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<p>Ergonomia e Segurança</p><p>do Trabalho</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro</p><p>Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>• Apresentar as normativas básicas de ergonomia;</p><p>• Fornecer instrumentos de trabalho que permitam o desenvolvimento de projetos e concepções</p><p>de postos/ambientes de trabalho que levem em consideração as características psicofisiológicas</p><p>dos trabalhadores;</p><p>• Apresentar a Antropometria, Biomecânica e Fisiologia, que são elementos necessários à aná-</p><p>lise do trabalho, bem como o projeto do posto de trabalho para as atividades relacionadas à</p><p>indústria e às atividades relacionadas à prestação de serviços.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>• Abrangência da Ergonomia;</p><p>• Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17) – Ergonomia;</p><p>• Antropometria;</p><p>• Biomecânica;</p><p>• Fisiologia;</p><p>• Métodos de Aplicação da Ergonomia.</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Abrangência da Ergonomia</p><p>A amplitude do conceito de Ergonomia vem sendo ampliado dia após dia.</p><p>Quanto maior o conhecimento das pessoas em geral sobre o que vem a ser Ergonomia</p><p>e suas respectivas aplicações, não só o conceito fundamental se consolida, como também</p><p>se aperfeiçoa de acordo com a resposta da Sociedade.</p><p>No Brasil, não há cursos de graduação que formam ergonomistas. Todavia, há uma</p><p>grande variedade de cursos de pós-graduação nessa área, para os mais diversos profissio-</p><p>nais, que vão desde a Engenharia até disciplinas ligadas à Saúde, à Psicologia e à Sociologia.</p><p>A maioria das empresas que aplicam a Ergonomia não possui uma área composta de</p><p>ergonomistas, mas possui um grupo de profissionais ligados, direta ou indiretamente, à</p><p>execução do trabalho e suas derivações.</p><p>Esse grupo deve ser multidisciplinar, ou seja, composto por profissionais de áreas</p><p>diversas, com aptidões e competências diferentes e complementares.</p><p>Isso permite que grupos multidisciplinares de Ergonomia possam e devam agir ergo-</p><p>nomicamente em qualquer tipo de trabalho e em qualquer segmento de mercado, no que</p><p>diz respeito à atividade ocupacional.</p><p>Seguindo esse princípio, sua aplicação depende do ser humano.</p><p>Na organização do meio ambiente de trabalho, que é um ambiente cada vez mais</p><p>competitivo, não é raro as empresas “incorporarem” a preocupação com a Ergonomia</p><p>e a segurança do trabalho, até porque existem normas brasileiras que regulamentam a</p><p>relação entre empregador e empregado.</p><p>A fim de aplicar devidamente a Ergonomia em toda sua amplitude, muitas empresas</p><p>criam e mantêm o “Comitê de Ergonomia”, que é um grupo de profissionais multidisci-</p><p>plinar, a fim de “garantir” que, nessa organização, as interações entre homens e sistemas</p><p>aconteçam harmonicamente.</p><p>Esse grupo deve se reunir periodicamente e planejar a aplicação de ações imedia-</p><p>tas, além de planejar eventos futuros, guardando a premissa de “melhoria contínua”.</p><p>De acordo com Lida (2005), há profissionais ligados à saúde do trabalhador, à organi-</p><p>zação do trabalho, ao projeto de máquinas e equipamentos. Trazem consigo sua contri-</p><p>buição em conhecimentos úteis que devem ser considerados na solução de problemas</p><p>ergonômicos, dentre os quais, destacam-se:</p><p>• Médicos do Trabalho: Podem ajudar na identificação dos locais que provocam</p><p>acidentes ou doenças ocupacionais e realizar acompanhamentos de saúde e, ainda,</p><p>criar um dossiê de “histórico de dor” por setor. Essa prática vai servir para orientar</p><p>o “Comitê de Ergonomia” na revisão de processos de trabalho atuais e no projeto</p><p>de novos processos de trabalho;</p><p>• Engenheiros de Projeto: Contribuem com os técnicos, procurando adequar máqui-</p><p>nas e ambiente de trabalho;</p><p>8</p><p>9</p><p>• Engenheiros de Produção: Procuram distribuir o trabalho sem sobrecarga, esta-</p><p>belecendo um fluxo racional de materiais e postos de trabalho; devem estudar os</p><p>métodos de trabalho, tempos e postos de trabalho;</p><p>• Engenheiros de Segurança e Manutenção: Identificam áreas, máquinas e pro-</p><p>cessos de trabalho que podem oferecer risco ao trabalhador;</p><p>• Desenhistas Industriais: Ajudam na adaptação de máquinas e de equipamentos,</p><p>projeto do posto de trabalho e sistemas de comunicação;</p><p>• Psicólogos: São comumente envolvidos na análise dos processos cognitivos, relacio-</p><p>namentos humanos, seleção e treinamento de pessoal e podem dar sua contribuição</p><p>no estabelecimento de novos métodos;</p><p>• Enfermeiros e Fisioterapeutas: devem procurar agir preventivamente no histórico</p><p>de dor e de lesões ocupacionais. Quando a prevenção não tiver sido possível, atuam</p><p>na recuperação desses trabalhadores;</p><p>• Programadores de Produção: podem contribuir definindo, na medida do possível,</p><p>um fluxo contínuo de produção e evitando trabalhos noturnos;</p><p>• Administradores: podem atuar na elaboração de cargos e salários mais justos,</p><p>melhorando a autoestima do trabalhador;</p><p>• Compradores: devem ser conhecedores dos Princípios de Ergonomia, a fim de</p><p>procurarem adquirir máquinas, equipamentos e materiais mais limpos, seguros,</p><p>confortáveis e menos tóxicos.</p><p>Quando não existe um grupo multidisciplinar, que aqui chamamos de “Comitê de</p><p>Ergonomia”, apoiado incondicionalmente pela alta administração, ou quando a orga-</p><p>nização dá os primeiros passos dentro do universo da Ergonomia, muitas vezes, ela é</p><p>aplicada de acordo com a ocasião que é feita e, segundo Lida (2005) essa “Ergonomia</p><p>de ocasião” é classificada em concepção, correção, conscientização e participação:</p><p>• Ergonomia de concepção: Quando a abordagem ergonômica nasce com a ideia</p><p>inicial sobre uma máquina, um equipamento, um mobiliário é um processo de fa-</p><p>bricação e/ou prestação de serviços, o projetista já pensa na aplicação final de seu</p><p>produto e/ou serviço dentro dos preceitos da Ergonomia;</p><p>• Ergonomia de correção: Quando o problema já existe, seja histórico de dor física</p><p>seja alguma patologia psíquica desenvolvida pela natureza do trabalho feito, é ne-</p><p>cessária a mobilização de profissionais capacitados nessas áreas específicas, a fim</p><p>de corrigir esse histórico já existente;</p><p>• Ergonomia de conscientização: Ainda que a empresa forneça EPIs (Equipamentos</p><p>de Proteção Individual), ainda que haja palestras de integração quando o trabalhador</p><p>inicia seu trabalho na empresa, ainda que a empresa disponibilize equipamentos</p><p>ergonômicos para os funcionários e os engenheiros e fisioterapeutas promovam trei-</p><p>namentos sobre os movimentos corretos em novos processos; o trabalhador PRE-</p><p>CISA entender que toda essa mobilização de recursos é para ele; todavia, depende</p><p>dele o trabalho correto. É preciso preparar devidamente o trabalhador, por meio</p><p>de palestras de informação e conscientização da sua própria responsabilidade, para</p><p>a manutenção da sua própria saúde e motivação no ambiente de trabalho. Altos</p><p>investimentos são feitos por parte das organizações e, sem a devida participação</p><p>do trabalhador, todos esses esforços, bem como os investimentos mobilizados por</p><p>9</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>parte da empresa de NADA valem. A dor vai existir, o assédio moral vai existir, o</p><p>afastamento e o aumento nos custos, bem como a perda de eficiência vão persistir.</p><p>Por mais que seja oneroso “parar” a operação para palestras, ainda é bem mais</p><p>barato do que perder os investimentos de energia, de tempo e de dinheiro para</p><p>“aplicar devidamente a Ergonomia”;</p><p>• Ergonomia de participação: É quando o trabalhador ou o usuário participam do</p><p>processo de desenvolvimento de máquinas, equipamentos, mobiliário e processo</p><p>de fabricação e/ou prestação de serviços. A Ergonomia de participação é efetiva</p><p>quando o trabalhador ou usuário já possui conhecimentos prévios sobre o que vem</p><p>a ser Ergonomia.</p><p>Traçando um paralelo entre o conceito de Ergonomia e o conceito de qualidade, igual-</p><p>mente atuais, aplicáveis em qualquer segmento de mercado, em constante ampliação de</p><p>escopo, sabemos que, quando o conceito de qualidade invade toda a organização, podemos</p><p>entender que ela ampliou o escopo, de tal forma que tomou, invadiu toda</p><p>a organização.</p><p>Para essa situação, é possível afirmar que a empresa chegou ao estágio de QUALI-</p><p>DADE TOTAL. Bem como a empresa que invade toda a organização com os conceitos</p><p>de qualidade e chega ao estágio de qualidade total, a organização, seja de natureza</p><p>manufatureira, seja de prestação de serviços, quando “invade” toda a empresa com os</p><p>conceitos de Ergonomia, podemos afirmar que aplicou a MACROERGONOMIA. Onde</p><p>há trabalho humano, sempre, em qualquer segmento de mercado, inclusive em nossa</p><p>vida cotidiana, deve haver Ergonomia. No ato de um estudante levar uma mochila para</p><p>escola, deve haver ergonomia de correção, na conscientização sobre como carregar a</p><p>mochila: as duas alças devem ser usadas uma em cada ombro. Caso seja possível, as</p><p>mochilas com rodinhas devem ser escolhidas.</p><p>Norma Regulamentadora</p><p>nº 17 (NR-17) – Ergonomia</p><p>No Brasil (2018), a NR 17 é a normativa que estabelece os parâmetros que permitam a</p><p>adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,</p><p>de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.</p><p>Nesse caminho, os profissionais com especialização em ergonomia, bem como pro-</p><p>fissionais que atuam no campo da saúde, segurança, projeto, produção etc., todos esses</p><p>atores podem observar as condições de trabalho onde incluem aspectos relacionados ao</p><p>levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às</p><p>condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.</p><p>Ponto importante que os profissionais precisam estar atentos é avaliar a adaptação</p><p>das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, e cabe</p><p>ao empregador realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, devendo a mesma abordar,</p><p>no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido na NR 17.</p><p>10</p><p>11</p><p>Como exemplo, o livro Pontos de Verificação Ergonômicas, traduzido pela Funda-</p><p>centro, mostra exemplos de ações simples que podem ser realizadas no meio ambiente</p><p>de trabalho (FUNDACENTRO, 2018).</p><p>Figura 1 – O profi ssional pode apontar ações que eliminem</p><p>as diferenças de altura das superfícies de trabalho</p><p>Fonte: Fundacentro, 2018</p><p>Figura 2 – Criar estratégias para que o trabalhador possa empurrar ou puxar os materiais pesados, em</p><p>lugar de erguê-los ou baixá-los. Mover os materiais ao longo de superfícies da mesma altura</p><p>Fonte: Fundacentro, 2018</p><p>O item 17.3 da NR 17 trata do mobiliário dos postos de trabalho. Para isso, o profissional</p><p>tem vários instrumentos de trabalho, desde o mais simples ao mais complexo, dependendo</p><p>muito da necessidade de cada momento de atuação, seja ele na fase de projeto ou de</p><p>melhorias. Para auxiliar, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou</p><p>algumas normas que permitem auxiliar os profissionais, conforme apresentado a seguir:</p><p>Quadro 1 – Coletânea Eletrônica de Normas Técnicas | Ergonomia | Antropometria e Biomecânica</p><p>ABNT ISO/TS 20646:2017 Diretrizes ergonômicas para a otimização das cargas de tra-</p><p>balho sobre o sistema musculoesquelético .</p><p>ABNT NBR ISO 11226:2013 Avaliação de posturas estáticas de trabalho .</p><p>ABNT NBR ISO 11228-1:2017 Ergonomia – Antropometria e Biomecânica .</p><p>ABNT NBR ISO 11228-2:2017 Ergonomia – Movimentação manual – Parte 2: Empurrar e puxar .</p><p>ABNT NBR ISO 11228-3:2014 Ergonomia – Movimentação manual – Parte 3: Movimenta-</p><p>ção de cargas leves em alta frequência de repetição .</p><p>ABNT NBR ISO 15535:2015 Requisitos gerais para o estabelecimento de bases de dados</p><p>antropométricos.</p><p>11</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Um exemplo de proposta de melhoria do mobiliário e posto do trabalho é uma em</p><p>que se alterne a postura de pé com a posição sentada, que permite uma maior eficiência</p><p>e um maior conforto. Assim o designer pode seguir o exemplo uma banqueta alta com</p><p>um bom repouso para os pés, o que é muito útil para alternar as posições de pé e sen-</p><p>tada quando se realizam as mesmas tarefas ou tarefas semelhantes sobre uma mesa de</p><p>trabalho. Certifique-se de que haja disponibilidade de espaço suficiente para as pernas</p><p>em ambas as posições da figura a seguir:</p><p>Figura 3 – Mobiliário e posto do trabalho que permitam alternância de posição corporal</p><p>Fonte: Fundacentro, 2018</p><p>Condições Ambientais de Trabalho Iluminação</p><p>As condições ambientais de trabalho são variadas e devem estar adequadas às carac-</p><p>terísticas psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.</p><p>Como exemplo, vamos destacar a iluminação geral ou suplementar que deve ser projeta-</p><p>da e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes</p><p>excessivos. Os métodos de medição e os níveis mínimos de iluminamento a serem ob-</p><p>servados nos locais de trabalho são os estabelecidos na Norma de Higiene Ocupacional</p><p>nº 11 (NHO 11) da Fundacentro – Avaliação dos Níveis de Iluminamento em Ambientes</p><p>de Trabalho Internos.</p><p>Figura 4 – As luminárias altas proporcionam uma melhor distribuição da luz</p><p>Fonte: Fundacentro, 2018</p><p>12</p><p>13</p><p>Nota-se que as luminárias altas proporcionam uma melhor distribuição da luz. Uma</p><p>ação simples que os profissionais que atuam no campo da ergonomia podem proporcionar</p><p>para os trabalhadores uma iluminação suficiente, de forma que possam operar em todo</p><p>momento de modo eficiente e confortável.</p><p>Os benefícios de uma boa iluminação são:</p><p>• Aumento do seu rendimento do trabalhador, porque o posto de trabalho passa</p><p>a ser um lugar agradável para a execução das tarefas;</p><p>• Diminui erros nas tarefas e proporciona redução de riscos de acidentes;</p><p>• A iluminação de boa qualidade ajuda os trabalhadores a visualizarem os ele-</p><p>mentos de trabalho de forma rápida e com o nível de detalhamento exigido</p><p>pela tarefa, portanto, auxilia na melhora da qualidade.</p><p>Organização do Trabalho</p><p>A ergonomista aposentada da Fundacentro Leda Leal Ferreira aponta que devemos</p><p>olhar para a organização do trabalho, considerando nove elementos: 1) Deve haver</p><p>instrumentos de trabalho apropriados; 2) Deve haver uma ideia clara sobre o produto</p><p>que se quer 3) Deve haver local de trabalho apropriado para trabalhar, isto é, com boa</p><p>iluminação, espaço para se movimentar, ventilação etc. 4) Deve haver matéria-prima;</p><p>5) Ter tempo suficiente; 6) Ter trabalhadores em número suficiente; 7) Ter qualificação</p><p>necessária; 8) Ter tranquilidade para se dedicar ao trabalho; 9) Ter uma remuneração</p><p>condizente com as suas necessidades (FERREIRA, 2016).</p><p>Se o trabalhador tiver todas as nove condições já mencionadas, poderá fazer um tra-</p><p>balho útil, bonito e bem feito e ser reconhecido como um bom trabalhador. Mesmo que</p><p>tenha que trabalhar duro e ficar cansado no fim da jornada, se sentirá bem.</p><p>Mas, se algumas dessas condições faltarem, o que pode acontecer?</p><p>A primeira conclusão que a autora tira é que, quando analisamos o trabalho, conse-</p><p>guimos compreender: a) o que está neste trabalho é bom e faz bem aos trabalha-</p><p>dores e o que neste trabalho é ruim e pode fazer com que os trabalhadores sofram e</p><p>até fiquem doentes, com doenças físicas e mentais (FERREIRA, 2016).</p><p>O item da NR 17 descreve a organização do trabalho, onde os profissionais devem</p><p>sempre levar em consideração, no mínimo:</p><p>• As normas de produção;</p><p>• O modo operatório;</p><p>• A exigência de tempo;</p><p>• A determinação do conteúdo de tempo;</p><p>• O ritmo de trabalho;</p><p>• O conteúdo das tarefas.</p><p>13</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>“O” de Organização do Trabalho. Disponível em: https://bityl.co/7jPX</p><p>Um exemplo que podemos utilizar neste tema é o retorno de experiência dos tra-</p><p>balhadores. Para podermos colocar em prática melhorias nos itens citados, podemos</p><p>utilizar um espaço de formação ou treinamento aos trabalhadores para que assumam</p><p>responsabilidades e fornecer-lhes os meios para que tragam melhorias nas suas tarefas.</p><p>A Fundacentro (2018, p. 271), sobre a organização do trabalho, destaca:</p><p>Os trabalhos interessantes e produtivos são aqueles nos quais os traba-</p><p>lhadores assumem responsabilidades no planejamento e na produção.</p><p>Os</p><p>trabalhos com responsabilidades podem aumentar o grau de satisfação no</p><p>emprego. Os trabalhos sem responsabilidades reais não apenas são abor-</p><p>recidos, como ainda exigem supervisão contínua, convertendo-se em uma</p><p>carga adicional tanto para a empresa quanto para os trabalhadores. Todos</p><p>nós necessitamos sentir que nosso trabalho serve para algo, e que ele nos</p><p>permite desenvolver nossas capacidades e habilidades. Para alcançar esse</p><p>fim, é necessário formar os trabalhadores a fim de que assumam trabalhos</p><p>com responsabilidades.</p><p>• Organize grupos de discussão sobre como melhorar os trabalhos. Inclua nas</p><p>discussões as maneiras pelas quais os trabalhos com mais responsabilidades</p><p>podem beneficiar tanto a empresa quanto os trabalhadores;</p><p>• Forme grupos de discussão sobre organização do trabalho e das tarefas nas</p><p>sessões de treinamento sobre melhorias do trabalho e de desenvolvimento</p><p>profissional. Nessas sessões de treinamento, utilize exemplos de trabalhos bem</p><p>organizados que possam melhorar a satisfação no trabalho;</p><p>• Promova planos de trabalho em grupo, já que isso pode aumentar a consciência</p><p>de que os trabalhos que acarretam mais responsabilidades para o grupo são</p><p>mais interessantes e melhores para o desenvolvimento de habilidades;</p><p>• Proporcione boas oportunidades para a formação, seja no trabalho, seja me-</p><p>diante sessões especiais de treinamento ou de cursos, para a realização de tra-</p><p>balhos com mais responsabilidades e com múltiplas habilidades.</p><p>Antropometria</p><p>Segundo Lida (2005), a origem da antropometria está na Antiguidade, pois egípcios</p><p>e gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O reconhe-</p><p>cimento dos biótipos aparece nos tempos bíblicos, e os nomes de muitas unidades de</p><p>medida, utilizados hoje em dia, são derivados de segmentos do corpo.</p><p>A antropometria trata das medidas do corpo humano. Aparentemente, medir as pes-</p><p>soas seria uma tarefa fácil, bastando para isso ter uma régua, trena e balança.</p><p>14</p><p>15</p><p>Entretanto, isso não é tão simples assim quando se pretende obter medidas represen-</p><p>tativas e confiáveis de uma população, que é composta de indivíduos dos mais variados</p><p>tipos e dimensões.</p><p>Uma das muitas aplicações das medidas antropométricas na ergonomia é relacionada</p><p>ao dimensionamento do espaço de trabalho, desenvolvimento de mobiliário, definições</p><p>dos espaços internos dos automóveis, ferramentas e dispositivos, além de melhor definição do</p><p>“tamanho humano” relacionado a roupas e equipamentos, principalmente com os avanços</p><p>tecnológicos associados às coordenadas tridimensionais da Engenharia e da Biomecânica.</p><p>Com isso, amplia-se a possibilidade do uso da tecnologia supracitada em procedimentos</p><p>diagnósticos e construção de próteses ortopédicas, por exemplo.</p><p>Quando os profissionais que estiverem na linha de frente do projeto, deve observar</p><p>que o trabalho deverá ser projetado de forma que resulte no menor desgaste de energia</p><p>e menor tensão fisiológica possível, portanto propiciando as melhores condições de tra-</p><p>balho para os trabalhadores (BARNES, 1977).</p><p>A antropometria Divide-se em:</p><p>• Antropometria estática: Refere-se a medidas gerais de segmentos corporais com</p><p>o indivíduo em posição estática (parado);</p><p>• Antropometria dinâmica: Refere-se a pequenos movimentos realizados por seg-</p><p>mentos corporais nos três planos de secções anatômicas;</p><p>• Antropometria funcional: Refere-se à análise dos movimentos específicos de uma</p><p>atividade considerando os três planos de secção e delimitações anatômicas em um</p><p>posto de trabalho.</p><p>Biomecânica</p><p>Qual a importância da Biomecânica para os estudos ergonômicos?</p><p>Para refletirmos sobre isso, precisamos compreender do que trata essa ciência. Ou seja:</p><p>• Considerando que a análise do movimento humano é feito pela Biomecânica e</p><p>Cinesiologia, respectivamente. A primeira refere-se às formas de avaliação dos mo-</p><p>vimentos (provas e funções), e a segunda busca analisar o movimento e o efeito da</p><p>força ao trabalhador (LIDA; GUIMARÃES, 2018);</p><p>• Considerando que o corpo humano é movido por um sistema musculoesquelético</p><p>e possui limitações, as quais devem ser respeitadas no desenvolvimento de um pro-</p><p>jeto ou uma atividade de trabalho (LIDA; GUIMARÃES, 2018);</p><p>• Considerando que a biomecânica é uma disciplina que estuda a estrutura e a função</p><p>dos sistemas biológicos, contribuindo para a devida compreensão do funcionamento</p><p>do sistema musculoesquelético que é composto por ossos, articulações, ligamentos,</p><p>músculos e tendões.</p><p>Para mostrar a importância dessa ciência, vamos refletir sobre o estudo realizado</p><p>por Vilela et al. (2015, p. 38). Eles realizaram uma análise ergonômica da atividade de</p><p>trabalho de um trabalhador no corte de cana manual e chegaram ao seguinte resultado:</p><p>15</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>O trabalhador destinou durante o período de 107 minutos de filmagem</p><p>1.373 golpes de podão e realizou 1.209 flexões de coluna. Com base na</p><p>medição linear de cana cortada durante o tempo da filmagem, a metragem</p><p>total do dia e a produção do trabalhador amostrada pela empresa nesse</p><p>dia, pode-se estimar que o trabalhador realizou nesse dia cerca de 3.080</p><p>flexões de coluna e pelo menos 3.498 golpes de podão durante aproxima-</p><p>damente 8 horas de jornada de trabalho. Essa atividade, realizada em alta</p><p>repetitividade, é composta por operações que exigem força, precisão no</p><p>golpe, flexão de coluna (44% do tempo da atividade), atividade exercida em</p><p>pé (43% do tempo), rotações de quadril (9% do tempo) e sentado (4% do</p><p>tempo), as três primeiras em situações extremamente prejudiciais a saúde.</p><p>O golpe no feixe de cana é “devolvido” na forma de impactos no sistema</p><p>musculoesquelético. Uma das evidências do risco de lesões é o tamanho</p><p>do ciclo medido em segundos. O ciclo de trabalho no corte da cana, so-</p><p>mando-se os tempos médios de cada ação que compõem a operação de</p><p>corte em diversas modalidades, obteve um ciclo médio no corte de três</p><p>ruas de 5,68 segundos; no corte de uma rua, 4,36 segundos.</p><p>Qual o papel do ergonomista ao avaliar biomecanicamente uma atividade de trabalho? Qual</p><p>a importância dessa avaliação?</p><p>Fisiologia</p><p>As análises ergonômicas do trabalho devem ser realizadas para avaliar a adaptação</p><p>das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e subsi-</p><p>diar a implementação das medidas e adequações necessárias previstas na NR-17.</p><p>Portanto, precisamos compreender o que significa a Fisiologia, que é uma área de es-</p><p>tudo sobre o funcionamento físico, orgânico, mecânico e bioquímico dos seres humanos.</p><p>A fisiologia do trabalho está relacionada aos gastos energéticos, preocupando-se em re-</p><p>duzir a carga física e os fatores de sobrecargas fisiológicos, como temperatura ambiental</p><p>e ruídos (LIDA; GUIMARÃES, 2018).</p><p>Como usar o conhecimento da fisiologia nas avaliações ergonômicas?</p><p>Um exemplo pode ser uma avaliação realizada junto aos trabalhadores cortadores de</p><p>cana no estudo conduzido por (VILELA et al., 2015), no qual, ao avaliar um trabalhador,</p><p>evidenciou o corte de 22,4 toneladas no dia do monitoramento. Tal situação trouxe uma re-</p><p>percussão fisiológica que pode ser vista no registro dos batimentos cardíaco do trabalhador:</p><p>16</p><p>17</p><p>Figura 5 – Monitoramento de parâmetros fi siológicos (frequência cardíaca) e do Índice de Bulbo Úmido</p><p>Termômetro de Globo (IBUTG) durante uma jornada de trabalho no corte manual de cana-de-açúcar</p><p>Fonte: VILELA et al., 2015</p><p>Alguns aspectos do funcionamento dos estudos da Fisiologia:</p><p>• Respiração;</p><p>• Circulação;</p><p>• Reprodução;</p><p>• Digestão;</p><p>• Cardiovação (sistema circulatório).</p><p>Figura 6 – Sistemas do Corpo Humano</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>Métodos de Aplicação da Ergonomia</p><p>Considerando que a NR 17 determina que a elaboração da AET é originalmente</p><p>composta de procedimentos de coleta de dados como entrevistas, análise de dados da</p><p>empresa e da população trabalhadora, análise dos procedimentos de trabalho, análises</p><p>dos levantamentos de riscos/perigos e observações do trabalho real. Nota-se que, antes</p><p>de iniciar uma AET</p><p>na empresa, é preciso criar o método de análise que pode ser de-</p><p>17</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>senvolvido por uma equipe multidisciplinar. A fim de promover uma análise ergonômica</p><p>adequada e técnica do posto de trabalho, são utilizadas as ferramentas auxiliares aplica-</p><p>das à ergonomia.</p><p>Importante!</p><p>A Análise do Trabalho em Ergonomia, existem termos “modelo”, “método” e “ferramenta”</p><p>que são, muitas vezes, utilizados de maneira indiscriminada e acabam se confundindo nos</p><p>estudos práticos, por isso, abaixo, apresentamos uma descrição para ajudar na reflexão.</p><p>Quadro 2 – Termos utilizados na Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Modelo</p><p>Um modelo é uma redução, uma simplificação da realidade que</p><p>contêm somente algumas características do seu objeto (caso</p><p>contrário, seria o objeto em si). Ele funciona como “ponte” entre</p><p>a teoria e a realidade, servindo algumas vezes para verificação</p><p>empírica de uma teoria, e outras vezes para dar origem a novos</p><p>modelos e novas teorias. Um modelo é, assim, uma representação</p><p>(desenho, diagrama, esboço, ilustração, maquete etc.), fruto de</p><p>uma elaboração mais ou menos complexa de modelização a partir</p><p>de uma teoria.</p><p>Método</p><p>Um método propõe as bases – o passo a passo – para se realizar</p><p>um conjunto de tarefas visando a chegar a um objetivo. Trata-se</p><p>de uma maneira sistemática e organizada de realizar algo. Em ci-</p><p>ência, ele visa a guiar o processo de produção de conhecimento</p><p>científico através de experiências, observações, cálculos etc.</p><p>Ferramentas As ferramentas, por sua vez, são instrumentos ou recursos empre-</p><p>gados na aplicação do método.</p><p>Fonte: Adaptado de NASCIMENTO; ROCHA, 2021</p><p>Os profissionais que atuam com o campo da Ergonomia precisam ficar atentos às</p><p>ferramentas utilizadas, uma vez que a sua maioria é quantitativa e traduz em números</p><p>os dados coletados, que são analisados e classificados. O uso indiscriminado dessas</p><p>ferramentas, muitas vezes, “fechando diagnósticos” errôneos, mostra o cuidado que o</p><p>profissional deve ter em evitar o que não corresponde à realidade. Mas as ferramentas,</p><p>quando utilizadas em momentos corretos – ou seja, na fase de tratamento de dados da</p><p>AET, conforme determina a NR 17 –, após terem passado por todas as fases relacionadas</p><p>à construção de hipóteses, análises de documentos, observações em campo e entrevistas,</p><p>podem servir de auxílio na construção de um diagnóstico do trabalho (NASCIMENTO;</p><p>ROCHA, 2021).</p><p>A equipe que vai analisar pode escolher um modelo ou mais, e uma ou várias ferramen-</p><p>tas de análise. Veja, como exemplos, as tradicionais (OCRA, Owas, Equação NIOSH, Rula,</p><p>Reba, Questionário Nórdico, EWA, lista de verificação etc.) que serão descritas abaixo.</p><p>Antes de dar continuidade no estudo, assista ao vídeo Ferramentas Ergonômicas? Para quê?</p><p>Disponível em: https://bityl.co/7jPB</p><p>18</p><p>19</p><p>O uso das ferramentas ergonômicas é variada e, por isso, é preciso refletir sobre suas</p><p>características, tais como:</p><p>• Qualidade da aplicação;</p><p>• Rapidez em obtenção de resultados;</p><p>• Resultado objetivo;</p><p>• Reconhecimento internacional;</p><p>• Uso para identificação de funções de maior risco;</p><p>• Estudo comparativo após melhorias;</p><p>• Efeito judicial;</p><p>• Comercial.</p><p>Segundo Pavani e Quelhas (2006), a legislação brasileira, embora afirme que visa es-</p><p>tabelecer parâmetros para a adaptação das condições de trabalho às características psi-</p><p>cofisiológicas dos trabalhadores e que para avaliar essa adaptação cabe às organizações</p><p>realizar análise ergonômica do trabalho, não deixa claro ou não sugere metodologias</p><p>para essas avaliações de riscos ergonômicos.</p><p>O manual de aplicação da NR 17 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2002) também</p><p>não define ou orienta quanto aos métodos a serem utilizados para avaliação dos riscos er-</p><p>gonômicos das atividades ocupacionais, citando apenas a equação do National Institute</p><p>for Occupational Safety and Health – NIOSH, órgão do governo americano que desen-</p><p>volveu uma equação que permite calcular qual seria o limite recomendável para levan-</p><p>tamento e transporte manual de peso, levando-se em conta alguns fatores específicos.</p><p>Existem muitas ferramentas de análise de riscos ergonômicos encontrados na lite-</p><p>ratura disponível, delineados para determinar e quantificar a exposição a fatores de</p><p>risco devido à sobrecarga biomecânica dos membros superiores. Entre eles, destacam-se</p><p>aqueles que evidenciam de forma qualitativa a presença de características ocupacionais</p><p>que podem levar o avaliador em direção à possível presença de um risco, aqueles que,</p><p>por outro lado, na base de checklist, permitem um rápido enquadramento do problema</p><p>e aqueles mais complexos que podem caracterizar a multifatoriedade da exposição. Não</p><p>existem métodos de avaliação de risco que podem atender completamente todos os</p><p>critérios, apesar disso, alguns deles se apresentam mais completos em sua formulação.</p><p>Nesse cenário, abordaremos algumas das ferramentas aplicadas à ergonomia:</p><p>Quadro 3 – Ferramentas Ergonômicas</p><p>RULA Avalia os fatores de risco, considerando a postura, repetitividade,</p><p>aplicação de força e ações musculares;</p><p>Equação NIOSH</p><p>Determina o limite do peso recomendado considerando a cons-</p><p>tante carga, distância horizontal, distância vertical, deslocamento</p><p>vertical, assimetria, frequência e qualidade da pega;</p><p>Owas</p><p>Avalia a postura de trabalho, no que concerne à posição das cos-</p><p>tas, braços e pernas, o manuseio de carga e uso da força e a frequ-</p><p>ência, considerando diagramas posturais e tabelas;</p><p>19</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>OCRA</p><p>Avalia fatores de risco trabalhos com uma única tarefa repetitiva</p><p>ou multitarefas, em que se centraliza a análise nos membros su-</p><p>periores, como ombro e braço (flexão, extensão e abdução), coto-</p><p>velo (flexão, extensão e supinação com a palma da mão para cima</p><p>e pronação com a palma da mão para baixo), pulso (flexão, exten-</p><p>são, desvio lateral), mãos e dedos (movimento de pega). Avalia</p><p>a repetitividade, ausência de pausas, temperaturas e vibrações.</p><p>REBA</p><p>Avalia a postura e a capacidade de manipulação de cargas, consi-</p><p>derando as posições do tronco, pescoço, pernas, braços, antebraços</p><p>e punhos;</p><p>EWA</p><p>Caracteriza o local de trabalho, considerando o espaço de traba-</p><p>lho, a atividade física desempenhada, manuseio de carga, postu-</p><p>ras, movimentos, risco de acidentes, conteúdo do trabalho entre</p><p>outros, com peso de validação dos trabalhadores.</p><p>Revisão de Ferramentas para Avaliação Ergonômica. Disponível em: https://bityl.co/7jOx</p><p>Exemplos de Ferramentas Ergonômicas</p><p>RULA – Rapid Upper Limb Assessment</p><p>A ferramenta foi desenvolvida para ser usada em investigações ergonômicas de</p><p>postos de trabalho onde existe a possibilidade de desenvolvimento de LER/DORT em</p><p>membros superiores.</p><p>A ferramenta RULA avalia: Postura, Atividade Muscular e Força</p><p>Segundo Pavani e Quelhas (2006), a ferramenta RULA (Rapid Upper – limb assessment)</p><p>é um instrumento ágil e veloz que permite obter uma avaliação da sobrecarga biomecânica</p><p>dos membros superiores e do pescoço, em uma tarefa ocupacional. Essa ferramenta deve</p><p>ser utilizada em um contexto de avaliação ergonômica geral. Essa afirmação parece eviden-</p><p>te pelo fato de que o output principal da ferramenta é aquele de identificar a necessidade</p><p>de uma análise mais profunda do risco com outros métodos, portanto, é um instrumento de</p><p>investigação genérica como o de outros checklist.</p><p>O determinante de risco ergonômico nessa ferramenta é representado pelas postu-</p><p>ras assumidas pelos trabalhadores, na jornada de trabalho. As posturas avaliadas são</p><p>as adotadas pelos membros superiores, o pescoço, o tronco e os membros inferiores.</p><p>A avaliação de risco é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos de trabalho,</p><p>pontuando as posturas, frequência e força dentro de uma escala que varia de 1 (um),</p><p>correspondente ao intervalo de movimento ou postura de trabalho onde o fator de risco</p><p>correlato é mínimo, até ao valor 9 (nove) onde o fator de risco correlato é máximo. Essa</p><p>pontuação é fundamentada na literatura especializada em Biomecânica</p><p>ocupacional.</p><p>20</p><p>21</p><p>Tabela 1 – Nível de Intervenção para os Resultados do Método RULA</p><p>Nível de Ação Pontuação Intervenção</p><p>1 1 - 2 A postura è aceitável se não for mantida ou repe-</p><p>tida por longos períodos;</p><p>2 3 - 4 São necessárias investigações posteriores; Algum</p><p>intervenções podem se tornar necessárias;</p><p>3 5 - 6 É necessário investigar e mudar em breve;</p><p>4 ≥ É necessário investigar e mudar imediatamente.</p><p>REBA – Rapid Entire Boby Assessment</p><p>É usado para avaliar a exposição dos trabalhadores a fatores de risco.</p><p>Segundo Pavani e Quelhas (2006), a ferramenta REBA (Rapid Entire Boby Assessment)</p><p>foi desenvolvida para estimar o risco de desordens corporais ao que os trabalhadores estão</p><p>expostos. As técnicas que se utilizam para realizar uma análise postural têm duas caracterís-</p><p>ticas que são a sensibilidade e a generalidade. Uma alta generalidade quer dizer que é apli-</p><p>cável em muitos casos, mas provavelmente tenha uma baixa sensibilidade, que quer dizer</p><p>que os resultados que se obtenham podem ser pobres em detalhes. Porém, as técnicas com</p><p>alta sensibilidade, em que é necessária uma informação muito precisa sobre os parâmetros</p><p>específicos que se medem, parecem ter uma aplicação bastante limitada.</p><p>A ferramenta REBA é para avaliar a quantidade de posturas forçadas nas tarefas ma-</p><p>nipuladas pessoas ou qualquer tipo de carga animada, apresentando uma grande simi-</p><p>laridade com a ferramenta RULA, e assim como ela, é dirigida às análises dos membros</p><p>superiores e a trabalhos onde se realizam movimentos repetitivos. A ferramenta inclui</p><p>fatores de carga postural dinâmica e estática, na interação pessoa-carga, e um conceito</p><p>denominado de “a gravidade assistida” para a manutenção da postura dos membros supe-</p><p>riores; isso quer dizer que é obtida a ajuda da gravidade para manter a postura do braço</p><p>onde é mais custoso manter o braço levantado do que tê-lo pendurado para baixo. Ela foi</p><p>concebida inicialmente para ser aplicada em análises de posturas forçadas, adotadas pelo</p><p>pessoal da área médica e hospitalar, como auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas etc.</p><p>A avaliação de risco também é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos</p><p>de trabalho, pontuando as posturas do tronco, pescoço, pernas, carga, braços, antebraços</p><p>e punhos em tabelas específicas para cada grupo. Após a pontuação de cada grupo, é</p><p>obtida a pontuação final, que é comparada com uma tabela de níveis de risco e ação em</p><p>escala que varia de 0 (zero), correspondente ao intervalo de movimento ou postura de</p><p>trabalho aceitável e que não necessita de melhorias na atividade, até ao valor 4 (quatro),</p><p>onde o fator de risco é considerado muito alto sendo necessária atuação imediata.</p><p>Tabela 2 – Verifi cação dos níveis de risco e ação do método REBA</p><p>Nível de Ação Pontuação Nível de Risco Intervenção e</p><p>Posterior Análise</p><p>0 1 Inapreciável Não necessário</p><p>1 2 - 3 Baixo Pode ser necessário</p><p>2 4 - 7 Médio Necessário</p><p>21</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Nível de Ação Pontuação Nível de Risco Intervenção e</p><p>Posterior Análise</p><p>3 8 - 10 Alto Prontamente necessário</p><p>4 11 - 15 Muito Alto Atuação imediata</p><p>NIOSH</p><p>Em 1981, nos Estados Unidos, sob iniciativa do National Institute for Ocupational</p><p>Safety and Health – NIOSH, patrocinou-se o desenvolvimento da ferramenta para de-</p><p>terminar a carga máxima a ser manuseada numa atividade de trabalho.</p><p>A ferramenta NIOSH foi revisada em 1991, sendo proposto o limite de peso reco-</p><p>mendado (LPR) e o Índice de levantamento (IL).</p><p>Ao determinar o LPR e o IL, estima-se o risco de lesão naquela situação, naquele</p><p>posto de trabalho.</p><p>Deve-se respeitar o peso que uma pessoa possa levantar em situação de trabalho, na</p><p>qual 90% dos homens e, no mínimo, 75% das mulheres o façam sem lesão.</p><p>Tarefas de levantamento e de abaixamento de pesos têm idêntico potencial para</p><p>causar lesões lombares.</p><p>Cálculo:</p><p>Limite de peso recomendado:</p><p>• LPR = 23 x FDH x FAV x FDVP x FFL x FRLT x FQPC ou;</p><p>• LPR = 23 x HM x VM x DM x FM x AM x CM.</p><p>Onde o valor 23, corresponde ao peso limite ideal, quer dizer, aquele que pode ser ma-</p><p>nuseado sem risco particular, quando a carga está idealmente colocada, compreendendo:</p><p>• FDH (Fator de Distância Horizontal em relação à carga) = 25 cm;</p><p>• FAV (Fator de Altura Vertical em relação ao solo) = 75 cm;</p><p>• FRLT (Fator de Rotação Lateral do Tronco) = 0;</p><p>• FFL (Fator Frequência de Levantamento) menor que uma vez a cada 5 minutos;</p><p>• Pega carga fácil e confortável (boa).</p><p>Questionário Nórdico</p><p>O questionário nórdico foi desenvolvido para autopreenchimento. Há um desenho</p><p>dividindo o corpo em 9 partes. Os trabalhadores devem responder “sim” ou “não” para</p><p>3 situações que envolvem essas 9 partes:</p><p>• Você teve algum problema nos últimos 7 dias?</p><p>• Você teve algum problema nos últimos 12 meses?</p><p>• Você quis deixar de trabalhar algum dia nos últimos 12 meses devido ao problema?</p><p>22</p><p>23</p><p>O questionário é distribuído juntamente com uma carta explicando os objetivos do</p><p>levantamento e solicitando a colaboração. Segue-se um bloco de caracterização do su-</p><p>jeito, pedindo para indicar o sexo, idade, lateralidade (destro, canhoto, ambidestro). Fi-</p><p>nalmente, indica-se onde devem ser entregues os questionários preenchidos e faz-se um</p><p>agradecimento pela colaboração.</p><p>Figura 7 – Formulário – Questionário Nórdico</p><p>Fonte: Reprodução</p><p>Segundo Lida (2005), o questionário é válido, sobretudo, quando se quer fazer um le-</p><p>vantamento abrangente, rápido e de baixo custo. Ele pode ser usado para que se faça um</p><p>levantamento inicial das situações que requerem análises mais profundas e medidas cor-</p><p>retivas. Os dados podem ser processados eletronicamente para identificar os principais</p><p>problemas posturais em uma empresa. Pode ser usado como diagnóstico preliminar que</p><p>será usado no primeiro pilar da primeira fase de implantação do Comitê de Ergonomia.</p><p>23</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Sites</p><p>Ferramentas ergonômicas podem ser pesquisadas no site Ergolândia 7.0</p><p>https://bityl.co/7jNn</p><p>Vídeos</p><p>Antropometria</p><p>https://youtu.be/b7kdFt2Hpdc</p><p>Técnicas Antropométricas</p><p>https://youtu.be/QwXcKAuhooE</p><p>Biomecânica do Pé</p><p>https://youtu.be/0EHV2PfDv7I</p><p>Laboratório de Biomecânica</p><p>https://youtu.be/AUYYjawZsH0</p><p>Ciência das artes marciais – Biomecânica do judô</p><p>https://youtu.be/oLRpzvBkXmE</p><p>Fisiologia humana</p><p>https://youtu.be/w4-1-QaXc5c</p><p>Leitura</p><p>Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora Nº 17</p><p>https://bit.ly/3ufjzw5</p><p>Manual de Auxílio na Interpretação e Aplicação da Norma Regulamentadora nº 36</p><p>https://bit.ly/46izK9j</p><p>24</p><p>25</p><p>Referências</p><p>BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho.</p><p>São Paulo. Editora Blucher, 1977.</p><p>BRASIL. Escola Nacional da Inspeção do Trabalho. Normas Regulamentadoras de</p><p>Segurança e Saúde no Trabalho. NR 17 – Ergonomia, 2018. Disponível em: <https://</p><p>enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-17.pdf>. Acesso em:</p><p>13/04/2021.</p><p>FERREIRA, L. L. Análises do Trabalho: Escritos Escolhidos. Belo Horizonte:</p><p>Fabrefactum, 2016.</p><p>FUNDACENTRO. Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas e de fácil apli-</p><p>cação para melhorar a segurança, a saúde e as condições de trabalho. Organização In-</p><p>ternacional do Trabalho. Tradução, Fundacentro. 2. ed. São Paulo: Fundacentro, 2018.</p><p>LIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo: Blucher, 2005.</p><p>LIDA, I.; GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia: projeto e produção. 3. ed. São Paulo:</p><p>Blucher, 2018.</p><p>LAPERUTA, D. G. P.; OLIVEIRA, G. A.; PESSA, S. L. R.; LUZ, R. P. da. Revisão</p><p>de Ferramentas para Avaliação Ergonômica. Revista Produção Online. Florianópolis,</p><p>SC, v. 18, n. 2, p. 665-690, 2018.</p><p>NASCIMENTO, A.; ROCHA, R. Análise do Trabalho em Ergonomia: modelos, mé-</p><p>todos e ferramentas. Livro Engenharia do Trabalho. Saúde, Segurança, Ergonomia e</p><p>Projeto. Campinas: Libris, 2021. Prelo. Disponível em: <http://engenhariadotrabalho.</p><p>com.br/sobreolivro/>.</p><p>PAVANI, R. A.; QUELHAS, O. L. G. Avaliação dos riscos ergonômicos</p><p>como ferramen-</p><p>ta gerencial em saúde ocupacional. XIII SIMPEP, Bauru, São Paulo. Novembro de 2006.</p><p>VILELA, R. A. de G. et al. Pressão por produção e produção de riscos: a “maratona”</p><p>perigosa do corte manual da cana-de-açúcar. Rev. bras. saúde ocup. [on-line]. 2015,</p><p>vol. 40, n. 131 [cited 2021-04-13], pp. 30-48.</p><p>25</p>