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<p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>1</p><p>DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES</p><p>SUMÁRIO: 1. DO PODER LEGISLATIVO: 1.1. ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO: 1.1.1. ÂMBITO FE-</p><p>DERAL; 1.1.2. ÂMBITO ESTADUAL; 1.1.3. ÂMBITO MUNICIPAL; 1.1.4. ÂMBITO DISTRITAL; 1.2. ATRIBUI-</p><p>ÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL; 1.3. CÂMARA DOS DEPUTADOS: 1.3.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTI-</p><p>CAS; 1.3.2. COMPETÊNCIA PRIVATIVA; 1.4. SENADO FEDERAL: 1.4.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS;</p><p>1.4.2. COMPETÊNCIA PRIVATIVA; 1.5. IMUNIDADES PARLAMENTARES: 1.5.1. IMUNIDADE MATERIAL OU</p><p>INVIOLABILIDADE PARLAMENTAR; 1.5.2. IMUNIDADE FORMAL OU PROCESSUAL; 1.5.3. FORO PRIVILE-</p><p>GIADO; 1.5.4. IMUNIDADE PARLAMENTAR ESTADUAL E MUNICIPAL; 1.6. OS DEPUTADOS E SENADO-</p><p>RES; 1.7. PERDA DO MANDATO DE DEPUTADO E SENADOR; 1.8. DAS REUNIÕES; 1.9. DAS COMISSÕES:</p><p>1.9.1. AS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO; 1.10. PROCESSO LEGISLATIVO: 1.10.1. GENE-</p><p>RALIDADES; 1.10.2. ESPÉCIES DE PROCESSOS LEGISLATIVOS: 1.10.2.1. PROCESSO LEGISLATIVO OR-</p><p>DINÁRIO; 1.10.2.2. PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO; 1.10.2.3. PROCESSOS LEGISLATIVOS ESPECI-</p><p>AIS; 1.11. DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA – 2. DO PODER EXECUTIVO:</p><p>2.1. GENERALIDADES; 2.2. SISTEMAS DE GOVERNO; 2.3. A ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA;</p><p>2.4. O MANDATO; 2.5. ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA; 2.6. RESPONSABILIDADE DO</p><p>PRESIDENTE DA REPÚBLICA: 2.6.1. CRIMES DE RESPONSABILIDADE; 2.6.2. CRIMES COMUNS: 2.6.2.1.</p><p>IMUNIDADE PRESIDENCIAL (IRRESPONSABILIDADE PENAL RELATIVA); 2.7. MINISTROS DE ESTADO;</p><p>2.8. ÓRGÃOS DE CONSULTA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA – 3. DO PODER JUDICIÁRIO: 3.1. FUN-</p><p>ÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS; 3.2. ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO; 3.3. ESTATUTO DA MAGIS-</p><p>TRATURA; 3.4. GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO: 3.4.1. GARANTIAS INSTITUCIONAIS; 3.4.2. GARAN-</p><p>TIAS FUNCIONAIS; 3.5 QUINTO CONSTITUCIONAL; 3.6. SÚMULAS VINCULANTES; 3.7. DO CONSELHO</p><p>NACIONAL DE JUSTIÇA; 3.8. DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL; 3.9. DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUS-</p><p>TIÇA; 3.10. DA JUSTIÇA FEDERAL; 3.11. DA JUSTIÇA DO TRABALHO; 3.12. DA JUSTIÇA ELEITORAL;</p><p>3.13. DA JUSTIÇA MILITAR; 3.14. DA JUSTIÇA ESTADUAL – 4. DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA:</p><p>4.1. DO MINISTÉRIO PÚBLICO: 4.1.1. PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS; 4.1.2. GARANTIAS E IMPEDIMENTOS</p><p>DOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO; 4.1.3. FUNÇÕES INSTITUCIONAIS; 4.1.4. CONSELHO NACIO-</p><p>NAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO; 4.2. DA ADVOCACIA PÚBLICA; 4.3. DA ADVOCACIA; 4.4. DA DEFENSORIA</p><p>PÚBLICA – 5. TÓPICO SÍNTESE.</p><p>LEIA A LEI:</p><p>ARTIGOS 25 A 36 E 44 A 135, DA CF.</p><p>1. DO PODER LEGISLATIVO</p><p>1.1. Estrutura do Poder Legislativo</p><p>1.1.1. Âmbito Federal</p><p>No âmbito federal predomina o princípio do bicameralismo federativo, ou seja, o Poder Legislativo é composto</p><p>por duas casas, quais sejam: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.</p><p>Essa estrutura pode ser extraída da simples leitura do art. 44 da Constituição de 1988. A partir dessa previsão</p><p>confirma-se que o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputa-</p><p>dos e do Senado Federal.</p><p>Atenção</p><p>Lembrando que a partir de uma combinação entre os artigos 45</p><p>e 46 é possível identificar que a Câmara é composta de repre-</p><p>sentantes do povo, enquanto o Senado é composto de repre-</p><p>sentantes dos Estados e do Distrito Federal.</p><p>1.1.2. Âmbito Estadual</p><p>Já no âmbito estadual, vigora o princípio do unicameralismo, tendo em vista que o Poder Legislativo nos Esta-</p><p>dos-membros é exercido pelas Assembleias Legislativas, compostas de Deputados Estaduais que representam o</p><p>povo do respectivo Estado.</p><p>À luz do art. 27 da Constituição Federal, o número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo</p><p>da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>2</p><p>tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.</p><p>É bem verdade que a redação é um pouco confusa. De todo modo, aqui será apresentada uma maneira mais</p><p>simplificada de se compreender essa lógica.</p><p>Tendo por base que o número mínimo de representantes de um Estado e do DF na Câmara é 8, tem-se que de</p><p>8 até 12 Deputados Federais, o número de Deputados Estaduais corresponderá ao triplo da representação na</p><p>Câmara Federal. Ou seja, basta multiplicar o número de Deputados Federais por três. Essa é a primeira regra.</p><p>Porém, quando o número de representantes do Estado na Câmara Federal for acima de 12 (portanto de 13 a 70 –</p><p>que é o número máximo de Deputados Federais por um Estado), deve-se somar o número de Deputados Federais</p><p>mais 24.</p><p>A partir dessas informações, é possível sintetizar:</p><p>Nº DEP. FEDE-</p><p>RAIS</p><p>FÓRMULA</p><p>Nº DEP. ESTADU-</p><p>AIS</p><p>8 8 X 3 24</p><p>9 9 X 3 27</p><p>10 10 X 3 30</p><p>11 11 X 3 33</p><p>12 12 X 3 36</p><p>13 13 + 24 37</p><p>14 14 + 24 38</p><p>70 70 + 24 94</p><p>O mandato do Deputado Estadual tem duração de 4 anos, é dizer, uma legislatura.</p><p>Já o seu subsídio será fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, 75% daque-</p><p>le estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, observados os limites traçados na Constituição.</p><p>1.1.3. Âmbito Municipal</p><p>No âmbito municipal, por sua vez, também vige o princípio do unicameralismo, afinal o Poder Legislativo nessa</p><p>esfera é composto pela Câmara Municipal de Vereadores. Esta, por sua vez, é composta de representantes do</p><p>povo do município.</p><p>Para conhecimento da composição das Câmaras Municipais, recomenda-se leitura acurada do art. 29, IV, alíneas</p><p>“a” a “x”, da CF.</p><p>O mandato dos vereadores também tem duração de 4 anos, correspondendo ao período de uma legislatura.</p><p>Com o inciso VI do art. 29, o subsídio dos vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em</p><p>cada legislatura para a subsequente, observado o que dispõe a Constituição, observados os critérios estabeleci-</p><p>dos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:</p><p>Subsídio máximo dos vereado-</p><p>res</p><p>– % do subsídio dos Dep. Es-</p><p>taduais</p><p>Nº de habitantes do município</p><p>20% Até 10 mil</p><p>30% De 10 mil e um até 50 mil</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>3</p><p>40% De 50 mil e um até 100 mil</p><p>50% De 100 mil e um até 300 mil</p><p>60% De 300 mil e um até 500 mil</p><p>75% Mais de 500 mil</p><p>Atenção</p><p>Vale ressaltar que o total da despesa com a remuneração dos</p><p>Vereadores não poderá ultrapassar o montante de 5% da recei-</p><p>ta do município.</p><p>Além disso, a Câmara Municipal não poderá gastar mais de</p><p>70% de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto</p><p>com o subsídio de seus Vereadores, sob pena de incorrer o</p><p>Presidente da Câmara em crime de responsabilidade.</p><p>Já o Prefeito Municipal, por sua vez, também incorrerá em crime de responsabilidade, nos termos do art. 29-A, §</p><p>2º, da CF, se:</p><p>I –efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;</p><p>II –não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou</p><p>III –enviá-lo a menor em relação à proposta fixada na Lei Orçamentária.</p><p>1.1.4. Âmbito Distrital</p><p>Por último, no âmbito distrital também vige o princípio do unicameralismo, já que o Poder Legislativo no DF é</p><p>exercido pela Câmara Legislativa, composta de Deputados Distritais, que representam o povo do Distrito Federal.</p><p>Conforme previsão do art. 32, § 3º, aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art.</p><p>27, vale dizer, as mesmas características e regras aplicadas aos Estados-membros.</p><p>1.2. Atribuições do Congresso Nacional</p><p>As atribuições do Congresso Nacional podem ser divididas, basicamente, entre os artigos 48 e 49 da CF/88.</p><p>No art. 48, para dispor sobre todas as matérias de competência da União, encontram-se as atribuições legislati-</p><p>vas do Congresso que, como tais, dependem de sanção do Presidente da República para que sejam aperfeiçoa-</p><p>das.</p><p>Já no art. 49 a Constituição consagra competências políticas próprias exclusivas do Congresso Nacional, não</p><p>havendo que se falar aqui em manifestação por parte</p><p>legal de candida-</p><p>to, dentre os remanescentes deverá ser convocado o de maior votação.</p><p>O Presidente e o Vice-Presidente da República deverão tomar posse em sessão do Congresso Nacional, prestando</p><p>o compromisso de manter e defender a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sus-</p><p>tentar a união, a integridade e a independência do Brasil.</p><p>Atenção</p><p>Na hipótese de se passarem 10 dias da data estabelecida para</p><p>a posse e o Presidente e o Vice-Presidente, ressalvado</p><p>motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será</p><p>declarado vago.</p><p>2.4. O mandato</p><p>A posse do Presidente e Vice-Presidente da República ocorrerá no dia 1º de janeiro do ano seguinte ao da sua</p><p>eleição, tendo o mandato duração de quatro anos.</p><p>No caso de impedimento do Presidente da República, o Vice-Presidente deverá lhe substituir (caráter provisório),</p><p>já na hipótese de vacância, deverá lhe suceder (natureza definitiva).</p><p>Além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, o Vice-Presidente da República deverá</p><p>auxiliar o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.</p><p>Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessi-</p><p>vamente chamados ao exercício da Presidência (provisoriamente, registre-se) o Presidente da Câmara dos Depu-</p><p>tados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.</p><p>Assim, confirmada a vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, serão realizadas novas</p><p>eleições (diretas) 90 dias depois de abertura da última vaga.</p><p>Porém, caso a vacância ocorra nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição (indireta) para ambos</p><p>os cargos será feita 30 dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.</p><p>Vale salientar que em ambas as hipóteses, os eleitos deverão apenas e tão-somente completar o período da-</p><p>queles que sucederam. É o chamado mandato tampão (situação ocorrida no âmbito do Poder Executivo muni-</p><p>cipal de Campinas, Estado de São Paulo).</p><p>Atenção</p><p>Finalmente, a Constituição ainda estabelece que o Presidente</p><p>da República (e também o Vice), não poderá, sem licença do</p><p>Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior</p><p>a 15 dias, sob pena de perda do cargo.</p><p>2.5. Atribuições do Presidente da República</p><p>As atribuições do Presidente da República foram previstas na Constituição de 1988 no art. 84. Neste dispositivo,</p><p>portanto, é possível encontrar não só as competências caracterizadoras da chefia de Estado (marcadas pela re-</p><p>presentação internacional do Brasil), como também da chefia de Governo (relacionadas à direção da vida política</p><p>nacional no âmbito interno).</p><p>Atenção</p><p>De logo, insta salientar que tais atribuições não encerram um</p><p>rol taxativo, vale dizer, ‘numerus clausus’. Ao contrário, a previ-</p><p>são específica dessas competências não exclui outras que de-</p><p>correm do próprio texto constitucional. O rol, portanto, é mera-</p><p>mente exemplificativo, é dizer, ‘numerus apertus’.</p><p>Outro não é o entendimento que pode ser extraído do inciso XXVII desse mesmo artigo. Segundo esse dispositi-</p><p>vo, também compete ao Presidente do Brasil exercer outras atribuições previstas na Constituição.</p><p>De fato, não seria razoável imaginar que todas as atribuições possíveis e imagináveis de um Presidente da Repú-</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>21</p><p>blica viessem taxativamente previstas em um texto contendo vinte e sete incisos.</p><p>Outro ponto digno de nota diz respeito à possibilidade de tais competências serem delegadas. Quem responde é o</p><p>próprio art. 84 da CF, em seu parágrafo único.</p><p>Atenção</p><p>Com essa previsão, tem-se que o Presidente da República po-</p><p>derá delegar as atribuições previstas nos incisos VI, XII e XXV,</p><p>primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-</p><p>Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que</p><p>deverão observar os limites traçados nas respectivas delega-</p><p>ções.</p><p>Dada a especificidade, é indispensável que o candidato chegue à prova dominando, especialmente, essas três</p><p>atribuições passíveis de delegação. São elas:</p><p>VI –dispor mediante decreto sobre:</p><p>a)organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação</p><p>ou extinção de órgãos públicos;</p><p>b)extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;</p><p>XII –conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei.</p><p>XXV –prover os cargos públicos federais na forma de lei.</p><p>Observe que no inciso XXV não é passível de delegação a competência para a extinção dos cargos públicos fede-</p><p>rais, mas só para provimento. Tudo isso porque o parágrafo único do artigo só se refere à primeira parte do dispo-</p><p>sitivo, e não à sua integralidade.</p><p>Ressalte-se, ainda, que essa extinção de cargos públicos federais, que não é passível de delegação, não se con-</p><p>funde com a extinção de funções ou cargos públicos do inciso VI, alínea “b”, esta, por sua vez, possível de ser</p><p>delegada.</p><p>Atenção</p><p>Não se trata de paradoxo (contradição), é que a partir da leitura</p><p>deste último dispositivo, o que se percebe é que só é possível a</p><p>delegação da extinção de cargos públicos quando eles estive-</p><p>rem vagos, ressalva esta, como se percebe, que não foi feita no</p><p>inciso XXV.</p><p>2.6. RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA</p><p>A partir de agora será analisada a responsabilização do Presidente da República quando da prática de crimes de</p><p>responsabilidade e de crimes comuns.</p><p>2.6.1. Crimes de responsabilidade</p><p>Crimes de responsabilidade são infrações de natureza política e administrativa que dão ensejo ao processo de</p><p>impeachment.</p><p>Essas infrações podem ou não constituir tipos penais. Quando constituem, são chamadas de crimes de responsa-</p><p>bilidade próprios (contando, inclusive, com previsão no Código Penal e na legislação especial).</p><p>Do contrário, ficando apenas na esfera extrapenal, são chamados de crimes de responsabilidade impróprios. Es-</p><p>ses últimos, sim, objeto de presente estudo.</p><p>Na Constituição Federal de 1988 tais infrações políticas estão disciplinadas no art. 85. Com esse dispositivo, são</p><p>crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, es-</p><p>pecialmente, contra:</p><p>I –a existência da União;</p><p>II –o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais</p><p>das unidades da Federação;</p><p>II –o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;</p><p>V –a segurança interna do País;</p><p>V –a probidade na administração;</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>22</p><p>VI –a lei orçamentária;</p><p>VII –o cumprimento das leis e das decisões judiciais.</p><p>Com o parágrafo único tem-se que esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de</p><p>processo e julgamento. Trata-se da Lei n. 1.079/50, que foi alterada pela Lei n. 10.028/2000, ampliando o rol das</p><p>infrações político-administrativas, com ênfase em relação aos crimes contra a lei orçamentária.</p><p>Adentrando, agora, na seara do procedimento, de saída vale advertir que o mesmo é bifásico, ou seja, composto</p><p>por duas fases: uma inicial e outra final.</p><p>a)Fase inicial</p><p>A fase inicial se dá mediante o oferecimento de uma acusação, por qualquer cidadão no pleno gozo dos seus</p><p>direitos políticos, no âmbito da Câmara dos Deputados, contra o Presidente da República, pela prática de uma</p><p>das infrações político-administrativas arroladas como ensejadoras de crime de responsabilidade.</p><p>É a Câmara dos Deputados, portanto, que exercerá esse juízo de admissibilidade, funcionando como se fosse</p><p>um tribunal de pronúncia, declarando ser a acuação procedente ou não.</p><p>Caso a Câmara entenda que a acusação preenche os requisitos de procedibilidade, o que dependerá da maioria</p><p>qualificada de 2/3 dos seus membros, admitida estará a instauração do processo no âmbito do Senado Federal,</p><p>dando início à segunda</p><p>fase.</p><p>b)Fase final</p><p>Como visto, a fase final ocorre no âmbito do Senado Federal, a quem, historicamente, coube o dever de instaurar</p><p>o processo caso fosse admitida a acusação por 2/3 dos membros da Câmara dos Deputados, exercendo um juízo</p><p>de processamento, atuando como tribunal de julgamento.</p><p>Ocorre que recentemente o Supremo Tribunal Federal entendeu, por oito votos a três, que o Senado também tem</p><p>o poder de decidir, por maioria simples, pela instauração ou não do processo, contrariando o voto do relator.</p><p>Essa sessão no âmbito do Senado será presidida pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, consoante</p><p>disposição do art. 52, parágrafo único, da CF/88. Exercendo o julgamento, os Senadores da República poderão</p><p>absolver o acusado ou condená-lo pela prática de crime de responsabilidade.</p><p>Lembrando que, assim como na aceitação da acusação pela Câmara dos Deputados, o quórum para a condena-</p><p>ção, que terá a forma de resolução do Congresso Nacional, também é de 2/3 dos membros.</p><p>Atenção</p><p>Ainda à luz do art. 52, parágrafo único, da CF, a condenação</p><p>limitar-se-á à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos,</p><p>para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais</p><p>sanções judiciais cabíveis.</p><p>Também não se deve perder de vista a regra segundo a qual após a instauração do processo pelo Senado nos</p><p>crimes de responsabilidade, o Presidente ficará suspenso de suas funções pelo prazo de 180 dias (CF, art. 86, §</p><p>1º, II).</p><p>Se o julgamento não estiver concluído no referido prazo, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do</p><p>regular seguimento do processo (CF, 86, § 2º).</p><p>2.6.2. Crimes comuns</p><p>O procedimento de responsabilização do Presidente da República por crime comum também é bifásico.</p><p>a)Fase inicial</p><p>A fase inicial também acontece no âmbito da Câmara dos Deputados, que exercendo um juízo de admissibilida-</p><p>de, atuando tal qual um tribunal de pronúncia, pode aceitar ou não a acusação contra o Presidente da República,</p><p>também pelo quórum de 2/3 dos seus membros.</p><p>Essa acusação terá a forma de denúncia, em se tratando de crime de ação penal pública, ofertada pelo Procura-</p><p>dor-Geral da República, ou poderá assumir a forma de queixa-crime, em se tratando de crime de ação penal</p><p>privada, a ser oferecida pelo próprio ofendido.</p><p>b)Fase final</p><p>Recebida a denúncia ou queixa-crime pela Câmara dos Deputados, passa-se à próxima fase marcada pela ins-</p><p>tauração do processo no âmbito do Supremo Tribunal Federal (órgão competente para o julgamento do Presi-</p><p>dente da República em decorrência da prática de crime comum).</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>23</p><p>Essa competência originária do STF para julgamento do Presidente da República abrange todas as modalidades</p><p>de ilícitos penais, alcançando também os crimes eleitorais, os crimes dolosos contra a vida e, inclusive, as contra-</p><p>venções penais.</p><p>Vale ressaltar que, em nome do princípio da separação dos Poderes, o Pretório Excelso não está obrigado a re-</p><p>ceber a denúncia ou queixa-crime, ainda que tenha havido autorização por parte da Câmara dos Deputados.</p><p>O STF, portanto, exercerá o juízo de processamento, funcionando, normalmente, como um tribunal de julgamento,</p><p>e poderá absolver ou condenar o Presidente prática do crime comum.</p><p>Atenção</p><p>Caso a Corte Suprema entenda que ele seja culpado e julgue</p><p>procedente o pedido, a condenação aqui será aquela prevista</p><p>no próprio tipo penal, ocorrendo a perda do cargo apenas de</p><p>modo indireto como uma consequência da suspensão dos</p><p>direitos políticos operada por força do art. 15, III, da CF/88.</p><p>Vale lembrar que do mesmo modo como ocorre nos crimes de responsabilidade, recebida a denúncia ou queixa-</p><p>crime, o Presidente da República ficará suspenso das suas funções pelo prazo de 180 dias (CF, art. 86, § 1º, I).</p><p>Novamente aqui, findo esse prazo sem que tenha havido julgamento, cessará o afastamento do Presidente, sem</p><p>prejuízo do regular prosseguimento do processo (CF, art. 86, § 2º).</p><p>Atenção</p><p>Ainda nos termos do art. 86, § 3º, enquanto não sobrevier</p><p>sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente</p><p>da República não estará sujeito à prisão.</p><p>2.6.2.1. Imunidade presidencial (irresponsabilidade penal relativa)</p><p>A Constituição Federal consagra, em seu art. 86, § 4º, a chamada imunidade presidencial ou cláusula de irrespon-</p><p>sabilidade penal relativa. Segundo esse dispositivo, durante a vigência do seu mandato, o Presidente da Repúbli-</p><p>ca não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.</p><p>Atenção</p><p>A partir da consagração desta imunidade, fica estabelecido que</p><p>o Presidente, enquanto durar o seu mandato, apenas poderá</p><p>ser responsabilizado pela prática de atos que guardem relação</p><p>com o exercício das suas funções (‘in officio’ ou ‘propter offi-</p><p>cium’).</p><p>Noutras palavras, caso ele tenha praticado uma infração criminal (ilícito penal), antes de assumir o cargo de Pre-</p><p>sidente, ou depois dessa assunção, porém sem nenhuma relação funcional, gozará da cláusula de irresponsabili-</p><p>dade penal relativa.</p><p>Ou seja, enquanto estiver no cargo, não poderá ser responsabilizado, entretanto, por óbvio, durante este período,</p><p>suspenso estará o prazo de prescrição do delito enquanto durar o mandato. Neste caso, só haverá que se falar</p><p>em persecutio criminis depois do término do mandato, perante o órgão da justiça comum competente.</p><p>Vale lembrar que essa imunidade se restringe apenas aos tipos penais (não abrangendo as infrações de nature-</p><p>za civil, política, administrativa e fiscal) que tenham sido praticados antes do exercício do mandato, ou durante,</p><p>porém sem qualquer relação funcional.</p><p>Se praticados no exercício do mandato e guardando relação com as funções de Presidente da República, na-</p><p>turalmente será possível a instauração da persecução criminal.</p><p>2.7. Ministros de Estado</p><p>Os Ministros de Estado são os auxiliares diretos do Presidente da República e deverão ser escolhidos dentre bra-</p><p>sileiros de 21 anos e no exercício dos direitos políticos. Como característica do sistema presidencialista de</p><p>governo, por influência norte-americana, o Presidente detém ampla liberdade para nomear e exonerar os seus</p><p>Ministros.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>24</p><p>No que se refere às atividades ministeriais, além de outras atribuições conferidas por lei e pela própria Constitui-</p><p>ção, compete aos Ministros de Estado: i) exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades</p><p>da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente</p><p>da República; ii) expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; iii) apresentar ao Presi-</p><p>dente da República relatório anual de sua gestão no Ministério; iv) praticar os atos pertinentes às atribuições que</p><p>lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.</p><p>Por fim, lei ordinária deverá dispor sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública.</p><p>2.8. Órgãos de Consulta do Presidente da República</p><p>O Conselho da Rep��blica e o Conselho de Defesa Nacional são órgãos criados pela Constituição Federal de 1988</p><p>e, como o próprio nome sugere, servem para a consulta do Presidente da República nos assuntos considerados</p><p>mais relevantes.</p><p>Ao Conselho da República (órgão superior de consulta do Presidente) compete se pronunciar sobre intervenção</p><p>federal, estado de defesa e estado de sítio, bem como sobre questões relevantes para a estabilidade das institui-</p><p>ções democráticas.</p><p>Dele participam: i) o Vice-Presidente da República; ii) o Presidente da Câmara dos Deputados; iii) o Presidente</p><p>do Senado Federal; iv) os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; v) os líderes da maioria e</p><p>da minoria no Senado Federal; vi) o Ministro da Justiça; vii) seis cidadãos brasileiros natos, com mais de 35</p><p>anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente</p><p>da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois</p><p>eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.</p><p>Já ao Conselho de Defesa Nacional (órgão de consulta do Presidente nos assuntos relacionados com a soberania</p><p>nacional e a defesa do Estado democrático) compete: opinar nas hipóteses de declaração de guerra e celebração</p><p>de paz, nos termos da Constituição; opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da inter-</p><p>venção federal; propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território</p><p>nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preserva-</p><p>ção e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de</p><p>iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.</p><p>Por fim, participam do Conselho de Defesa Nacional como membros natos: i) o Vice-Presidente da República;</p><p>ii) o Presidente da Câmara dos Deputados; iii) o Presidente do Senado Federal; iv) o Ministro da Justiça; v) o</p><p>Ministro de Estado da Defesa; vi) o Ministro das Relações Exteriores; vii) o Ministro do Planejamento; e viii) os</p><p>Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.</p><p>3. DO PODER JUDICIÁRIO</p><p>O art. 2º da Carta Magna consagrou, ao lado do Legislativo e do Executivo, o Poder Judiciário, compondo a teoria</p><p>da tripartição dos Poderes que, inclusive, segundo o art. 60, § 4º, III, é uma das cláusulas pétreas do sistema</p><p>constitucional vigente.</p><p>3.1. Funções típicas e atípicas</p><p>Assim como nos demais Poderes, ao Judiciário foram atribuídas tanto funções típicas, quanto funções atípicas.</p><p>A função típica do Poder Judiciário é o próprio exercício da jurisdição (juris dicere), vale dizer, da função judicial</p><p>ou jurisdicional. Em nome do princípio da inércia, a partir de uma provocação (como regra), o Poder Judiciário</p><p>pode ser chamado a substituir a vontade das partes, de modo imparcial, para dirimir conflitos e aplicar – ou criar –</p><p>o direito no caso concreto.</p><p>Atipicamente este Poder também exercer atividades legislativas e administrativas. A elaboração de um concurso</p><p>público por um tribunal jurisdicional, por exemplo, para provimento de cargos efetivos, traduz uma hipótese de</p><p>atuação de órgão jurisdicional no exercício da função atípica administrativa.</p><p>Noutra situação, atuando agora no desempenho de função atípica normativa, é possível citar a atividade de elabo-</p><p>ração dos regimentos internos de cada um dos diversos tribunais que compõem a estrutura do Poder Judiciário.</p><p>Atenção</p><p>Ademais, ainda no exercício de função atípica administrativa,</p><p>não há como não lembrar o próprio Conselho Nacional de Justi-</p><p>ça, inserido no art. 92, I-A, da CF, como órgão do Poder Judici-</p><p>ário, por intermédio da Emenda Constitucional n. 45 de 08 de</p><p>dezembro de 2004.</p><p>Este Conselho, conforme será detalhado mais à frente, não possui ingerência sobre as atividades jurisdicionais de</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>25</p><p>juízes e tribunais. Sua atividade precípua, portanto, é exercer o controle da atividade administrativa e financeira do</p><p>Poder Judiciário, bem como fiscalizar o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.</p><p>3.2. Organograma do Poder Judiciário</p><p>Já se disse que o Poder, assim como o Direito, é uno é indivisível, ou seja, indecomponível. Admite -se, porém,</p><p>um abrandamento dessa ideia com a divisão do Direito em ramos (ou províncias jurídicas). Lembrando que</p><p>essa distribuição possui fins eminentemente didáticos, é dizer, por questão de mera conveniência acadêmica.</p><p>Do mesmo modo, estudando o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, o que se percebe, em verdade, é uma sepa-</p><p>ração das funções estatais. Funções essas que, conforme aqui já sinalizado, podem ser divididas em funções</p><p>típicas e funções atípicas.</p><p>Com o estudo do organograma ou estrutura do Poder Judiciário não é diferente. Apresentando sempre a mesma</p><p>finalidade, o Poder Judiciário também é uno e indivisível. Mais ainda! É correto afirmar que não é ele, propriamen-</p><p>te, nem federal e nem estadual, mas sim um Poder nacional.</p><p>É um só Poder que possui uma atuação distribuída por diversos órgãos, mais especificamente em duas esferas</p><p>(aqui sim, federal e estadual), a partir de uma distribuição de competências.</p><p>Na trilha desse raciocínio, a Constituição da República elencou, no art. 92, os órgãos do Poder Judiciário. São</p><p>eles:</p><p>I – o Supremo Tribunal Federal;</p><p>I– o Conselho Nacional de Justiça;</p><p>I – o Superior Tribunal de Justiça;</p><p>III – os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais;</p><p>V – os Tribunais e Juízes do Trabalho;</p><p>V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;</p><p>VI – os Tribunais e Juízes Militares;</p><p>II – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.</p><p>Vale ressaltar que o Conselho Nacional de Justiça, embora seja órgão do Poder Judiciário, por ter natureza admi-</p><p>nistrativa não compõe a estrutura dos órgãos jurisdicionais.</p><p>Assim, é possível sintetizar esses órgãos da seguinte forma:</p><p>ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO</p><p>(órgãos jurisdicionais)</p><p>3.3. Estatuto da Magistratura</p><p>Conforme previsão do art. 93, caput, da Constituição Federal, lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal</p><p>Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura. Trata-se da consagração do princípio de reserva de lei com-</p><p>plementar federal.</p><p>Posição do STF</p><p>Vale registrar que até o presente momento essa lei não foi</p><p>editada. Em face desse silêncio legislativo, segundo a juris-</p><p>prudência do próprio Supremo Tribunal Federal, fica valendo</p><p>como Estatuto da Magistratura a LC n. 35/79, que foi recepci-</p><p>onada pelo Constituição de 1988.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>26</p><p>3.4. Garantias do Poder Judiciário</p><p>Com a finalidade de assegurar a independência e a imparcialidade do Poder Judiciário, a Constituição Federal de</p><p>1988 conferiu-lhe uma série de garantias preservadoras da sua autonomia.</p><p>Tais garantias podem ser divididas em: garantias institucionais e garantias funcionais.</p><p>3.4.1. Garantias institucionais</p><p>Tais garantias têm por finalidade preservar o Poder Judiciário globalmente, como instituição. Podem ser dividias</p><p>em:</p><p>a) Garantias de autonomia orgânico-administrativa</p><p>Estão consagradas nas normas que tratam da estrutura e funcionamento, bem como naquelas que estabele-</p><p>cem competências para os tribunais, tais como: eleger seus órgãos diretivos, elaborar o regimento interno, or-</p><p>ganizar internamente a estrutura administrativa etc. (CF, art. 96).</p><p>b) Garantias de autonomia financeira</p><p>Estas, por sua vez, estão relacionadas à possibilidade de elaboração e execução de suas propostas orçamen-</p><p>tárias, nos termos da Constituição e dentro dos limites estipulados junto com os demais Poderes na lei de diretri-</p><p>zes orçamentárias (CF, art. 99).</p><p>3.4.2. Garantias funcionais</p><p>Já as garantias funcionais (também chamadas garantias de órgãos) têm por objetivo assegurar aos membros do</p><p>Poder Judiciário o livre desempenho de suas funções. Também podem ser divididas em:</p><p>a) Garantias de independência</p><p>Vitaliciedade (art. 95, I)</p><p>No primeiro grau de jurisdição, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo,</p><p>nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judici-</p><p>al transitada em julgado.</p><p>Vale lembrar que os demais servidores públicos não gozam de vitaliciedade, mas sim de estabilidade, afinal, a</p><p>perda do cargo poderá se dar por decisão judicial, processo administrativo assegurado o contraditório e a ampla</p><p>defesa, e procedimento de avaliação periódica de desempenho.</p><p>Advirta-se, ainda, que, no âmbito dos tribunais, a garantia da vitaliciedade é adquirida no exato momento da pos-</p><p>se, independentemente da forma de acesso.</p><p>Inamovibilidade (art. 95, II)</p><p>É a garantia que assegura ao magistrado</p><p>a impossibilidade de remoção, no âmbito da estrutura judiciária, sem o</p><p>seu consentimento.</p><p>Atenção</p><p>Ocorre que o próprio dispositivo que consagra a inamovibilidade</p><p>também traz uma ressalva, prevista nos termos do art. 93, VIII.</p><p>Com ele, tem-se que o ato de remoção, disponibilidade e apo-</p><p>sentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em</p><p>decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou</p><p>do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.</p><p>Irredutibilidade de subsídios (art. 95, III)</p><p>Com o objetivo de assegurar maior liberdade no desempenho das funções, a Carta Magna garante que o subsídio</p><p>dos magistrados não poderá ser reduzido.</p><p>Vale ressaltar que essa garantia não é exclusiva dos magistrados, sendo hoje estendida também para todos os</p><p>servidores públicos civis e militares.</p><p>b) Garantias de imparcialidade</p><p>Já no parágrafo único do art. 95, o legislador constituinte consagrou algumas vedações com o intuito de preservar</p><p>a imparcialidade dos membros do Poder Judiciário.</p><p>São elas:</p><p>exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;</p><p>receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participações em processo;</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>27</p><p>dedicar-se à atividade político-partidária;</p><p>receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou priva-</p><p>das, ressalvadas as exceções previstas em lei (EC n. 45/2004);</p><p>exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorrido três anos do afastamento do car-</p><p>go por aposentadoria ou exoneração (é a chamada quarentena de saída – EC n. 45/2004).</p><p>3.5. Quinto Constitucional</p><p>Segundo o art. 94 do Texto Maior, 1/5 (um quinto) dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais</p><p>dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros do Ministério Público, com mais de 10</p><p>anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10 anos de efetiva</p><p>atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.</p><p>O parágrafo único, por sua vez, conclui o raciocínio afirmando que recebidas as indicações, o tribunal formará lista</p><p>tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes</p><p>para a nomeação.</p><p>Atenção</p><p>Vale ressaltar que embora a previsão do texto constitucional no</p><p>art. 94 só tenha se referido expressamente aos Tribunais Regi-</p><p>onais Federais, aos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal</p><p>e Territórios, a Emenda Constitucional n. 45/2004 passou a</p><p>estender a obrigatoriedade de observância da regra do quinto</p><p>constitucional também para o Tribunal Superior do Trabalho e</p><p>para os Tribunais Regionais do Trabalho (arts. 111-A, I e</p><p>115, I, da CF, respectivamente).</p><p>Lembrando, ainda, que nos termos do art. 104, parágrafo único,</p><p>da CF, um terço da composição do Superior Tribunal de Justiça</p><p>deve ser distribuído, em partes iguais, dentre advogados e</p><p>membros do Ministério Público.</p><p>3.6. Súmulas Vinculantes</p><p>À luz do art. 103-A da CF/88, inserido através da Emenda Constitucional n. 45/2004, o Supremo Tribunal Federal</p><p>poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 de seus membros, após reiteradas decisões</p><p>sobre a matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito</p><p>vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas</p><p>esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida</p><p>em lei.</p><p>A Lei n. 11.417/2006 disciplinou o procedimento para a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de sú-</p><p>mulas vinculantes, trazendo os seguintes requisitos:</p><p>Existência de reiteradas decisões sobre matéria constitucional.</p><p>Que estas decisões tenham por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas.</p><p>Que haja, entre órgãos judiciários ou entre estes e a administração pública, controvérsia atual que acarrete gra-</p><p>ve insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.</p><p>Que a decisão sobre a edição, a revisão e o cancelamento seja tomada por 2/3 dos membros do STF, em ses-</p><p>são plenária.</p><p>Oitiva (ouvida) prévia do PGR, quando a proposta não tiver sido formulada por ele.</p><p>Segundo a Constituição Federal, a súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas</p><p>determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração</p><p>pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.</p><p>Atenção</p><p>Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, fica estabe-</p><p>lecido que a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula</p><p>poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação</p><p>direta de inconstitucionalidade (CF, art. 103).</p><p>Vale ressaltar que o art. 3º a Lei n. 11.417/06 ampliou este rol,</p><p>incluindo como legitimados o Defensor Público-Geral da União,</p><p>os Tribunais Superiores, os TJs de Estado ou do Distrito Federal</p><p>e Territórios, os TRFs, os TRTs, os TREs e os Tribunais Milita-</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>28</p><p>res. É dizer, todos os tribunais jurisdicionais.</p><p>Município só poderá fazer proposta de edição, revisão ou cancelamento de súmulas de modo incidental, ou seja,</p><p>no processo em curso do qual ele faça parte (art. 3º, § 1º, da Lei n. 11.417/06).</p><p>Atenção</p><p>Por último, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal do</p><p>ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula</p><p>aplicável ou que indevidamente a aplicar. Julgando procedente a</p><p>reclamação, o STF anulará o ato administrativo ou a cassará a</p><p>decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferi-</p><p>da com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.</p><p>3.7. DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA</p><p>O Conselho Nacional de Justiça, criado pela EC n. 45/2004, é um órgão integrante do Poder Judiciário que tem</p><p>sede em Brasília e atuação em todo o território nacional.</p><p>Trata-se, conforme já mencionado, de um órgão cujas atribuições são exclusivamente administrativas (não</p><p>jurisdicionais), e justamente por isso ele não aparece no quadro sinótico que estampa o organograma da estrutura</p><p>do Poder Judiciário.</p><p>Atenção</p><p>Além disso, não se deve perder de vista que o Conselho Nacio-</p><p>nal de Justiça se localiza em posição inferior ao Supremo Tri-</p><p>bunal Federal, estando submetido ao seu controle. Nesse sen-</p><p>tido, sua atividade de fiscalização é dirigida apenas e tão-</p><p>somente aos juízes e tribunais situados abaixo do Pretório Ex-</p><p>celso na estrutura hierárquica.</p><p>Assim, consolida-se o CNJ como um órgão colegiado, que integra o Poder Judiciário brasileiro, composto por</p><p>membros da magistratura, da sociedade e por representantes do Ministério Público, cuja função primordial é o</p><p>exercício do controle sobre a atuação administrativa, financeira, e sobre os deveres funcionais dos magistrados.</p><p>Já com o caput desse dispositivo, o Conselho Nacional de Justiça compõe-se 15 membros com mandato de 2</p><p>anos, admitida uma recondução.</p><p>Desses 15 membros, 9 são do Poder Judiciário, 2 são do Ministério Público, 2 são da advocacia e 2 são da socie-</p><p>dade.</p><p>Os 9 membros do Poder Judiciário são:</p><p>1) o Presidente do Supremo Tribunal Federal.</p><p>2) 1 Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo próprio STJ.</p><p>3) 1 Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo próprio TST.</p><p>4) 1 desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>5) 1 juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>6) 1 juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça.</p><p>7) 1 juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça.</p><p>8) 1 juiz de Tribunal Regional do Trabalho,</p><p>indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho.</p><p>9) 1 juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho.</p><p>Os 2 membros do Ministério Público são:</p><p>1) 1 membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República.</p><p>2) 1 membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes</p><p>indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual.</p><p>Os 2 advogados são indicados pelo Conselho Federal da Ordem os Advogados do Brasil.</p><p>Por último, os 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada são indicados um pela Câmara dos Depu-</p><p>tados e outro pelo Senado Federal.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>29</p><p>Lembrando que não efetuadas as referidas indicações no prazo legal, a escolha caberá ao Supremo Tribunal Fe-</p><p>deral.</p><p>Atenção</p><p>O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribu-</p><p>nal Federal e, nas ausências e impedimentos, pelo Vice-</p><p>Presidente da Suprema Corte (CF, art. 103-B, § 1º, com reda-</p><p>ção dada pela EC n. 61/2009).</p><p>Todos os demais membros (o Presidente do Supremo Tribunal Federal, por já integrar o Conselho automatica-</p><p>mente, não se submete a essa regra) devem ser nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovadas</p><p>as indicações dos seus nomes pela maioria absoluta do Senado.</p><p>O Ministro do STJ, por sua vez, exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de</p><p>processo no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe foram conferidas pelo Estatuto da Magistratu-</p><p>ra, as seguintes:</p><p>I – receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços</p><p>judiciários;</p><p>II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; e</p><p>II – requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribu-</p><p>nais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.</p><p>Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil.</p><p>Fica estabelecido ainda que a União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça,</p><p>competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder</p><p>Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.</p><p>A competência atribuída pela Constituição Federal ao CNJ está relacionada, basicamente, com o controle da</p><p>atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos</p><p>juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, o seguinte:</p><p>I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expe-</p><p>dir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;</p><p>II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos ad-</p><p>ministrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar</p><p>prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competên-</p><p>cia do Tribunal de Contas da União;</p><p>III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus</p><p>serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação</p><p>do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo</p><p>avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria</p><p>com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,</p><p>assegurada a ampla defesa;</p><p>V – representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autori-</p><p>dade;</p><p>V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribu-</p><p>nais julgados a menos de um ano;</p><p>VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processo e sentenças prolatadas, por unidade da Fe-</p><p>deração, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;</p><p>VII – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judi-</p><p>ciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal</p><p>Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.</p><p>Atenção</p><p>Finalmente, cabe registrar que muito embora o Conselho Naci-</p><p>onal de Justiça não possa determinar a perda de cargo de juí-</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>30</p><p>zes, por outro lado poderá determinar a remoção, aposentado-</p><p>ria compulsória (com subsídios ou proventos proporcionais ao</p><p>tempo de serviço) ou a punição administrativa de magistrados.</p><p>Caso entenda oportuno, poderá, ainda, recomendar a perda de</p><p>cargo de juiz ao tribunal competente, o que somente poderá ocor-</p><p>rer por meio de sentença judicial transitada em julgado.</p><p>Concluído, portanto, o estudo acerca do Conselho Nacional de Justiça, passa-se agora para a análise das carac-</p><p>terísticas gerais dos órgãos do Poder Judiciário, seguindo uma estrutura didática e organizada.</p><p>Vale registrar que em face da extensão das listas de competências, aqui serão apontados apenas os artigos da</p><p>Constituição correspondentes, devendo o candidato, para as provas, realizar uma leitura cuidadosa dos dispositi-</p><p>vos mencionados.</p><p>3.8. Do Supremo Tribunal Federal</p><p>Composição: 11 Ministros.</p><p>Investidura: os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de</p><p>aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. É com a nomeação que se considera o Ministro</p><p>vitaliciado.</p><p>Requisitos para ocupação do cargo de Ministro do STF: a) ser brasileiro nato (CF, art. 12, § 3º, IV); b) ser cidadão,</p><p>portanto, no pleno gozo dos seus direitos políticos; c) ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade; d) ter notável</p><p>saber jurídico e reputação ilibada (art. 101).</p><p>Como visto, a Constituição elenca como um os requisitos o notável saber jurídico. Ocorre que, a despeito da au-</p><p>sência de previsão expressa, a doutrina sinaliza que o ocupante do cargo de Ministro do STF tem de ser, neces-</p><p>sariamente, um jurista. Ou seja, entende-se plausível a exigência da conclusão de curso superior em direito.</p><p>Competências: a) originária (art. 102, I, “a” a “r”); b) recursal ordinária (art. 102, II); e c) recursal extraordinária (art.</p><p>102, III).</p><p>3.9. Do Superior Tribunal de Justiça</p><p>Composição: no mínimo, 33 Ministros (art. 104).</p><p>Investidura: os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, depois</p><p>de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (EC n. 45/2004).</p><p>Requisitos para ocupação do cargo de Ministro do STJ: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 35 e</p><p>menos de 65 anos de idade; c) ter notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 104).</p><p>Composição dos Ministros: 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais; 1/3 de desembargadores dos Tribu-</p><p>nais de Justiça; 1/6 de advogados e 1/6 de membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e</p><p>Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.</p><p>Procedimento: no caso dos juízes dos Tribunais Regionais Federais e dos desembargadores dos Tribunais de</p><p>Justiça, o STJ elaborará lista tríplice, enviando-a ao Presidente da República, que indicará um nome e o nomeará</p><p>após aprovação do Senado Federal. Já no caso dos advogados e membros do Ministério Público, a indicação</p><p>seguirá o procedimento do quinto constitucional previsto no art. 94 da CF.</p><p>Competências: a) originária (art. 105, I, “a” a “i”); b) recursal ordinária (art. 105, II);</p><p>especiais ou especializadas, nem da Justiça Federal.</p><p>Atenção</p><p>Ainda nos termos da Carta de Outubro, os Estados deverão</p><p>instituir o seu sistema de controle de constitucionalidade das</p><p>leis e atos normativos estaduais ou municipais, contestados</p><p>em face da Constituição Estadual, sendo veda a legitimação</p><p>para agir a um único órgão.</p><p>Além disso, lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar Estadual, constitu-</p><p>ída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tri-</p><p>bunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil</p><p>integrantes.</p><p>Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em</p><p>lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for</p><p>civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das</p><p>praças.</p><p>Porém, competem aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares co-</p><p>metidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a</p><p>presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.</p><p>Como uma das grandes inovações na Justiça Estadual introduzidas também pela EC n. 45/04, o § 6º do art. 125</p><p>autoriza o Tribunal de Justiça funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar</p><p>o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.</p><p>Por fim, para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com</p><p>competência exclusiva para questões agrárias.</p><p>4. DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA</p><p>As funções essenciais à justiça são atividades profissionais institucionalizadas pela Constituição Federal de 1988,</p><p>e tem como finalidade tornar a prestação jurisdicional mais célere e efetiva.</p><p>Tais atividades são exercidas pelos órgãos do Ministério Público, da Advocacia Pública, da Defensoria Pública e</p><p>também pela Advocacia.</p><p>4.1. Do Ministério Público</p><p>Com previsão entre os arts. 127 e 130-A, o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdi-</p><p>cional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e</p><p>individuais indisponíveis.</p><p>A despeito da polêmica existente, o Ministério Público não integra nenhum dos poderes estatais. Trata-se de uma</p><p>instituição independente e autônoma. Já se disse que o mais importante não é ser Poder, mas ter poder, e isso o</p><p>órgão ministerial tem.</p><p>Assim, o que merece destaque, em verdade, é o relevo que a instituição possui perante a sociedade, principal-</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>33</p><p>mente a partir da Constituição Federal de 1988, que aumentou sobremaneira a sua relevância social, notadamen-</p><p>te em relação à tutela dos direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos.</p><p>Além disso, ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o</p><p>disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, pro-</p><p>vendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carrei-</p><p>ra.</p><p>Cumpre ao próprio Ministério Público elaborar a sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei</p><p>de diretrizes orçamentárias.</p><p>Consoante previsão constitucional no art. 128, o Ministério Público abrange os seguintes ramos:</p><p>I – o Ministério Público da União, que compreende:</p><p>a) o Ministério Público Federal;</p><p>b) o Ministério Público do Trabalho;</p><p>c) o Ministério Público Militar;</p><p>d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.</p><p>II – os Ministérios Públicos dos Estados.</p><p>O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da</p><p>República dentre integrantes da carreira, maiores de 35 anos, após a aprovação de seu nome pela maioria ab-</p><p>soluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.</p><p>A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedi-</p><p>da de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.</p><p>No que se refere aos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, estes deverão formar</p><p>lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para a escolha de seu Procurador -</p><p>Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma re-</p><p>condução.</p><p>Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da</p><p>maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.</p><p>4.1.1. Princípios institucionais</p><p>Atenção</p><p>À luz do art. 127, § 1º, da CF/88, são princípios institucionais</p><p>do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a</p><p>independência funcional.</p><p>Vale ressaltar que a previsão do art. 128, que consagra a abrangência do Parquet em diferentes ramos, não des-</p><p>natura a noção de órgão uno e indivisível.</p><p>a) Unidade</p><p>Significa que os membros do Ministério Público devem ser considerados como integrantes de uma só instituição.</p><p>Vale ressaltar que essa unidade está relacionada apenas ao aspecto funcional, já que do ponto de vista orgânico</p><p>há, como visto, uma divisão com repartição de competências.</p><p>Nesse sentido, conclui-se que esta unidade está inserida em cada um dos órgãos ministeriais, não sendo possível</p><p>um membro de determinado ramo do Parquet, por exemplo, exercer atribuições inerentes a outro ramo.</p><p>b) Indivisibilidade</p><p>De saída, é possível afirmar que o princípio da indivisibilidade é uma decorrência lógica e natural da própria uni-</p><p>dade. À luz deste preceito, fica assegurado que os membros do Ministério Público, nos processos, podem ser</p><p>substituídos uns pelos outros. Dessa forma, considera-se permitida a substituição recíproca entre membros de</p><p>um mesmo ramo do Parquet, desde que observado o disposto em lei.</p><p>c) Independência funcional</p><p>Com este princípio garante-se aos membros do Ministério Público ampla independência no desempenho de suas</p><p>funções, não tendo que estar subordinados a nenhuma pressão externa ou oriunda de algum Poder.</p><p>Assim, embora administrativamente se constate a existência de uma chefia, do ponto de vista funcional pode-se</p><p>afirmar que não existe subordinação hierárquica entre os membros do Ministério Público. Garante-se, portanto, a</p><p>autonomia de convicção, ficando estes membros submetidos apenas à Constituição, às leis e à sua própria</p><p>consciência.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>34</p><p>4.1.2. Garantias e impedimentos dos membros do Ministério Público</p><p>Com a previsão do art. 128, § 5º, I, da CF/88, é possível afirmar que os membros do Ministério Público gozam das</p><p>seguintes garantias:</p><p>a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial</p><p>transitada em julgado;</p><p>b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público mediante decisão do órgão colegiado competente</p><p>do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada a ampla defesa (EC n.</p><p>45/2004);</p><p>c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,</p><p>150, II, 153, III, 153, III, 153, § 2º, I.</p><p>Já com o inciso II do mesmo dispositivo, os membros do Ministério Público ainda se submetem às seguintes ve-</p><p>dações:</p><p>a) receber, a qualquer título ou sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;</p><p>b) exercer a advocacia;</p><p>c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;</p><p>d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer</p><p>outra função pública, salvo uma de magistério;</p><p>e) exercer atividade político-partidária;</p><p>f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou</p><p>privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (EC n. 45/2004).</p><p>Atenção</p><p>Não se deve perder de vista, ainda, que por força do art. 128,</p><p>§ 6º, da CF (EC n. 45/2005), aplica-se aos membros do Minis-</p><p>tério Público a vedação ao exercício da advocacia no juízo ou</p><p>tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do</p><p>afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (CF,</p><p>art. 95, parágrafo único, V).</p><p>4.1.3. Funções institucionais</p><p>As funções institucionais do Ministério Público estão previstas no art. 129. São elas:</p><p>promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;</p><p>zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos ass egurados</p><p>nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;</p><p>promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente</p><p>e de outros interesses difusos e coletivos;</p><p>promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos</p><p>casos previstos neste Constituição;</p><p>defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;</p><p>expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e docu-</p><p>mentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;</p><p>exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;</p><p>requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de</p><p>suas manifestações processuais;</p><p>exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhes vedada a</p><p>representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.</p><p>A legitimação do Ministério Público para as ações civis não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segun-</p><p>do o disposto na Constituição Federal e na lei.</p><p>Vale ressaltar que as funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que</p><p>deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.</p><p>Ainda, registre-se que o ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e</p><p>títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel</p><p>em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classifica-</p><p>ção.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>35</p><p>4.1.4. Conselho Nacional do Ministério Público</p><p>Outra grande inovação da Emenda Constitucional n. 45/2004 foi a previsão de um órgão colegiado formado por</p><p>membros do Ministério Público, magistrados e representantes da sociedade, cuja finalidade primordial é o exercí-</p><p>cio do controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres</p><p>funcionais de seus membros.</p><p>Este órgão é o Conselho Nacional do Ministério Público, com previsão no art. 130-A da CF, composto de 14</p><p>membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do</p><p>Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:</p><p>o Procurador-Geral da República, que o preside;</p><p>4 membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras;</p><p>3 membros do Ministério Público dos Estados;</p><p>2 juízes, indicados um pelo STF e o outro pelo STJ;</p><p>2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da OAB;</p><p>2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo</p><p>Senado Federal.</p><p>Atenção</p><p>Cabe ressaltar que conforme previsão do § 1º do art. 103-A, os</p><p>membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão</p><p>indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da</p><p>lei.</p><p>Ademais, como já se disse, compete ao CNMP o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério</p><p>Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe:</p><p>I –zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no</p><p>âmbito de sua competência, ou recomendar providências;</p><p>II –zela pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos adminis-</p><p>trativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-</p><p>los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem</p><p>prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;</p><p>II –receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Es-</p><p>tados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da insti-</p><p>tuição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a</p><p>aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções adminis-</p><p>trativas, assegurada a ampla defesa;</p><p>V –rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público</p><p>da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;</p><p>V –elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público</p><p>no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.</p><p>4.2. Da Advocacia Pública</p><p>Consagrada no art. 131, a Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vincula-</p><p>do, representa a União, judicial ou extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispu-</p><p>ser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder</p><p>Executivo.</p><p>Seu chefe é o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos mai-</p><p>ores de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.</p><p>O ingresso nas classes iniciais da carreira far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.</p><p>Insta salientar que na execução de dívida ativa de natureza tributária, a representação da União caberá à Procu-</p><p>radoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.</p><p>Já consoante previsão do art. 132, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira,</p><p>na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advoga-</p><p>dos do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas</p><p>unidades federadas.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>36</p><p>Atenção</p><p>Aos procuradores é assegurada estabilidade após três anos</p><p>de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho pe-</p><p>rante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das</p><p>corregedorias.</p><p>Não se deve esquecer, ainda, que os Municípios também poderão organizar a Advocacia Pública Municipal, e, por</p><p>conseguinte, a carreira dos Procuradores Municipais.</p><p>4.3. Da Advocacia</p><p>Nos termos do art. 133 da CF, fica estabelecido que o advogado é indispensável à administração da justiça, sen-</p><p>do inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.</p><p>Posição do STF</p><p>Esse caráter fundamental inerente às atividades dos advoga-</p><p>dos, inclusive, já foi reconhecido por diversas vezes no âmbito</p><p>do Supremo Tribunal Federal. Uma dessas manifestações pode</p><p>ser encontrada na súmula vinculante n. 14, enunciando que é</p><p>direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso</p><p>amplo aos elementos de prova que, já documentados em pro-</p><p>cedimento investigatório</p><p>realizado por órgão com competência</p><p>de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de</p><p>defesa.</p><p>4.4. Da Defensoria Pública</p><p>No art. 134, a Constituição consagra que a Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do</p><p>Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º,</p><p>LXXIV.</p><p>Conforme esse dispositivo constante do catálogo específico dos direitos e garantias fundamentais no texto consti-</p><p>tucional (título II), o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de</p><p>recursos.</p><p>Vale lembra que quando da promulgação da Constituição Federal de 1988 ainda não existiam no Brasil as Defenso-</p><p>rias Públicas. Em face dessa constatação, o legislador constituinte, no § 1º do art. 134, determinou que fosse editada</p><p>lei complementar prevendo a organização da Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e Territórios, bem</p><p>como a instituição de normas gerais para sua organização nos Estados.</p><p>Além disso, no mesmo dispositivo previu-se que as Defensorias Públicas serão organizadas em cargos de carrei-</p><p>ra, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a</p><p>garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.</p><p>Ainda como novidade introduzida pela Emenda Constitucional n. 45/2004, o § 2º do art. 134 previu um fortaleci-</p><p>mento das Defensorias Públicas Estaduais a partir do momento em que lhe foram asseguradas autonomia funci-</p><p>onal e administrativa, bem com a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei</p><p>de diretrizes orçamentárias, devendo obediência também ao disposto no art. 99, § 2º (lembrando que a EC nº 74</p><p>de 2013 inseriu o § 3º nesse dispositivo, estendendo essa autonomia do § 2º também para as Defensorias</p><p>Públicas da União e do Distrito Federal).</p><p>Muito cuidado! Não há dúvida de que essa alteração promovida pela EC nº 74 de 6 de agosto de 2013 terá alta</p><p>probabilidade de incidência nas próximas provas de concurso.</p><p>Atenção</p><p>Finalmente, com o art. 135, a Constituição determina que os</p><p>integrantes das carreiras da Advocacia Pública e da Defensoria</p><p>Pública serão remunerados na forma do art. 34, § 9º, é dizer,</p><p>mediante pagamento de subsídios.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>37</p><p>5. TÓPICO SÍNTESE</p><p>Poder</p><p>Legislativo</p><p>– Estrutura do Poder Legislativo</p><p>– Atribuições do Congresso Nacional</p><p>– Câmara dos Deputados</p><p>– Senado Federal</p><p>– Imunidades Parlamentares</p><p>– Os Deputados e Senadores</p><p>– Perda do mandato de Deputado e Senador</p><p>– Das reuniões</p><p>– Das Comissões</p><p>– Processo Legislativo</p><p>– Da fiscalização contábil, financeira e orça-</p><p>mentária</p><p>Poder</p><p>Executivo</p><p>– Generalidades</p><p>– Sistemas de Governo</p><p>– A eleição do Presidente da República</p><p>– O mandato</p><p>– Atribuições do Presidente da República</p><p>– Responsabilidade do Presidente da Repúbli-</p><p>ca</p><p>– Ministros de Estado</p><p>– Órgãos de Consulta do Presidente da Repú-</p><p>blica</p><p>Poder</p><p>Judiciário</p><p>– Funções típicas e atípicas</p><p>– Organograma do Poder Judiciário</p><p>– Estatuto da Magistratura</p><p>– Garantias do Poder Judiciário</p><p>– Quinto Constitucional</p><p>– Súmulas Vinculantes</p><p>– Do Conselho Nacional de Justiça</p><p>– Do Supremo Tribunal Federal</p><p>– Do Superior Tribunal de Justiça</p><p>– Da Justiça Federal</p><p>– Da Justiça do Trabalho</p><p>– Da Justiça Eleitoral</p><p>– Da Justiça Militar</p><p>– Da Justiça Estadual</p><p>Funções</p><p>essenciais</p><p>à justiça</p><p>– Do Ministério Público</p><p>– Da Advocacia Pública</p><p>– Da Advocacia</p><p>– Da Defensoria Pública</p><p>do Presidente da República nem pelo instrumento da san-</p><p>ção, menos ainda pelo veto.</p><p>Tais atribuições, como ressaltado, não têm natureza legislativa, ao contrário, são competências políticas próprias</p><p>que, inclusive, se materializam por meio de decreto legislativo.</p><p>Para as provas, recomenda-se uma leitura atenta de cada um desses artigos.</p><p>Atenção</p><p>Todavia, com o objetivo de auxiliar o entendimento acerca da</p><p>matéria, uma dica é observar que as competências do Con-</p><p>gresso Nacional previstas no art. 49 da CF, em sua grande</p><p>parte, traduzem situações de controle, fiscalização ou</p><p>regulação das atividades e assuntos inerentes à Presidência</p><p>da República, o que justifica, por óbvio, a desnecessidade da</p><p>sanção presidencial para o seu aperfeiçoamento.</p><p>Exemplos dessa constatação são os incisos II, III, V, VIII, IX, X e XIV. Em síntese, tais dispositivos consagram,</p><p>respectivamente:</p><p>autorizar o Presidente da República a declarar a guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transi-</p><p>tem pelo território nacional ou nele permaneça temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei comple-</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>4</p><p>mentar;</p><p>autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a</p><p>quinze dias;</p><p>sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação</p><p>legislativa;</p><p>fixar o subsídio do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observando limites</p><p>estabelecidos na Constituição;</p><p>julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução</p><p>dos planos de governo;</p><p>fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da</p><p>administração indireta; e</p><p>aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares.</p><p>1.3. Câmara dos Deputados</p><p>1.3.1. Principais características</p><p>Composta por representantes do povo</p><p>Confirmando a democracia semidireta insculpida no art. 1º, parágrafo único, da CF/88, segundo o qual todo poder</p><p>emana do povo que, além de diretamente, o exerce por meio dos seus representantes eleitos, a Constituição con-</p><p>sagrou a Câmara dos Deputados no capítulo referente ao Poder Legislativo.</p><p>Isso porque o art. 45 da CF não deixa dúvidas de que essa casa legislativa é composta de representantes do</p><p>povo, quais sejam os Deputados Federais que serão responsáveis pelo exercício dessa democracia indireta.</p><p>Deputados Federais eleitos pelo sistema ou princípio proporcional</p><p>Ainda com o art. 45, esses representantes do povo serão eleitos pelo sistema proporcional, em cada Estado, em</p><p>cada território e no Distrito Federal.</p><p>Já no § 1º desse mesmo dispositivo, a Carta Magna consagrou regra que constantemente vem sendo cobrada nos</p><p>concursos.</p><p>Segundo essa previsão, o número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Fe-</p><p>deral, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população (e não ao número de eleitores),</p><p>procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da</p><p>Federação tenha menos de 8 ou mais de 70 Deputados.</p><p>Número total de 513 Deputados Federais</p><p>A Lei Complementar n. 78/93 fixou em 513 o número total de deputados federais, distribuídos, como visto, propor-</p><p>cionalmente à população de cada Estado e do Distrito Federal.</p><p>Lembrando que caso venham a ser criados novamente, os Território Federais, nos temos do art. 45, § 2º, elegerão</p><p>um número fixo de 4 Deputados.</p><p>Mandato de 4 anos</p><p>Consoante previsão do art. 44, parágrafo único, da CF/88, cada legislatura terá duração de 4 anos, correspon-</p><p>dendo, este período, ao mandato do Deputado Federal. Assim, de quatro em quatro anos ocorrerá renovação</p><p>nessa casa legislativa, admitindo-se a reeleição.</p><p>Idade mínima de 21 anos para a assunção do cargo</p><p>Conforme sinalizado quando do estudo dos direitos políticos, a idade mínima para a assunção do cargo de Depu-</p><p>tado Federal é de 21 anos, a ser comprovada, segundo o TSE, na data da posse.</p><p>1.3.2. Competência privativa</p><p>No que se refere às atribuições da Câmara dos Deputados, registra-se que a sua competência privativa veio esta-</p><p>belecida na Constituição Federal no art. 51. E à luz da previsão do caput do art. 48 da Lei Maior, tais competên-</p><p>cias não dependem de sanção presidencial e, além disso, são materializadas por meio de resolução.</p><p>Para as provas, dada a constante repetição da literalidade do Texto Supremo nas questões, recomenda-se uma</p><p>leitura cuidadosa do art. 51 que, inclusive, só possui cinco incisos.</p><p>Dentre eles, os dois primeiros chamam bem a atenção pelo alto índice de cobrança. São eles:</p><p>I –autorizar, por 2/3 de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente</p><p>da República e os Ministros de Estado;</p><p>II –proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso</p><p>Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.</p><p>As demais atribuições (III – elaborar seu regimento interno; IV – dispor sobre sua organização; e V – eleger mem-</p><p>bros do Conselho da República) são competências mais genéricas que, em igual sentido, também são atribuídas</p><p>ao Senado.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>5</p><p>1.4. Senado Federal</p><p>1.4.1. Principais características</p><p>Composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal</p><p>Confirmando a primeira característica esposada acima, o art. 46 da Constituição Cidadã enuncia que o Senado</p><p>Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal.</p><p>Vale advertir que, nesse particular, as bancas examinadoras adoram confundir o candidato afirmando que assim</p><p>como a Câmara dos Deputados, o Senado também é composto de representantes do povo.</p><p>Essa assertiva, à luz da própria literalidade do texto constitucional, e como muita razão, costuma ser apontada como</p><p>errada pelos gabaritos.</p><p>Atenção</p><p>Ressalta-se, ainda, que em face da ausência de autonomia</p><p>federativa, se criados, os Territórios Federais não terão repre-</p><p>sentação do Senado Federal.</p><p>Senadores da República eleitos pelo sistema majoritário</p><p>Novamente com o art. 46, esses representantes dos Estados e do Distrito Federal serão eleitos pelo sistema ma-</p><p>joritário, não mais se estabelecendo uma proporção em cada Estado e no Distrito Federal.</p><p>Por este princípio, eleitos serão aqueles candidatos que obtiverem o maior número de votos nas eleições.</p><p>Número total de 81 Senadores da República</p><p>Nos termos dos §§ 1º e 3º do art. 46 da CF, cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3 Senadores, sendo que</p><p>cada Senador será eleito com 2 suplentes.</p><p>Assim, multiplicando 3 Senadores por 27 unidades federativas (26 Estados-membros mais 1 Distrito Federal),</p><p>obtém-se o total de 81 membros no âmbito do Senado Federal.</p><p>Mandato de 8 anos</p><p>Ainda com o § 1º do art. 46, os Senadores eleitos terão mandato de 8 anos, perfazendo, assim, duas legislatu-</p><p>ras, já que cada uma delas tem um total de quatro anos.</p><p>Já nos termos do § 2º desse mesmo dispositivo, a representação de cada Estado e do Distrito Federal será reno-</p><p>vada de quatro em quatro anos, alternadamente por um e dois terços.</p><p>Utilizando o Estado da Bahia como exemplo, identifica-se que o Senador João Durval foi eleito no ano de 2006,</p><p>tendo o seu mandato duração até o ano de 2014. Já em 2010, foram eleitos Senadores baianos Walter Pinheiro e</p><p>Lídice da Mata, cujos mandatos terão duração até o ano de 2018.</p><p>Assim, em 2010, o Senador João Durval (já com quatro anos de mandato, metade, portanto) não se submeteu ao</p><p>pleito eleitoral. Por outro lado, em 2014, se quisesse continuar como Senador, teria que participar da disputa nas</p><p>urnas, enquanto os Senadores Lídice e Pinheiro, por ainda estarem no meio do mandato (2014), não terão que</p><p>concorrer a</p><p>essas eleições.</p><p>Idade mínima de 35 anos para a assunção do cargo</p><p>Também à luz da abordagem referente ao estudo dos direitos políticos, a idade mínima para a assunção do cargo</p><p>de Senador da República é de 35 anos, a ser comprovada, conforme a jurisprudência do Tribunal Superior Eleito-</p><p>ral, na data da posse.</p><p>1.4.2. Competência privativa</p><p>Assim como ocorre com as atribuições da Câmara dos Deputados, as competências privativas do Senado Federal</p><p>não dependem de sanção presidencial (CF, art. 48, caput) e são materializadas por meio de resoluções.</p><p>A lista dessa competência vem estabelecida no art. 52 da Lei Fundamental de 1988, compondo um total de quinze</p><p>incisos e um parágrafo único.</p><p>Desses incisos, três já foram identificados como sendo afins às atribuições da Câmara Federal. São eles: XII –</p><p>elaborar seu regimento interno; XIII – dispor sobre sua organização; e XIV – eleger membros do Conselho da Re-</p><p>pública.</p><p>Os demais, naturalmente, exigem uma leitura detida por parte dos candidatos atentos.</p><p>Dentre eles, um que vem se destacando nas provas é o inciso X. Segundo seu enunciado, compete, privativamen-</p><p>te, ao Senado Federal, suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão</p><p>definitiva do Supremo Tribunal Federal.</p><p>Conforme já ventilado no capítulo referente ao controle de constitucionalidade, caso o Senado opte por suspender</p><p>a execução dessa norma (mera discricionariedade que lhe assiste), a decisão do STF que apenas havia produzido</p><p>efeitos inter partes, passará a irradiar, agora, eficácia erga omnes.</p><p>Finalmente, concluindo a abordagem sobre a Câmara dos Deputados e sobre o Senado Federal, abaixo segue</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>6</p><p>tabela com a sistematização das principais características de cada uma dessas casas legislativas:</p><p>Característi-</p><p>cas</p><p>Câmara Senado</p><p>Composição</p><p>Representantes do</p><p>povo</p><p>Representantes dos</p><p>Estados e do DF</p><p>Sistema</p><p>de eleição</p><p>Princípio proporcio-</p><p>nal à população de</p><p>cada Estado e do DF</p><p>Princípio majoritário</p><p>Número de</p><p>parlamenta-</p><p>res</p><p>A LC nº 78/93 fixou</p><p>em 513 Deputados</p><p>Federais –</p><p>Nenhum Estado nem</p><p>o DF terão menos que</p><p>8, nem mais que 70</p><p>Deputados –</p><p>Os territórios, se cria-</p><p>dos, elegerão 4 Depu-</p><p>tados</p><p>3 Senadores por Es-</p><p>tado e pelo DF, cada</p><p>qual com 2 suplentes.</p><p>Atualmente, 81 Se-</p><p>nadores (26 estados</p><p>X 3 = 78 + 3 do DF =</p><p>81)</p><p>Mandato</p><p>4 anos = uma legisla-</p><p>tura</p><p>8 anos = duas legisla-</p><p>turas</p><p>Renovação</p><p>A cada 4 anos, sendo</p><p>que cada Deputado</p><p>cumpre mandato de 4</p><p>anos</p><p>A cada 4 anos, por 1</p><p>e 2/3, sendo que ca-</p><p>da Senador cumpre o</p><p>mandato de 8 anos</p><p>Idade mínima</p><p>(condição de</p><p>elegibilidade)</p><p>21 anos 35 anos</p><p>1.5. Imunidades parlamentares</p><p>Tais imunidades podem ser identificadas como prerrogativas daqueles que exercem a função parlamentar e pos-</p><p>suem como objetivo permitir um desempenho livre e independente do mandato.</p><p>A doutrina costuma classificar as imunidades em: a) material (real, substantiva, também chamada de inviolabilida-</p><p>de parlamentar); b) processual (formal ou adjetiva, que pode ser tanto em ralação à prisão, quanto em relação ao</p><p>processo). Ao lado dessas imunidades alguns doutrinadores ainda inserem o estudo do "foro privilegiado" ou, mais</p><p>tecnicamente, foro por prerrogativa de função</p><p>1.5.1. Imunidade material ou inviolabilidade parlamentar</p><p>A Constituição Federal, no caput do art. 53, consagra essa primeira espécie de imunidade. Segundo esse disposi-</p><p>tivo, os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quiser de suas opiniões palavras e votos.</p><p>É a consagração da imunidade material ou inviolabilidade parlamentar.</p><p>Atenção</p><p>Complementando o texto constitucional, doutrina e jurisprudên-</p><p>cia entendem que essas imunidades só valem quando o parla-</p><p>mentar estiver no exercício das suas funções, ou desempe-</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>7</p><p>nhando alguma atividade que guarde relação com o mandato,</p><p>não sendo necessário que ele esteja dentro do recinto do Con-</p><p>gresso Nacional.</p><p>Trata-se, efetivamente, de uma cláusula de irresponsabilidade geral que assegura ao parlamentar o direito de</p><p>não ser condenado civil e penalmente (também disciplinar e politicamente) por suas opiniões palavras e votos</p><p>proferidos em razão do exercício do mandato ou do desempenho da função parlamentar.</p><p>1.5.2. Imunidade formal ou processual</p><p>Conforme já sinalizado, a imunidade processual relaciona-se tanto com a prisão de parlamentares, quanto com o</p><p>processamento deles. Aqui serão analisadas as duas situações de modo separado.</p><p>a)Prisão</p><p>A imunidade formal ou processual para a prisão está prevista na Carta Magna no art. 53, § 3º. A partir deste</p><p>enunciado, fica estabelecido que desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional (Deputa-</p><p>dos Federais e Senadores da República) não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.</p><p>Ainda assim, neste caso, o texto determina que os autos sejam remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva,</p><p>para que, pelo voto da maioria de seus membros (maioria absoluta, segundo o STF), resolva sobre a prisão.</p><p>É importante perceber que a aquisição desta imunidade se dá com a diplomação, e não com a posse (momento</p><p>posterior) como costumam colocar as bancas examinadoras com o objetivo de induzir o candidato ao erro.</p><p>Nesse sentido, é possível concluir que para a manutenção da prisão em flagrante delito de crime inafiançável, a</p><p>aprovação pela casa, mediante voto aberto, se apresenta como uma condição indispensável.</p><p>b)Processo</p><p>Alterando panorama anterior, a Emenda Constitucional n. 35/2001 passou a dispensar licença prévia da Casa</p><p>respectiva para que os parlamentares pudessem ser processados.</p><p>Atenção</p><p>Dessa forma, com a nova previsão, no caso de oferecimento de</p><p>denúncia contra parlamentar, poderá o Supremo Tribunal Fede-</p><p>ral recebê-la, não mais havendo que se falar em prévia licença</p><p>da Casa a que pertence o Deputado ou Senador.</p><p>Assim, conforme a previsão do art. 53, § 3º, da CF, recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por crime</p><p>ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à casa respectiva, que, por iniciativa de</p><p>partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros (maioria absoluta, quórum qualifica-</p><p>do), poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.</p><p>Novamente percebe-se que o momento a partir do qual o parlamentar passa a gozar da imunidade é a diploma-</p><p>ção, e não a posse. Além disso, a partir do atual regramento, a prerrogativa apenas está relacionada com os cri-</p><p>mes praticados após a diplomação, não antes.</p><p>Com o § 4º desse mesmo dispositivo, a Constituição enuncia que o pedido de sustação será apreciado pela Casa</p><p>respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela mesa diretora.</p><p>Já nos termos do § 5º, tem-se que a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o mandato.</p><p>1.5.3. Foro por prerrogativa de função</p><p>Voltando ao § 1º do mesmo art. 53 da Carta de Outubro, o constituinte consagrou que os Deputados e Senadores,</p><p>desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.</p><p>Assim, conclui a doutrina que independentemente do tipo de crime que tenha sido praticado, a competência para</p><p>o processamento desses parlamentares é do Pretório Excelso, confirmando, assim, o foro por prerrogativa de</p><p>função.</p><p>Posição do STF</p><p>Lembrando que, segundo a jurisprudência do STF confirmada</p><p>em sede de ação direta de inconstitucionalidade (ADIN), caso o</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>8</p><p>mandato termine antes do fim do processo, não ocorrerá o fe-</p><p>nômeno da ‘perpetuatio jurisdictionis’ (perpetuação da jurisdi-</p><p>ção), não competindo mais à Suprema Corte dar sequência ao</p><p>processo e julgamento.</p><p>Já na hipótese de crime praticado por</p><p>alguém que não era parlamentar e, no curso do processo, se elege Deputa-</p><p>do Federal ou Senador da República, a orientação é que o processo seja imediatamente remetido ao STF para</p><p>que este, estando presentes os requisitos, dê andamento à ação.</p><p>Porém, neste caso, por se tratar de um crime praticado antes da diplomação, muito embora o processo seja reme-</p><p>tido para o Supremo, este não terá que dar ciência à casa respectiva que, por sua vez, também não poderá inter-</p><p>ferir na ação. Não há que se falar aqui, portanto, na existência de imunidade processual.</p><p>Posição do STF</p><p>Ainda, em se tratando de infração cometida após o encerra-</p><p>mento do mandato não incide o foro por prerrogativa de função.</p><p>Este entendimento, inclusive, está cristalizado na súmula 451</p><p>do STF, prevendo que a competência especial por prerrogativa</p><p>de função não se estende ao crime cometido após a cessação</p><p>definitiva do exercício funcional.</p><p>Questão interessante diz respeito à possibilidade de renúncia das imunidades. O entendimento que prevalece (e</p><p>que, portanto, deve ser seguido em prova) é que as tais prerrogativas parlamentares não podem ser objeto de</p><p>renúncia, já que dizem respeito ao cargo, e não à pessoa que o ocupa.</p><p>Além disso, como essas imunidades estão relacionados ao efetivo desempenho das atividades inerentes à função</p><p>parlamentar, tais prerrogativas não são estendidas aos suplentes, que também não poderão se beneficiar do</p><p>foro por prerrogativa de função.</p><p>1.5.4. Imunidade parlamentar estadual e municipal</p><p>No âmbito dos Estados-membros, o art. 27, § 1º, da CF/88, consagra que se aplicam aos Deputados Estaduais as</p><p>mesmas regras previstas na Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda</p><p>de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.</p><p>A partir deste enunciado atenta-se apenas para a necessidade de adaptação de tais regras à esfera estadual, em</p><p>sintonia com o princípio da simetria ou paralelismo das formas. Assim, onde se lê Câmara dos Deputados e</p><p>Senado Federal, leia-se Assembleia Legislativa. E onde há referência ao Supremo Tribunal Federal, leia-se Tribu-</p><p>nal de Justiça.</p><p>Finalmente, no âmbito municipal, o Texto Maior no art. 29, VIII, prevê a imunidade dos Vereadores por suas opini-</p><p>ões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município.</p><p>Atenção</p><p>Assim, conclui-se que os Vereadores, no exercício de suas</p><p>funções, apenas gozam da imunidade material, e na</p><p>circunscrição do respectivo Município.</p><p>Fechando, portanto, a abordagem referente às imunidades dos Deputados e Senadores, vale salientar que estas</p><p>prerrogativas subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3 dos mem-</p><p>bros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incom-</p><p>patíveis com a execução da medida.</p><p>1.6. Os Deputados e Senadores</p><p>A Constituição ainda assegura que estes parlamentares federais (Deputados e Senadores) não serão obrigados a</p><p>testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato – ou seja, no desem-</p><p>penho das funções de parlamentar –, nem sobre as pessoas que lhe confiaram ou deles receberam informações.</p><p>Também fica estabelecido que dependerá de prévia licença da casa respectiva a incorporação às Forças Arma-</p><p>das, de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>9</p><p>Nos termos do art. 54, I, da CF, os Deputados e Senadores não poderão, desde a expedição do diploma: a)</p><p>firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de eco-</p><p>nomia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas unifor-</p><p>mes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nu-</p><p>tum, nas mesmas entidades acima mencionadas.</p><p>Já com o inciso II do mesmo dispositivo, a Constituição também determina que os Deputados e Senadores não</p><p>poderão, porém, agora, desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de</p><p>favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar</p><p>cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas na letra a; c) patrocinar causa em</p><p>que seja interessada pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista</p><p>ou empresa concessionária de serviço público; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.</p><p>1.7. Perda do mandato de Deputado e Senador</p><p>Conforme previsão do art. 55 da Magna Carta, perderá o mandato o Deputado ou Senador: i) que infringir qualquer</p><p>das proibições estabelecidas no art. 54 acima explicado; ii) cujo procedimento for declarado incompatível com o de-</p><p>coro parlamentar; iii) que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da</p><p>Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por essa autorizada; iv) que perder ou tiver suspenso os direitos polí-</p><p>ticos; v) quando o decretar a justiça eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição; vi) que sofrer condenação cri-</p><p>minal em sentença transitada em julgado.</p><p>Consagra o Texto Maior, ainda, que é incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regi-</p><p>mento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de van-</p><p>tagens indevidas.</p><p>Nas hipóteses previstas nos incisos I, II e VI do art. 55, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Depu-</p><p>tados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido</p><p>político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Redação dada pela Emenda Constituci-</p><p>onal nº 76, de 2013).</p><p>Atenção</p><p>A Emenda Constitucional nº 76, de 28 de novembro de 2013,</p><p>alterou o § 2º do art. 55, da Constituição Federal, para abolir a</p><p>votação secreta nos casos de perda de mandato de Deputado</p><p>ou Senador.</p><p>Já nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da casa respectiva, de ofício ou me-</p><p>diante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional,</p><p>assegurada a ampla defesa.</p><p>Com o art. 56, não perderá o mandato o Deputado ou Senador: investido no cargo de Ministro de Estado, Gover-</p><p>nador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de</p><p>missão diplomática temporária; ou, ainda, licenciado pela respectiva casa por motivo de doença, ou para tratar,</p><p>sem remuneração, de interesse particular, desde que neste caso, o afastamento não ultrapasse 120 dias por ses-</p><p>são legislativa.</p><p>Finalmente, importante registrar que na hipótese do Deputado ou Senador ser investido no cargo de Ministro de</p><p>Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital</p><p>ou chefe de missão diplomática temporária, poderá o parlamentar optar pela remuneração do mandato.</p><p>1.8. Das reuniões</p><p>Atenção</p><p>De acordo com o art. 57 da CF/88, o Congresso Nacional reu-</p><p>nir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a</p><p>17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Tal período</p><p>é denominado de sessão legislativa ordinária. Já os interva-</p><p>los entre cada um desses períodos são chamados de recesso</p><p>parlamentar.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>10</p><p>As reuniões marcadas para o período correspondente à sessão legislativa ordinária serão transferidas para o pri-</p><p>meiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.</p><p>Não se deve esquecer que cada uma das Casas deverá se reunir em sessão preparatória, a partir do dia 1º de</p><p>fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de</p><p>seus membros e eleição das respectivas Mesas, para</p><p>mandato de 2 anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.</p><p>Dispõe, ainda, a Carta de Outubro, que a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de</p><p>diretrizes orçamentárias.</p><p>Além de outros casos previstos na Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal se reunirão em</p><p>sessão conjunta para: inaugurar a sessão legislativa; elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços</p><p>comuns às duas Casas; receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; conhecer do</p><p>veto e sobre ele deliberar.</p><p>Já em relação às sessões legislativas extraordinárias, nessas reuniões o Congresso Nacional somente deverá</p><p>deliberar sobre a matéria para a qual foi convocado. Todavia, se ainda houver medidas provisórias em vigor na</p><p>data desta convocação extraordinária, deverão ser elas automaticamente incluídas na pauta da convocação.</p><p>A Constituição ainda determina, nos termos do art. 57, § 6º, que a convocação dessas sessões extraordinárias</p><p>do Congresso Nacional poderá ser feita: i) pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação do estado</p><p>de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para decretação de estado de sítio e para o com-</p><p>promisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República; ii) pelo Presidente da República, pelos Pre-</p><p>sidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas</p><p>as Casas, em caso de urgência ou de interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro-</p><p>vação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.</p><p>Por último, ressalte-se que a Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e</p><p>os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos De-</p><p>putados e no Senado Federal.</p><p>1.9. Das comissões</p><p>Nos termos do art. 58 da Lei Maior, o Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporá-</p><p>rias, constituídas na forma e com as suas atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar</p><p>a sua criação.</p><p>Consagra-se, ainda, que na Constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a</p><p>representação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.</p><p>As comissões, portanto, são órgãos colegiados compostos por um número limitado de membros, e que colaboram</p><p>para um melhor desempenho das atividades no âmbito do Poder Legislativo, otimizando os trabalhos do plenário.</p><p>No art. 58, § 2º, o legislador constituinte estabeleceu genericamente as atribuições das comissões parlamentares.</p><p>Com esse dispositivo, às comissões, em razão de sua matéria de competência, cabe: i) discutir e votar projeto de lei</p><p>que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos mem-</p><p>bros da Casa; ii) realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; iii) convocar Ministros de Estado para</p><p>prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; iv) receber petições, reclamações, representações</p><p>ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; v) solicitar depoi-</p><p>mento de qualquer autoridade ou cidadão; vi) apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de</p><p>desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.</p><p>Quanto à duração, as comissões podem ser classificadas em permanentes ou temporárias. As primeiras são</p><p>aquelas que não possuem prazo de duração, subsistindo mesmo após o término da legislatura. As comissões</p><p>temporárias, por sua vez, desaparecem com o fim da legislatura ou com a conclusão dos seus trabalhos.</p><p>Já quanto à formação, as comissões podem se classificar como exclusivas, composta apenas por Deputados ou</p><p>Senadores, ou mistas, quando formadas por membros da Câmara e do Senado para tratar de assuntos a serem</p><p>decididos pelo Congresso Nacional.</p><p>1.9.1. As Comissões Parlamentares de Inquérito</p><p>De acordo com o artigo 58, § 3º, da CF, as comissões parlamentares de inquérito têm poderes de investigação</p><p>próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos internos das respectivas Casas</p><p>Legislativas.</p><p>Concluída a investigação, sendo o caso, as conclusões serão encaminhadas ao Ministério Público para que se</p><p>promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.</p><p>De um modo geral, a composição de uma CPI deve traduzir a representação proporcional dos partidos políticos</p><p>que participam da respectiva Casa.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>11</p><p>Atenção</p><p>A criação de uma comissão parlamentar de inquérito depende</p><p>do atendimento de três requisitos constitucionais, quais sejam:</p><p>a) requerimento de um terço dos membros da Casa Legislati-</p><p>va; b) apuração de fato determinado; c) fixação de prazo</p><p>certo para a conclusão dos trabalhos.</p><p>No que tange ao requerimento, a CPI poderá ser criada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, de</p><p>modo conjunto (comissão parlamentar mista de inquérito – CPMI) ou separadamente (comissão exclusiva).</p><p>Exige-se, portanto, requerimento de um terço dos membros da Câmara Federal, sendo a comissão criada pelos</p><p>Deputados, ou de um terço dos membros do Senado, na hipótese da comissão ser criada pelos Senadores da</p><p>República (comissões exclusivas).</p><p>Já no caso de criação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI), exige-se o requerimento de um terço</p><p>dos membros de ambas as Casas Legislativas.</p><p>Conforme mencionado, às CPIs são conferidos poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Tais</p><p>poderes, naturalmente, não são ilimitados, devendo sempre observar os direitos e garantias fundamentais, tais</p><p>como o privilégio da não autoincriminação (CF, art. 5º, LXIII), bem como o segredo de ofício e o sigilo profissional</p><p>(CF, art. 5º, XIV).</p><p>A doutrina afirma que a CPI possui poderes instrutórios e investigatórios, mas não possui poder geral de cautela.</p><p>Como desdobramento do poder de investigação conferido pela CF às CPIs, podem elas determinar:</p><p>A quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados (destaque-se o sigilo de dados telefônicos)</p><p>A busca e apreensão de documentos</p><p>A condução coercitiva para depoimento</p><p>A realização de exames periciais</p><p>De outro modo, por não poderem praticar atos de jurisdição exclusivos do Poder Judiciário, não podem as CPIs:</p><p>Realizar diligência de busca domiciliar</p><p>Quebrar o sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica)</p><p>Dar ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito (crime de falso testemunho, por exemplo)</p><p>Praticar atos de jurisdição cautelar (arresto, sequestro, hipoteca judiciária, indisponibilidade dos bens, proibição de</p><p>ausentar-se do país)</p><p>Atenção</p><p>Muito cuidado! Perceba que as CPI’s podem determinar a que-</p><p>bra do sigilo de dados telefônicos (ligações recebidas, origina-</p><p>das, números etc.). Por outro lado, não podem determinar a</p><p>quebra do sigilo das comunicações telefônicas (interceptação</p><p>telefônica para ter acesso ao conteúdo das conversas).</p><p>Atenção</p><p>Reitere-se, por fim, que as comissões parlamentares de inquéri-</p><p>to não são órgãos de acusação ou julgamento, mas apenas de</p><p>investigação. Justamente por isso, podem, sim, sofrer controle</p><p>pelo Poder Judiciário.</p><p>1.10. Processo legislativo</p><p>1.10.1. Generalidades</p><p>Conforme lição colhida da doutrina, processo legislativo é o conjunto de atos pré-ordenados que permitem a ela-</p><p>boração, a mudança e a substituição das espécies normativas.</p><p>De um modo geral, esses atos pré-ordenados são:</p><p>I. Iniciativa legislativa</p><p>II. Discussão (emendas) e votação</p><p>III. Sanção ou veto</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>12</p><p>IV. Promulgação e publicação</p><p>Assim, a grande finalidade de se realizar um estudo acerca do processo legislativo</p><p>é, justamente, evitar o surgi-</p><p>mento de leis ou atos normativos inconstitucionais, a partir de uma análise acurada do trâmite correto de elabora-</p><p>ção desses atos.</p><p>O objeto, portanto, do processo legislativo compreende o procedimento de feitura das espécies normativas do art.</p><p>59 da CF/88, quais sejam:</p><p>a) emendas constitucionais</p><p>b) leis complementares</p><p>c) leis ordinárias</p><p>d) leis delegadas</p><p>e) medidas provisórias</p><p>f) decretos legislativos</p><p>g) resoluções</p><p>Nesse sentido, tais espécies configuram as chamadas normas primárias, é dizer, aquelas que inovam no orde-</p><p>namento jurídico, retirando o seu fundamento de validade diretamente da Constituição.</p><p>Embora exista na doutrina divergência quanto a uma possível hierarquia entre leis complementares e ordinárias, o</p><p>entendimento majoritário é que, com exceção das emendas constitucionais, todas as demais espécies normativas</p><p>ocupam o mesmo patamar hierárquico</p><p>1.10.2. Espécies de processos legislativos</p><p>Segundo a doutrina, considerando a sequência das fases procedimentais, o processo legislativo pode ser classifi-</p><p>cado como ordinário, sumário ou especial.</p><p>Na trilha deste raciocínio, visualizando o processo legislativo a partir de três procedimentos, pode-se afirmar que a</p><p>Constituição contempla o procedimento ordinário, o procedimento sumário e os procedimentos especiais.</p><p>Procedimento pode ser definido como o rito ou a forma de tramitação das propostas legislativas.</p><p>Neste momento se passará à análise de cada uma dessas espécies de processos ou procedimentos legislativos,</p><p>conferindo-se maior ênfase ao ordinário, em face da sua maior abordagem e incidência.</p><p>1.10.2.1. Processo legislativo ordinário</p><p>Também chamado de processo legislativo comum, constitui o procedimento destinado à elaboração das leis or-</p><p>dinárias, sendo o mais amplo e complexo de todos. Não se submete a nenhum prazo previamente estabelecido e</p><p>compreende as seguintes fases:</p><p>Introdutória – iniciativa de lei</p><p>Constitutiva:</p><p>–Deliberação parlamentar (discussão e votação)</p><p>–Deliberação executiva (sanção ou veto)</p><p>Complementar – promulgação e publicação</p><p>Vejam-se cada uma dessas fases.</p><p>a) Fase introdutória</p><p>Esta fase compreende a iniciativa legislativa (ou iniciativa de lei).</p><p>Trata-se de uma prerrogativa conferida pela Constituição Federal a pessoas ou órgãos para encaminhar projetos</p><p>de lei ou propostas de emenda à Constituição.</p><p>A despeito da diversidade de classificações doutrinárias, basicamente as hipóteses de iniciativa legislativa podem</p><p>ser dividas em: geral, concorrente, privativa e popular.</p><p>Geral</p><p>Como o próprio nome sugere, trata-se da regra geral para a iniciativa legislativa. Esse regramento vem disciplina-</p><p>do no caput do art. 61 da Constituição Federal.</p><p>De modo bastante amplo, neste dispositivo a Carta Magna atribui a iniciativa das leis ordinárias e complementares</p><p>às seguintes pessoas: i) qualquer Deputado Federal ou Senador da República; ii) Comissão da Câmara dos Depu-</p><p>tados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional; iii) Presidente da República; iv) Supremo Tribunal Federal;</p><p>v) Tribunais Superiores; vi) Procurador-Geral da República e vii) Cidadãos.</p><p>Concorrente</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>13</p><p>Mais uma vez, como é possível extrair da própria terminologia, iniciativa concorrente é aquela atribuída pela Lei</p><p>Maior a mais de um órgão ou pessoa para dar início ao processo legislativo.</p><p>O exemplo mais emblemático de iniciativa concorrente ventilado pela doutrina diz respeito à legitimidade para a</p><p>propositura de propostas de emenda à Constituição.</p><p>Atenção</p><p>Conforme visualizado no capítulo referente ao Poder Constituin-</p><p>te, o art. 60, I, II e III, da CF, diz que podem propor PEC’s um</p><p>terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou</p><p>do Senado Federal; o Presidente da República; e mais da me-</p><p>tade das assembleias legislativas das unidades da federação,</p><p>manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa de seus</p><p>membros.</p><p>Privativa</p><p>A iniciativa privativa, também chamada de reservada ou exclusiva, traduz situações a partir da quais a deflagração</p><p>do processo legislativo é atribuída a apenas um legitimado.</p><p>Exemplos dessa situação podem sem encontrados nas matérias reservadas ao Presidente da República (CF, art.</p><p>61, § 1º), à Câmara dos Deputados (CF, art. 51, IV), ao Senado Federal (CF, art. 52, XIII), aos Tribunais (CF, art.</p><p>93; art. 96, II, “b” e art. 99, § 2º) e ao Ministério Público (CF, art. 127, § 2º).</p><p>Vale ressaltar que tais hipóteses constituem um rol taxativo na Constituição Federal, e, dada a excepcionalidade,</p><p>não comportam interpretação extensiva.</p><p>Popular</p><p>A iniciativa popular, fenômeno da democracia direta e manifestação da soberania popular, traduz uma participa-</p><p>ção ativa do povo na condução do processo político nacional.</p><p>Atenção</p><p>Sua previsão vem insculpida no art. 61, § 2º, da CF. A partir da</p><p>análise deste dispositivo identifica-se que a iniciativa popular</p><p>será exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de</p><p>projeto de lei (ordinária ou complementar) subscrito por, no</p><p>mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por pelo menos 5</p><p>Estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um</p><p>deles.</p><p>Vale ressaltar, conforme já cobrado em provas e concursos, que a Constituição brasile ira não admite a iniciati-</p><p>va popular para apresentação de PEC’s (propostas de emenda à Constituição). Esse, portanto, é o posiciona-</p><p>mento que deve ser adotados nas provas objetivas.</p><p>Entretanto, em eventual discursiva, vale registrar que alguns doutrinadores, numa interpretação extensiva e siste-</p><p>mática do texto constitucional, entendem não existir impedimento para iniciativa popular de propostas de emendas</p><p>constitucionais.</p><p>Mas se o questionamento for formulado na prova objetiva, repita-se à exaustão: não existe previsão expressa na</p><p>Constituição de 1988 nesse sentido.</p><p>b) Fase constitutiva</p><p>Essa fase constitutiva, por seu turno, é formada pela tanto pela vontade do Poder Legislativo, chamada de delibe-</p><p>ração parlamentar (discussão e votação), quanto pela manifestação do Poder Executivo, aqui intitulada delibera-</p><p>ção executiva (sanção ou veto).</p><p>Deliberação parlamentar</p><p>A fase constitutiva se inicia com a deliberação parlamentar. Isso porque antes mesmo de o projeto ser submetido</p><p>à apreciação do Poder Executivo, deve ele passar pela análise da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.</p><p>De saída, portanto, vale ressaltar que em se tratando de um processo legislativo de lei federal, a regra é a apreci-</p><p>ação do projeto pelas duas Casas legislativas: a iniciadora e a revisora.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>14</p><p>Atenção</p><p>Falando especificamente da Casa iniciadora, o caput do art. 64</p><p>do Texto Supremo estabelece que a discussão e votação dos</p><p>projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do</p><p>Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão</p><p>início na Câmara dos Deputados.</p><p>Vale ressaltar que a doutrina ainda acrescenta a essa lista os</p><p>projetos de lei de iniciativa concorrente de Deputados Federais</p><p>ou de Comissões da Câmara, e os de iniciativa do</p><p>Procurador-Geral da República.</p><p>Ainda tendo a Câmara dos Deputados como casa na qual se</p><p>inicia o processo, não se deve perder de vista os projetos de</p><p>iniciativa popular, cujo procedimento foi há pouco estudado.</p><p>Já o Senado Federal, por sua vez, que em regra desempenha a função de Casa revisora, excepcionalmente dará</p><p>início aos projetos legislativos de iniciativa dos próprios Senadores da República, ou de Comissões do Senado.</p><p>Após o início do processo legislativo, o projeto seguirá para apreciação por parte das Comissões. A rigor, primei-</p><p>ramente, por uma Comissão Temática (cujo parecer, em regra, é opinativo), e, num momento seguinte, pela Co-</p><p>missão de Constituição de Justiça (que, por sua vez, emitirá parecer em princípio terminativo).</p><p>Vencida a etapa das comissões, o processo</p><p>segue para votação.</p><p>Com o caput do art. 65 da CF, o projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de</p><p>discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejei-</p><p>tar.</p><p>Já nos termos do parágrafo único desse mesmo dispositivo, sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.</p><p>Assim, explicando o regramento constitucional, sendo o projeto aprovado na Casa iniciadora, seu destino natural é</p><p>seguir para a Casa revisora. Lá chegando, após passar também pelas Comissões, ao final esta Casa poderá:</p><p>aprová-lo, rejeitá-lo ou emendá-lo.</p><p>Aprovado, o projeto será enviado para sanção ou veto do Chefe do Poder Executivo.</p><p>Rejeitado, o projeto será arquivado. E aplicando-se o princípio da irrepetibilidade previsto no art. 67 da CF, so-</p><p>mente poderá ser reapresentado na mesma sessão legislativa mediante proposta da maioria absoluta dos</p><p>membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (lembrando que essa possibilidade é só para proje-</p><p>tos de lei, não se aplicando a propostas de emenda à Constituição).</p><p>E caso seja emendado, apenas a emenda (aquilo que foi objeto de alteração) terá de ser reapreciada pela Casa</p><p>iniciadora, não sendo admitida subemenda (que seria uma emenda à emenda).</p><p>Sendo a emenda aceita, em obediência ao art. 66, o projeto deverá seguir para a deliberação executiva.</p><p>Em igual sentido, mesmo na hipótese da emenda ser rejeitada, também deverá o projeto seguir para a apreciação</p><p>do Presidente da República, porém, agora, em sua redação original, o que demonstra, com nitidez, uma predo-</p><p>minância da Casa na qual se inicia o processo legislativo (iniciadora), sobre a Casa que exerce a revisão</p><p>(revisora).</p><p>Deliberação executiva</p><p>A última etapa da fase constitutiva é a própria deliberação executiva.</p><p>Como visto, sendo projeto de lei aprovado, deverá ser ele encaminhado para a apreciação do Chefe do Poder</p><p>Executivo.</p><p>Ao receber esse projeto aprovado, o Presidente da República poderá, em caso de concordância, sancioná-lo, ou,</p><p>havendo discordância, vetá-lo.</p><p>Atenção</p><p>A sanção, como se pode intuir, significa aquiescência. E é a</p><p>partir do momento em que o projeto de lei é sancionado que ele</p><p>deixa de ser projeto e passa a ser lei. Se ele for vetado, o mo-</p><p>mento será quando da derrubada do veto.</p><p>Recapitulando: o que se sanciona é o projeto. Porém, o ato de sanção tem o poder de transformar este projeto em</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>15</p><p>lei.</p><p>Nesse sentido, não é incomum provas e concursos questionarem o momento a partir do qual um projeto de lei</p><p>deixa de ser só projeto e passa, efetivamente, a ser uma lei. Este momento se dá com a sanção presidencial,</p><p>ou, na hipótese de o projeto ter sido vetado, com a derrubada do veto.</p><p>Essa sanção pode ser tácita ou expressa.</p><p>A expressa, como o próprio nome indica, se dá mediante a aquiescência externada pelo Presidente da República,</p><p>manifestando, de forma deliberada, a concordância com o projeto.</p><p>Por outro lado, a sanção tácita ocorre mediante a inércia presidencial. É dizer, o silêncio do Chefe do Executivo,</p><p>pelo prazo de 15 dias úteis (prazo este que a Constituição lhe deu para vetar o projeto de lei), importará a sanção</p><p>tácita (CF, art. 66, § 3º).</p><p>Ou seja, como ele não disse nada, a sua concordância é presumida, sendo pertinente ao caso a aplicação do</p><p>velho ditado popular segundo o qual, quem cala consente.</p><p>Reitere-se que não existe prazo para a sanção, mas sim para o veto, qual seja o prazo de 15 dias úteis. Assim,</p><p>durante esse período, se o Presidente nem sanciona (expressamente) e nem veta, ao final do prazo considera-se</p><p>o projeto sancionado de maneira tácita.</p><p>Lembrando que a exigência da sanção se faz presente mesmo na hipótese de projeto de lei de iniciativa do</p><p>Presidente da República, e ainda que esse projeto não tenha sido objeto de alteração nas Casas legislativas.</p><p>Como visto, caso o Chefe do poder executivo discorde do projeto de lei aprovado, poderá vetá-lo, total ou parci-</p><p>almente.</p><p>Outra não é a previsão que pode ser extraída do art. 66, § 1º, da CF. Segundo esse dispositivo, se o Presidente</p><p>da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-</p><p>á total ou parcialmente, no prazo de 15 dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de 48</p><p>horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.</p><p>Já com o § 2º do mesmo artigo, fica estabelecido que o veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de</p><p>parágrafo, de inciso ou de alínea. Assim, conforme essa previsão, considera-se proibido o veto de palavras soltas,</p><p>sob pena de comprometimento do próprio sentido do texto.</p><p>Vale lembrar que na ocorrência efetiva de um veto do tipo parcial, a parte do texto que não foi objeto de veto será</p><p>promulgada e publicada, e poderá, inclusive, entrar em vigor antecipadamente.</p><p>Voltando à análise do § 1º do art. 66, com o objetivo de destrinchá-lo, percebe-se que o veto pode ser do tipo jurí-</p><p>dico ou político. Ocorre o veto jurídico quando o Presidente da República entende que o projeto de lei é inconsti-</p><p>tucional. Já o veto político se faz presente quando se entender que o projeto é contrário ao interesse público.</p><p>Com o mesmo dispositivo, não se deve perder de vista, ainda, conforme sinalizado, que vetado o projeto deverá o</p><p>Presidente da República comunicar ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto, no prazo de 48 horas.</p><p>Atenção</p><p>A doutrina, nesse sentido, consagra que o veto, sempre ex-</p><p>presso, deve ser motivado e por escrito. Assim, veto sem</p><p>motivação é veto inexistente, o que gera, por conseguinte, a já</p><p>mencionada sanção tácita.</p><p>Mas na hipótese de os motivos serem formalmente externados, nos termos do § 4º do art. 66, o veto será aprecia-</p><p>do em sessão conjunta, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da</p><p>maioria absoluta dos Deputados e Senadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013).</p><p>Atenção</p><p>A Emenda Constitucional nº 76, de 28 de novembro de 2013,</p><p>alterou o § 4º do art. 66, da Constituição Federal, para abolir a</p><p>votação secreta nos casos de apreciação de veto.</p><p>A derrubada do veto produz os mesmos efeitos que a sanção, tendo, inclusive, como já dito, o condão de trans-</p><p>formar o projeto de lei em lei, devendo a mesma ser enviada para o Presidente da República para a promulgação</p><p>(CF, art. 66, § 5º).</p><p>Caso o veto seja mantido, o projeto deverá ser arquivado, aplicando-se o princípio da irrepetibilidade previsto no</p><p>art. 67 da CF.</p><p>Finalmente, esgotado o prazo de 30 dias para apreciação do veto em sessão conjunta, este será colocado na</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>16</p><p>ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final.</p><p>c) Fase complementar</p><p>A fase complementar ou final do processo legislativo ordinário é dividida nas etapas da promulgação e da publica-</p><p>ção.</p><p>Promulgação</p><p>A promulgação pode ser definida como o certificado que atesta a existência válida da lei, bem como da sua exe-</p><p>cutoriedade.</p><p>Quando uma lei é promulgada, isso não significa, ainda, que ela já esteja em vigor ou que já possua eficácia. A pro-</p><p>mulgação serve, portanto, como um instrumento de presunção da validade e executoriedade da lei.</p><p>Conforme já sinalizado, o que se promulga (e se publica) é a lei, já que a mesma deixou de ser só um projeto</p><p>com a sanção ou derrubada do veto. A despeito de alguma polêmica doutrinária, esse é o raciocínio mais seguro</p><p>para as provas.</p><p>Atenção</p><p>A regra, portanto, é que a lei seja promulgada pelo Presidente</p><p>da República. Entretanto, conforme previsão do § 7º do mesmo</p><p>art. 66, se a lei não for promulgada dentro de 48 horas pelo</p><p>Presidente da República, o Presidente do Senado a promul-</p><p>gará, e, se este não fizer em igual prazo, caberá ao Vice-</p><p>Presidente</p><p>do Senado fazê-lo.</p><p>Publicação</p><p>Após a promulgação, o caminho é a publicação, que significa o ato através do qual se dá conhecimento ao público</p><p>acerca da criação legislativa.</p><p>Além dessa função de publicidade, é a partir da publicação que se estabelece o momento a parir do qual a lei</p><p>passará a ser exigível, não podendo ninguém alegar o seu desconhecimento como justificativa para descumpri-la</p><p>(art. 3º da LINDB).</p><p>Segundo previsão do art. 1º, caput, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), salvo disposição</p><p>contrária, a lei começa a vigorar em todo país 45 dias depois de oficialmente publicada.</p><p>Este interregno (interstício ou lapso temporal) entre a publicação da lei e a sua vigência se chama vacatio legis.</p><p>Atenção</p><p>Lembrando que as leis de pequena repercussão não necessi-</p><p>tam observar período de vacatio, sendo admitida a utilização da</p><p>expressão “esta lei entra em vigor na data de sua</p><p>publicação”.</p><p>1.10.2.2. Processo legislativo sumário</p><p>Também chamado de procedimento legislativo em regime de urgência ou abreviado, é aquele que estabelece</p><p>um prazo durante o qual o Congresso Nacional deverá proceder à deliberação de projetos de lei.</p><p>De saída, esta é a grande marca distintiva entre o processo legislativo ordinário e o procedimento sumário: a de-</p><p>marcação de um prazo máximo para que o parlamento aprecie a proposta legislativa.</p><p>Atenção</p><p>À luz do art. 64, § 1º, da CF, o Presidente da República pode-</p><p>rá solicitar urgência para a apreciação de projetos de sua inicia-</p><p>tiva. Neste caso, o procedimento deverá se submeter a um</p><p>prazo que não seja superior a 100 dias. Esse entendimento</p><p>pode ser extraído da simples leitura dos §§ 2º e 3º do mesmo</p><p>artigo em comento.</p><p>É que, conforme a previsão mencionada, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal terão, separadamente, 45</p><p>dias para deliberar sobre o projeto.</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>17</p><p>Na hipótese de cada uma dessas Casas do Congresso Nacional não se manifestarem sobre a proposição durante</p><p>este prazo, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que</p><p>tenham prazo constitucionalmente determinado, até que se ultime a votação.</p><p>Exemplo de deliberação legislativa que não poderá ser sobrestada justamente por ter prazo definido na própria</p><p>Constituição é a das medidas provisórias. Isso porque a Magna Carta determina que o prazo máximo para elas</p><p>serem apreciadas é de 120 dias (CF, art. 62, § 3º).</p><p>Voltando para as Casas do Congresso, na hipótese de haver alguma modificação no projeto, a apreciação dessas</p><p>emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados deverá ser feita no prazo de 10 dias, também sob pena</p><p>de ocorrer o trancamento da pauta, sendo vedada qualquer subemenda.</p><p>Assim, para a instauração do processo legislativo sumário a primeira exigência é que o projeto de lei seja apre-</p><p>sentado pelo Presidente da República, não sendo necessário que a matéria veiculada seja da sua iniciativa</p><p>privativa. O que se exige, apenas, é que o projeto seja apresentado por ele.</p><p>Já o segundo requisito, por seu turno, está relacionado à própria solicitação de urgência por parte do Chefe do</p><p>Poder Executivo da União. Neste caso, feita esta solicitação, cabe à Câmara dos Deputados realizar a delibera-</p><p>ção principal, e ao Senado caberá a realizar a deliberação revisional.</p><p>Ainda no art. 64, em seu § 4º, a Constituição estabelece que o procedimento sumário (com seus respectivos pra-</p><p>zos) não corre nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplica aos projetos de código.</p><p>1.10.2.3. Processos legislativos especiais</p><p>De um modo geral, a doutrina identifica os processos legislativos especiais como sendo aqueles aplicáveis à ela-</p><p>boração de todos os demais atos normativos previstos no art. 59 da CF e que fogem às regras estabelecidas para</p><p>a edição das leis ordinárias.</p><p>Seriam eles os processos de elaboração das emendas constitucionais, das leis complementares, das leis delega-</p><p>das, das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções.</p><p>A estas espécies alguns doutrinadores ainda acrescentam o processo de elaboração das leis financeiras (lei do</p><p>plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei do orçamento anual), as leis orgânicas de Municípios, bem</p><p>como a conversão de medidas provisórias em leis.</p><p>1.11. Da fiscalização contábil, financeira e orçamentária</p><p>De um modo geral, a Constituição Federal de 1988 consagra duas formas de controle e fiscalização contábil, fi-</p><p>nanceira e orçamentária das pessoas políticas e de suas entidades administrativas descentralizadas (administra-</p><p>ção direta e indireta): o controle externo e o controle interno.</p><p>Esse entendimento está afinado com o art. 70 da CF ao prever que a fiscalização contábil, financeira, orçamentá-</p><p>ria, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,</p><p>legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso</p><p>Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.</p><p>Fica estabelecido, ainda, que toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, guarde, arrecade, ge-</p><p>rencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta,</p><p>assuma obrigações de natureza pecuniária, deverá prestar contas da sua utilização.</p><p>Atenção</p><p>O controle interno, basicamente, é exercido por cada um dos</p><p>Poderes da República, através de seus próprios membros e</p><p>órgãos.</p><p>Consoante previsão do Texto Maior, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,</p><p>sistemas de controle interno com a finalidade de: i) avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual,</p><p>a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; ii) comprovar a legalidade e avaliar os resul-</p><p>tados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da</p><p>administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; iii) exercer o</p><p>controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como os direitos e haveres da União; iv) apoiar o con-</p><p>trole externo no exercício de sua missão institucional.</p><p>Atenção</p><p>Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conheci-</p><p>mento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão</p><p>ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsa-</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>18</p><p>bilidade solidária.</p><p>Além disso, a Constituição garante a qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato a legitimidade</p><p>para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades também perante o TCU.</p><p>Já o controle externo, no âmbito federal, ficará a cargo do Congresso Nacional (Poder Legislativo, portanto), e</p><p>será exercido com auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:</p><p>I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá</p><p>ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;</p><p>II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da admi-</p><p>nistração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal,</p><p>e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que se resulte prejuízo ao</p><p>erário público;</p><p>III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração</p><p>direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para</p><p>cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões e aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas</p><p>as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato</p><p>concessório;</p><p>IV – realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de</p><p>inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas</p><p>unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;</p><p>V –fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma</p><p>direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;</p><p>VI –fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou</p><p>outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal e a Município;</p><p>VII –prestar informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das</p><p>respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre</p><p>os resultados de auditorias e inspeções realizadas;</p><p>VIII –aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previs-</p><p>tas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;</p><p>IX –assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,</p><p>se verificada ilegalidade;</p><p>X –sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao</p><p>Senado Federal;</p><p>XI –representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.</p><p>Sobre o Tribunal de Contas da União, a Constituição prevê que ele é integrado por 9 Ministros, tem sede no Distri-</p><p>to Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo território nacional.</p><p>Os Ministros do TCU serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: i) mais de 35 e</p><p>menos de 65 anos de idade; ii) idoneidade moral e reputação ilibada; iii) notórios conhecimentos jurídicos, con-</p><p>tábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; iv) mais de 10 anos de exercício de função ou</p><p>de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.</p><p>Tais Ministros serão escolhidos:</p><p>I –1/3 pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre</p><p>auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os</p><p>critérios de antiguidade e merecimento;</p><p>II –2/3 pelo Congresso Nacional.</p><p>Os Ministros do TCU terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos</p><p>Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas cons-</p><p>tantes do art. 40.</p><p>O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no</p><p>exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.</p><p>2. DO PODER EXECUTIVO</p><p>2.1. Generalidades</p><p>Ao Poder Executivo, tradicionalmente, foram atribuídas as atividades de chefia de Estado, chefia de Governo e</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>19</p><p>chefia de Administração. O modo como tais atividades serão exercidas, bem como a relação de cada uma dessas</p><p>funções com o Poder Legislativo, dependerá do sistema de governo a ser adotado.</p><p>De modo objetivo, é possível identificar, dentro de cada uma dessas atividades, as seguintes funções:</p><p>Chefia de Estado – cuida da representação da pessoa estatal no âmbito externo, é dizer, no plano internacional.</p><p>Chefia de Governo – está relacionada com a direção da vida política nacional, bem como com a efetivação das</p><p>políticas públicas previstas nas leis e na Constituição.</p><p>Chefia de Administração – é voltada para a prestação dos serviços públicos que irão satisfazer as necessidades</p><p>coletivas.</p><p>Vale ressaltar que embora aqui tenham sido apontadas três atividades, normalmente a doutrina costuma fazer</p><p>referência apenas à chefia de Estado e à chefia de Governo, comportamento este que também será adotado nes-</p><p>ta obra.</p><p>Insta salientar que todas as atividades de chefia que aqui foram apontadas constituem exercício de atividade típi-</p><p>ca do Poder Executivo. É que conforme já foi sinalizado quando do estudo dos princípios fundamentais, a cada</p><p>um dos Poderes foram atribuídas tanto funções típicas, quanto funções atípicas.</p><p>Nesta linha de intelecção, tanto a chefia de Estado, quanto a chefia de Governo, como dito, constituem atividades</p><p>típicas da função executante.</p><p>2.2. Sistemas de governo</p><p>Segundo a doutrina, sistemas de governo são fórmulas concebidas para se aferir o grau de dependência nas rela-</p><p>ções travadas entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Tais sistemas podem ser: parlamentarismo ou presi-</p><p>dencialismo.</p><p>Num regime de total independência encontra-se o presidencialismo, enquanto que num regime de relativa depen-</p><p>dência, situa-se o parlamentarismo. Essa conclusão pode ser encontrada a partir da análise da forma como as</p><p>atividades de chefia de Estado e chefia de Governo são distribuídas em cada um dos sistemas.</p><p>No sistema presidencialista, tanto as funções de chefe de Estado, quanto as atribuições de chefe de Governo</p><p>são atribuídas à mesma pessoa, qual seja: o Presidente da República. Neste caso, ao parlamento, tipicamente,</p><p>só cabe legislar, não participando da direção da vida política nacional nem da implementação das políticas públi-</p><p>cas constitucionalmente previstas.</p><p>Já no sistema parlamentarista, por sua vez, as funções de chefe de Governo são atribuídas ao Primeiro-</p><p>Ministro, que chefia o Gabinete, enquanto que as funções de chefe de Estado podem se concentrar tanto nas</p><p>mãos do Presidente da República (caso se esteja diante de uma República parlamentarista), quanto nas mãos</p><p>do Monarca (em sendo o caso de uma Monarquia parlamentarista).</p><p>Por histórica influência norte-americana, o sistema de governo adotado no Brasil (e vivenciado durante quase</p><p>toda a República) é o presidencialista.</p><p>Nesse sentido, o art. 76 da Constituição brasileira de 1988 consagra que o Poder Executivo é exercido pelo Presi-</p><p>dente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. Ou seja, aí está a consagração da forma de Executivo</p><p>monocrático, é dizer, aquele que concentra nas mãos do Presidente tanto as funções de chefe de Estado, quanto</p><p>as de chefe de Governo.</p><p>2.3. A eleição do Presidente da República</p><p>A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República será realizada simultaneamente, podendo acontecer</p><p>em dois turnos.</p><p>O primeiro turno acontecerá no primeiro domingo de outubro, já o segundo turno, se houver, deverá acontecer no</p><p>último domingo de outubro do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente.</p><p>Atenção</p><p>Cabe lembrar que a regra do segundo turno se aplica, ainda,</p><p>nas eleições para Chefe do Executivo Estadual (Governadores</p><p>de Estado), Distrital (Governador do Distrito Federa) e Municipal</p><p>(Prefeitos), no caso de Municípios com mais de 200 mil</p><p>eleitores.</p><p>Como visto, a eleição do Presidente da República importará na do Vice-Presidente com ele registrado.</p><p>Nesta disputa, será considerado eleito Presidente o candidato que, atendendo as condições de elegibilidade, den-</p><p>tre as quais o registro por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e</p><p>os nulos. Consagra-se assim o sistema majoritário para as eleições presidenciais.</p><p>Entretanto, caso na primeira votação nenhum dos candidatos alcance a maioria dos votos, será feita nova eleição</p><p>www.cers.com.br</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Direito Constitucional</p><p>Edem Nápoli</p><p>20</p><p>em até 20 dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-</p><p>se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. Havendo empate no segundo lugar, estará qualificado o</p><p>candidato mais idoso.</p><p>Caso haja segundo turno, se antes de sua realização ocorrer morte, desistência ou impedimento</p>realizado por órgão com competência 
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de 
defesa. 
 
4.4. Da Defensoria Pública 
No art. 134, a Constituição consagra que a Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do 
Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, 
LXXIV. 
Conforme esse dispositivo constante do catálogo específico dos direitos e garantias fundamentais no texto consti-
tucional (título II), o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos. 
Vale lembra que quando da promulgação da Constituição Federal de 1988 ainda não existiam no Brasil as Defenso-
rias Públicas. Em face dessa constatação, o legislador constituinte, no § 1º do art. 134, determinou que fosse editada 
lei complementar prevendo a organização da Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e Territórios, bem 
como a instituição de normas gerais para sua organização nos Estados. 
Além disso, no mesmo dispositivo previu-se que as Defensorias Públicas serão organizadas em cargos de carrei-
ra, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a 
garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. 
Ainda como novidade introduzida pela Emenda Constitucional n. 45/2004, o § 2º do art. 134 previu um fortaleci-
mento das Defensorias Públicas Estaduais a partir do momento em que lhe foram asseguradas autonomia funci-
onal e administrativa, bem com a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei 
de diretrizes orçamentárias, devendo obediência também ao disposto no art. 99, § 2º (lembrando que a EC nº 74 
de 2013 inseriu o § 3º nesse dispositivo, estendendo essa autonomia do § 2º também para as Defensorias 
Públicas da União e do Distrito Federal). 
Muito cuidado! Não há dúvida de que essa alteração promovida pela EC nº 74 de 6 de agosto de 2013 terá alta 
probabilidade de incidência nas próximas provas de concurso. 
 
Atenção 
Finalmente, com o art. 135, a Constituição determina que os 
integrantes das carreiras da Advocacia Pública e da Defensoria 
Pública serão remunerados na forma do art. 34, § 9º, é dizer, 
mediante pagamento de subsídios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Constitucional 
Edem Nápoli 
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5. TÓPICO SÍNTESE 
Poder 
Legislativo 
– Estrutura do Poder Legislativo 
– Atribuições do Congresso Nacional 
– Câmara dos Deputados 
– Senado Federal 
– Imunidades Parlamentares 
– Os Deputados e Senadores 
– Perda do mandato de Deputado e Senador 
– Das reuniões 
– Das Comissões 
– Processo Legislativo 
– Da fiscalização contábil, financeira e orça-
mentária 
Poder 
Executivo 
– Generalidades 
– Sistemas de Governo 
– A eleição do Presidente da República 
– O mandato 
– Atribuições do Presidente da República 
– Responsabilidade do Presidente da Repúbli-
ca 
– Ministros de Estado 
– Órgãos de Consulta do Presidente da Repú-
blica 
Poder 
Judiciário 
– Funções típicas e atípicas 
– Organograma do Poder Judiciário 
– Estatuto da Magistratura 
– Garantias do Poder Judiciário 
– Quinto Constitucional 
– Súmulas Vinculantes 
– Do Conselho Nacional de Justiça 
– Do Supremo Tribunal Federal 
– Do Superior Tribunal de Justiça 
– Da Justiça Federal 
– Da Justiça do Trabalho 
– Da Justiça Eleitoral 
– Da Justiça Militar 
– Da Justiça Estadual 
Funções 
essenciais 
à justiça 
– Do Ministério Público 
– Da Advocacia Pública 
– Da Advocacia 
– Da Defensoria Pública

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