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<p>Alcoolismo</p><p>Caso Clínico</p><p>Docente:</p><p>Dra. Serena</p><p>Discentes:</p><p>Finório Cuinica</p><p>Lécia Léia</p><p>Lídia Maleva</p><p>Vânia Madepule</p><p>Witla Bazo</p><p>Universidade Eduardo Mondane</p><p>Faculdade de Medicina</p><p>Departamento Académico de Psiquiatria</p><p>5º ano-P4</p><p>Sumário</p><p>01</p><p>04</p><p>02</p><p>05</p><p>03</p><p>06</p><p>Resumo do caso</p><p>Introdução</p><p>Factores de risco</p><p>Psicopatologia</p><p>Sintomatologia</p><p>Complicações</p><p>06</p><p>Tratamento</p><p>Resumo do caso clínico</p><p>Resumo do caso</p><p>P.F.G, 27 anos, sexo masculino, raça negra, residente no bairro Polana caniço, vendedor ambulante, estudou até 5ª Classe. Internamento involuntário , transferido do Hospital central de Maputo no dia 06/08/2024.</p><p>Paciente no seu primeiro internamento com história uma de inicio insidioso com perda de consciência e memória decorrentes de consumo pronunciado de álcool, esquecendo se de eventos antes do consumo, durante o consumo até recobrar a consciência.</p><p>Tem hábitos alcóolicos desde os 15 anos, inicialmente bebia 2 garrafas por dia de cerveja como “2M” ocasionalmente. Ao longo do tempo sentiu necessidade de aumentar a quantidade e frequência para além de recorrer a bebidas secas como “tentação” e “tontonto”. Actualmente bebe diariamente, sustenta o vício com o dinheiro das vendas e quando não consegue chega a roubar.</p><p>Quando fica sem consumir tem tido cefaléia e tremores , que só aliviam na ingestão de álcool.</p><p>Resumo do caso</p><p>Ao exame objectivo apresenta estado geral pouco satisfatório, consciente e calmo.</p><p>Pele seca, áspera e descamativa em todo o corpo com mucosas secas e hipocoradas.</p><p>Ao exame neurologico com memória de curto e longo prazo comprometidas e com marcha atáxica.</p><p>Ao exame psiquiatrico mal apresentado, com uma má higiene corporal e oral, não mantinha contacto visual durante a entrevista .</p><p>Apresentava-se desorientado no tempo e espaço, autopsiquicamente e alopsiquicamente, com hipoamnésia e distractilidade.</p><p>Comprometimento das funções cognitivas no curso do pensamento (Lentificação do pensamento e fuga de ideias).</p><p>Apresenta juízo critico em relação a sua condição.</p><p>Diagnóstico semiológico</p><p>Tolerância;</p><p>Cefaléia e tremores (abstinência)</p><p>Confusão mental ;</p><p>Desorientação no tempo, espaço, autopsicamente e alopsiquicamente;</p><p>Hipoamnésia (Déficit de memória);</p><p>Distractibilidade (Déficit de atenção);</p><p>Lentificação do pensamento e fuga de ideia (Déficit cognitivo pensamento);</p><p>Diagnóstico sindromático</p><p>Sindrome de dependência alcóolica;</p><p>Sindrome cerebral orgânico crónico (sub-sindrome amnésico, confusional).</p><p>Diagnostico Diferencial</p><p>Delirium Tremens;</p><p>Síndrome de Korsakoff.</p><p>Exames complementares</p><p>Hemograma (HGB,VCM,CHCM);</p><p>VHS</p><p>Hematozoario</p><p>Serologia para HIV, Siflis</p><p>Bioquimica (Função renal e hepática);</p><p>Diagnóstico Nosologico</p><p>Perturbação mental e comportamental secundário ao consumo de álcool (CID-10 F10.5)</p><p>Alcoolismo</p><p>02</p><p>Introdução</p><p>O consumo de álcool na sociedade contemporânea é visto predominantemente de forma positiva, o que dificulta o reconhecimento de determinados padrões de consumo como doença e, ao mesmo tempo, a mobilização de profissionais de saúde para diminuir índices de problemas decorrentes do uso do álcool.</p><p>A dupla moral de uma sociedade que, por um lado, tolera ou promove o consumo moderado do álcool e, por outro, discrimina o consumo excessivo e fora de controle, confunde a população, que precisa se orientar pelas normas.</p><p>Padrões de consume de álcool</p><p>Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) não existie um padrão de consumo de álcool que seja absolutamente seguro.</p><p>Beber intenso</p><p>Beber social</p><p>Consumo moderado</p><p>Beber problemático</p><p>Beber pesado episódico</p><p>Conceito</p><p>A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a dependência química como: estado psíquico e algumas vezes físico resultante da interacção entre um organismo vivo e uma substância, caracterizado por modificações de comportamento e outras reacções que sempre incluem o impulso a utilizar a substância de modo contínuo ou periódico com a finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos e, algumas vezes, de “evitar o desconforto da privação”.</p><p>Conceito</p><p>É considerado substância psicoactiva qualquer substância que, utilizada por qualquer via de administração, altera o humor, o nível de percepção ou o funcionamento cerebral, podendo ser legalmente usadas, prescritas ou ilícitas.</p><p>O álcool e uma substância que afecta a saúde física, o bem estar emocional e o comportamento do individuo, e é classificado como depressor do sistema nervoso central.</p><p>Epidemiologia</p><p>O transtorno por uso de álcool é bastante comum. A prevalência é maior entre adultos jovens e diminui com a idade.</p><p>O alcoolismo é mais comum no sexo masculino.</p><p>No sexo masculino é mais frequente na faixa etária de 25 a 34 anos e nas mulheres a doença irrompe mais tarde e tem curso mais variável.</p><p>Em todo o mundo, 3 milhões de mortes por ano resultam do uso nocivo do álcool, representando 5,3 % de todas as mortes</p><p>Segundo estatísticas americanas, atinge 14% de sua população e, no brasil 10 a 20% da população sofra desse mal.</p><p>Factores predisponentes</p><p>Psicológicos</p><p>Sociais e culturais</p><p>Biológicos</p><p>O mesencéfalo é a região do cérebro onde estão localizadas zonas com importância no desenvolvimento da dependência.</p><p>São áreas responsáveis por funções como a aprendizagem, a motivação, a recompensa e o reforço comportamental fundamentais para a vivência agradável e equilibrada com os prazeres que a vida proporciona.</p><p>Psicopatologia da dependência ao alcool</p><p>Psicopatologia da dependência ao alcool</p><p>Dopamina</p><p>Medeia a caracteristica procura de novidade, comportamento exploratório de procura de prazer e de impulsividade</p><p>Liberam β-endorfinas com o uso agudo de álcool.</p><p>O álcool aumenta os níveis de dopamina no tegmento ventral e regiões cerebrais relacionadas.</p><p>Aumento dos hormônios do “estresse”, como cortisol e ACTH durante a intoxicação e no estresse da abstinência</p><p>Psicopatologia da dependência ao alcool</p><p>Serotonina</p><p>Torna a pessoa mais atenta a todas as situações capazes de causar lesão ou doença antecipando o perigo e o medo da incerteza</p><p>Durante a intoxicação aguda ocorre o aumento nos níveis sinápticos de serotonina.</p><p>Psicopatologia da dependência ao alcool</p><p>Noradrenalina</p><p>Dependência a recompensa e tendência a responder intensamente a estímulos de recompensa</p><p>Psicopatologia da dependência ao alcool</p><p>Estimulação da atividade GABA se o álcool for administrado de forma aguda, ocasionando efeitos anticonvulsivantes, indutores do sono, ansiolíticos e de relaxamento muscular.</p><p>Aumenta a densidade dos receptores GABA se o uso do álcool for continuado.</p><p>Reduções das atividades relacionadas com o GABA em casos de abstinência alcoólica.</p><p>Via mesolímbica</p><p>Sintomas da síndrome de dependência do álcool</p><p>Estreitamento do repertório do modo dos consumos</p><p>Priorização do comportamento de busca do álcool</p><p>Aumento da tolerância ao álcool</p><p>Sintomas repetidos de abstinência: três grupos de sintomas podem ser identificados – físicos – (tremores, náuseas, vómitos, sudorese, cefaleias, caimbras, tonturas); - afectivos – (irritabilidade, ansiedade, fraqueza, inquietação, depressão); - senso perceptivos – (pesadelos, ilusões, alucinações visuais, auditivas ou tácteis).</p><p>Alívio ou evitação dos sintomas de abstinência pelo consumo</p><p>Efeitos do consumo excessivo de álcool</p><p>Organismo:</p><p>Gastrite, úlceras, neoplasia gástrica, hepatite, cirrose, neoplasia hepática;</p><p>Encefalopatias e deterioração das funções cognitivas – demência – por lesões do tecido cerebral;</p><p>Polineurite, ossos e músculos debilitados;</p><p>Miocardiopatias, varizes, hipertensão;</p><p>Dificuldades sexuais;</p><p>Dependência física – síndrome de abstinência.</p><p>Efeitos do consumo excessivo de álcool</p><p>Psicológicos e sociais:</p><p>Diminuição da capacidade: concentração, de aprendizagem, da motivação para fazer coisas;</p><p>Diminuição do rendimento laboral, escolar, desportivo, absentismo laboral;</p><p>Acidentes repetidos (falta de atenção);</p><p>Perturbação das relações sociais e familiares, perda de amizades íntimas, irritabilidade;</p><p>Disfunções sexuais, frustração;</p><p>Depressão e ansiedade;</p><p>Maior risco de suicídio;</p><p>Psicose (alucinações, ideias delirantes).</p><p>Classificação do alcoolismo</p><p>Segundo Cloninger:</p><p>Tipo I: frequente, ambos os sexos, >20 anos, progressão lenta e fatores ligados ao meio e à genética.</p><p>Tipo II: masculino, início <20 anos de idade, progressão rápida para a dependência, alterações do comportamento durante as fases de intoxicação e impulsividade de comportamentos e de comunicação, mas com menor influência dos fatores de risco genéticos e do meio.</p><p>Segundo Babor:</p><p>Tipo A: >20 anos, lenta, com menor frequência de psicopatologia associada, melhor prognóstico e menor freqüência das perturbações e dos fatores de risco na infância.</p><p>Tipo B: início <20 anos, com maior frequência de alcoolismo familiar, dependência mais grave, maior frequência de associação com outras drogas e co-morbidade psicopatológica e maior influência dos fatores de risco na infância, como comportamentos agressivos e impulsividade.</p><p>Classificação do alcoolismo</p><p>Segundo Adés e Lejoyeux:</p><p>Primário: 70% das formas do alcoolismo, masculino, <20 anos de idade, fatores de risco biológicos ou genéticos. Comportamentos de impulsividade, agressividade e procura de sensações fortes, com rápida evolução para a dependência.</p><p>Secundário: 30%, em que a predominância masculina é menos marcada, >20 anos, fatores de risco biológicos ou genéticos, menos marcados. O grande fator de risco é o consumo do álcool como automedicação, causado por perturbações ansiosas, depressivas ou esquizofrênicas, muitas vezes responsáveis por transtornos de personalidade.</p><p>Segundo Jellinek:</p><p>Alfa: alcoolismo social, álcool utilizado como fator desinibitório das relações interpessoais e os sintomas são pura e exclusivamente físicos, ou seja, decorrentes da intoxicação, sem dificuldade para manter abstinência.</p><p>Beta: complicações físicas são maiores (p.ex., gastrites e hepatites) e podem persistir mesmo que não haja dependência física ou psicológica.</p><p>Gama: aumento de tolerância ao álcool, adaptação ao metabolismo do álcool, craving e perda de controle sobre o consumo- alcoolistas crônicos.</p><p>Delta: tipo gama, mas com incapacidade de manter abstinência no lugar da perda de controle.</p><p>Épsilon: alcoolismo periódico no indivíduo que, após intervalos de discreta interrupção, volta a beber por dias seguidos, apresentando perda de controle e desenvolvimento de severa dependência psicológica.</p><p>Health risks from alcohol</p><p>Short-term health risks	Long-term health risks</p><p>Injuries	High blood pressure</p><p>Violence	Cancer</p><p>Alcohol poisoning	Memory problems</p><p>Risky sexual behaviors	Social problems</p><p>Miscarriage	Alcohol-use disorders</p><p>COMPLICAÇÕES DA TÓXICO-DEPENDÊNCIA AO álcool</p><p>Complicações físicas</p><p>1. Sistema Nervoso Central:</p><p>Danos cerebrais: perda de memória, dificuldade de concentração, problemas de coordenação e equilíbrio, risco aumentado de demência.</p><p>Transtornos do sono: insônia, sono agitado.</p><p>NEUROPATIA PERIFERICA</p><p>SINDROME DE WERNICKE POR DEFICIENCIA DA VITAMINA B1(NISTAGMO, ATAXIA, DELIRIUM) E SINDROME DE KORSAKOFF COM AMNESIA</p><p>2. Sistema Cardiovascular:</p><p>Hipertensão arterial.</p><p>Doença arterial coronariana: aumento do risco de infarto do miocárdio.</p><p>Arritmias cardíacas.</p><p>Cardiomiopatia alcoólica.</p><p>3. Fígado:</p><p>Esteatose hepática (gordura no fígado).</p><p>Hepatite alcoólica.</p><p>Cirrose hepática: cicatrização do fígado, levando à insuficiência hepática.</p><p>Câncer de fígado.</p><p>4. Pâncreas:</p><p>Pancreatite aguda e crônica.</p><p>5. Sistema Digestivo:</p><p>Gastrite, úlceras pépticas.</p><p>Aumento do risco de câncer de boca, esôfago e estômago.</p><p>6. Sistema Imune:</p><p>Fraqueza do sistema imunológico, aumentando o risco de infecções.</p><p>7. Outros:</p><p>Problemas nutricionais: deficiências vitamínicas e minerais.</p><p>Distúrbios hormonais.</p><p>Doenças musculoesqueléticas.</p><p>Sindrome de wernicke-korsacoff</p><p>tríade clássica: confusão, ataxia e oftalmoplegia.</p><p>é um quadro neuropsiquiátrico causado pelo défice de vitamina B1 (tiamina).</p><p>Fases</p><p>A) aguda</p><p>B) crónica</p><p>Sintomas mais tardios como a alteração dos sinais vitais (hipotensão, hipotermia e sinais de dificuldade respiratória) não devem afastar a hipótese diagnóstica, devendo entender-se como envolvimento do tronco cerebral por progressão da doença.</p><p>.</p><p>Diagnóstico</p><p>- Clínico</p><p>tratamento</p><p>tiamina intravenosa ou intramuscular, que pode variar na quantidade a ser administrada, mas as doses médias variam entre 500 miligramas (mg) a 1500 mg, três vezes ao dia, por pelo menos três dias (numa apresentação aguda), juntamente com suplementação oral diária.</p><p>Complicações pSÍQUICAS</p><p>2. demência alcoólica</p><p>1. Delirrium tremens</p><p>É A sindrome de abstinência induzida pela retirada do álcool com delirium</p><p>um estado psicótico agudo que ocorre em indivíduos dependentes de álcool, durante a fase paranóide, delírios, Ilusões, alucinações (tipicamente visiveis ou táteis, menos comumente auditivas, olfatórias ou vestibulares), sudorese, taquicardia e hipertensão. É usualmente precedida por sinais de síndrome de abstinência simples.</p><p>O início do delirium tremens ocorre usualmente 48 hs ou mais após a suspensão ou a redução do consumo de álcool, mas pode apresentar-se até 1 semana após este período. Deve ser distinguido da alucinose alcoólica, que nem sempre é um fenômeno da abstinencia</p><p>Complicações psíquicas</p><p>Transtornos de humor: depressão, ansiedade.</p><p>Transtornos de personalidade: alterações na forma de pensar, sentir e se relacionar com os outros.</p><p>Psicoses: alucinações( COM PREDOMÍNIO DAS ALUCINAÇÕES AUDITIVAS), delírios (DE PERSEGUIÇÃO OU DE PREJUÍZO)</p><p>Transtornos de comportamento: agressividade, impulsividade</p><p>COMPLICAÇÕES SOCIAIS</p><p>Problemas familiares: conflitos, divórcio.</p><p>Problemas profissionais: perda de emprego, dificuldades no trabalho.</p><p>Problemas legais: prisão, multas.</p><p>Isolamento social: perda de amigos e familiares.</p><p>Tratamento</p><p>Tratamento não medicamentoso</p><p>Etapas de tratamento:</p><p>A) desintoxicação</p><p>B) reabilitação</p><p>1. aceitação da doença</p><p>2. enfrentamento</p><p>3. prevenção a recaídas</p><p>Tratamento Farmacológico</p><p>Dissulfiram</p><p>Naltrexona</p><p>Acamprosato</p><p>Discussão</p><p>Revisão Bibliográfica</p><p>Felipe P., Ana C. C., Manual de psiquiatria clinica, 1ª edicao, Rio de Janeiro: Roca 2016.</p><p>Esteves M., Cellho M.A.V., Toxicodependêcias, Guias de Saúde, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Hospital de São João, 2011.</p><p>OMS, Self-help strategies for cutting down or stopping substance use: a guide. Genebra, 2010.</p><p>OMS, Global status report on alcohol and health,2014.</p><p>DÚVIDAS? QUESTÕES?</p><p>image1.png</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p><p>image4.png</p><p>image5.png</p><p>image6.png</p><p>image7.png</p><p>image8.png</p><p>image9.png</p><p>image10.png</p>

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