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<p>UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO</p><p>DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS - CARAÚBAS</p><p>HIDROLOGIA</p><p>INTERCEPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA</p><p>CARAÚBAS</p><p>2024</p><p>BRUNA GABRIELA SALES DE FREITAS</p><p>EMANUELA IEDA CHAGAS</p><p>INTERCEPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA</p><p>Trabalho apresentado ao Curso</p><p>de Engenharia Civil, do Departamento</p><p>de Engenharias da Universidade Federal</p><p>Rural do Semi-Árido, como requisito</p><p>parcial de avaliação da 1ª unidade da</p><p>disciplina de Hidrologia, ministrado</p><p>pela professora Julia Pliscia Da Silva</p><p>Melo.</p><p>CARAÚBAS</p><p>2024</p><p>INTERCEPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA</p><p>A interceptação é o processo pelo qual a água da chuva é retida e temporariamente</p><p>armazenada por elementos como folhas, caules, ramos, material vegetal em</p><p>decomposição sobre o solo (serrapilheira) e depressões impermeáveis antes de atingir o</p><p>solo. Esses elementos atuam como obstáculos que impedem que a água da chuva alcance</p><p>imediatamente o solo, permitindo que parte dela seja interceptada e, posteriormente,</p><p>possa evaporar ou ser utilizada de outras formas antes de contribuir para o escoamento</p><p>superficial.</p><p>A interceptação da água da chuva representa uma estratégia fundamental na gestão</p><p>sustentável dos recursos hídricos, desempenhando um papel crucial na regulação do ciclo</p><p>hidrológico.</p><p>O processo de interceptação pode influenciar nas demais etapas do ciclo tais como</p><p>infiltração, armazenamento, escoamento subsuperficial, manutenção da umidade do solo</p><p>e geração de cheia (TSIKO et al., 2012). Apesar da interceptação não ser frequentemente</p><p>considerada relevante para a geração de cheias, diretamente promove a alteração da</p><p>umidade do solo e, consequentemente, sua capacidade máxima de armazenamento de</p><p>água, afetando de maneira indireta a geração de cheias (ROBERTS; KLINGEMAN,</p><p>1970).</p><p>A interceptação é majoritariamente afetada por dois conjuntos de fatores: (i)</p><p>ligados ao clima e às condições meteorológicas; e (ii) relacionados à vegetação. No que</p><p>diz respeito aos aspectos climáticos e meteorológicos, Horton (1919) examinou os</p><p>impactos da intensidade e duração da chuva, assim como a velocidade do vento. Hewlett</p><p>(1982) acrescentou a consideração sobre a quantidade de eventos de chuva e o intervalo</p><p>de tempo entre eles. Singh (1992) complementou ao mencionar o volume de chuva, o</p><p>tamanho das gotas, o tipo de chuva (convectiva ou frontal) e a estação do ano.</p><p>Quanto aos fatores associados à vegetação, Horton (1919) observou que a</p><p>capacidade de retenção de água pela vegetação está relacionada com a forma e inclinação</p><p>das folhas, juntamente com as tensões superficiais entre a superfície dessas folhas e a</p><p>água. Hewlett (1982) destacou a influência da porcentagem de cobertura da copa, o índice</p><p>de área foliar, a quantidade de serrapilheira e a estrutura da vegetação, incluindo a</p><p>natureza das superfícies (rugosidade, molhabilidade) e as características sazonais da</p><p>vegetação (decíduas ou perenes). Singh (1992) mencionou a importância da espécie,</p><p>idade, densidade e saúde da vegetação no processo de interceptação.</p><p>A medição da interceptação da água da chuva envolve a utilização de</p><p>pluviômetros posicionados tanto sob a vegetação quanto acima ou ao lado dela, como</p><p>ilustrado na figura 1. Além disso, é necessário quantificar a quantidade de água que atinge</p><p>o solo ao longo da superfície dos caules. Em situações envolvendo uma única árvore, essa</p><p>medição pode ser realizada instalando um coletor de água ao redor do tronco e</p><p>direcionando o fluxo para um recipiente.</p><p>Figura 1: Método experimental para estimar a interceptação da vegetação.</p><p>Fonte: Collischonn; Dornelles, 2013.</p><p>A precipitação total, que é medida em terreno aberto ou acima das copas das</p><p>árvores, constitui a quantidade total de chuva que ocorre na área. Por outro lado, a</p><p>precipitação interna refere-se à chuva que atinge o solo sob a vegetação, passando</p><p>diretamente pelas aberturas entre as folhas e por gotas que respingam das folhas. O</p><p>escoamento pelo tronco representa a fração da água da chuva inicialmente retida pelas</p><p>copas, mas que, eventualmente, escorre pelos ramos e pelo caule até atingir o solo. A</p><p>interceptação, nesse contexto, compreende a porção da água retida pela vegetação que</p><p>não chega ao solo nem como precipitação interna, passando pelas folhas, nem como</p><p>escoamento pelo caule. Em resumo, a medição e compreensão desses diferentes</p><p>componentes são essenciais para avaliar de maneira abrangente a dinâmica da</p><p>interceptação da água da chuva pela vegetação (COLLISCHONN; DORNELLES, 2013).</p><p>A interceptação da água da chuva depende da cobertura vegetal (densidade e tipo),</p><p>intensidade da chuva, características do solo (permeabilidade), condições climáticas,</p><p>estação do ano, topografia e presença de depressões impermeáveis (TUCCI, 2002). Esses</p><p>fatores interagem de maneira complexa, determinando a quantidade de água retida antes</p><p>de atingir o solo e influenciando o ciclo hidrológico local.</p><p>A intensidade da chuva desempenha um papel crucial, pois chuvas mais intensas</p><p>podem exceder a capacidade de interceptação, resultando em maior escoamento</p><p>superficial. Além disso, características da superfície do solo, como a presença de</p><p>depressões impermeáveis, podem influenciar a acumulação temporária de água antes de</p><p>atingir o solo. As condições climáticas, incluindo temperatura e umidade, afetam a taxa</p><p>de evaporação da água interceptada. A estação do ano também desempenha um papel, já</p><p>que as condições de interceptação podem variar com a sazonalidade, como a presença ou</p><p>ausência de folhas nas árvores. A topografia da região, especialmente a inclinação do</p><p>terreno, pode influenciar a forma como a água da chuva é distribuída e acumulada. Além</p><p>disso, o tipo de solo, sua permeabilidade e capacidade de retenção também são</p><p>determinantes na interceptação, com solos mais permeáveis permitindo uma absorção</p><p>mais rápida da água.</p><p>A capacidade de interceptação está condicionada às características da</p><p>precipitação, como intensidade, duração e volume, bem como às propriedades específicas</p><p>da cobertura vegetal, incluindo o tipo, o ângulo e o formato das folhas. Fatores climáticos,</p><p>como a presença de vento, também influenciam, diminuindo a capacidade de</p><p>interceptação. Além disso, a época do ano desempenha um papel significativo, sendo que</p><p>em árvores de folhas caducas, por exemplo, a capacidade de interceptação é praticamente</p><p>nula durante o outono (COLLISCHONN; DORNELLES, 2013).</p><p>A relevância da interceptação no balanço hídrico de uma bacia é mais acentuada</p><p>em regiões onde predominam chuvas de baixa intensidade. Nessas circunstâncias, a</p><p>evaporação da água interceptada ocorre durante o próprio evento chuvoso. Em áreas com</p><p>chuvas menos frequentes e mais intensas, a contribuição da interceptação para o balanço</p><p>hídrico é menor.</p><p>Estimativas indicam que as perdas por interceptação variam de acordo com o tipo</p><p>de vegetação. Para prados, campos ou pastagens, as perdas podem representar de 5 a 10%</p><p>da precipitação anual, enquanto em bosques espessos esse valor pode atingir cerca de</p><p>25% (COLLISCHONN; DORNELLES, 2013).</p><p>Uma abordagem para compreender a interceptação é visualizar a parte aérea da</p><p>vegetação como um reservatório que se enche com a água da chuva. Esse reservatório</p><p>tem uma capacidade máxima de interceptação, e a água armazenada nele pode evaporar</p><p>após ou mesmo durante o evento de chuva. Essa representação permite analisar a</p><p>dinâmica da interceptação de maneira mais clara e integrada.</p><p>A interceptação da água da chuva não apenas regula o ciclo hidrológico, mas</p><p>também proporciona práticas sustentáveis e aplicações práticas valiosas. Entre as práticas</p><p>sustentáveis estão a captação e armazenamento, infraestruturas verdes e a restauração de</p><p>ecossistemas. Essas iniciativas têm aplicações práticas, como</p><p>agricultura sustentável e</p><p>manejo de águas pluviais urbanas, contribuindo para a resiliência hídrica. Além de seu</p><p>papel natural no ciclo hidrológico, a interceptação da água da chuva também tem ganhado</p><p>destaque como uma prática sustentável. Essa abordagem envolve a captação e o</p><p>armazenamento da água proveniente das chuvas para uso posterior, representando uma</p><p>resposta inovadora aos desafios globais relacionados à escassez de água. Em um contexto</p><p>em que muitas regiões enfrentam dificuldades crescentes no acesso a recursos hídricos, a</p><p>interceptação emerge como uma alternativa promissora, alinhada à necessidade premente</p><p>de promover práticas mais sustentáveis no manejo dos recursos hídricos.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>COLLISCHONN, Walter; DORNELLES, Fernando. Hidrologia: para engenharia</p><p>e ciências ambientais. Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos Hídricos (Abrh),</p><p>2013.</p><p>TUCCI, C. E. M. Hidrologia: Ciência e aplicação. UFRGS/ABRH., cap. 6, 3º ed.</p><p>2002.</p><p>Interceptação</p><p>da agua da</p><p>chuva</p><p>DISCENTES:</p><p>Bruna Gabriela</p><p>Emanuela Ieda</p><p>SUMÁRIO</p><p>01</p><p>04</p><p>02</p><p>05</p><p>03</p><p>06Introdução</p><p>Processo de Intercepção</p><p>Fatores Influenciadores</p><p>Métodos de Medição</p><p>Componentes da Intercepção</p><p>Relevância na Gestão</p><p>Hídrica</p><p>07</p><p>Conclusão</p><p>Práticas Sustentáveis</p><p>08</p><p>Introdução</p><p>A interceptação da água da chuva é o</p><p>processo pelo qual a chuva é</p><p>temporariamente retida e armazenada por</p><p>elementos naturais, como folhas, caules e</p><p>serrapilheira, antes de atingir o solo. Esse</p><p>processo desempenha um papel</p><p>fundamental na gestão sustentável dos</p><p>recursos hídricos, ajudando a regular o</p><p>ciclo hidrológico e influenciando</p><p>diretamente outras etapas do mesmo.</p><p>Processo de Interceptação</p><p>Durante o processo de interceptação, elementos</p><p>como folhas, caules e ramos atuam como barreiras</p><p>que retardam a chegada da água da chuva ao solo.</p><p>Esses elementos retêm temporariamente a água,</p><p>permitindo que parte dela evapore ou seja utilizada</p><p>de outras formas antes de contribuir para o</p><p>escoamento superficial, influenciando assim na</p><p>regulação do ciclo hidrológico.</p><p>Fatores que influenciam</p><p>A capacidade de interceptação da água da chuva é</p><p>influenciada por fatores climáticos, como a intensidade e</p><p>duração da chuva, e fatores relacionados à vegetação, como</p><p>tipo, densidade e saúde da cobertura vegetal. Esses fatores</p><p>interagem de maneira complexa, determinando a quantidade</p><p>de água retida antes de atingir o solo e influenciando o ciclo</p><p>hidrológico local.</p><p>Métodos de Medição</p><p>A medição da interceptação da água da chuva</p><p>envolve o uso de pluviômetros posicionados tanto</p><p>sob a vegetação quanto acima ou ao lado dela.</p><p>Além disso, é necessário quantificar a quantidade</p><p>de água que atinge o solo ao longo da superfície</p><p>dos caules, o que pode ser feito por meio de</p><p>técnicas específicas.</p><p>Componentes da Intercepção</p><p>Os componentes da interceptação incluem a</p><p>precipitação total, que é medida em terreno aberto</p><p>ou acima das copas das árvores, e a precipitação</p><p>interna, que refere-se à chuva que atinge o solo</p><p>sob a vegetação. O escoamento pelo tronco</p><p>representa a fração da água da chuva inicialmente</p><p>retida pelas copas, mas que eventualmente escorre</p><p>pelos ramos e pelo caule até atingir o solo.</p><p>Fatores Determinantes</p><p>A quantidade de água interceptada antes de atingir</p><p>o solo é determinada por diversos fatores,</p><p>incluindo cobertura vegetal, intensidade da chuva,</p><p>características do solo, condições climáticas,</p><p>topografia e presença de depressões</p><p>impermeáveis. Esses fatores interagem de maneira</p><p>complexa, influenciando a dinâmica da</p><p>interceptação em diferentes ambientes.</p><p>Variabilidade Temporal e Espacial</p><p>A capacidade de interceptação da água da chuva</p><p>varia ao longo do tempo e do espaço, sendo</p><p>influenciada por fatores sazonais e geográficos. Por</p><p>exemplo, a quantidade de água retida pela</p><p>vegetação pode variar de acordo com a estação do</p><p>ano e a localização geográfica, afetando assim o</p><p>ciclo hidrológico em diferentes regiões.</p><p>Relevância na Gestão Hídrica</p><p>A interceptação da água da chuva desempenha um</p><p>papel importante na gestão hídrica, especialmente</p><p>em regiões com chuvas de baixa intensidade. Essa</p><p>prática sustentável contribui para a conservação</p><p>dos recursos hídricos, ajudando a regular o ciclo</p><p>hidrológico e minimizando os impactos das cheias</p><p>e da escassez de água.</p><p>Práticas Sustentáveis</p><p>Além de sua importância natural no ciclo</p><p>hidrológico, a interceptação da água da chuva</p><p>também é fundamental para promover práticas</p><p>sustentáveis, como a captação e o armazenamento</p><p>da água da chuva, o uso de infraestruturas verdes e</p><p>a restauração de ecossistemas. Essas iniciativas</p><p>contribuem para a resiliência hídrica e para o</p><p>manejo sustentável dos recursos hídricos.</p><p>Conclusão</p><p>Em suma, a interceptação da água da chuva é um</p><p>processo crucial para a gestão sustentável dos</p><p>recursos hídricos, influenciando diretamente o</p><p>ciclo hidrológico e proporcionando práticas</p><p>sustentáveis valiosas. Compreender os fatores que</p><p>influenciam a interceptação e suas implicações na</p><p>gestão hídrica é essencial para promover a</p><p>conservação dos recursos hídricos e garantir a</p><p>sustentabilidade ambiental.</p><p>referências</p><p>Slide 1: Interceptação da agua da chuva</p><p>Slide 2: SUMÁRIO</p><p>Slide 3: Introdução</p><p>Slide 4</p><p>Slide 5: Processo de Interceptação</p><p>Slide 6: Fatores que influenciam</p><p>Slide 7: Métodos de Medição</p><p>Slide 8: Componentes da Intercepção</p><p>Slide 9: Fatores Determinantes</p><p>Slide 10: Variabilidade Temporal e Espacial</p><p>Slide 11: Relevância na Gestão Hídrica</p><p>Slide 12: Práticas Sustentáveis</p><p>Slide 13: Conclusão</p><p>Slide 14</p>