Prévia do material em texto
G re en B el t A P O ST IL A Apostila certificação Lean Seis Sigma Green Belt [livro eletrônico]. -- 2. ed. -- Campinas, SP : FM2S Educação e Consultoria, 2024. PDF ISBN 978-65-80624-92-8 1. Administração de empresas 2. Desempenho organizacional 3. Gestão de negócios 4. Mudança organizacional - Administração 5. Planejamento estratégico. Índices para catálogo sistemático: 1. Gestão de processos : Administração 658 Tábata Alves da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9253 Quem somos? Empresa de Educação e Consultoria criada por líderes determinados a com- partilhar conhecimento de excelência na prática. Mais de 500 mil profissio- nais já aceleraram suas carreiras conosco. Somos um dos maiores centros de aperfeiçoamento do Brasil que conta com cursos nas áreas de: Lean; Lean Seis Sigma; ISO; Gestão de Projetos; Gestão da Qualidade; Ferramentas de Análise de Dados; Gestão Empresarial; Ges- tão Industrial; Excelência Operacional; Gestão de Pessoas e Liderança; Soft Skills; Logística e Saúde. Temos mais de 100 certificações com o objetivo de garantir uma formação continuada de qualidade. Em um modelo de assinatura anual, o aluno terá acesso a todos os cursos disponíveis da nossa plataforma EaD, além de lan- çamentos de conteúdos mensais e grupos de networking exclusivos. Nossos instrutores são formados nas melhores universidades do país e já atuaram em cargos de liderança e de consultoria em grandes projetos, como Petrobras, RV Ímola, CTC, Tetra Pak, JSL, Login e Somos Educação. Capítulo 1 - Introdução ao Seis Sigma Capítulo 2 - Define Capítulo 3 - Measure Capítulo 4 - Analyse Capítulo 5 - Improve Capítulo 6 - Control Capítulo 7 - Projeto de Melhoria Referências Bibliográficas MENU INTERATIVO C ap ít u lo 1 In tr o d u çã o a o S ei s Si gm a Clique para voltar ao Índice 1. Introdução ao Seis Sigma A maior dúvida dos alunos an- tes de conhecer o curso é o que é o Green Belt, ou até mesmo, o que é a metodologia Seis Sigma. Dentre todas as definições possíveis, nós iremos nos valer desta: a certifica- ção de Lean Seis Sigma Green Belt é uma formação que torna o profis- sional capaz de melhorar processos e analisar dados, em qualquer tipo de organização. Ela tem o objetivo de ensinar várias técnicas, princí- pios e ferramentas da ciência da melhoria, transformando o “belt” em um agente de melhoria em sua organização. O Green Belt é a cer- tificação intermediária do Lean Seis Sigma, uma poderosa Metodologia para Excelência Operacional, que iremos aprofundar mais adiante. Vale lembrar, neste começo, que melhorar processos e analisar dados são duas das competências mais procuradas pelas empresas na era da informação, a qual vivemos hoje. Não há nenhum colaborador de destaque que não tenha bons co- nhecimentos nestas duas áreas. Sabemos que melhorar é uma necessidade de qualquer organização, independentemente do setor ou porte. Quem não busca a melhoria por conta própria, geralmente acaba buscando quando sua sobrevivência é ameaçada por concor- rentes melhores e mais preparados. Diante disto, é consenso que aprender a nadar quando a água chega na altura do nariz, não é algo prazeroso. Para melhorar, o Seis Sigma nos ajuda a buscar a melhoria por meio de duas grandes portas: a porta dos dados e a porta dos processos (que iremos aprofundar mais a frente). Pela por- ta dos dados, nos são ensinados ferramentas estatísticas para analisá-los, bem como técnicas e con- ceitos para coletá-los. A metodologia nos ensina a fazer análises melhores e com isto, tomaremos decisões melho- res. Ao aplicarmos os conceitos, trans- formamos dados em informação útil à tomada de decisão. A porta de pro- cessos nos leva à várias técnicas para enxergar as organizações como pro- cessos. E processos, são uma série de atividades que transformam insumos em produtos ou serviços, agregando valor ao cliente a cada transformação. Juntar todas essas ferramentas, por meio do roteiro (DMAIC), gerando melhorias na organização é o verdadei- ro objetivo do Seis Sigma e é o que vamos passar neste curso para você. Com este roteiro, você poderá realizar um projeto de melhoria, ou seja, uma iniciativa com início, meio e fim, que irá entregar uma melhoria para a sua organização. Entretanto, antes de nos debruçarmos nas técnicas e fer- ramentas, vamos entender a aplicação do tema em uma caso real. A proposta do Desafio da fábrica TubosMatrix (logo abai- xo) tem como objetivo contextualizar problemas que as em- presas enfrentam que podem ser resolvidos com a aplicação de um projeto de melhoria e metodologias como a do Lean Seis Sigma. Lembre-se que a situação apresentada no desafio é algo muito comum nas empresas: temos a meta de melhorar, mas nem sempre sabemos como. Pronto para o desafio? 2. O Desafio - TubosMatrix Imagine que o grupo de empresas em que você trabalha adquiriu uma fá- brica de tubos de PVC (vamos chamá- -la de TubosMatrix) como parte de sua estratégia de negócios. Acontece que essa fábrica não vai nada bem (e isso só foi percebido depois que a compra foi feita). A antiga gerência vinha pas- sando por terríveis dificuldades, prin- cipalmente pela péssima qualidade dos tubos e suas montagens. Os clien- tes reclamavam a todo momento so- bre o fato de os tubos estarem sendo entregues fora de especificação e com muito atraso, por isso, muitas vezes, até devolviam a carga completa. O desafio seria: Como o agente de melhoria da empresa, incumbido de resolver esse problema, faria para fazer a fábrica dar dinheiro e ganhar mais mercado? 2.1 Missão O agente e a equipe de melhoria, então, vão assumir mo- mentaneamente a operação da fábrica de tubos de PVC. A missão é simples: entender como funciona o processo de fazer tubos e fazer com que esse processo seja econômico e atenda às necessidades dos clientes. O não cumprimento desta missão acarretará no fechamento da fábrica e no prejuízo para o seu grupo de empresas e seus empregadores. 2.2 Informações básicas Dada a missão, você então decide ir até a nova fábrica (TubosMatrix) e entender como as coisas estão. A fábrica tra- balha diariamente das 8:00 às 18:00h, de segunda a sexta e o processo de produção é mais ou menos o seguinte: 1. O material de entrada (tubos PVC) é recebido pelo departa- mento de compras técnicas; 2. O departamento de compras técnicas avalia os tubos quan- to às dimensões e resistência; 3. Após aprovados, os tubos são então marcados na altura de corte; 4. Em seguida, os tubos passam para um cortador que ajusta os parâmetros de acor- do com a serra, de maneira a obter uma boa produtividade. Segundo os antigos donos, a serra é capaz de produzir cerca de 4000 tubos por dia, mas o histórico de produção mostra que raramente eles passaram de 2000 tubos por dia. O clima organizacional encontra-se péssimo. O ânimo dos funcionários é uma mistura de depressão, por não conseguirem se sustentar sozinhos e terem de ser vendi- dos, com um pavor por demissões em mas- sa. A concorrência ainda é escassa, mas esse cenário vai logo mudar. Uma empresa multinacional líder no mercado mundial de tubos de PVC já soltou um comunicado de que, em breve, irá começar a comercialização do seu tubo no mercado da Tubos- Matrix. O tubo da concorrência é considerado o melhor tubo de PVC do mundo e o seu preço virá bem competitivo, uma vez que essa empresa multinacional quer ganhar mercado. E então? o que você faria neste caso? 3. Mudança e Melhoria: conceitos e diferenças Pensando no Desafio proposto, os funcionários decidi- ram em realizar várias mudanças. Algumas das mudanças mais clássicas neste exemplo são: 1. Trocar as lideranças para melhorar o clima organizacional; 2. Comprar máquinas novas; 3. Colocar um outro procedimento de fabricação. Essas mudanças fazem sentido, mas nem sempre elas bas- tam. Um ponto central da ciência da melhoria é a sua relação com a mudança. Sabemos que uma boa definição de insanida- de é fazersempre a mesma coisa e esperar por resultados dife- rentes. É impossível melhorar alguma coisa sem que se façam mudanças. Melhoria requer mudança. Entretanto, mudança nem sempre resulta em melhorias. Algumas mudanças, inclu- sive, pioram o desempenho de um processo, portanto, não co- meta o erro de entender melhoria como sinônimo de mudança, vide figura abaixo: Requer Nem sempre resulta em MudançaMelhoria Esse conceito, apesar de parecer óbvio quando exposto dessa maneira, é traiçoeiro. Em nossa vida cotidiana, estamos acostumados a pensar sempre em mudar. Em empresas, é co- mum nos depararmos com planos de ação em que o autor lista que encontrou 350 oportunidades de melhorias. Está errado. Ele encontrou oportunidade de mudanças, que serão ou não melhorias, cabendo ao tempo dizer isto. Então como desenvol- ver mudanças que tenham grande probabilidade de ser melho- rias? Há uma maneira fácil de estruturamos essas mudanças, por meio das três questões fundamentais da melhoria, apresenta- das nos próximos tópicos. 3.1 Como estruturar boas mudanças? Esta é a pergunta que precisamos responder. Algumas re- comendações: 1. Saber o que queremos melhorar: ter foco em mudar o que vai resolver nosso problema. É usual treinarmos o nosso olhar para entender que essa resposta deve ser feita com base em um incômo- do da organização, que pode ser um pro- blema presente, ou uma oportunidade de crescimento. Geralmente, estes proble- mas e oportunidade estão muito ligados à um processo dentro da empresa (que está sendo mal condu- zido, ou então poderia ser conduzido de maneira mais eficien- te). Iremos comentar mais sobre isso adiante, quando mencio- namos o “Processo por trás do problema”. 2. Ter alguma forma de resposta, de feedback, para saber- mos se nossas mudanças vão ou não ser uma melhoria. Isso geralmente envolve uma métrica. 3. Pensar em alternativas: nunca existe apenas uma mudança disponível. 4. Ter um método de gerar conhecimento sobre o que funcio- na e o que não funciona. Em outras palavras, temos 3 questões fundamentais para nos ajudar a elaborar essas mudanças: 1. O que queremos melhorar; 2. Como saberemos que a mudança é uma melhoria; 3. Quais mudanças podemos fazer; E um motor para o conhecimento é o ciclo PDSA, ilustrado na imagem abaixo: A ACT P PLAN D DO S STUDY 4. As três questões fundamentais da Melhoria Responder as 3 questões fundamentais da melhoria nos dão o que precisamos para realizarmos um projeto de sucesso. As perguntas criam um mapa com as principais informações: 1. O objetivo do esforço. 2. As métricas do esforço de melho- ria. 3. Quais mudanças podemos fazer? Quais mudanças podemos realizar para alcançar o nosso objetivo, ou seja, impactar nosso indicador? Quais mu- danças não poderão ser feitas? Pode- mos contratar mais gente? Podemos colocar mais controles? As 3 perguntas podem ser respon- didas de maneira iterativa, ou seja, não há uma ordem lógica para res- pondê-las. Comece por qual pergunta preferir, apenas garanta que todas se- rão respondidas. A ordem é livre. 4.1 O processo por trás do problema Um dos pontos mais delicados na hora de responder às três questões, é entender a resposta para a primeira. O que queremos melhorar? A chave para uma boa definição do pro- blema é garantir que você está lidando com o problema real – e não seus efeitos. Por exemplo, se o desempenho em seu de- partamento é baixo, você pode pensar que o problema é ape- nas com a falta de vontade das pessoas que trabalham ali. No entanto, se você olhar um pouco mais criteriosamente, o pro- blema pode ser que as pessoas estão desmotivadas pois estão trabalhando em atividades completamente desorganizadas, onde não há uma visão clara de pro- pósito e nem métodos eficientes para conduzir o trabalho. Dizemos que a desmotivação é causada por um “pro- cesso ruim”. Ora, sistemas entregam exatamente o que foram projetados para entregar. Não há pessoa no mun- do capaz de fazer um bom trabalho se o trabalho não for bem definido e es- truturado. A primeira questão do Modelo para Melhorias fornece a oportunidade para definir claramente o que estamos tentan- do conseguir com este esforço de solução de problema. O for- mato da apresentação do problema é importante, mas não o ponto essencial. O essencial é que cada um envolvido com o esforço entendam que eles precisam mudar algo na maneira que eles estão tra- balhando, ou seja, no seu processo. O esforço terá mais chance de ser bem sucedido se todos tiverem as mesmas respostas para a questão “o que estamos tentando melhorar? ”. E essa resposta deve visualizar um processo definido dentro da orga- nização (iremos trabalhar mais esse ponto ao longo do curso). Por isso é fundamental entender o “processo por trás do problema”. O objetivo é focar a atenção da equipe em mudar características deste processo (seja como o trabalho é feito, os instrumentos, a comunicação, etc.), de maneira a resolver o problema. 4.2 Questão 1 - o que queremos melhorar? Dito isso, podemos nos debruçar mais sobre a primeira questão. Para respondê-la, vale a pena seguir algumas boas práticas. Primeiramente, tenha em mente que toda organiza- ção é um conjunto de pessoas trabalhando em processos para atingir um propósito, mas principalmente que, se algo vai mal, significa que a maneira com que as pessoas trabalham não está alinhada com o que o cliente quer. É necessário encontrar o “processo por trás do problema”. Algumas dicas para encontrar esse processo: 1. Contextualize. Converse com todos os envolvidos para entender o que realmente está acontecendo. Lembre-se que o problema é como uma névoa, todos sentem mas poucos conseguem definir. 2. Entenda quais são as suas restrições (o que podemos e não podemos trabalhar em um projeto). O mundo é feito de restrições. Alguns exem- plos de restrições são: não contratar mais pessoas ou não aumentar os gastos. Além desses, podemos ter restri- ções de escopo como, não fazer nenhuma mudança nos processos de vendas. 3. E as métricas? Tente vislumbrar um pouco das métricas. Uma vez feito isso, o seu time de melhoria está pronto para começar a trabalhar. 4.2.1 Defina um objetivo Se o passo de contextualizar era muito aberto, o passo de definir um objetivo deve ser muito fechado. Ter um objetivo formal do esforço de melhoria é importante pois é um ponto sólido no esforço. Podemos sempre, ao longo do trabalho, fa- zer uso dele para focar a equipe e as mudanças no que impor- ta. Após as discussões, force a equipe a sair com um objetivo claro. Objetivos claros tem uma estrutura padrão: 1. Verbo no infinitivo (diminuir ou aumentar); 2. Indicador, em quanto, onde, até quando. Exemplos: - Diminuir o número de refugos na linha de produção em 38%, até janeiro de 2021. - Aumentar as vendas pelo site, de 100 vendas diárias para 400 vendas diárias até março de 2021. - Diminuir o retrabalho na máquina em 80% até segunda-feira, 08/5/21. Essa definição clara de objetivo faz com que saiamos da “fumaça” que geralmente são os contextos das empresas e en- tremos em algo concreto. Uma vez claro o indicador, podemos alinhá-lo com o grupo e começar a trabalhar. 4.3 Questão 2 - como saberemos que a mudança será uma melhoria? Na hora de verificar se uma mudança deu errado ou certo, não basta o nosso feeling. Muitas pessoas desenvolvem ao lon- go do projeto verdadeiras histórias de amor pelas mudanças que propõem e, como sabemos, tanto amor pode afetar nosso julgamento. A segunda pergunta só pode ser respondida com a coleta de dados. A coleta de dados deve estar ligada à escolha de indicado- res para o projeto. Um bom indicador: 1. Está ligado a um processo; 2. Todos sabemos o que ele significa; 3. Norteia a equipe de trabalho; 4. É baseado em dados confiáveis. 4.4 Questão 3 - quais mudanças podemos fazer que vão gerar essa melhoria? Não existe apenas uma mudança possível. Geralmente, a primeira ideiade mudança nem sempre é a melhor. Tome seu tempo pensando e estudando as mudanças. Geralmente 4 estratégias são usadas para desenvolver mudanças: 1. Análise crítica da situação; 2. Uso da tecnologia; 3. Uso da criatividade; 4. Benchmarking. Saber que temos várias alternativas para uma mudança é muito útil em situações reais do nosso dia a dia. Geralmente, nos apaixonamos por uma mudança, que pode nem sempre ser a melhor. Por exemplo, podemos pensar na estratégia de tec- nologia para a TuboMatrix. Supomos que queremos comprar novas máquinas, mais modernas e caras. Entretanto, se o real problema da falta de qualidade da empresa for a matéria-prima, a utilização da tecnologia não serviria como melhoria. Ela seria apenas uma fonte adicional de custos! Com isso em mente, temos que ter uma boa utilização das estratégias e, antes de tomarmos uma decisão e implementar- mos uma mudança, devemos ter certeza que esgotamos as de- mais alternativas. 5. Exercício - TubosMatrix Lembre-se do contexto da nossa fábrica TubosMatrix. A concorrência vem chegando ao mercado de tubos PVC. Os custos de produção estão altos e os funcionários, desmoti- vados. Frequentemente, a produção entrega tubos não con- formes para os clientes, que reclamam constantemente e até devolvem lotes inteiros. Isso gera uma grande insatisfação e faz com que a empresa comece a perder todo o mercado que demorou anos para conseguir. Os novos donos sentem que a administração da fábrica não está performando direito e co- meçam a ficar impacientes com a situação. Pensando nisso, eles decidem agir: a. Qual é o incômodo desta situação? b. Qual é o processo por trás do problema? c. O que seria um bom objetivo para este esforço de melhoria? d. Quais seriam as restrições do trabalho? Resolução: A contextualização do problema é muito importante para a sua resolução. A concorrência irá entrar no mercado com o mesmo produto e se devemos aplicar um projeto de melhoria. O que queremos melhorar? Como sabemos que a mudança será uma melhoria? Quais mudanças podemos fazer que vão gerar essa melhoria? Chegamos a conclusão que o objetivo é diminuir os cus- tos para sermos mais competitivos. Os fatos dizem que um dos problemas é a qualidade, por isso diminuir os custos com ma- téria prima mais barata não pode ser uma opção. Em segun- do lugar, demitir funcionários para reduzir custos não garan- te que o produto seja de qualidade então não seria o melhor cenário. Por entender que o processo em si é falho, a terceira opção então seria melhorar o processo produtivo. Não que es- tas mudanças sejam ruins, elas apenas não estão diretamen- te ligadas com o real problema do departamento de compras. Então o melhor passo para começar é pelo processo atrás do problema. As respostas propostas para o exercícios são: a. O problema reside basicamente na produção. Ela não consegue atingir o que o cliente quer. Isso gera custos de garan- tia e perdas de clientes. Isso gera a desin- tegração do negócio. b. O processo por trás do problema é o processo de produção de tubos. Precisamos definir um indica- dor para saber se ele está melhorando ou não. c. Um bom objetivo seria: Reduzir para zero o número de tu- bos não conformes até o fim do esforço de melhoria. Erros co- muns aqui incluem: focar em custos e colocar uma mudança como objetivo. d. As restrições seriam o próprio projeto do tubos, então é preciso deixar claro que não mexeremos nos processos admi- nistrativos (por enquanto). É importante ter foco para se re- solver um problema. O Ciclo PDSA Além das 3 perguntas fundamentais, o Modelo de Me- lhoria é formado pelo ciclo PDSA. O ciclo PDSA é um roteiro iterativo de aquisição de conhecimento inspirado no método científico. Ele nos permite adquirir conhecimento novo sobre o que estamos fazendo. Estamos aqui falando de melhoria de processos. Como melhorar um processo de “apertar parafusos” sem saber uma maneira melhor de se apertar parafusos do que a já praticada. Essa maneira, só vem com um conhecimento maior da tarefa específica “apertar parafusos”. É justamente este conhecimen- to que o ciclo PDSA nos ajuda a obter. É importante, neste ponto, não confundirmos o ciclo PDSA com o ciclo PDCA em que o ciclo PDSA é um método para a geração de conhecimento, e o ciclo PDCA é um roteiro de melhoria. Ao longo de um projeto de melhoria, realizamos inúmeros ciclos PDSA. Ele é mais flexível e fácil de se aprender. O esquema acima é uma das formas de esquematizar a lógica do PDSA. A outra seria pelas letras: • No P, planejamos nossas hipóteses sobre um problema (ou oportunidade): o que esperamos com as mudanças? Que mé- tricas vamos ver para entender se deu certo? 3 O que podemos mudar? 7 O que vamos incorporar no dia a dia? 6 Analisamos! O que saiu fora do esperado? 1 Como estão as coisas? 2 Por que estão assim? 4 Como vamos fazer? 5 Fazemos? Como está o indicador? • No D, realizamos nosso “experimento”; • No S, comparamos os resultados com o que pensamos e as- sim aprendemos; • No A, pensamos em como incorporar na rotina o que deu certo e qual será o próximo passo. O ciclo PDSA padroniza a aplicação do método em proje- tos de melhoria. Um ponto é muito importante lembrar: o ob- jetivo do ciclo NÃO é igual ao objetivo do projeto de melhoria. Um projeto de melhoria pode ter vários ciclos PDSA’s indivi- duais ao longo do mesmo, visando cumprir um objetivo final maior. A aplicação dos ciclos PDSA é contínua. Quando se acaba um ciclo, inicia-se outro, o que chamamos de “conectar” seus ciclos PDSA. A ACT P PLAN D DO S STUDY A ACT P PLAN D DO S STUDY A ACT P PLAN D DO S STUDY Conhecimento Tempo 6.2 Exemplo - ciclo PDSA Para tangibilizar a lógica PDSA podemos preencher um formulário genérico com as demais aplicações, como elaborar hipóteses e sugestões de melhorias. A partir dessas informa- ções, a equipe deve realizar experimentos e ver de fato se hou- ve melhoria ou não. Para o exemplo a seguir, foram usadas informações da equipe de Marketing da FM2S e a sua ideia de mudança para alavancar o setor. O objetivo, ações e experimentos foram pre- enchidos no Formulário PDSA que você poderá visualizar nas próximas páginas. Projeto MKT_1 – PDSA 1.1 Projeto: Geração de Negócios PDSA #: 1 (exemplo) Data: 15/10/2010 Objetivo: Verificar se a publicação de um artigo na revista XY aumenta o indicador número de visitas no site da empresa. PLAN Questões Predições Q1) A publicação do artigo irá aumentar o número de acessos ao site? Q2) Algum leitor do artigo irá entrar em contato via e-mail? P1) Sim. Deve aumentar em pelo menos 10%, pois as pessoas irão ler o artigo e irão entrar no site para saber mais sobre o assunto. P2) Sim. Ao ler o artigo, pelo menos 5 pessoas irão enviar um e-mail, para discutir o assunto. • Que dados serão coletados para responder às questões? Faça um plano de coleta de dados (Quem, O que, Onde, Quando, Como). • Como você vai registrar os dados? Construa um formulário de coleta de dados. • Como os dados serão analisados? Antecipe os gráficos e as técnicas que serão usados para analisar os dados. • O que pode sair errado na condução desse plano? Prepare-se para observar e anotar. Dados Serão anotados: Número de acessos ao site. Este valor é medido através da ferramenta Google Analytics e o responsável por medi-lo é o Marquinho. Os dados serão coletados uma vez por semana, durante duas semanas após a publicação do artigo na revista. Número de e-mails. Marquinho ficará responsável por acompanhar o número de e-mails enviados para a caixa da empresa. O acompanhamento será diário, porém o indicador será analisado semanalmente. Para a análise do gráfico será utilizado um gráfico de tendência, pois atualmente o número médio de visitas diárias ao site é de 1. DO Execute o que foi planejado. Comece a análise dos dados assim que começar a coletá-los. Algo saiu errado? Ocorreu algo que não fazia parte do plano? Númerode e-mails recebidos no período: 0 Mudança de Plano: Como nas primeiras duas semanas do mês de outubro não houve nenhuma mudança significativa, optou-se por aumentar o período de coleta de dados em duas © FM2S All Rights Reserved Projeto MKT_1 – PDSA 1.1 semanas, cobrindo o mês de outubro todo. STUDY Complete a análise dos dados. Foi possível responder as questões formuladas? Resuma o conhecimento obtido nesse ciclo. Inclua a comparação com o que foi previsto Não houve mudança significativa com a publicação do artigo na revista. As alterações no número de visitas ao longo do mês de outubro são todas causas comuns. Ao contrário de nossas predições, a resposta para a questão 01 foi não, pois o número de acessos ao site não se alterou com a publicação na revista. O segundo indicador analisado também se mostrou diferente das predições, já que não houve nenhum contato via e-mail. Nenhum leitor se manifestou via e-mail, o que o grau de repercussão estimado (5 pessoas) estava errado. ACT Que decisões (ações) serão tomadas com o que foi aprendido? Há duas maneiras de publicar na revista, uma por meio do envio de artigos gratuitos e outra pelo envio de artigos pagos (1 página = R$ 3.500,00). Nós fizemos o teste sem custo, já que conseguimos aprovar o artigo pela modalidade gratuita, porém, poucos artigos da revista são publicados desta maneira. Se conseguíssemos contatos por meio da publicação que nos trouxessem lucros maiores que 3,5 K, seria interessante pagar para termos os artigos publicados, porém, os dados nos mostraram que para o nosso negócio, esta modalidade não compensa. Qual será o objetivo do próximo ciclo PDSA? O próximo PDSA será utilizado para testar outras estratégias para aumento de visitas ao site. Com os resultados do ciclo PDSA, a equipe de Marketing resolveu fazer um segundo experimento, com novo objetivo e atividades, salvo na pasta do curso. O sucesso e desempenho das ações ficam registradas no Formulário PDSA, o que serve de aprendizado. Essa é uma maneira estruturada de enxergar a melhoria, porém com a experiência, escrever no papel pode ser dispensado. Lembretes: o ciclo PDSA pode ser usado continuamente ou pontualmente. Sua lógica inspira a realização de melhorias. 7. O jeito Seis Sigma de gerar melhorias O Seis Sigma foi criado por Bill Smith na Motorola e po- pularizado por meio de seu presidente na década de 1980, Robert W. Galvin. Agora anunciada como uma das principais práticas metodológicas para melhorar a satisfação do cliente e melhorar os processos de negócios, o Seis Sigma foi refinado e aperfeiçoado ao longo dos anos no que vemos hoje. Tradicionalmente, emprega uma série de ferramentas de análise de processos e de dados, com forte viés estatístico, para buscar: redução de custos, otimização de produtos e pro- cessos e incremento da satisfação do cliente. O objetivo ideal é corrigir um processo para que ele seja 99,9997% livre de de- feitos. Ou produzir apenas 3,4 Defeitos por milhão de oportu- nidades ou menos! Embora o Six Sigma dependa de uma liderança forte para impulsionar a melhoria, um dos princípios da metodologia é que cada pessoa na organização deve estar comprometida e compreender o esforço, especialmente o gerenciamento de alto nível. A metodologia faz todas as análises de forma a desenvol- ver processos, projetos e programas de melhoria. Iremos revi- sar estes conceitos e entender quem são os responsáveis por implementá-los. 7.1 Processos de negócio São as atividades rotineiras que visam transformar entradas de for- necedores em saídas para atender às necessidades dos clientes. Para a atri- buição como processos de negócios, são consideradas algumas caracterís- ticas: • Uma empresa é composta por vários processos (como va- mos ver mais adiante, no tópico sobre organizações); • Os processos são tocados por pessoas, trabalhando em equi- pes; • Em um processo, todos os dias produzimos saídas parecidas. 7.2 Projetos de melhoria São iniciativas únicas que visam entender, analisar e me- lhorar um processo de rotina. A esquematização de um proje- to de melhoria é observado na abaixo. • Essa melhoria é geralmente o impacto em um indicador de interesse da organização (como vamos ver mais adiante); • A equipe do projeto não necessariamente é a equipe do pro- cesso; • É preciso que a organização dê tempo para que as pessoas possam trabalhar essas iniciativas; • É justamente nestes projetos que atuam os “belts”; • Diferentes técnicas são usadas nesta análise e melhoria. ENTRADAS SAÍDAS INDICADORES DE DESEMPENHO << REALIZAR MUDANÇAS QUE VÃO GERAR MELHORIAS NOS PROCESSOS >> ENTENDER, ANALISAR, MELHORAR 7.3 Programas de melhoria Assim como visto anteriormente, programas de melhoria são uma série de projetos de melhoria tocados em conjunto, de maneira a impactar simultaneamente vários indicadores da organização. • A equipe (ou área) de melhoria geralmente faz a gestão des- sa série de projetos; • Costumam ter um impacto significativo no desempenho da organização; ENTRADAS ENTRADAS ENTRADAS SAÍDAS GESTÃO DE INICIATIVAS SAÍDAS SAÍDAS 7.4 Pontos críticos para o sucesso do Seis Sigma No seu núcleo, o Seis Sigma gira em torno de alguns con- ceitos-chave. Ao investir em Cultura, Estrutura e o Envolvi- mento das Pessoas, o sucesso do Seis Sigma é mais próximo. Os pontos são expostos na Tabela abaixo, em que todas dicas são importantes e devem ser implementadas. Culturais Cultura de solução de problemas (jeito ocidental); Cultura de engenharia; Cultura de projetos. Clareza nas metas estratégicas para a melhoria; Disponibilidade de Dados por parte da Organização Uso dos melhores talentos da organização; Facilidade de aprender Liberação de tempo dos especialistas para resolver problemas; Pessoal com aptidão para trabalho com dados e org. para projetos; Apoio da alta administração; Pessoal com alto nível de treinamento; Estruturais Das pessoas envolvidas 8. O Lean Seis Sigma O Seis Sigma atual incorpora vários aspectos provenien- tes do Lean. A ideia é dar ao agente de melhoria (do Seis Sigma clássico), um repertório de mudanças simples, que vão engajar o pessoal da operação. Essas mudanças são inspiradas na forma de trabalhar das empresas japonesas (principal- mente a Toyota), que ficou conhecido como Lean. Ele foca que a melhoria precisa ser conduzida por todos os co- laboradores da empresa, com iniciati- vas simples, visuais e descentralizadas. Falaremos mais deles a seguir. Apesar do Lean Seis Sigma como conhecemos hoje ter uma estrutura ainda projetizada e ser dividido em belts, ou faixas, ele incorpora outras ideias para o desenvolvimento das mudanças. 8.1 O que é Lean? A metodologia Lean é uma filosofia para a melhoria contí- nua, aplicada através de boas práticas e ferramentas. A Figura abaixo apresenta de forma os dois grandes pilares do Lean: o respeito às pessoas e a melhoria contínua. Liderança Consultiva Desperdícios Desenvolvimento Contínuo Filosofia Compartilhada Gestão Visual Flexibilidade de produção Foco no cliente Melhoria de fluxo Respeito às pessoas Melhoria Contínua (Kaizen) A melhoria contínua, o pilar Kaizen, também conhecida como melhoria de fluxo, tem como objetivo tirar barreiras do fluxo natural dos processos. Para fazer isso, junto ao respeito às pessoas, é preciso transparência, mapeamento e envolvi- mento coletivo. O jeito Lean é descrito como: • É mais uma abordagem contínua do que iniciativas “projeti- zadas”; • Envolve a melhoria contínua das pessoas e da liderança; • É uma mudança cultural. 8.2 Pontos críticos para o sucesso do Lean Assim como os pontos para o sucesso do Seis Sigma, o pontos Culturais, Estruturais e de Pessoas Envolvidas são mui- to importantes. Na Tabela abaixo são levantadas as caracterís- ticas mais marcantes que garantem o sucesso. 9. Projetos de Melhoria Foi visto no tópico sobre o Seis Sigma o que é a ideia de um projeto de melhoria,podemos aprofundar os seus concei- tos. Um projeto de melhoria é uma sequência de atividades Culturais Pensamento de longo prazo; Respeito às pessoas; Disciplina na execução para criar o hábito da melhoria. Forte programa de educação do chão de fábrica; Alinhamento entre alta, média e baixa administração. Mente aberta para mudanças radicais; Pensamento para melhoria (Lean Thinking). Alinhamento de objetivos com todas as partes da organização; Sincera preocupação com o cliente; Participação ativa da alta administração; Pensamento de longo prazo; Estruturais Das pessoas envolvidas realizadas com o objetivo de entregar uma melhoria em um processo. As soluções para gerar essas melhorias são desco- nhecidas. Descobri-las faz parte do escopo do projeto. O Projeto de Melhoria normalmente é organizado a par- tir de um roteiro (como o roteiro DMAIC). Pode ser simples ou complexo, dependendo do número de pessoas envolvidas. Porém ele sempre deve partir do princípio que o projeto não tem uma resposta conhecida. Esse detalhe minimiza as chan- ces que a mudança implementada não seja realmente uma me- lhoria. O roteiro trabalha com “palpites”. As características marcantes para realizar um bom projeto são: • Começa com um problema ou oportunidade; • É percebido por muitos, inclusive pela direção; • É recorrente; • Não tem uma solução clara. Também é relevante fazer pergun- tas teóricas sobre ele: Esse é o projeto certo? Com as pessoas certas (na equi- pe e no suporte)? Pode ser cumprido dentro do tempo (até 9 meses)? Assim como vimos, algumas equipes selecio- nam um grupo de mudanças para se- rem implementadas que não respon- dem a tais perguntas porém que seja de fácil aplicação, o que não é ideal. 9.1 Como estruturar o projeto? A recomendação na hora de estruturar um projeto é de usar o roteiro DMAIC. Vamos aprender várias ferramentas e técnicas neste curso, mas nem todas precisam ser usadas para o seu projeto. O esperado é que possamos ver nas cinco fases que: 1. Você definiu bem o problema a ser abordado (Define); 2. Você entendeu bem o que estava acon- tecendo, através da análise dos dados e dos processos (Measure); 3. Você desenvolveu mudanças com base nas análises causais dos dados coletados (Analyze); 4. Você testou essas mudanças de manei- ra estruturada (Improve); 5. Você implementou e estabilizou o seu processo (Control). 10. O DMAIC e suas ferramentas O roteiro DMAIC é composto pelas cinco fases: Define (definir), Measure (medir), Analyze (analisar), Im- prove (melhorar) e Control (controlar). Na fase do Define nós definimos qual é o problema ou oportunidade queremos tra- balhar. Nela, respondemos às 2 primeiras perguntas fundamentais, entendendo a real necessidade da organização. O maior desafio aqui é cristalizar as impressões particulares de cada envolvido no proje- to para chegar a um objetivo mais palpá- vel. A saída fundamental da fase Define é a formulação do contrato de melhoria, que irá pautar todos os esforços futuros. Algumas ferramentas usadas nesta fase são: • Técnicas do VOC (Voice of Customer), que nos ajuda a cole- tar informações do cliente; • O SIPOC, que nos ajuda a enxergar o processo de outra ma- neira; • A árvore CTC (critical do customer) ou CTQ (critical to quali- ty), que nos ajuda a transformar ideias abstratas em indicado- res concisos; • O contrato de melhoria, que compila e formaliza todo o dis- cutido; • A matriz de análise de stakeholders, que nos ajuda a identifi- car todos os envolvidos e programar nossas ações de conven- cimento; • A matriz de comunicação, que nos ajuda a evitar problemas do tipo “rádio-peão”; • O diagrama de afinidades, que nos ajuda a organizar as nos- sas ideias. A fase seguinte é a fase do Measure, aonde vamos co- meçar a entender as coisas como elas são. Essa fase tem duas frentes de trabalho distintas, ou duas “portas” por onde co- meçamos nossas medições: a porta de processos e a porta de dados. Na porta de processos, nós mapea- mos o processo atual e entendemos como ele funciona. Identificamos quais são suas atividades e como elas se conectam. A grande saída dessa porta é um fluxograma que explica exatamente como nosso pro- cesso transforma suas entradas (maté- rias-primas) em saídas (produtos ou ser- viços). Na porta de dados, nós medimos o desempenho do processo com números. Para isso, temos que coletar dados (indi- cadores) sobre o que está acontecendo e analisá-los. Boa parte das ferramentas que iremos ensinar no curso de Green Belt tem o objetivo único de analisar os dados que coletamos. Algumas ferramen- tas desta fase são: Para processos: • A ferramenta do SIPOC, com ênfase no mapeamento de pro- cessos; • A criação de fluxogramas; • A elaboração de um VSM (value stream mapping, ou mapea- mento do fluxo de valor); • A criação de diagramas de espaguete, ou diagramas de layout; • A análise e criação de instruções de trabalho e definições operacionais. Para dados: • Formulários de coletas de dados e folhas de verificação; • Gráficos de tendência; • Gráficos de controle; • Gráficos de frequência (histogramas, Box-Plots, gráficos de barras, de setores, de Pareto, etc.); • Análises de capabilidade; • Análises MSA (measure system analysis); • Ferramentas para a transformação de variáveis. Verificar o perfil do cliente Cliente possui aplicação Fornecer vantagens básicas + Fornecer melhores vantagens Oferecer novos produtos Efetivar a operação de crédito Informar resultados da operação A terceira fase é a do Analyze. Nela fazemos duas coisas: analisamos criticamente nossos dados e procuramos desen- volver mudanças que vão gerar melhorias. Na prática, fazemos as duas coisas juntas. Ao final dessa fase, já teremos formata- do as nossas primeiras mudanças a serem testadas. Algumas ferramentas: Para dados: • Estudo de correlação, como gráficos de dispersão e plani- lhas de contingência; • Análise de Regressão Linear. Para processos: • Os 5 por quês; • O diagrama de Ishikawa, ou diagrama de causa e efeito; • Diagramas de árvore; • Análise de Valor; • Criação de Poka-Yokes; • Análise de desconexões; • As técnicas de criatividade; • Os conceitos de mudança. A penúltima fase é a fase do Improve, onde vamos me- lhorar as nossas mudanças e começar a melhorar o nosso processo. Nesta fase nós iniciamos nossos experimentos. As ferramentas mais importantes a serem trabalhadas são o ci- clo PDSA e o planejamento de experimentos, usando experi- mentos fatoriais. Ao sairmos do improve, já vamos saber exa- tamente quais ferramentas devemos implementar. A última fase é a fase do Control. Nela de fato implementamos as mudanças vencedoras. Para que essa implementação seja bem feita, iremos trabalhar algumas ferramentas de psicolo- gia, como o diagrama de campos de força e aprender a fazer bons padrões e bons treinamentos. As ferramentas estão presentes na página seguinte de forma visual, em que as cores representam os belts, onde em amarelo são ferramentas vistas no Yellow Belt, em verde as demais ferramentas aprendidas no Green Belt e por último as ferramentas em cinza que são ensinadas apenas para o Black Belt. Nos próximos capítulos, o curso irá aprofundar cada fase DMAIC e as ferramentas do Green Belt. F as e d o D ef in e F as e d o M ea su re F as e d o A n al yz e F as e d o Im p ro ve F as e d o C o n tr o l SI PO C M ap ea m en to d e Pr oc es so s D ia gr am a de Is hi ka w a Re al iz aç ão d e Te st es As fa se s da im pl em en ta çã o VO C (V oi ce o f C us tu m er ) Fl ux og ra m as An ál is e de D es co ne xõ es O c ic lo P D SA G es tã o da M ud an ça Ár vo re C TC VS M An ál is e de D es pe rd íc io s Te st es e m p ar al el o G es tã o de Im pl em en ta çã o D ia gr am a de A fin id ad es Fo rm ul ár io d e Co le ta de D ad os 5 po rq uê s Ti po s de c om pa ra çã o An dr ag og ia Co nt ra to d e M el ho ria (P ro je ct Ch ar te r) Fo lh a de V er ifi ca çã o Po ka -Y ok e Es tu do e st at ís tic o de po pu la çõ es Co nd uç ão d e Pr og ra m as d e m el ho ria H os hi n Ka nr i G rá fic o de T en dê nc ia U so d a Te cn ol og ia In fe rê nc ia e st at ís tic a G es tã o de E qu ip es G es tã o Es tra té gi ca d e M el ho ria H is to gr am a G rá fic o de D is pe rs ão Ex pe rim en ta çã o av an ça da Pa dr on iz aç ão G rá fic o de P ar et o An ál is e de C or re la çã o M at riz d e Pr io riz aç ão G es tã o e M ud an ça C ul tu ra l An ál is e de V ar ia çã o G rá fic o de D is pe rs ão 5W 2H G rá fic o de C on tro le Co rre la çã o Av an ça da Ac om pa nh am en to e O CA P Pl an o de C om un ic aç ão Té cn ic as d e Cr ia tiv id ad e M at riz d e Im pa ct o Es fo rç o An ál is e de C ap ab ili da de An ov a Co nt ro le E st at ís tic o de Pr oc es so s M od el os e st at ís tic os pa ra m ét ric os Re gr es sã o Li ne ar Fu nd am en to s do tr ab al ho e m eq ui pe M od el os e st at ís tic os n ão - pa ra m ét ric os Re gr es sã o Lo gí st ic a Ex p. F at or ia is C om pl et os Ex p. F at or ia is F ra ci on ad os Te st es d e hi pó te se s 11. A divisão dos Belts Os “belts” são os diferentes níveis de conhecimento na metodologia. A ideia foi emprestada das artes marciais (como o judô ou o karatê), onde cada faixa é o seu conhecimento so- bre a arte marcial em questão. No Lean Seis Sigma, tradicio- nalmente temos cinco faixas. O que cada uma representa está sumarizado na Tabela abaixo. Cada faixa Seis Sigma têm um nível de conhecimento e experiência maior. Por isso as ferramentas mais complexas são realizadas pelos profissionais Green Belt e Black Belt. 12. As habilidades de um agente de melhoria As habilidades do agente de melhoria (que devem ser ad- quiridas ao longo dos cursos belts) são: White Belt Yellow Belt Green Belt Black Belt Master Black Belt EEnntteennddee oo qquuee éé aa mmeettooddoollooggiiaa EEnntteennddee oo qquuee éé uumm pprroojjeettoo SSaabbee aaccoommppaannhhaarr eeqquuiippeess ddee pprroojjeettoo CCoonnhheeccee aappeennaass ooss ffuunnddaammeennttooss EEnntteennddee oo qquuee éé aa mmeettooddoollooggiiaa SSaabbee aapplliiccaarr ppaassssooss ddee uumm rrootteeiirroo ddee mmeellhhoorriiaa SSaabbee lliiddeerraarr uumm pprroojjeettoo ddee bbaaiixxaa ccoommpplleexxiiddaaddee CCoonnhheeccee ffeerrrraammeennttaass ppaarraa aannáálliissee ddee pprroocceessssooss EEnntteennddee oo qquuee éé aa mmeettooddoollooggiiaa SSaabbee aapplliiccaarr ooss ppaassssooss ddee uumm rrootteeiirroo ddee mmeellhhoorriiaa LLiiddeerraa pprroojjeettooss ddee mmééddiiaa ccoommpplleexxiiddaaddee CCoonnhheeccee ffeerrrraammeennttaass ppaarraa aannáálliissee ddee ddaaddooss ee pprroocceessssooss DDoommiinnaa aa mmeettooddoollooggiiaa LLiiddeerraa pprroojjeettooss ddee aallttaa ccoommpplleexxiiddaaddee DDoommiinnaa ttooddaass aass ffeerrrraammeennttaass eessttaattííssttiiccaass ee ddee pprroocceessssooss DDoommiinnaa pprrooffuunnddaammeennttee ooss ffuunnddaammeennttooss OOrriieennttaa GGrreeeenn BBeellttss ee YYeellllooww BBeellttss DDoommiinnaa pprrooffuunnddaammeennttee aa mmeettooddoollooggiiaa LLiiddeerraa aa áárreeaa ddee mmeellhhoorriiaa,, oorriieennttaannddoo ttooddoo ttiippoo ddee pprroojjeettoo DDoommiinnaa pprrooffuunnddaammeennttee ttooddaass aass ffeerrrraammeennttaass PPrroommoovvee aa ccuullttuurraa ddee mmeellhhoorriiaa nnaa oorrggaanniizzaaççããoo 1. Saber aplicar a metodologia em diferentes situações; 2. Entender processos de negócios (ver o processo por trás do problema); 3. Saber coletar dados qualitativos e quantitativos sobre os processos; 4. Conhecer os conceitos das metodologias de melhoria; 5. Desenvolver mudanças; 6. Saber planejar experimentos e testar mudanças; 7. Entender como trabalhar e analisar dados (estatística); 8. Estimar o desempenho de um processo; 9. Fazer o projeto andar (convencer as pessoas, conseguir apoio, vender os resultados); 10. Trabalhar com visualização de dados e processos; 11. Saber comunicar-se de maneira eficiente e trabalhar em equipe. 13. Resumo do capítulo A melhoria resulta da aplicação de conhecimento. O cur- so de Green Belt ensina como as empresas transformam esses conhecimentos em projetos de melhoria. Cinco pontos são fundamentais para se conseguir uma melhoria: 1. Saber o que precisa ser melhorado, com clareza; 2. Ter um mecanismo de feedback para saber se a melhoria está acontecendo; 3. Desenvolver mudanças que resultarão na melhoria; 4. Testar a mudança, adquirindo conhecimento específico no assunto; 5. Saber quando tornar a mudança perene, ou seja, quando im- plementar a mudança. As empresas sempre terão oportunidades a serem apro- veitadas, problemas a serem resolvidos e processos a serem melhorados. Elas sempre precisarão de procedimentos mais eficazes, produtos mais competitivos e conhecimentos que a façam desempenhar melhor. Os roteiros são apenas o como vamos suprir estas necessidades. O Modelo de Melhoria é uma estrutura que veremos para aplicar os cinco pontos citados do DMAIC que serão abordados no curso para suprir essas ne- cessidades. C ap ít u lo 2 D efi n e Clique para voltar ao Índice 1. Introdução ao Define O Define é o primeiro pas- so do roteiro DMAIC. É por ele que começamos o nosso proje- to de melhoria. Nele, todas as nossas ações vão ter o objeti- vo simples de definir o objetivo do nosso esforço de melhoria. Em outras palavras, temos que achar o processo por trás do problema, abordado junto às três questões fundamentais, e entender o indicador que o re- presenta e definir o impacto neste indicador que será o obje- tivo do projeto. Essa definição deve ser feita de maneira clara e objetiva, seguindo a filosofia do Modelo de Melhoria, ou seja, respon- dendo as 3 perguntas fundamentais (especialmente as duas primeiras). Na prática, seguimos os seguintes passos no Defi- ne: 1. Começamos o projeto, conversando com todos os interes- sados do esforço de melhoria. Aqui, é importante falar com o patrocinador (que é o líder formal responsável pelo projeto) para identificar claramente o problema ou oportunidade que vamos atacar. Temos que entender também a razão pela qual este problema ou oportunidade é importante para a empresa. De- vemos entender o contexto do nosso projeto de melhoria. 2. Após esclarecido o problema e o contexto, temos que entender qual é o processo por trás do problema, bem como onde este processo come- ça e onde ele termina. Entender esse processo é vital para sabermos qual o propósito dele, ou seja, o que este processo está entregando para a or- ganização. A ferramenta do SIPOC (que iremos detalhar mais a frente) é uma ótima ferramenta para descre- ver este processo. 3. Uma vez entendido o problema e o processo por trás do pro- blema (que são a resposta para a primeira questão), temos que ter uma métrica ou indicador para saber se estamos melhorando ou não o processo. Esse indicador é importante pois é com ele que vamos, posteriormente, provar que as mudanças que fizemos fo- ram de fato uma melhoria. A definição dessa métrica (caso ela já não exista) é um passo fundamental do Define. Geralmente, ques- tionamos os clientes do processo problemático (aquelas pessoas que teoricamente usam as suas saídas) e entendemos suas ne- cessidades. Em seguida, compilamos essas suas impressões em fatos observáveis. Esse processo é chamado de “VOC”,ou Voice of Customer (Voz do Cliente). A ferramenta que nos auxilia nesta empreitada (de transformar as necessidades do cliente em itens mensuráveis) é a árvore CTC. 4. Em seguida, temos que determinar o objetivo do esforço de melhoria. Temos que entender qual impacto vamos bus- car no indicador. Esse objetivo precisa ser formalmente de- finido (Aumentar ou Diminuir, um indicador, em uma meta, até um prazo). 5. Ao final da fase do Define, teremos preenchido o Contra- to de Melhoria do projeto, que é a principal ferramenta de alinhamento da equipe de melhoria. Este documento é aná- logo ao Project Charter (ou, Termo de Abertura do Projeto) utilizado nas metodologias de gestão de projetos. Devemos também analisar se o objetivo do projeto está alinhado com os objetivos da organização (checklist de inicialização). Para identificar quais as ferramentas utilizar, o Mapa do fase Define, mostra os objetivos e as saídas esperadas nas fases do Define abordadas anteriormente. Inicie o projeto Conversas com o patrocinador e equipe. Entender a necessidade para a organização. Atividades Ferramentas Saídas Diagrama de afinidades SIPOC Macro, Matriz de Stakeholders Braisntorming VOC, Árvore CTC Árvore CTC, Definição de objetivos Contrato de melhoria, Checklist de contrato Resposta para: O que queremos realizar? SIPOC preenchido, Identificação do “processo por trás do problema” Indicadores: Expectativas claras de qualidade do cliente Resposta: “ Como saberemos que as mudanças são melhorias? Contrato Preenchido Formalizar o Processo por trás do problema. Entender fronteiras, envolvidos e entregáveis. Entender o que é esperado daquele processo. O que ele é feito com qualidade? Como os problemas se relacionam com o propósito? Definir como medir e analisar cada direcionador de qualidade do processo (indicadores). Atribuir uma meta. Registrar as definições do Define para focar a equipe. Vislumbrar os próximos passos. Defina o processo Entenda os requerimentos Defina os indicadores Formalize 2. O SIPOC O SIPOC é uma ferramenta que descreve um processo. Entretanto, ele não faz isso evidenciando o fluxo do proces- so (o que pode ser muito confuso de ser detalhado), como um fluxograma, mas sim evidenciando a razão daquele processo existir e a interação do processo com outras áreas na empre- sa. Seu nome é uma sigla que exibe o que queremos entender do processo: quem são os fornecedores do processo (S - Su- ppliers), quais as entradas para o processo (I - Inputs), quais as etapas do processo (P - Process), quais as saídas do processo (O - Outputs) e quais são os clientes destas saídas. Na prática, ele é um formulário, onde cada sigla é um campo a se preen- cher do processo: 2.1 Como Elaborar o SIPOC Passos do Processo Fornecedores (suppliers) Entradas (inputs) Processo (process) Saídas (outputs) Clientes (clients) Para criar um SIPOC do processo você deve seguir alguns passos. São eles: 1. Concordar com o nome do processo. Lembre-se, para definir nome de um pro- cesso use verbos no infinitivo mais um complemento (Ex: Realizar Planejamen- to Estratégico da Área Comercial); 2. Defina as saídas do processo. As saídas são as coisas tangíveis que o processo produz (Ex: um relatório, uma carta, um produto, etc); 3. Defina os clientes do processo. Estas são as pessoas ou outros processos que recebem as saídas do processo. Toda saída deverá possuir um cliente; 4. Defina as entradas do processo. Estas são as coisas neces- sárias para iniciar o processo. Elas frequentemente são tangí- veis (Ex: Requisição do cliente); 5. Defina os fornecedores do processo. Estes são as pessoas ou outros processos que fornecem as entradas. Toda entrada deverá possuir um fornecedor. Em alguns processos que vão do início ao fim, o fornecedor e o cliente poderão ser o mesmo; 6. Defina os sub-processos que fazem parte do processo ma- peado. Estas são as atividades que são feitas para converter as entradas em saídas. Elas serão a base para o mapa do proces- so a ser criado a após a elaboração do SIPOC. Lembre-se que nesta etapa do Define, não é preciso detalhar muito estes sub- -processos, apenas colocar-los de maneira “macro”, a fim de se conhecer as etapas. Iremos fazer um mapeamento mais deta- lhado na etapa do Measure. Notem que ao fazer isso, estamos começando a mapear o processo que estamos analisando. Mais para a frente, iremos destacar como usar essa ferramenta para se mapear com perfeição qualquer tipo de processo. Na Tabela abaixo é possível ver algumas dicas para construir o SIPOC: 2.2 Por que usar o SIPOC no Define? Mão de obra e outros recursos não consumidos no processo. Eles não disparam o processo e não sofrem transformação. Políticas e regras não devem ser incluídas como entradas. Elas guiam o processo, mas não são trabalhadas por ele. Entradas podem incluir instruções operacionais que são necessárias para quem executa as atividades. Entradas são “coisas” supridas pelos fornecedores do processo. As saídas são “coisas”. Elas podem estar corretas ou com erros. Podem atender as necessidades do cliente ou não; As saídas devem especificar o que o processo entrega, não o que ele alcança. Saídas que ou são vagas, como “clientes satisfeitos” ou que contém especificações, como “relatórios entregues a tempo”; Colocar palavras que definem o objetivo do processo. Ex: Contratar pessoas rápido, melhorar os relatórios;; Use a declaração de propósitos do processo para definir porquê ele existe. Isto irá ajudá- lo a identificar os objetivos e as métricas. O nome do processo não deverá definir seu desempenho e nem seus objetivos de melhoria; O nome processo define o que ele faz, nem mais e nem menos; Dicas O que fazer Erros mais comuns Usar verbo no infinitivo mais complemento; Dar nome utilizando gerúndio ou verbo no passado; Entradas devem ser especificar os “gatilhos” do processo e o que será trabalhado pelo processo. Lembrem-se: no Define trabalhamos para sair com um foco claro para atacarmos em nosso projeto de melhoria. Te- mos que entender as visões de cada uma das pessoas e bolar um indicador que vá nos balizar durante o resto do projeto. O SIPOC é útil para se conseguir as duas coisas. Quando utilizamos o SIPOC, começamos a analisar o nos- so problema de uma forma extremamente útil para a melhoria: de forma sistêmica. Começamos a entender com muita clareza onde está inserido o processo que queremos analisar, enten- demos onde ele começa, termina e quais são os seus limites. Além disso, temos declaradas claramente todas as etapas do processo. Podemos então, com a ajuda do resto do time de melhoria, analisar criticamente as etapas propostas, tentando identificar nas discussões direcionadores críticos para a quali- dade. O SIPOC também nos permite identificar pontos para a coleta de dados. Podemos pensar em indica- dores diversos para as saídas, para as entradas e para cada etapa do processo. Por exemplo: como me- dir se a saída está com qualidade? Quanto tempo demora toda a eta- pa de processamento? Quanto de rejeito esta etapa está gerando? Quanto aproveitamos de cada entrada? Todas estas perguntas, elementares a se observar um SIPOC, podem levar a indicadores bastante úteis em projetos de melhoria. Por fim, essa visão segmentada e clara do proces- so também já nos começa a abrir a mente para possíveis mu- danças no processo: Temos alguma entrada que não precisa- mos? Deixamos de ter alguma entrada que precisamos? Nesta etapa, de “preparação do paciente”, qual é o procedimento que estamos seguindo? Podemos fazer melhor? Essas técnicas de aperfeiçoamento das atividades serão discutidas em mais pro- fundidade na etapa do Analyze. 2.3 Exercício - SIPOC Elabore um SIPOC para o processo comumente conhecido de “realizar um exame de sangue”. Faça a análise do SIPOC do ponto de vista do laboratório responsável para o exame. • Qual é asaída mais importante do laboratório? • Quem consome essa saída? • Para produzir essa entrega, o que é necessário entrar para o laboratório? • Quem fornece essas entradas? • Como as entradas se transformam em saídas? • É assim para todos os laboratórios? O que muda? Resolução: O exemplo de como funciona o processo de coleta de san- gue tem como objetivo identificar as entradas e saídas. Se fos- se definido primeiro a saída, é sabido que o mais importante do processo é o resultado do exame de sangue, que é consumido pelo médico (ou pelo paciente). A saída não é o sangue. Aliás, esse nem aparece no SIPOC. Ele é coletado e é processado inteiramente dentro do processo, portanto não é uma entrada nem uma saída. Logo as entradas são relacionadas à coleta do sangue, inclusive o paciente. É possível notar na imagem abaixo também que o proces- so pode não ser realizado da mesma maneira de um laborató- rio para outro. Por exemplo, a atividade de “preparar o pacien- te” pode ser realizada das mais diversas maneiras, seguindo os mais diversos procedimentos. 3. O VOC (Voice of Customer) Uma vez definido o produto e desenhado o processo que queremos melhorar, temos que definir seus indicadores, para Passos do Processo Fornecedores (suppliers) Entradas (inputs) Processo (process) Saídas (outputs) Clientes (clients) Receber paciente + requisição Preparar paciente Retirar sangue Analisar sangue Preencher relatório Médico Laboratório Paciente Requisição Seringas Agulhas Álcool Outros Realizar exame de sangue Resultado Médico saber que estamos melhorando. Esses indicadores podem já ser definidos pela empresa (no caso de termos algo como: au- mentar a produtividade, reduzir custos, etc.) ou então teremos que defini-los no Define. Muitos projetos de melhoria estão baseados na interfa- ce com o cliente do processo. Em outras palavras, tem como objetivo resolver os problemas dos clientes ou encantá-los. Para tanto, precisamos escutá-los e traduzir o que estão falan- do para uma linguagem palpável ao nosso projeto de melhoria. Precisamos, portanto, extrair das informações subjetivas, indi- cadores mensuráveis. 3.1 Avaliando a qualidade do processo Agora que já sabemos qual é o nosso processo, seguindo a lógica do Define, precisamos identificar e formalizar um indi- cador que avalia se ele é feito com qualidade. Este indicador é o feedback se nossas mudanças vão ser melhorias ou não. Ele é chave para que possamos de fato bus- car a nossa melhoria. Boa parte das vezes, esse indicador é dado pelo patrocinador (em empresas estruturadas). Entre- tanto, muitas vezes ele não é dado. Quando ele não é dado, temos que questionar nossos clientes (internos ou externos) para desdobrar o que eles esperam do processo (o que é quali- dade para eles) e, a partir disso, determinar um indicador para acompanhar. Durante a coleta de informações, temos que entender que os clientes não possuem os mesmos pensamentos que nós, envolvidos com melhoria, possuímos. Eles não estão interes- sados em definir um objetivo claro para melhorar nossos pro- dutos, por isso eles vão ser relativamente vagos em suas expo- sições. Irão exprimir-se muitas vezes de maneira sentimental e inconsciente: sabem que não gostam de algo do produto, mas não sabem exatamente o porquê. Cabe a nós, tentar entender o porquê com perguntas. Outra coisa que pode acontecer (e vai acontecer) é o cliente comparar seu produto com coisas que ele está acostumado. Você irá escutar respostas do tipo: • “Eu gosto que a minha entrega seja rápida. O pessoal da con- corrência entregou muito rápido”; tudo bem, mas em quantos dias? Qual a definição de rápido para você? • “O ar condicionado do carro de vo- cês é uma porcaria, ele demora um ano para esfriar! Eu moro no Rio de Janei- ro, aqui faz muito calor! Meu amigo tem o carro da concorrência e ele gela rapidinho”; ótimo, mas quantos graus lá fora é calor? Quantos graus significa conforto para você, 23ºC? O que é “rapidinho” em minutos? Perguntas “inteligentes” seguem uma lógica. A perspec- tiva pela qual questionamos o cliente também é muito impor- tante. Devemos conduzi-lo a pensar na sua necessidade, e não na solução que ele gostaria. Um exemplo disso é a célebre fra- se atribuída a Henry Ford, sobre a invenção do carro: “Se eu perguntasse ao meu cliente o que ele queria, iria me respon- der que precisava de um cavalo um pouco mais rápido”. É papel do agente de melhoria, direcionar a conversa com o cliente de maneira a extrair as informações necessárias que respondam às questões fundamentais. Alinhar, claramente com o cliente o objetivo da reunião, explicando calmamente todo o esforço de melhoria, é uma ótima maneira de coletar as informações de maneira eficiente. A ferramenta da árvore CTC (Critical to Customer) ajuda muito nessas situações. 4. Árvore CTC A árvore CTC, ou CTQ (Critical to Quality) é um diagra- ma que nos ajuda a extrair indicadores dos clientes, a partir de suas percepções abstratas. Ela interpreta o que é feito com o VOC e que deve traduzir em indicadores, assim como visto na imagem abaixo: Produto/Serviço com Qualidade Direcionador 1 Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Direcionador 2 Direcionador 3 Geral Específico Difícil de medir Fácil de medir Necessidade Direcionadores Variáveis Indicadores (*) quando existir Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) A árvore CTC tem, basicamente, 4 níveis, que são exemplificadas na sequência de imagens abaixo: 1. Formular o problema: o que estamos analisando? Podemos estar, por exemplo, querendo ver a qualidade do nosso proces- so de faturamento, ou então a qualidade de um carro que pro- duzimos. 2. Identificação dos direcionadores: de maneira abstrata, o que é, do ponto de vista para o cliente, um bom processo de fatura? As faturas têm que ser entregues no dia, portanto tempo de entrega é um direcionador. As faturas também devem vir com o valor correto, conforme o combinado no contrato, portanto valor da fatura é outro direcionador. Para o caso do carro, te- mos direcionadores diferentes, como por exemplo: consumo de combustível, silêncio, conforto térmico, etc. Aqui é o que nosso processo entrega... O processo “fazer bolos” entrega bolos. Temos então que avaliar se cada bolo é feito com qualidade. Agora, o que é qualidade? Produto/Serviço com Qualidade Direcionador 1 Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Direcionador 2 Direcionador 3 Necessidade Direcionadores Variáveis Indicadores (*) quando existir Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Às vezes, o que é qualidade pra mim, não é qualidade para você. Temos que definir (por enquanto de maneira genérica) o que é qualidade para nosso cliente. Temos que ter os direcionadores de qualidade. Produto/Serviço com Qualidade Direcionador 1 Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Direcionador 2 Direcionador 3 Necessidade Direcionadores Variáveis Indicadores (*) quando existir Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Produto/Serviço com Qualidade Direcionador 1 Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Direcionador 2 Direcionador 3 Necessidade Direcionadores Variáveis Indicadores (*) quando existir Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) As variáveis já são as pontos de medição objetivas. O que vamos analisar no bolo para saber se ele é quentinho? Se ele é fofinho? Sempre que pensamos nas variáveis, começamos a entender nosso banco de dados. 3. Identificados os direcionadores, temos que definir variáveis específicas e mensuráveis para representar cada direciona- dor. No caso da fatura,para representar o direcionador “tem- po de entrega”, podemos medir a variável tempo de entrega, definida como: o tempo total em dias que leva da solicitação de faturamento pelo cliente até o mesmo receber a sua fatura. Atrelada a esta variável, podemos ter também uma especifica- ção: a fatura estará conforme, caso ela seja entregue em até 3 dias úteis, caso contrário ela estará não conforme. Cada dire- cionador pode ter uma ou mais variáveis para representá-lo. Os indicadores dizem respeito a como olhamos e gerenciamos as nossas variáveis. Em outras palavras, como temos ideia do comportamento do processo por meio e nosso banco de dados! Bolo com qualidade Deve ser quentinho Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Deve ser fofinho (*) quando existir Variável (Y2) Definição/forma de medir Especificação (*) Necessidade Direcionadores Variáveis Indicadores 4. Por fim, definimos os indicadores para medirmos se estamos atendendo as variáveis importante para o cliente. Cada variá- vel poderá ter um ou mais indicadores, dependendo da situa- ção. Em nosso exemplo, a variável “tempo de entrega” pode ter dois indicadores: tempo médio de entrega das faturas e por- centagem de faturas não conformes, dando-nos informações diferentes. Esta árvore é uma ferramenta maravilhosa na tradução das necessidades de clientes (tanto internos quanto externos). Nos próximos tópicos um exemplo de projeto será desenvolvi- do. 4.1 Como coletar os direcionadores de qualidade Para coletar informações dos clientes (aqui estamos fa- lando tanto de clientes externos quanto de clientes internos), nós temos basicamente duas estratégias: 1. Recorrer a fontes reativas de informação, ou seja, fontes que te enviam informações, quer você faça algo ou não. São por exemplo, ligações de clientes para o SAC da empresa, aberturas de chamados em sites como o Reclame AQUI, relatórios de vendas, reivindica- ções de garantia de nossos produ- tos ou serviços, etc. Essas infor- mações são relativamente baratas de serem adquiridas, porém elas são também parciais: a informa- ção nunca chega da maneira que queremos e, convenhamos, pou- cos clientes nos ligam para elogiar nossos produtos. E, quando che- gam, pode ser tarde demais, pois algo ruim ocorreu. 2. A segunda maneira são as fontes ativas de informação, ou seja, aquelas que temos que fazer alguma coisa para conseguir as informações. Exemplos de fontes ativas vão desde as mais simples, como formulários de pesquisa enviados por e-mail até as mais complexas, como a elaboração de grupos focais, passando pelas mais convencionais, como entrevistas com os clientes, conversas informais e até ligações de feedback. A van- tagem das fontes ativas de informações é que, por meio delas, podemos obter a informação como quisermos. Qual fonte escolher depende muito do tipo de projeto. Podemos, inclusive, escolher ambas no Define. Podemos par- tir de fontes reativas (compilando as nossas reclamações no Reclame AQUI, por exemplo) e depois seguir para as fontes ativas para a complementação das informações passivas (por exemplo, ligar para cada cliente para entender melhor os pro- blemas apresentados). O importante é, ao final da pesquisa, termos um objetivo claro para agradar o cliente. Exemplos: • Os clientes gostam de agilidade na entrega, por isso temos que entregar o produto até eles em, no máximo, 3 dias úteis; • Os clientes gostam abominam falhas em seus produtos, por isso apenas 1 em cada 10.00 produtos fabricados pode ter al- gum tipo de falha; • Os clientes prezam o conforto térmico em seus carros, por isso, quando o ar condicionado do carro é ligado e a tempera- tura externa é de 40°C, em até 5 minutos o carro precisa ter seu interior climatizado em 22°C. Chegar em objetivos como estes não é fácil. Quando es- tamos coletando informações dos clientes, para chegar a estes objetivos, devemos tomar alguns cuidados. Dicas que podem ajudar a obter informações confiáveis dos clientes são: 1. Os clientes podem ser vagos em sua explicação; 2. Seja específico; 3. Considere um fator por vez; 4. Busque a necessidade do cliente, não a sua solução favorita; 5. Expresse os requerimentos em fatores mensuráveis; 6. Identifique o que é “aceitável” ou “inaceitável”. 4.2 Exemplo - Dados Estruturados A aplicação do VOC e da árvore CTC constroem um banco de dados. Os dados estruturados consistem em informações gerenciadas pela organização em planilhas, como o exemplo da imagem abaixo, que mostra o monitoramento do processo e suas entregas. No exemplo da figura as variáveis estão separadas por colunas e as observações em linhas. Os dados da árvore CTC (“fofura”) estão presentes como variáveis de interesse, porém é do nosso interesse adicionar mais informações que facilitem a interpretação do processo na fase Measure, como é o caso do “sabor”. Bolo Sabor Dia em que foi assado Fofura Temperatura (°C) Confeiteiro Custo (R$) Vendido? 1 Chocolate 1 100 35 Raul 15,00 Sim 2 Morango 2 88 18 Pedro 13,20 Sim 3 Chocolate 2 55 42 Raul 11,22 Sim 4 Limão 3 150 38 Raul 8,50 Não 5 Morango 3 89 16 Pedro 16,60 Sim Observação Variável de interesse Variável de tempo Fofura média Dia 4.3 Exemplo - Árvore CTC O processo é o de “enviar faturas com qualidade”. A árvore CTC completa do projeto sobre Faturas é expressa na imagem abaixo: As variáveis identificadas foram: tempo, valor, envio e controle. A partir delas a coleta de dados deve ser feita de for- ma mensurável e traduzida em indicadores. No exemplo, a conclusão foi a criação de indicadores de porcentagem para monitorar as faturas enviadas com qualida- de. 4.4 O SIPOC e a Árvore CTC em Projetos Reais Fatura enviada com qualidade Tempo Tempo (dias) Menos que 2 dias úteis antes do vencimento Tempo para enviar a fatura (dias) por envio % de faturas enviadas fora do prazo por mês Valor Valor da fatura de acordo com contrato % de faturas com valor incorreto por mês % de notas de crédito Envio Enviar a fatura (Sim ou Não) % de faturas enviadas por mês Controle Fatura registrada (Sim ou Não) % de faturas registradas por mês Até agora, aprendemos a usar o SIPOC e a Árvore CTC em projetos de melhoria. Entretanto, alguns comentários são válidos: • Nem sempre você irá preci- sar utilizar essas ferramentas. Pode ser que você trabalhe em uma empresa que já tem bons processos para realizar proje- tos de melhoria. Em empresas assim, geralmente há um Black Belt ou um Master Black Belt que irá entender os problemas, relacioná-los com processos e definir os indicadores. Nes- te caso, a missão será dada ao Green Belt de maneira mais clara, já com o processo e o in- dicador definidos. • O importante é responder às questões fundamentais sobre “o que queremos fazer” e “como saberemos que a mudança é uma melhoria”, o SIPOC e a ár- vore CTC são apenas maneiras de tangibilizar isso. Caso você já tenha um indicador e o pro- cesso claro, não é necessário passar pela formalização des- tas ferramentas. 5. O Contrato de Melhoria O contrato de melhoria é um acordo escrito entre o patroci- nador do projeto e a equipe de melhoria. Nele, devemos detalhar claramente o que se espera do projeto: quais os objetivos a serem alcançados pela equipe e quais os recursos o patrocinador deverá disponibilizar para tal. Além disso, é usual em projetos de me- lhoria descrevermos de maneira sucinta o incômodo a ser tratado, antes de definir- mos os objetivos. A descrição do incômodo ajuda a contextualizar o esforço de melho- ria e a definir a perspectiva mais adequada do projeto. O contrato é uma fotografia das coisas no início do projeto, muito útil pois ele ajuda a estabelecer papéis e responsabilidades, além de deixar a equipe focada no objetivo. Quando conduzimos projetos de melhoria, sempre que há discussões ou dúvidas se es- tamos no caminho certo, recorremos ao contrato. É nele que fica o norte do projeto, algoque não podemos perder. As mudanças vão acontecer de maneira natural. Às vezes, mes- mo após todas as discussões do Define, achamos que o problema está em um lugar e quando começamos as medições iniciais, tudo muda. O escopo é geralmente um caso clássico desse tipo de mu- dança. Na próxima página, você encontrará a lista dos elementos básicos do contrato de melhoria. O contrato e melhoria é elaborado conforme as 3 pergun- tas fundamentais, que discutimos previamente. Ao preenchê- -lo, geralmente já fizemos várias discussões (inclusive usando as ferramentas do SIPOC e da árvore CTC), portanto já temos bem definido o que vai ser atacado, por isso é relativamente fácil colocarmos no papel o que foi discutido. O modelo de contrato pode variar de lugar para lugar ou de equipe para equipe. Nesta apostila, faremos um exercício extenso onde apresentaremos uma proposta de contrato. En- tretanto, alguns pontos são muito importantes e devem estar presentes: Nome do Projeto: Integrantes: Patrocinador: 2. Como sabemos que uma mudança é uma melhoria? (Indicadores, Contra-Indicadores, Meta) 4. Cronograma 1. O que queremos realizar? (Objetivo, Importância, Incomodo) 3. Restrições • Descrição do incômodo: é vital para a equipe contextualizar o projeto. Descreva claramente o incômodo que está sendo atacado. Exemplo: • Descrição do incômodo ou oportunidade: “A empresa trabalha com pintura e montagem de para-choques. Ultimamen- te, uma série de para-choques vêm sendo rejeitados na inspeção que acontece após a pintura, devido a riscos que acredita- mos ser provenientes de pequenas bati- das que acontecem quando a tinta ainda está fresca. Pelo elevado número de rejei- tos, não estamos conseguindo atender a demanda de nossos clientes. Além disso, boa parte dos para-choques ficam esto- cados em uma área do barracão, ocupan- do espaço e dificultando a circulação de pessoas. ” • Descrição da importância do projeto: geralmente, para usar futuramente como argumento de convencimento para os envolvidos, escrevemos algumas palavras para explicar por que o projeto é importante. Essa importância pode ser expos- ta por várias perspectivas: a do cliente, a da empresa, as de vá- rios departamentos, etc. Ter esses argumentos prontos é útil, pois quando precisamos da ajuda destes envolvidos, podemos claramente expor a eles o porquê estamos propondo aquilo. Exemplo: • Importância para a empresa: “Reduzir as perdas na pintura devido à batida irá diminuir a carga de trabalho e aumentar a produtividade”. • Importância para o cliente: “Reduzir esta perda fará com que o cliente receba a sua encomen- da mais rápido e de maneira integral”. • O objetivo do projeto: Devemos descrever o objetivo de maneira clara e atrelada a um indicador. Isso ajuda a manter o foco da equipe de melhoria. Exemplo: • Objetivo: “Reduzir as perdas na pintura por bati- das de 30% para menos de 1% até o mês que vem”. • Como saberemos que a mudança é uma melhoria? Nesta parte, identificamos todos os indicadores e contra indicadores que queremos trabalhar, bem como colocamos uma meta para a sua redução. Sim, sabemos que colocar metas é um assunto polêmico, por isso ele será discutido mais à frente nessa apos- tila. • Restrições: Na parte de restrições, devemos deixar explíci- to quais são as restrições do projeto. Por exemplo, podemos ter restrições como “não modificar o processo X”, ou “não envolver mudanças para o cliente”. Além disso, em geral tra- balhamos com restrições orçamentárias e de recursos hu- manos. • Cronograma: Por fim, colocamos uma sequência lógica no tempo do que vamos trabalhar. No cronograma, pode- mos relacionar as próximas atividades com as etapas do roteiro DMAIC, por exemplo: na primeira semana, iremos fazer a definição das metas, na segunda semana, iremos medir o processo, e assim por diante. 5.1 Elementos de contrato Elementos conhecidos de contratos de melhoria são: • Informações iniciais: nome do projeto, patrocinador, equipe e líder da equipe; • Contexto/Descrição do projeto; • Descrição do incômodo ou oportunidade; • Importância do projeto; • As três perguntas fundamentais; • Restrições para as atividades; • Riscos; • Aprovação/Data. Por exemplo: Os objetivos são descritos ao responder à pergunta fun- damental “O que estamos tentando realizar” e os indicadores em “Como saberemos que uma mudança é uma melhoria?”, as- sim como na imagem abaixo, visto no contrato de melhoria do projeto Despachante Aduaneiro. Uma outra forma menos intuitiva de preencher o contra- to seria pelo roteiro DMAIC. Ele ajuda a identificar os defeitos e organizar os próximos passos, que para processos bem es- truturados são mais fáceis de descrever. 5.2 O Contrato de Melhoria e a atribuição de metas O Contrato de Melhoria deve contar metas quantitativas, numéricas, que podem ser distorcidas ao longo do caminho. Frente a uma meta não batida, as pessoas podem distorcer o sistema para batê-la, por isso é importante elaborar bem as metas de modo que sejam possíveis e ao mesmo tempo desa- fiadoras, mas objetivas e a prova de distorção. 5.2.1 Metas Muito cuidado deve ser tomado ao negociar metas com o patrocinador do projeto, especialmente se estas metas refleti- rem na remuneração dos envolvidos. Quando os funcionários batem a meta, algumas observações devem ser feitas: 1. As pessoas podem distorcer os dados (colocar uns zeros a mais na planilha do Excel); 2. Distorcer o sistema de medição (colocar aquela “balança vi- ciada” para parecer mais magro); 3. Omitir ou “expurgar” dados; 4. Alterar a memória de cálculo; 5. Distorcer o sistema como um todo (como o vendedor que, para vender mais, começa a dar descontos em excesso). As metas mais confiáveis são metas numéricas. As mentes mais competentes e ambiciosas se motivam por meio da atri- buição de metas numéricas bem definidas. Metas devem ser SMART (Specific, Measurable, Achievable, Relevant e Time-bound), ou seja: • Específicas (ligadas a um indicador); • Mensuráveis (é preciso saber exatamente como ela será ava- liada); • Possíveis (metas muito fantasiosas desmotivam a equipe); • Relevantes (ou seja, devemos entender a variação do indica- dor para atribuir a meta); • Adequada com o tempo do projeto (Time-bound). Outra coisa que vale a pena ser dito sobre metas é que, como gesto- res, nunca devemos dar uma meta para uma pessoa, sem ensiná-la o que ela deve fazer para chegar lá. Isso é uma grande crueldade. Deve- mos priorizar a dedicação da pessoa e a sua conformidade em relação ao processo, ao invés de meramente os resultados obtidos. Como dizem na Toyota: é melhor (e mais fácil) ter um processo brilhante do que pes- soas brilhantes. Metas devem ser elaboradas por métodos, para isso, é ne- cessário ser flexível e procurar a melhor forma de formulá-las. Procure conhecer outras empresas que bateram metas simi- lares às suas. O que eles fizeram? Qual foi a estratégia adota- da? Como eles implementaram as mudanças? Entenda o que já aconteceu e trace seu caminho até a sua meta, sempre utili- zando as técnicas de geração de conhecimento específico para que o seu caminho seja mais suave que o da empresa consulta- da. Essa iniciativa se chama benchmarking. Por fim, renegociações são possíveis no contrato, poucos projetos terminam sem reformulações em seu contrato. Isso acontece com o tempo porque o escopo pode mudar, a equi- pe e os recursos podem mudar, além de eventos externos não previstos. Por isso, não pode ser impedido que as metas mu- dem também. 6. Resumo do capítulo A definição do Define diz que essa é a fase em que o pro- fissional da melhoria deve conversar com os funcionários que atuam no projeto e entender o incômodo deles. Assim, os pro- cessos devem ser revisados e indicadores devem ser estabele- cidos para a leitura da melhoria. As fases juntas do Define são: 1. Início do projeto; 2. Defina o processo; 3. Entenda os requerimentos; 4. Defina os indicadores;5. Formalize. As saídas esperadas são o Contrato de Melhoria e um bom entendimento de como o projeto irá contribuir para a or- ganização. Saberemos aqui os seus impactos estimados, o pro- cesso a ser trabalhado e os indicadores a serem impactados. C ap ít u lo 3 M ea su re Clique para voltar ao Índice 1. Introdução ao Measure No Measure, você irá entender a situação atual, ou seja, irá adquirir conhecimento de como está o processo (o que as pessoas estão fazendo) e qual o resultado disso (análise de da- dos). Esse entendimento passa por duas portas: a porta de processos e a porta de dados. A porta de processos é onde mapeamos os processos envolvidos com a nossa meta do pro- jeto de melhoria. Fazer esse mapeamento significa entender exatamente como que as entradas se transformam em saídas. Existem várias técnicas para se fazer isso e vamos discorrer cada uma delas. A porta de dados seria onde de fato coletamos os dados relativos ao nosso indicador principal do projeto e começamos a analisá-lo. Temos que entender que é muito importante fazer uma coleta cuidadosa dos dados para que nossa análise seja razoável (iremos comentar como se coletar bons dados). Do ponto de vista de análise, na fase do Measure nossa maior pre- ocupação é entender a variação dos indicadores. Vamos ensi- nar algumas ferramentas excelentes para se fazer isso (como é o caso dos gráficos de controle de Shewhart) e como se com- parar essa variação com as especificações do cliente (que é o caso das análises de Capabilidade). Os dados podem ser analisados estaticamente (quanto à frequência), dinamicamente (com gráficos de controle) e com- parados com os requisitos dos clientes (capabilidade). Ao final do Measure, assim como mostra a Tabela abaixo, a situação atual deve ser exposta para todos os envolvidos, atra- vés de ferramentas de visualização de dados. Uma das ferra- mentas de visualização de dados mais usada e que é abordada pelo curso de Green Belt é o Minitab. 1.1 A porta dos dados Na prática, todas as nossas decisões (de processos e da vida) estão relacionadas ao desempenho de determinada ca- racterística. Exemplos: • Podemos refugar uma peça devido ao seu comprimento; • Podemos promover um vendedor devido a suas vendas; Atividades Entender o Fluxo de informações e materiais. Entender problemas no fluxo. Ir ao Gemba. Analisar as atividades dentro do processo. Há erros claros e falta de padrão? Montar o banco de dados do projetos ou verificar o que já tem. Avaliar a confiabilidade. Estratificar. Avaliar a frequência e a tendência dos dados. Avaliar a estabilidade e a capabilidade do processo (o que é “natural” dele e se isso é bom para o cliente). Informar os stakeholders sobre o desempenho atual. Nivelar o conhecimento. Ferramentas SIPOC, VSM, Fluxograma Tempos e Métodos, Instruções de Trabalho Folha de Verificação, Dados estruturados Gráficos de Tendência, Pareto, Barras, histograma, etc Gráficos de Controle, Análises de Capabilidade Fluxogramas, visualização de dados. Divulgar o aprendido Usar análises paramétricas Análises Básicas Coletar os dados Mapear os procedimentos Mapear os processos Define Entender o resultado do que estão fazendo (Dados) Entender o que as pessoas estão fazendo (Processos) Compilar e Divulgar o resultado Coletar dados Mapear processos Mapear Procedimentos Análises básicas Análises paramétricas (previsibilidade) • Podemos abandonar um negócio devido ao seu lucro; • Podemos ficar insatisfeitos devido a um alto tempo de espe- ra. Dados são os “pacotes individuais de informação” que nos levam a tomar essas decisões. Por sua importância no nosso entendimento do mundo, eles são pontos centrais no Lean Seis Sigma. Dados estão sempre vinculados: • A um “evento” (Em melhoria, esse evento é, na maioria das vezes, vinculado a um processo ou atividade); • A uma “característica” (que é o que observamos do evento – e podemos observar por diversas lógicas diferentes). Exemplo 1: Em um processo de “assar bolos” podemos ter a informação de que um bolo (evento) é de chocolate (característica 1), pesa 100 gramas (característica 2) e demorou 30 minutos para ser assado (característica 3). Exemplo 2: Em um processo “vender carros”, podemos analisar cada mês de trabalho (evento) pela quantidade de carros vendidos (ca- racterística 1), valor vendido (característica 2) e até pelo preço médio das vendas (característica 3). Por estas razões dizemos que dados são sempre dependentes de um contexto. 1.2 Trabalhando com dados Trabalhar com dados nada mais é do que entender como gerenciar as informações ao nosso redor para a melhor toma- da de decisão possível. Algumas atividades precisam ser feitas, entre elas: • Garantir a confiabilidade das informações; • Cruzar informações de diferentes fontes e sobre diferentes características; • Contextualizar as informações; • Usar técnicas para visualizar e entender o que está aconte- cendo frente a uma “enxurrada de informações”. A estatística é a ciência que nos ajuda a lidar com estes dados. Ela nos ajuda: • A modelar o problema (fortemente ligado ao contexto); • A garantir que as informações sejam confiáveis (em outra pa- lavras, a coletar bons dados); • A estruturar os dados para a análise; • A evitar problemas que nos confundem facilmente (como a variação); • A formular um entendimento melhor do contexto. Estruturar o banco de dados é muito importante para o projeto de melhoria. Para realizar bem essa tarefa, o profis- sional Seis Sigma pode seguir algumas dicas, entre elas: usar amostras e testar antes de terminar o banco de dados, além disso é interessante treinar aqueles que coletarão os dados e dar a eles instruções compreensíveis. Outro fato importante de observar é que, ao obter os da- dos, sempre vamos ter a medição de nossa característica e ex- periência pessoal atrelada a forma que interagimos com a na- tureza (ou seja, com o nosso “meio de medição”). Portanto, os dados coletados, com os quais vamos trabalhar, sempre refle- tirão apenas uma pequena parte da natureza onde eles foram gerados. Dito isso, vamos conhecer como elaborar uma boa “definição opera- cional” e começar a jornada da co- leta, construção do banco de dados e análise dos dados, tão importante para os projetos de melhoria. 2. Coleta de dados Até agora estivemos falando na parte do Measure como enxergar os processos através do entendimento da sequência de suas atividades e das inter-relações entre essas atividades. Agora iremos começar a analisar os processos através dos da- dos que eles nos enviam. Essa porta é talvez a grande contribuição do Green Belt na análise de melhorias. Aqui, vamos ensinar várias ferramen- tas estatísticas, como os Gráficos de Controle e a Análise de Capabilidade. A princípio a coleta de dados se- gue um passo a passo: 1. Estruture os dados que você pre- cisa (estrutura de banco de dados); 2. Crie uma definição operacional clara para os dados que você irá co- letar; 3. Identifique a população e a amos- tra para realizar a coleta de dados; 4. Crie as ferramentas necessárias para a coleta dos dados (formulá- rios de coleta de dados, folhas de verificação, sistemas, etc.); 5. Colete os dados. 2.1 Passo 1 - Estruture os dados que você precisa (estrutura de banco de dados) A estruturação dos dados é a parte mais importante da porta de dados. Quais dados serão coletados? A resposta para isso virá necessariamente do contexto de sua coleta (PDSA). É impor- tante que possamos formular o problema pensando: • Quais são os eventos que melhor definem o contexto? • Quais são as características que gostaríamos de entender? • Existe alguma variável de estratificação que poderá afetar o comportamento do processo? • Existe alguma variável de ruído que precisamos anotar? • Como vamos olhar para esses eventos? Como definir os subgrupos para a análise? 2.1.1 Exemplo - Passo1 Supondo que somos agentes da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) e temos recebido reclamações dos usuários quanto à grande quantidade de voos atrasados. Precisamos avaliar se as companhias aéreas tem um bom desempenho quanto à pontualidade e se algo está influenciando os atrasos. • Qual é o evento? Vamos ter que observar cada v oo chegando em um aeroporto, • Qual é a característica principal? • Temos que ver se o voo está atrasado. Para isso, temos que ver a hora que era para ele chegar e a hora que ele realmente chegou. Quais dados serão coletados? A resposta para isso virá necessariamente do contexto de sua coleta (PDSA). É impor- tante que possamos formular o problema pensando: • Quais são os eventos que melhor definem o contexto? • Quais são as características que gostaríamos de entender? • Existe alguma variável de estratificação que poderá afetar o comportamento do processo? • Existe alguma variável de ruído que precisamos anotar? • Como vamos olhar para esses eventos? Como definir os subgrupos para a análise? 2.1.1 Exemplo - Passo 1 Supondo que somos agentes da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) e temos recebido reclamações dos usuários quanto à grande quantidade de voos atrasados. Precisamos avaliar se as companhias aéreas tem um bom desempenho quanto à pontualidade e se algo está influenciando os atrasos. • Qual é o evento? Vamos ter que observar cada v oo chegando em um aeroporto, • Qual é a característica principal? • Temos que ver se o voo está atrasado. Para isso, temos que ver a hora que era para ele chegar e a hora que ele realmente chegou. • Quais as outras características (variáveis) que gostaríamos de entender? Temos que observar de que companhia aérea era cada voo. Assim podemos ver se há uma companhia com desempe- nho pior que a outra e agir. Podemos também avaliar qual é o número do voo, para pesquisar se algo aconteceu com aquele específico. • Como vamos estruturar os subgrupos para a análise? Coletando que dia aconteceu cada voo, podemos avaliar a porcentagem de atrasados por dia. Assim, se um dia sair mui- to fora em relação aos outros, podemos ver que houve um pro- blema isolado. Lembre-se que temos vários tipos de dados que podemos coletar, que vão nos possibilitar várias análises depois. As in- formações coletadas para esse exemplo montaram a Tabela abaixo. Voo Hora de saída Hora de chegada Tempo total Dia Cia Aérea Atrasado? Número de pass. 1227 14:55 16:35 1:40 02/06 Air Fantasy Não 115 3535 11:10 12:12 1:02 02/06 Air Arábia Não 128 9091 22:20 0:30 2:10 03/06 Air Fantasy Sim 152 5018 12:15 14:15 2:00 03/06 G Air Sim 395 6565 18:00 20:04 4:04 03/06 Air Fantasy Sim 110 Evento Variável de interesse Variável de tempo 2.1.2 Exercício - Tipos de variáveis A Tabela abaixo mostra alguns exemplos cotidianos de da- dos. O objetivo é que os tipos de variáveis facilitem a análise da situação. A seguir são apresentados os resultados do exer- cício. Grupo Tipo de Variável Exemplo (característica) O que vai na planilha (registro) Análise possível Atributos Classificação Desempenho da entrega “Atrasada” ou “não atrasada” % de atrasados por mês (ou dia, ou cia) Companhia Aérea “Cia A” ou “Cia B” Market Share Contagem Número de Passageiros 1, 2, 3, ... (números inteiros) Número de passageiros por vôo ou por dia Número de defeitos em uma amostra de n peças 1, 2, 3, ... Defeitos/unidade Contínuos Contínua Peso de uma peça Valores em gramas (fracionado) Peso médio por ciclo, peso total por dia, ... Tempo de atraso Valores em minutos (fracionado) Atraso médio por dia, atraso médio por cia, ... 1. Classificação de hotéis 2. Número de chamadas de longa distância realizadas por mês 3. Quantidade de calorias de um produto alimentício 4. Duração de cada chamada de longa distância 5. Número de bolhas em uma garrafa de vidro 6. Cor do telefone utilizado com mais frequência 7. Tempo médio de espera para ser atendido em um Call Center 8. Se existe uma linha conectada ao modem na resistência 9. Número de atendentes em um Call Center 10. Tempo gasto na livraria por mês 11.Número de ligações perdidas em um Call Center 12.Se é filiado a algum Partido Político 13.Motivos para ligações perdidas em um Call Center 14. Temas de livros na livraria por mês 15. Fontes de consumo de água em uma residência 16.Caso seja, a que Partido Político é filiado 17.Consumo de água em uma residência 18.Satisfação com um determinado produto Respostas tipos de variáveis: 1. Classificação 2. Contagem 3. Contínuo 4. Contínua 5. Contagem 6. Classificação 7. Contínuo 8. Classificação 9. Contagem 10.Contínuo 11.Contagem 12.Classificação 13.Classificação 14.Classificação 15.Contagem 16.Classificação 17.Contínuo 18.Classificação 2.2 Passo 2 - Crie uma Definição Operacional clara para os dados que você irá coletar A estrutura de banco de dados deve ser fácil de ler e in- terpretar. Para isso é preciso criar um documento: a Definição Operacional. Uma Definição Operacional é uma descrição clara, em termos quantificáveis, do que medir e dos passos a seguir para realizar a medição de forma consistente. Ela resolve vários problemas quando a coleta é feita por múltiplas pessoas ou em períodos diferentes de tempo. No exemplo, a hora de chegada do avião é o momento que o avião toca o solo ou a hora que o último passageiro deixa a ae- ronave? A Definição Operacional fornece um sentido comuni- cável a um conceito, é clara e inequívoca. Ela é responsável por identificar critérios de aceitação (e até propõe padrões de qua- lidade), mas também especifica os métodos e equipamentos. Podemos ter uma definição operacional: • De evento; • Da variável de interesse; • De um padrão (definir o que é bom e o que é defeituoso); • Definir um critério. Um dos pontos mais importan- tes que devemos definir são as variá- veis. Isso porque elas serão coletadas por mais pessoas e porque é sobre elas que faremos as análises. Temos que deixar bem claro, ao medir o va- lor de determinada variável para um dado evento: • O objetivo daquela medição; • A característica de interesse; • O instrumento de medição; • O procedimento/método de medi- ção; • O critério de classificação. Para criar uma definição clara, a equipe dispõe de vídeos e desenhos. O modelo pode ser do mais simples ao mais comple- xo, como Lições de 1 Ponto, manuais etc., porém o importante é que todos entendam o que será coletado de forma clara. 2.2.1 Exemplo - Passo 2 No exemplo do aeroporto as Definições Operacionais pensadas para o evento respondem as seguintes característi- cas: • Objetivo: Verificar se uma aeronave chegou no horário no aeroporto; • Característica de interesse: Horário de chegada da aero- nave no aeroporto; • Instrumento de medição: Relógio referenciado com o reló- gio da torre de controle. • Procedimento: O horário de chegada de um voo será o ho- rário em que o trem de pouso da aeronave tocar a pista de pouso; • Critério: A aeronave está no prazo se o horário de chegada for igual ao horário programado mais ou menos 15 minutos. 2.2.2 Exemplo visual - Passo 2 Vale lembrar que, para criar as Definições Operacionais, podemos utilizar diversos recursos. Imagens são interessan- tes para ilustrar padrões (que determinam os critérios) ou en- tão procedimentos. Um exemplo disso está na imagem abaixo. Nela é possível ver uma definição de critério para avaliar um cilindro (evento) como bom ou ruim (variável). Temos que medir se um suporte está ou não danificado. Um gabarito pintado ajuda a entender se há o dano. Caso não haja contato com a parte verde, há o dano: Lembre-se: • Sempre teste a definição operacional antes de colocá-la em prática! • Ela deve estar clara para os coletores, bem como as defini- ções e critérios. 2.3 Passo 3 - Identifique a população e a amostra para realizar a coleta População AmostraAmostra e população são dois conceitos muito importan- tes em estatística em que a população refere-se ao grupo de eventos que gostaríamos de controlar. Pode ser infinita, como o número de voos. Já amostra refere-se a uma quantidade de eventos que é possível observar, assim como visto nas imagens abaixo. O objetivo é conhecer propriedades da população nessa fase. Fazemos isso olhando para amostra. Esse processo se chama inferência. Exemplo 1: Queremos saber se TODOS os voos de uma companhia tem mais probabilidade de atraso do que de outra (população). Observamos a porcentagem de voos atrasados na amos- tra e com eles estimamos a probabilidade de novos voos atra- sados. População % voos atrasados A % voos atrasados B Probabilidade atrasados A Probabilidade atrasados B Amostra População Amostra Média da altura na amostra (𝒙𝒙") Média da população (µ) Exemplo 2: Queremos saber a altura média dos brasileiros (popula- ção: todos os brasileiros). Observamos a altura de diversas pessoas, tiramos a mé- dia e, com isso, estimamos a altura média da população, com- preendendo a amostra da imagem abaixo: 2.3.1 Tamanho de amostra Ao reduzirmos o número de eventos observados (tomar uma amostra da população), haverá perda de informação. Essa perda de informação é traduzida em uma incerteza estatística sobre o que queremos inferir. O cálculo do erro apresentado abaixo depende da varia- ção que temos na nossa amostra (s), do grau de certeza que desejamos ter sobre a característica da população (z) e do ta- manho da amostra (√n). Desta forma temos um intervalo para a média de uma po- pulação. O erro também é chamado de intervalo de confiança. 2.3.2 Exemplo - intervalo de confiança Para uma amostra alturas, retira de uma população de 𝜇𝜇 = �̅�𝑥 ± 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 pessoas, temos o seguinte banco de dados, representado na tabela abaixo: O cálculo da média e do intervalo de confiança é feito, nesse caso, pelo Minitab, e apresentado no gráfico abaixo. Estatísticas Variável N N* Média Altura (cm) 5 0 173,20 Pessoa Altura (cm) 1 155 2 198 3 150 4 189 5 174 200 190 180 170 160 150 140 Al tu ra (c m ) Gráfico de Intervalos de Altura (cm) IC de 95% para a Média Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos. Tenho 95% de certeza que a altura média dos brasileiros fica entre 188 e 198 cm. 95% das amostras que eu coletar vão estar com a média entre 148 e 198 cm. Mas essa média seria confiável? Para diminuir o erro é possível aumentar o tamanho da amostra ou ter uma amostra mais homogênea. Na Figura abaixo está representado um segundo cenário, com uma outra amostragem. Nesse caso, como a amostra é mais homogênea, o inter- valo de confiança é menor. Agora, como a variação na amostra é menor, podemos dizer que a média está entre 168 e 176 cm. 95% das amostras com essas características vão ficar entre esses limites. O terceiro caso, visto na imagem abaixo, é a amostra me- nos homogênea, porém com o tamanho de amostra maior. Variável N N* Média Exemplo Anterior 5 0 173,20 Altura (cm) 5 0 171,40 Estatísticas Pessoa Altura (cm) 1 172 2 171 3 177 4 168 5 169 Altura (cm)Exemplo Anterior 200 190 180 170 160 150 140 Da do s Gráfico de Intervalos de Exemplo Anterior; Altura (cm) IC de 95% para a Média Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos. Diminuímos a variação da amostra Aumentando a coleta de dados, temos uma certeza maior sobre a média da população. Pergunta clássica: Qual o tamanho da amostra ideal? O tamanho de amostra ideal depende da diferença de médias que queremos visualizar, do desvio padrão e do custo da cole- ta de dados. 2.4 Passo 4 - Crie ferramentas para coleta de dados Às vezes, é interessante montar uma ferramenta específi- ca para a coleta de dados. Elas ficarão disponíveis no processo e alimentarão o banco de dados. Exemplos: • Formulários de Coleta de Dados; • Folhas de Verificação; • Sistemas; E3E2E1 200 190 180 170 160 150 140 Da do s Gráfico de Intervalos de E1; E2; E3 IC de 95% para a Média Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos. Pessoa E1 E2 E3 1 155 172 155 2 198 171 160 3 150 177 198 4 189 168 199 5 174 169 185 6 173 7 201 8 155 9 170 10 188 11 166 12 150 13 160 14 155 Aumentamo s a amostra Variável N Média DesvPad E1 5 173,20 20,83 E2 5 171,40 3,51 E3 15 173,53 18,07 Estatísticas A imagem abaixo traz dados de voos de uma companhia aérea escritos em um dos exemplos dados, o Formulário de da- dos. 2.5 Folha de Verificação Folhas de Verificação são um tipo especial de Formulário de Coleta de Dados (FCD). Muito úteis em qualidade, podem ser aplicadas para melhor controle de processos. Elas são mais “abertas” que FCD padrão e nos ajudam quando não temos muito conhecimento sobre o processo a priori. Você pode en- contrar uma ilustração de uma Folha de Verificação na imagem abaixo. Voo Hora de saída Hora de chegada Tempo total Dia Cia Aérea Atrasado? Número de pass. 1227 14:55 16:35 1:40 02/06 Air Fantasy Não 115 3535 11:10 12:12 1:02 02/06 Air Arábia Não 128 9091 22:20 0:30 2:10 03/06 Air Fantasy Sim 152 5018 12:15 14:15 2:00 03/06 G Air Sim 395 6565 18:00 20:04 4:04 03/06 Air Fantasy Sim 110 § Observação § Variáveis de Interesse § Variável de tempo § Formulário de Coleta de Dados Medições automáticas (de sensores ou de softwares de “chamado”) 2.6 Passo 5 - Colete os Dados A última parte consiste na aplicação das ferramentas e no preenchimento do banco de dados. Lembre-se neste etapa: • Acompanhe ao menos as primeiras coletas; • Se treinamento é necessário, realize-o; • Faça uma instrução clara para todos os envolvidos. 2.7 Análise de dados Analisar dados, em linhas gerais, significa transformar os dados em conhecimento, em melhoria. Assim, não podemos ter uma análise fora de contexto. A lógica do PDSA vale mais do que nunca aqui. Se fizermos as perguntas erra- das, vamos ter respostas inúteis. Algumas estratégias são clássicas, e vamos explorá-las melhor. Geralmente, como usá- -las depende muito do contexto e do tipo de variável analisada. São elas: • Análises dinâmicas, para entender como os dados se com- portam ao longo do tempo; • Análises estáticas, como histogramas, gráficos de Pareto, barras, etc, chamadas de análises de frequência; • Análises paramétricas, como gráficos de controle e capabili- dade; Na prática, fazemos todas elas “em conjunto”. O que não podemos fazer é usar essas análises de maneira errada ou nos perder em conclusões insuficientes. 3. Análise de Variação e Análises Temporais. Análises temporais são a chave para o entendimento de dados. Isso porque o tempo nos conta quando nosso proces- so muda de comportamento. Um caráter fundamental para a análise do tempo é entender a variação natural do processo. Vemos um exemplo dessa variação no gráfico abaixo. No caso as duas barras representam tempos de ciclos, de um pro- cesso qualquer, antes e depois de uma mudança. Visualmente podemos concluir que após a mudança, o de- sempenho do processo melhorou. Na Tabela abaixo é observa- do o banco de dados para esse exemplo. Intuitivamente diríamos que a mudança ilustrada na ta- bela acima é sim uma melhoria. Entretanto, se formos analisar melhor o problema, podemos chegar a conclusões distintas. Note os dados mostrados na tabela anterior, referentes a seis possíveis cenários para o indicador do tempo de ciclo, analisa- do anteriormente. Todos os seis cenários poderiam represen- tar o gráfico anterior: tempo na semana 4 = 8 e tempo na se- mana 11 = 3. Agora, será que todos eles foram melhorias? Para isso, precisamos de uma análise mais minuciosa. Essa análise será mostrada através dos gráficos de tendências para os seus cenários. Semana Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6 1 6 6 9 8 6 3 2 9 2 9 9 9 4 3 7 3 6 7 7 2 4 8 88 8 8 8 5 6 4 7 6 3 3 6 7 2 6 7 2 2 7 9 9 6 9 4 4 8 2 7 4 2 3 2 9 3 3 4 1 2 3 10 4 7 3 3 4 4 11 3 3 3 3 3 3 12 3 6 2 5 2 3 13 4 9 3 8 4 4 14 2 4 2 9 3 3 Os dados foram traduzidos em gráficos, representados a seguir, em diferentes cenários ,para valores da semana 4 e 11 iguais ao da imagem abaixo. No cenário 1 temos claramente uma melhoria. O proces- so, de fato, mudou seu patamar de variação. A mudança que começou na semana 7 deu resultado na semana seguinte (Ce- nário 1). Neste cenário temos um caso de melhoria pela mu- dança claro, já que o comportamento após a mudança foi cons- tante. A mudança refletida no Cenário 2 não representou me- lhoria alguma. A diferença entre a semana 4 e a semana 11 está completamente dentro da variação natural do processo. O tempo de ciclo assume vários valores entre 2 e 9. Qualquer variação neste patamar é dita ser uma variação atribuídas as causas comuns, naturais ao processo. Não se deixem enganar por estes cenários. Lembre de não fazer comparações um período contra o outro. E no Cenário 3 novamente não temos uma melhoria. Sim, a mudança causou uma variação significativa no indicador, mas não foi uma melhoria. Isso porque melhorias devem ser perenes, duradouras. Neste caso temos a mudança causando uma queda temporá- ria no indicador, entretanto o mesmo volta a subir após algum tempo. Este comportamento é típico de campanhas de cons- cientização, que funcionam por um curto período, mas melho- No Cenário 4 temos um caso muito parecido com o Ce- nário 3. Não temos uma melhoria gerada pela nossa mudança. Algo aconteceu que mudou o patamar de trabalho do proces- so, porém não teve nada a ver com a nossa mudança. É importante relacionarmos às variações significativas em nossos indicadores à nossas mudanças, pois só assim po- deremos adquirir mais conhecimento sobre o processo a fim de melhorá-lo. ram de fato. Não é esse o tipo de resultado que devemos bus- car em nossos projetos. Por fim, temos mais dois caso de não-melhoria no Cená- rio 5 e 6 (acima). O cenário 6 é um caso interessante, pois a diferença entre a semana 4 e a semana 11 foi causada por um “ponto fora da curva” na primeira medição. Isso acontece bastante, e tais pontos são o que definire- mos futuramente como causa especial. Algo aconteceu na se- mana 11 que fez o tempo de ciclo explodir naquela semana, mas depois dela, o indicador retornou à estabilidade e o pro- cesso continuou estável. Vamos ver mais pra frente que quando isso acontece, nem sempre é uma boa estratégia analisar todo o processo. Temos que analisar apenas a causa especial e identificar o que pode ter acontecido ali. Este exemplo dos cenários mostra como podemos tomar as conclusões erradas caso não saibamos analisar dados. É um aviso importante. Neste caso específico, assim como em vários da vida real, chegamos à conclusão errada simplesmente por não entender a variabilidade natural dos nossos dados. A se- guir, iremos entrar em mais detalhes sobre este assunto. 3.1 O que significa entender a variabilidade Sempre que monitoramos algum produto ou processo, o fazemos por meio da observação de uma determinada carac- terística, ilustrada em um determinado indicador. Esse indica- dor pode ser o mais variado possível, por exemplo, as dimen- sões de uma peça, o tempo de ciclo de um processo, as notas de nossos filhos, as vendas de nossa empresa, etc. Todas essas características, variam. Nunca um indicador mantém o mesmo valor durante várias medições feitas ao longo de um período extenso de tempo, mesmo quando nada está sendo feito no processo para alterá-lo. O grande problema é que todas as decisões tomadas são baseadas no comportamento desses indicadores de interesse e muitas vezes nos enganamos ao julgarmos a variação dentro destes. Podemos, por exemplo, nos assustar com uma variação natural no processo de vendas (quando enfrentamos um mês com menos vendas) e tomar uma série de ações desesperadas para vender mais (como por exemplo, dar muitos descontos em uma série de produtos). A análise de variação nos permite entender o que está acontecendo com um processo ao longo do tempo. Ela nos aju- da a ter ideia do que vamos fazer e como vamos atuar em cima do processo. Em outras palavras, ela busca entender as dife- renças observadas em determinada característica. Um conceito fundamental para o estudo e melhoria dos processos, de acordo com Walter Shewhart (1931), é o de que a variação em um determinado indicador é provocada por um desses dois tipos de causas: Causas comuns: quando as diferenças não tem uma explica- ção clara (tudo está como sempre esteve). Causas especiais: quando algo está nitidamente diferente, logo há uma “causa” clara para a diferença. A imagem abaixo ilus- tra esta discussão em um exemplo cotidiano: a cali- grafia. Note que a variação está presente em todas as letras escritas na Figura. Um “a” minúsculo não é igual à outro “a” minúsculo. O que causa esta diferen- ça? Não se pode dizer ao certo. Provavelmente um conjunto de fatores, sem uma explicação “especial” (a posição da mão, a velocidade da escrita, a iluminação, a posição do papel relativa ao corpo, etc.). Só podemos reduzir esta variação atuando em todas essas “causas comuns” de variação. Agora, quando comparamos um “a” minúsculo com um “A” maiúsculo, temos uma causa especial que determina a diferença (que é a caixa da caligrafia). A identificação das causas para a variação são muito in- teressantes em uma análise temporal. Isso porque as coisas “mudam” no processo com o tempo. Entender onde e quando mudaram nos dá um entendimento muito grande. Mesmo que tudo esteja como sempre esteve, também podemos ter boas informações para nos ajudar nas mudanças. Análises mais sofisticadas, como o Gráfico de Controle, nada mais são do que uma evolução dessa análise temporal. Nos próximos tópicos vamos entrar nesse tipo de avaliação e ou- tras análises. 4. O gráfico de tendência O gráfico de tendência é a mais simples ferramenta para análise de variação. Ele consiste em plotar uma métrica ou me- dida ao longo do tempo, traçar no eixo Y o indicador de inte- resse e no eixo X a linha do tempo. Com ele podemos: • Identificar causas especiais; • Identificar tendências; • Analisar o comportamento natural do processo; • Inferir sobre a estabilidade da medida; • Variação; • Sazonalidade; • Ciclos; • Anomalias. O gráfico de tendência também pode ser feito para dife- rentes estratificações dentro de um conjunto de dados. 4.1 Vantagens e como construir um gráfico de tendência A maior vantagem do gráfico de tendência é a sua simplici- dade. Além da facilidade no entendimento, o gráfico apresenta momentos de problema no processo e quão longe se está das metas e objetivos. A própria simplicidade do gráfico é o que o torna tão po- deroso. Todas as pessoas ligadas ao processo podem usar e entender um gráfico de tendência. Sua construção passa por: • Adicionar uma variável de tempo no banco de dados; • Definir a periodicidade a ser avaliada; • Ajustar os dados (o que quer ver no eixo Y: a métrica e no eixo X: o tempo); • Traçar o gráfico (no Excel, Minitab, etc.). Na prática, a definição do eixo Y é a parte mais sensível do pro- cesso. O que queremos ver? Ele pode demonstrar: • As medidas individuais do banco de dados; • Uma estatística (média, desvio padrão, etc.); • Uma taxa (para variáveis de contagem); • Uma porcentagem (para variáveis classificatórias). A montagem dos subgrupos, vista na imagem abaixo, é feita da divisão das medidas individuais do banco de dados. 1 2 3 ... n X1 X2 X3 ... xn X1 X2 X3 ... xn X1 X2 X3 ... xn Subgrupos Medidas referentes a um intervalo de tempo Estatística Média, Desvio padrão, Porcentagem, Taxa, Etc. 4.2 Alguns indicadores clássicos para a análise temporal A análise temporal possibilita identificar estabilidadede um processo. O processo está estável? Existem causas espe- ciais? Essa análise pode ser usada para diferentes áreas, apre- sentadas na Tabela abaixo com seus indicadores clássicos. O tema análises temporais será retomado no futuro com o gráfico de controle, que nada mais é do que um gráfico de ten- dência no qual incluímos “linhas” que nos ajudam a identificar as causas de variação de um processo, mencionadas anterior- mente. Mas antes serão abordados outros tipos de análises. 5. Gráficos de frequência Para máquinas: Para serviços: Para qualidade: Para área de saúde: % de itens defeituosos, número de defeitos por peças, etc. ; Tempo de atendimento, tempo de ocupação de leito, número de atendimentos, etc. Tempos (de processo, de resposta, etc.), produtividade (processos por pessoa, processos por setor, etc.); Condições base (temperatura, vibração, pressão, tensão, etc.); Um gráfico de frequência, como o nome já diz, avalia a fre- quência que determinado valor de variável aparece em nosso banco de dados e o demonstra de maneira visual. Existem vários tipos, para diferentes tipos de variáveis. Eles nos ajudam a: • Ter uma visão de como uma variável se comporta; • Entender diferenças de comportamento; • Ter uma visão estática dos nossos dados; • Entender a centralidade e a quantidade de variação atrelada a determinada variável. O que a imagem acima mostra é a comportamento duran- te o tempo da frequência de um restaurante, possibilitando a comparação entre os dias e o entendimento da centralidade, assim como listado. Uma das vantagens dessa análise é que, caso o processo esteja estável, o gráfico de frequência serve como uma previ- são para o desempenho do processo no futuro, já que a estabi- Frequência - Restaurante Sexta-feira Segunda-feira lidade pressupõe que aquele padrão de comportamento per- manecerá. Se o processo for instável o gráfico de frequência é simplesmente um resumo de o que o processo fez no passado. Assim como comentado, existem diferentes gráficos de frequência. Na Tabela abaixo, é visto de forma clara quais vari- áveis utilizar para cada tipo de gráfico de frequência. 5.1 Análise de Frequência para variáveis classificatórias Geralmente a comparação de frequências dentro de va- riáveis de estratificação nos ajuda a entender mudanças no comportamento de um processo. Grupo Tipo de Variável Gráficos Atributos Classificação Gráficos de Barras e Setores (contagens ou porcentagens) Gráfico de Pareto Tabelas de Contagem Contagem Gráfico de Barras Tabelas de Contagem Contínuos Contínua Histogramas e Diagramas de Pontos • Podemos olhar “dentro e fora” de uma variável; • Podemos olhar a frequência para diferentes condições; • Podemos olhar a frequência antes e depois de uma mudança; • Podemos olhar a frequência em causas comuns e causas es- peciais. Outras maneiras de olhar frequências de variáveis cate- góricas é através de Gráficos de Setores e Tabelas de Conta- gem, como visto na imagem abaixo: 6. Gráfico de Pareto O Gráfico de Pareto, além de ser um gráfico de frequên- cia, é uma das 7 ferramentas básicas da qualidade e nos aju- da a focalizar os esforços de melhoria. Ele é útil sempre que classificações gerais de problemas (erros, defeitos, feedback de clientes, etc.) puderem ser compilados na forma de valores para estudo e ações posteriores. Linhas: Atrasado? Colunas: Cia N S Categoria 12; 60,0% S 8; 40,0% N Gráfico de Setores de Atrasado? Cia Atrasado? A B N S Categoria Gráfico de Setores de Cia; Atrasado? Gráfico de Setores Tabelas de Contagem A B Todos N 4 4 8 50 50 100 40 40 40 S 6 6 12 50 50 100 60 60 60 Todos 10 10 20 50 50 100 100 100 100 Conteúdo da Célula Contagem % da Linha % da Coluna Nesta ferramenta, as frequências de cada causa são re- presentadas em gráficos de barras ordenados em ordem de- crescente. O total acumulado em percentual também é repre- sentado por uma linha, como visto na imagem abaixo: O Gráfico de Pareto é interessante pois ele nos ajuda a priorizar as nossas ações, focando nas classificações mais fre- quentes de um defeito, erro ou problema de qualidade, que é facilmente evidenciadas no gráfico. A ideia dessa priorização ficou célebre na formulação do Princípio de Pareto, uma ideia proposta por Joseph Juran. Juran observou, em seus estudos, que os problemas de qualidade “tem poucas causas vitais e muitas causas triviais”, que representam um percentual menor. Essa realidade de muitos problemas favorece bastante uma estratégia de prio- rização: temos que pensar em resolver estas causas vitais. O Gráfico de Pareto pode facilmente evidenciar as causas de problemas que devemos priorizar. Pareto Defeito Tipo 1 Não selagem topo 2 Não selagem fundo 3 Não selagem fundo 4 Não selagem lateral 5 Impressão borrada 6 Não selagem topo 7 Não selagem topo 8 Caixa amassada 9 Sem etiqueta 10 Impressão borrada 11 Não selagem lateral 12 Não selagem topo 13 Não selagem fundo Temos que fazer apenas uma ressalva quanto a esta estra- tégia, para não banalizar seu uso e levar o agente de melhoria a um caminho errado. A ressalva é de que, apesar de bastante interessante, o Princípio de Pareto nem sempre se aplica. Nas imagens abaixo, mostramos duas situações, uma onde ele se aplica (há uma, ou poucas, causas responsáveis pela maioria dos defeitos) e outra, onde ele não se aplica (to- das as causas parecem importar de maneira igual). Devemos sempre fazer essa análise antes de adotar uma estratégia de priorização. Caso o princípio de Pareto não se aplique, temos que abandonar a priorização e desenvolver contramedidas para todas as causas por igual, ou então mudar a modelagem das classificações descritas no eixo X (como uma nova estraté- gia de análise de frequência). A estratificação do gráfico de Pareto é outra estratégia in- teressante de análise de dados. As vezes é interessante ir além na análise estratificando cada uma das “causas principais”. Isso nos ajuda a adquirir cada vez mais informação sobre nossos problemas de qualidade, usando o Pareto. NNããoo ssee aapplliiccaaSSee aapplliiccaa A imagem abaixo é um exemplo de uma estratificação: Um outro exemplo clássico de estratificação, apresenta- do na imagem abaixo, é a análise de estabilidade/instabilidade, feita com gráficos de controle. Gráfico de Pareto Período Estável Gráfico de Pareto Período Instável Por fim, é interessante pensarmos também na análise de Pareto em conjunto com uma análise de tendência. Às vezes, observar o “perfil” de uma variável de classificação em mo- mentos distintos no tempo (quando o processo está estável ou instável), nos ajuda a obter informações importantes sobre o seu comportamento. Na interpretação do exemplo da Figu- ra 3.26, a classificação H do segundo pareto está associado a uma causa especial, que é possível notar depois da construção do gráfico. Quando o processo está estável, essa causa não é frequente, sendo a causa C mais frequente nesta situação. 7. Análises de Frequência para Variáveis Contínuas Quando falamos de análises de frequência para vari- áveis contínuas temos duas ferramentas usuais: o Dot-Plot (ou Diagrama de Pontos) e o Histograma. O Dot plot é o gráfico de frequência mais simples que existe. Ele plota os valores numéricos que uma determinada métrica pode ter no eixo X (de maneira ordenada) e coloca um ponto para cada observação naquele valor apresentada nos dados. Ele é um gráfico bastante parecido com o histograma, porém cada ponto do Dot plot é uma observação real do con- junto de dados. Com ele podemos ver claramente várias características da distribuição de dados, por exemplo, como é ilustrado nas imagens abaixo: 320028002400200016001200800400 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Renda Fr eq uê nc ia Histograma de Renda 30002500200015001000500 Renda Diagrama de Pontos de Renda A utilização do histograma é mais proveitosa para a análi- se de sistemas considerados estáveis,ou seja, aqueles em que a variação dos dados é advinda apenas de causas comuns. Nes- ses casos, em que há estabilidade previsões podem ser feitas acerca do sistema analisado. Por outro lado, quando o sistema está instável, ou seja, quando não há previsibilidade alguma do comportamento do processo, um histograma não terá grande aplicação. Assim, considerando um processo estável, um histo- grama pode ser utilizado para: • Identificar como os dados de um sistema estão distribuídos; • Determinar a resposta mais comum de um sistema; • Estimar o desempenho futuro dos processos; • Auxiliar na identificação de ocorrências e anomalias (bem como ver simetria, centralidade, variação, etc.); • Entender o comportamento dos dados de um processo na fase Measure do roteiro DMAIC em Projetos de Melhoria. 7.1 Análise de Tendência e Frequência Até agora estivemos falando na parte do Measure como enxergar os processos através do entendimento da sequência de suas atividades e das inter-relações entre essas atividades. Agora iremos começar a analisar os processos através dos dados que eles nos enviam. Essa porta é talvez a grande contribuição do Green Belt na análise de melhorias. Aqui, va- mos ensinar várias ferramentas estatísticas, como os Gráficos de Controle e a Análise de Capabilidade. 8. Estatística Paramétrica: Gráficos de Controle e Análises de Capabilidade As análises usando estatísticas paramétricas são um dos pontos centrais da metodologia do Seis Sigma clássico e uma das mais sofisticadas ferramentas que o agente de melhoria pode usar em seus projetos. Em linhas gerais, elas visam apro- ximar um conjunto de dados por uma distribuição estatística e, com base nelas, inferir sobre resultados futuros ou compa- rar o histograma provável deste processo com especificações do cliente. Elas são interessantes pois são chave no entendimento da variação ine- rente a um processo. Usando esta estra- tégia, somos capazes de, analisando os dados, determinar resultados futuros de um processo ou identificar eventos anô- malos no tempo. Por exemplo, imagine que você vai até um restaurante e anota em um banco de dados o tempo que demora até ser atendido. Cada observação vai dizer um pouco sobre o de- sempenho do processo. Para se programar melhor na sua ro- tina, você pode observar a média do tempo de atendimento nos últimos meses (digamos, 5 minutos), e a variação espera- da, representada pelo desvio padrão (digamos, 1 minuto) e, em seguida, estabelecer uma curva normal (como a mostrada na imagem abaixo) para prever que em 99,7% das vezes que você for neste restaurante, você será atendido entre 2 (a média me- nos 3 desvios padrão) e 8 minutos (a média mais três desvios padrão). Caso seja atendido em menos de 2 minutos, ou mais do que 8, pode ter certeza de que muito provavelmente algo aconteceu com o processo do restaurante, pois a probabilida- de disto acontecer é muito baixa. Temos basicamente duas ferramentas de análise pa- ramétrica mais usuais em Seis Sigma: os Gráficos de Con- trole e as Análises de Capabilidades. A lógica de ambos se- gue o exemplo citado sobre o restaurante (e são ilustradas nas imagens a seguir). Elas: 1. Partem de uma amostra de dados de uma característica das saídas de um processo (como o tempo de atendimento); 2. Com base em parâmetros desta amostra, criam uma distri- buição estatística característica para o processo, que estima a probabilidade, contra possíveis valores da característica (eixo X); 3. Com base nesta distribuição, inferem sobre o processo (no caso do Gráfico de Controle, mostram o quanto é normal uma característica variar e apontam pontos com variação anômala e, no caso da capabilidade, calculam o número de vezes que que é esperado que o processo tenha resultados fora de limi- tes definidos de especificação. Exemplo de Gráfico de Controle: AnáliseParametrizaçãoDados Ciclo Tamanho (mm) 1 32,6365 2 30,4459 3 34,6395 4 31,0564 5 35,5490 6 32,9048 7 30,6421 8 33,3748 9 32,1398 10 30,2749 11 30,6613 12 31,3070 13 31,5418 14 32,3020 ... 34,833,632,431,230,0 14 12 10 8 6 4 2 0 Média 32,04 DesvPad 1,193 N 50 Tamanho (mm) Fr eq uê nc ia Histograma de Tamanho (mm) Normal 464136312621161161 36 35 34 33 32 31 30 29 28 Observação Va lo r I nd iv id ua l _ X= 32,037 LSC= 35,828 LIC= 28,245 Carta I de Tamanho (mm) Sem causas especiais! Exemplo de Capabilidade: 9. Distribuições Estatísticas usadas nas Análises Paramétricas Como vimos, as análises paramétricas passam por deter- minar uma distribuição estatística característica para um pro- cesso. Mas afinal, o que são essas distribuições? Elas nada mais são do que aproximações do comportamento de um processo, baseadas em observações anteriores dos dados gerados por eles e modelos estatísticos. Algumas características são ob- servadas nestas distribuições: • São pré-determinadas por alguns parâmetros dos dados; • Geram “probabilidades” para os próximos eventos (caso es- teja estável); 40% fora do padrão! Dados Parametrização Análise Ciclo Tamanho (mm) 1 32,6365 2 30,4459 3 34,6395 4 31,0564 5 35,5490 6 32,9048 7 30,6421 8 33,3748 9 32,1398 10 30,2749 11 30,6613 12 31,3070 13 31,5418 14 32,3020 ... O tamanho deve ficar entre 31 e 33 mm! • Avaliam o que “sai fora das especificações”; • Norteiam as ferramentas clássicas usadas em qualidade (Gráficos de Controle, por exemplo). A ideia por trás da parametrização (a criação de uma cur- va característica para uma distribuição de dados) é ilustrada na imagem abaixo. Nela, podemos ver um exemplo para dados discretos, onde uma amostra contendo o número de filhos em vários casais amostrados é transformado em uma distribuição de probabilidade e outra para dados contínuos, onde é forma- da uma distribuição normal a partir de dados de tamanho de um tarugo metálico. A mais famosa e usada destas distribuições é a distribui- ção normal, usada quando os dados que vamos estimar são contínuos. Entretanto, existem várias distribuições outras que nos ajudam com modelos probabilísticos. Cada uma tem seus parâmetros específicos (a normal, usa a média e o desvio pa- drão, a Poisson, usa a taxa média, etc.) e é usada para aproxi- mar diferentes tipos de variáveis. Temos que saber o tipo de variável para usar o modelo correto, tendo a previsão correta. Número de Filhos Porcentagem 0 10% 1 30% 2 35% 3 20% 4 5% Dados discretos Número de filhos P ro ba bi lid ad e 0 1 2 3 4 Dados Contínuos As distribuições mais usuais que temos são: • A distribuição Normal, para dados contínuos (parametrizada por uma média e um desvio padrão); • A distribuição de Poisson, para dados de contagem (parame- trizada por taxas); • A distribuição Binomial, para dados de classificação (para- metrizada por porcentagens). Entender que existe uma distribuição correta para um tipo de dado correto é fundamental para usarmos os gráficos de controle e as análises de capabilidade corretamente. Temos que entender qual é o tipo de variável e o gráfico adequado para ela. Além disso, temos que conferir se, de fato, nossos dados podem ser aproximados pelas distribuições usadas nestas aná- lises. Tomamos por exemplo as variáveis contínuas. Apesar da maioria dos processos que são aproximados por variáveis con- tínuas serem normais, pode ser que algumas vezes eles não possam ser aproximados por essa curva. Um exemplo disso é apresentado na imagem presente na próxima página. Nela, te- mos um processo que apresenta um comportamento natural, porém não aproximadas por uma normal. Quando analisamos ele com um gráfico de controle que usa uma distribuição nor- mal para estimar seus limites, vamos ter vários apontamentos de causas especiais que, na verdade, não são anomalias esta- tísticas. Se usamos um gráfico de controle baseado em uma dis- tribuição que não representa os dados, vamos cometer erros. Isso porque estamos estimando o comportamento do nossoprocesso com uma distribuição inadequada para os nossos da- dos. Isso fará com que tomemos decisões erradas, nos enga- nando com a variação existente em um processo. Em geral, an- tes de usar uma ferramenta estatística de análise de processo (o gráfico de controle ou a capabilidade), temos que avaliar se os nossos dados podem ser aproximados por uma distribuição padrão. 10. Os gráficos de controle Os gráficos de Controle são gráficos que dizem se o nosso processo está estável ou não. Ele plota o que é a “variação na- tural do processo”. A partir do acompanhamento periódico de um indicador, sabemos se ele está sob a influência de causas especiais, o que nos ajuda a aprender mais sobre o que está acontecendo. Assim como no gráfico de tendência, ele pode ser traça- do para diferentes métricas. Entretanto, temos que saber qual é a distribuição ideal para aquela métrica. Esse entendimento precisa passar pelo entendimento do tipo de variável e pelo ta- manho do subgrupo. Um exemplo seria parecido com o gráfico de tendência, visto na imagem abaixo: Uma informação importante é que diferentes tipos de gráficos de controle são usados para diferentes tipos de dados. Todos eles distinguem a variação de causa especial da variação 1 2 3 ... n X1 X2 X3 ... xn X1 X2 X3 ... xn X1 X2 X3 ... xn Subgrupos Medidas referentes a um intervalo de tempo Estatística Média, Desvio padrão, Porcentagem, Taxa, Etc. de causa comum. Todos eles usam limites de controle para in- dicar se um determinado valor de dado deve ser tratado como uma causa especial. A escolha dos gráficos depende do tipo de dados. A ima- gem abaixo apresenta os gráficos mais usuais e as situações em que eles são usados. 10.1 O Gráfico P O gráfico p é usado para variáveis de classificação e usa a distribuição Binomial como base. Algumas classificações clássicas são: unidade defeituo- sa/não-defeituosa, conforme/não conformes, aprovada/não aprovada, etc. O gráfico p irá plotar a porcentagem de uma classificação ao longo do tempo e os limites esperados para essas porcentagens. Tipos de dados Contagem ou classificação (dados de atributos) Contínuos (dados de variáveis) Defeitos ou não- conformidades ClassificaçãoContagem Unidades defeituosas ou não conformes Subgrupo de tamanho 1 Tamanho fixo de subgrupo Tamanho variável de subgrupo Gráfico U Gráfico P Gráfico X Gráfico X-barra e R Gráfico X-barra e S Defeitos por unidade Porcentagem de defeituosos Medida individual Média e amplitude Média e desvio padrão No exemplo abaixo, são as unidades defeituosas que vão gerar o gráfico. No exemplo abaixo, temos um gráfico P que indica o com- portamento do absenteísmo (faltou ou não faltou; justificou falta ou não justificou). Podemos ver que a porcentagem das ausências está em controle estatístico (sem causas especiais), já as ausências sem justificativa apresentam uma causa espe- cial. Amostra Unidades Amostradas/Amostra Nº de unidades defeituosas Proporção de unidades defeituosas 1 200 20 0,1 2 100 30 0,3 3 300 10 0,03 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 24 150 20 0,13 (n) (p) Numero de defeituosos Tamanho da Amostra O Gráfico P plota esta coluna Dados sobre absenteísmo – 90 funcionários Dia Total de Ausências p Ausências Não Justificadas p 1 10 0.11 2 0.02 2 8 0.09 3 0.03 3 14 0.16 1 0.01 4 6 0.07 1 0.01 5 8 0.09 1 0.01 6 7 0.08 2 0.02 7 16 0.18 0 0.00 8 12 0.13 3 0.03 9 10 0.11 1 0.01 10 9 0.10 8 0.09 11 12 0.13 1 0.01 12 10 0.11 2 0.02 13 14 0.16 0 0.00 14 4 0.04 4 0.04 15 8 0.09 3 0.03 16 12 0.13 1 0.01 17 9 0.10 0 0.00 18 5 0.06 2 0.02 19 14 0.16 1 0.01 20 10 0.11 0 0.00 10.2 O gráfico U Esse gráfico é indicado quando são feitas contagens de ocorrências (erros, defeitos, acidentes, mudanças, etc. ) e usam a distribuição de Poisson como base. Os gráficos Us, em geral mostram indicadores do tipo “taxas” (defeitos por peças, aci- dentes por km rodados, etc.). Para montá-los, precisamos de- finir, como na tabela abaixo, qual é o nosso subgrupo e coletar as estatísticas para estes subgrupos. No exemplo que você encontrará na próxima página, mostramos um gráfico U para indicar o número de acidentes em uma estrada. Vemos que existem três causas especiais no gráfico (dois pontos acima do Limite Superior de Controle e 8 pontos abaixo da média). Notem que, neste caso, o subgrupo foi idêntico para to- (a) (c) (U) (c) = número de erros encontrados nas unidades processadas (a) = área de oportunidade: Número de unidades processadas por semana O gráfico-u se faz com esta coluna U = (c/a) Semana Unidades Processadas/Semana Nº de erros Nº de erros por unidade 1 104 15 0,14 2 21 4 0,19 3 18 3 0,17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 24 25 5 0,20 das as medições. Nem sempre isso acontece. Poderíamos, por exemplo, ter amostras diferentes para cada caso. 10.3 O gráfico de Individuais O gráfico de controle para dados individuais é usado quando nosso dado é uma variável contínua e cada observa- ção é plotada no gráfico, na sequência em que é obtida. Este gráfico usa a distribuição normal como base. Para o cálculo dos limites ele utiliza a distribuição normal, baseada na média e no desvio padrão dos dados fornecidos. O Gráfico de Controle de Individuais é o mais utilizado em proje- tos de melhoria. Mês/Ano (oportunidade) Número de acidentes (C) Mês/Ano (oportunidade) Número de acidentes (C) Janeiro 1989 6 Janeiro 1990 10 Fevereiro 2 Fevereiro 5 Março 4 Março 9 Abril 8 Abril 4 Maio 5 Maio 3 Junho 4 Junho 2 Julho 23 Julho 2 Agosto 7 Agosto 1 Setembro 3 Setembro 3 Outubro 15 Outubro 4 Novembro 12 Novembro 3 Dezembro 7 Dezembro 1 Mês Inventário 01/1989 19 02/1989 27 03/1989 20 04/1989 16 05/1989 18 06/1989 25 07/1989 22 08/1989 24 09/1989 17 10/1989 25 11/1989 17 ... ... Inventário em processo É o mais comum para dados de área transacionais, como o acompanhamento de inventário, como o exemplo da imagem acima, mas em outras análises de: • Dados financeiros; • Tempo para executar uma atividade; • Dados de faturamento; • Dados de vendas. 10.4 O gráfico X-Barra S No exemplo da imagem abaixo, temos um gráfico X-barra S. O ponto acima do LSC no gráfico de X-barra indica um pe- ríodo onde a média foi atipicamente maior. A causa especial no gráfico S, indica um ponto onde a variação foi atipicamente maior. Semana Amostra 1 45 48 48 2 46 46 44 3 41 47 47 4 41 44 45 5 43 50 41 6 41 45 47 7 48 46 46 8 48 44 45 9 49 45 46 10 46 50 44 11 42 46 48 12 42 49 47 13 54 56 49 14 43 44 45 15 42 45 59 16 44 47 44 17 46 51 45 18 44 42 40 19 45 45 46 20 42 47 43 Cada ponto neste gráfico é a média de um subgrupo. Cada ponto neste gráfico é o desvio padrão dentro do mesmo subgrupo. 10.5 Usando os Gráficos de Controle Teoricamente, traçar um gráfico de controle utiliza a mes- ma lógica para criar qualquer gráfico: coleta de dados. Geral- mente seguimos os passos: 1. Avalie a métrica que quer medir/controlar; 2. Avalie a periodicidade da análise; 3. Escolha o tipo certo de gráfico; 4. Certifique-se que os dados são aproximados pela distribuição correta; 5. Gere o gráfico e avalie as causas especiais. 10.5.1 Como avaliar causas especiais (eventos de baixa probabilidade) As práticas em avaliar se a distribuição faz sentido são na elaboração do gráfico, utilizar gráficos probabilísticos (para va- riáveis contínuas). Outra forma de prever a boa análise é usar testes para avaliação das distribuições. Após desenharmos nossos gráficos, temos que saber identificar onde estão as causas especiais. Três regras para isso são dadas, baseadas nas distribuições de probabilidade, na imagem abaixo: Uma observação além de um limite de controle. Uma sequênciade oito ou mais pontos acima ou abaixo da média. Uma sequência de seis ou mais pontos crescentes ou decrescentes. 10.5.2 O Teorema Central do Limite Um ponto que merece destaque é a normalidade para quando trabalhamos com médias de medidas. Sempre que es- tivermos calculando a média de amostras, essa distribuição irá ser uma normal caso a amostragem seja suficientemente gran- de. Esse fato é provado pelo Teorema Central do Limite. O exemplo do slide mostra bem esse fato. Temos descrito lá, a probabilidade da média do valor para o lançamento de n dados. Quando lançamos só um dado, a média é o valor que saiu. Como cada lado tem a mesma probabilidade de cair vira- do para cima, a média para o primeiro caso é uniforme. Con- forme aumentamos o número de dados, temos mais possibili- dades para que a média seja valores intermediários (para que a média seja 1, ambos os dados devem cair no 1; para que a média seja 3, podemos ter combinações como 3 e 3, 2 e 4, 4 e 2, 5 e 1, 1 e 5). Isso, na prática, quer dizer que quando queremos avaliar a média de uma característica em uma amostra suficientemen- te grande, podemos assumir sua distribuição como sendo uma normal. A imagem abaixo mostra a progressão da conclusão que com a medida que os número de lançamentos aumenta, o grá- fico se parece mais com uma normal. 11. Capabilidade Análises de Capabilidade nada mais são do que comparar a variação natural do processo com as especificações do clien- te. A amplitude da curva normal está relacionada às especifica- ções do cliente, por exemplo como é ilustrado na imagem abai- xo. Assim podemos ver o desempenho do processo e prever perdas futuras. A análise paramétrica é ótima para tudo isso. Imagine o lançamento de dados. Qual é a probabilidade para a média do valor dos dados? Distribuição média de 1 lançamento Distribuição média de 2 lançamentos Distribuição média de 3 lançamentos Distribuição média de 5 lançamentos Um formulário padrão de Capabilidade entregue por um software como o Minitab é representado na imagem abaixo. Ela contém gráfico de probabilidades, gráficos de controle, his- tograma e mais algumas análises que auxiliam na validação da normalidade. 11.1.1 O que são os índices de capabilidade? Antes da invenção dos computadores, a análise de capabi- lidade já existia. Esses índices eram medidas fáceis de calcular, que ajudavam a ver como estava a capabilidade de determina- da característica. Acabaram virando jargões da qualidade. Os mais famosos são o Cp (e Pp) e o Cpk (e Ppk), que você irá en- contrar na próxima pagina. Atualmente, eles saem nos relatórios padronizados, jun- tos com outras informações importantes. Estabilidade Representação gráfica Normalidade Índices de capabilidade 𝐶𝐶"# = 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 −𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑚𝑚𝑀𝑀 3×𝐷𝐷. 𝑃𝑃. , 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑚𝑚𝑀𝑀 − 𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 3×𝐷𝐷. 𝑃𝑃. 𝐶𝐶" = 789 :×;.<. = =>? @=A? :×;.<. 11.1.2 Usando os gráficos de controle e a análise de capabilidade Ao analisarmos causas de variação, podemos cometer al- guns erros clássicos: Erro 1: Reagir a um resultado como se viesse de uma causa es- pecial, quando na verdade vem de causas comuns de variação. Erro 2: Tratar um resultado como se viesse de causas comuns de variação, quando na verdade vem de uma causa especial. Erros de decisão são intrínsecos ao Gráfico de Controle. A proposta de Walter Shewhart (limites de controle), pai do Controle Estatístico, procura um equilíbrio entre os dois tipos de erros. Assim como representado na Figura 3.44, os gráficos de controle e capabilidade auxiliam na tomada de ações, que serão diferentes de acordo com a estabilidade ou não do pro- cesso. Processo estável Processo instável Selecionar uma medida de processo ou característica da qualidade Desenvolver gráfico de controle apropriado Reduzir causas comuns (mudar o processo) Descobrir e atuar sobre causas especiais Identificar causas comuns ou processos alternativos Identificar causas especiais O processo é estável? Métodos Primários de Investigação 1. Planejamento de Experimentos 1. Gráficos de controle 2. Subgrupamento / estratificação 2. Subgrupamento / estratificação 3. Gráficos de controle 3. Planejamento de Experimentos Responsabilidade pela investigação 1. Peritos técnicos 1. Trabalhadores do processo 2. Supervisores 2. Supervisores 3. Trabalhadores do processo 3. Peritos técnicos Responsabilidade pela melhoria 1. Gerência 1. Supervisores 2. Peritos técnicos 2. Peritos técnicos 3. Supervisores 3. Gerência 4. Trabalhadores no processo 4. Trabalhadores no processo Já falamos bastante sobre isso, mas sempre é impor- tante reforçar: limites de controle são diferentes de limites de especificação, como a imagem a seguir traz de exemplo. Os limites de Especificação: • Vêm de exigências da engenharia ou dos clientes; • Representam o que alguém quer que o processo faça; • Podem ser alterados por exigência do cliente. Limites de Controle: • São calculados com os dados do processo; • Representam o que um processo é realmente capaz de fazer; • Só podem ser alterados quando mudanças no processo alte- ram o comportamento dos indicadores (produzem impacto). Limites de Especificações não devem ser usadas em um gráfico de controle. Mas, como se pode atender as especifica- ções do cliente? Melhore o processo reduzindo a variação de causa comum. Na imagem abaixo já está descrito 4 situações, que fre- quentemente encontramos em projetos de melhoria: No primeiro gráfico da imagem acima o processo está es- tável e dentro dos limites do cliente, o que é um bom sinal. Nes- se caso, temos que pensar em manter o desempenho e, caso necessário, reduzir os custos. O segundo gráfico à direita mostra um processo também estável, porém os limites de especificação do cliente são me- nores do que a variação natural do processo. Isso indica que sempre teremos itens defeituosos sendo gerados pelo cliente. Para melhorar este processo, temos que atuar sobre as causas comuns, procurando maneiras de diminuir a variação natural do processo. Já os processos na segunda linha estão instável. O pri- meiro processo está instável, porém até agora não tivemos um item fora dos limites de especificação. Neste caso, nosso foco deve ser em estabilizar o processo, fazendo com que ele atue apenas com causas comuns. O processo no canto inferior di- reito está instável e fora dos limites de especificação, o que é muito ruim. A primeira coisa que devemos fazer é garantir que o processo se estabilize. 11.2 A porta de processos As organizações recebem diretrizes para se organizarem em processos, sistemas e procedimentos, vide imagem abaixo: Um sistema é a organização como um todo. Ele é extre- mamente complexo e transforma uma série de entradas em sa- ídas. Existem várias pessoas trabalhando nele e é muito difícil Sistema Processos Atividades/ procedimentos D etalh am en to C o m p le xi d ad e detalhá-lo de uma vez. Um processo é uma parte menor do sistema. Ele traba- lha com um número limitado de pessoas, entradas, saídas e atividades. As suas saídas são, muitas vezes, consumidas por clientes externos, sendo que só processos com interface com o cliente externo produzem saídas para ele. Um processo tam- bém é mais simples de ser detalhado e “desenhado”. Com um fluxograma, por exemplo, podemos desenhar suas interações e a sequência de suas atividades, bem como onde cada coisa acontece na organização (iremos ilustrar alguns fluxogramas mais adiante). Uma atividade é a parte mais basal da organização. Ela pode ser descrita por um procedimento, ou instrução de tra- balho e sempre é realizada por apenas uma pessoa (podendo ter interface com outras). A sua complexidade é baixa e ela é fácil de ser enxergada, pois são as coisas que realizamos no dia a dia. É possível detalhá-la com clareza. Nos próximos tópicos será mos- trado técnicas de como realizamos o mapeamento dos processosde uma organização. Vale dizer que nem sem- pre precisamos usar todo conheci- mento teórico a prova. Muitas vezes, uma simples ida ao Gemba vai te per- mitir entender o que está acontecen- do. 12. Mapeamento de processos Um ponto central da ciência da melhoria é a sua relação com a mudança. Como foi comentado no curso, é impossível melhorar alguma coisa sem que seja feita uma mudança. Me- lhoria requer mudança. Entretanto, muitas mudanças nem sempre resultam em melhorias. Algumas mudanças, inclusive, pioram o desempenho de um processo. Então como desenvolver mudanças que realmente vão ser melhorias? Há uma maneira fácil de estruturamos essas mudanças. Temos que responder às três questões fundamentais da me- lhoria. Fornecedores Entradas Produção Saídas Clientes Suporte Direcionamento Vimos várias vezes na imagem anterior o sistema propos- to por Deming sobre as organizações. Acontece que na vida real, não é fácil chegar nesse estágio onde tudo está organiza- do e detalhado. Na prática, vemos algo como na imagem abaixo: uma série de pessoas (representadas pelas bolinhas) realizando uma sé- rie de atividades (caixinhas) que transformam sabe-se lá Deus como, entradas (caixas em terracota) em saídas (caixas azuis) para os clientes. A ordem dessas atividades é confusa. Deter- minadas pessoas desempenham papéis diferentes ao longo do fluxo e, muitas vezes, estão envolvidas em mais de um pro- cesso. Por exemplo, a pessoa do “financeiro” da empresa, ela recebe pagamentos dos clientes, paga fornecedores, controla custos e monitora o caixa. Cada uma dessas atividades corri- queiras está ligada a processos diferentes. No mapeamento de processos, nosso objetivo é ilustrado na imagem abaixo: É possível entender melhor um processo e assim obter melhores resultados. Um processo mapeado pode ser aplica- do indicadores, buscar melhorias e reestruturar radicalmente de forma que os resultados sejam conhecidos e esperados. Um bom mapeamento traz resultados positivos: 1. Entendimento do processo; 2. Conhecimento sobre o fluxo de trabalho; 3. Ilustração em um fluxograma; 4. Identificação das desconexões. 12.1 Mapeamento Mas como realizar um mapeamento na prática? Uma se- quência deve ser seguida. 1) Defina o escopo do mapeamento: A primeira coisa que temos que de- finir é o escopo, ou objetivo do nosso mapeamento. Para que vamos mapear o processo? Isso vai fazer com que o foco do que estamos procurando mude. Por exemplo, se estivermos envolvidos em um projeto cujo objetivo é “reduzir número de relatórios fi- nanceiros com erros”, vamos ter que focar nosso mapeamento no fluxo de informações que geram esses relatórios. Quem en- via essas informações para a pessoa que faz o relatório? Quais informações ela precisa? Como chegam as informações para ela? Essas perguntas mudam a óptica do que vamos mapear (como vamos ver mais pra frente). Se, alternativamente, estivermos envolvidos em um pro- cesso cujo objetivo é reduzir defeitos de uma peça, vamos ter que mapear não apenas o fluxo de informações (que pode nos gerar erros de montagem, por exemplo, mas sim todos os com- ponentes que formam essa peça. Mapeando de onde vem os componentes e por quais etapas de processamento eles pas- sam, podemos entender se há problemas de matérias-primas ou então de fabricação. 2) Defina os limites do seu mapeamento (e projeto): A imagem a seguir ilustra em diferentes cores as fases in- teressantes do processo para o mapeamento. Ignorar Mapear Ignorar 3) Identifique e entreviste os envolvidos no Processo: Em seguida, passamos para uma entrevista minuciosa. Esta entrevista, deve identificar tudo o que acontece, e cabe ao entrevistador instigar o entrevistado a expor todas as pos- sibilidades e todos os casos que acontecem. Mas como fazer essa entrevista? Usando a metodologia do SIPOC, já explicada anteriormente e representada na ima- gem abaixo: Fornecedor es (suppliers) Entradas (inputs) Processo (process) Saídas (outputs) Clientes (clients) Procedimento Relatório Peça 1 Peça 2 Relatório Lista de compras Peça 15 Operação 1 Operação 2 Operação 3 Operação 4 A A CB SIPOC da pessoa X As saídas da pessoa analisada devem ser as entradas da pessoa seguinte (clientes) e as entradas da pessoa analisada, devem ser as saídas das pessoas anteriores (fornecedores) as- sim por diante. A imagem abaixo representa as pessoas por le- tras e as correlaciona com cores, para organizar o mapeamen- to. O mapeamento dos processos, quando bem feito, traz uma série de benefícios para a equipe de melhoria. Com ele é possível ter muitos ganhos: • Facilita o aprendizado da equipe sobre o processo; • Torna o que está acontecendo visível; • Demonstra papéis e relações entre os envolvidos no proces- so; = SIPOC da pessoa X SIPOC da pessoa A SIPOC da pessoa B SIPOC da pessoa C SIPOC da pessoa ... + ++ ++ • Identifica gargalos, desconexões, etapas desnecessárias, etc. • Permite medir o tempo das atividades; • Identifica “quick wins” do projeto. 12.2 E como encontrar as desconexões Após a elaboração do SIPOC e do Fluxograma, a equi- pe de melhoria deverá debruçar-se neste material e aplicar o checklist para localizar as desconexões de saídas, entradas e atividades. É importante passar por cada uma das saídas e en- tradas listadas no SIPOC realizando todos os passos do che- cklist abaixo: Saídas •Está produzindo alguma saída desnecessária? •Está deixando de produzir saídas para os clientes adequados? •Está deixando de atender expectativas de qualidade dos clientes? de prazo? •Está deixando de atender expectativas internas de produtividade? de custos? Entradas •Está deixando de receber alguma entrada necessária? •Está recebendo alguma entrada desnecessária? •Existem entradas chegando de fornecedores errados? •Existem entradas deixando de atender expectativas de qualidade, prazo, custo ou produtividade? Atividades •Estão sendo realizadas na hora certa no processo? •Estão sendo realizadas pelas áreas/pessoas certas? •Estão criando gargalo? •Agregam valor para o cliente? •Apresentam redundância? •É um ponto de inspeção ou de decisão? •Apresentam ciclos de retrabalho? •Estão sendo executados no tempo programado? 13. Fluxograma Fluxogramas, como já falamos, são representações grá- ficas dos nossos processos para mostrar como um processo funciona, por exemplo a imagem abaixo. Existem vários tipos de fluxogramas que nos ajudam a observar diferentes aspec- tos dentro do nosso processo. Vamos ver alguns destes tipos nos próximos tópicos. O Fluxograma Vertical é o fluxograma mais simples que existe (e um dos mais usados nos projetos de melhoria). Ele mostra de maneira linear como o processo acontece, apresen- tando também as suas ramificações e pontos de decisão. A lâmpada não funciona Comprar nova lâmpada Plugar a lâmpada Trocar o bulbo A lâmpada está plugada? O bulbo queimou? Não Sim Sim Não Ao elaborarmos um fluxograma, como o da imagem abai- xo, começamos sempre pelos pontos mais característicos do processo (que podem ser o seu começo e fim) e depois vamos adicionando os detalhes. Lembrem-se que neste ponto, já te- mos um grande entendimento sobre o processo que foi obtido através das entrevistas de SIPOC. O Fluxograma Multifuncional é um sofisticação do Fluxo- grama Vertical que inclui o local (ou área) onde cada uma das atividades acontecem. Ele muda o foco das atividades para as áreas em que elas acontecem e na interação entre elas. Com ele, podemos visualizar todas as “passagens de bastão” entre os departamentos e em que momento do processo elas acon- tecem. Esse tipo de demonstração evidencia as interdependên- cias entre os departamentos e é útil para indicar as responsa- bilidades de cada uma das áreas nos processos. O exemplo da imagem a seguir também mostra um indi- cador (no caso o tempo decorrido em um dos processos ana- lisados).É bastante comum em fluxogramas, tanto verticais Gera documentação e libera empréstimo Empréstimo aprovado? Não Sim Venda recebe solicitação Funcionário verifica documentação Analista avalia solicitação Analista comunica cliente Superintendente avalia recomendação Excessão aprovado? Início Fim Sim Não quanto multifuncionais, colocarmos uma coluna ou linha extra onde mostramos um indicador ou outro tipo de informação adicional. Essa “artimanha” nos permite alinhar a equipe no de- sempenho de uma característica em específico quando vamos discutir com eles como o processo acontece. O Diagrama Espaguete é um fluxograma que exprime o processo em uma planta física. Ele é muito usado em proje- tos onde queremos mapear e eliminar desperdícios de movi- mentação e transporte (vamos ver estes desperdícios mais pra frente no curso). Ele consiste em desenhar, no mapa da planta ou local onde ocorre o processo, linhas coloridas que indicam os fluxos mapeados (pode ser o caminho de um documento, de uma peça, de uma pessoa, de uma empilhadeira, etc.). Para desenhar esse fluxograma, seguimos alguns passos: • Obter o mapa (layout) do espaço de trabalho; • Listar as atividades (passos) do processo; • Marcar as posições onde acontecem cada um dos passos. Atu- Aprovado Recebe solicitação Verifica documentação Avalia solicitação Avalia recomendação Comunica cliente Gera documentação e libera empréstimo Aprovado Não Aprovado 1 2 3 4 6 5 Vendas Análise de crédito Superintendência Processamento Tempo decorrido 1 dia 5 dias 10 dias almente é muito fácil realizar essa marcação pois praticamente qualquer smartphone pode ser rastreado por GPS. Existem, in- clusive, vários aplicativos que já mostram o caminho do celular no mapa (como aqueles aplicativos de corridas e caminhadas). • Ligar as marcações e desenhar no mapa as linhas de fluxo. Ao olhar para o fluxograma de espaguete da imagem abai- xo, podemos tomar várias conclusões sobre o processo: • Se existem vários cruzamentos entre as linhas, devemos co- meçar a pensar em alterações no layout ou no processo; • Se há muito retorno a um ponto, podemos simplificar o pro- cesso para que todas as atividades sejam realizadas de uma só vez (em uma única “passada”); • Se existem muitas passagens de bastão ou pontos de espera, podemos pensar em eliminar possíveis gargalos que possam estar acontecendo. Torre de Controle Fluxo de funcionários para preparação do voo Cabine de Ferramentas: Se está cabine fosse mais próxima da aeronave seria possível agilizar a preparação. 13.1 VSM - Value Stream Map Uma outra maneira de se expor um processo é fazer o seu VSM, ou Mapeamento do Fluxo de Valor (Value Stream Map). Essa ferramenta é utilizada em projetos Lean para a represen- tação de processos fabris, portanto, caso queira se aprofundar, recomendamos nosso curso de Especialista Lean. Os principais apontamentos do VSM são: • Estoques intermediários entre os processos (representados pelos triângulos); • A ordem das atividades; • O tempo de ciclo das atividades; • O tempo de set-up das atividades; • O tempo em que os materiais e peças permanecem parados no estoque; • O tempo total que as matérias-primas demoram para percor- rer todo o processo de fabricação (o lead time); • O fluxo de informações de produção; Outra fase importante do VSM, é a contagem dos esto- ques, vide exemplo a seguir. Para processos administrativos, deve-se tomar cuidado redobrado pela dificuldade que poderá ser encontrada na definição do takt time (tempo de ciclo) e na determinação do estoque. Contornados estes empecilhos, o VSM pode ser usado sem problemas para processos adminis- trativos. Tempo de ciclo Setup Disponibilidade Tempo disponível Tempo de ciclo Setup Disponibilidade Tempo disponível Tempo de ciclo Setup Disponibilidade Tempo disponível Tempo de ciclo Setup Disponibilidade Tempo disponível Tempo de ciclo Setup Disponibilidade Tempo disponível 18400 pçs/mês 12000 “E” 6400 “D” Bandeja = 20 pçs 2 Turnos 6 semanas Programação diária Previsão 30/60/90 Pedido diário Diário 3ª e 5ª Estamparia x1 Solda 1 x1 Solda 2 x1 Montagem 1 x1 Expedição x1 E 4600 D 2400 E E 1100 D 600 E E 1600 D 850 E E 2700 D 1400 E PCP Programação Semanal 5 dias 7,6 dias 2 dias 1s 46s 1,8 dia 2,7 dias 39s 62s Lead Time = 19,1 Tempo de processo = 148s E Aços São Paulo Montadora São Jorge 13.2 Erros ao se elaborar um fluxograma Agora vamos falar um pouco sobre os erros mais comuns ao se elaborar um fluxograma. O primeiro deles é o que já comentamos anteriormente, mas sempre é bom lembrar: desprender-se da realidade. É o que a imagem a seguir demonstra. No mapeamento e na elaboração do fluxograma, temos que mapear como o processo realmente é, não como o proces- so deveria ser ou então como nós pensamos que ele é, mas sim como ele realmente é. Nas fases seguintes, iremos discorrer mais profundamen- te sobre como o processo poderia ser, depois de usarmos uma série de ferramentas analíticas para torná-lo mais simples e mais eficiente. 14. Análise de Procedimentos A análise dos procedimentos nada mais é do que avaliar o que as pessoas estão fazendo. Algumas estratégias para isso: • Observação direta (correlacionando com o problema do de- fine); • Medição dos tempos (será retomado posteriormente); • Analisar a “Padronização, Comando e Controle”. 14.1 Observação direta Erros ao se elaborar um fluxograma O que o gerente pensa que é: O que realmente é: O que deveria ser: O que poderia ser: Foque aqui durante a fase Analyze Foque aqui durante a fase Improve O método da observação direta é o mais rápido de análi- se. Pode ser feito a partir do “sentimento” do pessoal do pro- cesso (eles já sabem o que está dando errado). Também pode envolver uma coleta de dados. Temos que sempre fazer as perguntas relacionadas com o Define, ou seja, objetivos e metas, e podemos observar com base nos desperdícios do Lean (iremos falar mais sobre isso na fase do Analyze). 14.2 Coleta dos Tempos Em vários projetos de melhoria, precisamos fazer a cole- ta dos tempos de um processo. Essa coleta mistura análise de procedimentos e de dados. Na prática, coletamos os tempos en- volvidos na realização de cada atividade, em condições controladas. Esses dados são coletados tanto para atividades iso- ladas, quanto para um processo como um todo. Geralmente, quando coletamos para o todo, também coletamos os tempos de espera. Muitas vezes, esses tempos de es- pera causam dessincronização e proble- mas gravíssimos. O VSM baseia-se majoritariamente no entendimento dessas métricas de processo. 15. Apresentação de Resultados do Measure A apresentação dos resultados do Measure é sempre um ponto importante em um projeto de melhoria. Geralmente, mostramos os dados cruzando o que descobrimos com as in- formações de processo. Essa apresentação vem sempre con- textualizada, indicando o que descobrimos. Em outras palavras, elas devem responder às principais perguntas que tínhamos na fase do Define (e outras que even- tualmente apareceram). Devem também dar uma ideia clara do que está aconte- cendo e dos passos a serem seguidos. Segue algumas dicas: Dica 1: Use gráficos para mostrar a variação natural (eles são melhores que tabelas) Dica 2: Contextualize a informação dos gráficos Dica 3: Faça bom uso do espaço Dica 4: Faça bom uso das cores e contrastes; 16. Resumo do capítulo Na fase do Measure, como o próprio nome já diz, vamos começar a “medir” nosso processo. Por medir entendemos: co- letar informações que nos serão úteis no esforço de me- lhoria. • Fazer o mapa detalhado do Processo; • Determinar os X’s e os Y’s críticos; • Validar o Sistema de Medição treinamento; • Desenvolver plano para coletar dados • Avaliar o desempenho atual: estabilidade e processo capabilidade;• Ajustar o foco do projeto. As tarefas, suas entradas e saídas, são ilustradas na tabela abaixo: Atividades Entender o Fluxo de informações e materiais. Entender problemas no fluxo. Ir ao Gemba. Analisar as atividades dentro do processo. Há erros claros e falta de padrão? Montar o banco de dados do projetos ou olhar o que já tem. Avaliar a confiabilidade. Estratificar. Avaliar a frequência e a tendência dos dados. Avaliar a estabilidade e a capabilidade do processo (o que é “natural” dele e se isso é bom para o cliente). Informar os stakeholders sobre o desempenho atual. Nivelar o conhecimento. Ferramentas SIPOC, VSM, Fluxograma Tempos e Métodos, Instruções de Trabalho Folha de Verificação, Dados estruturados Gráficos de Tendência, Pareto, Barras, histograma, etc Gráficos de Controle, Análises de Capabilidade Fluxogramas, visualização de dados. Divulgar o aprendido Usar análises paramétricas Análises Básicas Coletar os dados Mapear os procedimentos Mapear os processos C ap ít u lo 4 A na ly se Clique para voltar ao Índice 1. Introdução ao Analyse O Analyse é o terceiro passo do roteiro DMAIC. Nele, como o próprio nome já diz, vamos analisar o que aprendemos durante as etapas de medição e também desenvolvemos mu- danças sobre o processo, de maneira a melhorar o seu desem- penho. A grande saída da fase do Analyse são as mudanças de- senvolvidas. Para chegar lá, iremos explorar 4 estratégias, em detalhes: • A análise crítica do processo; • O uso de tecnologia; • O uso da criatividade; • O uso dos conceitos de mudança. Como no Measure, podemos usar técnicas para propor as mudanças baseados nos dados e nos processos. As técnicas de processos visam melhorar os procedimentos e suas sequ- ências. Exemplo: Poka-Yokes, Análise de Valor, Eliminação de Desperdícios, etc. Já as técnicas de dados visam estabelecer um pensamento matemático de causalidade. Exemplos: análi- se do banco de dados (regressão, etc.) e planejamento de expe- rimentos. As diferentes técnicas estão exemplificadas na Tabe- la abaixo: Atividades Entender o que se pode mudar no fluxo de maneira a gerar melhorias Entender o que se pode mudar nas atividades para deixá-las melhores e mais rápidas. Buscar no banco de dados correlações entre variáveis para entender o que se pode variar no processo de maneira a gerar um resultado melhor. Aprenda mais sobre as correlações de variáveis com experimentos planejados Priorizar as mudanças propostas para a realização de testes de mudança Ferramentas Desconexões, análise de valor, ECRS, Criatividade, Conceitos de Mudança Poka-Yokes, Diagrama de Ishikawa, Análise de Tempo, Tecnologia, Benchmarking, Criatividade Gráficos de dispersão, Análises de Regressão, Testes de hipóteses, Tabelas de contingência, Gráficos de Barras Planejamento de experimentos; Experimentos Fatoriais; Experimentos Dicotômicos; etc. Ciclo PDSA; Matriz de Impacto Esforço. Saídas Mudanças para melhorar o fluxo Mudanças para melhorar as atividades Alterações nos parâmetros de entrada que vão gerar melhoria Alterações nos parâmetros de entrada que vão gerar melhoria Plano de testes das mudanças desenvolvidas. Formate suas mudanças Investigue os experimentos Analise seu banco de dados Analise os procedimentos Analise os processos Para começar o capítulo, faça a leitura do Estudo de Caso do Analyse: Ambulatório Médico de Especialidades, presente na pasta do curso. 2. Estratégias e sub estratégias para a Mudança Até agora estivemos falando na parte do Measure como enxergar os processos através do entendimento da sequência de suas atividades e das inter-relações entre essas atividades. Agora iremos começar a analisar os pro- cessos através dos dados que eles nos enviam. Essa porta é talvez a grande contribuição do Green Belt na análise de melhorias. Aqui, vamos ensinar várias ferramentas estatísticas, como os Gráficos de Controle e a Análise de Capabilidade. Mas antes, vamos introduzir alguns conceitos básicos sobre se trabalhar com dados. 2.1 As macro estratégias As macro estratégias para o desenvolvimento de mu- danças são definidas na fase Analyse: • Entender e analisar criticamente o processo atual; • Usar Tecnologia; • Usar Criatividade; • Usar os Conceitos de Mudança. • Análise crítica: a primeira faz uso do pensamento analítico crítico. Nesta abordagem adotamos ferramentas que nos per- mitem enxergar o processo e questionar seus fornecedores, insumos, passos, saídas e clientes. É uma análise profunda que vai te ajudar a encontrar os pontos que podem causar proble- mas e eliminá-los; • Tecnologia: nesta abordagem, procura beneficiar de tecno- logias já desenvolvidas. É muito comum na área de TI, onde uma empresa compra um novo sistema de gerenciamento de estoques, por exemplo. Além do sistema em si, vem junto ao mesmo todo o conhecimento adquirido pela empresa no de- senvolvimento daquele processo; • Criatividade: é um meio de escapar dos modelos mentais estabelecidos para encontrar alternativas. Das quatro catego- rias, esta é a que menos encon- tramos nas empresas, quando o assunto é melhorar processos. E, a causa para isto é que duran- te a formação do profissional, ele dificilmente possui treina- mento neste assunto. De Bono, TRIZ, SIT e outras técnicas im- portantíssimas para a geração de ideias criativas, são muito pouco difundidas e estudadas; • Conceitos de Mudanças: processos que têm bom desempenho são estru- turados em bons conceitos. Esses con- ceitos, se identificados, podem ser uti- lizados para encontrar boas mudanças. Para projetos de melhoria, contamos com uma lista de 72 conceitos que fo- ram muito úteis para gerar mudanças que levaram a melhoria. Para conhecê- -los melhor, recomendamos que bai- xe nosso e-book “Disseminação de Mudanças”. Sobre as abordagens, precisamos ponderar que a depen- dência de coleta e análise de dados varia de técnica para técni- ca. Para criatividade, por exemplo, você não precisará coletar tantos dados, já para a análise crítica, será necessário a coleta dos dados e o mapeamento do processo; O praticante da atividade de melhorar processos, produ- tos e serviços deve, com o tempo e com a experiência, procurar integrar sistemicamente essas técnicas. Começar pela análise crítica ou pelos conceitos de mudança, ajuda a eliminar o “ma- to-alto” com a adoção de mudanças rápidas e claras. Depois, para elevar o desempenho do processo à patamares bastante superiores, deve-se recorrer às ferramentas de criatividade ou soluções tecnológicas. A Tabela a seguir, apresenta a relação entre a análise crí- tica e que tipo de ferramenta é recomendado. Grupo Sub-Estratégia Ferramenta Porta dos Processos Entender a causa de um problema Diagrama de Ishikawa 5 Porquês Melhorar o fluxo para gerar mais valor Desconexões Análise de Valor Os desperdícios do Lean ECRS Evitar erros e falhas Poka-Yoke Porta de Dados Buscar correlações Gráfico de Dispersão Análises de Regressão Testes de Hipótese ANOVA Realizar experimentos Planejamento de Experimentos É importante lembrar que o objetivo de todas essas ferra- mentas é de gerar mudanças que vão se tornar melhoria. 2.2 Os tipos de mudança Depois de analisarmos os tipos de mudanças, podemos classificá-las em duas categorias: • Primeira Ordem: são aquelas necessárias para manter a em- presa em funcionamento no dia a dia. São mudanças necessá- rias para manter o nível de desempenho da organização e para resolver os problemas que vão aparecendo no dia a dia. Um exemplo que gosto muito é o pneu do carro. Para mim, mudan- ça de primeira ordem é trocar o seu pneu furado. Como carac- terística, podemos pontuar que são realizadas rotineiramen- te, devolvem o sistema a condição anterior, dá uma alívio de curto prazo (quem já teve um pneu furado na estrada, sabe o alívio que temos ao trocá-lo e voltarmos à rodovia) e mostramao cliente que o problema foi resolvido. Como disse, provoca a sensação de “tudo voltou ao normal”. • Segunda Ordem: são aquelas mudanças necessárias para prevenir problemas e elevar o desempenho do sistema a pa- tamares superiores. São aquelas mudanças necessárias para batermos as metas. Geralmente, elas resultam na criação de um novo processo ou na modificação de um processo existen- te. Assim, alteram como o sistema funciona e como as pessoas trabalham, possibilitando que os indicadores de desempenho da organização sejam afetados positivamente. Comparando as mudanças de primeira e segunda ordem na Tabela a seguir, fica claro a pre- ferência que temos de que toda organização faça mais mudanças de segunda ordem do que de pri- meira. Afinal, a melhoria só é al- cançada por meio delas. Porém, em muitas empresas pudemos observar o contrário. Pelo seu efeito de curto prazo, muitas or- ganizações acabam preferindo virar seu foco para “apagar os incêndios” e acabam deixando de lado a eliminação dos riscos para que eles não aconteçam. São tantos incêndios ocorren- do simultaneamente, que todos os recursos são drenados para combatê-los, criando um ciclo vicioso. Categorias 1ª Ordem 2ª Ordem Sistema Não é alterado É alterado Percepção do cliente Solução do problema Melhoria Prazo Imediato, curto Médio, longo Diante dessas categorias, recomendamos fortemente que antes de focar apenas nas mudanças de primeira ordem, você se pergunte: qual é a possível causa deste problema? Como alterar o sistema para que a haja uma melhoria, uma mudanças positiva e duradoura no indicador que tenho que atuar? Pensando assim, haverá uma contribuição muito maior à organização do que agir apenas como bombeiro. Para adotar esta postura, você deve ser forte. Haverá muita resistência e a liderança poderá cobrá-lo para resolver o problema urgente. Faça isto, mas não mude para a próximo urgência antes de mudar o sistema para que este incêndio não mais ocorra. Para ajudá-lo no convencimento do time, pergunte: • Quanto tempo passamos agregando valor ao cliente (produ- zindo)? • Quanto tempo passamos realizando mudanças de segunda ordem (melhorias)? • Quanto tempo passamos realizando mudanças de primeira ordem (incêndios)? Tipicamente, passamos muito mais tempo nos incêndios do que agregando valor ou melhorando a empresa. Diante dis- to, pergunto: qual é o futuro de nossa organização se continu- armos assim? E, se mudarmos esta proporção? É possível sen- tirmos um impacto nos nossos indicadores? Agora, vamos para as abordagens de mudanças que você poderão adotar para criarem suas mudanças de segunda or- dem e elevarem a organização a patamares elevados. 3. Ferramentas para entender a causa de problemas É normal sempre identificarmos alguns problemas críti- cos em nosso mapeamento. Por exemplo: • Reclamações de clientes; • Riscos à saúde de pacientes; • Problemas de Qualidade; • Eventos inesperados; Uma boa estratégia para buscar melhorias de segunda ordem é analisar estes pontos mais a fundo. Duas ferramen- tas clássicas nos ajudam a fazer isso é o Diagrama de Ishikawa (ou diagrama de Causa e Efeito) e a ferramenta dos 5 Porquês, apresentados nos próximos tópicos. 3.1 O Diagrama de Ishikawa É um diagrama que nos ajuda a identificar causas específi- cas que explicam determinado efeito. A sua lógica está em partir de macro causas genéricas e caminhar para causas específicas, que são fáceis de serem transformadas em mudanças palpáveis. Ele nos ajuda a analisar problemas, buscar mudanças, or- ganizar conhecimento e disseminar informação. A sua forma, vista na imagem abaixo é boa para identificar causas potenciais de determinado problema ou oportunidade de melhoria que necessite de resposta de forma gráfica e sintética para melhor visualização. Também é conhecido outros nomes como: Diagrama de Causa e Efeito; Gráfico de Ishikawa; Diagrama 6M; e Diagra- ma Espinha de Peixe. Você pode utilizar o Diagrama para: • Analisar defeitos e insatisfações do cliente, buscando suas causas: o cliente reclamou de algum problema ou defeito num produto ou serviço adquirido por ele; • Fornecer uma metodologia inicial para análise de um fenômeno, de- feito ou oportunidade de melhoria: é uma primeira abordagem para entender algum efeito de forma qualitativa; • Guiar o brainstorming para entendimento de um problema: as discussões são direcionadas para um determinado efeito, não se tornam reuniões vazias; • Identificar possíveis ações para se resolver um problema ou eliminar um evento negativo: gerar ideias e propor planos de ação, não ficar apenas na teoria; • Analisar criticamente o processo na fase Analyze do roteiro DMAIC em Projetos de Melhoria. No Define são fixados os ob- jetivos do projeto de melhoria, no Measure são feitas a coleta e a análise dos dados para compreender como está o compor- tamento atual do processo em questão. Na fase Analyze o Dia- grama de Causa e Efeito é uma das ferramentas de análise crí- tica do processo. As principais saídas são planos de ação para desenvolvimento de mudanças que ocorrerão no Improve e serão monitoradas no Control. Exemplo de diagrama para hóspedes insatisfeitos: O diagrama Ishikawa pode ser feito no Excel e Minitab. Manter o diagrama como arquivo digital é importante para a gestão do conhecimento. Assim, não se perde o estudo realiza- do que poderá ser consultado sempre que for preciso. O exemplo acima representa um processo de identificar as causas que deixam os hóspedes insatisfeitos em um hotel. Na figura, a estratificação das causas foi em recepção, aparta- mento, restaurante e comodidade, porém o problema pode ser desenvolvido de acordo com o brainstorming da equipe que esteja elaborando o diagrama. 3.1.1 Fases do Diagrama de Ishikawa A utilização do Diagrama de Ishikawa é dividida em 5 fa- ses apresentadas na Tabela a seguir: HOSPEDES INSATISFEITOS APARTAMENTORECEPÇÃO RESTAURANTECOMODIDADES Ocupado Fumante TV quebrada Limpeza Frio Vista ruim Janela Exaustores Cortina Cobertores Toalhas Alarme Água quente Refeição Serviço de Quarto Sem Café da manhã Fria Pouca Variedade Horário ruim Lento Sem estacionamento Acesso difícil Chave errada Bagagem perdida Atendimento Lento Fumante/Não fumante Reserva Datas Campainha Computador Exemplo Hotel Atividades Entender o efeito, problema ou oportunidade de melhoria que será estudada e o seu contexto. O facilitador define a metodologia de início de discussão e as causas. A equipe sugere todas as possibilidades de subcausas prováveis. Discutir quais ideias podem ser combinadas e aperfeiçoadas Teste quais causas são reais e defina quais serão priorizadas Ferramentas ▪ Fontes ativas (pesquisas, formulários, árvore CTC, etc); ▪ Fontes reativas (reclamações, defeitos, etc). ▪ 6M; ▪ 4P; ▪ Afinidades; ▪ Processos; ▪ Componentes. ▪ Brainstorming; ▪ RNC. ▪ 5 Porquês; ▪ RNC. ▪ Gráfico de Pareto; ▪ Testes e Experimentos; ▪ RNC. Saídas Efeito descrito na ponta do diagrama Causas nas espinhas do diagrama Subcausas nas espinhas do diagrama Diagrama de Ishikawa Mudanças 5. Proponha Mudanças 4. Revise o Diagrama 3. Colete as subcausas prováveis 2. Defina a metodologia de início da discussão 1. Defina o seu efeito • Defina o seu efeito: é a fase em que é definido o defeito e seu contexto através da coleta de informação. A saída será o preenchimento do efeito no diagrama (preencher efeito); • Defina a metodologia de início da discussão: definir como o efeito será abordado. O facilitador deve chegar com as cau- sas definidas para evitar debates desnecessários. A saída é o preenchimento da causa no diagrama (preencher causa); • Colete as sub causas prováveis: é a fase de geração de sub- causas através do brainstorming. Quanto mais sub causas pro- váveis, mais rica será a proposição de ações corretivas (preen- cher subcausas); • Revise o diagrama: combine subcausas,obtenha dados confiáveis, faça experimentos para saber quais causas são pro- váveis, priorize causas para atacar; • Proponha ações corretivas: aprofunde-se nas causas prio- rizadas, proponha ações corretivas e execute-as. 3.1.2 Vantagens do Diagrama de Ishikawa A utilização do Diagrama de Ishikawa é vantajosa por: • Ajudar a enfocar o aperfeiçoamen- to do processo: isso acontece por que a ferramenta pode ser utilizada para fazer a análise crítica do processo e propor ações de melhoria; • Registrar visualmente as causas potenciais que podem ser revistas e atualizadas: é uma técnica simples, visível e que pode ser modificada a qualquer tempo; • Prover uma estrutura para o brainstorming: as ideias são categorizadas e sintetizadas, o que facilita no entendimento do problema e na proposição de ações; • Envolver todos: por ser de fácil entendimento não exclui nenhum nível hierárquico ou função, todos podem participar positivamente; • Reduzir a tendência de encontrar uma única causa para um problema: as diferentes perspectivas proporcionadas pela equipe no brainstorming ajuda a enxergar que o problema pode ter diferentes causas e que se todas forem solucionadas conjuntamente, a chance dele voltar a ocorrer é muito peque- na. 3.1.3 Pontos de atenção ao elaborar o Diagrama de Ishikawa Para utilizar o Diagrama de Ishikawa alguns pontos devem estar em atenção: • Não deixe o brainstorming virar bate- -papo: controle a equipe para que as dis- cussões mantenham o foco de resolver o problema; • Não se “apaixone” por uma causa: não dê mais importância a uma causa do que a outras, geralmente os problemas ocor- rem pela junção de vários fatores ou várias causas; • Cuidado com a escolha dos participantes da equipe: es- colha pessoas que realmente vão contribuir com as discussões. Tome cuidado com pessoas que possam enviesar a discussão, por exemplo, um superior intimidador. A tendência é que to- dos sempre concordem com ele e isso irá empobrecer as dis- cussões. Também podem haver diferenças pessoais entre os membros, o que ocasionará discordâncias infundadas e irra- cionais. Caso essas situações existam, uma sugestão é utilizar o brainstorming visual, que consiste em anotações individuais em papel que são mostradas ao mesmo tempo pela equipe. As- sim, todos podem contribuir sem intimidações e inimizades. • Cuidado com causas pouco prováveis: no brainstorming quanto mais idéias surgirem melhor. Isso não significa que to- das as ideias serão aproveitadas. Quando revisar o Diagrama tenha em mente que algumas causas podem ser pouco pro- váveis e podem estar ali só para te atrapalhar a encontrar as verdadeiras causas do problema; • Confirme as causas antes de elaborar e executar os pla- nos de ação: para ter certeza de que uma causa é realmente provável faça testes e experimentos. A comprovação com da- dos é sempre melhor e evita que você perca tempo e dinheiro direcionando seus esforços para causas pouco prováveis que não irão solucionar o problema. 3.2 Os 5 porquês Os 5 porquês foi uma ferramenta criada na Toyota para fomentar o senso e crítico e a capacidade analítica no Gemba. Seu objetivo é forçar o pessoal da base a investigar e propor boas mudanças. Se aplicado corretamente, ele aumenta a ca- pacidade da operação na realização de Kaizens. Apesar de ser uma técnica poderosa, precisamos tomar cuidado com alguns pontos. São eles: • Tendência de parar nos sintomas ao invés de aprofundar no nível de causas; • Incapacidade de ir além do conhecimento atual do in- vestigador: não é possível encontrar as causas que ainda não são conhecidas. • Falta de apoio para ajudar o investigador a fazer o “por- quê” correto; • Os resultados não são repetíveis: pessoas diferentes, uti- lizando os 5 porquês chegam a diferentes causas para o mes- mo problema. • Tendência de isolar uma causa única, enquanto que cada pergunta pode suscitar muitas causas diferentes. Ao usar o “Por que?” atente para o fato de que a resposta em cada estágio corresponde a um determinado nível de en- tendimento do problema. E, para aumentar o entendimento, são necessários investigações e testes. Para o preenchimento da técnicas de, assim como visto na Tabela acima, é preciso conhecer o processo. Não deve ser Nível de entendimento de um problema Nível da mudança correspondente Durante uma emergência era necessário fazer uma drenagem pulmonar mas não havia nenhum frasco coletor adulto disponível. Buscou-se nos 2 arsenais da enfermagem e nenhum foi encontrado. Use um frasco pediátrico mesmo. Por quê não havia um frasco coletor adulto em nenhum lugar? Porque não havia sido feita a compra de um frasco coletor. Compre frascos coletores para adultos. Por quê compras não havia requisitado a compra? Porque eles não haviam sido informados sobre a compra deste item.Nível de entendimento de um problema Nível da mudança correspondente Por quê eles não haviam sido informados? Porque o pessoal da assistência não havia requisitado. Crie um formulário/sistema mais fácil para as requisições. Por quê eles não haviam sido requisitados? Porque eles não checaram o estoque. Crie um procedimento de checagem de estoque e insira na rotina. Por que eles não checaram o estoque? Com a correria do dia a dia, se esqueceram das atividades de rotina. Implemente um quadro de checklist no Gemba com os pontos da rotina. Use a liderança para reforçar o seu preenchimento (diário de bordo). um exercícios de chute. Para cada nível de entendimento do problema há uma mudança correspondente. 3.2.1 Relatório de Não Conformidade É muito comum encontrarmos os famosos Relatório de Não Conformidade (RNCs) em empresas auditadas pela ISO. E, neste relatório há um Ishikawa e uma análise dos 5 porquês para ser preenchida sobre a não conformidade encontrada. O culpado pela má utilização dos 5 porquês: muitas vezes, por motivo de prazo ou desinformação, as pessoas preen- chem este relatório com teorias não testadas sobre o que eles acham serem as causas. Isto é errado. Uma investigação de causas como vimos, envolve testes, definição de hipóteses e muita investigação antes de preenchermos o RNC. Preenchê- -lo em “30 minutos” causará um aumento de custos e perda de validade na análise. 3.3 Ferramentas para entendimento e melhoria do fluxo No mapeamento, também podemos ter problemas de flu- xo. Por exemplo: • Processos redundantes; • Etapas que não são necessárias; • Etapas difíceis de serem feitas; • Desconexões. Algumas ferramentas nos ajudam a, a partir de um fluxo- grama, entender o que é necessário ou não e o que fazer com as atividades que não são necessárias. São elas: • Análise de Desconexões; • Análise de Valor; • Os 7 desperdícios clássicos; • Ferramenta do ECRS. 4. Desconexões Uma desconexão é um desvio, erro ou disrupção em um fluxo de trabalho, que impede o alcance de uma situação dese- jada. São como fios soltos em um processo. Podem acontecer nas saídas, entradas e nas próprias atividades do processo, as- sim como exemplificado na tabela abaixo: Saídas ▪ Está produzindo alguma saída desnecessária? ▪ Está deixando de produzir saídas para os clientes adequados? ▪ Está deixando de atender expectativas de qualidade dos clientes? de prazo? ▪ Está deixando de atender expectativas internas de produtividade? de custos? Entradas ▪ Está deixando de receber alguma entrada necessária? ▪ Está recebendo alguma entrada desnecessária? ▪ Existem entradas chegando de fornecedores errados? ▪ Existem entradas deixando de atender expectativas de qualidade, prazo, custo ou produtividade? Atividades ▪ Estão sendo realizadas na hora certa no processo? ▪ Estão sendo realizadas pelas áreas/pessoas certas? ▪ Estão criando gargalo? ▪ Agregam valor para o cliente? ▪ Apresentam redundância? ▪ É um ponto de inspeção ou de decisão? ▪ Apresentam ciclos de retrabalho? ▪ Estão sendo executados no tempo programado? Asdesconexões são encontradas no mapeamento do pro- cesso. Algumas dicas: • Use o SIPOC para avaliar as conexões entre as pessoas; • Busque pelas desconexões citadas; • Entenda o impacto de falta ou excesso de informações. • Desenvolva as suas mudanças. 4.1 Como tratar as desconexões As desconexões e/ou oportunidades de melhorias identi- ficadas durante o mapeamento do processo e suas respectivas sugestões de implantação, se surgirem, devem ser registradas numa Planilha de Desconexões, que está exemplificada na Ta- abaixo. As sugestões desta planilha, será o seu plano de ataque as desconexões do processo que está analisando. Plano de ataque às desconexões Desconexão Sugestão Além disso, deve-se marcar no mapa do processo o ponto em que essa desconexão foi identificada, colocando uma identificação para ela num círcu- lo, referenciando essa identificação na planilha, na frente de sua descrição. Caso alguma desconexão identificada possa ser alvo de um esforço de me- lhoria imediato, identificar na planilha a pessoa ou grupo que ficará responsá- vel por essa ação. Um estudo mais detalhado das desconexões também é recomendado e pode ser realizado da seguinte por meio de 6 passos: • Classificar as desconexões por tipo (exemplos: espaço físico, equipamentos, capacitação técnica, estrutura organizacional, normas e procedimentos, sistemas de informação, recursos fi- nanceiros etc) • Coletar dados que evidenciem os maiores focos de necessi- dade de atuação no processo. • Identificar as desconexões que tem maior impacto no alcance dos objetivos estratégicos e no atendimento das necessidades dos clientes. Essas desconexões serão base para priorização das melhorias. • Identificar quais desconexões dependem exclusivamente do processo e quais dependem de outros processos para serem resolvidas. • Analisar as causas dos “fios desligados” ou seja, das princi- pais desconexões. • Algumas causas já são conhecidas. Outras exigem o uso de ferramentas apropriadas que serão vistas em mais adiantes, em outras disciplinas. Entre estas ferramentas, pode-se des- tacar o VSM, que mostra o fluxo de valor e o fluxo de informa- ções numa só folha. 5. Análise de Valor A análise de valor é uma ferramenta que classifica tudo o que fazemos (como as etapas de um processo, os passos de uma atividade, etc.), para entender se aquilo está gerando va- lor para o cliente. Valor é aquilo que realmente é importante para o cliente, ou seja, aquilo que ele pagaria por. Fazemos muitas coisas que não agrega valor. Temos que entender quais são e tentar mu- dar essa realidade. Toda análise de valor parte dos passos: 1. Saiba o que é valor para o seu cliente (interno e externo) – Isso vem do Measure e do Define. 2. Descubra, no detalhe, o que está acontecendo – este é o mapeamento de processos do Measure. 3. Critique as atividades sendo realizadas. Classifique-as. 4. Tome ações para mudar o que está acontecendo. A imagem abaixo mostra uma árvore de decisão que ajuda a identificar as atividades que agregam ou não valor. No caso, as atividades que não agregam valor (NAV) às vezes são necessárias e por isso não podem ser descartadas. 5.1 Exercício - Análise de Valor A proposta do exercício é classificar cada passo do pro- cesso como AV ou NAV. Caso alguma das opções não agregue valor, o objetivo é propor um novo fluxo contendo somente as atividades que agregam valor. Exemplo: a empresa tem um departamento de transportes que providencia o veículo. Um funcionário tem necessidade de viajar a trabalho e utiliza carro providenciado pela empresa. As fases desse processo são listadas: 1. Funcionário liga p/ setor de transportes para verificar a dis- ponibilidade de carro da empresa na data; Atividade AV NAV Necessária Desnecessária ReduzaAcerte o fluxo Elimine Coloque as atividade em uma sequência natural Reduza essas atividades e sua interferência no fluxo de valor Tipos Ação Detalhes 2. Se sim, funcionário pede para reservar carro da frota, infor- mando a data de uso e prontuário. Se não, funcionário pede para alugar um carro, informando a data de uso e prontuário; 3. Funcionário preenche solicitação em papel (tanto faz, para carro da frota ou alugado); 4. Funcionário passa solicitação para superior carimbar e assi- nar; 5. Funcionário espera retorno da solicitação carimbada e assi- nada; 6. Funcionário envia solicitação para transportes; 7. Funcionário liga para transportes para informar que foi en- viada a solicitação; 8. Transportes espera chegada da solicitação; 9. Transportes providência o carro (da empresa ou alugado) para a data de uso; 10. Funcionário liga para Transportes na véspera para ver se “está tudo ok”; 11. Funcionário passa no transportes para pegar a chave e ti- cket combustível; 12. Funcionário pega o carro. Na resolução, entre todas as atividades, apenas a última agre- ga valor. Algumas das fases são desnecessárias (como a confir- mação redundante por mais de uma maneira). A solução é tirar essas fases para encurtar o processo, por exemplo, as fases de preenchimento de formulário de papel e o carimbo do supe- rior. 6. Os sete desperdícios Um dos maiores objetivos do Lean é eliminar desperdícios do processo produtivo. Mas, o que são desperdícios? Desperdício é toda a atividade que consome energia e re- cursos sem agregar valor ao cliente, ou seja, aquilo que faze- mos mas que o cliente não está disposto a pagar. Tudo a ver com análise de valor! Identificar os desperdícios pode parecer uma tarefa fácil, entretanto encontrar essas atividades pode ser difícil. Pensan- do nisso, vários autores experientes na prática do Lean listaram sete desperdícios visuais, que podem ser facilmente identifica- dos e quantificados em uma visita ao Gemba (chão de fábrica). A classificação abaixo mostra cada um dos desperdícios: 1 2 7 6 5 4 3 Superprodução (excesso de quantidade) Espera Transporte (de material) Movimentação (de pessoal) Inventário (estoque) Defeitos Superprocessamento (excesso de funcionalidade) As imagens abaixo mostram alguns exemplos de desper- dícios e como eles são visuais e podem ser identificados por um bom observador. 7. A ferramenta do ECRC O ECRS é uma ferramenta, um modo de pensar, que nos ajuda a desenvolver mudanças em processos que não agregam valor. Foi criada pelos americanos na Segunda Guerra e ser- viu de base para boa parte das ferramentas modernas (como o SMED, para redução de tempo de setup). Como o próprio nome já diz, temos que olhar para o ma- peamento e pensar: • O que pode ser Eliminado? • O que pode ser Combinado? • O que pode ser Reduzido? • O que pode ser Simplificado? A Tabela abaixo apresenta exemplos que geralmente aparecem na vida real: Exemplo para Eliminar: ▪ Coletar informações que não são usadas; ▪ Atividades que são desperdícios; ▪ Relatórios que não serão analisados; ▪ Inspeções, uma vez que o processo esteja redondo. Exemplo para Combinar: ▪ Atividades redundantes (ligar e mandar e- mail); ▪ Coleta de informações e sistemas; ▪ Coleta de informações e checklists Exemplo para Reduzir: ▪ Coleta de informações (como realizar múltiplos exames); ▪ Verificações; ▪ Pontos de aprovação/inspeção; Exemplo para Simplificar: ▪ Atividades que dependem de especialistas; ▪ Burocracias; ▪ Equipamentos de difícil manuseio; ▪ Avaliação de padrões; ▪ Classificações excessivas; 8. Processos à prova de erros Erros frequentemente são apontados em um mapeamen- to de processos. Exemplos são: • Erros de operação; • Erros de montagem/posicionamento; • Esquecimentos; As ferramentas que mais nos ajudam a entender estes erros e evitá-los são os Poka-Yokes. 8.1 Poka-Yoke Vocês já viram arranjos como os da imagens abaixo? Esses tipos de erros acontecem frequentemente na vida real. Operações arriscadas, como trabalho em altura e utiliza- ção de extensões, são tarefas complexas e que mais frequen- tementetendem a causar problemas. Se deparar com uma arranjo deste tipo da figura, hoje, são mais incomuns, porém ainda acontecem. A solução é prevenir essas situações antes que aconteçam. Poka-Yoke significa à prova de erros ou de falhas. O objetivo é eliminar ou prevenir não conformidades de proces- so utilizando dispositivos ou sensores e assegurar que os mes- mos estejam funcionando adequadamente. Por mais treinado que alguém esteja, um ser humano sempre vai errar. Essa é a motivação por trás dos sistemas Poka-Yokes. Com eles, podemos reduzir os erros reprojetando o sistema, para fazer com que os erros sejam menos prováveis. E, este tipo de projeto ou reprojeto é chamado de “à prova de erros”. Uma vez que os erros são predominantemente deslizes do subconsciente, “à prova de erros” é apropriada para a redu- ção da probabilidade destes deslizes, ao invés de mudanças no comportamento consciente. Não podemos eliminar defeitos, erros e falhas, apenas fazendo exortações ou colocando inúmeros cartazes pela em- presa. Os cartazes não vão reduzir seus erros e suas falhas, porque duvido que haja pessoas que queiram errar. Para mim, é o processo que facilita o erro. É isto que o Poka Yoke ataca. Quando o adotamos esta postura, podemos esperar al- guns benefícios. São eles: • Melhorar a qualidade (reduzir PPM e refugo); • Tornar o processo mais fácil e capaz; • Identificar na linha os dispositivos a Prova de Erros; • Desenvolver ideias de dispositivos a Prova de Erros; • Aumentar a Segurança no local de trabalho; • Manter métodos de produção e inventário enxutos; • Reduzir custos; • Manter a satisfação do cliente. 8.1 Tipos de Poka-Yoke Tornar fácil fazer certo e impossível fazer errado. Com Poka-Yoke, podemos reduzir os erros reprojetando o sistema, para fazer com que os erros sejam menos prováveis. Este tipo de projeto ou reprojeto é chamado de “à prova de erros”. Exis- tem dois tipos de reprojetos: Preventivo (Error Proof): Elimina a possibilidade de ocorrên- cia da falha ou defeito específico, através do projeto. Exemplos: Microondas não funciona com porta aberta; moto não liga se estiver engrenada e com o pezinho abaixado; boia da caixa d’água evita que água vaze da caixa; farol dos carros se apaga quando a chave é retirada do contato. Detectivo (Mistake Proof): Detecta a falha ou defeito, caso ocorra, e previne que a não-conformidade continue no proces- so. Exemplos: Indicador no painel dos automóveis, que indica que o motorista não está usando o cinto de segurança; carros que emitem som ao abrir a porta quando o farol está aceso e o veí- culo desligado. 8.2 Métodos O Poka-Yoke pode ser implementado em qualquer etapa de um processo de fabricação em que algo possa dar errado ou ocorrer um erro. A imagem abaixo apresenta algumas estraté- gias de implementação. Lembretes: muitos erros são cometidos pelo esquecimento de fazer algo. Os lembretes auxiliam a recordação. Eles podem vir de muitas formas diferentes; Um aviso escrito, uma chamada telefônica, um checklist das coisas a realizar, um alarme, um formulário padrão ou a documentação das etapas a serem seguidas em um processo. Os lembretes são simples de fazer e fáceis de usar, mas exi- gem esforços conscientes para serem efetivos. Uma maneira de reduzir a necessidade do esforço consciente, é cadastrar seus lembretes nos aplicativos de celular e assim, forçar eles à avisá-los. Visualmente os lembretes são como os exemplos da imagem a seguir. LLeemmbbrreetteess DDiiffeerreenncciiaaççõõeess RReessttrriiççõõeess EExxiibbiiççõõeess Diferenciações: os erros podem ocorrer quando estamos li- dando com coisas que parecem similares, ou realizando ações forem similares ou porque as instruções ou procedimentos são similares a outros que podemos ter usado em outra situação. Para reduzir os erros, devem ser adotadas etapas para ‘que- brar’ os padrões. Isto pode ser conseguido de diversas manei- ras como código de cores, índices, uso de símbolos diferentes ou separação física de itens similares. Dois exemplos são ilus- trados nas imagens abaixo: Restrições: uma restrição delimita o desempenho de certas ações que conduzem a erros. Ter de remover o cartão do ban- co no caixa eletrônico, assim como visto na imagem abaixo, an- tes do dinheiro ser liberado é um exemplo de restrição. Restri- ção de montagem de diferentes tipos de engates de tubulação médica, também ilustrado abaixo, é outro exemplo. A restrição é o método mais desejável de “à prova de er- ros” porque normalmente não requer um comportamento consciente para ser efetiva na redução de erros. Um atributo importante de uma restrição efetiva é que a restrição delimita a ação indesejável enquanto não impede a ação desejável. Exibições: uma obviedade fornece previsibilidade, sem a ne- cessidade de explicações de como alguma coisa deva ser usa- da. Uma coisa óbvia traz uma incitação visual (ou de outro sen- tido) para as ações que devam ser realizadas. Ao vermos as dobradiças de uma porta, estamos aptos a determinar se ela abre para dentro, para fora ou se desliza. Se um processo ou produto pode ser projetado para levar o usuário a realizar as ações corretas, então menos erros ocorrerão. Os exemplos abaixo também são muito visuais. As cores exibidas nas latas de lixo mostram os tipos de resíduos que são destinados alí, assim é possível diminuir o número de lixos jo- gados no lugar errado. Ao fazer um estoque por exemplo, tam- bém é possível usar um contador que monitore a quantidade de itens ainda presentes. 9. Uso da Tecnologia Define-se tecnologia como a ciência de aplicação prática, incluindo equipamentos, materiais, sistemas de informação e métodos. Tecnologia pode ser usada para gerar mudanças de segunda ordem. Por exemplo, uma empresa de distribuição pode tentar uma mudança que usa automação para pegar e empacotar pedidos. Se aplicadas corretamente, as novas tec- nologias oferecem às organizações a oportunidade de imple- mentar grandes melhorias simplesmente aplicando aquilo que os outros têm desenvolvido. De qualquer forma, grande quan- tia de dinheiro e tempo são necessários para fazer acontecer uma mudança que envolva tecnologia especialmente numa in- dústria capitalista como a de manufatura. Em algumas situa- ções, a mudança pode nem mesmo resultar em melhoria. Usar a tecnologia é ter aplicação prática da ciência, incluindo equipa- mentos, materiais, sistemas de infor- mação e métodos). Alguns aspectos: • Se bem empregadas, dão à empresa a oportunidade de grandes melhorias, aplicando o que os outros já desenvol- veram; • Requerem dinheiro e tempo; • É necessário testar em pequena escala para minimizar o risco; • Como toda mudanças, sofrerá resistência das pessoas; • É necessário ter plano de transição do velho para o novo. Lembrete: Tecnologia não compensa erros de processo. Para se ter vantagens com as novas tecnologias, os processos que representam conquistas tecnológicas relevantes dentro da or- ganização deveriam ser colocados juntamente com os proces- sos que trazem benefícios tecnológicos. Em certas situações, uma organização pode também conseguir se envolver duran- te os primeiros estágios do desenvolvimento de novas tecno- logias. Isso pode ser feito pelo estabelecimento de parcerias com outras organizações ou permitindo aos desenvolvedores testarem a tecnologia na sua própria organização. Cuidados nas mudanças que envolvem tecnologia: • Não automatize um sistema ruim: erros ocorrerão mais rápido e custo serão mais altos; • Reserve soluções tecnológicas para melhorar sistemas estáveis em vez de solucionar causas especiais; • Concentre as mudanças nos gargalos; • Uma tecnologia não confiável é pior que nenhuma tecnologia. As organizações poderiam de- terminar os modos de testar novas tecnologias em pequena escala, o que deve ajudar a reduzir o risco em trazê-las para a organização. Alugar ou fazer “leasing” de novos equipamentos,comprar pequenos lotes de novos materiais e utilizar novos remédios em animais antes das pessoas, são exemplos de cami- nhos para testar novas tecnologias. Assim como qualquer outra mudança, o uso de novas tec- nologias enfrentará resistência e outros problemas. Algumas pessoas encontrarão dificuldade em ter que mudar para usar novas tecnologias. Quando os computadores começaram a ser usados, algumas pessoas se sentiam mais confortáveis usando a máquina de escrever e os arquivos em pastas. Geralmente não é fornecido um treinamento adequado. Às vezes, quando é fornecido, pessoas arrumam uma desculpa para evitá-los. Para diminuir estes problemas, a gerência deveria ter um pla- nejamento para ajudar estas pessoas na transição do uso de novas tecnologias. 10. Uso da criatividade Falando de uma forma simplificada, criatividade é a inven- ção de uma nova ideia. De onde vêm as novas ideias? Como fa- zer para conseguir mais ideias criativas? O modo que a mente humana trabalha é bem apropriado para produzir novas ideias – por ser criativa. Isso significa que a criatividade não é pri- vilégio de algumas pessoas, mas é uma capacidade que todos possuem. Usar a criatividade é aplicar técnicas para quebrarmos nossos modelos mentais. O resultado pode ser achado por di- ferentes lógicas, assim como visto na imagem a seguir. Existem algumas técnicas que nos ajuda a fazer isso, como o Pensa- mento lateral, Método Ingenious, SIT - Systematic Innovati- ve Thinking e Método TRIZ. Todos esses são abordados no curso de Criatividade da FM2S. Possíveis Mudanças Resultado: Novas ideias de mudança Conhecimento atual Uma ideia promissora pode ser esmagada antes que te- nha a chance de ser aperfeiçoada em uma mudança que resul- taria em melhoria. Uma pessoa pode facilmente imaginar as objeções lógicas que surgiram de outros. Exemplo: é comum que em reuniões do departamento de distribuição, alguém su- gira preparar remessas antecipadas. Se Paulo, como Supervi- sor, não apoiar essas ideias, o risco de perdê-las é grande. Para conquistar a criatividade, é necessário reconhecer e utilizar di- ferentes modos de pensamento: • Pensamento Criativo, que resulta em novas ideias e possibi- lidades; • Pensamento Positivo Lógico, que se refere a como fazer uma nova ideia funcionar; • Pensamento Negativo Lógico (Crítico), que é focalizado em encontrar falhas lógicas numa nova ideia. Todos os três modos de pensamento são importantes e têm um papel importante nas mudanças criativas que resultem em melhoria. Sem pensamento criativo, há risco de mudan- ças “mais do mesmo” (as mesmas coisas). Sem o pensamen- to positivo lógico, bons conceitos para mudança não resultarão em mudanças práticas, mudanças que funcionem para o siste- ma. Pensamento crítico é necessário para fazer vir à tona os problemas. Como discutido anteriormente, pensamento críti- co é útil para revisar o sistema atual. É também particularmen- te útil durante o projeto de um teste para uma mudança. Quais poderiam ser os efeitos ne- gativos da mudança? Como pode a mudança ser testada nas condições que poderiam acontecer estes potenciais efeitos negativos? Pensa- mento lógico positivo ajudará a desenvolver métodos para superar essas dificuldades. Estes três modos de pen- samento devem ser reco- nhecidos e gerenciados por equipes que estejam desenvolvendo mudanças. É geralmente melhor para um grupo comprometer-se com um tipo de pensa- mento por vez. Quando novas ideias para mudança estão sen- do desenvolvidas, pensamento positivo lógico e criativo deve- ria ser usado. Isso permite que o pensamento lógico melhore o pensamento criativo em vez de reprimi-lo. 11. Benchmarking, Conceitos de Mudança O Benchmarking é uma ótima estratégia para se reali- zar mudanças. Nas ferramentas de busca da internet, ben- chmarking está definido como o “processo de avaliação da em- presa em relação à concorrência, por meio do qual incorpora os melhores desempenhos de outras firmas e/ou aperfeiçoa os seus próprios métodos”. Em seu sentido literal significa “nive- lar”, ou seja, o objetivo é beneficiar o desempenho competitivo. Exemplo: Para ajudar equipes de melhoria, a API (Associates for Process Improvement) fez um estudo grande com vários projetos nos EUA e viu que: • Eles tinham objetivos parecidos; • Soluções parecidas. • Pensando nisso eles criaram um guia para trabalhar com es- tas mudanças. Esse material está presente no E-book Concei- tos de Mudanças. Outro meio de desenvolver mudanças é com os Conceitos de Mudança. Se um conceito é uma noção geral que está envolvida com uma ideia específica, o que significa Conceitos de Mudan- ça? Um Conceito de Mudança é uma noção geral útil no desen- volvimento específico de ideias para mudança, que resultem em melhorias. Como usar os Conceitos de Mudança? As atividades lis- tadas a seguir são maneiras de provocar ideias específicas para as mudanças desejadas. Conceitos de mudança Eliminar desperdícios Melhorar fluxo de trabalho Otimizar inventário Mudar o ambiente de trabalho Incrementar a Relação Produtor / Consumidor Gerenciar o Tempo Genrenciar variação Planejar sistemas e evitar erros Focar no produto ou serviço Para gerir uma ideia de mudança: • Qual a noção geral associada a ela? • Qual conceito de mudança está associado? • Use outros conceitos do mesmo grupo para explorar a gera- ção de novas ideias. Exemplos detalhados da aplicação destes conceitos, bem como as descrições dos próprios conceitos podem ser encon- trados em nosso material complementar: “Usando os Concei- tos de Mudança”, disponibilizados no material do curso. 12. Correlação: associação entre variáveis Nos próximos tópicos entraremos na Porta de Dados na fase Analyse. A relação entre variáveis tem por base ajudar a encontrar quais são as causas, em termos de fatores, que estão levando-o a obter o resultado atual. A causa para um “não venda”, pode ser uma distorção no tempo de ligação depois que o cliente ma- nifesta o interesse na compra. Ou ainda, no preço cobrado ao interessado. Com a análise de relação, será possível entender qual é ou quais são as variáveis que, se alteradas, vão melhorar seu resultado. Pela sua importância, vamos abordar a seguir várias técnicas estatísticas para que você consiga entender a relação entre a variável de interesse e as variáveis que influen- ciam no seu comportamento. A imagem abaixo apresenta as variáveis causais e o resul- tado interessado. Fornecedores (suppliers) Entradas (inputs) Processo (process) Saídas (outputs) Clientes (clients) Variáveis de input Variáveis de processo Variáveis de output X1, X2, X3, ..., Xk Y Y = f(X1, X2, X3, ..., Xk) 12.2 Como fazer correlação Após separar as variáveis, identifique a técnica a ser utili- zada na Tabela abaixo: Após definir qual o tipo de variável, deve-se escolher qual técnica estatística será utilizada para analisar a relação dos dados. De acordo com a tabela, é possível encontrar as técni- cas disponíveis para analisar a relação entre X e Y numéricas, X numérica e Y categórica, X e Y categóricas e X categórica e Y numérica. A complexidade das técnicas utilizadas também variam. Muitas vezes, técnicas simples e visuais resolverão o problema. Outras vezes, será necessário um refinamento maior das análises utilizadas. A seguir, iremos explorar essas análises e comentar sobre as ferramentas propostas. Y numérica Y categórica X numérica Simples: gráfico de dispersão Avançada: Análise de Regressão Simples: histograma estratificado Avançada: Regressão Logística X categórica Simples: histograma estratificado Avançada: testes de hipótese/ANOVA Simples: Pareto, gráfico de barras; Avançadas: testes de hipótese para proporção 13. Correlação entre variáveis numéricas 13.1 Gráficos de Dispersão O Gráfico de Dispersão é um tipo de análise de correlação para variáveis contínuas. São gráficos que plotamde maneira cartesiana um conjunto de variáveis, de maneira a buscar cor- relações entre duas ou mais variáveis. Para a sua confecção, temos que ter duas variáveis contínuas em colunas separadas de um banco de dados. São extremamente simples, mas extremamente impor- tantes. O exemplo abaixo ilustra a sua construção entre a altu- ra e o peso de um grupo qualquer. 13.1.1 Quando usar Gráficos de Dispersão Os gráficos de dispersão são usados para examinar a asso- ciação entre duas medidas. As medidas podem ser caracterís- ticas de qualidade, medidas de processo ou variáveis causais. Eles foram o embrião de toda a estatística de correlação, como as famosas análises de regressão e outras análises multivaria- das. Exemplos clássicos são mostrados abaixo. O gráfico é utilizado basicamente para poder verificar se as duas variáveis estão realmente relacionadas e se há alguma relação de causa e efeito. 13.1.2 Como interpretar os Gráficos de Dispersão Há vários tipos de associações entre parâmetros que po- dem ser demonstradas pelo gráfico de dispersão. A relação pode ser positiva ou negativa (quando um cresce o outro de- cresce), fraca ou forte, linear ou não linear, assim como visto abaixo. A relação entre os parâmetros pode ser não linear. Nes- se caso os pontos se pareceriam mais com uma curva do que com uma linha reta, com máximos e mínimos evidentes no grá- fico. A fim de simplificar a interpretação, o gráfico de dispersão pode ser dividido em seções, baseado na relação ser positiva ou negativa, e visto como linear dentro de cada seção. Na figu- ra, nota-se que nas correlações fortes, os pontos das amostras estão mais perto entre si. Já na fraca, é possível notar a linha de correlação mas com menos nitidez. Se existir uma associação entre uma característica de qua- lidade e uma variável causal, isso não significa que exista ne- cessariamente uma relação de causa e efeito. A relação pode ser devida a outro parâmetro que esteja associado a cada um dos parâmetros estudados. Se não existir nenhuma associação em um gráfico de dispersão, isso não significa que os dois pa- râmetros não estejam relacionados. É possível que uma causa comum ou que uma causa especial de variação esteja masca- rando a associação para a amplitude de dados estudada. Em alguns casos um simples teste de associação entre as variáveis no gráfico de dispersão pode fornecer uma confirmação para as conclusões obtidas após uma inspeção visual. A estratificação pode ser usada para aprimorar um gráfico de dispersão. Os dados são estratificados plotando-se símbo- los diferentes para grupos diferentes de dados no gráfico de dispersão. Algumas vezes a relação entre parâmetros não é evidente quando todos os dados são considerados, mas quan- do os dados são agrupados e plotados com um símbolo dife- rente a relação se torna mais clara. 13.2. Análise de Regressão O Gráfico de Dispersão nos ajuda a entender se há ou não há uma correlação entre as variáveis. Entretanto, essa análi- se é apenas visual, ou seja, não temos parâmetros claros para avaliar a força e a existência de fato da correlação. Isso nos faz ser incapaz de resolver problemas práticos, como: • Qual variável influencia mais? • Estamos entendendo toda a variação? • Qual é o valor exato de uma variável Y para um dado conjun- to de variáveis X. As análises de regressão, através do ajuste estatístico dos dados, nos ajuda a ter parâmetros para entender esses proble- mas. 13.2.1. O que são Análises de Regressão A análise de regressão linear gera uma equação que des- creve a relação estatística entre uma ou mais variáveis predi- toras e a variável resposta. A regressão linear encontra a linha que melhor representa as variáveis de entrada com a variável de saída. Além da equação encontrada podemos quantificar coisas como: • O quanto minhas variáveis de entrada influenciam na variá- vel de saída, através do R². A letra R representa o coeficiente de correlação. Valores de R variam de -1 para inclinações ne- gativas e 1 para inclinações positivas. R² é a fração da variação total devido às variáveis no modelo. O valor variar de 0 a 1 e quanto mais próximo ao número 1, mais seu modelo explica a variação nos dados; • Em um banco de dados com muitas variáveis, o que influen- cia e o que não influencia, através do p-valor. O p-valor mede a evidência estatística contra a hipótese nula de que a verdadei- ra correlação na população é zero. Esse parâmetro é abordado posteriormente nos tópicos de regressão e teste de hipótese; • Qual é o valor de Y para dadas configurações de X (através da equação da regressão). Geralmente os cálculos para determinar esses parâme- tros não são tão simples (mas nem tão complicados assim). O gráfico de regressão pode ser calculado pelo Minitab, vide exemplo abaixo. Nesta parte do curso, vamos focar nas análi- ses de regressão do ponto de vista da interpretação dos resul- tados do Minitab. 13.2.2 Quando usar Análises de Regressão A regressão linear pode ser usada, por exemplo, para quantificar os impactos de uma ou mais variáveis preditoras em uma variável de interesse (ou seja, uma variável resposta). Por exemplo, queremos saber se a idade, sexo e dieta (as variá- veis preditoras) influenciam na altura de indivíduos (a variável de desfecho). Podemos também querer entender se a veloci- dade de uma máquina, o número de operadores ou o procedi- mento usado influencia na produtividade final. A regressão linear que correlaciona mais de uma variá- vel preditora com uma variável resposta é também conheci- da como regressão múltipla, regressão multivariada, mínimos quadrados ordinários (OLS) e regressão. Nos próximos tópi- cos é ensinado como fazer essa análise e a interpretar o seus parâmetros. 13.2.3 Como fazer uma Análise de Regressão Segundo a imagem a seguir, a análise de regressão passa por diversas etapas, seguindo a ordem: • Coleta de dados: que pode resultar na criação de um banco de dados histórico; • Analisar seus dados graficamente: originando do banco de dados, é preciso escolher quais variáveis serão estudadas e porquê elas podem ter correlação; • Criação da curva ajustada: o método de cálculo da curva varia. O programa Minitab tem essa função; • Avaliar os parâmetros: o valor de R² e o p-valor são impor- tantes para interpretar a correlação, se ela é forte, fraca e se é válida; • Avaliar os resíduos: demais pontos não relacionados; • Tomar uma decisão: decidir o ponto ótimo. 13.2.4 Os parâmetros da regressão Saber interpretar os parâmetros que os programas calcu- lam é o diferencial de um profissional. Entender de fato o que um determinado parâmetro representa e o que o seu valor Colete os dados Analise seus dados graficamente Crie sua curva ajustada de regressão no Minitab Avalie a significância do R² e P Avalie os resíduos Tome uma decisão informa naquela situação analisada é muito importante e de- monstra conhecimento específico no assunto, além de passar mais confiança do trabalho realizado. Os parâmetros conhecidos de uma regressão são: • Equação ou curva de regressão; • Coeficientes linear e angular (os que compõem a equação); • R² (Fator de Ajuste); • p-valor. 13.2.5 O que são os parâmetros da regressão 13.2.5.1 Equação ou curva de regressão e os coeficientes linear e angular A análise de regressão gera uma equação para descrever a relação estatística entre uma ou mais variáveis preditoras e sua variável de resposta. Depois de ajustar um modelo de re- gressão e verificar o ajuste, você quer interpretar os resulta- dos. Neste tópico, vamos mostrar como interpretar os coefi- cientes da regressão linear. A fórmula da curva de regressão depende de constantes b0, b1, onde b 0 representa a situação inicial, com x=0 e b1 é o incremento em Y, chamado de inclinação da reta. A imagem abaixo mostra um exemplo de dados analisados pelo Minitab. As constantes b0= 2628 e b1= -37,15são dadas pelo programa. O valor negativo de b1, indica que a curva é de- crescente. A equação dá uma estimativa do comportamento do pro- cesso. Além disso, ela ajuda a estimar os valores de Y para de- terminados X’s. O programa gera uma linha em que a distância em relação aos pontos plotados é mínima. Esse valor da distância do pon- to plotado e a linha gerada é o resíduo (ajuste), assim como visto na imagem a seguir. Y = 2628 – 37,15x 13.2.5.2 O R² Como visto, R² é a medida de ajuste de um modelo esta- tístico linear. Varia entre 0 e 1. Quando aparece em porcen- tagem, deseja expressar a quantidade da variância dos dados que é explicada pelo modelo linear. Na imagem abaixo, note que R2= 90,2%, para o exemplo do Minitab, isso significa que 90,2% da variação da força de cisalhamento pode ser explicada pela idade do propelente. Ou seja, 9,8% são devido a outros fatores. R² = 90,2% Para os valores de R2 altos (>0,7), se diz que os dados têm forte correlação. Nos exemplos abaixo, vemos dois gráficos, um com forte correlação e outro com baixa correlação. As cor- relações podem ser positivas, caso uma variável interfira po- sitivamente em outra e negativa, caso o crescimento de uma variável afete negativamente a outra. Os dados adicionais que o Minitab fornece, são sobre a Variação Total, que é o próprio R2. Como visto na imagem abai- xo, esse valor representa o somatório do quadrado das varia- ções. R² = 87,6% R² = 11,6% Ao realizar o cálculo, o resultado será a correlação do grá- fico, o valor de R2. Dessa fórmula, compreende-se que o fator R2 depende do somatório das distâncias dos pontos plotados até a linha horizontal (para y=0) mais o somatório dos resíduos. Esse so- matório deve ser sempre o quadrado das variações, pois tais variações podem vir a ser negativo. 13.2.5.3 O p-valor O p-valor é um valor calculado pelo programa e é mais útil em regressão linear múltipla, serve para indicar se há ou não correlação entre uma variável preditora específica e a variável resposta. A imagem a seguir apresenta uma resposta padrão de re- gressão pelo Minitab, que indica os valores calculados, inclusi- ve o p-valor. Os elementos presentes são: • Curva de predição; • R²; • Relatório da somas dos quadrados (regressão múltipla); • p-valor (teste de hipótese); SSRegressão SSTotal R² = 1527843 1693738 R² = = 90,2% Exemplo: R-Sq = SSRegressão / SSTotal H0: Coefic. Angular = 0 (sem correlação) H1: Coefic. Angular ≠ 0 (há correlação) Quanto menor o p-valor, mais certeza temos que a variável influencia.O p-valor é muito útil na Regressão Múltipla! Observa-se que o p-valor tem relação direta com o coe- ficiente angular, que é o parâmetro que acompanha a variável do eixo X, o b 1 . Dessa forma, compreende-se que quanto mais próximo de 1 for o p-valor, indica uma certeza de que o coefi- ciente angular é zero, portanto, não tem impacto na variável Y. Em outras palavras, pode-se afirmar que a variável de entrada não tem relação com a variável de saída quanto maior for o seu p-valor. Isso pode ser facilmente entendido se observada a fórmu- la, pois se b 1 =0, então nenhum valor de X irá interferir no valor de Y. O contrário também ocorre, quanto mais próximo de 0 for o p-valor, indica uma certeza de que o coeficiente angular é di- ferente de zero, significando que existe algum impacto da vari- ável X em relação a variável Y. 13.3 Regressão Múltipla É importante compreender as diferenças entre regressão linear simples e múltipla. Dessa forma, o profissional consegue distinguir qual ferramenta melhor atende às suas necessida- des de análise. 13.3.1 O que é regressão múltipla Chamamos de Análise de Regressão Múltipla, como co- mentamos, as análises de Regressão Linear que avaliam mais de uma variável preditora. A Regressão Múltipla, do ponto de vista matemático, equivale à regressão simples. Entretanto, se difere da regressão linear simples na quantidade de variáveis independentes analisadas em relação a variável dependente. Consequentemente, o número de parâmetros também aumen- ta, devendo ser analisados um a um. Inclusive, o p-valor é mais útil na regressão múltipla, assim como o R² ajustado torna-se mais preciso quanto mais variáveis de entrada são adicionadas na análise. 13.3.2 Quando usar regressão múltipla A regressão múltipla é usada quando o profissional de- seja avaliar se há o impacto ou não de duas ou mais variáveis independentes na variável de saída (eixo Y). Por exemplo: um gerente deseja cortar gastos na empresa e para isso é preciso realizar o levantamento de quais equipamentos elétricos utili- zados impactam significativamente ou não no consumo de qui- lowatt-hora. A partir desse levantamento de dados, a geração da regressão múltipla, uma atenta análise de todos os parâme- tros calculados pelo programa, permite que planos de ação se- jam tomados de forma mais segura, como avaliar se há a possi- bilidade de substituir equipamentos que impactem menos no consumo de quilowatt-hora. 13.3.3 Como fazer uma regressão múltipla Na regressão linear múltipla, no exemplo que segue, há vários outros coeficientes, que podem ou não ser diferentes de zero (fazendo a variável ser significativa), vide fórmula abaixo: Exemplo: é realizada uma predição se a inteligência pode ser prevista por características das pessoas (experimento real). As variáveis escolhidas cujos dados foram coletados são: yi é a inteligência (medido por teste de QI - PIQ) do aluno i; xi 1 é o tamanho do cérebro (medido por ressonância magnéti- ca - MRI) do aluno i; yi=(β0+β1xi1+β2xi2+β3xi3)+ϵi xi 2 é a altura (altura) do aluno i; xi 3 é o peso (peso) do aluno i. A partir do banco de dados contendo essas variáveis, foi gerada a regressão linear múltipla no Minitab. A imagem abai- xo evidência os valores gerados pelo programa. Observe que além do programa calcular R2, também foi calculado o R2adj (ou R² ajustado), que nada mais é do que o R2 ajustado para múltiplas variáveis. Dessa forma, quanto mais variáveis tiverem, melhor será para o fator de ajuste. Outra in- formação interessante é o p-valor ser calculado para cada va- riável, como no exemplo, para cérebro, altura e peso também, além de calcular para a própria regressão. Entretanto, isso não altera como os parâmetros são avaliados, pois ocorre da mes- ma forma que em regressão linear. 13.4 Cuidados com gráficos de Dispersão e Regressão linear Um cuidado que temos que ter com análises de correla- ção é que nem sempre correlação significa causalidade. Um exemplo histórico ilustra bem este problema. Entre os anos 1920 e 1935 foram coletados os dados re- lativos ao número de aparelhos de rádio e número de doentes mentais por 100.000 habitantes na Inglaterra. O Gráfico de dispersão abaixo mostra esta análise. O que podemos concluir desta análise? Quanto maior o número de aparelhos de rádio maior o número de doentes mentais. Será que aparelhos de rádio causam doenças men- tais? Precisamos acabar com os rádios? Apesar da má interpretação dos resultados apresentados no gráfico acima, a correlação não implica causalidade. Duas variáveis podem estar correlacionadas devido a: • A variável X é causa direta da variável Y; • A variável Y é causa direta da variável X; • A variável X contribui para a variação em Y, mas não é a única causa; • Outras variáveis podem estar provocando a correlação; • Ambas as variáveis estão mudando com o tempo; • A associação não passa de coincidência. Em estudos observacionais não se pode atribuir relação de causa e efeito a variáveis correlacionadas. Para atribuir relação de causa e efeito, é preciso realizar experimentos planejados. Sem isto, estaremos correndo risco de tomarmos relações que não passam de mera coincidência. Hoje, na era do Data Mining este risco é bastante grande. Alguns exemplos tão absurdos quanto o gráfico anterior: Você sabia que doutorado em matemáticatem forte correla- ção com a quantidade de urânio estocado nas usinas de ener- gia nuclear dos Estados Unidos? E os filmes do gótico Nicolas Cages? Sabia que eles têm forte correlação com o número de pessoas que afogam depois de cair na piscina? É caros leito- res. Acho que vocês não sabiam que em nosso curso de Green Belt tratamos de correlações sobrenaturais na fase do analyse. Brincadeira à parte, colocamos estes exemplos para que você tenha noção de que causalidade difere-se da correlação pura- mente matemática. 14. Correlação entre variáveis categóricas 14.1 Ferramentas gráficas A correlação com variáveis categóricas geralmente passa ou por estudar a frequência (histograma, por exemplo) da vari- ável de interesse (Y) para vários valores de X, ou por comparar estatísticas de Y para valores de X. Exemplos de estatísticas que avaliamos são: • A média; • O desvio padrão; • Uma proporção; • Uma taxa. Vale lembrar que, quando avaliamos essas métricas, te- mos que lembrar de nossa discussão anterior sobre população e amostra. Na maioria dos casos temos a amostra e queremos saber da população. Por isso temos que usar técnicas que nos permi- tam avaliar essa incerteza. Um exemplo disso é o intervalo de confiança, que vimos anteriormente. Em outras palavras, para correlações simples usamos: • Histogramas e Dot Plots estratificados (Y contínuo e X cate- górico ou vice versa); • Análise temporal estratificada. • Gráficos de Intervalos para a média (Y contínuo e X categóri- co); • Gráficos de Barras (para Y categórico contra X categórico). As análises são várias. Com uma base de dados pode ser feito diversos gráficos, como no exemplo a seguir, em que a comparação entre os processos é visível pelo Histograma, Grá- fico de Análise Temporal estratificada e pelo Gráfico de Inter- valos. Cabe ao profissional interpretar cada um deles. Tempo (A) Tempo (B) 4,7 9,8 5,9 9,4 3,2 11,3 6,2 9,3 6,0 8,5 5,8 9,2 6,1 10,8 5,2 9,5 4,6 8,4 3,5 10,6 2,3 10,4 5,4 9,9 3,2 10,5 5,1 7,9 5,7 8,6 3,4 8,8 6,9 8,7 5,6 10,4 5,6 8,9 4,0 9,0 6,8 10,8 4,8 10,3 6,4 8,3 4,8 10,0 4,8 10,4 14.2 Ferramentas Avançadas As ferramentas avançadas para correlação, colocam as coisas do ponto de vista de probabilidades. Elas nos ajudam a entender qual é a probabilidade de uma população de interes- se ter uma métrica diferente da outra. Elas compreendem: • Os testes de Hipóteses (Z, t, chi-quadrado, p, etc.); • A Análise de Variância (ANOVA). 14.2.1 O que são os Testes de Hipóteses Um teste de hipótese nada mais é do que uma validação estatística das nossas dúvidas (ou hipóteses). Além disso é uma poderosa ferramenta para encontrar soluções práticas de um problema. Por exemplo, podemos querer ver se o tempo de um pro- cesso (uma variável numérica) é diferente para dois turnos de trabalho. Hipótese: Será que o tempo médio do turno A é diferente do tempo médio do turno B? Depois da coleta de dados as médias dos tempos em cada turno são comparadas. A resposta é dada analisando os dados e vem da seguinte forma: “dados os dados, ou seja, o tamanho da amostra e as médias das amostras, posso afirmar com 95% de convicção de que as médias das populações são diferentes”. As curvas do gráfico abaixo representam a possível inter- seção dos dados coletados. O teste de hipótese vai dar exata- mente a probabilidade do erro acontecer, ou seja, da afirma- ção estar errada. No caso da figura, seria quando os valores da parte vermelha são maiores que da parte azul. 14.2.1.1 Quando usar Teste de Hipóteses Podemos ter testes de hipóteses para diferentes métricas: • Para médias (será que a média dos tempos do processo antes da mudança é maior do que depois da mudança?); • Para proporções (será que a porcentagem de atrasados da cia A é maior que da cia B?); • Taxas (será que a taxa de defeitos por unidade da fábrica A é diferente da B?). Para realizar um teste de hipóteses, seguimos os passos: 1. Contextualizamos o problema: o que queremos “comparar” entre populações; 2. Formalizamos nossas hipóteses; 3. Escolhemos o tipo de teste de hipótese correto para o que queremos ver; 4. Realizamos o teste (analisando na distribuição de referên- cia); 5. Analisamos o p-valor e os resultados para ver se nossa hipó- tese é verdadeira ou não. Alguns softwares ajudam com o passo quatro, de realizar os testes, já que é a fase mais difícil. 14.2.1.2 Passo 1 - Contextualizar o problema O primeiro passo é enxergar nosso problema atual com a “lógica” do teste de hipóteses. A ideia é entender: • O que queremos comparar? • Quais são as populações? • Qual é a estatística que eu quero comparar? • Quais são os dados que preciso ter/coletar para testar essa hipótese? Uma maneira de enxergar o problema de forma lógica é rodar o PDSA, representado na imagem abaixo. É preciso en- tender o contexto e o teste que iremos fazer (qual dado pre- cisamos coletar para responder nossas dúvidas em uma situa- ção?). Exemplo: “Sempre faço o mesmo caminho de casa para o trabalho. Um co- lega me propõe um caminho novo. Será que esse caminho é mais rápido?” • O que queremos comparar? Queremos ver se o tempo médio do caminho velho é estatisti- camente igual ou não ao caminho novo. • Quais as populações? Os tempos referentes ao caminho velho e os tempos referen- tes ao caminho novo • Qual a estatística? O tempo médio para o caminho A e para o B. Como devem estar estruturados os dados? A Tabela abaixo mostra a construção da tabela com os dados do exemplo. Tempos caminho novo (min) Tempos caminho velho (min) 100 78 95 82 110 94 111 75 ... ... 14.2.1.3 Passo 2 - Formalizar a hipótese O segundo passo consiste em formalizar a nossa hipótese de um jeito matemático. Essa formalização nada mais é do que escrever matematicamente o que queremos testar. Algo como: H: μ a=μb (será que as médias são iguais?) ou H: μa<μb (será que a média de a é menor que a média de b?) ou então; H: μa>μb (será que a média de a é maior que a média de b?). Podemos fazer isso não só para médias, mas para todos os outros tipos de estatísticas. Essa formalização nos ajudará a entender qual teste vamos usar. Além disso ela não precisa ser “explícita”, apenas existir “em nossas cabeças”, ou seja, irá determinar a análise final. Po- rém a análise muda para as opções matemáticas. Exemplo: No caso dos caminhos, queremos testar, para os tempos: H: μ novo =μ velho (será que as médias são iguais?); ou H: μ novo <μ velho (será que o novo é mais rápido?). Vale dizer que todo teste sempre terá duas hipóteses. Uma é o que chamamos de hipótese nula, ou principal, que é o que queremos avaliar. A outra é a hipótese alternativa, que é uma implicação ló- gica do que acontece, caso a hipótese nula não seja verdade. Por exemplo, se: Ho: μ a =μ b é falsa, então Ha: μ a ≠μ b é verdadeira. 14.2.1.4 Passo 3 e 4 - Escolha e realização dos testes O cerne do teste de hipótese irá avaliar se, com base nos dados de nossa amostra, podemos dizer alguma coisa sobre as suas populações. Em outras palavras, o teste irá parametrizar duas popu- lações com base nas amostras que temos (todos os tempos do caminho novo e velho, como o exemplo anterior) e ver a possi- bilidade delas apresentam interseções ou não. A escolha do teste vai depender do tipo de variável, pois para cada tipo temos uma distribuição. O teste irá, em linhas gerais, parametrizar populações a partir das amostras dadas e analisar a chance das hipótese nula ser verdadeira ou falsa. Objetivamente, ele avalia a chance de uma amostra não representar a sua população quanto ao parâmetro testado (média, por exemplo). Ele levará em conta o tamanho da amostra, a variação e a diferença da estatística entre as populações. É como o gráfico abaixo. A distribuição vermelha possui média global menor que a azul. Entretanto, se a amostra for pequena, ela pode ser obtida de uma área da distribuiçãoque tem média da curva vermelha é maior do que outra área da azul (note a área sólida de ambas). Como escolher o teste certo? Depende das variáveis, vide Tabela a seguir. Pode parecer complicado, mas o Minitab é um dos softwares que ajuda a realizar o teste correto e interpre- tar os resultados segundo as classificações das variáveis infor- madas. A escolha pode ser feita através do Assistente Minitab. Qual é o objetivo Comparar uma média com um valor Comparar duas amostras entre si Comparar mais de duas amostras • Teste t para 2 amostras; • Teste t pareado; • Teste de desvio padrão para 2 amostras; • Teste de % Defeituosos para 2 amostras; • Teste Qui-Quadrado para Associação. • Teste t para 1 amostra; • Teste de desvio padrão para 1 amostra; • Teste de % Defeituosos para 1 amostra; • Qualidade de Ajuste Qui-quadrado. • ANOVA com um fator; • Teste de desvios padrão; • Teste Qui-Quadrado para % de Defeituosos; • Teste Qui-Quadrado para Associação. 14.2.1.5 Passo 5 - Analisar os Resultados O resultado mais importante dos testes de hipótese é o famoso p-valor. É ele que valida ou não a hipótese nula. O p-va- lor é um número de 0 a 1 que diz a probabilidade de termos o erro de amostragem. A sua definição formal é: “A probabilidade de obtermos evidência de que a hipótese nula é falsa, dado que ela é verdadeira”. Em outras palavras, ele dá a chance dos erros de amos- tragem que comentamos anteriormente. No gráfico abaixo, a “evidência falsa”, ou o erro, seria uma amostra azul menor que uma amostra vermelha. Na prática, cada teste específico vai ter uma definição formal de hipótese nula e hipótese alternativa. Lembre-se de identificar qual das hipóteses o software está apresentando na hora de interpretar os resultados. O programa Minitab dá uma análise completa dos teste. Um exemplo é ilustrado a seguir. C1 C2 0,57088 4,92652 -1,24569 4,60680 -0,65486 5,14566 -0,60757 6,02591 0,12676 5,42442 -1,02850 6,22536 1,04768 4,64596 0,63148 4,91375 -1,27095 6,18465 0,30670 5,12457 -0,63675 5,14067 -0,09585 5,13849 0,14326 5,42180 2,66192 5,01271 -0,07980 3,85974 0,84040 5,18778 0,69064 4,79286 -0,55813 5,26738 -0,08524 6,37494 0,52989 4,99944 -0,42817 5,41172 -0,04956 3,53886 -0,92062 4,69994 -2,18923 5,82346 0,50827 5,44303 Exemplo (de resultado do Minitab) Evidência Chance de evidência errada Conclusão: são diferentes! No exemplo, a evidência diz que as médias de C1 e C2 são diferentes, dado a estimativa. Para comprovar se as amostras das populações são diferentes para a hipótese nula, em que as médias não iguais, vemos o p-valor. Como o p-valor é igual a zero, a probabilidade das médias serem iguais é de 0%, logo a amostra é confiável em afirmar que as populações são diferen- tes e as médias também. 14.2.2 Considerações sobre o p-valor Os testes de hipótese não deixam de ser análises paramé- tricas, portanto a normalidade e outros ajustes são importan- tes. Em várias ferramentas, usaremos testes de hipótese espe- cíficos no meio deles (indiretamente), por exemplo: o gráfico probabilístico normal (Ho: a distribuição é normal) e a regres- são linear, para os coeficientes (Ho: o coeficiente i de xi é dife- rente de 0). Normalmente, um p-valor consi- derado baixo é 0,05. Entretanto, não há um “número mágico” para o p-valor. Ele é uma probabilidade. Devemos ou não aceitá-lo median- te o contexto, avaliando os riscos envolvidos na decisão. O exemplo a seguir apresenta p-valor = 0.247, o que é considerado alto. O p-valor é o assunto abordado no arquivo Leitura do Analyse, disponível na pasta do curso. É importante ressaltar que o p-valor ainda é estudado por estatísticos e sua interpre- tação é complexa. Para uma leitura sobre o assunto é recomen- dado o livro “Introdução ao Controle Estatístico da Qualidade” de Douglas C. Montgomery (2016). 14.3 ANOVA A ANOVA (Análise de Variância) será a última ferramenta estatística de correlação abordada no curso de Green Belt. Ela é um tipo bem específico de teste de hipóteses. Com ele, po- demos testar médias para mais de duas populações. Em outras palavras: H0 => μa = μb = μc e H1 => μa ≠ μb ≠ μc Apesar da sua utilização ser a de um teste de hipótese, a sua matemática é idêntica à da regressão linear, assim como visto anteriormente. Isso implica que não analisamos somente o p-valor, mas também o R² e os resíduos obtidos. A interpre- tação destes parâmetros é idêntica à da regressão. No fundo, ela vai comparar se a variância total é igual à variância dentro dos grupos. 14.3.1 O que é o teste ANOVA Anova ou Análise de variância é a técnica estatística que permite avaliar afirmações sobre as médias de populações. O objetivo da técnica é analisar se existe uma diferença significa- tiva de um ou mais fatores (também chamados de variáveis de entrada, ou variáveis X) comparando as médias das variáveis de resposta em diferentes níveis dos fatores. Análogo ao teste de hipótese, a hipótese nula afirma que todas as médias das populações (médias dos níveis dos fato- res) são iguais, enquanto a hipótese alternativa afirma que pelo menos uma é diferente. 14.3.2 Quando usar ANOVA A ANOVA é usada apenas quando queremos correlacio- nar um Y contínuo com um ou mais X’s categóricos, que pos- suem 3 distintas classificações. Por exemplo, será que o proce- dimento A, B ou C influencia no tempo de processo? Os dados devem cumprir os pressupostos: • Cada população deve ser normal; • As variâncias de cada população devem ser iguais. 14.3.3 Como realizar um teste ANOVA Para realizar a ANOVA, você precisará de uma variável de resposta contínua e pelo menos um fator categórico com dois ou mais níveis. As análises ANOVA exigem dados de popula- ções que sigam a distribuição normal e cujas sejam variâncias iguais entre fatores. Porém, para nossa sorte, os procedimen- tos ANOVA funcionam bem mesmo quando a pressuposição de normalidade é violada, havendo uma exceção quando uma ou mais distribuições são altamente assimétricas ou quando as variâncias são muito diferentes. Nesses casos, recomenda- -se lançar mão de uma transformação de variáveis para corri- gir essas violações. Por exemplo, pois é com exemplos que aprendemos, ima- gine que uma loja gostaria de testar se o valor gasto na com- pra pelo cliente, sofre influência de alguns fatores. Dentre os fatores, o lojista a loja e coloca 3 níveis (loja A, loja B e loja C). O Anova, vai permitir que o lojista avalie se há diferenças esta- tisticamente significativas entre os tratamentos ou se o resul- tado observado variou em decorrência da mera variabilidade amostral. O programa Minitab nos ajuda a elaborar e interpretar uma ANOVA. Assim como na regressão linear múltipla, pode- mos usar a ANOVA para ver quais X’s categóricos impactam ou não no resultado. Existem duas maneiras de realizar o teste ANOVA no Minitab: • Pelo Assistente do Teste de Hipótese; • Através do Modelo Linear Generalizado, que apresenta o R² e o gráfico de resíduos. No modelo Linear Generalizado da Re- gressão, podemos misturar vários tipos de variáveis (Categó- ricos e Contínuos, pois a matemática da ANOVA e da regres- são é equivalente); 14.3.4 Os Parâmetros da ANOVA A interpretação dos parâmetros da anova são muito pare- cidos com os parâmetros de interpretação de uma regressão linear (simples ou múltipla). É usual avaliar se: • A equação da anova, que proporá, aos moldes da Regressão Linear, uma equação preditora para a variável resposta com base nas variáveis classificatórias incluídas no modelo; • O p-valor para cada variável classificatória testada, que nos dirá qual variável preditora influencia na variável resposta; • O R² e o R² ajustado, que nos dirá a qualidade do modelo; • e, finalmente, os resíduos da análise. 15. Experimentação A Experimentação é uma prática alternativa à análise de um Banco de Dados existente. Ela é vital em diversos tipos de problemas onde: •Não temos dadoshistóricos; • Os dados históricos não são confiáveis (frente a coleta); • Os dados históricos não conseguem responder aos nossos questionamentos (frente à sua estruturação). Experimentar consiste em realizar diversos ensaios (ex- perimentos) para obter um banco de dados a fim de analisá-lo. O ponto fundamental do Seis Sigma é o Planejamento de Ex- perimentos, ou seja, estruturar as suas questões e predições para entender como coletar dados para responder às suas perguntas. Outro objetivo do planejamento de experimentos é redu- zir o número de ensaios necessários para nossos questiona- mentos (reduzindo o custo do experimento). As ferramentas de análise são as mesmas que vimos até agora: ANOVA; Regressão; Testes de Hipóteses; Métodos gráficos. Além disso, temos algumas técnicas que são traba- lhadas mais a fundo no Black Belt: Experimentos Fatoriais; Experimentos Fatoriais Fracionados; Experimentos Dicotô- micos. 16. Resumo do capítulo A grande entrega da fase do Analyze são as mudanças desenvolvidas. Para desenvolver uma consciência analítica, a fase mostra, em detalhes: • A análise crítica do processo; • O uso de tecnologia; • O uso da criatividade; • O uso dos conceitos de mudança. Atividades Entender o que se pode mudar no fluxo de maneira a gerar melhorias Entender o que se pode mudar nas atividades para deixá-las melhores e mais rápidas. Buscar no banco de dados correlações entre variáveis para entender o que se pode variar no processo de maneira a gerar um resultado melhor. Aprenda mais sobre as correlações de variáveis com experimentos planejados Priorizar as mudanças propostas para a realização de testes de mudança Ferramentas Desconexões, análise de valor, ECRS, Criatividade, Conceitos de Mudança Poka-Yokes, Diagrama de Ishikawa, Análise de Tempo, Tecnologia, Benchmarking, Criatividade Gráficos de dispersão, Análises de Regressão, Testes de hipóteses, Tabelas de contingência, Gráficos de Barras Planejamento de experimentos; Experimentos Fatoriais; Experimentos Dicotômicos; etc. Ciclo PDSA; Matriz de Impacto Esforço. Saídas Mudanças para melhorar o fluxo Mudanças para melhorar as atividades Alterações nos parâmetros de entrada que vão gerar melhoria Alterações nos parâmetros de entrada que vão gerar melhoria Plano de testes das mudanças desenvolvidas. Formate suas mudanças Investigue os experimentos Analise seu banco de dados Analise os procedimentos Analise os processos C ap ít u lo 5 Im pr ov e Clique para voltar ao Índice 1. Introdução ao Improve No Improve, escolhemos quais mudanças são mais pro- missoras e realizamos os testes para saber quais de fato vão gerar as melhorias. É a priorização das mudanças e estrutura de testes. A partir dos testes, usando o ciclo PDSA, podemos enten- der melhor os detalhes e falhas em nossas hipóteses e predi- ções. Aqui também devemos ir aumentando gradualmente a escala e o escopo dos testes. Ao final, teremos uma boa con- vicção de quais mudanças vão de fato ser melhorias. Às vezes as mudanças já foram implementadas durante a fase de testes (um ciclo para implementar). O ciclo PDSA é uma das ferramentas citadas na Tabela abaixo que são recomendadas para a fase Improve, além do Planejamento de Experimentos entre outros. 2. Testes de mudança Os testes são o coração do Improve. Nele, temos que ob- servar como as nossas mudanças vão se comportar na realida- Preparar a implementação Atividades Realizar os testes para confirmar suas hipóteses, verificando se as suas mudanças se transformaram de fato em melhorias. Uma vez que o grau de confiança é suficiente, resumir os aprendizados da etapa de testes e compartilhar com o grupo. Planejar as etapas de implementação. Ferramentas Ciclo PDSA, Planejamento de Experimentos, Treinamentos Iniciais, Matriz de Habilidades Ciclos PDSA, Apresentação do projeto de Melhoria Plano de implementação Saídas Aumento do Grau de Convicção das suas mudanças Nivelamento do conhecimento da etapa de testes. Plano de implementação preenchido. Compilar o aprendido Testar, aprendendo e aumentando a escala e o escopo de. Para isso, usamos e abusamos do ciclo PDSA, assim como visto na fase Improve, representado na imagem abaixo: Muitas vezes a equipe de melhoria desenvolver uma sé- rie de mudanças na fase do Analyze e não possui nem tem- po nem recursos suficientes para testar e amadurecer todas elas durante a fase do Improve. Para resolver esse problema, a equipe precisa desenvolver uma maneira de escolher entre as mudanças possíveis e priorizar as que têm mais chance de sucesso. Uma forma de fazer isso é pesar o esforço e o ganho po- tencial (impacto) de cada uma das mudanças. Podemos fazer isso através do uso de uma Matriz de Priorização chamada Matriz de Impacto/Esforço, visto a seguir. Para preenchê-la, damos uma nota para o Impacto potencial de uma mudança e outra para o esforço relacionado com o seu ciclo de testes e sua posterior implementação. Prop 1 Prop 2 Prop 3 Prop 4 Prop 5 10 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Im p ac to Esforço A técnica de priorização na fase de testes prevê que os esforços sejam recompensados com resultados positivos em poucos tempos de ciclos. Mas é com o tempo que as mudanças farão efeitos. É preciso monitorar o Grau de Convicção que cada teste causa, vide gráfico abaixo. Ele é o grau de certeza, baseado em evidências. No exemplo, as três mudanças têm graus de certeza diferentes e mudam através do tempo, tudo porque surgem novas evidências. A grande pergunta seria: como testar? Estruturar um teste pode nem sempre ser uma tarefa fácil. Temos basica- mente dois estudos mais frequentes quando queremos testar mudanças: • Testes do tipo Antes e Depois; • Comparação simultânea. 2.1 Comparação Antes e Depois Considere o teste de Comparação Antes e Depois quando: • Os dados encontram-se disponíveis ou podem ser coletados antes da mudança; • Há pequena ameaça de eventos externos ocorrerem ao mes- mo tempo em que é realizada uma mudança; • Os dados serão coletados por um longo período de tempo após a realização da mudança; • Grandes melhorias são esperadas; • Grupos necessários para a compa- ração simultânea não podem ser iso- lados. A visualização de um exemplo do es- tudo Antes e Depois está na imagem a seguir. A mudança é estratificada e é possível observar um melhor de- sempenho da atividade. Porém o estudo não é a prova de erros. Pontos vulneráveis: • Ocorrência de causas especiais ao mesmo tempo em que mudanças são feitas; • Efeito Hawthorne. 2.2 Comparação Simultânea Considere o tipo Comparação Simultânea quando: • Duas ou mais alternativas estão sendo testadas; • Uma alternativa está sendo testada mas eventos externos podem atrapalhar a interpretação dos resultados (formam-se dois grupos: sistema atual x grupo sendo testado); • Deseja-se acrescentar condições diversas durante o teste (planejamento de grupos). A imagem abaixo mostra um exemplo de Comparação Si- multânea onde é claramente observado uma mudança de re- sultados depois da mudança. 2.3 As boas práticas Algumas práticas são recomendadas para os testes serem sucesso, independente do tipo de estudo escolhido e da técni- ca de priorização: comece pequeno; dose o que pode dar er- rado; envolva a todos para disseminar o conhecimento; tente mitigar os riscos. O que também é visto na tabela a seguir é a preocupação necessária para começar um teste. Cada ideia é uma responsa- bilidade. Decidir em implantar uma mudança deve estar bem planejado e embasado em possíveis resultados positivos. Grau de convicção na mudança Baixa Alta Consequências de um teste falho Pequena Testes de média escala Um ciclo para implementar Grande Teste em escala muito pequena Testes de média e pequena escala C ap ít u lo 6 Co nt ro l Clique para voltar ao Índice 1. Introdução ao Control A última fasedo DMAIC é a fase do Control. Nela nós temos que imple- mentar as mudanças que saíram vito- riosas da fase de teste e monitorar os indicadores importantes para o projeto após essa implementação. Embora pos- sa parecer simples, quem já teve de im- plementar alguma coisa sabe que essa atividade pode ser muito complicada e até mesmo ingrata. Para que uma im- plementação seja bem sucedida temos que saber trabalhar com pessoas. Preci- samos nos atentar para a parte humana da mudança, convencendo os envolvi- dos a adotarem as mudanças que temos convicção de que serão melhorias. Para que essa implementação seja mais suave, podemos seguir algumas boas práticas e utilizar algumas ferramentas que nos ajudam a convencer os envolvidos. Nos próximos tópi- cos vamos aprofundar em como conduzir implementações. Além disso, o Control temos que monitorar os indicadores depois do projeto. Até quando fazemos esse monitoramento? Coletar um indicador é uma atividade que requer esforço e até mesmo recursos financeiros. Caso um processo atinja uma es- tabilidade, medir seu desempenho para sempre pode não ser uma boa estratégia. Vamos discutir um pouco sobre isso. É a hora onde mais se usa a Psicologia e se realiza a Ges- tão da Mudança. Devemos preparar as mudanças para serem lógicas e alinhadas com a cultura da empresa, trabalhando o ra- cional e o emocional das pessoas envolvidas no processo. Também estruturamos o plano de implementação com base nas etapas: 1. Padronização; 2. Documentação; 3. Treinamento; 4. Implementação (Medir). Por fim, compilamos os ganhos, apresentamos os resulta- dos e celebramos. A sequências das fases é apresentado na Ta- bela abaixo: 2. Plano de Implementação Implementar pode ser a parte mais difícil de um projeto Atividades Definir exatamente como serão os novos procedimentos e criar as instruções que serão desdobradas para a equipe do processo. Treinar a equipe com a finalidade de desenvolver neles as habilidades necessárias para executar o processo. Por treinamento entendemos uma série de atividades supervisionadas, não só aulas expositivas. Desdobrar o plano de ação para a mudança do jeito velho para o novo. Monitorar o desempenho do processo para avaliar se tudo está saindo conforme planejado. Resumir o aprendizado, apresentar os resultados, fazer as recomendações futuras e celebrar. Ferramentas Formulários de trabalho padrão; Relatórios de Testes, Fluxogramas. Plano de treinamento, Andragogia, Matriz de Habilidades 5W2H, Gestão de Projetos, Ciclos PDSA. Ciclos PDSA, Gráficos de Controle, formulários de coleta de dados. Apresentação de encerramento. Saídas Desenho claro, lógico e justificado do novo processo. Pessoal treinado no novo processo. Novo processo funcionando de fato na organização. Evidências de Melhoria Finalização formal do projeto FinalizaçãoControleImplementaçãoTreinamento Padronização e documentação de melhoria. É a parte mais humana do projeto. Nela, é necessário: • Se comunicar bem; • Ter claro o que é necessário fazer; • Reforçar, ou seja, fiscalizar se tudo está indo bem; • Pensar muito bem no “transiente”. Mesmo os projetos mais simples devem ter um plano de implementação. Caso contrário, tudo pode ser colocado a per- der. Após a implementação das melhorias, é necessário esta- belecer práticas que assegurem que as mudanças se tornarão procedimentos usuais nos negócios. Muitas empresas fazem melhorias no trabalho e depois descobrem que as pessoas voltaram à forma antiga de fazer as coisas ou que algum novo problema foi identificado. A seguir descreve-se os componen- tes que precisam ser considerados para implementação e con- trole das mudanças. 1. Padronização: • Estabelecer práticas e políticas específicas e reconhecidas para servir como um modelo ou diretriz para um processo. • As políticas, materiais, métodos e treinamentos documentados cos- tumam ser chamados de “padrões” ou “melhores práticas”. 2. Documentação: • Registro das mudanças que foram implementadas. • Organizações dependem da documentação para: • Entendimento do processo; • Educação e treinamento de pessoas que operam o pro cesso; • Comunicar as mudanças a quem se encontra dentro e fora do sistema; • Fornecer atualizações em tempo real para documentar melhores práticas, medidas e outras informações impor tantes de processos ou de produtos. • Uma excelente prática na hora da documentação é a criação de Instruções Operacionais: • Conceito: Orientação sobre a forma de executar uma tarefa. • Objetivo: Servir como guia para a realização de tare- fas críticas comunicando de maneira direta e objetiva o que e como deve ser executado o trabalho. • Conteúdo: Resultado esperado da tarefa; O QUE e COMO a tarefa deve ser realizada (objetivamente); Ações corretivas; Instruções relacionadas à segurança e meio ambiente específicas da tarefa. • Responsável: Cargo do executante da tarefa. 3. Treinamento: • Treinamento é quase sempre necessário para implementar mudanças; • Se a mudança for uma mera extensão do trabalho atual, en- tão uma simples discussão poderá ser suficiente; • Entretanto, se a mudança for complexa, um treinamento ex- tensivo poderá ser necessário; • Considere o tipo de mudança que está sendo proposta, quem será incumbido de implementá-la e o nível de conhecimento e experiência dos participantes para determinar quanto tempo de treinamento será necessário. 4. Medir: • Documentação adequada não garante que o processo opere como proposto; • Monitorar o processo através de indicadores é um meio de verificar se as mudanças propostas estão sendo efetivamente implementadas; • Medição fornece uma fonte de aprendizagem durante a implementa- ção e um método de manutenção após a implementação; • Gráficos de tendência (ou de contro- le) dos indicadores devem ser utiliza- dos para monitorar o processo depois das mudanças implementadas; Comparação do Desempenho com os Objetivos: Não é possível tornar um processo perfeito em um dia ou em uma única iniciativa de me- lhoria. A melhoria de processos normalmente leva vários ciclos de desenvolvimento, teste e im- plementação das mudanças que possuem maior probabilidade de produzir melhoria. Comparar o desempenho com os objetivos é uma forma de acompanhar seu progresso. Retorne aos objetivos da me- lhoria, definidos ao responder à segunda pergunta: Como sa- beremos que uma mudança é uma melhoria? Em seguida, compare o desempenho das medidas após a implementação, para verificar se serão necessárias mudanças adicionais: • Se as medidas de melhoria foram alcançadas. Então continue com a implementação. • Se as medidas de melhoria não foram alcançadas. Então re- torne às fases de Desenvolvimento, Teste e Implementação e continue com esses ciclos até que os objetivos sejam alcança- dos. 2.1 Estratégias de implementação A maneira ideal para se conduzir e fiscalizar uma imple- mentação vai depender da complexidade. Geralmente temos 3 estratégias: • Simplesmente faça; • Implementação paralela; • Implementação sequencial. Independente da estratégia, temos que garantir que as coisas irão acontecer conforme o planejado. 3. Como fiscalizar a implementação 3.1 O 5W2H O que é o 5W2H? Um projeto é desdobrado em diversas atividades. Essa ferramenta questiona as atividades de forma a detectar descontinuidades. Esse é um método de fiscalização relativamente simples de gerenciamento de um projeto. Um projeto é desdobrado em diversas atividades. Fazer as perguntas do 5W2H é enten- der o porquê das ações de um determinado processo e garan- tir que as ações recomendadas sejam de fato implementadas. As perguntas se referem: • As atividades (O que? - What) são executadas segundo uma certa ordem, com um determinado prazo (Quando? -When) e custo (Quanto? – How Much), em um determinado local (Onde? – Where) e com responsabilidadesde execução ou coordenação atribuídas (Quem? - Who). Além disso, deve ha- ver uma razão (Por que? - Why) para fazê-la e uma forma pre- vista para a sua execução (Como? - How); • As iniciais dessa perguntas (What, Why, When, Where, Who, How, How much) formam o acrônimo 5W2H. Lista-se as atividades que fazem parte do pro- jeto; Essas atividades são os “What”; Em seguida passa-se a responder aos outros Ws e Hs para cada ativi- dade; Em projetos de melho- ria é útil utilizar o 5W2H como na fase de implementação de mu- danças; As informações são es- truturadas em uma planilha com sete colu- nas e tantas linhas quantas forem as ativi- dades identificadas for- mando assim o projeto; Resta ainda identificar um coordenador que cuidará da gestão das atividades, verificando que os prazos sejam cumpridos e intervindo quando necessário. Como utilizar a ferramenta? Quando usar? Variantes As possibilidades de uso do 5W2H são amplas; Pode ser usada para organizar uma única atividade ou um conjun- to de atividades for- mando um projeto; Quanto o gasto para realizar a atividade não for uma questão relevante (o “How much” não é considerado) a técnica é reduzida para 5W1H. A Tabela abaixo mostra um exemplo de template simples, em que cada pergunta é respondida para que o processo de implementação seja verificado. 4. Resumo dos capítulos Na conclusão do conteúdo, podemos encerrar a teoria com algumas observações e destaques. Um projeto de melho- ria deve terminar quando: • O objetivo do projeto foi cumprido. • Houve melhoria e ficou claro que qualquer progresso adicio- nal irá exigir um novo esforço inicial. • A equipe desempenhou bem e obteve sucesso suficiente para se aposentar com dignidade e orgulho. Depois que o projeto seja finalizado, é importante que o conte- údo fixe e o aprendizado seja contínuo, por isso: O que (What) Quem (Who) Quando (When) Onde (Where) Porque (Why) Como (How) Por quanto (How much) 1. Resuma os aprendizados; 2. Finalize a documentação sobre as melhorias; 3. Faça um sumário de planos e recomendações futuras; 4. Comunique a finalização do projeto; 5. Celebre! C ap ít u lo 7 P ro je to d e M el h o ri a Clique para voltar ao Índice Capítulo 7 - Projeto de Melhoria 1. Seleção de projetos Seleção de Projetos é o processo de avaliar projetos indi- viduais ou grupos de projetos e escolher qual queremos con- duzir e implementar. As organizações (seus gerentes e especialistas) geralmen- te usam modelos para extrair informações relevantes e tomar decisões. Os modelos tentam quantificar aspectos de cada pro- jeto de maneira a racionalizar a escolha de um em detrimento de outro. É como “dar uma nota” para cada projeto a fim de ava- liar de maneira fria qual é mais adequado. Esses modelos podem ser muito úteis, mas não tomam a decisão sozinhos. Modelos, como visto no curso de Black Belt da FM2S, são apenas aproximações da realidade. Eles possuem as suas premissas e imprecisões e a decisão é sempre um pro- cesso humano, carregado de uma série de aspectos racionais e irracionais. Nos próximos tópicos iremos abordar os módulos de fa- lha e o supermercado de processos por setor. Esse material serve de auxílio para o desenvolvimento do Projeto de Melhoria, proposto no curso de Green Belt da FM2S. Sua elaboração é necessária para a obtenção do certificado de especialista Green Belt. 1.1 Algumas premissas para os modelos de decisão Para que a liderança possa julgar qual projeto é mais ade- quado, é usual que, ao iniciar-se um projeto de melhoria, le- vante-se também quais os projetos concorrentes. Após esta listagem, são coletadas mais informações sobre cada uma das iniciativas. Essas informações são organizadas sob a ótica de premissas, dentre elas: • Premissas financeiras – avaliam o custo estimado contra o benefício estimado (por benchmark, por exemplo). É possível estimar métricas claras (como valor presente, retorno sobre o investimento, etc.); • Premissas operacionais – avaliando outros aspectos, até certo ponto quantificáveis, porém não puramente financeiros. Como a nossa capacidade de realizar tal projeto, a flexibilidade da melhoria ser implementada em outras áreas, o tempo ne- cessário, os riscos, etc. • Premissas não numéricas – avaliam o aspecto político e es- tratégico dos projetos. Vão desde as investimentos particula- res (de interesse da alta gestão ou investidores externos) até o ganho competitivo esperado pelo projeto. Essas premissas são a base para a utilização de modelos para “julgar” os projetos. A seleção de projetos de melhoria é uma das partes mais difíceis do trabalho de um profissional Seis Sigma. Ela pode ser extremamente complexa em organizações maiores, visto que agendas ocultas podem estar em pauta ou diferentes abordagens sobre a estratégia estejam sendo ven- tiladas. Seja como for, é sempre interessante ter uma aborda- gem padronizada e metódica, para que a seleção não seja algo “intuitivo”, mas sim baseado em dados. Em geral, essa seleção segue algumas etapas: 1) Levantamento da problemática e projetos “candidatos” com as áreas e partes interessadas (gerentes e especialistas); 2) Estimativa do impacto e do esforço dos projetos (quanto ao seu ganho, custo e cronograma); 3) Priorização (escolha dos melhores projetos através de uma avaliação quantitativa sob diferentes critérios e atribuição de uma “nota” para cada um); 4) Desdobramento e início dos trabalhos relacionados aos pro- jetos. 1.2 Pontos-chave na hora de sugerir projetos Seguem abaixo algumas características necessárias na hora de sugerir um projeto: • O projeto proposto deve estar conectado ao plano de negó- cios da organização; • O projeto deve ser importante para a liderança por uma ou mais da seguintes razões: • Clientes estão tendo problemas com produtos ou serviços; • Existe a necessidade de reduzir custos mantendo ou melho- rando a qualidade; • Existe a necessidade de expandir as expectativas dos clien- tes. • A solução é desconhecida. Agentes de Melhoria são melhor utilizados em projetos que requerem aprendizado e testes an- tes da implementação; • Métricas chaves para avaliar o sucesso do projeto foram identificadas; • O projeto pode ser completado dentro de um prazo de seis meses ou menos; • Dados sobre a situação atual para as métricas estão disponí- veis e metas para as métricas foram estabelecidas; • O impacto financeiro (redução de custos ou aumento da re- ceita) foram estimados; • O sistema, processos, produtos ou organizações onde as mudanças deverão ser feitas estão sob o controle e influência do patrocinador do projeto; • Existe um balanço adequado entre a quantidade de esforço e de recursos necessários para completar o projeto; • Os resultados obtidos são replicáveis para outras áreas da organização; • O projeto deve mudar um processo de rotina; • Não há mudanças em andamento no processo que possam causar impacto diretamente no andamento do projeto. 1.3 Modos de Falhas de Atividades de Melhoria (MFAM) Projetos mal sucedidos podem ser impedidos. O MBB deve estar atento que seu projeto não esteja nas categorias a seguir: • Falta de um comando claro por parte da liderança; • Falta de modelo para realizar melhoria; • Falta de clareza de onde se quer chegar; • Falta de recursos dedicados; • Falta de acompanhamento da performance; • Falta de habilidade para medir performance e eficácia; • Falta de clareza se se conseguiu alguma coisa; • Falta de estimativa financeira do ROI no início do projeto e de sua medição no final; • Falta de resposta clara para a pergunta “Porque estamos fa- zendo esse projeto?” 1.4 Alguns projetos típicos Os projetos de melhoria se adaptam para as várias áreas de atuação. Alguns projetos de melhoria são clássicos e estão listados abaixo: Logística • Tempo excessivo para enviar invoice ao cliente depois de executado o serviço; • Tempo excessivopara identificar se uma invoice é uma dis- puta; • Redução do volume de solicitações de prorrogação de prazos de pagamento devido ao não recebimento da fatura no prazo por parte do cliente; • Redução de inventário de produtos acabados; • Reduzir tempo de entrega; • Reduzir porcentagem de entregas defeituosas (peças faltan- tes); • Reduzir custos com fretes. Compras • Redução de custos com insumos; • Redução de custos com prestadores de serviços. Produtividade • Redução de setup; • Aumento de OEE. TI • Redução do tempo de atendimento de solicitações de servi- ços; • Redução do tempo de troca de equipamento entregue com defeitos. Manufatura • Reduzir defeitos de fabricação; • Reduzir custo de fabricação de peças; • Reduzir as despesas com a Ferramentaria; • Reduzir inventário de ferramentas; • Reduzir uso de material poluente; • Reduzir custos de embalagem; • Reduzir controles / tarefas que não agregam valor / relató- rios gerenciais que não são usados / coleta de dados que não são usadas; • Reduzir necessidades de limpeza/organização nos proces- sos; • Reduzir custos com manutenção dos sistemas; • Melhorar aproveitamento (cortes/excessos) de matérias pri- mas nos processos; • Reduzir refugos de produtos intermediários ou finais por de- feitos; • Reduzir consumo de energia e utilidades nos processos; • Reduzir perdas de dados vitais para o processo; • Reduzir dependência de mão de obra especializada no pro- cesso; • Reduzir tempo para lançar novos produtos. Serviço • Redução de tempo de entrega de equipamentos visando re- duzir penalidade por não cumprimento de prazo; • Redução de porcentagem e não atendimento de SLA; • Reduzir gap entre planejado e executado em projetos; • Aumentar taxa de solução de problemas para clientes; • Aumentar satisfação dos clientes com solução de problemas; • Reduzir contato/interação de clientes para resolver proble- mas; • Reduzir perda de clientes rentáveis; • Reduzir risco de fraude para o cliente; • Aumentar lucratividade de segmentos de clientes. Segurança e Meio Ambiente • Reduzir o impacto dos produtos no meio ambiente; • Reduzir acidentes de trabalho; • Reduzir acidentes com perdas materiais. Financeiro • Reduzir despesas com impostos respeitando legislação; • Encantar e surpreender o cliente e aumentar a demanda por serviços e produtos; • Atender necessidades dos clientes que nossos produtos não atendem atualmente; • Criar serviços que complementam a satisfação dos clientes; • Desenvolver o design e estética atraentes nos produtos; • Aumentar vendas cruzadas; • Aumentar vendas com pacotes de produtos; • Oferecer produtos e serviços a novos segmentos. R ef er ên ci as B ib li o gr áfi ca s Clique para voltar ao Índice • American Society for Quality. Acesso em: https://asq.org/ • BLANK, Leland; TARQUIN, Anthony, P. E. Engenharia Eco- nômica. São Paulo: McGraw-Hill, 2008. • CAMPOS, V. F. Gerenciamento da Rotina no Dia a Dia. 8ª edição, Nova Lima: INDG, 1994. • FAYOL, Henri. Administração Industrial e Geral. 1916. • Harvard Business Review, On managing people, Harvard Business Press, 2011. • Harvard Business Review, On leadership. Harvard Business Press, 2011.KOTTER, John. Leading Change. 1995. • HARMON, P., Business Process Change. 2ª ed. Amsterdã: Morgan Kaufmann, 2007. • HARRY, M., SHROEDER, R. Six Sigma: The Breakthrough Management Strategy Revolutionizing the World’s Top Cor- porations, 1ª ed. Nova Iorque: Crown Business, 2006. • HAYES, R. H., WHEELWRIGHT, S. C. Competing Through Manufacturing. Harvard Business Review, 1984. • HOULE, Cyril. O. The Design of Education. San Francisco: Jossey-Bass, 1972. •HOULE, Cyril. O. Continuing Learning in the Professions. San Francisco: Jossey-Bass, 1980. • IMAI, M. Gemba Kaizen, uma abordagem de bom senso à es- tratégia de melhoria contínua. 2ª edição. São Paulo: Bookman, 2014. • KANG, C. W., KVAM, P. H., Basic Statistical Tools for Impro- ving Quality, 1ª ed. Hoboken: John Wiley & Sons, 2011. • KIRKPATRICK, Donald L. Evaluating Training Programs. WI: American Society for Training and Development, 1975. • KIRKPATRICK, Donald L. A Practical Guide for Supervisory Training and Development. Reading, MA: Addison-Wesley, 1971. • KIRKPATRICK, Donald L. Transferring Learning to Behavior: Using the Four Levels to Improve Performance. 2005. • KNOWLES, Malcolm S., HOLTON III, Elwood F., SWANSON, Richard A. Aprendizagem de resultados: uma abordagem prá- tica para aumentar a efetividade da educação corporativa. Tradução de Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. • KUME, H., Statistical Methods for Quality Improvement, 1ª ed. Tóquio: 3ª Corporation, 1985. • KUBIAK, T. M.; BENBOW D. W. The certified six sigma bla- ck belt handbook. 2nd ed. Milwaukee, Wisconsin: ASQ Quality Press, 2009. 683p. ISBN 978-0-87389-732-7 • KUBIAK, T. M.; BENBOW D. W. The certified six sigma bla- ck belt handbook. 2nd ed. Milwaukee, Wisconsin: ASQ Quality Press, 2009. 683p. ISBN 978-0-87389-732-7 • LEVINE, H.A. “Project Portfolio Management: A practical guide to selecting projects, managing portfolios and maximi- zing benefits”, San Francisco, Jossey-Bass, 2007. • LIKER, J. Toyota Way: 14 Management principles from the world’s greatest manufacturer. 1ª edição, Nova Iorque: Mc- Graw-Hill, 2004. • MCGREGOR, Douglas. The Human Side of Enterprise. Mc- Graw-Hill, 1960. • MCCARTHY, T., BREMER, M., DANIELS, L., GUPTA, P. Mo- torola University, The Six Sigma Black Belt Handbook, 1ª ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2004. • MCGREGOR, D. Leadership and Motivation. Cambridge: The Massachusetts Institute of Technology Press, 1967. • MONTGOMERY, D. C. Introdução ao Controle Estatístico da Qualidade. 2016. • MONTGOMERY, D. C., Introduction to Statistical Quality Control, 6ª ed. Nova Iorque: John Wiley & Sons, 2009; • MURMAN, E. et al. Lean Enterprise Value: Insights from MIT’s Lean Aerospace Initiative. 1ª edição, Cambridge: Palgra- ve Macmillan, 2002. • NAKAJIMA, S. Introduction to TPM. 1ª edição, Portland: Productivity press, 1989. • OHNO, T. Toyota Production System: Beyond Large-Scale Production. Tóqui: Diamond, 1978. • PYZDEK, T. The Six Sigma Handbook, 1ª ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2003. • PMI - PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Guia PM- BOK®: Um Guia para o Conjunto de Conhecimentos em Ge- renciamento de Projetos, Sexta edição, Pennsylvania: PMI, 2017. • PYZDEK, Thomas. The Six Sigma Project Planner. New York: McGraw-Hill, 2003. • ROGERS, Carl. Liberdade para Aprender. Belo Horizonte: Interlivros, 1969. • SCHONBERBER, R. J. World Class Manufacturing: the les- sons on simplicity applied. 1ª edição, Nova Iorque: The Free Press, 1986. • SCHEIN, Edgar. The Corporate Culture Survival Guide. The Jossey-Bass Business & Management Series, 1999. • SHARMA, M. KODALI, R. Development of a framework for manufacturing excellence. Measuring Business Excellence, 12, 2008. • SHEWHART, W., Economic Control of Quality of Manufacu- red Product, 1ª ed. Nova Iorque: D. Van Nostrand Company, 1931. • SMITH, B., Six Sigma Design, IEEE Spectrum, p. 43-47, 1993. • SNOW, R. E. Aptitude-Treatment Interaction as a Framework for Research on Individual Differences in Learning. Learning and Individual Differences: Advances in Theory and Research. P. L. Ackerman, R. J. Sternberg, and R. Glaser (eds.). New York: W. H. Freeman, 1989. • SUTHERLAND, Jeff. Scrum : a arte de fazer o dobro do tra- balho na metade do tempo. tradução de Natalie Gerhardt. São Paulo: LeYa, 2014. • SWANSON, R. A. Industrial Training. Encyclopedia of Educa- tional Research. H. E. Mitzel (ed.). New York: Macmillan, 1982. • TANG, L. C., GOH, T. N., YAM, H. S., YOAP, T. Six Sigma: Ad- vanced Tools for Black Belts and Master Black Belts, 1ª ed. Chicester: John Wiley & Sons, 2006. • TAYLOR, Frederick W. Os Princípios da Administração Cien- tífica. 1911.• VOM BROCKE, J., ROSEMAN, M. Handbook on business process management 1. 1ª ed. Londres: Springer, 2010 • VOM BROCKE, J., ROSEMAN, M. Handbook on business process management 2. 1ª ed. Londres: Springer, 2010 • White, B. Lean Daily Management for healthcare: a strate- gic guide to implementing lean for hospital leaders, 1ª edição, Nova Iorque: CRC Press, 2016. • WILLMOT, P. TPM: Total Productive Maintenance: the Wes- tern Way, 1ª edição, Oxford: Butterworth-Heinemann, 1997. • WIREMAN, T. Total Productive Maintenance: Na American Approach, 1ª edição, Nova Iorque: Industrial Press Inc., 1991 • WLODKOWSKI, R. J. Enhancing Adult Motivation to Learn. San Francisco: Jossey-Bass, 1985. • WOLMACK, J. P., JONES, D. T. Lean Thinking. 1ª edição, Nova Iorque: Simon & Schuster, 1996. • YANG, K., EL-HAIK, B. Design for Six Sigma: Roadmap to pro- duct development, 2ª edição, Nova Iorque: McGraw-Hill, 2003.