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<p>Co</p><p>nh</p><p>ec</p><p>im</p><p>en</p><p>to</p><p>s E</p><p>sp</p><p>ec</p><p>ífi</p><p>co</p><p>s</p><p>Co</p><p>nh</p><p>ec</p><p>im</p><p>en</p><p>to</p><p>s E</p><p>sp</p><p>ec</p><p>ífi</p><p>co</p><p>s</p><p>Prefeitura de Osasco - SP</p><p>Técnico de enfermagem ESF</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>Código de ética de enfermagem ................................................................................... 1</p><p>Lei do exercício profissional .......................................................................................... 11</p><p>Trabalho em equipe ....................................................................................................... 24</p><p>Fundamentos de enfermagem ...................................................................................... 26</p><p>Assistência de enfermagem em: clínica médica, clínica cirúrgica................................. 35</p><p>Doenças crônicas degenerativas .................................................................................. 63</p><p>Doenças transmissíveis................................................................................................. 64</p><p>Saúde mental ................................................................................................................ 69</p><p>Urgência e emergência. Assistência de Enfermagem em Primeiros Socorros ............. 89</p><p>Saúde do idoso.............................................................................................................. 118</p><p>Saúde da mulher ........................................................................................................... 135</p><p>Saúde da criança e do adolescente .............................................................................. 170</p><p>Procedimentos de enfermagem: enfermagem na administração de medicamentos,</p><p>técnicas básicas de enfermagem .................................................................................. 216</p><p>Programa Nacional de Imunização e Calendário de vacinação para o Estado de São</p><p>Paulo ............................................................................................................................. 230</p><p>Assistência de Enfermagem em Primeiros Socorros .................................................... 251</p><p>Enfermagem em Saúde Pública: saneamento do meio ambiente ................................ 251</p><p>Imunizações .................................................................................................................. 253</p><p>Doenças de notificação compulsória (dengue, leishmaniose, sífilis, tuberculose, co-</p><p>vid-19, HIV/AIDS etc.) ................................................................................................... 253</p><p>Enfermagem em saúde do trabalhador, enfoque na Promoção e Prevenção em</p><p>Saúde ............................................................................................................................ 289</p><p>Aplicação de medidas de biossegurança ...................................................................... 310</p><p>Medidas de controle de infecção, esterilização e desinfecção; classificação de artigos</p><p>e superfícies aplicando conhecimentos de desinfecção, limpeza, preparo e esteriliza-</p><p>ção de material, precauções-padrão ............................................................................. 314</p><p>Atuação na Atenção Básica – Estratégia Saúde da Família – atribuições comuns e</p><p>específicas (acolhimento, imunizações, mulher, criança, família, doentes crônicos de-</p><p>generativos, idosos, vigilância epidemiológica e sanitária) ........................................... 326</p><p>Conhecimentos básicos sobre o Programa de Saúde da Família ................................ 350</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>Co</p><p>nh</p><p>ec</p><p>im</p><p>en</p><p>to</p><p>s E</p><p>sp</p><p>ec</p><p>ífi</p><p>co</p><p>s</p><p>Conhecimentos básicos sobre o Programa de Agentes Comunitários de Saúde ......... 372</p><p>Atuação em grupos por patologias. ............................................................................... 373</p><p>Legislação Profissional COFEN/COREN ...................................................................... 376</p><p>Exercícios ...................................................................................................................... 377</p><p>Gabarito ......................................................................................................................... 385</p><p>Co</p><p>nh</p><p>ec</p><p>im</p><p>en</p><p>to</p><p>s E</p><p>sp</p><p>ec</p><p>ífi</p><p>co</p><p>s</p><p>Prefeitura de Osasco - SP</p><p>Técnico de enfermagem ESF</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>1</p><p>Código de ética de enfermagem</p><p>Código de Ética profissional em Enfermagem</p><p>RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017</p><p>Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem</p><p>O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº</p><p>5.905, de 12 de julho de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado pela Resolução Cofen nº 421, de 15</p><p>de fevereiro de 2012, e</p><p>CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º da Lei 5.905, de 12 de julho de 1973, compete ao</p><p>Cofen elaborar o Código de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário, ouvidos os Conselhos</p><p>Regionais;</p><p>CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de Enfermagem deve submeter-se aos dispositivos cons-</p><p>titucionais vigentes;</p><p>CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Assembleia Geral das</p><p>Nações Unidas (1948) e adotada pela Convenção de Genebra (1949), cujos postulados estão contidos no Có-</p><p>digo de Ética do Conselho Internacional de Enfermeiras (1953, revisado em 2012);</p><p>CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (2005);</p><p>CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (1976),</p><p>o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (1993, reformulado em 2000 e 2007), as normas nacionais</p><p>de pesquisa (Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/1996), revisadas pela Resolução nº</p><p>466/2012, e as normas internacionais sobre pesquisa envolvendo seres humanos;</p><p>CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, con-</p><p>solidada na 1ª Conferência Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª CONEENF, ocorrida no período de 07 a 09</p><p>de junho de 2017, em Brasília – DF, realizada pelo Conselho Federal de Enfermagem e Coordenada pela Co-</p><p>missão Nacional de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, instituída pela Portaria</p><p>Cofen nº 1.351/2016;</p><p>CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) que cria mecanismos para</p><p>coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal e</p><p>a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, que estabelece a notificação compulsória, no território nacional,</p><p>nos casos de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos e privados;</p><p>CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do</p><p>Adolescente;</p><p>CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso;</p><p>CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das</p><p>pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental;</p><p>CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promo-</p><p>ção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes;</p><p>CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na Assembleia Extraordinária de Presidentes dos Conselhos</p><p>Regionais de Enfermagem, ocorrida na sede do Cofen, em Brasília, Distrito Federal, no dia 18 de julho de 2017,</p><p>e</p><p>CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho Federal de Enfermagem em sua 491ª Reunião</p><p>Ordinária,</p><p>RESOLVE:</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>2</p><p>Art. 1ºAprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, conforme o anexo desta Resolu-</p><p>ção, para observância e respeito dos profissionais de Enfermagem, que poderá ser consultado através do sítio</p><p>de internet do Cofen (www.cofen.gov.br).</p><p>Art. 2ºEste Código aplica-se aos Enfermeiros,</p><p>e filho estão em boas condições.</p><p>i) execução do parto sem distocia;</p><p>Distocia é a dificuldade encontrada na evolução de um trabalho de parto, tornando um problema grave para</p><p>a mãe e para o feto. A sintomatologia de um parto distocico inclui: contrações fortes e persistentes sem expul-</p><p>são fetal; contrações fracas, infrequentes e improdutivas por mais de duas ou três horas; gestação prolongada,</p><p>descarga vaginal purulenta e sinais de intoxicação; apresentação, posição ou atitude do feto anormal; fetos</p><p>muito grandes; entre outros (GOMES, 2010).</p><p>O Enfermeiro de acordo com a regulamentação legal só pode intervir em parturientes submetidas a partos</p><p>vaginais sem distócias, ou seja, sem anormalidades durante a avaliação no pré-parto. Apesar disto, durante</p><p>o parto algumas anormalidades podem ser constatadas sendo necessária à intervenção do Enfermeiro. Logo,</p><p>compreender as possíveis alterações intervenientes do parto natural respalda uma assistência integral coeren-</p><p>te com a necessidade da parturiente. Além de possibilitar a identificação das ações necessárias para a diminui-</p><p>ção da mortalidade materna por causas diretas, que resultam de intervenções, omissões e iatrogênias.</p><p>j) educação visando à melhoria de saúde da população.</p><p>Os profissionais Enfermeiros devem ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua formação, quan-</p><p>to na sua prática. Desta forma, estes profissionais devem aprender a aprender e ter responsabilidade e com-</p><p>promisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, mas proporcio-</p><p>nando condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais dos serviços,</p><p>inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a cooperação por</p><p>meio de redes nacionais e internacionais.</p><p>Deve – se salientar, que a qualidade na assistência de Enfermagem se concretiza quando o profissional</p><p>exerce suas ações com conhecimento, habilidade, humanidade e competência para atender as necessidades</p><p>de saúde e expectativas do individuo. Diante desse cenário, a promoção de educação em saúde está cada vez</p><p>mais se consolidando como uma prática significativa, pois abrange a prestação de serviço de Enfermagem,</p><p>além de prover informação, por meio da educação permanente, para os profissionais que dela necessitam no</p><p>desempenho diário de suas atividades.</p><p>Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. 6º desta lei incumbe, ainda:</p><p>O artigo 6 da lei descreve em seus incisos quem são os Enfermeiros, e especificamente no inciso II: o</p><p>titular do diploma ou certificado de obstetriz, com competência legal de realizar assistência obstétrica, e cuja</p><p>graduação em Obstetrícia tem ênfase na promoção da saúde da mulher e na assistência da mulher durante a</p><p>gravidez, o parto e o pós parto; ou de enfermeira obstétrica, que tem a competência legal de realizar assistência</p><p>obstétrica, além de todas as atividades de Enfermagem conferidos nos termos da lei.</p><p>Em 1994, o currículo mínimo de Enfermagem foi modificado e a habilitação em Obstetrícia foi extinta. Na</p><p>atualidade, o curso previsto para formação específica de Enfermeiros na área obstétrica consiste na especia-</p><p>lização em Enfermagem, nível de pós-graduação latu sensu, surgindo a figura do Enfermeiro com especializa-</p><p>ção em Obstetrícia e Saúde da Mulher.</p><p>a) assistência à parturiente e ao parto normal;</p><p>Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, a assistência obstétrica deve ter como objetivo mãe e</p><p>criança saudáveis, com o mínimo de intervenções e compatíveis com a segurança. Nessa perspectiva deve haver</p><p>uma razão válida para se interferir no parto normal. O Ministério da Saúde vem financiando e estimulando a qualifi-</p><p>cação da Enfermagem obstétrica, para acolher as escolhas da mulher no processo de parto e nascimento, por meio</p><p>de uma cuidadosa avaliação de suas condições clínicas e obstétricas, como parte da estratégia da Rede Cegonha,</p><p>para ampliar e qualificar a assistência prestada às gestantes e aos bebês no Sistema Único de Saúde (SUS).</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>20</p><p>b) identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;</p><p>O Enfermeiro conforme a legislação vigente é habilitado em conformidade com sua capacitação técnica</p><p>– cientifica para conduzir um parto quando acontece de forma natural (sem distocias), examinar a gestante,</p><p>verificar contrações, dilatações e demais alterações no funcionamento do organismo feminino no momento do</p><p>parto, e discernir quaisquer alterações patológicas adotando os procedimentos que entendem imprescindíveis,</p><p>para garantir a segurança da mãe e bebe, até a chegada de um médico especialista.</p><p>c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária.</p><p>A episiotomia é um corte cirúrgico feito no períneo, que é a região entre a vagina e o ânus, formada por</p><p>músculos. Ocorre durante o parto normal para facilitar a passagem do bebê, nos casos em que a abertura não</p><p>está sendo suficiente.</p><p>Antigamente, esse corte era feito como rotina. Hoje, porém, a orientação mudou. Considera-se que, se for</p><p>feita sem necessidade, a episiotomia pode ser mais prejudicial que benéfica. Mesmo que haja algum tipo de</p><p>rasgo ou laceração no períneo no momento do parto, a cicatrização costuma ocorrer sem dificuldades. E sem-</p><p>pre há a chance de a mulher não precisar levar nenhum ponto.</p><p>O Enfermeiro deve informar a parturiente as alternativas de assistência ao parto e práticas benéficas reco-</p><p>mendadas pela Organização Mundial da Saúde, como forma de respeito a seus valores e vontade, primando</p><p>pela manutenção da integridade da mulher.</p><p>Art. 12. O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e acompanha-</p><p>mento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da assistência de Enfer-</p><p>magem, cabendo-lhe especialmente:</p><p>Neste Artigo, fica descrito que os trabalhadores desta categoria profissional prestam serviços técnicos. Suas</p><p>funções consistem em: dispensar cuidados técnicos de Enfermagem em hospitais, clínicas e outros estabeleci-</p><p>mentos de assistência em saúde; dispensar cuidados ou orientar sobre aplicação dos mesmos em escolas, em-</p><p>presas, centros infantis, creches; orientar sobre questões de cirurgia, terapia, puericultura, pediatria, psiquiatria,</p><p>obstetrícia e outras (OGUISSO, 2013). Contudo, deve-se atentar ao fato que o Técnico deve ser supervisionado</p><p>pelo Enfermeiro (Art. 15 da Lei).</p><p>a) participar da programação da assistência de Enfermagem;</p><p>O Técnico de Enfermagem no geral participa de forma ativa dos serviços de Enfermagem, empregando pro-</p><p>cessos de rotina e/ou específicos, para possibilitar a proteção e recuperação da saúde do paciente. O Técnico</p><p>deverá fazer pelo próximo aquilo que o outro não pode fazer por si mesmo; ajudar ou auxiliar quando parcial-</p><p>mente impossibilitado de se autocuidar; orientar ou encaminhar a outros profissionais (HORTA, 1979).</p><p>b) executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o disposto</p><p>no Parágrafo único do Art. 11 desta Lei;</p><p>Nesta alínea, fica determinado que o profissional Técnico de Enfermagem deva executar ações de assistên-</p><p>cia ao paciente/ cliente, exceto as ações encontradas no Art. 11 desta Lei, pois nestes casos, caberá somente</p><p>ao profissional Enfermeiro, executá-las. Neste sentido deve-se estar atento também as Resoluções Cofen que</p><p>regulam o exercício da Enfermagem tomando algumas ações no âmbito da equipe privativas do Enfermeiro.</p><p>c) participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar;</p><p>O Técnico de Enfermagem executa diversas tarefas de Enfermagem como a administração de sangue,</p><p>plasma, medicação, controle de sinais vitais, prestação de cuidados de conforto, movimentação ativa e passiva</p><p>e de higiene pessoal, aplicação de diálise peritonial e hemodiálise, valendo-se sempre dos seus conhecimentos</p><p>técnicos, para proporcionar</p><p>o maior grau de bem estar físico, mental e social aos pacientes; executa tarefas</p><p>complementares, e outros, preparando o paciente, o material e o ambiente, para assegurar maior eficiência</p><p>na realização dos exames e tratamentos; faz curativos simples e tratamento em situações de emergência,</p><p>empregando técnicas usuais ou especificas, para atenuar as consequências dessas situações, adapta o pa-</p><p>ciente ao ambiente hospitalar e aos métodos terapêuticos que lhe são aplicados, e orientando-o, para reduzir</p><p>sua sensação de insegurança e sofrimento e obter sua colaboração no cuidado; presta cuidados post mortem,</p><p>como enfaixamentos e tamponamentos, utilizando algodão, gaze ou outros materiais, para evitar a eliminação</p><p>de secreções e melhorar a aparência do cadáver; registra as observações, tratamentos executados e ocorrên-</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>21</p><p>cias verificadas em relação ao paciente, anotando-as no prontuário hospitalar, ficha de ambulatório, relatório</p><p>de Enfermagem da unidade ou relatório geral, para fins de documentação e evolução da doença e possibilitar</p><p>o controle da saúde (OGUISSO, 2013).</p><p>Assim como o atendimento as necessidades humanas básicas dos indivíduos (HORTA, 1979). Sendo que,</p><p>todas as ações de Enfermagem devem ser realizadas com orientação e supervisão do profissional Enfermeiro.</p><p>d) participar da equipe de saúde.</p><p>Entende-se por equipe de saúde, um grupo formado por profissionais de saúde, de mesma ou diferentes</p><p>profissões e áreas de atuação, responsáveis pela assistência à saúde de um ou mais pacientes.</p><p>Art. 13. O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo ser-</p><p>viços auxiliares de Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de execução simples, em</p><p>processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente:</p><p>O Auxiliar de Enfermagem no geral dispensam cuidados simples de Enfermagem aos indivíduos, sob a</p><p>supervisão de um Enfermeiro. Suas funções consistem em: atender as necessidades de enfermos portadores</p><p>de doenças de pouca gravidade; dispensar cuidados simples de Enfermagem a pacientes hospitalizados; orien-</p><p>tar o trabalho educativo desenvolvido com indivíduos e grupos, para prevenção de doenças; colher material</p><p>para exames. Estes trabalhadores não possuem formação e conhecimentos teóricos tão completos como os</p><p>Técnicos de Enfermagem e os Enfermeiros (OGUISSO, 2013). Eles podem ministrar medicamentos e prestar</p><p>tratamentos de rotina aos pacientes internados, observando horários, posologia e outros dados, atendendo as</p><p>prescrições de Enfermagem e médica.</p><p>a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;</p><p>Como mencionado acima, o profissional Auxiliar de Enfermagem atende as necessidades dos indivíduos</p><p>portadores de doenças de pouca gravidade. Este profissional controla sinais vitais dos pacientes, observando</p><p>a pulsação e utilizando aparelhos de pressão, para registrar anomalias. (OGUISSO, 2013).</p><p>b) executar ações de tratamento simples;</p><p>Este profissional poderá fazer curativos simples, utilizando suas noções de primeiros socorros ou obser-</p><p>vando prescrições para proporcionar alivio ao paciente e facilitar cicatrização de ferimentos, suturas e escoria-</p><p>ções; auxilia nos cuidados post mortem, fazendo tamponamentos e preparando o corpo, para evitar secreções</p><p>e melhorar a aparência do morto. Prepara paciente para consultas e exames, vestindo-os adequadamente e</p><p>colocando-os na posição indicada para facilitar a realização das operações mencionadas; prepara e esterili-</p><p>za material e instrumental, ambientes e equipamentos, obedecendo a prescrições, para permitir a coleta de</p><p>material para exames de laboratório e a instrumentação em intervenções cirúrgicas, sempre sob a supervisão</p><p>do Enfermeiro, registra as tarefas executadas, as observações feitas e as reações ou alterações importantes,</p><p>anotando-as no prontuário do paciente, para informar a equipe de saúde e possibilitar a tomada de providencias</p><p>imediata (OGUISSO, 2013).</p><p>c) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;</p><p>O Auxiliar de Enfermagem atende a indivíduos que dependem de ajuda e os que não executam autocui-</p><p>dado, higiene oral, banho, massagem e mobilização, auxiliando na alimentação e higiene dos mesmos, para</p><p>proporciona-lhes conforto e recuperação mais rápida.</p><p>d) participar da equipe de saúde.</p><p>Entende-se por equipe de saúde, um grupo formado por profissionais de saúde, de mesma ou diferentes</p><p>profissões e áreas de atuação, responsáveis pela assistência à saúde de um ou mais pacientes.</p><p>O Auxiliar de Enfermagem possui o dever inerente de assistir o ser humano no atendimento de suas ne-</p><p>cessidades básicas, atuando sob supervisão do Enfermeiro, em caráter de apoio, e por isso é apto a participar</p><p>da equipe de saúde, pois exerce a função de facilitador no desenvolvimento das tarefas de cada membro da</p><p>equipe de saúde, além de gerar informações para possibilitar a tomada de providências (OGUISSO, 2013).</p><p>Art. 14 . (VETADO).</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>22</p><p>Art. 15. As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta lei, quando exercidas em instituições de saúde, pú-</p><p>blica e privadas, e em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob orientação e supervisão</p><p>de Enfermeiro.</p><p>Entre as atribuições privativas do Enfermeiro, destacadas no artigo 11, alínea c, está inserida a coordenação</p><p>da equipe e do serviço de Enfermagem no planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos</p><p>serviços de assistência de Enfermagem Assim, cabe ao Enfermeiro a coordenação de sua unidade de trabalho,</p><p>congregando os membros da equipe de Enfermagem e organizando os recursos disponíveis na prestação de</p><p>assistência qualificada e satisfatória a pacientes, família e equipe.</p><p>Art. 15-A. O piso salarial nacional dos Enfermeiros contratados sob o regime da Consolidação das Leis do</p><p>Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, será de R$ 4.750,00 (quatro mil</p><p>setecentos e cinquenta reais) mensais. (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)</p><p>Parágrafo único. O piso salarial dos profissionais celetistas de que tratam os arts. 7º, 8º e 9º desta Lei é</p><p>fixado com base no piso estabelecido no caput deste artigo, para o Enfermeiro, na razão de: (Incluído pela</p><p>Lei nº 14.434, de 2022)</p><p>I - 70% (setenta por cento) para o Técnico de Enfermagem; (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)</p><p>II - 50% (cinquenta por cento) para o Auxiliar de Enfermagem e para a Parteira. (Incluído pela Lei nº 14.434,</p><p>de 2022)</p><p>Art. 15-B. O piso salarial nacional dos Enfermeiros contratados sob o regime dos servidores públicos civis</p><p>da União, das autarquias e das fundações públicas federais, nos termos da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de</p><p>1990, será de R$ 4.750,00 (quatro mil setecentos e cinquenta reais) mensais. (Incluído pela Lei nº 14.434,</p><p>de 2022)</p><p>Parágrafo único. O piso salarial dos servidores de que tratam os arts. 7º, 8º e 9º desta Lei é fixado com base</p><p>no piso estabelecido no caput deste artigo, para o Enfermeiro, na razão de: (Incluído pela Lei nº 14.434, de</p><p>2022)</p><p>I - 70% (setenta por cento) para o Técnico de Enfermagem; (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)</p><p>II - 50% (cinquenta por cento) para o Auxiliar de Enfermagem e para a Parteira. (Incluído pela Lei nº</p><p>14.434, de 2022)</p><p>Art. 15-C. O piso salarial nacional dos Enfermeiros servidores dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-</p><p>pios e de suas autarquias e fundações será de R$ 4.750,00 (quatro mil setecentos e cinquenta reais) mensais.</p><p>(Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)</p><p>Parágrafo único. O piso salarial dos servidores de que tratam os arts. 7º, 8º e 9º desta Lei é fixado com</p><p>base no piso estabelecido no caput deste artigo, para o Enfermeiro, na razão de: (Incluído pela Lei nº 14.434,</p><p>de 2022)</p><p>I - 70% (setenta por cento) para o Técnico de Enfermagem; (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)</p><p>II - 50% (cinquenta por cento) para o Auxiliar de Enfermagem</p><p>e para a Parteira. (Incluído pela Lei nº 14.434,</p><p>de 2022)</p><p>Art. 15-D. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.434, de 2022)</p><p>Art. 16. (VETADO).</p><p>Art. 17. (VETADO).</p><p>Art. 18. (VETADO).</p><p>Parágrafo único. (VETADO).</p><p>Art. 19. (VETADO).</p><p>Art. 20. Os órgãos de pessoal da administração pública direta e indireta, federal, estadual, municipal, do</p><p>Distrito Federal e dos Territórios observarão, no provimento de cargos e funções e na contratação de pessoal</p><p>de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos desta lei.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>23</p><p>A Constituição Federal, a partir da Emenda Constitucional nº 19, de 1998, revisou a área de gestão de recur-</p><p>sos humanos na administração pública, viabilizando a adoção de leis que admitam a criação de cargos alinha-</p><p>dos com as características das demandas funcionais a serem atendidas, determinou que o concurso público</p><p>seja feito com metodologia que absorva a natureza e complexidade do cargo, conectou o estágio probatório ao</p><p>exercício do cargo, com sistema de avaliação especial que viabilize a confirmação funcional do servidor, sinali-</p><p>zou a necessidade de organizar carreira no cargo para valorizar e reconhecer o desenvolvimento pessoal e pro-</p><p>fissional do seu titular, considerando o grau de responsabilidade, as peculiaridades e a complexidade das suas</p><p>atribuições e permitiu o acréscimo de parcela remuneratória variável, de acordo com o alcance de resultados.</p><p>Parágrafo único. Os órgãos a que se refere este artigo promoverão as medidas necessárias à harmonização</p><p>das situações já existentes com as disposições desta lei, respeitados os direitos adquiridos quanto a vencimen-</p><p>tos e salários.</p><p>A gestão de pessoas nas organizações públicas tem como diferença a submissão a leis específicas e a</p><p>determinações políticas que as privadas não têm. Ainda, a transparência para a administração pública é outro</p><p>fator que a difere do ramo privado, uma vez que ela é obrigada a divulgar tudo que faz principalmente no que</p><p>tange a prestação de contas dos recursos financeiros demarcado pelos princípios da impessoalidade, da lega-</p><p>lidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência.</p><p>Entre os desafios da gestão pública de pessoal, encontram-se a adequação do quadro de servidores ao ta-</p><p>manho da máquina estatal, a conciliação entre gastos com pessoal e o orçamento estipulado para cada esfera</p><p>de governo, a desburocratização das rotinas de trabalho, a administração do crescimento do número de cargos</p><p>públicos e a adequação necessária as legislações profissionais.</p><p>Art. 21. (VETADO).</p><p>Art. 22. (VETADO).</p><p>Art. 23. O pessoal que se encontra executando tarefas de Enfermagem, em virtude de carência de recursos</p><p>humanos de nível médio nessa área, sem possuir formação específica regulada em lei, será autorizado, pelo</p><p>Conselho Federal de Enfermagem, a exercer atividades elementares de Enfermagem, observado o disposto no</p><p>art. 15 desta lei.</p><p>O artigo segundo desta lei afirma que a Enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser</p><p>exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem e é exercido</p><p>privativamente pelo Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e pela parteira, respeitados</p><p>os respectivos graus de habilitação.</p><p>A partir da promulgação desta lei foram autorizados aos atendentes de Enfermagem as atividades elemen-</p><p>tares de Enfermagem que compreendem as ações que não requerem conhecimento científico e se restringem a</p><p>atividades de repetição por meio de treinamento e não envolvem cuidados diretos ao individuo, mas contribuem</p><p>para a assistência de Enfermagem. Sendo que, estas atividades somente podem ser exercidas sob a supervi-</p><p>são do Enfermeiro.</p><p>Parágrafo único. É assegurado aos atendentes de Enfermagem, admitidos antes da vigência desta lei, o</p><p>exercício das atividades elementares da Enfermagem, observado o disposto em seu artigo 15. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 8.967, de 1986)</p><p>Todos os atendentes de Enfermagem que exerciam suas atividades antes da lei e não tiveram formação</p><p>profissional foram autorizados as atividades elementares sob a supervisão do Enfermeiro.</p><p>Art. 24. (VETADO).</p><p>Parágrafo único. (VETADO).</p><p>Art. 25. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da data de</p><p>sua publicação.</p><p>Art. 26. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.</p><p>Art. 27. Revogam-se (VETADO) as demais disposições em contrário.1</p><p>1 Fonte: www.scielo.br/www.inovarse.org/www.edimensionamento.cofen.gov.br/www.corensc.gov.br/www.</p><p>cofen.gov.br/www.enfermagemsistematizada.blogspot.comdos.html/www.scielo.br/www.sites.epsjv.fiocruz.br/</p><p>www.unasus.unifesp.br/www.revista.uninga.br</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>24</p><p>Trabalho em equipe</p><p>O trabalho em equipe caracteriza-se pela relação recíproca entre trabalho e interação, visto que a comuni-</p><p>cação entre profissionais faz parte do exercício cotidiano de trabalho e lhes permite articular as inúmeras ações</p><p>executadas na equipe, no serviço e na rede de atenção.</p><p>O conceito de equipe que procura integrar o funcionamento com o vínculo emocional é um conjunto de</p><p>pessoas com um senso de identidade, manifesto em comportamentos desenvolvidos e mantidos para o bem</p><p>comum, em busca de resultados de interesse comum a todos os seus integrantes, decorrentes da necessidade</p><p>mútua para atingir objetivos e metas específicas.</p><p>Na área da saúde, o trabalho em equipe (TE) é considerado um instrumento indispensável de atuação dos</p><p>profissionais. Considerando os pressupostos do Sistema Único de Saúde (SUS) em relação às ações de gestão</p><p>da saúde, devem ser priorizadas ações que visem motivar os membros.</p><p>O trabalho em equipe surge assim como uma estratégia para redesenhar o trabalho e promover a qualidade</p><p>dos serviços. Nesse contexto, trabalhar em equipe requer, de cada um, sentir-se, realmente, como membro de</p><p>uma equipe. Sem este sentimento, dificilmente um conjunto de pessoas se tornará uma equipe. Portanto, se faz</p><p>primordial um processo permanente de autoconhecimento, autodesenvolvimento, enfatizando a contribuição</p><p>ao desenvolvimento do outro.</p><p>Trabalhar em equipe é o meio mais adequado para que se possa obter melhores resultados. A assistência</p><p>em saúde aponta fatores que podem interferir nesse processo como a comunicação, relações interpessoais,</p><p>relações de poder, planejamento e processo decisório, cultura e filosofia organizacional. Apontam ainda que o</p><p>trabalho em equipe não pode ser considerado como uma atividade automática, mas sim uma habilidade que</p><p>deve ser desenvolvida com efetividade.</p><p>Dois aspectos caracterizam a equipe e integração: a articulação das inúmeras ações executadas pelos dis-</p><p>tintos profissionais, e a comunicação entre seus componentes, orientada para o entendimento. Entretanto, há</p><p>que se considerar que as intervenções não se desvinculam dos sujeitos que as executam nem da situação de</p><p>trabalho coletivo onde se encontram.</p><p>Diante disso, considera-se que uma equipe, quando valoriza a comunicação no trabalho e atua de forma</p><p>cooperativa e integrada, tem maiores possibilidades de diminuir o distanciamento existente entre as categorias</p><p>profissionais, na medida em que é considerada a importância do trabalho de cada integrante da equipe para o</p><p>desenvolvimento das ações em saúde. A comunicação é considerada como a principal ferramenta para que os</p><p>conflitos sejam convertidos em crescimento para a equipe, um aprende com o outro e esse aprendizado é que</p><p>promove crescimento.</p><p>É importante destacar que a configuração dos diferentes tipos e finalidades, modos de organização e ope-</p><p>ração do trabalho em equipe em saúde vem se tornando objeto de estudo e discussão para muitos autores,</p><p>assumindo maior destaque os problemas relacionados à efetiva articulação entre as ações e à interação entre</p><p>os profissionais de saúde no seu cotidiano do trabalho.</p><p>Relacionamento Interpessoal</p><p>Definição</p><p>“As relações interpessoais se estabelecem a partir de um processo</p><p>de interação entre os membros de uma</p><p>mesma equipe, criando-se vínculos profissionais, uma condição relacional entre trabalhadores, a fim de execu-</p><p>tarem uma ação coletiva, e alcançarem um objetivo em comum”. Wagner et al, 2009.</p><p>Como a jornada das instituições de saúde é de no mínimo seis horas, e no máximo de doze horas consecu-</p><p>tivas de trabalho, pode-se afirmar que são longos os períodos de interação entre profissionais, sem levar em</p><p>conta o desgaste adicional daqueles que tem duplo vínculo empregatício.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>25</p><p>O enfermeiro, além do relacionamento entre profissionais da mesma área, precisa também se relacionar</p><p>com outras equipes, como a equipe médica, a equipe de fisioterapia, e a equipe de nutrição. Como em qualquer</p><p>empresa, que reúna pessoas de várias disciplinas, haverá queixas de várias partes.</p><p>No entanto, as maiores queixas dos profissionais de enfermagem estão relacionadas à própria equipe de</p><p>enfermagem, e à equipe médica.</p><p>Queixas em relação à equipe de enfermagem:</p><p>Ausência de trabalho em equipe – resulta em um trabalho fragmentado, onde cada profissional faz a sua</p><p>parte, não se importando com o todo;</p><p>Falta de ética profissional – competição entre pares, egoísmo e individualismo. Tudo isso deve ser substi-</p><p>tuído pela verdadeira ética profissional, que não deve ser interpretada como conivência e ou corporativismo;</p><p>Maledicência – criticar o chefe ou os colegas na presença de outros funcionários ou pacientes. Inconveniên-</p><p>cia e desrespeito desequilibram as relações. É necessário cultivar as virtudes, tais como, respeito, cooperação</p><p>e convivência saudável, para obtermos dignidade.</p><p>Queixas em relação à equipe médica:</p><p>Subserviência em relação à medicina – mito que confere subalternidade ao trabalho da enfermagem em</p><p>relação à medicina. “No atual momento, a sobreposição do poder médico sobre as demais profissões, tem-se</p><p>relativizado em termos de formação e de regras do exercício profissional, o que contribui para o fortalecimento</p><p>e reconhecimento das outras disciplinas que compõem a área da saúde”. (Nascimento. & Erdmann, 2006)</p><p>Pouca valorização do profissional enfermeiro – ausência de reconhecimento profissional tanto pelos médi-</p><p>cos, quanto por outros profissionais da saúde.</p><p>Talvez isso ocorra porque o enfermeiro realmente não mostra o seu conhecimento e a importância do que</p><p>faz.</p><p>Acredito que uma forma de melhorar o conflito enfermeiro x médico seja investir na obtenção de comuni-</p><p>cação clara e eficaz, e compreensão de cada um acerca do seu papel no atendimento ao paciente, além da</p><p>importância da boa relação para a qualidade da assistência.</p><p>A insatisfação no trabalho também interfere nas relações e pode ser decorrente de vários fatores, entre eles</p><p>a estrutura física inadequada, recursos materiais insuficientes, falta de autonomia, sobrecarga de trabalho, bai-</p><p>xa remuneração, falta de reconhecimento profissional e recursos humanos mal dimensionados.</p><p>Vejam: novamente, o dimensionamento de pessoal inadequado prejudica o bom andamento do serviço. No</p><p>contexto citado, ele provoca insatisfação que, consequentemente, prejudica as relações interpessoais.</p><p>Além desses fatores, sou da opinião que o relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem está inti-</p><p>mamente ligado ao tipo de liderança do seu supervisor ou gestor.</p><p>Acredito que a liderança democrática seja a mais apropriada, pois busca atingir seus objetivos por meio de</p><p>atitudes que se aproximam do modelo participativo, valorizando as relações interpessoais e o desenvolvimento</p><p>profissional.</p><p>Entretanto, nem todas as lideranças são democráticas e, às vezes, os enfermeiros têm que lidar com chefes</p><p>autoritários, centralizadores, coercitivos, tornando a relação um sofrimento psíquico.</p><p>Portanto, adote atitudes que neutralizem essa situação, como:</p><p>Tenha boa comunicação – aperfeiçoe sua comunicação para que o seu superior note que você é bom na-</p><p>quilo que faz;</p><p>Tenha autoconfiança – não deixe que o supervisor duvide das suas capacidades e habilidades. Dê o seu</p><p>melhor, trabalhe da melhor maneira possível. Assim, será capaz de vencer os obstáculos do dia-a-dia;</p><p>Seja um bom ouvinte – demonstre ao seu superior que está ouvindo atentamente o que lhe foi solicitado,</p><p>pois isso revela preocupação em desempenhar bem as suas funções, revelando responsabilidade;</p><p>Construa relações – tenha boas relações com os colegas de trabalho, com os pacientes e familiares. Isso</p><p>contribuirá para uma imagem positiva sobre você;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>26</p><p>Conheça bem seu superior – descubra as atitudes que ele não gosta e tente evitá-las;</p><p>Antecipe-se – com o decorrer do tempo você conhecerá bem o seu superior, o que ele tem hábito de pedir,</p><p>ou como aprecia a execução de uma atividade. Isso lhe permitirá antecipar as necessidades e surpreendê-lo</p><p>com eficiência;</p><p>Aceite novas formas de trabalho – se lhe for solicitado alguma atividade nova, não rejeite. Aperfeiçoe seus</p><p>conhecimentos para poder realizá-la. Isso vai fazer muita diferença, pois mostra o quanto você está aberto a</p><p>novas opções;</p><p>Seja flexível – esteja aberto a mudanças e reconheça seus erros. A flexibilidade é vista como competência</p><p>e, atualmente, exigida nos ambientes de trabalho;</p><p>Empenhe-se – demonstre sua opinião a respeito do que lhe é proposto. Não concorde com tudo. Dedique-se</p><p>ao que está fazendo e faça com esmero. Siga seus objetivos até concluí-los.</p><p>Fundamentos de enfermagem</p><p>Fundamentos de Enfermagem</p><p>A assistência da Enfermagem baseia-se em conhecimentos científicos e métodos que definem sua imple-</p><p>mentação. Assim, a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma forma planejada de prestar</p><p>cuidados aos pacientes que, gradativamente, vem sendo implantada em diversos serviços de saúde. Os com-</p><p>ponentes ou etapas dessa sistematização variam de acordo com o método adotado, sendo basicamente com-</p><p>posta por levantamento de dados ou histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial</p><p>e avaliação.</p><p>Interligadas, essas ações permitem identificar as necessidades de assistência de saúde do paciente e pro-</p><p>por as intervenções que melhor as atendam - ressalte-se que compete ao enfermeiro a responsabilidade legal</p><p>pela sistematização; contudo, para a obtenção de resultados satisfatórios, toda a equipe de enfermagem deve</p><p>envolver-se no processo.</p><p>Na fase inicial, é realizado o levantamento de dados, mediante entrevista e exame físico do paciente. Como</p><p>resultado, são obtidas importantes informações para a elaboração de um plano assistencial e prescrição de enfer-</p><p>magem, a ser implementada por toda a equipe.</p><p>A entrevista, um dos procedimentos iniciais do atendimento, é o recurso utilizado para a obtenção dos dados</p><p>necessários ao tratamento, tais como o motivo que levou o paciente a buscar ajuda, seus hábitos e práticas de</p><p>saúde, a história da doença atual, de doenças anteriores, hereditárias, etc. Nesta etapa, as informações consi-</p><p>deradas relevantes para a elaboração do plano assistencial de enfermagem e tratamento devem ser registra-</p><p>das no prontuário, tomando-se, evidentemente, os cuidados necessários com as consideradas como sigilosas,</p><p>visando garantir ao paciente o direito da privacidade.</p><p>O exame físico inicial é realizado nos primeiros contatos com o paciente, sendo reavaliado diariamente e,</p><p>em algumas situações, até várias vezes ao dia.</p><p>Como sua parte integrante, há a avaliação minuciosa de todas as partes do corpo e a verificação de sinais</p><p>vitais e outras medidas, como peso e altura, utilizando-se técnicas específicas.</p><p>Na etapa seguinte, faz-se a análise e interpretação dos dados coletados e se determinam os problemas</p><p>de saúde do paciente, formulados como diagnóstico de enfermagem. Através do mesmo são identificadas as</p><p>necessidades de assistência de enfermagem e a elaboração do plano assistencial de enfermagem.</p><p>O plano descreve os cuidados que devem ser dados ao paciente (prescrição de enfermagem) e implementa-</p><p>dos</p><p>pela equipe de enfermagem, com a participação de outros profissionais de saúde, sempre que necessário.</p><p>Na etapa de avaliação verifica-se a resposta do paciente aos cuidados de enfermagem a ele prestados e as</p><p>necessidades de modificar ou não o plano inicialmente proposto.</p><p>O hospital, a assistência de enfermagem e a prevenção da infecção</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>27</p><p>O termo hospital origina-se do latim hospitium, que quer dizer local onde se hospedam pessoas, em referência</p><p>a estabelecimentos fundados pelo clero, a partir do século IV dC, cuja finalidade era prover cuidados a doentes e</p><p>oferecer abrigo a viajantes e peregrinos.</p><p>Segundo o Ministério da Saúde, hospital é definido como estabelecimento de saúde destinado a prestar</p><p>assistência sanitária em regime de internação a uma determinada clientela, ou de não-internação, no caso de</p><p>ambulatório ou outros serviços.</p><p>Para se avaliar a necessidade de serviços e leitos hospitalares numa dada região faz-se necessário consi-</p><p>derar fatores como a estrutura e nível de organização de saúde existente, número de habitantes e frequência</p><p>e distribuição de doenças, além de outros eventos relacionados à saúde. Por exemplo, é possível que numa</p><p>região com grande população de jovens haja carência de leitos de maternidade onde ocorre maior número de</p><p>nascimentos. Em outra, onde haja maior incidência de doenças crônico-degenerativas, a necessidade talvez</p><p>seja a de expandir leitos de clínica médica.</p><p>De acordo com a especialidade existente, o hospital pode ser classificado como geral, destinado a prestar</p><p>assistência nas quatro especialidades médicas básicas, ou especializado, destinado a prestar assistência em</p><p>uma especialidade, como, por exemplo, maternidade, ortopedia, entre outras.</p><p>Um outro critério utilizado para a classificação de hospitais é o seu número de leitos ou capacidade instala-</p><p>da: são considerados como de pequeno porte aqueles com até 50 leitos; de médio porte, de 51 a 150 leitos; de</p><p>grande porte, de 151 a 500 leitos; e de porte especial, acima de 500 leitos.</p><p>Conforme as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), os serviços de saúde em uma dada região geo-</p><p>gráfica - desde as unidades básicas até os hospitais de maior complexidade - devem estar integrados, cons-</p><p>tituindo um sistema hierarquizado e organizado de acordo com os níveis de atenção à saúde. Um sistema assim</p><p>constituído disponibiliza atendimento integral à população, mediante ações de promoção, prevenção, recuperação</p><p>e reabilitação da saúde.</p><p>As unidades básicas de saúde (integradas ou não ao Programa Saúde da Família) devem funcionar como porta de</p><p>entrada para o sistema, reservando-se o atendimento hospitalar para os casos mais complexos - que, de fato, neces-</p><p>sitam de tratamento em regime de internação.</p><p>De maneira geral, o hospital secundário oferece alto grau de resolubilidade para grande parte dos casos,</p><p>sendo poucos os que acabam necessitando de encaminhamento para um hospital terciário. O sistema de saúde</p><p>vigente no Brasil agrega todos os serviços públicos das esferas federal, estadual e municipal e os serviços privados,</p><p>credenciados por contrato ou convênio. Na área hospitalar, 80% dos estabelecimentos que prestam serviços ao</p><p>SUS são privados e recebem reembolso pelas ações realizadas, ao contrário da atenção ambulatorial, onde 75% da</p><p>assistência provém de hospitais públicos.</p><p>Na reorganização do sistema de saúde proposto pelo SUS o hospital deixa de ser a porta de entrada do</p><p>atendimento para se constituir em unidade de referência dos ambulatórios e unidades básicas de saúde. O hos-</p><p>pital privado pode ter caráter beneficente, filantrópico, com ou sem fins lucrativos. No beneficente, os recursos</p><p>são originários de contribuições e doações particulares para a prestação de serviços a seus associados - inte-</p><p>gralmente aplicados na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais. O hospital filantrópico reser-</p><p>va serviços gratuitos para a população carente, respeitando a legislação em vigor. Em ambos, os membros da</p><p>diretoria não recebem remuneração.</p><p>Para que o paciente receba todos os cuidados de que necessita durante sua internação hospitalar, faz-se</p><p>necessário que tenha à sua disposição uma equipe de profissionais competentes e diversos serviços integra-</p><p>dos - Corpo Clínico, equipe de enfermagem, Serviço de Nutrição e Dietética, Serviço Social, etc., caracterizan-</p><p>do uma extensa divisão técnica de trabalho.</p><p>Para alcançar os objetivos da instituição, o trabalho das equipes, de todas as áreas, necessita estar em</p><p>sintonia, haja vista que uma das características do processo de produção hospitalar é a interdependência. Uma</p><p>outra característica é a quantidade e diversidade de procedimentos diariamente realizados para prover assis-</p><p>tência ao paciente, cuja maioria segue normas rígidas no sentido de proporcionar segurança máxima contra a</p><p>entrada de agentes biológicos nocivos ao mesmo.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>28</p><p>O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho insalubre, onde os profissionais e os próprios pa-</p><p>cientes internados estão expostos a agressões de diversas naturezas, seja por agentes físicos, como radiações</p><p>originárias de equipamentos radiológicos e elementos radioativos, seja por agentes químicos, como medica-</p><p>mentos e soluções, ou ainda por agentes biológicos, representados por microrganismos.</p><p>No hospital concentram-se os hospedeiros mais susceptíveis, os doentes e os microrganismos mais resis-</p><p>tentes. O volume e a diversidade de antibióticos utilizados provocam alterações importantes nos microrganis-</p><p>mos, dando origem a cepas multirresistentes, normalmente inexistentes na comunidade. A contaminação de</p><p>pacientes durante a realização de um procedimento ou por intermédio de artigos hospitalares pode provocar</p><p>infecções graves e de difícil tratamento. Procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos, como diálise</p><p>peritonial, hemodiálise, inserção de cateteres e drenos, uso de drogas imunossupressoras, são fatores que</p><p>contribuem para a ocorrência de infecção.</p><p>Ao dar entrada no hospital, o paciente já pode estar com uma infecção, ou pode vir a adquiri-la durante seu</p><p>período de internação. Seguindo-se a classificação descrita na Portaria no 2.616/98, do Ministério da Saúde,</p><p>podemos afirmar que o primeiro caso representa uma infecção comunitária; o segundo, uma infecção hospitalar</p><p>que pode ter como fontes a equipe de saúde, o próprio paciente, os artigos hospitalares e o ambiente.</p><p>Visando evitar a ocorrência de infecção hospitalar, a equipe deve realizar os devidos cuidados no tocante à</p><p>sua prevenção e controle, principalmente relacionada à lavagem das mãos, pois os microrganismos são facil-</p><p>mente levados de um paciente a outro ou do profissional para o paciente, podendo causar a infecção cruzada.</p><p>Atendendo o paciente no hospital</p><p>O paciente procura o hospital por sua própria vontade (necessidade) ou da família, e a internação ocorre por</p><p>indicação médica ou, nos casos de doença mental ou infectocontagiosa, por processo legal instaurado.</p><p>A internação é a admissão do paciente para ocupar um leito hospitalar, por período igual ou maior que 24</p><p>horas. Para ele, isto significa a interrupção do curso normal de vida e a convivência temporária com pessoas estra-</p><p>nhas e em ambiente não-familiar. Para a maioria das pessoas, este fato representa desequilíbrio financeiro, isolamento</p><p>social, perda de privacidade e individualidade, sensação de insegurança, medo e abandono. A adaptação do paciente</p><p>a essa nova situação é marcada por dificuldades pois, aos fatores acima, soma-se a necessidade de seguir regras e</p><p>normas institucionais quase sempre bastante rígidas e inflexíveis, de entrosar-se com a equipe de saúde, de subme-</p><p>ter-se a inúmeros procedimentos e de mudar de hábitos.</p><p>O movimento de humanização do atendimento em saúde procura minimizar o sofrimento do paciente e seus</p><p>familiares, buscando formas de tornar menos agressiva a condição do doente</p><p>institucionalizado. Embora lenta e</p><p>gradual, a própria conscientização do paciente a respeito de seus direitos tem contribuído para tal intento. For-</p><p>tes aponta a responsabilidade institucional como um aspecto importante, ao afirmar que existe um componente</p><p>de responsabilidade dos administradores de saúde na implementação de políticas e ações administrativas que</p><p>resguardem os direitos dos pacientes. Assim, questões como sigilo, privacidade, informação, aspectos que o</p><p>profissional de saúde tem o dever de acatar por determinação do seu código de ética, tornam-se mais abran-</p><p>gentes e eficazes na medida em que também passam a ser princípios norteadores da organização de saúde.</p><p>Tudo isso reflete as mudanças em curso nas relações que se estabelecem entre o receptor do cuidado, o</p><p>paciente, e o profissional que o assiste, tendo influenciado, inclusive, a nomenclatura tradicionalmente utilizada</p><p>no meio hospitalar.</p><p>O termo paciente, por exemplo, deriva do verbo latino patiscere, que significa padecer, e expressa uma</p><p>conotação de dependência, motivo pelo qual cada vez mais se busca outra denominação para o receptor do</p><p>cuidado. Há crescente tendência em utilizar o termo cliente, que melhor reflete a forma como vêm sendo esta-</p><p>belecidos os contatos entre o receptor do cuidado e o profissional, ou seja, na base de uma relação de inter-</p><p>dependência e aliança. Outros têm manifestado preferência pelo termo usuário, considerando que o receptor</p><p>do cuidado usa os nossos serviços. Entretanto, será mantida a denominação tradicional, porque ainda é dessa</p><p>forma que a maioria se reporta ao receptor do cuidado.</p><p>Ao receber o paciente na unidade de internação, o profissional de enfermagem deve providenciar e realizar</p><p>a assistência necessária, atentando para certos cuidados que podem auxiliá-lo nessa fase. O primeiro contato</p><p>entre o paciente, seus familiares e a equipe é muito importante para a adaptação na unidade. O tratamento</p><p>realizado com gentileza, cordialidade e compreensão ajuda a despertar a confiança e a segurança tão neces-</p><p>sárias. Assim, cabe auxiliá-lo a se familiarizar com o ambiente, apresentando-o à equipe presente e a outros</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>29</p><p>pacientes internados, em caso de enfermaria, acompanhando-o em visita às dependências da unidade, orien-</p><p>tando-o sobre o regulamento, normas e rotinas da instituição. É também importante solicitar aos familiares que</p><p>providenciem objetos de uso pessoal, quando necessário, bem como arrolar roupas e valores nos casos em</p><p>que o paciente esteja desacompanhado e seu estado indique a necessidade de tal procedimento.</p><p>É importante lembrar que, mesmo na condição de doente, a pessoa continua de posse de seus direitos: ao</p><p>respeito de ser chamado pelo nome, de decidir, junto aos profissionais, sobre seus cuidados, de ser informado</p><p>sobre os procedimentos e tratamento que lhe serão dispensados, e a que seja mantida sua privacidade física e</p><p>o segredo sobre as informações confidenciais que digam respeito à sua vida e estado de saúde.</p><p>O tempo de permanência do paciente no hospital dependerá de vários fatores: tipo de doença, estado geral,</p><p>resposta orgânica ao tratamento realizado e complicações existentes. Atualmente, há uma tendência para se</p><p>abreviar ao máximo o tempo de internação, em vista de fatores como altos custos hospitalares, insuficiência</p><p>de leitos e riscos de infecção hospitalar. Em contrapartida, difundem-se os serviços de saúde externos, como</p><p>a internação domiciliar, a qual estende os cuidados da equipe para o domicílio do doente, medida comum em</p><p>situações de alta precoce e de acompanhamento de casos crônicos - é importante que, mesmo neste âmbito,</p><p>sejam também observados os cuidados e técnicas utilizadas para a prevenção e controle da infecção hospitalar</p><p>e descarte adequado de material perfurocortante.</p><p>O período de internação do paciente finaliza-se com a alta hospitalar, decorrente de melhora em seu estado</p><p>de saúde, ou por motivo de óbito. Entretanto, a alta também pode ser dada por motivos tais como: a pedido do</p><p>paciente ou de seu responsável; nos casos de necessidade de transferência para outra instituição de saúde; na</p><p>ocorrência de o paciente ou seu responsável recusar(em)-se a seguir o tratamento, mesmo após ter(em) sido</p><p>orientado(s) quanto aos riscos, direitos e deveres frente à terapêutica proporcionada pela equipe.</p><p>Na ocasião da alta, o paciente e seus familiares podem necessitar de orientações sobre alimentação, tra-</p><p>tamento medicamentoso, atividades físicas e laborais, curativos e outros cuidados específicos, momento em</p><p>que a participação da equipe multiprofissional é importante para esclarecer quaisquer dúvidas apresentadas.</p><p>Após a saída do paciente, há necessidade de se realizar a limpeza da cama e mobiliário; se o mesmo se</p><p>encontrava em isolamento, deve-se também fazer a limpeza de todo o ambiente (limpeza terminal): teto, pare-</p><p>des, piso e banheiro.</p><p>As rotinas administrativas relacionadas ao preenchimento e encaminhamento do aviso de alta ao registro,</p><p>bem como às pertinentes à contabilidade e apontamento em censo hospitalar, deveriam ser realizadas por</p><p>agentes administrativos. Na maioria das instituições hospitalares, porém, estas ações ainda ficam sob o encar-</p><p>go dos profissionais de enfermagem.</p><p>O paciente poderá sair do hospital só ou acompanhado por familiares, amigos ou por um funcionário (assis-</p><p>tente social, auxiliar, técnico de enfermagem ou qualquer outro profissional de saúde que a instituição disponi-</p><p>bilize); dependendo do seu estado geral, em transporte coletivo, particular ou ambulância. Cabe à enfermagem</p><p>registrar no prontuário a hora de saída, condições gerais, orientações prestadas, como e com quem deixou o</p><p>hospital.</p><p>Um aspecto particular da alta diz respeito à transferência para outro setor do mesmo estabelecimento, ou</p><p>para outra instituição. Deve-se considerar que a pessoa necessitará adaptar-se ao novo ambiente, motivo pelo</p><p>qual a orientação da enfermagem é importante. Quando do transporte a outro setor ou à ambulância, o paciente</p><p>deve ser transportado em maca ou cadeira de rodas, junto com seus pertences, prontuário e os devidos regis-</p><p>tros de enfermagem. No caso de encaminhamento para outro estabelecimento, enviar os relatórios médico e</p><p>de enfermagem.</p><p>Sistema de informação em saúde</p><p>Um sistema de informação representa a forma planejada de receber e transmitir dados. Pressupõe que</p><p>a existência de um número cada vez maior de informações requer o uso de ferramentas (internet, arquivos,</p><p>formulários) apropriadas que possibilitem o acesso e processamento de forma ágil, mesmo quando essas infor-</p><p>mações dependem de fontes localizadas em áreas geográficas distantes.</p><p>No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de informações através de um sistema informatizado</p><p>é muito útil porque agiliza o atendimento, tornando mais rápido o processo de admissão e alta de pacientes, a</p><p>marcação de consultas e exames, o processamento da prescrição médica e de enfermagem e muitas outras</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>30</p><p>ações frequentemente realizadas. Também influencia favoravelmente na área gerencial, disponibilizando em</p><p>curto espaço de tempo informações atualizadas de diversas naturezas que subsidiam as ações administrativas,</p><p>como recursos humanos existentes e suas características, dados relacionados a recursos financeiros e orça-</p><p>mentários, recursos materiais (consumo, estoque, reposição, manutenção de equipamentos e fornecedores),</p><p>produção (número de atendimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos à taxa de nascimentos,</p><p>óbitos, infecção hospitalar, média de permanência, etc.</p><p>As informações do paciente, geradas durante seu período de internação, constituirão o documento deno-</p><p>minado prontuário, o qual, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução nº 1.331/89), consiste em um</p><p>conjunto de documentos padronizados e ordenados, proveniente de várias fontes, destinado ao registro dos</p><p>cuidados</p><p>profissionais prestados ao paciente.</p><p>O prontuário agrega um conjunto de impressos nos quais são registradas todas as informações relativas ao</p><p>paciente, como histórico da doença, antecedentes pessoais e familiares, exame físico, diagnóstico, evolução</p><p>clínica, descrição de cirurgia, ficha de anestesia, prescrição médica e de enfermagem, exames complementa-</p><p>res de diagnóstico, formulários e gráficos. É direito do paciente ter suas informações adequadamente registra-</p><p>das, como também acesso - seu ou de seu responsável legal - às mesmas, sempre que necessário.</p><p>Legalmente, o prontuário é propriedade dos estabelecimentos de saúde e após a alta do paciente fica sob</p><p>os cuidados da instituição, arquivado em setor específico. Quanto à sua informatização, há iniciativas em an-</p><p>damento em diversos hospitais brasileiros, haja vista que facilita a guarda e conservação dos dados, além de</p><p>agilizar informações em prol do paciente. Devem, entretanto, garantir a privacidade e sigilo dos dados pessoais.</p><p>Sistema de informação em enfermagem</p><p>Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, no prontuário do paciente, de todas as ob-</p><p>servações e assistência prestada ao mesmo, ato conhecido como anotação de enfermagem. A importância do</p><p>registro reside no fato de que a equipe de enfermagem é a única que permanece continuamente e sem inter-</p><p>rupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas as ocorrências clínicas. Para maior clareza,</p><p>recomenda-se que o registro das informações seja organizado de modo a reproduzir a ordem cronológica dos</p><p>fatos, isto permitirá que, na passagem de plantão, a equipe possa acompanhar a evolução do paciente.</p><p>Um registro completo de enfermagem contempla as seguintes informações:</p><p>- Observação do estado geral do paciente, indicando manifestações emocionais como angústia, calma,</p><p>interesse, depressão, euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alterações relacionadas ao</p><p>estado nutricional, hidratação, integridade cutâneo-mucosa, oxigenação, postura, sono e repouso, eliminações,</p><p>padrão da fala, movimentação; existência e condições de sondas, drenos, curativos, imobilizações, cateteres,</p><p>equipamentos em uso;</p><p>- A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para verificação da resposta orgânica manifesta após</p><p>a aplicação de determinado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: alergia após a administração</p><p>de medicamentos, diminuição da temperatura corporal após banho morno, melhora da dispneia após a instala-</p><p>ção de cateter de oxigênio;</p><p>- A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que permite avaliar a atuação da equipe e o</p><p>efeito, na evolução do paciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso o tratamento não</p><p>seja realizado, é necessário explicitar o motivo, por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-</p><p>-se registrar esse fato e o motivo da negação. Procedimentos rotineiros também devem ser registrados, como</p><p>a instalação de solução venosa, curativos realizados, colheita de material para exames, encaminhamentos e</p><p>realização de exames externos, bem como outras ocorrências atípicas na rotina do paciente;</p><p>- A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências observadas. Incluem-se neste item, entre ou-</p><p>tros, os dados referentes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de decúbito, restrição ao</p><p>leito, aspiração de sondas e orientações prestadas ao paciente e familiares;</p><p>- As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da equipe multiprofissional, quando identifica-</p><p>da a necessidade de o paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde. Nessa circunstância, o</p><p>profissional é notificado e, após efetivar sua visita, a enfermagem faz o registro correspondente. Para o registro</p><p>das informações no prontuário, a enfermagem geralmente utiliza um roteiro básico que facilita sua elaboração.</p><p>Por ser um importante instrumento de comunicação para a equipe, as informações devem ser objetivas e pre-</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>31</p><p>cisas de modo a não darem margem a interpretações errôneas. Considerando-se sua legalidade, faz-se neces-</p><p>sário ressaltar que servem de proteção tanto para o paciente como para os profissionais de saúde, a instituição</p><p>e, mesmo, a sociedade.</p><p>A seguir, destacamos algumas significativas recomendações para maior precisão ao registro das informa-</p><p>ções:</p><p>- os dados devem ser sempre registrados a caneta, em letra legível e sem rasuras, utilizando a cor de tinta</p><p>padronizada no estabelecimento. Em geral, a cor azul é indicada para o plantão diurno; a vermelha, para o</p><p>noturno. Não é aconselhável deixar espaços entre um registro e outro, o que evita que alguém possa, intencio-</p><p>nalmente, adicionar informações. Portanto, recomenda-se evitar pular linha(s) entre um registro e outro, deixar</p><p>parágrafo ao iniciar a frase, manter espaço em branco entre o ponto final e a assinatura;</p><p>- verificar o tipo de impresso utilizado na instituição e a rotina que orienta o seu preenchimento; identificar</p><p>sempre a folha, preenchendo ou completando o cabeçalho, se necessário;</p><p>- indicar o horário de cada anotação realizada;</p><p>- ler a anotação anterior, antes de realizar novo registro;</p><p>- como não se deve confiar na memória para registrar as informações, considerando-se que é muito co-</p><p>mum o esquecimento de detalhes e fatos importantes durante um intensivo dia de trabalho, o registro deve ser</p><p>realizado em seguida à prestação do cuidado, observação de intercorrências, recebimento de informação ou</p><p>tomada de conduta, identificando a hora exata do evento;</p><p>- quando do registro, evitar palavras desnecessárias como, paciente, por exemplo, pois a folha de anotação</p><p>é individualizada e, portanto, indicativa do referente;</p><p>- jamais deve-se rasurar a anotação; caso se cometa um engano ao escrever, não usar corretor de texto,</p><p>não apagar nem rasurar, pois as rasuras ou alterações de dados despertam suspeitas de que alguém tentou</p><p>deliberadamente encobrir informações; em casos de erro, utilizar a palavra, digo, entre vírgulas, e continuar a</p><p>informação correta para concluir a frase, ou riscar o registro com uma única linha e escrever a palavra, erro; a</p><p>seguir, fazer o registro correto - exemplo: Refere dor intensa na região lombar, administrada uma ampola de</p><p>Voltaren IM no glúteo direito, digo, esquerdo.. Ou: .... no glúteo esquerdo; em caso de troca de papeleta, riscar</p><p>um traço em diagonal e escrever, Erro, papeleta trocada;</p><p>- distinguir na anotação a pessoa que transmite a informação; assim, quando é o paciente que informa,</p><p>utiliza-se o verbo na terceira pessoa do singular: Informa que ...., Refere que ...., Queixa-se de ....; já quando a</p><p>informação é fornecida por um acompanhante ou membro da equipe, registrar, por exemplo: A mãe refere que</p><p>a criança .... ou Segundo a nutricionista ....;</p><p>- atentar para a utilização da sequência céfalo-caudal quando houver descrições dos aspectos físicos do</p><p>paciente. Por exemplo: o paciente apresenta mancha avermelhada na face, MMSS e MMII;</p><p>- organizar a anotação de maneira a reproduzir a ordem em que os fatos se sucedem. Utilizar a expressão,</p><p>entrada tardia. Ou em tempo, para acrescentar informações que porventura tenham sido anteriormente omiti-</p><p>das;</p><p>- utilizar a terminologia técnica adequada, evitando abreviaturas, exceto as padronizadas institucionalmen-</p><p>te. Por exemplo: Apresenta dor de cabeça cont..... por, Apresenta cefaléia contínua ....;</p><p>- evitar anotações e uso de termos gerais como, segue em observação de enfermagem, ou, sem queixas,</p><p>que não fornecem nenhuma informação relevante e não são indicativos de assistência prestada;</p><p>- realizar os registros com frequência, pois se decorridas várias horas nenhuma anotação foi feita pode-se</p><p>supor que o paciente ficou abandonado e que nenhuma assistência lhe foi prestada;</p><p>- registrar todas as medidas de segurança adotadas para proteger o paciente, bem como aquelas relativas</p><p>à prevenção de complicações, por</p><p>exemplo: Contido por apresentar agitação psicomotora;</p><p>- assinar a anotação e apor o número de inscrição do Conselho Regional de Enfermagem (em cumprimento</p><p>ao art. 76, Cap. VI do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem).</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>32</p><p>Assistência de enfermagem aos pacientes graves e agonizantes e preparo do corpo pós morte</p><p>O paciente pode passar por cinco estágios psicológicos em preparação para morte. Apesar de serem perce-</p><p>bidos de forma diferente em cada paciente, e não necessariamente na ordem mostrada o entendimento de tais</p><p>sentimentos pode ajudar a satisfação dos pacientes. As etapas do ato de morrer são:</p><p>Negação: quando o paciente toma conhecimento pela primeira vez de sua doença terminal, pode ocorrer</p><p>uma recusa em aceitar o diagnóstico.</p><p>Ira: uma vez que o paciente parando de negar a morte, é possível que apresente um profundo ressentimen-</p><p>to em relação aos que continuarão vivos após a morte, ao pessoal do hospital, a sua própria família etc.</p><p>Barganha: apesar de haver uma aceitação da morte por parte do paciente, pode haver uma tentativa de</p><p>negociação de mais tempo de vida junto a Deus ou com o seu destino.</p><p>Depressão: é possível que o paciente se afaste dos amigos, da família, dos profissionais de saúde. È pos-</p><p>sível que venha sofrer de inapetência, aumento da fadiga e falta de cuidados pessoais.</p><p>Aceitação: Nessa fase, o paciente aceita a inevitabilidade e a iminência de sua morte. È possível que deseje</p><p>simplesmente o acompanhamento de um membro da família ou um amigo</p><p>Semiologia e Semiotécnica aplicadas em Enfermagem</p><p>A Semiologia da enfermagem pode ser chamada também de propedêutica, que é o estudo dos sinais e</p><p>sintomas das doenças humanas. A palavra vem do grego semeion = sinal + lógos = tratado, estudo). A semio-</p><p>logia é muito importante para o diagnóstico e posteriormente a prescrição de patologias.</p><p>A semiologia, base da prática clínica requer não apenas habilidades, mas também ações rápidas e preci-</p><p>sas. A preparação para o exame físico, a seleção de instrumentos apropriados, a realização das avaliações,</p><p>o registro de achados e a tomada de decisões tem papel fundamental em todo o processo de assistência ao</p><p>cliente.</p><p>A equipe de enfermagem deve utilizar todas as informações disponíveis para identificar as necessidades</p><p>especiais em um conjunto variado de clientes portadores de diversas patologias.</p><p>A semiologia geral da enfermagem busca é ensinar aos alunos as técnicas (semiotécnicas) gerais que</p><p>compõem o exame físico. O exame físico, por sua vez, compõe-se de partes que incluem a anamnese ou en-</p><p>trevista clínica, o exame físico geral e o exame físico especializado.</p><p>O exame físico é a parte mais importante na obtenção do diagnóstico. Alguns autores estimaram que 70 a</p><p>80 % do diagnóstico se baseiam no exame clínico bem realizado.</p><p>Cumprir todas essas etapas com resolutividade, mantendo o foco nas necessidades do cliente é realmente</p><p>um desafio. Esses fatores, a complexidade que cerca a semiologia e muitas decisões que precisam ser toma-</p><p>das torna necessário que o enfermeiro tenha domínio de diversas informações.</p><p>Semiotécnica é um campo de estudo onde estão inseridas as mais diversas técnicas realizadas pelo enfer-</p><p>meiro, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem.</p><p>Procedimentos como: realização de curativos, sondagens vesical e gástrica, preparo dos mais diversos</p><p>tipos de cama, aspiração entre outras. A fundamentação científica na aplicação de cada técnica é muito impor-</p><p>tante, inclusive para noções de controle de infecções.</p><p>Sistematização da Assistência em Enfermagem</p><p>Em todas as instituições de saúde é crucial ter o controle e entender o fluxo de trabalho das equipes. Um</p><p>exemplo prático é a aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Ela organiza o trabalho</p><p>quanto à metodologia, à equipe e os instrumentos utilizados, tornando possível a operacionalização do Proces-</p><p>so de Enfermagem.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>33</p><p>Esse processo é organizado em cinco etapas relacionadas, interdependentes e recorrentes. Seu objetivo</p><p>é garantir que o acompanhamento dos pacientes seja prestado de forma coesa e precisa. Com a utilização</p><p>desta metodologia, consegue-se analisar as informações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das</p><p>condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser devidamente registrados no Prontuário do</p><p>Paciente.</p><p>Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM 1638/2002, prontuário é o “documento único</p><p>constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, aconteci-</p><p>mentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e cien-</p><p>tífico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência</p><p>prestada ao indivíduo”. Ele poderá ser em papel ou digital. Contudo, a metodologia em papel não garante uma</p><p>uniformidade nas informações e permite possíveis quebras de condutas, além de ser oneroso na questão do</p><p>seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade.</p><p>Devido à uma necessidade cada vez maior de atenção com a Segurança do Paciente há uma necessidade</p><p>crescente das Instituições de saúde buscarem sistemas de gestão informatizado que trazem o Prontuário Ele-</p><p>trônico do Paciente (PEP) em sua composição. Essas ferramentas digitais permitem:</p><p>–ampliar o acesso às informações dos pacientes de forma ágil e atualizada, com conteúdo legível;</p><p>–criar aletras sobre interações medicamentosas, alergia e inconsistências;</p><p>–estabelecer padrões para conclusões diagnósticas e planos terapêuticos;</p><p>–realizar análises gerenciais de resultados, indicadores de gestão e assistenciais.</p><p>Para entender melhor esse processo explicamos abaixo como funciona a metodologia.</p><p>As cinco etapas do processo de Enfermagem dentro da Sistematização da Assistência de Enferma-</p><p>gem:</p><p>1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enfermagem</p><p>O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a busca por informações básicas que irão definir os</p><p>cuidados da equipe de enfermagem. É uma etapa de um processo deliberado, sistemático e contínuo na qual</p><p>haverá a coleta de dados que serão passados pelos próprio paciente ou pela família ou outras pessoas envol-</p><p>vidas. Essas informações trarão maior precisão de dados ao Processo de Enfermagem dentro da abordagem</p><p>da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).</p><p>Por isso, serão abordadas: alergias, histórico de doenças e até mesmo questões psicossociais, como, por</p><p>exemplo, a religião, que pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao paciente. Este processo</p><p>pode ser otimizado com a utilização de PEP, com formulários específicos que direcionam o questionamento</p><p>da enfermeira e o registro online dos dados, que podem ser acessados por todos da Instituição, até mesmo de</p><p>forma remota. Assim, é possível realizar as intervenções necessárias para prestação dos cuidados ao paciente,</p><p>com maior segurança e agilidade.</p><p>2. Diagnóstico de Enfermagem</p><p>Nesta etapa, se dá o processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados, conduzindo a tomada</p><p>de decisão sobre os diagnósticos de enfermagem que mais irão representar as ações e intervenções com as</p><p>quais se objetiva alcançar os resultados esperados. Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que pos-</p><p>suem a taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas levantados no histórico de enfer-</p><p>magem. Com isso, se faz a elaboração de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa. Tudo</p><p>que for definido deve ser registrado no Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), revisitado e atualizado sempre</p><p>que necessário.</p><p>3. Planejamento de Enfermagem</p><p>De acordo com a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que organiza o trabalho profissional</p><p>quanto ao método, pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfermeiros possam atuar para prevenir,</p><p>controlar</p><p>ou resolver os problemas de saúde.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>34</p><p>É aqui que se determinam os resultados esperados e quais ações serão necessárias. Isso será realizado</p><p>a partir nos dados coletados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos de saúde do paciente e</p><p>suas intervenções. São informações que, igualmente, devem ser registradas no PEP, incluindo as prescrições</p><p>checadas e o registro das ações que foram executadas.</p><p>4. Implementação</p><p>A partir das informações obtidas e focadas na abordagem da Sistematização da Assistência de Enfermagem</p><p>(SAE), a equipe realizará as ações ou intervenções determinadas na etapa do Planejamento de Enfermagem.</p><p>São atividades que podem ir desde uma administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados especí-</p><p>ficos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais vitais específicos e acrescentá-los no Pron-</p><p>tuário Eletrônico do Paciente (PEP).</p><p>5. Avaliação de Enfermagem (Evolução)</p><p>Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no Prontuário Eletrônico do Paciente de forma deli-</p><p>berada, sistemática e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para determinar se as ações</p><p>ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado. Com essas informações, a Enfermeira terá</p><p>como verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do Processo de Enfermagem. Além de</p><p>proporcionar informações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na tomada de decisão de con-</p><p>dutas, como no próprio processo de alta.</p><p>Sistema de informação em enfermagem (Registro em Enfermagem)</p><p>Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, no prontuário do paciente, de todas as obser-</p><p>vações e assistência prestada ao mesmo - ato conhecido como anotação de enfermagem. A importância do</p><p>registro reside no fato de que a equipe de enfermagem é a única que permanece continuamente e sem inter-</p><p>rupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas as ocorrências clínicas.</p><p>Para maior clareza, recomenda-se que o registro das informações seja organizado de modo a reproduzir a</p><p>ordem cronológica dos fatos isto permitirá que, na passagem de plantão, a equipe possa acompanhar a evolu-</p><p>ção do paciente. Um registro completo de enfermagem contempla as seguintes informações:</p><p>Observação do estado geral do paciente, indicando manifestações emocionais como angústia, calma, in-</p><p>teresse, depressão, euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alterações relacionadas ao</p><p>estado nutricional, hidratação, integridade cutâneo-mucosa, oxigenação, postura</p><p>Ordem cronológica – seqüência em que os fatos acontecem, correlacionados com o tempo, sono e repou-</p><p>so, eliminações, padrão da fala, movimentação; existência e condições de sondas, drenos, curativos, imobiliza-</p><p>ções, cateteres, equipamentos em uso;</p><p>A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para verificação da resposta orgânica manifesta após</p><p>a aplicação de determinado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: alergia após a administração</p><p>de medicamentos, diminuição da temperatura corporal após banho morno, melhora da dispnéia após a instala-</p><p>ção de cateter de oxigênio;</p><p>A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que permite avaliar a atuação da equipe e o</p><p>efeito, na evolução do paciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso o tratamento não</p><p>seja realizado, é necessário explicitar o motivo, por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se</p><p>registrar esse fato e o motivo da negação.</p><p>Procedimentos rotineiros também devem ser registrados, como a instalação de solução venosa, curativos</p><p>realizados, colheita de material para exames, encaminhamentos e realização de exames externos, bem como</p><p>outras ocorrências atípicas na rotina do paciente; n A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências</p><p>observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referentes aos cuidados higiênicos, administração</p><p>de dietas, mudanças de decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações prestadas ao paciente</p><p>e familiares;</p><p>As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da equipe multiprofissional, quando identificada</p><p>a necessidade de o paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde. Nessa circunstância, o</p><p>profissional é notificado e, após efetivar sua visita, a enfermagem faz o registro correspondente.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>35</p><p>Para o registro das informações no prontuário, a enfermagem geralmente utiliza um roteiro básico que faci-</p><p>lita sua elaboração. Por ser um importante instrumento de comunicação para a equipe, as informações devem</p><p>ser objetivas e precisas de modo a não darem margem a interpretações errôneas.</p><p>Considerando-se sua legalidade, faz-se necessário ressaltar que servem de proteção tanto para o paciente</p><p>como para os profissionais de saúde, a instituição e, mesmo, a sociedade.</p><p>Assistência de enfermagem em: clínica médica, clínica cirúrgica</p><p>Enfermagem em Clínica Médica</p><p>O que é a Clínica Médica?</p><p>É um setor hospitalar onde acontece o atendimento integral do indivíduo com idade superior a 12 anos que</p><p>se encontra em estado crítico ou semi-crítico, que não são provenientes de tratamento cirúrgico e ainda àque-</p><p>les que estão hemodinamicamente estáveis, neste setor é prestada assistência integral de enfermagem aos</p><p>pacientes de média complexidade.</p><p>O papel da Enfermagem em Clínica Médica</p><p>É propiciar a recuperação dos pacientes para que alcancem o melhor estado de saúde física, mental e emo-</p><p>cional possível, e de conservar o sentimento de bem-estar espiritual e social dos mesmos, sempre envolvendo</p><p>e capacitando-os para o auto cuidado juntamente com os seus familiares, prevenindo doenças e danos, visan-</p><p>do a recuperação dentro do menor tempo possível ou proporcionar apoio e conforto aos pacientes em processo</p><p>de morrer e aos seus familiares, respeitando as suas crenças e valores. Realizar também todos os cuidados</p><p>pertinentes aos profissionais de enfermagem.</p><p>Inter-relação com outras clínicas</p><p>Por ser um setor onde temos pacientes com as mais diversas doenças, este setor tem uma ligação direta</p><p>com a maioria dos setores do hospital, como:</p><p>- Unidade de Terapia Intensiva (UTI);</p><p>- Unidade de Hemodiálise;</p><p>- Banco de Sangue;</p><p>- Pronto-Socorro;</p><p>- Entre outros.</p><p>EMERGÊNCIAS</p><p>A urgência é caracterizada como um evento grave, que deve ser resolvido urgentemente, mas que não</p><p>possui um caráter imediatista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada e pode ser planejada para que</p><p>este paciente não corra risco de morte.</p><p>A emergência é uma situação gravíssima que deve ser tratada imediatamente, caso contrário, o paciente vai</p><p>morrer ou apresentará uma sequela irreversível.</p><p>Neste contexto, a enfermagem participa de todos os processos, tanto na urgência quanto na emergência.</p><p>São diversos locais onde os profissionais de enfermagem podem atuar como, por exemplo:</p><p>• Unidades de atendimento pré-hospitalar;</p><p>• Unidades de saúde 24 horas;</p><p>• Pronto socorro;</p><p>• Unidades de terapia intensiva;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>36</p><p>• Unidades de dor torácica;</p><p>• Unidade de terapia intensiva neo natal</p><p>• E até mesmo em unidades de internação.</p><p>Os profissionais de enfermagem devem estar atentos e preparados para atuarem em situações de urgência</p><p>e emergência, pois a capacitação profissional, a dedicação e o conhecimento teórico e prático, irão fazer a di-</p><p>ferença no momento crucial do atendimento ao paciente.</p><p>Muitas vezes estas habilidades não são treinadas e quando ocorre a situação de emergência, o que vemos</p><p>são profissionais correndo de uma lado para outro sem objetividade, com dificuldades para atender o paciente</p><p>e ainda com medo de aproximar-se da situação.</p><p>Por outro lado, quando temos uma equipe treinada, capacitada e motivada, o atendimento é realizado muito</p><p>mais rapidez e eficiência, podendo na maioria</p><p>das vezes, salvar muitas vidas.</p><p>A enfermagem trabalha diariamente com pacientes em risco de morte e que dependem deste cuidado para</p><p>que mantenham suas vidas. As ações da equipe de enfermagem visam sempre à assistência ao paciente da</p><p>melhor forma possível, expressando assim, a qualidade e a importância da nossa profissão.</p><p>Estudar, capacitar, praticar são ações essenciais para o desenvolvimento profissional de enfermeiros, téc-</p><p>nicos e auxiliares de enfermagem, portanto estar preocupado com as ações desenvolvidas no dia a dia de</p><p>trabalho é fundamental.</p><p>PEDIATRIA</p><p>A atenção a saúde dos indivíduos e populações, ao longo da história dos homens, vem sendo desenvolvida</p><p>de muitas formas e nem sempre foi espaço exclusivo de atuação profissional e nem envolveu uma única abor-</p><p>dagem diagnóstico-terapêutica.</p><p>Alguns trabalhos de saúde surgem quando o sistema industrial se instala e se desenvolve a ponto de exigir</p><p>trabalhadores mais habilitados. Neste período, os sistemas de assistência à saúde ampliam seus objetivos de</p><p>modo a dar conta de uma necessidade social que desponta, ou seja, a de preservar a mão de obra treinada</p><p>para os postos de trabalho então existentes.</p><p>Nesta mesma época, dentre os trabalhadores estavam as crianças, que se tornavam preocupação quando</p><p>estavam doentes, pelo mesmo motivo dos adultos, ou seja, diminuição da produtividade e capacidade de trabalho. A</p><p>mortalidade infantil era considerada alta e as crianças morriam de doenças como sarampo, varicela, febre amarela,</p><p>difteria, coqueluche, doenças nutricionais e também por acidentes.</p><p>Não existia ainda uma preocupação com a vivência da infância, na verdade a criança era vista como um</p><p>adulto pequeno, que trabalhava cedo, estudava pouco e adoecia mais, simplesmente por não haver preocupa-</p><p>ção social e política com a saúde e bem-estar durante o período infantil.</p><p>Segundo Vaz (1996) a saúde é um universo concreto como produto das relações do ser humano, sua</p><p>expressão pode ser vista nas formas biológicas do indivíduo e nas estruturas das ações coletivas. As ações</p><p>situam-se exteriormente ao mundo e constituem-se em expressão e condição de desenvolvimento das formas</p><p>biológicas frente à individualidade do sujeito como ser social.</p><p>No preceito de exterioridade ao mundo como forma de visualizar a saúde dos indivíduos, um questionamento</p><p>maior é feito em relação ao trabalho em saúde com a criança: já que no adulto a expressão pode ser ouvida pelos</p><p>sinais e sintomas do paciente, controlada por sua própria capacidade de dependência enquanto sujeito sadio, nesta</p><p>perspectiva, como visualizar a expressão de saúde nas crianças?</p><p>Traduz-se aí a reflexão de tamanha importância da atuação da enfermagem em pediatria, assim como a</p><p>atuação de outros profissionais nesta área, já que além dos pressupostos de saúde que se trabalha diariamen-</p><p>te referindo-se ao tratamento com adultos, na criança a subjetividade aumenta, em razão da dependência de</p><p>sobrevivência da criança e pela incapacidade temporária de manifestações concretas. Leopardi et al. (1999)</p><p>afirmam que o trabalho em saúde é essencial para vida humana e que faz parte do setor de serviços, incluí-se</p><p>como um trabalho da esfera não material e se completa diante de sua realização.</p><p>Diferencia-se por não possuir como resultado um produto material, sendo o produto indissociável do pro-</p><p>cesso que o produz.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>37</p><p>Nery & Vanzin (2000), caracterizam a história da enfermagem como possuidora de duas fases, Pré-Profis-</p><p>sional e Profissional, sendo que a primeira constitui-se basicamente pelo surgimento do profissional “enfermei-</p><p>ro” sem formação científica, enquanto a segunda caracteriza-se pela fundação das escolas de enfermagem que</p><p>permitiram embasamento científico aos profissionais.</p><p>A história da enfermagem não pode ser sintetizada sem a menção de alguns nomes que realmente difun-</p><p>diram as bases da enfermagem até os dias atuais, dentre eles cita-se Florence Nightingale, com início real da</p><p>enfermagem na Inglaterra, e Ana Nery, considerada a primeira enfermeira do Brasil.</p><p>Na segunda metade do século XIX, na Inglaterra vitoriana, industrial, moralista e progressista, um grupo de</p><p>mulheres dedica-se a cuidar de doentes durante a Guerra da Crimeia, dentre elas destaca-se a figura de Flo-</p><p>rence Nightingale, que demonstra grande dedicação e preocupação ao cuidar dos soldados doentes.</p><p>Florence começou a assumir papel importante na sociedade pelo seu reconhecimento com a preocupação</p><p>em cuidar os doentes. Passou a influenciar assuntos militares e legislativos, reformulando hospitais, elaborando</p><p>políticas sanitárias internas e externas, e finalmente lançando para o mundo as bases da enfermagem como</p><p>profissão.</p><p>Segundo George (1993) a enfermagem organizada começou sob a liderança de Florence Nightingale. Antes</p><p>de seu tempo, o trabalho de cuidar de doentes era realizado por pessoas incapacitadas. Construíam hospitais</p><p>em locais onde os pobres sofriam com mais frequência em razão do ambiente do que da doença que os levara</p><p>até lá, predominavam cirurgias sem anestesia, com pouca ou nenhuma higiene.</p><p>Os preceitos de Florence acerca da enfermagem constituem o fundamento básico sobre o qual se pratica</p><p>a enfermagem atualmente. O conceito central que é mais refletido nos escritos de Nightingale é a interação</p><p>entre o indivíduo e o ambiente além da contribuição fundamental para a profissionalização e capacitação das</p><p>“pessoas que cuidam de doentes”, ou seja, os enfermeiros.</p><p>Florence (1969) afirma que existe uma necessidade de uma preparação formal e sistemática para a aquisi-</p><p>ção de um conhecimento de natureza distinta daquele buscado pelos médicos, que os fundamentos permitam</p><p>manter as condições necessárias ao organismo para não adoecer ou se recuperar de doenças.Conforme Al-</p><p>meida (1986), Florence introduziu treinamento aos agentes da enfermagem abordando técnicas disciplinares</p><p>de enfermagem a fim de delimitar o espaço social que cada trabalhador da saúde deve ocupar na hierarquia</p><p>hospitalar, em especial na hierarquia do pessoal de enfermagem; o treinamento era realizado em níveis de</p><p>complexidade, tarefas de cuidados diretos dirigidas aos elementos menos categorizados socialmente e tarefas</p><p>de gerência aos elementos mais categorizados socialmente.</p><p>Com o crescimento abrupto das instituições hospitalares e desenvolvimento da ciência médica, tornou-se</p><p>necessária mão de obra para desenvolver o trabalho atribuído à enfermagem, para tal começou a ser utilizado</p><p>o pessoal elementar, que consistiam em indivíduos com outras funções que eram treinados no próprio local de</p><p>trabalho para cumprir as exigências da demanda do mercado.</p><p>O uso funcional destas pessoas favorece a função de supervisão e gerência de enfermagem, que eram</p><p>desenvolvidas basicamente pelas chamadas “enfermeiras-chefe”, pessoas de classe social elevada, enquanto</p><p>as pessoas treinadas pelas enfermeiras eram consideradas auxiliares de enfermagem. Começa aí, a primeira</p><p>categorização informal da enfermagem.</p><p>No Brasil, a enfermagem teve seu marco, por intermédio de Anna Justina Ferreira – Anna Nery. Viúva com</p><p>51 anos de idade, movida pelo amor, Anna Nery escreve um pedido para ser voluntária na guerra Brasil-Para-</p><p>guai, em 1865; seus três filhos e dois irmãos lutavam na guerra. Tendo o pedido aceito, dedicou-se aos cuida-</p><p>dos dos feridos, improvisando hospitais e obtendo o título de “Enfermeira – Mãe dos Brasileiros”.Nery & Vanzin</p><p>(2000) descrevem que Anna Nery foi o maior vulto de enfermagem no período pré-profissional, destacando-se</p><p>pela sua coragem, dedicação e amor aos feridos nos campos de batalha, durante a Guerra Brasil-Paraguai,</p><p>consagrando-se a primeira enfermeira do Brasil.</p><p>A partir destes acontecimentos começam a ser fundadas as primeiras Escolas de Enfermagem no Brasil,</p><p>com o objetivo de capacitar, por meio de conhecimentos científicos, os profissionais enfermeiros. A primeira</p><p>escola de enfermagem do Brasil teve o nome de Anna Nery.</p><p>1803532 E-book gerado</p><p>Técnicos de Enfermagem, Auxiliares de Enfermagem, Obste-</p><p>trizes e Parteiras, bem como aos atendentes de Enfermagem.</p><p>Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.</p><p>Art. 4ºEste Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de Enfermagem, por proposta de 2/3 dos</p><p>Conselheiros Efetivos do Conselho Federal ou mediante proposta de 2/3 dos Conselhos Regionais.</p><p>Parágrafo Único.A alteração referida deve ser precedida de ampla discussão com a categoria, coordenada</p><p>pelos Conselhos Regionais, sob a coordenação geral do Conselho Federal de Enfermagem, em formato de</p><p>Conferência Nacional, precedida de Conferências Regionais.</p><p>Art. 5ºA presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias a partir da data de sua publicação</p><p>no Diário Oficial da União, revogando-se as disposições em contrário, em especial a Resolução Cofen nº</p><p>311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.</p><p>Brasília, 6 de novembro de 2017.</p><p>ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017</p><p>PREÂMBULO</p><p>O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem –</p><p>CEPE, norteou-se por princípios fundamentais, que representam imperativos para a conduta profissional e</p><p>consideram que a Enfermagem é uma ciência, arte e uma prática social, indispensável à organização e ao</p><p>funcionamento dos serviços de saúde; tem como responsabilidades a promoção e a restauração da saúde, a</p><p>prevenção de agravos e doenças e o alívio do sofrimento; proporciona cuidados à pessoa, à família e à coleti-</p><p>vidade; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo, ou em colaboração com outros profissionais</p><p>da área; tem direito a remuneração justa e a condições adequadas de trabalho, que possibilitem um cuidado</p><p>profissional seguro e livre de danos. Sobretudo, esses princípios fundamentais reafirmam que o respeito aos</p><p>direitos humanos é inerente ao exercício da profissão, o que inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à li-</p><p>berdade, à igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser tratada sem distinção de classe</p><p>social, geração, etnia, cor, crença religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença, identidade de gênero,</p><p>orientação sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou condição social.</p><p>Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho Federal de Enfermagem, no uso das atribuições</p><p>que lhe são conferidas pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, aprova e edita esta nova</p><p>revisão do CEPE, exortando os profissionais de Enfermagem à sua fiel observância e cumprimento.</p><p>PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS</p><p>A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do cuidado prestado nos diferentes contextos</p><p>socioambientais e culturais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade.</p><p>O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e legais, téc-</p><p>nico-científico e teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para promoção do ser humano na</p><p>sua integralidade, de acordo com os Princípios da Ética e da Bioética, e participa como integrante da equipe de</p><p>Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, com ênfase nas políticas de saúde que garantam a</p><p>universalidade de acesso, integralidade da assistência, resolutividade, preservação da autonomia das pessoas,</p><p>participação da comunidade, hierarquização e descentralização político-administrativa dos serviços de saúde.</p><p>O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento próprio da profissão e nas ciências humanas,</p><p>sociais e aplicadas e é executado pelos profissionais na prática social e cotidiana de assistir, gerenciar, ensinar,</p><p>educar e pesquisar.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>3</p><p>CAPÍTULO I</p><p>DOS DIREITOS</p><p>Art. 1ºExercer a Enfermagem com liberdade, segurança técnica, científica e ambiental, autonomia, e ser</p><p>tratado sem discriminação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos legais, éticos e dos</p><p>direitos humanos.</p><p>Art. 2ºExercer atividades em locais de trabalho livre de riscos e danos e violências física e psicológica à saú-</p><p>de do trabalhador, em respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profissionais de enfermagem.</p><p>Art. 3ºApoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dignidade profissional, do exercício da cidadania e</p><p>das reivindicações por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração, observados os parâmetros</p><p>e limites da legislação vigente.</p><p>Art. 4ºParticipar da prática multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar com responsabilidade, autono-</p><p>mia e liberdade, observando os preceitos éticos e legais da profissão.</p><p>Art. 5ºAssociar-se, exercer cargos e participar de Organizações da Categoria e Órgãos de Fiscalização do</p><p>Exercício Profissional, atendidos os requisitos legais.</p><p>Art. 6ºAprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, ético-políticos, socioeducativos, históricos e cultu-</p><p>rais que dão sustentação à prática profissional.</p><p>Art. 7ºTer acesso às informações relacionadas à pessoa, família e coletividade, necessárias ao exercício</p><p>profissional.</p><p>Art. 8ºRequerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de forma fundamentada, medidas cabíveis para</p><p>obtenção de desagravo público em decorrência de ofensa sofrida no exercício profissional ou que atinja a pro-</p><p>fissão.</p><p>Art. 9ºRecorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de forma fundamentada, quando impedido de cum-</p><p>prir o presente Código, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções, Decisões e Pareceres Norma-</p><p>tivos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.</p><p>Art. 10Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, às diretrizes políticas, normativas e protocolos</p><p>institucionais, bem como participar de sua elaboração.</p><p>Art. 11Formar e participar da Comissão de Ética de Enfermagem, bem como de comissões interdisciplinares</p><p>da instituição em que trabalha.</p><p>Art. 12Abster-se de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento em razão de seu exercí-</p><p>cio profissional.</p><p>Art. 13Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quando o local de trabalho não oferecer condi-</p><p>ções seguras para o exercício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas as situações de</p><p>urgência e emergência, devendo formalizar imediatamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio</p><p>eletrônico à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem.</p><p>Art. 14Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento metodológico para planejar, implementar, ava-</p><p>liar e documentar o cuidado à pessoa, família e coletividade.</p><p>Art. 15Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou</p><p>indiretamente relacionada ao exercício profissional da Enfermagem.</p><p>Art. 16Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão que envolvam pessoas e/ou local de trabalho</p><p>sob sua responsabilidade profissional.</p><p>Art. 17Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, respeitando a legislação vigente.</p><p>Art. 18Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesquisa, extensão e produção técnico-científica.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>4</p><p>Art. 19Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias sociais e meios eletrônicos para conceder entrevistas,</p><p>ministrar cursos, palestras, conferências, sobre assuntos de sua competência e/ou divulgar eventos com finali-</p><p>dade educativa e de interesse social.</p><p>Art. 20Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha habilidades e competências técnico-cientí-</p><p>ficas e legais.</p><p>Art. 21Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mídias sociais durante o desempenho de suas</p><p>atividades profissionais.</p><p>Art. 22Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal</p><p>ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.</p><p>Art. 23Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação profissional/usuários quando houver risco à</p><p>sua integridade física e moral, comunicando ao</p><p>especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>38</p><p>Conforme Pires (1998), em termos educacionais o que veio servir de referência para a formação do enfer-</p><p>meiro foi a criação da escola de enfermagem Anna Nery, seguindo o modelo de ensino embasado em Florence</p><p>Nightingale, da Inglaterra do século XIX, seu currículo foi considerado padrão para o desenvolvimento de outras</p><p>escolas.</p><p>Desde o início da enfermagem moderna já se identificou uma preocupação relacionada com a atenção da</p><p>saúde das crianças, não somente centrada a elas, mas que retrata esta dedicação ao estudo como uma espe-</p><p>cificidade. Florence (1987) afirmou que todas as medidas e normas para a prevenção e conservação das condi-</p><p>ções sanitárias nas habitações eram de suma importância para que as crianças não passassem por epidemias.</p><p>No final do século XVIII e ao longo do século XIX, a ciência da pediatria começou a expandir principalmente</p><p>pela cooperação de estudos na área de atenção à criança, realizados pelo médico alemão Abraham Jacobi,</p><p>considerado o pai da Pediatria.</p><p>Em 1940, a enfermagem em pediatria consagrou-se como especialidade. Em 1973, no Brasil, foi criado</p><p>o primeiro curso de especialização em pediatria na UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) e a partir</p><p>de 1978 e 1986 foram oferecidos cursos de mestrado e doutorado na especificidade pediátrica nesta mesma</p><p>escola.</p><p>PSIQUIATRIA</p><p>O primeiro contato com a saúde mental pode ser na maioria das vezes estressante. Tudo é secundário, o</p><p>principal personagem é o paciente. Para quem nunca teve nenhum contato com a área de saúde mental, a falta</p><p>de procedimentos invasivos parecem sem sentido, mas os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) configu-</p><p>ram-se como um espaço para interações entre a equipe multiprofissional, com confluência de saberes.</p><p>A realidade é que o CAPS deve ser um local no quais profissionais treinados de diversas áreas proveem</p><p>assistência diferenciada e humanizada. A comunicação mostra-se como extraordinário instrumento de alicerce</p><p>das relações entre profissionais e pacientes. O interesse em manter uma equipe interdisciplinar é de garantir</p><p>cuidado otimizado ao paciente.</p><p>Conhecer as pessoas que fazem parte da equipe é importante para definir papéis, responsabilidades e</p><p>ganhar com esta experiência e alcançar o mesmo objetivo nas tomadas de decisões. A razão do trabalho da</p><p>enfermagem nesse novo modelo é o cuidado terapêutico, vislumbrando uma assistência segura, integral e de</p><p>qualidade. Espera-se que o profissional de enfermagem em saúde mental seja empático, autêntico, criativo e</p><p>com capacidade de inovar nas práticas do cuidar.</p><p>O objetivo da enfermagem nos centros de atenção psicossocial deve ser a promoção de ações terapêuticas</p><p>voltadas para identificar e auxiliar na recuperação do paciente em sofrimento psíquico, visando à reabilitação</p><p>de suas capacidades físicas e mentais, respeitando suas limitações e os seus direitos de cidadania.</p><p>A enfermagem tem que se permitir uma nova proposta, o paciente em sofrimento psíquico apresenta-se</p><p>ansioso, inseguro de seu destino, desconfortável emocionalmente e com uma vivência na maioria das vezes</p><p>permeada de solidão e desamparo, acompanhado por tratamentos invasivos, agressivos e até mesmo dolo-</p><p>rosos. O profissional deve estar aberto e disponível a essas situações novas, exigindo a criação de um novo</p><p>modo de agir e pensar.</p><p>GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA</p><p>O curso de enfermagem se ramifica em diversas especializações, uma delas é a enfermagem obstétrica,</p><p>que capacita, qualifica e atualiza o enfermeiro para que ele possa prestar assistência integral à mulher nas di-</p><p>versas fases da sua vida, com maior foco no período da gravidez e lactência. O profissional enfermeiro obstetra</p><p>é preparado para analisar criticamente a situação da paciente e investigar problemas que possam prejudicá-la</p><p>ou a seu filho, sempre buscando soluções através de diversos métodos científicos.</p><p>O enfermeiro obstetra trabalha sempre em parceria com o médico especializado em Obstetrícia. Esta teve</p><p>início no estudo dos conhecimentos adquiridos pelas parteiras, através de registros deixados por elas a respeito</p><p>de sua prática. Um dos princípios existentes era que a parturição deveria ser um processo natural, isso fez com</p><p>que, por muito tempo não existissem processos cirúrgicos ou participação de homens nos partos.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>39</p><p>Com o avanço da medicina, nasceu a Obstetrícia e com ela a possibilidade de serem realizadas cirurgias</p><p>para amenizar ou resolver problemas existentes no momento do parto, fossem eles na mãe ou na criança. As</p><p>mães passaram, portanto, a serem acompanhadas por médicos durante a sua gestação, e se tornou comum a</p><p>intervenção cirúrgica no trabalho de parto, com as técnicas cada vez mais evoluidas e sempre buscando me-</p><p>lhores condições de desenvolvimento e nascimento da criança. Com esta realidade, esta profissional de enfer-</p><p>magem passou por várias denominações: parteira, obstetriz, enfermeira obstetra, etc. Há alguns especialistas</p><p>que defendem a substituição do termo “Enfermagem Obstétrica” por “Enfermagem Perinatal”, que é um termo</p><p>mais recente.</p><p>Esta área da enfermagem é responsável pelo diagnóstico e tratamento de problemas com a parte fisioló-</p><p>gica e psicossocial das famílias com relação à procriação. Vai desde o planejamento da gravidez até os três</p><p>primeiros meses após o parto. Alguns princípios que orientam a profissão são a valorização do humano, mais</p><p>que o tecnológico, o peso das decisões racionais relacionadas ao estado de gravidez da mulher e à chegada</p><p>da crianças, a saúde materno-infantil, etc.</p><p>A formação do enfermeiro obstetra deve dar-lhe capacidade de ser um profissional adequado e competente,</p><p>que possa dar uma assistência de qualidade à mulher, respeitando sua fisiologia, seu corpo, sua saúde mental</p><p>e psicológica. O curso de enfermagem obstétrica tem o objetivo de capacitar o profissional para tal fim.</p><p>O enfermeiro obstetra é habilitado para conduzir um parto quando acontece de forma natural, examinar</p><p>a gestante, verificar contrações, dilatações e demais alterações no funcionamento do organismo feminino no</p><p>momento do parto, e discernir quaisquer alterações patológicas que possam requerer um atendimento médico</p><p>especializado.</p><p>Com a autorização do Ministério da Saúde, portanto, o enfermeiro obstetra é habilitado para realizar qual-</p><p>quer parto normal sem nenhuma complicação na saúde da criança ou da mãe.</p><p>Durante o período pós-parto, é da competência do enfermeiro obstetra os cuidados necessários à mãe, cui-</p><p>dando para que seu organismo volte o quanto antes às condições normais. É ele quem orienta os cuidados que</p><p>a mãe deve ter para com seu corpo e para com a criança recém-nascida, podendo também planejar algumas</p><p>ações que proporcionem a reabilitação da mãe e o conforto da criança.</p><p>NEONATOLOGIA</p><p>Na Maternidade, o técnico de enfermagem neonatal presta assistência de enfermagem segura, humaniza-</p><p>da e individualizada às pacientes, sob supervisão do enfermeiro. Auxilia na prevenção e controle das doenças</p><p>transmissíveis em geral; realiza coletas de materiais para exames laboratoriais; realiza movimentação e trans-</p><p>porte de pacientes de maneira segura; manipula equipamentos hospitalares; auxilia na preparação do corpo</p><p>após o óbito; e auxilia em procedimentos médicos.</p><p>Presta atendimento de qualidade às pacientes e familiares com orientação à família e cuidados de higiene,</p><p>alimentação e utilização de medicamentos, além de cuidados específicos com o recém-nascido.</p><p>Verifica os sinais vitais do paciente; auxilia o enfermeiro na coleta da gasometria; prepara e administra me-</p><p>dicações segundo prescrição médica; realiza o controle de medicamentos, equipamentos e materiais sob sua</p><p>responsabilidade; recepciona o recém-nascido na hora do parto e realiza os procedimentos necessários após</p><p>o parto (identificação do bebê e da mãe, pesar, medir e relatar em prontuário).</p><p>Os setores onde atuam o técnico de enfermagem neonatal são: Unidade de Tratamento</p><p>Intensivo ao Re-</p><p>cém-Nascido (UTI Neonatal), Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrico (UTI Pediátrica) e Berçário.</p><p>Cuidados de enfermagem ao paciente com problemas nos sistemas orgânicos neurológico, respiratório,</p><p>cardiovascular, digestório, renal, urológico, ginecológico, endócrino,hematológico, musculoesquelético e der-</p><p>matológico.</p><p>Pacientes com Problemas Neurológicos</p><p>As doenças neurológicas podem ter diferentes origens: hereditária/genética ou congênita, ou seja, depen-</p><p>dente de um distúrbio do desenvolvimento embrionário ou fetal do sistema Nervoso Central ou Periférico; ad-</p><p>quirida ao longo dos diferentes períodos da vida, desde a fase neonatal até à velhice.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>40</p><p>Segundo O’Sullivan e Schmitz, (2004 apud ANDRADE et al., 2010, p. 156), o “paciente com sequelas neu-</p><p>rológicas apresenta uma série de alterações orgânicas e psíquicas em decorrência da não aceitação da doença</p><p>e, consequente, não aceitação do seu corpo, visualizado como representante desta condição”.</p><p>Os distúrbios neurológicos comumente causam lesões temporárias ou permanentes que prejudicam o in-</p><p>dividuo em suas funções tornando-o um dependente parcial ou total de outras pessoas. Eles podem limitar de</p><p>modo significativo o desempenho funcional do indivíduo, com consequências negativas nas relações pessoais,</p><p>familiares, sociais e, sobretudo na qualidade de vida.</p><p>Para Oliveira (2004 apud RESENDE et al., 2007 p. 165), as incapacidades funcionais podem “desestruturar</p><p>as bases do indivíduo, interferir no desempenho de regras e papéis sociais, na independência e habilidade para</p><p>realizar tarefas essenciais à sua vida, na capacidade afetiva e capacidade de realizar atividades profissionais”.</p><p>Leva-se em consideração que a neurocirurgia também é um dos fatores que colaboram para o agravamento</p><p>dessas incapacidades. Fitzsimmon et al. (2007, p. 809) afirmam que “durante o curso da doença, muitos pa-</p><p>cientes com afecções neurológicas exigem tratamento em ambiente de cuidados críticos”. Estes procedimentos</p><p>neurocirúrgicos envolvem uma internação de duração curta na Unidade de terapia Intensiva (UTI).</p><p>A cirurgia neurológica é indicada para diversos distúrbios neurológicos. Ela é parte integrante do tratamento</p><p>de pacientes neurológicos, dentre eles: tumores cerebrais, malformações arteriovenosas e aneurismas.</p><p>Para uma assistência de qualidade na Unidade de Terapia Intensiva, o enfermeiro se faz necessário, já que</p><p>segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2004), existe a “obrigatoriedade de haver Enfermeiros</p><p>em todas as unidades de serviços nos quais são desenvolvidas ações de Enfermagem que envolvam procedi-</p><p>mentos de alta complexidade, comuns na assistência a pacientes críticos/potencialmente críticos”.</p><p>O enfermeiro que possui conhecimento técnico-científico possui autonomia para lidar com o paciente neu-</p><p>rológico e através desta pode tomar decisões, realizar intervenções e diagnósticos de enfermagem. Ele se vê</p><p>diante de situações que requerem o mínimo de raciocínio clínico para solucionar problemáticas. Por assim di-</p><p>zer, o enfermeiro necessita sempre buscar aprofundar e ampliar, seus conhecimentos na sua área de atuação,</p><p>sem esquecer o enfoque interdisciplinar e/ou multidimensional.</p><p>Fitzsimmon et al., (2007, p. 798) dizem que “como parte da equipe multidisciplinar, a enfermeira desem-</p><p>penha um papel central no cuidado ao paciente durante a doença. Ela participa no diagnóstico, tratamento e</p><p>cuidado de acompanhamento do paciente”.</p><p>A prevenção do aumento da PIC, ou hipertensão intracraniana, é uma função de primordial importância para</p><p>a enfermagem ao cuidar de um paciente com lesão neurológica. Em primeiro lugar, é essencial que a enfermei-</p><p>ra realize uma avaliação neurológica basal no paciente, sobre a qual possa ser analisado se houver uma piora</p><p>adicional. Em termos gerais, o aumento da PIC manifesta-se por comprometimento geral de todos os aspectos</p><p>da função neurológica (HILTON, 2007, p. 775).</p><p>O nível de consciência diminui à medida que a PIC se eleva. Inicialmente, o paciente pode evidenciar in-</p><p>quietação, confusão e combatividade. Isso descompensa, então, os níveis inferiores de consciência, variando</p><p>da letargia até a obnubilação e ao coma. As reações pupilares começam a diminuir, com pupilas lentamente</p><p>reativas até chegarem a pupilas fixas e dilatadas. O exame pupilar deve ser realizado e deve incluir o tamanho</p><p>e simetria (comparação do lado Direito e Esquerdo), fotorreação e simetria. A agitação, as contraturas muscu-</p><p>lares, os tremores e relacionar a presença de cefaleia com variações de PA.</p><p>A função motora também declina e o paciente começará a mostrar atividade motora anormal, presença de</p><p>flexão ou extensão anormal. Os achados tardios são alterações nos sinais vitais. As variações nos padrões res-</p><p>piratórios são evidenciadas, mais tarde como apneia total. A tríade de Cushing “descreve os três sinais tardios</p><p>da herniação: aumento da Pressão Arterial Sistólica, redução da frequência cardíaca e um padrão respiratório</p><p>irregular. O alargamento da pressão de pulso também está associado à herniação” (ZINK, 2007, p. 856).</p><p>Outro item a ser avaliado é a presença de convulsões, pois estas indicam inicio das alterações agudas no</p><p>SNC. Elas devem ser observadas e acompanhadas quanto à hora de início e término, onde começaram os</p><p>movimentos ou rigidez, tipo de movimento da parte comprometida.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>41</p><p>As intervenções de Enfermagem para tratar a PIC elevada incluem a manutenção do alinhamento corporal,</p><p>evitar mudar a posição lateral da cabeça de forma brusca e a flexão ostensiva do quadril, para evitar o aumento</p><p>da pressão intra-abdominal. A rotação lateral da cabeça também pode causar compressão da veia jugular dimi-</p><p>nuindo ou cessando a drenagem do sangue venoso.</p><p>O enfermeiro ao cuidar do paciente neurológico deve estar sempre atento, pois o seu quadro pode alterar</p><p>rapidamente e ele deve saber lidar com as intercorrências, não pode estar só atento ao monitor. O enfermeiro</p><p>deve ter o cuidado com a elevação da cabeceira do paciente, com o período de troca dos cateteres, com as</p><p>anotações dos parâmetros registrados (PAM, PIC, Relação P / F, entre outros) pelos equipamentos, assim</p><p>como os horários e aprazamentos dos medicamentos administrados ao paciente, sem esquecer-se das coletas</p><p>de sangue para gasometria e principalmente oferecer uma assistência humanizada, sem medos e receios de</p><p>complicações, mas com confiança e conhecimento para enfrenta-las.</p><p>Os pacientes com lesões neurológicas podem apresentar os distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico por di-</p><p>versos motivos, como administração de diuréticos osmóticos, aumento da perda hídrica insensível e disfunção</p><p>pituitária, gerando distúrbios de sódio. A enfermeira de cuidados críticos deve levar em consideração todas as</p><p>variáveis quando examina o paciente. Ela deve observar e avaliar constante os níveis de oxigenação para que</p><p>o paciente aumente os níveis de oxigenação sanguínea e cerebral, a perfusão para perceber se há isquemia</p><p>miocárdica, a PIC, a PAM e a PPC para prevenir lesões cerebrais, monitorar os níveis de eletrólitos séricos e</p><p>registrar rigorosamente a ingesta e o débito do paciente com intuito de mantê-los dentro do nível de estabilidade</p><p>pré-estabelicido (ZINK, 2007, p. 865).</p><p>Pacientes com Problemas Respiratórios</p><p>Seja qual for a patologia que leve o paciente à Unidade de Terapia Intensiva, ele estará sujeito à insuficiên-</p><p>cia no sistema respiratório. Isto se comprova pelo alto índice, nas Unidades de Terapia Intensiva, de pacientes</p><p>com insuficiência respiratória como causa primária da internação, ou secundária em pacientes já internados</p><p>devido a outras afecções.</p><p>Insuficiência Respiratória existe quando um paciente não é capaz de manter as tensões de seus gases</p><p>sanguíneos dentro dos limites normais.</p><p>O tipo de insuficiência respiratória encontrada em UTI tem evolução relativamente rápida, ao contrário</p><p>da</p><p>deterioração gradual das doenças respiratórias crônicas. Ela resulta da incapacidade progressiva do sistema</p><p>respiratório remover dióxido de carbono do sangue venoso e de adicionar oxigênio a ele, por um período que</p><p>varia desde alguns momentos até alguns dias.</p><p>Alguns fatores podem ser considerados como predisponentes à insuficiência respiratória: obesidade, idade</p><p>avançada e exacerbação da doença pulmonar crônica (enfisema, bronquite crônica). Estas causas primárias</p><p>são agravadas pelo uso de drogas anestésicas, por lesão da caixa torácica ou distensão abdominal, levando a</p><p>alterações ventilatórias. Além disso, a dor e a imobilização contribuem muito para a instalação do processo de</p><p>atelectasia.</p><p>A Abordagem de vias aéreas pela Cânula orofaríngea É um método rápido e prático de se manter a via</p><p>aérea aberta, podendo ser utilizado temporariamente em conjunto com ventilação com máscara, enquanto se</p><p>aguarda um método definitivo, como por exemplo a intubação endotraqueal.</p><p>A cânula de Guedel tem forma semicircular, geralmente é de material plástico e descartável e, quando</p><p>apropriadamente colocada, desloca a língua da parede posterior da faringe, mantendo a via respiratória aberta.</p><p>Pode também ser utilizada no paciente com tubo traqueal, evitando que o reflexo de morder cause dano ao</p><p>tubo.</p><p>O paciente nunca deve ser deixado sozinho e deve estar localizado de forma a ser visualizado continuamen-</p><p>te, pois alterações súbitas podem ocorrer, levando à necessidade de ser reavaliada a modalidade respiratória</p><p>à qual o mesmo está sendo submetido.</p><p>O paciente entubado perde suas barreiras naturais de defesa das vias aéreas superiores. Além disso, a</p><p>equipe de saúde, através das suas mãos e do equipamento respiratório, constitui a maior fonte de contamina-</p><p>ção exógena.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>42</p><p>Pacientes com Problemas Cardiovasculares</p><p>O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primórdios da humanidade, como resposta ao aten-</p><p>dimento às suas necessidades. Para realizar o cuidado, o enfermeiro, como membro integrante da equipe</p><p>multidisciplinar, utiliza um conjunto de conhecimentos que possibilita a busca de resolutividade às respostas</p><p>dos fenômenos de saúde, definidos pelo Internacional Council of Nurses1 como aspectos de saúde relevantes</p><p>à prática de Enfermagem.</p><p>O instrumento para a realização do cuidado é o processo de cuidar2, mediante uma ação interativa entre o</p><p>enfermeiro e o paciente. Nele, as atividades do profissional são desenvolvidas “para” e “com” o paciente, anco-</p><p>radas no conhecimento científico, habilidade, intuição, pensamento crítico e criatividade e acompanhadas de</p><p>comportamentos e atitudes de cuidar/cuidado no sentido de promover, manter e/ou recuperar a totalidade e a</p><p>dignidade humana.</p><p>O desenvolvimento do cuidado ocorre nas suas mais diferentes especialidades e, neste estudo, abordará o</p><p>processo de cuidar ao paciente crônico cardíaco.</p><p>O paciente adulto crônico cardíaco apresenta comprometimento de seu todo harmônico, seu estado de</p><p>saúde está alterado, pois começa a sentir que a força física e a força do coração estão diminuídas. Surge a ate-</p><p>rosclerose nos vasos sanguíneos, ocorre a perda do tecido ósseo, e há carência na autoestima3. Nessa fase,</p><p>o doente pode apresentar limitações emocionais, financeiras, perdas pessoais e sociais e precisará aprender a</p><p>administrar o seu tratamento efetivo. Nessas circunstâncias, quando ele se encontra fragilizado, é que o enfer-</p><p>meiro assume um papel importante e muito expressivo para com ele, no sentido de ajudá-lo não só a enfrentar</p><p>as dificuldades em torno da doença, mas também de cuidá-lo nas suas necessidades de segurança, carinho e</p><p>autoconfiança. Desse modo, é importante que o enfermeiro compreenda que os pacientes portadores de doen-</p><p>ça crônica requerem, do profissional, um raciocínio clínico e crítico constante, pois uma simples preocupação</p><p>que apresentem pode colocar em risco suas vidas.</p><p>O enfermeiro tem uma função fundamental na equipe de saúde, já que, por meio da avaliação clínica diária</p><p>do paciente, poderá realizar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência externa ou na subjetivida-</p><p>de da multidimensionalidade do ser humano. Igualmente poderá providenciar para que o paciente seja atendido</p><p>nos mais diferentes segmentos da equipe de saúde e/ou de enfermagem.</p><p>A Organização Mundial de Saúde, em seu documento “Cuidados inovadores para as condições crônicas”,</p><p>enfatiza que o paciente portador de doença crônica carece de cuidados planejados, capazes de prever suas</p><p>necessidades básicas e proporcionar atenção integrada. Essa atenção envolve tempo, cenário da saúde e</p><p>cuidadores, além de treinamentos para que o paciente aprenda a cuidar de si mesmo em sua residência. O</p><p>paciente e seus familiares precisam de suporte, de apoio para a prevenção ou administração eficaz dos eventos</p><p>crônicos4</p><p>Diante do exposto, optou-se por investigar como os enfermeiros conduzem a prática de cuidar ao portador</p><p>de doença crônica cardíaca, a partir da composição de seu método de cuidar. Para atender esse questionamen-</p><p>to, os objetivos da pesquisa foram: identificar os elementos do processo de cuidar realizado pelo enfermeiro ao</p><p>portador de doença crônica cardíaca e descrever os elementos evidenciados no processo de cuidar em enfer-</p><p>magem ao portador de doença crônica cardíaca.</p><p>Pacientes com Problemas Digestórios</p><p>O trato gastrointestinal é o trajeto (7,5 a 8,5 m de comprimento total) que se estende da boca através do</p><p>esôfago, estômago, intestino e ânus.</p><p>• Anexos: glândulas salivares (amilase), pâncreas (suco pancreático) e fígado (bile);</p><p>• Esôfago 25 cm de comprimento;</p><p>• Estômago capacidade aproximadamente 1.500 ml (cárdia, fundo, corpo, piloro) - esfíncter esofagiano infe-</p><p>rior ou esfíncter cardíaco (entrada) e esfíncter pilórico (saída);</p><p>• Intestino delgado maior segmento 2/3 do total do comprimento do trato GI;</p><p>• Duodeno parte superior (esvaziamento da bile e secreções pancreáticas através do canal biliar comum na</p><p>ampola de Vater);</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>43</p><p>• Jejuno: parte mediana;</p><p>• Íleo: parte inferior;</p><p>• Ceco junção entre o intest. delgado e grosso (porção inferior direita do abd), onde se encontra a válvula</p><p>íleocecal q/ funciona no controle da passagem dos conteúdos intestinais no intest. grosso e previne o refluxo de</p><p>bactérias p/ o intest. delgado. É nesta área q/ o apêndice vermiforme está localizado;</p><p>• Intestino Grosso Ascendente / Transverso / Descendente / cólon sigmóide / reto;</p><p>• Ânus esfíncter anal interno e externo.</p><p>O trato GI recebe o suprimento sanguíneo de muitas artérias que se originam ao longo de toda a extensão</p><p>da aorta torácica e abdominal. As principais são a artéria gástrica (estômago) e as artérias mesentéricas supe-</p><p>rior e inferior (intestino).</p><p>O sangue é drenado desses órgãos pelas veias que se fundem com outras no abdômen para formar um</p><p>grande vaso, chamado veia porta. É um sangue rico em nutrientes que é levado ao fígado. O fluxo sanguíneo</p><p>para todo o trato GI é cerca de 20% de todo o débito cardíaco e aumenta significativamente após a alimentação.</p><p>O TGI é inervado pelo SNA simpático e parassimpático.</p><p>SNA parassimpático - libera acetilcolina que: aumenta atividade do TGI, aumenta movimentos peristálticos,</p><p>aumenta tônus.</p><p>SNA simpático - libera noradrenalina que: diminui atividade do TGI, diminui movimentos peristálticos, dimi-</p><p>nui tônus.</p><p>O processo digestivo</p><p>Todas as células do organismo requerem nutrientes. Esses nutrientes derivam da ingesta alimentar con-</p><p>tendo: proteína, gordura, carboidratos, vitaminas e minerais, assim como fibras de celulose e outras matérias</p><p>vegetais sem valor nutricional.</p><p>As principais funções digestivas do trato GI são especificamente para fornecer estas necessidades do corpo:</p><p>• Reduzir as partículas alimentares à forma molecular para a digestão;</p><p>• Absorver na corrente sanguínea as pequenas moléculas;</p><p>• Eliminar restos</p><p>alimentares não digeridos e não absorvidos e outros produtos tóxicos nocivos ao corpo.</p><p>Ação gástrica - O estômago secreta um líquido ácido em resposta à presença de alimento ou à sua ingesta</p><p>antecipada. Este líquido deriva sua acidez do ácido hidroclorídrico secretado pelas glândulas do estômago.</p><p>Esta secreção tem dupla função: reduzir o alimento a componentes mais absorvíveis e ajudar na destruição de</p><p>bactérias ingeridas. O estômago pode produzir cerca de 2,4 litros/dia dessas secreções gástricas.</p><p>As secreções gástricas também contêm a enzima pepsina, importante para iniciar a digestão de proteínas.</p><p>Hormônios, neurorreguladores e reguladores locais encontrados nas secreções gástricas controlam a taxa</p><p>das secreções gástricas e influenciam a motilidade gástrica.</p><p>O fator intrínseco também é secretado pela mucosa gástrica. Este componente combina-se com a vitamina</p><p>B12 da dieta de forma que essa vitamina possa ser absorvida no íleo (na ausência do fator intrínseco a vitamina</p><p>B12 não pode ser absorvida, resultando na anemia perniciosa). O alimento permanece no estômago por um</p><p>tempo variado, de meia hora até muitas horas, dependendo do tamanho das partículas alimentares, composi-</p><p>ção da refeição e outros fatores.</p><p>Ação do intestino delgado - O processo digestivo continua no duodeno. As secreções duodenais procedem:</p><p>• Do pâncreas (suco pancreático 1 litro/dia): enzimas digestivas, incluindo a tripsina q/ ajuda na digestão de</p><p>proteínas, a amilase q/ ajuda na digestão do amido e a lipase q/ ajuda na digestão das gorduras. A secreção</p><p>pancreática tem um pH alcalino devido à sua alta concentração de bicarbonato;</p><p>• Do fígado (500 ml/dia de bile): a bile secretada pelo fígado e armazenada na vesícula biliar ajuda na emul-</p><p>sificação das gorduras ingeridas, facilitando a sua digestão e absorção;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>44</p><p>• Das glândulas intestinais (3 litros/ dia secreção das glândulas intestinais): as secreções consistem em</p><p>muco, que recobre as cs e protege a mucosa do ataque do ácido hidroclorídrico, hormônios, eletrólitos e enzi-</p><p>mas. Os hormônios, neurorreguladores e reguladores locais encontrados nessas secreções intestinais contro-</p><p>lam a taxa de secreção intestinal e também influenciam a motilidade GI.</p><p>Ação colônica - Cerca de 4 hs após a alimentação, o material residual passa pelo íleo terminal e, lentamen-</p><p>te, pela porção terminal do cólon, através da válvula íleocecal. A cada onda peristáltica do intestino delgado, a</p><p>válvula se abre rapidamente permitindo q/ um pouco do conteúdo passe para o cólon. A população bacteriana</p><p>é o principal componente do conteúdo do intestino grosso. As bactérias ajudam no término da degradação do</p><p>material residual e sais biliares.</p><p>Uma atividade peristáltica fraca impulsiona o conteúdo colônico lentamente ao longo do trato. Este lento</p><p>transporte permite uma eficiente absorção de água e eletrólitos. O material residual de uma refeição eventual-</p><p>mente atinge e distende o reto, geralmente em cerca de 12 horas. Cerca de 1/4 do material residual de uma</p><p>refeição pode permanecer no reto três dias após a refeição ter sido ingerida.</p><p>As fezes se compõem de resíduos alimentares não digeridos, materiais inorgânicos, água e bactérias. A ma-</p><p>téria fecal tem cerca de 75% de líquido e 25% de material sólido. A cor marrom das fezes é devida à degradação</p><p>da bile pela bactéria intestinal.</p><p>Substâncias químicas formadas pelas bactérias intestinais são responsáveis, em grande parte, pelo odor</p><p>fecal. Os gases formados contém metano, sulfeto de hidrogênio e amônia, entre outros. O trato GI normalmente</p><p>contém cerca de 150 ml desses gases, q/ são ou absorvidos na circulação porta e detoxificados pelo fígado, ou</p><p>expelidos pelo reto (flatos). Pacientes c/ dça hepática frequentemente são tratados c/ antibióticos p/ reduzir o nº</p><p>de bactérias colônicas e, desta forma, inibir a produção de gases tóxicos.</p><p>Respostas fisiológicas às disfunções gastrintestinais</p><p>1.Halitose: mau hálito, pode indicar um processo periodôntico ou infecção oral;</p><p>2. Disfagia: dificuldade de engolir, pode resultar de um problema mecânico (neoplasia, cirurgia) ou ocorrer</p><p>secundariamente a um dano neurológico (AVC);</p><p>3. Odinofagia: deglutição dolorosa (infecção ou doença);</p><p>4. Pirose: sensação de queimação na área médio esternal, causada pelo refluxo dos conteúdos gástricos</p><p>para o esôfago;</p><p>5. Dispepsia: sensação de desconforto durante o processo digestivo; dys = mal pepsia = digestão</p><p>6. Anorexia: perda de apetite;</p><p>7. Náuseas: sensação de desconforto gástrico caracterizada por vontade de vomitar;</p><p>8. Vômitos: expulsão dos conteúdos gástricos, em geral após uma sensação de náuseas;</p><p>9. Câimbras abdominais: contração muscular espasmódica involuntária que causa desconforto e dor:</p><p>10. Distensão abdominal: expansão do abdome notada por observação, percussão ou palpação (aumento</p><p>da quantidade de ar ou líquidos ou presença de massa abdominal);</p><p>11. Má absorção: incapacidade de absorver nutrientes secundária a um distúrbio GI;</p><p>12. Dor: sensação de desconforto que varia em gravidade;</p><p>13. Diarreia: expulsão excessiva de fezes aquosas em grande vol. ou c/ frequência maior.</p><p>14. Constipação: frequência diminuída de evacuação fecal, levando à impactação intestinal; a consistência</p><p>das fezes é mais comumente seca e dura, entretanto ela pode ser mole e formada se estiverem presentes dis-</p><p>túrbios de motilidade;</p><p>15. Sons intestinais alterados: os sons intestinais ouvidos na ausculta indicam a passagem de ar e líquidos</p><p>no trato GI, a faixa de frequência normal é de aproximadamente 5 a 25 por minuto; os sons intestinais podem</p><p>estar diminuídos ou ausentes após uma cirurgia abdm., ou ser hiperativos ou de som agudo (borborigmos)</p><p>como resultado de hipermotilidade do trato GI;</p><p>16. Melena: fezes escuras indicando a presença de sangue (sangramento ou hemorragia);</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>45</p><p>17. Perda de peso: sintoma comum geral// indicando ingestão inadequada ou má absorção.</p><p>Pacientes com Problemas Renal</p><p>A insuficiência renal aguda é uma síndrome caracterizada pela redução aguda da função renal, em horas ou</p><p>dias, com conseqüente retenção sérica de produtos nitrogenados, tendo caráter reversível. Refere-se principal-</p><p>mente, à diminuição do ritmo de filtração glomerular e/ou do volume urinário, mas, ocorrem também distúrbios</p><p>no controle do equilíbrio hidro-eletrolítico e ácido-básico.</p><p>De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia(5), na literatura existem mais de 30 definições de IRA.</p><p>A utilização de diferentes definições dificulta a comparação de estudos. Recentemente, o grupo internacional</p><p>e multidisciplinar Acute Kidney Injury Network (AKIN) propôs uma nova definição e classificação da IRA, a fim</p><p>de uniformizar este conceito para efeitos de estudos clínicos e, principalmente, prevenir e facilitar o diagnóstico</p><p>desta síndrome. A AKIN propõe o diagnóstico e a classificação da insuficiência renal aguda baseada na dosa-</p><p>gem sérica da creatinina e no volume urinário em um período de 48 horas.</p><p>A IRA induzida por contraste, na maioria das vezes, é assintomática, não oligúrica e os níveis séricos usual-</p><p>mente aumentam em 24 a 72 horas após a exposição, alcançando seu valor máximo em 3 a 5 dias.</p><p>A insuficiência renal aguda, apesar de sua característica reversível, ainda apresenta um prognóstico com</p><p>índice de mortalidade de aproximadamente 50%. Este prognóstico na IRA tem sido associado a alguns fatores</p><p>como oligúria persistente (refratária a volume), falência de múltiplos órgãos e septicemia. Esta alta mortalidade</p><p>reforça ainda mais a necessidade da sua prevenção e a importância da atuação do enfermeiro na identificação</p><p>dos fatores de risco e na detecção precoce da IRA.</p><p>O contraste iodado é substância radiopaca empregada em exames radiológicos, como o cateterismo car-</p><p>díaco, amplamente utilizado para fins diagnósticos e terapêuticos. Tal substância, apesar de melhorar a vi-</p><p>sualização das artérias e de outras</p><p>estruturas anatômicas durante o exame, pode provocar reações adversas</p><p>indesejáveis que se devem, principalmente, à alta osmolaridade do contraste em relação ao sangue.</p><p>Pacientes com Problemas urológico</p><p>Dor originada nos rins ou ureteres; em geral, é vagamente localizada nos flancos ou na região lombar baixa</p><p>e pode irradiar-se para fossa ilíaca ipsolateral, coxa superior, testículos ou grandes lábios. Tipicamente, a dor</p><p>causada por cálculos é em cólica e pode ser muito significativa; é mais constante se causada por infecção. A</p><p>retenção urinária aguda distal à bexiga causa dor suprapúbica agonizante; a retenção urinária crônica causa</p><p>menos dor e pode ser assintomática. Disúria é um sintoma de irritação vesical ou uretral. A dor prostática mani-</p><p>festa-se como desconforto vago ou sensação de peso nas regiões perineal, retal ou suprapúbica.</p><p>Os sintomas de obstrução vesical em homens incluem hesitação, força para urinar, diminuição da força e</p><p>do calibre do jato urinário e gotejamento terminal. Incontinência tem várias formas. A enurese após os 3 ou 4</p><p>anos de idade pode ser um sintoma de estenose uretral em meninas, válvulas de uretra posterior em meninos,</p><p>alteração psicológica ou, se de início súbito, infecção.</p><p>A pneumatúria (passagem de ar na urina) sugere fístula vesicovaginal, vesicoentérica ou ureteroentérica; as</p><p>duas últimas podem ser causadas por diverticulite, doença de Crohn, abscesso ou câncer de cólon. A pneuma-</p><p>túria também pode ser causada por pielonefrite enfisematosa.</p><p>Exame físico</p><p>O exame físico é dirigido aos ângulos costovertebrais, abdome, reto, região inguinal e genitais. Em mulheres</p><p>com sintomas urinários, geralmente é feito exame pélvico.</p><p>Ângulo costovertebral</p><p>A dor surgida após percussão com o punho na região lombar, flancos e no ângulo formado pelo 12º arco</p><p>costal e espinha lombar (dolorimento costovertebral) pode indicar pielonefrite, cálculos ou obstrução do trato</p><p>urinário.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>46</p><p>Abdome</p><p>Abaulamento visível do abdome superior é um achado extremamente raro e inespecífico de hidronefrose ou</p><p>massa renal ou abdominal. Som maciço à percussão no abdome inferior indica distensão vesical; normalmen-</p><p>te, mesmo uma bexiga cheia não pode ser percutida acima da sínfise púbica. A palpação da bexiga, algumas</p><p>vezes, é utilizada para confirmar distensão e retenção urinária.</p><p>Reto</p><p>Durante o toque retal, pode-se detectar prostatite através do encontro de uma próstata dolorosa e edema-</p><p>ciada. Nódulos focais e áreas pouco endurecidas devem ser distinguidas de câncer da próstata. A próstata pode</p><p>estar simetricamente aumentada, fibroelástica e não dolorosa na hipertrofia benigna da próstata.</p><p>Região inguinal e genitais</p><p>O exame inguinal e genital deve ser realizado com o paciente em pé. A presença de hérnia inguinal ou</p><p>adenopatia pode explicar dor escrotal ou inguinal. Assimetria grosseira, edema, eritema ou pigmentação dos</p><p>testículos podem indicar infecção, torção, tumor ou outras massas. A horizontalização do testículo pode indicar</p><p>risco de torção testicular. A elevação de um testículo (normalmente o esquerdo é mais baixo) pode ser sinal</p><p>de torção testicular. O pênis é examinado com e sem retração do prepúcio. A inspeção do pênis pode detectar</p><p>• Hipospádias ou epispádias em meninos ou adultos jovens</p><p>• Doença de Peyronie em homens</p><p>• Priapismo, úlceras e corrimento em todos os grupos</p><p>A palpação pode revelar hérnia inguinal. O reflexo cremastérico pode estar ausente na torção testicular. A</p><p>localização das massas em relação aos testículos e o grau e a localização do dolorimento podem auxiliar a di-</p><p>ferenciar massas testiculares (p. ex., espermatoceles, epididimite, hidroceles, tumores). Em caso de edema, a</p><p>área deve ser transiluminada para auxiliar a detectar se o aumento é cístico ou sólido. Placas fibrosas na haste</p><p>do pênis são sinais de doença de Peyronie.</p><p>Exames</p><p>Exame de urina é fundamental para a avaliação de doenças urológicas. Os exames de imagem (p. ex., ul-</p><p>trassonografia, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética) são solicitados com frequência.</p><p>Para análise do sêmen, Alterações espermáticas.</p><p>O teste de antígeno do tumor de bexiga para carcinoma de células transicionais do trato urinário é mais sen-</p><p>sível que a citologia urinária para detectar cânceres de baixo grau; não é sensível o suficiente para substituir o</p><p>exame endoscópico. A citologia urinária é o melhor exame para detectar câncer de alto grau.</p><p>O antígeno prostático específico (PSA, prostate-specific antigen) é uma glicoproteína de função desconhe-</p><p>cida produzida pelas células epiteliais prostáticas. Os níveis podem estar elevados em câncer de próstata e em</p><p>algumas doenças comuns não neoplásicas (p. ex., hipertrofia benigna da próstata, infecção, trauma). Mede-se</p><p>o PSA para detectar recidiva de câncer após tratamento; seu uso generalizado para a triagem de câncer é</p><p>controverso.</p><p>Pacientes com Problemas ginecológico</p><p>O câncer de colo uterino representa um grande problema de saúde pública no Brasil. Pesquisa recente em</p><p>um hospital escola do Triângulo Mineiro identificou que os cânceres ginecológicos em 321 casos, foram 15 ca-</p><p>sos (15,63%) dos cânceres de colo de útero (SOARES; SILVA, 2010).Segundo dados do instituto nacional de</p><p>câncer, o câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina e a quarta causa de</p><p>morte de mulheres por câncer no Brasil (INCA,2014 ).O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação</p><p>desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo</p><p>invadir estruturas e órgãos vizinhos ou à distância. (BRASIL, 2013). Considera-se que a infecção pelo Papiloma</p><p>Vírus Humano (HPV) representa o principal fator de risco para o câncer de colo do útero. Outros fatores foram</p><p>identificados como de risco, como os socioeconômicos e ambientais e os hábitos de vida (FRIGATO; HOG,</p><p>2003).</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>47</p><p>Segundo o Ministério da Saúde além da importância de realizar o exame periodicamente, torna-se relevante</p><p>evidenciar que, ao longo da vida, a mulher pode estar exposta a fatores de risco para o câncer de colo uterino,</p><p>como: idade precoce da primeira relação sexual, multiplicidade de parceiros sexuais, lesão genital por HPV,</p><p>tabagismo, multiparidade, entre outros (BRASIL,2013). As ações de prevenção da saúde são estratégias fun-</p><p>damentais, não só para aumentar a frequência e adesão das mulheres aos exames, como para reforçar sinais</p><p>e sintomas de alerta, que devem ser observados pelas usuárias. É fundamental que os processos educativos</p><p>ocorram em todos os contatos da usuária com o serviço, estimulando-a a realizar os exames de acordo com</p><p>a indicação (BRASIL, 2013). Considerando tais dados verifica-se a importância de uma atenção voltada para</p><p>saúde da mulher, oferecendo além dos procedimentos básicos, cuidados especiais que possam prevenir com-</p><p>plicações físicas e emocionais. Entende-se que a consulta de enfermagem é extremamente importante, pois</p><p>propicia o trabalho do enfermeiro no desenvolvimento de atividades voltadas à saúde da mulher, bem como a</p><p>atenção ginecológica.</p><p>Pacientes com Problemas endócrino, hematológico</p><p>O sistema endócrino é composto por um grupo de glândulas e órgãos que regulam e controlam várias fun-</p><p>ções do corpo por meio da produção e secreção de hormônios. Os hormônios são substâncias químicas que</p><p>afetam a atividade de outra parte do corpo. Em essência, os hormônios atuam como mensageiros que contro-</p><p>lam e coordenam as atividades em todo o corpo.</p><p>As doenças endócrinas dizem respeito a</p><p>• Uma secreção hormonal excessiva ou</p><p>• Uma secreção hormonal insuficiente</p><p>As doenças podem ser o resultado de um problema na própria glândula ou porque o eixo hipotálamo-hipó-</p><p>fise (a interação dos sinais hormonais entre o hipotálamo e a hipófise) está fornecendo estímulo excessivo ou</p><p>insuficiente. Dependendo do tipo de célula da qual são originados,</p><p>os tumores podem produzir hormônios em</p><p>excesso ou destruir o tecido glandular normal, diminuindo a produção hormonal. Às vezes, o sistema imunológi-</p><p>co do organismo ataca uma glândula endócrina (uma doença autoimune), o que diminui a produção hormonal.</p><p>Exemplos de doenças endócrinas incluem</p><p>• Hipertireoidismo</p><p>• Hipotireoidismo</p><p>• Doença de Cushing</p><p>• Doença de Addison</p><p>• Acromegalia</p><p>• Baixa estatura em crianças</p><p>• Diabetes</p><p>• Distúrbios da puberdade e da função reprodutiva</p><p>Os médicos costumam medir os níveis de hormônios no sangue para dizer como a glândula endócrina está</p><p>funcionando. Às vezes, os níveis sanguíneos sozinhos não fornecem informações suficientes sobre a função</p><p>da glândula endócrina; por isso, os médicos medem os níveis hormonais depois de dar um estímulo (tal como</p><p>uma bebida contendo açúcar, um medicamento ou um hormônio que possa desencadear a liberação hormonal)</p><p>ou depois de o paciente ter exercido uma ação (tal como jejum).</p><p>As doenças endócrinas costumam ser tratadas ao repor o hormônio, cujo nível é insuficiente. Contudo, às</p><p>vezes, a causa da doença é tratada. Por exemplo, se houver um tumor em uma glândula endócrina, é possível</p><p>que ele seja removido.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>48</p><p>Pacientes com Problemas musculoesquelético e dermatológico</p><p>Pacientes com Problemas musculoesquelético</p><p>O sistema osteomuscular compreende principalmente a dois sistemas da fisiologia humana: o sistema ós-</p><p>seo e o sistema muscular. A função do sistema ósseo é de proteger, sustentar, armazenar e liberar os íons de</p><p>cálcio e potássio, permitir o deslocamento do corpo servindo como alavanca e de produzir certas células do</p><p>sangue. Os ossos trabalham em conjunto com os músculos que são responsáveis pelo movimento.</p><p>No sistema muscular existe a divisão dos músculos que são lisos e estriados. O músculo liso não faz parte</p><p>do aparelho locomotor, pois eles são responsáveis pela formação de órgãos como o estomago, intestinos, arté-</p><p>rias, etc. O músculo estriado pode ser do tipo músculo esquelético e músculo cardíaco. Os músculos estriados</p><p>esquelético fazem parte do aparelho locomotor sendo um tipo de músculo voluntário.</p><p>Os músculos esqueléticos ficam ligados aos ossos pelos tendões que são formados por tecido conjuntivo</p><p>altamente denso rico em colágeno no qual se liga de um lado ao periósteo, camada de tecido conjuntivo pre-</p><p>sente nos ossos e do outro as camadas de tecidos conjuntivos que revestem o ventre muscular ou músculo</p><p>propriamente dito, os fascículos e as fibras. E a ligação de um osso a outro ou outros é chamado de juntas ou</p><p>articulações.</p><p>Os ossos se classificam como longo, plano, curto, irregular, pneumático e sesanoides.</p><p>O sistema muscular é composto pelo conjunto de músculos do corpo humano, são encontrados cerca de</p><p>600 músculos no corpo humano e eles representam cerca de 40 a 50% do peso total de uma pessoa. Os mús-</p><p>culos têm a capacidade de contrair ou relaxar e proporcionam movimentos que permitem que a pessoa ande,</p><p>corra, salte, etc.</p><p>Ortopedia</p><p>A ortopedia é a especialidade médica que cuida das doenças e deformidades relacionadas aos elementos</p><p>do aparelho locomotor, como ossos, músculos, ligamentos e articulações. A traumatologia é a especialidade</p><p>médica que lida com o trauma do aparelho músculo-esquelético.</p><p>No Brasil as especialidades são unificadas, recebendo o nome de “Ortopedia e Traumatologia”.</p><p>Dentro dos órgãos/ossos do corpo humanos tratados pela ortopedia temos: Coluna, Joelho, Quadril, Ombro</p><p>e Cotovelo, Mão, Pé e Tornozelo.</p><p>As causas das principais lesões ortopédicas são: Artralgia, Artrose. Artrose Joelho, Lesão do Ligamento</p><p>Cruzado Anterior (LCA), Lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP), Lesão do Ligamento Colateral, Lesão</p><p>Meniscal, Mialgia, Lesões Musculares, Lombalgia, Síndrome do Manguito Rotador; Tendinites, Síndrome Patelo</p><p>Femoral e Cervicalgia.</p><p>A traumatologia dedica-se ao estudo e ao tratamento das diferentes lesões que se podem produzir nas ex-</p><p>tremidades e na coluna. Na sua órbita de ação entram as fraturas ósseas, as luxações e diferentes classes de</p><p>contusões.</p><p>Os tratamentos da traumatologia podem ser diversos. Alguns são conservadores, como a implementação</p><p>de ligaduras ou a colocação de um gesso. Outros tratamentos são mais invasivos, como as intervenções cirúr-</p><p>gicas que são utilizadas para instalar parafusos, placas e outros elementos no interior do corpo. A escolha de</p><p>um ou outro tratamento é realizada pelo profissional de acordo com o tipo de lesão.</p><p>Embora a traumatologia ortopédica pareça ser o estudo de todo tipo de trauma, ela lida apenas com as le-</p><p>sões ósseas e musculares tendinosas dos membros superiores, inferiores, bacia e coluna. O trauma abdominal</p><p>é avaliado pelo cirurgião geral; o trauma craniano pelo neurocirurgião; o trauma de tórax é avaliado pelo cirur-</p><p>gião do trauma ou cirurgião torácico. Erro muito comum é o encaminhamento de vítimas de trauma torácico e</p><p>facial para o ortopedista, o qual trata do esqueleto axial (coluna) e membros.</p><p>Sobre as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético</p><p>As afecções músculo-esqueléticas representam uns dos principais agravos à saúde no Brasil. Trata-se</p><p>de distúrbios de importância crescente em vários países do mundo, com dimensões epidêmicas em diversas</p><p>categorias profissionais, principalmente na Traumato-Ortopedia. Na traumatologia, o crescente problema da</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>49</p><p>violência, das doenças ocupacionais, dos acidentes de trânsito e causas externas, que perfazem mais de 90%</p><p>dos atos médicos destinados ao tratamento das afecções do sistema músculo-esqueléticos, é de extrema</p><p>preocupação, tanto do ponto de vista epidemiológico quanto da gestão, pelo elevado número de procedimentos</p><p>realizados e pelo alto valor de recursos financeiros envolvidos.</p><p>SUS e as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético</p><p>O Sistema Único de Saúde − SUS oferta diversos tratamentos clínicos, cirúrgicos e de reabilitação na área</p><p>de ortopedia. Os procedimentos relacionados a essas especialidades estão incluídos em várias ações e políti-</p><p>cas do Ministério da Saúde. Todos os procedimentos podem ser consultados no Sistema de Gerenciamento da</p><p>Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do Sistema Único de Saúde (SIGTAP/SUS).</p><p>Especificamente sobre a atenção especializada no SUS, a área de ortopedia recebeu atenção especial,</p><p>principalmente no que dispensa a utilização de alta tecnologia/alta complexidade, com a publicação da Portaria</p><p>GM/MS nº 221, de 15 de fevereiro de 2005, que instituí a Política de Alta Complexidade em Traumatologia e</p><p>Ortopedia Instituída no SUS. Tal política é regimentada pela Portaria SAS/MS nº 90, publicada em 27 de março</p><p>de 2009. Esta Portaria conceitua Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Traumatologia e Ortopedia</p><p>e Centro de Referência de Alta Complexidade em Traumatologia e Ortopedia, orientando o papel que cada uma</p><p>dessas habilitações desempenha na atenção à saúde e na qualificação técnica exigida para o atendimento dos</p><p>usuários, e ainda, orienta o gestor quanto aos requisitos mínimos, para se habilitar um estabelecimento em alta</p><p>complexidade em Ortopedia.</p><p>Tanto os Centros de Referência de Alta Complexidade em Traumatologia e Ortopedia quanto às Unidades</p><p>de Assistência em Alta Complexidade em Ortopedia estão aptos a realizar qualquer procedimento traumato-or-</p><p>topédico, independentemente da complexidade em que este procedimento se insere. A diferença básica entre</p><p>as duas habilitações está no papel de formar e qualificar novos profissionais na área desempenhada pelos</p><p>Centros. (Relatório de Gestão SAS 2016)</p><p>Pacientes com problemas dermatológicos</p><p>A pele constitui o maior órgão do corpo humano, envolvendo-o e protegendo-o por completo. Montagu</p><p>(1988, p.30) fala da pele como o espelho do funcionamento do organismo: sua cor, textura, umidade, secura, e</p><p>cada um de seus demais aspectos refletem nosso estado de ser, psicológico e também fisiológico ...,</p><p>é espelho</p><p>de nossas paixões e emoções, sendo como uma roupagem contínua e flexível, além de ter a mesma origem</p><p>embrionária que o sistema nervoso. Reveste e limita o organismo, protegendo-o de agentes externos, e é im-</p><p>portante na manutenção do equilíbrio do meio interno (Souza et al., 2005). Por configurar o órgão de limite entre</p><p>mundo interno e externo, a pele, quando lesionada, pode trazer constrangimento ao indivíduo. Nesse sentido,</p><p>Strauss (1989, p.1221) refere que “ao mesmo tempo em que nos protege, é a fachada que nos expõe”.</p><p>Alguns autores sugerem dificuldades quando da exposição das lesões de pele, como Fonseca e Campos</p><p>(2003), ao mencionar que lesões visíveis causam constrangimento nos pacientes, e Azulay R. D. e Azulay D.</p><p>R. (1992), que postulam que “convém lembrar que o indivíduo com a pele comprometida, sobretudo em áreas</p><p>descobertas, dificilmente deixa de ficar envergonhado, ansioso e triste”. Nadelson (1978) complementa esta</p><p>idéia, referindo que a doença de pele, na mente popular, pode muitas vezes estar ligada à idéia de sujo, feio e</p><p>contagioso, devendo permanecer afastado. Nesse sentido, está implicada a relação entre doenças de pele e</p><p>aspectos emocionais, mais especificamente o stress, neste estudo. Frente a dados como esses, percebe-se a</p><p>importância de pesquisas nesta área, explorando as repercussões dos problemas dermatológicos e buscando</p><p>sensibilizar a população em geral, assim como os profissionais que trabalham com esses pacientes, para que</p><p>o atendimento abarque as diferentes dimensões do ser humano.</p><p>Embora a existência de uma relação entre as alterações psicológicas e as doenças dermatológicas não</p><p>seja um tema novo, ainda não é possível definir com clareza que alterações psicológicas são capazes de cau-</p><p>sar alterações dermatológicas, ou se as enfermidades cutâneas crônicas carregam, necessariamente, como</p><p>qualquer outro transtorno com essas características, alterações psicopatológicas significativas (Grimalt, Peri &</p><p>Torres, 2002). Talvez essa seja uma das razões pelas quais muitas vezes o atendimento ao paciente aconteça</p><p>de forma dissociada, ou seja, o dermatologista se responsabiliza somente pela dimensão orgânica, a pele, e o</p><p>psicólogo, pelos aspectos emocionais, de forma isolada.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>50</p><p>Segundo Mingorance, Loureiro, Okino e Foss (2001), muitos estudos têm sido realizados associando o</p><p>funcionamento mental do paciente com psoríase a correlatos psíquicos: o impacto emocional da doença, o</p><p>aumento de preocupações e a ansiedade estão associados à piora das lesões, o alto nível de depressão, à pre-</p><p>sença de distúrbios no ambiente familiar e outros. Os temas das pesquisas revelam que a dermatose não está</p><p>relacionada somente à pele, às questões orgânicas, mas que influencia e é influenciada por outros aspectos da</p><p>vida do indivíduo, tanto questões emocionais quanto o próprio contexto em que vive.</p><p>De acordo com Sampaio e Rivitti (2001), é indiscutível que os fatores emocionais influenciam inúmeras</p><p>dermatoses que, de outro lado, atuam no estado mental. A partir da idéia de que toda doença humana é psi-</p><p>cossomática, pois incide em um ser provido de soma e psique, inseparáveis anatômica e funcionalmente (Mello</p><p>Filho, 2002), o adoecimento (neste caso, da pele), pode repercutir em diversos âmbitos da vida do indivíduo.</p><p>Quando se pensa na inseparabilidade da psique e do corpo, ou das emoções e da pele, o stress é uma va-</p><p>riável importante. Desde os estudos de Selye, em 1936, o stress é um fator que está relacionado ao surgimento</p><p>e desenvolvimento de doenças. Vivas e Serritiello (2002) referem que extensos estudos indicam que o stresse-</p><p>mocional pode exacerbar alguns eventos, como na psoríase, por exemplo. Steiner e Perfeito (2003) corroboram</p><p>esta idéia, mencionando que “o stress físico ou emocional tem repercussões em inúmeras dermatoses e estas,</p><p>indiscutivelmente, também são geradoras de stress” (p.113).</p><p>A literatura, de modo geral, enfoca a influência do stress no desenvolvimento das dermatoses (Asadi &</p><p>Usman, 2001; Picardi, Porcelli, Pasquini & Fassoni, 2006; Taborda, Weber & Freitas, 2005), e poucos são os</p><p>estudos que avaliam o contrário, ou seja, o quanto a lesão de pele interfere no grau de stress do indivíduo.</p><p>Lipp (1996) refere as doenças relacionadas ao stress e cita a psoríase entre as mais estudadas, sugerindo</p><p>que «doenças relacionadas ao stress sejam classificadas como psicofisiológicas, termo este que enfatiza a</p><p>correlação entre aspectos físicos e psicológicos que se manifestam de modo quase que inseparável durante a</p><p>resposta ao stress”.</p><p>Hoffmann, Zogbi, Fleck e Müller (2005) mencionam que o vitiligo está associado a fatores psicológicos,</p><p>visto que, no estudo de Müller (2005), o aparecimento da doença se deu após situação de stress emocional.</p><p>O’leary, Creamer, Higgins e Weinman (2004) estudaram as causas atribuídas pelos pacientes psoriáticos à sua</p><p>doença, e encontraram uma grande proporção dos pacientes referindo o stress como a causa da sua doença.</p><p>Esta crença está associada a um baixo bem-estar psicológico e à percepção de que a psoríase tem um impacto</p><p>emocional muito grande. Apesar da prevalência desta crença, os níveis de stress, mesmo fortemente associa-</p><p>dos ao humor e à qualidade de vida, não foram associados com a severidade da psoríase.</p><p>O stress psicológico e a ansiedade têm sido reconhecidos clinicamente pelos dermatologistas como fatores</p><p>relacionados à piora das lesões de pele (Fortune, Main, O’Sullivan & Griffiths, 1997). No estudo de Amorim-</p><p>-Gaudêncio, Roustan e Sirgo (2004), que avaliou dois grupos, um com e outro sem dermatoses, foram encon-</p><p>tradas associações entre altos níveis de ansiedade e stress em pessoas que sofrem de dermatoses inflamató-</p><p>rias crônicas.</p><p>Panconesi e Hautmann (1996), em um artigo sobre a psicofisiologia do stress na dermatologia, referem que</p><p>os fatores genéticos e de percepção podem influenciá-lo, sendo a percepção do indivíduo sobre o desafio que</p><p>o estímulo específico implica o fator mais importante.</p><p>Em relação aos problemas dermatológicos, Azambuja (2000) menciona que existem íntimas ligações entre</p><p>o sistema nervoso e a pele, o que a torna extremamente sensível a emoções, de forma que qualquer problema</p><p>de pele, independentemente de sua causa, tem impacto emocional. O autor discorre ainda que o stress, seja</p><p>físico, psicológico ou ambiental, provoca no indivíduo reações como taquicardia, diminuição da temperatura</p><p>do corpo, entre outras, e que atualmente um número crescente de cientistas tem aceitado o stress como fator</p><p>precipitante de qualquer doença, não apenas das psicossomáticas.</p><p>Além disso, Azambuja (2000) refere a insustentabilidade da concepção cartesiana de mente e corpo, falan-</p><p>do do campo da psiconeuroimunologia, que “cria um novo contexto em que não existem partes separadas, e</p><p>tudo influencia tudo, tornando-se absurdo enfocar a patologia e o tratamento unicamente do corpo e, pior ainda,</p><p>de uma de suas partes sem considerar o funcionamento geral” (p.407).</p><p>No que tange à localização das lesões de pele, a maior parte dos estudos avalia qualidade de vida. Schmid,</p><p>Jaeger e Lamprecht (1996) mencionam que os pacientes com lesões na região do baixo ventre e genital rela-</p><p>tam sentimentos de estigmatização com maior intensidade do que pacientes acometidos em outras áreas do</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>51</p><p>corpo. Quando se discute local da lesão, está implicada a questão da aparência física. No estudo de Mingno-</p><p>rance, Loureiro e Okino (2002), os pacientes que relataram insatisfação quanto à aparência física, quando com-</p><p>parados ao grupo com percepção satisfatória da aparência, apresentaram prejuízo significativamente maior nas</p><p>atividades rotineiras (p</p><p>dois grupos (rosto e/ou mãos; outras</p><p>partes do corpo), sendo o número de associações entre os instrumentos de qualidade de vida SF-36 (qualida-</p><p>de de vida geral) e DLQI-BRA (qualidade de vida específica) muito superior no grupo com lesões em rosto e/</p><p>ou mãos. Quando se fez a divisão mais detalhada da localização da lesão, em cinco grupos, houve diferenças</p><p>significativas, sendo o grupo com a maior mediana aquele com lesões generalizadas (rosto e mãos e outras).</p><p>As autoras inferem que, independentemente da localização da lesão no corpo, o sentimento de exposição e os</p><p>prejuízos a que fica submetido o paciente dermatológico são semelhantes, seja a lesão mais exposta ou menos</p><p>exposta ao olhar do outro.</p><p>Kadyk, McCarter e Achen (2003) estudaram qualidade de vida em pacientes com dermatite de contato, en-</p><p>contrando um escore significativamente pior no item relacionado à aparência da pele, em comparação aos que</p><p>não têm a face acometida. Além disso, pacientes com a face afetada sentem um maior grau de prejuízo, que</p><p>tende a ser significativo, e apresentam escores melhores do que aqueles sem acometimento da face em duas</p><p>questões: medo de ser despedido e dificuldade de usar as mãos no trabalho.</p><p>Não houve diferenças significativas, nas escalas de sintomas ou emoções, entre ter ou não as mãos afe-</p><p>tadas, no mesmo estudo. Os autores da pesquisa referem diversos relatos de que a dermatite de contato nas</p><p>mãos afeta negativamente as habilidades para trabalhar e continuar as atividades diárias normais.</p><p>Também M.A. Gupta e A.K. Gupta (2003) e Hautman e Panconesi (1997) apontam a importância de consi-</p><p>derações sobre o tema da localização da lesão, referindo que até mesmo uma doença benigna em partes do</p><p>corpo “carregadas de emoção” (por exemplo, o rosto, a cabeça e o pescoço) pode debilitar particularmente o</p><p>paciente.</p><p>Assistência de Enfermagem perioperatória</p><p>O termo Peri operatório é empregado para descrever todo o período da cirurgia, incluindo antes e após</p><p>a cirurgia em si. As três fases dos cuidados Peri operatórios são: Pré-operatório, Transoperatório e Pós-</p><p>-operatório.</p><p>Pré-Operatório: esse período tem início desde o momento em que o paciente recebe a indicação da</p><p>operação e se estende até a sua entrada no centro cirúrgico. Esse período se divide em duas fases: pré-</p><p>-operatório mediato e pré-operatório imediato.</p><p>Pré-operatório Mediato: começa no momento da indicação da operação e termina 24 horas antes do</p><p>seu início. Geralmente, nesse período o paciente ainda não se encontra internado.</p><p>Neste período mediato, sempre que possível, o cirurgião faz uma avaliação do estado geral do paciente</p><p>através de exame clínico detalhado e dos resultados de exames de sangue, urina, raios X, eletrocardiogra-</p><p>ma, entre outros. Essa avaliação tem o objetivo de identificar e corrigir distúrbios que possam aumentar o</p><p>risco cirúrgico.</p><p>Tratando-se de cirurgias eletivas, onde há previsão de transfusão sanguínea, muitas vezes é solicitado</p><p>ao paciente para providenciar doadores saudáveis e compatíveis com seu tipo sanguíneo. Com essa medi-</p><p>da pretende-se melhorar a qualidade do sangue disponível e aumentar a quantidade de estoque existente</p><p>nos hemocentros, evitando sua comercialização.</p><p>Os cuidados de enfermagem aqui neste período compreendem os preparos psicoespiritual e o preparo</p><p>físico.</p><p>Consentimento cirúrgico: Antes da cirurgia, o paciente deve assinar um formulário de consentimento</p><p>cirúrgico ou permissão para realização da cirurgia. Quando assinado, esse formulário indica que o paciente</p><p>permite a realização do procedimento e compreende seus riscos e benefícios, explicados pelo cirurgião. Se</p><p>o paciente não compreender as explicações, o enfermeiro notifica ao cirurgião antes que o paciente assine</p><p>o formulário de consentimento.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>52</p><p>Os pacientes devem assinar um formulário de consentimento para qualquer procedimento invasivo que</p><p>exija anestesia e comporte risco de complicações.</p><p>Quando um paciente adulto está confuso, inconsciente ou não é mentalmente competente, um familiar</p><p>ou um tutor deve assinar o formulário de consentimento. Quando o paciente tem menos de 18 anos de ida-</p><p>de, um dos pais ou um tutor legal deve assinar o formulário. Pessoas com menos de 18 anos de idade, que</p><p>vivem longe de casa e sustentam-se por conta própria, são considerados menores emancipados e assinam</p><p>o formulário de consentimento. Numa emergência, o cirurgião pode ter que operar sem consentimento. No</p><p>entanto, a equipe de saúde deve se esforçar ao máximo para obter o consentimento por telefone, telegra-</p><p>ma ou fax. Todo enfermeiro deve estar familiarizado com as normas da instituição e com as leis estatais</p><p>relacionadas aos formulários de consentimento cirúrgico.</p><p>Os pacientes devem assinar o formulário de consentimento antes que lhes seja administrado qualquer</p><p>sedativo pré-operatório. Quando o paciente ou a pessoa designada tiver assinado a permissão, uma teste-</p><p>munha adulta também assina para confirmar que o paciente ou o indivíduo designado assinou voluntaria-</p><p>mente. Em geral, a testemunha é um membro da equipe de saúde ou um empregado do setor de admissão.</p><p>É responsabilidade do enfermeiro assegurar que todas as assinaturas necessárias figurem no formulário</p><p>de consentimento, e que este se encontre no prontuário do paciente antes que ele seja encaminhado ao</p><p>centro cirúrgico (CC).</p><p>Assistência de enfermagem em centro cirúrgico e centro de material esterilizado</p><p>Os cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico variam de acordo com o tipo de cirurgia e de pacien-</p><p>te para paciente, atendendo suas necessidades básicas e suas reações psíquicas e físicas manifestadas</p><p>durante este período. Neste capítulo iremos abordar os cuidados gerais indispensáveis a todos os tipos de</p><p>cirurgia e os cuidados específicos voltados para cirurgias de mão e membro superior e de pé e membro</p><p>inferior.</p><p>A assistência pré-operatória tem como objetivo proporcionar uma recuperação pós-operatória mais rápi-</p><p>da, reduzir complicações, diminuir o custo hospitalar e o período de hospitalização que se inicia na admis-</p><p>são e termina momentos antes da cirurgia, devolvendo o paciente o mais rápido possível ao meio familiar.</p><p>1- Assistência de enfermagem pré-cirúrgica geral: abrange o preparo sócio-psíquico-espiritual</p><p>e o preparo físico.</p><p>Preparo sócio-psíquico-espiritual:</p><p>− Providenciar a assinatura do termo de responsabilidade, autorizando o hospital a realizar o procedi-</p><p>mento</p><p>− Explicar aos familiares sobre a cirurgia proposta, como o paciente retornará da sala operatória e a</p><p>importância em apoiá-lo nesse período;</p><p>− Explicar ao paciente sobre a cirurgia, o tipo de anestesia, e os exames que porventura forem neces-</p><p>sários, salientar a importância de sua colaboração durante os procedimentos;</p><p>− Tranquilizá-lo em caso de ansiedade, medo do desconhecido e de destruição da auto-imagem, ouvir</p><p>atentamente seu discurso, dar importância às queixas e seus relatos;</p><p>- Explicar as condições que irá retornar do centro cirúrgico (se acordado, com ou sem gesso, etc.) e</p><p>assegurar que terá sempre um profissional da enfermagem para atendê-lo;</p><p>- Promover o entrosamento do paciente com o ambiente hospitalar, esclarecer sobre normas e rotinas</p><p>do local, e proporcionar um ambiente calmo e tranquilo e</p><p>- Providenciar ou dar assistência religiosa, caso seja solicitada.</p><p>Preparo físico:</p><p>− Realizar a consulta de enfermagem, atentando para as condições que podem atuar negativamente na</p><p>cirurgia e reforçando as positivas;</p><p>- Providenciar e/ou preparar o paciente para exames laboratoriais e outros exames auxiliares no diag-</p><p>nóstico; − Iniciar o jejum após o jantar ou ceia;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>53</p><p>- Verificar sinais vitais, notificar ao médico responsável se ocorreram sinais ou sintomas de anormalida-</p><p>de ou alteração dos sinais vitais;</p><p>- Encaminhar ao banho para promover higiene, trocar de roupa, cortar as unhas e mantê-las limpas e</p><p>fazer a barba;</p><p>− Administrar medicação pré-anestésica, se prescrita; − Realizar a tricotomia do membro a ser operado,</p><p>lavar com água e sabão, passar anti-séptico local e enfaixar (se necessário) com bandagens estéreis;</p><p>- Remover próteses, jóias, lentes de contato ou óculos, prendedores de cabelo e roupas íntimas;</p><p>- Promover esvaziamento vesical, colocar roupa cirúrgica apropriada (camisola, toucas),transportá-lo</p><p>na maca até o centro cirúrgico com prontuário e exames realizados (inclusive Raios-X).</p><p>Assistência pré-cirúrgica específica de mão, membro superior e pé:</p><p>− Exame físico minucioso, atentando para a qualidade e integridade da pele (deverá estar hidratada e</p><p>lubrificada);</p><p>− Observar sinais de infecção, inflamação, alergias ou reações hansênicas;</p><p>− Se houver lesões abertas, promover limpeza com solução fisiológica ou água e sabão e ocluir com</p><p>gaze e atadura de crepe.</p><p>− Observar perfusão periférica do membro a ser operado;</p><p>- No caso de cirurgia com enxerto, a pele da região doadora deverá estar hidratada e lubrificada. Este</p><p>procedimento inicia-se alguns dias antes, sendo que, horas antes da cirurgia, realizar a tricotomia e lim-</p><p>peza da pele. Durante o período trans-cirúrgico, o quarto do paciente deverá estar pronto para recebê-lo,</p><p>equipado com materiais suficientes como: suporte de soro e bomba de infusão, travesseiros para elevação</p><p>do membro operado, cobertores, comadre ou papagaio, esfigmo e manômetro, termômetro, e demais equi-</p><p>pamentos necessários.</p><p>2 - Assistência pós-cirúrgica geral:</p><p>Inicia-se no momento em que o paciente sai do centro cirúrgico e retorna à enfermaria. Esta assistência</p><p>tem como objetivo detectar e prevenir a instalação de complicações pós-operatória e consequentemente</p><p>obter urna rápida recuperação</p><p>. A assistência pós-cirúrgica consiste em:</p><p>− Transferir o paciente da maca para a cama, posicioná-lo de acordo com o tipo de cirurgia a que foi</p><p>submetido e com o membro operado elevado;</p><p>− Aquecê-lo, se necessário;</p><p>− Manter a função respiratória;</p><p>− Observar nível de consciência, estado geral, quadro de agitação e outros comprometimentos neuro-</p><p>lógicos;</p><p>− Verificar anormalidades no curativo, como: secreção e presença de sangramento;</p><p>− Observar o funcionamento de sondas, drenos, cateteres e conectá-los às extensões;</p><p>− Controlar e anotar sinais vitais, bem como gotejamento de soro, sangue ou derivados; - Verificar</p><p>anotações do centro cirúrgico) e executar a prescrição médica;</p><p>− Promover conforto e segurança através de meio ambiente adequado, uso de grades na cansa, imobi-</p><p>lização de mãos (se agitado);</p><p>− Observar funcionamento e controlar, quando necessário, os líquidos eliminados por sondas, drenos,</p><p>etc; - Realizar mudança de decúbito de acordo com a evolução clínica;</p><p>− Forçar ingesta líquida e sólida assim que a dieta for liberada; − Promover movimentação ativa, passi-</p><p>va e deambulação precoces se forem permitidas e houver condições físicas;</p><p>- Trocar curativos;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>54</p><p>- Orientar paciente e a família para a alta, quanto à importância do retomo médico para controle e cui-</p><p>dados a serem dispensados no domicílio como gesso, repouso, limpeza adequada;</p><p>- Proporcionar recreação, por exemplo, revistas e TV</p><p>Assistência Pós-cirúrgica específica para o membro superior:</p><p>- Posicionar o membro operado em elevação, entre 60 e 90 graus, apoiados em travesseiros, quando</p><p>estiver em decúbito horizontal e, ao deambular, mantê-lo corar tipóia e mão elevada acima do tórax;</p><p>− Observar edema, palidez, cianose ou alteração da temperatura em extremidades das mãos;</p><p>− Realizar limpeza dos artelhos, secando bem os espaços interdigitais</p><p>- Realizar curativos a cada dois dias em incisão cirúrgica: limpeza com solução fisiológica a 0,9%, apli-</p><p>cação tópica de rifocina spray e oclusão com gaze e atadura. No caso de cirurgia de enxerto cutâneo, a</p><p>frequência da troca do curativo da área doadora será estabelecida conforme a necessidade, isto é, quando</p><p>houver extravasamento de secreção, que varia em torno de dois a cinco dias. O da área receptora será</p><p>realizado pelo médico responsável, geralmente após cinco dias, conforme seu critério, utilizando-se algum</p><p>produto não aderente;</p><p>− Estando com tala gessada ou somente enfaixado, retirar a tala ou faixa para curativos, tomando o</p><p>cuidado de manter o mesmo alinhamento do membro superior e mão durante o procedimento e recolocar</p><p>a tala ou a bandagem, obedecendo-se a ordem de início da região distal para a proximal;</p><p>− Movimentar passivamente e delicadamente as articulações não gessadas;</p><p>− Caso esteja com aparelho gessado, mantê-lo limpo; não molhá-lo (durante o banho, protegê-lo</p><p>coin material plástico, um sanito, por exemplo, e orientá-lo a não deixar entrar água pelo bordo superior);</p><p>observar sinais de garroteamento como edema e palidez ou gesso apertado; ausência ou diminuição da</p><p>sensibilidade ou motricidade, sinais de hemorragia como presença de sangramento no aparelho gessado</p><p>e odor desagradável;</p><p>− Orientar o paciente a não introduzir objetos em caso de prurido e não retirar algodão do gesso</p><p>Assistência Pós-cirúrgica específica para os membros inferiores:</p><p>− Realizar cuidados acima citados</p><p>− Manter repouso absoluto do membro inferior e posicionamento elevado, geralmente acima do nível do</p><p>corpo. Ao encaminhá-lo ao banho ou para deambulação, andar com apoio ou cadeiras adequadas;</p><p>− Se o membro estiver gessado e com salto, aguardar a secagem adequada e a liberação para a deambu-</p><p>lação, conforme orientação médica, alternando a deambulação e o repouso com elevação do membro inferior</p><p>gessado. Caso o aparelho gessado não contenha salto, isso é indicativo de que a deambulação é proibida;</p><p>− Não fletir o membro durante a secagem do gesso;</p><p>− Proceder a retirada de pontos cirúrgicos entre sete a dez dias ou depois da retirada do aparelho ges-</p><p>sado.</p><p>Assistência Pós-cirúrgica especifica em amputação de membro inferior:</p><p>- Promover o alívio da dor se houver;</p><p>− Os amputados experimentam com freqüência dor fantasma ou sensação fantasma. Tais sensações</p><p>são reais e devem ser aceitas pelo paciente e pelas pessoas que lhe prestam assistência.</p><p>− Apesar da amputação ser uni procedimento de reconstrução, a mesma altera a imagem corporal do</p><p>paciente. O enfermeiro deverá estabelecer uma relação de confiança, com a qual encorajará o paciente a</p><p>olhar, sentir e a cuidar do membro residual, tornando-o apto e participante ativo no autocuidado;</p><p>− Observar sinais de secreções hemáticas em incisão cirúrgicas, coloração, temperatura e aspecto da</p><p>cicatrização;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>55</p><p>− Evitar o edema enfaixando-o sem compressão exagerada e não deixar o membro residual pendurado.</p><p>A pressão excessiva sobre o membro residual deve ser evitada, pois pode comprometer a cicatrização da</p><p>incisão cirúrgica;</p><p>− O membro residual não deverá ser apoiado sobre o travesseiro, o que pode resultarem contratura e</p><p>flexão do quadril. Uma contratura da próxima articulação acima da amputação constitui complicação fre-</p><p>qüente. De acordo com a preferência do cirurgião, o membro residual poderá ser posicionado em extensão</p><p>ou elevação por curto período de tempo após a cirurgia. Deve-se desestimular a posição sentada por pe-</p><p>ríodos prolongados para evitar as contraturas em flexão de quadril e de joelho;</p><p>− Estimular e ajudar nos exercícios precoces de amplitude. O paciente pode utilizar um trapézio acima</p><p>da cabeça ou um lençol amarrado na cabeceira do leito para ajudar a mudá-lo de posição e fortalecer o</p><p>bíceps. Solicitar orientação ao serviço de fisioterapia sobre a adequação dos exercícios ao paciente.</p><p>A sala de cirurgia deve ser equipada com esfigmomanômetro, monitor de eletrocardiograma, material</p><p>para entubação traqueal, equipamentos para ventilação e oxigenação, aspirador de secreções, oxímetro</p><p>de pulso e outros aparelhos especializados. Os equipamentos auxiliares são aqueles que podem ser mo-</p><p>vimentados pela sala, de</p><p>acordo com a necessidade: suporte de hamper e bacia, mesas auxiliares, bisturi</p><p>elétrico, foco auxiliar, banco giratório, escada, estrado, balde inoxidável com rodinhas ou rodízios, carros</p><p>ou prateleiras para materiais estéreis, de consumo e soluções antissépticas.</p><p>Também são necessários diversos pacotes esterilizados contendo aventais, “opa” (avental com abertu-</p><p>ra para a frente), luvas de Cirurgia ou operação é o tratamento de doença, lesão ou deformidade externa</p><p>e/ou interna com o objetivo de reparar, corrigir ou aliviar um problema físico.</p><p>É realizada na sala de cirurgia do hospital e em ambulatório ou consultório, quando o procedimento for</p><p>considerado simples”1 .</p><p>Dependendo do risco de vida, a cirurgia pode ser de emergência, urgência, programada ou opcional.</p><p>Por exemplo: nos casos de hemorragia interna, a cirurgia é sempre de emergência pois deve ser realizada</p><p>sem demora; no abdome agudo, o tratamento cirúrgico é de urgência, por requerer pronta atenção, poden-</p><p>do-se, entretanto, aguardar algumas horas para melhor avaliação do cliente; as cirurgias programadas ou</p><p>eletivas, como no caso de varizes de membros inferiores, são realizadas com data pré-fixada, enquanto</p><p>que a maioria das cirurgias plásticas são optativas por serem de preferência pessoal do cliente.</p><p>A cirurgia também é classificada de acordo com a finalidade: diagnóstica ou exploratória, quando utili-</p><p>zada para se visualizar as partes internas e/ou realizar biópsias (laparotomia exploradora); curativa, quan-</p><p>do se corrige alterações orgânicas (retirada da amígdala inflamada);reparadora, quando da reparação de</p><p>múltiplos ferimentos (enxerto de pele); reconstrutora ou cosmética, quando se processa uma reconstituição</p><p>(plástica para modelar o nariz, por exemplo); e paliativa, quando se necessita corrigir algum problema, ali-</p><p>viando os sintomas da enfermidade, não havendo cura (abertura de orifício artificial para a saída de fezes</p><p>sem ressecção do tumor intestinal, por exemplo).</p><p>As cirurgias provocam alterações estruturais e funcionais no organismo do cliente, que precisará de</p><p>algum tempo para se adaptar às mesmas.</p><p>É comum o tratamento cirúrgico trazer benefícios à qualidade de vida da pessoa, mas é importante</p><p>compreendermos que o tratamento cirúrgico sempre traz um impacto (positivo ou negativo) tanto no as-</p><p>pecto físico como nos aspectos psicoemocionais e sociais. Com esta compreensão, temos maior chance</p><p>de realizar uma comunicação interpessoal mais individualizada e prestar ao cliente orientações mais ade-</p><p>quadas.</p><p>As reações emocionais guardam relação direta com o “significado” que o cliente e familiares atribuem</p><p>à cirurgia, sendo a ansiedade pré-operatória a mais frequente.</p><p>Por isso, a cirurgia e os procedimentos diagnósticos podem representar uma invasão física, emocional</p><p>e psicológica - e em algumas cirurgias (amputação da perna) uma invasão social, obrigando mudanças</p><p>no estilo de vida. A aceitação ao tratamento cirúrgico, apesar do medo da anestesia, da dor, da morte, do</p><p>desconhecido e da alteração da imagem corporal, está geralmente relacionada à confiança que o cliente</p><p>deposita na equipe profissional e na estrutura hospitalar, daí a importância de estarmos atentos ao tipo de</p><p>relação interpessoal que especificamente temos com este cliente.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>56</p><p>O atendimento do cliente cirúrgico é feito por um conjunto de setores interligados, como o pronto-so-</p><p>corro, ambulatório, enfermaria clínica ou cirúrgica, centro cirúrgico (CC) e a recuperação pós-anestésica</p><p>(RPA).</p><p>Todos estes setores devem ter um objetivo comum: proporcionar uma experiência menos traumática</p><p>possível e promover uma recuperação rápida e segura ao cliente. O ambulatório ou pronto-socorro realiza</p><p>a anamnese, o exame físico, a prescrição do tratamento clínico ou cirúrgico e os exames diagnósticos.</p><p>A decisão pela cirurgia, muitas vezes, é tomada quando o tratamento clínico não surtiu o efeito deseja-</p><p>do. O cliente pode ser internado um ou dois dias antes da cirurgia, ou no mesmo dia, dependendo do tipo</p><p>de preparo que a mesma requer.</p><p>O cliente do pronto-socorro é diretamente encaminhado ao centro cirúrgico, devido ao caráter, geral-</p><p>mente, de emergência do ato cirúrgico</p><p>. O centro cirúrgico é o setor destinado às intervenções cirúrgicas e deve possuir a recuperação pós-a-</p><p>nestésica para prestar a assistência pós-operatória imediata.</p><p>Após a recuperação anestésica, o cliente é encaminhado à unidade de internação, onde receberá os</p><p>cuidados pós-operatórios que visam prevenir a ocorrência de complicação.</p><p>Classificação da cirurgia por potencial de contaminação</p><p>O número de microrganismos presentes no tecido a ser operado determinará o potencial de contami-</p><p>nação da ferida cirúrgica. De acordo com a Portaria nº 2.616/98, de 12/5/98, do Ministério da Saúde, as</p><p>cirurgias são classificadas em:</p><p>- limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação, na ausência de processo infec-</p><p>cioso local, sem penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário, em condições ideais de sala de</p><p>cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovário;</p><p>- potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de su-</p><p>puração local, com penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário sem contaminação significati-</p><p>va. Exemplo: redução de fratura exposta;</p><p>- contaminadas: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de difícil descontamina-</p><p>ção, com processo inflamatório mas sem supuração. Exemplo: apendicite supurada;</p><p>- infectadas: realizadas em tecido com supuração local, tecido necrótico, feridas traumáticas sujas.</p><p>Exemplo: cirurgia do reto e ânus com pus.</p><p>Nomenclatura cirúrgica</p><p>A nomenclatura ou terminologia cirúrgica é o conjunto de termos usados para indicar o procedimento</p><p>cirúrgico.</p><p>O nome da cirurgia é composto pela raiz que identifica a parte do corpo a ser submetida à cirurgia, so-</p><p>mada ao prefixo ou ao sufixo.</p><p>Alguns exemplos de raiz: angio (vasos sangüíneos), flebo (veia), traqueo (traquéia), rino (nariz), oto</p><p>(ouvido), oftalmo (olhos), hister(o) (útero), laparo (parede abdominal), orqui (testículo), etc.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>57</p><p>Além desses termos, existem as denominações com o nome do cirurgião que introduziu a técnica cirúr-</p><p>gica (Billroth: tipo de cirurgia gástrica) ou, ainda, o uso de alguns termos específicos (exerese: remoção de</p><p>um órgão ou tecido)</p><p>Estrutura do centro cirúrgico (CC) A unidade de centro cirúrgico destina-se às atividades cirúrgicas e de</p><p>recuperação anestésica, sendo considerada área critica no hospital por ser um ambiente onde se realizam</p><p>procedimentos de risco e que possue clientes com sistema de defesa deficiente e maior risco de infecção.</p><p>A equipe do CC é composta por diversos profissionais: anestesistas, cirurgiões, instrumentador cirúr-</p><p>gico, enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem, podendo ou não integrar a equipe o instrumentador</p><p>cirúrgico e o auxiliar administrativo. Para prevenir a infecção e propiciar conforto e segurança ao cliente e</p><p>equipe cirúrgica, a planta física e a dinâmica de funcionamento possuem características especiais. Assim,</p><p>o CC deve estar localizado em área livre de trânsito de pessoas e de materiais. Devido ao seu risco, esta</p><p>unidade é dividida em áreas:</p><p>- Não-restrita - as áreas de circulação livre são consideradas áreas não-restritas e compreendem os</p><p>vestiários, corredor de entrada para os clientes e funcionários e sala de espera de acompanhantes. O ves-</p><p>tiário, localizado na entrada do CC, é a área onde todos devem colocar o uniforme privativo: calça compri-</p><p>da, túnica, gorro, máscara e propés.</p><p>-Semi-restritas - nestas áreas pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem con-</p><p>tudo provocarem interferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia. Como exemplos temos</p><p>as salas de guarda de material, administrativa, de estar para os funcionários, copa e expurgo.</p><p>Coren e assegurando a continuidade da assistência de Enfer-</p><p>magem.</p><p>CAPÍTULO II</p><p>DOS DEVERES</p><p>Art. 24Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, competência,</p><p>responsabilidade, honestidade e lealdade.</p><p>Art. 25Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito, na solidariedade e na diversidade</p><p>de opinião e posição ideológica.</p><p>Art. 26Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e demais</p><p>normativos do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.</p><p>Art. 27Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de Enfermagem no desempenho de atividades</p><p>em organizações da categoria.</p><p>Art. 28Comunicar formalmente ao Conselho Regional de Enfermagem e aos órgãos competentes fatos que</p><p>infrinjam dispositivos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e a segurança à saúde da</p><p>pessoa, família e coletividade.</p><p>Art. 29Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de Enfermagem, fatos que envolvam recusa e/ou de-</p><p>missão de cargo, função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em cumprir o presente Código</p><p>e a legislação do exercício profissional.</p><p>Art. 30Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notificações, citações, convocações e intimações do</p><p>Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.</p><p>Art. 31Colaborar com o processo de fiscalização do exercício profissional e prestar informações fidedignas,</p><p>permitindo o acesso a documentos e a área física institucional.</p><p>Art. 32Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, com jurisdição na área onde ocorrer o exer-</p><p>cício profissional.</p><p>Art. 33Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdi-</p><p>ção.</p><p>Art. 34Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao Conselho Regional de Enfermagem de sua</p><p>jurisdição.</p><p>Art. 35Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, número e categoria de inscrição no Conselho</p><p>Regional de Enfermagem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício profissional.</p><p>§ 1ºÉ facultado o uso do carimbo, com nome completo, número e categoria de inscrição no Coren, devendo</p><p>constar a assinatura ou rubrica do profissional.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>5</p><p>§ 2ºQuando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura deverá ser certificada, conforme legislação vi-</p><p>gente.</p><p>Art. 36Registrar no prontuário e em outros documentos as informações inerentes e indispensáveis ao pro-</p><p>cesso de cuidar de forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras.</p><p>Art. 37Documentar formalmente as etapas do processo de Enfermagem, em consonância com sua compe-</p><p>tência legal.</p><p>Art. 38Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e fidedignas, necessárias à continuidade da</p><p>assistência e segurança do paciente.</p><p>Art. 39Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências</p><p>acerca da assistência de Enfermagem.</p><p>Art. 40Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, riscos e consequências decorrentes de exa-</p><p>mes e de outros procedimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu representante legal.</p><p>Art. 41Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação de qualquer natureza.</p><p>Art. 42Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou de seu representante legal na tomada de deci-</p><p>são, livre e esclarecida, sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar, realizando ações necessárias,</p><p>de acordo com os princípios éticos e legais.</p><p>Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa no que concerne às decisões sobre cuida-</p><p>dos e tratamentos que deseja ou não receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e</p><p>autonomamente, suas vontades.</p><p>Art. 43Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pessoa, em todo seu ciclo vital e nas situações de</p><p>morte e pós-morte.</p><p>Art. 44Prestar assistência de Enfermagem em condições que ofereçam segurança, mesmo em caso de</p><p>suspensão das atividades profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da categoria.</p><p>Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos de movimentos reivindicatórios da catego-</p><p>ria, deverão ser prestados os cuidados mínimos que garantam uma assistência segura, conforme a complexi-</p><p>dade do paciente.</p><p>Art. 45Prestar assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou impru-</p><p>dência.</p><p>Art. 46Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica na qual não constem assinatura e núme-</p><p>ro de registro do profissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência.</p><p>§ 1ºO profissional de Enfermagem deverá recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica em</p><p>caso de identificação de erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o prescritor ou outro profis-</p><p>sional, registrando no prontuário.</p><p>§ 2ºÉ vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento de prescrição à distância, exceto em casos de</p><p>urgência e emergência e regulação, conforme Resolução vigente.</p><p>Art. 47Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competentes, ações e procedimentos de membros da</p><p>equipe de saúde, quando houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e imprudência ao pa-</p><p>ciente, visando a proteção da pessoa, família e coletividade.</p><p>Art. 48Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qualidade de vida à pessoa e família no proces-</p><p>so do nascer, viver, morrer e luto.</p><p>Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e terminais com risco iminente de morte, em</p><p>consonância com a equipe multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis para assegurar</p><p>o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.</p><p>Art. 49Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade em casos de emergência, epidemia, catás-</p><p>trofe e desastre, sem pleitear vantagens pessoais, quando convocado.</p><p>Art. 50Assegurar a prática profissional mediante consentimento prévio do paciente, representante ou res-</p><p>ponsável legal, ou decisão judicial.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>6</p><p>Parágrafo único.Ficam resguardados os casos em que não haja capacidade de decisão por parte da pes-</p><p>soa, ou na ausência do representante ou responsável legal.</p><p>Art. 51Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades profissionais, independentemente de ter</p><p>sido praticada individual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência, desde que tenha participa-</p><p>ção e/ou conhecimento prévio do fato.</p><p>Parágrafo único.Quando a falta for praticada em equipe, a responsabilidade será atribuída na medida do(s)</p><p>ato(s) praticado(s) individualmente.</p><p>Art. 52Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em razão da atividade profissional, exceto nos</p><p>casos previstos na legislação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito da pessoa envolvi-</p><p>da ou de seu representante ou responsável legal.</p><p>§ 1ºPermanece o dever mesmo quando o fato seja de conhecimento público e em caso de falecimento da</p><p>pessoa envolvida.</p><p>§ 2ºO fato sigiloso deverá ser revelado em situações de ameaça à vida e à dignidade, na defesa própria ou</p><p>em atividade multiprofissional, quando necessário à prestação da assistência.</p><p>§ 3ºO profissional de Enfermagem intimado como testemunha deverá comparecer perante a autoridade e,</p><p>se for o caso, declarar suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional.</p><p>§ 4ºÉ obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de responsabilização criminal, independentemente</p><p>de autorização, de casos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; e pessoas incapacitadas ou sem</p><p>condições de firmar consentimento.</p><p>§ 5ºA comunicação externa para os órgãos de responsabilização criminal em casos de violência doméstica</p><p>e familiar contra mulher adulta e capaz será devida, independentemente de autorização, em caso de risco à</p><p>comunidade ou à vítima, a juízo do profissional e com conhecimento</p><p>A área de</p><p>expurgo pode ser a mesma da Central de Material Esterilizado, e destina-se a receber e lavar os materiais</p><p>utilizados na cirurgia.</p><p>-Restrita - o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO) são consi-</p><p>deradas áreas restritas dentro do CC; para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoal,</p><p>equipamentos e materiais.</p><p>A sala de cirurgia ou operação deve ter cantos arredondados para facilitar a limpeza; as parede, o piso</p><p>e as portas devem ser laváveis e de cor neutra e fosca. O piso, particularmente, deve ser de material con-</p><p>dutivo, ou seja, de proteção contra descarga de eletricidade estática; as tomadas devem possuir sistema</p><p>de aterramento para prevenir choque elétrico e estar situadas a 1,5m do piso. As portas devem ter visor</p><p>e tamanho que permita a passagem de macas, camas e equipamentos cirúrgicos. As janelas devem ser</p><p>de vidro fosco, teladas e fechadas quando houver sistema de ar condicionado. A iluminação do campo</p><p>operatório ocorre através do foco central ou fixo e, quando necessário, também pelo foco móvel auxiliar. O</p><p>lavabo localiza-se em uma área ao lado da SO e é o local onde a equipe cirúrgica faz a degermação das</p><p>mãos e antebraços com o uso de substâncias degermantes antissépticas, com a ação mecânica da esco-</p><p>vação. As torneiras do lavabo devem abrir e fechar automaticamente ou através do uso de pedais, para</p><p>evitar o contato das mãos já degermadas. Acima do lavabo localizam-se os recipientes contendo a solução</p><p>degermante e um outro, contendo escova esterilizada.</p><p>Após a passagem pelo SO, o cliente é encaminhado à sala de RPA – a qual deve estar localizada de</p><p>modo a facilitar o transporte do cliente sob efeito anestésico da SO para a RPA, e desta para a SO, na</p><p>necessidade de uma reintervenção cirúrgica; deve possibilitar, ainda, o fácil acesso dos componentes da</p><p>equipe que operou o cliente.</p><p>Considerando-se a necessidade de se ter materiais em condições para pronto uso bem como evitar</p><p>a circulação desnecessária de pessoal e equipamentos dentro e fora da área do CC, recomenda-se a</p><p>existência de salas específicas para a guarda de medicamentos, materiais descartáveis, esterilizados, de</p><p>anestesia e de limpeza, aparelhos e equipamentos e roupa privativa. Dependendo do tamanho do CC, é</p><p>também recomendável que haja uma sala administrativa, sala de espera para familiares e/ou acompanhan-</p><p>tes, sala de estar para funcionários e copa.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>58</p><p>ANESTESIA</p><p>A fase dos cuidados pós-operatórios imediato começa tão logo o procedimento cirúrgico seja concluído e</p><p>o paciente transferido para a Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA). Esta Unidade deve ser ad-</p><p>jacente ao centro-cirúrgico, oferecendo facilidade de acesso. O estado do paciente deve ser avaliado quanto</p><p>às necessidades durante a transferência (com oxigênio, dispositivo manual de pressão negativa, um leito no</p><p>lugar da maca).</p><p>A permanência do paciente nesta unidade permite rápida convalescença, evita infecções hospitalares,</p><p>poupa tempo, reduz gastos, ameniza a dor e aumenta a sobrevida do mesmo.</p><p>Este é o período mais crítico da recuperação do paciente, por isso, vários cuidados de enfermagem</p><p>são dispensados a ele com as seguintes dificuldades: prestar assistência intensivista até a total recupe-</p><p>ração dos reflexos, assistir o paciente integralmente, proporcionando segurança e retorno rápido às suas</p><p>atividades normais, prevenir complicações, e em alguns casos, auxiliar na reabilitação e na adaptação</p><p>do paciente às novas condições resultantes da operação, como é o caso, por exemplo, da colostomia, da</p><p>mastectomia, e da amputação, entre outras.</p><p>O Enfermeiro assume os cuidados do paciente após uma avaliação inicial e um relato da equipe de</p><p>transferência; deve sistematizar o registro das informações, mantendo vínculo ativo com os profissionais</p><p>de saúde, além de oferecer à equipe de enfermagem condições para atuar com o cliente de maneira efe-</p><p>tiva, planejada e segura.</p><p>O histórico de enfermagem inicial do paciente pós-operatório começa com a determinação da avalia-</p><p>ção imediata da via aérea e circulatória adequada. A via aérea é avaliada quanto à perviedade, oxigênio</p><p>umidificado é aplicado e a frequência respiratória contada. É iniciada a oximetria de pulso em todos os</p><p>pacientes, e a qualidade dos sons respiratórios é determinada.</p><p>O paciente é então conectado ao monitor cardíaco, e a frequência cardíaca e ritmo são avaliados, assim</p><p>como a verificação da pressão arterial.</p><p>Avaliação inicial</p><p>Após a avaliação imediata e completados os registros, inicia-se uma avaliação mais completa pós-anes-</p><p>tesia. A avaliação é realizada rapidamente e é específica para o tipo de procedimento cirúrgico.</p><p>Em alguns casos, o enfermeiro da URPA avalia os sinais vitais na admissão e inicia a avaliação pelo</p><p>sistema respiratório. A avaliação respiratória consiste em frequência, ritmo, ausculta dos sons respiratórios</p><p>e o nível de saturação do oxigênio. A presença de uma via aérea artificial e o tipo de sistema de liberação</p><p>de oxigênio são anotados.</p><p>O sistema cardiovascular é avaliado pela monitorização da frequência e ritmo cardíacos. A pressão ar-</p><p>terial inicial do paciente é comparada para uma ou mais leituras do pré-operatório.</p><p>A temperatura corporal é obtida e a condição da pele é examinada, incluindo o pulso periférico, se indi-</p><p>cado. O paciente é então avaliado quanto ao funcionamento neurológico. O paciente está reativo (desper-</p><p>tando da anestesia)? O paciente pode responder aos comandos?</p><p>O paciente está orientado no mínimo quanto a nomes e hospital? O paciente pode movimentar as ex-</p><p>tremidades? Existem desvios da função neurológica pré-operatória? Alguns procedimentos operatórios</p><p>requerem uma avaliação mais detalhada.</p><p>Para avaliar a função renal, a ingesta e a excreta são examinadas. O líquido total intra-operatório e a</p><p>estimativa de perda sanguínea são avaliados. Os acessos venosos, infusões e soluções de irrigação são</p><p>anotados. A presença de todos os acessos venosos, drenos e cateteres são anotados; a excreta de urina</p><p>é anotada quanto à coloração, quantidade e consistência.</p><p>Toda informação obtida da avaliação na admissão é anotada no relatório da URPA</p><p>A avaliação inicial inclui o registro de:</p><p>1. Sinais vitais:</p><p>- Pressão arterial;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>59</p><p>- Pulso;</p><p>- Temperatura;</p><p>- Respiração</p><p>2. Nível de consciência</p><p>3. Leitura da pressão venosa central (PVC) se indicado;</p><p>4. Posição do paciente;</p><p>5. Condição e coloração da pele;</p><p>6. Necessidade de segurança do paciente;</p><p>7. Neurovascular: pulso periférico e sensação nas extremidades quando possível;</p><p>8. Condições de curativos ou linhas de sutura;</p><p>9. Tipo, perviedade e fixação dos tubos de drenagem, cateteres e recipientes;</p><p>10. Quantidade e tipo de drenagem;</p><p>11. Resposta muscular e força;</p><p>12. Resposta pupilar quando indicado;</p><p>13. Terapia venosa: localização, condição, fixação e quantidade de soluções infundidas em acessos</p><p>venosos (inclusive sangue e derivados);</p><p>14. Nível de suporte físico e emocional;</p><p>15. Escore numérico de escala utilizada na unidade.</p><p>A rotina em algumas instituições da frequência da verificação dos sinais vitais bem como seu estado</p><p>geral dá-se a cada quinze minutos na primeira hora de chegada do paciente a URPA; a cada trinta minutos</p><p>na segunda hora e a cada hora nas horas subsequentes até a liberação deste para a unidade de internação</p><p>de origem.</p><p>Assistência Pré Operatória</p><p>A cirurgia, seja ela eletiva ou de emergência, é um evento estressante e complexo para o paciente.</p><p>Muitos dos procedimentos cirúrgicos são realizados na sala de operação do hospital, embora muitos pro-</p><p>cedimentos simples que não precisam de hospitalização sejam feitos em centros cirúrgicos e unidades am-</p><p>bulatoriais de cirurgia. Pacientes com problemas de saúde que cujo tratamento envolve uma intervenção</p><p>cirúrgica, geralmente se submetem a uma cirurgia. Tal procedimento envolve a administração</p><p>de anestesia</p><p>local, regional ou geral, aumentando assim o grau de ansiedade do paciente o que provoca alterações</p><p>emocionais decorrentes do anúncio do diagnóstico cirúrgico. Isto causa, portanto situações desagradáveis</p><p>no estado biópsico sócio espiritual do paciente, acarretando problemas graves podendo chegar à suspen-</p><p>são da cirurgia ou até mesmo óbito do paciente.</p><p>Com o aumento considerável de complicações no préoperatório é exigido da enfermagem um sólido</p><p>conhecimento sobre todos os aspectos do cuidado do paciente cirúrgico. Não mais o conhecimento sobre</p><p>a enfermagem préoperatória e pósoperatória é suficiente devendose ter uma compreensão plena sobre a</p><p>atividade intraoperatória. Surge a visita préoperatória (VPO) de enfermagem do Centro Cirúrgico, que con-</p><p>siste em acompanhar o paciente não só no Centro Cirúrgico, mas durante toda a sua estadia no hospital</p><p>desde a sua internação à alta após a cirurgia, devendo a enfermagem ficar atenta a todas as alterações</p><p>que poderão surgir e atuar na recuperação plena do paciente.</p><p>O CUIDADO DE ENFERMAGEM NO TRANS-OPERATÓRIO</p><p>O período trans-operatório compreende o momento de recepção do cliente no CC e o intra-operatório</p><p>realizado na SO.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>60</p><p>Montagem da sala cirúrgica</p><p>O auxiliar de enfermagem desempenha a função de circulante da sala cirúrgica, que também pode ser</p><p>exercida pelo técnico em enfermagem, quando necessário. Ao receber a lista de cirurgia, o circulante da</p><p>sala verifica os materiais, aparelhos ou solicitações especiais à mesma. Para prevenir a contaminação e</p><p>infecção cirúrgica, é importante manter a sala em boas condições de limpeza, observar se o lavabo está</p><p>equipado para uso e lavar as mãos. Portanto, antes de equipar a sala, o circulante limpa os equipamentos</p><p>com álcool etílico a 70% ou outro desinfetante recomendado, deixando-os prontos para a recepção do</p><p>cliente e equipe cirúrgica. ambiente do CC oferece ao mesmo, já submetido a um estresse físico e expo-</p><p>sição dos órgãos e tecidos ao meio externo; daí a importância do uso de técnicas assépticas rigorosas.</p><p>Tempo cirúrgico</p><p>Abrange, de modo geral, a seqüência dos quatro procedimentos realizados pelo cirurgião durante o</p><p>ato operatório. Inicia-se pela diérese, que significa dividir, separar ou cortar os tecidos através do bisturi,</p><p>bisturi elétrico, tesoura, serra ou laser; em seguida, se faz a hemostasia, através de compressão direta</p><p>com os dedos, uso de pinças, bisturi elétrico (termocautério) ou sutura para prevenir, deter ou impedir o</p><p>sangramento. Ao se atingir a área comprometida, faz-se a exérese, que é a cirurgia propriamente dita. A</p><p>etapa final é a síntese cirúrgica, com a aproximação das bordas da ferida operatória através de sutura,</p><p>adesivos e/ou ataduras.</p><p>Instrumentais e fios cirúrgicos</p><p>Auxiliam a equipe cirúrgica durante a operação, mas para isso é necessário que a equipe de enfer-</p><p>magem ofereça-os em perfeitas condições de uso e no tamanho correto. O instrumentador cirúrgico é o</p><p>profissional responsável por prever os materiais necessários à cirurgia, bem como preparar a mesa com os</p><p>instrumentais, fios cirúrgicos e outros materiais necessários, ajudar na colocação de campos operatórios,</p><p>fornecer os instrumentais e materiais à equipe cirúrgica e manter a limpeza e proteção dos instrumentais</p><p>e materiais contra a contaminação.</p><p>Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acordo com sua função:</p><p>- diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi, tesouras, trépano;</p><p>- hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento, tais como as pinças de Kelly, Kocher, Rochester;</p><p>- síntese cirúrgica - geralmente utilizados para fechamento de cavidades e incisões, sendo o mais</p><p>comum a agulha de sutura presa no porta-agulha; ! apoio ou auxiliares - destinam-se a auxiliar o uso de</p><p>outros grupos de instrumentais, destacando-se o afastador Farabeuf para afastar os tecidos e permitir</p><p>uma melhor visualização do campo operatório e a pinça anatômica para auxiliar na dissecção do tecido;</p><p>especiais - aqueles específicos para cada tipo de cirurgia, como, por exemplo, a pinça gêmea de Abadie,</p><p>utilizada nas cirurgias do trato digestivo. Os fios cirúrgicos apresentam-se com ou sem agulhas, e sua nu-</p><p>meração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-0 (doze-zero). São classificados em absorvíveis e não-absorvíveis.</p><p>Pós operatório</p><p>O pós-operatório inicia-se a partir da saída do cliente da sala de operação e perdura até sua total recu-</p><p>peração. Subdivide-se em pósoperatório imediato (POI), até às 24 horas posteriores à cirurgia; mediato,</p><p>após as 24 horas e até 7 dias depois; e tardio, após 7 dias do recebimento da alta. Nesta fase, os objetivos</p><p>do atendimento ao cliente são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns aos procedimentos anes-</p><p>tésicos e cirúrgicos, tais como dor, laringite pós- entubação traqueal, náuseas, vômitos, retenção urinária,</p><p>flebite pós-venóclise e outros, com a finalidade de restabelecer o seu equilíbrio</p><p>Idealmente, todos os clientes em situação de POI devem ser encaminhados da SO para a RPA e sua</p><p>transferência para a enfermaria ou para a UTI só deve ocorrer quando o anestesista considerar sua con-</p><p>dição clínica satisfatória.</p><p>A RPA é a área destinada à permanência preferencial do cliente imediatamente após o término do ato</p><p>cirúrgico e anestésico, onde ficará por um período de uma a seis horas para prevenção ou tratamento de</p><p>possíveis complicações</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>61</p><p>. Neste local aliviará a dor pós-operatória e será assistido até a volta dos seus reflexos, normalização</p><p>dos sinais vitais e recuperação da consciência. Considerando tais circunstâncias, este setor deve possuir</p><p>equipamentos, medicamentos e materiais que atendam a qualquer situação de emergência, tais como:</p><p>- equipamentos básicos: cama/maca com grades laterais de segurança e encaixes para suporte de</p><p>solução, suporte de solução fixo ou móvel, duas saídas de oxigênio, uma de ar comprimido, aspirador a</p><p>vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, monitor cardíaco, oxímetro de pulso, esfigmomanômetro, ventilado-</p><p>res mecânicos, carrinho com material e medicamentos de emergência;</p><p>- Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigênio, sondas de aspiração, luvas esterilizadas, luvas</p><p>de procedimentos, medicamentos, frascos de solução, equipos de solução e de transfusão sangüínea,</p><p>equipos de PVC (pressão venosa central), material para sondagem vesical, pacote de curativo, bolsas co-</p><p>letoras, termômetro, material de coleta para exames e outros porventura necessários.</p><p>Cuidados de enfermagem no pósoperatório imediato (POI)</p><p>Este período é considerado crítico, considerando-se que o cliente estará, inicialmente, sob efeito da</p><p>anestesia geral, raquianestesia, peridural ou local. Nessa circunstância, apresenta-se bastante vulnerável</p><p>às complicações. Assim, é fundamental que a equipe de enfermagem atue de forma a restabelecer-lhe as</p><p>funções vitais, aliviar-lhe a dor e os desconfortos pós-operatório (náuseas, vômitos e distensão abdomi-</p><p>nal), manter-lhe a integridade da pele e prevenir a ocorrência de infecções.</p><p>Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para pacientes com alterações clínicas e</p><p>cirúrgicas.</p><p>A assistência de enfermagem é uma das principais ações no cuidado da saúde do paciente. Assim, a</p><p>Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) normatizada pelo Conselho Federal de Enfermagem</p><p>(CFE), a Resolução n. 358/2009, preconiza que deve ser implantada no setor público e privada (BRASÍLIA,</p><p>2009, p. 317).</p><p>Existem atualmente diferentes maneiras de sistematizar a assistência de enfermagem, entre elas po-</p><p>de-se mencionar os planos de cuidados, os protocolos, a padronização de procedimentos e o processo de</p><p>enfermagem. Visto que a SAE direciona a atuação do enfermeiro no exercício de suas atividades profissio-</p><p>nais e facilita o desenvolvimento da assistência ao paciente. Neste contexto, a implantação de um método</p><p>para sistematizar a assistência de</p><p>enfermagem deve ter como premissa um processo individualizado, ho-</p><p>lístico, planejado, contínuo, documentado e avaliado (VASCONCELOS, BORGES, BOHRER, et al. 2017).</p><p>No Brasil, Wanda de Aguiar Horta foi à primeira teórica a apresentar estudos sobre o tema. Ela propôs</p><p>a sistematização das ações de Enfermagem, por meio da aplicação do Processo de Enfermagem, o que</p><p>contribuiu para o registro e documentação de ocorrências e procedimentos realizados por integrantes da</p><p>equipe de Enfermagem, para a análise e organização do cuidado prestado e, para o reconhecimento social</p><p>da profissão (BOTELHO, VELOSO, FAVERO, 2013).</p><p>A SAE trata-se de um valioso instrumento para assistência do paciente de forma integralizada, con-</p><p>tínua, segura e humanizada pela enfermagem, sendo composta por cinco fases: visita pré-operatória de</p><p>enfermagem, planejamento, implementação, avaliação e reformulação da assistência a ser planejada (RI-</p><p>BEIRO, FERRAZ, DURAN, 2017).</p><p>Nessa linha de pensamento, a SAE atua no sentido de conduzir e organizar o trabalho da equipe de</p><p>enfermagem conforme os recursos humanos, instrumentos e método, facilitando o trabalho do enfermeiro.</p><p>Ainda, tem sua definição no planejamento e ordenação da execução das atividades com enfoque coletivo</p><p>e individual e de caráter privativo do enfermeiro (PENEDO, SPIRI, 2014).</p><p>Neste sentido, o Processo de Enfermagem se constitui em ação revestida de significados, possível de</p><p>ser utilizada pelos enfermeiros enquanto metodologia para prestação de cuidados; entretanto, apresenta</p><p>desafios para sua implementação. A enfermagem se utiliza da sistematização da assistência de enferma-</p><p>gem como um modelo de processo de trabalho que possibilita sistematizar a assistência e direcionar o cui-</p><p>dado, contribuindo para a segurança do usuário e dos profissionais no sistema de saúde especialmente em</p><p>Centro Cirúrgico (PENEDO, SPIRI, 2014).</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>62</p><p>No hospital, o Centro Cirúrgico (CC) é o local onde acontece grande parte dos eventos adversos à saú-</p><p>de dos pacientes. Sua causa é multifatorial e atribuída à complexidade dos procedimentos, à interação das</p><p>equipes interdisciplinares e ao trabalho sob pressão, pois, apesar de as intervenções cirúrgicas integrarem</p><p>a assistência à saúde, contribuindo para a prevenção de agravos à integridade física e à perda de vidas,</p><p>estão associadas, consideravelmente, aos riscos de complicações (HENRIQUES, COSTA, LACERDA,</p><p>2016).</p><p>Assim, a participação do enfermeiro no Centro Cirúrgico tem merecido atenção por envolver especifici-</p><p>dades e articulações indispensáveis à gerência do cuidado a pacientes com necessidades complexas, que</p><p>requerem conhecimento científico, manejo tecnológico e humanização extensiva a familiares, pelo impacto</p><p>que o risco cirúrgico propicia (HENRIQUES, COSTA, LACERDA, 2016).</p><p>O estudo Henrique, Costa e Lacerda (2016) demonstrou que ainda há muito a percorrer nos caminhos</p><p>da segurança efetiva para o paciente no período perioperatório, uma vez que encontraram muitos entraves</p><p>que, de certa forma, desfavorecem a segurança do paciente. Assim, as reflexões sobre a segurança do pa-</p><p>ciente e os processos do Centro Cirúrgico precisam ser aprofundadas, necessitando-se de novos estudos</p><p>acerca do tema para novas discussões e busca de melhores práticas.</p><p>Estudos recentes de revisão integrativa revelam que, com base nas diversas necessidades específicas</p><p>das funções do profissional, na assistência ao paciente cirúrgico é importante melhorar a qualidade da as-</p><p>sistência de enfermagem. É preciso lembrar que a evolução cirúrgica e novas descobertas de tecnologias</p><p>auxiliam significativamente a enfermagem avançar na assistência no Centro Cirúrgico (ADAMY; TOSATTI,</p><p>2012, p.301).</p><p>Importância da implantação da SAE para a organização do centro cirúrgico</p><p>Neste sentido os estudos de Adami, Tosati (2012) tiveram o objetivo de avaliar implantação da (SAE) no</p><p>período perioperatório de um Hospital do Oeste de Santa Catarina, sob a visão da equipe de enfermagem</p><p>os autores constataram que, a instituição deve viabilizar estratégias que culminam para uma SAE efetiva e</p><p>com resultados mais satisfatórios tendo em vista que ela oferece Segurança/ paciente; registros de enfer-</p><p>magem mais precisos; organização das atividades de enfermagem.</p><p>Segundo Santos e Rennó (2013), a SAE surgiu no centro cirúrgico com o objetivo de capacitar funcio-</p><p>nários para atender as necessidades da equipe médica, como no preparo da sala de cirurgia, dos materiais</p><p>e equipamentos hospitalares necessários durante o procedimento. A preocupação com a qualidade pres-</p><p>tada ao paciente é um marco no mercado competitivo, pois cada vez mais busca-se assistências eficientes</p><p>prestada ao indivíduo, satisfação da clientela e a redução dos custos hospitalares.</p><p>A SAE constitui nos dias atuais um importante instrumento inerente ao processo de trabalho do enfer-</p><p>meiro, que possibilita a ampliação de ações que modificam o processo de vida e de saúde-doença dos</p><p>pacientes. Deste modo, a sistematização permite a obtenção de resultados pelos quais o enfermeiro é</p><p>responsável, como a organização do serviço, especialmente no centro cirúrgico (MELO, NUNES, VIANA,</p><p>2014).</p><p>Assim, sua implantação, proporciona cuidados individualizados, assim como norteia o processo deci-</p><p>sório do enfermeiro nas situações de gerenciamento da equipe de enfermagem, oportuniza avanços na</p><p>qualidade da assistência, o que impulsiona sua adoção nas instituições que prestam assistência à saúde</p><p>((SILVA, GARANHANI, PERES, 2015)</p><p>A implantação da SAE com base em um conhecimento específico e de uma reflexão crítica acerca da</p><p>organização do trabalho de enfermagem juntamente com a coleta de dados, tem-se um instrumento de</p><p>fundamental importância para que o profissional possa gerenciar a assistência de enfermagem de forma</p><p>organizada, segura, dinâmica e competente (SILVA, GARANHANI, PERES, 2015).</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>63</p><p>Doenças crônicas degenerativas</p><p>As doenças degenerativas são chamadas assim porque elas vão gerar lesões nas células, podendo</p><p>afetar a visão, os ossos, os tecidos, os vasos sanguíneos, entre outros. Essas doenças são crônicas e não</p><p>são transmitidas, afetando as células do corpo de forma continua, irreversível e com os sintomas de piora</p><p>progressiva, limitando as funções básicas do corpo, como o movimento, a respiração e o raciocínio, levando</p><p>em alguns casos à morte.</p><p>As doenças degenerativas podem acontecer por diversos motivos, sendo classificadas como multifatoriais,</p><p>ou seja, são causadas por um conjunto de fatores, podendo ser de origem genética, má alimentação, tabagis-</p><p>mo, alcoolismo, entre outros. O número de mortes de pessoas acometidas por doenças crônicas degenerativas</p><p>está aumentando, e podendo ser observado junto com o aumento do processo de modernização e industriali-</p><p>zação da sociedade.</p><p>Não existe cura, mas existem tratamentos para diminuir os sintomas. Estas doenças podem ser melhor</p><p>controladas quando diagnosticadas no início, retardando a evolução e reduzindo os sintomas. As doenças de-</p><p>generativas ocorrem com menos frequência em jovens e crianças.</p><p>Alguns exemplos de doenças degenerativas</p><p>• Osteoporose: ocorre quando as células ósseas não estão sendo renovadas de maneira satisfatória, oca-</p><p>sionando maior fragilidade e menor espessura óssea. Esta doença acomete principalmente mulheres, porque</p><p>seus ossos já são naturalmente mais finos. Sintomas: fraturas, dor ou sensibilidade óssea, postura encurvada.</p><p>• Degeneração dos discos intervertebrais: As células da cartilagem deixam de ser produzidas, ocorrendo</p><p>diminuição da altura dos discos e elasticidade deixando de absorver impactos adequadamente. O fumo e aobe-</p><p>sidadepodem aumentar a possibilidade de um indivíduo desenvolver esta doença. Os sintomas se apresentam</p><p>como dores intensas, podendo ser amenizadas com fisioterapias e outros tratamentos musculares específicos;</p><p>• Diabetes Mellitus: se caracteriza por ser uma doença</p><p>que aumenta a taxa deglicoseno sangue, por um</p><p>distúrbio na produção e absorção dainsulina.</p><p>• Hipertensão: também conhecida como pressão alta, é uma doença que esta ligada à pressão exercida</p><p>pelo sangue que passa pelo corpo. Quando o sangue percorre com certa dificuldade pelos vasos sanguíneos,</p><p>esta pressão aumenta. Esta doença esta associada a má alimentação, estresse e uma vida sem exercícios</p><p>físicos. Alguns sintomas: dor na cabeça, tontura e dor no peito. As pessoas que possuem pressão alta estão</p><p>mais pré-dispostas a sofrerem ataques cardíacos, derrames e doenças renais;</p><p>• Glaucoma: trata-se de doença doglobo ocularque provoca danos irreparáveis aonervo óptico. É ele</p><p>quem envia as mensagens visuais recebidas pelo olho até océrebro. O glaucoma possui relação com o aumen-</p><p>to da pressão intra-ocular, pelo aumento do espessamento do humor aquoso, causando deficiência da drena-</p><p>gem dele pelo canal e perda das células daretina. Esta doença também pode acometer crianças.</p><p>O aumento das doenças degenerativas é motivo de grande preocupação para a comunidade médico-cien-</p><p>tífica, que cada vez mais estuda a propagação destas doenças. Algumas medidas simples podem auxiliar a di-</p><p>minuir a incidência destas doenças, como, por exemplo, a prática regular de exercícios (sempre acompanhada</p><p>de um especialista, buscando-se ter a maximização dos benefícios e redução dos possíveis riscos envolvidos),</p><p>uma boa alimentação e acompanhamento médico periódico.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>64</p><p>Doenças transmissíveis</p><p>Doenças transmissíveis mais prevalentes no Brasil</p><p>Melhorias nas condições de vida da população, aliadas a iniciativas de saúde pública, como a imunização</p><p>e o tratamento com antibióticos, contribuíram para a redução da morbimortalidade por doenças transmissíveis</p><p>no Brasil e no mundo (Silva Jr., 2009; Barreto et al., 2011). Entretanto, apesar da erradicação da varíola, e da</p><p>eliminação ou controle de várias doenças transmissíveis, não se concretizou a expectativa de que essas doen-</p><p>ças perderiam sua importância na saúde pública (Silva Jr., 2009).</p><p>Na década de 1980, época da criação do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, constatava-se, além do</p><p>surgimento da epidemia do HIV/aids, a persistência de algumas doenças transmissíveis, bem como a emergên-</p><p>cia ou reemergência de outras, como a dengue e a cólera (Luna, 2002; Tauil, 2006; Silva Jr., 2009).</p><p>Com a atuação do SUS, o acesso universal e gratuito à vacinação foi garantido, a cobertura da atenção</p><p>primária à saúde foi ampliada, e as estratégias de vigilância e controle das doenças transmissíveis foram rees-</p><p>truturadas. A morbimortalidade por doenças transmissíveis apresentou redução importante. Entre 1930 e 2007,</p><p>a mortalidade proporcional por doenças transmissíveis declinou de 50% para 5%, contudo, estas ainda consti-</p><p>tuem importante problema de saúde pública no Brasil (Barreto et al., 2011).</p><p>No país, observa-se a persistência de diversas doenças transmissíveis, especialmente daquelas relacio-</p><p>nadas à pobreza, também consideradas negligenciadas, por não apresentarem atrativos econômicos para</p><p>o desenvolvimento de fármacos, quer seja por sua baixa prevalência, ou por atingir populações socialmente</p><p>desfavorecidas (Anvisa, 2007). Estas doenças não apenas ocorrem com maior frequência em regiões empo-</p><p>brecidas, como também são condições promotoras de pobreza (Hotez et al., 2006a).</p><p>As doenças transmissíveis permanecem como agentes importantes da pobreza debilitante no mundo. A</p><p>cada ano, essas doenças matam quase nove milhões de pessoas, muitas delas crianças com menos de cinco</p><p>anos de idade, além de causar grande carga de incapacidade por toda a vida. Estas podem prejudicar o cres-</p><p>cimento infantil e o desenvolvimento intelectual, bem como a produtividade do trabalho. Esforços de pesquisa</p><p>voltados para sua prevenção podem ter um impacto enorme na redução da pobreza (OMS, 2012).</p><p>A pobreza cria condições que favorecem a disseminação de doenças transmissíveis e impede que as pes-</p><p>soas afetadas obtenham acesso adequado à prevenção e à assistência. As doenças transmissíveis relaciona-</p><p>das à pobreza afetam desproporcionalmente pessoas que vivem em comunidades pobres ou marginalizadas.</p><p>Fatores econômicos, sociais e biológicos interagem para formar um ciclo vicioso de pobreza e doença do qual,</p><p>para muitas pessoas, não existe escapatória (OMS, 2012).</p><p>Tendo em vista a relevância das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza sobre a saúde no mundo e</p><p>no Brasil, o controle destas pode promover um impacto positivo não apenas sobre os indicadores relacionados</p><p>diretamente à saúde, mas também sobre aqueles relacionados à pobreza e à educação (Hotez et al., 2006b).</p><p>Nesse contexto, estudos sobre desigualdades em saúde são de grande interesse, visando subsidiar políti-</p><p>cas públicas necessárias para superar a distribuição desigual da saúde na sociedade (OMS, 2011). O uso dos</p><p>determinantes sociais como fatores analíticos privilegiados permite a identificação de padrões de agregação</p><p>geográfica e sobreposição espacial das doenças transmissíveis. A partir desta perspectiva, podem ser vislum-</p><p>bradas estratégias alternativas visando à prevenção e ao controle dessas doenças. Além disso, quando as</p><p>doenças estão agrupadas geograficamente, o custo-efetividade das ações pode ser melhorado (OMS, 2011).</p><p>O espaço, enquanto território usado, é, simultaneamente, produto e produtor de diferenciações sociais e</p><p>ambientais, com reflexos importantes sobre a saúde dos grupos populacionais envolvidos. A análise da situação</p><p>de saúde, como vertente da vigilância em saúde, prioriza o estudo de grupos populacionais definidos segundo</p><p>suas condições de vida (Barcellos, 2002). Estudos que envolvem a análise da situação de saúde, incorporando</p><p>elementos espaciais, podem contribuir para a identificação, formulação, priorização e explicação de problemas</p><p>de saúde da população que vive em um território usado.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>65</p><p>Assim, análises que possibilitem a identificação das áreas de concentração e sobreposição de doenças</p><p>transmissíveis, possivelmente associadas a condições de vida precárias, constituem-se ferramentas funda-</p><p>mentais da vigilância em saúde, uma vez que fornecem subsídios para o planejamento das ações e para a</p><p>determinação de prioridades de ação das ações de vigilância em saúde, assistência em saúde, bem como de</p><p>políticas sociais.</p><p>Raiva</p><p>As ações que o Brasil desenvolve para controle da raiva envolvem vacinação de animais de produção (ciclo</p><p>rural), de animais domésticos (ciclo urbano), bem como tratamento antirrábico humano pós-exposição. Estas</p><p>intervenções vêm propiciando acentuada redução de casos humanos desta doença, cuja letalidade atinge</p><p>100%. Assim, enquanto de 1981 a 1990 foram confirmados em média 76,4 casos por ano (máximo de 139 e</p><p>mínimo de 39), na década seguinte esta média foi de 36,4 (redução de 52,4%) e entre 2001 e 2010 foi de 14</p><p>casos (redução de 81,7%). Entre 2007 e 2010 o número máximo de casos de raiva humana foi 3 e de 2011 a</p><p>2017 variou de 0 a 6. Observe-se que enquanto no início desta série a maioria dos casos ocorria em conse-</p><p>quência de agressões de cães e gatos domésticos ou errantes (ciclo urbano), nos últimos anos tem sido após</p><p>agressão de morcegos, reservatório silvestre do vírus rábico (ciclo aéreo), difíceis de serem evitadas por ação</p><p>do setor saúde.</p><p>Hanseníase</p><p>Reconhecendo que o Brasil é o segundo país mais endêmico do mundo em hanseníase, grandes investi-</p><p>mentos foram feitos no seu controle desde a instalação do SUS. Em 1987, havia cerca de 450 mil doentes no</p><p>registro ativo do país, com tendência temporal de endemia em ascensão. Cerca de 166 mil profissionais de</p><p>saúde foram capacitados e uma campanha de divulgação sobre sinais e sintomas precoces da doença foi rea-</p><p>lizada em veículos de comunicação de massa. Essas ações foram efetivas para evidenciar a endemia oculta,</p><p>de modo que a detecção aumentou de 15 mil</p><p>para 45 mil casos novos, em apenas um ano, possibilitando tratar</p><p>os doentes que antes não tinham diagnóstico e/ou acesso aos serviços de saúde.</p><p>O Brasil, entre 1990 e 2016, reduziu em 94,3% a prevalência desta doença, passando de 19,5/10 mil ha-</p><p>bitantes para 1,1 casos/10.000 habitantes. Isso correspondeu a uma redução de 281.605 em tratamento para</p><p>22.631 casos. Nesse mesmo período, a taxa de detecção geral decresceu 38,7% (de 19,96, em 1990 para</p><p>12,23 p/100.000 habitantes, em 2016). Em relação à taxa de detecção em menores de 15 anos observa-se</p><p>uma diminuição de 36,7%, no período de 1994 a 2016, o que corresponde a uma taxa de detecção de 5,74</p><p>para 3,63/100.000 habitantes. Certamente, a descentralização das ações de vigilância, controle e tratamento</p><p>da hanseníase para a rede de atenção básica contribuiu para o delineamento deste novo cenário. Em 2016,</p><p>71,1% dos casos novos (17.935) foram notificados pelos serviços de atenção básica, a atenção secundária</p><p>19,9% (5.018) dos casos novos e a terciária 9,0% (2.265).</p><p>A introdução, em 1990, do esquema de associação de medicamentos (multidrogaterapia/MDT), com redu-</p><p>ção progressiva no tempo de tratamento, foi fator determinante na queda da prevalência. Mas, a MDT, em que</p><p>pese trazer a cura da hanseníase, não interrompeu a transmissão da doença, e, consequentemente, não houve</p><p>impacto na taxa de detecção de casos novos. Em parte, isso se deve a quebra do paradigma de que paciente</p><p>de hanseníase não se reinfectava, pois a decodificação do genoma completo do M. leprae isolados de doentes</p><p>com recrudescimento da doença revelou que, um mesmo doente se infecta em momentos distintos, com cepas</p><p>distintas deste bacilo. Seguindo o racional do tratamento da tuberculose, um novo esquema terapêutico único</p><p>(MDT-U) para hanseníase será adotado em 2018, que inclui três medicamentos, para todos os pacientes inde-</p><p>pendente da classificação clínica, por um período de apenas seis meses.</p><p>Tuberculose</p><p>No Brasil, ocorreu redução de 22,7% no número de casos novos de tuberculose notificados em 2016 (66.796</p><p>casos; 32,4 /100.000 habitantes) quando comparado com 1981 (86.411; 71,3/100.000 habitantes). Contudo,</p><p>esta queda não foi linear, em parte devido ao recrudescimento desta doença no curso da epidemia de aids e</p><p>das dificuldades para detecção e tratamento de todos os casos, de modo que nos anos 1990 a incidência ain-</p><p>da se manteve elevada, variando de 58,4 a 49,3/100.000 habitantes (1995 e 1994, respectivamente). No que</p><p>se refere à mortalidade, enquanto em 1998 ocorreram 6.029 óbitos (3,7/100.000 habitantes), em 2015 foram</p><p>registrados 4.543 óbitos (2,2/100.000 habitantes), redução em torno de 40%4. Recentemente, o SUS adotou</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>66</p><p>um esquema terapêutico para esta doença que inclui a formulação de quatro drogas em uma única cápsula</p><p>que vem trazendo enormes avanços ao seu controle na medida em que aumentou a adesão dos pacientes ao</p><p>tratamento, e consequentemente o percentual de cura e a redução das fontes de infecção.</p><p>HIV/Aids</p><p>A emergência da aids no mundo, em 1981, foi um fato que marcou a história da saúde globalmente, devido</p><p>à sua elevada letalidade, rápida disseminação, produção de epidemias de magnitude crescente. No Brasil, os</p><p>primeiros casos foram detectados logo após a identificação desta doença e até 1990 já haviam sido diagnos-</p><p>ticados 24.514 casos, a grande maioria em indivíduos residentes nos grandes centros urbanos. Nos anos se-</p><p>guintes, a prevalência continuou aumentando e a aids se expandiu para o interior do país, de modo que, entre</p><p>1991 e 2000, foram registrados 226.456 casos novos. Embora o número de casos na década seguinte tenha</p><p>aumentado, observou-se que a epidemia se estabilizou, sendo confirmados em média 34.807 casos novos a</p><p>cada ano. Entre 2007 e 2016, houve pouca variação no número de casos, em torno de 32.321, de modo que a</p><p>taxa de detecção de Aids tem sido em média de 20,7/100.000 habitantes.</p><p>O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretrovirais (TARV) passou a ser garantido pelo SUS</p><p>em 1996, uma das iniciativas que impactou sobremaneira o comportamento da epidemia de HIV/Aids, princi-</p><p>palmente, no que se refere ao aumento de sobrevida; redução da transmissão vertical, letalidade e taxa de</p><p>mortalidade por esta grave doença. Só entre 1997 e 2003, foram evitadas cerca de 6.000 casos de transmissão</p><p>vertical. Em 2003, já haviam 150 mil pacientes em tratamento e o Programa Brasileiro de DST/Aids é reconhe-</p><p>cido como um dos melhores do mundo sendo premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. O MS estimou que</p><p>em 2015 haviam aproximadamente 827 mil pessoas vivendo com HIV no país, destes 82% tinham realizado</p><p>pelo menos um teste de carga viral ou contagem de linfócitos T CD4 ou tinham pelo menos uma receita de antir-</p><p>retroviral dispensada e 55% do total (454.850) estão utilizando a terapia antirretroviral. Além do tratamento, este</p><p>programa está estruturado para desenvolver ações de vigilância e controle que englobam notificação universal</p><p>dos casos de aids, de gestantes soropositivas e de crianças expostas ao HIV; vigilância sorológica em popu-</p><p>lações-sentinela (clínicas de DST e parturientes); inquéritos sorológicos e comportamentais em populações</p><p>específicas; mantém uma rede de centros de testagem e aconselhamento (CTA), dentre outras.</p><p>Esquistossomose mansônica</p><p>Nas últimas três décadas tem havido importante redução nos indicadores de prevalência de infecção, mor-</p><p>bidade e mortalidade por esquistossomose mansônica, no que pese ainda se encontrar municípios endêmicos</p><p>situados nos bolsões de pobreza do Nordeste e Sudeste. Mesmo considerando as diferenças metodológicas</p><p>dos inquéritos coproscópicos realizados no Brasil, não se pode ignorar que no final dos anos de 1940 a pre-</p><p>valência de exames positivos para esquistossomose foi de 9,9%, na segunda metade da década de 1970 era</p><p>6,6% enquanto em 2011-2015 encontrou-se positividade de 0,99% (população de 7 a 14 anos). O recente</p><p>inquérito nacional permitiu ainda uma estimativa mais precisa do número de portadores da infecção em todo</p><p>o país (2 milhões), muito inferior às estimativas anteriores (superior a 7 milhões, em 2006). O declínio desta</p><p>prevalência vem resultando em redução da morbidade hospitalar, de 2,5/100.000 para 0,08/100.000 habitantes,</p><p>respectivamente, em 1988 e 2013, especialmente pelas formas digestivas graves. Da mesma forma, a mortali-</p><p>dade passou de 0,5/100.000 habitantes em 1987 para 0,2 por 100.000 habitantes em 2012</p><p>Uma redução mais sustentável na transmissão da esquistossomose depende da melhoria das condições de</p><p>saneamento das populações expostas ao risco de ser infectado, além das intervenções estritas ao setor saúde.</p><p>No âmbito da saúde, vem sendo desenvolvida pela Fiocruz uma vacina contra a esquistossomose que se en-</p><p>contra em fase II de estudos clínicos. O SUS, por meio das Secretarias Municipais de Saúde, desenvolve ações</p><p>de educação comunitária e detecção de casos mediante realização de inquéritos coproscópicos e tratamento</p><p>dos portadores visando controlar esta doença. A descentralização dessas atividades de controle, que até 1999</p><p>eram realizadas pela Fundação Nacional de Saúde, ampliou a abrangência deste programa que passou a con-</p><p>tar com a participação dos agentes de endemias, agentes comunitários de saúde e profissionais da Estratégia</p><p>Saúde da Família (ESF), permitindo sua sustentabilidade e alcance do impacto que vem apresentando sobre</p><p>os indicadores de morbimortalidade.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>67</p><p>Doença de Chagas</p><p>O programa de eliminação da transmissão vetorial da Doença de Chagas do Brasil obteve, em 2006, o cer-</p><p>tificado de eliminação do T. Infestans, principal vetor intradomiciliar desta protozoose, que resultou em drástica</p><p>redução de novas infecções pelo T. cruzi em humanos. De fato, inquérito sorológico nacional realizado entre</p><p>1975 e 1980, revelou que 4,2% dos brasileiros residentes nas áreas rurais</p><p>consideradas de transmissão natural</p><p>do T. cruzi encontravam-se infectados por este protozoário. Um segundo inquérito nacional, conduzido de 2001</p><p>a 2008, evidenciou soroprevalência de 0,03% em crianças menores de cinco anos, também residentes em área</p><p>rural, sendo que 0,02% delas eram filhos de mães também positivas, indicando que a maioria das infecções</p><p>havia sido por transmissão congênita. A mortalidade pela forma crônica desta protozoose vem declinando ao</p><p>longo das duas últimas décadas. No Brasil, o T. infestans não é o único vetor do T. cruzi, e assim em algu-</p><p>mas áreas, principalmente na Amazônia Legal, ainda ocorrem casos de transmissão natural por triatomíneos</p><p>extradomiciliares. A transmissão por transfusão sanguínea também está interrompida, no entanto atualmente</p><p>tem ocorrido surtos esporádicos de doença de Chagas aguda, em consequência da transmissão por alimentos</p><p>contaminados, tais como caldo de cana e açaí.</p><p>Malária</p><p>No Brasil, a malária é causada pelo Plasmodium vivax, o Plasmodium falciparum e o Plasmodium malariae,</p><p>sendo os dois primeiros de importância epidemiológica. Esta protozoose é endêmica na região da Amazônia,</p><p>abrangendo 808 municípios, onde são detectados aproximadamente 95% dos casos do país.</p><p>Os dados disponíveis sobre esta doença, até o final dos anos de 1990, referiam-se ao número de lâminas</p><p>positivas para plasmódio, não correspondendo portanto a casos novos, conforme passaram a ser registrados</p><p>a partir do ano 2000. Assim sendo, não é possível estabelecer comparações entre estes períodos. Entre 2005</p><p>e 2012, o número de casos detectados de malária reduziu de 606.069 para 241.806 (queda de 60,1%). Este</p><p>decréscimo ocorreu em maior intensidade para a malária pelo P. falciparum (77,2%), responsável pelas formas</p><p>mais graves da doença, com consequente diminuição no número de internações (74,6%) e nos óbitos (54,4%)</p><p>por esta doença21. Este impacto vem sendo obtido por meio da detecção e tratamento precoce dos portadores,</p><p>além de medidas que visam à redução da transmissão pelos vetores (borrifação, uso de telas impregnadas por</p><p>inseticidas, educação comunitária, etc). Assim, uma melhor efetividade das ações de prevenção e controle da</p><p>malária vem sendo alcançada nos municípios que possuem boa cobertura na atenção primária, de forma inte-</p><p>grada entre as ESF e os agentes de controle de endemias, permitindo uma detecção e tratamento mais oportu-</p><p>no, fundamental para interromper a transmissão. O SUS ainda precisa enfrentar alguns desafios para alcançar</p><p>a eliminação da malária, conforme estabelecido nas metas para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.</p><p>Arboviroses emergentes e reemergentes</p><p>Dentre as doenças emergentes e reemergentes, as arboviroses transmitidas por mosquitos do gênero Ae-</p><p>des (principalmente Aedes aegypti) têm se caracterizado por persistirem como importantes problemas de saúde</p><p>pública, devido à produção de repetidas epidemias de grande magnitude, em várias regiões do mundo. Den-</p><p>gue, é um dos exemplos mais emblemáticos neste grupo de viroses, pois modificou a tendência de decréscimo</p><p>da morbidade por DT. Estima-se que a cada ano o vírus do dengue (DENV) produz cerca de 390 milhões de</p><p>infecções em 128 países e aproximadamente 96 milhões de indivíduos apresentam manifestações clínicas, de</p><p>maior ou menor gravidade.</p><p>No Brasil, o DENV1 reemergiu na década de 1980 e, desde então, tem sido responsável por sucessivas</p><p>epidemias produzidas pelos seus 4 sorotipos. Atualmente, 90% dos municípios brasileiros estão infestados</p><p>pelo Ae. aegypti favorecendo a intensa circulação do DENV, e a emergência dos vírus chikungunya (CHIKV)</p><p>e Zika (ZIKV). Apesar dos esforços empreendidos para o controle deste vetor, não se tem alcançado êxito,</p><p>tanto no Brasil como em outros países das Américas e de outras regiões do mundo. Uma vacina tetravalente</p><p>foi licenciada, contudo ao ser utilizada em populações observou-se aumento do risco de hospitalizações por</p><p>dengue, nos indivíduos que nunca haviam sido infectados previamente pelo DENV selvagem, razão pela qual</p><p>a OMS contraindicou o uso desta vacina para os indivíduos naives. Assim, até o momento, não se dispõe de</p><p>drogas antivirais nem vacinas, seguras e eficazes, para nenhuma destas viroses. A vigilância e o controle têm</p><p>efetividade muito limitada, na medida em que se restringe ao controle vetorial, centrado em produtos químicos e</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>68</p><p>eliminação de potenciais criadouros larvários. Embora promissoras, as novas tecnologias que vêm sendo testa-</p><p>das, reduzem os níveis de infestação do A. aegypti, contudo, ainda não há comprovação de que sejam eficazes</p><p>e efetivas para impedir a emergência e/ou o risco de transmissão dos arbovírus de interesse.</p><p>A dengue, a chikungunya e a Zika vêm influenciando o perfil de morbidade das DT no Brasil, modificando</p><p>a trajetória de declínio que este grupo de doenças vinha apresentando desde 1987. A introdução do DENV1,</p><p>em 1986, no Rio de Janeiro e a seguir sua disseminação para outras áreas metropolitanas do país, produziu</p><p>47.370 casos (35,3/100.000 habitantes) desta doença, contribuindo com 15,1% das notificações de um con-</p><p>junto de 12 importantes DT de notificação compulsória e, no ano seguinte, esta proporção alcançou 46,7%</p><p>(65,4/100.000 habitantes). Os anos de 1990 despontaram com a emergência do DENV2 e, a partir de 1994, a</p><p>circulação deste sorotipo e do DENV1 foi produzindo epidemias de grande magnitude em inúmeros centros ur-</p><p>banos brasileiros, de modo que ao final daquela década quase 1,5 milhões de casos de dengue foram registra-</p><p>dos. Só em 1998, ano da maior epidemia desse período, o número de casos de dengue foi mais de três vezes</p><p>superior (352,4/100.000 habitantes) à do conjunto de 12 DT (105,0/100.000 habitantes). Esta situação foi se</p><p>agravando no decorrer do século XXI, pois além das epidemias, passou a ocorrer centenas de casos da Febre</p><p>Hemorrágica do Dengue/FHD de elevada letalidade, logo após a introdução do DENV3. Por exemplo, em 2002</p><p>a incidência de dengue alcançou 401,6/100.000 habitantes e foram diagnosticados 2608 casos de FHD e 121</p><p>óbitos. Em 2010, o DENV4 também passou a circular intensamente, e assim se estabeleceu a cocirculação dos</p><p>quatro sorotipos, e a incidência vem se mantendo em patamares elevados, destacando-se que não tem havido</p><p>períodos com decréscimo de incidência conforme era observado nas décadas anteriores</p><p>Com a emergência de mais dois arbovírus transmitidos pelo Ae. aegypti, o CHIKV em 2014 e o ZIKV, iden-</p><p>tificado laboratorialmente em 2015 (embora haja evidências de que já estava circulando anteriormente), houve</p><p>agravamento do quadro epidemiológico do país. A Zika era considerada uma doença branda, autolimitada, sem</p><p>complicações associadas. Contudo, após circulação intensa do ZIKV em cidades do Nordeste brasileiro, uma</p><p>epidemia inesperada de microcefalia, posteriormente identificada como uma síndrome causada pela transmis-</p><p>são vertical deste agente, vitimou milhares de crianças. Esta Emergência de Saúde Pública de Interesse Nacio-</p><p>nal e Internacional foi seguida de investigação e resposta oportuna, que mobilizou profissionais e dirigentes das</p><p>três esferas de gestão do SUS. No que pese as medidas vigilância e controle do vetor terem sido prontamente</p><p>desenvolvidas, mais de 3000 casos de Síndrome Congênita do Zika já foram confirmados desde então. Proto-</p><p>colos e serviços de atenção especial à saúde das crianças acometidas foram implementadas pelo SUS, desde</p><p>o início da detecção desta epidemia. Os primeiros casos de chikungunya foram detectados simultaneamente na</p><p>Bahia e Amapá, e desde então, houve expansão desta doença para muitos municípios do país, especialmente</p><p>da região Nordeste. Embora apresente, nas formas leves, sintomas semelhantes ao da dengue, a maior rele-</p><p>vância desta doença se dá pelas manifestações clínicas persistentes na fase crônica (que pode acometer até</p><p>metade dos pacientes), principalmente com comprometimento das articulações que interfere</p><p>negativamente na</p><p>qualidade de vida dos pacientes. Ademais ocorrem formas atípicas e graves com comprometimento do sistema</p><p>nervoso. As manifestações atípicas e a presença de doenças concorrentes, especialmente em idosos, tem sido</p><p>relacionada a uma maior letalidade da Chikungunya no Brasil.</p><p>A partir de 2014, os dados epidemiológicos destas três arboviroses registrados no Brasil, são de difícil inter-</p><p>pretação dado que incialmente chikungunya e Zika não foram incluídas no sistema de notificação universal e,</p><p>como as mesmas apresentam características clínicas na fase aguda muito semelhantes ao dengue, parte dos</p><p>casos foram notificados como esta enfermidade. Em vista disso, no Gráfico 2 a incidência foi calculada para</p><p>o conjunto das notificações destas três doenças. Observe-se, que em 2016, a incidência do conjunto das três</p><p>arboviroses foi de 1016,4/100.000 habitantes, representando 24 vezes o valor deste indicador para o conjunto</p><p>das demais 12 DT analisadas. Ou seja, fica evidente que a baixa efetividade ou inexistência de instrumentos de</p><p>prevenção para estas arboviroses, impede a manutenção das DT sob controle.</p><p>Febre amarela</p><p>Poucos casos de febre amarela silvestre (FAS)vinham sendo confirmados no Brasil desde a década de</p><p>1980. Há cada ciclo de cinco a sete anos se observava epidemias com transmissão na área epizoótica, inclu-</p><p>sive em 1999/2000 (76 e 85 casos, respectivamente) e 2008/2009 (46 e 47 casos, respectivamente) casos hu-</p><p>manos foram confirmados em espaços urbanos, muito embora o ciclo de transmissão tenha sido silvestre. Con-</p><p>tudo, em 2017, ocorreu uma epidemia de grande magnitude, quando foram confirmados 776 casos humanos e</p><p>observou-se grande expansão da área de transmissão desta virose, com ocorrências em várias áreas urbanas.</p><p>Em 2018, vem sendo confirmados casos de FAS nas mesmas áreas. As razões para esta expansão ainda são</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>69</p><p>desconhecidas, porém este evento vem impondo a realização de campanhas em massa de vacinação contra a</p><p>febre amarela das populações de grandes centros urbanos a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador,</p><p>com utilização, pela primeira vez no país, de dose fracionada da vacina.</p><p>Saúde mental</p><p>Saúde Mental é estar de bem consigo e com os outros. Saber lidar com as boas emoções e também com</p><p>as desagradáveis, aceitar as exigências da vida, reconhecer seus limites e buscar ajudam quando necessário.</p><p>Vários são os fatores que influenciam nossos comportamentos, as nossas escolhas, a nossa cultura, entre</p><p>outros. A desarmonia desses fatores pode levar uma pessoa a desenvolver um transtorno mental em um deter-</p><p>minado momento de sua vida.</p><p>Como exemplo, podemos citar alguém que desenvolve um medo excessivo da violência, a ponto de recu-</p><p>sar-se em sair às ruas, fato que nos leva a concluir de imediato que existem várias causas colaborando para</p><p>isso, como a própria história de vida da pessoa.</p><p>É por isso que, na consulta de enfermagem, precisamos conhecer mais os nossos clientes, saber do que</p><p>gostam, a sua etnia, como vivem, a fim m de tornar mais fácil identificar os fatores que exercem influência no</p><p>momento atual de seu transtorno e, assim, elaborar as intervenções necessárias.</p><p>Podemos dizer que alguns grupos influenciam o surgimento da doença mental. São eles:</p><p>• Biológico - alterações ocorridas no corpo como um todo, em determinado órgão ou no sistema nervoso</p><p>central (fatores genéticos ou hereditários, pré-natais e perinatais, neuro-endocrinológicos);</p><p>• Social - interações que temos com os outros, nossas relações pessoais, profissionais e ou em grupos</p><p>(medo na infância);</p><p>• Culturais - modificam-se de país para país, ou seja, a noção de certo e errado modifica-se conforme o</p><p>grupo de convívio (religião, escola, família, país, cultura);</p><p>• Econômico - a necessidade e a miséria podem levar ao aumento da criminalidade e esta, ao aumento da</p><p>tensão no nosso dia a dia (o consumismo leva a dívidas que ultrapassam os ganhos);</p><p>Sabemos que a incidência de transtornos mentais é alta, e também que as Unidades Básicas de Saúde</p><p>(UBS) são as mais procuradas nesses casos, e é por isso que a equipe de enfermagem deve estar preparada</p><p>para esse tipo de atendimento.</p><p>A maior parte dos profissionais reconhece como ações de saúde mental apenas a administração de me-</p><p>dicamentos psiquiátricos e o encaminhamento do paciente para serviços especializados. Mas, na realidade o</p><p>atendimento da enfermagem para esses casos deve ir muito além, começando por acolher e escutar o cliente.</p><p>A priori deve-se entender que os transtornos mentais não aparecem de forma clara e explícita, nós devemos</p><p>aprender a identificá-los também nos pacientes que não aparentam ter transtornos mentais. É preciso identifi-</p><p>car os pacientes que sofrem exclusão social e até mesmo observar os familiares.</p><p>Sinais e sintomas como insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas</p><p>somáticas são os mais comuns e podem levar à incapacidade e à procura por serviços de saúde.</p><p>As ações de enfermagem em Saúde Mental devem começar já na entrevista, perguntando e ouvindo com</p><p>atenção não somente a queixa do paciente, mas sua história de vida, sua cultura, seu processo de adoecimen-</p><p>to, seus problemas emocionais e sofrimentos. É preciso conversar com o paciente, orientá-lo, pois muitas vezes</p><p>essas ações são mais eficazes do que iniciar outra via terapêutica nesse indivíduo. Além disso, conversar e</p><p>orientar a família também são ações relevantes.</p><p>Quanto mais confiança o paciente sentir do profissional mais ele se manifestará de forma sincera e verba-</p><p>lizará as suas dúvidas.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>70</p><p>Em longo prazo, deve-se acompanhar o indivíduo, principalmente se este estiver fazendo uso de terapia</p><p>medicamentosa. Deve-se observar também se o mesmo está tendo melhora no seu quadro de saúde mental.</p><p>Os profissionais de enfermagem devem entender que o portador de distúrbio mental é um sujeito ativo, e</p><p>que apesar de pensar ou agir de forma diferente da maioria, seus pensamentos e desejos devem ser levados</p><p>em consideração e respeitados na medida do possível.</p><p>Para fazer um acompanhamento de forma eficiente, é preciso, além de assistir o enfermo, investir em reu-</p><p>niões com a família, visitas domiciliares, contato com a escola e/ou trabalho, e também orientá-lo quanto aos</p><p>centros de cultura e programas de inclusão social, pois sociabilizá-lo com pessoas novas, pode e deve fazer</p><p>muito bem para a sua recuperação.</p><p>Desde 2003 foram incluídas na Estratégia de Saúde da Família (ESF) equipes de Saúde Mental. O principal</p><p>objetivo é tratar do paciente no contexto familiar, pois realizar o tratamento isolado da família, das pessoas que</p><p>o indivíduo tem contato diário, nem sempre apresenta resultados positivos.</p><p>Não há um modelo pronto de atendimento a ser seguido pelo profissional de saúde, cabe ao enfermeiro</p><p>ser criativo e estar disposto a ajudar o paciente, além de procurar se aprimorar e se qualificar a respeito nesse</p><p>âmbito.</p><p>Psicopatologia na Atualidade</p><p>Atualmente, reconhece-se como transtornos mentais os problemas classificados no DSMIV e CID-10, como</p><p>depressão, ansiedade, autismo e esquizofrenia. Também é reconhecido o diagnóstico de atraso mental como</p><p>um déficit de inteligência, que pode ser leve, moderado, grave ou profunda.</p><p>O DSM-IV classifica os diferentes transtornos mentais nos seguintes grupos:</p><p>- Transtornos usualmente diagnosticados na lactância, infância e adolescência, como os retardos mentais</p><p>e distúrbios de aprendizagem;</p><p>- Delirium, Demência, Transtornos Amnésicos e Outros Transtornos Cognitivos;</p><p>- Transtornos Mentais devido à Condição Clínica Geral, como transtornos catatônicos e desvios de perso-</p><p>nalidade;</p><p>- Transtornos Relacionados a Substâncias, como abuso de álcool ou dependência de drogas, ou ainda</p><p>transtornos induzidos por uso de substância como abstinência de nicotina ou demência alcoólica;</p><p>- Esquizofrenia e Outros Transtornos</p><p>Psicóticos, como paranoia (esquizofrenia do tipo paranoide) ou trans-</p><p>torno delirante;</p><p>- Transtornos do Humor, como depressão ou transtorno bipolar;</p><p>- Transtornos de ansiedade, como fobias ou pânico;</p><p>- Transtornos somatoformes, como transtornos conversivos e transtornos dismórficos;</p><p>- Transtornos factícios, como a síndrome de Munchousen;</p><p>- Transtornos dissociativos, como anmésia dissociativa ou fuga dissociativa;</p><p>- Transtornos sexuais e de identidade de gênero, como aversão sexual ou parafilias (como pedofilia);</p><p>- Transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia nervosa;</p><p>- Transtornos do sono, como insônia ou terror noturno;</p><p>- Transtornos de controle de impulso, como cleptomania ou piromania;</p><p>- Transtornos de personalidade, como personalidade paranoica ou personalidade obsessivo-compulsiva.</p><p>O CID-10 classifica os transtornos mentais e de comportamento, da seguinte forma:</p><p>- Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos (F00-F09), como Alzheimer, demência vascular</p><p>ou transtornos mentais devido a lesão cerebral ou doença física;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>71</p><p>- Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa (F10-F19), como uso de</p><p>álcool ou múltiplas drogas;</p><p>- Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes (F20-F29), como esquizofrenia e psicose</p><p>aguda;</p><p>- Transtornos de humor ou afetivos (F30-F39), como depressão ou transtorno bipolar.</p><p>- Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e transtornos somatoformes (F40-F48),</p><p>como transtorno obsessivo-compulsivo ou transtorno de estresse pós-traumático;</p><p>- Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores físicos (F50-F59), como os</p><p>transtornos alimentares ou disfunções sexuais ou de sono causados por fatores emocionais;</p><p>- Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto (F60-F69), como transtornos de hábitos e</p><p>impulsos.</p><p>- Retardo Mental (F70-79), classificados como leve, moderado, grave ou profundo;</p><p>- Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80-F89), como transtornos relacionados à linguagem ou ao</p><p>desenvolvimento motor;</p><p>- Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância</p><p>ou a adolescência (F90-F98), como distúrbios de conduta ou transtornos hipercinéticos;</p><p>- Transtorno mental não especificado (F99).</p><p>Referências:</p><p>CID-10 [2008]: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/webhelp/cid10.htm</p><p>Psiquiatria Geral: http://www.psiquiatriageral.com.br/</p><p>Sinais e Sintomas de Transtornos Mentais</p><p>De acordo com a apresentação do cliente:</p><p>- Aparência: maneira de se vestir e de cuidar da higiene pessoal;</p><p>- Psicomotricidade: atividade motora, envolvendo a velocidade e intensidade; agitação (hiperatividade); re-</p><p>tardo (hipoatividade); tremores; maneirismo; tiques; catatonia; obediência automática; negativismo;</p><p>De acordo com a Linguagem e Pensamento:</p><p>- Característica da fala: observar se a fala é espontânea, se ocorre logorreia (fala acelerada); mutismo (man-</p><p>tém- se mudo); gagueira; ecolalia (repetição das ultimas palavras, como em eco);</p><p>- Pensamento: inicia com os cinco sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) e conclui se com o racio-</p><p>cínio.</p><p>- Inibição do pensamento: lentificado, pouco produtivo;</p><p>- Fuga de ideias: tem um aporte tão grande de ideias que não consegue concluí-las, emenda um assunto no</p><p>outro de tal maneira que torna difícil sua compreensão;</p><p>- Desagregação do pensamento: constrói sentenças corretas, muitas vezes até rebuscadas, mas sem um</p><p>sentido compreensível, fazendo associações estranhas;</p><p>- Ideias supervalorizadas e obsessivas: mantém um discurso circular voltando sempre para o mesmo as-</p><p>sunto;</p><p>- Ideias delirantes: ideias que não correspondem à realidade, mas que para o indivíduo são a mais pura</p><p>verdade.</p><p>Ex.: meus olhos possuem sistema de raio laser.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>72</p><p>De acordo com Senso-Percepção:</p><p>- Senso-percepção: síntese de todas as sensações e percepções (pelos 5 sentidos) que temos e com ela</p><p>formamos uma ideia de tudo o que está à nossa volta.</p><p>- Alucinações: são sensações ou percepções em que o objeto não existe, mas que é extremamente real</p><p>para o paciente e ele não pode controlá-las, pois independem de sua vontade; podem ser auditivas, visuais,</p><p>gustativas, olfativas, táteis, sinestésicas e outras;</p><p>- Ilusões: sensação referente à percepção de objeto que existe. Ex.: O teto está baixando e poderá esma-</p><p>gá-lo.</p><p>De acordo com afetividade e Humor:</p><p>- Tristeza patológica: profundo abatimento, baixa autoestima, geralmente acompanhados de tendência para</p><p>o isolamento, choro fácil, inibição psicomotora;</p><p>- Alegria patológica: estado eufórico, agitado, com elevada autoestima, grande desinibição.</p><p>De acordo com a Atenção e Concentração:</p><p>- Inatenção: dificuldade de concentração;</p><p>- Distração: mudança constante de focos de atenção;</p><p>- Orientação: consciência de dados que nos localizem, principalmente, no tempo e no espaço;</p><p>- Desorientação: incapacidade de relacionar os dados a fim de perceber o espaço e o tempo.</p><p>Transtorno Bipolar de Humor</p><p>O transtorno de Humor é uma doença caracterizada pela alternância de humor: ora ocorrem episódios de</p><p>euforia (mania), ora de depressão, com períodos intercalados de normalidade. Com o passar dos anos os</p><p>episódios repetem-se com intervalos menores, havendo variações e existindo até casos em que a pessoa tem</p><p>apenar um episódio de mania ou depressão durante a vida. Apesar de o Transtorno Bipolar do Humor nem sem-</p><p>pre ser facilmente identificado, existem evidências de que fatores genéticos possam influenciar o aparecimento</p><p>da doença.</p><p>Durante o tratamento farmacoterápico, a enfermagem deve estar atenta para a avaliação do paciente quan-</p><p>to à adesão ao tratamento e às respostas fisiológicas aos medicamentos, percebendo sua adaptação ou não</p><p>aos mesmos.</p><p>Importante ainda é perceber o grau de orientação do paciente e da família quanto à terapêutica utilizada,</p><p>direcionando, quando necessária, atenção aos mesmos, propiciando conhecimentos suficientes para que pos-</p><p>sam identificar eventos adversos. Também é necessário cuidar do preparo da medicação, levando a família a</p><p>apoiar e o paciente a aderir ao tratamento.</p><p>Transtorno de personalidade</p><p>Trata-se de distúrbios graves da constituição caracterológica e das tendências comportamentais do indi-</p><p>víduo, não diretamente imputáveis a uma doença, lesão ou outra afecção cerebral ou a um outro transtorno</p><p>psiquiátrico. Estes distúrbios compreendem habitualmente vários elementos da personalidade, acompanham-</p><p>-se em geral de angústia pessoal e desorganização social; aparecem habitualmente durante a infância ou a</p><p>adolescência e persistem de modo duradouro na idade adulta.</p><p>As pessoas com transtorno de personalidade não têm o que se considera um padrão normal de vida – do</p><p>ponto de vista estatístico, ou seja, comparado ao modo de viver das outras pessoas. Esta perturbação atinge</p><p>todos os pontos da personalidade de uma pessoa que causam uma ação nos que a cercam e sobre o contexto</p><p>em que habita – na forma de demonstrar seus sentimentos, nas atitudes sociais.</p><p>O portador deste transtorno provoca danos a si mesmo e aos que com ele convivem. Quando as mutações</p><p>na personalidade se tornam persistentes, embora não caracterizem nenhuma mudança patológica, elas com-</p><p>põem então o Transtorno de Personalidade.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>73</p><p>Quando certos contextos com os quais as pessoas estão familiarizadas subitamente se transformam, al-</p><p>gumas delas não conseguem adaptar seus traços de personalidade às novas circunstâncias. É como se elas</p><p>fossem prisioneiras do seu modo de ser e, não sendo capazes de se adaptar ao novo, ao desconhecido, seus</p><p>traços de personalidade passam a lhes perturbar, bem como aos seus parentes e amigos.</p><p>Muitas vezes o comportamento de alguém passa a não corresponder a determinadas expectativas dos pa-</p><p>drões</p><p>culturais atualmente em vigor, tanto na área da impressão de si mesmo, das outras pessoas ou de alguns</p><p>acontecimentos, quanto no campo afetivo, envolvendo a vantagem ou não das réplicas emocionais; no anda-</p><p>mento das relações entre as pessoas, bem como no freio dos impulsos. Outras vezes, suas atitudes tornam-se</p><p>intransigentes, com sérias consequências.</p><p>Outra característica deste transtorno é a ausência de bem-estar nas interações sociais e profissionais. Este</p><p>processo tem início, geralmente, na fase da adolescência ou, no máximo, assim que o sujeito se torna adulto. É</p><p>necessário ter certeza, antes de se valer deste diagnóstico, que não há a ocorrência de nenhuma outra patolo-</p><p>gia, o uso excessivo de determinadas substâncias químicas, nem mesmo a incidência de problemas orgânicos</p><p>ou de lesões cerebrais. Certas perturbações desta natureza não devem ser analisadas como transtorno de</p><p>personalidade em menores de 18 anos.</p><p>Deve-se distinguir o transtorno de personalidade, como caracterizado acima, dos Transtornos de Alteração</p><p>da Personalidade, que ocorrem a partir de um certo momento, desencadeados normalmente por um evento</p><p>traumático ou um estresse grave. Para se definir melhor este fenômeno, os pesquisadores costumam subdivi-</p><p>di-lo em várias categorias.</p><p>Classe A – Transtornos excêntricos ou estranhos:</p><p>- Transtorno de personalidade esquizoide: embaraços na hora de interagir socialmente e de revelar os sen-</p><p>timentos. Pessoas indiferentes e solitárias.</p><p>- Transtorno de personalidade esquizotípica: forma mais suave de esquizofrenia. Presença de pensamentos</p><p>nada comuns.</p><p>- Transtorno de personalidade paranoide: desconfiança constante em relação às pessoas.</p><p>Classe B - Transtornos dramáticos, imprevisíveis ou irregulares:</p><p>- Transtorno de personalidade antissocial: pessoas insensíveis aos sentimentos dos outros. Não desejam</p><p>se adaptar às leis vigentes.</p><p>- Transtorno de personalidade histriônica: seus portadores estão sempre se desdobrando para ser o centro</p><p>das atenções.</p><p>- Transtorno de personalidade limítrofe: interações afetivas intensas, porém caóticas e carentes de organi-</p><p>zação; instáveis e impulsivas.</p><p>- Transtorno de personalidade narcisista: caracteriza os apaixonados por sua própria imagem.</p><p>Classe C – Transtornos ansiosos ou receosos:</p><p>- Transtorno de personalidade dependente: pessoas muito dependentes afetiva e fisicamente de outros.</p><p>- Transtorno de personalidade esquiva: aqueles que são portadores de uma timidez exagerada.</p><p>- Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva: não confundir com o TOC-Transtornos Obsessivos</p><p>Compulsivos. Indivíduos que têm uma tendência para serem perfeccionistas, severos, impertinentes com eles</p><p>mesmos e com os outros; são muito frios e submetidos constantemente a uma intensa disciplina.</p><p>Tipos de distúrbios de personalidade:</p><p>- Paranoide;</p><p>- Esquizoide;</p><p>- Esquizotípica;</p><p>- Antissocial;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>74</p><p>- Borderline;</p><p>- Histriônica;</p><p>- Narcisista;</p><p>- Esquiva;</p><p>- Obsessivo- Compulsiva.</p><p>Transtornos de Ansiedade</p><p>A ansiedade é uma reação normal diante de situações que podem provocar medo, dúvida ou expectativa.</p><p>Nesses casos, a ansiedade funciona como um sinal que prepara a pessoa para enfrentar o desafio e, mesmo</p><p>que ele não seja superado, favorece sua adaptação às novas condições de vida.</p><p>O transtorno da ansiedade generalizada (TAG), segundo o manual de classificação de doenças mentais</p><p>(DSM.IV), é um distúrbio caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente</p><p>e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguin-</p><p>tes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, perturbação do</p><p>sono, palpitações, falta de ar, taquicardia, aumento da pressão arterial, sudorese excessiva, dor de cabeça,</p><p>alteração nos hábitos intestinais, náuseas, aperto no peito, dores musculares.</p><p>Transtornos Alimentares</p><p>São transtornos mentais graves, crônicos, que acometem principalmente os adolescentes e adultos jovens,</p><p>mais do sexo feminino, levando a danos psicológicos, sociais e clínicos, podendo, nos casos extremos, acarre-</p><p>tar a morte. As características comportamentais gerais são a preocupação excessiva com o peso e a aparência</p><p>do corpo acarretando comportamentos alimentares prejudiciais a saúde, dificuldades no relacionamento social</p><p>e sofrimento.</p><p>Classificação dos transtornos alimentares segundo o CID-10:</p><p>- anorexia nervosa– há importante conflito na imagem corporal, com medo excessivo de engordar. Acome-</p><p>tem as pessoas magras e negam a fome.</p><p>- anorexia nervosa atípica - transtornos que apresentam algumas das características da anorexia nervosa</p><p>mas cujo quadro clínico global não justifica tal diagnóstico. Por exemplo, ausência do temor acentuado de ser</p><p>gordo na presença de uma acentuada perda de peso e de um comportamento para emagrecer.</p><p>-bulimia nervosa – em geral os pacientes apresentam peso normal ou sobrepeso, não negam a fome.</p><p>-transtorno de compulsão alimentar periódica – o paciente come sem fome até sentir-se repleto e com culpa.</p><p>Pode ter relação com a obesidade, as dietas para emagrecer não funcionam. Apresentam autocrítica negativa</p><p>com sintomas depressivos e ansiosos.</p><p>-transtorno alimentar não especificado. Incluem todos outros transtornos, inclusive a orthorexia, vigorexia,</p><p>drunkorexia, diaberexia etc.</p><p>Epidemiologia da anorexia nervosa:Yates, 1989, relatou que a maioria dos estudos estabeleceu uma</p><p>prevalência de 1 caso entre 100 garotas adolescentes, sendo as mulheres de classe social mais alta as que</p><p>têm o maior risco. Cecil Loeb - Tratado de Medicina Interna, 14ª Edição relatou que a incidência de novos casos</p><p>atinge uma faixa de 0,6 a 1,6 por 100.000 habitantes. A idade comum de início é entre 14 e 17 anos, mas pode</p><p>ocorrer mais cedo entre 10 a 13 anos ou mais tarde até aos 40 anos de idade. A doença é pelo menos 10 vezes</p><p>mais frequente nas moças do que nos rapazes e aflige principalmente as mulheres de nível sócio econômico</p><p>médio ou superior. Há importante conflito na imagem corporal, com medo excessivo de engordar. Acometem as</p><p>pessoas magras e negam a fome.</p><p>Epidemiologia da bulimia nervosa- BN: Aflige principalmente as mulheres de nível socioeconômico médio</p><p>ou superior. Em geral os pacientes apresentam peso normal ou sobrepeso, não negam a fome. Embora haja um</p><p>registro considerável de bulimia na imprensa popular a maioria da atenção tem sido dada aos aspectos relati-</p><p>vamente benignos do problema. Segundo Fairburn e Beglin (1990) que fizeram uma média dos resultados de</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>75</p><p>vários estudos, estimaram uma prevalência de 2,6%. Cooper e Fairburn (1983), com base em uma amostra da</p><p>comunidade, estimaram que 1,9% em mulheres. Pyle et al (1983) relatou que a prevalência de BN clinicamente</p><p>significativa e maior em estudantes universitárias que a da comunidade, correspondendo a aproximadamen-</p><p>te 4%. Outros estudos epidemiológicos tem mostrado uma prevalência menor que 2% da verdadeira bulimia</p><p>nervosa entre meninas no segundo grau escolar – grupo que se acredita ter o maior risco. Outras referências</p><p>bibliográficas citam a prevalência entre 1,1 à 4,2% na faixa dos 18 anos de idade.</p><p>Arthorexia:Não se conhece a prevalência, mas observa-se que a incidência está aumentando. É a obses-</p><p>são em comer extremamente correto com perigo a saúde e as relações sociais. O orthorético é extremamente</p><p>concentrado se um determinado alimento lhe fará bem ou mal, a ponto de inibir o apetite. Tal preocupação</p><p>excessiva também prejudica as relações afetivas e sociais e até mesmo ocasionar emagrecimento excessivo.</p><p>Vigorexia: e caracteriza pelo excesso de preocupação em ter um corpo forte. Os portadores desse trans-</p><p>torno exercitam-se em excesso e constantemente medindo sua musculatura para verificar se já obtiveram</p><p>resultados. Apesar de fortes ainda sim se consideram fracos. Quase sempre usam suplementos</p><p>alimentares</p><p>anabolizantes e até mesmo esteroides, mesmo que saibam que isto possa prejudicar a saúde. Esta doença é</p><p>mais comum nos homens, mas também há casos em mulheres. Não se conhece a prevalência, mas observa-se</p><p>que está cada vez mais comum. Diferente do fisiculturismo.</p><p>Transtorno compulsivo alimentar periódico:O transtorno de compulsão alimentar periódico (TCAP) é</p><p>uma doença caracterizada por episódios de comer compulsivo, sem o comportamento de purgação. O principal</p><p>sintoma do transtorno de compulsão alimentar é o impulso incontrolável para ingestão de grandes quantidades</p><p>de alimentos, sendo que a principal consequência é o ganho de peso progressivo, resultando em obesidade,</p><p>por vezes mórbida.</p><p>Referências:</p><p>Manual Merck de Medicina – 16ª Edição</p><p>Guideline 2000.</p><p>http://www.flumignano.com/medicos/biblioteca.htm</p><p>Dr. Steven Bratman – www.orthorexia.com</p><p>Transtorno Opositor Desafiante</p><p>O transtorno desafiador de oposição (TDO) ou Transtorno Opositor Desafiante é um transtorno disruptivo,</p><p>ou seja, não aceita regras, caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento</p><p>hostil. Os pacientes discutem excessivamente com adultos, não aceitam responsabilidade por sua má conduta,</p><p>incomodam deliberadamente os demais, possuem dificuldade em aceitar regras e perdem facilmente o controle</p><p>se as coisas não seguem a forma que eles desejam.</p><p>Geralmente os pacientes apresentam um padrão contínuo de comportamento não cooperativo, desafiante,</p><p>desobediente e hostil incluindo resistência à figura de autoridade. o padrão de comportamento pode incluir:</p><p>-frequentes acessos de raiva;</p><p>-discussões excessivas com adultos, muitas vezes, questionando as regras;</p><p>-desafio e recusa em cumprir com os pedidos de adultos;</p><p>-deliberada tentativa de irritar ou perturbar as pessoas;</p><p>-culpar os outros por seus erros;</p><p>-muitas vezes, ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos outros;</p><p>-agressividade;</p><p>-dificuldade em manter as amizades;</p><p>-problemas acadêmicos</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>76</p><p>Os sintomas são geralmente vistos em várias configurações, massão mais perceptíveis em casa ou na es-</p><p>cola. Este problema é bastante comum, ocorrendo entre 2% e 16% das crianças e adolescentes.</p><p>Esquizofrenia</p><p>Os transtornos esquizofrênicos são distúrbios mentais graves e persistentes, caracterizados por distorções</p><p>do pensamento e da percepção, por inadequação e embotamento do afeto por ausência de prejuízo no sen-</p><p>sório e na capacidade intelectual (embora ao longo do tempo possam aparecer déficits cognitivos). Seu curso</p><p>é variável, com cerca de 30% dos casos apresentando recuperação completa ou quase completa, 30% com</p><p>remissão incompleta e prejuízo parcial de funcionamento e 30% com deterioração importante e persistente da</p><p>capacidade de funcionamento profissional, social e afetivo.</p><p>A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena, ou seja, originada dentro do organismo, que se carac-</p><p>teriza pela perda do contato com a realidade. A pessoa pode ficar fechada em si mesma, com o olhar perdido,</p><p>indiferente, ter alucinações e delírios. Ela ouve vozes que ninguém mais escuta e imagina estar sendo vítima.</p><p>Não há argumento nem bom senso que a convença do contrário.</p><p>Os dois sintomas “produtivos e negativos” da esquizofrenia:</p><p>-Os produtivos, que são basicamente, os delírios e as alucinações. O delírio se caracteriza por uma visão</p><p>distorcida da realidade. O mais comum, na esquizofrenia, é o delírio persecutório. O indivíduo acredita que</p><p>está sendo perseguido e observado por pessoas que tramam alguma coisa contra ele. As alucinações carac-</p><p>terizam-se por uma percepção que ocorre independentemente de um estímulo externo. Por exemplo: o doente</p><p>escuta vozes, em geral, as vozes dos perseguidores, que dão ordens e comentam o que ele faz. São vozes</p><p>imperativas que podem levá-lo ao suicídio. Delírio e alucinações são sintomas produtivos que respondem mais</p><p>rapidamente ao tratamento.</p><p>Os sintomas negativos da doença, mais resistentes ao tratamento, e que se caracterizam por diminuição</p><p>dos impulsos e da vontade e por achatamento afetivo. Há a perda da capacidade de entrar em ressonância com</p><p>o ambiente, de sentir alegria ou tristeza condizente com a situação externa.</p><p>É uma doença frequente e universal que incide em 1% da população. Ocorre em todos os povos, etnias e</p><p>culturas. Existem estudos comparativos indicando que ela se manifesta igualmente em todas as classes so-</p><p>cioeconômicas e nos países ricos e pobres. Isso reforça a ideia de que a esquizofrenia é uma doença própria</p><p>da condição humana e independe de fatores externos. Em cada 100 mil habitantes, surgem de 30 a 50 casos</p><p>novos por ano.</p><p>Existe um componente genético importante. O risco sobe para 13%, se um parente de primeiro grau for por-</p><p>tador da doença. Quanto mais próximo o grau de parentesco, maior o risco, chegando ao máximo em gêmeos</p><p>monozigóticos. Se um deles tem esquizofrenia, a possibilidade de o outro desenvolver o quadro é de 50%. Mas,</p><p>em linhas gerais o ambiente pode influenciar o adoecimento nas etapas mais precoces do desenvolvimento</p><p>cerebral, da gestação à primeira infância, bem como na adolescência.</p><p>Tipos de Esquizofrenia:</p><p>- esquizofrenia residual: refere-se a uma esquizofrenia que já tem muitos anos e com muitas consequências.</p><p>Neste tipo de esquizofrenia podem predominar sintomas como o isolamento social, o comportamento excêntri-</p><p>co, emoções pouco apropriadas e pensamentos ilógicos.</p><p>-esquizofrenia simples: normalmente, começa na adolescência com emoções irregulares ou pouco apro-</p><p>priadas, pode ser seguida de um demorado isolamento social, perda de amigos, poucas relações reais com a</p><p>família e mudança de personalidade, passando de sociável a antissocial e terminando em depressão. É tam-</p><p>bém pouco frequente.</p><p>-esquizofrenia indiferenciada: apesar desta classificação, é importante destacar que os doentes esquizo-</p><p>frénicos nem sempre se encaixam perfeitamente numa certa categoria. Também existem doentes que não se</p><p>podem classificar em nenhum dos grupos mencionados. A estes doentes pode-se atribuir o diagnóstico de</p><p>esquizofrenia indeferenciada.</p><p>-esquizofrenia paranoide: predominam sintomas positivos como alucinações e enganos, com uma relativa</p><p>preservação o funcionamento cognitivo e do afetivo, o inicio tende ser mais tardio que o dos outros tipos.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>77</p><p>-esquizofrenia catatónica: sintomas motores característicos são proeminentes, sendo os principais a ativi-</p><p>dade motora excessiva, extremo negativismo (manutenção de uma postura rígida contra tentativas de mobiliza-</p><p>ção, ou resistência a toda e qualquer instrução), mutismo, cataplexia (paralisia corporal momentânea), ecolalia</p><p>(repetição patológica, tipo papagaio e aparentemente sem sentido de uma palavra ou frase que outra pessoa</p><p>acabou de falar) e ecopraxia (imitação repetitiva dos movimentos de outra pessoa). Necessita cuidadosa ob-</p><p>servação, pois existem riscos potenciais de desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou ferimentos auto infligidos.</p><p>-esquizofrenia desorganizada: discurso desorganizado e sintomas negativos como comportamento desor-</p><p>ganizado e achatamento emocional predominam neste tipo de esquizofrenia. Os aspectos associados incluem</p><p>trejeitos faciais, maneirismos e outras estranhezas do comportamento.</p><p>Abuso de Substâncias Psicoativas</p><p>Droga psicoativa ou substância psicotrópica é a substância química que age principalmente no sistema ner-</p><p>voso central, onde altera a função cerebral e temporariamente muda a percepção, o humor, o comportamento</p><p>e a consciência.</p><p>Substâncias psicoativas são aquelas que alteram o psiquismo. Diversas dessas drogas possuem potencial</p><p>de abuso, ou seja, são passíveis da autoadministração repetida e consequente ocorrência de fenômenos, como</p><p>uso nocivo (padrão de uso de substâncias psicoativas que está causando dano à saúde física ou mental), tole-</p><p>rância (necessidade de doses crescentes da substância para atingir</p><p>prévio da vítima ou do seu responsável.</p><p>Art. 53Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos</p><p>diferentes meios de comunicação e publicidade.</p><p>Art. 54Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento técnico-científico, ético-político, socioeducativo</p><p>e cultural dos profissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação.</p><p>Art. 55Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético-políticos, socioeducativos e culturais, em bene-</p><p>fício da pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da profissão.</p><p>Art. 56Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e ex-</p><p>tensão, devidamente aprovados nas instâncias deliberativas.</p><p>Art. 57Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolvendo seres humanos.</p><p>Art. 58Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no processo de pesquisa, em todas as etapas.</p><p>Art. 59Somente aceitar encargos ou atribuições quando se julgar técnica, científica e legalmente apto para</p><p>o desempenho seguro para si e para outrem.</p><p>Art. 60Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente relativa à preservação do meio ambiente no</p><p>gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.</p><p>CAPÍTULO III</p><p>DAS PROIBIÇÕES</p><p>Art. 61Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de Ética e à legislação que disciplina o exercício</p><p>da Enfermagem.</p><p>Art. 62Executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não</p><p>ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>7</p><p>Art. 63Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem a legislação e princí-</p><p>pios que disciplinam o exercício profissional de Enfermagem.</p><p>Art. 64Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de qualquer forma ou tipo de violência contra a</p><p>pessoa, família e coletividade, quando no exercício da profissão.</p><p>Art. 65Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência de fatos que envolvam recusa ou demissão</p><p>motivada pela necessidade do profissional em cumprir o presente código e a legislação do exercício profissio-</p><p>nal; bem como pleitear cargo, função ou emprego ocupado por colega, utilizando-se de concorrência desleal.</p><p>Art. 66Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal de qualquer instituição ou estabelecimento con-</p><p>gênere, quando, nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na legislação.</p><p>Art. 67Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa, família e coletividade, além do que lhe é devido,</p><p>como forma de garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de qualquer natureza para si ou</p><p>para outrem.</p><p>Art. 68Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanismos de coação, omissão ou suborno, com</p><p>pessoas físicas ou jurídicas, para conseguir qualquer tipo de vantagem.</p><p>Art. 69Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias</p><p>políticas ou qualquer tipo de conceito ou preconceito que atentem contra a dignidade da pessoa humana, bem</p><p>como dificultar o exercício profissional.</p><p>Art. 70Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para praticar atos tipificados como crime ou contravenção</p><p>penal, tanto em ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não a exerça, ou qualquer ato que</p><p>infrinja os postulados éticos e legais.</p><p>Art. 71Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difamação de pessoa e família, membros das equi-</p><p>pes de Enfermagem e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras áreas e instituições</p><p>em que exerce sua atividade profissional.</p><p>Art. 72Praticar ou ser conivente com crime, contravenção penal ou qualquer outro ato que infrinja postula-</p><p>dos éticos e legais, no exercício profissional.</p><p>Art. 73Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação, exceto nos casos per-</p><p>mitidos pela legislação vigente.</p><p>Parágrafo único.Nos casos permitidos pela legislação, o profissional deverá decidir de acordo com a sua</p><p>consciência sobre sua participação, desde que seja garantida a continuidade da assistência.</p><p>Art. 74Promover ou participar de prática destinada a antecipar a morte da pessoa.</p><p>Art. 75Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergência ou naquelas expressamente autorizadas</p><p>na legislação, desde que possua competência técnica-científica necessária.</p><p>Art. 76Negar assistência de enfermagem em situações de urgência, emergência, epidemia, desastre e ca-</p><p>tástrofe, desde que não ofereça risco a integridade física do profissional.</p><p>Art. 77Executar procedimentos ou participar da assistência à saúde sem o consentimento formal da pessoa</p><p>ou de seu representante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte.</p><p>Art. 78Administrar medicamentos sem conhecer indicação, ação da droga, via de administração e potenciais</p><p>riscos, respeitados os graus de formação do profissional.</p><p>Art. 79Prescrever medicamentos que não estejam estabelecidos em de saúde pública e/ou em rotina apro-</p><p>vada em instituição de saúde, exceto em situações de emergência.</p><p>Art. 80Executar prescrições e procedimentos de qualquer natureza que comprometam a segurança da pes-</p><p>soa.</p><p>Art. 81Prestar serviços que, por sua natureza, competem a outro profissional, exceto em caso de emergên-</p><p>cia, ou que estiverem expressamente autorizados na legislação vigente.</p><p>Art. 82Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no des-</p><p>cumprimento da legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização humana, reprodução</p><p>assistida ou manipulação genética.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>8</p><p>Art. 83Praticar, individual ou coletivamente, quando no exercício profissional, assédio moral, sexual ou de</p><p>qualquer natureza, contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equipe de saúde, seja por meio</p><p>de atos ou expressões que tenham por consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e</p><p>constrangedoras.</p><p>Art. 84Anunciar formação profissional, qualificação e título que não possa comprovar.</p><p>Art. 85Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patrimônio das organizações da categoria.</p><p>Art. 86Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de conteúdo duvidoso sobre assunto de sua</p><p>área profissional.</p><p>Parágrafo único.Fazer referência a casos, situações ou fatos, e inserir imagens que possam identificar pes-</p><p>soas ou instituições sem prévia autorização, em qualquer meio de comunicação.</p><p>Art. 87Registrar informações incompletas, imprecisas ou inverídicas sobre a assistência de Enfermagem</p><p>prestada à pessoa, família ou coletividade.</p><p>Art. 88Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como permitir que suas ações</p><p>sejam assinadas por outro profissional.</p><p>Art. 89Disponibilizar o acesso a informações e documentos a terceiros que não estão diretamente envolvi-</p><p>dos na prestação da assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado pelo paciente, representante</p><p>legal ou responsável legal, por determinação judicial.</p><p>Art. 90Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações sobre o exercício profissional quando solicita-</p><p>do pelo Conselho Regional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de Enfermagem.</p><p>Art. 91Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a outro membro da equipe de Enfermagem, exceto</p><p>nos casos de emergência.</p><p>Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a outros membros da equipe de saúde.</p><p>Art. 92Delegar atribuições dos(as) profissionais de enfermagem, previstas na legislação, para acompanhan-</p><p>tes e/ou responsáveis pelo paciente.</p><p>Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos da atenção domiciliar para o autocuidado</p><p>apoiado.</p><p>Art. 93Eximir-se da responsabilidade legal da assistência prestada aos pacientes sob seus cuidados reali-</p><p>zados por alunos e/ou estagiários sob sua supervisão e/ou orientação.</p><p>Art. 94Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel</p><p>o efeito desejado), abstinência, compulsão</p><p>para o consumo e a dependência (síndrome composta de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cogniti-</p><p>vos no qual o uso de uma substância torna-se prioritário para o indivíduo em relação a outros comportamentos</p><p>que antes tinham maior importância).</p><p>As substâncias psicoativas são divididas em três grupos:</p><p>- Drogas psicoanalépticas ou estimulantes do SNC (cocaína, anfetamina, nicotina, cafeína etc.).</p><p>-Drogas psicolépticas ou depressoras do SNC (álcoolbenzodiazepínicos, barbitúricos, opioides, solventes</p><p>etc.</p><p>-Drogas psicodislépticas ou alucinógenas (cannabis, LSD, fungos alucinógenos, anticolinérgicos etc.).</p><p>Os limites são entre o uso recreativo, o abuso e a dependência de substâncias psicoativas. Postula-se que</p><p>sejam fenômenos que ocorram continuamente e que alguns parâmetros orientem a transição de um estágio</p><p>para o outro.</p><p>O abuso ou uso nocivo seria um momento intermediário entre o uso recreativo (de baixo risco, não sendo</p><p>caracterizado como um problema médico) e a dependência. Já há prejuízo decorrente do consumo da substân-</p><p>cia, mas ainda há algum controle do indivíduo quanto à quantidade consumida e à duração dos efeitos.</p><p>A dependência de substâncias psicoativas é uma síndrome cujo elemento central é um desejo intenso de</p><p>consumir a substância.</p><p>Dependência de Substâncias Psicoativas</p><p>Alguns fatores de risco podem contribuir para a Dependência Química, são eles:</p><p>Fatores Biológicos:</p><p>- predisposição genética</p><p>- capacidade do cérebro de tolerar presença constante da substância.</p><p>- capacidade do corpo em metabolizar a substância.</p><p>- natureza farmacológica da substância, tais como potencial de toxicidade e dependência, ambas influencia-</p><p>das pela via de administração escolhida.</p><p>Fatores Psicológicos:</p><p>- distúrbios do desenvolvimento</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>78</p><p>- morbidades psiquiátricas: ansiedade, depressão, déficit de atenção e hiperatividade, transtornos de per-</p><p>sonalidade.</p><p>- problemas / alterações de comportamento.</p><p>- baixa resiliência e limitado repertório de habilidades sociais.</p><p>- expectativa positiva quanto aos efeitos das substâncias de abuso</p><p>Fatores sociais:</p><p>- estrutura familiar disfuncional: violência doméstica, abandono,</p><p>- carências básicas.</p><p>- exclusão e violência social.</p><p>- baixa escolaridade.</p><p>- oportunidades e opções de lazer precárias.</p><p>- pressão de grupo para o consumo.</p><p>- ambiente permissivo ou estimulador do consumo de substâncias</p><p>Intoxicação por uso Abusivo de Substancias Psicoativas</p><p>Em geral, os quadros de intoxicação são atendidos em serviços de emergência, frequentemente em decor-</p><p>rência de complicações clínicas, como rebaixamento do nível de consciência, convulsões e agitação psicomo-</p><p>tora. As condutas devem ser tomadas de acordo com o quadro clínico à admissão do paciente. Frequentemente</p><p>não dispomos de informações como a identificação exata da(s) droga(s) utilizada(s), assim como a quantidade</p><p>usada e o grau de tolerância prévia. As medidas específicas devem ser de acordo com cada substância inge-</p><p>rida.</p><p>Síndrome de Abstinência</p><p>No manejo das síndromes de abstinência, devemos priorizar o alívio dos sintomas e a prevenção de compli-</p><p>cações inerentes à abstinência da substância. O tratamento da síndrome de dependência, em geral, pode ser</p><p>realizado ambulatorialmente ou em regime de internação hospitalar. Algumas possíveis indicações de interna-</p><p>ção hospitalar, conforme estão presentes na listagem a seguir:</p><p>- rebaixamento do nível de consciência;</p><p>- crises convulsivas;</p><p>- sintomas depressivos severos ou persistentes, especialmente com risco de suicídio;</p><p>- sintomas psicóticos severos ou persistentes;</p><p>- comorbidades psiquiátricas (p. ex., esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, depressão melancólica, trans-</p><p>tornos ansiosos graves etc.);</p><p>- comorbidades clínicas severas (p. ex., AVC, hepatopatia, cardiopatias, infecções, doenças respiratórias</p><p>etc.);</p><p>- antecedente de síndrome de abstinência severa (delirium tremens,crises convulsivas);</p><p>- falha de tratamento ambulatorial;</p><p>- falta de motivação para qualquer forma de tratamento;</p><p>- ausência de suporte familiar ou social;</p><p>- idosos;</p><p>- risco de vida (comportamento autodestrutivo, dívidas com traficantes etc.).</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>79</p><p>Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH</p><p>O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade- TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas</p><p>genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se carac-</p><p>teriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ocorre em 3 a 5% das crianças.</p><p>Os sintomas desatenção, hiperatividade e impulsividade podem ser explicados da seguinte forma: Em geral</p><p>as crianças são tidas como desligadas, avoadas, “vivendo no mundo da lua”, e geralmente estabanadas ou</p><p>ligadas, não param quietas por muito tempo.</p><p>Retardo mental</p><p>Parada do desenvolvimento ou desenvolvimento incompleto do funcionamento intelectual, caracterizados</p><p>essencialmente por um comprometimento, durante o período de desenvolvimento, das faculdades que deter-</p><p>minam o nível global de inteligência, isto é, das funções cognitivas (processo de conhecimento/cognição), de</p><p>linguagem, da motricidade e do comportamento social. O retardo mental pode acompanhar um outro transtorno</p><p>mental ou físico, ou ocorrer de modo independentemente.</p><p>Tipos de retardo mental</p><p>Quociente de Inteligência-QI é um fator que mede a inteligência das pessoas com base nos resultados de</p><p>testes específicos. O QI mede o desempenho cognitivo de um indivíduo comparando a pessoas do mesmo</p><p>grupo etário.</p><p>- retardo mental leve: amplitude aproximada do QI entre 50 e 69 (em adultos, idade mental de 9 a menos</p><p>de 12 anos). Provavelmente devem ocorrer dificuldades de aprendizado na escola. Muitos adultos serão capa-</p><p>zes de trabalhar e de manter relacionamento social satisfatório e de contribuir para a sociedade.</p><p>- retardo mental moderado: amplitude aproximada do QI entre 35 e 49 (em adultos, idade mental de 6 a</p><p>menos de 9 anos). Provavelmente devem ocorrer atrasos acentuados do desenvolvimento na infância, mas a</p><p>maioria dos pacientes aprende a desempenhar algum grau de independência quanto aos cuidados pessoais</p><p>e adquirir habilidades adequadas de comunicação e acadêmicas. Os adultos necessitarão de assistência em</p><p>grau variado para viver e trabalhar na comunidade.</p><p>- retardo mental grave: amplitude aproximada de QI entre 20 e 40 (em adultos, idade mental de 3 a menos</p><p>de 6 anos). Provavelmente deve ocorrer a necessidade de assistência contínua.</p><p>- retardo mental profundo: QI abaixo de 20 (em adultos, idade mental abaixo de 3 anos). Devem ocorrer</p><p>limitações graves quanto aos cuidados pessoais, continência, comunicação e mobilidade.</p><p>É comum que a grande maioria dos enfermeiros reconheça como ações dentro de um tratamento de saúde</p><p>mental apenas a administração de remédios e o encaminhamento do paciente para serviços especializados.</p><p>No entanto, o atendimento da enfermagem deve ir muito além, acolhendo e escutando o paciente com atenção</p><p>e cuidado.</p><p>O enfermeiro que está tendo o primeiro contato com um paciente que sofre de transtornos mentais deve</p><p>aprender a direcionar a sua atenção em primeiro lugar no paciente e nas suas necessidades. Como esse pri-</p><p>meiro contato pode ser estressante, uma assistência humanizada e diferenciada será de grande valia para o</p><p>sucesso do tratamento.</p><p>Escutar o paciente com atenção e interesse e, principalmente, valorizar a comunicação não verbal, devem</p><p>ser peças-chaves em todos os atendimentos.</p><p>Para o enfermeiro que nunca teve nenhum contato com a área de saúde mental, a falta de procedimentos</p><p>invasivos parece incoerente. No entanto, a comunicação é um poderoso instrumento transformador nas rela-</p><p>ções entre profissionais e pacientes.</p><p>A construção de um vínculo de confiança entre enfermeiro e paciente é a melhor ação terapêutica para</p><p>esses casos.</p><p>Além disso,</p><p>é preciso que o enfermeiro esteja preparado para:</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>80</p><p>- Realizar avaliações biopsicossociais da saúde;</p><p>- Criar e implementar planos de cuidados para pacientes e familiares;</p><p>-Participar de atividades de gerenciamento de caso;</p><p>- Promover e manter a saúde mental;</p><p>- Fornecer cuidados diretos e indiretos;</p><p>- Controlar e coordenar os sistemas de cuidados;</p><p>- Integrar as necessidades do paciente, da família e de toda equipe médica.</p><p>Todos esses pontos, juntamente com uma relação terapêutica, trazem muitos benefícios ao tratamento,</p><p>como a redução da ansiedade e do estresse, o aumento do bem-estar, a melhora da memória, da qualidade de</p><p>vida e das funções psíquicas e a reintegração social do paciente.</p><p>Nestes casos, as ações de enfermagem devem começar com uma entrevista, com o profissional ouvindo</p><p>atentamente a queixa do paciente, mas também a sua história de vida, o seu processo de adoecimento e os</p><p>seus problemas emocionais. É preciso conversar com o paciente e com a família para orientá-los sobre as</p><p>ações mais eficazes para o tratamento terapêutico.</p><p>Como se proteger das possíveis intercorrências que podem acontecer?</p><p>Um enfermeiro deve estar qualificado para desenvolver as suas atividades com pacientes com transtornos</p><p>mentais, pois a demanda varia de acordo com estado psíquico de cada paciente. O profissional deve estar</p><p>preparado para saber lidar com as intercorrências que podem acontecer, ficando muitas vezes mais vulnerável</p><p>a efeitos negativos do trabalho.</p><p>Diante de uma situação como essa, é possível que apareça a dúvida de como atuar em uma área que pode</p><p>causar estresse e desgaste emocional, dificultando o desempenho no trabalho e até a vida pessoal do enfer-</p><p>meiro.</p><p>A necessidade de uma constante capacitação para que os enfermeiros possam desenvolver as habilidades</p><p>necessárias para impedir que o seu trabalho diário com pacientes com transtornos mentais influencie negativa-</p><p>mente na sua vida pessoal, além da sua saúde física e emocional, se faz fundamental.</p><p>A saúde mental</p><p>A Política Nacional de Saúde Mental é uma ação do Governo Federal, coordenada pelo Ministério da Saúde,</p><p>que compreende as estratégias e diretrizes adotadas pelo país para organizar a assistência às pessoas com</p><p>necessidades de tratamento e cuidados específicos em saúde mental. Abrange a atenção a pessoas com ne-</p><p>cessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo</p><p>bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo etc, e pessoas com quadro de uso nocivo e dependência de substân-</p><p>cias psicoativas, como álcool, cocaína, crack e outras drogas.</p><p>O acolhimento dessas pessoas e seus familiares é uma estratégia de atenção fundamental para a identifi-</p><p>cação das necessidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas</p><p>e terapêuticas, se e quando necessárias, conforme cada caso. Os indivíduos em situações de crise podem ser</p><p>atendidos em qualquer serviço da Rede de Atenção Psicossocial, formada por várias unidades com finalidades</p><p>distintas, de forma integral e gratuita, pela rede pública de saúde.</p><p>Além das ações assistenciais, o Ministério da Saúde também atua ativamente na prevenção de problemas</p><p>relacionados a saúde mental e dependência química, implementando, por exemplo, iniciativas para prevenção</p><p>do suicídio, por meio de convênio firmado com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que permitiu a ligação</p><p>gratuita em todo o país.</p><p>ATENÇÃO: O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, aten-</p><p>dendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por</p><p>telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do</p><p>número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar www.</p><p>cvv.org.br para chat.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>81</p><p>Estrutura de atendimento - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)</p><p>As diretrizes e estratégias de atuação na área de assistência à saúde mental no Brasil envolvem o Governo</p><p>Federal, Estados e Municípios. Os principais atendimentos em saúde mental são realizados nos Centros de</p><p>Atenção Psicossocial (CAPS) que existem no país, onde o usuário recebe atendimento próximo da família com</p><p>assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme o quadro de saúde de cada paciente. Nesses locais</p><p>também há possibilidade de acolhimento noturno e/ou cuidado contínuo em situações de maior complexidade.</p><p>A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é formada pelos seguintes pontos de atenção:</p><p>Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)</p><p>São pontos de atenção estratégicos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Unidades que prestam ser-</p><p>viços de saúde de caráter aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional que atua sobre a ótica</p><p>interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluin-</p><p>do aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em</p><p>situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial. São substitutivos ao modelo asilar, ou seja,</p><p>aqueles em que os pacientes deveriam morar (manicômios).</p><p>Modalidades dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)</p><p>CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive</p><p>pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes.</p><p>CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive</p><p>pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.</p><p>CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive</p><p>pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.</p><p>CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de</p><p>álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.</p><p>CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; todas faixas etárias; transtor-</p><p>nos mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões</p><p>com pelo menos 150 mil habitantes.</p><p>CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação; funciona-</p><p>mento 24h; todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões</p><p>com pelo menos 150 mil habitantes.</p><p>ATENÇÃO: Se o município não possuir nenhum CAPS, o atendimento de saúde mental é feito pela Atenção</p><p>Básica, principal porta de entrada para o SUS, por meio das Unidades Básicas de Saúde ou Postos de Saúde.</p><p>Urgência e emergência: SAMU 192, sala de estabilização, UPA 24h e pronto socorro</p><p>São serviços para o atendimento de urgências e emergências rápidas, responsáveis, cada um em seu âm-</p><p>bito de atuação, pela classificação de risco e tratamento das pessoas com transtorno mental e/ou necessida-</p><p>des decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas em situações de urgência e emergência, ou seja, em</p><p>momentos de crise forte.</p><p>Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)</p><p>São moradias ou casas destinadas a cuidar de pacientes com transtornos mentais, egressos de internações</p><p>psiquiátricas de longa permanência e que não possuam suporte social e laços familiares. Além disso, os Servi-</p><p>ços Residenciais Terapêuticos (SRTs) também podem acolher pacientes com transtornos mentais que estejam</p><p>em situação de vulnerabilidade pessoal e social, como, por exemplo, moradores de rua.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>82</p><p>Unidades de Acolhimento (UA)</p><p>Oferece cuidados contínuos de saúde, com funcionamento 24h/dia, em ambiente residencial, para pessoas</p><p>com necessidade</p><p>decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de ambos os sexos, que apresentem</p><p>acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar e demandem acompanhamento terapêutico e protetivo de caráter</p><p>transitório. O tempo de permanência nessas unidades é de até seis meses.</p><p>As Unidades de Acolhimento são divididas em:</p><p>Unidade de Acolhimento Adulto (UAA): destinada às pessoas maiores de 18 (dezoito) anos, de ambos os</p><p>sexos; e Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil (UAI): destinada às crianças e aos adolescentes, entre 10</p><p>(dez) e 18 (dezoito) anos incompletos, de ambos os sexos.</p><p>As UA contam com equipe qualificada e funcionam exatamente como uma casa, onde o usuário é acolhido</p><p>e abrigado enquanto seu tratamento e projeto de vida acontecem nos diversos outros pontos da RAPS.</p><p>Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental</p><p>Os Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental são serviços compostos por médico psiquiatra, psi-</p><p>cólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e outros profissionais que atuam</p><p>no tratamento de pacientes que apresentam transtornos mentais. Esses serviços devem prestar atendimento</p><p>integrado e multiprofissional, por meio de consultas.</p><p>Funcionam em ambulatórios gerais e especializados, policlínicas e/ou em ambulatórios de hospitais, am-</p><p>pliando o acesso à assistência em saúde mental para pessoas de todas as faixas etárias com transtornos</p><p>mentais mais prevalentes, mas de gravidade moderada, como transtornos de humor, dependência química e</p><p>transtornos de ansiedade, atendendo às necessidades de complexidade intermediária entre a atenção básica</p><p>e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).</p><p>Comunidades Terapêuticas</p><p>São serviços destinados a oferecer cuidados contínuos de saúde, de caráter residencial transitório para</p><p>pacientes, com necessidades clínicas estáveis, decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.</p><p>Enfermarias Especializadas em Hospital Geral</p><p>São serviços destinados ao tratamento adequado e manejo de pacientes com quadros clínicos agudizados,</p><p>em ambiente protegido e com suporte e atendimento 24 horas por dia. Apresentam indicação para tratamento</p><p>nesses Serviços pacientes com as seguintes características: incapacidade grave de autocuidados; risco de</p><p>vida ou de prejuízos graves à saúde; risco de autoagressão ou de heteroagressão; risco de prejuízo moral ou</p><p>patrimonial; risco de agresão à ordem pública. Assim, as internações hospitalares devem ocorrer em casos de</p><p>pacientes com quadros clínicos agudos, em internações breves, humanizadas e com vistas ao seu retorno para</p><p>serviços de base aberta.</p><p>Hospital-Dia</p><p>É a assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, para realização de procedi-</p><p>mentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na Unidade</p><p>por um período máximo de 12 horas.</p><p>O que é Reabilitação Psicossocial?</p><p>A reabilitação psicossocial é compreendida como um conjunto de ações que buscam o fortalecimento, a in-</p><p>clusão e o exercício de direitos de cidadania de pacientes e familiares, mediante a criação e o desenvolvimento</p><p>de iniciativas articuladas com os recursos do território nos campos do trabalho, habitação, educação, cultura,</p><p>segurança e direitos humanos.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>83</p><p>O que fazer para ter uma boa saúde mental?</p><p>- Praticar hábitos saudáveis e adotar um estilo de vida de qualidade, ajudam a manter a saúde mental em</p><p>dia.</p><p>- Jamais se isole</p><p>- Consulte o médico regularmente</p><p>- Faça o tratamento terapêutico adequado</p><p>- Mantenha o físico e o intelectual ativos</p><p>- Pratique atividades físicas</p><p>- Tenha alimentação saudável</p><p>- Reforce os laços familiares e de amizades</p><p>Quem pode ser afetado por problema de saúde mental e/ou dependência química?</p><p>Todas as pessoas, de ambos os sexos e em qualquer faixa etária, pode ser afetado, em algum momento,</p><p>por problemas de saúde mental ou dependência química, de maior ou menor gravidade. Algumas fases, no</p><p>entanto, podem servir como gatilhos para início do problema.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>84</p><p>- Entrada na escola (início dos estudos)</p><p>- Adolescência</p><p>- Separação dos pais</p><p>- Conflitos familiares</p><p>- Dificuldades financeiras</p><p>- Menopausa</p><p>- Envelhecimento</p><p>- Doenças crônicas</p><p>- Divórcio</p><p>- Perda entes queridos</p><p>- Desemprego</p><p>- Fatores genéticos</p><p>- Fatores infecciosos</p><p>- Traumas</p><p>- Falsos conceitos sobre saúde mental</p><p>É comum que as pessoas que sofram com transtornos mentais ou dependência química seja, muitas vezes,</p><p>incompreendidas, julgadas, excluídas e até mesmo marginalizadas, devido a falsos conceitos ou pré-conceitos</p><p>errados.</p><p>Entenda que as doenças mentais:</p><p>- Não são fruto da imaginação;</p><p>- A pessoa não escolhe ter;</p><p>- Algumas doenças mentais têm cura, outras possuem tratamentos específicos;</p><p>- Pessoas com problemas mentais são tão inteligentes quanto as que não têm;</p><p>- Pessoas com problemas mentais não são preguiçosas;</p><p>Estes mitos, aliados à discriminalização, aumentam os sintomas do problema e, em muitas ocasiões, podem</p><p>levar até ao suicídio. Mesmo nos casos mais graves, é possível controlar e reduzir os sintomas por meio de</p><p>medidas de reabilitação e tratamentos específicos. A recuperação é mais efetiva e rápida quanto mais precoce-</p><p>mente o tratamento for iniciado.</p><p>FAÇA SUA PARTE. NÃO DISSEMINE FALSOS CONCEITOS! Não questione, não ache que é frescura e</p><p>que é simplesmente força de vontade para superar. Não estigmatize. Apoie. Dê amor, atenção e compreensão.</p><p>Ajude a reabilitar, incentivando acompanhamento profissional adequado. Ajuda a integrar ou reintegrar a pes-</p><p>soa.</p><p>Tratamentos para saúde mental e dependência química</p><p>São o conjunto de estratégias adotadas para prestar tratamento em saúde às pessoas com problemas re-</p><p>lacionados a transtornos mentais, ao abuso e à dependência de substâncias psicoativas, como álcool, tabaco,</p><p>cocaína, crack, maconha, opioides, alucinógenos, drogas sintéticas, etc. O uso, abuso e dependência química</p><p>são problemas complexos, multifatoriais, que exigem abordagem interdisciplinar, envolvendo múltiplas áreas</p><p>governamentais (Saúde, Assistência Social, Trabalho, Justiça). Recentemente, o Governo alterou as diretrizes</p><p>de sua Política Nacional sobre Drogas, por meio da Resolução no 1 de 2018 do Conselho Nacional de Políticas</p><p>Sobre Drogas (CONAD). Abaixo, seguem as principais mudanças apresentadas na Resolução do CONAD:</p><p>- Alinhamento entre a Política Nacional sobre Drogas e a recém-publicada Política Nacional de Saúde Men-</p><p>tal;</p><p>- Ações de Prevenção, Promoção à Saúde e Tratamento passam a ser baseadas em evidências científicas;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>85</p><p>- Posição contrária à legalização das drogas;</p><p>- Estratégias de tratamento não devem se basear apenas em Redução de Danos, mas também em ações</p><p>de Promoção de Abstinência, Suporte Social e Promoção da Saúde;</p><p>- Fomento à pesquisa deve se dar de forma equânime, garantindo a participação de pesquisadores de dife-</p><p>rentes correntes de pensamento e atuação;</p><p>- Ações Intersetoriais;</p><p>- Apoio aos pacientes e familiares em articulação com Grupos, Associações e Entidades da Sociedade Civil,</p><p>incluindo as Comunidades Terapêuticas;</p><p>- Modificação dos documentos legais de orientação sobre a Política Nacional sobre Drogas, destinados aos</p><p>parceiros governamentais, profissionais da saúde e população em geral;</p><p>- Atualização da posição do Governo brasileiro nos foros internacionais, seguindo a presente Resolução.</p><p>Direitos das pessoas com transtornos mentais</p><p>Programa de Volta para Casa</p><p>O Programa de Volta para Casa é um dos instrumentos mais efetivos para a reintegração social das pes-</p><p>soas com longo histórico de hospitalização. Trata-se de uma das estratégias mais potencializadoras da eman-</p><p>cipação de pessoas com transtornos mentais e dos processos de desinstitucionalização e redução de leitos nos</p><p>estados e municípios. Criado por lei federal, o Programa é a concretização</p><p>de uma reivindicação histórica do</p><p>movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira.</p><p>O objetivo é contribuir efetivamente para o processo de inserção social das pessoas com longa história</p><p>de internações em hospitais psiquiátricos, por meio do pagamento mensal de um auxílio-reabilitação aos be-</p><p>neficiários. Para receber o auxílio-reabilitação do Programa De Volta para Casa, a pessoa deve ser egressa</p><p>de Hospital Psiquiátrico ou de Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, e ter indicação para inclusão</p><p>em programa municipal de reintegração social. O Programa possibilita a ampliação da rede de relações dos</p><p>usuários, assegura o bem estar global da pessoa e estimula o exercício pleno dos direitos civis, políticos e de</p><p>cidadania, uma vez que prevê o pagamento do auxílio-reabilitação diretamente ao beneficiário, por meio de</p><p>convênio entre o Ministério da Saúde e a Caixa Econômica Federal.</p><p>Benefício de Prestação Continuada (BPC)</p><p>O benefício de prestação continuada é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à</p><p>Fome (MDS) e operacionalizado pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). Os recursos para seu</p><p>custeio provêm do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). É, na verdade, a garantia de um salário mí-</p><p>nimo mensal ao idoso acima de 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade com impedimentos de</p><p>natureza física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo (aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo</p><p>de 2 anos), que o impossibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições</p><p>com as demais pessoas.</p><p>Benefício de Prestação Continuada na Escola</p><p>O programa Benefício de Prestação Continuada na Escola tem como objetivo monitorar o acesso e perma-</p><p>nência na escola dos beneficiários com deficiência, na faixa etária de 0 a 18 anos, por meio de ações articula-</p><p>das, entre as áreas da educação, assistência social, direitos humanos e saúde. Tem como principal diretriz a</p><p>identificação das barreiras que impedem ou dificultam o acesso e a permanência de crianças e adolescentes</p><p>com deficiência na escola e o desenvolvimento de ações intersetoriais, envolvendo as Políticas de Educação,</p><p>de Assistência Social, de Saúde e de Direitos Humanos, com vista à superação destas barreiras.</p><p>A reforma psiquiátrica</p><p>A Reforma Psiquiátrica no Brasil deve ser entendida como um processo político e social complexo. Na dé-</p><p>cada de 70 são registradas várias denúncias quanto à política brasileira de saúde mental em relação à política</p><p>de privatização da assistência psiquiátrica por parte da previdência social, quanto às condições (públicas e</p><p>privadas) de atendimento psiquiátrico à população.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>86</p><p>É nesse contexto, no fim da década citada, que surge pequenos núcleos estaduais, principalmente nos</p><p>estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Estes constituem o Movimento de Trabalhadores em</p><p>Saúde Mental (MTSM).</p><p>No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental</p><p>(DINSAM) e coloca em xeque a política psiquiátrica exercida no país. A questão psiquiátrica é colocada em</p><p>pauta, em vista disto, tais movimentos fazem ver à sociedade como os loucos representam a radicalidade da</p><p>opressão e da violência imposta pelo estado autoritário. A Reforma busca coletivamente construir uma crítica ao</p><p>chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais.</p><p>A Reforma Psiquiátrica no Brasil deve ser entendida como um processo político e social complexo, tendo</p><p>em vista, ser o mesmo uma combinação de atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em</p><p>territórios diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços</p><p>de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus fa-</p><p>miliares, nos movimentos sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública. (BRASIL, 2005).</p><p>O movimento pela Reforma Psiquiátrica tem início no Brasil no final dos anos setenta. Este movimento tinha</p><p>como bandeira a luta pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país. O que implicava na superação</p><p>do modelo anterior, o qual não mais satisfazia a sociedade.</p><p>O processo da Reforma Psiquiátrica divide-se em duas fases: a primeira de 1978 a 1991 compreende uma</p><p>crítica ao modelo hospitalocêntrico, enquanto a segunda, de 1992 aos dias atuais destaca-se pela implantação</p><p>de uma rede de serviços extrahospitalares.</p><p>O modelo mais adotado para conter a loucura foi o asilo. Britto apud Mesquita (2008:3) informa que no</p><p>Brasil a instituição da psiquiatria encontra-se relacionado à vinda da Família Real Portuguesa em 1808. Foi</p><p>nesta época que foram construidos os primeiros asilos que funcionavam como depósitos de doentes, mendi-</p><p>gos, deliquentes e criminosos, removendo-os da sociedade, com o objetivo de colocar ordem na urbanização,</p><p>disciplinando a sociedade e sendo, dessa forma, compatível ao desenvolvimento mercantil e as novas políticas</p><p>do século XIX.</p><p>BRITTO apud MESQUITA (2008:3) nos explica:</p><p>Com o relevante crescimento da população, a Cidade passou a se deparar com alguns problemas e, dentre</p><p>eles, a presença dos loucos pelas ruas. O destino deles era a prisão ou a Santa Casa de Misericórdia, que era</p><p>um local de amparo, de caridade, não um local de cura. Lá, os alienados recebiam um “tratamento” diferenciado</p><p>dos outros internos. Os insanos ficavam amontoados em porões, sofrendo repressões físicas quando agitados,</p><p>sem contar com assistência médica, expostos ao contágio por doenças infecciosas e subnutridos. Interessante</p><p>observar que naquele momento, o recolhimento do louco não possuía uma atitude de tratamento terapêutico,</p><p>mas, sim, de salvaguardar a ordem pública.</p><p>A psiquiatria nasce, no Brasil com o desígnio de resguardar a população contra os exageros da loucura,</p><p>ou seja, não havia finalidade em buscar uma cura para aqueles acometidos de transtornos mentais, mais sim,</p><p>excluí-los do seio da sociedade para que esta não se sentisse amofinada. ROCHA (1989, p.13) 9. Portanto, a</p><p>questão principal era o isolamento dos doentes mentais e não com um tratamento. É o Hospício D. Pedro II que,</p><p>em 1852, passa a internar os doentes mentais e a tirá-los do convívio em sociedade.</p><p>(ROCHA 1989:15) 10. Este mesmo autor enfatiza que “é a psiquiatria que cria espaço próprio para o enclau-</p><p>suramento do louco – capaz de dominá-lo e submete-lo.” Estes lugares de clausura eram os hospitais psiquiá-</p><p>tricos também denominados asilos, hospícios e manicômios.</p><p>Com o fim da Segunda Guerra Mundial, começa a surgir o modelo manicomial brasileiro, principalmente os</p><p>manicômios privados. Nos anos 60, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), o Estado</p><p>passa a utilizar os serviços psiquiátricos do setor privado. Dessa forma, cria-se uma “indústria para o enfrenta-</p><p>mento da loucura” (Amarante, 1995:13).</p><p>O modelo asilar ou hospitalocêntrico continua predominante até o final do primeiro meado do século XX.</p><p>Até que em 1961, o médico italiano Franco Baságlia assume a direção do Hospital Psiquiátrico de Gorizia, na</p><p>Itália. No campo das relações entre a coletividade e a insanidade, ele assumia uma atitude crítica para com a</p><p>psiquiatria clássica e hospitalar, por esta se centrar no princípio do insulamento do alienado. Ele defendia, ao</p><p>contrário, que o doente mental voltasse a viver com sua família. Sua atitude inicial foi aperfeiçoar a qualidade</p><p>de hospedaria e o cuidado técnico aos internos no hospital em que dirigia. Essas normas e o pensamento de</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>87</p><p>Franco Baságlia influenciam, entre outros, o Brasil, fazendo ressurgir diversas discussões que tratavam da de-</p><p>sinstitucionalização do portador de sofrimento mental e da humanização do tratamento a essas pessoas, com</p><p>o objetivo de promover a re-inserção social.</p><p>A Reforma</p><p>Psiquiátrica no Brasil</p><p>Na década de 70 são registradas várias denúncias quanto à política brasileira de saúde mental em relação</p><p>à política de privatização da assistência psiquiátrica por parte da previdência social, quanto às condições (pú-</p><p>blicas e privadas) de atendimento psiquiátrico à população. É nesse contexto, que no fim da década citada, que</p><p>surge a questão da reforma psiquiátrica no Brasil. Pequenos núcleos estaduais, principalmente nos estados</p><p>de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais constituem o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental</p><p>(MTSM). No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde</p><p>Mental (DINSAM) e coloca em xeque a política psiquiátrica exercida no país. A questão psiquiátrica é colocada</p><p>em pauta: “... tais movimentos fazem ver à sociedade como os loucos representam a radicalidade da opressão</p><p>e da violência imposta pelo estado autoritário”. (Rotelli et al, 1992: 48).</p><p>Na década de 80, ocorrem vários encontros, preparatórios para a I Conferência Nacional de Saúde Mental</p><p>(I CNSM), que ocorreu em 1987 os quais recomendam a priorização de investimentos nos serviços extra-hos-</p><p>pitalares e multiprofissionais como oposição à tendência hospitalocêntrica. No final de 1987 realiza-se o II</p><p>Congresso Nacional do MTSM em Bauru, SP, no qual se concretiza o Movimento de Luta Antimanicomial e é</p><p>construído o lema „por uma sociedade sem manicômios‟. Nesse congresso amplia-se o sentido político-con-</p><p>ceitual acerca do antimanicomial.</p><p>AMARANTES (1995:82) explica:</p><p>Enfim, a nova etapa (...) consolidada no Congresso de Bauru, repercutiu em muitos âmbitos: no modelo</p><p>assistencial, na ação cultural e na ação jurídicopolítica. No âmbito do modelo assistencial, esta trajetória é mar-</p><p>cada pelo surgimento de novas modalidades de atenção, que passaram a representar uma alternativa real ao</p><p>modelo psiquiátrico tradicional....</p><p>No ano de 1989, um ano após a criação do SUS – Sistema Único de Saúde – dá entrada no Congresso</p><p>Nacional o Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado (PT/MG).</p><p>O qual propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva</p><p>dos hospícios no país. Porém, cabe enfatizar que é somente no ano de 2001, após 12 anos de tramitação no</p><p>Congresso Nacional, que a Lei Paulo Delgado é aprovada no país. A concordância, no entanto, é uma emenda</p><p>do Projeto de Lei original, que traz alterações importantes no texto normativo.</p><p>Assim, a Lei Federal 10.216/2001 redireciona o amparo em saúde mental, privilegiando o oferecimento de</p><p>tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtor-</p><p>nos mentais, no entanto, não estabelece estruturas claras para a progressiva extinção dos manicômios. Ainda</p><p>assim, a publicação da lei 10.216 impõe novo impulso e novo ritmo para o processo de Reforma Psiquiátrica no</p><p>Brasil, pois mesmo antes de sua aprovação, suas consequências já eram visíveis por meio de diferentes ações,</p><p>tais como a de criação das SRTs e de programas, tal como “De volta pra casa”. Novas modalidades para o</p><p>tratamento do usuário de saúde mental foram postas em prática.</p><p>A Luta Antimanicomial possibilitou o desenvolvimento de pontos extremamente importantes para a desinsti-</p><p>tucionalização da loucura. Podemos destacar aqui o surgimento de relevantes serviços de atendimentos Extra-</p><p>-Hospitalares oriundos da Reforma Psiquiátrica: Núcleo de Atenção Psico-social (NAPS); Centro de Atendimen-</p><p>to Psico-social (CAPs I, CAPs II, CAPs III, CAPsi, CAPsad); Centro de Atenção Diária (CADs); Hospitais Dias</p><p>(HDs); Centros de Convivência e Cultura.</p><p>A Lei Paulo Delgado foi criticada, sobretudo por proprietários de hospitais e clínicas privadas conveniadas</p><p>ao SUS, nas quais se localizavam a maior parte dos leitos para o atendimento dos doentes mentais. Em 1985,</p><p>Segundo dados do Ministério da Saúde. 80% dos leitos psiquiátricos eram contratados enquanto somente 20%</p><p>eram internações na rede pública. (BRASIL, 2005).</p><p>TENÓRIO (2002:38) aponta para dois grandes marcos da década de 80, no que tange à Reforma Psiquiá-</p><p>trica: a inauguração do primeiro CAPS na Cidade de São Paulo e a Intervenção Pública na Casa de Saúde</p><p>Anchieta (Santos-SP) a qual funcionava com 145% de ocupação (290 leitos com 470 internados). O interna-</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>88</p><p>mento asilar não representava a exclusiva perspectiva para esta classe da população a qual tinha seus direitos</p><p>cerceados, impedida de ir e vir, em internações infindáveis onde os usuários em diversos casos perdiam suas</p><p>referencia com familiares e grupos afetivos. Efetivando-se acima de tudo em perda da autonomia destes.</p><p>A Reforma destaca-se então enquanto um movimento com a finalidade de intervir no então modelo vigente,</p><p>buscando o fim da mercantilização da loucura para assim poder “[...] construir coletivamente uma critica ao</p><p>chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais.</p><p>[...]” (BRASIL, 2005, P.2). Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas a qual propõe a</p><p>reestruturação da assistência psiquiátrica.</p><p>A Reforma ficou também conhecida como o Movimento de Luta Antimanicomial, tendo como meta a de-</p><p>sinstitucionalização do manicômio, compreendida como um conjunto de transformações de prática, saberes,</p><p>valores culturais e sociais. É no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações inter-pessoais</p><p>que o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios. A Refor-</p><p>ma destaca-se então enquanto um movimento com a finalidade de intervir no então modelo vigente, buscando</p><p>o fim da mercantilização da loucura para assim poder construir coletivamente uma critica ao chamado saber</p><p>psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais.2</p><p>Saúde mental, no modelo de atenção psicossocial, é considerada uma área que se insere na ideia de</p><p>complexidade, de simultaneidade, de transversalidade de saberes, de “construcionismo” e de “reflexividade”.</p><p>Assim, a área da saúde mental constitui uma complexa rede de saberes que envolve a psiquiatria, a neurologia</p><p>e as neurociências, a psicologia, a psicanálise, a filosofia, a fisiologia, a antropologia, a sociologia, a história e</p><p>a geografia (Amarante, 2011).</p><p>A transição paradigmática na saúde mental acompanha a transformação na saúde pública, na medida em</p><p>que supera o modelo asilar biomédico que é centrado na doença e no qual o médico é a figura de poder, deten-</p><p>tor máximo da verdade, neutralidade e distanciamento de seu “objeto de cuidado”.</p><p>Da mesma maneira, no cenário internacional, Mezzina (2005) aponta a mudança paradigmática na saúde</p><p>mental como uma “ruptura revolucionária”, que vai do modelo médico-biológico para um olhar ampliado, que</p><p>inclui aspectos psicossociais do sujeito a ser cuidado. Propõe-se a ruptura com as instituições totais e a organi-</p><p>zação de serviços humanos, inseridos nas comunidades, que consideram o paciente como sujeito e não como</p><p>objeto.</p><p>Segundo Costa-Rosa (2000), o paradigma psicossocial se pauta em quatro parâmetros fundamentais:</p><p>- implicação subjetiva do usuário, pressupondo a superação do modo de relação sujeito-objeto, característi-</p><p>co do modelo biomédico e das disciplinas especializadas que se pautam pelas ciências positivistas;</p><p>- horizontalização das relações intrainstitucionais, tanto entre as esferas do poder decisório, de origem</p><p>política, e as esferas do poder de coordenação, de natureza mais operativa, como também das relações espe-</p><p>cificamente interprofissionais;</p><p>- integralidade das ações no território que preconiza o posicionamento da instituição como espaço de in-</p><p>terlocução, como instância de “suposto saber” e, ao fazer dela um espaço de intensa porosidade em relação</p><p>ao território, praticamente subverte a própria natureza da instituição como dispositivo. A natureza da instituição</p><p>como organização fica modificada</p><p>e o local de execução de suas práticas se desloca do antigo interior da insti-</p><p>tuição para tomar o próprio território como referência;</p><p>- superação da ética da adaptação, ao propor suas ações na perspectiva de uma ética de duplo eixo que</p><p>considera, por um lado, a relação sujeito-desejo e, por outro, a dimensão carecimento-ideais, firmando a meta</p><p>da produção de subjetividade singularizada, tanto nas relações imediatas com o usuário propriamente dito</p><p>quanto nas relações com toda a população do território (Costa-Rosa, 2000).</p><p>Assim, o paradigma psicossocial situa a saúde mental no campo da saúde coletiva, compreendendo o</p><p>processo saúde-doença como resultante de processos biopsicossociais complexos, que demandam uma abor-</p><p>dagem interdisciplinar e intersetorial, com ações inseridas em uma diversidade de dispositivos comunitários e</p><p>territorializados de atenção e de cuidado (Yasui & Costa-Rosa, 2008).</p><p>2 Fonte: www.abep.nepo.unicamp.br - Por José Ferreira De Mesquita/Maria Salet Ferreira Novellino/Maria</p><p>Tavares Cavalcanti</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>89</p><p>No nível das práticas, isso implica na mudança de concepções sobre o que é tratar/cuidar, partindo da busca</p><p>de controlar sintomas e comportamentos, da fragmentação do paciente e da distância entre este e o profissio-</p><p>nal, chegando à busca de compreensão do sofrimento da pessoa e suas necessidades concretas, incluindo</p><p>as psicológicas e altamente subjetivas, colocando a pessoa como centro, sendo vista e considerada em suas</p><p>dimensões biopsicossociais, baseando-se no princípio da singularização, ou seja, no reconhecimento e con-</p><p>sideração de sua história, de suas condições de vida e de sua subjetividade únicas no momento assistencial</p><p>(Costa, 2004).Nessa direção, para que a transição paradigmática proposta se efetive de fato, faz-se necessária</p><p>a participação de diversos atores sociais, e um dos atores fundamentais nesse processo é o profissional de</p><p>saúde mental, que está na “linha de frente” do cotidiano assistencial.</p><p>Urgência e emergência. Assistência de Enfermagem em Primeiros Socorros</p><p>Alguns conceitos são importantes para compreensão do assunto:</p><p>– Primeiros Socorros são as avaliações e intervenções iniciais para uma doença ou lesão aguda, que podem</p><p>ser iniciadas por qualquer pessoa, inclusive ela própria. Seu objetivo é preserva a vida, aliviar o sofrimento,</p><p>prevenir progressão de novas patologias e promover a recuperação.</p><p>– Socorrismo é definido como sendo a utilização de um conjunto de técnicas e saberes em benefício do</p><p>indivíduo e da comunidade.</p><p>Finalidade dos Primeiros Socorros</p><p>– Preservar a vida.</p><p>– Restringir os efeitos da lesão.</p><p>– Promover a recuperação da vítima.</p><p>Diferença entre urgência e emergência</p><p>Urgência: é necessário ser feito com rapidez. O agravo à saúde não apresenta risco de vida evidente. O</p><p>atendimento pode aguardar até 24 horas.</p><p>Emergência: é inesperada e requer ação rápida. O atendimento precisa ser imediato.</p><p>— Aspectos legais do socorrismo</p><p>OMISSÃO DE SOCORRO (ART. 135º DO CÓDIGO PENAL.)</p><p>Todo cidadão é obrigado a prestar auxílio a quem esteja necessitando, tendo três formas para fazê-lo: aten-</p><p>der, auxiliar quem esteja atendendo ou solicitar auxílio.</p><p>Exceções da lei (em relação a atender e/ou auxiliar): menores de 16 anos, maiores de 65, gestantes a partir</p><p>do terceiro mês, deficientes visuais, mentais e físicos (incapacitados).</p><p>Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada</p><p>ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,</p><p>nesses casos, o socorro da autoridade pública.</p><p>Pena: Detenção de 01 (um) a 6 (seis) meses ou multa.</p><p>Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se a omissão resulta lesão corporal de natureza grave,</p><p>e triplica, se resulta em morte.</p><p>Em resumo: O artigo 135 do Código Penal Brasileiro é bem claro, onde ele afirma que deixar de prestar so-</p><p>corro à vítima de acidentes ou pessoas em perigo eminente, podendo fazê-lo é crime.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>90</p><p>— Etapas básicas do socorrismo</p><p>1 - Avaliação do Local do Acidente</p><p>Esta é a primeira etapa básica na prestação de primeiros socorros. Ao chegar no local de um acidente, ou</p><p>onde se encontra um acidentado, deve-se assumir o controle da situação e proceder a uma rápida e segura</p><p>avaliação da ocorrência.</p><p>2 - Proteção do Acidentado</p><p>– Analise o ambiente em que se encontra a vítima, a fim de minimizar os riscos tanto para o acidentado como</p><p>para o socorrista (fios elétricos, animais, tráfego, entre outros);</p><p>– Caso necessite parar ou desviar o trânsito, procure pessoas capazes de fazê-lo;</p><p>– Se necessário, remova a vítima para um local adequado;</p><p>– Atue sempre com o intuito de acalmar a pessoa, e sem movimentá-la com gestos bruscos;</p><p>– Converse com a vítima, pois, se ela responder, significa que não existe problema respiratório grave. Caso</p><p>ela não consiga se comunicar adequadamente, verifique se está respirando. Em caso negativo, você deve agir</p><p>rápido: proteja a sua mão, abra a boca da vítima e verifique se há algo atrapalhando a respiração, como próte-</p><p>se dentária ou vômito; remova imediatamente. Se necessário, faça a respiração boca-a-boca e a reanimação</p><p>cardiopulmonar (RCP);</p><p>– Se a vítima estiver vomitando, coloque-a na posição lateral de segurança (com a cabeça voltada para o</p><p>lado, a fim de evitar engasgos).</p><p>Dez mandamentos do socorrista</p><p>1. Manter a calma.</p><p>2. Ter em mente a seguinte ordem quando prestar socorro: eu (o socorrista) — minha equipe vítima.</p><p>3. Checar se há riscos no local de socorro.</p><p>4. Conservar o bom senso.</p><p>5. Manter o espírito de liderança.</p><p>6. Distribuir tarefas.</p><p>7. Evitar atitudes impensadas.</p><p>8. Havendo muitas vítimas, dar preferência àquelas com maior risco de vida (sofrendo de parada cardiorres-</p><p>piratória ou sangramento excessivo, por exemplo).</p><p>9. Agir como socorrista, não como herói.</p><p>10. Pedir auxílio, especialmente do Corpo de Bombeiros local.</p><p>Compreenda a situação</p><p>– Mantenha a calma;</p><p>– Procure o auxílio de outras pessoas, caso seja necessário, e peça que chamem um médico;</p><p>– Ligue para emergência em sua cidade;</p><p>– Mantenha os curiosos à distância, pois assim o socorrista terá espaço suficiente para trabalhar;</p><p>– Faça o exame primário para a avaliação completa do estado da vítima. Mas atenção: o exame secundá-</p><p>rio, que visa descobrir quais foram as lesões sofridas, só pode ser feito se a vítima se encontrar em condições</p><p>estáveis.</p><p>— Sinais vitais</p><p>São os sinais das funções orgânicas básicas, sinais clínicos de vida que refletem o equilíbrio ou o desequilí-</p><p>brio resultante das interações entre os sistemas do organismo e uma determinada doença.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>91</p><p>Avaliação dos sinais vitais</p><p>Pulso</p><p>1. Coloque a extremidade de dois dedos sobre a artéria carotídea, pressionando suavemente;</p><p>2. Avalie o volume do pulso como forte (cheio) ou fraco (filiforme);</p><p>3. Avalie o ritmo cardíaco: regular ou irregular;</p><p>4. Avalie a Frequência Cardíaca: conte o número de batimentos em 30 segundos e multiplique por 2.</p><p>A Frequência Cardíaca normal de um adulto em repouso situa-se na faixa de 60 a 100 batimentos por minu-</p><p>to, sendo geralmente mais baixa em um atleta bem condicionado.</p><p>O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho. Usar as pontas de 2 a 3 dedos levemente sobre</p><p>o pulso da pessoa do lado correspondente ao polegar.</p><p>É importante perguntar à vítima sua pressão arterial e passar essa informação ao profissional que for prestar</p><p>o socorro especializado.</p><p>Frequência Respiratória</p><p>1. Mantenha os dedos sobre a artéria carotídea;</p><p>2. Conte o número de incursões respiratórias, observando a elevação e o abaixamento da caixa torácica;</p><p>3. Avalie a frequência: conte o número de incursões em 30 segundos e multiplique por 2.</p><p>4. Compare com os valores normais.</p><p>Na clínica odontológica, o aumento da frequência respiratória pode ser observado na síndrome</p><p>de hiperven-</p><p>tilação gerada por quadros de ansiedade aguda.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>92</p><p>Frequência Respiratória (FR), em repouso, em função da idade.</p><p>• Tipos de respiração</p><p>Temperatura</p><p>Aumento da temperatura – hipertermia ou Febre:</p><p>– Doenças infecciosas, trauma, ansiedade.</p><p>– Em crianças pode provocar convulsão</p><p>Diminuição da temperatura – hipotermia:</p><p>– Exposição ao frio, estado de choque</p><p>– Hipovolêmico</p><p>— Sinais de apoio</p><p>Os sinais de apoio3 são emitidos em função do estado de funcionamento dos órgãos vitais, podendo haver</p><p>alterações em casos de hemorragia, parada cardíaca, entre outros.</p><p>Dilatação e reatividade das pupilas</p><p>Tanto a dilatação quanto a reatividade das pupilas são sinais de apoio muito importantes. Uma pupila to-</p><p>talmente dilatada indica que o cérebro não está recebendo oxigênio, o que pode ocasionar danos cerebrais</p><p>graves.</p><p>3 Disponível em Quais são os sinais de apoio? - Medilar Blog Acesso em 30.01.2022</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>93</p><p>Cor e umidade da pele</p><p>Olhar a cor e a umidade da pele (da face) e das extremidades dos membros, local onde as alterações se</p><p>manifestam primeiro.</p><p>Estado de consciência</p><p>Quando nos deparamos com uma pessoa acidentada, ela pode estar em estado de consciência plena, quan-</p><p>do é capaz de informar com clareza sobre o seu estado físico.</p><p>Motilidade e sensibilidade do corpo</p><p>A falta de sensibilidade no corpo é um sinal de apoio que pode nos fornece várias informações.</p><p>— Roteiro de prioridade no atendimento</p><p>A classificação de risco tem como finalidade identificar a prioridade clínica com que o paciente deve ser</p><p>atendido e o respectivo tempo alvo recomendado até a observação médica. Não se trata de estabelecer diag-</p><p>nósticos. A escala de classificação, segundo o Protocolo de Manchester, é a seguinte:</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>94</p><p>— Exame físico</p><p>A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência clínica ou traumática é a segunda</p><p>etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Ela deve ser realizada simultaneamente ou imediatamente</p><p>à “avaliação do acidente e proteção do acidentado”.</p><p>Esse exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes prioridades:</p><p>– Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas (nome, idade, etc).</p><p>– Respiração: movimentos torácicos e abdominais com entrada e saída de ar normalmente pelas narinas ou</p><p>boca.</p><p>– Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que se perde. Se é arterial ou venoso.</p><p>– Pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as pupilas).</p><p>–Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na face e extremidades. Deve-se ter sempre uma</p><p>ideia bem clara do que se vai fazer, para não expor desnecessariamente o acidentado, verificando se há feri-</p><p>mento com o cuidado de não o movimentar excessivamente.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>95</p><p>Em seguida proceder a um exame rápido das diversas partes do corpo. Se o acidentado está consciente,</p><p>perguntar por áreas dolorosas no corpo e incapacidade funcionais de mobilização. Pedir para apontar onde é a</p><p>dor, pedir para movimentar as mãos, braços, etc.</p><p>Escala de Glasgow</p><p>É usada para avaliar o nível de consciência e a evolução das lesões cerebrais em uma vítima de trauma ence-</p><p>fálico. A escala compreende três testes: respostas de abertura ocular, fala e capacidade motora. Os três valores</p><p>separadamente, assim como sua soma, são considerados.</p><p>A escala compreende três testes: respostas de abertura ocular, fala e capacidade motora. Os três valores</p><p>separadamente, assim como sua soma, são considerados.</p><p>Abertura ocular (AO) - Existem quatro níveis:</p><p>4 - Olhos se abrem espontaneamente...</p><p>3 - Olhos se abrem ao comando verbal. (Não confundir com o despertar de uma pessoa adormecida; se</p><p>assim for, marque 4, se não, 3.)</p><p>2 - Olhos se abrem por estímulo doloroso.</p><p>1 - Olhos não se abrem. por nenhum motivo</p><p>Melhor resposta verbal (MRV) - Existem 5 níveis:</p><p>5- Orientado. (O paciente responde coerentemente e apropriadamente às perguntas sobre seu nome e ida-</p><p>de, onde está e porquê, a data etc)</p><p>4 - Confuso. (O paciente responde às perguntas coerentemente, mas há alguma desorientação e confusão)</p><p>3 - Palavras inapropriadas. (Fala aleatória, mas sem troca conversacional)</p><p>2 - Sons ininteligíveis. (Gemendo, grunido, sem articular palavras)</p><p>1 - Ausente.</p><p>Melhor resposta motora (MRM) - Existem 6 níveis:</p><p>6 - Obedece a ordens verbais. (O paciente faz coisas simples quando lhe é ordenado.)</p><p>5- Localiza estímulo doloroso.</p><p>4- Retirada inespecífica à dor.</p><p>3 - Padrão flexor à dor (decorticação- flexão de membros sup. e extensão de membros inf.)</p><p>2- Padrão extensor à dor (descerebração - extensão de membros superiores e inferiores)</p><p>1 - Sem resposta motora.</p><p>Cabeça e Pescoço</p><p>Sempre verificando o estado de consciência e a respiração do acidentado, apalpar, com cuidado, o crânio a</p><p>procura de fratura, hemorragia ou depressão óssea.</p><p>Proceder da mesma forma para o pescoço, procurando verificar o pulso na artéria carótida, observando</p><p>frequência, ritmo e amplitude, correr os dedos pela coluna cervical, desde a base do crânio até os ombros,</p><p>procurando alguma irregularidade.</p><p>Coluna Dorsal</p><p>Perguntar ao acidentado se sente dor. Na coluna dorsal correr a mão pela espinha do acidentado desde a</p><p>nuca até o sacro. A presença de dor pode indicar lesão da coluna dorsal.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>96</p><p>Tórax e Membros</p><p>Verificar se há lesão no tórax, se há dor quando respira ou se há dor quando o tórax é levemente compri-</p><p>mido. Solicitar ao acidentado que movimente de leve os braços e verificar a existência de dor ou incapacidade</p><p>funcional. Localizar o local da dor e procurar deformação, edema e marcas de injeções.</p><p>Exame do acidentado Inconsciente</p><p>O acidentado inconsciente é uma preocupação, pois além de se ter poucas informações sobre o seu estado</p><p>podem surgir, complicações devido à inconsciência.</p><p>O primeiro cuidado é manter as vias respiratórias superiores desimpedidas fazendo a extensão da cabeça,</p><p>ou mantê-la em posição lateral para evitar aspiração de vômito. Limpar a cavidade bucal.</p><p>O exame do acidentado inconsciente deve ser igual ao do acidentado consciente, só que com cuidados re-</p><p>dobrados, pois os parâmetros de força e capacidade funcional não poderão ser verificados.</p><p>Observando-se as seguintes alterações deve ter prioridade acima de qualquer outra iniciativa. Ela pode</p><p>salvar uma vida:</p><p>– Falta de respiração;</p><p>– Falta de circulação (pulso ausente);</p><p>– Hemorragia abundante;</p><p>– Perda dos sentidos (ausência de consciência);</p><p>– Envenenamento.</p><p>— Técnicas e métodos de reanimação cardiopulmonar</p><p>A ressuscitação cardiorrespiratória (RCR) é um conjunto de medidas utilizadas no atendimento à vítima de</p><p>parada cardiorrespiratória (PCR). A RCR é uma técnica de grande emergência e muita utilidade.</p><p>A parada cardíaca é a interrupção repentina da função de bombeamento cardíaco, que pode ser constatada</p><p>pela falta de batimentos do acidentado (ao encostar o ouvido na região anterior do tórax do acidentado), pulso</p><p>ausente (não se consegue palpar o pulso) e ainda quando houver dilatação das pupilas (menina dos olhos), e</p><p>que, pode ser revertida com intervenção rápida, mas que causa morte se não for tratada.</p><p>Os seguintes elementos deverão ser observados para a determinação de PCR:</p><p>– Ausência de pulso numa grande artéria (por exemplo: carótida). Esta ausência representa o sinal mais</p><p>importante de PCR e determinará o início imediato das manobras de ressuscitação cardiorrespiratória.</p><p>– Apneia ou respiração arquejante. Na maioria dos casos a apneia ocorre cerca de 30 segundos após a pa-</p><p>rada cardíaca; é, portanto, um sinal relativamente precoce, embora, em algumas situações, fracas respirações</p><p>espontâneas, durante um minuto ou mais, continuem a ser observada após o início da PC. Nestes casos, é</p><p>claro, o sinal</p><p>não tem valor.</p><p>– Espasmo (contração súbita e violenta) da laringe.</p><p>– Cianose (coloração arroxeada da pele e lábios).</p><p>– Inconsciência. Toda vítima em PCR está inconsciente, mas várias outras emergências podem se associar</p><p>à inconsciência. É um achado inespecífico, porém sensível, pois toda vítima em PCR está inconsciente.</p><p>– Dilatação das pupilas, que começam a se dilatar após 45 segundos de interrupção de fluxo de sangue para</p><p>o cérebro. A midríase geralmente se completa depois de 1 minuto e 45 segundos de PC, mas se apresentar em</p><p>outras situações. Deste modo, não utilizar a midríase para diagnóstico da PCR ou para definir que a vítima está</p><p>com lesão cerebral irreversível. A persistência da midríase com a RCR é sinal de mau prognóstico. É um sinal</p><p>bastante tardio e não se deve esperar por ele para início das manobras de RCR.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>97</p><p>A ressuscitação cardiorrespiratória não é capaz de evitar a lesão cerebral por períodos prolongados.</p><p>Posicionamento para a Ressuscitação cardiorrespiratória</p><p>a) Do acidentado</p><p>– Posicionar o acidentado em superfície plana e firme.</p><p>– Mantê-lo em decúbito dorsal, pois as manobras para permitir a abertura da via aérea e as manobras da</p><p>respiração artificial são mais bem executadas nesta posição.</p><p>– A cabeça não deve ficar mais alta que os pés, para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral.</p><p>– Caso o acidentado esteja sobre uma cama ou outra superfície macia ele deve ser colocado no chão ou</p><p>então deve ser colocada uma tábua sob seu tronco.</p><p>– A técnica correta de posicionamento do acidentado deve ser obedecida utilizando-se as manobras de ro-</p><p>lamento.</p><p>b) Da pessoa que está socorrendo</p><p>– Este deve ajoelhar-se ao lado do acidentado, de modo que seus ombros fiquem diretamente sobre o es-</p><p>terno do acidentado.</p><p>Massagem Cardíaca Externa ou Compressão Torácica</p><p>É o método efetivo de ressuscitação cardíaca que consiste em aplicações rítmicas de pressão sobre o terço</p><p>inferior do esterno.</p><p>Para realizar a massagem cardíaca externa deve-se posicionar a vítima em decúbito dorsal. Posicionar ajoe-</p><p>lhado, ao lado do acidentado e num plano superior, de modo que possa executar a manobra com os braços em</p><p>extensão. Em seguida apoiar as mãos uma sobre a outra, na metade inferior do esterno, evitando fazê-lo sobre</p><p>o apêndice xifóide, pois isso tornaria a manobra inoperante e machucaria as vísceras. Não se deve permitir que</p><p>o resto da mão se apoie na parede torácica.</p><p>A compressão deve ser feita sobre a metade inferior do esterno, porque essa é a parte que está mais</p><p>próxima do coração. Com os braços em hiperextensão, aproveite o peso do seu próprio corpo para aplicar a</p><p>compressão, tornando-a mais eficaz e menos cansativa do que se utilizada a força dos braços. Aplicar pressão</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>98</p><p>suficiente para baixar o esterno de 3,8 a 5 centímetros para um adulto normal e mantê-lo assim por cerca de</p><p>meio segundo. O ideal é verificar se a compressão efetuada é suficiente para gerar um pulso carotídeo palpável</p><p>com isso se obtém uma pressão arterial média e um contorno de onda de pulso próximo do normal.</p><p>As compressões torácicas e a respiração artificial devem ser combinadas para que a ressuscitação cardior-</p><p>respiratória seja eficaz. A relação ventilações/compressões varia com a idade do acidentado e com o número</p><p>de pessoas que estão fazendo o atendimento emergencial. A frequência das compressões torácicas deve ser</p><p>mantida em 80 a 100 por minuto. Com a pausa que é efetuada para ventilação, a frequência real de compres-</p><p>sões cai para 60 por minuto.</p><p>Reavaliação</p><p>– Verificar pulso carotídeo após um minuto de ressuscitação cardiorrespiratória e depois a cada três minutos.</p><p>– Se pulso presente, verificar presença de respiração eficaz.</p><p>– Respiração presente: manter a vítima sob observação.</p><p>– Respiração ausente: continuar os procedimentos de respiração artificial e contatar com urgência o atendi-</p><p>mento especializado.</p><p>– Se o pulso ausente, iniciar RCR pelas compressões torácicas.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>99</p><p>– Verificar diâmetro das pupilas.</p><p>— Hemorragias</p><p>É a perda de sangue através de ferimentos, pelas cavidades naturais como nariz, boca, etc; ela pode ser</p><p>também, interna, resultante de um traumatismo.</p><p>As hemorragias podem ser classificadas:</p><p>– Hemorragias Arteriais: É aquela hemorragia em que o sangue sai em jato pulsátil e se apresenta com co-</p><p>loração vermelho vivo.</p><p>– Hemorragias Venosas: É aquela hemorragia em que o sangue é mais escuro e sai continuamente e lenta-</p><p>mente, escorrendo pela ferida.</p><p>Para os fins de primeiros socorros em:</p><p>– Hemorragia Externa: É aquela na qual o sangue é eliminado para o exterior do organismo, como acontece</p><p>em qualquer ferimento externo, ou quando se processa nos órgãos internos que se comunicam com o exterior,</p><p>como o tubo digestivo, ou os pulmões ou as vias urinárias.</p><p>– Hemorragia Interna: É aquela na qual o sangue extravasa em uma cavidade pré-formada do organismo,</p><p>como o peritoneu, pleura, pericárdio, meninges, cavidade craniana e câmara do olho.</p><p>Consequências das Hemorragias</p><p>– Hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de choque e morte.</p><p>– Hemorragias lentas e crônicas (por exemplo, através de uma úlcera) causam anemia (ou seja, quantidade</p><p>baixa de glóbulos vermelhos).</p><p>Quanto maior a quantidade perdida, mais graves serão as hemorragias. Estimamos ela conforme quadro:</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>100</p><p>A hemorragia arterial é menos frequente, mas é mais grave e precisa de atendimento imediato para sua</p><p>contenção e controle. A hemorragia venosa é a que ocorre com maior frequência, mas é de controle mais fácil,</p><p>pois o sangue sai com menor pressão e mais lentamente. Os locais mais frequentes de hemorragias internas</p><p>são tórax e abdome.</p><p>Conter uma hemorragia com pressão direta usando um curativo simples, é o método mais indicado. Se não</p><p>for possível, deve-se usar curativo compressivo; se com a pressão direta e elevação da parte atingida de modo</p><p>que fique num nível superior ao do coração, ainda se não for possível conter a hemorragia, pode-se optar pelo</p><p>método do ponto de pressão.</p><p>Atenção: Não elevar o segmento ferido se isto produzir dor ou se houver suspeita de lesão interna tal como</p><p>fratura.</p><p>— Lesões traumáticas</p><p>Lesões traumáticas são consideradas também como ferimentos.</p><p>Lesões Oculares</p><p>Podem ser produzidas por agentes físicos; tais como: corpos estranhos, queimaduras por exposição ao ca-</p><p>lor, luminosidade excessiva e agentes químicos; lacerações e contusões.</p><p>Em traumatismos severos pode haver exteriorização do globo ocular de sua órbita (extrusão).</p><p>Primeiros socorros:</p><p>1. Irrigação ocular com soro fisiológico, durante vários minutos em caso de lesão por agentes químicos, ou</p><p>na presença de corpos estranhos.</p><p>2. Não utilizar medicamentos tópicos (colírios ou anestésicos) sem parecer oftalmológico.</p><p>3. Não tentar remover corpos estranhos. Estabilizá-los com curativos adequados.</p><p>4. Oclusão ocular bilateral, com gaze umedecida, mesmo em lesões unilaterais. Esta conduta objetiva redu-</p><p>zir a movimentação ocular e o agravamento da lesão.</p><p>5. Em caso de extrusão de globo ocular não tentar recolocá-lo. Efetuar a oclusão ocular bilateral com gaze</p><p>umedecida.</p><p>6. A remoção de lentes de contato deve ser efetuada somente em vítimas inconscientes com tempo de trans-</p><p>porte prolongado, que não apresentem lesão ocular.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>101</p><p>Traumatismo Torácico</p><p>Os traumatismos torácicos são provocados, em sua maior frequência, por acidentes de trânsito e acidentes</p><p>industriais.</p><p>A gravidade dos traumatismos torácicos é diretamente proporcional aos tipos de lesões associadas, que</p><p>podem levar à morte ou dificultar o diagnóstico preciso da lesão traumática e, consequentemente, o tratamento</p><p>adequado para o caso.</p><p>A conduta básica deve ser observada,</p><p>enquanto providenciasse para que o socorro especializado seja cha-</p><p>mado com a maior urgência:</p><p>– É preciso ter cautela, estar calmo e agir com rapidez.</p><p>– O acidentado consciente ou inconsciente deve ser deitado sobre o lado ferido, na posição lateral de segu-</p><p>rança.</p><p>– Aplica-se curativo de gaze ou compressa de pano, desde que esteja limpo.</p><p>– Com este curativo, procura-se vedar totalmente a abertura do ferimento para impedir a entrada de ar.</p><p>– O curativo deverá ser preso e fixo firmemente com o cinto ou faixa de pano em torno do tórax, sem apertar.</p><p>– O acidentado deve ser encaminhado com urgência para atendimento especializado.</p><p>Traumatismos Abdominais</p><p>Os traumatismos abdominais são causados por acidentes automobilísticos, mas podem ocorrer em am-</p><p>bientes de trabalho devido à pancada de objetos pesados ou a quedas violentas amparadas pelo choque do</p><p>abdome contra alguma superfície dura.</p><p>As vítimas de ferimentos abdominais correm sério risco de entrar em estado de choque, devendo ser enca-</p><p>minhadas para assistência qualificada com urgência, pois é considerada como emergência.</p><p>Lesões dos Tecidos Moles</p><p>Os tecidos moles são aqueles que não são ossos nem dentes, como a pele, tecidos gordurosos, músculos</p><p>e órgãos internos.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>102</p><p>Contusões</p><p>São lesões provocadas por pancadas, sem a presença de ferimentos abertos, isto é, sem rompimento da</p><p>pele. Não há solução de continuidade da pele e só ocorre derramamento de sangue no tecido subcutâneo, ou</p><p>em camadas mais profundas. Quando há apenas o acometimento superficial, o acidentado apresenta somente</p><p>dor e inchação (edema) da área afetada. Quando há sufusão hemorrágica de pequeno porte, o local adquire</p><p>uma coloração preta ou azulada, chamamos a contusão de equimose. Quando vasos maiores são lesados, o</p><p>sangramento produz uma tumoração visível sob a pele, ocorre o hematoma formado pelo sangue extravasado.</p><p>As lesões contusas podem ser tratadas de maneira simples, desde que não apresentem gravidade. Nor-</p><p>malmente, bolsa de gelo ou compressa de água gelada nas primeiras 24 horas e repouso da parte lesada são</p><p>suficientes.</p><p>Se persistirem sintomas de dor, edema, hiperemia, pode-se aplicar compressas de calor úmido. Deve ser</p><p>procurado auxílio especializado.</p><p>Escoriações</p><p>São lesões simples da camada superficial da pele ou mucosas, apresentando solução de continuidade do</p><p>tecido, sem perda ou destruição do mesmo, com sangramento discreto, mas costumam ser extremamente do-</p><p>lorosas. Não representam risco à vítima quando isoladas. Geralmente são causadas por instrumento cortante</p><p>ou contundente.</p><p>Esmagamentos</p><p>Trata-se de lesão comum em acidentes automobilísticos, desabamentos, e acidentes de trabalho. Pode re-</p><p>sultar em ferimentos abertos e fechados.</p><p>Existe dano tecidual extenso das estruturas subjacentes. Os esmagamentos de tórax e abdome causam</p><p>graves distúrbios circulatórios e respiratórios.</p><p>Amputações Traumáticas</p><p>As amputações são definidas como lesões em que há a separação de um membro ou de uma estrutura</p><p>protuberante do corpo. Podem ser causadas por objetos cortantes, por esmagamentos ou por forças de tração.</p><p>Primeiros socorros:</p><p>1. Abrir vias aéreas e prestar assistência ventilatória, caso necessário.</p><p>2. Controlar a hemorragia.</p><p>3. Tratar o estado de choque, caso este esteja presente.</p><p>4. Cuidados com o segmento amputado:</p><p>a.Limpeza com solução salina, sem imersão em líquido.</p><p>b.Envolvê-lo em gaze estéril, seca ou compressa limpa.</p><p>c.Cobrir a área ferida com compressa úmida em solução salina.</p><p>d.Proteger o membro amputado com dois sacos plásticos.</p><p>e.Colocar o saco plástico em recipiente de isopor com gelo ou água gelada.</p><p>f.Jamais colocar a extremidade em contato direto com o gelo.</p><p>Queimaduras</p><p>São lesões provocadas pela temperatura, geralmente calor, que podem atingir graves proporções de perigo</p><p>para a vida ou para a integridade da pessoa, dependendo de sua localização, extensão e grau de profundidade.</p><p>Como efeitos gerais (sistêmicos) das queimaduras podem ter:</p><p>a) Choque primário (neurogênico) - vasodilatação</p><p>b) Choque secundário - hipovolemia</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>103</p><p>c) Infecção bacteriana secundária a lesão</p><p>d) Paralisia respiratória e fibrilação - choque elétrico</p><p>— Técnicas de imobilizações</p><p>Imobilização é um conjunto de procedimentos usados com a finalidade de impedir, ou pelo menos limitar, os</p><p>movimentos de um membro ou de um segmento de membro ou de qualquer parte do corpo.</p><p>Contrariamente ao que muitos pensam, imobilizar não significa tratar somente fraturas.</p><p>Para imobilizar-se um segmento de um membro, como perna, coxa, braço, antebraço etc., é necessário que</p><p>se imobilize pelo menos duas articulações das quais participe este segmento, isto é, a distal e aproximal.</p><p>Finalidades da Imobilização</p><p>As principais finalidades da imobilização são:</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>104</p><p>1) aliviar a dor do paciente, qualquer que seja a sua origem: fraturas, entorse, contusão, dor provocada por pro-</p><p>cesso inflamatório (infeccioso ou não) como tendinite, tenossinovite, artrites; dor provocada por processos degene-</p><p>rativos, como lombalgias, cervicalgias, etc.</p><p>2) evitar que as lesões das partes moles ocorridas nas fraturas piorem ou se compliquem pelos movimentos</p><p>dos fragmentos ósseos. Os movimentos das extremidades fraturadas podem lesar mais os músculos, os vasos</p><p>e os nervos, e, às vezes, até a pele.</p><p>3) proporcionar consolidação da fratura, pois um foco de fratura móvel não dá condições para que o calo</p><p>ósseo se firme.</p><p>4) impedir propagação do processo inflamatório por difusão provocada pelo movimento.</p><p>5) manter redução obtida de fraturas e luxações.</p><p>6) tratar as entorses.</p><p>7) outras.</p><p>Fraturas da Cintura Escapular</p><p>Estas resultam geralmente de um traumatismo direto, estando presentes os sinais habituais das fraturas.</p><p>São fraturas que não carecem no pré-hospitalar de grandes cuidados, bastando imobilizá-las colocando o</p><p>braço ao peito passando depois uma ligadura sobre o tórax para que não exista rotações do membro durante</p><p>o transporte.</p><p>Fraturas do Úmero</p><p>Um socorrista ajusta sob tração, mas comodamente o braço a uma tala de madeira almofadada, lateralmen-</p><p>te, com o antebraço fletido para a frente do corpo. O outro socorrista aplicará as ligaduras, imobilizando o braço</p><p>contra a tala e depois contra o tórax, apoiando o antebraço.</p><p>Perante uma fratura do úmero o socorrista deve pesquisar o estado circulatório do membro, palpando o pul-</p><p>so radial e a sensibilidade e mobilidade do membro. A pesquisa de mobilidade é passiva, ou seja, a vítima é que</p><p>mexe ou não. O socorrista não deve mobilizar o membro ativamente sob risco de agravar as lesões existentes.</p><p>Fraturas do Fémur</p><p>As fraturas mais frequentes a este nível, são as fraturas do colo do fémur do idoso, resultantes de pequenas</p><p>quedas e as fraturas provocadas por acidentes. O sinal típico deste tipo de fraturas é a rotação externa do pé.</p><p>A atitude a ter perante a suspeita de fratura do colo do fémur, segue as regras básicas de imobilização das</p><p>fraturas: tração, alinhamento, e imobilização que deve ser feita com talas longas até à cintura e ultrapassando</p><p>o pé, de forma a manter a tração e alinhamento do membro.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>105</p><p>— Técnicas de transportes</p><p>O transporte de acidentados é um determinante da boa prestação de primeiros socorros. Um transporte mal</p><p>feito, sem técnica, sem conhecimentos pode provocar danos muitas vezes irreversíveis à integridade física do</p><p>acidentado.</p><p>Em muitos tipos de transporte teremos de contar com o auxílio de um, dois ou mais voluntários. Para estes</p><p>casos a técnica correta também varia de acordo com o número de pessoas que realizam o transporte.</p><p>É recomendável o transporte de pessoas nos seguintes casos:</p><p>– Vítima inconsciente.</p><p>– Estado de choque instalado.</p><p>– Grande queimado.</p><p>– Hemorragia abundante (Choque)</p><p>– Envenenado,</p><p>mesmo consciente.</p><p>– Picado por animal peçonhento.</p><p>– Acidentado com fratura de membros inferiores, bacia ou coluna vertebral.</p><p>– Acidentados com luxação ou entorse nas articulações dos membros inferiores.</p><p>Métodos de Transporte - uma pessoa só socorrendo</p><p>• Transporte de Apoio</p><p>Passa-se o braço do acidentado por trás da sua nuca, segurando-a com um de seus braços, passando seu</p><p>outro braço por trás das costas do acidentado, em diagonal.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>106</p><p>• Transporte ao Colo</p><p>Uma pessoa sozinha pode levantar e transportar um acidentado, colocando um braço debaixo dos joelhos</p><p>do acidentado e o outro, bem firme, em torno de suas costas, inclinando o corpo um pouco para trás.</p><p>• Transporte nas Costas</p><p>Uma só pessoa socorrendo também pode carregar o acidentado nas costas. Esta põe os braços sobre os</p><p>ombros da pessoa que está socorrendo por trás, ficando suas axilas sobre os ombros deste. A pessoa que está</p><p>socorrendo busca os braços do acidentado e segura os, carregando o acidentado arqueado, como se ela fosse</p><p>um grande saco em suas costas.</p><p>• Transporte de Bombeiro</p><p>Primeiro coloca-se o acidentado em decúbito ventral. Em seguida, ajoelha-se com um só joelho e, com as</p><p>mãos passando sob as axilas do acidentado, o levanta, ficando agora de pé, de frente para ele. Este transporte</p><p>pode ser aplicado em casos que não envolvam fraturas e lesões graves.</p><p>Transporte de Arrasto em Lençol</p><p>Seguram-se as pontas de uma das extremidades do lençol, cobertor ou lona, onde se encontra apoiada a</p><p>cabeça do acidentado, suspende-se um pouco e arrasta-se a pessoa para o local desejado.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>107</p><p>Manobra de Retirada de Acidentado, com Suspeita de Fratura de Coluna, de um Veículo</p><p>A pessoa que for prestar os primeiros socorros, colocando-se por trás passa as mãos sob as axilas do aci-</p><p>dentado, segura um de seus braços de encontro ao seu tórax, e a arrasta para fora do veículo, apoiando suas</p><p>costas nas coxas.</p><p>Métodos de Transporte Feito por Duas Pessoas</p><p>• Transporte de Apoio</p><p>Passa-se o braço do acidentado por trás da nuca das duas pessoas que estão socorrendo, segurando-a com</p><p>um dos braços, passando o outro braço por trás das costas do acidentado, em diagonal. Este tipo de transporte</p><p>é usado para pessoas obesas, na qual uma única pessoa não consiga socorrê-lo e removê-lo.</p><p>• Transporte de Cadeirinha</p><p>a) As duas pessoas se ajoelham, cada uma de um lado da vítima. Cada uma passa um braço sob as costas</p><p>e outro sob as coxas da vítima. Então, cada um segura com uma das mãos o punho e, com a outra, o ombro do</p><p>companheiro. As duas pessoas erguem-se lentamente, com a vítima sentada na cadeira improvisada.</p><p>b) Cada uma das pessoas que estão prestando os primeiros socorros segura um dos seus braços e um dos</p><p>braços do outro, formando-se um assento onde a pessoa acidentada se apoia, abraçando ainda o pescoço e</p><p>os ombros das pessoas que a está socorrendo.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>108</p><p>• Transporte pelas Extremidades</p><p>Uma das pessoas que estão prestando os primeiros socorros segura com os braços o tronco da vítima, pas-</p><p>sando-os por baixo das axilas da mesma. A outra, de costas para o primeiro, segura as pernas da vítima com</p><p>seus braços.</p><p>• Transporte ao Colo</p><p>A vítima é abraçada e levantada, de lado, até a altura do tórax das pessoas que a estão socorrendo. O</p><p>acidentado pode ser um fraturado ou luxado de ombro superior ou inferior, e o membro afetado deve sempre</p><p>ficar para o lado do corpo das pessoas que estão socorrendo, a fim de melhor protegê-lo (tendo sido antes</p><p>imobilizado).</p><p>• Transporte de Cadeira</p><p>Quando a vítima está numa cadeira, pode-se transportar está com a vítima, da seguinte maneira: uma pes-</p><p>soa segura a parte da frente da cadeira, onde os pés se juntam ao assento. O outro segura lateralmente os</p><p>espaldares da cadeira pelo meio. A cadeira fica inclinada para trás, pois a pessoa da frente coloca a borda do</p><p>assento mais alto que a de trás.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>109</p><p>• Transporte de Maca</p><p>A maca é o melhor meio de transporte. Pode-se fazer uma boa maca abotoando-se duas camisas ou um</p><p>paletó em duas varas ou bastões, ou enrolando um cobertor dobrado em três, envolta de tubos de ferro ou</p><p>bastões.</p><p>Métodos de Transportes Feito por Três ou Mais Pessoas</p><p>• Transporte ao Colo</p><p>Havendo três pessoas, por exemplo, eles se colocam enfileirados ao lado da vítima, que deve estar de ab-</p><p>dômen para cima. Abaixam-se apoiados num dos joelhos e com seus braços a levantam até a altura do outro</p><p>joelho. Em seguida, erguem-se todos ao mesmo tempo, trazendo a vítima de lado ao encontro de seus troncos,</p><p>e a conduzem para o local desejado.</p><p>• Transporte de Lençol pelas Pontas</p><p>Com quatro pessoas, cada um segura uma das pontas do lençol, cobertor ou lona, formando uma espécie de</p><p>rede onde é colocada e transportada a vítima. Este transporte não serve para lesões de coluna. Nestes casos</p><p>a vítima deve ser transportada em superfície rígida.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>110</p><p>• Transporte de Lençol pelas Bordas</p><p>Coloca-se a vítima no meio do lençol enrolam-se as bordas laterais deste, bem enroladas. Estes lados en-</p><p>rolados permitem segurar firmemente o lençol e levantá-lo com a vítima. Em geral, duas pessoas de cada lado</p><p>podem fazer o serviço, mais três é melhor.</p><p>Remoção de vítima com suspeita de fratura de coluna (consciente ou não)</p><p>A remoção de uma vítima com suspeita de fratura de coluna ou de bacia e/ou acidentado em estado grave, com</p><p>urgência de um local onde a maca não consegue chegar, deverá ser efetuada como se seu corpo fosse uma peça</p><p>rígida, levantando, simultaneamente, todos os segmentos do seu corpo, deslocando o acidentado até a maca.</p><p>— Afogamentos</p><p>Trataremos mais desse assunto em: Salvamento aquático: definição de afogamento; primeiras providências;</p><p>tipos de afogamento; técnicas de aproximação; técnicas de desvencilhamento; técnicas de transporte; técnicas</p><p>de retirada da água; providências iniciais após retirar o afogado da água; técnicas de primeiros socorros (prin-</p><p>cipais métodos); técnicas de resgates.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>111</p><p>— Ferimentos</p><p>Os ferimentos são as alterações mais comuns de ocorrer em acidentes de trabalho.</p><p>São lesões que surgem sempre que existe um traumatismo, seja em que proporção for, desde um pequeno</p><p>corte ou escoriação de atendimento doméstico até acidentes violentos com politraumatismo e complicações.</p><p>Todos os ferimentos, logo que ocorrem:</p><p>1. Causam dor</p><p>2. Originam sangramentos</p><p>3. São vulneráveis as infecções</p><p>Os ferimentos são lesões que apresentam solução de continuidade dos tecidos e provocam o rompimento</p><p>da pele e, conforme seu tipo e profundidade, rompimento das camadas de gordura e de músculo.</p><p>– Os ferimentos incisos são provocados por objetos cortantes, têm bordas regulares e causam sangramen-</p><p>tos de variados graus, devido ao seccionamento dos vasos sanguíneos e danos a tendões, músculos e nervos.</p><p>– Os ferimentos contusos, chamados de lacerações, são lesões teciduais de bordas irregulares, provocados</p><p>por objetos rombudos, através de trauma fechado sob superfícies ósseas, com o esmagamento dos tecidos. O</p><p>sangramento deve ser controlado por compressão direta e aplicação de curativo e bandagens.</p><p>– Os ferimentos perfurantes são lesões causadas por perfurações da pele e dos tecidos subjacentes por um</p><p>objeto. O orifício de entrada pode não corresponder à profundidade da lesão.</p><p>– Os ferimentos transfixantes atravessam de lado a lado uma parte do corpo.</p><p>– Os ferimentos puntiformes geralmente sangram pouco para o exterior.</p><p>– As avulsões são lesões onde ocorrem descolamentos da pele em relação ao tecido subjacente, que pode</p><p>se manter ligado ao tecido sadio ou não. Apresentam graus variados de sangramento, geralmente de difícil</p><p>controle. A localização mais comum ocorre</p><p>ou imóvel, público ou particular, que esteja sob sua res-</p><p>ponsabilidade em razão do cargo ou do exercício profissional, bem como desviá-lo em proveito próprio ou de</p><p>outrem.</p><p>Art. 95Realizar ou participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, em que os direitos inalienáveis</p><p>da pessoa, família e coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de riscos ou danos previ-</p><p>síveis aos envolvidos.</p><p>Art. 96Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança da pessoa, família e coletividade.</p><p>Art. 97Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem como usá-los para fins diferentes dos objetivos</p><p>previamente estabelecidos.</p><p>Art. 98Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o participante do estudo e/ou instituição envolvida,</p><p>sem a autorização prévia.</p><p>Art. 99Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico-científica ou instrumento de organização formal</p><p>do qual não tenha participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores.</p><p>Art. 100Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não publicadas, sem referência do autor ou sem a</p><p>sua autorização.</p><p>Art. 101Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, das quais tenha ou não participado como au-</p><p>tor, sem concordância ou concessão dos demais partícipes.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>9</p><p>Art. 102Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer constar seu nome como autor ou coautor em obra</p><p>técnico-científica.</p><p>CAPÍTULO IV</p><p>DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES</p><p>Art. 103A caracterização das infrações éticas e disciplinares, bem como a aplicação das respectivas penali-</p><p>dades regem-se por este Código, sem prejuízo das sanções previstas em outros dispositivos legais.</p><p>Art. 104Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omissão ou conivência que implique em desobe-</p><p>diência e/ou inobservância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, bem como a</p><p>inobservância das normas do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.</p><p>Art. 105O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infração ética e/ou disciplinar, que cometer ou con-</p><p>tribuir para sua prática, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver benefício.</p><p>Art. 106A gravidade da infração é caracterizada por meio da análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s)</p><p>ou ato(s) omissivo(s), e do(s) resultado(s).</p><p>Art. 107A infração é apurada em processo instaurado e conduzido nos termos do Código de Processo Éti-</p><p>co-Disciplinar vigente, aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem.</p><p>Art. 108As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, con-</p><p>forme o que determina o art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes:</p><p>I – Advertência verbal;</p><p>II – Multa;</p><p>III – Censura;</p><p>IV – Suspensão do Exercício Profissional;</p><p>V – Cassação do direito ao Exercício Profissional.</p><p>§ 1ºA advertência verbal consiste na admoestação ao infrator, de forma reservada, que será registrada no</p><p>prontuário do mesmo, na presença de duas testemunhas.</p><p>§ 2ºA multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da</p><p>categoria profissional à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento.</p><p>§ 3ºA censura consiste em repreensão que será divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Con-</p><p>selhos Regionais de Enfermagem e em jornais de grande circulação.</p><p>§ 4ºA suspensão consiste na proibição do exercício profissional da Enfermagem por um período de até 90</p><p>(noventa) dias e será divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enferma-</p><p>gem, jornais de grande circulação e comunicada aos órgãos empregadores.</p><p>§ 5ºA cassação consiste na perda do direito ao exercício da Enfermagem por um período de até 30 anos e</p><p>será divulgada nas publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem e em jornais de gran-</p><p>de circulação.</p><p>§ 6ºAs penalidades aplicadas deverão ser registradas no prontuário do infrator.</p><p>§ 7ºNas penalidades de suspensão e cassação, o profissional terá sua carteira retida no ato da notificação,</p><p>em todas as categorias em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento da pena e, no caso da cassa-</p><p>ção, após o processo de reabilitação.</p><p>Art. 109As penalidades, referentes à advertência verbal, multa, censura e suspensão do exercício profissio-</p><p>nal, são da responsabilidade do Conselho Regional de Enfermagem, serão registradas no prontuário do profis-</p><p>sional de Enfermagem; a pena de cassação do direito ao exercício profissional é de competência do Conselho</p><p>Federal de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo primeiro, da Lei n° 5.905/73.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>10</p><p>Parágrafo único.Na situação em que o processo tiver origem no Conselho Federal de Enfermagem e nos</p><p>casos de cassação do exercício profissional, terá como instância superior a Assembleia de Presidentes dos</p><p>Conselhos de Enfermagem.</p><p>Art. 110Para a graduação da penalidade e respectiva imposição consideram-se:</p><p>I – A gravidade da infração;</p><p>II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração;</p><p>III – O dano causado e o resultado;</p><p>IV – Os antecedentes do infrator.</p><p>Art. 111As infrações serão consideradas leves, moderadas, graves ou gravíssimas, segundo a natureza do</p><p>ato e a circunstância de cada caso.</p><p>§ 1ºSão consideradas infrações leves as que ofendam a integridade física, mental ou moral de qualquer</p><p>pessoa, sem causar debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da categoria ou instituições ou</p><p>ainda que causem danos patrimoniais ou financeiros.</p><p>§ 2ºSão consideradas infrações moderadas as que provoquem debilidade temporária de membro, sentido</p><p>ou função na pessoa ou ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.</p><p>§ 3ºSão consideradas infrações graves as que provoquem perigo de morte, debilidade permanente de mem-</p><p>bro, sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que causem danos mentais, morais,</p><p>patrimoniais ou financeiros.</p><p>§ 4ºSão consideradas infrações gravíssimas as que provoquem a morte, debilidade permanente de mem-</p><p>bro, sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa.</p><p>Art. 112São consideradas circunstâncias atenuantes:</p><p>I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua espontânea vontade e com eficiência, evitar ou</p><p>minorar as consequências do seu ato;</p><p>II – Ter bons antecedentes profissionais;</p><p>III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave ameaça;</p><p>IV – Realizar atos sob emprego real de força física;</p><p>V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;</p><p>VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos fatos.</p><p>Art. 113São consideradas circunstâncias agravantes:</p><p>I – Ser reincidente;</p><p>II – Causar danos irreparáveis;</p><p>III – Cometer infração dolosamente;</p><p>IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;</p><p>V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outra infração;</p><p>VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;</p><p>VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação do dever inerente ao cargo ou função ou</p><p>exercício profissional;</p><p>VIII – Ter maus antecedentes profissionais;</p><p>IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstrução de fato que se relacione com o apurado</p><p>na denúncia durante a condução do processo ético.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>11</p><p>CAPÍTULO V</p><p>DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES</p><p>Art. 114As penalidades previstas neste Código somente poderão ser aplicadas, cumulativamente, quando</p><p>houver infração a mais de um artigo.</p><p>Art. 115A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos:,</p><p>26, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57,58, 59,</p><p>60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, 101</p><p>e 102.</p><p>Art. 116A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido</p><p>em mãos e pés. Recomenda-se colocar o retalho em sua posição</p><p>normal e efetuar a compressão direta da área, para controlar o sangramento. Caso a avulsão seja completa,</p><p>transportar o retalho ao hospital. A preparação do retalho consiste em lavá-lo com solução salina, evitando o</p><p>uso de gelo direto sobre o tecido.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>112</p><p>— Asfixias</p><p>Pode ser definida como sendo parada respiratória, com o coração ainda funcionando. É causado por certos</p><p>tipos de traumatismos como aqueles que atingem a cabeça, a boca, o pescoço, o tórax; por fumaça no decurso</p><p>de um incêndio; por afogamento; em soterramentos, dentre outros acidentes, ocasionando dificuldade respira-</p><p>tória, levando à parada respiratória.</p><p>Principais Causas</p><p>A. Bloqueio da passagem de ar.</p><p>Pode acontecer nos casos de afogamento, secreções e espasmos da laringe, estrangulamento, soterramen-</p><p>to e bloqueio do ar causado por ossos, alimentos ou qualquer corpo estranho na garganta.</p><p>B. Insuficiência de oxigênio no ar.</p><p>Pode ocorrer em altitudes onde o oxigênio é insuficiente, em compartimentos não ventilados, nos incêndios</p><p>em compartimentos fechados e por contaminação do ar por gases tóxicos (principalmente emanações de mo-</p><p>tores, fumaça densa).</p><p>C. Impossibilidade do sangue em transportar oxigênio.</p><p>D. Paralisia do centro respiratório no cérebro.</p><p>Pode ser causada por choque elétrico, venenos, doenças, (AVC), ferimentos na cabeça ou no aparelho</p><p>respiratório, por ingestão de grande quantidade de álcool, ou de substâncias anestésicas, psicotrópicos e tran-</p><p>quilizantes.</p><p>E. Compressão do corpo.</p><p>Pode ser causado por forte pressão externa (por exemplo, traumatismo torácico), nos músculos respirató-</p><p>rios.</p><p>Primeiros Socorros</p><p>– A primeira conduta é favorecer a passagem do ar através da boca e das narinas</p><p>– Afastar a causa.</p><p>– Verificar se o acidentado está consciente</p><p>– Desapertar as roupas do acidentado, principalmente em volta do pescoço, peito e cintura.</p><p>– Retirar qualquer objeto da boca ou da garganta do acidentado, para abrir e manter desobstruída a passa-</p><p>gem de ar.</p><p>– Para assegurar que o acidentado inconsciente continue respirando, coloque-a na posição lateral de segu-</p><p>rança.</p><p>– Iniciar a respiração de socorro (conforme relatado a frente), tão logo tenha sido o acidentado colocado na</p><p>posição correta. Lembrar que cada segundo é importante para a vida do acidentado.</p><p>– Repetir a respiração de socorro tantas vezes quanto necessário, até que o acidentado de entrada em local</p><p>onde possa receber assistência adequada.</p><p>– Manter o acidentado aquecido, para prevenir o choque.</p><p>– Não dar líquidos enquanto o acidentado estiver inconsciente.</p><p>– Não deixar o acidentado sentar ou levantar. O acidentado deve permanecer deitado, mesmo depois de ter</p><p>recuperado a respiração.</p><p>– Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado. Dar chá ou café para beber, logo que volte a si.</p><p>– Continuar observando cuidadosamente o acidentado, para evitar que a respiração cesse novamente.</p><p>– Não deslocar o acidentado até que sua respiração volte ao normal.</p><p>– Remover o acidentado, somente deitado, mas só em caso de extrema necessidade.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>113</p><p>– Solicitar socorro especializado mesmo que o acidentado esteja recuperado.</p><p>— Salvamento aquático</p><p>“É a aspiração de líquido causada por submersão ou imersão.” O termo aspiração refere-se à entrada de</p><p>líquido nas vias aéreas (traquéia, brônquios e/ou pulmões), e não deve ser confundido com “engolir água”.</p><p>O afogamento ocorre, em geral, por asfixia em virtude da aspiração de líquido, que obstrui as vias aéreas e</p><p>é responsável por alterações nas trocas gasosas, que levam à hipoxemia (insuficiência das taxas de oxigênio</p><p>no sangue) e acidose metabólica.</p><p>A asfixia pode ser provocada inicialmente por laringoespasmo, quando a pessoa, diante de uma situação de</p><p>afogamento, prende a respiração e debate-se de maneira descoordenada até que, não conseguindo permane-</p><p>cer sem respirar, involuntariamente aspira grande quantidade de água e encharca os pulmões.</p><p>Causas e tipos</p><p>Afogamento primário – é considerado um trauma provocado por uma situação inesperada que foge ao con-</p><p>trole da pessoa. Sabendo ou não nadar, ela pode ser arrastada pela correnteza, por exemplo;</p><p>Afogamento secundário – ocorre como consequência do consumo de drogas, especialmente de álcool (o ál-</p><p>cool é a principal causa de morte por afogamento em adultos), crises agudas de doenças, como infarto do mio-</p><p>cárdio, AVC e convulsões. Pode ocorrer também em razão de traumatismos cranianos e de coluna decorrentes</p><p>de mergulho em águas rasas, hiperventilação voluntária antes dos mergulhos livres, doença da descompressão</p><p>nos mergulhos profundos, hipotermia e exaustão.</p><p>Os afogamentos podem ser classificados clinicamente em diferentes graus segundo a condição de insufi-</p><p>ciência respiratória e, em geral, exigem internação hospitalar. No entanto, as manobras de recuperação cardior-</p><p>respiratória (RCR) ou cardiopulmonar (RCP) para combater a hipoxemia (insuficiência de oxigênio no sangue)</p><p>devem começar imediatamente no local do acidente, porque são essenciais para a recuperação e sobrevida</p><p>do paciente. Logo depois do resgate, portanto, é fundamental retirar as roupas molhadas da vítima, elevar sua</p><p>temperatura corporal se apresentar hipotermia, proteger a coluna cervical quando houver suspeita de lesão e</p><p>iniciar a respiração boca a boca.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>114</p><p>No afogamento, quantidades tão pequenas quanto 70 ml, podem produzir graves consequências. A função</p><p>respiratória fica prejudicada pela entrada de líquido nas vias aéreas, interferindo na troca de oxigênio (O2) - gás</p><p>carbônico (CO2) de duas formas principais:</p><p>1. Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos casos de sub-</p><p>mersão súbita e/ou;</p><p>2. Pela aspiração gradativa de líquido até os alvéolos. Estes dois mecanismos de lesão provocam a diminui-</p><p>ção ou abolição da passagem do O2 para a circulação e serão maiores ou menores de acordo com a quantidade</p><p>e a velocidade em que o líquido foi aspirado.</p><p>Reconheça o afogado</p><p>Identificar um caso de afogamento antes ou durante a sua ocorrência possibilita tomar atitudes mais precoce-</p><p>mente e evitar o agravamento da situação. Preste mais atenção nas pessoas ao seu redor na praia, em rios/lagos</p><p>ou piscina e antecipe as pessoas que podem se afogar.</p><p>A vítima pode submergir e emergir sua cabeça diversas vezes, enquanto está lutando para se manter acima</p><p>da superfície. A esta altura da luta para não afundar, crianças geralmente resistem de 10 a 20 segundos em tal</p><p>luta, enquanto os adultos resistem por até 60 segundos, antes da submersão.</p><p>Sinais de uma vítima já se afogando</p><p>– Expressão facial assustada ou desesperada.</p><p>– Afunda e volta a flutuar em pé.</p><p>– Cabelo na face.</p><p>– Nada em pé (vertical) sem deslocamento na água.</p><p>Dentro da água, utilize o método start aquático para reconhecer a gravidade e a prioridade de socorro a</p><p>vítima.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>115</p><p>Depois de reconhecer que uma vítima está em perigo e pedir a alguém para chamar por ajuda, a próxima</p><p>prioridade é interromper o processo de afogamento fornecendo flutuação para a vítima.</p><p>Fornece flutuação é uma estratégia muito importante, mas não muito utilizada, apesar de ganhar tempo</p><p>valioso para o serviço de emergência chegar, ou para aqueles que estão ajudando na cena planejarem os es-</p><p>forços necessários ao resgate.</p><p>Após prover flutuação e parar o processo de submersão, retirar a vítima da água é essencial, a fim de pro-</p><p>porcionar um tratamento definitivo ao processo de afogamento. Várias estratégias para esta retirada podem ser</p><p>usadas.</p><p>1. Decida o local por onde irá atingir ou ficar mais próximo da vítima.</p><p>2. Tente realizar o socorro sem entrar na água</p><p>• Se a vítima se encontra a menos de 4 m (piscina, lagos, rios), estenda um cabo, galho, cabo de vassoura</p><p>nos artigos: 28, 29, 30,</p><p>31, 32, 35, 36, 38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73,</p><p>74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102.</p><p>Art. 117A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41,</p><p>42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81,</p><p>82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 97, 99, 100, 101 e 102.</p><p>Art. 118A pena de Suspensão do Exercício Profissional é aplicável nos casos de infrações ao que está esta-</p><p>belecido nos artigos: 32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77,</p><p>78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 94 e 95.</p><p>Art. 119A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional é aplicável nos casos de infrações ao que</p><p>está estabelecido nos artigos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97.</p><p>Lei do exercício profissional</p><p>LEI Nº 7.498, DE 25 DE JUNHO DE 1986</p><p>DISPÕE SOBRE A REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM E DÁ OUTRAS PROVI-</p><p>DÊNCIAS.</p><p>Art. 1º É livre o exercício da Enfermagem em todo o território nacional, observadas as disposições desta lei.</p><p>A Constituição Federal em seu art. 5º, ao tratar dos direitos fundamentais, insere a liberdade de exercício</p><p>profissional, assim definida:</p><p>XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais</p><p>que a lei estabelecer;</p><p>A determinação constitucional traz a indicação de que pode ser restringida, permitindo que lei infraconstitu-</p><p>cional estabeleça requisitos para o pleno exercício da profissão. Sendo assim, a cada pessoa é permitido esco-</p><p>lher a atividade profissional que pretende exercer, mas a legislação específica faz as imposições necessárias</p><p>para que exerça tal atividade profissional, em todos os seus graus de atuação.</p><p>Tais restrições podem ser de diversas ordens e estarão dispostas na legislação que regulamenta cada pro-</p><p>fissão, sendo em geral exigida a formação e o registro no Conselho profissional.</p><p>Art. 2º A Enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas legalmente</p><p>habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde ocorre o exercício.</p><p>Nesse artigo o legislador inicia a definição das exigências legais para o exercício da Enfermagem. Como</p><p>primeiro ponto, para ser considerado um profissional de Enfermagem é exigida a habilitação que se dá a partir</p><p>da conclusão do curso relativo a cada categoria profissional.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>12</p><p>Dessa forma, o Enfermeiro deverá ter concluído Curso de Graduação de Enfermagem, com a emissão de</p><p>diploma por Universidade autorizada pelo Ministério da Educação (MEC), e com currículo de acordo com o que</p><p>determina a Resolução do Conselho Nacional de Educação nº 03, de 7 de novembro de 2001, que institui as</p><p>Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem.</p><p>No caso do Técnico de Enfermagem, este deverá se habilitar com a conclusão de curso técnico específico,</p><p>em escola com autorização, sendo exigida a conclusão do ensino médio.</p><p>O Auxiliar de Enfermagem é profissional de nível médio ou fundamental, com certificado expedido por insti-</p><p>tuição autorizada, conforme a legislação educacional e registrado pelo órgão competente.</p><p>Como segundo requisito para o pleno e legal exercício profissional está a inscrição no Conselho Regional</p><p>de Enfermagem da região em que irá atuar, isto porque os Conselhos Regionais de Enfermagem criados pela</p><p>Lei nº 5.905/1973 foram divididos por estado ou território, conforme seu art. 4º: Haverá um Conselho Regional</p><p>em cada Estado e Território, com sede na respectiva capital, e no Distrito Federal.</p><p>Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem,</p><p>pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação.</p><p>Não será permitido a outros profissionais que não os enumerados neste parágrafo o exercício da atividade</p><p>da Enfermagem, sendo privativa. Nesse ponto é importante observar que apesar de existir confusão nas ativi-</p><p>dades, o Cuidador e a doula não são profissionais de Enfermagem, e, portanto não estão vinculado ao Conse-</p><p>lho Regional de Enfermagem.</p><p>Art. 3º O planejamento e a programação das instituições e serviços de saúde incluem planejamento e pro-</p><p>gramação de Enfermagem.</p><p>Os serviços de Enfermagem estão presentes nas instituições que prestam serviços de saúde, sendo que</p><p>a equipe de Enfermagem geralmente representa o maior percentual dos profissionais de saúde dentro de um</p><p>estabelecimento.</p><p>Diante disso, a assistência de Enfermagem deverá estar prevista nos planos e programações feitos dentro</p><p>das instituições e serviços de saúde. Essa previsão auxilia a equipe multidisciplinar e orienta os profissionais de</p><p>Enfermagem na execução de suas atividades, facilitando a colaboração e inserindo os serviços de Enfermagem</p><p>no sistema de assistência prestado.</p><p>Art. 4º A programação de Enfermagem inclui a prescrição da assistência de Enfermagem.</p><p>As prescrições de Enfermagem são receitas para determinados comportamentos esperados quanto ao</p><p>paciente e ações a serem realizadas/facilitadas pelos Enfermeiros. Essas ações/prescrições são selecionadas</p><p>para ajudar o paciente a alcançar os resultados desejados estabelecidos para ele e as metas para a alta. A</p><p>expectativa é a de que o comportamento prescrito beneficiará o paciente/família de uma forma previsível, con-</p><p>forme o problema identificado e os resultados escolhidos. Estas prescrições têm a intenção de individualizar o</p><p>cuidado pelo atendimento da necessidade específica do paciente e devem incorporar os potenciais identifica-</p><p>dos do paciente quando possível. As prescrições de Enfermagem devem ser específicas e claramente estabe-</p><p>lecidas, iniciando com um verbo de ação. Qualificadores tipo “como”, “quando”, “onde”, “tempo/freqüência” e</p><p>“quantidade” proporcionam um conteúdo para atividade planejada; por exemplo, “ajudar conforme necessário</p><p>com as atividades de autocuidado a cada manhã”, “registrar as freqüências respiratórias e cardíacas antes,</p><p>durante e após atividade”, e “instruir a família quanto ao cuidado pós-alta” (DOENGES; MOORHOUSE; GEIS-</p><p>SLER, 2007).</p><p>Art. 5º (VETADO).</p><p>Alguns artigos do projeto de lei foram vetados na sua aprovação final e por isso foram suprimidos do texto</p><p>de lei publicado. O veto é faculdade atribuída ao Presidente da República, pela Constituição Federal (art. 66,</p><p>§1º). Ao analisar o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional a Presidência da República avalia o texto</p><p>e decide se vai sancionar (aprovar), vetar parcialmente (negar parte do texto), ou vetar totalmente (negar todo</p><p>o texto). O veto deverá ser justificado com os motivos que levaram a sua impugnação.</p><p>Art. 6º São Enfermeiros:</p><p>I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei;</p><p>II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, conferido nos termos da lei;</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>13</p><p>Os dois primeiros incisos fazem referência à necessidade de diploma de curso superior oferecido por insti-</p><p>tuições de ensino autorizadas pelo MEC, que cumprem as normas legais estabelecidas por esse e pelo Con-</p><p>selho Nacional de Educação.</p><p>Ao receber o diploma estará o cidadão apto a se inscrever no Conselho Regional de Enfermagem e exercer</p><p>a sua atividade profissional.</p><p>III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira Obs-</p><p>tétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do país, registrado em</p><p>virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira</p><p>Obstétrica</p><p>ou de Obstetriz;</p><p>A revalidação de diploma de graduação expedido por estabelecimentos estrangeiros é regulamentada pela</p><p>Resolução Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior (CNE/CES) nº 01, de 28 de janeiro</p><p>de 2002, alterada pela Resolução CNE/CES nº 8, de 4 de outubro de 2007. Todas as rotinas e documentos</p><p>necessários ficam disponíveis no site do MEC: http:// portal.mec.gov.br/revalidacao-de-diplomas.</p><p>Para ter validade nacional, o diploma de graduação tem que ser revalidado por universidade brasileira pú-</p><p>blica que tenha curso igual ou similar, reconhecido pelo governo. (Art. 3º Res. CNE/ CES nº 1, de 29 de janeiro</p><p>de 2002).</p><p>IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiverem título de Enfermeiro conforme o dispos-</p><p>to na alínea d do art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.</p><p>O decreto referido no inciso IV regulamenta o exercício da Enfermagem no território nacional e dispõe no art.</p><p>3º a quem será concedido o título de Enfermeiro indicando as normativas a serem seguidas.</p><p>Art. 7º São Técnicos de Enfermagem:</p><p>I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e</p><p>registrado pelo órgão competente;</p><p>O profissional Técnico de Enfermagem, no Brasil, é um profissional com formação de nível médio, regulado</p><p>pela Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. O Artigo esclarece que o profissional para ser considerado Técnico</p><p>de Enfermagem, deverá possuir documentos que comprovem a conclusão de curso técnico específico, em es-</p><p>cola com autorização, sendo exigida a conclusão do ensino médio.</p><p>II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado</p><p>em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Técnico de Enfermagem.</p><p>Se este possuir formação fora do território brasileiro, deverá revalidar os documentos no Brasil. Brasileiros</p><p>natos ou naturalizados e estrangeiros que tenham concluído cursos técnicos em outros países podem solicitar</p><p>a validação de seus diplomas. Em Santa Catarina a solicitação deve ser feita no Instituto Federal (IFSC). Para</p><p>isso, é preciso que haja correspondência entre o currículo, a carga horária e as habilitações ou títulos confe-</p><p>ridos nas duas instituições. Com o diploma validado, o técnico pode solicitar registro nos órgãos de classe e</p><p>atuar profissionalmente no Brasil.</p><p>O processo é regulamentado no IFSC pela Resolução nº 002/2012 do Colegiado de Ensino, Pesquisa e</p><p>Extensão (CEPE).</p><p>Art. 8º São Auxiliares de Enfermagem:</p><p>I - o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos termos da Lei e</p><p>registrado no órgão competente;</p><p>O profissional Auxiliar de Enfermagem é trabalhador que dispensa cuidados simples de Enfermagem ao</p><p>paciente, sempre com supervisão do Enfermeiro.</p><p>O Auxiliar de Enfermagem, no Brasil, é um profissional que tem como requisito a formação no ensino funda-</p><p>mental completo. A duração do curso é de cerca de quinze (15) meses. O profissional tem competências mais</p><p>simples e pode atuar em setores ambulatoriais. Assim como o Técnico, o Auxiliar pode administrar medicamen-</p><p>tos, aplicar vacinas, fazer curativos, realizar higiene de pacientes e até trabalhar com esterilização de material.</p><p>Os Auxiliares de Enfermagem somente podem realizar ações que demandem cuidados de baixa complexidade</p><p>e caráter repetitivo. Este profissional atende as necessidades dos doentes portadores de doenças de pouca</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>14</p><p>gravidade, atuando sob supervisão do Enfermeiro, auxiliando no bom atendimento aos pacientes. Controla si-</p><p>nais vitais dos pacientes, ministra medicamentos e tratamentos aos pacientes internados, observando horários,</p><p>posologia e outros dados, faz curativo simples, utilizando suas noções de primeiros socorros, observando pres-</p><p>crições médicas e de Enfermagem, proporciona cuidados post mortem, fazendo tamponamentos e preparando</p><p>o corpo, para evitar secreções e melhorar a aparência do morto, atende crianças e adultos que dependam de</p><p>ajuda, auxiliando na alimentação e higiene dos mesmos, para proporcionar- lhes conforto e recuperação mais</p><p>rápida, prepara pacientes para consultas e exames. Registra as tarefas executadas, as observações feitas e as</p><p>reações ou alterações importantes, anotando-as no prontuário do paciente, para informar a equipe de saúde e</p><p>possibilitar a tomada de providências imediatas (OGUISSO, 2013).</p><p>II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;</p><p>Este inciso dispõe sobre o registro de diploma do considerado Enfermeiro, expedido até o ano de 1950, por</p><p>escolas estaduais de Enfermagem não equiparadas nos termos do Decreto nº 20.109, de 15 de junho de 1931,</p><p>e da Lei nº 775, de 6 de agosto de 1949. Os cursos que tinham a duração de mais de um ano letivo, poderiam</p><p>registrar seus títulos nas repartições competentes como Auxiliares de Enfermagem, com direito às prerrogati-</p><p>vas conferidas a esses profissionais, nos termos da legislação em vigor.</p><p>III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso III do Art. 2º. da Lei nº. 604, de 17 de setembro</p><p>de 1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;</p><p>Na qualidade de Auxiliar de Enfermagem, os portadores de certificados de Auxiliar de Enfermagem, con-</p><p>feridos por escola oficial ou reconhecida, nos termos da Lei nº 775, de 06 de agosto de 1949 e os diplomados</p><p>pelas escolas e cursos de Enfermagem das forças armadas nacionais e forças militarizadas que não se acham</p><p>incluídos na alínea c do item I do art. 2 da presente lei.</p><p>IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço</p><p>Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere da Secre-</p><p>taria de Saúde nas Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do</p><p>Decreto-lei nº 8.778, e 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;</p><p>A Lei nº 3. 640, de 10 de outubro de 1959, em seu art. lº, revigorou por cinco (5) anos o DecretoLei nº 8.778,</p><p>de 22 de janeiro de 1946, que regula os exames de habilitação para os Auxiliares de Enfermagem e Parteiras</p><p>Práticas. Permitiu-se, assim, aos beneficiários do referido diploma legal, continuarem regularizando suas si-</p><p>tuações, para que possam exercer licitamente as profissões. Seria desnecessário demonstrar a oportunidade</p><p>dessa medida, em face das dificuldades que se depararam por fatores os mais diversos, sobretudo no interior</p><p>do país. O Congresso Nacional deferiu essa justa pretensão, por solicitação do Sindicato dos Empregados em</p><p>Hospitais e Casas de Saúde do Estado de Alagoas, em que expõe a necessidade de ser concedida mais uma</p><p>prorrogação do prazo fixado de uma classe que tão bons serviços têm prestado à coletividade. Enfatizando a</p><p>oportunidade da medida ora proposta, pelo seu caráter de evidente interesse público. O Ministério da Saúde</p><p>notificou as instituições hospitalares que se utilizavam dos serviços de enfermeiras e parteiras práticas, religio-</p><p>sas ou leigas, para que, se submetam aos exames de habilitação previstos no citado Decreto-lei que não se</p><p>adequaram dentro desse período de cinco anos (OGUISSO, 2007).</p><p>V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de feve-</p><p>reiro de 1967;</p><p>Este inciso reorganiza o Grupo Ocupacional* P-1700 no seguinte grupo:</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>15</p><p>Segundo o Art. 2º do Decreto supracitado, serão enquadradas na série de classes de Auxiliar de Enferma-</p><p>gem P-1701 as atuais séries de classes ou classes singulares de Assistente de Enfermagem P-1701, Auxiliar</p><p>de Enfermagem - P-1702, Enfermeiro Auxiliar - P-1706, Enfermeiro Militar - P-1.707; na série de classes da</p><p>Parteira - P-1703 as atuais classes singulares de Obstetriz - P-1708 e de parteira prática</p><p>- P-1711.</p><p>VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país,</p><p>registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certificado de Auxiliar de</p><p>Enfermagem.</p><p>O Artigo descreve que o profissional para ser considerado Auxiliar de Enfermagem, deverá possuir docu-</p><p>mentos que comprovem o término do seu curso em Instituição reconhecida pelo Ministério da Educação. Se</p><p>este possuir formação fora do território brasileiro, deverá revalidar os documentos no Brasil.</p><p>I - a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o</p><p>disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;</p><p>O Artigo esclarece que as Parteiras não são Enfermeiras, são trabalhadoras que dispensam cuidados sim-</p><p>ples sob o controle de um Enfermeiro. Suas funções consistem em dar assistência a parturiente durante o parto</p><p>e o período pós- natal e cuidar do recém-nascido. Estes trabalhadores dão assistência pela experiência prática,</p><p>não possuem formação e conhecimentos teóricos. (OGUISSO, 2013).</p><p>II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro,</p><p>segundo as leis do país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 2 (dois) anos</p><p>após a publicação desta Lei, como certificado de Parteira.</p><p>A profissional para ser considerada Parteira, deverá atender aos requisitos previstos no Art. 1º do Decreto-</p><p>-lei nº 8.778/ 1946 o qual revela que as parteiras que tenham mais de dois anos de efetivo exercício de Enfer-</p><p>magem em estabelecimento hospitalar, poderão submeter-se aos exames de habilitação que lhes facultem o</p><p>certificado de “parteira prática”.</p><p>O Art. 13 do mesmo Decreto orienta que a “parteira prática” concede ao seu portador o direito de servir como</p><p>atendente de doentes em hospitais, maternidades, enfermarias e ambulatórios, no Estado em que for expedido.</p><p>Art. 10. (VETADO);</p><p>Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem, cabendo-lhe:</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>16</p><p>O profissional Enfermeiro desenvolve ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde</p><p>com capacidade de tomar decisões. É generalista com competência técnica, ética, política, social, ecológica e</p><p>educativa. É capaz de conhecer e intervir sobre problemas ou situações de saúde e doença mais prevalentes</p><p>identificando as dimensões biopsicossociais de seus determinantes. Em um padrão social, no que se refere</p><p>à regulação do trabalho entre os Enfermeiros e demais componentes da equipe de Enfermagem, o papel ou</p><p>status de cada um está definido por esta lei e legislação pertinente e cada um deve saber o que fazer para por</p><p>em prática este padrão. Entretanto, é importante enfatizar que é requerido ao Enfermeiro o conhecimento das</p><p>atividades e atitudes que englobam o trabalho da equipe de Enfermagem, já que tem o papel de coordenador</p><p>e supervisor da equipe.</p><p>As atividades de Enfermagem são as intervenções autônomas ou a serem realizadas pela equipe de En-</p><p>fermagem no âmbito das suas qualificações profissionais. Estas intervenções são realizadas em defesa da</p><p>liberdade e da dignidade da pessoa humana e da profissão.</p><p>Entre estas atividades previstas para a equipe de Enfermagem cabe ao profissional Enfermeiro:</p><p>I - privativamente:</p><p>Ato profissional é como se denomina uma atividade, procedimento ou ação que a legislação regulamentado-</p><p>ra da profissão atribui aos componentes de uma categoria profissional, ainda que não lhes seja exclusiva ou pri-</p><p>vativa. Deve ser praticado por pessoa devidamente habilitada e que esteja exercendo legalmente sua profissão.</p><p>Quando um procedimento é exercido por uma categoria seus atos profissionais são disputados com intuito</p><p>de se tornarem exclusivos de uma determinada profissão, reflexo do aumento da concorrência pelo mercado</p><p>de trabalho e para direcionar as práticas clínicas e gerenciais da profissão.</p><p>a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e priva-</p><p>da, e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem;</p><p>Entende-se que o setor saúde aglutina além das instituições públicas, as instituições privadas da sociedade</p><p>civil, instituições de educação em saúde e de pesquisa em saúde. As instituições do setor saúde, em conjunto,</p><p>conformam um sistema nacional de saúde cuja modalidade organizativa e operativa depende da organização</p><p>política e administrativa de cada país.</p><p>b) organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas em-</p><p>presas prestadoras desses serviços;</p><p>A organização do Serviço de Enfermagem, função está privativa do profissional Enfermeiro que dispõe so-</p><p>bre a regulamentação do exercício da Enfermagem, tem como finalidade a promoção da saúde e a qualidade</p><p>de vida da pessoa, família e coletividade e o planejamento, supervisão e execução de todas as atividades de</p><p>Enfermagem existentes em instituição de saúde, conforme a legislação vigente.</p><p>c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de Enfer-</p><p>magem;</p><p>O Enfermeiro atua como direcionador das ações de sua equipe e influenciador dos processos de trabalho,</p><p>em sua prática diária. A função do Enfermeiro, além de coordenar a equipe, é gerenciar a assistência de En-</p><p>fermagem mediante um processo sistematizado de ações dirigidas à promoção e recuperação da saúde do</p><p>paciente. Na maior parte das instituições de saúde, os Enfermeiros são coordenadores formais do cuidado, atu-</p><p>ando em muitas áreas diferentes, e seu fio condutor é o processo de Enfermagem, considerado um importante</p><p>instrumento na prática da Enfermagem.</p><p>d) (VETADO);</p><p>e) (VETADO);</p><p>f) (VETADO);</p><p>g) (VETADO);</p><p>h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem;</p><p>Na equipe de Enfermagem é o Enfermeiro quem possui formação para serviços de Consultoria que normal-</p><p>mente constituem a atividade profissional de diagnóstico e formulação de soluções acerca de uma matéria ou</p><p>assunto. É prestada por pessoas detentoras de conhecimento relativo à consulta. Tem como finalidade apoiar</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>17</p><p>intensa e temporariamente as organizações e não a execução por si própria, de tal forma que seus gestores e</p><p>profissionais adquiram conhecimento e habilidades para assumirem o papel de agentes de mudanças no pro-</p><p>cesso de trabalho e seus resultados.</p><p>i) consulta de Enfermagem;</p><p>A articulação teórico - prática advinda da formação profissional do Enfermeiro é importante para a aquisição</p><p>das competências necessárias à realização da consulta de Enfermagem, que possui valor bastante significativo</p><p>para dar resolubilidade às questões apresentadas pelos indivíduos, permitindo atendê-los de maneira holística.</p><p>A consulta de Enfermagem é o método no qual o profissional Enfermeiro possui completa autonomia para</p><p>desenvolver estratégias de cuidado abrangentes para a promoção, na recuperação da saúde do indivíduo, da</p><p>família ou da comunidade.</p><p>j) prescrição da assistência de Enfermagem;</p><p>O planejamento da assistência de Enfermagem, etapa subsequente ao diagnóstico na Sistematização da</p><p>Assistência de Enfermagem e, traduzido na prescrição de cuidados de Enfermagem, expressa, de forma or-</p><p>ganizada, os objetivos diários da assistência a cada indivíduo, visando uma melhor qualidade assistencial.</p><p>Constitui-se em um instrumento para que as ações de Enfermagem possam ser registradas e contabilizadas,</p><p>representando um importante passo para a definição e valorização da Enfermagem como profissão.</p><p>l) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida;</p><p>Paciente grave é aquele que apresenta comprometimento de um ou mais dos principais sistemas fisiológi-</p><p>cos, com perda de sua auto-regulação, necessitando substituição artificial de funções e assistência contínua; e</p><p>aqueles que apresentam estabilidade clínica,</p><p>com potencial risco de agravamento do quadro e que necessita</p><p>de cuidados contínuos. Sendo assim, o paciente grave com demanda de cuidados, com risco de vida, sujeitos</p><p>à instabilidade das funções vitais requer assistência de Enfermagem e médica permanente e especializada e</p><p>recuperável.</p><p>m) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica</p><p>e capacidade de tomar decisões imediatas;</p><p>O cuidado de maior complexidade deve ser realizado pelo Enfermeiro. Estudos recomendam que estes pro-</p><p>fissionais sejam dotados de conhecimentos, competências e habilidades que garantam rigor técnico-científico</p><p>à assistência de Enfermagem.</p><p>Entre os requerimentos da dinâmica profissional, o Enfermeiro deve possuir capacidade de diagnóstico,</p><p>de solucionar problemas, de tomar decisões, de intervir no processo de trabalho, de atuar em equipe. Como</p><p>mencionado, é preciso integrar conhecimentos gerais e específicos, habilidades teóricas e práticas, atitudes e</p><p>valores éticos.</p><p>II - como integrante da equipe de saúde:</p><p>A equipe de saúde é formada por profissionais de mesma ou diferentes profissões e áreas de atuação, res-</p><p>ponsáveis pela assistência à saúde de um ou mais indivíduos. De acordo com as necessidades do indivíduo, a</p><p>equipe se ajusta para assistir melhor à sua situação. Por exemplo: para prestar assistência a um indivíduo com</p><p>câncer, a equipe pode ser formada por Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem, médico</p><p>oncologista, fisioterapeuta oncofuncional, psicólogo hospitalar, serviço social entre outros.</p><p>a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;</p><p>Programação de saúde é um instrumento para operacionalizar as políticas da área de forma sistematiza-</p><p>da, as ações, os recursos financeiros, a execução e avaliação que contribuem para o alcance dos objetivos e</p><p>cumprimento de metas na promoção, prevenção, tratamento (cuidados) e recuperação da saúde da população.</p><p>b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;</p><p>A Enfermagem é uma profissão que tem compromisso com a coletividade e a saúde do indivíduo, partici-</p><p>pando com ética, competência e responsabilidade dos processos e modelos assistenciais a ela relacionados. O</p><p>Enfermeiro dentro de suas atribuições éticas e legais atua com conhecimento científico e liderança na gestão,</p><p>organização, proteção e no processo de recuperação da saúde.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>18</p><p>c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela</p><p>instituição de saúde;</p><p>A Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) por meio da RDC nº 20, de 5 de maio de 2011 dispõe sobre o</p><p>controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, no seu Capítulo II da</p><p>Prescrição, artigo 4º define que “a prescrição dos medicamentos abrangidos por esta Resolução deverá ser</p><p>realizada por profissionais legalmente habilitados.” O entendimento da autoridade sanitária é se o profissional</p><p>Enfermeiro é habilitado pela Lei nº 7.498/1986, então pode prescrever os medicamentos estabelecidos em</p><p>programas de saúde.</p><p>No mesmo sentido, a Portaria nº 2.488/2011, do Ministério da Saúde, que está em vigor, e que aprovou a</p><p>Política Nacional de Atenção Básica, prevê, dentre as atribuições específicas: do Enfermeiro: (...) item II – re-</p><p>alizar consulta de Enfermagem (...), solicitar exames complementares, prescrever medicações e encaminhar,</p><p>quando necessário, usuários a outros serviços; Ainda, cumpre salientar que as atribuições do profissional de</p><p>Enfermagem permanecem preservadas e garantidas pelo seu Decreto nº 94.406/1987, art. 8º, I, “e”; II, “c”. Sen-</p><p>do assim, deve o Enfermeiro exercer a sua profissão com a liberdade, dignidade e autonomia que lhe assegura</p><p>a Constituição Federal e Lei do Exercício Profissional, devendo ele assumir firmemente o título e atribuições de</p><p>Enfermeiro a que está legalmente habilitado.</p><p>d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;</p><p>O Enfermeiro no seu cotidiano deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua</p><p>com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas</p><p>da sociedade e de procurar soluções para os mesmos. Devem realizar seus serviços dentro dos mais altos</p><p>padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à</p><p>saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, em projetos que visam a resolução do problema de saúde,</p><p>tanto operacionalmente como estruturalmente em nível individual e coletivo (JOINT COMMISION RESOUR-</p><p>CES, 2008).</p><p>e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral;</p><p>O Enfermeiro é um profissional qualificado para o exercício de Enfermagem, com base no rigor científico</p><p>e intelectual e pautado em princípios éticos. Possui a capacidade de conhecer e intervir sobre os problemas/</p><p>situações de saúde-doença mais prevalentes no perfil epidemiológico nacional, com ênfase na sua região de</p><p>atuação, identificando as dimensões biopsicosociais dos seus determinantes.</p><p>f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a assistência de</p><p>Enfermagem;</p><p>Os processos nos serviços de saúde são complexos e têm cada vez mais incorporado tecnologias e técni-</p><p>cas elaboradas, acompanhados de riscos adicionais na prestação de assistência aos indivíduos. Entretanto,</p><p>medidas simples e efetivas podem prevenir e reduzir riscos e danos nestes serviços. Sendo assim, o Enfer-</p><p>meiro tem como desafio o enfrentamento da redução dos riscos e dos danos na assistência de Enfermagem</p><p>investindo no aperfeiçoamento da equipe de Enfermagem, na utilização de boas práticas e no aprimoramento</p><p>das tecnologias e melhoria dos ambientes de trabalho ao englobar questões primordiais para o alcance dos</p><p>melhores resultados para os indivíduos, família e comunidade visando uma assistência segura e de qualidade.</p><p>g) assistência de Enfermagem à gestante, parturiente e puérpera;</p><p>A gestação é um período em que a mulher vivencia uma série de alterações anatômicas, fisiológicas e</p><p>bioquímicas, que resultam em sinais e sintomas próprios que alteram profundamente o seu psicológico e todo</p><p>seu esquema corporal. Cabe ao profissional de saúde dar orientações, encaminhamentos, apoiando-a e tran-</p><p>quilizando-a quando necessário, para que este período transcorra de maneira agradável (WHO, 2009). Neste</p><p>período a gestante é acompanhada através do pré-natal que é um conjunto de ações realizado durante o perío-</p><p>do gravídico, com vistas a um atendimento global da saúde da mulher, de maneira individualizada, procurando</p><p>sempre a qualidade e resolutividade.</p><p>h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;</p><p>A assistência de Enfermagem durante o parto refere-se ao período em que a gestante apresenta contrações</p><p>uterinas em intervalos regulares, que aumentam progressivamente em termos de frequência e intensidade,</p><p>com o passar do tempo são concomitantes a dilatação progressiva do colo uterino.</p><p>1803532 E-book gerado especialmente para THALITA LUSTOSA FERREIRA</p><p>19</p><p>No parto normal devem ser considerados o risco da gravidez e a evolução do trabalho de parto. É bom ter</p><p>em conta que uma gestante considerada de baixo risco no início do trabalho de parto, pode vir a ter complica-</p><p>ções. Por outro lado, muitas gestantes de alto risco ao final têm uma evolução sem complicações. Sendo assim</p><p>há necessidade de uma avaliação rigorosa das necessidades da parturiente e do prognóstico do parto para</p><p>uma boa tomada de decisão em relação ao parto e para uma boa assistência. Idealmente um parto é considera-</p><p>do normal quando inicia espontaneamente entre 37 e 42 semanas de gestação; é de baixo risco desde o início</p><p>do trabalho de parto até o nascimento; o bebê nasce espontaneamente, em posição cefálica de vértice e após</p><p>o nascimento, mãe</p>