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<p>FUNDAMENTOS DA</p><p>GESTÃO PÚBLICA</p><p>Profª Me Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>Diretor Geral</p><p>Gilmar de Oliveira</p><p>Diretor de Ensino e Pós-graduação</p><p>Daniel de Lima</p><p>Diretor Administrativo</p><p>Eduardo Santini</p><p>Coordenador NEAD - Núcleo</p><p>de Educação a Distância</p><p>Jorge Van Dal</p><p>Coordenador do Núcleo de Pesquisa</p><p>Victor Biazon</p><p>Secretário Acadêmico</p><p>Tiago Pereira da Silva</p><p>Projeto Gráfico e Editoração</p><p>Douglas Crivelli</p><p>Revisão Textual</p><p>Leandro Vieira</p><p>Web Designer</p><p>Thiago Azenha</p><p>FICHA CATALOGRÁFICA</p><p>UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio</p><p>Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR</p><p>(44) 3045 9898</p><p>UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido</p><p>Berthier Fortes, 2177, Centro</p><p>Paranavaí-PR</p><p>(44) 3045 9898</p><p>UNIFATECIE Unidade 3 Rua</p><p>Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-</p><p>PR (44) 3045 9898</p><p>UNIFATECIE Unidade 4 BR-376,</p><p>KM 102, Saída para Nova Londrina</p><p>Paranavaí-PR</p><p>(44) 3045 9898</p><p>www.unifatecie.edu.br/site</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP</p><p>S927f Struett, Mirian Aparecida Micarelli</p><p>Fundamentos da gestão pública / Mirian Aparecida</p><p>Micarelli Struett. Paranavaí: EduFatecie, 2022.</p><p>83 p. : il. Color.</p><p>1. Administração pública. 2. Direito Administrativo.</p><p>I.. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a</p><p>Distância. III. Título.</p><p>CDD : 23 ed. 351.81</p><p>Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577</p><p>A</p><p>U</p><p>T</p><p>O</p><p>R</p><p>Profª Me Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>Possui Mestrado na área de Gestão de Negócios pela</p><p>Universidade Estadual de Londrina, em consórcio com</p><p>a Universidade Estadual de Maringá (UEL/UEM). Possui</p><p>especialização em Novas Tecnologias da Ead pela</p><p>UniCesumar e graduação em Administração pela Universidade</p><p>Estadual de Maringá. É funcionária pública na área de Gestão</p><p>Hospitalar, desde 1992, e atua na função de Gestor de</p><p>Contratos e Convênios no Hospital Universitário Regional de</p><p>Maringá; também, é docente de Graduação e Pós-Graduação</p><p>nas áreas de Gestão Organizacional desde 2005.</p><p>Lattes: http://lattes.cnpq.br/3388750064285917</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>É com muito prazer que apresento a você o livro que fará parte da disciplina</p><p>Fundamentos da Gestão Pública. A equipe da FATECIE e eu, preparamos este</p><p>livro com muito esmero para que você adquira conhecimentos necessários</p><p>sobre a Administração e Gestão Pública. Portanto, prezado estudante,</p><p>delinearemos o caminho para que você alcance esse objetivo, a partir da</p><p>apresentação das quatro unidades deste livro.</p><p>A Unidade I possibilitará uma maior compreensão sobre o papel do Estado</p><p>e a Administração Pública. Portanto, iniciamos nossa compreensão a partir</p><p>da teoria contratualista com Hobbes, Locke e Rousseau e a formação dos</p><p>sistemas sociais e políticos. Em seguida, conheceremos o sistema de freios</p><p>e contrapesos de Montesquieu e as principais instituições políticas no Estado</p><p>Brasileiro.</p><p>Na Unidade II delinearemos a concepção histórica e a reformas</p><p>constitucionais e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro, bem como</p><p>apresentaremos como se desenvolveram o modelos de Administração Pública,</p><p>começando pelo Patrimonialismo, com a chegada da Administração burocrática</p><p>e a Administração Gerencial.</p><p>Na Unidade III trataremos os principais aspectos contemporâneos dos</p><p>modelos de Administração e Gestão Pública enfatizando as novas formas</p><p>de Administração e Gestão, com ênfase também no papel das organizações</p><p>sociais, PPPs e das agências reguladoras e principalmente demonstrando</p><p>como os gestores devem atuar buscando a governança e a qualidade de</p><p>gestão almejada pelo usuário do serviço público.</p><p>Por fim, na Unidade IV será apresentado os instrumentos de atuação</p><p>do Estado. Basicamente e sucintamente apresentamos nesta unidade,</p><p>o instrumento de atuação por meio das políticas públicas, as principais</p><p>características do orçamento público e como ocorrem as compras, contratos</p><p>administrativos e repasses do Estado para entes da administração pública e</p><p>privada bem como é a relação entre Estado, Governo e Mercado e o controle e</p><p>participação cidadã.</p><p>Bons Estudos!</p><p>SUMÁRIO</p><p>CAPÍTULO 1</p><p>07 | Estado e Administração Pública</p><p>CAPÍTULO 2</p><p>26 | Administração Pública Brasileira: Concepção Histórica e Reformas</p><p>CAPÍTULO 3</p><p>44 | Modelos de Gestão Pública e Desafios</p><p>CAPÍTULO 4</p><p>64 | Instrumentos de Gestão Pública</p><p>PÁGINA 7</p><p>CAPÍTULO</p><p>1 ESTADO E</p><p>ADMINISTRAÇÃO</p><p>PÚBLICA</p><p>Esta Unidade possibilita maior compreensão sobre o papel do Estado</p><p>e da Administração Pública. Para isso é fundamental conhecer a teoria</p><p>contratualista, a formação dos sistemas sociais e políticos, o sistema de freios</p><p>e contrapesos de Montesquieu e as principais instituições políticas no Brasil.</p><p>Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>Objetivos da Aprendizagem:</p><p>• Apresentar a teoria contratualista na visão dos pensadores Hobbes,</p><p>Locke e Rousseau;</p><p>• Conceituar e contextualizar a definição de Estado e dos sistemas</p><p>sociais;</p><p>• Conceituar e contextualizar a Administração Burocrática por Weber;</p><p>• Apresentar o sistema de freios e contrapesos de Montesquieu;</p><p>• Apresentar as principais instituições políticas no Brasil.</p><p>Plano de Estudo:</p><p>• Teoria Contratualista (Hobbes, Locke e</p><p>Rousseau);</p><p>• Função do Estado e a Administração Pública;</p><p>• O sistema de freios e contrapesos de</p><p>Montesquieu;</p><p>• Principais Instituições Políticas no Brasil.</p><p>PÁGINA 8</p><p>INTRODUÇÃO DA UNIDADE</p><p>Esta Unidade possibilita maior compreensão sobre o papel do Estado e sua</p><p>formação enquanto Administração Pública e Política.</p><p>Portanto será apresentado a você, prezado estudante, a teoria contratualista na</p><p>visão dos pensadores Hobbes, Locke e Rousseau, em seguida a necessidade</p><p>da formação dos sistemas sociais com ênfase na organização burocrática e na</p><p>administração pública e o motivo pelo qual houve a necessidade do sistema de</p><p>freios e contrapesos de Montesquieu. Ao final, sucintamente será apresentada</p><p>as principais instituições políticas no Brasil.</p><p>Iniciaremos esta unidade traçando sobre a formação e necessidade do Estado,</p><p>a partir da Teoria Clássica, ou seja, da Teoria Contratualista de Hobbes, Locke</p><p>e Rousseau, explicando sobre o Estado de Natureza, a sociedade civil, a</p><p>necessidade de Estado e do Contrato Social.</p><p>Em seguida será apresentado a função tríplice do Estado e alguns conceitos</p><p>sobre os sistemas sociais e político e sua forma de organização. Neste</p><p>momento, será apresentado a necessidade da legitimação deste Estado</p><p>enquanto soberano e também de como essa legitimidade poderia se fortalecer</p><p>por meio do sistema político, com o enfoque na Burocracia de Weber.</p><p>A Burocracia de Weber é considerada o modelo ideal para a Administração</p><p>Pública, pois apresenta algumas características que podem colaborar com a</p><p>eficiência dos serviços prestados pelo Estado ao seu povo.</p><p>Em seguida, será apresentado o sistema de freios e contrapesos de</p><p>Montesquieu, e como o próprio nome já diz, é um sistema que serve de</p><p>controle para o poder político que é concretizado por meio da constituição dos</p><p>três poderes: legislativo, executivo e judiciário.</p><p>Na Administração Pública será apresentado o seu conceito básico bem como</p><p>como estas Instituições Políticas executam o seu papel no Sistema Brasileiro.</p><p>Bons Estudos!</p><p>PÁGINA 9</p><p>1 ESTADO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>O Estado surgiu num momento histórico condicionado por uma série de fatores</p><p>sociais, políticos e econômicos com o objetivo de organizar a nova estrutura</p><p>institucional de poder (COSTIN, 2010).</p><p>Foi a partir do século XVII, que surge a Teoria Clássica do Estado condicionada</p><p>pelo poder econômico e político na Europa, época em que o sistema feudal</p><p>declinava a partir de diversas guerras civis e das profundas mudanças em</p><p>relação a concentração e centralização de poderes em determinados territórios.</p><p>O feudalismo sofre derrotas com a emergência das monarquias absolutistas</p><p>e só é eliminado com industrialização e o predomínio da classe burguesa</p><p>e o estabelecimento do sistema capitalista que passa a se burocratizar e</p><p>a se racionalizar, pois a unidade básica de produção, a família passa a</p><p>ser a empresa burocrática, na qual</p><p>2010.</p><p>CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública. Rio de Janeiro,</p><p>Elsevier, 2006.</p><p>MATIAS-PEREIRA, José. Curso de administração pública: foco nas</p><p>instituições e ações governamentais. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.</p><p>NASCIMENTO, Edson Ronaldo. Gestão Pública: tributação e orçamento, lei</p><p>da responsabilidade fiscal, tópicos em contabilidade, gestão pública no Brasil e</p><p>JK a Lula, administração financeira e orçamentária, finanças públicas nos três</p><p>níveis do governo. São Paulo: Saraiva, 2006.</p><p>PEIXOTO, João Paulo M. Statecraft no Brasil: Ideologia e Pragmatismo. In:</p><p>Governando o governo: modernização da Administração Pública no Brasil.</p><p>João Paulo M. Peixoto (Org.). São Paulo: Atlas, 2008. p.1 a 29.</p><p>PÁGINA 44</p><p>MODELOS DE GESTÃO</p><p>PÚBLICA E DESAFIOS</p><p>CAPÍTULO</p><p>3</p><p>Esta Unidade retrata os aspectos contemporâneos dos modelos de</p><p>Administração e Gestão Pública enfatizando as novas formas de Administração</p><p>e Gestão, com ênfase também no papel das organizações sociais, PPPs e das</p><p>agências reguladoras e principalmente demonstrando como os gestores devem</p><p>atuar buscando a governança e a qualidade de gestão almejada pelo usuário</p><p>do serviço público.</p><p>Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>Objetivos de Aprendizagem:</p><p>• Conceituar a Nova Gestão Pública (NGP), New Public Management</p><p>(NPM) e o New Service Public (NSP);</p><p>• Caracterizar a gestão pública estratégica e a governança no serviço</p><p>público distinguindo suas principais características;</p><p>• Demonstrar quais são as formas de atuação na administração pública</p><p>direta e indireta;</p><p>• Apresentar o papel das organizações sociais, PPPs e agências</p><p>reguladoras;</p><p>• Apresentar algumas características de gestão da qualidade buscada</p><p>pelas organizações públicas.</p><p>Plano de Estudo:</p><p>• Reformas e a Nova forma de Administração e Gestão Pública;</p><p>• A Nova Gestão Pública (NGP), o New Public Management (NPM) e o</p><p>New Service Public (NSP);</p><p>• Gestão Pública Estratégica e Governança no serviço Público;</p><p>• Atuação e Estrutura da Administração Pública;</p><p>• Qualidade e Excelência na Gestão Pública.</p><p>PÁGINA 45</p><p>INTRODUÇÃO DA UNIDADE</p><p>Prezado Estudante, nesta Unidade você compreenderá que os aspectos atuais</p><p>da Administração e Gestão Pública enfatizam os pontos positivos e negativos</p><p>das novas formas de Administração, Gestão e Governança Pública.</p><p>Para compreender como os novos gestores e administradores públicos atuam</p><p>frente às expectativas dos seus cidadãos, consumidores e usuários surgiram</p><p>na Administração alguns modelos, como a Nova Gestão Pública (NGP), New</p><p>Public Management (NPM) e o New Service Public (NSP).</p><p>A Nova Gestão Pública a partir das reformas buscam aproximar cada vez mais</p><p>a forma de administração da gestão pública a da gestão privada, porém é</p><p>importante ressaltar que ambas são diferentes e se distinguem entre si. Ainda</p><p>que diferentes, é aspecto fundamental que as organizações públicas realizem</p><p>gestão estratégica e busquem a governança no serviço público.</p><p>Desde 1967, com o Decreto Lei Federal nº 200, o Brasil vem buscando a</p><p>modernização nos serviços públicos e com isso atua de forma direta e indireta</p><p>na consecução dos bens e serviços prestados, na qual será apresentado as</p><p>características dos tipos de organizações, fundações, autarquias e empresas</p><p>públicas.</p><p>Para corroborar com a eficiência que se busca no serviço público, as</p><p>organizações sociais, as Parcerias Público-privadas (PPPs) e as agências</p><p>reguladoras se fizeram necessárias. Portanto é nosso papel apresentá-las</p><p>distinguindo suas principais características.</p><p>Ao final, será apresentado algumas características de gestão da qualidade</p><p>buscada pelas organizações públicas uma vez que as organizações públicas</p><p>buscam a Excelência em Gestão Pública (MEGP) ou seja buscam realizar uma</p><p>gestão eficiente, eficaz e efetiva em gestão com qualidade.</p><p>Bons Estudos!</p><p>PÁGINA 46</p><p>3.1. REFORMAS E A NOVA FORMA DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO</p><p>PÚBLICA</p><p>As primeiras reformas administrativas ocorreram na Europa e Estados Unidos</p><p>nas décadas de 80 e 90 (ALDARVIS, 2010).</p><p>No Brasil as reformas gerenciais ou da gestão pública foram incorporadas</p><p>pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro. O movimento</p><p>mundial à Nova Gestão Pública implica em privatizações, contratos de gestão</p><p>com segundo e o terceiro setor e na diminuição do aparelho do Estado</p><p>(KANAANE et al., 2010).</p><p>É preciso cautela em relação às reformas administrativas, pois muitas</p><p>compartilham características do modelo weberiano e continuam a colocar</p><p>ênfase na função controle, bem quanto com as políticas simbólicas - políticos,</p><p>funcionários de carreira e empreendedores políticos em geral, buscam</p><p>manipular a percepção coletiva a respeito das organizações públicas,</p><p>avançando mais em autopromoção e retórica do que em fatos concretos</p><p>(SECCHI, 2009).</p><p>De acordo com Santos (2003) a reforma gerencial é positiva pois contribui com</p><p>nas formas de controle dos serviços públicos, propiciando maior transparência</p><p>nas decisões administrativas por meio do controle da sociedade e contribui</p><p>para o aumento da responsabilização dos administradores públicos. Na</p><p>Administração propicia também que os resultados a serem alcançados</p><p>sejam negociados entre os formuladores da política pública e a instituição</p><p>encarregada de implementá-la.</p><p>Valente (2009) faz algumas ressalvas sobre as relações entre Estado e</p><p>Sociedade e mercado. Para ele, a reforma da máquina é também do Estado</p><p>e isso envolve novas dimensões e papéis principalmente das relações deste</p><p>Estado com a Sociedade, portanto, embora se aproveite dos modelos técnico-</p><p>gerenciais da área privada, não se pode confundir Estado com organização</p><p>privada, ou seja, a nova gestão pública é apoiada pela teoria de organização</p><p>empresarial, mas se distingue dela.</p><p>3.2. A NOVA GESTÃO PÚBLICA (NGP), a NEW PUBLIC MANAGEMENT</p><p>(NPM) E O NEW PUBLIC SERVICE (NPS)</p><p>Os diagnósticos inspirados pela NPM busca resultados e gravita sob</p><p>o conceito do cidadão, usuário ou cliente, suplantando o conceito de</p><p>cidadão-eleitor que aspira a ter voz no processo político/eleitoral, ou seja,</p><p>a abordagem de que o cidadão prefere ser servido pelo Estado do que ser</p><p>ouvido pelo mesmo. Assim as estratégias da reforma voltada para a NPM já</p><p>PÁGINA 47</p><p>não contrapõe antagonicamente o Estado e ao Mercado, mas busca a sua</p><p>complementaridade, que surge da manifestação democrática que permite</p><p>a cidadania e que leva aos respectivos governos a sua insatisfação com a</p><p>qualidade e quantidade de serviços públicos a que tem direito (PINTO, 2008).</p><p>Observa-se desta forma que a Administração Pública busca encontrar soluções</p><p>para os problemas, trazendo o cidadão para o centro das atenções. Neste</p><p>sentido, a forma de administrar e o suporte às tecnologias, dentre outras</p><p>ferramentas devem contribuir para atender a sociedade que agora adota</p><p>crescentes expectativas e melhoria do atendimento e do serviço realizado pela</p><p>Administração Pública.</p><p>Destaca-se também o NPS desenvolvida por Denhardt que busca a</p><p>participação direta do cidadão de modo a servir ao público e contribuir</p><p>para o nível de cidadania. O que ocorre via atividades de co-produção entre</p><p>comunidades, órgãos públicos, privados e não-governamentais tornando</p><p>factível estimular a sociedade para uma maior participação, cidadania e</p><p>accountability (MATIAS-PEREIRA, 2010).</p><p>Entretanto, é preciso salientar, conforme Paula (2005) aponta, que muitos</p><p>dos serviços públicos são difíceis de mensuração em termos de eficiência e</p><p>avaliação de desempenho, o que torna sua aplicação muito problemática.</p><p>Verificamos também, outras questões importantes como explicar a orientação</p><p>pública e política no sentido de enfatizar a participação popular de um país</p><p>imitando o setor privado, sendo que ambos têm objetivos distintos.</p><p>Por ser demasiado rígido para capacitar o Estado na</p><p>expansão dos meios de interlocução com a sociedade</p><p>e por enfatizar predominantemente a eficiência</p><p>administrativa, esse modelo de gestão não vem se</p><p>mostrando apto para lidar com a complexidade da vida</p><p>política.</p><p>Além disso, ao imitar a administração do setor</p><p>privado, a administração pública gerencial posterga a</p><p>elaboração de ideias, modelos e práticas administrativas</p><p>que atendam às especificidades do setor público e à</p><p>demanda de participação popular (PAULA, 2005, p. 10).</p><p>Denhardt (2012) aponta alguns pontos importantes estudados por cientistas da</p><p>Administração e cientistas políticos que envolvem a NGP:</p><p>1. Política e Administração - questões importantes não são decididas</p><p>somente na burocracia, pois as organizações públicas dirigem a atenção</p><p>ao seu público e ajudam a estabelecer valores na sociedade.</p><p>2. Fatos versus valores - o que gera mais valor? É preciso que se</p><p>examine as normas e os valores e atue sobre eles.</p><p>3. Eficiência versus Equidade - A eficiência (racional) é um critério</p><p>PÁGINA 48</p><p>escolhido como valor básico mas impede que se dê atenção a outro</p><p>valor, como a equidade social e a participação, surgindo assim uma</p><p>crescente despersonalização e objetificação. A equidade envolve</p><p>senso de fairness ou justiça, ou seja, a correção dos desequilíbrios na</p><p>distribuição de valores sociais e políticos.</p><p>4. Hierarquia versus participação - como se reestruturar e lograr mais</p><p>envolvimento e participação sem que esses esforços se tornem simples</p><p>artifício para a manipulação gerencial? A liderança pode depender</p><p>menos de sistemas hierárquicos e mais de poder e participação em</p><p>termos compartilhados.</p><p>Autores como Matias-Pereira (2010) e Pinto (2008), a (NGP) Nova Gestão</p><p>Pública) levanta sérios problemas. Um deles parte das suposições que a</p><p>gestão empresarial é superior e predomina sobre a gestão Pública e de que o</p><p>papel dos cidadãos pode ser reduzido ao de consumidores.</p><p>Para Matias-Pereira (2010) o outro problema é, de que o New Public</p><p>Management – NPM insiste na descentralização e no desaparecimento de</p><p>escalões intermédios, entretanto acentua a necessidade de controle financeiro</p><p>e coordenação orçamental, o que acaba gerando incoerências e contradições</p><p>no processo de decisão e implementação das políticas públicas.</p><p>3.3 GESTÃO PÚBLICA ESTRATÉGICA E A GOVERNANÇA NO SERVIÇO</p><p>PÚBLICO</p><p>A Gestão Pública Estratégica e a Governança no Serviço Público se constituem</p><p>na atualidade numa prática de suma importância pois contempla o novo papel</p><p>da organização pública. Além de ser uma opção estratégica contribui para</p><p>alavancar as organizações públicas em seu posicionamento no mercado de</p><p>forma transparente e responsável. Para Martins (2000, p. 5) “o novo contexto</p><p>de governança contemporânea se caracteriza por uma multiplicidade de atores</p><p>e modelos de gestão envolvidas na produção dos bens públicos”.</p><p>Para Matias-Pereira (2010) não possui uma única definição, governabilidade</p><p>por exemplo envolve as condições substantivas e materiais do exercício do</p><p>poder e de legitimidade perante os múltiplos interesses da sociedade enquanto</p><p>a governança está relacionado com a capacidade do governo em formular</p><p>e implementar suas políticas na qual podemos assinalar por exemplos, a</p><p>gestão de finanças públicas, gerencial e técnica sendo sua fonte direta os</p><p>agentes públicos ou servidores do Estado que possibilitam a formulação e</p><p>implementação adequada das políticas públicas.</p><p>Para Santos (2003) a governabilidade depende de várias questões, dentre</p><p>elas: a) a qualidade das instituições políticas quanto à intermediação de</p><p>PÁGINA 49</p><p>interesses, b) a existência de mecanismos de responsabilização dos políticos</p><p>e burocratas perante a sociedade, e, c) a qualidade do contrato social básico.</p><p>Essas dimensões remetem à reforma política, essencial à reforma do Estado</p><p>no Brasil.</p><p>Uma boa governança, segundo Matias-Pereira (2010) está relacionada aos</p><p>princípios: relações éticas, conformidade em todas as suas dimensões,</p><p>transparência e prestação responsável de contas. Segundo o International</p><p>Federation of Accountants – IFAC (2001 apud TCU, 2014, p. 13):</p><p>[...] para melhor atender aos interesses da sociedade,</p><p>é importante garantir o comportamento ético, íntegro,</p><p>responsável, comprometido e transparente da liderança;</p><p>controlar a corrupção; implementar efetivamente um código de</p><p>conduta e de valores éticos; observar e garantir a aderência</p><p>das organizações às regulamentações, códigos, normas</p><p>e padrões; garantir a transparência e a efetividade das</p><p>comunicações; balancear interesses e envolver efetivamente</p><p>os stakeholders (cidadãos, usuários de serviços, acionistas,</p><p>iniciativa privada).</p><p>A gestão estratégica visa integrar e relacionar as partes envolvidas em</p><p>um plano estratégico em um único processo de forma a assegurar que</p><p>as mudanças que sejam necessárias possam ser implementadas com</p><p>a participação dos vários níveis organizacionais envolvidos no processo</p><p>decisório. Segundo Kanaane et al. (2012, p. 35) a gestão estratégica “tem</p><p>como pilares: o ambiente socioeconômico, o cliente-cidadão, as organizações</p><p>públicas e privadas, o governo e as demandas socioculturais”.</p><p>Desta forma, a partir da Gestão estratégica a Administração Pública viabiliza</p><p>o dimensionamento das práticas públicas sob várias perspectivas na qual se</p><p>coloca em ação a estratégia para atingir os objetivos que possam caracterizar</p><p>a visão de futuro traduzidos na missão, valores e princípios da Administração</p><p>Pública. Já a Governança Pública deve estar voltada para a “liderança,</p><p>integridade, compromisso (relativos à qualidade pessoal), responsabilidade em</p><p>prestar contas, integração e transparência” (KANAANE ET AL, 2012, p.47).</p><p>3.4 FORMAS DE ATUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>A Administração Pública pode atuar de forma direta e indireta, realizando uma</p><p>administração centralizada e descentralizada por meio da transferência das</p><p>atividades de bens e serviços para outras esferas da administração pública, por</p><p>entes delegados ou outorgados.</p><p>De acordo com Kanaane (2012) “o objetivo da reforma gerencial foi de</p><p>PÁGINA 50</p><p>concentrar o gestor público em suas funções estratégicas, delegando a</p><p>produção de seus bens e serviços públicos para o setor privado ou terceiro</p><p>setor”.</p><p>3.4.1 Administração Direta e Indireta</p><p>A reforma para uma administração pública inicia-se com a promulgação do</p><p>Decreto Lei nº 200 em 1967, que promoveu a transferência das atividades de</p><p>produção de bens e serviços para autarquias e fundações, empresas públicas</p><p>e sociedades de economia mista, pois já não atendia mais aos anseios da</p><p>sociedade voltando o seu foco para o cidadão (SANTOS, 2003; CAVALCANTI,</p><p>2012).</p><p>1. A Administração Direta (centralização Administrativa) está</p><p>materializada pela Presidência da República, pelos Ministérios e</p><p>pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário. Esses órgãos não</p><p>possuem personalidade jurídica própria, pois exercem, diretamente, as</p><p>competências a cargo da União, demonstrando. No âmbito do Executivo</p><p>Federal, a primeira é composta pela Presidência da República, os</p><p>Ministérios e as Secretarias.</p><p>2. A Administração Indireta (descentralização Administrativa) são</p><p>entidades que possuem personalidade jurídica e patrimônio próprios,</p><p>sendo vinculadas e supervisionadas pelos Ministérios ou por outros</p><p>Órgãos da Administração Direta em todas as esferas.</p><p>A Administração Indireta (Art. 5º do Decreto-Lei n.º 200/67) é composta por:</p><p>• Fundações Públicas (personalidade jurídica de direito privado, sem</p><p>fins lucrativos), são exemplos de fundações, as conhecidas Fundação</p><p>Nacional do Índio (FUNAI), a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia</p><p>e Estatística (IBGE) e a Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de</p><p>Segurança e Medicina do Trabalho Fundacentro.</p><p>• Empresas Públicas (personalidade jurídica de direito privado, com</p><p>patrimônio próprio e capital exclusivo da União) são exemplos de</p><p>empresas públicas a Caixa Econômica Federal (CEF), Banco Nacional</p><p>de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Empresa</p><p>Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).</p><p>• Sociedade de Economias Mistas (personalidade jurídica de direito</p><p>privado, com ações com direito a voto pertençam à União), são</p><p>exemplos de sociedades de economias mistas a Petrobrás e a Bolsa de</p><p>Valores</p><p>e Banco do Brasil.</p><p>• Autarquias (personalidade jurídica com patrimônio e receitas próprias</p><p>para executar atividades típicas da Administração Pública) são exemplos</p><p>conhecidos, o Banco Central, as Agências Reguladoras, o Instituto</p><p>PÁGINA 51</p><p>Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) e órgãos</p><p>como o Conselho Administrativo da Defesa Econômica (CADE), o</p><p>Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e também as</p><p>Universidades Federais.</p><p>Essa descentralização administrativa ocorre de duas formas:</p><p>1. Outorga: quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere a</p><p>titularidade, por lei, determinado serviço público, geralmente por prazo</p><p>indeterminado.</p><p>2. Delegação: quando o Estado realiza por contrato ou ato unilateral,</p><p>unicamente a execução do serviço para que o ente delegado realize ao</p><p>público em seu próprio nome e por sua conta e risco, sob a fiscalização</p><p>do Estado, por prazo determinado como acontece nos Contratos de</p><p>Concessão ou Atos de Permissão.</p><p>3.4.2 Organizações Sociais e Parcerias Público Privadas (PPPs)</p><p>As organizações sociais (entidades privadas sem fins lucrativos - associações,</p><p>fundações ou sociedades civis) e as parcerias público-privadas permitiram</p><p>ao serviço público celebrar contratos de gestão com o Governo Federal e</p><p>permitindo que o gestor público realizasse contratos de concessão e obras e</p><p>serviços infraestruturais com o setor privado.</p><p>De acordo com Bresser-Pereira (2008 apud Kanaane et al., 2012) a Lei Federal</p><p>nº 9.637 de 15 de maio de 1998, Lei das Organizações Sociais possibilitou que</p><p>o gestor público delegasse ao terceiro setor a execução de políticas setoriais</p><p>nas áreas da educação, cultura, saúde e pesquisa científica. Desta forma, os</p><p>contratos de gestão são publicizados pelo setor público.</p><p>Na Administração gerencial, os resultados a serem</p><p>alcançados devem ser negociados entre os formuladores</p><p>da política pública e a instituição encarregada de</p><p>implementá-la. Nesse sentido a identificação precisa dos</p><p>objetivos e metas a serem alcançados assim como dos</p><p>responsáveis pelo seu atingimento em todos os níveis</p><p>da organização, justificará a celebração do contrato de</p><p>gestão (SANTOS, 2003, p. 113, grifo do autor).</p><p>Já as parcerias público-privadas (PPPs), segundo Kanaane et al. (2012), foi</p><p>regulamentada pela Lei nº 11.079 de 30 de dezembro de 2004 se tornou uma</p><p>alternativa para que o Estado terceirizasse obras e serviços que antes eram</p><p>integralmente públicos para que o setor privado, considerado um parceiro</p><p>estratégico investisse recursos, cujos planos, projetos e processos bem como a</p><p>cobrança de tarifas para usuários são regulados pelo setor público.</p><p>PÁGINA 52</p><p>3.4.3 Agências Reguladoras</p><p>A redução acentuada da intervenção direta exige uma nova forma de</p><p>intervenção do Estado, cujo Estado passou a ter um papel de regulador ou</p><p>seja, entendido como poder político, é o garantidor da existência de contratos</p><p>e da propriedade e intervém quando necessário na vida econômica e social,</p><p>desde a sua existência. Desta forma, a criação das agências reguladoras</p><p>decorre das mudanças de papel em que o estado deixa ser produtor e assume</p><p>sua função de regulador. Evidencia-se assim a sua capacidade regulatória</p><p>(MATIAS-PEREIRA, 2010).</p><p>As agências reguladoras, integram a administração indireta e são consideradas</p><p>pessoas jurídicas de direito público - autarquia especial, cuja principal função</p><p>é o controle de pessoas privadas, responsáveis pela prestação de serviços</p><p>públicos (concessão ou permissão), responsáveis por: regular a prestação de</p><p>serviços públicos, organizar e fiscalizar esses serviços, garantindo ao usuário</p><p>do serviço que este seja um serviço público de qualidade.</p><p>Entretanto, é importante salientar, que nem toda atividade regulatória requer</p><p>agências reguladoras para o seu exercício. Dentre as atividades regulatórias</p><p>das agências reguladoras, trata preferencialmente as atividades econômicas</p><p>(criar condições de concorrência, regular preços, qualidade, barreiras de</p><p>entrada e saída, proteção ao consumidor), mas também trata de questões</p><p>como saúde, segurança e meio ambiente. Conheçamos alguns exemplos</p><p>descritos por Bresser-Pereira (2003, p. 21):</p><p>Como exemplos de órgãos e entidades que exercem</p><p>função reguladora temos a Secretaria da Receita Federal,</p><p>o Departamento de Aviação Civil e o Ministério do</p><p>Trabalho e Emprego (órgãos da administração direta), o</p><p>Instituto Nacional do Seguro Social (autarquia), o Instituto</p><p>do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (autarquia),</p><p>o Instituto Brasileiro de Turismo (autarquia), o Instituto</p><p>Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade</p><p>Industrial (autarquia), o Conselho Administrativo de Defesa</p><p>Econômica (autarquia), a Comissão de Valores Mobiliários</p><p>(autarquia), a Superintendência de Seguros Privados</p><p>(autarquia), o Departamento Nacional da Produção Mineral</p><p>(autarquia), e o Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos</p><p>Recursos Naturais Renováveis (autarquia especial), dentre</p><p>outros.</p><p>No modelo brasileiro, como afirma Matias-Pereira (2010, p. 165) “temos um</p><p>sistema de regulação bastante complexo, visto que participam desse processo</p><p>novos entes governamentais”. Participam desse processo as agências</p><p>reguladoras, o governo, as concessionárias e os usuários dos serviços</p><p>públicos. As responsabilidades das agências reguladoras dependendo de suas</p><p>PÁGINA 53</p><p>finalidades pode ser econômica, social ou administrativa. Neste sentido, como</p><p>apontam Bresser-Pereira (2004) e Matias-Pereira (2010):</p><p>• Regulação econômica: permite a criação de uma estrutura institucional</p><p>para agentes econômicos, empresas e mercados com o objetivo de</p><p>facilitar, limitar ou intensificar os fluxos e trocas do mercado por meio</p><p>de políticas tarifárias, princípios de confiabilidade do serviço público e</p><p>regras de entrada e saída do mercado.</p><p>• Regulação social: atua na provisão dos bens públicos e na proteção</p><p>do interesse público, estabelecendo parâmetros (saúde, segurança e o</p><p>meio ambiente) e os mecanismos de ofertas dos mencionados bens.</p><p>• Regulação administrativa: há intervenção nos procedimentos</p><p>administrativos e burocráticos, bem como em sua relação com o</p><p>administrado.</p><p>Dentre as agências reguladoras existentes no Brasil, o Portal Brasil (online,</p><p>2016) elenca:</p><p>1. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) promove o</p><p>desenvolvimento das telecomunicações no país, criada em 1997.</p><p>2. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis</p><p>(ANP) foi criada em 1998 para regular as atividades da indústria de</p><p>petróleo e gás natural e dos biocombustíveis.</p><p>3. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia criada</p><p>em 1996, regula e fiscaliza a geração, a transmissão, a distribuição e a</p><p>comercialização da energia elétrica.</p><p>4. Criada em 2000, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é</p><p>vinculada ao Ministério da Saúde.</p><p>5. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi criada em</p><p>1999, tem independência administrativa e autonomia financeira e é</p><p>vinculada ao Ministério da Saúde.</p><p>6. Criada no ano 2000, a Agência Nacional de Águas (ANA) é</p><p>vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), mas tem autonomia</p><p>administrativa e financeira.</p><p>7. A Agência Nacional do Cinema (Ancine) é uma autarquia especial</p><p>e, por isso, tem independência administrativa e financeira. Criada em</p><p>2001 e vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), a agência tem como</p><p>objetivo principal o fomento à produção, à distribuição e à exibição de</p><p>obras cinematográficas e videofonográficas.</p><p>8. Criada em 2001, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários</p><p>(Antaq) é vinculada ao Ministério dos Transportes e tem autonomia</p><p>financeira e administrativa.</p><p>9. A Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) foi criada em</p><p>2001, é vinculada ao Ministério dos Transportes e tem independência</p><p>administrativa e financeira. A agência é responsável pela concessão</p><p>PÁGINA 54</p><p>REFLITA</p><p>de ferrovias, rodovias e transporte ferroviário relacionado à exploração</p><p>da infraestrutura; e pela permissão de transporte coletivo regular de</p><p>passageiros por rodovias e ferrovias.</p><p>10. Criada em 2005 para substituir o Departamento Nacional de Aviação</p><p>Civil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem a função de</p><p>regular e fiscalizar as atividades do setor.</p><p>De que modo as Agências Reguladoras contribuem para melhorar a</p><p>capacidade de governo do Estado?</p><p>3.5 QUALIDADE E EXCELÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA</p><p>De acordo com Santos, o código da qualidade dos serviços públicos, criado</p><p>em 1998, é um instrumento que visa a garantir a qualidade dos serviços</p><p>de natureza pública, quais sejam: a energia elétrica, água e esgotos,</p><p>telecomunicações, saúde pública, educação básica, segurança pública,</p><p>proteção do meio ambiente e transporte, dentre outros (SANTOS, 2003).</p><p>O modelo de Excelência em Gestão Pública (MEGP) é um sistema de</p><p>gestão que busca eficiência, eficácia e efetividade da gestão com qualidade,</p><p>utilizando uma estrutura sistêmica nas organizações públicas e seus</p><p>fundamentos se pautam nos pilares do Gespública - Programa Nacional de</p><p>Gestão Pública e Desburocratização, criado pelo Decreto 5.378/05 (BRASIL,</p><p>2005).</p><p>3.5.1 O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização –</p><p>Gespública</p><p>A sustentação do modelo de Excelência em Gestão Pública tem como</p><p>fundamentos o Gespública com foco no cidadão e na qualidade. Seus</p><p>fundamentos se pautam no modelo de excelência de gestão de mais de</p><p>60 países considerando critérios públicos e privados, dentre eles, o prêmio</p><p>President’s Quality Award (específico para organizações públicas) Malcoln</p><p>Baldrige National Quality Award dos EUA e Prêmio Nacional da Qualidade no</p><p>Brasil (FERREIRA, 2009; ALDARVIS, 2010).</p><p>PÁGINA 55</p><p>Esses 13 princípios do Gespública estão sustentados nos seguintes pilares:</p><p>1. Pensamento Sistêmico: as organizações possuem relação de</p><p>interdependência entre organizações, meio ambiente e sociedade.</p><p>2. Aprendizado Organizacional: trata-se da busca contínua de</p><p>conhecimento individuais e coletivos, por meio de percepção, reflexão,</p><p>avaliação e compartilhamento de informações e experiências.</p><p>3. Cultura da Inovação: representa a promoção de um ambiente favorável</p><p>à criatividade, experimentação e implementação de novas ideias e</p><p>levando a organização a um diferencial em sua atuação.</p><p>4. Liderança e constância dos propósitos: considerado um elemento</p><p>promotor da gestão, responsável pela orientação, estímulo e</p><p>comprometimento que visa ao alcance dos resultados e deve ocorrer</p><p>de forma aberta, democrática e inspiradora e motivadora visando o</p><p>desenvolvimento da cultura de excelência organizacional, envolvendo</p><p>qualidade e proteção do interesse público.</p><p>5. Orientação por processos e informações: representa a compreensão</p><p>e a segmentação do conjunto de atividades e processos da organização</p><p>que agreguem valor às partes interessadas, considerando critérios de</p><p>desempenho .</p><p>6. Visão de Futuro: a capacidade de estabelecer um rumo à organização,</p><p>com a coerência ao processo decisório, gestão estratégica, atendendo</p><p>às necessidades e expectativas dos cidadãos e da sociedade.</p><p>7. Geração de valor: está relacionada ao alcance de resultados</p><p>consistentes, assegurando que haja aumento de valor tangível e</p><p>intangível de forma sustentada para as partes interessadas.</p><p>8. Comprometimento com as pessoas: pressupõe melhoria na qualidade</p><p>nas relações de trabalho, levando as pessoas a se realizarem tanto</p><p>profissionalmente quanto pessoalmente, maximizando seu desempenho</p><p>por meio de oportunidades para o desenvolvimento de suas</p><p>competências e a prática do incentivo ao reconhecimento.</p><p>9. Foco no Cidadão e na Sociedade: refere-se atender regular e</p><p>continuamente às necessidades dos cidadãos e da sociedade, na</p><p>condição de sujeitos de direito e beneficiários dos serviços públicos de</p><p>qualidade advindos dos serviços públicos.</p><p>10. Desenvolvimento de Parcerias: atividades conjuntas com outras</p><p>organizações buscando o pleno uso de suas competências e para o</p><p>desenvolvimento de sinergias expressas em cooperação e coesão.</p><p>11. Responsabilidade Social: assegurar às pessoas condições de</p><p>cidadania, com a garantia de acesso aos bens e serviços essenciais</p><p>e ao mesmo tempo tendo como princípios gerenciais a preservação</p><p>da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, potencializando</p><p>as capacidades das gerações futuras de atender suas próprias</p><p>necessidades.</p><p>12. Controle Social: estão relacionados à transparência e participação</p><p>PÁGINA 56</p><p>social, requisitos fundamentais para a efetivação do controle social. A</p><p>organização deve estimular a sociedade a exercer seu papel.</p><p>13. Gestão Participativa: trata-se de um estilo de gestão que possibilita</p><p>às pessoas autonomia no alcance de metas, também cobrando</p><p>cooperação, compartilhamento de informações e confiança. Estas</p><p>assumem desafios e processos de trabalho, das quais participam,</p><p>tomam decisões, criam e inovam, gerando um clima organizacional</p><p>saudável.</p><p>Dentre as tecnologias de gestão, no portal do Gespública são apresentadas</p><p>algumas ferramentas visando promover a melhoria contínua dos processos</p><p>gerenciais e de resultados os órgãos e entidades públicos que delas se</p><p>apropriarem: a avaliação continuada por meio do Instrumento de Avaliação</p><p>da Gestão Pública (IAGP), a carta de serviços, a gestão de processos e de</p><p>indicadores de gestão.</p><p>Atualmente, para sanar a sobreposição de programas e acompanhar os</p><p>diversos esforços de melhoria da gestão pública, dos objetivos e instrumentos</p><p>instituídos pelo programa com a finalidade de contribuir para a melhoria da</p><p>qualidade dos serviços públicos, o Decreto nº 8.936/16, instituiu a Plataforma</p><p>de Cidadania Digital, e com a recente criação do Conselho Nacional para a</p><p>Desburocratização, as ferramentas do Gespública aperfeiçoadas.</p><p>PÁGINA 57</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>É importante destacar que esta unidade, traz algumas considerações</p><p>importantes em relação às reformas, a atuação da administração pública</p><p>e seus parceiros e as novas formas de Administração e Gestão Pública</p><p>demandadas para os gestores que atuam na esfera pública.</p><p>Para tanto, foram relacionados os conceitos da Nova</p><p>Gestão Pública (NGP), New Public Management (NPM)</p><p>e o New Service Public (NSP). Independente da forma ou do conceito adotado</p><p>todos refletem a preocupação com o cliente, usuário e cidadão como o centro</p><p>das atenções. Uma questão destacada é a orientação pública e política</p><p>no sentido de enfatizar a participação popular de um país imitando o setor</p><p>privado sendo que ambos têm objetivos distintos. Outras questões que vêm</p><p>à tona estão ligadas à racionalidade buscada versus os valores, equidade e</p><p>participação da sociedade no processo de administrar a coisa Pública.</p><p>Dentro deste contexto, as organizações, atuando de forma mais racional</p><p>buscam realizar o planejamento estratégico público como forma de alavancar</p><p>as organizações públicas no mercado, porém atuando com governabilidade e</p><p>governança Pública.</p><p>Para atuar de forma a ser mais eficiente a Administração Pública se</p><p>vale da administração direta (centralizada) e da Administração Indireta</p><p>(descentralizada) na qual transfere atividades de produção de bens e serviços</p><p>para autarquias e fundações, empresas públicas e sociedades de economia</p><p>mista e também para as parcerias público-privadas (PPPs) e Organizações</p><p>Sociais.</p><p>Como a redução acentuada da intervenção direta sobre os bens e serviços</p><p>demandados pela sociedade civil, exige uma nova forma de intervenção do</p><p>Estado entra em cena as agências reguladoras desempenhando o papel de</p><p>regulação econômica, social e administrativa.</p><p>Visando a garantir a qualidade dos serviços de natureza pública, a</p><p>Administração busca realizar e atender a sociedade civil com mais eficiência,</p><p>eficácia e efetividade realizando a gestão de Qualidade pautada nos</p><p>fundamentos do Gespública - Programa Nacional de Gestão Pública e</p><p>Desburocratização, cujas ações visam a trazer mais qualidade nos serviços e</p><p>nos bens produzidos pela Administração e Gestão Pública.</p><p>PÁGINA 58</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Simplifique!</p><p>Os órgãos devem também facilitar o atendimento e simplificar as exigências</p><p>ao cidadão. Caso a prestação do serviço</p><p>público não observe o disposto no</p><p>novo decreto, os cidadãos poderão apresentar a Solicitação de Simplificação,</p><p>por meio do formulário “Simplifique!”, aos órgãos públicos. A solicitação deverá</p><p>ser apresentada no Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal e seguirá</p><p>rotina de avaliação obrigatória pelos órgãos, a exemplo do que ocorre com os</p><p>pedidos da Lei de Acesso à Informação. Este procedimento será definido pelo</p><p>MP em conjunto com o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da</p><p>União (CGU) em 180 dias.</p><p>A nova norma determina também a utilização de pesquisa de satisfação dos</p><p>usuários dos serviços. Esta ferramenta deve ser disponibilizada no Portal de</p><p>Serviços do Governo federal (servicos.gov.br) e no Sistema de Ouvidoria do</p><p>Poder Executivo federal. Os resultados obtidos serão analisados e utilizados</p><p>como subsídio para reorientar e ajustar a prestação dos serviços.</p><p>Outra mudança foi a reformulação da “Carta de Serviços ao Usuário”, já</p><p>instituída pelo Decreto nº 6.932/2009 – revogado pela norma publicada</p><p>nesta terça-feira (18). A Carta deve ser elaborada e divulgada pelos órgãos</p><p>e entidades do Executivo federal e deverá apresentar e informar as formas</p><p>de acesso aos serviços e os compromissos e padrões de qualidade do</p><p>atendimento ao público. Devem constar nessa carta informações como: o</p><p>serviço oferecido pelo órgão; os documentos necessários; o prazo para a</p><p>prestação do serviço; as formas de acesso ao serviço; entre outras.</p><p>Fonte> http://www.planejamento.gov.br/noticias/decreto-simplifica-servicos-publicos-para-atendimento-ao-</p><p>cidadao</p><p>PÁGINA 59</p><p>SAIBA MAIS</p><p>É importante planejar a cidade em todos os seus aspectos. Com a</p><p>globalização, essa tarefa torna-se mais árdua, isto porque, o tempo se acelera</p><p>bem como os fluxos que estruturam a rede também se alteram com intensa</p><p>rapidez, o que produz um ambiente extremamente mutável; essa capacidade</p><p>de mutação constante faz que com as estratégias percam o valor usual em</p><p>pouco tempo, assim, é importante planejar tendo em vista essa flexibilidade</p><p>estratégica, visando antes de mais nada, a importância do elemento humano e</p><p>sua capacidade administrativa, e ansiando resultados bem como flexibilidade.</p><p>Enquanto se pautar o planejamento urbano apenas em aspectos quantitativos</p><p>e documentais, aviltando o potencial estratégico humano, teremos ações</p><p>pouco eficazes, uma vez que números e documentos não revelam os anseios</p><p>e necessidades da sociedade. Sendo assim, o planejamento estratégico terá</p><p>eficácia a partir do momento em que for elaborado, discutido e aprovado por</p><p>membros de segmentos de toda a sociedade.</p><p>Levando esses princípios para a política de reorganização urbana, pode-</p><p>se falar que sua missão consiste em adequar as cidades à população e seus</p><p>anseios, propiciando uma gestão democrática, em que a qualidade de vida</p><p>esteja em pauta e o alcance da cidade desenvolvida e ao mesmo tempo,</p><p>igualitária e justa; as estratégias englobam as ações que devem ser</p><p>executadas para se atingir a cidade melhorada, mas tais ações não</p><p>devem ser aplicadas indiscriminadamente; pelo contrário, devem atender à</p><p>realidade de cada lugar específico. É então que entra em cena, mais uma</p><p>vez, o ato de planejar, desta forma tanto o Planejamento Estratégico como</p><p>o Plano Diretor devem estar coordenados e interligados, configurando um</p><p>processo empenhado em modificar a estrutura urbana e gerando espaços</p><p>mais propícios a uma habitação harmoniosa nos meios urbanos. Em suma,</p><p>o Plano Diretor é um norteador de fundamental importância na expansão</p><p>do espaço urbano em concomitância com o local cujo está situado. Através</p><p>dele é possível saber até que ponto uma cidade pode crescer, até que ponto</p><p>seus recursos podem ser usados de forma racional e sustentável, quais são</p><p>as áreas carentes de mais segurança, saneamento, atendimento médico</p><p>hospitalar, serviços educacionais, políticas habitacionais, enfim, o que pode ou</p><p>não ser feito dentro dos limites de determinado espaço urbano.</p><p>Fonte: FARIA, Leonardo. Planejamento Estratégico, Estatuto da cidade e plano</p><p>diretor: métodos e instrumentos de organização e gestão do espaço urbano.</p><p>CAMINHOS DE GEOGRAFIA - revista on line http://www.ig.ufu.br/revista/</p><p>caminhos.html ISSN 1678-6343.</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>FILME</p><p>Título: Parcerias Público-Privadas E Agências</p><p>Reguladoras: Questões Críticas</p><p>Autor: Ilton Garcia da Costa e Gilberto Giacoia</p><p>Editora Verbatim</p><p>Sinopse: Este livro conduz o leitor a um pensamento</p><p>reflexivo sobre a compreensão do tema PPP e</p><p>Agências Reguladoras a partir da constatação dos</p><p>professores Costa e Giacoia sobre os problemas</p><p>que o Brasil enfrenta no aperfeiçoamento do serviço</p><p>público e da infraestrutura imprescindível para a</p><p>materialização da eficiência e qualidade no serviço</p><p>público.</p><p>Pôster do Filme</p><p>Título:INSIDE JOB</p><p>Ano:2010</p><p>Sinopse: A crise financeira mundial que aconteceu</p><p>em 2008, causou a perda de milhões de empregos</p><p>e casas e mergulhou os Estados Unidos em uma</p><p>profunda recessão econômica. O que é mais</p><p>interessante neste filme é que demonstra que as</p><p>agências reguladoras falharam na condução da crise,</p><p>pois não cumpriram seu papel de fiscalização, uma</p><p>vez que o filme retrata a corrupção sistêmica existente</p><p>no país. A pergunta que devemos nos fazer é sobre o papel das reguladoras</p><p>para evitar a corrupção em um país. O documentário fornece uma análise</p><p>detalhada dos elementos que levaram ao colapso e identifica peças-chave do</p><p>mundo financeiro e político. O diretor Charles Ferguson realiza uma gama de</p><p>entrevistas e traça a história dos Estados Unidos para a China para a Islândia e</p><p>para outros mercados financeiros mundiais.</p><p>PÁGINA 61</p><p>NA WEB</p><p>O portal da Previdência Social é um exemplo da qualidade dos serviços</p><p>públicos atrelado ao uso da tecnologia e a simplificação do serviço público. Por</p><p>meio dele o cidadão realiza o agendamento, consulta os serviços realizados</p><p>pelo INSS, tem acesso a diversas informações sobre os direitos por tempo de</p><p>contribuição, acidentes, aposentadorias, dentre outras.</p><p>Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALDARVIS, Renato. Modelo de Gestão para organizações Públicas. In: Gestão</p><p>Pública: planejamento, processos, sistemas de informação e pessoas. Roberto</p><p>Kanaane; Alécio Fiel Filho; Maria das Graças Ferreira. São Paulo: Atlas, 2010.</p><p>p.209 a 241.</p><p>BRASIL. Decreto-lei nº 5.378, de 23 fevereiro de 2005. Institui o Programa</p><p>Nacional da Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA e o Comitê</p><p>Gestor do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização, e dá</p><p>outras providências. Disponível em: Acesso em: out. 2017.</p><p>BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança</p><p>aplicável a órgãos e entidades da administração pública / Tribunal de Contas</p><p>da União. Versão 2 - Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento, Governança e</p><p>Gestão, 2014. 80 p.</p><p>BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Reforma do Estado para a cidadania: a</p><p>reforma gerencial brasileira na perspectiva Internacional. Ed. 34. São Paulo:</p><p>ENAP, 2011.</p><p>BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos.. Da administração pública</p><p>burocrática a gerencial. Revista do Serviço Público, 47/1, jan-abr</p><p>1996. Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/papers/1996/95.</p><p>AdmPublicaBurocraticaAGerencial.pdf. Acesso em out 2017.</p><p>BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos.. Nação, Estado e Estado-Nação</p><p>(2008). Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/papers/2008/08.21.</p><p>N a % C 3 % A 7 % C 3 % A 3 o . E s t a d o . E s t a d o - N a % C 3 % A 7 % C 3 % A 3 o -</p><p>Mar%C3%A7o18.pdf. Acesso em Out. 2017.</p><p>BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos.. Análise e avaliação do papel das</p><p>agências reguladoras no atual arranjo institucional brasileiro. Relatório do</p><p>Grupo de Trabalho Interministerial. Brasília: set 2003. Disponível em: Acesso em mar 2014.</p><p>Ministério do Planejamento, Orçamento e</p><p>Gestão. Secretaria de Gestão.</p><p>Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - GESPÚBLICA.</p><p>Documento de Referência- Cadernos GESPÚBLICA, Brasília, 2009. Disponível</p><p>em: . Acesso em: Out. 2017.</p><p>PÁGINA 63</p><p>Brasil, 2016. Portal do Brasil. Governo do Brasil. Agências reguladoras</p><p>fiscalizam a prestação de serviços públicos. Disponível em: : Acesso em: Out. 2017.</p><p>KANAANE, Roberto et al. Gestão Pública estratégica e a gestão de futuro. In:</p><p>Gestão Pública: planejamento, processos, sistemas de informação e pessoas.</p><p>Roberto Kanaane; Alécio Fiel Filho; Maria das Graças Ferreira. São Paulo:</p><p>Atlas, 2010. p.34 a 67.</p><p>MATIAS-PEREIRA, José. Curso de administração pública: foco nas</p><p>instituições e ações governamentais. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2010.</p><p>PAULA, Ana Paula Paes. Administração pública brasileira, entre o</p><p>gerencialismo e a gestão social. Revista de Administração de Empresas -</p><p>RAE DEBATE. vol. 45, n. 1, pp. 26-49, jan/mar. 2005. Disponível em: . Acesso em: out.2017.</p><p>PINTO, Rogério F. As reformas do Estado e o Paradigma da Nova Economia</p><p>Institucional. In: Governando o governo: modernização da Administração</p><p>Pública no Brasil. João Paulo M. Peixoto (Org.). São Paulo: Atlas, 2008. p.48 a</p><p>69.</p><p>SANTOS, Alba Conceição Marquez dos Santos. A administração pública</p><p>gerencial (2003). Disponível em: . Acesso em: Out. 2017.</p><p>PÁGINA 64</p><p>INSTRUMENTOS DE</p><p>GESTÃO PÚBLICA</p><p>CAPÍTULO</p><p>4</p><p>Esta Unidade tem como objetivo apresentar os instrumentos de atuação do</p><p>Estado. Basicamente e sucintamente é apresentado o instrumento de atuação</p><p>por meio das políticas públicas, as principais características do orçamento</p><p>público e como ocorrem as compras, contratos administrativos e repasses</p><p>do Estado para entes da federação e organizações privadas bem como é a</p><p>relação entre Estado, Governo e Mercado.</p><p>Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>Objetivos de Aprendizagem:</p><p>• Apresentar o instrumento de ação Política Pública no Brasil;</p><p>• Apresentar o ciclo de políticas públicas-elaboração, implementação e</p><p>avaliação;</p><p>• Caracterizar e descrever as principais características do orçamento</p><p>público;</p><p>• Demonstrar como ocorre o sistema de compras e repasses do Estado</p><p>• Apresentar algumas características das relações do Estado, Governo e</p><p>Mercado.</p><p>Plano de Estudo:</p><p>• Políticas Públicas;</p><p>• Orçamento Público;</p><p>• Processos de Compras e Repasses do</p><p>Estado;</p><p>• Relações entre Estado, Governo e Mercado.</p><p>PÁGINA 65</p><p>INTRODUÇÃO DA UNIDADE</p><p>Nesta Unidade, prezado Estudante, você entenderá um pouco mais sobre o</p><p>papel e o processo de implementação de políticas públicas, compreendendo</p><p>sobre como elas nascem e são elaboradas pelos poderes públicos.</p><p>Em seguida, você compreenderá também o que é e, como ocorre o</p><p>orçamento geral, sua evolução e seu ciclo orçamentário. Neste entendimento</p><p>compreenderá que este processo envolve o planejamento, utilizando-se</p><p>de instrumentos como o Plano Plurianual (PPA) e pautado nas diretrizes</p><p>orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA).</p><p>No intuito de desburocratizar, mas sem perder o controle na Administração</p><p>Pública é instituída normas definidoras do processo de compra governamental</p><p>dada pela Lei das Licitações e pregão nas quais serão apresentadas os</p><p>tipos de contratação e as modalidades de licitação a ser contratado com a</p><p>Administração Pública.</p><p>Quando a contratação do fornecedor não é direta poderá ser celebrado um</p><p>Contrato Administrativo formalizando a relação de contratação que poderá</p><p>ser por meio de termo de cooperação, convênio, contrato de gestão e plano</p><p>operativo, cujos contratos poderão ser realizados entre entes da administração</p><p>pública ou Organizações Sociais (OS) e as Organizações da Sociedade Civil</p><p>de Interesse Público (OSCIPS) e privadas.</p><p>Trataremos também nesta unidade, sobre a relação do governo, estado e</p><p>mercado apresentando algumas funções do Estado na atividade econômica e</p><p>descrevendo os órgãos utilizados para viabilizar o funcionamento dos serviços</p><p>públicos favorecendo ou desestimulando o investimento direto internacional e</p><p>privado.</p><p>Por fim, demonstraremos como ocorre a transparência na Administração</p><p>Pública e a importância de se introduzir modificações nas formas de controle</p><p>dos serviços realizados, nas decisões tomadas pelos administradores e</p><p>sua responsabilização, bem como decorre a importância do exercício da</p><p>democracia do cidadão por meio do controle social e participativo.</p><p>Bons Estudos!</p><p>PÁGINA 66</p><p>4.1 POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>As Políticas Públicas, de acordo com Piana (2009) emergem da República</p><p>Velha, no Governo de Getúlio Vargas, mas é a partir da Constituição de 1988</p><p>que alcança o aparato jurídico-político para estabelecer padrões próximos ao</p><p>de bem-estar social, com a crise, e consequente agravamento da questão</p><p>social, já que as políticas da década de 64 até 88 eram utilizadas como forma</p><p>de controle, seletivas, fragmentadas, excludentes e setorizadas. De acordo</p><p>com Secchi (2012), essas Políticas são expressões do poder público face</p><p>aos problemas sociais em diferentes cenários em resposta às demandas</p><p>da sociedade. Para tanto, são constantemente ajustadas conforme a</p><p>contextualização na sociedade e nas demandas dela emanadas.</p><p>Conforme sustentam Osborne e Gaebler (1994) apud Matias-Pereira (2010), a</p><p>decisão e a ação coletiva se realizam por meio do governo. Para estimular a</p><p>solução de problemas é necessário uma ação catalisadora aplicada a toda a</p><p>comunidade, e também, consenso em torno da visão de futuro e rumo a ser</p><p>tomado.</p><p>4.1.1 O papel das Políticas Públicas no Brasil</p><p>As transformações ocorridas nas organizações, nas relações e cotidiano do</p><p>trabalhador, bem como do trabalho na sociedade, afetam os direitos individuais</p><p>(Educação, saúde, habitação, lazer e a vida privada), ampliando-se as funções</p><p>do Estado (econômicas e sociais) que passa a controlar a produção e assumir</p><p>parte das despesas sociais. Neste sentido, as funções das Políticas Sociais e</p><p>Públicas são de ordem econômica (transferência direta ou indireta de recursos</p><p>e bens aos usuários carentes na forma da prestação de serviços sociais como</p><p>saúde, educação e assistência social) de ordem social e de ordem política</p><p>(PIANA, 2009).</p><p>As Políticas Públicas não podem ser restringidas apenas a um conjunto</p><p>de formas e procedimentos, regras ou instrumentos e, nem somente como</p><p>programas de governo, pois também precisamos compreendê-las como</p><p>um processo político e de relações sociais na qual, o governo pode adquirir</p><p>também a sua legitimidade. Para Secchi (2012, p. 2) “Uma política pública é</p><p>uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público”. Desta forma, a</p><p>essência conceitual da Política Pública é o problema (situação inadequada)</p><p>público (relevante para a coletividade).</p><p>Diferentes atores, têm ou deveriam ter o direito de influenciar a construção</p><p>das políticas públicas de um país. Isto implica naturalmente em mudança de</p><p>papel do Estado (menos hierárquico e monopolista) na solução dos problemas</p><p>públicos.</p><p>PÁGINA 67</p><p>REFLITA</p><p>Dentre os aspectos de maior discordância segundo Secchi (2009), está o papel</p><p>do Estado, no processo de elaboração de políticas públicas, o que implica o</p><p>envolvimento dos atores não estatais no processo de coprodução e gestão de</p><p>políticas públicas, onde o estado não deve perder sua importância, mas sim</p><p>deslocar o seu papel primordial para implementação, coordenação e controle.</p><p>As medidas e programa do Bolsa Família podem ser considerados uma política</p><p>pública?</p><p>4.1.1.1 Ciclo de políticas públicas-elaboração, implementação e avaliação</p><p>As pautas políticas são elaboradas pelos poderes públicos e o Estado em</p><p>obediência à Constituição Federal e legislação pertinentes (estabelecidas</p><p>no espaço governamental) ou seja, conjugando objetivos e princípios das</p><p>políticas de Estado (previstos nas Leis/Constituição) a partir</p><p>das políticas</p><p>governamentais, oriundas das mediações políticas nas esferas da União,</p><p>Estados e Municípios.</p><p>Secchi (2012) e Kanane et al (2010) descrevem sobre o processo de</p><p>políticas públicas ou ciclo de políticas públicas em sete etapas:</p><p>1. Identi icação do problema - uma vez identificado o problema por</p><p>políticos ou agentes não governamentais ou representantes da</p><p>sociedade civil, esse problema pode entrar na lista de prioridades</p><p>conhecida como agenda.</p><p>2. Formação da Agenda - essa agenda representa um conjunto de</p><p>problemas ou temas que a comunidade política entende como</p><p>merecedor de intervenção pública, que vai depender da atenção (grupos</p><p>de interesse, principalmente), da resolutividade (ações factíveis) e</p><p>competência (toca as responsabilidades públicas).</p><p>3. Formulação de alternativas - é nesse momento que são elaborados</p><p>métodos, programas, estratégias ou ações para o alcance dos objetivos,</p><p>que poderá ser alcançado pelos mecanismos de comportamento:</p><p>premiação, coerção, conscientização ou soluções técnicas, que também</p><p>terão implicações nos custos de elaboração e com a utilização de</p><p>técnicas como: prognósticos, predições e conjecturas.</p><p>4. Tomada de decisão - representa o momento em que os interesses</p><p>dos atores são equacionados e as intenções (objetivos e métodos) de</p><p>enfrentamento de um problema são explicitadas. O critério de decisão</p><p>pode ser pela otimização, satisfação, acordo ou casual.</p><p>5. Implementação - essa fase sucede à tomada de decisão e antecede</p><p>PÁGINA 68</p><p>aos primeiros esforços de avaliação. É nessa fase que as regras,</p><p>rotinas e processos sociais são convertidos em intenções e ações. A</p><p>implementação pode ocorrer de cima para baixo (top down-decididos</p><p>pela esfera política) ou de baixo para cima (bottom-up-decididos pelos</p><p>burocratas e redes de autores).</p><p>6. Avaliação - representa o processo de julgamentos deliberados sobre</p><p>a validade de propostas para a ação pública, demonstrando se houve</p><p>sucesso ou falha nos projetos colocados em prática, avaliação esta que</p><p>pode ser ex ante (antes), in itinere (monitoramento) e ex post (após)</p><p>implementação. Os principais critérios utilizados são: economicidade,</p><p>eficiência econômica e administrativa, a eficácia e a equidade que</p><p>podem levar a continuação, reestruturação marginal ou extinção da</p><p>política pública.</p><p>7. Extinção - as causas da extinção podem ser porque o problema que</p><p>originou a política foi resolvido, porque foram ineficazes ou porque</p><p>embora não resolvido perdeu a importância e saiu das agendas políticas</p><p>e formais. Assim como o nascimento de uma política, sua extinção</p><p>depende das janelas de oportunidade como as reformas ministeriais,</p><p>mudanças de mandato e aprovação de orçamentos públicos.</p><p>4.2 ORÇAMENTO PÚBLICO</p><p>O orçamento nasceu como um instrumento de controle político do Parlamento</p><p>Francês em 1789 e seus princípios foram transmitidos a diversas nações no</p><p>mundo, inclusive no Brasil. Em termos históricos, oficialmente surgiu em</p><p>1824, mas somente em 1830 tivemos nosso primeiro Orçamento Geral para</p><p>o exercício financeiro de 1830-1831. O Brasil passou evolutivamente por três</p><p>etapas (NASCIMENTO, 2006):</p><p>1. Orçamento tradicional - a partir da estimativa de receitas fixa as</p><p>despesas e autoriza a unidade administrativa a gastá-la. Os órgãos</p><p>gastavam não em função do que pretendiam realizar, mas em função do</p><p>que gastavam no exercício anterior.</p><p>2. Orçamento de desempenho - é aquele que apresenta propósitos e</p><p>objetivos para os quais os créditos se fazem necessários, porém ainda</p><p>era desvinculado do sistema de planejamento.</p><p>3. Orçamento-programa - somente em 1972, criou-se uma estrutura</p><p>de planejamento, na qual se apresenta propósitos, objetivos e metas</p><p>para as quais a administração atende ao artigo 10 do Decreto Lei nº</p><p>200/67, solicita os fundos necessários identificando os custos e os dado</p><p>quantitativos e trabalhos realizados dentro de cada programa. Sua</p><p>elaboração abrange planejamento, programação, projeto, orçamentação</p><p>que deverão ser classificadas conforme as funções do governo que</p><p>deverão ocorrer de acordo com a função programática (Lei nº 4.320/64 e</p><p>PÁGINA 69</p><p>Portaria SOF nº 42/1999).</p><p>O Orçamento base zero - é método alternativo utilizado para combater os</p><p>orçamentos incrementais de forma indiscriminada, sendo a linha base zero e</p><p>não o orçamento do ano anterior. Essas ações desconsideram os programas</p><p>que vinham sendo realizados, porém representam uma evolução do orçamento</p><p>tradicional e criam condições para a elaboração do orçamento-programa.</p><p>4.2.1 O Ciclo Orçamentário</p><p>O ciclo orçamentário é um processo que envolve planejamento, utilizando-se</p><p>de instrumentos como o Plano Plurianual (PPA), complementado por planos</p><p>nacionais, regionais e setoriais cujas diretrizes orçamentárias (LDO), orientam</p><p>a elaboração e execução da Lei Orçamentária Anual (LOA), não se</p><p>confundindo com exercício financeiro, pois envolve um período maior, de forma</p><p>contínua e sistemática. De acordo com Nascimento (2006), as principais</p><p>características destes instrumentos são:"</p><p>● PPA - utilizado para alcance de programas e metas governamentais,</p><p>envolvendo processos de planejamento e orçamento destinados a ações</p><p>de médio prazo (4 anos) e visa expressar os resultados pretendidos</p><p>pelos governantes. Torna possível o acompanhamento e avaliação</p><p>da efetividade na execução dos programas e a revisão dos objetivos</p><p>e metas e tem como base legal a integração às LDOs e às LOAs e</p><p>também a Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF). Compõem-se de</p><p>uma base estratégica a partir da análise econômica e social, diretrizes,</p><p>análise setorial e avaliação regional e, dos programas, prevendo metas</p><p>e objetivos com duração de mais de um ano. Após sua aprovação terá</p><p>vigência nos próximos três anos de gestão e no primeiro ano da gestão</p><p>seguinte.</p><p>● LDO - parte do chefe do Executivo, cujas leis aprovadas pelo legislativo</p><p>e que podem ser emendadas pelos parlamentares. Consiste em</p><p>ajustar as ações do governo (Plano Plurianual) às reais possibilidades</p><p>do caixa, porém limitadas às diretrizes do PPA dentro de um ano de</p><p>governo. Devem estabelecer os parâmetros necessários dos recursos</p><p>do orçamento anual, de forma a garantir que as metas e objetivos sejam</p><p>atingidos. Representa um elo entre o PPA e os orçamentos anuais,</p><p>que buscam compatibilizar as diretrizes do plano à estimativa das</p><p>disponibilidades financeiras para determinado exercício.</p><p>● LOA - refere-se ao gerenciamento orçamentário e financeiro da</p><p>Administração Pública Federal, cuja finalidade principal está em</p><p>equilibrar as receitas e despesas públicas. Promove a integração entre</p><p>os orçamentos (fiscal, seguridade social e investimentos das empresas</p><p>estatais), realizadas em um único orçamento geral, respeitando os</p><p>PÁGINA 70</p><p>princípios da universalidade e da unidade orçamentária. As entidades</p><p>que não recebem subvenções ou transferências à conta do orçamento</p><p>da união como as autarquias, fundações, empresas públicas e</p><p>sociedades mistas também integram à lei orçamentária. A LOA deve</p><p>estar compatível e adequada a LDO e emitir demonstrativos de efeito</p><p>sobre receitas e despesas, sendo proibido constar no orçamento o que</p><p>não consta na LDO.</p><p>O ciclo orçamentário é conhecido também como processo orçamentário</p><p>(elabora, aprova, executa, controla e avalia a programação de dispêndios</p><p>público - físico e financeiro) pode ser maior que o exercício financeiro (1º</p><p>de janeiro e 31 de Dezembro de cada ano) segue os seguintes passos da</p><p>elaboração da proposta até sua aprovação ou veto a partir da integração do</p><p>PPA, da LDO e do LOA (NASCIMENTO, 2006):</p><p>• Elaboração da proposta – deve ser compatível com os planos e</p><p>as diretrizes já submetidas ao Legislativo por meio LDO. Envolve</p><p>os dispêndios conforme previstos no PPA (recomendações sobre</p><p>arrecadação tributária, política de endividamento e participação de</p><p>fontes internas e externas no financiamento de despesas).</p><p>• Tramitação do projeto de Lei – é estabelecida pela lei complementar</p><p>(art 165, par. 9º), cuja lei dispõe das vigências e prazos do exercício</p><p>financeiro a partir do</p><p>PPA, a LDO e a LOA.</p><p>• Discussão, votação e aprovação da proposta – o projeto é</p><p>encaminhado para a comissão mista de planos, orçamentos públicos,</p><p>fiscalização os quais irão examinar e emitir pareceres no legislativo.</p><p>• Sansão e veto – conforme artigo 66 da constituição federal, o</p><p>presidente terá 15 dias úteis para sancioná-lo. Poderá vetá-lo no todo</p><p>ou em parte. A Constituição Federal não admite rejeição da LDO, mas</p><p>admite da LOA.</p><p>4.3 PROCESSO DE COMPRAS E REPASSES DO ESTADO</p><p>De acordo com Costin (2010, p. 185) “o impacto das compras governamentais</p><p>na economia é sempre relevante”. Na Administração Pública foram instituídas</p><p>normas definidoras do processo de compra governamental pois é preciso</p><p>desburocratizar a área sem perder a possibilidade de controle sobre a</p><p>corrupção entretanto preservando a competição no fornecimento para o</p><p>governo. Por isto estão contidas na Lei nº 8.666/1993 (Lei Geral de Licitações)</p><p>e Lei nº 10.520/2002 (pregão) ambos pertencentes ao sistema de licitações</p><p>que definem como será a escolha do fornecedor que se inicia pela escolha do</p><p>objeto.</p><p>Quando a compra não é direta, é necessário um contrato, nestes casos, a</p><p>PÁGINA 71</p><p>formalização ocorrerá por meio de convênios, parcerias ou cooperações</p><p>em que o sistema de repasse será pelo (SICONV) - Sistema de Gestão dos</p><p>Convênios e Contratos de Repasse.</p><p>4.3.1. Lei nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/2002.</p><p>Há quatro tipos de licitação previstas na Lei nº 8.666/93, quais sejam:</p><p>• Menor preço - leva em conta o preço absoluto desde que atendido as</p><p>condições do edital de licitação.</p><p>• Melhor técnica e melhor técnica e preço - de natureza</p><p>predominantemente intelectual (projetos, cálculos, fiscalização,</p><p>supervisão e gerenciamento).</p><p>• Maior lance ou oferta - restringe-se a alienações e certas concessões.</p><p>Em geral, o critério da escolha da modalidade é dado pelo valor estimado</p><p>para a contratação e tipo do objeto. De acordo com Costin (2010), a Lei das</p><p>Licitações n° 8.666/93, são modalidades de Licitação:</p><p>• Concorrência: considerada a mais morosa, é adequada para</p><p>aquisições de grande vulto, para alienação de imóveis e para aquisições</p><p>internacionais. Sua participação é aberta para quaisquer interessados</p><p>desde que comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação</p><p>exigidos em edital.</p><p>• Tomada de preço: envolve as contratações de obras e serviços de</p><p>engenharia com valores de até R$ 1.500.000,00, sendo considerada</p><p>a mais adequada para contratações de médio vulto, das quais, pode</p><p>participar os interessados cadastrados ou que atenderem às condições</p><p>exigidas no cadastramento até o terceiro dia anterior à data do</p><p>recebimento das propostas, observadas a necessária qualificação.</p><p>• Convite: participam os interessados do ramo pertinente ao seu objeto,</p><p>cadastrados ou não, escolhidos e convidados pela Administração em</p><p>número mínimo de 03 (três), a qual deverá afixar em local apropriado,</p><p>o aviso em forma de extrato e estenderá o convite aos demais</p><p>cadastrados na correspondente especialidade que poderá manifestar</p><p>seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da</p><p>apresentação das propostas, visando atender contratos de valor baixo</p><p>que não podem exceder à R$ 150.000,00.</p><p>• Concurso: é destinada a escolha de trabalho técnico, científico ou</p><p>artístico, comuns como a criação intelectual e trabalhos arquitetônicos,</p><p>cujos interessados podem participar desde que atendam aos critérios</p><p>exigidos no edital. Possuirá um incentivo condicionado a que o autor</p><p>ceda os direitos relativos ao seu trabalho ou projeto.</p><p>• Leilão: é utilizada na venda de bens móveis e inservíveis da</p><p>PÁGINA 72</p><p>Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados,</p><p>ou para alienação de bens imóveis adquiridos em procedimentos</p><p>judiciais ou de doação, a quem oferecer maior lance.</p><p>A modalidade Pregão ocorreu a partir de 2002 com a Lei nº 10.520 e também</p><p>faz parte do sistema de licitações, destinada a aquisição de bens e serviços</p><p>comuns, qualquer que seja a contratação, em que a disputa ocorre por meio</p><p>de propostas ou lances, em sessão pública, cuja modalidade pode ocorrer de</p><p>forma: a) presencial (espaço físico, onde os licitantes estão presentes) ou b)</p><p>eletrônica (por meio da Internet, com comunicação à distância), sendo que</p><p>este último facilita o acesso e a transparência nos atos do certame.</p><p>De acordo com a Lei das Licitações, poderá ocorrer outras modalidades de</p><p>escolhas no sistema de Compras desde que previstas em Lei: a) Dispensa</p><p>da Licitação – deverá ser devidamente justificado (imóveis, dação, doação,</p><p>permuta, investidura, alienação gratuita ou onerosa, vendas de títulos, por</p><p>exemplos, guerra ou perturbação da ordem, emergência ou calamidade,</p><p>alguns tipos de aquisições, como restaurações de obras, por exemplos) e b)</p><p>Contratação por Inexigibilidade - quando há inviabilidade de contratação</p><p>de outro profissional ou empresa, de caráter exclusivo, por exemplo, um ator</p><p>consagrado. São exceções que devem ser vistas de modo muito especial, e,</p><p>com cautela (MATIAS-PEREIRA, 2010; COSTIN, 2010).</p><p>4.3.2. CONTRATAÇÃO, CONVÊNIOS, PARCERIAS E COOPERAÇÃO E O</p><p>SISTEMA DE REPASSES - SICONV</p><p>De acordo com Costin (2010), quando a contratação não é direta pelo órgão</p><p>que precisa dela porém pode preceder de licitação para ser celebrado. Um</p><p>Contrato Administrativo formaliza a relação de contratação por parte da</p><p>Administração Pública com uma organização privada ou pública com objetivo</p><p>de interesse público que podem ocorrer das seguintes formas: a) Termo</p><p>de Cooperação - as partes envolvidas (entes públicos) combinam esforços</p><p>para atingir objetivos comuns, b) Convênio - realização de objetivos de</p><p>interesse comum (entes públicos e públicas ou privadas), porém a licitação é</p><p>inexigível (cessão de uso de equipamentos, repasse de recursos como forma</p><p>de incentivo, cujo convenente deve prestar contas ao concedente, recursos</p><p>humanos, materiais e imóveis), c) Contrato de Gestão - é uma parceria</p><p>firmado entre poder público e privado (organizações sociais, cujas compras</p><p>são dispensadas da licitação e OSCIP - Organizações da Sociedade Civil</p><p>de Interesse Público) e d) Plano Operativo - instrumento utilizado o âmbito</p><p>do SUS para realizar ações, serviços, atividades com metas qualitativas e</p><p>quantitativas entre gestores e prestadores de serviços de saúde (entes públicos</p><p>e privados).</p><p>O Tribunal de Contas da União (TCU), juntamente com a Corregedoria Geral</p><p>PÁGINA 73</p><p>da União (CGU) e os Ministérios da Fazenda e do Planejamento Orçamento</p><p>e Gestão criaram o SICONV como um instrumento de gestão e controle</p><p>social (fiscalização), cujo portal disponibiliza informação à sociedade civil</p><p>sobre o gasto público, tendo em vista a transparência com o ciclo de vida dos</p><p>convênios, contratos de repasse e termos de parceria.</p><p>De acordo com o portal do sistema de Convênios (SICONV) - Sistema de</p><p>Gestão dos Convênios e Contratos de Repasse instituído pelo Decreto</p><p>nº 6.170/2007 e revogado pelas Portarias Interministeriais nº 127/2008 e°</p><p>507/2011, esse sistema visa a garantir pelo Governo Federal o total controle</p><p>das transferências voluntárias buscando mais eficiência, agilidade, e maior</p><p>transparência ao processo de liberação de recursos para os estados,</p><p>municípios e organizações não governamentais (ONGS), especialmente as</p><p>Organizações Sociais (OS) e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse</p><p>Público (OSCIPS).</p><p>4.4 RELAÇES ENTRE ESTADO, GOVERNO E MERCADO</p><p>De acordo com Costin (2010), o Brasil tem altamente enraizado uma cultura do</p><p>clientelismo e uma forte tendência à corrupção nas relações entre o público e o</p><p>privado e favoritismo e riscos para os investimentos. De fato com a democracia</p><p>e a exigência dos cidadãos por serviços melhores, toda a lógica de governo</p><p>teve que mudar, não somente para obter a eficiência mas também para trazer</p><p>a tona a moralidade que se transformou num pesadelo na vida de empresas e</p><p>indivíduos que tinham contato com o governo.</p><p>De acordo com Matias-Pereira (2010), o Estado obtém e aplica os recursos</p><p>para o custeio,</p><p>orientado pela política fiscal, realizada a partir da política</p><p>tributária (captação de recursos) e da política orçamentária (gastos, atos e</p><p>medidas relacionados à forma de aplicação dos recursos), a fim de viabilizar o</p><p>funcionamento dos serviços públicos, desempenhando seus poderes também</p><p>na atividade econômica atendendo aos princípios da responsabilidade fiscal</p><p>(Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei Complementar nº 101 de 04 de</p><p>maio de 2000) e da Constituição Federal de 1988.</p><p>Desta forma, e de acordo com Musgrave (1980) apud Nascimento (2006) e,</p><p>Matias-Pereira (2010), a participação do governo na Economia pode ser</p><p>decomposta em três funções distintas: 1) Alocativa: por meio da intervenção</p><p>do Estado, com a alocação de recursos, 2) Distributiva: envolve bem estar e</p><p>refere-se ao processo de desenvolvimento econômico e refere-se à distribuição</p><p>de rendas e riquezas e 3) Estabilizadora: corresponde à aplicação de políticas</p><p>econômicas a fim de promover o emprego, desenvolvimento e a estabilidade</p><p>quando o mercado é incapaz de assegurar o alcance desses objetivos.</p><p>PÁGINA 74</p><p>O Brasil precisa crescer e para isso precisa de investimentos privados.</p><p>Neste sentido algumas organizações podem favorecer como desestimular o</p><p>investimento direto internacional e privado local como as agências reguladoras</p><p>(já nominadas no capítulo anterior ANA, ANP, ANT, ANELL, ANATEL e ANVISA)</p><p>e as que descreveremos a seguir (COSTIN, 2010):</p><p>APEX Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos</p><p>(coordena e implementa políticas de promoção do comércio na exportação).</p><p>ABDI Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos</p><p>(coordena e implementa políticas de promoção do comércio na exportação).</p><p>CAMEX Câmara Brasileira do Comércio Exterior (formula, adota, implementa</p><p>e coordena políticas e atividades relacionadas ao comércio exterior,</p><p>regulamentação e certificação de empresas para a prática no exterior,</p><p>classificação de produtos e regras de origem e procedência, acordos</p><p>multilaterais e bilaterais para práticas abusivas e financiamento de</p><p>exportações).</p><p>MDICE Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (responsável</p><p>pela promoção de indústrias, comércio e serviços, como propriedade intelectual</p><p>e transferência de tecnologias, normas, regras, programas e mecanismos</p><p>internacionais e a SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus).</p><p>INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial</p><p>(cumpre regras técnicas e jurídicas, harmonização de medidas com padrões</p><p>internacionais, responsável por organizações de certificação, inspeção,</p><p>treinamento, coordena a certificação compulsória e voluntária (produtos,</p><p>processos, serviços e pessoal).</p><p>BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (apoiar projetos</p><p>que contribuam para o desenvolvimento do país).</p><p>SDA Secretaria de Defesa Agropecuária (coordena o sistema de defesa</p><p>agropecuária e a vigilância agropecuária internacional).</p><p>CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica - (órgão antitruste, orienta,</p><p>audita, investiga e previne comportamentos de empresas abusivas que</p><p>dominam o mercado, julgando casos e pode interromper fusões e aquisições).</p><p>IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis</p><p>(responsável por implementação de políticas do meio ambiente, controle,</p><p>investigação do uso de recursos naturais, licenciamento de investimentos que</p><p>possam ter impactos ambientais.</p><p>Ainda para lidar com disputas burocráticas o governo criou a SISCOMEX -</p><p>Sistema de Comércio Exterior para simplificar os procedimentos (redução de</p><p>documentos, auxílio com tecnologia da informação-monitoramento, controle e</p><p>orientação) para as empresas que querem exportar e importar seus produtos.</p><p>Entretanto ainda é preciso uma definição melhor dos papéis dos governos</p><p>PÁGINA 75</p><p>no que tange às exigências competitivas de cada nível com incorporações</p><p>das exigências ambientais, com instituições políticas isentas de clientelismo</p><p>e paternalismo e investimentos também na educação técnica e carreiras</p><p>científicas (COSTIN, 2010).</p><p>4.4.1 A Transparência na Administração Pública</p><p>Foi criada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei Complementar nº 101</p><p>de 04 de maio de 2000 tem como objetivo regulamentar a Constituição Federal</p><p>(CF) de 1988, na parte da tributação e do orçamento (estabelecimento de</p><p>normas de finanças públicas voltadas para a gestão fiscal).</p><p>De acordo com Nascimento (2006), para se obter a transparência três fins</p><p>foram instituídos pela Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF): a) participação</p><p>popular (art. 48), b) a disponibilidade das contas dos administradores para</p><p>consulta (art. 49) e c) a emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal (art.</p><p>54 e 55) e de execução orçamentária (art. 52 e 53) para acesso público e</p><p>divulgação.</p><p>O controle é considerado um instrumento da democracia. O instrumento</p><p>formalizado estruturalmente serve para controlar as finanças públicas</p><p>buscando garantir o bom desempenho das atividades estatais realizadas para</p><p>o interesse público, pois a sociedade tem e deve exigir a prestação de contas</p><p>dos atos praticados pelos gestores públicos sobre a administração da coisa</p><p>pública.</p><p>A administração pública ao introduzir modificações nas formas de controle dos</p><p>serviços trouxe mais transparência às decisões tomadas pelos administradores</p><p>e responsabilização, atualmente, como fator de transparência, o governo</p><p>utiliza-se da Internet como recurso tecnológico, que tem como proposta</p><p>reduzir os custos e possibilitar o aumento da transparência para o cidadão.</p><p>Um dos que atuam em defesa do patrimônio público e ao incremento da</p><p>transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria</p><p>pública, correição, prevenção e combate à corrupção e ouvidoria é a CGU –</p><p>Controladoria Geral da União (MATIAS-PEREIRA, 2010).</p><p>A Constituição Federal em seus artigos 70 a 74 demonstra como deve ser a</p><p>fiscalização contábil, financeira e orçamentária, sendo o controle político de</p><p>exclusividade do Poder Legislativo e o controle externo auxiliado pelo Tribunal</p><p>de Contas ou órgão equivalente. Da mesma forma, a Lei do Orçamento (Lei n°</p><p>4320, de 64) é responsável por disciplinar a estrutura de controle e execução</p><p>orçamentária, o controle externo do Tribunal de Contas é regulamentado pela</p><p>Lei n° 8.443/92 e o controle interno pela Lei n° 10.180 de 2001. Os controles</p><p>são realizados por meio de auditorias (controle interno) e tribunais de contas</p><p>PÁGINA 76</p><p>NA WEB</p><p>(controle externo). Dentre os responsáveis pelo Controle são apresentados</p><p>os Tribunais de conta da União (TCU), Tribunal de contas do estado (TCE) e</p><p>Tribunais de conta municipais (TCM) (MATIAS-PEREIRA, 2010).</p><p>Para realizar o controle social, a população pode se valer, por exemplo, do</p><p>portal da transparência, instituído no programa de combate a corrupção pelo</p><p>CGU, lançada em 2004 para assegurar a boa e correta aplicação dos recursos</p><p>públicos com o objetivo de aumentar a transparência pública permitindo que o</p><p>cidadão acompanhe como o dinheiro está sendo utilizado e ajude a fiscalizar.</p><p>Fonte: e</p><p>4.4.2 Democracia Participativa e Controle Social</p><p>A Constituição Federal de 1988 definiu instrumentos de participação da</p><p>sociedade civil no controle da gestão das políticas sociais, estabelecendo</p><p>mecanismos de participação e implementação destas políticas. Com a</p><p>convocação da constituinte, foram incorporados mecanismos participativos</p><p>para acolher as demandas dos cidadãos.</p><p>Neste sentido, no exercício da democracia participativa, são utilizados</p><p>instrumentos como o plebiscito, o referendo e os projetos de iniciativa popular.</p><p>De acordo com a Lei n° 9.709/98, regulamenta-se a execução de plebiscitos,</p><p>referendos e iniciativa popular, convocados mediante decreto legislativo, cujas</p><p>definições são expressas no artigo 2º, na qual:</p><p>[...] plebiscito e referendo são consultas formuladas ao</p><p>povo</p><p>para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de</p><p>natureza constitucional, legislativa ou administrativa, o Plebiscito,</p><p>convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo,</p><p>cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha</p><p>sido submetido e o Referendo, convocado com posterioridade a</p><p>ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva</p><p>ratificação ou rejeição.</p><p>De acordo com Piana (2010), a criação de conselhos integrados por</p><p>representantes dos diversos segmentos da sociedade civil representam uma</p><p>das principais inovações na dimensão das políticas sociais assumindo as</p><p>pessoas (para colaborar na implementação, execução e controle das políticas</p><p>sociais) uma representatividade nas diferentes esferas governamentais.</p><p>Da mesma forma, como afirma Matias-Pereira (2010, p. 185) também as</p><p>comissões parlamentares de inquérito (CPI), “têm se revestido em um</p><p>importante instrumento de controle social”. O controle social representa um</p><p>avanço na construção de uma sociedade democrática e por meio dele será</p><p>possível garantir serviços com mais qualidade.</p><p>PÁGINA 77</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Aprovado em 1999, O PPA federal 2000/2003 foi um desafio organizacional</p><p>envolvendo gestão organizacional, planejamento e recursos humanos, por</p><p>meio de programas visando resgatar maior transparência na alocação dos</p><p>recursos humanos e obtenção de resultados. O PPA buscou implantar uma</p><p>nova espécie de gerência, envolvendo eficiência, eficácia, custo e efetividade,</p><p>diferente da existente na Lei n° 4320/64 (efetividade). A nova visão promoveu</p><p>uma reforma gerencial do orçamento - controle, gerência e planejamento.</p><p>As ações da Gestão Pública Empreendedora no Programa de 2000-2003,</p><p>Avança Brasil, foram baseadas em quatro programas da Secretaria de</p><p>gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: a) gestão</p><p>pública empreendedora: voltada a promoção na transformação da gestão</p><p>pública, visando a ampliação dos resultados para os cidadãos e a redução</p><p>de custos; b) qualidade dos serviços prestados aos cidadãos: que busca</p><p>promover a melhoria da qualidade dos serviços públicos; d) desburocratização:</p><p>que visa proteger as pessoas da opressão burocrática; e d) valorização</p><p>do servidor público: voltada a flexibilização de pessoal, ampliação da</p><p>autonomia e responsabilização Todos esses programas compreendem ações</p><p>destinadas a produzir determinadas respostas às demandas da sociedade</p><p>e foram integrados no PPA – Plano Plurianual, dando maior visibilidade às</p><p>oportunidades de investimento e potencializando a alavancagem de meios</p><p>extra-orçamento mediante parcerias com o entes da federação. Os eixos de</p><p>Integração e Desenvolvimento Nacionais permitiram uma visão estratégica de</p><p>longo prazo, bem como sinalizam problemas, vocações e potencialidades de</p><p>cada região.</p><p>Fonte: Martins, 2000.</p><p>PÁGINA 78</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Nesta unidade, você aprendeu um pouco mais sobre os instrumentos utilizados</p><p>pela Administração Pública como as políticas públicas, o orçamento público, a</p><p>forma de compras e sistema de repasses e as relações do estado, governo</p><p>e mercado e como ocorre a transparência das ações governamentais e a</p><p>participação cidadã no controle social.</p><p>Iniciamos demonstrando a importância das Políticas Públicas, e vimos que</p><p>elas representam expressões do poder público face aos problemas sociais</p><p>em diferentes cenários em resposta às demandas da sociedade, ou seja,</p><p>ela utilizada para estimular a solução de problemas. Vimos também que o</p><p>processo de políticas públicas ou ciclo de políticas públicas em sete etapas:</p><p>identificação do problema, formação da agenda, formulação de alternativas,</p><p>tomada de decisão, implementação, avaliação e extinção da política.</p><p>Em seguida apresentamos como surgiu no Brasil e passou evolutivamente</p><p>o orçamento público, que evoluiu do orçamento tradicional até o que</p><p>conhecemos hoje, o orçamento-programa que deverá ocorrer em consonância</p><p>com o ciclo orçamentário cujo processo envolve planejamento, utilizando-se</p><p>de instrumentos como o Plano Plurianual (PPA) cujas diretrizes orçamentárias</p><p>(LDO) orientam sua elaboração e execução, baseada na Lei Orçamentária</p><p>Anual (LOA) que ocorrem por meio da elaboração da proposta, da tramitação</p><p>do projeto de lei, da discussão, da votação e aprovação da proposta e do</p><p>estabelecimento de planos e diretrizes que devem respeitar o PPA, a LDO e</p><p>LOA e uma vez encaminhados podem sofrer sansão ou veto.</p><p>As Leis nº 8.666/1993 (Lei Geral de Licitações) e nº 10.520/2002 (pregão)</p><p>juntas fazem parte do sistema de licitações e compras do Estado, cujas</p><p>modalidades são: concorrência, leilão, tomada de preço, convite, concurso,</p><p>pregão presencial e eletrônico e podem ainda ter como modalidade escolha</p><p>a dispensa ou a inexigibilidade, desde que atendam aos critérios previstos na</p><p>legislação para melhor preço, técnica e oferta. Ainda assim, na contratação</p><p>indireta, serão realizados contratos administrativos na forma de termos de</p><p>cooperação, convênios, planos operativos e contratos de gestão.</p><p>Compreendemos ainda que Administração Pública tem como funções</p><p>econômicas: alocativa, distributiva e estabilizadora na qual algumas</p><p>organizações podem favorecer como desestimular o investimento direto</p><p>internacional e privado local como as agências reguladoras. E por fim, que a</p><p>transparência é enfatizada pelo controle dos poderes com o auxílio do controle</p><p>social.</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: VOZES DO BOLSA FAMÍLIA: AUTONOMIA,</p><p>DINHEIRO E CIDADANIA</p><p>REGO, Walquiria L. e PINZANI, Alessandro</p><p>Editora UNESP</p><p>Sinopse: Os dados empíricos que fundamentam</p><p>a análise presente no livro são as vozes das</p><p>mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família,</p><p>perspectiva essencial e oportuna para quem quer</p><p>se debruçar sobre essa realidade complexa que é</p><p>viver em condições de pobreza extrema, o que vem</p><p>acompanhado de formas de exploração e violência</p><p>de toda natureza.Vozes do Bolsa Família, pelo</p><p>rigor teórico que fundamenta o tratamento dado ao</p><p>discurso dessas mulheres, associado à sensibilidade dos pesquisadores, traz</p><p>preciosos elementos para pensar em que consiste, efetivamente, a democracia</p><p>social e política neste país. E mais que isso: que os caminhos até aqui trilhados</p><p>apontam de certa forma na direção correta, mas ainda há muito a percorrer</p><p>para que sejamos uma sociedade mais justa, que permita aos indivíduos terem</p><p>projetos de futuro, para si e seus descendentes. Eis aí, portanto, uma leitura</p><p>obrigatória</p><p>PÁGINA 80</p><p>FILME</p><p>TÍTULO: ERA O HOTEL CAMBRIDGE</p><p>2016</p><p>Sinopse: Refugiados recém-chegados ao Brasil</p><p>dividem com um grupo de sem-tetos um velho</p><p>edifício abandonado no centro de São Paulo. Mostra</p><p>a chaga brasileira dos sem-teto espelhando-a, de</p><p>forma harmoniosa e inventiva, na questão global do</p><p>deslocamento imposto pela violência e pela miséria.</p><p>É uma base para analisar o papel do Estado, a</p><p>Administração da propriedade pública e as políticas</p><p>de bem estar social.Durante uma assembleia</p><p>para discutir a ameaça de despejo do prédio</p><p>abandonado que ocuparam no centro de São Paulo, os moradores brasileiros</p><p>do local questionam a participação de imigrantes de diferentes países que</p><p>ali encontraram abrigo. Um rapaz vindo do Congo fala sobre o paradoxo de</p><p>o Brasil ser tão receptivo aos expatriados e, ao mesmo tempo, oferecer muito</p><p>pouco para que os estrangeiros tenham aqui uma vida digna em quesitos como</p><p>trabalho, moradia e educação.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República do Brasil. Brasília,</p><p>DF: 1988. Disponível em: . Acesso em: out. 2017.</p><p>COSTIN, Claudia. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.</p><p>CGU - Controladoria Geral da União. Estrutura organizacional do</p><p>governo federal. Disponível em: . Acesso em: out. 2017.</p><p>DENHARDT, Robert B. Teorias da Administração Pública. Trad. da 6ª ed.</p><p>Norte Americana. Francisco G. Heidemann.</p><p>as organizações e o Estado dominam</p><p>(BRESSER-PEREIRA, 1963).</p><p>O Estado é chamado a agir como um mediador civilizador, principalmente</p><p>quando ocorrem uma série de mudanças, na qual se desenvolvia a Teoria</p><p>do Estado Liberal, baseado nos direitos individuais e na ação do Estado que</p><p>visava o bem comum, rompendo com a lei divina e colocando o poder político e</p><p>econômico de forma racional.</p><p>1.1 Teoria Contratualista</p><p>No final do século XVII, aparece a redefinição do Estado de Natureza (condição</p><p>natural do homem) e a formulação dos direitos individuais, que vem a substituir</p><p>a lei divina como fundamento das hierarquias políticas da época.</p><p>De acordo com Carnoy (2013), embora Maquiavel buscasse o aperfeiçoamento</p><p>na arte de governar, ensinando aos príncipes a expandirem seu governo por</p><p>meio de uma abordagem científica e positiva, outros filósofos baseiam suas</p><p>teorias de Estado na natureza humana, no comportamento individual e na</p><p>relação entre indivíduos.</p><p>Hobbes e Rousseau, em seu pensamento político concordam que a</p><p>propriedade privada não é um direito natural, mas sim um direito civil, ou seja,</p><p>mesmo que no estado de natureza (em Hobbes) e no estado de sociedade</p><p>(em Rousseau) os indivíduos obtenham terras e bens, sem as leis essa posse</p><p>não é garantida, por isso a necessidade de um contrato social a partir de um</p><p>decreto soberano (CHAUÍ, 2000).</p><p>Os três clássicos que melhor representam a teoria clássica do Estado é</p><p>PÁGINA 10</p><p>Hobbes, Locke e Rousseau (CARNOY, 2013):</p><p>1.1.1 Thomas Hobbes</p><p>De acordo com Carnoy (2013), o livro Leviathan de Thomas Hobbes (1968),</p><p>inicialmente publicado em 1651, foi considerado um método inteiramente</p><p>novo de encarar a sociedade Política e teve como finalidade sistematizar o</p><p>comportamento político humano, de acordo com a lógica dedutiva e as leis</p><p>dos movimento e conceitos do século XVII. Sua finalidade foi servir como um</p><p>modelo ao comportamento do indivíduo com fundamento na teoria política e</p><p>não na ação do Estado eficiente, de forma que o homem deveria ser refreado</p><p>(renúncia do poder individual) por um agente externo, admitindo um poder</p><p>soberano perpétuo que possibilitasse a satisfação de seus apetites (suas</p><p>paixões) e a aversão (a morte e guerras).</p><p>Hobbes demonstra sua tese como a renúncia do poder do indivíduo em</p><p>favor de um soberano haja vista que a luta onipresente pelo poder levaria ao</p><p>colapso da sociedade e ao aumento da probabilidade de morte violenta, de</p><p>modo que seria prudente esperar e abrir mão de todo o poder a um soberano</p><p>que pudesse prevenir esse colapso. O argumento de Hobbes é introduzido a</p><p>partir da abstração lógica do homem e o “Estado de Natureza”, ou seja, uma</p><p>condição hipotética demonstrando que não há poder comum para o controle</p><p>dos indivíduos, nem lei ou coação, mas sim que o homem civilizado deveria</p><p>sair desta condição, ou seja, do Estado de Natureza.</p><p>Ocorre que no Estado de Natureza há também direitos naturais humanos</p><p>a serem preservados. Segundo Carnoy (2013, p. 27) “por essa razão há</p><p>uma tensão entre preservar a liberdade vantajosa no estado de natureza e o</p><p>medo da violência e da guerra, que logicamente esse estado produz”. Neste</p><p>sentido, isso levaria à renúncia do poder individual em favor de um soberano,</p><p>reduzindo-o a impotência. Hobbes se opõe primeiro porque a sujeição é melhor</p><p>que a guerra e a morte e segundo porque não seria de interesse do soberano</p><p>tirar sua liberdade já que sua força vem do vigor dos súditos.</p><p>Como não houve submissão, a paixão individual ganhou força com a troca</p><p>de bens no mercado livre, na qual a paixão dos homens ficou contida na</p><p>maximização dos seus interesses econômicos, ou seja, menos violência na</p><p>busca pelo ganho em um contexto pacífico de mercado.</p><p>PÁGINA 11</p><p>1.1.2 John Locke</p><p>Mais de quarenta anos depois de Hobbes, em 1692, John Locke surge num</p><p>momento histórico na Inglaterra de guerras, emergência da burguesia em</p><p>oposição ao feudalismo. Em vez de “Estado de Natureza” não primitivo - o</p><p>estado de perfeita liberdade individual, ou seja, tem direitos, como assegurar e</p><p>preservar sua propriedade e ao mesmo tempo ser juiz e executor da lei natural,</p><p>na qual esse estado de natureza pode se transformar em um estado de guerra,</p><p>ou seja, o homem pode submeter outro ao seu poder absoluto (CARNOY,</p><p>2013).</p><p>Neste pensamento, os homens juntos - para se defenderem contra o estado</p><p>de guerra - deveriam se juntar em uma sociedade política, apoiada por um</p><p>corpo de leis, na qual os homens entregam os direitos de autopreservação</p><p>da propriedade à comunidade (O Estado). Locke diverge de Hobbes quanto</p><p>à natureza do soberano, ou seja, na sua definição de sociedade política a</p><p>monarquia absoluta é incompatível com a da sociedade civil.</p><p>Desta forma, Locke exclui a monarquia absoluta e insiste para que o poder seja</p><p>dado a um corpo coletivo de homens, na qual entregam seu poder (natural) a</p><p>outrem, a um poder legislativo que elaborará e fará cumprir as leis mantendo</p><p>a propriedade individual e a segurança pessoal, e ainda garantindo que esse</p><p>poder reside nos indivíduos que compõem a sociedade civil (e podem dissolvê-</p><p>lo), ainda que tenham delegado sua governança. Assim, tanto o legislativo</p><p>quanto o executivo tem poder político enquanto refletem a vontade dos</p><p>membros individuais da sociedade, na qual reside o verdadeiro poder político.</p><p>Para Hobbes, de acordo com Chauí (2000), o soberano pode ser um rei, um</p><p>grupo de aristocratas ou uma assembleia democrática, na qual o fundamental</p><p>não é o número dos governantes, mas a determinação de quem possui o poder</p><p>ou a soberania cujo poder é de modo absoluto do Estado por meio de suas</p><p>instituições públicas. Assim, o Estado têm o poder para legislar e aplicar as leis,</p><p>definindo e garantindo a propriedade privada ao mesmo tempo em que tem a</p><p>obediência incondicional dos governados, desde que ele, o Estado respeite</p><p>os dois direitos naturais intransferíveis (o direito à vida e à paz). O soberano,</p><p>neste sentido detém a espada e a lei enquanto os governados, a vida e a</p><p>propriedade dos bens.</p><p>1.1.3 Jean-Jacques Rosseau</p><p>É no conceito de sociedade civil que Rousseau difere de Locke, pois para</p><p>ele a sociedade é uma descrição do modo como os homens são encontrados</p><p>na sociedade, ou seja não como uma construção ideal ou hipotética mas</p><p>como uma realidade. Rousseau vê o homem como sem moralidade, mas</p><p>PÁGINA 12</p><p>sem maldade, o qual é corrompido não pela natureza, mas pela posse da</p><p>propriedade e pela formação da sociedade civil, ou seja, a sociedade é que é</p><p>corrupta (CARNOY, 2013).</p><p>Em resumo, segundo Carnoy (2013), Locke vê a posse da propriedade como</p><p>a base de uma sociedade justa e equitativa enquanto Rousseau a considera</p><p>como a origem do mal e da desigualdade, ou seja, a considera como o produto</p><p>da voracidade do homem, do mais rico e poderoso (do homem rico-classe</p><p>dominante), cuja sociedade é formada em função de seus interesses, mas</p><p>não necessariamente das massas, na qual em uma sociedade desigual acha</p><p>necessário preservar a ordem, controlar as tentativas de usurpá-las e legitimar</p><p>a exploração ao pobre.</p><p>Conforme Chauí (2000), de acordo com Locke, os homens a partir da</p><p>sociedade civil entregam suas liberdades naturais para obterem segurança</p><p>sendo este um produto da racionalidade humana, na qual a passagem desse</p><p>estado de natureza à sociedade civil se dá por meio de um contrato social. É</p><p>neste momento que os indivíduos renunciam à liberdade natural (posse natural</p><p>de bens, riquezas e armas) e transferem ao soberano – quem tem poder de</p><p>criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política a partir do contrato social.</p><p>Desta forma, Rousseau citado por Carnoy (2013), apresenta o Estado não</p><p>como benéfico a todos mas, destinado a preservar a desigualdade política e</p><p>social. Neste sentido, acreditando que os homens gostariam de viver como</p><p>iguais e livres, descreve o Estado como On the social contract em 1762, ou</p><p>seja, o fundamento deste contrato social, em que o Estado age sob a</p><p>direção da vontade geral. Tanto Locke quanto</p><p>São Paulo: Cengage Learning,</p><p>2012.</p><p>Vários autores. Gestão Pública. Roberto Kanaane; Alécio Fiel Filho; Maria das</p><p>Graças Ferreira. São Paulo: Atlas, 2010.</p><p>MATIAS-PEREIRA, José. Curso de administração pública: foco nas</p><p>instituições e ações governamentais. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2010.</p><p>NASCIMENTO, Edson Ronaldo. Gestão Pública: tributação e orçamento, lei</p><p>da responsabilidade fiscal, tópicos em contabilidade, gestão pública no Brasil</p><p>de JK a Lula, administração financeira e orçamentária, finanças públicas nos</p><p>três níveis do governo. São Paulo: Saraiva, 2006.</p><p>SECCHI, Leonardo. Modelos organizacionais e reformas da administração</p><p>pública. Revista da Administração Pública. v.43. n.2. Rio de Janeiro:</p><p>mar/abr 2009. Disponível em: . Acesso em: out.. 2017.</p><p>SECCHI, Leonardo. Políticas públicas. Conceitos, esquemas de análises,</p><p>casos práticos. Sao Paulo: Cengage, 2012.</p><p>PÁGINA 82</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Prezado Estudante, espero que depois desta jornada, você tenha se</p><p>interessado um pouco mais pela Administração e Gestão Pública, pois</p><p>precisamos de pessoas “interessadas” e motivadas para melhorar ainda mais</p><p>o Estado Brasileiro. Não importa o papel que você escolheu, se Gestor ou</p><p>Político, Usuário ou Cidadão, o importante é que você contribua com vosso</p><p>conhecimento para colaborar para uma Administração e Gestão Pública mais</p><p>eficiente, eficaz e efetiva.</p><p>Para contribuir com vosso entendimento na Unidade I você adquiriu</p><p>maior conhecimento a partir da teoria clássica, na qual apresentamos</p><p>Hobbes, Locke e Rousseau seguida pelo sistema de freios e contrapesos</p><p>de Montesquieu na qual o Brasil adota a função clássica Tripartite, ou seja,</p><p>sua atuação ocorre a partir dos poderes legislativo, executivo e judiciário.</p><p>Em seguida foi apresentado por Weber, o modelo ideal para dar legitimidade</p><p>ao Estado e a Administração Pública e Política. O Brasil é um Estado</p><p>Republicano, democrático e representativo e que atua por meio de três poderes</p><p>independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário, considerado um Estado</p><p>Democrático de Direito regida por uma constituição de Estado, Leis, Decretos e</p><p>Regulamentos.</p><p>Na Unidade II, trouxemos à tona diversas características e concepções</p><p>históricas sobre a construção e evolução da Administração Pública.</p><p>Inicialmente, traçou-se um breve histórico destacando a evolução histórica</p><p>Brasileira em momentos importantes começando do Administração Colonial,</p><p>passando pelo Varguismo (década de 30), o desenvolvimentismo, início da</p><p>reforma, o regime militar, estatismo e a reforma de 67, bem como a reforma</p><p>de 1995 na qual foram apresentadas as principais reformas constitucionais e</p><p>estruturais ocorridas no Estado Brasileiro, fundamental para compreender as</p><p>reformas e implantação dos modelos de Administração e as novas formas de</p><p>Administração e Gestão Pública demandadas para os gestores que atuam na</p><p>esfera pública.</p><p>Para tanto, na Unidade III foram relacionados os conceitos da Nova Gestão</p><p>Pública (NGP), New Public Management (NPM) o New Service Public (NSP).</p><p>Dentro deste contexto, as organizações, atuando de forma mais racional</p><p>buscam realizar o planejamento estratégico público como forma de alavancar</p><p>as organizações públicas no mercado, porém atuando com governabilidade</p><p>e governança Pública. Vimos também, que para atuar de forma a ser mais</p><p>eficiente a Administração Pública se vale da administração direta (centralizada)</p><p>e da Administração Indireta (descentralizada) na qual transfere atividades de</p><p>produção de bens e serviços para autarquias e fundações, empresas públicas</p><p>e sociedades de economia mista e também para as parcerias público-privadas</p><p>(PPPs) e Organizações Sociais e por esta redução acentuada da intervenção</p><p>direta sobre os bens e serviços demandados pela sociedade civil, exige uma</p><p>PÁGINA 83</p><p>nova forma de intervenção do Estado entra em cena as agências reguladoras</p><p>desempenhando o papel de regulação econômica, social e administrativa</p><p>e qualidade realizada a partir de uma gestão pautada nos fundamentos do</p><p>Gespública - Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização.</p><p>Por fim, na unidade IV, finalizamos com o tema instrumentos utilizados pela</p><p>Administração Pública como as políticas públicas, o orçamento público, a</p><p>forma de compras e sistema de repasses e as relações do estado, governo</p><p>e mercado e como ocorre a transparência das ações governamentais e a</p><p>participação cidadã no controle social, e assim pudemos compreender que</p><p>as Políticas Públicas, surgem face aos problemas sociais em resposta às</p><p>demandas da sociedade, que necessariamente, precisa ser contemplada no</p><p>orçamento público. Em seguida, foram apresentadas o sistema de compras</p><p>e repasse do Estado, quais são as formas de contratos administrativos e as</p><p>funções econômicas do Estado: alocativa, distributiva e estabilizadora bem</p><p>como as organizações mais conhecidas para favorecer ou desestimular o</p><p>investimento direto internacional e privado local assim como as agências</p><p>reguladoras. E por fim, foi apresentado a importância da transparência do</p><p>controle dos poderes com o auxílio do controle social.</p><p>Rousseau concordam que</p><p>embora a vontade geral trate as pessoas de forma equitativa, nem todos os</p><p>cidadão são iguais, por isso entendiam que poderia haver classes de</p><p>cidadãos, enquadrados pelo mérito do nascimento ou de propriedade,</p><p>mas não de classes sociais.</p><p>Foi em seu Discourse on political economy em 1755, que Rousseau a</p><p>Intervenção do Estado como necessário, pois esclarece que o Estado, através</p><p>das tarefas do governo deveria prevenir a extrema desigualdade da riqueza,</p><p>cujo governo deveria não a expropriação, mas a eliminação dos meios das</p><p>pessoas acumulá-las, bem como protegendo os cidadãos para não se tornarem</p><p>pobres, mas complementados pela educação e a prevenção da desigualdade</p><p>em desenvolvimento (CARNOY, 2013).</p><p>PÁGINA 13</p><p>REFLITA</p><p>O poder é conferido ao soberano pelo povo – para legitimar a teoria do contrato</p><p>social. Como é possível o contrato social? Qual sua legitimidade? Se a função</p><p>do estado é de garantir e defender a propriedade privada contra a nobreza e os</p><p>pobres, qual é o poder do soberano?</p><p>Fonte: CHAUÍ, 2000.</p><p>1.2 Função do Estado e a Administração Pública</p><p>De acordo com Chauí (2000), Locke (precursor da teoria liberal), os</p><p>realizadores da Independência norte-americana e da Revolução Francesa e</p><p>pensadores como Max Weber, a função do Estado é tríplice, quais sejam:</p><p>1. O Estado garante o direito natural de propriedade dos indivíduos por</p><p>meio das leis e do uso legal da violência (exército e polícia) respeitando</p><p>a liberdade econômica dos proprietários privados;</p><p>2. O Estado, neste sentido, não tem poder instituinte, mas apenas a função</p><p>de garantidor e de árbitro dos conflitos que possam existir, tendo como</p><p>função a arbitragem por meio das leis e da força;</p><p>3. O Estado tem o direito de legislar, permitir e proibir tudo quanto</p><p>pertença à esfera da vida pública, mas não o direito de intervir sobre</p><p>a consciência dos governados, emitindo censura somente em caso de</p><p>risco ao próprio Estado.</p><p>O sistema capitalista desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento</p><p>da burocracia, criando a necessidade de uma administração estável, rigorosa,</p><p>intensiva e incalculável que dá a burocracia um papel central em nossa</p><p>sociedade se tornando um elemento fundamental na administração de massas</p><p>(WEBER, 1966).</p><p>Assim, dentro do contexto de Liderança do Estado, uma comunidade humana</p><p>que depende do uso do estado como o uso legítimo da força física dentro de</p><p>determinado território necessita de legitimidade.</p><p>Weber desdobra a natureza dos elementos essenciais que se constitui o</p><p>Estado e chega-se ao conceito de autoridade e legitimidade, ou seja, para que</p><p>o Estado exista é necessário que o conjunto de pessoas obedeça a autoridade</p><p>delegada pelos detentores do poder no referido Estado, por isso necessário</p><p>que estes tenham seu poder legitimado, na qual a autoridade é definida em três</p><p>tipos: racional-legal, tradicional e carismática (Textos selecionados de Weber,</p><p>1997):</p><p>PÁGINA 14</p><p>O racional-legal, foco maior de nosso interesse, segundo Weber (1997) tem</p><p>como fundamento a crença na validade do estatuto legal e da competência</p><p>funcional, baseada em regras racionalmente criadas. Assim, quando essa</p><p>autoridade legal-racional envolve um corpo administrativo organizado, toma a</p><p>forma de estrutura burocrática amplamente analisado a seguir. A autoridade</p><p>tradicional é imposta por procedimentos considerados legítimos e aceita</p><p>em nome de uma tradição reconhecida como válida e a carismática é um</p><p>tipo de apelo que se opõe às bases de legitimidade da ordem estabelecida e</p><p>institucionalizada.</p><p>1.2.1 Weber - Estado, Organização Burocrática e a Administração Pública</p><p>De acordo com Bresser-Pereira e Motta (2000) um sistema social é constituído</p><p>por grupos ou família com um grau de formalização da estrutura organizacional</p><p>e podem ser organizados ou não. No extremo oposto temos as organizações</p><p>ou as burocracias (quanto mais organizado, mais se aproxima do modelo ideal</p><p>de organização burocrática). Max Weber considera as organizações (sistema</p><p>social racional em que há especialização e divisão do trabalho em que o critério</p><p>principal é a eficiência) como um dos tipos de sistemas sociais. A seguir, a</p><p>demonstração dos sistemas sociais.</p><p>Figura: a Organização Burocrática entre os sistemas sociais.</p><p>Fonte: Karl Mannheinn p. 104 citado por BRESSER-PEREIRA; MOTTA, 2000.</p><p>PÁGINA 15</p><p>Max Weber é conhecido na Administração Pública por sua análise da</p><p>burocracia racional e da burocracia de tipo ideal, ocorrida num contexto de</p><p>dominação social. Descreve sobre o sistema de autoridade, como forma de</p><p>estabelecer e assegurar a crença de sua legitimidade que podem ocorrer de</p><p>forma diferente dependendo do tipo do staff administrativo que dá suporte à</p><p>essa autoridade, ou seja, em termos específicos Weber identifica em três tipos</p><p>puros a autoridade ou dominação legítima (DENHARDT, 2012):</p><p>• Autoridade legal - pautada na crença da legalidade de certos padrões/</p><p>regras e no direito dos que detêm autoridade legal para dar ordens;</p><p>• Autoridade Tradicional - baseada na importância das tradições</p><p>duradouras e dos governantes que mantém a tradição;</p><p>• Autoridade Carismática - baseada no afeto ou devoção a um indivíduo.</p><p>De acordo com Denhardt (2012) a autoridade legal desempenhada por um staff</p><p>administrativo burocrático esboça as características centrais de como funciona</p><p>uma organização burocrática e como devem atuar seus funcionários, quais</p><p>sejam:</p><p>1. São livres pessoalmente, entretanto estão sujeitos à autoridade em</p><p>relação às suas obrigações impessoais;</p><p>2. Organizados em uma hierarquia;</p><p>3. Existe a clara definição de competência;</p><p>4. A seleção e a relação contratual é livre na definição do cargo a ser</p><p>ocupado;</p><p>5. Os candidatos são selecionados com base em qualificações (técnicas) e</p><p>nomeados ou eleitos;</p><p>6. A remuneração é com salário fixo e na maioria das vezes com direito</p><p>a pensão e somente em certas condições, a autoridade empregadora,</p><p>especialmente nas privadas, têm o direito de anular uma nomeação,</p><p>levando em conta a responsabilidade da posição e as demandas do</p><p>status social do ocupante do cargo;</p><p>7. O cargo é o único ou a principal ocupação de seu titular;</p><p>8. O cargo constitui uma carreira e a promoção por desempenho baseia-se</p><p>baseada no julgamento de superiores;</p><p>9. Os funcionários desempenham o trabalho de modo dissociado da</p><p>propriedade dos meios de administração e sem a apropriação de suas</p><p>posições;</p><p>10. Os funcionários estão sujeitos à disciplina e controles na condução de</p><p>seu cargo.</p><p>Para Bresser-Pereira e Motta (2000), as burocracias têm sua fonte de</p><p>legitimidade no poder racional-legal, assim as organizações são sistemas</p><p>sociais racionais (formais, impessoais e dirigidos por administradores</p><p>profissionais).</p><p>PÁGINA 16</p><p>1.3 O sistema de freios e contrapesos de Montesquieu</p><p>De acordo com Maldonado (online), a separação dos poderes envolve a</p><p>limitação do poder político na qual a síntese visa a expressar os interesses</p><p>de ricos e pobres dentro do contexto aristotélico uma vez que a vontade</p><p>do soberano se confundia com a vontade do Estado, sendo assim o</p><p>desenvolvimento sistematizado da doutrina da separação dos poderes como</p><p>técnica de limitação do poder é levado a cabo por Locke e Montesquieu.</p><p>Mas qual seria a finalidade dos contrapesos?</p><p>JOHN H. GARVEY e T. ALEXANDER ALEINTKOFF</p><p>ensinam que o balance (contrapesos, equilíbrio) surge</p><p>na Inglaterra, a partir da ação da Câmara dos Lordes</p><p>(nobreza e clero) equilibrando (balanceando) os projetos</p><p>de leis oriundos da Câmara dos Comuns (originados do</p><p>povo), a fim de evitar que leis demagogas, ou formuladas</p><p>pelo impulso momentâneo de pressões populares, fossem</p><p>aprovadas. Na verdade, o objetivo implícito era conter o</p><p>povo, principalmente contra as ameaças aos privilégios da</p><p>nobreza (MALDONADO, online, p 17).</p><p>Para Locke, como já vimos é o legislativo que se sobressai, já os demais</p><p>poderes dele derivam e a ele estão subordinados. Compete ao poder</p><p>executivo, cuja existência é perene, a aplicação das leis.</p><p>É, contudo,</p><p>segundo Maldonado (s.d. Online, p. 6) Montesquieu, o principal</p><p>e único responsável pela inclusão poderes fundamentais do Estado, na qual</p><p>apresenta “uma de suas justificativas para a existência da Câmara Alta (corpo</p><p>legislativo formado por nobres, ao lado do corpo legislativo formado por</p><p>representantes do povo)”. Existem duas outras importantes ferramentas iniciais</p><p>do sistema de freios e contrapesos. O veto e o impeachment.</p><p>Neste sentido, em síntese, a oposição do Rei - no caso atual o Presidente que</p><p>não mais participa do processo legislativo, apenas o controla, podendo impedir</p><p>que a legislação entre em vigor através do veto e o impeachment, por sua vez,</p><p>surge como um mecanismo jurídico que permite ao parlamento o controle</p><p>sobre os atos executivos dos Ministros do Rei (ou Presidente), controlando o</p><p>exercício da sua função executiva.</p><p>Assim, de acordo com Maldonado (online), de acordo com a Constituição de</p><p>1988:</p><p>a. há controle do poder executivo exercido em relação ao legislativo</p><p>através do veto por parte do executivo;</p><p>b. há controle do poder executivo exercido em relação ao judiciário por</p><p>PÁGINA 17</p><p>meio da fiscalização e correção da atividade jurisdicional;</p><p>c. controle do poder judiciário em relação ao poder legislativo por meio do</p><p>controle jurisdicional das leis produzidas;</p><p>d. controle do poder judiciário exercido em relação ao executivo por meio</p><p>de sanção; sendo uma outra interferência ocorre entre judiciário e</p><p>legislativo sobre o poder executivo no controle e correção;</p><p>e. controle do poder legislativo em relação ao executivo por meio da</p><p>fiscalização;</p><p>f. controle do poder legislativo em relação ao poder judiciário por meio das</p><p>comissões de inquérito parlamentar, as CPIs.</p><p>1.3.1 Poderes Fundamentais do Estado Brasileiro</p><p>O Brasil adota a função clássica Tripartite concebida por Montesquieu. De</p><p>acordo com Costin (2010), a constituição Brasileira foi preparada por uma</p><p>Assembleia Constituinte refletindo os direitos políticos e sociais dos cidadãos.</p><p>Desta forma, os poderes da União são divididos em três, conforme artigo 2º da</p><p>Constituição Federal de 1988:</p><p>Art. 2º São Poderes da União, independentes e</p><p>harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o</p><p>Judiciário.</p><p>• O poder legislativo tem como função típica legislar e fiscalizar e como</p><p>função atípica administrar (organização interna) e julgar. Seu objetivo</p><p>é elaborar normas de direito que são aplicadas a toda sociedade e</p><p>também sua função está relacionada à veracidade de orçamentos</p><p>públicos, licitações, contratos firmados e ainda a contratação de</p><p>funcionários públicos. É representado pelo Congresso Nacional e</p><p>realizado na Câmara dos Deputados e pelo Senado (sistema bicameral).</p><p>• O poder executivo tem a função de Administrar os interesses da</p><p>nação. Representantes têm como função típica administrar a coisa</p><p>pública (república) e como função atípica, legislar e julgar – assegurar</p><p>o cumprimento da Lei nos três níveis de atuação. É representado por</p><p>todo o aparato de órgãos existentes para a realização e prestação de</p><p>serviços públicos.</p><p>• O Poder Judiciário tem como função aplicar a lei a um caso concreto</p><p>(julgar a adequação ou inadequação), resultante de conflito de</p><p>interesses bem como as de natureza administrativa e legislativa. São</p><p>órgãos do Poder Judiciário: Supremo Tribunal Federal (STF), Superior</p><p>Tribunal de Justiça (STJ) e tribunais regionais federais (TRF), Justiça</p><p>Federal Comum: Justiça do Trabalho, Eleitoral e Militar e Justiças</p><p>Estaduais.</p><p>PÁGINA 18</p><p>1.4. Instituições Políticas</p><p>De acordo com Couto (2013) as instituições são socialmente construídas e</p><p>condicionam as ações dos indivíduos em grupos. Neste sentido, há instituições</p><p>sociais, informais, econômicas, e há também as instituições políticas, que de</p><p>alguma forma visam ao Estado e fazem parte dele.</p><p>Têm o Estado em vista, sem propriamente o integrar,</p><p>os partidos políticos, os grupos de pressão, e outras</p><p>organizações sociais que buscam operá-lo, influenciá-</p><p>lo, tomá-lo ou reformá-lo. Todo Estado também é um</p><p>conjunto ou sistema de instituições, como a lei, os órgãos</p><p>da burocracia pública e os ramos de governo (COUTO,</p><p>2013, p. 480).</p><p>Instituições são definidas como um sistema de regras e incentivos, as</p><p>instituições não têm objetivos/metas, mas propósitos ou funções sistêmicas.</p><p>Portanto são funcionais ou disfuncionais em vez de eficazes ou ineficazes,</p><p>dentro de determinada ordem governança. A organização política de um país</p><p>requer organizações hierárquicas (PINTO, 2008).</p><p>1.4.1 Principais Instituições Políticas no Estado Brasileiro</p><p>A Estrutura Institucional do Estado baseia-se em normas formais e informais,</p><p>regras e normas que não tem objetivos e metas somente, mas propósitos e</p><p>funções, sendo portanto funcionais ou disfuncionais caso não haja governança.</p><p>A instituição Estado, desempenha funcionalmente enquanto as organizações</p><p>ligadas ao Estado operam para atingir objetivos, de forma que o Estado é</p><p>constituído de várias organizações (PINTO, 2008).</p><p>Matias-Pereira (2010, p. 177) expõe acerca da expressão Administração</p><p>Pública, cujo conceito expressa, num sentido amplo como:</p><p>[...] todo o sistema de governo, todo o conjunto de</p><p>ideias, atitudes, normas, processos, instituições e ou-</p><p>tras formas de conduta humana, que determinam:</p><p>(a) como se distribui ou se exerce a autoridade po-</p><p>lítica; (b) como se atendem aos interesses públicos.</p><p>O Brasil é um Estado Republicano, democrático e representativo que atua de</p><p>forma federativa e presidencialista por meio de três poderes independentes:</p><p>Executivo, Legislativo e Judiciário, cuja federação é formada pela união de</p><p>26 Estados, Municipalidades e Distrito Federal em três níveis de governo:</p><p>União, Estado e Municípios, sendo essa constituição da República Brasileira</p><p>considerada como um Estado Democrático de Direito regida por uma</p><p>PÁGINA 19</p><p>constituição de Estado, Leis, Decretos e Regulamentos (COSTIN, 2010).</p><p>O aparelho do Estado, ou melhor, a Administração Pública, em sentido amplo,</p><p>ou seja, em termos de estrutura organizacional envolve esses poderes. Assim,</p><p>a Administração Pública em sentido amplo é constituída pelo governo, ou seja,</p><p>pela cúpula dos dirigentes nos três poderes, por um corpo de funcionários</p><p>(servidores públicos) e pela força militar (CHIAVENATO, 2012; MATIAS-</p><p>PEREIRA, 2010; NASCIMENTO, 2006, COSTIN, 2010).</p><p>Desta forma, os três poderes são exercidos de forma compartilhada entre os</p><p>entes federativos (União, Estados membros e Municípios), sendo o papel do</p><p>executivo, considerado preponderante sobre os demais poderes haja vista</p><p>que tem como objetivo exercer o poder de polícia dos Estados (fiscalização do</p><p>cumprimento das normas à punição dos infratores). Já o legislativo exerce o</p><p>poder central e o Judiciário tem como papel mediar a relação entre governante</p><p>e assembleia.</p><p>A partir das prerrogativas constitucionais, o governo tem como finalidade:</p><p>definir planos de ação e políticas públicas, bem como dirigir e comandar</p><p>a Administração Pública, já a Administração Pública em sentido estrito é</p><p>representada pelo conjunto de órgãos e agentes que exercem a função</p><p>administrativa, ou seja, transforma em ações, as decisões do governo,</p><p>exercendo o poder de polícia e prestando serviços públicos fomentando e</p><p>intervindo no domínio econômico (NASCIMENTO, 2006; COSTIN, 2010).</p><p>Como afirma Nascimento (2006, p. 5), a estrutura administrativa será</p><p>proporcional aos serviços que os entes estaduais e municipais colocam à</p><p>disposição da população.</p><p>PÁGINA 20</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Registram-se algumas objeções à teoria Contratualista.</p><p>Em primeiro lugar pode dizer-se que, se não houve realmente contrato, então</p><p>nem os governos, nem as pessoas estão “obrigadas” a cumprir as suas</p><p>promessas. Isto que faz que — de acordo com o contratualismo — nenhum</p><p>governo seja legítimo. Defende-se, como alternativa, que essa consequência</p><p>é implausível, uma vez que o que legitima os governos atuais — e a obrigação</p><p>que lhes é devida — é a justiça da suas ações, e não a sua hipotética</p><p>origem contratual. Também</p><p>que a insistência na justificação contratualista</p><p>acaba por abranger não só os governos justos, mas também os injustos. Um</p><p>contratualista pode defender-se dizendo que as pessoas assinam um contrato</p><p>que estimula a obediência apenas a governos justos e, assim, pode falar-</p><p>se de um “contrato hipotético” entre governados e governantes. Contudo,</p><p>se o contrato é meramente hipotético, então, novamente, nada obriga a que</p><p>promessas hipotéticas tenham de ser cumpridas, uma vez que ninguém se</p><p>comprometeu, de fato, com nenhuma obrigação.</p><p>Em segundo lugar, a teoria do contrato social justifica a obediência aos</p><p>governos pela necessidade de cumprir as nossas promessas. O ponto é que</p><p>podemos sempre colocar a pertinente questão de saber por que deveremos</p><p>nós cumprir as nossas promessas. Os contratualistas caem no erro de</p><p>substituir um dever já em si duvidoso — a obediência — por outro também</p><p>duvidoso — o cumprimento de promessas.</p><p>Fonte: BETTENCOURT, Luís Filipe. Crítica à teoria contratualista.</p><p>Disponível em: Acesso em out. 2017.</p><p>PÁGINA 21</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Esta Unidade possibilitou a você, prezado estudante compreender um pouco</p><p>melhor como foi a formação estado, como adquiriu sua legitimidade enquanto</p><p>autoridade e soberania e apresentar o sistema de freios e contrapesos de</p><p>Montesquieu como forma de controle visando a preservar os interesses da</p><p>coletividade. Da mesma é apresentado uma forma racional e organizada</p><p>encontrada por Weber, segundo ele o modelo ideal para dar legitimidade ao</p><p>Estado e a Administração Pública e Política.</p><p>Neste sentido, inicialmente foi apresentado a teoria clássica, na qual</p><p>apresentamos Hobbes, Locke e Rousseau. Os dois primeiros em seu</p><p>pensamento político concordam que a propriedade privada é um direito civil,</p><p>porém mesmo com as posses de terras e bens, sem as leis não têm garantia,</p><p>por isso a necessidade de um contrato social advinda de um soberano.</p><p>A burocracia, junto com o sistema de freios e contrapesos de Montesquieu</p><p>é papel central em nossa sociedade e se tornou um elemento fundamental</p><p>na administração, pois foi a partir dela que houve maior legitimidade das</p><p>atividades realizadas pelo Estado (soberano).</p><p>A autoridade legal desempenhada no administrativo burocrático esboça as</p><p>características centrais de como deve funcionar uma organização burocrática,</p><p>que tem como fundamento a crença na validade do estatuto legal e da</p><p>competência funcional, baseada em regras racionalmente envolvendo um</p><p>corpo administrativo organizado.</p><p>Foram apresentados, também o sistema de freios e contrapesos de</p><p>Montesquieu, na qual vimos que o Brasil adota a função clássica Tripartite, ou</p><p>seja, sua atuação ocorre a partir dos poderes legislativo, executivo e judiciário</p><p>como forma de exercer o controle.</p><p>Ao final, foi apresentado as principais características do Estado Brasileiro</p><p>na qual foi apresentado que ele é um Estado Republicano, democrático e</p><p>representativo e que atua por meio de três poderes independentes: Executivo,</p><p>Legislativo e Judiciário, considerado um Estado Democrático de Direito regida</p><p>por uma constituição de Estado, Leis, Decretos e Regulamentos.</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>FILME</p><p>Título: Os clássico da política</p><p>Francisco C. Weffort (org)</p><p>Editora: Editora Ática</p><p>Sinopse: ‘Os Clássicos da Política’ reúne personagens que</p><p>acompanharam a formação do Estado moderno, processo</p><p>que durou séculos na história européia. Fundamental para</p><p>a compreensão do pensamento de Maquiavel e de sua dura</p><p>visão sobre o poder, no século XVI: de Hobbes e Locke,</p><p>testemunhas da Inglaterra conturbada e revolucionária do</p><p>século XVII; de Montesquieu, admirador da política liberal</p><p>inglesa sob o absolutismo francês do século XVIII; de</p><p>Rousseau, precursor do pensamento democrático moderno</p><p>e inspirador dos ideais da Revolução Francesa; de Madison, Hamilton e Jay. Defensores</p><p>da Constituição dos Estados Unidos da América de 1787.</p><p>Título: O EXERCÍCIO DO PODER</p><p>L’exercice de L’État (França - Bélgica – 2012 - 112</p><p>min. 16 anos) Direção de Pierre Schöller, com</p><p>Michel Blanc e Oliver Gourmet. César de Melhor</p><p>Coadjuvante para Michel Blanc; prêmio Fripesci em</p><p>Cannes; melhor filme pelo Sindicatos dos Críticos da</p><p>França.</p><p>SINOPSE O cotidiano de um ministro da República</p><p>Francesa revela a multiplicidade de conflitos</p><p>envolvidos na atividade de quem exerce uma função de governo num sistema</p><p>democrático. Além das contradições internas do poder executivo, que reflete</p><p>os atritos entre os integrantes do partido majoritário, destacam-se os embates</p><p>com os demais poderes e – o que é pouco comum no cinema político – as</p><p>asperezas e ambiguidades no relacionamento entre os detentores de cargos</p><p>políticos ou eletivos e os funcionários de carreira, ou seja, os gestores</p><p>profissionais do estado.</p><p>Sinopse.</p><p>PÁGINA 23</p><p>NA WEB</p><p>Síntese do pensamento político de Thomas Hobbes, John Locke e Jean-</p><p>jacques Rousseau a respeito do processo de formação do Estado Moderno.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jz3AcQLx2_0</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: Acesso em Out. 2017.</p><p>BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; MOTTA, Fernando C. Prestes. Introdução à</p><p>organização burocrática. São Paulo: Thompson, 2000.p.</p><p>CARNOY, Martin. Estado e a teoria política. Trad. Instituto de Letras da PUC-</p><p>Campinas. 17.ed. Campinas: Papirus, 2013.</p><p>CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2000. p. 220-223.</p><p>COSTIN, Claudia. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.</p><p>COUTO, Cláudio Gonçalves. Instituições Políticas. In: Geraldo Di Giovanni;</p><p>Marco Aurélio Nogueira (Org). Dicionário de Políticas Públicas. 1.ed. São</p><p>Paulo: FUNDAP, 2013.p. 486-490.</p><p>CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública. Rio de Janeiro,</p><p>Elsevier, 2006.</p><p>DENHARDT, Robert B. Teorias da Administração Pública. Trad. Francisco G.</p><p>hedemann. São Paulo: Cengage Learning, 2012.</p><p>MALDONADO, Maurílio. Separação dos poderes e sistema de freios e</p><p>contrapesos: desenvolvimento no Estado Brasileiro. Disponível em: Acesso em Out.</p><p>2017.</p><p>MATIAS-PEREIRA, José. Curso de administração pública: foco nas</p><p>instituições e ações governamentais. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.</p><p>NASCIMENTO, Edson Ronaldo. Gestão Pública: tributação e orçamento,</p><p>lei da responsabilidade fiscal, tópicos em contabilidade, gestão pública</p><p>no Brasil e JK a Lula, administração financeira e orçamentária, finanças</p><p>públicas nos três níveis do governo. São Paulo: Saraiva, 2006.</p><p>WEBER, Max. Os fundamentos da organização burocrática: uma construção do</p><p>tipo ideal. In Sociologia da Burocracia. Organização, introdução e tradução</p><p>de Edmundo Campos. Rio de Janeiro, FGV, 1966.</p><p>WEBER, Max. Textos selecionados. In: Os Economistas. Traduções de</p><p>PÁGINA 25</p><p>Maurício Tragtenberg, Waltensir Dutra, Calógeras A. Pajuaba, M. Irene de</p><p>Q. F. Szmrecsányi, Tamás J. M. K. Szmrecsányi. Revisão de Cássio Gomes</p><p>(Parlamentarismo e Governo). São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, Ed.</p><p>1997.p.</p><p>PÁGINA 26</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>BRASILEIRA: CONCEPÇÃO</p><p>HISTÓRICA E REFORMAS</p><p>CAPÍTULO</p><p>2</p><p>Esta Unidade possibilita maior compreensão sobre a concepção histórica e</p><p>a reformas constitucionais e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro, bem</p><p>como apresentar como se desenvolveram o modelos de Administração Pública,</p><p>começando pelo Patrimonialismo até a Administração Gerencial.</p><p>Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett</p><p>Objetivos da Aprendizagem:</p><p>• Apresentar os principais aspectos das evoluções históricas Brasileira;</p><p>• Apresentar as principais características e reformas constitucionais e</p><p>estruturais ocorridas no Estado Brasileiro;</p><p>• Apresentar a necessidade de reformas na Administração Pública;</p><p>• Conceituar e apresentar os modelos de Administração Pública:</p><p>patrimonialismo, burocratismo e gerencialismo.</p><p>Plano de Estudo:</p><p>• Evolução Histórica da Administração Pública no</p><p>Brasil;</p><p>• Reformas da Administração Pública;</p><p>• Modelos de Administração Pública: Patrimonial, Burocrática e</p><p>Gerencial.</p><p>PÁGINA 27</p><p>INTRODUÇÃO DA UNIDADE</p><p>Esta unidade, prezado estudante, trata de forma sucinta os principais aspectos</p><p>históricos da evolução da Administração Brasileira. Portanto, conheceremos os</p><p>principais aspectos das evoluções históricas Brasileira no que tange a reformas</p><p>constitucionais e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro e necessidade de</p><p>reformas na Administração Pública.</p><p>A trajetória histórica do Brasil é permeada por diversas mudanças e reformas</p><p>estruturais e constitucionais, na qual daremos uma ênfase maior nas Reformas</p><p>Constitucionais e alguns pontos que chamam maior atenção na Administração</p><p>Pública e suas tentativas de desenvolver a forma de Administrar a coisa pública</p><p>buscando a eficiência para o serviço público.</p><p>Inicialmente será apresentado um breve histórico destacando a evolução</p><p>histórica Brasileira em momentos importantes como a Administração Colonial</p><p>e as capitanias hereditárias, o Brasil como sede do Império português e a</p><p>República Velha e o primeiro e segundo reinado.</p><p>Em seguida, com ênfase nos aspectos constitucionais e estruturais</p><p>traçaremos cada época, começando com o Varguismo (década de 30),</p><p>o desenvolvimentismo, início da reforma, o regime militar, estatismo e a</p><p>reforma de 67, bem como a reforma de 1995. Assim, a partir destes aspectos</p><p>traçaremos a República, a Redemocratização e a Constituição de 1988</p><p>marcando a democracia com importantes emendas constitucionais seguida de</p><p>importante modernização na administração Pública na década de 90 em diante.</p><p>Em seguida, será apresentado as etapas que culminaram nas reformas</p><p>na administração Pública e ao final desta unidade será apresentado o que</p><p>representam os modelos de Administração nas formas de administrar o Estado,</p><p>quais sejam: será apresentado as principais característica do patrimonialismo,</p><p>da Administração burocrática e da Administração Gerencial.</p><p>Bons Estudos!</p><p>PÁGINA 28</p><p>2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL</p><p>Retratar essa concepção histórica é muito importante para conhecer os</p><p>principais fatos e também as principais modificações que levaram a reformas</p><p>constitucionais e estruturais em nosso país. E, principalmente verificar as</p><p>principais reformas, evolução e características da Administração Pública.</p><p>2.1.1 BREVE HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO COLONIAL E AS</p><p>CAPITANIAS HEREDITÁRIAS</p><p>Traçamos aqui um breve histórico destacando a evolução histórica Brasileira</p><p>em momentos importantes como a Administração Colonial, o Brasil como sede</p><p>do Império português e a República Velha e o primeiro e segundo reinado. A</p><p>época do Varguismo (década de 30), o desenvolvimentismo, início da reforma,</p><p>o regime militar, estatismo e a reforma de 67, bem como a reforma de 1995</p><p>serão enfatizados no próximo tópico.</p><p>Sucintamente, conforme Costin (2010), a seguir, os principais aspectos</p><p>históricos iniciais do patrimonialismo, capitanias hereditárias e início das</p><p>reformas constitucionais e estruturais do Estado Brasileiro:</p><p>• O Patrimonialismo veio para o Brasil com os portugueses, uma mistura</p><p>de administração político-administrativa centrado na mistura entre</p><p>público e privado, num contexto em que o mercantilismo buscava nas</p><p>colônias as condições para obter balança comercial favorável.</p><p>• As capitanias hereditárias (sistema de colonização e administração da</p><p>nova coroa) destinava territórios aos amigos do Rei e nobres chamados</p><p>donatários. A doação de uma capitania ocorria e com isso algumas</p><p>condições como: o donatário se descobrisse pedras ou ouro 20% seria</p><p>da coroa, por exemplo. Devendo também aplicar a justiça, nomear</p><p>funcionários, fundar vilas, construir engenhos e o pagamento de tributos</p><p>(Carta Foral) pelos colonos.</p><p>• Para apoiar as capitanias e dificultar o acesso a estrangeiros</p><p>(franceses, holandeses e espanhóis) Portugal criou o Governo Geral em</p><p>1548 como forma de fortalecimento da colonização.</p><p>• O Governador Geral passou a assumir a função de vice-rei junto com</p><p>o donatário, que permaneceu até 1808 com a vinda da família real ao</p><p>Brasil, com liberdade para o comércio e a implantação de entidade</p><p>públicas e ministérios, voltando em 1820 para Portugal após a</p><p>Revolução Liberal do Porto devolvendo o País à condição de Colônia,</p><p>mas deixando aqui um início de máquina pública.</p><p>• O primeiro reinado (1822 a 1831) é marcado pelo Partido Português</p><p>buscando a reunificação com Portugal e poder do imperador. D. Pedro</p><p>I após a Independência do Brasil, sentindo o clima desfavorável outorga</p><p>PÁGINA 29</p><p>a Constituição de 1824, que trouxe a criação do quarto poder, chamado</p><p>moderador (o imperador nomeava os membros vitalícios do Estado,</p><p>presidentes das províncias, autoridades eclesiásticas da Igreja, senado</p><p>vitalício, magistrados e ministros) que atuavam ao lado do executivo,</p><p>legislativo e judiciário.</p><p>• O segundo reinado, de D. Pedro II é inspirado no Parlamentarismo, foi</p><p>um período de modernização e desenvolvimento econômico, porém com</p><p>o poder nas mãos do imperador (poder moderador).</p><p>2.1.2 REFORMAS CONSTITUCIONAIS E ESTRUTURAIS</p><p>Em síntese, de acordo com Costin (2010), uma das constituições</p><p>Brasileiras outorgada em 1824 foi pautada nos princípios da monarquia e</p><p>do parlamentarismo, estabelecendo forte centralização e poder nas mãos</p><p>do imperador D. Pedro I e a criação do quarto poder chamado moderador,</p><p>bem como a criação do poder de veto. A primeira modificação constitucional</p><p>veio em 1834, sendo a mais importante a de 1888, com a abolição da</p><p>escravatura. A constituição de 1891 consagra um regime republicano e o</p><p>federalismo. Assim, o novo regime presidencial incorporava a independência</p><p>dos poderes em todas as esferas. A partir de 1930 teve de se conter um novo</p><p>modelo de Administração, com a modernização pela DASP (Departamento</p><p>Administrativo do Setor Público) para racionalizar o aparelho do Estado. Veio</p><p>a Redemocratização e a Constituição de 1988 marcando a democracia com</p><p>importantes emendas constitucionais seguida de importante modernização na</p><p>administração Pública na década de 90.</p><p>A seguir, será retratada alguns pontos principais desta trajetória histórica e as</p><p>principais reformas constitucionais e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro.</p><p>2.1.2.1 A República</p><p>De acordo com Costin (2010), a proclamação da República trouxe importantes</p><p>modificações, a qual houve a transformação das antigas províncias em</p><p>Estados de uma federação. Foi com a Constituição de 1891 que se consagrou</p><p>o Federalismo. Nesta época o poder moderador deixou de existir e iniciou-</p><p>se o Federalismo com independência dos poderes, na qual é mantido o</p><p>bicameralismo (câmara de deputados e senado) exercido no Congresso</p><p>Nacional.</p><p>Em 1891 a configuração da Administração Pública é bastante influenciada pela</p><p>política de governadores e pelo Coronelismo e favorecimento político que se</p><p>desenvolveu na época, ganhando o patrimonialismo existente o Império uma</p><p>nova conformação, ou seja, se federalizou. Somente foi reestruturada em 1930</p><p>PÁGINA 30</p><p>(era varguista), inaugurando um novo tipo de Administração, chamado de</p><p>Estado Novo (COSTIN, 2010; PEIXOTO, 2008).</p><p>Sucintamente, ocorrem algumas reestruturações e reformas importantes</p><p>(COSTIN, 2010):</p><p>• Em 1934, com o concurso público há uma mudança significativa cuja</p><p>ideia central era a impessoalidade e a valorização do saber técnico, com</p><p>traços da burocracia, cujo Estatuto do Funcionário Público foi elaborado</p><p>em 1939 e mais tarde em 1944 foi criado a fundação Getúlio Vargas e o</p><p>SENAI com objetivo de preparar pessoas para a administração Pública e</p><p>Privada;</p><p>• Em 1945, após diversas reestruturações, entra em crise o Estado Novo,</p><p>com importante reforma na Constituição em 1946 ao reintroduzir a</p><p>Federação, nunca descartada, mas na prática abolida pela centralização</p><p>do Estado Novo, agora com esforço desenvolvimentista de Juscelino e a</p><p>contração de dívidas junto ao FMI;</p><p>• Em 1956, na tentativa de modernizar a máquina pública é instituído</p><p>um grupo para</p><p>reestruturação Administrativa, a CEPA - Comissão de</p><p>Estudos e Projetos Administrativos que não resultou em mudanças</p><p>importantes. Iniciavam-se as movimentações para a revolução de</p><p>1964, com a deposição de Jango e a criação do PAEG - plano de ação</p><p>econômica do Governo (reduzir a inflação e reestruturar a economia);</p><p>• Nesta época houve uma consolidação da Administração Burocrática com</p><p>uma nova Constituição em 1967 com emenda em 1969 (leis: segurança</p><p>nacional, imprensa e censura) baixada pela junta militar que assumiu o</p><p>governo;</p><p>• Em 1967 foi um marco para a Reforma Administrativa aconteceu,</p><p>a partir do Decreto-Lei nº 200 e do Decreto 199 - Lei Orgânica do</p><p>Tribunal de Contas, já com características de planejamento com caráter</p><p>desenvolvimentista e descentralização das atividades para as três</p><p>esferas;</p><p>• Ao final da década de 70 o tema era desburocratização. Em 1985, a</p><p>partir da Instauração da Nova República e os problemas com a inflação</p><p>trouxe sérias consequências as instituições democráticas.</p><p>2.1.2.2 Redemocratização e Constituição de 1988</p><p>Para alguns, houve um retrocesso com a Constituição Federal (CF) de 1988,</p><p>chamada de a Constituição Cidadã - propiciada pela redemocratização</p><p>pois houve um fortalecimento dos controles burocráticos e redução maior</p><p>da autonomia de gestão dos dirigentes públicos. Consagrou-se o retorno à</p><p>Democracia, e a CF teve forte papel descentralizador e fortaleceu o vínculo</p><p>entre a população e a Administração Pública, trazendo grandes benefícios aos</p><p>PÁGINA 31</p><p>SAIBA MAIS</p><p>cidadãos por meio das Políticas Públicas nas três esferas (união, estados e</p><p>municípios) (COSTIN, 2010).</p><p>Dentre os pontos principais dos direitos sociais descritos por Costin (2010)</p><p>são elencados as áreas da: educação, saúde, trabalho, lazer, segurança,</p><p>previdência social, proteção à maternidade e a universalização da saúde</p><p>para os que não tinham um contrato formal de trabalho. Além disso, foram</p><p>ampliados direitos trabalhistas e mecanismos de participação popular. Em</p><p>1998, com a emenda constitucional nº 29 ampliou-se a participação do usuário</p><p>do serviço público.</p><p>Na década de 80 - primeira geração, chamada também de “a década perdida”,</p><p>as reformas centraram seu foco na resolução das crises econômicas e no</p><p>ajuste fiscal por meio de cortes nos gastos públicos, reformas tributárias,</p><p>desregulação e privatização. Conforme aponta Peixoto (2008), desde 1990</p><p>as reformas estruturais foram introduzidas, chamada de segunda geração,</p><p>tinha como foco a estabilidade macroeconômica com importantes reformas</p><p>nas áreas trabalhistas, judiciária, aparato fiscal, mecanismos regulatórios e as</p><p>relações entre governos.</p><p>Na década de 90 com a crise econômica e a necessidade das reformas</p><p>econômicas e ajuste fiscal, o Governo Collor enfatiza a redução do Aparelho do</p><p>Estado em busca da excelência. A população entra em clima de impeachment</p><p>de Collor que deixa a Presidência do Brasil.</p><p>O principal contraste entre Collor e seus antecessores era a sua determinação</p><p>de levar à frente a privatização das empresas estatais e de atacar a inflação</p><p>em sua raiz. Assumiu o poder com um plano radical (medida Provisória 155, de</p><p>15 de Março de 1990) para combater o legado de desordem econômica do país</p><p>como taxas de inflação que chegavam a mais de 70% ao mês, exportações</p><p>em declínio, desvalorização cambial déficit público insustentável, baixo índice</p><p>de investimento e burocracia ineficiente e superdimensionada. Neste sentido,</p><p>medidas urgentes e corretivas precisava ser implementada. Assim, a maior</p><p>parte dos depósitos bancários foram congelados, assim como salários e</p><p>preços causando diversos efeitos imediatos na economia. Diversas tentativas</p><p>ocorreram, entretanto, a inflação era desenfreada. Nos meses que se seguiram</p><p>ao seu Impeachment a economia continuou extremamente turbulenta, mas foi</p><p>em 1993 com a indicação de Fernando Henrique Cardoso, e com o plano Real</p><p>em 1994 que houve uma significativa mudança econômica no país.</p><p>Fonte: Peixoto (2008).</p><p>PÁGINA 32</p><p>2.1.2.3 A Reforma da Gestão Pública de 1995</p><p>Fernando Henrique Cardoso (FHC), na tentativa de promover a reforma do</p><p>Estado divulga o nome de Bresser-Pereira para o Ministério da Administração</p><p>federal e Reforma do Estado (MARE), e apesar do ceticismo da população, o</p><p>plano se evidencia como uma resposta ao clientelismo e a corrupção com uma</p><p>atuação mais gerencial.</p><p>De acordo com Costin (2010) e Matias-Pereira (2010), o Plano Diretor da</p><p>Reforma de Aparelho do Estado (PRAE) se refere a quatro setores: (1) Núcleo</p><p>Estratégico (governo e os poderes), (2) Atividades Exclusivas (serviços que</p><p>só o Estado pode realizar), (3) Serviços Não Exclusivos (Estado não estatais</p><p>- publicização) e (4) produção de bens e serviços para o mercado (área de</p><p>atuação das empresas - privatização).</p><p>De acordo com Peixoto (2008), FHC, apesar de se concentrar nas pautas de</p><p>reformas econômicas, prometeu reformar o estado brasileiro e readquirir a</p><p>capacidade de governar eficientemente o país.</p><p>Desta forma, a partir do projeto de emenda constitucional introduz como</p><p>princípios que deveriam nortear a Administração Pública, o princípio da</p><p>Eficiência, a flexibilização da estabilidade, o fim do regime jurídico único, ou</p><p>seja, não contratar somente estatutários, a participação popular e proteção aos</p><p>usuários dos serviços públicos, os contratos de gestão como forma de controle</p><p>de resultados e forma de ampliar a autonomia gerencial e estágio probatório</p><p>para o servidor público de três anos para sua efetivação (COSTIN, 2010;</p><p>PEIXOTO, 2008).</p><p>Conforme Peixoto (2008) FHC conseguiu alterar a ordem econômica, realizar a</p><p>quebra de monopólios estatais de energia, telecomunicações, petróleo e gás e</p><p>iniciou, mesmo que parcialmente a reforma da previdência e da Administração</p><p>Pública completando um quadro de mudanças constitucionais para a</p><p>modernização do Estado a partir do fortalecimento da economia de mercado.</p><p>Dentre outros aspectos importantes, conforme Costin (2010), os novos</p><p>modelos organizacionais foram introduzidos como as agências executivas,</p><p>as agências reguladoras e as organizações sociais. Dentre outros avanços, a</p><p>reforma sobreviveu à mudança do governo e encontrou oposição no partido</p><p>dos Trabalhadores.</p><p>PÁGINA 33</p><p>Os avanços mais comuns ocorreram na esfera estadual e essas reformas</p><p>vêm sendo impulsionado por fatores como (ABRUCIO; GAETANI, 2008 apud</p><p>COSTIN, 2010):</p><p>• As crises financeiras estaduais;</p><p>• A propagação de ideias da Nova Gestão Pública (NGP);</p><p>• A disseminação de boas práticas e inovações administrativas;</p><p>• O fortalecimento de espaços federativos, como exemplo cita</p><p>o CONSAD-Conselho Nacional de Secretários Estaduais de</p><p>Administração;</p><p>• A rede entre a União e Estados com proposição e negociação do</p><p>programa nacional de apoio à modernização da gestão do planejamento</p><p>dos estados e DF (PNAGE);</p><p>• Um programa de financiamento da modernização das administrações</p><p>públicas contratado pelo BID em 2006.</p><p>Ainda de acordo com Costin (2010), apesar dos resultados não serem</p><p>homogêneos, constatou-se a em todo o país a introdução da gestão por</p><p>programas articulando-se com os Planos Plurianuais (PPA) a instalação de</p><p>Organizações Sociais (área de saúde, educação, pesquisa e cultura) de</p><p>contratualização de resultados inclusive com a Administração Direta e o</p><p>fortalecimento do Núcleo Estratégico e ainda com a criação de especialistas</p><p>em políticas públicas.</p><p>2.2 REFORMAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>De acordo com Bresser-Pereira (2010), o Brasil, nascido do sistema político</p><p>absoluto, passa no século XIX ao sistema político liberal e adota a democracia</p><p>no século XX. Como organização, o Estado nasce como uma organização</p><p>patrimonial, atravessando o século XIX e chegando ao final do século XX como</p><p>burocrático. No final do século XX,busca ser uma organização gerencial.</p><p>As principais tendências de modificação do padrão burocrático de Weber pelo</p><p>debate do modelo gerencial (SANTOS, 2003):</p><p>1. A adoção de parcerias com o setor privado e terceiro setor;</p><p>2.</p><p>Mecanismos de avaliação de desempenhos e de qualidade e</p><p>produtividade;</p><p>3. Autonomia às agências governamentais;</p><p>4. Descentralizar a política, apoiada no princípio do poder de decisão do</p><p>cidadão;</p><p>5. Realizar planejamento estratégico;</p><p>6. Flexibilizar as regras do Direito Administrativo;</p><p>7. Flexibilizar a política de pessoal, mantendo a profissionalização e</p><p>PÁGINA 34</p><p>carreira;</p><p>8. Motivar e valorizar a ética no serviço público;</p><p>9. Desenvolver habilidades gerenciais (produtividade, qualidade, inovação,</p><p>modernização do fluxo de decisões, entre outros).</p><p>2.2.1 Da Reforma Burocrática até a Gestão Pública Gerencial</p><p>Conforme Peixoto (2008) especificamente ao setor público as Reformas</p><p>Administrativas podem ser categorizados como:</p><p>1. A implementação da Burocracia (Vargas/DASP);</p><p>2. Regime autoritário/Decreto-lei nº 200;</p><p>3. Gerencial (incompleta-crise do Estado FHC/MARE);</p><p>4. Governança, destinada a dar mais eficiência ao Estado, garantias de</p><p>direitos aos cidadãos e aperfeiçoamento dos mecanismos de processo</p><p>decisório das políticas públicas.</p><p>Para Matias-Pereira (2010), constata-se que ocorreram duas reformas</p><p>administrativas significativas: a reforma burocrática e a reforma da gestão</p><p>pública:</p><p>● Reforma burocrática - início na segunda metade do século XIX, referindo-</p><p>se à transição do Estado Patrimonial para Estado Burocrático</p><p>(Weberiano);</p><p>● Reforma da gestão pública - transição do Estado Burocrático para o</p><p>Estado Gerencial.</p><p>2.3 MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>A partir do surgimento do Estado Moderno, existem na trajetória da</p><p>Administração Pública três formas de atuação: a Administração Pública</p><p>Patrimonialista, a Administração Pública Burocrática e a Administração Pública</p><p>Gerencial.</p><p>Conforme Peixoto (2008, p. 13), tanto em 1930, como em 1960-64, “buscou-se</p><p>modernizar a Administração Pública por meio do modelo Burocrático”, porém</p><p>em 1995 a proposta foi para o aparato do Estado provedor para regulador e</p><p>com ênfase na mudança do modelo burocrático para o modelo gerencial.</p><p>Uma síntese desses modelos é apresentada a seguir (CHIAVENATO, 2006;</p><p>PEIXOTO, 2008; MATIAS-PEREIRA, 2010; COSTIN, 2010):</p><p>PÁGINA 35</p><p>2.3.1 Patrimonialista</p><p>As reformas não ocorreram de forma impositiva ou autoritária, mas por</p><p>questões de necessidade na maneira de gerir o Estado como sistema</p><p>político. Na vigência do Estado Absoluto, ou seja, no tempo dos monarcas,</p><p>a Administração poderia ser Patrimonial, pois não havia necessidade de</p><p>separação entre seu patrimônio e patrimônio público. No entanto, no Estado</p><p>Liberal, essa mudança foi necessária, uma vez que era nítida a separação</p><p>entre o patrimônio dos governos e dos cidadãos – que ao pagarem seus</p><p>impostos, passam a exigir garantias das suas liberdades.</p><p>Na Administração Pública Patrimonialista, o aparelho do Estado atua como</p><p>uma extensão do poder do monarca. Os servidores possuem status de nobreza</p><p>e os cargos funcionam como recompensas, gerando o nepotismo, contribuindo</p><p>para a prática da corrupção e do controle do órgão público por parte dos</p><p>soberanos.</p><p>A Administração Patrimonialista é do Estado, mas não é pública, na medida</p><p>em que não visa ao interesse público. É a administração típica dos estados</p><p>pré-capitalistas, mas particularmente das monarquias absolutistas que</p><p>antecederam imediatamente o capitalismo e a democracia.</p><p>É a administração que confunde o patrimônio privado do príncipe com o</p><p>patrimônio Público. Sobrevive nos regimes democráticos imperfeitos por meio</p><p>do clientelismo.</p><p>2.3.2 Burocrática</p><p>Nasce na segunda metade do século XIX, e tem como objetivo principal o</p><p>combate à corrupção e ao nepotismo patrimonialista. A administração pública</p><p>burocrática foi adotada para substituir a administração patrimonialista, que</p><p>definiu as monarquias absolutas, na qual o patrimônio público e o privado eram</p><p>confundidos.</p><p>Nesse tipo de administração, o Estado era entendido como</p><p>propriedade do rei. O nepotismo e o empreguismo, senão</p><p>a corrupção era a norma. Esse tipo de administração</p><p>revelar-se-á incompatível com o capitalismo industrial e</p><p>as democracias parlamentares, que surgem no século XIX</p><p>(BRESSER-PEREIRA, 1996, p.4).</p><p>A Administração Pública Burocrática é aquela baseada em um serviço civil</p><p>profissional, na dominação racional-legal weberiana e no universalismo dos</p><p>procedimentos, expresso em normas rígidas de procedimentos administrativos.</p><p>PÁGINA 36</p><p>Suas principais características estão relacionadas ao desenvolvimento,</p><p>profissionalização, ideia de carreira pública, hierarquia funcional,</p><p>impessoalidade, formalismo – legalidade ou poder legal, com a finalidade única</p><p>de acabar com o nepotismo e a corrupção. Diante desse contexto, torna-se</p><p>necessário um controle rígido dos processos e ingresso na carreira pública,</p><p>com regras claras na admissão.</p><p>Da mesma forma, o controle se estende às compras, visando evitar abusos,</p><p>ineficiência e incapacidade. Com o tempo, as regras passaram a sobrepor os</p><p>interesses da sociedade, tornando-se inadequada sob o ponto de vista dos</p><p>interesses da sociedade. O modelo foi bom por muito tempo quando o Estado</p><p>era menor. Apoiava-se em normas rígidas, o que não exigia um sistema</p><p>descentralizado de gestão, afinal, conseguia executar seus serviços.</p><p>Entretanto, quando o Estado passa a ser democrático e tem como</p><p>responsabilidade gerar o bem comum, por meio do atendimento adequado</p><p>às necessidades cada vez mais crescentes da população, ocorre ampliação</p><p>de suas funções nos campos socioeconômico e político, de forma que o</p><p>aumento dessas pressões e a incapacidade do Estado Burocrático de atender</p><p>de maneira satisfatória culminam na reforma da gestão pública – o Estado</p><p>Gerencial.</p><p>2.3.3. Administração Pública Gerencial</p><p>Redefinido seu papel, o Estado deixa de ser o responsável direto pelo</p><p>desenvolvimento econômico e social pela via de produção de bens e serviços</p><p>para se adequar ao novo papel, o gerencial. Dá-se início a transferência para o</p><p>setor privado de atividades que podem ser controladas pelo Mercado.</p><p>Dessa forma, a questão da transparência passa a ter um lugar de destaque,</p><p>uma vez que a corrupção age como um enfraquecimento da democracia, da</p><p>confiança no Estado, da legitimidade dos governos e da moral pública.</p><p>De acordo com Matias-Pereira (2010, p.117):</p><p>É oportuno ressaltar que grande parte das reformas de</p><p>segunda e terceira geração no Brasil depende da criação</p><p>de novas instituições, de mudanças constitucionais ou</p><p>de alterações profundas no sistema administrativo.</p><p>Como essas mudanças afetam grandes interesses</p><p>políticos e econômicos, fica evidenciado que os</p><p>próximos governos devem continuar priorizando as</p><p>reformas que o país ainda necessita promover. É preciso</p><p>incluir também na agenda política a criação de um</p><p>consistente programa nacional de combate à corrupção,</p><p>que possa garantir, de maneira</p><p>PÁGINA 37</p><p>REFLITA</p><p>eficiente, eficaz e efetiva, a transparência e a ética na</p><p>Administração Pública.</p><p>A forma de atuação apresentada no contexto público tem sido a</p><p>descentralizada e baseada no controle por resultados. O Estado tem</p><p>terceirizado para empresas inúmeros tipos de serviços e para entidades</p><p>públicas estatais (organizações sociais) boa parte dos serviços sociais e</p><p>científicos. Além dessas mudanças, o que sugere elevar o nível de eficiência</p><p>do Estado Democrático, verifica-se a presença de cada vez maior número de</p><p>agências reguladoras.</p><p>A ênfase dessa evolução conforme Costin (2010) por meio de sistemas de</p><p>gestão e controle, agora pautados em resultados, maior autonomia gerencial</p><p>do administrador público, avaliação de efeitos/produtos e resultados das</p><p>políticas e serviços públicos, estrutura de poder menos centralizadas ou</p><p>hierárquicas, permitindo a prestação de serviços e participação dos usuários,</p><p>contratualizações, incentivos de desempenho, criação de novas figuras</p><p>institucionais que se traduzem em parcerias com a Administração Pública como</p><p>as PPPs e as Organizações Sociais.</p><p>De acordo com Matias-Pereira (2010), o surgimento da Administração Pública</p><p>Gerencial vir de</p><p>ao encontro à necessidade do desenvolvimento tecnológico,</p><p>da abertura e expansão dos mercados e, da globalização da economia</p><p>mundial. Essa reforma não deve ser visto vista como um rompimento dos</p><p>princípios anteriores, mas de uma maior flexibilidade no processo para</p><p>melhorar o seu desempenho, na qual prevalecendo sempre o interesse do</p><p>público e, sendo o cidadão, como ao mesmo tempo, um contribuinte de</p><p>impostos, um cliente dos serviços oferecido pelo Estado.</p><p>Os indivíduos, o povo, a população, ou seja, a sociedade civil deve ser tratada</p><p>como cliente ou cidadão?</p><p>PÁGINA 38</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Prezado estudante, esta unidade foi muito importante e esclarecedora, pois</p><p>trouxe a tona diversas características e concepções históricas que remetem a</p><p>construção e evolução da Administração Pública. Para tanto, primeiramente foi</p><p>apresentado a você, mesmo que de forma breve e sucinta a história do Brasil</p><p>que vem desde o patrimonialismo, passando pelas colônias e províncias, as</p><p>reformas constitucionais e estruturais até a Administração Pública.</p><p>Assim inicialmente, traçou-se um breve histórico destacando a evolução</p><p>histórica Brasileira em momentos importantes como a Administração</p><p>Colonial, o Brasil como sede do Império português e a República Velha e</p><p>o primeiro e segundo reinado. A época do Varguismo (década de 30), o</p><p>desenvolvimentismo, início da reforma, o regime militar, estatismo e a reforma</p><p>de 67, bem como a reforma de 1995.</p><p>Para compreender as principais reformas e alguns pontos principais desta</p><p>trajetória histórica e foram apresentadas as principais reformas constitucionais</p><p>e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro, começando com a Constituição e</p><p>1891 até o decreto Lei 200 de 1967 e a instauração da Nova República.</p><p>Vários destaques importantes da nossa história político e estrutural foram</p><p>descritos, em sua maioria com ênfase na forma de administração pública,</p><p>que é o nosso foco de interesse. Isto foi fundamental para compreender a</p><p>necessidade das reformas e implantação dos modelos de Administração.</p><p>Para tanto, foram categorizadas as reformas administrativas das quais</p><p>constatamos que a implementação da burocracia e do gerencialismo surgem</p><p>como alternativas para melhorar a eficiência e efetividade dos serviços</p><p>públicos. Neste sentido, e não se esgotando aqui, este importante assunto,</p><p>a Administração Pública busca melhorar o seu desempenho e oferecer um</p><p>melhor serviço ao cidadão e ao cliente.</p><p>PÁGINA 39</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Bresser Pereira e a Reforma Gerencial do Estado em Entrevista Realizada em</p><p>23/03/2016, em São Paulo</p><p>Pergunta: Entre a administração pública gerencial e a democracia, ou seja,</p><p>como essas duas coisas se relacionam?</p><p>[BP]: Acho que países democráticos são necessariamente países que têm</p><p>um sistema, um amplo sistema de serviços universais. E quando você tem</p><p>tudo isso, precisa ter uma administração gerencial. O Estado Absoluto, a ele</p><p>corresponde uma administração pública patrimonialista. A um Estado Liberal,</p><p>século XIX, corresponde uma administração burocrática ou weberiana,</p><p>e a um Estado Social e Democrático, democrático e social, corresponde,</p><p>necessariamente, uma gerencial. Não pode ser outra. Estão casados. Há</p><p>aqueles que começam a dizer: “não, porque precisa ter uma terceira forma</p><p>mais social ainda”. Isso é brincadeira. Claro que terá governos diferentes.</p><p>Agora mesmo tenho aqui uma administração gerencial e essa administração</p><p>está na Inglaterra, por exemplo, em uma certa época na mão do Brown e,</p><p>em outra época, está na mão do Cameron. Quer dizer, está no partido social</p><p>democrata e no partido conservador. Então muda um pouco por causa disso,</p><p>é inevitável. Uma vai ser mais conservadora que a Administração Pública e</p><p>Gestão Social, 9(3), jul.-set., 2017, 237-242 241 outra e os líderes vão tentar</p><p>empurrar para esse lado ou para aquele lado. Isso é normal, mas, para mim,</p><p>o que me parece absurdo é ficar discutindo. Acho que foi Christina Andrews</p><p>quem inventou um terceiro tipo. Dessa forma, têm-se a burocrática, a gerencial</p><p>e a social. Isso é ridículo. Isso aconteceu agora comigo também. É verdade</p><p>que eu nunca tinha juntado as duas coisas. Desde que eu saí do governo,</p><p>venho desenvolvendo todo um sistema teórico novo chamado de novo</p><p>desenvolvimentismo, que é uma alternativa ao desenvolvimentismo clássico</p><p>do Prebisch, do Celso Furtado, do Myrdal, dessas pessoas. Eu e um grupo,</p><p>que já está ficando maior, estamos desenvolvendo uma série de ideias. Aí</p><p>vem uns engraçadinhos e dizem: “não, em vez de novo desenvolvimentismo</p><p>nós propomos um desenvolvimentismo social ou social desenvolvimentismo”.</p><p>Porém, dizem isso sem nenhuma teoria. Eu tenho todo um sistema, eles só</p><p>têm uma coisa. Então, dentro do novo desenvolvimentismo conforme você</p><p>for mais conservador ou mais progressista, e conforme forem as relações de</p><p>poder que há, você fará mais uma coisa ou outra, mas você tem uma teoria.</p><p>E a mesma coisa vale para uma teoria que tenho de como é que se organiza</p><p>e administra o Estado: era a teoria burocrática, agora tem a teoria gerencial.</p><p>Essas administrações burocrática e gerencial podem ser feitas tanto por</p><p>um governo mais conservador ou por um partido mais progressista [...]. Isso</p><p>vai acontecer inevitavelmente, mas eu não posso criticar a administração</p><p>PÁGINA 40</p><p>gerencial dizendo que ela não é suficientemente social, ou o inverso, que não</p><p>é suficientemente conservadora. Isso é bobagem porque fica por conta dos</p><p>governantes no aqui e agora.</p><p>Extraído parcialmente de: http://www.bresserpereira.org.br/papers/</p><p>interviews/2017/17.06-BP-Reforma-gerencial-Estado-APGS.pdf</p><p>PÁGINA 41</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: INTRODUÇÃO À GESTÃO PÚBLICA</p><p>Autor: SANTOS, Clezio Saldanha. 2ª Ed. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2014. 384 p.</p><p>Sinopse: Este livro reúne conceitos, sobre o</p><p>processo administrativo e as grandes áreas</p><p>funcionais da gestão pública. A evolução da ciência</p><p>administrativa remeteu pesquisadores e professores</p><p>para o aprofundamento teórico desses temas em</p><p>várias áreas, contudo, para auxiliar a práxis da</p><p>gestão pública propõe-se aqui o conhecimento</p><p>dos marcos conceituais e de seus desbravadores</p><p>em uma publicação moderna. Acredita-se que a partir da leitura dessa obra,</p><p>confrontando os dados concretos da realidade das organizações públicas</p><p>brasileiras, contribui-se para o entendimento sobre as funções e intervenções</p><p>do Estado brasileiro. Enquanto cidadão ou servidor público, essas reflexões</p><p>contribuem cada vez mais para a evolução e transformações dos sistemas</p><p>administrativos públicos, assim como para a construção da cidadania brasileira.</p><p>PÁGINA 42</p><p>FILME</p><p>NA WEB</p><p>Título: JANGO</p><p>Data de lançamento: 1984; Duração: 1:54:46</p><p>Ator/Atriz: José Wilker; Realizador(a): Sílvio</p><p>Tendler; Produtores(as): Denize Goulart, Hélio Paulo</p><p>Ferraz, Coletivo de Artistas; Escritor(a): Maurício</p><p>Dias</p><p>Categoria: Documentário - Licença padrão do</p><p>YouTube; Disponível em: https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=SaU6pIBv9f4</p><p>Sinopse: Como, quando e porque se depõe um</p><p>presidente da República. Em 1984, a campanha</p><p>das “Diretas Já” mobilizou o Brasil: O povo,</p><p>personalidades artísticas e políticas em todo país exigiam democracia. Nessa</p><p>época, 2 obras expressam os anseios do povo brasileiro: O filme “Jango”,</p><p>de Sílvio Tendler, e uma das músicas de sua trilha sonora, “Coração de</p><p>Estudante”, de Wagner Tiso e Milton Nascimento, que se tornou o hino das</p><p>“Diretas Já”. “Jango” narrado por José Wilker, foca a trajetória de João Goulart</p><p>que, deposto pelo Golpe de 64, se tornou o único presidente brasileiro morto</p><p>em exílio. O filme visto por 1 milhão de pessoas ganhou vários prêmios e está</p><p>entre os documentários mais importantes do Brasil.</p><p>O Website de Bresser-Pereira oferece uma de escritos do autor na língua</p><p>portuguesa e inglesa além de diversas informações sobre a Política e a</p><p>Administração Pública Brasileira bem como de temas atuais mundiais.</p><p>Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>COSTIN, Claudia. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier,</p>

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