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<p>INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA</p><p>RELIGIÃO</p><p>AULA 2</p><p>Profª Zita Ana Lago Rodrigues</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Esta aula tratará de aproximações e diferenças entre as Ciências da</p><p>Religião e a Teologia e suas especificidades como disciplinas acadêmicas</p><p>autônomas, em seus aspectos históricos, socioculturais e religiosos. Os temas a</p><p>serem enfocados voltam-se à:</p><p>• Tema 1 – Ciências, Ciências da Religião e Teologia: aproximações e</p><p>diferenças;</p><p>• Tema 2 – Ciências da Religião e Teologia: conceituação histórica;</p><p>• Tema 3 – Ciências da Religião e a Teologia: contributos e possibilidades;</p><p>• Tema 4 – Ciências da Religião e Teologia como fatores de formação da</p><p>cidadania;</p><p>• Tema 5 – Ciências da Religião e Teologia: suas possibilidades educativas.</p><p>Com isso, objetivamos reconhecer a importância das Ciências da Religião</p><p>em suas aproximações, diferenças e especificidades com a Teologia e em suas</p><p>possibilidades de ações educativas no âmbito religioso e doutrinal.</p><p>TEMA 1 – CIÊNCIAS, CIÊNCIAS DA RELIGIÃO E TEOLOGIA: APROXIMAÇÕES</p><p>E DIFERENÇAS</p><p>A importância dos estudos sobre as Ciências da Religião em suas</p><p>aproximações e diferenças com a Teologia, em seus objetos e campos de</p><p>atuação, se revela em imbricadas possibilidades educativas como fatores de</p><p>relevância para a formação de profissionais que vão atuar na educação,</p><p>voltando-se para essa área do conhecimento específico e suas possibilidades</p><p>de aprimorá-las com a educação para o exercício da cidadania.</p><p>É interessante que essas premissas teóricas e históricas da temática em</p><p>tela sejam entendidas em seus objeto e campo de estudos próprios no amplo</p><p>universo cultural que as caracterizam e, concomitantemente, as tornam</p><p>passíveis e conscientes de seus próprios limites e possibilidades.</p><p>Ciência, Religião e Teologia têm conceitos históricos e, como propõe</p><p>Harrison (2017, p. 22-23): “se ciência e religião estão em conflito, se são</p><p>entidades independentes, se estão em diálogos ou são integrados, isto será</p><p>determinado conforme definem as fronteiras e limites dados pelos seus</p><p>constructos teóricos.”</p><p>3</p><p>No desenvolvimento conceitual e prático das ciências e da religião, ocorre</p><p>entrecruzamentos teóricos e muitos estudiosos destacam “os conflitos</p><p>existentes” considerando que, pela complexidade das expressões doutrinais e</p><p>crenças às quais se voltam, é espaço sensível, porém não impossível para se</p><p>dedicar cientificamente, de forma específica e pura sobre os diversos âmbitos</p><p>relacionados aos seus estudos e pesquisas. Entendemos que essa</p><p>complexidade e sensibilidade não tornam impossível a realização de estudos</p><p>avançados para tratar dessa complexidade com base em possibilidades mais</p><p>atuais e voltadas a uma educação que não seja doutrinária e impositiva.</p><p>Os contextos atuais necessitam sim das Ciências Exatas e Naturais, pois</p><p>são fundamentais para oportunizar melhores compreensões sobre os fatos e</p><p>fenômenos do cotidiano vivencial. Porém, as críticas às certezas dos paradigmas</p><p>científicos dominantes, das ciências da verdade absoluta, abrem-se para outros</p><p>entendimentos sobre esses fatos e fenômenos, em sua ampla gama de</p><p>contextualizações.</p><p>A necessidade de aberturas epistemológicas, conforme proposto por</p><p>estudiosos e pensadores dos tempos modernos e pós-modernos, como Mário</p><p>Bunge (1979), Thomas Kuhn (1977), Ilia Prigogine (1980), Fritjof Capra (1922),</p><p>Humberto Maturana e Francisco Varella (1973; 1975), entre outros, relacionam</p><p>os constructos científicos clássicos a lados mais humanos e flexíveis que</p><p>aproximam premissas das ciências clássicas a estudos mais reflexivos e</p><p>adequados aos relatos e tempos distópicos1 que vivemos nesse contexto</p><p>contemporâneo, no qual os diálogos, a participação, trocas e interações entre os</p><p>saberes são fundamentais e necessários.</p><p>1 Tempos e relações distópicas: distopia é um conceito filosófico usado na literatura e na arte</p><p>cinematográfica por meio de obras de impacto (1984, A revolução dos bichos, Laranja mecânica,</p><p>Matrix, Farenheit 451, entre outras) que retratam visões de mundo opostas àquela apresentada</p><p>por Thomas Morus (1478-1535), diplomata e filósofo inglês que, na obra Utopia, descreve uma</p><p>sociedade ideal – utópica, portanto – regida pela lei, harmonia, organização e ordem hierárquica;</p><p>inclusive, pela religião, é capaz de superar males de governos monárquicos do período. Os</p><p>relatos sobre os tempos distópicos surgem ao final do século XX como descrença na visão da</p><p>utopia, desvelando decepções com a sociedade industrial e tecnológica e seus conflitos</p><p>geopolíticos, guerras e destruição causadas pela bomba atômica, ao final da Segunda Grande</p><p>Guerra. Relatos distópicos se relacionam às profundas críticas aos lugares seguros dessa</p><p>sociedade dita “normal”. É o termo usado por John Stuart Mill, desde o século XIX e, mais</p><p>recentemente, surge em diversas linguagens para apresentar uma severa crítica às proposições</p><p>da massificação social e tecnológica da sociedade globalizada. O sufixo dis se relaciona a algo</p><p>ruim, difícil, complicado, ou que ainda não existe, portanto, retira os sujeitos de seus lugares</p><p>seguros e confortáveis descritos por Morus, e revela a inversão de valores que a sociedade</p><p>industrial implantou afirmando que o progresso técnico e, posteriormente tecnológico, aliviaria os</p><p>trabalhadores de esforços desnecessários. Pura distopia.</p><p>4</p><p>Assim, embora com dificuldades, temos alguns estudos e pesquisas</p><p>sólidas e consistentes no contemporâneo que acreditam na “harmonia entre as</p><p>ciências”, com possibilidades de entendimento revelando a necessidade de</p><p>interfaces entre âmbitos científicos de outras naturezas, como define Santos em</p><p>Um discurso sobre as ciências (2005, p. 61-88), ao dizer que: “todo o</p><p>conhecimento científico-natural é também conhecimento científico-social. […] é</p><p>local e total. […] é autoconhecimento […], visando constituir-se em senso-</p><p>comum.”</p><p>Santos (2005) complementa ao considerar que, apesar da autonomia das</p><p>ciências e das descrenças no conhecimento científico vigente durante muito</p><p>tempo nos constructos da sociedade contemporânea:</p><p>[…] constituíram a ideologia espontânea dos cientistas, estas</p><p>colapsaram perante o fenômeno global da industrialização da ciência</p><p>a partir sobretudo das décadas de trinta e quarenta. Tanto nas</p><p>sociedades capitalistas como nas sociedades socialistas do leste</p><p>europeu, a industrialização da ciência acarretou compromissos desta</p><p>com centros de poder econômico, social e político, os quais passaram</p><p>a ter papel decisivo na definição das prioridades científicas. (Santos,</p><p>2005, p. 56-57)</p><p>Fator interessante a se considerar é que, apesar de seu rigor</p><p>metodológico com seu objeto específico em cada campo do saber, a ciência</p><p>refere-se a condições não contemplativas, o que de alguma forma a aproxima</p><p>dos estudos teológicos sobre as religiões concretas em seu rigor de</p><p>entendimento. Entretanto, apesar dos entendimentos mais contemporâneos dos</p><p>estudos religiosos, sobre os quais se debruçam as Ciências da Religião e em</p><p>que, não raro, a atitude religiosa se apresenta com relação “ao sagrado e seus</p><p>modos de manifestação nas diferentes culturas e religiões de forma não</p><p>contemplativa”, isso não desmerece sua cientificidade e rigor em suas premissas</p><p>epistêmicas.</p><p>Ressaltamos que o objeto da ciência restringe-se ao que é observável, ao</p><p>que é passível de interpretação de sentidos e significados e que, por isso, seja</p><p>comunicável pela linguagem, mas que também é permeada por vias</p><p>especulativas em suas diferentes expressões, são “fundadas em sinais de um</p><p>paradigma atual que emite, mas ainda não determina ‘a verdade’, pois sempre</p><p>haverá pontos de divergência e convergências frutíferas, onde as especulações</p><p>criativas fazem fluir o pensar científico” (Santos, 2005, p. 59).</p><p>Buscamos, no mesmo autor, por sua forma brilhante de expressar-se</p><p>sobre as ciências, a afirmação relevante que bem exprime essa relação</p><p>5</p><p>desestruturante dos conceitos definidores que sustentaram as Ciências Naturais</p><p>e Exatas durante séculos. Assim ele se expressa, ao afirmar que:</p><p>Eu falarei, por agora, do paradigma de um conhecimento prudente para</p><p>uma vida decente. Com esta designação quero significar que a</p><p>natureza da revolução científica que atravessamos [no</p><p>contemporâneo] é estruturalmente diferente da que ocorreu no século</p><p>XVI. Sendo uma revolução científica que ocorre em uma sociedade ela</p><p>própria revolucionada pela ciência, o paradigma a emergir dela não</p><p>pode ser apenas um paradigma científico (o paradigma do</p><p>conhecimento prudente), tem que ser também o paradigma social (o</p><p>paradigma de uma vida decente. (Santos, 2005, p. 69)</p><p>Essa definição sobre um paradigma social e científico revela que a</p><p>superação das premissas mecanicistas e determinantes é possível e suas</p><p>estruturas são abaladas pelas premissas de um novo conceito de ciência, que</p><p>vem das Ciências Sociais e Humanas. É um paradigma aberto, flexível e</p><p>complexo, sem ser difícil, no qual se atribui importância crucial aos</p><p>comportamentos diversos do mundo humano, por intermédio de narrativas e</p><p>histórias de vida em posicionamentos multifacetários e polifônicos e em relações</p><p>dialogais com as demais ciências.</p><p>Abrem-se assim interessantes perspectivas para que se constituam</p><p>modelagens científicas e epistemológicas adequadas às Ciências da Religião,</p><p>com seus constructos oriundos dos multifacetários universos religiosos e de suas</p><p>diversas expressões doutrinais que se apresentam no contemporâneo, em suas</p><p>complexas e diversas premissas doutrinais e confessionais.</p><p>TEMA 2 – CIÊNCIAS DA RELIGIÃO E TEOLOGIA: CONCEITUAÇÃO HISTÓRICA</p><p>As Ciências da Religião se fundamentam em investigações empíricas</p><p>oriundas de sistematizações da História das Religiões, que percorrem milênios</p><p>e séculos. Em seu desenvolvimento, seja a história da civilização ocidental, seja</p><p>da oriental, cujas dimensões e contextos são característicos, desenrolam-se</p><p>situações de acordo com especificidades e crenças de cada sociedade e cultura,</p><p>com base em características essenciais.</p><p>Esse intenso e controverso período do desenvolvimento histórico de</p><p>religiões, doutrinas e crenças, definido com base na História das Religiões,</p><p>resulta na elaboração de mapeamentos e delineamentos periódicos que, em</p><p>muitas situações, se confundem com outros fatos da história dos povos e das</p><p>nações.</p><p>6</p><p>Esse desenrolar do processo histórico, cronológico e epistêmico das</p><p>Ciências da Religião necessitou do apoio de outras ciências, cujos aparatos e</p><p>dados já se haviam desenvolvido com maior rigor e veracidade metodológica. Ao</p><p>compor um constructo histórico dessas ciências doutrinais, suas relações</p><p>próximas com a Teologia – por seu estatuto mais consolidado como área de</p><p>conhecimento – se revelam em múltiplas facetas, sempre destacando que essa</p><p>aproximação não deverá ser confundida com o objeto, métodos e campos de</p><p>atuação da outra.</p><p>Conforme já evidenciado no item anterior, há dificuldades nessas</p><p>relações, que, em contrapartida, não devem tolher possibilidades de constituir</p><p>entendimentos adequados sobre esse percurso histórico, rico e fértil, que se</p><p>confunde com o próprio desenvolvimento histórico da humanidade. Esses</p><p>estudos se confundem, uma vez que, desde os primórdios mais longevos, os</p><p>seres humanos tiveram diferentes crenças, princípios e formas de explicar os</p><p>fenômenos da natureza, da vida e da organização da sociedade e, por</p><p>consequência, de explicar seu entendimento sobre as relações entre os</p><p>humanos e o sagrado.</p><p>Com sua vertente oriunda da História da Religião, as Ciências da Religião</p><p>exigem que não somente se interprete o fato religioso de diferentes povos, mas</p><p>que este seja conhecido em seus vieses e relações com os fazeres e os viveres</p><p>de cada povo e de cada cultura, descrevendo-os, analisando-os e comparando-</p><p>os entre si e com outros modos de expressar esses mesmos fatos.</p><p>O objetivo primordial das Ciências da Religião é bastante denso, porém a</p><p>complexidade, a diversidade e a amplitude das premissas doutrinais e religiosas</p><p>sob as influências da cultura e da história dos povos das mais remotas regiões</p><p>do planeta por si só demonstram que existe sim a condição epistemológica e</p><p>acadêmica para se estabelecer o objeto e o campo de estudos dessas ciências,</p><p>lembrando que esse olhar que a caracteriza como ciência perpassa pela</p><p>diferença do olhar teológico sobre a religião.</p><p>Por sua vez, a teologia ocidental tem uma longa história embasada nas</p><p>escrituras da religiosidade judaico-cristã e na racionalidade filosófica grega,</p><p>revelada pela influência da ação dos padres da igreja – latinos e gregos – que</p><p>estão presentes até hoje nos constructos teóricos, na literatura, na arte, na</p><p>organização política e na base econômica, com diferentes decorrências sobre as</p><p>bases culturais e religiosas dos diversos povos e diferentes períodos históricos.</p><p>7</p><p>Conforme propõe Greschat (2005), é imprescindível que sejamos capazes</p><p>de sair dos âmbitos costumeiros, não raro tendenciosos, e assim observar de</p><p>longe as ocorrências e suas consequências quando se analisam as relações</p><p>entre as Ciências da Religião e a Teologia, pois somente assim esse fazer</p><p>interpretativo, analítico e comparativo possibilitará que se possa: “[…] ver, ouvir,</p><p>cheirar, tocar e saborear […] a totalidade de uma religião alheia” (Greschat,</p><p>2005, p. 91). E, anuncia ainda Greschat (2005, p. 163-64), que: “[…] uma futura</p><p>ciência da religião não deverá padecer da falta de pesquisadores criativos”.</p><p>É importante sabermos que a Teologia advém de crenças e princípios com</p><p>marcas na mitologia, na cultura e nas relações políticas e, desde seus primeiros</p><p>conceitos, influencia e é influenciada por essas condições de cada espaço-</p><p>tempo histórico.</p><p>Referindo-se aos estudos intelectuais sobre premissas doutrinais e</p><p>práticas de determinada religião como estudo de Deus e de seus constructos</p><p>específicos sobre o sagrado, vincula-se às questões religiosas mais vigentes em</p><p>sua realidade contextual.</p><p>O magistério teológico católico se envolve em extrema prudência ao tratar</p><p>das mudanças conceituais e de suas visões de mundo, mesmo após o Concílio</p><p>Vaticano II (1962), que se denota como garantidor de maior flexibilidade nos</p><p>diálogos e interdiálogos com outras culturas e confissões doutrinais, no que se</p><p>denominou de ecumenismo religioso.</p><p>Esse cuidado desvela a sensibilidade da temática ao romper com a</p><p>historicidade religiosa tradicional e apresentar outras cosmovisões do fato</p><p>religioso em acordo com as diversidades culturais dos povos e das gentes ao</p><p>apresentar dimensões diversas do fenômeno religioso concreto – objeto das</p><p>Ciências da Religião.</p><p>Pelo exposto, percebemos que analisar as relações entre Ciências da</p><p>Religião e Teologia, em sua conceituação histórica, é um tema altamente</p><p>desafiador e complexo, com limites tênues e imbricados, não raro quando se</p><p>torna tema público de estudos e debates acalorados de estudiosos e</p><p>pesquisadores acadêmicos contemporâneos de ambas as condições</p><p>epistêmicas que, embora atraentes, se revelam conflituosas, heterogêneas e</p><p>8</p><p>diferenciadas em suas finalidades e objetivos diversos, animados por finalidades</p><p>opostas que desvelam suas relações idiossincráticas2.</p><p>TEMA 3 – CIÊNCIAS DA RELIGIÃO E TEOLOGIA: CONTRIBUTOS E</p><p>POSSIBILIDADES</p><p>O aparente afastamento entre Ciências da Religião e Teologia não</p><p>apresenta a ciência como fator desrespeitoso com o sagrado, apenas que esse</p><p>tema não se constitui em seu objeto de estudos.</p><p>Atitudes secularizadas em relação ao sagrado e suas manifestações</p><p>tornam-se mais evidentes em meados do séc. XX, como reflexo da barbárie das</p><p>duas Grandes Guerras mundiais, colocando a humanidade diante de sua finitude</p><p>e da capacidade existencial destruidora de sua condição “não humana”.</p><p>Zanini, em “Religião e Ciência: o caminho para uma aliança</p><p>ética” (2019),</p><p>afirma que o estudo sobre diferenças e aproximações entre Ciências da Religião</p><p>e Teologia exige que se construa uma espécie de “aliança ética entre seus fins</p><p>e seus meios” para que seja possível, por meio desses estudos, contribuir na</p><p>construção de sociedades mais justas.</p><p>Afirma ainda o autor que, no atual cenário multiverso, complexo e</p><p>multifacetário, é de primordial importância entendermos os contributos e as</p><p>possibilidades que ambas apresentam para a formação de sujeitos mais</p><p>compreensivos e eticamente situados, ao exercer suas diversas confissões de</p><p>fé e ao seguir suas premissas desta ou daquela doutrina religiosa sem deturpar</p><p>suas especificidades e riquezas conceituais e doutrinais.</p><p>Embasados em autores que analisam essa temática relacional, como</p><p>Zanini (2019), Greschat (2005) e Sanchez (2010), entre outros, é necessário</p><p>consideramos aspectos presentes em qualquer um dos estudos efetivados sobre</p><p>essas áreas de conhecimento e a complexidade dessas relações, destacando-</p><p>se, entre eles:</p><p>2 Relações idiossincráticas vinculam-se ao conceito de “reações idiossincráticas”, que denotam</p><p>reações que alguns sujeitos apresentam com respostas intensas e anormais quando submetidos</p><p>a determinadas substâncias químicas que lhes causam anomalias e alterações, inclusive</p><p>genéticas. Os seres humanos e os grupos sociais, em determinadas circunstâncias submetidos</p><p>às chamadas “relações idiossincráticas”, reagem até de forma doentia e maléfica quando</p><p>expostos a algumas condições e mudanças ditas “fora da curva ou da dita normalidade como a</p><p>entendem em seu desenvolvimento histórico e paradigmático em sua normalidade institucional”.</p><p>9</p><p>a. uma aproximação conceitual mínima dos termos religião, ciência e</p><p>teologia;</p><p>b. a revisão das cinco tipografias de classificação relacional entre Ciência da</p><p>Religião e Teologia;</p><p>c. a necessidade de elencar algumas nuances específicas sobre a</p><p>complexidade entre essas relações, em seus diferentes vieses de</p><p>expressão;</p><p>d. a análise de forma adequada das relações complexas com base na</p><p>História da Igreja Católica, sobretudo no contexto do pós-Concílio</p><p>Vaticano II (1962-1965);</p><p>e. a compreensão do sentido pelo qual Ciências da Religião, Religião e</p><p>estudos teológicos, por caminhos diferentes, possam ser contributivas</p><p>para a construção eticamente situada de vínculos entre os seres</p><p>humanos, entre esses e a natureza e destes com o sagrado;</p><p>f. analisar as possibilidades educativas que os vieses de cada uma dessas</p><p>premissas doutrinais apresentam para uma educação embasada em</p><p>valores, princípios e fundamentos para a construção de uma cidadania</p><p>planetária.</p><p>Esses aspectos são interessantes e sobre eles caberia um compêndio de</p><p>saberes, mas agindo em campos de estudos interdisciplinares sobre os</p><p>fenômenos religiosos, independentemente dos espaços-tempos históricos em</p><p>que tenham ocorrido, as Ciências da Religião atuam com base em seu objeto,</p><p>campo de atuação e de suas finalidades específicas, para não serem</p><p>confundidos com observações, análises e objetivos teológicos. Há evidências de</p><p>controvérsias, discussões e contradições específicas, uma vez que, em última</p><p>análise, a Teologia tem total independência e autonomia disciplinar há mais</p><p>tempo que as Ciências da Religião.</p><p>Definida como o âmbito acadêmico que trata das doutrinas e das práticas</p><p>religiosas, que a situa como responsável pelo estudo sobre as dimensões</p><p>internas dos fenômenos religiosos, a Teologia difere das Ciências da Religião</p><p>em seu objeto e métodos, sendo que esses estudos e investigações, não raro,</p><p>adentram em espaços de outras ciências, buscando nelas subsídios para seus</p><p>constructos epistêmicos e doutrinais, interpretativos, analíticos e comparativos.</p><p>As diferenças e aproximações entre Ciências da Religião e Teologia, entre</p><p>elas e as demais ciências, apresentam-se no âmbito do “conflito” que, no âmbito</p><p>10</p><p>religioso, aparece sob constantes ataques e assédios acadêmicos, que buscam</p><p>reduzi-las a um caráter “de meras crenças”.</p><p>A partir daí, a ciência passa a ter vantagens, “falará de religião, sem crer”</p><p>ao isentar-se de reflexões, crenças e valores em suas diferentes manifestações</p><p>e, vale lembrar que a ciência vem se tornando “o novo grande mito da sociedade</p><p>contemporânea” mesmo que, em muitos casos, seja ela autodestrutiva.</p><p>Ressalta-se que essas Ciências da Religião, em sua base científica,</p><p>objeto e campo de ação específico, com base na constituição de seu estatuto</p><p>epistemológico e científico, embora recente, exigem que elas se isentem de</p><p>atitudes teológicas e dogmáticas, considerando em suas expressões práticas a</p><p>importância:</p><p>• de análise das diferentes cosmovisões e diversas formas de ver o mundo;</p><p>• das religiões como objeto de estudo, não de crenças ou dogmas, e sim</p><p>como sistemas de referência de uma cultura e como produções humanas;</p><p>• de ver e diferenciar as religiões sem estabelecer superioridades ou</p><p>inferioridades, sem fundamentalismos ou proselitismos que as</p><p>empobrecem;</p><p>• de entender o(os) fenômeno(os) sagrado(os) como objetos de estudo, não</p><p>de crenças particulares, pois esse aspecto diz respeito a outras formas de</p><p>estudo (teologia…);</p><p>• de serem realizados estudos respeitosos em relação à realidade concreta</p><p>da diversidade cultural e religiosa, parte da situação vivencial e das</p><p>diversas formas de expressão das sociedades humanas.</p><p>TEMA 4 – CIÊNCIAS DA RELIGIÃO E TEOLOGIA COMO FATORES DE</p><p>FORMAÇÃO DA CIDADANIA</p><p>Em seu início no Brasil, as Ciências da Religião tiveram a presença de</p><p>pesquisadores, teólogos e filósofos pela precariedade de profissionais da área</p><p>com estudos e referenciais adequados ao enfrentamento que se exigia da área</p><p>de conhecimentos, sem confusão entre suas bases teórico-epistemológicas e</p><p>seu campo de atuação. Isso apresentou riscos que remeteram a questões</p><p>culturais, religiosas, históricas, éticas e epistemológicas, mas existiram sim</p><p>algumas controvérsias entre os profissionais das diferentes áreas.</p><p>11</p><p>Essa aproximação das Ciências da Religião com a Teologia e a Filosofia,</p><p>como fontes primeiras para fundamentar esses estudos, deixou marcas, apesar</p><p>de esforços acadêmicos para estabelecer parâmetros próprios de cada uma das</p><p>áreas de conhecimento.</p><p>Por isso, muitos estudiosos delegam às Ciências da Religião</p><p>características que justificam seu afastamento do âmbito específico do poder</p><p>religioso, como fatores que dificultam o progresso de seus estudos, ou pela</p><p>crescente secularização da área, ou por tratarem do fenômeno religioso pelos</p><p>mesmos vieses da racionalidade específica de outras ciências.</p><p>Aliadas a esses aspectos, surgem outras “acusações” referentes ao:</p><p>• receio por parte das instituições eclesiásticas de que as disciplinas e as</p><p>linhas de pesquisas e estudos nas Ciências da Religião não se aproximam</p><p>das religiões não cristãs;</p><p>• fato de que a formação teológica católica é predominante entre</p><p>professores da área e outros professores serem oriundos de formação</p><p>sociológica e/ou filosófica.</p><p>Entre outros, esses são fatores de distanciamento e de apartação entre</p><p>aqueles que deveriam estabelecer um diálogo educativo e construtivo nessa</p><p>área de conhecimento. Buscamos em Sanchez (2010) alguns conceitos que nos</p><p>auxiliam no entendimento da questão, pois que:</p><p>Se lançarmos o olhar sobre o conjunto de religiões nos dias atuais</p><p>podemos constatar uma diversidade muito grande, diante da qual as</p><p>religiões são desafiadas a responder com uma atitude dialogante que</p><p>consiste naquilo que definimos como diálogo inter-religioso. Se o nosso</p><p>olhar for lançado sobre as igrejas cristãs, também constatamos uma</p><p>diversidade muito grande de doutrinas, teologias, liturgias,</p><p>eclesiologias e ministérios, que poderá causar espanto para um</p><p>observador menos avisado. (Sanchez, 2010, p. 79)</p><p>Esse autor afirma que essa diversidade de doutrinas, crenças, saberes e</p><p>fazeres religiosos passa por</p><p>nossas vidas pessoais e sociais, nas quais cada um</p><p>apresenta sua identidade, preferências e saberes que nos diferenciam e nos</p><p>caracterizam em cada individualidades. Essas diferenças são fatores</p><p>importantes para entendermos a relação e a experiência da alteridade, ou seja,</p><p>da descoberta da identidade de outrem, da identidade diversa, da necessidade</p><p>da convivência com nosso alter – o outro – que nos vê, nos compreende, nos</p><p>situa e nos remete a outras possibilidades, nem sempre harmoniosas.</p><p>12</p><p>Sanchez (2010) diz que essa experiência da alteridade é única e “está na</p><p>raiz da vida social e da sociabilidade, que leva a descobertas que nos</p><p>compromissam em prol do bem comum”, e ninguém se faz sozinho, pois somos</p><p>seres sociais, como afirmou Aristóteles, na Antiguidade grega.</p><p>Essa alteridade se desvela também nas análises e relações entre</p><p>Ciências da Religião e Teologia, pois em cada uma delas existe “a noção da</p><p>verdade do outro”, das diferenças e especificidades que caracterizam religião e</p><p>ciência, em premissas diversas e fascinantes, sendo necessário entendermos</p><p>que são duas formas de conhecer a realidade, significâncias e significados e de</p><p>se descobrir relações que satisfaçam a curiosidade natural dos seres humanos,</p><p>para entender quem somos, de onde viemos, para onde vamos.</p><p>Essa inclinação natural nos situa em buscas e investigações para</p><p>satisfazermos a curiosidade natural já citada. Ambas as ciências se referem aos</p><p>constructos epistêmicos e doutrinais que, de alguma forma, nos apresentam</p><p>respostas e satisfazem essa curiosidade humana que, por vezes, se apresenta</p><p>em conflitos e contradições e, por outras, se revela como fator de construção de</p><p>relações harmoniosas entre sujeitos de diferentes credos, culturas e confissões</p><p>de fé, podendo se revelar em práticas dialogais e colaborativas em prol da</p><p>educação integral dos sujeitos, bases da formação para a cidadania.</p><p>TEMA 5 – CIÊNCIAS DA RELIGIÃO E TEOLOGIA: SUAS POSSIBILIDADES</p><p>EDUCATIVAS</p><p>A distinção e as aproximações entre Ciências da Religião e Teologia são</p><p>fatores importantes. Embora apresentem pontos de aproximação e também</p><p>controvérsias, estes não devem servir para separar, mas sim para melhorar o</p><p>entendimento e possibilitar interfaces e diálogos que levem a melhores</p><p>entendimentos sobre os contextos epistemológicos de cada corpo teórico, sendo</p><p>importante os revelar e que se saiba “de que lugar se está falando”. Não se trata</p><p>de separar áreas de conhecimento, mas de distinguir e de, sempre que possível,</p><p>estabelecer uma dialogicidade fenomênica entre os cientistas da religião e os</p><p>demais estudiosos do fenômeno religioso.</p><p>Por seu estatuto acadêmico mais antigo, a Teologia – e por que não dizer</p><p>a Filosofia – percebe-se em risco e entende que os desafios são concretos e</p><p>nem sempre permeados pela eticidade acadêmica necessária quando se trata</p><p>de aproximações com o campo das Ciências da Religião. Esses desafios tornam</p><p>13</p><p>pertinente e necessário questionar sobre a pertinência ou não pertinência sobre</p><p>a realização de relações dialogais entre as referidas áreas de conhecimento?</p><p>Entendemos que sim, pois esses pensares reflexivos e críticos contribuem</p><p>para a ampliação das formas dialogais e aliviam as tensões, subsidiando</p><p>melhores e mais “pacíficas condições de convivências cidadãs e respeitosas</p><p>entre esses interesses acadêmicos”.</p><p>Ou talvez, não, pois a complexidade e diversidade de entendimentos da</p><p>contemporaneidade assim o exige, e se efetivam caminhando para a construção</p><p>de alternativas eficazes de modo que aconteça o diálogo inter-religioso que se</p><p>coaduna com um dos principais objetivos das Ciências da Religião.</p><p>Soares (2009), cientista da religião, diz que isso se dá pelo fato de alguns</p><p>estudiosos entenderem a Teologia como a responsável pela abordagem</p><p>científica do fato religioso. Ele questiona: de que modo um cientista da religião</p><p>pode falar em diálogo inter-religioso se não se presta ao diálogo com a área da</p><p>Teologia? E mais, indaga: como um cientista da religião pode falar de uma</p><p>Religião sem conhecimento de sua Teologia?</p><p>Portanto, filósofos da religião e teólogos – entre outros estudiosos –</p><p>poderão aprender juntos e, em permutas epistêmicas, aprimorar a percepção do</p><p>que seja “aprender a aprender”, mirando o outro em seus diversos universos de</p><p>referência, ampliando as indagações e as considerações científicas a serviço de</p><p>aprendizados eficazes, de interfaces efetivas e da construção da cidadania ativa.</p><p>Sendo objeto da Ciência da Religião o fenômeno religioso concreto,</p><p>relativo àquilo que aparece, necessita ser estudado e analisado por meio de</p><p>amplas e múltiplas abordagens, e pelas perspectivas hermenêuticas e</p><p>fenomenológicas que estudos dessa natureza possibilitam, pode-se ir além do</p><p>meramente observável e ampliar compreensões sobre o fenômeno religioso,</p><p>mesmo que distanciados no espaço-tempo histórico.</p><p>Isso poderá ocorrer sem perder a isenção necessária e obrigatória que se</p><p>apresenta ao se realizar análises e estudos dessa natureza. Não serão meras</p><p>“doxas”, mas sim visões de mundo e dos fenômenos religiosos situados e</p><p>contextualizados a serviço da superação de estereótipos, preconceitos e</p><p>posições ideológicas que separam e reduzem “o humano no indivíduo”.</p><p>Entendemos que estudos multidisciplinares possibilitarão o alargamento</p><p>das visões e dos olhares sobre o fenômeno religioso – não apenas o olhar sob</p><p>o prisma da cientificidade –, mas sim, em posições complementares pelas quais</p><p>14</p><p>se superem os riscos e as fragmentações sobre “o fenômeno religioso e o</p><p>sagrado”. Essa ampla gama de expressões sobre tais fenômenos exige estudos</p><p>multidisciplinares, suscitando e instigando diversas metodologias para sua</p><p>abordagem que advêm das interfaces conceituais e teóricas em relação às</p><p>diversas ciências e áreas de conhecimento.</p><p>Cabe lembrar que ciência, conhecimento e educação não são fatos</p><p>neutros. Consequentemente, religião também não o seja. Estão “a serviço de”,</p><p>o que dificulta o consenso e o diálogo, em especial quando se trata de “educar</p><p>o ser humano” e de, assim, ampliarmos suas capacidades cognitivas,</p><p>emocionais e espirituais para envolver-se nesses estudos. A educação é o</p><p>caminho tanto para o aprimoramento das capacidades dos sujeitos quanto para</p><p>mobilizar suas competências mais ampliadas com vistas a atuar em seus</p><p>contextos vivenciais.</p><p>Nessa educação, os filósofos colocam-se a defender suas “questões</p><p>filosóficas”. Cientistas colocam-se a defender “suas premissas e paradigmas</p><p>científicos”. Teólogos, a defender suas “premissas, princípios, crenças e valores</p><p>religiosos”, daí a necessidade de entendermos que as diferenças epistêmicas e</p><p>doutrinais não devem ser fatores separativos e excludentes, mas sim fatores de</p><p>compreensão e ampliação da alteridade, como fenômeno universalmente</p><p>situado que nos possibilita vivenciar a experiência da diferença, a experiência de</p><p>entender a presença do outro, o diferente, o diverso. É nessa compreensão</p><p>ampliada que se situam crenças, valores e princípios das mais diversas e ricas</p><p>expressões e, em suas relações humanamente situadas, os sujeitos se</p><p>entendem em vínculos consigo próprios – revelando a identidade de cada um,</p><p>de cada povo e de cada sujeito e as vinculações com os outros oriundos das</p><p>mais diferentes culturas e religiões, credos ou doutrinas – revelando as</p><p>condições diversas das quais é feita a humanidade.</p><p>Conforme afirma Sanchez (2010), são nessas descobertas da importância</p><p>da alteridade e das diversas vertentes humanas e doutrinais que se encontram</p><p>as condições para nos definirmos como sujeitos e como humanos. Esse</p><p>reconhecimento deverá ocorrer também em relação à legitimidade e ao respeito</p><p>com as diferentes vertentes culturais, doutrinais e religiosas, podendo discutir</p><p>seus critérios, mas nunca desmerecer suas específicas demonstrações e</p><p>expressões diferenciadas quanto aos cultos</p><p>e rituais e as maneiras diversas de</p><p>representar o sagrado.</p><p>15</p><p>Entende Sanchez (2010) que o diferencial quanto ao pluralismo cultural e</p><p>religioso, campos em que se situam os estudos e as pesquisas no âmbito das</p><p>Ciências da Religião e, não por acaso, da Teologia e de outras ciências</p><p>humanas, deverão considerar critérios éticos sobre o que hoje está sendo</p><p>apresentado como baliza para a avaliação das diversas esferas da sociedade</p><p>humana, sem esquecermos que: “[…] a vida tem que ser respeitada para que</p><p>seja garantida a sua integridade, o que exige uma atitude de reverência e de</p><p>cuidado com todos os seres.” (Sanchez, 2010, p. 18).</p><p>Aparecendo como um lugar da compreensão, diálogos e respeito mútuo,</p><p>essas alteridades fluentes estão sendo tecidas quando a compreensão dos</p><p>diferentes valores, vertentes doutrinais e de credo nas diferentes confissões</p><p>religiosas e demonstrações culturais aparecem como diferencial para se instituir</p><p>uma educação do humano pelo humano, objetivando aprimorar convivências</p><p>fraternas, integrais e planetárias, bases de uma cidadania ativa e necessária.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Conscientes de tudo o que foi estudado, analisado e pesquisado, cabe-</p><p>nos avançar e ir a campo em busca de conhecer mais sobre o tema das</p><p>interrelações entre os âmbitos específicos das Ciências da Religião e da</p><p>Teologia e sua importância.</p><p>Sugerimos ir a campo e nas comunidades procurar ouvir e trocar ideias</p><p>com teólogos e professores de Ciências da Religião ou de ensino religioso por</p><p>meio de entrevistas, registrando seus depoimentos e, por meio deles, comparar</p><p>aproximações e diferenças conceituais e práticas entre as diferentes opiniões.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Nesta aula, estudamos as relações das Ciências da Religião e da</p><p>Teologia, em suas aproximações e distanciamentos, características de</p><p>surgimento e evolução como formas de conhecimento academicamente</p><p>reconhecidas, em suas tarefas específicas na formação dos diferentes olhares</p><p>sobre determinações, princípios e valores que fundamentam cada um desses</p><p>constructos doutrinais. Esses estudos possibilitam entender o que compete a</p><p>cada uma delas, em suas tarefas específicas no desenvolvimento da consciência</p><p>e dos conceitos do sagrado, com decorrências na formação da cidadania ativa.</p><p>16</p><p>É relevante destacar que, decorrente de suas visões de mundo, são</p><p>presentes também as visões doutrinais sobre Deus e sobre aquilo que cada</p><p>doutrina, religião ou crença defende como sagrado, em suas diversas formas de</p><p>expressão, sendo interessante relacionar tais premissas como fundamentos</p><p>para uma educação voltada para a cidadania.</p><p>17</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>HARRISON, P. Os territórios da Ciência e Religião. Tradução de Djair Dias</p><p>Filho. Viçosa: Ultimato, 2017.</p><p>GRESHAT, H. J. O que é Ciência da Religião? São Paulo: Paulinas, 2005.</p><p>SOARES, A. M. L. Ciência da Religião, ensino religioso e formação docente.</p><p>Revista de Estudos da Religião, p. 1-18, set. 2009.</p><p>SANCHEZ, W. L. Pluralismo religioso: as religiões do mundo atual. 2. ed. São</p><p>Paulo: Paulinas, 2010.</p><p>SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2005.</p><p>ZANINI, L. F. Religião e Ciência: o caminho para uma aliança ética. Caderno</p><p>Teológico, Porto Alegre, 2019.</p>