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<p>Aula 01: Direito Penal – Noções Introdutórias</p><p>1 - Conceito: é o conjunto de princípios e leis destinados a combater o crime e a contravenção</p><p>penal, mediante a imposição de sanção penal.</p><p>Observação: é um direito que se distingue dos demais pela gravidade de suas sanções e a severidade</p><p>de sua estrutura.</p><p>2 – Alocação na Teoria Geral do direito: Ramo do direito público (Normas indisponíveis e</p><p>obrigatórias).</p><p>3 – Nomenclatura: Direito penal ou Criminal?</p><p>4 – Características do direito penal:</p><p>4.1 – Ciência: Normas e regras sistematizadas por princípios, que compõe a dogmática jurídico-penal.</p><p>4.2 – Cultural: Dever-ser.</p><p>4.3 – Normativa: estuda a lei penal.</p><p>4.4 – Valorativa: estabelece sua própria escala de valores.</p><p>4.5 – Finalista: preocupa-se com a proteção de bens jurídicos essenciais.</p><p>4.6 – Sancionador: Não cria bens jurídicos, mas protege os já existentes.</p><p>Observação: Pode ser constitutivo quando protege interesses não regulados em outras áreas do</p><p>direito (uso indevido de drogas, maus tratos de animais).</p><p>4.7 – Fragmentário: Não tutela todos os valores ou interesses, apenas os mais importantes.</p><p>5 – Criminalização.</p><p>a) Primária: é o ato e o efeito de sancionar de uma lei primária material que incrimina ou</p><p>permite a punição de determinados agentes.</p><p>b) Secundária: é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas. (Seletividade e</p><p>vulnerabilidade).</p><p>6 - Relação do direito penal com outros ramos do direito.</p><p>6.1 – Com o direito processual penal: é pelo processo penal que as leis penais se concretizam,</p><p>servindo de suporte para a sua aplicação.</p><p>6.2 – Com o Direito Constitucional: os princípios constitucionais são parâmetros de legitimidade das</p><p>leis penais e delimitam seu âmbito de aplicação (proibição de pena de morte, perpétua, banimentos</p><p>ou cruéis).</p><p>6.3 - Com o direito administrativo: Crimes contra a administração pública. Artigos 312 ao 359 do CP).</p><p>6.4 – Com o direito civil: Protegem o patrimônio (furto, roubo) e os crimes contra o casamento. Ou</p><p>seja, protegem alguns valores estabelecidos pelo direito civil.</p><p>6.5 – Com o direito internacional: Criminaliza condutas que extrapolam a esfera nacional</p><p>(extradição, por exemplo).</p><p>7 – Funções do direito penal.</p><p>a) Como Proteção de bens jurídicos (seleciona os mais relevantes)</p><p>b) Como instrumento de controle social</p><p>c) Como garantia (escudo aos cidadãos que só poderão ser punidos, caso suas condutas</p><p>estejam descritas como crimes)</p><p>d) Ético – Social: cria costumes e moraliza algumas condutas sociais.</p><p>e) Simbólica: produz efeitos na mente dos governantes e cidadãos (isso geral o direito penal do</p><p>terror – inflação legislativa, criando-se exageradamente figuras penais desnecessárias ou</p><p>com penas desproporcionais).</p><p>f) Motivadora: motiva os indivíduos a não violarem as normas.</p><p>g) Redução da violência estatal</p><p>h) Transformação social.</p><p>8 – A Ciência do Direito Penal.</p><p>1ª Dogmática penal: Estudam as normas. Direito positivo.</p><p>2ª Política criminal: apresentação de críticas e propostas para a reforma do direito penal em vigor.</p><p>Seleciona os bens que devem ser tutelados jurídica e penalmente.</p><p>3ª Criminologia: estuda o crime, o seu surgimento e o criminoso. É uma ciência empírica que estuda</p><p>o que é.</p><p>Observação: Bem Jurídico: A idéia de bem jurídico funciona como importante critério limitador na</p><p>formação do tipo penal, orientando a elaboração das leis penais. Nem todos os bens jurídicos</p><p>protegidos foram postos sob a tutela específica do direito penal.</p><p>09 – Fontes do Direito penal.</p><p>- Origem (Material).</p><p>- Formas de Manifestação (Formal).</p><p>a) Imediata.</p><p>b) Mediata.</p><p>9.1 – Formas Materiais, substanciais ou de produção - faz-se alusão ao órgão encarregado de sua</p><p>elaboração. Portanto, no Brasil, de acordo com o artigo 22, I da CF compete a União legislar sobre</p><p>direito penal.</p><p>Observação: O artigo 22, parágrafo único da CF diz que a União pode autorizar os Estados-Membros</p><p>a legislar sobre questões específicas, de interesse local.</p><p>9.2 – Fontes formais:</p><p>a) Imediata: é a lei (única fonte Imediata). Exemplo: Artigo 1º do CP.</p><p>b) Mediata (São os Costumes, os princípios gerais do direito e os atos administrativos). Alguns</p><p>estudos querem inserir a jurisprudência, doutrina e os tratados como fontes do direito.</p><p>b.1 – Costumes: conjunto de normas de comportamento a que pessoas obedecem de maneira</p><p>uniforme e consciente pela convicção de sua obrigatoriedade. NÃO PODEM SER EMPREGADOS</p><p>PARA CRIAR CRIMES OU AUMENTAR PENAS. POSSUE APENAS CARÁTER INTERPRETATIVO</p><p>(COSTUME SECUNDUM LEGEM – EXEMPLO: “MULHER HONESTA”.</p><p>Observação 2: O costume (contra legem) não pode revogar leis. Segundo a LICC e ao princípio da</p><p>continuidade das leis, uma lei só pode ser revogada por outra (Exemplo: Jogo do Bicho ainda é uma</p><p>contravenção penal, embora se tenha costume de se jogar abertamente).</p><p>Observação 3 – O costume praeter legem ou integrativo são aqueles que suprem a lacuna da lei, mas</p><p>que não podem incriminar condutas, mas sim afastar condutas criminosas (Circuncisão).</p><p>9.3 – Princípios Gerais do Direito: São valores fundamentais que inspiram a elaboração e</p><p>preservação do ordenamento jurídico. TAMBÉM NÃO PODEM EM HIPÓTESE ALGUMA SER</p><p>UTILIZADOS NA TIPIFICAÇÃO DE CONDUTAS OU COMINAÇÃO DE PENAS.</p><p>9.4 – Atos da administração Pública: Complementa as normas penais. NUNCA PODENDO CRIAR</p><p>CONDUTAS CRIMINOSAS, SÓ A LEI.</p><p>Observação: Alguns autores inserem também as Súmulas Vinculantes como fontes formais mediatas.</p><p>Art. 103-A da CF. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão</p><p>de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar</p><p>súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos</p><p>demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,</p><p>estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em</p><p>lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)</p><p>§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas,</p><p>acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração</p><p>pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre</p><p>questão idêntica.</p><p>10 – Quem poderá propor a criação das Leis Penais:</p><p>a) os membros do Congresso Nacional (art. 61, caput, CF);</p><p>b) o Presidente da República (art. 61, caput, CF);</p><p>c) a iniciativa popular (“A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos</p><p>Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,</p><p>distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de</p><p>cada um deles”, conforme dispõe o art. 61, § 2.º, CF).</p><p>Observação: Entende-se que o Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores e o Procurador-</p><p>Geral da República não têm iniciativa de leis destinadas a dar existência a leis penais porque estas</p><p>não constituem matéria de seu peculiar interesse (art. 96, II, CF).</p><p>Aula 02 – Evolução Histórica do Direito Penal</p><p>1 – Fases do Direito Penal ao longo da História.</p><p>1ª Vingança Divina.</p><p>2ª Vingança Privada.</p><p>3ª Vingança Pública</p><p>2 – Vingança Divina:</p><p>2.1 – Características</p><p>- Existência de Totens (Deuses) e Tabus (proibições estabelecidas pelos Deuses.</p><p>- Violação das normas: Conseqüências: Punição do infrator para evitar a ira dos Deuses.</p><p>- Penas: Expulsão do Grupo/ sacrifício da vida/ perda da paz (perdia a proteção do clã).</p><p>3 – Vingança Privada.</p><p>3.1 – Características:</p><p>- Vingança entre grupos. A Ofensa não era só a vítima, mas ao grupo pelo qual a mesma pertencia.</p><p>- Imperava a Lei do Mais Forte (Justiça pelas próprias mãos).</p><p>- Surgimento do Código de Talião (Pioneira manifestação do princípio da proporcionalidade</p><p>da prescrição enquanto durar o</p><p>mandato eletivo.</p><p>- E quanto aos crimes praticados antes da diplomação? Não se pode sustar a ação penal. Os</p><p>mesmos são remetidos ao STF, onde serão julgados devido a prerrogativa de foro.</p><p>- Observação: Tais imunidades se aplicam aos deputados estaduais, todavia não se aplicam</p><p>aos vereadores.</p><p>c) Direito de não ser obrigado a servir como testemunha: Os deputados e senadores não são</p><p>obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício</p><p>do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações”.</p><p>(artigo, 53§ 6º da CF)</p><p>d) Prerrogativa de Foro:</p><p>- Crimes Comuns (competência STF): Crimes comuns são: crimes contra a vida (Informativo</p><p>491 do STF: a competência do Tribunal do júri cede diante da norma que fixa o foro por</p><p>prerrogativa de função), as contravenções e crimes eleitorais.</p><p>- Processos comuns antes da diplomação: são remetidos ao STF para aí serem julgados.</p><p>- Se o mandato acabar antes da Sentença: Perde-se a prerrogativa e o processo vai ser</p><p>julgado na justiça comum.</p><p>Aula 14 – Disposições concernentes aos artigos 9, 10 e 11 do CP</p><p>a) Disposição penal:</p><p>Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas</p><p>consequências, pode ser homologada no Brasil para:</p><p>I - Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;</p><p>II - Sujeitá-lo a medida de segurança.</p><p>Parágrafo único - A homologação depende:</p><p>a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;</p><p>b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade</p><p>judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>*Observação: Para que as decisões estrangeiras possam ser homologadas em território nacional, faz-</p><p>se necessário que tenha transitado em julgado em seu país de origem. Assim dispõe a súmula 420 do</p><p>STF: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado”.</p><p>*Exceção: Todavia, para se considerar um réu reincidente em nosso país, não se faz necessária a</p><p>homologação da sentença estrangeira condenatória.</p><p>b) Competência para Homologação: a homologação de sentenças estrangeiras para efetivo</p><p>cumprimento em território nacional, cabe ao Superior Tribunal de Justiça. (artigo 105, I, alínea i da</p><p>CF)</p><p>2 – Contagem dos prazos:</p><p>a) Disposição Legal: artigo 10 do CP: Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.</p><p>Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.</p><p>Observação: Os prazos penais são improrrogáveis (mesmo que terminem em sábados,</p><p>domingos ou feriados, devem ser cumpridos até o dia anterior).</p><p>b) Observações: não interessa a que horas do dia o prazo começou a correr, considera-se o dia</p><p>todo para efeito de contagem de prazo. Assim, se a pena começou a ser cumprida às 23</p><p>horas e 50 minutos, os 10 minutos são contados como o dia inteiro.</p><p>c) Prescrição e decadência: os prazos são contados de acordo com a regra do artigo 10.</p><p>d) Prazos processuais: estes excluem o dia do começo. Se o dia do começo for domingo ou</p><p>feriado, o início do prazo será o primeiro dia útil.</p><p>3 – Frações não computáveis da pena:</p><p>Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de</p><p>dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.</p><p>Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não</p><p>dispuser de modo diverso.</p><p>das</p><p>penas).</p><p>- Surgimento do sistema de composição: forma de conciliação entre o ofensor e o ofendido ou seus</p><p>familiares, pela prestação pecuniária como forma de reparar o dano.</p><p>4 – Direito Penal Romano.</p><p>4.1 – Características:</p><p>- Poder Ilimitado e discricionário dos Magistrados (Coercitio). Limitado apenas a apelação ao povo.</p><p>- As decisões passaram a ser fundamentadas.</p><p>- Surgimento da Lei das XII Tábuas (disciplinou a vingança privada). Com o tempo a vingança passou</p><p>a ser estatal.</p><p>- Surgimento:</p><p>a) Crimes Públicos: traição, conspiração política contra o Estado e o Homicídio. Julgamento feito</p><p>pelo Estado por meio de Juízes.</p><p>b) Crimes Privados: Demais crimes. Julgamento ao particular, onde o Estado só interferia para</p><p>regular o exercício da pena.</p><p>5 – Idade Média. (Direito Germânico e Canônico)</p><p>5.1 – Direito Penal Germânico.</p><p>- Direito consuetudinário (costumes) – Ausência de leis escritas.</p><p>-Pena de morte pode ser substituída por um preço da paz (fiança).</p><p>- Provas: Ordálias ou juízo dos Deuses.</p><p>5. 2 – Direito Canônico (Direito Estabelecido pela Igreja Católica).</p><p>- Surgimento da Inquisição (procedimento cruel e que não respeitava o contraditório).</p><p>- Julgamentos sem defesa ao Réu.</p><p>- Surgimento da Prisão Moderna.</p><p>- Grandes injustiças e horrores.</p><p>- Penas: forca, fogueira, arrancamento das vísceras, enterramento com vida, afogamento,</p><p>esquartejamento, mutilações etc.</p><p>6 – Idade moderna. (VINGANÇA PÚBLICA)</p><p>6.1 – Características:</p><p>- Inicia-se com Cesare Beccaria – Dos delitos e das penas.</p><p>- Livre arbítrio.</p><p>- Anterioridade da Lei Penal.</p><p>- Proporcionalidade da pena.</p><p>- As leis devem ser certas, claras e precisas.</p><p>- As penas devem ser públicas, rápidas, necessárias, a mínima possível nas circunstâncias dadas.</p><p>Aula 03 – A História do Direito Penal no Brasil</p><p>1 – Direito Penal Indígena: Antes da chegada de Cabral, vigorava no Brasil um direito</p><p>consuetudinário, praticado pelas tribos indígenas. Este direito era uma mescla de costumes, mitos,</p><p>tabu e ritos.</p><p>2 – Ordenações</p><p>a) Afonsinas (Até 1514) – Conteúdo do Direito Romano e Canônico</p><p>b) Manuelinas (até 1602) – Fase da Vingança Pública.</p><p>c) Ordenações filipinas (1603 a 1830) (a mais rigorosa de todas. O direito penal punia com</p><p>pena de morte ou penas cruéis, penas desiguais, confundia-se crime, moral e pecado).</p><p>Observação: Em todas as ordenações, as penas eram cruéis e desumanas, atingindo aos próprios</p><p>descendentes do Réu.</p><p>3 – Código criminal de 1830. (1º Código Criminal da América Latina)</p><p>- Considerado um enorme avanço para o direito penal brasileiro. Foi um código baseado nas ideias</p><p>de Beccaria e no Iluminismo. Tal código já seguia alguns princípios constitucionais outorgados na</p><p>Constituição de 1824, preocupando-se com a individualização da pena.</p><p>4 – Código de 1890 (pós proclamação da república) – Código feito as pressas e passível de inúmeras</p><p>críticas. Inovação: Extinção da pena de morte.</p><p>5 – Código Penal de 1940.</p><p>6 – Reforma de 1984: Parte Geral (Artigo 1 ao 120) e Parte Especial (artigo 121 e SS)</p><p>7 – Pacote Anti-crime (Lei 13.964 de 2019)</p><p>- Trouxe inúmeras alterações no Código Penal (parte geral e especial), bem como no Código de</p><p>Processo penal e na Lei de Execuções penais. Ademais, trouce modificações em algumas Leis Penais</p><p>extravagantes.</p><p>Aula 04 – Evolução Histórica do Direito Penal</p><p>1 – Positivismo Jurídico</p><p>a) Autor precursor: Biding.</p><p>b) Idéias: Cientificidade (excluindo juízos de valor e limitando seu objeto ao direito positivo.</p><p>c) Crítica: Isolou o direito da realidade.</p><p>2 – Neokantismo Penal</p><p>a) Autor precursor: Rodolf Stammler e Gustav Radbruch.</p><p>b) Idéias: O direito deixa de ser apenas jurídico formal e passa a estudar a compreensão do</p><p>conteúdo dos fenômenos e categorias jurídicas.</p><p>3 – Garantismo Penal</p><p>a) Autor: Luigi Ferrajoli.</p><p>b) Idéias: Respeito aos direitos fundamentais do acusado até mesmo após a execução penal. Foi</p><p>criador de vários princípios existentes na CF.</p><p>4 – Funcionalismo Penal</p><p>a) Autor: Claus Roxin Gunther Jakobs</p><p>b) Idéias: retirar o tecnicismo jurídico e possibilitar ao direito cumprir a sua função de paz</p><p>social.</p><p>5 – Fenômenos a serem estudados: globalização, massificação e sociedade de risco).</p><p>*Efeito analgésico ou tranqüilizante do direito penal</p><p>5.1 – As velocidades do Direito:</p><p>A) Autor: Jesus-María Silva Sánchez.</p><p>b) Idéia: todos os ilícitos guardam natureza penal e devem ser processados e julgados pelo poder</p><p>Judiciário:</p><p>c) Velocidades do direito penal:</p><p>1ª velocidade: os crimes são punidos com pena privativa de liberdade (prisão)</p><p>2ª Velocidade: São crimes punidos sem pena privativa de liberdade (multa e restritivas de direitos).</p><p>3ª Velocidade: Resgate das penas de prisão com a flexibilização dos direitos e garantias</p><p>fundamentais. Surgimento do direito penal do inimigo.</p><p>4º Velocidade: está ligada ao Direito Internacional. Para aqueles que uma vez ostentaram a posição</p><p>de Chefes de Estado e como tais violaram gravemente tratados internacionais de tutela de direitos</p><p>humanos, serão aplicadas a eles as normais internacionais. O TPI (Tribunal Penal Internacional) será</p><p>especialmente aplicado a esses réus. Nessa velocidade, há uma nítida diminuição das garantias</p><p>individuais penais e processuais penais desses réus, defendida inclusive pelas ONGs.</p><p>5.2 – Direito Penal do Inimigo.</p><p>a) Autor: Gunter Jakobs.]</p><p>b) Idéias:</p><p>- Inimigo: é todo indivíduo que afronta a infra-estrutura do Estado. Logo, não pode ser considerado</p><p>cidadão. Fundamenta sua teoria no contrato social (Russeau e Kant)</p><p>- Exemplo: 11 de setembro de 2001.</p><p>c) Efeitos da aplicação da teoria:</p><p>- O inimigo não pode gozar de direitos processuais, como ampla defesa e o de constituir defensor.</p><p>- As penas passam a ser substituídas por medidas de segurança (essas são indeterminadas).</p><p>- Direito Penal Prospectivo (visando o futuro) – adiantando a tutela penal para atingir inclusive atos</p><p>preparatórios.</p><p>- Infiltração de agentes policiais nas organizações criminosas.</p><p>-Majoração das penas.</p><p>Aula 05 – Princípios</p><p>1 – Conceito: são valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico.</p><p>2 – Espécies de princípios:</p><p>2.1 - Princípio da Intervenção Mínima (ultima ratio) – Direito Penal Mínimo.</p><p>- Origem histórica: Declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789): artigo 8º: a lei só deve</p><p>prever as penas estritamente necessárias.</p><p>- Conceito: Tal princípio aduz que o Direito penal deve preocupar-se com a proteção dos bens mais</p><p>importantes e necessários à vida em sociedade.</p><p>- Importância deste princípio: Indicar os bens jurídicos de maior relevo e é também o responsável</p><p>pela descriminalização.</p><p>Observação: Conclui-se, assim, que tal princípio deve interferir o menos possível na vida em</p><p>sociedade, devendo ser solicitado apenas quando os demais ramos do direito, comprovadamente,</p><p>não forem capazes de proteger aqueles bens considerados de maior importância.</p><p>- Influência da mídia ou da opinião pública: Como não existem critérios científicos para elaboração</p><p>de condutas criminosas, tais entes citados influenciam sobremaneira na formação de condutas</p><p>criminosas</p><p>- A quem é direcionado tal princípio:</p><p>*Legislador: Exige-se do mesmo, cautela no momento de eleger as condutas que merecerão punição</p><p>criminal</p><p>*Aplicador do direito: recomendando-se ao mesmo a não aplicar a lei penal quando a lide puder ser</p><p>satisfeita com a atuação de outros ramos do direito.</p><p>2.2 – Princípio da alteridade ou transcendentalidade (pensiero non paga gabella):</p><p>a) Conceito: Este princípio aduz que o direito penal só irá interferir no mundo fático, quando houver</p><p>uma lesão ao bem jurídico protegido por um terceiro. Deste modo, chega-se à conclusão de que</p><p>ninguém pode ser punido por aquilo que pensa. Se tais sentimentos</p><p>não forem exteriorizados e não</p><p>produzirem lesão a bens de terceiros, jamais o homem poderá ser punido por aquilo que traz no</p><p>íntimo do seu ser. Sendo assim, não se pune a autolesão e a tentativa de suicídio.</p><p>b) Observação: o artigo 28 da lei 11.343/2006 proíbe o porte de drogas para consumo futuro. Os</p><p>drogados costumam tentar utilizar de tal princípio para alegar que “se eu uso droga, ninguém tem</p><p>nada com isso, pois o único prejudicado sou eu”. Na verdade, o uso de drogas é questão de saúde</p><p>pública, não incidindo tal princípio.</p><p>2.3 – Princípio da insignificância ou criminalidade de bagatela (minimis non curat praeter):</p><p>a) conceito: é o princípio que aduz que o direito penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes.</p><p>Introduzido em 1964 no sistema penal por Claus Roxin</p><p>b) Conseqüência da aplicação de tal princípio: Causa de exclusão da tipicidade (Exclui o crime). A</p><p>tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido. Sempre que a lesão for</p><p>insignificante, a ponto de se tornar incapaz de lesionar o interesse protegido, não haverá crime.</p><p>c) Requisitos para aplicação de tal princípio.</p><p>c.1) Requisitos Objetivos (STF):</p><p>- Mínima ofensividade da conduta.</p><p>- Ausência de Periculosidade social da ação.</p><p>- O reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.</p><p>- Inexpressividade da lesão jurídica.</p><p>c.2) Requisitos Subjetivos (STJ): Não existe um valor mínimo a ser estabelecido por tal princípio.</p><p>Devera analisar-se os seguintes requisitos.</p><p>- Condição econômica da vítima.</p><p>- O valor sentimental do bem.</p><p>- Circunstâncias e resultado do crime.</p><p>d) Até quando se pode utilizar o princípio da insignificância? A qualquer momento (o trânsito em</p><p>julgado da condenação não impede seu reconhecimento.</p><p>e) A quais crimes se aplicam? Tem aplicação a qualquer espécie de delito que seja com ele</p><p>compatível.</p><p>- Infrações de menor potencial ofensivo (contravenções penais e crimes com penal máxima em</p><p>abstrato igual ou inferior a dois anos, cumulado ou não com multa)</p><p>- Infrações de médio potencial ofensivo: pena mínima igual ou inferior a um ano</p><p>- Infrações de elevado potencial ofensivo: pena mínima superior a um ano e pena máxima superior a</p><p>dois anos, desde que praticado sem violência ou grave ameaça a vítima.</p><p>e.1) Causas que se aplicam o princípio.</p><p>- Aos crimes contra a administração pública (apropriação de uma folha de papel em branco ou um</p><p>clipe de metal (STF).</p><p>- Crimes cometidos por prefeitos (STF)</p><p>- Crimes contra a ordem tributária (STF)</p><p>- STJ: “as condições pessoais desfavoráveis, maus antecedentes, reincidência e ações penais em</p><p>curso não impedem a aplicação do princípio”.</p><p>- É aceito também na prática de atos infracionais (ECA)</p><p>e.2) Causas que não se aplicam.</p><p>- Aos crimes contra a administração pública (STJ).</p><p>- Crimes praticados com emprego de violência à pessoa ou grave ameaça.</p><p>- é pacífica a jurisprudência do STF no sentido de não ser aplicável o princípio da insignificância ou</p><p>bagatela aos crimes relacionados a entorpecentes, seja qual for a qualidade do condenado.</p><p>- Crime de posse de droga em estabelecimento militar.</p><p>- Crime de tráfico internacional de arma de fogo (atenta contra a segurança pública).</p><p>- A habitualidade no crime impede a aplicação do princípio.</p><p>- Atos de improbidade administrativa.</p><p>f) Casuísticas (Exemplos).</p><p>- Apenado que furtou cartucho de impressora no valor de R$ 27,50, não teve o princípio</p><p>reconhecido, pois embora o valor do objeto seja ínfimo, houve um alto grau de reprovação de sua</p><p>conduta, uma vez que foi perpetrada dentro da penitenciária em que cumpria pena, demonstrando</p><p>total desrespeito a atuação estatal (STJ).</p><p>- Não reconheceu o STJ tal princípio pelo furto de chocolates cometidos por policial uma vez que</p><p>viola os seguintes requisitos (Reprovabilidade da conduta)</p><p>- O STF não reconheceu o princípio no caso em que um réu colocou em circulação cerca de 10</p><p>cédulas falsas no valor de R$ 5,00 (Põe em risco a credibilidade do sistema financeiro).</p><p>g) Curiosidades:</p><p>- Pode o delegado de polícia deixar de efetuar prisão em flagrante, por reputar presente a</p><p>criminalidade de bagatela? STJ: “somente o poder judiciário é dotado de poderes para efetuar o</p><p>reconhecimento de tal princípio. Devendo a autoridade policial efetuar a prisão”.</p><p>h) Bagatela própria e imprópria</p><p>h.1) Bagatela própria (Exclui a tipicidade material. Fato torna-se atípico. Não há crime). Admitido na</p><p>jurisprudência e doutrina. - A bagatela própria está regida pelo princípio da insignificância, que</p><p>exclui a tipicidade material (consoante decisão do STF: HC 84.412-SP, relator min. Celso de Mello)</p><p>h.2) Bagatela Imprópria (o fato nasce relevante para o direito penal, mas no momento da sentença o</p><p>juiz entende que a aplicação da pena torna-se desnecessária. O princípio aplicável aqui é o da</p><p>desnecessidade da pena. Jurisprudência não reconhece). Porém em alguns casos já foi</p><p>reconhecida, senão vejamos:</p><p>1. Nos crimes tributários e no descaminho, quando o valor dos tributos devidos e encargos não</p><p>ultrapassa um determinado patamar (antes era R$ 100,00; depois passou para R$ 1.000,00;</p><p>posteriormente para R$ 10.000,00 e, hoje, para R$ 20.000,00: STF, HC 120.617-PR, rel. Min. Rosa</p><p>Weber; STF, HC 120.096-PR, rel. Min. Luís Roberto Barroso; STF, HC 120.139-PR, rel. Min. Dias</p><p>Toffoli), a jurisprudência admite a aplicação do princípio da insignificância. O fato deixa de típico (do</p><p>ponto de vista material). Logo, não há crime. Num caso de descaminho julgado pelo TRF 4ª Região,</p><p>em 10/10/07, o valor excedia pouca coisa do limite então reconhecido. Ocorre que o agente do fato</p><p>perdeu a mercadoria, pagou os impostos devidos, era primário, de bons antecedentes etc. O</p><p>tribunal, diante da impossibilidade de reconhecer o princípio da insignificância, deixou de aplicar a</p><p>pena no caso concreto, por entender desnecessária (expressamente invocou a bagatela imprópria);</p><p>2. Num caso ocorrido no RS o agente tentou se suicidar com sua arma de fogo ilegal, não</p><p>consumando a morte. A tentativa de suicídio não é punível, consoante o Código Penal; o juiz</p><p>reconheceu esse regramento, mas impôs a pena relacionada com a posse ilegal de arma de fogo; o</p><p>Tribunal de Justiça eliminou essa pena (em virtude das drásticas consequências do fato para o</p><p>próprio agente). Na mesma linha, num outro caso, o agente estava com arma de fogo em casa, com</p><p>licença vencida; num ato de desespero a sua filha, em depressão, conseguiu localizar a arma que</p><p>estava escondida e tentou o suicídio; a pena não foi imposta em razão do intenso sofrimento que o</p><p>fato gerou para o próprio agente.</p><p>2.4 – Princípio da confiança (id quod plerumque accidit): aquele que agir de acordo com o direito e</p><p>acaba por envolver-se em situação em que um terceiro descumpriu seu dever de lealdade e cuidado,</p><p>não será punido. Tal princípio decorre do fato de que cada um na sociedade age baseado na ideia de</p><p>confiança de que todos cumprirão com os seus deveres cívicos.</p><p>2.5 – Princípio da adequação social:</p><p>a) Conceito: é aquele que desconsidera como crime o comportamento que não afronta o sentimento</p><p>social de justiça, de modo que condutas socialmente aceitas não podem ser consideradas crimes,</p><p>embora estejam tipificadas (circuncisão, tatuagens e trotes em universidades.</p><p>b) Objetivo deste princípio; restringir o âmbito de abrangência do tipo penal (limitando a sua</p><p>interpretação) e orientar o legislador sobre quais as condutas se deve punir e sobre quais condutas já</p><p>devem deixar de ser punidas, uma vez que já se adequaram a “evolução” da sociedade.</p><p>b) Críticas: Costume não revoga lei.</p><p>Observação: No que concerne a venda de CD ou DVD piratas, embora tenha-se uma discussão</p><p>doutrinária sobre a possibilidade da aplicação deste princípio a este fato, o STJ sumulou que não se</p><p>aplicará a adequação social a este tipo de crime, senão vejamos:</p><p>Súmula 502: presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação</p><p>ao crime previsto</p><p>no artigo 184, parágrafo 2º, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.</p><p>2.6 - Princípio da fragmentariedade: este princípio aduz que de uma gama de ações proibidas e bens</p><p>jurídicos protegidos pelo ordenamento jurídico, o direito penal só se ocupa de uma parte,</p><p>fragmentos, da maior importância;</p><p>Observação: Princípio da fragmentariedade X Subsidiariedade</p><p>- Princípio da fragmentariedade (Atua no plano abstrato) – só criará tipos penais quando os demais</p><p>ramos do direito tiverem falhado na tarefa de proteção de um bem.</p><p>- Subsidiariedade (Atua no plano concreto): quando os demais ramos do direito tiverem atuado para</p><p>proteção do bem jurídico, mas mesmo assim este não o foi, deve o direito penal atuar.</p><p>2.7 – Princípio da responsabilidade subjetiva: aduz que no direito penal só se serão punidas as</p><p>condutas dos agentes que agiram com dolo e culpa (responsabilidade subjetiva). Não se pode punir</p><p>sem tal análise (responsabilidade objetiva).</p><p>2.8 - Princípio do in dúbio pro réo: O acusado da prática de uma infração penal por ocasião de seu</p><p>julgamento final, na dúvida deverá ser absolvido. Corolário do campo das provas, tal princípio deve</p><p>ser aplicado quando houver dúvida, acatando a interpretação mais favorável ao réu.</p><p>2.9 - Princípio da Presunção de Inocência ou da não culpabilidade: Previsto na Constituição Federal</p><p>de 1988, em seu art. 5º, inciso LVII, “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de</p><p>sentença penal condenatória”. A pessoa mesmo que presa em flagrante, indiciada em inquérito, ou</p><p>sendo processada não poderá ser considerada culpada, diante disso o Direito Penal afastou a</p><p>presunção de culpabilidade.</p><p>2.10 - Princípio do ne bis in idem: Prevê a impossibilidade de haver duas ou mais punições criminais</p><p>pela pratica de uma única infração penal.</p><p>2.11 – Princípio da personalidade ou da Responsabilidade Pessoal ou Intranscedência: “Artigo 5º,</p><p>XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a</p><p>decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles</p><p>executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.</p><p>2.12 - Princípio da Limitação das penas ou da humanidade:</p><p>XLVII - não haverá penas:</p><p>a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;</p><p>b) de caráter perpétuo;</p><p>c) de trabalhos forçados;</p><p>d) de banimento;</p><p>e) cruéis;</p><p>2.13 – Princípio da Proporcionalidade ou razoabilidade (1215 – João sem Terra): Endereçado num</p><p>primeiro momento ao legislador, onde na criação da norma prevendo um fato em abstrato, deva</p><p>levar em consideração a cominação de uma pena proporcional a pratica do antijurídico. Num</p><p>segundo momento a figura do aplicador da lei penal ao caso concreto, ou seja, o Estado-juiz,</p><p>devendo a margem de arbítrio possível aplicar dentro dos critérios objetivos e subjetivos a pena</p><p>proporcional ao injusto praticado</p><p>2.14 – Princípio da coculpabilidade: a responsabilidade pelo cometimento de uma infração penal</p><p>não deve ser apenas atribuída ao infrator, mas compartilhada com a sociedade (Raul Zafaroni).</p><p>Aula 06 – Das normas penais</p><p>1 – Conceito: são proibições e mandamentos que vêm inseridos na lei.</p><p>2 – Características das normas Penais.</p><p>a) Exclusividade: a norma penal é exclusiva, pois só ela define infrações e comina penas.</p><p>b) Imperatividade: a norma penal é autoritária, no sentido de fazer incorrer na pena aquele que</p><p>descumpre o seu mandamento.</p><p>c) Generalidade: a norma penal atua para todas as pessoas. Tem eficácia erga omnes. (Alguns</p><p>autores chamam também essa característica de impessoalidade).</p><p>d) Anterioridade: a lei que prever um crime deve ser editada antes deste acontecer.</p><p>3 – Classificação das normas penais. (Incriminadoras e não incriminadoras)</p><p>3.1 – Normas penais Incriminadoras: são aquelas que definem as infrações penais, proibindo ou</p><p>impondo condutas, sob a ameaça de pena.</p><p>*Preceitos da norma penal incriminadora</p><p>a) Preceito primário: é o encarregado de fazer a descrição detalhada e perfeita da conduta que</p><p>se procura proibir ou impor.</p><p>b) Preceito secundário: é a previsão abstrata da pena a ser aplicada por quem vier a cometer o</p><p>delito.</p><p>“Sonegação de estado de filiação</p><p>Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio,</p><p>ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao</p><p>estado civil (PRECEITO PRIMÁRIO):</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. (PRECEITO SECUNDÁRIO)</p><p>3.2 – Normas penais não incriminadoras: tem por objetivo tornar lícitas determinadas condutas,</p><p>afastar a culpabilidade do agente erigindo causas de isenção de pena, esclarecer determinados</p><p>conceitos, fornecer princípios gerais para aplicação da lei penal. Estas normas se definem em:</p><p>a) Permissivas: Justificantes (tem por objetivo afastar a ilicitude da conduta do agente) e</p><p>Exculpantes (se destinam a eliminar a culpa do agente, isentando-o de pena):</p><p>Exemplos:</p><p>Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato (NORMAS</p><p>PERMISSIVAS JUSTIFICANTES):</p><p>I - Em estado de necessidade;</p><p>II - Em legítima defesa;</p><p>III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de</p><p>direito.</p><p>ARTIGO 26 CP:</p><p>Inimputáveis (NORMA PENAL EXCULPANTE)</p><p>Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou</p><p>desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação</p><p>ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato</p><p>ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.</p><p>b) Explicativas: são aquelas que visam esclarecer ou explicitar conceitos. Exemplo: Violação</p><p>de domicílio</p><p>Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra</p><p>a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em</p><p>suas dependências:</p><p>§ 4º - A expressão "casa" compreende:</p><p>I - Qualquer compartimento habitado;</p><p>II - Aposento ocupado de habitação coletiva;</p><p>III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão</p><p>ou atividade.</p><p>c) Complementares: são aquelas que fornecem princípios gerais para a aplicação da lei</p><p>penal. Exemplo (artigo 59 do CP).</p><p>4 – Normas penais em Branco: são aquelas em que há uma necessidade de complementação para</p><p>que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário.</p><p>Exemplo: Artigo 28 da lei 11.343/06 (lei de tóxicos): “Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em</p><p>depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em</p><p>desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas”.</p><p>- Neste exemplo acima, para que se possa saber quais são as drogas que não possuem autorização</p><p>legal ou estão em desacordo legal, faz-se necessário socorrer-se a uma portaria expedida pela</p><p>ANVISA.</p><p>4.1 – Normas Penais em branco Homogêneas: são aquelas em que seu complemento é oriundo de</p><p>uma mesma fonte legislativa que editou a norma que necessita desse complemento.</p><p>Exemplo: Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a</p><p>nulidade absoluta.</p><p>Complemento: para se saber quais são os complementos que causam nulidade absoluta deve-se</p><p>buscar auxílio no Código Civil. Deste modo, o mesmo órgão que criou o CP, criou o CC, qual seja:</p><p>Congresso Nacional. Daí dizer que o artigo 237 do CP é uma norma penal em branco homogêneas.</p><p>4.2 – Normas penais Heterogêneas: ocorre quando o seu complemento é oriundo de fonte diversa</p><p>daquela que a editou. Exemplo: artigo 28 da Lei de Tóxicos. Quem editou a Lei de Tóxicos (Congresso</p><p>Nacional). Quem Editou o complemento desta Lei (ANVISA – ÓRGÃO DO EXECUTIVO).</p><p>5 – Normas Penais Incompletas (Normas penais em Branco Inversa ou ao avesso): são aquelas em</p><p>que para se saber a sanção imposta pela transgressão de seu preceito primário, o legislador</p><p>nos</p><p>remete a outro texto legal.</p><p>Exemplo: Lei 2.889/56: Define e pune o crime de genocídio.</p><p>Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo</p><p>nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: Citado por 68 (PRECEITO</p><p>PRIMÁRIO)</p><p>a) matar membros do grupo;</p><p>b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;</p><p>c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes</p><p>de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;</p><p>d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;</p><p>e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;</p><p>Será punido: (PRECEITO SECUNDÁRIO)</p><p>Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;</p><p>Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;</p><p>Com as penas do art. 270, no caso da letra c;</p><p>Com as penas do art. 125, no caso da letra d;</p><p>Com as penas do art. 148, no caso da letra e;</p><p>6 – Anomia: é a ausência de normas Reguladoras ou a existência de uma norma e o descumprimento</p><p>da mesma pela sociedade.</p><p>7 – Antinomia: é o conflito aparente de normas.</p><p>7.1 – Requisitos: Unidade de fato/ Pluralidade das leis penais/ vigência simultânea de todas elas.</p><p>7.2 – Finalidade: Manter a coerência do Sistema jurídico e não permitir o ne bis in idem.</p><p>Este é solucionado pelos seguintes princípios:</p><p>a) Especialidade (lex specialis derrogat generali): aplicada tão-somente quando uma norma de</p><p>caráter mais específico sobre determinada matéria não se verificar no ordenamento jurídico.</p><p>Em outras palavras, a lei de índole específica sempre será aplicada em prejuízo daquela que</p><p>foi editada para reger condutas de ordem geral. Exemplo: É o caso, por exemplo, da Lei de</p><p>Crimes Hediondos (Lei n.º 8.072/90), que dispõe acerca de certos delitos que, por sua</p><p>natureza, devem ser cuidados de forma mais severa. A lei especial é sempre aplicada mesmo</p><p>que mais branda (leve) que a geral.</p><p>b) Subsidiariedade: Na ausência de uma norma penal mais grave, aplica-se a norma subsidiária</p><p>menos grave. Exemplos: "Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e</p><p>iminente: Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, se o fato não constituir crime mais grave".</p><p>(grifei). Outros Exemplos: artigos 238,239, 249 e 307). A lei subsidiária será sempre excluída</p><p>pela lei principal mais grave.</p><p>c) Consunção: O princípio da consunção é aquele segundo o qual a conduta mais ampla</p><p>engloba, isto é, absorve outras condutas menos amplas e, geralmente, menos graves, os</p><p>quais funcionam como meio necessário ou normal fase de preparação ou de execução de</p><p>outro crime, ou nos casos de antefato e pós-fato impuníveis (Cf. Greco, 2003, p. 33). Aqui o</p><p>que comparam são fatos e não leis.</p><p>- Hipóteses em que se aplicam o princípio da consunção:</p><p>1 – Crimes complexos (roubo = furto+ameaça/lesão corporal; Latrocínio= roubo+homicídio)</p><p>2 – Crimes progressivo: é aquele em que para se alcançar um resultado, desejado desde o</p><p>início, o indivíduo passa a cometer outros crimes até alcançar seu intuito. (Matar alguém</p><p>golpeando-o com inúmeras cutiladas. Várias lesões, todavia, só responde pelo homicídio)</p><p>3 – Progressão criminosa: o agente pretende um resultado, mas ao alcançá-lo resolve</p><p>cometer um delito mais grave (queria só lesionar, mas resolveu matar o indivíduo depois.</p><p>Responde somente pelo delito final).</p><p>4 – Fatos impuníveis: anteriores (meios para o cometimento) + Simultâneos (praticados no</p><p>momento da ação – lesões em estupro, só responde pelo estupro) + posteriores (atos feitos</p><p>após o crime consumado, não agravando em nada o mesmo – extorsão mediante sequestro).</p><p>d) Alternatividade: é aquele que se volta à solução de conflitos surgidos em face de crimes de</p><p>ação múltipla, que são aqueles em que o tipo penal expõe vários núcleos, correspondendo</p><p>cada um desses núcleos a uma conduta. Exemplo: "Art. 180. Adquirir, receber, transportar,</p><p>conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou</p><p>influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte."</p><p>Aula 07 – Interpretação da Lei Penal</p><p>1 – Conceito: interpretar significa buscar o alcance da norma penal para se obter uma maior</p><p>efetividade no momento de sua aplicação.</p><p>2 – Espécies de interpretação</p><p>2.1 – Objetiva (Voluntas legis): Busca-se saber a vontade da lei.</p><p>2.2 – Subjetiva (Voluntas legislatoris): Busca-se saber a vontade do legislador.</p><p>2.3 – Quanto ao órgão (sujeito) que emana:</p><p>a) Autêntica: é aquela realizada pelo próprio texto legal.</p><p>a.1) Contextual: é aquela realizada no mesmo momento em que é editado o diploma legal</p><p>que se procura interpretar. Exemplo: artigo 327 do CP: Art. 327 - Considera-se funcionário público,</p><p>para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego</p><p>ou função pública.</p><p>a.2) Posterior: é aquela realizada depois da edição de um diploma legal para suprimir</p><p>incerteza ou obscuridade da lei anterior.</p><p>b) Doutrinária: é aquela realizada pelos estudiosos do direito. Buscando interpretar os</p><p>doutrinadores emitem suas opiniões pessoais sobre a lei (a sua obediência não é obrigatória).</p><p>c) Judicial: é aquela realizada pelos aplicadores do direito, ou seja, pelos juízes de primeiro grau</p><p>e magistrados que compõe os tribunais. (súmulas, súmulas vinculantes).</p><p>2.4 – Quanto aos meios empregados:</p><p>a) Literal ou gramatical: é aquela interpretação que se preocupa em saber o real e efetivo</p><p>significado das palavras</p><p>b) Teleológica: é aquela que busca os fins propostos pela lei.</p><p>c) Sistemática: é aquela em que se analisa o sistema no qual a lei está incluída e não de forma</p><p>isolada.</p><p>d) Histórica: a interpretação é feita levando-se o momento histórico pelo qual a lei foi</p><p>formulada.</p><p>2.5 – Quanto aos resultados:</p><p>a) Declaratória: é aquela em que se demonstra apenas a vontade da lei, nem restringindo-a ou</p><p>expandindo-a.</p><p>b) Extensiva: é aquela em que o interprete necessita ampliar o alcance da lei, uma vez que o</p><p>legislador disse menos do que efetivamente pretendia. Artigo 235 (Bigamia – proíbe também a</p><p>poligamia).</p><p>c) Restritiva: é aquela em que o interprete necessita diminuir o alcance da lei, uma vez que o</p><p>legislador disse mais do que efetivamente pretendia. (Embriaguez patológica).</p><p>2.6 - Interpretação conforme a constituição: é aquela mediante o qual o intérprete, de acordo com</p><p>uma concepção penal garantista, procura aferir a validade das normas mediante o seu confronto</p><p>com a Constituição.</p><p>Observação: Das três correntes existentes, a majoritária acredita que mesmo após se utilizar todos os</p><p>métodos acima elencados, mas mesmo assim restar dúvida no momento em que alguém cometa um</p><p>delito, a norma deve ser interpretada sempre em favor do réu (in dúbio pro réu).</p><p>Aula 08 – Princípio da Legalidade (Artigo 1° do Código Penal)</p><p>1 – Origem histórica:</p><p>- Suas raízes históricas remontam à Carta Magna de 1215, do rei João Sem Terra.</p><p>- Em 1801 Feubarch (nullum crimen, nulla poena sine praevia lege) consagra este tão importante</p><p>princípio do direito penal.</p><p>- O princípio da legalidade teve sua origem no Brasil em 1824, sendo a partir daí contemplado em</p><p>todos os Códigos Criminais posteriores, sendo também inserido na Constituição Federal de 1988.</p><p>2 – Objetivo: Salvaguardar todos os cidadãos contra punições criminais sem base em lei escrita, de</p><p>conteúdo determinado e anterior à conduta</p><p>3 – Dispositivo legal (Artigo 1º do CP e artigo 5º, XXXIX da CF)</p><p>“Não existe crime sem lei anterior que o defina (Princípio da Legalidade ou reserva legal) nem pena</p><p>sem prévia cominação legal (princípio da anterioridade)”.</p><p>4 – Desdobramentos do princípio da legalidade: o efetivo respeito ao princípio da legalidade</p><p>demanda não só a existência de uma lei definindo a conduta criminosa. Exige, também, que a lei</p><p>seja</p><p>anterior ao ato, que se trate em lei em sentido formal interpretada restritivamente e, por fim, que a</p><p>lei tenha conteúdo determinado. Por tal motivo o princípio da legalidade se subdivide em quatro</p><p>subprincípios:</p><p>4.1 – Princípio da anterioridade: a lei necessita ser anterior ao fato considerado como crime, pois de</p><p>nada adiantaria assegurar que o direito penal se fundamenta na lei, caso está pudesse ser elaborada</p><p>após o fato ser cometido.</p><p>4.2 – Princípio da reserva legal: É preciso, também que a incriminação se baseie em lei no sentido</p><p>formal. Não pode o direito consuetudinário ou o emprego de analogia (salvo em benefício do réu)</p><p>embasar punição criminal de um ato; ou mesmo o agravamento das consequências penais de uma</p><p>infração penal definida em lei. Os usos e costumes, por mais arraigados que possam ser em uma</p><p>determinada sociedade, não podem embasar a existência de um crime.</p><p>Observação: - As únicas espécies normativas que podem, validamente, conter leis penais</p><p>incriminadoras são as leis ordinárias e as leis complementares. Não podem as medidas provisórias,</p><p>nem os decretos ou resoluções criar leis penais incriminadoras.</p><p>4.3 – Princípio da proibição da analogia: Não se pode utilizar da analogia para se criar ilícito penal ou</p><p>agravar a punição dos já existentes. Esta vedação só atinge a analogia in mallam partem (em prejuízo</p><p>do agente).</p><p>4.4 – Princípio da taxatividade ou mandado de certeza: A lei penal deve ser determinada em seu</p><p>conteúdo. Não se permite a construção de tipos penais excessivamente genéricos, os quais são</p><p>denominados tipos penais vagos. Uma lei penal incriminadora que punisse uma conduta vaga e</p><p>indeterminada provocaria uma insegurança jurídica e acabaria por aniquilar a garantia constitucional</p><p>em apreço.</p><p>Exemplo: “será punido quem comete um ato que a lei declara como punível ou merece pena de</p><p>acordo com a ideia fundamental da lei penal e de acordo com o sentimento sadio alemão – Código</p><p>Penal Alemão de 1935).</p><p>Observação: Vale salientar que o princípio da legalidade se estende também as denominadas</p><p>medidas de segurança e leis de execução penal.</p><p>5 – Legalidade Formal e Material.</p><p>a) A legalidade formal: significa seguir o procedimento formal para a criação de uma lei daquela</p><p>natureza.</p><p>b) Legalidade material: por sua vez, é o amoldar-se o conteúdo da lei aos direitos e às garantias</p><p>fundamentais, previstos constitucionalmente.</p><p>Observação: Num Estado Constitucional de Direito, a legalidade diz respeito a um Estado regido por</p><p>uma Constituição, a lei suprema, portanto as leis hierarquicamente inferiores devem sempre</p><p>obediência à suprema. Já que devem observar o procedimento formal, disciplinado na Mater Legis,</p><p>devem também, e com muito mais razão, conformar-se com as normas constitucionais materiais. O</p><p>princípio da legalidade exige obediência incondicional à Constituição, seja em âmbito formal</p><p>(processo legislativo) ou em âmbito material (direitos e garantias fundamentais). Aqui tem lugar a</p><p>máxima nullum crimen nulla poena sine lege valida.</p><p>Aula 09 – Lei Penal no Tempo</p><p>1 – Princípio da continuidade das leis: Uma lei só poderá ser revogada por outra lei.</p><p>Observação: Espécies de revogação:</p><p>a) Quanto ao alcance: Ab-rogação (total)/ Derrogação (Parcial).</p><p>b) Quanto ao modo: Tácita/Expressa/Global.</p><p>2 – Direito Penal Intertemporal: São regras e princípios que irão dirimir os conflitos de leis penais.</p><p>• Regras para aplicação:</p><p>- Artigo 5º, XL: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.</p><p>- Artigo 2º do CP</p><p>- Artigo 3º do CP</p><p>2.1 – Situações que podem surgir no direito penal intertemporal:</p><p>a) a lei cria uma nova figura penal (Novatio Legis Incriminadora).</p><p>b) a lei posterior se mostra mais rígida em comparação com a lei anterior (Lex gravior/in pejus)</p><p>c) a lei posterior extingue o crime (abolitio criminis)</p><p>d) a lei posterior é benigna em relação a sanção penal ou a forma do seu cumprimento (Lex mitior/in</p><p>melius).</p><p>e) A lei posterior contém alguns preceitos mais rígidos e outros mais brandos.</p><p>A) A lei cria uma nova figura penal: nesse caso a lei nova só alcançará fatos ocorridos após a</p><p>sua vigência.</p><p>B) Lei penal mais grave ou Lex gravior/in pejus: a nova lei é mais prejudicial (aumentou a pena,</p><p>criaram agravantes e novas qualificadoras). Nesse caso também só se aplicam a fatos</p><p>posteriores.</p><p>Exceção: - Existem no direito penal, duas espécies de crimes em que se ocorridos, aplicar-se-</p><p>á a lei posterior, mesmo que esta seja a mais grave. São os casos de crimes Permanentes e</p><p>continuados. Permanentes são aqueles em que sua execução se prolonga no tempo</p><p>(sequestro) e continuado (artigo 71 do cp), ocorre quando o agente, mediante mais de uma</p><p>ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de</p><p>tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser</p><p>havidos como continuação do primeiro.</p><p>Por exemplo, se um sequestro se inicia em 2008, sob a égide de uma lei e se encerra</p><p>em 2010, sob a égide de outra lei, esta deverá ser aplicada mesmo se for mais grave, uma</p><p>vez que o crime de sequestro considera-se praticado e renovado a cada segundo.</p><p>Súmula 711 do STF: A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU</p><p>AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE</p><p>OU DA PERMANÊNCIA.</p><p>C) Abolitio Criminis:</p><p>C.1 - Conceito: Ocorre quando o legislador atento as modificações sociais, resolve não mais</p><p>continuar a incriminar determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a</p><p>infração que a previa, pois que passou a entender que o Direito Penal não mais se fazia</p><p>necessário a proteção de determinado bem.</p><p>C.2 - Previsão legal: Artigo 2° do CP: Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei</p><p>posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais</p><p>da sentença condenatória.</p><p>C.3 - Fases em que pode ocorrer a abolitio criminis: Fases policial e judicial. Se houver</p><p>inquérito, deverá a autoridade policial encaminhar ao Ministério Público e este oferecer o</p><p>arquivamento; se houver denúncia o juiz deverá arquivar de ofício; se já houver recurso o</p><p>Tribunal deverá arquivar o processo e se já transitou em julgado deverá o juiz de execuções</p><p>aplicar a nova lei e arquivar o processo antigo.</p><p>C.4- Efeitos da Abolitio: Cessar todos os efeitos penais da sentença, quais sejam: deve ser</p><p>providenciada a retirada do nome do agente do rol dos culpados, não podendo a sua</p><p>condenação ser considerada para fins de reincidência ou mesmo antecedentes penais.</p><p>C.5 - Efeitos Civis: Este continua prevalecendo.</p><p>C.6 - Abolitio criminis temporalis: é aquela em que a aplicação de um determinado tipo</p><p>penal encontra-se temporariamente suspensa, não permitindo, consequentemente, a</p><p>punição do agente que pratica o comportamento durante o prazo da suspensão.</p><p>C.7 – Qual o juízo competente para aplicar a abolitio criminis?</p><p>- Inquérito ou ação em curso: Juiz de conhecimento.</p><p>- Processo em grau de recurso: Tribunal.</p><p>- Condenação com trânsito em julgado: Juízo de Execuções. Sumula 611 do STF: Transitada</p><p>em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais</p><p>benigna.</p><p>Observação: PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA</p><p>A abolitio criminis não se confunde com o princípio da continuidade normativo-</p><p>típica. A abolitio representa supressão formal e material da figura criminosa, expressando o</p><p>desejo do legislador em não considerar determinada conduta como criminosa. É o que</p><p>aconteceu com o crime de sedução, revogado, formal e materialmente.</p><p>O princípio da continuidade normativo-típica, por sua vez, significa a manutenção</p><p>do caráter proibido da conduta, porém com o deslocamento do conteúdo criminoso para</p><p>outro tipo penal. A intenção do legislador, nesse caso, é que a conduta permaneça</p><p>criminosa. Por exemplo:</p><p>Art. 61</p><p>da Lei de Contravenções Penais - Importunar alguém, em lugar público ou acessível</p><p>ao público, de modo ofensivo ao pudor: (Revogado pela Lei nº 13.718, de 2018). Pena –</p><p>multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. - Importunação sexual (Incluído pela Lei</p><p>nº 13.718, de 2018)</p><p>Art. 215 - A do Código Penal. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso</p><p>com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718,</p><p>de 2018). Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais</p><p>grave.</p><p>No exemplo acima a contravenção do artigo 61 da LCP, importunação ofensiva ao</p><p>pudor, foi revogada, gerando a dúvida se teria ocorrido a chamada abolitio criminis. Porém,</p><p>percebe-se que com a inserção no CP do crime de importunação sexual, artigo 215 –A, a</p><p>conduta continuou a ser crime, logo, pelo princípio da continuidade normativo típica, não</p><p>houve a abolitio criminis.</p><p>• Decidiu o STJ: "O princípio da continuidade normativa típica ocorre quando uma norma</p><p>penal é revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou</p><p>seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou</p><p>normativamente diverso do originário.</p><p>Segue mais um exemplo jurisprudencial:</p><p>• CRIMINAL. HABEAS CORPUS. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. DELITOHEDIONDO. ART.</p><p>224 DO CÓDIGO PENAL. ABOLITIO CRIMINIS. INOCORRÊNCIA.NOVO TIPO PENAL. ESTUPRO</p><p>CONTRA VULNERÁVEL. ORDEM DENEGADA.</p><p>I. O princípio da continuidade normativa típica ocorre quando uma norma penal é</p><p>revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a</p><p>infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou</p><p>normativamente diverso do originário. (Grifo nosso)</p><p>II. Não houve abolitio criminis da conduta prevista no art. 214 c/co art. 224 do Código</p><p>Penal. O art. 224 do Estatuto Repressor foi revogado para dar lugar a um novo tipo penal</p><p>tipificado como estupro de vulnerável. III. Acórdão mantido por seus próprios</p><p>fundamentos.</p><p>IV. Ordem denegada. (STJ - HC: 204416 SP 2011/0087921-8, Relator: Ministro GILSON</p><p>DIPP, Data de Julgamento: 17/05/2012, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe</p><p>24/05/2012)</p><p>• TJ-RN - Apelação Criminal ACR 124022 RN 2009.012402-2 (TJ-RN)</p><p>Data de publicação: 10/02/2011</p><p>Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO E CORRUPÇÃO DE MENORES. PRELIMINAR DE</p><p>EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE EM RELAÇÃO AO CRIME PREVISTO NO ART. 1º DA LEI Nº 2.252</p><p>/54. ADVENTO DA LEI Nº 12.015 /09. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE</p><p>NORMATIVA TÍPICA. REJEIÇÃO. MÉRITO. ABSOLVIÇÃO. CONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE</p><p>À CONDENAÇÃO. SENTENÇA QUE SE MANTEM. I - Com a promulgação da Lei nº 12.015 /09,</p><p>houve a revogação da Lei nº 2.252 /54, mas se manteve a conduta criminosa e a pena em</p><p>outro dispositivo legal, o que encerra hipótese de continuidade típica. II - O acervo</p><p>probatório formado nos presentes autos conduz ao convencimento de que as apelantes</p><p>efetivamente praticaram os delitos que lhes estão sendo imputados. III - Por força da novatio</p><p>legis in mellius, é cabível a exclusão da pena de multa da condenação, pois, com o advento</p><p>da Lei nº 12.015 /2009, o delito de corrupção de menores foi deslocado para outro artigo</p><p>(art. 244-B, do ECA) e recebeu nova sanção, desta vez, incidindo-se apenas a pena privativa</p><p>de liberdade. IV - O regime fechado aplicado à apelante Liliane Pereira de Souza para</p><p>cumprimento da pena privativa de liberdade é coerente com o disposto no art. 33, § 2º,</p><p>alínea a do CP.</p><p>D) Lei penal mais benéfica (in mellius/mitior):</p><p>- Fundamento legal: Artigo 2º - “Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo</p><p>favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença</p><p>condenatória transitada em julgado”. (Novatio legis in Mellius).</p><p>- Consequências: Retroage em benefício do Réu.</p><p>Diferença entre:</p><p>- Ultra-atividade: é a capacidade que tem a lei penal de se movimentar no tempo regulando</p><p>fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada.</p><p>- Retroatividade: é a capacidade que possui a lei penal de regular fatos ocorridos</p><p>anteriormente a sua vigência, desde que mais benéficas ao réu.</p><p>E) Combinação de Leis (Lex Tetria): Diz-se combinação de leis quando há a possibilidade de</p><p>extrair de dois diplomas os dispositivos que atendam aos interesses do agente, desprezando</p><p>aqueles que o prejudiquem. (O STF não permite este tipo de combinação no ordenamento</p><p>jurídico brasileiro).</p><p>3 - Leis temporárias e Excepcionais:</p><p>- Fundamento legal: Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período</p><p>de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato</p><p>praticado durante sua vigência. (Ultra-atividade)</p><p>- Lei temporária: é aquela em que se traz expressamente em seu texto o dia do início, bem</p><p>como o do término de sua vigência.</p><p>- Excepcional: é aquela editada em virtude se situações também excepcionais (anormais)</p><p>cuja vigência é limitada pela própria duração da aludida situação que levou a edição do</p><p>diploma legal. Como exemplo de leis excepcionais, podemos citar: fatos ocorridos durante o</p><p>período de guerra ou calamidade pública.</p><p>- Ambas possuem ultratividade, pois se aplicam ao fato praticado durante a sua vigência,</p><p>embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a</p><p>determinam. Tal ultratividade tem por escopo evitar injustiças.</p><p>Aula 10 – Lei Penal no Tempo: Artigo 4° do CP</p><p>1 – Tempo do Crime (Artigo 4º do CP).</p><p>- Existem 3 teorias que explicam quando será considerado praticado o crime, ou seja, o tempo exato</p><p>em que ele aconteceu. As teorias são as seguintes:</p><p>A) Teoria da atividade: tempo do crime será o da ação ou omissão, ainda que outro seja o</p><p>resultado.</p><p>B) Teoria do Resultado: determina que o tempo do crime será, como sua própria denominação</p><p>está a nos induzir, o da ocorrência do resultado.</p><p>C) Teoria mista ou da Ubiqüidade: concede igual relevo aos dois momentos apontados pelas</p><p>teorias anteriores, asseverando que tempo do crime será o da ação e da omissão, bem como</p><p>o momento do resultado.</p><p>Tempo do crime</p><p>Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,</p><p>ainda que outro seja o momento do resultado. (TEORIA DA ATIVIDADE);</p><p>2 – Importância da teoria da atividade:</p><p>- A escolha de tal teoria determina, por exemplo, a aplicação ou não da lei penal em certas situações,</p><p>ou a opção da lei mais benigna dentre aquelas que se sucederam no tempo.</p><p>Exemplo: suponhamos que uma pessoa tenha dirigido finalisticamente sua conduta a causar a morte</p><p>de alguém, atirando em direção a vítima, vindo a atingi-la numa região letal. No momento da</p><p>conduta o agente estava com apenas 17 anos e 11 meses de idade, sendo que a morte da vítima</p><p>ocorrera apenas 3 meses depois, quando aquele já havia atingido a maioridade penal. No caso em</p><p>tela, ficará afastada a aplicação da lei penal, uma vez que ao tempo do crime o agente era tido como</p><p>inimputável.</p><p>Exemplo 2: Pode ser também que aconteça a sucessão de leis no tempo e que seja preciso</p><p>confrontar a lei do momento da ação ou da omissão com aquela que sucedeu, a fim de ser apurada e</p><p>aplicada aquela que melhor atenda aos interesses do agente (Lex mitior ou novatio legis in mellius).</p><p>Observação: Conclui-se que:</p><p>a) Aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se ao tempo do resultado for mais</p><p>benéfica.</p><p>b) A imputabilidade é apurada ao tempo da conduta</p><p>c) Ver súmula 711 do STF sobre crime permanente e continuado.</p><p>d) Crimes habituais: mesma observação da súmula acima: aplica-se a lei do momento em que</p><p>for praticar uma nova conduta.</p><p>Aula 11 – Lugar do Crime</p><p>1 – Teorias sobre o lugar do crime: Há várias teorias que procuram justificar e fundamentar o lugar</p><p>do crime. São elas:</p><p>a) Teoria da Ação ou da Atividade - para os defensores dessa teoria o lugar do crime seria o</p><p>local onde ocorreu a ação ou a omissão típica (atos executórios).</p><p>b) Teoria do Resultado ou do Efeito - já para essa teoria o lugar do crime seria determinado</p><p>pelo local onde ocorreu o resultado.</p><p>c) Teoria da ubiquidade ou mista - para esta teoria lugar do crime é aquele em que se</p><p>realizou qualquer dos momentos do inter, seja da prática dos atos executórios, seja da</p><p>consumação. (TEORIA ADOTADA PELO BRASIL).</p><p>Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,</p><p>no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.</p><p>2 – Importância prática</p><p>Busca-se com a teoria mista do lugar do delito solucionar o problema dos conflitos negativos</p><p>de competência e o problema dos crimes à distância, em que ação e o resultado se desenvolvem em</p><p>lugares diversos.</p><p>Exemplos:</p><p>1º Seria o caso de a ação ser cometida, por exemplo, no Brasil e o resultado desenvolver-se no</p><p>Paraguai. Ou seja, para que o Brasil seja competente na apuração e julgamento de determinada</p><p>infração penal, basta que porção dessa conduta delituosa tenha ocorrido no território nacional.</p><p>2º Quando um crime tem início em território estrangeiro e se consuma no Brasil, é considerado</p><p>praticado no Brasil. Nesses termos, aplica-se a lei penal brasileira ao fato de alguém, em território</p><p>boliviano, atirar na vítima que se encontrava em nosso território, vindo a falecer.</p><p>3º Se um estrangeiro expedir uma carta a alguém residente no Brasil, e nesta estiver inúmeros doces</p><p>envenenados e o resultado acontecer no Brasil, será aplicado ao caso as leis brasileiras, sendo</p><p>competente o nosso juízo para julgar o estrangeiro.</p><p>Observação: basta que uma só conduta criminosa tenha ocorrido em nosso território para ser</p><p>aplicada a nossa lei (TACRIM SP – Rcrim 416.417).</p><p>3 - APARENTE CONFLITO ENTRE O ART. 6° DO CÓDIGO PENAL E O ART. 70 DO CÓDIGO DE</p><p>PROCESSO PENAL.</p><p>- O Código de Processo Penal prevê em seu art. 70:</p><p>Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no</p><p>caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. (teoria do resultado).</p><p>Poder-se-ia tentar sustentar a existência de um conflito de normas, tendo em vista que o art.</p><p>6° do Código Penal adota a teoria da ubiquidade e o presente art. 70 do Código de Processo Penal</p><p>adota a teoria do resultado.</p><p>Esse conflito tão somente é aparente, pois o art.6° tem aplicação no chamado Direito Penal</p><p>internacional, ou seja, visa dirimir conflitos referente a aplicação da Lei penal no espaço quando um</p><p>crime tem início no Brasil e termina no exterior, ou vice-versa.</p><p>São os crimes à distância já comentados acima.</p><p>Já o art. 70 do Código de Processo Penal vem por regulamentar questão de competência,</p><p>quando o crime desenvolve-se exclusivamente em território nacional, nos casos de crime plurilocais.</p><p>Observação: Além dos crimes plurilocais acima citados, não se aplica também a teoria da</p><p>ubiquidade nos seguintes casos:</p><p>a) Infrações penais de menor potencial ofensivo (artigo 63 do CP): “A competência do</p><p>juizado especial será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração”. (Teoria da</p><p>atividade).</p><p>b) Crimes falimentares: será competente o foro do local em que foi decretada a falência,</p><p>concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação judicial (Lei</p><p>11.101/2005)</p><p>c) Atos infracionais: Lugar da ação ou omissão (teoria da atividade)</p><p>Aula 12 – Lei Penal no Espaço</p><p>1 – Conceito de Princípio da territorialidade - O princípio da territorialidade indica que o Estado, em</p><p>cujo território foi cometido o crime é o competente para julgar o delinquente e aplicar a respectiva</p><p>sanção. Locus regit actum. Este princípio, sufragado pela legislação nacional, é consagrado pelos</p><p>demais países.</p><p>1.1 – Exceções ao princípio da territorialidade:</p><p>a) Extraterritorialidade (art. 7º, CP – “crimes”)</p><p>b) Imunidades (diplomática, consular e parlamentar), também chamada de Intraterritorialidade</p><p>2 – Princípio da Territorialidade temperada: Previsto no CP, art. 5°, o Princípio da Territorialidade</p><p>Temperada admite as exceções da Intraterritorialidade e da Extraterritorialidade, pelas quais leis</p><p>penais estrangeiras podem ser aplicadas aos crimes aqui cometidos e a lei penal brasileira pode ser</p><p>aplicada aos crimes cometidos no estrangeiro.</p><p>Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras</p><p>de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.</p><p>3 – Território Nacional: O território jurídico abrange o solo com seus limites territoriais, a plataforma</p><p>continental, o mar de 12 milhas (para fins penais), o espaço aéreo correspondente e o território</p><p>flutuante III, IV, compreendido este pelas embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública</p><p>ou a serviço do governo brasileiro onde estiverem, e as embarcações e aeronaves brasileiras,</p><p>mercantes ou privadas, que estiverem em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente.</p><p>- Território por extensão</p><p>§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as</p><p>embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo</p><p>brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações</p><p>brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no</p><p>espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.</p><p>§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou</p><p>embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no</p><p>território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar</p><p>territorial do Brasil.</p><p>-Esquema</p><p>- Aeronave ou embarcação Públicos = os de guerra, em serviço militar, em serviço público, a serviço</p><p>de chefes de estado ou representantes diplomáticos</p><p>- Aeronave ou embarcação Privados em alto mar ou no espaço correspondente ao alto-mar = os</p><p>mercantes, os de turismo, etc.</p><p>Aula 13 – Extraterritorialidade e Imunidades</p><p>1 – Conceito de Extraterritorialidade: é aquele em que se preocupa com a aplicação da lei brasileira</p><p>às infrações penais cometidas além de nossas fronteiras, em países estrangeiros.</p><p>2 – Espécies:</p><p>a) Incondicionada: é a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos ocorridos no</p><p>estrangeiro, sem que, para tanto, seja necessário o concurso de qualquer condição. As</p><p>hipóteses de extraterritorialidade incondicionada estão previstas no inciso I do artigo 7º do</p><p>CP, que dispõe:</p><p>Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro</p><p>I - Os crimes:</p><p>a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;</p><p>b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de</p><p>Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída</p><p>pelo Poder Público;</p><p>c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;</p><p>d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;</p><p>Observação: em qualquer das hipóteses do inciso I, do artigo 7º do CP, o agente será punido</p><p>segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Em caso de</p><p>condenação, terá aplicação na regra insculpida no artigo 8º do CP:</p><p>Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,</p><p>quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.</p><p>b) Condicionada: aplica-se a lei brasileira a crimes cometidos no estrangeiro, diante de algumas</p><p>condições. A extraterritorialidade condicionada encontra-se no artigo 7º, II do CP e as</p><p>condições encontram-se no § 2º e 3º do CP.</p><p>II - Os crimes:</p><p>a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (princípio da universalidade ou</p><p>da justiça universal)</p><p>b) praticados por brasileiro; (princípio da personalidade ativa)</p><p>c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,</p><p>quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Princípio da representação)</p><p>Seguem a seguir, as condições para se aplicar a lei brasileira, embora o fato tenha ocorrido nas</p><p>condições do inciso II do artigo 7º.</p><p>§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes</p><p>condições:</p><p>a) entrar o agente no território nacional;</p><p>b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;</p><p>c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;</p><p>d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;</p><p>e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a</p><p>punibilidade, segundo a lei mais favorável.</p><p>§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora</p><p>do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (princípio da defesa ou da</p><p>personalidade passiva)</p><p>a) não foi pedida ou foi negada a extradição;</p><p>b) houve requisição do Ministro da Justiça.</p><p>Legendas:</p><p>a) Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira ao crime</p><p>cometido por brasileiro fora do Brasil. Não importa se o sujeito passivo é brasileiro ou se o</p><p>bem jurídico afeta interesse nacional, pois o único critério levado em conta é o da</p><p>nacionalidade do sujeito ativo. (Artigo 7º, I, d e II, b)</p><p>b) Nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por</p><p>estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. O que interessa é a nacionalidade da vítima.</p><p>c) Real defesa ou proteção: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido fora do Brasil, que afete</p><p>interesse nacional (artigo 7º, I, a, b e C).</p><p>d) Justiça universal: todo Estado tem direito de punir qualquer crime, seja qual for a</p><p>personalidade do delinquente e da vítima ou do local de sua prática, desde que oS</p><p>criminosos estejam dentro do seu território. (artigo 7, II, a do CP)</p><p>e) Representação: a lei penal é aplicada em delitos cometidos em aeronaves e embarcações</p><p>privadas quando realizadas no estrangeiro e aí não venham a ser julgadas. (Artigo, 7º, II, c do</p><p>CP).</p><p>3 - Imunidades diplomáticas</p><p>3.1 – Previsão legal: Convenção de Viena sobre relações Diplomáticas (CVRD/1961) e Convenção de</p><p>Viena sobre Relações consulares.</p><p>3.2 – Espécies:</p><p>a) Diplomatas, Chefes de Estado, representantes de governos, embaixadores, secretários da</p><p>embaixada, pessoal técnico e administrativo das suas respectivas representações, seus familiares e</p><p>funcionários de organismos internacionais quando em serviço: Ficam excluídos da jurisdição</p><p>criminal dos países em que exercem suas funções. Sendo julgados em seus países de origem. Não</p><p>importa se o fato praticado seja um crime ou contravenção.</p><p>Observação: Caso o diplomata venha a falecer os membros de sua família persistirão em gozo da</p><p>imunidade até a expiração de prazo razoável que lhes permita deixar o território.</p><p>Observação 2: Os empregados particulares dos agentes diplomáticos, porém, não estão cobertos</p><p>pela imunidade, a não ser que o Estado creditado assim o reconheça.</p><p>Observação 3: Encontra-se acobertado pela imunidade o Chefe de Estado estrangeiro que se</p><p>encontre em visita ao país. Estendendo-se também aos membros da respectiva comitiva.</p><p>b) Cônsules: segundo entendimento do STF, os cônsules só gozam de imunidade se os fatos delitivos</p><p>decorrem do desempenho de suas funções.</p><p>c) Inviolabilidade das sedes diplomáticas: as sedes diplomáticas (embaixadas) não podem ser alvo</p><p>de busca e apreensão, penhora ou qualquer medida constritiva</p><p>Observação: Se, contudo, em seu interior, vier a ser cometido delito por pessoa que não goze de</p><p>imunidade (pessoa que clandestinamente ingresse no local ou empregado particular de agente</p><p>diplomático), aplicar-se-á a lei brasileira.</p><p>4 – Imunidades Parlamentares: Podem ser divididas em:</p><p>a) Imunidade parlamentar material (imunidade penal, absoluta ou inviolabilidade) – Artigo 53</p><p>da CF.</p><p>b) Imunidade parlamentar processual ou formal: esta se divide em:</p><p>b.1 – Direito de não ser preso, salvo em caso de flagrante por crime inafiançável (art. 53, §</p><p>2º da CF).</p><p>b.2 – Garantia de não ser processado (art. 53, §§ 3º, 4º e 5º da CF)</p><p>b.3 – Direito de não ser obrigado a depor como testemunha em relação a determinados</p><p>fatos ou pessoas (artigo 53, §6º da CF).</p><p>b.4 – Garantia do foro privilegiado. (artigo 53, § 1º da CF).</p><p>4.1 – Imunidade Parlamentar material.</p><p>- Conceito: são imunidades que tornam deputados e senadores invioláveis, civil e penalmente, em</p><p>quaisquer manifestações proferidas no exercício ou desempenho de suas funções. Essa imunidade</p><p>abrange qualquer tipo de manifestação, seja ela escrita ou falada.</p><p>- Objetivo das imunidades parlamentares materiais: garantir que as respectivas funções possam ser</p><p>desempenhadas livremente (dentro ou fora do Congresso Nacional).</p><p>- Requisitos para que os deputados e senadores tenham a imunidade:</p><p>1º - Estarem no exercício da função.</p><p>2º - Exista nexo funcional entre a manifestação reputada ofensiva e o exercício do mandato (segundo</p><p>STF, se a ofensa for rogada em Plenário, independe de conexão com o mandado para o fim de afastar</p><p>a responsabilidade por perdas e danos).</p><p>- Suplente de deputados e senadores tem imunidade? Não se estende a imunidade aos suplentes,</p><p>pois os mesmos não estão no exercício de suas funções.</p><p>- Súmula 245 do STF: a imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem esta prerrogativa.</p><p>- Questões relevantes: a Imunidade material parlamentar exclui a tipicidade da Conduta (Segundo</p><p>corrente majoritária – Luiz Flávio Gomes).</p><p>- Irrenunciabilidade da Imunidade: A imunidade é irrenunciável, mas não alcança o parlamentar que</p><p>se licencia para ocupar outro cargo na administração.</p><p>- Irretroatividade da ofensa: Uma ofensa rogada enquanto parlamentar, não o alcança ao término</p><p>do mandato. Ou seja, não poderá o mesmo ser processado por delito que tenha cometido no seu</p><p>desempenho enquanto parlamentar.</p><p>4.2 – Imunidade processual.</p><p>a) Direito de não ser preso: (Artigo 53, § 2º da CF): “Desde a expedição do diploma, os</p><p>membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime</p><p>inafiançável”.</p><p>- Interpretação extraída do dispositivo: Caso seja afiançável, o parlamentar nunca poderá</p><p>ser preso ou autuado em flagrante.</p><p>- Procedimento nos crimes inafiançáveis: Deverá ser efetuada a prisão e lavrado o</p><p>respectivo auto, procedendo a polícia a comunicação do fato a Câmara ou Senado, em 24</p><p>horas, para que eles, por maioria absoluta determine a soltura ou não do flagrado.</p><p>1º Prisão em flagrante por crime inafiançável.</p><p>2º Delegado prende em flagrante, lavra ou auto e comunica em 24 horas a respectiva casa</p><p>(Senado ou Câmara)</p><p>3º O Senado ou a Câmara pronunciam-se, por maioria absoluta, sobre a prisão do seu</p><p>membro.</p><p>- O voto dos deputados e senadores sobre a manutenção da prisão de um de seus</p><p>companheiros, deve ser em sigilo? Não será mais voto secreto.</p><p>b) Garantia de não ser processado: (art. 53, §§ 3º, 4º e 5º da CF). Tal dispositivo aduz que o STF</p><p>ao receber uma denúncia contra um parlamentar após a sua diplomação, deverá abrir vistas</p><p>a respectiva casa a qual ele pertence, para que esta, por iniciativa do partido político nela</p><p>representado e pelo voto da maioria vote no intuito de sustar a ação.</p><p>1º STF RECEBE A DENÚNCIA E ABRE VISTAS A CASA RESPECTIVA. (CRIME COMETIDO APÓS</p><p>A DIPLOMAÇÃO).</p><p>2ª A CASA RESPECTIVA VOTA, ATRAVÉS DA INICIATIVA DO PARTIDO PELO QUAL PERTENCE</p><p>O RÉU, EM MAIORIA DE SEUS MEMBROS PARA SUSTAR OU NÃO O ANDAMENTO. (Tudo</p><p>isso deve ser resolvido em 45 após o recebimento da denúncia pela mesa diretora).</p><p>- Consequências caso a denúncia seja sustada: suspensão</p>