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IMUNOLOGIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Stephanie von Stein Cubas Warnavin 
 
 
2 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Introdução ao estudo da imunologia 
No processo evolutivo das espécies, os mecanismos de defesa e 
resistência foram essenciais para enfrentar condições ambientais anormais ou 
situações de ataque. No caso de seres multicelulares, o desenvolvimento de um 
sistema imune que desse conta e respostas rápidas a infecções microbianas 
auxiliou na manutenção e sobrevivência das espécies pelos ecossistemas, além 
auxiliarem no processo de conquista de ambientes. 
Nesta aula, o objetivo principal será compreender o mecanismo de 
funcionamento do sistema imunológico, bem como conhecer seus conceitos 
básicos, os aspectos históricos da imunologia, o funcionamento da imunidade 
inata e das primeiras vias de defesa, e também identificar suas células e os 
mecanismo de ação. 
Os temas abordados serão: 
• Tema 1 – Conceitos básicos e funções do sistema imune. 
• Tema 2 – Histórico. 
• Tema 3 – Imunidade inata (inespecífica). 
• Tema 4 – Células da imunidade inata e seus mecanismos. 
• Tema 5 – Inflamação. 
TEMA 1 – CONCEITOS BÁSICOS E FUNÇÕES DO SISTEMA IMUNE 
Como qualquer ser vivo, os patógenos microbianos estão a todo 
momento buscando condições e locais ideais para se desenvolver e reproduzir. 
Muitas vezes, esses locais podem ser o interior do corpo de outros organismos, 
seu hospedeiro, onde encontrarão abrigo e nutrientes necessários para seu 
desenvolvimento. E, ao mesmo tempo, esses hospedeiros estão sempre 
tentando se defender de alguma forma desses microrganismos. Antes, durante 
e após a invasão dos agentes patogênicos, respostas fisiológicas podem surgir 
no hospedeiro na tentativa de eliminar esses microrganismos e prevenir contra 
o desenvolvimento de uma doença provocada pelos mesmos. Em plantas, 
fungos e animais, o conjunto de todos esses mecanismos de defesa é chamado 
de imunidade (Reece, 2015) e sistema imunológico, ou imune, é o sistema 
fisiológico encarregado de controlar e desencadear a resposta imunológica de 
3 
 
 
3 
forma coordenada. Importante ressaltar que esse sistema não será ativado 
apenas em contato com microrganismos, mas também com pólen, substâncias 
químicas, pelos de animais, macromoléculas e até mesmo componentes 
celulares e moleculares do próprio organismo. 
São dois tipos de imunidade: a inata, presente em plantas, fungos e 
animais, e a adaptativa, ou adquirida, presente apenas em animais 
vertebrados. Nesta aula, daremos ênfase ao sistema imune de animais. 
A imunidade inata é toda defesa presente nos organismos desde o 
nascimento e que possui uma resposta mais generalizada, sem especificidades 
para os corpos estranhos. São as primeiras ações ou barreiras defensivas contra 
patógenos, tendo uma ação rápida e sem memória imunológica. A imunidade 
adaptativa diz respeito a ações mais específicas contra agentes que passaram 
pelas barreiras da imunidade inata. Possuem ação mais lenta, porém, podem 
criar memória imunológica quando entram em contato com os antígenos, 
macromoléculas que induzem uma resposta imune mediada pelas células B e T 
(células específicas da imunidade adaptativa). 
A imunidade inata é ativada com o contato dos receptores semelhantes 
ao Toll (TLRs), proteínas receptoras presentes na membrana plasmática das 
células de defesa, com componentes dos agentes infeciosos chamados de 
padrões moleculares associados aos patógenos (PAMPs). Em casos 
específicos, esse contato pode liberar citocinas, proteínas que desencadeiam o 
processo inflamatório e induzem o recrutamento de células defensivas da defesa 
inata, bem como células da imunidade adquirida como células T e B (Figura 1). 
Figura 1 – Imunidade inata e imunidade adquirida e suas células 
4 
 
 
4 
 
Créditos: Vectormine/Shutterstock. 
TEMA 2 – HISTÓRICO 
Os primeiros registros que nos remetem à imunologia são incertos, porém, 
sabe-se que os chineses tinham o costume de “tornar as crianças resistentes a 
varíola através da inalação de um pó feito das lesões cutâneas de pacientes que 
estavam se recuperando da doença” (Abbas, 2012). Posterior a isso, em 430 
a.C., o historiador ateniense Tucídides teria descrito casos de pessoas que 
contraíram a “praga de Atena” e, após terem se recuperado, conseguiam cuidar 
dos enfermos sem reinfecção. 
Mais tarde, Edward Jenner, médico inglês, repetiu o processo que os 
chineses já faziam há tempos. Baseado na observação de que mulheres que 
ordenhavam vacas recém-curadas pela vaccínia1 não contraiam a varíola, ele 
injetou em uma criança de 8 anos uma pústula de vaccínia para depois de uns 
dias receber um inóculo de varíola. A criança não desenvolveu a doença e, a 
partir de então, Jenner criou o primeiro tratado sobre vacinação (1798), o que o 
 
1 Vírus vaccinia pertence à família da varíola, entretanto, é uma espécie diferente. 
Historicamente, foi utilizado na campanha de erradicação da varíola como amostra vacinal, pois 
é capaz de gerar uma resposta imune protetora contra a infecção pelo vírus da varíola. 
5 
 
 
5 
levou a ser reconhecido como pai da imunologia. Desse dia em diante, o 
desenvolvimento e aprimoramento de outras vacinas foi substancial, com grande 
aceitação por parte da comunidade científica e de grande importância para a 
erradicação de doenças, como a própria varíola, em 1980. 
Com o avanço das técnicas de cultivo celular e bacteriano, de 
biotecnologia e da criação de animais geneticamente modificados, as pesquisas 
no campo da imunologia se intensificaram, principalmente após o advento do 
sequenciamento de DNA e as possíveis análises genéticas de imunoglobulinas, 
genes de receptores etc. 
TEMA 3 – IMUNIDADE INATA (INESPECÍFICA) 
No processo evolutivo e adaptativo das espécies, o sistema imune inato 
se desenvolve nos seres multicelulares, há cerca de 750 milhões de anos 
(Abbas, 2012), simultaneamente à evolução dos microrganismos e apresenta 
como principal função ser uma primeira linha de defesa contra os agentes 
infecciosos. Segundo Tortora et al. (2017), os mecanismos de defesa da 
imunidade inata “representam o sistema de alerta precoce da imunidade e são 
projetadas para impedir que os micróbios tenham acesso ao corpo e para ajudar 
a eliminar aqueles que tiverem acesso”, tanto que na sua ausência aumenta 
significativamente a suscetibilidade (ausência de imunidade) a infecções 
(Abbas, 2012). Além disso, a imunidade inespecífica também auxilia no processo 
de reparo tecidual, em caso de células danificadas ou mortas, e estimula as 
respostas específicas da imunidade adaptativa, gerando uma espécie de aviso 
de possíveis invasões de agentes estranhos ao corpo. 
As principais formas de atuação e respostas da imunidade inata são as 
barreiras físicas e químicas, pelos tecidos epiteliais e mucosas, células 
defensivas, como os fagócitos e as células natural killer (NK), febre, inflamação 
e substâncias antimicrobianas, como os interferons. No Quadro 1 é apresentado 
um resumo das linhas de defesa inatas e suas funções gerais. 
Como já mencionado, a imunidade inata não possui uma ação tão 
específica em relação aos agentes infecciosos, porém, necessita de formas de 
reconhecimento do que não faz parte do organismo ou das células danificadas 
e/ou mortas. Esse reconhecimento é dado por ácidos nucleicos, proteínas, 
lipídeos e carboidratos sintetizados apenas por microrganismos e de importância 
vital para eles, os chamados padrões moleculares associados aos patógenos 
6 
 
 
6 
(PAMPs). Os PAMPs são reconhecidos pelo sistema imune quando se ligam a 
receptores citoplasmáticos ou presentes na membrana plasmática de células 
defensivas, o que acarretará respostas antimicrobianas e pró-inflamatórias para 
a destruição e eliminação dos patógenos. Alguns receptores também irão 
reconhecer células mortas ou danificadas por meios dos padrões molecularesassociados a danos (DAMPs), que são expressos pelo próprio hospedeiro para 
a sinalização destas células com danos. Os receptores semelhantes ao Toll 
(TLRs) são os principais receptores de reconhecimento de PAMPs e DAMPs, 
além dos receptores semelhantes ao NOD (NLR), receptores semelhantes 
ao RIG (RLR) e das pentraxinas, colectinas, ficolinas etc. (Quadro 2). 
Quadro 1 – Mecanismos de ação da imunidade inata 
Componente da imunidade 
inata 
Funções 
Epiderme da pele 
A pele intacta forma uma barreira física contra a entrada de 
micróbios; a descamação auxilia na remoção dos micróbios. 
Membranas mucosas 
Inibem a entrada de vários micróbios, porém, não são tão 
eficazes quanto a pele intacta. 
Muco Retém os micróbios nos tratos gastrintestinal e respiratório. 
Aparelho lacrimal 
Produz as lágrimas que removem os microrganismos; as 
lágrimas contêm lisozima, enzima que destrói as paredes 
celulares dos microrganismos, principalmente de bactérias. 
Saliva Dilui e remove os micróbios da boca. 
Pelos Filtram e retêm os micróbios e a poeira no nariz. 
Cílios 
Junto com o muco, formam o elevador ciliar, que retém e 
remove os micróbios do trato respiratório. 
Epiglote Impede a entrada de micróbios no trato respiratório inferior. 
Secreções vaginais 
Expelem os micróbios para fora do corpo. A quebra do 
glicogênio em ácido láctico produz uma ligeira acidez, que 
impede o crescimento bacteriano e fúngico. 
Peristalse, defecação, vômito e 
diarreia 
Expelem os micróbios do corpo. 
Sebo 
Forma um filme protetor ácido sobre a superfície da pele, 
inibindo o crescimento microbiano. 
Cera de ouvido 
Impede a entrada de micróbios no ouvido. Os ácidos graxos 
na cera de ouvido inibem o crescimento de bactérias e fungos. 
7 
 
 
7 
Transpiração 
Remove os micróbios da pele e contém lisozima; a lisozima 
também está presente nas lágrimas, na saliva, nas secreções 
nasais, na urina e nos fluidos teciduais. 
Saliva 
Contém lisozima, ureia e ácido úrico, que inibem os micróbios, 
e imunoglobulina A, que previne a fixação de micróbios às 
membranas mucosas. Sua atividade tampão permite proteção 
contra fixação de microrganismos causadores de cáries e 
doenças periodontais. 
Suco gástrico 
A alta acidez destrói bactérias e a maioria das toxinas no 
estômago. 
Urina 
Remove os micróbios da uretra, impedindo a colonização do 
trato urogenital. Contém lisozima. A ligeira acidez impede o 
crescimento microbiano. 
Fagócitos 
Fagocitose por células como neutrófilos, eosinófilos, células 
dendríticas e macrófagos. 
Célula natural killer (NK) 
Destrói as células infectadas, liberando grânulos de perforina 
e granzimas. Os fagócitos, em seguida, destroem as células. 
Inflamação Isola e destrói os micróbios e inicia o reparo tecidual. 
Febre 
Intensifica os efeitos dos interferons, inibe o crescimento de 
alguns micróbios e acelera as reações do corpo que auxiliam 
no reparo. 
Sistema complemento 
Causa a citólise de micróbios, promove a fagocitose e 
contribui para a inflamação. 
Interferons 
Protegem as células hospedeiras não infectadas da infecção 
viral. O IFN-γ intensifica a fagocitose. 
Proteínas de ligação ao ferro 
Inibem o crescimento de determinadas bactérias ao 
reduzirem a quantidade de ferro disponível. 
Peptídeos antimicrobianos 
(AMPs) 
Inibem a síntese da parede celular, formam poros na 
membrana plasmática, causando lise, e danificam o DNA e o 
RNA. 
Fonte: Elaborado com base em Tortora et al., 2017 
Quadro 2 – Moléculas de reconhecimento de padrões da imunidade inata 
Receptores de 
reconhecimento de 
padrões associados a 
células 
Local Ligantes PAMP/DAMP 
TRL 
Membrana plasmática e 
membranas endossômicas das 
células dendríticas, fagócitos, 
linfócitos B, células endoteliais 
etc. 
Diversas moléculas microbianas, 
incluindo lipopolissacarídeos 
bacterianos e peptideoglicanos, 
ácidos nucleicos virais 
8 
 
 
8 
NLR 
Citoplasma de fagócitos, células 
epiteliais etc. 
Peptideoglicanos da parede celular 
bacteriana. Produtos de células 
danificadas 
RLR 
Citoplasma de fagócitos e outras 
células 
RNA viral 
Receptores similares a 
tectina de tipo C 
Membrana plasmática de 
fagócitos 
Carboidratos de superfície 
microbiana com manose e frutose 
terminais. Glucanas presentes em 
paredes celulares fúngicas. 
Receptores scavenger 
Membranas plasmáticas de 
fagócitos 
Diacilglicerídeos microbianos 
Receptores N-Formil met-
leu-phe 
Membrana plasmática de 
fagócitos 
Peptídeos contendo resíduos N-
formilmetionil 
Moléculas solúveis de 
reconhecimento 
Local Ligantes PAMP 
Pentraxinas Plasma 
Fosforilcolina e fosfatidiletanolamina 
microbianas 
Colectinas 
Plasma 
 
Alvéolos 
Carboidratos com manose e frutose 
terminais. 
Diversas estruturas microbianas 
Ficolinas Plasma 
N-Acetilglicosamina e ácido 
lipoteicoco componentes de paredes 
celulares de bactérias gram-
positivas 
Complemento Plasma Superfícies microbianas 
Anticorpos naturais Plasma 
Fosforilcolina em membranas 
bacterianas e membranas de células 
apoptóticas 
Fonte: Elaborado com base em Abbas et al., 2012 
TEMA 4 – CÉLULAS DA IMUNIDADE INATA E SEUS MECANISMOS 
 As células que fazem parte da imunidade inata são as epiteliais, que 
compõem as barreiras físicas, os fagócitos (macrófagos, neutrófilos, eosinófilos, 
células dendríticas) e as células natural killer (NK). 
4.1 Barreiras epiteliais 
As células epiteliais em conjunto formam a primeira linha de defesa física 
e química, sendo responsáveis por barrar a entrada de microrganismos 
9 
 
 
9 
infecciosos, de forma mecânica ou pela produção de substâncias 
antimicrobianas. A pele e as superfícies de mucosas dos tratos gastrintestinal, 
respiratório e geniturinário são as principais interfaces da relação ambiente-
hospedeiro, a pele atuando como barreira física e as células endoteliais com a 
produção de muco. Na pele, a própria queratina atua como inibidora e protetora 
contra agentes microbianos. 
O muco, secreção viscosa de mucinas (glicoproteínas), impede o 
ressecamento dos tecidos epiteliais e a invasão de microrganismos, facilitando 
a remoção dos mesmos pela ação dos cílios (Figura 2) 
As células epiteliais produzem duas famílias distintas de peptídeos que 
apresentam propriedades antimicrobianas: as defensinas e as catelicidinas. 
As defensinas possuem efeito tóxico direto aos microrganismos, além de ativar 
células envolvidas nas respostas inflamatórias. Já as catelicidinas possuem 
efeito tóxico aos microrganismos, podendo inativar bactérias gram-negativas e 
ativam respostas de leucócitos e outros tipos celulares. 
Nas barreiras epiteliais, ocorre um tipo especial de linfócito chamado de 
linfócito T intraepitelial, cuja função está em secretar citocinas, ativar fagócitos e 
a destruição de células infectadas. 
Figura 2 – Barreiras epiteliais e muco 
 
Créditos: Clusterx/Shutterstock. 
 
10 
 
 
10 
4.2 Fagócitos 
 No sistema imune inato, substâncias ou microrganismos que consigam 
passar pelas barreiras epiteliais, encontrarão as células fagocíticas. Estas 
células fazem parte da segunda linha de defesa e são especializadas em realizar 
a fagocitose, mecanismo que consiste na ingestão de macromoléculas ou 
microrganismos por uma célula, com o objetivo de conter a infecção (importante 
lembrar que a fagocitose também é utilizada para a nutrição de protozoários). Os 
principais fagócitos são os neutrófilos, os eosinófilos, os macrófagos e as células 
dendríticas, todas células sanguíneas. 
Os neutrófilos são células que conseguem se mover para fora do sangue 
e ir direto ao tecido infectado logo no início da infecção, destruindo micróbios e 
partículas estranhas. Os eosinófilos não possuem uma alta capacidade 
fagocítica (são muito pequenos), porém, produzem proteínas tóxicas que agem 
principalmente em vermes parasitários. Também são muito comuns em reações 
alérgicas. Os macrófagos, monócitos diferenciados, são caracterizadospor sua 
alta capacidade fagocítica, pois removem todos os microrganismos estranhos 
que chegam até ele pelo sangue ou linfa. Atuam também na remoção de células 
velhas do sangue. Por fim, as células dendríticas possuem longos 
prolongamentos, localizam-se na epiderme e atuam na destruição dos 
microrganismos por fagocitose, além de serem as células mais eficientes em 
iniciar a resposta imune adaptativa mediada por linfócitos T (Abbas, 2012). 
O processo da fagocitose (Figura 3) pode ser dividido em algumas etapas: 
na quimiotaxia, fagócitos serão atraídos quimicamente até o seu alvo de 
atuação por meio de produtos microbianos, estruturas dos leucócitos e células 
danificadas, por citocinas ou peptídeos derivados do complemento. Quando se 
encontram, as PAMPs dos micróbios se ligam aos TLRs, permitindo a aderência 
da membrana plasmática da célula de defesa com a superfície “estranha”, o que 
marca o início da fagocitose e o recrutamento de outros fagócitos pela liberação 
de citocinas. Com as duas superfícies ligadas, projeções da membrana 
plasmática, chamadas de pseudópodes, formam-se ao redor do 
micróbio/material, englobando-o até compor a vesícula fagocítica, ou 
fagossomo, no qual o pH é reduzido para a ativação de enzimas hidrolíticas. O 
fagossomo se desprende e segue pelo citoplasma até o encontro e fusão com 
lisossomos, sendo assim denominado fagolisossomo. No fagolisossomo, a 
11 
 
 
11 
digestão do conteúdo se inicia pela atuação das enzimas lisossômicas (lipases, 
proteases, ribonucleases, desoxiribonucleases, oxidases fagocitárias). Após a 
completa digestão, o conteúdo não digerível, o corpo residual, é levado para 
fora da célula. 
Figura 3 – Esquema de rotas catabólicas e anabólicas 
 
Créditos: Designua/Shutterstock. 
2.4 Células natural killer (células NK) 
 As células natural killer, ou células assassinas naturais, são linfócitos com 
importante função no combate e lise de células infectadas, por vírus e bactérias, 
e tumorais, além de ativarem macrófagos pela produção de citocinas. 
Diferentemente dos linfócitos T e B, “as células NK não expressam os receptores 
de antígeno altamente diversos e clonalmente distribuídos característicos dos 
linfócitos T e B” (Abbas, 2012,). Possuem muitos grânulos citoplasmáticos e são 
derivadas de células precursoras da medula óssea, podendo ser encontradas no 
sangue, baço, fígado e útero gravídico. 
 As células naturais assassinas reconhecerão as células-alvo por meio de 
receptores de ativação e inibição que geram sinais para sua ação. Geralmente, 
as células saudáveis possuem ligantes para os receptores de inativação e 
ativação, enquanto as células danificadas ou infectadas possuem apenas 
ligantes para os receptores de ativação das células NK, produzindo sinais para 
a atuação destas células da imunidade inata. Dada a natureza estocástica da 
expressão desses receptores e o polimorfismo dos genes que os codificam, eles 
se apresentam em grande diversidade em um indivíduo e com muitas variantes 
numa população (Abbas, 2012). Células NK podem ser inibidas pela ligação dos 
receptores de inibição a moléculas do complexo de histocompatibilidade (MHC) 
de classe I, moléculas essas que são expressas em células normais e que, em 
12 
 
 
12 
situação de infecção viral, por exemplo, podem não ser expressas. Na ausência 
da MHC, as células natural killer são ativadas, liberam citocinas e destroem a 
célula danificada, num processo chamado de reconhecimento da ausência do 
próprio. Exemplos de receptores inibidores são CD94, ILT-2 e KIR, e exemplos 
de ativadores são CD16, NCRs, KIR2DS, CD94 e NKG2D. 
 A ação citotóxica das células NK é rápida, com início nos primeiros dias da 
infecção e ativada pelas citocinas IL-12 e IL-15. Ela consiste na morte das células 
infectadas ou danificadas a partir de proteínas presentes nos grânulos 
citoplasmáticos (estes saem da célula por exocitose). As perforinas auxiliam a 
entrada de proteínas, enquanto as granzinas provocam a morte por apoptose 
(Abbas, 2012). Ademais, as células NK secretam Interferon-γ, que ativará 
macrófagos e a destruição de seres fagocitados. 
TEMA 5 – INFLAMAÇÃO 
 Diante uma lesão por agentes físicos/químicos dos tecidos ou uma 
infecção microbiana, a principal resposta do sistema imune inato é desencadear 
o processo inflamatório. Segundo Abbas (2012), inflamação é o “acúmulo de 
leucócitos, proteínas, plasmáticas e fluidos derivados do sangue em um sítio de 
infecção ou lesão no tecido extravascular”, cujas funções são: destruir o agente 
causador, removendo-o do corpo; isolar o agente causador, caso não haja a 
destruição, limitando seus efeitos; e reparar ou substituir o tecido afetado e 
danificado (Tortora, 2017). De maneira geral, apresenta quatro sinais: rubor, dor, 
calor, edema e, em alguns casos, perda de função da região acometida. A 
inflamação aguda se caracteriza pela rápida remoção do agente causador e por 
efeitos mais intensos, enquanto a inflamação crônica se caracteriza pela 
evolução de uma inflamação aguda em situações em que as infecções não são 
controladas. Neste caso, os efeitos são menos intensos, mas mais destrutivos, 
com um tempo maior de remoção do causador ou a sua impossibilidade. 
O processo inflamatório (Figura 4) em sua fase aguda se inicia logo após 
a lesão tecidual ou infecção, com estruturas microbianas que induzem a 
produção de citocinas por macrófagos, mastócitos teciduais, células endoteliais 
e epiteliais, sendo as principais o fator de necrose tumoral (TNF), a 
interleucina 1 e a interleucina 6 (Quadro 3). O TNF em alta concentração induz 
a síntese de proteínas de fase aguda pelo fígado; estas proteínas irão 
13 
 
 
13 
influenciar em várias respostas locais e sistêmicas como a coagulação e 
vasodilatação. 
Histamina e cininas são as primeiras substâncias a agir e estimular a 
dilatação dos vasos sanguíneos (vasodilatação), para um melhor fluxo do 
sangue (o que provoca rubor), além do aumento da permeabilidade com o intuito 
de facilitar a movimentação das células de defesa até a infecção (o que pode 
provocar o acúmulo de fluídos, formando o edema). Células danificadas podem 
liberar outro grupo de substâncias que intensificam a atividade das histaminas e 
cininas, denominadas prostaglandinas. Mastócitos e basófilos produzem 
leucotrienos que, além de aumentarem a permeabilidade dos vasos, atrai 
fagócitos até os agentes infecciosos. A vasodilatação e o aumento de 
permeabilidade vascular também podem se dar por citocinas produzidas por 
macrófagos fixos e que, de maneira geral, irão auxiliar no processo de 
coagulação sanguínea na área infectada. A formação de coágulos se faz 
necessária para impedir a migração dos microrganismos e possíveis toxinas para 
outras áreas do corpo, o que pode formar abcessos contendo células mortas e 
fluidos corporais. 
Horas depois das primeiras respostas inflamatórias, o fluxo sanguíneo 
diminui gradualmente e fagócitos (neutrófilos e monócitos) são encaminhados 
até a região. Muitos se aderem e acumulam no tecido endotelial (marginação) 
e começam a migrar para o local infectado por movimentos ameboides 
(diapedese). A partir disso, inicia-se o processo de fagocitose. O produto da 
fagocitose, células mortas e fluidos corporais, formará o pus, que é ejetado para 
fora do corpo, destruído ou absorvido. 
Simultaneamente à fase ativa da inflamação, as reparações teciduais já 
se iniciam, porém, é a última etapa a finalizar, como garantia de que o agente 
infeccioso foi destruído e as substâncias tóxicas foram removidas ou 
neutralizadas. A capacidade de regeneração varia de tecido para tecido, porém, 
em casos de inflamação crônica, quando os microrganismos conseguem passar 
pela fagocitose, fibroblastos podem ser induzidos a produzirem fibras colágenas 
no tecido danificado como forma de regeneração tecidual, processo esse 
chamado de fibrose. O tecido fibrosoformado não realizará a função do tecido 
original, o que poderá interferir na função fisiológica normal. 
Figura 4 – Esquema dos mecanismos de uma inflamação 
14 
 
 
14 
 
Créditos: Designua/Shutterstock. 
 
Quadro 3 – Citocinas do sistema imune inato 
Citocina 
 Principal 
fonte celular 
Principais alvos celulares e efeitos 
biológicos 
Fator de necrose 
tumoral (TNF) 
 
Macrófagos, linfócitos T 
Células endoteliais: ativação (inflamação, 
coagulação). 
Neutrófilos: ativação. 
Hipotálamo: febre. 
Fígado: síntese de proteínas de fase 
aguda. 
Músculo, tecido adiposo: catabolismo. 
Muitos tipos celulares: apoptose. 
Interleucina 1 (IL-1) 
 
Macrófagos, células 
endoteliais, algumas células 
epiteliais 
Células endoteliais: ativação (inflamação, 
coagulação). 
Hipotálamo: febre. 
Fígado: síntese de proteínas de fase 
aguda. 
Interleucina 6 (IL-6) 
 
Macrófagos, células 
endoteliais, linfócitos T 
Fígado: síntese de proteínas de fase 
aguda. 
Linfócitos B: proliferação de células de 
células produtoras de anticorpo. 
Quimiocinas 
 Macrófagos, células 
endoteliais, linfócitos T, 
fibroblastos, plaquetas 
Leucócitos: quimiotaxia, ativação, 
migração para os tecidos. 
Interleucina 12 (IL-
12) 
 
Macrófagos, células 
dendríticas 
Linfócitos T: diferenciação TH1. 
Células NK e linfócitos T: síntese de 
interferon y, aumento da atividade 
citotóxica. 
Interleucina 10 (IL-
10) 
 
Macrófagos, linfócitos T Macrófagos, células dendríticas: inibição 
da produção de IL-12 e da expressão de 
15 
 
 
15 
moléculas de coestimuladores e 
moléculas de MHC de classe II. 
Interleucina 15 (IL-
15) 
 
Macrófagos, outras células 
Células NK: proliferação. 
Linfócitos T: proliferação (células de 
memória CD8+). 
Interleucina 18 (IL-
18) 
 
Macrófagos 
Células NK e linfócitos T: síntese de 
Interferon y. 
Interleucina 23 (IL-
23) 
 Macrófagos e células 
dendríticas 
Linfócitos T: manutenção de linfócitos T 
produtores de IL-17. 
Interleucina 27 (IL-
27) 
 
Macrófagos e células 
dendríticas 
Linfócitos T: diferenciação TH1; inibição de 
células TH1. 
Células NK: síntese de Interferon y. 
Fonte: Elaborado com base em Abbas et al., 2012. 
NA PRÁTICA 
Partindo do princípio de que a imunologia nasce como ciência que dará 
conta de estudar, entender, descrever e compreender o sistema responsável 
pela defesa dos organismos contra patógenos, ela se apresenta como uma 
relevante ferramenta para ações a respeito da saúde coletiva, propagação de 
conhecimentos que visem uma melhor qualidade de vida e a para a erradicação 
de doenças que acometem principalmente comunidades que vivem sob 
condições de vida precárias. Além disso, pode oferecer suporte técnico e 
especializado para pesquisas em diversas áreas, como a epidemiologia, a 
farmácia, a medicina etc. 
Foi por meio da intensa pesquisa dos efeitos e funcionamentos da 
imunidade inata, por exemplo, que pudemos criar e produzir medicamentos que 
amenizam processos inflamatórios, desde os mais simples até casos mais 
graves, como a tuberculose. Ademais, é com a imunologia que medidas de 
tratamento, prevenção e diagnóstico podem ser pensados para determinadas 
doenças. 
FINALIZANDO 
 Nesta aula, introduzimos o estudo da imunologia, ciência que busca 
entender as formas de defesa dos organismos contra o ataque de patógenos 
microbianos ou vermes, ou seja, do sistema imunológico. 
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Compreendemos que o sistema imunológico é responsável por manter a 
imunidade em equilíbrio e que ela pode ser dividida em imunidade inata, ou 
inespecífica, e imunidade adquirida. A imunidade inata é toda defesa presente 
nos organismos desde o nascimento e que possui uma resposta mais 
generalizada, sem especificidades para os corpos estranhos. A imunidade 
adaptativa diz respeito a ações mais específicas contra agentes que passaram 
pelas barreiras da imunidade inata. 
As células que fazem parte da imunidade inata são as epiteliais, que 
compõem as barreiras físicas, os fagócitos (macrófagos, neutrófilos, eosinófilos, 
células dendríticas) e as células natural killer (NK). 
O processo inflamatório se configura como a principal resposta da 
imunidade inata contra lesões teciduais ou infecções microbianas e tem como 
função a destruição dos agentes invasores e a neutralização das possíveis 
toxinas produzidas por eles. 
 
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REFERÊNCIAS 
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H; POBER, J. S; FARIAS, A. dos S. (Trad.). 
Imunologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012 
FORTE, W. C. N. Imunologia: do básico ao aplicado. 3ª ed. São Paulo: Editora 
Atheneu, 2015. 
PLAYFAIR, J. H. L. Imunologia básica: guia ilustrado de conceitos 
fundamentais. 9ª ed. Barueri: Manole, 2013. 
SCUTTI, J. Fundamentos da Imunologia. São Paulo: Rideel, 2016. 
REECE, J. B., et al. Biologia de Campbell. Porto Alegre: Artmed, ed. 10, 2015. 
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Porto Alegre: 
Artmed, ed. 12, 2017.

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