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<p>Português</p><p>Funções sintáticas</p><p>Objetivo</p><p>Reconhecer os efeitos semânticos dos tipos de sujeito em diferentes contextos da comunicação.</p><p>Identificar a classificação do sujeito nas estruturas sintáticas, a fim de respeitar as normas</p><p>gramaticais de concordância.</p><p>Curiosidade</p><p>Muitas pessoas acreditam que a definição de sujeito seja “aquele que pratica a ação”. No entanto,</p><p>existem estruturas em que o sujeito sofre a ação verbal e é chamado “paciente”.</p><p>Teoria</p><p>O sujeito é um termo essencial da oração, responsável por realizar ou sofrer as ações/os estados</p><p>indicados por um verbo. Ele é o ser sobre o qual se faz uma declaração e com o qual o verbo</p><p>obrigatoriamente concorda. Rege, também, as desinências verbais de número e pessoa. Veja:</p><p>O menino chegou atrasado na escola.</p><p>Note que a palavra “menino” é responsável por realizar a ação verbal de “chegar atrasado”. Além</p><p>disso, o sujeito está no singular e exige também um verbo no singular; caso o sujeito estivesse no</p><p>plural, “meninos”, o verbo deveria se alterar, por exemplo: Os meninos chegaram atrasados na</p><p>escola. Os sujeitos podem ter como núcleo:</p><p>• Substantivos: Giovana entendia muito sobre o assunto.</p><p>• Numerais: Ambos alteraram os roteiros originais.</p><p>• Pronomes: Quem disse isso?</p><p>• Palavras ou expressões substantivadas: O cantar é uma profissão prazerosa.</p><p>• Oração substantiva subjetiva: Era forçado que fizesse desse jeito.</p><p>Deslocamento ou inversão do sujeito</p><p>Alguns fatores podem influenciar no deslocamento dos termos da oração. Sob uma perspectiva</p><p>estilística, podemos realçar o sujeito, para enfatizar o que se quer dizer, colocando-o posposto ao</p><p>verbo, como acontece em “Não vês que te dou eu?” (V. de Moraes).</p><p>Outro caso seria a inversão entre sujeito e verbo, que pode ocorrer nas seguintes situações:</p><p>1. Em orações interrogativas: “Que fazes tu de grande e bom, contudo?” e “Onde está a estrela da</p><p>manhã?”.</p><p>2. Em orações que apresentam a forma verbal imperativa: “Ouve tu meu cansado coração”.</p><p>Português</p><p>3. Em orações com voz passiva pronominal: “Servia-se o almoço às 13h”.</p><p>4. Em exemplos de discurso direto: “– Isso não se faz, moço, protestou Fabiano”.</p><p>5. Em orações reduzidas: “Acabada a lenga-lenga, pretendi que bisasse”.</p><p>6. Com alguns verbos unipessoais: “Aconteceu no Rio, como acontecem tantas coisas”.</p><p>7. Em orações iniciadas por predicativos, objetos ou adjuntos adnominais: “Este é o destino dos</p><p>versos”.</p><p>8. Orações subordinadas substantivas subjetivas normalmente aparecem após o verbo principal:</p><p>“É provável que te sintas logo muito melhor”.</p><p>9. Verbos intransitivos podem aparecer antepostos aos seus sujeitos: “Desponta a lua.</p><p>Adormeceu o vento.”</p><p>Preposição antes do sujeito</p><p>O sujeito não pode ser regido por preposição. Quando uma preposição aparece junto a um termo</p><p>determinante de uma palavra com função de sujeito ou ao próprio sujeito, não se deve fazer a fusão</p><p>de preposição + termo determinante / preposição + sujeito. Veja os exemplos:</p><p>• A maneira dele estudar está correta. (errado);</p><p>• A maneira de ele estudar está correta. (correto);</p><p>• Está na hora de o povo abrir os olhos. (correto);</p><p>• Está na hora do povo abrir os olhos. (“do povo” passa a ser adjunto adnominal de “hora”).</p><p>Depois de termos entendido o conceito, vamos estudar os tipos de sujeito, que é um assunto</p><p>bastante importante não só para a análise sintática, mas também para a compreensão de</p><p>conteúdos futuros, como a concordância verbal.</p><p>(Disponível em: https://www.gerarmemes.com.br/memes-galeria/66-me-solta/415/)</p><p>Português</p><p>Tipos de sujeito</p><p>Casos de determinação</p><p>Nos casos em que há determinação do sujeito, podemos identificar (direta ou indiretamente) com</p><p>quem o verbo concorda.</p><p>(Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/723742602597161794/)</p><p>Claramente, João não é um aluno do Descomplica, pois, se fosse, estaria na internet estudando, não</p><p>é mesmo? Brincadeiras à parte, o humor do meme consiste exatamente na quebra de expectativa</p><p>em relação à resposta dada a uma pergunta gramatical. Qual seria, então, a resposta adequada? Se</p><p>você está pensando em sujeito simples, acertou! No caso, “João” seria o sujeito, e a classificação</p><p>seria “sujeito simples”. Vamos entender melhor?</p><p>Vejamos os casos de determinação do sujeito:</p><p>• Simples: quando apresenta apenas um núcleo.</p><p>Exemplos: Bianca nasceu em 1999.</p><p>Muitos indivíduos preferem doce a salgado.</p><p>O sofá azul é muito confortável.</p><p>Observação: Os termos sublinhados são sujeitos das orações, e as partes em negrito são os</p><p>núcleos do sujeito.</p><p>• Composto: quando possui mais de um núcleo.</p><p>• Mais de um substantivo. Exemplo: As vozes e os passos aproximam-se.</p><p>• Mais de um pronome. Exemplo: Você e eu sabemos a matéria da prova.</p><p>• Mais de uma palavra ou expressão substantivada: Exemplo: Quantos mortos e feridos não</p><p>me precederam ali.</p><p>• Mais de uma oração substantiva: Exemplo: Era melhor esquecer o nó e pensar numa cama</p><p>igual à de seu Tomás da bolandeira.</p><p>Português</p><p>• Desinencial (elíptico/oculto): quando não está explícito na oração, mas pode ser percebido:</p><p>Pela desinência verbal:</p><p>Exemplo: Ficamos abalados com o acidente. (sujeito “nós”, desinência “-mos”).</p><p>Dormi muito tarde ontem. (sujeito “eu”).</p><p>Sujeito mencionado anteriormente em outra oração:</p><p>Exemplo: (1) Ricardo e Pedro são funcionários de uma empresa de energia elétrica.</p><p>(2) Desde que foram aprovados no processo, têm o hábito de ir à academia depois do trabalho.</p><p>Na oração 1, o sujeito está explícito (Ricardo e Pedro); em 2, o verbo “foram” retoma o sujeito</p><p>expresso na oração anterior).</p><p>• Sujeito oracional: quando o núcleo é um verbo, e, então, o sujeito é uma oração.</p><p>Exemplos: Fazer dietas nem sempre é saudável.</p><p>É necessário que todos tenham conhecimento sobre o corpo.</p><p>Ir ao médico com frequência é importante.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>Como já estudamos, em relação à semântica, o sujeito pode ser classificado em agente (em casos</p><p>de voz ativa) ou paciente (em casos de voz passiva). Vejamos os exemplos:</p><p>• Pedro vendeu todos os álbuns de figurinhas. -> Voz ativa – “Pedro é o sujeito agente com o qual</p><p>o verbo concorda.</p><p>• Todos os álbuns de figurinhas foram vendidos por Pedro. -> Voz passiva analítica – “Todos os</p><p>álbuns de figurinhas” é o sujeito paciente com o qual o verbo concorda. (Pedro, nesse exemplo,</p><p>não é sujeito, mas sim agente da passiva)</p><p>• Venderam-se todos os álbuns de figurinhas. -> Voz passiva sintética – “Todos os álbuns de</p><p>figurinhas” é o sujeito paciente com o qual o verbo concorda.</p><p>Casos de indeterminação</p><p>Nesses casos, não conseguimos identificar o sujeito verbal, ainda que a ação seja praticada ou</p><p>sofrida por alguém.</p><p>Observação: Por vezes, a indeterminação do sujeito é um recurso estilístico utilizado para tomar</p><p>distanciamento do que está sendo dito. Vejamos o exemplo: “Falaram mal de você na reunião”.</p><p>Nessa oração, houve a intenção de não especificar quem foi o sujeito da ação verbal. Veremos,</p><p>então, os casos de indeterminação do sujeito:</p><p>• Por meio do uso da 3ª pessoa do plural (de forma descontextualizada).</p><p>Exemplos: Subiram no terraço e fizeram muita sujeira no fim de semana.</p><p>Disseram que o Daniel seria demitido.</p><p>Bruna, ligaram para você. (Obs.: “Bruna” não é sujeito, mas sim vocativo).</p><p>Português</p><p>• Por meio do pronome indeterminador de sujeito “SE”.</p><p>Exemplos: Vive-se apreensivamente no Rio de Janeiro.</p><p>Precisa-se de funcionário.</p><p>Aqui, se é tratado como animal.</p><p>Importante: “SE” (indeterminador de sujeito) x “SE” (partícula apassivadora)</p><p>A partícula “SE” só funciona como índice de indeterminação do sujeito quando vem acompanhada</p><p>de verbo intransitivo (VI), verbo transitivo indireto (VTI), verbo de ligação (VL) ou verbo transitivo</p><p>direto com objeto preposicionado. É importante que saibamos disso, pois, frequentemente, o “se”</p><p>indeterminador de sujeito pode ser</p><p>confundido com a partícula “se” apassivadora, responsável por</p><p>indicar que a oração está na voz passiva sintética. Quando o “se” é partícula apassivadora,</p><p>acompanha verbos transitivos diretos (VTD) e, nesse caso, o sujeito é determinado, por isso, deve</p><p>haver concordância entre ele e o verbo.</p><p>Vejamos exemplos:</p><p>• Necessita-se de ajuda para a festa de natal. (VTI – sujeito indeterminado).</p><p>• Frequentemente, se é irresponsável na juventude. (VL – sujeito indeterminado).</p><p>• Vive-se muito bem aqui. (VI – sujeito indeterminado).</p><p>• Adora-se a Deus. (VTD com objeto preposicionado – sujeito indeterminado).</p><p>• Alugam-se carros. (VTD – voz passiva sintética).</p><p>Uma dica interessante é tentar transformar a oração na voz passiva analítica. Quando a partícula</p><p>“se” é indeterminadora de sujeito, isso não é possível.</p><p>Exemplo: Ajuda é necessitada para a festa de Natal. (não é gramaticalmente possível).</p><p>Carros são alugados. (é possível).</p><p>• Por meio do infinitivo impessoal</p><p>Exemplo: Não correr!</p><p>Mudar o mundo é uma responsabilidade coletiva. (O sujeito do verbo “é” é oracional - “mudar o</p><p>mundo”; mas o sujeito do verbo “mudar” é indeterminado).</p><p>Casos de sujeito inexistente ou orações sem sujeito</p><p>Não há sujeito verbal, nesses casos, pois �� impossível definir um agente para a ação verbal. Dessa</p><p>forma, teremos orações com verbos impessoais e, por isso, o verbo será conjugado sempre na 3ª</p><p>pessoa do singular. Vejamos os casos:</p><p>• Verbos que indiquem fenômenos da natureza.</p><p>Exemplo: Choveu bastante</p><p>Anoitece cedo no inverno.</p><p>Ventou antes da tempestade.</p><p>Português</p><p>ATENÇÃO!</p><p>Observe a seguinte estrutura:</p><p>Chovem oportunidades para aqueles que se dedicam.</p><p>Nesse caso, o verbo chover está no plural, e o sujeito da frase é “oportunidades”, pois o sentido do</p><p>verbo é metafórico (não se trata, literalmente, de chuva – fenômeno natural). Aqui, a ideia é de que</p><p>há muitas oportunidades para quem se dedica.</p><p>• Verbos que indicam tempo decorrido ou clima.</p><p>Exemplo: Estava frio em São Paulo.</p><p>Faz cinco horas que não como.</p><p>Há anos que não a vejo.</p><p>É meio-dia.</p><p>• Verbo “haver” com sentido de existir</p><p>Exemplo: Haverá outras oportunidades para ele.</p><p>Havia muitos candidatos para a vaga.</p><p>Observação: O verbo “haver” com sentido de existir é impessoal e, portanto, fica sempre na 3ª</p><p>pessoa do singular. No entanto, o verbo “existir” é pessoal e, por isso, deve sempre concordar com</p><p>o sujeito.</p><p>Exemplo: Existem diversos problemas relacionados à saúde.</p><p>Observação: Os verbos impessoais – os que não admitem sujeito – ficam, obrigatoriamente, na</p><p>terceira pessoa do singular, com exceção do verbo ser.</p>