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2 1. Impactos Ambientais no Brasil 1972- General Costa Cavalcanti (representante brasileiro na Conferência de Estocolmo) disse: “ Um país que não alcançou o nível satisfatório mínimo para prover o essencial não está em condições de desviar recursos consideráveis para a proteção do meio ambiente”. Falta de liberdades democráticas e busca de um crescimento econômico acelerado (posição do regime militar); Sistema econômico internacional com igualdade dos padrões de modernização, produção industrial e consumo do mundo desenvolvido (posição brasileira); Proteção ambiental: Restrições aos objetivos da igualdade; Interferência da comunidade internacional nos negócios militares internos; Países centrais exigiam criação de mecanismos de proteção ambiental mas sem mudanças na ordem econômica mundial; Anos 70 (Brasil) – processo de industrialização e urbanização pós-2ª guerra, modernização e ocupação intensiva do espaço nacional: Colonização e expansão da fronteira agrícola para o centro-oeste e sul da Amazônia; Construção de grandes obras de infra-estrutura (rodovias, hidrelétricas, etc.); Projetos madeireiros e exploração mineral, agrícola e outros. Quatro séculos de exploração da faixa litorânea (destruição da maior parte da mata tropical atlântica e dos ambientes costeiros). Modelo de desenvolvimento (crise): Mecanismos de regulação da economia não conseguem reduzir a perda da produtividade; Esgotam-se as últimas reservas de socialização dos custos do desenvolvimento e da dominação política. Final do século XX – Processo de crise e reestruturação mundial está em novo regime de acumulação: Internacionalização da economia mundial; Novas formas de produção (revolução tecnológica, conhecimento científico e informação); Pobreza e concentração de renda (contradição não resolvida); Fim do crescimento econômico apoiado na dívida externa e na intervenção estatal; Pressões externas – limitação da soberania (narcotráfico e preservação ecológica). Consciência dos problemas sócio-ambientais no Brasil – processo de redemocratização e organização da sociedade: Crítica e alternativas; Novas alianças (indígenas e seringueiros com ambientalistas). 2. Definição e classificação dos Impactos Ambientais Os impactos ambientais podem ser diretos ou indiretos; podem ocorrer a curto ou a longo prazo; podem ser temporários ou permanentes; reversíveis ou irreversíveis; cumulativos ou sinérgicos; positivos ou negativos. 3 Impacto positivo: quando a ação ou atividade resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parâmetro ambiental. Como exemplo o aumento da produção agrícola em áreas irrigadas. Impacto negativo: quando a ação ou atividade resulta em um dano à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental. Como exemplo, a perda das matas, lagos e rios quando do enchimento do reservatório para fins hidrelétricos. Impacto direto: resultante de uma simples relação de causa e efeito. É a alteração que sofre um determinado componente ambiental, pela ação direta sobre esse componente. Tais impactos são geralmente mais fáceis de se identificar, descrever ou quantificar, posto que são os efeitos diretos de ações do projeto. O aumento da concentração de contaminantes, como CO, SO2 e material particulado na atmosfera, resultante da queima de combustíveis nos veículos automotores. Impacto indireto: Decorrente do impacto direto, seus efeitos correspondem aos efeitos indiretos das ações do projeto. Geralmente são mais difíceis de identificar e controlar. Um exemplo típico é o crescimento populacional decorrente do assentamento da população atraída pelo projeto, a qual demanda moradia, escola, serviços sanitários, transporte, etc..., que não se havia previsto e cuja falta gera sérios conflitos sociais. Impacto de curto prazo: Quando o efeito ou a modificação do parâmetro ambiental surge logo após a ação, podendo até desaparecer em seguida. Como exemplo, o aumento do ruído no ambiente quando são ligados determinados eletrodomésticos. Impacto de longo prazo: quando o efeito ou a modificação do parâmetro ambiental ocorre depois de um certo tempo de realizada a ação. A erosão e a conseqüente desertificação de solos submetidos a desmatamentos ou mesmo a projeto agrícolas mal orientados é um exemplo. Impacto reversível: quando o fator ou parâmetro ambiental afetado, retorna às suas condições originais, uma vez cessada a ação impactante. As moléstias decorrentes da construção de uma obra em cujo período se produziu poeira, ruído, aumento do tráfego no entorno, mas que desaparecem ou ficam reduzidas a níveis admissíveis uma vez acabada a construção. Impacto irreversível: quando uma vez cessada a ação impactante, o fator ambiental afetado não retorna às suas condições, em um prazo previsível. O assoreamento de corpos d’água, resultante do carreamento de materiais na atividade de mineração. Impacto temporário: Quando, uma vez executada a ação, a modificação do fator ambiental considerado, tem duração determinada. São exemplos os ruídos gerados na fase de construção de um empreendimento. Impacto permanente: quando, uma vez executada a ação, os efeitos não cessam de se manifestar num horizonte temporal conhecido. Retenção de sólidos em transporte nas barragens. 3. Avaliação de impacto ambiental 3.1. Origem e evolução da Avaliação de Impacto Ambiental. Alem dos trabalhos de planejamento, também foram criados diversos instrumentos legais, regulamentadores e normativos para a proteção do meio ambiente, fruto de uma maior conscientização para a problemática do esgotamento dos recursos naturais e da crescente poluição. Recentemente houve a incorporação de instrumentos preventivos de danos ambientais, como a avaliação de impacto ambiental. Esses instrumentos tem extrema importância, uma vez que a reparação dos danos ambientais causados por aços e empreendimentos e freqüentemente difícil, custosa e até impossível. A avaliação de impacto ambiental (AIA) tem como objetivo analisar as conseqüências ambientais prováveis de uma atividade humana no momento de sua proposição. Essas informações devem, portanto, ser levadas em consideração no processo decisório, juntamente com outras de caráter financeiro, técnico, legal e político. A finalidade é que tais ações respeitem o meio ambiente e todas as conseqüências ambientais negativas sejam determinadas desde o início do projeto e levadas em sua concepção. Dessa forma, pode-se melhorar o rendimento dos recursos naturais e minimizar ou compensar seus efeitos desfavoráveis. 4 A AIA tornou-se um importante elemento do direito ambiental internacional. O princípio 17 da Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), estabelece que os países devem adotar esse instrumento para qualquer atividade que cause significativo impacto ambiental. Adota-se aqui a concepção de avaliação de impacto ambiental como o processo mais amplo que inclui o Estudo de Impacto Ambiental (EIA); Relatório Ambiental Preliminar (RAP); Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV); Relatório de Impacto de Vizinhança (RiVi) e Análise de Risco. O EIA é um documento em que as informações da avaliação ambiental estão consubstanciadas, que apresenta e discute os impactos considerados relevantes para o empreendimento em questão e propõe as medidas mitigadoras e um plano de monitoramento. 3.2. Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil No Brasil, a avaliação de impacto ambiental foi introduzida em 1980, pela Lei n°6803, que dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição. A lei passou a exigir um estudo prévio de impacto ambiental para a aprovação de zonas estritamente industriais (ZEI´S), destinadas à localização de pólos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos e instalações nucleares. Em 1981, com a aprovação da lei 6938, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, o estudo de impactoambiental passou a ser um instrumento da política nacional do meio ambiente. Em 1983, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) recebeu a competência de fixar os critérios para os exigidos estudos de impacto ambiental. 3.3. Realização de um estudo de impacto ambiental. A equipe multidisciplinar, ao realizar um estudo de impacto ambiental, deve, necessariamente, passar por algumas etapas que farão parte do conteúdo final do documento. São elas: a) descrição do projeto; b) descrição do meio ambiente na área de influência do projeto; c) determinação e avaliação de impactos; d) proposição de medidas preventivas, mitigadoras, compensatórias e potencializadoras; e e) plano de monitoramento. 3.3.1.PRINCIPAIS TÉCNICAS DE APOIO À REALIZAÇÃO DE ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL: As técnicas são instrumentos de apoio à realização de estudos de impacto ambiental, cuja utilização deve estar sempre inserida no corpo do método adotado no estudo. Podem ser aplicadas para: ordenar (p.ex., checklists); agregar (p.ex. matrizes, diagramas); quantificar (p.ex., modelos de simulação, análise multi-critérios); representar graficamente (p.ex., overlays, matrizes, diagramas) informações geradas nos estudos. Essas técnicas são importantes para tornar transparentes as informações utilizadas e para facilitar a compreensão dos procedimentos utilizados nos estudos. A representação gráfica, em especial, tem importância fundamental para o RIMA, por se tratar de documento necessariamente de fácil compreensão pelo público. A incorporação do conhecimento técnico-científico à avaliação de impacto ambiental exige a utilização de técnicas e modelos específicos de análise da vulnerabilidade/sensibilidade de cada fator natural (solo/subsolo, clima/atmosfera, águas superficiais, águas subterrâneas, biótopo, etc.) e do potencial de danos representado por cada atividade humana. Um levantamento inicial desse conhecimento, incluindo técnicas e modelos, foi realizado pelo IBAMA, na primeira fase do Projeto “Tecnologias de Gestão Ambiental” como subsídio a este documento. Algumas das técnicas de apoio mais utilizadas são descritas a seguir. 5 a) LISTA DE CHECAGEM OU “CHECKLIST”: A Lista de checagem é uma simples listagem dos indicadores do meio natural e do meio antrópico utilizados na análise dos efeitos do projeto, plano ou programa e de suas alternativas locacionais e tecnológicas. Serve de guia para o levantamento dos dados e informações necessários ao estudo, podendo ser acompanhada ou não de uma caracterização de cada indicador listado (base científica de sua escolha e relação com os demais indicadores). Essa caracterização, quando realizada com base no conceito de impacto ambiental adotado na Resolução CONAMA 001/86 e no conhecimento técnico-científico disponível, confere a necessária transparência à etapa posterior de hierarquização e avaliação dos indicadores, segundo o seu grau de significância. b) MATRIZ DE INTERAÇÃO: A matriz de interação é uma forma de organização de informações, que permite a visualização, em uma mesma estrutura, das relações entre indicadores relativos ao meio natural e indicadores relativos ao meio antrópico. As matrizes podem ser simples ou complexas, dependendo da quantidade de informações com que se trabalha. A utilização da matriz de interação é limitada por não permitir a representação de efeitos em cadeia. A Matriz de Leopold tem sido uma das mais utilizadas nos EIA/RIMA realizados no Brasil, sendo freqüentemente tomada como um método de elaboração de estudos. Trata-se de uma matriz bidimensional simples que contém, na sua concepção original, uma centena de ações relativas ao empreendimento8 e oitenta e oito características e condições ambientais9. Cada célula da Matriz mostra a relação entre uma ação do empreendimento e uma característica ou condição ambiental, qualificando a magnitude e a significância dos impactos dela resultantes em uma escala de “1” a “10”. A magnitude é colocada no canto superior esquerdo de cada célula e, a significância, no canto inferior direito. O uso da escala ordinal ( de “1” a “10”) implica simplificação e perda de informação quando se agregam efeitos combinados. Muitos efeitos ambientais são passíveis de quantificação, através de modelos e técnicas específicas. A Matriz de Leopold tem sido empregada em estudos de impacto ambiental sem uma preocupação em se justificar, técnica e cientificamente, a escolha das ações e características ambientais, bem como os critérios utilizados para definir a escala de qualificação. c) REDES DE INTERAÇÃO (NETWORKS): As Redes de interação são construídas para identificar a totalidade das conexões entre vários efeitos ambientais que podem resultar das intervenções humanas (como causas). Através de esquemas ou de equações matemáticas, podem ser mostrados os efeitos diretos e os efeitos seqüenciais (efeitos em cadeia) dessas intervenções. O grande problema na sua aplicação é que o conhecimento científico disponível ainda não permite identificar e descrever com precisão todas as características naturais do meio e suas interrelações. Um enfoque utilizando redes de interação foi desenvolvido por Sorensen, em 1971, para analisar diversos tipos de uso do solo em regiões costeiras. Os efeitos ambientais de determinada intervenção são obtidos através da identificação das condições iniciais do meio (p.ex., aumento da superfície de escoamento de águas pluviais), das conseqüências das ações (p.ex., enchentes) e dos seus efeitos (p.ex., sulcos e erosões), bem como das ações corretivas (p.ex., reposição da cobertura vegetal) e dos mecanismos de controle (p.ex.,construção de redes de drenagem) a serem implementados. d) “OVERLAY” (SUPERPOSIÇÃO DE DADOS GRÁFICOS): Trata-se de um recurso que permite a superposição de dados gráficos, através do uso de papel transparente ou translúcido sobre um mapa ou fotografia, com o objetivo de realçar detalhes que requeiram ênfase especial. Esse recurso é utilizado intensamente por McHarg em planejamento espacial. Os dados significativos sobre os principais fatores ambientais (clima, geologia, fisiografia, hidrologia, pedologia, vegetação, vida silvestre, uso do solo), previamente analisados e ordenados 6 de acordo com o seu valor para o desenvolvimento das atividades previstas, são registrados em mapas transparentes, com diferentes graus de sombreamento. As áreas mais escuras indicam os fatores mais favoráveis para cada atividade planejada, e as áreas sem sombreamento, as menos favoráveis (p.ex., as áreas mais escuras podem indicar os solos com menor probabilidade de erosão, e as mais claras, as de maior probabilidade, sendo as primeiras mais adequadas para usos residencial, comercial e industrial). Para cada conjunto de áreas sombreadas, de acordo com o seu grau, é feita uma interpretação de sua aptidão de uso (conservação; recreação passiva; recreação ativa; uso residencial; usos comercial e industrial). A confecção dos mapas transparentes é precedida de uma série de estudos, feitos a partir de uma extensa coleta de dados e com o uso de uma série de instrumentos auxiliares de análise. Essa técnica, como utilizada por McHARG, requer ainda a preparação de uma grande quantidade de mapas. Uma alternativa aos mapas transparentes são os mapas computadorizados, que possibilitam maior flexibilidade e rapidez na análise de cenários alternativos, através da superposição e interação dos fatores ambientais. 3.4. Avaliação de Impactos ambientais em áreas urbanas. O ambiente urbano é considerado como bastante alterado em relação ao ambiente natural e muito complexo, tornando difícil e complicado a identificação de impactos ambientais aí inserido. O conceito de qualidade ambiental no meio urbanizado também incorpora uma multiplicidade de fatores, vários deles de ordem bastante subjetiva, o que adiciona variáveis novas aos estudos de impacto ambiental. É preciso registrar, ainda, a preponderância de impactossocioeconômicos no espaço construído das cidades. Dentre os aspectos a serem levados em consideração no meio urbano estão aqueles de ordem espacial, como espaços vegetados, tranqüilidade, acessibilidade, desenho urbano, referências e marcos, uso e ocupação do solo; de ordem biológica, como saúde física e mental, segurança; de ordem social, como organização comunitária, realização pessoal, contatos, atividades de lazer e recreação, realização profissional, acesso e opções de moradia, de trabalho, de serviços urbanos; de ordem econômica, como oportunidades de emprego, de trabalho e de negócios, produtividade, diversidade. Portanto, os estudos de impacto ambiental de projetos urbanos têm apresentado peculiaridades e particularidades, dependendo do projeto e da equipe elaboradora. Em junho de 2001, o Senado brasileiro aprovou o Estatuto da Cidade, que estabelece uma Política Urbana, trazendo novas regras de uso do solo. Além disso, estabelece a obrigatoriedade do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), para a construção, ampliação ou funcionamento de templos religiosos e casas de shows. O Estudo de Impacto Ambiental em área urbana deve obedecer os mesmos requisitos estabelecidos pelas resoluções CONAMA.
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