pena é aumentada de 1/3, além da pena correspondente à violência.</p><p>Violação de sepultura</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Violar ou profanar sepultura ou urna funerária.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Destruição, subtração ou ocultação de cadáver</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Vi l ipêndio a cadáver</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Vilipendiar (ultrajar por meio de palavras, gestos ou atos) cadáver ou suas cinzas.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 1 1</p><p>DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL</p><p>Dos crimes contra a l iberdade sexual</p><p>Estupro</p><p>Previsão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal (coito</p><p>vagínico) ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso (ato</p><p>diverso da conjunção carnal, que vise a satisfação da lascívia).</p><p>o OBS.: O constrangimento também é núcleo do tipo penal de constrangimento</p><p>ilegal, contudo, no estupro a coação da vítima se destina a uma finalidade</p><p>específica, qual seja, a conjunção carnal ou outro ato libidinoso.</p><p>PENA Reclusão, de 6 a 10 anos.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>A pena é de reclusão, de 8 a 12 anos:</p><p>o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor</p><p>de 18 ou maior de 14 anos:</p><p>A pena é de reclusão, de 12 a 30 anos:</p><p>o Se da conduta resulta morte.</p><p>Características</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 12</p><p>Violação sexual mediante fraude</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante</p><p>fraude ou outro meio (estelionato sexual) que impeça ou dificulte a livre</p><p>manifestação de vontade da vítima.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos.</p><p>FIM DE LUCRO Aplica-se também a multa.</p><p>Importunação sexual</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de</p><p>satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, se o ato não constitui crime mais grave.</p><p>Assédio sexual</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento</p><p>sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico</p><p>ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.</p><p>o OBS.: se a relação for acadêmica ou de liderança espiritual, não</p><p>haverá ESSE crime, por ausência de vínculo de emprego, cargo ou</p><p>função entre as partes.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 2 anos.</p><p>FORMA MAJORADA A pena é aumentada em até 1/3 se a vítima é menor de 18 anos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 13</p><p>Da exposição da intimidade sexual</p><p>Registro não autorizado da intimidade sexual</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com nudez ou</p><p>ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes.</p><p>PENA</p><p>Detenção, de 6 meses a 1 ano, e multa.</p><p>o Infração de menor potencial ofensivo, sendo o rito sumaríssimo (Lei n.</p><p>9.099/95) e cabendo transação penal e suspensão condicional do processo.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou</p><p>qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato</p><p>sexual ou libidinoso de caráter íntimo.</p><p>Dos crimes sexuais contra vulnerável</p><p>Estupro de vulnerável</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos.</p><p>o OBS.: não é necessário contato físico, de modo que a simples contemplação</p><p>lasciva configura o ato libidinoso.</p><p>PENA Reclusão, de 8 a 15 anos.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incorre na mesma pena quem pratica as ações com alguém que:</p><p>o Por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário</p><p>discernimento para a prática do ato.</p><p>o Por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se da conduta resulta lesão corporal grave. Reclusão, de 10 a 20 anos.</p><p>Se da conduta resulta morte. Reclusão, de 12 a 30 anos.</p><p>CONSENTIMENTO</p><p>As penas aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato</p><p>de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.</p><p>HEDIONDEZ É sempre hediondo.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 14</p><p>Corrupção de menores</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem (lenocínio).</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos.</p><p>Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar,</p><p>conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de (dolo específico) satisfazer</p><p>lascívia própria ou de outrem.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 4 anos.</p><p>Favorecimento da prostituição ou exploração sexual de criança , adolescente ou vulnerável</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual</p><p>alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não</p><p>tem o necessário discernimento para a prática do ato, bem como facilitá-la e</p><p>impedir ou dificultar que a abandone.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 10 anos.</p><p>FIM DE LUCRO Aplica-se também a multa.</p><p>FORMAS EQUIPARADAS</p><p>Incorre nas mesmas penas:</p><p>o Quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor</p><p>de 18 e maior de 14 anos na situação descrita acima.</p><p>o O proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se</p><p>verifiquem as práticas referidas acima (nesse caso, constitui efeito</p><p>obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de</p><p>funcionamento do estabelecimento).</p><p>HEDIONDEZ É crime hediondo.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 1 5</p><p>Divulgação de cena de estupro, de estupro de vulnerável, de sexo ou de pornografia</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar</p><p>ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema</p><p>de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que</p><p>contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza</p><p>a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>FORMA</p><p>MAJORADA</p><p>A pena é aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime é praticado:</p><p>o Por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima.</p><p>o Com o fim de vingança ou humilhação.</p><p>EXCLUSÃO DE</p><p>ILICITUDE</p><p>Não há crime quando o agente pratica as condutas em publicação de natureza jornalística,</p><p>científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação</p><p>da vítima, RESSALVADA sua prévia autorização, caso seja maior de 18 anos</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 16</p><p>Disposições gerais</p><p>Ação penal</p><p>A ação penal é pública incondicionada:</p><p>1 Nos crimes contra a liberdade sexual.</p><p>2 Nos crimes sexuais contra vulnerável.</p><p>Aumento de pena</p><p>A pena é aumentada:</p><p>DE QUARTA</p><p>Condições .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 131</p><p>Revogação............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 131</p><p>Extinção da pena...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 131</p><p>EFEITOS DA CONDENAÇÃO..............................................................................................................................................................................................................................................................................................132</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 4</p><p>Introdução..............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................132</p><p>Efeitos.............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................132</p><p>REABILITAÇÃO ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................134</p><p>Conceito ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................134</p><p>Requisitos ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................134</p><p>Revogação..............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................134</p><p>EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.................................................................................................................................................................................................................................................................................... 135</p><p>Conceito ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 135</p><p>Espécies ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 135</p><p>PRESCRIÇÃO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 137</p><p>Introdução.............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 137</p><p>Espécies de prescrição............................................................................................................................................................................................................................................................................................................138</p><p>PPP – Prescrição da pretensão punitiva .........................................................................................................................................................................................................................................139</p><p>PPE – Prescrição da pretensão executória ..........................................................................................................................................................................................................................142</p><p>Resumindo... .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................143</p><p>Prescrição antecipada ou virtual ........................................................................................................................................................................................................................................................................144</p><p>Prescrição da multa ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................144</p><p>PARTE ESPECIAL......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 145</p><p>DOS CRIMES CONTRA A PESSOA ...................................................................................................................................................................................................................................................................146</p><p>Dos crimes contra a vida .....................................................................................................................................................................................................................................................................................................146</p><p>PARTE Se o crime é cometido com o concurso de 2 ou mais pessoas.</p><p>DE METADE</p><p>Se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro,</p><p>tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver</p><p>autoridade sobre ela.</p><p>DE 1/3 A 2/3</p><p>Se o crime é praticado:</p><p>o Mediante concurso de 2 ou mais agentes (estupro coletivo) – aplica-se apenas</p><p>aos crimes de estupro (em qualquer modalidade).</p><p>o Para controlar o comportamento social ou sexual da vítima (estupro corretivo).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 1 7</p><p>Do lenocínio e do tráfico de pessoa para prostituição ou outra forma de exploração sexual</p><p>Preliminarmente</p><p>O LENOCÍNIO é a conduta delitiva consistente em:</p><p>1 Intermediar, facilitar ou promover atos de libidinagem.</p><p>2 Obter proveito da prostituição alheia.</p><p>Mediação para servir a lascív ia de outrem</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos.</p><p>FORMA</p><p>QUALIFICADA</p><p>Se a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos, ou</p><p>se o agente é seu ascendente, descendente,</p><p>cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador</p><p>ou pessoa a quem esteja confiada para fins de</p><p>educação, de tratamento ou de guarda.</p><p>Reclusão, de 1 a 5 anos</p><p>Se o crime é cometido com emprego de violência,</p><p>grave ameaça ou fraude.</p><p>Reclusão, de 2 a 8 anos, além</p><p>da pena correspondente à</p><p>violência.</p><p>FIM DE LUCRO Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 18</p><p>Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la,</p><p>impedir ou dificultar que alguém a abandone.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>QUALIFICADA</p><p>Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta,</p><p>irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou</p><p>curador, preceptor ou empregador da vítima, ou</p><p>se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de</p><p>cuidado, proteção ou vigilância</p><p>Reclusão, de 3 a 8 anos</p><p>Se o crime é cometido com emprego de violência,</p><p>grave ameaça ou fraude.</p><p>Reclusão, de 4 a 10 anos, além da</p><p>pena correspondente à violência.</p><p>FIM DE LUCRO Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.</p><p>Casa de prostituição</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Manter, por conta própria ou de terceiros, estabelecimento em que ocorra exploração</p><p>sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 19</p><p>Rufianismo</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou se</p><p>fazendo sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>QUALIFICADA</p><p>Se a vítima é menor de 18 e maior de 14 anos ou se</p><p>o crime é cometido por ascendente, padrasto,</p><p>madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro,</p><p>tutor ou curador, preceptor ou empregador da</p><p>vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma,</p><p>obrigação de cuidado, proteção ou vigilância</p><p>Reclusão, de 3 a 6 anos, e</p><p>multa.</p><p>Se o crime é cometido mediante violência, grave</p><p>ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou</p><p>dificulte a livre manifestação da vontade da vítima</p><p>Reclusão, de 2 a 8 anos, além</p><p>da pena correspondente à</p><p>violência.</p><p>Promoção de migração i legal</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal</p><p>de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de</p><p>estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país estrangeiro.</p><p>FORMA</p><p>MAJORADA</p><p>Se o crime é cometido com violência. A pena é aumentada</p><p>de 1/3 a 1/6 Se a vítima é submetida a condição desumana ou degradante.</p><p>CONCURSO DE</p><p>CRIMES</p><p>A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às</p><p>infrações conexas.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 220</p><p>Do ultraje públ ico ao pudor</p><p>Ato obsceno</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público.</p><p>o OBS1.: ato obsceno é aquele que, possuindo um mínimo de conotação sexual,</p><p>atenta contra o sentimento médio de pudor da sociedade.</p><p>o OBS2.: o crime se consuma no momento da prática do ato obsceno, não sendo</p><p>necessário que o ato seja presenciado por outras pessoas, bastando a</p><p>possibilidade de que isso ocorra.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.</p><p>Escrito ou objeto obsceno</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de (dolo</p><p>específico) comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho,</p><p>pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incorre na mesma pena quem:</p><p>o Vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos.</p><p>o Realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou</p><p>exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo,</p><p>que tenha o mesmo caráter.</p><p>o Realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou</p><p>recitação de caráter obsceno.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 22 1</p><p>Disposições gerais</p><p>Aumento de pena</p><p>Aos crimes contra a dignidade sexual aplicam-se os seguintes aumentos de pena:</p><p>DE 1/2 A 2/3 Se do crime resulta gravidez.</p><p>DE 1/3 A 2/3</p><p>Se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria</p><p>saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência.</p><p>Segredo de justiça</p><p>Os processos em que se apuram crimes contra a dignidade sexual correrão em segredo de justiça.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 222</p><p>DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA</p><p>Dos crimes contra o casamento</p><p>Bigamia</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Contrair alguém, sendo casado, novo casamento.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos.</p><p>EXCEÇÃO À TEORIA</p><p>MONISTA</p><p>Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo</p><p>essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 1 a 3 anos.</p><p>EXCLUSÃO DA</p><p>TIPICIDADE</p><p>Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a</p><p>bigamia, considera-se inexistente o crime.</p><p>Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-</p><p>lhe impedimento que não seja casamento anterior.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>AÇÃO PENAL</p><p>Depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois</p><p>de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o</p><p>casamento (ação penal privada personalíssima).</p><p>Conhecimento prévio de impedimento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Contrair casamento, sabendo que há impedimento que lhe cause a nulidade absoluta.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano.</p><p>Simulação de autoridade para celebração de casamento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 223</p><p>Simulação de casamento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Simular casamento mediante engano de outra pessoa.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.</p><p>Dos crimes contra o estado de fi liação</p><p>Registro de nascimento inexistente</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos.</p><p>Parto suposto e supressão ou alteração de direito inerente ao estado civi l de recém-nascido</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Dar parto alheio como próprio;</p><p>registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-</p><p>nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos.</p><p>FORMA</p><p>PRIVILEGIADA E</p><p>PERDÃO JUDCIAL</p><p>Se o crime é praticado por motivo de</p><p>reconhecida nobreza.</p><p>Detenção, de 1 a 2 anos, podendo o</p><p>juiz deixar de aplicá-la.</p><p>Sonegação de estado de fi l iação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio,</p><p>ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito</p><p>inerente ao estado civil.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 224</p><p>Dos crimes contra a assistência famil iar</p><p>Abandono material</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de</p><p>18 anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 anos,</p><p>não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de</p><p>pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa</p><p>causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo.</p><p>PENA</p><p>Detenção, de 1 a 4 anos e multa, de 1 a 10x o maior salário-mínimo vigente no País.</p><p>o OBS.: embora ainda esteja consignado na lei penal que a multa será de 1 a 10</p><p>vezes o maior salário-mínimo vigente no País, tal dispositivo encontra-se</p><p>revogado pelo art. 2º da Lei n. 7.209/84.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo,</p><p>inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão</p><p>alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.</p><p>Entrega de fi lho menor a pessoa inidônea</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Entregar filho menor de 18 anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber</p><p>que o menor fica moral ou materialmente em perigo.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 2 anos.</p><p>FORMA</p><p>QUALIFICADA</p><p>Se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é</p><p>enviado para o exterior.</p><p>o Na mesma pena incorre quem, embora excluído o perigo</p><p>moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao</p><p>envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro.</p><p>Reclusão, de 1 a</p><p>4 anos.</p><p>Abandono intelectual</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar.</p><p>PENA Detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 225</p><p>Abandono moral</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Permitir que alguém menor de 18 anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda/vigilância:</p><p>o Frequente casa de jogo ou mal afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida.</p><p>o Frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe</p><p>de representação de igual natureza.</p><p>o Resida ou trabalhe em casa de prostituição.</p><p>o Mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.</p><p>Dos crimes contra o poder famil iar, tutela ou curatela</p><p>Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Induzir menor de 18 anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de</p><p>quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem</p><p>sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de 18 anos ou interdito, ou deixar,</p><p>sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.</p><p>Subtração de incapazes</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Subtrair menor de 18 anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude</p><p>de lei ou de ordem judicial.</p><p>o OBS.: o fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o</p><p>exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do poder familiar, tutela,</p><p>curatela ou guarda.</p><p>PENA Detenção, de 2 meses a 2 anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.</p><p>PERDÃO</p><p>JUDICIAL</p><p>No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou</p><p>privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 226</p><p>DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA</p><p>Dos crimes de perigo comum</p><p>Incêndio</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>As penas aumentam-se de um terço:</p><p>A) Se há intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio.</p><p>B) Se o incêndio é:</p><p>o Em casa habitada ou destinada a habitação.</p><p>o Em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social</p><p>ou de cultura.</p><p>o Em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo.</p><p>o Em estação ferroviária ou aeródromo.</p><p>o Em estaleiro, fábrica ou oficina.</p><p>o Em depósito de explosivo, combustível ou inflamável.</p><p>o Em poço petrolífico ou galeria de mineração.</p><p>o Em lavoura, pastagem, mata ou floresta.</p><p>FORMA CULPOSA Se culposo o incêndio, a pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>Explosão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante</p><p>explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância</p><p>de efeitos análogos.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>PRIVILEGIADA</p><p>Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos.</p><p>o Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 227</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>As penas aumentam-se de um terço:</p><p>A) Se há intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio.</p><p>B) Se a conduta é:</p><p>o Em casa habitada ou destinada a habitação.</p><p>o Em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social</p><p>ou de cultura.</p><p>o Em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo.</p><p>o Em estação ferroviária ou aeródromo.</p><p>o Em estaleiro, fábrica ou oficina.</p><p>o Em depósito de explosivo, combustível ou inflamável.</p><p>o Em poço petrolífico ou galeria de mineração.</p><p>o Em lavoura, pastagem, mata ou floresta.</p><p>FORMA CULPOSA</p><p>No caso de culpa:</p><p>o Se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é</p><p>de detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>o Nos demais casos, é de detenção de 3 meses a 1 ano.</p><p>Uso de gás tóxico ou asfixiante</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de</p><p>gás tóxico ou asfixiante.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>FORMA CULPOSA Se o crime é culposo, a pena é de detenção, de 3 meses a 1 ano.</p><p>Fabrico, fornecimento, aquis ição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade,</p><p>substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à</p><p>sua fabricação.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 228</p><p>Inundação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.</p><p>PENAS</p><p>o Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa, no caso de dolo.</p><p>o Detenção, de 6 meses a 2 anos, no caso de culpa.</p><p>Perigo de inundação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida,</p><p>a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada</p><p>a impedir inundação.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Desabamento ou desmoronamento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade</p><p>física ou o patrimônio de outrem.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>FORMA CULPOSA Se o crime é culposo, a pena é de detenção, de 6 meses a 1 ano.</p><p>Subtração, ocultação ou inuti l ização de material de salvamento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro</p><p>desastre ou calamidade, aparelho,</p><p>material ou qualquer meio destinado a serviço de combate</p><p>ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 229</p><p>Aumento de pena de crime de perigo comum</p><p>Os crimes de perigo comum possuem as seguintes majorantes:</p><p>CRIME DOLOSO</p><p>Se do crime doloso de perigo comum resulta:</p><p>o Lesão corporal de natureza grave, a pena é aumentada de metade.</p><p>o Morte, a pena é aplicada em dobro.</p><p>CRIME CULPOSO</p><p>No caso de culpa:</p><p>o Se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade.</p><p>o Se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo + 1/3.</p><p>Dos crimes contra a segurança dos meios de comunicação , transporte e outros serviços públ icos</p><p>Perigo de desastre ferroviário</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro:</p><p>o Destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea,</p><p>material rodante ou de tração, obra-de-arte ou instalação.</p><p>o Colocando obstáculo na linha.</p><p>o Transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo</p><p>ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia.</p><p>o Praticando outro ato de que possa resultar desastre.</p><p>OBS.: entende-se por estrada de ferro qualquer via de comunicação em que circulem</p><p>veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>QUALIFICADA</p><p>Se do fato resulta desastre:</p><p>o Reclusão, de 4 a 12 anos e multa.</p><p>FORMA CULPOSA</p><p>No caso de culpa, ocorrendo desastre:</p><p>o Detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 230</p><p>Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer</p><p>ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda</p><p>ou destruição de aeronave, a pena é de reclusão, de 4 a 12 anos.</p><p>FIM DE LUCRO</p><p>Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de</p><p>obter vantagem econômica, para si ou para outrem</p><p>FORMA CULPOSA Se ocorre o sinistro a pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>Atentado contra a segurança de outro meio de transporte</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o</p><p>funcionamento.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 2 anos.</p><p>FORMA QUALIFICADA Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de 2 a 5 anos.</p><p>FORMA CULPOSA Se do fato resulta desastre, a pena é de detenção, de 3 meses a 1 ano.</p><p>Aumento de pena</p><p>Se de qualquer dos crimes anteriores, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte:</p><p>CRIME DOLOSO</p><p>Se do crime doloso resulta:</p><p>o Lesão corporal de natureza grave, a pena é aumentada de metade.</p><p>o Morte, a pena é aplicada em dobro.</p><p>CRIME CULPOSO</p><p>No caso de culpa:</p><p>o Se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade.</p><p>o Se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo + 1/3.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 231</p><p>Arremesso de projéti l</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público</p><p>por terra, por água ou pelo ar.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se do fato resulta lesão corporal. Detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>Se resulta morte. A pena é a do homicídio culposo + 1/3</p><p>Atentado contra a segurança de serviço de uti l idade pública</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz, força</p><p>ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Aumentar-se-á a pena de 1/3 até a metade, se o dano ocorrer em virtude de</p><p>subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços.</p><p>Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de</p><p>informação de uti l idade pública</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico,</p><p>impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de informação de</p><p>utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento.</p><p>FORMA MAJORADA A pena é dobrada se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 232</p><p>Dos crimes contra a saúde pública</p><p>Epidemia</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos.</p><p>PENA Reclusão, de 10 a 15 anos.</p><p>FORMA MAJORADA Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro (é crime hediondo).</p><p>FORMA CULPOSA A pena é de detenção, de 1 a 2 anos, ou, se resulta morte, de 2 a 4 anos.</p><p>Infração de medida sanitária preventiva</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Infringir determinação do poder público, destinada a impedir a introdução ou</p><p>propagação de doença contagiosa.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou</p><p>exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.</p><p>Omissão de notificação de doença</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Deixar o médico (crime próprio) de denunciar à autoridade pública doença cuja</p><p>notificação é compulsória.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.</p><p>Envenenamento de água potável ou de substância al imentícia ou medicinal</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou</p><p>medicinal destinada a consumo.</p><p>PENA Reclusão, de 10 a 15 anos.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o</p><p>fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.</p><p>FORMA CULPOSA Se o crime é culposo a pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 233</p><p>Corrupção ou poluição de água potável</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria</p><p>para consumo ou nociva à saúde.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos.</p><p>FORMA CULPOSA Se o crime é culposo a pena é de detenção, de 2 meses a 1 ano.</p><p>Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos al imentícios</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício</p><p>destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incorre nas mesmas penas:</p><p>o Quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender</p><p>ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância</p><p>alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado.</p><p>o Quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com</p><p>ou sem teor alcoólico.</p><p>FORMA CULPOSA Se o crime é culposo a pena é de detenção, de 1 a 2 anos, e multa.</p><p>Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto de fins terapêuticos ou medicinais</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos</p><p>ou medicinais (é crime hediondo).</p><p>o OBS.: incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os</p><p>medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos,</p><p>os saneantes e os de uso em diagnóstico.</p><p>PENA</p><p>Reclusão, de 10 a 15 anos, e multa.</p><p>o OBS.: a corte especial do STJ reconheceu a desproporcionalidade do</p><p>preceito secundário do art. 273, declarando sua inconstitucionalidade e</p><p>passando a aplicar a pena do crime de tráfico de drogas.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 234</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito</p><p>para vender ou, de qualquer forma, distribui</p><p>ou entrega a consumo o produto</p><p>falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.</p><p>Está sujeito às penas deste artigo quem pratica essas ações em relação a produtos</p><p>em qualquer das seguintes condições:</p><p>o Sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente.</p><p>o Em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior.</p><p>o Sem as características admitidas para a sua comercialização.</p><p>o Com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade.</p><p>o De procedência ignorada.</p><p>o Adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.</p><p>FORMA CULPOSA Se o crime é culposo, a pena é de detenção, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Emprego de processo proibido ou de substância não permitida</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento, gaseificação</p><p>artificial, matéria corante, substância aromática, antisséptica, conservadora ou</p><p>qualquer outra não expressamente permitida pela legislação sanitária.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.</p><p>Invólucro ou recipiente com falsa indicação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Inculcar, em invólucro ou recipiente de produtos alimentícios, terapêuticos ou</p><p>medicinais, a existência de substância que não se encontra em seu conteúdo ou</p><p>que nele existe em quantidade menor que a mencionada.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.</p><p>Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma,</p><p>entregar a consumo produto com emprego de processo proibido ou de substância</p><p>não permitida ou produto com falsa indicação.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 235</p><p>Substância destinada à falsificação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada à</p><p>falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.</p><p>Outras substâncias nocivas à saúde pública</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer</p><p>forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que não</p><p>destinada à alimentação ou a fim medicinal.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>FORMA CULPOSA Se o crime é culposo a pena é de detenção, de 2 meses a 1 ano.</p><p>Medicamento em desacordo com receita médica</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos, ou multa.</p><p>FORMA CULPOSA Se o crime é culposo a pena é de detenção, de 2 meses a 1 ano.</p><p>Exercício i legal da medicina, arte dentária ou farmacêutica</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou</p><p>farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>FIM DE LUCRO Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também a multa.</p><p>Charlatanismo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 236</p><p>Curandeirismo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Exercer o curandeirismo:</p><p>o Prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância.</p><p>o Usando gestos, palavras ou qualquer outro meio.</p><p>o Fazendo diagnósticos.</p><p>OBS.: trata-se de crime habitual, de modo que delito se consuma com o exercício</p><p>habitual e reiterado dos atos.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>REMUNERAÇÃO Se o crime é praticado mediante remuneração, aplica-se também a multa.</p><p>Forma majorada</p><p>Aplicam-se aos crimes contra a saúde pública as seguintes disposições:</p><p>CRIME DOLOSO</p><p>Se do crime doloso resulta:</p><p>o Lesão corporal de natureza grave, a pena é aumentada de metade.</p><p>o Morte, a pena é aplicada em dobro.</p><p>CRIME CULPOSO</p><p>No caso de culpa:</p><p>o Se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade.</p><p>o Se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo + 1/3.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 237</p><p>DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA</p><p>Da incitação ao crime</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Incitar, publicamente, a prática de crime.</p><p>o OBS.: não configura o delito se a incitação for de contravenção penal.</p><p>PENA Detenção, de 3 a 6 meses, ou multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incitar, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os</p><p>poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade.</p><p>Da apologia de crime ou criminoso</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime.</p><p>o OBS1.: não configura o delito se o fato é previsto como contravenção penal.</p><p>o OBS2.: interpretação conforme a CRFB/88 → exclui-se qualquer exegese</p><p>que possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das drogas, ou</p><p>de qualquer substância entorpecente específica.</p><p>PENA Detenção, de 3 a 6 meses, ou multa.</p><p>Da associação criminosa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Associarem-se 3 ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes.</p><p>o OBS1.: trata-se de crime formal, que se consuma independentemente da</p><p>realização do fim pretendido (prática ulterior de crimes).</p><p>o OBS2.: havendo a prática dos delitos visados, haverá concurso de crimes.</p><p>o OBS3.: se a associação for para praticar contravenções, não há esse crime.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a</p><p>participação de criança ou adolescente.</p><p>Não confunda o delito de associação criminosa com os seguintes:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 238</p><p>ASSOCIAÇÃO PARA</p><p>O TRÁFICO</p><p>Associarem-se 2 ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não,</p><p>qualquer dos crimes previstos na Lei de Drogas.</p><p>ORGANIZAÇÃO</p><p>CRIMINOSA</p><p>Associação de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela</p><p>divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou</p><p>indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais</p><p>cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional.</p><p>Da constituição de mil íc ia privada</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia</p><p>particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes</p><p>previstos no Código Penal.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 8 anos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 239</p><p>DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA</p><p>Observações iniciais</p><p>Antes de estudarmos os crimes contra a fé pública, é importante mencionar:</p><p>1 A fé pública a que se refere a lei significa a credibilidade que os cidadãos têm nos papéis públicos.</p><p>2</p><p>Todo documento público e todo documento particular falsificados, precisam guardar semelhança com</p><p>o original, já que, se o papel for grosseiramente falsificado, não será capaz de enganar o alvo.</p><p>Da moeda falsa</p><p>Moeda falsa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal</p><p>no País ou no estrangeiro.</p><p>o OBS.: se a falsificação for grosseira, haverá crime impossível.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 12 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta,</p><p>adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.</p><p>FORMA PRIVILEGIADA</p><p>Quem, tendo recebido de BOA-FÉ, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a</p><p>restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de 6</p><p>meses a 2 anos, e multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>É punido com reclusão, de 3 a 15 anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,</p><p>ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:</p><p>o De moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei.</p><p>o De papel-moeda em quantidade superior à autorizada.</p><p>Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não</p><p>estava ainda autorizada.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 240</p><p>Crimes assimi lados ao de moeda falsa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas,</p><p>notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o</p><p>fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação</p><p>cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização.</p><p>PENA</p><p>Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa.</p><p>o OBS.: o máximo da reclusão é elevado a 12 anos e multa, se o crime é</p><p>cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se</p><p>achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.</p><p>Petrechos para falsificação de moeda</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar</p><p>maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à</p><p>falsificação de moeda (ato preparatório para a falsificação de moeda).</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.</p><p>Emissão de título ao portador sem permissão legal</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha</p><p>promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do</p><p>nome da pessoa a quem deva ser pago.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.</p><p>FORMA PRIVILEGIADA</p><p>Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos acima</p><p>incorre na pena de detenção, de 15 dias a 3 meses, ou multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 241</p><p>Da falsidade de títulos e outros papéis públ icos</p><p>Falsificação de papéis públ icos</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:</p><p>o Selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal</p><p>destinado à arrecadação de tributo (ex.: selo que vem em bebidas).</p><p>o Papel de crédito público que não seja moeda de curso legal (ex.: títulos da dívida pública).</p><p>o Vale postal (revogado tacitamente pelo art. 36 da Lei n. 6.538/76).</p><p>o Cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro</p><p>estabelecimento mantido por entidade de direito público.</p><p>o Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de</p><p>rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável.</p><p>o Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União,</p><p>por Estado ou por Município.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incorre na MESMA PENA quem:</p><p>o Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados acima.</p><p>o Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui</p><p>à circulação selo falsificado destinado a controle tributário.</p><p>o Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca,</p><p>cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou</p><p>alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:</p><p>✓ Em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário falsificado.</p><p>✓ Sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a</p><p>obrigatoriedade de sua aplicação.</p><p>Equipara-se à atividade comercial qualquer forma de comércio IRREGULAR OU</p><p>CLANDESTINO inclusive exercido em vias, praças ou outros locais públicos e em residências.</p><p>FORMA PRIVILEGIADA</p><p>A pena é de reclusão, de 1 a 4 anos, e multa para quem:</p><p>o Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los</p><p>novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização.</p><p>o Usar, depois de alterado, qualquer dos papéis referidos anteriormente.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 242</p><p>FORMA PRIVILEGIADA</p><p>A pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa para quem usa ou restitui à circulação,</p><p>EMBORA RECIBO DE BOA-FÉ, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, DEPOIS DE</p><p>CONHECER A FALSIDADE OU ALTERAÇÃO.</p><p>Petrechos de falsificação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à</p><p>falsificação de qualquer dos papéis referidos anteriormente (ato preparatório para</p><p>a falsificação de papéis públicos).</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Forma majorada</p><p>Se a falsificação de títulos e outros papéis públicos é praticada por funcionário público, que comete o</p><p>crime prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada de sexta parte.</p><p>Da falsidade documental</p><p>Falsificação do selo ou sinal públ ico</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:</p><p>o Selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município.</p><p>o Selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal</p><p>público de tabelião.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incorre nas MESMAS PENAS:</p><p>o Quem usa selo ou sinal falsificado.</p><p>o Quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em</p><p>proveito próprio ou alheio.</p><p>o Quem altera, falsifica ou faz uso indevidamente de marcas, logotipos, siglas, ou</p><p>quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da</p><p>Administração Pública.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,</p><p>aumenta-se a pena de sexta parte.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 243</p><p>Falsificação de documento público</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>FALSIFICAR, no todo ou em parte, documento público, ou ALTERAR documento</p><p>público verdadeiro.</p><p>o OBS1.: documento público é o elaborado por funcionário público competente,</p><p>no exercício de suas atribuições, com a observância das formalidades legais.</p><p>o OBS2.: são documentos públicos por equiparação:</p><p>✓ O emanado de entidade paraestatal.</p><p>✓ O título ao portador ou transmissível por endosso.</p><p>✓ As ações de sociedade comercial.</p><p>✓ Os livros mercantis.</p><p>✓ O testamento particular.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.</p><p>FORMAS</p><p>EQUIPARADAS</p><p>Incorre na mesma pena quem INSERIR OU FAZER INSERIR:</p><p>o Pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório na folha de</p><p>pagamento, ou documento destinado a fazer prova perante a Previdência Social.</p><p>o Declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita na CTPS do</p><p>empregado, ou documento destinado a ser apresentado à Previdência Social.</p><p>o Declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado documento contábil,</p><p>ou qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa</p><p>perante a Previdência Social.</p><p>Nas mesmas penas incorre quem OMITE, nos documentos mencionados</p><p>anteriormente, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência</p><p>do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo,</p><p>aumenta-se a pena de sexta parte.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 244</p><p>Falsificação de documento particular</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular</p><p>verdadeiro.</p><p>o OBS1.: documento particular é todo aquele que não é público.</p><p>o OBS2.: equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.</p><p>Falsidade ideológica ou intelectual</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou</p><p>nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,</p><p>com o fim de (dolo específico) prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade</p><p>sobre fato juridicamente relevante.</p><p>o OBS.: falsidade ideológica é a falsidade de conteúdo. Assim, o documento é</p><p>formalmente verdadeiro, porém seu conteúdo é falso. Já as falsidades</p><p>anteriores são falsidades de forma.</p><p>PENAS</p><p>o Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é público.</p><p>o Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa, se o documento é particular.</p><p>FORMA</p><p>MAJORADA</p><p>Aumenta-se a pena de sexta parte.</p><p>o Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo.</p><p>o Se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil.</p><p>Falso reconhecimento de firma ou letra</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja.</p><p>PENAS</p><p>o Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é público.</p><p>o Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa, se o documento é particular.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 245</p><p>Certidão ou atestado ideologicamente falso</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou</p><p>circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de</p><p>serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.</p><p>PENA Detenção, de 2 meses a 1 ano.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de</p><p>certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que</p><p>habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter</p><p>público, ou qualquer outra vantagem (falsidade material de atestado ou certidão).</p><p>o Detenção, de 3 meses a 2 anos.</p><p>FIM DE LUCRO</p><p>Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de</p><p>liberdade, a de multa.</p><p>Falsidade de atestado médico</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Dar o médico (crime próprio), no exercício da sua profissão, atestado falso.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano.</p><p>FIM DE LUCRO</p><p>Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de</p><p>liberdade, a de multa.</p><p>Reprodução ou adulteração de selo ou peça fi latél ica</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo</p><p>quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no</p><p>verso do selo ou peça.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.</p><p>Esse dispositivo foi revogado pelo art. 39 da Lei n. 6.538/78, que regulou inteiramente a matéria.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 246</p><p>Uso de documento falso</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados acima referidos.</p><p>PENA A cominada à falsificação ou à alteração.</p><p>Supressão de documento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo</p><p>alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor.</p><p>PENA</p><p>o Reclusão, de 2 a 6 anos, e multa, se o documento é público.</p><p>o Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é particular.</p><p>Outras falsidades</p><p>Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscal ização alfandegária,</p><p>ou para outros fins</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder</p><p>público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar</p><p>marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.</p><p>FORMA PRIVILEGIADA</p><p>Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de</p><p>fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou</p><p>comprovar o cumprimento de formalidade legal:</p><p>o Reclusão ou detenção, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Falsa identidade</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em</p><p>proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem.</p><p>PENA</p><p>Detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de</p><p>crime mais grave.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 247</p><p>Uso de documento de identidade</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou</p><p>qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se</p><p>utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiros.</p><p>PENA</p><p>Detenção, de 4 meses a 2 anos, e multa, se o fato não constitui elemento de</p><p>crime mais grave.</p><p>Fraude de lei sobre estrangeiro</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no Brasil, nome que não é o seu.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada no Brasil.</p><p>o Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>Falsidade em prejuízo da nacional ização de sociedade</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor</p><p>pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a</p><p>propriedade ou a posse de tais bens.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa.</p><p>Adulteração de sinal identificador de veículo</p><p>O dispositivo sofreu diversas alterações pela Lei n. 14.562/2023:</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Adulterar, remarcar ou suprimir número de chassi, monobloco, motor, placa de</p><p>identificação, ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, elétrico, híbrido,</p><p>de reboque, de semirreboque ou de suas combinações, bem como de seus</p><p>componentes ou equipamentos, sem autorização do órgão competente.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se o agente comete o crime no exercício da função púbica ou em razão dela, a</p><p>pena é aumentada de 1/3.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 248</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incorrem nas mesmas penas:</p><p>o O funcionário público que contribui para o licenciamento/registro do veículo</p><p>remarcado/adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.</p><p>o Aquele que adquire, recebe, transporta, oculta, mantém em depósito, fabrica,</p><p>fornece, a título oneroso ou gratuito, possui ou guarda maquinismo, aparelho,</p><p>instrumento ou objeto especialmente destinado à falsificação e/ou</p><p>adulteração de que trata o caput.</p><p>o Aquele que adquire, recebe, transporta, conduz, oculta, mantém em depósito,</p><p>desmonta, monta, remonta, vende, expõe à venda, ou de qualquer forma</p><p>utiliza, em proveito próprio ou alheio, veículo automotor, elétrico, híbrido, de</p><p>reboque, semirreboque ou suas combinações ou partes, com número de</p><p>chassi ou monobloco, placa de identificação ou qualquer sinal identificador</p><p>veicular que devesse saber estar adulterado ou remarcado.</p><p>Praticar as últimas 2 condutas no exercício de atividade comercial ou industrial:</p><p>o Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.</p><p>Equipara-se a atividade comercial qualquer forma de comércio irregular ou</p><p>clandestino, inclusive aquele exercido em residência.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 249</p><p>Das fraudes em certames de interesse público</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou</p><p>de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:</p><p>o Concurso público.</p><p>o Avaliação ou exame públicos.</p><p>o Processo seletivo para ingresso no ensino superior.</p><p>o Exame ou processo seletivo previstos em lei.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso</p><p>de pessoas não autorizadas às informações mencionadas.</p><p>FORMA QUALIFICADA Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública.</p><p>Reclusão, de 2 a 6</p><p>anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a</p><p>pena é aumentada de 1/3.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 250</p><p>PRÓPRIOS</p><p>• A condição de funcionário público é essencial para configuração do crime, de forma que,</p><p>sem ela, o fato será atípico.</p><p>IMPRÓPRIOS</p><p>• A ausência da condição de funcionário público desclassifica a infração para outro tipo.</p><p>DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>Dos crimes praticados por funcionário públ ico contra a administração em geral</p><p>Introdução</p><p>Crimes funcionais</p><p>Os crimes funcionais podem ser:</p><p>Conceito de funcionário público</p><p>Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente</p><p>ou sem remuneração,</p><p>exerce cargo, emprego ou função pública. Ex.: jurados, mesários, estagiários, inclusive agentes políticos eletivos.</p><p>FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO</p><p>1 Quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal.</p><p>2</p><p>Quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de</p><p>atividade típica da Administração Pública.</p><p>O conceito de equiparação NÃO ABARCA quem presta serviço à Administração Pública em função atípica,</p><p>mas sim, e somente, em função TÍPICA.</p><p>Concurso de pessoas</p><p>O particular pode concorrer para o crime funcional.</p><p>Para tanto, ele deve CONHECER a condição de funcionário público do autor.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 251</p><p>Progressão de regime</p><p>O condenado por crime contra a Administração Pública terá a progressão de regime CONDICIONADA:</p><p>1 À reparação do dano que causou.</p><p>2 À devolução do produto do ilícito praticado.</p><p>▪ ▪ ▪ com os acréscimos legais.</p><p>Aumento de pena</p><p>A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes forem ocupantes de cargos em</p><p>comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia</p><p>mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público (não se aplica às autarquias).</p><p>Princípio da insignificância</p><p>Nos crimes contra a administração pública é INAPLICÁVEL o princípio da insignificância.</p><p>Peculato</p><p>Peculato próprio</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Apropriar-se (peculato-apropriação) o funcionário público de dinheiro, valor ou</p><p>qualquer outro bem móvel, público ou particular (que estiver em posse da</p><p>Administração Pública), de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo</p><p>(peculato-desvio), em proveito próprio ou alheio.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.</p><p>Peculato impróprio</p><p>Aplica-se a mesma pena se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o</p><p>subtrai (peculato-furto), ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de</p><p>facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.</p><p>Peculato de uso</p><p>Não é crime, com exceção de fatos envolvendo Prefeitos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 252</p><p>Peculato culposo</p><p>Ocorre quando o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem.</p><p>A pena é de detenção, de 3 meses a 1 ano.</p><p>Peculato mediante erro de outrem</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu</p><p>por erro de outrem (peculato-estelionato).</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>Se o funcionário induzir o terceiro a erro, configura estelionato e não peculato-estelionato.</p><p>Reparação do dano</p><p>Quanto à reparação do dano:</p><p>NO PECULATO</p><p>CULPOSO</p><p>o Se precede sentença irrecorrível, extingue a punibilidade.</p><p>o Se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.</p><p>NO PECULATO</p><p>DOLOSO</p><p>o ANTES do recebimento da denúncia, por ato voluntário do agente: a pena</p><p>reduz de 1/3 a 2/3 (arrependimento posterior).</p><p>o APÓS o recebimento da denúncia e antes da sentença de 1ª instância:</p><p>configura-se atenuante genérica.</p><p>Inserção de dados falsos em sistema de informações</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Inserir ou facilitar, O FUNCIONÁRIO AUTORIZADO, a inserção de dados falsos,</p><p>alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou</p><p>bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida</p><p>para si ou para outrem ou para causar dano (peculato-eletrônico).</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.</p><p>MACETE</p><p>o Facilitar</p><p>o Excluir</p><p>o Inserir</p><p>o Alterar</p><p>FEIA</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 253</p><p>Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de</p><p>informática SEM AUTORIZAÇÃO ou solicitação de autoridade competente.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa.</p><p>MACETE</p><p>o Modificar</p><p>o Alterar</p><p>MÁ</p><p>Extravio, sonegação ou inuti l ização de livro ou documento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do</p><p>cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>Emprego irregular de verbas ou rendas públicas</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei (beneficia</p><p>a própria administração).</p><p>ATENÇÃO → APROPRIAR/DESVIAR = PECULATO</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 254</p><p>Concussão</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>EXIGIR, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função</p><p>ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.</p><p>o OBS1.: nesse caso, se a pessoa entrega o valor, não há corrupção ativa.</p><p>o OBS2.: em caso de MERA SOLICITAÇÃO, não há concussão, mas pode</p><p>caracterizar corrupção passiva.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>EXCESSO DE EXAÇÃO</p><p>Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber</p><p>indevido, ou, quando devido, emprega, na cobrança, meio vexatório ou gravoso,</p><p>que a lei não autoriza.</p><p>o Reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.</p><p>EXCESSO DE EXAÇÃO QUALIFICADO</p><p>Se o funcionário desvia em proveito próprio ou alheio o que recebeu</p><p>indevidamente em vez de recolher aos cofres públicos.</p><p>o Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.</p><p>Corrupção passiva</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>SOLICITAR OU RECEBER, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda</p><p>que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,</p><p>ou aceitar promessa de tal vantagem.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se, em consequência da vantagem ou promessa, o</p><p>funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato</p><p>de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.</p><p>A pena é aumentada</p><p>de 1/3.</p><p>FORMA PRIVILEGIADA</p><p>Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda</p><p>ato de ofício, cedendo a pedido ou influência de outrem.</p><p>Detenção, de 3 meses</p><p>a 1 ano, ou multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 255</p><p>Cuidado para não confundir:</p><p>CORRUPÇÃO PASSIVA X CONCUSSÃO</p><p>A diferença está no verbo núcleo do tipo, ou seja, na concussão a ação do sujeito ativo é EXIGIR, na</p><p>corrupção ativa o núcleo do tipo é SOLICITAR OU RECEBER (tipo penal misto alternativo).</p><p>Faci l itação de contrabando ou descaminho</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.</p><p>Prevaricação</p><p>Prevaricação própria</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra</p><p>disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (dolo</p><p>específico).</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.</p><p>Em sede de liminar na ADPF 881, o STF determinou a suspensão da eficácia do art. 319 do CP, “especificamente</p><p>na acepção que possibilita o enquadramento da liberdade de convencimento motivado dos membros do MP e do Poder</p><p>Judiciário como satisfação de ‘interesse ou sentimento pessoal’ ou como incidente no tipo objetivo, na modalidade ‘contra</p><p>disposição expressa de lei’, para fins de tipificação como crime de prevaricação da conduta daqueles agentes que, no</p><p>exercício lícito e regular da atividade-fim dessas instituições, e com amparo em interpretação da lei e do direito, defendam</p><p>ponto de vista em discordância com outros membros ou atores sociais e políticos”.</p><p>Prevaricação imprópria</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público de cumprir seu dever de</p><p>vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a</p><p>comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 256</p><p>Condescendência criminosa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Deixar o funcionário, por indulgência,</p><p>de responsabilizar SUBORDINADO que</p><p>cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não</p><p>levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.</p><p>PENA Detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa.</p><p>Advocacia administrativa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado (LEGÍTIMO) perante a</p><p>administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA Se o interesse é ILEGÍTIMO. Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.</p><p>Violência arbitrária</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 3 anos, além da pena correspondente à violência.</p><p>Abandono de função</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Abandonar CARGO PÚBLICO, fora dos casos permitidos em lei.</p><p>PENA Detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se do fato resulta prejuízo público. Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.</p><p>Se o fato ocorre em lugar</p><p>compreendido na faixa de fronteira.</p><p>Detenção, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Exercício funcional i legalmente antecipado ou prolongado</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais,</p><p>ou continuar a exercê-la, sem autorizaç��o, depois de saber oficialmente que foi</p><p>exonerado, removido, substituído ou suspenso.</p><p>PENA Detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 257</p><p>Violação de sigi lo funcional</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em</p><p>segredo, ou facilitar-lhe a revelação.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorre quem:</p><p>o Permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de</p><p>senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a</p><p>sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública.</p><p>o Se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:</p><p>o Reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 258</p><p>Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral</p><p>Usurpação de função pública</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Usurpar o exercício de função pública.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA Se do fato o agente aufere vantagens. Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>Resistência</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário</p><p>competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio.</p><p>o OBS.: Luiz Regis Prado adverte que essa oposição (resistência) deve ser</p><p>positiva, mediante a prática de violência ou ameaça. Assim, se o agente</p><p>empreende fuga, agarra-se a um obstáculo ou queda-se inerte no chão,</p><p>para não ser preso ou removido de determinado local, não há que se falar</p><p>em delito de resistência, podendo se falar em desobediência.</p><p>PENA Detenção, de 2 meses a 2 anos.</p><p>FORMA QUALIFICADA Se o ato, em razão da resistência, não se executa. Reclusão, de 1 a 3 anos.</p><p>As penas são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.</p><p>Desobediência</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Desobedecer a ordem legal de funcionário público.</p><p>PENA Detenção, de 15 dias a 6 meses, e multa.</p><p>Desacato</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela.</p><p>o OBS.: O desacato deve ser dirigido a funcionário público (no exercício da função</p><p>ou em razão dela) e na presença deste. Caso a ofensa não seja dirigida na</p><p>presença do funcionário público, tem-se a prática de crime de injúria.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 259</p><p>Tráfico de influência</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa</p><p>de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no</p><p>exercício da função.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>MACETE</p><p>o Solicitar</p><p>o Exigir</p><p>o Cobrar</p><p>o Obter</p><p>SECO</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se o agente alega ou insinua que a vantagem</p><p>é também destinada ao funcionário.</p><p>A pena é aumentada da</p><p>metade.</p><p>Não confunda:</p><p>TRÁFICO DE INFLUÊNCIA X CORRUPÇÃO ATIVA</p><p>No tráfico de influência, o agente utiliza o pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício</p><p>da função, mas NÃO INFLUI realmente no ato funcional. Se houver influência o crime será de corrupção ativa.</p><p>Corrupção ativa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-</p><p>lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.</p><p>o OBS.: subsiste o crime na hipótese em que o particular propõe entregar valor</p><p>diverso do solicitado pelo funcionário público para realizar atos legítimos do seu</p><p>ofício, uma vez que tal circunstância não afasta o caráter ilícito da vantagem.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena é aumentada de 1/3 se em razão da vantagem ou promessa o funcionário</p><p>retarda, omite ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 260</p><p>Descaminho</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela</p><p>entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos.</p><p>Contrabando</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Importar ou exportar mercadoria PROIBIDA.</p><p>o OBS.: não se aplica o princípio da insignificância.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos.</p><p>Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública,</p><p>promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade</p><p>paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de</p><p>violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>O art. 335 do CP foi tacitamente revogado pelos arts. 93 e 95 da Lei de Licitações, que correspondem,</p><p>a partir da aprovação da nova Lei de Licitações, aos artigos: 337-I, 337-J, 337-K do Código Penal.</p><p>Inuti l ização de edital ou de sinal</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de</p><p>funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal</p><p>ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto.</p><p>PENA Detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 261</p><p>Subtração ou inuti l ização de livro ou documento</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado</p><p>à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>Sonegação de contribuição previdenciária</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório,</p><p>mediante as seguintes condutas:</p><p>o Omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações</p><p>previsto pela legislação previdenciária segurado empregado, empresário,</p><p>trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe</p><p>prestem serviços.</p><p>o Deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa</p><p>as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo</p><p>tomador de serviços.</p><p>o Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas</p><p>ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.</p><p>EXTINÇÃO DA</p><p>PUNIBILIDADE</p><p>É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as</p><p>contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas</p><p>à previdência</p><p>social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação penal.</p><p>PERDÃO JUDICIAL OU</p><p>MULTA</p><p>É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o</p><p>agente for primário e de bons antecedentes, desde que o valor das contribuições</p><p>devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela</p><p>previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento</p><p>de suas execuções fiscais.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 262</p><p>Dos crimes em l icitações e contratos administrativos</p><p>Introdução</p><p>Nova lei de licitações e contratos</p><p>A nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei n. 14.133/2021) inseriu este capítulo dentro do</p><p>título “Dos crimes contra a Administração Pública” do Código Penal.</p><p>Âmbito de aplicação</p><p>A referida lei aplica-se:</p><p>1</p><p>Aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal e aos</p><p>órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de função administrativa</p><p>2 Aos fundos especiais e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração Pública.</p><p>3</p><p>A empresa pública, sociedade de economia mista e suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados,</p><p>do Distrito Federal e dos Municípios.</p><p>Pena de multa</p><p>A pena de multa cominada a esses crimes seguirá a metodologia de cálculo prevista no CP e NÃO poderá</p><p>ser inferior a 2% do valor do contrato licitado ou celebrado com contratação direta.</p><p>Progressão de regime</p><p>É importante ressaltar que, sendo crimes contra a Administração Pública, vale a regra geral que dispõe</p><p>que a progressão de regime do cumprimento da pena ficará CONDICIONADA à reparação do dano que causou,</p><p>ou à devolução do produto do ilícito praticado.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 263</p><p>Contratação direta i legal</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Admitir, possibilitar ou dar causa (crime próprio) – crime de forma livre – à</p><p>contratação direta fora das hipóteses legais.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.</p><p>Frustração do caráter competitivo de lic itação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Frustrar ou fraudar (crime formal), com o intuito (dolo específico) de obter para si</p><p>ou para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o</p><p>caráter competitivo do processo licitatório.</p><p>PENA Reclusão, de 4 anos a 8 anos, e multa.</p><p>Patrocínio de contratação indevida</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Patrocinar, direta ou indiretamente, INTERESSE PRIVADO perante a Administração</p><p>Pública, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato (crime</p><p>material) cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário.</p><p>o OBS.: trata-se de modalidade especial de advocacia administrativa (crime funcional).</p><p>PENA Reclusão, de 6 meses a 3 anos, e multa.</p><p>Modificação ou pagamento irregular em contrato administrativo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Admitir, possibilitar ou dar causa (crime próprio) a qualquer modificação ou vantagem</p><p>(MODIFICAÇÃO IRREGULAR), inclusive prorrogação contratual, em favor do</p><p>contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a Administração Pública,</p><p>sem autorização em lei, no edital da licitação ou nos respectivos instrumentos</p><p>contratuais, ou, ainda, pagar (crime próprio) fatura (PAGAMENTO IRREGULAR) com</p><p>preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade..</p><p>PENA Reclusão, de 4 anos a 8 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 264</p><p>Perturbação de processo l ic itatório</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de processo licitatório</p><p>(crime comum, material e sem finalidade especial).</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa.</p><p>Violação de sigi lo em l icitação</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Devassar (crime material) o sigilo de proposta apresentada em processo licitatório</p><p>OU proporcionar a terceiro o ensejo (crime formal) de devassá-lo – crime comum.</p><p>PENA Detenção, de 2 anos a 3 anos, e multa.</p><p>Afastamento de lic itante</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Afastar ou tentar afastar (crime de atentado – tentativa equiparada ao crime</p><p>consumado) licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento</p><p>de vantagem de qualquer tipo (crime formal) – crime comum.</p><p>PENA Reclusão, de 3 anos a 5 anos, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>FORMA EQUIPARADA Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar em razão de vantagem.</p><p>Fraude em l ic itação ou contrato</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, licitação ou contrato dela decorrente,</p><p>MEDIANTE qualquer das seguintes condutas:</p><p>o Entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qualidade ou em</p><p>quantidade diversas das previstas no edital ou nos instrumentos contratuais.</p><p>o Fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria falsificada,</p><p>deteriorada, inservível para consumo ou com prazo de validade vencido.</p><p>o Entrega de uma mercadoria por outra.</p><p>o Alteração da substância, qualidade ou quantidade da mercadoria/serviço.</p><p>o Qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais onerosa para a</p><p>Administração Pública a proposta ou a execução do contrato.</p><p>PENA Reclusão, de 4 anos a 8 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 265</p><p>Contratação inidônea</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Admitir à licitação empresa ou profissional declarado inidôneo.</p><p>PENA Reclusão, de 1 ano a 3 anos, e multa.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Celebrar contrato com empresa ou</p><p>profissional declarado inidôneo.</p><p>Reclusão, de 3 anos a 6 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incide na mesma pena do caput aquele que, declarado inidôneo, venha a participar</p><p>de licitação e, na mesma pena da forma qualificada, aquele que, declarado inidôneo,</p><p>venha a contratar com a Administração Pública.</p><p>Impedimento indevido</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Obstar, impedir ou dificultar INJUSTAMENTE a inscrição de qualquer interessado</p><p>nos registros cadastrais ou promover INDEVIDAMENTE a alteração, suspensão, ou</p><p>cancelamento de registro do inscrito.</p><p>PENA Reclusão, de 6 meses a 2 anos, e multa.</p><p>Omissão grave de dado ou de informação por projetista</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Omitir, modificar ou entregar à Administração Pública levantamento cadastral ou condição</p><p>de contorno em relevante dissonância com a realidade, em frustração ao caráter</p><p>competitivo da licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais vantajosa, em</p><p>contratação para a elaboração de projeto básico, executivo ou anteprojeto, em diálogo</p><p>competitivo ou em procedimento de manifestação de interesse.</p><p>o OBS.: consideram-se condição de contorno as informações e os</p><p>levantamentos suficientes e necessários para a definição da solução de</p><p>projeto e dos respectivos preços pelo licitante, incluídos sondagens,</p><p>topografia, estudos de demanda, condições ambientais e demais elementos</p><p>ambientais impactantes, considerados requisitos mínimos ou obrigatórios em</p><p>normas técnicas que orientam a elaboração de projetos.</p><p>PENA Reclusão, de 6 meses a 3 anos, e multa.</p><p>AUMENTO DE PENA</p><p>Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto ou indireto, próprio ou</p><p>de outrem, aplica-se em dobro a pena prevista no caput.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 266</p><p>Dos crimes contra a administração da justiça</p><p>Reingresso de estrangeiro expulso</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.</p><p>Denunciação caluniosa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal,</p><p>de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de</p><p>ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração</p><p>ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se o agente se serve de anonimato ou</p><p>de nome suposto.</p><p>A pena é aumentada de sexta parte.</p><p>FORMA MINORADA</p><p>Se a imputação é de prática de</p><p>contravenção.</p><p>A pena é diminuída de metade.</p><p>Não confunda:</p><p>CALÚNIA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA</p><p>Imputação falsa de crime.</p><p>Imputação falsa de crime, infração ético-disciplinar</p><p>ou ato ímprobo</p><p>Tutela a honra objetiva Tutela a administração da Justiça</p><p>Ação Penal Privada (em regra) Ação Penal Pública Incondicionada</p><p>Admite retratação Não admite retratação</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 267</p><p>Comunicação falsa de crime ou de contravenção</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de</p><p>contravenção que sabe não se ter verificado.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.</p><p>Autoacusação falsa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Acusar-se, perante autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa.</p><p>Falso testemunho ou falsa perícia</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,</p><p>contador, tradutor ou intérprete (crime de mão própria) em processo judicial, ou</p><p>administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral.</p><p>o OBS.: prevalece que é desnecessário o compromisso da testemunha para a</p><p>configuração do delito.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.</p><p>MACETE</p><p>o Tradutor</p><p>o Testemunha</p><p>o Perito</p><p>o Contador</p><p>o Intérprete</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante</p><p>suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em</p><p>processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração</p><p>pública direta ou indireta.</p><p>EXTINÇÃO DA</p><p>PUNIBILIDADE</p><p>O fato deixa de ser punível se, ANTES da sentença no processo em que ocorreu o</p><p>ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.</p><p>2TPCI</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 268</p><p>Corrupção ativa de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha,</p><p>perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar</p><p>a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação.</p><p>o OBS.: quem der, oferecer ou prometer vantagem, responderá por</p><p>CORRUPÇÃO ATIVA DE FUNCIONÁRIO. Já o funcionário que ceder à</p><p>vantagem, responderá por FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 4 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a</p><p>produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que</p><p>for parte entidade da administração pública direta ou indireta.</p><p>As penas</p><p>aumentam-se de</p><p>1/6 a 1/3.</p><p>Coação no curso do processo</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou</p><p>alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é</p><p>chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena aumenta-se de 1/3 até a metade se o processo envolver crime contra a</p><p>dignidade sexual (inserido pela Lei Mariana Ferrer).</p><p>Exercício arbitrário das próprias razões</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, EMBORA LEGÍTIMA,</p><p>salvo quando a lei o permite.</p><p>o OBS.: se a pretensão for ILEGÍTIMA não haverá o crime do art. 345 do CP,</p><p>podendo configurar constrangimento ilegal.</p><p>PENA Detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>AÇÃO PENAL</p><p>Pública incondicionada, se o agente</p><p>empregar violência física contra a vítima.</p><p>Nos demais casos, a ação será privada.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 269</p><p>Subtração ou dano de coisa própria em poder de terceiro</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de</p><p>terceiro por determinação judicial ou convenção.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.</p><p>Fraude processual</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado</p><p>de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Se a inovação se destina a produzir efeito em</p><p>processo PENAL, ainda que não iniciado.</p><p>As penas aplicam-se em dobro.</p><p>Favorecimento pessoal</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de CRIME a que é</p><p>cominada pena de RECLUSÃO.</p><p>o OBS.: não configura o delito o auxílio de autor de CONTRAVENÇÃO PENAL.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 5 meses, e multa.</p><p>FORMA PRIVILEGIADA Se ao crime NÃO é cominada pena de RECLUSÃO.</p><p>Detenção, de 15 dias a 3</p><p>meses, e multa.</p><p>ISENÇÃO DE PENA Se quem presta o auxílio é CADI (cônjuge, ascendente, descendente, irmão) do criminoso.</p><p>Favorecimento real</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio</p><p>destinado a tornar seguro o proveito do crime.</p><p>PENA Detenção, de 1 a 6 meses, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 270</p><p>Favorecimento real impróprio</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho</p><p>telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em</p><p>estabelecimento prisional.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano.</p><p>Exercício arbitrário ou abuso de poder</p><p>Artigo revogado pela nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei n. 13.869/2019).</p><p>Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida</p><p>de segurança detentiva.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais</p><p>de uma pessoa, ou mediante arrombamento.</p><p>Reclusão, de 2 a 6 anos.</p><p>Se o crime é praticado por pessoa sob cuja</p><p>custódia ou guarda está o preso ou o internado.</p><p>Reclusão, de 1 a 4 anos.</p><p>VIOLÊNCIA</p><p>Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena</p><p>correspondente à violência.</p><p>FORMA CULPOSA</p><p>No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena</p><p>de detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.</p><p>Evasão mediante violência contra a pessoa</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de</p><p>segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 1 ano, além da pena correspondente à violência.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 271</p><p>Arrebatamento de preso</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo (finalidade específica), do poder de quem</p><p>o tenha sob custódia ou guarda.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, além da pena correspondente à violência.</p><p>Motim de presos</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 2 anos, além da pena correspondente à violência.</p><p>Patrocínio infiel</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando</p><p>interesse cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO</p><p>Incorre na pena anterior o advogado ou procurador judicial que defende na</p><p>mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.</p><p>o PATROCÍNIO SIMULTÂNEO → defesa simultânea de partes contrárias.</p><p>o TERGIVERSAÇÃO → defesa sucessiva de partes contrárias.</p><p>Sonegação de papel ou objeto de valor probatório</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto</p><p>de valor probatório que recebeu na qualidade de advogado ou procurador.</p><p>PENA Detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 272</p><p>Exploração de prestígio</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade a pretexto de influir</p><p>Das lesões corporais ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 156</p><p>Da periclitação da vida e da saúde.............................................................................................................................................................................................................................................................. 162</p><p>Da rixa ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 165</p><p>Dos crimes contra a honra ............................................................................................................................................................................................................................................................................................ 166</p><p>Dos crimes contra a liberdade individual............................................................................................................................................................................................................................................172</p><p>DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO .............................................................................................................................................................................................................................................183</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 5</p><p>Do furto ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................183</p><p>Do roubo e da extorsão .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................187</p><p>Da usurpação .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 192</p><p>Do dano ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................193</p><p>Da apropriação indébita........................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 195</p><p>Do estelionato e outras fraudes ..................................................................................................................................................................................................................................................................... 198</p><p>Da receptação .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 203</p><p>Imunidade penal nos crimes patrimoniais ......................................................................................................................................................................................................................................... 205</p><p>DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL .............................................................................................................................................................................. 206</p><p>Dos crimes contra a propriedade intelectual .................................................................................................................................................................................................................... 206</p><p>DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .............................................................................................................................................................. 207</p><p>Atentado contra a liberdade de trabalho ............................................................................................................................................................................................................................... 207</p><p>Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta ............................................................................... 207</p><p>Atentado contra a liberdade de associação ...................................................................................................................................................................................................................... 207</p><p>Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem ........................................................................................................ 208</p><p>Paralisação de trabalho de interesse coletivo ............................................................................................................................................................................................................... 208</p><p>Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola e sabotagem ............................................................................................. 208</p><p>Frustração de direito assegurado por lei trabalhista ..................................................................................................................................................................................... 208</p><p>Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho .................................................................................................................................................................................. 209</p><p>Exercício de atividade com infração de decisão administrativa ................................................................................................................................................ 209</p><p>Aliciamento para o fim de emigração .................................................................................................................................................................................................................................................... 209</p><p>Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional.......................................................................................... 209</p><p>DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS ............ 210</p><p>Dos crimes contra o sentimento religioso ...................................................................................................................................................................................................................................</p><p>em juiz,</p><p>jurado, órgão do MP, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 5 anos, e multa.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>A pena é aumentada de 1/3 se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade</p><p>também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.</p><p>MACETE: RESO UM TERÇO → REceber ou SOlicitar: a pena aumenta em 1/3.</p><p>OBSERVAÇÕES</p><p>Muito parecido com o TRÁFICO DE INFLUÊNCIA, porém é mais específico quanto</p><p>a quem influi e a causa de aumento de pena é diferente.</p><p>Violência ou fraude em arrematação judicial</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar</p><p>concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou</p><p>oferecimento de vantagem.</p><p>PENA Detenção, de 2 meses a 1 ano, ou multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus de que foi suspenso ou</p><p>privado por decisão judicial.</p><p>PENA Detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 273</p><p>DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO</p><p>Preliminarmente</p><p>O título que será estudado a partir de agora foi inserido recentemente no Código Penal pela Lei n. 14.197</p><p>de 2021, que revogou a Lei de Segurança Nacional e trouxe diversos dos crimes ali previstos para o Código</p><p>Penal, classificando-os como crimes contra o Estado Democrático de Direito.</p><p>Crimes contra a soberania nacional</p><p>Atentado à soberania</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Negociar com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim de</p><p>provocar atos típicos de guerra (finalidade específica) contra o País ou invadi-lo.</p><p>o OBS.: trata-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa) e</p><p>formal (basta a negociação, sendo a concretização causa de aumento de pena).</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 8 anos.</p><p>FORMA MAJORADA</p><p>Aumenta-se a pena de metade até o dobro, se declarada guerra em decorrência</p><p>das condutas previstas na descrição típica.</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se o agente participa de operação bélica com o</p><p>fim de submeter o território nacional, ou parte</p><p>dele, ao domínio ou à soberania de outro país.</p><p>Reclusão, de 4 a 12 anos.</p><p>Atentado à integridade nacional</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Praticar VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA com a finalidade (dolo específico) de</p><p>desmembrar parte do território nacional para constituir país independente.</p><p>o OBS.: trata-se de crime formal, bastando a prática da violência ou grave</p><p>ameaça com a finalidade específica.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 6 anos, além da pena correspondente à violência.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 274</p><p>Espionagem</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Entregar a governo ESTRANGEIRO, a seus agentes, ou a organização</p><p>criminosa ESTRANGEIRA, em desacordo com determinação legal ou</p><p>regulamentar, documento ou informação classificados como secretos ou</p><p>ultrassecretos nos termos da lei, cuja revelação possa colocar em perigo a</p><p>preservação da ordem constitucional ou a soberania nacional (crime comum).</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 12 anos.</p><p>FORMA EQUIPARADA</p><p>Incorre na mesma pena quem presta auxílio a espião, CONHECENDO ESSA</p><p>CIRCUNSTÂNCIA, para subtraí-lo à ação da autoridade pública (favorecimento</p><p>pessoal do crime de espionagem).</p><p>FORMA QUALIFICADA</p><p>Se o documento, dado ou informação é transmitido ou</p><p>revelado com violação do dever de sigilo.</p><p>Reclusão, de 6 a 15</p><p>anos.</p><p>FORMA PRIVILEGIADA</p><p>Facilitar a prática de qualquer dos crimes previstos neste</p><p>artigo mediante atribuição, fornecimento ou empréstimo</p><p>de senha, ou de qualquer outra forma de acesso de</p><p>pessoas não autorizadas a sistemas de informações.</p><p>Detenção, de 1 a 4</p><p>anos.</p><p>NÃO constitui crime a comunicação, a entrega ou a publicação de informações ou de documentos com o fim</p><p>de expor a prática de crime ou a violação de direitos humanos.</p><p>Dos crimes contra as instituições democráticas</p><p>Abolição violenta do Estado Democrático de Direito</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Tentar (crime de atentado, comum e formal), com emprego de VIOLÊNCIA OU</p><p>GRAVE AMEAÇA, abolir o Estado Democrático de Direito (dolo específico),</p><p>impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 8 anos, além da pena correspondente à violência.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 275</p><p>Golpe de Estado</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Tentar depor (crime de atentado, comum e formal), por meio de VIOLÊNCIA</p><p>OU GRAVE AMEAÇA, o governo legitimamente constituído.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 12 anos, além da pena correspondente à violência.</p><p>Dos crimes contra o funcionamento das instituições democráticas no processo eleitoral</p><p>Interrupção do processo eleitoral</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Impedir ou perturbar (crime material) a eleição ou a aferição de seu resultado,</p><p>MEDIANTE VIOLAÇÃO INDEVIDA de mecanismos de segurança do sistema</p><p>eletrônico de votação (urna eletrônica) estabelecido pela Justiça Eleitoral.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.</p><p>Violência pol ítica</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Restringir, impedir ou dificultar, com emprego de violência FÍSICA, SEXUAL OU</p><p>PSICOLÓGICA, o exercício de direitos políticos (votar e ser votado) a qualquer</p><p>pessoa EM RAZÃO DE seu sexo, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>Dos crimes contra o funcionamento dos serviços essenciais</p><p>Sabotagem</p><p>DESCRIÇÃO TÍPICA</p><p>Destruir ou inutilizar meios de comunicação ao público, estabelecimentos,</p><p>instalações ou serviços destinados à defesa nacional, com o fim de abolir o</p><p>Estado Democrático de Direito.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 8 anos.</p><p>Disposição comum</p><p>NÃO CONSTITUI CRIME a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística</p><p>ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de</p><p>aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais.</p><p>Licensed to - -</p><p>210</p><p>Dos crimes contra o respeito aos mortos ................................................................................................................................................................................................................................ 210</p><p>DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL .............................................................................................................................................................................................................. 211</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 6</p><p>Dos crimes contra a liberdade sexual .................................................................................................................................................................................................................................................... 211</p><p>Da exposição da intimidade sexual...................................................................................................................................................................................................................................................................213</p><p>Dos crimes sexuais contra vulnerável .....................................................................................................................................................................................................................................................213</p><p>Disposições gerais ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 216</p><p>Do lenocínio e do tráfico de pessoa para prostituição ou outra forma de exploração sexual .........................217</p><p>Do ultraje público ao pudor .......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 220</p><p>Disposições gerais .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................221</p><p>DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA .............................................................................................................................................................................................................................................................. 222</p><p>Dos crimes contra o casamento ....................................................................................................................................................................................................................................................................... 222</p><p>Dos crimes contra o estado de filiação ........................................................................................................................................................................................................................................... 223</p><p>Dos crimes contra a assistência familiar......................................................................................................................................................................................................................................... 224</p><p>Dos crimes contra o poder familiar, tutela ou curatela ............................................................................................................................................................................. 225</p><p>DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA ..................................................................................................................................................................................... 226</p><p>Dos crimes de perigo comum .................................................................................................................................................................................................................................................................................... 226</p><p>Dos crimes contra a segurança dos meios de comunicação, transporte e outros serviços públicos 229</p><p>Dos crimes contra a saúde pública ............................................................................................................................................................................................................................................................. 232</p><p>DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA ......................................................................................................................................................................................................................................... 237</p><p>Da incitação ao crime.................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 237</p><p>Da apologia de crime ou criminoso ................................................................................................................................................................................................................................................................ 237</p><p>Da associação criminosa ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 237</p><p>Da constituição de milícia privada...................................................................................................................................................................................................................................................................... 238</p><p>DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA ................................................................................................................................................................................................................................................. 239</p><p>Observações iniciais ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 239</p><p>Da moeda falsa ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 239</p><p>Da falsidade de títulos e outros papéis públicos ............................................................................................................................................................................................................241</p><p>Da falsidade documental ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 242</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 7</p><p>Outras falsidades .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................</p><p>246</p><p>Das fraudes em certames de interesse público ......................................................................................................................................................................................................... 249</p><p>DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................................................................................................................................. 250</p><p>Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral ............................................................................ 250</p><p>Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral ............................................................................................................... 258</p><p>Dos crimes em licitações e contratos administrativos ..................................................................................................................................................................................... 262</p><p>Dos crimes contra a administração da justiça ....................................................................................................................................................................................................................266</p><p>DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO.................................................................................................................................... 273</p><p>Preliminarmente......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 273</p><p>Crimes contra a soberania nacional .......................................................................................................................................................................................................................................................... 273</p><p>Dos crimes contra as instituições democráticas .......................................................................................................................................................................................................... 274</p><p>Dos crimes contra o funcionamento das instituições democráticas no processo eleitoral ........................................ 275</p><p>Dos crimes contra o funcionamento dos serviços essenciais ......................................................................................................................................................... 275</p><p>Disposição comum .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 275</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 8</p><p>PARTE GERAL</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 9</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Conceito de Direito Penal</p><p>O conceito de Direito Penal pode ser analisado sob as seguintes perspectivas:</p><p>PERSPECTIVA</p><p>JURÍDICA</p><p>Direito Penal é um ramo do Direito Público (que trata de interesses da coletividade)</p><p>responsável por selecionar condutas humanas (ação ou omissão) que caracterizam</p><p>infrações (crimes ou contravenções), além de cominar as respectivas sanções.</p><p>PERSPECTIVA</p><p>SOCIOLÓGICA</p><p>Direito Penal é um importante instrumento de controle social, que objetiva uma</p><p>convivência social harmônica.</p><p>Funcionalismo penal</p><p>O funcionalismo penal é um movimento doutrinário que discute a função do Direito Penal e possui as</p><p>seguintes características fundamentais:</p><p>PROTEÇÃO DO BEM</p><p>JURÍDICO</p><p>O Direito Penal só é legítimo quando protege o bem jurídico e na exata medida</p><p>dessa proteção (não se pode ir além do necessário para a proteção do bem).</p><p>FLEXIBILIDADE NA</p><p>APLICAÇÃO</p><p>Para que o bem jurídico receba a devida proteção, pode ser necessária a</p><p>flexibilização da lei diante do caso concreto.</p><p>PREVALÊNCIA DO</p><p>JURISTA</p><p>O jurista (que resolve o caso concreto) tem prevalência sobre o legislador (que</p><p>edita normas gerais e abstratas).</p><p>São espécies de funcionalismo penal:</p><p>FUNCIONALISMO</p><p>MODERADO - ROXIN</p><p>Para o funcionalismo moderado (ou racional-teleológico), o Direito Penal serve para</p><p>proteger bens jurídicos. Esse funcionalismo possui as seguintes características:</p><p>o É MODERADO → o Direito Penal deve respeitar os limites penais e</p><p>extrapenais, bem como os limites impostos pela sociedade.</p><p>o É DUALISTA → dialoga com os demais ramos do direito.</p><p>o É DE POLÍTICA CRIMINAL → visa atender aos interesses da sociedade.</p><p>Ademais, é racional (movido pela razão) e teleológico (atende à finalidade de</p><p>proteção de bens jurídicos).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 10</p><p>VELOCIDADE</p><p>1</p><p>•É o Direito Penal da prisão. É mais lento, uma vez que deve observar uma série de garantias – penais e</p><p>processuais – para que, ao final, seja privada a liberdade do indivíduo.</p><p>VELOCIDADE</p><p>2</p><p>•É o Direito Penal sem prisão, que se utiliza de penas alternativas (pena de multa ou restritiva de direitos). É</p><p>mais célere, uma vez que há a possibilidade de flexibilização de garantias.</p><p>VELOCIDADE</p><p>3</p><p>•É o Direito Penal do inimigo, que defende a prisão com flexibilização de garantias para os indivíduos considerados</p><p>inimigos. É bem mais célere, sendo possível, inclusive, a punição de atos preparatórios.</p><p>VELOCIDADE</p><p>4</p><p>•Também chamada de neopunitivismo, a velocidade 4 se refere à punição de ex-chefes de Estado processados</p><p>e condenados por crimes de guerra. Essa velocidade caracteriza-se por ser inquisitiva (acusação, julgamento e</p><p>execução realizados por um único órgão), desprovida da observância de princípios fundamentais e autoritária.</p><p>FUNCIONALISMO</p><p>RADICAL - JAKOBS</p><p>Para o funcionalismo radical o Direito Penal serve para proteger a norma (= punir).</p><p>Esse funcionalismo possui as seguintes características:</p><p>o É RADICAL → respeita apenas os limites penais.</p><p>o É MONISTA → não dialoga com os demais ramos.</p><p>o É SISTÊMICO → como um sistema, o Direito Penal é:</p><p>✓ Autônomo: possui seu próprio conjunto de regras e princípios.</p><p>✓ Autorreferente: faz referências apenas ao Direito Penal.</p><p>✓ Autopoiético: renova-se por si só.</p><p>Velocidades do Direito Penal</p><p>A ideia de velocidade do Direito Penal foi desenvolvida por Jesús-María Silva Sánchez e se refere ao</p><p>tempo de resposta do Estado a determinados delitos (mais ou menos graves). Vejamos:</p><p>Direito Penal do inimigo</p><p>Desenvolvido por Günther Jakobs, o Direito Penal do inimigo divide os sujeitos em:</p><p>CIDADÃO A quem se destina o Direito Penal comum (garantista).</p><p>INIMIGO A quem se destina o Direito Penal do inimigo (autoritário).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 1</p><p>PRÁTICA DE UM</p><p>CRIME GRAVE</p><p>REITERAÇÃO DO</p><p>CRIME GRAVE</p><p>TRANSFORMAÇÃO</p><p>EM CRIMINOSO</p><p>HABITUAL</p><p>PRÁTICA DE CRIMES NO ÂMBITO</p><p>DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA</p><p>OU PRÁTICA DE TERRORISMO</p><p>(apenas aqui, tem-se o inimigo)</p><p>Jakobs descreve as seguintes fases da conduta criminosa – do criminoso (cidadão) ao inimigo:</p><p>Para cada um dos sujeitos (cidadão ou inimigo), há um Direito Penal:</p><p>DIREITO PENAL DO</p><p>CIDADÃO</p><p>o Aplica-se ao cidadão que pratica crimes (inclusive crimes graves, reiteração</p><p>de crimes graves ou crime habitual).</p><p>o Pune o cidadão respeitando seus direitos e garantias (é garantista).</p><p>o É retrospectivo, punindo o cidadão por aquilo que ele fez ou deixou de fazer.</p><p>Trata-se de Direito Penal DO FATO (veremos a definição a seguir).</p><p>DIREITO PENAL DO</p><p>INIMIGO</p><p>o Aplica-se ao inimigo (que pratica crimes no âmbito de organização criminosa</p><p>ou pratica</p><p>terrorismo).</p><p>o Pune o inimigo suprimindo seus direitos e garantias (é autoritário).</p><p>o É prospectivo, punindo o inimigo por aquilo que ele pode vir a fazer (=</p><p>antecipação da tutela penal – no Brasil, temos o exemplo da lei de terrorismo,</p><p>que pune a realização de atos preparatórios).</p><p>Trata-se de Direito Penal DO AUTOR (veremos a definição a seguir).</p><p>Além disso, o Direito Penal do inimigo:</p><p>1 Considera a confissão como o principal meio de prova (inclusive a obtida mediante tortura).</p><p>2 Amplia os poderes de polícia, sendo contrário à reserva de jurisdição (o controle é a posteriori).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 2</p><p>Classificação do Direito Penal</p><p>Objetivo x Subjetivo</p><p>DIREITO PENAL OBJETIVO DIREITO PENAL SUBJETIVO</p><p>É o direito de punir (jus puniendi), sendo o Estado o</p><p>seu titular.</p><p>É o conjunto de normas penais vigentes no país.</p><p>Substantivo x Adjetivo</p><p>DIREITO PENAL SUBSTANTIVO DIREITO PENAL ADJETIVO</p><p>Direito material (Direito Penal). Direito processual (Processo Penal).</p><p>Do fato x Do autor</p><p>DIREITO PENAL DO FATO DIREITO PENAL DO AUTOR</p><p>O agente deve ser punido pelo que ele faz.</p><p>Aplicação: caracterização do crime.</p><p>O agente deve ser punido por quem ele é.</p><p>Aplicação: fixação da pena, fixação do regime etc.</p><p>O direito penal do inimigo é uma espécie de direito penal do autor, que defende a supressão de direitos</p><p>e garantias daquele que é considerado inimigo. No Brasil, a doutrina aponta como exemplo de direito penal do</p><p>inimigo o art. 303, § 2º, do Código Brasileiro de Aeronáutica, que prevê a destruição de aeronave classificada</p><p>como hostil, depois de esgotados os meios coercitivos. Resumindo ↴</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 3</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL</p><p>Princípio da reserva legal ou estrita legal idade</p><p>Previsão</p><p>O art. 5º, XXXIX, da CRFB/88 dispõe:</p><p>Não há crime sem LEI anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação LEGAL.</p><p>No mesmo sentido, o art. 1º do Código Penal preceitua:</p><p>Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL.</p><p>Apesar de os dispositivos citarem apenas o crime, o princípio também é aplicável às contravenções penais.</p><p>IMPORTANTE</p><p>O princípio da reserva legal é cláusula pétrea, estando inserido no rol de direitos e garantias fundamentais.</p><p>Conteúdo</p><p>O princípio da reserva legal determina o MONOPÓLIO DA LEI (em sentido formal, estrito) para a criação</p><p>de crimes (e contravenções) e para a cominação das respectivas penas.</p><p>Desdobramentos</p><p>O princípio da reserva legal possui os seguintes desdobramentos:</p><p>LEX PRAEVIA</p><p>(LEI PRÉVIA)</p><p>IRRETROATIVIDADE → As leis penais incriminadoras NÃO retroagem, devendo ser</p><p>anteriores aos fatos que pretendem punir (= anterioridade da lei penal).</p><p>RETROATIVIDADE → As normas de caráter benéfico têm aplicação plena (retroagem</p><p>para beneficiar o agente). Vale mencionar que a data de referência para a incidência da</p><p>norma é a da atividade (art. 4º do CP), SALVO nos crimes permanentes e continuados ↴</p><p>SÚMULA 711 DO STF → A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime</p><p>permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.</p><p>LEX SCRIPTA</p><p>(LEI ESCRITA)</p><p>Somente a lei escrita é que pode criar crimes e cominar penas. Nesse sentido, proíbe-</p><p>se o costume incriminador.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 4</p><p>LEX STRICTA</p><p>(LEI ESTRITA)</p><p>Proíbe a analogia in malam partem (que agrava a situação do agente).</p><p>LEX CERTA</p><p>(LEI CERTA)</p><p>Proíbe penas ou tipos penais indeterminados, devendo a lei ser clara e precisa, de</p><p>modo a ser compreendida por todos.</p><p>LEX DETERMINATA</p><p>(LEI DETERMINADA)</p><p>A lei deve descrever fatos passíveis de comprovação em juízo e de serem perpetrados.</p><p>LEX POPULI</p><p>(LEI POPULAR)</p><p>A lei deve ser uma lei emanada do parlamento (com representantes eleitos pelo povo).</p><p>LEX RATIONABILIS</p><p>(LEI RAZOÁVEL)</p><p>A lei penal deve ser pautada na razoabilidade.</p><p>Reserva legal e legalidade</p><p>O princípio da legalidade é, muitas vezes, tratado como sinônimo do princípio da reserva legal. Entretanto,</p><p>enquanto o primeiro consiste na submissão às leis, o segundo se refere à limitação à forma de regulamentação</p><p>de determinadas matérias (que, no caso do Direito Penal, é reservada à lei em sentido estrito).</p><p>O princípio da legalidade possui previsão no art. 5º, II, da CRFB/88, que dispõe ↴</p><p>Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.</p><p>Assim, a legalidade é mais ampla que a reserva legal, uma vez que se refere à lei em sentido amplo (todo</p><p>o qualquer comando emanado do Estado, como leis em sentido estrito, medidas provisórias, decretos, sentenças</p><p>etc.), enquanto a reserva legal se refere apenas à lei em sentido estrito.</p><p>Reserva legal e medida provisória</p><p>Quanto à possibilidade de utilização de Medidas Provisórias em matéria penal, há 2 correntes:</p><p>1ª CORRENTE É possível, desde que favorável ao réu. É a posição do STF.</p><p>2ª CORRENTE</p><p>Não é possível, uma vez que o art. 62, § 1º, I, b, da CRFB/88 veda a edição de MP</p><p>sobre matéria relativa à Direito Penal.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 5</p><p>EXPRESSOS OU</p><p>EXPLÍCITOS</p><p>• A Constituição Federal ordena expressamente a criminalização de condutas.</p><p>• Ex.: criminalização de condutas lesivas ao meio ambiente (art. 225, § 3º, da CRFB/88 → cumprido</p><p>pela Lei dos Crimes Ambientais).</p><p>TÁCITOS OU</p><p>IMPLÍCITOS</p><p>• Os mandados de criminalização são extraídos do conjunto da Constituição Federal.</p><p>• Ex.: criminalização da corrupção.</p><p>Mandados de criminalização</p><p>Mandados de criminalização são ordens emitidas pela Constituição Federal para que o legislador criminalize</p><p>determinadas condutas. Esses mandados podem ser:</p><p>Princípio da ofensividade ou lesividade</p><p>O referido princípio determina que, para haver crime, deve haver significativa lesão ou perigo de lesão a bem</p><p>jurídico alheio. Desdobra-se nos seguintes subprincípios:</p><p>ALTERIDADE OU</p><p>TRANSCENDÊNCIA</p><p>Desenvolvido por Claus Roxin, esse princípio determina a criminalização apenas</p><p>de condutas prejudiciais a terceiros.</p><p>Assim, a autolesão NÃO pode ser criminalizada, SALVO se houver ofensa a</p><p>bem jurídico alheio, como no caso da fraude para receber seguro.</p><p>Exemplo de aplicação do princípio é o art. 28 da Lei de Drogas, que NÃO pune</p><p>o consumo de drogas com pena privativa de liberdade, sendo que parte da</p><p>doutrina não considera que a conduta configure crime.</p><p>MATERIALIZAÇÃO OU</p><p>EXTERIORIZAÇÃO DO FATO</p><p>O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias (fatos/ações), nunca</p><p>condições internas ou existenciais do agente (nullum crimen sine actio).</p><p>Assim, no iter criminis, a cogitação e a preparação são IMPUNÍVEIS. Contudo,</p><p>quando os atos preparatórios configurarem delito autônomo, eles podem ser</p><p>punidos. Ex.: associação criminosa (art. 288 do CP).</p><p>Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos</p><p>Conteúdo</p><p>De acordo com esse princípio, a função do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos (interesses sociais</p><p>relevantes que derivam das garantias constitucionais) insuficientemente protegidos por outros ramos.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 6</p><p>ADEQUAÇÃO A medida adotada deve ser APROPRIADA para alcançar o fim pretendido.</p><p>NECESSIDADE A medida somente pode ser admitida quando NECESSÁRIA/EXIGÍVEL.</p><p>PROPORCIONALIDADE</p><p>EM SENTIDO ESTRITO</p><p>O resultado obtido deve ser PROPORCIONAL à carga coativa.</p><p>GARANTISMO</p><p>INTEGRAL</p><p>GARANTISMO</p><p>NEGATIVO</p><p>GARANTISMO</p><p>POSITIVO</p><p>Espiritual ização de bens jurídicos</p><p>Para Claus Roxin, a espiritualização de bens jurídicos é a evolução da proteção do Direito Penal, que</p><p>passa a abranger não só as situações de perigo concreto, mas também as de perigo abstrato, como os bens</p><p>jurídicos supraindividuais ou coletivos (meio ambiente, saúde etc.). O STF discorreu nesse sentido no HC 102.087.</p><p>Princípio da proporcional idade</p><p>Subprincípios</p><p>O princípio da proporcionalidade desdobra-se nos seguintes subprincípios:</p><p>Consequências</p><p>A utilização do princípio da proporcionalidade produz as seguintes consequências:</p><p>1 Proibição do abuso ou excesso do Estado (garantismo negativo).</p><p>2 Proibição da proteção deficiente (garantismo positivo).</p><p>3 Análise da necessidade concreta da pena.</p><p>4 Análise da suficiência da pena alternativa.</p><p>Garantismo integral</p><p>O garantismo integral é consequência da proporcionalidade e abrange:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 7</p><p>Nesse sentido:</p><p>O GARANTISMO NEGATIVO É a proibição do excesso (beneficiando o agente).</p><p>O GARANTISMO POSITIVO É a proibição da proteção deficiente (beneficiando a sociedade).</p><p>Não são admitidos:</p><p>O GARANTISMO MONOCULAR Que protege apenas o agente ou apenas a sociedade.</p><p>O GARANTISMO HIPERBÓLICO Exagerado.</p><p>Espécies</p><p>A doutrina aponta, ainda, as seguintes espécies de proporcionalidade:</p><p>LEGISLATIVA OU ABSTRATA Destina-se ao legislador, que cria normas gerais e abstratas.</p><p>JUDICIAL OU CONCRETA Destina-se ao magistrado, que decide o caso concreto.</p><p>EXECUTÓRIA OU ADMINISTRATIVA Destina-se ao executor da norma, no âmbito do cumprimento da pena.</p><p>Princípio da intervenção mínima</p><p>Conteúdo</p><p>O Direito Penal deve se limitar a situações de extrema gravidade (o Direito Penal é a ultima ratio).</p><p>Div isão</p><p>O princípio da intervenção mínima divide-se nos seguintes princípios:</p><p>FRAGMENTARIEDADE</p><p>A ilicitude é fragmentada, de modo que nem todo ilícito é de natureza</p><p>penal (pode ser civil, tributário etc.). Assim, o legislador deve verificar</p><p>a necessidade de caracterizar uma conduta como ilícito penal.</p><p>o Projeta-se no plano abstrato (destina-se ao legislador).</p><p>SUBSIDIARIEDADE</p><p>O Direito Penal é aplicável de forma subsidiária, isto é, quando não há</p><p>outro ramo do direito capaz de lidar com a questão.</p><p>o Projeta-se no plano concreto (destina-se ao aplicador da lei).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 8</p><p>Fragmentariedade às avessas</p><p>A fragmentariedade às avessas ocorre quando o legislador verifica a desnecessidade de criminalização</p><p>de determinada conduta. É o caso, por exemplo, do crime de adultério.</p><p>NÃO CONFUNDA</p><p>A fragmentariedade às avessas NÃO é sinônimo de abolitio criminis, mas causa da abolição do crime. Assim,</p><p>fragmentariedade às avessas é causa e abolitio criminis é consequência.</p><p>Princípio da insignificância</p><p>Conteúdo</p><p>O princípio da insignificância preceitua que o Direito Penal NÃO deve se ocupar de condutas INCAPAZES</p><p>de causar lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.</p><p>IMPORTANTE</p><p>O princípio também pode ser chamado de “bagatela”, se o crime tiver reflexo patrimonial.</p><p>Natureza jurídica</p><p>O princípio ora estudado possui natureza jurídica de causa supralegal de exclusão de tipicidade. Vale</p><p>mencionar que, de acordo com o STF, a tipicidade divide-se em:</p><p>TIPICIDADE FORMAL Juízo de adequação entre o fato e a norma.</p><p>TIPICIDADE MATERIAL Capacidade de lesão ou perigo de lesão.</p><p>TIPICIDADE PENAL = TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE MATERIAL</p><p>Dessa forma, a insignificância exclui a tipicidade material (há a tipicidade formal).</p><p>Requisitos</p><p>Requisitos objetivos</p><p>São condições objetivas para a incidência do princípio:</p><p>MACETE → MARI</p><p>M Mínima ofensividade da conduta.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 1 9</p><p>A Ausência de periculosidade social da ação.</p><p>R Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.</p><p>I Inexpressividade da lesão jurídica provocada.</p><p>Requisitos subjetivos</p><p>Os requisitos subjetivos relacionam-se:</p><p>ÀS CONDIÇÕES</p><p>PESSOAIS DO AGENTE</p><p>A) Reincidente → sobre isso, há duas correntes:</p><p>o 1ª CORRENTE: não se aplica a insignificância (a posição do STF já foi essa).</p><p>o 2ª CORRENTE: aplica-se a insignificância (é a posição do STJ).</p><p>B) Criminoso habitual → não se aplica a insignificância (jurisprudência pacífica).</p><p>C) Militar → não se aplica a insignificância.</p><p>ÀS CONDIÇÕES DA</p><p>VÍTIMA</p><p>A) Extensão do dano (considerando o contexto da vítima).</p><p>B) Valor sentimental do bem.</p><p>Nesse sentido, o STJ entende que o pequeno valor da res furtiva não se traduz, automaticamente, na</p><p>insignificância. Há que se conjugar a importância do objeto material para a vítima, levando-se em consideração:</p><p>o A sua condição econômica.</p><p>o O valor sentimental do bem.</p><p>o As circunstâncias e o resultado do crime.</p><p>▪ ▪ ▪ tudo de modo a determinar, subjetivamente, se houve relevante lesão.</p><p>Aplicabi l idade</p><p>REGRA O princípio da insignificância é aplicável a todo e qualquer crime.</p><p>EXCEÇÕES</p><p>Crimes incompatíveis com o princípio.</p><p>Ex.: crimes contra a vida, crimes contra a dignidade sexual, crimes contra a</p><p>administração pública (Súmula 599 do STJ), crimes de violência doméstica e familiar</p><p>contra a mulher (Súmula 589 do STJ).</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 20</p><p>Espécies de insignificância</p><p>A insignificância da infração pode ser:</p><p>PRÓPRIA O fato já nasce sem relevância penal, sendo causa de exclusão da tipicidade material.</p><p>IMPRÓPRIA</p><p>O fato nasce relevante para o Direito Penal, mas, por circunstâncias do caso</p><p>concreto, verifica-se que a aplicação da pena é desnecessária (ex.: perdão judicial).</p><p>Valoração pela autoridade polic ial</p><p>Quanto à possibilidade de valoração da insignificância pela autoridade policial, há duas correntes:</p><p>1ª CORRENTE Não é possível, sendo atividade reservada à autoridade judiciária (info. 441 do STJ).</p><p>2ª CORRENTE É possível, em razão de sua natureza de exclusão da tipicidade.</p><p>Resumindo. . .</p><p>Resumindo os principais pontos do princípio da insignificância, temos o seguinte:</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 2 1</p><p>Princípio da pessoalidade ou da intranscendência</p><p>De acordo com esse princípio - previsto no art. 5º, XLV, da CRFB/88 - nenhuma pena passará da pessoa</p><p>do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos</p><p>da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.</p><p>Assim, a pena é INTRANSFERÍVEL OU PERSONALÍSSIMA, inclusive a pena de multa (enquanto sanção</p><p>pela prática de crime), que não pode ser descontada da herança.</p><p>Princípio da indiv idual ização da pena</p><p>Conteúdo</p><p>Este princípio - previsto no art. 5º, XLVI, da CRFB/88 - preceitua que as penas devem ser sempre</p><p>individualizadas, considerando as características da infração penal e do agente que a praticou.</p><p>É por esse motivo que se impede a padronização da pena, com a imposição do mesmo regime inicial de</p><p>cumprimento de pena para todos os indivíduos, desconsiderando as circunstâncias especificas do caso e do</p><p>infrator. Nesse sentido, o STF entende que os crimes hediondos admitem qualquer regime inicial.</p><p>Espécies de pena</p><p>A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:</p><p>1 Privação ou restrição da liberdade.</p><p>2 Perda de bens.</p><p>3 Multa.</p><p>4 Prestação social alternativa.</p><p>5 Suspensão ou interdição de direitos.</p><p>Momentos ou fases</p><p>A pena deve ser individualizada nas seguintes oportunidades:</p><p>COMINAÇÃO LEGISLATIVA Feita pelo legislador.</p><p>APLICAÇÃO DA PENA Feita pelo julgador.</p><p>EXECUÇÃO DA PENA Feita pelo juízo da execução criminal.</p><p>Licensed to - -</p><p>P á g i n a 22</p><p>Resumindo. . .</p><p>Confira o resumo deste princípio no mapa mental a seguir:</p><p>Princípio da culpabi l idade</p><p>O princípio da culpabilidade possui diversas vertentes, atuando como:</p><p>ELEMENTO INTEGRANTE DO</p><p>CONCEITO ANALÍTICO DO CRIME</p><p>De acordo com o conceito analítico, crime é fato típico, ilícito e</p><p>culpável, sendo a culpabilidade necessária para a sua caracterização.</p><p>MEDIDOR OU LIMITADOR DA PENA</p><p>Uma vez concluído que o fato constitui crime, o magistrado utilizará</p><p>a culpabilidade para dosar a pena.</p><p>ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO</p><p>A presença do elemento subjetivo do tipo – culpa em sentido amplo</p><p>(dolo ou culpa em sentido estrito) – caracteriza a conduta, sem a</p><p>qual não há que se falar em crime. Assim, a responsabilidade</p>