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<p>1</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>BELO HORIZONTE / MG</p><p>2</p><p>SUMÁRIO</p><p>INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3</p><p>O QUE É ÉTICA? .................................................................................................................. 4</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO ....................................................................................................... 11</p><p>RELAÇÕES HUMANAS, TRABALHO EM EQUIPE, QUALIDADE NO ATENDIMENTO</p><p>PÚBLICO ............................................................................................................................. 15</p><p>REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ............................................................... 16</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>3</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Sejam bem vindos ao módulo de Ética,</p><p>que compõe os cursos oferecidos pelo Instituto</p><p>Pedagógico de Minas Gerais.</p><p>Nos esforçamos para oferecer um</p><p>material condizente com a graduação daqueles</p><p>que se candidataram a esta especialização,</p><p>procurando referências atualizadas, embora</p><p>saibamos que os clássicos são indispensáveis ao</p><p>curso.</p><p>As ideias aqui expostas, como não</p><p>poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal,</p><p>opiniões e bases intelectuais fundamentam o</p><p>trabalho dos diversos institutos educacionais,</p><p>mas deixamos claro que não há intenção de fazer</p><p>apologia a esta ou aquela vertente, estamos</p><p>cientes e primamos pelo conhecimento científico,</p><p>testado e provado pelos pesquisadores.</p><p>Não obstante, o curso tenha objetivos</p><p>claros, positivos e específicos, nos colocamos</p><p>abertos para críticas e para opiniões, pois temos</p><p>consciência que nada está pronto e acabado e</p><p>com certeza críticas e opiniões só irão</p><p>acrescentar e melhorar nosso trabalho.</p><p>Como os cursos baseados na</p><p>Metodologia da Educação a Distância, vocês são</p><p>livres para estudar da melhor forma que possam</p><p>organizar-se, lembrando que: aprender sempre,</p><p>refletir sobre a própria experiência se somam e</p><p>que a educação é demasiado importante para</p><p>nossa formação e, por conseguinte, para a</p><p>formação dos nossos/ seus alunos.</p><p>Deste modo, a apostila em questão traz os</p><p>seguintes conteúdos:</p><p>Ética:</p><p>origens, definições, o pensamento dos filósofos,</p><p>valores éticos. Ética na educação, pela ótica dos</p><p>parâmetros curriculares nacionais, os</p><p>pressupostos vinculados à ética e as relações</p><p>humanas, o trabalho em equipe e a qualidade no</p><p>atendimento público.</p><p>O módulo tem como objetivo geral levar</p><p>o profissional a perceber que a ética permeia todo</p><p>a vida do sujeito, quer seja no ambiente pessoal</p><p>quanto profissional.</p><p>Trata-se de uma reunião do pensamento</p><p>de vários autores que entendemos serem os mais</p><p>importantes para a disciplina.</p><p>Para maior interação com o aluno</p><p>deixamos de lado algumas regras de redação</p><p>científica, mas nem por isso o trabalho deixa de</p><p>ser científico.</p><p>Desejamos a todos uma boa leitura e</p><p>caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila</p><p>encontrarão nas referências consultadas e</p><p>utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar</p><p>os conhecimentos.</p><p>INFERÊNCIAS INICIAIS...</p><p>A Ética é a ciência da verdade; não existe</p><p>uma ética da mentira, nem a meia ética e ambas,</p><p>ética e verdade são a essência da consciência</p><p>humana. Ninguém lhes pode ser indiferente.</p><p>A omissão da consciência é tão dolorosa</p><p>que o homem, quando não consegue seguir seus</p><p>ditamos, inventa simulacros de ética e de</p><p>verdade. Cria caricaturas da ética, sacrificando a</p><p>verdade por meio de retóricas ideológicas, assim,</p><p>prevalecem as exteriorizações que nada mais</p><p>são do que a relativização da ética, que</p><p>corresponde à elasticidade da consciência.</p><p>A ética e a verdade, por habitarem a</p><p>consciência, vêm de dentro, têm a ver com o ser:</p><p>ou é ou não se é! (MATOS, 2008).</p><p>A ética é o fundamento da sociedade!</p><p>Não há possibilidade de vida social sem</p><p>que haja observância de princípios éticos.</p><p>A sociedade apoia-se em três conceitos, seus</p><p>pilares éticos:</p><p>1. É essencial que ela seja justa –</p><p>que haja oportunidade para todos;</p><p>2. É essencial que ela seja livre –</p><p>que a vontade educada torne a liberdade</p><p>responsável;</p><p>3. É vital que ela seja solidária –</p><p>que haja compromisso com o bem pessoal e o</p><p>bem comum.</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>4</p><p>Ética da simulação ou meia-ética são</p><p>mentiras inteiras que não resistem à verdade, no</p><p>tempo, mas estão ai camufladas no meio social e</p><p>nosso interesse é justamente levá-los a refletir</p><p>que o compromisso com a sociedade, o respeito</p><p>à dignidade humana passam necessariamente</p><p>pela ética, onde quer que esteja o profissional, na</p><p>educação, nos serviços de saúde, na</p><p>administração pública, no meio empresarial, ele</p><p>deve permear seu viver na ética.</p><p>Para que sejam cumpridas as funções</p><p>básicas da sociedade, são imprescindíveis</p><p>desenvolverem-se, igualmente, três</p><p>capacidades, eminentemente éticas:</p><p> Liderança integrada – não</p><p>basta que haja líderes, eles devem estar</p><p>integrados por verdades comuns;</p><p> Organização flexível – que as</p><p>estruturas estimulem a participação, a</p><p>criatividade, a descentralização e a delegação de</p><p>autoridade;</p><p> Visão e ação estratégicas –</p><p>que se desenvolva simultaneamente a percepção</p><p>diagnóstica (saber o que está acontecendo) e o</p><p>pensamento estratégico (saber definir cenários</p><p>do porvir e tomar decisões eficazes) (MATOS,</p><p>2008).</p><p>O QUE É ÉTICA?</p><p>Desde suas origens entre os filósofos da</p><p>antiga Grécia, a Ética é um tipo de saber</p><p>normativo, isto é, um saber que pretende orientar</p><p>as ações dos seres humanos. A moral também é</p><p>um saber que oferece orientações para a ação,</p><p>mas enquanto ela propõe ações concretas em</p><p>casos concretos, a Ética – como Filosofia moral –</p><p>remonta à reflexão sobre as diferentes morais e</p><p>as diferentes maneiras de justificar racionalmente</p><p>a vida moral, de modo que sua maneira de</p><p>orientar a ação é indireta: no máximo, pode</p><p>indicar qual concepção moral é mais razoável</p><p>para que, a partir dela, possamos orientar nossos</p><p>comportamentos (CORTINA; MARTÍNEZ, 2009).</p><p>Portanto, em princípio, a Filosofia moral</p><p>ou Ética não tem motivos para ter uma incidência</p><p>imediata na vida cotidiana, pois seu objetivo</p><p>último é esclarecer reflexivamente o campo da</p><p>moral. No entanto, esse esclarecimento,</p><p>certamente pode servir de modo indireto como</p><p>orientação moral para os que pretendam agir</p><p>racionalmente no conjunto da sua vida.</p><p>1.1 Origens</p><p>Ética é uma palavra de origem grega,</p><p>com duas origens possíveis. A primeira é a</p><p>palavra grega éthos, com e curto, que pode ser</p><p>traduzida por costume, a segunda também se</p><p>escreve éthos, porém com e longo, que significa</p><p>propriedade do caráter. A primeira é a que serviu</p><p>de base para a tradução latina Moral, enquanto</p><p>que a segunda é a que, de alguma forma, orienta</p><p>a utilização atual que damos a palavra Ética</p><p>(GOLDIM, 2000).</p><p>Ética é a investigação geral sobre aquilo que é</p><p>bom.</p><p>Ética significa modo de ser, caráter,</p><p>comportamento. É o ramo da filosofia que busca</p><p>estudar e indicar o melhor modo de viver no</p><p>cotidiano e na sociedade. Diferencia-se da moral,</p><p>pois enquanto esta se fundamenta na obediência</p><p>a normas, tabus, costumes ou mandamentos</p><p>culturais,</p><p>hierárquicos ou religiosos recebidos, a</p><p>ética, ao contrário, busca fundamentar o bom</p><p>modo de viver pelo pensamento humano.</p><p>Na filosofia clássica, a ética não se</p><p>resume ao estudo da moral (entendida como</p><p>“costume”, do latim mos, mores), mas a todo o</p><p>campo do conhecimento que não é abrangido na</p><p>física, metafísica, estética, na lógica e nem na</p><p>retórica.</p><p>Assim, a ética abrangia os campos que</p><p>atualmente são denominados antropologia,</p><p>psicologia, sociologia, economia, pedagogia,</p><p>educação física e até mesmo política, em suma,</p><p>campos direta ou indiretamente ligados a</p><p>maneiras de viver.</p><p>Porém, com a crescente</p><p>profissionalização e especialização do</p><p>conhecimento que se seguiu à revolução</p><p>industrial, a maioria dos campos que eram objeto</p><p>de estudo da filosofia, particularmente da ética,</p><p>foram estabelecidos como disciplinas científicas</p><p>independentes. Deste modo, é comum que</p><p>atualmente a ética seja definida como “a área da</p><p>filosofia que se ocupa do estudo das normas</p><p>morais nas sociedades humanas” e busca</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>5</p><p>explicar e justificar os costumes de um</p><p>determinado agrupamento humano, bem como</p><p>fornecer subsídios para a solução de seus</p><p>dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode</p><p>ser definida como a ciência que estuda a conduta</p><p>humana e a moral é a qualidade desta conduta,</p><p>quando julga- se do ponto de vista do Bem e do</p><p>Mal.</p><p>A ética também não deve ser confundida</p><p>com a lei, embora com certa frequência a lei</p><p>tenha como base princípios éticos. Ao contrário</p><p>do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode</p><p>ser compelido, pelo Estado ou por outros</p><p>indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem</p><p>sofrer qualquer sanção pela desobediência a</p><p>estas; por outro lado, a lei pode ser omissa</p><p>quanto a questões abrangidas no escopo da</p><p>ética.</p><p>Modernamente, a maioria das profissões</p><p>tem o seu próprio código de ética profissional,</p><p>que é um conjunto de normas de cumprimento</p><p>obrigatório, derivadas da ética, frequentemente</p><p>incorporados à lei pública. Nesses casos, os</p><p>princípios éticos passam a ter força de lei; note-</p><p>se que, mesmo nos casos em que esses códigos</p><p>não estão incorporados à lei, seu estudo tem alta</p><p>probabilidade de exercer influência, por exemplo,</p><p>em julgamentos nos quais se discutam fatos</p><p>relativos à conduta profissional. Ademais, o seu</p><p>não cumprimento pode resultar em sanções</p><p>executadas pela sociedade profissional, como</p><p>censura pública e suspensão temporária ou</p><p>definitiva do direito de exercer a profissão.</p><p>A Ética tem por objetivo facilitar a</p><p>realização das pessoas. Que o ser humano</p><p>chegue a realizar-se a si mesmo como tal, isto é,</p><p>como pessoa. (...) A Ética se ocupa e pretende a</p><p>perfeição do ser humano.</p><p>Ética existe em todas as sociedades</p><p>humanas, e, talvez, mesmo entre nossos</p><p>parentes não humanos mais próximos. Podemos</p><p>abandonar o pressuposto de que a Ética é</p><p>unicamente humana.</p><p>A Ética pode ser um conjunto de regras,</p><p>princípios ou maneiras de pensar que guiam, ou</p><p>chamam a si a autoridade de guiar, as ações de</p><p>um grupo em particular (moralidade), ou é o</p><p>estudo sistemático da argumentação sobre como</p><p>nós devemos agir (filosofia moral).</p><p>É extremamente importante saber</p><p>diferenciar a Ética da Moral e do Direito. Estas</p><p>três áreas de conhecimento se distinguem,</p><p>porém têm grandes vínculos e até mesmo</p><p>sobreposições (GOLDIM, 2003).</p><p>Tanto a Moral como o Direito baseiam-se</p><p>em regras que visam estabelecer uma certa</p><p>previsibilidade para as ações humanas. Ambas,</p><p>porém, se diferenciam.</p><p>A Moral estabelece regras que são</p><p>assumidas pela pessoa, como uma forma de</p><p>garantir o seu bem-viver. A Moral independe das</p><p>fronteiras geográficas e garante uma identidade</p><p>entre pessoas que sequer se conhecem, mas</p><p>utilizam este mesmo referencial moral comum.</p><p>O Direito busca estabelecer o</p><p>regramento de uma sociedade delimitada pelas</p><p>fronteiras do Estado. As leis tem uma base</p><p>territorial, elas valem apenas para aquela área</p><p>geográfica onde uma determinada população ou</p><p>seus delegados vivem. O Direito Civil, que é</p><p>referencial utilizado no Brasil, baseia-se na lei</p><p>escrita. A Common Law, dos países anglo-</p><p>saxões, baseia-se na jurisprudência. As</p><p>sentenças dadas para cada caso em particular</p><p>podem servir de base para a argumentação de</p><p>novos casos. O Direito Civil é mais estático e a</p><p>Common Law mais dinâmica.</p><p>Alguns autores afirmam que o Direito é</p><p>um sub-conjunto da Moral. Esta perspectiva pode</p><p>gerar a conclusão de que toda a lei é moralmente</p><p>aceitável. Inúmeras situações demonstram a</p><p>existência de conflitos entre a Moral e o Direito. A</p><p>desobediência civil ocorre quando argumentos</p><p>morais impedem que uma pessoa acate uma</p><p>determinada lei. Este é um exemplo de que a</p><p>Moral e o Direito, apesar de referirem-se a uma</p><p>mesma sociedade, podem ter perspectivas</p><p>discordantes.</p><p>Sintetizando: A Ética é o estudo geral do</p><p>que é bom ou mau. Um dos objetivos da Ética é</p><p>a busca de justificativas para as regras propostas</p><p>pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de</p><p>ambos - Moral e Direito - pois não estabelece</p><p>regras.</p><p>Esta reflexão sobre a ação humana é</p><p>que a caracteriza (GOLDIM, 2003).</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>6</p><p>1.2 Definições</p><p>Ético (ethos): disciplina filosófica que</p><p>estuda o valor das condutas humanas, seus</p><p>motivos e finalidades. Reflexão sobre os valores</p><p>e justificativas morais, aquilo que se considera o</p><p>bem.</p><p>Análise da capacidade humana de</p><p>escolher, ser livre e responsável por sua conduta</p><p>entre os demais. Para alguns autores, o mesmo</p><p>que moral (MARTINS, 2002).</p><p>Anti-ético: contra uma ética</p><p>estabelecida ou contra a ideia (da ética) de</p><p>estabelecer o que devemos fazer ou quem</p><p>queremos ser levando os outros em</p><p>consideração. Muitas vezes, o antiético têm</p><p>ideias éticas próprias.</p><p>Aético: sem ética, mas não contra uma ou outra</p><p>ética.</p><p>Para o Professor de Filosofia Alfredo de</p><p>Oliveira Moraes (2000) o termo ética provém de</p><p>outro, mais especificamente de ethos, o qual por</p><p>sua vez corresponde, em nosso idioma, a uma</p><p>transliteração dos dois vocábulos gregos, sejam:</p><p>ethos com eta inicial cuja raiz semântica remete</p><p>ao significado de morada do homem, sendo o</p><p>ethos designativo da casa do homem, resumido</p><p>na bela expressão – o homem habita sobre a</p><p>terra acolhendo-se ao recesso seguro do ethos.</p><p>Na visão do teólogo Leonardo Boff (2000)</p><p>o centro do ethos é o bem (Platão), pois somente</p><p>ele permite que alcancemos nosso fim, que</p><p>consiste em sentirmo-nos em casa. E nos</p><p>sentirmos bem em casa (temos um ethos,</p><p>realizamos o fim almejado) quando criarmos</p><p>mediações adequadas, como hábitos, certas</p><p>normas e maneiras constantes de agir. Por elas,</p><p>habitamos o mundo, que pode ser a</p><p>casaconcreta, ou o nosso nicho ecológico local,</p><p>regional ou nossa casa maior, o planeta Terra.</p><p>Ética é a ciência da moral (SILVA, 1999).</p><p>Dalai Lama (2000), de maneira simples</p><p>nos diz que ético “é aquele que não prejudica a</p><p>experiência ou a expectativa de felicidade de</p><p>outras pessoas”.</p><p>Robert Henry Srour (2000) ensina que a</p><p>moral vem a ser um conjunto de valores e de</p><p>regras de comportamento, um código de conduta</p><p>que coletividades adotam, quer sejam uma</p><p>nação, uma categoria social, uma comunidade</p><p>religiosa ou uma organização. Enquanto a ética</p><p>diz respeito à disciplina teórica, ao estudo</p><p>sistemático, a moral correspondente às</p><p>representações imaginárias que dizem aos</p><p>agentes sociais o que se espera deles, quais</p><p>comportamentos são bem-vindos e quais não.</p><p>Em resumo, as pautas de</p><p>ação ensinam o “o bem</p><p>fazer” ou o “fazer virtuoso”, a melhor maneira de</p><p>agir coletivamente; qualificam o bem e o mal, o</p><p>permitido e o proibido, o certo e o errado, a</p><p>virtude e o vício.</p><p>Para José Renato Nalini (1999) a ética é</p><p>uma ciência, pois tem objeto próprio, leis próprias</p><p>e método próprio. O objeto da ética é a moral. A</p><p>moral é dos aspectos do comportamento</p><p>humano. A expressão deriva da palavra romana</p><p>mores, com o sentido de costumes, conjunto de</p><p>normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua</p><p>prática.</p><p>A ética e a moral não devem ser</p><p>confundidas. Segundo os estudiosos do assunto,</p><p>a ética não cria a moral (MARTINS, 2002).</p><p>O Professor de ética Mário Alencastro</p><p>(2000) assevera que toda moral supõe</p><p>determinados princípios, normas ou regras de</p><p>comportamento, não é a ética que os estabelece</p><p>numa determinada comunidade. A ética depara</p><p>com uma experiência histórico-social no terreno</p><p>da moral, ou seja, com uma série de práticas</p><p>morais já em vigor e, partindo delas, procura</p><p>determinar a essência da moral, sua origem, as</p><p>condições objetivas e subjetivas do ato moral, as</p><p>fontes da avaliação moral, a natureza e a função</p><p>dos juízos morais, os critérios de justificação</p><p>destes juízos e o princípio que rege a mudança e</p><p>a sucessão de diferentes sistemas morais.</p><p>Os problemas éticos,</p><p>ao contrário dos</p><p>prático-morais são</p><p>caracterizados pela</p><p>sua generalidade. Por</p><p>exemplo, se um</p><p>indivíduo está diante</p><p>de uma determinada</p><p>situação, deverá</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>7</p><p>resolvê-la por si</p><p>mesmo, com a ajuda</p><p>de uma norma que</p><p>reconhece e aceita</p><p>intimamente, pois o</p><p>problema do que</p><p>fazer numa dada</p><p>situação é um</p><p>problema prático-</p><p>moral e não teórico-</p><p>ético. Mas, quando</p><p>estamos diante de</p><p>uma situação, como,</p><p>por exemplo, definir o</p><p>conceito de Bem, já</p><p>ultrapassamos os</p><p>limites dos problemas</p><p>morais e estamos</p><p>num problema geral</p><p>de caráter teórico, no</p><p>campo de</p><p>investigação da ética.</p><p>Tanto assim, que</p><p>diversas teorias éticas</p><p>organizaram-se em</p><p>torno da definição do</p><p>que é Bem. Muitos</p><p>filósofos acreditaram</p><p>que, uma vez</p><p>entendido o que é</p><p>Bem, descobriríamos</p><p>o que fazer diante das</p><p>situações</p><p>apresentadas pela</p><p>vida. As respostas</p><p>encontradas não são</p><p>unânimes e as</p><p>definições de Bem</p><p>variam muito de um</p><p>filósofo para outro.</p><p>Para uns, Bem é o</p><p>prazer, para outros é</p><p>o útil e assim por</p><p>diante.</p><p>(ALENCASTRO,</p><p>2000).</p><p>1.3 O pensamento dos filósofos</p><p>Na antiguidade, todos os filósofos</p><p>entendiam a ética como o estudo dos meios de</p><p>se alcançar a eudaimonia1 e investigar o que</p><p>significa felicidade. Porém, durante a Idade</p><p>Média, a filosofia foi dominada pelo cristianismo e</p><p>pelo islamismo, e a ética se centralizou na moral</p><p>(interpretação dos mandamentos e preceitos</p><p>religiosos).</p><p>No renascimento e no século XVII, os</p><p>filósofos redescobriram os temas éticos da</p><p>antiguidade, e a ética foi entendida novamente</p><p>como o estudo dos meios de se alcançar o bem</p><p>estar e a felicidade.</p><p>A seguir são descritas brevemente as</p><p>teorias éticas de alguns filósofos clássicos:</p><p>Para a escola cirenaica , a felicidade</p><p>consistia no gozo de todo prazer imediato.</p><p>Defendia, porém, um controle racional sobre o</p><p>prazer para que não se desenvolvesse uma</p><p>dependência dos prazeres.</p><p>Demócrito de Abdera afirmava que, ao</p><p>buscarmos ser felizes, devemos fazer poucas</p><p>coisas afim de que o que fizermos não ultrapasse</p><p>nossas forças e não nos leve à inquietação. Dizia</p><p>que “é sábio quem não se aflige com o que lhe</p><p>falta e se alegra com o que possui” e que “a</p><p>moderação aumenta o gozo e acresce o prazer”.</p><p>Afirmava que a agressividade é insensata porque</p><p>“enquanto se busca prejudicar o inimigo,</p><p>esquecemos o nosso próprio interesse”.</p><p>Aristóteles, em sua obra Ética a</p><p>Nicômaco, afirma que a felicidade (eudemonia)</p><p>não consiste nem nos prazeres, nem nas</p><p>riquezas, nem nas honras, mas numa vida</p><p>virtuosa. A virtude (areté), por sua vez, se</p><p>encontra num justo meio entre os extremos, que</p><p>será encontrada por aquele dotado de prudência</p><p>(phronesis)</p><p>1 O fenômeno da felicidade</p><p>2 Escola de pensamento fundada em</p><p>Atenas, por Aristipo de Cirene. Foi a partir do</p><p>nome desta cidade que os cirenaicos receberam</p><p>sua denominação. É considerada pela tradição</p><p>uma das chamadas escolas socráticas,</p><p>juntamente com os cínicos e os megáricos. Tais</p><p>escolas recebem esta denominação por se</p><p>configurar, cada uma delas, como uma</p><p>determinada interpretação dos ensinamentos de</p><p>Sócrates, especialmente no que concerne à</p><p>correlação entre conhecimento e virtude.</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>8</p><p>Aristóteles faz uma distinção entre os</p><p>saberes teóricos, poiéticos e práticos que nos</p><p>levam a entender melhor que tipo de saber</p><p>constitui a ética.</p><p>Os saberes teóricos (do grego theorein:</p><p>ver, contemplar) ocupam-se de averiguar o que</p><p>são as coisas, o que ocorre de fato no mundo e</p><p>quais são as causas objetivas dos</p><p>acontecimentos. São saberes descritivos,</p><p>mostram-nos o que existe, o que é, o que</p><p>acontece. As diferentes ciências da natureza</p><p>(Física, Química, Biologia, Astronomia, etc.) são</p><p>saberes teóricos na medida em que o que</p><p>buscam é, simplesmente, mostrar-nos como é o</p><p>mundo.</p><p>Aristóteles dizia que os saberes teóricos</p><p>versam sobre “o que não pode ser de outra</p><p>maneira”, ou seja, o que é assim porque assim o</p><p>encontramos no mundo, não porque assim o</p><p>dispôs a nossa vontade: o sol aquece, os animais</p><p>respiram a água se evapora, as plantas</p><p>crescem... tudo isso é assim e não podemos</p><p>mudá-lo a nosso bel-prazer. Podemos tentar</p><p>impedir que uma coisa concreta seja aquecida</p><p>pelo sol, utilizando para tanto quaisquer meios</p><p>que tenhamos a nosso alcance, mas que o sol</p><p>aqueça ou não aqueça não depende de nossa</p><p>vontade: pertence ao tipo de coisas que “não</p><p>podem ser de outra maneira”.</p><p>Em contrapartida, os saberes poiéticos</p><p>e práticos versam, segundo Aristóteles, sobre “o</p><p>que pode ser de outra maneira”, ou seja, sobre o</p><p>que podemos controlar à vontade. Os saberes</p><p>poiéticos (do grego poiein: fazer, fabricar,</p><p>produzir) são aqueles que nos servem de guia</p><p>para a elaboração de algum produto, de alguma</p><p>obra, quer seja algum tipo de artefato útil (como</p><p>construir uma roda ou tecer uma manta) ou</p><p>simplesmente um objeto belo (como uma</p><p>escultura, uma pintura ou um poema) (CORTINA;</p><p>MARTÍNEZ, 2009).</p><p>As técnicas e as artes são saberes desse tipo. O</p><p>que hoje chamamos de</p><p>“tecnologias” são igualmente saberes</p><p>que abarcam tanto a simples técnica - baseada</p><p>em conhecimentos teóricos - como a produção</p><p>artística.</p><p>Os saberes poiéticos, diferentemente</p><p>dos saberes teóricos, não descrevem o que</p><p>existe, mas procuram estabelecer normas,</p><p>padrões e orientações sobre como se deve agir</p><p>para atingir o fim desejado (ou seja, uma roda ou</p><p>uma manta bem feitas, uma escultura, uma</p><p>pintura ou um poema belos). Os saberes</p><p>poiéticos são normativos, porém não pretendem</p><p>servir de referência para toda a nossa vida, mas</p><p>unicamente para a obtenção de certos resultados</p><p>que supostamente buscamos.</p><p>Por sua vez, os saberes práticos (do</p><p>grego práxis: atividade, tarefa, negócio), que</p><p>também são normativos, são aqueles que</p><p>procuram orientar-nos sobre o que devemos</p><p>fazer para conduzir nossa vida de uma maneira</p><p>boa e justa, como devemos agir, qual decisão é a</p><p>mais correta em cada caso concreto para que a</p><p>própria vida seja boa em seu conjunto. Tratam do</p><p>que deve existir, do que deveria ser (embora</p><p>ainda não seja), do</p><p>que seria bom que</p><p>acontecesse (segundo alguma concepção do</p><p>bem humano). Tentam nos mostrar como agir</p><p>bem, como nos conduzir adequadamente no</p><p>conjunto de nossa vida (CORTINA; MARTÍNEZ,</p><p>2009).</p><p>Na classificação aristotélica, os saberes práticos</p><p>eram agrupados sob o rótulo</p><p>“filosofia prática”, rótulo que abarcava</p><p>não só a Ética (saber prático destinado a orientar</p><p>a tomada de decisões prudentes que nos levam</p><p>a conseguir uma vida boa), mas também a</p><p>Economia (saber prático encarregado da boa</p><p>administração dos bens da casa e da cidade) e a</p><p>Política (saber prático que tem por objeto o bom</p><p>governo da pólis).</p><p>Para Epicuro a felicidade consiste na</p><p>busca do prazer, que ele definia como um estado</p><p>de tranquilidade e de libertação da superstição e</p><p>do medo (ataraxia), assim como a ausência de</p><p>sofrimento (aponia). Para ele, a felicidade não é</p><p>a busca desenfreada de bens e prazeres</p><p>corporais, mas o prazer obtido pelo</p><p>conhecimento, amizade e uma vida simples. Por</p><p>exemplo, ele argumentava que ao comermos,</p><p>obtemos prazer não pelo excesso ou pelo luxo</p><p>culinário (que leva a um prazer fortuito, seguido</p><p>pela insatisfação), mas pela moderação, que</p><p>torna o prazer um estado de espírito constante,</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>9</p><p>mesmo se nos alimentarmos simplesmente de</p><p>pão e água.</p><p>Para os filósofos cínicos, a felicidade era</p><p>identificada com o poder sobre si mesmo ou</p><p>autossuficiência (em grego, autárkeia) e é</p><p>alcançada eliminando-se da vontade todo o</p><p>supérfluo, tudo aquilo que fosse exterior.</p><p>Defendiam um retorno à vida da natureza, errante</p><p>e instintiva, como a dos cães. Desacreditavam as</p><p>conquistas da civilização, suas estruturas</p><p>jurídicas, religiosas e sociais.</p><p>Para os estóicos, a felicidade</p><p>consiste em viver de acordo com a lei racional</p><p>3 Um filósofo grego do período helenístico. Seu</p><p>pensamento foi muito difundido e numerosos</p><p>centros epicuristas se desenvolveram na</p><p>Jônia, no Egito e, a partir do século I, em</p><p>Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador</p><p>da natureza e aconselha a indiferença (apathea)</p><p>em relação a tudo que é externo. O homem sábio</p><p>obedece à lei natural reconhecendo-se como</p><p>uma peça na grande ordem e propósito do</p><p>universo, devendo assim manter a serenidade e</p><p>indiferença perante as tragédias e alegrias.</p><p>Espinoza, em sua obra Ética, afirma</p><p>que a felicidade é encontrada através da alegria</p><p>ativa, que nos possibilita ultrapassar as paixões</p><p>(tristeza e alegria passivas). A alegria ativa</p><p>consiste em compreender e ativamente criar as</p><p>condições/oportunidades exteriores que levam à</p><p>alegria e ao amor (o amor é definido por ele como</p><p>a alegria que associamos a uma causa exterior a</p><p>nós), contra a tristeza e o ódio (o ódio é definido</p><p>por ele como a tristeza que associamos a uma</p><p>causa exterior a nós). Ele criticava severamente</p><p>os filósofos cristãos medievais que afirmavam</p><p>que a tristeza e o sofrimento são bons (como em</p><p>Cristo).</p><p>Para Espinoza, unicamente a alegria</p><p>nos leva ao amor no cotidiano e na convivência</p><p>com os outros, enquanto a tristeza nunca é boa,</p><p>intrinsecamente relacionada ao ódio, à tristeza</p><p>sempre é destrutiva para nós e para os outros.</p><p>1.4 Valores éticos</p><p>A ética aristotélica afirma que existe</p><p>moral porque os seres humanos buscam</p><p>inevitavelmente a felicidade, a ventura, e para</p><p>alcançar plenamente esse objetivo necessitam</p><p>das orientações morais.</p><p>Mas, além disso, ela nos proporciona</p><p>critérios racionais para averiguar que tipo de</p><p>comportamentos, quais virtudes, em suma, que</p><p>tipo de caráter moral é o adequado para essa</p><p>finalidade.</p><p>Desse modo, Aristóteles entende a vida</p><p>moral como um modo de “auto- realização” e por</p><p>isso dizemos que a ética aristotélica pertence ao</p><p>grupo de éticas eudemonistas, porque assim se</p><p>aprecia melhor a diferença em relação a outras</p><p>éticas. Para ele os valores seriam:</p><p>1- Próprias do intelecto teórico:</p><p> Inteligência (nous)</p><p> Ciência (episteme)</p><p> Sabedoria (Sofia)</p><p>2- Próprias do intelecto prático:</p><p> Prudência (frónesis)</p><p> Arte ou técnica (tekne)</p><p> Discrição (gnome)</p><p>Perspicácia (euboulía)</p><p>3- Próprias do autodomínio:</p><p> Fortaleza ou coragem (andreía)</p><p> Temperança ou moderação</p><p>(sofrosine)</p><p> Pudor (aidos)</p><p>4- Próprias das relações humanas:</p><p> Justiça (dikaiosine)</p><p> Generosidade ou liberdade</p><p>(eleutheríotes)</p><p> Amabilidade (filia)</p><p> Veracidade (aletheía)</p><p> Bom humor (eutrapelía)</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>10</p><p> Afabilidade ou doçura (praotes)</p><p> Magnificência (megaloprepéia)</p><p> Magnanimidade (megalofijía)</p><p>(CORTINA; MARTÍNEZ, 2009).</p><p>Para Scheler1, existe uma ciência pura</p><p>dos valores, uma axiologia pura, que se sustenta</p><p>em três princípios:</p><p>1. Todos os valores são</p><p>negativos ou positivos;</p><p>2. Valor e dever estão</p><p>relacionados, pois a captação de um</p><p>valor não realizado é acompanhada pelo</p><p>dever de realizá-lo;</p><p>3. Nossa preferência por</p><p>um valor e não por outro verifica-se</p><p>porque nossa intuição emocional capta</p><p>os valores já hierarquizados. A vontade</p><p>de realizar um valor moral superior em</p><p>vez de um inferior constitui o bem moral,</p><p>e seu contrário é o mal. Não existem,</p><p>portanto, valores especificamente</p><p>morais.</p><p>Esse modelo ético foi seguido e ampliado</p><p>por pensadores como Nicolai Hartmann, Hans</p><p>Reiner, Dietrich Von Hildebrand e José Ortega y</p><p>Gasset, que chamou a intuição emocional de</p><p>“estimativa” e incluiu os valores morais na</p><p>hierarquia objetiva, diferentemente de Scheler,</p><p>como mostra o quadro abaixo.</p><p>1 Max Scheller (1874-1928) foi um filósofo</p><p>fenomenologista, preocupado especialmente com a</p><p>filosofia dos valores.</p><p>Surgida na década de 1970 a ética do</p><p>discurso propõe encarnar na sociedade os</p><p>valores e liberdade, justiça e solidariedade por</p><p>meio do diálogo, como único procedimento capaz</p><p>de respeitar a individualidade das pessoas e, ao</p><p>mesmo tempo, sua inegável dimensão solidária,</p><p>porque em um diálogo precisamos contar com</p><p>pessoas, mas também com a relação que existe</p><p>entre elas, a qual, para ser humana, deve ser</p><p>justa.</p><p>Esse diálogo nos permitirá questionar as</p><p>normas vigentes em uma sociedade e distinguir</p><p>quais são moralmente válidas, porque</p><p>acreditamos realmente que humanizam.</p><p>Obviamente, não é qualquer forma de</p><p>diálogo que nos levará a distinguir o socialmente</p><p>vigente do moralmente válido, por isso a ética</p><p>discursiva tentará apresentar o procedimento</p><p>dialógico adequado para alcançar essa meta, e</p><p>mostrar como ele deveria funcionar nos</p><p>diferentes âmbitos da vida social. Por isso, divide</p><p>sua tarefa em duas partes: uma dedicada à</p><p>fundamentação – à descoberta do princípio ético</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>11</p><p>– e outra à aplicação deste à vida cotidiana</p><p>(CORTINA; MARTÍNEZ, 2009).</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>Um dos problemas que se coloca na</p><p>sociedade brasileira contemporânea é o do como</p><p>educar para o respeito às diferenças e para o</p><p>respeito a todos os seres humanos, sem</p><p>violência. Essa questão é central para ética.</p><p>Nas escolas, atualmente, não são</p><p>incomuns ações de violência e desrespeito sob</p><p>todas as formas: agressões, uso de drogas,</p><p>ameaças, discriminações, desrespeito aos</p><p>professores e aos alunos. Como a ética pode nos</p><p>auxiliar a construção uma educação contra a</p><p>violência?</p><p>O artigo 1º da Lei de</p><p>Diretrizes e Bases</p><p>da Educação Nacional (LDB) diz que a educação</p><p>abrange os processos formativos que se</p><p>desenvolvem em várias esferas (família,</p><p>convivência, trabalho, escola, movimentos</p><p>sociais etc.).</p><p>O artigo 2º da LDB considera que,</p><p>inspirada nos princípios da liberdade e nos ideais</p><p>de solidariedade humana, é finalidade da</p><p>educação nacional o pleno desenvolvimento do</p><p>educando, seu preparo para o exercício da</p><p>cidadania e sua qualificação para o trabalho.</p><p>A educação para a cidadania, e os</p><p>programas educacionais voltados para esse fim,</p><p>pressupõe a crença na tolerância, a marca do</p><p>bom senso, da razão e da civilidade que faz com</p><p>que os homens possam se relacionar entre si.</p><p>Pressupõe, também, a crença na possibilidade</p><p>de formar este homem, ensinando a tolerância e</p><p>a civilidade dentro do espaço e do tempo da</p><p>escola. A ideia clássica de formação nos auxilia a</p><p>compreender esse tópico (SANTOS, 2001).</p><p>A proposta de educação do homem como</p><p>membro de uma cultura foi apresentada</p><p>primeiramente pelos gregos como paidéia</p><p>(formação). “Os gregos viram pela primeira vez</p><p>que a educação tem de ser também um processo</p><p>de construção consciente. „Constituído de modo</p><p>correto e sem falhas, nas mãos, nos pés e no</p><p>espírito‟ (...). Só a este tipo de educação se pode</p><p>aplicar com propriedade a palavra formação, tal</p><p>como a usou Platão pela primeira vez em sentido</p><p>metafórico, aplicando-a à ação educadora”</p><p>(JAEGER, 1986, p. 09-10).</p><p>Ao longo da filosofia clássica, sempre</p><p>esteve presente a pergunta sobre como formar os</p><p>jovens, o que lhes deveria ser ensinado para</p><p>alcançarem a virtude.</p><p>Portanto, paidéia e areté, educação e</p><p>virtude, não poderiam ser pensadas</p><p>separadamente. Toda a sociedade e a cultura</p><p>estavam presentes na formação do homem e do</p><p>cidadão. Era este ideal de excelência e perfeição</p><p>que os grego buscavam através da educação: a</p><p>excelência do homem, das instituições, das</p><p>cidades. Entretanto, não era apenas como fim</p><p>que este ideal se fazia presente na educação</p><p>grega, ele era meio, princípio, forma e ação. Ou</p><p>seja, o homem grego devia ser educado para a</p><p>virtude, de modo virtuoso, por pessoas virtuosas,</p><p>praticando ações virtuosas e fazendo sua cidade</p><p>virtuosa (SANTOS, 2001).</p><p>A questão da educação para a virtude e</p><p>para a cidadania volta à baila quando, em nossos</p><p>tempos, a LDB institui que a escola é um espaço</p><p>de formação de cidadãos e difusão de valores</p><p>que expirem cidadania e ética, mas não</p><p>considera que a ideia da educação como</p><p>formação do homem e do cidadão pressupõe que</p><p>a escola, local onde esta formação ocorrerá (ao</p><p>menos parcialmente, como diz a Lei), também</p><p>deva ser pensada como um espaço/instituição no</p><p>qual estes valores estejam presentes. Para que a</p><p>escola seja inspiradora de valores éticos, é</p><p>preciso que ela também seja um espaço ético,</p><p>operando por meios éticos. De acordo com os</p><p>clássicos, isso não poderia ocorrer de outro</p><p>modo.</p><p>Contudo, o que se observa é que a</p><p>sociedade brasileira é marcada pela violência e</p><p>que esta violência também se faz presente nas</p><p>escolas. Marilena Chaui (1998) no artigo “Ética e</p><p>violência” explica que podemos entender como</p><p>violência os atos de brutalidade, sevícia e abuso</p><p>físico e/ou psíquico contra alguém, opressão,</p><p>intimidação pelo medo e pelo terror. São as ações</p><p>que retiram dos sujeitos sua autonomia, tratam as</p><p>pessoas, os seres humanos, como se fossem</p><p>coisas como desprovidos de razão e de vontade,</p><p>por isso a violência é o exato oposto da ética. A</p><p>mesma autora afirma que a sociedade brasileira</p><p>que “é marcada pela estrutura hierárquica do</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>12</p><p>espaço social que determina a forma de uma</p><p>sociedade fortemente verticalizada em todos os</p><p>seus aspectos: nela, as relações sociais e</p><p>intersubjetivas são sempre realizadas como</p><p>relação entre um superior, que manda, e um</p><p>inferior, que obedece. As diferenças e</p><p>assimetrias são sempre transformadas em</p><p>desigualdades que reforçam essas relações.</p><p>“O outro jamais é reconhecido como</p><p>sujeito nem como sujeito de direitos, jamais é</p><p>reconhecido como subjetividade nem como</p><p>alteridade” (CHAUÍ, 2000, p. 89).</p><p>Isso nos convida a refletir sobre quem,</p><p>nas escolas, seriam os educadores para a</p><p>formação dos cidadãos. Infelizmente, a resposta</p><p>convencional de que os educadores seriam os</p><p>próprios professores não é suficiente para</p><p>esvaziar a pergunta e nos conduz a outras. Se a</p><p>virtude (a areté, a cidadania) pode ser ensinada,</p><p>os professores estariam preocupados, como os</p><p>filósofos clássicos, em se tornarem eles mesmos</p><p>virtuosos, sábios, despojados de seus</p><p>preconceitos e de suas ilusões em busca do</p><p>conhecimento do que é a virtude e do como</p><p>ensiná-la ou seriam como os sofistas ensinando</p><p>porque recebem para isso, mas, de fato, não</p><p>oferecendo seu assentimento às ideias que</p><p>pronunciam ou não crendo na perenidade do que</p><p>é ensinado?</p><p>As atuais</p><p>discussões sobre</p><p>como adequar as</p><p>instituições de</p><p>ensino e “capacitar”</p><p>os professores de</p><p>acordo com o que</p><p>pede a Lei se</p><p>aparenta com esta</p><p>querela: como</p><p>vamos transformar</p><p>nossos professores</p><p>em cidadãos aptos</p><p>a ensinar cidadania</p><p>e nossas escolas</p><p>em espaços</p><p>democráticos que</p><p>auxiliem a resolver</p><p>o problema da</p><p>ausência de ética e</p><p>da violência</p><p>presentes na</p><p>sociedade? Como</p><p>fazer com que os</p><p>educandos passem</p><p>a desejar o bem e a</p><p>virtude e a</p><p>praticálos para que</p><p>nossa sociedade</p><p>não se transforme</p><p>no reino da</p><p>barbárie?</p><p>(SANTOS, 2001).</p><p>Para que tudo isso se efetive e se faça</p><p>cumprir é necessário o comprometimento dos</p><p>professores. É preciso que os professores</p><p>acreditem que é possível ensinar a virtude, que é</p><p>possível ensinar cidadania.</p><p>Não se pode ignorar que o professor, a</p><p>escola e os profissionais que ali atuam detenham</p><p>o poder de formar cidadãos. E, mais ainda, que</p><p>os professores, mesmo sendo pessoas, quando</p><p>no exercício público da razão, podem e devem ter</p><p>uma responsabilidade ética pelo que ensinam,</p><p>transmitem, opinam. Desde a antiguidade</p><p>clássica, a ideia de educação implica a busca de</p><p>uma ação moderada, menos corrompida, menos</p><p>influenciada pelas paixões. Entretanto, hoje „a</p><p>educação foi quase inteiramente identificada com</p><p>escolarização‟ (PRADO JÚNIOR, 1985, p.</p><p>99).</p><p>Desta forma, a questão do papel do</p><p>professor ganha uma relevância ainda maior</p><p>porque será a partir dele, de suas atitudes, da</p><p>forma como lida com conteúdos, como elabora</p><p>suas aulas, como se relaciona com seus alunos,</p><p>da forma como lida com seus preconceitos e</p><p>conceitos que outros valores, vícios e virtudes</p><p>poderão ser definidos.</p><p>Quando se admite que a educação, em</p><p>nossos tempos, é praticamente idêntica à</p><p>escolarização e se transfere para a escola e para</p><p>os profissionais ali presentes a tarefa de educar</p><p>para a formação do cidadão (ou seja, a formação</p><p>ética e política), em decorrência, passa-se a</p><p>colocar em evidência a postura ética daqueles</p><p>que, como responsáveis pela educação, serão</p><p>modelos de conduta, espelhos de caráter,</p><p>difusores de valores. Por isso cabe perguntar o</p><p>que significa transferir para os professores a</p><p>exigência das virtudes, da justiça e da</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>13</p><p>responsabilidade pela formação dos cidadãos e</p><p>em que medida as virtudes dos educadores,</p><p>expressas em seu trabalho, seriam responsáveis</p><p>pelas mudanças no perfil de seus alunos</p><p>(SANTOS, 2001).</p><p>Se a educação é projeto e utopia, uma</p><p>resposta para uma educação ética e, portanto,</p><p>contrária à violência, talvez resida na</p><p>democratização</p><p>das instituições de ensino e na</p><p>efetivação de uma educação inclusiva.</p><p>A proposta de uma educação inclusiva</p><p>parece assinalar para uma saída, não só porque</p><p>contempla a utopia presente em todo projeto</p><p>pedagógico, como também acena para a</p><p>alteração do paradigma educacional das</p><p>sociedades autoritárias porque pressupõe que a</p><p>transformação social deva implicar na</p><p>transformação e na democratização de todas as</p><p>relações sociais (SANTOS, 2001).</p><p>Transformar a escola em um espaço</p><p>efetivamente plural seria uma das formas mais</p><p>eficazes de uma educação ética ou para a ética,</p><p>porque permitirá a expressão das diferenças num</p><p>espaço público de modo a incorporar todos os</p><p>valores sem hierarquiza-los.</p><p>Se a escola não está separada do mundo</p><p>e a ética se constrói através da livre expressão de</p><p>ideias e projetos no espaço das cidades e da</p><p>cidadania, uma educação ética também</p><p>implicaria a formação de cidadãos através do livre</p><p>exercício da atividade política ou a ampliação de</p><p>espaços públicos de manifestação das diferenças</p><p>(SANTOS, 2001).</p><p>Dito isso, pensar a correlação entre ética</p><p>e educação na sociedade brasileira significa</p><p>pensar a sociedade como um todo e todos os</p><p>seus espaços públicos como agentes de</p><p>educação que devem ser livremente acessados</p><p>pelos diferentes componentes da espera pública</p><p>da sociedade, de toda a sua diversidade. A</p><p>educação para a ética ou uma educação ética</p><p>pressupõe a construção de sociedades</p><p>verdadeiramente democráticas (SANTOS, 2001).</p><p>Nesse sentido, podemos dizer que a</p><p>tradição filosófica nos ensinou algo que talvez</p><p>seja sábio recuperar: a ética se ensina permitindo</p><p>o convívio entre os diferentes nos diferentes</p><p>espaços públicos nos quais se possam expressar</p><p>os valores e construir o bem comum (SANTOS,</p><p>2001).</p><p>2.1 A ética nos Parâmetros Curriculares</p><p>Nacionais</p><p>Segundo os Parâmetros Curriculares</p><p>Nacionais (PCN) trazer a ética para o espaço</p><p>escolar significa enfrentar o desafio de instalar,</p><p>no processo de ensino e aprendizagem que se</p><p>realiza em cada uma das áreas de conhecimento,</p><p>uma constante atitude crítica, de reconhecimento</p><p>dos limites e possibilidades dos sujeitos e das</p><p>circunstâncias, de problematização das ações e</p><p>relações e dos valores e regras que os norteiam.</p><p>Configura-se, assim, a proposta de</p><p>realização de uma educação moral que</p><p>proporcione às crianças e adolescentes</p><p>condições para o desenvolvimento de sua</p><p>autonomia, entendida como capacidade de</p><p>posicionar-se diante da realidade, fazendo</p><p>escolhas, estabelecendo critérios, participando</p><p>da gestão de ações coletivas. O desenvolvimento</p><p>da autonomia é um objetivo de todas as áreas e</p><p>temas transversais e, para alcançá-lo, é preciso</p><p>que elas se articulem. A mediação representada</p><p>pela Ética estimula e favorece essa articulação</p><p>(BRASIL, 1998, p. 61).</p><p>Ao ingressar no campo da ética no</p><p>ensino escolar, as atividades persecutórias</p><p>esbarram-se em limitações, não sendo</p><p>totalmente livres para agirem. Deve haver</p><p>respeito coma individualidade e a realidade posta</p><p>a cada aluno. Como também com a realidade de</p><p>cada sociedade.</p><p>Logo ao nascer, o ser humano se</p><p>relaciona com regras e valores da sociedade em</p><p>que está inserido. A família é o primeiro espaço</p><p>de convivência da criança. Ao lado da família,</p><p>outras instituições sociais veiculam valores e</p><p>desempenham um papel na formação moral e no</p><p>desenvolvimento de atitudes. A presença</p><p>constante dos meios de comunicação de massa</p><p>nos espaços públicos e privados, conferem a eles</p><p>um grande poder de influência e de veiculação de</p><p>valores, de modelos de comportamento. A</p><p>religião contribui da mesma forma. As várias</p><p>instituições sociais, motivadas por interesses</p><p>diversos concorrem quando buscam desenvolver</p><p>atitudes que expressam valores. Os indivíduos</p><p>transitam por algumas dessas instituições</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>14</p><p>durante toda a sua vida; em outras, por períodos</p><p>determinados; e em outras, ainda, nunca</p><p>transitarão (CAMARGO E FONSECA, 2006).</p><p>A ética depende do tipo de relação social</p><p>que o indivíduo mantém com os demais e,</p><p>segundo os autores acima, existem tantos tipos</p><p>de moral como de relações sociais. A moral é</p><p>imposta a partir do exterior como um sistema de</p><p>regras obrigatórias, muitas vezes difícil de ser</p><p>compreendida. Tamanha é a interferência da</p><p>diversidade cultural que é explanado no PCN:</p><p>O fato é que, inevitavelmente, os</p><p>indivíduos se constituem como tais convivendo</p><p>simultaneamente com sistemas de valores que</p><p>podem ser convergentes, complementares ou</p><p>conflitantes, dentro do tecido complexo que é o</p><p>social. As influências que as instituições e os</p><p>meios sociais exercem são fortes, mas não</p><p>assumem o caráter de uma predeterminação. A</p><p>constituição de identidades, a construção da</p><p>singularidade de cada um, se dá na história</p><p>pessoal, na relação com determinados meios</p><p>sociais; configura-se como uma interação entre</p><p>as pressões sociais e os desejos, necessidades</p><p>e possibilidades afetivo-cognitivas do sujeito</p><p>vivida nos contextos socioeconômicos, culturais e</p><p>políticos (BRASIL, 1998, p. 62).</p><p>Ao trabalhar a ética na educação em sala</p><p>de aula, o professor se depara com a questão do</p><p>choque de valores. Os diversos valores, normas,</p><p>modelos de comportamento que o indivíduo</p><p>compartilha nos diferentes meios sociais a que</p><p>está integrado ou exposto colocam-se em jogo</p><p>nas relações cotidianas. A percepção de que</p><p>determinadas atitudes são contraditórias entre si</p><p>ou em relação a valores ou princípios expressos</p><p>pelo próprio sujeito não é simples e nem óbvia.</p><p>Para isso requer uma elaboração,</p><p>implicando reconhecer os limites para a</p><p>coexistência de determinados valores e</p><p>identificar os conflitos e a incompatibilidade entre</p><p>outros. A forma de operar com a diversidade de</p><p>valores por vezes conflitantes também é dada</p><p>culturalmente, ainda que do ponto de vista do</p><p>sujeito dependa também do desenvolvimento</p><p>psicológico. Os preconceitos, discriminações, o</p><p>negar- se a dialogar com sistemas de valores</p><p>diferentes daqueles do seu meio social, o agir de</p><p>forma violenta com aqueles que possuam valores</p><p>diferentes, são aprendidos (BRASIL, 1998, p. 64).</p><p>A escola, como uma instituição pela</p><p>qual espera-se que passem todos os membros</p><p>da sociedade, coloca-se na posição de ser mais</p><p>um meio social na vida desses indivíduos.</p><p>Também ela veicula valores que podem</p><p>convergir ou conflitar com os que circulam nos</p><p>outros meios sociais que os indivíduos</p><p>frequentam ou a que são expostos. Deve,</p><p>portanto, assumir explicitamente o compromisso</p><p>de educar os seus alunos dentro dos princípios</p><p>democráticos. Se entendida como apenas mais</p><p>um meio social que veicula valores na vida das</p><p>pessoas que por ela passam, a escola encontra</p><p>seu limite na legitimidade que cada um dos</p><p>indivíduos e a própria sociedade conferir a ela</p><p>(CAMARGO E FONSECA, 2006).</p><p>Se entendida como espaço de práticas</p><p>sociais em que os alunos não apenas entram em</p><p>contato com valores determinados, mas também</p><p>aprendem a estabelecer hierarquia entre valores,</p><p>ampliam sua capacidade de julgamento e a</p><p>consciência de como realizam escolhas,</p><p>ampliam-se as possibilidades de atuação da</p><p>escola na formação moral, já que se ocupa de</p><p>uma formação ética, para formação de uma</p><p>consciência moral reflexiva cada vez mais</p><p>autônoma, mais capaz de posicionar-se e atuar</p><p>em situações de conflito.</p><p>A escola de hoje está deixando um pouco</p><p>de lado a construção moral e a educação ética,</p><p>atribui-se prioridades a outros assuntos como o</p><p>vestibular, a mensalidade escolar, mas esquece</p><p>que a formação do indivíduo é a mais importante,</p><p>e que permeará por toda a sua vida. (BOELTER,</p><p>2008).</p><p>A criança que educa-se eticamente</p><p>torna-se um adulto capaz de ir ao encontro do</p><p>outro, reconhece-se com seu igual e não assume</p><p>as regras morais como regras obrigatórias.</p><p>Portanto, o educador possui um papel</p><p>fundamental na formação ética e moral do</p><p>indivíduo, principalmente na educação infantil,</p><p>onde inicia- se a vida escolar.</p><p>Boelter (208) acredita que trabalhamos a</p><p>ética e a moral na educação infantil vivendo-as,</p><p>demonstrando-as aos nossos alunos através dos</p><p>nossos atos, da nossa postura, das atitudes e dos</p><p>valores aos quais acreditamos. Não ensina-se</p><p>moral e ética, vivencia-se.</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>15</p><p>Portanto, se a escola deixa de cumprir o</p><p>seu papel de educador em valores, a referência</p><p>ética de seus alunos estará limitada à convivência</p><p>humana que pode ser rica em se tratando de</p><p>vivências pessoas, mas pode estar também</p><p>carregada de desvios de postura, atitude,</p><p>comportamento ou conduta, e mais, quando os</p><p>valores não são bem formal ou sistematicamente</p><p>ensinados, podem ser encarados pelos</p><p>educandos como simples conceitos ideais ou</p><p>abstratos, principalmente para aqueles que não</p><p>os vivenciam, sejam por simulações de práticas</p><p>sociais ou vivenciados no cotidiano (BOELTER,</p><p>2008)</p><p>2.2 Pressupostos vinculadas à etica</p><p>Segundo Camargo e Fonseca (2006)</p><p>todos têm direitos e deveres no meio em que</p><p>vivem. Cabe a escola questionar como eles se</p><p>apresentam. Até que ponto a comunidade onde</p><p>se está inserido não está abnegando estes</p><p>direitos, cada um cumpre com os seus deveres</p><p>para cobrar os seus direitos? Questões como</p><p>esta podem ser levantadas constantemente pela</p><p>escola.</p><p>Alguns pressupostos estão</p><p>vinculados à ética como:</p><p>• A justiça;</p><p>• A solidariedade;</p><p>• O respeito mútuo e;</p><p>• Diálogo.</p><p>Temas importantes para serem inseridos</p><p>nas aulas de diferentes disciplinas de maneira</p><p>transversal, permitindo desmitificar a questão</p><p>ética como sendo restrita à área da Filosofia.</p><p>A justiça já era uma preocupação dos</p><p>filósofos gregos, pois Platão em sua República já</p><p>pensava como deveria ser tratado um ato justo,</p><p>qual a relação entre justiça e injustiça. No</p><p>entanto, há de ser questionado como despertar</p><p>no educando a noção de justiça. A escola pode</p><p>propiciar situações onde seja exercitada a</p><p>criticidade do educando oportunizando-lhe a</p><p>distinção entre um ato justo e um injusto. Fazer</p><p>essa distinção na escola faz com que o educando</p><p>reflita sobre a diferença e possa a partir de suas</p><p>vivências criar relações que exemplifiquem tais</p><p>questões (CAMARGO E FONSECA, 2006).</p><p>A escola pública possui uma diversidade</p><p>cultural, étnica, religiosa, sexual e social muito</p><p>grande. Nesse contexto, a solidariedade</p><p>assume um lugar de comprometimento com o</p><p>aprendizado. Ser solidário no ambiente escolar é</p><p>respeitar as diferenças que constituem os atores</p><p>educacionais, não ocultando a sua existência,</p><p>mas trabalhando estas diferenças no coletivo.</p><p>A partir da solidariedade os educadores</p><p>irão sentir-se mais confiantes no que realmente</p><p>podem ser enquanto profissionais da educação</p><p>comprometidos com a vida de cada um de seus</p><p>educandos. Faz-se necessário superar as</p><p>barreiras do Capitalismo, do corre-corre diário, de</p><p>competição desenfreada, onde a vantagem está</p><p>em primeiro lugar, para triunfar a solidariedade, a</p><p>compreensão e o respeito. Respeito mútuo.</p><p>Sem ser unilateral. Respeitar com reciprocidade</p><p>(CAMARGO E FONSECA, 2006).</p><p>E ainda, dialogar. Manter o diálogo em</p><p>sala de aula é uma atividade muito importante</p><p>para criar condições de discussão, sobre temas</p><p>relacionados a questões sociais, políticas e</p><p>econômicas.</p><p>Essas discussões criam conceitos ou os</p><p>reformulam, ou até mesmo constroem outros a</p><p>partir da vivência de cada um.</p><p>RELAÇÕES HUMANAS, TRABALHO EM</p><p>EQUIPE, QUALIDADE NO ATENDIMENTO</p><p>PÚBLICO</p><p>Segundo Pepe (2008), cada pessoa tem</p><p>uma história de vida, uma maneira de pensar a</p><p>vida e assim também o trabalho é visto de sua</p><p>forma especial. Há pessoas mais dispostas a</p><p>ouvir, outras nem tanto, há pessoas que se</p><p>interessam em aprender constantemente, outras</p><p>não, enfim as pessoas têm objetivos</p><p>diferenciados e nesta situação muitas vezes</p><p>priorizam o que melhor lhes convém e às vezes</p><p>estará em conflito com a própria empresa.</p><p>Como observado por Bom Sucesso, o</p><p>autoconhecimento e o conhecimento do outro</p><p>são componentes essenciais na compreensão de</p><p>como a pessoa atua no trabalho, dificultando ou</p><p>facilitando as relações. Dentre as dificuldades</p><p>ÉTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>16</p><p>mais observadas, destacam-se: a falta de</p><p>objetivos pessoais, dificuldade em priorizar e</p><p>dificuldade em ouvir.</p><p>É bom lembrar também que o ser</p><p>humano é individual, é único e que, portanto</p><p>também reage de forma única e individual a</p><p>situações semelhantes.</p><p>Para Bom Sucesso (1997, p. 176) no</p><p>cenário idealizado de pleno emprego, mesmo de</p><p>ótimas condições financeiras, conforto e</p><p>segurança, alguns trabalhadores ainda estarão</p><p>tomados pelo sofrimento emocional. Outros,</p><p>necessitados, cavando o alimento diário com</p><p>esforço excessivo, ainda assim se declaram</p><p>felizes, esperançosos.</p><p>Nesse contexto e de acordo com os</p><p>processos dinâmicos e interativos de gerir</p><p>pessoas (agregar, recompensar, desenvolver,</p><p>manter e monitorar) estabelecidos por</p><p>Chiavenato (2005), a promoção da socialização</p><p>do funcionário ou colaborador também agrega</p><p>valor às inter-relações no ambiente de trabalho,</p><p>ou seja, as empresas precisam promover a</p><p>socialização dos novos funcionários, o que pode</p><p>acontecer através de vários programas de</p><p>integração, quer sejam do tipo formal ou informal;</p><p>individual ou coletivo; uniforme ou variável,</p><p>dentre outros.</p><p>Um ambiente saudável, rico, tranquilo e</p><p>ao mesmo tempo desafiador, que leve o indivíduo</p><p>a buscar novas conquistas, a satisfazer novas</p><p>necessidades favorece não só as relações</p><p>pessoais, mas o bom desenvolvimento, a fruição</p><p>dos trabalhos e o atendimento dos objetivos da</p><p>administração quer seja ela pública ou privada.</p><p>REFERÊNCIAS CONSULTADAS E</p><p>UTILIZADAS</p><p>ALENCASTRO, Mário. A importância</p><p>da ética na formação dos recursos humanos</p><p>(2000). Disponível em:</p><p><http://pessoal.onda.com.br/alencastro</p><p>/texto_etica_rh.htm#2> Acesso em: 23 jul. 2010.</p><p>BOELTER, André. Ética na educação</p><p>(2008). Disponível em:</p><p><http://www.webartigos.com/articles/3557/1/Etic</p><p>a-Na-Educacao/pagina1.html> Acesso em: 21 jul.</p><p>2010.</p><p>BOFF, Leonardo. Ethos mundial: um</p><p>consenso mínimo entre os humanos. Brasília:</p><p>Letra Viva, 2000.</p><p>BOM SUCESSO, Edina de Paula.</p><p>Trabalho e qualidade de vida. 1 ed. Rio de</p><p>Janeiro: Dunya, 1997.</p><p>BRASIL. LEI n° 9.394 de 20 de</p><p>dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da</p><p>Educação. Disponível em:</p><p><http://www.regra.com.br/educação/NovaLDB.ht</p><p>m.> Acesso em: 17 jul. 2010.</p><p>BRASIL. Secretaria de Educação</p><p>Fundamental. Parâmetros Curriculares</p><p>nacionais: Terceiro e quarto ciclos; Apresentação</p><p>dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF,</p><p>1998.</p><p>CAMARGO, Edson Carpes;</p><p>FONSECA, Jorge Alberto Lago. A ética no</p><p>ambiente escolar: educando para o</p><p>diálogo.(2006) Disponível em:</p><p><http://www.ufsm.br/gpforma/2senafe/</p><p>PDF/021e4.pdf> Acesso em: 23 jul. 2010.</p><p>CHAUI, Marilena. Ética e Violência.</p><p>Palestra apresentada no Colóquio Interlocuções</p><p>com Marilena Chaui, São Paulo, 1998.</p><p>CHAUI, Marilena. Brasil. Mito fundador</p><p>e sociedade autoritária. São Paulo: Perseu</p><p>Abramo, 2000.</p><p>CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de</p><p>pessoas. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.</p><p>CORTINA, Adela; MARTÍNEZ, Emilio.</p><p>Ética. Tradução: Silvana Cobucci Leite.</p><p>2 ed. São</p><p>Paulo: Loyola, 2009.</p><p>GOLDIM, José Roberto.</p><p>Ética. (2000)</p><p>Disponível em:</p><p><http://www.ufrgs.br/bioetica/etica.htm> Acesso</p><p>em: 17 jul. 2010.</p><p>GOLDIM, José Roberto. Ética, Moral e</p><p>Direito (2003). 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Paidéia. São Paulo,</p><p>Martins Fontes, 1986.</p><p>LAMA, Dalai. Uma ética para o novo</p><p>milênio. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.</p><p>MARTINS, João Barbosa. Ética na</p><p>Administração Pública (2002). Disponível</p><p>em:<http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6</p><p>49/Etica-na-Administracao-Publica> Acesso em:</p><p>21 jul. 2010.</p><p>MATOS, Francisco Gomes de. Ética na</p><p>gestão empresarial: da construção à ação. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2008.</p><p>MORAES, Alfredo de Oliveira. Ética no</p><p>serviço público. Pernambuco: Seminário de</p><p>Probidade na Administração Fiscal, 2000.</p><p>ULLER, Desirée Brandão. Ética e</p><p>serviço público (2006). Disponível</p><p>em:<http://www.direitonet.com.br/artigos></p><p>Acesso em: 21 jul. 2010.</p><p>NALINI, José Renato. Ética geral e</p><p>profissional. São Paulo: RT, 1999.</p><p>ORTEGA, Y GASSET, José. La</p><p>cuestión moral. Obras Completas. 2. Ed. Tomo X</p><p>.Madrid: Alianza Editorial, 1993.</p><p>PASSOS, Elizete. Ética nas</p><p>Organizações: uma introdução. Salvador: Passos</p><p>& Passos, 2000.</p><p>PEPE, Benito S. Ambiente de trabalho</p><p>e as relações interpessoais. Disponível em:</p><p><http://www.calabriaveiculos.com.br> Acesso</p><p>em: 18 jan. 2008.</p><p>PRADO JR., Bento. Alguns Ensaios.</p><p>São Paulo, Max Limonad, 1985.</p><p>SANTOS, G. A. Ética, formação,</p><p>cidadania. A educação e as nossas ilusões. In:</p><p>Gislene Aparecida dos Santos. (Org.).</p><p>Universidade, Formação, Cidadania. São Paulo:</p><p>Cortez, 2001, v. 1, p. 149-167.</p><p>SILVA, De Plácido e. Vocabulário</p><p>Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 1999.</p><p>SOUZA, Luís Fernando Quinteiro de.</p><p>Absenteísmo no serviço público. Jus Navigandi,</p><p>Teresina, ano 11, n. 1243, 26 nov. 2006.</p><p>Disponível em:</p><p><http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=920</p><p>4>. Acesso em: 02 ago. 2007. SROUR, Robert</p><p>Henry. 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