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<p>SISTEMÁTICA DE EXPORTAÇÃO</p><p>E DRAWBACK</p><p>AULA 1</p><p>Profª Ana Flávia Pigozzo</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Exportar é uma decisão muito importante para uma empresa e, de forma</p><p>geral, pode conquistar novos mercados.</p><p>O Brasil tem como característica ser um grande importador de insumos</p><p>para alimentar sua indústria e nos últimos tempos foi possível observar um</p><p>incremento na importação de produtos de consumo, diante da concorrência do</p><p>produto importado que, mesmo considerando impostos e frete, acaba chegando</p><p>com um custo competitivo se comparado a um produto similar produzido Brasil,</p><p>que apresenta um custo de produção maior.</p><p>Vamos somar a esses dados um fato importante, que é a falta de uma</p><p>cultura para a exportação e também a falta de fomento. O Brasil tem diversos</p><p>incentivos e programas de apoio para o empresário que deseja exportar, mas</p><p>ainda está aquém de fazer parte de forma mais efetiva do mercado internacional,</p><p>como um ator exportador.</p><p>Esta aula foi estruturada justamente para demonstrar que o Brasil</p><p>apresenta um grande potencial exportador. O objetivo é demonstrar</p><p>fundamentos, requisitos e benefícios para o empresário que planeja iniciar um</p><p>plano de exportação.</p><p>Para isso, a proposta pensada foi a de realizar uma análise, pensando em</p><p>um produto já existente, o qual apresente a possibilidade de ampliar mercado</p><p>para empresa, ou seja, um produto consolidado no mercado interno, mas que</p><p>pode ganhar mercado fora das fronteiras brasileiras. E também, vamos</p><p>compreender como identificar os cenários do comércio exterior, quais são as</p><p>mudanças necessárias para as empresas estarem em consonância com o</p><p>mercado externo e, finalmente, qual o impacto financeiro para incentivar a</p><p>empresa a empreender no mercado da exportação.</p><p>Vamos aprender que para uma empresa exportar é necessário cumprir</p><p>alguns requisitos de internacionalização da empresa no que tange ao mercado</p><p>externo, como identificar esse mercado potencial e o que é mais viável, se a</p><p>empresa fizer o envio dos produtos de forma autônoma, ou então, se em algum</p><p>caso, é melhor fazer esse envio por intermédio de outras empresas que já atuam</p><p>nesse campo, como as tradings companies.</p><p>3</p><p>Será demonstrado como efetuar a habilitação da empresa para que</p><p>possam ser realizadas as exportações e para isso vamos fazer uma leitura da</p><p>estrutura organizacional do comércio exterior brasileiro.</p><p>Além disso, outro ponto muito importante que será trabalhado é a</p><p>Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM, ou seja, a classificação fiscal do</p><p>produto, como enquadrá-lo na classificação correta e a importância desse</p><p>processo que será utilizado em todos os países para o qual se queira exportar.</p><p>CONTEXTUALIZANDO</p><p>Imaginemos que uma empresa produz um produto de boa aceitação no</p><p>mercado nacional, que tenha trazido alguma inovação ou uma tecnologia.</p><p>Imaginado isso, agora pensemos: e se o mundo se interessar por esse produto?</p><p>Será que outros países estariam interessados? E se a resposta for sim?</p><p>Mesmo que a importação tenha um procedimento mais criterioso que a</p><p>exportação, as empresas brasileiras têm como característica importar muito e</p><p>exportar pouco.</p><p>A pergunta que surge é: será que o mercado brasileiro não tem produtos</p><p>para oferecer ao mercado externo? Ou então, as empresas se intimidam diante</p><p>do mercado internacional e da burocracia por que as vendas do mercado interno</p><p>já são suficientes?</p><p>Os fundamentos da exportação costumam ser simples, mas é necessário</p><p>ter ciência de que é preciso que o exportador domine o seu processo produtivo,</p><p>pois o seu nome vai estar diretamente relacionado ao seu produto e à presença</p><p>deste. Aqui é importante que o empresário tenha capacidade de manter o seu</p><p>produto até que ele conquiste seu espaço no mercado, e isso pode demorar um</p><p>tempo.</p><p>É comum uma empresa não dar atenção a esse tempo e considerar parar</p><p>de exportar por conta da baixa demanda de seu produto. Esse tempo de</p><p>aceitação vai ser ajustado por diversos fatores que veremos mais adiante.</p><p>Nesse contexto, o processo de exportação exige que sejam observados</p><p>diversos critérios e trâmites que evolvem diversos setores, começando pelos</p><p>órgãos oficiais de controle (Ministério da Economia, Receitas Estaduais e</p><p>Federais), passando pela logística de produção, transporte e entrega, entre</p><p>outros. Outro fator de grande importância para uma empresa que decide exportar</p><p>4</p><p>é observar questões culturais do país que vai receber seus produtos, pois o que</p><p>culturalmente é aceitável para um brasileiro, para um europeu pode não ser.</p><p>Esta aula tem por objetivo a capacitação para a base da exportação, que</p><p>não é um processo simples, porém, com um bom planejamento e atenção aos</p><p>detalhes, e são muitos, uma empresa que tenha a intenção de exportar seus</p><p>produtos pode sim começar seu planejamento e está em suas mãos auxiliá-la. A</p><p>exportação de um produto, além de ampliar o mercado para as empresas,</p><p>agrega um valor global a uma marca.</p><p>TEMA 1 – POR QUE EXPORTAR? COMO HABILITAR A EMPRESA PARA</p><p>INICIAR AS ATIVIDADES DE EXPORTAÇÃO?</p><p>Vamos começar analisando o seguinte: imaginemos uma empresa que</p><p>está consolidada no mercado interno, apresenta um bom resultado de vendas e</p><p>participa de uma fatia do mercado. Por que essa empresa investiria em exportar</p><p>seu produto?</p><p>Pesquisas recentes demonstram que as empresas que estão no mercado</p><p>interno com bons resultados, em sua maioria, não desenvolvem uma visão</p><p>voltada à exportação de seus produtos porque já tem resultados suficientes para</p><p>o bom andamento e desempenho da rentabilidade da empresa.</p><p>Em um cenário ideal, tudo vai transcorrer na normalidade, mas o mercado</p><p>apresenta momentos de instabilidade e, nesses momentos, empresários podem</p><p>encontrar no processo de exportação de seus produtos uma possibilidade de</p><p>minimizar os impactos de uma crise, por exemplo. Entretanto, por não terem a</p><p>experiência necessária, acabam por ter um custo mais elevado, pouco lucro, e,</p><p>ao final, há uma tendência de desistem do processo de exportação.</p><p>Nessa direção, vamos analisar a exportação sob uma outra ótica para o</p><p>empresário, que observe um mercado doméstico pequeno ou que esteja</p><p>saturado. Uma boa saída é buscar em outros mercados uma nova demanda.</p><p>Em ambos os casos, vamos então propor que o processo de exportação</p><p>deva ser pensado, planejado e implantado na empresa de forma gradual para</p><p>que o resultado seja satisfatório. Ou seja, aproveitar uma oportunidade quando</p><p>o momento estiver favorável no mercado interno.</p><p>A cultura exportadora é fomentada considerando que os motivos que</p><p>levam uma empresa a se tornar exportadora são inúmeros, como a busca de</p><p>novos mercados, o desafio de enviar o seu produto para utilização no exterior,</p><p>5</p><p>crescimento da empresa, maior competitividade, fugir de crises no mercado</p><p>interno, melhorar os processos produtivos etc.</p><p>Entre os motivos citados que uma empresa encontra para exportar seu</p><p>produto, o mais relevante é a vontade de expansão do seu produto e o grande</p><p>desafio a ser vivido pelo empresário porque deverá sair da sua zona de conforto</p><p>e enfrentará novas culturas, outros mercados, exigências muito diferentes das</p><p>encontradas no mercado interno.</p><p>Ainda, quando pensamos na cultura exportadora, é preciso saber que há</p><p>dois pontos importantes da questão. De um lado, toda a novidade e os motivos</p><p>anteriormente elencados, e de outro, temos que lembrar que existe um risco</p><p>maior de vender no mercado externo que no mercado interno, burocracias,</p><p>envolvimento com despacho aduaneiro, estudo de logística internacional,</p><p>viagens para a busca de clientes e parceiros.</p><p>É possível também elencar algumas vantagens da exportação, como:</p><p>• aumento na escala de produção;</p><p>• utilização da capacidade ociosa;</p><p>• aperfeiçoamento de processos;</p><p>• maior competitividade;</p><p>• diversificação das vendas;</p><p>• proteção contra oscilação da demanda;</p><p>• planejamento</p><p>o</p><p>transportador – neste caso, um armador ou companhia marítima, uma agência</p><p>marítima, um agente de carga ou um co-loader. Após o transporte marítimo,</p><p>chegando ao destino ainda no país de origem, a carga pode ser levada a um</p><p>armazém ou distribuidor. Depois de passar por todos os trâmites de</p><p>desembaraço no país de origem, o transportador levará a carga até o ponto de</p><p>destino, definido no início do processo de exportação.</p><p>Lembre-se que é importante compreender quem são todos os players</p><p>envolvidos no processo de exportação. Os players apresentados até o momento</p><p>9</p><p>são mais voltados a questões operacionais de transporte e logísticas. A seguir,</p><p>vamos conhecer os que tratam das questões financeiras e de legislação.</p><p>A começar na origem, temos como players o banco, aduana, agente de</p><p>carga (forwarder) e corretor (broker). Em paralelo, as entidades governamentais,</p><p>como receita federal, órgãos controladores etc. Além disso, desconsolidador,</p><p>despachante aduaneiro, empresa seguradora, certificadores e peritos. Para cada</p><p>etapa do processo de comércio exterior, há um grupo de players envolvidos,</p><p>cada qual com suas responsabilidades – muitas vezes dependentes umas das</p><p>outras. Dessa forma, é preciso alinhar o processo de exportação com todos os</p><p>players envolvidos para evitar que haja algum desacordo com a legislação ou</p><p>prazo, evitando multas e outros contratempos.</p><p>TEMA 4 – FORMAS DE PAGAMENTO DA EXPORTAÇÃO</p><p>O próximo passo é o pagamento do produto exportado. As negociações</p><p>se iniciam com o prazo de entrega da mercadoria, envio dos documentos</p><p>originais para desembaraço e como se dará o pagamento da mercadoria. Decidir</p><p>a forma de pagamento é importante, pois ela pode influenciar de forma direta o</p><p>fluxo de caixa do exportador, ainda mais se este não tiver conseguido nenhum</p><p>tipo de financiamento para a produção do produto.</p><p>Outro fator importante a ser observado é que a forma de pagamento</p><p>poderá determinar maior ou menor risco para o exportador ou importador. Se,</p><p>por um lado, o importador busca menor risco com menores custos para receber</p><p>a mercadoria, do outro, o exportador precisa ter a garantia de receber os valores</p><p>para o envio dos produtos. Torna-se, então, uma negociação difícil, pois</p><p>importador e exportador querem ter o menor custo e a maior garantia possível.</p><p>Em uma transação internacional, com diferentes costumes, leis e idioma,</p><p>o risco e o receio são extremamente visíveis nas partes do processo.</p><p>Considerando que os valores envolvidos em processos de exportação são</p><p>normalmente altos, se este não for realizado de forma segura, pode significar</p><p>prejuízo de grande monta para ambos os lados do processo.</p><p>A partir daqui, vamos estudar as formas mais comuns de pagamento que</p><p>são negociadas nos processos de exportação. São elas: pagamento antecipado,</p><p>à vista e a prazo, cobrança documentária e cartão de crédito.</p><p>O modo de pagamento antecipado é a forma que traz maior segurança</p><p>para o exportador, pois este receberá o pagamento mesmo antes de produzir a</p><p>10</p><p>mercadoria e, com esse valor em caixa, poderá utilizar para a produção do</p><p>produto e seguir com o envio para o importador. Nos casos que em que já há um</p><p>vínculo de negociação entre as partes, o exportador pode até financiar a</p><p>exportação, quando do pedido, enviando o produto imediatamente após a</p><p>confirmação do pagamento por conta do importador. Porém, há mais riscos</p><p>nesse tipo de negociação. O exportador envia ao importador uma proforma com</p><p>os detalhes do produto e os dados para o pagamento. Depois de pago, o</p><p>exportador tem um prazo para produzir e enviar o produto e, caso isso não</p><p>ocorra, deverá devolver o dinheiro depositado.</p><p>O pagamento à vista ocorre quando o exportador envia a mercadoria e,</p><p>no momento seguinte, envia cópia da fatura comercial e do conhecimento de</p><p>embarque para o importador que efetua o pagamento. Nessa modalidade, o</p><p>importador pode exigir o recebimento dos documentos originais para posterior</p><p>envio do pagamento. Após o recebimento dos documentos originais, o</p><p>pagamento é feito imediatamente no banco do exportado.</p><p>O pagamento a prazo ocorre quando o exportador embarca o produto e</p><p>posteriormente envia os documentos originais para o importador que irá</p><p>desembaraçar a mercadoria e efetuar o pagamento em prazo estipulado na</p><p>fatura comercial e demais documentos do processo. Geralmente as negociações</p><p>são de 30, 45, 60, 90, 120 dias após o embarque da mercadoria. Em cada data</p><p>acordada, o importador faz o pagamento via banco ou corretora de câmbio, e o</p><p>restante funciona da mesma forma para o recebimento no Brasil e fechamento</p><p>do câmbio que o do pagamento antecipado.</p><p>A cobrança documentária é uma modalidade que envolve um dos</p><p>players vistos anteriormente. Nela, o exportador embarca a mercadoria de</p><p>acordo com o Incoterm negociado e, em seguida, remete os documentos de</p><p>embarque a um banco. Este, por sua vez, entra em contato com outro banco no</p><p>destino da exportação. Essa modalidade pode ser mais segura por envolver</p><p>instituições bancárias, mas pode gerar maior custo para as empresas</p><p>exportadora e importadora.</p><p>Por último, existe a modalidade cartão de crédito para a negociação</p><p>entre exportador e importador. Como em uma transação normal, medidas as</p><p>proporções, o importador faz o pagamento ao exportador com a utilização de um</p><p>cartão de crédito. Essa modalidade oferece de certa forma maior segurança para</p><p>11</p><p>o exportador, uma vez que ele tem a garantia da instituição que emitiu o cartão</p><p>para o recebimento dos valores.</p><p>As modalidades que foram apresentadas aqui são as principais. O mais</p><p>importante é saber que todo processo de exportação precisa seguir certas regras</p><p>para que nenhuma parte saia perdendo ou corra riscos desnecessários.</p><p>TEMA 5 – FINANCIAMENTOS À EXPORTAÇÃO</p><p>A exportação é de grande interesse para o país. Por meio dela é possível</p><p>buscar novos mercados, conquistar novos consumidores e trazer ao país maior</p><p>retorno financeiro. Porém, para conquistar mercados em outros países, as</p><p>empresas muitas vezes precisam de um aporte financeiro. Seja por não ter o</p><p>fluxo de caixa necessário, seja por não ter o foco para exportações, a fim de não</p><p>perder essa chance de conquistar novos mercados, é importante que existam</p><p>opções de financiamentos voltadas à exportação. O objetivo desses</p><p>financiamentos é permitir ao exportador ter acesso a recursos para financiar a</p><p>produção/comercialização de mercadorias destinadas ao mercado externo e</p><p>auxiliar na aquisição de matérias-primas, de bens de capital, contratação de mão</p><p>de obra, entre outros.</p><p>A primeira modalidade de financiamento à exportação que vamos estudar</p><p>é o câmbio simplificado de exportação, que é uma iniciativa do governo para</p><p>auxiliar empresas no processo de exportação para valores de até 10 mil dólares</p><p>americanos ou o equivalente em outra moeda. É um processo que busca</p><p>desburocratizar e fortalecer empresas que querem exportar, mas que não</p><p>dispõem do montante necessário.</p><p>Existem ainda os adiantamentos ACC e ACE. ACC é o Adiantamento</p><p>sobre Contrato de Câmbio e trata-se de uma antecipação de recursos em moeda</p><p>nacional ao exportador, por conta de uma exportação a ser realizada no futuro.</p><p>O outro, ACE, é o Adiantamento sobre Cambiais Entregues, que se trata de uma</p><p>antecipação de recursos em moeda nacional ao exportador, após o embarque</p><p>da mercadoria para o exterior. Tem como foco exportadores que precisam</p><p>antecipar valores para investir em capital de giro ou até mesmo para ampliar a</p><p>capacidade produtiva. Suas vantagens são as taxas de juros internacionais,</p><p>adiantamento de até 100% do valor da exportação com prazo de até 750 dias</p><p>nas fases de pré-embarque (ACC) e pós-embarque (ACE), recebimento à vista</p><p>12</p><p>das vendas ao exterior realizadas a prazo e isenção do Imposto sobre</p><p>Operações Financeiras – IOF.</p><p>O BNDES oferece às empresas exportadoras uma linha de financiamento</p><p>denominada</p><p>BNDES-Exim. O BNDES-Exim possui diferente modalidades:</p><p>• Linhas Exim Pré-Embarque – operações indiretas, realizadas por</p><p>intermédio de agente financeiro no Brasil.</p><p>• BNDES Exim Pré-embarque – financiamento à produção nacional de</p><p>máquinas, equipamentos e bens de consumo para exportação.</p><p>• BNDES Exim Pré-embarque Empresa Âncora – financiamento à</p><p>exportação de bens e serviços, efetuada por intermédio de uma empresa</p><p>âncora, assim consideradas as trading companies, empresas comerciais</p><p>exportadoras e demais empresas exportadoras que participem da cadeia</p><p>produtiva e adquiram a produção de outras empresas para exportação.</p><p>• Linhas Exim Pós-Embarque – operações diretas, realizadas por</p><p>intermédio de bancos mandatários no Brasil.</p><p>• Linha Exim Automático – operações indiretas realizadas por intermédio de</p><p>agentes financeiros no exterior.</p><p>Outra modalidade de financiamento à exportação é o PPE, ou Pré-</p><p>Pagamento de Exportação. Essa é modalidade na qual uma antecipação de</p><p>receita de uma exportação a ser realizada é concedida para a empresa com o</p><p>objetivo de fornecer capital de giro para o exportador poder financiar todo o ciclo</p><p>envolvido: produção, armazenagem, comercialização e transporte.</p><p>Suas vantagens são taxas com custo menor e o fato de que os prazos e</p><p>fluxo de pagamento de principal e juros podem ser desenhados conforme o fluxo</p><p>da exportação da empresa. O financiamento deve ser tomado sempre antes do</p><p>embarque da exportação, podendo o prazo ser de até 360 dias do embarque. Os</p><p>prazos das operações de PPE são mais dilatados, devendo-se indexar pela Taxa</p><p>Libor para prevenir eventuais flutuações das taxas de juros internacionais,</p><p>mitigando esse risco para o banco no exterior, o que viabiliza menores custos.</p><p>Com foco nas micro e pequenas empresas, com faturamento bruto anual</p><p>de até 10 milhões de reais, é disponibilizado o PROGER Exportação, que faz</p><p>uso de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Essa linha de</p><p>crédito apoia a produção de bens voltados ao mercado externo, inclusive</p><p>despesas diretamente ligadas à promoção, como a participação em feiras no</p><p>13</p><p>Brasil e no exterior. Tem como vantagem oferecer crédito para produzir os bens</p><p>destinados à exportação a um custo reduzido, custear despesas com promoção</p><p>comercial de exportação e prazo do financiamento de até 12 meses antes do</p><p>embarque do bem exportado.</p><p>O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) é um programa do</p><p>Governo Federal, oferecido pela Secretaria-Executiva da Câmara de Comércio</p><p>Exterior (CAMEX), de apoio às exportações brasileiras de bens e serviços,</p><p>viabilizando financiamento em condições equivalentes às praticadas no mercado</p><p>internacional. São duas as modalidades de apoio à exportação: Proex</p><p>Financiamento, com financiamento direto ao exportador brasileiro ou ao</p><p>importador com recursos do Tesouro Nacional; e Proex Equalização, com</p><p>exportação financiada por instituições financeiras no país e no exterior, na qual</p><p>o Proex assume parte dos encargos financeiros, tornando-os equivalentes</p><p>àqueles praticados no mercado internacional.</p><p>A carta de crédito também é uma forma de financiamento à exportação.</p><p>Essa modalidade apresenta maior segurança para o exportador e para o</p><p>importador. A instituição que faz a emissão dessa carta deve determinar para o</p><p>contrato prazos e condições para o recebimento por parte do exportador.</p><p>TROCANDO IDEIAS</p><p>Vamos trocar uma ideia? Suponha que você trabalhe em uma empresa</p><p>que fará a exportação de chá mate. O país comprador tem como costume o</p><p>consumo de chá, portanto, será bastante concorrido para você e sua empresa</p><p>entrarem no mercado. O que você faria primeiro? Por que seria importante ir até</p><p>o país? Se o faturamento de sua empresa está por volta de 7 milhões de reais e</p><p>vocês já decidiram que vão exportar, qual a melhor linha de crédito a se buscar?</p><p>Participe do nosso fórum!</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Vamos colocar em prática as discussões desta aula?</p><p>Você acaba de ser contratado(a) em um frigorífico de pequeno porte, que</p><p>se instalou na sua cidade há mais ou menos 1 ano. Eles não costumavam</p><p>exportar, mas um dos filhos do dono resolveu apostar nessa ideia. Você foi</p><p>14</p><p>selecionado(a) para cuidar do projeto de exportação e sua primeira tarefa é</p><p>analisar uma lista de países para onde eles desejam exportar.</p><p>Usando o que você aprendeu nesse tema, você é capaz de verificar para</p><p>quais países seria mais interessante exportar carne bovina e por quê? Lembre-</p><p>se, não se trata de uma decisão simples. Faça uma análise todos os fatores</p><p>envolvidos, como o potencial mercado consumidor, a cultura de consumo de</p><p>proteína, se há políticas específicas para o abate etc. Em suas mãos está a</p><p>possibilidade de ampliar o faturamento ou de causar um grande prejuízo.</p><p>Inicialmente, os três países pensados foram: Estados Unidos, França e</p><p>Paquistão. Considerando os fatores mencionados, como você argumentaria a</p><p>possibilidade de exportar e para qual deles?</p><p>FINALIZANDO</p><p>Chegamos ao final da nossa aula. Iniciamos nosso estudo mostrando para</p><p>onde exportar e quais são os critérios que devem ser observados. Vimos também</p><p>que há questões religiosas, culturais, entre outras que devem ser levadas em</p><p>consideração antes de buscar mercados para exportar. E, para fazer uma</p><p>pesquisa, apresentamos três portais que trazem informações importantes.</p><p>Estudamos também as modalidades de pagamento, Incoterms e os</p><p>financiamentos possíveis para empresas exportadoras.</p><p>Esperamos que você tenha ficado ainda mais curioso(a) com relação ao</p><p>mercado internacional, em especial com a possibilidade de trabalhar com</p><p>exportação. Podemos garantir que é um mundo fascinante!</p><p>Bons estudos!</p><p>15</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>RECEITA FEDERAL. Disponível em: <www.gov.br/receitafederal/pt-br>. Acesso</p><p>em: 15 abr. 2021.</p><p>SISTEMÁTICA DE EXPORTAÇÃO</p><p>E DRAWBACK</p><p>AULA 4</p><p>Profª Ana Flávia Pigozzo</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Olá! Seja bem-vindo à nossa aula. Nela, vamos tratar dos aspectos</p><p>operacionais para exportação. No decorrer dos seus estudos, espero que tenha</p><p>compreendido que a exportação é muito mais do que vender para outro país. É</p><p>também uma possibilidade de expandir mercados, aumentar o faturamento e</p><p>transformar sua marca ou seu produto em algo desejado por mercados e</p><p>pessoas não antes imaginadas.</p><p>E assim como a ideia de exportar não é uma decisão simples,</p><p>operacionalmente também não se deve considerar como algo simples. O</p><p>processo em si exige muito mais cuidado com as documentações necessárias e</p><p>os trâmites legais que envolvem, nesse caso, não apenas a legislação brasileira,</p><p>mas também a legislação do país para onde se deseja exportar.</p><p>O tema de hoje vai abordar as questões ligadas aos documentos e</p><p>procedimentos, bem como aos cuidados necessários. A propósito, dê bastante</p><p>atenção à aula, pois a documentação é algo tão importante que, em alguns</p><p>casos, deve se providenciar antes mesmo de pensar em exportar!</p><p>Bons estudos!</p><p>CONTEXTUALIZANDO</p><p>Toda empresa, apenas para existir, já precisa providenciar uma série de</p><p>documentos, registros, liberações entre outras questões regidas pelas</p><p>legislações federal, estaduais e municipais.</p><p>Quando o objetivo é exportar, existe uma série de fatores que precisam</p><p>ser observados e, principalmente, há a necessidade de estar sempre atualizado</p><p>em relação às legislações, seus trâmites, documentos e outros detalhes.</p><p>Não existem segredos, visto que todas as documentações e</p><p>procedimentos necessários estão disponíveis nos órgãos responsáveis e são de</p><p>livre acesso. Na aula de hoje, vamos abordar essa documentação mostrando a</p><p>você alguns pontos de maior atenção e alguns detalhes que precisam ser</p><p>observados sempre ao dar entrada em um processo de exportação.</p><p>3</p><p>TEMA 1 – DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA EXPORTAÇÃO E ANÁLISE</p><p>DOS REQUISITOS NO PAÍS DO IMPORTADOR</p><p>Tratar sobre documentos parece não ser uma tarefa muito fácil, não é</p><p>mesmo? Mas é uma tarefa necessária, e vamos tentar fazer de uma forma que</p><p>você seja capaz de compreender o que é cada um deles ou pelo menos os mais</p><p>importantes, e vamos fazer isso de forma mais direta, pensando no</p><p>aproveitamento prático desse conteúdo.</p><p>Esses documentos sobre os quais vamos tratar já estão de alguma forma</p><p>sendo usados em meios digitais, não existindo mais a necessidade de</p><p>impressão, transporte, recebimento e protocolo, ou seja, já estão de alguma</p><p>forma com os processos mais agilizados. Em partes, isso é extremamente</p><p>positivo, pois agiliza os trâmites, mas por outro lado, exige muita atenção, pois</p><p>qualquer erro ou incoerência precisa também ser tratado e reparado de forma</p><p>rápida.</p><p>1.1 Proforma</p><p>A proforma é o documento em que se inicia um processo de exportação,</p><p>sendo sua emissão responsabilidade do exportador. Ele é produzido a pedido do</p><p>importador, pois por meio dele é que se solicitam as Licenças de Importação e</p><p>outras providências que se façam necessárias. É como se fosse um orçamento</p><p>no qual se formaliza e confirma os termos da negociação. Mas atenção, a</p><p>validade desse documento está condicionada ao retorno do aceite por parte do</p><p>importador e das condições nele contidas. Porém, esse documento não gera</p><p>obrigatoriedade de pagamento por parte do importador!</p><p>Na proforma, se sugere que contenham os seguintes itens:</p><p>• Qualificação, tanto do importador quanto do exportador;</p><p>• Informações sobre o Produto, como:</p><p>o Identificação: classificação, descrição, marca, modelo, peso, volume</p><p>etc.</p><p>o Embalagem, forma de acondicionamento / peso e volume - brutos</p><p>• Origem / Procedência</p><p>• Preço e condições como:</p><p>o Modalidade de pagamento;</p><p>4</p><p>o Condição de venda;</p><p>o Prazo de entrega;</p><p>o Volumes máximo e mínimo;</p><p>o Prazo de validade (quando houver);</p><p>o Documentos a fornecer e quantidade vias.</p><p>A seguir, você verá um modelo de proforma:</p><p>Figura 1 – Proforma</p><p>1.2 Fatura Comercial (Commercial Invoice)</p><p>A Fatura Comercial ou também chamada de Commercial Invoice ou</p><p>apenas Invoice é um espelho da operação de compra e venda entre o exportador</p><p>e importador. Nela, são definidos todos os termos de compra e venda,</p><p>modalidade de frete, condições de pagãmente e demais informações</p><p>importantes.</p><p>5</p><p>Esse documento é assinado pelo exportador. Confira um modelo de</p><p>Invoice:</p><p>Figura 2 – Invoice</p><p>Ainda sobre a Invoice, é importante registrar que o art. 557 do</p><p>Regulamento Aduaneiro (Decreto n. 6.759, de 5 de fevereiro de 2009) está</p><p>determinado que ela deverá conter as seguintes indicações:</p><p>I - nome e endereço, completos, do exportador;</p><p>II - nome e endereço, completos, do importador e, se for caso, do</p><p>adquirente ou do encomendante predeterminado;</p><p>III - especificação das mercadorias em português ou em idioma oficial</p><p>do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, ou, se em outro idioma,</p><p>acompanhada de tradução em língua portuguesa, a critério da</p><p>autoridade aduaneira, contendo as denominações próprias e</p><p>comerciais, com a indicação dos elementos indispensáveis a sua</p><p>perfeita identificação;</p><p>IV - marca, numeração e, se houver, número de referência dos</p><p>volumes;</p><p>V - quantidade e espécie dos volumes;</p><p>VI - peso bruto dos volumes, entendendo-se, como tal, o da mercadoria</p><p>com todos os seus recipientes, embalagens e demais envoltórios;</p><p>VI - peso bruto dos volumes; (Redação dada pelo Decreto nº 10.550,</p><p>de 2020)</p><p>VII - peso líquido, assim considerado o da mercadoria livre de todo e</p><p>qualquer envoltório;</p><p>VII - peso líquido dos volumes; (Redação dada pelo Decreto nº 10.550,</p><p>de 2020)</p><p>VIII - país de origem, como tal entendido aquele onde houver sido</p><p>produzida a mercadoria ou onde tiver ocorrido a última transformação</p><p>substancial;</p><p>IX - país de aquisição, assim considerado aquele do qual a mercadoria</p><p>foi adquirida para ser exportada para o Brasil, independentemente do</p><p>país de origem da mercadoria ou de seus insumos;</p><p>X - país de procedência, assim considerado aquele onde se encontrava</p><p>a mercadoria no momento de sua aquisição;</p><p>XI - preço unitário e total de cada espécie de mercadoria e, se houver,</p><p>o montante e a natureza das reduções e dos descontos concedidos;</p><p>6</p><p>XII - custo de transporte a que se refere o inciso I do art. 77 e demais</p><p>despesas relativas às mercadorias especificadas na fatura;</p><p>XIII - condições e moeda de pagamento; e</p><p>XIV - termo da condição de venda (INCOTERM). (Brasil, 2009)</p><p>1.3 Romaneio de carga (packing list)</p><p>Este é um documento necessário para a realização do desembaraço da</p><p>mercadoria e também é usado para orientar o importador na chegada do produto</p><p>no destino. É um documento produzido e emitido pelo exportador, e nele devem</p><p>estar contidas as descrições do produto, as quantidades, marcas, modelos e</p><p>números de série, quando for o caso, de todas as mercadorias.</p><p>Figura 3 – Romaneio de embarque</p><p>1.4 Conhecimento de carga</p><p>Com um nome bem intuitivo, o conhecimento de carga é um documento</p><p>emitido por parte da transportadora. Ele atesta o recebimento da carga, descreve</p><p>as condições para o transporte e deve descrever ainda a obrigação de entrega</p><p>das mercadorias ao destinatário legal, no ponto de destino pré-estabelecido.</p><p>Comprova ainda a posse ou a propriedade da carga.</p><p>De acordo com a modalidade de transporte, recebe as seguintes</p><p>denominações:</p><p>7</p><p>• Conhecimento de Embarque Marítimo (Bill of Lading - B/L);</p><p>• Conhecimento de Embarque Aéreo (Airway Bill - AWB);</p><p>• Conhecimento de Transporte Rodoviário (MIC/DTA);</p><p>• Conhecimento de Transporte Ferroviário (TIF/DTA);</p><p>A seguir, seguem modelos de Conhecimento de Carga:</p><p>Figura 4 – Conhecimento de carga</p><p>8</p><p>Figura 5 – Conhecimento de carga</p><p>9</p><p>Figura 6 – Conhecimento de carga</p><p>10</p><p>Figura 7 – Conhecimento de carga</p><p>TEMA 2 – DOCUMENTOS DA MERCADORIA: CERTIFICADO DE ORIGEM E</p><p>DEMAIS CERTIFICADOS EXIGIDOS PELO PRODUTO E/OU PELO</p><p>IMPORTADOR</p><p>2.1 Certificado de origem</p><p>O certificado de origem é um documento emitido pelas Federações e</p><p>Associações Comerciais e que também pode ser emitido pelo Banco do Brasil,</p><p>quando for o caso. É necessário e deve instruir a declaração quando solicitada</p><p>uma preferência tarifária.</p><p>Ao iniciar um processo de exportação, é necessária uma consulta tanto à</p><p>legislação brasileira quanto ao importador para que sejam conhecidos os</p><p>11</p><p>certificados necessários. De posse dessa informação, é preciso obter os</p><p>certificados correspondentes, providenciados pelos órgãos competentes.</p><p>Esse documento atesta, para fins de benefício fiscal, a origem da</p><p>mercadoria. Alguns exemplos:</p><p>• Certificado ALADI;</p><p>• Certificado MERCOSUL;</p><p>• Certificado de Origem SGP;</p><p>• Certificado de Origem Comum.</p><p>Figura 8 – Certificado de Origem</p><p>12</p><p>2.2 Certificado fitossanitário</p><p>Este certificado é exigido nos processos de importação e exportação</p><p>quando o produto tem, em sua constituição, produtos ou subprodutos de origem</p><p>vegetal. Trata-se de um documento que deve ser emitido pelo Ministério da</p><p>Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).</p><p>Figura 9 – Certificado fitossanitário</p><p>2.3 Liberação de madeira</p><p>Toda e qualquer mercadoria produzida com madeira brasileira ou ainda</p><p>embalagens de produtos produzidos com madeiras precisam desse documento.</p><p>O objetivo desse documento é garantir que a madeira foi extraída de fontes</p><p>13</p><p>legais e ainda, que recebeu o tratamento adequado para evitar a transmissão de</p><p>agentes biológicos que podem prejudicar fauna/flora do país importador.</p><p>Figura 10 – Liberação de madeira</p><p>2.4 Certificado de análise</p><p>O certificado de análise é exigido quando o bem exportado possui alguma</p><p>característica química. Nele, devem estar contidos de forma explícita os</p><p>elementos químicos usados, a concentração e dados como os cuidados ao se</p><p>transportar ou manipular a carga.</p><p>14</p><p>Figura 11 – Certificado de Análise</p><p>2.5 Certificado de fumigação</p><p>O certificado de fumigação atesta que determinada mercadoria recebeu o</p><p>tratamento químico (fumigação) para o controle de pragas. Com esse</p><p>procedimento, evita-se, por exemplo, que um patógeno presente em um país</p><p>possa atingir a fauna/flora de outro país, causando prejuízos ambientais muitas</p><p>vezes irreparáveis.</p><p>A seguir, um modelo de certificado de fumigação:</p><p>15</p><p>Figura 12 – Certificado de fumigação</p><p>TEMA 3 – DOCUMENTOS DA ADUANA: DECLARAÇÃO ÚNICA DE</p><p>EXPORTAÇÃO – DU-E, TRÂNSITO ADUANEIRO E NOTA FISCAL</p><p>A Declaração Única de Exportação (DU-E) é um documento eletrônico</p><p>que traz informações de natureza administrativa, comercial, financeira, tributária,</p><p>fiscal e logística, as quais caracterizam uma operação de exportação de</p><p>bens/produtos. Essa declaração é formulada por meio do Portal Único de</p><p>Comércio Exterior, parte do Sistema Integrado de Comércio Exterior – Portal</p><p>Siscomex e é regida pela Instrução Normativa RFB n. 1.702, de 2017.</p><p>16</p><p>A DU-E é base para todo o processo de despacho aduaneiro de</p><p>exportação e substitui o Registro de Exportação (RE), a Declaração de</p><p>Exportação (DE) e Declaração Simplificada de Exportação (DSE).</p><p>Figura 13 – DU-E</p><p>3.1 Trânsito Aduaneiro/Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA)</p><p>Dentro de um processo de exportação e em condições específicas, é</p><p>possível utilizar o Trânsito Aduaneiro. Essa é uma modalidade na qual o</p><p>despacho de uma mercadoria pode ser realizado em um território aduaneiro que</p><p>não o local final do embarque (zona primária), estando durante o transporte sob</p><p>o controle da aduana.</p><p>17</p><p>Esse procedimento prevê, por exemplo, que uma mercadoria a ser</p><p>exportada pode ser despachada por meio de um território aduaneiro e, após os</p><p>trâmites de fiscalização, é então transportada para o local onde ocorrerá o</p><p>embarque final para exportação.</p><p>O Trânsito Aduaneiro está previsto no art. 5º, Inciso IV, da IN SRF n. 248,</p><p>de 2002, no qual estão descritos seu funcionamento e em quais casos pode ser</p><p>solicitado.</p><p>No exemplo a seguir, é possível observar na DTA todas as informações</p><p>relativas à carga: de onde parte, para onde vai, incluindo o trajeto que deverá</p><p>ser realizado durante o transporte, além de um período de tempo definido.</p><p>Figura 14 – DTA</p><p>18</p><p>3.2 Nota fiscal</p><p>A partir de julho de 2018, a nota fiscal passou a ser um documento</p><p>obrigatório a todo processo de exportação juntamente com a DU-E. A nota fiscal</p><p>é um documento que exige atenção por parte do exportador, pois o não</p><p>preenchimento de alguns campos obrigatórios pode invalidar um processo de</p><p>exportação, além de poder gerar multas. Na nota devem constar, de forma</p><p>detalhada:</p><p>• Dados da empresa emitente como o CNPJ, razão social, endereço</p><p>completo, inscrição estadual e municipal;</p><p>• Dados do cliente, ou seja, os dados do importador. Um detalhe nesse</p><p>campo é que o país destino deve ser informado com o seu respectivo</p><p>código, pois esse dado será comparado com o código constante na DU-</p><p>E e eles devem ser iguais;</p><p>• Descrição dos produtos da forma mais detalhada, devendo constar</p><p>inclusive suas características. Nome, marca, modelo, série, tamanho e</p><p>qualquer outra informação que descreva o produto;</p><p>• NCM, composta de 8 dígitos numéricos. Aqui, a exatidão se faz</p><p>necessária porque esse dado será migrado automaticamente para a DU-</p><p>E;</p><p>• Quantidade Comercializada e Unidade de medida Comercializada. É</p><p>muito importante descrever de forma exata a quantidade comercializada</p><p>e também em qual unidade: peças, unidades, quilogramas etc.</p><p>• Quantidade Tributável e Unidade de medida Tributável. De fundamental</p><p>importância, esses campos exigem muita atenção na hora de gerar a nota</p><p>fiscal. Esses campos são equivalentes ao campo estatístico na DU-E, e</p><p>por isso, sempre faça uma consulta na tabela de NCM para conferir as</p><p>unidades de medidas a utilizar.</p><p>• Peso líquido total. O peso líquido total se refere ao peso total da carga</p><p>que está sendo transportada. Cuidado para não confundir essa</p><p>informação com a unidade de medida de um produto comercializada ou</p><p>tributada.</p><p>• CFOP – Código Fiscal de Operações e Prestações. Esse código deve</p><p>constar na nota, pois é ele que classifica os produtos constantes na nota</p><p>de acordo com a operação e a localização do destinatário. É um código</p><p>19</p><p>composto por 4 dígitos, sendo que o primeiro é usado para informar se é</p><p>entrada ou saída da mercadoria. A exportação é representada pelo</p><p>número 7. Os três demais dígitos indicam a natureza específica da</p><p>operação. As notas fiscais para exportação devem sempre apresentar o</p><p>CFOP iniciado por 7.</p><p>• Impostos na Nota Fiscal de Exportação – produtos destinados à</p><p>exportação não têm incidência de tributos como PIS, COFINS, ICMS e</p><p>IPI, e nesse caso, você pode usar o campo “dados adicionais” para</p><p>informar o motivo do não recolhimento do tributo. Se caso houver a</p><p>incidência de algum imposto sobre a exportação, este deve ser descrito</p><p>nesse campo.</p><p>Uma última questão ainda sobre a nota fiscal é que ela necessariamente</p><p>precisa de uma assinatura digital para confirmar a autenticidade e comprovação</p><p>da emissão, e quem emite a nota deve fazer essa assinatura por meio de um</p><p>Certificado Digital.</p><p>Figura 15 – Nota fiscal</p><p>20</p><p>TEMA 4 – DOCUMENTOS FINANCEIROS: CARTA DE CRÉDITO, SAQUE OU</p><p>LETRA DE CÂMBIO E CONTRATO DE CÂMBIO</p><p>O processo de exportação de uma mercadoria envolve movimentações</p><p>financeiras internacionais, e mais uma vez, para que isso possa ser feito dentro</p><p>das normas, é preciso muita atenção.</p><p>Vamos conhecer aqui as principais modalidades para essas transações e</p><p>quais são os documentos envolvidos.</p><p>Veremos, primeiro, a Carta de Crédito. Por meio dela, a empresa</p><p>compradora deposita em uma instituição bancária de sua preferência,</p><p>devidamente autorizada para essa modalidade e que tenha correspondente no</p><p>país de origem. Assim, é feita a emissão da Carta de Crédito que será utilizada</p><p>pelo exportador para então receber os valores acordados.</p><p>A seguir, um modelo de Carta de Crédito.</p><p>Figura 16 – Carta de Crédito</p><p>21</p><p>4.1 Contrato de Câmbio</p><p>Nesta modalidade, a empresa importadora realiza, junto a uma instituição</p><p>bancária autorizada para essa modalidade, a contratação de uma operação de</p><p>câmbio que se assemelha a uma transferência entre importador e exportador,</p><p>mas nesse caso considerando as devidas conversões de moeda e o crédito</p><p>monetário em outro país.</p><p>O Contrato de Câmbio prevê que o contratante fará o pagamento em</p><p>moeda corrente no país, e após feita a conversão, o valor é direcionado, nesse</p><p>caso, ao exportador.</p><p>Confira, a seguir, um exemplo de Contrato de Câmbio:</p><p>Figura 17 – Contrato de Câmbio</p><p>22</p><p>Figura 18 – Contrato de Câmbio</p><p>4.2 Certificado de Seguro</p><p>O Certificado de Seguro, como o próprio nome sugere, certifica que a</p><p>mercadoria exportada estará assegurada durante o processo de transporte. Em</p><p>caso de eventual sinistro, a seguradora arcará com os custos para a reposição</p><p>da mercadoria em condições previstas na emissão do certificado.</p><p>A seguir, há um exemplo desse certificado:</p><p>23</p><p>Figura 19 – Certificado de Seguro</p><p>4.3 Swift</p><p>O Swift é um padrão de transferências bancárias internacionais por meio</p><p>do qual a empresa importadora pode transferir para o exportador os valores</p><p>acordados.</p><p>A seguir, confira um exemplo do documento de Swift:</p><p>24</p><p>Figura 20 – Swift</p><p>4.4 Saque</p><p>A modalidade Saque ou Letra Cambial ou ainda Câmbio se assemelha à</p><p>nota promissória que já foi muito utilizada no Brasil. Nessa modalidade, o</p><p>importador só retira a mercadoria mediante a assinatura de um documento que</p><p>autoriza ao exportador receber os valores acordados nos prazos previstos,</p><p>contados a partir da data de emissão do B/L.</p><p>A seguir,</p><p>confira um exemplo de Documento de Saque:</p><p>25</p><p>Figura 21 – Documento de Saque</p><p>TEMA 5 – EXPORTAÇÕES ATÍPICAS (CONSERTO, TROCA EM GARANTIA,</p><p>DEVOLUÇÃO, EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA DE MOLDE ETC.), ATA CARNET</p><p>Existem casos em que a exportação não será realizada para simples</p><p>comercialização dos bens. São os casos em que há a necessidade conserto,</p><p>troca da mercadoria dentro do prazo de garantia, devolução e a exportação</p><p>temporária.</p><p>Essas situações estão previstas e são deferidas pela Receita Federal</p><p>mediante o compromisso documental do exportador de que o bem ficará o tempo</p><p>previsto para cada caso, retornando ao país após o tempo previsto.</p><p>Essas modalidades não excluem a necessidade de que sejam</p><p>providenciados os documentos vistos até aqui, cada qual condizendo com o tipo</p><p>de produto.</p><p>26</p><p>Quando há, então, a necessidade de exportar um produto que não seja</p><p>para venda, é necessário consultar os órgãos responsáveis para saber qual é a</p><p>documentação necessária para cada um deles. A seguir, há um exemplo de ATA</p><p>Carnet.</p><p>Figura 22 – Ata Carnet</p><p>TROCANDO IDEIAS</p><p>Vamos trocar uma ideia? E aí, o que achou, são muitos documentos? A</p><p>resposta é sim, visto que exportar não é um processo simples e exige uma</p><p>quantidade de documentos bastante extensa justamente para que possam ser</p><p>garantidos os critérios definidos para o mercado internacional.</p><p>Em alguns casos, para proteção fitossanitária, controle de pragas e</p><p>patógenos, por exemplo, documentos são essenciais para que as autoridades</p><p>controlem o que está sendo enviado, para onde, por quanto, enfim, para que se</p><p>possa ter um controle efetivo do comércio de mercadoria entre os países.</p><p>27</p><p>Felizmente, hoje em dia, a tecnologia está facilitando todos esses processos.</p><p>Dessa forma, a maioria dos processos já pode ser feito eletronicamente.</p><p>Por fim, não deixe de participar do nosso fórum!</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Vamos colocar em prática?</p><p>Com base no conteúdo visto até aqui, você já tem condições de identificar</p><p>qual é o documento a seguir e apontar o que está correto e o que precisa ser</p><p>ajustado?</p><p>Preste muita atenção, pois há vários ajustes necessários!</p><p>28</p><p>FINALIZANDO</p><p>Chegamos ao final da nossa aula. Nesta aula, estudamos os documentos</p><p>mais comuns para a realização de um processo de exportação. São muitos</p><p>documentos, mas não podemos ignorar que existem muitos acordos</p><p>internacionais e a maioria desses documentos é comum a outros países</p><p>também.</p><p>É importante estar sempre atendo aos documentos necessários a um</p><p>processo de exportação para evitar atrasos e multas.</p><p>Espero que tenha gostado! Bons estudos!</p><p>29</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Lei n. 4.502, de 20 de novembro de 1964. Diário Oficial da União,</p><p>Brasília, DF, 19 jul. 1965.</p><p>_____. Decreto n. 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Diário Oficial da União,</p><p>Brasília, DF, 6 fev. 2009.</p><p>RECEITA FEDERAL. Disponível em: <www.gov.br/receitafederal>.</p><p>SISTEMÁTICA DE INOVAÇÃO E</p><p>DRAWBACK</p><p>AULA 5</p><p>Profª Ana Flávia Pigozzo</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Olá, seja bem-vindo! Nesta aula, estudaremos os mecanismos para</p><p>melhorar a competitividade do produto exportado do Brasil frente aos</p><p>concorrentes internacionais. Vamos conhecer as ações que são realizadas</p><p>para incentivar uma maior participação das empresas brasileiras no mercado</p><p>da exportação, o qual tem muito a crescer. Também estudaremos um benefício</p><p>chamado Drawback, pelo qual as empresas que exportam e empresas que</p><p>fornecem produtos para empresas exportadoras conseguem a redução e até</p><p>zerar tributos na importação. Vamos saber como isso é possível e de que</p><p>forma é realizado esse benefício. Bons estudos!</p><p>CONTEXTUALIZANDO</p><p>O mercado global é extremamente competitivo. Por sua vez, para</p><p>competir nesse mercado é necessário que o produto a ser exportado tenha</p><p>qualidade, demanda e bom preço. Muitas vezes, para produzir um produto</p><p>destinado à exportação a empresa precisa de insumos, matérias-primas ou</p><p>componentes importado. Considerando que o Brasil possui uma série de</p><p>impostos e taxas para produtos importados, seria preciso uma forma de</p><p>incentivar as empresas exportadoras. E para isso existe um benefício</p><p>conhecido como Drawback, que tem como objetivo criar condições para o</p><p>empresário produzir e ainda ser competitivo no mercado internacional. É o que</p><p>veremos a seguir.</p><p>TEMA 1 – O QUE HÁ DE MECANISMOS PARA MELHORAR A</p><p>COMPETITIVIDADE DO PRODUTO A SER EXPORTADO?</p><p>Quando um país participa do mercado internacional, é preciso estar</p><p>atendo a alguns fatores que vão interferir diretamente nessa participação.</p><p>Dentre eles podemos citar fatores internos, como volume de produção, e</p><p>externos à empresa, como infraestrutura. Também é preciso analisar de que</p><p>forma os empresários vão competir lá fora, vez que cada destino para</p><p>exportação tem suas políticas econômicas, fiscais e tarifárias próprias, o que</p><p>vai certamente de encontro com a competitividade da empresa exportadora.</p><p>3</p><p>Para tentar minimizar os impactos dessas diferenças, o governo busca</p><p>maneiras de incentivar a exportação, pois assim a balança comercial tende a</p><p>ficar mais favorável para a economia do país. Dessa forma, criam-se</p><p>mecanismos que ajudam as empresas que decidem exportar. O governo</p><p>brasileiro oferece uma série de programas e incentivos os quais, serão</p><p>descritos abaixo alguns deles:</p><p>• Sisprom – Redução da alíquota do IR: esse incentivo existe e pode ser</p><p>usado por empresas para reduzir a alíquota do Imposto de Renda (IR)</p><p>sobre pagamento de despesas com promoção no exterior. Com ele,</p><p>empresas que objetivam participar de feiras internacionais para</p><p>identificação do mercado, divulgação de produtos ou marca, divulgar aos</p><p>potenciais compradores entre outras ações, têm a alíquota de IR dos</p><p>valores enviados ao exterior, reduzidas a zero. Esses valores podem ser</p><p>usados para aluguel de espaço e serviços, por exemplo.</p><p>• Admissão temporária: essa modalidade auxilia a empresa exportadora</p><p>que não possui condições para a aquisição de determinado</p><p>equipamento, seja para manufatura de peças, modernização, inovação</p><p>de tecnologia ou procedimentos. Nesses casos, a empresa pagará</p><p>proporcionalmente os tributos de importação referentes ao prazo</p><p>constante no contrato internacional firmado com o exportador.</p><p>• Exportação temporária: para estimular a participação no mercado</p><p>internacional, essa modalidade incentiva o exportador brasileiro suspendendo</p><p>o pagamento do imposto de exportação para, por exemplo, participação em</p><p>feiras, ou ainda produtos para testes. Vale lembrar que é preciso retornar ao</p><p>Brasil dentro do prazo estipulado e em condições iguais as que foram</p><p>enviados ou alterar para exportação definitiva.</p><p>• Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas</p><p>Exportadoras (Recap): suspende a exigência para o PIS e a Cofins nas</p><p>transações de importação de ativo imobilizado para pessoa jurídica</p><p>preponderantemente exportadora previamente habilitada pela RFB.</p><p>• Programa Especial de Exportação da Amazônia Ocidental (Pexpam):</p><p>suspensão do imposto de importação, isenção do IPI, imposto de</p><p>exportação (IE), ICMS, independentemente de sua linha regular de</p><p>produção, não sendo aplicável a legislação relativa ao cumprimento do</p><p>4</p><p>Processo Produtivo Básico (PPB) para a importação de componentes</p><p>para industrialização de bens destinados à exportação.</p><p>• As empresas contam ainda com créditos e financiamentos à exportação</p><p>que fazem parte dos programas e financiamentos, dentre os quais</p><p>podemos citar: Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC),</p><p>Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) e também incentivos de</p><p>instituições como o BNDES Exim e Proger Exportação.</p><p>• Há ainda a realização de promoções comerciais da Apex Brasil, dentre</p><p>as quais estão: Projeto Tradings, Feiras Multissetoriais, Projeto</p><p>Comprador e Projetos</p><p>setoriais, tais como Brazil Sweets & Snacks,</p><p>Brazilian Beef, Beautycare Brazil, Brazil Games, Brazilian Footwear,</p><p>Brazil Machinery Solutions, Brazil Machinery Solutions.</p><p>• Apoio Logístico: desenvolvido por meio de programas que visam</p><p>aumentar a eficiência logística para o escoamento com vistas à</p><p>exportação, tais como o Exporta Fácil dos Correios.</p><p>• Programas de Capacitação e Informação: têm como objetivo a capacitação e o</p><p>conhecimento dos produtos e empresas exportadoras por meio de programas</p><p>como Rede de Centros de Informação de Comércio Exterior (Rede Cicex),</p><p>Projeto Extensão Industrial Exportadora (PEIEx), Programa de Apoio</p><p>Tecnológico à Exportação (Progex), Capacitação em Negócios Internacionais</p><p>do Banco do Brasil, Consultoria em Negócios Internacionais do Banco do Brasil,</p><p>Programa de Internacionalização para MPEs – Sebrae, Curso de</p><p>Internacionalização para MPEs – Sebrae. Esses são exemplos de programas</p><p>de capacitação que estão disponíveis no Brasil para qualquer empresa que</p><p>tenha potencial exportador e também as que desejam saber se têm potencial.</p><p>Com os exemplos mostrados é possível observar que há por parte do</p><p>governo e instituições de apoio empresarial, além de instituições de crédito</p><p>para as empresas desenvolverem uma mentalidade exportadora. Seguindo os</p><p>passos, identificando o produto e o potencial de exportar, muitas empresas</p><p>poderiam ampliar seu faturamento explorando mercados externos.</p><p>TEMA 2 – DRAWBACK INTEGRADO SUSPENSÃO E ISENÇÃO</p><p>A partir deste ponto, o tema tratado será uma das formas de incentivo</p><p>que está disponível para as empresas que já exportam ou que desejam</p><p>5</p><p>exportar. Vamos tratar do Drawback, um incentivo para exportação, mas que é</p><p>aplicado na aquisição (importação ou mercado interno) de insumos, matérias-</p><p>primas, materiais secundários, embalagens, peças e partes que serão</p><p>utilizadas na industrialização ou montagem de produtos destinados à</p><p>exportação ou já exportados.</p><p>Para compreender esse incentivo é preciso fazer uma análise do produto</p><p>exportado. Se para sua confecção, seja do ramo que for, em qualquer parte da</p><p>cadeia produtiva ele utiliza algum item importado ou adquirido no mercado</p><p>interno, esse mesmo item terá como forma de incentivo, a suspensão, isenção</p><p>ou restituição dos tributos pagos/devidos. O objeto do Drawback como</p><p>incentivo é tornar o produto exportado competitivo junto ao mercado</p><p>internacional e em contrapartida, o governo recebe em troca o desenvolvimento</p><p>econômico. O Drawback pode proporcionar suspensão, isenção ou restituição</p><p>dos seguintes tributos:</p><p>• Imposto de importação – II</p><p>• Imposto sobre produtos industrializados – IPI</p><p>• PIS/Pasep e Cofins</p><p>• AFRMM</p><p>• Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços – ICMS</p><p>Para ilustrar de que forma o Drawback pode ser aplicado, observe o</p><p>diagrama a seguir:</p><p>Fonte: Pigozzo, 2021.</p><p>6</p><p>Observando o diagrama é possível observar que o Drawback poderá</p><p>suspender, isentar ou restituir os tributos na importação ou aquisição no</p><p>mercado interno de produtos que estão nas etapas de fabricação indicadas</p><p>pela seta verde, antes do produto final acabado.</p><p>2.1 DRAWBACK SUSPENSÃO</p><p>O Drawback suspensão, conforme o Siscomex (siscomex.gov.br), é uma</p><p>das modalidades mais utilizadas no Brasil. Nessa modalidade, os insumos e</p><p>demais itens necessários à produção de produtos exportáveis são suspensos</p><p>mediante contrapartida da empresa, que assume o compromisso de</p><p>exportação da quantidade acordada de produtos dentro do prazo acordado.</p><p>Essa suspensão de cobrança dos tributos é feita sobre a compra de matéria-</p><p>prima para produção dos produtos que serão exportados, ou seja, antes do ato</p><p>da compra é preciso informar quantidade e previsão de exportação.</p><p>Para essa modalidade, a responsabilidade de analisar e deliberar sobre</p><p>o ato concessório de Drawback, é da Subsecretaria de Operações de Comércio</p><p>Exterior (Suext). A seguir, no diagrama, é descrito o funcionamento do</p><p>Drawback na modalidade suspensão.</p><p>Fonte: Brasil, [S.d.].</p><p>7</p><p>2.2 DRAWBACK ISENÇÃO</p><p>O Drawback isenção se aplica para empresas que, nos dois anos</p><p>anteriores à exportação, tenham realizados compras com o pagamento dos</p><p>tributos. Essa modalidade proporciona à empresa a possibilidade de repor seus</p><p>estoques de insumos com a isenção dos tributos sobre essa reposição.</p><p>Nessa modalidade a empresa faz a compra dos insumos, no mercado</p><p>externo ou no mercado interno, industrializa seu produto, faz a exportação e,</p><p>após exportado o produto, realiza o trâmite de solicitação de Isenção, o qual é</p><p>analisado pela Suext que, ao conceder o Ato Concessionário, permite que a</p><p>empresa então reponha seus estoques com a isenção dos tributos, como você</p><p>pode visualizar no diagrama a seguir.</p><p>Fonte: Brasil, [S.d.].</p><p>8</p><p>2.3 DRAWBACK RESTITUIÇÃO</p><p>O Drawback restituição é o menos utilizada. Nessa modalidade, a</p><p>principal característica é que a empresa obtém a desoneração do imposto de</p><p>importação, por meio da restituição dos valores pagos nas transações de</p><p>compras dos insumos usados na mercadoria exportada. Para se enquadrar</p><p>nessa modalidade, a empresa que realizou a exportação tem um prazo para</p><p>fazer a solicitação do Drawback, que nesse caso, é solicitado à Receita</p><p>Federal, e não à Suext.</p><p>A solicitação do Drawback restituição exige que a empresa faça uma</p><p>relação do que foi importado ou comprado no mercado interno, relação esta</p><p>que deve ser informada no sistema os valores, quantidade, descrição,</p><p>classificação fiscal, peso líquido e o número da Declaração de Importação (DI)</p><p>e da nota fiscal, assim como os valores dos tributos pagos. Esses dados serão</p><p>analisados para o deferimento ou não do drawback.</p><p>Já sobre o produto exportado, devem ser alimentados no sistema os</p><p>valores, quantidades, descrição, classificação fiscal o peso líquido, os quais</p><p>serão submetidos à análise para o deferimento ou não do Drawback. O</p><p>Drawback restituição é realizado após a exportação, dessa forma os tributos</p><p>são restituídos em dinheiro na conta do exportador.</p><p>TEMA 3 – DEMAIS TIPOS DE DRAWBACK</p><p>Após conhecer as modalidades de Drawback que estão à disposição, é</p><p>preciso conhecer os tipos de Drawback, sendo que cada um deles pode ser</p><p>utilizado em diferentes circunstâncias pelos exportadores, fabricantes ou</p><p>empresas que fornecem insumos para empresas exportadoras.</p><p>3.1 Tipos da modalidade suspensão</p><p>• Comum: consiste na suspensão dos pagamentos de tributos federais e</p><p>estaduais que incidem na importação e nos tributos federais que incidem</p><p>em compras no mercado interno de mercadorias após o processo de</p><p>fabricação do produto para exportação.</p><p>• Genérico: para esse tipo é admitida a discriminação genérica da</p><p>mercadoria e seu valor. São dispensadas a classificação NCM e a</p><p>9</p><p>quantidade, pois se considera que serão importados ou comprados no</p><p>mercado interno tantos produtos para o processo fabril que o trabalho</p><p>seria muito grande que afastaria as empresas da utilização dessa</p><p>modalidade. Se as empresas, por conta da dificuldade, optassem por</p><p>não utilizar, acabariam não tendo competitividade no seu preço final por</p><p>renunciar aos benefícios. Essa modalidade é mais utilizada na produção</p><p>de produtos maiores que demoram o tempo de comprovação para serem</p><p>fabricados e são montados geralmente em uma peça, um exemplo, é o</p><p>processo de fabricação de um avião. São importados ou comprados no</p><p>mercado interno que seria contraproducente relacionar todos os</p><p>produtos usados para a fabricação, descritos de forma individual, por</p><p>conta da dificuldade de se quantificar. Porém, os dados de exportação</p><p>devem estar contidos no Drawback, como classificação fiscal,</p><p>quantidade, valor e peso. É preciso muita atenção, pois se a</p><p>classificação fiscal do produto importado ou comprado no mercado</p><p>interno não tiver correspondência com o produto a ser exportado, não</p><p>haverá, por parte da Suext, o deferimento da suspensão</p><p>por meio do</p><p>Drawback suspensão.</p><p>• Sem expectativa de pagamento: nessa operação existe uma parte</p><p>importada e exportada que não possui cobertura cambial nas mesmas</p><p>quantidades e valores, caso em que a importação pode ser parcial ou</p><p>totalmente sem cobertura. A produção de uma poltrona é um exemplo</p><p>desse tipo, pois o fabricante aqui recebe do comprador externo o tecido.</p><p>Porém, são importados outros insumos para o processo de fabricação.</p><p>Nessa circunstância, quando o produto estiver pronto é necessário</p><p>enviar uma parte sem a cobertura cambial que contemple o valor exato</p><p>dos tecidos recebidos.</p><p>• Intermediários: esse tipo é concedido para empresas que são</p><p>fabricantes intermediárias a outros fabricantes estes sim exportadores.</p><p>Os intermediários realizam importação/compra no mercado interno,</p><p>fabricam outros insumos ou produtos que serão fornecidos para</p><p>empresas exportadoras. Um exemplo de utilização desse tipo é a</p><p>fabricação de hardware de computador, em que uma empresa compra</p><p>insumos importados ou no mercado interno, utiliza esses insumos para</p><p>fabricar peças e partes que serão utilizadas por uma empresa</p><p>10</p><p>exportadora que vai usar as peças para montar um produto destinado à</p><p>exportação. A empresa intermediária pode solicitar esse tipo de</p><p>Drawback para importar ou comprar consumos no mercado interno.</p><p>Quando entregue à empresa exportadora, esta também poderá ter um</p><p>Drawback comum caso seja necessário.</p><p>• Agrícola: é um tipo específico para a importação e/ou aquisição no</p><p>mercado interno de matéria-prima e outros produtos que serão utilizados</p><p>no cultivo de produtos agrícolas ou na criação dos animais, definidos</p><p>pela Suext e que tenham como destino a exportação. No mercado</p><p>interno, não há redução dos tributos, conforme contas nos termos do</p><p>parágrafo único do art. 109 da Portaria Secex n. 23 de 14/07/2011.</p><p>• Para embarcação: operação concedida para importação de mercadoria</p><p>utilizada em processo de industrialização de embarcação, destinada ao</p><p>mercado interno. Neste caso as compras no mercado interno não são</p><p>passíveis de redução dos tributos nos termos do parágrafo único do art.</p><p>109 da Portaria Secex n. 23 de 14/07/2011.</p><p>• Fornecimento no mercado interno: operação que concede redução dos</p><p>tributos para a importação de matérias-primas, produtos intermediários e</p><p>componentes os quais serão destinados ao processo de fabricação,</p><p>dentro do país, de máquinas e equipamentos que serão fornecidos no</p><p>mercado interno e que obedeçam as condições definidas pela Suext. É</p><p>um tipo de suspensão que só possibilita redução ou isenção dos tributos</p><p>de produtos importados.</p><p>3.2. Tipos da modalidade isenção</p><p>Assim como na modalidade suspensão, na modalidade Isenção também</p><p>tem alguns tipos que serão descritos a seguir:</p><p>• Comum: proporciona isenção dos tributos exigíveis na importação ou</p><p>aquisição no mercado interno de mercadoria, em quantidade e qualidade</p><p>equivalente à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação</p><p>ou acondicionamento de produto exportado, com objetivo de reposição</p><p>do estoque do exportador.</p><p>• Intermediário: assim como na modalidade suspensão, concede a</p><p>empresas fabricantes intermediárias reposição de mercadoria que tenha</p><p>11</p><p>sido anteriormente importada ou adquirida no mercado interno e utilizada</p><p>na industrialização de produtos intermediários que serão fornecidos a</p><p>empresas exportadoras que utilizam na industrialização de produto final</p><p>destinado à exportação.</p><p>• Para embarcação: concedido nos casos de importação de mercadoria</p><p>que será usada em processos de industrialização de embarcações, com</p><p>destinação ao mercado.</p><p>• Interno: esse tipo só prevê redução de tributos para insumos importados,</p><p>não estando contempladas aquisições feitas no mercado interno,</p><p>segundo consta nos termos do parágrafo único do art. 109 da Portaria</p><p>Secex n. 23 de 14/07/2011.</p><p>TEMA 4 – REFLEXOS DO ATO CONCESSÓRIO NA TRIBUTAÇÃO INTERNA E</p><p>EXTERNA</p><p>Até este ponto analisamos o benefício do Drawback, suas modalidades</p><p>e os tipos previstos para cada caso. É de extrema importância compreender o</p><p>funcionamento do Drawback, assim como da legislação, incluindo os números</p><p>das portarias e medidas, pois essas informações devem estar presentes nas</p><p>notas fiscais de compras no mercado interno e também, os atos concessórios.</p><p>No momento de preenchimento da DI – Declaração de Importação é preciso</p><p>saber a diferença entre suspensão e isenção, pois caso algum dado da base</p><p>legal seja preenchido em desacordo, pode ocorrer a aplicação de multa no</p><p>momento da importação dos insumos.</p><p>Vamos compreender quais os tributos que têm incidência na importação</p><p>para então, entendermos o tratamento tributário de cada modalidade.</p><p>4.1 Tributos com possibilidade de isenção ou suspensão</p><p>TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO TRIBUTOS INCIDENTES NO</p><p>MERCADO INTERNO</p><p>II (Imposto de Importação)</p><p>IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)</p><p>PIS (Programa de Integração Social)</p><p>Cofins (Contribuição para o Financiamento da</p><p>Seguridade Social)</p><p>ICMS (Imposto sobre Operações relativas à</p><p>Circulação de Mercadorias e Serviços)</p><p>AFRMM (Adicional ao Frete para a Renovação da</p><p>Marinha Mercante)</p><p>IPI (Imposto sobre Produtos</p><p>Industrializados)</p><p>PIS (Programa de Integração Social)</p><p>Cofins (Contribuição para o</p><p>Financiamento da Seguridade Social)</p><p>Fonte: Pigozzo, 2021.</p><p>12</p><p>Conhecer os tributos incidentes no processo de importação e também</p><p>suas alíquotas é de suma importância para poder calcular a redução possível</p><p>de ser conseguida e de que forma isso vai impactar na formação do preço para</p><p>exportação do produto final.</p><p>Voltando para o drawback, vamos saber como se dá o tratamento</p><p>desses tributos para as duas modalidades – suspensão e isenção.</p><p>4.2 Drawback suspensão</p><p>Na modalidade Suspensão, os tributos II, IPI, PIS, Cofins, o ICMS e o</p><p>AFRMM na importação ficam todos suspensos. II, IPI, PIS E Cofins têm a</p><p>suspensão baseada nos arts. 12 da Lei n. 11.945, de 4 de junho de 2009, e do</p><p>art. 17 da Lei n. 12.058, de 13 de outubro de 2009, e da Portaria Conjunta RFB</p><p>/Secex n. 467, de 25 de março de 2010. Para a suspensão do ICMS, a base</p><p>legal é o Convênio ICMS n. 27, de 1990. O último tributo, AFRMM, tem sua</p><p>suspensão baseada no art. 15 da Lei n. 10.893, de 2004.</p><p>Ainda na modalidade suspensão, para o mercado interno existe a</p><p>suspensão somente do IPI, PIS e Cofins, de acordo com a Instrução Normativa</p><p>RFB n. 845, de 12 de maio de 2008, uma vez que não existe convênio para a</p><p>suspensão do pagamento do ICMS.</p><p>4.3 Drawback isenção</p><p>Na modalidade Drawback isenção, como o próprio nome diz, há a isenção do</p><p>Imposto de Importação (II) e a redução à zero do Imposto sobre Produtos</p><p>Industrializados (IPI), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social</p><p>(Cofins), da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação.</p><p>Esses benefícios estão previstos na forma do art. 31 da Lei n. 12.350, de 20 de</p><p>dezembro de 2010 e da Portaria Conjunta RFB/Secex n. 03, de 17 de dezembro de</p><p>2010 para importação de mercadorias. Também há isenção da AFRMM com base no</p><p>inciso V, c, do art. 14 da Lei n. 10.893, de 2004.</p><p>Nessa modalidade, para o mercado interno existe a isenção somente do</p><p>IPI, PIS e Cofins, previstos nos termos da Portaria Conjunta RFB/SECEX</p><p>n. 3/2010, pois não há convênio para a isenção do pagamento do ICMS.</p><p>13</p><p>TEMA 5 – VENDA COM FIM ESPECÍFICO PARA EXPORTAÇÃO E</p><p>DRAWBACK INTERMEDIÁRIO</p><p>Para concluir esse tema, vamos estudar a respeito das empresas que</p><p>atuam como intermediárias, ou seja, elas importam matéria-prima ou compram</p><p>no mercado interno, manufaturam e realizam a venda apenas para empresas</p><p>que tem como objetivo a exportação de seus produtos. Existem ainda</p><p>empresas que são especializadas em comprar produtos para revender no</p><p>mercado externo, ou seja, estamos tratando aqui das empresas comerciais</p><p>exportadoras e tradings. Essas empresas intermediárias</p><p>podem também utilizar</p><p>os benefícios do Drawback, uma vez que sua produção será destinada à</p><p>exportação. E esse benefício também se aplica nas compras de insumos no</p><p>mercado interno. As empresas podem ser classificadas como:</p><p>CATEGORIAS</p><p>LEGISLAÇÃO</p><p>REGULAMENTADORA</p><p>BÁSICA</p><p>FORMA DE CONSTITUIÇÃO</p><p>SOCIETÁRIA</p><p>Trading Company Decreto Lei n. 1.248/72 Sociedade por Ações (S.A.)</p><p>Empresa Comercial</p><p>Exportadora (ECE)</p><p>Código Civil Brasileiro</p><p>Pode ser constituída sob</p><p>qualquer forma e não precisa</p><p>ter capital mínimo</p><p>Fonte: Pigozzo,2021</p><p>Podemos concluir que o Drawback é uma forma de benefício para a empresas</p><p>que têm foco na exportação; ele existe para proporcionar aos empresários melhores</p><p>condições de competir no mercado externo com redução e até isenção dos tributos</p><p>sobre insumos utilizados na fabricação de seus produtos. Para saber mais sobre os</p><p>benefícios, leia Solução de Consulta da Receita Federal n. 40, de 4 de maio de</p><p>2012, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 7 de maio de 2012. Nesse</p><p>documento você encontrará todas as informações a respeito das empresas que</p><p>podem atuar como intermediárias para obtenção do benefício Drawback.</p><p>TROCANDO IDEIAS</p><p>Vamos trocar uma ideia então? Suponha que você trabalhe em uma</p><p>empresa que fará exportação telhas de policarbonato que permitem passagem</p><p>da luz natural. Essa empresa vende parte de sua produção para o mercado</p><p>interno, mas a maior demanda é para exportação. Dois componentes</p><p>necessários para fabricação são importados.</p><p>14</p><p>A empresa tem direito ao Drawback? Se sim, você consegue identificar</p><p>qual modalidade? E ainda, o Drawback, se possível, valerá para toda a</p><p>matéria-prima importada? Vamos supor ainda que, por um acordo comercial</p><p>essa empresa passa a comprar um dos insumos de outra empresa, que fará o</p><p>trâmite de importação. O Drawback será válido para uma ou para as duas</p><p>empresas? Participe do nosso fórum!</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Vamos colocar em prática? A Só Cortes é uma empresa que atua construindo</p><p>móveis de madeira com visão ambientalmente correta. Em seu portfólio existem</p><p>alguns produtos carros-chefe e que são destinados apenas à exportação. Para</p><p>fabricar esses produtos, a empresa precisa importar uma cola especial e, visando</p><p>atender o mercado internacional, são instalado puxadores importados. A Diretoria</p><p>resolveu utilizar-se do benefício Drawback para conseguir competir com melhores</p><p>preços no mercado externo. Para isso, é preciso avaliar:</p><p>• A empresa se enquadra para utilizar esse benefício?</p><p>• Considerando os insumos importados se enquadram no Drawback?</p><p>Em sua opinião, é possível utilizar o Drawback? Das modalidades</p><p>apresentadas, em qual delas a empresa em questão se enquadraria?</p><p>FINALIZANDO</p><p>Nesta aula, estudamos os mecanismos que o país dispõe para melhorar</p><p>a competitividade do Brasil na exportação de produtos. De forma geral,</p><p>conhecemos as ações do governo e entidades para o fomento à exportação.</p><p>Estudamos também o Drawback, que é um benefício que o governo oferece</p><p>aos empresários para que, com a isenção ou diminuição dos insumos</p><p>importados, as empresas exportadoras possam ter maiores condições de</p><p>competir no mercado internacional. Por fim, analisamos como Drawback pode</p><p>ser utilizado também por empresas que comercializam produtos destinados à</p><p>exportação e de que forma essas empresas se beneficiam.</p><p>Espero que tenham gostado! Bons estudos!</p><p>15</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Palácio do Planalto. Decreto n. 6.759, de 5 de fevereiro de 2009.</p><p>Disponível em: <</p><p>https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=DEC&numero=6759&ano=2009</p><p>&ato=edcUTVU1UeVpWT808 >. Acesso em: 23 maio 2021.</p><p>BRASIL. Palácio do Planalto. Lei n. 4.502, de 30 de novembro de 1964.</p><p>Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4502.htm>. Acesso</p><p>em: 23 maio 2021.</p><p>RECEITA FEDERAL. Habilitação Para Utilizar o Siscomex. Disponível em: <</p><p>https://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/importacao-e-</p><p>exportacao/habilitacao/habilitacao-de-intervenientes>. Acesso em: 23 maio 2021.</p><p>RECEITA FEDERAL. Regras de classificação – NCM. Disponível em: <</p><p>www.gov.br/receitafederal>. Acesso em: 23 maio 2021.</p><p>SISTEMÁTICA DE EXPORTAÇÃO</p><p>E DRAWBACK</p><p>AULA 6</p><p>Profª Ana Flávia Pigozzo</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Olá! Seja bem-vindo a mais uma aula sobre Sistemática de Exportação e</p><p>Drawback. Nesta aula, vamos analisar temas voltados ao mercado internacional,</p><p>e como uma empresa que deseja exportar deve planejar e conduzir as</p><p>adequações necessárias, não apenas com relação ao produto exportado, mas</p><p>sim à toda cultura corporativa.</p><p>Analisaremos como a empresa pode conhecer seus concorrentes</p><p>externos e quais valores são praticados, pensando embalagem, qualidade, entre</p><p>outros fatores.</p><p>Também vamos tratar sobre o perfil do profissional que atua na empresa,</p><p>para o desenvolvimento e o fortalecimento da participação no mercado externo.</p><p>Para tornar essa etapa de estudos mais prática, ao final da aula vamos</p><p>traçar um modelo de fluxograma de um processo de exportação, que pode servir</p><p>de base para o planejamento de uma empresa.</p><p>Bons estudos!</p><p>CONTEXTUALIZANDO</p><p>Conforme já vimos, exportar é uma excelente opção para as empresas</p><p>expandirem seu mercado consumidor, ampliar seu faturamento e desenvolver</p><p>sua marca no mercado externo. O Brasil tem vários incentivos para as empresas</p><p>que decidem exportar, como isenção de tributos para produtos exportados e</p><p>drawback, que reduz o custo de produtos adquiridos para a fabricação de</p><p>produtos voltados à exportação.</p><p>Porém, é necessário que a empresa tenha algumas informações sobre o</p><p>produto e como ele vai interagir no mercado externo.</p><p>Aqui é importante fazer uma análise rigorosa dos produtos e dos valores</p><p>das empresas concorrentes internacionais, conhecendo seus valores, qualidade,</p><p>tecnologia presente, embalagem, onde e como são vendidos.</p><p>A empresa precisa também definir um profissional para atuar nessa área,</p><p>que precisa apresentar certas características.</p><p>Também é importante analisar a viabilidade econômica de participar do</p><p>mercado internacional, estudando como se desenha todo o processo. Para isso,</p><p>vamos trazer um fluxograma que vai ajudar com esse entendimento.</p><p>3</p><p>TEMA 1 – ANÁLISE DOS PRODUTOS E VALORES DAS EMPRESAS</p><p>CONCORRENTES</p><p>Da mesma forma como acontece no mercado interno, ao decidir produzir</p><p>e vender um produto, independentemente do segmento, um dos primeiros</p><p>passos é pesquisar. Com o resultado da pesquisa em mãos, busca-se conhecer</p><p>quais são os produtos, quais seus valores, e qual a disponibilidade de empresas</p><p>concorrentes.</p><p>Conhecer a concorrência coloca uma empresa a na situação de poder</p><p>ajustar processos e outros fatores, para que seu produto chegue no mercado</p><p>com condições ideias de competir.</p><p>Mas como realizar essa pesquisa quando estamos tratando de um</p><p>mercado internacional, com diversos países e possibilidades em jogo? O</p><p>primeiro pensamento pode ser enviar um representante da empresa, que faria</p><p>esse levantamento, mas seria um processo caro e mais demorado. Atualmente,</p><p>com a mais ampla utilização da tecnologia, o processo de pesquisa ficou mais</p><p>acessível, pois existem portais governamentais e gratuitos que fazem esse</p><p>levantamento, disponibilizando-o para que as empresas tenham acesso aos</p><p>dados.</p><p>1.1 www.apexbrasil.com.br</p><p>A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-</p><p>Brasil) disponibiliza, em seu portal, dados que permitem analisar os potenciais</p><p>do produto no mercado internacional. Além disso, provê diversos outros serviços</p><p>como, por exemplo aproximar exportador de importadores ou captar recursos. É</p><p>um portal bastante completo para empresas que decidem exportar:</p><p>• Contém análises sobre as condições de acesso ao mercado para</p><p>empresas brasileiras, com foco em temas regulatórios, tarifários, não-</p><p>tarifários e de padrões</p><p>privados.</p><p>• Os estudos, preparados em conjunto com o escritório da Apex-Brasil no</p><p>exterior, apresentam e analisam o ambiente regulatório em diversos</p><p>países, em diferentes setores, com a identificação de stakeholders</p><p>públicos e privados.</p><p>4</p><p>• Traz ainda as principais dificuldades enfrentadas na exportação para os</p><p>mercados e os principais acordos comerciais que o país tem com o</p><p>mundo.</p><p>1.2 www.vitrinedoexportador.gov.br</p><p>Outro portal de referência para empresas que decidem exportar. Nele,</p><p>o Ministério da Economia disponibiliza espaço para as empresas que já</p><p>exportam e que tenham interesse em divulgar seus produtos e serviços na Vitrine</p><p>do Exportador. As empresas podem mostrar os produtos para o mundo, abrindo</p><p>assim um importante canal de oportunidade de negócios com importadores</p><p>estrangeiros.</p><p>O site disponibiliza uma área para construção de vitrine virtual, com a</p><p>possibilidade de inclusão de fotos, vídeos, texto de apresentação, ferramenta de</p><p>geolocalização, edição de dados comerciais, além da possibilidade de</p><p>construção da vitrine em três idiomas: português, inglês e espanhol.</p><p>E tudo isso é oferecido de forma gratuita.</p><p>1.3 www.investexportbrasil.gov.br</p><p>Portal do governo voltado às empresas que decidem exportar ou já</p><p>exportam. Contém uma seção com informações sobre produtos, apresentando</p><p>condições de comercialização de determinado produto em mercado específico,</p><p>o que inclui, entre outros itens, dados o tratamento tarifário e não tarifário</p><p>aplicado à importação de produtos brasileiros; lista de importadores locais; e</p><p>estatísticas de importação do produto.</p><p>Disponibiliza também a ferramenta Market Access Map, que oferece</p><p>informações sobre tarifas alfandegárias (incluindo preferências tarifárias) de</p><p>diversos países, com disposições de natureza comercial, regras e certificados</p><p>de origem, direito aduaneiro de membros da Organização Mundial do Comércio,</p><p>medidas não tarifárias e fluxos de comércio.</p><p>1.4 www.comexstat.mdic.gov.br</p><p>No portal Comexstat, existe o ComexVis, que apresenta representações</p><p>gráficas e interativas de dados estatísticos do comércio exterior brasileiro. Tem</p><p>como objetivo auxiliar na análise e na comunicação dos dados de comércio</p><p>5</p><p>exterior, possibilitando maior facilidade e transparência na exploração dessas</p><p>informações, por meio de visualizações.</p><p>Apresenta inclusive informações e visualizações interativas nas seguintes</p><p>categorias: Brasil (Geral), países, blocos econômicos, estados (UF), municípios</p><p>e produtos.</p><p>1.5 www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/</p><p>A presença do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia</p><p>(Inmetro), nos mais importantes organismos mundiais, nas áreas de metrologia,</p><p>avaliação da conformidade e acreditação, e o consequente reconhecimento</p><p>internacional de suas atividades, têm favorecido a abertura do mercado exterior</p><p>às empresas brasileiras.</p><p>O Inmetro também é responsável pela Coordenação Nacional do SGT n.</p><p>3 do Mercosul, a quem compete harmonizar Regulamentos Técnicos e</p><p>Procedimentos de Avaliação da Conformidade no âmbito do Mercosul.</p><p>O Coordenação-Geral de Articulação Internacional (Caint) tem como</p><p>objetivo prover os exportadores brasileiros de informações e soluções</p><p>articuladas para a superação de barreiras técnicas ao comércio, por meio de</p><p>negociações e acordos de Cooperação Técnica Internacional e regional, visando</p><p>garantir acesso a mercados e facilitação do comércio exterior.</p><p>1.6 https://bb.b2brazil.com.br/</p><p>Por meio da parceria entre o Banco do Brasil e a B2Brazil, foi crida uma</p><p>plataforma personalizada para os clientes do Banco do Brasil promoverem</p><p>internacionalmente sua empresa e seus produtos por meio da internet.</p><p>As empresas cadastradas são divulgadas gratuitamente também no portal</p><p>principal do B2Brazil, que conta com milhões de visitantes em mais de 200</p><p>países – ou seja, é uma excelente oportunidade de vitrine virtual para quem quer</p><p>exportar.</p><p>TEMA 2 – PREPARAR A EMPRESA PARA AS PRÓXIMAS VENDAS AO</p><p>EXTERIOR</p><p>Exportar é uma possibilidade de as empresas brasileiras ampliarem</p><p>mercado e conquistar novos destinos consumidores. Porém, a empresa precisa</p><p>6</p><p>estar preparada para esse passo. É o que vamos estudar neste momento: afinal,</p><p>como podemos preparar a empresa para realizar suas próximas vendas com</p><p>foco no mercado internacional?</p><p>Para iniciar esse estudo, vamos compreender quais são os elementos</p><p>necessários para essa negociação:</p><p>• Classificação fiscal: item primordial, primeiro da lista, pois é por meio</p><p>dessa classificação que serão definidas todas as etapas, como</p><p>documentação, tributação viabilidade (técnica e de legislação), entre</p><p>outros fatores.</p><p>• Incoterms: define como é feito negociação, pagamento,</p><p>responsabilidades e demais questões relacionadas à negociação em si.</p><p>• Modalidade de pagamento: importante etapa para ambos, exportador e</p><p>importador, pois definirá quando e como será feito o pagamento da</p><p>negociação.</p><p>• Formação de preço: lembre-se, vender para o exterior não é igual a</p><p>vender no mercado interno, pois o preço aqui é formado por outros</p><p>elementos, que incluem transporte, taxas e outros valores agregados. Por</p><p>sua vez, para exportar, o Brasil oferece uma séria de incentivos fiscais,</p><p>em relação a IPI, PIS, Cofins e ICMS. É preciso estar sempre atento à</p><p>legislação para conseguir a melhor formulação de preço.</p><p>• Documentos básicos: uma vez realizadas as etapas anteriores, já temos</p><p>elementos para providenciar a documentação básica para a exportação.</p><p>Uma dica é: providencie toda a documentação, para não correr o risco de</p><p>ter sua mercadoria retida ou ainda precisar arcar com multas e outros</p><p>valores não previstos.</p><p>Agora que já conhecemos os elementos básicos para negociar com foco</p><p>no mercado externo, vamos seguir na preparação da empresa para as vendas</p><p>ao exterior.</p><p>2.1 Análise de mercado</p><p>A análise de mercado é importante para que a empresa saiba para onde</p><p>vender seu produto, sendo capaz de prever a aceitação, fazer uma projeção de</p><p>demanda, e obter dessa forma sucesso no seu projeto exportador. A seguir,</p><p>veremos uma sugestão de passos que podem ser seguidos para a realização de</p><p>7</p><p>uma análise de mercado consistente. São perguntas que não tem uma “resposta</p><p>certa”, mas que trazem uma oportunidade de reflexão com base no seu produto</p><p>e em seus objetivos com relação à exportação.</p><p>• O que é preciso saber sobre o mercado a ser atingido? Muito</p><p>importante! É preciso conhecer o mercado consumidor com certa</p><p>profundidade e evitar questões culturais, por exemplo, ou ainda conhecer</p><p>os hábitos de consumo de seu produto. Será que vai ser bem aceito?</p><p>• Qual o mercado potencial (análise de demanda)? É muito provável que</p><p>a empresa encontre mais de um destino para exportar, mas qual a</p><p>demanda potencial de cada um? Vale a pena exportar pouco para vários</p><p>ou é melhor focar em um destino com maior potencial?</p><p>• Comportamento do consumidor (na região, país, no mundo): essa é</p><p>uma etapa importante, pois o comportamento do consumidor com relação</p><p>a produtos semelhantes ao de sua empresa, e também a outros produtos,</p><p>pode ajudar na decisão do destino. Esse comportamento vai demonstrar</p><p>como o mercado consumidor prospectado gasta o dinheiro que tem</p><p>disponível.</p><p>• Elasticidade de preços: considere avaliar os preços máximos e mínimos</p><p>encontrados em produtos similares, para conhecer quais serão seus</p><p>concorrentes diretos de preços, para que dessa forma seja possível</p><p>ajustar, dentro do possível, seus valores para o mercado exterior;</p><p>• Rentabilidade prevista: análise de mercado que busca trazer para a</p><p>empresa uma previsão de rentabilidade com a exportação. Esse dado é</p><p>importante para a definição da viabilidade do processo. Caso não esteja</p><p>de acordo com as expectativas da empresa, pode promover uma nova</p><p>rodada de estudos, para ajustes ou mesmo a redefinição do projeto;</p><p>• Estudos de cobertura: este estudo é</p><p>importante para conhecer de que</p><p>forma o produto exportado vai ser comercializado. É possível, por</p><p>exemplo, direcionar-se a uma região específica, ou então buscar abranger</p><p>o maior número de localidades de uma região ou até de vários países.</p><p>• Canais de distribuição: Tão importante quanto decidir exportar, é</p><p>planejar como o produto será distribuído no país de destino. Quem fará a</p><p>distribuição, de quem será a responsabilidade de controle, entre outros</p><p>fatores que ajudam a determinar, por exemplo, o coeficiente de produção</p><p>dedicado ao mercado exterior. Também é importante refletir sobre os</p><p>8</p><p>parceiros locais, e como funcionará a parceria em termos de</p><p>reponsabilidade e divisão de lucros.</p><p>2.2 Perfil profissional</p><p>A empresa que decide exportar deve também definir o profissional que</p><p>atuará na área. Espera-se desse profissional que tenha um vasto conhecimento</p><p>de conceitos, regras e normas básicas de comércio exterior. Deve conhecer</p><p>ainda o perfil brasileiro de processos de importação e exportação, pois essa</p><p>experiência vai ajudar muito.</p><p>Não é preciso dizer que conhecer mais de um idioma, além do inglês, é</p><p>um grande diferencial.</p><p>Conhecimento técnico do processo, documentação envolvida em todas as</p><p>etapas, por mais que não seja necessário atuar diretamente, são necessidades</p><p>básicas. Além disso, como o processo de exportação e importação está em</p><p>constante evolução, é preciso estar sempre disposto a aprender e a permanecer</p><p>em constante estado de pesquisa.</p><p>Ainda, por se tratar de negociações que envolvem outras culturas e</p><p>costumes, é obrigatório que o profissional tenha flexibilidade na tomada de</p><p>decisões, as quais somadas à iniciativa e persistência, serão um grande</p><p>diferencial. Afinal, trata-se de uma carreira que exige dedicação e muito foco em</p><p>objetivos.</p><p>Consequentemente, a empresa precisa estar disposta a remunerar</p><p>corretamente esse profissional, de perfil tão complexo.</p><p>2.3 Por que exportar?</p><p>Chagamos a uma pergunta importante. Com tantos processos envolvidos,</p><p>documentações, pesquisas, por que então exportar?</p><p>Vamos elencar alguns motivos:</p><p>• economias de escala;</p><p>• regularidade na produção;</p><p>• aprimoramento da qualidade;</p><p>• incorporação de tecnologia;</p><p>• redução da carga tributária;</p><p>• novos mercados e clientes;</p><p>9</p><p>• novos produtos, design e embalagem;</p><p>• diluição de riscos.</p><p>Esses são motivos bastante fortes para que uma empresa invista em</p><p>exportação. Mesmo que exista um mercado interno consolidado, quando a</p><p>empresa decide exportar, ela precisa saber a resposta sobre quais são os seus</p><p>objetivos, para que dessa forma seja possível estabelecer plano de ação, política</p><p>de preço etc. coerentes com tais objetivos.</p><p>TEMA 3 – CERTIFICAÇÃO DA EMPRESA NO PROGRAMA OEA DA RECEITA</p><p>FEDERAL</p><p>Para ter benefícios oferecidos pela aduana brasileira, relacionados a</p><p>maior agilidade e previsibilidade de cargas nos fluxos de comércio internacional,</p><p>é preciso que a empresa seja certificada como operador de baixo risco, confiável.</p><p>Isso é possível após comprovação do cumprimento de requisitos e critérios do</p><p>Programa OEA, que é um parceiro estratégico da Receita Federal.</p><p>A Receita Federal do Brasil (RFB), conforme consta no art. 1º, parágrafo</p><p>1º da Instrução Normativa NBR n. 18985/2020, prevê que os intervenientes nas</p><p>operações de comércio exterior envolvidos na movimentação internacional de</p><p>mercadorias, a qualquer título, e que demonstrem voluntariamente desejo e</p><p>ainda atendam aos requisitos e critérios exigidos, podem se tornar Operador</p><p>Econômico Autorizado (OEA). Essa condição, quando do interesse da empresa,</p><p>pode ser iniciada com o Questionário de Autoavaliação elaborado pela Receita</p><p>Federal do Brasil (RFB). Ao responder aos questionamentos, a empresa</p><p>demonstrará de que forma atua nas questões previstas pela RFB, e assim</p><p>poderá conseguir sua Certificação OEA1.</p><p>A seguir, apresentamos exemplos de questões do QAA.</p><p>1 O questionário está disponível em: RFB – Receita Federal do Brasil. Disponível em:</p><p><http://www.gov.br/receitafederal>. Acesso em: 19 maio 2021.</p><p>10</p><p>Figura 1 – Exemplo 1</p><p>As respostas a esses questionamentos vão demonstrar como a empresa</p><p>vai tratar os dados. Em uma fiscalização, o que foi descrito no QAA precisará ser</p><p>demonstrado.</p><p>Figura 2 – Exemplo 2</p><p>11</p><p>Lembrando que todos os procedimentos descritos no QAA são utilizados</p><p>pela RFB para a concessão do OEA, ou seja, precisam ser seguidos à risca,</p><p>conforme descrito no documento para a concessão e manutenção da certificação</p><p>OEA.</p><p>TEMA 4 – ANÁLISE DE VIABILIDADE COMERCIAL DE ACORDO COM OS</p><p>INCOTERMS</p><p>Ao decidir exportar, uma empresa precisa analisar com bastante cuidado</p><p>a formação do preço do produto que será exportado, não apenas sob a óptica</p><p>do preço de venda no mercado importador, mas também considerando as</p><p>diferenças com a precificação para o mercado interno, levando em conta todos</p><p>os tributos.</p><p>O Brasil oferece uma série de incentivos para empresas que exportam.</p><p>Dentre esses incentivos, está justamente a isenção de alguns tributos, o que</p><p>deve ser considerado ao se estabelecer a precificação para o mercado externo.</p><p>Em contrapartida, para exportar, existem outros custos, como transporte</p><p>internacional, além de outros valores que não são praticados no mercado interno.</p><p>É o que você pode observar no diagrama a seguir.</p><p>12</p><p>Figura 3 – Preço na exportação</p><p>Vamos analisar agora a formulação de preço para exportação na</p><p>modalidade FOB.</p><p>Nesse modelo, temos a seguinte dinâmica de formulação do preço:</p><p>PREÇO NO MERCADO INTERNO</p><p>(-) IPI</p><p>(-) ICMS</p><p>(-) COFINS</p><p>(-) PIS</p><p>(-) EMBALAGEM NO MERCADO INTERNO</p><p>(-) LUCRO NO MERCADO INTERNO</p><p>(-) COMISSÕES DE VENDA</p><p>= PREÇO DE CUSTO</p><p>Agora que temos um modelo para tratar o valor do produto, partiremos do</p><p>preço de custo demonstrado para estabelecer a precificação para o mercado</p><p>externo:</p><p>PREÇO DE CUSTO NO MERCADO INTERNO</p><p>(+) CUSTOS ADMINISTRATIVOS (serviços, vistos etc.)</p><p>(+) FRETE E SEGURO INTERNOS</p><p>(+) DESPESA PORTUÁRIAS</p><p>(+) EMBALAGEM P/ EXPORTAÇÃO</p><p>(+) LUCRO NO MERCADO EXTERNO</p><p>13</p><p>(+) COMISSÕES DE AGENTE EXTERNO</p><p>( = ) VALOR FOB EM REAIS PARA EXPORTAÇÃO</p><p>( : ) TAXA DO DÓLAR COMERCIAL / COMPRA</p><p>( = ) PREÇO FOB, EM US$, PARA EXPORTAÇÃO</p><p>Importante observar quais são os valores que devem ser ou não</p><p>considerados na formulação do preço do produto exportado, pois o produto</p><p>precisa, além de ter demanda de consumo, chegar com um preço competitivo no</p><p>mercado externo.</p><p>Vale lembrar que o preço de um produto está diretamente relacionado ao</p><p>Incoterm negociado. Por exemplo, em uma negociação DDP, é preciso somar</p><p>ao valor do produto custos como transporte interno, seguro, transporte</p><p>internacional, entre outros2.</p><p>TEMA 5 – FLUXOGRAMA DE EXPORTAÇÃO</p><p>Vamos tratar agora o processo de exportação de uma forma mais prática,</p><p>com o objetivo de capacitar você com a compreensão do processo como um</p><p>2 Acesse para simular os valores dos componentes incluídos no preço de exportação de acordo</p><p>com o Incoterm a ser negociado: SIMULADOR DE PREÇO. Disponível em:</p><p><http://simuladordepreco.mdic.gov.br>. Acesso em: 19 maio 2021.</p><p>14</p><p>todo. Exportar não é um processo simples, pois várias ações são necessárias,</p><p>como uma série de documentos e outros fatores que requerem atenção.</p><p>O primeiro é criar um fluxograma voltado ao produto. Para tanto, vamos</p><p>sugerir um modelo que pode ser seguido:</p><p>• Definição do produto: este é o primeiro passo, o mais importante,</p><p>quando há intenção de exportar. É preciso analisar se o produto é</p><p>realmente exportável, se atende a exigências de qualidade e processos</p><p>dos possíveis compradores, entre outros fatores.</p><p>• Classificação NCM: definido o produto, busca-se a classificação correta</p><p>para ele.</p><p>• Definição de países com maior potencial: tendo o produto e definida a</p><p>classificação, parte-se para a escolha dos destinos para onde exportar.</p><p>tributário.</p><p>Outro fator importante para a tomada de decisão do que diz respeito à</p><p>exportação é que o Brasil oferece aos seus empresários vantagens tributárias</p><p>para quem decide exportar, como:</p><p>• isenção de IPI;</p><p>• isenção de ICMS para algumas categorias;</p><p>• não incidência de Cofins e Pis-Pasep sobre receitas de exportação;</p><p>• IOF alíquota zero.</p><p>Escolher exportar é uma decisão importante, mas ainda é uma excelente</p><p>oportunidade de negócios no Brasil, tendo em vista todo o incentivo e planos de</p><p>apoio ofertado pelos órgãos governamentais e não governamentais para o</p><p>constante crescimento do envio de produtos do Brasil para o exterior. É bom</p><p>salientar que atualmente o processo está muito mais rápido do que há algum</p><p>6</p><p>tempo, pois a tecnologia e os sistemas integrados agilizam muitos dos</p><p>processos.</p><p>Saiba mais</p><p>• No link a seguir, está disponível o Apex-cast da Apex-Brasil, que é a</p><p>Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Esse</p><p>episódio específico apresenta muitas informações sobre exportação e o</p><p>apoio que a Apex oferece a quem quer exportar. Disponível em:</p><p><https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=DbTrFchBgdI>. Acesso em: 22 maio 2021.</p><p>• A seguir está disposto o link para a leitura do artigo “Por que Exportar?”,</p><p>no site do Ministério da Economia. Disponível em:</p><p><http://www.aprendendoa</p><p>exportar.gov.br/index.php/por-que-exportar>. Acesso em: 22 maio 2021.</p><p>1.1 Como realizar a habilitação para iniciar atividade de exportação?</p><p>Para que se possa iniciar um processo de exportação ou importação é</p><p>preciso atender a uma série de procedimentos e cadastramentos nos órgãos</p><p>responsáveis. Esses procedimentos são chamados de habilitação.</p><p>No Brasil, quem controla o cadastramento e realiza as liberações</p><p>necessárias é a Receita Federal.</p><p>Para iniciar uma habilitação, a primeira ação é acessar o site da Receita</p><p>Federal1. Nele encontraremos todas as informações atualizadas sobre como</p><p>proceder, quais são os documentos, trâmites e os prazos previstos para cada</p><p>etapa do processo. Entretanto, quem pode importar e exportar?</p><p>Podem importar/exportar:</p><p>• entidades;</p><p>• universidades;</p><p>• pessoas físicas;</p><p>• empresas.</p><p>1 Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/interface/lista-de-servicos/aduana/habilitacao-</p><p>importar-exportar>. Acesso em: 22 maio 2021.</p><p>7</p><p>Cada um dos tipos de exportador precisa estar atento às exigências da</p><p>Receita Federal, que analisará toda a documentação necessária e definirá a</p><p>capacidade financeira, que será o limitante.</p><p>Conforme a Instrução Normativa da Secretaria Especial da Receita</p><p>Federal do Brasil, IN SRF n. 1.984/2020, as habilitações são divididas nas</p><p>seguintes categorias.</p><p>• Expressa: para pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade</p><p>anônima de capital aberto, empresa pública ou sociedade de economia</p><p>mista.</p><p>• Limitada: até USD 50.000 ou até USD 150.000.</p><p>• Ilimitada: depende da capacidade econômica que a receita vai determinar.</p><p>Essa habilitação na Receita Federal é conhecida como Radar, que</p><p>significa Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros.</p><p>É importante ficar atento ao realizar um serviço para alguma empresa e</p><p>verificar se ela já tem o Radar, bem como se está dentro do prazo, caso contrário</p><p>será necessário fazer o Radar novamente.</p><p>Saiba mais</p><p>A Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil n. 1.984/2020 trata do</p><p>processo de habilitação de uma empresa para o comércio exterior. Atenção,</p><p>durante a leitura, ao final do documento, em que são mostrados todos os</p><p>documentos necessários para o processo de habilitação de uma instituição,</p><p>empresa ou mesmo pessoa física nos enquadramentos possíveis para cada um.</p><p>Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?</p><p>visao=anotado&idAto=113638>. Acesso em: 22 maio 2021.</p><p>TEMA 2 – INTERNACIONALIZAÇÃO DA EMPRESA E ESTRUTURA</p><p>ORGANIZACIONAL DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>O comércio exterior é bem diferente do comércio interno, tendo em vista</p><p>que apresenta linguagem própria, documentos próprios, muitos processos</p><p>envolvidos, bem como órgãos federais e estaduais para a liberações e licenças.</p><p>Portanto, quando se trata de processo de exportação, não basta ter um</p><p>produto. A empresa precisa conhecer bem o mercado para o qual ela quer</p><p>exportar, quem será seu mercado consumidor, como as embalagens devem ser,</p><p>8</p><p>qual a cultura do local e como essa cultura receberá seu produto, além das leis</p><p>e regras que regem a importação.</p><p>Para isso, a empresa pode envolver outras empresas especializadas, pois</p><p>realizar todo o processo do zero pode ser mais demorado e mais custoso.</p><p>A internacionalização da empresa é um dos passos que devem ser</p><p>seguidos e observados por empresas que pretendem começar a exportar. Essa</p><p>internacionalização pode ocorrer das seguintes formas.</p><p>• Exportação indireta: esse é o processo no qual uma empresa se utiliza de</p><p>outra empresa – Trader – para quem ela vende e que, por sua vez, vende</p><p>no mercado externo.</p><p>• Exportação direta: é quando a empresa exporta diretamente para um</p><p>cliente em outro país.</p><p>• Licenciamento: é quando uma empresa brasileira produz um produto para</p><p>outra empresa que tem sede fora do Brasil e envia seus produtos</p><p>diretamente para lá.</p><p>• Franchising: é quando uma empresa de outro país abre uma franquia de</p><p>uma empresa brasileira para vender os produtos produzidos aqui.</p><p>• Aliança estratégica: é quando uma empresa brasileira se associa a uma</p><p>empresa de outro país, enviando um produto que será de alguma forma</p><p>manipulado – troca de embalagem, por exemplo.</p><p>• Joint Venture: esse é o processo em que duas ou mais empresas se unem</p><p>para realizar o processor de exportação de um ou mais produtos.</p><p>• Investimento externo direto: ocorre quando uma empresa de outro país</p><p>investe diretamente na produção de uma empresa e dela compra todo o</p><p>volume produzido.</p><p>Vamos conhecer um pouco da estrutura organizacional do comércio</p><p>exterior brasileiro (Figura 1).</p><p>9</p><p>Figura 1 – Estrutura organizacional do comércio exterior brasileiro</p><p>Crédito: Jefferson Schnaider.</p><p>A Figura 1 demonstra o fluxo de informações que envolvem uma</p><p>transação de importação ou exportação aqui no Brasil. Hoje, com um nível</p><p>grande de informatização, tudo é realizado via sistemas, por meio da base de</p><p>dados.</p><p>2.1 Órgão anuentes</p><p>Em um processo de exportação ou importação, além da Receita Federal</p><p>e do Banco Central, as mercadorias precisam passar pela anuência dos</p><p>chamados órgãos anuentes, em que farão as verificações necessárias para</p><p>autorizar ou não a entrada ou saída das mercadorias do país.</p><p>Cada mercadoria pode ter mais de um órgão conforme a sua destinação</p><p>(por exemplo, consumo humano ou animal), conforme seu estado (novo ou</p><p>usado), entre outros. Entre os principais órgãos anuentes, destacam-se:</p><p>• Agência Nacional do Cinema (Ancine);</p><p>• Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel);</p><p>• Agência Nacional de Petróleo (ANP);</p><p>• Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);</p><p>• Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN);</p><p>• Comissão de Coordenação do Transporte Aéreo Civil (Cotac);</p><p>10</p><p>• Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça e Segurança</p><p>Pública (DPF);</p><p>• Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro</p><p>(DFPC);</p><p>• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis</p><p>(Ibama);</p><p>• Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial</p><p>(Inmetro);</p><p>• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa);</p><p>• Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT);</p><p>• Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).</p><p>TEMA 3 – ESCOLHA DA NCM, ESTUDO DA VIABILIDADE DE EXPORTAÇÃO</p><p>DO PRODUTO DESEJADO (BARREIRAS INTERNAS) E ANÁLISE DA</p><p>EXPORTAÇÃO (DIRETA OU INDIRETA)</p><p>Ao se observar o comércio de mercadorias, é possível notar que não</p><p>existem mais fronteiras. Com isso, a quantidade de produtos</p><p>Nem todos os países têm o mesmo interesse por seu produto; então, é</p><p>preciso pesquisar quem tem maior interesse, quem valoriza mais, quem</p><p>poderá oferecer maior demanda de consumo.</p><p>• Sondagem de mercado: veja que, até aqui, todos os passos são</p><p>sequenciais. Agora, definidos os países com maior potencial, partimos</p><p>para a sondagem de mercado. Hoje em dia, existem diversas ferramentas</p><p>online que ajudam no mapeamento de mercado, a partir das quais</p><p>podemos observar quem consome o que, quando, onde, em que</p><p>quantidades, e outras informações pertinentes.</p><p>• Identificação de clientes potenciais: país ou países escolhidos, feita a</p><p>sondagem de mercado, e demonstradas as potencialidades, agora é hora</p><p>de identificar os clientes potenciais nos destinos. Aqui mais uma vez, há</p><p>ferramentas online que auxiliam no processo, com instituições que</p><p>prestam esse serviço, o que torna esse processo mais efetivo.</p><p>• Formação de preço de exportação: os passos anteriores são</p><p>importantes para o processo de decisão de exportar um produto, e</p><p>auxiliam nessa etapa, que é a formação de preço de exportação. Afinal, o</p><p>produto precisa chegar no destino com condições de competir com os</p><p>similares locais, caso existam, e também com valores acessíveis, de</p><p>acordo com suas características.</p><p>• Contatos comerciais: todas as etapas citadas para um processo de</p><p>exportação são de grande importância; o estabelecimento de contatos</p><p>comerciais não seria diferente. Eles vão fazer as coisas acontecerem</p><p>15</p><p>quando seu produto estiver no destino. Utilizarão ferramentas para</p><p>divulgação e distribuição, para que os consumidores possam</p><p>efetivamente consumir seu produto e conhecer sua marca.</p><p>• Definição de Incoterm: você realizou todos os passos indicados, e agora</p><p>chegou a hora de definir como será o processo de exportação, definindo</p><p>suas responsabilidades e as do importador, as modalidades de frete e</p><p>pagamento, e demais fatores. Ou seja, é chegada a hora de definir os</p><p>Incoterms para o processo.</p><p>Até aqui, focamos no fluxograma mais voltado ao produto e aos fatores</p><p>ligados ao produto. Com essa primeira etapa concluída, precisamos continuar</p><p>com o Fluxograma Básico de Exportação:</p><p>• Definição de forma de pagamento: é chegada a hora de definir como</p><p>serão feitos os pagamentos por parte do importador pela mercadoria</p><p>exportada. Como já vimos, existem muitas formas de realizar esse</p><p>pagamento. O principal é que a modalidade escolhida seja de comum</p><p>acordo para ambas as partes.</p><p>• Fechamento do contrato: com todos os itens anteriores definidos, é hora</p><p>de gerar uma Proforma, que formaliza todos os passos realizados, além</p><p>de prever os compromissos de produção, envio e entrega, e as</p><p>modalidades para o pagamento dos produtos.</p><p>• Produção: é hora de produzir. Agora, o foco é estabelecer um ritmo de</p><p>produção que atenda às necessidades acordadas para a entrega dos</p><p>produtos da forma como consta no contrato.</p><p>• Documentação: com o processo de produção iniciado, é necessário</p><p>verificar toda a documentação que pode ser necessária para o produto,</p><p>como licenças, liberações e demais condições específicas, quando for o</p><p>caso. É também o momento de produzir a Invoice.</p><p>• Embarque: documentação, produto e detalhes do processo prontos, é</p><p>hora de embarcar a mercadoria conforme o que foi acordado.</p><p>• Remessa de documentos: após a realização do embarque, é preciso</p><p>reunir os documentos referentes ao processo de exportação e enviá-los</p><p>ao importador e aos demais envolvidos no processor (órgão anuentes, de</p><p>fiscalização e sistemas).</p><p>16</p><p>• Recebimento: de acordo com o negociado com o importador, ele fará o</p><p>envio dos valores. Esse valor em geral é enviado em dólares ou euros,</p><p>por isso é preciso contatar um agente financeiro (banco ou corretora de</p><p>câmbio) para realizar a conversão para reais.</p><p>• Fechamento de câmbio: processo realizado pelo agente financeiro</p><p>(banco ou corretora de câmbio), para a conversão dos valores recebidos</p><p>internacionalmente em moeda nacional corrente (reais).</p><p>• Análise de melhoria: como todo processo, é de fundamental importância</p><p>que a empresa reveja os passos realizados. Ao observar pontos de</p><p>melhoria, deve buscar alternativas para melhorar seu desempenho.</p><p>TROCANDO IDEIAS</p><p>Vamos trocar uma ideia? O Brasil é um dos maiores exportadores de</p><p>commodities, mas possui uma participação ainda tímida de produtos</p><p>industrializados. Esse número é menor ainda quando tratamos de produtos com</p><p>alta tecnologia.</p><p>Exportar é, além de uma possibilidade para as empresas aumentarem</p><p>faturamento, uma grande oportunidade de expandir o mercado para destinos</p><p>antes não imaginados. Após o estudo dos conteúdos apresentados, qual a sua</p><p>visão do Brasil daqui uma década? E para os próximos 20 anos?</p><p>Temos potencial, temos mão de obra, temos empresas com capacidade</p><p>produtiva, o que nos falta?</p><p>Participe do nosso fórum!</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Vamos colocar em prática? Se você quiser saber informações sobre como</p><p>exportar madeira e móveis para Portugal, é preciso saber quais os requisitos</p><p>técnicos exigidos. Como se chama o órgão equivalente ao Inmetro em Portugal?</p><p>Como você fez para descobrir?</p><p>FINALIZANDO</p><p>Chegamos ao final da nossa aula, em que estudamos questões práticas</p><p>que envolvem o processo de exportação, como identificação de mercado, como</p><p>analisar a concorrência no país de destino escolhido, entre outros fatores.</p><p>17</p><p>Analisamos também o perfil do profissional que vai atuar na linha de frente</p><p>das exportações para a empresa, o que é esperado desse profissional, e quais</p><p>ações ele deve estar preparado para assumir.</p><p>Por fim, traçamos um fluxograma para demonstrar uma forma de se</p><p>planejar o processo de exportação para uma empresa, descrevendo suas etapas</p><p>e a importância de cada uma no processo.</p><p>Espero que tenha gostado! Bons estudos!</p><p>18</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>RFB – Receita Federal do Brasil. Instrução Normativa RFB n. 1985, de 29 de</p><p>outubro de 2020. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 nov. 2020.</p><p>existentes e as mais</p><p>diversas culturas mundo a fora tornam a classificação de mercadoria uma tarefa</p><p>bastante complexa, o que pode inclusive gerar dúvidas, transtornos, entre outros</p><p>problemas, como multas.</p><p>Em razão de todas essas variantes, foi criado um sistema que tivesse a</p><p>capacidade de listar a descrição dos produtos, utilizando para isso um sistema</p><p>numérico com seis dígitos, código no qual constam as principais descrições,</p><p>características e funcionalidades, facilitando assim sua identificação.</p><p>Esse sistema é chamado de sistema harmonizado de designação e de</p><p>codificação de mercadorias, ou SH, que é uma convenção internacional e tem</p><p>por objetivo uniformizar a “tradução” das características quanto ao produto</p><p>comercializado no mercado mundial.</p><p>São considerados para a classificação do produto diversos fatores, como:</p><p>• o produto em si;</p><p>• sua matéria-prima de constituição;</p><p>• sua finalidade/aplicação.</p><p>11</p><p>A classificação fiscal do produto abrange desde uma classificação mais</p><p>genérica até a composição mais específica, para que seja feito o enquadramento</p><p>mais adequado, considerando as características citadas.</p><p>Para simplificar sua utilização, essa codificação foi pensada para ser</p><p>usada de forma numérica, visando justamente evitar confusões nos trâmites</p><p>comerciais internacionais. A análise das codificações e sua interpretação</p><p>formam a classificação fiscal do produto e esse trabalho deve ser realizado por</p><p>empresas especializadas como despachantes aduaneiros, escritórios de</p><p>contabilidade ou de advocacia que detenham experiência na área aduaneira.</p><p>Para auxiliar nesse processo de interpretação e classificação, existe ainda</p><p>um subsistema chamado de Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (Nesh),</p><p>no qual existem informações adicionais que servem de apoio para a classificação</p><p>das mercadorias.</p><p>O processo de classificação necessita de muita atenção, pois um produto</p><p>pode também ter a possibilidade de ser classificado em mais de uma categoria.</p><p>Nesse caso, é preciso fazer uma observação mais atenta às regras e assim</p><p>poder definir em qual delas o produto melhor se enquadra.</p><p>Como já citado, o SH apresenta uma classificação em um código de seis</p><p>dígitos e possui 96 capítulos, os quais são utilizados de forma internacional por</p><p>todos os países. No entanto, como há também o agrupamento de países em</p><p>blocos, como o Mercosul, por exemplo, há a possibilidade de que o SH apresente</p><p>ainda mais dois dígitos ao final. Esses dois últimos serão então uma classificação</p><p>de alguma característica específica desse bloco.</p><p>Todo esse processo de análise e classificação do produto necessita de</p><p>muita atenção por parte do exportador, pois vão determinar quais são as</p><p>exigências administrativas para dar continuidade ao processo de exportação.</p><p>Saiba mais</p><p>No link disposto a seguir, podemos saber mais sobre as regras de</p><p>classificação e as regras gerais complementares. Disponível em: <https://rece</p><p>ita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/classificacao-fiscal-de-mercadorias>.</p><p>Acesso em: 23 maio 2021.</p><p>Para consultarmos o código de um produto, podemos acessar o link</p><p>disposto a seguir. Disponível em: <https://receita.economia.gov.br/orientacao/</p><p>aduaneira/classificacao-fiscal-de-mercadorias/ncm>. Acesso em: 23 maio 2021.</p><p>12</p><p>A Organização Mundial das Aduanas (OMA) produz um relatório contendo</p><p>uma coletânea dos pareceres de classificação que pode ser acessado por meio</p><p>do seguinte link. Disponível em: <http://www.wcoomd.org/Pt>. Acesso em: 23</p><p>maio 2021.</p><p>O comércio internacional está em constante evolução, e a legislação tenta</p><p>acompanhá-la, visto que também está em constante adequação. Por isso,</p><p>sempre que houver a intenção de iniciar um processo de exportação ou</p><p>importação, é necessária por parte do empresário ou responsável a análise de</p><p>uma vasta quantidade de legislações, pois deve-se atentar a todas elas a fim de</p><p>garantir que o produto chegue na alfandega com toda a documentação em</p><p>ordem. A falta de documentação pode ocasionar custos não previstos, demora</p><p>no desembaraço ou até mesmo multas ou retenção do produto.</p><p>Feitas as verificações necessárias, se a empresa optar por uma empresa</p><p>terceirizada, há ainda a necessidade de fazer uma verificação para saber se ela</p><p>está habilitada para atuar no mercado exportador. Essa empresa terceira pode</p><p>ainda fazer a exportação de produtos de mais empresas, processo que pode</p><p>minimizar os custos para as empresas exportadoras.</p><p>No entanto, ainda se for de interesse, a empresa pode tratar diretamente</p><p>com o importador e, assim, finalizar o processo sem envolver outras empresas.</p><p>Saiba mais</p><p>Indicamos a leitura do livro Comércio Internacional: teoria e prática, de</p><p>Angela Cristina Kochinski Tripoli e Rodolfo Coelho Prates (2016).</p><p>TEMA 4 – CONTEXTUALIZANDO O CENÁRIO DA ECONOMIA NO BRASIL</p><p>PARA EXPORTAÇÃO</p><p>Para compreender o cenário da economia no Brasil para exportação, é</p><p>preciso inicialmente fazer um pequeno resumo sobre a Organização Mundial do</p><p>Comércio (OMC), que é a entidade mundial que regula o comércio mundial.</p><p>Sediada em Genebra, na Suíça, trata-se de uma organização permanente e com</p><p>personalidade jurídica. Seu principal objetivo é trabalhar auxiliando exportadores</p><p>e importadores para um funcionamento mais fluido, com a utilização de regras</p><p>claras e que sejam aceitas por todos os participantes.</p><p>Atualmente, a OMC conta com 164 países-membros e, por essa razão, é</p><p>um fórum ideal de negociação para a solução de problemas enfrentados pelos</p><p>13</p><p>países nas suas relações bilaterais, multilaterais, blocos comerciais, entre</p><p>outros. Qualquer país que se sinta prejudicado com as medidas tomadas por</p><p>outro país pode recorrer à OMC e denunciá-lo.</p><p>Quando existe algum litígio entre empresas de distintos países, a solução</p><p>da controvérsia dentro da OMC dá-se por um sistema sui generis: por painéis</p><p>precedidos de consultas. Esses painéis não funcionam propriamente como</p><p>arbitragem, pois seus integrantes são designados pela organização e não pelas</p><p>partes, como ocorre na arbitragem.</p><p>4.1 Princípios da OMC</p><p>A OMC foi criada com vários objetivos, entre eles fomentar, regular e criar</p><p>padrões para a realização do comércio internacional. Suas regras foram</p><p>absorvidas dos artigos do GATT, os quais se baseavam em princípios de um</p><p>comércio leal entre os países. Entre eles se destacam:</p><p>• princípio de não discriminação – um país não deve discriminar seus</p><p>interlocutores comerciais; ele deve conceder a todos, de forma igualitária,</p><p>a condição de “nação mais favorecida”, ou seja, qualquer benefício dado</p><p>a um país deve ser estendido aos demais países;</p><p>• princípio de tratamento nacional – um país não deve fazer diferenciação</p><p>entre os produtos, serviços e cidadãos do seu país e os estrangeiros. A</p><p>todos deve ser concedido o mesmo tratamento, como se os produtos,</p><p>serviços e cidadãos fossem nacionais;</p><p>• princípio de liberalismo ou liberdade comercial – os países devem reduzir</p><p>o protecionismo comercial de forma a fomentar as políticas comerciais</p><p>liberais, que permitem a circulação sem restrição de bens e serviços,</p><p>multiplicando os benefícios. Isso se traduz em produzir os melhores</p><p>produtos, com o melhor design e ao melhor preço;</p><p>• princípio de previsibilidade, confiança e segurança – o comércio</p><p>internacional tem que ser previsível. As empresas, os investidores e os</p><p>governos estrangeiros devem tem a confiança de que os países não</p><p>estabelecerão arbitrariamente obstáculos comerciais como impostos ou</p><p>outras medidas. Os países devem dar segurança e confiança aos</p><p>investidores e demais Estados;</p><p>14</p><p>• princípio de competência – os países devem buscar um mercado de livre</p><p>concorrência, desprovido das práticas “desleais” como os subsídios à</p><p>exportação e o dumping para ganhar mercado;</p><p>• princípio de vantagem, equidade e flexibilidade – os países mais</p><p>avançados devem dar vantagens aos países menos avançados e</p><p>proporcionar a estes mais tempo para se adaptarem às regras da livre</p><p>concorrência, por meio de privilégios especiais.</p><p>Saiba mais</p><p>No site oficial da Organização Mundial do Comércio (World Trade</p><p>Organization), é possível encontrar mais informações sobre ela. Disponível em:</p><p><www.wto.org>. Acesso em: 23 maio 2021.</p><p>TEMA 5 – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA PARA OTIMIZAR O</p><p>PROCEDIMENTO DE EXPORTAÇÃO NA EMPRESA</p><p>Neste tema, vamos tratar de uma maneira um pouco mais prática o</p><p>procedimento de exportação em uma empresa. É importante lembrar que esse</p><p>procedimento pode ser realizado por nós para uma empresa ou para uma</p><p>prestadora de serviços, que realizará os mesmos procedimentos para seus</p><p>clientes.</p><p>O procedimento de exportação se inicia com a criação de um Plano de</p><p>ação. É por intermédio dele que a empresa vai tratar das seguintes definições:</p><p>• Produtos a exportar, quantidade, valores, países de destino.</p><p>• Objetivos na exportação.</p><p>• Metas (curto, médio e longo prazo).</p><p>• Por onde começar.</p><p>• Mercados mais próximos.</p><p>• Mercados mais similares culturalmente.</p><p>• Mercados com grande potencial.</p><p>• Mercados em rápido crescimento.</p><p>• Mercados em que a competição é menos agressiva.</p><p>15</p><p>5.1 Definindo mercados e produtos</p><p>A definição de mercados e produtos é de grande importância para as</p><p>definições na hora de decidir exportar. Para isso, torna-se necessário responder</p><p>a algumas questões, descritas a seguir.</p><p>• Eles são realmente os mais promissores?</p><p>• O que precisamos saber sobre esses países?</p><p>• Quais dessas informações conseguimos à distância?</p><p>Por último, definida a relação entre produto e mercado, falta definirmos o</p><p>quê e buscar onde, procurando informações sobre os mercados que podem ser</p><p>potenciais clientes. Em alguns casos, é preciso investir para conhecer o mercado</p><p>em questão, sua cultura, suas particularidades.</p><p>• Que informações conseguimos somente in loco?</p><p>• Como obtemos essas informações?</p><p>A ideia de criar essa burocracia para iniciar um processo de exportação</p><p>ajuda a minimizar impactos de possíveis erros ou equívocos, além de dar maior</p><p>garantia de sucesso na escolha do mercado, aceitação do produto e</p><p>consequente fortalecimento da marca.</p><p>TROCANDO IDEIAS</p><p>Uma empresa pretende começar a exportar, mas os sócios dela não</p><p>sabem se inicialmente deveriam buscar os compradores internacionais ou se</p><p>deveriam fazer adaptações no seu produto.</p><p>Qual a sua proposta para os sócios dessa empresa? Qual seria o primeiro</p><p>passo para começar a exportar?</p><p>Acesse o Fórum, de seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, deixe a sua</p><p>opinião e veja também o que os seus colegas responderam. Participe!</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Uma empresa pretende exportar camiseta para a União Europeia. Qual a</p><p>NCM para camiseta (t-shirt) de malha? É possível descobrir a NCM indicada para</p><p>o produto utilizando o site da Receita Federal.</p><p>16</p><p>Além da definição da NCM, é preciso identificar os atributos e</p><p>especificações (NVE). Quais seriam os atributos de uma camiseta (t-shirt) de</p><p>seda, tamanho adulto, de manga 3/4, de malharia retilínea?</p><p>FINALIZANDO</p><p>Estudamos nesta aula os seguintes pontos:</p><p>a. Por que exportar e como habilitar uma empresa na Receita Federal para</p><p>que ela possa iniciar a exportação.</p><p>b. Como internacionalizar a empresa, comparando o mercado interno e</p><p>externo, e qual é a estrutura organizacional dos órgãos envolvidos no</p><p>comércio exterior.</p><p>c. Como classificar o produto de acordo com o sistema harmonizado,</p><p>analisar as necessidades administrativas conforme a classificação fiscal</p><p>e análise dos preços da concorrência e subsídios utilizados por estes, com</p><p>a análise da utilização ou não de terceira empresa para o envio da</p><p>exportação.</p><p>d. Análise do cenário econômico atual do Brasil para verificar se é mais</p><p>vantajosa a venda para o mercado externo ou interno.</p><p>e. Quais as mudanças operacionais necessárias para o bom desempenho</p><p>do processo de exportação da empresa.</p><p>17</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Invest & Export Brasil. Exportação passo a passo: guia completo sobre</p><p>o processo exportador brasileiro. Disponível em: <http://www.investexportbrasil.</p><p>gov.br/exportacao-passo-passo>. Acesso em: 23 maio 2021.</p><p>_____. Ministério da Economia. Receita Federal. Habilitação para Operar no</p><p>Comércio Exterior. Disponível em: <https://receita.economia.gov.br/interface/</p><p>lista-de-servicos/aduana/habilitacao-importar-exportar>. Acesso em: 23 maio</p><p>2021.</p><p>_____. Siscomex – Sistemas de Comércio Exterior. Sumário [Regras de</p><p>classificação – NCM]. Disponível em: <https://portalunico.siscomex.gov.br/classif/</p><p>#/sumario?perfil=publico>. Acesso em: 23 maio 2021.</p><p>SISTEMÁTICA DE EXPORTAÇÃO</p><p>E DRAWBACK</p><p>AULA 2</p><p>Profª Ana Flávia Pigozzo</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Olá! Nesta aula, vamos estudar sobre as legislações relacionadas à</p><p>exportação de produtos e serviços.</p><p>Para iniciar, é importante compreender que devemos começar nosso</p><p>estudo pelo regulamento aduaneiro, ato regulamentar que consiste em um</p><p>conjunto de normas jurídicas com o objetivo de regular as atividades e funções</p><p>do Estado em relação ao comércio exterior brasileiro.</p><p>Como exportar é uma ação de interesse do governo, pois movimenta a</p><p>economia e aumenta a participação no mercado internacional, a exportação</p><p>usufrui de incentivos fiscais.</p><p>Além da Constituição Federal e do Regulamento Aduaneiro, vamos</p><p>analisar alguns pontos importantes para o setor no Código Tributário, no qual</p><p>constam informações sobre a tributação brasileira e o tratamento dado para as</p><p>exportações.</p><p>Veremos, também, exemplos de produtos que têm incidência de imposto</p><p>de exportação. Além disso, vamos fazer uma análise sobre os tipos de erros e</p><p>problemas passíveis de multa dentro do ordenamento brasileiro e sobre as</p><p>multas incidentes em um processo de exportação.</p><p>Confira, no material on-line, os tópicos que estudaremos nesta aula.</p><p>CONTEXTUALIZANDO</p><p>Após o produto e os procedimentos de exportação serem escolhidos e</p><p>as habilitações necessárias serem feitas, agora é hora de conhecer as normas</p><p>que são aplicáveis ao processo e ao produto e, caso exista, aos acordos entre</p><p>o Brasil e o país importador. Este conhecimento é importante, pois há a</p><p>incidência direta no valor de venda do produto por conta dos incentivos dados à</p><p>exportação.</p><p>Mas também é preciso compreender a necessidade do funcionamento</p><p>do processo, bem como os órgãos nos quais serão efetuados os atos do</p><p>processo. Para cada produto exportado, existem regras específicas de</p><p>tributação e tratamento administrativo.</p><p>Conhecer a legislação se faz importante nesse contexto para que se</p><p>possa saber o que pode ou não ser feito e exportado, quais a regras para cada</p><p>3</p><p>condição e, em casos específicos, quais as penalidades e multas para</p><p>possíveis erros nos procedimentos etc.</p><p>Um fator de grande importância é que como o comércio internacional</p><p>está em constante mudança, a legislação brasileira também precisa estar em</p><p>constante adequação, então, é imprescindível que os operadores do comércio</p><p>exterior estejam sempre atualizados, buscando sempre informações sobre</p><p>novos regulamentos ou regras para o mercado de exportações.</p><p>Dito isso, os exportadores e demais envolvidos, como o despachante</p><p>aduaneiro, exportador, armador, agente de cargas, importador etc. do comércio</p><p>exterior devem estar sempre atentos à legislação, porque as multas incidentes</p><p>podem ser altas e, caso incida, podem comprometer o lucro daquele processo</p><p>de exportação.</p><p>Qualquer deslize em termos de legislação pode prejudicar o preço do</p><p>produto, a liberação da mercadoria, a falta de documentos pertinentes e</p><p>mesmo a perda do cliente.</p><p>Por isso, é de extrema importância ficar atento à legislação pertinente e,</p><p>principalmente, saber onde buscar os atos normativos. Para entender sobre</p><p>essa legislação, assista ao vídeo no material on-line.</p><p>TEMA 1 –</p><p>ANÁLISE DAS NORMAS GERAIS TRAZIDAS PELO</p><p>REGULAMENTO ADUANEIRO E DEMAIS LEGISLAÇÕES INCIDENTES</p><p>Todo processo de desembaraço de mercadoria para exportação é</p><p>descrito pelo Regulamento Aduaneiro. Você pode localizar ele também como</p><p>Decreto n. 6.759/09. Nele, são apresentadas todas as informações a respeito</p><p>de aduana, entrada e saída de veículos, impostos, taxas, contribuições,</p><p>regimes aduaneiros especiais e outros não aplicados em áreas especiais, o</p><p>controle da entrada e saída de mercadoria, do crédito tributário, do processo</p><p>fiscal e do controle administrativo.</p><p>Na jurisdição aduaneira se verifica que o território aduaneiro é todo o</p><p>território nacional, e a jurisdição dos serviços se estende por todo o território</p><p>aduaneiro, que é compreendido pela:</p><p>• Zona primária: é o primeiro local de entrada ou saída da mercadoria em</p><p>território brasileiro, sendo os portos, aeroportos e pontos de fronteira</p><p>alfandegados;</p><p>4</p><p>• Zona secundária: compreende todo o território aduaneiro, incluindo as</p><p>águas territoriais, o espaço aéreo e, ainda, outros espaços para a</p><p>realização dos trâmites aduaneiros, como os portos secos. Os recintos</p><p>alfandegados serão declarados pela autoridade aduaneira competente</p><p>para que ocorra a movimentação e armazenagem, sob o controle</p><p>aduaneiro.</p><p>As mercadorias, bagagens de viajantes e remessas postais</p><p>internacionais entram e saem do Brasil sob controle aduaneiro e por meio dos</p><p>recintos alfandegados constituídos na zona primária ou secundária do território</p><p>aduaneiro.</p><p>Por sua vez, os veículos que transportam mercadorias vindas ou</p><p>destinadas ao exterior devem fazer sua entrada ou saída por meio das zonas</p><p>primárias, ou seja, portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados.</p><p>As cargas devem ser manifestadas nos sistemas da Receita Federal</p><p>antes mesmo da sua chegada ou saída para conhecimento e controle deste</p><p>órgão.</p><p>O Regulamento Aduaneiro traz todos esses procedimentos para a</p><p>inclusão das informações no sistema como, também, as isenções e reduções</p><p>dos impostos para que possa ser verificado e informado nos registros dos</p><p>processos no momento do seu desembaraço.</p><p>Mais adiante, vamos estudar o Imposto de Exportação, descrevendo</p><p>quando haverá incidência ou não dele, qual o seu fato gerador, sua base de</p><p>cálculo, suas alíquotas e formas a respeito do pagamento dos impostos, além</p><p>dos demais tributos e suas isenções ou não incidência.</p><p>1.1 Regimes de exportação – casos especiais</p><p>A seguir, vamos estudar alguns casos especiais de enquadramento e de</p><p>regime de exportação. É importante conhecer esses regimes, pois não é</p><p>incomum que precisemos trabalhar com eles.</p><p>Para cada operação é preciso utilizar o código de enquadramento</p><p>correspondente. Para conhecer todos eles, faça o download da tabela no link:</p><p><http://siscomex.gov.br/wp-content/uploads/2021/02/ENQ_DUE.xlsx>.</p><p>Essas operações podem ser oportunidades para a busca de novos</p><p>clientes e mercados. A seguir, apresentaremos algumas das mais importantes:</p><p>5</p><p>• Exportação em Consignação: envio de mercadoria ao exterior na</p><p>expectativa de venda futura. A exportação em consignação é uma</p><p>prática prevista na legislação, na qual o interessado poderá remeter</p><p>suas mercadorias para o exterior com o objetivo de serem negociadas.</p><p>Ocorrendo a venda das mercadorias, o exportador deverá providenciar o</p><p>ingresso de moeda estrangeira, contratar câmbio. O prazo para</p><p>pagamento foi revogado pela Portaria Secex n. 10/2017, ou seja, a</p><p>venda em consignação não tem mais prazo para ser convertido em</p><p>venda. Vale lembrar que ocorrendo a venda, é preciso alterar o código</p><p>de enquadramento, e se a venda não acontecer, a mercadoria precisa</p><p>retornar para o Brasil. Por ser retorno, não haverá incidência dos tributos</p><p>de importação, tais como Imposto de Importação, PIS e Cofins;</p><p>• Exportação sem Cobertura Cambial: poderão ser admitidas exportações</p><p>sem cobertura cambial, devendo o pagamento de serviços, quando</p><p>couber, ser processado por intermédio de transferências financeiras. Um</p><p>exemplo de exportação sem cobertura cambial é para remessas ao</p><p>exterior em regime de exportação temporária, o exportador deverá</p><p>providenciar o retorno dos bens nos prazos e condições definidos. Outro</p><p>exemplo importante é o envio de amostras ou produtos para participar</p><p>de feiras e exposições;</p><p>• Consumo e Uso a Bordo: fornecimento de combustível, lubrificantes e</p><p>demais mercadorias destinadas a uso e consumo a bordo, em</p><p>embarcações ou aeronaves, exclusivamente de tráfego internacional. Se</p><p>destina exclusivamente ao consumo da tripulação e passageiros, ao uso</p><p>ou consumo da própria embarcação ou aeronave, bem como a sua</p><p>conservação ou manutenção.</p><p>1.2 Exportação temporária</p><p>Como o próprio nome já diz, a exportação temporária tem por objetivo</p><p>que a exportação realizada retorne para o Brasil. Seguem alguns exemplos da</p><p>sua aplicabilidade:</p><p>• Mercadoria destinada a feiras;</p><p>• Competições esportivas ou exposição no exterior;</p><p>6</p><p>• Produtos manufaturados e acabados, inclusive para conserto, reparo ou</p><p>restauração para seu uso ou funcionamento;</p><p>• Animais reprodutores para cobertura, em estação de monta, com retorno</p><p>cheia, no caso de fêmea, ou com cria ao pé, bem como animais para</p><p>outras finalidades;</p><p>• Veículo para uso de seu proprietário ou possuidor.</p><p>Esta saída com suspensão do país de mercadoria nacional ou</p><p>nacionalizada está condicionada à reimportação em prazo determinado.</p><p>Também é permitido ocorrer a sua conversão para exportação definitiva.</p><p>É importante destacar que quando a exportação temporária é para</p><p>aperfeiçoamento, ou seja, bens destinados à operação de transformação,</p><p>beneficiamento ou montagem, é obrigatório o pagamento dos tributos sobre o</p><p>valor agregado quando da sua reimportação.</p><p>1.3 Entreposto aduaneiro</p><p>No entreposto aduaneiro é permitido o armazenamento, tanto para</p><p>importação quanto exportação, de mercadoria estrangeira ou nacional, em</p><p>recinto alfandegado para a utilização de benefícios tributários. A autoridade</p><p>competente verifica toda a documentação do processo de exportação e ainda</p><p>pode decidir entre reintegrar ao estoque do estabelecimento (regime comum);</p><p>devolver para o exterior ou transferir para outro regime especial.</p><p>A mercadoria poderá permanecer pelo prazo de até um ano, prorrogável</p><p>por período não superior, no total, a dois anos, contados da data do</p><p>desembaraço aduaneiro de admissão. Em situações especiais, poderá ser</p><p>concedida nova prorrogação, respeitado o limite máximo de três anos. Na</p><p>hipótese de a mercadoria permanecer em feira, congresso, mostra ou evento</p><p>semelhante, o prazo de vigência será equivalente àquele estabelecido para o</p><p>alfandegamento do recinto.</p><p>No caso de importação, uma das vantagens da utilização do entreposto</p><p>aduaneiro é a liberação da carga por “lote”. Pode ser utilizada em combinação</p><p>com importação em consignação ou sem cobertura cambial, por exemplo.</p><p>7</p><p>1.4 Trânsito aduaneiro</p><p>É um regime especial que permite o transporte de mercadoria, sob</p><p>controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão</p><p>do pagamento de tributos. O trânsito pode acontecer em diferentes</p><p>modalidades: trânsito de importação, trânsito de exportação ou trânsito de</p><p>passagem.</p><p>O despacho de Trânsito Aduaneiro será requerido por meio de DTA</p><p>(Declaração de Trânsito Aduaneiro) e será gerenciado pela RFB no perfil no</p><p>Siscomex Trânsito.</p><p>A extinção do Regime ocorre quando da baixa do Termo de</p><p>Responsabilidade na repartição do local de destino. É importante destacar que</p><p>para cada operação de trânsito aduaneiro deverá ser definida uma rota e um</p><p>prazo para sua conclusão.</p><p>1.5 Exportação ficta</p><p>É a operação que consiste em vender ao exterior, contra pagamento em</p><p>moeda nacional ou estrangeira de livre conversibilidade, produtos nacionais,</p><p>sem que ocorra sua saída do território brasileiro.</p><p>São exemplos de exportação ficta: mercadorias</p><p>destinadas à loja franca,</p><p>licitação internacional destinada a órgãos públicos brasileiros, para missão</p><p>diplomática ou para ser incorporado à plataforma destinada à pesquisa e lavra</p><p>de jazidas de petróleo e gás natural em construção ou conversão contratada</p><p>por empresa sediada no exterior. Curiosidade: como a mercadoria não sairá</p><p>fisicamente do país, a DU-E não exibirá informação do “local de embarque”.</p><p>1.6 Operações back to back</p><p>São aquelas em que a compra e a venda dos produtos ocorrem sem que</p><p>esses produtos efetivamente ingressem ou saiam do Brasil. O produto é</p><p>comprado de um país no exterior e revendido a um terceiro país, sem o trânsito</p><p>da mercadoria em território brasileiro.</p><p>As operações de câmbio relativas ao pagamento e recebimento de</p><p>recursos decorrentes dessas transações são realizadas diretamente com</p><p>instituições autorizadas pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio,</p><p>8</p><p>observados os aspectos de legalidade e legitimidade aplicáveis a todas as</p><p>operações de câmbio.</p><p>TEMA 2 – TRIBUTAÇÃO NA EXPORTAÇÃO</p><p>Um princípio universal para que um país seja mais competitivo é não</p><p>exportar tributos. A desoneração de tributos é uma forma de o governo local</p><p>promover e fomentar as exportações. Esses incentivos fiscais não devem ser</p><p>comparados com subsídio. Veja, a seguir, alguns desses benefícios fiscais:</p><p>• São imunes à incidência do imposto os produtos industrializados (IPI)</p><p>destinados ao exterior (CF, art. 153, parágrafo 3º, inciso III);</p><p>• A exportação de produtos industrializados é imune ao Imposto sobre</p><p>Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) (CF/88, art. 155, parágrafo</p><p>2º, X, “a”);</p><p>• As exportações são isentas do Programa de Integração Social e de</p><p>Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS), de acordo com o art.</p><p>14, parágrafo 1º, da MP 2.158-35/2001;</p><p>• Com relação à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social</p><p>(Cofins) não cumulativa, instituída pela Lei n. 10.833/2003, o art. 6º da</p><p>mesma estipula a não incidência sobre as receitas decorrentes das</p><p>exportações de mercadorias ou serviços, admitido, ainda, o crédito das</p><p>referidas aquisições;</p><p>• O Imposto sobre Serviços (ISS) não incide sobre as exportações de</p><p>serviços para o exterior do país (art. 2º, I, da Lei Complementar n.</p><p>116/2003).</p><p>Nossas exportações são contaminadas por tributos (há incorporação</p><p>residual, além de contribuições com incidência em cascata), o que pode causar</p><p>a perda de competitividade. Com o objetivo de reintegrar valores referentes a</p><p>custos tributários residuais existentes nas suas cadeias de produção, o</p><p>governo criou o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para</p><p>as Empresas Exportadoras (REINTEGRA).</p><p>O ideal é justamente promover as exportações das mercadorias e não</p><p>dos impostos.</p><p>9</p><p>Como vimos, a própria Constituição Federal, em diversas passagens,</p><p>prevê a não incidência de tributos sobre operações que destinam mercadorias</p><p>ou serviços ao exterior. Outro grande benefício fiscal é o Regime Especial de</p><p>Drawback, que será tratado em outra aula. No entanto, vale lembrar que há</p><p>outros tributos que incidem na exportação, sendo eles:</p><p>• CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro;</p><p>• IR – Imposto de Renda;</p><p>• ISS – Imposto sobre Serviços (o imposto não incide sobre as</p><p>exportações de serviços para o exterior do país, desde que o resultado</p><p>se verifique no exterior);</p><p>• Encargos Sociais.</p><p>2.1 Produtos com incidência do imposto de exportação</p><p>Este tema é de suma importância para quem irá atuar com exportação,</p><p>uma vez que ainda que se tenham muitos benefícios para exportar, em alguns</p><p>casos, há sim a incidência de impostos. Por isso, é importante conhecer e</p><p>manter-se atualizado com relação à base legal a seguir:</p><p>• Art. 153, II da CF/88;</p><p>• Decreto n. 6.759/09 – Regulamento Aduaneiro;</p><p>• Portaria Secex n. 25, de 28/11/2008 (Norma Administrativa);</p><p>• IN SRF n. 28, de 27/01/1994 e IN SRF n. 611, de 18/01/2006 (Despacho</p><p>de Exportação).</p><p>Para fins de incidência do Imposto de Exportação, toda e qualquer</p><p>pessoa que promova a saída de mercadoria do território aduaneiro é</p><p>responsável pelo recolhimento desse imposto.</p><p>O fato gerador do I.E. é a saída da mercadoria do território aduaneiro por</p><p>meio dos registros oficiais via sistema. Para base de cálculo do I.E., é</p><p>considerado o preço normal que a mercadoria, ou seu similar, alcançaria, ao</p><p>tempo de exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no</p><p>mercado internacional, observadas as normas expedidas pela Camex.</p><p>O preço de venda não poderá ser inferior ao seu custo de aquisição ou</p><p>de produção, acrescido dos impostos e das contribuições incidentes e da</p><p>margem de lucro sobre a soma dos custos.</p><p>10</p><p>A seguir, veremos exemplos de produtos tributados e suas respectivas</p><p>alíquotas do I.E.</p><p>• Cigarros contendo fumo (tabaco) – (NCM – 2402.20.00) destinadas à</p><p>América do Sul e América Central, inclusive Caribe – 150%;</p><p>• Armas e munições, suas partes e acessórios (NCM – Capítulo 93)</p><p>destinadas à América do Sul, exceto Argentina, Chile e Equador, e</p><p>América Central, inclusive Caribe – 150%.</p><p>O processo de exportação exige atenção a esses procedimentos,</p><p>incluindo o recolhimento do I.E. quando for o caso. A não observância de</p><p>algum desses processos é passível à aplicação de penalidades, as quais</p><p>veremos a seguir.</p><p>TEMA 3 – LICENÇAS, PERMISSÕES, CERTIFICADOS E OUTROS</p><p>DOCUMENTOS (LPCO)</p><p>Para realizar qualquer processo de importação ou exportação, é</p><p>necessário estar ciente de que diferentes produtos exigem diferentes</p><p>processos administrativos, os quais podem ser licenças, permissões,</p><p>certificados, entre outros documentos específicos.</p><p>Esses procedimentos são responsabilidade de cada órgão anuente de</p><p>acordo com a classificação fiscal da mercadoria. Com a criação do Portal</p><p>Único, o processo de solicitação desses documentos junto aos responsáveis foi</p><p>centralizado. A proposta dessa centralização, além de facilitar e unificar</p><p>processos, é de desburocratizar todo o trâmite, para a empresa e para o</p><p>próprio governo.</p><p>Por exemplo, se houve interesse em uma empresa exportar carne de</p><p>frango, será necessária a autorização do Ministério da Agricultura (MAPA), o</p><p>qual pode ser solicitado atualmente no Portal Único. Antes do início desse</p><p>processo de centralização, cada órgão tinha seu sistema específico, com</p><p>acessos específicos e que geralmente não conversavam entre si. A</p><p>centralização veio para desburocratizar o processo, facilitar a vida de quem vai</p><p>exportar ou importar e centralizar a documentação necessária aos órgãos</p><p>fiscalizadores em um único local.</p><p>Abaixo, você observará alguns exemplos de LPCO e os órgãos</p><p>anuentes responsáveis:</p><p>11</p><p>• Autorização de Fabricação para Fim Exclusivo de Exportação (AFEX);</p><p>• Certificação para Produtos de Origem Animal (MAPA);</p><p>• Licença de Exportação (ANP);</p><p>• Licença de Exportação Mineral (CNEN);</p><p>• Licença de Exportação de Peixes de Águas Continentais (IBAMA);</p><p>• Permissão Para Exportação De Fósseis.</p><p>Com o LPCO, os trâmites do processo de exportação/importação</p><p>passaram a ocorrer de forma paralela entre todos os órgãos envolvidos,</p><p>emissores de licenças ou autorizações específicas para cada produto.</p><p>O acesso ao Portal Único pode ser feito por meio do link</p><p><https://portalunico.siscomex.gov.br/portal/>. Para o acesso, é necessário a</p><p>utilização de um certificado digital, além de realizar o cadastro conforme</p><p>orientações no próprio portal.</p><p>Para conhecer o manual de preenchimento LPCO, acesse:</p><p><http://siscomex.gov.br/wp-content/uploads/2021/02/Manual-de-</p><p>Preenchimento-LPCO-exportador-v10.pdf>.</p><p>TEMA 4 – ERROS OPERACIONAIS PASSÍVEIS DE MULTAS NAS</p><p>EXPORTAÇÕES</p><p>As penalidades pela não conformidade no processo de exportação estão</p><p>previstas em diversas legislações, as quais veremos a seguir. Observe que,</p><p>para qualquer não conformidade, haverá uma penalidade que vai gerar mais</p><p>custo para o exportador.</p><p>São elas:</p><p>Art. 718. Aplicam-se ao exportador as seguintes multas, calculadas</p><p>em função do valor das mercadorias:</p><p>I – de sessenta a cem por cento no caso de reincidência, genérica ou</p><p>específica, de fraude compreendida no inciso II (Lei nº 5.025, de</p><p>1966, art. 67, alínea “a”); e</p><p>II – de vinte a cinquenta por cento:</p><p>a) no caso de fraude, caracterizada de forma inequívoca,</p><p>relativamente a preço, peso, medida, classificação ou qualidade (Lei</p><p>nº 5.025, de 1966, art. 66, alínea “a”); e</p><p>b) no caso de exportação ou tentativa de exportação de mercadoria</p><p>cuja saída do território aduaneiro seja proibida, considerando-se</p><p>como tal aquela que assim for prevista em lei, ou em tratados,</p><p>acordos ou convenções internacionais, firmados pelo Brasil, sem</p><p>prejuízo da aplicação da pena de perdimento da mercadoria (Lei</p><p>nº 5.025, de 1966, art. 68, caput).</p><p>§ 1º Não constituirá infração a variação, para mais ou para menos,</p><p>não superior a dez por cento quanto ao preço e a cinco por cento</p><p>12</p><p>quanto à quantidade da mercadoria, desde que não ocorram</p><p>concomitantemente (Lei nº 5.025, de 1966, art. 75).</p><p>§ 2º Ressalvada a hipótese referida na alínea “b” do inciso II, a</p><p>apuração das infrações de que trata este artigo, quando constatadas</p><p>no curso do despacho aduaneiro, não prejudicará o embarque ou a</p><p>transposição de fronteira das mercadorias, desde que assegurados</p><p>os meios de prova necessários.</p><p>Art. 719. A aplicação de penalidade decorrente de infrações de</p><p>natureza fiscal ou cambial não prejudica a imposição de sanções</p><p>administrativas pela Secretaria de Comércio Exterior (Lei nº 5.025, de</p><p>1966, art. 74, caput).</p><p>Art. 720. Consumando-se a exportação das mercadorias com</p><p>qualquer das infrações a que se refere o art. 718, o procedimento</p><p>fiscal instaurado poderá ser instruído, também, com elementos</p><p>colhidos no exterior (Lei nº 5.025, de 1966, art. 76).</p><p>Art. 721. A imposição das penalidades de que trata o art. 718 não</p><p>excluirá, quando verificada a ocorrência de ilícito penal, a apuração</p><p>da responsabilidade criminal dos que intervierem na operação</p><p>considerada irregular ou fraudulenta (Lei nº 5.025, de 1966, art. 72).</p><p>Art. 722 – Revogado.</p><p>Art. 723. Quando ocorrerem, na exportação, erros ou omissões que</p><p>não caracterizem intenção de fraude e que possam ser de imediato</p><p>corrigidos, a autoridade aduaneira alertará o exportador e o orientará</p><p>sobre a maneira correta de proceder (Lei nº 5.025, de 1966, art. 65).</p><p>Art. 724. Aplica-se a multa de cinco por cento do preço normal da</p><p>mercadoria submetida ao regime aduaneiro especial de exportação</p><p>temporária, ou de exportação temporária para aperfeiçoamento</p><p>passivo, pelo descumprimento de condições, requisitos ou prazos</p><p>estabelecidos para aplicação do regime (Lei nº 10.833, de 2003, art.</p><p>72, inciso II).</p><p>§ 1º O valor da multa referida no caput será de R$ 500,00 (quinhentos</p><p>reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior (Lei nº 10.833, de</p><p>2003, art. 72, § 1º).</p><p>§ 2º A aplicação da multa a que se refere o caput não prejudica a</p><p>exigência dos impostos incidentes, a aplicação de outras penalidades</p><p>cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso.</p><p>(Lei nº 10.833, de 2003, art. 72, § 2º)</p><p>TEMA 5 – ÓRGÃOS INTERVENIENTES NO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO</p><p>Como já observamos no decorrer dos nossos estudos, o processo de</p><p>exportação, assim como o de importação, exige, além de cuidado, o registro de</p><p>várias etapas e em vários órgãos diferentes. Atualmente, a maior parte deles é</p><p>feita via sistema, o que agiliza muito o processo. Mas quais são esses órgãos?</p><p>Vamos tratar disso agora.</p><p>O Estado precisa ter controle sobre o mercado tanto das importações</p><p>como das exportações, e as Formas de Controle do Estado são:</p><p>• Controle Aduaneiro – Secretaria da Receita Federal do Brasil;</p><p>• Controle Cambial – Banco Central e Secretaria da Receita Federal do</p><p>Brasil;</p><p>• Controle Administrativo – órgãos anuentes.</p><p>13</p><p>A formulação, adoção, implementação e coordenação de políticas e de</p><p>atividades relativas ao comércio exterior de bens e serviços é feita pela</p><p>Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério da Economia. Além disso,</p><p>ela é responsável pelos investimentos estrangeiros diretos, investimentos</p><p>brasileiros no exterior e ao financiamento às exportações, com vistas a</p><p>promover o aumento da produtividade da economia brasileira e da</p><p>competitividade internacional do país. Ela é composta pelos seguintes órgãos:</p><p>• Conselho de Estratégia Comercial, órgão que define as grandes linhas</p><p>de atuação da Camex;</p><p>• Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), que define alíquotas de</p><p>importação e exportação, fixa direitos antidumping, internaliza regras de</p><p>origem de acordos comerciais, entre outros;</p><p>• Secretaria-Executiva;</p><p>• Conselho Consultivo do Setor Privado (Conex);</p><p>• Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações (Cofig);</p><p>• Comitê de Alterações Tarifárias (em implementação);</p><p>• Comitê de Defesa Comercial (em implementação);</p><p>• Comitê Nacional de Facilitação de Comércio (Confac);</p><p>• Comitê Nacional de Investimentos (Coninv);</p><p>• Grupo Assessor do Ombudsman de Investimentos Diretos;</p><p>• Ponto de Contato Nacional para a implementação das Diretrizes para as</p><p>Empresas Multinacionais da Organização para a Cooperação e</p><p>Desenvolvimento Econômico;</p><p>• Secretaria da Receita Federal (SRF), órgão subordinado ao Ministério</p><p>da Economia responsável pela administração dos tributos internos e</p><p>aduaneiros da União. Nas importações e exportações, é responsável</p><p>pela fiscalização, pelo desembaraço aduaneiro das mercadorias e pela</p><p>arrecadação dos direitos aduaneiros (impostos).</p><p>Devido a uma das resoluções da OMC, foi instituído no Brasil o Sistema</p><p>Integrado de Comércio Exterior, que integra as atividades afins da Secretaria</p><p>de Comércio Exterior (SECEX), da Secretaria da Receita Federal (SRF) e do</p><p>Banco Central do Brasil (BACEN).</p><p>Você encontra mais informações sobre essa estrutura e também a</p><p>legislação no site: <www.gov.br/receitafederal>.</p><p>14</p><p>O Bacen é uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia. Suas</p><p>atribuições no comércio exterior são: ser responsável pelo planejamento e</p><p>execução da política cambial brasileira por meio de normas sobre as operações</p><p>de câmbio; gerenciar a entrada e saída de divisas do país por meio da</p><p>exportação ou importação, empréstimo externo, investimento de capital</p><p>estrangeiro no Brasil ou de capital brasileiro no exterior e administrar a balança</p><p>de pagamentos do Brasil.</p><p>Como no Brasil as empresas não podem movimentar ou manter estoque</p><p>em moedas estrangeiras, o Bacen as obriga a fazer o fechamento de câmbio,</p><p>ou seja, comprar e vendar divisas por meio de corretoras e bancos autorizados,</p><p>por meio do Sistema Integrado de Registro de Operações de Câmbio</p><p>(Sisbacen). No site do BACEN, é possível encontrar a sua estrutura e muitas</p><p>informações sobre exportação: <www.bcb.gov.br>.</p><p>Em 2019, o Ministério da Economia englobou as funções do antigo</p><p>Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), dando</p><p>surgimento à Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos</p><p>Internacionais, cuja sigla é SECINT, que assumiu o papel de principal órgão de</p><p>atuação no comércio exterior.</p><p>Esse órgão cuida da política de desenvolvimento da indústria, do</p><p>comércio e dos serviços, da política do comércio exterior, da regulamentação e</p><p>execução dos programas e atividades relativas ao comércio exterior, da</p><p>aplicação dos mecanismos de defesa comercial e da participação em</p><p>negociações internacionais relativas ao comércio exterior.</p><p>Saiba mais</p><p>Saiba mais sobre quem é quem na SECINT, acesse o site:</p><p><https://www.gov.br/economia/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/quem-e-</p><p>quem/secretaria-especial-de-comercio-exterior-e-assuntos-internacionais>.</p><p>Acesso em: 5 abr. 2021.</p><p>TROCANDO IDEIAS</p><p>Vamos trocar uma ideia? Nesta aula, falamos sobre tributação sobre</p><p>produtos exportados. Você sabia que até 2018, durante mais de uma década, a</p><p>indústria do curtume – que produz couro de animais – foi taxada nas</p><p>exportações?</p><p>15</p><p>Isso acontecia, pois a indústria de calçados precisava do couro para</p><p>produzir seus produtos, e a exportação ameaçava, na visão deles, a</p><p>competitividade na aquisição de matéria-prima. Observe que isso aconteceu e</p><p>pode voltar a acontecer em outro segmento, ou seja, será justo taxar um</p><p>mercado para proteger outro?</p><p>Qual sua opinião a respeito disso? Qual seria sua proposta para evitar</p><p>esse tipo de situação? Participe do fórum com sua opinião, veja quem mais</p><p>pensa como você ou discorda de você. Participe!</p><p>NA PRÁTICA</p><p>A empresa Uniperson, que produz uniformes em algodão personalizados</p><p>com bordados, instalada no Paraná, recebeu um pedido grande de uma</p><p>empresa da Inglaterra. Ela então começa a planejar todas as etapas para</p><p>fornecer esses uniformes e percebe que há uma menor incidência de impostos</p><p>sobre seus produtos.</p><p>Para que ela faça essa exportação, quais são os impostos incidentes e</p><p>os não incidentes nesse processo? Lembre-se de pesquisar a NCM do produto</p><p>e, então, pesquise sobre a tributação para exportação de uniformes</p><p>personalizados. A resposta dessa questão será explicada pela professora no</p><p>vídeo on-line.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Nesta aula, estudamos o Regime Aduaneiro, documento no qual</p><p>constam todas as instruções para quem quer atuar no mercado internacional e</p><p>com foco em exportações.</p><p>Sobre as exportações, estudamos também os regimes de exportação e</p><p>os casos especiais. Estudamos sobre a incidência de tributos para produtos</p><p>exportados e a não incidência, que inclusive pode estimular o processo de</p><p>exportação.</p><p>Por fim, e não menos importante, estudamos sobre os órgãos</p><p>intervenientes no processo de exportação, a responsabilidade de cada um e as</p><p>sanções passíveis em caso de descumprimento de qualquer procedimento.</p><p>16</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Lei n. 4.502, de 30 de novembro de 1964. Diário Oficial da União,</p><p>Brasília, DF, 30 nov. 1964. Disponível em:</p><p><http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4502.htm>. Acesso em: 4 abr. 2021.</p><p>_____. Decreto n. 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Diário Oficial da União,</p><p>Brasília, DF, 5 fev. 2009. Disponível em:</p><p><https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=DEC&numero=6759&ano=200</p><p>9&ato=edcUTVU1UeVpWT808>. Acesso em: 4 abr. 2021.</p><p>RFB – Receita Federal do Brasil. Regras de classificação. Disponível em:</p><p><www.gov.br/receitafederal>. Acesso em: 5 abr. 2021.</p><p>_____. Habilitação Para Utilizar o Siscomex. Disponível em:</p><p><https://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/importacao-e-</p><p>exportacao/habilitacao/habilitacao-de-intervenientes>. Acesso em: 4 abr. 2021.</p><p>SISTEMÁTICA DE EXPORTAÇÃO</p><p>E DRAWBACK</p><p>AULA 3</p><p>Profª Ana Flávia Pigozzo</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Nesta aula, vamos estudar os aspectos mercadológicos do processo de</p><p>exportação.</p><p>Para comercializar qualquer produto no Brasil, você precisa conhecer</p><p>quem vai comprar, qual a demanda de produção e capacidade de entrega, além</p><p>de fatores como a cultura do país comprador, usos e costumes.</p><p>Pensemos em um país de dimensões continentais, como o Brasil. Será</p><p>que no Nordeste, por exemplo, o produto tem a mesma aceitação que nos</p><p>estados do Sul? A demanda será a mesma no Sudeste que nos estados do</p><p>Norte? Para respondermos a essas perguntas, muita pesquisa de mercado é</p><p>necessária, pois, se a intenção da empresa é vender, antes mesmo de investir,</p><p>ela precisa saber se será aceita.</p><p>Para exportar, o pensamento inicial deve ser o mesmo. No entanto, ao</p><p>vender para outras nações, a questão se torna mais importante, já que envolve</p><p>culturas diferentes, e isso vai interferir diretamente nas decisões de exportação.</p><p>Também é importante ter em mente que, desde a matéria-prima do produto,</p><p>passando pelo processo de fabricação/transformação, até a embalagem são</p><p>todos fatores que vão influenciar as escolhas e decisões do mercado-alvo.</p><p>É sobre isso que vamos tratar nessa aula. O objetivo é capacitar você</p><p>para o mercado de exportação. E, conforme vimos, não é prudente apenas</p><p>decidir o que exportar e para quem exportar. As chances de errar nesse mercado</p><p>são muito grandes se não forem observados fatores que aos olhos do mercado</p><p>interno talvez não façam muita diferença, mas que, mundo afora, são de grande</p><p>importância.</p><p>CONTEXTUALIZANDO</p><p>Responda rapidamente: para onde exportar?</p><p>Difícil essa resposta? Bem, talvez para uma decisão importante como</p><p>essa, a resposta realmente tenha que ser difícil. Mas isso não deve de forma</p><p>alguma soar como impeditivo para investir na presença do seu produto no</p><p>mercado internacional. Ao contrário, cada vez mais empresas estão observando</p><p>nas exportações um grande potencial para seus produtos. Com a globalização,</p><p>as fronteiras deixaram de ser físicas e, basicamente, o que limita ou não a sua</p><p>participação no mercado internacional é justamente a aceitação do seu produto.</p><p>3</p><p>Então, faço mais uma pergunta para reflexão:</p><p>Todos os países do mundo aceitam de forma igual o meu produto?</p><p>Essa pergunta pode ser um ponto inicial quando uma empresa pensa em</p><p>exportar. Mas, para ajudar ainda mais nesse processo, vamos listar a seguir</p><p>questões que, se respondidas, podem direcionar de forma mais acertada uma</p><p>empresa para o processo de exportação.</p><p>De todos os destinos mundo afora:</p><p>• Qual aceitaria melhor?</p><p>• Como pesquisá-los? Uma visita? Um parceiro?</p><p>• Quais os fatores que influenciam o meu produto?</p><p>• Por que não começar por esses países?</p><p>• Como selecioná-los?</p><p>Um dos erros que podem ser cometidos no processo de exportação e que</p><p>deve ser evitado ao máximo é não ter um bom conhecimento de questões</p><p>culturais. Há países, por exemplo, que não comem determinado alimento que</p><p>aqui no Brasil é costume. Nesse caso, mesmo que seja apenas um ingrediente,</p><p>é preciso conhecer e evitar. Outras nações têm regras muito específicas para o</p><p>ritual de abate de um animal, por exemplo, e para que a empresa possa exportar</p><p>para esses países ela precisa se adequar a todos esses detalhes.</p><p>Lembre-se: diferenças culturais devem ser observadas. Como agem,</p><p>como pensam, como negociam. Todos esses fatores podem ser decisivos na</p><p>hora de fechar um negócio com outro país.</p><p>TEMA 1 – ENTENDENDO O MERCADO-ALVO</p><p>A primeira pergunta que precisamos responder é: o nosso produto pode</p><p>ser exportado? Se a resposta for sim, temos uma segunda pergunta importante:</p><p>para onde?</p><p>Responder a essa pergunta deve ser mais complexo que a primeira, e há</p><p>razões importantes para isso. Afinal, é possível considerar que o produto será</p><p>aceito de forma igual em diferentes destinos? Será que um asiático terá o mesmo</p><p>interesse que um latino-americano, por exemplo? O que levaria um europeu a</p><p>comprar o meu produto? Para responder a essas questões e melhor diferenciar</p><p>o processo de exportação, é preciso conhecer da forma mais completa possível</p><p>os possíveis compradores do produto. E como fazer isso?</p><p>4</p><p>A forma mais completa é ir até o país, fazer contato com empresários e</p><p>entidades de comércio no local, e colher o maior número de informações a</p><p>respeito da economia do local, cultura, usos e costumes. No entanto, essa é uma</p><p>opção que exige bastante investimento, por isso deve ser considerada como um</p><p>passo posterior. Com o acesso à informação online cada vez mais fácil, é</p><p>possível iniciar essa pesquisa pela internet e fazendo contato por vias digitais</p><p>com pessoas e entidades desses países.</p><p>A pesquisa deve buscar sempre o maior número de respostas possíveis.</p><p>Por exemplo, será que meu produto é de interesse? Se sim, há concorrentes no</p><p>país de destino? Conseguirei formular um preço competitivo? Devo me</p><p>preocupar com alguma questão religiosa ou alguma crença que possa ser</p><p>ofendida com o meu produto ou parte dele? Existe alguma exigência técnica</p><p>diferente das exigências do Brasil?</p><p>Ao</p><p>responder a essas questões, a escolha do destino passa a ser possível</p><p>e as chances de acerto tornam-se maiores.</p><p>1.1 Aspectos a serem considerados</p><p>A seguir, vamos conhecer alguns dos aspectos que devem ser</p><p>considerados no processo de escolha do destino para onde exportar. Separamos</p><p>em dois grupos: quando o contato é feito a distância e quando o contato é feito</p><p>pessoalmente.</p><p>A distância:</p><p>• primeiro nome;</p><p>• tempo;</p><p>• horário de trabalho;</p><p>• cores;</p><p>• religiões;</p><p>• sexo;</p><p>• senso de humor;</p><p>• idiomas;</p><p>• costumes;</p><p>• telefone;</p><p>• costumes alimentares.</p><p>5</p><p>Contato pessoal:</p><p>• cumprimentos;</p><p>• chegadas;</p><p>• linguagem corporal;</p><p>• presentes.</p><p>Para ampliar a compreensão do mercado-alvo, já vimos como realizar as</p><p>pesquisas sobre o local e cultura, por exemplo. Agora é hora de direcionar o foco</p><p>para o produto. A seguir, veremos os dados primários e os dados secundários</p><p>que devemos conhecer.</p><p>Dados primários:</p><p>• ponto de venda;</p><p>• aceitação de sabor;</p><p>• concorrência;</p><p>• cores/embalagens;</p><p>• canais de distribuição;</p><p>Perceba que os dados primários serão sempre melhor observados junto</p><p>ao mercado consumidor.</p><p>Dados secundários:</p><p>• normas técnicas;</p><p>• volumes exportados e importados pelo país;</p><p>• fabricantes locais;</p><p>• concorrentes;</p><p>• preço no mercado-alvo;</p><p>• acordos comerciais;</p><p>• custos de frete;</p><p>• empresas importadoras.</p><p>Para fazer o levantamento dos dados secundários, a internet é uma</p><p>ferramenta muito poderosa. Vamos apresentar alguns portais que respondem</p><p>aos questionamentos desses dados. Um deles é o portal Invest & Export Brasil1.</p><p>Nele você encontrará muitas informações valiosas a respeito do país-destino do</p><p>1 Este portal está disponível em: <www.investexportbrasil.gov.br/serie-como-exportar>. Acesso</p><p>em: 20 maio 2021.</p><p>6</p><p>produto, como onde se hospedar, quais produtos o país compra, o volume médio</p><p>dessas compras, telefones úteis de órgãos responsáveis pelas importações,</p><p>contatos com agentes de legislação, a própria legislação etc.</p><p>Outro portal, este em inglês ou em espanhol, é o Market Access Map2.</p><p>Nele você encontrará informações sobre quais produtos determinado país</p><p>exporta ou importa, valores médios, quantidade, disponibilidade e demandas.</p><p>São informações muito importantes para um projeto de exportação.</p><p>Há ainda um terceiro portal3 de referência no qual é possível encontrar</p><p>informações sobre o mercado internacional e suas demandas. Este está em</p><p>português e se dispõe também a colocar em contato possíveis vendedores e</p><p>potenciais compradores. Ele não faz a negociação, mas facilita o contato entre</p><p>as partes.</p><p>TEMA 2 – NEGOCIANDO TERMOS DE EXPORTAÇÃO COM O IMPORTADOR</p><p>Após definir o produto e o destino, é hora de começar a ajustar os detalhes</p><p>do processo de exportação. Ou seja, como se dará o processo, até onde vai a</p><p>minha responsabilidade com o produto, onde o produto deverá ser entregue, em</p><p>que momento do processo o produto será pago. Para responder a essas</p><p>perguntas e padronizar o mercado internacional a fim de determinar</p><p>responsabilidades e evitar possíveis questionamentos, foram criados pela</p><p>Câmara de Comércio Internacional de Paris (<https://iccwbo.org/>) os</p><p>international comercial terms (Incoterms), ou termos comerciais internacionais.</p><p>Os Incoterms têm como características: siglas com 3 letras maiúsculas;</p><p>são facilitadores do comércio por possuírem 11 cláusulas padronizadas; seu uso</p><p>não é obrigatório, porém, se utilizados, vinculam o exportador e importador;</p><p>também são denominados “cláusulas de preços”. Os Incoterms definem, por</p><p>exemplo, quem pagará pelo transporte da mercadoria, os custos de coleta, os</p><p>custos de embalagem, o local de entrega do produto, quem deve fazer o seguro,</p><p>entre outros fatores.</p><p>Conheça a seguir os Incoterms, lembrando que em 1º de janeiro de 2020</p><p>entrou em vigor sua última revisão:</p><p>2 Disponível em: <www.macmap.org>. Acesso em: 20 maio 2021.</p><p>3 Disponível em: <https://bb.b2brazil.com.br>. Acesso em: 20 maio 2021.</p><p>7</p><p>• EXW – Ex Works: o fornecedor se encarrega pelo produto dentro de suas</p><p>instalações, ficando o comprador responsável pelos custos e em</p><p>organizar todo o transporte.</p><p>• FCA – Free Carrier: o local designado é a própria instalação do vendedor,</p><p>carregada no meio de transporte contratado pelo comprador ou em outro</p><p>local designado por ele.</p><p>• FAS – Free Alongside Ship: a responsabilidade do vendedor é</p><p>disponibilizar a carga “ao lado do navio”, ou seja, no porto designado para</p><p>o embarque. O transporte até o porto fica por conta do vendedor.</p><p>• FOB – Free on Board: a responsabilidade do vendedor vai até a entrega</p><p>da carga embarcada no navio. Todos os custos até estar embarcada ficam</p><p>por conta do vendedor.</p><p>• CFR – Cost and Freight: o vendedor é responsável pela carga até ela</p><p>chegar ao porto de destino, assim como todos os custos envolvidos.</p><p>• CIF – Cost, Insurance and Freight: o vendedor é responsável por entregar</p><p>a carga ao transportador a bordo do navio indicado pelo comprador, além</p><p>de todos os custos e fretes necessários até o porto de destino designado.</p><p>• CPT – Carriage Paid to: o vendedor fica responsável por entregar a carga</p><p>no transportador contratado e pago por esse vendedor para entregar a</p><p>carga no destino no exterior. Todavia, a responsabilidade do vendedor</p><p>sobre a carga acaba no embarque no transportador, quando passa a ser</p><p>do comprador, que pode optar por fazer um seguro ou não, ou seja, o</p><p>transporte é pago pelo vendedor até o destino, mas sua responsabilidade</p><p>termina quando embarcado no transportador.</p><p>• CIP – Carriage and Insurance Paid to: o vendedor entrega a mercadoria</p><p>para um transportador, pagando o transporte para levá-la até o destino</p><p>final no exterior. O vendedor contrata o seguro e assume o risco pela</p><p>carga até a entrega no transportador.</p><p>• DPU – Delivered at Place Unloaded (Novo, 2020): o vendedor entrega a</p><p>carga desembarcada do meio de transporte no destino acordado com o</p><p>comprador. Todos os custos de transporte, seguro e riscos são por conta</p><p>do vendedor.</p><p>• DAP – Delivered at Place (Novo, 2010): semelhante ao DPU, não prevê a</p><p>descarga no local de destino, mas todos os outros custos e as</p><p>responsabilidades são do vendedor.</p><p>8</p><p>• DDP – Delivered Duty Paid: o vendedor deve disponibilizar no local de</p><p>destino designado, assumindo todos os custos e riscos. O vendedor não</p><p>tem a obrigação de pagar o seguro e desembaraços aduaneiros.</p><p>Esses termos são utilizados para deixar claro tudo o que envolve riscos e</p><p>quem são os responsáveis, custos e obrigações e demais condições para o</p><p>comércio internacional. Sua importância se reflete não apenas na questão do</p><p>transporte, mas em todos os custos envolvidos. Sendo assim, a escolha de um</p><p>Incoterm é de grande importância até mesmo para a composição do preço do</p><p>produto no mercado internacional.</p><p>TEMA 3 – CONTRATAÇÃO DOS DEMAIS PLAYERS ENVOLVIDOS NO</p><p>PROCESSO DE EXPORTAÇÃO</p><p>Produto, destino e Incoterm definidos, chegou a hora de buscar os demais</p><p>players – participantes – desse processo. O comércio internacional é uma</p><p>oportunidade de crescimento para uma empresa, e, para que ele aconteça,</p><p>muitas etapas estão envolvidas.</p><p>Vamos começar com os players operacionais, envolvidos diretamente no</p><p>processo. O primeiro deles é o embarcador, que vai retirar a carga do local de</p><p>origem e iniciar o transporte. O transporte pode ser feito por diversos modais,</p><p>sendo o mais comum o rodoviário, mas há lugares onde os trens também são</p><p>utilizados. O transporte interno conduz a carga até um armazém, onde ficará</p><p>aguardando o transbordo para outro transportador ou, então, será consolidado</p><p>junto a outras cargas para ser transportado ao porto de destino. No porto de</p><p>destino ele poderá ser embarcado ou ficar em armazéns alfandegados –na</p><p>eventual necessidade de verificação da carga ou de sua documentação.</p><p>Com a carga pronta e liberada, entra em cena outro player,</p>