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<p>Elaboração do</p><p>Recurso Didático</p><p>2020</p><p>Diagramação e</p><p>Design</p><p>Layout e estrutura</p><p>Finalização</p><p>Coordenação</p><p>Levi Torres</p><p>Sérgio Angulo</p><p>Amanda Dias</p><p>Luciano Junior</p><p>Sancho Comunicação</p><p>Regiane Moura</p><p>principais</p><p>temas</p><p>parte 2: a gestão</p><p>do rcd</p><p>parte 3: Aplicação</p><p>do agregado</p><p>reciclado e</p><p>operação de usina</p><p>parte 1: o negócio</p><p>da reciclagem de</p><p>rcd10</p><p>20</p><p>41</p><p>O QUE FAZEMOS</p><p>A Associação Brasileira para</p><p>Reciclagem de Resíduos da Construção</p><p>Civil e Demolição – ABRECON nasceu</p><p>com a ideia de introduzir a questão</p><p>no debate público e criar unidade das</p><p>empresas recicladoras de entulho no</p><p>país.</p><p>Entabulada pelas usinas de RCD, a</p><p>entidade iniciou suas operações no dia</p><p>09 de fevereiro de 2011 na cidade de São</p><p>Paulo, após quatro meses de contatos e</p><p>inúmeras apresentações.</p><p>A ABRECON surgiu das necessidades</p><p>das empresas recicladoras de entulho</p><p>de mobilizar e sensibilizar governos</p><p>e sociedade sobre a problemática</p><p>do descarte irregular dos resíduos</p><p>da construção e oferecer soluções</p><p>sustentáveis para a construção civil em</p><p>um dos momentos mais importantes da</p><p>história para o setor produtivo.</p><p>A ABRECON representa o que há de</p><p>mais avançado e inteligente na gestão</p><p>dos Resíduos da Construção Civil e</p><p>Demolição – RCD no Brasil.</p><p>Mais do que reciclar entulho, o que</p><p>nos moverá nesses novos tempos</p><p>é a possibilidade de trabalhar em</p><p>consonâncias com as questões</p><p>ambientais, de poder livrar nossos</p><p>mananciais de lixo, de reduzir o impacto</p><p>ambiental de produtos extraídos da</p><p>natureza, de poder gerar mais postos de</p><p>trabalho para a população carente.</p><p>Enfim, o que nos moverá é o poder de</p><p>transformar.</p><p>Contribuir com um mundo melhor!</p><p>É com grande satisfação que recebemos vocês</p><p>aqui na Abrecon.</p><p>Disseminar boas práticas na gestão dos resíduos</p><p>da construção é a filosofia da Associação desde</p><p>a sua fundação, em fevereiro de 2011.</p><p>Entendemos que as usinas de reciclagem de</p><p>RCD fazem parte de um sistema necessário a</p><p>construção, seja para receber e tratar os resíduos</p><p>ou para fornecer matéria prima de qualidade</p><p>para o setor na retomada do crescimento.</p><p>Sabemos o quanto é difícil empreender no</p><p>Brasil. Mais difícil ainda é empreender no setor</p><p>de resíduos sólidos, onde o desenvolvimento</p><p>do negócio esbarra diretamente na estrutura</p><p>pública e na cultura das pessoas em não pagar</p><p>para a destinação correta e adequada dos seus</p><p>resíduos.</p><p>Por outro lado é preocupante também o modo</p><p>de operação das usinas de reciclagem de</p><p>RCD no país. Muitas funcionando em situação</p><p>precária sem o mínimo de organização, expostas</p><p>a qualquer intempérie, política ou social.</p><p>Nesse sentido, a Abrecon apresenta o maior e</p><p>mais completo curso voltado exclusivamente a</p><p>empreendedores do setor.</p><p>Com profissionais experientes na área de</p><p>resíduos da construção, você terá uma noção</p><p>muito mais clara da realidade do segmento de</p><p>agregado reciclado e recebimento de entulho.</p><p>Você que já é um destinatário de resíduos da</p><p>construção, associe-se à Abrecon e conheça os</p><p>programas da Associação para o setor de RCD.</p><p>Você que pretende abrir uma usina, ATT ou</p><p>aterro de inertes, fique em contato conosco</p><p>pelas redes sociais e pelo nosso WhatsApp. Será</p><p>um prazer compartilhar notícias e informações</p><p>que, certamente, enriquecerão seus projetos.</p><p>Um grande abraço e até breve!</p><p>Quadro 1.1: Resolução CONAMA 307 ............................. 10</p><p>Quadro 1.2 - Normas técnicas.......................................... 10</p><p>Quadro 2.1 – Proposta de classificação de resíduos pela</p><p>resolução CONAMA 307/ 2002. ........................................ 22</p><p>Quadro 2.2 – Variação dos indicadores de geração de</p><p>resíduos da construção ..................................................... 35</p><p>Quadro 3.1 – Comparação usina fixa e móvel ............... 42</p><p>Quadro 3.2 – Exemplo de ficha técnica de produto, a partir</p><p>do agregado reciclado. ...................................................... 88</p><p>Tabela 2.1: Critérios para projetar, implantar e operar</p><p>uma ATT ou PEV ................................................................. 29</p><p>Tabela 2.2: Critérios para projetar, implantar e operar</p><p>uma usina de reciclagem .................................................. 32</p><p>Tabela 2.3: Critérios para projetar, implantar e operar um</p><p>aterro de resíduos “inertes” da construção civil ............ 34</p><p>Tabela 3.1: Esquema geral de processos de uma usina de</p><p>reciclagem ........................................................................... 45</p><p>Tabela 3.2: Contaminantes do resíduo Classe A ............ 46</p><p>Tabela 3.3: Diferentes tipos de britadores ..................... 57</p><p>Tabela 3.4: Angulo de inclinação da peneira .................. 65</p><p>Tabela 3.5: Frequência e amplitude da peneira ............. 65</p><p>Tabela 3.6: Quantidade mínima de massa da amostra de</p><p>ensaio .................................................................................. 82</p><p>Tabela 3.7: Especificação de uso de agregados reciclados</p><p>em pavimentação .............................................................. 85</p><p>Tabela 3.8: Requisitos específicos dos agregados</p><p>reciclados para uso em argamassas e concretos. ......... 93</p><p>SUMÁRIO</p><p>LISTA DE TABELAS</p><p>LISTA DE QUADROS</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>PARTE 1: O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>1.1 Classificação dos resíduos .......................................... 10</p><p>1.2 Normas técnicas .......................................................... 11</p><p>1.3 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) .......... 12</p><p>1.4 A geração de resíduos na construção civil ............... 13</p><p>1.6 A Reciclagem de Resíduos da Construção ................ 15</p><p>1.7 Condições Ambientais ................................................ 17</p><p>1.8 Reciclagem de resíduos da construção e demolição 18</p><p>1.8.1 O que é e como funciona a reciclagem? ............. 18</p><p>1.8.2 Os benefícios da reciclagem de entulho ............. 18</p><p>1.8.3 Práticas adequadas e responsabilidades ............ 19</p><p>1.8.4 A geração de resíduos na construção civil .......... 19</p><p>PARTE 2: A GESTÃO DO RCD</p><p>2.1 Como classificar o resíduo? ........................................ 20</p><p>2.2 A gestão dos resíduos de construção ....................... 24</p><p>2.2.1 Resolução CONAMA 307 e suas alterações ........ 24</p><p>2.2.2 Política Nacional de Resíduos Sólidos ................. 27</p><p>2.2.3 Estimando a geração do RCD ............................... 34</p><p>2.3 A cadeia do aproveitamento do RCD ........................ 38</p><p>2.3.1 Os geradores .......................................................... 38</p><p>2.3.2 Os transportadores ............................................... 39</p><p>2.3.3 Os órgãos públicos/fiscalizadores ....................... 39</p><p>2.3.4 Os recicladores ....................................................... 40</p><p>PARTE 3: APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E</p><p>OPERAÇÃO DE USINA</p><p>3.1 Usinas de reciclagem: processos operação ............. 41</p><p>3.1.1 Conceitos gerais ..................................................... 41</p><p>3.1.2 Tipologias das usinas ............................................. 42</p><p>3.1.3 Descrição do projeto e processos ........................ 45</p><p>3.1.3 a) Controle de entrada ........................................ 46</p><p>3.1.3 b) Tratamento Prévio, Limpeza .......................... 50</p><p>3.1.3 c) Britagem (primária e secundária) .................. 56</p><p>3.1.3 d) Concentração .................................................. 60</p><p>3.1.3. e) Peneiramento ................................................. 65</p><p>3.1.3 f) Classificação ...................................................... 67</p><p>3.1.3 g) Transportadores de correia ........................... 68</p><p>3.1.4 Layouts de usinas e tipos de agregados ............. 70</p><p>3.1.5 Operação: dicas valiosas ....................................... 77</p><p>3.2 Agregados reciclados: tipos e especificações .......... 81</p><p>3.2.1 Agregado Reciclado misto (ARM) ......................... 83</p><p>3.2.2 Agregado Reciclado de Concreto (ARCO) ou</p><p>Agregado Reciclado Cimentício (ARCI) ............................ 85</p><p>3.2.3 Especificações de agregados reciclados: uso em</p><p>argamassas</p><p>(bancos,</p><p>calçadas de praças públicas, blocos de vedação que são doados a conjuntos habitacionais).</p><p>Hoje, a maior parte das usinas são privadas e operam em diferentes escalas.</p><p>3.1 USINAS DE RECICLAGEM: PROCESSOS E FORMA DE</p><p>OPERAÇÃO</p><p>3.1.1 CONCEITOS GERAIS</p><p>Os processos de reciclagem do RCD têm como objetivo a produção de agregado reciclado</p><p>com granulometria e composição definidas. Basicamente eles consistem nos seguintes</p><p>processos:</p><p>Triar: processo de separação manual ou mecanizada dos contaminantes presentes no RCD</p><p>Classe A, tais como madeira, plástico, papel, gesso, aço, etc (tipicamente os resíduos Classe</p><p>B que ainda sobraram), eventualmente classes C e D (telhas de cimento amianto, etc).</p><p>Escalpar: o escalpe é uma operação que visa remover a fração já fina presente no RCD. É</p><p>muito comum quando há mistura de solo de escavação no RCD. Solo de escavação não é</p><p>adequado quando presente em excesso nos agregados reciclados, podendo inviabilizar o</p><p>uso destes em pavimentação, e em produtos cimentícios.</p><p>Britar: processo mecânico de redução do tamanho das partículas, podendo envolver vários</p><p>estágios de britagem (não necessariamente um único estágio apenas).</p><p>Concentrar/Limpar: processos físicos de separação mais refinados usando métodos</p><p>magnéticos (eletroímãs) (Figura 3.1), de separação por densidade (através do uso de</p><p>água ou ar), permitindo a eliminação de substâncias indesejáveis (o gesso, por exemplo,</p><p>fragmentos de madeira ou de asfalto, impossíveis de serem triados manualmente).</p><p>Peneirar (ou Classificar): processo de separação dos agregados em faixas granulométricas</p><p>específicas (variação de tamanho esperado das partículas). Entende-se por classificação a</p><p>separação da fração fina (pulverulentos, abaixo de 0,075 mm, algumas vezes indesejáveis</p><p>para a produção de materiais cimentícios). Pode-se usar lavadores de roscas (processo à</p><p>úmido) ou aeroclassificadores (separa as partículas por fluxo contrário de ar).</p><p>Os critérios de projeto de uma usina de reciclagem variam muito para cada planta. Eles</p><p>podem ser muito simples (não significando ruim), muito complexos, com diferentes linhas de</p><p>produção ou automação máxima.</p><p>PARTE 3:PARTE 3:</p><p>APLICAÇÃO DOAPLICAÇÃO DO</p><p>AGREGADO RECICLADO</p><p>AGREGADO RECICLADO</p><p>E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>42</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>O alcance e as características das usinas e seus processos de reciclagem são muito amplos</p><p>e respondem a situações e objetivos muito diferentes. Da instalação mais simples à mais</p><p>complexa, identificam-se os fatores que podem ser fundamentais na caracterização e</p><p>qualidade dos produtos obtidos.</p><p>A seleção e complexidade do sistema de reciclagem utilizado dependerão do grau necessário</p><p>de processamento de RCD:</p><p>a qualidade do material de entrada: a quantidade de impurezas contidas nos resíduos</p><p>a processar na usina deve indicar até que ponto os mecanismos de eliminação de</p><p>impurezas devem ser utilizados no processamento;</p><p>a qualidade exigida para o material de saída: a aplicação final pretendida para o</p><p>material reciclado também influencia no processo. O processo de produção de agregados</p><p>reciclados para aplicação em concreto, por exemplo, pode ser diferente do exigido para a</p><p>produção de agregados reciclados para aplicação em aterros ou sub-bases em superfícies</p><p>rodoviárias.</p><p>Geralmente, as usinas de reciclagem têm o mesmo conceito básico de instalações de produção</p><p>para agregados naturais. Fundamentalmente, as plantas apresentam os mesmos elementos</p><p>que a indústria de mineração (britadores, telas e mecanismos de transporte).</p><p>As usinas de produção de agregados reciclados, contudo, também podem incluir o tratamento</p><p>para materiais com origens diversas. No Brasil, as usinas tendem a apresentar projetos</p><p>simples, com processos manuais de classificação.</p><p>3.1.2 TIPOLOGIAS DAS USINAS</p><p>O processo de reciclagem pode ser feito em instalações fixas, ou em instalações móveis,</p><p>localizadas na própria obra geradora do resíduo. As instalações “semimóveis” são aquelas</p><p>que possuem pelo menos um equipamento móvel, que pode se mover para operar fora da</p><p>planta (os dispositivos móveis “fixos” na instalação não são considerados).</p><p>Deve-se ter em mente que as vantagens de realizar a reciclagem “in situ” (Quadro 3.1), através</p><p>do uso de plantas móveis, referem-se principalmente a evitar o transporte e seus custos</p><p>relacionados, referindo-se tanto ao transporte dos resíduos para a usina de reciclagem quanto</p><p>à aterros autorizados. Ele também permite fornecer um possível suprimento de agregados</p><p>reciclados para pontos de consumo próximos da obra, o que reduz o preço CIF (custo,</p><p>seguro e frete) do produto (agregado reciclado).</p><p>No entanto, a mobilidade das plantas pode ser um fator limitante frente às possibilidades</p><p>de produção e da qualidade final do produto, mas não necessariamente.</p><p>Em princípio, uma usina móvel possui um conjunto mínimo de equipamentos e maquinários</p><p>necessários pois será deslocado a uma obra. Ele tenderá a limitar a composição do material</p><p>a ser tratado, usará poucos equipamentos de classificação e tenderá a produzir um único</p><p>produto.</p><p>Em suma, a configuração da usina móvel é projetada para cada operação específica.</p><p>43</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Deve ser dada atenção à qualidade da matéria-prima que será tratada, pois os sistemas de</p><p>classificação das usinas móveis geralmente são mais limitados. É importante notar, por outro</p><p>lado, que o uso de usinas móveis destina-se a reciclar um resíduo limpo e homogêneo,</p><p>resultante de demolições seletivas ou trabalhos específicos que mantenham os processos</p><p>de gerenciamento de resíduos.</p><p>Quadro 3.1 – Comparação entre uma usina fixa e móvel. Fonte: E. V. Alberte, adaptado [33]</p><p>USINA FIXA</p><p>- Necessidade de grande área.</p><p>- Uso de equipamentos mais complexos</p><p>com vários estágios de britagem</p><p>processo de remoção de impurezas e</p><p>peneiramento em vários tamanhos.</p><p>- Produtos reciclados mais diversificados</p><p>e de melhor qualidade.</p><p>- Pode produzir agregados reciclados</p><p>que atendem mercados mais diversos; de</p><p>pavimentação, de materiais cimentícios</p><p>(argamassas, concretos).</p><p>- Necessita de menos área de operação</p><p>- Processo mais simples e</p><p>- Menos tempo de instalação;</p><p>- Versatilidade e flexibidade;</p><p>- Bastante difundida para uso em obras</p><p>de pavimentação;</p><p>- Redução dos custos com transporte de</p><p>resíduos e venda do material reciclado</p><p>USINA MÓVEL</p><p>São bem interessantes quando operam demolindo obras de pavimento de concreto, de pisos</p><p>industriais. O material concreto é bastante homogêneo. A sucata de aço removida tem alto</p><p>valor de venda, gerando boa lucratividade. (Figura 3.1).</p><p>Além disso, o uso de equipamentos móveis em usinas de reciclagem fixas também é uma</p><p>boa opção devido à adaptabilidade do processo de produção a diferentes necessidades e</p><p>as possibilidades de “deslocar” a usina dentro de um aterro de resíduos. Também pode ser</p><p>uma opção estratégica, que permite mudar os equipamentos de reciclagem para outro local,</p><p>quando o controle de fluxos de RCD é deficiente em um território. Comparativamente, Miranda</p><p>(2017) sinaliza que as usinas móveis possuem a flexibilidade de serem conduzidas para onde</p><p>a obra estiver, permitindo que o empreendedor amplie seu mercado de atuação para esfera</p><p>nacional. No caso de operarem em campo, também possuem as vantagens de necessitarem</p><p>de baixa quantidade de mão de obra e não terem que cumprir com as duas obrigações básicas</p><p>das usinas fixas que são de receber o resíduo e de conseguir mercado consumidor para os</p><p>agregados reciclados produzidos, visto que a própria obra é responsável pelo fornecimento do</p><p>RCD e pelo consumo do agregado.</p><p>44</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.1: Britagem de resíduo de concreto</p><p>obtido em demolição seletiva, combinado com obra de</p><p>construção próxima ao local. Fonte: Recinert Ambientale</p><p>Figura 3.2: Usina fixa com configuração bem simplificada (grelha, britador, combinado ou não</p><p>com peneirador). Pode-se obter tipos diferentes de agregados reciclados; bica corrida mista</p><p>(para pavimentação) ou agregado cimentício classificado (pedrisco, rachão), solo escalpado (não</p><p>classificado por tamanho).</p><p>As usinas podem operar em:</p><p>Sistema aberto (Figura 3.3): Depois da britagem, o material é diretamente misturado aos</p><p>produtos finais de diâmetro equivalente. Nesses casos o produto final tende a apresentar</p><p>granulometria mais variável e definição menos precisa do diâmetro máximo do produto (agregado</p><p>reciclado), frente ao sistema fechado. Por outro lado, possui maior capacidade de produção,</p><p>e tende a ser mais vantajoso economicamente; A fração maior que 40 mm pode também ser</p><p>usada, como rachão reciclado, demandado em algumas obras geotécnicas.</p><p>45</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Sistema fechado (Figura 3.4): Depois da britagem, o material volta a ser peneirado e</p><p>britado. O produto final tende a apresentar melhor qualidade, mas o processo apresenta</p><p>menos capacidade de produção e tende a ser mais custoso.</p><p>Figura 3.3: Layout de usina fixa com sistema aberto (britagem – peneiramento). Fonte: Elaine Varela</p><p>Alberte [33]</p><p>Figura 3.4: Layout de usina fixa com sistema fechado (britagem – peneiramento). O benefício está na</p><p>maior homogeneidade na distribuição granulométrica do produto (agregado reciclado). Fonte: Elaine</p><p>Varela Alberte [33]</p><p>3.1.3 DESCRIÇÃO DO PROJETO E PROCESSOS</p><p>O projeto de uma usina de reciclagem é geralmente constituído por todos ou alguns dos</p><p>processos apresentados na Tabela 3.1. Pode compreender: uma ou mais linhas de produção,</p><p>trommels (tambores rotatórios), telas, britagem primária e/ou secundária, classificação</p><p>mecânica e/ ou manual, cabines de triagem, limpeza por aspiração e/ou fase aquosa e/ou</p><p>separação de materiais ferrosos.</p><p>46</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Tabela 3.1: Esquema geral de processos que podem compreender a linha de produção de uma usina</p><p>de reciclagem. Fonte: Adaptado de GEAR Project [34].</p><p>Etapa Tipo de processo Processo</p><p>Controle de entrada Manual e/ou informático</p><p>Análise organoléptica inicial (cor, cheiro</p><p>e textura)</p><p>Emissão de documentação de origem</p><p>Pesagem</p><p>Formação de pilhas especificas por</p><p>material de entrada</p><p>Pre tratamento (separação de entrada)</p><p>Manual Separação manual em pilha</p><p>Mecânico</p><p>Separação mecânica em pilha (uso</p><p>de marteletes, pás carregadeiras e</p><p>retroescavadoras)</p><p>Peneiramento prévio Mecânico Alimentador pre- cribador</p><p>Classificação e limpeza Mecânico</p><p>Tromell</p><p>Electroimãs</p><p>Lavadoras</p><p>Sopradores</p><p>Ciclones</p><p>Trituração Primaria e secundaria Mecânico</p><p>Mandíbula</p><p>Impacto</p><p>Cone</p><p>Peneiramento final Mecânico Correias transportadores e peneiras</p><p>3.1.3 A) CONTROLE DE ENTRADA</p><p>O controle de admissão é decisivo quando se trata de alcançar um processo adequado</p><p>e produtos com qualidade. Nesta etapa deve-se definir bem o preço a ser cobrado para</p><p>que o transportador possa dispor o RCD na usina. Em geral se cobra R$ 10-20 / m³ para</p><p>dispor na cidade de São Paulo. Se o resíduo for limpo e de boa qualidade, esse valor pode ser</p><p>inferior, pois permite melhor condição e menos custo operacional na usina, maior facilidade na</p><p>venda do agregado reciclado.</p><p>Os procedimentos passíveis de realização nesta etapa são:</p><p>Inspeção visual inicial: processo onde o funcionário responsável pelo controle de entrada</p><p>faz análise visual do material, como objetivo de identificar a presença de contaminantes e/ou</p><p>classificar o material segundo sua natureza majoritária, para direcioná-lo a pilhas de entrada</p><p>específica (ex. resíduo de concreto ou resíduo misto). Segundo a NBR 15114/04, somente</p><p>podem ser aceitos em área de reciclagem resíduos classe A, ou seja, compostos por solo, tijolos,</p><p>blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa, concreto e pré-moldados em concreto esta</p><p>ação pode ser realizada com o apoio de guaritas e câmeras de vigilância (Figura 3.5), com</p><p>guaritas que permitam boa visibilidade ao colaborador, com vistoria direta do funcionário no</p><p>caminhão ou a partir do descarregamento do material em área especifica da usina. A Tabela</p><p>3.2 apresenta os contaminantes mais frequentes nos resíduos Classe A, que precisam ser</p><p>identificados e podem reduzir a qualidade do agregado reciclado.</p><p>47</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Pesagem: O processo de pesagem deve ser realizado com o objetivo de se controlar</p><p>quantitativamente a entrada dos resíduos aceitos, tanto para fins de gestão e controle do</p><p>material quanto para fins de cobrança pelo recebimento do mesmo, se aplicável. Para esta</p><p>ação, são utilizadas balanças rodoviárias convencionais (isso requer um certo investimento,</p><p>mas pode ser uma boa forma de controlar a composição do RCD) (Figura 3.6). A densidade</p><p>esperada para o RCD (composto apenas por concreto, cerâmica) deve ser entre 1,2 e 1,4 t/m³.</p><p>Valores abaixo podem indicar excesso de contaminantes orgânicos (principalmente madeira).</p><p>Emissão de documentação de origem: Conforme norma, nenhum resíduo pode ser aceito</p><p>em área de reciclagem sem o conhecimento de sua procedência e composição e a usina deve</p><p>arquivar os documentos de controles de recebimento do resíduo (controle, manifesto ou nota de</p><p>transporte de resíduos), referentes às cargas recebidas, mantendo os registros para eventual</p><p>apresentação de relatório. Deve-se receber e assinar os controles de transporte de resíduos</p><p>(CTRs, inclusive estando, eventualmente, sujeito a fiscalização (Figura 3.7).</p><p>Direcionamento a pilhas especificas por material de entrada: Em área de reciclagem, deve</p><p>ser previsto o controle de recebimento e operação, por meio de um plano que contemple:</p><p>controle de entrada dos resíduos recebidos, discriminação dos procedimentos de triagem,</p><p>reciclagem, armazenamento e outras operações realizadas na área, descrição e destinação</p><p>dos resíduos a serem rejeitados, reutilizados e reciclados, controle de qualidade dos produtos</p><p>gerados (NBR 15114/04). Este plano, contudo, pode variar em função da qualidade / composição</p><p>do material de entrada. Sendo assim, o funcionário responsável pelo controle pode direcionar</p><p>o material a diferentes tipos de pilha de armazenamento de entrada, para futuramente destiná-</p><p>lo a processos mais simples ou complexos na usina, conforme a qualidade / composição do</p><p>material aceito (ex. separar resíduo de concreto do resíduo cimentício - Figura 3.8, ou resíduo</p><p>misto – alvenaria de blocos cerâmicos, argamassas - ou resíduo contaminado com solo - Figura</p><p>3.9).</p><p>Tabela 3.2: Contaminantes do resíduo Classe A, apto para confecção do agregado reciclado. Fonte:</p><p>GEAR, adaptado [34]</p><p>Materiais presentes no RCD Características Forma para identificar e facilitar a</p><p>separação</p><p>Madeira, papel e plástico Leves e, geralmente,</p><p>volumoso</p><p>Pesar material na caçamba</p><p>Inspeção visual, expulsão por corrente</p><p>de ar</p><p>Solo (terra, areia, outros) Fração fina (<10mm) Separar por tamanho da partícula</p><p>Ferro e ligas de aço (metais ferrosos) Material Magnético Separação com eletroimã</p><p>Outras ligas metálicas (alumínio, cobre,</p><p>latão) Material menos magnético Por susceptibilidade magnética</p><p>Gesso (liso, placas de gesso acartonado)</p><p>Mais mais leve que o</p><p>concreto e a cerâmica (geralmente) Por Densidade, lavagem, inspeção visual,</p><p>separação por cor</p><p>48</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.5: Cabines de controle de entrada e saída de material de usinas de reciclagem. Fonte:</p><p>Elaine. V. Alberte [33]</p><p>Figura 3.6: Diferença entre resíduos de concreto</p><p>estrutural (à esquerda) do resíduo cimentício (que</p><p>contém blocos de vedação – alvenaria cimentícia, argamassas, etc) (à esquerda). Images obtidas</p><p>através do Google Images</p><p>Figura 3.7: Diferença entre resíduos de alvenaria contendo cerâmica vermelha (acima) do resíduo</p><p>misto contaminado com solo (abaixo). Imagens obtidas através do Google Images.</p><p>49</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.8: Modelo de um Controle de Transporte de Resíduos (CTR) a ser recebido e controlado na</p><p>usina de reciclagem. Atualmente há sistemas de controle eletrônicos que garatem maior autenticidade</p><p>e rastreabilidade do processo. Fonte: extraído de [21]</p><p>Não é permitido o recebimento de resíduos perigosos, sejam nas usinas de reciclagem,</p><p>ou nas áreas de triagem e transbordo.</p><p>50</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>3.1.3 B) TRATAMENTO PRÉVIO, LIMPEZA</p><p>A catação em pilhas de resíduos na alimentação ajuda descontaminar o RCD (Figura 3.9),</p><p>mas é ineficiente, porque não permite remover contaminantes que ficam retidos no interior</p><p>das pilhas, não visíveis num primeiro momento. A eficiência de remoção pode ser inferior a</p><p>50%.</p><p>Figura 3.9: Catação de contaminantes em pilhas cônicas. É o processo mais usado em usinas,</p><p>porém ineficiente. Foto obtida através do Google Images.</p><p>Escalpe/Peneiradores</p><p>Numa usina de reciclagem, o escalpe (peneiramento prévio, com ou sem sistema de</p><p>vibração) consiste na separação de resíduos acima da dimensão máxima admitida pelo</p><p>britador, evitando paradas ou danos no equipamento, ou dos finos, que não precisam ser</p><p>britados. Resíduos que não precisam ser britados e reduzem a capacidade de produção</p><p>efetiva da usina, além de geralmente conter grande quantidade de solos de escavação, que</p><p>é considerado um contaminante no agregado reciclado, e deve ser controlado.</p><p>Peneiramento de volumosos: é usado para controlar o tamanho de entrada dos materiais</p><p>para o britador primário. Britador tem dimensão limite do material na entrada; isso evita</p><p>danificar o equipamento ou obstruí-lo, o que resulta em paradas e redução da produtividade.</p><p>Há equipamentos móveis (Figura 3.10);</p><p>Peneiramento de finos: Separar material com granulometria fina que não precisa passar</p><p>por britagem. Nesse caso, o sistema em geral é composto por uma peneira de corte, usando</p><p>equipamento móvel (Figura 3.11), que pode ser acoplado em usinas fixas (usinas semi-</p><p>móveis). Normalmente, o material escalpado (ou a bica corrida) ou os finos gerados a partir</p><p>deste processo são considerados de qualidade inferior ao material da mesma granulometria</p><p>produzida pela britagem devido ao alto teor de solo. O material pré-selecionado nesta etapa</p><p>deve ser estocado separadamente do material equivalente britado para ser comercializado</p><p>51</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>em aplicações mais simples. Miranda (2017) recomenda fazer este processo, também</p><p>denominado escalpe, quando o teor de finos da alimentação ultrapassar 30%, o que</p><p>facilmente pode ocorrer para RCD, antes mesmo da britagem primária (Figura 3.12). RUCH</p><p>et al. (1997), por sua vez, indica que a maior parte dos contaminantes presentes nos resíduos</p><p>de construção e demolição encontra-se nas frações abaixo de 8 mm. O peneiramento de</p><p>finos pode ser feito em aberturas de 4 ou 10 mm, assim, ter o objetivo de limpar o RCD que</p><p>seguirá pela linha de produção.</p><p>Figura 3.10: Peneiramento de volumes ou materiais de grandes dimensões, antes da alimentação</p><p>do material no britador.</p><p>Figura 3.11: Peneirador de finos rotativo (tipo trommel) (à esquerda) ou de grelha vibratória (à</p><p>direita) (que pode inclusive ser operado a bateria, de forma autônoma).</p><p>Nesta etapa, o peneiramento separa apenas duas frações do resíduo, que podem</p><p>ser denominadas de frações não classificadas porque se conhece apenas as medidas</p><p>extremas de cada fração (a da maior partícula da fração fina e a menor da fração graúda). A</p><p>granulometria do material pode ser variável.</p><p>Enquanto o peneiramento de volumosos é um procedimento que contribui para a</p><p>otimização do uso e manutenção do equipamento de classificação e britagem da usina,</p><p>o peneiramento de finos contribui diretamente para a qualidade dos produtos gerados,</p><p>pois exclui material fino considerado sujo e/ou de qualidade inferior ao dos finos gerados</p><p>pelo processo de britagem do RCD classificado e limpo.</p><p>52</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Este processo pode quase ser considerado como uma limpeza do material de entrada. Neste</p><p>contexto, considera-se que a existência de peneiramento de finos em uma usina de reciclagem</p><p>é muito importante para a obtenção de produtos finais de boa qualidade que incluem agregados</p><p>finos, como a bica corrida.</p><p>Existe uma grande variedade de equipamentos de peneiramento industrial adotados para</p><p>distintos objetivos. Os mais importantes estão descritos abaixo. A depender do equipamento,</p><p>as partículas podem ser peneiradas por gravidade, por força centrífuga, por agitação, girando,</p><p>ou por vibração mecânica ou elétrica.</p><p>Grelha ou peneira estacionária: São as mais simples, robustas e econômicas das</p><p>peneiras, e geralmente são instaladas nas usinas estacionárias (fixas), já na concepção</p><p>do projeto da usina, sempre antes do britador. Própria para sólidos grosseiros, operam</p><p>descontinuamente e tendem a entupir com facilidade. Normalmente possuem grelhas</p><p>robustas que separam finos das cargas de britadores. A grelha é formada por uma série de</p><p>barras paralelas mantidas em posição horizontal ou inclinada entre 20 e 50º.</p><p>Alimentador vibratório com grelha: alimentado com o apoio de pá carregadeira, retro-</p><p>escavadeira e/ou correia transportadora, peneira o RCD em uma vazão controlada pelo</p><p>operador, dentro dos limites de dimensionamento da linha de produção. Composto por</p><p>mesa vibratória apoiada sobre molas, grelha, tremonha e sobre tremonha, motor elétrico</p><p>e um eixo excêntrico duplo. A grelha do alimentador separa a fração fina para que a</p><p>mesma não siga pela linha de produção, reduzindo o desgaste dos equipamentos de</p><p>classificação e britagem. A dimensão da fração de corte é definida e regulada a partir do</p><p>ajuste do espaçamento entre as barras da grelha. Já o eixo excêntrico é o responsável</p><p>pelos movimentos das partículas na mesa a partir de movimentos no sentido horizontal</p><p>e vertical que promovem uma força resultante inclinada em 45º (vibração). A vibração</p><p>pode ser regulada através do uso de contrapesos ou da variação do tamanho da polia do</p><p>motor. Possui uma eficiência entre 60% e 70%, bem inferior à das peneiras vibratórias,</p><p>é um equipamento mais interessante para uso entre as etapas de britagem primária e</p><p>secundaria, para evitar sobrecarga ou desgaste desnecessário do britador secundário com</p><p>o tratamento de frações já reduzidas (Miranda, 2017).</p><p>Lembrar que as grelhas devem ser reforçadas para suportar o peso e o impacto na</p><p>queda dos grandes fragmentos. Por isso, são constituídas de seções reforçadas – como</p><p>trilhos de aço, de grande espessura. Ao separar as frações granulométricas, a triagem de</p><p>contaminantes nos grossos pode ser bem melhorada, como a proposta de usina móvel</p><p>baseada em peneiramento e esteiras de triagem, protótipo de baixo custo proposto pela</p><p>USP e IPT para atender prefeituras (Figura 3.13).</p><p>Tambor rotativo (peneira rotativa): Também conhecido como trommel, é um equipamento</p><p>muito utilizado para peneirar areias da construção civil. Composto por cilindro longo, com</p><p>inclinação de 5% em relação ao eixo horizontal, que gira a baixa velocidade em torno do</p><p>eixo. A superfície lateral do cilindro costuma ser formada por uma placa metálica perfurada</p><p>ou tela, com aberturas de tamanhos progressivamente</p><p>maiores na direção da saída. O</p><p>comprimento do cilindro pode variar de 4 a 10m e a rotação típica é da ordem de 15 rpm.</p><p>A eficiência do processo é dada em situações específicas: a) poucas partículas finas na</p><p>fração graúda e b) poucas partículas graúdas na fração fina.</p><p>53</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>As partículas finas podem aglomerar na presença de umidade e ficar aderida nas partículas</p><p>graúdas e nas peneiras.</p><p>Figura 3.12: Escalpe por grelha vibratória, antes da alimentação no britador de uma usina fixa</p><p>de reciclagem. O solo escalpado geralmente não tem qualidade compatível para ser usado como</p><p>subbase de pavimentação, sendo usado para obras geotécnicas (preenchimento do material, sem</p><p>responsabilidade estrutural, ou de estabilidade). A expansibilidade do material pode ocasionar</p><p>problema técnico. Fonte: Sérgio C. Ângulo (imagem da esquerda). Google images (imagem da</p><p>direita).</p><p>Figura 3.13: Sistema móvel de peneiramento e triagem, protótipo USP, IPT. Dois produtos peneirados</p><p>são gerados – rachão reciclado, fino escalpado – solo, pequenos fragmentos de RCD, areia) –</p><p>material tem qualidade inferior e nem sempre pode ser adequado para uso em pavimentação,</p><p>eventualmente, usado em manutenção de estrada de terra.</p><p>Pré-fragmentação</p><p>54</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Especialmente quando se trabalha com resíduos do concreto estrutural, peças de grandes</p><p>dimensões precisam ser pré-fragmentadas para serem alimentadas no britador primário</p><p>(Figura 3.14) [35]. Não é incomum a necessidade de se ter ou alguns rompedores acoplados</p><p>a escavadeiras. Esses equipamentos são comuns em demolidoras. Se a usina não dispor,</p><p>pode tentar alugar por tempo determinado. O ideal é separar o concreto da armadura de</p><p>aço. Esse processo pode ser trabalhoso, pois peças muito armadas enroscam e dificultam a</p><p>retirada. Liberar (separar) esses dois materiais é fundamental.</p><p>Figura 3.14: Bolas de demolição, caçambas dentadas puxam o aço, rompedores são usados para</p><p>fragmentar o concreto armado, podem ser manuais ou acoplados em escavadeiras. Fonte: Sérgio</p><p>C. Ângulo [35]</p><p>Cabine de triagem</p><p>A cabine de triagem corresponde a uma estrutura de apoio, instalada em paralelo a uma</p><p>correia transportadora em posição horizontal, que permite que indivíduos se posicionem ao</p><p>lado e, através de inspeção visual, realizem a separação (por catação) manual de resíduos</p><p>não pétreos que estejam presentes no RCD (Figura 3.15).</p><p>A cabine deve ser projetada para garantir conforto e segurança aos seus triadores e, assim,</p><p>possibilitar que sejam atingidos níveis de produtividade e de eficiência adequados ao</p><p>esperado na separação manual. Devem ser ambientes cobertos e ventilados, com tamanho</p><p>adequado à quantidade de postos de trabalho dimensionada. Os indivíduos responsáveis</p><p>pela triagem devem portar EPI adequado para realização da atividade, o que inclui máscara</p><p>e luva. A ventilação é importante para a saúde ocupacional, pois há material particulado no</p><p>ar. Locais impróprios podem ser caracterizados como trabalho em local confinado.</p><p>Em linhas de produção de agregados reciclados, observam-se usualmente cabines com 2, 4</p><p>e 6 postos de trabalho. Para dimensionamento da cabine pode-se estimar um espaço linear</p><p>de 1,5 m por triador, incluindo área para disposição do material triado (áreas vazadas que</p><p>permitem a disposição do material por gravidade em contêineres dispostos abaixo da cabine.</p><p>55</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.15: Exemplos de cabines de triagem em usinas de reciclagem</p><p>Separador magnético</p><p>A separação magnética é basicamente usada para separar o aço. É usada</p><p>tanto antes da britagem, quanto após a britagem, pois não se consegue liberar</p><p>totalmente o concreto do aço.</p><p>Na maioria dos casos, é realizada logo após a britagem, tanto na britagem</p><p>primária quanto secundária, para evitar que o aço solto danifique as correias</p><p>transportadoras. O sistema corresponde a passagem do material britado por</p><p>uma cinta magnética rotativa ou fixa, que atrai e coleta os elementos de caráter</p><p>magnético que estão no material (figura 3.16).</p><p>São de grande importância no processo quando a etapa de britagem da linha</p><p>de produção é composta por britador de impacto (ou britador de martelo), pois</p><p>os metais podem danificar as grelhas do equipamento e, até mesmo, causar</p><p>seu travamento, produzindo paradas constantes e indesejáveis ao processo</p><p>(MIRANDA, 2017).</p><p>Os tipos mais utilizados são os equipamentos suspensos compostos por uma cinta</p><p>de magnetismo permanente (sem uso de energia elétrica) formada por eletroímã.</p><p>Separadores magnéticos que usam corrente elétrica separam no sentido contrário,</p><p>e são mais eficientes.</p><p>Fonte: Google images (imagem esquerda). Fonte (imagens adireita): E. V. Alberte [33]</p><p>Figura 3.16: Exemplos de separadores magnéticos operando em usinas de reciclagem.</p><p>56</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>3.1.3 C) BRITAGEM (PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA)</p><p>A etapa de britagem refere-se ao conjunto de operações com o intuito de reduzir o tamanho</p><p>das partículas de RCD. Também denominada cominuição, esta etapa é realizada de maneira</p><p>controlada, incluindo britagem e moagem das partículas. Em geral, as usinas de reciclagem só</p><p>britam o material, e ocorre logo após a etapa de controle de entrada (classificação), tratamento</p><p>prévio e limpeza.</p><p>A britagem no caso do RCD não serve apenas para reduzir o tamanho do resíduo, para</p><p>adequá-lo a produto (agregado reciclado). Ele tem a função também de separar melhor o</p><p>concreto (ou argamassa) em si; ou seja, separar a pasta de cimento endurecida do agregado</p><p>natural (virgem) presente no resíduo (Figura 3.17). Quanto mais agregado natural conter no</p><p>agregado reciclado, melhor será sua qualidade.</p><p>Figura 3.17: Ao fragmentar a parede, os diferentes materiais vão separando a medida que se reduz</p><p>o tamanho dos fragmentos. Quando os materiais estão separados (individualizados), definimos a</p><p>liberação (condição ideal para operar). Fonte: Anette Mueller, Carina Ulsen.</p><p>Um sistema de reciclagem pode compreender uma ou várias etapas de britagem, onde diferentes</p><p>tipos de equipamentos podem ser usados. Os mais usados são os de mandíbula, e de impacto</p><p>(Figura 3.18).</p><p>A diferença fundamental entre eles é a relação (fator) de redução; calculada pela relação de</p><p>divisão entre a dimensão máxima do material na entrada e a dimensão máxima do material</p><p>britado na saída. O britador de impacto reduz, em média, a distribuição granulométrica num</p><p>fator médio de 13 vezes (200mm/15mm), enquanto o de mandíbula, um fator médio em torno</p><p>de 7 vezes (300mm/40mm) (Figura 3.18).</p><p>Britador de mandíbula Britador de impacto</p><p>Figura 3.18: Ilustração do funcionamento do britado de mandíbula e o de impacto. Fonte: http://</p><p>trituradoras-de-roca.com</p><p>57</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.19: Granulometria do material, antes de depois da britagem. Em preto, o britador de</p><p>mandíbula. Em vermelho, o britador de impacto. Observar que cada tipo de britador pode resultar</p><p>num granulometria diferentes de produto (agregado reciclado). Britador de impacto tende a produzir</p><p>granulometria mais fina (maior quantidade de fração areia). Figuras semelhantes podem ser obtidas</p><p>no manual da Metso Minerals [36]; o que inclui dados do manual da FAÇO.</p><p>BRITADOR DE MANDÍBULA: realiza o processo de cominuição com mandíbulas feitas com</p><p>aço austenítico (aço contendo de 12% a 14% de Mn, que possui alta resistência à corrosão,</p><p>excelente trabalhabilidade e grande enrijecimento durante impacto). Como características</p><p>principais, observa-se</p><p>que este equipamento faz britagem primária e secundária, possui</p><p>potência entre 7,4 kW e 400 kW (10 a 500 cv, respectivamente), produção de 1,5 a 800 m³/h,</p><p>velocidade de 300 a 100 rpm, relação de redução entre 4:1 e 9:1 (dependendo da etapa</p><p>da britagem, primária, secundária ou terciária), dimensões de 125 mm (gape) x 150 mm</p><p>(largura) a 1600 mm x 2100 mm, de acordo com Chaves e Peres (livro clássico usado para</p><p>entender os fundamentos do processamento de minérios) [37]. Como vantagens, possui</p><p>boa capacidade de produção (funciona bem até 1000 t/h), produz baixa quantidade de finos</p><p>(pulverulentos – abaixo de 0,075 mm) e não possui restrições quanto às características</p><p>mecânicas das rochas e materiais abrasivos;</p><p>BRITADOR DE IMPACTO OU DE MARTELO: Encontrado no mercado com eixo vertical ou</p><p>horizontal, o britador de impacto realiza a cominuição do material atingindo as partículas com</p><p>o impacto do rotor. Em seguida, as partículas são lançadas contra o revestimento, sofrendo</p><p>fraturamento adicional. Nesse processo, as partículas recebem vários impactos, atravessando</p><p>o equipamento rapidamente, sendo que partículas menores que 0,15 mm praticamente não</p><p>sofrem o efeito do impacto; por isso, gera menos finos (pulverulentos, abaixo de 0,075 mm).</p><p>Com certas limitações mecânicas, pode-se diminuir a granulometria de saída do material</p><p>através do aumento da velocidade do rotor [37]. Como características desse equipamento,</p><p>LUZ et al. (1998) sinaliza a distribuição granulométrica mais fina e a menor geração de</p><p>materiais pulverulentos que a do britador de mandíbulas; o uso limitado a rochas frágeis</p><p>ou elásticas; efetividade na produção de formas mais cúbicas e no tratamento de materiais</p><p>úmidos com alto teor de argila; alto grau de redução; elevado custo de manutenção e grande</p><p>desgaste (não sendo aconselhável no caso de rochas abrasivas e de materiais com mais de</p><p>15% de sílica); e elevada produtividade (LUZ et al., 1998).</p><p>58</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Suas características segundo tipo de eixo são as seguintes:</p><p>Com eixo horizontal: utilizado para britagem primária, secundária e terciária de materiais</p><p>brandos e friáveis, redução 40:1, capacidade de até 2500 t/h, produto bem classificado, de</p><p>forma cúbica e com um mínimo de materiais pulverulentos, potência de até 450 kW. A</p><p>Com eixo vertical (Figura 3.20): utilizado para britagem terciária de rocha muito dura e</p><p>abrasiva, menor desgaste e um produto mais cúbico que o moinho de martelos, capacidade</p><p>entre 100 e 200 t/h, redução de 2:1, potência entre 55 e 150 kW. Pode ser usada para</p><p>melhorar a forma da areia reciclada, e produzir areia reciclada de melhor qualidade.</p><p>Tabela 3.3: Características dos diferentes tipos de britadores e os efeitos causados na operação</p><p>da usina de reciclagem. Fonte: GEAR Project adaptado [34]</p><p>Propriedade Mandíbulas Cone Impacto</p><p>Capacidade Alta Média Baixa</p><p>Custo de produção Baixo Médio Alto</p><p>Desgaste Baixo Baixo Alto</p><p>Qualidade do agregado Baixa Média Alta</p><p>Conteúdo dos finos Baixo Médio Alto</p><p>Consumo de energia Baixo Médio Alto</p><p>Fonte: GEAR (2012) adaptada</p><p>Figura 3.20: Vertical Shaft Impactor, britador</p><p>muito usado em pedreiras, mas também apto</p><p>ao processamento do RCD. Algumas empresas</p><p>de agregados naturais operam com plantas</p><p>mistas, processamento rocha natural e RCD,</p><p>o que pode ser vantajoso. O equipamento é</p><p>adequado para produzir areia reciclada (tese de</p><p>Carina Ulsen na USP) ([38]), mas gasta muita</p><p>energia. Figura extraída no manual de britagem</p><p>FAÇO (1994)</p><p>59</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Os estágios de britagem impactam na qualidade do agregado reciclado cimentício. Através de</p><p>sucessivos processos de britagem, por exemplo, a quantidade de pasta de cimento aderida</p><p>pode ser reduzida consideravelmente, resultando um agregado reciclado com características</p><p>mais próximas a do agregado natural, pois a britagem acaba por liberar grande quantidade</p><p>dos agregados naturais (virgens) antigos que estavam presente no resíduo cimentício.</p><p>Nesse contexto, uma usina de reciclagem pode ser classificada nos seguintes tipos:</p><p>Os estágios de britagem impactam na qualidade do agregado reciclado cimentício. Através de</p><p>sucessivos processos de britagem, por exemplo, a quantidade de pasta de cimento aderida</p><p>pode ser reduzida consideravelmente, resultando um agregado reciclado com características</p><p>mais próximas a do agregado natural, pois a britagem acaba por liberar grande quantidade</p><p>dos agregados naturais (virgens) antigos que estavam presente no resíduo cimentício.</p><p>Nesse contexto, uma usina de reciclagem pode ser classificada nos seguintes tipos:</p><p>Triagem simples: neste caso, a usina não possui nenhum processo de britagem para</p><p>o material pétreo beneficiado em sua linha de produção e se limita a classificar, limpar</p><p>e/ou peneirar o RCD;</p><p>Tratamento primário: o RCD beneficiado na usina passa por um único processo de</p><p>britagem dentro da linha de produção;</p><p>Tratamento primário e secundário: o RCD beneficiado na usina passa por dois</p><p>processos de britagem dentro da linha de produção, que pode ser feito pelo mesmo</p><p>equipamento de britagem, através da retro alimentação do britador por correia</p><p>transportadora ou por uso de dois equipamentos diferentes.</p><p>Geralmente as usinas com britagem primária e secundária são fixas e realizam a britagem</p><p>primária com britador de mandíbulas e a britagem secundária com britador de impacto.</p><p>As usinas móveis tendem a apresentar somente britagem primária, ainda que é possível</p><p>realizar tanto tratamento primário quanto secundário, principalmente com o uso do mesmo</p><p>equipamento. De acordo com Yagishita et al (1993), por meio de um processo de britagem</p><p>usando um britador de impacto, o agregado de concreto graúdo resultante apresentou 35 a</p><p>40% de argamassa. Com uma segunda etapa de britagem aplicada ao material com britador</p><p>de rolo, essa porcentagem foi reduzida a faixa de 17 a 26%. Com a execução de uma terceira</p><p>etapa, também com o britador de rolo, finalmente obteve-se um agregado com 7-10% de</p><p>argamassa cimentícia aderida.</p><p>Nota-se, no entanto, um aumento significativo na quantidade de finos produzidos no processo.</p><p>Nagataki et al (2000) identificaram que os processos compostos exclusivamente por britagem</p><p>primária produzem uma quantidade final de 60% de agregado graúdo em relação ao total</p><p>original de resíduos de concreto. Por outro lado, os processos compostos por dois e três</p><p>etapas de britagem produzem apenas 45% e 35%, respectivamente.</p><p>Processos sucessivos de britagem podem melhorar a forma do agregado reciclado.</p><p>Do mesmo modo que o agregado de concreto reciclado, o agregado cerâmico reciclado</p><p>apresenta melhores resultados quando submetido a um segundo processo de britagem, pois</p><p>estes podem ser mais lamelares. A realização de uma segunda etapa de britagem, tanto</p><p>60</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>com britador de rolos quanto com impacto, permite melhorar a forma lamelar e angular do</p><p>agregado cerâmico reciclado, deixando-o mais esférico e menos lamelar.</p><p>Britadores de impacto, dependendo da quantidade de estágios de britagem podem produzir</p><p>agregados de boa qualidade e forma, devido à sua ação mecânica, que usa força de impacto.</p><p>Este tipo de britador tem aplica grande quantidade de energia e pode otimizar a separação do</p><p>agregado original da argamassa aderida, por fratura Intergranular. Por outro lado, são mais</p><p>caros, tanto na aquisição quanto na operação. Problemas operacionais mais sérios como</p><p>entupimento podem ocorrer, sendo o tempo de parada de produção muito maior.</p><p>Cabe destacar que tanto o britador de mandíbula quanto o britador de impacto são</p><p>equipamentos usuais nas linhas de produção de RCD. Cada um tem suas vantagens e</p><p>desvantagens e, a escolha dos</p><p>melhores equipamentos para um determinado projeto deve</p><p>considerar as particularidades do mesmo.</p><p>3.1.3 D) CONCENTRAÇÃO</p><p>São operações usadas em usinas de reciclagem com maior aporte de tecnologia. A</p><p>concentração serve para remover contaminantes (como o gesso, asfalto, pequenos fragmentos</p><p>de madeira, e outros materiais leves), ou materiais que reduzem a qualidade do agregado</p><p>reciclado cimentício (como a fração de cerâmica vermelha). Dependendo do material,</p><p>emprega uma determinada propriedade diferenciadora (Figura 3.21), que pode ser desde a</p><p>susceptabilidade magnética (processo pelo qual o aço é separado pelo eletroímã), como a</p><p>densidade do material (madeiras, plásticos, etc são materiais menos densos que concretos,</p><p>cerâmicas), ou ainda arrastadas pela força do vento (finos ou leves suficientemente para</p><p>serem arrastados pelos aeroclassificadores). Outros materiais podem ser separados pela cor,</p><p>ou resposta por outros tipos de sensores, que detectam o espectro eletromagnético, a partir</p><p>de uma fonte de luz.</p><p>Figura 3.21: Princípio da concentração. Uso de propriedades diferenciadoras, tais como a</p><p>densidade, susceptibilidade magnética, etc. Fonte: Carina Ulsen.</p><p>Os sistemas de separação a base de sopro de ar são sistemas simples e de boa eficiência,</p><p>que utilizam ventiladores para retirada de impurezas leves (até pedaços de madeira) dos</p><p>agregados reciclados (pedrisco, rachão). Podem compreender desde simples sopradores a</p><p>ciclones contendo filtros de manga. Podem ser uma opção interessante a ser instalada em</p><p>usinas, devido ao custo e por não exigir tecnologia especializada.</p><p>Sopradores ou ventiladores centrífugos: esse sistema de ventiladores centrífugos pode</p><p>ser instalado diretamente nas correias transportadoras para remoção de impurezas. Separa o</p><p>material tendo em vista as variações de densidade dos elementos que o compõe. Observa-se</p><p>a necessidade de se ter um ventilador para cada produto da usina (pedrisco, brita, rachão),</p><p>61</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>para garantir a diferença de massa de partículas de tamanhos aproximadamente iguais</p><p>mas densidades diferentes passando na correia transportadora. Sendo assim, recomenda-</p><p>se a instalação junto às correias transportadoras somente após a etapa de peneiramento.</p><p>Além disso, deve-se garantir que a camada de material sobre a correia não seja muito</p><p>espessa, para evitar que material de baixa densidade estejam encobertos por material com</p><p>maior densidade. Para tal, a largura e da velocidade da correia transportadora devem ser</p><p>controladas.</p><p>Figura 3.22: Materiais leves removidos pela força do ar, em aeroclassificadores (classificadores</p><p>pneumáticos gravitacionais). Fontes: Leonardo R. Miranda, Sérgio C. Ângulo [35], Hendriks et. al.</p><p>adaptado [39].</p><p>62</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Uma dificuldade é encontrar mercado para o aproveitamento deste rejeito misturado de</p><p>madeira, plásticos e outros elementos leves. Biomassa, para ser incinerada, é uma forma</p><p>possível de destinação onde a aproveita a energia embutida na queima do material, mas</p><p>tem restrições ambientais, pois requer temperaturas de queima mais altas (acima de 800</p><p>graus), não deve conter PVC, etc.</p><p>Jigues (separação gravimétrica, por densidade)</p><p>Gesso e outros materiais leves que podem vir a contaminar o agregado reciclado podem ser</p><p>separados por densidade [40]. Esse tipo de processo pode ser a úmido (jigue à água) (Figura</p><p>34) ou a seco (jigue à ar). Para que a separação ocorre é necessário que exista uma certa</p><p>diferença entre o material que se deseja separar dos outros [41]. Fragmento de madeiras</p><p>(d~1,0 g/cm³), gesso (d~1,8 g/cm³) pode ser separado da fração agregado reciclado (d~2,2</p><p>g/cm³), composta por cerâmica vermelha e concreto. Da mesma forma, cerâmica vermelha</p><p>(d~2,0 g/cm³) pode vir a ser separada do agregado reciclado de concreto de alta qualidade</p><p>(d~2,4 g/cm³).</p><p>O processo tem boa eficiência de separação, melhora a qualidade do agregado reciclado,</p><p>mas requer uma usina cuja produção mínima e comercialização de agregados reciclados seja</p><p>elevada (acima de 100 t/h), para justificar o investimento no equipamento. O equipamento</p><p>foi implantado apenas em algumas usinas no mundo [35], Áustria, Alemanha, Holanda,</p><p>onde havia problemas de contaminação da fração leve (pequenos fragmentos de madeira,</p><p>plásticos) no agregado reciclado e prejudicava a qualidade do agregado reciclado e sua</p><p>aceitação (teores de contaminantes abaixo de 1%), quando incorporado no concreto. Uma</p><p>das usinas trabalhava integrada com uma usina de concreto. Outra usina limpava o agregado</p><p>reciclado para usá-lo até mesmo como material de base de pavimento. O método consegue</p><p>classificar a densidade do agregado reciclado, podendo melhorá-lo; ou seja, torna-lo mais</p><p>denso [42,43].</p><p>A cerâmica vermelha utilizada no Brasil é mais porosa que a cerâmica usada na Europa. O</p><p>agregado reciclado obtida da reciclagem da cerâmica vermelha brasileira tem absorção de</p><p>água superior a 7%, chegando a 13%, enquanto que na Europa, raramente passa de 9%. As</p><p>diferenças observadas na qualidade do agregado reciclado são bem maiores.</p><p>No jigue a ar, o meio usado para separar esses materiais presentes nos agregados</p><p>reciclados, ao invés da água é o ar, o que torna a separação menos eficiente entre materiais</p><p>com densidade próxima (concreto, cerâmica). Assim, com esse tipo de equipamento, só se</p><p>consegue remover os leves (madeira, papel), incluindo gesso [44]. Gesso contendo areia é</p><p>muito pesado para separar de forma eficiente.</p><p>A desvantagem do jigue à água é o uso da água, que pode ser recirculada, mas requer</p><p>instalações mais caras para isso, além de produzir lamas argilosas, que requerem atenção</p><p>e uma gestão específica para esse tipo de resíduo.</p><p>² https://www.tomra.com/pt- br/sorting/recycling/your-application/waste-sorting/ construction-and-demolition-wast</p><p>63</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>1ª camada</p><p>2ª camada</p><p>3ª camada</p><p>50%</p><p>da massa</p><p>4ª camada</p><p>Jigue a água</p><p>Figura 3.23: Ilustração do jigue à água e o processo de separação por estratificação, que classifica</p><p>o agregado reciclado em camadas, com composições diferentes. Nas camadas de cima, estão os</p><p>materiais mais leves (gesso, madeira, asfalto), cerâmica vermelha, depois a fração mais densa,</p><p>composta por agregado natural e pasta de cimento endurecida do concreto (d~2,3 -2,4 g/cm³).</p><p>Fonte: notas de aula Sérgio C. Ângulo [43], Khoury et al. [42] catálogo de equipamento da empresa</p><p>All Mineral, da Alemanha.</p><p>A alternativa em equipamentos via seca é certamente a separação por sensores (por cor,</p><p>por sensores de infravermelho). O sistema de classificação por cor permite a separação</p><p>do gesso, madeira, inclusive a cerâmica vermelha [45,46]. O sensor infravermelho próximo</p><p>(NIR) é um sistema que permite identificar embalagens plásticas, papel, resíduos orgânicos</p><p>(em geral) em relação aos materiais inorgânicos (como concreto, cerâmica) [47].</p><p>O processo consiste em transportar o material de entrada em uma rampa (por deslizamento)</p><p>ou por uma correia até a área do sensor. Os sensores identificam e processam eletronicamente</p><p>as informações sobre os materiais referente aos critérios de ajuste e seleção definidos. Os</p><p>materiais detectados a partir desta seleção são então ejetados do fluxo de material por jatos</p><p>de ar pressurizado de alta precisão posicionados no final da rampa ou correia transportadora.</p><p>Alguns modelos possuem sistema de varrimento duplo, o que produz um aumento na</p><p>confiabilidade do equipamento. Existem processos de varrimento duplo compostos por</p><p>um primeiro sensor NIR, que identifica os materiais conforme suas propriedades espectrais</p><p>específicas e únicas de luz refletida, e um segundo sensor NIR, que analisa informações</p><p>espectrais adicionais. Outros sistemas são compostos por uma combinação de sensor</p><p>NIR com sensor de espectrometria de luz visível (VIS). Nesses casos, o sistema identifica</p><p>informações sobre tipos e cor, podendo reconhecer suportes impressos e todas as cores no</p><p>espectro visível para transparente, incluindo as cores opacas².</p><p>64</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>A separação tem eficiência de remoção em torno de 85-90% de contaminantes [46]. Novamente,</p><p>só se justifica o investimento se for operar uma planta de reciclagem de grande capacidade de</p><p>produção de agregados reciclados, pois, do contrário, não se viabiliza.</p><p>Figura 3.24: Descrição do funcionamento do equipamento de separação óptica (ou por outros tipos</p><p>de sensores). Fonte: Mulder et al. [45], catálogos técnicos da empresa Tomra, Titech.</p><p>Figura 3.25: Resultado da separação dos agregados graúdos mistos por equipamento de separação</p><p>óptica. É possível separar com eficiência elevada (mais de 90% da massa) a cerâmica vermelha.</p><p>Fonte: Sérgio C. Angulo [46]</p><p>65</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>3.1.3. E) PENEIRAMENTO</p><p>A unidade de peneiramento precisa ser dimensionada adequadamente, através de uma</p><p>área mínima de tela de peneira ou dimensão da mesma; pois, para que o material fique</p><p>adequadamente classificado, o peneiramento deve ocorrer num tempo suficiente, até que</p><p>ocorra a estratificação das partículas. As frações finas precisam passar pelas grossas e chegar</p><p>até a tela, de onde, após algumas tentativas, passe efetivamente pela tela da peneira. Telas</p><p>de 10 até 4 mm, o manual FAÇO exemplifica formas de dimensionar a área de peneiramento</p><p>necessária. Abaixo disso, o peneiramento se torna mais complexo, requerendo peneiras</p><p>de alta frequência, inclusive maior área para peneirar, para obter um resultado satisfatório,</p><p>sendo incomum realizar classificações de areia reciclada (fina, média , grossa) nas usinas</p><p>de reciclagem de RCD.</p><p>O peneiramento é mais eficiente quando realizado totalmente a seco (umidade abaixo de</p><p>3%) ou totalmente à úmido (umidade acima de 100%). No processo a seco, dias de chuva</p><p>prejudicam a eficiência do processo, pois a umidade aglomera o material fino, impedindo a</p><p>separação adequada.</p><p>Considerar que o agregado reciclado é poroso e já mantém certa umidade no seu interior (3-</p><p>7%). Em idas chuvosos, aglomera. Preferencialmente operar em dias quentes e secos, pois</p><p>não são encontradas (ou raramente) usinas cujo estoque de material ou de produto esteja</p><p>coberto.</p><p>Figura 3.25: Como funciona o peneiramento. É preciso haver tempo e área de peneiramento</p><p>suficiente para que o processo de separação por tamanho seja eficiente. Fonte: Metso Minerals;</p><p>Chaves e Peres [36,37]</p><p>66</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Normalmente realizado com o uso de peneiras vibratórias, o peneiramento final é a</p><p>etapa na qual se realiza a separação do material particulado em frações granulométricas</p><p>definidas, que caracterizam os produtos finais comercializados na usina.</p><p>O sistema de peneiramento normalmente é composto por chassi robusto apoiado em molas,</p><p>mecanismo acionador, com 1 a 4 “decks” (suportes de telas), dispostos horizontalmente</p><p>ou com uma inclinação de 15º a 35, de acordo com CHAVES e PERES [37]. Geralmente</p><p>as peneiras vibratórias industriais possuem eficiência entre 90% e 96%. Este resultado</p><p>pode ser prejudicado, contudo, pela umidade superficial no material. (a umidade no interior</p><p>da partícula em trincas, poros abertos e/ou fechados não afeta o peneiramento). O ideal</p><p>é que a umidade superficial esteja acima de 60% para que o processo de peneiramento</p><p>seja efetivo umidades entre 5% e 8% (para materiais naturais) tornam o processo inviável</p><p>[37].</p><p>Outros fatores que interferem na eficiência das peneiras são a inclinação, a frequência e</p><p>amplitude, o comprimento da peneira e a abertura da peneira.</p><p>Miranda (2017), sinaliza que a partícula deve ser lançada a uma amplitude de distância</p><p>entre “a” e “1,5a”, sendo “a” a abertura da malha da peneira. Trabalhando-se com partículas</p><p>maiores, deve-se aumentar a amplitude e diminuir a frequência. Diminuindo-se a malha,</p><p>deve-se diminuir a amplitude e aumentar a frequência.</p><p>Alguns métodos de dimensionamento de peneiras vibratórias inclinadas são apresentados</p><p>por CHAVES e PERES (1999), conforme propostas por Bauman e pela FAÇO (Fábrica de</p><p>Aço Paulista S.A).</p><p>Para dimensionamento do sistema, apresentam-se as relações entre angulo de inclinação</p><p>e abertura de malha (Tabela 3.4) e freqüência e amplitude por abertura de malha (Tabela</p><p>3.5), indicadas pela FAÇO (1994).</p><p>Tabela 3.4: Angulo de inclinação da peneira em função da abertura de malha (FAÇO, 1994)</p><p>Angulo (º) 20 19 15 10</p><p>Malha (“) 6 a 4 4 a 1 2 ½ a 1/2 1 a 1/8</p><p>Fonte: Miranda (2017)</p><p>Tabela 3.5: Frequência e amplitude da peneira em função da abertura de malha (FAÇO, 1994)</p><p>Malha 4 3 2 1 1/2 1/4 10 14</p><p>Rotação 800 850 900 950 1000 1400 1500 1600</p><p>Amplitude 6,5 5,5 4,5 3,5 3,0 2,0 1,5 1,0</p><p>Fonte: Miranda (2017)</p><p>No dimensionamento e escolha da peneira também devem ser consideradas a capacidade</p><p>de transporte das partículas, o espaço para acomodação do leito e o tempo de alcance e</p><p>passagem das partículas finas na tela (Miranda, 2017).</p><p>Para haver uma estratificação satisfatória, por exemplo, Miranda (2017) indica a</p><p>necessidade da altura do leito ser no máximo quatro vezes a abertura da tela.</p><p>67</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>CHAVES; PERES (1999) indicam o comportamento esperado pelas partículas em processo</p><p>de peneiramento a partir a relação entre a dimensão da partícula (d) e a abertura da malha</p><p>(a):</p><p>Se a dimensão da partícula for maior que 1,5 vezes a abertura (d > 1,5 a), o material</p><p>vai para o “oversize” sem acarretar problema no peneiramento, mas pode deformar ou</p><p>desgastar a tela. Se a quantidade for grande deve-se usar um “deck” de alívio;</p><p>Se a dimensão da partícula tiver valor entre a abertura e 1,5 vezes a abertura (1,5 a</p><p>> d > a), o material pode ficar preso na abertura da malha;</p><p>Se a dimensão da partícula tiver valor entre a abertura e 0,5 vezes a abertura (a > d</p><p>> 0,5 a), é necessário um grande número de tentativas para que o material passe. É</p><p>chamada de “faixa crítica”;</p><p>Se a dimensão da partícula tiver valor inferior a 0,5 vezes a abertura (d < 0,5 a), o</p><p>material passa sem problemas.</p><p>Se a dimensão da partícula tiver valor muito inferior à abertura (d << a), parte do material</p><p>passa sem problemas e parte fica aderida aos grãos maiores. Se a quantidade for grande</p><p>é necessário fazer lavagem.</p><p>A produtividade das peneiras vibratórias, por sua vez, está relacionada à sua largura.</p><p>LUZ et al. (1998) sinaliza que, em geral, as peneiras vibratórias inclinadas possuem uma</p><p>produtividade entre 50 e 200 t/m2/mm abertura/24h. Normalmente, o comprimento da</p><p>peneira é o dobro de sua largura.</p><p>3.1.3 F) CLASSIFICAÇÃO</p><p>Além da questão de contaminantes (madeira, papel, plástico, metal, gesso) que podem</p><p>impedir o seu aproveitamento do agregado reciclado, é comum também que este produto</p><p>contenha excesso de finos (abaixo de 0.075 mm). Um dos problemas mencionados acima</p><p>foi a contaminação do RCD com solo, na alimentação, e falta de operação do escalpe, ou</p><p>adequada classificação no recebimento do material.</p><p>Quando o solo é separado do RCD, os finos não prejudicam geralmente as aplicações do</p><p>agregado reciclado em bases de pavimentação; porém, os seus teores podem ser elevados</p><p>para o aproveitamento do agregado reciclado para argamassas e concretos plásticos.</p><p>Os concretos pré-fabricados por prensagem costumam ter uma tolerância maior ao teor</p><p>dos finos dos agregados reciclados, mas, no caso desses materiais</p><p>cimentícios que são</p><p>moldados plasticamente, o excesso de finos aumenta a demanda de água, que acaba por</p><p>demanda mais cimento, ou precisa ser corrigida com aditivos.</p><p>68</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Neste caso, algumas usinas de reciclagem podem optar pelo uso de equipamentos à úmido</p><p>(operado com água) comumente utilizados na mineração de areia, como um classificador em</p><p>espiral ou de roscas [48]. A diferença entre estes é que o classificador de roscas promover</p><p>certa atrição, desaglomerando a argila ainda presente. Considerar que um agregado reciclado</p><p>contendo um alto teor de cerâmica vermelha pode conter argila, pois a cerâmica vermelha</p><p>não foi queimada integralmente; no seu interior, contém argilas. Areia reciclada com alto teor</p><p>de cerâmica pode requer separação adicional de argilas. O classificador espiral não tem</p><p>esse processo de atrição.</p><p>Ambos os equipamentos promovem a separação dos finos, através da corrente – fluxo contrário</p><p>de água ao movimento da rosca. Os finos ficam e os agregados limpos são conduzidos e</p><p>desaguados no final do processo. Pode-se, com isso, comercializar uma areia reciclada de</p><p>melhor qualidade, com menor teor de finos. Porém, deve-se lembrar que as formulações dos</p><p>materiais cimentícios podem ser ajustadas, de forma a contornar determinadas imperfeições</p><p>da areia reciclada. O custo da argamassa deve ser balizada em função do seu desempenho,</p><p>para verificar a viabilidade de se usar a areia reciclada.</p><p>Algumas aplicações são mais simples e nem requerem esse cuidado no processo; p.ex.o</p><p>uso de pedrisco reciclado (fração mista de brita e areia reciclada) absorvida diretamente na</p><p>fabricação de blocos pré-fabricados, de vedação, intertravados (usados na pavimentação).</p><p>Em pedreiras que comercializam areia de britagem, são utilizados aeroclassificadores que</p><p>separam, por corrente de ar ascendente ( a seco), essa fração fina do agregado reciclado</p><p>[38]. São usados com boa eficiência também em areias recicladas, separando com eficiência</p><p>acima de 80%, e quando necessário, essa fração fina. A desvantagem é a necessidade de</p><p>secar as areias. A umidade reduz a eficiência de separação do processo.</p><p>3.1.3 G) TRANSPORTADORES DE CORREIA</p><p>Os sistemas de transporte são equipamentos que estão sempre presentes nas usinas de</p><p>reciclagem de RCD, entre uma e outra etapa de processamento. A depender da necessidade</p><p>e do porte da usina, o transporte do resíduo em beneficiamento pode ser realizado por</p><p>correias transportadoras.</p><p>Chaves e Peres [37] destacam que os transportadores de correia são sistemas de transporte</p><p>contínuos movidos por energia elétrica mais baratos que os veículos a diesel. As correias</p><p>transportadoras são compostas pela esteira, feita com lona, rolo de tração e rolo de carga. A</p><p>largura da esteira pode variar de 100 mm a 2.000 mm.</p><p>Para dimensionamento das correias transportadoras, deve-se estimar uma largura mínima de</p><p>pelo menos três vezes a dimensão máxima do material a ser transportado [37]. Além disso,</p><p>deve-se considerar as dimensões mínimas necessárias para atendimento aos fluxos de</p><p>processos (t/h) de classificação, limpeza, britagem ou peneiramento, aos quais os referidos</p><p>sistemas de transporte estão apoiando, tanto na entrada quanto na saída.</p><p>A principal dificuldade de uso das correias transportadores está relacionada a queda ou</p><p>retorno de material, devido ao ângulo de transporte, à trepidação dos equipamentos da linha</p><p>de produção ou à ação do vento. Para garantir o transporte seguro do material por correias</p><p>transportadoras frente a tais adversidades, pode-se utilizar:</p><p>69</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Correias taliscadas: também conhecida como pneu de trator ou talisca reta, essas</p><p>correias possuem taliscas de lona incorporadas a esteiras, em ângulo reto ou inclinado</p><p>com relação ao comprimento do correia. Permitem que o material não retorne em correias</p><p>de até 45ª de inclinação.</p><p>Correias com proteção sanfonada: correias com esteiras, taliscadas ou não, que</p><p>possuem uma barreira de lona sanfonada nas laterais. Essa barreira pode alcançar até</p><p>100 mm de altura e promove a proteção contra queda do material nas laterais da correia.</p><p>Para o uso da barreira sanfonada, deve-se adaptar o rolo de retorno para que o mesmo</p><p>não impeça a movimentação de retorno da esteira e sua barreira.</p><p>Transportadores fechados: sistemas de cobertura metálica que acompanham toda a</p><p>correia transportadora ao longo do seu comprimento. Evitam a queda de material além</p><p>de contribuir para redução da geração de poeira no entorno, sem uso de água.</p><p>Controle de particulado é necessário em usinas de reciclagem de RCD. Medidas de proteção,</p><p>sanfonada ou transição entre as correias, são necessárias para reduzir a emissão do pó.</p><p>Britadores e peneiradores são áreas que também geram muito pó; existem equipamentos</p><p>deste tipo que contam com sistema de captação de pó.</p><p>Figura 3.26: Captação de material particulado em usina de reciclagem em Berlim, na Alemanha.</p><p>Fonte: Angulo et al. [35]</p><p>Para o bom funcionamento dos rolos de carga e de tração, deve-se:</p><p>Realizar a manutenção do equipamento periodicamente, segundo recomendação do</p><p>fabricante;</p><p>Evitar a quebra manual de resíduos volumosos remanescentes do processo de britagem</p><p>sobre a esteira;</p><p>Evitar transportar ferro aparente, sob risco da lona ser rasgada. Para tal, pode-se</p><p>prever a instalação de um separador magnético logo no início da linha de produção, para</p><p>preservar as correias;</p><p>Evitar transportar elementos volumosos, pois, ainda que resistentes, as correias tem</p><p>limite de carga.</p><p>70</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>3.1.4 LAY-OUTS DE USINAS E TIPOS DE AGREGADOS RECICLADOS</p><p>O projeto da usina de reciclagem pode conter de algumas a todas as etapas citadas no item</p><p>anterior, e pode inclusive, apresentar uma etapa mais de uma vez ao longo do processo de</p><p>beneficiamento do material. Assim, observa-se que a configuração de uma linha de produção</p><p>de RCD pode ter inumeros formatos. Com já dito anteriormente, a escolha da estrutura ideal</p><p>depende da qualidade do material de entrada (permitida pela usina) e da qualidade para</p><p>material de saída (desejada pela usina), além do interese do empreendedor em investimento</p><p>em maquinaria. Neste item são apresentados alguns exemplos de layouts de produção de</p><p>usinas de agregados reciclados.</p><p>No Brasil, geralmente são comercializados lay-out simples. Há plantas com único estágio de</p><p>britagem, por impacto, que fornecem bica corrida reciclada (< 60 mm), operando com resíduo</p><p>misto (contendo cerâmica vermelha, junto com material cimentício) (Figura 3.27).</p><p>Figura 3.27: Típico lay-out das usinas de reciclagem brasileiras. Fonte: S. C. Ângulo [49]</p><p>71</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Antes do britador, deve haver escalpe (Figura 3.28), diferenciado tipicamente o solo de</p><p>escavação (RCD in natura) da bica corrida (obtida pela britagem de concretos e cerâmicas).</p><p>Dependendo da fonte de resíduo recebido (reformas, construções), o volume de resíduo</p><p>de concreto é pequeno. Quando há resíduo cimentício (contendo apenas uma parcela de</p><p>estruturas de concreto), um jogo de peneira suplementar pode classificar até 4 frações de</p><p>agregados reciclados (rachão cimentício reciclado, as duas frações de brita e areia reciclada</p><p>(Figura 3.29) podem ser compostas em brita graduada, material que pode atender requisitos</p><p>de bases para pavimentação, ou bica corrida, ou pedrisco reciclado, com as duas frações</p><p>granulométricas menores), direcionado para uso em componentes cimentícios pré-fabricados</p><p>(blocos, bancos de praças, aparelhos urbanos, etc).</p><p>Figura 3.28: Escalpe de solo de escavação,</p><p>bica corrida mista. Imagem extraída a partir do Google</p><p>images.</p><p>Figura 3.29: Brita cimentícia (ou de concreto) 10-20 mm; pedrisco cimentício (< 5mm)</p><p>72</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Um outro exemplo de planta simples operada em Berlim, na Alemanha. O material abaixo de</p><p>8 mm é escalpado, contendo basicamente solo (Figura 3.30). A fração entre 50-8mm passa</p><p>por uma cabine de catação para descontaminar o material (Figura 3.31), onde são triados</p><p>madeiras, plásticos, metais (fios de cobre), vidros, gesso, etc. Três frações são produzidas,</p><p>tipicamente operando com resíduo de concreto, rachão de concreto (+ 32mm), brita de concreto</p><p>(32-8mm), e pedrisco de concreto (< 8 mm). A planta usa um dosador (Figura 3.32) para</p><p>acertar a composição granulométrica dos agregados reciclados para uso em pavimentação</p><p>composta as duas frações granulométricas menores, ou fornece pedrisco de concreto para</p><p>uso em novos concretos. O dosador tem capacidade de misturas composições das frações</p><p>de agregados de concreto com frações de agregados mistos. Assim, melhora as condições de</p><p>venda dos seus produtos reciclados, evitando estoques.</p><p>Figura 3.30 - Solo escalpado na usina de Berlim,</p><p>Alemanha. Fonte: Sérgio C. Ângulo.</p><p>Figura 3.31: Lay-out da planta de reciclagem Alemanha, que opera com cabine de triagem (com</p><p>transportador de correia), dosador de agregados, escalpe para solos. Fonte: Ângulo et al. [35].</p><p>73</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.32: Dosador de tipos de agregados reciclados (cinza, vermelho, diferentes faixas</p><p>granulométricas)</p><p>Na Espanha, plantas de reciclagem mais complexas são sugeridas por Alberte (também</p><p>resultados do GEAR Project) [33,34], em parte para tratar a natureza heterogênea do RCD,</p><p>que requer cuidados especiais com triagem, assim como o resíduo brasileiro. A diferença está</p><p>no fato de que neste país há maior quantidade de resíduo de concreto no RCD, requerendo</p><p>operações para desviar resíduos de grandes dimensões da alimentação, para não danificar os</p><p>britadores, e uso de rompedores hidráulicos, para reduzir a dimensão do resíduo e alimentá-</p><p>lo. Além disso, uso de escalpes, peneiras rotativas (trommels) e operações complementares</p><p>para remover contaminantes pequenos (pequenos fragmentos de madeira, plásticos) que não</p><p>são facilmente detectáveis na catação em esteira. Geralmente dois estágios de britagem são</p><p>requeridos, por causa da dimensão do resíduo de concreto na alimentação.</p><p>Lay-out (dois estágios de britagem ; mandíbula-impacto, rachão e bica corrida reciclada)</p><p>A Figura 3.3 apresenta um exemplo de layout 1 de produção de agregados reciclados (bem</p><p>simples). O sistema é composto por:</p><p>Estoque de entrada: apenas uma pilha de entrada, de material limpo, com granulometria</p><p>diversa, indicando que o controle de recebimento deve ser extremamente criterioso;</p><p>Peneiramento prévio: que divide o material em 3 frações: o 0-10 mm: Retiram-se os</p><p>finos abaixo de 10mm da linha de produção para otimizar a qualidade e quantidade de</p><p>material que passará na britagem. Obtem-se um produto fino de baixa qualidade, devido a</p><p>quantidade de terra existente;</p><p>• 10-100 mm: Material que é direcionado à trituração para cominuição das particulas;</p><p>• 100-400 mm: material que é direcionado para redução volumétrica com rompedor hidraulico</p><p>e/ou outros equipamentos, antes de voltar para a linha de produção, para otimizar o uso dos</p><p>equipamentos.</p><p>Britagem primária: Uso de britador de mandíbula para a produção de material de 0 a 70</p><p>mm;</p><p>Separação magnética: Uso de eletroimã após processo de britagem, para eliminação dos</p><p>elementos metalicos que estavam ou não incorporados ao concreto armado;</p><p>74</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Peneiramento: que divide o material em 3 frações:</p><p>• 70 – 100 mm: material que é direcionado a uma segunda etapa de britagem com britador</p><p>de impacto;</p><p>• 40 – 70 mm: Formação de estoque de saída do material com a referida granulometria</p><p>(rachão reciclado);</p><p>• 0 – 40 mm: Formação de estoque de saída do material com a referida granulometria</p><p>(bica corrida reciclada).</p><p>Britagem secundária: Uso de britador de impacto para a produção de material de 0 a 70</p><p>mm, que é alimentada apenas com o material de 70 a 100 mm resultante do processo de</p><p>britagem primária.</p><p>Figura 3.33: Layout 1 de produção de agregado reciclado. Fonte: Elaine V. Alberte [33,34]</p><p>A Figura 3.33 um sistema composto por duas linhas de produção, visto que no controle de</p><p>recebimento do material, a usina forma duas pilhas de entrada, com granulometria diversa,</p><p>classificando o material recebido conforme sua limpeza (material limpo ou material sujo):</p><p>Material limpo: Nesta linha de produção, o material é direcionado diretamente ao processo</p><p>de trituração e, posterior peneiramento, quando o material é dividido nas frações de 0 a 40</p><p>mm e 40 a 80 mm;</p><p>Material sujo: Nesta linha de produção o material passa pelas seguintes etapas:</p><p>• Peneiramento prévio: que divide o material em 3 frações:</p><p>• 0-40 mm: Retiram-se da linha de produção a fração abaixo de 40mm, com o apoio</p><p>de um tambor rotativo, para otimizar a qualidade e quantidade de material que passará</p><p>na britagem. Obtém-se um produto de baixa qualidade, devido a quantidade de terra</p><p>existente; -</p><p>• 40-200 mm: Material que é direcionado para as etapas seguintes de classificação e</p><p>limpeza;</p><p>• acima de 200 mm: material que é direcionado para redução volumétrica com rompedor</p><p>hidraulico e/ou outros equipamentos, antes de voltar para a linha de beneficiamento,</p><p>para otimizar o uso dos equipamentos.</p><p>75</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>• Sistema de limpeza a base de ar: o material de 40-200 mm passa por um soprador para</p><p>a retirada de impurezas de baixa densidade e volume;</p><p>• Cabine de triagem: o material de 40-200 mm passa por uma mesa de triagem com 2</p><p>postos (triadores) para a retirada de elementos volumosos de madeira, plástico e metal;</p><p>• Separação magnética: Uso de eletro imã após processo de triagem, para eliminação</p><p>dos elementos metalicos que não foram identificados na etapa anterior;</p><p>• Britagem primária: Uso de britador de mandíbula para a produção de material de 0 a 80</p><p>mm;</p><p>• Peneiramento: que divide o material em 2 frações:</p><p>• 40 – 80 mm: Formação de estoque de saída do material com a referida granulometria</p><p>(rachão reciclado)</p><p>• 0 – 40 mm: Formação de estoque de saída do material com a referida granulometria</p><p>(bica corrida)</p><p>Figura 3.34: Layout 2 de produção de agregado reciclado. Fonte: Elaine V. Alberte [33,34]</p><p>A Figura 3.34 apresenta um exemplo de layout de produção de agregados reciclados</p><p>com apenas uma pilha de entrada, tratamento primário e secundario e diversas etapas de</p><p>peneiramento. A linha de produção é distribuida da seguinte forma:</p><p>Estoque de entrada: apenas uma pilha de entrada, de material limpo ou sujo, com granulometria</p><p>diversa. Observa-se a existência de limitações para aceitação de “sujeira” no material;</p><p>Peneiramento prévio: que divide o material em 4 frações: o 0-40 mm: Retiram-se da linha de</p><p>produção as particulas abaixo de 40mm, para otimizar a qualidade e quantidade de material</p><p>que passará na britagem. Obtem-se um produto de baixa qualidade, devido a quantidade de</p><p>terra existente;</p><p>• 40-80 mm: Retiram-se da linha de produção as particulas entre 40 e 80 mm, para otimizar a</p><p>qualidade e quantidade de material que passará na britagem. Obtem-se um produto de relativa</p><p>qualidade; o 80-160 mm: Material que é direcionado à trituração primária para cominuição das</p><p>particulas;</p><p>• acima de 160 mm: material que é direcionado para redução volumétrica com martelo hidraulico</p><p>e/ou outros equipamentos, antes de voltar para a linha de</p><p>beneficiamento, para otimizar o uso</p><p>dos equipamentos.</p><p>76</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Tratamento primário:</p><p>• Britagem primária: Uso de britador de mandíbula para a produção de material de 0 a 80</p><p>mm;</p><p>• Separação magnética: Uso de eletroimã após processo de britagem primária, para</p><p>eliminação dos elementos metalicos que estavam ou não incorporados ao concreto armado;</p><p>• Cabine de triagem: o material passa por uma mesa de triagem com 4 postos (triadores)</p><p>para a retirada de elementos volumosos de madeira e plástico;</p><p>• Peneiramento: que divide o material em 2 frações:</p><p>• > 80 mm: material que é direcionado a uma segunda etapa de britagem com britador de</p><p>impacto;</p><p>• 0 – 80 mm: material que é direcionado a uma segunda etapa de peneiramento para</p><p>formação de estoque de saída do material com as seguintes granulometrias: 0-6 mm, 6-20</p><p>mm, 20-40 mm e 40-80 mm.</p><p>Tratamento secundário:</p><p>• Britagem secundária: Uso de britador de impacto para a produção de material de 0 a</p><p>80 mm, que é alimentada apenas com o material acima de 80 mm resultante do processo de</p><p>britagem primária.</p><p>• Separação magnética: Uso de eletro imã após processo de britagem secundária, para</p><p>eliminação dos elementos metalicos que estavam ou não incorporados ao concreto armado;</p><p>• Peneiramento: que divide o material em 2 frações:</p><p>• 40 – 80 mm: Formação de estoque de saída do material com a referida granulometria;</p><p>• 0 – 40 mm: Formação de estoque de saída do material com a referida granulometria.</p><p>Figura 3.35: Exemplo 3 layout de produção de agregado reciclado. Fonte: Elaine V. Alberte [33,34]</p><p>77</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Uma planta de reciclagem similar ao modelo mais completo foi adquirida pelo Odebrecht</p><p>Ambiental na cidade de São Paulo nestes últimos 5 anos (Figura 3.36). A operação foi difícil</p><p>de ser viabilizada, devido a elevada quantidade de solos de escavação misturado no RCD,</p><p>o que resulta menor quantidade prevista de agregado reciclado. Dependendo das condições</p><p>de recebimento, a falta de controle no aceite do material resultava em agregados com</p><p>contaminantes acima do permitido por norma, ou, mesmo, quando dentro da especificação,</p><p>não aceite por clientes. A sujeira visível no agregado reciclado leva a muito engenheiros desistir</p><p>da compra do agregado reciclado.</p><p>A planta, para reduzir os problemas com contaminação e necessidade de triagem, instalou um</p><p>unidade de peneiramento e triagem, antes da entrada na planta. Isso otimizou a operação e</p><p>melhorou a qualidade do agregado reciclado. Assim, não foi possível viabilizar a triagem só</p><p>com os classificadores a ar, peneira rotativa, a triagem manual em esteira foi indispensável.</p><p>Figura 3.36: Ilustração de uma das maiores usinas de reciclagem que operaram na América Latina.</p><p>Foi propriedade da empresa Odebrecht Ambiental e operou na cidade de São Paulo.</p><p>3.1.5 OPERAÇÃO: DICAS VALIOSAS</p><p>Quanto aos recursos físicos, MIRANDA [50] sugere que uma usina deve apresentar as</p><p>seguintes instalações de apoio, conforme quantidade de funcionários existentes: escritório,</p><p>refeitório, banheiro, almoxarifado, guarita para controle de entrada e saída de caminhões e</p><p>inspeção visual, e área para estacionamento de veículos.</p><p>As seguintes estruturas também podem ser previstas numa usina:</p><p>• Oficina de pequeno porte: pode contribuir para a redução dos custos de manutenção dos</p><p>equipamentos e da quantidade de paradas de produção geradas por defeitos de fácil resolução.</p><p>Além de ferramentas básicas como chaves combinadas em duplas, martelos, marretas,</p><p>grifo, serrote, chaves de fenda, sacapolia entre outras, a oficina deve possuir, no mínimo,</p><p>esmerilhadeira, máquina de solda, maçarico e furadeira [50]. Para a instalação deste recurso</p><p>na usina, deve-se também prever a existência de funcionário capacitado para realização das</p><p>ações de manutenção e conserto relacionadas.</p><p>78</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>• Laboratório: pode contribuir para a redução de custos relacionados com controle de qualidade</p><p>do material. Pode ser interessante, caso a usina se proponha a produzir agregados reciclados</p><p>para usos com maior exigência técnica e/ou manter uma periodicidade de ensaios de controle</p><p>de qualidade que justifique sua instalação. Para a instalação deste recurso na usina, deve-se</p><p>também prever a existência de funcionário capacitado para realização dos ensaios. Estrutura</p><p>pouco usual, ainda não é adotada nas usinas do país, devido a necessidade de investimento</p><p>envolvida.</p><p>A usina também deve possuir fornecimento de energia elétrica e água. Quanto ao fornecimento</p><p>de energia elétrica, observa-se que:</p><p>• A concessionária local fornece normas de instalações e ligações de energia elétrica. Para</p><p>cada concessionária existem normas próprias.</p><p>• É necessário identificar a potência dos equipamentos que serão instalados na usina e</p><p>disponibilizar um transformador para adequado atendimento dos equipamentos, em coerência</p><p>com a estrutura da usina. Como parâmetro, Miranda [50] indica que uma usina com capacidade</p><p>de 50 t/h necessita de um transformador de pelo menos 100 kW, tendo em vista que o motor</p><p>de um britador de impacto tem uma potência aproximada de 50 kW, e a usina pode chegar</p><p>a possuir 75 kW de potência instalada, quando considerados os transportadores de correia,</p><p>alimentador e peneira vibratória (sem o uso de moinho).</p><p>Para usinas de maior porte, em geral, observa-se a existência de cabine primária para</p><p>fornecimento de energia (pelo menos, em 220 V e 380 V), e de uma cabine de comando para</p><p>controle geral da operação dos equipamentos.</p><p>A cabine de comando é composta por quadro de controle dos equipamentos que possui controle</p><p>manual, através de botões de liga/desliga, dos equipamentos da usina (alimentador, sistema</p><p>de aspersão de água, transportadores de correia e britador, e outros, se aplicável), além de um</p><p>botão de emergência para desligamento geral dos equipamentos.</p><p>Miranda [50] sugere:</p><p>• instalar uma chave inversora de frequência no alimentador, tendo em vista possíveis</p><p>ligamentos e desligamentos motivados por picos de energia.</p><p>• instalar botão de liga/desliga direcionado aos transportadores de correia, para evitar o</p><p>deslocamento do operador da máquina desde o alimentador até a cabine de comando, caso</p><p>alguma pedra ou barra de aço agarre nos transportadores.</p><p>Quanto ao fornecimento de água, o mesmo é necessário para:</p><p>• Garantir a saúde e higiene pessoal dos funcionários da usina;</p><p>• Atender o sistema de aspersão de água para controle de emissão de poeira e o sistema de</p><p>limpeza a base de água, se existente.</p><p>Pode-se utilizar as redes públicas. Contudo, sugere-se buscar um meio de se obter água por</p><p>menor custo, seja através da construção de um poço artesiano (ou semi-artesiano), captação</p><p>em um manancial próximo, quando isto for possível, ou instalando-se uma rede de água de</p><p>reuso (caso haja disponibilidade na região). Em todos estes casos, dependendo da finalidade</p><p>para a qual a água será utilizada, deve-se realizar freqüente monitoramento da qualidade da</p><p>mesma.</p><p>79</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Quanto aos recursos humanos, uma usina pode prever as seguintes funções para o quadro</p><p>de funcionários operacionais:</p><p>• Encarregado técnico de operações: com formação em técnico em mecânica,</p><p>o encarregado é o responsável por planejar, aplicar e controlar os procedimentos de</p><p>instalação, operação e manutenção mecânica da máquinas e equipamentos conforme</p><p>normas técnicas e normas relacionadas à segurança.</p><p>• Porteiro: sem necessidade de formação específica, o porteiro é o responsável por</p><p>controlar a entrada e saída dos caminhões, inspecionar e classificar o material de</p><p>......................................................................... 90</p><p>Figura 1.1: Processo de triagem dos resíduos ............... 13</p><p>Figura 1.2: Base de calçada feita com agregado reciclado</p><p>misto .................................................................................... 14</p><p>Figura 1.4 - Usina de reciclagem de entulho .................. 16</p><p>Figura 1.3 Piso drenante com agregado reciclado ........ 16</p><p>Figura 2.1: Resíduos perigosos......................................... 20</p><p>Figura 2.2: Resíduo de concreto da demolição de um piso</p><p>industrial e resíduos diversos .......................................... 23</p><p>Figura 2.3: Resíduos de madeira serrada e resíduos de</p><p>compensados com madeiras serradas ........................... 23</p><p>Figura 2.4: Fluxograma simplificado de uma ATT .......... 28</p><p>Figura 2.5: Triagem feita por operários numa ATT ........ 30</p><p>Figura 2.6: ATT recebimento e triagem de gesso ........... 30</p><p>Figura 2.7: Usina de Reciclagem de resíduo de construção</p><p>Classe A ............................................................................... 31</p><p>Figura 2.9: Operação de um aterro de resíduos “inertes”</p><p>da construção civil ............................................................. 33</p><p>Figura 2.10: Correlação entre a geração de RCD per capita</p><p>e o índice de desenvolvimento humano dos municípios</p><p>brasileiros ........................................................................... 36</p><p>Figura 2.11: Stakeholders do setor de RCD .................... 37</p><p>Figura 3.1: Britagem de resíduo de concreto ................. 43</p><p>Figura 3.2: Usina fixa com configuração simplificada ... 43</p><p>Figura 3.3: Layout de usina fixa com sistema aberto .... 44</p><p>Figura 3.4: Layout de usina fixa com sistema fechado</p><p>(britagem – peneiramento) ............................................... 44</p><p>Figura 3.5: Cabines de controle de entrada e saída de</p><p>material de usinas de reciclagem .................................... 47</p><p>Figura 3.6: Diferença entre resíduos de concreto estrutural</p><p>do resíduo cimentício ........................................................ 47</p><p>Figura 3.7: Diferença entre resíduos de alvenaria contendo</p><p>cerâmica vermelha do resíduo misto contaminado com</p><p>solo ...................................................................................... 47</p><p>Figura 3.8: Modelo de um Controle de Transporte de</p><p>Resíduos (CTR) .................................................................... 48</p><p>Figura 3.9: Contaminantes em pilhas cônicas. ............... 49</p><p>Figura 3.10: Peneiramento de volumes ou materiais de</p><p>grandes dimensões ........................................................... 50</p><p>Figura 3.11: Peneirador de finos rotativo ou de grelha</p><p>vibratória ............................................................................. 50</p><p>Figura 3.12: Escalpe por grelha vibratória ..................... 52</p><p>Figura 3.13: Sistema móvel peneiramento e triagem ... 52</p><p>Figura 3.14: Bolas de demolição, caçambas dentadas</p><p>puxam o aço, rompedores ............................................... 53</p><p>Figura 3.15: Exemplos de cabines de triagem ................ 54</p><p>Figura 3.16: Exemplos de separadores magnéticos ...... 54</p><p>Figura 3.17: Ao fragmentar a parede .............................. 55</p><p>Figura 3.18: Ilustração do funcionamento do britador de</p><p>mandíbula ........................................................................... 55</p><p>Figura 3.19: Granulometria do material, antes de depois</p><p>da britagem ........................................................................ 56</p><p>Figura 3.20: Vertical Shaft Impactor ................................ 57</p><p>Figura 3.21: Princípio da concentração ........................... 60</p><p>Figura 3.23: Ilustração do jigue à água e o processo de</p><p>separação por estratificação ............................................ 62</p><p>Figura 3.24: Descrição do funcionamento do equipamento</p><p>de separação óptica .......................................................... 63</p><p>Figura 3.25: Resultado da separação dos agregados por</p><p>equipamento de separação óptica .................................. 63</p><p>Figura 3.25: Como funciona o peneiramento ............... 64</p><p>Figura 3.26: Captação de material particulado em usina de</p><p>reciclagem em Berlim, na Alemanha ............................... 68</p><p>Figura 3.27: Típico lay-out das usinas de reciclagem</p><p>brasileiras ........................................................................... 69</p><p>Figura 3.28: Escalpe de solo de escavação, bica corrida</p><p>mista .................................................................................... 70</p><p>Figura 3.29: Brita cimentícia (ou de concreto) 10-20 mm;</p><p>pedrisco cimentício (< 5mm) ............................................ 70</p><p>Figura 3.31: Lay-out da planta de reciclagem Alemanha,</p><p>que opera com cabine de triagem ................................... 71</p><p>Figura 3.30 - Solo escalpado na usina de Berlim ........... 71</p><p>Figura 3.32: Dosador de tipos de agregados .................. 72</p><p>Figura 3.33: Layout 1 de produção de agregado ........... 73</p><p>Figura 3.34: Layout 2 de produção de agregado ........... 74</p><p>Figura 3.35: Exemplo 3 layout de produção de agregado</p><p>reciclado .............................................................................. 75</p><p>Figura 3.36: Ilustração de uma das maiores usinas de</p><p>reciclagem que operaram na América Latina ................ 76</p><p>Figura 3.37: Locais de retirada de amostras parciais de</p><p>agregados reciclados em pilhas cônicas ......................... 80</p><p>Figura 3.38: Amostrador para coleta de agregados</p><p>reciclados e outros resíduos sólidos granulares ........... 81</p><p>Figura 3.39: Procedimento de coleta na descarga dos</p><p>transportadores de correia .............................................. 81</p><p>Figura 3.40: Composição típica de um agregado reciclado</p><p>misto .................................................................................... 83</p><p>Figura 3.41: Classificação dos materiais presentes nos</p><p>agregados reciclados pelo ensaio de catação ................ 83</p><p>Figura 3.42 – Agregado reciclado de concreto contém</p><p>poucos materiais secundários ......................................... 84</p><p>Figura 3.44: Sequência de execução de uma subbase de</p><p>pavimento flexível com bica corrida reciclada. .............. 86</p><p>Figura 3.43– Bica corrida reciclada (50-0mm), a partir de</p><p>resíduo de construção misto ............................................ 86</p><p>Figura 3.45: Efeito do tipo de agregado reciclado no teor</p><p>de umidade e densidade .................................................. 87</p><p>Figura 3.46 – Areia reciclada cimentícia usada para</p><p>produzir argamassa de assentamento e revestimento em</p><p>obra ..................................................................................... 89</p><p>Figura 3.47: Ensaios de arrancamento que medem a</p><p>resistência de aderência e testes de fissuração ............ 90</p><p>Figura 3.48: Especificação para a areia reciclada ........... 91</p><p>Figura 3.49: Testes particulares da areia reciclada ........ 92</p><p>Figura 3.50: Britador portátil usado para viabilizar</p><p>reciclagem na obra ............................................................ 92</p><p>3.2.4 Especificações de agregados reciclados: uso em</p><p>concretos ............................................................................ 93</p><p>Figura 3.51: Pedrisco (6,3-0mm) reciclado cimentício ... 94</p><p>Figura 3.52: Limites granulométricos sugeridos para</p><p>blocos e pavers .................................................................. 95</p><p>Figura 3.53: Limites granulométricos para Blocos proposto</p><p>por Pfeiffenberguer em 1985 ........................................... 95</p><p>Figura 3.54: Bloco de vedação cimentício ....................... 96</p><p>Figura 3.65: Alteração na consistência do concreto ...... 96</p><p>SUMÁRIO</p><p>LISTA DE FIGURAS</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS</p><p>A classificação dos resíduos sólidos pela NBR 10.004</p><p>está relacionada com a atividade que lhes deu origem</p><p>e com seus constituintes. Desta forma, os resíduos</p><p>sólidos são classificados em:</p><p>• Resíduos classe I: Perigosos;</p><p>• Resíduos classe II:</p><p>entrada,</p><p>garantir a emissão adequada dos CTRs, MTRs ou NTRs e direcionar o caminhão ao local</p><p>adequado de descarga. Deve ser devidamente treinado para exercer esta função;</p><p>• Operador de carregadeira: devidamente capacitado para exercer a função de operador</p><p>do referido equipamento, é responsável por transportar o material de entrada até o</p><p>alimentador da linha de produção da usina;</p><p>• Triador: sem necessidade de formação específica, é o funcionário responsável pela</p><p>classificação do material nos pontos de triagem previstos na linha de produção da usina</p><p>(leiras ou cabines de triagem). A quantidade de funcionários previstos para exercer esta</p><p>função na usina depende do grau de limpeza aceitável para o material de entrada. Usinas</p><p>que só permitem material limpo necessitarão de menos funcionários para triagem.</p><p>• Operador de britagem: devidamente capacitado para exercer a função de operador do</p><p>referido equipamento, é responsável pelo controle manual das máquinas. Trabalha junto</p><p>ao alimentador controlando a entrada de materiais na etapa de britagem.</p><p>Quanto ao controle de emissão de poeira, recomendam-se as seguintes práticas:</p><p>• Criação de uma barreira verde ao longo do perímetro da usina para a contenção da</p><p>poeira fugitiva;</p><p>• Instalação de aspersores de água do tipo 180º no perímetro dos acessos de circulação</p><p>de caminhões;</p><p>• Pavimentação nas áreas de circulação de veículos de transporte e alimentação</p><p>(caminhões pás carregadeira, escavadeiras ou retroescavadeiras). Além de ajudar</p><p>na redução de emissão de poeira, também pode contribuir na redução de paradas de</p><p>produção devido a furos nos pneus dos veículos;</p><p>• Molhagem manual do RCD no momento do seu translado do estoque ao alimentador</p><p>da linha de produção;</p><p>• Criação de uma área confinada para descarga do RCD e carga do agregado reciclado,</p><p>visto a elevada formação de poeira durante o manuseio do material.</p><p>A seguir apresentam-se algumas particularidades da operação de britadores de mandíbula de</p><p>acordo com MIRANDA [50]:</p><p>• Deve-se evitar trabalhar com o material com um teor de umidade superior a 10%, pois</p><p>a umidade aumenta o desgaste das mandíbulas. Deve-se também evitar a alimentação</p><p>do britador com grande quantidade de material fino e úmido, pois esta situação pode</p><p>provocar empastamento (as partículas grudam nas mandíbulas e não escoam para a</p><p>saída do equipamento). Caso não seja possível secar o material para evitar tais problemas,</p><p>pode- se avaliar a possibilidade de trabalhar o material com excesso de umidade, o que</p><p>também evitaria estas situações;</p><p>80</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>• Deve-se evitar a alimentação do britador com peças muito grandes, para evitar o</p><p>travamento da máquina. A alimentação do britador com blocos maiores que o tamanho</p><p>máximo admitido pelo equipamento podem causar seu entupimento. Observa-se que</p><p>quando uma peça muito grande trava o britador, as correias patinam ou arrebentam,</p><p>protegendo o motor;</p><p>• Deve-se evitar a alimentação do britador acima da vazão crítica para evitar afogamento</p><p>da máquina pelo aumento do volume ocupado pelas partículas, após sua britagem ou</p><p>atolamento (quando as partículas podem se arrumar dentro do britador formando um</p><p>arco que sustenta as partículas acima dele e impede a sua passagem).</p><p>• Em britadores com superfícies corrugadas, pode-se reduzir a produção de finos durante</p><p>o processo de britagem, a partir da redução da área de aplicação de carga. (LUZ ET al.,</p><p>1998);</p><p>• Pode-se ajustar a granulometria de saída e a produtividade da máquina a partir da</p><p>regulagem da abertura de saída do britador. Independente do material objeto de</p><p>cominuição, o equipamento tende a fornecer distribuições granulométricas constantes. A</p><p>granulometria das partículas depende apenas do tamanho do britador e da sua abertura</p><p>de descarga, tendo em vista a constância do comprimento finito da superfície de desgaste</p><p>e do mecanismo de rompimento das partículas;</p><p>• Recomenda-se, no entanto, não trabalhar com o equipamento regulado na abertura</p><p>mínima devido ao desgaste excessivo da extremidade inferior da mandíbula, que pode</p><p>impossibilitar a realização regulagens subsequentes, aumento do consumo de energia,</p><p>redução da produção e problemas de engaiolamento.</p><p>Quanto a emissão de poeira, observa-se que:</p><p>• O britador de impacto causa uma corrente de ar que produz uma quantidade relevante</p><p>de poeira. Recomenda-se, assim, que este tipo de equipamento tenha aspersores de</p><p>água instalados em sua parte superior e central, alem de aspersores e cortinas de</p><p>borracha no ponto de descarga no transportador de correia. O uso de filtros de manga</p><p>também pode ser previsto.</p><p>• O britador de mandíbulas causa muito menos poeira que o britador de impacto. Pode-</p><p>se adotar o uso de borrachas laterais de vedação e outras ações, sendo que no caso</p><p>deste tipo de britador, a situação é mais fácil de ser controlada;</p><p>• No caso de uso de borrachas laterais de vedação entre o britador e o transportador de</p><p>correia, os materiais devem ser constantemente inspecionados pois sofrem desgaste ao</p><p>longo do tempo e.</p><p>• No caso de uso de aspersores, deve-se controlar com muito cuidado o umedecimento do</p><p>RCD no momento de britagem para não molhá-lo demais a ponto de causar atolamento</p><p>do britador e entupimentos das telas da peneira vibratória.</p><p>Quanto a emissão de ruído, o uso de lonas de borracha nos equipamentos de britagem e</p><p>pontos de descarga de material contribuem adequadamente para minimizar o problema.</p><p>81</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>3.2 AGREGADOS RECICLADOS: TIPOS E ESPECIFICAÇÕES DE</p><p>USO</p><p>As normas de agregados naturais recomendam que os lotes (unidades de produção</p><p>comercializáveis, contendo laudos de caracterização da qualidade) não ultrapassem a</p><p>300 m³ de agregados (de mesma origem), o que equivale 1 dia inteiro de produção. Para</p><p>fornecimento em obras, são geralmente definidos lotes de 80 a 100 m³ de produção.</p><p>O importante é a usina de reciclagem definir quantos tipos de agregados reciclados quer</p><p>produzir e fornecer, e manter certa regularidade no monitoramento da qualidade deste material.</p><p>Em geral, adquirido uma balança, um conjunto de peneiras, a maioria dos ensaios pode ser</p><p>realizada na própria usina, sem a necessidade de realizar tantos ensaios em laboratório</p><p>terceirizados.</p><p>Eventualmente, um ensaio de terceira parte pode ser requerido para se atender condições</p><p>para o fornecimento do material entre construtora e recicladora.</p><p>Essa quantidade de produção numa usina de reciclagem geralmente equivale a uma semana</p><p>de produção, ou, até mesmo, um mês. O ideal é realizar ensaios em intervalos semanais,</p><p>quinzenas ou mensais, dependendo das possibilidades técnicas e financeiras das usinas.</p><p>Geralmente é coletada uma amostra representativa do lote de agregado reciclado, que deve</p><p>ser encaminhada para a realização dos ensaios de controle de qualidade, dependendo</p><p>da especificação do agregado (brita graduada, bica corrida, areia, pedrisco, brita,) e uso</p><p>pretendido (para pavimentação, argamassa, concreto).</p><p>O procedimento da ABNT NBR 10.007 [51] pode ser aplicado à amostragem em pilhas ou</p><p>estoques de produção de agregados reciclados, independente das dimensões dos mesmos.</p><p>A coleta de material para ensaios deve ser efetuada na pilha de agregados reciclados, em</p><p>vários pontos distintos, devendo-se evitar que seja efetuada na base e na superfície da pilha,</p><p>conforme a Figura 3.37.</p><p>Figura 3.37: Locais de retirada de amostras parciais de agregados reciclados em pilhas cônicas.</p><p>Fonte: ABNT NBR 10.007: 2004 [51].</p><p>82</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Retirar amostra de, pelo menos, 3 seções situadas na base, meio e topo da pilha, sendo que</p><p>em cada seção devem ser retiradas, no mínimo, 4 alíquotas equidistantes.</p><p>Para a coleta, o</p><p>amostrador deve penetrar obliquamente nas pilhas (Figura 3.38).</p><p>Emprega-se para a coleta um amostrador Trier, constituído por um tubo alongado com</p><p>dimensões de 120 cm de comprimento por 10 cm de diâmetro, sendo a ponta de cravação</p><p>chanfrada e a porçao posterior reforçada com chapa de aço para resistir a choques de marreta,</p><p>que normalmente é empregada para cravação do amostrador na pilha de agregado (Figura</p><p>3.39).</p><p>Figura 3.38: Amostrador para coleta de agregados reciclados e outros resíduos sólidos granulares.</p><p>Muito mais fácil e mais representativo seria amostrar amostras parciais, ao longo da</p><p>produção dos agregados, nos fluxos de descarga dos transportadores de correias ou silos de</p><p>armazenagem [52]. A coleta de material para ensaios deve ser efetuada durante a produção</p><p>(em regime contínuo), evitando-se a coleta logo no início ou final da produção. As amostras</p><p>parciais devem ser coletadas, tomando-se a seção transversal completa do fluxo de descarga</p><p>do material, conforme a Figura 2.5.3, em diversos intervalos de tempo ou vários pontos</p><p>de descarga, durante a produção. Deve-se coletar, no mínimo, 10 amostras parciais. Esse</p><p>procedimento atende o estabelecido pela ABNT NBR NM26 [53].</p><p>Figura 3.39: Procedimento de coleta na descarga dos transportadores de correia. Fonte: Image do</p><p>google adaptada.</p><p>83</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>A amostra de campo deve ser formada pela reunião de amostras parciais, conforme</p><p>estabelecido pela ABNT NBR NM 26 [53]. A amostra de ensaio deve ser obtida pela redução</p><p>da amostra de campo, através de quarteamento ou uso de separador mecânico, de acordo</p><p>com o estabelecido pela ABNT NBR NM 27. As amostras de campo e de ensaio devem</p><p>respeitar as massas mínimas indicadas na Tabela 3.6.</p><p>Tabela 3.6: Quantidade mínima de massa da amostra de ensaio. Adaptado a partir da ABNT NBR</p><p>NM 26 e Ângulo; Mueller [54]</p><p>Tamanho nominal</p><p>do agregado</p><p>Amostra de campo –</p><p>massa mínima kg</p><p>Amostra de ensaio –</p><p>massa mínima kg</p><p>< 4,8 mm 40 1</p><p>> 4,8 mm <9,5 mm 40 5</p><p>>9,5 mm <19 mm 40 10</p><p>>19 mm <37,5 mm 75 25</p><p>>37,5 mm <75 mm 150 50</p><p>>75 mm <125 mm 225 70</p><p>NOTAS</p><p>1 Para agregados de dimensões superiores a 75 mm, a coleta do material em pilha</p><p>poderá ser realizada com pá.</p><p>2 Em função da maior variabilidade do agregado reciclado a massa a ser amostrada</p><p>é superior ao estabelecido na ABNT NBR 7211 e as normas de ensaios correlatas para</p><p>agregados naturais e britados.</p><p>3.2.1 AGREGADO RECICLADO MISTO (ARM)</p><p>O agregado reciclado misto (ARM) é um tipo de agregado reciclado que contém mais de</p><p>10% de fragmentos de cerâmica vermelha em massa, além dos fragmentos de concreto,</p><p>argamassa (material cimentício), de acordo com a norma ABNT NBR 15.116: 2004 [55].</p><p>Geralmente é um tipo de agregado reciclado mais contaminado, pois é originado de fontes</p><p>de RCD mais heterogêneas com resíduos de obras, onde há escavações de solos, misturas</p><p>com outros materiais, reformas. Admite-se entre 2 e 3% de contaminantes totais (madeira,</p><p>plástico, papel, metais, asfalto, vidros, azulejos, fragmentos de louças sanitárias (cerâmicas</p><p>brancas vidradas) etc.</p><p>Os fragmentos de cerâmica vermelha tornam o agregado de RCD mais poroso, de menor</p><p>resistência e está mais sujeito a quebra, devido ao formato mais lamelar. Pela norma brasileira</p><p>(anexo A, NBR 15116), só se determina a composição da fração graúda do agregado</p><p>reciclado; ou seja, aquela em que é possível realizar um ensaio de catação (Figura 3.40),</p><p>classificando os materiais presentes por diferentes tipos: a) cimentícios, b) cerâmica vermelha,</p><p>c) contaminantes, orgânicos e inorgânicos (Figura 3.2.1.1). Como não é simples determinar</p><p>a composição da fração areia, a composição da areia reciclada deve ser estimada, a partir</p><p>da composição da fração graúda, obtida no mesmo lotes de produção. É uma aproximação,</p><p>enquanto não se dispõe de método de ensaio específico e apropriado para essa finalidade.</p><p>84</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.40: Composição típica de um agregado reciclado misto. Essencialmente um mistura de</p><p>diferentes materiais cimentícios (concreto, argamassa), e também cerâmica vermelha, fragmentos</p><p>de rochas, e contaminantes (madeira, asfalto, etc).</p><p>Figura 3.41: Classificação dos materiais presentes nos agregados reciclados pelo ensaio de</p><p>catação. O método só é aplicado na fração graúda (acima de 4,8 mm).</p><p>Como esse tipo de agregado reciclado, pode-se desenvolver especificações de certos</p><p>produtos, agregados com faixa granulometria estabelecida e características/propriedades</p><p>compatíveis com usos em pavimentação, ou para materiais cimentícios (argamassas e</p><p>concretos).</p><p>85</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>3.2.2 AGREGADO RECICLADO DE CONCRETO (ARCO) OU AGREGADO</p><p>RECICLADO CIMENTÍCIO (ARCI)</p><p>O agregado reciclado de concreto (ARC – internacionalmente, ARCO - nacionalmente) é obtido</p><p>das etapas de triagem, britagem, peneiramento do resíduo de concreto. Existem muitos tipos</p><p>de concretos, mais os estruturais (aqueles que compõem elementos estruturais como vigas,</p><p>pilares, pisos, lajes ) são os melhores tipos de agregados reciclados. Possuem apenas aço,</p><p>que, no processo de britagem libera e é facilmente separado pelo eletroímã, dispensando</p><p>etapas de catação manual. A sucata de aço é um resíduo valioso, que gera parte importante</p><p>da receita na usina.</p><p>O agregado reciclado de concreto é constituído de pasta de cimento endurecida (~20-30%</p><p>da massa) e o restante de agregados naturais – brita e areia natural (70-80% da massa).</p><p>Devido a essa pequena parcela de cimento endurecida superficialmente, o agregado reciclado</p><p>sofre geralmente mais abrasão que o agregado natural, não sendo usado em camadas</p><p>superficiais de pavimento, devido ao desgaste, mas pode ser usado nas camadas de base,</p><p>sub base, reforço de subleito, ou outros usos como materiais cimentícios (não sujeitos a</p><p>abrasão, exposto a ambientes agressivos, como ácidos, etc).</p><p>Admite-se até 10% de contaminação por cerâmica vermelha no agregado reciclado de</p><p>concreto [56], e geralmente 1% de contaminantes. Dependendo do uso, pode-se admitir até</p><p>2% de contaminante específico (madeira, p. ex.) e 3% (todos os contaminantes inclusos),</p><p>dependendo da aplicação do agregado [55]. O agregado é mais poroso que o agregado</p><p>natural, geralmente com absorção de água inferior a 7%.</p><p>Figura 3.42 – Agregado reciclado de</p><p>concreto contém poucos materiais</p><p>secundários (como cerâmica</p><p>vermelha, ou contaminates). A</p><p>partícula contém um parcela menor</p><p>de cimento endurecido, sendo</p><p>constituído em grande parte por</p><p>agregados (rochas) naturais.</p><p>Quando constituídos por outros tipos de materiais cimentícios, como blocos de concreto</p><p>usados apenas para vedação (de qualidade inferior), argamassas, etc, o agregado fica mais</p><p>poroso que o agregado de concreto. É um erro admitir que um agregado reciclado de concreto</p><p>estrutural tem a mesma qualidade que um agregado reciclado cimentício (ARCI; composto</p><p>por misturas de materiais cimentícios) [57]. Da mesma forma, a composição da areia reciclada</p><p>cimentícia deve ser feita, a partir da composição da brita reciclada.</p><p>86</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Tabela 3.7: Especificação de uso de agregados reciclados em pavimentação (NBR 15.115: 2004)</p><p>[58] .</p><p>Propriedades</p><p>Agregado reciclado classe A Normas de ensaios</p><p>Graúdo Miúdo Agregado</p><p>graúdo</p><p>Agregado</p><p>miúdo</p><p>Composição granulumétrica</p><p>Não uniforme e bem graduado</p><p>com coeficiente de uniforme Cu</p><p>> 10</p><p>ABNT NBR 7181</p><p>Dimensão máxima característica <= 63mm ABNT NBR NM 248</p><p>Índice d eforma <=3 - ABNT NBR 7809 -</p><p>Teor de material passante na peneira de</p><p>0,42mm Entre 10% e 40% ABNT NBR 7181</p><p>Contaminantes</p><p>- teores</p><p>máximos em relação</p><p>à massa do agregado</p><p>reciclado (%)</p><p>Materiais</p><p>não minerais</p><p>de mesmas</p><p>características</p><p>2 Anexo A Anexo B</p><p>Materiais não</p><p>minerais de</p><p>características</p><p>distintas</p><p>3 Anexo A Anexo B</p><p>Sulfatos 2 ABNT NBR 9917</p><p>Para os efeitos desta Norma, são exemplos de materiais não minerais: madeira, plástico, betume, materiais</p><p>carbonizados, vidros e vidrados cerâmicos.</p><p>Aplicação ISC (CBR) % Expansibilidade % Energia de compactação</p><p>Material para execução de</p><p>esforço de subleito >= 12 <=1,0 Normal</p><p>Material para execução de</p><p>revestimento primário e sub-</p><p>base</p><p>>= 20 <=1,0 Intermediária</p><p>Material para a execução de</p><p>base de pavimento >= 60 <=0,5 Intermediária ou modificada.</p><p>Permitindo o uso com material de base somente para vias de tráfego com N <= 104 repetições do eixo de 8,2 tf (80kN) no</p><p>período de projeto..</p><p>A NBR 15.115: 2004 estabelece as especificações para uso do agregado reciclado em</p><p>camadas de pavimentos flexíveis. Os usos previstos dos agregados reciclados são como</p><p>reforço de subleito, revestimento primário, subbase (Figura 3.43) e base do pavimento flexível</p><p>(asfáltico). A diferença básica será no valor de compactação que esse material consegue</p><p>alcançar, avaliada pelo ensaio de CBR (compaction bearing ratio), e na expansibilidade.</p><p>Diferentes energias de compactação são previstas, pois possuem relação com a prática de</p><p>execução que emprega equipamentos diferentes e com maior energia de compactação, a</p><p>medida que se executa as camadas de pavimento.</p><p>A granulometria do agregado para subbase deve ser abaixo de 63 mm ( o ideal é abaixo</p><p>de 50 mm), e não conter fração fina em falta ou em excesso (10-40% no máximo de fração</p><p>passante em 0,42 mm). O agregado reciclado mais usado é o misto (ARM), conhecido como</p><p>bica corrida mista.</p><p>87</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.43– Bica corrida reciclada (50-</p><p>0mm), a partir de resíduo de construção</p><p>misto (contendo cerâmica vermelha).</p><p>A especificação usada na pavimentação urbana na cidade de São Paulo (PMSP/SP ETS</p><p>001/2003) usa especificações bastante similares a NBR 15.115, estabelecendo apenas um</p><p>critério adicional: coeficiente de curvatura (Cc) entre 1 e 3. Ambas especificações permitem</p><p>o uso do material como sub-bases e bases em vias de tráfego não muito intenso (N≤106</p><p>repetições do eixo padrão de 80kN), como grandes avenidas.</p><p>Figura 3.44: Sequência de execução de uma subbase de pavimento flexível com bica corrida</p><p>reciclada.</p><p>O teor de cerâmica vermelha no agregado reciclado misto afeta o teor de umidade ótimo;</p><p>ou seja, aquele resulta a melhor condição de compactação do material para uso como sub-</p><p>bases e bases de pavimento. Para uma aplicação adequada, é importante fazer ensaios de</p><p>compactação e determinar/controlar a umidade ótima e densidade máxima de compactação.</p><p>Como pode ocorrer a quebra dos agregados devido a energia de compactação usada,</p><p>estudos indicam que a energia deve ser, no mínimo, intermediária, favorecendo o processo</p><p>de quebra já na execução, antes da liberação de uso, o que poderia acarretar problemas</p><p>futuros.</p><p>88</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>A mistura com o solo é que leva a falta de conformidade do agregado, alternando o coeficiente</p><p>de uniformidade, e correndo o risco de tornar o agregado misturado com solo expansivo, um</p><p>parâmetro crítico de controle de qualidade para uso na pavimentação. Deve ser uma curva</p><p>granulométrica contínua; ou seja, ter diferentes tamanhos e crescer continuamente, sem</p><p>faltar frações de determinados tamanhos dentro do intervalo. Tipicamente uma bica corrida</p><p>reciclada contaminada com solo tem o aspecto abaixo. Dependendo da expansibilidade,</p><p>são possíveis alguns usos geotécnicos, como preenchimento de valas, certos tipos de</p><p>aterramentos simples [59].</p><p>Figura 3.45: Efeito do tipo de agregado reciclado no teor de umidade e densidade ótima durante a</p><p>compactação. As curvas mais a esquerda são obtidas com agregados reciclados mistos, contendo</p><p>maior teor de cerâmica vermelha. Por consequência, a umidade aumenta, porque o agregado se</p><p>torna mais poroso, e a densidade ótima no estado compactado cai. Fonte: Poon, Chan [60].</p><p>Os contaminantes de uma única natureza (p. ex. madeira apenas, ou qualquer outro tipo</p><p>de contaminante exclusivo) não pode ultrapassar 2% da massa do agregado. A soma dos</p><p>diferentes tipos de contaminantes não deve ultrapassar 3% [58].</p><p>Recomenda-se sempre que as usinas de reciclagem elaborem fichas de especificação de</p><p>produtos (agregados reciclados), como o feito por algumas usinas de reciclagem Quadro</p><p>3.1. Se o agregado reciclado misto for produzido adequadamente, pode obter especificações</p><p>compatíveis com bases granulares de pavimentos flexíveis, com valores mais elevados de</p><p>CBR.</p><p>89</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Quadro 3.2 – Exemplo de ficha técnica de produto, a partir do agregado reciclado.</p><p>Pode-se também produzir brita graduada simples (20-0 mm), produzida a partir de agregados</p><p>reciclado de concreto (ARCO), que tem a qualidade compatível com base granular de</p><p>pavimento flexível, até de rodovias (semi-rígidos, ou rígidos) [62]. Pode-se produzir esse tipo</p><p>90</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>de material usando dosadores de agregados (empregado geralmente em usinas de asfaltos</p><p>ou pedreiras). Usa-se os intervalos granulométricos especificados na NBR 11803 ou similares</p><p>especificados pelo DNER, podendo realizar estabilização adicional com cimento, formando o</p><p>material conhecido como BGTC (brita graduada tratada com cimento).</p><p>3.2.3 ESPECIFICAÇÕES DE AGREGADOS RECICLADOS: USO EM ARGAMASSAS</p><p>Areias recicladas, principalmente as cimentícias, podem empregadas em argamassas não</p><p>estruturais [63], como as usadas no assentamento de blocos em paredes de alvenaria, ou</p><p>revestimentos internos (protegidas do meio externo). O uso das areias recicladas podem</p><p>ser uma alternativa viável e comercialmente interessante, especialmente em cidades onde o</p><p>custo da areia natural é muito elevado, devido as longas distâncias das jazidas.</p><p>Grautes, microconcretos ou determinados tipos de argamassas estruturais possuem controle</p><p>rígido de resistência e retração, podendo ser incompatível com determinas características do</p><p>agregado reciclado.</p><p>Figura 3.46 – Areia reciclada cimentícia usada</p><p>para produzir argamassa de assentamento e</p><p>revestimento em obra.</p><p>91</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>O uso de agregado reciclado na argamassa pode alterar propriedades importantes deste</p><p>material, implicando, por exemplo, em redução de resistência de aderência e aumento da</p><p>fissuração do revestimento, aumento da permeabilidade, etc [63]. Cuidados devem ser</p><p>tomados, para desenvolver produtos compatíveis com o desempenho esperado na edificação.</p><p>Figura 3.47: Ensaios de arrancamento que medem a resistência de aderência e testes de fissuração</p><p>são realizados normalmente em obras, antes de se adotar ou padronizar um procedimento de</p><p>execução da argamassa de revestimento numa construtora. Esse tipo de tecnologia é afetada</p><p>pelo treinamento da mão-de-obra. Recomenda-se uso apenas como revestimento interno. Fonte:</p><p>Alexandre Britez.</p><p>Assim, a areia reciclada tende a ser direcionada a serviços menos exigentes como argamassas</p><p>de assentamento, enchimento de tubulações, cortinas ou outros usos secundários. Nessas</p><p>aplicações a areia se destaca pelo menor custo e por não necessitar adição de cimento ou cal,</p><p>a depender da aplicação desejada, visto que seu teor de finos elevado pode conferir à massa</p><p>trabalhabilidade e coesão mecânica suficientes para baixas resistências.</p><p>A areia reciclada é geralmente especificada para atender uma zona granulométrica utilizável,</p><p>estabelecida dentro da NBR 7211: 2009 [64]. Bons resultados de qualidade de revestimento</p><p>de argamassas foram obtidos usando areias recicladas com teores de materiais finos</p><p>(pulverulentos) abaixo de 10% e absorção de água do agregado reciclado inferior a 6%, o que</p><p>corresponde geralmente a uma areia cimentícia; ou seja, com teores de cerâmica vermelha</p><p>até 10%. Essas recomendações foram obtidas na conclusão da tese de Leonardo Miranda na</p><p>USP [64].</p><p>Deve-se evitar contaminação com solo, pois aglomeram e são mais difíceis de dispersar, sem</p><p>uso de aditivos. Formulações com teores mais elevados de finos são possíveis, mas requerem</p><p>uso de aditivos nas formulações, podendo encarecer a argamassa, tornando o produto menos</p><p>competitivo comercialmente.</p><p>Deve-se também ficar atento com contaminantes como vidros, louças sanitárias (cerâmicas</p><p>brancas vidradas), pois estes contaminantes podem tornar o agregado reciclado reativo</p><p>(Figura 3.48), causando patologias e problemas de durabilidade dos materiais cimentícios,</p><p>tipicamente conhecida como reação álcali-sílica. Uma avaliação deve ser feita de acordo com</p><p>normas brasileiras e, se reativo, ações de mitigação podem ser adotadas usando cimentos</p><p>pozolânicos, restringindo-se as condições de uso e exposição do produto a ambientes secos.</p><p>92</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.48: Especificação sugerida para a areia reciclada. Manual de resíduos (2015) – sinduscon-</p><p>sp [31]; Dissertação-tese (Leonardo Miranda – Poli USP); ABNT NBR 7211: 2009 [48,63,64]</p><p>Demonstrações práticas da operação de reciclagem e uso de areia reciclada em argamassas</p><p>foi feito com sucesso em construtoras de São Paulo, usando resíduos triados dentro da própria</p><p>obra e dosando a argamassa dentro dessas obras, com teores de até 20% de substituição da</p><p>areia natural pela reciclado [31]. No caso dessa construtora, a dosagem da areia era feita em</p><p>sacos de agregado (em volume), e sacos de cimento e cal, em massa, e produzida dentro da</p><p>própria obra. Nem todas as construtoras optam por produzir argamassas dentro do canteiro,</p><p>sendo uma particularidade (não uma regra para o setor).</p><p>O interessante foi reduzir em mais de 50% o volume de resíduo transportado e destinado a</p><p>outros locais, para o aproveitamento. Pequenos recicladores entravam na obra, realizando</p><p>serviços terceirizados de reciclagem (com britadores portáteis, de pequena dimensão) e</p><p>fornecendo a areia reciclada já ensacada, no local de dosagem de argamassa da obra. A</p><p>dosagem em massa e uso de argamassas de caráter mais industrializado (contendo vários</p><p>aditivos) pode ser preferível em parte dos casos práticos.</p><p>93</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.49: Testes particulares como o da reação álcali-sílica (RAS) da areia reciclada podem ser</p><p>necessário para garantir um desempenho da argamassa reciclada.</p><p>Figura 3.50: Britador portátil usado para viabilizar reciclagem na obra. Por ser um britador de</p><p>impacto com tela na saída, areia reciclada cimentícia e mista era produzida. O uso do material era</p><p>para argamassas de assentamento, e/ou revestimento. Fonte: SINDUSCON-SP [31]. A ilustração</p><p>abaixo é do traço usado na argamassa reciclada em obra. Fonte: Alexandre Britez (palestra dado</p><p>no curso de Eng Civil da Poli USP)</p><p>94</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>3.2.4 ESPECIFICAÇÕES DE AGREGADOS RECICLADOS: USO EM CONCRETOS</p><p>Para uso de agregados reciclados em concretos, deve-se seguir a NBR 7211: 2009 [64],</p><p>que foi feita para especificar agregados naturais, mas serve perfeitamente para classificar a</p><p>fração granulométrica dos agregados. Agregados graúdos devem ser fornecidos em zonas</p><p>granulométricas pré-estabelecidas; as mais comuns são 4,75/12,5 mm (pedrisco); 9,5/25</p><p>mm (britas).</p><p>Em argamassas e concretos não estruturais, são permitidos o uso de agregados reciclados</p><p>cimentícios (ARCI) e de concreto (ARCO) que atendam os requisitos da Tabela 3.8 (revisão</p><p>da ABNT NBR 15116 [55]. Em geral, os requisitos são muito semelhantes aos especificados</p><p>para os agregados naturais. Além do controle de composição e da zona granulométrica, a</p><p>absorção de água e o teor de finos (pulverulentos) é estipulado, procurando evitar misturas</p><p>pouco econômicas e/ou eficientes, além de cuidados adicionais com determinados tipos</p><p>e contaminantes (argilas, gesso, medido não só pela catação, mas também pelo teor de</p><p>sulfatos, cloretos). Regiões perto do mar pode vir a ter contaminação de cloro no agregado</p><p>reciclado, ou contaminações com outras fontes de resíduos.</p><p>Tabela 3.8: Requisitos específicos dos agregados reciclados para uso em argamassas e concretos.</p><p>Ensaios Limite</p><p>sugerido</p><p>Referencia</p><p>normativa</p><p>Método de</p><p>ensaio</p><p>Q</p><p>ua</p><p>lifi</p><p>ca</p><p>çã</p><p>o</p><p>Composição</p><p>Classe ARCO -</p><p>teor de cerâmica vermelha 0%</p><p>- Anexo A</p><p>Classe ARCI -</p><p>teor de cerâmica vermelha < 10%</p><p>Teor de contaminantes -</p><p>madeira, plástico, papel,</p><p>metais, asfalto, vidros,</p><p>azulejos, louças e similares</p><p>< 2%</p><p>Argila Teor < 3% ABNT NBR</p><p>7211</p><p>ABNT NBR</p><p>7218</p><p>Sulfatos Teor < 0,1% ABNT NBR</p><p>7211</p><p>ABNT NBR</p><p>9917</p><p>Cloretos</p><p>Teor para concreto simples < 0,2%</p><p>ABNT NBR</p><p>7211</p><p>ABNT NBR</p><p>9917</p><p>Teor para concreto armado < 0,1%</p><p>Teor para concreto</p><p>protendido < 0,01%</p><p>C</p><p>on</p><p>tr</p><p>ol</p><p>e</p><p>Granulometria</p><p>Zona granulométrica</p><p>recomendada -</p><p>Agregado Graúdo</p><p>4,75/12,5</p><p>mm</p><p>ABNT NBR</p><p>7211</p><p>ABNT NBR</p><p>NM 248</p><p>9,5/25 mm</p><p>19/31,5 mm</p><p>37,5/75 mm</p><p>25/50 mm</p><p>95</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Ensaios Limite</p><p>sugerido</p><p>Referencia</p><p>normativa</p><p>Método de</p><p>ensaio</p><p>C</p><p>on</p><p>tr</p><p>ol</p><p>e Granulometria</p><p>Zona granulométrica</p><p>recomendada -</p><p>Agregado Miúdo</p><p>Zona</p><p>Utilizável ABNT NBR</p><p>7211</p><p>ABNT NBR</p><p>NM 248</p><p>Zona Ótima</p><p>Absorção de</p><p>água</p><p>Classe ARCO < 7 % ABNT NBR</p><p>NMClasse ARCI < 12 % ―</p><p>53 (graúdo)</p><p>ABNT NBR</p><p>NM 30</p><p>(miúdo)</p><p>Finos</p><p>(< 0,0 75 mm)</p><p>Teor para concretos</p><p>protegidos de desgaste</p><p>superficial</p><p>< 12 % ABNT NBR</p><p>7211</p><p>Item 5.2.2</p><p>ABNT NBR</p><p>NM 46Teor para concretos</p><p>submetidos a desgaste</p><p>superficial</p><p>< 10 %</p><p>3.2.4.1 Não estruturais</p><p>Pedriscos reciclados de materiais cimentícios (ou de resíduos de concreto) ou pós de pedra</p><p>(6,3/0mm) (Figura 3.51) têm sido produzidos em usinas de reciclagem e fornecidos para</p><p>empresas que fabricam e comercializam blocos de concreto para alvenarias de vedação [31].</p><p>Geralmente são produzidos componentes de concreto não estrutural, sem responsabilidade</p><p>estrutural.</p><p>Na cidade de São Paulo, há exemplo de implantação de processo de logística reversa entre</p><p>construtora e fabricante de bloco. As quebras de blocos retornavam como resíduo a fábrica</p><p>de bloco, que o reciclava. A construtora, por outro lado, concordava em receber blocos de</p><p>concreto que continham teores incorporados de</p><p>pedrisco reciclado de até 5% da massa do produto,</p><p>pois nesta faixa de trabalho, nenhuma influência</p><p>foi observada na qualidade do bloco fornecido.</p><p>Figura 3.51: Pedrisco (6,3-0mm) reciclado cimentício,</p><p>usado na confecção de componentes pré-fabricados</p><p>de cimento (como blocos de vedação e pavers –</p><p>blocos de pavimentos intertravados).</p><p>96</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>As empresas fabricantes de blocos de concreto para alvenaria de vedação geralmente</p><p>controlam a granulometria da composição (mistura de agregados) usada na formulação do</p><p>concreto, mantendo dentro das faixas sugeridas por fabricantes das máquinas de prensagem</p><p>dos blocos (vibroprensas) (Figura 3.52 e Figura 3.53). Estudos experimentais feitos indicam</p><p>que a granulometria dos agregados contida nesta faixa resulta em produtos com bom</p><p>acabamento</p><p>e dentro da faixa de consumo de cimento aceitável. Neste tipo de produto, o</p><p>custo é bastante impactado pelo custo de cimento, e do agregado (pois é usado em grande</p><p>quantidade na formulação – traço – do concreto).</p><p>O problema é que geralmente muitas destas empresas são proprietárias ou estão instaladas</p><p>perto de pedreiras, o que torna o agregado reciclado pouco competitivo, quando se inclui o</p><p>preço do frete. Mas, blocos são fornecidos diariamente em grandes quantidades, e os fretes</p><p>de retorno (caminhões que voltam vazios) podem fornecer boas oportunidades de negócio</p><p>entre usinas de reciclagem e fornecedores de materiais cimentícios, como já ocorrido no</p><p>exemplo da parceria de logística reversa entre construtora-fabricante de bloco, ou, em casos,</p><p>aonde a fábrica de blocos é instalada dentro da usina de reciclagem, eliminando o custo de</p><p>frete para fornecimento de agregados reciclados.</p><p>Figura 3.52: Limites granulométricos sugeridos para blocos e pavers. Fonte: [65,66]</p><p>Figura 3.53: Limites granulométricos para Blocos proposto por Pfeiffenberguer em 1985 Fonte:</p><p>[65–67]</p><p>97</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 3.54: Bloco de vedação cimentício pré-fabricado. Esse material é produzido com um tipo de</p><p>concreto vibroprensado e compactado em condição úmida, mas seca.</p><p>3.2.4.2 Estruturais</p><p>Há exemplos de obras que incorporam o agregado reciclado de concreto em elementos</p><p>estruturais de concreto em edifícios, mas o uso é pouco disseminado. A maioria dos exemplos</p><p>de uso ocorrem em países como Alemanha e Suíça.</p><p>Figura 3.65: Alteração na consistência do concreto, em função da substituição do agregado natural</p><p>pelo agregado graúdo reciclado de concreto, e do tempo. Fonte: [68] adaptada.</p><p>98</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>O uso de agregado reciclado para a produção de concreto estrutural já é normatizado em</p><p>países como Alemanha, Inglaterra, e Espanha. Como exemplo, citam-se as normativas</p><p>espanhola (EHE, 2008) e alemã (DIN 4226-part 100). Para não ter preocupações com relação</p><p>a durabilidade do concreto, as normas limitam 20% o teor de substituição de agregado naturais</p><p>por agregados graúdos reciclados de concreto. Nesta condição, pouca influência é observada</p><p>na resistência e na deformabilidade do concreto [57], podendo ser adotados os mesmos</p><p>procedimentos padrão para o projeto e dimensionamento estrutural do concreto armado.</p><p>Não se usa geralmente a areia reciclada de concreto ou de outra natureza, pois estas</p><p>influenciam mais a trabalhabilidade do concreto.</p><p>O agregado reciclado pode alterar a trabalhabilidade do concreto, geralmente medida através</p><p>do ensaio de abatimento do tronco de cone[57] (Figura 3.56). Para se minimizar este efeito,</p><p>se recomenda pré-saturar o agregado reciclado, com ~70-90% do valor obtido no ensaio de</p><p>absorção de água.</p><p>Obras Características Principais</p><p>Deutsche Bundesstiftung Umwelt, 1995</p><p>Osnabrueck – Alemanha</p><p>Parede de concreto armado (uso interno)</p><p>Volume utilizado: 200 m3.</p><p>Características do concreto</p><p>fck=30 MPa; fc28=41 MPa</p><p>Ligante (cimento, cinza volante) = 360 kg/</p><p>m3</p><p>ARC (4-32 mm)=893 kg/m3</p><p>Areia natural (0-2mm) = 669 kg/m³</p><p>Água=200 kg/m3 (a/c=0,55)</p><p>100% de substituição da fração graúda do</p><p>agregado natural por ARC</p><p>Building Research Establishment, 1996</p><p>Londres, Inglaterra</p><p>Piso de concreto (uso interno)</p><p>Volume utilizado: 500 m³.</p><p>Características do concreto</p><p>fck=30 MPa</p><p>ARM – até 50% de cerâmica vermelha.</p><p>99</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Obras Características Principais</p><p>Gewerbe- und Parkhaus, Vilbeler Weg, 1998</p><p>Darmstadt – Alemanha</p><p>Pilares, paredes e lajes de concreto (uso</p><p>interno)</p><p>Volume utilizado: 461 m3.</p><p>Características do concreto</p><p>fck=35 MPa; fc28=45 MPa</p><p>Ligante (cimento, cinza volante) = 350 kg/</p><p>m³</p><p>ARC (2-16mm) = 1.113 kg/m³</p><p>Água=170 kg/m3 (a/c=0,55)</p><p>100% de substituição da fração graúda do</p><p>agregado natural por ARC e</p><p>30% de substituição da fração miúda do</p><p>agregado natural por ARC</p><p>Projekt Sttugart-Ost, 2010</p><p>Sttugart – Alemanha</p><p>Pisos, paredes e lajes de concreto</p><p>Volume utilizado: 1.500 m3</p><p>Características do concreto</p><p>1.Classes de exposição Xo (sem ataque)</p><p>fck=8/10 MPa e fck= 12/15 MPa</p><p>2. Classes de exposição XC3 e XC4 (local</p><p>úmido)</p><p>fck=20/25 MPa e fck= 25/30 MPa</p><p>3. Classes de exposição XC1 e XC3 (seco</p><p>ou moderadamente úmido, interno)</p><p>100</p><p>APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO E OPERAÇÃO DE USINA</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Obras Características Principais</p><p>Loteamentos residenciais, escolas</p><p>Zurich – Suiça</p><p>Paredes estruturais de concreto</p><p>Agregado reciclado misto</p><p>teor de cerâmica – 5-20% da massa</p><p>Formulação</p><p>Cimento=330 kg/m³</p><p>Densidade> 2.050 kg/m³</p><p>C 30/37 MPa, XC1 (seco)</p><p>Aditivo policarboxilato</p><p>Substituição total (100%) do agregado</p><p>graúdo natural por agregado graúdo misto</p><p>Projeto</p><p>Levou em consideração maior fluência e</p><p>maior retração (2 x maior)</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>[1] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),</p><p>Resíduos sólidos - Classificação, ABNT, Rio de Janeiro,</p><p>2004.</p><p>[2] Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),</p><p>Resolução no 307: estabelece diretrizes, critérios</p><p>e procedimentos para a gestão dos resíduos da</p><p>construção civil, Brasília, 2002.</p><p>[3] NATIONAL PAINT AND COATINGS ASSOCIATION</p><p>(NPCA), Guidance Manual for Paint Reuse Programs.,</p><p>NPCA, Washington, D.C., 2008a. http://www.paint.</p><p>org.</p><p>[4] NATIONAL PAINT AND COATINGS ASSOCIATION</p><p>(NPCA)., Protocol for Management of Post-Consumer</p><p>Paint, Washington, D.C., 2008b. http://www.paint.org.</p><p>[5] F.P. Torgal, S. Jalali, A. Fucic, eds., Toxicity of building</p><p>materials, Woodhead Publ, Oxford, 2012.</p><p>[6] ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA),</p><p>Managing your environmental responsabilities: a</p><p>planning guide for construction and development,</p><p>EPA, Estados Unidos, 2004. http://www.epa.gov/osw.</p><p>[7] G. Jacobi, H. Solo-Gabriele, B. Dubey, T. Townsend,</p><p>T. Shibata, Evaluation of commercial landscaping</p><p>mulch for possible contamination from CCA,</p><p>Waste Manag. 27 (2007) 1765–1773. doi:10.1016/j.</p><p>wasman.2006.09.013.</p><p>[8] T. Shibata, H. Sologabriele, L. Fleming, Y. Cai, T.</p><p>Townsend, A mass balance approach for evaluating</p><p>leachable arsenic and chromium from an in-service</p><p>CCA-treated wood structure, Sci. Total Environ. 372</p><p>(2007) 624–635. doi:10.1016/j.scitotenv.2006.10.037.</p><p>[9] ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA),</p><p>RCRA in focus: construction, demolition and</p><p>renovation., EPA, Estados Unidos, 2005.</p><p>[10] Conselho Nacional do Meio Ambiente</p><p>(CONAMA), Resolução no 348: altera a resolução</p><p>CONAMA n. 307, de 5 de julho de 2002, incluindo</p><p>o amianto na classe de resíduos perigosos, MMA,</p><p>Brasília, 2004.</p><p>[11] S. Tsimas, M. Zervaki, Reuse of waste water from</p><p>ready-mixed concrete plants, Manag. Environ. Qual.</p><p>Int. J. 22 (2011) 7–17. doi:10.1108/14777831111098444.</p><p>[12] A.S. Lima, A.E.B. Cabral, Caracterização</p><p>e classificação dos resíduos de construção</p><p>civil da cidade de Fortaleza (CE), Eng. Sanit. E</p><p>Ambient. 18 (2013) 169–176. doi:10.1590/S1413-</p><p>41522013000200009.</p><p>[13] Jang, T. Townsend, Sulfate leaching from</p><p>recovered construction and demolition debris fines,</p><p>Adv. Environ. Res. 5 (2001) 203–217. doi:10.1016/</p><p>S1093-0191(00)00056-3.</p><p>[14] A. Montero, Y. Tojo, T. Matsuo, T. Matsuto, M.</p><p>Yamada, H. Asakura, Y. Ono, Gypsum and organic</p><p>matter distribution in a mixed construction and</p><p>demolition waste sorting process and their possible</p><p>removal from outputs, J. Hazard. Mater. 175 (2010)</p><p>747–753. doi:10.1016/j.jhazmat.2009.10.072.</p><p>[15] C.M. Biondi, Teores naturais de metais pesados</p><p>nos solos de referência do Estado de Pernambuco,</p><p>Tese (doutorado), Universidade Federal Rural de</p><p>Pernambuco, 2010. http://www.tede2.ufrpe.br:8080/</p><p>tede2/handle/tede2/4965.</p><p>[16] Conselho Nacional do Meio Ambiente</p><p>(CONAMA), Resolução CONAMA</p><p>No 420/2009</p><p>“Dispõe sobre critérios e valores orientadores</p><p>de qualidade do solo quanto à presença de</p><p>substâncias químicas e estabelece diretrizes para o</p><p>gerenciamento ambiental de áreas contaminadas</p><p>por essas substâncias em decorrência de atividades</p><p>antrópicas.,” MMA, Brasília, 2009.</p><p>[17] Conselho Nacional do Meio Ambiente</p><p>(CONAMA), Resolução no 431: altera o art. 3o</p><p>da Resolução no 307, de 5 de julho de 2002, do</p><p>Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA,</p><p>estabelecendo nova classificação para o gesso,</p><p>Brasília, 2004.</p><p>[18] Secretaria do Meio Ambiente (SMA-</p><p>GESP), Gerenciamento on line de resíduos</p><p>da construção civil, são Paulo, 2014. https://</p><p>www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/</p><p>cea/2014/11/19-gerenciamento-online-de-residuos-</p><p>da-construcao-civil/.</p><p>[19] Associação Brasileira da Indústria de Painéis</p><p>de Madeira (ABIPA)ABIPA, ABIMCI, ABPM, ANPM,</p><p>SINDIMASP, Gerenciamento de resíduos de madeira</p><p>industrializada na construção civil, São Paulo,</p><p>2014. https://cetesb.sp.gov.br/sigor/2014/12/12/</p><p>g e r e n c i a m e n t o - d e - r e s i d u o s - d e - m a d e i r a -</p><p>industrializada-na-construcao-civil-2/.</p><p>[20] T.P. Pinto, Metodologia para a gestão</p><p>diferenciada de resíduos sólidos da construção</p><p>urbana, Tese (Doutorado), Universidade de São</p><p>Paulo, 1999. http://www.ietsp.com.br/Documentos/</p><p>textos-t%C3%A9cnicos/disserta%C3%A7%C3%B5es-e-</p><p>teses/.</p><p>[21] T.P. Pinto, J.L.R. Gonzáles, Manejo e gestão de</p><p>resíduos da construção civil: como implantar um</p><p>sistema de manejo e gestão nos municípios, Ministério</p><p>das Cidades, Ministério do Meio Ambiente e Caixa</p><p>Econômica Federal, CAIXA, Brasília, 2005.</p><p>[22] BRASIL, Lei 12.305: Lei de Resíduos Sólidos, Brasília,</p><p>2010.</p><p>[23] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ed.,</p><p>Pesquisa nacional de saneamento básico: 2008,</p><p>IBGE, Rio de Janeiro, 2010.</p><p>[24] Ministério do Meio Ambiente (MMA), Planos de</p><p>Gestão de Resíduos Sólidos: Manual de Orientação,</p><p>MMA, Brasília, 2012. http://www.mma.gov.br/</p><p>estruturas/182/_arquivos/manual_de_residuos_</p><p>solidos3003_182.pdf.</p><p>[25] Ministério do Meio Ambiente (MMA), Manual</p><p>para implantação de sistema de gestão de resíduos</p><p>da construção civil em consórcios públicos, Brasília,</p><p>2010. http://www.mma.gov.br/estruturas/srhu_</p><p>urbano/_arquivos/5_manual_implantao_sistema_</p><p>informao_gesto_rs_cp_125.pdf.</p><p>[26] Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas</p><p>para Drywall, Resíduos de Gesso na Construção</p><p>Civil: coleta, armazenagem e destinação para a</p><p>reciclagem, 2012. http://www.sinduscondf.org.br/</p><p>portal/arquivos/ResiduosdeGessonaConstrucaoCivil.</p><p>pdf.</p><p>[27] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),</p><p>ABNT NBR 15112: 2004 Resíduos da construção civil e</p><p>resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem</p><p>- Diretrizes para projeto, implantação e operação,</p><p>ABNT, Rio de Janeiro, 2004.</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>[28] Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura</p><p>de São Paulo (CREA-SP), Guia Profissional para</p><p>uma gestão correta dos resíduos da construção,</p><p>CREA-SP, São Paulo, 2005. http://www.ietsp.com.br/</p><p>Documentos/textos-t%C3%A9cnicos/manuais/.</p><p>[29] ABNT NBR 15114: 2004 Resíduos sólidos da</p><p>Construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes</p><p>para projeto, implantação e operação, ABNT, Rio de</p><p>Janeiro, 2004. https://www.abntcatalogo.com.br/</p><p>norma.aspx?ID=349.</p><p>[30] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),</p><p>ABNT NBR 15113:2004: Resíduos sólidos da construção</p><p>civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto,</p><p>implantação e operação, ABNT, 2004. https://www.</p><p>abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=347.</p><p>[31] Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado</p><p>de São Paulo (SINDUSCON-SP), Gestão Ambiental de</p><p>Resíduos da Construção Civil: avanços institucionais</p><p>e melhorias técnicas, São Paulo, 2015. https://www.</p><p>sindusconsp.com.br/wp-content/uploads/2015/09/</p><p>MANUAL-DE-RES%C3%8DDUOS-2015.pdf.</p><p>[32] S.C. Angulo, C.E. Teixeira, A.L. de Castro, T.P.</p><p>Nogueira, Resíduos de construção e demolição:</p><p>avaliação de métodos de quantificação, Eng. Sanit.</p><p>E Ambient. 16 (2011) 299–306. doi:10.1590/S1413-</p><p>41522011000300013.</p><p>[33] E.V. Alberte, Evaluación de la sostenibilidad</p><p>ambiental de hormigones con áridos reciclados</p><p>procedentes de residuos de construcción y demolición,</p><p>Tesis Doctoral, Universitat Politecnica de Catalunya,</p><p>2012. https://www.tdx.cat/handle/10803/125064.</p><p>[34] Asociation Espanola de Gestores de Residuos de</p><p>Construcction y Demolicion (GERD), GUÍA ESPAÑOLA</p><p>DE ÁRIDOS RECICLADOS PROCEDENTES DE RESIDUOS</p><p>DE CONSTRUCCIÓN Y DEMOLICIÓN (RCD) - GEAR</p><p>Project, Editora Fueyo, Barcelona, Espanha, 2012.</p><p>http://www.caminospaisvasco.com/Profesion/</p><p>documentostecnicos/guia.</p><p>[35] S.C. Angulo, C. Ulsen, F.M.R.S. Lima, A.P. Chaves,</p><p>V.M. John, Processamento de resíduos de construção</p><p>e demolição em usinas de reciclagem européias. I,</p><p>in: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente</p><p>Construído (ANTAC), Feira de Santana, Bahia, 2009.</p><p>[36] METSO MINERALS, Basics in mineral</p><p>processing, 2015. https://www.metso.com/</p><p>ontentassets/0efc5d1a7c5a4357baecc5e990dc1fe7/</p><p>basics-in-mineral-processing-handbook-18-lr.pdf.</p><p>[37] A.P. Chaves, A.E.C. Peres, Teoria e Prática do</p><p>Tratamento de Minérios - Britagem, Peneiramento e</p><p>Moagem, 5a ed., Oficina dos textos, 2012.</p><p>[38] C. Ulsen, Caracterização e separabilidade</p><p>de agregados miúdos produzidos a partir de resíduos</p><p>de construção e demolição, Tese (Doutorado),</p><p>Universidade de São Paulo (Escola Politécnica), 2011.</p><p>[39] C.F. Hendriks, A.A. Nijkerk, A.E. Van Koppen, The</p><p>building cycle, Aeneas, Technical Publ, Boxtel, 2000.</p><p>[40] A. Mueller, L. 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Struct. 43 (2009)</p><p>519–528. doi:10.1617/s11527-009-9508-9.</p><p>[44] B. Cazacliu, C.H. Sampaio, G. Miltzarek, C.</p><p>Petter, L. Le Guen, R. Paranhos, F. Huchet, A.P.</p><p>Kirchheim, The potential of using air jigging to sort</p><p>recycled aggregates, J. Clean. Prod. 66 (2014) 46–53.</p><p>doi:10.1016/j.jclepro.2013.11.057.</p><p>[45] E. Mulder, T.P.R. de Jong, L. Feenstra, Closed Cycle</p><p>Construction: An integrated process for the separation</p><p>and reuse of C&D waste, Waste Manag. 27 (2007)</p><p>1408–1415. doi:10.1016/j.wasman.2007.03.013.</p><p>[46] S.C. Angulo, V.M. John, C. Ulsen, H. Kahn, A.</p><p>Mueller, Separação óptica do material cerâmico</p><p>dos agregados mistos de resíduos de construção e</p><p>demolição, Ambiente Construído. 13 (2013) 61–73.</p><p>doi:10.1590/S1678-86212013000200006.</p><p>[47] I. Vegas, K. Broos, P. Nielsen, O. Lambertz, A.</p><p>Lisbona, Upgrading the quality of mixed recycled</p><p>aggregates from construction and demolition</p><p>waste by using near-infrared sorting technology,</p><p>Constr. Build. Mater. 75 (2015) 121–128. doi:10.1016/j.</p><p>conbuildmat.2014.09.109.</p><p>[48] L.F.R. Miranda, Contribuição ao desenvolvimento</p><p>da produção e controle de argamassas de</p><p>revestimento com areia reciclada lavada de resíduos</p><p>Classe A da construção civil, Tese (doutorado),</p><p>Universidade de São Paulo, 2005. https://bdpi.usp.br/</p><p>item/001488651.</p><p>[49] S.C. Angulo, Caracterização de agregados de</p><p>resíduos de construção e demolição reciclados e a</p><p>influência de suas características no comportamento</p><p>mecânico dos concretos, Tese (Doutorado),</p><p>Universidade de São Paulo (Escola Politécnica), 2005.</p><p>[50] Miranda, L.F.R., Operação</p><p>de Usina de</p><p>reciclagem de Entulho. Curso sobre Gestão de</p><p>Resíduos da Construção Civil e Operação de Usina</p><p>de Reciclagem de Entulho, 2017.</p><p>[51] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),</p><p>ABNT NBR 10007:2004 : : Amostragem de resíduos</p><p>sólidos, ABNT, Rio deJaneiro, 2004. https://www.</p><p>abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=1102.</p><p>[52] L. Petersen, P. Minkkinen, K.H. Esbensen,</p><p>Representative sampling for reliable data analysis:</p><p>Theory of Sampling, Chemom. Intell. Lab. Syst. 77</p><p>(2005) 261–277. doi:10.1016/j.chemolab.2004.09.013.</p><p>[53] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),</p><p>ABNT NBR NM 26:2009 : Agregados - Amostragem,</p><p>ABNT, Rio de Janeiro, n.d. https://www.abntcatalogo.</p><p>com.br/norma.aspx?ID=55815.</p><p>[54] S.C. Angulo, A. Mueller, Determination of</p><p>construction and demolition recycled aggregates</p><p>composition, in considering their heterogeneity,</p><p>Mater. Struct. 42 (2009) 739–748. doi:10.1617/s11527-</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>008-9417-3.</p><p>[55] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),</p><p>ABNT NBR 15116: 2004: Agregados reciclados de</p><p>resíduos sólidos da construção civil - Utilização em</p><p>pavimentação e preparo de concreto sem função</p><p>estrutural - Requisitos, ABNT, Rio de Janeiro, 2004. https://</p><p>www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=434.</p><p>[56] P. Gonçalves, J. d. Brito, Recycled aggregate</p><p>concrete (RAC) – comparative analysis of existing</p><p>specifications, Mag. Concr. Res. 62 (2010) 339–346.</p><p>doi:10.1680/macr.2008.62.5.339.</p><p>[57] S.C. Angulo, A.D. Figueiredo, Concreto com</p><p>agregados reciclados, in: Concreto Ciênc. 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Vasconcelos,</p><p>L. Bernucci, Laboratory evaluation of recycled</p><p>construction and demolition waste for pavements,</p><p>Constr. Build. Mater. 25 (2011) 2972–2979. doi:10.1016/j.</p><p>conbuildmat.2010.11.105.</p><p>[62] P.B. da Silva, Estabilização de misturas de resíduos</p><p>sólidos de demolição e da indústria cerâmica para</p><p>uso em camadas de pavimentos viários., Doutorado</p><p>em Engenharia de Transportes, Universidade de São</p><p>Paulo, 2013. doi:10.11606/T.3.2013.tde-03112014-</p><p>113759.</p><p>[63] L.F.R. Miranda, Estudo de fatores que influem</p><p>na fissuração de revestimentos de argamassa</p><p>com entulho reciclado, Dissertação (Mestrado),</p><p>Universidade de São Paulo, 2000. https://bdpi.usp.br/</p><p>item/001122877.</p><p>[64] Associação Brasileiras de Normas Técnicas (ABNT),</p><p>ABNT NBR 7211:2009 : Agregados para concreto -</p><p>Especificação, ABNT, Rio de Janeiro, 2009. https://</p><p>www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=40092.</p><p>[65] J.S. Medeiros, Alvenaria estrutural não armada de</p><p>blocos de concreto: produção de componentes e</p><p>parâmetros de projeto, Dissertation (M. Sc.), University</p><p>of Sao Paulo, 1993.</p><p>[66] I. Fernandes, Blocos e Pavers: produção e controle</p><p>de qualidade, Editora Treino Assessoria e Treinamentos</p><p>Empresariais Ltda, Jaraguá do Sul, 2012.</p><p>[67] N. Jablonski, Mix designs for concrete block:</p><p>Proportioning using the fineness modulus method,</p><p>(1996). www.theconcreteproducer.com.</p><p>[68] M. Malešev, V. Radonjanin, S. Marinkovic,</p><p>Recycled Concrete as Aggregate for Structural</p><p>Concrete Production, Sustainability. 2 (2010) 1204–</p><p>1225. doi:10.3390/su2051204.</p><p>ANTOTAÇÕES</p><p>Não perigosos;</p><p>• Resíduos classe II A – Não inertes;</p><p>• Resíduos classe II B – Inertes.</p><p>Normalmente os resíduos da construção</p><p>civil estão enquadrados na classe II B,</p><p>composta pelos resíduos que “submetidos</p><p>a um contato dinâmico e estático com água</p><p>destilada ou desionizada à temperatura</p><p>ambiente [...], não tiverem nenhum</p><p>de seus constituintes solubilizados a</p><p>concentrações superiores aos padrões</p><p>de potabilidade de água, excetuando-se</p><p>aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor”.</p><p>Contudo, a presença de tintas, solventes,</p><p>óleos e outros derivados pode mudar</p><p>a classificação do RCD para classe I ou</p><p>classe II A.</p><p>Uma classificação mais adequada é dada</p><p>pela Resolução 307 do CONAMA, que</p><p>classifica os resíduos da construção civil</p><p>em quatro classes. A resolução 348, de 16</p><p>de Agosto de 2004, e a Resolução 431,</p><p>de 24 de maio de 2011, modificaram a</p><p>classificação da Resolução 307, inserindo</p><p>o amianto como material perigoso (classe</p><p>D) e mudando a classificação do gesso, de</p><p>Classe C para a Classe B, respectivamente.</p><p>O quadro a seguir (quadro 1.1) apresenta</p><p>a classificação dos resíduos conforme a</p><p>CONAMA 307.</p><p>PARTE 1:PARTE 1:</p><p>O NEGÓCIO DAÓO NEGÓCIO DA</p><p>RECICLAGEMRECICLAGEM</p><p>DE RCDDE RCD</p><p>11</p><p>O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>A B C D</p><p>Reutilizáveis ou</p><p>recicláveis como</p><p>agregados, tais</p><p>como concreta</p><p>(incluindo blocos</p><p>e peças pré-</p><p>moldadas),</p><p>argamassas,</p><p>componentes</p><p>cerâmicos e solos</p><p>provenientes de</p><p>terraplanagem.</p><p>Resíduos para os</p><p>quais não foram</p><p>desenvolvidas</p><p>tecnologias</p><p>ou aplicações</p><p>economicamente</p><p>viáveis que</p><p>permitam sua</p><p>reciclagem/</p><p>recuperação</p><p>Recicláveis para</p><p>outras destinações,</p><p>como: madeira,</p><p>papel / papelão,</p><p>plásticos, metais,</p><p>vidros etc.</p><p>Resíduos perigosos</p><p>oriundos do processo</p><p>de construção,</p><p>tais como: tintas,</p><p>solventes, óleos,</p><p>amianto ou</p><p>contaminados</p><p>oriundos de</p><p>demolições, reformas</p><p>ou reparos em</p><p>clínicas radiológicas,</p><p>instalações industriais</p><p>e outros.</p><p>Quadro 1.1: Resolução CONAMA 307</p><p>1.2 NORMAS TÉCNICAS</p><p>As normas técnicas foram elaboradas pelos Comitês Técnicos e publicadas pela ABNT em</p><p>2004, conforme sintetizado no Quadro 1.2.</p><p>Estas normas envolvem as diretrizes para implantação de áreas de transbordo e triagem,</p><p>de aterros de inertes e de reciclagem dos RCD, além de procedimentos para a execução da</p><p>pavimentação com agregados reciclados e de concreto sem função estrutural.</p><p>NÚMERO DA NORMA NOME</p><p>ASPECTO DA GESTÃO</p><p>SUSTENTÁVEL DOS RESÍDUOS</p><p>DA CONSTRUÇÃO ABORDADO</p><p>NBR 15.112:2004</p><p>Resíduos da Construção civil e volumosos – Áreas</p><p>de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto,</p><p>implantação e operação.</p><p>Manejo urbano dos resíduos da</p><p>construção civilNBR 15.113:2004</p><p>Resíduos sólidos da Construção civil e resíduos</p><p>inertes – Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e</p><p>operação.</p><p>NBR 15.114:2004</p><p>Resíduos sólidos da Construção civil – Áreas de</p><p>reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e</p><p>operação.</p><p>NBR 15.115:2004</p><p>Agregados reciclados de resíduos sólidos</p><p>da construção civil – Execução de camadas de</p><p>pavimentação - Procedimentos</p><p>Uso dos agregados reciclados</p><p>NBR 15.116:2004</p><p>Agregados reciclados da construção civil – Utilização</p><p>em pavimentação e preparo de concreto sem função</p><p>estrutural.</p><p>Quadro 1.2 - Normas técnicas</p><p>12</p><p>O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>1.3 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)</p><p>Após duas décadas de discussões,</p><p>em 02 de agosto de 2010, foi sancionada</p><p>a Lei Federal Nº 12.305, que institui a</p><p>Política Nacional dos Resíduos Sólidos</p><p>(PNRS). A Lei dispõe sobre os princípios,</p><p>objetivos e instrumentos, bem como sobre</p><p>as diretrizes relativas à gestão integrada</p><p>e ao gerenciamento de resíduos sólidos</p><p>(incluídos os resíduos da construção</p><p>civil), às responsabilidades dos geradores</p><p>e do poder público e aos instrumentos</p><p>econômicos aplicáveis.</p><p>Quanto às empresas e empreendimentos</p><p>privados, a PNRS prevê a</p><p>responsabilidade compartilhada pelo ciclo</p><p>de vida dos produtos, considerando como</p><p>responsáveis não só os fabricantes, mas</p><p>também os importadores, distribuidores,</p><p>comerciantes e até os consumidores e</p><p>titulares dos serviços de limpeza urbana</p><p>ou manejo.</p><p>O sistema de logística reversa é também</p><p>tratado como instrumento na PNRS,</p><p>juntamente com a coleta seletiva, para</p><p>a implementação da responsabilidade</p><p>compartilhada pelo ciclo de vida dos</p><p>produtos. Este sistema é caracterizado</p><p>por um conjunto de ações, procedimentos</p><p>e meios destinados a viabilizar a coleta e</p><p>a restituição dos resíduos sólidos ao setor</p><p>empresarial, para reaproveitamento, em</p><p>seu ciclo ou em outros ciclos produtivos,</p><p>ou outra destinação final ambientalmente</p><p>adequada.</p><p>Outro ponto impactante da PNRS é</p><p>que a partir de quatro anos após a data</p><p>de sua publicação, portanto a partir de</p><p>02 de agosto de 2014, a prefeitura e</p><p>os geradores de resíduos só poderão</p><p>dispor nos aterros sanitários os rejeitos</p><p>e não mais os resíduos passíveis de</p><p>reciclagem como ocorre atualmente. A</p><p>PNRS considera como rejeitos os resíduos</p><p>sólidos que, depois de esgotadas todas as</p><p>possibilidades de tratamento e recuperação</p><p>por processos tecnológicos disponíveis e</p><p>economicamente viáveis, não apresentem</p><p>outra possibilidade que não a disposição</p><p>final ambientalmente adequada.</p><p>Especificamente quanto aos resíduos da</p><p>construção civil, a PNRS deixa claro que as</p><p>empresas de construção civil estão sujeitas</p><p>à elaboração de plano de gerenciamento</p><p>de resíduos sólidos, nos termos do</p><p>regulamento ou de normas estabelecidas</p><p>pelos órgãos do Sistema Nacional de</p><p>Meio Ambiente – SISNAMA. Este plano de</p><p>gerenciamento deve atender ao disposto</p><p>no plano municipal de gestão integrada de</p><p>resíduos sólidos do respectivo Município.</p><p>Um dos objetivos da Lei é a não geração de</p><p>resíduos, seguida da redução, reutilização,</p><p>reciclagem e tratamento dos mesmos, bem</p><p>como a sua disposição final ambientalmente</p><p>adequada. Para atingir seus objetivos,</p><p>dentre os instrumentos utilizados pela</p><p>PNRS, destaca-se a pesquisa científica</p><p>e tecnológica, reforçando o papel da</p><p>academia na solução ou minimização dos</p><p>problemas ambientais.</p><p>13</p><p>O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>1.4 A GERAÇÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL</p><p>A cadeia produtiva da construção civil, engloba setores que vão desde a extração da matéria-</p><p>prima e consequente produção dos materiais até a execução da construção em si, sendo que o</p><p>setor que mais se destaca pela geração de empregos, renda e pela dimensão é o da construção.</p><p>Este macrocomplexo da indústria da construção civil é a principal geradora de resíduos da economia.</p><p>Estima-se que o negócio da construção seja responsável por cerca de 40% dos resíduos de toda</p><p>a economia (JOHN, 2001).</p><p>Ainda que os resíduos produzidos nas atividades de construção, manutenção e demolição tenham</p><p>estimativa de geração muito variável, admite-se que os valores típicos encontram-se entre 0,40 e</p><p>0,50 t/hab.ano, valor igual ou superior à massa de lixo urbano (JOHN, 2001).</p><p>Existe uma grande diversidade de matérias-primas e técnicas construtivas que afetam, de modo</p><p>significativo, as características dos resíduos gerados, principalmente quanto à composição e à</p><p>quantidade. Outros aspectos, como o desenvolvimento econômico e tecnológico da região, as</p><p>técnicas de demolição empregadas, e a estação do ano também podem interferir indiretamente</p><p>na composição dos RCD.</p><p>De modo geral, podem existir componentes inorgânicos e minerais, como concretos, argamassas</p><p>e cerâmicas, e componentes orgânicos, plásticos, materiais betuminosos, etc. A variação da</p><p>composição (em massa) é estimada, em geral, em termos de seus materiais (ANGULO; JOHN,</p><p>2002).</p><p>Observa-se que o somatório dos percentuais de concreto, argamassa e material cerâmico,</p><p>corresponde a mais de 60% do total de resíduos gerados. Esses resultados demonstram o</p><p>potencial</p><p>de reciclabilidade dos RCD, uma vez que os resíduos mencionados pertencem à Classe</p><p>A, potencialmente recicláveis como agregados.</p><p>14</p><p>O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>1.5 PLANEJAMENTO E GESTÃO DE RCD</p><p>A gestão dos RCD deve seguir os preceitos do Plano de Gerenciamento de Resíduos da</p><p>Construção Civil (PGRCC) elaborado para o empreendimento e apresentado ao órgão fiscalizador</p><p>competente.</p><p>Antes de desenvolver as estratégias de gerenciamento dos resíduos no canteiro de obras se faz</p><p>necessário caracterizar o seu volume e a sua composição, pois são dados fundamentais para</p><p>proceder ao dimensionamento dos recipientes que acondicionarão estes RCD.</p><p>Portanto, a primeira ação para elaborar o PGRCC é realizar um levantamento estatístico da</p><p>geração desses resíduos, por tipo.</p><p>Para o levantamento geralmente se usa como base as quantidades cadastradas nos formulários</p><p>de produção mensal dos resíduos de obras anteriores da empresa, desde que tenham o mesmo</p><p>padrão (sistema construtivo, número de pavimentos, área construída, etc). Para o caso das</p><p>empresas que ainda não possuem acervo de obras anteriores, adotam-se, como levantamento</p><p>estatístico, referências bibliográficas nacionais e internacionais.</p><p>Estes formulários de produção mensal dos resíduos são documentos exigidos pelo órgão</p><p>municipal fiscalizador competente, de preenchimento obrigatório durante toda a execução</p><p>da obra, e discriminam a quantidade de resíduo produzida por classe e por fase da obra, a</p><p>empresa contratada para transporte dos mesmos, o local de destinação final e o endereço</p><p>da obra.</p><p>Estes dados devem estar em consonância com os emitidos pelas empresas contratadas para</p><p>a coleta e destinação final.</p><p>Ao final da obra, os formulários, tanto da empresa construtora como da empresa contratada</p><p>para coleta, são encaminhados ao órgão fiscalizador para averiguação da quantidade de</p><p>resíduos prevista no PGRCC e efetivamente gerada.</p><p>Figura 1.1: Processo de triagem dos resíduos na usina de reciclagem de RCD</p><p>15</p><p>O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>1.6 A RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO</p><p>A construção é uma das atividades mais</p><p>antigas que se tem conhecimento e desde</p><p>os primórdios da humanidade foi executada</p><p>de forma artesanal, gerando como</p><p>subprodutos grande quantidade de entulho</p><p>mineral.</p><p>Tal fato despertou a atenção dos</p><p>construtores já na época da edificação das</p><p>cidades do Império Romano e desta época</p><p>datam os primeiros registros da reutilização</p><p>dos resíduos minerais da construção civil</p><p>na produção de novas obras.</p><p>Entretanto, só a partir de 1928 começaram</p><p>a ser desenvolvidas pesquisas de forma</p><p>mais sistemática para avaliar o consumo de</p><p>cimento, a quantidade de água e o efeito da</p><p>granulometria dos agregados oriundos de</p><p>alvenaria britada e de concreto.</p><p>Porém, a primeira aplicação significativa de</p><p>entulho só foi registrada após a segunda</p><p>guerra mundial, na reconstrução das cidades</p><p>Europeias, que tiveram seus edifícios</p><p>totalmente demolidos e os escombros ou</p><p>entulho resultante foi britado para produção</p><p>de agregado visando atender á demanda</p><p>na época. Assim, podese dizer, que a partir</p><p>de 1946 teve início o desenvolvimento da</p><p>tecnologia de reciclagem de entulho da</p><p>construção civil.</p><p>O segmento da reciclagem de resíduos da</p><p>construção e demolição no Brasil ainda é</p><p>incipiente. A reciclagem deste resíduo é um</p><p>mercado desenvolvido em muitos países da</p><p>Europa, em grande parte pela escassez de</p><p>recursos naturais que aqueles países têm.</p><p>Uma característica vital para a reciclagem</p><p>de RCD no país é o entrosamento com</p><p>as questões ambientais e a abordagem</p><p>preservacionista que a atividade agrega.</p><p>Ser sustentável garante ao setor um</p><p>crescimento acima do esperado e ainda</p><p>facilita as negociações com órgãos</p><p>públicos, iniciativa privada e com potenciais</p><p>parceiros.</p><p>Figura 1.2: Base de calçada feita com agregado reciclado misto</p><p>16</p><p>O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Ser sustentável significa que, no processo como</p><p>um todo, não se utiliza, em nenhuma hipótese,</p><p>recursos naturais, como pedreiras, cascalhos,</p><p>terra ou material congênere. A reciclagem além</p><p>de contribuir com a limpeza da cidade poupa os</p><p>rios, represas, terrenos baldios, o esgotamento</p><p>sanitário, alivia o impacto nos aterros sanitários e</p><p>lixões e até ameniza alagamentos e enchentes,</p><p>uma vez que, não vai parar em bueiros e não</p><p>impermeabiliza o solo.</p><p>A matéria prima [entulho gerado] é o resultado</p><p>de um processo produtivo que ainda não tem</p><p>políticas para o descarte adequado do resíduo.</p><p>Não obstante os benefícios ambientais, há</p><p>também o retorno social. A atividade tem o</p><p>potencial de expandir a geração de trabalho e</p><p>renda.</p><p>Com um trabalho planejado e organizado, a</p><p>implantação de uma usina de reciclagem de</p><p>RCD pode gerar benefícios sociais para a cidade</p><p>e ainda dar um retorno financeiro relativamente</p><p>alto para o empresário, dado as condições</p><p>ofertadas, tais como matéria prima e venda dos</p><p>produtos.</p><p>Os subprodutos da reciclagem de RCD é</p><p>outro item que merece atenção. Blocos de</p><p>concreto para vedação, cascalhamento para</p><p>pavimentação de ruas, contrapiso e material</p><p>para drenagens, contenção de encostas, banco</p><p>e mesas para praças, guias e tampas para</p><p>bueiros, tubo para esgotamento e uma série</p><p>de detalhes fabricados com concreto e pedra</p><p>virgens são também produzidos com agregado</p><p>reciclado. Se compararmos os produtos, feito</p><p>com brita nova e o com reciclado, temos os</p><p>produtos reciclados mais barato.</p><p>As exigências da sociedade são cada vez</p><p>maiores para a melhoria e manutenção das</p><p>condições ambientais, o que exige do Estado</p><p>e da iniciativa privada medidas que possibilitem</p><p>compatibilizar o desenvolvimento às limitações</p><p>da exploração dos recursos naturais. O setor</p><p>imobiliário, segundo reportagem da Revista</p><p>Exame de 06/06/2007 é um dos setores que</p><p>mais cresce e vai continuar crescendo no país,</p><p>ainda mais considerando o fato de que o país</p><p>tem carência de aproximadamente 7 milhões</p><p>de habitações. Ainda, esse é um dos setores</p><p>econômicos que mais consome e mais gera</p><p>resíduos sólidos, que merecem ter destinação</p><p>adequada, sob pena de serem depositados em</p><p>locais impróprios trazendo danos à paisagem,</p><p>ao solo, ao ar, às águas e à saúde humana.</p><p>17</p><p>O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>1.7 CONDIÇÕES AMBIENTAIS</p><p>Figura 1.4 - Usina de reciclagem de entulho em Limeira SP</p><p>Figura 1.3 Piso drenante feito com agregado reciclado</p><p>A comparação técnica não faz o reciclado</p><p>menor ou menos eficiente em detrimento do</p><p>convencional. A comparação, feita em meados</p><p>de 2008 com técnicos e alunos da USP, mostrou</p><p>que o produto reciclado tem uma consistência</p><p>igual ao produto convencional, ou seja, mesmas</p><p>características de medida, peso e durabilidade</p><p>As exigências da sociedade são cada vez</p><p>maiores para a melhoria e manutenção das</p><p>condições ambientais, o que exige do Estado</p><p>e da iniciativa privada medidas que possibilitem</p><p>compatibilizar o desenvolvimento às limitações</p><p>da exploração dos recursos naturais.</p><p>O setor imobiliário, segundo reportagem da</p><p>Revista Exame de 06/06/2007 é um dos setores</p><p>que mais cresce e vai continuar crescendo</p><p>no país, ainda mais considerando o fato de</p><p>que o país tem carência de aproximadamente</p><p>7 milhões de habitações. Ainda, esse é um</p><p>dos setores econômicos que mais consome</p><p>e mais gera resíduos sólidos, que merecem</p><p>ter destinação adequada, sob pena de serem</p><p>depositados em locais impróprios trazendo</p><p>danos à paisagem, ao solo, ao ar, às águas e à</p><p>saúde humana.</p><p>O momento em que vivemos é oportuno para</p><p>negócios sociais e sustentáveis – entende-se</p><p>por sociais e sustentáveis aqueles que geram</p><p>valor para a sociedade e para o meio ambiente.</p><p>18</p><p>O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>É proibida a reprodução total</p><p>ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>1.8 RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO</p><p>Não é preciso ser profissional do setor para saber a quantidade expressiva de entulho que</p><p>uma construção ou demolição produz, não é mesmo? Nesse sentido, os resíduos gerados</p><p>de uma obra civil vêm acompanhados de um enorme desperdício de materiais, o que resulta</p><p>no aumento de custos, descarte clandestino e, consequentemente, na contaminação do meio</p><p>ambiente. Efeitos quase sempre incalculáveis e devastadores.</p><p>Na contramão desse cenário, a construção sustentável tem ganhado força no Brasil e, junto com</p><p>ela, recursos e procedimentos que minimizam ou mesmo põem fim a ações ecologicamente</p><p>negativas. É aí que entra a reciclagem de entulho, prática indispensável a construções que</p><p>prezem por sustentabilidade e que merece destaque e adesão do setor por seus inúmeros</p><p>benefícios.</p><p>A obra ganha não apenas adotando o material reciclado, mas também a gestão total dos resíduos</p><p>no canteiro de obras. Desta forma, cria-se mecanismos para reduzir o desperdício e o custo de</p><p>descarte do entulho, diferença fundamental entre uma obra que faz a gestão correta dos detritos</p><p>e emprega os reciclados e uma construção que não faz uso deles.</p><p>1.8.1 O QUE É E COMO FUNCIONA A RECICLAGEM DE ENTULHO?</p><p>Ao contrário do que muitos imaginam ser, a reciclagem de entulho é o processo que utiliza</p><p>materiais oriundos de construções – conhecidos como entulho classe A e inertes, geralmente</p><p>restos de alvenaria, concreto e cerâmica – como matéria-prima central. Essa sim, por sua vez,</p><p>é quem dá vida ao chamado agregado reciclado, resultado do processo de reciclagem dos</p><p>resíduos da construção civil e demolição (RCD) e produzido de acordo com as normas nº 15112,</p><p>15113 e 15114 de 2004 da ABNT.</p><p>1.8.2 OS BENEFÍCIOS DA RECICLAGEM DE ENTULHO</p><p>Construtoras e profissionais que tenham como meta a reciclagem de RCD [Resíduos de</p><p>Construção e Demolição] de suas obras, assim como o uso de agregados em projetos,</p><p>reduzem consideravelmente as chances de descartes irregulares, diminuem a compressão</p><p>sobre os aterros e possibilitam a criação de novos materiais de construção. Ou seja, além</p><p>de ganhos econômicos e ambientais, cidades e cidadãos também são favorecidas, pois</p><p>além de a prática reduzir a emissão de gases poluentes, poupa recursos naturais e gera</p><p>economia para o poder público e a sociedade.</p><p>19</p><p>O NEGÓCIO DA RECICLAGEM DE RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Além de ser mais barato, o agregado reciclado é mais sustentável porque gera renda, trabalho</p><p>e emprego. Ao utilizá-lo, há uma significativa redução na exploração de pedreiras e portos de</p><p>areia, atividades notoriamente impactantes para o meio ambiente. O descarte irregular de RCD</p><p>cria focos de doenças, gera ônus para o poder local, desvaloriza áreas e espaços públicos e</p><p>ainda causa a impermeabilização do solo.</p><p>1.8.3 PRÁTICAS ADEQUADAS E RESPONSABILIDADES</p><p>O processo de reciclagem de entulho também está ligado a questões que vão além da</p><p>sustentabilidade. Agentes do setor de construção civil têm deveres legais quando o assunto</p><p>é o descarte de resíduos de uma obra e que, quando não cumpridos, não podem se justificar</p><p>pela falta de fiscalização do poder público, outro sério agravante. O mesmo ocorre com o</p><p>conceito equivocado sobre os transportadores, que erroneamente e quase sempre assumem</p><p>o papel de gerenciadores de resíduos.</p><p>Hoje a cadeia da construção civil põe no transportador da caçamba para entulho a obrigação em</p><p>conduzir e destinar o material. No entanto, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos</p><p>e a resolução CONAMA nº 307/2002, a responsabilidade pelos resíduos é de seu gerador, ou seja,</p><p>da construtora. O desperdício na construção chega a marca de 30%, algo inadmissível em tempos</p><p>de escassez de água e outros recursos naturais.</p><p>1.8.4 A GERAÇÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL</p><p>A cadeia produtiva da construção civil, engloba setores que vão desde a extração da matéria-</p><p>prima e consequente produção dos materiais</p><p>até a execução da construção em si, sendo</p><p>que o setor que mais se destaca pela geração</p><p>de empregos, renda e pela dimensão é o da</p><p>construção.</p><p>Este macro complexo da indústria da</p><p>construção civil é a principal geradora de</p><p>resíduos da economia. Estima-se que o</p><p>negócio da construção seja responsável</p><p>por cerca de 40% dos resíduos de toda a</p><p>economia (JOHN, 2001).</p><p>Ainda que os resíduos produzidos nas</p><p>atividades de construção, manutenção e</p><p>demolição tenham estimativa de geração</p><p>muito variável, admite-se que os valores</p><p>típicos encontram-se entre 0,40 e 0,50 t/hab.</p><p>ano, valor igual ou superior à massa de lixo</p><p>urbano (JOHN, 2001).</p><p>Existe uma grande diversidade de matérias-</p><p>primas e técnicas construtivas que afetam,</p><p>de modo significativo, as características dos</p><p>resíduos gerados, principalmente quanto à</p><p>composição e à quantidade. Outros aspectos,</p><p>como o desenvolvimento econômico e</p><p>tecnológico da região, as técnicas de</p><p>demolição empregadas, e a estação do ano</p><p>também podem interferir indiretamente na</p><p>composição dos RCD.</p><p>De modo geral, podem existir componentes</p><p>inorgânicos e minerais, como concretos,</p><p>argamassas e cerâmicas, e componentes</p><p>orgânicos, plásticos, materiais betuminosos</p><p>, etc. A variação da composição (em massa)</p><p>é estimada, em geral, em termos de seus</p><p>materiais (ANGULO; JOHN, 2002).</p><p>Observa-se que o somatório dos percentuais</p><p>de concreto, argamassa e material</p><p>cerâmico, corresponde a mais de 60% do</p><p>total de resíduos gerados. Esses resultados</p><p>demonstram o potencial de reciclabilidade</p><p>dos RCD, uma vez que os resíduos</p><p>mencionados pertencem à Classe A,</p><p>potencialmente recicláveis como agregados.</p><p>2.1 COMO CLASSIFICAR O</p><p>RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO</p><p>E DEMOLIÇÃO?</p><p>A NBR 10.004 é a norma que classifica o</p><p>grau de periculosidade dos resíduos sólidos</p><p>[1]. Desta forma, os resíduos sólidos são</p><p>classificados em:</p><p>• Resíduos classe I: Perigosos;</p><p>• Resíduos classe II: Não perigosos;</p><p>• Resíduos classe II A – Não inertes;</p><p>• Resíduos classe II B – Inertes.</p><p>Os resíduos de construção e demolição</p><p>(RCD), também conhecidos como entulhos,</p><p>quando não devidamente triados ou</p><p>manejados são constituídos por uma ampla</p><p>gama de materiais. Podem ser originados</p><p>em obras de construção, reformas e</p><p>manutenções de edifícios e obras de</p><p>infraestrutura das cidades, e demolições de</p><p>edifícios antigos [2].</p><p>Um ponto-chave é saber identificar certos</p><p>tipos de resíduos perigosos que podem,</p><p>eventualmente, estar presentes no RCD.</p><p>Esses materiais devem ser identificados já</p><p>na sua origem, e devidamente separados</p><p>dos demais materiais aproveitáveis.</p><p>Resíduos perigosos podem estar sujeitos</p><p>a licenças específicas para transportar e</p><p>destinar esses materiais. No estado de São</p><p>Paulo, deve-se requerer o CADRI - Certificado</p><p>de Movimentação de Resíduos de Interesse</p><p>Ambiental, junto a Companhia Ambiental do</p><p>Estado de São Paulo (CETESB).</p><p>A norma NBR 10.004 explica os critérios</p><p>utilizados e testes de laboratório utilizados</p><p>para classificar o resíduo como perigoso. Os</p><p>critérios são:</p><p>a) toxicidade: substância que, em</p><p>pequenas concentrações (como</p><p>determinados tipos de solventes), oferece</p><p>alto risco à saúde, ou causa câncer em</p><p>humanos, identificadas nos anexos da</p><p>norma. Esse risco é também avaliado em</p><p>teste de laboratório em meio ácido, pois</p><p>alguns metais altamente tóxicos ao</p><p>homem (como cromo, arsênio, chumbo,</p><p>mercúrio) podem lixiviar do material e</p><p>contaminar o meio ambiente. Há valores</p><p>limites para esses metais na norma.</p><p>b) inflamabilidade: substância (como</p><p>os diversos solventes) pode gerar fogo</p><p>quando exposto a temperatura ambiente</p><p>(<60ºC). Faz-se ensaio e mede-se o</p><p>ponto de fulgor.</p><p>c) corrosivo: material semi-sólido, alcalino</p><p>(pH >12,5) ou ácido (pH<2), capaz de</p><p>corroer ou atacar outros materiais usados</p><p>no transporte dos resíduos (metais, por</p><p>exemplo), e contaminar rios, destruir</p><p>biomas vivos.</p><p>d) reativo: produz vapores tóxicos em</p><p>condição ambiente, o que inclui, contato</p><p>com a água (chuva).</p><p>PARTE 2:PARTE 2:</p><p>A GESTÃOA GESTÃO</p><p>DO RCDDO RCD</p><p>21</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Nos resíduos de construção, alguns poucos materiais são tóxicos e, portanto, resíduos</p><p>perigosos. A questão é como saber identificá-los. Sobras de solventes (a base de benzeno,</p><p>tolueno), usados em alguns serviços de pintura, são resíduos tóxicos e perigosos [3–5], pois</p><p>constam nestes anexos da norma. Pinturas antigas podem conter também teores elevados</p><p>de chumbo e mercúrio [3–5], identificados geralmente no ensaio de lixiviação em ácido,</p><p>devendo ser removida e tratada separadamente.</p><p>Algumas madeiras industriais tratadas, se conterem pentaclorofenol, creosoto, também</p><p>são [5,6]. Outros tipos de madeiras industrializadas são tratadas com arseniato de cobre</p><p>cromatado (CCA), CCB, que, no ensaio de lixiviação, podem ultrapassam limites de arsênio,</p><p>cromo [7,8].</p><p>Na manutenção ou desocupação de edifícios, lâmpadas contendo mercúrio [9] também</p><p>são, e devem ser segregados logo dos demais materiais nas reformas e demolições.</p><p>Telhados, revestimentos e pisos contendo fibras de amianto também são [1,2,5,10], e</p><p>requerem triagem e gestão específica.</p><p>Alguns resíduos de construção podem ser semi-sólidos (lamas de lavagem de caminhão</p><p>betoneira, pastas úmidas de cal, cimento). Se destinados ou transportados à úmido,</p><p>possuem pH muito alcalino e podem ser enquadrados como resíduos perigosos [11]. Há</p><p>casos de multas ambientais sérias envolvendo empresas que fornecem concreto e usam</p><p>muitas atividades de lavagem.</p><p>Figura 2.1: Resíduos perigosos que podem estar presentes nos resíduos de construção. Lâmpadas</p><p>contendo mercúrio (superior, à esquerda), amianto (superior, à direita), ttintas líquidas contendo</p><p>solventes (inferior, à esquerda) e tubulações de chumbo (inferior, à direita).</p><p>22</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Casos bem menos frequentes podem ocorrer, por exemplo, demolir uma usina nuclear. A</p><p>operação contínua pode conter sustâncias radioativas, que podem ficar acumuladas no</p><p>material de construção, e apresentar radioatividade, sendo também um material perigoso [5].</p><p>Não é uma regra. Precisa investigar, caso a caso.</p><p>Por sorte, os resíduos perigosos representam uma parcela muito pequena dos resíduos de</p><p>construção, e estão sujeitas a situações pontuais e bem específicas relacionadas a gestão do</p><p>RCD. Os demais resíduos (concretos, argamassas, cerâmicas, gesso, solos de escavação,</p><p>vidro, aço, alumínio, plásticos, madeiras – compensados, serrada) representam a maior</p><p>parcela do RCD e são “não-perigosos”, classe II.</p><p>A subdivisão entre resíduo não-inerte (classe IIa) e inerte (classe IIb) é feita, considerando a</p><p>solubilização de certas substâncias (como alumínio, ferro, íons sulfato) na água deionizada.</p><p>Alguns materiais de construção são mais solúveis, e podem ser classificados como “não-</p><p>inertes”. É o caso do cimento em pó, concretos, argamassas, e o gesso de construção [12].</p><p>O gesso de construção é solúvel em água, e dos materiais mencionados, é o que apresenta</p><p>maior potencial de alterar os padrões de potabilidade da água ou de pureza de solos</p><p>para agricultura [13]. Requer cuidados a disposição desse material, quando próximos a curso</p><p>de água, áreas de preservação, ou próximos a locais que possuem atividade de agricultura.</p><p>Não devem ser misturados com resíduo orgânicos em aterros sanitários [14].</p><p>Exceto esses locais, o resíduo “não-inerte” não oferece risco significativo e é reciclável, pois é</p><p>inevitável construir sem alterar o meio ambiente durante a construção das cidades. Diariamente,</p><p>são utilizadas quantidades enormes de materiais cimentícios, que certamente lixiviam cálcio,</p><p>alumínio, alterando as condições de solo natural nas cidades.</p><p>Até mesmo, os solos das regiões tropicais, muito presentes no Brasil, lixiviam teores de</p><p>ferro, alumínio que ultrapassam esses limites de potabilidade e de qualidade do solo, e são</p><p>naturais em certas regiões [15]. Muitos solos escavados, naturais na região de São Paulo,</p><p>por causa dos ensaios e classificação das normas de resíduos, acabam sendo destinados</p><p>em aterros industriais, para resíduos classe IIa, embora passíveis de aproveitamento. Para</p><p>melhorar o aproveitamento, foram criados valores referenciadores das características dos solos</p><p>de cada região (publicados na resolução CONAMA 420/2009), e o solo pode ser aproveitável,</p><p>desde que não altere essas condições (teores limites de determinados íons solúveis) de cada</p><p>região [16].</p><p>A Resolução 307 do CONAMA do ano de 2002 propôs a classificação dos resíduos da</p><p>construção, tendo em vista o melhor aproveitamento deste material, em quatro classes [2].</p><p>A resolução 348, de 16 de Agosto de 2004, e a Resolução 431, de 24 de maio de 2011,</p><p>modificaram a classificação da Resolução 307, inserindo o amianto como material perigoso</p><p>(classe D) e mudando a classificação do gesso, de Classe C (resíduo sem tecnologia de</p><p>reciclagem economicamente viável) para a Classe B (reciclável em outros setores, que não</p><p>aquele relacionado ao uso do agregado reciclado) [10,17], respectivamente. Em 2015, as</p><p>embalagens vazias de tintas imobiliárias foram incluídas na categoria dos resíduos classe B,</p><p>recicláveis como sucata em indústria siderúrgica (que produz aço). A pequena película de tinta</p><p>endurecida (se presente) não é um resíduo perigoso, pois não irá conter solventes.</p><p>O Quadro 2.1 apresenta uma descrição de como classificar os resíduos conforme a CONAMA</p><p>307.</p><p>23</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>A B C D</p><p>Reutilizáveis ou</p><p>recicláveis como</p><p>agregados, tais</p><p>como concreta</p><p>(incluindo blocos</p><p>e peças pré-</p><p>moldadas),</p><p>argamassas,</p><p>componentes</p><p>cerâmicos e solos</p><p>provenientes de</p><p>terraplanagem.</p><p>Resíduos para os</p><p>quais não foram</p><p>desenvolvidas</p><p>tecnologias</p><p>de reciclagem</p><p>ou aplicações</p><p>economicamente</p><p>viáveis. Ex:</p><p>compósitos</p><p>(materiais contendo</p><p>fibras).</p><p>Recicláveis para</p><p>outras destinações,</p><p>como: madeira,</p><p>papel / papelão,</p><p>plásticos, metais,</p><p>vidros etc. Inclui o</p><p>gesso, e também as</p><p>embalagens vazias</p><p>de tintas</p><p>Resíduos perigosos</p><p>oriundos do processo</p><p>de construção,</p><p>tais como: tintas,</p><p>solventes, óleos,</p><p>amianto ou</p><p>contaminados</p><p>oriundos de</p><p>demolições, reformas</p><p>ou reparos em</p><p>clínicas radiológicas,</p><p>instalações industriais</p><p>e outros.</p><p>Quadro 2.1 – Proposta de classificação de resíduos pela resolução CONAMA 307/ 2002.</p><p>Com os progressos ocorridos nos últimos anos, tem se disseminado sistemas que propõem o</p><p>gerenciamento on-line dos resíduos de construção. Um exemplo é o Sistema de Gerenciamento</p><p>On-Line de resíduos sólidos (SIGOR), proposto pela Companhia Ambiental do estado de</p><p>São Paulo (CETESB), que busca unificar as codificações dos resíduos usadas por órgãos</p><p>ambientais (que tomam por base a norma NBR 10.004) e o IBAMA [18].</p><p>Da mesma forma, subcategorizar tipos de resíduos classe A e B são fundamentais para melhorar</p><p>o aproveitamento desses materiais e gerar valor no processo de reciclagem. Separar os solos</p><p>de escavação dos resíduos de obras ou de demolições (contendo concretos, argamassas,</p><p>blocos cerâmicos, etc) são fundamentais para melhorar a qualidade do agregado reciclado</p><p>obtido, assim como manter segregado resíduos de peças estruturais de concreto (lajes,</p><p>pavimentos, pilares, vigas) permite obter o agregado reciclado de melhor qualidade. A</p><p>mistura com os materiais cerâmicos pode reduzir a qualidade do produto, inclusive o seu valor</p><p>de venda.</p><p>O mesmo ocorre com os resíduos classe B. Há vários tipos de plásticos recicláveis, mas,</p><p>se a forma de aproveitamento definida para os plásticos for a queima/incineração (para gerar</p><p>energia), o PVC precisa ser segregado e subcategorizado [5]. Não se deve queimar o PVC,</p><p>pois sua decomposição pode gerar dioxinas, substância de alta toxicidade. Isso não é aceito</p><p>em processos industriais de queima que usam resíduos.</p><p>A segregação dos plásticos</p><p>nas suas diversas subcategorias (PP, PE, PS, etc) também é</p><p>melhor para se obter um produto reciclado de melhor qualidade. Da mesma forma, separar</p><p>a madeira serrada usada em estruturas de coberturas, pontaletes e estruturas provisórias de</p><p>segurança em obras (ou seja, aquela madeira natural serrada, praticamente isenta de tintas,</p><p>resinas) da madeira industrializada (compensados usados como fôrmas, móveis planejados,</p><p>OSB, piso de madeira), porque estes podem conter substâncias tóxicas (resina fenólica) ou</p><p>cuja queima não é totalmente segura a depender da temperatura do processo industrial,</p><p>requerendo processos de incineração acima de 800 graus. Associações do setor de madeira</p><p>(ABIPA, ABPM, ABIMCI, ANPM) produziram um manual orientando como o resíduo de madeira</p><p>deve ser gerenciado [19].</p><p>24</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 2.2: Resíduo de concreto da demolição de um piso industrial (à esquerda), e resíduos</p><p>diversos (não apenas concreto) misturado com solo (à direita). Esses dois materiais se</p><p>processados geram agregados reciclados com qualidade bem distintas.</p><p>Figura 2.3: Resíduos de madeira serrada (à esquerda) e resíduos de compensados (fôrmas)</p><p>com madeiras serradas (à direita).</p><p>2.2 A GESTÃO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO</p><p>2.2.1 RESOLUÇÃO CONAMA 307 E SUAS ALTERAÇÕES</p><p>A primeira, e a melhor forma para gerir resíduos de construção civil no Brasil foi proposta</p><p>na tese de doutorado do Dr. Tarcísio de Paula Pinto [20]. Usada como experiência base, foi</p><p>proposta a resolução CONAMA 307, com o objetivo de estabelecer diretrizes, critérios</p><p>e procedimentos para a gestão adequada dos RCD [2].</p><p>25</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>A gestão procura desestimular a informalidade no transporte de resíduos da construção e as</p><p>práticas de descarte ilegal, que resultam em custos elevados de limpeza pública, pois o resíduo</p><p>de construção é um material pesado e volumoso, que requer máquinas e grandes equipes</p><p>de pessoas, para realizar a limpeza dos locais. Preferencialmente dispostas em ruas, fundos</p><p>de vales, áreas de preservação (encostas, borda de rios), podendo causar enchentes (pois</p><p>obstruem sistemas de drenagens), problemas ambientais (assoreamento, atrair outros tipos de</p><p>resíduos como os domésticos, perigosos, etc, esgotar aterros domiciliares, frente ao grande</p><p>volume gerado) e diversos problemas de saúde pública (pode proliferar dengue, com água</p><p>parada, e proliferar outros vetores como aranhas, escorpiões). Foi comprovado que a melhor</p><p>forma de gerir o RCD, do ponto de vista municipal, é desestimular o descarte ilegal, e</p><p>promover a reciclagem.</p><p>O que propõe a resolução CONAMA 307? Cada cidade deve elaborar um plano integrado</p><p>de gerenciamento de resíduos da construção civil [21]. Para que o sistema de gerenciamento</p><p>funcione, é fundamental separar os geradores em duas categorias:</p><p>GRANDES GERADORES, são empresas pertencentes ao setor formal (possui CNPJ,</p><p>situação fiscal regular), envolvidas no setor da construção (construtoras, empreiteiras,</p><p>etc) e também no setor de demolição (demolidoras), incluindo empresas de maior porte</p><p>que realizam reformas, adequações. Entende-se que essas empresas são responsáveis</p><p>diretamente e possuem capacidade de gerir seus resíduos, por si só. Estes devem então</p><p>elaborar o plano de gerenciamento de resíduos da construção civil, conhecido como o</p><p>PGRCC. A atuação não condizente com legislações e decretos caem no princípio de poluidor-</p><p>pagador, devendo indenizar por danos ambientais que afetem a sociedade como um todo.</p><p>Cabe a prefeitura propor e demais órgãos licenciarem uma rede de locais legalizados e</p><p>organizar a gestão, que deve ocorrer, por meio do setor privado, envolvendo áreas de</p><p>transbordo e triagem (ATT), usinas de reciclagem, operadores de aterros de resíduos “inertes”</p><p>da construção civil.</p><p>PEQUENOS GERADORES, são pessoas físicas que praticam pequenas reformas,</p><p>autoconstrução, geralmente de forma informal. Do ponto de vista legal, entende-se que esse</p><p>tipo de gerador não tem a capacidade de gerir seus próprios resíduos, devendo o serviço</p><p>público municipal prover meios para que o cidadão consiga gerir seus resíduos, e cobrar,</p><p>através das taxas municipais (como o IPTU). A prefeitura deve dispor uma rede pública de</p><p>coleta de pequenos volumes.</p><p>26</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Visando disseminar a implantação dos planos municipais de gerenciamento de resíduos</p><p>da construção civil, o Ministério das Cidades produzir um manual orientativo de como</p><p>implementar esse plano, seguindo as diretrizes da resolução CONAMA 307 [21]. Este</p><p>manual esclarece a necessidade de se realizar uma série de atividades, antes de ter o plano</p><p>propriamente: a) diagnosticar a geração dos resíduos no município por diferentes tipos de</p><p>geradores (setor formal e informal), b) identificar as áreas e volumes de descarte irregulares,</p><p>para monitorar a melhoria do processo de gestão ao longo do tempo, e definir as melhores</p><p>posições da rede de coleta, c) criar um decreto, reconhecendo os agentes envolvidos e as</p><p>responsabilidade, multas, etc, e d) alocar e dimensionar a rede de coleta, de forma a tornar</p><p>a disposição irregular pouco atrativa, diminuindo a distância de transporte entre o gerador</p><p>do resíduo e o local de destino (reciclador).</p><p>27</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>2.2.2 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS</p><p>Após duas décadas de discussões, em 02 de agosto de 2010, foi sancionada a Lei Federal</p><p>Nº 12.305, que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) [22]. A Lei dispõe</p><p>sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas</p><p>à gestão integrada de resíduos sólidos (incluídos os resíduos da construção civil),</p><p>às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos</p><p>aplicáveis.</p><p>Durante muitos anos, órgãos ambientais lutam para a implementação de aterros sanitários</p><p>em todo território nacional, procurando eliminar a disposição de resíduos sólidos (de uma</p><p>forma geral, o que inclui o RCD) em lixões (descartes de resíduos a céu aberto, sem qualquer</p><p>controle). Levantamentos realizados pelo plano nacional de saneamento básico constatou que</p><p>um dos maiores entraves o descarte controlado de resíduos estava na dificuldade em viabilizar</p><p>tais instalações em municípios pequenos (com menos de 50.000 habitantes) [23], a grande</p><p>maioria no território nacional, que carece de recursos públicos insuficientes na municipalidade</p><p>para implantar aterros caros (custos de implantação do aterro acima de R$ 800/ t de resíduo)</p><p>[24], bem como de especialistas, técnicos voltados para isso. Um dos maiores avanços foi</p><p>reconhecer e estimular a existência de consórcios públicos, juntado diversas municipalidades</p><p>e estimulando-as a unificar a gestão dos resíduos sólidos.</p><p>28</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Assim, a PNRS propôs a estruturação de planos de gerenciamentos integrados de resíduos</p><p>sólidos (PGIRS) integrados nas diferentes escalas (todos concatenados): plano federal,</p><p>plano estadual e o(s) planos das municipalidades, que agora podem ser consorciadas. Neste</p><p>sentido, em 2010, foi publicado um novo manual do ministério do meio ambiente (MMA)</p><p>visando estimular a implantação de sistemas de gestão de resíduos de construção civil</p><p>em consórcios públicos [25]. Apresenta critérios para dimensionar redes de coleta, em</p><p>função do porte dos municípios, dentre outros.</p><p>Frente aos prazos impostos, muitos PGIRS têm sido elaborados e estão disponíveis na</p><p>internet, com o da cidade de São Paulo¹, dentre outros. Nestes são impostas metas evolutivas</p><p>de melhoria da gestão de resíduos sólidos, e o compromisso de tentar alcançá-la num cenário</p><p>futuro. Resíduo pode ser aproveitado e</p><p>deve ser reciclado. Para os aterros devem ir apenas</p><p>os rejeitos, resíduos sólidos que não apresentam outra possibilidade de aproveitamento</p><p>ou tratamento (por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis). A</p><p>única possibilidade seria a disposição final ambientalmente adequada nos aterros.</p><p>Especificamente quanto aos resíduos da construção civil, a PNRS deixa claro que as</p><p>empresas de construção civil estão sujeitas à elaboração de plano de gerenciamento</p><p>de resíduos sólidos, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas pelos órgãos</p><p>do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA. Este plano de gerenciamento deve</p><p>atender ao disposto no plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos do</p><p>respectivo Município; ou seja, atender o estabelecido pela resolução CONAMA 307.</p><p>Uma outra evolução é reconhecer que fabricantes, mas também os importadores, distribuidores,</p><p>comerciantes e até os consumidores e titulares dos serviços de limpeza urbana ou manejo</p><p>possuem responsabilidade compartilhada ao longo do ciclo de vida dos produtos [22].</p><p>Formaliza, e reconhece sistemas de logística reversa, pois o setor privado não precisa</p><p>necessariamente aguardar a ação do estado, para ter solucionada suas questões ambientais,</p><p>podendo fomentar parcerias para implementar conjunto de ações (como coleta seletiva,</p><p>etc), procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos</p><p>sólidos ao setor empresarial. Um exemplo na construção civil seria como ocorre no caso dos</p><p>resíduos do gesso. São poucos os fabricantes que fabricam componentes e atuam em obra</p><p>em momentos bem específicos. Mais fácil é viabilizar a rede de logística reversa, como</p><p>propõe os fabricantes de placas de gesso acartonado[26], e deveriam fazer também outros</p><p>grandes fabricantes de materiais e componentes bem específicos e construção; p.ex., setor</p><p>de tintas [4], do fibrocimento, dos forros acústicos, dos pisos vinílicos e de madeira</p><p>laminada, o próprio concreto usinado, argamassa industrializada, blocos pré-fabricados de</p><p>concreto, etc.</p><p>A gestão municipal pode então ser composta por diferentes redes (locais estruturados) para</p><p>receber, triar, reciclar e/ou aterrar o RCD.</p><p>¹ http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/servicos/arquivos/PGIRS-2014.pdf</p><p>29</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Os pontos de entrega voluntária (PEV), que recebe os pequenos geradores informais, ou</p><p>áreas de triagem e transbordo (ATTs), que recebem resíduos de grandes geradores que</p><p>não triam os resíduos na fonte geradora, devem usar critérios definidos na NBR 15.112</p><p>[27]. Geralmente, essas instalações requerem obras que permitam a isolação/identificação</p><p>do local, equipamentos mínimos de segurança, sistemas de proteção ambiental, cuidados</p><p>com relação ao projeto, no tocante a drenagem, acessos, dimensionamento mínimos dos</p><p>locais de triagem e para operação dos equipamentos, locais de estoque e armazenamento.</p><p>Devem operar minimamente com controle de recebimento do RCD, e certas diretrizes de</p><p>operação (p. ex. não receber resíduo perigoso).</p><p>Figura 2.4: Fluxograma simplificado de como funciona uma ATT. Fonte: [28]</p><p>30</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Tabela 2.1: Critérios para projetar, implantar e operar uma ATT ou PEV. Fonte: ABNT NBR 15112:</p><p>2004 [27]</p><p>ATTs geralmente possuem instalações muito simples, e podem operar de forma pouco</p><p>eficiente. Algumas podem ser específicas, trabalhando apenas com recebimento e triagem de</p><p>resíduos de gesso, ou recebimento e triagem de madeiras (que operam classificando madeiras</p><p>e transformando o material em cavaco, pellet (fornecendo biomassa, essencialmente), com</p><p>máquinas picotadoras.</p><p>31</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 2.5: Triagem feita por operários numa ATT. Geralmente é menos eficiente que a triagem em</p><p>transportadores de correia.</p><p>Figura 2.6: ATT específica para recebimento e triagem de resíduos de gesso (foto a esquerda).</p><p>Geralmente o resíduo é usado como gesso agrícola, usado como adição para produção de cimento,</p><p>etc. Unidade que recebe e processa madeira serrada como cavacos, briquetes, geralmente reciclado</p><p>como biomassa (foto a direita). Fontes: http://www.brechoarte.com.br ; http://www.lippel.com.br</p><p>32</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Usinas de reciclagem devem atender critérios mínimo estabelecidos pela NBR15.114, onde</p><p>são estabelecidas diretrizes para implementação, projeto e operação Tabela 2.2 [29].</p><p>Figura 2.7: Usina de Reciclagem de resíduo de construção Classe A, que produz agregados</p><p>reciclados para aplicação em obras de pavimentação ou produção de materiais cimentícios.</p><p>Por fim, há também unidades que operam aterros de resíduos “inertes” da construção, cuja</p><p>única finalidade da obra é o preenchimento geotécnico da área, para posterior uso comercial</p><p>do terreno (Figura 2.8).</p><p>Deve seguir os critérios da NBR 15.113 (Tabela 2.3). O projeto de implantação, neste caso,</p><p>é bem mais complexo, além como os requisitos de operação (que exigem cuidados no</p><p>processo de compactação das camadas, composição do resíduo recebido. A norma é clara</p><p>em estipular que não se deve aterrar resíduos classe B (madeira, gesso, etc). Madeira se</p><p>decompõe, levando a deformação não controlada do aterro. Geso é solúvel em água e pode</p><p>contaminar o solo e o lençol freático da região. O monitoramento das substâncias lixiviadas</p><p>do aterro deve ser feito.</p><p>33</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Tabela 2.2: Critérios para projetar, implantar e operar uma usina de reciclagem. Fonte: ABNT NBR</p><p>15114: 2004 [29]</p><p>34</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Figura 2.9: Operação de um aterro de resíduos “inertes” da construção civil, na região metropolitana</p><p>de São Paulo. Fonte: Sérgio C. Angulo [2001].</p><p>2.2.3 ESTIMANDO A GERAÇÃO DO RCD</p><p>Para dimensionar uma ou unidades de coleta de RCD, é preciso conhecer os indicadores de</p><p>geração, tanto na escala do município, ou vários munícios (como em regiões metropolitanas das</p><p>grandes cidades), quanto na escala de novas obras, residenciais, comerciais, ou demolições</p><p>de edificações antigas diversas.</p><p>Não é simples prever a geração de resíduos em obras de construção [31], pois os indicadores</p><p>de geração (litros ou kg /m2 de piso construído) dependem da planta a ser executada; ou</p><p>seja, quantos subsolos terá a obra, a quantidade de ambientes (que impacta diretamente</p><p>a quantidade de paredes de alvenaria, acabamento, a ser executada), se o prédio será de</p><p>uso comercial ou residencial (o que pode mudar muito a quantidade de componentes pré-</p><p>fabricados presentes, que estão menos sujeitos a perdas).</p><p>35</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Tabela 2.3: Critérios para projetar, implantar e operar um aterro de resíduos “inertes” da construção</p><p>civil. Fonte: ABNT NBR 15.113: 2004 [30].</p><p>Tipicamente, a mediana da geração de resíduos de construção em obras estudadas está</p><p>em torno de 100 l/m², algo em torno de 100-120 kg/m². Muitas construtoras trabalham com</p><p>indicadores de geração de resíduos em torno de 50-75 l/m². Prédios residenciais de alta padrão</p><p>geram mais quantidade de resíduos que prédios residenciais de mercado mais popular. Uma</p><p>discussão detalhada sobre isso e formas de prever esses indicadores de geração de resíduos</p><p>de obras de construção é feita no manual de gestão ambiental publicado pelo sinduscon-sp</p><p>em 2015 [31], e outras publicações.</p><p>36</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Quadro 2.2 – Variação dos indicadores de geração de resíduos da construção, excluindo-se o solo de</p><p>escavação. Fonte: [31]</p><p>O volume e tipos de resíduos gerados também muda em função do avanço da obra. Nas</p><p>fases iniciais, grandes quantidades de solos de escavação podem ser gerados. Depois, com</p><p>a execução da estrutura de concreto armado e paredes de alvenaria, o volume de resíduos</p><p>de concreto e de alvenaria, aço (em menor quantidade) são predominantes. Ao final da obra,</p><p>grande diversidade de resíduos, produzidos em pequena quantidade, favorece a mistura dos</p><p>resíduos e encaminhamento dos mesmos para ATTs, para serem melhor triados e aproveitados.</p><p>37</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Por outro lado, obras de demolição geram bem mais quantidade de resíduos por m² de área</p><p>construída dos edifícios, ~800 l /m². Demolições feitas rapidamente costumam não separar</p><p>determinados componentes e materiais para o reuso, além de gerar misturas de resíduos que</p><p>vão requerer triagem em ATTs e/ou aterros de inertes e riscos de contaminação (caso haja</p><p>resíduo perigoso). Em obras de demolição que podem trabalhar com mais tempo e focar no</p><p>aproveitamento de materiais e reciclagem, os resíduos costumam ser encaminhados mais</p><p>limpos. A dificuldade maior para a usina de reciclagem é ter a capacidade de receber grandes</p><p>volumes de resíduos, em curto espaço de tempo. As obras de demolição geram quantidades</p><p>significativas de resíduos de concreto. O volume de resíduo de concreto tende a aumentar</p><p>com o tempo, porque as cidades e as obras de infraestrutura envelhecem, requerendo obras</p><p>de demolição com maior frequência. Esta é a realidade da Europa.</p><p>Seja para determinadas obras, ou para operar em cidades, recicladores geralmente precisam</p><p>estimar a quantidade de resíduo gerado. O uso de indicadores de geração de resíduos é a</p><p>melhor procedimento para fazer essas estimativas. Uma forma simples de estimar a geração de</p><p>RCD total (incluindo obras de construção, reformas e demolições) no Brasil é usar o indicador</p><p>per capita (mediana ~ 500 kg de RCD/hab.ano). Para uma estimativa mais precisa, pode-se</p><p>estimar o indicador de resíduo per capita com indicadores sócio-econômicos, como o IDH [32].</p><p>Figura 2.10: Correlação entre a geração de RCD per capita e o índice de desenvolvimento humano</p><p>dos municípios brasileiros. Fonte: [32]</p><p>38</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>2.3 A CADEIA DO APROVEITAMENTO DO RCD</p><p>O setor da reciclagem de RCD possui uma ampla gama de stakeholders (Figura 2.11), que</p><p>impactam ou são impactados pelo setor, seja de forma direta ou indireta, em distintas etapas</p><p>do seu processo de produção.</p><p>Figura 2.11: Stakeholders do setor de reciclagem do RCD. Fonte: Elaine P. V. Alberte</p><p>2.3.1 OS GERADORES</p><p>Pequenos Geradores</p><p>Correspondem aos indivíduos e/ou pequenas empresas responsáveis por obras de construção</p><p>e/ou reforma em pequena escala. Nestes casos, existe uma grande dificuldade com relação a</p><p>implantação de processos de triagem do RCD na origem, devido às condições de execução</p><p>características do tipo de obra em questão (pouco espaço de canteiro, pouco volume, curto</p><p>prazo de execução e mão de obra menos treinada). Este grupo requer áreas de destinação</p><p>de RCD capazes de tratar um material sujo/contaminado com impurezas.</p><p>Grandes Geradores</p><p>Empresas de demolição: Correspondem às empresas responsáveis por atividades de</p><p>demolição (sem cuidados com triagem, priorizando a redução do tempo do serviço) e/ou</p><p>desmontagem-desconstrução (com cuidados com triagem, aproveitamento de materiais</p><p>usados) de edificações. Tem importante influência no setor da reciclagem de RCD, pois</p><p>grandes projetos de demolição produzem um relevante volume de resíduo, especialmente</p><p>de estruturas de concreto . Gera grandes volumes de resíduos, em curto espaço de tempo.</p><p>Requer locais de recepção de resíduos de grande porte. O manuseio adequado também evita</p><p>a presença de resíduos perigosos na massa de resíduo classe A e B.</p><p>39</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>As atividades de demolição devidamente planejadas incluem a seleção e triagem do resíduo</p><p>gerado (demolição seletiva), podendo proporcionar um RCD de melhor qualidade , e</p><p>produtos reciclados de melhor qualidade.</p><p>Empresas de construção: Correspondem a empresas responsáveis por novas edificações</p><p>(casas, prédios, obras de infraestrutura, etc). Gera grande volume de resíduo, mas num</p><p>intervalo de tempo maior. Contém inúmeras atividades e manuseia diferentes materiais ao</p><p>longo da obra. No início, os resíduos são mais os solos de escavação. Num segundo momento,</p><p>produz resíduo de concreto, aço e de alvenaria. Na fase de acabamento (geralmente na</p><p>fase final da obra), é a fase mais complexa, pois num curto intervalo de tempo, recebe</p><p>diversos materiais e produz muitos resíduos diversos (inclusive perigosos), tende a</p><p>misturar, pois tem pouco tempo para triar e muita diversidade e pouca quantidade por</p><p>tipo de resíduo.</p><p>Algumas empresas são mais organizadas, podendo conter planos de gestão bem detalhados,</p><p>redes de logística reversa, resíduos devidamente triados e classificados, outras sem maiores</p><p>cuidados geram resíduos misturados e se apoiam muito nas operações de áreas de triagem</p><p>prévias, para posteriormente, conseguir viabilizar algum tipo de aproveitamento do RCD.</p><p>Pode ser consumidor de agregados reciclados, e demais produtos reciclados.</p><p>2.3.2 OS TRANSPORTADORES</p><p>É fundamental que este setor de serviços esteja organizado e comprometido com a</p><p>destinação correta dos resíduos que transporta. Deve-se consultar frequentemente</p><p>se a empresa está legalizada, se é uma empresa que aderiu o plano de gestão e está</p><p>devidamente cadastrada no site da prefeitura, se pertence ao sindicato organizado (e atua</p><p>de forma pró-ativa para gestão dos resíduos).</p><p>Atentar que empresas podem desviar cargas de resíduos, falsificar controle de transporte de</p><p>resíduos (CTR), documento que registra o transporte e destino do material. A disposição</p><p>irregular de resíduos pode ocasionar danos aos parceiros (construtoras, usinas, aterros),</p><p>pois sua ação e impacto (e multa) ambiental envolver/acionar a co-responsabilidade dos</p><p>parceiros.</p><p>Por outro lado, é um setor que tem interesse na ampliação / consolidação de áreas de</p><p>destinação compromissadas (áreas de aterro, triagem e/ou reciclagem), tendo em vista a</p><p>redução de distâncias que deve percorrer para a deposição de RCD em locais legalizados.</p><p>2.3.3 OS ÓRGÃOS PÚBLICOS/FISCALIZADORES</p><p>Prefeituras, governadores, e demais entidades públicas podem influenciar o setor da</p><p>reciclagem através da criação de leis e políticas públicas que amparem ou promovam a</p><p>atividade, usem o poder de compra do estado, para estimular compras “verdes” (amigas do</p><p>meio ambiente).</p><p>40</p><p>A GESTÃO DO RCD</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste material sem prévia autorização.</p><p>Agências ambientais também licenciam e fiscalizam as operações de reciclagem, de</p><p>aterros, de áreas de triagem. Cada estado possui regras específicas e muita atenção deve</p><p>ser dada a etapa de licenciamento, pois, sem isso, a empresa não pode operar, pois ficará</p><p>irregular, do ponto de vista legal.</p><p>Órgãos de proteção ambiental (IBAMA), dentre outros, podem atuar fiscalizando áreas</p><p>verdes, de preservação. Práticas inadequadas podem esbarrar em legislações e punições</p><p>federais. É importante ter certo domínio das questões do direito ambiental em território</p><p>brasileiro.</p><p>2.3.4 OS RECICLADORES</p><p>Existem usinas operadas pelo poder público. Neste caso, o foco principal é diminuir a disposição</p><p>ilegal de resíduos e seus custos, mas não necessariamente com a aplicação do agregado</p><p>reciclado. Pode dispor de áreas de grande porte e trabalhar com usinas pouco estruturadas, e</p><p>com baixa capacidade de produção. Geralmente destina a produção para atender demandas</p><p>públicas de produtos de construção civil, como manutenção de vias provisórias, obras de</p><p>aterramento de interesse público, eventualmente, peças pré-fabricadas de concreto</p>