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<p>GESTÃO PÚBLICA</p><p>Formação e Desafios do Estado</p><p>Brasileiro</p><p>Livro Eletrônico</p><p>Presidente: Gabriel Granjeiro</p><p>Vice-Presidente: Rodrigo Calado</p><p>Diretor Pedagógico: Erico Teixeira</p><p>Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi</p><p>Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra</p><p>Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes</p><p>Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais</p><p>do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de</p><p>uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às</p><p>penalidades previstas civil e criminalmente.</p><p>CÓDIGO:</p><p>240122327825</p><p>MARCELO CAMACHO</p><p>Doutor em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH-UERJ/2019). Mestre em</p><p>Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH-UERJ/2014). Graduado em Gestão de</p><p>Recursos Humanos pela Universidade Estácio de Sá (2000), bacharel em Ciências</p><p>Sociais pela UERJ (2007) e licenciado em Ciências Sociais pela UERJ (2007). Possui</p><p>especialização em Planejamento Educacional e Políticas Públicas pela Universidade</p><p>Gama Filho (2009) e em Gestão de Organizações de Ciência e Tecnologia em Saúde</p><p>pela ENSP/FIOCRUZ (2014). Possui experiência de 25 anos em Gestão de Recursos</p><p>Humanos em empresas privadas e públicas. Foi chefe de departamento de pessoal na</p><p>Companhia Comercio e Construções, analista de RH sênior na Globosat Programadora,</p><p>analista master de RH na Fundação Ary Frauzino, gestor do Trabalho no Ministério</p><p>da Saúde, analista de Ciência e Tecnologia no Instituto Nacional do Câncer (INCA),</p><p>perfil Gestão de RH, e desde 2012 atua na Fundação Oswaldo Cruz como analista</p><p>de Gestão em Saúde, perfil Gestão de Recursos Humanos. Desenvolve trabalhos</p><p>nos temas de Democracia e Participação Local, Políticas Públicas de Trabalho e</p><p>Renda, Inclusão e Direitos Humanos. Atualmente é analista de Gestão em Saúde na</p><p>Fundação Oswaldo Cruz, onde coordena o Núcleo de Atividades de Extensão do IOC</p><p>(Instituto Oswaldo Cruz) e é docente permanente no Programa de Pós-Graduação</p><p>em Ensino em Biociências e Saúde. Atua como avaliador institucional do INEP/MEC</p><p>e elaborador de itens do ENADE – INEP/MEC. Foi aprovado nos seguintes concursos:</p><p>analista de Ciência & Tecnologia (CNEN), analista RH (CODEVASF), analista de Ciência</p><p>& Tecnologia (INCA), professor de Sociologia (SEEDUC-RJ), analista de Gestão em</p><p>Saúde (FIOCRUZ), professor de Sociologia substituto (IFRJ) e professor substituto</p><p>(Teoria Organizacional UFRJ).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>3 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>SUMÁRIO</p><p>Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5</p><p>1. Estruturação do Estado no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5</p><p>1.1. Os Governos Militares e a Ditadura Militar no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7</p><p>1.2. Referencial Histórico das Constituições Brasileiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10</p><p>2. Formação da Administração Pública no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13</p><p>2.1. Paradigma Pós-Burocrático ou Administração Gerencial . . . . . . . . . . . . . . . 20</p><p>3. Experiências de Reformas Administrativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25</p><p>3.1. A República Velha (1889-1930) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28</p><p>3.2. Reforma Burocrática (1936) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28</p><p>3.3. A Segunda Onda de Reformas Administrativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32</p><p>3.4. O Período Pré-Militar (1961-1964) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34</p><p>3.5. O Decreto-Lei 200 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35</p><p>3.6. O Programa Nacional de Desburocratização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38</p><p>3.7. O Retrocesso de 1988 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39</p><p>3.8. A Nova Gestão Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42</p><p>3.9. Plano Diretor da Reforma do Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45</p><p>4. Estado de Bem-Estar Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49</p><p>Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54</p><p>Mapa Mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56</p><p>Questões de concurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57</p><p>Gabarito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71</p><p>Gabarito comentado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>4 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>aPREsENtaÇãoaPREsENtaÇão</p><p>Olá, caro(a) concurseiro(a)!</p><p>Estou aqui para estudar com você o conteúdo de Gestão Pública!</p><p>Meu nome é Marcelo Camacho, sou Sociólogo e Tecnólogo em Recursos Humanos.</p><p>Atualmente exerço o cargo de Analista de Gestão em Saúde, perfil Gestão do Trabalho, na</p><p>FIOCRUZ, no Rio de Janeiro. Também já exerci o cargo de Analista de Ciência & Tecnologia,</p><p>perfil Recursos Humanos, no Instituto Nacional do Câncer (INCA) (BANCA CESPE). Fui</p><p>aprovado em 1º lugar para o concurso do INCA e também obtive a primeira colocação em</p><p>concurso do CNEN.</p><p>Antes de ser aprovado nesses concursos, me impus uma rotina rígida de estudos: saía</p><p>do trabalho às 16h e estudava em uma biblioteca, totalmente concentrado, das 16h30 às</p><p>20h30. Fiz isso durante um ano e comecei a ser aprovado dentro das vagas oferecidas nos</p><p>concursos. Sempre estudei em materiais que continham questões comentadas, como este</p><p>curso que estamos ofertando.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>5 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>FORMAÇÃO E DESAFIOS DO ESTADO BRASILEIROFORMAÇÃO E DESAFIOS DO ESTADO BRASILEIRO</p><p>1 . EstRUtURaÇão Do EstaDo No BRasil1 . EstRUtURaÇão Do EstaDo No BRasil</p><p>A passagem do período colonial à independência não</p><p>e não em gerir programas; preocupa-se em atender aos cidadãos e não</p><p>às necessidades da burocracia.</p><p>2) Enquanto a administração pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta, que a</p><p>burocracia está encarregada de garantir, a administração pública gerencial pensa na sociedade</p><p>como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses</p><p>e afirmam suas posições ideológicas.</p><p>3) A administração pública burocrática acredita que o modo mais seguro de evitar o nepotismo</p><p>e a corrupção seja pelo controle rígido dos processos, com o controle de procedimentos. A</p><p>administração pública gerencial parte do princípio de que é preciso combater o nepotismo e</p><p>a corrupção, mas que, para isso, não são necessários procedimentos rígidos, e sim por outros</p><p>meios: indicadores de desempenho, controle de resultados etc.</p><p>4) Na administração gerencial, a confiança é limitada, permanentemente controlada por resultados,</p><p>mas ainda assim suficiente para permitir a delegação, para que o gestor público possa ter</p><p>liberdade de escolher os meios mais apropriados ao cumprimento das metas prefixadas. Na</p><p>administração burocrática essa confiança não existe.</p><p>5) A administração burocrática é centralizadora, autoritária. A administração gerencial prega a</p><p>descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades para os escalões</p><p>inferiores;</p><p>6) Enfim, a administração gerencial preza pelos princípios de confiança e descentralização da</p><p>decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, descentralização de</p><p>funções e incentivos à criatividade e inovação. Em contraposição, a administração burocrática</p><p>prega o formalismo, rigidez e o rigor técnico</p><p>3 . EXPERiÊNcias DE REFoRMas aDMiNistRatiVas3 . EXPERiÊNcias DE REFoRMas aDMiNistRatiVas</p><p>Façamos uma breve recapitulação dos modelos de Administração Pública: faço aqui uma</p><p>breve conceituação dos modelos para entendermos a associação das diversas reformas</p><p>realizadas no Brasil com estes modelos.</p><p>Segundo Bresser Pereira a administração pública em nosso país passou por três</p><p>modelos diferentes: a administração patrimonialista, a administração burocrática e a</p><p>administração gerencial.</p><p>Registre-se que o argumento de Bresser Pereira está fortemente influenciado pela</p><p>teoria weberiana (Max Weber), que também influenciou outro autor brasileiro, Raimundo</p><p>Faoro, que escreveu o livro “Os donos do poder”. Neste livro, Faoro, na mesma perspectiva</p><p>weberiana, demonstra as etapas de administração patrimonialista e burocrática.</p><p>Essas modalidades surgiram sucessivamente ao longo do tempo, não significando,</p><p>porém, que alguma delas tenha sido definitivamente abandonada.</p><p>Na administração pública patrimonialista, própria dos Estados absolutistas europeus</p><p>do século XVIII, o aparelho do Estado é a extensão do próprio poder do governante e os</p><p>seus funcionários são considerados como membros da nobreza. O patrimônio do Estado</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>26 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>confunde-se com o patrimônio do soberano e os cargos são tidos como prebendas (ocupações</p><p>rendosas e de pouco trabalho). A corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de</p><p>administração.</p><p>A administração pública burocrática surge para combater a corrupção e o nepotismo</p><p>do modelo anterior. São princípios inerentes a este tipo de administração a impessoalidade,</p><p>o formalismo, a hierarquia funcional, a ideia de carreira pública e a profissionalização do</p><p>servidor, consubstanciando a ideia de poder racional-legal.</p><p>Os controles administrativos funcionam previamente, para evitar a corrupção. Existe</p><p>uma desconfiança prévia dos administradores públicos e dos cidadãos que procuram o</p><p>Estado com seus pleitos. São sempre necessários, por esta razão, controles rígidos em</p><p>todos os processos, como na admissão de pessoal, nas contratações do Poder Público e no</p><p>atendimento às necessidades da população.</p><p>A administração burocrática, embora possua o grande mérito de ser efetiva no controle</p><p>dos abusos, corre o risco de transformar o controle a ela inerente em um verdadeiro fim do</p><p>Estado, e não um simples meio para atingir seus objetivos. Com isso, a máquina administrativa</p><p>volta-se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade.</p><p>O seu grande problema, portanto, é a possibilidade de se tornar ineficiente, autorreferente</p><p>e incapaz de atender adequadamente os anseios dos cidadãos.</p><p>A administração pública gerencial, contudo, apresenta-se como solução para estes</p><p>problemas da burocracia. Prioriza-se a eficiência da Administração, o aumento da qualidade</p><p>dos serviços e a redução dos custos. Busca-se desenvolver uma cultura gerencial nas</p><p>organizações, com ênfase nos resultados, e aumentar a governança do Estado, isto é, a</p><p>sua capacidade de gerenciar com efetividade e eficiência. O cidadão passa a ser visto com</p><p>outros olhos, tornando-se peça essencial para o correto desempenho da atividade pública,</p><p>por ser considerado seu principal beneficiário, o cliente dos serviços prestados pelo Estado.</p><p>A administração gerencial constitui um avanço, mas sem romper em definitivo com a</p><p>administração burocrática, pois não nega todos os seus métodos e princípios. Na verdade, o</p><p>gerencialismo apoia-se na burocracia, conservando seus preceitos básicos, como a admissão</p><p>de pessoal segundo critérios rígidos, a meritocracia na carreira pública, as avaliações de</p><p>desempenho, o aperfeiçoamento profissional e um sistema de remuneração estruturado.</p><p>A diferença reside na maneira como é feito o controle, que passa a concentrar-se nos</p><p>resultados, não mais nos processos em si, procurando-se, ainda, garantir a autonomia do</p><p>servidor para atingir tais resultados, que serão verificados posteriormente.</p><p>Veremos mais à frente como este modelo influenciou a Reforma do Aparelho de Estado</p><p>proposta por Bresser Pereira.</p><p>Voltemos ao modelo brasileiro. Até 1930, tanto Bresser Pereira quanto Faoro, argumentam</p><p>que o Brasil tinha um modelo de administração pública patrimonialista, baseado em</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>27 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>oligarquias que ocupavam os principais postos do Estado. Com exceção do Itamaraty, do</p><p>Exército e do Banco do Brasil, não existiam burocracias profissionais, mas os cargos eram</p><p>ocupados por conveniências políticas das oligarquias.</p><p>001. 001. (CESPE/TEM/ADMINISTRADOR/2008) No Estado patrimonial, a gestão política se</p><p>confunde com os interesses particulares, ao passo que, no modelo burocrático, prevalece</p><p>a especialização das funções, e a escolha dos candidatos aos cargos e às funções públicas</p><p>é pautada pela confiança pessoal.</p><p>Pessoal, de fato no modelo burocrático, prevalece a especialização das funções, mas a</p><p>escolha para os cargos é feita com base profissional, pelo mérito. É no Estado Patrimonial,</p><p>que prevalece a escolha pautada pela confiança pessoal!</p><p>Errado.</p><p>O quadro abaixo – adaptado do artigo “Do Estado patrimonial ao gerencial” de Luiz Carlos</p><p>Bresser-Pereira – demonstra os momentos históricos e as características das facetas do</p><p>Estado brasileiro em relação à sua formação social, política, econômica, e administrativa.</p><p>Não há consenso doutrinário sobre o início da sociedade ou economia pós-industrial.</p><p>No entanto,</p><p>a maior parte dos estudiosos entendem que essa fase iniciou-se nos anos 80.</p><p>Da mesma forma, o Estado gerencial e regulador é considerado por alguns como tendo seu</p><p>início a partir do Decreto 200/67, enquanto a maioria entende como sendo a partir dos</p><p>anos 90. Para fins de questões em concurso, deve-se seguir a doutrina majoritária.</p><p>Vejamos agora a reformas administrativa implantadas no Brasil após 1930, imediatamente</p><p>ao fim da República Velha, com a instituição do DASP.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>28 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>3.1. A REPÚBLICA VELHA (1889-1930)3.1. A REPÚBLICA VELHA (1889-1930)</p><p>Com a proclamação da República em 18889 o Brasil passa por importantes mudanças</p><p>econômicas e sociais durante o século XIX, porém sob o ponto de vista político nada se</p><p>alterou. A corrupção, a prática de eleições fraudulentas continuaram. As chamadas práticas</p><p>coronelistas e caudilhistas (onde o poder está centrado na figura de um chefe local, no</p><p>primeiro caso baseado na propriedade e no segundo, no carisma) continuaram a caracterizar</p><p>o ambiente político brasileiro. A classe dominante formada pela elite brasileira, em especial</p><p>os Barões do café e os oligarcas da produção leiteira, os grandes fazendeiros nordestinos,</p><p>detêm o poder de acordo com seus interesses. O povo continuará a estar relegado a segundo</p><p>plano. A assistência aos mais pobres é função da caridade, não há obrigação estatal. Esta</p><p>função de assistência é delegada à igreja católica, que recebe donativos da elite para manter</p><p>esta assistência social. Não havia direitos dos pobres, mas apenas dependência da bondade.</p><p>Características da ação social na República Velha – Estado Oligárquico:</p><p>• Atendimento da demanda social: a IGREJA detinha um mandato do Estado;</p><p>• Organizações assistenciais criadas pela Igreja Católica: asilos, orfanatos e santas</p><p>casas de misericórdia;</p><p>• As oligarquias financiam as igrejas;</p><p>• Os pobres eram objetos da bondade.</p><p>Bresser Pereira associa o período da República Velha com o modelo patrimonialista.</p><p>3.2. REFORMA BUROCRÁTICA (1936)3.2. REFORMA BUROCRÁTICA (1936)</p><p>No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir dos anos 30. A reforma</p><p>da administração pública é empreendida no Governos Vargas por Maurício Nabuco e Luiz</p><p>Simões Lopes. O objetivo era racionalizar a administração pública, com a criação de carreiras</p><p>burocráticas na administração pública e a adoção do concurso como forma de acesso ao</p><p>serviço público. A implantação da administração pública burocrática é uma consequência</p><p>clara da emergência de um capitalismo moderno no país.</p><p>Segundo Bresser Pereira:</p><p>Com o objetivo de realizar a modernização administrativa, foi criado o Departamento Administrativo</p><p>do Serviço Público – DASP, em 1936. Nos primórdios, a administração pública sofre a influência da</p><p>teoria da administração científica de Taylor, tendendo à racionalização mediante a simplificação,</p><p>padronização e aquisição racional de materiais, revisão de estruturas e aplicação de métodos na</p><p>definição de procedimentos. Registra-se que, neste período, foi instituída a função orçamentária</p><p>enquanto atividade formal e permanentemente vinculada ao planejamento.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>29 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>002. 002. (CESPE/MDS/TECNICO DE NIVEL SUPERIOR/2006) A reforma administrativa empreendida</p><p>pelo DASP, na década de 30 do século passado, foi inovadora por não estar alinhada aos</p><p>princípios da administração científica presentes na literatura mundial da época.</p><p>Pessoal, conforme vimos na afirmação do Bresser Pereira, a reforma burocrática promovida</p><p>pelo DASP estava fortemente baseada na administração científica de Taylor. A administração</p><p>científica e o modelo burocrático de Weber tinham em comum a ênfase na racionalização</p><p>dos procedimentos.</p><p>Errado.</p><p>O DASP marca o início da criação de estatutos e normas para as áreas fundamentais da</p><p>administração pública, nas três áreas abaixo:</p><p>• Administração de materiais</p><p>• Administração de Pessoal</p><p>• Administração Financeira</p><p>A normatização da administração de material foi realizada com a criação da Comissão</p><p>Permanente de Padronização em 1930 e da Comissão Permanente de Compras em 1931.</p><p>Segundo Bresser, a reforma burocrática brasileira inicia-se de fato em 1936 quando é</p><p>criado o criado o Conselho Federal do Serviço Público Civil, que teria responsabilidade sobre</p><p>a administração de Pessoal. Já em 1938 tal Conselho foi transformado no Departamento</p><p>Administrativo do Serviço Público (DASP).</p><p>O DASP teve vida longa na administração pública brasileira, vindo a ser extinto apenas</p><p>em 1986. Ele passou a ser o órgão executor e, também, formulador da nova forma de</p><p>pensar e organizar a administração pública. O DASP foi criado no início do Estado Novo,</p><p>um momento em que o autoritarismo brasileiro ganhava força, com o objetivo de realizar</p><p>a revolução modernizadora do país, industrializá-lo, e valorizar a competência técnica.</p><p>Representou, assim, no plano administrativo, a afirmação dos princípios centralizadores e</p><p>hierárquicos da burocracia clássica.</p><p>Entre as principais realizações do DASP, podemos citar:</p><p>• Ingresso no serviço público por concurso;</p><p>• Critérios gerais e uniformes de classificação de cargos;</p><p>• Organização dos serviços de pessoal e de seu aperfeiçoamento sistemático;</p><p>• Administração orçamentária;</p><p>• Padronização das compras do Estado;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>30 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>• Racionalização geral de métodos.</p><p>No que diz respeito à administração dos recursos humanos, o DASP tentou formar uma</p><p>burocracia nos moldes weberianos, baseada no princípio do mérito profissional. Surgiram</p><p>as primeiras carreiras burocráticas e tentou-se adotar o concurso como forma de acesso</p><p>ao serviço público.</p><p>Embora já existissem algumas carreiras profissionalizadas na administração pública</p><p>brasileira antes de 1930, a generalização das propostas weberianas como modelo de</p><p>organização do serviço civil federal ocorreu somente a partir da Constituição de 1934, que</p><p>determinou:</p><p>Art. 170 – O Poder Legislativo votará o Estatuto dos Funcionários Públicos, obedecendo às</p><p>seguintes normas, desde já em vigor:</p><p>2º) a primeira investidura nos postos de carreira das repartições administrativas, e nos demais</p><p>que a lei determinar, efetuar-se-á depois de exame de sanidade e concurso de provas ou títulos;</p><p>Em 1939 entrou em vigor o “Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União”, por meio</p><p>do Decreto-Lei 1.713. Os cargos foram agrupados em classes e estruturados em carreiras</p><p>e o concurso passou a ser utilizado para o provimento dos cargos. Este estatuto perdurou</p><p>até 1951 quando foi substituído pela Lei 1711/52, que por sua vez perdurou até 1990, com</p><p>a instituição do novo estatuto do servidor público federal, a lei 8.122, vigente até hoje. A</p><p>despeito da intenção e da previsão legal de concursos o DASP não obteve êxito, conforme</p><p>afirmam Luciano Martins</p><p>e Bresser Pereira:</p><p>Segundo Luciano Martins a implementação da Burocracia Profissional no Brasil, teve</p><p>êxito apenas parcial, persistindo resquícios do Patrimonialismo:</p><p>Na verdade, um padrão duplo foi estabelecido. Os altos escalões da administração pública</p><p>seguiram essas normas e tornaram-se a melhor burocracia estatal da América Latina; os escalões</p><p>inferiores (incluindo os órgãos encarregados dos serviços de saúde e de assistência social então</p><p>criados) foram deixados ao critério clientelista de recrutamento de pessoal por indicação e à</p><p>manipulação populista dos recursos públicos.</p><p>Bresser Pereira também ressalta isto:</p><p>No que diz respeito à administração dos recursos humanos, o DASP representou a tentativa de</p><p>formação da burocracia nos moldes weberianos, baseada no princípio do mérito profissional.</p><p>Entretanto, embora tenham sido valorizados instrumentos importantes à época, tais como o</p><p>instituto do concurso público e do treinamento, não se chegou a adotar consistentemente uma</p><p>política de recursos humanos que respondesse às necessidades do Estado. O patrimonialismo</p><p>(contra o qual a administração pública burocrática se instalara), embora em processo de</p><p>transformação, mantinha ainda sua própria força no quadro político brasileiro. O coronelismo</p><p>dava lugar ao clientelismo e ao fisiologismo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>31 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Por fim, uma terceira frente do DASP foi a implementação de um modelo de administração</p><p>financeira. O DASP também teve entre as suas atribuições a elaboração da proposta do</p><p>orçamento federal e a fiscalização orçamentária. Antes da reforma burocrática da década</p><p>de 1930, o orçamento era visto como uma mera enumeração de receitas e despesas. Foi a</p><p>implantação do modelo racional-legal que permitiu que o orçamento fosse visto como um</p><p>instrumento de planejamento. Até a criação do DASP, a proposta das despesas da União</p><p>era realizada da seguinte maneira:</p><p>• Estabelecimento de normas/prazos orçamentários através de lei ou Decreto-lei;</p><p>• Designação de funcionários do Ministério da Fazenda para acompanharem a organização</p><p>de propostas parciais das despesas dos Ministérios;</p><p>• Apresentação, pelos ministérios, de propostas parciais de suas despesas, com</p><p>justificativas minuciosas quanto às alterações realizadas;</p><p>• Designação de comissão, sob a presidência do chefe de Gabinete do Ministro da</p><p>Fazenda, para organizar a proposta geral;</p><p>• Encaminhamento ao Presidente da República pelo Ministro da Fazenda, acompanhado</p><p>de minuciosas exposições;</p><p>• Encaminhamento à Câmara dos Deputados, após aprovação definitiva do Presidente</p><p>da República.</p><p>O orçamento nesta perspectiva era uma mera enumeração de receitas e despesas,</p><p>baseadas no histórico dos anos anteriores.</p><p>Até 1940, a política orçamentária era responsabilidade do Ministério da Fazenda. Nesse</p><p>ano, foi criada a Comissão de Orçamento, subordinada ao Ministério da Fazenda, cuja</p><p>presidência passava a ser acumulada pelo presidente do DASP. Em 1945 o DASP assumiu</p><p>plenamente a responsabilidade pela elaboração da proposta do orçamento federal, com a</p><p>consequente extinção da comissão do Ministério da Fazenda.</p><p>O DASP porém tornou-se uma estrutura gigantesca no Estado Brasileiro, e por isto alvo</p><p>de críticas, como salienta Humberto Falcão Martins:</p><p>A crítica mais comum à disfuncionalidade do modelo daspeano concentra-se, todavia, no seu</p><p>caráter hermético, de sistema insulado pautado linearmente nos inputs do regime de Vargas</p><p>sob boa carga discricionária. Uma consequência mais imediata é a própria hipertrofia do DASP</p><p>no contexto do Estado, extrapolando a função de órgão central de administração, ainda que</p><p>de cunho normatizador e executor direto, e assumindo características de agência central de</p><p>governo com poderes legislativos, que abrigaria, de fato, a infraestrutura decisória do regime</p><p>do estado novo (Wahrlich, 1983). Como consequência, teria a ação do DASP criado um divórcio</p><p>entre a administração e o quadro social e econômico, sem expressão política pela via democrática</p><p>(Cunha, 1963).</p><p>Após o final da Ditadura Vargas, no entanto, o ímpeto de profissionalização burocrática</p><p>arrefeceu, com retorno de práticas clientelistas, conforme ressalta Luciano Martins:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>32 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>A queda da ditadura Vargas e a democratização do Brasil em 1945 não ajudaram muito a modernizar</p><p>a administração pública como um todo. Se, de um lado, foram estabelecidos procedimentos mais</p><p>transparentes para tornar a administração pública responsável perante o Congresso, de outro</p><p>lado, esse mesmo instrumento foi usado pelos partidos políticos para ampliar suas práticas</p><p>clientelistas profundamente enraizadas. Ser indicado para um cargo na administração pública</p><p>— em um país onde a economia não criava empregos na mesma velocidade do crescimento</p><p>demográfico — tornou-se a aspiração da classe média baixa e dos estratos socialmente menos</p><p>privilegiados. Prover (e indicar para) esses cargos, por sua vez, era evidência de influência política</p><p>e quase uma condição para o sucesso eleitoral.</p><p>A prática do uso dessa moeda de troca implicou manter frouxas as regras para ingresso no</p><p>serviço público e, ao mesmo tempo, em tornar inevitável a erosão da remuneração de seus</p><p>quadros, graças ao inchamento e à baixa qualificação dos servidores da administração pública. As</p><p>características típicas das administrações públicas dos países mais subdesenvolvidos tornaram-</p><p>se características do grosso da burocracia do Brasil: excesso ou má distribuição de pessoal,</p><p>absenteísmo, a ocupação simultânea de dois ou mais cargos públicos pela mesma pessoa,</p><p>atividades paralelas e baixa produtividade.</p><p>3 .3 . a sEGUNDa oNDa DE REFoRMas aDMiNistRatiVas3 .3 . a sEGUNDa oNDa DE REFoRMas aDMiNistRatiVas</p><p>Uma segunda onda se baseou na modernização administrativa, que se diferencia da</p><p>anterior porque prescreve a adequação do aparato estatal aos projetos específicos de</p><p>desenvolvimento. Procura, assim, harmonizar meios – os arranjos organizacionais – e fins –</p><p>os objetivos de desenvolvimento –, devendo-se buscar arranjos diferenciados – flexibilidade</p><p>e descentralização – para finalidades igualmente diferentes.</p><p>Os casos exemplares desta modalidade de transformação da gestão pública são:</p><p>• a “administração paralela” da era JK – grupos ou comitês executivos para implementar</p><p>o Plano de Metas;</p><p>• a “administração para o desenvolvimento” do regime militar – crescimento e</p><p>diferenciação da administração indireta como recursos flexibilizadores para o alcance</p><p>de resultados de desenvolvimento.</p><p>Ambos os casos se basearam em diagnósticos que apontavam como problemas a rigidez</p><p>e a incapacidade de alcance de resultados da burocracia governamental; o primeiro a partir</p><p>da Comissão de Simplificação Burocrática – COSB, de 1956; o segundo a partir da Comissão</p><p>Amaral Peixoto, de 1962.</p><p>A implementação da administração paralela se deu de cima para baixo, mediante forte</p><p>liderança presidencial.</p><p>No caso do governo JK, a fim de dar conta das demandas desenvolvimentais duas</p><p>realidades distintas foram incentivadas, segundo Luciano Martins:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios</p><p>e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>33 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>O Estado desenvolvimentista dos anos Kubitschek (1955-60) foi a verdadeira imagem dessas</p><p>disparidades: ele proveu o governo de uma equipe altamente competente de servidores públicos</p><p>capazes de projetar e implementar metas ambiciosas de desenvolvimento; e, ao mesmo tempo,</p><p>os serviços públicos a cargo da burocracia do dia a dia continuaram a apresentar padrões</p><p>extremamente baixos. A bizarra decisão de Juscelino Kubitschek de construir Brasília apenas</p><p>agravou essa ambiguidade.</p><p>Surge, então, o início das análises do sistema gerencial no governo JK com a criação de</p><p>comissões especiais, como a Comissão de Estudos e Projetos Administrativos, objetivando</p><p>a realização de estudos para simplificação dos processos administrativos e reformas</p><p>ministeriais, e a Comissão de Simplificação Burocrática, que visa à elaboração de projetos</p><p>direcionados para reformas globais e descentralização de serviços</p><p>Com o golpe de 1964, voltamos a um período ditatorial. Tem-se início então a administração</p><p>para o desenvolvimento, que aconteceu de forma tecnocrática, em regime ditatorial.</p><p>Ressalte-se que, em ambos os casos, a adesão aos respectivos planos: o Plano de Metas,</p><p>no primeiro caso, e os Planos Nacionais de Desenvolvimento – PND, no segundo, como</p><p>vetores orientadores da ação governamental. Embora pragmática, esta estratégia gerou</p><p>dois principais núcleos de disfunção, só aparentemente contraditórios: o engolfamento</p><p>das estruturas paralelas – ágeis e flexíveis – pela burocracia ortodoxa remanescente; e a</p><p>exorbitância das estruturas paralelas, que escapavam ao controle da política e da burocracia.</p><p>Quadro para Memorização</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>34 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>003. 003. (CESPE/AGU/AGENTE ADMINISTRATIVO/2010) A administração pública brasileira,</p><p>embora marcada pela cultura burocrática e regida pelo princípio do mérito profissional,</p><p>não constitui, no seu conjunto, uma burocracia profissional nos moldes weberianos.</p><p>Perfeita a afirmação! Embora fossem instituídos diversos esforços na administração</p><p>pública brasileira para criação de uma burocracia profissional, não se pode afirmar que</p><p>tenha sido implantada uma burocracia nos moldes weberianos. A convivência, lado a lado,</p><p>de núcleos profissionais com núcleos patrimonialistas, onde imperava os critérios políticos,</p><p>dão indicação disto.</p><p>Certo.</p><p>3.4. O PERÍODO PRÉ-MILITAR (1961-1964)3.4. O PERÍODO PRÉ-MILITAR (1961-1964)</p><p>O governo seguinte ao de Kubitschek, embora caracterizado por grande agitação</p><p>política, não produziu transformações de largas consequências no aparelho de Estado.</p><p>Pode parecer até um contrassenso afirmar que a mudança do sistema de governo seja de</p><p>pouca relevância. Na verdade, a introdução do parlamentarismo depois da renúncia do</p><p>presidente Jânio Quadros, apenas sete meses depois da sua investidura no cargo, foi uma</p><p>solução política, de curta duração, para o enfrentamento das resistências militares à posse</p><p>do vice-presidente João Goulart.</p><p>De fato, o ministério extraordinário para a reforma administrativa elaborou quatro</p><p>projetos que nunca conseguiram aprovação no Congresso, mas alguns especialistas no</p><p>assunto afirmam que foi a partir deles que se concebeu o Decreto-Lei N. 200, de 1967.</p><p>Seu estatuto básico prescreve cinco princípios fundamentais:</p><p>1. O planejamento (princípio dominante);</p><p>2. A expansão das empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas públicas),</p><p>bem como de órgãos independentes (fundações públicas) e semi-independentes (autarquias);</p><p>3. A necessidade de fortalecimento e expansão do sistema do mérito, sobre o qual se</p><p>estabeleciam diversas regras;</p><p>4. Diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos;</p><p>5. O reagrupamento de departamentos, divisões e serviços em 16 ministérios: Justiça,</p><p>Interior, Relações Exteriores, Agricultura, Indústria e Comércio, Fazenda, Planejamento,</p><p>Transportes, Minas e Energia, Educação e Cultura, Trabalho, Previdência e Assistência Social,</p><p>Saúde, Comunicações, Exército, Marinha e Aeronáutica.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>35 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Vejam o seguinte quadro síntese:</p><p>3.5. O DECRETO-LEI 2003.5. O DECRETO-LEI 200</p><p>De certa forma, o governo militar realizou, à sua maneira, com sinais trocados, o programa</p><p>de reformas de base — elaborou o Estatuto da Terra, promoveu uma reforma tributária,</p><p>reorganizou o sistema bancário, reestruturou o ensino universitário e realizou uma ampla</p><p>reforma administrativa. Em 1965 teve início a reforma tributária que se consolidou com</p><p>a Constituição de 1967, uniformizando a legislação, simplificando o sistema e reduzindo</p><p>o número de impostos. Ela trouxe uma brutal concentração de recursos nas mãos da</p><p>União, esvaziando financeiramente estados e municípios que ficaram dependentes de</p><p>transferências voluntárias.</p><p>Vejam o seguinte quadro síntese:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>36 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>O Decreto-Lei 200, em 1967, para alguns, foi considerado como um primeiro momento</p><p>da administração gerencial brasileira, constituindo um marco na tentativa de superação</p><p>da rigidez burocrática. Segundo o Plano Diretor da Reforma do Estado:</p><p>A reforma operada em 1967 pelo Decreto-Lei n. 200, entretanto, constitui um marco na tentativa</p><p>de superação da rigidez burocrática, podendo ser considerada como um primeiro momento da</p><p>administração gerencial no Brasil. Mediante o referido decreto-lei, realizou-se a transferência</p><p>de atividades para autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista,</p><p>a fim de obter-se maior dinamismo operacional por meio da descentralização funcional.</p><p>Instituíram-se, como princípios de racionalidade administrativa, o planejamento e o orçamento,</p><p>o descongestionamento das chefias executivas superiores (desconcentração/descentralização),</p><p>a tentativa de reunir competência e informação no processo decisório, a sistematização, a</p><p>coordenação e o controle. O paradigma gerencial da época, compatível com o monopólio estatal</p><p>na área produtiva de bens e serviços, orientou a expansão da administração indireta, numa</p><p>tentativa de “flexibilizar a administração” com o objetivo de atribuir maior operacionalidade às</p><p>atividades econômicas do Estado. Entretanto, as reformas operadas pelo Decreto-Lei n. 200/67</p><p>não desencadearam mudanças no âmbito da administração burocrática central, permitindo a</p><p>coexistência de núcleos de eficiência e competência na administração indireta e formas arcaicas</p><p>e ineficientes no plano da administração direta ou central. O núcleo burocrático foi, na verdade,</p><p>enfraquecido indevidamente através de uma estratégia oportunista do regime</p><p>militar, que não</p><p>desenvolveu carreiras de administradores públicos de alto nível, preferindo, ao invés, contratar</p><p>os escalões superiores da administração através das empresas estatais.</p><p>O Decreto-lei determinava em seus princípios fundamentais:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>37 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes</p><p>princípios fundamentais:</p><p>I – Planejamento.</p><p>II – Coordenação.</p><p>III – Descentralização.</p><p>IV – Delegação de Competência.</p><p>V – Controle.</p><p>No bojo das transformações advindas pelo Decreto 200, foi instituído o Orçamento</p><p>Plurianual de Investimentos. O OPI é trienal e instituído pelo Ato Complementar n. 43, de</p><p>29 de janeiro de 1969.</p><p>É constituído pela programação de dispêndios da responsabilidade do Governo Federal,</p><p>excluídas, apenas, as entidades da Administração Indireta e das Fundações que não recebam</p><p>transferências do Orçamento da União</p><p>§ 1º O Orçamento Plurianual de Investimentos racionará as despesas de capital e indicará os</p><p>recursos (orçamentários e extraorçamentários) anualmente destinados à sua execução, inclusive</p><p>os financiamentos contratados ou previstos, de origem interna ou externa.</p><p>§ 2º O Orçamento Plurianual de Investimentos compreenderá as despesas de capital de todos os</p><p>Poderes, Órgãos e Fundos, tanto da administração direta quanto da indireta, excluídas apenas</p><p>as entidades que não recebam subvenções ou transferências à conta do orçamento.</p><p>§ 3º A inclusão, no Orçamento Plurianual de Investimentos, das despesas de capital de entidades</p><p>da Administração Indireta, será feita sob a forma de dotações globais.</p><p>Segundo o Plano Diretor da Reforma do Estado, ainda no período ditatorial do governo</p><p>militar, houve uma nova onda modernizadora da administração Pública:</p><p>Em meados dos anos 70, uma nova iniciativa modernizadora da administração pública teve início,</p><p>com a criação da SEMOR – Secretaria da Modernização. Reuniu-se em torno dela um grupo de</p><p>jovens administradores públicos, muitos deles com formação em nível de pós-graduação no</p><p>exterior, que buscou implantar novas técnicas de gestão, e particularmente de administração</p><p>de recursos humanos, na administração pública federal.</p><p>No início dos anos 80, registrou-se uma nova tentativa de reformar a burocracia e orientá-la na</p><p>direção da administração pública gerencial, com a criação do Ministério da Desburocratização e do</p><p>Programa Nacional de Desburocratização -PrND, cujos objetivos eram a revitalização e agilização</p><p>das organizações do Estado, a descentralização da autoridade, a melhoria e simplificação dos</p><p>processos administrativos e a promoção da eficiência. As ações do PrND voltaram-se inicialmente</p><p>para o combate à burocratização dos procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o</p><p>desenvolvimento do Programa Nacional de Desestatização, num esforço para conter os excessos</p><p>da expansão da administração descentralizada, estimulada pelo Decreto-Lei 200/67.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>38 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>3 .6 . o PRoGRaMa NacioNal DE DEsBURocRatiZaÇão3 .6 . o PRoGRaMa NacioNal DE DEsBURocRatiZaÇão</p><p>A emergência do processo de abertura política no final da década de 70 foi acompanhada</p><p>da mobilização de segmentos fortes do setor privado contrários à centralização burocrática</p><p>que, apesar da ênfase na administração indireta e na descentralização enfatizados no</p><p>Decreto-Lei 200/67, se acentuou na sequência dos governos autoritários. Por força dessas</p><p>pressões, em 1979, durante o governo do Presidente Figueiredo, tenta-se dar uma resposta</p><p>para a sociedade.</p><p>Segundo Bresser:</p><p>Apesar de todos os avanços em termos de flexibilização, o núcleo estratégico do Estado foi, na</p><p>verdade, enfraquecido indevidamente através da estratégia oportunista ou ad hoc do regime</p><p>militar de contratar os escalões superiores da administração através das empresas estatais.</p><p>Desta maneira, a reforma administrativa prevista no DL 200 ficou prejudicada, especialmente</p><p>pelo seu pragmatismo.</p><p>Faltavam-lhe alguns elementos essenciais para que houvesse se transformado em uma reforma</p><p>gerencial do Estado brasileiro, como a clara distinção entre as atividades exclusivas de estado e</p><p>as não exclusivas, o uso sistemático do planejamento estratégico ao nível de cada organização e</p><p>seu controle através de contratos de gestão e de competição administrada. Faltava-lhe também</p><p>uma clara definição da importância de fortalecer o núcleo estratégico do Estado.</p><p>De 1979 a 1982 a administração pública federal, embora enfrentando problemas crônicos,</p><p>abre duas novas frentes de atuação: a desburocratização e a desestatização.</p><p>No início dos anos 80 registrou-se uma nova tentativa de reformar a burocracia e</p><p>orientá-la na direção da administração pública gerencial, com a criação do Ministério da</p><p>Desburocratização e do Programa Nacional de Desburocratização (PrND), cujos objetivos eram</p><p>a revitalização e agilização das organizações do Estado, a descentralização da autoridade,</p><p>a melhoria e simplificação dos processos administrativos e a promoção da eficiência.</p><p>Hélio Beltrão, que havia participado ativamente da Reforma Desenvolvimentista de 1967,</p><p>volta à cena, agora na chefia do Ministério da Desburocratização. Beltrão critica, mais uma</p><p>vez, a centralização do poder, o formalismo do processo administrativo e a desconfiança</p><p>que estava por trás do excesso de regulamentação burocrática. Segundo Beltrão:</p><p>Na porta do cemitério, o atestado de óbito tem mais valor que o defunto.</p><p>Beltrão propõe uma administração pública voltada para o cidadão. Seu Programa</p><p>Nacional de Desburocratização foi por ele definido como uma proposta política visando,</p><p>pela administração pública, a “retirar o usuário da condição colonial de súdito para investi-</p><p>lo na de cidadão, destinatário de toda a atividade do Estado”. Portanto, a importância da</p><p>criação do Ministério é grande, na medida em que busca ressaltar que o contribuinte não é</p><p>um súdito do Estado, mas um cliente com direito a uma boa prestação de serviços públicos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>39 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Chegamos, assim, em 1979, à criação do Programa Nacional de Desburocratização, na</p><p>época em que se iniciou o processo programado de extinção do regime militar. Tornou-</p><p>se, então, possível retomar a reforma administrativa, dentro de uma perspectiva de</p><p>descentralização e – esta a grande novidade – com ênfase especial no interesse do cidadão</p><p>como usuário dos serviços públicos. Pela primeira vez o governo federal, por meio do</p><p>Programa de Desburocratização, passou a tratar a questão da reforma, não mais como</p><p>uma proposição voluntarista do próprio Estado, mas como condição essencial do processo</p><p>de redemocratização</p><p>Tânia Keinert afirma que a Administração Pública no Brasil passou por dois paradigmas.</p><p>De 1937 a 1979 o paradigma era o do “Público como estatal”. Era uma visão centrada no</p><p>aparelho do Estado de maneira unilateral,</p><p>numa situação de inexistência ou negação da</p><p>sociedade civil. A partir de 1979, com a crise do Estado, é que as atenções se voltam para</p><p>a sociedade e o público passa a ser entendido como “interesse público”.</p><p>As ações do PrND voltaram-se inicialmente para o combate à burocratização dos</p><p>procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o desenvolvimento do Programa Nacional</p><p>de Desestatização, num esforço para conter os excessos da expansão da administração</p><p>descentralizada, estimulada pelo DL 200. A criação do Ministério da Desburocratização</p><p>pode ser considerada como um dos raros movimentos de modernização do regime militar</p><p>direcionados para a administração direta.</p><p>O PrND, juntamente com mudanças promovidas pela área econômica do governo, fez</p><p>parte dos esforços de reforma para recuperação da credibilidade do regime autoritário.</p><p>Havia muitas críticas à autonomia excessiva da administração indireta e possíveis</p><p>práticas de corrupção. Neste contexto, ressalta-se como relevante a criação, em maio de</p><p>1979, da Secretaria de Controle das Empresas Estatais (SEST), que efetivou o rompimento</p><p>com a natureza empreendedora, autônoma e descentralizadora das estatais promovida</p><p>pela reforma de 1967.</p><p>Portanto, podemos afirmar que esta nova reforma de 1979 apresentava três</p><p>principais linhas:</p><p>• Desburocratização da administração direta;</p><p>• Desestatização: papel suplementar do Estado no campo da iniciativa privada;</p><p>• Maior controle das empresas estatais.</p><p>3.7. O RETROCESSO DE 19883.7. O RETROCESSO DE 1988</p><p>A maioria dos autores, inclusive Bresser Pereira, considera que as ações implementadas</p><p>no Governos JK, com a criação das Comissões, e no governo militar com a edição do Decreto</p><p>200 e a descentralização das ações governamentais para a administração indireta, forma</p><p>um início da administração gerencial no Brasil. Todas estas ações, relembre-se estavam</p><p>inseridas em um contexto de administração para o desenvolvimento.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>40 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Bresser Pereira, no entanto, aponta que com a redemocratização do Brasil e a promulgação</p><p>da Constituição de 1988, houve um retrocesso burocrático. Sinaliza o autor que, embora a</p><p>redemocratização em 1985 representasse uma grande vitória democrática, teve como um</p><p>de seus custos mais surpreendentes o loteamento dos cargos públicos da administração</p><p>indireta e das delegacias dos ministérios nos Estados para os políticos dos partidos vitoriosos.</p><p>Um novo populismo patrimonialista surgia no país. De outra parte, a alta burocracia passava</p><p>a ser acusada, principalmente pelas forças conservadoras, de ser a culpada da crise do</p><p>Estado, na medida em que favorecera seu crescimento excessivo.</p><p>A combinação destes dois fatores leva, na Constituição de 1988, a um retrocesso</p><p>burocrático sem precedentes. Sem que houvesse maior debate público, o Congresso</p><p>Constituinte promoveu um surpreendente engessamento do aparelho estatal, ao estender</p><p>para os serviços do Estado e para as próprias empresas estatais praticamente as mesmas</p><p>regras burocráticas rígidas adotadas no núcleo estratégico do Estado. A nova Constituição</p><p>determinou a perda da autonomia do Poder Executivo para tratar da estruturação dos</p><p>órgãos públicos, instituiu a obrigatoriedade de regime jurídico único para os servidores</p><p>civis da União, dos Estados membros e dos Municípios, e retirou da administração indireta</p><p>a sua flexibilidade operacional, ao atribuir às fundações e autarquias públicas normas de</p><p>funcionamento idênticas às que regem a administração direta.</p><p>Estas ações moralizadoras da administração pública, que Bresser chama de retrocesso</p><p>burocrático, foi em parte uma reação ao clientelismo que dominou o país naqueles anos.</p><p>Segundo Bresser Pereira, as regras moralizadoras da Constituição de 1988 produziram</p><p>dois resultados: o abandono do caminho rumo a uma administração pública gerencial e a</p><p>reafirmação dos ideais da administração pública burocrática clássica; e de outro lado, dada</p><p>a ingerência patrimonialista no processo, a instituição de uma série de privilégios, que não</p><p>se estavam de acordo com os princípios da própria administração pública burocrática.</p><p>Manteve-se na constituição de 1988 a estabilidade rígida para todos os servidores civis,</p><p>diretamente relacionada à generalização do regime estatutário na administração direta e</p><p>nas fundações e autarquias, a aposentadoria com proventos integrais sem correlação com</p><p>o tempo de serviço ou com a contribuição do servidor.</p><p>Estes fatores contribuíram para o desprestígio da administração pública brasileira,</p><p>não obstante o fato de que os administradores públicos brasileiros são majoritariamente</p><p>competentes, honestos e dotados de espírito público. A competência da burocracia brasileira</p><p>(especialmente a alta tecnoburocracia) foi demonstrada desde os anos 30, quando a</p><p>administração pública profissional foi implantada no Brasil. A implantação da indústria</p><p>de base nos anos 40 e 50, o ajuste nos anos 60, o desenvolvimento da infraestrutura e</p><p>a instalação da indústria de bens de capital, nos anos 70, de novo o ajuste e a reforma</p><p>financeira, nos anos 80, e a liberalização comercial nos anos 90, não teriam sido possíveis</p><p>não fosse a competência e o espírito público da burocracia brasileira.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>41 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>O governo Collor, de maneira equivocada, tentou produzir respostas ao pretenso</p><p>engessamento da administração pública, mas apenas agravou os problemas existentes,</p><p>na medida em que se preocupava em destruir ao invés de construir.</p><p>Nas palavras de Frederico Lustosa:</p><p>Em 15 de março de 1990, tomou posse o primeiro governo civil eleito pelo voto direto, nos</p><p>últimos 30 anos, de um século de vida republicana. Para cumprir seus propósitos reformadores</p><p>criou uma nova moeda, congelou a poupança popular, taxou haveres financeiros e redesenhou</p><p>a máquina de governo. Em menos de 24 horas, editou 23 medidas provisórias, sete decretos</p><p>e 72 atos de nomeação, aos quais se seguiram inúmeras portarias ministeriais e instruções</p><p>normativas autárquicas. Com o objetivo de reduzir a intervenção do Estado na vida social, criou</p><p>uma série de restrições e regulamentos temporários para que, aos poucos, os cidadãos perdessem</p><p>a memória inflacionária e pudessem usufruir mais os benefícios decorrentes do exercício das</p><p>novas liberdades. Na perspectiva econômica, o Plano Collor fomentou debates, ensaios e livros.</p><p>Sob as lentes do direito, as medidas legais dele decorrentes têm gerado pareceres, polêmicas e</p><p>milhares de demandas judiciais. Esses dois pontos de vista monopolizaram o interesse e a atenção</p><p>dos meios de comunicação e, em conseqüência, da sociedade como um todo.</p><p>Hoje, são de conhecimento perfeitamente acessível o impacto do inciso de um artigo de uma</p><p>lei de conversão, a alíquota de IOF que incide sobre cada ativo financeiro e as projeções sobre</p><p>os estoques de base monetária e da moeda em circulação. É verdade que a extinção de alguns</p><p>órgãos que cumpriam missões mais relevantes e as demissões em todas as áreas provocaram</p><p>vivas discussões. Questionou-se, por exemplo, o propósito do desmantelamento do aparelho de</p><p>promoção cultural e o fundamento ético das demissões em massa numa conjuntura econômica</p><p>recessiva. Afora</p><p>o questionamento sobre sua eficácia em termos de efetiva redução de custos,</p><p>os argumentos que se alinhavam a favor e contra sua adoção fundamentam-se em paradigmas</p><p>de rationale não semelhantes, a começar por duas ou três concepções de Estado que supõem</p><p>diferentes níveis de aparelhamento e limites de intervenção. Perdeu-se, nessa perspectiva, até</p><p>o que havia de consensual antes da posse do presidente Collor — a necessidade de redefinir o</p><p>papel do Estado e redimensionar o tamanho do governo.</p><p>É claro que não houve um balizamento conceitual, um conteúdo estratégico bem definido e um</p><p>planejamento da implementação suficientemente estruturado mas, ainda assim, constituiu-se</p><p>um amplo processo de reforma administrativa do Poder Executivo, embora com uma inversão</p><p>de fatores, ou seja, existia uma função à procura de um enredo.</p><p>O governo Itamar Franco buscou essencialmente recompor os salários dos servidores,</p><p>que haviam sido violentamente reduzidos no governo anterior. O discurso de reforma</p><p>administrativa assume uma nova dimensão a partir de 1994, quando a campanha presidencial</p><p>introduz a perspectiva da mudança organizacional e cultural da administração pública no</p><p>sentido de uma administração gerencial.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>42 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>3.8. A NOVA GESTÃO PÚBLICA3.8. A NOVA GESTÃO PÚBLICA</p><p>Uma terceira onda, inspirada na abordagem da reforma do Estado, surge a partir dos</p><p>anos 90 como uma resposta à crise do Estado. Este debate se expressa em duas visões:</p><p>inicialmente por teorias neoinstitucionalistas econômicas segundo as quais o Estado é,</p><p>em princípio, um problema, a ação estatal é estruturalmente ineficiente e inconfiável na</p><p>geração de bem estar, relativamente à idealização da eficiência do mercado pela economia</p><p>neoclássica. Uma outra parte acentua a insuficiência do Estado na promoção de bem estar.</p><p>As duas visões preconizam profundas transformações no estado e na gestão pública. Na</p><p>qualidade de movimento e discussão acadêmica e profissional, a proposta da “nova gestão</p><p>pública”, nas décadas de 80 e 90, mostra-se fortemente imbuída da visão neoinstitucionalista</p><p>e propõe processos de ajuste nos arranjos organizativos estatais, de sorte a reduzir seu</p><p>tamanho e aplicar tecnologias gerenciais de ponta adotadas no setor privado.</p><p>Na sequência, a “nova gestão pública” seguiria caminhos diversos. Concepções radicais</p><p>que previam a drástica redução do estado e a aplicação maciça de tecnologia gerencial</p><p>privada no setor público. Exemplos são a Nova Zelândia, a Austrália, a Grã Bretanha e os</p><p>Estados Unidos.</p><p>No outro caminho aparecem concepções mais conciliadoras que visavam a construção de</p><p>uma burocracia governamental não tão rígida, procedimental e insulada, isto é, mais flexível,</p><p>orientada para resultados, focada no cidadão e sujeita a crescente controle social. São os</p><p>casos da Suécia, da Grã Bretanha e dos Estados Unidos, os dois últimos num revisionismo</p><p>da fase anterior.</p><p>No Brasil, os exemplos mais próximos de implementação de transformações na gestão</p><p>pública na linha da reforma do Estado foram a reforma gerencial preconizada no Plano</p><p>Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, o modelo de gestão por resultados proposto</p><p>pelo PPA 2000-2003, a implementação do aparato regulatório a partir das privatizações e</p><p>alguns elementos do processo de ajuste fiscal, notadamente a Lei de Responsabilidade Fiscal.</p><p>Na administração pública gerencial a estratégia volta-se (1) para a definição precisa dos</p><p>objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade, (2) para a garantia</p><p>de autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros</p><p>que lhe forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contratados, e</p><p>(3) para o controle ou cobrança a posteriori dos resultados. Adicionalmente, pratica-se</p><p>a competição administrada no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de</p><p>estabelecer concorrência entre unidades internas. No plano da estrutura organizacional,</p><p>a descentralização e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma,</p><p>afirma-se que a administração pública deve ser permeável à maior participação dos agentes</p><p>privados e/ou das organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos procedimentos</p><p>(meios) para os resultados (fins).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>43 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>004. 004. (CESPE/MTE/2008/ADMINISTRADOR) Uma das principais vantagens apontadas na nova</p><p>gestão pública, ou gerencialismo, é o fato de ela facilitar a mensuração da eficiência e a</p><p>avaliação dos resultados dos serviços públicos em geral, razão pela qual reduz as exigências</p><p>de acompanhamento e controle da execução dos orçamentos e da consecução dos objetivos</p><p>do planejamento governamental.</p><p>Pessoal, a afirmativa está ERRADA! A administração gerencial troca o enfoque dado na</p><p>administração burocrática, que era o controle a priori, para a ênfase o controle a posteriori,</p><p>ou seja, dos resultados. Mas isto não significa abrir mão do controle dos orçamentos ou</p><p>dos objetivos traçados. Até porque se isto acontecer, pode-se não alcançar os resultados</p><p>esperados.</p><p>Errado.</p><p>A administração pública gerencial inspirou-se na administração de empresas, mas</p><p>não pode ser confundida com esta última. Enquanto a receita das empresas depende dos</p><p>pagamentos que os clientes fazem livremente na compra de seus produtos e serviços, a receita</p><p>do Estado deriva de impostos, ou seja, de contribuições obrigatórias, sem contrapartida</p><p>direta. Enquanto o mercado controla a administração das empresas, a sociedade – por</p><p>meio de políticos eleitos – controla a administração pública. Enquanto a administração de</p><p>empresas está voltada para o lucro privado, para a maximização dos interesses dos acionistas,</p><p>esperando-se que, através do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a administração</p><p>pública gerencial está explícita e diretamente voltada para o interesse público.</p><p>Neste último ponto, como em muitos outros (profissionalismo, impessoalidade, etc.),</p><p>a administração pública gerencial não se diferencia da administração pública burocrática.</p><p>Na burocracia pública clássica existe uma noção muito clara e forte do interesse público. A</p><p>diferença, porém, está no entendimento do significado do interesse público, que não pode</p><p>ser confundido com o interesse do próprio Estado. Para a administração pública burocrática,</p><p>o interesse público é frequentemente identificado com a afirmação do poder do Estado.</p><p>Ao atuarem sob este princípio, os administradores públicos terminam por direcionar</p><p>uma parte substancial das atividades e dos recursos do Estado para o atendimento das</p><p>necessidades da própria burocracia, identificada com o poder do Estado. O conteúdo das</p><p>políticas públicas é relegado a um segundo plano. A administração pública gerencial nega</p><p>essa visão do interesse público, relacionando-o com o interesse da coletividade e não com</p><p>o do aparato do Estado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>44 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e como</p><p>cliente dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons não porque</p><p>os processos administrativos estão sob controle e são seguros, como quer a administração</p><p>pública burocrática, mas</p><p>porque as necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas. O paradigma gerencial</p><p>contemporâneo ou paradigma pós-burocrático, fundamentado nos princípios da confiança</p><p>e da descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de</p><p>estruturas, descentralização de funções, incentivos à criatividade. Contrapõe-se à ideologia</p><p>do formalismo e do rigor técnico da burocracia tradicional. À avaliação sistemática, à</p><p>recompensa pelo desempenho, e à capacitação permanente, que já eram características</p><p>da boa administração burocrática, acrescentam-se os princípios da orientação para o</p><p>cidadão-cliente, do controle por resultados, e da competição administrada.</p><p>No presente momento, uma visão realista da reconstrução do aparelho do Estado</p><p>em bases gerenciais deve levar em conta a necessidade de equacionar as assimetrias</p><p>decorrentes da persistência de aspectos patrimonialistas na administração contemporânea,</p><p>bem como dos excessos formais e anacronismos do modelo burocrático tradicional. Para</p><p>isso, é fundamental ter clara a dinâmica da administração racional-legal ou burocrática.</p><p>Não se trata simplesmente de descartá-la, mas sim de considerar os aspectos em que</p><p>está superada, e as características que ainda se mantêm válidas como formas de garantir</p><p>efetividade à administração pública.</p><p>O modelo gerencial tornou-se realidade no mundo desenvolvido quando, através da</p><p>definição clara de objetivos para cada unidade da administração, da descentralização,</p><p>da mudança de estruturas organizacionais e da adoção de valores e de comportamentos</p><p>modernos no interior do Estado, se revelou mais capaz de promover o aumento da qualidade</p><p>e da eficiência dos serviços sociais oferecidos pelo setor público. A reforma do aparelho</p><p>do Estado no Brasil significará, fundamentalmente, a introdução na administração pública</p><p>da cultura e das técnicas gerenciais modernas. O gerencialismo é visto como um conjunto</p><p>de ideias e crenças que tomam como valores máximos a própria gerência, o objetivo de</p><p>aumento constante da produtividade, e a orientação para o consumidor. Fernando Abrúcio</p><p>(1996), em um panorama da administração pública gerencial, compara este “gerencialismo</p><p>puro”, pelo qual designa a “nova administração pública”, com a abordagem adotada por</p><p>Pollitt “orientada para o serviço público” e que visa a ser uma alternativa gerencial ao</p><p>modelo britânico.</p><p>Na verdade, esta abordagem é apenas uma tentativa de modernizar o velho modelo</p><p>burocrático, não é uma alternativa gerencial. A ideia de opor a orientação para o consumidor</p><p>(gerencialismo puro), à orientação para o cidadão (gerencialismo reformado), não faz sentido</p><p>algum. Um dos programas cruciais de reforma que está sendo implementado pelo Governo</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>45 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>britânico é o Citizens Chart. O cidadão também é um consumidor. Qualquer administração</p><p>pública gerencial tem de considerar o indivíduo, em termos econômicos, como consumidor</p><p>(ou usuário) e, em termos políticos, como cidadão.</p><p>3.9. PLANO DIRETOR DA REFORMA DO ESTADO3.9. PLANO DIRETOR DA REFORMA DO ESTADO</p><p>O Plano Diretor procura criar condições para a reconstrução da Administração Pública em</p><p>bases modernas e racionais, ou seja, diferenciando-se dos princípios racional-burocráticos,</p><p>ou ainda, dos conceitos de patrimonialismo, pois estes ainda então persistem e precisam</p><p>ser extirpados.</p><p>O Plano Diretor da Reforma do Estado é elaborado pelo Ministério da Administração</p><p>Federal e da Reforma do Estado e, depois de ampla discussão, aprovado pela Câmara da</p><p>Reforma do Estado em sua reunião de 21 de setembro de 1995. Em seguida é submetido</p><p>ao Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que o aprova. Seu lema era o de</p><p>ajudar o Governo a funcionar melhor, ao menor custo possível, promovendo a administração</p><p>gerencial, transparente e profissional, em benefício do cidadão.</p><p>A definição dos objetivos e estratégias da reforma do aparelho do Estado apresentada a seguir</p><p>decorre do diagnóstico e dos pressupostos teóricos que presidiram a análise anterior. Dada a</p><p>crise do Estado e o irrealismo da proposta neoliberal do Estado mínimo, é necessário reconstruir</p><p>o Estado, de forma que ele não apenas garanta a propriedade e os contratos, mas também exerça</p><p>seu papel complementar ao mercado na coordenação da economia e na busca da redução das</p><p>desigualdades sociais.</p><p>Reformar o Estado significa melhorar não apenas a organização e o pessoal do Estado, mas</p><p>também suas finanças e todo o seu sistema institucional-legal, de forma a permitir que o mesmo</p><p>tenha uma relação harmoniosa e positiva com a sociedade civil.</p><p>A reforma do Estado permitirá que seu núcleo estratégico tome decisões mais corretas e</p><p>efetivas, e que seus serviços – tanto os exclusivos, que funcionam diretamente sob seu comando,</p><p>quanto os competitivos, que estarão apenas indiretamente subordinados na medida que se</p><p>transformem em organizações públicas não estatais – operem muito mais eficientemente.</p><p>Reformar o aparelho do Estado significa garantir a esse aparelho maior governança, ou seja, maior</p><p>capacidade de governar, maior condição de implementar as leis e políticas públicas. Significa</p><p>tornar muito mais eficientes as atividades exclusivas de Estado, através da transformação das</p><p>autarquias em “agências autônomas”, e tornar também muito mais eficientes os serviços sociais</p><p>competitivos ao transformá-los em organizações públicas não estatais de um tipo especial: as</p><p>“organizações sociais”. Na reforma do aparelho do Estado podemos distinguir alguns objetivos</p><p>globais e objetivos específicos para seus quatro setores.</p><p>Bresser Pereira enfatiza ainda que o objetivo da Reforma da Gestão Pública de 1995</p><p>é contribuir para a formação no Brasil de um aparelho de Estado forte e eficiente. Ela</p><p>compreende três dimensões:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>46 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>a) uma dimensão institucional-legal, voltada à descentralização da estrutura organizacional</p><p>do aparelho do Estado através da criação de novos formatos organizacionais, como as</p><p>agências executivas, regulatórias, e as organizações sociais;</p><p>b) uma dimensão gestão, definida pela maior autonomia e a introdução de três novas</p><p>formas de responsabilização dos gestores – a administração por resultados, a competição</p><p>administrada por excelência, e o controle social – em substituição parcial dos regulamentos</p><p>rígidos, da supervisão e da auditoria, que caracterizam a administração burocrática; e</p><p>c) uma dimensão cultural, de mudança de mentalidade, visando passar da desconfiança</p><p>generalizada que caracteriza a administração burocrática para uma confiança maior, ainda</p><p>que limitada, própria da administração gerencial.</p><p>O Plano Diretor diz que a administração gerencial é a solução do problema da administração</p><p>burocrática. Isto porque</p><p>a flexibilização da estabilidade dos servidores, do sistema de</p><p>licitações e dos orçamentos que deixariam de ser tão detalhados, representaria a superação</p><p>dos obstáculos por meio de mudança das leis e das instituições seguida de evolução para</p><p>o sentido de uma administração pública gerencial.</p><p>Objetivou-se organizar as estruturas da administração com ênfase na qualidade e na</p><p>efetividade do serviço público, além de verdadeira profissionalização do servidor público,</p><p>que passaria a receber ganhos mais justos para todas as funções.</p><p>As propostas então apresentadas que se converteram nas Emendas Constitucionais n. 19</p><p>e 20, de 1998, tinham como objetivos respectivos tornar efetivas conquistas da Constituição</p><p>de 1988, ainda não concretizados, definir tetos precisos de remuneração para servidores</p><p>ativos e inativos, flexibilizar a estabilidade e permitir regimes jurídicos diferenciados para</p><p>os servidores, assegurar que as aposentadorias ocorressem em idade razoável e fossem</p><p>proporcionais ao tempo de contribuição do servidor.</p><p>A motivação negativa para os seus servidores também é essencial. Ou seja, a demissão por</p><p>insuficiência de desempenho seria capaz de fazer o servidor comum valorizar o seu trabalho.</p><p>Com o fim de modernizar o aparelho do Estado, também devem ser criados mecanismos</p><p>que viabilizem a integração dos cidadãos, no processo de definição, implementação e</p><p>avaliação da ação pública. Isto porque, por meio de controle social crescente, será possível</p><p>garantir a qualidade dos serviços públicos.</p><p>Entre tantos objetivos, o mais importante, no texto de apresentação do Plano Diretor,</p><p>diz respeito ao servidor público. É o de sua valorização mediante sua maior motivação</p><p>profissional, remuneração condizente com o mercado de trabalho nacional e razoável</p><p>segurança no seu vínculo profissional com o Estado.</p><p>Se quisermos avançar na adoção de formas modernas de gestão pública, é imprescindível, também,</p><p>que os servidores passem a ter uma nova visão de seu papel, pois é no dia a dia do exercício das</p><p>funções públicas que a mais profunda e verdadeira reforma vai realizar-se.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>47 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>O PDRAE adota muitos dos princípios das reformas gerenciais, entre eles o de que o</p><p>Estado deve transferir serviços para a iniciativa privada. Segundo o documento:</p><p>A reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que</p><p>deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da produção</p><p>de bens e serviços, para fortalecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento.</p><p>No plano econômico o Estado é essencialmente um instrumento de transferências de renda, que</p><p>se torna necessário dada a existência de bens públicos e de economias externas, que limitam a</p><p>capacidade de alocação de recursos do mercado.</p><p>O PDRAE identificou então quatro segmentos de organização do Estado, formas de</p><p>relacionamento com a sociedade, no que concerne à distribuição de responsabilidades.</p><p>Núcleo Estratégico: Corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que define as</p><p>leis e as políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É, portanto, o setor onde as decisões</p><p>estratégicas são tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério</p><p>Público e, no poder executivo, ao Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares</p><p>e assessores diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas públicas.</p><p>Aqui, as decisões devem ser as melhores, atender ao interesse nacional e ter efetividade.</p><p>O regime de propriedade deve ser necessariamente estatal.</p><p>Atividades Exclusivas: É o setor em que são prestados serviços que só o Estado</p><p>pode realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do Estado – o poder de</p><p>regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos: a cobrança e fiscalização dos</p><p>impostos, a polícia, a previdência social básica, o serviço de desemprego, a fiscalização do</p><p>cumprimento de normas sanitárias, o serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde</p><p>pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço de emissão</p><p>de passaportes, etc. A propriedade só pode ser também estatal.</p><p>Atividades Não-Exclusivas: Corresponde ao setor onde o Estado atua simultaneamente</p><p>com outras organizações públicas não estatais e privadas. As instituições desse setor não</p><p>possuem o poder de Estado. Este, entretanto, está presente porque os serviços envolvem</p><p>direitos humanos fundamentais, como os da educação e da saúde, ou porque possuem</p><p>“economias externas” relevantes, na medida em que produzem ganhos que não podem ser</p><p>apropriados por esses serviços através do mercado. As economias produzidas imediatamente</p><p>se espalham para o resto da sociedade, não podendo ser transformadas em lucros. São</p><p>exemplos deste setor: as universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os museus.</p><p>A situação ideal de propriedade é, nesse caso, a pública não estatal.</p><p>Produção de Bens e Serviços para o Mercado: Corresponde à área de atuação das</p><p>empresas. É caracterizado pelas atividades econômicas voltadas para o lucro que ainda</p><p>permanecem no aparelho do Estado como, por exemplo, as do setor de infraestrutura.</p><p>Estão no Estado seja porque faltou capital ao setor privado para realizar o investimento,</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>48 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>seja porque são atividades naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mercado</p><p>não é possível, tornando-se necessário no caso de privatização, a regulamentação rígida.</p><p>Aqui a propriedade privada é a regra.</p><p>O quadro abaixo traz uma síntese dos quatro segmentos de organização do Estado, seus</p><p>modelos de gerenciamento ideais e tipos de propriedade, segundo o modelo concebido por</p><p>Bresser Pereira:</p><p>3.9.1. DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DAS REFORMAS DA DÉCADA DE 90</p><p>Alguns autores em apontado as dificuldades existentes nas reformas administrativas</p><p>realizadas em vários países na década de 90. De acordo com Mariana Mota Prado, a convicção</p><p>de que a existência de instituições adequadas é um fator indispensável para o desenvolvimento</p><p>levou a um aumento significativo de assistência para projetos de reforma institucional</p><p>em economias em desenvolvimento e em transição. O Banco Mundial, por exemplo, desde</p><p>1990 apoiou 330 projetos de reforma para fortalecer o Estado de Direito em países em</p><p>desenvolvimento, tendo investido US$ 2,9 bilhões nesse setor. No entanto, como apontam</p><p>Michael Trebilcock e Ron Daniels no livro “Reformas do Estado de Direito e Desenvolvimento:</p><p>Mapeando o Difícil Caminho do Progresso”, estes projetos não produziriam resultados</p><p>satisfatórios.</p><p>Estes autores apontam algumas hipóteses sobre as possíveis razões para esses fracos</p><p>resultados.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>49 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>1) Em países onde existe vontade política para promover</p><p>reformas, faltam recursos</p><p>financeiros, tecnológicos ou humanos para implementá-las.</p><p>2) Há “fatores sociais, culturais e históricos” que podem fomentar uma série de valores,</p><p>normas, atitudes e/ou práticas que são pouco receptivas até mesmo a uma versão bastante</p><p>restrita do Estado de Direito.</p><p>3) Terceiro, existem impedimentos de economia política. Grupos de interesse resistirão</p><p>a tentativas de implementar reformas que eliminem seus privilégios, ou que não favoreçam</p><p>seus interesses, ou que não lhes ofereça nenhum ganho (material ou de outra natureza).</p><p>Mariana Prado Mota, adicionalmente, argumenta que alguns desses obstáculos podem ser</p><p>criados por reformas sequenciais ou fragmentadas. Quando as reformas são implementadas</p><p>em sequência, em vez de serem implementadas integralmente, mudanças institucionais</p><p>iniciais podem gerar dois tipos de consequências:</p><p>i) a formação de práticas, valores e atitudes que irão bloquear futuras reformas;</p><p>ii) o fortalecimento de grupos de interesse que irão resistir a futuras reformas.</p><p>4. ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL4. ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL</p><p>Em fins do século XIX, são criados os primeiros seguros sociais compulsórios. O primeiro</p><p>seguro social de que se tem notícia foi instituído por Bismarck, na Alemanha, nos anos</p><p>1880. A política social de Bismarck tinha por objetivo o enfrentamento do movimento</p><p>operário e conformava uma proposta intencional de organização do universo do trabalho</p><p>– o corporativismo submetido ao Estado – e de controle social. Buscava conter o avanço da</p><p>social-democracia e, assim trocou benefícios (a cobertura dos riscos, para os assalariados,</p><p>decorrentes de doenças, acidentes de trabalho e incapacidade laborativa devida à idade)</p><p>pelo cerceamento da atividade sindical. Os propósitos e os efeitos da legislação social</p><p>bismarckiana foram, de fato, muito mais políticos do que sociais. Os problemas de maior</p><p>urgência para os assalariados alemães, naquela oportunidade (inspeção das condições de</p><p>trabalho, regulamentação da jornada de trabalho, fiscalização dos contratos de trabalho),</p><p>não foram tocados. Bismarck compartilhava com os liberais (e com os empresários) a firme</p><p>opinião de que qualquer interferência nos negócios privados seria nociva ao sistema. Mas,</p><p>reprimindo reivindicações mais vigorosas, por um lado, e, por outro, oferecendo concessões</p><p>em termos de política social, infringiu uma derrota ao movimento sindical e consolidou o</p><p>recém-unificado Reich.</p><p>O seguro social, difundiu-se rapidamente pela Europa. Na medida em que a democracia</p><p>avançava, com a ampliação do direito ao voto, a legalização das centrais sindicais e a chegada</p><p>dos partidos trabalhistas e social-democratas ao Parlamento, os seguros passaram a</p><p>cobrir parcelas cada vez mais significativas de trabalhadores. A forma seguro, implicando</p><p>um contrato entre partes (sendo o Estado, na grande maioria dos casos, uma destas</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>50 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>partes), retirava da política social seu caráter meramente assistencialista. Por sua natureza</p><p>meritocrática – faz jus a um certo benefício aquele que por sua inserção na estrutura</p><p>ocupacional efetuou preteritamente a contribuição correspondente – o seguro social</p><p>destituía a política social de estigma.</p><p>Deslocando seu alvo principal, da pobreza para o trabalho assalariado, a política social</p><p>ganha papel pró-ativo no sistema: assegura direitos sociais aos que dele participam,</p><p>hierarquiza o universo dos merecedores de tais direitos segundo as suas (dele) conveniências,</p><p>e provê mecanismos de controle sobre os que dele se afastam. Configura-se assim um</p><p>Estado social.</p><p>A crise dos anos 20 começa a desenhar uma nova etapa no processo de aquisição de</p><p>direitos na Europa. Nesta fase, a ideia de seguro é substituída pela de seguridade social,</p><p>a natureza da política passa a ser universalista e seu alvo, a cidadania. Sistemas públicos,</p><p>estatais ou estatalmente regulados, se tornam os produtores de políticas destinadas a</p><p>garantir amplos direitos sociais a todos os cidadãos, configurando o que se convencionou</p><p>chamar Estados de bem-estar social.</p><p>Após a II guerra mundial, praticamente todos os países desenvolvidos realizaram</p><p>reformas em seus sistemas de proteção social. O marco reformista foi o relatório Beveridge</p><p>apresentado ao parlamento inglês em 1942 e transformado em lei em 1946. A proposta</p><p>estava fundamentada em dois grandes princípios, identificados com a nova concepção de</p><p>proteção social. O princípio da unidade tinha por metas a unificação das múltiplas instâncias</p><p>de gestão dos seguros sociais existentes e a homogeneização das prestações básicas.</p><p>Universalidade, o outro grande princípio, dizia respeito à cobertura – todos os indivíduos</p><p>– e aos escopos da proteção (todas as necessidades essenciais)</p><p>No estado de Bem Estar Social entende-se que o homem, quer esteja “incluído” ou</p><p>“excluído” do trabalho formal, faz parte do conjunto do Mundo do Trabalho. Ou seja, a exclusão</p><p>ou “invalidação” – conforme salienta Castel – está na raiz do próprio sistema capitalista. Há</p><p>uma estrutura que exclui. É o próprio sistema do Capital que, ao se reproduzir, ao mesmo</p><p>tempo em que acumula mais capital, se encarrega de produzir pobreza e exclusão.</p><p>Aqui cabe enfatizar os três modelos institucionais de política social:</p><p>1. Assistencialista – baseados na filantropia e na ideia de assistência por questões</p><p>meramente humanitárias.</p><p>2. Bismarckiano – Os benefícios sociais são tutelados pelo Estado, mas limitados ainda</p><p>pela ação econômica/liberal.</p><p>3. Beveridgiano – É o Estado de Bem Estar Social (Welfare State), em que a política</p><p>social é universal, como ideia de direito amplo de todos os cidadãos.</p><p>O Estado do Bem-estar também é conhecido por sua denominação em inglês, Welfare</p><p>State. Os termos servem basicamente para designar o Estado assistencial que garante padrões</p><p>mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>51 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>É preciso esclarecer, no entanto, que todos estes tipos de serviços assistenciais são</p><p>de caráter público e reconhecidos como direitos sociais. A partir dessa premissa, pode-se</p><p>afirmar que o que distingue o Estado do Bem-estar de outros tipos de Estado assistencial</p><p>não é tanto a intervenção estatal na economia e nas condições sociais com o objetivo de</p><p>melhorar os padrões de qualidade de vida da população, mas o fato dos serviços prestados</p><p>serem considerados direitos dos cidadãos.</p><p>Origens do Estado do Bem-estar</p><p>O “Welfare state” teve a origem no pensamento keynesiano e surgiu como resposta</p><p>para o que se vivia na Europa.</p><p>Entre os seus objetivos há dois essenciais: a garantia do bom funcionamento do mercado</p><p>segundo o pensamento de Adam Smith e a defesa dos direitos dos cidadãos na saúde,</p><p>educação e alimentação. Uma das ideias fundamentais deste pensamento é a igualdade</p><p>de oportunidades.</p><p>O Estado do Bem-estar, tal como foi definido, surgiu após a Segunda Guerra Mundial. Seu</p><p>desenvolvimento está intimamente relacionado ao processo de industrialização e os problemas</p><p>sociais gerados a partir dele. A Grã-Bretanha foi o país que se destacou na construção do</p><p>Estado de Bem-estar com a aprovação, em 1942, de</p><p>alterou a conjuntura dos direitos</p><p>no Brasil. O conjunto de direitos – civis, sociais e políticos – que poderiam ser a base de um</p><p>Estado de cidadãos, praticamente não existia. A independência não conseguiu mudar a</p><p>questão que envolvia esses direitos, pois o próprio direito civil limitava a escravidão.</p><p>A própria Proclamação da República não aconteceu em meio à comoção do povo que</p><p>exigia uma forma de governo que correspondesse com as ansiedades e necessidades da</p><p>massa de governados. De acordo com Katia Alves:</p><p>A Proclamação da República foi o resultado do entendimento provisório dos oficiais do Exército</p><p>e dos cafeicultores do oeste de São Paulo, em uma época de agudas transformações sociais,</p><p>marcada pelo fim da escravidão e o aumento do número de assalariados</p><p>O movimento que pedia a queda da monarquia atuava para que seu objetivo fosse cumprido.</p><p>De um lado o Exército argumentava que tinha como missão salvar a pátria da corrupção e da</p><p>desordem e, do outro lado, os fazendeiros aspiravam a participação política e a criação de</p><p>uma situação que permitisse o crescimento de capitais, sem a limitação do Estado.</p><p>A monarquia brasileira deixava o cenário para entrar um governo que correspondesse à</p><p>evolução da sociedade, abrindo espaço para a participação democrática. Este pressuposto, é</p><p>que normalmente está escrito nos livros de história. Porém, segundo, José Murilo de Carvalho:</p><p>A Proclamação da República, em 1899 não alteraria o quadro, traria pouca mudança.</p><p>A República no Brasil não aconteceu como resultado dos anseios de uma sociedade</p><p>civil, e sim, segundo a classe média nascente e a força militar, ou seja, o Exército. Embora</p><p>tivessem discrepâncias de ideias, Industriais e comerciantes – a classe média civil –, ligados</p><p>ao Exército nacional – a classe média militar – estavam ligados pelo mesmo imperativo de</p><p>alteração dos quadros vigentes, e por isso geram e executam a República.</p><p>Como a forma de governo no país era a monarquia e o poder de governança se restringia</p><p>ao Império, as classes acima citadas se aliaram para criar uma liderança que atendesse</p><p>às suas demandas como também ampliasse a oportunidade de participação na chefia do</p><p>Estado. Com isto, a República foi vista como a alternativa para levar estas classes ao poder.</p><p>No entanto, esta fase política da Primeira República, apesar de aparentar ares de</p><p>democrática, estava muito longe de assumir qualquer postura que beneficiasse as classes</p><p>menos favorecidas, ao contrário, abria espaço para a entrada do capitalismo e as condições</p><p>sub-humanas da mão de obra nas indústrias.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>6 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Tanto os imigrantes quanto o povo estavam sujeitos às péssimas condições de trabalho,</p><p>extensa carga horária, falta de segurança, locais inapropriados para alojamentos, entre</p><p>outros. Inclui-se ainda entre os operários, as mulheres e crianças que também trabalhavam</p><p>nas mesmas condições desfavoráveis.</p><p>A desigualdade entre as classes era gritante e os menos favorecidos viviam na mais</p><p>absoluta miséria. Neste ínterim, a pobreza passou a significar sujeira, doença, degradação,</p><p>imoralidade e subversão.</p><p>A República não trouxe mudanças para a maior parte da população brasileira, que</p><p>continuava vivendo na mais absoluta pobreza, sendo excluídos pelas outras classes sociais.</p><p>Os conflitos foram frequentes contestando a ordem vigente, mesmo que aqueles que se</p><p>opunham não tivessem consciência política desenvolvida.</p><p>Segundo José Murilo de Carvalho:</p><p>Desde a independência até 1930, a única alteração importante que houve quanto ao avanço</p><p>da cidadania foi exatamente a abolição da escravidão, em 1888 – ignorada pela Constituição</p><p>Liberal de 1824.</p><p>Tanto os militares, instalados no poder entre 1889 e 1894, quanto latifundiários, que</p><p>ascenderam após a eleição de Prudente de Morais, em 1894, pareceram ignorar a pluralidade</p><p>social do Brasil no período considerado. No afã de modernizá-lo, atropelaram os interesses</p><p>e perspectivas de milhões de brasileiros, transformando a chamada República Velha em</p><p>um período de conflitos, embates e de crise permanente.</p><p>A Primeira República teve seu fim em 1930 através de movimentos que exigiam o avanço</p><p>da cidadania.</p><p>De acordo com Kátia Alves, quando Getúlio Vargas assumiu o poder no final de 1930,</p><p>atento às demandas da época, logo tratou de desmontar os resíduos das oligarquias</p><p>cafeeiras, dissolvendo o Congresso Nacional, substituindo os governadores dos Estados</p><p>pelos interventores. Estes eram escolhidos segundo a sua confiança. Desta forma, ele tirou</p><p>o poder dos cafeicultores de decidir os negócios</p><p>Durante o governo de Vargas foi instituído o Estado Novo (1937), influenciado pelo</p><p>fascismo europeu. Apesar das liberdades civis serem garantidas pela Constituição, a população</p><p>estava à mercê de um governo ditador. Os opositores ao governo eram tratados de forma</p><p>implacável, apesar de o governante buscar meios para garantir a ordem e o crescimento</p><p>econômico. Muitos lucraram com este governo, principalmente as classes médias e a</p><p>burguesia que lucraram com o crescimento industrial no país. Porém, em 1943, o documento</p><p>denominado Manifesto dos Mineiros, exigia a volta das eleições e dos direitos constitucionais,</p><p>ditando o fim da ditadura de Vargas. O governo de Getúlio Vargas foi a primeira forma de</p><p>ditadura declarada no Brasil.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>7 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>1 .1 . os GoVERNos MilitaREs E a DitaDURa MilitaR No BRasil1 .1 . os GoVERNos MilitaREs E a DitaDURa MilitaR No BRasil</p><p>No dia 1º de abril de 1964, o Brasil foi alvo de um golpe militar. Este golpe foi a tomada</p><p>de poder pelo Exército brasileiro, que se tornou senhor absoluto, podendo inclusive intervir</p><p>na Marinha e Aeronáutica.</p><p>De acordo com Martins Ferreira, o golpe militar de 1964 fez o Brasil entrar numa fase</p><p>bastante sombria da sua história. Os militares passaram a controlar o poder. Sua preocupação</p><p>básica eram a segurança e o desenvolvimento. Para garantir a segurança, violentaram os</p><p>direitos políticos e civis. Amordaçaram a oposição e instalaram a paz dos cemitérios</p><p>No início, os militares alegaram que o golpe militar foi necessário para restabelecer</p><p>a ordem e a paz no país para garantir o desenvolvimento social e econômico, para que</p><p>em seguida, o governo fosse devolvido aos políticos civis. No entanto, não foi assim que</p><p>aconteceu.</p><p>De acordo com Francisco Silva:</p><p>Os moderados, no princípio, defendiam a tese de que em curto prazo a corrupção e a subversão</p><p>seriam rebeladas e o poder voltaria imediatamente aos civis. Os duros pretendiam o continuísmo</p><p>do regime militar.</p><p>O primeiro presidente militar foi o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco</p><p>(1964-1967). Através dele foi instituído o primeiro Ato Institucional – AI-1, que permitia ao</p><p>presidente suspender garantias constitucionais e cassar mandatos políticos. Este governo foi</p><p>marcado pelas perseguições e torturas à oposição do regime militar, principalmente políticos</p><p>de esquerda, organizações sindicais, estudantis e religiosas, e os movimentos por reforma</p><p>agrária, como as Ligas Camponesas. Apesar de o país na época ter eleições, Castelo Branco</p><p>e o comando militar, preocupados com o resultado que garantiria ou não sua permanência</p><p>no poder</p><p>uma série de providências nas áreas</p><p>da saúde e escolarização. Nas décadas seguintes, outros países seguiriam essa direção.</p><p>Ocorreu também uma vertiginosa ampliação dos serviços assistenciais públicos, abarcando</p><p>as áreas de renda, habitação e previdência social, entre outras. Paralelamente à prestação</p><p>de serviços sociais, o Estado do Bem-estar passou a intervir fortemente na área econômica,</p><p>de modo a regulamentar praticamente todas as atividades produtivas a fim de assegurar</p><p>a geração de riquezas materiais junto com a diminuição das desigualdades sociais.</p><p>Capitalismo e democracia</p><p>Com base nessas considerações, é possível afirmarmos, portanto, que numa perspectiva</p><p>mais ampla as origens do Estado do Bem-estar estão vinculadas à crescente tensão e</p><p>conflitos sociais gerados pela economia capitalista de caráter “liberal”, que propugnava a</p><p>não intervenção do Estado nas atividades produtivas.</p><p>As crises econômicas mundiais presenciadas nas primeiras décadas do século 20 (da</p><p>qual a crise de 1929 é o caso mais conhecido) provaram que a economia capitalista livre de</p><p>qualquer controle ou regulamentação estatal gerava profundas desigualdades sociais. Essas</p><p>desigualdades provocavam tensões e conflitos, capazes de ameaçar a estabilidade política.</p><p>Direitos Sociais</p><p>Os direitos sociais surgem, por sua vez, para assegurar que as desigualdades de classe</p><p>social não comprometam o exercício pleno dos direitos civis e políticos. Assim, o reformismo</p><p>do Estado do Bem-estar tornou possível compatibilizar capitalismo e democracia. No âmbito</p><p>do Estado do Bem-estar, o conflito de classes não desapareceu, mas se institucionalizou.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>52 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>A extensão dos direitos políticos e o sufrágio universal possibilitaram canalizar os conflitos</p><p>de classe para as instituições políticas, transformando demandas sociais em direitos.</p><p>O grau e a extensão do intervencionismo estatal na economia e a oferta de serviços</p><p>sociais variou enormemente de país para país. Os países industrializados do Primeiro</p><p>Mundo construíram Estados de Bem-estar mais extensos do que os países de economia</p><p>socialista e os países subdesenvolvidos. Porém, entre os países de Primeiro Mundo também</p><p>há variações. Certamente, o Estado de Bem-estar francês é mais extenso do que o inglês;</p><p>e este último é mais extenso do que o americano.</p><p>Auge do Estado do Bem-Estar</p><p>O modelo de Estado do Bem-estar que emergiu na segunda metade do século 20 na</p><p>Europa Ocidental e se estendeu para outras regiões e países chegou ao auge na década de</p><p>1960. No transcurso dos anos 70, porém, esse modelo de Estado entrou em crise.</p><p>Uma tese amplamente comprovada é a correlação que existe entre o crescimento</p><p>econômico e a extensão das ofertas de serviços sociais à população. Com base nessa tese,</p><p>torna-se irrelevante o fato de a economia ser socialista ou capitalista e se o regime é</p><p>democrático ou ditatorial, pois as estruturas do Estado de Bem-estar estão relacionadas</p><p>ao grau de desenvolvimento econômico de um determinado país.</p><p>Crise</p><p>Este Estado de Bem Estar Social, no entanto, entra em crise na década de 1970. A crise</p><p>da década de 70 e 80 rompe com o compromisso do Welfare State que por um período</p><p>garantiu certa “paz entre as classes” a partir de políticas compensatórias e segundo a tese</p><p>dos neoliberais, a supervalorização do trabalho.</p><p>Para fazer frente a isso “o capitalismo articula e põe em cena uma dupla solução:</p><p>o neoliberalismo e a reestruturação produtiva”. A crise recoloca a questão dos direitos</p><p>sociais, que têm como consequência a transformação das relações de trabalho, causando</p><p>perdas nos padrões da proteção social e maior vulnerabilidade em geral para os setores</p><p>da sociedade. E o “Estado, que sempre foi um instrumento de construção das condições</p><p>de desenvolvimento máximo da classe capitalista é, agora, apontado como responsável</p><p>de todas as crises”. Se entende para o momento que “é preciso, pois, restaurar o mercado</p><p>como fonte última e única de qualquer sociabilidade possível.</p><p>A crise do Estado de Bem-estar é um tema complexo para o qual não há consenso</p><p>entre os estudiosos. Nos países industrializados ocidentais, os primeiros sinais da crise do</p><p>Welfare State estão relacionados à crise fiscal provocada pela dificuldade cada vez maior</p><p>de harmonizar os gastos públicos com o crescimento da economia capitalista. Nessas</p><p>condições, ocorre a desunião entre “capital e trabalho”. As grandes organizações e empresas</p><p>capitalistas e as massas trabalhadoras já não se entendem e entram em conflito na tentativa</p><p>de assegurar seus próprios interesses.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>53 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Na Grã-Bretanha, a eleição da primeira-ministra Margareth Thatcher (do Partido</p><p>Conservador; que governou de 1979 a 1990) representou o marco histórico do desmonte</p><p>gradual do Estado de Bem-estar inglês a partir da política de privatização das empresas</p><p>públicas. Outros países adotaram a mesma política.</p><p>E o Brasil?</p><p>O Brasil nunca chegou a estruturar um Estado de Bem-estar semelhante aos dos países</p><p>de Primeiro Mundo. Não obstante, o grau de intervenção estatal na economia nacional teve</p><p>início na Era Vargas (1930-1945) e chegou ao auge durante o período da ditadura militar</p><p>(1964-1985). Paradoxalmente, os mais beneficiados com os gastos públicos em infraestrutura</p><p>(nas áreas de telecomunicações, energia elétrica, autoestradas etc) e construção de grandes</p><p>empresas públicas foram, justamente, os empresários brasileiros e estrangeiros.</p><p>Na década de 1970, porém, setores mais influentes da classe empresarial começaram</p><p>a dirigir críticas ao intervencionismo estatal. Na época, a palavra mais usada pelos</p><p>empresários paulistas em sua campanha contra o intervencionismo estatal na economia</p><p>era “desestatização”. Quando ocorreu a transição para a democracia, os partidos políticos</p><p>de esquerda e os movimentos populares acreditavam que tinha chegado o momento do</p><p>Estado brasileiro saldar a imensa dívida social diante das profundas desigualdades sociais</p><p>e pobreza extrema reinantes no país. Não obstante, todos estes anseios foram frustrados.</p><p>Bem, pessoal, encerro por aqui esta aula! Até a próxima!</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>54 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>RESUMORESUMO</p><p>A aula aborda a estruturação do Estado no Brasil, desde o período colonial até a promulgação</p><p>da Constituição Federal de 1988. Durante o período monárquico, a independência não trouxe</p><p>mudanças significativas nos direitos, e a Proclamação da República não refletiu os anseios</p><p>populares, sendo mais resultado de acordos entre oficiais do Exército e cafeicultores. A</p><p>Primeira República, embora aparentasse democracia, não beneficiou as classes menos</p><p>favorecidas, mantendo a desigualdade e condições sub-humanas de trabalho. Os governos</p><p>militares (1964-1985) instituíram uma ditadura que restringiu direitos políticos e civis,</p><p>com perseguições, torturas e censura. Somente em 1985, após anos de reivindicações, o</p><p>Brasil retomou a democracia, com a eleição indireta de Tancredo Neves e a promulgação de</p><p>uma nova Constituição, conhecida como “Constituição Cidadã”, que restabeleceu direitos</p><p>e marcou o fim da ditadura.</p><p>A aula também destaca as sete Constituições adotadas no Brasil, desde a monárquica em</p><p>1824 até a atual de 1988. A Constituição de 1891 representou a transição para a República,</p><p>mas favoreceu as oligarquias estaduais, enquanto a de 1937, durante o Estado Novo, aboliu</p><p>partidos políticos e a liberdade de imprensa. A de 1967 acentuou o autoritarismo e serviu</p><p>para consagrar o poder militar. Por fim, a Constituição de 1988, elaborada após o período</p><p>ditatorial, foi considerada a mais democrática e liberal da história brasileira, garantindo</p><p>direitos individuais, ampliando liberdades públicas e fortalecendo a democracia, marcando</p><p>o início de um período democrático de direito no país.</p><p>A aula aborda a evolução da Administração Pública no Brasil, conforme proposto por</p><p>Bresser Pereira. Ele destaca três modelos distintos ao longo do tempo: o patrimonialista,</p><p>o burocrático e o gerencial. O primeiro, originado nos Estados absolutistas europeus do</p><p>século XVIII, caracteriza-se pela fusão entre o poder do soberano e o aparelho estatal, com</p><p>cargos considerados prebendas e práticas de corrupção e nepotismo. O modelo burocrático</p><p>surge como uma resposta a esses problemas, introduzindo princípios como impessoalidade,</p><p>formalismo, hierarquia funcional e profissionalização do servidor, fundamentados nas</p><p>ideias de Max Weber. O terceiro modelo, gerencial, representa uma transição para uma</p><p>administração mais eficiente, destacando-se em um contexto de capitalismo e democracia.</p><p>A burocracia, concebida por Max Weber como uma forma legítima de dominação racional-</p><p>legal, é detalhada no texto. Weber propõe três tipos puros de dominação legítima: tradicional,</p><p>carismática e racional-legal. A burocracia é apresentada como um exemplo do último tipo,</p><p>surgindo no século XIX como uma forma superior de dominação, fundamentada na legalidade</p><p>e na separação entre política e administração. São destacadas suas características, como</p><p>formalidade, impessoalidade e direção por administradores profissionais. No entanto, o texto</p><p>aponta as limitações da burocracia, especialmente em um contexto de mudanças sociais,</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>55 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>econômicas e tecnológicas, que demandam maior agilidade e eficiência do Estado. A crise do</p><p>petróleo em 1973 é mencionada como um marco que levou à revisão do modelo burocrático</p><p>de intervenção estatal, questionando sua eficácia diante das demandas contemporâneas.</p><p>O paradigma pós-burocrático ou administração gerencial surge como resposta à crise</p><p>da burocracia e do Estado de Bem-Estar Social, especialmente influenciado pela crise fiscal</p><p>global desencadeada nas décadas de 1970. Bresser Pereira destaca que a administração</p><p>pública gerencial surge na segunda metade do século XX como uma estratégia para enfrentar</p><p>a crise fiscal, reduzir custos, melhorar a eficiência na gestão dos serviços estatais e proteger</p><p>o patrimônio público contra corrupção. A insatisfação generalizada com a administração</p><p>burocrática, aliada à crença no modelo de gestão do setor privado, impulsiona a adoção do</p><p>gerencialismo no setor público, incorporando práticas como qualidade total, planejamento</p><p>estratégico e terceirização.</p><p>Embora represente um avanço em relação à burocracia, a administração gerencial não</p><p>nega totalmente seus princípios, conservando elementos como a admissão por mérito,</p><p>sistemas estruturados de remuneração e avaliação de desempenho. A diferença crucial está</p><p>na mudança do controle baseado em processos para a ênfase em resultados. A introdução do</p><p>gerencialismo, inicialmente associada ao neoliberalismo, busca a modernização, orientação</p><p>para clientes, flexibilidade e desburocratização na gestão pública. Ao longo do tempo,</p><p>percebe-se a necessidade de reconstruir e reformar o Estado em vez de buscar um Estado</p><p>mínimo, resultando em propostas de redução do Estado e maior eficiência na gestão pública.</p><p>A implementação do gerencialismo ocorreu em diferentes países, com destaque para</p><p>a Grã-Bretanha, onde foi aplicado após a posse de Margaret Thatcher, resultando na Nova</p><p>Gestão Pública (NPM). Embora associado inicialmente ao neoliberalismo, as reformas</p><p>gerenciais não se alinham totalmente à busca por um Estado mínimo. Bresser Pereira</p><p>argumenta que a solução está na reforma e reconstrução do Estado, reduzindo suas</p><p>funções produtivas e reguladoras, mas ampliando seu papel no financiamento de atividades</p><p>relacionadas a externalidades e direitos humanos básicos. A administração pública gerencial</p><p>não busca a negação total do Estado, mas propõe uma redução focada e a transferência de</p><p>atividades para a iniciativa privada, mantendo princípios burocráticos como impessoalidade</p><p>e divisão do trabalho.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>56 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>MAPA MENTALMAPA MENTAL</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>57 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOQUESTÕES DE CONCURSO</p><p>001. 001. (CESPE/MTE/ADMINISTRADOR/2008) A administração patrimonialista representa</p><p>uma continuidade do modelo inspirado nas monarquias e prevalecente até o surgimento</p><p>da burocracia, sendo a corrupção e o nepotismo inerentes a esse modelo. Aos cidadãos</p><p>se concedem benesses, em vez da prestação de serviços, e a relação entre o governo e a</p><p>sociedade não é de cidadania, e sim de paternalismo e subserviência.</p><p>002. 002. (CESPE/MTE/ADMINISTRADOR/2008) A administração pública gerencial está voltada para</p><p>o atendimento às demandas dos usuários dos serviços e a obtenção de resultados. Apoia-</p><p>se fortemente na descentralização e na delegação de competência e define indicadores de</p><p>desempenho, o que está associado à adoção de contratos de gestão.</p><p>003. 003. (FCC/BAHIAGÁS/ANALISTA DE PROCESSOS ORGANIZACIONAIS/2010) Na administração</p><p>do Estado moderno, reforma administrativa burocrática trata-se</p><p>a) da orientação da transição do Estado burocrático para o Estado gerencial.</p><p>b) do processo de transição do Estado patrimonial para o Estado burocrático weberiano.</p><p>c) da gestão do processo de transição da Administração Pública tradicionalista para o</p><p>Estado gerencial patrimonial.</p><p>d) do processo de transição do Estado burocrático weberiano para o Estado patrimonial.</p><p>e) da reforma da gestão pública orientando o conjunto de atividades destinadas à execução</p><p>de obras e serviços, comissionados ao governo para o interesse da sociedade</p><p>004. 004. (CESPE/ANCINE/TECNICO ADMINISTRATIVO/2012) A administração pública burocrática</p><p>adota sistemas de controle e gestão centrados em resultados e não em procedimentos.</p><p>005. 005. (CESPE/ANCINE/TECNICO ADMINISTRATIVO/2012) A administração pública burocrática</p><p>substituiu a administração</p><p>patrimonialista, na qual o Estado era entendido como propriedade</p><p>do rei e em que não havia clara distinção entre o patrimônio público e o privado.</p><p>006. 006. (CESPE/MPS/ADMINISTRADOR/2010) O Estado oligárquico, modelo adotado no século</p><p>passado, no Brasil, antes do primeiro governo Vargas, atribuía pouca importância às políticas</p><p>sociais, o que fortaleceu o papel de instituições religiosas, voltadas para o atendimento</p><p>das populações mais pobres e desprotegidas.</p><p>007. 007. (CESPE/INMETRO/ANALISTA GESTÃO PÚBLICA/2009) A reforma administrativa realizada</p><p>na Era Vargas, a partir da criação do Departamento Administrativo do Serviço Público</p><p>(DASP), teve como característica marcante o fortalecimento das atividades-fim do Estado</p><p>em detrimento das atividades meio, ou seja, aquelas relacionadas à administração em geral.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>58 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>008. 008. (CESPE/OBSERVATORIO NACIONAL/ANALISTA DE C &T/2004) O Departamento</p><p>Administrativo do Serviço Público (DASP) foi o órgão central de modernização do Estado Novo.</p><p>009. 009. (CESPE/SENADO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2002) A noção de sistema de mérito,</p><p>proposto pelo DASP, apoiava-se em ingresso mediante concurso, promoção conforme o</p><p>mérito e ascensão mediante carreira.</p><p>010. 010. (ESAF/MPOG/ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO/2010) A análise da evolução da</p><p>administração pública brasileira, a partir dos anos 1930, permite concluir acertadamente que:</p><p>Com o Estado Novo e a criação do DASP, a admissão ao serviço público passou a ser feita</p><p>exclusivamente por meio de concurso público, sendo descontinuadas as práticas do</p><p>clientelismo e da indicação por apadrinhamento.</p><p>011. 011. (FCC/TRT-23-MT/ANALISTA JUDICIÁRIO/2011) O modelo de administração gerencial no</p><p>Brasil foi implementado com a criação do Departamento de Administração do Serviço Público</p><p>(DASP), em 1936, tendo por meta flexibilizar as funções gerenciais nas autarquias federais.</p><p>012. 012. (FUNIVERSA/SEPLAG-DF/ANALISTA PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO/2009) Acerca da</p><p>evolução da administração pública no Brasil, assinale a alternativa incorreta.</p><p>a) No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir dos anos 30 do século</p><p>passado. Surge no quadro da aceleração da industrialização brasileira, em que o Estado</p><p>assume papel decisivo, intervindo pesadamente no setor produtivo de bens e serviços.</p><p>b) Com o objetivo de realizar a modernização administrativa, foi criado o Departamento</p><p>Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1936. Nos primórdios, a Administração</p><p>Pública sofre a influência da teoria da administração científica de Taylor, tendendo à</p><p>racionalização mediante a simplificação, padronização e aquisição racional de materiais,</p><p>revisão de estruturas e aplicação de métodos na definição de procedimentos.</p><p>013. 013. (CESPE/TRE-RJ/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/2012) A implantação do</p><p>Departamento Administrativo de Serviço Público (DASP) foi uma ação típica da administração</p><p>pública voltada para o paradigma pós-burocrático.</p><p>014. 014. (CESPE/ANCINE/TECNICO EM REGULAÇÃO/2012) No que diz respeito à administração</p><p>dos recursos humanos, a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP)</p><p>representou uma tentativa de formação da burocracia nos moldes weberianos, baseada</p><p>no princípio do mérito profissional.</p><p>015. 015. (CESPE/TRE-ES/ANALISTA JUDICIÁRIOS/2010) Entre os anos 1950 e 1960, o modelo</p><p>de gestão administrativa proposto estava voltado para o desenvolvimento, especialmente</p><p>para a expansão do poder de intervenção do Estado na vida econômica e social do país.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>59 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>016. 016. (CESPE/TRE-ES/ANALISTA JUDICIÁRIOS/2010) As tentativas de reformas ocorridas na</p><p>década de 50 do século passado guiavam-se estrategicamente pelos princípios autoritários</p><p>e centralizados, típicos de uma nação em desenvolvimento.</p><p>017. 017. (SENADO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2002) A continuidade do DASP foi assegurada</p><p>nos governos que se seguiram — Dutra e JK —, de modo a possibilitar a estruturação dos</p><p>grupos executivos incumbidos de implementar o Plano de Metas.</p><p>018. 018. (FCC/MPE-SE/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2009) A Reforma Administrativa de</p><p>1967, implementada pelo Decreto-lei federal no 200,</p><p>a) priorizou a atuação do Estado no fomento e regulamentação dos setores produtivos e</p><p>a sua retirada como prestador direto de serviços públicos.</p><p>b) cerceou a autonomia das entidades integrantes da Administração indireta, submetendo-as</p><p>às mesmas regras previstas para a Administração direta, como licitações e concurso público.</p><p>c) retomou o processo de centralização da atuação administrativa.</p><p>d) introduziu mecanismos de parceria com instituições privadas sem fins lucrativos.</p><p>e) desencadeou um movimento de descentralização da atuação estatal, com a transferência</p><p>de atividades a autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.</p><p>019. 019. (FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO/AUDITOR FISCAL/2007) O Programa Nacional de</p><p>Desburocratização, implantado no início dos anos 80, idealizado pelo Ministro Hélio Beltrão,</p><p>caracterizou-se</p><p>a) pela retomada dos conceitos contidos no Decreto- Lei no 200, de 1967, buscando, assim,</p><p>a atuação administrativa centralizada, sem, no entanto, deixar de lado a dimensão política</p><p>do governo.</p><p>b) pela diminuição do peso das instituições burocráticas no serviço público, procurando</p><p>retomar alguns procedimentos tradicionais da rotina administrativa, não necessariamente</p><p>alinhados com a eficiência.</p><p>c) pela implementação por meio de uma sólida base parlamentar de apoio, o que lhe forneceu</p><p>condições inéditas de sustentabilidade.</p><p>d) por focalizar o usuário do serviço público e divulgar amplamente seus princípios norteadores,</p><p>concentrando-se na produção de mudanças no comportamento e na atuação da burocracia</p><p>pública.</p><p>e) pela introdução, no setor público, de alguns estilos gerenciais baseados nos modelos e</p><p>princípios administrativos do setor privado, conseguindo, assim, a ampla adesão de empresas</p><p>estatais e dos principais grupos financeiros do País.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>60 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>020. 020. (FCC/TCE-RO/AUDITOR/2010) A Reforma do Aparelho do Estado, proposta pelo Ministério</p><p>da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE), implantada nos anos 90, diferenciou-</p><p>se da reforma proposta pelo Decreto Lei n. 200 de 1967 ao</p><p>a) recuperar a capacidade de planejamento, coordenação e regulação do aparelho de Estado</p><p>federal sobre a administração indireta e fundacional.</p><p>b) priorizar a eficiência e a flexibilização da gestão pública e fortalecer a posteriori os</p><p>sistemas de controle da atividade administrativa.</p><p>c) aprofundar a participação direta do Estado nos diversos setores da sociedade e da</p><p>economia.</p><p>d) propor a substituição do modelo burocrático pela administração gerencial, com foco no</p><p>cidadão, reforçando os sistemas de controles a priori.</p><p>e) enfatizar</p><p>o fortalecimento do núcleo estratégico do Estado, ampliando e fortalecendo</p><p>os sistemas centralizados de controle de processos.</p><p>021. 021. (CESPE/AGU/AGENTE ADMINISTRATIVO/2010) Para a administração pública burocrática,</p><p>o interesse público é frequentemente identificado com a afirmação do poder do Estado. A</p><p>administração pública gerencial nega essa visão do interesse público, relacionando-o com</p><p>o interesse da coletividade, e não do Estado.</p><p>022. 022. (FCC/PGE-RJ/TÉCNICO SUPERIOR ADMINISTRADOR/2009) O Plano Diretor para a</p><p>Reforma do Aparelho do Estado de 1995 definiu novos modelos de organização para a</p><p>Administração Pública Federal. São eles:</p><p>a) as parcerias público-privadas, as autarquias e as fundações.</p><p>b) os consórcios públicos, as organizações federais e as autarquias executivas.</p><p>c) as organizações sociais, as agências reguladoras e as parcerias público-privadas.</p><p>d) as organizações sociais, as agências executivas e as agências reguladoras.</p><p>e) as agências executivas, as fundações e as organizações públicas não estatais.</p><p>023. 023. (FCC/MPE-AP/ANALISTA MINISTERIAL/2012) De acordo com a reforma do Estado</p><p>brasileiro de 1995, quatro setores integram o aparelho do Estado, com reflexos na organização</p><p>da administração pública: o núcleo estratégico, atividades exclusivas, serviços não exclusivos,</p><p>produção de bens e serviços. São exemplos dos setores de atividades exclusivas e serviços</p><p>não exclusivos, respectivamente:</p><p>a) poderes executivo, legislativo, judiciário e telecomunicações.</p><p>b) educação, controle do meio ambiente e serviço de trânsito.</p><p>c) ministérios do poder executivo e captação de petróleo e gás.</p><p>d) fiscalização sanitária, saúde e educação.</p><p>e) educação e saúde e policiamento.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>61 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>024. 024. (FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO/AUDITOR FISCAL DO MUNICÍPIO/2007) É correto</p><p>apontar entre as motivações para o movimento de Reforma do Estado, levado a efeito na</p><p>esfera federal pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado,</p><p>a) o ideário neoliberal, que propõe a retirada do Estado de diversos setores da sociedade,</p><p>reduzindo-se seu papel de prestador direto de serviços públicos e de agente de fomento</p><p>da atividade econômica.</p><p>b) a intenção de ampliar a intervenção do Estado no domínio econômico, dada a crescente</p><p>demanda da sociedade por bens e serviços públicos, do que resultou a profissionalização</p><p>e a ampliação do Aparelho do Estado.</p><p>c) a crise fiscal, caracterizada pela crescente perda de crédito por parte do Estado e pelo</p><p>esgotamento da poupança pública, o que ensejou a privatização em larga escala de empresas</p><p>estatais exploradoras de atividade econômica e prestadoras de serviço público.</p><p>d) o esgotamento do modelo de Estado prestador direto de serviços públicos, enfatizando-</p><p>se a privatização de empresas estatais, desonerando o Estado da responsabilidade pela</p><p>disponibilização de tais serviços aos usuários.</p><p>e) a necessidade de implementação de uma política de ajuste fiscal, como consequência</p><p>do cumprimento de obrigações com organismos internacionais, implicando redução do</p><p>Aparelho do Estado, bem como do setor público não estatal, em função do esgotamento</p><p>das fontes de financiamento</p><p>025. 025. (FCC/MPE-SE/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2009) NÃO se inclui entre as principais</p><p>causas que levaram à Reforma do Aparelho do Estado, implementada no Brasil nos anos 90, a</p><p>a) a incapacidade do governo de gerar poupança interna e com isso realizar os investimentos</p><p>públicos demandados pela sociedade.</p><p>b) crise fiscal, caracterizada pela crescente perda de crédito por parte do Estado e pelo</p><p>esgotamento da poupança pública.</p><p>c) intenção de ampliar a intervenção direta do Estado no domínio econômico, dada a</p><p>crescente demanda da sociedade por bens e serviços públicos.</p><p>d) necessidade de implementação de uma política de ajuste fiscal, como consequência do</p><p>cumprimento de obrigações com organismos internacionais.</p><p>e) a crise do modelo burocrático de administração, permeado por práticas patrimonialistas</p><p>e clientelistas.</p><p>026. 026. (FCC/MPE-SE/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2009) O conceito de “publicização”,</p><p>idealizado pela Reforma do Aparelho do Estado, significa</p><p>a) a transferência compulsória ao poder público de atividades originalmente de responsabilidade</p><p>do Estado, como saúde e educação.</p><p>b) a estatização de atividades estratégicas.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>62 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>c) a transferência de atividades antes desempenhadas por entes públicos, especialmente</p><p>na área social, a entidades privadas sem fins lucrativos.</p><p>d) a ampliação da atuação direta do Estado na área social e a redução da sua atuação em</p><p>setores produtivos.</p><p>e) o movimento de ampliação das informações à sociedade acerca da atuação da Administração.</p><p>027. 027. (FCC/MPE-AP/ANALISTA MINISTERIAL/2012) Um balanço das reformas na administração</p><p>pública, implementadas ao final dos anos 90 no Brasil, indica que avanços e impedimentos</p><p>fazem parte de seus resultados. Avanços houveram no planejamento e no aperfeiçoamento</p><p>da capacidade de gestão do Estado, em melhorias na prestação dos serviços públicos e na</p><p>inovação. São impedimentos para o desenvolvimento adequado das reformas:</p><p>a) questões de sustentabilidade econômica, social e ambiental; população não aderente</p><p>ao e-gov.</p><p>b) desarticulação e incoerência entre reformas; a vontade política de membros do governo.</p><p>c) oscilação de moedas, gerando dificuldade em balanços de pagamento; baixa capacidade</p><p>empreendedora brasileira.</p><p>d) ausência de sistemas integrados facilitadores da net pública; baixa capacitação do</p><p>pessoal administrativo.</p><p>e) baixo índice de patentes e pesquisas acadêmicas voltadas à área pública; resistência</p><p>sindical para demissões.</p><p>028. 028. (ESAF/MPOG/ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO/2015) Vista como um</p><p>processo de adaptação, a Reforma Administrativa é tema indispensável à compreensão da</p><p>máquina pública em face do ambiente em que se insere. No caso brasileiro, é correto afirmar:</p><p>a) a Era Vargas se notabilizou por adotar as bases da gestão societal, tendo sido o trabalhismo</p><p>a mola propulsora para a industrialização da economia.</p><p>b) a experiência administrativa dos governos militares caracterizou-se pela centralização</p><p>e pela planificação da economia.</p><p>c) a Constituição Federal de 1988 notabiliza-se por encaminhar à administração pública</p><p>rumo a um desvencilhamento da rigidez burocrática.</p><p>d) em 1990, a reforma então implementada caracterizou-se por sua organicidade e</p><p>racionalidade, adequando o aparato estatal à abertura econômica que estaria por vir.</p><p>e) de uma forma geral, as reformas administrativas no país, calcadas na promessa de</p><p>sensíveis rupturas, costumam apresentar resultados aquém do alardeado.</p><p>029. 029. (ESAF/MTUR/ANALISTA TÉCNICO/2014) Acerca da primeira tentativa de reforma</p><p>administrativa com cunho gerencial no Brasil, a partir do Decreto-Lei n. 200/67, analise as</p><p>afirmativas abaixo e classifique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F)</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização</p><p>civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>63 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta.</p><p>( ) � A mudança promovida deixou de lado as características híbridas do modelo</p><p>administrativo brasileiro, o que exacerbou a tensão dentro do modelo, em especial,</p><p>o conflito entre a administração direta e indireta.</p><p>( ) � Como aspectos positivos do Decreto-Lei n. 200/67 destacam-se sua originalidade</p><p>com ênfase na descentralização e flexibilidade administrativa.</p><p>( ) � As reformas iniciadas em 1967 visavam a operacionalizar o modelo de administração</p><p>para o desenvolvimento, baseado na consolidação burocrática de um estado forte,</p><p>voltado para o desenvolvimento econômico, cuja característica principal foi o</p><p>predomínio da racionalidade funcional emanada da tecnoestrutura indispensável à</p><p>manutenção do regime autoritário, cujo viés dissociativo consistia na predominância</p><p>do planejamento econômico como núcleo decisório de governo e no crescimento</p><p>desordenado da burocracia governamental direta.</p><p>a) V, V, V</p><p>b) V, V, F</p><p>c) F, F, V</p><p>d) V, F, F</p><p>e) F, V, F</p><p>030. 030. (ESAF/MTUR/ANALISTA TÉCNICO/2014) A respeito da evolução da Administração Pública</p><p>no Brasil, analise as afirmativas abaixo, classificando-as como verdadeiras (V) ou falsas (F).</p><p>Ao final assinale a opção que contenha a sequência correta</p><p>( ) � A hipertrofia do Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP no contexto</p><p>do estado, extrapolando a função de órgão central de administração e assumindo</p><p>características de agência central de governo, confirma a disfuncionalidade do modelo</p><p>que possuía um caráter hermético, um sistema insulado pautado linearmente nos</p><p>inputs do regime de Vargas sob boa carga discricionária.</p><p>( ) � A modernização daspeana representou a reversão total da índole patrimonialista</p><p>tipicamente lusitana.</p><p>( ) � O período compreendido entre 1945 e 1964 representa o desdobramento das</p><p>estruturas institucionais do estado tendo como pano de fundo do panorama político o</p><p>retorno da democracia. O sistema administrativo estatal esteve, neste período, aberto</p><p>às influências da política representativa, desinteressada na extensão dos esforços</p><p>modernizantes em relação às variáveis estruturais essenciais da administração e,</p><p>complementarmente, interessada quer em negociar os resultados das instâncias</p><p>mais modernas, quer em lucrar com a paralisia das mais atrasadas.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>64 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>a) V, V, F</p><p>b) F, V, F</p><p>c) F, F, V</p><p>d) V, F, V</p><p>e) V, V, V</p><p>031. 031. (CESGRANRIO/PETROBRÁS/ASSISTENTE SOCIAL JÚNIOR/2010) Um estudo sobre</p><p>Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) apresenta uma série de informações corretas,</p><p>EXCETO que</p><p>a) o papel do Estado capitalista foi decisivo e central em todas as experiências de Welfare</p><p>State</p><p>b) o paradigma mais importante de Welfare State constituiu-se nos Estados Unidos, a</p><p>partir do New Deal, de Roosevelt.</p><p>c) a partir da análise das suas experiências históricas, conclui- se não ter havido um único</p><p>modelo de Welfare State.</p><p>d) as concepções econômicas de J. M. Keynes, enunciadas nos anos 1930, constituíram-se</p><p>em um dos fundamentos teóricos do Welfare State.</p><p>e) no Welfare State inglês, adotou-se um conceito ampliado de seguridade social, contido</p><p>no Plano Beveridge.</p><p>032. 032. (ESAF/MF/ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO/2014) A dominação burocrática</p><p>proposta por Weber estabeleceu os seguintes atributos da organização racional-legal, exceto:</p><p>a) A concentração do trabalho</p><p>b) A hierarquia</p><p>c) A existência de regras gerais de funcionamento.</p><p>d) A separação entre propriedade pessoal e organizacional</p><p>e) A seleção de pessoal com base em qualificação técnica.</p><p>033. 033. (ESAF/RECEITA FEDERAL/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL/2012) Sobre o modelo</p><p>de Administração Pública Burocrática, é correto afirmar que:</p><p>a) pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os</p><p>cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas.</p><p>b) assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle</p><p>rígido dos processos, com o controle de procedimentos.</p><p>c) prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades</p><p>para os escalões inferiores.</p><p>d) preza os princípios de confiança e descentralização da decisão, exige formas flexíveis de</p><p>gestão, horizontalização de estruturas e descentralização de funções.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>65 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>e) o administrador público prega o formalismo, o rigor técnico e preocupa-se em oferecer</p><p>serviços, e não em gerir programas.</p><p>034. 034. (ESAF/MPOG/ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO/2015) Em relação aos</p><p>modelos de gestão pública, é incorreto afirmar:</p><p>a) no sentido weberiano do termo, a burocracia nunca logrou ser reconhecida por sua</p><p>racionalidade. Antes, popularizou-se – negativamente – em face de suas disfunções.</p><p>b) a lógica do Governo Aberto, por si só, é suficiente para garantir uma maior e mais efetiva</p><p>participação social na avaliação e no controle da ação governamental.</p><p>c) embora declaradamente rejeitado por todos, o patrimonialismo remanesce em grau</p><p>bastante sensível, haja vista os recorrentes escândalos de corrupção havidos no decorrer</p><p>da Nova República.</p><p>d) a absorção do gerencialismo e suas variantes, no âmbito da gestão pública, não implica</p><p>delinear-se, como objetivo, a exclusão do modelo burocrático.</p><p>e) embora as ideias de reforma gerencial tenham surgido em países de governos neoliberais,</p><p>é possível afirmar que o modelo não se restringe apenas a esse contexto ideológico.</p><p>035. 035. (ESAF/RECEITA FEDERAL/AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL/2014) Considerando-</p><p>se os modelos teóricos de administração pública: patrimonialista, burocrático e gerencial,</p><p>é correto afirmar que:</p><p>a) a Administração Pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta, pregando</p><p>o formalismo, rigidez e o rigor técnico.</p><p>b) a Administração Pública burocrática pensa na sociedade como um campo de conflito,</p><p>cooperação e incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas</p><p>posições ideológicas.</p><p>c) a Administração Pública burocrática prega a descentralização, com delegação de poderes,</p><p>atribuições e responsabilidades para os escalões inferiores.</p><p>d) a Administração Pública Gerencial é autorreferente e se concentra no processo, em suas</p><p>próprias necessidades e perspectivas, sem considerar a alta ineficiência envolvida.</p><p>e) a Administração Pública Gerencial assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo</p><p>e a corrupção é pelo controle rígido dos processos com o controle de procedimentos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>66 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>036. 036. (ESAF/MTUR/ANALISTA TÉCNICO/2014)</p><p>Correlacione as colunas acima atribuindo as características descritas</p><p>na Coluna II à forma</p><p>de administração correspondente, constante da Coluna I.</p><p>Ao final, selecione a opção que contenha a sequência correta para a Coluna II.</p><p>a) 1, 2, 3</p><p>b) 3, 2, 1</p><p>c) 2, 3, 1</p><p>d) 2, 1, 3</p><p>e) 1, 3, 2</p><p>037. 037. (FCC/MPE-SE/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2009) NÃO constitui característica</p><p>do modelo de Administração Pública Burocrática, que tem entre seus principais expoentes</p><p>Max Weber,</p><p>a) utilização de critérios eminentemente políticos para contratação e promoção de</p><p>funcionários, em detrimento da avaliação por mérito.</p><p>b) ênfase na ideia de carreira e profissionalização do corpo funcional público.</p><p>c) estrutura hierárquica fortemente verticalizada, impessoalidade e formalismo.</p><p>d) rigidez do controle dos processos, com predominância do controle da legalidade como</p><p>critério de avaliação da ação administrativa (due process).</p><p>e) rotinas e procedimentos segundo regras definidas a priori, em detrimento da avaliação</p><p>por resultados.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>67 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>038. 038. (FCC/AL-SP/AGENTE TÉCNICO LEGISLATIVO/2010) Com relação à administração pública</p><p>burocrática considere.</p><p>I – Surge na segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, com o objetivo de</p><p>combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista.</p><p>II – Esse modelo de gestão possui como princípios orientadores a profissionalização, ou seja,</p><p>a ideia de carreira e hierarquia funcional, a impessoalidade e o formalismo.</p><p>III – Os pressupostos da administração burocrática são a confiança prévia nos administradores</p><p>públicos e nos cidadãos que a eles, administradores públicos, dirigem demandas.</p><p>IV – O controle pode transformar-se na própria razão de ser do funcionário; voltando-se</p><p>para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade.</p><p>V – A administração burocrática tem como principal qualidade a efetividade no alcance dos</p><p>resultados; seu foco central é a eficiência do Estado.</p><p>Está correto o que se afirma APENAS em</p><p>a) I e II.</p><p>b) I, II, III e V.</p><p>c) II, III e IV.</p><p>d) II e V.</p><p>e) III, IV e V.</p><p>039. 039. (FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/AUDITOR FISCAL/2012) Com relação à introdução</p><p>do paradigma pós-burocrático na administração pública brasileira, considere:</p><p>I – A partir de meados dos anos 1990 houve flexibilização e, posteriormente, ruptura</p><p>do modelo burocrático, tendo em vista que as organizações públicas abandonaram a</p><p>racionalidade formal como paradigma de ação.</p><p>II – Apesar de todas as mudanças recentes, as organizações ditas pós-burocráticas ainda</p><p>estão vinculadas à lógica racional-legal, base do modelo criado por Max Weber.</p><p>III – A organização pós-burocrática teria como principais características a centralização</p><p>e a estruturação em redes hierarquizadas articuladas por fluxos verticais de informação.</p><p>IV – As organizações pós-burocráticas podem ser caracterizadas como orientadas para a</p><p>solução de conflitos e problemas, e estão baseadas na participação, confiança e compromisso</p><p>de todos em torno de resultados.</p><p>V – O tipo organizacional pós-burocrático é construído em torno de processos tecnologicamente</p><p>intensivos, fortemente preocupados pela formação de consensos baseados no personalismo.</p><p>Está correto o que se afirma APENAS em</p><p>a) II e IV.</p><p>b) III e V.</p><p>c) I, II e III.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>68 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>d) III, IV e V.</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>040. 040. (FCC/TCE-RO/AUDITOR/2010) Na gestão do setor público, a incorporação do paradigma</p><p>do cidadão como cliente</p><p>a) foi rejeitada, pois as burocracias públicas não têm como missão atender clientelas, mas</p><p>alcançar resultados orientados pelo princípio da razão de Estado.</p><p>b) deve ser compatibilizada com o dever de atender a todos os cidadãos, independentemente</p><p>de sua condição financeira, e com as limitações de recursos orçamentários públicos.</p><p>c) é incompatível com o princípio da universalização dos serviços públicos, que impõe o</p><p>atendimento prioritário a todos, independentemente da sua qualidade.</p><p>d) será alcançada à medida que avançar o processo de privatização do setor público, pois</p><p>seu sucesso depende da eliminação do modelo burocrático de gestão.</p><p>e) é de difícil implementação, pois depende da retirada de princípios constitucionais da</p><p>administração pública, como a impessoalidade, a equidade e a universalidade</p><p>041. 041. (FCC/BAHIAGÁS/ANALISTA DE PROCESSOS/2010) Na administração do Estado moderno,</p><p>reforma administrativa burocrática trata-se</p><p>a) da orientação da transição do Estado burocrático para o Estado gerencial.</p><p>b) do processo de transição do Estado patrimonial para o Estado burocrático weberiano.</p><p>c) da gestão do processo de transição da Administração Pública tradicionalista para o</p><p>Estado gerencial patrimonial.</p><p>d) do processo de transição do Estado burocrático weberiano para o Estado patrimonial.</p><p>e) da reforma da gestão pública orientando o conjunto de atividades destinadas à execução</p><p>de obras e serviços, comissionados ao governo para o interesse da sociedade.</p><p>042. 042. (FCC/AL-SP/AGENTE TÉCNICO LEGISLATIVO/2010) O modelo de administração</p><p>pública gerencial</p><p>a) prioriza o atendimento das demandas do cidadão.</p><p>b) identifica o interesse público com a afirmação do poder do Estado.</p><p>c) identifica o interesse da coletividade com o do Mercado.</p><p>d) baseia-se na competência técnica dos servidores e na centralização da decisão.</p><p>e) enfatiza o controle dos processos formais, visando à punição exemplar dos incompetentes.</p><p>043. 043. (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) Na historiografia brasileira é tradicional</p><p>contrastar a facilidade relativa da consolidação da independência do Brasil com o processo</p><p>complicado de emancipação da América espanhola. Acentua-se ainda que, enquanto o Brasil</p><p>permaneceu unificado, a América espanhola se fragmentou em diversas nações.</p><p>Boris Fausto. Histórica Concisa do Brasil. São Paulo: Editora Edusp, 2012, p. 78.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>69 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>A propósito da independência do Brasil e do período monárquico, julgue o item a seguir.</p><p>A constituição de 1824 estabeleceu o voto direto e universal.</p><p>044. 044. (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) A passagem do Império para a República</p><p>no Brasil foi relativamente tranquila, ao contrário dos primeiros anos sob o novo regime,</p><p>quando diversos grupos disputavam o poder e divergiam sobre o projeto da República</p><p>nascente. Com relação a esse tema, julgue o item subsecutivo.</p><p>A primeira constituição republicana do Brasil teve cunho liberal, inspirada na constituição</p><p>alemã.</p><p>045. 045. (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) A passagem do Império para a República</p><p>no Brasil foi relativamente tranquila, ao contrário dos primeiros anos sob o novo regime,</p><p>quando diversos grupos disputavam o poder e divergiam sobre o projeto da República</p><p>nascente. Com relação a esse tema, julgue o item subsecutivo.</p><p>A revolução de 1930 expressou uma nova conformação de classes sociais, impulsionada</p><p>pela</p><p>ascensão da burguesia industrial.</p><p>046. 046. (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) Durante o período militar, o governo</p><p>Médici foi marcado por uma liberalização da política de forma lenta e gradual, bem como</p><p>pelo fim da repressão aos dissidentes.</p><p>047. 047. (CESPE/2013/ANTT/ ANALISTA ADMINISTRATIVO – CIÊNCIA POLÍTICA)</p><p>Em 1979 foram editadas novas leis que afetaram a organização partidária, extinguiram a</p><p>antiga Arena e o MDB e possibilitaram a criação de um sistema pluripartidário.</p><p>048. 048. (AOCP/TRE-AC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2015) A estruturação da máquina administrativa</p><p>no Brasil passou por reformas que provocaram mudanças e impactos nas estruturas</p><p>administrativas do setor público. Dentre essas reformas, surgiu o Plano Diretor da Reforma</p><p>do Estado para modificar a burocracia pública brasileira, dividindo as atividades estatais</p><p>em dois segmentos. Quais são esses segmentos?</p><p>a) Atividades de legislação pública e atividades de formulação de políticas públicas.</p><p>b) Atividades de reformas estruturais do Estado e atividades de reformas da administração</p><p>pública.</p><p>c) Atividades exclusivas do Estado e atividades não exclusivas do Estado.</p><p>d) Atividades de criação e expansão de burocracias públicas e atividades de racionalização.</p><p>e) Atividades de gerencialismo na administração pública e atividades de descentralização.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>70 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>049. 049. (FUNIVERSA/IF-AP/ADMINISTRADOR/2016) Assinale a alternativa correta com relação</p><p>ao impacto da CF na evolução da administração pública gerencial.</p><p>a) O populismo patrimonialista foi superado pelas novas normas constitucionais.</p><p>b) O aparelho estatal tornou-se mais dinâmico com as regras adotadas no núcleo estratégico.</p><p>c) A administração indireta passou a ter flexibilidade operacional.</p><p>d) O Poder Executivo perdeu a autonomia para tratar da estruturação dos órgãos públicos.</p><p>e) O regime jurídico dos servidores públicos passou a ser determinado pela natureza de</p><p>cada órgão público.</p><p>050. 050. (CETRO/2015/AMAZUL/ANALISTA ADMINISTRATIVO) Sobre Reformas Administrativas,</p><p>é correto afirmar que</p><p>a) uma modernização de Estado é tão ampla e complexa quanto uma Reforma Administrativa</p><p>Estatal, significando uma busca de novas formas e modelos de gestão de tarefas para tornar</p><p>os órgãos e entidades públicas mais eficientes e eficazes, adaptando-os ao momento atual.</p><p>b) a Reforma Administrativa exprime uma das vertentes da Reforma do Estado, representando</p><p>um conjunto de medidas direcionadas a modificar as estruturas, organização, funcionamento,</p><p>tarefas e instrumentos da Administração Pública, com a finalidade de melhor capacitá-la</p><p>para servir aos fins do Estado e aos interesses da sociedade.</p><p>c) todas as transformações ocorridas no Estado podem ser denominadas Reformas do</p><p>Estado, mesmo sendo somente movimentos de modernização estatal.</p><p>d) a criação da Comissão Especial de Planejamento Administrativo (CEPA) é considerada o</p><p>primeiro processo de planejamento de Reforma Administrativa.</p><p>e) a adoção de princípios hierárquicos, a instituição de remuneração por produção e o</p><p>recrutamento baseado no sistema discricionário são os aspectos da Reforma Administrativa</p><p>brasileira da década de 1930.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>71 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>GABARITOGABARITO</p><p>1. C</p><p>2. C</p><p>3. b</p><p>4. E</p><p>5. C</p><p>6. C</p><p>7. E</p><p>8. C</p><p>9. C</p><p>10. E</p><p>11. E</p><p>12. C</p><p>13. E</p><p>14. C</p><p>15. C</p><p>16. E</p><p>17. E</p><p>18. e</p><p>19. d</p><p>20. b</p><p>21. C</p><p>22. d</p><p>23. d</p><p>24. c</p><p>25. c</p><p>26. c</p><p>27. b</p><p>28. e</p><p>29. b</p><p>30. d</p><p>31. b</p><p>32. a</p><p>33. b</p><p>34. b</p><p>35. a</p><p>36. c</p><p>37. a</p><p>38. a</p><p>39. a</p><p>40. b</p><p>41. b</p><p>42. a</p><p>43. E</p><p>44. E</p><p>45. C</p><p>46. E</p><p>47. C</p><p>48. c</p><p>49. d</p><p>50. b</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>72 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>GABARITO COMENTADOGABARITO COMENTADO</p><p>001. 001. (CESPE/MTE/ADMINISTRADOR/2008) A administração patrimonialista representa</p><p>uma continuidade do modelo inspirado nas monarquias e prevalecente até o surgimento</p><p>da burocracia, sendo a corrupção e o nepotismo inerentes a esse modelo. Aos cidadãos</p><p>se concedem benesses, em vez da prestação de serviços, e a relação entre o governo e a</p><p>sociedade não é de cidadania, e sim de paternalismo e subserviência.</p><p>Perfeito pessoal! Foi o que vimos na aula. No Estado Patrimonial O patrimônio do Estado</p><p>confunde-se com o patrimônio do soberano e os cargos são tidos como prebendas (ocupações</p><p>rendosas e de pouco trabalho). A corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de</p><p>administração.</p><p>Certo.</p><p>002. 002. (CESPE/MTE/ADMINISTRADOR/2008) A administração pública gerencial está voltada para</p><p>o atendimento às demandas dos usuários dos serviços e a obtenção de resultados. Apoia-</p><p>se fortemente na descentralização e na delegação de competência e define indicadores de</p><p>desempenho, o que está associado à adoção de contratos de gestão.</p><p>Perfeito pessoal! Como vimos, na administração pública gerencial prioriza-se a eficiência</p><p>da administração, o aumento da qualidade dos serviços e a redução dos custos. Busca-se</p><p>desenvolver uma cultura gerencial nas organizações, com ênfase nos resultados, e aumentar</p><p>a governança do Estado. Neste modelo, a descentralização dos serviços efetuados pelo</p><p>Estado é incentivada, passando-se algumas atividades não exclusivas do Estado para setores</p><p>da sociedade civil, com o devido monitoramento do Estado.</p><p>Certo.</p><p>003. 003. (FCC/BAHIAGÁS/ANALISTA DE PROCESSOS ORGANIZACIONAIS/2010) Na administração</p><p>do Estado moderno, reforma administrativa burocrática trata-se</p><p>a) da orientação da transição do Estado burocrático para o Estado gerencial.</p><p>b) do processo de transição do Estado patrimonial para o Estado burocrático weberiano.</p><p>c) da gestão do processo de transição da Administração Pública tradicionalista para o</p><p>Estado gerencial patrimonial.</p><p>d) do processo de transição do Estado burocrático weberiano para o Estado patrimonial.</p><p>e) da reforma da gestão pública orientando o conjunto de atividades destinadas à execução</p><p>de obras e serviços, comissionados ao governo para o interesse da sociedade</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>73 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Pessoal, tranquila esta questão! Se o enunciado falar sobre reforma administrativa burocrática</p><p>refere-se à passagem do modelo patrimonialista para o modelo burocrático weberiano.</p><p>Letra b.</p><p>004. 004. (CESPE/ANCINE/TECNICO ADMINISTRATIVO/2012) A administração pública burocrática</p><p>adota sistemas de controle e gestão centrados em resultados e não em procedimentos.</p><p>Nada disso, minha gente! A administração pública burocrática volta-se para o controle dos</p><p>procedimentos, como forma de combater o patrimonialismo.</p><p>Errado.</p><p>005. 005.</p><p>(CESPE/ANCINE/TECNICO ADMINISTRATIVO/2012) A administração pública burocrática</p><p>substituiu a administração patrimonialista, na qual o Estado era entendido como propriedade</p><p>do rei e em que não havia clara distinção entre o patrimônio público e o privado.</p><p>Perfeito, pessoal! A administração pública burocrática foi desenvolvida para substituir a</p><p>administração patrimonialista em que os bens públicos se confundiam com os bens privados</p><p>dos soberanos.</p><p>Certo.</p><p>006. 006. (CESPE/MPS/ADMINISTRADOR/2010) O Estado oligárquico, modelo adotado no século</p><p>passado, no Brasil, antes do primeiro governo Vargas, atribuía pouca importância às políticas</p><p>sociais, o que fortaleceu o papel de instituições religiosas, voltadas para o atendimento</p><p>das populações mais pobres e desprotegidas.</p><p>Perfeito Pessoal! O atendimento às necessidades das populações pobres era encarado</p><p>como ato de bondade e não de dever do estado. Estas ações eram incumbência da Igreja.</p><p>Basta lembramos da criação das Santas Casas de misericórdia, hospitais beneficentes para</p><p>as populações pobres.</p><p>Certo.</p><p>007. 007. (CESPE/INMETRO/ANALISTA GESTÃO PÚBLICA/2009) A reforma administrativa realizada</p><p>na Era Vargas, a partir da criação do Departamento Administrativo do Serviço Público</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>74 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>(DASP), teve como característica marcante o fortalecimento das atividades-fim do Estado</p><p>em detrimento das atividades meio, ou seja, aquelas relacionadas à administração em geral.</p><p>Pessoal, questão simples! O DASP, como vimos, atuou na administração de materiais, de</p><p>pessoal e financeira, ou seja, nas atividades administrativas do Estado, em suas funções meio.</p><p>As atividades-fim do Estado são as políticas públicas de educação, saúde, desenvolvimento</p><p>(principal preocupação naquele momento).</p><p>Errado.</p><p>008. 008. (CESPE/OBSERVATORIO NACIONAL/ANALISTA DE C &T/2004) O Departamento</p><p>Administrativo do Serviço Público (DASP) foi o órgão central de modernização do Estado Novo.</p><p>Perfeito pessoal! Como vimos o DASP foi criado no início do Estado Novo um momento</p><p>em que o autoritarismo brasileiro ganhava força, com o objetivo de realizar a revolução</p><p>modernizadora do país.</p><p>Certo.</p><p>009. 009. (CESPE/SENADO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2002) A noção de sistema de mérito,</p><p>proposto pelo DASP, apoiava-se em ingresso mediante concurso, promoção conforme o</p><p>mérito e ascensão mediante carreira.</p><p>Pessoal, perfeita a afirmação! O sistema de mérito proposto pelo DASP implicava ingresso</p><p>no serviço público através de concurso e ascensão mediante a criação de carreiras na</p><p>administração pública.</p><p>Certo.</p><p>010. 010. (ESAF/MPOG/ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO/2010) A análise da evolução da</p><p>administração pública brasileira, a partir dos anos 1930, permite concluir acertadamente que:</p><p>Com o Estado Novo e a criação do DASP, a admissão ao serviço público passou a ser feita</p><p>exclusivamente por meio de concurso público, sendo descontinuadas as práticas do</p><p>clientelismo e da indicação por apadrinhamento.</p><p>Pessoal, esta assertiva está ERRADA! Vimos isto em aula: embora a intenção tenha sido a</p><p>implantação de uma burocracia profissional no Brasil, como ressaltaram Bresser Pereira</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>75 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>e Luciano Martins, o clientelismo e o fisiologismo conviveram junto com a burocracia</p><p>profissional. Muitos cargos do baixo escalão eram preenchidos sem concurso público,</p><p>obedecendo a critérios clientelistas.</p><p>Errado.</p><p>011. 011. (FCC/TRT-23-MT/ANALISTA JUDICIÁRIO/2011) O modelo de administração gerencial no</p><p>Brasil foi implementado com a criação do Departamento de Administração do Serviço Público</p><p>(DASP), em 1936, tendo por meta flexibilizar as funções gerenciais nas autarquias federais.</p><p>Esta assertiva também está ERRADA! Como vimos o DASP representou a implantação do</p><p>modelo burocrático no Brasil. A administração gerencial foi implementada mais tarde.</p><p>Errado.</p><p>012. 012. (FUNIVERSA/SEPLAG-DF/ANALISTA PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO/2009) Acerca da</p><p>evolução da administração pública no Brasil, assinale a alternativa incorreta.</p><p>a) No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir dos anos 30 do século</p><p>passado. Surge no quadro da aceleração da industrialização brasileira, em que o Estado</p><p>assume papel decisivo, intervindo pesadamente no setor produtivo de bens e serviços.</p><p>b) Com o objetivo de realizar a modernização administrativa, foi criado o Departamento</p><p>Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1936. Nos primórdios, a Administração</p><p>Pública sofre a influência da teoria da administração científica de Taylor, tendendo à</p><p>racionalização mediante a simplificação, padronização e aquisição racional de materiais,</p><p>revisão de estruturas e aplicação de métodos na definição de procedimentos.</p><p>Pessoal, excelentes afirmativas estas acima! Ambas estão CORRETAS!</p><p>A implantação da Administração Burocrática no Brasil, a necessidade de carreiras profissionais</p><p>emerge com o Governo Getúlio Vargas, que assumiu o poder para mudar a face agrária da</p><p>sociedade brasileira e implementar o desenvolvimento econômico através da industrialização.</p><p>A reforma administrativa burocrática visa dar suporte a esta ação do Estado.</p><p>É preciso também ressaltar que a administração burocrática está ligada de certa forma aos</p><p>princípios da administração científica de Taylor. Tanto a Burocracia quanto a Administração</p><p>Científica preconizam a racionalização do trabalho, por isto a associação entre as duas</p><p>abordagens.</p><p>Certo; Certo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>76 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>013. 013. (CESPE/TRE-RJ/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/2012) A implantação do</p><p>Departamento Administrativo de Serviço Público (DASP) foi uma ação típica da administração</p><p>pública voltada para o paradigma pós-burocrático.</p><p>Pessoal, a afirmativa está ERRADA! A implantação do DASP representou a tentativa de</p><p>implantação de um modelo burocrático, com inspiração weberiana, no Brasil. O modelo</p><p>pós-burocrático é a administração gerencial que estudaremos mais à frente nesta aula.</p><p>Errado.</p><p>014. 014. (CESPE/ANCINE/TECNICO EM REGULAÇÃO/2012) No que diz respeito à administração</p><p>dos recursos humanos, a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP)</p><p>representou uma tentativa de formação da burocracia nos moldes weberianos, baseada</p><p>no princípio do mérito profissional.</p><p>Exatamente, pessoal! O DASP foi uma ação voltada para a profissionalização da administração</p><p>pública brasileira, com inspiração weberiana (teoria da burocracia).</p><p>Certo.</p><p>015. 015. (CESPE/TRE-ES/ANALISTA JUDICIÁRIOS/2010) Entre os anos 1950 e 1960, o modelo</p><p>de gestão administrativa proposto estava voltado para o desenvolvimento, especialmente</p><p>para a expansão do poder de intervenção do Estado na vida econômica e social do país.</p><p>A década de 1950, no segundo governo Vargas e especialmente no governo JK, marcou o</p><p>início do nacional-desenvolvimentismo.</p><p>No governo JK foi elaborado O plano de Metas, que</p><p>tinha como intenção o desenvolvimento acelerado do Brasil. O pressuposto era a intervenção</p><p>do Estado, como propulsor do desenvolvimento da nação.</p><p>Certo.</p><p>016. 016. (CESPE/TRE-ES/ANALISTA JUDICIÁRIOS/2010) As tentativas de reformas ocorridas na</p><p>década de 50 do século passado guiavam-se estrategicamente pelos princípios autoritários</p><p>e centralizados, típicos de uma nação em desenvolvimento.</p><p>Negativo minha gente! Houve descentralização de atividades no governo JK, que pautava-</p><p>se por princípios democráticos, e não autoritários. Eis aí, inclusive sua dificuldade em</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>77 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>implementar mudanças, o que o fez recorrer à criação de comissões especiais para tocar</p><p>os projetos de desenvolvimento do País.</p><p>Errado.</p><p>017. 017. (SENADO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2002) A continuidade do DASP foi assegurada</p><p>nos governos que se seguiram — Dutra e JK —, de modo a possibilitar a estruturação dos</p><p>grupos executivos incumbidos de implementar o Plano de Metas.</p><p>Negativo pessoal! Embora o DASP continuasse existindo como órgão da administração</p><p>direta, sua função foi esvaziada. Já no governo Dutra há um arrefecimento do aspecto</p><p>moralizador do concurso público, com retorno a antigas práticas clientelistas. No governo</p><p>JK, com a criação das comissões especiais o DASP perde ainda mais prestígio, pois são estas</p><p>comissões que ficam responsáveis pelo acompanhamento do plano de metas.</p><p>Errado.</p><p>018. 018. (FCC/MPE-SE/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2009) A Reforma Administrativa de</p><p>1967, implementada pelo Decreto-lei federal no 200,</p><p>a) priorizou a atuação do Estado no fomento e regulamentação dos setores produtivos e</p><p>a sua retirada como prestador direto de serviços públicos.</p><p>b) cerceou a autonomia das entidades integrantes da Administração indireta, submetendo-as</p><p>às mesmas regras previstas para a Administração direta, como licitações e concurso público.</p><p>c) retomou o processo de centralização da atuação administrativa.</p><p>d) introduziu mecanismos de parceria com instituições privadas sem fins lucrativos.</p><p>e) desencadeou um movimento de descentralização da atuação estatal, com a transferência</p><p>de atividades a autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.</p><p>Pessoal, analisemos as alternativas:</p><p>a) Errada. Este é o pressuposto da reforma gerencial de 1994, que veremos à frente.</p><p>b) Errada. Foi justamente o contrário: deu-se maior liberdade e autonomia à administração</p><p>indireta.</p><p>c) Errada. Também foi o contrário: descentralizou atividades para as autarquias e fundações.</p><p>d) Errada. Esta também foi uma premissa da reforma administrativa de 1994, que abordaremos</p><p>mais à frente nesta aula.</p><p>e) Certa. Perfeito, as atividades foram descentralizadas para a administração indireta</p><p>(autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.</p><p>Letra e.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>78 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>019. 019. (FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO/AUDITOR FISCAL/2007) O Programa Nacional de</p><p>Desburocratização, implantado no início dos anos 80, idealizado pelo Ministro Hélio Beltrão,</p><p>caracterizou-se</p><p>a) pela retomada dos conceitos contidos no Decreto- Lei no 200, de 1967, buscando, assim,</p><p>a atuação administrativa centralizada, sem, no entanto, deixar de lado a dimensão política</p><p>do governo.</p><p>b) pela diminuição do peso das instituições burocráticas no serviço público, procurando</p><p>retomar alguns procedimentos tradicionais da rotina administrativa, não necessariamente</p><p>alinhados com a eficiência.</p><p>c) pela implementação por meio de uma sólida base parlamentar de apoio, o que lhe forneceu</p><p>condições inéditas de sustentabilidade.</p><p>d) por focalizar o usuário do serviço público e divulgar amplamente seus princípios norteadores,</p><p>concentrando-se na produção de mudanças no comportamento e na atuação da burocracia</p><p>pública.</p><p>e) pela introdução, no setor público, de alguns estilos gerenciais baseados nos modelos e</p><p>princípios administrativos do setor privado, conseguindo, assim, a ampla adesão de empresas</p><p>estatais e dos principais grupos financeiros do País.</p><p>Analisemos as alternativas.</p><p>a) Errada. De fato havia forte centralização burocrática, a despeito da descentralização</p><p>para a administração indireta operada pelo Decreto-Lei 200/67. Era justamente esta</p><p>centralização o motivo da crítica de Hélio Beltrão.</p><p>b) Errada. De fato o programa previa a desburocratização da administração direta, mas</p><p>sobretudo gerando eficiência no atendimento ao usuário do serviço público, o cidadão.</p><p>c) Errada. Não se pode dizer que a base de apoio do governo militar nos anos de 1979 e</p><p>1980 fosse pequena, embora estivesse se diluindo ainda era forte. No entanto, afirmar que</p><p>a base de apoio era inédita é desconsiderar o que a Ditadura Militar fez, especialmente, a</p><p>partir de 1968, controlando totalmente o Congresso.</p><p>d) Certa. Perfeito! O PrND foi criado para combater a burocratização dos procedimentos e</p><p>focalizar o cidadão, o usuário do serviço público.</p><p>e) Errada. Negativo minha gente! Não se propagou a ideia de modelos privados na administração</p><p>pública no Programa Nacional de Desburocratização.</p><p>Letra d.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>79 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>020. 020. (FCC/TCE-RO/AUDITOR/2010) A Reforma do Aparelho do Estado, proposta pelo Ministério</p><p>da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE), implantada nos anos 90, diferenciou-</p><p>se da reforma proposta pelo Decreto Lei n. 200 de 1967 ao</p><p>a) recuperar a capacidade de planejamento, coordenação e regulação do aparelho de Estado</p><p>federal sobre a administração indireta e fundacional.</p><p>b) priorizar a eficiência e a flexibilização da gestão pública e fortalecer a posteriori os</p><p>sistemas de controle da atividade administrativa.</p><p>c) aprofundar a participação direta do Estado nos diversos setores da sociedade e da</p><p>economia.</p><p>d) propor a substituição do modelo burocrático pela administração gerencial, com foco no</p><p>cidadão, reforçando os sistemas de controles a priori.</p><p>e) enfatizar o fortalecimento do núcleo estratégico do Estado, ampliando e fortalecendo</p><p>os sistemas centralizados de controle de processos.</p><p>Pessoal, atenção com estas questões! Não podemos errar pressupostos básicos da reforma</p><p>gerencial dos anos 90 no Brasil. Vejamos as alternativas:</p><p>a) Errada. Não havia incapacidade de governança sobre a administração indireta. A questão</p><p>era de eficiência.</p><p>b) Certa. A reforma da década de 1990 preconizava a eficiência, a flexibilidade e o controle</p><p>a posteriori de resultados.</p><p>c) Errada. A intenção era inversa à afirmação: deseja-se retirar o estado de alguns setores</p><p>de atuação onde a iniciativa privada poderia agir e retirar o Estado de áreas de produção</p><p>direta para o mercado, conforme veremos mais à frente nesta aula.</p><p>d) Errada. Notem a sutileza: a reforma preconizava o controle a posteriori e não a priori</p><p>(esta é uma característica da administração burocrática).</p><p>e) Errada. A perspectiva</p><p>não era de centralização, mas sim de descentralização para aumentar</p><p>o controle social e a eficiência do Estado.</p><p>Letra b.</p><p>021. 021. (CESPE/AGU/AGENTE ADMINISTRATIVO/2010) Para a administração pública burocrática,</p><p>o interesse público é frequentemente identificado com a afirmação do poder do Estado. A</p><p>administração pública gerencial nega essa visão do interesse público, relacionando-o com</p><p>o interesse da coletividade, e não do Estado.</p><p>Perfeito! É esta a mudança fundamental da administração gerencial em relação à administração</p><p>burocrática. O cidadão passa a ser o protagonista da ação do Estado, e não o próprio Estado.</p><p>Certo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>80 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>022. 022. (FCC/PGE-RJ/TÉCNICO SUPERIOR ADMINISTRADOR/2009) O Plano Diretor para a</p><p>Reforma do Aparelho do Estado de 1995 definiu novos modelos de organização para a</p><p>Administração Pública Federal. São eles:</p><p>a) as parcerias público-privadas, as autarquias e as fundações.</p><p>b) os consórcios públicos, as organizações federais e as autarquias executivas.</p><p>c) as organizações sociais, as agências reguladoras e as parcerias público-privadas.</p><p>d) as organizações sociais, as agências executivas e as agências reguladoras.</p><p>e) as agências executivas, as fundações e as organizações públicas não estatais.</p><p>Pessoal, como vimos, Bresser Pereira enfatiza que uma das dimensões da reforma foi a</p><p>institucional-legal, que permitiria a criação de novos formatos organizacionais, como as</p><p>agências executivas, regulatórias, e as organizações sociais.</p><p>Letra d.</p><p>023. 023. (FCC/MPE-AP/ANALISTA MINISTERIAL/2012) De acordo com a reforma do Estado</p><p>brasileiro de 1995, quatro setores integram o aparelho do Estado, com reflexos na organização</p><p>da administração pública: o núcleo estratégico, atividades exclusivas, serviços não exclusivos,</p><p>produção de bens e serviços. São exemplos dos setores de atividades exclusivas e serviços</p><p>não exclusivos, respectivamente:</p><p>a) poderes executivo, legislativo, judiciário e telecomunicações.</p><p>b) educação, controle do meio ambiente e serviço de trânsito.</p><p>c) ministérios do poder executivo e captação de petróleo e gás.</p><p>d) fiscalização sanitária, saúde e educação.</p><p>e) educação e saúde e policiamento.</p><p>Pessoal, vimos acima na aula que as atividades exclusivas correspondem aos serviços de</p><p>cobrança e fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência social básica, o serviço de</p><p>desemprego, a fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, o serviço de trânsito,</p><p>a compra de serviços de saúde pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio à</p><p>educação básica, o serviço de emissão de passaportes, etc. Já as atividades dos não exclusivos</p><p>correspondem aos serviços de educação (como as universidades), os hospitais, os centros</p><p>de pesquisa e os museus, ou seja, atividades que podem ser desenvolvidas também pela</p><p>iniciativa privada.</p><p>Letra d.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>81 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>024. 024. (FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO/AUDITOR FISCAL DO MUNICÍPIO/2007) É correto</p><p>apontar entre as motivações para o movimento de Reforma do Estado, levado a efeito na</p><p>esfera federal pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado,</p><p>a) o ideário neoliberal, que propõe a retirada do Estado de diversos setores da sociedade,</p><p>reduzindo-se seu papel de prestador direto de serviços públicos e de agente de fomento</p><p>da atividade econômica.</p><p>b) a intenção de ampliar a intervenção do Estado no domínio econômico, dada a crescente</p><p>demanda da sociedade por bens e serviços públicos, do que resultou a profissionalização</p><p>e a ampliação do Aparelho do Estado.</p><p>c) a crise fiscal, caracterizada pela crescente perda de crédito por parte do Estado e pelo</p><p>esgotamento da poupança pública, o que ensejou a privatização em larga escala de empresas</p><p>estatais exploradoras de atividade econômica e prestadoras de serviço público.</p><p>d) o esgotamento do modelo de Estado prestador direto de serviços públicos, enfatizando-</p><p>se a privatização de empresas estatais, desonerando o Estado da responsabilidade pela</p><p>disponibilização de tais serviços aos usuários.</p><p>e) a necessidade de implementação de uma política de ajuste fiscal, como consequência</p><p>do cumprimento de obrigações com organismos internacionais, implicando redução do</p><p>Aparelho do Estado, bem como do setor público não estatal, em função do esgotamento</p><p>das fontes de financiamento</p><p>Analisemos as alternativas:</p><p>a) Errada. O papel principal do Estado, para os neoliberais, é o de formulador das políticas</p><p>públicas. O texto de Bresser Pereira nega que a motivação seja neoliberal, embora alguns</p><p>o acuse disto.</p><p>b) Errada. Não houve ampliação da intervenção do Estado no domínio econômico.</p><p>c) Certa. A incapacidade do Estado de arcar com crescentes despesas e a consequente busca</p><p>por eficiência (fazer mais por menos) motivaram a reforma da década de 90.</p><p>d) Errada. O Estado não ficou desonerado da responsabilidade da prestação dos serviços</p><p>públicos aos usuários. Mesmo os serviços não exclusivos continuam sob responsabilidade do</p><p>Estado, pois este exerce o poder coercitivo para implementação das políticas (fiscalização,</p><p>concessão de benefícios, fomento etc).</p><p>e) Errada. O setor público não estatal foi ampliado com o incentivo à criação das OS’s.</p><p>Letra c.</p><p>025. 025. (FCC/MPE-SE/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2009) NÃO se inclui entre as principais</p><p>causas que levaram à Reforma do Aparelho do Estado, implementada no Brasil nos anos 90, a</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>82 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>a) a incapacidade do governo de gerar poupança interna e com isso realizar os investimentos</p><p>públicos demandados pela sociedade.</p><p>b) crise fiscal, caracterizada pela crescente perda de crédito por parte do Estado e pelo</p><p>esgotamento da poupança pública.</p><p>c) intenção de ampliar a intervenção direta do Estado no domínio econômico, dada a</p><p>crescente demanda da sociedade por bens e serviços públicos.</p><p>d) necessidade de implementação de uma política de ajuste fiscal, como consequência do</p><p>cumprimento de obrigações com organismos internacionais.</p><p>e) a crise do modelo burocrático de administração, permeado por práticas patrimonialistas</p><p>e clientelistas.</p><p>Analisemos as alternativas.</p><p>a) Certa. Incapacidade de poupança interna foi uma das causas da reforma de 94, como</p><p>mencionei.</p><p>b) Certa. A crise fiscal também foi uma causa.</p><p>c) Errada. Não havia a intenção de ampliar a intervenção estatal no domínio econômico,</p><p>mas sim o inverso, diminuir.</p><p>d) Certa. O ajuste fiscal era consequência da crise fiscal.</p><p>e) Certa. Exato! Pretendia-se substituir o modelo burocrático, que ainda era refém (no</p><p>Brasil) de práticas patrimonialistas e clientelistas. Vale lembrar que a reforma burocrática</p><p>no Brasil nunca logrou êxito total.</p><p>Portanto, como o enunciado pedia a afirmativa incorreta, o gabarito é a alternativa C.</p><p>Letra c.</p><p>026. 026. (FCC/MPE-SE/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2009) O conceito de “publicização”,</p><p>idealizado</p><p>e não admitindo uma possível derrota, exigiram a anulação das eleições.</p><p>Os novos donos do poder procuravam manter uma aparência de democracia. O Congresso</p><p>continuava funcionando. Entretanto, com a cassação dos mandatos, os deputados e</p><p>senadores ou eram favoráveis aos militares ou estavam dominados pelo medo. Desta forma,</p><p>o marechal Castelo Branco pode contar com um Congresso bastante submisso. Foi esta</p><p>submissão que possibilitou a aprovação de atos arbitrários e ditatoriais.</p><p>Castelo Branco, que corria sério risco de ser deposto, respeitou o resultado das eleições,</p><p>mas, em obediência ao compromisso com os duros, decretou o AI-2 (Ato Institucional n.</p><p>2), em outubro de 1965. Dentre outras coisas, o AI-2 instituiu o bipartidarismo no sistema</p><p>político brasileiro (foram criados os partidos ARENA e MDB)</p><p>Este Ato Institucional estabelecia eleições indiretas para presidente da República,</p><p>extinguia partidos políticos e concedia ao presidente o direito de fechar o Congresso</p><p>Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais. Após este Ato, foi instituído</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>8 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>o AI-3 que estabelecia eleições indiretas para governadores e prefeitos, ampliando ainda,</p><p>os mecanismos que garantiam a continuidade do regime militar</p><p>Em 1967, o general Artur da Costa e Silva (1967-1969) toma posse, após vencer as</p><p>eleições. Em seu governo foi promulgada a nova Constituição, que possibilitou a reabertura</p><p>do Congresso Nacional apenas para aprová-la. Esta Constituição teve como objetivo principal</p><p>institucionalizar a ditadura.</p><p>O Congresso Nacional foi novamente fechado e por tempo indefinido, pois as Forças</p><p>Armadas exigiam que ele suspendesse a imunidade parlamentar. Em represália, o regime</p><p>militar decretou o AI-5, em 13 de dezembro de 1968.</p><p>O AI-5 mergulhou o Brasil no período mais triste da sua história política, no qual a</p><p>repressão iria atingir níveis de violência inimagináveis. Vários professores universitários</p><p>foram forçados a se aposentar e muitas pessoas entraram na clandestinidade. A imprensa,</p><p>rigorosamente censurada, foi proibida de publicar notícias sobre movimentos operários e</p><p>estudantis ou matérias que contivessem críticas ao regime.</p><p>O presidente Costa e Silva foi afastado do poder devido a uma enfermidade e uma</p><p>junta militar passou a governar o país. Uma das medidas adotas por eles foi a emenda</p><p>constitucional que adicionava à Constituição de 1967 a prisão perpétua e a pena de morte.</p><p>O próximo presidente foi Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). Em seu governo, Médici,</p><p>criou o Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) com o intuito de diminuir o número</p><p>de analfabetos no país; ampliou programas de assistência social; lançou o programa Proterra</p><p>(visava diminuir os problemas de terra da população nordestina) e a construção da Rodovia</p><p>Transamazônica</p><p>Apesar da instituição de programas que beneficiassem a população, o regime militar</p><p>do governo de Médici, aumentou o uso da tortura, principalmente para obter informações</p><p>sobre a oposição. Um dos instrumentos de repressão era o DOI-Codi (Destacamento de</p><p>Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) e o Oban (Operação</p><p>Bandeirantes). Estes órgãos eram financiados por empresas e em geral, utilizavam a tortura</p><p>para investigar os “crimes praticados contra o Governo”.</p><p>Todos que se opunham ao governo eram considerados perigosos e portanto, deveriam</p><p>ser punidos.</p><p>Durante o governo de Médici, o país vivenciou o “milagre brasileiro”, que foi um momento</p><p>da ascensão da economia através do arrocho salarial e da plena abertura da economia</p><p>brasileira ao capital estrangeiro.</p><p>A principal vítima do milagre econômico foi a classe operária. Durante o governo Médici,</p><p>o arrocho salarial foi mantido. O governo manipulava os índices oficiais de inflação de modo</p><p>que os aumentos salariais sempre ficavam bem abaixo da inflação real.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>9 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Ao mesmo tempo em que favorecia as classes mais abastadas, aumentava a desigualdade</p><p>social e econômica. As classes sociais mais altas ampliavam suas riquezas e os pobres</p><p>ficavam cada vez mais na miséria.</p><p>A situação de desigualdade e de miséria social era mais gritante no meio rural, em</p><p>especial no nordestino, onde as forças rebeldes haviam sido eliminadas. Os trabalhadores</p><p>urbanos mais pobres foram empurrados cada vez mais para a periferia das cidades.</p><p>Em março de 1974, o general Ernest Geisel assume a presidência do Brasil. Este presidente</p><p>buscou adotar, ao mesmo tempo, medidas que diminuíssem a censura imposta à imprensa,</p><p>mas em contra partida, adotava medidas autoritárias como a cassação de deputados</p><p>oposicionistas, o fechamento do Congresso e a alteração da legislação eleitoral, de modo que</p><p>a vitória da oposição fosse impedida. O lema de Geisel era realizar a abertura democrática</p><p>de forma lenta e gradual.</p><p>Em 1979, Geisel, passa o poder para o general João Batista Figueiredo, cujo compromisso</p><p>era levar o país a redemocratização. No governo de Figueiredo, as opressões do regime</p><p>militar diminuíram consideravelmente, com mais a liberdade de expressão para a imprensa,</p><p>Congresso Nacional não foi fechado e as eleições ocorreram livremente.</p><p>Até 1979, o país possuía apenas a Aliança Renovadora Nacional (Arena), de apoio ao</p><p>regime militar, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que exercia oposição até o</p><p>limite tolerado pelo establishment.</p><p>Porém, em 1979, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica dos Partidos, incluindo o</p><p>substitutivo que extinguiu a Arena e o MDB, e restabeleceu a liberdade partidária no país.</p><p>Pela aprovação do substitutivo votaram 299 deputados e 41 senadores. Só nove deputados</p><p>faltaram à sessão.</p><p>A iniciativa do presidente João Figueiredo de acabar com o bipartidarismo (que vigorava</p><p>desde 1965, com a promulgação do AI-2) foi uma tentativa de dividir a oposição. Isso</p><p>garantiria a vitória nas eleições de 1982 dos aliados ao regime militar, pois todos os antigos</p><p>membros da Arena iriam para um único novo partido, enquanto os membros do MDB (que</p><p>tinham em comum apenas a oposição ao regime) se dividiriam em várias agremiações.</p><p>Assim, com o fim do bipartidarismo, os parlamentares da Arena migraram para o Partido</p><p>Democrático Social (PDS) e o MDB transformou-se no Partido do Movimento Democrático</p><p>Brasileiro (PMDB), sob a liderança de Ulysses Guimarães. Parte dos parlamentares da oposição</p><p>abandonou a legenda e criou novos partidos. Ressurgiu o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)</p><p>– que reuniu setores do antigo trabalhismo liderados por Ivete Vargas – e foram criados o</p><p>Partido Democrático Trabalhista (PDT), que também reivindicava a herança do trabalhismo</p><p>getulista e o Partido dos Trabalhadores (PT).</p><p>O clamor da sociedade canalizou-se na reivindicação por eleições diretas para a</p><p>presidência. Acreditavam que somente um presidente eleito pelo povo teria condições de</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>pela Reforma do Aparelho do Estado, significa</p><p>a) a transferência compulsória ao poder público de atividades originalmente de responsabilidade</p><p>do Estado, como saúde e educação.</p><p>b) a estatização de atividades estratégicas.</p><p>c) a transferência de atividades antes desempenhadas por entes públicos, especialmente</p><p>na área social, a entidades privadas sem fins lucrativos.</p><p>d) a ampliação da atuação direta do Estado na área social e a redução da sua atuação em</p><p>setores produtivos.</p><p>e) o movimento de ampliação das informações à sociedade acerca da atuação da Administração.</p><p>Pessoal, como vimos a publicização significa a transferência de serviços não exclusivos do</p><p>Estado, educação e saúde, para o setor público não estatal, como as Organizações Sociais.</p><p>Letra c.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>83 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>027. 027. (FCC/MPE-AP/ANALISTA MINISTERIAL/2012) Um balanço das reformas na administração</p><p>pública, implementadas ao final dos anos 90 no Brasil, indica que avanços e impedimentos</p><p>fazem parte de seus resultados. Avanços houveram no planejamento e no aperfeiçoamento</p><p>da capacidade de gestão do Estado, em melhorias na prestação dos serviços públicos e na</p><p>inovação. São impedimentos para o desenvolvimento adequado das reformas:</p><p>a) questões de sustentabilidade econômica, social e ambiental; população não aderente</p><p>ao e-gov.</p><p>b) desarticulação e incoerência entre reformas; a vontade política de membros do governo.</p><p>c) oscilação de moedas, gerando dificuldade em balanços de pagamento; baixa capacidade</p><p>empreendedora brasileira.</p><p>d) ausência de sistemas integrados facilitadores da net pública; baixa capacitação do</p><p>pessoal administrativo.</p><p>e) baixo índice de patentes e pesquisas acadêmicas voltadas à área pública; resistência</p><p>sindical para demissões.</p><p>Pessoal, a despeito do erro de concordância verbal no enunciado da questão (“houveram”</p><p>é dose!!!), verificamos que a alternativa coerente com os impedimentos apontados por</p><p>autores que analisaram as reformas administrativas da década de 90 são a desarticulação e</p><p>incoerência entre reforma (causadas pela fragmentação das reformas) e os impedimentos</p><p>de economia política ou de vontade política.</p><p>Letra b.</p><p>028. 028. (ESAF/MPOG/ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO/2015) Vista como um</p><p>processo de adaptação, a Reforma Administrativa é tema indispensável à compreensão da</p><p>máquina pública em face do ambiente em que se insere. No caso brasileiro, é correto afirmar:</p><p>a) a Era Vargas se notabilizou por adotar as bases da gestão societal, tendo sido o trabalhismo</p><p>a mola propulsora para a industrialização da economia.</p><p>b) a experiência administrativa dos governos militares caracterizou-se pela centralização</p><p>e pela planificação da economia.</p><p>c) a Constituição Federal de 1988 notabiliza-se por encaminhar à administração pública</p><p>rumo a um desvencilhamento da rigidez burocrática.</p><p>d) em 1990, a reforma então implementada caracterizou-se por sua organicidade e</p><p>racionalidade, adequando o aparato estatal à abertura econômica que estaria por vir.</p><p>e) de uma forma geral, as reformas administrativas no país, calcadas na promessa de</p><p>sensíveis rupturas, costumam apresentar resultados aquém do alardeado.</p><p>Analisemos as alternativas:</p><p>a) Errada. A era Vargas foi a entrada para a administração burocrática com a criação do DASP.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>84 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>b) Errada. Na verdade ocorreu uma tentativa de descentralização, conforme Decreto-Lei</p><p>200/67.</p><p>c) Errada. Vimos na aula que a CF/88 foi considerada como um retrocesso burocrático.</p><p>d) Errada. Vimos no texto de Frederico Lustosa que a reforma do Collor careceu de</p><p>racionalidade.</p><p>e) Certa. Perfeito! Todas as reformas administrativas, iniciando com burocrática de Vargas</p><p>até a de Bresser Pereira, nunca conseguiram implementar plenamente todos os objetivos</p><p>propostos.</p><p>Letra e.</p><p>029. 029. (ESAF/MTUR/ANALISTA TÉCNICO/2014) Acerca da primeira tentativa de reforma</p><p>administrativa com cunho gerencial no Brasil, a partir do Decreto-Lei n. 200/67, analise as</p><p>afirmativas abaixo e classifique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F)</p><p>Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta.</p><p>( ) � A mudança promovida deixou de lado as características híbridas do modelo</p><p>administrativo brasileiro, o que exacerbou a tensão dentro do modelo, em especial,</p><p>o conflito entre a administração direta e indireta.</p><p>( ) � Como aspectos positivos do Decreto-Lei n. 200/67 destacam-se sua originalidade</p><p>com ênfase na descentralização e flexibilidade administrativa.</p><p>( ) � As reformas iniciadas em 1967 visavam a operacionalizar o modelo de administração</p><p>para o desenvolvimento, baseado na consolidação burocrática de um estado forte,</p><p>voltado para o desenvolvimento econômico, cuja característica principal foi o</p><p>predomínio da racionalidade funcional emanada da tecnoestrutura indispensável à</p><p>manutenção do regime autoritário, cujo viés dissociativo consistia na predominância</p><p>do planejamento econômico como núcleo decisório de governo e no crescimento</p><p>desordenado da burocracia governamental direta.</p><p>a) V, V, V</p><p>b) V, V, F</p><p>c) F, F, V</p><p>d) V, F, F</p><p>e) F, V, F</p><p>Analisemos as alternativas:</p><p>I – VERDADEIRO. Devemos lembrar que até 1967 existiram diversos mecanismos de</p><p>administração Paralela ao modelo da administração, desde o governo Vargas até o governo</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>85 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Juscelino, em especial. É a isto que a banca se refere como modelos híbridos. D e fato a</p><p>reforma de 1967, trouxe tensão entre a administração direta e indireta.</p><p>II – VERDADEIRO. Houve sem dúvidas flexibilidade à administração pública.</p><p>III – FALSO. Nada disto privilegiou-se a descentralização, com fortalecimento da administração</p><p>indireta.</p><p>Letra b.</p><p>030. 030. (ESAF/MTUR/ANALISTA TÉCNICO/2014) A respeito da evolução da Administração Pública</p><p>no Brasil, analise as afirmativas abaixo, classificando-as como verdadeiras (V) ou falsas (F).</p><p>Ao final assinale a opção que contenha a sequência correta</p><p>( ) � A hipertrofia do Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP no contexto</p><p>do estado, extrapolando a função de órgão central de administração e assumindo</p><p>características de agência central de governo, confirma a disfuncionalidade do modelo</p><p>que possuía um caráter hermético, um sistema insulado pautado linearmente nos</p><p>inputs do regime de Vargas sob boa carga discricionária.</p><p>( ) � A modernização daspeana representou a reversão total da índole patrimonialista</p><p>tipicamente lusitana.</p><p>( ) � O período compreendido entre 1945 e 1964 representa o desdobramento das</p><p>estruturas institucionais do estado tendo como pano de fundo do panorama político o</p><p>retorno da democracia. O sistema administrativo estatal esteve, neste período, aberto</p><p>às influências da política representativa, desinteressada na extensão dos esforços</p><p>modernizantes em relação às variáveis estruturais essenciais da administração e,</p><p>complementarmente,</p><p>interessada quer em negociar os resultados das instâncias</p><p>mais modernas, quer em lucrar com a paralisia das mais atrasadas.</p><p>a) V, V, F</p><p>b) F, V, F</p><p>c) F, F, V</p><p>d) V, F, V</p><p>e) V, V, V</p><p>Pessoal, esta questão foi retirada integralmente do artigo de Bresser Pereira na Revista do</p><p>Serviço Público, Ano 48,Número 1,Jan-Abr 1997.</p><p>Analisemos as alternativas:</p><p>I – VERDADEIRO. Segundo Bresser Pereira:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>86 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>A crítica mais comum à disfuncionalidade do modelo daspeano concentra-se, todavia, no seu</p><p>caráter hermético, de sistema insulado pautado linearmente nos inputs do regime de Vargas</p><p>sob boa carga discricionária. Uma consequência mais imediata é a própria hipertrofia do DASP</p><p>no contexto do Estado, extrapolando a função de órgão central de administração, ainda que</p><p>de cunho normatizador e executor direto, e assumindo características de agência central de</p><p>governo com poderes legislativos, que abrigaria, de fato, a infraestrutura decisória do regime</p><p>do Estado Novo.</p><p>II – FALSO. Inúmeras características do modelo Patrimonialista persistiram, como restam</p><p>ainda hoje.</p><p>III – VERDADEIRO. Segundo Bresser Pereira:</p><p>O período compreendido entre 1945 e 1964 representa o desdobramento das estruturas</p><p>institucionais do Estado, tendo como pano de fundo o panorama político e o retorno à democracia</p><p>(p. 54, parágrafo primeiro).</p><p>O sistema administrativo estatal esteve, neste período, aberto às influências da política</p><p>representativa, desinteressada na regulação política dos esforços modernizantes e</p><p>interessada quer em negociar os resultados das instâncias mais modernas, quer em lucrar</p><p>com a paralisia das mais atrasadas.</p><p>Letra d.</p><p>031. 031. (CESGRANRIO/PETROBRÁS/ASSISTENTE SOCIAL JÚNIOR/2010) Um estudo sobre</p><p>Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) apresenta uma série de informações corretas,</p><p>EXCETO que</p><p>a) o papel do Estado capitalista foi decisivo e central em todas as experiências de Welfare</p><p>State</p><p>b) o paradigma mais importante de Welfare State constituiu-se nos Estados Unidos, a</p><p>partir do New Deal, de Roosevelt.</p><p>c) a partir da análise das suas experiências históricas, conclui- se não ter havido um único</p><p>modelo de Welfare State.</p><p>d) as concepções econômicas de J. M. Keynes, enunciadas nos anos 1930, constituíram-se</p><p>em um dos fundamentos teóricos do Welfare State.</p><p>e) no Welfare State inglês, adotou-se um conceito ampliado de seguridade social, contido</p><p>no Plano Beveridge.</p><p>Analisemos as alternativas:</p><p>a) Certa. Como vimos a implantação do Estado de Bem-Estar social é função da tensão</p><p>entre capital e aspirações sociais e foi implantado nos Estados capitalistas.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>87 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>b) Errada. O paradigma mais importante do Estado de Bem-Estar Social foi a Lei Beveridge</p><p>de 1942, na Inglaterra.</p><p>c) Certa. Como vimos houve vários modelos de Estado de Bem-Estar Social.</p><p>d) Certa. Perfeito, como vimos, Keynes foi o idealizador da concepção econômica do Estado</p><p>de Bem-Estar Social.</p><p>e) Certa. O Plano Beveridge foi concebido como um plano ampliado de seguridade social,</p><p>para além do assistencialismo.</p><p>Letra b.</p><p>032. 032. (ESAF/MF/ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO/2014) A dominação burocrática</p><p>proposta por Weber estabeleceu os seguintes atributos da organização racional-legal, exceto:</p><p>a) A concentração do trabalho</p><p>b) A hierarquia</p><p>c) A existência de regras gerais de funcionamento.</p><p>d) A separação entre propriedade pessoal e organizacional</p><p>e) A seleção de pessoal com base em qualificação técnica.</p><p>Analisemos as alternativas:</p><p>a) Errada. Weber não falou em concentração do trabalho, mas sim em “especialização”.</p><p>b) Certa. A hierarquia é uma característica tipicamente burocrática.</p><p>c) Certa. O “sistema de disciplina e controle” seriam as citadas “regras gerais de funcionamento”.</p><p>d) Certa. Uma característica da burocracia é a separação entre bens públicos e privados.</p><p>e) Certa. As pessoas devem ser contratados, sobre a base da livre seleção segundo critérios</p><p>racionais, como qualificação e títulos.</p><p>Letra a.</p><p>033. 033. (ESAF/RECEITA FEDERAL/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL/2012) Sobre o modelo</p><p>de Administração Pública Burocrática, é correto afirmar que:</p><p>a) pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os</p><p>cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas.</p><p>b) assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle</p><p>rígido dos processos, com o controle de procedimentos.</p><p>c) prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades</p><p>para os escalões inferiores.</p><p>d) preza os princípios de confiança e descentralização da decisão, exige formas flexíveis de</p><p>gestão, horizontalização de estruturas e descentralização de funções.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>88 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>e) o administrador público prega o formalismo, o rigor técnico e preocupa-se em oferecer</p><p>serviços, e não em gerir programas.</p><p>Pessoal, esta questão foi retirada do artigo de José Matias Pereira. Analisemos as alternativas:</p><p>a) Errada. Esta é uma característica da Administração Pública Gerencial.</p><p>b) Certa. Esta é uma característica da Administração Pública Burocrática, conforme salientado</p><p>no texto de José Matias Pereira.</p><p>c) Errada. Esta é uma característica da Administração Pública Gerencial.</p><p>d) Errada. Esta é uma característica da Administração Pública Gerencial.</p><p>e) Errada. A preocupação da burocracia está nos processos, nos meios e não no fim, na</p><p>gestão do programa, portanto, e não na oferta do serviço. A Administração Pública Gerencial</p><p>é que se preocupa em oferecer serviços, e não em gerir programas.</p><p>Letra b.</p><p>034. 034. (ESAF/MPOG/ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO/2015) Em relação aos</p><p>modelos de gestão pública, é incorreto afirmar:</p><p>a) no sentido weberiano do termo, a burocracia nunca logrou ser reconhecida por sua</p><p>racionalidade. Antes, popularizou-se – negativamente – em face de suas disfunções.</p><p>b) a lógica do Governo Aberto, por si só, é suficiente para garantir uma maior e mais efetiva</p><p>participação social na avaliação e no controle da ação governamental.</p><p>c) embora declaradamente rejeitado por todos, o patrimonialismo remanesce em grau</p><p>bastante sensível, haja vista os recorrentes escândalos de corrupção havidos no decorrer</p><p>da Nova República.</p><p>d) a absorção do gerencialismo e suas variantes, no âmbito da gestão pública, não implica</p><p>delinear-se, como objetivo, a exclusão do modelo burocrático.</p><p>e) embora as ideias de reforma gerencial tenham surgido em países de governos neoliberais,</p><p>é possível afirmar que o modelo não se restringe apenas a esse contexto ideológico.</p><p>a) Certa. Pessoal, aqui temos um deslize da banca. A ESAF considerou esta afirmativa como</p><p>certa. De fato as disfunções burocráticas são mais notórias que sua formulação inicial de</p><p>eficiência. No entanto, em sentido weberiano, o objetivo</p><p>da burocracia era a racionalidade.</p><p>O modelo de dominação weberiano inclusive chama-se racional-legal. A banca, contudo,</p><p>não anulou esta questão.</p><p>b) Errada. O simples fato do Estado estar acessível (através da transparência e governo</p><p>eletrônico), não garante que os cidadãos irão participar. É preciso estimular essa participação,</p><p>por meio de ações concretas</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>89 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>c) Certa. O patrimonialismo é ainda praticado. O uso de cargos públicos para atender</p><p>interesses político demonstra isto.</p><p>d) Certa. O objetivo do gerencialismo é tornar a administração mais eficiente, utilizando os</p><p>princípios basilares e funcionais da burocracia, como a meritocracia, hierarquia, admissão</p><p>por concurso público</p><p>e) Certa. O Brasil tem contexto sociopolítico completamente distinto dos EUA e Reino</p><p>Unido, primeiras nações a adotarem a administração gerencial, e mesmo assim promoveu</p><p>a reforma do Estado Gerencial em seu ordenamento jurídico</p><p>Portanto, o gabarito é a alternativa B, mas eu teria entrado com recurso para anular a</p><p>questão!</p><p>Letra b.</p><p>035. 035. (ESAF/RECEITA FEDERAL/AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL/2014) Considerando-</p><p>se os modelos teóricos de administração pública: patrimonialista, burocrático e gerencial,</p><p>é correto afirmar que:</p><p>a) a Administração Pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta, pregando</p><p>o formalismo, rigidez e o rigor técnico.</p><p>b) a Administração Pública burocrática pensa na sociedade como um campo de conflito,</p><p>cooperação e incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas</p><p>posições ideológicas.</p><p>c) a Administração Pública burocrática prega a descentralização, com delegação de poderes,</p><p>atribuições e responsabilidades para os escalões inferiores.</p><p>d) a Administração Pública Gerencial é autorreferente e se concentra no processo, em suas</p><p>próprias necessidades e perspectivas, sem considerar a alta ineficiência envolvida.</p><p>e) a Administração Pública Gerencial assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo</p><p>e a corrupção é pelo controle rígido dos processos com o controle de procedimentos.</p><p>Pessoal, vejam que a questão é semelhante à que foi cobrada no próprio concurso da receita</p><p>em 2012, baseada no artigo de José Pereira Matias. Vamos analisar as alternativas:</p><p>a) Certa. A Administração Pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta,</p><p>pregando o formalismo, rigidez e o rigor técnico.</p><p>b) Errada. Esta é uma característica da Administração Pública Gerencial.</p><p>c) Errada. Também é característica da Administração Pública Gerencial.</p><p>d) Errada. Esta é uma característica da Administração Pública Burocrática, conforme vimos</p><p>acima na aula, constituindo uma das críticas que se faz a este modelo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>90 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>d) Errada. Esta é uma característica da Administração Pública Burocrática</p><p>Letra a.</p><p>036. 036. (ESAF/MTUR/ANALISTA TÉCNICO/2014)</p><p>Correlacione as colunas acima atribuindo as características descritas na Coluna II à forma</p><p>de administração correspondente, constante da Coluna I.</p><p>Ao final, selecione a opção que contenha a sequência correta para a Coluna II.</p><p>a) 1, 2, 3</p><p>b) 3, 2, 1</p><p>c) 2, 3, 1</p><p>d) 2, 1, 3</p><p>e) 1, 3, 2</p><p>Pessoal, esta foi uma questão muito tranquila. Vejamos:</p><p>É a administração baseada em um serviço civil profissional e no universalismo de procedimentos,</p><p>expresso em normas rígidas de procedimento administrativo:</p><p>• Trata-se da Administração Burocrática. Portanto, primeira lacuna devemos associar</p><p>o número 2.</p><p>Prega que a melhor forma de combater o clientelismo é dar autonomia ao administrador</p><p>público, valorizando-o por sua capacidade de tomar decisões em que o critério de êxito seja</p><p>sempre o melhor atendimento ao cidadão-cliente:</p><p>• Trata-se da Administração Gerencial. Portanto, a segunda lacuna devemos associar</p><p>o número 3.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>91 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>É uma administração do Estado, mas não é pública. Sobrevive nos regimes democráticos</p><p>imperfeitos através do clientelismo:</p><p>• Trata-se da Administração Patrimonialista. Portanto, a terceira lacuna devemos</p><p>associar o número 1.</p><p>Letra c.</p><p>037. 037. (FCC/MPE-SE/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2009) NÃO constitui característica</p><p>do modelo de Administração Pública Burocrática, que tem entre seus principais expoentes</p><p>Max Weber,</p><p>a) utilização de critérios eminentemente políticos para contratação e promoção de</p><p>funcionários, em detrimento da avaliação por mérito.</p><p>b) ênfase na ideia de carreira e profissionalização do corpo funcional público.</p><p>c) estrutura hierárquica fortemente verticalizada, impessoalidade e formalismo.</p><p>d) rigidez do controle dos processos, com predominância do controle da legalidade como</p><p>critério de avaliação da ação administrativa (due process).</p><p>e) rotinas e procedimentos segundo regras definidas a priori, em detrimento da avaliação</p><p>por resultados.</p><p>Pessoal, o comando da questão pede assinalar qual das alternativas não é característica da</p><p>Burocracia, segundo Max Weber. Vimos que as características da administração burocrática</p><p>de Max Weber são a competência técnica e a meritocracia. A burocracia é uma organização</p><p>na qual a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competência técnica e não em</p><p>preferências pessoais. Alternativa B correta.</p><p>A burocracia também se caracteriza pela hierarquia, impessoalidade e formalismo. Alternativa</p><p>C correta.</p><p>Forte controle dos procedimentos (a priori), através do estabelecimento de regras e normas</p><p>a serem seguidos por todos. Alternativas D e E corretas.</p><p>A seleção, a admissão, a transferência e a promoção dos funcionários são baseadas em</p><p>critérios de avaliação e classificação válidos para toda a organização e não em critérios</p><p>particulares e arbitrários. Esses critérios universais são racionais e levam em conta a</p><p>competência, o mérito e a capacidade do funcionário em relação ao cargo. Daí a necessidade</p><p>de exames, concursos, testes e títulos para a admissão e promoção dos funcionários.</p><p>Portanto, a alternativa A está ERRADA e é o gabarito.</p><p>Letra a.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>92 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>038. 038. (FCC/AL-SP/AGENTE TÉCNICO LEGISLATIVO/2010) Com relação à administração pública</p><p>burocrática considere.</p><p>I – Surge na segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, com o objetivo de</p><p>combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista.</p><p>II – Esse modelo de gestão possui como princípios orientadores a profissionalização, ou seja,</p><p>a ideia de carreira e hierarquia funcional, a impessoalidade e o formalismo.</p><p>III – Os pressupostos da administração burocrática são a confiança prévia nos administradores</p><p>públicos e nos cidadãos que a eles, administradores públicos, dirigem demandas.</p><p>IV – O controle pode transformar-se na própria razão de ser do funcionário; voltando-se</p><p>para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade.</p><p>V – A administração burocrática tem como principal qualidade a efetividade no alcance dos</p><p>resultados; seu foco central é a eficiência do Estado.</p><p>Está correto o que se afirma APENAS em</p><p>a) I e II.</p><p>b) I, II, III e V.</p><p>c) II, III e IV.</p><p>d) II e V.</p><p>e) III, IV e V.</p><p>Pessoal, vamos analisar as afirmativas.</p><p>I – CERTO. O modelo de administração burocrático, de fato, surge no século XIX, para</p><p>combater os males do modelo patrimonialista.</p><p>II – CERTO. São características do modelo burocrático a impessoalidade e a formalidade.</p><p>III – ERRADO. A burocracia parte da desconfiança a priori. Quem deposita confiança limitada</p><p>é o modelo da Administração Gerencial, que veremos a seguir.</p><p>IV – ERRADO. Cuidado. Esta é uma disfunção da Burocracia, não uma característica deste</p><p>modelo de administração pública.</p><p>V – ERRADO. A administração burocrática tem como qualidade a efetividade no controle</p><p>dos abusos</p><p>Letra a.</p><p>039. 039. (FCC/PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP/AUDITOR FISCAL/2012) Com relação à introdução</p><p>do paradigma pós-burocrático na administração pública brasileira, considere:</p><p>I – A partir de meados dos anos 1990 houve flexibilização e, posteriormente, ruptura</p><p>do modelo burocrático, tendo em vista que as organizações públicas abandonaram a</p><p>racionalidade formal como paradigma de ação.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>93 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>II – Apesar de todas as mudanças recentes, as organizações ditas pós-burocráticas ainda</p><p>estão vinculadas à lógica racional-legal, base do modelo criado por Max Weber.</p><p>III – A organização pós-burocrática teria como principais características a centralização</p><p>e a estruturação em redes hierarquizadas articuladas por fluxos verticais de informação.</p><p>IV – As organizações pós-burocráticas podem ser caracterizadas como orientadas para a</p><p>solução de conflitos e problemas, e estão baseadas na participação, confiança e compromisso</p><p>de todos em torno de resultados.</p><p>V – O tipo organizacional pós-burocrático é construído em torno de processos tecnologicamente</p><p>intensivos, fortemente preocupados pela formação de consensos baseados no personalismo.</p><p>Está correto o que se afirma APENAS em</p><p>a) II e IV.</p><p>b) III e V.</p><p>c) I, II e III.</p><p>d) III, IV e V.</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>Analisemos as afirmativas</p><p>I – Incorreta. O modelo gerencial foi implementado em meados de 1995,e veio para se apoiar</p><p>nos pilares da burocracia, quais sejam os de formalismo, profissionalismo e impessoalidade,</p><p>então não se pode falar que a administração pública abandonou a racionalidade formal.</p><p>II – Correta. Como dito, o nosso sistema ainda retem muitos traços característicos da</p><p>burocracia.</p><p>III – Incorreta. O Gerencialismo e marcado por sua descentralização, delegando mais</p><p>responsabilidade e autonomia.</p><p>IV – Correta. Traço marcante, buscar eficiência sem perder qualidade, solução para conflitos</p><p>e mais participação do cidadão, essas qualidades só surgirão na 3º fase do gerencialismo</p><p>o qual e chamado de public service orientation.</p><p>V – Incorreta. A grande diferença e que o gerencialismo se preocupa com os resultados,</p><p>voltados para o cidadão, de forma que este possa a vir a ajudar na forma de administrar,</p><p>nada tem a ver com processos tecnológicos intensivos voltados para o personalismo.</p><p>Letra a.</p><p>040. 040. (FCC/TCE-RO/AUDITOR/2010) Na gestão do setor público, a incorporação do paradigma</p><p>do cidadão como cliente</p><p>a) foi rejeitada, pois as burocracias públicas não têm como missão atender clientelas, mas</p><p>alcançar resultados orientados pelo princípio da razão de Estado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>94 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>b) deve ser compatibilizada com o dever de atender a todos os cidadãos, independentemente</p><p>de sua condição financeira, e com as limitações de recursos orçamentários públicos.</p><p>c) é incompatível com o princípio da universalização dos serviços públicos, que impõe o</p><p>atendimento prioritário a todos, independentemente da sua qualidade.</p><p>d) será alcançada à medida que avançar o processo de privatização do setor público, pois</p><p>seu sucesso depende da eliminação do modelo burocrático de gestão.</p><p>e) é de difícil implementação, pois depende da retirada de princípios constitucionais da</p><p>administração pública, como a impessoalidade, a equidade e a universalidade</p><p>Pessoal, a incorporação do paradigma do cidadão como cliente acontece num segundo</p><p>momento da Administração Pública Gerencial. Nesta perspectiva cada cidadão deve ser</p><p>atendido em suas demandas, pois é um contribuinte. O PSO avança neste conceito pois</p><p>adiciona o conceito de equidade e accountabillity. Naturalmente todos serão atendidos, mas</p><p>dentro das limitações de recursos públicos. Lembrem-se que o surgimento da administração</p><p>pública gerencial se deu em um momento de crise fiscal do Estado e crise de financiamento</p><p>do Estado de Bem-Estar social.</p><p>Letra b.</p><p>041. 041. (FCC/BAHIAGÁS/ANALISTA DE PROCESSOS/2010) Na administração do Estado moderno,</p><p>reforma administrativa burocrática trata-se</p><p>a) da orientação da transição do Estado burocrático para o Estado gerencial.</p><p>b) do processo de transição do Estado patrimonial para o Estado burocrático weberiano.</p><p>c) da gestão do processo de transição da Administração Pública tradicionalista para o</p><p>Estado gerencial patrimonial.</p><p>d) do processo de transição do Estado burocrático weberiano para o Estado patrimonial.</p><p>e) da reforma da gestão pública orientando o conjunto de atividades destinadas à execução</p><p>de obras e serviços, comissionados ao governo para o interesse da sociedade.</p><p>Pessoal, cuidado com o enunciado das questões. O modelo de administração burocrático foi</p><p>implantado para substituir o modelo patrimonialista, pois este não servia ao capitalismo</p><p>moderno, ao Estado Moderno. Portanto trata-se da substituição do modelo patrimonialista</p><p>pelo modelo burocrático Weberiano.</p><p>Letra b.</p><p>042. 042. (FCC/AL-SP/AGENTE TÉCNICO LEGISLATIVO/2010) O modelo de administração</p><p>pública gerencial</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>95 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>a) prioriza o atendimento das demandas do cidadão.</p><p>b) identifica o interesse público com a afirmação do poder do Estado.</p><p>c) identifica o interesse da coletividade com o do Mercado.</p><p>d) baseia-se na competência técnica dos servidores e na centralização da decisão.</p><p>e) enfatiza o controle dos processos formais, visando à punição exemplar dos incompetentes.</p><p>Analisemos as alternativas:</p><p>a) Certa. A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos</p><p>e como cliente dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons</p><p>não porque os processos administrativos estão sob</p><p>controle e são seguros, como quer a</p><p>administração pública burocrática, mas porque as necessidades do cidadão-cliente estão</p><p>sendo atendidas.</p><p>b) Errada. Para a administração pública burocrática, o interesse público é frequentemente</p><p>identificado com a afirmação do poder do Estado. Ao atuarem sob esse princípio, os</p><p>administradores públicos terminam por direcionar uma parte substancial das atividades</p><p>e dos recursos do Estado para o atendimento das necessidades da própria burocracia,</p><p>identificada com o poder do Estado.</p><p>c) Errada. A administração pública gerencial está explícita e diretamente voltada para o</p><p>interesse público.</p><p>d) Errada. O modelo gerencial tornou-se realidade no mundo desenvolvido quando, através</p><p>da definição clara de objetivos para cada unidade da administração, da descentralização,</p><p>da mudança de estruturas organizacionais e da adoção de valores e de comportamentos</p><p>modernos no interior do Estado. A reforma do aparelho do Estado no Brasil significará,</p><p>fundamentalmente, a introdução na administração pública da cultura e das técnicas</p><p>gerenciais modernas.</p><p>e) Errada. A administração pública gerencial está fundamentada na forma de controle, que</p><p>deixa de basear-se nos processos (a priori) para concentrar-se nos resultados (a posteriori).</p><p>A profissionalização da administração pública continua sendo um princípio fundamental.</p><p>Letra a.</p><p>043. 043. (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) Na historiografia brasileira é tradicional</p><p>contrastar a facilidade relativa da consolidação da independência do Brasil com o processo</p><p>complicado de emancipação da América espanhola. Acentua-se ainda que, enquanto o Brasil</p><p>permaneceu unificado, a América espanhola se fragmentou em diversas nações.</p><p>Boris Fausto. Histórica Concisa do Brasil. São Paulo: Editora Edusp, 2012, p. 78.</p><p>A propósito da independência do Brasil e do período monárquico, julgue o item a seguir.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>96 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>A constituição de 1824 estabeleceu o voto direto e universal.</p><p>Nada disso, pessoal! Só os ricos, com alta renda, votavam durante o Império.</p><p>Errado.</p><p>044. 044. (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) A passagem do Império para a República</p><p>no Brasil foi relativamente tranquila, ao contrário dos primeiros anos sob o novo regime,</p><p>quando diversos grupos disputavam o poder e divergiam sobre o projeto da República</p><p>nascente. Com relação a esse tema, julgue o item subsecutivo.</p><p>A primeira constituição republicana do Brasil teve cunho liberal, inspirada na constituição</p><p>alemã.</p><p>Nada disso, pessoal! De fato a constituição de 1891 tinha características liberais, mas esta</p><p>primeira constituição brasileira foi feita sob influência da Constituição dos Estados Unidos.</p><p>Errado.</p><p>045. 045. (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) A passagem do Império para a República</p><p>no Brasil foi relativamente tranquila, ao contrário dos primeiros anos sob o novo regime,</p><p>quando diversos grupos disputavam o poder e divergiam sobre o projeto da República</p><p>nascente. Com relação a esse tema, julgue o item subsecutivo.</p><p>A revolução de 1930 expressou uma nova conformação de classes sociais, impulsionada</p><p>pela ascensão da burguesia industrial.</p><p>Perfeito, pessoal! a revolução de 1930 representou para o Brasil a chegada ao poder de uma</p><p>emergente elite burguesa industrial.</p><p>Certo.</p><p>046. 046. (CESPE/ANTT/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2013) Durante o período militar, o governo</p><p>Médici foi marcado por uma liberalização da política de forma lenta e gradual, bem como</p><p>pelo fim da repressão aos dissidentes.</p><p>Negativo, pessoal! o governo Médici representou o endurecimento do regime militar, com a</p><p>instituição do AI-5. Foi somente no governo Geisel (1974-1979) que houve o início de uma</p><p>abertura que possibilitou o fim do regime militar em 1985.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>97 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>047. 047. (CESPE/2013/ANTT/ ANALISTA ADMINISTRATIVO – CIÊNCIA POLÍTICA)</p><p>Em 1979 foram editadas novas leis que afetaram a organização partidária, extinguiram a</p><p>antiga Arena e o MDB e possibilitaram a criação de um sistema pluripartidário.</p><p>Perfeito, pessoal! Em 1979, como parte da abertura gradual e controlada do regime militar</p><p>foi reinstituído o pluripartidarismo no Brasil.</p><p>Certo.</p><p>048. 048. (AOCP/TRE-AC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2015) A estruturação da máquina administrativa</p><p>no Brasil passou por reformas que provocaram mudanças e impactos nas estruturas</p><p>administrativas do setor público. Dentre essas reformas, surgiu o Plano Diretor da Reforma</p><p>do Estado para modificar a burocracia pública brasileira, dividindo as atividades estatais</p><p>em dois segmentos. Quais são esses segmentos?</p><p>a) Atividades de legislação pública e atividades de formulação de políticas públicas.</p><p>b) Atividades de reformas estruturais do Estado e atividades de reformas da administração</p><p>pública.</p><p>c) Atividades exclusivas do Estado e atividades não exclusivas do Estado.</p><p>d) Atividades de criação e expansão de burocracias públicas e atividades de racionalização.</p><p>e) Atividades de gerencialismo na administração pública e atividades de descentralização.</p><p>Pessoal, a reforma gerencial de 1995 dividiu a ação estatal em atividades exclusivas do</p><p>Estado e atividades não exclusivas do Estado.</p><p>Letra c.</p><p>049. 049. (FUNIVERSA/IF-AP/ADMINISTRADOR/2016) Assinale a alternativa correta com relação</p><p>ao impacto da CF na evolução da administração pública gerencial.</p><p>a) O populismo patrimonialista foi superado pelas novas normas constitucionais.</p><p>b) O aparelho estatal tornou-se mais dinâmico com as regras adotadas no núcleo estratégico.</p><p>c) A administração indireta passou a ter flexibilidade operacional.</p><p>d) O Poder Executivo perdeu a autonomia para tratar da estruturação dos órgãos públicos.</p><p>e) O regime jurídico dos servidores públicos passou a ser determinado pela natureza de</p><p>cada órgão público.</p><p>Pessoal, segundo Bresser Pereira, há na Constituição de 1988, um retrocesso burocrático sem</p><p>precedentes. Sem que houvesse maior debate público, o Congresso Constituinte promoveu</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>98 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>um surpreendente engessamento do aparelho estatal, ao estender para os serviços do</p><p>Estado e para as próprias empresas estatais praticamente as mesmas regras burocráticas</p><p>rígidas adotadas no núcleo estratégico do Estado. A nova Constituição determinou a</p><p>perda da autonomia do Poder Executivo para tratar da estruturação dos órgãos públicos,</p><p>instituiu a obrigatoriedade de regime jurídico único para os servidores civis da União, dos</p><p>Estados- membros e dos Municípios, e retirou da administração indireta a sua flexibilidade</p><p>operacional, ao atribuir às fundações e autarquias públicas normas de funcionamento</p><p>idênticas às que regem a administração direta.</p><p>Letra d.</p><p>050. 050. (CETRO/2015/AMAZUL/ANALISTA ADMINISTRATIVO) Sobre Reformas Administrativas,</p><p>é correto afirmar que</p><p>a) uma modernização de Estado é tão ampla e complexa quanto uma Reforma</p><p>Administrativa</p><p>Estatal, significando uma busca de novas formas e modelos de gestão de tarefas para tornar</p><p>os órgãos e entidades públicas mais eficientes e eficazes, adaptando-os ao momento atual.</p><p>b) a Reforma Administrativa exprime uma das vertentes da Reforma do Estado, representando</p><p>um conjunto de medidas direcionadas a modificar as estruturas, organização, funcionamento,</p><p>tarefas e instrumentos da Administração Pública, com a finalidade de melhor capacitá-la</p><p>para servir aos fins do Estado e aos interesses da sociedade.</p><p>c) todas as transformações ocorridas no Estado podem ser denominadas Reformas do</p><p>Estado, mesmo sendo somente movimentos de modernização estatal.</p><p>d) a criação da Comissão Especial de Planejamento Administrativo (CEPA) é considerada o</p><p>primeiro processo de planejamento de Reforma Administrativa.</p><p>e) a adoção de princípios hierárquicos, a instituição de remuneração por produção e o</p><p>recrutamento baseado no sistema discricionário são os aspectos da Reforma Administrativa</p><p>brasileira da década de 1930.</p><p>Pessoal, Segundo Jorge Rodrigues Guerra, toda Reforma Administrativa exprime uma das</p><p>vertentes da Reforma do Estado, representando um conjunto de medidas direcionadas</p><p>a modificar as estruturas, organização, funcionamento, tarefas e instrumentos da</p><p>Administração Pública, com a finalidade de melhor capacitá-la para servir aos fins do</p><p>Estado e aos interesses da sociedade. Por isto a alternativa B está CERTA.</p><p>A alternativa A está ERRADA, pois a reforma administrativa é apenas umas vertentes da</p><p>Reforma do Estado e nunca tem o propósito de apenas adaptar o estado ao momento</p><p>atual, mas sim de construção perene.</p><p>Letra b.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>Abra</p><p>caminhos</p><p>crie</p><p>futuros</p><p>gran.com.br</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>_heading=h.din4i19j7mwh</p><p>_heading=h.c2t5u5tt9e23</p><p>_heading=h.c45hv69dqf6s</p><p>_heading=h.ryry35dz4vmy</p><p>_heading=h.n3nqitufucb2</p><p>_heading=h.crl88ny8f1ye</p><p>_heading=h.qj91w1d4hot6</p><p>_heading=h.l70vsqk6oyxb</p><p>_heading=h.g0yx66glae2z</p><p>_heading=h.3rdcrjn</p><p>_heading=h.2p2csry</p><p>_heading=h.147n2zr</p><p>_heading=h.23ckvvd</p><p>Sumário</p><p>Apresentação</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>1. Estruturação do Estado no Brasil</p><p>1.1. Os Governos Militares e a Ditadura Militar no Brasil</p><p>1.2. Referencial Histórico das Constituições Brasileiras</p><p>2. Formação da Administração Pública no Brasil</p><p>2.1. Paradigma Pós-Burocrático ou Administração Gerencial</p><p>3. Experiências de Reformas Administrativas</p><p>3.1. A República Velha (1889-1930)</p><p>3.2. Reforma Burocrática (1936)</p><p>3.3. A Segunda Onda de Reformas Administrativas</p><p>3.4. O Período Pré-Militar (1961-1964)</p><p>3.5. O Decreto-Lei 200</p><p>3.6. O Programa Nacional de Desburocratização</p><p>3.7. O Retrocesso de 1988</p><p>3.8. A Nova Gestão Pública</p><p>3.9. Plano Diretor da Reforma do Estado</p><p>4. Estado de Bem-Estar Social</p><p>Resumo</p><p>Mapa Mental</p><p>Questões de Concurso</p><p>Gabarito</p><p>Gabarito Comentado</p><p>10 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>impor as medidas saneadoras que o país necessitava. A campanha pelas diretas tomou as</p><p>ruas e mobilizou multidões. Alguns comícios reuniram mais de 1 milhão de pessoas em 1984.</p><p>No entanto, as diretas não vieram, pois não foram aprovadas pelo Congresso, onde</p><p>a maioria apoiava o governo. Em 1985 foram realizadas as eleições indiretas e Tancredo</p><p>Neves foi eleito presidente, apoiado por tradicionais opositores do regime militar, além de</p><p>desertores governistas.</p><p>Após 1985, quando da queda do regime militar, os direitos civis estabelecidos antes do</p><p>regime militar, tais como a liberdade de expressão, de imprensa e de organização, foram</p><p>recuperados, embora muitos deles, continuem inacessíveis à maioria da população.</p><p>A vitória de Tancredo Neves pôs fim à ditadura militar que perdurou por 21 anos.</p><p>Tancredo Neves, porém, nunca assumiu a presidência, falecendo em 21 de abril de 1985.</p><p>José Sarney, seu vice-presidente assumiu o poder. Novamente a democracia voltaria a ser</p><p>restabelecida, principalmente com a promulgação da nova Constituição Federal.</p><p>1 .2 . REFERENcial HistÓRico Das coNstitUiÇÕEs BRasilEiRas1 .2 . REFERENcial HistÓRico Das coNstitUiÇÕEs BRasilEiRas</p><p>A Constituição se traduz na lei essencial e imprescindível de um Estado moderno, onde</p><p>estão contidas as normas referentes a vários aspectos da esfera pública e privada como</p><p>forma de governo, organização dos poderes públicos, distribuição de competências e</p><p>direitos e deveres dos cidadãos.</p><p>Na história brasileira foram adotadas sete constituições, sendo uma no período da</p><p>monarquia e seis no período republicano.</p><p>A primeira Constituição brasileira foi a Constituição Política do Império do Brasil outorgada</p><p>por Dom Pedro I em 25 de março de 1824. Através dela era instaurado o governo monárquico,</p><p>hereditário, constitucional e representativo. Destacava também os três Poderes (Executivo,</p><p>Judiciário e Legislativo). O Poder Legislativo era exercido pela Assembleia Geral, formada</p><p>por duas câmaras, a do senado, vitalícia e nomeados pelo Imperador e a dos deputados,</p><p>eletiva e de caráter temporário. Esta Constituição perdurou por 65 anos.</p><p>Constituição de 1824:</p><p>• Concentrava poderes nas mãos do imperador, através do poder moderador.</p><p>• Só os ricos podiam votar, pois o voto era baseado em renda. Este sistema eleitoral</p><p>excluiu a maioria da população brasileira do direito de escolher seus representantes.</p><p>• Igreja subordinada ao Estado.</p><p>• Manutenção do sistema que garantia os interesses da aristocracia.</p><p>A primeira Constituição da República foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891 sob</p><p>influência da Constituição dos Estados Unidos. Ela destacava o federalismo, a autonomia</p><p>dos Estados para a elaboração de leis próprias, a eleição de seus governantes e organização</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>11 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>de suas próprias forças militares. O regime político estabelecido seria o presidencialismo,</p><p>cujo presidente seria eleito através do sufrágio masculino de todos os brasileiros maiores</p><p>de 21 anos, exceto analfabetos, soldados, religiosos e mulheres, que não tinham direito</p><p>ao voto. Esta Constituição estabeleceu ainda, a separação da Igreja e Estado; instituiu o</p><p>casamento civil e os registros de nascimento; concedeu autonomia aos municípios.</p><p>A Constituição de 1891 buscava garantir interesses ligados à oligarquia latifundiária,</p><p>principalmente os grandes cafeicultores. Estes influenciavam o eleitorado ou então,</p><p>simplesmente fraudavam as eleições.</p><p>A primeira Constituição republicana representou na verdade a vitória das oligarquias</p><p>estaduais. Elas permaneceram no comando político-econômico do país por quase três</p><p>décadas. As eleições fraudulentas e o voto do benefício (voto segundo a vontade do</p><p>patrão) favoreciam a permanência e o domínio das oligarquias agrárias. Com algumas</p><p>características liberais, apresentou grandes avanços se comparada com a Constituição do</p><p>Brasil Império de 1824.</p><p>Principais características da Constituição de 1891:</p><p>• Implantação da república federativa, com governo central de vinte estados membros.</p><p>• Estabelecimento de uma relativa e limitada autonomia para os estados.</p><p>• Grande parte do poder concentrado no governo federal (poder executivo).</p><p>• Divisão dos poderes em três: executivo (presidente da república, governadores,</p><p>prefeitos), legislativo (deputados federais e estaduais, senadores e vereadores) e</p><p>judiciário ( juízes, promotores, etc).</p><p>• Estabelecimento do voto universal masculino. Ou seja, somente os homens poderiam</p><p>votar. Além das mulheres, não podiam votar: menores de 21 anos, mendigos, padres,</p><p>soldados e analfabetos.</p><p>Direitos dos Cidadãos e Educação</p><p>No tocante aos direitos dos cidadãos, a Constituição determinava que:</p><p>• Todos eram iguais perante a lei.</p><p>• Ninguém poderia ser obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude da lei.</p><p>• Liberdade de culto religioso.</p><p>• Estabelecimento do ensino leigo em estabelecimentos públicos.</p><p>• Extinção de privilégios relacionados ao nascimento ou títulos de nobreza adquiridos</p><p>na época da monarquia.</p><p>• Liberdade de reunião e associação, porém sem uso de armas.</p><p>• Garantia de liberdade de imprensa e expressão de opiniões. Não estabelece censura,</p><p>porém cada pessoa fica responsável por abusos cometidos.</p><p>• Liberdade de exercício de qualquer profissão industrial, moral e intelectual.</p><p>• Liberdade para entrar e sair do país com seus bens, exceto em tempos de guerras.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>12 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Em 1934 é promulgada outra Constituição, nos primeiros anos da Era Vargas,</p><p>caracterizado por um governo provisório, sem constituição. Esta Carta introduziu o voto</p><p>secreto e o voto feminino; criou a Justiça do Trabalho e Leis Trabalhistas.</p><p>A Constituição de 1937 foi outorgada com o objetivo de manter o Estado Novo criado</p><p>por Getúlio Vargas. Nela eram abolidos os partidos políticos e a liberdade de imprensa.</p><p>A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos modelos fascistas europeus, institucionalizando</p><p>o regime ditatorial do Estado Novo. Ficaria conhecida como “Polaca”, devido a certas</p><p>semelhanças com a Constituição Polonesa de 1935.</p><p>Já a Constituição de 1946 foi promulgada após o processo de redemocratização ao</p><p>final da Era Vargas. Este documento declarava que o mandato presidencial seria de cinco</p><p>anos; ampliava a autonomia dos estados e municípios; garantia liberdade de opinião e de</p><p>expressão; assegurava a defesa de propriedade privada.</p><p>A Constituição de 1967 foi aprovada em um contexto no qual predominava o autoritarismo</p><p>e arbítrio político. Este documento apenas acentuava ainda mais o autoritarismo do</p><p>governo, e servia como instrumento para consagrar o poder militar, extinguindo direitos</p><p>civis e políticos. Foi promulgada pelo Congresso Nacional durante o governo Castelo Branco.</p><p>Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime Militar de 1964. Foi por muitos</p><p>denominada de “Super Polaca”</p><p>Essa Constituição autorizava decretos-lei, nomeação de senadores pelas Assembleias</p><p>Legislativas, além de prorrogar o mandato presidencial por seis anos e alterar a</p><p>proporcionalidade de deputados no Congresso.</p><p>A Constituição Federal promulgada em</p><p>5 de outubro de 1988, tornou-se a Constituição</p><p>mais liberal e democrática de todos os tempos na história do Brasil e, por isso, é denominada</p><p>Constituição Cidadã.</p><p>Esta Constituição, após a ditadura militar, buscou devolver aos cidadãos brasileiros todos</p><p>os direitos anteriormente negados, principalmente a liberdade de participar da vida política</p><p>do país. Foi elaborada por uma Assembleia Constituinte, legalmente convocada e eleita,</p><p>sendo a primeira a permitir que emendas populares fossem incorporadas em seu texto.</p><p>Seus pontos principais são a República representativa, federativa e presidencialista.</p><p>Os direitos individuais e as liberdades públicas são ampliados e fortalecidos. É garantida</p><p>a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. O</p><p>Poder Executivo mantém sua forte influência, permitindo a edição de medidas provisórias</p><p>com força de lei (vigorantes por um período, passíveis de serem reeditadas enquanto não</p><p>forem aprovadas ou rejeitadas pelo Congresso). O voto se torna permitido e facultativo a</p><p>analfabetos e maiores de 16 anos. A educação fundamental é apresentada como obrigatória,</p><p>universal e gratuita. Também são abordados temas como o dever da defesa do meio ambiente</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>13 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>e de preservação de documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,</p><p>bem como os sítios arqueológicos.</p><p>A partir dessa Constituição, após um período conturbado da história brasileira, surge um</p><p>país democrático de direito, com a Carta Magna e seus princípios constitucionais voltados</p><p>para proteger e garantir os direitos dos cidadãos brasileiros.</p><p>2 . FoRMaÇão Da aDMiNistRaÇão PúBlica No BRasil2 . FoRMaÇão Da aDMiNistRaÇão PúBlica No BRasil</p><p>Segundo Bresser Pereira a administração pública em nosso país passou por três modelos</p><p>diferentes: a administração patrimonialista, a administração burocrática e a administração</p><p>gerencial.</p><p>Registre-se que o argumento de Bresser Pereira está fortemente influenciado pela</p><p>teoria weberiana (Max Weber), que também influenciou outro autor brasileiro, Raimundo</p><p>Faoro, que escreveu o livro “Os donos do poder”. Neste livro, Faoro, na mesma perspectiva</p><p>weberiana, demonstra as etapas de administração patrimonialista e burocrática.</p><p>Essas modalidades surgiram sucessivamente ao longo do tempo, não significando,</p><p>porém, que alguma delas tenha sido definitivamente abandonada.</p><p>Na administração pública patrimonialista, própria dos Estados absolutistas europeus do</p><p>século XVIII, o aparelho do Estado é a extensão do próprio poder do governante e os seus</p><p>funcionários são considerados como membros da nobreza. O patrimônio do Estado confunde-</p><p>se com o patrimônio do soberano e os cargos são tidos como prebendas (ocupações rendosas</p><p>e de pouco trabalho). A corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração.</p><p>Segundo o Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado, de Bresser Pereira:</p><p>No patrimonialismo, o aparelho do Estado funciona como uma extensão do poder do soberano,</p><p>e os seus auxiliares, servidores, possuem status de nobreza real. Os cargos são considerados</p><p>prebendas. A res publica não é diferenciada das res principis. Em consequência, a corrupção e</p><p>o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração. No momento em que o capitalismo</p><p>e a democracia se tornam dominantes, o mercado e a sociedade civil passam a se distinguir</p><p>do Estado. Neste novo momento histórico, a administração patrimonialista torna-se uma</p><p>excrescência inaceitável.</p><p>A administração pública burocrática surge para combater a corrupção e o nepotismo do</p><p>modelo anterior, do Patrimonialismo. São princípios inerentes a este tipo de administração</p><p>a impessoalidade, o formalismo, a hierarquia funcional, a ideia de carreira pública e a</p><p>profissionalização do servidor, consubstanciando a ideia de poder racional-legal.</p><p>Max Weber, sociólogo alemão, estudou a sociedade de classes oriunda da Revolução</p><p>Industrial e sua forma de organização, a burocracia. A burocracia, de acordo com Weber,</p><p>seria uma forma de dominação, possuindo um ethos racional oriundo da cultura protestante,</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>14 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>que teria causado uma influência decisiva na evolução da sociedade moderna. Um conceito</p><p>central no trabalho de Weber é o de Dominação.</p><p>Segundo o autor, Dominação significa a probabilidade de encontrar obediência para</p><p>ordens específicas (ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas sendo definida,</p><p>em seu aspecto sociológico, como:</p><p>uma situação de fato, em que uma vontade manifesta (‘mandado’) do ‘dominador’ ou dos</p><p>‘dominadores’ quer influenciar as ações de outras pessoas (do ‘dominado’ ou dos ‘dominados’),</p><p>e de fato as influencia de tal modo que estas ações, num grau socialmente relevante, se realizam</p><p>como se os dominados tivessem feito do próprio conteúdo do mandado a máxima de suas ações</p><p>(‘obediência’).</p><p>Weber fala que “há três tipos puros de dominação legítima”. Quando ele fala em “puros”,</p><p>ele se refere a “tipos-ideais”, ou seja, uma abstração teórica que não existe no plano concreto,</p><p>na realidade. Ideal não quer dizer que é bom, mas que contém as características essenciais</p><p>do conceito em análise.</p><p>Weber descreve os tipos puros de dominação com base na vigência de sua legitimidade,</p><p>que pode ser, primordialmente:</p><p>a) dominação racional (legal): baseada na crença na legitimidade das ordens estatuídas</p><p>e do direito de mando daqueles que, em virtude dessas ordens, estão nomeados para</p><p>exercer a dominação;</p><p>b) dominação tradicional: baseada na crença cotidiana na santidade das tradições</p><p>vigentes desde sempre e na legitimidade daqueles que, em virtude dessas tradições,</p><p>representam a autoridade;</p><p>c) dominação carismática: baseada na veneração extracotidiana da santidade, do poder</p><p>heroico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por esta reveladas ou criadas.</p><p>Vejamos em detalhes cada um destes tipos de dominação:</p><p>Dominação Tradicional: o critério para a aceitação da dominação é a tradição, ou</p><p>seja, os valores e crenças que se perpetuam ao longo de gerações. O Rei governa o Estado</p><p>porque seu pai era rei, assim como seu avô, seu bisavô, etc. Fundamenta-se na crença da</p><p>inviolabilidade daquilo que foi assim desde sempre, a crença na rotina de todos os dias</p><p>como uma inviolável norma de conduta.</p><p>É um tipo de dominação extremamente conservador. Aquele que exerce a dominação</p><p>tradicional não é simplesmente um superior hierárquico, mas um “senhor”, e seus subordinados,</p><p>que constituem seu quadro administrativo, não são “funcionários”, mas servidores, entre</p><p>os quais encontramos os nobres, os empregados domésticos, os escravos, os colonos, os</p><p>servos, os vassalos, os favoritos, etc.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>15 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Não se obedece a estatutos, mas à pessoa indicada pela tradição</p><p>ou pelo senhor</p><p>tradicionalmente determinado. As ordens são legítimas de dois modos:</p><p>1 - em parte em virtude da tradição que determina inequivocamente o conteúdo das</p><p>ordens, e da crença no sentido e alcance destas, cujo abalo por transgressão dos limites</p><p>tradicionais poderia pôr em perigo a posição tradicional do próprio senhor.</p><p>2- em parte em virtude do arbítrio do senhor, ao qual a tradição deixa espaço</p><p>correspondente.</p><p>Dominação Carismática: é a que tem por origem o “carisma”, uma qualidade extraordinária</p><p>e indefinível de uma pessoa. Weber define carisma como:</p><p>Uma qualidade pessoal considerada extracotidiana e em virtude da qual se atribuem a uma</p><p>pessoa poderes ou qualidades sobrenaturais, sobrehumanos ou, pelo menos, extracotidianos</p><p>específicos ou então se a toma como enviada por Deus, como exemplar e, portanto, como líder.</p><p>O critério da legitimação é o da lealdade, uma devoção afetiva do grupo para com o líder</p><p>carismático. Há algo de misterioso e mágico na pessoa que lhe confere poder. O grande</p><p>líder político, o herói, o chefe de expedições pioneiras são frequentemente pessoas com</p><p>poder carismático.</p><p>A dominação carismática é um poder sem base racional. É instável, arbitrário e facilmente</p><p>adquire características revolucionárias. Sua instabilidade deriva da fluidez de suas bases.</p><p>O líder carismático mantém seu poder enquanto seus seguidores reconhecem nele forças</p><p>extraordinárias e, naturalmente, este reconhecimento pode desaparecer a qualquer momento.</p><p>O carisma só pode ser “despertado” e “provado”, e não “aprendido” ou “inculcado”.</p><p>O quadro administrativo do senhor carismático não é um grupo de funcionários</p><p>profissionais, e muito menos ainda têm formação profissional. Não é selecionado segundo</p><p>critérios de dependência doméstica ou pessoal, mas segundo qualidades carismáticas: ao</p><p>“profeta” correspondem os “discípulos”; ao “príncipe guerreiro”, o “séquito”; ao “líder” em</p><p>geral, os “homens de confiança”.</p><p>Dominação Racional-Legal: o critério da dominação é a lei, o estatuto criado com</p><p>base na razão. Obedece-se às regras e não à pessoa. A burocracia moderna, para Weber,</p><p>é a forma de organização do Estado própria dos regimes em que predomina a dominação</p><p>racional-legal. Segundo Weber:</p><p>No caso da dominação baseada em estatutos, obedece-se à ordem impessoal, objetiva e legalmente</p><p>estatuída e aos superiores por ela determinados, em virtude da legalidade formal de suas</p><p>disposições e dentro do âmbito de vigência destas. No caso da dominação tradicional, obedece-se</p><p>à pessoa do senhor nomeada ela tradição e vinculada a esta. (dentro do âmbito de vigência dela),</p><p>em virtude de devoção aos hábitos costumeiros. No caso da dominação carismática, obedece-se</p><p>ao líder carismaticamente qualificado como tal, em virtude da confiança pessoal em revelação,</p><p>heroísmo ou exemplaridade dentro do âmbito da crença nesse seu carisma.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>16 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>As características fundamentais da dominação racional são:</p><p>1. um exercício contínuo, vinculado a determinadas regras, de funções oficiais, dentro de</p><p>2. determinada competência, o que significa:</p><p>a. um âmbito objetivamente limitado, em virtude da distribuição dos serviços, de</p><p>serviços obrigatórios;</p><p>b. com atribuição dos poderes de mando eventualmente requeridos e;</p><p>c. limitação fixa dos meios coercitivos eventualmente admissíveis e das condições de</p><p>sua aplicação.</p><p>3. o princípio da hierarquia oficial, isto é, de organização de instâncias fixas de controle</p><p>e supervisão para cada autoridade institucional;</p><p>4. as regras segundo as quais se procede podem ser: regras técnicas e normas. A um</p><p>exercício organizado dessa forma, Weber dá o nome de “autoridade institucional”.</p><p>A dominação racional-legal ou burocrática surgiu no século XIX, como uma forma superior</p><p>de dominação, legitimada pelo uso da lei, em contraposição ao poder tradicional (divino) e</p><p>arbitrário dos príncipes e ao afeto das lideranças carismáticas. As teorias iniciais do modelo</p><p>burocrático foram inspiradas a partir da visão de Weber sobre o modo de estruturação da</p><p>Igreja e do exército, especificamente o exército prussiano.</p><p>Além disso, outro fator que teria motivado Weber a definir seu modelo de dominação</p><p>burocrático seria a necessidade de separação (1) entre o político e o administrador e, fiel</p><p>ao ethos liberal, (2) entre a política e a economia.</p><p>O modelo burocrático visava também a separação entre o interesse público e o privado,</p><p>numa sociedade democrática. O ethos do bureau – sua aderência impessoal a regras, à</p><p>especialização, à hierarquização das relações sociais; o apego a procedimentos regularizados</p><p>e rotineiros – estaria vinculado a comportamentos capazes de garantirem a não influência</p><p>de interesses políticos e compromissos particulares.</p><p>Weber sustentava que o tipo mais puro de dominação legal seria aquele exercido por</p><p>meio de um quadro administrativo burocrático, cujas características básicas seriam:</p><p>a) atribuições de funcionários fixadas oficialmente por regras ou disposições</p><p>administrativas;</p><p>b) hierarquia e funções integradas em um sistema de mando, de tal modo que, em todos</p><p>os níveis, haja uma supervisão dos inferiores pelos superiores;</p><p>c) atividades administrativas se manifestam e se baseiam em documentos escritos;</p><p>d) as funções pressupõem aprendizado profissional, com treinamento especializado;</p><p>e) o trabalho do funcionário exige que ele se consagre inteiramente ao cargo que ocupa</p><p>(dedicação plena e tarefas específicas);</p><p>f) acesso à profissão é ao mesmo tempo acesso a uma tecnologia particular.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>17 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Ao se falar em burocracia, deve-se ressaltar os princípios weberianos acerca da resolução</p><p>de conflitos por meio do uso do poder. No caso da burocracia, entendida como o staff</p><p>administrativo do Estado, ganha destaque a autoridade legal, baseada na crença racional</p><p>da legalidade dos padrões das regras normativas e no direito de determinar o que deve</p><p>ser feito por aqueles elevados à condição de “autoridades” por meio dessas regras. Weber</p><p>destaca que, no caso da autoridade legal, em contraposição a outros tipos de autoridade</p><p>por ele definidos – como a tradicional e a carismática –, a obediência é devida à ordem</p><p>impessoal legalmente estabelecida.</p><p>Weber claramente definiu a burocracia como o tipo ideal de organização que aplica, em</p><p>sua forma mais pura, a autoridade racional-legal. O que define uma burocracia enquanto</p><p>tal, no sentido weberiano, seria a adoção de modos de autoridade racional-legal. Burocracia</p><p>seria igual a organização: um sistema racional seria aquele em que a divisão de trabalho dar-</p><p>se-ia racionalmente com vista a determinados fins. Seria a forma mais racional de exercício</p><p>de dominação, pois nela se alcançaria tecnicamente o máximo de rendimento em virtude</p><p>de precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiabilidade. A burocracia surgiria como uma</p><p>expressão dessa racionalidade e se caracterizaria pelo predomínio do formalismo.</p><p>Segundo Bresser Pereira, “Organização Burocrática” é:</p><p>Se adotarmos uma definição curta e perfeitamente enquadrada dentro dos moldes da filosofia</p><p>aristotélica, diremos que uma organização ou burocracia é um sistema social racional, ou um</p><p>sistema social em que a divisão do trabalho é racionalmente realizada tendo em vista os fins</p><p>visados.</p><p>Segundo a definição, o que diferencia o ato racional do irracional é sua coerência em</p><p>relação aos fins visados. Um ato será racional na medida em que representar o meio mais</p><p>adaptado para se atingir determinado objetivo, na medida em que sua coerência em relação</p><p>a seus objetivos se traduzir na exigência de um mínimo de esforços para se chegar a esses</p><p>objetivos. Isso significa que a burocracia evoluiu como uma forma de se buscar maior</p><p>eficiência nas organizações.</p><p>Isso mesmo! Apesar de considerarmos o termo “burocrático” quase como um antônimo</p><p>de eficiência, no seu cerne ele nasceu como a racionalização das atividades com o objetivo</p><p>de aumentar a eficiência.</p><p>A partir disto, Bresser elabora outra definição de burocracia:</p><p>É o sistema social em que a divisão do trabalho é sistemática e coerentemente realizada, tendo</p><p>em vista os fins visados; é o sistema social em que há procura deliberada de economizar os meios</p><p>para se atingir os objetivos.</p><p>Para Weber, do ponto de vista social, a dominação burocrática significa:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>18 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>• A tendência ao nivelamento no interesse da possibilidade de recrutamento universal</p><p>a partir dos profissionalmente mais qualificados;</p><p>• A tendência à plutocratização (elitização das posições profissionais mais qualificadas) no</p><p>interesse de um processo muito extenso de qualificação profissional (frequentemente</p><p>quase até o fim da terceira década de vida);</p><p>• A dominação da impessoalidade formalista: sine ira et studio, sem ódio e paixão, e</p><p>portanto, sem amor e entusiasmo, sob a pressão de simples conceitos de dever, sem</p><p>considerações pessoais, de modo formalmente igual para “cada qual”, isto é, cada</p><p>qual dos interessados que efetivamente se encontram em situação igual.</p><p>Bresser e Motta, procurando reduzir as organizações à sua expressão mais simples,</p><p>afirmam que:</p><p>São três as características básicas que traduzem o seu caráter racional: são sistemas sociais (1)</p><p>formais, (2) impessoais, (3) dirigidos por administradores profissionais, que tendem a controlá-</p><p>los cada vez mais completamente.</p><p>Vamos ver mais detalhadamente cada uma dessas características:</p><p>Formalidade</p><p>O formalismo da burocracia se expressa no fato de que a autoridade deriva de um</p><p>sistema de normas racionais, escritas e exaustivas, que definem com precisão as relações de</p><p>mando e subordinação, distribuindo as atividades a serem executadas de forma sistemática,</p><p>tendo em vista os fins visados. Sua administração é formalmente planejada, organizada, e</p><p>sua execução se realiza por meio de documentos escritos. Apesar de a norma garantir tais</p><p>meios coercitivos, esta autoridade é estritamente limitada pela norma legal.</p><p>Impessoalidade</p><p>O caráter impessoal das organizações é a segunda forma básica pela qual elas expressam</p><p>sua racionalidade. A administração burocrática é realizada sem consideração a pessoas.</p><p>Burocracia significa, etimologicamente, “governo de escritório”. É, portanto, o sistema social</p><p>em que, por uma abstração, os escritórios ou os cargos governam.</p><p>Um aspecto essencial através do qual se expressa o caráter impessoal das burocracias</p><p>refere-se à forma de escolha dos funcionários. Nos sistemas sociais não burocráticos,</p><p>os administradores são escolhidos de acordo com critérios eminentemente irracionais.</p><p>Fatores como linhagem, prestígio social e relações pessoais determinarão a escolha. Já</p><p>nas organizações burocráticas, os administradores são profissionais, que fazem uso do</p><p>conhecimento técnico especializado, obtido geralmente através de treinamento especial</p><p>Administradores Profissionais</p><p>As organizações são dirigidas por administradores profissionais. Administrar, para o</p><p>funcionário burocrata, é sua profissão. Existem alguns traços que distinguem o administrador</p><p>profissional.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>19 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Ele é, antes de tudo, um especialista. Esta é uma característica fundamental. As</p><p>burocracias são sistemas sociais geralmente de grandes dimensões, nos quais o uso do</p><p>conhecimento especializado é essencial para o funcionamento eficiente. São necessários</p><p>homens treinados para exercer as diversas funções criadas a partir do processo de divisão</p><p>do trabalho.</p><p>Em segundo lugar, o administrador profissional tem em seu cargo sua única ou principal</p><p>atividade. Ele não é administrador por acidente, subsidiariamente, como o eram os nobres</p><p>dentro da administração palaciana.</p><p>Em terceiro lugar, o administrador burocrático não possui os meios de administração</p><p>e produção. Ele administra em nome de terceiros: em nome de cidadãos, quando se trata</p><p>de administrar o Estado, ou em nome dos acionistas, quando se trata de administrar uma</p><p>sociedade anônima.</p><p>Limitações e crises do modelo Burocrático</p><p>Deve-se relembrar que a burocracia surgiu no Século XIX conjuntamente com o Estado</p><p>liberal, como uma forma de defender a coisa pública contra o patrimonialismo. Na medida,</p><p>porém, que o Estado assumia a responsabilidade pela defesa dos direitos sociais e crescia</p><p>em dimensão, foi-se percebendo que os custos dessa defesa poderiam ser mais altos que</p><p>os benefícios do controle.</p><p>Numa conjuntura de frequente ocorrência de transformações e mudanças, a rigidez do</p><p>modelo burocrático começou a provocar ineficiências. O modelo burocrático passou a não</p><p>atender, em sua totalidade, às demandas sociais de um estado mais eficiente e voltado</p><p>para o cidadão.</p><p>Tendo sido associada à ineficiência, ineficácia, atrasos, confusão, autoritarismo, privilégios,</p><p>além de outros atributos negativos, a burocracia assumiu, na grande maioria das vezes,</p><p>uma conotação pejorativa.</p><p>Com o passar do tempo, a implementação do modelo sofreu adaptações históricas,</p><p>dependendo do contexto econômico-social e do local de implementação, bem como dos</p><p>sistemas cultural e institucional da sociedade na qual havia sido instalado. Essas adaptações</p><p>do modelo inicialmente imaginado por Weber levaram às chamadas disfunções do modelo</p><p>burocrático, ou seja, verificou-se que a burocracia possuía limitações que traziam prejuízos</p><p>à gestão das organizações públicas.</p><p>No momento em que o pequeno Estado liberal do século XIX deu definitivamente lugar ao</p><p>grande Estado social e econômico do século XX, verificou-se que não garantia nem rapidez,</p><p>nem boa qualidade nem custo baixo para os serviços prestados ao público. Na verdade, a</p><p>administração burocrática é lenta, cara, autorreferida, pouco ou nada orientada para</p><p>o atendimento das demandas dos cidadãos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>20 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Com a crise do petróleo em 1973, foi posto em xeque o antigo modelo de intervenção</p><p>estatal, quando se abateu sobre o mundo uma grave crise econômica, resultando na crise</p><p>fiscal dos Estados. A maioria dos governos não tinha mais como financiar seus</p><p>déficits, e</p><p>os problemas fiscais tendiam a se agravar, na medida em que as sociedades se voltavam</p><p>contra as altas cargas tributárias, principalmente porque não enxergavam uma relação</p><p>direta entre o acréscimo de recursos governamentais e uma melhora nos serviços públicos.</p><p>Além disso, houve uma internacionalização e enfraquecimento do poder estatal. A</p><p>globalização do capital e a interdependência dos mercados financeiros tornaram o Estado</p><p>mais frágil perante o capital internacional. Além das mudanças no papel do Estado, também</p><p>ocorreram mudanças tecnológicas e produtivas, que exigem um Estado mais ágil e eficiente.</p><p>Também podemos observar mudanças sociais e culturais, como o envelhecimento da</p><p>população, a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho, aumento da escolaridade</p><p>média, a urbanização, entre outas, aumentaram as demandas por direitos e novas políticas</p><p>estatais, com melhor qualidade na provisão.</p><p>2.1. PARADIGMA PÓS-BUROCRÁTICO OU ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL2.1. PARADIGMA PÓS-BUROCRÁTICO OU ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL</p><p>Vimos que a burocracia entra em crise junto com o Estado de Bem-Estar Social,</p><p>principalmente em virtude da crise fiscal que se instalou no mundo após as crises do</p><p>petróleo da década de 1970.</p><p>Segundo Bresser Pereira,</p><p>A administração pública gerencial emergiu, na segunda metade deste século, como resposta à</p><p>crise do Estado; como modo de enfrentar a crise fiscal; como estratégia para reduzir custos e</p><p>tornar mais eficiente a administração dos imensos serviços que cabem ao Estado; e como um</p><p>instrumento para proteger o patrimônio público contra os interesses do rent-seeking ou da</p><p>corrupção aberta. Mais especificamente, desde os anos 60 ou, pelo menos, desde o início da</p><p>década dos 70, crescia uma insatisfação, amplamente disseminada, em relação à administração</p><p>pública burocrática.</p><p>Ao sentimento antiburocrático aliava-se a crença de que o setor privado possuía o</p><p>modelo ideal de gestão. Por isso o uso do termo gerencialismo, que tem uma ligação estreita</p><p>com a adoção de práticas da administração privada na gestão das organizações públicas. É</p><p>com esse espírito que o setor público assume o discurso da modernização, da orientação</p><p>para os clientes, da flexibilidade, da estrutura enxuta e desburocratizada. As modernas</p><p>ferramentas de gestão, como qualidade total, planejamento estratégico, reengenharia</p><p>downsizing, benchmarking e terceirização, invadem as organizações públicas e os projetos</p><p>dos gestores públicos do momento.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>21 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>No entanto, a Administração Gerencial não significa a negação total dos princípios do</p><p>modelo burocrático. Veja o que diz Bresser Pereira, no Plano Diretor da Reforma do Aparelho</p><p>do Estado:</p><p>A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo ponto um rompimento</p><p>com a administração pública burocrática. Isto não significa, entretanto, que negue todos os seus</p><p>princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual</p><p>conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão</p><p>segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de</p><p>remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento sistemático.</p><p>A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para</p><p>concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da administração pública,</p><p>que continua um princípio fundamental.</p><p>Assim, muitos dos princípios defendidos pela administração burocrática permanecem</p><p>na administração gerencial. Como afirma o PDRAE, a administração gerencial pode até ser</p><p>considerada um rompimento, mas princípios como a impessoalidade, a divisão do trabalho,</p><p>a avaliação de desempenho são mantidos.</p><p>Vimos que a burocracia entra em crise juntamente com o Estado de Bem-Estar. Como</p><p>soluções, são apresentados ao mesmo tempo o gerencialismo e o neoliberalismo. As duas</p><p>doutrinas nascem muito próximas uma da outra e são, em muitos casos, confundidas.</p><p>A reforma gerencial foi adotada inicialmente na Grã-Bretanha, com Margareth Tatcher,</p><p>e nos Estados Unidos, com Ronald Reagan, e, depois, de forma generalizada, em diversos</p><p>outros países, principalmente da Commonwealth, com ligação com o Reino Unido, e os</p><p>países escandinavos, como a Suécia. Contudo, foi na Grã-Bretanha que o gerencialismo</p><p>foi aplicado ao serviço público logo após a posse do novo governo e levou a uma reforma</p><p>administrativa profunda e bem-sucedida, recebendo o nome de Managerialism. A reforma</p><p>ficou conhecida como a Nova Gestão Pública, ou New Public Management (NPM), que pode</p><p>ser definida como um “conjunto de argumentos e filosofias administrativas aceitas em</p><p>determinados contextos e propostas como novo paradigma de gestão pública a partir da</p><p>emergência dos temas crise e reforma do Estado, nos anos 80”.</p><p>Apesar de a Grã-Bretanha ter sido um dos primeiros países a aplicar este enfoque, ele</p><p>não foi criado por eles. Não há um pai da administração gerencial. Ela surgiu em um processo</p><p>longo, em que foram feitas contribuições de diversos atores. Segundo Abrúcio:</p><p>Embora tenha surgido em governos de cunho neoliberal (Thatcher e Reagan), o modelo gerencial</p><p>e o debate em torno dele não podem ser circunscritos apenas a este contexto. Pelo contrário,</p><p>toda a discussão sobre a utilização do managerialism na administração pública faz parte de um</p><p>contexto maior, caracterizado pela prioridade dada ao tema da reforma administrativa, seja na</p><p>Europa ocidental, seja no Leste europeu ou ainda no Terceiro Mundo. O modelo gerencial e suas</p><p>aplicações foram e estão sendo discutidos em toda parte.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>22 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>Na década de 1980, as primeiras reformas gerenciais eram marcadas pelo ideário</p><p>neoliberal. Contudo, percebeu-se que o ajuste estrutural não era suficiente para que</p><p>houvesse a retomada do crescimento. Ocorreram ganhos positivos, como o fato da balança</p><p>de pagamentos voltar a um relativo controle, por toda a parte caíram as taxas de inflação,</p><p>os países recuperaram pelo menos alguma credibilidade. Mas não se retomou o crescimento.</p><p>A partir daí as reformas gerenciais entenderam que o Estado Mínimo não é algo concreto,</p><p>a ser buscado. Bresser Pereira considerava irrealista a ideia de um Estado Mínimo. Vamos</p><p>ver outra passagem do autor:</p><p>O pressuposto neoliberal que estava por trás das reformas – o pressuposto de que o ideal era um</p><p>Estado mínimo, ao qual caberia apenas garantir os direitos de propriedade, deixando ao mercado</p><p>a total coordenação da economia – provou ser irrealista. Em primeiro lugar porque, apesar do</p><p>predomínio ideológico alcançado pelo credo neoconservador, em país algum – desenvolvido ou em</p><p>desenvolvimento – este Estado mínimo tem legitimidade política. Não há sequer apoio político</p><p>para um Estado que apenas acrescente às suas funções as de prover a educação, dar atenção</p><p>à saúde e às políticas sociais compensatórias: os cidadãos continuam a exigir mais do Estado.</p><p>Portanto, apesar de, no início, as reformas gerenciais estarem muito ligadas ao</p><p>neoliberalismo, não podemos defender que elas defendiam o Estado Mínimo. Apesar de as</p><p>reformas gerenciais</p><p>não considerarem mais o Estado Mínimo, também não podemos dizer</p><p>que não haja relação delas com o neoliberalismo. A redução do Estado ainda permanece</p><p>nas reformas gerenciais. Segundo Bresser:</p><p>Ora, se a proposta de um Estado mínimo não é realista, e se o fator básico que subjaz à crise</p><p>econômica é a crise do Estado, a conclusão só pode ser uma: a solução não é provocar o</p><p>definhamento do Estado, mas o reconstruir, reformá-lo. A reforma provavelmente significará</p><p>reduzir o Estado, limitar suas funções como produtor de bens e serviços e, em menor extensão,</p><p>como regulador, mas implicará provavelmente em ampliar suas funções no financiamento</p><p>de atividades nas quais externalidades ou direitos humanos básicos estejam envolvidos, e na</p><p>promoção da competitividade internacional das indústrias locais.</p><p>Portanto, as reformas gerenciais não defendem o Estado Mínimo, mas pregam sim</p><p>a redução do Estado, a sua retirada de atividades que podem ser desempenhadas pela</p><p>iniciativa privada.</p><p>O motivo de citarmos muitas vezes o Bresser Pereira é que a maioria das questões sobre</p><p>reforma do Estado e modelos de gestão pública usam seus textos. Sobre a estratégia da</p><p>reforma ele diz:</p><p>Uma estratégia essencial ao se reformar o aparelho do Estado é reforçar o núcleo estratégico</p><p>e o fazer ocupar por servidores públicos altamente competentes, bem treinados e bem pagos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>23 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>O neoliberalismo não defende o fortalecimento dos servidores, mas sim a redução dos</p><p>gastos com pessoal. Segundo Bresser Pereira:</p><p>A administração pública gerencial é frequentemente identificada com as ideias neoliberais por</p><p>outra razão. As técnicas de gerenciamento são quase sempre introduzidas ao mesmo tempo em</p><p>que se implantam programas de ajuste estrutural que visam enfrentar a crise fiscal do Estado.</p><p>Como as técnicas de gerenciamento são quase sempre introduzidas ao mesmo temo</p><p>em que se implantam programas de ajuste estrutural que visam enfrentar a crise fiscal</p><p>do Estado, em virtude da impossibilidade de se manter o modelo burocrático de gestão,</p><p>as reformas gerenciais estão intimamente associadas com as reformas que buscavam a</p><p>reestruturação do Estado, como as neoliberais, inclusive porque a sua aplicação, no início,</p><p>tinha um caráter quase que somente de redução de custos, enxugamento de pessoal e</p><p>aumento da eficiência, com clara definição das responsabilidades dos funcionários, dos</p><p>objetivos organizacionais e maior consciência acerca do valor dos recursos públicos. Este</p><p>período ficou conhecido como gerencialismo puro.</p><p>Esses novos modelos, identificados como gerenciais, deveriam dar maior agilidade às</p><p>ações dos governos, tendo, como gênese, uma preocupação central com as crises fiscais</p><p>que impuseram sérias limitações às ações das administrações públicas. Osborne e Gaebler</p><p>descreveram esses avanços advindos da administração de empresas a partir de experiências</p><p>em municípios e condados americanos. Os relatos dos autores sobre as iniciativas de governos</p><p>locais dos Estados Unidos seriam o embrião de um novo paradigma na condução das ações</p><p>dos governos, ou, ainda, de uma nova forma de governança. Assim, a denominação de</p><p>gerencialismo na administração pública seria referente ao desafio de realizar programas</p><p>direcionados ao aumento da eficiência e melhoria da qualidade dos serviços prestados pelo</p><p>Estado. Para Abrúcio, o gerencialismo seria um “pluralismo organizacional sob bases pós-</p><p>burocráticas vinculadas aos padrões históricos (institucionais e culturais) de cada nação”,</p><p>não se constituindo num novo paradigma capaz de substituir por completo o antigo padrão</p><p>burocrático weberiano.</p><p>Ferlie e outros delinearam quatro modelos básicos da Nova Administração Pública,</p><p>representando um movimento evolutivo a partir da administração pública tradicional:</p><p>a) NAP – Modelo 1: dirigido à eficiência, pois considerava o serviço público tradicional</p><p>lento, burocrático e ineficiente;</p><p>b) NAP – Modelo 2: voltado a movimentos de downsizing e descentralização, buscando</p><p>redução de gastos governamentais e formas mais flexíveis de gestão (redes organizacionais);</p><p>c) NAP – Modelo 3: a busca da excelência seria o principal objetivo desse modelo, com</p><p>especial interesse na gestão da mudança e inovação na esfera pública, além de considerar</p><p>a cultura organizacional como um importante fator a ser considerado;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>24 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>d) NAP – Modelo 4: Orientação ao Serviço Público, nesse modelo, representa uma fusão</p><p>de ideias gerenciais advindas da administração privada para aplicação em organismos</p><p>públicos, com preocupações como qualidade dos serviços prestados, oportunidade de</p><p>participação dos usuários nas decisões de gestão pública e construção dos conceitos de</p><p>cidadania e accountability.</p><p>Fernando Abrúcio, por outro lado, elaborou uma outra classificação da evolução dos</p><p>modelos da Administração Gerencial, conforme o quadro a seguir:</p><p>A constatação mais importante é que as classificações apresentam uma mesma linha</p><p>de raciocínio lógico, e que entre os tipos de cada uma das classificações, há incorporações</p><p>dos aspectos positivos de cada teoria</p><p>Com relação ao último modelo, o Serviço Orientado ao cidadão, uma noção importante é</p><p>a de accountability. Trata-se da relação da burocracia e das elites políticas com a sociedade</p><p>e o controle que esta deve exercer sobre os administradores públicos. Sua tradução para o</p><p>português englobaria as ideias de transparência na condução das ações, efetiva prestação</p><p>de contas na utilização dos recursos públicos e responsabilização dos gestores públicos,</p><p>tanto por suas ações como omissões. O conceito “envolve a existência de mecanismos que</p><p>assegurem que os servidores públicos e os líderes políticos sejam responsáveis por suas</p><p>ações e pelo uso de recursos públicos, e que irão requerer um governo transparente e uma</p><p>imprensa livre”, segundo Minogue. O modelo de administração pública gerencial implica, em</p><p>suma, no entendimento de que o aparelho de Estado deve ser responsável pela formulação</p><p>e regulação de políticas públicas, não necessariamente por sua execução.</p><p>José Matias Pereira em artigo intitulado Reforma do Estado, Transparência e Democracia</p><p>no Brasil, estabelece a comparação e diferenças entre o modelo burocrático e o gerencial,</p><p>conforme segue:</p><p>1) Enquanto a administração pública burocrática é autorreferente, a administração pública</p><p>gerencial é orientada para o cidadão. A administração burocrática concentra-se no processo,</p><p>em suas próprias necessidades e perspectivas, sem considerar a alta ineficiência envolvida.</p><p>Administração gerencial, voltada para o consumidor, concentra-se nas necessidades e perspectivas</p><p>desse consumidor, o cliente-cidadão. No gerencialismo, o administrador público preocupa-se</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLAUDIA GONCALVES DOS REIS LAZZAROTTO - 26671860874, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>https://www.gran.com.br</p><p>25 de 99gran.com.br</p><p>GEstão PúBlica</p><p>Formação e Desafios do Estado Brasileiro</p><p>Marcelo Camacho</p><p>em oferecer serviços,</p>