Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS DE 
FARMACOTÉCNICA
Keline Lang
Cálculos em 
farmacotécnica II
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Aplicar os cálculos necessários para a determinação do fator de 
equivalência.
  Empregar os fatores de correção e de equivalência para correção de 
teor de ativos farmacêuticos.
  Calcular a quantidade de ativos para formulações sólidas a partir da 
aplicação dos fatores necessários.
Introdução
A farmacotécnica exige do farmacêutico o conhecimento das substâncias 
utilizadas nas formulações para que possa, quando necessário, fazer 
adequações da dosagem do fármaco, de forma que o medicamento 
atenda à prescrição e tenha a eficácia garantida. 
Neste capítulo, você vai aprender a determinar o fator de equivalên-
cia, identificando sua aplicação na preparação de medicamentos. Você 
também vai verificar como empregar os fatores de equivalência e de 
correção do teor de fármacos, e como calcular a quantidade de ativos 
em formulações sólidas, aplicando os fatores de correção necessários.
Cálculos para determinação do fator de 
equivalência
O fator de equivalência (FEq) é utilizado para calcular a massa de um sal, éster 
ou substância hidratada a ser pesada, quando a dose for expressa na forma 
livre (base), na forma anidra ou na forma de outro sal ou éster de referência. 
Por exemplo: o fármaco é o besilato de anlodipino, e as doses são expressas 
em termos de anlodipino base. Para saber se esse cálculo deve ser realizado, 
o farmacêutico deve se basear no produto farmacêutico de referência, que 
é o produto inovador e com o qual se realizou os ensaios farmacológicos, 
conforme Ferreira (2005).
O farmacêutico deve verificar se é aplicável a utilização do FEq após a 
avaliação da prescrição médica. Há diferentes sais e ésteres de um mesmo 
fármaco; porém, estes nem sempre podem ser substituídos ou intercambia-
dos, por possuírem características farmacocinéticas diferentes, levando a 
diferentes respostas terapêuticas (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 
2017). Para calcular esse FEq, é necessário conhecer o equivalente-grama 
das substâncias envolvidas. O equivalente-grama (Eq g) é o peso molecular 
dividido pela valência:
Eq g = 
Veja as definições abaixo:
  Sal: é o produto da reação de neutralização entre um ácido e uma base.
  Éster: é o produto da reação entre um anidrido em um ácido com álcool ou glicol, 
eliminando uma ou mais moléculas de água. É um composto orgânico que apre-
senta um átomo de oxigênio ligado a dois radicais orgânicos.
  Substância hidratada: substância que possui água de cristalização na sua estrutura 
molecular.
  Base: substância na sua forma livre (é a substância que, quando reage com um 
ácido, forma um sal).
  Substância anidra: substância que não possui água de cristalização na sua estrutura 
molecular.
  Valência: é um número que indica a capacidade que um átomo de um elemento 
tem de se combinar com outros átomos, capacidade essa que é medida pelo 
número de elétrons que um átomo pode dar, receber ou compartilhar de forma 
a constituir uma ligação química.
Vejamos um exemplo. Primeiro, vamos verificar qual é o equivalente-grama 
do sulfato de salbutamol (na forma de sal).
  Fórmula molecular do sulfato de salbutamol: (C13H21NO3)2.H2SO4
  Peso molecular do sulfato de salbutamol: 576,71 g
Cálculos em farmacotécnica II2
  Valência: 2 [proveniente do (C13H21NO3)2] (a valência é 2 porque há 
duas moléculas de salbutamol)
  Eq g do sal (sulfato de salbutamol) = = 288,35 g
O FEq é calculado pela divisão do equivalente-grama do sal pelo equi-
valente-grama da base, ou o equivalente-grama da substância hidratada pelo 
equivalente-grama da substância anidra. Já que sabemos que o Eq g do sal 
(sulfato de salbutamol) é 288,35 g, conforme o cálculo acima, agora, vamos 
descobrir o Eq g da base (salbutamol).
  Fórmula molecular do salbutamol: C13H21NO3
  Peso molecular do salbutamol: 239,31 g
  Valência: 1 (está na forma livre, por ser uma base)
  Eq g da base (salbutamol) = = 239,31 g
Agora, podemos calcular o FEq. A fórmula é:
FEq = 
Vamos continuar com o exemplo do sulfato de salbutamol. Temos os se-
guintes dados:
  Eq g sal = 288,35 g
  Eq g base = 239,31 g
FEq = 
FEq = = 1,20
3Cálculos em farmacotécnica II
Sendo assim, se a receita médica determina que a concentração de sal-
butamol deve ser 100 mg/5 mL de solução, mas será utilizado o sulfato de 
salbutamol (sal), é necessário utilizar o FEq conforme o cálculo:
concentração da base × FEq = concentração do sal
100 mg × 1,20 = 120 mg
Conclusão: a concentração será de 120 mg de sulfato de salbutamol em 5 
mL da solução. Ou seja, não serão pesados 100 mg de salbutamol, mas, sim, 
120 mg de sulfato de salbutamol. O FEq será igual a 1,00, quando as doses 
forem expressas no próprio fármaco utilizado.
Correção de teor de ativos farmacêuticos
Alguns fármacos podem necessitar, além do fator de equivalência (FEq), 
do fator de correção (Fc) do teor, de acordo com o teor de pureza fornecido 
pelo certifi cado de análise do fármaco. Nem sempre o teor de um fármaco é 
100%; consequentemente, ele precisa ser corrigido para atingir a concentração 
determinada na prescrição médica.
O fator de correção é calculado dividindo-se 100 pela concentração do 
ativo, em porcentagem, caso a substância seja proveniente de uma substância 
de referência com concentração de 100%, seguindo a fórmula abaixo.
Fc = 100/Concentração (%)
O valor resultante deve ser multiplicado pela concentração prescrita, para 
determinar o quanto deve ser pesado da substância. Caso a substância de 
referência esteja em uma concentração diferente de 100%, o valor dessa concen-
tração deverá substituir o 100 da fórmula acima. Por exemplo, se a substância 
de referência tiver concentração de 105%, a fórmula será:
Fc = 105/Concentração (%)
Veja os exemplos a seguir.
Cálculos em farmacotécnica II4
Quantos miligramas de betacaroteno são necessários para produzir betacaroteno 10 
mg/cápsula, sendo que a farmácia possui betacaroteno 15%, e ele é proveniente da 
substância 100%?
1. Calcule o fator de correção:
Fc = 100/Concentração (%)
Fc = = 6,67
2. Multiplique a concentração de betacaroteno por cápsula pelo Fc encontrado:
10 mg × 6,67 = 66,7 mg de betacaroteno/cápsula
Conclusão: é necessário pesar 66,7 mg de betacaroteno por cápsula para que a 
concentração do fármaco seja de 100%.
Foi prescrito Kawa Kawa 150 mg/cápsula. A farmácia magistral possui extrato de 
Kawa Kawa com 40% de kawalactonas, e a substância de referência possui 80% de 
kawalactonas. Ou seja, o extrato de Kawa Kawa não possui 100% de kawalactonas, 
mas, sim, 40% de uma substância de referência que também não é 100%, mas, sim, 
80%. Essas informações são encontradas no certificado de análise do insumo. 
1. Calcule o fator de correção:
Fc = 100/Concentração (%)
Como a substância não está a 100%, mas, sim, a 80%, deve-se substituir 100 por 80 
na fórmula do Fc, como no cálculo abaixo. A concentração (%) deve ser a do extrato 
presente na farmácia (40%). 
Fc = = 2
2. Multiplique a concentração de Kawa Kawa que deve estar presente em cada 
cápsula pelo Fc encontrado:
150 mg × 2 = 300 mg de Kawa Kawa/cápsula
Conclusão: considerando-se que o extrato de Kawa Kawa está a 40%, mas é prove-
niente de uma substância de referência a 80%, é necessário pesar 300 mg do extrato 
por cápsula para atingir a concentração de 150 mg por cápsula de Kawa Kawa.
5Cálculos em farmacotécnica II
Vejamos um exemplo de quando é necessário utilizar o FEq e o Fc ao 
mesmo tempo.
Quantos gramas de cloridrato de paroxetina devem ser pesados para produzir 30 
cápsulas na concentração de 30 mg, considerando que o teor de pureza do fármaco 
é de 97,8%? Sabe-se que a referência é a paroxetina base.
1. Calcule o FEq:
Peso molecular do cloridrato de paroxetina (C
19
H
20
FNO
3
.HCl): 374,83 g
Peso molecular da paroxetina base (C
19
H
20
FNO
3
): 334,66 g
FEq = = = 1,12
Sendo assim:30 cápsulas de cloridrato de paroxetina x 30 mg = 900 mg = 0,9 g de cloridrato de 
paroxetina.
Considerando-se o FEq:
0,9 g × 1,12 = 1,01 g de cloridrato de paroxetina.
Porém, está descrito que o cloridrato de paroxetina não está puro, mas, sim, a 97,8%. 
Sendo assim, calcule:
Fc = = = 1,02
Sendo assim, 
1,01 g × Fc = 1,01 g × 1,02 = 1,03 g de cloridrato de paroxetina 
Conclusão: é necessário pesar 1,03 g de cloridrato de paroxetina a 97,8% para produzir 
30 cápsulas na concentração de 30 mg/cápsula.
Quantidade de ativos para formulações sólidas
Em preparações sólidas, muitas vezes, é necessário realizar a correção devido 
à umidade do fármaco, conforme descrito no certifi cado de análise. Essa 
correção de umidade não dispensa a correção do teor e a utilização do FEq, 
se necessárias.
A fórmula do fator de correção da umidade é:
Fcr = 
Cálculos em farmacotécnica II6
Veja o exemplo a seguir.
O fluconazol possui 5% de umidade descrita no seu certificado de análise. Qual deve 
ser o fator de correção de umidade?
Fcr = = = 1,05
Conclusão: o fator de correção de umidade do fluconazol é de 1,05. 
Sendo assim, ao pesar o insumo fluconazol do exemplo anterior, é ne-
cessário multiplicar a dosagem requerida por esse fator de correção. Veja o 
próximo exemplo.
Quantos gramas de fluconazol serão necessários para produzir cinco cápsulas contendo 
150 mg do fármaco na umidade de 7,5%?
Fcr = = = 1,08
Concentração do fármaco x Fcr = 150 mg x 1,08 = 162 mg de fluconazol
5 cápsulas × 162 mg = 810 mg de fluconazol
Conclusão: considerando-se que o fator de correção de umidade do fluconazol é 
de 1,08, devido à umidade de 7,5%, será necessário pesar 810 mg do fármaco para 
produzir cinco cápsulas. 
Normalmente, as doses de minerais quelados se referem ao mineral, e 
não ao complexo quelado. Sendo assim, deve-se corrigir o teor do mineral, 
utilizando um fator de correção, de acordo com o teor fornecido no certificado 
de análise da matéria-prima, uma vez que este é expresso de acordo com a 
substância anidra, ou seja, sem água. 
7Cálculos em farmacotécnica II
O cálculo do fator de correção deve seguir a fórmula abaixo.
Fcr = 
Veja o exemplo.
Quantos gramas de aspartato de magnésio são necessários para produzir 100 mg/
cápsula, considerando que o teor de magnésio é de 43,2% (substância anidra)?
Mg(C4H6NO4)2
Peso molecular do aspartato de magnésio [Mg(C
4
H
6
NO
4
)
2
]: 312 g
Peso molecular do magnésio (Mg): 24 g
Eq g do sal (aspartato de magnésio) = = = 156 g
Eq g da base (magnésio) = 
 
=
 
 = 24 g
FEq = 
 
=
 
= 6,5 g
Concentração da base (g) x FEq (g) = concentração do sal (g)
100 mg = 0,1 g
0,1 g x 6,5 g = 0,65 g de aspartato de magnésio
Porém, além de corrigir o fator de equivalência, deve-se corrigir o teor de magnésio 
em relação à substância anidra. O fator de correção do teor, considerando-se que o 
teor de magnésio é de 43,2% (substância anidra), é:
Fcr = 
 
=
 
= 2,31
Sendo assim, deve-se multiplicar o valor já corrigido de aspartato de magnésio, 
após a correção do fator de equivalência, pelo fator de correção do teor, conforme 
mostrado a seguir.
0,65 g x 2,31 = 1,50 g de aspartato de magnésio
Conclusão: considerando-se que o fator de equivalência entre o sal e a base do 
fármaco é de 6,5 g, adicionado do fator de correção do teor (2,31) em relação à subs-
tância anidra, será necessário pesar 1,50 g de aspartato de magnésio para cada cápsula.
Cálculos em farmacotécnica II8
Verificar o certificado de análise da matéria-prima é fundamental para o preparo correto 
do medicamento. Nesse documento, pode-se verificar a nomenclatura correta do insumo, 
que pode estar na forma de DCB (denominação comum brasileira) ou DCI (denominação 
comum internacional), além do CAS (chemical abstract number), que é um número 
universalmente conhecido. O certificado também poderá trazer, se for o caso, a pureza 
do fármaco, assim como diluição, hidratação e especificação para realizar as correções.
1. O fator de equivalência (FEq) é 
utilizado para calcular a massa de 
sal, éster ou substância hidratada 
a ser pesada, quando a dose for 
expressa na forma livre (base), 
anidra ou na forma de outro sal 
ou éster de referência. Qual é a 
massa de fenitoína sódica que 
deve ser utilizada para preparar 
100 mg/cápsula de fenitoína?
Fenitoína — C
15
H
12
N
2
O
2
 — 
Peso molecular: 252,27.
Fenitoína sódica — C
15
H
11
N
2
O
2
Na 
— Peso molecular: 274,26.
a) 90 mg.
b) 100 mg.
c) 109 mg.
d) 180 mg.
e) 217 mg.
2. O teor de pureza fornecido pelo 
certificado de análise do fármaco, 
muitas vezes, deve ser levado 
em consideração no cálculo 
farmacotécnico, para garantir a 
dosagem correta do medicamento. 
Qual é a massa de naproxeno sódico 
necessária para produzir 10 cápsulas 
com 120 mg de naproxeno por 
cápsula, considerando que o teor 
de pureza do fármaco é de 98,1%?
Naproxeno — C
14
H
14
O
3
 — 
Peso molecular: 230,26 g.
Naproxeno sódico — C
14
H
13
NaO
3
 
— Peso molecular: 252,24 g.
a) 0,13 g.
b) 1,29 g.
c) 1,32 g.
d) 1,35 g.
e) 2,24 g.
3. A quantidade de fármaco 
em uma formulação é o que 
determina o efeito farmacológico 
do medicamento. Sendo assim, 
o cálculo correto é essencial. 
Qual é a massa de cloridrato de 
fenilefrina necessária para produzir 
10 cápsulas contendo 4 mg de 
fenilefrina cada, considerando-se o 
teor de 85% (substância anidra)?
Fenilefrina — C
9
H
13
NO
2
 — 
Peso molecular: 167 g.
Cloridrato de fenilefrina — C
9
H
13
NO
2
.
HCI — Peso molecular: 203 g.
a) 5,8 mg.
9Cálculos em farmacotécnica II
.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Manual de equivalência e correção. Brasília: Conselho 
Federal de Farmácia, 2017.
FERREIRA, A. O. Guia prático da farmácia magistral. 2. ed. Juiz de Fora: Pharmabooks, 2005. 
Leituras recomendadas
ANSEL, H. C.; STOKLOSA, M. J. Cálculos farmacêuticos. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A prática farmacêutica na manipulação de medica-
mentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
b) 47 mg.
c) 50 mg.
d) 59 mg.
e) 79 mg.
4. O farmacêutico precisa produzir 
30 cápsulas de gingko biloba 40 
mg. A farmácia possui extrato 
seco de gingko biloba a 24% de 
ginkgolídeos e lactonas. Além 
disso, o certificado de análise desse 
extrato informa que a substância 
de referência está na concentração 
de 90%. Quantos gramas de 
extrato seco de gingko biloba serão 
necessários para essa produção?
a) 0,15 g.
b) 0,45 g.
c) 0,50 g.
d) 4,5 g.
e) 5,0 g.
5. O teor de umidade é um fator 
que influencia na dosagem do 
fármaco e, consequentemente, na 
redução da ação farmacológica 
do medicamento. Portanto, 
quantos gramas de feprazona 
serão necessários para 
produzir 30 cápsulas, contendo 
200 mg do fármaco, sendo 
que a umidade do insumo 
farmacêutico ativo é de 5,3%?
a) 0,21 g.
b) 0,32 g.
c) 2,53 g.
d) 5,68 g.
e) 6,36 g.
Cálculos em farmacotécnica II10
Conteúdo:

Mais conteúdos dessa disciplina