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DESCRIÇÃO A construção histórica das práticas esportivas dentro do contexto social e suas manifestações pelo olhar da Psicologia Social e pela Psicologia do Esporte. PROPÓSITO Compreender os conceitos e a origem das práticas esportivas pelo viés da Psicologia Social do Esporte e como se tornaram um fenômeno sociocultural na contemporaneidade, contribuindo para um trabalho ético e produtor de possibilidades existenciais humanas. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever a importância da Psicologia Social no contexto, nas práticas esportivas e no trabalho do profissional de Educação Física MÓDULO 2 Identificar as estruturas e dinâmicas de grupo como um fenômeno complexo e as possibilidades de intervenção e estruturação MÓDULO 3 Relacionar as influências sociais e culturais no processo de violência dentro e fora dos esportes MÓDULO 4 Reconhecer a dinâmica da relação entre mídia e esporte INTRODUÇÃO Geralmente, é possível identificar a popularidade de espetáculos esportivos como UFC, NBA, UEFA e Campeonato Brasileiro na mídia – são os principais campeonatos americanos, europeus e brasileiros de esportes como futebol, basquete e lutas. Contudo, para além dos holofotes, patrocínios, programas televisivos e dos padrões estéticos que habitam as academias e outros contextos, voltados para performance e simetria dos corpos, existe um campo muito maior e mais complexo. É preciso dar atenção especial às possibilidades de ação e intervenção dos diversos profissionais da área esportiva sobre os indivíduos, que utilizam o esporte e suas derivações como "meios" e não "fim" específico de vitória, rendimento ou fins estéticos. As práticas esportivas estão alinhadas com o propósito de proporcionar saúde e qualidade de vida, o que, por um lado, é uma verdade científica validada, possibilitando o manejo e prevenção de doenças crônicas, fatais e transtornos mentais. Porém, para além desta perspectiva popular dissipada nas academias e esportes midiáticos, outras modalidades ficam ofuscadas por não possuírem o mesmo apelo e resultados que estas já citadas anteriormente. A reabilitação, inclusão, projetos comunitários, abordagens com foco na terceira idade e ressocialização através das práticas e contextos esportivos, em sua maioria, ficam em segundo plano e com poucos investimentos devido à construção desta "verdade universal esportiva", capitalista e reprodutora de corpos adestrados frente a um ideal totalitário. Diante deste panorama contemporâneo do mundo esportivo, cabe uma análise pelo viés da Psicologia Social do Esporte, possibilitando a compreensão de como este fenômeno tornou-se um legado cultural e social, baseado no modelo capitalista de produção. Ainda, na contribuição dos papéis desempenhados pelo profissional de Educação Física e demais outros inseridos nestes contextos. MÓDULO 1 Descrever a importância da Psicologia Social no contexto, nas práticas esportivas e no trabalho do profissional de Educação Física O HOMEM E O ESPORTE A análise do cenário contemporâneo sobre a concepção do esporte fomenta a importância de um novo olhar sobre a relação homem, corpo, esporte, sociedade, capitalismo e cultura, enquanto um fenômeno sociocultural com complexas dimensões e estruturas que o compõe. Enquanto este fenômeno contemporâneo, consumido e transformado em produto, devido a sua consolidação e poder em todas as esferas da sociedade, o esporte detém um valor cultural que acaba sendo campo de estudo e atuação das áreas da Psicologia, Antropologia, Sociologia e outras afins voltadas para fisiologia dos corpos. A Psicologia Social do Esporte estuda e analisa de forma diferenciada as características, especificidades, subjetividades, individualidades, peculiaridades e precariedades de um indivíduo, grupo, população ou local onde a prática esportiva é realizada. Por um lado, temos uma Psicologia do Esporte, voltada mais popularmente para práticas que envolvam a performance de atletas, a fim de contribuir para o manejo de todas as demandas e fenômenos psicológicos em jogo. Por outro, temos uma Psicologia Social do Esporte, que aborda o esporte em relação à cultura e à sociedade que o cerca, seus impactos e influências. Ambas as áreas de conhecimento não são excludentes em si, nem complementares, mas contribuem para perspectivas e dimensões diferentes, direcionadas a um mesmo objeto de estudo. A Psicologia Social do Esporte trata-se de uma abordagem integralista que atinge todos os indivíduos inseridos na prática esportiva, não direcionada apenas aos atletas profissionais, ao aumento da performance ou à conquista de medalhas e repetição dos movimentos, regras e técnicas específicas de forma mecanicista dos corpos, moldando-os às rígidas possibilidades de atuação. A Psicologia Social do Esporte está vinculada à democratização das práticas esportivas, adentrando por particularidades existenciais e reais, que compreendem o praticante do contexto esportivo como um ser humano singular, com limites e modos de expressão corporal próprios. Inclusive, podem ser aprimorados e desenvolvidos dentro da cultura do esporte, mas, que este não precisa ser encaixado em um molde tecnicista, visando apenas o aprimoramento do desempenho em busca de títulos e premiações. Sua importância envolve os impactos nas dimensões simbólicas e subjetivas dentro do contexto social, com possibilidades de produção de novas perspectivas existenciais. Cabe, neste sentido, apresentarmos as outras dimensões que também contemplam o papel da Psicologia do Esporte para além da alta performance e modalidades competitivas. Em um campo menos conhecido, longe dos holofotes e da grande mídia, temos a Psicologia Social do Esporte, voltada para os contextos diversos de possibilidades humanas nas práticas esportivas. Reabilitação, qualidade de vida, inclusão, sociabilização, inclusão de necessidades especiais e projetos comunitários, além de outras dimensões humanas, sociais e culturais, utilizam as práticas esportivas como um meio, um instrumento de intervenção e desenvolvimento humano e social, e não com um fim específico de resultados e prêmios. Sendo possível, dentro do campo da Psicologia do Esporte, áreas que colaboram para o aumento de rendimento e performance, através dos acolhimentos das demandas psicológicas; por outro lado, área de cooperação nas políticas e manifestações culturais que agregam, através das práticas esportivas, um novo valor ao corpo humano e social. SAIBA MAIS A Psicologia Social do Esporte e a Psicologia do Esporte são duas áreas que contribuem para o trabalho do profissional de Educação Física sobre a importância da perspectiva de um novo olhar e sobre sua atuação nos contextos esportivos. Não podemos esquecer que, longe de toda popularidade e prestígio que algumas práticas trazem consigo, esse olhar social e humanizado é um dever científico e moral que deve promover o desenvolvimento de uma nova percepção e posicionamento sobre as outras dimensões e possibilidades que envolvem o indivíduo inserido nas práticas esportivas e seu papel social. Para Rubio (2007), ao buscar somente a performance e a vitória, surge um embate que implica nos valores de nossa sociedade atual, como produtora de um trabalho alienante, na utilização dos corpos como objetos de intervenção passíveis de manipulação técnica rumo ao rendimento máximo. Todo este contexto fica apenas contribuindo com os interesses inerentes aos espetáculos esportivos, que envolvem também a venda de produtos e a imagem dos patrocinadores, corroborando para idealização de uma performance integral do potencial físico e psicológico dos atletas. Diante desta situação, os profissionais inseridos neste campo de atuação irão se deparar com questões éticas, profissionais, morais e sociais, pois o esporte e suas práticas detêm valor cultural devido a sua natureza de criação humana. A PSICOLOGIA SOCIAL E A PSICOLOGIA DO ESPORTE A Psicologia Social do Esporte é uma área que aborda as práticas esportivasem uma dimensão social. De fato, ela apresenta uma outra perspectiva sobre o fenômeno, que comumente abrange, em larga escala, as dimensões físicas e fisiológicas produzidas pelos corpos de atletas em sua alta performance, influenciadas pelas características da sociedade moderna e contemporânea, fruto dos valores culturais e sociais do século XXI. No entanto, como todo produto acadêmico de bases científicas e responsabilidade social, é necessário um recorte na disciplina para abordarmos aspectos sociais do esporte. Traduzindo-se, assim, em uma outra vertente que não o modelo hegemônico biologicista popular a que foi transformado, com grandes espetáculos de performances e comercialização pelas grandes mídias. Vamos, então, abordar a relação indivíduo-corpo-esporte, junto às dimensões sociais e seus impactos socioculturais e políticos na interação com o meio no qual se configuram. Psicologia Social é uma área de saber científico que busca compreender o homem em relação ao seu contexto social. Isso corrobora para o surgimento e consolidação da Psicologia Social do Esporte, que busca compreender o homem na prática esportiva levando em consideração as influências desta relação (indivíduo x meio ambiente + social + cultural), na qual o engloba. Na dimensão mais popularizada do contexto de formação do atleta profissional, a Psicologia do Esporte busca dar suporte às principais demandas que podem contribuir para o aumento da performance, alinhado aos trabalhos e desenvolvimento da técnica com as contribuições da biomecânica e fisiologia. Por outro lado, a Psicologia Social engloba o esporte como uma manifestação cultural com dimensões psicológicas, subjetivas, simbólicas que fazem parte da realidade de um determinado indivíduo ou grupo esportivo. Para Cagigal (1996), o feito humano é uma dimensão que contempla as práticas esportivas, sendo campo de estudo da Psicologia do Esporte, que deveria se preocupar com o desenvolvimento humano, por meio das habilidades e potencialidades do sujeito, e não com foco na amplitude do desempenho. Este campo originou-se como uma das questões centrais do momento contemporâneo, chamada por Hall (2001) de crise de identidade. Esta busca compreender o indivíduo por uma nova perspectiva oriunda de influências advindas das transformações sociais do século XX, fragmentando o indivíduo moderno - que até então era visto como um sujeito unificado. Para Rubio (2019), existe a necessidade de abordarmos este tema pela construção de novos paradigmas: SITUAR A PSICOLOGIA DO ESPORTE DENTRO DO CAMPO DA PSICOLOGIA SOCIAL É, ANTES DE TUDO, ATENTAR PARA O ATLETA DENTRO DO ESPORTE COMO UM FENÔMENO SOCIAL E RETIRÁ-LO DA CONDIÇÃO DE UM EXECUTOR DE GESTOS HABILIDOSOS COMO ELE FOI PENSADO AO LONGO DA HISTÓRIA. (RUBIO, 2019) Dentro deste contexto, há o enquadramento de características humanas, pessoais e intransferíveis, inatas, aprendidas e desenvolvidas durante o percurso de vida, em sua interação com a sociedade, configurando-se, segundo Rubio (2019), "em um processo dinâmico de transformação constante sujeito-meio social". Sendo assim, a Psicologia do Esporte é uma esfera que envolve os aspectos e fenômenos esportivos e seu modus operandi, a partir do referencial da Psicologia Social, que ganhou representatividade no Brasil nos anos 1990, aproximando-se como campo de pesquisa e intervenção social. DIMENSÕES, CONTRIBUIÇÕES E INFLUÊNCIAS SOCIAIS, CULTURAIS E CAPITAIS: UMA ANÁLISE DA LITERATURA SOBRE O TEMA O atleta ou praticante de alguma modalidade esportiva, seja por lazer, diversão, disciplina institucional, profissional ou por saúde, é complexo e multidimensional. Carrega consigo, por meio de seu corpo, possibilidades, desejos e performances que vão de encontro aos parâmetros preestabelecidos e normativos, regidos e implementados pelas instituições dominantes de uma sociedade. Há um consenso na literatura sobre o tema de que as práticas esportivas atuais sofreram influências pela configuração da sociedade e cultura pós-industrial inglesa do século XIX, que pode ser compreendido como uma manifestação urbana que foi organizada pelo capitalismo, com impactos na educação, sociedade e cultura, que engloba também estados, povos e classes sociais. Atualmente, o esporte é uma manifestação global e popular que se transformou em um grande mercado com diversos fatores, influências e jogos de interesse, que possui um importante impacto e poder sobre as massas. O ESPORTE CONTEMPORÂNEO SURGIU COMO UMA PRÁTICA ARISTOCRÁTICA, CUJAS REGRAS REFLETIRAM, AO LONGO DE MUITAS DÉCADAS, OS VALORES DOS GRUPOS HEGEMÔNICOS QUE DITARAM OS RUMOS DAS INSTITUIÇÕES ESPORTIVAS EM NÍVEL NACIONAL E INTERNACIONAL. OS EFEITOS DESSA MUDANÇA PODEM SER PERCEBIDOS EM MUITAS DIMENSÕES, TANTO DE ORDEM OBJETIVA (CONTRATOS DE PATROCÍNIO, SALÁRIOS, AMPLIAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO DAS VÁRIAS ÁREAS ENVOLVIDAS DIRETA OU INDIRETAMENTE COM A REALIZAÇÃO DO ESPETÁCULO ESPORTIVO) COMO DE ORDEM SUBJETIVA (A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO ATLETA, OS EFEITOS DA EXPOSIÇÃO PÚBLICA DE SEU MUNDO PRIVADO, A VISIBILIDADE EXCESSIVA E O OSTRACISMO PRECOCE). (RUBIO, 2020). Para Lane (1984), toda Psicologia possui um comprometimento social. Adentrando neste contexto, a Psicologia do Esporte, inserida nas complexidades e dimensões humanas e sociais que competem às práticas esportivas, não se configura apenas como uma vertente voltada para melhora do rendimento e resultados. Trata-se de uma ciência social do esporte. Neste sentido, abordaremos o esporte como um fenômeno que foi sendo moldado e desenvolvido, desde sua aurora. EXEMPLO Na Grécia, por exemplo, só podiam participar das Olimpíadas homens livres, nascidos em uma das cidades-estados gregas. Ao retornarmos para o modelo olímpico do mundo contemporâneo, podemos perceber que muitas coisas mudaram dentro das práticas esportivas. Contudo, segundo Foucault (2000), este modelo permite-nos uma nova reflexão e olhar sobre o mundo, a cultura, a sociedade, os saberes científicos, as instituições dominantes e o excesso de disciplinarização. Em suas obras, Michel Foucault (1926-1984) promove uma reflexão do nosso presente e discorre que toda sociedade possui uma produção de discursos predominantes, selecionados e controlados pelas instituições de poder e saber dominantes. Para Guirardelli (1988), Foucault corroborou para compreensão da modernidade por uma "anátomo-política do corpo", que está relacionada à concepção de disciplina dos corpos como máquinas, sendo adestrados para o desenvolvimento de aptidões e externalização de suas forças para utilidades de produção e fins econômicos. E, uma "biopolítica da população" que estaria associada ao controle e observância constantes, como o controle da natalidade, mortalidade e saúde, influenciando as concepções de gestão de vida. Os estudos de Oliveira (1994) nos permitem compreender a ótica dos esportes atuais mais populares como um produto capitalista. Oliveira destaca que "a criança que pratica esporte respeita as regras do jogo capitalista", fato que representa a supremacia de um corpo biológico, que acaba por ser o "saber dominante perpetuado e transpassado acadêmica e profissionalmente, que é o comumente visto em nossa sociedade". A melhora da aptidão física da população acarreta em um melhor desempenho dos indivíduos no cumprimento dos seus papéis sociais. Oliveira acrescenta que existe um papel biopsicológico na Educação Física, que vai além do movimento motor, que aborda também o desenvolvimento psíquico do praticante da atividade física. Desta forma, precisamos focar "numa abordagem sistêmica fundamentada na utilização dos domínios psicomotor, cognitivo e afetivo", correlacionando as práticas em Educação Física, enquanto disciplina, com a sociedade, contribuindo para o seu papel e responsabilidade social. Neste cenário esportivo, competitivo e profissional, há muitos processos burocráticos, regulamentatórios e técnicos agindo sobre a atuação dos diversos profissionaisque atuam no contexto, como os de Educação Física, preparadores, médicos, nutricionistas e outras áreas afins. No cenário não competitivo, amador, há outras barreiras ou limites para atuação dos profissionais: sociais, culturais, estruturais, higiênicos, físicos, relacionais e ambientais. Esta perspectiva mais abrangente e totalitária da visão do indivíduo inserido no contexto esportivo, como uma manifestação cultural e social, é o produto e o meio de todo o processo. Esta visão recebe influências e incentivos das práticas e condutas sociais já estabelecidas e vigentes dentro de uma sociedade e mundo globalizado, sendo também influenciadora e agente impactante nos contextos, grupos, comunidades, países e continentes inseridos. Veremos a seguir a importância da Psicologia Social do Esporte como uma ciência responsável com a compreensão do indivíduo-meio social em que vive, ultrapassando os limites apenas da técnica, corpo ou performance, inserindo-se como instrumento transformador na realidade social e cultural vividas. O CORPO FÍSICO E SOCIAL NA EDUCAÇÃO FÍSICA No âmbito social dos fenômenos esportivos, muitos autores contribuíram para os estudo sobre o tema, principalmente no que diz respeito aos rígidos manuais e regras impostos aos "corpos" dos indivíduos submetidos às práticas esportivas, sejam elas acadêmicas, profissionais ou pedagógicas com crianças e adolescentes de idade escolar, quando adentradas em uma atmosfera regida por instituições dominantes. Nos meios acadêmicos, caracteriza-se o discurso reducionista do fenômeno humano como um todo, contribuindo para estereotipia de cuidar do corpo. Nos processos pedagógicos inseridos nas escolas e aulas de Educação Física, na visão de Gonçalves, (1994), há uma biologização da Educação Física, que tem como foco a manutenção da saúde corporal, aptidão, habilidades motoras, principalmente, no contexto esportivo, do qual o autor faz uma crítica aos processos de ensino e treinamento para crianças em idade escolar. Para Gonçalves, no contexto acadêmico, prevalece o enfoque nos movimentos mecânicos, sem que o aluno compreenda a função daquele modelo, limitando-se a aprender e reproduzir sem questionar, problematizar, transformar. No que rege às concepções e práticas realizadas com atletas profissionais, Moreira (1995) permite-nos adentar nesta esfera sobre o corpo do atleta como algo disciplinado em nome da aptidão, performance e desenvolvimento para que se configure o rendimento desejado, contribuindo para o lema "vencer a qualquer custo". Assim, transfere-se para o corpo do atleta uma concepção ajustável às condições e demandas esportivas e capitalistas, que, dependendo do esporte e nível de rendimento, necessita de alterações, submissão e privações para conseguir uma medalha ou subir ao pódio, mesmo que isto implique sacrifícios irreversíveis a longo prazo. Para Ludorf (2000), "pensar um corpo é uma tarefa um tanto complexa, dadas às diversas dimensões que podem ser exploradas", sendo o corpo uma estrutura do homem humano, que, ao mesmo tempo, não se restringe a sua existência em matéria, já que ele é também meio para relacionar-se, interagir e agir no mundo ao seu redor. Segundo Ludorf, o corpo "é uma construção, obviamente concreta, mas moldável, conforme os valores e a cultura provenientes da sociedade onde está inserido", contribuindo assim, para uma nova visão além do modelo biomédico, como algo fragmentado, técnico e racional. Diante desta perspectiva, é preciso questionar os saberes construídos até então sob a ótica de um "corpo perfeito e saudável, protótipo da sociedade capitalista contemporânea", abordando-o para além de uma perspectiva de objeto. Trata-se de não praticar o reducionismo mecanicista sobre os corpos dos atletas e não atletas. Não os fragmentando enquanto uma perspectiva de objeto moldado pelo modelo biomédico tecnicista, vagamente difundido nos saberes instituídos nos campos acadêmicos e de atuação profissional. Por outro lado, precisamos considerar não somente os contextos de atletas ou ensinos pedagógicos para crianças de idade escolar. Temos também, nos séculos XX e XXI, uma consolidação da estética dos corpos desproporcional a qualquer natureza humana singular existente, transformando-os em simetrias perfeitas e tornando-os, neste contexto, produtos do consumo capital. Cabe, nos campos manifestados, sob uma perspectiva estética simétrica, entrelaçada ao discurso de saúde e qualidade de vida, amplamente divulgados no século XXI, ir ao encontro dos processos naturais de corporificação e sobrevivência de nossa espécie, na manifestação das possibilidades e habilidades naturais e inerentes à estrutura humana. PSICOLOGIA SOCIAL DO ESPORTE As contribuições capitalistas do mundo moderno, após a Revolução Industrial, nos permitem analisar os esportes e práticas esportivas sobre o poder e domínio da burguesia, que aborda a disciplina das massas que perpetua as regras, deveres e limites dos corpos. O esporte lança- se em um campo como preparatório para força de trabalho industrial capital, ensinando através de suas práticas os norteadores capitalistas de rendimento e produtividade. Agora que você está mais familiarizado com o nosso tema de estudo, poderá compreender as nuances e influências socioculturais que todo período socio-histórico é capaz de produzir sobre nossos corpos e performances, seja no trabalho, nas escolas, nas fábricas, nos relacionamentos, nos esportes, na cultura e sociedade. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Identificar as estruturas e dinâmicas de grupo como um fenômeno complexo e as possibilidades de intervenção e estruturação UMA CONCEPÇÃO SOCIO-HISTÓRICA Em uma primeira premissa, podemos atribuir a formação dos grupos a um fenômeno sociopsicológico existencial adaptativo em prol da sobrevivência. Nossos antepassados formavam grupos e configurações familiares com outros indivíduos para perpetuação da espécie, aumentando significativamente suas chances de sobrevivência, desenvolvimento, segurança, adaptação e reprodução. A Psicologia Social do Esporte contribui para uma compreensão mais abrangente dos fenômenos grupais e as dinâmicas dos grupos esportivos, pois a base dos interesses sociais de uma determinada sociedade está no compartilhamento de interesses mútuos dos membros que a compõem, sempre em busca de um fim em comum. É importante que o profissional atuante e inserido nos processos grupais – como é o caso dos treinadores, preparadores físicos e psicólogos de equipe – compreenda as variáveis sociais, culturais, econômicas, psicológicas e ambientais inseridas no contexto, através de uma visão sistêmica e ampla daquela realidade complexa que se configura. Kurt Lewin (1890-1947), nos proporciona, através de seus referenciais teóricos, uma compreensão dinâmica do fenômeno grupal e suas interrelações com a sociedade e cultura. Para o autor, a Psicologia Social teria o papel de diagnosticar a forma de organização dos processos grupais e suas relações sociais. Já para Pichon-Riviére (1907-1977), os grupos podem ser definidos como um operativo de pessoas em um determinado período e espaço, com diversas articulações, simbolismos, manifestações e representações psicológicas, que se manifestam de forma clara ou não, no processo de finalidades específicas de todos os membros deste conjunto. Em suas contribuições, atribui um papel importante sobre o vínculo grupal nas relações para compreensão da vida própria de um grupo e os fenômenos de operatividade e instrumentalidade, abordando o indivíduo e seus vínculos nas relações. DINÂMICA DOS GRUPOS ESPORTIVOS Afinal, como podemos compreender os grupos esportivos e sua relação com a Psicologia Social do Esporte? Diante destas perspectivas e pressupostos teóricos apresentados a respeito dos grupos, é possível adentrarmos na complexa dimensão de consolidação e ruptura dos grupos esportivos e seu papel social, ficando evidente que não podemos nos ater somenteaos aspectos externos e tangíveis deste. Não se trata apenas da soma de todos os atletas ou sujeitos que estão inseridos em um determinado contexto das práticas esportivas. É mais do que a soma dos personagens que detém determinada qualidade técnica ou cognitiva, é também a organização, análise e intervenção nos processos psicológicos, relacionais e sociais, advindos destas formas de agrupamentos com finalidade específica. Trata-se de um sistema dinâmico social- histórico-cultural-psicológico-econômico-político. A dinâmica dos grupos esportivos nos permite estudar as constantes interações e influências nas quais todos os membros daquele contexto físico e social exercem e são submetidos nos processos variados. Estas variáveis incluem dimensões específicas bem denominadas, papéis, regras e normas, ações específicas e uma finalidade em busca de um ou mais objetivos finais. Desta forma, estuda-se como estes fatores influenciam diretamente sobre os corpos físicos, no emocional, nas dimensões psicológicas dos membros e, ainda, como os sujeitos destes grupos internalizam e reproduzem aspectos sociais de uma determinada cultura e sociedade, dentro de um período específico, projetando e externalizando também impactos sobre ela. Nas configurações grupais, dentro do esporte, há: ASPECTO PSICOLÓGICO Motivações, emoções, aspectos internos do indivíduo frente aos interesses grupais e institucionais. ASPECTOS EXTERNOS Referentes aos grupos, instituições, sociedade, cultura. Ao se formar ou configurar um grupo esportivo, para que este atinja um nível de fluidez e entrosamento, é necessário compreender, enquanto uma equipe esportiva que busca realizar um fim em comum, quais são as variáveis dentro do imaginário de cada membro, que emergem no campo e que podem se associar a situações de conflitos ou alianças do grupo. Neste sentido, um dos principais aspectos abordados, tanto para Psicologia do Esporte, quanto para Psicologia Social do Esporte, será a consonância – harmonia e integralização dos aspectos internos e externos, físicos e mentais, psicológicos e sociais dos sujeitos, inerentes ao conjunto – levando em consideração desde os impactos em uma escala micro até uma escala macro deste fenômeno social. Como um fenômeno socialmente estruturado, os esportes e grupos esportivos obedeceram às regras e pilares sociais na forma de organização de seus membros na sociedade. Assim, no contexto das práticas esportivas grupais, a forma de organização, elaboração, estruturação, javascript:void(0) javascript:void(0) delimitação dos objetivos e atuações estarão submergidas dentro das esferas sociais que regem nossa sociedade. Estes grupos também estarão sujeitos à: Setorização Papéis bem estabelecidos Hierarquia Vigilância Avaliação do desempenho e remuneração (simbólica, premiativa ou salarial) Direitos e deveres Para que um objetivo específico seja conquistado dentro do contexto esportivo, é necessário que haja o desenvolvimento dos integrantes e suas práticas, aprimorando sempre os aspectos incompatíveis com a conquista, e desenvolvendo o indivíduo e grupo – que contempla todos os membros da comissão técnica e da instituição, patrocinadores, mídia, projetos comunitários, centros de reabilitação, escolas, academias etc. Pelo fato de uma desarmonia contribuir para falhas na comunicação, erros nas partidas, lesões, estresse físico e psicológico, entre outras singularidades presentes no contexto, sugere-se necessária a figura de um líder. Compreender a dinâmica grupal possibilita a eficiência nos processos de aprendizado e performance como um todo, contribuindo para o desenvolvimento pessoal, interpessoal, físico e, consequentemente, do próprio grupo. Configura-se, então, uma organização estruturada com foco na performance e consolidação de um projeto pedagógico estabelecido e recriado por todos os membros, aumentando a produtividade e êxito daquele conjunto de indivíduos. Os grupos esportivos, então, detêm uma natureza própria, funcionamento específico, relações interpessoais de seus membros e a relação grupo (com e/ou na) sociedade. Ainda por esta perspectiva, as influências que podem afetar o grupo são: INTERNAS Quando oriundas da personalidade de cada membro. EXTERNAS Quando oriundas das esferas sociais, como torcidas, valores sociais e capitais, e objetivos. SIMBÓLICAS Como é o caso de derrotas, fracassos, premiações financeiras, características dos adversários e mídia. Devemos entender o grupo como um organismo vivo, diferente de uma realidade estática, que precisa ser estruturado, reconhecido como tal, desenvolvido e trabalhado a todo momento através de suas dinâmicas. Diante deste contexto fluido e organizado em busca de uma homeostase grupal, em alguns momentos específicos, há desestruturações e resignações necessárias, como ocorre quando um técnico é mandado embora, ou quando um jogador é vendido para outro clube, ou quando um atleta sofre uma lesão e seu substituto assume o lugar, ou quando há mudanças no tipo de liderança. Por isso, assim como o atleta é um construto que se desenvolve passando por diversos processos de formação, assim também ocorre com os grupos esportivos. Desta forma, podemos entender as etapas de construção do grupo: Um primeiro momento de iniciação com papéis não ou pouco delimitados, em que o indivíduo baseia sua performance e atuação em suas experiências prévias, fora daquele clube e contexto. Após as dinâmicas vivenciais no contexto esportivo e desenvolvimento do sentimento de pertencimento grupal, começa a se estabelecer papéis com funções específicas de cada javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) indivíduo dentro daquele grupo, rumo a uma integração e desempenho das metas estabelecidas, solidificando-se enquanto grupo coeso e funcional. Vale ressaltar que esta não é uma fórmula do sucesso grupal. Nestas dimensões especificadas, haverá diversos conflitos entre interesses pessoais e do grupo, de natureza humana e psicológica, como ego, ciúmes, agressividade e força, aspecto mercantil e capitalista sobre influência dos patrocinadores, gestores das instituições governamentais ou privadas que são representativas de algum projeto comunitário, de inclusão ou reabilitação. SAIBA MAIS Para um maior aprofundamento das questões grupais dentro do contexto esportivo e suas possibilidades de manejo, o mapa sociométrico, proposto por Romeno Jacob Levy Moreno (1999), fornece informações relevantes para intervenções e eficácia das propostas pedagógicas inseridas nas práticas esportivas, manifestadas através de grupos e equipes. Saravali (2005) afirma que devemos "relacionar as formas pelas quais se davam as relações de afinidade, indiferença, rejeições, com fatores psicológicos, sociais, biológicos observáveis". Ou seja, trata-se de um diagnóstico diferenciado entre as interações, possibilitando a identificação dos principais personagens do contexto, buscando uma melhor organização e configuração grupal. Para Kaufman (1992), o teste deve atender "a reorganização de vínculos, a distribuição de tarefas, ou mesmo o estudo da estrutura interna de um grupo". Vale-nos lembrar que o método sociométrico é um recorte pontual que contribui com uma informação daquela realidade em um determinado momento específico, não cabendo novamente uma fórmula mágica para compreensão, intervenção e, consequentemente, resultado. Por outro lado, através da sociometria é possível conhecer alguns aspectos menos evidentes e mais ocultos dos grupos, como alianças, crenças, temas proibidos, acordos ideológicos, arranjos específicos, relações de poder, valores e papéis. ESTRUTURA E DINÂMICA DOS GRUPOS ESPORTIVOS TIPOS DE LIDERANÇA GRUPAL Na literatura relativa ao campo da Psicologia Social do Esporte, é de consenso que os fenômenos psicológicos de liderança e coesão grupal interferem na performance do grupo. O papel do líder no cenário esportivo é integralizar e repassar os valores, metas, objetivose acordos de forma clara e objetiva para todos os seus membros, auxiliando-os no rumo aos resultados esperados. Para tal tarefa, o líder precisa apresentar características específicas para este papel: comunicação coordenada para transmissão clara da mensagem; inteligência emocional para lidar com as constantes pressões e exigências do meio; tomada de decisão eficiente e consciente; saber assumir riscos e delegar funções. Existem, portanto, dois principais tipos de gestão grupal sobre a forma de liderança: LIDERANÇA AUTORITÁRIA Compatível com as contribuições do capitalismo e controle das massas, busca, através de seu discurso, o alcance dos objetivos pelos indivíduos do grupo, que devem através de seus corpos e performance, sem direito à discussão ou participação no processo de decisão, reproduzirem as técnicas motoras a fim de conquistar a vitória. LIDERANÇA DEMOCRÁTICA Existe uma maior flexibilização quanto à tomada de decisão, participação na comunicação, transmissão de valores e propósitos, responsabilidades distribuídas de acordo com as demandas grupais fortalecendo a interação e confiança de todos os membros. A globalização e a mercantilização do esporte, em nível macroeconômico, impactam diretamente o funcionamento, estrutura, organização e dinâmica dos grupos esportivos, principalmente no que tange aos fatores sociais da nossa sociedade capitalista, que interferem diretamente nos objetivos pessoais, simbólicos e primitivos dos indivíduos e massas. Por isso, todos os processos esportivos, bem como seus grupos e equipes, precisam ser analisados sobre a ótica de uma prática social, com implicações políticas econômicas, delimitando os corpos e identidades em jogo. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Relacionar as influências sociais e culturais no processo de violência dentro e fora dos esportes UM RETRATO SOCIAL DA ANTIGUIDADE E O MUNDO CONTEMPORÂNEO Antes de abordarmos o fenômeno humano da violência, precisamos nos ater para duas vias que podem ser a origem de seus efeitos: Uma via primitiva, biológica, fisiológica inerente às emoções humanas mais antigas. Outra perspectiva cultural e social, que analisa este fenômeno como construído dentro das dinâmicas grupais e existenciais da construção de um Estado totalitário e de um sistema burguês capitalista, após as principais revoluções. É importante uma análise temporal, cronológica e sociocultural dos fenômenos produzidos pelos homens em um determinado período. Abordar a violência no esporte só é possível por meio de uma análise histórica do que nos trouxe até aqui, através da Psicologia Social que contribui para o manejo deste tipo de fenômeno das práticas esportivas atuais. A violência pode ser caracterizada como um recurso de força física para garantir um fim específico para o sujeito que a submete. Como nossos antepassados não eram dotados dos mesmos mecanismos de análise, pensamento estruturado e complexo que nos detemos atualmente – graças ao processo de evolução de nossa espécie e o desenvolvimento da estrutura cerebral que denominamos neocórtex – precisavam utilizar a violência como um meio para luta e confronto com os animais ou tribos por território, como forma de sobrevivência humana. Em um aspecto mais fisiológico, nós, seres humanos, possuímos em nossas estruturas cerebrais áreas responsáveis pelo sistema de luta e fuga, despertados em situações extremas e hostis, garantindo ou aumentando nossas chances de sobrevivência. Dentro deste contexto, há a liberação de neurotransmissores, como dopamina, adrenalina e noradrenalina, alterando toda uma homeostase fisiológica. Com o passar do desenvolvimento da monocultura, agricultura, plantio e formação de famílias, territórios e atividades econômicas e sociais, possibilitadas pelo desenvolvimento da linguagem e comunicação, a violência deixou de ser um mecanismo inato que servia para caça contra animais silvestres. Passou a ser direcionada a outros homens, tratando de se impor, através da força, como uma relação de poder, seja para conquistas econômicas, de territórios ou sociais. A violência enquanto produção social é demarcada por inúmeras guerras, batalhas, duelos e práticas de escravidão, presentes nos mundos antigo e moderno. Nesta nuance, é um fenômeno corriqueiro e introjetado nas práticas e discursos sociais. Para Elias (1994), não será surpresa alguma se encontrarmos nos registros e literaturas da Antiguidade e Idade Média, a presença da violência e brutalidade nas competições realizadas nas arenas e batalhas esportivas da época, caracterizando o grau de agressividade presente na sociedade que a delimita. Somente no século XVIII e XIX, que as então consideradas práticas esportivas começaram a se configurar de forma disciplinada e com ordem, delimitando os limites de violência. O mundo evoluiu, globalizou-se; as formas de violência deixaram de ser em sua maioria apenas físicas, adentrando às dimensões psicológicas, sociais e culturais. Existem, portanto, na atualidade, diversos tipos de violência inerentes à sociedade e à cultura na qual estamos inseridos, que se refletem diretamente no comportamento do indivíduo social e, consequentemente, na conduta de todos os sujeitos dentro do contexto das práticas esportivas. Mesmo com toda evolução tecnológica, científica, social e cultural, podemos assistir novas configurações e modalidades de violência que encontram novos meios de se transformarem. EXEMPLO O cyberbullying nos dá um ponto de referência de que, por mais que a sociedade se transforme e evolua no espaço e tempo, a violência se manifesta através dos indivíduos inseridos neste contexto. Não muito distante do meio esportivo, são corriqueiras notícias de pedofilia, assédio e estupro contra atletas no período de formação, muitas vezes, praticados por membros da comissão técnica. O mundo sempre foi marcado pela violência, desde a Grécia antiga até os dias atuais, por isso, compreender a violência no esporte é, em um primeiro momento, compreender as bases fenomenológicas para tal. O Brasil possui um número alarmante de mortes por violência praticada a outro, seja por racismo, preconceitos religiosos, etnocentrismo, roubo, brigas de trânsito, impregnação de força e excesso policial, guerras do narcotráfico, milícia, contravenção, e outras realidades inerentes ao nosso país. Estes processos configuram a base da violência dentro de nossa sociedade. Por isso, pelo viés da Psicologia Social, é indissociável que estes fenômenos violentos, que constantemente se expressam, estejam presentes nos esportes nacionais e mundiais. Diante desta perspectiva, clubes, ginásios, escolas, campeonatos amadores e até mesmo os esportes dentro do cenário comunitário de inclusão e socialização de seus praticantes evidenciam-se e se configuram como grupos sociais inerentes ao nível macro econômico político cultural de nossa sociedade. Por isso, há uma pluralidade de conflitos, lutas, causas e ideologias que abrangem todos os contextos sociais. Para abordar o fenômeno cultural e social a que a violência no esporte se configura, é necessária uma interface com o contexto histórico deste processo, dentro das disputas esportivas, que possuem uma relação direta com o poder, o capitalismo e a produtividade inerentes ao sistema. Vale ressaltar que nosso comprometimento científico nos impede de abordar como um todo este processo e unificá-lo dentro desta complexa rede de configurações em que se expressam os fenômenos esportivos atuais. Por isso, traremos um recorte dos principais aspectos e setores que a violência ocupa hoje no mundo esportivo pelo olhar da Psicologia Social do Esporte. O ESPORTE CONTEMPORÂNEO E A VIOLÊNCIA SOCIAL Os eventos esportivos, sejam amadores ou profissionais, proporcionam por si um ambiente tenso e estressante para aqueles inseridos nele, seja através da performance dos corpos, seja para quem assiste, vibra ou torce. Dentro destas nuances, existem diversos fatoressociais, ideológicos, políticos e sociais que se infiltram na percepção dos sujeitos em sua totalidade. O ambiente esportivo, então, é responsável pela produção de diversos estímulos que podem gerar gatilhos nos indivíduos e coletividades, proporcionando um palco para produções violentas, quando não submetido às regras e normas bem estabelecidas. Por isso, com o desenvolvimento e globalização dos esportes, diversas práticas foram adotadas no decorrer do tempo para dar respaldo e segurança às modalidades de atuação. A FIFA (Federação Internacional de Futebol) propôs o termo do fair play (jogo limpo), a fim de contribuir para a consciência coletiva presente nos contextos futebolísticos em prol da redução da violência. Outra modalidade criada foi o Estatuto do Torcedor no Brasil, assim como temos diversas práticas universais unificadas mundo afora, como por exemplo, a luta contra o racismo e a violência dentro das práticas esportivas. A lei número 12.299/2010 combate e repreende os fenômenos violentos oriundos das práticas esportivas em competições, enfatizando responsabilidades e deveres das torcidas organizadas, proibindo ainda os torcedores de praticarem qualquer tipo de ato discriminatório, racista ou xenófobo. Em decorrência da lei, criou-se os juizados do torcedor, com competência criminal, sendo reconhecidos pelo Supremo Tribunal Federal. Ao mesmo tempo que o esporte reflete fenômenos violentos enquanto prática social, por outro lado, algumas modalidades de violência no esporte, dentro de um contexto específico com normas e regras bem estabelecidas, não são consideradas atos violentos que buscam um fim pela impregnação da força física ou relação de poder. Algumas categorias esportivas integram o uso da força física como parte das regras do jogo, mas não com o objetivo de machucar o adversário ou incapacitá-lo. Para Chauí (2001): ENTENDE-SE O CONCEITO DE VIOLÊNCIA NO ESPORTE, COMO O USO DA FORÇA FÍSICA E/OU DO CONSTRANGIMENTO PSÍQUICO PARA OBRIGAR ALGUÉM, A AGIR DE MODO CONTRÁRIO À SUA NATUREZA E AO SEU SER, DENTRO DO AMBIENTE ESPORTIVO, PERPETRADO, QUER SEJA PELOS PRATICANTES OU PELOS ESPECTADORES. Crédito editorial: Dawid S Swierczek / Fonte: Shutterstock.com. Vale ressaltarmos a importância do cenário capitalista e social que contribuem e influenciam estas práticas violentas no contexto esportivo. A configuração da nossa sociedade atual tornou a rivalidade, a competição com o outro e a agressividade fenômenos intrínsecos sociais. Na percepção de Elias (1994), as práticas esportivas proporcionam libertação e excitação ao público que as assiste, marcando as disputas que envolvem habilidade, surpresas, resultados inesperados e descarga de adrenalina e sentimento de excitação - sensações que, dificilmente, são experimentadas na vida cotidiana da sociedade capitalista que trabalha nos meios de produção do sistema inerente. VIOLÊNCIA NO ESPORTE VIOLÊNCIA DAS TORCIDAS A violência dentro e fora do contexto esportivo ganha cada vez mais destaque nas grandes mídias. É possível encontrarmos manchetes tanto de violência dentro dos campos, quadras, ginásios e, principalmente, nos esportes de maior contato físico, mas que não se restringe apenas aos jogadores e praticantes, abrangendo também, em alguns casos, comissão técnica e torcidas. Tais atos violentos são constantemente embasados dentro de uma disputa de forças de ideologias sociais de poder, como discriminações por racismo e gênero ou imposição pela força de pontos de vista próprios, que se sobrepõem à opinião e ao posicionamento de outro membro do grupo, da disputa esportiva, da torcida ou da sociedade em questão. O fanatismo pode se manifestar em várias esferas da sociedade e contextos culturais, como religioso, político, econômico e esportivo, nos quais há expressão e expansão das emoções reprimidas pelo meio social cotidiano, possibilitando que o sujeito se identifique e se sinta empoderado a manifestar repulsa e suas ideologias. É o momento em que aspectos psicológicos e emocionais de frustração e fragilidade podem ser expressos sobre a forma de violência no esporte. Vivemos atualmente a polarização e a fragmentação da sociedade, marcada por diversas disputas reais, simbólicas e territoriais. Existe uma polarização na organização e configuração do posicionamento dos indivíduos e cidadãos. Há, então, as lutas de classe, de gêneros, política e ideológica, que acabam por separar os sujeitos de acordo com seu ‘’poder e saber’’. Tal sentimento alienante de separação e de não pertencimento, como membros iguais que compõem uma sociedade totalitária, com direitos e deveres evidentes e inerentes, passa a acirrar e ampliar os confrontos e as diversas formas de violência, que encontram nos esportes para se expressarem. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 4 Reconhecer a dinâmica da relação entre mídia e esporte RELAÇÃO ESPORTE X MÍDIA A relação esporte x mídia, assim como todos os fenômenos humanos nos contextos esportivos, precisa ser abordada por uma perspectiva política, social e econômica, assim como seus impactos sobre a sociedade. O esporte do mundo moderno teve sua consolidação, propagação e popularidade através dos jornais, revistas e emissoras de televisão. Os meios midiáticos detêm um papel central na divulgação, reprodução e transformação dos esportes em um mercado cada vez mais globalizado e lucrativo, o que contribuiu para sua consolidação como um fenômeno cultural contemporâneo em larga escala. Veja a seguir algumas das reproduções simbólicas vendidas pela mídia através dos esportes que contribuem de certa forma para a alienação do público que o assiste (uma vez que há um abismo cultural e social entre o real e o imaginário perpetuado pelos meios de comunicação sobre os esportes): ESPETÁCULO ASCENSÃO ECONÔMICA HERÓIS DOS ESPORTES ENTRETENIMENTO E DIVERSÃO Como podemos compreender os impactos e consequências deste instrumento no mundo dos esportes? E, principalmente, como a Psicologia Social do Esporte nos mune de diretrizes no processo de intervenção e ação com os indivíduos inseridos neste meio? É função da mídia promover e fomentar as principais fantasias e desejos de cada indivíduo social. Ela vende prestígio, autorrealização, potência, segurança, informação, poder, satisfação, alimenta vaidades, luxúrias e outras modalidades intrínsecas ao imaginário coletivo. Esta repetição de propagandas, novelas, esportes, documentários, séries e programas televisivos transmitem à sociedade um "recorte" diante das infinitas possibilidades de existência dos sujeitos sociais. Quando algo é muito repetido e perpetuado, passa-se por uma verdade absoluta, não questionada e não problematizada, o que leva a falsas concepções da própria realidade do indivíduo. Neste contexto, o sistema capitalista contribui para "venda e propagação" de prestígio e ascensão social, principalmente, através dos esportes. Este fenômeno humano complexo é levado a uma perspectiva reducionista e completamente modificada da realidade, ou seja, perpetua-se uma visão deturpada sobre o esporte, como se pudesse ser resumido a espetáculos, atletas heróis e grandes clássicos transmitidos e vendidos por milhões. Kenski (1995) corrobora sobre esta concepção da influência da mídia nas tendências culturais do corpo em movimento, impactando significantemente o campo da Educação Física, esporte e sociedade. Este processo midiático do esporte, enquanto fenômeno sociocultural, data do século XIX. Para Melo (1999), estas influências vieram do continente Europeu como prática dos imigrantes que refletiam a sua identidade original, consolidando a imprensa esportiva nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Para Santos (2007), foi nas décadas de 1960 e 1970 que os esportes ampliaram seus espaços sociais nos lares das famílias brasileiras, efetivando-se como fenômeno das massas. IDENTIDADE ORIGINAL Como agentes da imprensa inseridos no contexto esportivo. Ou seja, uma práticaeuropeia inserida no contexto brasileiro, pelos imigrantes. javascript:void(0) Na década de 1980, com os avanços tecnológicos e práticas globais nos meios de comunicação, o esporte se modificou e se desenvolveu com grandes investimentos e movimentações financeiras, transformando o espetáculo em um comércio consolidado e amplamente divulgado. Na atualidade, os clubes e algumas modalidades de esporte no Brasil, principalmente, o futebol, têm grande parte de sua renda financeira proveniente da venda de jogadores. Estes possuem mais visibilidade e valor agregado graças às transmissões esportivas e espetáculos propagados nas mídias para as massas. Outra fonte de renda do segmento esportivo brasileiro é proveniente dos direitos de imagens e contratos televisivos, que submetem clubes, jogos e atletas à realidade das principais emissoras. A mídia teve um papel fundamental e importante na propagação e popularização do esporte, transformando-o em objeto de consumo em larga escala. Ela também detém grande parte do capital oriundo e destinado aos clubes, atletas e patrocinadores. Oriundo, pois os clubes são os protagonistas dos eventos. Sem evento não há renda. Destinado, pois as emissoras pagam altas cifras pelos direitos de transmissão. É o meio, não só de comunicação, mas da perpetuação dos principais problemas existentes da nossa realidade social. Diante deste contexto, a mídia contribui para: 1 2 3 4 1 A alienação do telespectador, que passa a ter acesso apenas a um recorte de uma realidade muito maior dos esportes enquanto ‘’legado da humanidade’’. 2 Perpetuar desigualdades sociais advindas do capitalismo, que transforma quase tudo em mercadoria a ser consumida pelas massas. 3 Uma deturpação do esporte no imaginário coletivo, uma vez que enaltece as modalidades de rendimento e mais popularizadas, deixando de lado diversas outras práticas esportivas de inclusão, reabilitação e socialização. 4 A representação manipulada daquela realidade esportiva que é editada, cortada, comentada, dividida, reproduzida e selecionada da maneira que bem entendem seus produtores e patrocinadores, tornando-se um meio de controle e polarização da sociedade. Para Betti (2001), a mídia propaga uma alienação social em forma de espetáculo televisivo, associando as práticas globais atuais com a política romana do pão e circo, para distrair e tornar ameno os problemas sociais provenientes do capitalismo. A fim de preservar e manter a ordem social excludente, valoriza a imagem do campeão em detrimento do perdedor, enaltecendo apenas as vitórias e disputa entre pares, corroborando com um sistema capitalista crescente em suas desigualdades sociais. Diante desta perspectiva, alguns autores como Betti, consideram que não existe um esporte na mídia e sim um esporte da mídia. ESPORTE COMO MERCADORIA A mídia ocupa na atualidade um papel importantíssimo na propagação dos esportes, enquanto fenômeno sociocultural globalizado transformado em espetáculo, que é reproduzido e transformado em mercadoria, baseado nos conceitos capitalistas de alienação e controle de massas. Foi transformado em consumo no imaginário coletivo, para que através dele se manifeste uma realização simbólica de vitória, êxtase, superação, domínio e poder. A mídia transformou os atletas em heróis e as competições, em espetáculos. No entanto, muito distante dos holofotes, existe uma outra realidade social das massas, não tão glamurosa assim, submetida a diversos problemas estruturais, territoriais, existenciais, políticos e econômicos. Essas dificuldades não são transmitidas pelos meios de comunicação, que mais produzem uma realidade criada e editada, do que comunicam notícias e acontecimentos reais cotidianos, buscando sempre impactar e prender a atenção de seus consumidores. Devido ao capitalismo e à globalização dos esportes, através da propagação nos meios midiáticos de reprodução, popularizou-se apenas um recorte dentre o todo que engloba as práticas e modalidades esportivas, reduzindo-o a um fenômeno lucrativo e cada vez mais expansivo. Há, então, a polarização esportiva, conforme já enraizado nas práticas sociais, como manifestações de reprodução de comportamentos aprendidos e internalizados, sem questionamento das massas. De um lado, dentro dos holofotes, arenas, shows, espetáculos e Olimpíadas, temos um esporte burguês para as elites consumirem através de valores exacerbados. Por outro lado, as demais classes acompanham os eventos através do recorte demonstrado em televisões e internet, quando possuem acesso a estes. Dentro das práticas e possibilidades de atuação do profissional de Educação Física, configura- se a popularização dos ideais estéticos corporais. Corpos passíveis de serem modificados em sua simetria se enquadram em um modelo ditatório de pouco percentual de gordura e aumento significativo de massa muscular, disfarçado por um discurso propagador de saúde e qualidade de vida. Por uma outra perspectiva, mais questionadora e problematizante deste contexto, encontramos uma gama de possibilidades existenciais, humanas e sociais. Os esportes e as práticas de movimento motor possuem um papel fundamental na integralização dos sujeitos; no desenvolvimento psicológico e cognitivo; na inclusão de todos os membros da sociedade, mesmo que possuam algum tipo de prejuízo ou deficiência, mental ou motora; e nos projetos comunitários, governamentais e filantrópicos que dão oportunidades e desenvolvem novas perspectivas existenciais, além de outros impactos ou influências sociais e culturais. A mídia então, por si só, não é capaz de apresentar e transmitir os verdadeiros valores do esporte para sociedade, contribuindo para ressignificações e desenvolvimento cultural. Ela acaba por reproduzir discursos dominantes, colaborar para desigualdades sociais alarmantes e utilizar os espetáculos esportivos como fins lucrativos que movimentam milhões em espécie, contribuindo para a visão do lucro, luxo, riquezas patrimoniais e um protótipo de felicidade do consumo. RESUMINDO As pontuações e reflexões desenvolvidas neste módulo possibilitam que o profissional de Educação Física e outros profissionais inseridos nos esportes adquiram o conhecimento mais aprofundado e estruturado dos fenômenos esportivos e seus impactos sociais, como um campo a ser estudado e percebido em sua atuação, para que não contribuam, desta forma, com os processos alienantes propagados pelas mídias. Não restringindo os esportes à estética, aos atletas e às competições como uma mercadoria a ser vendida. Por isso, esta análise pelo viés da Psicologia Social do Esporte é imprescindível para a atuação dos profissionais inseridos no contexto de forma problematizante e questionadora, para que não acabem por disseminar uma intervenção minimalista, rígida, reducionista e precária, nas muitas realidades encontradas neste contexto. Ainda, que não reduzam o esporte aos atletas, ao alto rendimento, a premiações e à mercadoria vendida e dissipada pela mídia atual. Existem outras dimensões e sujeitos que ficam ‘’por fora’’ dos holofotes, mas que fazem parte deste complexo fenômeno sociocultural contemporâneo. ESPORTE E MÍDIA VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Para uma melhor compreensão pelo viés e contribuições da Psicologia Social nos fenômenos esportivos, é imprescindível que haja uma análise mais elaborada de suas estruturas e dimensões, não colaborando para uma visão reducionista e apenas mecanicista das práticas esportivas. Enquanto fenômeno social, o esporte não pode ser reduzido a um jogo, partida ou campeonato; não pode ser reduzido também apenas às práticas e modalidades de alta performance e profissionalizantes. Em uma maior escala, é um fenômeno social com implicações políticas, econômicas e, principalmente, de formação de opiniões com diversas realidades e perspectivas. Para a não fragmentação e descontextualização deste fenômeno, é necessária a incorporaçãodas questões psicológicas e sociais inerentes ao tema, desde as escolas ao processo de formação dos atletas e grupos esportivos. Mobilizando aspectos como cooperação grupal, sociabilização, saúde, bem-estar coletivo, respeito, educação, valorização do progresso e não somente da vitória, contribui-se, assim, para a humanização das práticas esportivas enquanto meio de desenvolvimento e integração do indivíduo à sociedade. O esporte, enquanto fenômeno e manifestação sociocultural contemporâneo, se manifestará através de sua ação colaborando com a perpetuação dos valores e problemas da sociedade na qual ele está inserido, representando e sendo representado. Para não cooperar com uma cultura excludente, é necessário repensar as práticas esportivas e como este campo de saber se materializa no contexto contemporâneo, contribuindo para uma nova percepção dos esportes pelas massas. Diferentemente do que é propagado nos dias atuais, performance, desempenho, títulos e ascensão financeira devem ser meios e não fins específicos. Meios, estes, que poderão ajudar a promover educação, saúde, bem-estar, lazer, diversão, cultura, inclusão e desenvolvimento motor. PODCAST FALA MESTRE Especialização Profissional no Futebol Sinopse: Zico fala sobre a especialização dos profissionais dentro do futebol, individualização da preparação do jogador, relação do técnico com a autonomia desses profissionais e de quebra, conta uma história curiosa dos seus tempos de jogador, sobre alimentação e rivalidade entre times. Sinopse: Zico fala sobre a especialização dos profissionais dentro do futebol, individualização da preparação do jogador, relação do técnico com a autonomia desses profissionais e de quebra, conta uma história curiosa dos seus tempos de jogador, sobre alimentação e rivalidade entre times. O início da História de um Craque Sinopse: Zico fala sobre o início da sua relação com o futebol e dos sacrifícios necessários para se tornar um craque. Sinopse: Zico fala sobre o início da sua relação com o futebol e dos sacrifícios necessários para se tornar um craque. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BETTI, M. Esporte na mídia ou esporte da mídia? 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EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema, veja: Como Fábio Silvestre da Silva aborda as dinâmicas sociais dos processos esportivos no artigo: Projetos sociais em discussão na psicologia do esporte. O que Nei Jorge dos Santos Junior explicita sobre a relação entre o esporte e a mídia no artigo: Relações entre esporte e mídia no Brasil. CONTEUDISTA Thaís Pinheiro Gouveia Crisciullo CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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