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<p>A HISTÓRIA DE JOANA</p><p>Joana, uma mulher de 32 anos que desde a separação do casamento (que foi há 5 anos), viu-se indo de encontro ao consumo excessivo de álcool, bebendo todos os dias, levando-a a reconhecer a atitude como um vício. Diz que começou a beber na adolescência como fuga para os problemas que tinha na época, porém com o tempo aumentou-se o descontrole do consumo e ao casar-se decidiu tentar parar. Joana na fase adulta perdeu vários empregos e relacionamentos por causa do álcool, mas não conseguia parar de beber. Após muitas tentativas do seu marido em conversas com Joana sobre como o álcool atrapalhava a vida matrimonial, resolveu então se separar.</p><p>Após o reconhecimento de muitas perdas, Joana decidiu procurar ajuda e começou a frequentar sessões de terapia. Durante as sessões, aprendeu sobre a criação de estímulos aversivos para ajudar a controlar seu problema com o álcool. A terapeuta explicou que estímulos aversivos são situações adversas que podem ajudar a pessoa a associar o consumo de álcool com consequências negativas e Joana decidiu criar seus próprios estímulos aversivos associando o consumo de álcool com coisas que não gostava, como assistir a um filme ruim ou limpar a casa. Sempre que sentia vontade de beber, lembrava dessas situações e isso a ajudava a resistir à tentativa.</p><p>Com o tempo, Joana começou a perceber que seus estímulos aversivos estavam funcionando. Ela conseguiu controlar melhor seu consumo de álcool e, ao mínimo, foi diminuindo a quantidade de bebida que consumia. Joana também começou a frequentar grupos de apoio para pessoas com problemas com álcool e isso a ajudou a se manter motivada.</p><p>Atualmente Joana está sóbria há mais de um ano e se sente muito melhor. Ela conseguiu manter-se no emprego e busca reconstruir seus relacionamentos. Joana sabe que ainda precisa se manter vigilante, mas está confiante de que pode continuar a controlar seu problema com álcool com a ajuda da terapia e dos estímulos aversivos que criou.</p><p>ANÁLISE</p><p>A análise funcional do comportamento é uma técnica utilizada em terapia comportamental que consiste em identificar as variáveis ​​que influenciam a ocorrência de um comportamento problemático. Essa técnica é importante porque permite que o terapeuta compreenda as funções do comportamento e, a partir disso, planejar intervenções para modificar essas funções e, consequentemente, o comportamento problemático além de ajudar a prever as condições que podem fornecer a generalização e a manutenção das modificações comportamentais efetuadas, podendo servir na modelação de novos comportamentos mais funcionais. A técnica é amplamente utilizada na terapia comportamental com crianças e adultos e é considerada uma ferramenta importante para o tratamento de problemas comportamentais.</p><p>Na questão de Joana, tendo o consumo excessivo de álcool iniciado na adolescência como fuga das demandas, a perda de inúmeras oportunidades como empregos, relacionamentos e o uso da ferramenta de estímulos aversivos, observa-se uma operação estabelecedora condicionante reflexiva, pois ocorre quando um estímulo é apresentado e um comportamento é emitido, seguido de uma consequência que reforça o comportamento e isso reforça a relação entre o estímulo e o comportamento.</p><p>Ao identificar a operação estabelecedora condicionada no caso de um alcoolista podemos perceber um conjunto de variáveis aprendidas e/ou inatas (pode ser) aumentando a probabilidade do comportamento se repetir. No caso de Joana problemas financeiros, familiares ou de saúde, aumentam as chances dela recorrer ao álcool como forma de aliviar o estresse, ou seja, o estímulo sistematicamente precede alguma forma de estimulação aversiva e, se for removido antes da ocorrência da estimulação aversiva, a estimulação aversiva deixará de ocorrer (Operação estabelecedora condicionada substitutiva).</p><p>A operação estabelecedora é trabalhada junto à terapia com a criação de estímulos aversivos que são eventos ou estímulos que uma pessoa tende a evitar/escapar, assim como no caso de Joana que associou o consumo de álcool com coisas que não gostava, como assistir a um filme ruim ou limpar a casa e, sempre que sentia vontade de beber, lembrava dessas situações a ajudando a resistir.</p><p>Essa ferramenta é bastante utilizada como uma forma de tratamento para o controle de problemas de dependência química reduzindo o consumo. Alguns exemplos de estímulos aversivos incluem a visualização de consequências negativas do consumo, como problemas de saúde, perda de relacionamentos significativos, empregos, vínculos sociais quebrados, e para isso é indicada a realização de tarefas oferecidas sempre que ocorra o desejo de consumir a substância.</p><p>No caso de Joana, a terapeuta faz uma análise e identificação do comportamento dela compreendendo o seu dia a dia e identificando o momento da ocorrência, quais situações a levam até o ato de beber, assim como entender quais estímulos a controlam no momento, é feita uma discriminação e generalização de estímulos aversivos. A partir do conceito de operação estabelecedora condicionada transitiva onde sabe-se que a efetividade dos reforçadores positivos condicionados pode depender de uma condição de estímulo aprendido antecedentemente, história individual do organismo, na qual esses reforçadores positivos condicionados tiveram sua eficácia estabelecida. Nesta circunstância Joana começou a perceber, com o tempo, que seus estímulos aversivos estavam funcionando, pois conseguiu controlar melhor seu consumo de álcool e, aos poucos, foi diminuindo a quantidade de bebida que consumia.</p><p>O uso de estímulos aversivos no tratamento de problemas de dependência química pode ser benéfico quando ajudar a aumentar a conscientização sobre os problemas, a desenvolver habilidades de autocontrole e melhorar a qualidade de vida do paciente. No entanto, é importante estar atento aos riscos associados, como a elicitação de respostas emocionais negativas e a possibilidade de frustração e falta de sucesso, citarei alguns exemplos de habilidades desenvolvida e possibilidades de frustração:</p><p>1. Aversão química: objetivo da terapia aversiva é reduzir ou eliminar o desejo do indivíduo pelo álcool através da associação de estímulos (filmes ruins, no caso de Joana) ou imagens diferentes a respostas negativas. Este tipo de estímulo também pode ser associado a utilização de substâncias químicas para evitar ou diminuir o consumo de álcool. Um exemplo é a sensibilização encoberta proposta por Cautela em 1970, que envolve a injeção de uma solução preparada no braço do paciente enquanto se trata de beber álcool;</p><p>2. Abordagem de reforço comunitário: Joana é orientada a mudar o estilo de vida relacionado ao consumo da substância e inclui técnicas como resolução de problemas, terapia comportamental familiar, aconselhamento social e treinamento para a busca de emprego.</p><p>Existem diversos casos de vulnerabilidade crônica pois a recuperação é um dos maiores desafios no tratamento de substâncias químicas dependentes, no entanto, a criação de estímulos aversivos associado ao reforço comunitário podem ser grandes colaboradores na mudança do estilo de vida para conseguir bons resultados.</p><p>-*-*-*-*-</p><p>image1.png</p>

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