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<p>Prof.ª Veridiana Rehbein</p><p>Curso OAB</p><p>1 FASE XXIXa</p><p>DIREITO</p><p>AMBIENTAL</p><p>1</p><p>Conteúdo programático (conforme temas recorrentes no exame de</p><p>ordem): 1. Introdução; 2. Direito Ambiental na Constituição Federal; 2.1</p><p>Competências; 3. Princípios Ambientais; 4. Responsabilidade Civil por</p><p>dano ao meio ambiente; 5. Sistema Nacional de Unidades de</p><p>Conservação (e compensação ambiental); 6. Proteção do Bioma Mata</p><p>Atlântica; 7. Código Florestal (reserva legal e área de preservação</p><p>permanente); 8. Instrumentos da Política de Desenvolvimento Urbano; 09.</p><p>Licenciamento Ambiental e Estudo Prévio de Impacto ambiental; 10.</p><p>Sanções Penais e Administrativas; 11. Responsabilidade Administrativa</p><p>federal por danos ambientais; 12. Saneamento Básico. 13. Dos</p><p>agrotóxicos.</p><p>1. Introdução</p><p>O despertar para a proteção ambiental teve o seu ápice no século XX,</p><p>especialmente nos anos 70, a partir da constatação de que diversos e graves</p><p>problemas ambientais estavam sendo causados pelo desenvolvimento das</p><p>atividades econômicas. Diferentemente do que se investiga e se defende</p><p>científica e juridicamente hoje, a preocupação inicial foi exclusivamente</p><p>antropocêntrica. Preocupou-se o homem com a impossibilidade de continuar</p><p>extraindo riquezas do meio natural.</p><p>Somente em 1981, no Brasil, o meio ambiente foi reconhecido como bem</p><p>jurídico autônomo pelo art. 3º, inc. I, da Lei nº 6.938/81, que o definiu como “o</p><p>conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e</p><p>biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.</p><p>A partir desse conceito, supera-se a percepção fragmentária e utilitarista</p><p>até então vigente e refletida em diversas normas ambientais esparsas, anteriores</p><p>à Lei 6.939/81, em que a proteção jurídica incidia sobre específicos elementos</p><p>naturais, tais com a fauna, a flora, os recursos minerais, não em razão de sua</p><p>importância para a manutenção do equilíbrio ecológico, mas em razão da</p><p>utilidade econômica que representavam como insumos do processo produtivo.</p><p>(MARQUESAN, STEIGLEDER E CAPPELLI, 2007, p.16).</p><p>2</p><p>Conforme o conceito legal, o meio ambiente é mais do que os elementos</p><p>corpóreos que o integram, pois compreende também as relações e interações</p><p>entre todos. Dessa forma, a própria Lei nº 6.938/81, no seu art. 2º, inciso I,</p><p>instituiu, como princípio da Política Nacional do Meio Ambiente, “a ação</p><p>governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio</p><p>ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado</p><p>e protegido, tendo em vista o uso coletivo”.</p><p>O denominado “uso coletivo” foi melhor caracterizado em 1990, com a</p><p>promulgação da Lei nº 8.078/1990, o Código de Proteção e Defesa do</p><p>Consumidor. Desde então os chamados direitos coletivos “lato sensu” se</p><p>subdividem em difusos, coletivos e individuais homogêneos:</p><p>Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das</p><p>vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título</p><p>coletivo.</p><p>Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:</p><p>I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste</p><p>código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam</p><p>titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;</p><p>II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos</p><p>deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja</p><p>titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a</p><p>parte contrária por uma relação jurídica base;</p><p>III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos</p><p>os decorrentes de origem comum.</p><p>Atualmente, o Direito Ambiental também regula a proteção dos ambientes</p><p>artificiais ou construídos, como o meio ambiente urbano, o meio ambiente do</p><p>trabalho e o meio ambiente cultural. Por essa razão os editais do Conselho</p><p>Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o Exame de Ordem</p><p>determinam que na prova objetiva devem constar questões sobre Direito</p><p>Ambiental em sentido amplo, o que abrange também a legislação tipicamente</p><p>urbanística, como o Estatuto da Cidade e as leis sobre saneamento e resíduos</p><p>sólidos (entre outras).</p><p>O direito fundamental ao meio ambiente trata-se, na realidade, da</p><p>caracterização dos direitos de solidariedade, de titularidade coletiva, como direito</p><p>de terceira dimensão, pelo fato de se “desprenderem, em princípio, da figura do</p><p>3</p><p>homem-indivíduo como seu titular e caracterizando-se como direitos de</p><p>titularidade coletiva” (SARLET, 2002).</p><p>2. Direito Ambiental na Constituição Federal</p><p>Embora a proteção ambiental tenha um capítulo próprio na CF de 88,</p><p>também está presente em inúmeros outros regramentos inseridos ao longo do</p><p>texto, nos mais diversos títulos e capítulos. Entre eles cabe destacar o art. 170,</p><p>que em seu inciso VI, determina que a ordem econômica brasileira, fundada na</p><p>valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem entre os seus princípios</p><p>a defesa do meio ambiente.</p><p>A Constituição Federal disciplina o Meio Ambiente no Título VIII, Capítulo</p><p>VI, determinando em seu art. 225 que “todos têm direito ao meio ambiente</p><p>ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia</p><p>qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de</p><p>defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. “Ao proclamar o</p><p>meio ambiente como “bem de uso comum do povo” foi reconhecida a sua</p><p>natureza de “direito público subjetivo”, vale dizer, exigível e exercitável em face</p><p>do próprio Estado, que tem também a missão de protegê-lo” (MILARÉ, 2011, p.</p><p>176).</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente</p><p>equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade</p><p>de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de</p><p>defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.</p><p>§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder</p><p>Público:</p><p>I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o</p><p>manejo ecológico das espécies e ecossistemas</p><p>II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do</p><p>País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de</p><p>material genético</p><p>III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e</p><p>seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a</p><p>alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada</p><p>qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que</p><p>justifiquem sua proteção</p><p>IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade</p><p>potencialmente causadora de significativa degradação do meio</p><p>ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará</p><p>publicidade;</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>4</p><p>V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,</p><p>métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade</p><p>de vida e o meio ambiente;</p><p>VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a</p><p>conscientização pública para a preservação do meio ambiente;</p><p>VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas</p><p>que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção</p><p>de espécies ou submetam os animais a crueldade.</p><p>§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o</p><p>meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo</p><p>órgão público competente, na forma da lei.</p><p>§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente</p><p>sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais</p><p>e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os</p><p>danos causados.</p><p>§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar,</p><p>o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional,</p><p>e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que</p><p>assegurem a preservação</p><p>Natural é uma área privada, gravada</p><p>com perpetuidade, com o objetivo de</p><p>conservar a diversidade biológica.</p><p>Das disposições comuns sobre criação, implantação e gestão da UCs:</p><p>Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder</p><p>Público.</p><p>§2º A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida</p><p>de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar</p><p>a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade,</p><p>conforme se dispuser em regulamento.</p><p>§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público é</p><p>obrigado a fornecer informações adequadas e inteligíveis à população</p><p>local e a outras partes interessadas.</p><p>§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é</p><p>obrigatória a consulta de que trata o § 2o deste artigo.</p><p>§ 5o As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável</p><p>podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades do</p><p>grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do mesmo</p><p>nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos</p><p>os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.</p><p>§ 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem</p><p>modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo</p><p>proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível</p><p>hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os</p><p>procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.</p><p>Zona de amortecimento é o entorno de uma unidade de conservação,</p><p>onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas,</p><p>com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade.</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>33</p><p>Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção</p><p>Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem</p><p>possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente,</p><p>corredores ecológicos.</p><p>§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá</p><p>normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos</p><p>da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos de uma</p><p>unidade de conservação.</p><p>§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos</p><p>e as respectivas normas de que trata o § 1o poderão ser definidas no</p><p>ato de criação da unidade ou posteriormente.</p><p>A Lei do SNUC também criou a compensação ambiental, uma</p><p>consequência da aplicação do princípio do usuário-pagador. “Como os recursos</p><p>naturais são bens da coletividade, o seu uso há de garantir uma compensação</p><p>financeira revertida para ela própria, desimportando ter havido ou não efetivo</p><p>dano ao meio ambiente” (THOMÉ, 2018, p. 434).</p><p>Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de</p><p>significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão</p><p>ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto</p><p>ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é</p><p>obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de</p><p>conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o</p><p>disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.</p><p>§ 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para</p><p>esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais</p><p>previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual</p><p>fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de</p><p>impacto ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº</p><p>3.378-6, de 2008)</p><p>§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de</p><p>conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas</p><p>apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo</p><p>inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de</p><p>conservação.</p><p>§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação</p><p>específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se</p><p>refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante</p><p>autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade</p><p>afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral,</p><p>deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste</p><p>artigo.</p><p>A Confederação Nacional da Indústria ingressou com Ação Direta de</p><p>Inconstitucionalidade (ADIN nº 3.378-6 de 2008) do art. 36.</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=3378&processo=3378</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=3378&processo=3378</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>34</p><p>Ementa</p><p>EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E</p><p>SEUS §§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000.</p><p>CONSTITUCIONALIDADE DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA</p><p>IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO</p><p>IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO §</p><p>1º DO ART. 36.</p><p>1. O compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36</p><p>da Lei nº 9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver</p><p>sido a própria lei que previu o modo de financiamento dos gastos com</p><p>as unidades de conservação da natureza. De igual forma, não há</p><p>violação ao princípio da separação dos Poderes, por não se tratar de</p><p>delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor deveres aos</p><p>administrados.</p><p>2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de</p><p>acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado</p><p>no relatório - EIA/RIMA.</p><p>3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador,</p><p>este a significar um mecanismo de assunção partilhada</p><p>da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da</p><p>atividade econômica.</p><p>4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade.</p><p>Compensação ambiental que se revela como instrumento adequado à</p><p>defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras</p><p>gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade</p><p>constitucional.</p><p>Medida amplamente compensada pelos benefícios que sempre</p><p>resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em sua</p><p>higidez.</p><p>5. Inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior a</p><p>meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do</p><p>empreendimento”, no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O valor</p><p>da compensação-compartilhamento é de ser fixado</p><p>proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se</p><p>assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da</p><p>fixação de percentual sobre os custos do empreendimento.</p><p>6. Ação parcialmente procedente.</p><p>Entendeu o STF, portanto, que a lei impugnada não ofendia o princípio da</p><p>legalidade ou o da independência dos Poderes. Contudo, os ministros</p><p>entenderam inconstitucionais as expressões “não pode ser inferior a meio por</p><p>cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento” e o</p><p>“percentual” constante no parágrafo 1º do artigo 36.</p><p>Após a análise dos tópicos acima, verifique as seguintes questões:</p><p>Com relação ao sistema nacional de unidades de conservação,</p><p>assinale a alternativa correta.</p><p>a) As unidades de conservação do grupo de proteção integral são</p><p>incompatíveis com as atividades humanas; logo, não se admite seu uso</p><p>35</p><p>econômico direto ou indireto, não podendo o Poder Público cobrar</p><p>ingressos para a sua visitação.</p><p>b) A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem</p><p>modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto,</p><p>pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico</p><p>do que criou a unidade. O Poder Público está dispensado de promover</p><p>consulta pública e estudos técnicos novos, bastando a reanálise dos</p><p>documentos que fundamentaram a criação da unidade de</p><p>conservação.</p><p>c) O parque nacional é uma unidade de conservação do grupo de</p><p>proteção integral, de posse e domínios públicos. É destinado à</p><p>preservação ambiental e ao lazer e à educação ambiental</p><p>da</p><p>população; logo, não se admite seu uso econômico direto ou indireto,</p><p>não podendo o Poder Público cobrar ingressos para a sua visitação.</p><p>d) As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável</p><p>podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades do</p><p>grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do mesmo</p><p>nível hierárquico do que criou a unidade, desde que respeitados</p><p>os procedimentos de consulta pública e estudos técnicos.</p><p>A Lei 9.985/2001, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de</p><p>Conservação – SNUC, previu que as unidades de conservação devem</p><p>dispor de uma zona de amortecimento definida no plano de manejo. A</p><p>esse respeito, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Os parques, como unidades de conservação de uso sustentado,</p><p>não têm zona de amortecimento.</p><p>b) As Áreas de Proteção Ambiental – APAs não precisam</p><p>demarcar sua zona de amortecimento.</p><p>c) Tanto as unidades de conservação de proteção integral como as</p><p>de uso sustentado devem elaborar plano de manejo, delimitando suas</p><p>zonas de amortecimento.</p><p>d) As Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN são</p><p>obrigadas a elaborar plano de manejo delimitando suas zonas de</p><p>amortecimento, por conta própria e orientação técnica particular.</p><p>A Lei 9.985/2000 instituiu a compensação ambiental, posteriormente</p><p>julgada pelo Supremo Tribunal Federal. A respeito do tema, é correto</p><p>afirmar que</p><p>a) a compensação ambiental será concretizada, pelo</p><p>empreendedor, pelo plantio de mudas de espécies nativas no entorno</p><p>de unidades de conservação, visando reduzir os impactos ambientais</p><p>dos empreendimentos potencialmente poluidores, especialmente</p><p>aqueles que emitem gases causadores do efeito estufa.</p><p>b) a compensação ambiental é exigida nos processos de</p><p>licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente</p><p>causadores de impactos significativos no meio ambiente, e será</p><p>exigida em espécie, apurando-se o seu valor de acordo o grau de</p><p>impacto causado, sendo os recursos destinados a uma unidade</p><p>de conservação do grupo de proteção integral.</p><p>c) a compensação ambiental é exigida nos processos de</p><p>licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente</p><p>causadores de impactos significativos no meio ambiente, e será exigida</p><p>em espécie, apurando-se o seu valor de acordo com o grau de impacto</p><p>causado, sendo os recursos destinados a uma unidade de</p><p>36</p><p>conservação à escolha do empreendedor, em razão do princípio da</p><p>livre iniciativa.</p><p>d) a compensação ambiental foi considerada inconstitucional, por</p><p>violar frontalmente o princípio do poluidor-pagador, uma vez que</p><p>permitia ao empreendedor compensar os possíveis danos ambientais</p><p>de seu empreendimento por meio de um pagamento, em espécie,</p><p>destinado a uma unidade de conservação do grupo de proteção</p><p>integral. Logo, não pode mais ser exigida ou mesmo oferecida pelo</p><p>órgão ambiental competente.</p><p>O Prefeito do Município de Belas Veredas, após estudos técnicos e</p><p>realização de audiência pública, decide pela criação de um parque, em</p><p>uma área onde podem ser encontrados exemplares exuberantes de</p><p>Mata Atlântica. Assim, edita decreto que fixa os limites do novo parque</p><p>municipal. Passados dois anos, recebe pedidos para que o parque seja</p><p>reavaliado e transformado em uma Área de Relevante Interesse</p><p>Ecológico, com uma pequena redução de seus limites. Tendo em vista</p><p>a situação descrita, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Em razão do princípio da simetria das formas no direito</p><p>ambiental, a Unidade de Conservação criada por ato do Poder</p><p>Executivo poderá ser reavaliada e ter seus limites reduzidos também</p><p>por decreto.</p><p>b) Como a Mata Atlântica é considerada patrimônio nacional, por</p><p>força do art. 225, §4º, da CRFB, apenas a União possui competência</p><p>para a criação de unidades de conservação que incluam tal bioma em</p><p>seus limites.</p><p>c) A criação do parque é constitucional e legal, mas, como a</p><p>área está definida como Unidade de Conservação de Proteção</p><p>Integral, a alteração para Área de Relevante Interesse Ecológico,</p><p>que é de Unidade de Conservação de Uso Sustentável, com</p><p>redução de limites, só pode ser feita por lei.</p><p>d) A reavaliação poderá ser feita por decreto, uma vez que a Área</p><p>de Relevante Interesse Ecológico também é uma Unidade de</p><p>Conservação do grupo de proteção integral.</p><p>Sobre a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), assinale a</p><p>afirmativa correta.</p><p>a) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas</p><p>de posse e domínios privados, gravadas com perpetuidade, e</p><p>deverão ser averbadas, por intermédio de Termo de</p><p>Compromisso, no Registro Público de Imóveis</p><p>b) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de</p><p>posse pública e domínio privado, e deverão ser averbadas, por</p><p>intermédio de Termo de Compromisso, no Registro Público de Imóveis</p><p>c) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de</p><p>posse e domínios privados, deverão ser averbadas, por intermédio de</p><p>Termo de Compromisso, no Registro</p><p>d) Público de Imóveis. Porém não serão perpétuas, em razão do</p><p>direito fundamental à propriedade privada.</p><p>e) As RPPN’s são unidades de conservação criadas em áreas de</p><p>posse pública e domínio privado. Em razão do princípio da defesa do</p><p>meio ambiente são instituídas automaticamente, sem necessidade de</p><p>avaliação do órgão ambiental, bastando o interesse do proprietário</p><p>privado e a averbação, por intermédio de Termo de Compromisso, no</p><p>Registro Público de Imóveis.</p><p>37</p><p>Bruno é proprietário de pousada que está em regular funcionamento</p><p>há seis anos e explora o ecoturismo. Na área em que a pousada está</p><p>localizada, o estado da federação pretende instituir estação ecológica</p><p>com o objetivo de promover a proteção da flora e da fauna locais. A</p><p>partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) Não é possível o estado instituir a estação ecológica, pois fere o</p><p>princípio da segurança jurídica, tendo em vista que a pousada</p><p>funcionava regularmente há mais de cinco anos.</p><p>b) É possível a instituição da estação ecológica pelo estado da</p><p>federação, não impedindo o funcionamento da pousada, visto que</p><p>Bruno tem direito adquirido ao exercício da atividade econômica.</p><p>c) É possível a instituição da estação ecológica com a</p><p>cessação da atividade econômica da pousada, desde que o Poder</p><p>Público Estadual indenize Bruno pelos prejuízos que a instituição</p><p>da unidade de conservação causar à sua atividade.</p><p>d) É possível a instituição da estação ecológica com a cessação da</p><p>atividade econômica da pousada, não cabendo ao Poder Público</p><p>qualquer forma de indenização, tendo em vista a supremacia do</p><p>interesse coletivo sobre os interesses individualmente considerados.</p><p>Determinado Município, por intermédio de lei que contemplou questões</p><p>como potencial construtivo, zoneamento de bairros e complexos</p><p>esportivos, reduziu os limites de uma determinada Unidade de</p><p>Conservação. Considerando o caso hipotético em tela, assinale a</p><p>opção que se harmoniza com a legislação ambiental.</p><p>a) A lei municipal em questão será considerada válida e eficaz, pois</p><p>a redução dos limites de uma Unidade de Conservação pode ser feita</p><p>até mesmo por Decreto.</p><p>b) A redução de limites, assim como a desafetação de uma</p><p>Unidade de Conservação, não demanda lei específica, exigindo</p><p>apenas a necessária e prévia aprovação de Estudo de Impacto</p><p>Ambiental e respectivo relatório (EIA-RIMA).</p><p>c) A redução operada pela lei, para produzir efeitos, dependerá da</p><p>aprovação do Conselho Gestor da Unidade de Conservação</p><p>impactada, garantindo-se a participação pública direta no referido</p><p>procedimento de deliberação e aprovação.</p><p>d) A redução dos limites da Unidade de Conservação,</p><p>conquanto possa evidenciar os efeitos concretos da lei, somente</p><p>pode ser feita mediante lei específica, regra esta que também se</p><p>aplica à desafetação.</p><p>6. Proteção do Bioma Mata Atlântica</p><p>Segundo Édis Milaré (2011, p. 996) “acredita-se que quando os</p><p>portugueses chegaram ao Brasil, há cerca de 500 anos, o país tinha 1.300.000</p><p>km2 de Mata Atlântica, ou seja, 15% do território brasileiro</p><p>era coberto pelas</p><p>diferentes formações florestais do bioma. Hoje, a extensão da Mata Atlântica</p><p>está reduzida a aproximadamente 100.000 km2, o que quer dizer que esse</p><p>38</p><p>recurso natural teve 93% de sua área original devastada”. Este índice revela a</p><p>razão de uma proteção especial a este bioma em nosso ordenamento jurídico.</p><p>O art. 225, §4º, como já visto, considera a Mata Atlântica Patrimônio</p><p>Nacional. Depois de anos com decretos e resoluções disciplinando de forma</p><p>incompleta a matéria, foi promulgada a lei 11.428/2006, posteriormente</p><p>regulamentada pelo Decreto 6.660/2008.</p><p>Alguns artigos importantes da citada Lei:</p><p>DO REGIME JURÍDICO GERAL DO BIOMA MATA ATLÂNTICA</p><p>Art. 8o O corte, a supressão e a exploração da vegetação do Bioma</p><p>Mata Atlântica far-se-ão de maneira diferenciada, conforme se trate de</p><p>vegetação primária ou secundária, nesta última levando-se em conta o</p><p>estágio de regeneração.</p><p>Art. 9o A exploração eventual, sem propósito comercial direto ou</p><p>indireto, de espécies da flora nativa, para consumo nas propriedades</p><p>ou posses das populações tradicionais ou de pequenos produtores</p><p>rurais, independe de autorização dos órgãos competentes, conforme</p><p>regulamento.</p><p>Parágrafo único. Os órgãos competentes, sem prejuízo do disposto no</p><p>caput deste artigo, deverão assistir as populações tradicionais e os</p><p>pequenos produtores no manejo e exploração sustentáveis das</p><p>espécies da flora nativa.</p><p>Art. 10. O poder público fomentará o enriquecimento ecológico da</p><p>vegetação do Bioma Mata Atlântica, bem como o plantio e o</p><p>reflorestamento com espécies nativas, em especial as iniciativas</p><p>voluntárias de proprietários rurais.</p><p>§ 1o Nos casos em que o enriquecimento ecológico exigir a supressão</p><p>de espécies nativas que gerem produtos ou subprodutos</p><p>comercializáveis, será exigida a autorização do órgão estadual ou</p><p>federal competente, mediante procedimento simplificado.</p><p>§ 2o Visando a controlar o efeito de borda nas áreas de entorno de</p><p>fragmentos de vegetação nativa, o poder público fomentará o plantio</p><p>de espécies florestais, nativas ou exóticas.</p><p>Art. 11. O corte e a supressão de vegetação primária ou nos</p><p>estágios avançado e médio de regeneração do Bioma Mata</p><p>Atlântica ficam vedados quando:</p><p>I - a vegetação:</p><p>a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de</p><p>extinção, em território nacional ou em âmbito estadual, assim</p><p>declaradas pela União ou pelos Estados, e a intervenção ou o</p><p>parcelamento puserem em risco a sobrevivência dessas</p><p>espécies;</p><p>b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e</p><p>controle de erosão;</p><p>c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária</p><p>ou secundária em estágio avançado de regeneração;</p><p>d) proteger o entorno das unidades de conservação; ou</p><p>e) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos</p><p>órgãos executivos competentes do Sistema Nacional do Meio</p><p>Ambiente - SISNAMA;</p><p>39</p><p>II - o proprietário ou posseiro não cumprir os dispositivos da legislação</p><p>ambiental, em especial as exigências da Lei nº 4.771, de 15 de</p><p>setembro de 1965, no que respeita às Áreas de Preservação</p><p>Permanente e à Reserva Legal.</p><p>Parágrafo único. Verificada a ocorrência do previsto na alínea a do</p><p>inciso I deste artigo, os órgãos competentes do Poder Executivo</p><p>adotarão as medidas necessárias para proteger as espécies da flora e</p><p>da fauna silvestres ameaçadas de extinção caso existam fatores que o</p><p>exijam, ou fomentarão e apoiarão as ações e os proprietários de áreas</p><p>que estejam mantendo ou sustentando a sobrevivência dessas</p><p>espécies.</p><p>Art. 14. A supressão de vegetação primária e secundária no</p><p>estágio avançado de regeneração somente poderá ser autorizada</p><p>em caso de utilidade pública, sendo que a vegetação secundária</p><p>em estágio médio de regeneração poderá ser suprimida nos casos</p><p>de utilidade pública e interesse social, em todos os casos</p><p>devidamente caracterizados e motivados em procedimento</p><p>administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e</p><p>locacional ao empreendimento proposto, ressalvado o disposto</p><p>no inciso I do art. 30 e nos §§ 1o e 2o do art. 31 desta Lei.</p><p>Art. 15. Na hipótese de obra ou atividade potencialmente</p><p>causadora de significativa degradação do meio ambiente, o órgão</p><p>competente exigirá a elaboração de Estudo Prévio de Impacto</p><p>Ambiental, ao qual se dará publicidade, assegurada a participação</p><p>pública.</p><p>Art. 16. Na regulamentação desta Lei, deverão ser adotadas normas</p><p>e procedimentos especiais, simplificados e céleres, para os casos de</p><p>reutilização das áreas agrícolas submetidas ao pousio.</p><p>Art. 17. O corte ou a supressão de vegetação primária ou secundária</p><p>nos estágios médio ou avançado de regeneração do Bioma Mata</p><p>Atlântica, autorizados por esta Lei, ficam condicionados à</p><p>compensação ambiental, na forma da destinação de área equivalente</p><p>à extensão da área desmatada, com as mesmas características</p><p>ecológicas, na mesma bacia hidrográfica, sempre que possível na</p><p>mesma microbacia hidrográfica, e, nos casos previstos nos arts. 30 e</p><p>31, ambos desta Lei, em áreas localizadas no mesmo Município ou</p><p>região metropolitana.</p><p>Art. 18. No Bioma Mata Atlântica, é livre a coleta de subprodutos</p><p>florestais tais como frutos, folhas ou sementes, bem como as</p><p>atividades de uso indireto, desde que não coloquem em risco as</p><p>espécies da fauna e flora, observando-se as limitações legais</p><p>específicas e em particular as relativas ao acesso ao patrimônio</p><p>genético, à proteção e ao acesso ao conhecimento tradicional</p><p>associado e de biossegurança.</p><p>Art. 19. O corte eventual de vegetação primária ou secundária nos</p><p>estágios médio e avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica,</p><p>para fins de práticas preservacionistas e de pesquisa científica, será</p><p>devidamente regulamentado pelo Conselho Nacional do Meio</p><p>Ambiente e autorizado pelo órgão competente do Sisnama.</p><p>A seguinte questão tratou da identificação de uma situação de interesse</p><p>social capaz de autorizar a supressão de vegetação.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4771.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4771.htm</p><p>40</p><p>A supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado</p><p>de regeneração somente poderá ser autorizada em caso de utilidade</p><p>pública, sendo que a vegetação secundária em estágio médio de</p><p>regeneração poderá ser suprimida nos casos de utilidade pública e</p><p>interesse social, em todos os casos devidamente caracterizados e</p><p>motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir</p><p>alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto,</p><p>conforme o disposto no art. 14 da Lei 11.428/2006, que dispõe sobre a</p><p>utilização e proteção da vegetação nativa do bioma Mata Atlântica. A</p><p>esse respeito, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Um advogado de proprietário de terreno urbano afirma ser</p><p>possível a obtenção de licença ambiental para edificação de</p><p>condomínio residencial com supressão de Mata Atlântica com base em</p><p>utilidade pública.</p><p>b) A licença ambiental de empreendimento de relevante e</p><p>significativo impacto ambiental localizado em terreno recoberto de</p><p>Mata Atlântica não pode ser concedida em hipótese alguma.</p><p>c) Um produtor de pequena propriedade ou posse rural</p><p>entende que é possível a obtenção de licença ambiental para</p><p>atividade agroflorestal sustentável, tendo como motivo o</p><p>interesse social.</p><p>d) Desde que obtida a autorização de supressão de vegetação de</p><p>Mata Atlântica, com base na Lei 11.428/2006, não é aplicável a</p><p>legislação que exige a licença ambiental, de acordo com a CRFB/88, a</p><p>Lei 6.938/81 e o Decreto 99.274/90.</p><p>7. Código Florestal (reserva legal e área de preservação</p><p>permanente)</p><p>A legislação florestal brasileira foi concebida e implementada em razão do</p><p>elevado grau de desmatamento de nossas florestas. A Lei 12.651/2012 (Código</p><p>Florestal), estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, dispõe</p><p>sobre as áreas de preservação permanente e áreas de Reserva Legal.</p><p>Os artigos 4º e seguintes tratam das áreas</p><p>de preservação permanente:</p><p>Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas</p><p>rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:</p><p>I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e</p><p>intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito</p><p>regular, em largura mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de</p><p>2012).</p><p>a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez)</p><p>metros de largura;</p><p>b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10</p><p>(dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;</p><p>c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50</p><p>(cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;</p><p>d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200</p><p>(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>41</p><p>e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura</p><p>superior a 600 (seiscentos) metros;</p><p>II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com</p><p>largura mínima de:</p><p>a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com</p><p>até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50</p><p>(cinquenta) metros;</p><p>b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;</p><p>III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes</p><p>de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa</p><p>definida na licença ambiental do empreendimento; (Incluído pela Lei</p><p>nº 12.727, de 2012).</p><p>IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,</p><p>qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50</p><p>(cinquenta) metros; (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).</p><p>V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°,</p><p>equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;</p><p>VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de</p><p>mangues;</p><p>VII - os manguezais, em toda a sua extensão;</p><p>VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do</p><p>relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções</p><p>horizontais;</p><p>IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima</p><p>de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas</p><p>delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços)</p><p>da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta</p><p>definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho</p><p>d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela</p><p>mais próximo da elevação;</p><p>X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros,</p><p>qualquer que seja a vegetação;</p><p>XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura</p><p>mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente</p><p>brejoso e encharcado. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).</p><p>§ 1o Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de</p><p>reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou</p><p>represamento de cursos d’água naturais. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 12.727, de 2012).</p><p>§ 4o Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície</p><p>inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de proteção</p><p>prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas</p><p>de vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental competente</p><p>do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 12.727, de 2012).</p><p>§ 5o É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar,</p><p>de que trata o inciso V do art. 3o desta Lei, o plantio de culturas</p><p>temporárias e sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra que</p><p>fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos, desde que não</p><p>implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, seja</p><p>conservada a qualidade da água e do solo e seja protegida a fauna</p><p>silvestre.</p><p>§ 6o Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é</p><p>admitida, nas áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo,</p><p>a prática da aquicultura e a infraestrutura física diretamente a ela</p><p>associada, desde que:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>42</p><p>I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e</p><p>de recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de</p><p>acordo com norma dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;</p><p>II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de</p><p>gestão de recursos hídricos;</p><p>III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;</p><p>IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR.</p><p>A Lei 12.651/2012, em seu art. 12, trata da área de reserva legal.</p><p>Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de</p><p>vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação</p><p>das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados</p><p>os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel,</p><p>excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: (Redação dada</p><p>pela Lei nº 12.727, de 2012).</p><p>I - localizado na Amazônia Legal:</p><p>a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;</p><p>b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;</p><p>c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;</p><p>II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).</p><p>§ 1o Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título,</p><p>inclusive para assentamentos pelo Programa de Reforma Agrária, será</p><p>considerada, para fins do disposto do caput, a área do imóvel antes do</p><p>fracionamento.</p><p>§ 2o O percentual de Reserva Legal em imóvel situado em área de</p><p>formações florestais, de cerrado ou de campos gerais na Amazônia</p><p>Legal será definido considerando separadamente os índices contidos</p><p>nas alíneas a, b e c do inciso I do caput.</p><p>§ 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de</p><p>floresta ou outras formas de vegetação nativa apenas será autorizada</p><p>pelo órgão ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel</p><p>estiver inserido no mencionado cadastro, ressalvado o previsto no art.</p><p>30.</p><p>§ 4o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá reduzir</p><p>a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), para fins de</p><p>recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por</p><p>cento) da área ocupada por unidades de conservação da natureza de</p><p>domínio público e por terras indígenas homologadas.</p><p>§ 5o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido</p><p>o Conselho Estadual de Meio Ambiente, poderá reduzir a Reserva</p><p>Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver</p><p>Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e mais de 65% (sessenta</p><p>e cinco por cento) do seu território ocupado por unidades de</p><p>conservação da natureza de domínio público, devidamente</p><p>regularizadas, e por terras indígenas homologadas.</p><p>§ 6o Os empreendimentos de abastecimento público de água e</p><p>tratamento de esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva</p><p>Legal.</p><p>§ 7o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou</p><p>desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou autorização</p><p>para exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais</p><p>funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica,</p><p>subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de</p><p>distribuição de energia elétrica.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>43</p><p>§ 8o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou</p><p>desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de</p><p>capacidade de rodovias e ferrovias.</p><p>Ainda sobre APPs e reserva legal, o Código Florestal estabeleceu uma</p><p>política de estímulo à proteção, conforme segue:</p><p>Art. 41. É o Poder Executivo federal autorizado a instituir, sem prejuízo</p><p>do cumprimento da legislação ambiental, programa de apoio e</p><p>incentivo à conservação do meio ambiente, bem como para adoção de</p><p>tecnologias e boas práticas que conciliem a produtividade</p><p>agropecuária e florestal, com redução dos impactos ambientais, como</p><p>forma de promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável,</p><p>observados sempre os critérios de progressividade, abrangendo as</p><p>seguintes categorias e linhas de ação: (Redação dada pela Lei nº</p><p>12.727, de 2012).</p><p>I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição,</p><p>monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos</p><p>ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou</p><p>cumulativamente:</p><p>a) o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque</p><p>e a diminuição do fluxo de carbono;</p><p>b) a conservação da beleza cênica natural;</p><p>c) a conservação da biodiversidade;</p><p>d) a conservação das águas e dos serviços hídricos;</p><p>e) a regulação do clima;</p><p>f) a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecossistêmico;</p><p>g) a conservação e o melhoramento do solo;</p><p>h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva</p><p>Legal e de uso restrito;</p><p>II - compensação pelas medidas de conservação ambiental</p><p>necessárias para o cumprimento dos objetivos desta Lei,</p><p>utilizando-se dos seguintes instrumentos, dentre outros:</p><p>a) obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com</p><p>taxas de juros menores, bem como limites e prazos maiores que os</p><p>praticados no mercado;</p><p>b) contratação do seguro agrícola em condições melhores que as</p><p>praticadas no mercado;</p><p>c) dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva</p><p>Legal e de uso restrito da base de cálculo do Imposto sobre a</p><p>Propriedade Territorial Rural - ITR, gerando créditos tributários;</p><p>d) destinação de parte dos recursos arrecadados com a cobrança pelo</p><p>uso da água, na forma da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, para a</p><p>manutenção, recuperação ou recomposição das Áreas de Preservação</p><p>Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito na bacia de geração</p><p>da receita;</p><p>e) linhas de financiamento para atender iniciativas de preservação</p><p>voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa</p><p>ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável</p><p>realizados na propriedade ou posse rural, ou recuperação de áreas</p><p>degradadas;</p><p>f) isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais</p><p>como: fios de arame, postes de madeira tratada, bombas d’água, trado</p><p>de perfuração de solo, dentre outros utilizados para os processos de</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm</p><p>44</p><p>recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de</p><p>Reserva Legal e de uso restrito;</p><p>III - incentivos para comercialização, inovação e aceleração das ações</p><p>de recuperação, conservação e uso sustentável das florestas e demais</p><p>formas de vegetação nativa, tais como:</p><p>a) participação preferencial nos programas de apoio à comercialização</p><p>da produção agrícola;</p><p>b) destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnológica e a</p><p>extensão rural relacionadas à melhoria da qualidade ambiental.</p><p>§ 1o Para financiar as atividades necessárias à regularização</p><p>ambiental das propriedades rurais, o programa poderá prever:</p><p>I - destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnológica e a</p><p>extensão rural relacionadas à melhoria da qualidade ambiental;</p><p>II - dedução da base de cálculo do imposto de renda do proprietário ou</p><p>possuidor de imóvel rural, pessoa física ou jurídica, de parte dos gastos</p><p>efetuados com a recomposição das Áreas de Preservação</p><p>Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito cujo desmatamento</p><p>seja anterior a 22 de julho de 2008;</p><p>III - utilização de fundos públicos para concessão de créditos</p><p>reembolsáveis e não reembolsáveis destinados à compensação,</p><p>recuperação ou recomposição das Áreas de Preservação Permanente,</p><p>de Reserva Legal e de uso restrito cujo desmatamento seja anterior a</p><p>22 de julho de 2008.</p><p>§ 2o O programa previsto no caput poderá, ainda, estabelecer</p><p>diferenciação tributária para empresas que industrializem ou</p><p>comercializem produtos originários de propriedades ou posses rurais</p><p>que cumpram os padrões e limites estabelecidos nos arts. 4o, 6o, 11 e</p><p>12 desta Lei, ou que estejam em processo de cumpri-los.</p><p>§ 3o Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais inscritos no</p><p>CAR, inadimplentes em relação ao cumprimento do termo de</p><p>compromisso ou PRA ou que estejam sujeitos a sanções por infrações</p><p>ao disposto nesta Lei, exceto aquelas suspensas em virtude do</p><p>disposto no Capítulo XIII, não são elegíveis para os incentivos previstos</p><p>nas alíneas a a e do inciso II do caput deste artigo até que as referidas</p><p>sanções sejam extintas.</p><p>§ 4o As atividades de manutenção das Áreas de Preservação</p><p>Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito são elegíveis para</p><p>quaisquer pagamentos ou incentivos por serviços ambientais,</p><p>configurando adicionalidade para fins de mercados nacionais e</p><p>internacionais de reduções de emissões certificadas de gases de efeito</p><p>estufa.</p><p>§ 5o O programa relativo a serviços ambientais previsto no inciso I</p><p>do caput deste artigo deverá integrar os sistemas em âmbito nacional</p><p>e estadual, objetivando a criação de um mercado de serviços</p><p>ambientais.</p><p>§ 6o Os proprietários localizados nas zonas de amortecimento de</p><p>Unidades de Conservação de Proteção Integral são elegíveis para</p><p>receber apoio técnico-financeiro da compensação prevista no art. 36</p><p>da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, com a finalidade de</p><p>recuperação e manutenção de áreas prioritárias para a gestão da</p><p>unidade.</p><p>§ 7o O pagamento ou incentivo a serviços ambientais a que se refere</p><p>o inciso I deste artigo serão prioritariamente destinados aos</p><p>agricultores familiares como definidos no inciso V do art. 3o desta</p><p>Lei. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm#art36</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm#art36</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12727.htm</p><p>45</p><p>As seguintes questões abordaram a Reserva Legal e Áreas de</p><p>Preservação permanente (APPs):</p><p>A definição dos espaços territoriais especialmente protegidos é</p><p>fundamental para a manutenção dos processos ecológicos. Sobre o</p><p>instituto da Reserva Legal, de acordo com o Novo Código Florestal</p><p>(Lei n. 12.651/2012), assinale a afirmativa correta.</p><p>a) Pode ser instituído em área rural ou urbana, desde que</p><p>necessário à reabilitação dos processos ecológicos.</p><p>b) Incide apenas sobre imóveis rurais, e sua área deve ser</p><p>mantida sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de</p><p>Preservação Permanente.</p><p>c) Foi restringida, de acordo com a Lei n. 12.651/2012, às</p><p>propriedades abrangidas por Unidades de Conservação.</p><p>d) Incide apenas sobre imóveis públicos, consistindo em área</p><p>protegida para a preservação da estabilidade geológica e da</p><p>biodiversidade.</p><p>Hugo, proprietário de imóvel rural, tem instituída Reserva Legal em</p><p>parte de seu imóvel. Sobre a hipótese, considerando o instituto da</p><p>Reserva Legal, de acordo com a disciplina do Novo Código Florestal</p><p>(Lei nº 12.651/2012), assinale a afirmativa correta.</p><p>a) As áreas de Reserva Legal são excluídas da base tributável</p><p>do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR),</p><p>compreendendo esta uma função extrafiscal do tributo.</p><p>b) Caso Hugo transmita onerosamente a propriedade, o adquirente</p><p>não tem o dever de recompor a área de Reserva Legal, mesmo que</p><p>averbada, tendo em vista o caráter personalíssimo da obrigação.</p><p>c) Hugo não pode explorar economicamente a área de Reserva</p><p>Legal, conduta tipificada como crime pelo Novo Código Florestal (Lei</p><p>nº 12.651/2012).</p><p>d) A área compreendida pela Reserva Legal é considerada</p><p>Unidade de Conservação de Uso Sustentável, admitindo exploração</p><p>somente se inserida no plano de manejo instituído pelo Poder Público.</p><p>João acaba de adquirir dois imóveis, sendo um localizado em área</p><p>urbana e outro, em área rural. Por ocasião da aquisição de ambos os</p><p>imóveis, João foi alertado pelos alienantes de que os imóveis</p><p>contemplavam Áreas de Preservação Permanente (APP) e de que, por</p><p>tal razão, ele deveria buscar uma orientação mais especializada, caso</p><p>desejasse nelas intervir. Considerando a disciplina legal das Áreas de</p><p>Preservação Permanente (APP), bem como as possíveis</p><p>preocupações gerais de João, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) As APPs não são passíveis de intervenção e utilização, salvo</p><p>decisão administrativa em sentido contrário de órgão estadual</p><p>integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, uma</p><p>vez que não há preceitos legais abstratamente prevendo exceções à</p><p>sua preservação absoluta e integral.</p><p>b) As hipóteses legais de APP, com o advento do denominado</p><p>“Novo Código Florestal” – Lei nº 12.651/2012 –, foram abolidas em</p><p>âmbito federal, subsistindo apenas nos casos em que os Estados e</p><p>Municípios assim as exijam legalmente.</p><p>46</p><p>c) As APPs são espaços territoriais especialmente protegidos,</p><p>comportando exceções legais para fins de intervenção, sendo</p><p>certo que os Estados e os Municípios podem prever outras</p><p>hipóteses de APP além daquelas dispostas em normas gerais,</p><p>inclusive em suas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas,</p><p>sendo que a supressão irregular da vegetação nela situada gera a</p><p>obrigação do proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer</p><p>título de promover a sua recomposição, obrigação esta de</p><p>natureza propter rem.</p><p>d) As APPs, assim como as reservas legais, não se aplicam às</p><p>áreas urbanas, sendo certo que a Lei Federal nº 12.651/2012 (“Novo</p><p>Código Florestal”), apesar de ter trazido significativas mudanças no seu</p><p>regime, garantiu as APPs para os imóveis rurais com mais de 100</p><p>hectares.</p><p>8. Instrumentos da Política de Desenvolvimento Urbano</p><p>A primeira política urbana nacional criada no Brasil foi com a Constituição</p><p>de 1988. A problemática urbana está relacionada aos assentamentos humanos,</p><p>a processos demográficos, a estilos de vida, a valores culturais, à interação de</p><p>indivíduos, etc. Percebe-se, assim, que a política urbana trata do meio ambiente</p><p>urbano. Encontra-se inserida na CF dentro da Ordem Econômica, talvez em</p><p>decorrência da preocupação com a propriedade do solo e com o direito de</p><p>acesso a ele.</p><p>Segundo o Código Civil (art. 1.228), o proprietário tem a faculdade de</p><p>usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que</p><p>injustamente a possua ou detenha. Contudo, “o direito de propriedade deve ser</p><p>exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de</p><p>modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei</p><p>especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o</p><p>patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas”</p><p>(§1º).</p><p>O art. 182 da CF estabelece que a política urbana será executada pelo</p><p>município, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, e tem por objetivo ordenar</p><p>o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar</p><p>de seus habitantes. O Plano Diretor é o instrumento básico dessa política.</p><p>47</p><p>O parágrafo 4º, do art. 182, estimula o cumprimento da função social da</p><p>propriedade ao facultar ao poder público municipal a utilização de alguns</p><p>instrumentos de intervenção</p><p>§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica</p><p>para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do</p><p>proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,</p><p>que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,</p><p>sucessivamente, de:</p><p>I - parcelamento ou edificação compulsórios;</p><p>II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo</p><p>no tempo;</p><p>III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública</p><p>de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de</p><p>resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,</p><p>assegurados o valor real da indenização e os juros legais.</p><p>Nos termos desta disposição constitucional, pode-se dizer que a função</p><p>social da propriedade urbana altera essencialmente o direito do proprietário de</p><p>usar livremente dela, condicionando seu uso e fruição ao interesse social.</p><p>A medidas para indução do adequado aproveitamento do solo previstas</p><p>no parágrafo 4º do artigo 182 foram regulamentadas na Lei nº 10.257/2001.</p><p>Seção II</p><p>Do parcelamento, edificação ou utilização compulsórios</p><p>Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano diretor</p><p>poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização</p><p>compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou não</p><p>utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para implementação</p><p>da referida obrigação.</p><p>§ 1o Considera-se subutilizado o imóvel:</p><p>I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor</p><p>ou em legislação dele decorrente;</p><p>II – (VETADO)</p><p>§ 2o O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para</p><p>o cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no</p><p>cartório de registro de imóveis.</p><p>§ 3o A notificação far-se-á:</p><p>I – por funcionário do órgão competente do Poder Público municipal,</p><p>ao proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a</p><p>quem tenha poderes de gerência geral ou administração;</p><p>II – por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de</p><p>notificação na forma prevista pelo inciso I.</p><p>§ 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a:</p><p>I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto</p><p>no órgão municipal competente;</p><p>II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do</p><p>empreendimento.</p><p>§ 5o Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional, a</p><p>lei municipal específica a que se refere o caput poderá prever a</p><p>48</p><p>conclusão em etapas, assegurando-se que o projeto aprovado</p><p>compreenda o empreendimento como um todo.</p><p>Art. 6o A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis,</p><p>posterior à data da notificação, transfere as obrigações de</p><p>parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei,</p><p>sem interrupção de quaisquer prazos.</p><p>Seção III</p><p>Do IPTU progressivo no tempo</p><p>Art. 7o Em caso de descumprimento das condições e dos prazos</p><p>previstos na forma do caput do art. 5o desta Lei, ou não sendo</p><p>cumpridas as etapas previstas no § 5o do art. 5o desta Lei, o Município</p><p>procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade predial e</p><p>territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração</p><p>da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos.</p><p>§ 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei</p><p>específica a que se refere o caput do art. 5o desta Lei e não excederá</p><p>a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota</p><p>máxima de quinze por cento.</p><p>§ 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja</p><p>atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota</p><p>máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a</p><p>prerrogativa prevista no art. 8o.</p><p>§ 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à</p><p>tributação progressiva de que trata este artigo.</p><p>Seção IV</p><p>Da desapropriação com pagamento em títulos</p><p>Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem</p><p>que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento,</p><p>edificação ou utilização, o Município</p><p>poderá proceder à desapropriação</p><p>do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.</p><p>§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado</p><p>Federal e serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações</p><p>anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e</p><p>os juros legais de seis por cento ao ano.</p><p>§ 2o O valor real da indenização:</p><p>I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante</p><p>incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área</p><p>onde o mesmo se localiza após a notificação de que trata o § 2o do art.</p><p>5odesta Lei;</p><p>II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros</p><p>compensatórios.</p><p>§ 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para</p><p>pagamento de tributos.</p><p>§ 4o O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no</p><p>prazo máximo de cinco anos, contado a partir da sua incorporação ao</p><p>patrimônio público.</p><p>§ 5o O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente pelo</p><p>Poder Público ou por meio de alienação ou concessão a terceiros,</p><p>observando-se, nesses casos, o devido procedimento licitatório.</p><p>§ 6o Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos do § 5o as</p><p>mesmas obrigações de parcelamento, edificação ou utilização</p><p>previstas no art. 5o desta Lei.</p><p>Os instrumentos foram objeto de questionamento pela FGV no exame</p><p>XXIV:</p><p>49</p><p>Damião, proprietário de terrenos não utilizados, mantidos para fins de</p><p>especulação imobiliária, é notificado pela autoridade pública municipal,</p><p>uma vez que seu terreno está incluído no plano Diretor do Município</p><p>XYZ, e a Lei Municipal nº 123 determinou a edificação compulsória e</p><p>aplicação de IPTU progressivo no tempo.</p><p>Sobre as possíveis consequências que Damião pode sofrer, assinale a</p><p>afirmativa correta.</p><p>A) Caso não seja cumprida a notificação no prazo estabelecido, o</p><p>Poder Público procederá à aplicação do Imposto sobre a Propriedade</p><p>Predial e Territorial Urbana (IPTU) progressivo no tempo, o qual pode</p><p>ser majorado indefinidamente, até que alcance o valor do bem.</p><p>B) Ainda que Damião transfira o imóvel, a obrigação de edificação</p><p>compulsória é transferida aos adquirentes, sem que haja</p><p>interrupção dos prazos previamente estabelecidos pelo Poder</p><p>Público. (ver artigo 6º)</p><p>C) O Poder Público Municipal poderá desapropriar o imóvel de Damião</p><p>mediante pagamento de indenização justa, prévia e em dinheiro, que</p><p>refletirá o valor da base de cálculo do IPTU.</p><p>D) Não há consequência jurídica no descumprimento, tendo em vista a</p><p>não autoexecutoridade nos atos do Poder Público em tema de política</p><p>urbana, sendo necessária a intervenção do Poder Judiciário.</p><p>A Lei nº 10.257/2001, que regulamentou os artigos 182 e 183 da CF,</p><p>estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da</p><p>propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar</p><p>dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.</p><p>O art. 4º do Estatuto da Cidade elenca os instrumentos da política urbana.</p><p>O inciso VI inclui entre esses instrumentos o estudo prévio de impacto ambiental</p><p>(EIA) e o estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV). O Estudo de Impacto</p><p>Ambiental, conforme disposto abaixo, que é seguido do RIMA – Relatório de</p><p>Impacto Ambiental, é um estudo técnico exigido para o licenciamento de</p><p>empreendimento capazes de causar significativo impacto ambiental. Embora</p><p>mencionados conjuntamente, são instrumentos distintos e autônomos. Os</p><p>artigos 36 ao 38, do Estatuto da Cidade, disciplinam o EIV – Estudo de Impacto</p><p>de Vizinhança.</p><p>Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades</p><p>privados ou públicos em área urbana que dependerão de</p><p>elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para</p><p>obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou</p><p>funcionamento a cargo do Poder Público municipal.</p><p>50</p><p>Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos</p><p>positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à</p><p>qualidade de vida da população residente na área e suas</p><p>proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes</p><p>questões:</p><p>I – adensamento populacional;</p><p>II – equipamentos urbanos e comunitários;</p><p>III – uso e ocupação do solo;</p><p>IV – valorização imobiliária;</p><p>V – geração de tráfego e demanda por transporte público;</p><p>VI – ventilação e iluminação;</p><p>VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.</p><p>Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do</p><p>EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do</p><p>Poder Público municipal, por qualquer interessado.</p><p>Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a</p><p>aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA),</p><p>requeridas nos termos da legislação ambiental.</p><p>Segundo Milaré (2011, p. 674) “a política nacional do meio ambiente</p><p>consagra, entre os seus instrumentos, a avaliação de impactos ambientais. A</p><p>avaliação de impacto ambiental é tomada em sentido amplo, genérico, de</p><p>procedimento metodológico para localizar, identificar, prognosticar, ponderar e,</p><p>em certos casos, valorar em medidas as alterações que podem ocorrer no meio</p><p>ambiente”. As seguintes questões do exame de ordem questionaram sobre o</p><p>EIV:</p><p>O Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV é uma espécie do gênero</p><p>Avaliação de Impacto Ambiental e está disciplinado no Estatuto da</p><p>Cidade, que estabelece e enumera os instrumentos a política de</p><p>desenvolvimento urbano, de acordo com seus arts. 4º e 36 a 38. A esse</p><p>respeito, assinale a alternativa correta.</p><p>a) As atividades de relevante e significativo impacto ambiental que</p><p>atingem mais de um Município são precedidas de estudo de impacto</p><p>de vizinhança.</p><p>b) O estudo de impacto de vizinhança só pode ser exigido em área</p><p>rural pelo órgão ambiental municipal.</p><p>c) A Avaliação de Impacto Ambiental é exigida para analisar o</p><p>adensamento populacional e a geração de tráfego e demanda por</p><p>transporte público advindos da edificação de um prédio.</p><p>d) A elaboração de estudo de impacto de vizinhança não</p><p>substitui a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental,</p><p>requerida nos termos da legislação ambiental.</p><p>Miguel, empreendedor particular, tem interesse em dar início à</p><p>construção de edifício comercial em área urbana de uma grande</p><p>metrópole. Nesse sentido, consulta seu advogado e indaga sobre quais</p><p>51</p><p>são as exigências legais para o empreendimento. Sobre a situação</p><p>apresentada, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) Não é necessária a realização de estudo de impacto ambiental,</p><p>por ser área urbana, ou estudo de impacto de vizinhança, uma vez que</p><p>não foi editada até hoje lei complementar exigida pela Constituição</p><p>para disciplinar a matéria.</p><p>b) É necessário o estudo prévio de impacto ambiental, anterior ao</p><p>licenciamento ambiental, a ser efetivado pelo município, em razão de</p><p>o potencial impacto ser de âmbito local.</p><p>c) É necessária a realização de estudo de impacto de</p><p>vizinhança, desde que o empreendimento esteja compreendido no</p><p>rol de atividades estabelecidas em lei municipal.</p><p>d) É necessária a realização de estudo de impacto ambiental, o</p><p>qual não será precedido necessariamente por licenciamento ambiental,</p><p>uma vez que a atividade não potencialmente causadora de impacto</p><p>ambiental.</p><p>Ainda sobre o Estatuto da Cidade, importa observar as modificações</p><p>promovidas pela Lei 13.465/2017, especialmente no que se refere à usucapião</p><p>coletiva:</p><p>Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há</p><p>mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de</p><p>possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por</p><p>possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde</p><p>que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou</p><p>rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017).</p><p>9. Licenciamento Ambiental e Estudo Prévio de Impacto</p><p>Ambiental</p><p>A Lei 6.938/1981 alterada pela Lei Complementar 140/2011 determina a</p><p>necessidade de licenciamento ambiental</p><p>para obras potencialmente poluidoras.</p><p>Ao tratar do licenciamento ambiental os autores discorrem, inicialmente, sobre a</p><p>sua natureza jurídica, que mais se assemelha a uma autorização. A licença</p><p>administrativa trata-se, em regra, de ato vinculado. Cumpridas todas as</p><p>exigências legais, o Poder Público não pode se negar a conceder a licença</p><p>administrativa. Já o licenciamento ambiental tem caráter preventivo e se</p><p>aproxima mais de uma autorização administrativa, pois são atos precários e</p><p>discricionários.</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art79</p><p>52</p><p>Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de</p><p>estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos</p><p>ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob</p><p>qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de</p><p>prévio licenciamento ambiental. (Redação dada pela Lei</p><p>Complementar nº 140, de 2011).</p><p>§ 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva</p><p>concessão serão publicados no jornal oficial, bem como em periódico</p><p>regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de</p><p>comunicação mantido pelo órgão ambiental competente</p><p>Art. 11. Compete ao IBAMA propor ao CONAMA normas e padrões</p><p>para implantação, acompanhamento e fiscalização do licenciamento</p><p>previsto no artigo anterior, além das que forem oriundas do próprio</p><p>CONAMA.</p><p>§ 2º - Inclui-se na competência da fiscalização e controle a análise de</p><p>projetos de entidades, públicas ou privadas, objetivando a preservação</p><p>ou a recuperação de recursos ambientais, afetados por processos de</p><p>exploração predatórios ou poluidores.</p><p>Art 12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos</p><p>governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a</p><p>esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao</p><p>cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo</p><p>CONAMA.</p><p>Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no " caput " deste</p><p>artigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras e</p><p>aquisição de equipamentos destinados ao controle de degradação</p><p>ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente.</p><p>Segundo o art. 2º, inciso I, da LC 140, licenciamento ambiental é o</p><p>procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou</p><p>empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente</p><p>poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.</p><p>Segundo a Resolução CONAMA 237/97 é o procedimento administrativo</p><p>pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,</p><p>ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de</p><p>recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou</p><p>daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,</p><p>considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas</p><p>aplicáveis ao caso. Segundo a mesma Resolução (art. 1º, II) a licença ambiental</p><p>é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as</p><p>condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser</p><p>obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar,</p><p>instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm#art20</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm#art20</p><p>53</p><p>recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou</p><p>aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.</p><p>Segundo o art. 10 da Resolução 237/97 o licenciamento contém oito</p><p>fases:</p><p>Art. 10. O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às</p><p>seguintes etapas:</p><p>I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do</p><p>empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais,</p><p>necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à</p><p>licença a ser requerida;</p><p>II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor,</p><p>acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais</p><p>pertinentes, dando-se a devida publicidade;</p><p>III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA,</p><p>dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a</p><p>realização de vistorias técnicas, quando necessárias;</p><p>IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão</p><p>ambiental competente integrante do SISNAMA, uma única vez, em</p><p>decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais</p><p>apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma</p><p>solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham</p><p>sido satisfatórios;</p><p>V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a</p><p>regulamentação pertinente;</p><p>VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão</p><p>ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando</p><p>couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os</p><p>esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;</p><p>VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer</p><p>jurídico;</p><p>VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a</p><p>devida publicidade.</p><p>Já a fase de emissão da licença desdobra-se em a) licença prévia, b)</p><p>licença de instalação e c) licença de operação.</p><p>Art. 8o O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,</p><p>expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na</p><p>fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade</p><p>aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade</p><p>ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a</p><p>serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; II -</p><p>Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento</p><p>ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos,</p><p>programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle</p><p>ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo</p><p>determinante; III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da</p><p>atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo</p><p>cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas</p><p>54</p><p>de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.</p><p>Parágrafo único. As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada</p><p>ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase</p><p>do empreendimento ou atividade.</p><p>A Lei 10.650/2003 dispõe sobre o acesso público aos dados e</p><p>informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama. A</p><p>seguinte questão, embora trate, segundo o enunciado, sobre licenciamento</p><p>ambiental, tem como assertiva correta afirmação que aborda o tema “acesso</p><p>público às informações”. Dispõe o art. 2º da Lei:</p><p>Art. 2o Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta</p><p>e fundacional, integrantes do Sisnama, ficam obrigados a permitir o</p><p>acesso público aos documentos, expedientes e processos</p><p>administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer</p><p>todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, em</p><p>meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico, especialmente as relativas a:</p><p>I - qualidade do meio ambiente;</p><p>II - políticas, planos e programas potencialmente causadores de</p><p>impacto ambiental;</p><p>III - resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle</p><p>de poluição e de atividades potencialmente poluidoras, bem como de</p><p>planos e ações de recuperação de áreas degradadas;</p><p>IV - acidentes, situações de risco ou de emergência ambientais;</p><p>V - emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção de resíduos</p><p>sólidos;</p><p>VI - substâncias tóxicas e perigosas;</p><p>VII - diversidade biológica;</p><p>VIII - organismos geneticamente modificados.</p><p>§ 1o Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de</p><p>interesse específico, terá acesso às informações de que trata esta Lei,</p><p>mediante requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação de não</p><p>utilizar as informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da</p><p>lei</p><p>civil, penal, de direito autoral e de propriedade industrial, assim</p><p>como de citar as fontes, caso, por qualquer meio, venha a divulgar os</p><p>aludidos dados.</p><p>§ 2o É assegurado o sigilo comercial, industrial, financeiro ou qualquer</p><p>outro sigilo protegido por lei, bem como o relativo às comunicações</p><p>internas dos órgãos e entidades governamentais.</p><p>Veja a questão:</p><p>Assinale a alternativa correta quanto ao licenciamento ambiental e ao</p><p>acesso aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades</p><p>integrantes do Sisnama.</p><p>a) Caso a área que sofrerá o impacto ambiental seja considerada</p><p>estratégica para o zoneamento industrial nacional de petróleo e gás e</p><p>em áreas do pré-sal, o órgão ambiental poderá elaborar estudo prévio</p><p>de impacto ambiental sigiloso.</p><p>55</p><p>b) Um cidadão brasileiro pode solicitar informações sobre a</p><p>qualidade do meio ambiente em um município aos órgãos integrantes</p><p>do Sisnama, mediante a apresentação de título de eleitor e</p><p>comprovação de domicílio eleitoral no local.</p><p>c) A exigência de Estudo Prévio de Impacto Ambiental para aterros</p><p>sanitários depende de decisão discricionária do órgão ambiental, que</p><p>avaliará no caso concreto o potencial ofensivo da obra.</p><p>d) Uma pessoa jurídica com sede na França poderá solicitar,</p><p>aos órgãos integrantes do Sisnama, mediante requerimento</p><p>escrito, mesmo sem comprovação de interesse específico,</p><p>informações sobre resultados de monitoramento e auditoria nos</p><p>sistemas de controle de poluição e de atividades potencialmente</p><p>poluidoras das empresas brasileiras.</p><p>Competência para licenciar</p><p>A Resolução 237 do CONAMA já dispunha sobre a competência de cada</p><p>órgão para o licenciamento. A LC 140, contudo, também disciplinou a matéria.</p><p>Disciplina da Resolução 237/97</p><p>Art. 4o Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos</p><p>Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do</p><p>SISNAMA, o licenciamento ambiental a que se refere o artigo 10 da Lei</p><p>nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades</p><p>com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou</p><p>regional, a saber:</p><p>I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país</p><p>limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona</p><p>econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de</p><p>conservação do domínio da União.</p><p>II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;</p><p>III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais</p><p>do País ou de um ou mais Estados;</p><p>IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,</p><p>armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que</p><p>utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,</p><p>mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;</p><p>V - bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a</p><p>legislação específica.</p><p>§ 1o O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após</p><p>considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos</p><p>Estados e Municípios em que se localizar a atividade ou</p><p>empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais</p><p>órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.</p><p>§ 2o O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá</p><p>delegar aos Estados o licenciamento de atividade com</p><p>significativo impacto ambiental de âmbito regional, uniformizando,</p><p>quando possível, as exigências.</p><p>56</p><p>Art. 5o Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito</p><p>Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e</p><p>atividades:</p><p>I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em</p><p>unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;</p><p>II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de</p><p>vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo</p><p>2o da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que</p><p>assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou</p><p>municipais;</p><p>III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites</p><p>territoriais de um ou mais Municípios;</p><p>IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por</p><p>instrumento legal ou convênio.</p><p>Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará</p><p>o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame</p><p>técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se</p><p>localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber,</p><p>o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do</p><p>Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de</p><p>licenciamento.</p><p>Art. 6o Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos</p><p>competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando</p><p>couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e</p><p>atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem</p><p>delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.</p><p>Distribuição de competências para licenciamento segundo a LC 140/2011:</p><p>Art. 7o São ações administrativas da União:</p><p>XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e</p><p>atividades:</p><p>a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país</p><p>limítrofe;</p><p>b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma</p><p>continental ou na zona econômica exclusiva;</p><p>c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;</p><p>d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação</p><p>instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental</p><p>(APAs);</p><p>e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;</p><p>f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos</p><p>termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e</p><p>emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei</p><p>Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;</p><p>g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,</p><p>armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que</p><p>utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,</p><p>mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen);</p><p>ou</p><p>h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a</p><p>partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp97.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp97.htm</p><p>57</p><p>participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente</p><p>(Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e</p><p>natureza da atividade ou empreendimento;</p><p>O Dec. 8.437, de 22.04.2015, estabeleceu as tipologias de</p><p>empreendimentos e atividades cujo licenciamento ambiental é de competência</p><p>da União independente da abrangência do impacto ou da localização: (1)</p><p>rodovias federais; (2) ferrovias federais; (3) portos organizados ou terminais de</p><p>uso privado e instalações portuárias com movimento superior a 15.000.000</p><p>ton/ano; (4) exploração de petróleo e gás e atividades diretamente relacionada;</p><p>(5) sistemas de geração e transmissão de energia elétrica (hidrelétricas com</p><p>capacidade instalada igual ou superior a trezentos megawatt, usinas</p><p>termelétricas com capacidade instalada igual ou superior a trezentos megawatt,</p><p>e usinas eólicas offshore e na zona de transição terra-mar).</p><p>Art. 8o São ações administrativas dos Estados:</p><p>XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou</p><p>empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou</p><p>potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar</p><p>degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o;</p><p>XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou</p><p>empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de</p><p>conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção</p><p>Ambiental (APAs);</p><p>Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:</p><p>XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas</p><p>nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das</p><p>atividades ou empreendimentos:</p><p>a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local,</p><p>conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de</p><p>Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e</p><p>natureza da atividade; ou</p><p>b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município,</p><p>exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);</p><p>Percebe-se, assim, que a ideia central de distribuição de competências na</p><p>LC 140/2011 ratifica o disposto na Resolução 237/1997 do CONAMA, com a</p><p>manutenção, como regra, do critério da abrangência do impacto. Verifique a</p><p>seguinte questão sobre competências e fases do licenciamento:</p><p>58</p><p>Kellen, empreendedora individual, obtém, junto ao órgão municipal,</p><p>licença de instalação de uma fábrica de calçados. A respeito da</p><p>hipótese formulada, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) A licença não é válida, uma vez que os municípios têm</p><p>competência para a análise de estudos de impacto ambiental, mas não</p><p>para a concessão de licença ambiental.</p><p>b) Com a licença de instalação obtida, a fábrica de calçados poderá</p><p>iniciar suas atividades de produção, gerando direito adquirido pelo</p><p>prazo mencionado na licença expedida pelo município.</p><p>c) A licença é válida, porém não há impedimento que um Estado e</p><p>a União expeçam licenças relativas ao mesmo empreendimento, caso</p><p>entendam que haja impacto de âmbito regional e nacional,</p><p>respectivamente.</p><p>d) Para o início da produção de calçados, é imprescindível a</p><p>obtenção de licença de operação, sendo concedida após a</p><p>verificação do cumprimento dos requisitos previstos nas licenças</p><p>anteriores.</p><p>Antes de dar início à instalação de unidade industrial de produção de</p><p>roupas no Município advogado acerca dos procedimentos prévios ao</p><p>começo da construção e produção. Considerando a hipótese, assinale</p><p>a afirmativa correta.</p><p>a) Caso a unidade industrial esteja localizada em terras indígenas,</p><p>ela não poderá ser instalada</p><p>b) Caso a unidade industrial esteja localizada e desenvolvida em</p><p>dois estados da federação, ambos terão competência para o</p><p>licenciamento ambiental.</p><p>c) Caso inserida em qualquer Unidade de Conservação, a</p><p>competência para o licenciamento será do IBAMA.</p><p>d) Caso o impacto seja de âmbito local, a competência para o</p><p>licenciamento ambiental será do Município.</p><p>Do estudo de impacto ambiental</p><p>Segundo MILARÉ (2011) “o Estudo de Impacto ambiental é hoje</p><p>considerado um dos mais notáveis instrumentos de compatibilização do</p><p>desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio</p><p>ambiente, já que deve ser elaborado antes da instalação da obra ou da</p><p>atividade potencialmente causadora de significativa degradação, nos</p><p>termos do art. 225, §1º, IV, da CF/1988”.</p><p>Art. 3º A licença ambiental para empreendimentos e atividades</p><p>consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de</p><p>significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de</p><p>impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio</p><p>ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a</p><p>realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a</p><p>regulamentação.</p><p>59</p><p>Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a</p><p>atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de</p><p>significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos</p><p>ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.</p><p>Art. 10 § 2º: No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao</p><p>estudo de impacto ambiental - EIA, se verificada a necessidade de</p><p>nova complementação em decorrência de esclarecimentos já</p><p>prestados, conforme incisos IV e VI, o órgão ambiental competente,</p><p>mediante decisão motivada e com a participação do empreendedor,</p><p>poderá formular novo pedido de complementação.</p><p>Questão do exame de ordem sobre EIA/RIMA:</p><p>Determinada sociedade empresária consulta seu advogado para obter</p><p>informações sobre as exigências ambientais que possam incidir em</p><p>seus projetos, especialmente no que tange à apresentação e</p><p>aprovação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental e seu respectivo</p><p>Relatório (EIA/RIMA). Considerando a disciplina do EIA/RIMA pelo</p><p>ordenamento jurídico, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) O EIA/RIMA é um estudo simplificado, integrante do</p><p>licenciamento ambiental, destinado a avaliar os impactos ao meio</p><p>ambiente natural, não abordando impactos aos meios artificial e</p><p>cultural, pois esses componentes, segundo pacífico entendimento</p><p>doutrinário e jurisprudencial, não integram o conceito de “meio</p><p>ambiente”.</p><p>b) O EIA/RIMA é exigido em todas as atividades e</p><p>empreendimentos que possam causar impactos ambientais, devendo</p><p>ser aprovado previamente à concessão da denominada Licença</p><p>Ambiental Prévia.</p><p>c) O EIA/RIMA, além de ser aprovado entre as Licenças</p><p>Ambientais Prévia e de Instalação, tem a sua metodologia e o seu</p><p>conteúdo regrados exclusivamente por Resoluções do Conselho</p><p>Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), podendo a entidade / o órgão</p><p>ambiental licenciador dispensá-lo segundo critérios discricionários e</p><p>independentemente de fundamentação, ainda que a atividade esteja</p><p>prevista em Resolução CONAMA como passível de EIA/RIMA.</p><p>d) O EIA-RIMA é um instrumento de avaliação de impactos</p><p>ambientais, de natureza preventiva, exigido para</p><p>atividades/empreendimentos não só efetiva como potencialmente</p><p>capazes de causar significativa degradação, sendo certo que a</p><p>sua publicidade é uma imposição Constitucional (CRFB/1988).</p><p>Prazo de validade de cada licença:</p><p>Fase do licenciamento Prazos de validade</p><p>Licença prévia No máximo 5 anos</p><p>Licença de Instalação No máximo 6 anos</p><p>Licença de operação No mínimo 4 anos e no máximo 10</p><p>60</p><p>Art. 19. O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada,</p><p>poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e</p><p>adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando</p><p>ocorrer: I - violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou</p><p>normas legais; II - omissão ou falsa descrição de informações</p><p>relevantes que subsidiaram a expedição da licença; III - superveniência</p><p>de graves riscos ambientais e de saúde.</p><p>Verifique a seguinte questão sobre prazos e novas exigências:</p><p>Um shopping center, que possui cerca de 250 lojas e estacionamento</p><p>para dois mil veículos, foi construído há doze anos sobre um antigo</p><p>aterro sanitário e, desde sua inauguração, sofre com a decomposição</p><p>de material orgânico do subsolo, havendo emissão diária de gás</p><p>metano, em níveis considerados perigosos à saúde humana, podendo</p><p>causar explosões. Em razão do caso exposto, assinale a alternativa</p><p>correta:</p><p>a) Como o shopping foi construído há mais de cinco anos, a</p><p>obrigação de elaborar estudo prévio de impacto ambiental e de se</p><p>submeter a licenciamento já prescreveu. Assim o empreendimento</p><p>poderá continuar funcionando.</p><p>b) A licença de operação ambiental tem prazo de validade de dez</p><p>anos. Logo o shopping já cumpriu com suas obrigações referentes ao</p><p>licenciamento e ao estudo prévio de impacto ambiental, e poderá</p><p>continuar com suas atividades regularmente.</p><p>c) A decomposição de material orgânico continua ocorrendo,</p><p>e é considerada perigosa à saúde humana e ao meio ambiente.</p><p>Logo, o shopping center em questão poderá ser obrigado pelo</p><p>órgão ambiental competente a adotar medidas para promover a</p><p>dispersão do gás metano, de forma a minimizar ou anular os</p><p>riscos ambientais, mesmo que já possua licença de operação</p><p>válida.</p><p>d) Caso o shopping center possua licença de operação válida, não</p><p>poderá ser obrigado pelo órgão ambiental competente, no caso</p><p>exposto, a adotar novas medidas para a dispersão do gás metano.</p><p>Apenas no momento da renovação de sua licença de operação poderá</p><p>ser obrigado a adquirir novo equipamento para tal fim.</p><p>10. Sanções Penais e Administrativas</p><p>A Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, embora seja conhecida como “lei</p><p>dos crimes ambientais”, dispõe sobre as sanções penais e administrativas</p><p>derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Sugere-se a</p><p>leitura</p><p>do meio ambiente, inclusive quanto ao uso</p><p>dos recursos naturais.</p><p>§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos</p><p>Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos</p><p>ecossistemas naturais.</p><p>§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua</p><p>localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser</p><p>instaladas.</p><p>§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste</p><p>artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem</p><p>animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do</p><p>art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza</p><p>imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser</p><p>regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos</p><p>animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de</p><p>2017)</p><p>Embora a CF não conceitue meio ambiente – e sim o direito subjetivo ao</p><p>seu equilíbrio – da leitura dos parágrafos do art. 225, juntamente com o conceito</p><p>legal de meio ambiente (Lei nº 6.938/81), afirma-se que o mesmo deve ser</p><p>compreendido de forma ampla, englobando não somente o meio ambiente</p><p>natural, com fauna, flora e formações de relevo, mas também o meio ambiente</p><p>cultural, com seu patrimônio histórico, artístico e paisagístico, além do meio</p><p>ambiente urbano.</p><p>O art. 170 da CF (TÍTULO VII - DA ORDEM ECONÔMICA E</p><p>FINANCEIRA CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE</p><p>ECONÔMICA), inciso VI, determina como um dos princípios da ordem</p><p>econômica a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc96.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc96.htm</p><p>5</p><p>diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus</p><p>processos de elaboração e prestação.</p><p>O direito ao ambiente ecologicamente equilibrado é direito subjetivo de</p><p>ordem material e alcança a seara dos direitos fundamentais. O equilíbrio</p><p>ambiental é crucial para que as personalidades possam ter o curso normal de</p><p>desenvolvimento. Esse entendimento decorre da definição constitucional de que</p><p>o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos e essencial a</p><p>sadia qualidade de vida. Nas grandes e médias cidades, os desarranjos</p><p>emocionais e físicos provocados pela poluição (sonora, atmosférica, hídrica,</p><p>etc.) afetam toda a sociedade e o indivíduo em particular. Percebe-se, assim, a</p><p>relação da proteção ambiental com o direito à saúde e com o princípio da</p><p>dignidade da pessoa humana.</p><p>Os incisos do parágrafo 1º estabelecem deveres precípuos do Poder</p><p>Público e constituem temas preferenciais nos questionamentos na prova</p><p>do exame de ordem. Por essa razão é importante verificar a legislação ordinária</p><p>que disciplina cada uma das matérias.</p><p>O inciso I menciona a preservação dos processos ecológicos essenciais</p><p>e tem na Lei nº 9.985/2000, um de seus regulamentos. Por processos ecológicos</p><p>essenciais devemos entender o que é essencial ao equilíbrio ambiental e</p><p>também à vida humana, como cadeias alimentares, ciclos das águas, produção</p><p>de alimentos e de energia, entre outros.</p><p>O inciso II menciona a preservação do patrimônio genético e foi</p><p>regulamentado também pela Lei 9.985/2000, além das Leis nº 11.105/2005 e nº</p><p>13.123/2015. O Patrimônio genético é definido pela Lei nº 13.123/205 como</p><p>“informação de origem genética de espécies vegetais, animais, microbianas ou</p><p>espécies de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do metabolismo</p><p>destes seres vivos”.</p><p>O inc. III do § 1º, do art. 225, estabelece o dever do Poder Público de</p><p>definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais a serem</p><p>especialmente protegidos. O Código Florestal dispõe sobre as áreas de</p><p>preservação permanente (em perímetro rural ou urbano) e sobre as reservas</p><p>legais (perímetro rural). Já a Lei nº 9.985/2000 criou o Sistema Nacional de</p><p>6</p><p>Unidades de Conservação, prevendo 12 diferentes modalidades de espaços</p><p>protegidos repartidos entre unidades de proteção integral e unidades de uso</p><p>sustentável, além de modalidade especial chamada “Reserva da Biosfera”. Uma</p><p>vez instituída uma área ambientalmente protegida (como uma unidade de</p><p>conservação, por exemplo), seja por decreto de executivo ou por lei federal, a</p><p>redução dos seus limites (alteração) ou a sua supressão somente serão</p><p>permitidas através de lei específica.</p><p>O inciso IV, que trata do estudo prévio de impacto ambiental, também tem</p><p>aspectos regulamentados pela Lei 11.105/2005, especialmente no que tange à</p><p>fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente</p><p>modificados. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, na Res.</p><p>237/97, no art. 1.º, define esses estudos ambientais como sendo “todos e</p><p>quaisquer estudos relativos aos aspectos relacionados à localização,</p><p>instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento,</p><p>apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como:</p><p>relatório ambiental, plano de recuperação de área degradada e análise</p><p>preliminar de risco”. A LC 140/2011 também regulamentou o procedimento</p><p>destes estudos. Esse estudo é realizado para subsidiar o licenciamento</p><p>ambiental de obras com grande potencial de degradação ambiental. Esse</p><p>estudo dever ser público.</p><p>O Inciso V menciona o necessário controle de substâncias que</p><p>comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. É também</p><p>regulamentado, consequentemente, pela Lei 11.105/2005, mas também pela Lei</p><p>7.802/1989, que disciplina a produção, comercialização e utilização de</p><p>agrotóxicos.</p><p>O Inciso VI determina que a educação ambiental se dê em todos os níveis</p><p>de ensino. A Lei 9.795/1999 dispõe sobre a educação ambiental, institui a</p><p>Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.</p><p>O inciso VII menciona a proteção da fauna e da flora e também foi</p><p>regulamentado pela Lei 9.985/2000, além da Lei 12.651/2012 e da Lei</p><p>9.605/1998. A Lei nº 11.794/2008 também regulamenta esse inciso do artigo 1º,</p><p>ao estabelecer procedimentos para o uso científico dos animais. O STF foi</p><p>7</p><p>instado a analisar a constitucionalidade de diversas leis estaduais que tratavam</p><p>de práticas culturais e/ou esportivas com animais, manifestando-se,</p><p>invariavelmente, pela sua inconstitucionalidade. Contudo, a Emenda</p><p>Constitucional 96/2017 modificou essa situação (ver o §7º do artigo 225).</p><p>O § 2º do art. 225 materializa o princípio do poluidor-pagador, ao</p><p>determinar que aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar</p><p>o meio ambiente degradado.</p><p>O § 3º trata da tríplice responsabilização (penal, administrativa e civil).</p><p>No § 4º o artigo 225 protegeu de forma especial cinco macrorregiões, em</p><p>decorrência das características de seus ecossistemas. Desta forma, determinou</p><p>que “a Floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o</p><p>Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua</p><p>utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a</p><p>preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos</p><p>naturais”. A questão que segue abordou este tema:</p><p>Com relação aos ecossistemas Floresta Amazônica, Mata Atlântica,</p><p>Serra do Mar, Pantanal matogrossense e Zona Costeira, assinale a</p><p>afirmativa correta.</p><p>a) Tais ecossistemas são considerados pela CRFB/1988</p><p>patrimônio difuso, logo todos os empreendimentos nessas áreas</p><p>devem ser precedidos de licenciamento e estudo prévio de impacto</p><p>ambiental.</p><p>b) Tais ecossistemas são considerados patrimônio nacional,</p><p>devendo a lei infraconstitucional disciplinar as condições de</p><p>utilização e de uso dos recursos naturais, de modo a garantir a</p><p>preservação do meio ambiente.</p><p>c) Tais ecossistemas são considerados bens públicos,</p><p>pertencentes à União, devendo a lei infraconstitucional disciplinar suas</p><p>condições de utilização, o uso dos recursos naturais e as formas de</p><p>preservação.</p><p>dos artigos que tratam da desconsideração da pessoa jurídica e dos</p><p>principais tipos penais.</p><p>61</p><p>O capítulo VI da Lei 9.605/1998 trata “da infração administrativa”. O art.</p><p>70 afirma que “considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou</p><p>omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e</p><p>recuperação do meio ambiente”. Tais dispositivos foram regulamentados pelo</p><p>Decreto nº 6.514/2008, que revogou expressamente o Decreto nº 3.179/1999.</p><p>No que se refere à Lei 9.605/1998, um dos assuntos assíduos no exame</p><p>de ordem é aquele sobre a desconsideração da pessoa jurídica. Determina o art.</p><p>4º da Lei 9.605 que “poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que</p><p>sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à</p><p>qualidade do meio ambiente”. Percebe-se, portanto, que o legislador optou pela</p><p>aplicação da teoria menor. Neste sentido o entendimento do STJ:</p><p>AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESPONSABILIDADE CIVIL</p><p>POR DANOS AO MEIO AMBIENTE. FALÊNCIA. SUSPENSÃO DE</p><p>ATIVIDADES. ALIENAÇÃO DE ATIVOS. AUSÊNCIA DE PERDA DE</p><p>OBJETO. PROSSEGUIMENTO DA DEMANDA. PRINCÍPIO</p><p>POLUIDOR-PAGADOR E PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO IN</p><p>INTEGRUM. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE</p><p>JURÍDICA. ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL. ART. 4° DA LEI 9.605/1998.</p><p>ARTS. 81 E 82 DA LEI 11.101/2005. NATUREZA DA</p><p>RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO DE</p><p>FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. IMPUTAÇÃO SOLIDÁRIA (ART. 942,</p><p>IN FINE, DO CÓDIGO CIVIL) E EXECUÇÃO SUBSIDIÁRIA.</p><p>[...]</p><p>5. Não custa lembrar que o Direito Ambiental adota, amplamente, a</p><p>teoria da desconsideração da personalidade jurídica (in casu, v.g.,</p><p>os arts. 4º da Lei 9.605/1998 e 81 e 82 da Lei 11.101/2005). Sua</p><p>incidência, assim, na Ação Civil Pública, vem a se impor, em certas</p><p>situações, com absoluto rigor. O intuito é viabilizar a plena</p><p>satisfação de obrigações derivadas de responsabilidade</p><p>ambiental, notadamente em casos de insolvência da empresa</p><p>degradadora. No que tange à aplicação do art. 4º da Lei</p><p>9.605/1998 (= lei especial), basta tão somente que a</p><p>personalidade da pessoa jurídica seja "obstáculo ao</p><p>ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio</p><p>ambiente", dispensado, por força do princípio da reparação in</p><p>integrum e do princípio poluidor-pagador, o requisito do</p><p>"abuso", caracterizado tanto pelo "desvio de finalidade", como</p><p>pela "confusão patrimonial", ambos próprios do regime comum</p><p>do art. 50 do Código</p><p>Civil (= lei geral). (REsp 1339046 / SC, julgado em 05/03/2013)</p><p>Os artigos 2º, 3º e 4º da Lei 9.605/98 tratam de temas distintos e é</p><p>importante que o estudante atente para isso no momento da resolução das</p><p>questões. O art. 2º trata da ampla responsabilidade dos agentes (funcionários</p><p>62</p><p>integrantes de conselhos, prepostos, mandatários...) na medida de sua</p><p>culpabilidade. O art. 3º trata da responsabilidade penal da pessoa jurídica e o</p><p>art. 4º, como visto, da desconsideração da pessoa jurídica nos casos de</p><p>necessidade de ressarcimento de prejuízos.</p><p>A responsabilidade penal da pessoa jurídica é, ainda hoje, tema</p><p>extremamente controvertido. “Há quem entenda que a adoção da</p><p>responsabilidade da pessoa jurídica ofenderia a Constituição Federal, o princípio</p><p>da legalidade, o princípio do devido processo legal, o princípio da</p><p>individualização e o princípio da proporcionalidade da pena” (SIRVINSKAS,</p><p>2011). Contudo, na jurisprudência não se discute mais o cabimento da</p><p>responsabilização da pessoa jurídica e atualmente vigora o entendimento pela</p><p>desnecessidade de dupla imputação:</p><p>PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS.</p><p>REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA. SUPOSTOS CRIMES</p><p>CONTRA A FLORA E CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL</p><p>(ARTS. 46, 68 E 69 DA LEI 9.605/1998 E 180, 288, 299 E 304 DO</p><p>CP). INDÍCIOS DE AUTORIA EM RELAÇÃO À PESSOA JURÍDICA</p><p>QUE NÃO PODEM SER ATRIBUÍDOS AUTOMATICAMENTE AOS</p><p>SEUS SÓCIOS. DECRETO PRISIONAL QUE NÃO REGISTRA</p><p>FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA PARA A CONCLUSÃO DE QUE</p><p>HAVERIA PERICULUM LIBERTATIS. RECURSO ORDINÁRIO</p><p>PROVIDO, PEDIDO DE EXTENSÃO NÃO CONHECIDO E</p><p>AGRAVO REGIMENTAL MINISTERIAL NÃO CONHECIDO.</p><p>1. O art. 225, § 3º, da CF/88, ao prever a possibilidade de</p><p>responsabilização penal de pessoas jurídicas (As condutas e</p><p>atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os</p><p>infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e</p><p>administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos</p><p>causados), absolutamente não instaurou regime de responsabilidade</p><p>penal objetiva dos seus sócios.</p><p>2. A responsabilidade penal da pessoa jurídica não representa,</p><p>automaticamente, a de seus sócios, sob pena de se ver</p><p>esvaziada a regra básica e civilizatória da intranscendência</p><p>subjetiva das sanções. Por conseguinte, não se deve admitir que</p><p>os "indícios" de autoria da pessoa jurídica redundem na prisão</p><p>processual de seu sócio, sem que em relação a ele haja,</p><p>igualmente, "indícios" de autoria em relação aos delitos</p><p>investigados. [...] (RHC 71923 / PA RECURSO ORDINARIO EM</p><p>HABEAS CORPUS 2016/0149523-1, julgado em 20/09/2016).</p><p>Por fim, outro assunto já questionado sobre a Lei 9.605 é a compreensão</p><p>dos tipos penais que correspondem a crimes de perigo. Veja esse entendimento</p><p>fixado em Informativo de Jurisprudência do STJ (0613/2017):</p><p>63</p><p>O crime previsto no art. 56, caput da Lei n. 9.605/1998 é de perigo</p><p>abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar</p><p>a nocividade ou a periculosidade dos produtos transportados, bastando</p><p>que estes estejam elencados na Resolução n. 420/2004 da ANTT.</p><p>Registrou a Sexta Turma, na oportunidade, que a conduta ilícita prevista</p><p>no dispositivo é norma penal em branco integrada pelo Regulamento para o</p><p>Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos (Decreto n. 96.044/1988) e pela</p><p>Resolução n. 420/2004 da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT,</p><p>que qualificam substâncias cujo transporte é perigoso. “No que se refere ao art.</p><p>56, caput, da Lei n. 9.605/1998, o legislador foi claro em não exigir a geração</p><p>concreta de risco na conduta ali positivada. Poderia fazê-lo, mas preferiu</p><p>contentar-se com a deliberada criação de um risco para o meio ambiente ou</p><p>mesmo a um número indeterminado de pessoas por quem transporta produto ou</p><p>substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em</p><p>desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos.</p><p>Em outras palavras, o conceito de nocividade no crime ambiental examinado se</p><p>esgota na própria capitulação normativa do produto ou substância como tóxica,</p><p>perigosa ou nociva ao ecossistema”.</p><p>A partir destes esclarecimentos, é possível analisar as seguintes</p><p>questões:</p><p>Diante das disposições estabelecidas pela Lei n. 9.605/98 sobre as</p><p>sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades</p><p>lesivas ao meio ambiente, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A desconsideração da pessoa jurídica somente será admitida se</p><p>a pena restritiva de direitos se revelar inócua para os fins a que se</p><p>destina.</p><p>b) A pena restritiva de direitos da pessoa jurídica, no que tange a</p><p>proibição de contratar com o poder público, terá duração equivalente</p><p>ao tempo de permanência dos efeitos negativos da conduta delituosa</p><p>sobre o meio ambiente.</p><p>c) Constitui inovação da lei de crimes ambientais a excludente de</p><p>antijuridicidade relativamente ao comércio não autorizado de animais</p><p>da fauna silvestre voltado exclusivamente à subsistência da entidade</p><p>familiar.</p><p>d) Os tipos penais ambientais, em regra, descrevem crimes de</p><p>perigo abstrato, que se consumam com a própria criação do risco,</p><p>efetivo ou presumido, independentemente de qualquer resultado</p><p>danoso.</p><p>64</p><p>A alternativa “a” está incorreta pois a desconsideração da pessoa jurídica</p><p>decorre da insuficiência patrimonial da pessoa jurídica para o</p><p>ressarcimento dos</p><p>danos causados, e não com a utilidade ou inocuidade de penas. A alternativa “b”</p><p>está incorreta porque o art. 22 da Lei 9.605/98, que dispõe sobre as penas</p><p>restritivas de direitos da pessoa jurídica, determina, em seu §3º, que a proibição</p><p>de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações</p><p>não poderá exceder o prazo de dez anos. A alternativa “c” está incorreta pois,</p><p>segundo o art. 37 da Lei 9.605/98, o legislador previu apenas quatro hipóteses</p><p>de causas de exclusão da ilicitude relacionadas aos crimes contra a fauna. São</p><p>elas: abater o animal em estado de necessidade, para saciar a fome do agente</p><p>ou de sua família; abater o animal para proteger lavouras, pomares e rebanhos</p><p>da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente</p><p>autorizado pela autoridade competente e abater o animal por ser ele nocivo,</p><p>desde que assim caracterizado pelo órgão competente. A alternativa “d” está</p><p>correta pois a tutela ambiental admite os chamados crimes de perigo. “O crime</p><p>de perigo se consubstancia na mera expectativa de dano. Reprime-se para de</p><p>evitar o dano” (SIRVINSKAS, 2011).</p><p>A Lei 9.605/98, regulamentada pelo Decreto 6.514/2008, que dispõe</p><p>sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e</p><p>atividades lesivas ao meio ambiente, trouxe novidades nas normas</p><p>ambientais. Entre elas está a</p><p>a) desconsideração da pessoa jurídica, que foi estabelecida</p><p>para responsabilizar a pessoa física sempre que sua</p><p>personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos</p><p>causados à qualidade do meio ambiente.</p><p>b) possibilidade de assinatura de termos de ajustamento de</p><p>conduta, que somente é possível pelo cometimento de ilícito ambiental.</p><p>c) responsabilidade penal objetiva pelo cometimento de crimes</p><p>ambientais.</p><p>d) substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de</p><p>direito quando tratar-se de crime doloso.</p><p>Luísa, residente e domiciliada na cidade de Recife, após visitar a</p><p>Austrália, traz consigo para a sua casa um filhote de coala, animal</p><p>típico daquele país e inexistente no Brasil. Tendo em vista tal situação,</p><p>assinale a afirmativa correta.</p><p>a) Ao trazer o animal, Luísa não cometeu qualquer ilícito ambiental</p><p>já que a propriedade de animais domésticos é livre no Brasil.</p><p>65</p><p>b) Ao trazer o animal, Luísa, em princípio, não cometeu qualquer</p><p>ilícito ambiental, pois o crime contra o meio ambiente só se configuraria</p><p>caso Luísa abandonasse ou praticasse ações de crueldade contra o</p><p>animal por ela adotado.</p><p>c) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o</p><p>introduziu no Brasil sem prévio licenciamento ambiental, sendo a</p><p>Justiça estadual de Pernambuco competente para julgar a eventual</p><p>ação.</p><p>d) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o</p><p>introduziu no Brasil sem licença e sem parecer técnico oficial</p><p>favorável, sendo a Justiça Federal competente para julgar a</p><p>eventual ação.</p><p>Ainda sobre os crimes ambientais importa apreciar a questão da</p><p>competência para julgamento. Entende o STJ que a preservação do meio</p><p>ambiente é matéria de competência comum da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios, nos termos do art. 23, incisos VI e VII, da Constituição</p><p>Federal. Por essa razão a sua orientação é no sentido de que, em crimes</p><p>ambientais, a competência em regra é da jurisdição estadual, ressalvada a</p><p>hipótese de configuração de lesão aos interesses, bens ou serviços da União,</p><p>de suas entidades autárquicas ou empresas públicas.</p><p>Assim, apenas quando presente interesse da União é que a competência</p><p>será da Justiça Federal, como no Julgamento pelo STF do Recurso</p><p>Extraordinário com reconhecimento de Repercussão Geral (835.558):</p><p>Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de</p><p>caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de</p><p>extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos</p><p>internacionais assumidos pelo Brasil.</p><p>No mesmo sentido:</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME</p><p>AMBIENTAL. PESCA MEDIANTE PETRECHOS DE USO PROIBIDO.</p><p>PEQUENA QUANTIDADE DE PESCADO. AUSÊNCIA DE OFENSA A</p><p>BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO. PREJUÍZO LOCAL.</p><p>COMPETÊNCIA DO JUÍZO ESTADUAL.</p><p>I - Os crimes ambientais, embora praticados em face de bem comum</p><p>e de grande relevância, que atinge direitos intergeracionais, não</p><p>atraem, por si só, a competência da União para processamento e</p><p>julgamento.</p><p>II - No caso em análise, em razão da pequena quantidade de pescado</p><p>66</p><p>apreendida, que não teria o potencial de ferir os interesses da União,</p><p>limitando-se ao interesse do local da apreensão, deve ser</p><p>reconhecida a competência da Justiça Estadual para processar e</p><p>julgar a causa.</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. (AgRg no CC 154856 / SP,</p><p>julgado em 13/12/2017).</p><p>11. Responsabilidade Administrativa federal por danos</p><p>ambientais</p><p>O Decreto 6.514/2008 dispõe sobre as infrações e sanções administrativas</p><p>ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração</p><p>destas infrações, e dá outras providências. Segundo o referido Decreto, considera-</p><p>se infração administrativa ambiental, toda ação ou omissão que viole as regras</p><p>jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente,</p><p>conforme o disposto na Seção III do Primeiro Capítulo.</p><p>Segundo art. 3º do Decreto, as infrações administrativas serão punidas</p><p>com as seguintes sanções: advertência, multa simples, multa diária, apreensão</p><p>de animais, produtos e instrumentos, destruição ou inutilização do produto,</p><p>suspensão de venda e fabricação do produto, embargo de obra ou atividade e</p><p>suas respectivas áreas, demolição de obra, suspensão parcial ou total das</p><p>atividades e restritiva de direitos. Algumas disposições sobre a aplicação das</p><p>diversas espécies de sanções, merecem destaque:</p><p>Art. 15-A. O embargo de obra ou atividade restringe-se aos locais</p><p>onde efetivamente caracterizou-se a infração ambiental, não</p><p>alcançando as demais atividades realizadas em áreas não</p><p>embargadas da propriedade ou posse ou não correlacionadas com a</p><p>infração. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).</p><p>Art. 15-B. A cessação das penalidades de suspensão e embargo</p><p>dependerá de decisão da autoridade ambiental após a apresentação,</p><p>por parte do autuado, de documentação que regularize a obra ou</p><p>atividade. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).</p><p>Art. 19. A sanção de demolição de obra poderá ser aplicada pela</p><p>autoridade ambiental, após o contraditório e ampla defesa,</p><p>quando: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).</p><p>I - verificada a construção de obra em área ambientalmente protegida</p><p>em desacordo com a legislação ambiental; ou</p><p>II - quando a obra ou construção realizada não atenda às</p><p>condicionantes da legislação ambiental e não seja passível de</p><p>regularização.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>67</p><p>§ 1o A demolição poderá ser feita pela administração ou pelo infrator,</p><p>em prazo assinalado, após o julgamento do auto de infração, sem</p><p>prejuízo do disposto no art. 112.</p><p>§ 2o As despesas para a realização da demolição correrão às custas</p><p>do infrator, que será notificado para realizá-la ou para reembolsar aos</p><p>cofres públicos os gastos que tenham sido efetuados pela</p><p>administração.</p><p>§ 3o Não será aplicada a penalidade de demolição quando, mediante</p><p>laudo técnico, for comprovado que o desfazimento poderá trazer piores</p><p>impactos ambientais que sua manutenção, caso em que a autoridade</p><p>ambiental, mediante decisão fundamentada, deverá, sem prejuízo das</p><p>demais sanções cabíveis, impor as medidas necessárias à cessação e</p><p>mitigação do dano ambiental, observada a legislação em</p><p>vigor. (Incluído pelo Decreto</p><p>nº 6.686, de 2008).</p><p>Art. 20. As sanções restritivas de direito aplicáveis às pessoas físicas</p><p>ou jurídicas são:</p><p>I - suspensão de registro, licença ou autorização; (Redação dada pelo</p><p>Decreto nº 6.686, de 2008).</p><p>II - cancelamento de registro, licença ou autorização; (Redação dada</p><p>pelo Decreto nº 6.686, de 2008).</p><p>III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;</p><p>IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento</p><p>em estabelecimentos oficiais de crédito; e</p><p>V - proibição de contratar com a administração pública;</p><p>§ 1o A autoridade ambiental fixará o período de vigência das sanções</p><p>previstas neste artigo, observando os seguintes prazos: (Incluído pelo</p><p>Decreto nº 6.686, de 2008).</p><p>I - até três anos para a sanção prevista no inciso V; (Incluído pelo</p><p>Decreto nº 6.686, de 2008).</p><p>II - até um ano para as demais sanções. (Incluído pelo Decreto nº</p><p>6.686, de 2008).</p><p>§ 2o Em qualquer caso, a extinção da sanção fica condicionada à</p><p>regularização da conduta que deu origem ao auto de infração. (Incluído</p><p>pelo Decreto nº 6.686, de 2008).</p><p>A questão a seguir versa sobre a sanção “demolição de obra”.</p><p>A respeito da responsabilidade administrativa federal por danos</p><p>ambientais, regulamentada pelo Decreto n. 6.514/08 e alterado pelo</p><p>Decreto 6.686/08, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) A demolição de obra só poderá ser aplicada em edificações</p><p>não residenciais e sua execução deverá ocorrer às custas do</p><p>infrator.</p><p>b) A demolição de obra é medida excepcional e só poderá ser</p><p>aplicada em situações de flagrante ilegalidade e em edificações com</p><p>menos de dez anos.</p><p>c) A demolição de obra, em respeito ao direito fundamental à</p><p>moradia, só poderá ser aplicada em construções residenciais erguidas</p><p>em unidades de conservação e outros espaços ambientalmente</p><p>protegidos e as custas para a sua realização correrão por conta do</p><p>infrator.</p><p>d) A demolição de obra ou construção com fins residenciais ou</p><p>comerciais, em razão do princípio da defesa do meio ambiente, dar-se-</p><p>á nos casos em que a ausência da demolição importa em iminente</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6686.htm#art1</p><p>68</p><p>risco de agravamento do dano ambiental e as custas para sua</p><p>realização correrão por conta do infrator.</p><p>Embora a alternativa apontada como correta seja a letra “a” essa questão</p><p>foi contestada, pois o enunciado não deixa claro se a demolição mencionada é</p><p>a sanção administrativa ou a medida liminar (art. 101 e 112). O impedimento a</p><p>sua aplicação às edificações residenciais existe apenas na medida liminar.</p><p>Ainda sobre às infrações administrativas, importa destacar que o Decreto</p><p>9.179/2017 altera o Decreto no 6.514, de 22 de julho de 2008, que dispõe sobre</p><p>as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e estabelece o</p><p>processo administrativo federal para apuração destas infrações, para dispor</p><p>sobre conversão de multas. O decreto de 2017 altera especialmente a Seção VII</p><p>- Do Procedimento de Conversão de Multa Simples em Serviços de Preservação,</p><p>Melhoria e Recuperação da Qualidade do Meio Ambiente.</p><p>12. Saneamento Básico</p><p>A Lei nº 11.445/2007 estabelece diretrizes nacionais para o saneamento</p><p>básico. A lei foi regulamentada pelo Decreto nº7.217/2010. Os serviços públicos</p><p>de saneamento básico compreendem os de abastecimento de água potável,</p><p>esgotamento sanitário, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas e</p><p>limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas</p><p>à saúde pública e à proteção do meio ambiente;</p><p>Dentre as questões da FGV, uma única sobre este tema:</p><p>Nos termos da Lei nº 11.445/2007 (Lei de Diretrizes Nacionais para o</p><p>Saneamento Básico), assinale a afirmativa que indica o serviço público</p><p>que não pode ser considerado como saneamento básico.</p><p>a) Esgotamento sanitário.</p><p>b) Manejo de águas pluviais urbanas.</p><p>c) Limpeza urbana.</p><p>d) Administração de recursos hídricos.</p><p>69</p><p>13. Dos agrotóxicos</p><p>O art. 225, § 1.º, V, da CF determina que incumbe ao Poder Público o</p><p>controle da produção, comercialização e utilização de técnicas, métodos e</p><p>substâncias nocivas à vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente. No</p><p>ordenamento infraconstitucional, o controle público mencionado encontrou</p><p>ressonância na Lei 7.802, de 11.07.1989, alterada pela Lei 9.974, de 06.06.2000,</p><p>que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e</p><p>rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda</p><p>comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos</p><p>e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização</p><p>de agrotóxicos, seus componentes e afins. O Dec. 4.074, de 04.01.2002,</p><p>regulamentou a Lei 7.802/1989.</p><p>70</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>MARQUESAN, Ana Maria Moreira; STEIGLEDER, Anelise Monteiro e</p><p>CAPPELLI, Silvia. Direito Ambiental. Porto Alegre: Verbo jurídico, 2007.</p><p>MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.</p><p>_____. Direito do Ambiente. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2015.</p><p>RODRIGUES, José Eduardo Ramos. Sistema Nacional de Unidades de</p><p>Conservação. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2006.</p><p>SARLET, Ingo Wolfgang (Org). Estado socioambiental e direitos fundamentais.</p><p>Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.</p><p>SIRVINSKAS, Luís Paulo. Tutela Penal do Meio Ambiente. São Paulo: Saraiva,</p><p>2011.</p><p>THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. Salvador: JusPODIVM, 2018.</p><p>TRENNEPOHL, Curt e TRENNEPOHL, Terence. Licenciamento Ambiental.</p><p>São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.</p><p>www.ceisc.com.br</p><p>ceisc_ CursoCeisc (51) 99355-0330ceisc_</p><p>CO N H E Ç A O</p><p>+100 MIL</p><p>+100 MIL +69 MIL</p><p>+400 MIL +5 MILHÕES</p><p>+15 MIL</p><p>Cursos de</p><p>prática jurídica</p><p>Cursos preparatórios</p><p>para OAB 1ª e 2ª Fase</p><p>Cursos preparatórios</p><p>para Concursos Públicos</p><p>Cursos de</p><p>Pós-Graduação</p><p>Cursos preparatórios</p><p>para ENEM e vestibulares</p><p>d) Tais ecossistemas possuem terras devolutas que são, a partir da</p><p>edição da Lei n. 9985/2000, consideradas unidades de conservação de</p><p>uso sustentável, devendo a lei especificar as regras de ocupação</p><p>humana nessas áreas.</p><p>A alternativa correta (letra “b”) praticamente reproduz o texto da lei. As</p><p>demais estão incorretas pelas seguintes razões: a CF não classifica o meio</p><p>ambiente como “patrimônio difuso” e sim como bem de uso comum do povo e o</p><p>estudo prévio de impacto ambiental, segundo o mesmo artigo, deve ser exigido,</p><p>8</p><p>na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora</p><p>de significativa degradação do meio ambiente, independentemente da região; o</p><p>enunciado da letra “c” está errado pois a CF não classifica os bens ambientais</p><p>como “bens públicos pertencentes à União”; em relação à alternativa “d” importa</p><p>compreender que “terra devoluta é a que não está destinada a qualquer uso</p><p>público, nem está legitimamente integrada ao patrimônio particular” (MILARÉ,</p><p>2011, p. 219). Segundo o art. 20, II, da CF, são bens da União as terras devolutas</p><p>indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares,</p><p>das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei.</p><p>A Lei 9.985/2000, cria o SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação</p><p>da Natureza (tema bem recorrente nas provas da FGV), de fato definiu a</p><p>“unidade de conservação de uso sustentável”, mas não transformou todas as</p><p>terras devolutas em unidades de conservação. O art. 43 da Lei determinou que</p><p>o Poder Público fará o levantamento nacional das terras devolutas, com o</p><p>objetivo de definir áreas destinadas à conservação da natureza, no prazo de</p><p>cinco anos após a publicação desta Lei.</p><p>O § 5º dispõe que são indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas</p><p>pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos</p><p>ecossistemas naturais. São devolutas todas as terras existentes no território</p><p>brasileiro que não se incorporaram legitimamente ao domínio particular, bem</p><p>como as já incorporadas ao patrimônio público, porém não afetadas a qualquer</p><p>uso público. As terras devolutas indispensáveis à preservação ambiental são</p><p>bens da União, conforme determina o art. 20, II, da CF, e podem ser classificadas</p><p>como bens públicos de uso especial.</p><p>O § 6º determina que as usinas que operem com reator nuclear deverão</p><p>ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.</p><p>A competência para legislar sobre atividades nucleares é privativa da União (art.</p><p>20, IX e 22, XXVI, da CF.</p><p>Mais recentemente, em 06/06/2017, foi publicada e Emenda</p><p>Constitucional nº 96, que incluiu o parágrafo 7º no artigo 225, cujo o objetivo foi</p><p>o de autorizar práticas como a “vaquejada”, por exemplo.</p><p>9</p><p>2.1 Competências em matéria ambiental</p><p>O quadro de competências determinado pela Constituição Federal dá</p><p>ênfase ao chamado federalismo cooperativo, “já que boa parte da matéria</p><p>relativa à proteção do meio ambiente pode ser disciplinada a um só tempo pela</p><p>União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios” (MILARÉ, 2011,</p><p>p. 224).</p><p>Na preparação para o exame de ordem é importante estudar a</p><p>competência em matéria ambiental em conjunto com as normas disciplinadoras</p><p>do direito urbanístico, pois os artigos 182 e seguintes da Constituição Federal e</p><p>o Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), estabelecem a atuação prioritária do</p><p>Município no estabelecimento do ordenamento urbano (competência material).</p><p>Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder</p><p>Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por</p><p>objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da</p><p>cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.</p><p>Neste sentido a questão 34 do exame XXIII, cuja alternativa correta é a</p><p>letra “d”:</p><p>A Lei Federal nº 123, de iniciativa parlamentar, estabelece regras</p><p>gerais acerca do parcelamento do solo urbano. Em seguida, a Lei</p><p>Municipal nº 147 fixa área que será objeto do parcelamento, em função</p><p>da subutilização de imóveis. Inconformado com a nova regra, que</p><p>atinge seu imóvel, Carlos procura seu advogado para que o oriente</p><p>sobre uma possível irregularidade nas novas regras.</p><p>Considerando a hipótese, acerca da Lei Federal nº 123, assinale a</p><p>afirmativa correta.</p><p>a) É formalmente inconstitucional, uma vez que é competência dos</p><p>municípios legislar sobre política urbana.</p><p>b) É formalmente inconstitucional, uma vez que a competência para</p><p>iniciativa de leis sobre política urbana é privativa do Presidente da</p><p>República.</p><p>c) Não possui vício de competência, já que a Lei Municipal nº 147 é</p><p>inconstitucional, sendo da competência exclusiva da União legislar</p><p>sobre política urbana.</p><p>d) Não possui vício de competência, assim como a Lei Municipal</p><p>nº 147, sendo ainda de competência dos municípios a</p><p>execução da política urbana.</p><p>10</p><p>Competência material (administrativa)</p><p>Que se dá pelo exercício do poder de polícia: atos de prevenção,</p><p>repressão e fiscalizatórios.</p><p>Art. 78 (CTN). Considera-se poder de polícia a atividade da</p><p>administração pública que, limitando ou disciplinando direito,</p><p>interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato,</p><p>em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à</p><p>ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao</p><p>exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou</p><p>autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à</p><p>propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.</p><p>A competência material pode ser exclusiva: aquela reservada a uma</p><p>entidade com exclusão das demais ou comum: atribuída a todos os entes</p><p>federados que a exercem sem excluir a do outro. Conforme a CF, a</p><p>competência material para a proteção ambiental é comum.</p><p>Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios:</p><p>III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,</p><p>artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e</p><p>os sítios arqueológicos;</p><p>VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de</p><p>suas formas;</p><p>VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;</p><p>Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a</p><p>cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os</p><p>Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-</p><p>estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional</p><p>nº 53, de 2006).</p><p>Assim, a competência para proteção do meio ambiente é comum e a</p><p>forma pela qual os vários entes cuidarão da matéria deve ser disciplinada em lei</p><p>complementar.</p><p>Em 08 de dezembro de 2011 foi publicada a Lei Complementar 140, que</p><p>tem como objetivo fixar as normas de cooperação para o exercício da</p><p>competência material comum na defesa do meio ambiente nos termos do</p><p>parágrafo único do artigo 23 da Constituição, além de alterar o artigo 10 da</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm</p><p>11</p><p>Política Nacional de Meio Ambiente – Lei nº 6.938/81, adequando-a às novas</p><p>disposições.</p><p>A atuação material na esfera ambiental trazia, na prática, diversos</p><p>conflitos de “competência” entre os entes federativos que implicavam não só em</p><p>total ausência de segurança jurídica aos empreendedores, mas também, e</p><p>principalmente, em risco ambiental claro e patente. Neste contexto, a Lei</p><p>Complementar estabeleceu além do conceito legal de licenciamento ambiental</p><p>(art. 2º, inciso I), os conceitos de atuação supletiva e atuação subsidiária (art. 2º,</p><p>II e III) e ainda os instrumentos de cooperação (artigo 4º).</p><p>Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:</p><p>I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a</p><p>licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de</p><p>recursos</p><p>ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob</p><p>qualquer forma, de causar degradação ambiental;</p><p>II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao</p><p>ente federativo originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses</p><p>definidas nesta Lei Complementar;</p><p>III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar</p><p>no desempenho das atribuições decorrentes das competências</p><p>comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente</p><p>detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar.</p><p>Os artigos 7º, 8º e 9º, dispõem sobre as ações administrativas da União,</p><p>dos Estados e dos Municípios. O art. 10 determina que são ações administrativas</p><p>do Distrito Federal as previstas nos arts. 8o e 9o. A lista de ações é extensa e já</p><p>foi objeto de questionamento no EO. Alguns incisos fazem referência a “âmbito</p><p>nacional”, “política nacional”, “sistema nacional”, “florestas públicas federais”,</p><p>biodiversidade brasileira, entre outros, nas ações da União, o que facilita o seu</p><p>entendimento (o mesmo ocorre em relação aos estados e municípios). Os</p><p>demais necessitam leitura e memorização. Segue o texto da lei, com recorte das</p><p>atribuições que não fazem referência direta ao âmbito de atuação de cada ente</p><p>federado, ou seja, com as situações mais difíceis:</p><p>Art. 7o São ações administrativas da União:</p><p>IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e</p><p>entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão</p><p>ambiental;</p><p>12</p><p>VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados</p><p>à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;1</p><p>IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional;</p><p>X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem</p><p>especialmente protegidos;2</p><p>XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de</p><p>ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente;</p><p>XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,</p><p>métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade</p><p>de vida e o meio ambiente, na forma da lei;</p><p>XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e</p><p>atividades:</p><p>a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país</p><p>limítrofe;</p><p>b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma</p><p>continental ou na zona econômica exclusiva;</p><p>c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas3;</p><p>d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação</p><p>instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental</p><p>(APAs);</p><p>e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;</p><p>f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos</p><p>termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e</p><p>emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei</p><p>Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;</p><p>g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,</p><p>armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que</p><p>utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,</p><p>mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen);</p><p>ou</p><p>h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a</p><p>partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a</p><p>participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente</p><p>(Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e</p><p>natureza da atividade ou empreendimento;4</p><p>XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e</p><p>formações sucessoras em:</p><p>a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de</p><p>conservação instituídas pela União, exceto em APAs; e</p><p>b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados,</p><p>ambientalmente, pela União;</p><p>XVII - controlar a introdução no País de espécies exóticas</p><p>potencialmente invasoras que possam ameaçar os</p><p>ecossistemas, habitats e espécies nativas;</p><p>XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna</p><p>e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos;</p><p>XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e</p><p>larvas;</p><p>XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação</p><p>prevista no inciso XVI;</p><p>1 Este inciso, embora trate de ações atribuídas à União, não faz qualquer referência ao âmbito</p><p>federal e os estados e municípios têm a mesma atribuição.</p><p>2 Esta ação também se repete no âmbito estadual e municipal.</p><p>3 Exemplo de licenciamento em terras indígenas: Usina de Belo Monte.</p><p>4 Regulamentado pelo Decreto 8.437/2015</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp97.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp97.htm</p><p>13</p><p>XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento</p><p>tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais;</p><p>XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de</p><p>produtos perigosos; e</p><p>XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual,</p><p>fluvial ou terrestre, de produtos perigosos.</p><p>Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja</p><p>localização compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre</p><p>e marítima da zona costeira será de atribuição da União</p><p>exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato</p><p>do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite</p><p>Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho</p><p>Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios de</p><p>porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou</p><p>empreendimento.</p><p>Art. 8o São ações administrativas dos Estados:</p><p>V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às</p><p>Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente;</p><p>VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados</p><p>à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;</p><p>VIII - prestar informações à União para a formação e atualização do</p><p>Sinima;</p><p>X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem</p><p>especialmente protegidos;</p><p>XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de</p><p>ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente;</p><p>XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,</p><p>métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade</p><p>de vida e o meio ambiente, na forma da lei;</p><p>XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou</p><p>empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou</p><p>potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar</p><p>degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o;</p><p>XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou</p><p>empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de</p><p>conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção</p><p>Ambiental (APAs);</p><p>XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e</p><p>formações sucessoras em:</p><p>a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado,</p><p>exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);</p><p>b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do</p><p>art. 7o; e</p><p>c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados,</p><p>ambientalmente, pelo Estado;</p><p>XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas</p><p>de extinção no respectivo território, mediante laudos e estudos técnico-</p><p>científicos, fomentando as atividades que conservem essas</p><p>espécies in situ;</p><p>XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e</p><p>larvas destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa científica,</p><p>ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7o;</p><p>XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre;</p><p>XXI - exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de</p><p>produtos perigosos, ressalvado o disposto no inciso XXV do art. 7o.</p><p>14</p><p>Art.</p><p>9o São ações administrativas dos Municípios:</p><p>II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas</p><p>atribuições;</p><p>V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às</p><p>Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambiente;</p><p>VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados</p><p>à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;</p><p>IX - elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos</p><p>ambientais;5</p><p>X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem</p><p>especialmente protegidos;</p><p>XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de</p><p>ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente;</p><p>XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,</p><p>métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade</p><p>de vida e o meio ambiente, na forma da lei;</p><p>XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas</p><p>nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das</p><p>atividades ou empreendimentos:</p><p>a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local,</p><p>conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de</p><p>Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e</p><p>natureza da atividade; ou</p><p>b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município,</p><p>exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);</p><p>XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas</p><p>nesta Lei Complementar, aprovar:</p><p>a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações</p><p>sucessoras em florestas públicas municipais e unidades de</p><p>conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção</p><p>Ambiental (APAs); e</p><p>Observe a seguinte questão:</p><p>A Lei Complementar n. 140 de 2011 fixou normas para a cooperação</p><p>entre os entes da federação nas ações administrativas decorrentes do</p><p>exercício da competência comum relativas ao meio ambiente. Sobre</p><p>esse tema, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) Compete à União aprovar o manejo e a supressão de vegetação,</p><p>de florestas e formações sucessoras em Áreas de Preservação</p><p>Ambientais - APAs.</p><p>b) Compete aos Estados e ao Distrito Federal controlar a</p><p>introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras que</p><p>possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas.</p><p>c) Compete aos municípios gerir o patrimônio genético e o acesso</p><p>ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições</p><p>setoriais.</p><p>d) Compete à União aprovar a liberação de exemplares de</p><p>espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais</p><p>frágeis ou protegidos.</p><p>5 Previsão de instrumento urbanístico dentro da LC que disciplina competência em matéria</p><p>ambiental (meio ambiente urbano)</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>15</p><p>Em relação ao enunciado constante na letra “a”, que menciona a</p><p>competência para o manejo de florestas em APAs, o mesmo pode induzir</p><p>facilmente em erro. A LC inclui entre as “ações administrativas da União” a</p><p>aprovação do manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações</p><p>sucessoras” só que em florestas públicas federais, terras devolutas federais ou</p><p>unidades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs. Embora, em</p><p>regra, o ente tenha competência para o manejo e licenciamento nas unidades de</p><p>conservação por ele instituídas, a lei, em todas as situações (União, Estado e</p><p>Municípios) afastou essa regra em caso de APAs. O artigo 12 ratifica isso:</p><p>Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de atividades ou</p><p>empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou</p><p>potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar</p><p>degradação ambiental, e para autorização de supressão e manejo de</p><p>vegetação, o critério do ente federativo instituidor da unidade de</p><p>conservação não será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental</p><p>(APAs).</p><p>Parágrafo único. A definição do ente federativo responsável pelo</p><p>licenciamento e autorização a que se refere o caput, no caso das</p><p>APAs, seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do</p><p>inciso XIV do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na alínea “a” do inciso</p><p>XIV do art. 9o.</p><p>A APA – Área de Proteção Ambiental é uma espécie de unidade do grupo</p><p>de uso sustentável e está conceituada no art. 15 da Lei 9.985: “A Área de</p><p>Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de</p><p>ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais</p><p>especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das</p><p>populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade</p><p>biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do</p><p>uso dos recursos naturais”. Assim, para fins de licenciamento e autorização de</p><p>supressão ou manejo de vegetação, valem as outras regras de distribuição de</p><p>competência.</p><p>Em relação ao enunciado na letra “b”, fácil constatar a falsidade da</p><p>assertiva quando menciona a competência dos estados para controlar a entrada</p><p>no país (competência federal, portanto) de espécies exóticas. A assertiva “c”,</p><p>16</p><p>igualmente falsa, afirma que compete aos municípios gerir o patrimônio genético</p><p>e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições</p><p>setoriais, pois tal competência é da União, conforme inciso XXIII do caput do art.</p><p>7o da LC no 140, de 8 de dezembro de 2011.</p><p>Outra questão sobre competência material:</p><p>Técnicos do IBAMA, autarquia federal, verificaram que determinada</p><p>unidade industrial, licenciada pelo Estado no qual está localizada, está</p><p>causando degradação ambiental significativa, vindo a lavrar auto de</p><p>infração pelos danos cometidos. Sobre o caso apresentado e aplicando</p><p>as regras de licenciamento e fiscalização ambiental previstas na Lei</p><p>Complementar n. 140/2011, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) Há irregularidade no licenciamento ambiental, uma vez que em</p><p>se tratando de atividade que cause degradação ambiental significativa,</p><p>o mesmo deveria ser realizado pela União.</p><p>b) É ilegal a fiscalização realizada pelo IBAMA, que só pode</p><p>exercer poder de polícia de atividades licenciadas pela União, em</p><p>sendo a atividade regularmente licenciada pelo Estado.</p><p>c) É possível a fiscalização do IBAMA o qual pode, inclusive,</p><p>lavrar auto de infração, que, porém, não prevalecerá caso o órgão</p><p>estadual de fiscalização também lavre auto de infração.</p><p>d) Cabe somente à União, no exercício da competência de</p><p>fiscalização, adotar medidas para evitar danos ambientais iminentes,</p><p>comunicando imediatamente ao órgão competente, em sendo a</p><p>atividade licenciada pelo Estado.</p><p>Esta questão trata da possibilidade de órgão federal fiscalizar e autuar</p><p>empreendimento licenciado pelo Estado. A atividade de fiscalização permanece</p><p>sendo atividade comum dos entes, mas em caso de dupla autuação, permanece</p><p>a competência do órgão competente para licenciar. Tal matéria está disciplinada</p><p>no art. 17:</p><p>Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou</p><p>autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade,</p><p>lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo</p><p>para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo</p><p>empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.</p><p>§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração</p><p>ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de</p><p>recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir</p><p>representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do</p><p>exercício de seu poder de polícia.</p><p>§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da</p><p>qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato</p><p>deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la,</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp140.htm#art7xxiii</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp140.htm#art7xxiii</p><p>17</p><p>comunicando imediatamente ao órgão competente para as</p><p>providências cabíveis.</p><p>§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos</p><p>entes federativos da atribuição comum de fiscalização da</p><p>conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou</p><p>potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a</p><p>legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração</p><p>ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento</p><p>ou autorização a que se refere o caput.</p><p>Uma terceira e última questão sobre competência material nas provas</p><p>elaboradas pela FGV:</p><p>O Município Z deseja implementar política pública ambiental, no</p><p>sentido de combater a poluição das vias públicas. Sobre as</p><p>competências ambientais distribuídas pela Constituição, assinale a</p><p>afirmativa correta.</p><p>a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm</p><p>competência material ambiental comum, devendo leis</p><p>complementares fixar normas de cooperação entre os entes.</p><p>b) Em relação à competência material ambiental, em não sendo</p><p>exercida pela União e nem pelo Estado, o Município pode exercê-la</p><p>plenamente.</p><p>c) O Município só pode exercer sua competência material</p><p>ambiental nos limites das normas estaduais sobre o tema.</p><p>d) O Município não tem competência material em direito ambiental,</p><p>por falta de previsão constitucional, podendo, porém, praticar atos por</p><p>delegação da União ou do Estado.</p><p>Das três questões sobre este tema, esta é a mais simples, pois a assertiva</p><p>“a” reproduz o texto do art. 23 da CF. Em relação a letra “d”, a assertiva é falsa</p><p>pois contraria o texto do art. 23. Em relação a letra “b” a assertiva é falsa quando</p><p>afirma que o município poderá exercer a competência material de forma plena,</p><p>pois a LC 140 distribuiu, conforme visto, as ações administrativas de cada ente.</p><p>Já a letra “c” é falsa quando afirma que lei estadual definirá a competência</p><p>municipal, pois a distribuição de competência é matéria constitucional.</p><p>Competência legislativa</p><p>A competência legislativa, por sua vez, é do tipo concorrente, nos termos</p><p>do art. 24 da CF.</p><p>18</p><p>Em outro modo de dizer, na legislação concorrente ocorre</p><p>prevalência da União no que concerne à regulação de aspectos de</p><p>interesse nacional, com o estabelecimento de normas gerais</p><p>endereçadas a todo o território nacional, as quais, como é óbvio,</p><p>não podem ser contrariadas por normas estaduais ou municipais.</p><p>Assim, a União legislará e atuará em face de questões de interesse</p><p>nacional, enquanto os Estados o farão diante de problemas regionais,</p><p>e os municípios apenas diante de temas de interesse estritamente</p><p>local. Por outro lado, para que não haja “espaços brancos”, caso a</p><p>União não legisle sobre as normas gerais, poderão os estados ocupar</p><p>o vazio, exercendo a competência legislativa plena para atender as</p><p>suas peculiaridades (art. 24, § 3º). Todavia, a superveniência de lei</p><p>federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no</p><p>que lhe for contrário (art. 24, § 4º) (MILARÉ, 2011, p. 227).</p><p>Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar</p><p>concorrentemente sobre:</p><p>V - produção e consumo;</p><p>VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do</p><p>solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da</p><p>poluição;</p><p>VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e</p><p>paisagístico;</p><p>VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a</p><p>bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e</p><p>paisagístico;</p><p>§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União</p><p>limitar-se-á a estabelecer normas gerais.</p><p>§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não</p><p>exclui a competência suplementar dos Estados.</p><p>§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão</p><p>a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.</p><p>§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a</p><p>eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.</p><p>Art. 30. Compete aos Municípios:</p><p>I - legislar sobre assuntos de interesse local;</p><p>II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;</p><p>Veja as questões do exame de ordem sobre competência legislativa:</p><p>Em determinado Estado da federação é proposta emenda à</p><p>Constituição, no sentido de submeter todos os Relatórios de Impacto</p><p>Ambiental à comissão permanente da Assembleia Legislativa. Com</p><p>relação ao caso proposto, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) Os Relatórios e os Estudos de Impacto Ambiental são realizados</p><p>exclusivamente pela União, de modo que a Assembleia Legislativa não</p><p>é competente para analisar os Relatórios.</p><p>b) A análise e a aprovação de atividade potencialmente</p><p>causadora de risco ambiental são consubstanciadas no poder de</p><p>polícia, não sendo possível a análise do Relatório de Impacto</p><p>Ambiental pelo Poder Legislativo.</p><p>c) A emenda é constitucional, desde que de iniciativa parlamentar,</p><p>uma vez que incumbe ao Poder Legislativo a direção superior da</p><p>19</p><p>Administração Pública, incluindo a análise e a aprovação de atividades</p><p>potencialmente poluidoras.</p><p>d) A emenda é constitucional, desde que seja de iniciativa do</p><p>Governador do Estado, que detém competência privativa para iniciativa</p><p>de emendas sobre organização administrativa, judiciária, tributária e</p><p>ambiental do Estado.</p><p>O estado Y pretende melhorar a qualidade do ar e da água em certa</p><p>região que compõe o seu território, a qual é abrangida por quatro</p><p>municípios. Considerando o caso, assinale a alternativa que indica a</p><p>medida que o estado Y deve adotar.</p><p>a) Instituir Região Metropolitana por meio de lei ordinária, a qual</p><p>retiraria as competências dos referidos municípios para disciplinar as</p><p>matérias.</p><p>b) Por iniciativa da Assembleia Estadual, editar lei definindo a</p><p>região composta pelos municípios como área de preservação</p><p>permanente, estabelecendo padrões ambientais mínimos, de acordo</p><p>com o plano de manejo.</p><p>c) Editar lei complementar, de iniciativa do Governador do estado,</p><p>a qual imporá níveis de qualidade a serem obedecidos pelos</p><p>municípios, sob controle e fiscalização do órgão ambiental estadual.</p><p>d) Incentivar os municípios que atingirem as metas ambientais</p><p>estipuladas em lei estadual, por meio de distribuição de parte do</p><p>ICMS arrecadado, nos limites constitucionalmente autorizados.</p><p>Esta última questão não versa exclusivamente sobre direito ambiental. A</p><p>assertiva correta está fundamentada no Título VI da CF “da tributação e do</p><p>orçamento”, especificamente no art. 158, que trata do percentual de ICMS</p><p>pertencente ao município. Assim, os estados podem instituir “ICMS verde ou</p><p>ecológico” como forma de incentivo aos municípios para o atingimento de metas</p><p>ambientais. A alternativa “A” está errada pois os Estados podem instituir regiões</p><p>metropolitanas, todavia mediante lei complementar (art. 25, § 3.º, da CF/1988),</p><p>mas isso não retira a competência dos Municípios para disciplinar matérias de</p><p>interesse local e para suplementar legislação federal/estadual no que couber</p><p>(art. 30, I e II da CF/1988). A alternativa “B” está errada pois são áreas de</p><p>preservação permanente aquelas previstas no Código Florestal (art. 4º) e</p><p>aquelas declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo (art.</p><p>6º).</p><p>20</p><p>3. Princípios Ambientais</p><p>Milaré, citando Celso Antonio Bandeira de Mello, afirma que “violar um</p><p>princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção</p><p>ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório,</p><p>mas a todo o sistema de comandos” (MILARÉ, 2011, p. 1064). A doutrina</p><p>enumera diversos princípios, às vezes específicos de direito ambiental, em</p><p>outros princípios gerais de direito aplicáveis ao Direito Ambiental. Destaca-se os</p><p>seguintes princípios:</p><p>Princípio da solidariedade intergeracional.</p><p>A Declaração sobre Meio Ambiente Humano (1972) estabeleceu em seu</p><p>princípio 2 que</p><p>o meio ambiente deve ser preservado em benefício das gerações</p><p>atuais e futuras.</p><p>Princípios da prevenção e da precaução</p><p>Importa destacar que os objetivos do Direito ambiental são</p><p>fundamentalmente preventivos. A degradação ambiental é de difícil, às vezes</p><p>impossível reparação. A prevenção trata de riscos e impactos já conhecidos pela</p><p>ciência, já o princípio da precaução visa proteger o meio ambiente dos impactos</p><p>desconhecidos. Assim, ao determinar que certas atividades necessitam de</p><p>estudo prévio de impacto ambiental, o legislador já tinha conhecimento do</p><p>potencial poluidor dessas atividades. Neste sentido, a seguinte questão do</p><p>Exame de Ordem:</p><p>Na perspectiva da tutela do direito difuso ao meio ambiente, o</p><p>ordenamento constitucional exigiu o estudo de impacto ambiental para</p><p>instalação e desenvolvimento de certas atividades. Nessa perspectiva,</p><p>o estudo prévio de impacto ambiental está concretizado no princípio</p><p>a) da precaução.</p><p>b) da prevenção.</p><p>c) da vedação ao retrocesso.</p><p>do poluidor-pagador.</p><p>21</p><p>Princípio do Poluidor-pagador</p><p>O princípio do poluidor-pagador está relacionado aos custos externos do</p><p>processo produtivo, que atingem à coletividade. “O princípio não se limita a</p><p>tolerar a poluição mediante um preço, nem se limita a compensar os danos</p><p>causados, mas evitar o dano ao meio ambiente (CAPELLI, STEIGLEDER e</p><p>MARCHESAN, 2007, p. 24).</p><p>Princípio da função social e ambiental da propriedade</p><p>A função social da propriedade foi reconhecida expressamente pela</p><p>Constituição de 1988, nos arts. 5º, inc. XXIII, 170, inc. III e 186, inc. II. Quando</p><p>se diz que a propriedade tem uma função social, está se afirmando que ao</p><p>proprietário se garante os direitos inerentes ao uso e à disposição da coisa,</p><p>desde que cumpra sua função social e ambiental. Nesses termos, ao estabelecer</p><p>no art. 186, inc. II, que a propriedade rural cumpre a sua função social quando</p><p>atende, entre outros requisitos, à preservação do meio ambiente, a Constituição</p><p>está impondo ao proprietário rural o dever de exercer o seu direito de</p><p>propriedade em conformidade com a preservação da qualidade ambiental.</p><p>Princípio do usuário-pagador</p><p>Esse princípio complementa o princípio do poluidor-pagador. Ele</p><p>estabelece que o usuário deve pagar por sua utilização. “A ideia é de definição</p><p>de valor econômico ao bem natural com o intuito de racionalizar o seu uso e</p><p>evitar seu desperdício”. (THOMÉ, 2018, p. 74)</p><p>4. Responsabilidade Civil por dano ao meio ambiente</p><p>Segundo parágrafo 3º, do art. 225, da CF, as condutas e atividades</p><p>consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas</p><p>22</p><p>ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da</p><p>obrigação de reparar os danos causados. A reparação dos danos se dá através</p><p>da responsabilização civil. Para a devida compreensão da ações que podem</p><p>configurar dano ao meio ambiente, impõe-se a retomada do conceito de meio</p><p>ambiente, conforme artigo 3º, inciso I, da Lei nº6.938/81: meio ambiente é o</p><p>conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e</p><p>biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. O art. 3º</p><p>não elencou os elementos corpóreos que compõem o meio ambiente e, assim o</p><p>fazendo, considerou-o um bem incorpóreo e imaterial.</p><p>Assim, conforme o conceito de José Afonso da Silva, meio ambiente é a</p><p>a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que</p><p>propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.</p><p>O dano ao meio ambiente, portanto, é um dano ao macrobem ambiental, em uma</p><p>visão globalizada e integrada. Desta forma, quando se fala na proteção da fauna,</p><p>da flora, do ar, da água e do solo, por exemplo, não se busca exclusivamente a</p><p>proteção desses elementos em si, mas deles como elementos indispensáveis à</p><p>proteção do meio ambiente como bem imaterial.</p><p>Segundo o art. 3º, V, da Lei nº 6.938/81, recursos ambientais são a</p><p>atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar</p><p>territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Estes</p><p>elementos podem ser chamados de microbens ambientais, são os elementos</p><p>que integram o macrobem. O microbem ambiental pode ter o regime de sua</p><p>propriedade variado (público ou privado).</p><p>Dano é a lesão a interesses juridicamente protegidos e dano ambiental é</p><p>a lesão ao direito fundamental que todos têm de gozar e aproveitar do meio</p><p>ambiente apropriado.</p><p>O dano ambiental pode ser ecológico puro, que é aquele que atinge aos</p><p>componentes essenciais do ecossistema. Pode ser em sentido amplo (lato</p><p>sensu) quando atinge a qualquer componente do meio ambiente, inclusive o</p><p>cultural e construído; ainda pode ser individual ambiental ou reflexo, que é aquele</p><p>que atinge interesses próprios do lesado (referentes ao microbem).</p><p>23</p><p>Quanto à reparabilidade ela pode se dar de forma direta, quando o dano</p><p>é individual (o interessado que sofreu o dano será diretamente indenizado) ou</p><p>de forma indireta, quando diz respeito a interesses difusos e coletivos, nestes</p><p>casos a indenização é revertida a um fundo de proteção de interesses difusos.</p><p>O dano também pode se patrimonial, que possibilita a restituição,</p><p>recuperação ou indenização do bem ambiental lesado; ou extrapatrimonial</p><p>(moral) ambiental que é todo prejuízo não patrimonial ocasionado à sociedade</p><p>ou ao indivíduo e deve ser compensado pecuniariamente.</p><p>A responsabilidade por danos causados ao meio ambiente é objetiva</p><p>porque, segundo Milaré, “a expansão das atividades econômicas da chamada</p><p>sociedade de risco – marcada pelo consumo de massa e pela desenfreada</p><p>utilização dos recursos naturais – haveria de exigir um tratamento da matéria</p><p>com o viés de um novo Direito, e não pelos limites da ótica privada tradicional”.</p><p>Também segundo o art. 927, § único, do Código Civil, a responsabilidade</p><p>será objetiva quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano</p><p>implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Na responsabilidade</p><p>do tipo objetiva, basta a prova da ocorrência do dano e do vínculo causal com o</p><p>desenvolvimento – ou mera existência – de uma determinada atividade. Não se</p><p>investiga culpabilidade, como negligência, imprudência ou imperícia. Segundo a</p><p>Lei nº 6.938/81,</p><p>Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal,</p><p>estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à</p><p>preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela</p><p>degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:</p><p>§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste</p><p>artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de</p><p>culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio</p><p>ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério</p><p>Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação</p><p>de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio</p><p>ambiente.</p><p>Conforme o art. 14, § 1º, a responsabilidade se dá independentemente de</p><p>culpa, mesmo quando o dano é causado a terceiros (reflexo ou ricochete).</p><p>Sabe-se, contudo, que nem toda a utilização de recurso ambiental pode</p><p>ser considerada dano ao meio ambiente. Dano é apenas a conduta antijurídica</p><p>24</p><p>suscetível de reparação, aquela que ultrapassa os limites de segurança e</p><p>acarreta perda do equilíbrio ambiental. O conceito de poluição, constante no art.</p><p>3º, da Lei nº 6.938/81, também é utilizado como parâmetro para identificação de</p><p>um dano ao meio ambiente.</p><p>III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de</p><p>atividades que direta ou indiretamente:</p><p>a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;</p><p>b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;</p><p>c) afetem desfavoravelmente a biota;</p><p>d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;</p><p>e) lancem</p><p>matérias ou energia em desacordo com os padrões</p><p>ambientais estabelecidos;</p><p>O nexo de causalidade é de difícil identificação nos danos ambientais,</p><p>seja pela concomitância de agentes poluidores, pela complexidade das causas</p><p>ou pela distância entre o agente causador e o dano. Assim, alguns doutrinadores</p><p>entendem que o princípio que norteia a inversão do ônus da prova no direito do</p><p>consumidor é, em tese, aplicável à responsabilidade civil por danos ambientais,</p><p>pois as razões que a justificam são comuns em ambos os casos.</p><p>Em relação aos danos ambientais, tema recorrente nas provas da ordem</p><p>é a chamada obrigação “propter rem”. “Propter rem” significa em razão da coisa,</p><p>ou seja, quem se beneficia da degradação ambiental alheia, a agrava ou lhe dá</p><p>continuidade não é menos degradador. Por isso responsabiliza-se o novo</p><p>proprietário pela cura do malfeito do seu antecessor. Isso vale para o</p><p>desmatamento, para a poluição das águas e a erosão do solo (Herman</p><p>Benjamin).</p><p>O sujeito responsável pela reparação do dano ambiental é o poluidor,</p><p>segundo a Lei nº 6.938/81,</p><p>Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:</p><p>IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,</p><p>responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de</p><p>degradação ambiental;</p><p>Da responsabilização objetiva, fundamentada na teoria do risco, decorrem</p><p>algumas consequências: a) prescindibilidade de investigação de culpa; b)</p><p>25</p><p>irrelevância da licitude da atividade; c) inaplicabilidade de algumas excludentes</p><p>tradicionais e de cláusula de não indenizar e; d) responsabilidade solidária (art.</p><p>942 do Código Civil).</p><p>A Lei nº 8.884/1994, em seu art. 88, alterou o caput do art. 1º da Lei</p><p>7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), ensejando que também os danos morais</p><p>coletivos fossem objeto das ações de responsabilidade civil em matéria de tutela</p><p>de interesses transindividuais. Veja questões sobre responsabilidade civil por</p><p>dano ambiental:</p><p>João adquiriu em maio de 2000 um imóvel em área rural, banhado pelo</p><p>Rio Formoso. Em 2010, foi citado para responder a uma ação civil</p><p>pública proposta pelo Município de Belas Veredas, que o</p><p>responsabiliza civilmente por ter cometido corte raso na mata ciliar da</p><p>propriedade. João alega que o desmatamento foi cometido pelo antigo</p><p>proprietário da fazenda, que já praticava o plantio de milho no local. Em</p><p>razão do exposto, é correto afirmar que</p><p>a) por dano ambiental é objetiva, mas, como não há nexo de</p><p>causalidade entre a ação do novo proprietário e o corte raso na área,</p><p>verifica-se a excludente de responsabilidade, e João não será obrigado</p><p>a reparar o dano.</p><p>b) a responsabilidade civil por dano ambiental difuso prescreve em</p><p>cinco anos por força da Lei 9.873/99. Logo, João não será obrigado a</p><p>reparar o dano.</p><p>c) João será obrigado a recuperar a área, mas, como não poderá</p><p>mais utilizá-la para o plantio do milho, terá direito a indenização, a ser</p><p>paga pelo Poder Público, por força do princípio do protetor-recebedor.</p><p>d) a manutenção de área de mata ciliar é obrigação propter</p><p>rem; sendo obrigação de conservação, é automaticamente</p><p>transferida do alienante ao adquirente. Logo, João terá que</p><p>reparar a área.</p><p>João, militante ambientalista, adquire chácara em área rural já</p><p>degradada, com o objetivo de cultivar alimentos orgânicos para</p><p>consumo próprio. Alguns meses depois, ele é notificado pela</p><p>autoridade ambiental local de que a área é de preservação</p><p>permanente. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) João é responsável pela regeneração da área, mesmo não</p><p>tendo sido responsável por sua degradação, uma vez que se trata</p><p>de obrigação propter rem.</p><p>b) João somente teria a obrigação de regenerar a área caso</p><p>soubesse do dano ambiental cometido pelo antigo proprietário, em</p><p>homenagem ao princípio da boa-fé.</p><p>c) O único responsável pelo dano é o antigo proprietário, causador</p><p>do dano, uma vez que João não pode ser responsabilizado por ato</p><p>ilícito que não cometeu.</p><p>d) Não há responsabilidade do antigo proprietário ou de João, mas</p><p>da Administração Pública, em razão da omissão na fiscalização</p><p>ambiental quando da transmissão da propriedade.</p><p>26</p><p>No curso de obra pública, a Administração Pública causa dano em local</p><p>compreendido por área de preservação permanente. Sobre o caso</p><p>apresentado, assinale a opção que indica de quem é a</p><p>responsabilidade ambiental.</p><p>a) Em se tratando de área de preservação permanente, que</p><p>legalmente é de domínio público, o ente só responde pelos danos</p><p>ambientais nos casos de atuação com dolo ou grave.</p><p>b) Em se tratando de área de preservação permanente, a</p><p>Administração Pública responderá de forma objetiva pelos danos</p><p>causados ao meio ambiente, independentemente das</p><p>responsabilidades administrativa e penal.</p><p>c) Em se tratando de dano ambiental com área de preservação</p><p>permanente, a Administração Pública não tem responsabilidade, sob</p><p>pena de confusão, recaindo sobre o agente público causador do dano,</p><p>independentemente das responsabilidades administrativa e penal.</p><p>d) Trata-se de caso de responsabilidade subjetiva solidária de</p><p>todos aqueles que contribuíram para a prática do dano, inclusive do</p><p>agente público que determinou a prática do ato.</p><p>Prescrição nas ações de responsabilidade civil</p><p>Sobre a prescrição nas ações cíveis por dano ambiental, tem entendido o</p><p>STJ que quando o objeto da ação é a proteção ao meio-ambiente, enquanto bem</p><p>fundamental à preservação da vida, da saúde, do trabalho e do lazer, entende-</p><p>se pela imprescritibilidade do pedido de reparação de danos ambientais. Já às</p><p>pretensões indenizatórias que buscam a reparação de lesão individual causada</p><p>de forma indireta pela poluição ou pela degradação ambiental, o prazo</p><p>prescricional aplicável é o do Código Civil, pois o bem jurídico tutelado é</p><p>eminentemente privado. Neste caso, o prazo prescricional a ser observado é o</p><p>trienal (art. 206, § 3º, V, do CC de 2002).</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - AÇÃO</p><p>DE INDENIZAÇÃO</p><p>- DANO AMBIENTAL - PRESCRIÇÃO - DECISÃO MONOCRÁTICA</p><p>QUE NEGOU</p><p>PROVIMENTO AO RECLAMO.</p><p>INSURGÊNCIA DOS DEMANDADOS.</p><p>1. O termo inicial do prazo prescricional para a propositura da</p><p>ação de indenização por dano pessoal em razão do</p><p>desenvolvimento de doença grave decorrente de contaminação</p><p>do solo e das águas subterrâneas é a data da ciência inequívoca</p><p>dos efeitos danosos à saúde, e não a do acidente ambiental. (REsp</p><p>1483486)</p><p>(REsp 1346489 (2012/0098444-1 - 26/08/2013)</p><p>Da prescrição no dano ambiental.</p><p>javascript:AbreDocumento('/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1217756&num_registro=201200984441&data=20130826')</p><p>27</p><p>Há tempos esta Corte Superior vem firmando entendimento de que o</p><p>direito ao pedido de reparação de danos ambientais (macrobem</p><p>ambiental) está protegido pelo manto da imprescritibilidade, por</p><p>se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial a</p><p>afirmação dos povos, independentemente de estar expresso ou não</p><p>em texto legal. É o que se extrai dos seguintes precedentes:</p><p>"ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - DIREITO AMBIENTAL-</p><p>AÇÃO CIVIL PÚBLICA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL –</p><p>IMPRESCRITIBILIDADE DA REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL –</p><p>PEDIDO GENÉRICO – ARBITRAMENTO DO QUANTUM DEBEATUR</p><p>NA SENTENÇA: REVISÃO, POSSIBILIDADE - SÚMULAS 284/STF E</p><p>7/STJ. (...) 5. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil assume</p><p>grande amplitude, com profundas implicações na espécie de</p><p>responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples</p><p>risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da</p><p>culpa do agente causador do dano. 6. O direito ao pedido de</p><p>reparação de danos ambientais, dentro da logicidade</p><p>hermenêutica, está protegido pelo manto da imprescritibilidade,</p><p>por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial à</p><p>afirmação dos povos, independentemente de não estar expresso</p><p>em texto legal. 7. Em matéria de prescrição cumpre distinguir qual o</p><p>bem jurídico tutelado: se eminentemente privado seguem-se os prazos</p><p>normais das ações indenizatórias; se o bem jurídico é indisponível,</p><p>fundamental, antecedendo a todos os demais direitos, pois sem ele não</p><p>há vida, nem saúde, nem trabalho, Documento: 25083998 -</p><p>RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 1 1 de 16 Superior</p><p>Tribunal de Justiça nem lazer, considera-se imprescritível o direito à</p><p>reparação. 8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos</p><p>indisponíveis e como tal está dentre os poucos acobertados pelo manto</p><p>da imprescritibilidade a ação que visa reparar o dano ambiental. (...)</p><p>11. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido" (REsp</p><p>1.120.117/AC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,</p><p>julgado em 10/11/2009, DJe 19/11/2009 - grifou-se).</p><p>[...]Por outro lado, no caso de danos ambientais individuais</p><p>(microbem ambiental), não obstante a matéria ainda gerar certas</p><p>incertezas jurídicas, doutrina e jurisprudência vêm se firmando no</p><p>sentido de ser aplicado o instituto da prescrição, haja vista</p><p>afetarem a pessoa e a seu bem, isto é, tem titularidade definida</p><p>(REsp 1.120.117/AC, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 19/11/2009).</p><p>Tais danos, portanto, têm suas normas regidas pela legislação</p><p>civil. Assim, na vigência do Código Civil de 1916, o prazo</p><p>prescricional aplicável às pretensões indenizatórias era de vinte</p><p>anos, previsto no artigo 177, porquanto ação pessoal. Com a</p><p>vigência do novo Código Civil, houve a redução do prazo para três</p><p>anos para as demandas de reparação civil (artigo 206, § 3º, inciso</p><p>V).</p><p>5. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (e</p><p>compensação ambiental)</p><p>Nas provas elaboradas pela Fundação Getúlio Vargas, este tema consta</p><p>em diversas questões. Impõe-se, assim, o seu estudo com a devida atenção. O</p><p>28</p><p>art. 225 da CF, em seu parágrafo 1º, inciso III, informa que para assegurar a</p><p>efetividade do direito previsto no caput, incumbe ao Poder Público criar espaços</p><p>territoriais a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e supressão</p><p>permitidas somente por meio de lei.</p><p>José Eduardo Ramos Rodrigues (2005) em obra específica sobre o</p><p>SNUC, destaca os ideários distintos que exerceram influência na criação da lei.</p><p>Essa informação nos auxilia na compreensão das diversas espécies de unidades</p><p>de conservação.</p><p>Como vimos, a elaboração da Lei do SNUC foi influenciada</p><p>primordialmente por dois grupos de ambientalistas:</p><p>• Os conservacionistas, cuja visão de proteção ambiental é</p><p>derivada do ideário do Estado Social, defensores do modelo de</p><p>Unidades de Conservação de Proteção Integral ou de Uso Indireto.</p><p>• Os socioambientalistas, cuja visão de proteção ambiental é</p><p>derivada do ideário do neoliberalismo, defensores do modelo de</p><p>Unidades de Conservação de Uso Sustentável ou de Uso Direto.</p><p>Identifica-se facilmente a fusão desses dois ideários nos objetivos</p><p>constantes no art. 4º da Lei. De acordo com os princípios, as unidades de</p><p>conservação dividem-se em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e</p><p>Unidades de Uso Sustentável.</p><p>Unidades de Proteção Integral Unidades de Uso Sustentável</p><p>Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental</p><p>Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico</p><p>Parque Nacional Floresta Nacional</p><p>Monumento Natural Reserva Extrativista</p><p>Refúgio de Vida Silvestre Reserva de Fauna</p><p>Reserva de Desenvolvimento</p><p>Sustentável</p><p>Reserva Particular do Patrimônio Natural</p><p>Síntese de características das UCs de proteção integral:</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>Ricardo Couto</p><p>Realce</p><p>29</p><p>Espécie Objetivos</p><p>Estação Ecológica A Estação Ecológica tem como objetivo a</p><p>preservação da natureza e a realização</p><p>de pesquisas científicas</p><p>Reserva Biológica A Reserva Biológica tem como objetivo a</p><p>preservação integral da biota e demais</p><p>atributos naturais existentes em seus</p><p>limites, sem interferência humana</p><p>direta ou modificações ambientais,</p><p>excetuando-se as medidas de</p><p>recuperação de seus ecossistemas</p><p>alterados e as ações de manejo</p><p>necessárias para recuperar e preservar o</p><p>equilíbrio natural, a diversidade biológica</p><p>e os processos ecológicos naturais</p><p>Parque Nacional O Parque Nacional tem como objetivo</p><p>básico a preservação de ecossistemas</p><p>naturais de grande relevância ecológica e</p><p>beleza cênica, possibilitando a</p><p>realização de pesquisas científicas e o</p><p>desenvolvimento de atividades de</p><p>educação e interpretação ambiental,</p><p>de recreação em contato com a</p><p>natureza e de turismo ecológico</p><p>Monumento Natural O Monumento Natural tem como objetivo</p><p>básico preservar sítios naturais raros,</p><p>singulares ou de grande beleza cênica</p><p>Refúgio da Vida Silvestre O Refúgio de Vida Silvestre tem como</p><p>objetivo proteger ambientes naturais</p><p>onde se asseguram condições para a</p><p>existência ou reprodução de espécies ou</p><p>comunidades da flora local e da fauna</p><p>residente ou migratória</p><p>30</p><p>Quanto à visitação</p><p>É proibida a visitação pública, exceto</p><p>quando com objetivo educacional.</p><p>• Estação Ecológica</p><p>• Reserva Biológica</p><p>A visitação pública está sujeita às</p><p>condições e restrições estabelecidas no</p><p>Plano de Manejo da unidade</p><p>• Monumento Natural</p><p>• Parque Nacional</p><p>• Refúgio da Vida Silvestre</p><p>Quanto à pesquisa científica</p><p>A pesquisa científica depende de</p><p>autorização prévia do órgão responsável</p><p>pela administração da unidade</p><p>• Estação Ecológica</p><p>• Reserva Biológica</p><p>• Parque Nacional</p><p>• Refúgio da Vida Silvestre</p><p>Síntese de características das UCs de Uso Sustentável:</p><p>Espécie Objetivos</p><p>Área de Proteção Ambiental A Área de Proteção Ambiental é uma</p><p>área em geral extensa, com um certo</p><p>grau de ocupação humana, dotada de</p><p>atributos abióticos, bióticos, estéticos ou</p><p>culturais especialmente importantes para</p><p>a qualidade de vida e o bem-estar das</p><p>populações humanas, e tem como</p><p>objetivos básicos proteger a diversidade</p><p>biológica, disciplinar o processo de</p><p>ocupação e assegurar a sustentabilidade</p><p>do uso dos recursos naturais</p><p>Área de Relevante Interesse Ecológico A Área de Relevante Interesse Ecológico</p><p>é uma área em geral de pequena</p><p>extensão, com pouca ou nenhuma</p><p>ocupação humana, com características</p><p>naturais extraordinárias ou que abriga</p><p>31</p><p>exemplares raros da biota regional, e tem</p><p>como objetivo manter os ecossistemas</p><p>naturais de importância regional ou local</p><p>e regular o uso admissível dessas áreas,</p><p>de modo a compatibilizá-lo com os</p><p>objetivos de conservação da natureza</p><p>Floresta Nacional A Floresta Nacional é uma área com</p><p>cobertura florestal de espécies</p><p>predominantemente nativas e tem</p><p>como objetivo básico o uso múltiplo</p><p>sustentável dos recursos florestais e a</p><p>pesquisa científica, com ênfase em</p><p>métodos para exploração sustentável de</p><p>florestas nativas</p><p>Reserva Extrativista A Reserva Extrativista é uma área</p><p>utilizada por populações extrativistas</p><p>tradicionais, cuja subsistência baseia-</p><p>se no extrativismo e,</p><p>complementarmente, na agricultura de</p><p>subsistência e na criação de animais de</p><p>pequeno porte, e tem como objetivos</p><p>básicos proteger os meios de vida e a</p><p>cultura dessas populações, e assegurar o</p><p>uso sustentável dos recursos naturais da</p><p>unidade.</p><p>Reserva de Fauna A Reserva de Fauna é uma área natural</p><p>com populações animais de espécies</p><p>nativas, terrestres ou aquáticas,</p><p>residentes ou migratórias, adequadas</p><p>para estudos técnico-científicos sobre</p><p>o manejo econômico sustentável de</p><p>recursos faunísticos.</p><p>Reserva de Desenvolvimento</p><p>Sustentável</p><p>A Reserva de Desenvolvimento</p><p>Sustentável é uma área natural que</p><p>32</p><p>abriga populações tradicionais, cuja</p><p>existência baseia-se em sistemas</p><p>sustentáveis de exploração dos</p><p>recursos naturais, desenvolvidos ao</p><p>longo de gerações e adaptados às</p><p>condições ecológicas locais e que</p><p>desempenham um papel fundamental na</p><p>proteção da natureza e na manutenção</p><p>da diversidade biológica.</p><p>Reserva Particular do Patrimônio Natural A Reserva Particular do Patrimônio</p>