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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM ÉTICA E LEGISLAÇÃO . . - . - . SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ÉTICA EM ENFERMAGEM 2. ÉTICA PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM 3. CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM CONTATOS REFERÊNCIAS BÁSICAS E COMPLEMENTARES 4. SOBRE O SISTEMA COFEN/COREN E OUTRAS ORGANIZA- ÇÕES DA CATEGORIA 5. SOBRE AS INSTITUIÇÕES EMPREGADORAS 6. SIGILO DAS INFORMAÇÕES E DIREITO À PRIVACIDADE 7. SOBRE DIREITO À INFORMAÇÃO 8. DA PUBLICIDADE EM ENFERMAGEM 9. CONDUTAS ÉTICAS NO TRABALHO EM EQUIPE 10. DO CUMPRIMENTO DE PRESCRIÇÃO TERAPÊUTICA 11. SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA E OMISSÃO DE SOCORRO 14. SOBRE ENSINO E PESQUISA POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM 12. SOBRE DESAFIOS BIOÉTICOS EM ENFERMAGEM 13. SITUAÇÕES DE CRIME E VIOLÊNCIA 15. DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES 16. LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM 17. ATRIBUIÇÕES DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM UM CONVITE A CAMINHAR APRESENTAÇÃO 06 07 08 43 42 10 13 16 18 20 21 23 25 31 27 29 33 36 38 41 04 file:04 Presidente do Cofen Coordenação do Programa Pós-Tec Enfermagem Colaboradoras Autoria Diagramação e Projeto Gráfico Assessoria Pedagógica Revisão Textual Imagens Ficha Técnica Este material foi elaborado e desenvolvido pela equipe do Programa Pós-Tec Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Profa. Dra. Betânia Maria Pereira dos Santos Profa. Dra. Anne Karoline Candido Araújo Profa. Dra. Fabíola Fialho Furtado Gouvêa Profa. Dra. Maria Soraya Pereira Franco Adriano Profa. Dra. Aurilene Josefa Cartaxo de Arruda Cavalcanti Profa. Dra. Andréa Mendes Araújo Profa. Dra. Ângela Amorim de Araújo Profa. Dra. Fernanda Maria Chianca da Silva Profa. Dra. Ivanilda Lacerda Pedrosa Profa. Dra. Marcella Costa Souto Duarte Profa. Dra. Márcia Rique Carício Profa. Dra. Verbena Santos Araújo Prof. Dr. Alan Dionizio Carneiro Profa. Dra. Anne Karoline Candido Araújo Profa. Dra. Aurilene Josefa Cartaxo de Arruda Cavalcanti Profa. Dra. Fabíola Fialho Furtado Gouvêa Profa. Dra. Maria Soraya Pereira Franco Adriano Profa. Dra. Nathalia Costa Gonzaga Saraiva Profa. Dra. Kalina Coeli Costa de Oliveira Dias Elaine Feitosa da Silva Bárbara Couto Falqueto Luciane Alves Coutinho Isaac Newton Cesarino da Nóbrega Alves pexels.com | pixabay.com | unsplash.com 4 Apresentação Seja bem-vindo (a) a este novo módulo do Pós-Tec no qual nossa disciplina Ética e Legislação nos fará refletir sobre as condutas, atitudes e responsabilidades dos profissionais de enfermagem diante do cuidar do outro! O e-book de nossa disciplina está organizado de forma a resgatar alguns aspectos conceituais sobre a ética profissional. Em seguida, destaca-se alguns temas relevantes contemplados no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE), desde as relações profissionais com o Sistema Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)/ Conselho Regional de Enfermagem (Coren) ao cuidado com a informação até os desafios bioéticos. Depois, apresentaremos a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem enfatizando as atribuições do Técnico de Enfermagem. A escrita breve e concisa sobre os temas tem apenas o intuito de permitir uma maior aproximação com as normas que disciplinam a conduta ética do profissional de enfermagem, quais sejam, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e a Lei do Exercício Profissional em Enfermagem. E assim, objetivando instigar a leitura e o aprofundamento destas normas, indicaremos ao final de cada capítulo fragmentos destas normas relacionados a cada tema, ciente de que estes trechos não substituem a leitura integral das referidas normas pelo profissional de enfermagem e estudante da disciplina. AMBIENTAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM ÉTICA E LEGISLAÇÃO A leitura deste e-book não requer uma leitura sequencial dos capítulos, podendo o leitor seguir gradativamente pelo caminho que melhor aprouver seu apetite e disponibilidade de tempo. Ser responsável pressupõe ser livre e esforçar-se para tomar a melhor decisão. Afirma a filósofa Martha Nusbaum (2009, p.158), “a educação nos vira ao contrário, de maneira que não vemos o que costumávamos ver. Também nos transforma em homens livres, em lugar de servos.” É com esta motivação que convido você, profissional de enfermagem, a passear por estas páginas. Uma profissão como a de enfermagem que realiza suas ações em ambientes que lidam com o outro em sua vulnerabilidade, ameaçando por vezes, a própria vida; envolvendo a participação e interação junto a vários outros profissionais de saúde exige que o profissional de enfermagem precise não apenas cientificamente fundamentar suas ações de cuidar, mas principalmente a partir dos limites legais e éticos do seu exercício profissional, com fins de assegurar sua autonomia, liberdade, segurança e responsabilidade diante do cuidar do outro. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM5 6 ÉTICA E LEGISLAÇÃO A ética é uma disciplina, um ramo da filosofia*, que procura refletir as ações, os valores, os deveres e as virtudes presentes nas relações humanas, na tomada de decisão e na formação humana necessários à vida em sociedade. A palavra “Ética” deriva da palavra grega “ethos” e possui dois sentidos: 1. Modo de ser ou Morada do ser, relacionando-se ao caráter e a personalidade de cada pessoa. A Ética, então, revela uma orientação para a ação humana que parte do interior da liberdade individual da pessoa e mostra sua autenticidade, sua essência única. Assim, se quiséssemos saber quem é uma pessoa, sua postura e seu posicionamento diante do mundo, bastaria conhecê-la diante de uma situação em que ela precise ser virtuosa. 2. Hábito ou costume significando ações que praticamos no nosso cotidiano, cujos valores fazem parte da sociedade na qual se vive. 1. Introdução ao Estudo da Ética em Enfermagem A filosofia é uma prática discursiva (ela procede “por discursos e raciocínios”) que tem a vida por objeto, a razão por meio e a felicidade por fim. Trata-se de pensar melhor para viver melhor.” COMNTE-SPONVILLE, 2012, p.8). “ ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM7 ÉTICA E LEGISLAÇÃO A Ética, enquanto disciplina, revela uma formação humana pessoal e igualmente uma preparação para uma vida social, na qual as pessoas possam construir relações saudáveis, preservando a dignidade humana tanto de si como do outro. Desta maneira, a ética que brota das nossas vivências, motivações, sentimentos e valores pessoais que formam o nosso caráter e nossa autonomia enquanto indivíduos não devem se contrapor, em princípio, a nossos comportamentos e ações realizadas e esperadas no mundo social, isto é, na sociedade. É nosso compromisso e comprometimento pessoal com a sociedade que permite que ela aperfeiçoe as relações e se torne melhor e mais justa, por exemplo. A nossa ética apenas se torna visível quando a expressamos junto ao outro na sociedade. As profissões, incluindo a Enfermagem, são fruto de uma dupla finalidade. A primeira finalidade é a de atender aos nossos desejos por autorrealização, de realizarmos uma ação no mundo que possa satisfazer nossas necessidades e dar sentido a quem somos a partir daquilo que fazemos. A segunda consiste em realizar uma atividade que é também necessária por sua especificidade à sociedade. Nesse sentido, a ética profissional em Enfermagem é a formalização, por meio do Código de Ética, do pacto desta profissão com a sociedade estabelecendo os limites da liberdade e autonomia destes profissionais no exercício de suas atividades, abarcando valores, princípios, direitos e deveres que são esperados na conduta dos profissionais de enfermagem para o desempenho de suas funçõescom transparência, responsabilidade e segurança para si e para a sociedade. 2. Ética Profissional em Enfermagem Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal.” (KANT, 2015, p. 62). “ ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM8 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 3. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem A quem se destina o Código de Ética dos Profissionais de Enfemagem? O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) está contido, atualmente, na Resolução Cofen nº 564/2017. Este código, em sua história, foi elaborado após uma ampla consulta aos Conselhos Regionais de Enfermagem e profissionais de enfermagem em todo o Brasil, sendo assim, uma norma que pela linguagem e pelo seu conteúdo ficou muito próxima da realidade vivida por muitos profissionais na prática de enfermagem O Código de Ética de Enfermagem está direcionado para os profissionais de Enfermagem e para a sociedade, pois a sociedade pode, por meio do código, proteger-se dos maus profissionais, isto é, daqueles descomprometidos e que possam vir a causar danos às pessoas cuidadas. Com base nesse código, as pessoas da sociedade podem responsabilizar os profissionais por suas ações mal executadas. Observa-se que não é possível chamar outros profissionais da saúde a responder por suas ações pautando-se no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem: cada profissão da saúde deve ter o seu próprio código de ética. ÉTICA E LEGISLAÇÃO Compete ao Sistema Cofen/Coren, ou seja, ao Conselho Federal de Enfermagem e aos Conselhos Regionais de Enfermagem assegurar a aplicação do Código de Ética de Enfermagem em todo território brasileiro. O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, conforme a Resolução do Cofen, possui 119 artigos estruturados da seguinte forma: Preâmbulo; Princípios Fundamentais; Direitos; Deveres; Proibições; Das Infrações e Penalidades; e Da aplicação das Penalidades. Com intuito de facilitar o nosso estudo sobre o Código de Ética de Enfermagem iremos abordar alguns temas presentes nele nos quais serão apresentados direitos, deveres e proibições aos profissionais de enfermagem e destacaremos alguns artigos para comentários. ADVERTÊNCIA: É preciso compreender que é importante que todo profissional de enfermagem leia e tenha sempre próximo o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem para que ele seja capaz de se posicionar adequadamente em suas ações e para uma prática de cuidar com segurança. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM9 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM10 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 4. Sobre o Sistema Cofen/Coren e outras Organizações da Categoria O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem aborda, em alguns artigos, o compromisso dos profissionais de enfermagem perante o Sistema Cofen/Coren e outras entidades de classe como os sindicatos, sociedades de especialistas e associações, dentre as quais se destaca a mais antiga da Enfermagem que é a Associação Brasileira de Enfermagem. O que diz o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem sobre a sua postura junto às entidades de classe? ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM11 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dignidade profissional, do exercício da cidadania e das reivindicações por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração, observados os parâmetros e limites da legislação vigente. Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Organizações da Categoria e Órgãos de Fiscalização do Exercício Profissional, atendidos os requisitos legais. Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de forma fundamentada, medidas cabíveis para obtenção de desagravo público em decorrência de ofensa sofrida no exercício profissional ou que atinja a profissão. Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de forma fundamentada, quando impedido de cumprir o presente Código, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções, Decisões e Pareceres Normativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem. Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difamação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional. Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patrimônio das organizações da categoria. Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Sistema Cofen/ Conselhos Regionais de Enfermagem. Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de Enfermagem no desempenho de atividades em organizações da categoria. Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de Enfermagem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam dispositivos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e a segurança à saúde da pessoa, família e coletividade. Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de Enfermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de cargo, função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional. Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notificações, citações, convocações e intimações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem. Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exercício profissional e prestar informações fidedignas, permitindo o acesso a documentos e a área física institucional. Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, com jurisdição na área onde ocorrer o exercício profissional. Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. DIREITOS PROIBIÇÕES DEVERES Fonte: COFEN, 2017. Quadro 1 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre as organizações da categoria. ÉTICA E LEGISLAÇÃO O profissional de Enfermagem deve compreender que as entidades de classe são parceiras, em especial, do profissional de Enfermagem. O Sistema Cofen/Coren tem por função fiscalizar a profissão, o que significa avaliar as condições nas quais a prática de enfermagem acontece e as atitudes profissionais que podem ser prejudiciais à população colocando pessoas em situações de risco ou ocasionar danos. Também o profissional de enfermagem deseja oferecer a melhor assistência possível ao paciente para deixá-lo nas melhores condições possíveis, o que significa que profissional e Sistema Cofen/Coren são parceiros para uma prática profissional segura. Por isso, é importante que os profissionais de enfermagem dialoguem com o Conselho de Enfermagem para dirimir dúvidas sobre procedimentos e sua atuação na assistência, bem como sendo o primeiro fiscal da enfermagem comunicando ao Conselho fatos que possam ser considerados como irregularidades na assistência de enfermagem cometidas por instituições ou profissionais. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM12 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM13 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 5. Sobre as Instituições Empregadoras As instituições empregadoras são aquelas que oferecem serviços de enfermagem públicos ou privados possibilitando aos profissionais de enfermagem exercerem seu papel na sociedade. Entretanto, estas instituições que se beneficiam do trabalho de enfermagem precisam estar de acordo com a legislação em saúde, resguardando a proteção e os direitos dos usuários e dos profissionais de Enfermagem. Nesse sentido, o Código de Ética em Enfermagem estabelece diretrizes para os profissionais de enfermagem junto a essas instituições, como se pode perceber a seguir. Art. 2º Exercer atividades emlocais de trabalho livre de riscos e danos e violências física e psicológica à saúde do trabalhador, em respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profissionais de enfermagem. Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, às diretrizes políticas, normativas e protocolos institucionais, bem como participar de sua elaboração. Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de Enfermagem, bem como de comissões interdisciplinares da instituição em que trabalha. Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quando o local de trabalho não oferecer condições seguras para o exercício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imediatamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrônico à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem. Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento metodológico para planejar, implementar, avaliar e documentar o cuidado à pessoa, família e coletividade. Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente relacionada ao exercício profissional da Enfermagem. Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob sua responsabilidade profissional. Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação profissional/usuários quando houver risco à sua integridade física e moral, comunicando ao Coren e assegurando a continuidade da assistência de Enfermagem. DIREITOS Quadro 2 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre as instituições empregadoras. ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem a legislação e princípios que disciplinam o exercício profissional de Enfermagem. Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família e coletividade, quando no exercício da profissão. Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência de fatos que envolvam recusa ou demissão motivada pela necessidade do profissional em cumprir o presente código e a legislação do exercício profissional; bem como pleitear cargo, função ou emprego ocupado por colega, utilizando-se de concorrência desleal. Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal de qualquer instituição ou estabelecimento congênere, quando, nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na legislação. Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa, família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma de garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de qualquer natureza para si ou para outrem. Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanismos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou jurídicas, para conseguir qualquer tipo de vantagem. Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias políticas ou qualquer tipo de conceito ou preconceito que atentem contra a dignidade da pessoa humana, bem como dificultar o exercício profissional. Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difamação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional. Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de Enfermagem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam dispositivos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e a segurança à saúde da pessoa, família e coletividade. Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de Enfermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de cargo, função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional. Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições que ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão das atividades profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da categoria. Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos de movimentos reivindicatórios da categoria, deverão ser prestados os cuidados mínimos que garantam uma assistência segura, conforme a complexidade do paciente. PROIBIÇÕES DEVERES ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM14 Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM15 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Além de precaver o profissional de enfermagem a não desempenhar suas funções em um ambiente de trabalho insalubre, ilegal, ilícito ou inidôneo, pois isto por si só é colocar em risco os pacientes e a atuação de enfermagem, o Código de Ética em Enfermagem também se propõe a assegurar que o profissional de enfermagem possa desempenhar suas atividades com base na sua metodologia da assistência própria e registrando-a em local adequado e solicitando ajuda do Coren quando perceber risco ou prejuízos à prática profissional de enfermagem. Prevendo que a relação de trabalho é assimétrica entre empregado e empregador, o Código procura garantir a liberdade do profissional de romper com o vínculo empregatício como suspender suas atividades em prol da categoria, contudo neste último aspecto, o código adverte para que o fim último da assistência, que é o paciente, não fique desassistido, devendo os movimentos de greve ou paralisações, por exemplo, garantirem o mínimo de profissionais necessários à continuidade dos cuidados de enfermagem. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM16 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 6. Sigilo das Informações e Direito à Privacidade O sigilo profissional e a privacidade são direitos individuais fundamentais e apenas podem ser rompidos mediante justificativa fundamentada na legislação e na liberdade da pessoa de decidir sobre sua pessoa. Vale ressaltar que tais direitos não cessam com a morte da pessoa. O sigilo profissional diz respeito a todas as informações que se tenha conhecimento sobre o paciente sejam relativas tanto à assistência como às informações pessoais e a outras que se tenha conhecimento sobre o paciente, mesmo antes ou depois da assistência e do fato já ser de conhecimento público. A privacidade abarca a confidencialidade das informações, conforme o art. 5º, Inc. X, da Constituição Federal, a inviolabilidade da “da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas” (BRASIL, 2023, p. 2). A Privacidade visa preservar a vida íntima do paciente, seus sentimentos, motivações, sua imagem e seu natural pudor quanto ao corpo. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM17 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional. Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mídias sociais durante o desempenho de suas atividades profissionais. Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exercício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza, contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equipe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e constrangedoras. Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área profissional. Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, e inserir imagens que possam identificar pessoas ou instituições sem prévia autorização, em qualquer meio de comunicação. Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos a terceiros que não estão diretamente envolvidos na prestação da assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado pelo paciente, representante legal ou responsável legal, por determinação judicial. Art. 43 Respeitar o pudor,a privacidade e a intimidade da pessoa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e pós-morte. Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em razão da atividade profissional, exceto nos casos previstos na legislação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito da pessoa envolvida ou de seu representante ou responsável legal. § 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conhecimento público e em caso de falecimento da pessoa envolvida. § 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de ameaça à vida e à dignidade, na defesa própria ou em atividade multiprofissional, quando necessário à prestação da assistência. § 3º O profissional de Enfermagem intimado como testemunha deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, declarar suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional. § 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de responsabilização criminal, independentemente de autorização, de casos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; e pessoas incapacitadas ou sem condições de firmar consentimento. § 5º A comunicação externa para os órgãos de responsabilização criminal em casos de violência doméstica e familiar contra mulher adulta e capaz será devida, independentemente de autorização, em caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo do profissional e com conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável. DIREITOS PROIBIÇÕES DEVERES Quadro 3 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre o direito à privacidade. Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM18 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 7. Sobre Direito à Informação A informação em saúde é um bem precioso e o primeiro elemento do cuidar em enfermagem. A informação permite a boa comunicação e as boas práticas profissionais, sendo o elemento essencial para o estabelecimento do vínculo de confiança entre profissional e paciente. Neste sentido, Código de Ética em Enfermagem assegura o acesso às informações necessárias para o cuidar e o dever de registrar adequadamente as ações do cuidar. Dois temas do Código devem ser destacados: 1- O uso de carimbo que é pelo código facultado, contudo norma específica sobre os registros colocou essa obrigatoriedade. Como se trata de norma específica, ela possui primazia, assim, o profissional de enfermagem deve fazer uso do carimbo nos seus registros; 2- Os documentos e registros em saúde têm validade jurídica, assim, o profissional deve se precaver e não registrar ações que não executou ou que foram realizadas por outrem, para não responder por ações que até então não lhe seriam atribuídas. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM19 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa, família e coletividade, necessárias ao exercício profissional. Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, às diretrizes políticas, normativas e protocolos institucionais, bem como participar de sua elaboração. Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área profissional. Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, e inserir imagens que possam identificar pessoas ou instituições sem prévia autorização, em qualquer meio de comunicação. Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inverídicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à pessoa, família ou coletividade. Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas por outro profissional. Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Conselho Regional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de Enfermagem. Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, número e categoria de inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício profissional. § 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, número e categoria de inscrição no Coren, devendo constar a assinatura ou rubrica do profissional. § 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura deverá ser certificada, conforme legislação vigente. Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras. Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de Enfermagem, em consonância com sua competência legal. Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e segurança do paciente. Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistência de Enfermagem. Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, riscos e consequências decorrentes de exames e de outros procedimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu representante legal. DIREITOS PROIBIÇÕES DEVERES Quadro 4 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre o direito à informação. Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM20 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 8. Da Publicidade em Enfermagem Uma das formas de o profissional de enfermagem ser reconhecido por sua competência profissional é por meio da divulgação de seu trabalho. Dentre as condutas éticas previstas no código, adverte-se para que o profissional apenas divulgue serviços para os quais tenha formação e competência para realizar. Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha habilidades e competências técnico-científicas e legais. Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mídias sociais durante o desempenho de suas atividades profissionais. DIREITOS Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos diferentes meios de comunicação e publicidade. DEVERES Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título que não possa comprovar. PROIBIÇÕES Quadro 5 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre a publicidade. Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM21 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 9. Condutas Éticas no Trabalho em Equipe Um dos grandes desafios do trabalho em enfermagem consiste no trabalho em equipe em que as ações, procedimentos e condutas são integrados. Atuar em equipe significa ter consciência de sua autonomia e do dever de proteção ao paciente, por isso, o profissional de enfermagem não pode realizar atos contrários à legislação ou que não seja de sua competência técnico-científica, ou que não ofereça segurança ao profissional. O resultado da melhoria do paciente é fruto de um trabalho conjunto, portanto, a responsabilidade também é compartilhada conforme a atribuição de cada um. Deve-se evitar “falar mal” ou como popularmente se diz, conversar sobre “fofocas” e fazer intrigas, pois isto pode gerar processos por calúnia, injúria e difamação. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM22 AMBIENTAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liberdade, observando os preceitos éticos e legais da profissão. Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente relacionada ao exercício profissional da Enfermagem. Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de Ética e à legislação que disciplina o exercício da Enfermagem. Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem a legislação e princípios que disciplinam o exercício profissional de Enfermagem. Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família e coletividade, quando no exercício da profissão. Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difamação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional. Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção penal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e legais, no exercício profissional. Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a outro profissional, exceto em caso de emergência, ou que estiverem expressamente autorizados na legislação vigente. Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização humana, reprodução assistida ou manipulação genética. Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exercício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza, contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equipe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e constrangedoras. Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a outro membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emergência. Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a outros membros da equipe de saúde. Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de enfermagem, previstas na legislação, para acompanhantes e/ou responsáveis pelo paciente. Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos da atenção domiciliar para o autocuidado apoiado. Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição ideológica. Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competentes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quando houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e coletividade. Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades profissionais, independentemente de ter sido praticada individual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência, desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio do fato. DIREITOS PROIBIÇÕES DEVERES Quadro 6 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre as organizações da categoria. Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM23 AMBIENTAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 10. Do Cumprimento de Prescrição Terapêutica Um dos pontos da interação do trabalho em equipe da Enfermagem refere-se ao cumprimento de prescrição terapêutica, com ênfase na prescrição medicamentosa. Como se observa no Código de Ética em Enfermagem, o profissional de enfermagem não deve cumprir prescrição na qual tenha dúvida sobre a segurança dela, não conheça a natureza da droga, a forma de administração e seus riscos. Outras situações são no caso de o profissional de enfermagem identificar erro ou de a prescrição estar ilegível. A atuação da enfermagem não se baseia em práticas de adivinhação, por isso o profissional de enfermagem deve retornar ao prescritor e solicitar que reavalie a prescrição e a redija novamente no caso de ilegibilidade, não sendo suficiente o simples esclarecimento do prescritor. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM24 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade. Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergência ou naquelas expressamente autorizadas na legislação, desde que possua competência técnica-científica necessária. Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação, ação da droga, via de administração e potenciais riscos, respeitados os graus de formação do profissional. Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabelecidos em programas de saúde pública e/ou em rotina aprovada em instituição de saúde, exceto em situações de emergência. Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer natureza que comprometam a segurança da pessoa. Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica na qual não constem assinatura e número de registro do profissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência. § 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica em caso de identificação de erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o prescritor ou outro profissional, registrando no prontuário. § 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e emergência e regulação, conforme Resolução vigente. Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competentes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quando houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e coletividade. DIREITOS PROIBIÇÕES DEVERES Quadro 7 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre cumprimento de prescrição terapêutica. Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM25 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 11. Situações de Emergência e Omissão de Socorro As situações emergenciais são aquelas que ocorrem de maneira intempestiva e que requerem uma tomada de decisão imediata, cuja inércia pode agravar o mal do paciente de forma permanente ou colocá-lo em risco à vida. Nestas situações, com base no estado de necessidade que é um excludente de ilicitude, justifica-se o profissional de enfermagem de modo excepcional realizar ações mesmo desrespeitando prerrogativas de outros profissionais e tomada de providências até a chegada do médico com intuito de proteger o bem maior que é o paciente. A omissão de socorro consiste em ação omissiva, um não fazer no qual se presume que a situação vá ocasionar perigo à vida ou provocar danos irreversíveis. Nestes casos, para prestar o devido socorro é suficiente realizar tudo aquilo que lhe seja possível realizar com segurança dentro ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM26 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica na qual não constem assinatura e número de registro do profissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência. § 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica em caso de identificação de erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o prescritor ou outro profissional, registrando no prontuário. § 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e emergência e regulação, conforme Resolução vigente. Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade em casos de emergência, epidemia, catástrofe e desastre, sem pleitear vantagens pessoais, quando convocado. Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de urgência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, desde que não ofereça risco a integridade física do profissional. Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência à saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de seu representante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte. Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabelecidos em programas de saúdepública e/ou em rotina aprovada em instituição de saúde, exceto em situações de emergência. Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a outro membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emergência. Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a outros membros da equipe de saúde. DIREITOS DEVERES Quadro 8 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre situações de emergência. Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM27 12. Sobre Desafios Bioéticos em Enfermagem A Bioética é a disciplina que procura refletir as questões éticas envolvendo o progresso dos avanços científicos com ênfase nas ciências da saúde e suas implicações morais e éticas para que os interesses das ciências não sejam colocados acima dos valores humanos. São temas de interesse da bioética, por exemplo, as tecnologias de reprodução humana, clonagem, pesquisas com seres humanos, inteligência artificial, humanização da assistência à saúde, aborto, cuidados paliativos e outros temas. O Código de Ética em Enfermagem traz alguns desses temas bioéticos destacando as situações de aborto e os cuidados no processo de morte e morrer. Quanto às situações de abortamento, o profissional de enfermagem está proibido de participar de ocasiões ilegais ou ilícitas como de aborto provocado ou atuar em clínicas clandestinas de aborto, pois no Brasil, o aborto é crime. Nos casos de abortamento legal que envolvem violência sexual, risco de vida à gestante e casos de anencefalia, o profissional pode decidir se participará destes procedimentos conforme sua consciência e seus valores morais. Entretanto, adverte o código que deve ser assegurado a paciente que seu direito à continuidade da assistência de enfermagem, livre de danos e de qualquer discriminação por sua decisão. Nas situações que envolvem o processo de morte e morrer, o CEPE indica como princípio para os cuidados paliativos, o respeito à dignidade da pessoa humana e o foco da assistência que deve voltar-se para a qualidade de vida, o conforto do paciente e o alívio da dor e do sofrimento. É proibido ao profissional de enfermagem participar ou realizar qualquer conduta, por sua vez, que visa antecipar a morte, ou seja, provocar eutanásia ou participar de suicídio assistido. AMBIENTAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qualidade de vida à pessoa e família no processo do nascer, viver, morrer e luto. Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e terminais com risco iminente de morte, em consonância com a equipe multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolvendo seres humanos. Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela legislação vigente. Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o profissional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre sua participação, desde que seja garantida a continuidade da assistência. Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar a morte da pessoa. Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização humana, reprodução assistida ou manipulação genética. Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança da pessoa, família e coletividade. DEVERES PROIBIÇÕES A vida é uma misteriosa trama de acaso, destino e caráter.” (DILTHEY, 2010, p.V). “ ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM28 Quadro 9 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre temas bioéticos. Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM29 13. Situações de Crime e Violência A prática de enfermagem tem por finalidade assistir o paciente contribuindo para melhoria da qualidade de vida e para a restauração de sua saúde. Portanto, é totalmente contrário a estes fins, o profissional de enfermagem que pratica atos ilícitos, crimes ou que provoque situações de sofrimento e violência para com o paciente. O Código de Ética de Enfermagem enfatiza a responsabilidade do profissional de enfermagem na execução de atos que se caracterizem como imprudência, imperícia e negligência. A imprudência compreende uma ação intempestiva, desobedecendo às regras de segurança sem acreditar nos riscos que esta conduta poderá ocasionar em danos; a imperícia consiste num dano provocado por uma ação na qual o profissional de enfermagem não possui a habilidade técnico-científica ou mesmo falta-lhe a destreza necessária para realizar o procedimento. A negligência é uma ação omissiva na qual o profissional deixa de realizar sua atividade, sendo uma total falta de atenção ou de cuidado e ocasionando danos ao paciente. Imprudência Imperícia Negligência ÉTICA E LEGISLAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM30 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança técnica, científica e ambiental, autonomia, e ser tratado sem discriminação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos legais, éticos e dos direitos humanos. Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de Ética e à legislação que disciplina o exercício da Enfermagem. Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem a legislação e princípios que disciplinam o exercício profissional de Enfermagem. Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família e coletividade, quando no exercício da profissão. Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para praticar atos tipificados como crime ou contravenção penal, tanto em ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não a exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais. Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difamação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional. Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela legislação vigente. Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o profissional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre sua participação, desde que seja garantida a continuidade da assistência. Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar a morte da pessoa. Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização humana, reprodução assistida ou manipulação genética. Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exercício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza, contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equipe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e constrangedoras. Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel, público ou particular, que esteja sob sua responsabilidade em razão do cargo ou do exercício profissional, bem como desviá-lo em proveito próprio ou de outrem. Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, honestidade e lealdade. Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito,na solidariedade e na diversidade de opinião e posição ideológica. Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades profissionais, independentemente de ter sido praticada individual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência, desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio do fato. Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente relativa à preservação do meio ambiente no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. PROIBIÇÕES DEVERES DIREITOS Quadro 10 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre situações de crime e violência. Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM31 ÉTICA E LEGISLAÇÃO O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem reconhece que a qualificação profissional exige o aperfeiçoamento da prática por meio de um processo educativo continuado que deve ser estimulado tanto quanto possível nos serviços de enfermagem. Na Enfermagem, nunca se para de estudar. O Código destaca as boas práticas para a pesquisa como o cuidado com a autoria do texto e ter identificada como própria a sua produção científica, zelando pelos princípios éticos da confidencialidade das informações e do anonimato da fonte. ÉTICA E LEGISLAÇÃO 14. Sobre Ensino e Pesquisa por Profissionais de Enfermagem ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM32 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, respeitando a legislação vigente. Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesquisa, extensão e produção técnico-científica. Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, em que os direitos inalienáveis da pessoa, família e coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de riscos ou danos previsíveis aos envolvidos. Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança da pessoa, família e coletividade. Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem como usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente estabelecidos. Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a autorização prévia. Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico-científica ou instrumento de organização formal do qual não tenha participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores. Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não publicadas, sem referência do autor ou sem a sua autorização. Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, das quais tenha ou não participado como autor, sem concordância ou concessão dos demais partícipes. Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer constar seu nome como autor ou coautor em obra técnico-científica. Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento técnico-científico, ético-político, socioeducativo e cultural dos profissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação. Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético-políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da profissão. Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente aprovados nas instâncias deliberativas. Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolvendo seres humanos. Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no processo de pesquisa, em todas as etapas. DIREITOS PROIBIÇÕES DEVERES Quadro 11 – Diretrizes do Código de Ética em Enfermagem sobre as organizações da categoria. Fonte: COFEN, 2017. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM33 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 15. Das Infrações e Penalidades As infrações possíveis de serem aplicadas aos profissionais de enfermagem por infração ética ou disciplinar foram estipuladas pela Lei Federal nº 5905/1973, no ato de criação do Sistema Cofen/Coren, cabendo ao Cofen descrever as penalidades e os critérios para sua aplicação. Esses parâmetros são importantes para que a responsabilidade quanto à conduta do profissional de enfermagem seja apurada com justiça e transparência, assegurando às partes, o processo devido e que não será julgado de forma arbitrária. Advertência Verbal Multa Censura Suspensão do exercício profissional Cassação do exercício profissional ÉTICA E LEGISLAÇÃO Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o que determina o art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes: I – Advertência verbal; II – Multa; III – Censura; IV – Suspensão do Exercício Profissional; V – Cassação do direito ao Exercício Profissional. § 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao infrator, de forma reservada, que será registrada no prontuário do mesmo, na presença de duas testemunhas. § 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento. § 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem e em jornais de grande circulação. § 4º A suspensão consiste na proibição do exercício profissional da Enfermagem por um período de até 90 (noventa) dias e será divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada aos órgãos empregadores. § 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da Enfermagem por um período de até 30 anos e será divulgada nas publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem e em jornais de grande circulação. § 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no prontuário do infrator. § 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissional terá sua carteira retida no ato da notificação, em todas as categorias em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento da pena e, no caso da cassação, após o processo de reabilitação. Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente poderão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver infração a mais de um artigo. PROIBIÇÕES 34 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM Quadro 12– Descrição de penalidades previstas no Código de Ética em Enfermagem. Fonte: COFEN, 2017. ÉTICA E LEGISLAÇÃO 35 Com este capítulo, já tendo abordado os direitos, deveres e proibições dos profissionais de enfermagem no contexto de diversas relações de cuidar, chamando atenção para a postura e a forma de se posicionar diante do paciente, da família e de colegas de trabalho para a defesa de uma prática de enfermagem ética e segura, na qual o profissional de enfermagem seja capaz de justificar suas ações e preservar sua autonomia. Com isto, finalizamos o estudo do CEPE e convidamos você, leitor, a seguir com o estudo introdutório sobre a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem que será tratada nos capítulos seguintes. “Não te deves assemelhar aos maus porque são muitos, nem tornar-te inimigo de muitos porque são diferentes. Refugia- te em ti próprio quando puderes; dá-te com aqueles que te possam tornar melhor, convive com aqueles que tu possas tornar melhores. Há que usar de reciprocidade: enquanto se ensina aprende-se também.” (SÊNECA, 2021, p. 16) ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM36 ÉTICA E LEGISLAÇÃO 16. Lei do Exercício Profissional da Enfermagem A Constituição Federal (1988) define dois fundamentos para o exercício de qualquer profissão: 1. O princípio da legalidade segundo o qual “ninguém será obrigadoa fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude da lei” (Art. 5º, II da Constituição); e o princípio da formação profissional que diz que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” (art. 5º, XIII da Constituição). A Lei do Exercício Profissional em Enfermagem atende a um papel social de garantir os requisitos para atuação do profissional de enfermagem e proteger os cidadãos dos maus profissionais. A profissão de enfermagem está assim regulamentada pela Lei Federal nº 7.498/1986, abarcando três categorias profissionais, quais sejam, o enfermeiro, o técnico de enfermagem e o auxiliar de enfermagem, sendo ainda associados pela lei, a parteira, a obstetriz e o atendente de enfermagem. Para o exercício da enfermagem, a Lei determina que o técnico de enfermagem possua curso de nível médio e inscrição no conselho regional de enfermagem onde pretende atuar e o enfermeiro precisa ter curso de ensino superior em enfermagem e inscrição no conselho regional. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM37 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Toda norma abriga um valor. A função do Direito é descobrir, perceber e preservar valores.” (GUIMARÃES, 2013. p.223). “ A Lei também descreve as funções do enfermeiro, do técnico de enfermagem e do auxiliar de enfermagem. A lei não se dedica a expor procedimentos assistenciais voltados para a Enfermagem, ao contrário, a lei se refere a cuidados. Para reconhecer as atividades assistenciais que são próprias dos profissionais de enfermagem, deve-se compreender que a enfermagem é uma profissão processual, isto é, cujos cuidados acompanham o paciente durante o curso de seu processo de adoecimento e que atua em equipe tanto de enfermagem quanto de saúde. A Lei Federal nº 7498/1986, estabelece o espaço de atuação para a Enfermagem que é regulamentado pelo Decreto-Lei Federal nº 94.406/1987. Esse decreto determina a criação e ocupação pelos profissionais de enfermagem do espaço regulamentado pela lei. Deve-se ressaltar ainda que recentemente a Lei do Exercício Profissional em Enfermagem foi modificada, tendo acrescido em seu texto as diretrizes para o estabelecimento do piso salarial em enfermagem. 17. Atribuições do Técnico de Enfermagem A Lei Federal nº 7.498/1986 e o Decreto-Lei Federal nº 94.406/1987, ao descrever as atribuições do técnico de enfermagem enfatizam que suas atividades devem ser realizadas em grau auxiliar e em participação com as ações do enfermeiro. Por um lado, isto significa que as ações do técnico de enfermagem são, por princípio, de responsabilidade compartilhada às do enfermeiro, requerendo deste a supervisão e orientação. De certo que na assistência prestada pela equipe de enfermagem, o técnico de enfermagem está subordinado diretamente ao enfermeiro e a nenhum outro profissional de saúde. Por outro lado, entende-se que a assistência de enfermagem não é exclusiva do enfermeiro nos serviços de enfermagem. ÉTICA E LEGISLAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM38 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d94406.htm ÉTICA E LEGISLAÇÃO Assim, são atribuições dos técnicos de enfermagem segundo o Decreto-Lei Federal nº 94.406/1987: Art. 10. O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio técnico, atribuídas à equipe de enfermagem, cabendo-lhe: I - assistir ao Enfermeiro: a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de enfermagem; b) na prestação de cuidados diretos de enfermagem a pacientes em estado grave; c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância epidemiológica; d) na prevenção e no controle sistemático da infecção hospitalar; e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante a assistência de saúde; f) na execução dos programas referidos nas letras i e o do item II do art. 8º; II - executar atividades de assistência de enfermagem, excetuadas as privativas do enfermeiro e as referidas no art. 9º deste Decreto; III - integrar a equipe de saúde. (BRASIL, 2023, p.3). ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM39 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d94406.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d94406.htm ÉTICA E LEGISLAÇÃO A programação da assistência de enfermagem, a responsabilidade e direção dos serviços de enfermagem são do enfermeiro, embora o técnico de enfermagem possa contribuir na avaliação das necessidades do paciente e no estabelecimento das condutas de enfermagem prioritárias. Cuidados diretos a pacientes graves com risco de vida ou de maior complexidade técnica também competem ao enfermeiro. Assim, procedimentos como inserção de sonda vesical ou sonda nasoenteral, o Cofen já considerou que são próprios do enfermeiro por requererem uma avaliação minuciosa da necessidade e da aplicação correta da técnica, o que deve levar em consideração pacientes com maior vulnerabilidade, e que para verificar se o procedimento foi realizado corretamente, por vezes se faz necessário realizar exames complementares como de raio-x. Assistir ao enfermeiro, no cotidiano, é estar na razão de ser do processo de cuidar em enfermagem, onde a profissão é mais necessária, ao lado do leito do paciente, enquanto presença humana acolhedora à disposição para o toque, para o escutar e para o agir. São os técnicos de enfermagem que diuturnamente realizam as atividades assistenciais de enfermagem primordiais à recuperação e bem-estar do paciente e que também exigem maior esforço físico. Uma equipe de enfermagem forte, resolutiva e eficaz não se constrói sem técnicos de enfermagem competentes na técnica, na ciência e na sensibilidade humana para as necessidades do outro. O técnico de enfermagem torna sempre visível ao paciente o valor do trabalho da enfermagem, nada em seu fazer está oculto ou distante dele. ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM40 ÉTICA E LEGISLAÇÃOÉTICA E LEGISLAÇÃO Um convite a caminhar Parabéns! Você venceu mais uma vez a si mesmo! Chegamos ao final da proposta de reflexão de nosso e-book e espero que você tenha ficado com inúmeras inquietações, talvez até algumas dúvidas quanto ao seu papel na Enfermagem ou como transformar o conhecimento aqui aprendido em atitudes concretas no seu cotidiano. Que bom! Essa era nossa proposta: fazê-lo pensar e repensar sua prática profissional. Aristóteles, filósofo grego da antiguidade, acreditava que o saber ético não pode estar desvinculado da prática e que ele só se concretiza com o hábito, isto é, através do esforço contínuo de encontrar a justa medida de nossas ações. O conhecimento sobre ética e legislação em enfermagem é importante para refletir qual deve ser a postura e a conduta do profissional diante das diversas situações em que o paciente e o cuidar em enfermagem possam estar ameaçados, dando segurança ao profissional de enfermagem sobre seus direitos, deveres e limites. Contudo, apenas conhecer os fundamentos éticos da prática profissional em enfermagem não o transforma em um profissional virtuoso: é preciso exercitar os valores na prática. Neste aspecto, o cuidar em enfermagem diz tanto sobre nossa atitude diante do outro quanto sobre nosso caráter. A teórica da enfermagem Jean Watson (2000, p.55) afirma que: O cuidar não é, apenas uma emoção, atitude ou um simples desejo. cuidar é o ideal moral da enfermagem pelo que seu objetivo é proteger, melhorar e preservar a dignidade humana. cuidar envolve valores, vontade, um compromisso para o cuidar, conhecimentos, ações carinhosas e suas consequências. todo o cuidar está relacionado com respostas humanas intersubjetivas às condições de saúde-doença; um conhecimento de saúde- doença, interações ambiente-pessoa; um conhecimento do processo de cuidar; um autoconhecimentoe conhecimento das nossas capacidades e limitações para negociar [firmar relações]. Assim, convictos do valor da enfermagem, convidamos você, profissional técnico de enfermagem, a reconhecer seu próprio valor enquanto cuidador a partir daquilo que realiza e a prosseguir com seus estudos de aperfeiçoamento profissional nos próximos módulos para que o ideal moral da enfermagem se concretize em suas ações. Esse é o princípio da melhoria da qualidade de vida do paciente, da assistência em enfermagem especializada e da valorização profissional. ÉTICA E LEGISLAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM41 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM42 ÉTICA E LEGISLAÇÃO Referências Básicas CARNEIRO, Alan Dionizio; PEQUENO, Marconi José Pimentel. A ética de Max Scheler e a essência do cuidar do outro. Aparecida (SP): Ideias e Letras, 2020. GELAIN, I. A ética, a bioética e os profissionais de enfermagem. 4 ed. São Paulo: EPU, 2010. OGUISSO, T. SCHIMIDT, M.J. O exercício da Enfermagem: uma abordagem ético-legal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020. SÁ, Mariluce Ribeiro de. Coletânea de Respostas às Dúvidas de Enfermagem à Luz da Legislação. 2 ed. Brasília: Cofen, 2022. SANTOS, Betânia Maria Pereira dos; ARRUDA, Aurilene Cartaxo Gomes de. Hermenêutica e o código de ética dos profissionais de Enfermagem – CEPE comentado. Brasília: Cofen, 2022. Referências Complementares ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007. BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Constituição Federal. Brasília: Casa Civil, 2023. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 10 mar 2023. BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Decreto n. 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 2023. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d94406.htm. Acesso em 10 mar 2023. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº 564, de maio de 2017. Aprova a Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145. html. Acesso em 15 mar 2023. COMTE-SPONVILLE, A. A felicidade, desesperadamente. São Paulo: Martins Fontes, 2012. p.8. DILTHEY, W. 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