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ATENDIMENTO E GERENCIAMENTO DO RELACIONAMENTO COM CLIENTES DIGITAIS UNIASSELVI-PÓS Autoria: Vinicius Zanchet de Lima Indaial - 2021 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jairo Martins Jóice Gadotti Consatti Marcio Kisner Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2021 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: L732a Lima, Vinicius Zanchet de Atendimento e gerenciamento do relacionamento com clientes digitais. / Vinicius Zanchet de Lima. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 134 p.; il. ISBN 978-65-5646-293-6 ISBN Digital 978-65-5646-292-9 1. Marketing. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 658 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Marketing de Relacionamento na Era Digital ...........................7 CAPÍTULO 2 Relacionamento com Clientes Digitais ....................................49 CAPÍTULO 3 Estratégias e Práticas de Relacionamento com o Cliente Digital ..............................................................................93 APRESENTAÇÃO Caro acadêmico, você, com certeza, deve ter percebido ou ouvido falar que o comportamento do consumidor vem mudando, mas, por que isso está acontecendo? Para esse questionamento, surgem várias respostas, no entanto, uma coisa que vem alterando é a forma a partir da qual as pessoas vêm consumindo, sem dúvida, com o uso da tecnologia. Nesse caso, as empresas precisam se adequar a esse novo contexto do online, mantendo um relacionamento duradouro de longo prazo. Assim, neste livro, primeiramente, estudaremos os principais conceitos e a evolução do marketing tradicional e de relacionamento, com alguns modelos e ferramentas para gerir e ter alta performance no relacionamento e no atendimento. No Capítulo 1, estudaremos algumas definições, conceitos e as eras do pensamento do marketing tradicional, da Era I: Fundação da área (1900-1920) até a Era IV: A mudança se intensifica-Uma fragmentação das tendências (1980-atual). Outro tema que estudaremos será o marketing de relacionamento, abordando os conceitos e as definições, a perspectiva histórica e a evolução da teoria, sendo que, atualmente, esse tema é considerado fundamental no contexto mercadológico. Por fim, abarcaremos o marketing de relacionamento online, com a apresentação de uma base conceitual do relacionamento online e da evolução e prática do marketing de relacionamento em negócios online. Já no Capítulo 2, estudaremos alguns aspectos comportamentais e tecnológicos no atendimento. Também será apresentada a importância da recuperação de clientes no ambiente online, para diminuir a insatisfação do cliente. Ainda, analisaremos a satisfação do cliente digital, sendo expressa a percepção a respeito da experiência passada na aquisição de um produto e/ou serviço pela web. No capítulo 3, conheceremos as estratégias para o aumento do net promoting score, share of trust e share of heart dos clientes digitais. Por último, visualizaremos a importância do customer success para aumentar a base de defensores e de promotores da marca, e customer service como uma estratégia de suporte ao cliente, a partir da qual a empresa oferece uma gama de serviços para ajudar a obter o máximo do produto e a resolver os problemas. CAPÍTULO 1 MARKETING DE RELACIONAMENTO NA ERA DIGITAL A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Conceituar os marketings de relacionamento e tradicional. • Estudar o marketing de relacionamento digital. • Analisar a importância da quebra do paradigma do marketing tradicional para o de relacionamento. • Identifi car um conjunto de medidas necessárias à efetivação do relacionamento digital com os clientes. 8 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais 9 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nos últimos anos, você deve ter ouvido falar muito da seguinte frase “as empresas precisam ter um bom relacionamento com os clientes”, pois, somente dessa forma, elas conseguem sobreviver em um mercado com alta concorrência. Nesse caso, perguntamos, a você, o seguinte: as empresas sempre tiveram esse pensamento, em manter um relacionamento duradouro de longo prazo? A resposta é, simplesmente, “não”. Antes de 1900, nem se falava do marketing, muito menos das relações entre empresa e consumidor. Naquela época, o campo do marketing pertencia à economia. A partir da virada do século, começamos a perceber os primeiros passos do marketing, quando uma atenção acadêmica mais estruturada foi dada a uma parte específi ca do sistema de negócios que estava evoluindo e assumindo, cada vez mais, destaque no mercado: área de distribuição de mercado. Nesse sentido, o campo do marketing começou a assumir a própria identidade, quando os professores, em várias universidades, iniciaram a desenvolver, de forma independente, novos cursos, para examinar vários aspectos do sistema de marketing. No entanto, o campo se desenvolveu, literalmente, entre 1920 e 1950, com o surgimento da produção em massa, que exigia uma distribuição mais complexa e variada e uma compreensão mais sofi sticada de ferramentas para infl uenciar a demanda de consumo em massa. Na época, as escolhas dos consumidores também expandiram, exponencialmente, com a introdução de novos produtos embalados convenientes, entregues em novos formatos de varejo, como o supermercado. É oportuno destacar que, desde o surgimento, o marketing não tinha, como foco, o relacionamento, somente a partir de 1990 que surgiu a prática relacional, despertando o interesse dos pesquisadores, e nas práticas empresariais, com uma nova abordagem ao mercado, tendo um direcionamento aos relacionamentos existentes entre a empresa e os clientes como um fator estratégico, ao contrário do marketing transacional, que mantinha atenção em ações massifi cadas, sem haver uma interação estreita entre a empresa e os benefi ciários, com foco nos resultados de curto prazo (KOTLER, 2018). Mesmo na atualidade, com o advento da tecnologia, as empresas trabalham para construir, aumentar e manter fortes relacionamentos online com os clientes, pois os consumidores estão aderindo os canais online para executar as transações de compras. Caro acadêmico, a seguir, você conhecerá melhor o que são os marketings tradicional e de relacionamento, além da evolução e da prática do marketing de relacionamento em negócios online. 10 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais 2 MARKETING TRADICIONAL Caro acadêmico, talvez, você já tenha recebido a informação de que o marketing é uma propaganda, ou, até mesmo, uma venda, mas será que é isso? Fique tranquilo, caso você não saiba essa resposta, pois, neste primeiro tópico, entenderemos, realmente, o que é o marketing, os principais conceitos e toda a evolução. 2.1 O CONCEITO DE MARKETING A saúde da disciplina de Marketing é um manifesto para o desejo constante e as vontades de revisar e de questionar o domínio da área. Essa forma de evolução tem se sustentado por várias décadas. Por exemplo, durante a década de 1960, o conceito de marketing foi proclamado como o salvador das empresas; a partir de 1970, passou a ser desafi ado, pois não respondia a grandesquestões sociais; por fi m, em 1980, causou descontentamento pela super segmentação dos mercados, exagerando no valor das necessidades expressas dos consumidores. As respostas às acusações ao conceito de marketing vêm sofrendo variadas ampliações, aprofundamento e redefi nições, embora haja alguma evidência de progresso no sentido de alcançar uma defi nição aceita de marketing. Por exemplo, algumas das defi nições que prevalecem são frágeis na sua forma, enquanto outras são tão abrangentes na nomenclatura que são, notavelmente, genéricas, não oferecendo nenhuma base real para conceituar o marketing. Mesmo que seja difícil conciliar esses e outros pontos de vista distintos, Raymond e Barksdale (1989) fornecem uma defi nição do conceito de marketing, com foco na receita para administrar um negócio com sucesso. O “consumidor deve ser reconhecido e aceito como o ponto focal para todos os negócios e as atividades, e o conhecimento das necessidades do cliente e os desejos devem ser o ponto de partida para todas as principais decisões de negócios” (RAYMOND; BARKSDALE, 1989, p. 42). Essa ênfase de gestão aplicada é ecoada no trabalho de McGee e Spiro (1988), no qual afi rmam que o conceito de marketing é destinado a ajudar os profi ssionais do marketing a gerenciarem e a coordenarem as refl exões acerca de questões específi cas. Ao formularem a defi nição, consideram que o conceito de marketing envolve “técnicas específi cas pelas quais se busca identifi car, satisfazer necessidades do consumidor” (MCGEE; SPIRO, 1988, p. 41). O conceito envolve o que é, comumente, referido como o mix de marketing, as ferramentas de marketing, assim, um gerente as combina, de maneira específi ca, para lidar com uma 11 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 situação própria de marketing. Isso vai de encontro com as primeiras defi nições da Marketing Association (AMA). “Marketing é o processo de planejamento e execução desde a concepção, preço, promoção e distribuição de ideias, mercadorias e serviços para criar trocas que satisfaçam objetivos individuais e organizacionais” (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION et al., 1985, p. 1). As defi nições são úteis para os gestores de marketing, pois permitem que eles articulem a essência do marketing no contexto organizacional. Isso é contrastado nas defi nições encontradas no ensino da literatura. Por exemplo, Houston (1986, p. 85) considera que “o conceito de marketing é gerencial, sendo uma prescrição relativa à obtenção de um objetivo da entidade (empresa)”. O conceito de marketing afi rma que uma entidade alcança o próprio objetivo, de forma mais efi ciente, através de uma compreensão completa dos potenciais parceiros de relação e das necessidades e dos desejos, por meio de um entendimento geral dos custos associados à satisfação, projetando e oferecendo produtos à luz desse entendimento. Um ponto de vista semelhante é expresso por Kotler et al. (1991, p. 10), que descrevem que o “marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, da oferta e da troca de produtos de valor com outros”. Em resumo, apesar da multiplicidade de defi nições para o conceito de marketing, claramente, ele diz respeito à relação entre organizações e consumidores. Além disso, a noção de uma relação de troca é fundamental para compreender a base dele. 2.2 A EVOLUÇÃO DO MARKETING O campo acadêmico do marketing começou, formalmente, logo após a virada do século passado, sendo, praticamente, um campo novo de estudo, tendo muito a ser explorado. O mundo real do marketing e o mundo real da sociedade passaram por grandes mudanças durante esse tempo. Um rico corpo de literatura de marketing foi desenvolvido no decorrer desses anos, no entanto, muitos estudiosos reconhecem que um exame, apenas das pesquisas de hoje, não pode capturar a expansão total do pensamento no domínio do marketing. O ponto fi ca especialmente claro quando é reconhecido que o foco do campo acadêmico de marketing, hoje, está diretamente focado nas empresas e nos consumidores, e que poucas pessoas, mesmo na corrente principal do pensamento de marketing, consideram, profundamente, o marketing de uma 12 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais forma mais ampla, principalmente, relacionado com a sociedade. Nesse sentido, na literatura, é possível identifi car diferentes abordagens na apresentação e na evolução históricas do marketing, assim, neste livro, estudaremos uma proposta, a seguir, acerca das eras do pensamento em marketing. 2.2.1 As eras do pensamento em marketing São abordadas, em um estudo, quatro eras do pensamento de marketing, explicando esse processo, em geral, e as questões sociais durante o período. Caro acadêmico, para facilitar o entendimento, seguem os principais pontos abordados na pesquisa dos autores. QUADRO 1 – PONTOS ABORDADOS FONTE: O autor 13 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 • Era I: Fundação da área (1900-1920) Conforme indicado no Quadro 1, a primeira era formal do marketing começou logo após a virada do século XX, quando uma atenção acadêmica mais estruturada foi dada a uma parte específi ca do sistema de negócios que estava evoluindo e assumindo, cada vez mais, destaque no mercado: área de distribuição de mercado. Em geral, os economistas não estavam lidando com esse tópico, como o impulso do tradicional, assim, a teoria econômica se concentrou na produção, dando pouca ênfase aos tipos de serviços fornecidos através da distribuição. Essa visão era um tanto compreensível quando os mercados eram inteiramente localizados. No entanto, a migração para centros urbanos, a produção, a tecnologia e os ganhos nas melhorias do transporte e do armazenamento foram combinados para mudar o estado do mercado drasticamente, portanto, o crescimento e a evolução dos sistemas de distribuição foram se desenvolvendo rapidamente (FALCÃO, 2014). Havia uma necessidade genuína, por parte de alguns economistas, para ser dado um passo à frente para abraçar o novo campo que estava surgindo. Em seguida, explicar aqueles elementos desse novo mundo que não foram incorporados ao corpo do pensamento da época. O campo do marketing começou a assumir a própria identidade quando os professores, em várias universidades, começaram a desenvolver, de forma independente, novos cursos, para examinar vários aspectos do sistema de marketing, incluindo "Indústrias Distributivas e Reguladoras" (Universidade de Michigan), "O Marketing de Produtos" (Universidade da Pensilvânia), "Métodos de Comercialização de Produtos Agrícolas" (Universidade de Wisconsin) e "Instituições Mercantis" (Universidade de Nova York) (BARTELS, 1951). À medida que o período avançava, especialmente, durante a segunda metade da Era I (de 1910 a 1920), artigos, em revistas de economia e livros independentes, ajudaram o campo incipiente do marketing a criar abordagens conceituais distintas para o desenvolvimento do conhecimento (BUSSIERE, 2000). Durante a Era I, o domínio social era uma questão implícita no corpo do pensamento do marketing. Como observamos anteriormente, o foco estava, fortemente, no setor de distribuição, com estresse dirigido a explicar os fundamentos econômicos para o desenvolvimento dos sistemas aprimorados e mais complexos, evoluindo na sociedade da época. Em um sentido real, refl etindo a respeito da formação disciplinar dos estudiosos em economia, uma forte ênfase estava em compreender os mercados e a operação deles, em contraste 14 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais com a atenção dada nos dias de hoje, para a tomada de decisões gerenciais. As abordagens eram mais abstratas e envolviam, claramente, as preocupações da sociedade. Na Era I, tivemos contribuições para o desenvolvimento da teoria. Os conceitos dos profi ssionais de marketingforam avançando nos estudos para explicar o desempenho efi ciente de tarefas necessárias dentro do sistema de distribuição, porém, como convém, ao início de um novo campo de estudo, diferentes escritores empregaram distintas estruturas para abarcar a área. Por exemplo, Shaw (1912) incluiu a venda pessoal e a publicidade, como tópicos, dentro da distribuição. Ainda, continuou a ser inserido o marketing sob a função de produção. Butler, De Bower e Jones (1914) concentraram a atenção na publicidade e na venda como atividades distintas em si mesmas. No geral, é instrutivo observar que os líderes de pensamento da Era I estavam dispostos a usar critérios de efi ciência econômica para expressar julgamentos negativos e positivos a respeito do marketing, da publicidade, do desempenho e do potencial de vendas. • Era II: Formalização da área (1920-1950) Caro acadêmico, na Era II, que iniciou em 1920, o marketing ainda estava em processo de formação, já no fi m, em, 1950, tornou-se um campo acadêmico próspero e vibrante. O rápido desenvolvimento do campo, durante o período, na verdade, acompanhou (e refl etiu) várias mudanças sociais profundas. Uma característica fundamental do sistema de marketing é que ele é incorporado na vida cotidiana da sociedade. Conforme o mundo mudou e evoluiu na Era II, o mesmo aconteceu com o sistema de marketing. Por exemplo, o surgimento da produção em massa exigia uma distribuição mais complexa e variada e uma compreensão mais sofi sticada de ferramentas para infl uenciar a demanda de consumo. Os desenvolvimentos tecnológicos levaram à introdução de uma vasta gama de novos produtos. Por exemplo, quando a eletricidade foi trazida para as casas, inovações, como o ferro elétrico, a máquina de lavar, a geladeira e o aspirador de pó, facilitaram a vida do consumidor da classe média (CROSS et al., 2000). As escolhas dos consumidores também expandiram, exponencialmente, com a introdução de novos produtos embalados convenientes, entregues em novos formatos de varejo, como o supermercado. Esses desenvolvimentos criaram 15 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 novos desafi os para consumidores inexperientes, nesse mercado mais complexo e, tecnologicamente, sofi sticado. O ressurgimento do “movimento do consumidor”, nas décadas de 1920 e 1930, era centrado, em parte, nas frustrações com os preços, na qualidade de alguns produtos, em uma escassez de informações do produto (confusão do consumidor), no aumento do uso da emoção, da imagem, e, até mesmo, dos apelos de medo na publicidade. Portanto, com todos esses desafi os da época, foi exigido um novo campo acadêmico, tornando a área do marketing formalizada ao meio acadêmico. Dois desenvolvimentos signifi cativos a esse respeito foram (i) a criação de uma infraestrutura formal para o desenvolvimento e o conhecimento do marketing e (ii) a integração de um conteúdo substantivo em um conteúdo coerente, refl etindo os “Princípios de Marketing” (FALCÃO, 2014). A disponibilidade de uma infraestrutura acadêmica, ou seja, formal, com conferências programadas e crônicas para o desenvolvimento de conhecimento, como boletins e periódicos, foi primordial para se criar um campo vibrante de pensamento. Até o início dos anos 1920, a conferência da American Economic Association serviu de cenário para um pequeno número de pessoas da área do marketing criar discussões acerca da temática, e a revista da associação serviu para transmitir poucos artigos formais no campo incipiente. Então, em 1925, o Journal of Retailing foi lançado pela Universidade de Nova York, publicando, trimestralmente, artigos curtos (uma a cinco páginas) a respeito do marketing, o que compreendia a gestão de varejo e de processos. Assim, para o setor de varejo, surgiu um valioso veículo de comunicação. Enquanto isso, em 1924, a Associação Nacional de Professores de Marketing e Publicidade foi formada, e, em 1930, a American Marketing Society, que representava os interesses dos praticantes. De 1936 a 1937, as associações de ensino e prática se fundiram e formaram a American Marketing Association (AMA). • Era III: Uma mudança de paradigma: marketing, administração e ciências (1950-1980) A Era III foi construída com base na chegada do domínio do mercado de massa e em um período de crescimento vertiginoso do sistema de marketing. A infraestrutura e o campo do pensamento de marketing também se expandiram, geometricamente, durante 30 anos, de 1950 a 1980. Por exemplo, o número de membros da AMA aumentou de pouco menos de 4.000 membros, em 1950, para quase 17.000, em 1980. A produção anual de doutorados em negócios cresceu, de cerca de 130 por ano, no início da Era III, para mais de 750 por ano, no encerramento. Ambos os fenômenos foram alimentados pela enorme expansão experimentada na educação universitária, nos programas de negócios, representados por prêmios de quase dois milhões de diplomas de bacharelado 16 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais em negócios e meio milhão de MBA durante a Era III. Assim, em todas as bases, o campo do marketing cresceu, rapidamente, durante a Era III. Nessa era, também houve um foco mais voltado para as práticas gerenciais. Vários fatores-chave foram infl uentes para a obtenção da mudança no pensamento de marketing para a visualização do campo do ponto de vista gerencial. Essa perspectiva, certamente, trouxe os apelos profi ssional e vocacional para a universidade, no sentido de preparar, diretamente, os alunos para os empregos que assumiriam após a formatura. O campo vinha experimentando uma impaciência crescente por parte de alguns pensadores, que consideravam uma forte dependência da descrição das instituições e das atividades de marketing na prática, ao invés de uma abordagem, apenas, na teoria. Nesse período da Era III, o mundo do marketing estava lidando com uma explosão do mercado de vendas em massa. Isso foi impulsionado pela demanda reprimida das restrições de anos de guerra no fornecimento de bens de consumo, além de um crescimento explosivo da população. Os profi ssionais de marketing enfrentaram novas oportunidades, por meio dos desenvolvimentos signifi cativos da infraestrutura para distribuição (novo sistema de rodovias), novas regiões com crescimento substancial, uma mudança para a vida suburbana (alteração da natureza das localizações no setor de varejo), e o desenvolvimento de um novo comunicador, a rede nacional de televisão. O mundo, em mudança, ofereceu grandes oportunidades novas, mas, ao mesmo tempo, exigiu adaptações, testes e riscos signifi cativos por parte das empresas e dos gestores de marketing. A força da mudança, para a perspectiva gerencial em marketing, durante a primeira parte da Era III, foi impressionante, evidente na explosão de novos conceitos signifi cativos que foram introduzidos durante o tempo. É surpreendente perceber como muitos destes, agora, com quase meio século, ainda estão sendo utilizados: o conceito de marketing (JOHN McKITTERICK, 1957), a segmentação de mercado como estratégia (SMITH, 1956), o mix de marketing (BORDEN, 1942), os 4 P's (MCCARTHY, 1960), a imagem de marca (GARDNER; SIDNEY, 1955), a gestão de marketing como análise, planejamento e controle (KOTLER, 1967), e a miopia de marketing (LEVITT, 1960). • Era IV: A mudança se intensifi ca-uma fragmentação das tendências (1980-atual) 17 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 A Era IV, que se estende de 1980 até o presente, é caracterizada por uma ampla mudança no campo do marketing, ocasionada por adaptações e reações às mudanças poderosas que o marketing capturou durante a Era III. Parece que as pressões que vinham crescendo, na corrente principal do pensamento do marketing, fi nalmente, atingiram um nível de estresse que exigiu alívio por meio da infraestrutura, da mesma forma que uma barragem cheia pode estourar para que as águas reprimidaspossam encontrar os novos cursos e destinos. Na Era IV, a perspectiva gerencial, ou a crença de que o principal objetivo do trabalho acadêmico é aprimorar a efi cácia das decisões de marketing dos gerentes, continua mantendo uma posição de destaque no campo. Com a confi ança na abordagem científi ca para o desenvolvimento do conhecimento, praticamente, todos os pesquisadores de hoje são treinados e trazem, para o próprio trabalho, uma mistura de perspectivas da ciência comportamental e da gestão (FALCÃO, 2014). Desde 1980, têm existido turbulências signifi cativas nos mundos prático e teórico do marketing, e a Era IV refl ete essas mudanças dentro do contexto do pensamento de marketing. Por exemplo, durante esse período, as economias de nações comunistas apresentam quedas, e, então, começam a ser substituídas por novos experimentos em sistemas baseados no mercado. O aumento da globalização se segue, em parte, como resultado da busca por marqueteiros de nações ocidentais, por novas terras de oportunidades e de pessoas que buscam aprender mais e aplicar métodos de negócios em empresas de sucesso. Então, à medida que a internet abre a comunicação através das fronteiras internacionais, o interesse pelos conceitos de marketing explode. Na Era IV, há a evolução nas especializações das áreas de pesquisa de marketing. É claro que a evolução tem sido deliberada, mas não está claro se uma fragmentação do campo de marketing também é desejada, no entanto, parece que é um resultado. Observe que é difícil, hoje, para uma pessoa que deseja monitorar a evolução do marketing, manter-se atualizada com o grande volume de artigos que está sendo publicado (FALCÃO, 2014). Os avanços científi cos trazem mais conceitos e metodologias complexos para o campo do marketing. O crescimento das matrículas em escolas de negócios continua, especialmente, em programas de MBA e em escala global, e leva a fortes demandas por novos membros do corpo docente de marketing. 18 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais 1 O campo acadêmico do marketing começou, formalmente, logo após a virada do século passado, sendo, praticamente, um campo novo de estudo, tendo muito a ser explorado. Wilkie e Moore (2003) abordam, em um estudo, quatro eras do pensamento de marketing. Com relação a elas, classifi que V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) Era I: Começou logo após a virada do século XX, quando uma atenção acadêmica mais estruturada foi dada para uma parte específi ca do sistema de negócios que estava evoluindo e assumindo, cada vez mais, destaque no mercado. ( ) Era II: O rápido desenvolvimento do campo, durante esse período, na verdade, acompanhou (e refl etiu) várias mudanças sociais profundas. Uma característica fundamental do sistema de marketing é que ele é incorporado na vida cotidiana da sociedade. ( ) Era III: Iniciou em 1920, e o marketing ainda estava em processo de formação. Já no fi m dessa era, em, 1950, o marketing se tornou um campo acadêmico próspero e vibrante. Um número crescente de universidades adota trajetórias de carreira, "forçando a publicação” do novo corpo docente, que acrescenta pressões para pesquisas cada vez mais sofi sticadas. Assim, três forças poderosas infl uenciam a infraestrutura acadêmica para criar a Era IV: (i) uma crescente globalização da educação em gestão de marketing, trazendo novos pensadores de todo o mundo no campo do marketing; (iii) uma necessidade substancial de mais oportunidades para contribuições de pesquisa a serem comunicadas para pares interessados; e (iii) uma necessidade substancial e crescente para permitir perspectivas sofi sticadas e uma linguagem, como fronteiras do pensamento de marketing exploradas. Caso tenha interesse em conhecer mais a respeito de outras abordagens da evolução do marketing, acesse a dissertação de Flores (2014), intitulada de O Marketing no Brasil: Sua História e Evolução. Acesse https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde- 25112014-190701/en.php. 19 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) V-V-F. b) V-F-V. c) V-V-F. d) F-V-F. 3 MARKETING DE RELACIONAMENTO Uma das defi nições de marketing mais recentes, da American Marketing Association (AMA), revisada em 2004, indica que o marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos para criar, comunicar e entregar valor aos clientes e para gerenciar relacionamento com o cliente de forma a benefi ciar a organização e as partes interessadas. Assim, a defi nição geral identifi ca o processo de gerenciamento de relacionamentos como um dos principais critérios, paralelo aos fatores tradicionais do mix de marketing. O domínio, que lida com “relacionamentos”, é denominado de marketing de relacionamento. O marketing de relacionamento é defi nido, de várias maneiras, dentro do campo da literatura. Segundo Palmatier (2008), essas defi nições sugerem que existem três aspectos principais que o constituem: • O primeiro aspecto trata do engajamento de atividades em todos os estágios do ciclo de vida do relacionamento, e, portanto, é, implicitamente, reconhecível que os relacionamentos são processos dinâmicos que se desenvolvem ao longo do tempo e de estágios, como as atividades de marketing de relacionamento. As características de troca, sistematicamente, variam entre esses estágios, o número de estágios e de terminologia usados diferem, ligeiramente, entre pesquisadores, mas a grande maioria das defi nições gera quatro estágios gerais: identifi car, desenvolver, manter e encerrar. • O segundo aspecto trata do objetivo ou do escopo das atividades de marketing de relacionamento. Enquanto algumas defi nições são restritas aos relacionamentos com o cliente, outras incluem relacionamentos com qualquer constituinte (por exemplo, departamentos internos, concorrentes, clientes, fornecedores). Inclusive, algumas pesquisas recentes reenfatizam a importância de construir relacionamentos com outras partes, além dos clientes (PALMATIER, 2008). Outra faceta 20 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais desse objetivo de relacionamento pertence à unidade de análise ou ao nível de relacionamento. Relacionamentos podem ser avaliados entre indivíduos (pessoa e pessoa, interpessoal), entre um indivíduo e uma empresa ou grupo de pessoas (pessoa e empresa, empresa e pessoa) e entre empresas (empresa e empresa). Embora a tomada de decisão baseada em relacionamentos possa variar entre indivíduos e grupos, um grande corpo de evidências empíricas demonstra que as relações, também, formam-se em cada um desses níveis (PALMATIER et al., 2006). Em muitos casos, os relacionamentos com vários atores ocorrem simultaneamente, e têm efeitos divergentes sobre o desempenho (PALMATIER; SCHEER; STEENKAMP, 2007). • O terceiro e último aspecto trata dos benefícios derivados das atividades de marketing de relacionamento. Caro acadêmico, o sucesso do relacionamento e os esforços de marketing dependem apenas da perspectiva do implementador (por exemplo, vendedor) ou os resultados de ambas as partes devem ser avaliados (vendedor e cliente)? Na prática, o marketing de relacionamento precisa gerar benefícios para ambas as partes, mesmo que o benefício de uma delas seja limitado a recompensas. Contudo, ao reconhecer que o marketing de relacionamento não é, altruisticamente, motivado, mas iniciado por uma parte, para atingir objetivos específi cos, uma perspectiva unidirecional parece mais relevante, embora os programas mais efi cazes gerem valor para as partes. Essa perspectiva unidirecional é impulsionada mais pela necessidade de permanecer consistente com as motivações dos profi ssionais de marketing de relacionamento e as perspectivas de avaliação do que pela crença de que apenas uma parte ganha valor com o desenvolvimento de laçosrelacionais fortes e duradouros (PALMATIER, 2008). A terminologia "ganha-ganha", geralmente, é o reconhecimento de que as empresas são movidas por motivos de lucro, portanto, relacionamentos não lucrativos devem ser encerrados e os investimentos na construção de relacionamentos precisam ter, como alvo, os retornos ideais. Por isso, embora o marketing de relacionamento envolva cooperação e criação de valor agregado com uma perspectiva de longo prazo, ao invés de uma transação de curto prazo, a manipulação ou o foco competitivo é iniciado para o ganho fi nal de longo prazo do implementador (empresa). Quando os pesquisadores incluem o encerramento de relacionamentos como um aspecto do marketing de relacionamento, reconhecem, implicitamente, a perspectiva. Por exemplo, a maioria dos pesquisadores e dos gestores recomenda que os vendedores encerrem ou adaptem os relacionamentos não lucrativos com os clientes, mesmo que o cliente esteja obtendo valor com eles. 21 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 Assim, a integração desses três aspectos ocasiona a seguinte defi nição: “o marketing de relacionamento é o processo de identifi car, desenvolver, manter e terminar as trocas relacionais com o objetivo de melhorar o desempenho” (PALMATIER, 2008, p. 3). Segue um artigo para você compreender a importância do marketing de relacionamento para a retenção de clientes: https:// www.scielo.br/pdf/rac/v21n3/1982-7849-rac-21-3-0347.pdf. 1 Faça uma refl exão acerca do conceito de marketing de relacionamento e da importância dele para as organizações. 3.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO O surgimento do marketing de relacionamento, como um domínio acadêmico separado do marketing tradicional, deu-se de 1980 a 1990. Os pesquisadores argumentam que o marketing de relacionamento representa uma "mudança de paradigma no marketing", diante do foco anterior nas "transações", nas quais as empresas usavam o "modelo 4P" para gerenciar variáveis do mix de marketing (GRONROOS, 1994, p. 4). O marketing de relacionamento é, realmente, um fenômeno novo? Quais tendências ou fatores subjacentes conduzem a tais mudanças? Para responder a essas perguntas, é preciso entender mais a respeito da perspectiva histórica do pensamento e da prática no marketing. Os pesquisadores argumentam que a troca baseada em relacionamentos foi a norma para a maior parte da história registrada. A anomalia de transação 22 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais baseada no marketing surgiu, apenas, no início do século XX. Assim, o marketing de relacionamento “é, realmente, um renascimento das práticas de marketing da era pré-industrial” (SHETH; PARVATIYAR, 1995, p. 399). Antes da era industrial, como vimos no tópico anterior, no qual falamos do marketing tradicional, a maioria das trocas ocorria em mercados locais, sendo que fazendeiros e artesãos (produtores) vendiam os produtos, diretamente, aos usuários fi nais. Os produtores representavam fabricantes e varejistas, e os relacionamentos embutidos entre produtores e consumidores tinham confi ança e normas de negócios necessárias para conduzir à transação, pois existiam poucas proteções institucionalizadas. Da mesma forma, os relacionamentos levavam à confi ança entre os comerciantes nas transações de bens não produzidos no local. Sheth e Parvatiyar (1995) oferecem inúmeros exemplos de comércio, que só ocorrem entre grupos com relacionamentos contínuos, como entre os comerciantes, ao longo do "rota da seda" histórica, que construiu confi ança ao longo do tempo, além de exemplos do uso de nomes de família em setores específi cos que promoviam a confi ança relacional. Assim, embora a terminologia e o foco acadêmico específi co em marketing de relacionamento sejam, relativamente, novos, a importância subjacente dos relacionamentos para a compreensão do desempenho da troca, absolutamente, não é. A troca de base relacional era a norma para a maioria dos registros da história. A anomalia do marketing baseado em transações surgiu apenas no início do século XX. A produção e o consumo em massa, durante a revolução industrial, mudaram a dinâmica entre produtores e consumidores. Os produtores pegaram a vantagem das economias de escala, associadas à produção em massa, para produzir um grande volume de bens a baixo custo, mas esses bens volumosos também precisavam ser transportados, armazenados e vendidos em uma área geográfi ca maior e com uma base de clientes ampla. Muitos consumidores se mudaram para centros fabris e cidades, longe das áreas agrícolas, o que exigiu o transporte e o armazenamento de mercadorias para sustentar esses novos centros populacionais (PALMATIER, 2008). A produção em massa gerou a necessidade de vendas e de promoções agressivas para criar uma demanda sufi ciente para o aumento do volume de mercadorias. A industrialização gerou novas indústrias, ou “intermediários”, com foco no transporte, no armazenamento, na venda e no varejo (BARTELS, 1962). Economistas, que operavam nesse contexto, investigaram as funções desempenhadas por atacadistas e varejistas para desenvolver o pensamento inicial do marketing, conforme foi visto no tópico anterior, quando falamos da história do marketing tradicional. 23 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 A visão econômica funcional do marketing evoluiu ao longo do tempo, integrando pontos de vista psicológicos e sociológicos, mas as transações centradas no produto mantiveram o paradigma dominante. Esse estado de assuntos nos leva à segunda questão: quais tendências ou fatores subjacentes estão mudando o marketing para o foco do relacionamento? A resposta, provavelmente, está não em uma tendência, mas em uma convergência de muitos fatores. Por exemplo, considere a mudança das economias em muitos países desenvolvidos, onde é considerada, a economia gerada pelo serviço, uma força percursora da economia. Os serviços, normalmente, são produzidos e entregues pela mesma organização, o que signifi ca remover o “intermediário” e reforçar os laços entre o produtor e o consumidor. Além disso, os serviços, em comparação com os produtos, são mais intangíveis, menos consistentes, mais perecíveis e mais difíceis de avaliar, o que, geralmente, torna os clientes mais envolvidos na produção e no consumo, às vezes, até exigindo coprodução (ZEITHAML; PARASURAMAN; BERRY, 1985). Interações mais próximas entre clientes e vendedores tornam as relações cliente-vendedor mais críticas para os serviços do que para os produtos, e a intangibilidade da oferta faz os benefícios da confi ança mais importantes (PALMATIER et al., 2006). À medida que as economias fazem a transição de relacionamentos com base no produto para o serviço, cliente-vendedor se desenvolvem (ou seja, menos intermediários, níveis de interação mais altos) e se tornam mais importantes para os consumidores (com risco reduzido e necessidade de cooperação). Outra tendência importante, que promove o uso do marketing de relacionamento, diz respeito aos avanços da tecnologia. Melhorias de comunicação e de logística suportam transações diretas entre produtores e consumidores a grandes distâncias. Além disso, os avanços em tecnologias da informação e da comunicação fornecem, aos vendedores, as ferramentas para direcionar, implementar e avaliar os programas específi cos de marketing de relacionamento, em vez da dependência, apenas, de uma abordagem de marketing de massa. Da mesma forma, os aumentos, na competição global e nas taxas de rotatividade de clientes, especialmente, para produtos e serviços de commodities, em mercados que fazem preços, de muitos fabricantes, em muitos países, transparentes para os consumidores, impulsionam as empresas a se concentrarem em programas de fi delização e retenção de clientes. Os vendedores exigem estratégias não baseadas em preços para aumentar a fi delidade do cliente e, portanto,potencialmente, apoiar preços premium ou, pelo menos, minimizar a erosão de valores. Além disso, análises que identifi cam custos mais altos, associados à aquisição versus retenção de clientes, reforçam as estratégias de 24 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais construção de fi delidade, e os programas de marketing de relacionamento se tornam ferramentas primárias para apoiar tais objetivos (PALMATIER, 2008). Mesmo em mercados business-to-business (empresa para empresa), iniciativas, como a Gestão da Qualidade Total, e a necessidade de desenvolver relacionamentos próximos com fornecedores para apoiar o rápido desenvolvimento de produtos, aumentam o desejo das empresas de construírem vínculos duradouros com os fornecedores e os outros parceiros de negócios (SHETH; PARVATIYAR, 1995). 3.2 A EVOLUÇÃO DA TEORIA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO As raízes da teoria do marketing tradicional e de relacionamento vêm da economia. Quando Alderson (1958) estende a visão da economia institucional de que as trocas são impulsionadas pela maximização do valor e pela efi ciência do mercado, argumenta que o pensamento de marketing deve incluir os fatores sociológicos de "estrutura de poder" e "troca bidirecional de compromissos", com fatores psicológicos sociais de "comunicação" e “reações emocionais”. Bagozzi (1975) refi na, ainda mais, o foco do marketing, aplicando a “teoria da troca”, sendo que considera isso como duas questões-chave na teoria do marketing: (i) Por que as pessoas e as organizações se envolvem em relações de troca? e (ii) Como as trocas são criadas, resolvidas ou evitadas? Dentro do campo da sociologia, surge a teoria da troca social, para entender as relações entre os parceiros. Os primeiros pesquisadores propuseram um efeito positivo da dependência entre parceiros, pois o parceiro dependente queria manter o relacionamento para atingir objetivos, em vez de assumir a difi culdade ou o custo de encontrar um parceiro substituto (FRAZIER, 1983). Avançando na reformulação da teoria, autores (PALMATIER; DANT; GREWAL, 2007) indicam que a dependência entre os parceiros é importante, pois afeta o desenvolvimento e a manutenção desse relacionamento, não porque seja um imediato “precursor” do desempenho do relacionamento. Assim, embora a pesquisa inicial de troca relacional tenha dado, à dependência, um papel teórico central, desde então, foi reformulada em um papel de apoio. Dentro desse contexto de troca relacional, Blau (1964) e Thibaut e Kelley (1959) buscaram desenvolver uma estrutura de relacionamento entre comprador e vendedor, com as trocas em uma contínua transação relacional. 25 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 A partir disso, nos próximos 20 anos de pesquisa de marketing de relacionamento, foi fundamentada em trocas sociais e na teoria de contratação relacional, focada em propor e em testar, empiricamente, estruturas baseadas nas construções relacionais descritas no artigo conceitual de Dwyer, Schurr e Oh (1987). A teoria de troca relacional argumenta que as normas relacionais, isoladamente ou em conjunto, com o compromisso e a confi ança, permite que os parceiros de relacionamento respondam, de forma mais efi caz, para mudar as condições e projetar as ações e as respostas no futuro, prevenindo comportamentos de interesse próprio, o que, por sua vez, melhora a performance do relacionamento. A presença de compromisso de relacionamento e de confi ança é fundamental para o sucesso do marketing de relacionamento, não de poder. Com base em pesquisas fundamentadas na teoria da troca social e no comportamento organizacional, argumentam que o compromisso de relacionamento é um desejo duradouro de manter um relacionamento valioso", e a confi ança é a “confi abilidade e integridade de um parceiro de troca. Esses elementos representam e explicam o impacto de um relacionamento na performance do desempenho. Assim, os parceiros de relacionamento que estão comprometidos fazem um esforço extra e trabalham para manter e fortalecer os laços relacionais, o que infl uencia, positivamente, a cooperação, o desempenho fi nanceiro e outros resultados positivos (KUMAR; HIBBARD; STERN, 1994). Além disso, a confi ança tem um efeito direto nos resultados do relacionamento e um efeito indireto, por meio da infl uência no compromisso (HIBBARD; KUMAR; STERN, 2001). No geral, o modelo de marketing de relacionamento reduz o escopo de Dwyer, Schurr e Oh (1987) de duas maneiras principais: restringe as construções relacionais dentro do contexto da confi ança e do compromisso e ignora quaisquer efeitos de relacionamento ligado a outros fatores. A teoria do compromisso e da confi ança, empiricamente, bem apoiada pelos autores, fornece a base teórica padrão para a maioria das pesquisas de relacionamento durante a última década (PALMATIER et al., 2006). 26 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais 4 MARKETING DE RELACIONAMENTO DIGITAL Relações online entre clientes e empresas, nas quais interações relacionais são mediadas por canais, são onipresentes na atualidade. Em 2022, os clientes, provavelmente, gerenciarão 85% dos relacionamentos com empresas sem qualquer interação humana. Mesmo online, porém, os relacionamentos continuam entre os clientes, que desejam ter uma conexão, um relacionamento com as organizações (STEINHOFF et al., 2019). Assim, do outro lado da díade de troca, as empresas trabalham para construir, crescer e manter fortes relacionamentos online com os clientes. Os gastos com marketing de relacionamento, portanto, estão crescendo, com taxas que, continuamente, superam as de gastos com a marca (STEINHOFF et al., 2019). Para profi ssionais de marketing de relacionamento, os contextos online criam desafi os e oportunidades, como a própria competição global e o anonimato, devido à falta de interações interpessoais online, representando ameaças à fi delidade do cliente. Por outro lado, as propriedades dos contextos online podem favorecer os aspectos cognitivos dos clientes e a lealdade com a marca (ANSARI; MELA; NESLIN, 2008; SHANKAR; SMITH; RANGASWAMY, 2003). Por exemplo, com um foco predominante em e-commerce, Verma, Sharma e Seth (2016) e Kozlenkova et al. (2017) identifi cam o quão é efi caz o marketing de relacionamento para aumentar o desempenho da empresa. Desde a década de 1990, o marketing online evoluiu do e-commerce (web de hipertexto) para a mídia social, comunidades online (web social), aplicativos móveis, Big Data (web semântico), estratégias de inteligência artifi cial e realidade aumentada (web simbiótica), contribuindo para experiências holísticas do cliente (LEMON; VERHOEF, 2016). 4.1 BASE CONCEITUAL DO RELACIONAMENTO ONLINE A defi nição de marketing de relacionamento abrange as atividades de marketing direcionadas para estabelecer, desenvolver e manter um relacionamento. A literatura existente, que abarca o marketing de relacionamento, oferece informações valiosas a respeito da efi cácia de diversas estratégias para gerenciar o relacionamento do cliente em ambientes offl ine (PALMATIER et al., 2006). Contudo, no contexto relacional online, isso se difere, substancialmente, 27 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 dos relacionamentos offl ine, portanto, compreender como formar, desenvolver e reter relacionamentos bem-sucedidos com os clientes, nesse ambiente, é algo relativamente novo, de interesse primordial para os gerentes de marketing (McCONNELL, 2017) e pesquisadores acadêmicos (KOZLENKOVA et al., 2017; VERMA; SHARMA; SETH, 2016). Caro academico, para defi nir o escopo dos relacionamentos online, primeiramente, precisamos entender o que constitui um relacionamento. Nesse contexto, um relacionamento consiste em ações contínuas e intencionais de interações entre o cliente e o vendedor, indo além do discreto relacionamento transacional (DWYER; SCHURR;OH, 1987; IACOBUCCI; OSTROM, 1996). Para que as trocas relacionais se desenvolvam e persistam, precisam representar um troca mútua de benefício, de modo que os clientes e os vendedores percebam algum benefício (por exemplo, fi nanceiro, emocional, social) do relacionamento com os parceiros, em relação às alternativas existentes e disponíveis no mercado (GWINNER; GREMLER; BITNER, 1998; MATHWICK, 2002; SHETH; PARVATIYAR, 1995). Nesse sentido, as relações online e offl ine são semelhantes, a necessidade humana de relacionamentos é universal e psicológica, e os mecanismos que permitem e promovem o desenvolvimento de relacionamentos são os mesmos em ambos os ambientes (KOZLENKOVA et al., 2017). Os relacionamentos online também podem ser tão íntimos e emocionalmente ricos quanto as trocas relacionais offl ine. Ainda, existem diferenças entre as confi gurações online e offl ine. Nas confi gurações offl ine, as relações cliente e empresa dependem do face a face (por exemplo, compra do cliente na localização de um varejista) ou da forma verbal, não face a face (por exemplo, telefone). As relações offl ine, de cliente e empresa, são caracterizadas, de forma consistente, por relações de pessoa para pessoa, tendo uma interação. Em contextos online, as interações face a face desaparecem, e todas as trocas são indiretas e mediadas por tecnologias da internet (YADAV; PAVLOU, 2014). Pouco interação humana ocorre, em vez disso, as trocas dependem de interações entre humanos e tecnologia. Assim, Steinhoff, Arli, Weaven e Kozlenkova (2019) defi nem que o relacionamento online, como trocas relacionais mediadas por tecnologia da internet, ocorre em um ambiente tecnológico, de humano para tecnologia. 4.2 EVOLUÇÃO E PRÁTICA DO 28 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais MARKETING DE RELACIONAMENTO EM NEGÓCIOS ONLINE Desde que a internet se tornou disponível para fi ns comerciais, as empresas reconheceram, rapidamente, o valor de nutrir relacionamentos online contínuos com os clientes. Segundo Steinhoff, Arli, Weaven e Kozlenkova (2019), existem quatro principais marcos tecnológicos (da web hipertexto à web simbiótica) que, incrementalmente, têm facilitado os esforços dos profi ssionais de marketing. Em seguida, entenderemos cada um. • I: Web hipertexto: somente leitura A web de hipertexto se refere à implementação e à disseminação da rede mundial de computadores durante a década de 1990. É uma web somente de leitura, permitindo que os usuários pesquisem e leiam as informações disponibilizadas pelos proprietários de sites. Durante esse tempo, o comércio eletrônico começa a se espalhar onde os consumidores podem ver, selecionar e solicitar ofertas das empresas em lojas online. Os três principais sites globais de comércio eletrônico, Amazon, eBay e Alibaba, foram fundados durante essa era (1994, 1995 e 1999), e, desde então, têm conduzido o comércio eletrônico. Juntos, atraem mais de 660 milhões de visitantes online a cada mês (STATISTA, 2018b), e, nos Estados Unidos, mais de 60% dos usuários da internet fazem compras online, pelo menos, uma vez por mês (STATISTA, 2018c). Para as empresas, a disseminação da tecnologia da internet e a expansão dela, para fi ns comerciais, revolucionam a forma como fazem negócios, adicionando um novo canal online para interagir com os clientes. Ao mesmo tempo, a introdução de um canal de vendas online muda substancialmente, o panorama competitivo. Além de concorrentes existentes, adotando o canal online, adicional, competidores, exclusivamente, online, entram no mercado, desafi ando os líderes dele. O comércio eletrônico transforma várias indústrias em mercados globais, apresentando ampla escolha e baixos custos de troca para os clientes. A competição pelos clientes, também, surge internamente, de forma que os canais offl ine e online das empresas estejam sujeitos a potenciais efeitos de canibalização. Da mesma forma, a oportunidade de comprar online, no lugar de ir para uma loja física, ou fazer o pedido pelo correio, a partir de um catálogo, 29 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 representa uma revolução para os clientes. O comércio eletrônico torna os clientes muito mais independentes das restrições de tempo e de localização, oferecendo, assim, grandes benefícios de conveniência. No entanto, o novo ambiente mediado pela tecnologia, também, é associado a novas incertezas e a riscos. Transações online, com os varejistas do comércio eletrônico, exigem que os clientes, eletronicamente, enviem e compartilhem informações pessoais e dados de pagamento. Ao contrário de uma loja física, os clientes não são capazes de tocar e de sentir os produtos ou experimentar diferentes versões (por exemplo, comparar tamanhos de roupas), potencialmente, agravando o processo de seleção. Além disso, ao invés de receberem, instantaneamente, a compra realizada, como nas lojas fi sicas, os clientes precisam esperar que o produto seja entregue em casa (STEINHOFF; ARLI; WEAVEN; KOZLENKOVA, 2019). • II: Web social: leitura e escrita No início de meados da década de 2000, a web social funcionou como um importante passo de desenvolvimento para a ascensão do mundo. A web avançou para uma rede de leitura e escrita na qual os usuários poderiam não apenas ler, mas, também, contribuir com conteúdo e interagir com outros usuários. A mídia social e as comunidades online são sistemas colaborativos baseados na internet, muitas vezes, baseados na computação em nuvem, a partir da qual a maior parte do conteúdo é produzida por usuários que interagem, socialmente, além das fronteiras geográfi cas. Facebook, Instagram, Pinterest, YouTube, Twitter e Wikipedia estão entre os serviços de mídia social mais populares, usados por 2,46 bilhões de pessoas em 2017 (STATISTA, 2018d). Ainda, são mecanismos populares e difundidos para a construção do relacionamento online com os clientes. Segundo a Revista Fortune, 84% das empresas mantêm perfi s do Facebook ou do Twitter para compartilhar conteúdo e aumentar o envolvimento com os clientes (BARNES; GRISWOLD, 2016). Ao contrário das formas mais tradicionais de comunicação unidirecional, iniciada pelas empresas, a mídia social permite e incentiva a comunicação bidirecional entre empresas e clientes. As empresas usam abordagens diferentes para entrar em diálogos com os clientes, compartilham informações, coletam feedback, e criam um senso de comunidade. Por exemplo, a marca Nike, como #NikeWomen, que recebe, regularmente, centenas de milhares de curtidas e comentários direcionados de usuários, conforme o exposto a seguir (BANOVIC, 2017): 30 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Caro leitor, leia o case da Starbucks a respeito da proposta de inovação aberta como uma forma de interação com o consumidor. Minha ideia da Starbucks: um estudo de caso de inovação aberta Desde a abertura da primeira loja, em 1996, o gigante do café, até agora, abriu quase 30.000 cafeterias em todo o mundo, e está avaliada em espantosos US $ 30 bilhões. Um forte compromisso com a inovação aberta ajudou a impulsionar esse crescimento incrível. FIGURA 1 – REDE SOCIAL - INSTAGRAM DA NIKE FONTE: <https://www.instagram.com/nikewomen/>. Acesso em: 24 abr. 2021. O MyStarbucksIdea crowdsourced, um concurso de inovação da rede de café Starbucks, gerou mais de 190.000 inscrições online, de novas ideias de produtos, e 300 implementações inovadoras (por exemplo, Skinny Mocha, K-Cups, cake pops, continuação da chave-cartão de rede) pelos consumidores (GEISEL, 2015). 31 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 Esse gosto pela inovação aberta levou à plataforma “My Starbucks Idea”, um experimento de participação do cliente. Agora que a empresa aposentou essa plataforma depois de quase dez anos, pensamos que seria uma boa oportunidade para olhar para trás e fazer algumas perguntas.Então, o que um estudo de caso da plataforma “Minha ideia Starbucks” pode nos dizer a respeito da inovação aberta? Quais foram os benefícios, para a Starbucks, com o gerenciamento dessa plataforma, e como outras empresas podem tirar proveito desses benefícios? Como eles fi zeram isso? Como empresa, a Starbucks sempre deu muito valor ao refi namento dos produtos e dos procedimentos, de acordo com o feedback dos clientes. Nos primeiros anos da empresa, isso se refl etia em sistemas simples, como caixas de sugestões e pesquisas com clientes. Em 2008, no entanto, o fundador, Howard Schultz, lançou a plataforma de inovação aberta “My Starbucks Idea”. Essa plataforma incentivou clientes e fãs a compartilharem ideias e sugestões de como tornar os produtos queridos da empresa ainda melhores. “Precisamos nos colocar no lugar dos nossos clientes”, disse Schultz, na época. “Esse é o meu novo grito de batalha. Viva e respire a Starbucks como nossos clientes fazem”. Acontece que o ainda indeciso candidato presidencial de 2020 estava no caminho certo. Os clientes da Starbucks tinham uma sede real de compartilhar ideias: durante os primeiros cinco anos de operação, a plataforma recebeu mais de 150.000 ideias, e a empresa colocou centenas delas em uso. 32 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais O formato era simples. Tudo o que os clientes precisavam fazer era criar um perfi l, escrever (e categorizar) a sugestão e enviá-la para que outros comentassem. Se a ideia ganhasse fôlego sufi ciente, ou se os administradores da Starbucks gostassem da aparência, ela poderia ser adotada pela empresa. Muitas empresas terceirizam ideias de produtos por meio de clientes. Então, o que tornou “Minha ideia no Starbucks” algo único? O que tornou “Minha ideia Starbucks” única? “Minha ideia Starbucks” era muito mais do que apenas uma caixa de sugestões chique. Para ajudar a encorajar uma comunidade de fãs, a Starbucks permitiu que os usuários votassem e comentassem as ideias das quais gostavam. Houve, também, uma tabela de classifi cação pública, mostrando os fãs mais dedicados, e aqueles com as ideias mais populares. Os usuários também podiam ver os perfi s dos 'Parceiros de ideias' da Starbucks - os representantes da empresa encarregados de gerenciar e de monitorar a discussão online e de trabalhar com os clientes nas sugestões. Isso ajudou a dar um rosto humano à empresa. 33 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 Essa mistura de inovação aberta, cocriação com o cliente e site de comunidade de fãs provou ser imensamente popular. Não só criou muitas inovações de produto excelentes para a Starbucks, mas, também, ajudou a aumentar a fi delidade do cliente. Por meio do gerenciamento ativo da plataforma “My Starbucks Idea”, a Starbucks envolveu os clientes, fazendo-os sentirem que estavam sendo ouvidos. Ao lançar ideias impulsionadas por fãs, como pop cake e lattes de abóbora com especiarias, a Starbucks criou uma maior diversidade de produtos. Em junho de 2018, após quase uma década, a empresa aposentou a plataforma “My Starbucks Idea”. A Starbucks ainda incentiva os clientes e os fãs a enviarem sugestões de novos produtos no Twitter, é claro, e por meio do site ofi cial. Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais nos detalhes. Quais foram os resultados da plataforma “Minha ideia Starbucks” e o que esses resultados podem nos dizer a respeito da inovação voltada para o cliente? Resultados de “My Starbucks Idea” Prestando atenção às preferências dos clientes, a Starbucks conseguiu manter a posição como líder de mercado, mesmo em uma indústria com rápida mudança, como o setor de alimentos e bebidas. O compromisso da empresa com esse conceito levou os fãs a enviarem mais de 150.000 ideias, das quais centenas foram adotadas. 34 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Quais foram os benefícios para a Starbucks? Em primeiro lugar, havia o benefício óbvio: capacitar os clientes para fazerem sugestões para melhorias do produto signifi cava que a Starbucks teve acesso a novas e, potencialmente, muitas valiosas ideias. Muitas dessas coisas só teriam ocorrido com clientes dedicados. Além do valor simples dessas ideias, no entanto, a plataforma também ajudou a gerar muita atenção da mídia e publicidade gratuita. Ao encorajar fãs obstinados a se envolverem online, a Starbucks criou uma nova maneira de comercializar produtos para o segmento de clientes mais valioso. A plataforma também serviu como ferramenta de pesquisa de mercado. Milhares de fãs se inscreveram para enviar ideias, e, ao fazê-lo, forneceram, à empresa, informações demográfi cas. Isso permitiu que a Starbucks construísse perfi s de clientes detalhados. O benefício não foi apenas em um sentido: os clientes da Starbucks também obtiveram muito valor com a plataforma. Ao se envolverem com a empresa, os clientes experimentaram um maior senso de inclusão, com a plataforma ajudando a construir uma comunidade real. FONTE: <https://www.braineet.com/blog/my-starbucks-idea-case- study/>. Acesso em: 15 abr. 2021 A noção de comunidades online também se refl ete em novos modelos de negócios que dependem de plataformas ou de um software, como serviço de computação em nuvem e infraestrutura tecnológica. No modelo de negócios de plataformas virtuais de serviço, o software é licenciado, hospedado em servidores da empresa e entregue, pela internet, para vários usuários (DUBEY; WAGLE, 2007). Devido à ampla aceitação entre organizações e consumidores, as plataformas virtuais de serviço devem ser responsáveis por 83% de todo o tráfego de dados até o fi m de 2021, refl etindo os usos em aplicativos de negócios (por exemplo, Offi ce 365), e-mail (como Gmail) e software colaborativo (Dropbox) (CISCO, 2018). 35 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 • III: Web semântica: ler, escrever e executar Surgido no fi nal dos anos 2000, e avançado para meados dos anos 2010, a web semântica introduziu smartphones e aplicativos móveis, incluindo o Big Data. Na web semântica, os computadores se comunicam entre si, analisam e conectam dados de diversas fontes. Com a expansão do uso do smartphone, criou-se um mercado para aplicativos móveis, que, hoje, respondem por 90% do tempo que os usuários da internet gastam nos próprios smartphones. A Aplle oferece, no App Store, dois milhões de aplicativos, e os usuários do Android podem acessar 3,8 milhões deles (STATISTA, 2018a). Para profi ssionais de marketing de relacionamento, os aplicativos móveis são poderosas ferramentas para se comunicar e fi car perto dos clientes em todos os momentos, além de permitirem a personalização, e, em tempo real, de ofertas baseadas na localização. Por exemplo, o McDonald’s trabalha com promoções operadas por meio App. Os clientes usam para ler os códigos de token para revelar os prêmios que podem ser resgatados online ou em lojas. O aplicativo, de forma efi caz, estimula a comunicação e incentiva os clientes a compartilharem informações pessoais (por exemplo, dados de inscrição e localização) (VERHEUL, 2017). Aproximadamente, metade dos anfi triões do AirBnB usa a companhia do aplicativo para oferecer suporte à comunicação instantânea, levando a reservas oito vezes mais rápidas em comparação àquelas feitas através do site (BROWN, 2014). Nesse sentido, os aplicativos ajudam a superar a assincronicidade da comunicação típica para o contexto online, assim, devido a esses avanços tecnológicos, surpreendentes quantidades de dados digitais são geradas todos os dias. 36 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais FIGURA 2 – PLATAFORMA AIRBNB FONTE: <https://www.airbnb.com.br/>. Acesso em: 15 abr. 2021. Na internet, os usuários deixam pegadas digitais, de modo que os comportamentos online podem ser rastreados e agregados para aprender detalhes de informaçõesde cada usuário. A riqueza dos dados online promete inúmeras vantagens aos clientes, como serviços personalizados, conteúdo individualizado e relevantes mensagens e ofertas (por exemplo, cupons, descontos etc.) (MARTIN; MURPHY, 2017). Essa vasta informação coletada a respeito dos clientes também pode ajudar as empresas a entenderem como servir e construir relacionamentos mais relevantes, o que, por sua vez, pode aumentar a produtividade e levar a lucros de 5% a 6% sobre os concorrentes, que não fazem uso de tais informações (BIESDORF; COURT; WILLMOTT, 2013). Apoiando empresas com esforços para coletarem informações de consumidores, Adobe, Google, IBM e Microsoft, por exemplo, oferecem uma variedade de ferramentas para alavancar o Big Data para o gerenciamento e as relações com o consumidor. A seguir, você encontrará conceitos e defi nições a respeito do Big Data: https://www.cetax.com.br/blog/big-data/. 37 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 Do lado negativo, porém, o Big Data estimula preocupações com a privacidade entre os clientes, o que pode impedir a formação do relacionamento, especialmente, se as empresas falham para oferecer políticas de dados transparentes ou sofrem violações de dados. Violações de dados do perfi l (por exemplo, Yahoo) (ARMERDING, 2018) aumentam as preocupações com a privacidade e impedem a vontade, por parte dos clientes, do compartilhamento de informações pessoais. O marketing de relacionamento online efi caz requer a gestão ética dos dados do cliente, acima e além de quaisquer requisitos legais de proteção de dados (MARTIN; MURPHY, 2017). Para fornecer, aos clientes, um forte senso de controle e de segurança dos dados pessoais, as empresas investem em selos de proteção de dados (por exemplo, TrustArc, anteriormente, TRUSTe) e em políticas de privacidade transparentes. Por exemplo, a Sainsbury fornece um consentimento, facilmente, compreensível da forma que usa a linguagem descritiva para delinear termos e condições com as quais os clientes concordam (STEINHOFF; ARLI; WEAVEN; KOZLENKOVA, 2019). FIGURA 3 – SITE SAINSBURY’S FONTE: <https://help.sainsburys.co.uk/help/website/terms- conditions-acceptance?_ga=2.23817267.84010975.1616183384- 1738003449.1616183384>. Acesso em: 15 abr. 2021. Por sua vez, o Google foi elogiado por informar, aos clientes, a respeito da própria política de privacidade com uma linguagem simples (DIGNAN, 2012). 38 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais FIGURA 4 – GOOGLE - PRIVACIDADE E TERMOS FONTE: <https://policies.google.com/privacy?hl=pt-BR>. Acesso em: 15 abr. 2021. • IV: web simbiótica: leitura, gravação, execução e simultaneidade A web simbiótica é a era da inteligência artifi cial e da realidade aumentada. Máquinas e dispositivos equipados com inteligência artifi cial podem imitar as funções cognitivas, tipicamente, associadas às mentes humanas, como aprendizagem e solução de problemas. As máquinas percebem e interpretam o ambiente, usando uma rede de ligações semânticas e, em seguida, agem adequadamente. A web simbiótica apresenta recursos de simultaneidade, execução, leitura e gravação, de modo que os humanos e a tecnologia se comuniquem, simbioticamente, em uma forma humana (STEINHOFF; ARLI; WEAVEN; KOZLENKOVA, 2019). Os clientes adotam, prontamente, a inteligência e a realidade aumentadas, no cotidiano, por meio de aplicativos, como assistentes pessoais virtuais (por exemplo, Alexa, da Amazon, Siri, da Apple, Google Assistente, Cortana da Microsoft), videogames (como Warner’s Middle Earth: Shadow of Mordor), carros inteligentes (projeto de carro autônomo do Google, recurso de piloto automático do Tesla), suporte online ao cliente, serviços de recomendação de música e de fi lmes (Spotify, Netfl ix) e dispositivos domésticos inteligentes (STEINHOFF; ARLI; WEAVEN; KOZLENKOVA, 2019). 39 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 Caso tenha interesse em conhecer mais a respeito do Tesla e dos carros inteligentes, acesse o site: https://www.tesla.com/pt_PT/ autopilot?redirect=no. A Replika lançou um aplicativo, em 2017, que permite, aos usuários, criarem chatbots (Chatbot é um programa de computador que utiliza inteligência artifi cial, cada vez mais aperfeiçoada, para imitar conversas com usuários de várias plataformas e aplicativos, como acontece no Facebook e em sites de e-commerce) conversacionais, que usam algoritmos para construir, na programação, um diálogo imprevisível e emotivo com os usuários, sendo que apenas 30% do que os chatbots dizem refl etem os scripts pré-programados (OLSON, 2018). Caro leitor, leia a reportagem acerca do revolucionário aplicativo Replika: https://olhardigital.com.br/2017/08/16/noticias/replika-app-que-cria- seu-clone-virtual-dispara-em-popularidade-no-brasil/. 40 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Assistentes virtuais populares, como Alexa, da Amazon, Siri, da Apple, Google Assistente e Cortana, da Microsoft, já se saem bem em testes de mercado (KOETSIER ,2018). A Google também prenuncia um futuro no qual os assistentes virtuais poderão compreender a linguagem natural, se comunicar com outros agentes virtuais e realizar tarefas autônomas, de uma forma humana. Para as empresas, as tecnologias de inteligência artifi cial prometem revisar os métodos de prestação de serviços e reduzir o número de funcionários da linha de frente, ou, até mesmo, eliminar a necessidade de equipe, esta que atende. Por exemplo, o serviço de robôs, como assistentes virtuais de linha direta de atendimento ao cliente, ou agentes virtuais incorporados, substitui, cada vez mais, os representantes de serviços humanos. Yoko, da Toshiba, processa 50.000 consultas de pós-vendas, diariamente, em 17 países, reduzindo os contatos humanos com os clientes em, aproximadamente, 40%, e, o suporte por e-mails, em 50% (LIVING ACTOR, 2016). No entanto, a assistente da IKEA, Anna, foi aposentada do serviço em 2015, em grande parte, devido ao serviço inadequado e inefi ciente e a um grande volume de diálogo impróprio iniciado por clientes online. Os investimentos em realidade aumentada, para melhorar as experiências do cliente, ultrapassaram US $ 2,5 bilhões, em 2018 (ABI RESEARCH, 2013). Com aplicativos de realidade aumentada, os profi ssionais de marketing podem mitigar algumas das desvantagens sensoriais que os clientes online possuem, ajudando- os a visualizarem como as ofertas de produtos se encaixam no ambiente físico pessoal. A realidade aumentada pode facilitar o processo de tomada de decisão dos clientes, sobrepondo imagens virtuais e conteúdo a respeito de uma pessoa, produto ou experiência. Por exemplo, para L'Oréal’s Style My Hair and Makeup, os aplicativos Genius permitem que os clientes experimentem produtos e vejam os resultados em fotos reais de si mesmos, antes de comprá-los. Topology Eyewear usa a tecnologia de escaneamento facial 3D para dar, aos clientes, um meio de experimentarem uma variedade de óculos, usando uma interface de realidade aumentada baseada em smartphone (BUHR, 2017). O aplicativo IKEA Place 3D permite que os clientes visualizem a aparência de mais de 2.000 produtos nas próprias casas (LUNDEN, 2017). 41 MARKETING DE RELACIONAMENTO Capítulo 1 Caro acadêmico, seguem alguns dos sites mencionados, neste tópico, que usam a tecnologia para criar experiências virtuais diferenciadas ao consumidor, experimente! L’Oréal: https://www.lorealprofessionnel.com.br/style-my-hair-page- br. IKEA Place 3D: https://www.ikea.com/au/en/customer-service/mobile- apps/say-hej-to-ikea-place-pub1f8af050. Topology Eyewear: https://www.topologyeyewear.com/. 1 - Cite e explique os quatro principais marcos tecnológicos que, incrementalmente, têm facilitado os esforços dos profi ssionais de marketing. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Tendo em vista que o objetivo deste capítulo foi o de compreendera evolução do marketing, tivemos uma quebra de paradigma na forma de se pensar no contexto mercadológico, passando de uma simples transação para uma relação de longo prazo. Foi possível evidenciar que o marketing tradicional passou por quatro eras. Na primeira, surgiram os primeiros cursos com abordagem do marketing. No segundo, foi o momento em que o marketing começou a ganhar atenção pelos profi ssionais da área. O terceiro teve uma grande evolução sobre o marketing, nos contextos científi co e profi ssional. Por fi m, a última era marcou o mercado, que passou por um momento de instabilidade e pelas próprias mudanças das organizações, para se adaptar às novas tecnologias, fazendo com que as empresas se atentem ao comportamento do consumidor. Foi possível evidenciar que o marketing de relacionamento foi defi nido, de várias maneiras, dentro do campo da literatura, e que essas defi nições demostram que existem três aspectos principais que o constituem: o engajamento de 42 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais atividades em todos os estágios do ciclo de vida do relacionamento, o objetivo ou o escopo e os benefícios derivados. Assim, o marketing de relacionamento pode ser entendido como um processo para identifi car, desenvolver, manter e terminar as trocas relacionais, com o objetivo de melhorar o desempenho da empresa. Por fi m, podemos evidenciar que, com a proliferação da tecnologia, surgiu um novo canal de venda, o online, portanto, as empresas devem reconhecer o valor de nutrir relacionamentos online contínuos com os clientes. Dessa forma, daremos sequência ao nosso estudo no próximo capítulo, analisando a recuperação e o relacionamento com os clientes digitais. REFERÊNCIAS ABI RESEARCH. 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CAPÍTULO 2 RELACIONAMENTO COM CLIENTES DIGITAIS A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Conceituar a satisfação do cliente. • Defi nir e analisar os aspectos comportamentais e tecnológicos relacionados ao relacionamento com o cliente. • Desenvolver as competências profi ssionais dos colaboradores para o atendimento de excelência. • Analisar e interpretar os resultados da satisfação do cliente digital. 50 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais 51 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Caro acadêmico, nos últimos anos, com certeza, você deve ter percebido o avanço da tecnologia em vários setores. Assim, com relação às transações comerciais online, podemos afi rmar que a mudança veio para fi car? A resposta é “sim”. A rápida proliferação e o uso de tecnologias, que já foi, predominantemente, uma tendência entre a geração mais jovem, estão se tornando amplamente aceitos por todas as partes da sociedade. Com a sociedade se tornando mais experiente em tecnologia e em internet, as pessoas, agora, têm a chance de experimentar serviços efi cientes fornecidos pelas organizações. Essa tendência gera consumidores esperando serviços direcionados, mais responsivos e, igualmente, efi cientes, de varejistas e de outras empresas. Nesse contexto, mais do que nunca, é de extrema importância as organizações trabalharem com o relacionamento online com os clientes. A mudança do contato físico face a face online signifi ca uma mudança substancial na natureza dos encontros. A tecnologia impacta diretamente nas percepções de socialidade dos usuários, transmitindo sentimentos de presença social e de senso de personalização quando se realiza uma transação online com uma empresa. Consequentemente, os agentes virtuais de atendimento são considerados um veículo adequado para transpor os encontros online para um nível mais alto, fundindo elementos da “alta tecnologia” para formar um novo tipo de encontro. A web é uma ferramenta única para que os profi ssionais de marketing construam e mantenham relacionamentos com os clientes. A natureza da tecnologia permite a automação do serviço, o que pode diminuir a densidade da interaçãoindividual, mas aumentar o nível geral de interação recebido pela população, em geral. Assim, a facilitação da web, para o marketing de relacionamento, em um sentido amplo, concentra-se em aumentar a satisfação do cliente em todas as etapas de processo de compra/tomada de decisão. É importante que as empresas estejam atentas a falhas nas transações online, através da recuperação de clientes, a fi m de aliviarem a insatisfação e, fi nalmente, reterem os clientes. Embora as empresas se esforcem para criar relacionamentos de longo prazo, as falhas nas transações e as tentativas subsequentes de melhorar as defi ciências podem afetar, profundamente, a satisfação e a qualidade. A satisfação do cliente tem resultados positivos para o varejista, na medida em que permite manter a atenção do consumidor por um longo prazo, e espalhando a 52 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais satisfação do consumidor no boca a boca. Além disso, os varejistas online devem se comunicar com os compradores online com mais frequência, a respeito das experiências de compra no ambiente online e da oferta de serviço de pós-venda com alta qualidade, o que melhora a satisfação geral para atrair mais público. Caro acadêmico, a seguir, você conhecerá melhor o relacionamento digital e a recuperação de clientes e manterá a satisfação nas transações online. 2 ASPECTOS TECNOLÓGICOS E COMPORTAMENTAIS EM ATENDIMENTO Os encontros online, entre empresas e consumidores, necessitam de excelência no atendimento, sendo um ponto central para determinar o sucesso da organização. As empresas, gradativamente, moldaram esses momentos de interação online para obter vantagens na internet, por meio de ferramentas, comi chats ao vivo, comunidades de clientes e mídia social. São fornecidas, aos clientes, as informações solicitadas, ou as soluções para os problemas, de maneira efi caz e efi ciente. No entanto, há evidências crescentes de que os clientes exigem elementos tradicionais de interação face a face em confi gurações online. Como as empresas conseguem contemplar essa exigência do consumidor? Nessa linha de raciocínio e respondendo ao que foi solicitado, os aspectos comportamentais, como a simpatia, ser sorridente, são considerados uma propriedade primordial no atendimento tradicional, que pode ser implementada no atendimento virtual através de ferramentas tecnológicas, ajudando na excelência (PRICE; ARNOULD; DEIBLER, 1995). Ainda, possuir as habilidades necessárias e ter conhecimento a respeito do produto e/ou do serviço que está sendo oferecido. Em seguida, compreenderemos os principais conceitos desses elementos. • Simpatia A simpatia é defi nida como a percepção de ser educado, responsivo, dando atenção extra e criando entendimento mútuo (PRICE; ARNOULD; DEIBLER, 1995). É provável que um agente de serviço amigável evoque sentimentos de contato humano pessoal, sociável, sensível, ou seja, presença social. A lógica, para isso, vem da teoria implícita da personalidade, que pressupõe que as percepções dos traços de personalidade, desempenhadas por uma pessoa, são transferidas para as expectativas que temos sobre os 53 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 outros traços de personalidade desse indivíduo (KEELING; MCGOLDRICK; BEATTY, 2010). Somando-se a esse raciocínio, é identifi cado que, para serem julgados como humanos e, assim, eliciar-se a presença social, é vital construir relacionamentos amigáveis e interpessoais (KEELING; MCGOLDRICK; BEATTY, 2010). Algumas evidências são fornecidas por Baylor e Kim (2005), que mostram que a amizade é um importante determinante da presença social. Mais uma vez, apoiados pela teoria da personalidade implícita, os agentes que respondem às necessidades do cliente e criam um sentimento de compreensão mútua tendem a aumentar a sensação de que o conteúdo que oferecem é apropriado, com base em informações pessoais e feito sob medida para as necessidades, ou seja, há a personalização. De fato, as empresas, sendo calorosas e amigáveis, constroem um relacionamento mais próximo com o cliente e oferecem uma experiência de compra mais gratifi cante. • Expertise A especialidade tem sido, frequentemente, observada como um atributo do funcionário de serviço (CROSBY; EVANS; COWLES, 1990). Vai ao âmago do que se espera do funcionário do serviço durante a interação e defi ne até que ponto o provedor individual pode afetar o resultado da interação por meio de habilidades. Os clientes procuram obter conselhos e informações do funcionário, que requeiram uma experiência da qual carecem. Baylor e Kim (2005) descobriram que os agentes especialistas são capazes de suscitar o sentimento de calor humano e, portanto, o de presença social. Seguindo a teoria da resposta social, que afi rma que as pessoas respondem aos sistemas de computador, tratando- as como atores sociais (REEVES; NASS, 1996), essas descobertas podem ser explicadas, argumentando que os agentes com conhecimento sinalizam o comportamento, normalmente, associado aos humanos. Esse comportamento fornece, aos clientes, uma base para a identifi cação com o agente, e induz esquemas sociais dentro do comprador (JIANG; KLEIN; VEDDER, 2000). Ainda, os prestadores de serviços, percebidos como possuindo as habilidades necessárias e sendo competentes para cumprir a entrega do serviço, também são identifi cados como mais personalizados, pois os clientes esperam que o agente use as informações pessoais deles da melhor forma possível e os atenda de forma adequada (PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 1985). • Sorridente A teoria do contágio emocional primitivo fornece uma explicação de como comportamentos, como sorrir, são transformadores na relação com os clientes (HENNIG-THURAU et al., 2006). A teoria propõe que os indivíduos têm uma tendência a se sincronizar, inconscientemente, com o comportamento de outra 54 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais pessoa, e que, nesse processo, convergem os estados emocionais. A relação entre a teoria do contágio emocional primitivo e a presença social é, indiretamente, relatada em pesquisas anteriores, pois é sugerido que fatores, como o sorriso, aumentam o nível de intimidade na interação. Além disso, mostrar apelo positivo (por exemplo, sorrir) induz uma vontade de interagir com os clientes. Ajustar o atendimento e investir no relacionamento pessoal ajudam a ter um encontro mais personalizado. 1 - Embora saibamos do avanço nas transações virtuais, os clientes, ainda, exigem elementos tradicionais de interação face a face nas confi gurações online. Nesse contexto, explique, com as suas palavras, alguns aspectos comportamentais que são considerados primordiais no atendimento ao cliente. Não obstante, é teorizado que os artefatos tecnológicos podem ser empregados de forma que funcionem como atores sociais. Mais especifi camente, alguns pesquisadores identifi caram que o design de artefatos de TI impacta as percepções de socialidade dos usuários, transmitindo sentimentos de presença social e senso de personalização. Especialmente, esses dois elementos são mais prováveis de serem evocados por agentes virtuais de atendimento (chatbot, um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas), pois possuem a capacidade de interagir, social e interpessoalmente, mostrando personalidade e se comportando como humanos. Consequentemente, os agentes virtuais de atendimento são considerados um veículo adequado para transpor os encontros online para um nível mais alto, fundindo elementos da “alta tecnologia” para formar um novo tipo de encontro: o encontro social online. Em seguida, entenderemos os papéis da presença social e da personalização nessa conceituação. • Transpondo a presença social por meio de artefatos de TI Os sistemas de informação infl uenciam a extensão a partir da qual um artefato deTI (ferramentas tecnológicas) transmite o sentimento de contato humano sociável e sensível. Por exemplo, adicionar imagens humanas e saudações personalizadas a um artefato de TI, comprovadamente, infl uencia, positivamente, as percepções da presença social. É fato que características antropomórfi cas (uma forma de pensamento que atribui características ou aspectos humanos a 55 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 ferramentas tecnológicas) podem ser atribuídas ao artefato de TI. Os agentes virtuais de atendimento de aparência humana, provavelmente, também suscitam elevados sentimentos de presença social, a exemplo da inteligência artifi cial, empregada ao atendimento ao cliente. Ao simular o comportamento humano e ter a capacidade de representar, visualmente, os representantes humanos, apontam- se as características humanas, que, por sua vez, provocam respostas sociais e transmitem o sentimento de calor (NASS; MOON, 2000). Portanto, é incontestável que agentes virtuais de atendimento podem ser implantados como artefato de TI para resolver a falta de presença social em encontros virtuais (transação comercial). • Criação de personalização por meio de artefatos de TI Existe uma ampla gama de ferramentas de personalização, variando de métodos simples, como abordar o cliente pelo nome, a aplicativos mais avançados, tecnologicamente, como a oferta de produtos e de serviços adequados às preferências do cliente, além do emprego de agentes de recomendação. As empresas aplicam essas ferramentas de personalização para reunir e colher informações dos clientes para a melhor identidade, adequação e satisfação de necessidades específi cas, a fi m de construir relacionamentos pessoais com os compradores. Empregar uma representação semelhante à humana induz os sentimentos do cliente. É como se está interagindo com um funcionário em uma base individual, por exemplo, por meio do desempenho de papéis e, como resultado, surge a ampliação do que é comunicado pelo agente. Impulsionados pela experiência humana, os agentes virtuais de atendimento conseguem sinalizar que entendem e representam as necessidades pessoais do cliente (KOMIAK; BENBASAT, 2006). Diante disso, combinam os fundamentos tecnológicos de personalização com um toque humano e, portanto, parecem ser uma ferramenta de TI aplicável para suscitar sentimentos de personalização no encontro online. Novas TICs (tecnologias da informação e comunicação) estão penetrando em países de todas as regiões do mundo, à medida que mais pessoas estão se conectando. A introdução de serviços de banda larga móvel, com a disponibilidade de smartphones e de tablets, contribui para o aumento fenomenal das assinaturas de banda larga móvel. O Big Data está revolucionando a forma através da qual as empresas entendem e se relacionam com os clientes. Através da coleta de dados, é possível, por exemplo, conhecer as preferências do cliente, além de melhorar a experiência com a marca. A qualidade do serviço, para sistemas habilitados ou com suporte de adoção da inovação, considera atributos, como competência técnica, empatia/compreensão 56 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais de negócios, gerenciamento de problemas, pontualidade do serviço, integridade do serviço, aplicação, infusão e difusão de tecnologia, treinamento, rotatividade de pessoal e relacionamento geral. Portanto, a qualidade dos sistemas também deve ser excelente no que diz respeito à acessibilidade de dados, relatórios de gerenciamento, segurança, auditabilidade e confi dencialidade, confi abilidade, integridade e continuidade, escalabilidade, interoperabilidade, desempenho/ capacidade de resposta, facilidade de uso e ajuste estratégico (KABANDA, 2014). Um conjunto bem aceito de atributos de qualidade inclui integridade, consistência, precisão, oportunidade, credibilidade, valor agregado, interpretabilidade e acessibilidade. Organizações de serviço bem-sucedidas buscam, constantemente, níveis mais elevados de atendimento ao cliente. Os clientes modernos estão, cada vez mais, sofi sticados, educados, confi antes e informados. O serviço excelente está superando as expectativas do cliente (KABANDA, 2014). A excelência no serviço é uma consequência direta da atenção às pessoas. A satisfação e a fi delização do cliente são consequências da excelência em um encontro entre organizações e cliente. Assim, mais adiante, entenderemos mais a importância da satisfação. De acordo com Cook (2010), um serviço excelente permite que uma empresa: • diferencie-se da concorrência; • melhore a imagem aos olhos do cliente; • minimize a sensibilidade ao preço; • melhore a lucratividade; • aumente a satisfação e a retenção do cliente; • atinja um número máximo de defensores para a empresa; • melhore a reputação; • garanta que os produtos e os serviços sejam entregues "bem na primeira vez"; • melhore a moral dos colaboradores; • aumente a satisfação e a retenção dos funcionários; • aumente a produtividade; • reduza os custos; • encoraje a participação dos funcionários; • crie uma reputação de ser uma empresa atenciosa e voltada para o cliente; • fomente relacionamentos internos com os clientes/fornecedores; • traga melhorias contínuas ao funcionamento da empresa. 57 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 3 RECUPERAÇÃO DE CLIENTES DIGITAIS Nos últimos anos, houve uma revolução no comércio eletrônico. Na verdade, argumenta-se que a venda de produtos e de serviços, pela internet, tem um potencial enorme. No entanto, como qualquer transação presencial, o online também pode ter as falhas de transações e, consequentemente, os consumidores fi carem insatisfeitos. Portanto, a recuperação de clientes é fundamental para que a empresa seja competitiva no mercado. A recuperação de clientes se refere à reação de uma empresa a uma falha de serviço, a fi m de aliviar a insatisfação e, fi nalmente, reter os clientes (MILLER; CRAIGHEAD; KARWAN, 2000). As empresas precisam encontrar maneiras de tornar os clientes satisfeitos. Além disso, se solicitados a fornecer um feedback, imediatamente, após uma experiência negativa, a maioria dos clientes elabora avaliações muito baixas (MAXHAM III, 2001). Portanto, para serem efi cazes, as medidas de recuperação precisam ser apoiadas pela alta administração. Embora as empresas se esforcem para criar relacionamentos de longo prazo com os clientes, as falhas de serviço e as tentativas subsequentes de melhora das defi ciências afetam profundamente, a satisfação do cliente e a qualidade do relacionamento com a organização. A literatura (DURMUŞ; ULUSU; ERDEM, 2013, p. 19) indica que a recuperação eletrônica é infl uenciada por três fatores: capacidade de resposta, compensação e contato. Seguem as dimensões de cada fator. QUADRO 1 – DIMENSÃO DA RECUPERAÇÃO DE SERVIÇOS Fator Dimensões Capacidade de resposta Oferece alternativas adequadas para a devolução de produtos. Fornece informações aceitáveis de como as transações mal-sucedidas são tratadas Gera boas garantias. Cuida de problemas potenciais. 58 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Compensação Fornece compensação, caso os itens encomendados não sejam entregues no prazo. Coleta itens que precisam ser devolvi- dos da casa ou da empresa do cliente. Entrega compensação em caso de problemas. Contato Tem representantes de atendimento ao cliente disponíveis online. Fornece a capacidade de falar direta- mente com uma pessoa ao vivo, em caso de problemas. Disponibiliza um número de contato para entrar em contato com a empresa. FONTE: Durmuş, Ulusu e Erdem (2013, p. 19) Para Hogreve, Bilstein e Hoerner (2019), demostrar esforços, manuseios ou resultados de recuperação de clientes para os demais é importante para a empresa, principalmente, no contexto online. A transparência pode fornecer um sinal de qualidade fundamental, o qualos clientes potenciais observadores usam para aprender a respeito das capacidades da empresa através da observação, conforme previsto pela teoria da sinalização. Sinais observáveis ajudam os receptores a superarem a assimetria de informações. Se os receptores não podem analisar o sinal, a comunicação se torna mais difícil. Para fi car mais claro, veja um exemplo: se a qualidade de um vendedor pode ser avaliada apenas após fazer uma compra, sinais observáveis ajudam os consumidores a aprenderem a respeito da qualidade do vendedor antes do consumo. Imagine você, em busca de um produto x, que nunca consumiu, o qual uma marca y vende, da qual, também, nunca comprou. Provavelmente, você deve buscar informações através dos sinais observáveis, para lhe ajudarem a identifi car a qualidade do vendedor e o produto antes do consumo. Fornecer informações das ofertas de uma empresa sinaliza a boa vontade, reduz a incerteza dos clientes e infl uencia as intenções de compra. Em situações de falha de serviço, sinais adequados da empresa são essenciais para evitar danos à reputação, minimizando o boca a boca negativo e estimulando compras futuras (BURTON; KHAMMASH, 2010). 59 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 Em um contexto online, a recuperação do serviço transparente oferece, de forma semelhante, aos receptores, um sinal de qualidade, e evoca efeitos de reparo de confi ança. Portanto, lidar com reclamações online, de forma clara, serve como um sinal de qualidade para os consumidores que estão observando, o que repara a confi ança e muda as intenções do comprador. As empresas não podem limitar a atenção ao reclamante, em vez disso, os esforços de recuperação do cliente devem levar em conta os efeitos sobre os clientes observadores, mesmo aqueles que não são diretamente afetados pela falha do serviço, pois esses compradores (potenciais), ainda, podem tomar decisões com base nas próprias observações da recuperação, afi nal, no contexto online, tudo fi ca mais visível, como feedback de compras, sites de reclamações, redes sociais etc. Essas decisões podem afetar, potencialmente, as intenções dos clientes observadores, como recomendar ou comprar os produtos que estão à venda. As marcas de alta qualidade não estão isentas da necessidade de investir em estratégias transparentes para o tratamento de reclamações no contexto online. Muitas grandes marcas, como Starbucks, American Express, FedEx e Samsung, ainda lidam com as recuperações dos clientes online, e de forma reservada, direcionando as reclamações para longe do público e para uma interação privada. Nesse caso, é importante que as empresas repensem essas estratégias, se quiserem evitar danos às percepções e intenções dos potenciais clientes observadores (HOGREVE; BILSTEIN; HOERNER, 2019). De acordo com Einwiller e Steilen (2015), as empresas devem integrar a transparência nas estratégias de comunicação com o cliente e capacitar os gerentes de canais online para lidar com reclamações de forma transparente, na frente dos potenciais clientes observadores, ao invés de se mover a recuperação do consumidor para um canal privado. Os efeitos, potencialmente, negativos da transparência, especialmente, quando a recuperação do serviço não é bem- sucedida, representam uma ameaça particular para empresas listadas em ações que priorizam interações privadas em um esforço para evitar qualquer dano ao valor das ações. Em vez disso, é recomendável a transparência condicional, que é preferível em comparação à opacidade completa, pois fornece uma estratégia signifi cativa quando as empresas, legal ou eticamente, não podem ser totalmente transparentes em se tratando das atividades de recuperação, como quando dados confi denciais do cliente estão envolvidos (por exemplo, informações de pagamento) na resolução da falha. Nessas situações, é importante ocultar o processo de recuperação, mas deixando o resultado transparente. 60 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais O uso adequado da transparência nas estratégias de recuperação, no contexto online, pode melhorar as percepções e as intenções dos potenciais clientes observadores, assim, é fundamental que se alavanque a transparência, estrategicamente, para se diferenciar dos concorrentes. A empresa pode estabelecer uma imagem de si mesma como transparente, sem nada a esconder, trabalhando para facilitar a troca de informações acerca das ofertas de serviços ou de produtos, fornecendo sinais observáveis aos (potenciais) clientes. Para aumentar a probabilidade de que esses sinais sejam positivos, é aconselhável serem fornecidos mais recursos às linhas de frente, com uma recuperação de serviço “excelente”. 1 - As empresas precisam encontrar maneiras de tornar os clientes satisfeitos. Muitas melhorias só geram insatisfação recorrente entre os clientes, além disso, incidentes fazem com que os clientes compartilhem o boca a boca negativo, nesse sentido, a recuperação do comprador é de extrema importância para a empresa. O que é a recuperação de clientes? 4 RELACIONAMENTO COM CLIENTES DIGITAIS A gestão de relacionamento com o cliente (CRM) compreende um conjunto de processos e de sistemas habilitadores que fornecem suporte às estratégias de negócios em busca da construção de relacionamentos lucrativos de longo prazo com clientes específi cos. Dados do cliente e tecnologia da informação (TI) formam a base sobre a qual qualquer estratégia de CRM de sucesso é construída. Além disso, o rápido crescimento da internet e as tecnologias associadas aumentam muito as oportunidades para o marketing e transformam as relações entre empresas e clientes. Embora o CRM tenha se tornado amplamente reconhecido como uma importante abordagem de negócios, não existe uma defi nição universalmente aceita. Swift (2001) defi ne CRM como uma abordagem corporativa para compreender e infl uenciar o comportamento do cliente por meio de comunicações 61 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 signifi cativas para a melhora da aquisição, da retenção, da lealdade e da rentabilidade do cliente. Kincaid (2003, p. 41) enxerga o CRM como ‘‘o uso estratégico de informações, processos, tecnologia, e pessoas, para gerenciar o relacionamento do cliente com a empresa em todo o ciclo de vida do cliente”. Por sua vez, Parvatiyar e Sheth (2001, p. 5) defi nem CRM como “uma estratégia, processo de aquisição, retenção e parceria com clientes seletivos, para criar valor superior para a empresa e o cliente”. Envolve a integração de marketing, vendas, atendimento ao cliente e funções da cadeia de suprimentos da organização para alcançar maiores efi ciência e efi cácia na entrega de valor ao cliente. Essas defi nições enfatizam a importância do CRM como um abrangente processo de aquisição e de retenção de clientes, com a ajuda da inteligência de negócios, para maximizar o valor do comprador para a organização. O principal objetivo do CRM é gerenciar o relacionamento com os clientes, de forma a maximizar o valor vitalício para a organização. Isso signifi ca aplicar as ferramentas estratégicas, analíticas e operacionais adequadas para que a gestão seja mais fácil e, em alguns casos, totalmente automatizada. Inclui-se ter uma visão 360° de todos os clientes, além de gerenciar o ciclo de vida, desenvolver as carteiras de clientes, migrá-los de um segmento para o outro, gerenciar a experiência em todos os segmentos, desenvolver e comunicar ofertas para o segmento certo e no momento certo, e assim para frente. Com a proliferação da internet, surgem as redes sociais, consideradas um dos maiores meios de comunicação entre os clientes. Nelas, há alguns que defendem as marcas, e, outros, que propagam o boca a boca virtual negativo. Portanto, é preciso que as organizações monitorem esse ambiente para gerar estratégias de relacionamento. Para isso, nasce o CRM social, também chamado de CRM 2.0, queagrega, nas ações, a atenção aos relacionamentos realizados nas redes sociais. Caro acadêmico, a seguir, conheceremos os 4Cs do CRM social: (1) conectividade, (2) conversas, (3) criação de conteúdo, e (4) colaboração (ANG, 2011). • Conectividade Para que a rede social cresça e prospere, deve, primeiramente, tentar criar uma grande comunidade de usuários. A conectividade é fundamental. Isso é conseguido através da criação de uma plataforma (por exemplo, Facebook, Twitter, LinkedIn) que seja fácil para os usuários se conectarem entre si. O principal exemplo dessa tecnologia facilitadora é o aplicativo de “amizade’, no Facebook. Com o aperto de um botão, permite que você convide pessoas para ingressarem na sua rede. Uma vez inscrito, você pode obter acesso à 62 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais rede de amigos delas, e, elas, à rede em seu nome. Além disso, se o Facebook descobre que você tem amigos em comum, que não estão conectados, ele envia, automaticamente, um e-mail, perguntando se deseja que eles ingressem na sua rede. Se você não responde a esses ou a outros convites de “amizade”, o Facebook lança um lembrete. Assim, por meio do uso inteligente de tecnologias, a plataforma ajuda a pessoa a construir as próprias redes sociais. FIGURA 1 – REDE SOCIAL FACEBOOK FONTE: <https://tecnoblog.net/419227/como-funciona-a-sugestao- de-amizade-no-facebook/>. Acesso em: 6 abr. 2021. • Conversas Com a conectividade, vêm as conversas. Embora o e-mail, ainda, seja um das formas básicas de comunicação online, o Facebook evoluiu a tecnologia para um nível muito sofi sticado: o feed de notícias. Isso permite que todas as informações mais recentes de uma pessoa sejam postadas, simultaneamente, nas “paredes” do Facebook das pessoas conectadas. Ao contrário dos e-mails, que podem ser longos, as mensagens de "parede" são mais parecidas com snippets (termo de programação para uma pequena região de código-fonte reutilizável, código de máquina ou texto). Assim, você pode vislumbrar a vida das pessoas conectadas de forma rápida. Por exemplo, é possível ler quem faz amizade com quem, quem atualiza o estado civil, quem muda as listas de fi lmes favoritos, e assim por diante. Esses fragmentos, por sua vez, incentivam as pessoas a responderem, o que alimenta mais trocas etc. Esses dispositivos são muito poderosos, pois as mudanças são interessantes (ANG, 2011). 63 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 FIGURA 2 – REDE SOCIAL FACEBOOK (RELACIONAMENTO) FONTE: <https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/ noticia/2011/07/facebook-como-alterar-o-status-de-relacionamento- sem-compartilhar-no-mural.html>. Acesso em: 6 abr. 2021. • Criação de conteúdo Os seres humanos também gostam de criar e de compartilhar. A criação de conteúdo é a contribuição de informação para qualquer mídia e, mais especialmente, para a mídia digital, a um consumidor/público em contextos específi cos. Quando isso ocorre na internet, é chamado de “conteúdo gerado pelo usuário”, característica defi nidora da Web 2.0. Elementos, como blogs, diários, fóruns, uploads de fotos e vídeos, e assim por diante, dão, aos usuários, as oportunidades de interagirem e de compartilharem conteúdos com outros participantes da rede. Na verdade, o sucesso do YouTube depende da motivação humana básica. Os criadores de vídeos, geralmente, são motivados pela fama. Para estimular as conversas, os usuários são convidados a comentar o vídeo, fomentando mais debates na comunidade. Atualmente, a criação de conteúdo é de extrema importância para a empresa, pois os próprios clientes geram marketing para a empresa, consequentemente, infl uenciando outros a consumirem, além de serem defensores da marca. 64 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais FIGURA 3 – COMENTÁRIOS EM VÍDEOS DO YOUTUBE FONTE: <https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2019/04/como-comentar- em-videos-do-youtube-pelo-celular.ghtml>. Acesso em: 6 abr. 2021. • Colaboração Com a facilidade de criação e de compartilhamento de conteúdo, vem a colaboração. Signifi ca que vários usuários podem contribuir, cooperativamente, para a conclusão de um ou de mais projetos. Isso, geralmente, requer um destino online específi co, no qual os usuários podem vir a trabalhar juntos. O exemplo clássico é a Wikipedia (um projeto de enciclopédia multilíngue de licença livre, 65 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 baseado na web e escrito de maneira colaborativa). São as contribuições de várias pessoas que agregam valor ao projeto. FIGURA 4 – WIKIPEDIA FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Conhecimento>. Acesso em: 6 abr. 2021. Afi nal, como as organizações podem tirar proveito desses 4Cs, individualmente ou em combinação? Em seguida, com base em Ang (2011), será apresentado como podemos fazer isso na prática. • Pesquisa de marketing e relações públicas Por meio de conversas, as organizações podem descobrir o que as pessoas gostam ou não gostam nos produtos ou serviços. Os indivíduos gostam de compartilhar as próprias experiências. Algumas empresas, como a Amazon e o TripAdvisor, incentivam, ativamente, os clientes a avaliarem as experiências online, que fi cam, então, disponíveis para todos lerem. A seguir, você encontrará avaliações em relação às experiências de compra dos clientes do TripAdvisor: https://www.tripadvisor.com. br/. 66 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Embora o monitoramento boca a boca sempre tenha sido um desafi o offl ine, isso é mais fácil de forma ativa, com a disponibilidade das tecnologias de rastreamento. As organizações, agora, podem obter uma pontuação de sentimento para a marca, analisando a quantidade de conversas boas ou ruins que ocorrem online. Uma pontuação resumida, chamada de pontuação de marketing de infl uência social, para uma marca, pode ser derivada, somando todas as conversas positivas e neutras menos as negativas, isso dividido pelo total de conversas a respeito da marca. Esse número é dividido pela pontuação de sentimento líquido para a categoria. Um exemplo, na indústria automobilística dos Estados Unidos, a Ford tem a pontuação mais alta do SIM, enquanto a GM tem a mais baixa (KLAASSEN, 2009). As organizações devem monitorar, ativamente, todas as conversas na web, pois as pessoas têm 65% mais probabilidade de comprar um produto depois de se envolver com a comunidade de clientes e de especialistas online (WASSERMAN, 2007). Um em cada três usuários da internet afi rma que as análises de produtos infl uenciam a decisão de compra, enquanto as análises on-line de fi lmes podem prever as vendas de bilheteria. Os consumidores consideram esses feedbacks online, de outras pessoas, úteis nas tomadas de decisão, principalmente, porque são considerados confi áveis e importantes (WASSERMAN, 2007). Como exemplo de prática, uma empresa de eletrônicos de consumo responde a todos os comentários em 24 horas. Os comentários negativos são acompanhados com soluções para os problemas, enquanto os comentários positivos são recompensados com um “obrigado” e um convite para se tornarem fãs nas redes sociais (EDELMAN; SALSBERG, 2010). • Nutrir líderes de opinião e defensores Com metodologias de rastreamento, as organizações também podem descobrir quem é o mais infl uente na comunidade. Esses líderes de opinião são, então, cuidadosamente, nutridos. Um caso em questão é uma iniciativa recente da Proctor and Gamble (P&G). A empresa montou um site, chamado de Vocalpoint, que consiste em uma rede de mães infl uentes. Essas mães compartilham as experiências, com os novos produtos da P&G, com os membros da comunidade. O que se descobriu é que os mercados com infl uenciadores ativos do Vocalpoint geram, duas vezes, a receita do produto, em comparação com os mercados sem esse site (BUGHIN; CHUI; MANYIKA, 2010). 67 RELACIONAMENTOCOM CLIENTES Capítulo 2 Caro leitor, leia o case da P&G com a proposta de adotar ferramentas para impulsionar o boca a boca virtual. P&G impulsiona o boca a boca Procter & Gamble, a gigante dos bens de consumo, está adotando várias ferramentas para impulsionar o boca a boca acerca das próprias marcas de beleza. Em conversa com a eMarketer, Chris Laird, ceo da Tremor, uma organização de marketing boca a boca, desenvolvida pela P&G, argumentou que essa moeda de longa data continua sendo vital no setor de beleza. “Achamos que as recomendações de “pessoas que você conhece” são extremamente importantes nos negócios de beleza e de saúde”, disse ele. “Esses defensores transformam outros consumidores em defensores. Eles também ajudam a estabelecer e a cultivar um relacionamento com marcas que estão engajadas na conversa”. No entanto, embora a interação ponto a ponto, ainda, seja a base do sucesso, o advento dos blogs e das plataformas Web 2.0 serviu para alterar os contornos pelos quais esse diálogo, agora, ocorre. “É, simplesmente, uma extensão do boca a boca tradicional”, disse Laird. “A diferença é a rapidez e a amplitude com que as mensagens são transmitidas”. “Integrada de maneira adequada, a implantação de uma interface humana com a rede digital pode ampliar os programas de defesa de direitos... Offl ine e online precisam trabalhar juntos”. Em reconhecimento a essas tendências, a Procter & Gamble fundou a Vocalpoint, uma comunidade da web com uma base de usuários de mais de 500.000 mulheres “altamente engajadas”, ou o que ela chama de “conectores”. 68 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais FONTE: <https://www.vocalpoint.com/>. Acesso em: 6 abr. 2021. Além de obter informações valiosas de um grupo demográfi co importante, muitos dos quais são blogueiros respeitados, a P&G pode pedir, aos membros desse grupo, que defendam as marcas nas próprias redes. “Os blogueiros amplifi cam as mensagens mais rapidamente e para um público mais amplo. Só porque você bloga, não signifi ca que você é um infl uenciador. Você tem que desenvolver uma relação de confi ança com a sua rede”, disse Laird. Uma campanha recente, que alavancou a população do Vocalpoint dessa forma, foi para o desodorante Secret Clinical Strength, com o slogan "Quanto mais você se move, melhor você cheira". Tendo, primeiramente, forjado a ideia central por meio de discussões com os consumidores, esse esforço foi implementado no Vocalpoint, Twitter e Facebook, abrangendo mais de 40 pontos de contato ao todo. "Offl ine, 100.000 mulheres Vocalpoint optaram por receber um mailer com uma amostra de força clínica secreta e cupons", disse Laird. "Online, 500.000 mulheres do Vocalpoint receberam comunicações semanais por boletins informativos". No fi nal das contas, cerca de 50.000 avaliações foram escritas a respeito da Força Clínica Secreta, que pontuou, em média, 4,1 pontos, em cinco, em termos de efi cácia e de probabilidade de recomendá-la a um amigo. Outros 42.000 clickthroughs (proporção de usuários que clicam em um link específi co em relação ao número total de usuários que visualiza uma página, e-mail ou anúncio) foram 69 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 Prezado acadêmico, em seguida, você compreenderá mais acerca da ferramenta Open Graph, do Facebook. Ferramenta Open Graph A maioria dos conteúdos é compartilhada com o Facebook, como um URL, portanto, é importante marcar o site com as tags do Open Graph para ter o controle sobre como o conteúdo é exibido no Facebook. Para que o site seja compartilhado, corretamente, pelo rastreador, o servidor, também, deve usar as codifi cações gzip e defl ate. Sem essas marcações do Open Graph, o rastreador do Facebook usa técnicas heurísticas internas para tentar dar o melhor palpite em relação ao título, descrição e imagem de prévia do conteúdo. Especifi que essas informações, explicitamente, com as tags do Open Graph, para garantir publicações com a mais alta qualidade no Facebook. Segue um exemplo de conteúdo formatado com tags do Open Graph para uma melhor exibição no Facebook: gerados no Facebook, Twitter e blogs para um esquema de cupom opcional, e as taxas de resgate dobraram a norma para a Força Clínica Secreta. FONTE: <https://www.warc.com/newsandopinion/news/pg-drives- word-of-mouth/28406>. Acesso em: 24 abr. 2021. O Facebook criou o Open Graph, que permite que os usuários expressem a aprovação, clicando em um botão, no “Curtir”, licenciado para aparecer ao lado de um conteúdo em um site (por exemplo, um anúncio). Essas informações são, então, arquivadas, automaticamente, no perfi l da pessoa no Facebook, o que faz com que outras pessoas vejam e comentem. A empresa de pesquisa de marketing Nielsen Research descobriu que um anúncio alcança 30 por cento mais lembrança da mensagem se os usuários visualizam que os amigos indicam que gostaram ou comentaram a respeito (BUGHIN; CHUI; MANYIKA, 2010). 70 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais FONTE: <https://developers.facebook.com/docs/sharing/ webmasters?locale=pt_BR#markup>. Acesso em: 24 abr. 2021. • Inserção e criação de anúncios Escutando a comunidade, e os usuários oferecendo o gosto e a preferência, usando o botão “Curtir”, o Facebook começou a desenvolver uma segmentação mais granular dos usuários. Restringindo questões de privacidade, isso permite que as organizações insiram anúncios ainda mais relevantes na página inicial dos usuários (FLETCHER; FORD; 2010). As organizações podem incentivar a comunidade a criar e a enviar os próprios anúncios e permitir que outros comentem. Com isso, é possível aumentar o nível de envolvimento e, se for bem-sucedido, pode ter um efeito viral. Quando Nick Haley, um estudante universitário de Leeds, e entusiasta da Apple, carregou o anúncio do iPod Touch no YouTube, ganhou quatro estrelas, de cinco possíveis, com um fl uxo de comentários positivos da comunidade do YouTube. Foi contratado como consultor quando a agência de publicidade da Apple (TBWA/Chiat/Day) decidiu refazer o comercial em alta defi nição (FLETCHER; FORD, 2010). • Desenvolvimento de novos produtos 71 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 Além das conversas, as organizações conseguem explorar o princípio da colaboração. Consegue-se solicitar que as comunidades ajudem no desenvolvimento de produtos, por meio da solicitação de ideias e/ou pela implementação. Quando bem executado, isso pode encurtar muito o ciclo de desenvolvimento. A Dell lançou o IdeaStorm, em fevereiro de 2007. É um site de destino online criado com o único propósito de obter ideias de novos produtos dos clientes. Mais de 10.000 ideias foram capturadas, das quais 400 foram implementadas. Na mesma linha, o Facebook criou um site especial para orientar a comunidade, para ajudá-la a traduzir o site para 70 idiomas. Com 300.000 usuários recrutados, o site francês levou apenas um dia para ser traduzido (BUGHIN; CHUI; MANYIKA, 2010). • Reduzindo o custo de serviço É possível usufruir da comunidade para reduzir o custo de serviço. Aproveitando o princípio da colaboração, a Dell criou uma comunidade de usuários para ajudar uns aos outros. Essa comunidade ajudou mais de 35.000 clientes, mesmo pessoas que não eram mais clientes da Dell. Da mesma forma, a Intuit hospeda comunidades de suporte ao cliente para os produtos, incentivando os clientes mais experientes a aconselharem os menos. Aqueles que contribuíram com mais sucesso foram recompensados com o número de “agradecimentos” de outras pessoas, postados no site. Estima- se que isso reduza o custo de serviço em 90 por cento em comparação com o que teria custado, para a Intuit, se ela dependesse, exclusivamente, de centrais de atendimento. Deve-se observar que os ajudantes online, geralmente, são motivados mais pelo status dentro da comunidade do quepelos ganhos monetários (ZEISSER, 2010). • Construindo vendas e fi delidade à marca Muitas vezes, o meio virtual é usado para construir a fi delidade à marca. Ao criar destinos online específi cos, como uma fanpage, os usuários podem visitar os sites da marca 24 horas por dia, 7 dias por semana. Isso é muito útil, pois permite que as organizações transmitam informações de novas iniciativas e coletem dados pessoais de clientes em potencial. Quando a Honda Japão decidiu lançar o novo carro, o CR-Z, criou um site de rede social, chamado de Mixi, no qual as pessoas conseguiam se registrar para obter mais informações. Também, realizou uma competição, a partir da qual os usuários registrados tinham a chance de ganhar um carro. O que foi mais engenhoso: esses compradores registrados tinham o sufi xo 'CZ-R' adicionado aos nomes de login (por exemplo, “Larry CZ- 72 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais R”). Isso ajudou a aumentar o conhecimento da marca antes do lançamento entre conhecidos não registrados, cuja curiosidade foi aguçada pelo sufi xo “CZ- R” dos amigos registrados. O pedido de pré-lançamento atingiu 4.500 unidades (EDELMAN; SALSBERG, 2010). Obviamente, se uma organização sabe quem são os seus fãs, um destino online específi co da marca também pode dar, à empresa, a oportunidade de vender. A Royal Opera House, de Londres (uma casa de espetáculos localizada em Covent Garden), que, agora, tem 20 mil fãs, vende 30% por meio da própria página de admiradores (CLIFT, 2010). • Ampliando a visibilidade Finalmente, qualquer um dos aplicativos anteriores é capaz de gerar visibilidade para a organização. Quando isso ocorre, as empresas devem aproveitar as vantagens do uso das tecnologias ou, mesmo, da mídia tradicional, para divulgar, ainda mais, as notícias. Por exemplo, a American Express criou um projeto para os membros promoverem uma causa favorita. Um prêmio de US $ 5 milhões foi dado à causa que mais foi apoiada. Usando um site central, a American Express ofereceu ferramentas de mídias sociais que permitiam, aos integrantes, classifi carem várias causas de caridade, criarem blogs a respeito delas, distribuírem widgets, e assim por diante. A iniciativa se tornou um grande sucesso, atraindo o interesse da grande mídia (por exemplo, TV). Até as celebridades se envolveram, marcando o conteúdo nas páginas pessoais do Facebook (EDELMAN; SALSBERG, 2010). Um componente principal de qualquer estratégia de CRM envolve a facilitação da interação bidirecional entre os clientes individuais e a organização (comunicações externas) acerca de todos os aspectos do relacionamento, permitindo que a organização ajuste a estratégia, incluindo design de produto, preferências de serviço e canal (VILJOEN et al., 2005). De acordo com Viljoen et al. (2005), algumas das tecnologias interativas que fornecem, aos clientes, comunicações, incluem: • E-mail inteligente: o e-mail continua sendo um método importante de contato com o cliente para mais de 70% de negócios online (GUBSER, 2001). No entanto, uma pesquisa, conduzida por Bradshaw e Brash (2001), mostrou que, em 85% dos sites, os clientes entraram em contato por e-mail, mas apenas 32% responderam. Essa pesquisa descobriu, ainda, que os tempos de resposta aos e-mails variavam entre 40 minutos e quatro dias. O desenvolvimento da inteligência artifi cial signifi ca que as perguntas mais frequentes (FAQs) podem ser respondidas por um 73 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 computador, sem que o cliente saiba, de fato, que a mensagem é, na verdade, gerada por um computador, ao invés de ser respondida por humanos (GUBSER, 2001). As respostas mais rápidas e efi cazes às dúvidas dos clientes, que são habilitados por um e-mail inteligente, reduzem, signifi cativamente, os custos de tempo do cliente, e permitem mais resolução efi ciente dos problemas. Isso pode, por sua vez, aumentar a satisfação e as taxas de fi delidade e de retenção subsequentes. • Bate-papo colaborativo: se os clientes têm dúvidas a respeito de um produto ou de detalhes de envio, uma função do chat colaborativo permite que eles cliquem em um ícone de atendimento ao cliente ao vivo, que abre uma janela de conversa. Se já compraram naquele site específi co antes, e se registraram com o nome de usuário, ao fazer login, podem ser endereçados pelo nome no atendimento ao cliente (GUBSER, 2001). • Autoajuda: A autoajuda consiste não apenas em FAQs tradicionais, mas, também, em FAQs inteligentes (sistemas especialistas de pesquisa podem interpretar a pergunta de um cliente para encontrar uma resposta que uma pesquisa por palavra-chave pode não localizar). Os agentes virtuais, ou bots, podem conversar com os clientes, responder às perguntas e fazer sugestões quase tão efi cazes quanto uma pessoa ao vivo (esses bots são equipados com um sistema de aprendizagem que melhora a precisão das respostas com cada cliente com o qual eles interagirem. Consultas que não podem ser tratadas são desviadas para um agente ao vivo) (GUBSER, 2001). Esses recursos de autoajuda aumentam a satisfação por meio de métodos de resolução de consultas. Coletam informações importantes do cliente, que podem ser alimentadas e agregadas no banco de dados do CRM, vinculado ao site, para um bom atendimento das necessidades, descobrindo tendências, preferências e melhorando o relacionamento e a lealdade. • Telefonia: a integração de telefonia por computador pode ser incorporada, como as páginas da web. Agora, isso consegue ser feito com botões de retorno de chamada que, ao serem clicados, abrem uma janela na qual um cliente fornece um número de telefone, através do qual é contatado para perguntas ou outro serviço. A solicitação de uma chamada também pode ser direcionada a um atendente específi co, familiarizado com os bens ou serviços anunciados em uma determinada página da web, aumentando, assim, a probabilidade de uma venda e a aquisição de um novo cliente (GUBSER, 2001). • VoIP: VoIP é uma tecnologia, por meio da qual a rede de área local (LAN), ou área ampla, de uma organização a rede (WAN), é usada para transferir dados e voz. Isso signifi ca, essencialmente, que uma organização não precisa mais usar linhas de telefone físicas para se comunicar com o mundo exterior. Ainda, ela (e os representantes) fala, diretamente, com os clientes, através de alto-falantes ou fones de 74 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais ouvido. Um vendedor de VoIP está apto a usar páginas da web para mostrar novos produtos ou serviços enquanto conversa com o cliente a respeito dos vários atributos. Essas ações aumentam a aquisição e a retenção de clientes, devido à interação. O cliente desempenha um papel fundamental nos sistemas de CRM, usados pelas organizações. Sem dados dos comportamentos, ou pela falta de vontade, da sua parte, de fornecer esses dados para a organização, a empresa acaba se tornando limitada na implementação de sistemas. Um dos motivos da resistência dos consumidores é a questão da privacidade em relação às informações (FRANZAK; PITTA; FRITSCHE, 2001). Um alto grau de tecnologia, dentro da organização, é incorporado às estratégias de CRM, sendo capaz de integrar diversos dados de clientes. Informações de melhor qualidade afetam a interação com o cliente e os níveis de satisfação. O desenvolvimento de sistemas de CRM gera o desenvolvimento de vários pacotes, que podem ser usados em estratégias de CRM. Não se trata apenas da questão da integração desses pacotes dentro dos sistemas de TI da organização, mas, também, há as questões do custo do pacote e da implementação. O custo deve ser visto a partir de uma perspectiva de investimento que produz resultados a longo prazo. Um outro desafi o enfrentado pela administração é a integração de sistemas de computador dentro da organização, como um todo. Há ocasiões nas quais os clientessão obrigados a enviar informações que já foram disponibilizadas para a organização, para frustração própria (BRADSHAW; BRASH, 2001). Caso a integração de sistemas de informação não ocorra, é percebida pelos clientes, nas interações com a organização. O cliente pode receber várias cópias, das mesmas informações, de diferentes agrupamentos de dentro da organização, o que transmite uma imagem ruim. Isso tem impacto na qualidade e na frequência da comunicação que é enviada para o cliente, afetando o sucesso da estratégia de CRM. O uso da tecnologia avançada tem o efeito potencial de ajudar a organização a determinar o comportamento futuro, fazendo os ajustes necessários nas operações. Além disso, permite que a empresa interaja com o cliente e tome as decisões corretas. Tudo isso almeja o aumento da efi cácia da organização e das técnicas de CRM, estas que fazem parte das estratégias. Os sistemas de Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente (CRM) oferecem, às organizações, a oportunidade de gerenciarem o relacionamento com 75 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 os clientes, usando as informações que a empresa possui. As que têm sucesso em CRM apresentam as seguintes características (COOK, 2010): • Forte compromisso. • Objetivos claramente defi nidos e mensuráveis. • Envolvimento do cliente. • Abordagem focada nos negócios, não na tecnologia. • Equipe certa para desenho e implementação do projeto. • Abordagem incremental, em vez de uma mudança gradual. Para incentivar o alto desempenho nas organizações, recomenda-se que elas considerem algumas estratégias (COOK, 2010): • Integrar atendimento ao cliente como um componente-chave das avaliações. • Instigar programa de atendimento ao pessoal. • Incentivar avaliação ascendente, ou 360 graus. • Recompensar departamentos livres de reclamações. • Elaborar prêmios não monetários, como placas e emblemas. • Desenvolver esquemas de bônus vinculados à obtenção de um serviço de qualidade. • Fazer apresentações formais e agradecer aos heróis do serviço. • Elaborar esquemas de prêmios com base no feedback dos clientes. • Instigar prêmios de bom gerente com base no feedback da equipe. • Motivar prêmios de atendimento ao cliente interno pela qualidade do serviço prestado internamente. • Reconhecer os esforços das equipes de serviço ao invés de indivíduos. • Realizar pesquisas entre os funcionários para desenvolver um esquema motivacional adequado. • Promover competições em toda a empresa, para estimular melhorias nos serviços. • Revisar e publicar, regularmente, os resultados dos esquemas de motivação. • Treinar todos os gerentes em técnicas de avaliação de desempenho. • Encorajar feedback regular e sessões de revisão entre gerentes e equipe. 76 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais 1 - Nas redes sociais, há clientes que defendem as marcas e, outros, que propagam o boca a boca virtual negativo. Portanto, é importante que as organizações monitorem esse ambiente para gerar estratégias de relacionamento. Para isso, surge o CRM social, também chamado de CRM 2.0, que agrega, nas ações, a atenção aos relacionamentos realizados nas redes sociais. Com relação aos 4Cs do CRM social, classifi que V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) Conectividade: Para que a rede social cresça e prospere, deve, primeiramente, tentar criar uma grande comunidade de usuários. ( ) Conversas: O Facebook evoluiu a tecnologia para um nível muito sofi sticado, o feed de notícias. Isso permite que todas as informações mais recentes de uma pessoa sejam postadas, simultaneamente, nas “paredes” do Facebook das pessoas conectadas. ( ) Criação de conteúdo: Com a facilidade de criação e de compartilhamento de conteúdo, vem a colaboração. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) V-V-F. b) V-F-V. c) V-V-F. d) F-V-F. 4.1 A WEB COMO FERRAMENTA DE MARKETING DE RELACIONAMENTO A Web é um meio que pode ser utilizado como ferramenta de marketing de relacionamento. Se o marketing de relacionamento é visto como relacionamentos, redes e interação, a internet representa uma rede física na qual a interação entre parceiros de negócios pode ocorrer sem grandes impedimentos físicos, em tempo real e de forma democrática. Se um dos objetivos do marketing de relacionamento é reduzir os custos de transação em trocas comerciais (GEIGER; MARTIN, 1999), a Web apresenta um meio em que os custos de informação são, relativamente, baixos para ambos os lados, especialmente, quando as buscas de informações 77 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 são repetidas e os custos de comunicação são, frequentemente, insignifi cantes. Assim, uma troca regular, contínua e frequente de informações é um pré-requisito para a construção de relacionamentos. A Web parece ser o meio ideal para atender a esses requisitos comunicacionais do marketing de relacionamento. Além disso, em comparação com os meios de marketing mais tradicionais, como publicidade ou mala direta, a Web permite que o cliente inicie a comunicação, tornando-o uma parte mais ativa do relacionamento. Como um subproduto desse empoderamento, a interação pela Web é, frequentemente, percebida como levando a um relacionamento mais “direto” do que a mídia tradicional, especialmente, se o e-mail estiver integrado em um site (BOYLE; ALWITT, 1999). Frequentemente, é enfatizado que um serviço excelente é fundamental para o desenvolvimento de relacionamentos efi cazes com clientes e parceiros (STORBACKA; STRANDVIK; GRÖNROSS, 1994). Usar a Web como meio de entrega de serviços, por exemplo, atendimento ao cliente ou suporte pós-venda, pode acelerar, signifi cativamente, o retorno do serviço e melhorar a entrega dele. Pode transmitir a sensação de que o serviço está disponível ao toque de uma tecla 24 horas por dia, diminuir as barreiras subjetivas para reclamações ou consultas e, até mesmo, acelerar e facilitar a entrega do produto, o que aumenta a qualidade percebida do serviço. Como rede de redes, a Web direciona clientes e parceiros para outros membros da rede de marketing, por meio dos chamados hyperlinks (uma hiperligação, um liame/ligame, ou, simplesmente, uma ligação, é uma referência, dentro de um documento em hipertexto, a outras partes desse documento ou a outro documento). Esse esforço deliberado para conectar os membros da rede consegue agregar mais valor à interação de negócios. Construir relacionamentos também requer um conhecimento profundo do parceiro. O entender o cliente é necessário para construir um portfólio de relacionamento. Mais importante ainda, o conhecimento é indispensável se uma empresa deseja adaptar as ofertas de interação, serviço e produto às necessidades individuais dos clientes e atingir segmentos específi cos. Do ponto de vista tecnológico, a Web torna, extremamente fácil, capturar informações atualizadas do cliente em um nível de detalhe, muitas vezes, sem precedentes, armazenar e recuperar as informações em bancos de dados, ou Data Warehouses, e atualizá- las regularmente. Mais do que os outros modos de comunicação, a Web, portanto, desempenha um papel central na inteligência de mercado de uma empresa, o que, por sua vez, 78 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais faz com que a organização desenvolva um bom entendimento dos requisitos do cliente. Em tese, a internet surge, assim, como um meio ideal para colocar em prática diversos aspectos do marketing de relacionamento. A Web está trazendo muitas mudanças para os varejistas, a estrutura do setor, a natureza das ofertas e os consumidores. Essas mudanças, coletivamente, fornecem um ótimo ambiente de varejo para a implementação do marketing de relacionamento. Pode ser vista como uma tecnologia sustentadora e disruptiva (CHRISTENSEN, 1997). Como uma tecnologia de sustentação, potencializa a implementação, em umsentido amplo, no mercado consumidor, ao fornecer uma melhor ferramenta de comunicação. Como uma tecnologia disruptiva, torna possível, em um sentido estrito, no mercado consumidor, ao criar condições para formar grupos relacionais de consumidores. 4.2 A WEB COMO FACILITADORA NO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE A facilitação da gestão do relacionamento com o consumidor, pela Web, deriva, principalmente, de ser uma ferramenta de comunicação/interativa de baixo custo. A Web é um meio único para que os profi ssionais de marketing construam e mantenham relacionamentos com os clientes (GEIGER; MARTIN, 1999). Teoricamente, as organizações que operam pela Web têm grandes capacidades de identifi car, direcionar, rastrear e interagir com os consumidores (BERTHON; PITT; WATSON, 1996). Ainda, podem coletar e gerenciar melhor as informações obtidas. Enquanto isso, a Web é uma ferramenta econômica para interagir com os consumidores e processar informações. Permite que os profi ssionais de marketing respondam a várias solicitações dos consumidores e criem um ciclo de feedback. Assim, a Web aprimora as habilidades e as técnicas para o marketing de relacionamento. As organizações têm utilizado a Web como uma forma de construção de relacionamento para melhorar, com sucesso, alguns aspectos do relacionamento com o cliente, como o aprimoramento de serviços (WALSH; GODFREY, 2000) e a vinculação de marcas com o cliente. A Web permite que os consumidores interajam mais com os profi ssionais de marketing. As interatividades habilitadas são, principalmente, interações do computador no qual os consumidores dirigem o processo. Na maioria das práticas atuais, falta interatividade pessoal com a equipe de vendas nas experiências online, conforme vimos anteriormente. A natureza da tecnologia permite a automação do serviço, o que pode diminuir a densidade da interação individual, mas aumentar o nível geral de interação recebido pela população, em geral. As 79 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 interações individuais, como no suporte técnico, podem ser complementadas por meio da integração de outras mídias, como o telefone. Devido à ampla disponibilidade e à facilidade de uso da interação na Web, os consumidores tendem a interagir mais com os profi ssionais de marketing. A Web também fornece uma maneira conveniente para os consumidores interagirem com outros, com interesses semelhantes, por meio de comunidades virtuais. A facilitação da Web para o marketing de relacionamento, em um sentido amplo, concentra-se em aumentar a satisfação do cliente em todas as etapas do processo de compra/tomada de decisão. Com as vantagens da Web, os compradores podem obter acesso a mais informações de marketing, ofertas de produtos e tomar melhores decisões. Por exemplo, um consumidor que deseja adquirir um produto, como uma câmera, mas não tem conhecimento acerca do assunto, benefi cia-se da Web. No mercado tradicional, esse cidadão, normalmente, visita uma loja de câmeras e confi a, exclusivamente, no conselho dos vendedores (WANG; HEAD; ARCHER, 2002). Com a Web, pode-se, facilmente, obter uma lista de fabricantes de câmeras, recursos especiais e de preços. Além disso, o cliente pode obter comentários de outros usuários para ajudar a avaliar as alternativas. Usando a Web, consegue-se tomar uma decisão informada, além de escolher a câmera que melhor se adapta às necessidades específi cas. Caro acadêmico, você já passou por essa situação de consumo? Caso não tenha passado, com certeza, já deve ter ouvido, pois estamos na era da tecnologia. No entanto, é importante observar que a facilitação da Web, no relacionamento com os clientes, está disponível para todas as organizações. Pode ser, facilmente, copiada. Não fornece melhorias, radicalmente, novas. As ofertas principais de produtos ou de serviços são semelhantes às do mercado tradicional. Portanto, a vantagem competitiva obtida com a utilização da Web, para melhorar o relacionamento com os clientes, em um sentido amplo, pode não ser sustentável. 4.3 RELACIONAMENTO VIRTUAL EM UM SENTIDO RESTRITO O sucesso da implementação de um marketing de relacionamento, em um sentido restrito, depende da disposição e da habilidade das organizações e dos consumidores para a construção do relacionamento e do gerenciamento. Os varejistas online têm mais motivação e métodos para criar relacionamentos próximos com o consumidor do que os tradicionais. A Web não apenas aprimora 80 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais as habilidades e as técnicas dos profi ssionais de marketing para o marketing de relacionamento, amplia, também, muitos aspectos do processo de construção de relacionamento, fortalecendo o valor para os varejistas online. Reichheld e Schefter (2000) argumentam que o padrão econômico geral, no ciclo de vida do cliente, com as perdas iniciais, seguidas dos lucros crescentes, é, realmente, exagerado na internet. Ainda, apontam que os clientes da Web tendem a reduzir as opções e a consolidar as compras com um único fornecedor principal. Esses fatos podem motivar os varejistas eletrônicos a implementarem um relacionamento de longo prazo com os consumidores. Os riscos mais elevados, associados às compras online, em comparação com as compras tradicionais, tornam os relacionamentos de longo prazo mais valiosos. Devido à natureza virtual da comunicação na Web, o contato físico com os varejistas e o exame dos produtos são mais difíceis. As compras virtuais também colocam os consumidores em risco de perder dinheiro por meio de esquemas de pagamento online, o que induz risco fi nanceiro, e, muitas vezes, os compradores percebem o risco de perder a privacidade na internet (WANG; HEAD; ARCHER, 2005). Mais fatores, como a reputação dos varejistas e o tempo de entrega, necessitam ser considerados na tomada de decisões. Muitas informações estão prontamente disponíveis para os compradores online, em comparação com os compradores tradicionais, o que, por vezes, gera uma experiência de compra mais complexa. Os compradores online experimentam curvas de aprendizagem com os sites de marketing. Grande complexidade e riscos percebidos levam a uma maior propensão do consumidor para reduzir as escolhas e se envolver em um comportamento de mercado relacional (SHETH; PARVATIYAR, 1995). Os consumidores, na internet, tendem a ter mais oportunidades de envolvimento com o produto/serviço. Por exemplo, podem se envolver no projeto, no teste e no feedback do produto com mais facilidade do que nos mercados tradicionais. São aptos a buscar respostas para os problemas e a compartilhar conhecimento em comunidades virtuais. Um aumento no envolvimento psicológico, e baseado em atividades dos consumidores, é importante para o marketing de relacionamento. Os clientes online recebem um melhor tratamento individual, incluindo interações e ofertas personalizadas. Os comerciantes conseguem rastrear as conversas e as preferências do usuário da Web para entregar mensagens personalizadas. Por exemplo, quando um consumidor recorrente visita um site, fornece cores e layout de espaço, de acordo com as preferências individuais registradas. Em segundo lugar, a Web facilita, e muito, o produto, ou oferece personalização. Esse é um elemento muito importante para o marketing de relacionamento em um sentido 81 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 restrito. Clientes individuais escolhem as próprias confi gurações de computador. Os compradores de roupas podem solicitar um slogan especial costurado nos itens comprados. O público tem a opção de solicitar bicicletas especializadas, confi guradas para necessidades individuais. No entanto, a personalização exige grandes investimentos dos varejistas e dos consumidores, como informações pessoais e confi ança. A recompensa desses investimentos é realizada por meio de relacionamentos de longo prazo. Os compradoresonline têm mais capacidade de gerenciar relacionamentos de longo prazo do que os compradores tradicionais. A Web aumenta o poder do consumidor, evidenciado pela capacidade, cada vez maior, de o comprador compreender a si próprio e o mercado, além de controlar o meio e o processo de compras e de mudar o ambiente para atingir os objetivos (WANG; HEAD; ARCHER, 2005). Os consumidores, agora, têm controle sobre o meio de interação, por meio da Web. Escolhem as funções de tecnologia da qual gostam, colocam mensagens e usam vários serviços de compras na Web para gerenciar os próprios dados. Têm mais controle sobre o processo de compra, desempenhando um papel ativo na busca de informações e no fornecimento de feedback. Dominam o início da interatividade e gerenciam a interação. Ainda, são inclusos a participação e o envolvimento com o produto. Existem várias técnicas ou ferramentas, na Web, para a negociação. Os agentes de comparação de preços da Web permitem que os consumidores comparem preços e correspondam às ofertas dos concorrentes. A Web fornece um ambiente transparente (SINHA, 2000), no qual o conhecimento do varejista e do cliente está disponível para o suporte de negociação. Os compradores individuais podem infl uenciar os varejistas, ingressando em comunidades virtuais e compartilhando as opiniões com as outras pessoas. Os recursos da Web citados tornam possíveis desenvolver grupos de consumidores relacionais e implementar o marketing de relacionamento direcionado e centrado no cliente, em um sentido restrito. Por fi m, o marketing de relacionamento, em um sentido restrito, é uma estratégia com grandes vantagens competitivas, que são difíceis de copiar. Os clientes trabalham com o profi ssional de marketing para resolver problemas nos relacionamentos, portanto, o relacionamento construído é muito robusto (WANG; HEAD; ARCHER, 2005). 82 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais 5 SATISFAÇÃO DO CLIENTE DIGITAL A satisfação do cliente é o que o consumidor sente a respeito de um determinado serviço ou produto após a utilização. É considerada um dos principais objetivos estratégicos aos quais toda organização deve dar atenção especial. Isso ocorre porque quase todos os estudos mostram uma conexão estreita entre a satisfação do cliente e as intenções de recompra, boca a boca positivo, reputação do mercado e lealdade do cliente, levando ao aumento do lucro e à redução de custos (KUMAR; REINARTZ, 2006). Oliver (1993) argumentou, pela primeira vez, que a satisfação do consumidor era a resposta de cumprimento. No entanto, mais tarde, foi observado que a satisfação não engloba, apenas, a extensão de ser satisfeito, mas, também, o pode ser descrito como um processo. A teoria, acerca da satisfação do consumidor do autor, provou que os julgamentos dos consumidores, com ênfase na satisfação, são afetados por fatores positivos e negativos, emoções e desconfi rmação cognitiva. De acordo com Balabanis, Reynolds e Simintiras (2006), a satisfação do público é vista como um conceito importante e um objetivo comum crítico para todas as atividades de negócios. Em termos de defi nição de satisfação do cliente, Nisar e Prabhakar (2017) a defi nem como a decisão emocional dos consumidores em resposta à experiência mais recente, com um varejista, em termos de produto ou aspectos do serviço. Com o tempo, e devido à revolução digital, a sociedade está passando por uma mudança de orientação industrial para uma orientação digital. Uma nova geração de clientes, que cresceu com a democratização da internet, está mais sujeita a desenvolvimentos tecnológicos. Consequentemente, a transformação digital se torna uma obrigação, e não uma escolha para as organizações de hoje (ZOUARI; ABDELHEDI, 2021). Novos estudos, em torno da satisfação do consumidor, nesse novo ambiente de negócios (digital), vêm sendo aplicados, surgindo um novo termo para a satisfação, considerado, no meio virtual, como e-satisfação. Segundo Chen e Rodgers (2008), as defi nições conceituais e operacionais de e-satisfação são inconsistentes. Em primeiro lugar, a defi nição de satisfação eletrônica é baseada na literatura de satisfação do cliente, e muitas defi nições são embasadas na satisfação do consumidor com os canais tradicionais de varejo. Por exemplo, usando a defi nição de Oliver (1997), de satisfação do cliente como o estado psicológico subsequente geral após a avaliação da experiência do consumidor 83 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 em relação às expectativas anteriores, Anderson e Srinvasan (2003, p. 125) sugerem uma defi nição de e-satisfação: “o contentamento do cliente com relação à própria experiência anterior de compra com uma determinada empresa de comércio eletrônico”. Da mesma forma, Wang, Head e Archer (2002) propõem um construto, denominado de “satisfação com a informação do cliente” (CIS), para sites que comercializam produtos e serviços digitais. Os autores defi nem CIS como "uma resposta afetiva, resumida de intensidade variável, que segue o consumo e é estimulada por aspectos focais das atividades de vendas, sistemas de informação (sites), produtos/serviços digitais, suporte ao cliente, serviço pós- venda e cultura da empresa" (WANG; HEAD; ARCHER, 2002, p. 91). Para Chen e Rodgers (2008), essas defi nições de e-satisfação são, indiscutivelmente, baseadas em um modelo de afeto, que enfatiza o aspecto emocional do uso do site. Por exemplo, semelhante ao uso do termo emoção, por Oliver (1997), referem-se a experiências, a um termo que pode ser derivado de afeto e baseado em sentimentos, emoções, e assim por diante. Existem inconsistências entre as defi nições conceituais e operacionais. Enquanto as conceituais enfatizam um aspecto afetivo da e-satisfação, as operacionais parecem demarcar uma perspectiva avaliativa racional. Especifi camente, a dimensionalidade, ou a estrutura fatorial da e-satisfação, representa os atributos da experiência de compra online que os clientes “racionais” consideram ao avaliar o encontro em e-ambientes. Portanto, ao invés de enfatizar uma resposta afetiva, conforme defi nida no nível conceitual, a satisfação eletrônica é, geralmente, vista por meio de uma abordagem de valor- expectativa, como um resultado de benchmarking com base na avaliação de cada atributo. Com as raízes na teoria da ação racional, de Fishbein e Azjen (1975), a abordagem do valor da expectativa, geralmente, enxerga a satisfação do usuário com base na avaliação dos atributos do produto/serviço, e a satisfação geral é expressa, matematicamente, assumindo que todos os atributos são acessíveis e avaliados pelo cliente no momento da avaliação (MELONE, 1990). Existem várias razões potenciais para essas tendências. Em primeiro lugar, a inconsistência, entre as defi nições conceituais e operacionais, pode ser atribuída ao fato de que a maioria dos estudos de e-satisfação não defi ne, adequadamente, o construto e-satisfação antes de desenvolver um estudo empírico (pesquisa aplicada) (WOLFINBARGER; GILLY, 2003). A literatura de satisfação, como um todo, tem sido criticada pelo uso inconsistente de defi nições de satisfação do consumidor (GIESE; COTE, 2000). Dado que a maioria das defi nições de satisfação eletrônica é derivada da literatura geral de satisfação, é lógico pensar que as defi nições de satisfação eletrônica sofrem os mesmos problemas e desafi os identifi cados por estudiosos anteriores. 84 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Tendo essa inconsistência na defi nição de e-satisfação na literatura, este livro adota a seguinte defi nição “contentamento de um consumidor, relativamente, à experiência anterior de compra em um dado website de vendas. Nesse sentido, entende-se que a satisfação do consumidor é expressa pela percepção da experiência passada na aquisição de um produto e/ou serviço adquirido pela web. Com a penetraçãomais ampla da internet e dos dispositivos móveis, principalmente, dos smartphones, as inovações se intensifi caram a partir da década de 2000, podendo ser o ponto de partida para a revolução digital. Frequentemente, há uma grande diferença entre a era da internet, durante os anos 1990, e a era digital atual. O digital tem remodelado, drasticamente, os hábitos e as preferências dos consumidores, cujas vidas estão, cada vez mais, envolvidas com a inovação digital (ZOUARI; ABDELHEDI, 2021). O aumento do índice de compras realizadas pela internet torna necessário averiguar como e por que os consumidores preferem a internet enquanto fazem compras (ZOUARI; ABDELHEDI, 2021). Além das funções básicas de um site, também, deve-se usar atividades de marketing que coloquem ênfase no conhecimento e na satisfação do cliente para o alcance do sucesso. Os varejistas online também conseguem aumentar a satisfação e a lealdade do cliente com a informação regulada, de acordo com a necessidade do cliente e com opções mais acessíveis. O valor criado para o produto é um fator importante no estabelecimento da satisfação do consumidor e desempenha um papel essencial no cumprimento da condição de compra. O Os elementos básicos do marketing de conteúdo, para garantir a satisfação do cliente, são os seguintes (ZOUARI; ABDELHEDI, 2021): • Inovação. • Precisão. • Confi ança. • Cumprimento de expectativas. A realização da satisfação pretendida do consumidor depende da efi cácia das estratégias do marketing de conteúdo. Tem resultado positivo para o varejista, na medida em que lhe permite manter a atenção do consumidor por um longo prazo e espalhar a satisfação no boca a boca. Como o consumidor tem a oportunidade de experimentar os produtos comprados pela internet somente quando obtém a compra, as características dos produtos vendidos e as instruções de uso devem ser consistentes com as instruções fornecidas no site, pois isso é de grande 85 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 importância em termos de satisfação. Quando o produto adquirido atende às demandas, os comentários nos blogs, nas redes sociais e na página do produto são muito positivos, o que é fundamental para a empresa em termos de conquista de novos consumidores. Os serviços oferecidos por varejistas online podem ser classifi cados em três categorias: pré-venda, venda e pós-venda (YEN; LU, 2008). Em seguida, apresentaremos cada um deles: • A fase da pré-venda inclui esforços para chamar a atenção dos consumidores, proporcionando fácil acesso a preços razoáveis. • A atividade de compra do consumidor online ocorre ao dar o pedido e ao pagar pelo produto. • O pós-venda cobre a transmissão, as soluções de problemas e os serviços relacionados. Ainda, Yen e Lu (2008) defendem que os varejistas online devem se comunicar com os compradores virtuais, com mais frequência, a respeito das experiências de compra no ambiente de online, ofertando um serviço de pós- venda com alta qualidade, a fi m de melhorar a satisfação geral para atrair mais clientes, ou seja, para manter um bom relacionamento com compradores. Por sua vez, Chintagunta, Chu e Cebollada (2012) argumentam a importância da variedade de produtos como um elemento crucial para a satisfação do cliente. Citam que parece haver mais sucesso para varejistas online que oferecem uma gama de compras. Gounaris e Dimitriadis (2003) já citaram que, devido ao potencial para rastrear bens ou serviços especiais, o comprador online têm expectativas de receber muitos produtos de revendedores por e-commerce. Além disso, se um item não é facilmente acessível, a variedade é mais atraente para os clientes e, portanto, a satisfação eletrônica aumenta. No entanto, do ponto de vista de Prahalad e Hamel (1997), continuar o desenvolvimento de produtos e de serviços inovadores é um elemento crucial para atrair um grande número de clientes valiosos, o que prova, ainda mais, os importantes papéis do produto e do serviço em relação ao sucesso dos varejistas de e-commerce. 1 - Escreva, com as suas palavras, o que é e-satisfação. R:_____________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 86 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais ALGUMAS CONSIDERAÇÕES O objetivo deste capítulo foi analisar aspectos comportamentais e tecnológicos relacionados ao relacionamento com o cliente, além de compreender a importância da recuperação dos clientes digitais para diminuir a insatisfação e, consequentemente, alavancar a satisfação em uma transação virtual. Foi possível evidenciar que os encontros online, entre empresas e consumidores, necessitam de excelência no atendimento, sendo um ponto central para determinar o sucesso da empresa. No entanto, é importante ressaltar que os clientes exigem elementos tradicionais de interação face a face em confi gurações online, pois, ainda, precisam do contato humano nas transações. Assim, os artefatos tecnológicos estão buscando transmitir o sentimento de contato humano sociável e sensível. Muitos estão empregando uma representação semelhante à humana, induzindo os sentimentos do cliente, que sente que está interagindo com um funcionário em uma base individual. Embora as empresas se esforcem para criar relacionamentos de longo prazo com seus clientes, falhas de transações e as tentativas subsequentes de melhorar defi ciências podem afetar profundamente a satisfação do cliente e a qualidade de seus relacionamentos com a organização. Nesse caso, a recuperação de clientes é primordial para aliviar a insatisfação e, fi nalmente reter os clientes. Por fi m, podemos evidenciar a evolução do conceito de satisfação, que, atualmente, no contexto online, é denominado de e-satisfação, sendo o contentamento do cliente em relação à experiência anterior de compra com uma determinada empresa de comércio eletrônico. Dessa forma, daremos sequência ao nosso estudo no próximo capítulo, analisando as estratégias para o aumento do net promoting score, aréguas de relacionamento, share of trust, share of heart dos clientes digitais, customer service e customer success. REFERÊNCIAS ANDERSON, R. E.; SRINIVASAN, S. S. E-satisfaction and e-loyalty: a contingency framework. Psychology & Marketing, v. 20, n. 2, p. 123-138, 2003. ANG, L. Community relationship management and social media. Journal of Database Marketing & Customer Strategy Management, v. 18, n. 1, p. 31-38, 2011. 87 RELACIONAMENTO COM CLIENTES Capítulo 2 BALABANIS, G.; REYNOLDS, N.; SIMINTIRAS, A. Bases of e-store loyalty: perceived switching barriers and satisfaction. Journal of Business Research, v. 59, n. 2, p. 214-224, 2006. BAYLOR, A. L.; KIM, Y. Simulating instructional roles through pedagogical agents. International Journal of Artifi cial Intelligence in Education, v. 15, n. 1, p. 95, 2005. BERTHON, P.; PITT, L. F.; WATSON, R. T. 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Essa pergunta faz parte de uma metodologia chamada de Net Promoter Score (NPS). NPS dá uma indicação acerca da lealdade dos clientes para com a empresa. Além disso, NPS está mais vinculada ao desempenho fi nanceiro e ao crescimento da empresa do que a qualquer outro indicador. Nesse contexto, a lealdade é considerada um fator de extrema importância para as empresas, pois, nos últimos anos, fi cou mais caro, para elas, adquirirem novos clientes. Então, é preciso se concentrar em manter os compradores existentes satisfeitos, os quais se tornam defensores. No caso, o Customer Success está focado em trabalhar, proativamente, em parceria com os clientes ao longo do tempo, para ajudá-los a obterem mais valor de compras e compartilharem comentários. impulsiona a experiência do cliente e garante um caminho de sucesso para o futuro. Da mesma forma, as empresas vêm utilizando o customer service para ajudar a superar um problema que está enfrentando ao interagir com a empresa ou os produtos. Outras vezes, pode envolver algum suporte para encontrar maneiras de utilizar melhor os serviços para vencer um confl ito, independentemente das ofertas. Dar atenção ao cliente e prestar um bom atendimento são quesitos mínimos para a empresa atuar nesse contexto competitivo, portanto, utilizar as ferramentas e as estratégias corretas faz a diferença para a alta performance. Caro acadêmico, a seguir, você conhecerá melhor as principais estratégias para o bom atendimento dos clientes digitais. 2 NET PROMOTING SCORE (NPS) Nos últimos anos, os pesquisadores sugeriram uma série de métricas do cliente para ilustrar as conexões entre o comportamento do cliente e o crescimento da empresa. NPS é uma dessas métricas. Reichheld (2003) propôs o conceito de NPS na Harvard Business Review. Ele afi rmou que apenas uma pergunta, 96 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais baseada na probabilidade de recomendação do cliente a amigos ou a colegas, determinaria a fi delidade do comprador e, consequentemente, o crescimento da organização. Com base nos dados investigados por Reichheld (2003) e sua equipe, testaram uma variedade de perguntas para descobrir a melhor abordagem que se correlaciona com o comportamento do cliente. Surgiram com uma pergunta fi nal, que funcionou melhor com todas as relações pesquisadas. “Qual é a probabilidade de você recomendar a Empresa X a um amigo ou colega?” Essa pergunta determinaria a lealdade do cliente e a lucratividade da empresa. Afi rmou-se que não há a necessidade de realizar pesquisas extensas e análises estatísticas detalhadas. O crescimento da empresa é proporcional ao número de “promotores” que ela tem, com base na questão mencionada. Reichheld (2003) afi rma que a vontade de promover é um forte indicador de lealdade e, consequentemente, de crescimento, pois os que adquirem colocam a reputação em jogo quando estão recomendando um produto ou serviço a outras pessoas, e só fazem isso quando são intensamente leais. Reichheld (2003) afi rma que a NPS dá uma indicação a respeito da lealdade dos clientes para com a empresa. Além disso, está mais vinculada ao desempenho fi nanceiro e ao crescimento da instituição do que a qualquer outro indicador. Depois de publicar o conceito original, Reichheld reforçou as ideias acerca da NPS em vários artigos publicados (REICHHELD, 2004) e apresentações em conferências (REICHHELD, 2006). O conceito de NPS ganhou popularidade entre os gerentes, pois é simples de implementar e de comunicar. Também, isenta os gerentes de qualquer pesquisa detalhada com o cliente e da análise estatística subsequente dos dados coletados por meio de pesquisas. Isso economiza muito tempo e energia dos gestores e dos recursos utilizados. Os vínculos imediatos com a lucratividade e a adoção da NPS por empresas líderes, como American Express e Microsoft (CREAMER, 2006; KEININGHAM et al., 2007), também contribuem para a popularidade. • Cálculo da pontuação da Net Promoter Scores Pela pergunta fi nal, ou seja, qual a probabilidade de você recomendar o (a) nosso (a) serviço/produto/marca para um colega, amigos ou família em uma escala de 0 a 10 (o 10 é extremamente provável). 97 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 FIGURA 1 – MODELO NET PROMOTER SCORES FONTE: Rajasekaran e Dinesh (2018, p. 974) Com base na fi gura anterior; observe: Promotor (pontuação 9 - 10): Quando um cliente pontua 9 ou 10, sinaliza que as vidas são enriquecidas pela experiência da compra, o que leva a uma compra futura uma recomendação não solicitada. Passivamente satisfeito (pontuação 7 - 8): Aqueles que pontuam 7 ou 8 conseguem o que querem com a compra, o que signifi ca que podem ser, facilmente, mudados para as ofertas do concorrente. Detratores (pontuação 0 - 6): São os clientes que têm uma experiência ruim, mudam para os concorrentes ou podem prejudicar a marca pelo boca a boca negativo (KEININGHAM et al., 2007). Estatisticamente, a porcentagem de promotores 9 ou 10, menos a porcentagem de detratores, ou seja, 0 a 6, revela a pontuação, que é tangível para uma medida real de satisfação do cliente e potencial de crescimento futuro. A NPS é, comprovadamente, um grande avanço na satisfação do cliente, medida globalmente. Isso envolve dividir e pontuar, de forma variável, cada etapa por ponto de contato com o cliente. • Implementação da NPS Caro acadêmico, seguem algumas linhas orientadoras para o processo de implementação da NPS (KEININGHAM et al., 2007): • Criar um processo em loop fechado: a empresa deve criar um aprendizado em loop fechado (arte da ideia de que aprender é um processo cíclico, e, o que fazemos, agora, dá pistas a respeito de como devemos agir no momento seguinte), ou seja, tentar corrigir os problemas nos estágios iniciais, melhorar os processos e envolver as pontuações no processo 98 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais diário para resultados imediatos. A implementação da NPS, na operação diária, aumenta a consciência do resultado do trabalho. Qualquer feedback negativo é processado, imediatamente, pela equipe, reduzindo o número de detratores. • Os resultados devem ser transparentes: os resultados devem ser compilados de forma consistente e comunicados à equipe, para que se possa tomar ações, além de rastrear os resultados. • O CEO e os líderes devem criar a NPS como missão crítica: para aprender como a NPS está transformando a experiência do cliente. De acordo com Reichheld (2006), para obter bons lucros, a empresa deve conseguir fi delizar os clientes. O fator-chave para o crescimento da organização é a fi delidade do comprador. Na questão fi nal (livro), existem vários métodos de uso da NPSpara obter a lucratividade. Agrega-se valor ao cliente ao considerar o feedback dele para melhorar o serviço, que pode atender às expectativas e ir além. Segundo Keiningham et al. (2007), existe uma correlação entre o desenvolvimento da organização e a lealdade. Uma métrica verbal, moderadamente, tardia de lealdade do cliente, indica que a conexão com o crescimento é a NPS. De acordo com Krol (2015), a NPS é uma expectativa decente de lealdade do consumidor, inevitavelmente, um indicador sólido de aprendizagem. Uma consulta direta é utilizada para antecipar a qualidade. Os especialistas em NPS, geralmente, compartilham a entrada do comprador, rapidamente, depois que ela é obtida. É solicitado, rapidamente, aos gerentes ou funcionários da linha de frente, que entrem em contato com cada pessoa que adquiriu algo que deu uma pontuação inferior a 6 (detrator), para reconhecer as preocupações e resolver a questão em qualquer ponto concebível. A pessoa se sente valorizada quando a empresa retorna aos comentários. Os dados são, posteriormente, usados para tomar uma decisão organizacional, para haver mudança de processo. De acordo com Krol (2015), não se requer uma revisão dispendiosa, além de modelos de insights complexos. Ao invés disso, deve-se, simplesmente, perguntar, aos clientes, se eles são responsáveis por prescrever a organização a um companheiro ou a um associado. A capacidade do de promover a organização é uma indicação de fi delidade e realização. • Objetivos do NPS 99 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 • Identifi car fatores por cliente, que afetam o crescimento da organização. • Determinar fatores e razões que levam a clientes insatisfeitos por meio de pesquisa. • Analisar dados coletados e sugerir um conjunto viável de medidas, o qual a empresa pode usar para melhorar o serviço e aumentar a pontuação da NPS. • Alcance Caro acadêmico, é importante que você entenda que a NPS ajuda a produzir melhorias, como (REICHHELD, 2006): • A fi delidade do cliente, através do sistema NPS, deve ser de missão crítica. A NPS ajuda a entender o imperativo econômico (e cria oportunidades para o crescimento lucrativo) e o imperativo moral e inspirador (quão bem a empresa está vivendo os valores essenciais). • A empresa conecta o feedback do cliente NPS aos principais processos de decisão dentro e fora da organização, criando ciclos fechados de aprendizagem e melhoria. Não se trata como um departamento ou programa separado, integra-se, totalmente, ao tecido de prioridades diárias e mensais. • A empresa organiza a iniciativa da NPS como uma longa jornada de mudança e crescimento cultural, não apenas como um programa ou iniciativa de curto prazo. É importante entender que a NPS precisa atingir todas as partes da organização para ter sucesso na geração de um crescimento lucrativo e sustentável. • Dicas • Pesquise os clientes e lhes faça a pergunta fi nal (qual a probabilidade de você recomendar o serviço/produto/marca a um colega, amigos ou família), para descobrir quem está feliz e quem não está. • Descubra a causa-raiz da resposta deles, perguntando por que houve uma pontuação positiva ou negativa (Você indicou que, difi cilmente, recomendaria a empresa X a um amigo ou a um colega. O que podemos fazer para melhorar?); (Você mencionou que, provavelmente, recomendaria a empresa X para um amigo ou para um colega. Quais os fatores que mais contribuíram para isso?). • Observe o retorno. Quando algum feedback é registrado por um cliente, primeiramente, a equipe tenta resolver os problemas do detrator e recuperá-los. Depois, o objetivo é transformá-los em promotores e, então, 100 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais eles contam, a outros, a respeito da transformação da experiência. Essa abordagem é chamada de mobilização de promotores. • Encontre as razões, o que impulsiona a lealdade do cliente e por que os detratores estão insatisfeitos. Assim, você é capaz de conduzir ações para otimizar a experiência do comprador. • Atente-se ao que os gerentes realizam. Também, recebem feedback, olham para as oportunidades e as iniciativas de identifi cação de dados que melhoram a experiência em toda a função de negócios. • Entenda as ações dos executivos seniores. São responsáveis por fazer investimentos estratégicos com base no feedback fi el, comunicar o novo plano aos clientes e aos funcionários e comprovar essas ações. A empresa aprende o que está funcionando e o que não está (KEININGHAM et al., 2007). • Alcance a lealdade como uma prioridade, permitindo que os funcionários saibam o que eles podem fazer para melhorar a experiência do cliente e como conseguem fazer isso. Quando os líderes e as equipes tratam os compradores de maneira consistente e correta, quando se é possível confi ar que eles fazem a coisa certa, a organização é, verdadeiramente, digna de lealdade. • Relate a pontuação da NPS regularmente, vinculando-a aos dados fi nanceiros. A NPS é para as empresas que tratam a fi delidade do cliente como uma prioridade estratégica. Os dados dizem que uma organização é apta a elevar a receita em 25-100%, com um aumento da taxa de retenção (SUGANT, 2020). Contudo, para garantir isso, precisa construir relacionamentos dignos com os que compram, e isso não é gratuito. A empresa precisa investir na retenção de clientes e reduzir a dependência de lucros ruins. A questão é como converter um detrator em passivo ou promotor, ponto digno para deixar a NPS relativa em 10 pontos. Sugant (2020) cita exemplos de algumas empresas que adotaram a NPS e obtiveram resultados fenomenais, conforme apresentado a seguir: • Charles Schwab Corporation (serviços fi nanceiros): após a implementação da NPS, a empresa viu a pontuação melhorar de -35% para + 35%, e recuperou a posição de liderança no setor. • Apple: as lojas da Apple começaram a medir a NPS quando tinham 163 lojas. A NPS, então, era de 58%, o que melhorou para 70% quando a contagem da pontuação chegou a 320. As melhores lojas têm alcançado uma NPS de 90%. • Ascension Health: o maior sistema de saúde católico, sem fi ns lucrativos, dos EUA, operava 78 hospitais com receitas operacionais de US$ 14,8 bilhões. Quando se começou a implementar a NPS, as melhores e as piores pontuações, para os hospitais da unidade, foram 101 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 83 e 21. Após a implementação, a pontuação saltou para 93 e 40. O desempenho de todo o sistema melhorou de 58% para 68%, o que mostra, claramente, grande satisfação. • Rackspace: a NPS ajudou essa empresa de tecnologia a resistir à crise fi nanceira de 2008. Graças à NPS, esforçou-se para se conectar com passivos e detratores após a situação. Isso fez aumentar a pontuação em 20 pontos, para 63%. As taxas de desligamento de clientes também diminuíram em mais de um terço, de 3% para 1,9%. • Aumento da pontuação da NPS Um aumento médio da NPS, de 7%, correlaciona-se, em média, com um crescimento de 1% na receita (PATEL SNIGDHA, 2020). Portanto, as empresas devem se concentrar em como melhorar a pontuação, pois é um indicador-chave para medir satisfação e lealdade. Ao entender por que a pontuação líquida do promotor é importante para as relações gerais com o cliente, a empresa consegue conhecer melhor os clientes para aumentar a satisfação com o serviço do qual precisam e melhorar a pontuação NPS. Caro acadêmico, atente-se a algumas estratégias para aumentar a pontuação. • Concentração na melhor experiência do cliente A experiência do cliente é extremamente valiosa para todas as empresas. Patel Snigdha (2020) afi rma que 71% das pessoas recomendam um produto ou um serviço porque tiveram uma ótima experiência. Sem estarem focadas no consumidor, é difícil, para as organizações, destacarem-se no mar da concorrência. Estar centradosignifi ca que é preciso se esforçar para compreender a jornada do cliente para identifi car as necessidades e as expectativas dele. A NPS é considerada uma das principais métricas que mostra o quão a empresa é capaz de manter os clientes satisfeitos. Uma pontuação alta indica que estão felizes com a marca, em geral. Como todo esse entendimento ajuda as marcas a melhorarem as pontuações líquidas do promotor? • Conheça as necessidades e as expectativas. • Alinhe as suas soluções. • Incentive os compradores a serem leais à marca e a aumentarem o índice de satisfação. 102 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais • Entenda a jornada daquele que adquire. Essas atitudes podem melhorar o serviço consistente em todos os pontos de contato e fornecer uma experiência omnicanal. • Oferecimento de um ótimo suporte ao cliente Um excelente auxílio é a marca e o ponto de interrupção de todos os negócios. Não importa, se a empresa tem um ótimo produto, mas a qualidade do serviço não está à altura da marca, está sujeita, facilmente, a perder a clientela. O atendimento ao cliente superior não acontece apenas da noite para o dia. É mais difícil de conseguir, mas, certamente, não impossível. Implementar um chat ao vivo é uma grande maneira de ajudar os consumidores no momento em que eles mais precisam. Fornecer respostas instantâneas signifi ca a satisfação e uma carga reduzida para a equipe de suporte. Statista (2019) afi rma que as taxas globais de satisfação do cliente, com o uso do chat ao vivo, são maiores em todos os setores. Como o chat ao vivo ajuda a melhorar a pontuação da NPS? • Tempo de resposta mais rápido: com o chat ao vivo, é oferecida assistência imediata de vendas e de suporte, usando respostas prontas para perguntas frequentes. Também, é possível encaminhar os bate- papos às equipes certas para diminuir o tempo de resposta. • Resolução instantânea: ao implementar o chat ao vivo, podem ser abordadas as preocupações do cliente em tempo real. Quando há assistência imediata e efi caz, o serviço recebe elogios e reconhecimento. • Ajuda aos clientes com o engajamento ao vivo Uma maneira importante de melhorar a pontuação da NPS é reduzir o tempo de retorno para solucionar um problema. Os clientes esperam respostas mais rápidas. Se a empresa puder fornecer suporte ao cliente com agilidade, poderá atender às expectativas dele e se traduzir em uma defesa boca a boca valiosa. Se os tíquetes de suporte permanecem abertos por mais tempo do que a média, isso indica uma experiência ruim. É gerada uma má impressão da marca como um todo. Os agentes de suporte precisam usar ferramentas de engajamento ao vivo, como conavegação e chat de vídeo, para a identifi cação rápida dos erros, como parte do plano de ação, para a melhora da NPS. 103 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 A conavegação auxilia na orientação passo a passo e em tempo real, e os agentes colaboram com os clientes, até que a consulta seja totalmente resolvida, orientando-os em todo o processo. Seguem os principais caminhos para reduzir o tempo de resposta e melhorar a pontuação da NPS com ferramentas de engajamento ao vivo: • Formulários online complexos levam ao abandono do cliente. Com a solução de conavegação (usa-se o ID da sessão para garantir que você e o cliente estejam vendo a mesma página), a empresa orienta os consumidores no preenchimento de formulários ou aplicativos com êxito, assumindo o controle do navegador. • O chat de vídeo ajuda a identifi car os problemas com mais rapidez, a fornecer soluções efi cazes e a reduzir o número de pontos de contato. A empresa consegue melhorar a credibilidade da marca, ganhando a confi ança do comprador por meio de conversas personalizadas. • Trabalho com o feedback do cliente para a melhora da pontuação da NPS Coletar feedback do cliente não é sufi ciente. O feedback se torna efi caz quando é examinado, analisado e implementado para construir uma marca mais forte. A pessoa que elabora fi ca curiosa para saber se o feedback dela é valioso para o seu negócio ou não. Como vimos, a pesquisa da NPS tem a seguinte pergunta: “De 1 a 10, qual a probabilidade de você recomendar o agente a um amigo ou a um colega?” A NPS categoriza todos os clientes em três grupos: promotores, passivos e detratores, conforme vimos na fi gura anterior. Abrange uma visão clara para os funcionários de toda a empresa, para verem, imediatamente, se a experiência do indivíduo que realizou uma compra foi um sucesso ou um fracasso e o porquê. A organização está apta para segmentar o feedback da NPS por motivadores de negócios importantes e analisar o feedback qualitativo. Isso torna mais fácil alocar recursos para amenizar a situação. Por exemplo, a empresa pode prestar mais atenção no feedback de clientes que gastam muito dinheiro com os produtos e os serviços dela, em comparação àqueles que são compradores ocasionais ou têm um plano gratuito. 104 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais É possível adicionar mais uma pergunta na NPS: “De que forma a sua experiência poderia ter sido melhor?”. Esse questionamento convida o cliente a deixar um feedback honesto. Mostra, a ele, que você está interessado em saber como a experiência poderia ter sido diferente. Isso o incentiva a fornecer um comentário valioso, que possa ser usado para criar uma abordagem estratégica para entregar uma satisfação necessária. • Segmento dos clientes para um melhor planejamento As pesquisas da NPS são uma maneira incrível de segmentar o público e criar estratégias personalizadas para lidar com cada um. A empresa pode realizar a ação com base em receitas, produtos, planos de serviço ou personas do cliente. Depois da segmentação, concentra-se a proposta de valor nas experiências de marketing, vendas e serviço, para atender às necessidades e melhorar as experiências. Uma hierarquia NPS bem defi nida permite uma execução coordenada e bem planejada do plano. A segmentação de clientes é importante para entendê-los. A NPS, naturalmente, divide os clientes em três categorias: detratores (clientes com pontuação entre 0 e 6), passivos (clientes com pontuação entre 0 e 8) e promotores (clientes que respondem com 9 ou 10). Como adaptar estratégias com base na segmentação de público para elevar a pontuação NPS: • Obtêm-se informações valiosas a respeito dos segmentos e há aproveitamento dos dados da NPS. A empresa consegue, então, ajustar as experiências de serviço para atender às reclamações dos clientes e melhorar a visão deles. • São pensadas em tomadas distintas para os detratores que avaliam, com um seis, para convertê-los em promotores. É preciso tentar encantá-los e incentivá-los a convertê-los em incentivadores da marca. • Os promotores são mencionados para defender o negócio e usar a NPS para buscar as referências de clientes. 105 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 • Avaliação do feedback do cliente, regularmente, para a melhora da NPS Manter a verifi cação regular das pontuações é uma forma importante de ter uma alta pontuação da NPS. Não importa se as pontuações são, consistentemente, boas, pois a empresa, ainda, precisa monitorar e medir regularmente. Fazendo melhorias, continuamente, com base nos resultados da pontuação, testemunham-se resultados positivos. Não fazer isso afeta a lealdade. A essência da NPS reside nas percepções do cliente obtidas por meio de pesquisas, com base nas quais a empresa desenvolve ações para melhorar a fi delidade do cliente. Melhorar a NPS signifi ca converter os passivos e os detratores em promotores com esforços, e manter os que já agregam felizes. Para isso, devem estar presentes a resposta rápida, a valorização do feedback do cliente e o fornecimento de um serviço consistente em todos os pontosde contato. • Fornecimento de opções de autoatendimento O autosserviço está se tornando um modo crescente pelo qual os consumidores procuram resolver problemas e aprender mais. Não estão, apenas, prontos para o autoatendimento, mas, na verdade, preferem o serviço assistido. 40% deles, que entram em contato com os agentes de suporte, procuram, primeiramente, as respostas para as próprias perguntas (PATEL SNIGDHA, 2020). Os clientes desejam que os problemas sejam resolvidos prontamente e sentem que buscar a resposta por conta própria é mais rápido do que entrar em contato com a equipe de suporte. Além disso, o autosserviço melhora o conhecimento daquele que compra, pois permite que ele resolva problemas no momento certo e aprenda o quanto quiser. Muitas vezes, são disponibilizadas informações personalizadas, que ajudam no fácil entendimento e no desenvolvimento da confi ança da marca. • Melhora dos produtos e dos serviços Um dos principais aspectos do plano de melhoria da NPS é aprimorar os produtos e os serviços. Uma pontuação da NPS alta indica que mais compradores estão satisfeitos e é muito mais provável que continuem utilizando a marca, pois percebem benefícios. 106 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais 1 - Com relação às estratégias para melhorar a pontuação da NPS, classifi que V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) Forneça opções de autoatendimento, um modo crescente pelo qual os clientes procuram resolver problemas e aprender mais. ( ) Avalie o feedback do cliente regularmente, pois manter uma verifi cação regular das pontuações é uma maneira importante de melhorar a pontuação da NPS. ( ) Ajude os clientes com o engajamento ao vivo, pois o excelente suporte é a marca e o ponto de interrupção de todos os negócios. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) V-V-F. b) V-F-V. c) V-F-F. d) F-V-F. Segundo Patel Snigdha (2020), 73% das pessoas que experimentam o Amazon Prime se tornaram membros pagos. Além disso, após o primeiro ano, 91% deles renovaram a assinatura pelo segundo ano, e, 96% dos presentes, pagaram pelo terceiro. Rajasekaran e Dinesh (2018) mencionam que, para ter um aumento da NPS, a empresa precisa conquistar a confi ança, transformar o negócio, fornecer uma solução ao cliente, novas ideias e ser proativa. Assim, em seguida, abordaremos cada um desses pontos. • Confi ança conquistada A organização necessita, primeiramente, conquistar a confi ança dos clientes para alcançar a lealdade. Isso é difícil de conseguir, pois envolve emoção. Os compradores precisam confi ar, pois há restrições de dados e acordos fi nanceiros. Precisam ser avaliados para ter uma classifi cação elevada nesse parâmetro e não conseguir obter confi ança aumenta o risco de perdê-los. O cliente recomenda uma empresa apenas se consegue ganhar confi ança. 107 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 • Transformação A organização precisa ajudar o cliente a transformar o negócio, pois é o principal motivo para o desenvolvimento. Melhorias mensuráveis são esperadas nos negócios com novas estratégias e processos. Diferentes abordagens para a transformação incluem planejar a mudança, implementar e se benefi ciar dela. • Solução fornecida É preciso fornecer soluções para ajudar os negócios a prosperarem. Os que adquirem esperam abordagens diferentes para resolver um problema, e a empresa deve ajudá-los a chegar lá, o que, muitas vezes, é desafi ador. São achadas novas estratégias para enfrentar as mudanças no negócio, que incluem análise, entendimento, tomada de decisão e melhor solução. • Novas ideias A companhia almeja trazer novas ideias e conceitos aplicáveis aos negócios dos clientes. Transforme uma ideia em um serviço pelo qual o cliente paga. Para ser melhor do que as novas ideias do concorrente, técnicas devem ser introduzidas. É preciso ser capaz de construir uma ideia, inovar o conceito, desenvolver o processo, tornar, esse conceito, realidade, o que pode atrair outros compradores. • Proatividade e prevenção de problemas Ser proativo na execução de ações evita a ocorrência de problemas. Antecipando-se, buscar novas soluções economiza o tempo do cliente na resolução do problema após a ocorrência. Empresas proativas são mais efi cazes para lidar com desafi os. Com a ajuda da NPS, a organização consegue rastrear taxas de recomendação para o serviço prestado e ferramentas estimadas para identifi car a área de foco, a qual é fundamental para aumentar a pontuação. As empresas que alcançam longevidade e crescimento lucrativo têm a NPS duas vezes maior do que as outras. A NPS objetiva a concentração em como os clientes criam valor para a empresa, e não em como uma empresa pode criar valor para eles. Em um benchmark competitivo, a NPS mostra onde, exatamente, a empresa está posicionada no mercado. É mais aplicável no mercado com mais concorrentes. Os ativos geradores de crescimento mais poderosos são os clientes existentes, que podem ser transformados em fi éis. Estes, em troca, fazem advocacia não solicitada sem nenhum custo. O consumidor arrisca a 108 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais reputação ao fazer a recomendação e para que todos os parâmetros tenham que ser, repetidamente, cumpridos. A NPS, sozinha, não é adequada como um instrumento de administração, mas com a estrutura correta e com algum endereçamento motivacional extra, sem dúvida, mostra-se uma métrica valiosa (SUGANT, 2020). A NPS não se concentra apenas na receita do negócio, mas, também, na satisfação das necessidades. É uma medida qualitativa para ter relacionamentos de longo prazo com os clientes. Ao fornecer um excelente suporte, consegue aumentar as pontuações da NPS e construir relacionamentos mais fortes, de forma efi caz. Por todas as vantagens e desvantagens, o Net Promoter Score é uma ferramenta muito popular e aceita por empresas em todo o mundo, para medir a satisfação do cliente e a lealdade. Algumas empresas globais que adotaram o NPS são as seguintes (SUGANT, 2020): Airlines, Delta Airlines, Southwest Airlines, JetBlue Consumer Products, P&G, Lego, Grohe Healthcare, Johnson & Johnson, Novartis, Cigna, Express Telecom, AT&T, T-Mobile, Verizon, Orange Retail, Best Buy, Zappos Technology, Amazon, Apple, Facebook, HP, Logitech, SAP, Dell Financial Services, Allianz, Citigroup, HSBC, ING e American. VALDEZ, A. A. O. T. T. Net Promoter Score: satisfação, lealdade e rentabilidade do cliente. 2016. 1 - A NPS não se concentra apenas na receita do negócio, mas, também, na satisfação das necessidades do cliente. É uma medida qualitativa para ter relacionamentos de longo prazo. Nesse contexto, explique, com as suas palavras, o que é a NPS. 109 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 3 SHARE OF HEART Enquanto os profi ssionais de marketing buscam a participação no mercado e, os anunciantes, a participação mental, fi car na memória do cliente, ambos precisam entender o signifi cado do share of heart, que, literalmente, traduzido para o português, é participação de coração. Share of heart, no mundo dos negócios, signifi ca o relacionamento afetivo entre um consumidor e uma determinada marca, produto ou provedor de serviço (WOOD; PITTA; FRANZAK, 2008). O conceito de share of heart está relacionado às marcas capazes de despertar uma reação afetiva nas pessoas. Elas criam um vínculo emocional com os consumidores, que se transformam em verdadeiros defensores da marca. Abyrab (1999) disse que os seres humanos são consumidores que respondem aos produtos de forma emocional, ao invés de racional e cognitiva. Atingem- se áreas, como humor, medo, alegria, tristeza e raiva. Representa-se um grau de compromisso do consumidor, além de laços emocionais, que fundamentam o relacionamentocom um produto ou um serviço. Share of heart, também, é considerado, pela literatura, como amor à marca, uma construção de marketing que avalia o apego apaixonado e emocional de consumidores satisfeitos. O share of heart é calculado pela porcentagem de consumidores que identifi cam a empresa ao responder a um item do questionário, exigindo que eles, por exemplo, indiquem quaisquer três empresas das quais preferem comprar. Outra questão poderosa, nessa medida, é perguntar aos consumidores: Você recomendaria a marca X para o seu melhor amigo, parente ou colegas? Essa pergunta fornece uma visão da força do relacionamento do cliente com a marca e a empresa (JOBBER, 2010). Share of heart pode ser dado por medidas de compartilhamento de crenças, intenção de compra, lealdade e vontade de recomendar. A parcela de requisitos fornece o nível de compra da marca como uma proporção do total de compras no mercado. As crenças indicam a convicção dos clientes quanto aos atributos e ao desempenho do produto (KOTLER; KELLER, 2013). A intenção demonstra uma medida da disposição para comprar. Lealdade é a vontade de fi car, de continuar comprando em uma loja ou um produto. Se você tem amor pelo seu cônjuge, amigo, fi lho e colega, deseja-lhes bem, ao recomendar a melhor marca da sua escolha. Isso mostra lealdade e impacto potencial sobre os outros. O share of heart está ligado a níveis mais altos de fi delidade à marca e ao boca a boca positivo. A importância é sentida quando há um entendimento mais profundo de por que um consumidor faz uma determinada compra (WOOD; PITTA; FRANZAK, 2008). 110 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Compreender o share of heart permite, ao profi ssional de marketing, vislumbrar o mercado-alvo com produtos relevantes, cada vez que o cliente visita a loja (ABYRAB, 1999). O benefício da análise desse método é que ele é aplicável a organizações sem fi ns lucrativos, públicas e comerciais. A medição do share of heart leva ao desenvolvimento de uma conexão real entre uma empresa e os stakeholders, reduzindo a animosidade do consumidor e a rejeição de marcas. O share of heart é cada vez mais importante, em uma época na qual os clientes são livres para escolher marcas, de acordo com as próprias vontades, especialmente, com uma variedade de opções online. As etapas são simples de seguir para conquistar o share of heart. As organizações que apoiam os clientes têm as garantias de se destacar e de prosperar nesse jogo. Segundo Silitonga (2021), podemos usar os 4C da jornada de um comprador para aumentar o share of heart, observe: • Conexão: Sua primeira jogada Esta etapa é o primeiro ponto de contato com o cliente. Tudo começa com a impressão certa. Assim como encontrar um (a) namorado (a) pela primeira vez, você precisa esperar que os clientes não saibam nada de você. Ainda assim, a ideia é começar o relacionamento com a nota certa. O marketing, nas redes sociais, é, por si só, um dos canais pelos quais a maioria dos clientes começam a descobrir novas marcas, seja por meio do marketing direto ou boca a boca. Uma coisa ou outra leva a pessoa a encontrar uma marca com a qual se identifi que. Para marcas que estão, constantemente, em busca de oportunidades para se conectar com os clientes, é fundamental criar um conteúdo, de acordo com o nível de interesse do comprador. Nem todo indivíduo que deseja saber a respeito de uma oferta acaba a comprando. Nesse estágio, ferramentas de escuta social, como a Digimind Social (uma empresa global de monitoramento de mídia social e inteligência competitiva que fornece informações da posição competitiva das empresas no mercado), podem impulsionar a ressonância do cliente, fornecendo insights para alinhar a intenção do comprador com a mensagem certa (SILITONGA, 2021). Por exemplo, a sua marca pode estar explorando a ideia de se aventurar na sustentabilidade, mas é altamente incerta acerca de como os clientes atuais responderão a ela. Com a escuta social, é possível agregar dados importantes com base no sentimento atual, conversas online e compartilhamento de voz, para ser avaliado o nível de percepção do público antes de mergulhar de cabeça no planejamento. 111 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 Lembre-se de que ter uma visão clara do que os clientes desejam é um mundo de diferença em relação ao envio de conteúdo promocional, o qual os clientes nunca solicitaram. O objetivo é nutrir o relacionamento, educando-os com o que a marca representa. Ainda, como você pode ajudá-los, gerando o share of heart. No estágio de conexão, os clientes em potencial, provavelmente, conseguem se lembrar da marca quando são perseguidos por tempo sufi ciente. Isso signifi ca continuar a fornecer benefícios essenciais, os quais ajudam a tornar a decisão de compra mais fácil, se isso signifi car envolvê-los por meio de conteúdo fechado, vídeos tutoriais, descontos e sorteios. • Consideração: Fazendo valer cada esforço Depois que o cliente em potencial descobre tudo o que precisa saber a respeito da marca, é muito provável que ele tenha a intenção de comprar o produto ou o serviço. Como todos os relacionamentos que fl orescem após os estágios iniciais do namoro, o momento do compromisso é tudo o que importa no fi m do dia. O estágio de consideração é fundamental em muitos aspectos da jornada do cliente, já que a razão, para a maioria dos clientes, suspender as compras, é porque eles estão deliberando entre você e o concorrente, ou, até mesmo, não comprando. • Conversão: O coração deseja o que o coração vê Após conquistar, com sucesso, a confi ança do consumidor, é hora de colher os frutos do trabalho. Embora a longa busca, fi nalmente, termine, o esforço para a retenção está apenas começando. Além de cumprir as promessas feitas, os clientes esperam atenção e tratamento personalizado da marca. Isso signifi ca disponibilizar atendimento ao cliente de alto nível, desde o primeiro dia da compra. Aqui, as marcas, às vezes, deixam de ver o investimento de longo prazo, pois se pode preferir colocar mais orçamento em novos objetivos de vendas ao invés de reter os clientes existentes. No que diz respeito à marca, a mídia social é apta a incitar uma multidão quando as expectativas não são atendidas. Um cliente insatisfeito faz com que a organização perca milhares de futuros clientes (SILITONGA, 2021). 112 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Por vezes, chegam críticas negativas e reclamações provenientes de canais dedicados, como o site e a plataforma social. No entanto, pode haver muito mais surgimento de mídias conquistadas, como fóruns e blogs. • Continuação: Uma união marca-cliente para durar Depois que um cliente atinge esse estágio fi nal na jornada de compra, a empresa, ainda, é obrigada a seguir as etapas para garantir que ele permaneça retido. Os compradores são muito meticulosos, mas, depois de defi nida a experiência pós-compra ideal, que vai além, para oferecer, a eles, o suporte e a comunicação dos quais precisam, a empresa é capaz de manter o conteúdo do colaborador por um longo tempo. Assim, sabendo da jornada, é possível proporcionar, além de aumentar as chances de share of heart. Ressalta-se que é necessário ter muita dedicação e empenho, além de direcionar o olhar, especialmente, para o consumidor, as características, os valores, os sentimentos e os sonhos. Souza (2015) apresenta como a empresa pode agir para elevar o share of heart: • Traçar como quer ser reconhecida/vista (objetivo específi co). • Escolher as mídias convencionais mais efi cientes para o produto/serviço (levando em conta que cada categoria necessita de uma mídia diferente). • Trabalhar com a equipe (para agir de acordo com o objetivo). • Procurar agir diferente da concorrência e observá-la (inovar na abordagem e na apresentação). • Interagircom o target (além de não cansá-lo com propagandas repetidas, entretê-lo com variedades relacionadas ao produto, trazendo o público para perto). • Fazer promoção não faz mal a ninguém (desde que não seja frequente). • Manter a mesma mensagem (casar as mídias com uma mesma canção deixa tudo mais bonito, unifi cado e efetivo). 4 SHARE OF TRUST À medida que a tecnologia digital continua a subverter as formas tradicionais de fazer negócios, as empresas estão sob pressão crescente para aproveitar as vantagens de novas soluções tecnológicas, a fi m de promover a inovação e de 113 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 concretizar novas áreas de crescimento. Ao mesmo tempo, também, precisam enfrentar riscos novos e, potencialmente, destrutivos, que acompanham a digitalização. Trust, na tradução para o português, signifi ca confi ança, sendo fundamental para qualquer organização. Em uma era de vazamento de informações, roubo de dados e muito mais, a percepção pública pode impactar, diretamente, a escolha do consumidor e o crescimento do negócio. Na era digital, cada vez mais, as empresas estão cientes da difi culdade e das enormes vantagens competitivas para construir e manter uma forte confi ança pública. Da mesma forma, estabelecer uma permanente relação, na era digital, traz enormes vantagens competitivas: • Vantagens com os clientes: Quando eles acreditam que os dados e os ativos estão seguros com você, fi cam mais dispostos a experimentar mais serviços digitais, permitindo que você os entenda, mais profundamente, e forneça serviços direcionados e valiosos. • Vantagens com os parceiros: Com um sistema digital mais forte e seguro, é possível manter, utilizar melhor os dados dos negócios dos parceiros. Há a mineração de valor, o que leva a uma cooperação empresarial mais profunda para, coletivamente, ganhar mais participação no mercado, economizar custos e progredir. • Vantagens com os investidores: Mostrar, aos investidores, que você consegue controlar os riscos e aproveitar as oportunidades de mercado, por meio da tecnologia digital, permite que eles lhe deem mais autonomia e recursos, proporcionando oportunidades e os ajudando a obter retornos recompensadores. Você deve estar se perguntando: como uma empresa pode aumentar o share of trust na era digital? Ela precisa enfrentar esses desafi os, conforme apresentado a seguir (SILITONGA, 2021): • Como manter um equilíbrio entre proteger a privacidade do cliente e explorar o valor dos dados? • Como os negócios continuam a inovar e a expandir para manter a conformidade regulamentar? • Como gerenciar os riscos associados ao uso das novas tecnologias? • Como controlar as ameaças à rede e, ao mesmo tempo, aproveitar todo o potencial? • Como evitar o vazamento de informações do cliente, de dados de produção e de outros ativos valiosos? • Como garantir o funcionamento estável de um sistema digital? 114 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais • Como lidar com erros e interrupções imprevisíveis do sistema? • Como garantir a resposta rápida e o suporte contínuo da própria capacidade de inovação empresarial? • Como minimizar o impacto negativo da transformação digital nos negócios existentes? • Como lidar com a mudança de emprego e a inteligência de dados causada por confl itos? Uma vez que toda interação digital envolve algum atrito (por exemplo, você tem que inserir um código de segurança ou esperar que uma página carregue no dispositivo móvel), pode-se argumentar que os usuários exibem um mínimo de confi ança digital, simplesmente, concluindo uma transação. Nesse caso, uma maneira típica de medir o share of trust é pesquisar os usuários com perguntas, como: Como você se sente em relação ao ambiente digital? Você confi a e valoriza as interações? Você confi a nos líderes das empresas de tecnologia? Você acredita que os governos respeitam a privacidade dos dados ou que as empresas de tecnologia usam os seus dados de maneira responsável? Você acha que as organizações e as instituições protegem os seus dados e fornecem valor? Importante destacar que há três fatores essenciais para a construção da Trust: privacidade, segurança e responsabilidade (WOOD; PITTA; FRANZAK, 2008): • A privacidade é uma das principais áreas de preocupação para os usuários, desde hacks massivos de informações confi denciais até o aumento dos rastreamentos governamental e corporativo de atividades digitais, identidades e localizações de usuários. • A segurança online é o segundo desafi o para os fi adores de confi ança. Com mais recursos disponíveis para agentes mal-intencionados e uma variedade de ferramentas facilmente obtidas, os ataques cibernéticos e o uso repetido de ransomware (tipo de malware que restringe o acesso ao sistema infectado com uma espécie de bloqueio, e cobra um resgate em criptomoedas para que o acesso possa ser restabelecido) continuaram a aumentar. • A responsabilidade é o terceiro fator-chave porque, conforme o risco de incidentes aumenta, os usuários precisam de opções de recurso, como estruturas legais, que responsabilizam empresas e instituições ou sistemas de gerenciamento de identidade. Melhorar a privacidade digital, a segurança e a responsabilidade envolvem algumas desvantagens: as medidas podem aumentar a fricção, o que afeta a 115 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 experiência geral do usuário. Se não forem gerenciados, os atritos “positivos” (por exemplo, várias senhas, autenticação de identidade) têm um efeito perverso de tornar o usuário menos disposto a se envolver online. Além disso, atritos negativos tornam os compradores menos confi antes. O objetivo fi nal deve ser a “fricção inteligente”: equilibrar uma experiência contínua com proteções adequadas. A construção e o aumento do share of trust não são, apenas, fundamentais para o futuro digital, também, são complexos e custam dinheiro e recursos. Construir, efetivamente, o share of trust, em um mercado digital global, requer uma escolha estratégica de saber onde jogar. 5 CUSTOMER SUCCESS O termo Customer Success, que, traduzido para o português, signifi ca sucesso do cliente, tornou-se uma palavra da moda no mundo dos negócios de hoje. Todos os clientes esperam isso, e todos os fornecedores têm, como objetivo, entregá-lo, mas quem decide quando isso é alcançado? Se você for, realmente, uma organização centrada no cliente, a resposta a essa e a todas as outras perguntas deve vir facilmente: O consumidor, em última instância, decide. O Customer Success signifi ca um “foco implacável no sucesso do cliente, não no da empresa”. Mehta, Steinman e Murphy (2016) mencionam que o objetivo é chegar perto, acumular um entendimento profundo das necessidades não atendidas dos clientes, a fi m de reduzir a rotatividade e aumentar a receita. Para se aproximar dos compradores com a ajuda de tecnologias, ter um entendimento profundo das necessidades não atendidas, embora possa parecer um ato virtuoso, é, como afi rma o cabeçalho do livro, reduzir a rotatividade, aumentar a receita, uma vez que os clientes são caros para adquirir. De acordo com os dados de benchmark da McKinsey e Company (2018), os compradores existentes geram um terço da metade do crescimento da receita da empresa enquanto exigem custos baixos, portanto, é essencial encontrar novas maneiras de fornecer mais valor (e crescimento do fornecedor) (MCKINSEY; COMPANY, 2018). A tendência do Customer Success começou quando as empresas de software iniciaram a enfrentar desafi os de lucratividade, devido aos altos custos de aquisição de clientes, combinados com um software cada vez mais complexo, que estava levando à alta rotatividade, com a formação de equipes para obterem mais valor das ofertas (MCKINSEY; COMPANY, 2018). 116 Atendimento e Gerenciamentodo Relacionamento com Clientes Digitais Pode-se argumentar que, quanto mais complexo é um produto ou um serviço tecnológico, mais difícil é o processo de adoção, ao passo que grandes bloqueios podem ser criados por parte do consumidor, já que as pessoas têm tempo limitado para investir no aprendizado de coisas novas. Hoje, o Customer Success não é apenas algo visto em empresas de software, mas, geralmente, está vinculado a empresas de modelo de assinatura, por exemplo (MCKINSEY; COMPANY, 2018). O incentivo para manter o cliente próximo é óbvio. Além disso, uma quantidade, cada vez maior, de empresas tem sido compelida a mudar os modelos de negócios de vendas únicas para vendas de ciclo de vida (MCKINSEY; COMPANY, 2018). Isso signifi ca que o Customer Success está se tornando, cada vez mais, relevante. O principal fator de rotatividade do aumento dos esforços de serviço é a incapacidade das empresas de se envolverem, de forma proativa, com os clientes, para cocriar valor. Para superar esse problema, o Customer Success é necessário porque, dentro de relacionamentos dinâmicos (ZHANG et al., 2016), os clientes que não estão devidamente engajados (ou seja, ajudados na manutenção do valor, conforme as ofertas se expandem e mudam) podem se sentir negligenciados e traídos, o que leva à migração para estados de relacionamento negativos. Devido ao foco na retenção de consumidores, essa nova forma de gerenciamento de relacionamento está sendo, rapidamente, adotada em empresas que oferecem soluções de serviço completo. Recentemente, a prática de Customer Success explodiu em popularidade. Mais de 5.000 indivíduos ocuparam o cargo de “Gerente de Customer Success” em 2015, e mais de 30.000 reivindicaram o cargo em 2018. O LinkedIn classifi cou o “Gerente de Customer Success” como o sexto cargo mais promissor do LinkedIn, em 2019 (HILTON et al., 2020). Profi ssionais e consultores de marketing lançaram conferências populares de profi ssionais de Customer Success, ferramentas digitais e plataformas de tecnologia. Isso tudo demostra a importância da prática na atualidade. Embora conceituar CRM, Experiência do Cliente e Engajamento do Cliente, como uma evolução da prática de gerenciamento de cliente pareça plausível, explicar o Customer Success como a próxima evolução merece um exame mais detalhado. Por um lado, se o Customer Success é, simplesmente, uma moda passageira de gestão ou de práticas de gestão de clientes existentes, então, pode não representar uma verdadeira inovação na prática de marketing. Por outro lado, se faz menção a um verdadeiro afastamento ou inova, de forma única, as práticas tradicionais de gerenciamento de clientes, então, garante mais bolsa de estudos. As articulações iniciais do Customer Success fornecem exemplos nos quais varia de pequenas iterações em práticas de gestão de clientes a uma reformulação 117 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 radical dessas práticas no nível organizacional (HOCHSTEIN et al., 2020). O Customer Success gera pequenas mudanças na incorporação de linguagem e de cultura, centradas no cliente e em toda a organização, com poucas diferenças nas operações ou na prática. Essas mudanças se concentram em uma versão estreita e local do Customer Success, na qual o vendedor deseja ter certeza de que o cliente utiliza, totalmente, as ofertas do vendedor. No lado mais dramático, o Customer Success é o símbolo do ato de uma orientação de confi ança para o gerenciamento de clientes em setores que, normalmente, têm um relacionamento mais distante. Aqui, o vendedor se preocupa em liderar os clientes de forma proativa, além de, simplesmente, ser utilizada a oferta limitada fornecida. As mudanças tecnológicas e ambientais que inspiraram o Customer Success incluem (i) distribuição de custo zero, que motiva os vendedores a aumentarem as ofertas de mercado; e (ii) o faturamento com base na utilização, o que faz os compradores iniciarem o teste sem incorrer em viés de custo irrecuperável. De modo geral, a tendência é que a dependência dos consumidores, por parte dos vendedores, esteja diminuindo. A dependência decrescente do indivíduo que adquire faz com que os vendedores se alinhem melhor com o valor em uso (HILTON et al., 2020). Mudanças de tecnologia mais recentes, permitindo sensores onipresentes e poder de computação, melhoram as capacidades das empresas de medirem o valor em uso dos clientes e prever e modelar o comportamento deles, embora esse número possa se referir à determinação, por parte dos compradores, de benefícios experienciais (por exemplo, satisfação) ou envolvimento com o produto (por exemplo, fi delidade) (AARIKKA-STENROOS; JAAKKOLA, 2012). O Customer Success se baseia na base do CRM, ao considerar os dados demográfi cos e transacionais dos clientes, mas vai além, com o suporte dos dados de sensor de streaming e outros não estruturados, para se obterem insights de valor em uso e prever o valor futuro. O Customer Success foca na experiência do cliente, buscando melhorar esse ponto, mas, também, prioriza os objetivos fi nanceiros, sociais, operacionais e estratégicos mais distantes. Toma, como norte, o envolvimento do consumidor, ao considerar a lealdade e ao observar o cumprimento das metas ao invés do comportamento de envolvimento. Por exemplo, enquanto o engajamento do comprador poderia ser encarregado de promover conteúdo para aumentar o tempo gasto em um aplicativo, o Customer Success teria a tarefa de limitar os usuários. Mehta, Steinman e Murphy (2016) explicam que os objetivos do Customer Success estão além da satisfação. Basicamente, trata-se de aumentar a receita, mas, dentro disso, há o desejo de entender mais o cliente e as necessidades 118 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais não atendidas dele. A tecnologia na forma de nuvem, móvel, social e analítica é, especialmente, manuseada para aumentar o valor do comprador (PORTER; HEPPELMANN, 2015). Internamente, o Customer Success é uma unidade separada, mas precisa haver uma conexão próxima com a unidade de marketing, vendas e suporte. O Customer Success é desenvolvido em um ambiente muito competitivo e, aparentemente, trata-se de sobreviver e, no caso ideal, prosperar. Fazer isso com foco no cliente existente é fundamental (MCKINSEY; COMPANY, 2018). O conhecimento comum, no mundo dos negócios, é que vender para consumidores existentes é menos caro do que para um novo, e como manter os compradores fi éis tem sido, especialmente, difícil, com a oferta, cada vez mais, complexa, e a rotatividade de clientes alta, as ações para mantê-los são fundamentais, assim, o Customer Success veio para ser a solução funcional. 5.1 GESTÃO DE CUSTOMER SUCCESS A gestão de Customer Success consiste em supervisionar a equipe que precisa atuar nesse campo da sua empresa e manter uma estratégia para ajudar, encantar e reter os clientes de forma proativa. Um gerente de Customer Success lidera o grupo de representantes que trabalham, diretamente, com o público. Dependendo do tamanho e da organização, os gerentes conseguem se reportar a um gerente sênior de suporte ao Customer Success. O gerenciamento é fundamental para a saúde de uma organização, pois impacta, diretamente, as taxas de retenção e de vendas cruzadas. Caro acadêmico, a seguir, conheceremos algumas responsabilidades dos gerentes de Customer Success (ZHANG et al., 2016): • Garantir que os representantes ajudem os clientes a obterem o máximo do produto ou do serviço, aumentando, assim, a probabilidade de retê- los. • Contratar, treinar e motivar representantes de Customer Success para as melhores práticas de engajamento e de retenção, e para as especifi cidades do produto ou do serviço. • Desenvolver a estratégia de Customer Success da organização para 119 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo3 engajar, ativamente, e conquistar consumidores. • Liderar o desenvolvimento de qualquer conteúdo e materiais de apoio necessários aos representantes. • Segmentar a base de compradores por fatores acordados, como tipo de assinatura, adoção de produto, tamanho da empresa ou semelhantes, para que os representantes de Customer Success possam ajudá-los melhor. • Incentivar o feedback por meio de perguntas diretas e/ou pesquisas. • Analisar o feedback, o desempenho e as taxas de retenção de público com base na sua interação com a equipe de Customer Success, para entender a efi cácia da estratégia mais ampla. 5.2 ESTRATÉGIAS PARA AUMENTAR O CUSTOMER SUCCESS A seguir, veremos algumas estratégias de sucesso do cliente que podem ser implementadas antes que ele compre de você. • Segmento dos clientes certos Ajudar o público a ter sucesso com o produto começa com a segmentação dos clientes certos. Aqui, torna-se útil ter um Perfi l de Cliente Ideal detalhado para compartilhar com todos da empresa, especialmente, com a equipe de vendas e marketing. Segue um guia de como criar o perfi l do cliente. Acesse https:// blog.hubspot.com/agency/create-ideal-client-profi le. • Publicação de conteúdo gratuito para a educação do público-alvo Quando feito estrategicamente, publicar conteúdo gratuito é uma ótima maneira de atrair consumidores para o negócio, enquanto eles procuram informações a respeito do produto, do serviço ou do setor. Ao educá-los em potencial, antes de vender para eles, isso os equipa com o conhecimento que aumenta as chances de sucesso. 120 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Publicar estudos de caso dos clientes é uma ótima maneira de fazer isso. Dê, ao seu público-alvo, a oportunidade de ver outras pessoas iguais a ele, usando e obtendo sucesso com o produto. Testemunhos (especialmente, depoimentos em vídeo) também são muito efi cazes. A Self-Publishing School, por exemplo, é uma empresa de treinamento online que ensina autores iniciantes a escreverem e a publicarem o primeiro livro por conta própria. No site, você encontra uma página intitulada “Sucesso do aluno”, inteiramente dedicada a apresentar estudos de caso e depoimentos de clientes que fi zeram isso com sucesso, após concluírem um dos programas de treinamento: • Mostra de exemplos de clientes de sucesso para a prova social A prova social é um motivador poderoso. Quando um cliente em potencial consegue ter acesso à prova de que outras pessoas compraram e obtiveram sucesso com o produto, é mais provável que o comprem. Use a prova social a seu favor. FONTE: <https://self-publishingschool.com/reviews/>. Acesso em: 24 maio 2021. 121 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 Caro acadêmico, atente-se a algumas estratégias que podem ser usadas durante o processo de vendas para ajudar a qualifi car os clientes antecipadamente, e confi gurá-los para o sucesso com o produto. • Sem venda para todos (seletividade) Uma das maiores vantagens de saber quem são os clientes ideais é conhecer quem eles não são. Em vez de tentar vender para todos (algo de que, provavelmente, se arrependerá mais tarde), seja seletivo no processo de vendas. Colabore com os vendedores para desenvolver um processo de qualifi cação completo para novos consumidores. • Ajuda aos clientes para a qualifi cação Se puderem comprar da sua empresa sem falar com um vendedor, inclua informações sufi cientes nas descrições do produto e nas páginas de vendas para ajudá-los a se qualifi car. Sem enganá-los, ajude-os a decidirem, por conta própria. • Esclarecimento dos objetivos do cliente antecipadamente Esclarecer os objetivos do comprador antecipadamente, durante o processo de vendas, é bom para determinar se o seu produto é uma solução apropriada para ele (às vezes não é, e está tudo bem). Entender os objetivos específi cos do público, em ordem de prioridade, também auxilia a fornecer treinamento e recursos relevantes para ajudá-lo a atingir o mais rápido possível. Conheça algumas estratégias específi cas que você pode usar para agradar a experiência de integração do cliente. • Personalização da experiência de integração com base nos objetivos do público Quanto mais a empresa personaliza a experiência de integração para o cliente, melhor. Esclareça os objetivos com antecedência e, em seguida, forneça treinamento específi co. Em muitos casos, a personalização da experiência de integração, para o público, pode ser automatizada. Ao pesquisar quem compra, com antecedência, por exemplo, você consegue acionar um treinamento específi co e/ou conteúdo a ser compartilhado com ele, com base nas respostas obtidas. 122 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais Essa é uma das estratégias de sucesso utilizadas pela equipe da Moz (empresa de soluções em software). Oferece webinars de introdução e orientações personalizadas para apresentar o Moz aos clientes, e mostrar, a eles, como atingir os objetivos individuais com o produto. Os tutoriais e webinars contribuem para reduzir as taxas de rotatividade e aumentar o valor da vida útil do consumidor. Também, criam tours no aplicativo e campanhas de mensagens para educar de forma proativa. FONTE: <https://moz.com/>. Acesso em: 24 abr. 2021. • Ajuda, ao cliente, para a obtenção do valor imediato do produto Especialmente, com software e produtos de treinamento, é fundamental ajudar o consumidor a obter o valor imediato do que deseja. Quando um novo cliente descobre isso, é mais provável que ele continue a usá-lo. Identifi que uma “vitória rápida” que o cliente pode obter com o produto e crie uma experiência de integração que o ajude a alcançar essa vitória o mais rápido possível. 123 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 1 - A gestão de Customer Success consiste em supervisionar os representantes de sucesso do cliente da sua empresa e manter uma estratégia para ajudar, encantar e reter o consumidor de forma proativa. Com relação às responsabilidades dos gerentes de Customer Success, classifi que V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: • Identifi cação e articulação dos marcos importantes na jornada do público Identifi que todas as etapas que o público precisa realizar para alcançar o resultado desejado com o produto. Articular essas etapas, antecipadamente, fornece, a ele, um caminho, claramente, defi nido e mensurável para alcançar o sucesso, e o ajuda a acompanhar o progresso à medida que conclui. Certifi que-se de fornecer o treinamento e os recursos necessários para implementar cada etapa. Não deve haver confusão a respeito de como usar o produto para alcançar o resultado esperado. Caro acadêmico, seguem dois livros, caso queira se aprofundar mais no assunto de Customer Success, vide informações completas nas referências: Marketing de Serviços: A Empresa com Foco no Cliente, 2014, e Customer Success: O Sucesso das Empresas Focadas em Clientes, 2019. 124 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais ( ) Contratar, treinar e motivar representantes de Customer Success nas melhores práticas de engajamento e de retenção, e nas especifi cidades do produto ou do serviço. ( ) Desenvolver a estratégia de Customer Success da organização para engajar, ativamente, e reter clientes. ( ) Customer Success altera grandes mudanças nos recursos humanos, pois envolve grande uma quantidade de clientes interagindo com a organização. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) V-V-F. b) V-F-V. c) V-V-F. d) F-V-F. 6 CUSTOMER SERVICE Customer Service, traduzindo para o português, signifi ca atendimento ao cliente, e o principal objetivo envolve ajudar o consumidor a superar um problema ou uma situação ao interagir com a empresa ou os produtos. Outras vezes,abarca auxílio para encontrar maneiras de utilizar melhor os serviços para superar um desafi o, independentemente das ofertas (HARDALOV; KOYCHEV; NAKOV, 2018). O Customer Service é a gama de serviços disponibilizada para fazer com que o público obtenha o máximo do produto e a resolver os problemas. Inclui algumas coisas, como responder às perguntas feitas, fornecer assistência com integração, solução de problemas e atualização para um novo produto ou serviço. Dependendo do setor, esses serviços podem variar de call centers (suporte por telefone) a helpdesks (serviço de apoio a usuários para suporte e resolução de problemas técnicos, informática, telefonia e tecnologias de informação), com base em tickets, e-mail e conhecimento de autoatendimento. Em um passado não muito distante, o Customer Service costumava ser visto como um aborrecimento, um custo que precisava ser suportado, mas que, na verdade, era apenas um imposto sobre o sucesso. Felizmente, essa visão antagônica está diminuindo, e as empresas progressistas consideram uma cultura 125 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 centrada, no cliente, um valor fundamental. Como resultado, o Customer Service passou por algumas mudanças dramáticas nos últimos anos. Cada vez mais, as organizações percebem que colocar os compradores na frente e no centro é essencial para a retenção deles, transformando-os em defensores do negócio, com uma vantagem competitiva. O Customer Service deve ser pessoal. Cada público necessita se sentir envolvido em uma conversa individual com uma empresa, não preenchendo um tíquete de suporte único, que não seja tratado como parte de um relacionamento mais amplo. Isso exige uma resposta dentro de um período razoável de tempo, de forma honesta, pessoal e proativa. Segundo Pettersen (2021), o Customer Service é imprescindível da seguinte maneira: • Clientes felizes. • Clientes altamente engajados. • Clientes leais. • Clientes que fornecem, continuamente, feedback para melhorar o produto. Cada um desses fatores tem sido infl uenciado pelo suporte mais do que por qualquer outra função. Em uma era com insatisfação, rapidamente, abala-se a reputação. Ter muitas alternativas para escolher é fundamental para você obter o Customer Service correto. Visualize os principais recursos para o Customer Service (PETTERSEN, 2021): • Estilo Uma pergunta fundamental que a organização deve fazer é que tipo de suporte precisa fornecer. Uma opção é o que se pode chamar de abordagem de “uma grande resposta”. Isso envolve tentar responder a cada contato do cliente com uma resposta abrangente, que cubra todos os cenários relacionados possíveis, por exemplo, é possível inserir cinco ou seis parágrafos, incluir links para a documentação e, até mesmo, ter um vídeo incorporado a respeito de como usar o recurso em questão. É abrangente, mas não faz sentido querer se comunicar com o cliente. A alternativa é conversar por e-mail, por meio de 126 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais comunicações no aplicativo ou por telefone. É necessário chegar à raiz do problema e, se apropriado, fazer o acompanhamento com perguntas ou conselhos adicionais. • Voz e tom Intimamente relacionada ao estilo de suporte que se planeja oferecer, está a maneira como se planeja falar com os consumidores. Sempre, é preciso pensar na voz da empresa (por exemplo, formal e reservada, ou relaxada e tagarela) e no tom para diferentes cenários (como responder a um cliente que foi cobrado em excesso em comparação a falar com um no Twitter). Algumas das perguntas a fazer a si mesmo incluem: Quão formal você deseja que a comunicação com o cliente seja? Você precisa adotar um tom coloquial? Deve utilizar as tendências de comunicação modernas, como emojis e gifs (em mensagens eletrônicas e páginas da web)? • Velocidade Em um mundo ideal, todos teriam uma conversa, em tempo real, com um representante de suporte amigável e experiente, sempre que tivessem um problema (geralmente, com suporte por chat ao vivo). Contudo, a realidade “morde”, e nós sabemos que isso não é realista. Portanto, pergunte-se: o quão importante é a velocidade de resposta? Como a empresa está apta a utilizar a confi guração de expectativas e/ou ferramentas automatizadas para disponibilizar algumas soluções alternativas aos clientes enquanto eles esperam pela equipe? A organização precisa olhar para isso do ponto de vista de quem compra, assim, quão crítica é a velocidade da primeira resposta em relação ao tempo para, realmente, resolver o problema? Também, é útil considerar o que os concorrentes podem estar oferecendo. O que quer que a empresa decida fazer, certifi que-se de acompanhar os tempos médios de resposta e o tempo até o primeiro retorno, para ver se estão sendo atingidos os objetivos. 127 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 O Customer Service sempre foi uma peça-chave. Tradicionalmente, era oferecido, principalmente, por telefone, mas, recentemente, surgiram vários canais de comunicação alternativos, como e-mail, redes sociais, fóruns/quadros de mensagens, base de conhecimento de autoatendimento etc. Tornou-se, cada vez mais caro, manter serviços de Customer Service de qualidade em um número crescente de canais. Primeiramente, é interessante encontrar pessoas que tenham boas habilidades de linguagem e de comunicação. Em segundo lugar, cada novo funcionário precisa passar por várias sessões de treinamento antes de operar no canal de destino, o que é inefi ciente e demorado. Finalmente, é difícil ter funcionários disponíveis para suporte ao cliente 24 horas por dia, 7 dias por semana (HARDALOV; KOYCHEV; NAKOV, 2018). Nesse contexto, os chatbots (robôs virtuais) são, especialmente, adequados para a tarefa, pois são automáticos, total ou parcialmente. Além disso, do ponto de vista tecnológico, são viáveis, pois o domínio em uso, para operar, é restrito. Como resultado, o bate-papo é reduzido ao mínimo e os bots se encaixam, principalmente, como dispositivos de resposta a perguntas (HARDALOV; KOYCHEV; NAKOV, 2018). 6.1 COMO DIGITALIZAR, DE FORMA EFICAZ, O CUSTOMER SERVICE? A tecnologia digital mudou os hábitos da clientela. Ela espera ter o que deseja quase no momento exato. Os clientes são conhecedores do mercado, comparando preços de produtos ou verifi cando avaliações, tudo em segundos, graças à era digital. Nesse caso, o suporte e a atenção, de forma digital, são primordiais para o sucesso (VISHNNOI, 2020). Se os desejos são, realmente, diferenciar-se e aprimorar a experiência do público, é importante fornecer acesso ao suporte sob demanda. Certifi car-se de que quem compra está tratando dos problemas, o mais rápido possível, é uma das coisas mais úteis nos dias de hoje. Em vez de receber chamadas ou responder a longas perguntas por e-mail, é indicada uma mudança para o suporte avançado, o chat ao vivo. Há algumas maneiras pelas quais as empresas e os consumidores se benefi ciam do suporte por chat ao vivo (VISHNNOI, 2020): • Permite a multitarefa. • Fornece a divulgação proativa. • Conhece os pontos fracos do cliente. 128 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais • Melhora a fi delidade e a satisfação do cliente • Tem acesso a relatórios e a análises. • Apresenta conveniência em tempo real. Há muitas vendas, conversões e valores médios de pedidos. • Disponibiliza os registros de bate-papo para a prova de contato e a transparência. • Atende 24 horas por dia, 7 dias por semana. Contemplar o que se precisa signifi ca estar disponível em vários pontos de contato e canais de comunicação. Ao digitalizar as interações da pessoa, a empresa pode descobrir, por exemplo, que ela a contata, nas redes sociais, e, posteriormente, deseja conversar por meio de uma chamada de vídeo. Quando os agentesprecisam alternar entre diferentes canais e pontos de contato, como esse, é possível perder o contexto da conversa no processo. Portanto, ao unifi car as conversas em uma plataforma de comunicação com o público, a organização vê toda a conversa como uma, ajudando a prestar um serviço consistente e relevante para o usuário fi nal. 6.2 QUAL A DIFERENÇA ENTRE O CUSTOMER SUCCESS E O CUSTOMER SERVICE? Para facilitar o seu entendimento, algumas diferenças entre Customer Success e Customer Service são bem visíveis. Se você pensar na diferença entre esses grupos de uma perspectiva de analogia com os esportes, o futebol pode ser uma comparação lógica. A equipe de Customer Service é o treinador que ensina a mecânica do esporte. Garante- se que você entenda as regras do jogo e que a forma e a execução sigam as diretrizes apropriadas e testadas pelo tempo (HARDALOV; KOYCHEV; NAKOV, 2018). A equipe de Customer Success, por outro lado, é o treinador que ensina como pensar e administrar o jogo, quando fazer um lançamento ou como decidir se aquela jogada é a melhor para aquele momento. O foco não fi ca, necessariamente, apenas em jogar, de acordo com as regras (embora isso, ainda, seja crítico), mas em entender os aspectos intangíveis do jogo, as interações e as oportunidades de vencer. 129 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 Listaremos algumas comparações que podem ajudá-lo a descrever as diferenças entre essas equipes e a determinar se a organização pode usar o suporte adicional para aproveitar, ao máximo, as funções de negócios. • O Customer Service é reativo, enquanto o Customer Success é proativo Um valor-chave de uma boa equipe de Customer Service é medido com base na capacidade de resposta. O objetivo é estar disponível quando os clientes o alcançam, sendo capaz de resolver problemas de forma rápida e efi caz. Uma equipe de Customer Success, por outro lado, traz, à tona, tópicos que os clientes nunca consideraram antes, incentivando-os a considerarem novos casos de uso e perspectivas em potencial. O trabalho da equipe de Customer Success é ver o consumidor de forma holística e descobrir maneiras de ajudá-lo a melhorar, especifi camente, por meio do uso dos produtos e dos serviços dos negócios. • O Customer Service é de curto prazo, enquanto o Customer Success é de longo prazo Quando se trata do Customer Service, as métricas relevantes incluem itens, como tempo de resposta, tíquetes ou problemas tratados/resolvidos. O profi ssional necessita dar uma olhada em uma planilha de dados e ter uma ideia de como uma equipe de Customer Service tem sido útil e efi caz naquele dia. O Customer Success, por outro lado, é mais difícil de rastrear diariamente, embora medidas, como o Net Promoter Score (comentado no início do capítulo), possam ajudar a quantifi car o valor. Em vez de esperar que um cliente entre em contato com uma preocupação, as equipes de Customer Success são especialistas em aproveitar oportunidades inexploradas e ajudar o consumidor a usufruir, ao máximo, dos recursos e benefícios dos produtos. O objetivo de uma equipe de Customer Success é pensar a longo prazo, usar o conhecimento, imaginar maneiras de integrar mais produtos/serviços aos processos de negócios e, assim, ajudar o cliente a obter sucesso. • Desafi o emocional 130 Atendimento e Gerenciamento do Relacionamento com Clientes Digitais O Customer Service tem, como propósito, fazer com que os problemas do comprador desapareçam. A equipe costuma ser o grupo sujeito à primeira dose de atitude ou raiva de um cliente insatisfeito. Os integrantes do Customer Success, por outro lado, podem não lidar, diretamente, com clientes que estão zangados ou frustrados. O radar emocional precisa ser confi gurado para detectar a desilusão ou o desligamento com um produto ou serviço. A equipe do Customer Success tem experiência e prática para se conectar com os que compram e obter “visibilidade, em tempo real, da saúde do cliente". O objetivo não é apenas diminuir a rotatividade, mas combater a desilusão e manter todos conectados ao produto. 1 - O Customer Service sempre foi importante para as empresas. Tradicionalmente, era oferecido, principalmente, por telefone, mas, recentemente, surgiram vários canais de comunicação alternativos, como e-mail, redes sociais, fóruns/quadros de mensagens, base de conhecimento de autoatendimento etc. Nesse contexto, qual é uma outra forma de praticar o Customer Service, utilizando a tecnologia? Explique. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Foi possível evidenciar que a NPS dá a indicação da lealdade dos clientes para com a empresa. Além disso, está mais vinculada ao desempenho fi nanceiro e ao crescimento da empresa do que a qualquer outro indicador. A NPS é, comprovadamente, um grande avanço para medir a satisfação, sendo que não se concentra apenas na receita do negócio, mas, também, nas necessidades da clientela. É uma medida qualitativa para ter relacionamentos de longo prazo. Ao fornecer um excelente suporte, é possível aumentar as pontuações da NPS. Também foi visto que o share of heart está relacionado às marcas capazes de despertar uma reação afetiva nas pessoas. Elas criam um vínculo emocional com os consumidores, que se transformam em verdadeiros defensores dos produtos. 131 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE DIGITAL Capítulo 3 O share of heart é calculado pela porcentagem de cidadãos que identifi cam a empresa ao responder a um item do questionário, exigindo, por exemplo: Indique quaisquer três empresas das quais você prefere comprar um produto. Outra questão poderosa, nessa medida, é perguntar: A medição do share of heart leva ao desenvolvimento de uma conexão real entre uma empresa e os stakeholders, reduzindo a animosidade do consumidor e a rejeição de marcas? Por sua vez, o share of trust vem sendo fundamental para qualquer empresa e, em uma era de vazamento de informações, roubo de dados e muito mais, a percepção pública consegue impactar, diretamente, a escolha do consumidor e o crescimento do negócio. Na era digital, cada vez mais, empresas estão cientes da difi culdade e das enormes vantagens competitivas de construir e de manter uma forte confi ança pública. O share of trust é um elemento necessário para o futuro digital, e construí- lo, efetivamente, em um mercado digital global, requer uma escolha estratégica de saber onde jogar. Por fi m, podemos evidenciar que o Customer Success representa o ato de uma orientação de confi ança para o gerenciamento de clientes em setores que, normalmente, têm um relacionamento mais distante. Nesse tipo de troca, o vendedor se preocupa em liderar de forma proativa, além de, simplesmente, utilizar a oferta limitada fornecida. Baseia-se na experiência do comprador, buscando melhorar a experiência com o produto, mas vai além, ao priorizar os objetivos fi nanceiros, sociais, operacionais e estratégicos mais distantes. O Customer Service, para encerrar, é a gama de serviços tida para ajudar a obter o máximo do produto e a resolver os problemas. Inclui alguns pontos, como responder às perguntas do cliente, fornecer assistência com integração, solucionar problemas e atualizar os consumidores para um novo produto ou serviço. REFERÊNCIAS AARIKKA-STENROOS, L.; JAAKKOLA, E. 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