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<p>1</p><p>Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás Professor Ivan Ferreira</p><p>Pires do Rio,______ de ___________________ de 2024.</p><p>Nome:_____________________________________ nº______ 1ª Série:_____</p><p>Professor (a): Me. Rubislei Sabino da Silva</p><p>Componente Curricular: Sociologia</p><p>TECNOLOGIA, TRABALHO E MUDANÇAS SOCIAIS</p><p>As tecnologias transformam as sociedades</p><p>Os séculos XIX e XX foram marcados pela intensificação de invenções e</p><p>transformações tecnológicas que alteraram significativamente o modo de trabalhar, de</p><p>produzir, de viver. A invenção e a popularização do telefone, por exemplo, representaram</p><p>grande avanço nas comunicações. O cinema, impulsionado pelo aperfeiçoamento do</p><p>cinematógrafo pelos irmãos Auguste Lumière (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948) e</p><p>por outras inovações,</p><p>tornou-se um dos</p><p>maiores símbolos do</p><p>entretenimento,</p><p>disseminando gostos,</p><p>valores e hábitos. As</p><p>inovações tecnológicas</p><p>nos sistemas de</p><p>transporte permitiram</p><p>mais rapidez nas</p><p>viagens e a interligação</p><p>dos mercados. Apenas</p><p>63 anos após o</p><p>brasileiro Santos</p><p>Dumont (1873-1932)</p><p>ter criado e testado o avião 14-Bis, o primeiro ser humano pisou na Lua.</p><p>As mudanças aceleradas instituíram a renovação constante de técnicas e tecnologias</p><p>e revolucionaram as relações sociais, as formas de se comunicar, de se deslocar, de curar e</p><p>amenizar a dor, de produzir, de trabalhar, de conhecer e repassar o conhecimento.</p><p>Desde seus primórdios, a humanidade cria e utiliza técnicas e desenvolve um “saber</p><p>fazer” como forma de garantir a sobrevivência. Mas o que é tecnologia? Ciência e tecnologia</p><p>são a mesma coisa? A tecnologia e a ciência não se confundem, mas se intercambiam: a</p><p>tecnologia volta-se para a prática, mas depende do conhecimento produzido pela ciência.</p><p>Por outro lado, a ciência utiliza os produtos da tecnologia para fazer avançar o saber e a ação</p><p>do ser humano sobre si e o ambiente. A origem da palavra tecnologia vem da junção do</p><p>termo técnica, do grego techné, que consiste em ‘saber fazer’, e de logia, do grego logus,</p><p>‘campo de estudo’.</p><p>As tecnologias são formas de conhecimento que podem ser resultado de uma ciência,</p><p>mas com ela não se confundem. A ciência busca a compreensão dos fenômenos a partir de</p><p>problemas e indagações, de elaboração de hipótese, de experimentação e de pesquisa</p><p>embasada em métodos de investigação. Já a tecnologia responde a uma necessidade</p><p>2</p><p>formulada pelos indivíduos, que buscam os meios e os recursos para a sua realização. As</p><p>sociólogas brasileiras Maíra Baumgarten (1954-) e Lorena Holzmann (1942-) definem</p><p>[...] tecnologia como uma atividade socialmente organizada, baseada em planos e de caráter</p><p>essencialmente prático. Compreende, portanto, conjuntos de conhecimentos e informações utilizados na</p><p>produção de bens e serviços, provenientes de fontes diversas, como descobertas científicas e invenções,</p><p>obtida por meio de diversos métodos, a partir de objetivos definidos e com finalidades práticas.</p><p>BAUMGARTEN, Maíra; HOLZMANN, Lorena. Tecnologia. In: CATTANI, Antonio D.; HOLZMANN,</p><p>Lorena. Dicionário de trabalho e tecnologia 2. ed. Porto Alegre: Zouk, 2011. p. 391.</p><p>Em síntese, a tecnologia é o conhecimento que faz aplicação prática da ciência.</p><p>Embora a ciência já fizesse parte do cotidiano da humanidade, foi principalmente a partir</p><p>do século XX que observamos o fenômeno da utilização da ciência de modo instrumental,</p><p>conforme analisou o filósofo Jürgen Habermas. Nos últimos dois séculos, o capitalismo</p><p>utilizou a ciência para alavancar os diversos setores da economia. O fato de o poder</p><p>estabelecido se valer do conhecimento científico para interferir na vida em sociedade é uma</p><p>das explicações para o rápido avanço das tecnologias em todas as dimensões e campos.</p><p>O fato é que tanto a ciência quanto as tecnologias são resultados do trabalho humano</p><p>e, ao mesmo tempo que transformam o mundo material, o cotidiano e as formas de trabalho,</p><p>produzem diversos conflitos e contradições. São essas mudanças nas dimensões do trabalho,</p><p>das inovações tecnológicas e do sistema de produção capitalista que estudaremos.</p><p>Comumente, diante de desafios e problemas enfrentados pelos trabalhadores na</p><p>atualidade (como o desemprego em indústrias que passaram por mecanização, automação e</p><p>robotização do processo produtivo), as tecnologias são apontadas como uma das principais</p><p>vilãs. Mas há outros elementos, talvez até mais importantes, nessa relação. É “como” uma</p><p>determinada sociedade organiza a si mesma, a sua economia e as suas relações de trabalho</p><p>que configura o seu desenvolvimento no conjunto do sistema capitalista. Esse “como” diz</p><p>respeito ao campo da luta política, no qual muitas vezes se opõem trabalhadores e</p><p>empresários na disputa pelas modalidades de realização do trabalho e da regulação dos</p><p>sistemas de proteção.</p><p>Organização do trabalho no século XX</p><p>As crises econômicas, que de tempos em tempos atingem a sociedade capitalista em</p><p>razão da insuficiência do sistema em dar respostas ao processo de acumulação, fazem com</p><p>que empresários, gestores e administradores promovam alterações nas formas de produzir e</p><p>de controlar o trabalho. Foi assim que, durante o século XX, predominou em nossa</p><p>sociedade, ainda que não de modo uniforme, uma forma específica de produção com</p><p>controle sobre o trabalho, denominada fordismo.</p><p>O fordismo se consolidou como um sistema de produção no contexto da crise de 1929</p><p>e da Grande Depressão dos anos 1930, quando o governo norte-americano passou a adotar</p><p>práticas keynesianas, isto é, a intervir na economia e nas relações de trabalho como forma</p><p>de saída da crise capitalista. Mas o fordismo não nasceu nessa crise. Então, em que consiste</p><p>e quais são as suas origens?</p><p>O fordismo consiste em um sistema de produção em massa cuja palavra-chave é</p><p>padronização (tanto das tarefas quanto do produto). Esse sistema, que articula inovações</p><p>técnicas e organizacionais visando a otimização da produção e o consumo em massa, foi</p><p>empregado pelo industrial Henry Ford (1863-1947) em sua fábrica de automóveis, sediada</p><p>em Detroit (Estados Unidos), nas primeiras décadas do século XX. Por meio da criação de</p><p>3</p><p>linhas de montagem, nas quais os operários ficavam parados enquanto as peças se</p><p>movimentavam em esteiras rolantes, cada trabalhador executava apenas uma etapa do</p><p>processo de trabalho.</p><p>Para aumentar a produtividade, o fordismo associou-se ao taylorismo, modo</p><p>extremamente racional de uso do tempo e de movimentos do trabalhador no chão da fábrica.</p><p>O taylorismo foi desenvolvido pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor</p><p>(1865-1915), também com vistas a otimizar a produção.</p><p>Os trabalhadores são treinados para a alta produtividade mediante o uso eficiente do</p><p>tempo, a divisão de atividades, a separação entre concepção e execução das tarefas e a</p><p>economia de movimentos exercidos em cada função. Essa racionalização científica do</p><p>tempo e dos movimentos leva à especialização e à intensificação do ritmo de trabalho,</p><p>visando ao controle dele.</p><p>Associados, o fordismo e o taylorismo constituíram um eficiente sistema de produção</p><p>que se espalhou também para outros setores econômicos, além da indústria. O consagrado</p><p>filme Tempos modernos, de Charles Chaplin, aborda de forma irônica o trabalho de tipo</p><p>fordista-taylorista e suas consequências para os indivíduos.</p><p>Depois de duas grandes guerras e em meio à corrida desenvolvimentista entre as</p><p>potências mundiais, nos anos 1960 e 1970, ocorreram importantes mudanças no âmbito do</p><p>trabalho. Para adaptarem-se às oscilações do mercado, as empresas implantaram um</p><p>conjunto de inovações tecnológicas (derivadas da informática e da robótica) e</p><p>organizacionais, que alteraram a maneira de gerir o trabalho. Mais uma vez, soluções</p><p>produtivas surgiram como resposta a uma crise capitalista, a chamada “crise do petróleo”.</p><p>Dessa vez, o modelo veio do Japão.</p><p>O Japão, que tinha sido arrasado na Segunda Guerra Mundial,</p><p>estava experimentando</p><p>uma nova forma de organização da produção, mais flexível, criada por Taiichi Ohno e</p><p>introduzida na fábrica de veículos Toyota, na década de 1950, que se espalhou para outros</p><p>países do mundo. Nesse modelo de produção, denominado toyotismo (ou modelo japonês),</p><p>a produção é comandada pela demanda do mercado e não trabalha com grandes estoques de</p><p>insumos e de mercadorias.</p><p>A introdução de mais máquinas, equipamentos, programas, processos e novas formas</p><p>de administrar os empregados levou à diminuição geral dos custos, a um maior controle</p><p>sobre os trabalhadores e à redução de mão de obra utilizada. A esse modo de produzir,</p><p>altamente flexível e com economia de recursos, convencionou-se chamar produção enxuta.</p><p>O processo de trabalho tornou-se mais flexível nas empresas que adotaram o toyotismo, no</p><p>seguinte sentido: a mão de obra é multifuncional, ou seja, o trabalhador deve se adequar a</p><p>diferentes funções; há controle visual da produção, com a supervisão de todas as etapas,</p><p>buscando a qualidade do produto final; e a produção é estabelecida segundo a demanda e a</p><p>necessidade de produtos personalizados.</p><p>Para muitos autores o modelo toyotista substituiu o fordismo. No entanto, diversas</p><p>pesquisas realizadas pelos sociólogos do trabalho demonstraram que o fordismo não</p><p>desapareceu. A racionalização da produção, com a adoção de alguns princípios</p><p>característicos do toyotismo, em muitos casos configurou</p><p>sistemas de produção híbridos, fordistas-toyotistas. O fato é que, com essas e outras</p><p>mudanças no âmbito da política, inaugurou-se um tempo de grande flexibilidade não apenas</p><p>4</p><p>na produção, mas também nas relações sociais e do trabalho, nas bases econômicas e</p><p>geográficas, como atesta a dinâmica produtiva das empresas transnacionais .</p><p>A maneira de produzir transitou da rigidez das formas de organização taylorista-</p><p>fordistas, nas quais cada pessoa detinha um posto de trabalho e uma máquina, para a</p><p>flexibilização na produção, no trabalho e nos mercados. Isso não significa que a produção</p><p>fordista tenha desaparecido, mas que essas formas</p><p>de produção podem até coexistir em uma mesma empresa, quando se combinam</p><p>elementos do fordismo, do taylorismo e de sistemas flexíveis de produção.</p><p>Essa reorganização da produção, baseada na inovação de equipamentos, na</p><p>flexibilidade de tempo e de mão de obra, na redução do custo e no controle da qualidade, é</p><p>denominada reestruturação produtiva. Desenvolvida nos países capitalistas centrais nas</p><p>décadas de 1970 e 1980, ela chegou ao Brasil com intensidade nos anos 1990, período</p><p>marcado por ajustes nas relações trabalhistas.</p><p>Nesse contexto, é importante conhecer as alterações que acontecem nas relações de</p><p>trabalho, uma vez que essas se compõem de um conjunto de leis e normas sociais</p><p>reguladoras da compra e venda da força de trabalho e também dos conflitos resultantes.</p><p>O geógrafo britânico David Harvey (1935-) alerta que, nas condições da produção</p><p>capitalista, a socialização do trabalhador envolve o controle social amplo das suas</p><p>capacidades físicas e mentais. O maior controle do trabalho contribui para a acumulação do</p><p>capital, e ele acontece também fora do local de trabalho, estimulando a familiarização do</p><p>trabalhador com os objetivos da empresa e convencendo-o a participar e a cooperar com o</p><p>processo produtivo, estratégias típicas das novas formas de gestão do trabalho. Um exemplo</p><p>desse envolvimento integral com o trabalho são aqueles trabalhadores que, por meio de</p><p>celulares e computadores, permanecem à disposição da empresa além do horário previsto</p><p>em contrato.</p><p>Presente na indústria e nos serviços, a produção flexível acontece por encomenda,</p><p>utiliza técnicas que produzem mais em menos tempo e com menor número de trabalhadores.</p><p>Ela se diferencia tipicamente da produção fordista, que é baseada na produção em massa,</p><p>com altos níveis de estoque e rígido controle sobre o trabalhador. O uso de máquinas</p><p>complexas na agricultura, por exemplo, permitiu o cultivo de extensas áreas rurais, que</p><p>favoreceu a competição na venda mundial de grãos, mas reduziu drasticamente o emprego</p><p>de trabalhadores. Algumas dessas mudanças podem ser vistas no quadro da próxima página,</p><p>no qual são comparadas as principais características dos dois sistemas de produção em</p><p>países de capitalismo avançado, levando em conta o mercado, a produção, a organização do</p><p>trabalho, as inovações técnicas e organizacionais e a estruturação das fábricas.</p><p>Pausa para refletir!</p><p>O que distingue as diferentes épocas econômicas não é o que se faz, mas como, com</p><p>que meios de trabalho se faz. Os meios de trabalho servem para medir o desenvolvimento</p><p>da força humana de trabalho e, além disso, indicam as condições sociais em que se realiza</p><p>o trabalho. Os meios mecânicos, que, em seu conjunto, podem ser chamados de sistema</p><p>ósseo e muscular da produção, ilustram muito mais as características marcantes de uma</p><p>época social de produção que os meios que apenas servem de recipientes da matéria objeto</p><p>de trabalho, e que, em seu conjunto, podem ser denominados sistemas vascular da produção,</p><p>como, por exemplo, tubos, barris, cestos, cântaros etc.</p><p>MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. 28. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,</p><p>2011. Livro 1, v. I, p. 214. (Texto publicado originalmente em 1867.)</p><p>5</p><p>1. O que caracteriza as diferentes épocas econômicas, segundo a visão de Marx?</p><p>2. Pesquise e apresente algumas das tecnologias que mudaram a maneira de produzir</p><p>e trabalhar em</p><p>nosso tempo. Como essas tecnologias têm marcado a nossa época?</p><p>O trabalho no Brasil</p><p>No Brasil, as ideias neoliberais passaram a ter influência nas políticas governamentais</p><p>na década de 1990, inaugurando um novo padrão de desenvolvimento capitalista. Este</p><p>decorre de um conjunto de medidas econômicas, como a redução da atividade econômica</p><p>do Estado (por meio da privatização de empresas estatais), a abertura comercial para outros</p><p>países, a reestruturação das políticas sociais e a desregulamentação financeira e do mercado</p><p>de trabalho. As políticas neoliberais adotadas traduziram-se em leis e medidas favoráveis à</p><p>flexibilização dos contratos de trabalho, dando maior liberdade às empresas para determinar</p><p>as condições de contratação, de remuneração, de utilização e mesmo de demissão do</p><p>trabalhador.</p><p>Esse processo atingiu os trabalhadores brasileiros de maneira contundente. A</p><p>legislação trabalhista brasileira assegura uma série de direitos: carteira de trabalho assinada,</p><p>exames médicos de admissão e demissão, repouso semanal remunerado, salário pago até o</p><p>quinto dia útil do mês, licença-maternidade, aviso prévio de trinta dias (em caso de</p><p>demissão), seguro-desemprego, entre outros. Muitos direitos trabalhistas previstos na</p><p>Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – como 13º salário, descanso semanal</p><p>remunerado, férias, salário-família e outros – se mantêm regulados pelo Estado. A Justiça</p><p>do Trabalho continua a regular e a fiscalizar as relações de trabalho, embora certos direitos</p><p>consagrados já sejam negociados entre empregado e empregador, como é o caso da jornada</p><p>de trabalho, da hora extra e dos salários.</p><p>Sob influência do neoliberalismo, de crises econômicas e do índice de desemprego,</p><p>no entanto, os setores empresariais passaram a acusar o Estado de “excesso de proteção ao</p><p>trabalhador”, entendendo isso como obstáculo para novos negócios.</p><p>Desse modo, em razão da pressão das empresas, na última década do século passado</p><p>e nas primeiras do século XXI, os governos do Brasil e de outros países criaram medidas</p><p>para adequar o trabalho à produção flexível, alterando muitos direitos do trabalhador. Como</p><p>consequência da flexibilização das relações de trabalho, diminuiu a proteção social do</p><p>trabalhador e aumentaram a instabilidade e a insegurança no mercado de trabalho, com</p><p>alterações na previdência social, no auxílio-doença e em outros benefícios. Exemplos de</p><p>flexibilização são a modalidade de contratação</p><p>por prazo determinado e a adoção do sistema</p><p>de compensação de horas extras por meio de uma lei, de 1998, que permite que as horas</p><p>trabalhadas fora do expediente sejam computadas em um banco de horas p ara posterior</p><p>compensação.</p><p>Horas extras e banco de horas</p><p>Pela CLT, as horas trabalhadas além da jornada diária prevista são caracterizadas</p><p>como horas extras. Nessa condição, está previsto o pagamento de 50% a mais do valor</p><p>normal da hora-trabalho de segunda- feira a sábado; aos domingos ou feriados, o acréscimo</p><p>passa a ser de 100%. Para evitar esse pagamento adicional, as empresas computam essas</p><p>horas a mais para serem compensadas na forma de folgas, nos momentos de queda da</p><p>produção. É um modo de estender a jornada de trabalho quando cresce a demanda e de</p><p>6</p><p>diminuí-la em épocas de pouco movimento, expondo os trabalhadores às chamadas forças</p><p>do mercado.</p><p>As mudanças decorrentes das políticas neoliberais dificultaram o processo de</p><p>conquista e ampliação dos direitos trabalhistas. Para algumas categorias de trabalhadores,</p><p>no entanto, as conquistas se ampliaram ou ocorreram somente em período recente. No</p><p>Brasil, podemos citar, entre outros avanços, a criação de um piso salarial nacional para os</p><p>docentes e o incentivo à formalização de trabalhadores autônomos por meio da categoria</p><p>MEI (Microempreendedor Individual). O registro dos trabalhadores, antes informais, como</p><p>microempreendedores individuais lhes garante o acesso a benefícios trabalhistas como</p><p>aposentadoria e auxílio--doença sem que tenham todas as despesas de uma microempresa</p><p>padrão. Também foi aprovada a lei que regulamenta o trabalho doméstico, considerada um</p><p>avanço importante para milhões de trabalhadores que, até então, não usufruíam os mesmos</p><p>direitos dos demais. A nova lei, que entrou em vigor em 2015, estendeu a eles direitos como</p><p>Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), salário-família, adicional noturno,</p><p>seguro-desemprego, entre outros</p><p>Pesquise!</p><p>Faça uma pesquisa na internet, em jornais e revistas sobre como foi regulamentado o</p><p>trabalho de empregados domésticos no Brasil. Informe-se sobre o conteúdo da lei, no que</p><p>se refere aos direitos e obrigações, e procure notícias que mostrem argumentos a favor e</p><p>contra essa regulamentação no contexto em que ela foi aprovada. Explique o significado</p><p>dessa conquista para uma parcela desses trabalhadores, que viviam na informalidade. Ao</p><p>final, exponha sua opinião a respeito do assunto .</p><p>A terceirização do trabalho</p><p>Terceirização é o processo mediante o qual uma empresa transfere a responsabilidade</p><p>de parte ou todos os serviços ou atividades produtivas para uma empresa “terceira”. Essas</p><p>atividades podem ser feitas no interior da empresa contratante ou fora dela. Trata-se de uma</p><p>das formas de flexibilização do trabalho e da contratação.</p><p>Em 2015, houve no Brasil intensas mobilizações dos trabalhadores e suas centrais</p><p>sindicais contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) 4.330/2004. Tratava-se de um projeto</p><p>de regulamentação da terceirização, até então restrita a atividades-meio, que permitia a</p><p>terceirização de empregados e serviços também para as atividades-fim, isto é, para todas as</p><p>atividades de uma empresa.</p><p>Os debates que se seguiram giravam em torno das vantagens e das desvantagens para</p><p>os trabalhadores e para as empresas. Entre os argumentos contrários fundamentados em</p><p>pesquisas e defendidos pela maior parte das centrais sindicais, dos sociólogos e dos</p><p>estudiosos do trabalho, destacava-se a precarização do trabalhador na condição de</p><p>terceirizado. Os estudos sobre a terceirização revelam que os terceirizados são menos</p><p>escolarizados, tendem a trabalhar mais horas e a receber menores salários do que os</p><p>contratados diretos, mesmo para funções semelhantes. Outra característica do setor é a</p><p>elevada rotatividade e uma maior dificuldade de organização sindical, uma vez que os</p><p>trabalhadores de uma mesma empresa podem estar vinculados a muitos sindicatos</p><p>diferentes.</p><p>Implicações da terceirização</p><p>Em geral, as empresas terceirizadas assumem funções auxiliares nas empresas</p><p>contratantes, como limpeza, segurança, cozinha, transporte, ou fornecem componentes</p><p>7</p><p>prontos (por exemplo, peças ou sistemas para uma indústria automotiva). Muitas vezes,</p><p>porém, há a terceirização da atividade-fim, ou seja, a atividade fundamental da empresa</p><p>contratante. É o que acontece, como exemplifica o sociólogo brasileiro Sandro Ruduit</p><p>Garcia (1976-), quando uma empresa prestadora de serviços de telecomunicações transfere</p><p>para outras empresas as tarefas de instalação de terminais telefônicos.</p><p>Reflexo da pressão, cada vez maior no capitalismo contemporâneo, pela redução de</p><p>gastos e aumento de lucros, a terceirização contribui para a precarização das condições de</p><p>trabalho e de salários.</p><p>Em alguns casos, as empresas terceirizadas oferecem salários abaixo da média a seus</p><p>funcionários, a fim de tornarem-se competitivas e de serem contratadas por outras empresas.</p><p>Em outros, para dar contornos de legalidade ao trabalho de indivíduos sem regist ro, as</p><p>contratantes exigem que o trabalhador faça seu registro como uma micro-empresa para, em</p><p>seguida, contratá-lo como pessoa jurídica. Nesses casos, além de ficar desprovido dos</p><p>direitos trabalhistas, o trabalhador precisa arcar com os encargos tributários e outras</p><p>despesas de manutenção de uma empresa.</p><p>Apesar dessas condições desfavoráveis para os trabalhadores terceirizados, boa parte</p><p>do empresariado e dos parlamentares e alguns estudiosos da economia do trabalho viram na</p><p>regulamentação da terceirização medida necessária para melhorar a competitividade dos</p><p>produtos brasileiros no mercado internacional e uma forma de modernizar a legislação</p><p>brasileira.</p><p>E você, o que pensa sobre a terceirização? Você conhece alguém da sua família e/ou</p><p>tem amigos que trabalham em uma empresa terceirizada? Converse com eles a respeito e</p><p>veja o que pensam da condição deles.</p><p>A tendência a flexibilizar a produção, o trabalho e os produtos perpassam todas as</p><p>esferas da sociedade e a própria vida dos indivíduos, do mercado de trabalho aos padrões de</p><p>consumo, analisa o filósofo austro-francês André Gorz (1923-2007). Com o intuito de</p><p>atingir outros mercados, surgem novos setores de produção, e as empresas intensificam os</p><p>investimentos em inovações comerciais, tecnológicas, mercadológicas e organizacionais.</p><p>Esses são aspectos fundamentais do fenômeno que o geógrafo britânico David Harvey</p><p>(1935-) denomina acumulação flexível.</p><p>As condições de trabalho tornam-se precárias em razão da redução do número de</p><p>trabalhadores contratados e de sua incorporação como terceirizados à cadeia produtiva –</p><p>nome dado ao conjunto de unidades que atuam de forma integrada na produção, distribuição</p><p>e comercialização das mercadorias. De modo geral, os trabalhadores flexíveis têm menor</p><p>remuneração e os empresários se desobrigam de alguns encargos sociais, contratando-os</p><p>sem proteção nem garantias de estabilidade no cargo ou assistência social. Os estagiários</p><p>exemplificam esses trabalhadores que podem ser dispensados mais facilmente pelas</p><p>empresas, que os contratam, muitas vezes, em substituição a trabalhadores efetivos com</p><p>melhores condições salariais.</p><p>Novo perfil do trabalhador</p><p>Na atualidade, os trabalhadores não se dedicam apenas a realizar as tarefas que lhes</p><p>cabem diretamente. Muitos deles também se ocupam com a manutenção dos equipamentos</p><p>que usam para trabalhar, observam as metas estabelecidas pela empresa, assumindo o</p><p>compromisso de concretizá-las, cooperam com os colegas da equipe e são corresponsáveis</p><p>8</p><p>pela qualidade final do produto, cujo controle se inicia já na concepção do processo de</p><p>produção.</p><p>Para atender a esses requisitos, o mercado de trabalho tende a valorizar um novo perfil</p><p>de trabalhador. São-lhe cobradas habilidades como trabalhar bem em equipe, adaptar-se</p><p>facilmente às mudanças, ser criativo, mostrar empenho e iniciativa para resolver</p><p>imprevistos,</p><p>acompanhar as mudanças na produção de bens e na prestação de serviços.</p><p>Nesse contexto, as exigências das empresas quanto à formação dos profissionais</p><p>aumentaram, e a preferência recai sobre profissionais com conhecimentos de informática e</p><p>domínio de língua estrangeira. Para alguns tipos de trabalho é exigida formação superior. A</p><p>busca de qualificação e de formação permanentes é até incentivada pelas empresas, que</p><p>selecionam trabalhadores com mais credenciais, ainda que o cargo ou função não necessite</p><p>disso. É comum a busca de jovens talentos para profissões de nível universitário em seleções</p><p>de estagiários e na contratação de trainees, profissionais formados que passam por</p><p>“aprendizado em serviço”, concorrendo com os efetivos em busca de vagas.</p><p>Com o objetivo de aumentar a produção, as empresas adotam programas como</p><p>sistemas de controle de qualidade, de melhoria contínua e treinamentos comportamentais,</p><p>que favorecem o trabalho em equipe e o cumprimento de metas corporativas. Durante esses</p><p>programas e treinamentos, os trabalhadores dão sugestões, testam suas habilidades e</p><p>realizam projetos, são convocados a aderir às estratégias mercadológicas da empresa e a</p><p>assumir seu encargo como missão. Na prática, isso faz com que os trabalhadores precisem</p><p>desempenhar várias tarefas: o bancário, por exemplo, que antes era operador de caixa, agora</p><p>também vende seguros, títulos e produtos financeiros. Para essas tarefas, são exigidas</p><p>habilidades de venda, capacidade de gerenciamento, compreensão do mercado financeiro e</p><p>aptidão para oferecer atendimento personalizado, além do cumprimento de metas.</p><p>Em razão das estratégias flexíveis de trabalho utilizadas pelas empresas, o funcionário</p><p>precisa desenvolver novas competências, qualificar-se constantemente, estar física e</p><p>emocionalmente saudável e engajar-se nos objetivos da organização. Reforça-se, assim, a</p><p>chamada individualização no trabalho, processo que transfere para o trabalhador a</p><p>responsabilidade de manter-se, nas situações mais adversas, empregado.</p><p>Precarização do trabalho</p><p>A precarização do trabalho significa, entre outras coisas, instabilidade em suas</p><p>condições gerais e mudanças na atividade laboral, como ritmos intensificados, aumento da</p><p>jornada diária, situações física e psicologicamente extenuantes para o trabalhador. Também</p><p>caracteriza o trabalho precário a introdução de novas regras salariais, como a remuneração</p><p>variável, que combina um salário fixo e um ganho extra variável, de acordo com a</p><p>produtividade alcançada. Há ainda as alterações contratuais que, ao facilitarem os trâmites</p><p>e a burocracia para a demissão de empregados, como é o caso dos chamados temporários,</p><p>aumentam a sensação de insegurança no trabalhador.</p><p>Os sociólogos franceses Luc Boltanski (1940-) e Ève Chiapello (1965-), em sua obra</p><p>O novo espírito do capitalismo (2009), afirmam que a nova política de contratação e as</p><p>novas organizações da estrutura empresarial (que é global) permitem que o empregador, ao</p><p>subcontratar a mão de obra, possa ocultar que é o empregador. É o caso de grandes empresas</p><p>norte-americanas de celulares que transferiram sua produção para empresas fornecedoras na</p><p>China. Os estudos sobre o trabalho nessas fábricas demonstram a precariedade do trabalho</p><p>9</p><p>e das condições em que são produzidos modernos celulares, computadores e outros tipos de</p><p>eletrônico.</p><p>A forma de emprego padrão, isto é, aquele cujas relações de trabalho são regidas por</p><p>contratos por tempo indeterminado, em tempo integral, que cobrem os riscos e têm</p><p>garantias, é evitada pelo capital. Isso leva ao aumento de:</p><p>• contratos temporários, que desobrigam o pagamento de indenizações em caso de</p><p>demissão;</p><p>• formas intermitentes de pagamentos de salários que possibilitam o trabalho por</p><p>tempo alocado, como a contratação por hora, situação que leva o trabalhador a receber</p><p>apenas quando é chamado;</p><p>• formas de trabalho análogas à escravidão, com trabalhadores exercendo atividades</p><p>sem remuneração ou condições básicas de segurança, alimentação e alojamento;</p><p>• informalidade, cuja condição do trabalhador sem registro em carteira gera</p><p>insegurança, descontinuidade do emprego, ausência de garantias, baixa proteção jurídico-</p><p>legal e semiclandestinidade na execução do trabalho.</p><p>A informalidade, o trabalho por conta própria e/ou autônomo são formas precárias de</p><p>inserção no mercado de trabalho com raízes históricas no Brasil. Reflita sobre as</p><p>consequências dessas condições de trabalho para a classe trabalhadora, entendida aqui como</p><p>a que depende da venda (ou do aluguel) de sua força de trabalho para sobreviver.</p><p>Tecnologias da informação e comunicação</p><p>Ao conjunto de mudanças próprias da reestruturação produtiva, somaram-se os</p><p>avanços da informatização e automatização ocasionados pela criação e propagação de</p><p>computadores e da internet. Boa parte de nós já entrou em um site de compras virtual e</p><p>efetuou as compras sem sair de casa, por exemplo. Isso é possível graças às tecnologias</p><p>informacionais (computadores, softwares, internet).</p><p>A revolução microeletrônica possibilitou a informatização do controle da produção,</p><p>a agilização da comunicação, das compras e do fluxo financeiro, além da gestão planejada</p><p>de todos os recursos, incluindo o chamado “recurso humano”. A informatização do trabalho</p><p>transformou as atividades diárias, fazendo com que um mesmo funcionário concentre mais</p><p>tarefas, por exemplo.</p><p>O uso desses sistemas tecnológicos integrados permite controlar a produção com</p><p>acelerada comunicação e transferência de dados em tempo real.</p><p>A comunicação on-line também permite que o capital seja investido e transferido para</p><p>qualquer parte do mundo instantaneamente, o que o torna mais volátil. Tal cenário,</p><p>denominado financeirização do capital, indica que o capital financeiro exerce um papel</p><p>supervalorizado na sociedade contemporânea: ele movimenta os negócios e gera riquezas,</p><p>sem necessariamente aumentar a produção de bens. Os países dependentes dos capitais de</p><p>caráter volátil e especulativo mantêm-se mais vulneráveis às crises econômicas e seus</p><p>consequentes efeitos negativos.</p><p>Mudanças e novas configurações do trabalho</p><p>O controle do tempo de trabalho agora está incorporado aos equipamentos e às</p><p>máquinas, nas empresas e fora delas. Os trabalhadores podem ser chamados a qualquer</p><p>momento para tarefas de emergência, disponibilizando seu tempo livre para o trabalho. Essa</p><p>10</p><p>nova modalidade emergiu com o advento dos computadores e da internet e a popularização</p><p>das linhas telefônicas móveis: é o teletrabalho.</p><p>A ideia de trabalho eletrônico a distância data dos anos 1970, quando a crise do</p><p>petróleo impôs a necessidade de economizar combustível e a preocupação com os</p><p>deslocamentos para o local da empresa. O teletrabalho era apresentado com as vantagens de</p><p>maior convivência familiar.</p><p>Por demandar competências específicas do trabalhador, alterações nas formas</p><p>contratuais, no horário e no tempo de trabalho, e não apenas no local, o teletrabalho</p><p>apresenta-se como a flexibilização por excelência, sobretudo do vínculo do emprego e de</p><p>suas garantias. Diversas pesquisas analisam as vantagens e as desvantagens dessas “novas”</p><p>formas de trabalho.</p><p>As tecnologias informacionais favoreceram novas formatações de empresas em seu</p><p>intento de reduzir custos com mão de obra, transferindo a produção para outros tipos de</p><p>empresa.</p><p>Em grandes polos de produção de vestuário no Brasil, por exemplo, multiplica-se a</p><p>terceirização por meio do trabalho em domicílio, aquele realizado na casa do trabalhador e</p><p>cuja remuneração é por peça ou por lote. Se o trabalhador adoece e não consegue trabalhar,</p><p>está à margem da proteção. Esse tipo de prática pela indústria de vestimentas e acessórios</p><p>pode dar espaço à utilização de mão de obra de diversos membros da família, inclusive</p><p>crianças, nessas pequenas empresas. Esse, contudo, não é o único setor com esse tipo de</p><p>trabalho.</p><p>Os direitos dos trabalhadores,</p><p>conquistados pelas lutas sociais, visaram assegurar</p><p>regras trabalhistas para conter a exploração do trabalhador. São conquistas quanto à</p><p>segurança, à possibilidade de fazer carreira, de receber salários fixos ao final do mês.</p><p>Acontece que esse processo se interrompeu nos anos 1970, por meio de políticas neoliberais</p><p>que tentaram desconstruir os direitos do trabalhador e flexibilizar as práticas do trabalho,</p><p>como resposta à série de crises que acabaram com a chamada “era dourada” do capitalismo,</p><p>em curso desde 1945. Isso, somado ao processo de reorganização das empresas, que</p><p>buscaram transferir a produção para novas fronteiras do trabalho, como a China e outros</p><p>países de baixo custo de mão de obra, contribuiu para o aumento de formas de trabalho</p><p>precário e que contrariam direitos humanos e as normas constitucionais. São exemplos disso</p><p>o trabalho forçado, o trabalho infantil, as condições insalubres de trabalho, entre outros.</p><p>O geógrafo britânico David Harvey, em seu livro O novo imperialismo, destaca que</p><p>vivemos hoje um regime de acumulação por espoliação. Esse processo inclui a expropriação</p><p>de terras de populações pobres e a privatização de bens públicos, um processo histórico</p><p>antigo que tem se atualizado como forma de acumulação do capital, e, por fim, a espoliação</p><p>dos direitos da classe trabalhadora.</p><p>O trabalho no meio rural</p><p>No Brasil, segundo o Censo Demográfico, em 2010, a população brasileira era de 190</p><p>milhões de pessoas. Destes, cerca de 30 milhões estavam no campo, ou seja, em torno de</p><p>15,6% da população total do país. Desse total, 70,2% (9,8 milhões) são homens e 29,8%</p><p>(4,1 milhões) são mulheres. De acordo com os dados da Pnad/IBGE, de 2013, a força de</p><p>trabalho ocupada no meio rural (com 10 anos ou mais de idade) era de 13,9 milhões de</p><p>trabalhadores, ou seja, 14,5% do total da mão de obra ocupada.</p><p>11</p><p>Não se pode falar que haja no campo uma condição homogênea de trabalho. Pelo</p><p>contrário, são variadas as formas de inserção ocupacional e de relação com a terra. Vejamos</p><p>algumas delas: posseiros (ocupam terras do governo, de indígenas e outros), parceiros</p><p>(acordos entre trabalhadores e proprietários para produção), pequenos proprietários</p><p>(pequenos produtores, em geral de base familiar), arrendatários (alugam a terra),</p><p>assalariados permanentes (com prazo indeterminado), assalariados temporários (sazonal,</p><p>empreitadas, boias-frias), não remunerados (geralmente o grupo familiar).</p><p>Também no campo dissemina-se a introdução de maquinaria e avançadas tecnologias,</p><p>influenciando a produção. No período recente, o modelo de produção agrícola conduzido</p><p>pelo agronegócio vem marcando o desenvolvimento rural do Brasil. Você já deve ter ouvido</p><p>falar dos problemas do campo, dos trabalhadores rurais, dos trabalhadores sem-terra. O</p><p>campo também é palco das contradições do capitalismo, que assalaria e contrata de modo</p><p>precário, explora a força de trabalho que vive no meio rural ou a que vai ao campo na época</p><p>da colheita. É o caso dos trabalhadores que migram para as lavouras de cana-de-açúcar no</p><p>Sudeste brasileiro, por exemplo. O segmento da agricultura familiar merece destaque pelo</p><p>modo de vida e pelas relações que estabelece com a sociedade, mas principalmente por</p><p>produzir a maior parte dos alimentos consumidos no país .</p><p>Agricultura familiar no Brasil</p><p>Principal responsável pela comida que chega às mesas das famílias brasileiras, a</p><p>agricultura familiar responde por cerca de 70% dos alimentos consumidos em todo o País.</p><p>O Dia Internacional da Agricultura Familiar é comemorado neste 25 de julho com a</p><p>consolidação dos avanços promovidos pelas políticas públicas integradas de fortalecimento</p><p>do setor, intensificadas na última década. [...] O pequeno agricultor ocupa hoje papel</p><p>decisivo na cadeia produtiva que abastece o mercado brasileiro: mandioca (87%), feijão</p><p>(70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho (46%) são alguns grupos</p><p>de alimentos com forte presença da agricultura familiar na produção. [...] Com melhores</p><p>condições de crédito e a ampliação de mercado por meio de programas como o de aquisição</p><p>de alimentos, a agricultura familiar segue estruturada e com investimentos crescentes.</p><p>Fonte: Araújo, Silvia Maria de et.al. Sociologia: volume único: ensino médio. São</p><p>Paulo: Scipione, 2016.</p>