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<p>dos poderes.</p><p>Partindo dessa visão, referido teórico realiza uma diferenciação conceitual entre Constituição e Leis</p><p>Constitucionais, a qual é explicitada a seguir:</p><p>a) Constituição: formada apenas pelo que resulta da decisão política fundamental de um povo, isto é,</p><p>abrange apenas matérias sobre estrutura e órgãos do Estado, direitos fundamentais e organização</p><p>dos poderes.</p><p>b) Lei constitucional: trata-se das matérias inseridas no texto constitucional, mas que não decorrem de</p><p>uma decisão política fundamental.</p><p>Exemplo: art. 242, §2º, da CRFB/88, o qual determina que o Colégio Dom Pedro II, situado no Rio de</p><p>Janeiro, será mantido na órbita federal (veja-se que tal norma não dispõe sobre nenhuma das matérias</p><p>consideradas constitucionais por Schmitt, não possui conteúdo político; logo, é considerada</p><p>constitucional apenas por estar incluída no documento constitucional).</p><p>No ponto, destaca-se que, consoante Flávio Martins, essa divisão encontra correspondência no Direito</p><p>Constitucional brasileiro por meio da classificação de normas entre materialmente constitucionais e</p><p>formalmente constitucionais. Nesse sentido, confira-se a lição:</p><p>“As normas que dispõem sobre temas essencialmente constitucionais (que Carl Schmitt chamaria de</p><p>Constituição) hoje são chamadas de normas materialmente constitucionais, enquanto as normas que se</p><p>encontram no texto constitucional, mas que não tratam dos temas essenciais do Estado, são chamadas de</p><p>normas formalmente constitucionais.”</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova CESPE - 2017 - MPE-RR - Promotor de Justiça Substituto, tendo sido</p><p>considerada correta a seguinte alternativa:</p><p>b) Para Carl Schmitt, Constituição não se confunde com leis constitucionais: o texto constitucional pode</p><p>eventualmente colidir com a decisão política fundamental, que seria a Constituição propriamente dita.</p><p>Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto aduzem que, na concepção de Schmitt, existe o</p><p>objetivo de sempre conservar a decisão política fundamental e o principal mecanismo para tanto é o Estado de</p><p>Exceção, o qual pode suprimir a Lei Constitucional (isto é, as normas formalmente constitucionais). Segundo os</p><p>autores, em decorrência disso tal concepção revela-se autoritária, desenvolvendo o seguinte raciocínio:</p><p>“A ênfase na ordem, em detrimento do pluralismo e da liberdade, é a marca da tradição política autoritária na</p><p>qual está inserido o decisionismo. A ditadura não é vista como necessariamente negativa, mas como</p><p>alternativa aceitável à desordem e à guerra, que ameaçariam em maior grau a vida e a propriedade das</p><p>pessoas”3</p><p>3 Souza Neto, Cláudio Pereira de; Sarmento, Daniel. Direito constitucional: teoria, história e métodos de trabalho; Belo Horizonte: Fórum, 2012.</p><p>5</p><p>Por fim, ressalta-se que este conceito pertence à Ciência Política.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova VUNESP - 2015 - TJ-MS - Juiz Substituto, tendo sido considerada correta</p><p>a seguinte alternativa:</p><p>I. Constituição é a soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação.</p><p>II. Constituição é a decisão política fundamental sem a qual não se organiza ou funda um Estado.</p><p>Assim, é correto afirmar que os conceitos I e II podem ser atribuídos, respectivamente, a:</p><p>d) Ferdinand Lassale e Carl Schmitt.</p><p>Igualmente, veja como o tema foi cobrado na prova CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia</p><p>Federal, tendo sido considerada errada a seguinte assertiva:</p><p>“A ideia apresentada no texto reflete a Constituição como decisão política fundamental do soberano, o que</p><p>configura o sentido sociológico de Constituição.”</p><p>2.5. SENTIDO JURÍDICO (Hans Kelsen)</p><p>Teorizado por Hans Kelsen, o sentido jurídico da Constituição se fundamenta no próprio Direito.</p><p>Nesse sentido, a Constituição é o conjunto de normas cujo fundamento depende de uma norma</p><p>hipotética fundamental (sentido lógico-jurídico) e que assume caráter de norma positiva suprema</p><p>(sentido jurídico positivo).</p><p>Para melhor compreensão, analisar-se-á de maneira isolada cada um destes sentidos, a saber:</p><p>a) Sentido Lógico-Jurídico – Norma Hipotética Fundamental: Uma constituição deve se fundamentar</p><p>em uma norma hipotética fundamental. Isto é, uma (I) norma pressuposta (HIPOTÉTICA), não</p><p>positivada, em uma espécie de pacto da sociedade sobre sua existência, que (II) fundamenta a</p><p>existência de todo o ordenamento jurídico (FUNDAMENTAL), evitando-se que sua legitimação seja</p><p>buscada fora do próprio Direito (influência do positivismo). Conforme José Afonso da Silva, é o</p><p>fundamento transcendental da Constituição.</p><p>b) Sentido Jurídico-Positivo – Norma Positiva Suprema: A constituição deve ser tida como o</p><p>fundamento de todo o ordenamento jurídico. Nesse sentido, ela está (I) positivada e serve de (II)</p><p>parâmetro de validade para todas as outras leis. No ponto, ressalta-se que desta ideia nasce a</p><p>noção de controle de constitucionalidade (se a Constituição é a norma positiva suprema, todas as</p><p>demais normas devem estar em conformidade com ela) e a de Pirâmide do Ordenamento (teoria na</p><p>qual a Constituição está no topo da pirâmide e as demais normas em substratos inferiores a ela).</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova MPE-MS - 2018 - MPE-MS - Promotor de Justiça Substituto, tendo sido</p><p>considerada correta as seguintes assertivas:</p><p>6</p><p>“I. Para Ferdinand Lassalle, que a entende no sentido sociológico, a constituição de um país é, em essência, a</p><p>soma dos fatores reais do poder que regem esse país, sendo esta a constituição real e efetiva, não passando a</p><p>constituição escrita de “uma folha de papel’”</p><p>e</p><p>“III. Uma corrente, liderada por Hans Kelsen, vê a constituição apenas no sentido jurídico, sendo a</p><p>constituição considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer pretensão à fundamentação sociológica.”</p><p>2.6. SENTIDO FORMAL</p><p>Para este conceito, Constituição consiste em todas as matérias que estão inseridas no documento, no</p><p>texto constitucional, independente de sua natureza (diferentemente da concepção política de Carl Schmitt, por</p><p>exemplo). Trata-se, na visão de Daniel Sarmento e Cláudio Pereira, de todas as normas dotadas de superior</p><p>hierarquia no ordenamento jurídico pelo simples fato de estarem incluídas no documento constitucional. Assim,</p><p>norma formalmente constitucional é qualquer norma que está presente no corpo da Constituição.</p><p>2.7. SENTIDO MATERIAL</p><p>Nesta acepção, Constituição é o conjunto de normas que trata do que a doutrina convencionou chamar</p><p>de “assunto de Constituição”, isto é, matérias decorrentes da organização político-jurídica de uma</p><p>sociedade, mais especificamente, a estruturação do Estado, a organização dos poderes e a garantia de</p><p>direitos fundamentais. Destaca-se que, para este conceito, as normas constitucionais podem ser escritas ou</p><p>não, bem como estarem localizadas em diplomas legais diferentes da Carta Constitucional.</p><p>3. CONCEPÇÕES MODERNAS SOBRE A CONSTITUIÇÃO4</p><p>3.1. FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO (Konrad Hesse)</p><p>Trata-se de conceito desenvolvido por Konrad Hesse, o qual critica e rebate a concepção sociológica</p><p>adotada por Ferdinand Lassalle.</p><p>Para Hesse, a Constituição possui uma força normativa capaz de modificar a realidade. Dessa</p><p>maneira, a Constituição escrita tanto sucumbe quanto prevalece em relação aos fatores reais de poder,</p><p>pois possui força para conformar o contexto em que atua de acordo com suas normas, bastando existir o que</p><p>o teórico denomina de “vontade de constituição”.</p><p>O Ministro Luís Roberto Barroso assim aduz sobre o tema:</p><p>“Constituição jurídica de um Estado é condicionada historicamente pela realidade de seu tempo. Essa é uma</p><p>evidência que não se pode ignorar. Mas ela não se reduz à mera expressão das circunstâncias concretas de</p><p>cada época. A Constituição tem uma existência própria, autônoma, embora relativa, que advém de sua força</p><p>normativa, pela qual ordena e conforma o contexto social e político. Existe, assim, entre a norma e a realidade</p><p>4 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1516539/a-constituicao-e-seus-sentidos-sociologico-politico-e-juridico</p><p>7</p><p>uma tensão permanente, da qual derivam as possibilidades e os limites do direito constitucional”5</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>O STF tem utilizado bastante o princípio da força normativa da Constituição em suas decisões.</p><p>3.2. CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE (Canotilho)</p><p>Concepção desenvolvida por José Joaquim Gomes Canotilho, diz respeito às Constituições elaboradas a</p><p>partir da 1ª Guerra Mundial, as quais passaram a incluir em sua matéria a garantia de direitos sociais, como</p><p>saúde, educação e alimentação. São chamadas de dirigentes porque o conteúdo que passam a garantir trata-se</p><p>de normas programáticas, que fornecem uma meta social a ser perseguida pelo Estado e executada por</p><p>meio de políticas públicas.</p><p>Na lição de Flávio Martins,</p><p>“Constituição Dirigente é a que fixa uma direção para o Estado seguir, vinculando os Poderes Públicos e</p><p>estabelecendo critérios concretos para a execução de suas metas. Dessa maneira, enseja uma judicialização</p><p>da atividade pública, na medida em que a política passa a ser conformada pelo Direito. Embora não se tenha</p><p>anulado o espaço da política, que continua apta a escolher os melhores caminhos na implantação das políticas</p><p>públicas, sujeita-a de forma imperativa às normas constitucionais.”6</p><p>O mesmo autor apresenta, ainda, algumas das críticas feitas por Catarina Botelho a essa concepção,</p><p>sendo as principais:</p><p>“a) uma desconcertante falta de conexão entre o texto constitucional e a realidade constitucional; b) fomenta</p><p>um elevado ativismo judicial, incumbindo-se o Judiciário no papel de concretizar as ambiciosas transformações</p><p>sociais; c) a mera previsão constitucional de muitos direitos sociais mostra-se ineficaz, transformando-os numa</p><p>espécie de “aleluia jurídico” (na expressão jocosa de Canotilho)”7</p><p>Por fim, registra-se que Canotilho passou a rejeitar a própria teoria, defendendo a existência de um</p><p>modelo mais reflexivo.</p><p>3.3. CONSTITUIÇÃO COMO DOCUMENTO REGULADOR DO SISTEMA POLÍTICO</p><p>(Luhmann)</p><p>Ideia de Constituição desenvolvida no contexto da Teoria dos Sistemas de Niklas Luhamnn.</p><p>Segundo o autor, a sociedade moderna passou a se organizar em diversos subsistemas como Política,</p><p>Religião, Direito, Economia, etc, apresentando cada um seu próprio funcionamento e linguagem.</p><p>Nesse prisma, a Constituição seria um “acoplamento estrutural” entre os sistemas do Direito e da</p><p>7 Martins, Flávio. Curso de direito constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>6 Martins, Flávio. Curso de direito constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>5 Barroso, Luís R. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo - Os conceitos Fundamentais. Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Editora</p><p>Saraiva, 2022.</p><p>8</p><p>Política, de forma a reduzir a complexidade do sistema político e figurar como um “instrumento funcional que</p><p>serve para reduzir a complexidade do sistema político''. Nesse contexto, propicia a reflexão da funcionalidade</p><p>do Direito, abandonando o exame isolado da relação de hierarquia das normas constitucionais”8</p><p>3.4. CONSTITUIÇÃO NA TEORIA DISCURSIVA DO DIREITO (Habermas)</p><p>Nesta concepção desenvolvida por Jürgen Habermas, o direito é visto como regulador da Política e da</p><p>Economia e a Constituição “como cerne do Direito, representa, de um lado, um norte normativo por meio de</p><p>princípios de liberdade e de igualdade e, de outro, as balizas para o sistema político que passa a respeitar a</p><p>legitimidade discursiva e a democracia participativa”9</p><p>3.5. CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA (Marcelo Neves)</p><p>Para o referido autor, a Constituição seria mero símbolo, não apresentando eficácia normativa. O</p><p>legislador não a teria criado para ser concretizada, argumentando o teórico que nenhum Estado Ditatorial</p><p>elimina da Constituição os direitos fundamentais, por exemplo, apenas os ignora. Ex: salário-mínimo que</p><p>"assegura" vários direitos.</p><p>Discorrendo sobre a obra de Marcelo Neves, Pedro Lenza afirma que o autor aponta que a</p><p>constitucionalização simbólica apresenta três principais consequências, quais sejam: “a) confirmar valores</p><p>sociais, b) demonstrar a capacidade de ação do Estado e c) adiar a solução de conflitos sociais através de</p><p>compromissos dilatórios”.10</p><p>Quanto à confirmação de valores sociais, explica Lenza que a eficácia normativa da Constituição é</p><p>colocada em segundo plano, dando lugar à afirmação dos valores sociais defendidos por um dos grupos que se</p><p>encontra em disputa política com outro ou outros. Dessa forma, a “vitória legislativa” de um grupo funcionaria</p><p>como “‘ato de deferência para os vitoriosos e de degradação para os perdedores’, sendo irrelevantes os seus</p><p>efeitos instrumentais’” .11</p><p>Já no que diz respeito à demonstração da capacidade de ação do Estado, Lenza aduz que este</p><p>fenômeno também é conhecido como legislação álibi e surge como forma de dar aparente solução para</p><p>problemas sociais, sem realmente resolvê-los. Mencionada prática acaba por reforçar a confiança da sociedade</p><p>nos sistemas político e jurídico.12</p><p>Por fim, em relação ao adiamento da solução de conflitos sociais por meio de compromissos</p><p>dilatórios, explica Lenza que trata-se de uma espécie de acordo realizado entre grupos antagônicos por meio</p><p>da assunção de compromissos futuros, os quais, todavia, nunca serão realizados, seja por sua impraticabilidade</p><p>ou pela ausência de vontade política de realmente concretizá-los.</p><p>12 Idem.</p><p>11 Idem.</p><p>10 Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>9 Martins, Flávio. Curso de direito constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>8 Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.</p><p>9</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova CESPE - 2018 - TJ-CE - Juiz Substituto, tendo sido considerada correta a</p><p>seguinte alternativa:</p><p>A preocupação com a implementação de dispositivos constitucionais e, em particular, de suas</p><p>promessas sociais, não é central. As controvérsias constitucionais são decididas com base nos códigos da</p><p>política e conforme conflitos de interesse. Nessa luta, acabam preponderando os interesses dos grupos mais</p><p>poderosos, dos denominados “sobrecidadãos”, que conseguem utilizar a Constituição e o Estado em geral como</p><p>instrumento para satisfazer seus interesses. A juridicidade da Constituição fica comprometida pela corrupção</p><p>da normatividade jurídica igualitária e impessoal, conforme o binômio legal-ilegal. As controvérsias</p><p>constitucionais são decididas com base no código do poder.</p><p>S. Lunardi & D. Dimoulis. Resiliência constitucional: compromisso maximizador, consensualismo político e</p><p>desenvolvimento gradual. São Paulo: Direito GV, 2013, p. 15 (com adaptações).</p><p>A concepção de Constituição a respeito da qual o texto precedente discorre denomina-se:</p><p>e) Constituição simbólica.</p><p>3.6. CONSTITUIÇÃO ABERTA (Peter Häberle e Carlos Alberto Siqueira Castro)</p><p>Este conceito leva em consideração que a Constituição tem objeto dinâmico e aberto, para que se</p><p>adapte às novas expectativas e necessidades do cidadão.</p><p>Se for aberta, admite emendas formais (EC) e informais (mutações constitucionais) e está repleta de</p><p>conceitos jurídicos indeterminados. Ex: art. 5º, XI, CF - no conceito de "casa" está incluso a casa e o escritório</p><p>onde exerce atividade profissional.</p><p>Além disso, defendem os autores que deve-se recusar a ideia de que a interpretação constitucional</p><p>deve ser monopolizada exclusivamente pelos juristas. Para que a Constituição se concretize é necessário que</p><p>todos os cidadãos se envolvam em seu processo de interpretação e aplicação. É dizer: se o titular do poder</p><p>constituinte é a sociedade, deve ela se envolver no processo hermenêutico de materialização</p><p>da constituição. Essa ideia abre espaço para que os cidadãos participem cada vez mais nessa interpretação.</p><p>Nesse sentido, leciona Flávio Martins que “mais do que um documento escrito, a Constituição é um</p><p>“processo público”, aberto e pluralista de interpretação</p><p>cotidiana do texto à luz dos contextos que permeiam</p><p>as especificidades da vida social.”13</p><p>Por outro lado, aduz o mesmo autor que a crítica feita a essa concepção cinge-se ao enfraquecimento</p><p>do caráter conformador, normativo da Constituição.14</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto, tendo sido</p><p>considerada correta a seguinte alternativa:</p><p>a) Peter Häberle adota uma visão da Constituição como um processo político, o que conduz à afirmação de</p><p>que a verdadeira constituição resulta de um processo interpretativo conduzido à luz da publicidade.</p><p>14 Idem.</p><p>13 Martins, Flávio. Curso de direito constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>10</p><p>3.7. CONSTITUIÇÃO CULTURAL</p><p>Remete ao conceito de Constituição total, que é a que possui todos os aspectos vistos</p><p>anteriormente.</p><p>De acordo com esta concepção, a Constituição é fruto da cultura existente dentro de determinado</p><p>contexto histórico, em uma determinada sociedade, e, ao mesmo tempo, é condicionante dessa mesma</p><p>cultura, pois o direito é fruto da atividade humana.</p><p>José Afonso da Silva é um dos autores que defendem essa concepção.</p><p>Meirelles Teixeira a partir dessa concepção cultural cria o conceito de Constituição Total, segundo o</p><p>qual:</p><p>"Constituição é um conjunto de normas jurídicas fundamentais, condicionadas pela cultura total, e ao mesmo tempo</p><p>condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e</p><p>fins do Estado e do modo de exercício e limites do poder político" (expressão retirada do livro do professor Dirley</p><p>da Cunha Júnior na página 85, o qual retirou do livro de J. H. Meirelles Teixeira página 78).</p><p>3.8. CONSTITUIÇÃO JUSNATURALISTA</p><p>Segundo Flávio Martins, com o desenvolvimento do neoconstitucionalismo verificou-se um retorno ao</p><p>jusnaturalismo como forma de fundamentar a aproximação dos valores morais defendidos por essa</p><p>corrente.</p><p>Max Moller, citado pelo autor, assim leciona sobre o tema:</p><p>“A partir da previsão, nas Constituições, de um sistema de direitos fundamentais que, por sua estrutura</p><p>normativa e conteúdos abertos, constituem verdadeiras portas de entrada a conteúdos morais e valorativos</p><p>nos sistemas jurídicos – permitindo ao intérprete construir racionalmente o sentido desses termos e limitando</p><p>materialmente a atuação do legislador – a preocupação jusnaturalista sobre o que deve conter o direito</p><p>ressurge com grande força, mesmo ante uma ótica positivista”15</p><p>3.9. CONSTITUIÇÃO MARXISTA</p><p>Esta concepção entende a Constituição como a “formalização da estrutura jurídica, da organização</p><p>econômica e instrumento da ideologia da classe dominante de um país” . Baseia-se no pensamento16</p><p>marxista de que o Estado representa a forma como a classe dominante impõe seus interesses a toda a</p><p>sociedade. Nesse contexto, ensina Flávio Martins que os países que optaram por experiências socialistas</p><p>passaram a adotar um modelo “econômico marxista-leninista” de Constituição com o objetivo de superar a</p><p>dominação da elite, fundamentando-se na “eliminação do sistema capitalista mediante o controle estatal dos</p><p>meios de produção e planificação da economia” .17</p><p>17 Idem.</p><p>16 Idem.</p><p>15 Martins, Flávio. Curso de direito constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>11</p><p>3.10. CONSTITUIÇÃO INSTITUCIONALISTA</p><p>Consoante lição de Flávio Martins, esta concepção foi desenvolvida por Maurice Hauriou, expoente do</p><p>Direito Administrativo francês, e parte da ideia de que Estado e sociedade são entes diferentes, de modo que a</p><p>função do primeiro é a proteção da segunda por meio da criação de instituições para tanto. Nesse prisma, a</p><p>Constituição seria uma dessas instituições criadas com a finalidade de proteger a sociedade.18</p><p>3.11. CONSTITUIÇÃO ESTRUTURALISTA</p><p>Concepção elaborada por Enrico Spagna Musso, enxerga a Constituição como uma unidade estrutural da</p><p>qual emana um sentido normativo com a função de equilibrar as relações políticas e transformar a sociedade.19</p><p>3.12. CONSTITUIÇÃO BIOMÉDICA</p><p>Concepção de Constituição que está ligada ao biodireito, apresentando forte preocupação com a</p><p>garantia de direitos relacionados à identidade genética. Uadi Lammêgo Bulos, citado por Flávio Martins, assim</p><p>afirma sobre essa modalidade ao comentar a quarta revisão à Constituição Portuguesa (a qual foi influenciada</p><p>por essa concepção):</p><p>“em termos principiológicos, a bioconstituição portuguesa, por assim dizer, finca-se nos seguintes vetores</p><p>constitucionais: inviolabilidade e integridade da pessoa humana; igualdade no acesso à saúde; não venalização</p><p>do corpo humano; familiaridade, prevenção e precaução de doenças incuráveis”20</p><p>3.13. CONSTITUIÇÃO COMPROMISSÓRIA</p><p>Conceito desenvolvido por Canotilho, sustenta que a Constituição é um acordo, um compromisso</p><p>entre as diversas forças antagônicas existentes em uma sociedade plural e complexa.</p><p>Na lição de Uadi Lammêgo Bulos:</p><p>“[...] é aquela que reflete a pluralidade das forças políticas e sociais. Típica da sociedade plural e</p><p>complexa em que vivemos, ela é fruto de conflitos profundos (deep conflict), da barganha, do jogo</p><p>de interesses, do tom persuasivo do discurso político.”21</p><p>Segundo o mesmo autor, a CF/88 é um exemplo de Constituição Compromissória.</p><p>3.14. CONSTITUIÇÃO SUAVE OU DÚCTIL</p><p>Nascida do contexto de pluralismo político, essa concepção apregoa que a função de uma Constituição</p><p>não é impor um modelo predeterminado de vida, característica observada nas Constituições de sociedade com</p><p>uma ideologia dominante. Na realidade, em face da convivência de variadas orientações políticas, a função da</p><p>Constituição nessa concepção é permitir a busca da realização dos modos de vida conforme os valores de</p><p>21 Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.</p><p>20 Martins, Flávio. Curso de direito constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Editora Saraiva, 2022</p><p>19 Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.</p><p>18 Idem.</p><p>12</p><p>cada ideologia presente na sociedade. Também por isso, segundo Uadi Lammêgo Bulos, “não consagra</p><p>preceitos impossíveis de ser vividos na prática” , mas “buscam, com equilíbrio e moderação, regular a vida em22</p><p>sociedade, empreendendo tarefas básicas” , motivo pelo qual é conhecida como “suave”.23</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto, tendo sido considerada</p><p>correta a seguinte alternativa:</p><p>A concepção que compreende o texto da Constituição como não acabado nem findo, mas como um conjunto</p><p>de materiais de construção a partir dos quais a política constitucional viabiliza a realização de princípios e</p><p>valores da vida comunitária de uma sociedade plural, caracteriza o conceito de Constituição:</p><p>d) dúctil.</p><p>3.15. CONSTITUIÇÃO EMPRESARIAL</p><p>Modelo de Constituição característico do período colonial, no qual as Constituições eram formadas por</p><p>regimento e alvarás e ordenavam a vida da população de uma Colônia.</p><p>3.16. CONSTITUIÇÃO ORAL</p><p>Define o modelo constitucional proclamado oralmente por um chefe de Estado.</p><p>3.17. CONSTITUIÇÃO ESTATUTO DO PODER</p><p>Nesta concepção, a Constituição é entendida como instrumento de legitimação do poder, o qual deixa</p><p>de ser poder de fato e passa a ser poder de direito. A Constituição é o fundamento do Poder Soberano e do</p><p>Estado de Direito, regulando governantes e governados.</p><p>3.18. CONCEPÇÃO GARANTIA DO STATUS QUO</p><p>Teorizada por Ernst Forsthoff, a concepção em questão define Constituição como “um sistema de</p><p>artifícios técnico-jurídicos, com vistas à racionalização e garantia do status quo, consistindo num mecanismo</p><p>formal de garantia, despojado de qualquer conteúdo social, material ou econômico.” Tem por objetivo uma24</p><p>suposta neutralidade da Lei Maior, desprezando, para tanto, elementos materiais e republicanos.25</p><p>3.19. CONSTITUIÇÃO EXPANSIVA</p><p>Segundo Raul Machado Horta, além de ampliar temas já tratados,</p><p>trata de novos temas. Ex: CF-1988.</p><p>25 Idem.</p><p>24 Bulos, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.</p><p>23 Idem.</p><p>22 Idem.</p><p>13</p><p>3.20. CONSTITUIÇÃO UNITEXTUAL ou ORGÂNICA</p><p>Rechaça a ideia de existência de um bloco de constitucionalidade, visto que a Constituição seria</p><p>disposta em uma estrutura documental única.</p><p>3.21. CONSTITUIÇÃO SUBCONSTITUCIONAL</p><p>A Constituição subconstitucional admite a constitucionalização de temas excessivos e o alçamento</p><p>de detalhes e interesses momentâneos ao patamar constitucional.</p><p>Para Uadi Lammêgo Bulos, citando Hild Krüger, as constituições só devem trazer aquilo que</p><p>interessa à sociedade como um todo, sem detalhamentos inúteis. Esse excesso de temas formam as</p><p>constituições subconstitucionais, que são normas que, mesmo elevadas formalmente ao patamar</p><p>constitucional, não o são, porque encontram-se limitadas nos seus objetivos.</p><p>3.22. CONSTITUIÇÃO PROCESSUAL, INSTRUMENTAL ou FORMAL</p><p>É um "instrumento de governo definidor de competências, regulador de processos e estabelecedor de</p><p>limites à acção política" (Canotilho). Seu objetivo é definir competências, para limitar a ação dos Poderes</p><p>Públicos, além de representar apenas um instrumento pelo qual se eliminam conflitos sociais.</p><p>3.23.CONSTITUIÇÃO CHAPA BRANCA26</p><p>O intuito principal da Constituição é tutelar interesses e até mesmo privilégios tradicionalmente</p><p>reconhecidos aos integrantes e dirigentes do setor público.</p><p>A Constituição é fundamentalmente um conjunto normativo “destinado a assegurar posições de</p><p>poder a corporações e organismos estatais ou paraestatais”. Apesar da retórica relacionada aos direitos</p><p>fundamentais e das normas liberais e sociais, o núcleo duro do texto preserva interesses corporativos do</p><p>setor público e estabelece formas de distribuição e de apropriação dos recursos públicos entre vários</p><p>grupos.</p><p>Leitura socialmente pessimista da Constituição que insiste na continuidade da visão</p><p>estatalista-patrimonialista da Constituição e na centralidade do Poder Executivo em detrimento tanto</p><p>da promessa democrática como da tutela judicial dos direitos individuais.</p><p>3.24. CONSTITUIÇÃO UBÍQUA27</p><p>Onipresença das normas e valores constitucionais no ordenamento jurídico.</p><p>Parte-se da constatação de que os conflitos forenses e a doutrina jurídica foram impregnados pelo</p><p>direito constitucional. A referência a normas e valores constitucionais é um elemento onipresente no direito</p><p>brasileiro pós-1988. Essa “panconstitucionalização” deve-se ao caráter detalhista da Constituição, que</p><p>incorporou uma infinidade de valores substanciais, princípios abstratos e normas concretas em seu programa</p><p>27http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y</p><p>26http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y</p><p>14</p><p>normativo.</p><p>3.25. CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIALISTA28</p><p>Objetiva preponderantemente garantir os direitos individuais, preservando fortes garantias ao direito</p><p>de propriedade e procurando limitar a intervenção estatal na economia.</p><p>3.26. CONSTITUIÇÃO PRINCIPIOLÓGICA E JUDICIALISTA29</p><p>Leitura da Constituição Federal de 1988 com base nas seguintes características:</p><p>1. importância crucial dos direitos fundamentais, incluindo os sociais, sendo a Constituição de 1988</p><p>um texto denso exigente, limitando a liberdade do legislador e impondo sua implementação;</p><p>2. centralidade dos princípios constitucionais que se multiplicam e adquirem relevância prática e</p><p>aplicabilidade imediata, desde que sejam adotados métodos de interpretação abertos, evolutivos e</p><p>desvinculados da textualidade das regras, em particular a ponderação de princípios e/ou valores;</p><p>3. importância do Poder Judiciário que se torna protagonista da Constituição de 1988, em razão da</p><p>ampliação e da intensificação do controle de constitucionalidade e da incumbência de implementar o</p><p>projeto constitucional mediante aplicação de métodos “abertos” de interpretação.</p><p>3.27. CONSTITUIÇÃO ORAL</p><p>É “aquela em que o chefe supremo de um povo reclama, de viva voz, o conjunto de normas que deverão</p><p>reger a vida em comunidade” (BULOS, 2014, p. 108).</p><p>3.28.CONSTITUIÇÃO INSTRUMENTAL</p><p>Para Uadi Lammêgo Bulos, “é aquela em que suas normas equivalem a leis processuais''. Seu objetivo é</p><p>definir competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos” (BULOS, 2014, p. 108).</p><p>3.29. CONSTITUIÇÃO.COM (“crowdsourcing”)</p><p>“É aquela cujo projeto conta a opinião maciça dos usuários da internet, que, por meio de sites de</p><p>relacionamentos, externam seu pensamento a respeito dos temas a serem constitucionalizados. Foi a Islândia que,</p><p>pioneiramente, no ano de 2011, fez uma ‘constituição.com’ (crowdsourcing)” (BULOS, 2014, p. 112).</p><p>3.30.CONSTITUIÇÃO BALANÇO OU REGISTRO</p><p>Periodicamente elabora-se uma constituição, fazendo uma análise do avanço social ocorrido nos anos</p><p>anteriores.</p><p>29http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y</p><p>28http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y</p><p>15</p><p>3.31.CONSTITUIÇÃO EM BRANCO</p><p>Não prevê regras e limites para o exercício do poder constituinte derivado reformador.</p><p>4. ELEMENTOS30</p><p>4.1. ELEMENTOS ORGÂNICOS</p><p>Tratam-se dos elementos que organizam a estrutura do Estado e a repartição dos Poderes (Títulos</p><p>III e IV da CF/88).</p><p>4.2. ELEMENTOS LIMITATIVOS</p><p>Tratam-se dos elementos que dispõem sobre direitos e garantias fundamentais, bem como sobre</p><p>remédios Constitucionais (Título II da CF/88).</p><p>Compreendem a parte dogmática da Constituição.</p><p>4.3. ELEMENTOS SÓCIO-IDEOLÓGICOS</p><p>Revelam o compromisso ideológico adotado pela Constituição.</p><p>Na CF/88, dizem respeito ao compromisso de equilíbrio entre as visões liberal e social e correspondem</p><p>à parte de intervenção do Estado da ordem econômica e social, aos direitos sociais e à ordem social.</p><p>Estampados no Capítulo II do Título II , no Título VII e no Título VIII.</p><p>4.4. ELEMENTOS DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL</p><p>Tais elementos tratam de qualquer norma de uma Constituição que verse sobre solução de conflitos</p><p>constitucionais (envolvendo diretamente a constituição ou ainda de forma indireta), com a finalidade de</p><p>estabilizar a ordem constitucional.</p><p>Como exemplo: Controle de Constitucionalidade e a Intervenção Federal na CF/88.</p><p>4.5. ELEMENTOS FORMAIS DE APLICABILIDADE:</p><p>São os elementos que dispõem sobre a forma de aplicação da Constituição. São exemplos: o preâmbulo</p><p>e o ADCT da CF/88 (segundo o próprio JOSÉ AFONSO).</p><p>Para memorização, veja a tabela:</p><p>ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES</p><p>ORGÂNICO Estrutura do estado</p><p>30 JOSÉ AFONSO DA SILVA. Curso de Direito Constitucional positivo.</p><p>16</p><p>LIMITATIVOS Direitos fundamentais – limitam atuação estatal</p><p>SÓCIO-IDEOLÓGICO</p><p>Visão sócio-ideológica adotada pela Constituição. Na CF/88, o compromisso com o</p><p>equilíbrio entre ideias liberais e sociais.</p><p>DE ESTABILIZAÇÃO</p><p>Asseguram solução de conflitos institucionais e protegem a integridade da</p><p>Constituição e do Estado</p><p>FORMAIS DE</p><p>APLICABILIDADE</p><p>Dispõem sobre interpretação e aplicação da Constituição</p><p>5. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES OU TIPOLOGIA</p><p>5.1. QUANTO AO CONTEÚDO</p><p>a) Constituição material: possui apenas conteúdo considerado materialmente constitucional, assim</p><p>entendido aquele que trata sobre estrutura e órgãos do Estado, direitos fundamentais e</p><p>organização dos poderes. Não necessariamente deve ser escrita.</p><p>b) Constituição formal: além de possuir matéria constitucional, possui outros assuntos. Não importa o</p><p>seu conteúdo, mas a forma por meio da qual foi aprovada, a qual deve ser diferente do processo</p><p>legislativo ordinário.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto, tendo sido</p><p>considerada correta a seguinte alternativa:</p><p>De acordo com a doutrina, o documento escrito estabelecido de forma solene pelo poder constituinte eleito</p><p>pelo voto popular,</p><p>modificável somente por processos e formalidades especiais nele mesmo contidos, e</p><p>que contém o modo de existir do Estado é classificado como constituição:</p><p>a) formal.</p><p>5.2. QUANTO À FORMA</p><p>a) Constituição escrita: é um documento formal, solene.</p><p>📌 OBSERVAÇÃO: Todas as Constituições brasileiras foram escritas</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova FCC - 2017 - DPE-PR - Defensor Público, tendo sido considerada correta</p><p>a seguinte alternativa:</p><p>17</p><p>a) as constituições escritas são caracterizadas por um conjunto de normas de direito positivo.</p><p>b) Constituição não-escrita (costumeira, consuetudinária ou histórica): fruto dos costumes da</p><p>sociedade. Temos 4 exemplos de constituições não escritas: Reino Unido; Arábia saudita; Israel; e Nova</p><p>Zelândia</p><p>5.3. QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO</p><p>a) Constituição dogmática: fruto de um trabalho legislativo específico. Reflete os dogmas, os valores de</p><p>um momento específico da história.</p><p>📌 OBSERVAÇÃO: Todas as Constituições brasileiras foram dogmáticas.</p><p>b) Constituição histórica: fruto de uma lenta evolução histórica.</p><p>5.4. QUANTO À ORIGEM</p><p>a) Constituição promulgada (democrática ou popular): feita pelos representantes do povo. Brasil:</p><p>CF-1891, CF-1934, CF-1946 e CF-1988.</p><p>b) Constituição outorgada (ou carta constitucional): impostas ao povo pelo governante. Brasil: CF-1824</p><p>(Dom Pedro I), CF-1937 (Getúlio Vargas), CF-1967 (regime militar).</p><p>c) Constituição cesarista (plebiscitária ou bonapartista): feita pelo governante e submetida à</p><p>apreciação do povo mediante referendo.</p><p>d) Constituição pactuada (contratual ou dualista): fruto do acordo entre duas forças políticas de um</p><p>país. Ex: Constituição Francesa de 1791.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil, tendo sido</p><p>considerada correta a seguinte alternativa:</p><p>Quanto à sua origem, as constituições podem ser:</p><p>d) promulgadas ou outorgadas.</p><p>5.5. QUANTO À EXTENSÃO</p><p>a) Constituição sintética (breve, sumária, sucinta, resumida, concisa): trata apenas dos temas</p><p>principais, isto é, materialmente constitucionais. Ex: Constituição dos EUA.</p><p>b) Constituição analítica (longa, volumosa, inchada, ampla, extensa, prolixa, desenvolvida, larga):</p><p>18</p><p>apresentam matérias diversas daquelas consideradas materialmente constitucionais, como as de</p><p>regulamentação de instituições, por exemplo. Ex.: CF-1988.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil, tendo sido</p><p>considerada correta a seguinte alternativa:</p><p>A Constituição Federal de 1988 pode ser considerada:</p><p>d) analítica, pois aborda minúcias, estabelecendo regras que poderiam estar em leis infraconstitucionais.</p><p>5.6. QUANTO À IDEOLOGIA</p><p>a) Constituição ortodoxa (ou monista): fixa uma única ideologia estatal. Ex.: Constituição chinesa,</p><p>Constituição da ex-URSS.</p><p>b) Constituição eclética (ou compromissória): permite a combinação de ideologias diversas. Ex.: CF/88.</p><p>5.7. QUANTO À FUNÇÃO - J.J.CANOTILHO</p><p>a) Constituição garantia (negativa ou abstencionista): limita-se a fixar os direitos e garantias</p><p>fundamentais. É uma carta declaratória de direitos.</p><p>b) Constituição dirigente (ou programática): além de prever os direitos e garantias fundamentais, fixa</p><p>metas estatais. A CF/88 é uma constituição dirigente. Ex: art. 196, CF; art. 205, CF; art. 7º, CF; art. 4º,</p><p>parágrafo único, CF.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia</p><p>Federal, tendo sido considerada errada a seguinte assertiva:</p><p>“A Constituição Federal brasileira pode ser considerada uma constituição-garantia, pois regulamenta, de</p><p>forma analítica, os assuntos mais relevantes à formação, à destinação e ao funcionamento do Estado.”</p><p>5.8. QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO</p><p>a) Constituição unitária (codificada, reduzida ou orgânica): formada por um único documento.</p><p>b) Constituição variada (legal, inorgânica ou esparsa): formada por mais de um documento. Art. 5º, §</p><p>3º, CF: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa</p><p>do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às</p><p>emendas constitucionais.</p><p>19</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>A CF/88 nasce como uma Constituição unitária, mas vem passando por um processo de descodificação.</p><p>5.9. QUANTO AO SISTEMA</p><p>a) Constituição principiológica: possui mais princípios do que regras. Paulo Bonavides entende que é o</p><p>caso da CF/1988.</p><p>b) Constituição preceitual: possui mais regras do que princípios.</p><p>5.10. QUANTO À ESSÊNCIA CRITÉRIO ONTOLÓGICO-KARL LOEWENSTEIN31</p><p>a) Constituição semântica: é a Constituição cujas normas foram elaboradas para a legitimação de</p><p>práticas autoritárias de poder; geralmente decorrem da usurpação do Poder Constituinte do povo. Ex:</p><p>CF-1937, CF-1967.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto, tendo sido considerada correta a</p><p>seguinte alternativa:</p><p>A respeito das constituições classificadas como semânticas, assinale a opção correta:</p><p>d) São aquelas cujas normas são instrumentos para a estabilização e perpetuação do controle do poder</p><p>político pelos detentores do poder fático.</p><p>b) Constituição nominal (ou nominalista): quando não há uma concordância absoluta entre as normas</p><p>constitucionais e as exigências do processo político, estas não se adaptando àquelas, isto é, se a</p><p>dinâmica do processo político não se adaptar às normas da Constituição, esta será nominal. É</p><p>Constituição sem valor jurídico cujas normas; na maior parte, são ineficazes.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Bernardo Gonçalves Fernandes, Marcelo Novelino e Marcelo Neves defendem que a Constituição</p><p>Federal de 1988 é nominal (e não normativa).</p><p>c) Constituição normativa: são aquelas que possuem valor jurídico, cujas normas dominam o processo</p><p>político, logrando submetê-lo à observação e adaptação de seus termos; é aquela, na qual, há uma</p><p>adequação entre o texto e a realidade social, o seu texto traduz os anseios de justiça dos cidadãos,</p><p>sendo condutor dos processos de poder.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Pedro Lenza afirma que a Constituição brasileira está caminhando da Constituição nominal para a</p><p>31http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7593</p><p>20</p><p>normativa, é uma Constituição que se pretende normativa. Eduardo dos Santos afirma que a classificação em</p><p>questão examina como a Constituição é e não como ela pretende ser (SANTOS, Eduardo dos. Manual de Direito</p><p>Constitucional, 2 ed. p. 77)</p><p>5.11. QUANTO À ORIGEM DE SUA DECRETAÇÃO - JORGE MIRANDA</p><p>a) Constituição heterônoma (ou heteroconstituição): feita em um país para vigorar em outro país.</p><p>b) Constituição autônoma (homoconstituição ou autoconstituição): feita em um país para nele</p><p>vigorar. É a regra geral. Ex: Constituição brasileira.</p><p>5.12. QUANTO À ATIVIDADE LEGISLATIVA</p><p>a) Constituição-lei: a constituição é tratada como uma lei qualquer. Dá ampla liberdade ao legislador</p><p>ordinário.</p><p>b) Constituição-fundamento (constituição total ou ubiquidade constitucional): a constituição tenta</p><p>disciplinar detalhes da vida social. Dá uma pequena liberdade ao legislador ordinário.</p><p>c) Constituição-moldura (Canotilho: Constituição-quadro): como a moldura de um quadro, a</p><p>constituição fixa os limites de atuação do legislador ordinário.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova CESPE - 2017 - TJ-PR - Juiz Substituto, tendo sido considerada correta a</p><p>seguinte alternativa:</p><p>d) De acordo com o conceito de Constituição-moldura, o texto constitucional deve apenas apresentar</p><p>limites para a atividade legislativa, cabendo ao Poder Judiciário avaliar se o legislador agiu conforme o</p><p>modelo configurado pela Constituição.</p><p>5.13. QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO - ANDRÉ RAMOS TAVARES</p><p>a) Constituição liberal: possui apenas direitos individuais ou de 1a dimensão (ex: vida, liberdade,</p><p>propriedade). O Estado tem o dever principal de não fazer. Ex: CF-1824, CF-1891.</p><p>b) Constituição social: além de direitos individuais, prevê direitos sociais ou</p><p>de 2a dimensão (ex: saúde,</p><p>educação, moradia, alimentação). O Estado tem o dever principal de fazer. Ex: CF-1934, CF-1946,</p><p>CF-1967, CF-1988.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Quando se deu a mudança da Constituição Liberal para a Constituição Social?</p><p>A passagem do padrão liberal para o social ocorreu a partir da Constituição do México (1917).</p><p>21</p><p>Posteriormente tivemos a Constituição de Weimar (Alemanha – 1919), a da Espanha e a do Brasil (1934).</p><p>5.14. QUANTO À DURAÇÃO - JORGE MIRANDA</p><p>a) Constituição provisória (ou pré-constituição): possui duração reduzida, até que seja elaborada a</p><p>constituição definitiva.</p><p>b) Constituição definitiva: possui prazo indeterminado de duração. Ex: CF-1988.</p><p>5.15. QUANTO À RIGIDEZ OU ESTABILIDADE</p><p>a) Constituição imutável (permanente, granítica ou intocável): não pode ser alterada, pretendendo-se</p><p>eterna e fundando-se na crença de que não haveria órgão competente para proceder à sua reforma.</p><p>Pode estar relacionada a fundamentos religiosos. Ex: a CF-1824 foi imutável nos primeiros 4 anos</p><p>(limitação temporal).</p><p>b) Constituição rígida: possui um processo de alteração mais rigoroso que o destinado às outras leis. Ex:</p><p>CF-1988.</p><p>c) Constituição flexível: possui o mesmo processo de alteração que o destinado às outras leis. Os países</p><p>de constituição flexível não possuem o controle de constitucionalidade.</p><p>d) Constituição transitoriamente flexível: é a Constituição flexível por algum período, findo o qual se</p><p>torna uma Constituição rígida.</p><p>e) Constituição semirrígida (ou semiflexível): parte dela é rígida e parte é flexível.</p><p>f) Constituição fixa (ou silenciosa): é aquela que nada prevê sobre sua mudança formal, sendo</p><p>alterável somente pelo próprio poder originário.</p><p>g) Constituição super-rígida: é a Constituição rígida que possui um núcleo imutável.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>O conceito de constituição “super rígida” (não admitiria qualquer mudança) está defasado. Temos dois</p><p>motivos:</p><p>◾ Razão Teórica: Contrária à ideia de Direito. O Direito é uma ciência social e se adequa à nova</p><p>realidade social. Não se pode impor a vontade de uma geração sobre a outra.</p><p>◾ Razão Prática: Não há nenhum caso prático no mundo que possua essa forma de</p><p>Constituição.</p><p>22</p><p>6. CLASSIFICAÇÃO DA CF/88</p><p>CF/8832</p><p>■ quanto à origem: promulgada</p><p>■ quanto à forma: escrita (instrumental)</p><p>■ quanto à extensão: analítica (ampla, extensa, larga, prolixa, longa, desenvolvida, volumosa, inchada)</p><p>■ quanto ao conteúdo: formal</p><p>■ quanto ao modo de elaboração: dogmática (sistemática)</p><p>■ quanto à alterabilidade: rígida</p><p>■ quanto à sistemática (Pinto Ferreira): reduzida (unitária)</p><p>■ quanto à dogmática (Paulino Jacques): eclética (destaque para o caráter compromissório do texto de</p><p>1988);</p><p>■ quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico — essência — Karl Loewenstein):</p><p>normativa (pretende ser)</p><p>■ quanto ao sistema: principiológica</p><p>■ quanto à duração: Constituição definitiva ou de duração indefinida para o futuro</p><p>■ quanto à origem de sua decretação: autônoma (“autoconstituição” ou “homoconstituição”)</p><p>■ quanto à função: garantia e dirigente (Manoel Gonçalves Ferreira Filho);</p><p>■ quanto ao conteúdo ideológico:: social (André Ramos Tavares);</p><p>■ Raul Machado Horta: expansiva.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia, tendo sido considerada</p><p>correta a seguinte alternativa:</p><p>A Constituição Federal brasileira de 1988 classifica-se quanto à origem, ao modo de elaboração, à</p><p>alterabilidade, à dogmática e ao critério ontológico de Karl Loewenstein, respectivamente, em:</p><p>d) promulgada, dogmática, rígida, eclética e normativa.</p><p>32 LENZA (2020), pag. 103/104</p><p>23</p><p>7. PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988</p><p>7.1. NATUREZA JURÍDICA</p><p>a) Tese da Irrelevância Jurídica</p><p>O preâmbulo tem caráter histórico ou político, sem relevância jurídica (STF).</p><p>⚠ATENÇÃO</p><p>Apesar de o preâmbulo não possuir força normativa, ele traz as intenções, o sentido, a origem, as</p><p>justificativas, os objetivos, os valores e os ideais de uma Constituição, servindo de vetor interpretativo.</p><p>Trata-se, assim, de um referencial interpretativo-valorativo da Constituição.</p><p>Como efeito de não pertencer à CF/88, não se aceita modificação do preâmbulo por emenda (pois esta</p><p>altera a Constituição) e não pode ser parâmetro de controle de constitucionalidade.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto, tendo sido considerada</p><p>correta a seguinte alternativa:</p><p>Sobre os enunciados contidos no preâmbulo da Constituição Federal de 1988, assinale a afirmativa correta.</p><p>c) Devem ser observados na interpretação das normas constitucionais, por se tratarem de vetores adotados</p><p>pela Constituição.</p><p>Veja como tema foi cobrado na prova FUNDEPES 2017 MPE-MG, tendo sido consideradas corretas as</p><p>seguintes assertivas:</p><p>I. O preâmbulo da CR/88 não pode, por si só, servir de parâmetro de controle da constitucionalidade de uma</p><p>norma.</p><p>e</p><p>III. O preâmbulo traz em seu bojo os valores, os fundamentos filosóficos, ideológicos, sociais e econômicos e,</p><p>dessa forma, norteia a interpretação do texto constitucional.</p><p>b) Tese da Plena Eficácia</p><p>O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais, sendo, porém, apresentado</p><p>de forma não articulada.</p><p>c) Tese da Relevância Jurídica Indireta</p><p>Ponto intermediário entre as duas teses acima, já que considera que, muito embora participe "das</p><p>características jurídicas da Constituição'', não deve ser confundido com o articulado.</p><p>24</p><p>8. BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE</p><p>Conceito desenvolvido por Louis Favoreu, postula que uma constituição é formada por variados</p><p>diplomas legais, inclusive internacionais.</p><p>Nesse esteio, o parâmetro do controle de constitucionalidade pode ultrapassar a própria</p><p>constituição formal e alcançar outras normas (que, como dito, podem ser nacionais ou até mesmo</p><p>internacionais, desde que as matérias venham ser próprias de Constituição).</p><p>Assim, seria possível controle de constitucionalidade em face do Código Civil quando alude ao</p><p>direito ao nome, por exemplo.</p><p>Em relação ao tema, importante destacar algumas considerações:</p><p>a) Bloco Constitucional no Direito Comparado: MARK TUSHNET também chama de alargamento da</p><p>parametricidade constitucional. Ou seja, consiste uma ampliação dos parâmetros de controle de</p><p>constitucionalidade para além da constituição formal, baseando-se também em diplomas</p><p>internacionais, como Tratados de Direitos Humanos. Em todo o mundo há tendência a esse modelo de</p><p>controle de constitucionalidade.</p><p>b) Bloco Constitucional no Direito brasileiro: Segundo Fillippe Augusto dos Santos Nascimento, o bloco</p><p>de constitucionalidade no direito brasileiro assume dois conceitos: amplo e restrito. Para o conceito</p><p>amplo, o bloco de constitucionalidade é formado pela Constituição Federal de 1988 e tanto por</p><p>Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quórum de emenda constitucional como</p><p>por todos os outros demais tratados de direitos humanos incorporados de maneira diversa ao</p><p>ordenamento jurídico. Já para o conceito restrito, adotado pelo STF, o bloco de constitucionalidade é</p><p>formado somente pela CF/88 e Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quórum</p><p>de emenda à Constituição.</p><p>25</p>de 2a dimensão (ex: saúde, educação, moradia, alimentação). O Estado tem o dever principal de fazer. Ex: CF-1934, CF-1946, CF-1967, CF-1988. ⚠ ATENÇÃO Quando se deu a mudança da Constituição Liberal para a Constituição Social? A passagem do padrão liberal para o social ocorreu a partir da Constituição do México (1917). 21 Posteriormente tivemos a Constituição de Weimar (Alemanha – 1919), a da Espanha e a do Brasil (1934). 5.14. QUANTO À DURAÇÃO - JORGE MIRANDA a) Constituição provisória (ou pré-constituição): possui duração reduzida, até que seja elaborada a constituição definitiva. b) Constituição definitiva: possui prazo indeterminado de duração. Ex: CF-1988. 5.15. QUANTO À RIGIDEZ OU ESTABILIDADE a) Constituição imutável (permanente, granítica ou intocável): não pode ser alterada, pretendendo-se eterna e fundando-se na crença de que não haveria órgão competente para proceder à sua reforma. Pode estar relacionada a fundamentos religiosos. Ex: a CF-1824 foi imutável nos primeiros 4 anos (limitação temporal). b) Constituição rígida: possui um processo de alteração mais rigoroso que o destinado às outras leis. Ex: CF-1988. c) Constituição flexível: possui o mesmo processo de alteração que o destinado às outras leis. Os países de constituição flexível não possuem o controle de constitucionalidade. d) Constituição transitoriamente flexível: é a Constituição flexível por algum período, findo o qual se torna uma Constituição rígida. e) Constituição semirrígida (ou semiflexível): parte dela é rígida e parte é flexível. f) Constituição fixa (ou silenciosa): é aquela que nada prevê sobre sua mudança formal, sendo alterável somente pelo próprio poder originário. g) Constituição super-rígida: é a Constituição rígida que possui um núcleo imutável. ⚠ ATENÇÃO O conceito de constituição “super rígida” (não admitiria qualquer mudança) está defasado. Temos dois motivos: ◾ Razão Teórica: Contrária à ideia de Direito. O Direito é uma ciência social e se adequa à nova realidade social. Não se pode impor a vontade de uma geração sobre a outra. ◾ Razão Prática: Não há nenhum caso prático no mundo que possua essa forma de Constituição. 22 6. CLASSIFICAÇÃO DA CF/88 CF/8832 ■ quanto à origem: promulgada ■ quanto à forma: escrita (instrumental) ■ quanto à extensão: analítica (ampla, extensa, larga, prolixa, longa, desenvolvida, volumosa, inchada) ■ quanto ao conteúdo: formal ■ quanto ao modo de elaboração: dogmática (sistemática) ■ quanto à alterabilidade: rígida ■ quanto à sistemática (Pinto Ferreira): reduzida (unitária) ■ quanto à dogmática (Paulino Jacques): eclética (destaque para o caráter compromissório do texto de 1988); ■ quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico — essência — Karl Loewenstein): normativa (pretende ser) ■ quanto ao sistema: principiológica ■ quanto à duração: Constituição definitiva ou de duração indefinida para o futuro ■ quanto à origem de sua decretação: autônoma (“autoconstituição” ou “homoconstituição”) ■ quanto à função: garantia e dirigente (Manoel Gonçalves Ferreira Filho); ■ quanto ao conteúdo ideológico:: social (André Ramos Tavares); ■ Raul Machado Horta: expansiva. 🚨 JÁ CAIU Veja como tema foi cobrado na prova UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia, tendo sido considerada correta a seguinte alternativa: A Constituição Federal brasileira de 1988 classifica-se quanto à origem, ao modo de elaboração, à alterabilidade, à dogmática e ao critério ontológico de Karl Loewenstein, respectivamente, em: d) promulgada, dogmática, rígida, eclética e normativa. 32 LENZA (2020), pag. 103/104 23 7. PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 7.1. NATUREZA JURÍDICA a) Tese da Irrelevância Jurídica O preâmbulo tem caráter histórico ou político, sem relevância jurídica (STF). ⚠ATENÇÃO Apesar de o preâmbulo não possuir força normativa, ele traz as intenções, o sentido, a origem, as justificativas, os objetivos, os valores e os ideais de uma Constituição, servindo de vetor interpretativo. Trata-se, assim, de um referencial interpretativo-valorativo da Constituição. Como efeito de não pertencer à CF/88, não se aceita modificação do preâmbulo por emenda (pois esta altera a Constituição) e não pode ser parâmetro de controle de constitucionalidade. 🚨 JÁ CAIU Veja como tema foi cobrado na prova FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto, tendo sido considerada correta a seguinte alternativa: Sobre os enunciados contidos no preâmbulo da Constituição Federal de 1988, assinale a afirmativa correta. c) Devem ser observados na interpretação das normas constitucionais, por se tratarem de vetores adotados pela Constituição. Veja como tema foi cobrado na prova FUNDEPES 2017 MPE-MG, tendo sido consideradas corretas as seguintes assertivas: I. O preâmbulo da CR/88 não pode, por si só, servir de parâmetro de controle da constitucionalidade de uma norma. e III. O preâmbulo traz em seu bojo os valores, os fundamentos filosóficos, ideológicos, sociais e econômicos e, dessa forma, norteia a interpretação do texto constitucional. b) Tese da Plena Eficácia O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais, sendo, porém, apresentado de forma não articulada. c) Tese da Relevância Jurídica Indireta Ponto intermediário entre as duas teses acima, já que considera que, muito embora participe "das características jurídicas da Constituição'', não deve ser confundido com o articulado. 24 8. BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE Conceito desenvolvido por Louis Favoreu, postula que uma constituição é formada por variados diplomas legais, inclusive internacionais. Nesse esteio, o parâmetro do controle de constitucionalidade pode ultrapassar a própria constituição formal e alcançar outras normas (que, como dito, podem ser nacionais ou até mesmo internacionais, desde que as matérias venham ser próprias de Constituição). Assim, seria possível controle de constitucionalidade em face do Código Civil quando alude ao direito ao nome, por exemplo. Em relação ao tema, importante destacar algumas considerações: a) Bloco Constitucional no Direito Comparado: MARK TUSHNET também chama de alargamento da parametricidade constitucional. Ou seja, consiste uma ampliação dos parâmetros de controle de constitucionalidade para além da constituição formal, baseando-se também em diplomas internacionais, como Tratados de Direitos Humanos. Em todo o mundo há tendência a esse modelo de controle de constitucionalidade. b) Bloco Constitucional no Direito brasileiro: Segundo Fillippe Augusto dos Santos Nascimento, o bloco de constitucionalidade no direito brasileiro assume dois conceitos: amplo e restrito. Para o conceito amplo, o bloco de constitucionalidade é formado pela Constituição Federal de 1988 e tanto por Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quórum de emenda constitucional como por todos os outros demais tratados de direitos humanos incorporados de maneira diversa ao ordenamento jurídico. Já para o conceito restrito, adotado pelo STF, o bloco de constitucionalidade é formado somente pela CF/88 e Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados com quórum de emenda à Constituição. 25