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<p>1</p><p>2 3</p><p>ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico</p><p>PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS E ALIMENTOS FUNCIONAIS</p><p>EM FORMATO FARMACÊUTICO</p><p>Volume I</p><p>Vitae Editora</p><p>Anápolis (GO), 2022</p><p>E-book transcrito a partir da aula do Professor Daniel Jesus</p><p>Professor no Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ).</p><p>Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Goiás (1999). Especialização em</p><p>Farmacologia também pela UFG-GO (2002) e Mestrado em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento</p><p>em Tecnologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2010). Farmacêutico efetivo da</p><p>Indústria Química do Estado de Goiás, por concurso público desde 2002, em que exerceu</p><p>diversos cargos, entre eles: Gerência de Planejamento e Controle de Produção, Diretoria Industrial</p><p>e Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento e Novos Negócios. Foi professor adjunto no</p><p>Instituto Unificado de Ensino Superior Objetivo por 15 anos e na FACUNICAMPS por 7</p><p>anos. É professor em cursos de pós-graduação em diferentes instituições no Brasil na área</p><p>de Farmacologia Clínica, Tecnologia Farmacêutica e Saúde pública. É conselheiro efetivo do</p><p>Conselho Regional de Farmácia de Goiás (2012/2015 e 2015/2019). Diretor Secretário Geral</p><p>do CRF (2018/2019) e (2020/2022).</p><p>EXPEDIENTE:</p><p>Autor: ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico</p><p>Revisão Técnica: Farmacêutica Me. Juliana Cardoso</p><p>Produção: Vitae Editora</p><p>Edição: Egle Leonardi e Jemima Bispo</p><p>Colaboraram nesta edição: Erika Di Pardi e Janaina Araújo</p><p>Diagramação: Cynara Miralha</p><p>4 5</p><p>PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS E ALIMENTOS FUNCIONAIS EM FORMATO</p><p>FARMACÊUTICO</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>O objetivo deste e-book é introduzir os conceitos sobre Alimentos Funcionais e em Formato</p><p>Farmacêutico. O alimento funcional possui uma função no corpo além da nutrição, embora</p><p>todo alimento sirva para nutrir o corpo humano. Ele pode ser adquirido na feira, no mercado</p><p>etc. No entanto, este e-book foca no formato farmacêutico, ou seja, alimentos industrializados</p><p>na forma de pó, cápsulas etc.</p><p>Pretende-se demonstrar a importância da orientação adequada para o uso correto</p><p>de suplementos alimentares e ainda atualizar as informações quanto às recomendações,</p><p>legislações e prescrição farmacêutica para suplementos em formato farmacêutico.</p><p>QUAL É O CENÁRIO ATUAL?</p><p>Na história recente, observa-se que o uso de suplementação alimentar está cada vez</p><p>maior. No Brasil, há mais ou menos 40 anos, uma significativa porcentagem da população</p><p>era subnutrida. Esse cenário foi revertido devido à melhora na produção agrícola, na eficiência</p><p>da produção de alimentos, entre outros fatores, tanto no mundo quanto no Brasil.</p><p>Sendo assim, não há mais uma preocupação com a quantidade de alimentos, mas com</p><p>a qualidade deles. No entanto, isso não significa que a fome deixou de existir no cenário</p><p>brasileiro. Contudo, atenta-se mais para o excesso de alimento, atualmente.</p><p>A preocupação com doenças por superalimentação ou alimentação inadequada, como a</p><p>obesidade, passou a ser um problema de saúde em diversos quesitos. O uso do medicamento,</p><p>apesar de essencial para o aumento da expectativa e qualidade de vida, gerou no ser humano</p><p>uma necessidade de um número maior de medicamentos conforme ele envelhece. Por isso,</p><p>as pessoas buscam diminuir a quantidade de medicamentos, tentando colocar em sua rotina</p><p>dietética argumentos ou suplementos que possam substituir ou diminuir a necessidade de</p><p>medicamentos.</p><p>Conforme o cenário de fome diminui, passa-se a ter uma conjuntura diferente. Observa-se</p><p>que, nos Estados Unidos, a comida rápida (fast-food) é muito barata e, dessa forma, gera-se</p><p>um outro problema: obesidade.</p><p>Atualmente, há um mercado em ascensão no qual se busca o equilíbrio para gerar</p><p>longevidade (aumento da expectativa de vida) e uma vida saudável (aumento da qualidade</p><p>de vida). Por isso, a perspectiva, atualmente, não é mais a de resolver apenas o problema</p><p>da subnutrição, mas fornecer uma nutrição adequada para que se tenha uma expectativa e</p><p>qualidade de vida melhores.</p><p>Os níveis de fome do Brasil se mantêm abaixo de 5% até os dias atuais.</p><p>6 7</p><p>Atualmente, em muitos casos, a alimentação de crianças baseia-se, praticamente, em fast-foods.</p><p>A comida feita em casa, mais balanceada e diversificada ao nível de elementos, passa a ser</p><p>menor. Apesar de se ter uma quantidade maior de alimentos, a qualidade não acompanhou</p><p>esse processo. Embora haja uma população bem nutrida no sentido quantitativo, no âmbito</p><p>qualitativo há uma alimentação muita rica em gorduras e em carboidratos. Dessa forma, a</p><p>população tende à obesidade, que gera vários problemas, desde a infância até a idade adulta.</p><p>Costuma-se pensar que a população de baixa escolaridade possui menos condições financeiras</p><p>para comprar alimentos. Ressalta-se que, quanto mais instruído ou quanto maior o grau de</p><p>escolaridade da população, maior a possibilidade de se alimentar bem. A baixa instrução</p><p>aumenta o risco de obesidade. A educação faz parte da formação do cidadão, a qual fará</p><p>com que ele não se torne obeso.</p><p>O farmacêutico tem um papel fundamental nessa instrução. Às vezes, a preocupação</p><p>gira em torno da compra do medicamento. Contudo, é preciso se atentar para a efetividade</p><p>do medicamento, que dependerá, sobretudo, do bom comportamento do paciente e de seu</p><p>estilo de vida. Na prática, não adianta o indivíduo tomar a metformina vigorosamente para</p><p>diabetes se ele ingere uma quantidade de açúcar muito grande. Dessa forma, o medicamento</p><p>passa a ser secundário em relação à educação em saúde.</p><p>O farmacêutico deve cuidar da promoção em saúde, sendo o primeiro profissional a ser</p><p>procurado pelo paciente e, geralmente, o último. Quando o indivíduo vai ao médico, ao</p><p>nutricionista ou em qualquer outro profissional, possivelmente, adquire algum produto em</p><p>formulação farmacêutica.</p><p>O relatório passou a promover ações para garantir que tanto o Brasil quanto outros países</p><p>mais pobres possam chegar ao nível de ‘fome zero’ até 2030. Se as ações governamentais</p><p>e não governamentais, incluindo a OMS, alcançarem esse objetivo até 2030, o mundo terá</p><p>diminuído esse quadro para fome zero.</p><p>No entanto, há um problema que vem aumentando gradativamente no Brasil, conforme</p><p>os dados no mapa abaixo:</p><p>Em 2006, havia uma população média de obesos em torno de 11,8%. Em 2018, o cenário</p><p>se torna mais prevalente, pois ultrapassa 20% em mulheres. No Brasil, 19,8% de toda</p><p>a população está na faixa de obesidade. Em alguns países, essa incidência é mais elevada.</p><p>Nos Estados Unidos, a estimativa aponta que 38% da população está em um nível de obesidade.</p><p>Por isso, a incidência passa a ser um problema de saúde pública, uma vez que o obeso possui</p><p>maiores comorbidades (diabetes, hipertensão, entre outras complicações oriundas da idade</p><p>e da própria obesidade) e menor expectativa de vida.</p><p>Um outro fato importante é a obesidade infantil. Antigamente, os pais desejavam que</p><p>os filhos fossem gordinhos. Eram raras a exposição aos alimentos e a constatação de uma</p><p>criança obesa. Assim, as mães buscavam medicamentos capazes de aumentar o apetite ou</p><p>suplementações para estimular a ingestão de alimentos. E essa quantidade de alimentos era</p><p>mais rara.</p><p>8 9</p><p>Os tempos modernos trouxeram um aumento vertiginoso da expectativa de vida. Nos</p><p>anos 2000, a expectativa de vida do brasileiro era de, no máximo, 70 anos de idade. Alguns</p><p>estados e regiões têm essa expectativa de vida maior e outros menor. Houve um grande</p><p>avanço dessa expectativa de vida no Brasil, a qual pode chegar, em média, em 81,2 % de</p><p>esperança de vida ao nascer, atualmente.</p><p>As mulheres, em média, terão uma expectativa de vida de seis a cinco anos a mais do</p><p>que os homens, por diversos fatores. Mulheres têm menos morte violenta e por assassinato.</p><p>Acidente de trânsito é muito maior entre os homens, que também têm mais doenças</p><p>cardiovasculares. A esses fatores soma-se o fato de que a esperança de vida do sexo masculino</p><p>é menor do que a esperança de vida</p><p>do sexo feminino. Pode-se adicionar a isso preocupações</p><p>naturais do sexo feminino. É mais comum ver uma senhora procurar ajuda médica,</p><p>nutricional ou farmacêutica do que um indivíduo do sexo masculino, até mesmo por uma</p><p>questão cultural.</p><p>O envelhecimento da população é uma preocupação comum entre os representantes de</p><p>muitas cidades, principalmente as mais desenvolvidas. Até 2050, o mundo terá mais de 3</p><p>bilhões de pessoas acima de 50 anos de idade, impactando em diversos programas de saúde,</p><p>como a previdência. Atualmente, houve a experiência da mudança das regras da previdência,</p><p>a qual é compreensível, pois o aspecto do envelhecimento da população mudou muito nos</p><p>últimos 20 anos. A expectativa de vida aumentou em quase 20 anos. A previdência possui a</p><p>mesma estrutura há 40 anos. Se a expectativa de vida muda, torna-se incoerente em relação</p><p>ao Sistema Único de Saúde. Há só uma possibilidade de se conseguir resolver essa equação:</p><p>melhorar a atenção e educação em saúde para que as pessoas possam envelhecer melhor.</p><p>Assim, a expectativa de vida não onera tanto os sistemas de saúde. Por isso, a nutrição funcional</p><p>e a diminuição da necessidade de medicamentos podem ser um ponto essencial no cuidado</p><p>e mais abrangente na população, em geral.</p><p>• Enquanto a discussão federal foca na previdência social e na saúde, nos governos</p><p>municipais ela é mais abrangente (Revista EXAME. Em São Caetano e Nova York os idosos</p><p>têm vez. Edição 1053 – Ano 47 – Nº 21).</p><p>MERCADO EM ASCENSÃO</p><p>No setor alimentício, a preocupação em oferecer produtos que possam contribuir com</p><p>a saúde têm aumentado sobremaneira.</p><p>Talvez o mercado farmacêutico e o de estética tenham se desenvolvido de forma paulatina</p><p>ao setor alimentício. Ambas as questões se relacionam, pois há pessoas que ingerem produtos</p><p>para melhorar a elasticidade da pele, bem como melhorar a massa muscular. Por isso,</p><p>o mercado alimentício anda junto com outros mercados.</p><p>Em 1998, esse mercado ultrapassava 134 bilhões de dólares em todo o mundo.</p><p>Atualmente, o mercado ultrapassa 1 trilhão.</p><p>O papel do farmacêutico de educador em saúde é essencial para o resultado e efetividade</p><p>do tratamento do paciente.</p><p>Nas figuras abaixo, observa-se um outro cenário, ou seja, um aumento das porções nas</p><p>últimas décadas em termos de alimentação por refeição:</p><p>Percebe-se que, na década de 1990, a média da alimentação em uma refeição era de 333</p><p>calorias. Atualmente, esse número aumentou para 590. Uma pizza, na década de 1990, tinha,</p><p>em média, 500 calorias. A pizza atual, bem incrementada e com diferenciais, possui, em</p><p>média, 850 calorias.</p><p>Dessa forma, observa-se que, quanto mais se desenvolve alimentos industriais, aumenta-se</p><p>a quantidade de calorias e, consequentemente, a obesidade.</p><p>10 11</p><p>Os nutracêuticos são alimentos que possuem a função de prevenir, tratar e melhorar</p><p>agravos à saúde. Exemplo: se um indivíduo quer emagrecer, ele pode consumir alimentos</p><p>que tenham características de menor ganho ponderal de calorias, podendo fazê-lo perder</p><p>peso. Se ele deseja melhorar a firmeza da pele, basta aumentar a alimentação em vitaminas,</p><p>sais minerais e o colágeno, estimulando, assim, a produção de substâncias que promovem</p><p>o esperado. O indivíduo também pode consumir nutracêutico, alimentos com baixo sódio</p><p>para hipertensão arterial, com baixa caloria, carboidratos para diabéticos, alimentos sem</p><p>fenilalanina para os fenilcetonúricos etc. Há vários exemplos nos quais a nutrição previne e</p><p>trata doenças.</p><p>Com o advento do coronavírus, observa-se várias pesquisas que comprovam que a ingestão</p><p>de zinco melhora os resultados em resposta à viremia da Covid-19, por exemplo. Também</p><p>apontam que a vitamina D poderia estar relacionada à gravidade. Perceberam que indivíduos</p><p>que tinham menor quantidade de vitamina D tinham maior probabilidade de agravamento</p><p>da doença e há outros dados que podem corroborar com a questão do nutracêutico, ou seja, o</p><p>alimento que é ingerido não apenas para o fim nutricional, mas para tratar e prevenir doenças.</p><p>O nutricosmético é um nutracêutico, porém, seu fim funcional não é apenas melhorar</p><p>agravos de saúde, mas considera a estética e o embelezamento como tratamento. Qualquer</p><p>alimento que vise melhorar a aparência estética, como o cabelo, unhas, pele, entre outros</p><p>agravos relacionados à estética é denominado ‘nutricosmético’.</p><p>Acredita-se que, atualmente, o mercado de nutracêuticos ultrapassa 6 bilhões de reais</p><p>em faturamento. Trata-se de um mercado crescente, bastando observar, que há dez anos,</p><p>a quantidade de suplementos alimentares para ganhar massa (pessoas que ingeriam</p><p>proteínas, por exemplo) era rara. Atualmente, isso é muito mais comum entre os jovens,</p><p>adultos, mulheres, homens e até mesmo idosos.</p><p>Há cinco anos, não se ouvia falar do uso de colágeno. Hoje em dia, a utilização é muito</p><p>mais ampla. Nas farmácias, o colágeno hidrolisado é um campeão de vendas.</p><p>Conforme o consumo de nutracêuticos aumenta, também aumentam as oportunidades</p><p>de negócio para o profissional e o mercado farmacêutico.</p><p>DEFINIÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS E INGREDIENTES</p><p>São alimentos ou substâncias sem histórico de consumo no país. Às vezes, pode chegar</p><p>no Brasil uma planta que veio da Índia, da China ou Europa com alguma característica</p><p>nutricional diferente, significando que não há o consumo desse tipo de alimento no Brasil.</p><p>O boldo, por exemplo, não era comumente utilizado no Brasil. No entanto, ele foi introduzido</p><p>em alguns componentes farmacêuticos para a melhora de processos digestivos. Já no Chile,</p><p>o produto é amplamente utilizado, até mesmo como condimento.</p><p>A definição também se dá por alimentos com substâncias já consumidas que venham</p><p>a ser adicionadas ou utilizadas em níveis muito superiores aos atualmente observados nos</p><p>alimentos utilizados na dieta regular. Exemplo: para um alimento que tenha uma determinada</p><p>quantidade de vitamina C, como um suco de laranja processado, é necessário determinar</p><p>se a quantidade de vitamina C é alta ou baixa. Observa-se que é baixa. Ao perceber isso,</p><p>adiciona-se uma quantidade dez vezes maior do que a inicial. Dessa forma, o alimento</p><p>passa a ser enriquecido com vitamina C. Ao comer uma bolacha e observar sua composição</p><p>nutricional, percebe-se a presença de vitamina C em sua composição. Na ausência de</p><p>determinado ingrediente, é comum a inserção de novos ingredientes na composição</p><p>de determinado alimento.</p><p>Alimentos em forma de apresentação não convencional podem ser exemplificados como</p><p>cápsulas (não é comum o ser humano se alimentar com cápsulas), comprimidos, tabletes e</p><p>similares. Observa-se formulações nutricionais em diversas formas, como gelatinas e colágeno</p><p>na forma de gominhas. Trata-se de um novo tipo de alimento, o qual, até então não era</p><p>regularmente utilizado, inserido como um novo alimento ou ingrediente na alimentação de</p><p>um país ou nicho farmacêutico (ANVISA. Resolução nº 16, de 30 de abril de 1999. Aprova</p><p>o Regulamento Técnico de Procedimentos para registro de Alimentos e ou Novos Ingredientes,</p><p>constante do anexo desta Portaria. Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 03 de</p><p>dezembro de 1999).</p><p>No trabalho abaixo, da Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável,</p><p>o objetivo é desenvolver produtos alimentícios, como queijos, condimentos, doces e geleias, a</p><p>partir de ingredientes que, normalmente, não constavam nos referidos alimentos:</p><p>12 13</p><p>Atualmente, há diferentes grupos alimentares. Nesse cenário, existem pessoas vegetarianas/</p><p>veganas que têm dificuldade de sair da alimentação convencional e desejam um queijo que</p><p>não seja de origem animal. Nesse caso, utiliza-se outros ingredientes para elaborar um</p><p>alimento bioidêntico, próximo ao sabor e das composições nutricionais, mas com origem</p><p>alimentar diferente.</p><p>Sendo assim, retiram-se componentes do alimento original. É possível, por exemplo,</p><p>extrair a lactose do queijo. Pode-se, ainda, elaborar vários tipos de alimentos de forma</p><p>sintética ou de outras origens para imitar sabores que normalmente</p><p>estão presentes no</p><p>comportamento dietético dos pacientes.</p><p>Há ingredientes obtidos por síntese ou a partir de fontes alimentares, cuja adição em</p><p>alimentos resulte em aumento do seu consumo, por exemplo:</p><p>Ômega 3: observa-se que o suco de laranja está composto por ômega 3.</p><p>O suco de uva está composto por fibras, o qual normalmente não é tão rico em fibras.</p><p>Acrescenta-se uma ação nutricional ou dietética diferente nesse alimento.</p><p>Os produtos que utilizam ‘novos ingredientes’, e que tenham interesse em utilizar alegação</p><p>de propriedade funcional e/ou de saúde, devem ser registrados na categoria ‘alimentos</p><p>com alegação de propriedade funcional e ou de saúde’, atendendo às Resoluções 18/1999</p><p>e 19/1999.</p><p>A forma de fabricação e a forma de controle de qualidade do alimento precisam comprovar</p><p>que ele realmente contém aquelas quantidades relacionadas à sua identificação (Anvisa.</p><p>Resolução nº 16, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos</p><p>para Registro de Alimentos e ou Novos Ingredientes, constante do anexo desta Portaria.</p><p>Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 03 de dezembro de 1999).</p><p>DEFINIÇÃO DE ALIMENTOS FUNCIONAIS</p><p>14 15</p><p>É necessário definir o que são alimentos funcionais. Esse termo é muito comum na internet</p><p>e, às vezes, percebe-se que há uma dificuldade em defini-lo.</p><p>Alimentos funcionais tiveram sua origem no Japão, na década de 1980, por meio de um</p><p>programa do governo, cujo objetivo era desenvolver alimentos saudáveis para uma população</p><p>que envelhecia e apresentava uma grande expectativa de vida.</p><p>O governo japonês chegou à conclusão de que as pessoas estão vivendo mais e,</p><p>consequentemente, consomem muitos medicamentos. Por isso, optou por tentar diminuir</p><p>a quantidade de medicamentos, alterando a composição da alimentação. Começaram a</p><p>fazer grupos de controle governamental. Atualmente, o governo japonês controla bastante</p><p>a população mais velha, pois é fruto de maior gasto no que diz respeito a um sistema</p><p>público de saúde.</p><p>Em Londres, também há um programa de saúde pública, cuja preocupação é garantir</p><p>uma alimentação saudável e manter o exercício físico do idoso, para além da necessidade</p><p>de entregar o medicamento em tempo hábil. Já o Brasil, faz isso com muita eficiência,</p><p>principalmente, a entrega do medicamento. Porém, não se obtém os mesmos resultados no</p><p>final do tratamento.</p><p>Como exemplo, cita-se o caso de um senhor que fazia acompanhamento físico em uma</p><p>praça. Seu público, geralmente, variava entre jovens e idosos. Ao ser perguntado se</p><p>os exercícios eram muito importantes, o senhor disse: “a cada libra que investem nesses</p><p>programas, economiza-se quatro libras em hospitalização e na aquisição de medicamentos”.</p><p>Essa é uma estatística que eles usam. Da mesma forma, o governo japonês aumentou</p><p>o consumo de alimentos funcionais para diminuir o consumo de medicamentos.</p><p>Na década de 1930, o Dr. Minoru Shirota selecionou uma espécie de lactobacilos, resistente</p><p>à acidez do estômago e que, ao se manter vivo no intestino, inibe a proliferação de bactérias</p><p>intestinais nocivas.</p><p>Os alimentos funcionais, muitas vezes, são vivos, não apenas produzidos por laboratórios.</p><p>Podem ser encontrados na forma de leveduras, bactérias, fungos ou outros elementos</p><p>importantes para a manutenção da homeostase do ser humano.</p><p>No Japão, os alimentos funcionais são substâncias que proporcionam benefícios à saúde</p><p>e recebem selo de certificação com essa garantia.</p><p>Possuem ainda uma série de propriedade. Deve-se comprovar qual é o benefício para a</p><p>saúde, por exemplo. Após a comprovação, recebe-se um selo. No Brasil, não há uma definição</p><p>estabelecida sobre alimentos funcionais na regulamentação. No entanto, de acordo com a</p><p>resolução 18/1999, da Anvisa, trata-se de todo alimento ou ingrediente que, além de funções</p><p>nutricionais básicas, quando se tratar de nutriente, produz efeitos metabólicos, fisiológicos</p><p>e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica.</p><p>Exemplo: proteína de soja.</p><p>Alegação: o consumo diário de no mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a reduzir</p><p>o colesterol. Seu consumo deve estar associado à alimentação equilibrada e hábitos de vida</p><p>saudáveis.</p><p>Para haver melhora do sistema cardiovascular e aumento da produção protetiva, a soja</p><p>precisa ter alguma quantidade de fitoesteróis e outros produtos. A soja é um alimento vivo,</p><p>dependendo da origem e em qual solo foi consumida. Por isso, carece de requisitos específicos.</p><p>A quantidade de proteína de soja, contida na porção do produto pronto para consumo,</p><p>deve ser declarada no rótulo, próximo à alegação. Para a alegação ser verdadeira, o produto</p><p>responsável por fazer o benefício precisa ser declarado no rótulo.</p><p>No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, é necessário</p><p>declarar a quantidade de proteína de soja na recomendação diária do produto pronto para</p><p>o consumo, conforme indicação do fabricante.</p><p>Os dizeres de rotulagem e o material publicitário dos produtos à base de soja não</p><p>podem veicular qualquer alegação em função das isoflavonas, seja de conteúdo (‘contém’),</p><p>funcional, de saúde e terapêutica (prevenção, tratamento e cura de doenças quando se trata</p><p>de alimentos). Exemplo: ao colocar a alegação, sabe-se que a proteína da soja fará sua ação</p><p>funcional por causa das isoflavonas. No entanto, ao colocar e evidenciar isso, seria necessário</p><p>dosear o produto. Ele passaria a ser um produto não nutricional, ou seja, um produto</p><p>farmacêutico.</p><p>Normalmente, os fabricantes evitam a palavra ‘contém’.</p><p>Antes da legislação de 1999, era comum encontrar a seguinte frase, por exemplo, na</p><p>margarina: ‘esse produto não contém colesterol, não faz mal para o coração’. Essa alegação,</p><p>inicialmente, é verdadeira, porém, pode fazer mal para o coração por outros motivos.</p><p>Não se deve fazer alegações como ‘leite é bom para a osteoporose’. O leite contém cálcio,</p><p>o qual pode prevenir o desgaste ósseo. Dessa forma, pode-se dizer ‘contém tal propriedade’,</p><p>mas sem levar o consumidor a utilizar como se fosse um medicamento.</p><p>Atualmente, não são muitos os produtos que podem ser considerados alimentos funcionais,</p><p>e essa lista costuma aumentar. Em casos de dúvidas, é necessário procurar o site da Anvisa</p><p>para um esclarecimento sobre alimentos funcionais.</p>