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<p>Manual do Curso de Licenciatura em Educação Física e Desporto</p><p>Sociologia do Desporto</p><p>Universidade Católica de Moçambique</p><p>Centro de Ensino à Distância</p><p>Sociologia do Desporto i</p><p>Direitos de autor</p><p>Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância</p><p>(CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no</p><p>seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,</p><p>gravação, fotocópia ou outros) sem permissão expressa da entidade editora (Universidade Católica de</p><p>Moçambique-Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a</p><p>processos judiciais.</p><p>Autores: dr. José Ferrão Pene</p><p>Colaborador da Universidade Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância</p><p>Bridgette Simone Bruce</p><p>Coordenadora do Curso de Educação Física – Centro de Ensino à Distância</p><p>Universidade Católica de Moçambique</p><p>Centro de Ensino à Distância</p><p>82-5018440</p><p>23-311718</p><p>82-4382930</p><p>País</p><p>Fax:</p><p>E-mail: eddistsofala@teledata.mz</p><p>Website: www. ucm.mz</p><p>mailto:eddistsofala@teledata.mz</p><p>Sociologia do Desporto ii</p><p>Agradecimentos</p><p>Agradeço a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:</p><p>Universidade Católica de Moçambique</p><p>Centro de Ensino à Distância.</p><p>Pelo meu envolvimento nas equipas do CED</p><p>como Colaborador, na área de Educação</p><p>Física e Desporto.</p><p>À Coordenação do Curso de Educação Física</p><p>e Desporto.</p><p>Pela contribuição e enriquecimentos ao</p><p>conteúdo</p><p>À Coordenadora: Mestre Bridgette Simone</p><p>Bruce</p><p>Pela facilitação, orientação e prontidão</p><p>durante a concepção do presente manual.</p><p>Sociologia do Desporto iii</p><p>Visão geral 5</p><p>Bem-vindo ao ensino da Sociologia do Desporto 4º Ano ................................................. 5</p><p>Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 5</p><p>Como está estruturado este módulo .................................................................................. 6</p><p>Ícones de actividade .......................................................................................................... 6</p><p>Habilidades de estudo ....................................................................................................... 7</p><p>Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7</p><p>Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................. 7</p><p>Avaliação .......................................................................................................................... 8</p><p>Unidade nº 1 9</p><p>Conceito ............................................................................................................................ 9</p><p>Sumário ........................................................................................................................... 10</p><p>Exercícios 1 ..................................................................................................................... 11</p><p>Unidade nº 2 12</p><p>Fundamento da Sociologia .............................................................................................. 12</p><p>Sumário ........................................................................................................................... 14</p><p>Exercício 2 ...................................................................................................................... 14</p><p>Unidade nº 3 15</p><p>Desporto e Sociologia ..................................................................................................... 15</p><p>Sumário ........................................................................................................................... 18</p><p>Exercício 2 ...................................................................................................................... 18</p><p>Unidade nº 4 19</p><p>Perspectivas sociológicas sobre a actividade física ........................................................ 19</p><p>Sumário ........................................................................................................................... 22</p><p>Exercício 4 ...................................................................................................................... 22</p><p>Unidade nº 5 23</p><p>Lazer e Desporto ............................................................................................................. 23</p><p>Sumário ........................................................................................................................... 27</p><p>Exercício 5 ...................................................................................................................... 28</p><p>Unidade nº 6 29</p><p>Socialização no Desporto ................................................................................................ 29</p><p>Sumário ........................................................................................................................... 53</p><p>Exercício 6 ...................................................................................................................... 53</p><p>Unidade nº 7 54</p><p>Género no Desporto ........................................................................................................ 54</p><p>Conteúdos Programáticos ...................................................................................... 58</p><p>Sociologia do Desporto iv</p><p>Objectivos .............................................................................................................. 58</p><p>Conhecimentos, capacidades e competências a adquirir ....................................... 59</p><p>Metodologias de ensino e avaliação ...................................................................... 59</p><p>Sumário ........................................................................................................................... 63</p><p>Exercício 7 ...................................................................................................................... 63</p><p>Unidade nº 8 64</p><p>Globalização, Meios de comunicação e Desporto .......................................................... 64</p><p>Sumário ........................................................................................................................... 69</p><p>Exercício 8 ...................................................................................................................... 69</p><p>Referencias bibliografías complementarias 70</p><p>Sociologia do Desporto 5</p><p>Visão geral</p><p>Bem-vindo ao ensino da</p><p>Sociologia do Desporto 4º Ano</p><p>Pretendemos que este módulo seja um contributo para que os</p><p>aprendentes adquiram um conhecimento aprofundado da Sociologia de</p><p>Desporto.</p><p>Quando terminar o estudo da Sociologia do Desporto – 3º Ano, o</p><p>formando será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Compreender o desenvolvimento da Sociologia do Desporto;</p><p> Identificar as principais áreas do Desporto a qual a Sociologia actua;</p><p> Identificar os impactos Sociológico na arena mundial no Desporto;</p><p> Compreender a influência da Sociologia do Desporto nas</p><p>actividades realizadas;</p><p> Compreender a organização Desportiva a mais alto nível e a</p><p>Sociologia no que diz respeito a sua influência em diversas áreas de</p><p>relação Desportiva.</p><p>Quem deveria estudar este</p><p>módulo</p><p>Este módulo foi concebido para os estudantes do 4º ano do curso de</p><p>Licenciatura em Educação Física e Desporto.</p><p>A Cadeira de Sociologia do Desporto foi introduzida para os Formandos, que, na sua maioria, são já</p><p>Professores do EP e/ou do ESG. Começa nestas Presenciais, para, segundo o seu propósito,</p><p>desenvolver uma forma inovadora de estar e ser, conhecer e aplicar a mesma. Nesta cadeira vamos</p><p>falar de uma forma geral da Sociologia e sua aplicação</p><p>que dominam materialmente são os dirigentes da</p><p>sociedade empírica. Os povos que mantêm a visão idealista</p><p>crêem em que o bem global é prioritário e os direitos individuais</p><p>podem ser suspensos em benefício do todo. Os sacerdotes ou</p><p>líderes espirituais dirigem a sociedade idealista.</p><p>Sorokin tem o mérito de ter feito profunda análise do aspecto</p><p>interior do social, principalmente da 'intencionalidade'.</p><p>Teoria Karl Mannheim (1893- 1947) Relacionalismo</p><p>Sociológico.</p><p>Sociólogo húngaro Karl Mannheim foi um dos grandes</p><p>impulsionadores da Sociologia do Conhecimento. Na sua obra</p><p>"Ideologia e Utopia", publicado em 1929, faz uma abordagem</p><p>inovadora da relação entre o conhecimento e a realidade,</p><p>afirmando que é esta relação que determina o conteúdo das</p><p>ideias. Merece também destaque do seu contributo na divulgação</p><p>da sociologia nos Estados Unidos e em Inglaterra, transportando-</p><p>a, pela primeira vez, para fora da esfera germânica.</p><p>O marxismo exerceu inicialmente uma forte influência sobre o</p><p>pensamento de Mannheim, mas acabou abandonando-o, em</p><p>parte por não acreditar que fossem necessários meios</p><p>revolucionários para atingir uma sociedade melhor. Seu</p><p>pensamento assemelha-se em certos aspectos aos de Hegel e</p><p>Comte: acreditava que, no futuro, o homem iria superar o</p><p>domínio que os processos históricos exercem sobre ele. Foi</p><p>também muito influenciado pelo historicismo alemão e pelo</p><p>pragmatismo inglês.</p><p>Segundo Mannheim, a influência desses factores é da maior</p><p>importância e sua investigação deveria ser o objecto de uma</p><p>nova disciplina: a sociologia do conhecimento. Cada fase da</p><p>humanidade seria dominada por certo tipo de pensamento e a</p><p>comparação entre vários estilos diferentes seria impossível. Em</p><p>cada fase aparecem tendências conflituantes, apontando seja</p><p>para a conservação, seja para a mudança. A adesão à primeira</p><p>tende a produzir ideologias e a adesão à segunda tende a</p><p>produzir utopias.</p><p>O pensamento de Mannheim foi criticado sob alegação de,</p><p>através do historicismo, conduzir ao relativismo. Mannheim</p><p>negou essa crítica, afirmando que o relativismo só existe dentro</p><p>Sociologia do Desporto 44</p><p>de uma concepção absolutista das ideologias ou de qualquer</p><p>forma de pensamento.</p><p>Outras investigações importantes de Mannheim compreendem</p><p>estudos sobre as relações entre pensamento e acção. Sua</p><p>contribuição para a teoria do planeamento e para a</p><p>caracterização das sociedades de massa tem especial destaque.</p><p>Teoria de Alfred Karl David Weber (1868-1958) Sociologia</p><p>da Cultura</p><p>Foi um economista alemão, um sociólogo e teórico da cultura.</p><p>Entre 1907 e 1933 ele foi professor na Universidade de</p><p>Heidelberg até ser demitido por causa do seu criticismo a Hitler</p><p>e sua ideologia. Foi reabilitado em 1945 e continuou a dar aulas</p><p>até 1958.</p><p>Alfred Weber foi irmão de Max Weber, um outro sociólogo,</p><p>ainda mais influente. Weber apoiou a reintrodução da teoria e</p><p>modelos causais ao campo da Economia, para complementar a</p><p>análise histórica. Nessa área, o seu trabalho foi pioneiro na</p><p>modelação da localização industrial.</p><p>Ele viveu num período em que a sociologia se tornou um campo</p><p>científico autónomo. Weber manteve-se na linha da tradição da</p><p>filosofia da história. Nesta área, ele fez contribuições com teoria</p><p>analisando a mudança social na civilização ocidental como uma</p><p>confluência de civilização (intelectual e tecnológica), processos</p><p>sociais (organizações) e cultura (arte, religião e filosofia). Ele</p><p>levou a cabo análises empíricas e históricas acerca do</p><p>crescimento e distribuição geográfica das cidades e do</p><p>capitalismo.</p><p>Weber viveu na Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra</p><p>Mundial mas foi uma figura de destaque da oposição intelectual.</p><p>Teoria de Hans Freyer (1887-1968) Epistemologia</p><p>Sociológica</p><p>Hans Freyer, que formulou um sistema de Sociologia à luz da</p><p>filosofia de Hegel, preocupa-se principalmente com o problema</p><p>d a natureza do objecto da sociologia e com o da própria</p><p>sociologia como ciência</p><p>Sociologia do Desporto 45</p><p>Reconhece que sua obra é uma combinação de filosofia com</p><p>sociologia. Dentro do mais puro historicismo, considera o social</p><p>essencialmente marcado e pelo histórico. Acha que a Sociologia</p><p>só quando efectivamente reconhece o "carácter histórico" do</p><p>social é ciência autêntica.</p><p>A sociologia é a auto-consciência científica da realidade social.</p><p>Desta forma Freyer derruba o muto divisório que separa filosofia</p><p>da ciência. Igualmente filosófico é o modo como ele vê a</p><p>sociedade: manifestação de verdadeira vontade, isto é, do</p><p>conteúdo essencial d a vontade do presente. Elaborou assim uma</p><p>teoria filosófica da sociedade, e não uma sociologia como</p><p>ciência da realidade.</p><p>Teoria de Georges Gurvitch (1894-1965) Sociologia</p><p>Profunda</p><p>Georges Gurvitch é, possivelmente, um dos últimos pensadores</p><p>sociais que tiveram a audácia de propor um sistema próprio de</p><p>compreensão global do fenómeno humano, buscando uma união</p><p>entre uma filosofia pluralista, de origem fichteana, uma</p><p>formação fenomenológica e as aquisições da ciência social de</p><p>inspiração mais positivista.</p><p>Apesar desta posição preeminente, Georges Gurvitch é, e cada</p><p>vez mais, um autor marginal em relação ao que se denomina,</p><p>actualmente, "sociologia científica". Esta marginalidade não é</p><p>somente uma questão de ponto de vista, mas de fato. Esta</p><p>marginalidade pode ser explicada, em primeira aproximação,</p><p>pelo fato de que a moderna sociologia científica renunciou à</p><p>tentativa de elaborar sistemas globais ou globalizantes, em</p><p>benefício das "teorias de alcance médio", que partem da</p><p>constatação do fato de que não existe, ainda, a suficiente</p><p>acumulação de pesquisas que possa dar base a um sistema</p><p>sociológico suficientemente abrangente.</p><p>O Pluralismo sociológico de Gurvitch tem o mérito de destacar</p><p>sectores da realidade social até então desapercebidos para os</p><p>sociólogos. Tal pluralismo amplia o campo e o objecto da</p><p>sociologia. Mas, ao assim proceder, trouxe para a sociedade</p><p>questões fronteiriças com a Filosofia, com a história, com a</p><p>moral e com a psicologia, nas quais é muitas vezes difícil ao</p><p>sociólogo se manter no campo puramente sociológico.</p><p>Sociologia do Desporto 46</p><p>Teoria de Alfred Sauvy (1898) Sociologia Demográfica</p><p>Na actualidade, um dos grandes trabalhos sobre sociologia</p><p>demográfica foi feita por Sauvy, onde ela é dividia em duas</p><p>partes:</p><p> - Estuda, a luz da economia, o problema população,</p><p> - Denominada biologia social, que trata,</p><p>sociologicamente, desta questão.</p><p>Sauvy, depois de versar sobre a população primitiva, ocupa-se</p><p>demoradamente da população da sociedade desenvolvida,</p><p>analisada em função da noção de população óptima.</p><p>Teoria de Jacob Moreno (1892 a1974) Sociometria</p><p>Psiquiatra judeu, nascido na Romênia do fim do século passado,</p><p>Moreno cresceu em Viena - cidade-berço do Psicodrama e da</p><p>Sociologia. Sua adolescência foi marcada por dificuldades</p><p>familiares e pelo fato de ser um judeu vivendo na Europa numa</p><p>época de profundas convulsões sociais.</p><p>As principais correntes ideológicas do século XX rejeitavam a</p><p>religião e repudiavam a ideia de uma comunidade baseada no</p><p>amor, altruísmo, bondade e santidade. Ao contrário, Moreno se</p><p>colocou do lado de uma religião positiva. Sua ideologia se</p><p>baseava em três princípios. O primeiro dizia que a</p><p>espontaneidade e a criatividade são as verdadeiras forças</p><p>propulsoras do progresso humano; mais importantes, em sua</p><p>opinião, que a libido e as causas socioeconómicas. O segundo</p><p>dizia que o amor e o compartilhar mútuo são a base da vida em</p><p>grupo. Enfim, o terceiro dizia que podia-se construir uma</p><p>comunidade dinâmica baseada nesses princípios.</p><p>Após a Primeira Guerra Mundial, publicou "A filosofia do aqui e</p><p>agora" e "As palavras do pai", em que expõe sua posição</p><p>filosófico-religiosa. A esta ele sempre se manteve fiel. Mas sua</p><p>linha de pensamento foi relegada para segundo plano pelos</p><p>círculos intelectuais. No entanto, sua filosofia era a base teórica</p><p>das técnicas de sociometria, psicodrama e terapia de grupo, que</p><p>foram universalmente aceitas fora do contexto ideológico que as</p><p>inspirou. Já para Moreno, sua doutrina constituía a parte mais</p><p>revolucionária de seu trabalho.</p><p>Sociologia do Desporto 47</p><p>A sociometria funda-se em um dos aspectos do social: o</p><p>emocional. Todavia a sociometria é eficiente quando aplicada a</p><p>pequenos grupos, apesar da perspectiva parcial com que encara</p><p>fenómenos neles ocorridos. É de grande utilidade quando</p><p>aplicada em fábricas, estabelecimentos comerciais ou repartições</p><p>com o objectivo de descobrir líderes, formar equipes, a fim de</p><p>obter melhor produtividade. É útil também a colégios,</p><p>universidades, etc. assim, é técnica útil à sociologia industrial e a</p><p>educacional.</p><p>Teoria de Talcott Parsons (1902 a 1979) - Teoria da Acção</p><p>social</p><p>Talcott Parsonsfoi seguramente o sociólogo norte-americano</p><p>mais conhecido em todo o mundo. Em geral, seus críticos</p><p>entenderam-no como um pensador conservador, preocupado</p><p>basicamente com o bom ordenamento da sociedade, sem ter</p><p>muita tolerância para com a desconformidade ou a dissidência</p><p>dos que podiam manifestar-se contra ela. Sua obsessão era</p><p>determinar a função que os indivíduos desempenhavam na</p><p>estrutura social visando a excelência das coisas. Era um</p><p>estudioso da Estratificação Social não da mudança ou da</p><p>transformação. Considera-se que a concepção social dele tenha</p><p>sido influenciada directamente pelo antropólogo Bronislaw</p><p>Malinowski, um funcionalista, fortemente marcado pela</p><p>biologia, daí verem em Parsons um admirador da organização de</p><p>um formigueiro, no qual o papel dos indivíduos (das operárias à</p><p>rainha-mãe) esta devidamente pré-determinado e ordenado em</p><p>função da manutenção e aperfeiçoamento de um sistema maior.</p><p>A nova maneira de produzir os manufacturados começou a ser</p><p>adoptada em larga escala a partir da Primeira Guerra Mundial,</p><p>difundindo-se de modo impressionante nos anos de 1920 por boa</p><p>parte do mundo. Pode-se então dizer que Talcott Parsons foi,</p><p>antes de tudo, o intelectual orgânico das novas técnicas</p><p>produtivas adoptadas pelas indústrias: o taylorismo e o fordismo.</p><p>Agindo então tal como se fora um capataz de fábrica ou um</p><p>engenheiro de produção, ele naturalmente via qualquer</p><p>dissonância, crítica, protesto ou greve, como algo perturbador,</p><p>como um "desvio", quando não uma expressão da patologia, que</p><p>atrapalhava o todo. Para ele o sistema, como qualquer outro</p><p>corpo biológico, não só era estável como buscava ser</p><p>harmonioso, e consensual, tendo manifestado hostilidade à</p><p>Sociologia do Desporto 48</p><p>perturbações desencadeadas por ataques de "bacilos".</p><p>Desinteressando-se dos aspectos da transformação social sua</p><p>inclinação deu-se em favor do equilíbrio e do consenso.</p><p>Naturalmente que isso o posicionou a entender o indivíduo como</p><p>expressão das estruturas, as quais ele devia manter e preservar.</p><p>Caso isso não ocorresse entravam em acção os mecanismos do</p><p>Controle Social (moral, ética, sistema jurídico e penal, etc.),</p><p>como um instrumento preventivo ou correctivo.</p><p>O objectivo de qualquer sociedade era alcançar a homeostasias,</p><p>a manutenção da estabilidade, do equilíbrio permanente, fazendo</p><p>com que só pudéssemos entender uma parte qualquer a ser</p><p>estudada em função do todo. Se bem que a organização de</p><p>formigueiro pudesse atraí-lo, seguramente foi a racionalidade da</p><p>produção fabril quem determinou a concepção da Teoria Social</p><p>dele.</p><p>Expressões como "adaptação", "integração", " manutenção",</p><p>largamente utilizadas por Talcott Parsons, colocam-no</p><p>claramente no campo conservador do pensamento sociológico,</p><p>alguém que via a política apenas como um instrumento de</p><p>garantia do bom andar do todo, jamais como instrumento da</p><p>transformação.</p><p>Os estudos epidemiológicos realizados nos últimos anos</p><p>apontam para um crescente número de adolescentes</p><p>consumidores de bebidas alcoólicas em quase todo o mundo. A</p><p>média de idade para o início do consumo tem diminuído e parece</p><p>não haver mais diferença no uso de álcool entre meninos e</p><p>meninas. O uso abusivo desta substância é potencializado em</p><p>função de alguns factores como as expectativas com relação ao</p><p>uso de álcool, o grupo de amigos, o suporte social, além da</p><p>própria família que é considerada um dos principais factores</p><p>envolvidos desta cadeia multifacetada. A este respeito tem-se</p><p>que os estilos parentais de socialização têm-se configurado como</p><p>importantes factores de risco e ou protecção para o consumo de</p><p>álcool e outras drogas, assim como para uma série de outros</p><p>desfechos, com o desempenho académico, o comportamento</p><p>violento e sexual de risco.</p><p>Sociologia do Desporto 49</p><p>Nós fazemos parte de diversos grupos sociais e que é por meio</p><p>desses grupos que o nosso processo de socialização ocorre.</p><p>Temos, então, como agentes socializadores, de acordo com</p><p>Savoia (1989), três grupos: a família, a escola (agentes básicos)</p><p>e os meios de comunicação em massa. O primeiro contacto que</p><p>o ser humano tem, ao nascer, é a família:</p><p> Primeiramente, com a mãe, por meio dos cuidados</p><p>físicos e afectivos, e, paralelamente, com o pai e os</p><p>irmãos, que transmitem atitudes, crenças e valores que</p><p>influenciarão no seu desenvolvimento psicossocial.</p><p> Num segundo momento, tem a interferência da escola.</p><p>Geralmente, nessa fase, o indivíduo já traz consigo</p><p>referências de comportamentos, de orientação pessoal</p><p>básica, devido ao contacto inicial com a família.</p><p>Já os meios de comunicação em massa são considerados como</p><p>agente</p><p>Socializador, diante das inovações tecnológicas na actualidade</p><p>histórica, porém nem sempre eles têm consciência do seu papel</p><p>no processo de socialização e com a TV, a relação é diferente,</p><p>visto que a comunicação é directa e impessoal .</p><p>O processo de socialização ocorre durante toda a vida do</p><p>indivíduo</p><p>por isso, esse processo é dividido em etapas:</p><p> Socialização primária�</p><p>- Ocorre na infância com os agentes socializadores</p><p>citados anteriormente, que exercem uma influência</p><p>significativa na formação da personalidade social;</p><p> Socialização secundária�</p><p>- Ocorre na idade adulta. Geralmente, nessa etapa, o</p><p>indivíduo já se encontra com sua personalidade</p><p>relativamente formada, o que caracteriza certa</p><p>estabilidade de comportamento. Isso faz com que a acção</p><p>dos agentes seja mais superficial, mas abalos estruturais</p><p>podem ocorrer, gerando crises pessoais mais ou menos</p><p>intensas.</p><p> Nesse momento, surgem outros grupos que se tornam</p><p>agentes socializadores, como grupo do trabalho;</p><p> Socialização terciária</p><p>- Ocorre na velhice. Pela própria fase de vida, o</p><p>indivíduo pode sofrer crises pessoais, haja vista que o</p><p>Sociologia do Desporto 50</p><p>mundo social do idoso muitas vezes se torna restrito</p><p>(deixa de pertencer a alguns grupos sociais) e monótono.</p><p>Nessa fase, o indivíduo pode sofrer uma de-socialização,</p><p>em decorrência das alterações que ocorrem, em relação a</p><p>critérios e valores. E, concomitantemente, o indivíduo,</p><p>nesta fase, começa um</p><p>-Novo processo de aprendizagem social para as possíveis</p><p>adaptações a</p><p>-Nova fase da vida, o que implica em uma</p><p>ressocialização.</p><p>O desporto em geral é um processo de socialização, no qual, se</p><p>podem colocar em prática valores existentes nos atletas e mesmo</p><p>identificar outros atributos que capazes que socializar indivíduos</p><p>através da prática Desportiva. O meio nos impõe influências que</p><p>muitas vezes não faz parte do quotidiano das pessoas e que pode</p><p>ter um efeito contrário ao pretendido, que é extrair o que há de</p><p>melhor de seus costumes, em vários aspectos, como moral e</p><p>ética.</p><p>Epistemologicamente há um embate dos profissionais e</p><p>estudiosos entre o Desporto educativo em oposição ao desporto</p><p>de rendimento, o primeiro auxiliando o processo de socialização</p><p>e o segundo com finalidade</p><p>de se preparar fisicamente para</p><p>determinada modalidade esportiva, seja qual for o desporto ou</p><p>categoria os desafios e dificuldades a serem trilhadas serão</p><p>bastante similares. Limitarei ao futebol, por ser o desporto muito</p><p>popular e colectivo que tem muitas lições a nos ensinar,</p><p>independentemente da qualidade e comparações entre equipas.</p><p>Vários historiadores definem que algumas das primeiras</p><p>civilizações jogavam o futebol “primitivo”, que eram jogos com</p><p>bola dos tempos medievais, considerados precursores do futebol</p><p>que hoje conhecemos. A maioria desses jogos permitia jogar e</p><p>dominar a bola com as mãos e chutá-la, como também os</p><p>adversários, usualmente eram formados por grupos rivais de</p><p>cidades e povoados vizinhos. O futebol “primitivo” pode ser</p><p>considerado violento e não civilizado se comparado com o jogo</p><p>que conhecemos actualmente. Esses jogos eram mais comuns</p><p>Sociologia do Desporto 51</p><p>serem jogados nos dias religiosos, como no carnaval, na Europa</p><p>ou shrovetide, na Inglaterra.</p><p>Alguns sociólogos argumentam que o jogo “primitivo”</p><p>funcionava para manter a ordem social e integrar os indivíduos</p><p>no âmbito local, promovendo uma socialização em longo prazo e</p><p>dando maturidade aos jovens. Os adolescentes praticavam o jogo</p><p>para comemorar sua passagem para a idade adulta. Então, de</p><p>modo geral o futebol alimentava um enorme sentimento de</p><p>condição do grupo que resultava na comunhão de atitudes e de</p><p>sentimentos, de modo a constituir o grupo em apreço uma</p><p>unidade sólida.</p><p>Para a Psicologia do Desporto, a socialização no desporto é de</p><p>grande importância, pois através dela inicia-se no atleta a moral,</p><p>o carácter, a ética, o espírito esportivo e outros atributos</p><p>essenciais para a supremacia emocional dos atletas.</p><p>A forma que o atleta tem de agir em relação a si e aos outros o</p><p>torna diferenciado diante de seus companheiros ou adversários,</p><p>podendo ser identificado um líder para o grupo. Como se vê os</p><p>adversários são necessários para que as regras do jogo sejam</p><p>respeitadas e com isso tenha sempre um “jogo limpo” e a equipe</p><p>se mantenha fiel as metas e objectivos. É fundamental que</p><p>dirigentes, técnicos, árbitros defendam e incentivem a virtude do</p><p>jogo limpo no início e durante a carreira dos atletas, neste</p><p>momento é essencial e fundamental o acompanhamento do atleta</p><p>e em consequência, da equipe, por um psicólogo do desporto, o</p><p>profissional qualificado para compreender e lidar com os</p><p>factores psíquicos que interferem nas acções do no desporto.</p><p>O espírito desportivo consiste basicamente em cinco factores,</p><p>que seja:</p><p>• Total compromisso com a participação</p><p>• Respeito e preocupação com as regras e árbitros</p><p>• Respeito e preocupação com convenções sociais</p><p>• Respeito e preocupação pelo adversário</p><p>• Evitar atitudes desfavoráveis em relação à participação</p><p>A aprendizagem social interfere de várias formas no</p><p>desenvolvimento do carácter do atleta, explicitando suas atitudes</p><p>Sociologia do Desporto 52</p><p>e comportamentos positivos. O atleta pode ter como base para a</p><p>melhora em sua performance a observação em outro atleta no</p><p>qual tem uma sólida e admirável estrutura social. Este atleta</p><p>poderá desenvolver suas virtudes com o acompanhamento de um</p><p>profissional reforçará componentes para a aprendizagem social,</p><p>como:</p><p>• Aprender olhando o que os outros fazem de melhor</p><p>• Ser elogiado ou penalizado por suas acções</p><p>• Exibir comportamentos na tentativa de se ajustar ao grupo</p><p>Com o tempo, o sistema de reforço será efectivo, mais na</p><p>eliminação dos comportamentos indesejáveis, tornando o atleta</p><p>mais sociável e consequentemente aprimorando seu espírito</p><p>desportivo. Seja com o grupo, adversários ou árbitros e assim</p><p>fazendo sempre um “jogo limpo”.</p><p>O reconhecimento do desporto como canal de socialização</p><p>positiva ou inclusão social, é revelado pelo crescente número de</p><p>projectos desportivos destinados aos jovens das classes</p><p>populares, financiados ou não por instituições governamentais e</p><p>privadas. Na literatura em Educação Física, desporto e lazer,</p><p>sociologia e em outras áreas, são apresentadas indicações dos</p><p>benefícios proporcionados pela prática regular de desporto, na</p><p>formação moral ou da personalidade dos seus praticantes. Nos</p><p>últimos anos, a participação de atletas de destaque, oriundos do</p><p>futebol ou outras modalidades, pelo próprio peso social do</p><p>mesmo, na criação de organizações dedicadas a ofertar</p><p>actividades desportivas e culturais para crianças e jovens das</p><p>camadas populares é um indicador privilegiado da força do</p><p>complexo de crenças esboçadas sobre o desporto. Todavia, a</p><p>dedicação a de actividades pode ser entendida ou justificada</p><p>tanto a partir da responsabilidade social quanto da devolução,</p><p>reciprocidade ou gratidão pelo apoio e pelos benefícios</p><p>recebidos pelo atleta ao longo de sua carreira. Projectos</p><p>desenvolvidos por ex-atletas renomados dão uma certa garantia</p><p>Sociologia do Desporto 53</p><p>de continuidade do trabalho durante anos, pois ganharam um</p><p>bom dinheiro em suas carreiras. Mas o que dizer daqueles que,</p><p>mesmo sem dinheiro, ou apoio do governo mantém um trabalho</p><p>social.</p><p>.</p><p>Sumário</p><p>Neste capítulo o género será uma da forte abordagem para melhor</p><p>compreendermos.</p><p>Exercício 6</p><p>1. Fale das funções de género no Desporto?</p><p>2. Teoria de Augusto Comte (1798 a 1857) – Positivismo,</p><p>comente esta teoria</p><p>3. O espírito desportivo consiste basicamente em cinco</p><p>factores, fala das que mais preferires no mínimo 3.</p><p>4. Fale de tipo de acção social e a sua interdependência.</p><p>5. Como género é tratada na arena Desportiva?</p><p>Sociologia do Desporto 54</p><p>Unidade nº 7</p><p>Género no Desporto</p><p>Quando falamos de género, comummente referimo-nos às</p><p>diferenças culturais entre mulheres e homens assentes numa base</p><p>biológica de feminino e masculino, substanciado nos conceitos</p><p>de dicotomia e diferença. Ou seja, ao falar de género o senso</p><p>comum centra o seu pensamento nas diferenças entre mulheres e</p><p>homens em que crenças familiares, sociais e culturais acerca das</p><p>diferenças de sexos direccionam o foco para o que caracteriza e</p><p>justifica a diferença, desprezando ou secundarizando o</p><p>entendimento das relações sociais de género.</p><p>O género deve ser perspectivado como uma construção histórica</p><p>das relações de poder entre homens e mulheres, e deve</p><p>contemplar definições plurais de masculinidade e feminilidade.</p><p>Assim, o conceito de género vária ao longo do tempo e de</p><p>cultura para cultura. Acima de tudo, género refere-se às relações</p><p>sociais nas quais indivíduos e grupos actuam (Connell, 2002).</p><p>A distinção e a interacção entre sexo e género ou entre biologia e</p><p>cultura não são claras. Na verdade não podemos definir com</p><p>precisão onde acaba o domínio da biologia e começa o da</p><p>cultura, além de que parece evidente que o significado de uma</p><p>diferença sexual biológica também pode variar consoante a</p><p>cultura (Fasting, 1992). Se, por um lado, a biologia por si só não</p><p>providencia claras justificações de uma dicotómica visão de</p><p>sexo, por outro, a sua interacção com a cultura parece ser</p><p>constante, complexa e frequentemente não reconhecida.</p><p>No mundo hodierno, o género constitui-se como uma relação</p><p>social mas também como uma relação de dominação. Tanto para</p><p>mulheres como para homens. O entendimento de conceitos como</p><p>anatomia, biologia, corporalidade, sexualidade e reprodução</p><p>estão parcialmente impressos pelas já existentes relações de</p><p>género, bem como as reflectem e as justificam (ou mesmo as</p><p>desafiam). Por sua vez, a existência das relações de género</p><p>ajuda-nos a ordenar e compreender os factos da existência</p><p>humana. Simplificando, o género pode tornar-se uma metáfora</p><p>para a biologia tal como a biologia pode tornar-se uma metáfora</p><p>para o género. No sentido de compreender o género como uma</p><p>relação social, Flax (1990) aconselha as teóricas feministas</p><p>a</p><p>Sociologia do Desporto 55</p><p>continuarem o processo de desconstrução dos significados</p><p>associados a biologia, sexo, género, natureza, processo que está</p><p>longe de estar completo e que não é uma tarefa nada fácil. Para</p><p>que as relações de género sejam úteis como categoria de análise</p><p>social temos que ser social e pessoalmente tão críticos as quanto</p><p>possível, tanto acerca dos significados que usualmente</p><p>atribuímos a essas relações, como aos modos como pensamos</p><p>acerca delas. De outra forma corremos o risco de replicar as</p><p>mesmas relações sociais que estamos a tentar compreender.</p><p>Na sociedade do futuro Vale de Almeida (2004) perspectiva que</p><p>uma parte do debate político irá centrar-se na definição das</p><p>fronteiras entre o natural e o cultural, ou seja, na explicação do</p><p>absurdo que é querer continuar a estabelecer essas fronteiras.</p><p>.</p><p>É hoje reconhecido um percurso histórico do Desporto e da</p><p>Educação Física, orientado por valores e práticas competitivas</p><p>hegemónicas, que contribui para uma reprodução social das</p><p>diferenças de género. Esta cultura da masculinidade no Desporto</p><p>e na Educação Física teve impactos negativos na participação</p><p>das raparigas nas actividades Desportivas.</p><p>O Desporto rege-se por uma particular forma de dominação</p><p>masculina, e quando uma prática Desportiva e quem a pratica</p><p>não se encaixa nesta esfera de masculinidade hegemónica então</p><p>é situada no a outro. Esta categoria de outro é plural, onde</p><p>cabem homens e mulheres Desportistas. As fronteiras culturais e</p><p>sociais nunca deixam de existir e, também no Desporto, elas</p><p>estão constantemente a ser reconstruídas num qualquer lugar.</p><p>Aquele a que transgride os limites torna-se parte integrante de</p><p>um processo de transformação social que delimita um novo eu</p><p>mas, também, um novo outro. A vigilância destas fronteiras é</p><p>uma das principais características das sociedades actuais, que,</p><p>embora permitam a mobilidade dos seus limites, as reconfiguram</p><p>Sociologia do Desporto 56</p><p>ou as reconstroem de modo a fazerem prevalecer a construção</p><p>do outro.</p><p>As mulheres que praticam Desporto parecem incorrer em</p><p>múltiplos riscos. Não falamos de riscos enquanto danos</p><p>biológicos ou físicos no seu corpo decorrentes de uma prática</p><p>Desportiva mais ou menos intensa, mas referimo-nos a todo um</p><p>conjunto de riscos subsequentes da observação dos seus corpos</p><p>de atletas, pelo tipo de modelação que apresentam e que a</p><p>prática Desportiva desenvolve, e pelos movimentos que</p><p>expressam. Um corpo feminino actuante, desportista, é, não um</p><p>corpo libertado, mas um corpo aprisionado por uma cultura</p><p>masculina hegemónica.</p><p>Os riscos referidos advêm de variadas situações:</p><p> Se a mulher apresenta as formas dominantes de feminilidade,</p><p>nem tão pouco se espera que pratique Desporto, mas, se</p><p>praticar, espera-se que o faça numa actividade desportiva</p><p>tradicionalmente considerada como feminina. Neste cenário,</p><p>enquanto a sua feminilidade permanece inquestionável,</p><p>alguns homens, e mulheres também, olham para estas</p><p>desportistas como praticantes inferiores. Por outro lado, se a</p><p>mulher escolhe praticar um Desporto visto como masculino,</p><p>arrisca-se a que a sua feminilidade seja colocada em causa e</p><p>a sua sexualidade questionada (Kirk, 2003), sendo</p><p>frequentemente designada de lésbica (Bryson, 1990).</p><p>A maioria dos estudos e análises do Desporto parece ainda não</p><p>se ter afastado da base patriarcal que sustentou o seu</p><p>desenvolvimento. Nem tão pouco podemos afirmar que se tenha</p><p>desenvolvido uma visão reconstruída do Desporto a partir de</p><p>uma perspectiva feminista. Sem uma ruptura com os esquemas</p><p>patriarcais que regem, ainda, a maioria dos estudos no desporto,</p><p>as questões da mulher no desporto permanecem como</p><p>experiências problemáticas pela natureza inferior e desviante dos</p><p>seus comportamentos e rendimentos, e os homens só cabem</p><p>numa masculinidade hegemónica que glorifica a virilidade e</p><p>certifica a dominância do masculino no Desporto. Nas arenas do</p><p>Desporto, nos mais diversificados cenários, actuam, com</p><p>excelência, uma feminização acentuada e uma masculinização</p><p>hegemónica. Mas as actuações dos corpos desportistas</p><p>transgridem, não raras vezes, estas tácitas configurações de</p><p>controlo um controlo social exercido sobre a sexualidade dos</p><p>homens e das mulheres que praticam Desporto, e que ratificam o</p><p>Desporto como uma instituição de controlo social.</p><p>Sociologia do Desporto 57</p><p>Parece evidente que a nossa sociedade se rege por uma cultura</p><p>homofóbica que se expressa em diversos domínios entre os quais</p><p>o das práticas de actividades físicas e desportivas.</p><p>Homofobia pode definir o medo ou o desprezo pelos</p><p>homossexuais mas esta definição não capta o seu real significado</p><p>nos nossos dias. Homofobia raramente assume o seu significado</p><p>literal de verdadeira fobia ou medo do seu semelhante, como o</p><p>termo grego homos sugere. Esta palavra é comummente usada</p><p>com um significado mais abrangente, referindo-se ao receio das</p><p>próprias pessoas serem homossexuais e, principalmente, de que</p><p>os as outros/as pensem que elas o são. Ao falarmos de</p><p>homofobia estamos implicitamente a falar de heterossexismo e</p><p>de uma institucionalizada orientação sexual de cada pessoa.</p><p>Numa sociedade heterossexista todas as pessoas são</p><p>consideradas heterossexuais até prova em contrário. Tal como o</p><p>sexismo e o racismo, o heterossexismo discrimina e ostraciza</p><p>pessoas.</p><p>Estudos que reflectem acerca da hegemonia masculina no</p><p>Desporto (Bryson, 1990, 1994; Messner, 1994; Whitson, 1994;</p><p>Theberge, 1994) e acerca de uma cultura homofóbica no</p><p>Desporto (Griffin e Genasci, 1990; Griffin, 1992; Iannotta e</p><p>Mary, 2002, Fasting et al, 2002) contribuíram para uma</p><p>consciencialização de como a prática de uma modalidade</p><p>desportiva pode adaptar-se ou desafiar a cultura dominante.</p><p>A homofobia pode reforçar os estereótipos ligados ao género e</p><p>influenciar a prática só no grupo de actividades desportivas</p><p>consideradas apropriadas ao género (Coakley, 1994),</p><p>condicionando, deste modo, a participação de rapazes e de</p><p>raparigas noutras actividades físicas e desportivas. Alguns</p><p>estudos (Young, 1997; Scraton et al, 1999) salientam a complexa</p><p>relação entre o praticar um desporto tradicionalmente masculino</p><p>e as construções de feminilidade e de sexualidade. Tal é</p><p>particularmente notório no contexto que Butler (1990) descreve</p><p>como de matriz heterossexual, isto é, o modo como a</p><p>heterossexualidade estrutura e codifica a vida do dia-a-dia. O</p><p>clima homofóbico no Desporto pressiona as mulheres atletas a</p><p>apresentarem uma imagem feminina heterossexual que evite</p><p>suspeitas e confrontações (Cox e Thompson, 2000), como</p><p>também parece exercer uma vincada necessidade de rapazes e</p><p>homens reforçarem a imagem da sua masculinidade quando os</p><p>padrões de movimentos das actividades desportivas que praticam</p><p>não lhe estão associados (Williamson, 1996).</p><p>Sociologia do Desporto 58</p><p>Ao completares esta unidade / lição, serás capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Conhecer como o género comporta no desporto;</p><p> Conhecer a importância de género no desporto actual e outrora.</p><p>Conteúdos Programáticos</p><p>Aspectos Epistemológicos o passo-a-passo de um projecto</p><p>científico</p><p>1. O desenvolvimento do interesse e tema</p><p>2. A revisão de literatura</p><p>a. As bases de dados</p><p>b. As normas das referências bibliográficas</p><p>c. Como organizar a revisão de literatura</p><p>3. O método</p><p>a. Desenhos de estudo</p><p>b. A escolha dos instrumentos medidas</p><p>c. O que significa uma associação entre variáveis</p><p>4. A análise de dados e a elaboração dos resultados</p><p>a. Bioestatística (SPSS e Excel ou outro programa)</p><p>5. A discussão</p><p>a. Conclusão</p><p>b. Recomendações</p><p>c. Referências bibliográficas</p><p>Objectivos</p><p>Desenvolver a utilização de métodos de investigação científica</p><p>no contexto da</p><p>Sociologia do desportivo.</p><p>Desenvolver a capacidade de análise sistemática de factos e a</p><p>reflexão crítica sobre os mesmos.</p><p>Sociologia do Desporto 59</p><p>Desenvolver a escrita de acordo com as normas de redacção de</p><p>textos científicos.</p><p>Elaboração de projectos científicos.</p><p>Conhecimentos, capacidades e competências a adquirir</p><p>Desenvolver a utilização de métodos de investigação científica</p><p>no contexto da Sociologia do desportivo.</p><p>Desenvolver a capacidade de análise sistemática de factos e a</p><p>reflexão crítica sobre os mesmos. Desenvolver a escrita de</p><p>acordo com as normas de redacção de textos científicos.</p><p>Elaboração de projectos científicos.</p><p>Metodologias de ensino e avaliação</p><p>Avaliação contínua Para realizar a avaliação contínua os alunos</p><p>terão de concretizar trabalhos de grupo e um trabalho individual.</p><p>Os trabalhos correspondem à elaboração de um projecto de</p><p>investigação. Os trabalhos de grupo correspondem a 2</p><p>apresentações orais mais 1 trabalho escrito (elaborado em três</p><p>fases) por grupo. O trabalho individual à simulação da recolha,</p><p>análise e apresentação de resultados.</p><p>A nota final será: 0.6*trabalho individual+0.4*trabalho de</p><p>grupo.</p><p>Todos os momentos terão de ser iguais ou superiores a 7.5 e a</p><p>nota final terá de ser igual ou superior a 9.5.</p><p>Avaliação por exame O aluno que não cumprir estes requisitos</p><p>poderá recorrer aos exames. Se acompanhou o processo de</p><p>avaliação contínua até ao final apenas terá acesso ao exame de 2ª</p><p>época.</p><p>A observação como ponto de partida A observação como ponto</p><p>de partida para uma análise pormenorizada das características</p><p>das equipas adversárias. Para uma análise pormenorizada das</p><p>características das equipas adversárias.</p><p>Inquérito sociográfico</p><p>Sociologia do Desporto 60</p><p>O desporto, independentemente dos objectivos com que é</p><p>praticado, apresenta-se cada vez mais como um espaço de</p><p>elevada importância social. À medida que a sociedade se vai</p><p>redimensionando com as alterações de novos princípios e</p><p>valores, as práticas desportivas sofrem diversas mudanças, e</p><p>com estas, o conceito de desporto tem vindo a alterar-se.</p><p>Segundo Marivoet (2002), definir o conceito de desporto</p><p>significa delimitar as práticas que são consideradas desportivas,</p><p>tarefa que se complexifica quando os consensos à volta dos</p><p>critérios utilizados nem sempre são concordantes. O desporto</p><p>moderno surge nos finais do século XIX, e insere-se no</p><p>desenvolvimento mais geral da civilização ocidental, não se</p><p>apresentando imutável às transformações que de forma mais</p><p>lenta, ou rápida, se têm vindo a expressar nas sociedades. O</p><p>desporto não se apresenta, assim, como um espaço fora da</p><p>história, desinserido das formações sociais que o expressam.</p><p>Compreende-se então que a realidade que sustentou o desporto</p><p>na Antiguidade Clássica, ou nos jogos da Idade Média, nada tem</p><p>a ver com a realidade social do desporto da Era Moderna</p><p>(Marivoet, 2002). De facto, o desporto moderno, fenómeno</p><p>característico e destacado das actuais sociedades de massas,</p><p>esconde atrás da sua aparente simplicidade uma enorme</p><p>complexidade social e cultural.</p><p>Segundo Pearson, o desporto, como uma instituição social</p><p>própria das sociedades industriais, tende a complexificar-se, e</p><p>progressivamente vai adquirindo as conotações de toda a</p><p>sociedade burocratizada, racional, formalizada, hierárquica,</p><p>tecnicamente eficiente e fortemente comercializada, (1989).</p><p>Para melhor compreender o conceito de desporto e a sua</p><p>evolução, torna-se necessário contextualizar as mudanças que se</p><p>têm vindo a verificar nas práticas desportivas ao longo dos</p><p>tempos.</p><p>História da vida</p><p>Género (sociologia)</p><p>O conceito de género tem a ver com a diferenciação social entre</p><p>os homens e as mulheres. Tem a vantagem, sobre a palavra</p><p>"sexo", de sublinhar as diferenças sociais entre os homens e as</p><p>mulheres e de as separar das diferenças estritamente biológicas.</p><p>Os estudos das relações sociais de género foram bastante</p><p>marcados pelo trabalho de investigação levado a cabo pela</p><p>Sociologia do Desporto 61</p><p>socióloga feminista norte-americana Jessie Bernard, que, em</p><p>meados dos anos 40 do século XX, iniciou a abordagem da</p><p>importância do "género" na organização da vida em sociedade.</p><p>A obra mais conhecida desta autora, The Future of Marriage</p><p>(1982), procura mostrar como é que o casamento constitui um</p><p>contexto institucional de cristalização de normas, valores, papéis</p><p>e padrões de interacção entre o homem e a mulher, que são</p><p>ideologicamente dominantes e que subjugam e oprimem a</p><p>mulher. Esse estudo tornou-se já um clássico, num dos domínios</p><p>de investigação sobre as relações sociais de género que mais se</p><p>tem desenvolvido: a divisão tradicional dos papéis sexuais e as</p><p>suas repercussões ao nível da família e do trabalho, ou em</p><p>relação ao domínio privado e ao domínio público. A</p><p>investigação sociológica no domínio das relações sociais de</p><p>género centra-se em dois pressupostos de análise principais:</p><p> A posição ocupada na sociedade pelos homens e pelas</p><p>mulheres não são apenas diferentes, mas também desiguais;</p><p> A desigualdade social entre homens e mulheres resulta,</p><p>principalmente, da organização da sociedade e não de</p><p>diferenças biológicas ou psicológicas significativas entre os</p><p>mesmos.</p><p>Em relação ao princípio analítico de que não há apenas uma</p><p>diferenciação socialmente construída entre homens e mulheres,</p><p>mas também, e sobretudo, uma desigualdade social, isto</p><p>significa que os estudos em função do género supõem que as</p><p>mulheres têm menos recursos materiais, estatuto social, poder e</p><p>oportunidades de auto-realização do que os homens com quem</p><p>partilham a mesma posição social.</p><p>O género é, assim, considerado um elemento que condiciona a</p><p>posição social dos indivíduos, tais como a classe, os rendimentos</p><p>económicos, a profissão, o nível de escolaridade, a idade, a raça,</p><p>a etnia, a religião e a nacionalidade. Neste âmbito, têm-se</p><p>desenvolvido estudos sociológicos centrados na discriminação e</p><p>na diferenciação social, em função do género, em diversas áreas</p><p>da vida em sociedade, tais como, por exemplo, as desigualdades</p><p>no acesso ao poder e ao emprego e na atribuição de rendimentos</p><p>salariais. No que respeita ao princípio de que as diferenças entre</p><p>os dois sexos são sobretudo socialmente instituídas e não</p><p>predeterminadas, o conceito explicativo principal é o de</p><p>"socialização". Por outras palavras, uma parte significativa dos</p><p>Sociologia do Desporto 62</p><p>estudos no domínio das relações sociais de género supõe que a</p><p>diferenciação de comportamentos e de traços de personalidade</p><p>consoante o género resulta de expectativas socialmente incutidas</p><p>nos indivíduos desde a infância, pelas quais as crianças são</p><p>socializadas no sentido de desempenharem diferentes papéis,</p><p>"masculinos" ou "femininos". Basicamente, trata-se de investigar</p><p>como é que, ao nível das interacções entre os indivíduos, são</p><p>construídas e recriadas de um modo permanente as dicotomias</p><p>entre o homem e a mulher. Neste domínio, são de salientar os</p><p>trabalhos da socióloga feminista britânica Dorothy Smith (1987)</p><p>e da teórica feminista francesa Luce Irgaray (1985), sobre o</p><p>modo como as linguagens actuais estão dominantemente</p><p>ancoradas em experiências e conceitos masculinos.</p><p>Análise de conteúdos e teste sociométrico</p><p>A análise de conteúdo é uma metodologia para as ciências</p><p>sociais para estudos de conteúdo em Comunicação e textos que</p><p>parte de uma perspectiva quantitativa, analisando</p><p>numericamente a frequência de ocorrência de determinados</p><p>termos, construções e referências em um dado texto. Em</p><p>Comunicação, é frequentemente usada como contraponto à</p><p>análise do discurso, eminentemente qualitativa.</p><p>A análise de conteúdo incide sobre várias mensagens, desde</p><p>obras literárias, até</p><p>entrevistas. O investigador tenta construir um</p><p>conhecimento analisando o “discurso”, a disposição e os termos</p><p>utilizados pelo locutor. O investigador necessita assim de utilizar</p><p>métodos de análise de conteúdo que implicam a aplicação de</p><p>processos técnicos relativamente precisos, não se devendo</p><p>preocupar apenas com aspectos formais, estes servem somente</p><p>de indicadores de actividade cognitiva do locutor.</p><p>A análise de conteúdo é hoje uma das técnicas ou métodos mais</p><p>comuns na investigação empírica realizada pelas diferentes</p><p>ciências humanas e sociais. Trata-se de um método de análise</p><p>textual que se utiliza em questões abertas de questionários e</p><p>(sempre) no caso de entrevistas. Utiliza-se na análise de dados</p><p>qualitativos, na investigação histórica, em estudos bibliométricos</p><p>ou outros em que os dados tomam a forma de texto escrito.</p><p> A análise de conteúdo segundo a conhecida definição de</p><p>Berelson, é “uma técnica de investigação para a descrição</p><p>objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Metodologia</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_sociais</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_sociais</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3o</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Texto</p><p>http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Quantitativa&action=edit&redlink=1</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_do_discurso</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Mensagem</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Entrevista</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Discurso</p><p>Sociologia do Desporto 63</p><p>da comunicação” (Berelson, 1952). Para que seja objectiva,</p><p>tal descrição exige uma definição precisa das categorias de</p><p>análise, de modo a permitir que diferentes pesquisadores</p><p>possam utilizá-las, obtendo os mesmos resultados; para ser</p><p>sistemática, é necessário que a totalidade de conteúdo</p><p>relevante seja analisada com relação a todas as categorias</p><p>significativas; a quantificação permite obter informações</p><p>mais precisas e objectivas sobre a frequência da ocorrência</p><p>das características do conteúdo.</p><p>É uma metodologia de análise que pode ser usada em planos</p><p>quantitativos de tipo survey, para tirar sentido das informações</p><p>recolhidas em entrevistas ou inquéritos de opinião, como, por</p><p>exemplo, quando temos em mãos um grande volume de dados</p><p>textuais dos quais há que extrair sentido (Ghiglione & Matalon,</p><p>1997). Este trabalho aborda as análises de conteúdo efectuadas</p><p>sobre o material de inquérito habitual.</p><p>Testes Sociométricos</p><p>O teste Sociométrico ajuda a avaliar o grau de integração duma</p><p>criança jovem no grupo; a descobrir a maneira como ela está a</p><p>tentar integrar-se; a ver se a sua experiência social se está a</p><p>realizar dum modo salutar ou não e, com base nestes dados,</p><p>melhorar a nossa intervenção pedagógica</p><p>Sumário</p><p>A modalidade de observação sociológica no desporto da</p><p>sociologia. O desporto, independentemente dos objectivos com</p><p>que é praticado, apresenta-se cada vez mais como um espaço de</p><p>elevada importância social.</p><p>.</p><p>Exercício 7</p><p>1. Fala de teste sociométrico?</p><p>2. Qual é a relação entre o género e sociologia?</p><p>3. Como será feita Análise de conteúdos e testes sociométrico?</p><p>4. O que entende por Inquérito sociográfico</p><p>Sociologia do Desporto 64</p><p>Unidade nº 8</p><p>Globalização, Meios de</p><p>comunicação e Desporto</p><p>Vocês já pararam para pensar em como os meios de</p><p>comunicação influenciam em nossas vidas? Vivemos em um</p><p>mundo cuja globalização atingiu tal ponto que são poucas as</p><p>comunidades que não tem acesso a algum meio de comunicação.</p><p>O momento actual tem sido chamado de era das comunicações,</p><p>já que o avanço tecnológico e o crescimento do acesso aos</p><p>veículos de comunicação trouxeram inúmeras implicações para o</p><p>ser social.</p><p>Um dos meios mais influenciadores é a TV. No mundo, nos</p><p>continentes e um país em desenvolvimento, onde a exclusão</p><p>social, caracterizada pelo não-acesso a factores de qualidade de</p><p>vida (como educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança,</p><p>etc.), a TV é o veículo de comunicação social mais acessível,</p><p>mais presente, assumindo um importante papel na vida</p><p>quotidiana.</p><p>A TV, nesse estágio está acessível a milhares de pessoas ao</p><p>mesmo tempo, e forma multiplicadores de sua realidade</p><p>ideologicamente montada envolvendo assim, todo o corpo</p><p>social. É evidente a maneira que a televisão tem alargado sua</p><p>influência em quase todas as partes do mundo. Ela é tão actuante</p><p>na vida familiar que tem sido considerada um membro</p><p>permanente.</p><p>De acordo com dados de 2003 divulgados pelo Instituto mundial</p><p>de Geografia e Estatística (IMGE) 60,6% da população mundial</p><p>com 15 anos ou mais é analfabeta, ou seja, tem a televisão como</p><p>uma das únicas fontes de informação. Aquilo que é apresentado</p><p>na TV torna-se verdade absoluta para aqueles que não possuem</p><p>outros referenciais informativos ou repertório que lhes permita</p><p>fazer uma leitura crítica do meio.</p><p>Sociologia do Desporto 65</p><p>Os meios de comunicação são responsáveis por passarem a</p><p>informação e muitos detêm poderes de manipulação e alienação</p><p>das massas; sugerindo produtos e maneiras de agir, tanto de</p><p>forma directa como indirecta. A publicidade sempre nos mostra</p><p>modelos perfeitos de ser, de vida ideal e que o expectador pode</p><p>adquirir, desde que compre determinado produto.</p><p>Os próprios programas de TV e as novelas chegam a mudar as</p><p>formas de comunicação das pessoas. São adoptados conceitos</p><p>que antes a pessoa não tinha, chegam a alterar hábitos, posturas,</p><p>gostos e comportamentos. Quem nunca usou a marca “x” porque</p><p>a personagem da novela estava usando, ou nunca disse</p><p>determinada “palavra” ou “expressão” porque determinada</p><p>pessoa usou na novela? A publicidade na média actua de tal</p><p>forma que vende o “produto”, mas para garantir o jornais,</p><p>entreter e livros o público, vende também ideias, valores e</p><p>conceitos.</p><p>Torna-se necessário que sejamos pessoas críticas e não nos</p><p>deixemos influenciar por tudo aquilo que vemos. Reconheço a</p><p>importância dos meios de comunicação como parte de nossa</p><p>evolução pessoal, entretanto não podemos estar sempre</p><p>predispostos aos eles. Devemos possuir nossa própria</p><p>autonomia, nossa própria identidade. Mesmo na arena desportiva</p><p>a nossa responsabilidade pela realidade das nossas condições são</p><p>bem claras através do media que nos ajuda e muito que varias</p><p>informações importantes por isso temo de tomar</p><p>cuidado.</p><p>A globalização, num conceito minimamente resumido, é</p><p>sinónimo de ligação das várias partes do mundo a nível social,</p><p>Sociologia do Desporto 66</p><p>cultural, económico e político. No nosso país vemos os efeitos</p><p>da globalização sobretudo nos jovens, o que explícito,</p><p>principalmente, no modo, de vestir e agir.</p><p>Os meios de comunicação como DVD, TV e principalmente a</p><p>Internet põem os jovens em contacto com outras culturas e eles</p><p>acabam por aculturar aquilo que vêem e ouvem. Isto é</p><p>demonstrado, por exemplo, no estilo que muitos adoptaram.</p><p>Os pais, ocupados em trabalhar para manter o bem-estar da</p><p>família, deixam os filhos entregues a si mesmos e ainda lhes dão</p><p>pouca atenção, o que tende a gerar muitos problemas. Aí a</p><p>personalidade dos jovens, hoje em dia, acaba por ser formada,</p><p>principalmente, pelos meios de comunicação, que funcionam</p><p>como os seus educadores.</p><p>Com isto os jovens acabam por perder a sua própria cultura, e</p><p>aspectos importantes dessa cultura que os mais velhos tanto</p><p>preservaram, como certos valores. Por isto não é exagero afirmar</p><p>que a nossa cultura, com as suas características únicas, está em</p><p>vias de extinção.</p><p>Os mais novos já nascem com uma nova cultura: a da sabedoria</p><p>precoce de coisas não que deveriam ser permitidas às crianças.</p><p>Assim, mudam os tempos e o comportamento de crianças e</p><p>jovens também.</p><p>Os Jogos Olímpicos</p><p>Os Jogos Olímpicos são um grande evento internacional, com</p><p>desportos de verão e de</p><p>inverno, em que milhares de atletas</p><p>participam de várias competições. Actualmente os Jogos são</p><p>realizados a cada dois anos, em anos pares, com os Jogos</p><p>Olímpicos de Verão e de Inverno se alternando, embora ocorram</p><p>a cada quatro anos no âmbito dos respectivos Jogos sazonais.</p><p>Originalmente, os Jogos Olímpicos da Antiguidade foram</p><p>realizados em Olímpia, na Grécia, do século VIII a.C. ao século</p><p>V d.C. No século XIX, o Barão Pierre de Coubertin fundou o</p><p>Comité Olímpico Internacional (COI) em 1894. O COI se tornou</p><p>o órgão dirigente do Movimento Olímpico, cuja estrutura e as</p><p>acções são definidas pela Carta Olímpica.</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Eventos_multiesportivos</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAmeros_pares_e_%C3%ADmpares</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos_de_Inverno</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos_da_Antiguidade</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Ol%C3%ADmpia</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_de_Coubertin</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Comit%C3%A9_Ol%C3%ADmpico_Internacional</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Ol%C3%ADmpico</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_Ol%C3%ADmpica</p><p>Sociologia do Desporto 67</p><p>A evolução do Movimento Olímpico durante o século XX</p><p>obrigou o COI a adaptar os Jogos para o mundo da mudança das</p><p>circunstâncias sociais. Alguns destes ajustes incluíram a criação</p><p>dos Jogos de Inverno para desportos do gelo e da neve, os Jogos</p><p>Paralímpicos de atletas com deficiência física e visual</p><p>(actualmente atletas com deficiência intelectual e auditiva não</p><p>participam) e os Jogos Olímpicos da Juventude para atletas</p><p>adolescentes. O COI também teve de acomodar os Jogos para as</p><p>diferentes variáveis económicas, políticas e realidades</p><p>tecnológicas do século XX. Como resultado, os Jogos Olímpicos</p><p>se afastaram do amadorismo puro, como imaginado por</p><p>Coubertin, para permitir a participação de atletas profissionais.</p><p>A crescente importância dos meios de comunicação gerou a</p><p>questão do patrocínio corporativo e a comercialização dos Jogos.</p><p>O Movimento Olímpico é actualmente composto por federações</p><p>desportivas internacionais, comités olímpicos nacionais (CONs)</p><p>e comissões organizadoras de cada especificidade dos Jogos</p><p>Olímpicos. Como o órgão de decisão, o COI é responsável por</p><p>escolher a cidade anfitriã para cada edição.</p><p>A cidade anfitriã é responsável pela organização e financiamento</p><p>à celebração dos Jogos coerentes com a Carta Olímpica. O</p><p>programa olímpico, que consiste no do que serão disputados a</p><p>cada Jogo Olímpicos, também é determinado pelo COI. A</p><p>celebração dos Jogos abrange muitos rituais e símbolos, como a</p><p>tocha e a bandeira olímpica, bem como as cerimónias de</p><p>abertura e encerramento. Existem mais de 13 000 atletas que</p><p>competem nos Jogos Olímpicos de Inverno e em 33 diferentes</p><p>modalidades desportivas com cerca de 400 eventos. Os finalistas</p><p>do primeiro, segundo e terceiro lugar de cada evento recebem</p><p>medalhas olímpicas de ouro, prata ou bronze, respectivamente.</p><p>Os Jogos têm crescido em escala, a ponto de quase todas as</p><p>nações serem representadas. Tal crescimento tem criado</p><p>inúmeros desafios, incluindo boicotes, Doping, corrupção de</p><p>agentes públicos e terrorismo. A cada dois anos, os Jogos</p><p>Olímpicos e sua exposição à média proporcionam a atletas</p><p>desconhecidos a possibilidade de alcançar fama nacional e, em</p><p>casos especiais, a fama internacional. Os Jogos também</p><p>constituem uma oportunidade importante para a cidade e o país</p><p>se promover e mostrar-se para o mundo</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Paral%C3%ADmpicos</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Paral%C3%ADmpicos</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos_da_Juventude</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Meios_de_comunica%C3%A7%C3%A3o</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Federa%C3%A7%C3%B5es_Esportivas_Internacionais</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Federa%C3%A7%C3%B5es_Esportivas_Internacionais</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Comit%C3%AA_Ol%C3%ADmpico_Nacional</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Desporto_ol%C3%ADmpico</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Chama_Ol%C3%ADmpica</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_Ol%C3%ADmpica</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Cerim%C3%B4nias_dos_Jogos_Ol%C3%ADmpicos</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Cerim%C3%B4nias_dos_Jogos_Ol%C3%ADmpicos</p><p>Sociologia do Desporto 68</p><p>Conceituação</p><p>O termo mass media é formado pela palavra latina media (meios),</p><p>plural de medium (meio), e pela palavra inglesa mass (massa). Em</p><p>sentido literal, os mass mídia seriam os meios de comunicação de</p><p>massa (televisão, rádio, imprensa, etc.). Porém, esta denominação</p><p>sugere que os meios de comunicação são agentes de massificação</p><p>social, o que nem sempre está de acordo com a realidade social</p><p>observável.</p><p>A relação entre os meios de comunicação e o desporto não é apenas de</p><p>divulgação do Desporto na mídia. A mídia também assume o papel de</p><p>participar da determinação dos rumos do Desporto (horários, regras,</p><p>formas de disputa, etc), de enfatizar uma certa compreensão de</p><p>desporto, de defender ou atacar políticas públicas de desporto, enfim,</p><p>mais do que apenas informar sobre o Desporto, a mídia influencia o</p><p>Desporto.</p><p>A lógica que rege a relação entre desporto e mídia é a da</p><p>espectacularização e do consumo, uma vez que tanto o desporto</p><p>quanto a mídia se beneficia dessa relação. Porém, ao nos</p><p>referirmos ao desporto que está na mídia, não estamos nos</p><p>referindo a qualquer desporto, mas em particular ao desporto de</p><p>alto rendimento, uma vez que o desporto de lazer raramente se</p><p>torna assunto da mídia. Enfim, já não é possível referir-se ao</p><p>desporto contemporâneo, especialmente o Desporto de alto</p><p>rendimento, sem associá-lo aos meios de comunicação de massa.</p><p>A importância dos meios de comunicação, para a sociedade,</p><p>assenta principalmente em dois factores. Em primeiro lugar, e</p><p>embora concorram, em termos de influência, com outros agentes</p><p>mediadores, como a escola ou a família, os meios de</p><p>comunicação suportam conteúdos que contribuem para os</p><p>processos de produção e construção, de reprodução e</p><p>reconstrução e de representação social da realidade e da cultura,</p><p>desde logo porque têm um papel na prescrição dos</p><p>comportamentos e atitudes aceitáveis e convenientes no meio</p><p>social, porque fazem circular a informação, podendo promover o</p><p>conhecimento, e porque estabelecem os parâmetros da</p><p>normalidade e os referentes sociais sobre a realidade. Em</p><p>segundo lugar, os meios de comunicação, enquanto artefactos</p><p>Sociologia do Desporto 69</p><p>técnicos e não apenas enquanto difusores de mensagens, terão</p><p>tido também um papel relevante na determinação da história das</p><p>civilizações, das sociedades e das culturas.</p><p>Sumário</p><p>Na sociologia do desporto como podemos combinar de uma</p><p>forma mais interativa assuntos ligada aos media e o</p><p>desenvolmento desta no sociedade e no mundo em geral.</p><p>Exercício 8</p><p>1. Fale da importância da sociologia no desporto e a relação</p><p>que os médios têm com relação ao género no âmbito</p><p>desportivo.</p><p>2. Comente a relação mídias e Desporto?</p><p>3. O que entende sobre o movimento olímpico e jogos</p><p>olímpico? Qual será a diferença entre eles?</p><p>4. O que a globalização traz de novo para o desporto?</p><p>5. Existem mais de 13 000 atletas que competem nos Jogos</p><p>Olímpicos de Inverno e em 33 diferentes modalidades</p><p>desportivas com cerca de 400 eventos. Comente esta</p><p>afirmação explorando todo o conhecimento que tens de</p><p>uns jogos Olímpicos. Sistematizar a informação.</p><p>Sociologia do Desporto 70</p><p>Referencias bibliografías complementarias</p><p>1. Carlos B. M. (1994). O Que é Sociologia 38ª ed. - São</p><p>Paulo Brasíliense, (Colecção primeiros passos).</p><p>2. Manzi,L &Marques,J.(2006). As Novas Tecnologias na</p><p>Mediação do Fato Desportivo: Uma Abordagem a Partir</p><p>da Ecologia da Média.</p><p>3. BETTI, Mauro(1997).. Violência em campo: dinheiro,</p><p>mídia e transgressão às regras no futebol espetáculo. Ijuí:</p><p>Unijuí, 1997.</p><p>4. BETTI, Mauro.(1998). A janela de vidro: esporte,</p><p>televisão e Educação Física. Campinas: Papirus,</p><p>5. PIRES, Giovani de Lorenzi.(2002). Educação Física e o</p><p>discurso midiático: abordagem crítico emancipatória.</p><p>Ijuí: Unijuí,</p><p>nas áreas do Desporto</p><p>Sociologia do Desporto 6</p><p>Como está estruturado este</p><p>módulo</p><p>Todos os módulos dos cursos produzidos por CED - UCM encontram-</p><p>se estruturados da seguinte maneira:</p><p>Páginas introdutórias</p><p> Um índice completa.</p><p> Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os</p><p>aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.</p><p>Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de</p><p>começar o seu estudo.</p><p>Conteúdo do curso / módulo</p><p>O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma</p><p>introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo</p><p>actividades de aprendizagem, e uma ou mais actividades para auto-</p><p>avaliação.</p><p>Outros recursos</p><p>Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista</p><p>de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir</p><p>livros, artigos ou sites na internet.</p><p>Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação</p><p>Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada</p><p>unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para</p><p>desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes</p><p>elementos encontram-se no final do módulo.</p><p>Comentários e sugestões</p><p>Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários</p><p>sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários</p><p>serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.</p><p>Ícones de actividade</p><p>Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens</p><p>das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do</p><p>processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de</p><p>texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.</p><p>Sociologia do Desporto 7</p><p>Habilidades de estudo</p><p>Caro Estudante, antes de mais o ensino à distância requer de ti</p><p>uma grande responsabilidade, ou seja, é necessário que tenhas</p><p>interesse em estudar, porque o teu estudo é ‘auto-didáctico’.</p><p>Entretanto, vezes há em que te acharás possuidor de muito</p><p>tempo, enquanto, na verdade, é preciso saber geri-lo para que</p><p>tenhas em tempo útil as fichas informativas lidas e os exercícios</p><p>do módulo resolvidos, evitando que os entregues fora de tempo</p><p>exigido.</p><p>Precisa de apoio?</p><p>Há exercícios que o caro estudante não poderá resolver sozinho, neste</p><p>caso contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a</p><p>situação e se estiver próximo do tutor, contacte-o pessoalmente.</p><p>Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o</p><p>estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,</p><p>usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.</p><p>Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de</p><p>problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa</p><p>fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de</p><p>natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.</p><p>As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante,</p><p>tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste</p><p>período pode apresentar dúvidas, tratar questões administrativas, entre</p><p>outras.</p><p>O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta,</p><p>busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-me</p><p>mutuamente, reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de</p><p>forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas</p><p>competências</p><p>Tarefas (avaliação e auto-</p><p>avaliação)</p><p>O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e</p><p>auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é</p><p>importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes</p><p>do período presencial.</p><p>Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não</p><p>cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do</p><p>estudante.</p><p>Sociologia do Desporto 8</p><p>Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser</p><p>dirigidos aos tutores/docentes da cadeira em questão.</p><p>Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo</p><p>os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os</p><p>direitos do autor.</p><p>O plágio deve ser evitado. A avaliação da cadeira será controlada da</p><p>seguinte maneira:</p><p>Avaliação</p><p>Os exames são realizados no final da cadeira e os trabalhos marcados</p><p>em cada sessão têm peso de uma avaliação, o que adicionado os dois</p><p>pode-se determinar a nota final com a qual o estudante conclui a</p><p>cadeira.</p><p>A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.</p><p>Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 3 (três) trabalhos; 2 (dois)</p><p>testes e 1 (exame).</p><p>Sociologia do Desporto 9</p><p>Unidade nº 1</p><p>Conceito</p><p>A Sociologia é a parte das ciências humanas que estuda o</p><p>comportamento humano em função do meio e os processos que</p><p>interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições.</p><p>Ao completares esta unidade / lição, serás capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Conhecer a Sociologia do Desporto;</p><p> Conhecer os principais conceitos da Sociologia</p><p>do Desporto.</p><p> Saber as diversas arias de actuação da Sociologia</p><p>do Desporto.</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_humanas</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamento</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Associa%C3%A7%C3%B5es</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo_%28Sociologia%29</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Institui%C3%A7%C3%A3o</p><p>Sociologia do Desporto 10</p><p>Conceito da Sociologia</p><p>O seja, sociologia é a ciência que estuda as relações entre as</p><p>pessoas que pertencem a uma comunidade ou aos diferentes</p><p>grupos que formam a sociedade.</p><p>A Sociologia, como as demais ciências sociais, é uma ciência</p><p>eternamente jovem, histórica.</p><p>O objecto de estudo da Sociologia</p><p>A Sociologia surgiu no século XIX e se dedicava ao estudo do mundo</p><p>social, até hoje as inúmeras interpretações para esta ciência, onde</p><p>alguns dizem que é uma ciência da sociedade, outros interpretam que é</p><p>o estudo dos fenómenos sociais e das relações humanas, mas todos</p><p>concordam que a sociologia é o estudo das relações e interacções</p><p>humanas.</p><p>O objecto de estudo da sociologia engloba a análise dos fenómenos de</p><p>interacção entre os indivíduos, as formas internas de estrutura (as</p><p>camadas sociais, a mobilidade social, os valores, as instituições, as</p><p>normas, as leis), os conflitos e as formas de cooperação geradas através</p><p>das relações sociais.</p><p>Sumário</p><p>O termo Sociologia foi criado em 1838 (séc. XIX) por Auguste</p><p>Comte, que pretendia unificar todos os estudos relativos ao</p><p>homem — como a História, a Psicologia e a Economia. Mas foi</p><p>com Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber que a Sociologia</p><p>tomou corpo e seus fundamentos como ciência foram</p><p>institucionalizados.</p><p>A Sociologia, através de seus métodos de investigação científica,</p><p>procura compreender e explicar as estruturas da sociedade,</p><p>criando conceitos e teorias a fim de manter ou alterar as relações</p><p>de poder nelas existentes.</p><p>O Desporto, nas suas diversas vertentes - educativa, recreativa ou de</p><p>rendimento - constitui um dos fenómenos sociais identificadores desde</p><p>anos de transição de milénio.</p><p>Sociologia do Desporto 11</p><p>Exercícios 1</p><p>1. Que entende por Sociologia do Desporto?</p><p>2. Qual é o seu objecto de estudo?</p><p>3. Quais são as áreas da Sociologia que actuam no Desporto?</p><p>4. Qual é a principal importância da Sociologia para o Deporto?</p><p>5. Em que ano foi fundado a Sociologia?</p><p>6. Quem tornou a Sociológico mais notório?</p><p>Sociologia do Desporto 12</p><p>Unidade nº 2</p><p>Fundamento da Sociologia</p><p>As unidades irão conceituando o Fundamento da Sociologia</p><p>Ao completares esta unidade / lição, serás capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Conhecer a importância do trabalho do</p><p>desenvolvimento da sociologia;</p><p></p><p>Saber descrever os diversos conhecimentos da</p><p>sociologia desenvolvidos pelo Durkheim.</p><p>As tentativas de definir dos factos Desportivos, nas suas diversas</p><p>vertentes como: o desenvolvimento é um processo que decorre</p><p>no tempo e espaço e traz consigo mudanças quantitativas e</p><p>qualitativas; tem a sua dinâmica e decorre permanentemente,</p><p>cada fase é sempre uma preparação para a fase seguinte.</p><p>Ao longo do século passado foram realizadas diversas tentativas para</p><p>definir a palavra Desporto. Pese embora a sua variedade e diversidade</p><p>são alguns os autores que continuam a concluir pela impossibilidade</p><p>de definir o conceito.</p><p>O Desporto é uma actividade física sujeita a determinadas regras e que</p><p>visa a competição. Embora a capacidade física seja o factor-chave para</p><p>o resultado final da prática Desportiva, existem outros factores</p><p>igualmente decisivos, como é o caso da destreza mental ou ainda do</p><p>equipamento do desportista. Acima do seu lado competitivo, os</p><p>http://conceito.de/desporto</p><p>Sociologia do Desporto 13</p><p>desportos são uma forma de entretenimento quer para os praticantes,</p><p>quer para os espectadores.</p><p>Ainda que, por vezes, sejam confundidos os conceitos de Desporto e</p><p>actividade física, estes não são sinónimos.</p><p>A actividade física é uma mera prática, ao passo que o Desporto</p><p>implica uma competência sempre com vista num resultado.</p><p>Segundo Michel Bouet (1968), definir Desporto como a procura</p><p>competitiva (actual ou potencial) da performance no campo do</p><p>movimento físico afrontado intencionalmente com dificuldades.</p><p>Macintosh (1970): Desporto refere-se a todas as actividades físicas</p><p>que não são necessariamente para a sobrevivência do indivíduo ou da</p><p>raça e que são dominadas por um elemento compulsório.</p><p>O seja o Desporto é uma actividade de lazer cuja dominante é o</p><p>esforço físico, praticada por alternativa ao jogo e ao trabalho, de uma</p><p>forma competitiva, comportando regras e instituições especificas, e</p><p>susceptível de se transformar em actividades profissionais.</p><p>Como todos sabemos, o Desporto tem adquirido, cada vez mais, uma</p><p>grande importância na sociedade. Apresenta um carácter de coesão</p><p>social e de consolidação da cidadania, assumindo assim um papel</p><p>primordial no processo de socialização do Homem, principalmente</p><p>porque as actividades desportivas estão ligadas ao desenvolvimento</p><p>social.</p><p>O Desporto está presente em nossa sociedade como um denomino,</p><p>quanto a isso não há mais como negarmos. Sua presença permeia os</p><p>diversos sectores da nossa sociedade e faz parte do conteúdo do debate</p><p>académico, pois sua discussão extrapola a esfera Desportiva. Questões</p><p>económicas, políticas e culturais, na qual a sociologia foi fundada e se</p><p>embaça para fundamentar sua discussão cientificamente, no desporto,</p><p>estes aspectos também estão presentes, caracterizando a sociologia do</p><p>Desporto.</p><p>O Desporto como fenómeno sociocultural, envolve diferentes pessoas</p><p>e contextos. Ele rompe o paradigma das macros estruturas para os</p><p>micros estruturas sociais, passando por reflexões por meio da teoria</p><p>crítica do desporto nos aspectos da teoria social do consenso para a</p><p>teoria social do conflito. Cabe também ressaltar que, não devemos</p><p>tratar o Desporto como um vilão nas questões sociais, mas também</p><p>Sociologia do Desporto 14</p><p>como uma possibilidade de auxílio na transformação social, utilizando</p><p>o Desporto como um meio educacional e não um fim.</p><p>Sua presença em todas as sociedades significação social do</p><p>Desporto</p><p>O Desporto é o grande fenómeno sociocultural da actualidade que</p><p>estimula de crianças a idosos a praticarem, e seu contacto acontece</p><p>desde criança, seja como telespectador ou como praticante, e entre os</p><p>não praticantes, o interesse ocorre pelos factos desportivos que vem</p><p>crescendo nas últimas décadas. Com isso, a aproximação com o</p><p>Desporto acontece nas ruas, nos clubes, nos estádios de futebol e nas</p><p>escolas. Pois, podemos ver a sociologia do desporto em todas a</p><p>sociedade de forma muito diversificada, pois isto tudo por natureza</p><p>tem um significa social do Desporto, porque a muitas convergências e</p><p>intercâmbios dos diversos acontecimentos dentro do Desporto.</p><p>Sumário</p><p>O Desporto deve assumir outras características mais adequadas,</p><p>tratando-o pedagogicamente, pois este inadequadamente é tratado no</p><p>ambiente escolar, onde nas aulas os alunos têm que reproduzir as</p><p>técnicas e os gestos desportivos procurando atingir um rendimento</p><p>máximo, o qual acaba sendo o objectivo do professor. A sociedade a</p><p>sociologia e o desporto estão todos interligados por natureza da</p><p>actividade que se faz durante muitos anos.</p><p>Exercício 2</p><p>1. Sobre a Sociologia do Desporto: ilustra algumas actividades</p><p>desportivas que as conhecei.</p><p>2. De entre vários autores que definem o Desporto qual te</p><p>identifica, Porque?</p><p>3. O que entendes por Destreza mental?</p><p>4. A onde podemos praticar o Desporto?</p><p>5. Faça uma ligação entre a Sociologia e o Desporto?</p><p>6. Explique-nos que relações existem entre Sociologia e o</p><p>Desporto?</p><p>Sociologia do Desporto 15</p><p>Unidade nº 3</p><p>Desporto e Sociologia</p><p>Nesta unidade envolverá a discussão sobre a Sociologia e Desporto</p><p>uma área da Sociologia que se centra no Desporto como fenómeno</p><p>social e nas estruturas sociais, padrões e organizações ou grupos</p><p>comprometidos com o Desporto.</p><p>Ao completares esta unidade / lição, serás capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Saber definir o Desporto;</p><p> Conhecer as linhas do Desporto ligadas a Sociologia;</p><p> Conhecer a ligação entre o Desporto e a Sociologia.</p><p>O Desporto contemporâneo nasceu na Europa, na 2.ª metade do</p><p>século XIX, com as regras e as instituições que conduziram os</p><p>jogos físicos tradicionais do ritual ao recorde. O recorde parece</p><p>ser, de facto, o símbolo fundamental do desporto moderno de</p><p>alia competição. A obsessão na busca contínua de novos</p><p>recordes é um dado que distingue os desportos modernos dos</p><p>desportos greco-romanos ou medievais.</p><p>Trata-se duma consequência da evolução do Desporto e da sua</p><p>integração numa sociedade que exalta a eficácia, o rendimento e</p><p>o progresso. O Desporto moderno nasceu com a sociedade</p><p>capitalista industrial, sociedade centrada sobre o tríplice</p><p>princípio que acabámos de enunciar. E por isso que este</p><p>Desporto começou a ser visto, e mesmo por muitos definido</p><p>explicitamente, enquanto organização do corpo como máquina</p><p>humana de rendimento desportivo ou enquanto ciência</p><p>http://pt.encydia.com/es/Sociologia</p><p>http://pt.encydia.com/es/Desporto</p><p>http://pt.encydia.com/es/Organiza%C3%A7%C3%A3o</p><p>Sociologia do Desporto 16</p><p>experimental do rendimento corporal. Se o desporto antigo era</p><p>praticado como uma espécie de culto do corpo, o desporto</p><p>moderno bem depressa se tomou num culto do progresso.</p><p>A história do Desporto começa a ser concebida explicitamente</p><p>como uma mitologia da ascensão ininterrupta em direcção ao</p><p>melhor: Citius, Altius, Fortius. É este espírito novo, de tipo</p><p>industrial, que reflecte todas as categorias centrais do modo</p><p>capitalista de produção e as integra sob o princípio do</p><p>rendimento e que lança o corpo humano numa corrida fantástica</p><p>para uma proeza ainda não realizada Sendo um produto da</p><p>sociedade industrial, o Desporto moderno reproduz, por seu</p><p>lado, a imagem desta mesma sociedade, com o seu tipo de</p><p>funcionamento, com as suas crises e contradições e também com os</p><p>seus sonhos e suas esperanças.</p><p>Como o rendimento é o princípio-base da sociedade industrial,</p><p>podemos também afirmar que este princípio constitui o motor e</p><p>a alma do sistema Desportivo moderno. Com o princípio de</p><p>rendimento como centro de gravidade, o Desporto moderno pode</p><p>ser considerado uma representação simbólica da sociedade e</p><p>industrial que funciona na lógica da concorrência, da produção,</p><p>da maior eficácia</p><p>e dum progresso que se quer ininterrupto.</p><p>O Desporto moderno seria mesmo uma materialização abstracta</p><p>do rendimento corporal, uma espécie de modelo de abstracção</p><p>Sociologia do Desporto 17</p><p>da sociedade industrial. Por outras palavras, o Desporto actual,</p><p>seria uma espécie de forma abstracta da tecnologia corporal</p><p>centrada sobre o rendimento, embora enxertada nas formas</p><p>lúdicas e utilizando os exercícios físicos competitivos como</p><p>meio de expressão. Aliás isto é compreensível, pois o Desporto</p><p>moderno, tendo nascido com a sociedade capitalista industrial, é</p><p>praticamente inseparável das suas estruturas e do seu</p><p>funcionamento. A estreita ligação deste fenómeno cultural, que é</p><p>o Desporto, às estruturas e funcionamento da sociedade</p><p>industrial pode ser um ponto de partida eficaz para uma</p><p>interessante análise social.</p><p>Entendido como sendo todas as formas de actividades físicas</p><p>que, através de uma participação organizada ou não, têm por</p><p>objectivo a expressão ou o melhoramento da condição física e</p><p>psíquica, o desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção</p><p>de resultados na competição a todos os níveis, o Desporto não</p><p>está à margem do processo de globalização.</p><p>O Desporto adquire um importante estatuto como fenómeno de</p><p>globalização e de “hipermodernidade” Os Desportos, modernas</p><p>tradições inventadas na segunda metade do século XIX nos</p><p>colégios privados britânicos frequentados pelos filhos das elites,</p><p>tornaram-se, ao longo do século XX, numa das mais relevantes</p><p>manifestações culturais das classes populares Europeias.</p><p>Megaeventos desportivos como os Jogos Olímpicos ou os</p><p>Campeonatos Mundiais de Futebol têm vindo a comprovar, de</p><p>forma cada vez mais manifesta, a importância do Desporto</p><p>enquanto fenómeno cultural global. Ao longo do século XX,</p><p>estes eventos transformaram-se numa das mais significativas</p><p>formas de representação de identificações políticas e sociais, e</p><p>em especial de afirmação dos Estados-nação no cenário</p><p>internacional.</p><p>A difusão inicial dos Desportos relacionou-se de forma próxima</p><p>com a geografia dos interesses coloniais, económicos e políticos</p><p>britânicos. Na última década do século XIX, a revolução dos</p><p>jogos passou pela divulgação do críquete no subcontinente</p><p>indiano, na Austrália, nas Caraíbas e na África do Sul. Por seu</p><p>lado, na Europa continental e na América do Sul, o Desporto, e</p><p>em especial o futebol, foi transportado por agentes integrados</p><p>nas rotas comerciais e educativas do império. Noutros terrenos,</p><p>em avançado processo de modernização, como nos Estados</p><p>Unidos da América, assistiu-se, no quadro da necessidade de</p><p>uma ruptura simbólica e cultural com o império Britânico e de</p><p>Sociologia do Desporto 18</p><p>invenção de novas tradições, à construção de práticas</p><p>desportivas autónomas.</p><p>Sumário</p><p>Por outras palavras, o desporto actual, seria uma espécie de</p><p>forma abstracta da tecnologia corporal centrada sobre o</p><p>rendimento, embora enxertada nas formas lúdicas e utilizando os</p><p>exercícios físicos competitivos como meio de expressão. Aliás</p><p>isto é compreensível, pois o desporto moderno, tendo nascido</p><p>com a sociedade capitalista industrial, é praticamente</p><p>inseparável das suas estruturas e do seu funcionamento. A</p><p>estreita ligação deste fenómeno cultural, que é o desporto, às</p><p>estruturas e funcionamento da sociedade industrial pode ser um</p><p>ponto de partida eficaz para uma interessante análise social.</p><p>Exercício 2</p><p>1.Explica o desenvolvimento de desporto na época da sociedade</p><p>industrial e todas as suas fases de transformação deste</p><p>antiguidade á modernismo?</p><p>Sociologia do Desporto 19</p><p>Unidade nº 4</p><p>Perspectivas sociológicas</p><p>sobre a actividade física</p><p>Esta unidade irá debruçar acerca das perspectivas sociológicas sobre a</p><p>actividade física.</p><p>Ao completares esta unidade / lição, serás capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Saber definir as perspectivas sociológicas;</p><p> Conhecer a actividade física</p><p> Conhecer a relação entre a Sociologia e actividade física.</p><p>Conceitos</p><p>A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua actividade</p><p>física como qualquer movimento produzido pela musculatura</p><p>esquelética que resulte em energia expandida, quantificável em</p><p>termos do critério de Kilo-Joule (Kj) ou Kilo-calorias (Kcal),</p><p>(Vieira, 1996).</p><p>O seja, a actividade física é qualquer movimento corporal,</p><p>produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte em gasto</p><p>energético maior que os níveis de repouso.</p><p>Actividade física é um conjunto de acções corporais capazes de</p><p>contribuir para a manutenção e o funcionamento normal do</p><p>organismo em termos Biológicos, Psicológicos e Sociais. O</p><p>exercício tem como objectivo induzir habilidades e capacidades</p><p>motoras (coordenação e condicionamento), bem como</p><p>incrementar a mobilidade.</p><p>Sociologia do Desporto 20</p><p>Quando visamos estabelecer relações entre lazer e qualidade de</p><p>vida, buscamos entender quais os benefícios que este pode trazer</p><p>as pessoas, e também, qual a relação e como a Educação Física</p><p>pode actuar.</p><p>Pimentel (2002), o que caracteriza e delimita a actuação do</p><p>profissional de Educação Física na área do lazer e recreação é a</p><p>prática da actividade física orientada. Isso é importante ser</p><p>esclarecido porque nem sempre o lazer será trabalhado</p><p>especificamente por profissionais de Educação Física.</p><p>A Recreação é comummente apresentada de maneira ligada à</p><p>área de lazer quase como se o binómio “Recreação e Lazer”</p><p>possuíssem um significado único. Isto talvez ocorra por ambas</p><p>às áreas possuírem características comuns como o componente</p><p>lúdico, a busca da satisfação pessoal, a flexibilidade nas regras.</p><p>Mas recreação e lazer não estão restritos um ao outro, embora</p><p>muitas vezes encontraremos vivências que pertencem às duas</p><p>áreas.</p><p>Werneck et al. (1999) coloca que o lazer não deve somente</p><p>almejar a qualidade de vida no sentido individual, mas sim em</p><p>seu sentido social, histórico, político e cultural. Essa afirmativa</p><p>remete a necessidade da busca por condições dignas de vida para</p><p>sociedade como um todo. As melhorias das condições</p><p>socioeconómicas da sociedade contribuiriam para a melhoria da</p><p>qualidade de vida desta sociedade.</p><p>Actuação do profissional de Educação Física na área do lazer,</p><p>torna-se possível, pois além de proporcionar a actividade física,</p><p>está associada ao bem-estar físico, o qual poderá criar situações</p><p>ou indicar elementos relacionados à característica de cada</p><p>indivíduo que envolvam os seis conteúdos do lazer (Artístico;</p><p>Intelectuais; Manuais; Físico-Desportivo; Turístico; e Social).</p><p>Consequentemente conciliando a qualidade de vida. Portanto,</p><p>visto na óptica que o profissional em Educação Física deve ter</p><p>em relação ao lazer à qualidade de vida é no sentido de fomentar</p><p>e esclarecer discussões que permeiam a intervenções</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Lazer</p><p>Sociologia do Desporto 21</p><p>profissionais, neste caso, especificamente no que tange as suas</p><p>relações com a saúde e qualidade de vida.</p><p>Antes de qualquer coisa, a existência é corporal, tem uma</p><p>contribuição significativa no que diz respeito aos estudos de corpo,</p><p>especialmente na vertente sociológica. A corporeidade humana,</p><p>fruto de indagações e questionamentos de diversas áreas do</p><p>conhecimento, como a antropologia, história, filosofia e as ciências da</p><p>saúde, tem sido análise voltada aos aspectos sociais e culturais, em que</p><p>a dimensão simbólica do corpo e suas representações pelos atores são</p><p>centrais para a sua compreensão.</p><p>A Prática pedagógica na Sociologia do Corpo na actividade física</p><p>Ao serem indagados sobre de que forma, em suas disciplinas ou</p><p>prática pedagógica, os professores trabalham com o corpo dos seus</p><p>alunos, as respostas apontaram para duas tendências, conforme pode</p><p>ser visualizado no quadro 1.</p><p>Quadro 1: A Prática pedagógica</p><p>na Sociologia do Corpo na actividade</p><p>física.</p><p>Aspectos objectivos ou</p><p>Corpo com actividades</p><p>regulares</p><p>Corpo performance</p><p>• Repetição de movimentos (técnica);</p><p>• Instrumentalização do aluno para traçar objectivos,</p><p>acompanhar e avaliar;</p><p>• Treinamento de movimentos específicos, tornar o</p><p>corpo hábil;</p><p>• Instrumento para a prática do desporto;</p><p>• Instrumento para adquirir saúde.</p><p>Corpo-experimento</p><p>• Experimentação e vivência prática de aspectos teóricos,</p><p>essencialmente técnicos, para futura aplicação.</p><p>Total Parcial</p><p>Aspectos subjectivos ou</p><p>Corpo abstracto</p><p>Corpo subjectiva</p><p>• Descobertas, sensações, revelações no/do próprio corpo</p><p>• Exploração e criação de movimentos</p><p>• Reflexão sobre as práticas</p><p>Outros</p><p>Corpo como um todo, físico, psíquico e social</p><p>• Fundamentação teórica/prática da ginástica para aplicação</p><p>no mercado de trabalho</p><p>Sociologia do Desporto 22</p><p>Sumário</p><p>Esta unidade permite conhecer a sociologia e a sua história no</p><p>que diz respeito as perspectivas sociológicas sobre a actividade.</p><p>Exercício 4</p><p>1. Fale da importância da sociologia sobre a actividade física. E</p><p>de 4 exemplo claros.</p><p>2. Contracene os autores e a sua realidade no âmbito da matéria</p><p>em questão?</p><p>3. Faça uma reflexão da sociologia e actividade física e saúdo?</p><p>Sociologia do Desporto 23</p><p>Unidade nº 5</p><p>Lazer e Desporto</p><p>A prática de actividade física e os desportos de recreação e lazer são</p><p>essenciais para a nossa saúde e bem-estar. Actividade física adequada</p><p>e desporto para todos constituem um dos pilares para um estilo de vida</p><p>saudável, a par de uma alimentação saudável, vida sem tabaco e o</p><p>evitar de outras substâncias prejudiciais à saúde. O exercício físico</p><p>regular, fornece aos jovens inúmeros benefícios (físicos, mentais e</p><p>sociais) para a saúde.</p><p>Desporto e lazer</p><p>Ao completares esta unidade / lição, serás capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Conhecer o Desporto;</p><p> Saber deferência Lazer e Desporto;</p><p> Analisar as sociedades nas comunidades e</p><p>fazer um enquadramento histórico;</p><p>A Demografia é uma área da ciência geográfica que estuda a</p><p>dinâmica populacional humana. O seu objecto de estudo engloba</p><p>as dimensões, estatísticas, estrutura e distribuição das diversas</p><p>populações humanas. Estas não são estáticas, variando devido à</p><p>natalidade, mortalidade, migrações e envelhecimento. A análise</p><p>demográfica centra-se também nas características de toda uma</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Din%C3%A2mica_populacional</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Natalidade</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Mortalidade</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Migra%C3%A7%C3%A3o_humana</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Envelhecimento_populacional</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_demogr%C3%A1fica</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_demogr%C3%A1fica</p><p>Sociologia do Desporto 24</p><p>sociedade ou um grupo específico, definido por critérios como a</p><p>Educação, a nacionalidade, religião e pertença étnica.</p><p>No século XIX, mais precisamente no ano de 1855, Achille</p><p>Guillard em seu livro Eléments de Statistique Humaine ou</p><p>Démographie Comparée (Elementos de Estatística Humana ou</p><p>Demografia Comparada), usou pela primeira vez o termo</p><p>demografia.</p><p>A demografia estendeu-se além do campo da antropologia.</p><p>Principalmente na segunda metade do século XX, muitos</p><p>estudos voltaram-se ao estudo da demografia de animais e de</p><p>plantas.</p><p>As alterações no estilo de vida, observadas nos últimos anos,</p><p>desencadearam um aumento da inactividade física, tornando-se</p><p>um problema sério em vários lugares do mundo, tanto em países</p><p>em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, mais comum em</p><p>classes sociais com pessoas menos instruídas, vivendo abaixo da</p><p>linha de pobreza e em famílias com menor rendimento.</p><p>Torna-se cada vez mais importante ir ao encontro dos desejos da</p><p>população e criar condições para ocupar os jovens em</p><p>actividades saudáveis e que permitam um desenvolvimento</p><p>harmonioso.</p><p>A implementação de equipamentos desportivos nas freguesias do</p><p>Concelho é uma das razões para o aumento da prática desportiva</p><p>ou simplesmente para a utilização dos equipamentos para lazer,</p><p>o que tem acontecido nos últimos tempos com a criação do</p><p>circuito de manutenção que junta no mesmo espaço avós e netos</p><p>para desfrutar de um período agradável.</p><p>A criação destes equipamentos só foi possível devido ao grande</p><p>esforço e investimento feitos pela Autarquia que continua</p><p>apostada no incremento de novas infra-estruturas como é o caso</p><p>da Piscina Municipal, em Alcáçovas, o Pavilhão Desportivo de</p><p>Aguiar, e ainda a piscina coberta, em Viana do Alentejo,</p><p>projectos a realizar a curto prazo durante o presente mandato.</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo_%C3%A9tnico</p><p>http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Achille_Guillard&action=edit&redlink=1</p><p>http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Achille_Guillard&action=edit&redlink=1</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia</p><p>Sociologia do Desporto 25</p><p>Conceitos de Lazer</p><p>Dumazedier, (1983) o lazer é um conjunto de ocupações às</p><p>quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para</p><p>repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda,</p><p>para desenvolver sua informação ou formação desinteressada,</p><p>sua participação social voluntária ou sua livre capacidade</p><p>criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações</p><p>profissionais, familiares ou sociais.</p><p>Diferenças entre Recreação, Lazer, Jogo e Brincadeira</p><p>Como se pode analisar nos conceitos existem algumas diferenças</p><p>entre a recreação, o lazer, o jogo e a brincadeira.</p><p>A recreação é todas actividades que o individuo procura praticar</p><p>em seu tempo livre buscando sua satisfação. As brincadeiras são</p><p>também actividades onde o indivíduo as procura, porém a</p><p>diferença é que nas brincadeiras o praticante para obter o</p><p>resultado deve se entregar totalmente a actividade</p><p>transformando-a em divertida, alegre e que cause um bem-estar</p><p>em quem procura este estado de espírito. Uma actividade</p><p>recreativa pode não obter esse resultado.</p><p>O Lazer pode ser ao mesmo tempo férias e trabalhos</p><p>voluntários, nadar e fazer desporto, prazeres gastronómicos e</p><p>entretenimentos musicais, actividades de lazer, leitura de jornal e</p><p>estudo de uma obra-prima, conversa fútil e conversa cultural.</p><p>São actividades que não visa a obtenção de um pagamento e</p><p>colocam-se à margem das obrigações familiares, sociais,</p><p>políticas e religiosas. São desinteressadas e realizadas</p><p>livremente, a fim de proporcionar satisfação aos indivíduos que</p><p>as praticam.</p><p>Fazendo distinção entre jogo e brincadeira pode-se dizer que o</p><p>jogo é a actividade com regras que definem uma disputa “que</p><p>serve para brincar” e brincadeira é o atam ou efeito de brincar,</p><p>entreter-se, distrair-se com um brinquedo ou jogo. Ao tentar</p><p>estabelecer a diferença entre jogos e brincadeiras há apenas uma</p><p>Sociologia do Desporto 26</p><p>pequena mudança: o jogo é uma brincadeira com regras e a</p><p>brincadeira, um jogo sem regras. O jogo se origina do brincar ao</p><p>mesmo tempo em que é o brincar.</p><p>Acerca deste tema, achamos importante relembrar a “Carta</p><p>Europeia do Desporto”, de Rhodes, em 1992 (em baixo – PDF</p><p>nº1), na qual ministros europeus discutiram, entre outros temas,</p><p>um conjunto de medidas de apoio à igualdade da prática</p><p>desportiva para todos. Essas medidas estão apresentadas ao</p><p>longo de todo o documento, salientando-se o Artigo 4º, quando</p><p>fica explícito que, em relação ao governo de cada país, “tomar-</p><p>se-ão medidas tendo em vista dar a todos os cidadãos a</p><p>possibilidade de praticarem desporto e, se for caso disso,</p><p>medidas suplementares para permitir</p><p>às pessoas ou grupos</p><p>desfavorecidos ou deficientes, aproveitarem realmente estas</p><p>possibilidades”, sendo que “Os proprietários de instalações</p><p>desportivas tomarão as disposições necessárias para permitir que</p><p>as pessoas desfavorecidas, incluindo as que sofrem de uma</p><p>deficiência física ou mental, tenham acesso a estas instalações.</p><p>Desporto para todos</p><p>Importância do Desporto:</p><p> Igualdade de oportunidades;</p><p> Educação e saúde;</p><p> Qualidade de vida;</p><p> Inclusão social de todos os cidadãos.</p><p>Sociologia do Desporto 27</p><p>Acesso das pessoas com deficiência à prática de actividades</p><p>desportivas:</p><p> Autonomia;</p><p> Integração;</p><p> Valorização pessoal;</p><p> Participação;</p><p> Melhores níveis de acessibilidade psicológica e social;</p><p>O direito das pessoas com deficiência à prática de actividades de</p><p>Desporto constitui a expressão de um direito fundamental de todo o</p><p>ser humano.</p><p>Benefícios:</p><p> Autonomia;</p><p> Mobilidade;</p><p> Melhoria da condição física;</p><p> Melhoria das capacidades desportivas;</p><p> Aumento da auto-estima;</p><p> Aumento da motivação;</p><p> Aumento da interacção e comunicação;</p><p> Aumento dos níveis de participação.</p><p>A qualidade de vida de uma pessoa com deficiência depende da sua</p><p>participação activa no seu próprio processo de desenvolvimento e do</p><p>aumento crescente da sua auto-confiança, da construção da sua própria</p><p>identidade, da sua capacidade de decisão e da sua percepção do</p><p>ambiente onde está inserida.</p><p>Pretende-se com a prática desportiva conduzir a pessoa com</p><p>deficiência ou incapacidade a uma maior autonomia e a uma maior</p><p>eficiência na relação consigo própria e com o meio, potenciando-se a</p><p>sua socialização e promovendo-se, assim, níveis seguros de integração</p><p>psico-social e de interacção social.</p><p>Numa perspectiva global dos direitos humanos, o acesso às actividades</p><p>desportivas, por parte das pessoas com deficiência, coloca-se no</p><p>respeito pela vida e no direito à diferença, no sentido da construção de</p><p>uma sociedade para todos.</p><p>Sumário</p><p>O lazer e desporto são uma área da sociologia do desporto onde</p><p>podemos tratar de diversos assuntos liga a sociologia do desporto.</p><p>Sociologia do Desporto 28</p><p>Exercício 5</p><p>1. Explica por palavras tua o que entende e sobre a compreensão</p><p>do lazer e Desporto fazendo uma relação com a sociologia do</p><p>Desporto?</p><p>2. O que seria brincadeira e lazer?</p><p>3. De exemplo das actividade de lazer e comente no mínimo 4 a</p><p>sua importância para a sociedade?</p><p>4. Qual é a relação da demografia para a sociologia?</p><p>5. No século XIX, mais precisamente no ano de 1855, Achille</p><p>Guillard em seu livro Eléments de Statistique Humaine ou</p><p>Démographie Comparée (Elementos de Estatística Humana ou</p><p>Demografia Comparada), usou pela primeira vez o termo</p><p>demografia. Comenta a afirmação em 12 linhas.</p><p>http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Achille_Guillard&action=edit&redlink=1</p><p>http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Achille_Guillard&action=edit&redlink=1</p><p>Sociologia do Desporto 29</p><p>Unidade nº 6</p><p>Socialização no Desporto</p><p>Actualmente o Desporto e a socialização se afirmar pela codificação e</p><p>institucionalização das diferentes práticas físicas, assentes na</p><p>regulamentação e regulação das acções desportivas que se inserem</p><p>num processo mais geral de normalização das sociedades, este não</p><p>deve ser considerado como um mero produto da industrialização, mas</p><p>sim uma adaptação à moderna vida económica, política e social.</p><p>Características da sociedade actual como a individualização, o culto</p><p>pela diferença, a ruptura com a uniformidade e a rotina, a</p><p>normalização niveladora, juntamente com o culto do corpo, a procura</p><p>de lazeres activos e a informatização dos espaços de prática e dos</p><p>tempos que lhe são dedicados, trouxeram uma dinâmica própria bem</p><p>como novos valores às práticas desportivas.</p><p>Ao completares esta unidade / lição, serás capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Definir o que é Socialização no desporto;</p><p> Conhecer as grandes vantagens da Sociologia arena do Desporto.</p><p>Teoria de Augusto Comte (1798 a 1857) - Positivismo</p><p>O positivismo foi uma corrente filosófica linha teórica da</p><p>sociologia, cujo mentor e iniciador principal foi Auguste Comte,</p><p>no século XIX. Apareceu como reacção ao idealismo, opondo ao</p><p>primado da razão, o primado da experiência sensível (e dos</p><p>dados positivos). Propõe a ideia de uma ciência sem teologia ou</p><p>metafísica, baseada apenas no mundo físico e material.</p><p>Sociologia do Desporto 30</p><p>A filosofia positiva ou positivismo corresponde a uma forma de</p><p>entendimento do mundo, do homem e das coisas em geral: ele</p><p>entende que os fenómenos da natureza acham-se submetidos a</p><p>leis naturais, que a observação descobre, que a ciência organiza</p><p>e que a tecnologia permite aplicar, preferencialmente em</p><p>benefício do ser humano. As leis naturais existem nas várias</p><p>categorias de fenómenos, que Augusto Comte distinguiu em</p><p>sete: há fenómenos matemáticos, astronómicos, físicos,</p><p>químicos, biológicos, sociais e psicológicos.</p><p>Estas categorias de fenómenos envolvem a totalidade dos</p><p>fenómenos naturais que o Positivismo reconhece como, todos</p><p>eles, submetidos a leis naturais.</p><p>O Positivismo considera que, quanto ao entendimento dos</p><p>fenómenos, quanto à forma de explicar o mundo, o progresso da</p><p>humanidade consistiu em partir-se da concepção teológica e</p><p>chegar-se à filosofia positiva.</p><p>O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo,</p><p>passa sucessivamente por três estados:</p><p>1- O estado teológico ou "fictício" explica os fatos por meio de</p><p>vontades análogas à nossa (a tempestade, por exemplo, será</p><p>explicada por um capricho do deus dos ventos, Eolo). Este</p><p>estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo.</p><p>b) O estado metafísico substitui os deuses por princípios</p><p>abstractos como "o horror ao vazio", por longo tempo atribuído à</p><p>natureza. A tempestade, por exemplo, será explicada pela</p><p>"virtude dinâmica “do ar</p><p>c) O estado positivo é aquele em que o espírito renuncia a</p><p>procurar os fins últimos e a responder aos últimos "por quês".</p><p>O Positivismo fez grande sucesso na segunda metade do século</p><p>XIX, mas, a partir da acção de grupos contrários, perdeu</p><p>influência no século XX. Todavia, desde fins do século XX ele</p><p>tem sido redescoberto como uma forma de perceber o homem e</p><p>o mundo, a ciência e as relações sociais.</p><p>Teoria de Herbert Spencer (1820-1903) Evolucionismo e</p><p>Organicismo</p><p>Sociologia do Desporto 31</p><p>Spencer, um dos pioneiros da sociologia, influi profundamente</p><p>no desenvolvimento da sociologia, não só na Inglaterra, como</p><p>também, na França e nos EUA. Defende o evolucionismo. Para</p><p>sustentá-lo, empregou um método comparativo, do qual foi um</p><p>dos pioneiros, bem como usou dados etnológicos. Utilizou dados</p><p>da história, da psicologia e da biologia. Desta ultima se serviu</p><p>para desenvolver a sua teoria organicista.</p><p>Estava convencido de que a sociologia deve proceder</p><p>comparando grupos sociais históricos, de modo a descobrir o</p><p>que tem em comum. Faz questão de salientar que a evolução</p><p>social não depende da vontade humana. Tanto a evolução social,</p><p>como o progresso, são necessários, não dependendo do homem.</p><p>Como Comte, Spencer acreditava que os agrupamentos humanos</p><p>podiam ser estudados cientificamente, e em seu notável trabalho</p><p>"Os Princípios da Sociologia" (1874-1896), ele desenvolveu</p><p>uma teoria de organização social do homem, apresentando uma</p><p>vasta série de dados históricos e etnográficos para fundamentá-</p><p>la. Para Spencer, todos os domínios do universo, físico,</p><p>biológico e social - desenvolvem-se segundo princípios</p><p>semelhantes. E a tarefa da sociologia é aplicar esses princípios</p><p>ao que ele denominou de campo super-orgânico, ou o estudo dos</p><p>padrões de relações dentre os organismos.</p><p>Spencer retorna a questão de Comité: o que mantém unida a</p><p>sociedade quando esta</p><p>se torna maior, mais heterogénea, mais</p><p>complexa e mais diferenciada? A resposta de Spencer em termos</p><p>gerais foi muito simples: sociedades grandes complexas,</p><p>desenvolvem:</p><p>- Interdependências dentre seus componentes especializados;</p><p>- Concentrações de poder para controlar e coordenar actividades</p><p>dentre unidades interdependentes. Para Spencer a evolução da</p><p>sociedade engloba o crescimento e a complexidade que é</p><p>gerenciada pela interdependência e pelo poder. Se os padrões da</p><p>interdependência e concentrações de poder falham ao surgir na</p><p>sociedade, ou são inadequados à tarefa, ocorre a dissolução, e a</p><p>sociedade se desmorona.</p><p>Ao desenvolver resposta à questão básica de Comte, Spencer fez</p><p>uma analogia aos corpos orgânicos, argumentando que as</p><p>Sociologia do Desporto 32</p><p>sociedades, como organismos biológicos, devem desempenhar</p><p>certas funções-chave se elas quiserem sobreviver.</p><p>As sociedades devem reproduzir-se; devem produzir bens e</p><p>produtos para sustentar os membros; devem prover a</p><p>distribuição desses produtos aos membros da sociedade; e elas</p><p>devem coordenar e regular as actividades dos membros. Quando</p><p>as sociedades crescem e se tornam mais complexas, revelando</p><p>muitas divisões e padrões de especialização, estas funções!</p><p>Chaves tornam-se distintas ao longo de três linhas:</p><p> - A operacional (reprodução e produção),</p><p> - A distribuidora (o fluxo de materiais e informação),</p><p> -A reguladora (a concentração de poder para controlar e</p><p>coordenar).</p><p>Spencer é mais bem lembrado por instituir uma teoria na</p><p>sociologia conhecida como funcionalismo. Essa teoria expressa</p><p>a ideia de que tudo o que existe em uma sociedade contribui para</p><p>seu funcionamento equilibrado; de que tudo o que nela existe</p><p>tem um sentido, e um significado.</p><p>Teoria de Le Play (1806-1882) - Pioneiro do Método</p><p>Monográfico</p><p>Le Play tem o mérito de ter sido um dos primeiros a encarar o</p><p>social dentro de uma perspectiva científica. Fez escola e foi um</p><p>dos construtores da metodologia sociológica.</p><p>Tratando das ciências sociais, não formulou conclusões</p><p>apressadas, pois reconhecidas que só depois da observação dos</p><p>factos se podem atingir resultados aceitáveis. Para atingi-los,</p><p>imaginou uma técnica, a monografia, da qual é pioneiro.</p><p>Estabelecendo o elemento mais simples da sociedade, o</p><p>sociólogo deve evitar o estabelecimento de conclusões logo após</p><p>apressadas suas observações. Não deve limitar-se a observar seu</p><p>meio. Deve preferir observar grupos sociais que não lhe são</p><p>familiares, pois os que lhe estão próximas podem ser vistos à luz</p><p>do prisma de sua crenças ou preferenciais. Deve-se afastar de</p><p>seu habitat, conhecer povos diferentes, enfim, viajar.</p><p>Sociologia do Desporto 33</p><p>Acreditando que as viagens proporcionam observação directa de</p><p>costumes e organizações sociais diferentes, Le Play percorreu a</p><p>Europa, não como turista, mas como estudioso de questões</p><p>sociais: observando, anotando e analisando.</p><p>Segundo Le Play, não seria o indivíduo isolado o elemento</p><p>fundamental para a compreensão da sociedade, mas sim a</p><p>unidade familiar. Estudou diversas famílias de trabalhadores sob</p><p>a industrialização e pôde observar que elas estavam mais</p><p>instáveis do que anteriormente. Le Play acreditava que se os</p><p>respectivos papéis tradicionais do homem e da mulher dentro da</p><p>família fossem resgatados, as famílias e a própria sociedade</p><p>poderiam adquirir mais equilíbrio.</p><p>O grande mérito de Le Play foi ter introduzido nas ciências</p><p>sociais a observação directa, isto é, a observação metódica,</p><p>controlável e objectiva. Escolheu, como ponto de partida de suas</p><p>observações, como forma de vida social mais elementar e</p><p>simples, bem como mais comum entre os povos, a família.</p><p>Teoria de Karl Marx (1818-1883) Sociologia crítica e</p><p>económica</p><p>Economista, filósofo e socialista, Karl Marx nasceu em Trier em</p><p>05 de Maio de 1818, e faleceu em Londres no dia 14 de Março</p><p>de 1883.</p><p>Em 1844 conhece Friedrich Engels: é o começo de uma grande</p><p>amizade. Em 1848, Marx e Engels publicaram o folheto O</p><p>Manifesto Comunista, primeiro esboço da teoria revolucionária</p><p>que, mais tarde, seria chamada marxista. Em 1867 publicou o</p><p>primeiro volume da sua obra principal: O Capital.</p><p>O ponto de partida do pensamento marxista é a consciência de</p><p>que toda história humana parte da existência de seres humanos</p><p>vivos, onde, partindo deste princípio, valorização do homem,</p><p>buscam alcançar as transformações necessárias para uma</p><p>sociedade mais justa, igualitária e humana.</p><p>A teoria marxista também procura explicar a evolução das</p><p>relações económicas nas sociedades humanas ao longo da</p><p>história, a história da humanidade seria constituída por uma</p><p>permanente luta de classes.</p><p>Sociologia do Desporto 34</p><p>Em sua obra O Capital, Marx analisa em profundidade a génese</p><p>e o desenvolvimento das categorias que estruturam a sociedade</p><p>burguesa ou capitalista, bem como as possibilidades de</p><p>superação das mesmas.</p><p>O modo de produção do capital só pode existir quando se</p><p>generaliza a produção de mercadorias. Isto quer dizer que todos</p><p>os bens produzidos pelo trabalho somente realizam sua utilidade,</p><p>que é satisfazer necessidades humanas, mediante a troca. Esses</p><p>bens não são apropriados e consumidos segundo as</p><p>necessidades, mas através da troca, ou seja, se os homens não</p><p>possuírem mercadorias estão excluídos do processo de troca e,</p><p>por conseguinte, impedidos de satisfazerem suas necessidades</p><p>vitais. O processo de produção da existência resume-se,</p><p>portanto, a um processo de produção de mercadorias.</p><p>O capital pressupõe a formação de duas classes sociais opostas e</p><p>complementares:</p><p>Burguesia (Interesse em produzir para obter lucros) e o</p><p>Proletariado (Vende a sua força de trabalho para obtenção dos</p><p>meios de subsistência para a manutenção da própria vida).</p><p>O salário refere-se ao tempo de trabalho necessário para a</p><p>produção da força de trabalho, do qual constam os tempos</p><p>necessários para a produção de todos os meios de subsistência</p><p>para a manutenção da vida dos trabalhadores.</p><p>A força de trabalho é remunerada pelo seu valor; no entanto, ela</p><p>produz um valor maior do que o seu próprio valor, que</p><p>corresponde a outra parcela da jornada de trabalho. Esse</p><p>excedente, que Marx denomina de mais-valia, se produz durante</p><p>a jornada institucionalizada de trabalho. Trata-se de um trabalho</p><p>não pago, de modo que a origem do capital se fundamenta na</p><p>apropriação privada do trabalho excedente.</p><p>Segundo Marx, as características fundamentais do capitalismo</p><p>são: Generalização da produção de mercadorias; Valor de troca;</p><p>Separação entre produtores directos e os meios de produção;</p><p>Transformação da força de trabalho em mercadoria. A Produção</p><p>de mercadorias visa o lucro.</p><p>Marx queria a inversão da pirâmide social: o Proletariado sobre</p><p>a Burguesia. Ele acreditava que a inversão da pirâmide social era</p><p>Sociologia do Desporto 35</p><p>a única força capaz de destruir a sociedade capitalista e construir</p><p>uma nova sociedade, socialista. Tentou demonstrar que no</p><p>capitalismo sempre haveria injustiça social, e que o único jeito</p><p>de uma pessoa ficar rica e ampliar a sua fortuna seria explorando</p><p>os trabalhadores, ou seja, o capitalismo, que de acordo com</p><p>Marx é agressivo.</p><p>O Estado é tratado por Marx e Engels como o poder público</p><p>dominado pela classe que detém o poder sobre os meios de</p><p>produção. Significa, por tanto, que se as classes desaparecerem</p><p>esses poder público perde o seu carácter de classe (poder</p><p>político), mas não deve desaparecer enquanto poder público.</p><p>Seria uma ingenuidade pensar que a sociedade comunista de</p><p>Marx e Engels vai eliminar os conflitos e as disputas entre os</p><p>homens. O que ela se propõe a eliminar são os conflitos de</p><p>classe, enquanto fundamento das desigualdades, das injustiças</p><p>sociais, da opressão e da alienação a que estão submetidos os</p><p>homens na sociedade capitalista.</p><p>Há ainda outra</p><p>importante faceta do trabalho de Marx: a função</p><p>militante do sociólogo. O objectivo da análise é expor a</p><p>desigualdade e a exploração em situações sociais e, assim</p><p>fazendo, desempenhar papel militante para superar essas</p><p>condições. Os sociólogos não devem apenas ficar na plateia; eles</p><p>devem trabalhar para mudar o mundo social de modo a reduzir</p><p>as desigualdades e a dominação de um segmento da sociedade</p><p>pelo outro. Marx propõe a superação do modo de produção</p><p>capitalista e a uma nova forma de produção com base no</p><p>colectivismo. Esse programa permanece ainda como fonte de</p><p>inspiração para muitos sociólogos que participam como</p><p>militantes no mundo social.</p><p>Teoria de Gabriel Tarde (1843-1904) Teoria da imitação</p><p>Psicossociologia</p><p>Tarde reduziu os fenómenos sociais a processos mentais,</p><p>principalmente à imitação, que teria sua origem na invenção.</p><p>Esta produtora das transformações sociais, seria individual,</p><p>dependo de poucos, enquanto a imitação, colectiva, necessitando</p><p>sempre de mais de uma pessoa. Assim, o processo social</p><p>caracteriza-se pela 'invenção de poucos e imitação de mitos.</p><p>Sociologia do Desporto 36</p><p>Portanto, para o sociólogo francês Gabriel Tarde, não há vida</p><p>social sem imitação. Na sua definição, sociedade é "uma</p><p>colecção de seres com tendência a se imitarem entre si, ou que,</p><p>sem se imitarem, actualmente se parecem, e suas qualidades</p><p>comuns são cópias antigas de um mesmo modelo." Tarde vai</p><p>além, de forma bem clara: "nós imitamos os outros a cada</p><p>instante, a não se que nós inovemos, o que é raro." Muito raro:</p><p>"pois nossas inovações são em sua maior parte combinações de</p><p>exemplos anteriores" e "permanecem estranhas à vida social se</p><p>não forem imitadas."</p><p>Para ele não há outra realidade se não a existência de</p><p>consciências individuais. Os indivíduos, por sua vez, não se</p><p>unem uns aos outros senão a partir do momento em que adoptam</p><p>um modelo de referência e imitam esse modelo. Esta imitação</p><p>não se faz sem resistência, sem oposição; mas é ela que permite</p><p>a adaptação social, a vida em sociedade, o liame social.</p><p>A obra de Tarde vem sendo objecto de reedições e comentários,</p><p>pois sua temática, ao discutir a imitação, a invenção, o público,</p><p>as multidões e os meios de comunicação, mostra-se de uma</p><p>actualidade contundente, aportando paradigmas plenamente</p><p>válidos, como ferramentas a serviço daqueles a quem cabe</p><p>interpretar a realidade, o direito e a sociedade.</p><p>Teoria de Emile Durkhiem (1858- 1917) Realismo</p><p>Sociológico</p><p>Durkheim assistiu e participou de acontecimentos marcantes e</p><p>que podemos notar directamente em sua obra, pelas</p><p>consequências directas da derrota francesa e das dívidas</p><p>humilhantes da guerra, e por uma série de medidas de ordem</p><p>política.</p><p>Vivenciou em momento de crises económicas, onde provocaram</p><p>conflitos entre as classes trabalhadoras e os proprietários dos</p><p>meios de produção, influenciando assim, sua afirmação de que</p><p>os problemas da sociedade Europeia eram "morais" e não</p><p>económicos, acontecendo frequentemente devido à fragilidade</p><p>da época.</p><p>Desenvolveu um método próprio para seus estudos, incluindo o</p><p>suicídio, devido ao enorme índice constatado por ele. Acreditava</p><p>Sociologia do Desporto 37</p><p>também, que os seus estudos pudessem ajudar a sociedade</p><p>futuramente.</p><p>Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal</p><p>selvagem que só se tornou Humano porque se tornou sociável,</p><p>ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos</p><p>de seu grupo social para poder conviver no meio deste. O</p><p>processo de aprendizagem, Durkheim chamou de</p><p>"Socialização", a consciência colectiva seria então formada</p><p>durante a nossa socialização e seria composta por tudo aquilo</p><p>que habita nossas mentes e que serve para nos orientar como</p><p>devemos ser, sentir e nos comportar. E esse "tudo" ele chamou</p><p>de "Fatos Sociais", e disse que esses eram os verdadeiros</p><p>objectos de estudo da Sociologia.</p><p>A sociedade não seria simplesmente a realização da natureza</p><p>humana, mas, ao contrário, aquilo que é considerado natureza</p><p>humana é, na verdade, produto da própria sociedade. Os</p><p>fenómenos sociais são considerados por Durkheim como</p><p>exteriores aos indivíduos, e devem ser conhecidos não por meio</p><p>psicológico, pela busca das razões internas aos indivíduos, mas</p><p>sim externamente a ele na própria sociedade e na interacção dos</p><p>factos sociais. Fazendo uma analogia com a biologia, a vida,</p><p>para Durkheim, seria uma síntese, um todo maior do que a soma</p><p>das partes, da mesma forma que a sociedade é uma síntese de</p><p>indivíduos que produz fenómenos diferentes dos que ocorrem</p><p>nas consciências individuais (isto justificaria a diferença entre a</p><p>sociologia e a psicologia).</p><p>Para Durkheim, os factos sociais possuem uma realidade</p><p>objectiva e, portanto, são passíveis de observação externa.</p><p>Devem, desta forma, ser tratados como "coisas".</p><p>Características dos factos Sociais:</p><p>Generalidade: é a comunhão no pensar, agir e sentir de um grupo</p><p>de pessoas. Todos têm os 'mesmos' comportamentos, seguem os</p><p>mesmos parâmetros e limites.</p><p>Exterioridade: é aquele facto que este intrínseco no indivíduo.</p><p>Mesmo que o indivíduo queira roubar, matar ou cometer</p><p>qualquer ato ilícito, ele não o fará, mas não por que está proibido</p><p>pela lei para tais actos, mas por estar acima de sua vontade o</p><p>limite do que pode ou não ser feito.</p><p>Sociologia do Desporto 38</p><p>Coercitividade: É a obrigação do indivíduo a seguir determinada</p><p>orientação, conceito ou norma já preestabelecida pela sociedade</p><p>(Estado).</p><p>Durkheim inverte a visão filosófica de que a sociedade é a</p><p>realização de consciências individuais. Para ele, as consciências</p><p>individuais são formadas pela sociedade por meio da coerção. A</p><p>formação do ser social, feita em boa parte pela educação, é a</p><p>assimilação pelo indivíduo de uma série de normas, princípios</p><p>morais, religiosos, éticos, de comportamento, etc, que balizam a</p><p>conduta do indivíduo na sociedade. Portanto, o homem, mais do</p><p>que formador da sociedade, é um produto dela.</p><p>Teoria de Georg Simmel (1858-1918) Formalismo</p><p>Sociológico</p><p>Simmel fez sociologia dentro do ponto de vista filosófico. Se</p><p>destacou como um dos representantes do movimento filosófico</p><p>que dominava nos meios universitários alemães: o neokantismo.</p><p>Portanto, Simmel trouxe para a sociologia a filosofia de Kant.</p><p>Pensou em construir uma sociologia capaz de fornecer visão</p><p>unitária do social, apenar da infinita variedade das relações</p><p>sociais. Se diferenciou no campo do estudo dos fenómenos</p><p>sociais em razão de seu interesse pela análise macrossociológica,</p><p>que se refere à investigação da sociedade, mas a partir das</p><p>acções e reacções dos atores sociais em interacção.</p><p>A sociologia formal é uma perspectiva teórica que está muito</p><p>próxima da chamada "sociologia da acção", e ambas se</p><p>contrapõem às concepções teóricas de carácter</p><p>macrossociológico, como o estruturalismo, o funcionalismo e o</p><p>neomarxismo.</p><p>Teoria de Leopold Von Wiese (1876 -1969) Sociologia das</p><p>Relações Sociais</p><p>Von Wiesse seguiu, de modo geral, as linhas fundamentais do</p><p>formalismo sociológico instaurado por Simmel, porém, e nisso</p><p>está a sua originalidade, sem os pressupostos filosóficos deste.</p><p>Denomina-se a sua teoria de "sociologia das Relações sociais", a</p><p>fim de evitar confusões com o formalismo filosófico de Simmel.</p><p>Sociologia do Desporto 39</p><p>Começa definindo a Sociologia, que para ele é a ciência</p><p>autónoma, como estudo da 'socialificação' e da</p><p>'dissocialificação'. É a ciência que gira em torno de processos,</p><p>distâncias e formações sociais.</p><p>O objecto da Sociologia é dado pelos "processos sociais ou inter-</p><p>humanos. Daí sua tarefa consistir em:</p><p>- Abstrair o social ou inter-humano do resto da vida humana;</p><p>- Constatar os efeitos do social e o seu modo de produção;</p><p>- Restituir o social ao conjunto da vida humana para tornar</p><p>compreensíveis suas relações com esta.</p><p>Von Wiese</p><p>pensa que, no plano social, os homens ou se unem</p><p>entre si (aproximam-se), ou se evitam (afastam-se).</p><p>Aproximação e afastamento ou separação, eis, pois, as formas</p><p>fundamentais de relações sociais.</p><p>Teoria de Vilfredo Pareto (1848 -- 1923) Mecanicismo</p><p>Sociológico.</p><p>As ideias de Pareto podem ser classificadas na corrente do</p><p>pensamento sociológico conhecida por mecanicismo</p><p>sociológico, que originaria do século XIX, é, juntamente com o</p><p>mecanicismo filosófico, influenciada pelo progresso das</p><p>Ciências Físico-Químicas, alcançado no século passado.</p><p>Pareto, como os demais mecanicistas, pesando com categorias,</p><p>terminologia, leis da física e da mecânica, fez também largo uso</p><p>do pensamento matemático. Daí ter empregado equações,</p><p>símbolos e raciocínio matemático no desenvolvimento de sua</p><p>teoria. Devido a tal modo de pensar, afirma ser ele um dos</p><p>fundadores da sociologia Matemática.</p><p>Matemática e mecânica, eis, pois, os pressupostos de sua teoria,</p><p>que, combinados com a observação, essencial aos fenómenos</p><p>sociais, levaram Pareto a estabelecer uma metodologia que</p><p>transforma a sociologia em ciência lógico-experimental.</p><p>A sociologia, diz Pareto, deve-se fundar não em dogmas ou em</p><p>axiomas, mas na experiência e na observação. Desta forma</p><p>propôs estudar os 'fatos sociais' com único fim de descobrir suas</p><p>uniformidades (leis) e as relações que os entrelaçam.</p><p>Sociologia do Desporto 40</p><p>Na sociologia, Pareto contribuiu para a elevação desta disciplina</p><p>ao estudo ao estatuto de ciência. Sua recusa em atribuir um</p><p>carácter utilitário, á ciência, mas antes apontar para sua busca</p><p>pela verdade independente de sua utilidade, o faz distinguir</p><p>como objecto da sociologia as acções não-lógicas diferentemente</p><p>do objecto da economia como sendo as acções lógicas.</p><p>O homem para Vilfredo Pareto não é um ser racional, mas um</p><p>ser que raciocina tão-somente. Frequentemente este homem</p><p>tanta atribuir justificativas pretensamente lógicas para suas</p><p>acções ilógicas deixando-se levar pelos sentimentos.</p><p>Teoria de Max Weber (1864-1920) Sociologia Compreensiva</p><p>Sociólogo e economista político alemão, um dos fundadores da</p><p>sociologia moderna, académico cujos estudos do capitalismo, de</p><p>religiões comparadas, de sistemas de classes e sistemas sociais,</p><p>juntamente com as suas contribuições a metodologia das</p><p>ciências sociais, ainda são de grande importância. Na opinião de</p><p>Weber, a tendência da civilização do ocidente tem sido rumo a</p><p>racionalização, conduzida pela crença no progresso por</p><p>intermédio da razão, que abriu caminho para o desenvolvimento</p><p>das organizações sociais, políticas e económicas que diverge da</p><p>maioria das outras culturas.</p><p>Weber procurou criar uma metodologia válida para a sociologia</p><p>fundamentada em valor-liberdade, a fuga dos juízos de valor que</p><p>compromete a pesquisa; a construção de tipos ideia, ou conceitos</p><p>generalizados, em comparação aos que se possam analisar os</p><p>sistemas e os fenómenos; e o que ele chamava de Verstehen</p><p>"Entendimento" em alemão, mas que também implica a</p><p>interpretação das actividades sociais segundo seu significado</p><p>subjectiva tanto para os "agentes" quanto para o pesquisador.</p><p>O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em</p><p>entender o sentido que as acções de um indivíduo contêm e não</p><p>apenas o aspecto exterior dessas mesmas acções. Se, por</p><p>exemplo, uma pessoa dá a outra um pedaço de papel, esse fato,</p><p>em si mesmo, é irrelevante para o cientista social. Somente</p><p>quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra</p><p>como forma de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um</p><p>cheque) é que se está diante de um facto propriamente humano,</p><p>ou seja, de uma acção carregada de sentido. O facto em questão</p><p>não se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de</p><p>Sociologia do Desporto 41</p><p>significações sociais, na medida em que as duas pessoas</p><p>envolvidas atribuem ao pedaço de papel a função do servir como</p><p>meio de troca ou pagamento; além disso, essa função é</p><p>reconhecida por uma comunidade maior de pessoas.</p><p>O objecto da Sociologia é a acção social. Acção social é a</p><p>conduta humana dotada de sentido (justificativa subjectivamente</p><p>elaborada).</p><p>É importante diferenciar acção social de relação social. No</p><p>primeiro caso, a acção é orientada pela conduta do outro. Na</p><p>Segunda a acção é orientada pelo sentido compartilhado</p><p>reciprocamente por um grupo de agentes.</p><p>Tipos de acção social:</p><p>Acção racional com relação a um objectivo (tem um fim</p><p>previamente determinado). Ex: a acção política.</p><p>Acção racional com relação a valor (relacionado à moral). Ex:</p><p>condutas ligadas às manifestações religiosas.</p><p>Acção afectiva (ditado pelo estado de consciência ou humor do</p><p>sujeito). Ex: o ciúme entre os casais.</p><p>Acção tradicional (ditado por valores culturais absorvidos pelo</p><p>sujeito como naturais, obedecendo a reflexos).</p><p>É para orientar o cientista na compreensão da acção social e,</p><p>consequentemente dos fenómenos sociais que faz-se necessário a</p><p>construção do tipo ideal.</p><p>Para ele a sociedade não "paira" sobre os indivíduos e nem lhes</p><p>é superior. As regras e normas sociais são resultados de um</p><p>conjunto complexo de acções individuais, nas quais os</p><p>indivíduos escolheriam diferentes formas de conduta. Há por</p><p>tanto, um privilégio da parte (indivíduo) sobre o todo</p><p>(sociedade)</p><p>A sociologia weberiana concebe a sociedade como um eterno</p><p>fluir, um conjunto inesgotável de acontecimentos que aparecem</p><p>e desaparecem, estando sempre em movimento devido a um</p><p>elemento básico: a acção social que implica uma concepção do</p><p>homem como indivíduo activa a partir de um processo de</p><p>conexão valorativa do homem visando o real.</p><p>Sociologia do Desporto 42</p><p>A contribuição de Weber para a Sociologia:</p><p> Busca da análise histórica e da compreensão qualitativa</p><p>para a compreensão dos processos históricos e sociais.</p><p> Descoberta da subjectividade na acção e pesquisa social.</p><p> Desenvolveu uma forma de análise específica para as</p><p>ciências sociais, diferenciando-a das ciências exactas e</p><p>da natureza.</p><p> Desenvolveu trabalhos na área de história económica,</p><p>buscando as leis de desenvolvimento das sociedades.</p><p> Estudou as relações entre o meio urbano e o agrário.</p><p>Teoria de Pitrim Aleksandrovich Sorokin (1899 - 1968)</p><p>Teoria das Flutuações dos sistemas socioculturais e da</p><p>mobilidade social.</p><p>Sorokin preocupou-se com o processo de civilização, ou seja,</p><p>estudou a dinâmica das civilizações, independente das</p><p>sociedades que se produziram ou que a elas serviram de suporte.</p><p>Sorokin levou a cabo um estudo profundo do que diferentes</p><p>povos consideraram como valioso durante a história. Dividiu os</p><p>sistemas de valores humanos em duas categorias principais que</p><p>denominou de empírica e idealista. O sistema de valores</p><p>empírico atribui valor ao que pode ser percebido pelos sentidos</p><p>físicos. O sistema de valores idealista atribui valor a conceitos</p><p>intelectuais e espirituais. Sorokin descobriu que o que é</p><p>considerado valioso pelas pessoas influencia suas crenças, suas</p><p>estruturas sociais e políticas e também sua arte.</p><p>Os povos que mantêm o ponto de vista empírico chegam à sua</p><p>verdade por meio da observação física e crêem que a relação</p><p>entre causa e efeito é invariável e determinada inteiramente pelo</p><p>acaso. Os povos que mantêm o ponto de vista idealista chegam à</p><p>verdade por inspiração ou revelação de Deus e crêem que as</p><p>causas verdadeiras se encontram em um mundo além do mundo</p><p>sensorial. Os povos que mantêm a visão empírica identificam o</p><p>bem com a felicidade, os povos que mantêm a visão idealista</p><p>crêem que o bem está determinado por princípios. Os povos que</p><p>mantêm a visão empírica atribuem ao indivíduo uma</p><p>importância capital e crêem que a sociedade é valiosa somente</p><p>na medida em que ajuda o indivíduo a alcançar a satisfação</p><p>completa de seus impulsos egocêntricos. Os ricos, os militares</p><p>Sociologia do Desporto 43</p><p>ou aqueles</p>