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<p>BILINGUISMO, AQUISIÇÃO E</p><p>APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS</p><p>AULA 3</p><p>Profª Virginia Nichele</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Nesta etapa de estudos, vamos explorar o mundo da translinguagem.</p><p>Vamos abordar alguns pesquisadores e teorias, avaliando o significado de</p><p>translinguagem e o seu surgimento. Também veremos o significado de code-</p><p>switching e a sua relação com a translinguagem.</p><p>A seguir, veremos exemplos concretos de entendimento teórico e prático</p><p>da translinguagem. Vamos estudar como ela faz parte da sala de aula e como é</p><p>vista e abordada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para finalizar,</p><p>vamos explorar os benefícios da translinguagem para o desenvolvimento de uma</p><p>segunda língua.</p><p>Vamos lá?</p><p>TEMA 1 – SIGNIFICADO DE TRANSLINGUAGEM</p><p>Você já parou para pensar por que aprendemos uma segunda língua?</p><p>Várias são as necessidades de aprendizado de uma segunda língua. Conforme</p><p>estudamos anteriormente, os motivos podem ser, por exemplo, interesse</p><p>pessoal, profissional, por necessidades diversas ou simplesmente por</p><p>sobrevivência em um ambiente desconhecido. Mas como a translinguagem faz</p><p>parte desse aprendizado? Como ela surgiu e qual é a sua definição?</p><p>1.1 Surgimento da translinguagem</p><p>Scholl (2020) explica que a translinguagem surgiu na década de 1990.</p><p>Tem sido usada não só na área de aprendizado de línguas, como em outras</p><p>áreas. A origem da palavra “é atribuída a Colin Baker (2001), que a utilizou para</p><p>se referir à prática pedagógica de empregar as duas línguas do bilíngue na sala</p><p>de aula de forma fluida e dinâmica” (Scholl, 2020, p. 2). A teoria foi originalmente</p><p>criada no País de Gales, por Cen Williams. Em seu uso original, os alunos</p><p>deveriam alternar línguas para fins de uso receptivo ou produtivo. Por exemplo,</p><p>ouvir questões em inglês e responder em galês.</p><p>Desde o surgimento da translinguagem, vários pesquisadores e</p><p>estudiosos têm explorado essa prática, o seu significado, suas ramificações e</p><p>teorias. Vejamos por que isso nos interessa.</p><p>3</p><p>1.2 Significado de translinguagem</p><p>Entendemos que a translinguagem é uma maneira aberta de conversação,</p><p>que pode envolver duas ou mais línguas, como fonte de comunicação entre</p><p>indivíduos. Para Reis e Grande (2017, p. 132), a translinguagem envolve:</p><p>Práticas linguísticas e pedagógicas complexas e flexíveis dos bilíngues</p><p>para produção de sentido. Segundo Ofélia García (2014), a</p><p>translinguagem desafia os pressupostos monolíngues que permeiam a</p><p>atual política de educação linguística, ultrapassando as noções</p><p>tradicionais de bilinguismo e, em vez disso, tratando o discurso bilíngue</p><p>como norma.</p><p>Já Milozo vê a translinguagem como uma mescla de línguas. Para o autor,</p><p>“sob a perspectiva estruturalista, cuja definição de língua refere-se a um conjunto</p><p>autônomo de formas, de estruturas e de códigos, identificam-se, na comunicação</p><p>de pessoas bilíngues, ocorrências linguísticas resultantes da separação das duas</p><p>línguas” (Milozo, 2019, p. 29).</p><p>Alguns teóricos ainda apontam que a translinguagem pode se dividir em</p><p>diferentes estágios em aprendizes bilingues. Em sua pesquisa Baker, (2001)</p><p>adota as denominações de Volterra and Taeschner (1978) que subdividem a</p><p>translinguagem em três estágios:</p><p>�� mistura de línguas L1 e L2;</p><p>• mistura parcial das duas línguas;</p><p>• separação das línguas completamente.</p><p>TEMA 2 – TRANSLINGUAGEM E CODE-SWITCHING</p><p>Translinguagem e code-switching podem ser temas confundidos, como se</p><p>tivessem o mesmo significado. No entanto, alguns estudiosos discordam dessa</p><p>visão.</p><p>Segundo Lemke (2020), a translinguagem traz um cunho social de troca</p><p>de línguas baseado em heteroglossia. Acredita-se que o indivíduo, durante a sua</p><p>comunicação com os outros, usa a L2 com foco na pessoa, em si e no seu cunho</p><p>significativo e social para o falante bilíngue. Essa visão também ignora o cunho</p><p>gramatical e estrutural da língua, trazendo um aspecto de pertencimento social e</p><p>de comunidade.</p><p>Ainda segundo Lemke (2020, p. 205), “autores tais como Canagarajah</p><p>(2013) e García & Wei (2014) ressaltam que o termo translinguagem não se</p><p>4</p><p>confunde com alternância linguística (ou code-switching), pois não significa</p><p>somente mudar de uma língua para outra”. Os autores acreditam que, quando</p><p>existe troca de duas línguas entre indivíduos, eles estariam apenas reproduzindo</p><p>individualmente uma única língua, sendo monolíngues em sua fala, enquanto o</p><p>outro falante seria monolíngue na sua, porém a comunicação ainda aconteceria.</p><p>Considere uma sala de aula bilíngue. O professor entra na sala de aula no</p><p>primeiro dia e fala em inglês com as crianças. Em um primeiro momento, elas</p><p>não falam inglês e apenas observam o professor. Através do convívio com a</p><p>língua e com as ligações com gestos e outras estratégias do professor, o aluno</p><p>começa a compreender o que ele está dizendo. Em um segundo momento, o</p><p>professor entra na sala de aula e diz “Good morning”. O aluno, compreendendo</p><p>o que o professor diz, responde em sua língua-mãe: “Bom dia”.</p><p>Aos poucos, o aluno desenvolve, em um cenário ideal, uma compreensão</p><p>ampliada na outra língua, passando a responder e a agir em sua língua-mãe.</p><p>Sendo assim, acaba se comunicando com o professor e passando por um</p><p>processo de ensino-aprendizagem.</p><p>Entretanto, outras pesquisas apontam que uma situação como a</p><p>exemplificada seria mais do que code-switching: trata-se de um exemplo de</p><p>translinguagem. O aprendiz faz a troca do português para o inglês, operando a</p><p>transição de códigos, porém, essa atitude vai além do aprendizado da língua em</p><p>si. O intuito talvez não tenha sido “falar inglês”, e sim comunicar-se na língua do</p><p>professor. De forma inconsciente ou consciente, o aluno quis se sentir</p><p>pertencente ao local e à realidade do professor, identificando-se com a língua</p><p>falada por ele.</p><p>TEMA 3 – EXEMPLOS DE TRANSLINGUAGEM</p><p>Agora que você já está mais familiarizado com o significado do termo</p><p>translinguagem, e com as diferenças entre translinguagem e code-switching,</p><p>vamos pensar em alguns exemplos concretos, para que você consiga visualizar</p><p>as informações que trouxemos.</p><p>3.1 Translinguagem nas redes sociais</p><p>Vamos avaliar a pesquisa feita por Espírito Santo em 2020, sobre a forma</p><p>como a translinguagem pode ser observada nas redes sociais, mais</p><p>5</p><p>especificamente no Facebook. O autor traz como proposta central a análise de</p><p>conversas entre usuários, usando mais de uma língua como forma de</p><p>comunicação. “Para Bolander (2017), o Facebook oferece uma variada gama de</p><p>recursos para que os sujeitos negociem/construam suas identidades” (Espírito</p><p>Santo, 2020, p. 97). Veja a seguir o exemplo mostrado na pesquisa do autor.</p><p>Figura 1 – Exemplo</p><p>Fonte: Espírito Santo, 2020, p. 97.</p><p>Identificamos aqui três línguas que foram usadas durante a conversa:</p><p>iorubá1, inglês e pidgin2. Mesmo com a mistura das línguas, conseguimos</p><p>observar que os dois falantes tinham domínio das três formas de linguagem e</p><p>conseguiram concretizar uma comunicação coesa e significativa. Vemos em</p><p>negrito os momentos nos quais os falantes se comunicam em iorubá e também</p><p>palavras em pidgin (bro e Y”ll), que representam uma forma informal da língua</p><p>inglesa, criando uma intimidade entre os falantes. A colocação do Hahahaha</p><p>(representando a risada) também pode ser analisada como uma forma de</p><p>intimidade e leveza para a conversa.</p><p>1 "Ioruba ou iorubá": povo negro da África ocidental, a sudoeste da Nigéria, no Daomé e no</p><p>Togo. A cultura iorubá foi introduzida no Brasil pelos negros da Costa dos Escravos, sendo</p><p>comum, em nosso país, chamar-se "nagô" aos iorubás e a sua língua Alaôr Eduardo Scisínio.</p><p>2 Pidgin: Língua compósita, nascida do contato entre falantes de inglês, francês, espanhol,</p><p>português etc. com falantes dos idiomas da Índia, da África e das Américas, servindo apenas</p><p>como segunda língua para fins limitados, especialmente comerciais.</p><p>6</p><p>Esta análise nos</p><p>mostra a amplitude da translinguagem em seus</p><p>diferentes formatos. Sendo assim, observamos que, além da aquisição da língua</p><p>como ferramenta para transmissão de informações, ela opera também como</p><p>ferramenta social e de pertencimento.</p><p>3.2 Translinguagem em produções escritas</p><p>Além de observar a translinguagem em comunicações informais nas redes</p><p>sociais, também podemos observá-la de forma mais formal, até mesmo com</p><p>cunho acadêmico.</p><p>Reis e Grande (2017) constataram esse fato de maneira detalhada. As</p><p>autoras relatam que a proposta segunda a qual os trabalhos acadêmicos devem</p><p>seguir as normas gramaticais regulares e formais, considerando a língua usada</p><p>pelo estudante, é errônea. Elas apoiam o seu argumento apontando que “a</p><p>habilidade de organizar ideias é tão importante quanto aprender as regras</p><p>linguísticas, e por saber se expressar melhor na sua primeira língua, quando o</p><p>aluno tivesse proficiência na segunda, seria como um aprendizado mais eficiente</p><p>para ele” (Fu, 2003, p. 74, citado por Reis; Grande, 2017, p. 136).</p><p>Analise a figura a seguir.</p><p>Figura 2 – Exemplo</p><p>Fonte: Reis; Grande, 2017, p. 97.</p><p>Na atividade da figura, podemos observar que a aluna tem um nível de</p><p>inglês avançado, pois consegue escrever a sua produção de L2 com algumas</p><p>7</p><p>palavras de L1. As autoras relatam, em sua avaliação sobre a produção textual,</p><p>que a aluna “se insere no texto ao colocar um exemplo de sua realidade e usa</p><p>de expressões do seu repertório linguístico, pois tem ciência do valor contextual</p><p>e cultural que a palavra escolhida carrega” (Reis; Grande, 2017, p. 143).</p><p>As autoras ainda trazem um exemplo de como a translinguagem pode ir</p><p>além da escrita de um texto em outra língua que não seja a língua-mãe, usando</p><p>palavras da sua língua materna.</p><p>Figura 3 – Exemplo</p><p>Fonte: Reis; Grande, 2017, p. 144.</p><p>Com base no exemplo da figura, as autoras mostram como a</p><p>translinguagem pode ser usada em anotações próprias para a organização de</p><p>pensamento. “Aqui, mais uma vez, encontramos uma situação em que a</p><p>estudante autorregula a construção da sua escrita e não se limita a organizar e</p><p>produzir seu pensamento apenas em um idioma, utilizando, assim, de todos os</p><p>recursos linguísticos que ela tem à disposição no momento” (Reis; Grande, 2017,</p><p>p. 145).</p><p>É importante salientar que o professor deve apoiar o aluno quando usa a</p><p>translinguagem como forma de comunicação. Dessa maneira, podemos observar</p><p>algumas das formas por meio das quais a translinguagem se apresenta nas</p><p>produções escritas em sala de aula. Logo mais, vamos aprender estratégias</p><p>diferentes de estímulo de uso da translinguagem em sala de aula.</p><p>TEMA 4 – TRANSLINGUAGEM E SALA DE AULA</p><p>Agora que já exploramos a translinguagem, a sua teoria e algumas</p><p>práticas, vamos aprender como ela é vista na sala de aulas. Quando pensamos</p><p>em aprendizado de línguas, ou qualquer outro aprendizado, consideramos que</p><p>existe uma parte teórica e uma parte prática. No desenvolvimento da língua,</p><p>8</p><p>como vimos, é necessário garantir a convivência e a socialização, para que as</p><p>habilidades de comunicação na língua-alvo sejam bem desenvolvidas.</p><p>A criança/adolescente, quando está em sala de aula, passa grande parte</p><p>de seu tempo com outras crianças da sua idade, ou de idades similares.</p><p>Entendemos que, quando uma criança/adolescente, ou até nós, adultos, estamos</p><p>com outras pessoas da mesma faixa etária, gostos e visões, temos a tendência</p><p>de nos sentir mais confortáveis para desenvolver a comunicação. Segundo</p><p>Liberali (2019, p. 35), a translinguagem “implica uma nova forma de ser, agir e</p><p>se expressar em diferentes contextos sociais, culturais e políticos, permitindo</p><p>fluidez e dando voz a outras realidades sociais”.</p><p>A autora ainda aponta que, quanto mais experiências os alunos tiverem</p><p>dentro da translinguagem na prática, maior o seu desenvolvimento social e a sua</p><p>interação. A pesquisadora ainda descreve, em seus estudos, como o significado</p><p>e a dimensão da translinguagem contribuem para a formulação da Base Nacional</p><p>Comum Curricular (BNCC):</p><p>Especificamente no que se refere ao inglês, a BNCC sugere sua</p><p>importância para a criação de novas formas de engajamento e de</p><p>participação dos alunos em uma sociedade cada vez mais globalizada</p><p>e plural, com fronteiras difusas e contraditórias. Além disso, explicita</p><p>que é fundamental o acesso aos saberes linguísticos necessários para</p><p>engajamento e participação, contribuindo para o agenciamento crítico</p><p>e para o exercício da cidadania ativa. (Liberali, 2019, p. 37)</p><p>Observamos, assim, que a importância da translinguagem vai muito além</p><p>do estudo da língua, pois faz parte da formulação e dos objetivos da BNCC. A</p><p>ideia da construção e da aplicação do nosso currículo é garantir que o aluno</p><p>desenvolva várias outras habilidades, além da língua em si.</p><p>4.1 Translinguagem e o papel do professor</p><p>Pensando ainda nos benefícios da translinguagem para o aluno, devemos</p><p>considerar o professor. Como a translinguagem acontece de maneira natural e</p><p>progressiva, o professor pode ser visto como catalisador e mediador do</p><p>desenvolvimento linguístico dentro da translinguagem. A translinguagem</p><p>beneficia tanto o aluno quanto o professor, pois foca no processo de ensino e</p><p>aprendizagem, buscando a construção de significado, o aprimoramento da</p><p>experiência e o desenvolvimento da identidade.</p><p>Quando a translinguagem acontece e o professor entende que se trata de</p><p>um caminho natural, que viabiliza o crescimento do aluno, o processo se torna</p><p>9</p><p>mais leve, tanto para o professor quanto para o aluno. É importante também</p><p>salientar que a translinguagem vai além, por exemplo, do uso do inglês e/ou do</p><p>português simultaneamente. Ela pode também incluir o uso de mímicas, objetos,</p><p>entre outras possibilidades.</p><p>Entendemos ainda que a translinguagem deve acontecer de maneira</p><p>natural. Ainda assim, o professor pode usar ferramentas para que o aluno se</p><p>sinta mais confortável e encorajado a fazer o mesmo. O professor pode, por</p><p>exemplo:</p><p>• usar mímicas (mesmo que o aluno entenda o que o professor esteja</p><p>dizendo, ele pode fazer a mímica ao mesmo tempo para que o aluno</p><p>entenda a prática e assim seja encorajado a fazer o mesmo);</p><p>• usar objetos (o professor pode trazê-los para a sala de aula, ou usá-los</p><p>para fazer uma relação com a palavra verbalizada, por exemplo,</p><p>mostrando ao aluno o lápis e dizendo pencil);</p><p>• usar flashcards (o professor pode fazer uma parede em sua sala com</p><p>figuras de objetos mais usados no momento, por exemplo, e se referir a</p><p>eles até que os alunos façam naturalmente a relação entre a palavra e o</p><p>objeto).</p><p>Estes são apenas alguns exemplos de como o professor pode guiar o seu</p><p>aluno no uso da translinguagem. O professor também deve procurar conhecer o</p><p>seu aluno e o seu perfil de aprendizado, para guiá-lo da melhor forma no uso</p><p>dessas ferramentas para a comunicação.</p><p>TEMA 5 – BENEFÍCIOS DA TRANSLINGUAGEM</p><p>Como vimos, a translinguagem pode ser benéfica tanto para o professor</p><p>quanto para o aluno. Além dos exemplos citados, vamos explorar outros</p><p>benefícios que a translinguagem pode trazer para o aprendizado de uma</p><p>segunda língua. Baker (2001) aponta quatro benefícios principais da</p><p>translinguagem:</p><p>• Entendimento pleno do assunto em questão: se o indivíduo consegue, por</p><p>exemplo, explicar algo em sua língua-mãe, e escrever essa mesma</p><p>explicação em uma segunda língua, isso quer dizer que realmente</p><p>entendeu, assimilou e ainda externou o seu conhecimento nas duas (ou</p><p>mais) línguas que conhece.</p><p>10</p><p>• Desenvolvimento da língua menos desenvolvida: o aprendiz pode usar a</p><p>sua língua-mãe (ou uma outra língua que domine) e mesclar palavras da</p><p>língua ainda em desenvolvimento. Dessa forma, pode ser motivado a</p><p>aumentar o vocabulário e aos poucos migrar integralmente para a língua</p><p>alvo de desenvolvimento.</p><p>• Desenvolvimento escolar em casa: se a família não fala a língua que</p><p>a</p><p>criança está aprendendo na escola, por exemplo, o aprendiz pode usar a</p><p>translinguagem para se comunicar com a família para desenvolver as suas</p><p>tarefas escolares.</p><p>• Interação com falantes nativos: o aprendiz pode ser beneficiado, por</p><p>exemplo, em uma sala de aula em que outros alunos já tenham</p><p>desenvolvido a L2. Ao se expor a novos vocabulários, o aprendiz</p><p>enriquece o seu aprendizado e seu desenvolvimento linguístico dentro da</p><p>translinguagem.</p><p>Ao apontar os benefícios da translinguagem, Baker (2001) também</p><p>ressalta a importância de entender que esses cenários envolvem outras áreas,</p><p>que podem diminuir a presença da translinguagem, a exemplo do planejamento</p><p>e do olhar crítico do professor, além da multiculturalidade da sala de aula,</p><p>considerando o nível linguístico dos alunos, entre outros aspectos.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Agora que já exploramos um pouco mais a fundo o significado de</p><p>translinguagem, vamos praticar o nosso aprendizado. Primeiramente, responda</p><p>às questões a seguir.</p><p>11</p><p>• Qual é o significado de translinguagem?</p><p>• Como podemos observar a translinguagem em nosso dia a dia? Cite três</p><p>exemplos.</p><p>• Como podemos dar suporte ao nosso aluno para motivá-lo a usar a</p><p>translinguagem? Cite três exemplos.</p><p>Depois de responder às perguntas, procure um(a) professor(a) de línguas</p><p>formado e atuante na área de ensino e faça essas perguntas a ele(a).</p><p>Compartilhe também suas respostas e observações sobre a sua visão de</p><p>translinguagem e acrescente essas informações aos seus estudos.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Ao longo de nossos estudos, exploramos o significado de translinguagem</p><p>e suas nuances. Também observamos visões de diferentes pesquisadores sobre</p><p>a relação entre code-switching e translinguagem.</p><p>Observamos alguns exemplos concretos, com imagens de uma conversa</p><p>em uma rede social e de atividades de alunos em seu âmbito escolar, usando a</p><p>translinguagem. Depois desses exemplos, estudamos a relevância da</p><p>translinguagem e das suas habilidades na BNCC e no aprendizado de língua</p><p>inglesa nas escolas brasileiras.</p><p>Por fim, trabalhamos alguns exemplos sobre os benefícios da</p><p>translinguagem, para um melhor entendimento do assunto. Uma língua pode</p><p>ajudar a impulsionar o aprendizado da outra, como na relação casa e escola, ao</p><p>fazer a tarefa de casa, considerando ainda os benefícios da comunicação com</p><p>os falantes nativos.</p><p>12</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BAKER, C. Foundations of Bilingual Education and Bilingualism. Canada:</p><p>Multilingual Matters Ltd UK, 2001.</p><p>ESPÍRITO SANTO, D. O. Translinguismos e a visão heteroglóssica de linguagem</p><p>em práticas comunicativas no Facebook. Revista Tabuleiro de Letras, v. 14, n.</p><p>1, p. 91-106, jan./jun. 2020. Disponível em:</p><p><https://www.revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/issue/view/486/462>.</p><p>Acesso em: 4 maio 2023.</p><p>LEMKE, K. C. Translinguagem: uma abordagem dos estudos em contexto</p><p>estrangeiro e brasileiro. Trab. Ling. Aplic., Campinas, n. 59, n. 3, p. 2071-2101,</p><p>set./dez. 2020. Disponível em:</p><p><https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8658236/26365</p><p>>. Acesso em: 4 maio 2023.</p><p>LIBERALI, F. C. A BNCC e a elaboração de currículos para Educação Bilíngue.</p><p>In: MEGALE, A. (Org.) Educação bilíngue no Brasil. São Paulo: Fundação</p><p>Santillana, 2019.</p><p>MILOZO, G. N. Práticas translíngues na comunicação de aprendizes de</p><p>português como língua estrangeira. Dissertação (Mestrado em Linguística) –</p><p>Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2019. Disponível em:</p><p><https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/11064?show=full>. Acesso em: 4</p><p>maio 2023.</p><p>REIS, M. O.; GRANDE, C. G. A translinguagem como ferramenta de</p><p>aprendizagem e identidade na escrita acadêmica. Papéis, Campo Grande, v. 21,</p><p>n. 41, p. 129-150, 2017. Disponível em:</p><p><https://periodicos.ufms.br/index.php/papeis/article/view/6622>. Acesso em: 4</p><p>maio 2023.</p><p>SCHOLL, A. P. O conceito de translinguagem e suas implicações para os estudos</p><p>sobre bilinguismo e multilinguismo. Revista da Abralin, v. 19, n. 2, p. 1-5, 2020.</p><p>Disponível em: <https://revista.abralin.org/index.php/abralin/article/view/1641>.</p><p>Acesso em: 4 maio 2023.</p>