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<p>Ensinar a Palavra de Deus e</p><p>capacitar seus participantes</p><p>a cumprirem a missão que</p><p>Jesus nos deu.</p><p>Ensinar a Palavra de Deus e</p><p>capacitar seus participantes</p><p>a cumprirem a missão que</p><p>Jesus nos deu.</p><p>MISSÃO DA</p><p>ESCOLA BÍBLICA</p><p>Copyright© CBSDB, 2014</p><p>Os doze profetas menores: ma ensagem tual para a</p><p>greja de Cristo. / Daniel Miranda Gomes e Jonas</p><p>Sommer (organizadores). - - Curitiba, PR: CBSDB, 2014.</p><p>216 p. ; 21 cm.</p><p>ISBN 978-85-98889-10-8</p><p>1. Bíblia. 2. Estudo da Bíblia.I. Gomes, Daniel Miranda. II.</p><p>Sommer, Jonas. II. Título.</p><p>CDD: 224</p><p>O811</p><p>Estudos para a Escola Bíblica Sabatina.</p><p>Proibida a reprodução, total ou parcial, por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,</p><p>xerográfi cos, fotográfi cos, estocagem em banco de dados, etc.), a não ser em breve</p><p>citações com indicação da fonte ou salvo expressa autorização da Conferência Batista</p><p>do Sétimo Dia Brasileira.</p><p>Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e</p><p>Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil) salvo indicação específi ca.</p><p>DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ</p><p>Diretor: Pr. Jonas Sommer</p><p>EXPEDIENTE</p><p>Revisão de</p><p>textos:</p><p>Caroline Aquino Falvo Côrrea Capa:</p><p>Rodrigo Rosalis</p><p>www.rosalis.com.br</p><p>Revisão</p><p>teológica:</p><p>Pr. Jonas Sommer,</p><p>Pr. Daniel Miranda Gomes</p><p>Diagramação:</p><p>Rodrigo Rosalis</p><p>www.rosalis.com.br</p><p>Atendimento e</p><p>tráfego:</p><p>Marcelo Negri</p><p>(41) 3379-2980</p><p>Impressão</p><p>gráfi ca:</p><p>Gráfi ca Exklusiva</p><p>http://www.exklusiva.com.br/</p><p>Redação:</p><p>Rua Erton Coelho Queiroz, 50 - Alto Boqueirão - CEP 81770-340 - Curitiba - PR</p><p>http://www.ib7.org / secretaria@cbsdb.com.br</p><p>SUMÁRIO</p><p>Abreviaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5</p><p>Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7</p><p>Pr. Jonas Sommer</p><p>Lição 1</p><p>A Atualidade dos Profetas Menores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13</p><p>Devocionais: Daisy Moitinho</p><p>Comentário: Pr. Daniel Miranda Gomes</p><p>Lição 2</p><p>Oséias - A Fidelidade no Relacionamento com Deus . . . . . . . . . . . 27</p><p>Devocionais: Daisy Moitinho</p><p>Comentário: Pr. Marcos Shünemman</p><p>Lição 3</p><p>Joel - O Derramamento do Espírito Santo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45</p><p>Devocionais: Pr. Luiz Rogério Palhano</p><p>Comentário: Pr. Jonas Sommer</p><p>Lição 4</p><p>Amós - A Justiça Social como Parte da Adoração . . . . . . . . . . . . . . 63</p><p>Devocionais: Pr. Jonas Sommer</p><p>Comentário: Pr. Iverson Santos</p><p>Lição 5</p><p>Obadias - O Princípio da Retribuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81</p><p>Devocionais: Pr. Emanuel Lourenço da Silva</p><p>Comentário: Pr. Daniel Miranda Gomes</p><p>Os Doze</p><p>P R O F E T A S</p><p>Menores</p><p>Uma mensagem atual para a Igreja de Cristo</p><p>Lição 6</p><p>Jonas - A Misericórdia Divina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97</p><p>Devocionais: Pr. Emanuel Lourenço da Silva</p><p>Comentário: Pr. Jonas Sommer</p><p>Lição 7</p><p>Miquéias - A Importância da Obediência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117</p><p>Devocionais: Christiano Daniel Fritzen</p><p>Comentário: Pr. Wesley Batista de Albuquerque</p><p>Lição 8</p><p>Naum - O Limite da Tolerância Divina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135</p><p>Devocionais: Christiano Daniel Fritzen</p><p>Comentário: Pr. Alfredo Oliveira Silva</p><p>Lição 9</p><p>Habacuque - A Soberania Divina sobre as Nações . . . . . . . . . . . . . 149</p><p>Devocionais: Victória Brites Fajardo</p><p>Comentário: Pr. Renato Sidnei Negri Junior</p><p>Lição 10</p><p>Sofonias - O Juízo Vindouro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167</p><p>Devocionais: Pr. Renato Sidnei Negri Junior</p><p>Comentário: Pr. José de Godoi Filho</p><p>Lição 11</p><p>Ageu - O Compromisso do Povo da Aliança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183</p><p>Devocionais: Victória Brites Fajardo</p><p>Comentário: Pr. Edvard Portes Soles</p><p>Lição 12</p><p>Zacarias - O Reinado Messiânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203</p><p>Devocionais: Pr. Renato Sidnei Negri Junior</p><p>Comentário: Pr. Daniel Miranda Gomes</p><p>Capítulo 13</p><p>Malaquias – O Culto Segundo Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223</p><p>Devocionais: Pr. Luiz Rogério Palhano</p><p>Comentário: Pr. Jonas Sommer</p><p>Nossos Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238</p><p>AA – Almeida Atualizada</p><p>ARA – Almeida Revista e Atualizada</p><p>ARC – Almeida Revista e Corrigida</p><p>ACRF – Almeida Corrigida e Revisada Fiel</p><p>A21 – Almeida Século 21</p><p>ECA – Edição Contemporânea de Almeida</p><p>Gn</p><p>Êx</p><p>Lv</p><p>Nm</p><p>Dt</p><p>Js</p><p>Jz</p><p>Rt</p><p>1Sm</p><p>2Sm</p><p>1Rs</p><p>2Rs</p><p>1Cr</p><p>2Cr</p><p>Ed</p><p>Ne</p><p>Et</p><p>Jó</p><p>Sl</p><p>Pv</p><p>Ec</p><p>Ct</p><p>Is</p><p>Jr</p><p>Lm</p><p>Ez</p><p>Dn</p><p>Os</p><p>Jl</p><p>Am</p><p>Ob</p><p>Jn</p><p>Mq</p><p>Na</p><p>Hc</p><p>Sf</p><p>Ag</p><p>Zc</p><p>Ml</p><p>Mateus</p><p>Marcos</p><p>Lucas</p><p>João</p><p>Atos</p><p>Romanos</p><p>1 Coríntios</p><p>2 Coríntios</p><p>Gálatas</p><p>Efésios</p><p>Filipenses</p><p>Colossenses</p><p>1 Tessalonicenses</p><p>2 Tessalonicenses</p><p>1ª Timóteo</p><p>2ª Timóteo</p><p>Tito</p><p>Filemon</p><p>Hebreus</p><p>Tiago</p><p>1 Pedro</p><p>2 Pedro</p><p>1 João</p><p>2 João</p><p>3 João</p><p>Judas</p><p>Apocalipse</p><p>Mt</p><p>Mc</p><p>Lc</p><p>Jo</p><p>At</p><p>Rm</p><p>1Co</p><p>2Co</p><p>Gl</p><p>Ef</p><p>Fp</p><p>Cl</p><p>1Ts</p><p>2Ts</p><p>1Tm</p><p>2Tm</p><p>Tt</p><p>Fm</p><p>Hb</p><p>Tg</p><p>1Pe</p><p>2Pe</p><p>1Jo</p><p>2Jo</p><p>3Jo</p><p>Jd</p><p>Ap</p><p>NOVO TESTAMENTO</p><p>Gênesis</p><p>Êxodo</p><p>Levítico</p><p>Números</p><p>Deuteronômio</p><p>Josué</p><p>Juízes</p><p>Rute</p><p>1 Samuel</p><p>2 Samuel</p><p>1 Reis</p><p>2 Reis</p><p>1 Crônicas</p><p>2 Crônicas</p><p>Esdras</p><p>Neemias</p><p>Ester</p><p>Jó</p><p>Salmos</p><p>Provérbios</p><p>Eclesiastes</p><p>Cântico</p><p>Isaías</p><p>Jeremias</p><p>Lamentações</p><p>Ezequiel</p><p>Daniel</p><p>Oséias</p><p>Joel</p><p>Amós</p><p>Obadias</p><p>Jonas</p><p>Miquéias</p><p>Naum</p><p>Habacuque</p><p>Sofonias</p><p>Ageu</p><p>Zacarias</p><p>Malaquias</p><p>ANTIGO TESTAMENTO</p><p>L I V R O S D A B Í B L I A</p><p>NVI – Nova Versão Internacional</p><p>KJA – King James Atualizada</p><p>BV – Bíblia Viva</p><p>BJ – Bíblia de Jerusalém</p><p>TEB – Tradução Ecumênica da Bíblia</p><p>NTLH – Nova Tradução na Ling. de Hoje</p><p>ABREVIATURAS DAS VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS</p><p>ABREVIATURAS DE</p><p>www.ib7.org 7</p><p>Pela graça e misericórdia de Deus, iniciamos mais</p><p>um trimestre de estudos das Sagradas Escrituras. Nos</p><p>próximos três meses, perscrutaremos os chamados Pro-</p><p>fetas Menores. Veremos que o surgimento do profetismo</p><p>em Israel e Judá se deu no período monárquico, com a</p><p>finalidade de restaurar o monoteísmo hebreu, combater</p><p>a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o</p><p>Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica.</p><p>Nossos colaboradores se debruçaram em cima</p><p>de um tema apaixonante e que jamais deixará de ser</p><p>coevo: Os Doze Profetas Menores. Na elaboração de</p><p>seus comentários, foram buscar mensagens proferidas</p><p>há quase três milênios, e que, apesar de todos esses</p><p>séculos já transcorridos, de forma alguma deixaram de</p><p>ser atuais e relevantes para a Igreja de Cristo. Somente a</p><p>Palavra, que é viva e eficaz, pode erguer-se como o livro</p><p>contemporâneo de todas as gerações.</p><p>Nos próximos treze sábados, teremos oportunidade</p><p>de nos privar com Oséias, Joel e Amós. Com Obadias,</p><p>Jonas e Miquéias, poderemos conversar longamente.</p><p>Em seguida, iremos conhecer um pouco mais da vida e</p><p>do ministério de Naum, Habacuque e Sofonias. E have-</p><p>remos, finalmente, de inteirar-nos do contexto histórico e</p><p>cultural em que profetizaram Ageu, Zacarias e Malaquias.</p><p>É uma fascinante viagem pelas misteriosas e belas</p><p>veredas da profecia bíblica. Durante esta peregrinação,</p><p>constataremos uma vez mais que os arcanos do Senhor</p><p>nunca deixarão de ser coetâneos. A voz do profeta, ainda</p><p>que no deserto clame, é para ser ouvida por você e por</p><p>mim.</p><p>Reiteramos nossa assertiva de que toda a Bíblia</p><p>é Palavra Inspirada de Deus. No entanto, alguns negli-</p><p>genciam o estudo dos Profetas Menores. Grande parte</p><p>EDITORIAL</p><p>8 Estudos Bíblicos</p><p>da cristandade sequer tem a mínima ideia a respeito do</p><p>conteúdo desses livros e da sua relevância para nossos</p><p>dias. Portanto, “conheçamos e prossigamos em conhe-</p><p>cer o Senhor” (Os 6:3).</p><p>É nosso desejo que esta série de estudos abençoe</p><p>sua vida de forma especial e o desperte a aprofundar-se</p><p>ainda mais no estudo dos Profetas Menores. Que tenha-</p><p>mos uma excelente e abençoada jornada pelos Doze</p><p>Profetas Menores e sua atualíssima mensagem!</p><p>Pr. Jonas Sommer e equipe</p><p>www.ib7.org 9</p><p>Domingo – Hebreus 1:1-2</p><p>No Antigo Testamento, grande parte da comuni-</p><p>cação entre Deus e seu povo acontecia por meio dos</p><p>profetas. Mas o que é um profeta? Profeta é aquele que</p><p>anuncia a mensagem de Deus, ou</p><p>vidas.</p><p>A invasão assoladora dos gafanhotos não é uma</p><p>tragédia natural, mas a vara disciplinadora de Deus</p><p>32 ARCHER JR, Gleason. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida</p><p>Nova, 1991, p. 233.</p><p>33 WIERSBE, Warren. Comentário bíblico expositivo. V. 4. Santo André: Geográfica,</p><p>2010, p. 420.</p><p>34 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 25.</p><p>www.ib7.org 49</p><p>sobre o povo da aliança. Não existe acaso, coincidência,</p><p>nem determinismo cego. Não existe tragédia natural à</p><p>parte da providência soberana de Deus.35 Joel faz uma</p><p>descrição vívida e alarmante de uma invasão avassala-</p><p>dora de gafanhotos em todo o território de Judá. Moisés</p><p>profetizara que Deus poderia usar deste expediente</p><p>para punir seu povo se ele se tornasse desobediente (Dt</p><p>28:38-42). São usadas quatro palavras hebraicas dife-</p><p>rentes para gafanhotos nesta passagem: gazam, vertido</p><p>como “gafanhoto cortador”; arbeh, o “gafanhoto migra-</p><p>dor”; yeleq, o “gafanhoto saltador”, e hãsil, o “gafanhoto</p><p>destruidor”.36</p><p>Têm sido dadas várias interpretações quanto a</p><p>essa invasão de gafanhotos. Diz-se que essa descrição</p><p>fala dos quatro tipos diferentes de gafanhotos que inva-</p><p>diriam a terra. Outra possibilidade é que essa descrição</p><p>fala de nuvens sucessivas de gafanhotos invadindo Judá,</p><p>ou seja, Joel estaria falando sobre ataques sucessivos</p><p>de insetos, ressaltando a intensidade da destruição. A</p><p>terceira possibilidade é que a descrição fala metafori-</p><p>camente dos quatro impérios que dominaram o mundo</p><p>(Babilônico, Medo-persa, Grego e Romano). Há ainda</p><p>aqueles que, embora careçam de sólida base bíblica,</p><p>interpretam como sendo demônios que atacam as finan-</p><p>ças do povo de Deus.37 Ao que parece, a interpretação</p><p>literal, como sendo quatro tipos de gafanhotos que, em</p><p>ataques sucessivos, deixam um rastro de destruição,</p><p>seja a correta.</p><p>No livro encontramos uma ordem para que esse</p><p>evento não fosse olvidado, mas se deveria contar à</p><p>geração seguinte (1:3). Quatro gerações são menciona-</p><p>das, os ouvintes de Joel deveriam transmitir aos filhos,</p><p>35 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 27.</p><p>36 HUBBARD, David Allan. Joel e Amós: introdução e comentário. São Paulo: Vida</p><p>Nova, 1996, p. 49</p><p>37 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., pp. 29-30.</p><p>50 Estudos Bíblicos</p><p>netos e bisnetos. Quando não se aprende com os erros</p><p>do passado, tem-se a tendência de repeti-los. A histó-</p><p>ria precisa ser nossa pedagoga, não nosso coveira. Os</p><p>eventos de uma nação são lições para todas as demais,</p><p>pois se a memória do amor de Deus não nos despertar</p><p>a gratidão, a memória dos ais do seu juízo, certamente</p><p>nos ameaçará com a humilhação.38</p><p>Joel conclama os sacerdotes do Senhor ao arre-</p><p>pendimento (1:13,14). O texto fala de clamor, pranto,</p><p>pano de saco e jejum. No Antigo Testamento, é comum</p><p>vermos jejuns serem apregoados em períodos de cala-</p><p>midade ou de iminência de calamidades (2Cr 20:3; Et</p><p>4:16). Conquanto o povo de Deus não experimente</p><p>pragas literais de gafanhotos, mui provavelmente vê con-</p><p>gregações devastadas por aflições, pecados e doenças</p><p>que angustiam famílias inteiras. Diante disso o conselho</p><p>bíblico para se resolver tais impasses é que a liderança,</p><p>juntamente com a membresia, reconheça igualmente,</p><p>com a máxima urgência, a necessidade de ajuda, poder</p><p>e bênção de Deus. Devem voltar-se a ele com a since-</p><p>ridade, intensidade, arrependimento e intercessão des-</p><p>critos por Joel (Jl 1:13,14; 2:12-17). Só há restauração e</p><p>avivamento onde há genuíno arrependimento.</p><p>UM JUÍZO IMINENTE: A VERDADEIRA CONVERSÃO</p><p>E A PROMESSA DE FARTURA</p><p>No segundo capítulo de Joel, o profeta trata esse</p><p>exército de gafanhotos do capítulo 1 como um símbolo e</p><p>precursor de um flagelo ainda mais terrível. A palavra do</p><p>Senhor a Joel é que, no futuro, haveria uma desolação</p><p>que envolveria toda a Terra. Ou seja, o pranto pelo juízo</p><p>dos gafanhotos apenas prefigurava um pranto ainda</p><p>maior decorrente de uma desolação muito maior.</p><p>38 Ibidem.</p><p>www.ib7.org 51</p><p>Joel começa falando de uma invasão militar que</p><p>Judá também sofreria (2:2-4) para, mais à frente, ainda</p><p>no capítulo 2, aludir ao Dia do Senhor em sua acep-</p><p>ção absolutamente escatológica. O “dia do Senhor” é a</p><p>expressão-chave desse livro. Ela aparece pela primeira</p><p>vez no versículo 15 do primeiro capítulo. Tal expressão</p><p>se refere tanto ao julgamento divino de forma geral –</p><p>sendo, nesse caso, usada para se referir a um julga-</p><p>mento específico que poderia ser tomado como sím-</p><p>bolo do Grande Julgamento Final – como também, e na</p><p>maioria das vezes, ao Juízo do Fim dos Tempos, quando</p><p>toda a impiedade será julgada pelo Senhor. Este último e</p><p>mais recorrente sentido é explorado a partir do capítulo</p><p>2 de Joel, quando o profeta faz claramente referência a</p><p>acontecimentos que se darão em um futuro mais distan-</p><p>te.39</p><p>Esse dia, porém, culmina com o grande Dia do</p><p>Juízo, na segunda vinda de Cristo, quando o Senhor se</p><p>assentará no seu trono e julgará, com justiça, as nações</p><p>(Mt 25:31-46). Nesse dia os homens ímpios desmaia-</p><p>rão de terror, buscarão a morte, mas não a encontrarão.</p><p>Nesse dia tentarão, inutilmente, escapar da ira do Cor-</p><p>deiro (Ap 6:12-17).40</p><p>Tudo indica que os exércitos do Norte (2:20) são</p><p>uma referência aos exércitos da Assíria e Babilônia.</p><p>Aqui, Deus conclama mais uma vez o povo ao arrepen-</p><p>dimento – mas a um arrependimento realmente sincero,</p><p>verdadeiro, genuíno, autêntico (2:2,13).</p><p>Deus diz ao povo que estava cansado do seu ritual</p><p>de vestir pano de saco em jejum depois de rasgar as</p><p>vestes, porque esses atos já não eram acompanhados de</p><p>um real propósito de mudar, não eram realizados como</p><p>exteriorização de um genuíno arrependimento (2:13).</p><p>39 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 25.</p><p>40 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., pp. 51-53.</p><p>52 Estudos Bíblicos</p><p>Não bastava rasgarem suas vestes se antes não esta-</p><p>vam rasgando os seus corações diante dele. “Rasgai o</p><p>vosso coração” significa “modificai toda a vossa atitude”,</p><p>é a maneira hebraica de dizer que a contrição interna</p><p>é mais importante do que a manifestação externa de</p><p>pesar que, por si, poderia ser apenas um ato desprovido</p><p>de sinceridade ou integridade.41 Ou seja, nessa passa-</p><p>gem, Deus está afirmando que penitência externa não</p><p>muda nada. É preciso um coração realmente rasgado</p><p>diante do Senhor para que ele se volte para o seu povo</p><p>com perdão, restauração e bênçãos (2:14).</p><p>A necessidade de conversão é um dos aspectos</p><p>teológicos mais importantes em nosso profeta. Nos dias</p><p>em que vivemos podemos ouvir programas que são</p><p>declarados como sendo evangélicos, pela televisão e</p><p>pelo rádio, por meses a fio sem ouvirmos falar, uma vez</p><p>sequer, da necessidade de arrependimento, de aban-</p><p>dono dos pecados e de mudança de vida. A conversão</p><p>foi deixada de lado em muitos púlpitos e substituída pela</p><p>adesão ou pela contribuição. A cruz que o cristão deve</p><p>tomar para seguir a Cristo foi esquecida e em seu lugar</p><p>se oferece em trono em troca de ofertas e assistência</p><p>aos cultos com contribuições regulares. A ética foi supri-</p><p>mida e em seu lugar entrou a prosperidade como tema</p><p>dominante das pregações. “Todavia ainda agora diz o</p><p>Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração;</p><p>e isso com jejuns, e com choro, e com pranto” (2:12).</p><p>Deus não quer uma liturgia morta, ele quer ação que</p><p>mostre quebrantamento e não rito apenas. É para o povo</p><p>chorar os seus pecados, como lemos no verso 17: Não</p><p>é rito nem são palavras. Não é externo, é interno. É sen-</p><p>timento. Podemos criticar o pietismo por sua internaliza-</p><p>ção da fé religiosa, mas esta postura tem respaldo entre</p><p>os profetas. É a conversão do homem que faz Deus</p><p>41 HUBBARD, David Alan. Op. cit., p. 66.</p><p>www.ib7.org 53</p><p>mudar o juízo em bênção. Não é a contribuição nem é a</p><p>liturgia. É o reconhecimento de que a vida está errada e</p><p>deve ser mudada. Embora a contribuição seja necessá-</p><p>ria e, muitas vezes seja evidência de uma conversão, é</p><p>conversão e não contribuição que Deus pede. Pode-se</p><p>dar dinheiro sem dar o coração. Pode-se praticar ritos</p><p>sem ter consciência da presença de Deus.</p><p>O coração</p><p>contrito vale mais, já ensinou Davi: “O</p><p>sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado;</p><p>ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó</p><p>Deus” (Sl 51:17). O sacrifício era a forma mais elevada</p><p>de culto no Antigo Testamento, mas o que mais interessa</p><p>a Deus é o coração quebrantado. Deus não espera culto</p><p>litúrgico, mas quebrantamento de vida. Muitos cultos nos</p><p>fazem bem, mas não mudam nossa vida. Muitos cultos</p><p>são apenas pândega espiritual, não há quebrantamento,</p><p>não produzem mudança de vida, não exortam à santi-</p><p>dade. Alguém dirá que o culto cristão é de felicidade e</p><p>alegria porque nele o povo de Deus celebra sua salva-</p><p>ção. Mas só pode se alegrar, rir e celebrar quem primeiro</p><p>gritou como Isaías: “Ai de mim, que estou perdido!”. A</p><p>igreja contemporânea tem muita festa e pouco quebran-</p><p>tamento, busca o poder humano, principalmente o polí-</p><p>tico, mas não busca a santidade, não enfatiza a correção</p><p>de vida. Isto é trágico!42</p><p>Nessa seção do livro, mais uma vez vemos os</p><p>ministros de Deus, os sacerdotes, sendo conclamados</p><p>a liderar esse jejum e também se derramarem diante</p><p>de Deus (2:15-17). O resultado será Deus libertar o seu</p><p>povo e o retorno das chuvas temporã e serôdia – isto</p><p>é, as primeiras chuvas, que favorecem o plantio, e as</p><p>últimas, que lhe garantem o sucesso ao final – para fer-</p><p>tilizar as terras desoladas</p><p>42 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Op. cit.</p><p>54 Estudos Bíblicos</p><p>O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO</p><p>No dia de Pentecostes (At 2:16-21), Pedro citou</p><p>uma passagem do livro de Joel, ele diz: “Mas o que</p><p>ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel”.</p><p>Em outras palavras, esse é o mesmo Espírito Santo do</p><p>qual Joel falou. Vemos que as maiores bênçãos coloca-</p><p>das diante do povo de Deus são: 1) O derramamento do</p><p>Espírito de Deus sobre toda a carne; 2) O julgamento</p><p>das nações; e 3) A glorificação do povo de Deus. Estas</p><p>características não são mantidas estritamente em sepa-</p><p>rado, mas, mesmo assim, são indicadas com clareza</p><p>e relacionadas de perto umas com as outras. “E há de</p><p>ser que, depois (um dia, no futuro), derramarei o meu</p><p>Espírito sobre toda a carne” (2:28). Se o Senhor deu a</p><p>chuva temporã e a serôdia na forma de bênçãos mate-</p><p>riais, também estava pronto para derramar (Is 32:5; Ez</p><p>39:29) bênçãos espirituais no dom do seu Espírito. Sob</p><p>este aspecto, Pedro se refere ao comentário de Joel. Se</p><p>o primeiro grande ensino em Joel é o arrependimento</p><p>diante das adversidades, o segundo é o derramamento</p><p>do Espírito sobre toda a carne.</p><p>É importante frisar ainda que muitas outras pas-</p><p>sagens do Antigo Testamento aludem a esse derrama-</p><p>mento do Espírito Santo (cf. Is 32:15-17; Ez 11:19,20).</p><p>A manifestação dos dons evidencia a manifestação do</p><p>Espírito Santo na Igreja e, consequentemente, a pre-</p><p>sença de Deus no meio do seu povo (1Co 14:24,25).</p><p>Algo a se enfocar aqui ainda é que pessoas de todas as</p><p>nações, de todos os sexos, de todas as faixas etárias e</p><p>de todas as condições sociais seriam alcançadas pelo</p><p>Derramamento do Espírito Santo. Joel fala de homens e</p><p>mulheres, velhos e jovens, servos e livres – todos teriam</p><p>a bênção da efusão do Espírito a seu alcance se voltas-</p><p>sem suas vidas totalmente para Deus (2:28,29,32).</p><p>www.ib7.org 55</p><p>É importante ressaltar que o derramamento do</p><p>Espírito Santo aponta para a salvação. Diz Joel: “…</p><p>e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do</p><p>SENHOR será salvo” (2:32). Naquele grande e terrí-</p><p>vel Dia do Senhor haverá salvação para aqueles que</p><p>invocam o seu nome, pois o derramamento do Espírito</p><p>Santo anunciou também o caminho da salvação. O Pen-</p><p>tecostes foi um evento de salvação. Naquele dia, Pedro</p><p>pregou o evangelho e três mil pessoas foram salvas</p><p>(At 2:39-42). Paulo, citando Joel, diz que todo aquele</p><p>que invocar o nome do Senhor será salvo (Rm 10:13).</p><p>A salvação em Cristo, recebida pela fé, agora, é esten-</p><p>dida a todos os povos, de todos os lugares, de todos os</p><p>tempos. Nos dias de Joel, como nos dias de Pedro e de</p><p>Paulo e também nos nossos, invocar o nome do Senhor</p><p>é o único caminho para a salvação.43</p><p>UM JUÍZO FUTURO: O JULGAMENTO DAS NAÇÕES</p><p>O capítulo 3 de Joel dedica-se a descrever a res-</p><p>tauração final de Israel e o Julgamento das Nações, dois</p><p>eventos que se darão no Final dos Tempos. Duas verda-</p><p>des muito claras e enfatizadas nessa passagem bíblica</p><p>são que as nações serão julgadas pela sua impiedade</p><p>e que esse julgamento incluirá também como critério a</p><p>forma como as nações trataram Israel.</p><p>No caso específico do castigo divino sobre Tiro e</p><p>Sidom, mencionado nos versículos 4 a 8, acredita-se que</p><p>ele tenha ocorrido, pelo menos parcialmente, no quarto</p><p>século A.C., quando as duas principais cidades da Fení-</p><p>cia, localizadas ao Noroeste de Israel, foram subjugadas</p><p>pelo conquistador Alexandre, o Grande, e, pouco tempo</p><p>depois, por Antíoco III. Esse castigo, aliás, fora predito</p><p>também pelos profetas Amós (Am 1:9,10), Ezequiel (Ez</p><p>43 PAPE, Dionísio. Justiça e esperança para hoje: a mensagem dos Profetas Meno-</p><p>res. São Paulo: ABU, 1982, p. 31.</p><p>56 Estudos Bíblicos</p><p>26-28) e Isaías (Is 23). Nos versículos 17 a 21, segue a</p><p>descrição da restauração de Israel.44</p><p>Enfim, a grande lição desse capítulo é que Deus</p><p>é o Senhor da História. O livro de Joel começa falando</p><p>de destruição e termina falando de restauração; inicia</p><p>com juízo e conclui com a bênção de Deus. A sua men-</p><p>sagem ao final é que a última palavra na história das</p><p>nações pertence a Deus; que quem determina o destino</p><p>final das nações não são os chamados grandes líderes</p><p>mundiais, mas o Senhor do Universo. E, no final, o mal</p><p>perecerá e o bem triunfará. Porque Deus está no con-</p><p>trole de tudo.45</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Hodiernamente, não temos nada de vestimenta</p><p>externa para anunciar a situação interna em termos de</p><p>arrependimento. No entanto, a postura de humilhação</p><p>de um coração arrependido deve fazer parte da nossa</p><p>atitude quando somos confrontados por Deus por algo</p><p>que fizemos contra ele. Ainda que nos falte hoje uma</p><p>vestimenta típica de arrependimento, temos de ter a</p><p>postura interna que demonstre um real arrependimento</p><p>perante o Senhor. Mesmo que não tenhamos uma ves-</p><p>timenta externa para manifestar nosso arrependimento,</p><p>devemos ter ainda hoje uma atitude externa que venha</p><p>refletir os sentimentos do coração.</p><p>O jejum público do povo de Deus tem sido esque-</p><p>cido. Nem mesmo em tempos de calamidade esse povo</p><p>tem se reunido para a oração com santo jejum. É neces-</p><p>sário que, de alguma forma, essa prática venha nova-</p><p>mente a fazer parte da religiosidade santa do povo de</p><p>Deus. Vivemos dias difíceis para um cristianismo autên-</p><p>tico. É necessário que reavaliemos as nossas práticas</p><p>44 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 29.</p><p>45 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 30.</p><p>www.ib7.org 57</p><p>espirituais comunitárias a fim de que o que ainda é útil</p><p>não seja desprezado.</p><p>Infelizmente, na maioria das reuniões dos que se</p><p>dizem povo de Deus, a visão é a de um entretenimento</p><p>em que todos procuram se agradar. Não nos reunimos</p><p>para confessar os nossos pecados em tempos de afli-</p><p>ção. Aliás, o pecado não tem sido tratado com a serie-</p><p>dade que se faz necessária nos últimos dias. Nossa vida</p><p>espiritual pode tornar-se seca e infrutífera se nos afas-</p><p>tarmos da vontade do Senhor. É muito importante sentir</p><p>arrependimento sincero e profundo (2:12-13), a fim de</p><p>que Deus possa perdoar-nos e abençoar-nos de novo.</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Quem era Joel e para quem ele profetizou? Para quem</p><p>o povo deveria contar a mensagem dele? (1:1-3)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Que profecia ele é porta-voz? Qual o resultado do</p><p>ataque profetizado contra a terra? (1:4-12)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>3. O que ele conclama os sacerdotes fazerem? Por que</p><p>esta atitude é importante? Como podemos aplicar isso</p><p>aos nossos dias? (1:13-14)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>58 Estudos Bíblicos</p><p>4. Qual é a mensagem acerca do Dia do Senhor transmi-</p><p>tida por Joel? (2:1-11)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>5. Joel conclama o povo a uma conversão. Qual o sinal</p><p>da verdadeira conversão, segundo ele? O que signi-</p><p>fica “rasgar o coração”? O que os sacerdotes deveriam</p><p>fazer? (2:12-17)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>6. Qual poderia ser a resposta do Senhor caso houvesse</p><p>genuíno arrependimento e conversão verdadeira? (2:18-</p><p>28)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>7. Joel profetiza o derramamento do Espírito Santo.</p><p>Sobre quem ele seria derramado? Quais seriam os sinais</p><p>cataclísmicos desse derramamento? Essa promessa foi</p><p>cumprida em sua totalidade? O que aconteceria aos que</p><p>invocassem o nome do Senhor? (2:29-32; At 2:16-21)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>8. Que promessa é feita ao povo de Deus? (3:1-21)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>www.ib7.org 59</p><p>Pr. Jonas Sommer</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – Provérbios 14:34</p><p>Constantemente ouvimos que o Brasil está muito</p><p>bem em matéria de leis, contudo continua sendo um</p><p>dos países mais injustos do mundo. Em termos sociais,</p><p>temos uma das distribuições de renda mais injustas do</p><p>planeta, onde 1% da população detém metade da renda</p><p>nacional; onde os direitos sociais não são devidamente</p><p>respeitados quanto à saúde, a educação, e a moradia.</p><p>Certamente que ter leis justas, adequadas e boas é</p><p>muito bom, principalmente se elas estão sintonizadas</p><p>com a Lei maior, os Dez Mandamentos. Porém, é preciso</p><p>reconhecer que somente com uma vida transformada</p><p>por Deus, liberta do pecado e com a ajuda do Espírito</p><p>que transforma a nossa natureza egoísta e produz os</p><p>frutos da justiça, é que se fará justiça verdadeira!</p><p>Segunda-feira – Provérbios 19:17</p><p>Atender o pobre em suas necessidades é um man-</p><p>damento divino que se repete ao longo da mensagem</p><p>sagrada. Sempre foi uma preocupação do Criador em</p><p>recomendar ao seu povo o bom tratamento dos neces-</p><p>sitados e o suprimento de suas carências, por parte</p><p>daqueles que Deus contemplou com mais haveres. Por-</p><p>tanto, se quisermos manter a benção do Senhor sobre</p><p>nossa vida, devemos seguir o mandamento do Senhor</p><p>Deus, socorrer o pobre e o necessitado em suas tribula-</p><p>ções, e lutar por uma sociedade mais justa e igualitária</p><p>para todos.</p><p>60 Estudos Bíblicos</p><p>Terça-feira – Isaías 1:13-15</p><p>Qual a razão para que Deus estivesse tão irritado</p><p>com o povo a ponto de rejeitar-lhes os cultos, as ofertas,</p><p>e até mesmo as ações de graça? Quando continuamos</p><p>a leitura deste capítulo, e fazemos uma reflexão sobre</p><p>o livro do Profeta Isaías, e dos Profetas menores con-</p><p>temporâneos deste, descobriremos que havia um com-</p><p>pleto descaso para com a justiça social e o amparo dos</p><p>pobres e desamparados entre o povo. Lembremo-nos</p><p>das palavras do profeta Miquéias: “será que milhares</p><p>de carneiros ou a oferta de rios de azeite agradarão a</p><p>Deus? Não! Ó homem, já foi explicado o que é bom e o</p><p>que Deus exige de você: praticar o direito, amar a mise-</p><p>ricórdia, caminhar humildemente com o seu Deus” (Mq</p><p>6:7-8, BV).</p><p>Quarta-feira – Romanos 15:26,27</p><p>Paulo e seus colaboradores haviam recebido uma</p><p>oferta especial das igrejas gentias para os cristãos</p><p>judeus necessitados de Jerusalém. Essa oferta especial</p><p>cumpriu vários propósitos. Em primeiro lugar, foi uma</p><p>expressão de amor dos gentios por seus irmãos judeus.</p><p>Em segundo lugar, foi um auxílio prático num momento</p><p>em que os cristãos pobres de Jerusalém encontravam-</p><p>-se mais carentes. Por fim, ajudou a unir e aproximar</p><p>judeus e gentios na Igreja. Quando a vida do Espírito flui</p><p>através da igreja, esta não sente dificuldade em ofertar.</p><p>Em 2 Coríntios 8:1-5, Paulo descreve o milagre da graça</p><p>ocorrido nas igrejas da Macedônia.</p><p>www.ib7.org 61</p><p>Quinta-feira – 2 Coríntios 9:8,9</p><p>Nossas ofertas têm um tríplice efeito: abençoam</p><p>aos outros, abençoam a nós e glorificam a Deus.46 O</p><p>apóstolo Paulo diz que nossa contribuição não apenas</p><p>estimula a outros, mas também abençoa a nós. Somos</p><p>os principais beneficiados quando contribuímos. A con-</p><p>tribuição é uma semeadura que fazemos em nosso pró-</p><p>prio campo. Esse é um investimento que fazemos em</p><p>nós mesmos. Quanto mais distribuímos, mais temos.</p><p>Quanto mais semeamos, mais colhemos. Quanto mais</p><p>abençoamos, mais somos abençoados. Ofertar pela</p><p>graça significa que cremos, realmente, que Deus é o</p><p>grande Doador e que usamos os recursos materiais e</p><p>espirituais de acordo com essa convicção. É impossível</p><p>ser mais generoso do que Deus!</p><p>Sexta-feira – Tiago 1:27</p><p>Pelo texto que lemos pode-se constatar que o cris-</p><p>tão verdadeiro adora a Deus em Espírito e em Verdade.</p><p>Isso significa que ele não é egocêntrico, não é narci-</p><p>sista, não vive só para si, não vive recuado só no seu</p><p>mundo, só olhando para si. Ele sai do casulo, da caverna</p><p>da omissão. Ele se levanta da poltrona da indiferença.</p><p>Ele age. Tem mãos abertas, coração dadivoso e bolso</p><p>generoso. Não é dado à verborragia, mas à ação. Não</p><p>ama apenas de palavra, mas de coração.47 Não adora</p><p>a Deus apenas com os lábios, mas com todo o seu ser!</p><p>Abomina o sentimentalismo inócuo. Usa a razão, e por</p><p>isso dá pão a quem tem fome. Ele celebra a liturgia da</p><p>generosidade e evidencia a verdadeira religião.</p><p>46 CARVER, Frank G. A segunda epístola de Paulo aos Coríntios. In: Comentário</p><p>bíblico Beacon, v. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 455.</p><p>47 LOPES, Hernandes Dias. Tiago: transformando provas em triunfo. São Paulo:</p><p>Hagnos, 2006, p. 43.</p><p>62 Estudos Bíblicos</p><p>Sábado – Mateus 5:20</p><p>É comum lermos o sermão da Montanha e sentir-</p><p>mos certo aperto no coração, ao nos depararmos com</p><p>uma série de instruções de Jesus Cristo, tão confrontan-</p><p>tes com os valores que regem a sociedade. O Salvador</p><p>era direto em suas colocações e deixou ali o que espera</p><p>de cada um de nós. É correto para o cristão agradecer</p><p>a Deus por não estar debaixo da Lei, mas debaixo da</p><p>graça. Mas se ele pensa que as exigências sobre ele são</p><p>menores por causa disso, não leu</p><p>o Sermão do Monte</p><p>de forma a compreendê-lo. Jesus declarou enfatica-</p><p>mente que ele exige uma justiça mais elevada do que a</p><p>dos escribas e fariseus. A lei de Cristo traz, para aqueles</p><p>que a guardam, mais exigências do que a lei de Moisés.</p><p>Como você tem vivido diante do Senhor?</p><p>www.ib7.org 63</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O livro de Amós é uma mensagem verbosa, atual</p><p>e oportuna para a igreja brasileira. Este livro ergue um</p><p>grande clamor pela justiça social. Ele tira uma radiogra-</p><p>fia do presente ao analisar o passado distante de Israel</p><p>nos tempos prósperos do rei Jeroboão II. A mensagem</p><p>deste livro destampa os fossos onde se escondem os</p><p>sentimentos, motivações e atitudes mais reprováveis que</p><p>pulsam no peito do homem contemporâneo. Ao mesmo</p><p>tempo, a mensagem do livro é um chamado de Deus ao</p><p>arrependimento. A porta da graça está aberta. A chance</p><p>da mudança é apresentada e o perdão oferecido.</p><p>A mensagem de Amós toca nos mais intrincados</p><p>problemas da ordem política, social, econômica, moral</p><p>e espiritual do seu tempo. Amós emboca a sua trom-</p><p>beta para denunciar os crimes de opressão e injustiça</p><p>social das nações estrangeiras. Ele ataca com veemên-</p><p>cia a política externa governada pela ganância insaciá-</p><p>vel e pelo ódio desmesurado que despedaça os fracos</p><p>e oprime os que não podem oferecer nenhuma resis-</p><p>tência. Ele atinge com sua mensagem os endinheira-</p><p>dos embriagados pela soberba, que viviam nababesca-</p><p>mente, enquanto os pobres explorados por eles amarga-</p><p>vam uma dolorosa realidade. Amós não poupa aqueles</p><p>que se entregavam aos prazeres desregrados, tapando</p><p>AMÓS</p><p>A JUSTIÇA SOCIAL COMO</p><p>PARTE DA ADORAÇÃO</p><p>Pr. Iverson Santos</p><p>26 de Julho de 2014</p><p>4</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça,</p><p>como ribeiro perene”. (Am 5:24)</p><p>64 Estudos Bíblicos</p><p>os ouvidos à voz da própria consciência. O profeta boia-</p><p>deiro alerta para o fato de que, onde a voz da graça de</p><p>Deus não é ouvida, a trombeta do juízo é tocada irreme-</p><p>diavelmente.</p><p>O AUTOR</p><p>O significado do nome Amós é provavelmente</p><p>“aquele que carrega fardos” ou “carregador de fardos”</p><p>(derivado do verbo ãmas, “erguer um fardo, carregar”).</p><p>O livro contém muitos fardos de julgamentos ou calami-</p><p>dades que o profeta transmitiu a Israel. Amós não era</p><p>procedente da classe rica e aristocrática, empoleirada</p><p>no poder, mas oriundo das toscas montanhas de Tecoa,</p><p>aldeia incrustada nas regiões mais altas da Judéia.</p><p>Tecoa ficava nove quilômetros ao sul de Belém. Foi um</p><p>dos lugares fortificados por Roboão para a proteção de</p><p>Jerusalém (2Cr 11:6). Com a elevação de 920 metros,</p><p>servia de lugar para tocar trombeta, e assim transmitir</p><p>sinais e anúncios ao povo (Jr 6:1).48</p><p>Amós era um simples pastor, criador de gado e</p><p>agricultor. Ele não vinha de uma linhagem nobre como</p><p>Isaías, nem de uma família sacerdotal como Jeremias,</p><p>nem tampouco tinha sido instruído na “escola de profe-</p><p>tas” fundada por Samuel. De uma forma milagrosa foi</p><p>separado por Deus para o ministério profético. Apesar</p><p>de ser natural de Judá, seu ministério foi na sua maior</p><p>parte direcionado a Israel, mas não exclusivamente a</p><p>este. Ele também profetizou sobre Judá e outros povos.</p><p>Amós foi expulso de Israel devido ao teor da sua profe-</p><p>cia, que era contundente contra a forma equivocada que</p><p>se praticava a religião naqueles dias.49</p><p>48 LOPES, Hernandes Dias. Amós: um clamor pela justiça social. São Paulo: Hag-</p><p>nos, 2007, p. 16.</p><p>49 GUSSO, Antônio Renato. Panorama histórico de Israel. Curitiba: A.D.Santos Edi-</p><p>tora, 2003, p. 94.</p><p>www.ib7.org 65</p><p>O CONTEXTO HISTÓRICO</p><p>O ministério de Amós acontece nos reinados Uzias</p><p>em Judá e de Jeroboão II em Israel. As duas nações</p><p>gozam de um momento de grande prosperidade mate-</p><p>rial, entretanto, vivem também um momento de grande</p><p>iniquidade. Imperava a idolatria, imoralidade a injustiça</p><p>social e o culto desvinculado dos preceitos da aliança.50</p><p>As circunstâncias indicam que eles foram dois</p><p>monarcas expansionistas e consolidadores. Tanto os fato-</p><p>res externos quanto os internos favoreciam o estrondoso</p><p>enriquecimento de Israel. Esse reino estava vivendo um</p><p>tempo de paz nas fronteiras e de prosperidade interna.</p><p>Em 805 A.C., Adade Nirari III da Assíria derrotou a Síria,</p><p>o inimigo de Israel. Nesse mesmo tempo, a Assíria mer-</p><p>gulhou em um período de inatividade do qual só saiu</p><p>com a ascensão de Tiglate-Pilesar III, em 745 A.C. Sem</p><p>ameaças internacionais, Jeroboão II, com seu enge-</p><p>nho administrativo, restaurou as fronteiras salomônicas</p><p>de seu reino pela primeira e única vez desde a morte</p><p>de Salomão (2Rs 14:23-29). Com o controle das rotas</p><p>comerciais, a riqueza começou a se acumular nas mãos</p><p>dos magnatas do comércio.51</p><p>O JUÍZO DE DEUS SOBRE AS NAÇÕES</p><p>Amós começa os seus escritos nos capítulos 1 e</p><p>2 declarando que tinha ouvido Deus como o “rugido” de</p><p>um grande leão, trovejando o juízo sobre as nações. Ele</p><p>usa em todas às vezes o termo “por três transgressões</p><p>mais uma” que significa a insistência constante na prá-</p><p>tica pecaminosa, da qual eram acusados todos esses</p><p>povos.</p><p>50 GUSSO, Antônio Renato. Op. cit., p. 90, 98,119.</p><p>51 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 18.</p><p>66 Estudos Bíblicos</p><p>Ele descreve a acusação e o pecado de cada uma</p><p>das nações. São ao todo oito julgamentos sobre estes</p><p>povos. Sobre a Síria (Damasco) pesa a acusação de</p><p>crueldades terríveis na guerra. Sobre os filisteus (Gaza)</p><p>e os fenícios (Tiro) brada a acusação do pecado de</p><p>escravidão. Edom é acusado de falta de misericórdia e</p><p>de uma ira constante. Amon é acusado de amarga cruel-</p><p>dade por simples ganância. Moabe recebe a acusação</p><p>de ter sido cruel com Edom. A sétima e a oitava acusa-</p><p>ção é feita contra Judá e contra Israel respectivamente.</p><p>A acusação a Judá é específica (Am 2:4,5) e mais</p><p>grave do que a das nações pagãs. Judá conhecia a Pala-</p><p>vra de Deus, e de uma forma deliberada tinha optado</p><p>por rebelar-se contra a lei de Yaweh. O profeta prediz</p><p>o juízo de Deus que viria sobre Judá. O juízo de Deus</p><p>sempre vem sobre aqueles que deliberadamente optam</p><p>por esquecer-se da sua Palavra e passam a viver suas</p><p>vidas de acordo com a mentalidade mundana dos dias</p><p>atuais.</p><p>Até este momento, o verso 5 do capítulo 2, o reino</p><p>de Israel passa sem nenhuma acusação, mas no verso</p><p>6 do capítulo 2, o profeta Amós começa então a sua pro-</p><p>fecia contra Israel, o que é o objetivo principal do livro.</p><p>O resto do capítulo 2 pode ser resumido em acusação</p><p>de pecados e palavra de juízo. Do verso 6 até o verso</p><p>16 do capítulo 2, pode-se notar as práticas pecamino-</p><p>sas que era comuns na vida de Israel. Essas acusações</p><p>estendem-se por todo o livro de Amós.</p><p>INJUSTIÇA PARA COM OS POBRES E NECESSITADOS</p><p>Mesmo vivendo em um período de prosperidade</p><p>material, o texto citado demonstra que havia por parte</p><p>da elite de Israel um desprezo pelas necessidades das</p><p>classes menos favorecidas. Se não bastasse o des-</p><p>www.ib7.org 67</p><p>prezo, o texto ainda demonstra que eles ainda oprimiam</p><p>os pobres, tomando por penhor o pouco que possuíam.</p><p>Essa atitude trouxe sobre eles o juízo de Deus.</p><p>A lei do Senhor, dada a Moisés, já relatava a res-</p><p>ponsabilidade que todo o Israel tinha em cuidar dos</p><p>necessitados e fazer justiça as suas necessidades. Eis</p><p>alguns exemplos dos deveres que o povo de Israel deve-</p><p>ria ter para com os pobres:</p><p>1) A cada sete anos, deveriam cancelar todas as</p><p>dívidas (Dt 15:1);</p><p>2) Não deveriam fechar a mão ao pobre (Dt 15:7-</p><p>11);</p><p>3) Não deveriam cobrar juros dos pobres (Ex</p><p>22:25);</p><p>4) Durante a estação das colheitas, grãos caídos</p><p>seriam dos pobres (Lv 19:10);</p><p>5) A cada cinquenta anos (ano do Jubileu), qual-</p><p>quer propriedade que tivesse sido vendida por</p><p>necessidade, deveria voltar o dono original.</p><p>6) Deveriam fazer justiça às necessidades dos</p><p>pobres. Os juízes, ao julgarem uma situação,</p><p>não poderiam prevalecer para os poderosos,</p><p>mas deveriam ser justos (Dt 1:17; Êx 23:2)</p><p>Israel, ao ferir estes preceitos, feria a própria instru-</p><p>ção dada por Deus a respeito de viver um ambiente em</p><p>que se houvesse justiça social. Abandonar e esquecer-</p><p>-se dos necessitados</p><p>era rebeldia contra a lei de Deus.</p><p>Agravado a isto, Israel desprezava a lei de Deus não</p><p>apenas por fechar os olhos às necessidades dos pobres,</p><p>mas também por que sua elite enriquecia às custas de</p><p>afligir os menos favorecidos. No capítulo 3, verso 10 o</p><p>profeta fala contra “essa gente, que acumula em seus</p><p>palácios o que roubam e saqueiam”.</p><p>68 Estudos Bíblicos</p><p>Um ambiente de luxúria a custa de altos impostos</p><p>sobre os pobres pode ser visto nos capítulo 4:1, 5:11.</p><p>Enquanto uma elite “privilegiada” desfrutava de toda a</p><p>abundância do momento próspero que gozava o reino</p><p>de Israel, os pobres eram sugados e serviam apenas</p><p>como meio pelo qual os ricos pudessem enriquecer-se</p><p>cada vez mais.</p><p>“Ouvi esta palavra, vacas de Basã” (4:1). Amós diri-</p><p>giu-se às esposas dos líderes abastados da terra, pes-</p><p>soas que haviam enriquecido roubando de outros sem</p><p>qualquer piedade. Essas “mulheres da sociedade” pas-</p><p>savam o dia todo ociosas, bebendo vinho e dizendo aos</p><p>maridos o que fazer. Hoje em dia, qualquer pregador que</p><p>chamasse as mulheres de sua congregação de “vacas”</p><p>precisaria mais que depressa procurar outra igreja. Por</p><p>que Amós, um camponês, usou essa imagem? Não era</p><p>pelo fato de as mulheres serem obesas e se parecem</p><p>com vacas, mas porque, com seus pecados, estavam</p><p>engordando para o abate. Tanto elas quanto seus mari-</p><p>dos viviam em meio ao luxo, enquanto os pobres da</p><p>terra sofriam, pois esses mesmos homens os explora-</p><p>vam, tomando deles seu dinheiro e suas terras.52</p><p>Por fim, além de desprezar, além de pisarem, eles</p><p>também não faziam justiça aos pobres. A elite dominante</p><p>não julgava as causas com justiça, mas a corrupção ins-</p><p>talada na sociedade de Israel fazia com que o sistema</p><p>jurídico servisse apenas às necessidade da sociedade</p><p>dominante. Amós denuncia esta situação nos capítulos</p><p>3:10; 4:7,10.</p><p>As semelhanças entre a sociedade de Israel dos</p><p>dias de Amós e a nossa contemporânea sociedade são</p><p>inúmeras! Ao ler estes textos que falam sobre Israel,</p><p>parece que estamos falando dos nossos dias. Os pobres</p><p>ainda são desprezados. Por muitas vezes julgamos</p><p>52 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 4.</p><p>Santo André, SP: Geográfica, 2006, p. 439.</p><p>www.ib7.org 69</p><p>os mendigos e necessitados como “vagabundos”, não</p><p>merecedores de nossos cuidados e ajuda. Muitas vezes</p><p>apoiamos um sistema que aflige o pobre a fim de enri-</p><p>quecer os ricos e poderosos e às vezes até reputamos</p><p>isto como “bênção de Deus”. Não podemos conceber</p><p>como abençoada uma sociedade que exclui o necessi-</p><p>tado, onde o pobre cada vez fica mais pobre, e o rico,</p><p>cada vez fica mais rico. Se o juízo de Deus veio sobre</p><p>Israel, não viria também sobre as nossas vidas?</p><p>Hoje a igreja é o “povo escolhido” e privilegiado.</p><p>Warren Wiersbe, ao falar sobre o livro de Amós,</p><p>diz que “onde há privilégios, também deve haver</p><p>responsabilidades”.53 Jesus, nos evangelhos, deixa</p><p>também registrado a grande responsabilidade que temos</p><p>em cuidar e amparar os necessitados. No evangelho de</p><p>Mateus, capítulo 25, versos 31 até ao 46, por meio de</p><p>uma parábola Jesus diz que haverá juízo e condenação</p><p>para aqueles que deveriam cuidar dos desamparados e</p><p>não o fizeram. Jesus diz que deixamos de fazer a ele,</p><p>quando não fazemos pelos pobres e necessitados e ter-</p><p>mina sentenciando: “Sendo assim, estes irão para o tor-</p><p>mento eterno”. Devemos ler estes trechos com temor e</p><p>tremor. As palavras de Amós para Israel soam perfeitas</p><p>aos nossos dias.</p><p>CULTO HIPÓCRITA E FORA DOS</p><p>PADRÕES DA PALAVRA DE DEUS</p><p>A sociedade de Israel, ao mesmo tempo em que</p><p>vivia em padrões totalmente confrontantes ao padrão da</p><p>lei, ainda mantinha uma religiosidade cultual. Ao mesmo</p><p>tempo em que fechava o coração para a lei do Senhor,</p><p>tentava agradar a “Deus” com rituais. Israel gozava de</p><p>53 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico Wiersbe Antigo Testamento: a Bíblia</p><p>explicada de maneira clara e concisa. Santo André, SP: Geográfica, 2008, p. 636.</p><p>70 Estudos Bíblicos</p><p>grande prosperidade e, segundo o relato bíblico, a elite</p><p>do reino costumeiramente trazia diante de Deus suas</p><p>“ofertas de gratidão”. Agradeciam a Deus com suas ofer-</p><p>tas, “por não serem pobres”. Segundo Warren Wiersbe</p><p>havia uma espécie de “avivamento religioso” nos dias de</p><p>Jeroboão II.54</p><p>A questão toda é que, apesar de todos esta-</p><p>rem tranquilos e acharem que tudo estava bem e que</p><p>seus “cultos” agradavam a Deus (6:1), o Senhor não via</p><p>desta forma. Deus olha pra dentro e enxerga o interior</p><p>do homem. Israel cantava cânticos, levantava as mãos,</p><p>trazia a sua oferta, mas Deus não recebia esse culto</p><p>prestado por mãos manchadas e comprometidas com a</p><p>injustiça (5:21-23).</p><p>O culto oferecido por aquelas pessoas descompro-</p><p>missadas com a justiça social constante na lei causava</p><p>repulsa em Deus. Ao invés de agradar a Deus, aquele</p><p>culto o aborrecia, visto que era uma tentativa apenas</p><p>ritual e não tinha compromisso com a essência da sua</p><p>Palavra, que é amar a Deus e amar ao próximo. Deus diz</p><p>ainda no verso 24 do capítulo 5 que seria melhor “prati-</p><p>car a justiça” do que oferecer um culto como aquele.</p><p>Novamente encontramos muito similaridade entre</p><p>os dias de Amós e os nossos dias. Nunca antes se viu</p><p>uma igreja tão cheia de bens e tão vazia de compro-</p><p>misso com os necessitados. Nunca antes se viu uma</p><p>igreja tão preparada do ponto de vista ritual e material e</p><p>tão insensível às necessidades das pessoas pobres. As</p><p>igrejas possuem templos suntuosos com equipamentos</p><p>sonoros e audiovisuais caríssimos e cada dia estão mais</p><p>e parecidas com palácios que não podem ser ocupa-</p><p>dos pelos pobres. As pessoas se preparam com roupas</p><p>bonitas, entram em seus carros e dirigem-se para os</p><p>54 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 636.</p><p>www.ib7.org 71</p><p>cultos. Levantam as suas mãos, entoam seus cânticos</p><p>e oferecem suas ofertas e em muitos casos, passam</p><p>tempos e tempos sem ao menos notar que, no percurso</p><p>até a igreja, passaram por vários necessitados que cos-</p><p>tumeiramente, ficam despercebidos. Seria este o culto</p><p>que Deus espera de nós?</p><p>Fica claro pelos textos dos profetas e também pelas</p><p>palavras de Jesus no evangelho de Mateus, que o culto</p><p>esperado por Deus é um culto que passa pelo compro-</p><p>misso em ajudar aqueles que precisam. Demonstramos</p><p>nosso amor a Deus, na mesma medida que demonstra-</p><p>mos nosso compromisso com as criaturas do Senhor. O</p><p>Senhor vasculha o nosso coração e conhece o nosso</p><p>verdadeiro intento quando levantamos as nossas mãos</p><p>para “adorá-lo”. Iremos romper com a luz da aurora,</p><p>quando prestarmos um culto verdadeiro a Deus e este</p><p>culto passa por um compromisso maior com os desfavo-</p><p>recidos da sociedade.</p><p>Outra acusação séria feita pelo profeta Amós é de</p><p>que o culto estava eivado pelo sincretismo (4:4,5). O rei</p><p>Jeroboão I construiu novos santuários em Betei e Dã e</p><p>ali introduziu um bezerro de ouro para o povo adorar. O</p><p>culto foi paganizado. A idolatria foi assimilada no culto.</p><p>O povo queria chegar até Deus por meio de um ídolo.</p><p>Houve uma mistura do culto canaanita (adoração do</p><p>bezerro) com o culto ao Senhor. A religião israelita tor-</p><p>nou-se sincrética. Os sacrifícios que eles traziam eram</p><p>impuros, pois ofereciam coisas com fermento no altar, o</p><p>que era proibido por Deus (Lv 2:11; 6:17). Lembremos</p><p>que o culto é bíblico ou anátema. Deus não quer sacri-</p><p>fício, Ele requer obediência (1Sm 15:22,23). Não pode-</p><p>mos sacrificar a verdade para atrair as pessoas à igreja,</p><p>nem podemos acrescentar coisa alguma aos preceitos</p><p>de Deus porque gostamos dessas coisas. O pragma-</p><p>72 Estudos Bíblicos</p><p>tismo se interessa pelo que dá certo, e não pelo que</p><p>é certo. Ele busca o que dá resultados, e não o que é</p><p>verdade. Ele tem como objetivo agradar o homem, e não</p><p>a Deus. Hoje vemos florescer o sincretismo religioso.</p><p>Práticas pagãs são assimiladas nas igrejas para atrair</p><p>as pessoas. Cerimônias e ritos totalmente estranhos à</p><p>Palavra de Deus são introduzidos no culto para agradar</p><p>o gosto dos adoradores. O sincretismo está na moda.</p><p>Mas ele ainda continua provocando a ira de Deus!55</p><p>Um avivamento verdadeiro é aquele que nos move</p><p>em direção ao coração de Deus e o coração de Deus é</p><p>aberto a cuidar dos pequeninos. O profeta Oséias usado</p><p>por Deus diz: “misericórdia quero e não sacrifício” (Os</p><p>6:6), o que foi posteriormente repetido por Jesus ao falar</p><p>com os fariseus que eram legalistas em sua religiosi-</p><p>dade (Mt 9:13).</p><p>REJEIÇÃO À VOZ DE DEUS</p><p>TENTANDO CALAR OS PROFETAS</p><p>Outra característica da sociedade que vive em um</p><p>ambiente de pecado é que ela não suporta o confronto</p><p>feito pelos homens de Deus. Já no capítulo 2, versos</p><p>12, Deus fala através de Amós: “ordenastes aos profe-</p><p>tas que não profetizeis” . Israel tinha criado um culto que</p><p>fazia um “politicamente correto” com as diretrizes da elite</p><p>de Israel e que calava os profetas comprometidos com</p><p>a palavra de Deus. Amós chega a ser expulso de Israel</p><p>pelo “sacerdote” Amazias devido ao teor das suas pro-</p><p>fecias (7:10). Jeremias, Elias, Amós e muitos dos outros</p><p>profetas foram perseguidos, visto que suas mensagens</p><p>confrontavam o corrompido poder estatal e religioso de</p><p>Israel.</p><p>55 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., pp. 94-95.</p><p>www.ib7.org 73</p><p>Também nos nossos dias, muitos que possuem</p><p>compromisso com as verdades fundamentadas nas</p><p>Escrituras, muitas vezes são constrangidos pelos “sacer-</p><p>dotes” do falso evangelho a calar-se. Muitos são perse-</p><p>guidos a fim de que se abstenham das verdades da Pala-</p><p>vra de Deus, a fim de “agradar” um povo, muitas vezes</p><p>corrompidos em seus princípios de vida. O homem de</p><p>Deus, que teme a Deus não deve retroceder diante das</p><p>pressões do “politicamente correto”, mas assim como</p><p>Amós deve abrir a sua boca e deixar-se ser usado por</p><p>Deus!</p><p>É CERTO QUE DEUS JULGARÁ ISRAEL</p><p>A obstinação de Israel pelo pecado trouxe o juízo</p><p>de Deus sobre eles. O profeta Amós, pela revelação de</p><p>Deus, já antevê a destruição do Reino de Israel quando</p><p>da invasão da Assíria que os levaria cativos para outra</p><p>terra poucos anos depois, em 721 A.C.</p><p>É certo que Deus traz juízo contra aqueles que</p><p>optam por viver fora dos padrões da sua palavra. Às</p><p>vezes, as pessoas olham para sua prosperidade mate-</p><p>rial e para seu “culto ritual” e mesmo vivendo em injus-</p><p>tiça e insensibilidade social, acham que são abençoados</p><p>por Deus e que está tudo bem, tudo tranquilo. Mas, o</p><p>ímpio obstinado em sua injustiça e insensibilidade deve</p><p>lembrar que Deus promove ao seu devido tempo a sua</p><p>justiça e nos cobra a conta de nossas atitudes.</p><p>O capítulo 6 de Amós trata da luxúria e da impie-</p><p>dade dos israelitas e do castigo que lhes sobreviria, pas-</p><p>sando daqueles que tinham religião sem Deus àqueles</p><p>que tinham riquezas sem Deus. A religião de Israel se</p><p>desviara nos dois pontos centrais: teologia e ética. Eles</p><p>mudaram a doutrina e corromperam a ética. Tornaram-</p><p>74 Estudos Bíblicos</p><p>-se apóstatas, bandeando para o sincretismo e, por con-</p><p>seguinte, perdendo os valores morais absolutos. Em vez</p><p>de buscar agradar a Deus, o povo buscava agradar a</p><p>si mesmo. Em vez de amar a justiça, o povo entregou-</p><p>-se à violência. Agora, Deus anuncia seu justo juízo à</p><p>nação. Essas palavras de Amós foram cumpridas em</p><p>pouco tempo depois. Israel foi invadida pela Assíria, o</p><p>povo todo levado cativo e a vergonha se abateu sobre</p><p>esta nação.</p><p>É certo que devemos considerar sempre a bon-</p><p>dade e a misericórdia de Deus, mas é certo que deve-</p><p>mos considerar também a sua justiça.</p><p>Amós termina sua profecia com a promessa mara-</p><p>vilhosa de que Israel será plantado, protegido e jamais</p><p>voltará a ser arrancado de sua terra, “diz o Senhor, teu</p><p>Deus”. Teu Deus! Que grande estímulo para os judeus</p><p>saber que, apesar de sua incredulidade, seu Deus lhes</p><p>será fiel e cumprirá suas promessas da aliança.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Em resumo, o livro de Amós nos deixa claro que</p><p>o nosso Deus requer do seu povo justiça, bondade e</p><p>equidade e entende que esta é a verdadeira adoração. O</p><p>culto a Deus não pode ser apenas centrado em rituais. O</p><p>culto a Deus deve estar totalmente ligado aos preceitos</p><p>da sua lei, e esta nos responsabiliza a termos atitudes</p><p>voltada para o nosso próximo, principalmente os menos</p><p>favorecidos. Mais do que mãos levantadas, ou ofertas,</p><p>Deus quer um coração voltado a compartilhar com aque-</p><p>les que são desprovidos materialmente. Quando esque-</p><p>cemos isto, nos esquecemos da lei, nos esquecemos de</p><p>Deus e estamos sujeitos a sua justiça!</p><p>www.ib7.org 75</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1) Quem era Amós? Qual a profissão dele antes de seu</p><p>chamado profético? (1:1)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>2) Quem era rei de Judá e Israel respectivamente nos</p><p>dias do ministério de Amós? Qual era a condição eco-</p><p>nômica do estado de Israel nos dias do ministério de</p><p>Amós? (1:1-2)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>3) A expressão “por três transgressões de.... e por</p><p>quatro”, aparece diversas vezes, qual o significado dela?</p><p>Que nações são alvos da profecia? Que condenação é</p><p>dada a cada uma delas? (1:3-2:16)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>4) O que Amós quis dizer quando chamou as mulheres</p><p>de “vacas de Basã”? (4:1-13)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>5) Em que sentido, o culto prestado por Israel estava fora</p><p>dos preceitos da lei? O que podemos aprender disso</p><p>76 Estudos Bíblicos</p><p>com relação ao culto que nós oferecemos a Deus em</p><p>nossos dias?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>6) Qual foi a atitude do sacerdote Amazias depois de</p><p>ouvir a profecia de Amós? (7:1-17)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>7) Qual evento marca o cumprimento da profecia de</p><p>Amós sobre o juízo que viria sobre Israel?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>8) Que tipo de fome Deus enviaria sobre a terra? (8:1-</p><p>14)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>9) Qual a profecia final do livro de Amós? (9:1-15)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>www.ib7.org 77</p><p>Pr. Emanuel Lourenço da Silva</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – Gênesis 25:22,23</p><p>Existem certas situações registradas na Bíblia que</p><p>não compreendemos com exatidão seus significados e,</p><p>então, fica aquela velha afirmação: “Deus sabe de todas</p><p>as coisas”. A vida destas duas crianças, ainda no ventre</p><p>de sua mãe, iriam seguir as diretrizes traçadas por Deus.</p><p>Deus disse a Moisés: “Terei misericórdia de quem eu quiser</p><p>ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter</p><p>compaixão” (Êx 33:19, NVI). A vontade do Senhor é sobe-</p><p>rana e somos inseridos em diversas situações da vida para</p><p>que tenhamos a oportunidade de fazer a melhor escolha.</p><p>Esaú e sua descendência não fizeram a escolha que Deus</p><p>esperava deles. O lugar em que você está agora é a sua</p><p>atual oportunidade de ser aprovado no plano divino e são</p><p>suas escolhas que atrairão os olhares do Senhor.</p><p>Segunda-feira – Salmo 137:7</p><p>O Salmo 137 foi um cântico escrito na Babilônia,</p><p>uma lembrança do que Judá passou e um clamor repleto</p><p>de desejo de vingança. Era-lhes pedido que cantassem</p><p>seus cânticos. Mas como entoar cânticos ao Senhor em</p><p>terra estranha? Enquanto Jerusalém era assolada pelos</p><p>babilônios e sofriam em suas mãos durante a devastação</p><p>final de sua queda, os edomitas, descendência de Esaú e</p><p>eternos inimigos de Judá, tripudiavam sobre os filhos de</p><p>Jacó. Além de zombar, Edom também roubava e matava</p><p>os judeus em fuga. Então, os judeus clamavam pela liber-</p><p>tação e consolação de Jerusalém e entre os seus muitos</p><p>pedidos havia o de punição aos edomitas por tudo o que</p><p>78 Estudos Bíblicos</p><p>passaram. Como diz a palavra de Deus: “A mim pertence</p><p>a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor” (Hb 10:30)</p><p>Terça-feira – Oséias 8:7</p><p>Israel tinha de aprender as lições da causa e efeito, e</p><p>para isso Deus usou um bem conhecido adágio da seme-</p><p>adura e colheita: “Eles semeiam vento e colhem tempes-</p><p>tade”. O conceito de semear e de colher é usado com fre-</p><p>quência nas Escrituras com relação à conduta. Em sua</p><p>idolatria e alianças políticas, os israelitas tentavam lançar</p><p>sementes que produzissem uma boa colheita, mas esta-</p><p>vam apenas semeavam vento e ceifariam tormentas. A</p><p>imagem de semear e de colher continua no retrato de</p><p>uma colheita de trigo arruinada. Os governantes de Israel</p><p>acharam que sua adoração a Baal e suas alianças com</p><p>estrangeiros produziriam uma boa colheita de paz e pros-</p><p>peridade, mas quanto chegou o tempo da colheita, não</p><p>havia nada para ceifar. Como disse o apóstolo Paulo: “Não</p><p>vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o</p><p>homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7).</p><p>Quarta-feira – Naum 1:3</p><p>O simples fato de o Senhor Deus ser tardio em irar-</p><p>-se não significa que ele não o faça. O Senhor se cansou</p><p>dos pecados de Israel, pois era um povo contumaz no</p><p>pecado, quer dizer, um povo que antes de esquecer-se de</p><p>uma falha e de sua disciplina, seus pés já corriam para</p><p>o mal como se nada tivesse acontecido. Demorou muitos</p><p>anos até que o Senhor castigasse o povo com o exílio,</p><p>para que pudessem ver que ele realmente os amava.</p><p>Não podemos ser displicentes quanto aos mandamentos,</p><p>sempre haverá consequência por nossos atos, por mais</p><p>que às vezes julguemos como meros fatos da vida, deve-</p><p>www.ib7.org 79</p><p>mos analisar se o que estamos passando são verdadeira-</p><p>mente provas ou se são resultado de nossa infidelidade.</p><p>Quinta-feira – Gálatas 6:7-10</p><p>Por determinação divina, colhemos o que plantamos.</p><p>Se não fosse por essa lei, o princípio de causa e efeito não</p><p>teria como funcionar. O agricultor que semeia trigo espera</p><p>colher trigo. Se isso não acontecesse, o caos tomaria conta</p><p>do mundo. Mas Deus também diz que devemos ter cui-</p><p>dado onde semeamos, e é desse princípio que Paulo trata</p><p>nesta passagem. O apóstolo considera os bens materiais</p><p>as sementes, e vê dois tipos possíveis de solo: a carne e o</p><p>Espírito. Podemos usar os bens materiais para promover a</p><p>carne ou para promover as coisas do Espírito. No entanto,</p><p>uma vez que terminamos de semear, não se pode mudar</p><p>a colheita.</p><p>Sexta-feira – Hebreus 2:1-5</p><p>O assunto em foco é a salvação anunciada pelo pró-</p><p>prio Senhor Jesus, e que nos foi transmitida por aqueles</p><p>que com ele estiveram, ou seja, seus apóstolos. O autor</p><p>da carta aos Hebreus diz que precisamos prestar muita</p><p>atenção a estas verdades, porque senão podemos nos</p><p>desviar delas. De fato, quem não vive na palavra de Deus</p><p>coloca-se no perigo de desviar-se do caminho certo, de</p><p>debilitar-se na vida espiritual e tornar-se vítima de here-</p><p>sias. Quem se subtrai à palavra de Deus, quem se rebela</p><p>contra a sua vontade, quem transgride propositadamente</p><p>a sua ordem, é atingido pelo justo castigo, num tempo e</p><p>numa proporção que estão reservados exclusivamente ao</p><p>seu arbítrio. O julgamento de Deus pode até não suceder</p><p>imediatamente à transgressão do ser humano, mas com</p><p>certeza o atingirá.</p><p>80 Estudos Bíblicos</p><p>Sábado – Romanos 2:1-11</p><p>Nesta passagem Paulo se dirige diretamente aos</p><p>judeus. Os judeus criam que Deus eliminaria os pagãos</p><p>por causa de seus pecados, mas nem por um momento</p><p>imaginavam que eles estavam sob uma condenação</p><p>semelhante. Eles pensavam ocupar uma posição privile-</p><p>giada perante os olhos de Deus. Ele podia ser o juiz dos</p><p>pagãos, mas era o protetor especial dos judeus. Então,</p><p>Paulo aponta enfaticamente aos judeus que eles são tão</p><p>pecadores quanto os gentios; assim quando o judeu con-</p><p>dena o gentio está condenando a si mesmo; o fato de ser</p><p>racialmente judeu não o salvará certamente do juízo; ele</p><p>será julgado não por sua herança racial, mas sim pelo tipo</p><p>de vida que ele próprio tenha vivido. Paulo está, pratica-</p><p>mente, dizendo aos judeus: “Não pensem que o fato de</p><p>Deus não castigá-los seja um sinal de que não os pode</p><p>castigar”. Amados, o fato de que o pecado não seja seguido</p><p>imediatamente pelo castigo de Deus não é demonstração</p><p>de sua impotência. Cuidado!</p><p>www.ib7.org 81</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O livro de Obadias revela uma mensagem curta e</p><p>poderosa da parte de Deus a Edom. O profeta mostra que</p><p>os pecados que mais iraram a Deus foram as atitudes de</p><p>egoísmo e orgulho de Edom contra Israel. Portanto, o</p><p>livro representa um dramático exemplo da resposta de</p><p>Deus a qualquer um que maltrate seus filhos e que ele</p><p>retribui as ações arrogantes do homem no devido tempo.</p><p>Obadias é o menor livro do Antigo Testamento, com</p><p>apenas 21 versículos. O fato de ser o menor não signi-</p><p>fica que é menos importante. Há lições grandiosas con-</p><p>tidas neste livro e que precisam ser exploradas. Há aler-</p><p>tas solenes que precisam ser ouvidos. Há juízos severos</p><p>que precisam ser evitados. O livro de Obadias tem uma</p><p>mensagem urgente, oportuna e necessária para a famí-</p><p>lia, para a igreja e para as nações.56</p><p>Quando a Igreja sofre nas mãos de seus inimigos,</p><p>ela precisa voltar-se para a profecia de Obadias e reno-</p><p>var a sua fé no Deus justo ali revelado. Ele se preocupa</p><p>com o seu povo perseguido e, por trás das circunstân-</p><p>cias presentes, sempre trabalha por ele.</p><p>56 LOPES, Hernandes Dias. Obadias e Ageu: uma mensagem urgente de Deus à</p><p>igreja contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2008, p. 12.</p><p>OBADIAS</p><p>O PRINCÍPIO</p><p>DA RETRIBUIÇÃO</p><p>Pr. Daniel Miranda Gomes</p><p>02 de Agosto de 2014</p><p>5</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Porque o dia do Senhor está perto, sobre todas</p><p>as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; a</p><p>tua maldade cairá sobre a tua cabeça”. (Ob 1:15)</p><p>82 Estudos Bíblicos</p><p>AUTORIA E DATAÇÃO</p><p>Além do nome do profeta, que significa “servo do</p><p>Senhor” ou “adorador do Senhor”, nada mais se sabe</p><p>sobre Obadias, e as poucas tradições que falam sobre</p><p>ele não são dignas de confiança.57 Esse era um nome</p><p>bastante comum no Antigo Testamento, sendo que há</p><p>pelo menos outros 12 homens assim chamados, quatro</p><p>deles relacionados ao ministério no templo (1Cr 9:16;</p><p>2Cr 34:12; Ne 10:5; 12:25), mas nenhum corresponde</p><p>ao profeta cuja obra foi preservada.58 Portanto, o profeta</p><p>em tela não se confunde com o Obadias de 1 Reis 18:3-</p><p>16.</p><p>Embora Obadias seja um livro minúsculo, muitos</p><p>eruditos creem que não foi um único autor que o produ-</p><p>ziu por inteiro, e que partes do livro vieram de diferentes</p><p>épocas. A maioria dos eruditos, entretanto, defende que</p><p>Obadias é o autor do livro.59</p><p>Existe um problema muito sério com respeito ao</p><p>período da redação da “visão de Obadias”. Segundo</p><p>indícios internos do livro, sabe-se que ele estava na</p><p>cidade de Jerusalém quando os edomitas participaram</p><p>do ataque contra a cidade e maltrataram os sobrevi-</p><p>ventes dessa investida invasora (vv. 10-14). Entretanto,</p><p>os estudiosos não apresentam um consenso quanto à</p><p>época em que ocorreram estes acontecimentos. A ideia</p><p>tradicional é que essas colocações dizem respeito à</p><p>invasão de Judá e à destruição de Jerusalém por Nabu-</p><p>57 O nome Obadias é um composto de ‘obed, “servo”, e yâ, uma forma abreviada</p><p>do nome de quatro letras YHWH, pronunciado adonay pelos judeus piedosos, e tra-</p><p>duzido para Senhor ou Jeová nas versões bíblicas.</p><p>58 ELLISEN, Stanley A. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida,</p><p>1992, p. 293.</p><p>59 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por</p><p>versículo, v. 5. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 3537.</p><p>www.ib7.org 83</p><p>codonosor, em 586 A.C.60 De acordo com o salmista, os</p><p>edomitas encorajaram os babilônios quando o exército</p><p>de Nabucodonosor destruiu a cidade santa (Sl 137:7),</p><p>mas não há nenhuma evidência de que os edomitas</p><p>tenham, de fato, entrado em Jerusalém naquela ocasião,</p><p>nem tentado impedir os judeus de fugir.61</p><p>Entretanto, outros estudiosos do Antigo Testamento</p><p>acreditam na possibilidade de que esse evento narrado</p><p>por Obadias possa ser colocado em uma data anterior.</p><p>Segundo eles, houve quatro invasões significativas de</p><p>Jerusalém: a primeira foi realizada por Siraque em 926</p><p>a.C (1Re. 11:14-25); a segunda pelos filisteus e árabes,</p><p>entre 848-841 A.C., durante o governo do fraco rei</p><p>Jeorão (2Cr. 21:8-10, 16-17; Jl 3:3-6; Am 1:6); a terceira</p><p>pelo rei Jeoás de Israel, durante o governo de Amazias,</p><p>rei de Judá, em 790 A.C. (2Re. 14:11-14); a quarta pela</p><p>Babilônia entre 606-586 A.C. (2Re. 24-25).62 Para estes,</p><p>o melhor é situar a redação do livro no reinado de Jeorão</p><p>(853-841 A.C.).</p><p>CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS</p><p>Após o complexo título do versículo 1, o livro pode</p><p>ser subdividido, tanto sob o aspecto temático quanto</p><p>formal, em duas partes.</p><p>Na primeira seção (vv. 2-15) Deus faz, por meio do</p><p>profeta, o anúncio do juízo contra Edom, e exige deste</p><p>uma prestação de contas por sua soberba originada de</p><p>sua segurança geográfica, e por ter-se regozijado com</p><p>a derrota de Judá. O juízo divino vem sobre eles. Da</p><p>sua posição de soberba e falsa segurança, Deus irá</p><p>60 ROBINSON, D.W.B. O novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2002, p.</p><p>867.</p><p>61 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 4.</p><p>Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006, p 460.</p><p>62 RYRIE, Charles C. A Bíblia anotada. São Paulo: Mundo Cristão, 1994, p. 1123.</p><p>84 Estudos Bíblicos</p><p>derribá-lo (vv. 2-4). A terra e o povo serão saqueados</p><p>e espoliados (vv. 5-9). Por quê? Por causa da violência</p><p>que Edom praticou contra seu irmão Jacó (v. 10), porque</p><p>se regozijou com o sofrimento de Israel e juntou-se com</p><p>seus atacantes para roubar e violar Jerusalém no dia da</p><p>sua calamidade (vv. 11-13) e porque impediram a fuga</p><p>do povo de Judá e os entregou aos invasores (v. 14). A</p><p>segunda seção (vv. 15-21) refere-se ao dia do Senhor,</p><p>quando Edom será destruído juntamente com todos os</p><p>inimigos de Deus, ao passo que o povo escolhido (Sião</p><p>e Israel), será salvo, e seu reino triunfará. Apesar do jul-</p><p>gamento pelo qual Israel passou, Obadias deixou claro</p><p>que a nação se ergueria novamente, e que possuiria a</p><p>terra dos filisteus e dos edomitas, e que iria se alegrar</p><p>com o reino do Senhor (vv. 19-21).63</p><p>Os nove primeiros versículos deste livro fazem</p><p>paralelo íntimo com partes de Jeremias 49, embora a</p><p>sequência do material seja diferente (cf. vv. 1-4 c/c Jr</p><p>49:14-16; vv. 5,6 c/c Jr 49:9,10; vv. 8,9 c/c Jr. 49:7-22).</p><p>A questão é: Qual o profeta que usou o outro? Talvez, o</p><p>mais aceitável é que ambos os escritores usaram uma</p><p>profecia anterior e bem conhecida. Sem dúvida que a</p><p>atual disposição deste livro é obra de Obadias e que se</p><p>trata de um oráculo do Senhor (v. 1).64</p><p>CONTEXTO HISTÓRICO</p><p>Para que se possa entender o livro de Obadias, é</p><p>preciso entender o contexto em que o profeta está inse-</p><p>rido.</p><p>63 ZENGER, Erich. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2003, p.</p><p>493.</p><p>64 PFEIFFER, Charles F. Comentário bíblico Moody: Gênesis a Malaquias, v. 1. São</p><p>Paulo: Editora Batista Regular, 2012, p. 2019.</p><p>www.ib7.org 85</p><p>Jacó e Esaú, os dois filhos de Isaque, tiveram des-</p><p>cendentes que, séculos mais tarde, formaram as nações</p><p>de Judá e Edom. As relações entre estas duas nações</p><p>sempre foram marcadas de grande hostilidade. A inimi-</p><p>zade começou quando os dois irmãos gêmeos Esaú e</p><p>Jacó se dividiram em disputa (cf. Gn 27:32-33). Os des-</p><p>cendentes de Esaú se estabeleceram numa área cha-</p><p>mada Edom, situada ao sul do mar Morto, enquanto os</p><p>descendentes de Jacó destinaram-se à terra prometida,</p><p>Canaã, e se tornaram o povo de Israel. Assim é que</p><p>Esaú é chamado de “o pai dos edomitas” (Gn 36:9).</p><p>Com o passar dos anos, numerosos conflitos se</p><p>desenvolveram entre os edomitas e os israelitas. Essa</p><p>amarga rivalidade forma o fundo histórico da profecia</p><p>de Obadias. Ao longo do período de cerca de 20 anos</p><p>(605-586 A.C.), os babilônios invadiram a terra de Israel</p><p>e fizeram repetidos ataques à Jerusalém, a qual foi final-</p><p>mente devastada em 586 A.C. Os edomitas viram essas</p><p>incursões como uma oportunidade para eliminar sua</p><p>amarga sede contra Israel e se juntaram aos babilônios</p><p>contra seus parentes e ajudaram a profanar a terra de</p><p>Israel.</p><p>Os edomitas passaram a ser chamados de “idu-</p><p>meus” em 126 A.C. Herodes, o Idumeu, conquistou</p><p>Jerusalém em 37 A.C., e se tornou rei da palestina. Eles</p><p>sempre mostraram seu desprezo pelos judeus quando</p><p>os governaram, autorizados pelos romanos. Herodes, o</p><p>Grande, perseguiu a Jesus (Mt 2:16). A seguir, Herodes</p><p>Antipas perseguiu João Batista (Lc 3:19). Herodes Agripa</p><p>I perseguiu a igreja (At 12:1), e Atos 26 nos mostra o</p><p>encontro entre Herodes Agripa II e o apóstolo Paulo. No</p><p>ano 70 D.C., Jerusalém foi destruída pelos romanos; à</p><p>sua frente estavam membros da família herodiana (edo-</p><p>mita). Os judeus foram dispersos e os edomitas aca-</p><p>baram liquidados pelos romanos. Desapareceram para</p><p>86 Estudos Bíblicos</p><p>sempre, cumprindo-se o que disse Obadias: “Ninguém</p><p>mais restará da casa de Esaú” (v. 18). Os edomitas</p><p>nunca mais se reergueram desde então.65</p><p>MENSAGEM PRINCIPAL</p><p>Como descendentes de Esaú (Gn 25:19-27:45), os</p><p>edomitas tinham um parentesco de sangue com Israel e</p><p>eram guerreiros robustos, impetuosos e orgulhosos.</p><p>Per-</p><p>tenciam a uma nação que, por estar no alto da montanha,</p><p>parecia ser invencível. De todos os povos, deveriam ser</p><p>os primeiros a se apressar para ajudar seus irmãos do</p><p>Norte, Israel. Entretanto, ao contrário, apreciavam com</p><p>maligna satisfação os problemas de Israel, capturavam</p><p>e devolviam os fugitivos ao inimigo e até saqueavam os</p><p>seus campos. Por causa de sua indiferença em relação</p><p>a Deus, por terem-no desafiado, e também pelo orgulho,</p><p>covardia e traição aos seus irmãos de Judá, os edomitas</p><p>foram condenados e destruídos. Este é o princípio da</p><p>retribuição.</p><p>A mensagem de Obadias é um brado de Deus às</p><p>nações, às instituições humanas, às igrejas, alertando</p><p>a todos nós que Deus resiste ao soberbo, e o mal que</p><p>praticamos contra os outros cairá sobre nossa própria</p><p>cabeça.</p><p>O núcleo da profecia de Obadias é dirigido aos</p><p>edomitas, por estarem sob o juízo de Deus em virtude</p><p>da crueldade para com Israel nos dias do seu sofrimento</p><p>(v. 10). Os crimes de Edom são citados na ordem de</p><p>progressão do seu horror (vv. 11-14). Porém, o Senhor</p><p>não permitirá que fique sem castigo o que Edom fez, e o</p><p>que os edomitas fizeram vai cair sobre as suas próprias</p><p>cabeças. No entanto, Obadias progride do geral para o</p><p>particular, do juízo de Deus sobre Edom para o “dia do</p><p>65 PEARLMAN, Meyer. Através da Bíblia. São Paulo: Vida, 1987, p. 153.</p><p>www.ib7.org 87</p><p>Senhor”, que vai significar o seu juízo sobre todas as</p><p>nações, inclusive Israel, e o estabelecimento do reino do</p><p>Senhor (v. 21).</p><p>Para uma melhor análise da profecia bíblica, o uso</p><p>da expressão “dia do Senhor” precisa ser considerado.</p><p>Amós 5:18-20, a primeira passagem onde encontramos</p><p>seu uso no sentido mais abrangente, demonstra que esta</p><p>expressão já fora padronizada no vocabulário popular.</p><p>Para o povo hebreu, o “dia do Senhor” significava o</p><p>dia quando Yahweh haveria de intervir, a fim de colocar</p><p>Israel acima das demais nações, independente da fide-</p><p>lidade de Israel para com Ele. Acreditavam que nesse</p><p>dia, Yahweh se ergueria para desbaratar todos os seus</p><p>inimigos e salvar Israel de um modo espetacular. Entre-</p><p>tanto, Amós declara que o dia do Senhor significa juízo</p><p>também para Israel. O que Amós acrescentou ao termo</p><p>não foi a ideia de um julgamento qualquer, mas sim a de</p><p>um julgamento moral. Outros profetas, conscientes dos</p><p>pecados de outras nações, como também dos de Israel,</p><p>declararam que o dia do Senhor virá contra nações</p><p>específicas como castigo por terem subjugado o povo</p><p>de Deus, podendo-se destacar a Babilônia (Is 13:6, 9), o</p><p>Egito (Jr 46:10), Edom (Ob 15), e muitas nações (Jl 2:31;</p><p>3:14; Ob 15).66</p><p>EDOM, O PROFANO</p><p>Ao trocar sua herança por um prato de lentilhas,</p><p>Esaú demonstrou seu desprezo pelas coisas espirituais</p><p>(Gn 25:30; Hb 12:16). Alguém já disse que essa foi a</p><p>refeição mais cara da história. Por ser um homem pro-</p><p>fano, era materialista. Os valores espirituais não tinham</p><p>66 PERRUCI, Eliézer de Souza et al. O dia do Senhor: uma teologia bíblica da</p><p>perspectiva profética. 53fls. Monografia. Seminário Bíblico Palavra da Vida, Atibaia,</p><p>2003, p. 4.</p><p>88 Estudos Bíblicos</p><p>importância para ele. Essa mesma atitude é seguida</p><p>por seus descendentes, que também se tornaram pro-</p><p>fanos e materialistas. Embora tivessem divindades,</p><p>foram essencialmente irreligiosos, vivendo para comer,</p><p>saquear e vingar-se.67</p><p>Obadias descreve Edom como um povo orgulhoso</p><p>(v. 3), violento (v. 10), pronto para regozijar-se com a</p><p>desventura de um irmão (v. 12), e matando traiçoeira-</p><p>mente fugitivos (v. 14). Edom fará uma colheita amarga</p><p>de seus atos truculentos e será submetido a julgamento</p><p>(vv. 2,3,7,8) e, apesar disso, será possuído e governado</p><p>por Yahweh (vv. 19-21).68</p><p>Edom habitava no monte Seir, uma cordilheira de</p><p>montanhas rochosas. Ali estava a capital Petra, a inex-</p><p>pugnável cidade edomita. Do alto de suas rochas escar-</p><p>padas, os edomitas se vangloriavam de colocar o seu</p><p>ninho entre as estrelas (v. 4). Jamais aquela fortaleza</p><p>havia sido saqueada. Eles se sentiam seguros, blinda-</p><p>dos por uma fortaleza natural. Mas Deus diz por meio do</p><p>profeta Obadias que, ainda que eles colocassem o seu</p><p>ninho entre as estrelas, de lá seriam derrubados (v. 4).</p><p>A soberba é a sala de espera do fracasso. Onde o</p><p>orgulho levanta sua bandeira, a derrota fragorosa é ine-</p><p>xoravelmente imposta. A arrogante cidade dos edomitas</p><p>foi tomada, seus bens foram saqueados, seu povo foi</p><p>disperso e eles colheram exatamente o que plantaram.</p><p>O mal que eles despejaram sobre a cabeça dos judeus</p><p>caiu sobre a sua própria cabeça. Assim como o povo de</p><p>Edom foi destruído por causa de seu orgulho, todos os</p><p>que desafiam a Deus também serão aniquilados.69</p><p>67 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 16.</p><p>68 GRONINGEN, Gerard Van. Revelação messiânica do Velho Testamento. Campi-</p><p>nas, SP: Luz para o Caminho, 1995, p. 421.</p><p>69 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 24,25.</p><p>www.ib7.org 89</p><p>A RETRIBUIÇÃO DIVINA</p><p>Retribuição significa “pagar na mesma moeda”.</p><p>Tal princípio acha-se na Lei de Moisés (Êx 21:23-25; Lv</p><p>24:16-22; Dt 19:21). Os pecados de Edom foram orgulho</p><p>e crueldade. A soberba econômica e política, associada</p><p>a uma posição geográfica privilegiada fez dos edomi-</p><p>tas um povo altivo e soberbo. Além da soberba, Edom</p><p>entregou-se à crueldade, associando-se aos caldeus</p><p>na matança do povo de Judá, seus parentes chegados.</p><p>Essa atitude abriu feridas no coração de seus irmãos e</p><p>também atingiu o coração de Deus. A retribuição divina</p><p>não se fez esperar. O mal que Edom fez a Judá caiu</p><p>sobre a sua própria cabeça.</p><p>A vida é uma semeadura e, por isso, colhemos o</p><p>que plantamos. Aqueles que plantam o mal colhem o</p><p>mal. Aqueles que semeiam vento colhem tempestade.</p><p>Aqueles que semeiam na carne, da carne colhem cor-</p><p>rupção. Aquilo que fazemos aqui determinará nosso</p><p>destino amanhã. Querer fazer o mal e receber o bem</p><p>é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba (Gl 6:7).</p><p>O castigo de Edom foi profetizado por Obadias de</p><p>forma segura: “... porque o Senhor o falou” (v. 18). Essa</p><p>expressão é como a assinatura do Eterno, que afirma a</p><p>verdade da profecia. Uma vez que Yahweh falou, essas</p><p>declarações têm autoridade e são seguras.</p><p>Edom não agiu com urbanidade nem com frater-</p><p>nidade em relação aos judeus. Eles olhavam para os</p><p>judeus como inimigos. Não defenderam seus irmãos</p><p>nem choraram pela tragédia que sobre eles se abateu.</p><p>Antes, vibraram com sua ruína e participaram de sua</p><p>pilhagem. Esse gesto não apenas fez amargar a vida</p><p>dos judeus, mas provocou a ira de Deus. Foi a quebra</p><p>90 Estudos Bíblicos</p><p>desse princípio do amor fraternal que levou Edom à sua</p><p>derrota final e definitiva.70</p><p>A derrota de Edom não procede de homens, mas</p><p>de Deus. Sua sentença de morte não foi lavrada num</p><p>tribunal da terra, mas no tribunal do céu. A inescapabili-</p><p>dade de sua derrota não se deve ao juízo dos homens,</p><p>mas à sentença de Deus, que é irrevogável e inapelável</p><p>(v. 18). Não há um tribunal superior a quem recorrer. O</p><p>tribunal de Deus é a última instância, e sua sentença é</p><p>definitiva e final. Insurgir-se contra Deus e contra seu</p><p>povo é marchar rumo a uma derrota inevitável, inexorá-</p><p>vel e irreversível.</p><p>Em 312 A.C., os árabes nabateus expulsaram os</p><p>edomitas do seu reduto próximo ao mar Vermelho, cap-</p><p>turando a capital dos idumeus, Sela, e rebatizando-a</p><p>como Petra. Segundo a profecia de Obadias, os seus</p><p>descendentes vieram a se estabelecer no Neguebe e,</p><p>por meio de casamentos com outros povos, tornaram-se</p><p>os idumeus. Herodes, o Grande, veio desta linhagem,</p><p>de modo que nela e em Jesus podemos ver, por outro</p><p>ângulo, a luta e o contraste entre edomitas e israelitas.</p><p>Em 70 d.C, Tito destruiu tanto os idumeus (edomitas)</p><p>como os israelitas, fazendo os primeiros desaparecer</p><p>definitivamente da história.71</p><p>Os edomitas pensaram que estavam ajudando a</p><p>colocar uma pá de cal sobre Judá. Eles pensaram que</p><p>a Babilônia estava no controle da situação e que eles</p><p>eram seus coadjuvantes na empreitada de destruir Jeru-</p><p>salém. Mas as rédeas da história não estão nas mãos</p><p>dos poderosos deste</p><p>mundo. Quem está assentado na</p><p>sala de comando do universo é o Deus Todo-poderoso.</p><p>É Deus quem conduz a história para o seu fim glorioso,</p><p>quando seu povo será exaltado e glorificado.72</p><p>70 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 25,26.</p><p>71 FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Rio de Janeiro: Juerp,</p><p>1979, p. 117.</p><p>72 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 28.</p><p>www.ib7.org 91</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Deus julgará e punirá com rigor a todos os que</p><p>maltratarem seu povo. Podemos confiar em sua vitória</p><p>final. Ele é nosso defensor e podemos ter a certeza de</p><p>que fará com que a verdadeira justiça prevaleça. Todos</p><p>os que são orgulhosos um dia ficarão perplexos ao des-</p><p>cobrirem que ninguém está isento da justiça divina. Não</p><p>podemos desafiar as leis naturais, muito menos ignorar</p><p>as espirituais, sem sairmos ilesos. A retribuição é inevi-</p><p>tável.</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Qual o significado do nome Edom? Qual a sua origem?</p><p>De quem esse povo descendia? Como era a relação dos</p><p>edomitas com o povo judeu?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Como foram os Preparativos do assédio a Edom ou</p><p>ataque ao mesmo? (v.1)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>3. Como foi profetizado o rebaixamento de Edom? Como</p><p>era o orgulho de Edom que o levou à ruína? (vv. 2-5)</p><p>92 Estudos Bíblicos</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>4. Por que Deus restituiu a Edom o mal que causara e</p><p>que desejara a Israel? (vv. 7-11)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>5. Obadias mostra que a lei da semeadura e o princí-</p><p>pio da retribuição constituem uma realidade da qual nin-</p><p>guém escapará. O que significa retribuição e por que</p><p>Edom a conheceu? A que se refere a expressão “o dia</p><p>do Senhor”? (vv. 12-15)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>6. Os edomitas beberam e alegraram-se com a desgraça</p><p>de seus irmãos. Qual o castigo reservado para Edom? A</p><p>que se refere a simbologia Esaú e Jacó? De quem será</p><p>o reino? (vv. 16-20).</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>www.ib7.org 93</p><p>Pr. Emanuel Lourenço da Silva</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – Salmos 85</p><p>É reconfortante a fé que vemos no salmista, ao dizer</p><p>que, não importa o quão profundo sejam as trevas deste</p><p>mundo, nada poderá esconder-nos da face do Senhor;</p><p>não importa quão injusto é o mundo, Deus julgará com</p><p>equidade; e que em meio ao arrependimento existe o</p><p>perdão e misericórdia. Poucos entendem o real valor do</p><p>Gólgota, das afrontas e zombarias que Jesus sofreu.</p><p>Quando questionados, só sabemos dizer que foi para</p><p>nos salvar. Mas há muito mais. Segundo Paulo, Jesus</p><p>subiu triunfante para as alturas, levou cativos muitos</p><p>prisioneiros, e deu dons aos homens, para o louvor de</p><p>sua glória (Ef 4:8). O maior sinônimo da palavra “jus-</p><p>tiça” é Jesus. Grandes maravilhas recebem aqueles que</p><p>ousam confiar.</p><p>Segunda-feira – Jeremias 33:1-9</p><p>Jeremias estava na prisão, quando Deus lhe reve-</p><p>lou o futuro de Israel. Pelo fato de Jeremias ter pedido ao</p><p>Senhor que o ensinasse, ele mostrou-lhe “coisas ocul-</p><p>tas” referentes ao futuro de seu povo. A palavra tradu-</p><p>zida como “oculta” retrata uma cidade invencível, escon-</p><p>dida atrás de muros altíssimos. A ideia é que o povo de</p><p>Deus não aprende as coisas ocultas e Deus com suas</p><p>próprias forças, mas sim o buscando por meio da oração</p><p>de fé. Aqui está o plano de Deus para o futuro do seu</p><p>povo: a nação contaminada seria curada e purificada (vv.</p><p>6-8), e a cidade infame traria alegria e honra ao Senhor,</p><p>94 Estudos Bíblicos</p><p>tornando-se um testemunho, para todas as nações, da</p><p>maravilhosa graça e bondade do Senhor (v. 9). De uma</p><p>coisa podemos ter certeza: Deus não rejeitou o seu</p><p>povo, Israel, e ele não nos rejeitará.</p><p>Terça-feira – Números 14:13-19</p><p>É magnífico o poder da intercessão, e por isso a</p><p>importância de não negligenciarmos a oração uns pelos</p><p>outros. Podemos, assim como Moisés, atrair a atenção e</p><p>o poder de Deus para as almas que necessitam da sal-</p><p>vação. Como o mundo em que vivemos jaz no maligno,</p><p>o povo de Israel também merecia a morte. Tentaram ao</p><p>Senhor e pecaram contra quem realmente os amava. E</p><p>se não fosse pela intercessão de Moisés, eles teriam</p><p>sido de todo destruídos. Tiago nos ensina a confessar as</p><p>nossas culpas uns aos outros, e orar uns pelos outros,</p><p>para que sejamos curados. O nosso Deus é rico em</p><p>misericórdia e tardio em irar-se. Então porque às vezes</p><p>não aproveitamos que temos livre acesso a ele para</p><p>pedir pelo próximo? As maiores batalhas se vencem de</p><p>joelhos, e para falar com Deus é necessário que che-</p><p>guemos com humildade e temor, assim como Moisés,</p><p>e a exemplo dele confiar na infinita bondade do senhor.</p><p>Quarta-feira – Tito 3:3-7</p><p>Não temos direito algum à salvação com base em</p><p>nossa própria justiça. Há pessoas não convertidas com</p><p>um “bom coração”, que esmolam e são caridosas, mas</p><p>que se enganam a si mesmas em relação à salvação.</p><p>Somos lavados pelo sangue de Cristo Jesus e regene-</p><p>rados pelo Espírito Santo. Oh como ele precioso! Saber</p><p>que Deus habita dentro de nós e que somos seus veí-</p><p>culos aqui na terra nos dá ainda maior responsabilidade</p><p>www.ib7.org 95</p><p>sobre a sua palavra. Devemos ser cartas vivas de Cristo,</p><p>prontas a serem lidas, porque aquilo que recebemos de</p><p>graça, isto é sua misericórdia e salvação, também deve-</p><p>mos oferecer a todos quanto pudermos, para que assim</p><p>desfrutem também de todo bem que recebemos do Pai.</p><p>Quinta-feira – 2 Pedro 2:9-10</p><p>Todos nós temos a liberdade de escolher</p><p>seja, o porta-voz da</p><p>mensagem divina. Amós diz que “certamente, o Senhor</p><p>Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu</p><p>segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3:7). Deus</p><p>sempre noticiava ao seu povo os seus planos para com</p><p>ele. Esta era uma das formas de demonstrar seu amor.</p><p>No Antigo Testamento vemos os profetas que foram</p><p>usados por Deus para trazer palavras de amor, consolo,</p><p>esperança e correção para o povo. Muitos pagaram</p><p>um alto preço por sua fidelidade em entregar a mensa-</p><p>gem do Senhor. Agradeçamos a Deus pela vida desses</p><p>servos, pois até os dias atuais essas mensagens têm</p><p>trazido consolo e alento ao nosso coração.</p><p>Segunda-feira – 2 Timóteo 3:16-17</p><p>Pedro diz que “homens santos falaram da parte</p><p>de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:20-21).</p><p>Portanto, nenhuma profecia teve origem na vontade</p><p>humana, nem foi inventada pele próprio profeta. Então,</p><p>podemos confiar que as Escrituras são fiéis e verdadei-</p><p>ras. Paulo diz que toda a Bíblia é inspirada e útil para</p><p>nos ensinar. Nós precisamos estudar e ensinar tanto o</p><p>Antigo como o Novo Testamento, para que sejamos “per-</p><p>feitamente instruídos para toda boa obra”. Jesus disse</p><p>que o Espírito Santo faria os discípulos se lembrarem de</p><p>Daisy Moitinho</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>10 Estudos Bíblicos</p><p>tudo o que lhes havia dito (Jo 14:26). Não há como se</p><p>lembrar de algo que não se conhece. Precisamos fazer</p><p>a nossa parte, ou seja, aprofundarmo-nos no conheci-</p><p>mento de toda Escritura.</p><p>Terça-feira – Romanos 15:4</p><p>Tudo o que foi escrito na Bíblia, foi escrito com o</p><p>propósito de nos ensinar como nos relacionar com Deus</p><p>e com os homens. Por meio dela conseguimos respon-</p><p>der perguntas existenciais, como de onde viemos, quem</p><p>somos e para onde vamos. Nela encontramos várias</p><p>formas literárias, tais como poesias, narrativas, histó-</p><p>rias, cânticos, profecias, etc., que nos mostram a multi-</p><p>forme graça de Deus. Nas histórias bíblicas aprendemos</p><p>com os exemplos dos personagens, às vezes exemplos</p><p>bons como a história de José, e às vezes ruins como</p><p>a história do rei Acabe. Há um antigo pensamento que</p><p>diz: “O tolo erra sempre e nunca aprende. O inteligente</p><p>erra e aprende com os seus próprios erros. Porém o</p><p>sábio aprende com os erros dos outros e não comete os</p><p>mesmos erros”. Que possamos ser sábios e aproveitar</p><p>ao máximo todos os ensinos bíblicos para nossa vida.</p><p>Quarta-feira – Mateus 11:13-15</p><p>A expressão “os Profetas e a Lei” era a maneira</p><p>judaica de se referir ao que conhecemos como Antigo</p><p>Testamento, agora encontrando cumprimento nos fatos</p><p>e na pessoa proclamados por João Batista. O Antigo</p><p>Testamento aponta para a vinda do Messias como</p><p>nosso Salvador, para nos redimir dos nossos pecados.</p><p>Muitos profetas e justos ansiaram por ver os milagres</p><p>de Jesus e ouvir seus ensinamentos, mas não o viram</p><p>nem o ouviram (Mt 13:17). Eles profetizaram e creram</p><p>www.ib7.org 11</p><p>na mensagem que o Senhor lhes deu, mas não viram a</p><p>concretização das profecias (Hb 11:39). Porém isso não</p><p>foi motivo para perderem a fé ou a esperança no Senhor.</p><p>Que possamos aprender com eles a crer na Palavra do</p><p>Senhor.</p><p>Quinta-feira – Mateus 26:47-56</p><p>Nesta passagem, são descritas as circunstân-</p><p>cias da prisão de Jesus no jardim do Getsêmani. E o</p><p>último versículo nos fala sobre uma realidade muito con-</p><p>tundente da vida de Cristo, realidade esta que estava</p><p>anunciada há milênios e que agora, enfim, cumpria-se:</p><p>“Mas tudo isto aconteceu para que se cumprissem as</p><p>Escrituras dos profetas” (v. 56). Por mais incrível que</p><p>possa parecer, isto estava anunciado desde a criação</p><p>do mundo (Gn 3:15); prenunciado por Moisés na insti-</p><p>tuição da primeira Páscoa (Êx 12); vislumbrado por Davi</p><p>em seus salmos (Sl 22); anunciado por Isaías em suas</p><p>profecias (Is 53); profetizado por Zacarias (Zc 9) e Mala-</p><p>quias (Ml 3) em suas visões do Messias, e recentemente</p><p>apontado por João Batista (Mt 3). Em o Novo Testa-</p><p>mento encontramos o cumprimento de muitas profecias</p><p>do Antigo Testamento, principalmente sobre Jesus. Isso</p><p>aumenta a nossa fé, pois sabemos que Deus é fiel e</p><p>cumprirá todas as suas promessas ao seu tempo.</p><p>Sexta-feira – Lucas 24:27</p><p>Estes dois discípulos estavam muito tristes. Todas</p><p>as expectativas que tinham colocado sobre Jesus foram</p><p>frustradas em sua morte. Talvez pensassem que fora</p><p>tudo em vão. Mesmo depois das mulheres, de Pedro</p><p>e de João terem dito que não encontraram o corpo de</p><p>Jesus no sepulcro, eles ainda não acreditavam na sua</p><p>12 Estudos Bíblicos</p><p>ressurreição e decidiram deixar o grupo. Então Jesus</p><p>vem ao encontro deles no caminho e começa a con-</p><p>versar. É importante ressaltar que Jesus usa o cumpri-</p><p>mento das profecias a seu respeito para reavivar a fé</p><p>daqueles discípulos. Isto vale para nós hoje. Quando nos</p><p>sentirmos desanimados em nossa fé, voltemo-nos para</p><p>a Palavra de Deus, pois lá veremos que o Senhor cum-</p><p>priu as suas promessas e que “Jesus Cristo é o mesmo</p><p>ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 11:8).</p><p>Sábado – Atos 26:22,23</p><p>Moisés e os profetas anunciaram a vinda do Mes-</p><p>sias para salvação da humanidade. Pregavam o que não</p><p>tinham visto acontecer, mas creram pela fé e não desis-</p><p>tiram de anunciar. A nossa mensagem não é diferente</p><p>da deles e ainda temos o privilégio de podermos mos-</p><p>trar para as pessoas que ainda não conhecem a Jesus</p><p>as profecias e o cumprimento delas. No mundo de hoje,</p><p>tudo tem que ser provado com fonte confiável. E o Senhor</p><p>Jesus providenciou tudo isso para pregarmos o Evange-</p><p>lho. Ele nos deixou os seus ensinos e os historiadores</p><p>registraram as evidências de que ele era o Deus ver-</p><p>dadeiro. Que nós, a Igreja do Senhor Jesus, tenhamos</p><p>essa mesma coragem e intrepidez que nossos irmãos</p><p>do passado tiveram em anunciar o Evangelho, indepen-</p><p>dentemente das consequências.</p><p>www.ib7.org 13</p><p>A ATUALIDADE DOS</p><p>PROFETAS MENORES</p><p>Pr. Daniel Miranda Gomes</p><p>05 de Julho de 2014</p><p>1</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Antes de tudo, saibam que nenhuma profecia</p><p>da Escritura provém de interpretação pessoal, pois</p><p>jamais a profecia teve origem na vontade humana,</p><p>mas homens falaram da parte de Deus, impelidos</p><p>pelo Espírito Santo”. (2Pe 1:20,21, NVI)</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Neste trimestre, estudaremos os chamados “Profe-</p><p>tas Menores”. Assim são conhecidos os doze menores</p><p>livros proféticos do Antigo Testamento. O fato de serem</p><p>chamados “menores” não significa que sejam inferiores</p><p>ou menos importantes, mas apenas que os rolos que os</p><p>profetas deixaram escritos não eram volumosos, quando</p><p>confrontados com os demais livros proféticos. Os estu-</p><p>diosos judeus deram um título alternativo a essa coletâ-</p><p>nea: “o Livro dos Doze”. Na forma de rolos, geralmente</p><p>eram escritos em um único volume.1</p><p>No decorrer dos estudos, veremos que, apesar de</p><p>antiquíssimos, estes livros tratam de questões relevan-</p><p>tes para os nossos dias e servem de edificação espiritual</p><p>a todo o povo de Deus. Entre os temas tratados, temos:</p><p>a família, a sociedade, a política e a espiritualidade. Na</p><p>atual conjuntura, os profetas são um verdadeiro esteio</p><p>da sabedoria divina para a Igreja de Cristo, pois nos</p><p>encorajam a militarmos pela causa de Cristo.</p><p>1 CARMO, Oídes José do. Profetas menores: instrumentos de Deus produzindo</p><p>conhecimento espiritual autêntico. Estudos Bíblicos, v. 19, n. 67, mar./jun. 2008, p. 2.</p><p>14 Estudos Bíblicos</p><p>SOBRE OS PROFETAS MENORES</p><p>Os chamados “Profetas Menores” – Oséias, Joel,</p><p>Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque,</p><p>Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias – viveram em um</p><p>período de tempo que vai do oitavo ao quinto século A.C.,</p><p>tendo sido alguns deles contemporâneos. O período</p><p>abrangeu o domínio de três potências mundiais: Assíria,</p><p>Babilônia e Pérsia. Entretanto, a mensagem anunciada</p><p>por cada um deles é ainda atual e pungente para os</p><p>nossos dias, pois traz princípios e advertências volta-</p><p>dos para questões sociais, políticas, familiares e espi-</p><p>rituais que se aplicam à realidade de cristãos de todas</p><p>as épocas, além de conterem muitas profecias relativas</p><p>ao Messias que viria, que já se cumpriram na pessoa de</p><p>Jesus Cristo, e são</p><p>o cami-</p><p>nho que queremos seguir, mas nos é aconselhado o que</p><p>é mais difícil, apertado e espinhoso. Por quê? Porque</p><p>nada que vale a pena vem fácil, e se vem também vai</p><p>assim como veio. Ló se afligia todos os dias em meio</p><p>a um povo pecador, e alcançou para si e sua família a</p><p>misericórdia de Deus e viu como testemunha ocular que</p><p>ele tarda em irar-se, mas executa com precisão os seus</p><p>juízos. Não importa o tamanho do pecado, o sangue de</p><p>Cristo purifica a todos quanto esperam na sua miseri-</p><p>córdia e, para aqueles que nele permanecem até o fim,</p><p>há uma herança guardada a ser manifesta no último dia.</p><p>Sexta-feira - Lucas 11:32</p><p>Nínive foi condenada pela sua imoralidade e ido-</p><p>latria. Centro da cultura babilônica era uma das mais</p><p>respeitadas cidades de sua época. Mas o Senhor tinha</p><p>planos diferentes para este povo, e foi necessário um</p><p>profeta clamar a quatro ventos o juízo divino, caso não</p><p>houvesse conversão. Para surpresa de Jonas, que dese-</p><p>java o castigo para este povo tão pecador, os ninivitas</p><p>aceitaram e se converteram, conquistando o direito de</p><p>se levantarem no dia do juízo e condenar aqueles que</p><p>não se arrependeram de seus pecados. Se um povo tão</p><p>distante do Pai foi alcançado por sua misericórdia, não</p><p>há motivos para que eu e você endureçamos o nosso</p><p>96 Estudos Bíblicos</p><p>coração. E, a exemplo de Jonas, devemos romper a bar-</p><p>reira e anunciar àqueles que aparentemente estão fora</p><p>da promessa, pois, segundo diz sua palavra, “do Senhor</p><p>é a Terra e sua plenitude, o mundo e os que nele habi-</p><p>tam” (Sl 24:1).</p><p>Sábado - Lamentações 3:20-26</p><p>Servir a Deus na plenitude de sua vontade não é</p><p>fácil. O evangelho é simples de se entender, mas árduo</p><p>de ser obedecido, isto devido aos nossos desejos car-</p><p>nais que travam constante batalha em nossa mente.</p><p>Sabemos que muitas são as aflições dos justos, mas</p><p>Deus nos livra de todas. Apesar de ser estreito o cami-</p><p>nho, os que por ele escolhem passar podem descansar,</p><p>pois a bondade de Deus supre todas as nossas neces-</p><p>sidades. Bom é esperar no Senhor e pela sua salvação!</p><p>Que neste santo dia possamos fazer cumprir a fé e espe-</p><p>rança depositadas em Deus. Que o Senhor, quando pro-</p><p>curar os justos sobre terra, como disse que faria, possa</p><p>nos achar fazendo a sua vontade e adorando no seu</p><p>templo. Que ele resplandeça o seu rosto sobre ti. Amém!</p><p>www.ib7.org 97</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O profeta Jonas é um dos meus personagens favo-</p><p>ritos da Bíblia. Não sei o porquê, mas tenho uma ligação</p><p>forte com ele e sua história. Acho este pequeno livro da</p><p>Bíblia de uma riqueza impressionante.</p><p>O tema do livro de Jonas enfatiza que a misericór-</p><p>dia e a compaixão de Deus estendem-se para além de</p><p>Israel, incluindo as nações pagãs, desde que se arrepen-</p><p>dam. Sendo assim, é dever de Israel testificar perante</p><p>elas a fé verdadeira; negligenciar essa tarefa pode levar</p><p>a nação, como foi o caso de Jonas, às águas profundas</p><p>da aflição e do castigo.73 Creio que o mesmo é verdade</p><p>para a igreja hoje. Temos a obrigação de testemunhar</p><p>nossa fé e do amor de Cristo. Precisamos anunciar o</p><p>evangelho a um mundo perdido para que pecadores se</p><p>arrependam e sejam salvos. Se falharmos nisso, pode-</p><p>mos enfrentar o mar bravio!</p><p>73 ARCHER JR, Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. 4. ed. São Paulo: Vida</p><p>Nova, 2012, p. 384.</p><p>JONAS</p><p>A MISERICÓRDIA DIVINA</p><p>Pr. Jonas Sommer</p><p>09 de Agosto de 2014</p><p>6</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Tens compaixão da planta, que não cultivaste</p><p>nem fizeste crescer; que numa noite nasceu e na</p><p>outra morreu. E não teria eu misericórdia da grande</p><p>cidade de Nínive, onde há mais de cento e vinte mil</p><p>pessoas que não sabem discernir entre a mão direita</p><p>e a esquerda, e também muito gado?” (Jn 4:10-11, A21)</p><p>98 Estudos Bíblicos</p><p>CARACTERÍSTICAS HISTÓRICO-ESTRUTURAIS</p><p>Jonas é, certamente, um profeta bem diferente dos</p><p>demais chamados de “menores”. Ele teve um chamado</p><p>missionário, e fez o que foi possível para fugir dessa</p><p>vocação divina. Depreende-se neste livro uma tríplice</p><p>mensagem: demonstrar a Israel (Reino do Norte) e às</p><p>nações pagãs a magnitude e a ampliação da miseri-</p><p>córdia divina através da pregação do arrependimento;</p><p>demonstrar, através da experiência de Jonas, até que</p><p>ponto Israel (Reino do Norte) decaía de sua vocação</p><p>missionária original, de ser luz e redenção aos que habi-</p><p>tam nas trevas (Gn 12:1-3; Is 42:6-7; 49:6) e lembrar ao</p><p>Israel apóstata que Deus, em seu amor e misericórdia,</p><p>enviaria à nação, não um único profeta, mas muitos fiéis,</p><p>que entregariam sua mensagem de arrependimento.</p><p>O nome Jonas (Yônãh), segundo o professor</p><p>Hilmar Fürstenau, significa “manso como uma pomba,</p><p>feroz como um leão”. Esse profeta aparece na Bíblia em</p><p>2 Reis 14:25, como aquele que predisse que as conquis-</p><p>tas de Jeroboão II (793-753 A.C.) teriam grande alcance.</p><p>Sua cidade natal era Gate-Hefer, e era da tribo de Zebu-</p><p>lom, no norte de Israel.</p><p>Jonas viveu num período em que Israel corria o</p><p>risco de ser extinto como nação. Como diz 2 Reis 14:27.</p><p>“Ainda não falara o Senhor em apagar o nome de Israel</p><p>de debaixo do céu”, mas estava perto de tomar tal deci-</p><p>são. Além disso, aquele era um tempo de quase total</p><p>socialização da pobreza. Naquele tempo, “não havia</p><p>nem escravo nem livre” (2Re 14:26), pelo fato de que</p><p>as classes sociais se tinham quase que unificado, tendo</p><p>a classe média desaparecido por completo, e diminu-</p><p>ído muito a riqueza privada, se bem que as pessoas de</p><p>posse não haviam desaparecido totalmente. Em outras</p><p>palavras: havia uma minoria rica realmente rica (2Re</p><p>www.ib7.org 99</p><p>15:20). O empobrecimento radical dos pobres era alar-</p><p>mante. Paradoxalmente era tremenda a expansão militar,</p><p>e Israel atingira um nível bastante estável de segurança</p><p>nacional. Jeroboão II restabelece as fronteiras e con-</p><p>quista espaços pela via das forças armadas; enquanto</p><p>isso, a angústia social do povo era horrível. Não havia o</p><p>menor vislumbre ou esperança de mudanças radicais,</p><p>pois não se contava com ninguém que socorresse Israel</p><p>(2Re 14:26). Em consequência de tal situação, Jonas se</p><p>transformou num profeta extremamente politizado; por</p><p>conseguinte, ideologizado.74</p><p>A mensagem do livro de Jonas é como uma pérola</p><p>escondida. Para encontrar essa pérola, temos de obser-</p><p>var o jeito de o autor narrar a sua história. A mensa-</p><p>gem não está numa única frase do texto, mas no todo</p><p>do enredo e das palavras e, não raro, nas entrelinhas.75</p><p>O livro contém 48 versículos distribuídos em quatro</p><p>breves capítulos. Apesar de começar com estrutura pro-</p><p>fética (1:1), a mensagem é apresentada em estilo bio-</p><p>gráfico. Não deixa, contudo, de ser uma profecia da his-</p><p>tória de Israel, ao mesmo tempo em que anunciam o</p><p>ministério, a ressurreição e a obra missionária de Cristo</p><p>(Mt 12:39-41; 16:4). O tema principal do livro é a infinita</p><p>misericórdia de Deus e a sua soberania sobre todas as</p><p>nações.</p><p>Nos quatro capítulos de seu relato, Jonas apre-</p><p>senta as experiências por que passou e as lições que</p><p>aprendeu. Vejamos:</p><p>A INDIFERENÇA DO PROFETA</p><p>Os três primeiros versos do livro apresentam</p><p>o assunto do livro todo. Deus envia um mensageiro a</p><p>74 ARAÚJO FILHO, Caio Fábio de. Jonas, o sucesso do fracasso: quando a von-</p><p>tade própria interfere nos planos de Deus. Rio de Janeiro: Vinde, 1991, p. 4-5.</p><p>75 KILPP, Nelson. Jonas. São Paulo: Loyola, 2010, p. 21.</p><p>100 Estudos Bíblicos</p><p>Nínive para pregar contra ela. Este envio desencadeia</p><p>uma série de ações por parte de Jonas. A ordem divina</p><p>transforma-se numa história que somente termina no</p><p>último versículo do livro.76 Acontece que o profeta, em</p><p>vez de ir para Nínive, correu na direção oposta. Ele fugiu</p><p>“da presença do Senhor”, o que significa que negligen-</p><p>ciou seu chamado de profeta.</p><p>Ele sabia que não poderia fugir da presença do</p><p>Senhor (SI 139:7ss), porém podia renunciar ao seu cha-</p><p>mado e parar de pregar. Ele tornou-se um profeta deso-</p><p>bediente. No capítulo um vemos que o profeta Jonas foi</p><p>indiferente:</p><p>a) Ao seu chamado. A palavra do Senhor a Jonas</p><p>foi uma ordem: “Levanta-te, vai à grande cidade de</p><p>Nínive, e clama contra ela” (1:2). Sem</p><p>dúvida, esta era</p><p>uma tarefa para a qual Jonas não tinha absolutamente o</p><p>coração disposto. Era como pedir hoje a um israelense</p><p>que levasse a palavra de Deus ao Iraque.77 Nínive, cidade</p><p>fundada por Ninrode, situava-se ao leste do Rio Tigre,</p><p>cerca de 880 quilômetros de Samaria, capital do Reino</p><p>do Norte. Jonas precisaria caminhar de 24 a 32 quilôme-</p><p>tros por dia para chegar a Nínive em um mês. A cidade</p><p>era grande e protegida por dois muros, um externo e</p><p>outro interno. A muralha interior tinha 1,5 metros de lar-</p><p>gura por 3 metros de altura.78 O muro externo da cidade</p><p>tinha 96 km de extensão, 30 metros de altura e uma</p><p>largura suficiente para três carroças conduzidas lado a</p><p>lado. Havia 50 torres de 60 metros de altura para o ser-</p><p>viço de vigilância realizado pelas sentinelas.79</p><p>Era de se esperar que um profeta do Senhor, ao</p><p>receber uma ordem direta dele, estivesse disposto a obe-</p><p>76 KILPP, Nelson. Op. cit., p. 31.</p><p>77 ARAÚJO FILHO, Caio Fábio de. Op. cit., p.5.</p><p>78 HAAN II, Martin R. O fracasso do sucesso: a história de Jonas. Curitiba: RBC,</p><p>2009, p. 4.</p><p>79 ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 2012,</p><p>p. 352.</p><p>www.ib7.org 101</p><p>decer. Vemos que Jonas dispôs-se, mas não para obe-</p><p>decer. Ele levanta-se, desce ao porto de Jope e compra</p><p>um bilhete para Társis, situada a quatro mil quilômetros</p><p>a oeste de Jope, na costa da Espanha.80 O texto diz,</p><p>literalmente, que Jonas paga o “salário” do navio, o que</p><p>nos leva a inferir que ele é um homem de posses que</p><p>pode dispor, de uma hora para outra, de uma quantidade</p><p>de dinheiro suficiente para levá-lo a um dos lugares mais</p><p>distantes do globo, numa viagem que, na época, poderia</p><p>durar mais de meio ano.81 Não lhe foi difícil encontrar</p><p>um meio de transporte em sua tentativa de fugir do seu</p><p>chamado. Todas as vezes que queremos fugir de Deus,</p><p>nosso inimigo rapidamente providencia o meio de trans-</p><p>porte.</p><p>Talvez, pelo fato de conhecer a crueldade dos assí-</p><p>rios, Jonas tenha relutado, pois seu próprio povo já tinha</p><p>sofrido muito nas mãos deles e, naquele tempo, seus</p><p>exércitos ameaçavam Israel. Seu livro mostra a resistên-</p><p>cia desse profeta ao propósito divino de evangelizar a</p><p>raça mais cruel do mundo da época. Nisto vemos que o</p><p>inexplicável amor de Deus para com Nínive não encon-</p><p>tra eco no coração de Jonas. Foram os preconceitos de</p><p>Jonas que o levaram a fugir da Missão que Deus lhe</p><p>havia ordenado. Vejamos quais são:</p><p>� Preconceitos políticos: Os ninivitas eram velhos</p><p>inimigos de seu povo;</p><p>� Preconceitos raciais: Os ninivitas eram gentios</p><p>e não pertenciam ao povo escolhido (Israel);</p><p>� Preconceitos religiosos: Os ninivitas eram um</p><p>povo tão idólatra e pagão que nem devia ser perdoado.</p><p>Será que tais preconceitos não encontram eco</p><p>também em nosso coração? Quantas vezes os nossos</p><p>preconceitos nos impedem de sermos úteis a Deus.</p><p>Eles, às vezes, sufocam o amor às pessoas, aniquilam</p><p>80 HAAN II, Martin R. Op. cit., p. 5.</p><p>81 KILPP, Nelson. Op. cit., p. 38.</p><p>102 Estudos Bíblicos</p><p>nossa compaixão, obscurecem nossa visão, secam as</p><p>fontes da nossa espiritualidade e empobrecem nossa</p><p>mensagem. Jonas conhecia muito bem Nínive e a odiava</p><p>porque sabia de suas crueldades, e também conhecia a</p><p>Deus e seu amor, e sabia que ele é misericordioso e</p><p>grande em benignidade (4:2) e com certeza iria dar uma</p><p>oportunidade de conversão aquele povo pagão.</p><p>Assim como Jonas, há muitos tentando fugir do</p><p>seu chamado, negligenciando uma voz interior que não</p><p>se cala. Tentam ir para Társis quando seu lugar é em</p><p>Nínive. É certo que, como Jonas, na maioria das vezes</p><p>não é fácil obedecer e cumprir com o chamado. Às vezes</p><p>é necessário deixar a tranquilidade de nossa terra para</p><p>rumarmos em direção ao lugar que Deus nos quer usar.</p><p>b) Ao destino de seus colegas de embarcação.</p><p>Jonas embarca e enquanto curtia sua viagem, deitado</p><p>no porão do navio, Deus envia uma forte tempestade</p><p>que abala a embarcação em que ele estava: “Mas o</p><p>SENHOR mandou ao mar um grande vento, e fez-se no</p><p>mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de</p><p>quebrar-se... Jonas, porém, desceu ao porão do navio,</p><p>e, tendo-se deitado, dormia um profundo sono” (1:4-</p><p>5). A tempestade que surge no mar é tão violenta que</p><p>ameaça quebrar a embarcação. Os marinheiros ficam</p><p>tomados de pavor e reagem trabalhando e cada um bus-</p><p>cando o seu deus, orando ao seu deus. Diante disso o</p><p>que faz o nosso profeta? Parecia que a história não era</p><p>com ele, o mundo desabando e ele lá, no porão, dor-</p><p>mindo. Os pagãos orando, e ele, que conhecia o único</p><p>Deus verdadeiro, lá, indiferente, não foi capaz sequer de</p><p>levantar um clamor pela vida de seus colegas de barco.</p><p>Jonas tenta fugir de Deus e cai dentro de uma fervorosa</p><p>reunião de oração. Talvez em navio nenhum do mundo</p><p>se tenha orado tanto quanto naquele navio em que ele</p><p>se encontrava.</p><p>www.ib7.org 103</p><p>Jonas dormiu o sono da negligência, o mesmo</p><p>sono que grande parte dos evangélicos estão dormindo.</p><p>O navio estava para quebrar-se por causa da tempes-</p><p>tade e da força das ondas, e Jonas continuava dormindo.</p><p>Os marinheiros estavam desesperados, clamando cada</p><p>um ao seu deus, e ele silencia. Não seria esta a rea-</p><p>lidade do nosso mundo hoje? Uma tempestade, um</p><p>mundo de pernas para o ar, de valores invertidos, casa-</p><p>mentos destruídos, drogas, alcoolismo, depressão, etc.</p><p>Uma tempestade incontrolável. O texto bíblico diz que</p><p>os marinheiros clamavam cada um ao seu deus. Assim</p><p>estão os seres humanos, desorientados, buscando seus</p><p>próprios recursos, e totalmente impotentes diante da</p><p>realidade que os assombra. A solução está em nossas</p><p>mãos: O poder do Evangelho. Aonde o evangelho chega,</p><p>mudanças acontecem. Sabe qual é o problema, então?</p><p>Aqueles que têm nas mãos o poder do evangelho estão</p><p>dormindo, enquanto as pessoas estão desesperadas</p><p>correndo para todos os lados.</p><p>c) Ao destino dos ninivitas. Ao tentar fugir para</p><p>Társis, Jonas é indiferente ao destino dos Ninivitas. Ele</p><p>sabia o que iria acontecer com eles. Sabia também que</p><p>se eles se arrependessem Deus os perdoaria. Jonas</p><p>foge de sua missão porque queria que a má cidade de</p><p>Nínive realmente fosse destruída. Ele quer evitar que sua</p><p>pregação leve ao arrependimento dos ninivitas e, por</p><p>conseguinte, à anulação da pena.82 Jonas é uma mostra</p><p>do povo judeu do seu tempo. Um povo que desejava ver</p><p>o julgamento de Deus contra seus inimigos. Um povo</p><p>que deseja ser conhecido pelo nome de Deus, mas que</p><p>foge da vontade desse Deus quando ela é manifesta.</p><p>Fala também de um povo que precisava aprender que</p><p>as nações podem ser perdoadas por Deus, e que ele se</p><p>82 KILPP, Nelson. Op. cit., p. 55.</p><p>104 Estudos Bíblicos</p><p>importa com o bem-estar das nações, e não apenas de</p><p>Israel.</p><p>A lógica de Jonas era, por assim dizer, baseada</p><p>naquilo que Deus disse: “Vou destruir Nínive se a cidade</p><p>não se arrepender”. Se Jonas não vai lá pregar, a cidade</p><p>não vai se arrepender e Deus a destruirá. Mas Deus não</p><p>pensava assim. Ele desejava que Jonas fosse cumprir</p><p>sua missão. Quantos de nós somos como ele. Sabemos</p><p>o que acontecerá àqueles que não se arrependerem,</p><p>mas muitas vezes nos calamos e não falamos do mara-</p><p>vilhoso amor de Deus. Quantas vezes temos sido indi-</p><p>ferentes ao destino eterno de pessoas ao nosso redor?</p><p>O ARREPENDIMENTO DO PROFETA E O PERDÃO DE DEUS</p><p>Por conta da indiferença do profeta, Deus envia</p><p>uma grande tempestade que força os marinheiros a</p><p>jogarem Jonas ao mar. O profeta, então, recebe a dis-</p><p>ciplina da mão amorosa de Deus. Ele reconhece que foi</p><p>a mão do Senhor que o lançou no mar, não a dos mari-</p><p>nheiros (2:3). É importante que reconheçamos o traba-</p><p>lho do Senhor quando somos disciplinados.</p><p>Ao ser lançado ao mar, Deus prepara um grande</p><p>peixe que tragasse Jonas. A língua hebraica não dispõe</p><p>de termo técnico para “baleia”. Essa palavra é usada</p><p>como resultado de uma interpretação tradicional que</p><p>atravessou séculos. As Escrituras Hebraicas empregam</p><p>dag gadol, “grande peixe”, uma vez (1:17; 2:1), e sim-</p><p>plesmente dag, “peixe”, três vezes (1:17; 2:1,10). Nesta</p><p>situação inusitada, ele arrepende-se de seus pecados</p><p>(2:9) e em fé pede perdão ao Senhor por seus pecados.83</p><p>Deus purificou Jonas e deu-lhe outra chance. De</p><p>acordo com Hebreus 12:5-11, há várias maneiras de</p><p>o cristão responder à disciplina do Senhor: podemos</p><p>83 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico Wiersbe: Antigo testamento. Santo An-</p><p>dré, SP: Geográfica Editora, 2009, p. 644.</p><p>www.ib7.org 105</p><p>menosprezá-la, como Jonas fez durante três dias, e</p><p>recusarmos a confessar; podemos desanimar e desistir;</p><p>ou podemos sofrer a disciplina do Senhor, confessar os</p><p>pecados e crer nele para fazer com que tudo redunde</p><p>para o nosso bem e para a glória dele. Rebelar-se contra</p><p>a mão de Deus é procurar problema. Jonas submeteu-</p><p>-se, orou e confiou, e o Senhor perdoou-o.</p><p>A GRANDE MISERICÓRDIA DE DEUS</p><p>A palavra-chave do capítulo 3 é “misericórdia”.</p><p>Jonas finalmente vai à grande cidade a fim de pregar a</p><p>mensagem do Senhor. A mensagem dele é breve e dura</p><p>“Daqui a quarenta dias Nínive será destruída” (3:4). Essa</p><p>pregação resultou:</p><p>1. A conversão dos ninivitas (3:8,9). Apesar de</p><p>toda a maldade, os ninivitas receberam a advertência do</p><p>profeta e creram em Deus (3:5). O termo hebraico usado</p><p>é ‘aman, o mesmo usado para descrever a fé de Abraão</p><p>em Gênesis 15:6; isso significa que eles depositaram</p><p>toda a sua confiança em Deus, mesmo tendo recebido</p><p>uma mensagem de condenação. Caso tivessem ouvido</p><p>o Evangelho, o que não teriam feito?</p><p>A conversão dos ninivitas começou com o povo</p><p>e depois chegou ao rei, o qual expediu um decreto de</p><p>penitência geral. A reação do rei de Nínive foi muito dis-</p><p>tinta do procedimento dos reis de Israel, que em rarís-</p><p>simas ocasiões consideraram a exortação dos profetas.</p><p>Para demonstrar seu arrependimento sincero, os ninivi-</p><p>tas se uniram, desde os da mais alta classe social até os</p><p>mais humildes, na busca da misericórdia de Deus. Para</p><p>mostrar isso empregaram os símbolos da época: fizeram</p><p>um jejum e vestiram-se de panos de saco (3:5). Esse</p><p>costume era empregado em momentos de dor e tristeza</p><p>106 Estudos Bíblicos</p><p>(2Sm 3:31; Jr 6:26), de luto (Et 4:1-3), de arrependimento</p><p>(Ne 9:1; Jó 42:6) e de humilhação (Dn 9:3-5).</p><p>2. O “arrependimento” de Deus. A própria lingua-</p><p>gem do Antigo Testamento é uma linguagem antropopá-</p><p>tica e antropomórfica84, em que Deus adapta sua incom-</p><p>preensibilidade à frágil compreensão da criatura. A pala-</p><p>vra hebraica para arrependimento é noham. É usada</p><p>para indicar tanto o arrependimento humano quanto o</p><p>arrependimento de Deus no Antigo Testamento.85</p><p>É do conhecimento de todos que a Bíblia fala do</p><p>arrependimento de Deus. Mas como o arrependimento</p><p>de Deus deve ser entendido? Será que o arrependi-</p><p>mento humano serve de parâmetro para o arrependi-</p><p>mento de Deus? O arrependimento de Deus é o mesmo</p><p>dos homens? Deus realmente se arrepende? Quando</p><p>a Bíblia apresenta textos onde Deus se arrepende de</p><p>algo e muda sua intenção para com o homem, “eviden-</p><p>temente é só a maneira humana de falar. Na realidade</p><p>a mudança não é em Deus, mas no homem e nas rela-</p><p>ções do homem com o Senhor”.86 Em suma, o arre-</p><p>pendimento de Deus não ocorre por causa de qualquer</p><p>mudança nele, mas por causa de nossa mudança para</p><p>com ele. O curto relato do livro de Jonas serve como</p><p>prenúncio da graça salvadora para todas as nações (Tt</p><p>2:11). Os ninivitas foram salvos pela graça, pois “creram</p><p>em Deus” (3:5) e “se converteram do seu mau caminho”</p><p>(3:10). As obras foram consequência da sua fé no Deus</p><p>de Israel.</p><p>Jesus usou Nínive para ilustrar um ponto impor-</p><p>tante (Mt 12:38-41). Durante três anos, ele pregou para</p><p>84 A linguagem antropopática atribui a Deus características da linguagem humana</p><p>incluindo os sentimentos humanos, a antropomórfica atribui formas físicas a Deus,</p><p>tal como mão de Deus, ouvido de Deus etc.</p><p>85 BARBOSA, Francisco A. Jonas e a misericórdia de Deus. Disponível em: <http://</p><p>auxilioebd.blogspot.com.br/2012/11/licao-6-jonas-misericordia-divina.html> Acesso</p><p>em: 19. mar. 2014.</p><p>86 BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 68.</p><p>www.ib7.org 107</p><p>aquela geração e reforçou sua mensagem com mila-</p><p>gres; contudo, eles não se arrependeram nem creram.</p><p>Os ninivitas ouviram um sermão de poucas palavras de</p><p>um pregador, e aquele sermão enfatizava a ira, não o</p><p>amor. Eles, porém, arrependeram-se e foram perdoados.</p><p>Os judeus ouviram o Filho de Deus durante três anos,</p><p>ouviram a mensagem de perdão do Senhor, contudo se</p><p>recusaram a se arrepender. Com certeza, a condenação</p><p>deles será a maior.87</p><p>VALORES INVERTIDOS E A LIÇÃO DE DEUS</p><p>O Senhor mandou o profeta Jonas entregar uma</p><p>das mais duras e curtas mensagens proféticas des-</p><p>critas no Antigo Testamento: caso não se arrependes-</p><p>sem, ainda em 40 dias, Nínive seria subvertida. Após</p><p>esta exortação, os ninivitas se arrependeram de suas</p><p>perversidades e foram poupados do juízo divino. Nunca</p><p>um pregador teve tanto sucesso em um único sermão!</p><p>No entanto, em lugar de encontrarmos um jubiloso pre-</p><p>gador, vemos um pregador desobediente, raivoso com</p><p>as pessoas e com Deus. Lá está ele sentado do lado</p><p>de fora da cidade, tentando sentir-se confortável e, na</p><p>verdade, esperando que o julgamento de Deus caísse</p><p>sobre o povo. Eis uma coisa surpreendente: o Senhor</p><p>manda um grande avivamento como resultado da pre-</p><p>gação de um homem que nem mesmo ama as pessoas</p><p>para quem prega.</p><p>Tudo isso acontece porque os valores de Jonas</p><p>não estavam em sintonia com os valores divinos. Ele</p><p>amou mais uma pequena planta do que toda a cidade de</p><p>Nínive. Entretanto, o livro de Jonas também nos ensina</p><p>que o propósito de Deus é sempre usar de misericórdia</p><p>para com as pessoas que invertem os valores espiritu-</p><p>87 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 645.</p><p>108 Estudos Bíblicos</p><p>ais movidas pela ignorância. O Senhor não executa seu</p><p>juízo sem antes conscientizar o homem de seus erros.</p><p>A população de Nínive quase foi destruída pela ignorân-</p><p>cia, mas escapou da ira de Deus porque se arrependeu</p><p>de seus maus caminhos e voltou-se para o Criador.</p><p>Se por um lado os ninivitas costumavam inverter</p><p>os valores por serem ignorantes, por outro, Jonas inver-</p><p>teu os valores espirituais por ser um homem egocên-</p><p>trico. Ele deu mais importância ao amor à sua nação,</p><p>Israel, e aos sentimentos pessoais de vingança do que</p><p>ao amor do Senhor e aos seus propósitos de salvação</p><p>para Nínive. O profeta chegou a irritar-se por Deus ter</p><p>perdoado aquela cidade. Para ele, um arqui-inimigo de</p><p>Israel não poderia ser alcançado pela compaixão do</p><p>Senhor (4:2,3).</p><p>Hoje em dia há uma inversão de valores tanto no</p><p>campo moral quanto no espiritual. Essa inversão pode</p><p>acontecer quando:</p><p>a) Valorizamos demais o que tem pouco valor.</p><p>Jonas dá um “excelente” mau exemplo disso, basta</p><p>ver o valor que ele dá à aboboreira que não lhe custou</p><p>(valia) nada. Em minha jornada de fé estou cansado de</p><p>ver crentes se queixando de não terem tempo para ler a</p><p>Bíblia, mas gastam horas na frente da TV, do Computa-</p><p>dor etc. Pesquisas apontam que, em média, os brasilei-</p><p>ros gastam 82 horas por semana em frente ao televisor</p><p>ou na internet.88 Creio que se fizessem uma pesquisa</p><p>dessas somente entre os evangélicos, talvez o resultado</p><p>não seria muito diferente. Mas, tempo para leitura bíblica</p><p>a maioria alega não ter. É interessante notar que há pes-</p><p>soas que gastam R$ 200,00/R$ 300,00 ou mais em uma</p><p>única peça de roupa, mas quando se fala em ofertar na</p><p>igreja, misericórdia! Tenho observado outros que choram</p><p>vendo filmes, mas não derramam uma lágrima sequer</p><p>88 http://www.estadao.com.br/noticias/tecnologia,brasileiro-passa-3-vezes-mais-</p><p>tempo-na-web-que-vendo-tv.</p><p>www.ib7.org 109</p><p>pelas almas que estão indo para o inferno. Torcem mais</p><p>para o seu time do que se importam com o reino de Deus.</p><p>b) Damos pouco valor ao que tem muito valor.</p><p>Como estamos reagindo ao sabermos que há milhões</p><p>morrendo sem Jesus? Como estamos reagindo aos ata-</p><p>ques à moral cristã? O povo chamado cristão era con-</p><p>siderado até alguns anos como referência de honesti-</p><p>dade; hoje ser</p><p>evangélico está se tornando sinônimo</p><p>de caloteiro, de mau pagador, de mau caráter. Vivemos</p><p>numa sociedade em que a fidelidade parece ser uma vir-</p><p>tude pré-histórica. A infidelidade conjugal está chegando</p><p>a níveis intoleráveis. Satanás sabe muito bem que enfra-</p><p>quecendo a família, enfraquecerá a Igreja. E o que nós</p><p>temos feito em prol de famílias fortes, que resultarão em</p><p>igrejas fortes?</p><p>CONCLUSÃO</p><p>O livro de Jonas é diferente dos outros livros dos</p><p>Profetas Menores. Trata-se de uma narrativa bibliográ-</p><p>fica das experiências do profeta, e não de uma coletâ-</p><p>nea de mensagens proféticas. O tema prioritário do livro</p><p>é a graça soberana de Deus pelos pecadores, ilustrada</p><p>na sua decisão de reter o julgamento sobre os culpados,</p><p>mas arrependidos ninivitas. Há também uma lição teo-</p><p>lógica importante a ser aprendida observando as res-</p><p>postas de Jonas a Deus. O retrato do autor de Jonas</p><p>é altamente depreciativo. Os padrões duplos de Jonas</p><p>fizeram com que as suas ações lhe contradissessem</p><p>os credos de tom espiritual. Pelo exemplo negativo de</p><p>Jonas, o leitor aprende a não resistir à vontade e deci-</p><p>sões soberanas de Deus.89</p><p>Como Jonas, existem muitas pessoas invertendo</p><p>os valores espirituais, ignorando o poder do evangelho e</p><p>89 ZUCK, R. B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 467.</p><p>110 Estudos Bíblicos</p><p>mostrando-se indiferentes ao chamado do Senhor. Des-</p><p>pertemo-nos do sono da indolência, arrependamo-nos</p><p>dos nossos pecados, priorizemos os valores do Reino</p><p>de Deus e afastemo-nos da inversão de valores.</p><p>Não raro, costumamos reprovar a atitude de Jonas</p><p>quanto à ordem de Deus. Mas quantas vezes não nos</p><p>identificamos com ele e sua rebeldia quando somos</p><p>desafiados por Deus a obedecê-lo, e não o fazemos?</p><p>Jonas é, portanto, um espelho para cada cristão: não</p><p>precisamos aguardar que Deus aja de forma extrema</p><p>conosco, como agiu com Jonas quando o conduziu a</p><p>Nínive na barriga de um grande peixe, para que possa-</p><p>mos obedecer a Sua vontade, qualquer que seja o man-</p><p>dado de Deus para nossa vida.</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Que informações o livro nos dá sobre Jonas. Onde</p><p>mais ele aparece e o que podemos aprender sobre ele?</p><p>(1:1; 2Re 14:25)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Qual a ordem que ele recebe de Deus? O que ele</p><p>faz ao receber tal incumbência de Deus? Por que ele</p><p>tentou fugir do Senhor? Que situações essa tentativa de</p><p>fuga provocou? O que ele fazia enquanto os marinheiros</p><p>tentavam salvar o navio? O que isso demonstra sobre o</p><p>caráter de Jonas (1:3-6)</p><p>www.ib7.org 111</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>3. Quando os marinheiros jogaram sortes, sobre quem</p><p>caiu? Qual foi a reação do profeta? O que eles fizeram</p><p>com Jonas? O que Deus providenciou? (1:7-17)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>4. O que Jonas fez no ventre do grande peixe? Qual foi a</p><p>reação de Deus a oração de Jonas? (2:1-10)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>5. Jonas enfim, vai a Nínive e prega. Qual foi a men-</p><p>sagem dele? Qual a reação dos ninivitas ao ouvirem a</p><p>mensagem? O que o rei fez quando ouviu o recado de</p><p>Deus? Como eles esperavam que Deus reagisse? (3:1-</p><p>7)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>6. Qual foi a reação de Deus ao arrependimento dos</p><p>ninivitas? Qual a explicação quando a Bíblia afirma que</p><p>“Deus se arrependeu”? (3:8)</p><p>112 Estudos Bíblicos</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>7. Como o profeta reagiu ao sucesso de sua pregação?</p><p>O que Deus respondeu ao profeta? O que Jonas fez</p><p>então? (4:1-5)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>8. O que Deus fez crescer? O que aconteceu em</p><p>seguida? Como Jonas reagiu? Qual a lição Deus deu ao</p><p>profeta por meio desta planta? (4:6-11)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>9. O que essa situação demonstra sobre os valores de</p><p>Jonas? Os seus valores estão em sintonia com os valo-</p><p>res divinos?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>www.ib7.org 113</p><p>Christiano Daniel Fritzen</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – Deuteronômio 10:12,13</p><p>Deus quer o nosso bem e por isso nos pede que</p><p>obedeçamos a suas leis. Assim como os pais sempre</p><p>orientam, alertam e advertem seus filhos sobre atitudes</p><p>a tomar e caminhos a seguir por saberem que deter-</p><p>minadas situações não farão bem a eles, quanto mais</p><p>Deus em sua infinita sabedoria e bondade não fará o</p><p>mesmo com a gente? Ora, ele sabe que há apenas duas</p><p>opções: o caminho da vida e o caminho da morte. E,</p><p>por nos amar, chama para junto de si. Mas obedecer</p><p>por obedecer também não é correto, precisamos amar.</p><p>Martinho Lutero, em seus escritos, disse que precisa-</p><p>mos aprender a Palavra e aprender a gostar dela. Afinal,</p><p>“a lei de Deus é santa, e o mandamento santo, justo e</p><p>bom” (Rm 7:12).</p><p>Segunda-feira – Isaías 1:15-17</p><p>Certamente, uma das situações mais doloridas</p><p>que alguém pode passar é ser rejeitado ou ignorado por</p><p>alguém que se ame. Estes versículos mostram Deus</p><p>fazendo exatamente isso quando seu povo o buscava</p><p>não com o coração, mas com ritos e religiosidade vazios.</p><p>Sabiam toda a liturgia, celebravam as festas, guarda-</p><p>vam o sábado, mas fora do templo ou da congregação</p><p>eram maus. E eu? Será que muitas vezes não reclamo</p><p>do silêncio de Deus para minhas orações, quando tudo</p><p>o que faço é simplesmente seguir as regras da igreja,</p><p>114 Estudos Bíblicos</p><p>cumprir seus horários e programações, mas fora dela</p><p>nunca falar de Deus e ainda dar um testemunho oposto?</p><p>Ah, que Deus tenha piedade de mim!</p><p>Terça-feira – Mateus 12:7</p><p>Na primeira epístola de João diversos versículos</p><p>falam sobre o amor aos irmãos, como por exemplo, o que</p><p>diz: “Aquele que não ama, não conhece a Deus, porque</p><p>Deus é amor” (4:8) e mais à frente, está escrito: “nisto</p><p>conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando</p><p>amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos”</p><p>(5:2). Percebeu que não se faz um sem o outro? Amar</p><p>as pessoas é dar testemunho do amor Divino e ao amar</p><p>a Deus eu convenço-me a amar seus filhos. O texto</p><p>indicado hoje quer nos mostrar de que nada vale fazer</p><p>promessas, dizer pra Deus que estou fazendo isso ou</p><p>aquilo, mas ter um coração vazio para o amor genuíno.</p><p>Muitas vezes em oração pedimos muitas coisas ao Pai.</p><p>Mas já pedimos para ele nos ensinar a amar e a sermos</p><p>piedosos mais do que meramente religiosos formais?</p><p>Quarta-feira – Mateus 21:28-31</p><p>Diversas vezes já vi pessoas criticarem quando</p><p>alguns começam a frequentar alguma igreja cristã: “Mas</p><p>Fulano é um bêbedo, Beltrana é mulher da vida e aquele</p><p>outro já tem uma morte no currículo! O que estes querem</p><p>com Deus?” Ora, Jesus disse que quem precisa de um</p><p>médico são os doentes (Mt 9:12; Mc 2:17). A pergunta</p><p>de Jesus nesta passagem pode ser repetida: “Quem</p><p>fez a vontade do Pai, aquele que sempre se diz cristão,</p><p>disso se orgulha, mas não segue a Cristo ou aquele que</p><p>se arrependeu de sua vida vazia e muda de rumo?”.</p><p>www.ib7.org 115</p><p>Quinta-feira – Mateus 23:23</p><p>Certa vez ouvi um líder de juventude dizendo que,</p><p>ao visitar um asilo, orientou aos participantes para não</p><p>levarem nada para dar aos visitados, nem lembranci-</p><p>nhas, nem alimentos etc., mas sim se doar, ouvir e con-</p><p>versar. Então, muitos não quiseram ir, pois não sabiam</p><p>fazer isso. Queriam dar alguma coisa e pensar que assim</p><p>teriam cumprido uma tarefa para Deus. Lemos hoje que</p><p>Jesus disse claramente que é hipocrisia quando nos</p><p>lembramos de dizimar até os nossos centavos, mas na</p><p>hora de praticar “o mais importante da lei”, omitir-se.</p><p>Vale lembrar que nessa passagem Cristo não aboliu o</p><p>dízimo, pois disse que devemos fazer “estas coisas” (o</p><p>mais importante da fé) “sem omitir aquelas” (o dízimo).</p><p>Sexta-feira – Lucas 18:10-14</p><p>Esta é uma das minhas passagens preferidas e</p><p>muitas vezes me vejo na situação dos dois personagens</p><p>desta parábola: em certas ocasiões orando a Deus e</p><p>“lembrando” a ele o que fiz ou quem sou (no meu ponto</p><p>de vista). Mas em outras, quando percebo quem sou de</p><p>verdade, me vejo orando como o publicano. Esta oração</p><p>do cobrador de impostos demonstra uma verdadeira</p><p>obediência, pois ele não foi até lá para cumprir ritos e</p><p>nem fez autopromoção, como o fariseu, mostrando a</p><p>Deus quem era digno e quem não era. Ele simplesmente</p><p>desabafou com Deus e pediu perdão. Coração puro,</p><p>obediência sincera.</p><p>Sábado – 1 Samuel 15:22,23</p><p>Saul começou muito bem como o primeiro rei de</p><p>Israel, mas depois que deixou o orgulho entrar e crescer</p><p>116 Estudos Bíblicos</p><p>em seu coração, as coisas começaram a mudar. Come-</p><p>çou a desdenhar as ordens divinas e achava que podia</p><p>pagar isso com sacrifícios, cumprindo a lei mosaica. Ledo</p><p>engano! A história de Saul lembra a parábola da casa</p><p>sobre a rocha (Lc 6:46-49), em que Jesus Cristo afirma</p><p>que quem ouve a mensagem e a obedece é semelhante</p><p>ao homem que constrói sua casa alicerçada na rocha.</p><p>A estrutura não balança, não se abala. Saul construiu</p><p>sua casa sobre a terra, sem alicerces e há tempos não</p><p>fazia a vontade do Senhor, chegando a um ponto de ser</p><p>rejeitado por ele. Poderia ter um fim melhor, infelizmente.</p><p>www.ib7.org 117</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O povo a quem Miquéias profetizou era profunda-</p><p>mente religioso. Assistia aos cultos de programação com</p><p>um colorido primoroso em um templo magnífico. Entre</p><p>suas atividades constava a observância dos dias santos</p><p>divinamente designados, cujo propósito era lembrá-los</p><p>da extensa fidelidade de Deus e do dever permanente</p><p>de servi-lo. Mas os contemporâneos de Miquéias não</p><p>eram espirituais. Sentiam confiança na mera participa-</p><p>ção das cerimônias. Não lhes ocorria que fosse impor-</p><p>tante a forma como se comportavam fora do templo.</p><p>Esta situação de ser religioso e, ao mesmo tempo,</p><p>impiedoso perturbava Miquéias. Foi contra tal atitude que</p><p>ele clamou. Esta ação fala pungentemente de nossos</p><p>dias.</p><p>MIQUÉIAS – O PROFETA</p><p>O nome Miquéias significa “Quem é como</p><p>Yahweh?”.90 Logo, seu nome soa como uma pergunta</p><p>retórica. Por que um povo que já sabia quem era o</p><p>90 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 5.</p><p>Santo André, SP: Geográfica editora, 2006, p. 482.</p><p>MIQUÉIAS</p><p>A IMPORTÂNCIA</p><p>DA OBEDIÊNCIA</p><p>Pr. Wesley Batista de Albuquerque16 de Agosto de 2014</p><p>7</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e</p><p>o que o Senhor exige: Pratique a justiça, ame a fide-</p><p>lidade e ande humildemente com o seu Deus”. (Mq</p><p>6:8, NVI)</p><p>118 Estudos Bíblicos</p><p>Senhor, precisaria conhecê-lo? O contexto do livro nos</p><p>dará uma resposta. De fato, Israel e Judá andaram em</p><p>caminhos tão tortos que ficava difícil suas ações confir-</p><p>marem algum conhecimento de Deus.</p><p>Miquéias, que viveu na última metade do século</p><p>VIII A.C., era um dos integrantes da brilhante galáxia</p><p>de profetas daquele século, entre os quais Isaías foi o</p><p>mais insigne. As mensagens dos dois homens de Deus</p><p>estão em harmonia. Certos expositores sugerem que</p><p>Miquéias foi discípulo de Isaías, e é interessante notar</p><p>a semelhança entre Miquéias 4:1-5 e Isaías 2:1-4. Mas</p><p>os dois profetas são muito diferentes. Isaías era membro</p><p>da aristocracia. Miquéias era homem do povo. Isaías era</p><p>refinado, conhecia a fundo os costumes da capital e fre-</p><p>quentava os círculos da corte. Miquéias era homem rude</p><p>do interior, um profeta dos humildes.91</p><p>Miquéias era natural de Moresete, cidade situada</p><p>nos contrafortes de Judá a uns 32 quilômetros a oeste de</p><p>Jerusalém, na extremidade da planície marítima, entre</p><p>as montanhas de Judá e a Filístia junto ao mar. Ainda</p><p>que a região fosse fértil e bem provida de água, lugar</p><p>de plantações, pomares de olivas e pastos, os agriculto-</p><p>res, entre os quais Miquéias fora criado, quase sempre</p><p>estavam em dificuldades econômicas. Oprimidos pelas</p><p>dívidas, eles eram forçados a hipotecar suas proprieda-</p><p>des aos ricos de Samaria e Jerusalém, os quais lhes</p><p>desapropriavam as terras. Assim, se tomavam arrenda-</p><p>tários de fazendas, oprimidos por senhores gananciosos</p><p>e insensíveis. Esta exploração dos pobres foi, aos olhos</p><p>de Miquéias, um dos crimes mais hediondos de seus</p><p>dias, e ele bravamente denunciou estes exploradores.92</p><p>Assim</p><p>como Elias saiu do anonimato de uma</p><p>pequena localidade, para escancarar a culpa de um</p><p>povo que havia se desviado da aliança feita com Deus, o</p><p>91 PEISKER, Armor D. Miquéias. In: Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de Ja-</p><p>neiro: CPAD, 2005, p. 167.</p><p>92 PEISKER, Armor D. Op. cit., p. 167. .</p><p>www.ib7.org 119</p><p>mesmo acontece com Miquéias. Sua missão está clara:</p><p>“Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do Senhor,</p><p>cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua</p><p>transgressão e a Israel, o seu pecado” (3:8). No livro do</p><p>profeta Jeremias nós encontramos a repercussão de</p><p>suas profecias bem antes do cativeiro babilônico (apro-</p><p>ximadamente 100 anos depois). Alguns dos anciãos do</p><p>povo lembraram não somente de um dos períodos de</p><p>suas profecias, da época do rei Ezequias, como do teor</p><p>de uma delas (Jr 26:16-19). Isso nos mostra o alcance</p><p>da voz profética de Miquéias, assegurada pela tradição</p><p>e sua consequente transmissão.</p><p>Suas mensagens contêm principalmente denúncias</p><p>contra o povo e seu consequente julgamento e também</p><p>mensagens de esperança. Desta forma Miquéias se</p><p>junta às muitas vozes proféticas que desde muito tempo</p><p>o Senhor já vinha levantando (Jr 26:5). De maneira bem</p><p>simples, o livro pode ser estruturado da seguinte forma:93</p><p>I. Prólogo (1:1)</p><p>II. O povo</p><p>A. Acusação e julgamento contra o povo (1:2 –</p><p>2:11)</p><p>B. Esperança para o povo (2:12,13)</p><p>III. Os líderes</p><p>A. Acusação contra os governantes e profetas</p><p>maus (3:1-11)</p><p>B. Devastação, restauração e exaltação de Sião</p><p>(3:12 – 4:13)</p><p>C. O governo do Messias (5:2-15)</p><p>IV. A nação</p><p>A. Acusação e julgamento contra a nação (6:1 –</p><p>7:7)</p><p>B. Esperança para a nação (7:8-20)</p><p>93 HILL, Andrew E.; WALTON, John H. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo:</p><p>Vida Nova, 2006, p. 561.</p><p>120 Estudos Bíblicos</p><p>Podemos dizer que temos três grandes mensa-</p><p>gens entregues por Miquéias. Todas elas começam com</p><p>a palavra introdutória “ouvi” (1:2; 3:1; 6:1). Em linhas</p><p>gerais os assuntos tratados por Miquéias são: denúncia</p><p>contra a injustiça, denúncia contra a confiança deposi-</p><p>tada nos rituais de sacrifício, um “rei-messias” que virá</p><p>de Belém e o livramento futuro das mãos da Assíria.</p><p>MIQUÉIAS – UM POUCO DO CONTEXTO POLÍTICO</p><p>Miquéias profetizou na mesma época do profeta</p><p>Isaías. Seu ministério profético abrangeu os reinados de</p><p>Jotão (750-735 A.C.), Acaz (735-715 A.C.) e Ezequias</p><p>(715-686 A.C.). Ele foi testemunha da queda do Reino</p><p>do Norte (Israel). A crise no compromisso do povo com</p><p>Deus era tão grande que as vozes proféticas não eram</p><p>suficientes para acordar a liderança e o povo. O último rei</p><p>do Norte foi Oséias (2 Rs 17). Este tentou por um tempo</p><p>garantir a sobrevivência do estado israelita, pagando</p><p>tributo a Salmanaser, como fazia de ano em ano (2Rs</p><p>17:4). Porém, resolveu arriscar tudo solicitando a ajuda</p><p>do Egito contra a Assíria e deixando de pagar o tributo.</p><p>Isso foi a sentença de morte da nação israelita. Oséias</p><p>amargou tanto a derrota por parte dos Assírios quanto</p><p>o abandono por parte do Egito, que não veio socorrê-lo.</p><p>Pior do que isso era ver um cativeiro vir sobre o</p><p>povo de Deus novamente. E, infelizmente, era o que</p><p>estava por vir sobre o Reino do Sul (Judá). Imaginem</p><p>como deve ter ficado o coração do profeta? O povo de</p><p>Judá simplesmente estava indo nas mesmas passadas</p><p>do povo de Israel. O ponto mais acentuado da desobe-</p><p>diência do povo de Deus foi durante o reinado do Acaz.</p><p>No período deste rei, Judá se tornou uma cidade saté-</p><p>lite a serviço da Assíria (assim como Israel o fora). Isso</p><p>www.ib7.org 121</p><p>aconteceu porque Acaz pediu socorro a Assíria contra</p><p>uma aliança política feita entre Israel (sob o comando de</p><p>Peca – 2Rs 16:5-9) e a Síria (sob o comando de Rezim).</p><p>Com intenções de demonstrar gratidão a “tão gene-</p><p>roso ato de salvação” vindo da parte de Tiglate-Pileser,</p><p>Acaz implementa uma nova política em seu governo. Ele</p><p>implementou em Judá um sincretismo (misturou a reli-</p><p>gião dos Assírios com a religião de Yahweh) que afetou</p><p>diretamente a religião israelita. Suas inovações foram</p><p>tão audaciosas que até a cópia de um altar da religião</p><p>assíria, que ele viu em Damasco, foi trazida para Judá.</p><p>Isso não foi tudo! Acaz tirou o altar do Senhor do lugar</p><p>devido e o pôs de lado (2Rs 16:14). Pode até parecer</p><p>um ato sem importância, mas passava uma mensagem</p><p>terrível: o Senhor não tem mais o primeiro lugar aqui!</p><p>O paganismo assírio levou Judá inevitavelmente a des-</p><p>considerar a aliança que havia feito como Senhor. Que</p><p>lástima!</p><p>MIQUÉIAS – UM POUCO DO CONTEXTO SOCIAL</p><p>A estrutura social da vida do povo de Deus não era</p><p>mais a mesma da época dos juízes, em que eles viviam</p><p>no sistema tribal. Uma das principais características deste</p><p>período é que as tribos eram verdadeiros grupos autôno-</p><p>mos que estavam ligados entre si por uma linhagem de</p><p>sangue, oriunda do cabeça da família.94 Ou seja, “toda a</p><p>organização social do deserto se resume em uma árvore</p><p>genealógica”.95</p><p>Simplificando, a estrutura social desta época dava-</p><p>-se assim:</p><p>94 VAUX, Roland. Instituições de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida</p><p>Nova, 2004, p. 23-27.</p><p>95 VAUX, Roland. Op. cit., p..23.</p><p>122 Estudos Bíblicos</p><p>Família</p><p>Clã</p><p>Tribo</p><p>Esta mudança criou marcas profundas na vida ou</p><p>no estilo de vida do povo. A agricultura e a pecuária que</p><p>antes serviam apenas para sustento das famílias, agora</p><p>teriam de suprir as necessidades de um rei (incluindo</p><p>palácio, súditos, servos, etc.) e da nação. O Estado se</p><p>sobressaía à família. O pequeno lavrador, por exemplo,</p><p>teria que sustentar esta estrutura com o pagamento de</p><p>impostos. Não demorou muito e a sociedade israelita</p><p>pós-tribal se viu em apuros devido às flagrantes injus-</p><p>tiças.</p><p>O pequeno lavrador, cujo estado econômico era,</p><p>quando muito, marginal, achava-se frequentemente nas</p><p>garras de usurários e, à menor calamidade – uma seca,</p><p>a perda de uma colheita (cf. Am 4:6-9) – ficava sujeito à</p><p>execução da hipoteca e à evicção, quando não ao traba-</p><p>lho escravo. O sistema, que já era por si mesmo severo,</p><p>tornava-se cada vez mais cruel em virtude da ganância</p><p>dos ricos, que se aproveitavam sem a menor consciên-</p><p>cia do estado de miséria dos pobres para ampliar suas</p><p>posses, frequentemente recorrendo às práticas mais ilí-</p><p>citas como falsificação de peso e medidas e a vários</p><p>subterfúgios legais para conseguir os seus fins (cf. Am</p><p>2:6ss; 5:11; 8:4-6).96</p><p>Em meio a tudo isso ainda pesava o fato de que os</p><p>necessitados não tinham a quem recorrer, pois, os chefes</p><p>96 BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo: Paulus, 2003, p. 316.</p><p>www.ib7.org 123</p><p>do povo que deviam exercer a justiça não o faziam. Não</p><p>é à toa que o Senhor fala em tom irônico pela boca do</p><p>profeta: “Ouvi, agora, vós, cabeças de Jacó, chefes da</p><p>casa de Israel: Não é a vós outros que pertence saber</p><p>o juízo?” (3:1-4). A nova estrutura acabou favorecendo</p><p>a fartura de uns e a escassez da maioria. Ao se com-</p><p>portar dessa forma, os líderes demonstravam o quanto</p><p>os antigos laços tribais, que antes fortaleciam, davam</p><p>estabilidade e equilíbrio ao grupo, tinham se rompido.</p><p>Contra este terrível pano de fundo reluz um dos textos</p><p>mais conhecidos do profeta Miquéias: “Ele te declarou,</p><p>ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de</p><p>ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia e andes</p><p>humildemente com o teu Deus” (6:8). Socialmente a</p><p>vida do povo estava se desintegrando. Não mais com-</p><p>promisso com os mandamentos, não havia mais com-</p><p>promisso com Deus.</p><p>MIQUÉIAS – UM POUCO DO CONTEXTO RELIGIOSO</p><p>Um dos temas centrais de Miquéias é o combate</p><p>ao mero formalismo religioso. O verdadeiro fiel deve</p><p>viver como tal. A degradação da vida social do povo</p><p>acompanhou a degradação da vida religiosa. O irônico</p><p>é que a degradação da vida religiosa não foi marcada</p><p>pela ausência do exercício da própria religião. Muito pelo</p><p>contrário. Antes de ser destruído por Nabucodonosor, o</p><p>Templo sempre esteve em pleno funcionamento, com</p><p>o sistema sacrifical a todo vapor. Se o povo tinha seus</p><p>símbolos de fé, que o próprio Senhor</p><p>instituiu, então de</p><p>que reclamava o profeta Miquéias (e também os profetas</p><p>Oséias, Amós, Isaias e Jeremias)? Miquéias reclamava</p><p>de uma religião diluída, e que só matinha as aparências.</p><p>Ele denunciou, por exemplo, a confiança absurda que os</p><p>124 Estudos Bíblicos</p><p>sacerdotes, profetas e o povo depositavam nos ritos e</p><p>sacrifícios (cf. 6:6,7).</p><p>Antes fosse apenas isso. A interação com os outros</p><p>povos trouxe muito mais do que interação social, trouxe</p><p>também interação religiosa. A sociedade israelita trouxe</p><p>elementos do culto a Baal para dentro do culto ao Senhor.</p><p>As narrativas bíblicas revelam-nos que o baalismo nunca</p><p>foi expurgado totalmente. O resultado foi uma mistura</p><p>entre o monoteísmo e o paganismo. Na cabeça dos líde-</p><p>res religiosos, independente de qualquer coisa, bastava</p><p>manter os rituais funcionando. Acontecesse o que acon-</p><p>tecesse, os rituais deviam ser mantidos (cf. Am 4:4,5).</p><p>De fato, o Senhor havia ordenado e regulado o</p><p>funcionamento do sistema de sacrifícios e ofertas. Por</p><p>anos eles vinham fazendo aquilo. A questão, no entanto,</p><p>é que em tempos de insensibilidade espiritual o povo</p><p>de Deus perde o senso crítico. Os conterrâneos de</p><p>Miquéias haviam se esquecido das palavras de Samuel</p><p>“Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaus-</p><p>tos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do</p><p>SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrifi-</p><p>car, e o atender melhor é do que o gordura de carneiros”.</p><p>(1Sm 15:22). Eles perderam de vista a linha que separa</p><p>o certo do errado. Como disse Isaías: “Ai dos que ao mal</p><p>chamam bem e ao bem, mas; que fazem da escuridade</p><p>luz e da luz escuridade; põe o amargo por doce e o doce,</p><p>por amargo!” (Is 5:20).</p><p>Qualquer teologia que facilite nosso pecado não</p><p>é uma teologia bíblica. Se os governantes, profetas e</p><p>sacerdotes tivessem lido e meditado sobre Levítico 26 e</p><p>Deuteronômio 28 a 30, teriam descoberto que o Deus da</p><p>aliança é um Deus santo que não tolera o pecado arro-</p><p>gante. Também teriam visto que as bênçãos da aliança</p><p>www.ib7.org 125</p><p>dependiam da obediência deles às condições da aliança</p><p>e que Deus castiga seu povo quando desobedece.97</p><p>O estilo de vida do povo era marcado por idola-</p><p>tria e prostituição (1:7), cobiça (2:1-2), profecias sob</p><p>pretexto de algum lucro (3:5), perversão do direito e da</p><p>justiça (3:9-11), feitiçaria (5:12), acúmulo de riquezas</p><p>ilícitas (6:10), pesos e medidas alterados para favore-</p><p>cer os ambiciosos (6:11), propagação da mentira (6:12),</p><p>conivência com maus exemplos (6:16), quebra do man-</p><p>damento relacionado à família (7:6). Apesar de, na ava-</p><p>liação de Deus, e de seu profeta, a vida religiosa estar</p><p>em profundo declínio, a atmosfera era de otimismo. Na</p><p>época de Miquéias a religião estatal tinha seu santuá-</p><p>rio abastecido com o melhor da terra e do gado. A vida</p><p>seguia o curso normal. E, ao que parece, pelo menos no</p><p>entender da nação, a vida seguia seu curso sempre em</p><p>direção ao cumprimento das promessas do Senhor.</p><p>O povo só não conseguia enxergar que, em tempos</p><p>de infidelidade, Deus tem todo direito de suspender o</p><p>cumprimento daquelas promessas que falavam de um</p><p>futuro glorioso para a nação. Miquéias não foi o único</p><p>a confrontar esta falsa expectativa. Amós também: “Ai</p><p>de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais</p><p>o Dia do Senhor? É dia de trevas e não de luz” (5:18).</p><p>Se o coração do povo não era mais íntegro para com o</p><p>Senhor, então porque continuar com os ritos sagrados?</p><p>(6:6,7).</p><p>MIQUÉIAS</p><p>AS PROFECIAS DE ESPERANÇA E RESTAURAÇÃO</p><p>Sob o amplo contexto que foi exposto até aqui,</p><p>não tinha como o Senhor não trazer juízo sobre aquela</p><p>nação. Para que seu próprio senso de justiça não ficasse</p><p>97 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 490.</p><p>126 Estudos Bíblicos</p><p>invalidado, o Senhor deveria disciplinar seu povo. Esta</p><p>disciplina, que veio em forma de cativeiro, não era sinal</p><p>da falta de amor. Antes, o Senhor só estava fazendo isso</p><p>porque os amava muito. Como prova disso o próprio</p><p>Miquéias trouxe em meio às profecias de julgamento,</p><p>profecias de esperança para os judeus.</p><p>Primeiro Deus promete exaltar e estabelecer</p><p>Jerusalém novamente (3:12 – 4:1). Também prometeu</p><p>fazer de Jerusalém um centro de reuniões universal,</p><p>para onde se direcionariam todas as nações (4:2-13).</p><p>A partir do “monte do Senhor” serão disseminados os</p><p>ensinamentos doutrinários e éticos para os povos. Por</p><p>fim, dentre as profecias de esperança, eis a mais impor-</p><p>tante: um novo rei, o Messias de Belém. Sua cidade de</p><p>origem não foi classifica como cidade muito importante</p><p>(5:2). Isto revela uma inversão de expectativa. Talvez</p><p>não fosse de se esperar que um grande líder viesse de</p><p>uma “cidadezinha do interior”. Mas, apesar disso, Belém</p><p>era memorável. Pois de lá veio Davi (o rei-referência de</p><p>algumas profecias isto é, o ideal davídico). Outra coisa</p><p>importante é mencionada nesta profecia de Miquéias</p><p>sobre o futuro rei. Suas origens “... são desde os tempos</p><p>antigos, desde os dias da eternidade” (5:2).98</p><p>No meu parecer isso faz um contrabalanço interes-</p><p>sante em relação à pequenez da cidade de Belém. É</p><p>possível que Miquéias tenha utilizado um elemento de</p><p>reversão em seu discurso poético-profético. Ou seja, a</p><p>cidade pode ser pequena, mas sua linhagem é longa o</p><p>98 Somos tentados a ver a pré-existência ou a existência pré-encarnada de Jesus</p><p>aqui. Porém, precisamos considerar o texto dentro do contexto do próprio profeta.</p><p>Sabemos que ele recebeu uma profecia de Deus. Mas não podemos garantir que</p><p>ele estava a par de todos os detalhes desta profecia. Por exemplo, ele não sabia</p><p>da época ou do dia em que a pessoa do messias surgiria. Uma questão gramatical</p><p>importante que pode ser ressaltada aqui é que o termo usado para “tempos antigos,</p><p>desde os dias da eternidade”. Ambas as expressões no português vem de uma só</p><p>frase no hebraico qedem ‘ôlam. O termo ‘ôlam às vezes tem o significado de tempo</p><p>sem fim como é o caso do Sl 41:13. Porém em outros textos você encontra o sentido</p><p>de um tempo determinado, com é o caso de 1 Sm 27:12.</p><p>www.ib7.org 127</p><p>suficiente para corroborar com as promessas mais anti-</p><p>gas (p. ex. como a que remonta até Abrão e Sarai – Gn</p><p>17:6). Quanto a isso “não se afirma uma existência pré-</p><p>-mundana, mas, sim, uma origem em tempos imemo-</p><p>riais”. 99</p><p>Sob seu comando estão reservados tempos de</p><p>paz. Seu reinado trará uma era sem precedentes sobre</p><p>o povo de Deus. Este rei também trará um caráter pasto-</p><p>ral em sua missão governamental. Ele “... apascentará o</p><p>povo na força do Senhor” (5:4). Sem sombra de dúvidas,</p><p>o Israel disperso será o Israel trazido de volta (2:12,13).</p><p>O poderio militar do povo será semelhante a “chifres de</p><p>bronze” e “unhas de ferro” (4:13). Sob a aurora deste</p><p>novo governo, uma liderança suficiente e capaz será</p><p>levantada para derrotar os inimigos (5:5,6). O povo de</p><p>Jacó será imensamente multiplicado (5:7,8).</p><p>CONCLUSÃO</p><p>A presença da Lei e dos sinais da aliança como</p><p>constituição nacional não significou que isso fazia de</p><p>Israel um povo automaticamente mais santo e obe-</p><p>diente. Para que isso acontecesse, era necessário prati-</p><p>car a lei mediante o aprofundamento do relacionamento</p><p>com Deus. É indigerível saber que uma nação como a</p><p>israelita, criada por Deus para atender aos propósitos</p><p>dele, destoou tanto de sua vocação. O afastamento de</p><p>Deus gera descaracterização do chamado e dos frutos</p><p>que ele pode gerar. Isso ainda é uma realidade. É bem</p><p>verdade que as profecias de Miquéias foram dadas para</p><p>um contexto específico. Contudo, muita coisa ainda tem</p><p>similaridade com nossa época com relação àquilo que</p><p>ele denunciou.</p><p>99 KAISER JR, Walter C. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova,</p><p>2007, p. 211.</p><p>128 Estudos Bíblicos</p><p>Em nossos dias o Brasil é considerado um país</p><p>cristão. E como tal, ainda revela em nosso tempo um</p><p>quadro tão aterrador de pobreza, desequilíbrio social,</p><p>exploração ilícita dos bens públicos, favorecimento aos</p><p>membros do alto escalão etc. E não adianta colocar a</p><p>culpa apenas nos governantes, pois a realidade tem</p><p>mostrado que os valores na instituição mais básica da</p><p>sociedade (ou do Estado), a família, têm declinado bas-</p><p>tante. Talvez isso soe ofensivo, mas temos que amar-</p><p>gamente admitir que o comportamento de alguns indi-</p><p>víduos da população civil é parecido com o caráter da</p><p>classe política governante.</p><p>Quanto ao cenário religioso, temos material crítico</p><p>de sobra circulando pelos principais meios de comunica-</p><p>ção, falando horrores dos cristãos (o que inclui os evan-</p><p>gélicos também). Quantas notícias de pastores e outros</p><p>líderes envolvidos em roubos, golpes, pedofilia, manipu-</p><p>lação da fé das pessoas visando o lucro financeiro. Será</p><p>que Jesus também não chamaria hoje alguns locais de</p><p>adoração de “covil de salteadores”?</p><p>É claro que nem todos são assim. Prefiro encerrar</p><p>este estudo afirmando que nem tudo está perdido. Ainda</p><p>existem pessoas honestas, sinceras e dignas de cré-</p><p>dito. É possível encontrar marcas da bondade de Deus</p><p>em pessoas e na política das instituições que lideram.</p><p>Quanto à fé cristã, digo que o Senhor tem mantido um</p><p>remanescente fiel ao longo das eras. Estarão continua-</p><p>mente com suas “vestiduras brancas”, marca indelével</p><p>de quem foi banhado pelo sangue do Cordeiro de Deus.</p><p>Por mais que o mal se perpetue e mostre sua face mais</p><p>negra, devemos fazer a seguinte profissão de fé: “Eu,</p><p>porém, olharei para o Senhor e esperarei no Deus de</p><p>minha salvação; o meu Deus me ouvirá” (Mq 7:7).</p><p>São poucas as passagens das Escrituras que</p><p>contêm tanta “teologia instilada” quanto Miquéias 7:18-</p><p>www.ib7.org 129</p><p>20. Nelas vemos um reflexo do que Deus disse a Moisés</p><p>no Sinai (Êx 34:5-7). Quanto mais conhecemos o cará-</p><p>ter de Deus, mais podemos confiar nele para o futuro.</p><p>Quanto mais conhecemos as promessas e alianças</p><p>de Deus, mais paz teremos em nosso coração quando</p><p>as coisas se desintegrarem ao nosso redor. Quando</p><p>Miquéias escreveu essa confissão de fé, parecia não</p><p>haver esperança alguma para o futuro e, no entanto, para</p><p>o profeta havia esperança, pois ele conhecia a Deus e</p><p>confiava inteiramente nele. Não importa quão escuro</p><p>seja o dia, a luz das promessas de Deus continua a bri-</p><p>lhar. Não importa quão confusas e assustadoras sejam</p><p>as circunstâncias, o caráter de Deus é o mesmo. Você</p><p>tem motivos de sobra para confiar nele!</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1) Que informações temos sobre Miquéias? Em que</p><p>época ele exerceu seu ministério? Há alguma relação</p><p>entre o significado do nome de Miquéias com o contexto</p><p>do livro? (1:1-2)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>2) Uma das principais ênfases teológicas de Miquéias</p><p>estava relacionada à prática da justiça. Porque ele enfa-</p><p>tizou isso? O que acontecia em sua época? (Cap. 2-3)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>130 Estudos Bíblicos</p><p>3) Se os mandamentos e ordenanças eram a vontade de</p><p>Deus, então por que o Senhor não estava contente com</p><p>o serviço de adoração? (6:6,7)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>4) É possível que a mudança na estrutura social do estilo</p><p>de vida tribal para o monárquico tenha gerado implica-</p><p>ções profundas? Por que você acha isso?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>5) Como o público de Miquéias, provavelmente, interpre-</p><p>tou a profecia que falava de um rei-messias? (Cap. 5)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>6) Que outro ponto de aplicação você consegue trazer</p><p>para nossos dias, que não foi mencionada na conclu-</p><p>são?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>www.ib7.org 131</p><p>Christiano Daniel Fritzen</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – Gênesis 18:20</p><p>Antes de destruir Sodoma e Gomorra, Deus avisou</p><p>e ainda mandou “espiões” para ver se tudo era verdade</p><p>mesmo. É claro que Deus já sabia o que acontecia lá,</p><p>mas ele queria que ficasse provado que não foi por falta</p><p>de aviso que os povos dessas duas cidades sofreram</p><p>severa punição. De acordo com Judas 7, o pecado dali</p><p>era o homossexualismo, mas alguns profetas se referem</p><p>a várias desordens sociais, injustiças (Is 1:10-17; 3:9),</p><p>adultério, mentira e estímulo à maldade (Jr 23:14), além</p><p>de orgulho, vida fácil e falta de ajuda aos necessitados</p><p>(Ez 16:49). Note a semelhança com os dias atuais. Deus</p><p>tolerou por um tempo, avisou e finalmente eliminou o</p><p>mal. Ele logo voltará a fazer isso, mas agora de maneira</p><p>permanente e definitiva, além de não ser em apenas</p><p>duas cidades. Precisamos vigiar, orar e avisar o mundo!</p><p>Segunda-feira – Salmos 18:25,26</p><p>Certamente uma das grandes aflições cristãs</p><p>mundo afora é ver tanta coisa errada, deturpada e má</p><p>acontecendo, sem muitas vezes poder fazer nada e</p><p>sentir que Deus “demora” em agir. No primeiro trimestre</p><p>deste ano, nós estudamos um pouco do livro do Apoca-</p><p>lipse e vimos que, na hora certa, o Senhor Deus rece-</p><p>berá a todos os habitantes da terra e agirá conforme os</p><p>versículos lidos hoje, benignamente com seus servos</p><p>bons e fiéis e encaminhando os ímpios para um castigo</p><p>eterno. Na minha versão bíblica, está escrito que com</p><p>o perverso se mostrará “indomável” e imediatamente</p><p>132 Estudos Bíblicos</p><p>lembrei-me do verso que Deus diz: “Agindo eu, quem</p><p>impedirá?” (Is 43:13). Quando Javé fizer a sua justiça,</p><p>ninguém conseguirá impedir nem distorcê-la.</p><p>Terça-feira – Isaías 1:9</p><p>No início do livro do profeta Isaías, Deus faz juízos</p><p>ao povo que se desviou por completo e que estaria con-</p><p>denado, não fosse uma promessa divina feita a Abraão.</p><p>Deste modo, ao invés de um final idêntico ao de Sodoma</p><p>e Gomorra, o povo hebreu foi levado cativo para o exílio e</p><p>assim se preservou para depois se reaproximar de Deus</p><p>e se tornar nação novamente, vindo desta nação, anos</p><p>depois, o Messias. E este mesmo Messias um dia voltará</p><p>para executar o seu juízo, pleno, perfeito e preservará os</p><p>santos num lugar onde Satanás não mais nos tentará a</p><p>desvios, pois estará eliminado, ele e seus seguidores e</p><p>estes, sem deixar remanescentes. O bem triunfará!</p><p>Quarta-feira – Ezequiel 14:13</p><p>Perceba que cada vez mais as pessoas procuram</p><p>se afastar de Deus e cada vez mais o mundo fica mais</p><p>aflito. Não, não é coincidência. As pessoas fazem cha-</p><p>cota do cristianismo e ignoram por completo os manda-</p><p>mentos e andam cada vez mais perdidas sofrendo com o</p><p>estresse, a depressão e diversos males do mundo. Não</p><p>sabem o que fazer, mas quando lhes anunciam a Cristo,</p><p>têm segurança em negá-lo. Enquanto o conhecimento</p><p>progride e a humanidade vai achando que pode andar</p><p>por si só, a moralidade e o amor diminuem. E isso será</p><p>cada vez mais forte, como já foi anunciado por profetas e</p><p>por Jesus. Serão as dores do parto antes do juízo divino</p><p>e do estabelecimento do Reino definitivo de Deus.</p><p>www.ib7.org 133</p><p>Quinta-feira – Mateus 11:23,24</p><p>Que advertência esta de Cristo! Certamente os</p><p>moradores de Cafarnaum conheciam a história das cida-</p><p>des queimadas com fogo e enxofre vindos diretamente</p><p>dos céus. Apesar dos sinais e maravilhas ocorridos ali,</p><p>eles ainda teimavam em acreditar. No livro “Não tenho</p><p>fé suficiente para ser ateu”, os autores relatam sobre</p><p>cientistas que não admitem outra teoria além da evolu-</p><p>ção simplesmente para excluir a Deus e não porque eles</p><p>tenham alguma prova evolucionista.100 E na nossa vida</p><p>cristã, quantas vezes nós vemos Deus agindo em nossa</p><p>vida, presenciamos fatos impressionantes, testemunhos</p><p>emocionantes, mas ao sairmos do templo, vivemos uma</p><p>vida “normal”? Certamente, este aviso do mestre Jesus</p><p>não serve apenas para a cidade de Cafarnaum.</p><p>Sexta-feira – Romanos 11:22</p><p>Permanecer nos caminhos de Deus não é uma</p><p>tarefa fácil e, aos olhos do mundo, nem recompensadora.</p><p>Mas acredite que depois deste longo caminho veremos</p><p>a plenitude da bondade divina. O próprio apóstolo Paulo,</p><p>que escreveu esta epístola aos romanos, disse em outra</p><p>carta que havia completado a corrida, guardado a fé e</p><p>que a ele estava reservada a coroa (2Tm 4:7-8). Mas</p><p>este é o final feliz para os que seguirem o conselho e</p><p>exemplo de Paulo. O lado triste da história é que muitos</p><p>não seguirão este caminho, desviar-se-ão, tornando-se</p><p>adversários de Deus e o que restará a eles é uma expec-</p><p>tação horrível devido aos seus pecados (Hb 10:26-27).</p><p>Podemos escolher. Ainda há tempo, mas não muito.</p><p>100 GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São</p><p>Paulo: Vida Acadêmica, 2010, p. 83, 120.</p><p>134 Estudos Bíblicos</p><p>Sábado – Mateus 10:12-15</p><p>Perceba que nestes versículos não se diz para</p><p>forçar uma pessoa a receber a Palavra, nem xingá-la</p><p>caso ela não aceite, mas simplesmente diz que a paz</p><p>torne aos discípulos. Muitas vezes ficamos tristes quando</p><p>somos motivo de chacotas, injustiças ou até agressões</p><p>físicas ou verbais quando falamos de Cristo e corremos</p><p>risco de “perder a linha”. Se seguirmos a leitura de hoje</p><p>ao versículo 16 veremos que o Mestre nos aconselha a</p><p>prudência. Ele sabe que teremos dificuldades em nosso</p><p>caminho e que muitos procurarão nos desviar e intimi-</p><p>dar. Ele sabe que diversas pessoas procuram apenas</p><p>fazer o mal e nos pede que o deixemos executar sua</p><p>justiça, que não falhará. O amor de Deus é infinito, mas</p><p>sua paciência com quem se opõe ao seu Reino não.</p><p>www.ib7.org 135</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Estudar os profetas do Antigo Testamento é viajar</p><p>no tempo para um encontro com homens extraordiná-</p><p>rios que obedeceram ao Senhor de maneira radical, em</p><p>ambientes, em sua maioria, hostis.</p><p>No cenário em que viveram os profetas prevalecia</p><p>a injustiça social, corrupção política e legalismo religioso.</p><p>Não raras vezes estudiosos se referem aos profetas</p><p>como “nossos contemporâneos”, em uma clara alusão à</p><p>semelhança do contexto em que vivemos, com os con-</p><p>textos originais da mensagem profética. Assim sendo,</p><p>estudar os profetas é uma redescoberta de uma das</p><p>dimensões do que é ser Igreja, observando o ambiente</p><p>em que se vive, comparando-o com a vontade revelada</p><p>de Deus em sua santa Palavra.</p><p>Onde se verificar injustiça social, corrupção polí-</p><p>tica e legalismo religioso, aí se faz necessário ouvir mais</p><p>uma vez a mensagem profética, e assumir o papel de</p><p>arauto das verdades de Deus.</p><p>O fato de alguém ser nomeado entre os profetas</p><p>o coloca como partícipe de um evento conhecido como</p><p>NAUM</p><p>O LIMITE DA</p><p>TOLERÂNCIA DIVINA</p><p>Pr. Alfredo Oliveira Silva23 de Agosto de 2014</p><p>8</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“O SENHOR é muito paciente, mas o seu</p><p>poder é imenso; o SENHOR não deixará impune</p><p>o culpado. O seu caminho está no vendaval e na</p><p>tempestade, e as nuvens são a poeira de seus</p><p>pés”. (Na 1:3, NVI)</p><p>136 Estudos Bíblicos</p><p>“O fenômeno do profetismo”101, um capítulo especial no</p><p>estudo da Bíblia Sagrada, e que é bastante diferente da</p><p>compreensão popular sobre profetas e profecias, que</p><p>atualmente limita-se a um aspecto reducionista e mera-</p><p>mente preditivo, enquanto os profetas bíblicos tinham</p><p>uma função de denúncia das injustiças onde quer que</p><p>elas se apresentassem.</p><p>Nesta lição trataremos sobre o livro do profeta</p><p>Naum, que tem sido tradicionalmente classificado como</p><p>um dos profetas menores, e também um profeta pré-</p><p>-exílico, isto é, exerceu seu ministério antes do cativeiro</p><p>babilônico.</p><p>AUTORIA, DATA E LOCAL</p><p>O texto oferece testemunho interno que o atribui a</p><p>Naum, o elcosita, personagem não referido em nenhum</p><p>outro lugar das Escrituras Sagradas. A sua origem,</p><p>Élcos, também permanece uma incógnita sendo difí-</p><p>cil precisar a localização, havendo apenas suposições.</p><p>Entretanto, não vemos obstáculo, especialmente se nos</p><p>lembrarmos da distinção feita por Brown entre “autor” e</p><p>“escritor”, quando o autor é aquele a quem ele considera</p><p>como pai das ideias, enquanto o escritor seria o redator</p><p>do texto. No caso da Profecia de Naum, podemos afir-</p><p>mar com tranquilidade que Naum foi o escritor e Deus</p><p>mesmo é o autor.</p><p>Com relação à datação, podemos afirmar que o</p><p>livro de Naum é suscetível de ser datado dentro dos limi-</p><p>tes de meio século. De pesquisas arqueológicas sabe-</p><p>-se que Nínive caiu em 612 A.C. A predição de Naum foi</p><p>101 Cf. COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Uma visão geral do profetismo. Disponível</p><p>em: <http://www.isaltino.com.br/2001/07/uma-visao-geral-do-profetismo>. Acessado</p><p>em: 16 nov. 2013. E, REIMER, Haroldo. O fenômeno do profetismo. Disponível em:</p><p><http://www.haroldoreimer.pro.br/pdf/O_fenomeno_do_Profetismo.pdf>. Acessado</p><p>em: 16 nov. 2013.</p><p>www.ib7.org 137</p><p>escrita provavelmente um pouco antes da destruição da</p><p>cidade. Além disso, em 3:8 o profeta menciona o cativeiro</p><p>de Nô (Nô-Amom ou Tebas, a capital do Egito Superior)</p><p>como acontecimento histórico. Assurbanipal da Assíria</p><p>(668-626 A.C.) efetuou a tomada da cidade egípcia no</p><p>ano de 663 A.C. Portanto, o livro pode ser datado entre</p><p>663 A.C. e 612 A.C., provavelmente mais próximo desta</p><p>última data.102</p><p>O nome do profeta significa “cheio de consolo”, for-</p><p>mado pela palavra hebraica similar a outras que signi-</p><p>ficam “cheio de graça” e “cheio de compaixão”. Certos</p><p>estudiosos não veem a conveniência desta designação,</p><p>visto que Naum proclama uma mensagem de destruição</p><p>e devastação. Mas um exame mais detido revela que</p><p>a natureza de sua profecia está no cerne do consolo –</p><p>para o povo de Deus.103</p><p>A profecia de Naum, a exemplo de outros textos</p><p>canônicos – inclusive outros seis profetas menores –,</p><p>não tem preocupação com precisão cronológica, e sim</p><p>com fidelidade à mensagem revelada por Deus ao seu</p><p>Profeta.104 Isto posto, consideremos o teor do livro, divi-</p><p>dido em três capítulos.</p><p>DEUS O JUSTO JUIZ</p><p>A profecia de Naum se inicia com uma sentença</p><p>sendo proferida, “Sentença contra Nínive, livro da visão</p><p>de Naum o elcosita.” (1:1). Estes termos encerram uma</p><p>afirmação pesada, que trará no seu cumprimento sofri-</p><p>102 PFEIFFER, Charles F. Comentário bíblico Moody: Gênesis a Malaquias, v. 1.</p><p>São Paulo: Imprensa Batista Regular, 2010, p. 2068.</p><p>103 DUNNING, H. Ray. O livro de Naum. In: Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de</p><p>Janeiro: CPAD, 2005, p. 203.</p><p>104 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Os profetas menores (II): Miquéias, Naum,</p><p>Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Rio de Janeiro: JUERP, 2002, p.</p><p>58.</p><p>138 Estudos Bíblicos</p><p>mento, dor e destruição para Nínive, a capital do pode-</p><p>roso Império Assírio que aconteceria em 612 A.C.105</p><p>Nínive era uma das mais antigas cidades do mundo,</p><p>seu fundador foi Ninrode (Gn 10:11), e junto com a Babi-</p><p>lônia representou uma das maiores ameaças ao povo</p><p>de Deus no Antigo Testamento.106 Nínive era a capital</p><p>de uma potência que dominou e aterrorizou o mundo – o</p><p>Império Assírio –, sendo proverbial a crueldade dos assí-</p><p>rios para com os povos dominados. A profecia de Naum</p><p>começa com afirmações impactantes sobre Deus, o juiz</p><p>que julgará os atos de Nínive. A figura do juiz evoca a</p><p>justiça e, para que ela seja executada, é imprescindível</p><p>que o juiz tenha autonomia e não possa ser intimidado</p><p>ou corrompido. Deus não depende de Nínive, não pode</p><p>ser intimidado ou corrompido por ela. O Juiz é justo e a</p><p>justiça virá.</p><p>Nínive era bem protegida. A cidade media 48 km de</p><p>extensão por 16 de largura, sendo protegida por cinco</p><p>muralhas e três fossos. A chamada “Nínive interior”, que</p><p>era a capital propriamente dita, media quase 5 km de</p><p>largura por 2,5 de largura, protegida por muralhas de</p><p>30,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de nove</p><p>andares, hoje. Para que se tenha uma ideia da grandeza</p><p>da cidade, seus muros eram tão largos que três carros</p><p>podiam andar lado a lado sobre eles. Suas paredes eram</p><p>fortificadas com 1.500 torres, cada um com 61 metros</p><p>de altura. Com base num levantamento trigonométrico,</p><p>a área total foi calculada em 900 km2 – comparável à da</p><p>moderna Londres!107</p><p>A mensagem de Naum traz, por um lado, a ira e a</p><p>justiça, e por outro, misericórdia e graça. Deus é justo</p><p>juiz, e seu juízo será executado sobre todos. A crueldade</p><p>105 Coelho Filho, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 58.</p><p>106 Coelho Filho, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 58, 59.</p><p>107 BAXTER, J. Examinai as Escrituras, v. 3. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 228.</p><p>www.ib7.org 139</p><p>da cidade de Nínive será punida, e o clamor dos oprimi-</p><p>dos será ouvido.</p><p>Entre os muitos atributos de Deus está a justiça;.</p><p>Na profecia de Jeremias lemos: “Eis que vêm dias, diz</p><p>o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo;</p><p>e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o</p><p>juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo,</p><p>e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que</p><p>será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.” (Jr 23:5, 6).</p><p>E esse Senhor, o justo juiz, estava se levantando para</p><p>julgar Nínive, continua julgando e por fim se levantará</p><p>para julgar toda a terra (Cf. Sl 7:8; 97; Rm 2:16).</p><p>O capítulo primeiro descreve o poder de Deus que</p><p>atuará defendendo os oprimidos pela metrópole assíria,</p><p>e sobre ela executará seu juízo.</p><p>O Senhor é justo e juiz, e ele sempre executa seus</p><p>juízos. Em um contexto de justiça morosa e por vezes</p><p>acusada de parcialidade, a lembrança de que Deus é</p><p>um Justo Juiz deve confortar, e confrontar, o Seu povo, e</p><p>despertá-lo para a busca de uma vida justa em todas as</p><p>esferas, e para a promoção da justiça, o que será feito à</p><p>medida que a Igreja exerça sua voz profética.</p><p>DEUS JULGA NÍNIVE</p><p>O capítulo dois se inicia descrevendo a cidade de</p><p>Nínive, e anuncia: “Está decretado: a cidade-rainha está</p><p>despida elevada em cativeiro, as suas servas gemem</p><p>como pombas e batem no peito. Nínive, desde que existe,</p><p>tem sido como um açude de águas; mas, agora, fogem.</p><p>Parai! Parai! Clama-se; mas ninguém se volta.” (vv. 7, 8).</p><p>Defender a cidade seria impossível, pois a destruição</p><p>inevitável estava a caminho por um decreto divino, e a</p><p>Deus ninguém pode se opor. O opressor – Nínive – seria</p><p>destruído e o oprimido – Judá – seria reerguido.</p><p>140 Estudos Bíblicos</p><p>Por mais poderosa que fosse Nínive, por maiores</p><p>que fossem as suas conquistas, e por mais terror que ela</p><p>espalhasse, essa situação não ficaria impune. Deus jul-</p><p>garia a temível cidade, ela não poderia resisti-lo. Aquela</p><p>que fazia tremer as nações sequer seria ouvida, o Senhor</p><p>dos Exércitos estava contra ela. Seu palácio seria des-</p><p>truído (2:6), seu povo seria levado cativo (2:7), ou fugi-</p><p>ria aterrorizado (2:8), suas riquezas seriam saqueadas</p><p>(2:9), sua autoestima cairia (2:10). Deus julgaria Nínive e</p><p>toda a sua soberba e arrogância. Eis a terrível sentença:</p><p>“Eis que eu estou contra ti, diz o SENHOR dos Exércitos;</p><p>queimarei na fumaça os teus carros, a espada devorará</p><p>os teus leõezinhos, arrancarei da terra a tua presa, e</p><p>já não se ouvirá a voz dos teus embaixadores” (2:13).</p><p>Aquela a quem ninguém conseguia se opor, e a todos</p><p>dominava cruelmente, agora tinha contra si o Senhor do</p><p>Universo, que sobre ela aplicará o seu juízo.</p><p>Não é de se admirar que Deus anunciou: “Eis que</p><p>eu estou contra ti” (2:13). Mais de um século antes, o</p><p>Senhor havia enviado Jonas para advertir o povo de</p><p>Nínive, e quando a cidade se arrependeu, retirou seu jul-</p><p>gamento. Contudo, o tempo dos ninivitas havia se esgo-</p><p>tado e era chegado o fim. A Assíria seria deixada sem</p><p>armas, sem líderes e sem vitórias a serem anunciadas</p><p>por seus mensageiros. Deus julgou Nínive no passado,</p><p>e julga os opressores em todos os tempos, nenhuma</p><p>injustiça deixa de ser ponderada no julgamento divino</p><p>(Ec 12:14). Por mais que aos olhos humanos pareça</p><p>tardar a justiça, por mais que a justiça humana falhe,</p><p>o julgamento de Deus é certo, justo e sempre vem no</p><p>tempo certo, o tempo de Deus.108</p><p>Em meio às dificuldades, sofrimentos e dores, os</p><p>servos e servas do Senhor que estão sendo oprimidos</p><p>108 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento. Vol. 5.</p><p>Santo André, SP: Geográfica editora, 2006, p. 505.</p><p>www.ib7.org 141</p><p>devem lembra-se que o “... socorro vem do SENHOR,</p><p>que fez o céu e a terra” (Sl 121:2). Esta bendita espe-</p><p>rança e gloriosa certeza renovarão as forças daque-</p><p>les que elevarem os olhos para o socorro que vem do</p><p>Senhor.</p><p>DEUS PUNE NÍNIVE</p><p>O capítulo três da Profecia de Naum é um alerta</p><p>para todos os que agem injustamente: a punição do</p><p>Senhor é certa, e o seu juízo é inescapável. A severa</p><p>punição de Nínive pode ser esboçada da seguinte forma:</p><p>1.Lista dos pecados (3:1-4). Ao julgar, Deus o faz</p><p>de forma justa e lista os pecados da cruel cidade. O jul-</p><p>gamento de Deus não é genérico, é específico. Nada é</p><p>desconsiderado, ou esquecido, pelo justo juiz.</p><p>2. A punição é descrita (3:5-18). As consequ-</p><p>ências das ações serão sentidas, e uma das leis de</p><p>Newton afirma que “a toda ação há sempre uma reação</p><p>oposta e de igual intensidade”. A crueldade de Nínive</p><p>foi uma ação de uma sociedade pecadora e perversa e</p><p>teve como reação a punição divina, vista por alguns com</p><p>muita severa; tratam-se das justas consequências dos</p><p>atos pecaminosos.</p><p>3. A comemoração dos oprimidos (3:19). Quando</p><p>o opressor cai, os oprimidos celebram, e a celebração</p><p>deve ser porque a justiça foi feita e a liberdade alcan-</p><p>çada; deve-se evitar qualquer desejo de vingança, ou</p><p>mesmo o oprimido ter como meta se tornar o opressor.</p><p>O capítulo três encerra a profecia de forma com-</p><p>pleta ao listar a causa do juízo, nomeando os pecados</p><p>de Nínive; ao descrever a aplicação da justa punição e</p><p>ao registrar a reação aliviada daqueles que foram vitimi-</p><p>zados por Nínive. Em um mundo injusto e cruel, a jus-</p><p>tiça de Deus intervém para por termo à situação. Nem</p><p>142 Estudos Bíblicos</p><p>sempre o juízo sobre os opressores vem quando os opri-</p><p>midos desejam, mas a sua vinda será inevitável.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>A profecia de Naum traz um relato grave da aplica-</p><p>ção do juízo de Deus. Conquanto a mensagem do Cris-</p><p>tianismo enfatize a sua maravilhosa graça, celebrada em</p><p>tantas canções, a mensagem da graça salvadora não</p><p>pode prescindir do anúncio do juízo divino. A graça se</p><p>manifesta paralelamente ao juízo divino. Consideremos o</p><p>ensino do apóstolo Paulo registrado aos Romanos: “Pois</p><p>atestadas nos Evangelhos.2</p><p>Essa estrutura atual que temos em nossas Bíblias</p><p>vem da Bíblia Hebraica e, posteriormente, da Vulgata</p><p>Latina. A Septuaginta (versão grega do Antigo Testa-</p><p>mento) apresenta nos seis primeiros livros uma dispo-</p><p>sição diferente da Hebraica, dispondo-os assim: Oséias,</p><p>Amós, Miquéias, Joel, Obadias e Jonas. A expressão</p><p>“Profetas Menores” é de origem cristã, pelo volume do</p><p>texto ser menor em comparação aos de Isaías, Jeremias</p><p>e Ezequiel, conforme explica Agostinho de Hipona (345-</p><p>430 D.C.), em sua obra ”A cidade de Deus”. Na literatura</p><p>judaica, essa coleção é classificada como ”Os Doze”</p><p>ou ”Os Doze Profetas”. Essa informação é confirmada</p><p>desde o ano 132 A.C., quando da produção do livro</p><p>apócrifo de Eclesiástico (49:10), escrito por Jesus ben</p><p>Sirac, no 2º século A.C.; este livro mostra que eles eram</p><p>bastante estimados no judaísmo.3 Por isso o citamos</p><p>2 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:</p><p>CPAD, 2012, p. 9.</p><p>3 “Quanto aos doze profetas, que seus ossos floresçam no sepulcro, porque eles</p><p>consolaram Jacó e com sua confiante esperança o resgataram”.</p><p>www.ib7.org 15</p><p>como registro histórico, e não, obviamente, como obra</p><p>inspirada. É também corroborada pelo Talmude (antiga</p><p>literatura religiosa dos judeus) e ratificada pela obra</p><p>Contra Apion do historiador judeu Flávio Josefo (37-100</p><p>D.C.). Na Bíblia hebraica, eles estão contidos em um só</p><p>volume e foram provavelmente agrupados dessa forma</p><p>por volta de 425 A.C., por Esdras e a chamada Grande</p><p>Sinagoga, um grupo formado por 120 doutores da Lei.4</p><p>A ATUALIDADE DA MENSAGEM</p><p>DOS PROFETAS MENORES</p><p>O autor da carta aos Hebreus inicia afirmando que</p><p>Deus falou no passado por meio dos profetas (Hb 1:1). A</p><p>mensagem destes ainda tem relevância para os nossos</p><p>dias, posto que Paulo diz que “tudo o que foi escrito no</p><p>passado, foi escrito para nos ensinar” (Rm 15:4, NVI).</p><p>Em outra carta, referindo-se ao Antigo Testamento, ele</p><p>diz que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm</p><p>3:16), servindo para a nossa edificação espiritual, ou</p><p>seja, ela “é útil para nos ensinar o que é verdadeiro, e</p><p>para nos fazer compreender o que está errado em nossa</p><p>vida; ela nos endireita e nos ajuda a fazer o que é cor-</p><p>reto” (2Tm 3:16-17, BV).</p><p>Os evangelistas e o Senhor Jesus afirmam o cum-</p><p>primento das Escrituras dos profetas (Mt 26:56; Lc 24:47;</p><p>Jo 1:45). Jesus ressaltou que toda a mensagem da Lei e</p><p>dos Profetas é cumprida em sua regra áurea (Mt 7:12).</p><p>Tiago e Paulo frisaram que a mensagem dos profetas de</p><p>Israel é essencialmente a mesma da Igreja (At 15:15-17;</p><p>26:22,23). A mensagem dos profetas do Antigo Testa-</p><p>mento é de máxima importância para a vida espiritual do</p><p>4 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 10.</p><p>16 Estudos Bíblicos</p><p>cristão, pois apresenta a revelação a respeito de Deus,</p><p>da salvação e da vinda do Messias.5</p><p>A mensagem dos profetas não era apenas predi-</p><p>tiva. Esses homens de Deus eram, sobretudo, pregado-</p><p>res morais e éticos, vigias, sentinelas levantados pelo</p><p>Senhor para despertar e exortar suas respectivas gera-</p><p>ções. Durante as dominações assíria, babilônica e persa,</p><p>Deus levantou esses homens para ora conclamar o povo</p><p>de Israel ao arrependimento, ora reanimá-los; e, em suas</p><p>exortações proféticas, eles denunciaram e combateram</p><p>contundentemente a corrupção, o abuso de autoridade,</p><p>a injustiça social, a idolatria e o arrefecimento espiritual</p><p>e a frouxidão moral do povo, o que atesta a atualidade</p><p>premente dessas exortações para os nossos dias, ou</p><p>melhor, para todas as épocas.6</p><p>Importa destacar que o conhecimento das condi-</p><p>ções socioeconômicas, políticas e religiosas da época</p><p>dos profetas são indispensáveis à compreensão da</p><p>mensagem profética. Quando as referidas condições</p><p>se assemelham às nossas, não obstante a passagem</p><p>dos séculos, então os profetas de ontem falam hoje, e o</p><p>Antigo Testamento se atualiza de uma maneira notável e</p><p>também proveitosa.7</p><p>Interessante notar que os nomes dos profetas,</p><p>dados como títulos dos seus livros, coincidem com a</p><p>mensagem central que eles pregavam. Há, realmente,</p><p>uma coincidência muito grande entre o significado dos</p><p>nomes dos profetas e a mensagem anunciada por eles.</p><p>Sua mensagem já está, em boa parte, no sentido dos</p><p>seus nomes.</p><p>5 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Os profetas menores. Rio de Janeiro: JUERP,</p><p>2002.</p><p>6 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 10.</p><p>7 PAPE, Dionísio. Justiça e esperança para hoje: a mensagem dos profetas meno-</p><p>res. São Paulo: ABU Editora, 1993, p. 4.</p><p>www.ib7.org 17</p><p>OS PROFETAS MENORES E O MESSIAS</p><p>Os escritos dos Profetas Menores também são</p><p>notabilizados por suas mensagens messiânicas e esca-</p><p>tológicas, de maneira que eles concluem o Antigo Tes-</p><p>tamento com um clima de esperança e expectativa em</p><p>relação à vinda do Messias e trazendo vislumbres do</p><p>seu reinado milenar sobre a Terra. São, portanto, uma</p><p>excelente porta de entrada para os livros neotestamen-</p><p>tários.</p><p>Esses homens foram escolhidos por Deus para</p><p>cumprir uma missão: conduzir o povo à presença e à</p><p>vontade de Deus. Suas mensagens enfatizavam a natu-</p><p>reza de Deus, o pecado e o arrependimento, a predição</p><p>e a esperança messiânica. Os temas abordados por eles</p><p>têm relação com o Dia do Senhor e com os atributos de</p><p>Deus. Suas mensagens eram dirigidas ao povo de Israel</p><p>e Judá. Contudo, notamos que essas mensagens são</p><p>ainda para os nossos dias.</p><p>Muitas são as profecias relativas ao Messias que</p><p>aparecem nas páginas dos Profetas Menores. Senão,</p><p>vejamos.</p><p>No livro de Oséias, lemos que o Messias seria o</p><p>Filho de Deus e seria chamado do Egito (Os 11:1; c/c Mt</p><p>2:13-15), e venceria a morte (Os 13:14; c/c 1Co 15:55-</p><p>57). Em Joel, foi predito que o Messias ofereceria a sal-</p><p>vação para todos (JI 2:32; c/c Rm 10:12,13). Em Amós,</p><p>é anunciado que Deus faria com que o céu escurecesse</p><p>ao meio-dia, como ocorreu na morte do Messias (Am</p><p>8:9; c/c Mt 27:45,46). Em Miquéias, é predito que o Mes-</p><p>sias nasceria em Belém (Mq 5:2; c/c Mt 2:1,2), que seria</p><p>o Servo de Deus (Mq 5:2; c/c Jo 15:10) e que veio da</p><p>eternidade (Mq 5:2; c/c Ap 1:8). Em Ageu, é predito que</p><p>o Messias visitaria o segundo Templo (Ag 2:6-9; c/c Lc</p><p>18 Estudos Bíblicos</p><p>2:27-32) e que seria descendente do governador Zoro-</p><p>babel (Ag 2:23; c/c Lc 3:23-27).</p><p>Em Zacarias, o Messias seria Deus encarnado e</p><p>habitaria entre o seu povo (Zc 2:10,11; c/c Jo 1:14), seria</p><p>enviado por Deus (Zc 2:10,11; c/c Jo 8:18,19), seria o</p><p>descendente do governador Zorobabel (Zc 3:8; c/c Lc</p><p>3:23-27), seria chamado de o Servo de Deus (Zc 3:8;</p><p>c/c Jo 17:4), seria sacerdote e rei (Zc 6:12,13; c/c Hb</p><p>8:1), recebido com alegria em Jerusalém (Zc 9:9; c/c Mt</p><p>21:8-10), visto como Rei (Zc 9:9; c /c Jo 12:12,13), justo</p><p>(Zc 9:9; c/c Jo 5:30), traria a salvação (Zc 9:9; c/c Lc</p><p>19:10), seria humilde (Zc 9:9; c/c Mt 11:29), apresentado</p><p>a Jerusalém montado num jumento (Zc 9:9; c/c Mt 21:6-</p><p>9), seria a pedra de esquina (Zc 10:4; c/c Ef 2:20), seria</p><p>rejeitado por Israel (Zc 11:10; c/c Lc 19:41-44), traído</p><p>e trocado por 30 moedas de prata (Zc 11:12; c/c Mt</p><p>26:14,15), as 30 moedas de prata seriam lançadas na</p><p>Casa do Senhor (Zc 11:13; c/c Mt 27:3-5) e usadas para</p><p>comprar o campo do oleiro (Zc 11:13; c/c Mt 27:6,7), o</p><p>corpo do Messias seria transpassado (Zc 12:10; c/c Jo</p><p>19:34), ele seria um com Deus (Zc 13:7; c/c Jo 14:9) e</p><p>seus discípulos se dispersariam (Zc 13:7; c/c Mt 26:31-</p><p>56).</p><p>Em Malaquias, é anunciado que um mensageiro</p><p>prepararia o caminho para o Messias (Ml 3:1; c/c Mt</p><p>11:10), que o Messias apareceria subitamente no Templo</p><p>(Ml 3:1; c/c Mc 11:15,16), que seria o mensageiro da</p><p>Nova Aliança (Ml 3:1; c/c Lc 4:43), que o precursor do</p><p>Messias viria no espírito de Elias (Ml 4:5; c/c Mt 3:1,2) e</p><p>que esse precursor converteria muitos à justiça (Ml 4:6;</p><p>c/c Lc 1:16,17).</p><p>www.ib7.org 19</p><p>DIVISÃO DOS LIVROS</p><p>Os Profetas Menores podem ser divididos em</p><p>três grupos, no âmbito do período histórico: profetas de</p><p>Israel; profetas de Judá e profetas pós-exílicos de Judá.</p><p>Também podem</p><p>todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justi-</p><p>ficados gratuitamente, por sua graça, mediante a reden-</p><p>ção que há em Cristo Jesus.” (Rm 3:23, 24); e: “Porque</p><p>o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de</p><p>Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.”</p><p>(Rm 6:23).</p><p>A manifestação da graça salvadora ocorre no</p><p>ambiente de julgamento do pecado, que tem a morte</p><p>como consequência. Estas verdades permeiam toda</p><p>a Bíblia. Naum nos mostra que Deus é tardio em irar-</p><p>-se, mas mostra também que a retribuição aos pecados,</p><p>caso não haja uma mudança real de atitudes por meio</p><p>do arrependimento, é dada no momento certo. Sua mise-</p><p>ricórdia não pode ser interpretada como uma concessão</p><p>ao pecado, mas como uma oportunidade a uma vida de</p><p>retidão e quebrantamento.</p><p>A profecia de Naum é um alerta que a tolerância</p><p>divina tem limites, e quando ela acaba, o julgamento é efe-</p><p>tuado. A vida humana não pode ser vivida sem levar em</p><p>conta de que há um Deus justo, que não tolera a injustiça.</p><p>www.ib7.org 143</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Que informações dispomos sobre o Profeta Naum? A</p><p>quem ele profetizou? (1:1)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Qual a mensagem ele apresenta no primeiro capítulo?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>3. Que advertência séria é apresentada nos capítulos</p><p>dois e três?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>4. Como o tempo em que vivemos se assemelha ao</p><p>tempo do profeta Naum? Qual a importância de estudar-</p><p>mos os profetas na atualidade?</p><p>144 Estudos Bíblicos</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>5. Você compreende Deus como juiz? Como essa com-</p><p>preensão influencia sua maneira de viver?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>6. Nínive foi julgada por Deus pelos seus pecados. Quais</p><p>os pecados cometidos por nossas cidades hoje?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>7. Qual a relação entre graça e justiça, e como esta rela-</p><p>ção influencia nosso dia a dia?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>www.ib7.org 145</p><p>Victória Brites Fajardo</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – 2 Reis 17:23</p><p>Acho engraçado como as pessoas insistem em ver</p><p>na Bíblia um “deus mau”, quando na verdade ele é um</p><p>Pai de amor. Ao ler esse versículo vemos que Deus se</p><p>afastou do seu povo e a partir disso acreditamos que</p><p>ele assim o fez como uma espécie de vingança, quando</p><p>na verdade seu propósito era muito maior. Deus sempre</p><p>quis caminhar lado a lado com seu povo, contudo nos</p><p>esquecemos de que ele anda em direção à santidade e,</p><p>se lermos todo contexto, veremos que Israel insistiu em</p><p>andar em direção à desobediência. Foi o povo de Deus</p><p>que optou em se afastar do seu senhor, ele sempre</p><p>avisou através dos seus servos das consequências do</p><p>pecado. Hoje, ele ainda faz a mesma coisa, avisa-nos.</p><p>Mas e nós, fazemos o mesmo que Israel ou teremos</p><p>uma história diferente?</p><p>Segunda-feira – Sofonias 2:13</p><p>Tudo o que Deus promete, ele cumpre. O castigo</p><p>que sobreveio a Assíria foi cumprido quando Nínive foi</p><p>destruída pela Babilônia, mas a palavra castigo parece</p><p>tão pesada, não é mesmo? Certa vez eu ouvi a histó-</p><p>ria de uma mãe que estava descansando e ao ouvir os</p><p>gritos de sua filha, sai correndo para socorrê-la e, então,</p><p>percebe que a menina está sendo picada por abelhas</p><p>e começa a enfrentar a “inimiga” de sua filha. A criança</p><p>havia pisado sem querer numa colmeia e a mãe então a</p><p>salva, cuida de seus ferimentos e dá carinho; Deus faz</p><p>146 Estudos Bíblicos</p><p>o mesmo conosco e com quem nos maltrata; não temos</p><p>um Deus vingativo, mas sim um Pai defensor que luta</p><p>pelo nosso bem estar.</p><p>Terça-feira – Jeremias 25:5-7</p><p>Cultos com apelo de conversão, você sabe o que</p><p>é? Em geral, é o momento do apelo quando, após a</p><p>palavra, perguntamos se alguém quer entregar seu</p><p>caminho a Cristo. Essa ideia é aceitável quando se trata</p><p>de alguém que não nasceu em berço cristão ou é “des-</p><p>viado”, mas e o povo de Deus, precisa se converter? A</p><p>mensagem de conversão foi dada à tribo de Judá, que</p><p>sempre fez parte do povo de Deus. Foi para eles que</p><p>Deus mandou o “convertei-vos”. Hoje se pregarmos a</p><p>conversão dentro de nossas igrejas pode ser motivo de</p><p>escândalo, mas por que não examinar nosso coração,</p><p>nossos caminhos, nossas ações e sermos sinceros?</p><p>Vamos orar para que tenhamos corações, caminhos</p><p>e</p><p>ações de pessoas convertidas a Deus e não convenci-</p><p>das a religião ou tradições.</p><p>Quarta-feira – Jeremias 25:9</p><p>O objetivo de Deus em nossa vida sempre foi</p><p>ter um relacionamento conosco, sempre foi nos fazer</p><p>aprender o certo, mas existem algumas pessoas que só</p><p>aprendem no momento do erro ou do sofrimento. O obje-</p><p>tivo de Deus não é nos machucar e sim nos redimir dos</p><p>nossos erros. Creio que ele sempre vê algo de reden-</p><p>tor nos momentos considerados mais sombrios. Muitas</p><p>vezes nos sentimos castigados ou abandonados por ele,</p><p>mas no momento que passamos pelos desafios coloca-</p><p>dos por Deus para nos fazer crescer, é preciso confiar.</p><p>Confiar que o propósito dele não é nos maltratar e sim</p><p>www.ib7.org 147</p><p>fazer com que nos tornemos pessoas maduras e para</p><p>que isso aconteça, ele usa pessoas e as circunstâncias</p><p>mais diferentes, caso seja necessário.</p><p>Quinta-feira – Jeremias 25:12</p><p>O castigo de Deus deve sempre ser entendido como</p><p>um favor para seus amados. Quando nosso Senhor vê</p><p>um mal arruinando sua criação, seu povo ou seus planos,</p><p>ele se coloca logo na defesa dos seus. Quando ele entra</p><p>com sua “fúria”, não é uma atitude ódio contra pessoas</p><p>e sim como atitude de ódio ao pecado. Depois de toda</p><p>iniquidade causada pela Babilônia, depois de todos os</p><p>maus tratos ao povo de Deus, chega o momento que</p><p>o Altíssimo age em favor dos seus e dá assim início ao</p><p>processo de restauração, salvação e justiça. Ele nunca</p><p>se esquece de justificar seu povo e todo plano divino</p><p>tem um propósito. Por qual motivo hoje temos sido per-</p><p>seguidos ou temos sofrido nas mãos dos outros? Eu não</p><p>sei responder, mas sei que, no momento certo, o Senhor</p><p>entrará com providência!</p><p>Sexta-feira – Apocalipse 1:5</p><p>Muitas vezes pensamos em Deus como soberano</p><p>na igreja, na Bíblia, na nossa vida, na natureza, mas não</p><p>nos eventos globais de natureza humana como gover-</p><p>nos. Não vamos entrar em discussões políticas ou teoló-</p><p>gicas e sim, enfatizar a onipotência de Deus, concedida</p><p>a Jesus para colocar seus propósitos acima das inten-</p><p>ções humanas. Se achamos grande o poder de um pre-</p><p>sidente ou de um rei, por reinar sobre um determinado</p><p>território, podemos entender que Deus é infinitamente</p><p>mais poderoso, a ponto de começarmos a ver autori-</p><p>dades aclamadas se dobrando diante do nosso Cristo.</p><p>148 Estudos Bíblicos</p><p>Creio que está mais do que na hora de tratarmos como</p><p>rei aquele que é Rei sobre tudo e todos.</p><p>Sábado – Habacuque 2:20</p><p>Você já assistiu aqueles filmes que mostram a</p><p>corte? Para entrar na presença do rei, era preciso reve-</p><p>rência, porque do seu trono ele julgava e possuía em</p><p>suas mãos e cabeça os símbolos de sua autoridade para</p><p>governar. Aqueles que estavam com ele em sua corte</p><p>se alegravam juntamente nos momentos dos bailes ou</p><p>festas, mas no momento do seu pronunciamento todos</p><p>se calavam, pois no trono o rei era o juiz. Quando dize-</p><p>mos que o Senhor está no templo, afirmamos que ele</p><p>está no seu lugar de honra e todos os que perto dele</p><p>reconhecem sua majestade e se calam para ouvir as</p><p>palavras que o Rei irá proferir. Não importa como o</p><p>pecado ou circunstâncias invadam a vida de alguém ou</p><p>de um povo, nada sai do controle do Soberano.</p><p>www.ib7.org 149</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Vivemos em um mundo cercado pela injustiça,</p><p>corrupção e desigualdade social. Por muitas vezes nos</p><p>perguntamos: Onde está Deus? Por que o justo perece?</p><p>Qual a causa do homem bom desfalecer? Será que o</p><p>Senhor está indiferente ao sofrimento da humanidade?</p><p>Certas pessoas acreditam que nunca devemos</p><p>questionar a Deus, achando até que isso seja pecado.</p><p>Mas o livro de Habacuque vai contra essa ideia. Haba-</p><p>cuque é único entre os profetas, em que abertamente</p><p>questiona a Deus (1:3, 13). O livro está cheio das per-</p><p>guntas perplexas do profeta e das sábias respostas divi-</p><p>nas. Nem sempre Deus pode nos explicar tudo de forma</p><p>satisfatória pelo fato de que nós não somos capazes de</p><p>compreender tudo o que ele diz.109</p><p>O livro de Habacuque nos ensina que os caminhos</p><p>do Senhor são justos e virtuosos e que ele tem poder</p><p>para julgar todos os povos, inclusive o seu. Vejamos as</p><p>preciosas lições deste livro para nós.</p><p>109 RADMACHER, Earl D. O novo comentário bíblico: Antigo Testamento. Rio de</p><p>Janeiro: Central Gospel, 2010, p.1374.</p><p>HABACUQUE</p><p>A SOBERANIA DIVINA</p><p>SOBRE AS NAÇÕES</p><p>Pr. Renato Sidnei Negri Junior02 de Agosto de 2014</p><p>9</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Tu és tão puro de olhos, que não podes ver</p><p>o mal e a vexação não podes contemplar, por que,</p><p>pois, olhas para os que procedem aleivosamente e</p><p>te calas quando o ímpio devora aquele que é mais</p><p>justo do que ele?” (Hc 1:13)</p><p>150 Estudos Bíblicos</p><p>CONTEXTO HISTÓRICO</p><p>Nada sabemos acerca da família, da procedência e</p><p>da posição social de Habacuque. Seu nome só é citado</p><p>duas vezes e apenas no seu próprio livro (1:1; 3:1),</p><p>embora sua mensagem tenha tido grande repercussão</p><p>no Novo Testamento. O nome Habacuque, segundo os</p><p>estudiosos, significa “abraçar”, ou aquele que abraça</p><p>outro ou toma-o em seus braços. Assim, Habacuque</p><p>abraça o povo e toma-o em seus braços, isto é, conforta-</p><p>-o e segura-o, como se abraça uma criança que chora,</p><p>acalmando-o com a garantia de que, se Deus quiser,</p><p>tempos melhores virão em breve.110 Uma tradição rabí-</p><p>nica o apresenta como o filho da mulher sunamita que</p><p>Eliseu restaurou à vida (2Rs 4:16-37).111</p><p>Outra informação que alguns estudiosos advo-</p><p>gam sobre a vida desse homem de Deus é que, por se</p><p>apresentar diretamente como profeta (Hc 1:1), ele era</p><p>possivelmente membro de alguma Casa ou Escola de</p><p>Profetas. Essa instituição funcionava como seminário</p><p>e, além de ensinar, arquivava fatos importantes da vida</p><p>da nação israelita. Em outras palavras, além de ter o</p><p>dom da profecia nos moldes veterotestamentários, tudo</p><p>indica que Habacuque era um profeta profissional, isto é,</p><p>uma pessoa preparada para exercer a função profética,</p><p>diferentemente de boa parte dos profetas canônicos. O</p><p>final de seu livro deixa claro que, de alguma forma, ele</p><p>era também habilitado oficialmente a participar da litur-</p><p>gia do Templo. O termo traduzido em Habacuque 3:19</p><p>como “instrumento de corda” é neginoth, que tem em</p><p>110 LOPES, Hernandes Dias. Habacuque: como transformar o desespero em cân-</p><p>tico de vitória. São Paulo: Hagnos, 2007, p. 13.</p><p>111 DUNNING , H. Ray. Habacuque. In Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de Ja-</p><p>neiro: CPAD, 2012, p. 225.</p><p>www.ib7.org 151</p><p>si a conotação de tanger um instrumento. Esse final do</p><p>livro de Habacuque mostra que o capítulo 3 de seu livro</p><p>é um arranjo musical feito por ele mesmo. Logo, acre-</p><p>dita-se que ele também era um levita.112</p><p>A profecia de Habacuque originou-se na profunda</p><p>preocupação do profeta pela manifestação da justiça</p><p>divina em sua sociedade. A exploração sem precedentes</p><p>dos ricos sobre os pobres, a religião e os líderes religio-</p><p>sos haviam se corrompidos e os governantes buscavam</p><p>a glória passageira em vez do bem-estar do povo.113 A</p><p>maioria dos estudiosos concorda que o livro tenha sido</p><p>escrito entre 605 e 597 A.C., ao fim do reinado de Josias</p><p>e o início do reinado perverso de seu filho Jeoaquim</p><p>(2Cr 36:05; Jr 22:13-17).</p><p>Conhecer o contexto político-religioso na época</p><p>de Habacuque ajuda a explicar porque ele demonstra</p><p>tanta revolta contra a injustiça e fica perplexo perante</p><p>o comportamento do povo. O profeta tinha presenciado</p><p>a reforma espiritual que o rei Josias havia feito no reino</p><p>de Judá (2Rs 22-23), o quanto ele havia se esforçado</p><p>para restaurar a vida religiosa do Reino do Sul. Haba-</p><p>cuque se deixou levar pelo fervor que as reformas ins-</p><p>piravam, ele acreditou que finalmente a justiça e a con-</p><p>fiança no Deus vivo e verdadeiro haveriam de prevalecer</p><p>em Judá. Porém, as reformas haviam tido um resultado</p><p>superficial, sem atingir em cheio o coração do povo, que</p><p>mal enterrara o seu bom rei, já se entregava de novo</p><p>ao paganismo.114 Habacuque não conseguia entender</p><p>como tão depressa o povo se esqueceu de Deus. Foi</p><p>112 DANIEL, Silas. Habacuque: a vitória da fé em meio ao caos. Rio de Janeiro:</p><p>CPAD, 2010, p. 18-19.</p><p>113 PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e desenvolvimento no Antigo Testamen-</p><p>to. São Paulo: Hagnos, 2008, p.446.</p><p>114 DANIEL, Silas e COELHO, Alexandre. Os doze profetas menores. Rio de Ja-</p><p>neiro: CPAD, 2012, p.75.</p><p>152 Estudos Bíblicos</p><p>um período de deterioração espiritual no qual o povo da</p><p>aliança perdeu progressivamente o seu caráter único.</p><p>Habacuque foi contemporâneo do profeta Jeremias.</p><p>Porém, enquanto este se preocupava com o arrependi-</p><p>mento do povo, aquele estava concernido com a relu-</p><p>tância de Deus em punir o ímpio. Num cenário de guerra</p><p>internacional na luta pelo poder entre a Assíria, o Egito</p><p>e a Babilônia, o Senhor levantaria uma destas nações</p><p>para castigar o povo rebelde de Judá. Tudo estava sob o</p><p>controle de Deus. Após a aliança com os medos a Babi-</p><p>lônia se torna uma ameaça crescente, derrotando os</p><p>assírios e os egípcios. Era a mão do Senhor punindo os</p><p>povos. Não demoraria muito para Judá também ser con-</p><p>quistada. Os caldeus seriam o instrumento de correção</p><p>que Deus usaria para corrigir os seus filhos.</p><p>A SITUAÇÃO RELIGIOSA NOS DIAS DE HABACUQUE</p><p>A reforma espiritual ocorrida no período do piedoso</p><p>rei Josias não teve a profundidade necessária. A reforma</p><p>de Josias terminou abruptamente com sua morte em</p><p>509, e as sementes de corrupção plantadas por Manas-</p><p>sés frutificaram com rapidez sob o reinado de Jeoaquim.</p><p>Tão logo o rei Josias morreu, o povo voltou a se rebe-</p><p>lar contra Deus e a tapar os ouvidos aos seus profetas.</p><p>Jeremias fez ouvir sua voz pelas ruas de Jerusalém, cha-</p><p>mando o povo a se humilhar debaixo da poderosa mão</p><p>de Deus. Ele confrontou o impiedoso rei Jeoacaz, mas</p><p>este lançou o profeta na prisão e queimou os rolos do</p><p>Livro. O cálice da ira de Deus foi se enchendo, e chegou</p><p>o dia em que ele transbordou. Nesse dia, o rei de Jeru-</p><p>salém viu seus filhos serem mortos; ele teve seus olhos</p><p>www.ib7.org 153</p><p>vazados, e a cidade de Jerusalém foi entregue às mãos</p><p>dos caldeus.115</p><p>Jerusalém foi entregue às mãos dos caldeus.</p><p>O suntuoso templo construído por Salomão virou um</p><p>montão de ruínas. A cidade de Jerusalém depois de um</p><p>cerco doloroso sucumbiu impotente ao ataque estran-</p><p>geiro. Os que morreram à espada foram mais felizes do</p><p>que aqueles que morreram de fome dentro dos muros</p><p>da cidade de Davi. Os vasos sagrados do templo foram</p><p>entregues nas mãos de Nabucodonosor e levados para</p><p>o templo de Dagom na Babilônia.</p><p>O pecado é o opróbrio das nações. Ele não fica</p><p>sem julgamento. Quem não escuta o chamado da graça,</p><p>ouvirá a trombeta do juízo. Quem calca aos pés o convite</p><p>do arrependimento, sofrerá inevitavelmente a chibata do</p><p>juízo.116</p><p>CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS</p><p>A capacidade literária de Habacuque é vigorosa.</p><p>Suas descrições são vívidas, e suas ideias e a forma</p><p>como as expressa são tremendamente poéticas. Isso é</p><p>reflexo de seu ofício, que reflete claramente seu cará-</p><p>ter.117</p><p>O livro de Habacuque diferencia-se um pouco dos</p><p>demais livros proféticos pelo fato de que os oráculos</p><p>revelados a Ele são resultados de questionamentos que</p><p>o profeta faz ao Senhor. As respostas de Deus revelam</p><p>sua justiça, seu caráter e seu poder. O conteúdo do livro</p><p>pode ser estruturado em quatro partes, que são:</p><p>1. A primeira queixa e sua resposta. Habacuque</p><p>olhou para o mundo e viu violência (1:2-3), iniquidade</p><p>115 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 20.</p><p>116 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 21.</p><p>117 DANIEL, Silas. Op. cit., p. 19.</p><p>154 Estudos Bíblicos</p><p>opressão e contenda. A lei não era imposta, não havia</p><p>proteção para o inocente que era sentenciado como cul-</p><p>pado.118 Esse fato fez com que o profeta levantasse o pri-</p><p>meiro questionamento. No versículo 2, o profeta começa</p><p>usando o verbo “clamar”, que significa simplesmente</p><p>“pedir socorro”, mas em seguida diz: “gritar-te-ei”, que no</p><p>original significa “clamar com um coração perturbado”.</p><p>Ao orar sobre a perversidade em sua nação, Habacuque</p><p>foi ficando cada vez mais aflito e se perguntou: Por que</p><p>Deus permanecia em silêncio ante a crescente perversi-</p><p>dade de Judá? Para Habacuque, parecia que o Senhor</p><p>estava inativo e indiferente.</p><p>A resposta de Deus manifesta sua onisciência</p><p>sobre o mundo. O Senhor revela ao profeta que dentro</p><p>em breve o castigo para os ímpios judaístas chegaria.</p><p>Deus faria dos caldeus um instrumento em suas mãos</p><p>para executar o juízo sobre Judá. A onipotência e sobe-</p><p>rania divina sobre as nações se revelariam em tal evento.</p><p>O Senhor estava no controle de todos os povos, inclu-</p><p>sive dos pagãos.</p><p>2. A segunda queixa e sua resposta. Essa</p><p>segunda queixa está relacionada com a resposta que</p><p>Deus deu à primeira pergunta de Habacuque. O pro-</p><p>feta queixou-se de que os babilônicos eram ainda mais</p><p>perversos que os judeus. Como poderia um Deus santo</p><p>usar um povo tão ímpio como instrumento de justiça?</p><p>(v.13). Após questionar, o profeta sobe em uma “torre</p><p>vigia” e aguarda a resposta de Deus. A resposta divina</p><p>é que o ímpio seria punido sim, tanto os Judeus em pri-</p><p>meiro momento quanto os perversos babilônicos em um</p><p>futuro não muito distante. Mas o Senhor apresenta uma</p><p>esperança – o justo viveria pela fé. O profeta não deveria</p><p>preocupar-se tanto, pois somente quem era ímpio have-</p><p>118 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p.655.</p><p>www.ib7.org 155</p><p>ria de sofrer. O justo seria tratado conforme sua justiça,</p><p>numa espécie de recompensa retribuída.119</p><p>3. Os cinco ais (2:6-20). Os ímpios babilônicos</p><p>também não escapariam do julgamento divino. Deus</p><p>anunciou a condenação deles em ais proféticos apre-</p><p>sentados nesta seção do livro em forma de uma canção</p><p>de escárnio, uma forma poética que expressa a alegria</p><p>dos perseguidos e sofredores com a morte do tirano.120</p><p>Em resumo os cinco ais profetizam a condenação sobre</p><p>os que roubam e praticam homicídio (2:6-8), adquirem</p><p>lucros injustos para viver uma vida de regalia (2:9-10),</p><p>edificam cidades praticando crimes e morte (2:12),</p><p>cometem corrupção moral (2:15-18) e àqueles que pra-</p><p>ticam a idolatria (2:19).</p><p>4. Oração de encerramento e resolução de fé</p><p>(3:19). O livro é encerrado com a oração de Habacu-</p><p>que em forma de um cântico. Habacuque pressupõe que</p><p>reconhecer a Deus e manter-se fiel a ele é a maneira</p><p>correta de reagir contra o mal que tem poder de alastrar-</p><p>-se e de contaminar. Sua confiança em Deus chega a</p><p>ponto de dizer que ainda que uvas (vinho), gado (carne</p><p>e leite), azeitonas (óleo e combustível) e trigo faltassem,</p><p>ele estaria disposto a alegrar-se em Deus.</p><p>ÊNFASES TEOLÓGICAS</p><p>O livro de Habacuque, a exemplo de todos os livros</p><p>da Bíblia, apresenta alguns pontos teológicos que preci-</p><p>sam ser considerados para que possamos compreender</p><p>119 SAYÃO, Luiz. O problema do mal no Antigo Testamento: O caso de Habacuque.</p><p>São Paulo: Hagnos, 2012, p.129.</p><p>120 BÍBLIA. A Bíblia Sagrada: Bíblia de estudo de Genebra. São Paulo: Cultura Cris-</p><p>tã, Sociedade Bíblica do Brasil, 2009, p.1181.</p><p>156 Estudos Bíblicos</p><p>melhor os ensinos de Deus, o seu caráter, sua vontade</p><p>e sua soberania:</p><p>1. Deus é moral. Os cinco “ais” contra a injus-</p><p>tiça mostram isso. A injustiça não se perpetuará no seu</p><p>mundo. Ele intervirá no momento adequado. A interven-</p><p>ção é súbita, por isso o injusto é sempre mostrado como</p><p>sofrendo uma destruição quando menos espera. Isto é</p><p>fundamental até mesmo para nós. Há uma moralidade,</p><p>há nexo no mundo e na história. Não por eles, mas por</p><p>Deus, que sendo moral dá moralidade à sua criação.121</p><p>2. Deus é soberano. O fato de Deus usar os Babi-</p><p>lônicos como ferramenta em suas mãos demonstra que</p><p>todas as nações estão sujeitas a Ele, inclusive as ímpias.</p><p>A soberania de Deus sobre os reinos da terra não pode</p><p>ser questionada. Todos nós estamos sujeitos à vontade</p><p>do Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Os planos de</p><p>Deus não podem ser frustrados, pois eles são perfeitos</p><p>e inatingíveis.</p><p>3. O justo vive pela fé. No versículo quatro do</p><p>capítulo dois encontramos a frase que foi lema da</p><p>Reforma Protestante: “O justo viverá da fé”. O termo tra-</p><p>duzido como “fé” em Habacuque vem de “firmeza” e tem</p><p>sua raiz no termo hebraico aman,</p><p>que significa “Firme</p><p>até o fim”. Essa é a fé que Deus espera encontrar em</p><p>seus filhos. Fé que nos faz permanecer com fidelidade</p><p>até o fim, mesmo em meio às adversidades. Neste verso</p><p>encontramos o contraste entre o soberbo e o justo. O</p><p>soberbo sobrevive da sua arrogância, orgulho e auto-</p><p>confiança, mas o seu fim será trágico. O justo, porém</p><p>sobrevive pela sua fé; ele deposita a sua confiança em</p><p>Deus e sabe que o Senhor o sustentará.</p><p>121 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. O profeta Habacuque. Disponível em: <http://</p><p>www.isaltino.com.br/2010/11/o-profeta-habacuque>. Acessado em: 16 dez. 2013.</p><p>www.ib7.org 157</p><p>4. É possível dialogar com Deus. Nem sempre</p><p>conseguimos compreender os desígnios do Senhor. O</p><p>apóstolo Paulo em uma canção de louvor a Deus disse:</p><p>“Como são profundos o seu conhecimento e sua sabe-</p><p>doria! Quem pode explicar as suas decisões? Quem</p><p>pode entender os seus planos?” (Rm 11:33, NTLH).</p><p>Habacuque a princípio não compreendeu que o silêncio</p><p>de Deus fazia parte do plano e então o profeta se pôs a</p><p>questionar: “Por que Deus não faz alguma coisa a res-</p><p>peito de tudo o que está acontecendo?”. O Senhor res-</p><p>ponde não só a esta primeira questão, mas as demais</p><p>que o profeta fez. Isso demonstra que Deus não está</p><p>insensível aos nossos sentimentos e às nossas dúvidas.</p><p>Ele conhece e respeita as nossas limitações. Por muitas</p><p>vezes não entenderemos os caminhos de Deus, mas ele</p><p>nunca deixará de nos responder e o silêncio do nosso</p><p>Criador também manifesta o seu poder.</p><p>APLICAÇÃO PARA A ATUALIDADE</p><p>Os dias em que vivemos não são diferentes dos da</p><p>época em que Habacuque viveu. Por isso a vida do pro-</p><p>feta e as profecias de Deus reveladas a ele nos ensinam</p><p>alguns princípios importantes que devem ser aplicados</p><p>em nosso cotidiano.</p><p>A primeira lição que aprendemos com a vida de</p><p>Habacuque é que não podemos nos conformar com a</p><p>injustiça, corrupção, desigualdade social e um sistema</p><p>religioso defraudado. O incômodo que o profeta sentiu</p><p>ao olhar ao seu redor e ver todas estas coisas demons-</p><p>tra o zelo que ele tinha para com a Lei de Deus e sua</p><p>justiça. Habacuque ficou triste ao ver o quão distante o</p><p>povo estava do Senhor. Precisamos nos importar mais</p><p>158 Estudos Bíblicos</p><p>com o mundo ao nosso redor, precisamos orar mais,</p><p>precisamos amar mais e nos questionar mais. Se eu e</p><p>você não nos sentimos incomodados com a situação ao</p><p>nosso redor é porque alguma coisa também está errada</p><p>conosco.</p><p>O segundo ponto importante extraído é que nem</p><p>sempre Deus nos responde da maneira que esperamos,</p><p>mas é preciso confiar. Também é necessário saber que o</p><p>silêncio faz parte da manifestação de Deus. A propósito,</p><p>o silêncio de Deus nos negócios humanos, tanto ontem</p><p>como hoje, tem sido difícil de aceitar. Mas isso não quer</p><p>dizer que não haja uma resposta e que a sabedoria</p><p>divina é incapaz de lidar com a situação. Tudo está sob</p><p>o seu olhar e todas as coisas estão debaixo do controle</p><p>de suas poderosas mãos.122</p><p>Em terceiro lugar aprendemos que devemos louvar</p><p>ao Senhor em todos os momentos. Por fim Habacuque</p><p>percebeu que mediante as respostas de Deus, a melhor</p><p>atitude seria confiar no Senhor e adorá-lo. Os últimos três</p><p>versos do livro expressam toda a confiança e alegria que</p><p>o profeta sentia em saber que Deus era soberano sobre</p><p>todas as coisas. Precisamos aceitar o fato de que Deus</p><p>deve ser louvado não só na fartura, no melhor emprego,</p><p>na saúde, na liberdade e na alegria, mas também nos</p><p>tempos de fome, na falta de emprego, na doença, no</p><p>deserto e na tristeza. Não devemos viver pelas circuns-</p><p>tâncias, olhando ao nosso redor, pois o justo vive pela fé</p><p>e não pela aparência.</p><p>Podemos sintetizar a mensagem deste livro pontu-</p><p>ando as seguintes lições:123</p><p>122 FEINBERG, Charles L. Os profetas menores. São Paulo: Editora Vida, 1988, p.</p><p>206 -207.</p><p>123 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Habacuque: nosso contemporâneo. Rio de</p><p>Janeiro: JUERP, 1990, p. 89-92.</p><p>www.ib7.org 159</p><p>1. Uma lição estarrecedora. Deus julga o seu pró-</p><p>prio povo. Deus é santo e justo e não faz vistas grossas</p><p>ao pecado no meio do seu povo. Ele começa seu juízo</p><p>exatamente pela sua casa (1Pe 4:17).</p><p>2. Uma lição gloriosa. A história tem um rumo,</p><p>ela não é cíclica nem caminha para o caos. A história é</p><p>linear e marcha para uma consumação gloriosa da vitó-</p><p>ria retumbante de Deus e do seu povo.</p><p>3. Uma lição moral. Os violentos serão punidos.</p><p>Aqueles que semeiam a violência serão ceifados por</p><p>ela. Aqueles que plantam a maldade se fartarão de</p><p>seus frutos malditos. Aqueles que ferem pela espada,</p><p>pela espada cairão. Aqueles que oprimem o pobre com</p><p>ganância desmesurada serão oprimidos. A Babilônia tru-</p><p>culenta que esmagou Judá foi entregue nas mãos do</p><p>Império Medo-persa e pereceu pelas mesmas armas</p><p>que oprimiu as nações.</p><p>4. Uma lição espiritual. “O justo viverá pela fé”.</p><p>Ainda que o mundo ao nosso redor se transtorne; ainda</p><p>que os ímpios se levantem com fúria virulenta contra</p><p>nós; ainda que nos faltem os recursos materiais para</p><p>uma sobrevivência digna, nossa confiança permanece</p><p>inabalável em Deus. E pela fé que vivemos, vencemos</p><p>e triunfamos.</p><p>5. Uma lição final: Alegria de crer. O profeta Haba-</p><p>cuque termina o seu livro exclamando com todas as</p><p>forças da sua alma: “Eu me alegro no Senhor, exulto no</p><p>Deus da minha salvação” (v. 18). Crer é um ato de júbilo.</p><p>A fé nos toma pela mão e nos carrega pelos corredores</p><p>da dúvida e da angústia e nos leva à sala do trono, de</p><p>onde o soberano Senhor governa todas as coisas. Deus</p><p>ainda pode nos dar cânticos na escuridão (Jó 35:10), se</p><p>confiarmos nele e virmos sua grandeza!</p><p>160 Estudos Bíblicos</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Não é fácil convivermos com tanta injustiça ao</p><p>nosso redor. Como cristãos, nos sentimos incomoda-</p><p>dos e, por certas vezes, impotentes ante tanta corrup-</p><p>ção, violência, injustiça, sofrimento e crueldade que nos</p><p>cerca. Como sobreviver em meio a tudo isso? O livro de</p><p>Habacuque nos ensina que somente pela fé consegui-</p><p>remos vencer todas estas adversidades. Essa fé, que é</p><p>fiel, nos dá força para permanecermos firmes até o fim.</p><p>Está fé nos faz entender e aceitar que o Senhor está no</p><p>controle de todas as coisas. Deus é moral e não está</p><p>indiferente às ações dos ímpios, Ele agirá no momento</p><p>certo e fará justiça.</p><p>Não devemos ficar frustrados por certas vezes não</p><p>compreendermos os caminhos do Senhor, pois somos</p><p>seres finitos em conhecimento tentando entender um</p><p>Deus que é infinito em sabedoria. Por fim nos resta</p><p>confiarmos em Deus, não somente quando as coisas</p><p>correm ao nosso favor, mas também quando elas correm</p><p>contra nós. Deus não nos prometeu que nos livraria dos</p><p>momentos difíceis, entretanto, prometeu estar conosco</p><p>nestes momentos. (Sl 23:4).</p><p>www.ib7.org 161</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Qual o provável significado do nome de Habacuque?</p><p>Qual foi a primeira queixa que ele fez ao Senhor? Com</p><p>quais fatos ela estava relacionada? (1:1-4).</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>2. Qual foi a resposta de Deus? O profeta ficou satis-</p><p>feito com a resposta? Por que? Qual foi a sua segunda</p><p>queixa? (1:5-17)</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>3. Os perversos caldeus foram usados como instrumento</p><p>de justiça nas mãos de Deus. Como isso demonstra a</p><p>soberania de Deus sobre as nações?</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>4. O que os cinco “ais” revelam sobre os babilônicos?</p><p>Existem nos nossos dias povos que agem com violência</p><p>e impiedade para conquistarem outras nações? (2:6-19)</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>162 Estudos Bíblicos</p><p>5. Habacuque começa seu livro questionando a Deus</p><p>e termina com um cântico de louvor ao Senhor. O que</p><p>mudou na vida do profeta? O que aprendemos com as</p><p>últimas palavras da oração de Habacuque? (Hc 3:17-19)</p><p>Faça uma comparação com o texto de Filipenses 4:10 a</p><p>13 e discuta em classe.</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>6. Ante os dias maus em que vivemos como podemos</p><p>permanecer firmes? O que podemos fazer para melho-</p><p>rar a situação ao nosso redor?</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>7. Por que nem sempre conseguimos compreender</p><p>os planos de Deus? É errado questionar a vontade de</p><p>Deus?</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>8. Um dos problemas que Habacuque vivenciou nos</p><p>seus dias foi a deterioração do sistema religioso. Qual</p><p>é o cenário que observamos do sistema religioso de</p><p>nossos dias? Está muito diferente?</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>____________________________________________</p><p>www.ib7.org 163</p><p>Pr. Renato Sidnei Negri Junior</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – Jeremias 30:7</p><p>Encontramos nos capítulos 30 a 33 do livro de</p><p>Jeremias as promessas do Senhor sobre a restaura-</p><p>ção de Israel, após os 70 anos do cativeiro babilônico.</p><p>Em especial, o verso de hoje diz que o dia do juízo de</p><p>Deus sobre o inimigo do seu povo seria um momento</p><p>de angústia até mesmo para os judeus. À luz do verso</p><p>11 deste mesmo capítulo notamos que o Senhor seria</p><p>com Jacó, livrando-o das mãos de todas as nações que</p><p>o haviam afligido, mas nem por isso o povo judeu dei-</p><p>xaria de receber o seu castigo devido. É fácil pedir para</p><p>que o Senhor castigue os ímpios e execute justiça sobre</p><p>os tais, e por certo ele fará isso. Todavia, nós também,</p><p>às vezes, carecemos da correção divina. Servir a Deus</p><p>e estar sujeito à sua vontade ainda é e sempre será a</p><p>melhor opção.</p><p>Segunda-feira – Daniel 12:1</p><p>Jesus fez menção desta profecia ao descrever um</p><p>momento de grande tribulação que viria sobre os Judeus</p><p>(Mt 24:15-21). Esse período de grande aflição apontado</p><p>por Jesus, ao se referir à profecia de Daniel, parece ter se</p><p>cumprido no cerco romano sobre Jerusalém, no ano 70</p><p>D.C. No entanto, alguns intérpretes acreditam que esse</p><p>tempo de extrema angústia ainda está por vir. Segundo</p><p>o texto de hoje, uma certeza nós podemos ter: Deus</p><p>providenciará um defensor para o seu povo. Tem gente</p><p>que se preocupa demais com os tempos e as épocas e</p><p>esquece que o nosso Deus é Soberano sobre a história</p><p>164 Estudos Bíblicos</p><p>em todos os tempos e ele jamais desamparará os seus</p><p>filhos.</p><p>Terça-feira – Lucas 21:25,26</p><p>Neste texto são apresentados sinais da vinda do</p><p>Senhor Jesus. O apóstolo Pedro, do mesmo modo, tes-</p><p>tifica destes mesmos sinais alertando os leitores de sua</p><p>carta sobre a vinda do Senhor (2Pe 3:10-12) e também</p><p>o livro de Apocalipse faz menção dos tais eventos no</p><p>retorno do Cordeiro vitorioso (6:12-17). Estas manifes-</p><p>tações da natureza e dos seres celestiais demonstrarão</p><p>que este dia será ímpar em toda a história da humani-</p><p>dade. Não houve e nem haverá semelhante evento. A</p><p>terra será confundida, a sociedade ficará aterrorizada e</p><p>desorientada, e aqueles que não esperavam o retorno</p><p>do Messias procurarão, sem êxito, esconder-se da ira</p><p>de Deus. Só de pensar em tais eventos ficamos perple-</p><p>xos e apreensivos. Entretanto, estes sinais antecedem</p><p>o momento mais glorioso que aguardamos: o apareci-</p><p>mento do “Filho do Homem, vindo numa nuvem, com</p><p>poder a grande glória”.</p><p>Quarta-feira – 2 Pedro 3:10</p><p>Segundo a orientação de Pedro, o “dia do Senhor”</p><p>vem como juízo final sobre a terra, trazendo destruição</p><p>total dos seus elementos, a começar pelo abalo dos</p><p>céus e em seguida todo o restante será assolado. De</p><p>certa forma, tal evento parece difícil de compreender e</p><p>causa até certo espanto. Não sabemos se Pedro falou</p><p>de uma forma literal ou por simbologia, entretanto um</p><p>dos objetivos da sua carta é esclarecer que a Terra será</p><p>destruída, visto que alguns falsos mestres tinham se</p><p>levantado e pregavam o apego ao mundo e a satisfação</p><p>www.ib7.org 165</p><p>pessoal pelos prazeres terrenos. Mas, o fato da Terra ser</p><p>destruída não nos causa preocupação, não é mesmo? A</p><p>nossa morada final não está endereçada a este mundo</p><p>contaminado com o pecado, pelo contrário, “nós, porém,</p><p>segundo a promessa de Cristo, esperamos novos céus</p><p>e nova terra” .</p><p>Quinta-feira – 1 Tessalonicenses 5:2,3</p><p>O apóstolo Paulo compara o dia do Senhor da</p><p>mesma maneira que Pedro: “virá como ladrão”. Em outras</p><p>palavras, o dia do Senhor virá como uma surpresa. Mas</p><p>vamos parar e pensar um pouco: uma surpresa é um</p><p>acontecimento que não esperamos, algo que não está</p><p>em nossos planos. Portanto, será que para os discípulos</p><p>de Jesus este dia será como o ladrão da noite? Acredito</p><p>que não. Paulo mesmo testifica isso: “Mas vós, irmãos,</p><p>não estais em trevas, para que este dia como ladrão vos</p><p>apanhe de surpresa” . O mundo irá pregar um tempo de</p><p>paz, entretanto, não podemos nos acomodar e cair no</p><p>“sono profundo da noite”. Jesus nos aconselha a estar-</p><p>mos em constante vigilância (Lc 12:37), pois os servos</p><p>que forem achados desapercebidos no retorno do seu</p><p>Senhor serão castigados, como aprendemos no texto de</p><p>hoje: “eis que lhes virá repentina destruição”.</p><p>Sexta-feira – Mateus 25:31,46</p><p>Estes versos vêm a encerrar o discurso profético</p><p>de Jesus sobre o seu retorno para julgar a terra. Neste</p><p>sermão Jesus conta três parábolas que ilustram o dia da</p><p>sua segunda vinda: “A parábola do bom servo e do mal”,</p><p>“A parábola das dez virgens” e “A parábola dos talentos”.</p><p>Encontramos em todas as três parábolas e também no</p><p>texto de hoje algo em comum: recompensas e punições.</p><p>166 Estudos Bíblicos</p><p>Se o Senhor Jesus estivesse aqui na Terra hoje, quanto</p><p>empenho aplicaríamos para recebê-lo e servi-lo? Pois</p><p>bem! Nós temos esta oportunidade todos os dias! Dons,</p><p>hospitalidade, visitas. Tudo o que fazemos por amor a</p><p>alguém, deve ser feito em primeiro lugar para ele (Jo</p><p>13:20; 1Co 12:12). Por outro lado, se recusarmos fazê-</p><p>-lo, estaremos sendo omissos em relação ao Senhor.</p><p>Sábado – Apocalipse 18:8-10</p><p>O livro de apocalipse descreve a “Babilônia” como</p><p>uma meretriz que traz na sua fronte escrito: a Grande,</p><p>a Mãe das Meretrizes e das Abominações (Ap 17:5). E</p><p>que está “vestida de púrpura e de escarlata, adornada</p><p>de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo nas</p><p>mãos um cálice de ouro transbordante de abominações”</p><p>(Ap 17:4). Mas quem poderá subsistir a justiça de Deus?</p><p>Nem a mais poderosa nação com toda a sua fama e</p><p>riqueza resistirá ao juízo veraz do Senhor. Mas onde</p><p>está a “Babilônia” descrita no livro de apocalipse? Onde</p><p>podemos encontrá-la? Ela já veio ou ainda virá? Infeliz-</p><p>mente, ela está em todos os lugares. Nas escolas, na</p><p>internet, nas esquinas, na política e lamentavelmente</p><p>dentro de algumas igrejas chamadas cristãs. Onde exis-</p><p>tir abominação contra o nosso Deus, lá a meretriz está,</p><p>fazendo com que as pessoas se afeiçoem aos seus</p><p>encantos, as levando a pecar. Mas a ordem de Deus é:</p><p>“retirai-vos dela, povo meu”, pois a condenação sobre</p><p>ela é certa.</p><p>www.ib7.org 167</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O primeiro verso do livro de Sofonias nos dá a</p><p>ficha do profeta. Sofonias é um dos profetas chamados</p><p>menores. Seu nome em hebraico, “Zephaniah”, significa</p><p>“Yahweh escondeu”. Esse homem não foi um pregador</p><p>comum. Ele era tetraneto do rei Ezequias, um dos gover-</p><p>nantes mais famosos de Judá. O sangue real corria</p><p>em suas veias, mas, mais importante ainda, ele tinha</p><p>a mensagem de Deus nos lábios.</p><p>Sofonias viu além da</p><p>superfície. Ele viu o coração das pessoas e soube que o</p><p>fervor religioso delas não era sincero. As reformas foram</p><p>superficiais. O povo livrou-se dos ídolos que tinham em</p><p>casa, mas não dos que tinham no coração. Os gover-</p><p>nantes da terra ainda eram gananciosos e desobedien-</p><p>tes, e a cidade de Jerusalém era a fonte de todas as</p><p>perversidades da terra.124 Mesmo hoje, falta discerni-</p><p>mento a muitos cristãos, por essa razão a mensagem de</p><p>Sofonias é atual.</p><p>Exerceu o seu ministério no tempo de um dos</p><p>maiores reis de Judá, Josias, que reinou em Judá, entre</p><p>124 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico Wiersbe: Antigo Testamento. Santo</p><p>André: Geográfica, 2009, p. 659.</p><p>SOFONIAS</p><p>O JUÍZO VINDOURO</p><p>Pr. José de Godoi Filho</p><p>09 de Agosto de 2014</p><p>10</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Ai da cidade rebelde, impura e opressora! Não</p><p>ouve a ninguém, e não aceita correção. Não confia</p><p>no Senhor, não se aproxima do seu Deus”. (Sf 3:1-2,</p><p>NVI)</p><p>168 Estudos Bíblicos</p><p>640-609 A.C. Durante o reinado desse rei houve um</p><p>grande avivamento (2Cr 34:3-7; 29-33).125 No entanto,</p><p>o ministério de Sofonias não foi exercido no momento</p><p>mais admirável da vida de Judá. De acordo com Coelho</p><p>Filho, o seu ministério aconteceu no começo do reinado</p><p>de Josias, época em que ainda havia resquícios dos</p><p>vícios de reis anteriores – Manassés e Amom, tempo de</p><p>grande declínio moral e espiritual.126 Assim, a mensa-</p><p>gem do profeta é, em primeiro lugar, de duro juízo, para</p><p>depois ser de esperança.</p><p>O objetivo deste breve comentário, de natu-</p><p>reza essencialmente pastoral, é mostrar Deus como o</p><p>supremo juiz, não somente do seu próprio povo, mas</p><p>de todas as nações, após paciente espera de arrepen-</p><p>dimento. Mas também um Deus de esperança, que tem</p><p>planos para o seu povo e para todos os povos.</p><p>DEUS É JUIZ DE TODA A TERRA</p><p>A mensagem geral do livro é de que Deus julga a</p><p>todos indistintamente. A linguagem de Sofonias, como</p><p>porta-voz do juízo de Deus sobre Judá, e sobre o mundo,</p><p>é forte. Observe-a: “consumirei” (1:2), “consumirei” (1:3),</p><p>“estenderei a minha mão”, “exterminarei” (1:4).</p><p>As primeiras palavras de Deus são de juízo, diri-</p><p>gidas inicialmente a todos os seres vivos (1:2-3), afuni-</p><p>lando então até chegar a seu próprio povo, Judá, e mais</p><p>especificamente aos habitantes de Jerusalém (1:4-6).</p><p>Não somente são identificados os que serão punidos,</p><p>125 DOUGLAS, F. F. (Org.). O novo dicionário da Bíblia, v. 3. São Paulo: Junta Edito-</p><p>rial Cristã, [s.d], p. 1542.</p><p>126 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Obadias e Sofonias: nossos contemporâneos:</p><p>um estudo contextualizado dos livros de Obadias e Sofonias. Rio de Janeiro: JUERP,</p><p>1993, p. 35.</p><p>www.ib7.org 169</p><p>mas também são indicados alguns de seus pecados.</p><p>O Senhor apresenta-se como alguém pessoalmente</p><p>envolvido no julgamento que faz, o qual será completa-</p><p>mente devastador.127 Assim, logo após a apresentação</p><p>do profeta de Deus, teríamos um duplo anúncio de juízo</p><p>universal (1:1). Essa interpretação faz coro com a men-</p><p>sagem restante do livro, que trata não somente do juízo</p><p>de Deus sobre Judá, mas também sobre todos os povos.</p><p>Deus começa o seu juízo pelo seu próprio povo.</p><p>Ele não somente salva e recompensa, mas também dis-</p><p>ciplina o seu próprio povo, pelos pecados que comete.</p><p>Vemos aqui alguns motivos do juízo divino sobre Judá.</p><p>1. Deus condena a idolatria (1:4). Dois deuses</p><p>muito adorados por povos vizinhos à Judá pervertiam</p><p>a fé religiosa do povo de Deus. Um desses deuses era</p><p>Baal (nome genérico do deus dos canaanitas). O outro</p><p>era Milcom (deus de vários povos – cananeus, amoni-</p><p>tas, fenícios e cartagineses). O culto a Baal praticava a</p><p>licenciosidade, visto que sacerdotisas prostitutas eram</p><p>suas ministras. Milcom ensejava o sacrifício de crianças</p><p>(Lv 18:21,27,28). Ambos os cultos representavam, res-</p><p>pectivamente, licenciosidade (imoralidade) e crueldades</p><p>(crime).</p><p>2. Deus condena o sincretismo religioso (1:5).</p><p>Além disso, havia o culto ao “exército do céu”, que parece</p><p>ser um culto astral da Assíria. Israel e Judá foram gran-</p><p>demente afetados por tal culto, característico de nações</p><p>do oriente (2Rs 21:3,5; 23:5,6; Jr 7:17,18; 44:17-19,25).</p><p>“Os que sobre os eirados adoram o exército do céu, e</p><p>os que adoram ao Senhor e juram por ele e também</p><p>por Milcom”, o que é isso senão sincretismo religioso? Á</p><p>semelhança dos atenienses, nos dias de Paulo, parece</p><p>127 BAKER, David W.; ALEXANDER, T. Desmond; STURZ, Richard J. Obadias, Jo-</p><p>nas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário. São Paulo:</p><p>Vida Nova, 2001, p. 377-378.</p><p>170 Estudos Bíblicos</p><p>que não queriam incorrer no erro de deixar de fora</p><p>nenhum deus (At 17:16,22,23)! A expressão “quemarins”</p><p>(1:5, RC) é a forma plural do hebraico komer, que é uti-</p><p>lizada aqui em referência a sacerdotes pagãos. Trata-se</p><p>de ministradores dos ídolos. Ou seja, alguns sacerdotes</p><p>haviam aceitado a ideia de ministrar também em alta-</p><p>res erguidos a deuses pagãos. Ainda hoje, tal prática se</p><p>repete quando obreiros do Senhor acham nada demais</p><p>trazer para a igreja, para sua liturgia e para as mensa-</p><p>gens a serem pregadas na Casa do Senhor, elementos</p><p>e recursos do culto pagão. Isso é sincretismo religioso,</p><p>é misturar o santo com o profano, a luz com as trevas.128</p><p>3. Deus condena os que deixam de segui-lo (1:6).</p><p>Entre os habitantes de Judá também havia aqueles que</p><p>deixavam de seguir o Senhor. Há também aqueles que</p><p>se afastaram do Senhor e se tornaram totalmente indi-</p><p>ferentes a ele. Deus não aceita divisão de devoção nem</p><p>mesmo o abandono da fé verdadeira. Temos, então, três</p><p>tipos de pessoas que estão sob o julgamento do Senhor</p><p>e correm perigo em “o dia do Senhor”: 1) Os indiferentes</p><p>que levam a vida sem se preocupar com as coisas espi-</p><p>rituais; 2) Os desviados que se afastaram de uma expe-</p><p>riência anterior; e 3) os divididos que com a boca dizem</p><p>servir a Deus, mas ao mesmo tempo honram outro deus</p><p>como rei de suas vidas e não prestam submissão total</p><p>ao Senhor. Ou Deus é o Senhor de tudo ou não é o</p><p>Senhor de nada.129</p><p>4. Deus julga de maneira especial as classes</p><p>que detém o poder (1:7-13). Embora o juízo de Deus</p><p>recaia sobre todos, independentemente de classe social,</p><p>algumas classes, por causa de suas responsabilidades</p><p>128 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:</p><p>CPAD, 2012, pp. 82-83.</p><p>129 DUNNING, H. Ray. O livro de Sofonias. In: Comentário bíblico Beacon. v. 5. Rio</p><p>de Janeiro: CPAD, 2012, p. 258.</p><p>www.ib7.org 171</p><p>e privilégios serão objeto especial da condenação divina.</p><p>Privilégios acarretam grande responsabilidade. São as</p><p>classes que detém o poder. “Os oficiais e os filhos do</p><p>rei”, representavam a classe política. Moravam no palá-</p><p>cio. Eles vestiam “vestiduras estrangeiras”, o que denota</p><p>influência da cultura e costumes da cultura de outros</p><p>povos.</p><p>O julgamento divino recai também sobre a classe</p><p>religiosa. A expressão “sobem o pedestal dos ídolos” pre-</p><p>sume que o que é dito aqui se refira à classe religiosa. Ao</p><p>que parece esta expressão sempre esteve associada ao</p><p>templo (1Sm 5:5) e represente uma superstição vinda da</p><p>religião dos filisteus.130 Seria isso um modismo introdu-</p><p>zido na religião de Israel, advindo de uma religião pagã?</p><p>Os comerciantes não escapam do juízo celestial.</p><p>Os empresários que tinham o seu comércio na “porta do</p><p>peixe”, que moravam na parte mais elevada da cidade,</p><p>os que mexem com a prata, mas que desdenhavam do</p><p>Senhor, dizendo “o Senhor não faz bem nem faz mal” (v.</p><p>12). Era um panorama tão contemporâneo quanto alar-</p><p>mante. Quer para o bem, quer para o mal, achavam que</p><p>Deus não agiria. Para eles, a deidade estava ausente ou</p><p>adormecida - um ateísmo prático.</p><p>4. Deus julga num tempo determinado (1:14-18).</p><p>Esse juízo aconteceria num dia terrível, que Sofonias,</p><p>fazendo coro com outros profetas, denomina de “dia</p><p>do Senhor”. É o profeta que mais usa esta expressão</p><p>(1:7,8,9,10,14,15,18; 2:2,3; 3:8). Este dia não precisa ser</p><p>interpretado necessariamente como um dia, literalmente</p><p>falando, mas sim um período</p><p>em que Deus exerce o seu</p><p>juízo. No caso de Judá, esse dia (período) começou no</p><p>ano 605 A.C. e terminou em 587 A.C. A intervenção de</p><p>Deus, seja na história, seja no final, no Grande Juízo,</p><p>130 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 62.</p><p>172 Estudos Bíblicos</p><p>sempre será um dia dramático, especialmente para os</p><p>que não estiverem preparados. Deus nunca julga por</p><p>nada. O seu arbitramento sempre vem após aviso e um</p><p>longo período de paciência e espera. Também o seu</p><p>veredito sempre vem como consequência do pecado</p><p>praticado, como visto nos versos anteriores deste capí-</p><p>tulo.</p><p>O poder econômico (e nenhum outro poder) não</p><p>poderá fazer alguma coisa quando o juízo de Deus se</p><p>abater sobre os que são objetos da sua intervenção</p><p>soberana. A devastação de Judá (e/ou do mundo) seria</p><p>muito grande. No caso de Judá, somente os pobres fica-</p><p>riam na terra. As riquezas seriam levadas. A agricultura</p><p>totalmente devastada. O povo totalmente humilhado.</p><p>É mister observar que Deus julga, mas dá ampla</p><p>oportunidade para o arrependimento. Os três primeiros</p><p>versos do capítulo 2 nos falam de uma chamada de Deus</p><p>a Judá ao arrependimento. Deus nunca condena sem</p><p>antes dar chance ao pecador de se arrepender. Ele não</p><p>tem prazer em condenar, punir, ou castigar. Somente o</p><p>arrependimento nos porá debaixo da proteção divina.</p><p>DEUS JULGA AS DEMAIS NAÇÕES</p><p>PELOS SEUS PECADOS</p><p>O profeta cita quatro nações pagãs como exem-</p><p>plos dos julgamentos iminentes. Duas são pequenas e</p><p>estão perto de Judá. Os filisteus, mencionados em pri-</p><p>meiro lugar, estão na verdade na Palestina. As outras</p><p>duas são grandes e estão longe. A Assíria, mencionada</p><p>por último, era a grande ameaça ao povo de Deus nos</p><p>dias de Sofonias. Esta nação destruíra o Reino do Norte</p><p>www.ib7.org 173</p><p>e conduzia o Reino do Sul à ruína. As quatro são inimi-</p><p>gas de Israel em direção ocidental, oriental, sul e norte.</p><p>1. Deus julgaria a Filístia (2:4-7). Deus lida com</p><p>os pecados das nações, não para que Judá se glorie</p><p>sobre outras nações, mas para que lhe sirva de lição.</p><p>Seria injusto se Deus julgasse o seu povo e fizesse</p><p>vistas grossas aos pecados das outras nações. Os filis-</p><p>teus foram um dos maiores inimigos do povo de Deus.</p><p>Quatro das suas maiores cidades seriam objetos do</p><p>juízo de Deus: Gaza, Asquelom, Asdode e Ecrom.</p><p>2. Deus julgaria Moabe e Amom (2:8-11). Moabe</p><p>e Amom eram descendentes de Ló. Os crimes dos</p><p>Amonitas eram graves. Incluía saques, crueldade contra</p><p>grávidas, incineração de corpos, algo muito, grave para</p><p>os judeus (Am 1:13; 2:1-3); adoravam a Baal. Moabe</p><p>também adorava o mesmo deus. Como castigo, tornar-</p><p>-se-iam como Sodoma e Gomorra – seriam destruídas.</p><p>Essas cidades, pelo seu pecado e destruição se torna-</p><p>ram épicas na literatura profética do Antigo Testamento.</p><p>3. Deus julgaria o Egito (2:12). Os etíopes ocu-</p><p>pavam o Egito nessa época. É possível que já estives-</p><p>sem sob o juízo de Deus – ocupação estrangeira. Os</p><p>etíopes eram inimigos duros e numerosos.131 Somente</p><p>um versículo neste capítulo é dedicado à mensagem do</p><p>Senhor aos povos do sul, os etíopes. E uma mensagem</p><p>bem áspera e, como é Deus quem está falando, seu jul-</p><p>gamento será inevitável.</p><p>4. Deus julgaria a Assíria (2:13-15). A Assíria era</p><p>uma grande potência naqueles dias. Terror das peque-</p><p>nas nações – cruel; a mais cruel de todos os impérios</p><p>do oriente. Destruiu o Reino do Norte – Israel (2Rs 17).</p><p>Sofonias antecipa os acontecimentos de Naum, sobre</p><p>a queda de Nínive. Já estava em declínio, nessa época.</p><p>131 COELHO FILHO, Isaltino G. Op. cit., p. 84.</p><p>174 Estudos Bíblicos</p><p>Alguns dos seus pecados são aqui aludidos: a) Empáfia:</p><p>“Eu sou a única, e não há outra além de mim” (2:15); a</p><p>Babilônia, mais tarde, também usaria da mesma empá-</p><p>fia (Is 47:8). São palavras que Deus usou para si. Só</p><p>Deus é autossuficiente; b) Nínive, a sua capital, desde-</p><p>nhava da cultura dos outros povos. Hoje isso também</p><p>existe. Como resultado, Nínive hoje jaz em ruínas. Quem</p><p>passa por ela meneia a cabeça (2:15). O juízo de Deus</p><p>recairia ali de maneira repentina, tornando toda aquela</p><p>região útil apenas como pastagem.</p><p>DEUS JULGA, MAS TAMBÉM</p><p>PROMETE RESTAURAÇÃO</p><p>O julgamento de Jerusalém volta a ser abordado</p><p>ao final do livro. Deus inicialmente destaca que o povo</p><p>de Israel, infelizmente, não dava ouvidos aos seus aler-</p><p>tas (3:2), nem mesmo diante do cumprimento de outros</p><p>castigos divinos profetizados sobre outras nações</p><p>(3:6,7). Ademais, a descrição que Deus faz da corrup-</p><p>ção das principais autoridades civis e religiosas do povo</p><p>demonstra o terrível estado daquela nação: príncipes e</p><p>juízes corruptos e opressores, profetas levianos e alei-</p><p>vosos, aproveitadores, enganadores; e sacerdotes pro-</p><p>fanos e que violentam a Lei (3:3,4).132</p><p>No entanto, a profecia de Sofonias termina com</p><p>uma mensagem de esperança, de restauração. A última</p><p>parte da profecia de Sofonias é muito importante porque</p><p>o julgamento que Deus exerce, seja sobre o seu povo e/</p><p>ou sobre as nações, não é um fim em si mesmo. Deus</p><p>julga, mas o seu julgamento também significa purifica-</p><p>ção e restauração. Seria duvidoso um Deus que só con-</p><p>dena. Não! Deus é Deus que, na sua justiça, condena</p><p>132 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 85.</p><p>www.ib7.org 175</p><p>e purifica, mas que também é cheio de graça, para res-</p><p>taurar a sorte daqueles que permanecerem fiéis a ele</p><p>ou daqueles que se convertam pela sua mensagem de</p><p>arrependimento.</p><p>O leitor, ao ler esse capítulo (bem como outras</p><p>partes desse livro), talvez se pergunte se tudo aqui se</p><p>relaciona aos dias do profeta, ou seja, a um futuro pró-</p><p>ximo, não muito longínquo, como o cativeiro babilônico e</p><p>sua restauração, ou a um futuro distante, seja aos dias</p><p>de Jesus, ou ainda além dos nossos dias. A linguagem</p><p>empregada é, por vezes, tão idealizada que nos leva a</p><p>pensar que esses dias ainda não aconteceram. A menos</p><p>que não se interprete literalmente o que está escrito.</p><p>Parece-nos que, nos escritos proféticos, sempre haverá</p><p>essa dupla (ou tripla) aplicação, ou seja, material que se</p><p>relaciona a eventos que aconteceriam, e já acontece-</p><p>ram, e profecias que ainda haverão de acontecer.</p><p>1. Deus restaurará as nações (3:9). No verso 9</p><p>temos a conversão de todos os povos ao Senhor.133 Deus</p><p>não está interessado apenas na restauração dos fiéis do</p><p>povo de Israel. Antes da morte de Cristo na cruz, havia</p><p>uma enorme diferença no relacionamento de judeus e</p><p>gentios entre si e com o Senhor. Porém, o muro de sepa-</p><p>ração foi derrubado (Ef 2:11), e ambos podem participar</p><p>das bênçãos espirituais que vêm pela fé em Cristo. “Pois</p><p>não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o</p><p>mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que</p><p>o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do</p><p>Senhor será salvo” (Rm 10:12,13). O milagre da graça</p><p>de Deus será demonstrado na era do reino quando as</p><p>nações gentias crerem e adorarem o Deus de Israel.134</p><p>133 CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo,</p><p>v. 5. 2 ed. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 3638.</p><p>134 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 5.</p><p>Santo André, SP: Geográfica editora, 2006, p. 532-533.</p><p>176 Estudos Bíblicos</p><p>O mundo todo é objeto do amor divino (Jo 3:16; 1Tm</p><p>2:4). Naquele dia, todas as nações, tribos e povos, de</p><p>todas as línguas estarão diante de Deus, louvando-o e</p><p>ao Cordeiro pela sua salvação (Ap 7:9,10).</p><p>2. Deus restaurará o remanescente de Israel</p><p>(3:10-20). Aqui fala da restauração do remanescente de</p><p>Israel, em vários aspectos: a) os dispersos serão con-</p><p>gregados novamente (3:10); a culpa e os rebeldes serão</p><p>eliminados da vida do povo de Deus (3:11); só ficarão</p><p>aqueles que confiam no Senhor (3:12); e estes viverão</p><p>em plena santidade, sendo apascentados pelo Senhor</p><p>(3:13).</p><p>Encontramos aqui uma lição prática para nosso</p><p>tempo, a qualquer um do povo de Deus que tenha se</p><p>afastado da vontade do Senhor e passado por sua disci-</p><p>plina. Se nos chegarmos a Deus com um coração que-</p><p>brantado, tendo confessado nossos pecados, o</p><p>Senhor</p><p>nos receberá. Ele nos amará e até cantará para nós.</p><p>Trará paz a nosso coração, nos renovará “no seu amor”.</p><p>Sem dúvida, nossa desobediência causa sofrimento e,</p><p>por vezes, levamos conosco as cicatrizes dessa deso-</p><p>bediência para o resto da vida. Porém o Senhor nos per-</p><p>doará (1Jo 1:9), esquecerá nossos pecados e nos res-</p><p>taurará à sua amorosa comunhão. William Culbertson,</p><p>falecido presidente do Instituto Bíblico Moody, às vezes</p><p>terminava suas orações públicas dizendo: “E, Senhor,</p><p>ajuda-nos a suportar as consequências dos pecados</p><p>perdoados e a terminar bem”. Mesmo depois de perdo-</p><p>ado, o pecado tem consequências, pois ainda que Deus,</p><p>em sua graça, nos purifique, em sua soberania ele diz:</p><p>“Você colherá aquilo que semeou”.135</p><p>Os versos 14 a 17 formam um belíssimo salmo ou</p><p>cântico. A ênfase é no júbilo. Não é para menos, visto</p><p>135 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 534.</p><p>www.ib7.org 177</p><p>o que foi profetizado anteriormente. Vários motivos de</p><p>júbilo são aqui mencionados: a) as sentenças contra</p><p>Israel seriam afastadas, bem como os seus inimigos; a</p><p>presença do Rei de Israel no meio do seu povo e o tér-</p><p>mino do mal seriam uma realidade (3:15); o medo daria</p><p>lugar à proteção feita pelo poderoso Senhor, ao amor</p><p>renovado e ao regozijo.</p><p>Por último, após o cântico antecipado de regozijo,</p><p>Sofonias termina o seu livro enumerando mais algumas</p><p>promessas ao remanescente de Israel (3:18-20). A pro-</p><p>fecia não termina com a jubilosa reação do povo diante</p><p>da bondade de Deus (3:14-17), mas com outras bên-</p><p>çãos prometidas por Deus. Haverá alívio da opressão,</p><p>da separação e do sofrimento, tudo isso é substituído</p><p>pelo repatriamento, pela ovação e pela abundância.136</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Adorar a Deus e servi-lo quando tudo vai bem é</p><p>muito fácil. O difícil é adorar ao Senhor quando as cir-</p><p>cunstâncias não são favoráveis. Habacuque vai do</p><p>desespero à esperança, do termo à fé, da angústia avas-</p><p>saladora à exultação indizível e cheia de glória!</p><p>O livro termina com um voto solene da parte de</p><p>Deus: “Diz o Senhor”. Ele faz o que promete. Sofonias</p><p>começa e termina sua profecia com a forte convicção de</p><p>que é o Senhor quem está falando. A implicação disso</p><p>é bastante clara: ouçam e vivam! Quanta coisa para</p><p>pensar e ponderar!</p><p>136 BAKER, David W.; ALEXANDER, T. Desmond; STURZ, Richard J. Op. cit., p.</p><p>408.</p><p>178 Estudos Bíblicos</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Que informações são dadas sobre Sofonias? Que</p><p>suposições podemos auferir a partir dessas informa-</p><p>ções? (1:1)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Que mensagem profética Deus entregou a Sofonias?</p><p>Que classes são alvos do juízo divino no primeiro capí-</p><p>tulo? (1:2-18)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>3. Como você vê o pecado da idolatria e do sincretismo</p><p>religioso em nosso país? Que pecados você identifica</p><p>nas classes que detêm o poder em nosso país (políticos,</p><p>religiosos, empresários)?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>4. Que mensagem de esperança é entregue pelo profeta</p><p>nos primeiros versos? (2:1-3)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>5. Quais nações são alvos do juízo divino neste capí-</p><p>tulo? Que pronunciamento o Senhor faz contra cada</p><p>uma delas? (2:4-15)</p><p>www.ib7.org 179</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>6. Que sentimentos você tem ao saber que Deus julga</p><p>nações, não somente durante a história da humanidade,</p><p>mas também no final da história?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>7. Que sentença é pregada contra Jerusalém? (3:1-8)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>8. Que promessas são feitas ao remanescente? (3:9-20)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>9. Como você se sente ao tomar conhecimento de que</p><p>Deus restaura a sorte daquele que permanecem fiéis na</p><p>sua fé nele?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>10. Sofonias não se omitiu na tarefa de transmitir fiel-</p><p>mente a mensagem de Deus ao seu povo. Você faria o</p><p>mesmo?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>180 Estudos Bíblicos</p><p>Victória Brites Fajardo</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – 2 Crônicas 36:23</p><p>Quando Deus ordena, ninguém pode se opor;</p><p>quando ele quer, ninguém pode impedi-lo. Deus é sobe-</p><p>rano sobre todas as nações, sobre todas as autoridades;</p><p>aqueles que julgamos acima de nós estão sempre abaixo</p><p>de Deus. O plano dele era a construção de um templo</p><p>onde todos os seus poderiam ir para adorá-lo e para que</p><p>isso aconteça, ele não apenas toca no coração de um rei,</p><p>como também dá condições de realizar a sua vontade (dá</p><p>ao rei da Pérsia todos os reinos da terra). Nosso Pai queria</p><p>estar próximo dos seus e agora ele nos quer tão mais perto</p><p>que hoje habita dentro de nós.</p><p>Segunda-feira – Esdras 3:10</p><p>Alicerce é a primeira coisa feita durante uma constru-</p><p>ção. Quando construímos nossa casa e vamos fiscalizar,</p><p>usamos sempre nossas roupas mais simples; contudo,</p><p>quando nossa casa fica pronta nos arrumamos para con-</p><p>templar tudo o que foi feito. O que me chama a atenção</p><p>nesse versículo é que, desde o início da construção ou das</p><p>obras do templo, aqueles que possuíam os mais “impor-</p><p>tantes” cargos dentro da religião judaica se apresentaram</p><p>com o seu melhor e já louvando a Deus. Podemos entender</p><p>que não precisamos esperar uma obra do Senhor (seja ela</p><p>visível ou não) ser concluída para agradecê-lo e louvá-lo, é</p><p>durante todo o processo de construção que isso deve ser</p><p>feito, pois já sabemos que tão importante como a chegada</p><p>é a trajetória.</p><p>Terça-feira – Esdras 4:3</p><p>Muitas pessoas querem de fato agradar a Deus, mas</p><p>não apenas a Deus; muitas dessas pessoas, por medo ou</p><p>www.ib7.org 181</p><p>por acharem que precisam barganhar com ele para que</p><p>fiquem seguras, começam a participar da obra do Senhor</p><p>sem o verdadeiro</p><p>comprometimento, que é um coração</p><p>que tem o nosso Senhor como Soberano. Pessoas que</p><p>fingem ter um relacionamento com Deus só conseguem</p><p>edificar a parte física da igreja (quando conseguem), mas</p><p>nunca a espiritual; querer que as pessoas se afastem dos</p><p>projetos de edificação não é arrogância e sim dependên-</p><p>cia de Deus, pois se essas pessoas que não tem vida com</p><p>nosso Pai fizerem as coisas, farão na força do seu pró-</p><p>prio braço, quando ele nos instrui a deixa-lo fazer todas as</p><p>coisas através de nós, mas para glória dele.</p><p>Quarta-feira- Esdras 4:23-24</p><p>Quando os inimigos do povo de Deus viram que não</p><p>conseguiram interromper ou desaminar os construtores do</p><p>Templo, eles apelaram à autoridade, conhecida como rei</p><p>Artaxerxes, para que embargasse a obra e assim inter-</p><p>rompesse a construção do Templo. E hoje, quais são as</p><p>autoridades, circunstâncias e pessoas que tem nos impe-</p><p>dido de edificarmos a igreja e de contribuir para o Reino</p><p>de Deus? Muitas coisas vêm de fora para nos fazer parar,</p><p>mas é preciso que tenhamos um alvo e continuemos pros-</p><p>seguindo para cumprir tudo aquilo que o Senhor nos ensi-</p><p>nou. O importante é não desanimarmos, se olhamos para</p><p>baixo iremos parar, mas quando olhamos para o alto temos</p><p>nossas forças renovadas, esperança e certeza da vitória!</p><p>Quinta-feira – Esdras 5:1,2</p><p>Temos uma má impressão quando falamos da pala-</p><p>vra exortação, nós imaginamos algo ruim, mas exortar é</p><p>aconselhar com amor. Nesse trecho das Escrituras vemos</p><p>que o processo de correção espiritual por meio da repre-</p><p>ensão dos profetas foi fundamental para se reiniciar as</p><p>obras da construção do Templo; contudo, essa repreen-</p><p>são não foi feito por meios humanos e sim em nome de</p><p>182 Estudos Bíblicos</p><p>Deus e através do poder dele. É como será dito no Novo</p><p>Testamento, que sem ele nada poderemos fazer. Quando</p><p>o Espírito de Deus está em nós, ele nos reveste de autori-</p><p>dade para orientarmos conforme a vontade do nosso Pai.</p><p>Sexta-feira – Esdras 6:14</p><p>Em vários momentos ao longo da história Deus reve-</p><p>lou sua vontade aos profetas para que seu povo se com-</p><p>portasse de maneira digna e soubesse o que fazer. Todos</p><p>nós queremos saber o motivo pelo qual estamos aqui;</p><p>fazer a vontade divina, é esse o nosso propósito. Deus</p><p>ainda revela sua vontade aos seus, ele se revelou através</p><p>de sua Palavra; o problema é que existem muitas pessoas</p><p>que querem saber a vontade dele, mas não estão dispos-</p><p>tas a obedecê-lo. A revelação é para nos impulsionar a</p><p>vida planejada por Deus. Para se revelar, o Senhor usa</p><p>muitas vezes seus servos como instrumento de bênçãos</p><p>em nossa vida. Que possamos fazer a vontade que o</p><p>Senhor nos revela, pois essa é a maior benção que pode-</p><p>mos receber.</p><p>Sábado – Ageu 1:3-8</p><p>Sempre vemos esse texto ser usados em sermões</p><p>para falar sobre a edificação da casa de Deus. Há um con-</p><p>vite a sermos mais participativos na obra, mais zelosos</p><p>com a igreja local e tudo isso na tentativa de atualizar o</p><p>texto e assim aplicá-lo na nossa vida diária. Mas, com todo</p><p>respeito aos que assim pregam, eu gostaria de atualizar</p><p>a palavra templo pela concepção de igreja no Novo Tes-</p><p>tamento, como sendo eu e você. Muitas vezes nós nos</p><p>preocupamos em termos casas luxuosas e consideramos</p><p>que o bastante não é suficiente; é nesse momento que</p><p>deixamos de nos preocupar com a edificação do lugar que</p><p>o Espírito Santo habita, isto é, em nós. Comecemos a ser</p><p>mais zelosos com o lugar de habitação de Deus, vamos</p><p>trazer os fundamentos para erguer sua casa e mantê-la.</p><p>Que a Casa do Senhor nunca mais fique em ruínas!</p><p>www.ib7.org 183</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Os judeus que haviam voltado do cativeiro lança-</p><p>ram os alicerces pra reconstruírem o templo que havia</p><p>sido destruído em 586 A.C; embora fosse essa a missão</p><p>primordial do povo, uma vez que a cidade já estava ree-</p><p>dificada e devidamente organizada pelo ministério de</p><p>Neemias, devido às oposições, caíram em desânimo e</p><p>a obra ficou parada por aproximadamente 15 anos; é</p><p>nesse cenário de indiferença religiosa e crise econômica</p><p>que Ageu é levantado por Deus para falar ao seu povo, e</p><p>sua mensagem com certeza tem muito a nos dizer hoje</p><p>também.</p><p>O livro de Ageu pode ser definido como um cha-</p><p>mado de retorno ao compromisso do povo de Deus com</p><p>seu Senhor. Ele foi o primeiro profeta que Deus levan-</p><p>tou após a volta dos judeus do exílio babilônico, e é um</p><p>dos poucos profetas cujas datas de profecias podem ser</p><p>determinadas com exatidão, porque Ageu registrou-as</p><p>todas em seu livro. Foram, ao todo, quatro mensagens</p><p>em seu ministério.137</p><p>137 DANIEL, Silas; COELHO, Alexandre. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:</p><p>CPAD, 2012, p.87.</p><p>AGEU</p><p>O COMPROMISSO</p><p>DO POVO DA ALIANÇA</p><p>Pr. Edvard Portes Soles 16 de Agosto de 2014</p><p>11</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Assim fala o Senhor dos Exercitos: Este povo</p><p>diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa</p><p>do Senhor deve ser edificada. Veio, pois, a palavra</p><p>do Senhor, por intermádio do profeta Ageu dizendo:</p><p>Acaso é tempo de habitardes em casas apainela-</p><p>das, enquanto essa casa permanece em ruínas?”</p><p>(Ag 1:2-4)</p><p>184 Estudos Bíblicos</p><p>O PROFETA</p><p>O Profeta Ageu (em hebraico��, Hagay [yg:H;]), é o pri-</p><p>meiro profeta do período pós- exílio, seguido por Zaca-</p><p>rias e Malaquias. Seu nome significa “Festivo” (ou nas-</p><p>cido em uma festa). Provavelmente ele tenha nascido em</p><p>uma data que celebrava festa em Israel, mas também</p><p>o nome “festivo” (e seus correlatos) pode estar relacio-</p><p>nado com a mensagem de seu livro. Não se encontra</p><p>informações sobre Ageu em outras páginas da Bíblia,</p><p>seu local de nascimento, sua família, sua idade ou sua</p><p>profissão secular. Além de seu livro, ele apenas aparece</p><p>em Esdras 5:1 e 6:14, onde surge junto com Zacarias e</p><p>ambos são identificados como sendo profetas, e também</p><p>que eles “profetizaram aos judeus que estavam em Judá</p><p>e em Jerusalém , em nome do Deus de Israel, cujo Espí-</p><p>rito estava com eles” (Ed 5:1) e foi também durante o</p><p>ministério destes que “os anciãos dos judeus iam edifi-</p><p>cando e prosperando em virtude do que profetizaram os</p><p>profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido. Edificaram a casa</p><p>e a terminaram segundo o mandado do Deus de Israel e</p><p>segundo o decreto de Ciro, de Dario e Artaxerxes, rei da</p><p>Pérsia” (Ed 14:6).</p><p>A tradição talmúdica alista Ageu, Zacarias e Mala-</p><p>quias como fundadores de “A Grande Sinagoga”, uma</p><p>reunião de estudiosos judeus e rabinos que surgiu nos</p><p>dias de Esdras. Vários salmos na Septuaginta são atri-</p><p>buídos a Ageu. Junto com estes dois profetas, Ageu é</p><p>contado entre os últimos mensageiros dos oráculos divi-</p><p>nos. O Talmude declara que, com sua morte, o Espírito</p><p>Santo saiu de Israel.138</p><p>Os textos acima colocam Ageu como um profeta</p><p>que teve seu ministério durante a reconstrução do templo</p><p>no período pós-exílio. Embora as informações sobre</p><p>138 CASHDAN, Eli. Hagai. In The twelve prophets. Londres: The Soncino Press,</p><p>1948, p. 254.</p><p>www.ib7.org 185</p><p>Ageu sejam escassas, podemos inferir que ele era um</p><p>homem de elevados propósitos, que exercia grande influ-</p><p>ência e que era dotado de profunda espiritualidade.139</p><p>Se Ageu permaneceu em Jerusalém durante o cativeiro,</p><p>se foi um dos exilados a ser levado para a Babilônia ou</p><p>se ele já nasceu lá, não há certeza. Caso ele tenha sido</p><p>levado cativo, já era bem idoso quando profetizou aos</p><p>judeus e também havia conhecido de perto o primeiro</p><p>templo antes que este fosse completamente destruído</p><p>por Nabucodonosor em 586 A.C. Mesmo que seu nome</p><p>não apareça na lista dos que voltaram do cativeiro, o</p><p>que se tem até hoje são as teorias que foram passadas</p><p>ou pelos judeus ou pelos cristãos. No entanto, isso em</p><p>nada altera o conteúdo de suas mensagens e nem sua</p><p>importância para os cristãos hodiernos.</p><p>O LIVRO</p><p>Ageu é preciso na datação de suas mensagens.</p><p>Nelas encontram-se registrados o dia, mês e ano de</p><p>seus oráculos. Sua atuação como profeta teve lugar</p><p>durante o reinado de Dário Histaspes, no ano 520 A.C</p><p>e cobre os meses de agosto a dezembro e se divide em</p><p>quatro mensagens dirigidas a Zorobabel, o governador</p><p>de Judá e a e Josué,</p><p>o sacerdote.</p><p>Seu ministério foi tanto de repreensão como de</p><p>encorajamento, pois o povo havia dado início à recons-</p><p>trução do templo, mas por pressão acabaram abando-</p><p>nando a obra (Ed 5:24) e passaram a cuidar apenas de</p><p>seus próprios interesses pessoais (1:4). Quando con-</p><p>frontados por Ageu, recomeçaram, mas logo veio o desâ-</p><p>nimo, pois viam que o templo em nada se comparava</p><p>ao antigo, que era maior e mais suntuoso (2:3). Assim,</p><p>o profeta fala novamente ao povo que a promessa de</p><p>139 CHAMPLIN, R. N; BENTES, J. M. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia,</p><p>v. 1. São Paulo: Candeia, 1995, p. 74.</p><p>186 Estudos Bíblicos</p><p>Deus seria uma glória ainda maior, e que não desani-</p><p>massem porque o Senhor era com eles (2:5,9). Desta</p><p>forma, o templo foi terminado em 516 A.C, no sexto ano</p><p>de Dario (Ed 6:15).</p><p>O CENÁRIO HISTÓRICO</p><p>Pelo decreto de Ciro, o conquistador persa do</p><p>Império Caldeu, o cativeiro na Babilônia chegou ao fim.</p><p>Pelo menos os judeus já não estavam proibidos de voltar</p><p>à pátria. Este rei fez uma declaração positiva ao dar-lhes</p><p>a permissão de voltar para reconstruir a nação e restau-</p><p>rar a adoração. Muitos judeus estavam tão bem insta-</p><p>lados na Babilônia que não tinham interesse em voltar.</p><p>Mas houve um grupo de uns 50 mil que, sob a liderança</p><p>de Zorobabel, voltou com o coração cheio de esperança.</p><p>“A comitiva seleta que acompanhou Zorobabel deve ter</p><p>sido formada dos membros mais sérios, religiosos e</p><p>empreendedores da nação cativa”.140</p><p>Contudo, devido à oposição que enfrentaram na</p><p>pátria, principalmente dos vizinhos samaritanos, não</p><p>puderam concluir os planos de reedificação do templo e</p><p>reconstrução da cidade. Com a subida ao trono persa de</p><p>Dario Histaspes, o decreto que interrompera os traba-</p><p>lhos foi revisado e revertido. Então, “os profetas Ageu e</p><p>Zacarias exortaram veementemente seus compatriotas</p><p>a reiniciarem os trabalhos. [...] O empenho de recons-</p><p>trução do templo foi adequadamente retomado”.141 Este</p><p>novo ímpeto ocorreu após um período de uns 17 anos,</p><p>durante os quais os trabalhos ficaram parados. E neste</p><p>plano de fundo da situação histórica que devemos ver e</p><p>entender o ministério de Ageu.142</p><p>140 BLAIKIE, William Garden. A manual of Bible history. Nova York: The Ronald</p><p>Press, 1940, p. 282..</p><p>141 BLAIKIE, William Garden. Op. cit., p. 283.</p><p>142 DUNNING, H. Ray. O livro de Ageu. In: Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de</p><p>Janeiro: CPAD, 2005, p. 275.</p><p>www.ib7.org 187</p><p>AS MENSAGENS DE AGEU</p><p>Ageu pregou quatro mensagens, todas iniciadas</p><p>com a frase “assim diz o Senhor”, salientando que o pro-</p><p>feta foi apenas o instrumento, mas o conteúdo de suas</p><p>mensagens vinha diretamente de Deus.</p><p>Primeira mensagem: repreensão (1:1-15). “No</p><p>segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro</p><p>dia do mês, veio a palavra do Senhor, por intermédio do</p><p>profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Salatiel, governador</p><p>de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacer-</p><p>dote” (1:1). Essa primeira mensagem ocorreu no dia 29</p><p>de agosto de 520 A.C. Já havia se passado aproximada-</p><p>mente 15 anos e o povo deixou cair no esquecimento a</p><p>reconstrução do templo; essa mensagem chama a aten-</p><p>ção do povo devido a sua indiferença e descaso com</p><p>a reconstrução do templo do Senhor. “Este povo diz:</p><p>ainda não veio o tempo em que a casa do Senhor deve</p><p>ser edificada” (1:2). Após se estabelecer em Jerusalém,</p><p>o povo deixou cair no esquecimento o real propósito</p><p>de estarem ali. Tão logo enfrentaram oposições, larga-</p><p>ram de lado a construção do templo e, como desculpa,</p><p>diziam que o tempo de construir a casa do Senhor não</p><p>era ainda chegado. No entanto, o Senhor os repreende</p><p>dizendo que o fator “tempo” fora aplicado em prol de</p><p>seus projetos pessoais, pois enquanto o templo estava</p><p>em completa ruína eles construíram e adornaram suas</p><p>casas, revelando assim suas prioridades invertidas, pois</p><p>durante um período de 15 anos (aproximadamente) eles</p><p>nada fizeram para que a construção fosse retomada.</p><p>O Senhor questiona: “Acaso, é tempo de habitar-</p><p>des em vossas casas apaineladas, enquanto esta casa</p><p>permanece em ruínas?” (1:4). Deus não condena o fato</p><p>de algumas pessoas terem condições que as possibi-</p><p>lite construírem casas confortáveis, mas sim o fato de</p><p>não terem a mesma motivação com relação à obra do</p><p>188 Estudos Bíblicos</p><p>Senhor. Não devemos nos esquecer de que a maneira</p><p>como tratamos o templo do Senhor revela muito sobre</p><p>nosso relacionamento e compromisso com o Senhor do</p><p>templo.</p><p>O Senhor convida à reflexão. O povo é convi-</p><p>dado a “considerar seu passado”, frase essa que se</p><p>repete em 1:5,7 e 2:15,18. É uma fórmula para chamar a</p><p>atenção do povo para o que está acontecendo com eles.</p><p>Deveriam analisar como haviam vivido e tirarem suas</p><p>próprias conclusões, pois as bênçãos lhes foram retidas,</p><p>“semeavam colhiam pouco, comiam, mas não se farta-</p><p>vam, bebiam, mas não saciavam a sede, vestiam-se,</p><p>mas não se aqueciam e o que recebia salário o recebia</p><p>para colocá-lo em um saco furado” (1:6). A miséria e a</p><p>escassez não eram por falta de trabalho ou boa adminis-</p><p>tração, mas sim o reflexo de que estavam distantes do</p><p>Senhor. Até mesmo da terra foi retido seu orvalho, veio</p><p>a seca sobre toda produção do campo (1:10-11). Acon-</p><p>tecimentos assim em uma nação cuja economia depen-</p><p>dia do que a terra produz trouxe grande sofrimento, e o</p><p>povo foi levado a entender que suas atitudes estavam</p><p>atraindo sobre eles a maldição e não a benção (Dt 28).</p><p>O Senhor chama seu povo ao trabalho árduo.</p><p>“Subi ao monte, trazei a madeira e edificai a casa” (1:8).</p><p>O povo, que até então permanecia indiferente e negli-</p><p>gente, é exortado a aplicar esforço e recurso na cons-</p><p>trução do templo, e uma vez construído, Deus voltaria</p><p>a alegrar-se, ou seja, ter prazer em seus cultos, seus</p><p>sacrifícios e suas ofertas, sua adoração.</p><p>A indiferença é mortal para o povo de Deus em</p><p>qualquer época de sua história; a Palavra do Senhor</p><p>nos ensina dois princípios de vida cristã que faremos</p><p>bem em praticá-los: Devemos “remir o tempo” (Ef 5:16)</p><p>e sermos “fervorosos de espírito” no que diz respeito ao</p><p>serviço do Senhor (Rm 12:11); estes dois princípios são</p><p>fundamentais para nosso desenvolvimento espiritual.</p><p>www.ib7.org 189</p><p>Devemos aproveitar de forma sábia o tempo e devemos</p><p>empregar força no serviço do Senhor, fazer com von-</p><p>tade, disposição, ânimo e zelo, e isso havia faltado aos</p><p>voltaram do cativeiro.</p><p>Ainda sobre esse texto, comenta Warren Wiersbe:</p><p>Ao longo de quase cinquenta anos de ministério,</p><p>tenho observado que alguns cristãos confessos</p><p>compram o que há de melhor para si mesmos e</p><p>dão ao Senhor aquilo que sobra. Móveis usados</p><p>são doados para a igreja e roupas usadas são</p><p>enviadas para missionários. Assim como os</p><p>sacerdotes do tempo de Malaquias, levamos ao</p><p>Senhor dádivas que teríamos vergonha de dar a</p><p>nossos familiares e amigos (Ml 1:6-8). Ao fazê-</p><p>-lo, cometemos dois pecados: 1) desagradamos</p><p>ao Senhor; e 2) desonramos seu nome. O Senhor</p><p>disse ao povo por intermédio de Ageu: “edificai a</p><p>casa; dela me agradarei e serei glorificado’’ (Ag</p><p>1:8). Deus se compraz do serviço obediente de</p><p>seu povo, e seu nome é glorificado quando nos</p><p>sacrificamos pelo Senhor e o servimos.143</p><p>Apesar de, hoje em dia, a casa de Deus não ser</p><p>mais material, mas sim espiritual, o material ainda é</p><p>um símbolo muito real do espiritual. Quando a igreja de</p><p>Deus em qualquer lugar é desleixada com o ambiente</p><p>físico de reunião, com seu lugar de adoração e seu tra-</p><p>balho, trata-se de um sinal, de uma evidência de declínio</p><p>da vida dessa igreja.</p><p>A resposta do povo à mensagem de Deus. O</p><p>verso 12 diz que o povo “atendeu à voz do Senhor” e</p><p>isso fez com que eles “temessem diante do Senhor”, e</p><p>quando reanimados pelo Senhor reagiram e se puseram</p><p>a trabalhar, e num espaço de 23 dias a obra é retomada,</p><p>e sua conclusão viria 5 anos mais tarde. Assim ficou evi-</p><p>dente o fato de que o templo ainda não estava pronto</p><p>143 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 5.</p><p>Santo André, SP: Geográfica editora, 2006,</p><p>ser divididos em pré-exílicos (antes do</p><p>exílio babilônico) e pós-exílicos (depois do exílio babilô-</p><p>nico). Os profetas pré-exílicos são Oséias, Joel, Amós,</p><p>Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofo-</p><p>nias. Os profetas pós-exílicos são Ageu, Zacarias e</p><p>Malaquias. Muitos deles foram contemporâneos e algu-</p><p>mas profecias foram proferidas ao mesmo tempo.</p><p>Outra forma de organizar esses livros é observando</p><p>para o público que se dirigiam. Assim, podemos dividi-</p><p>-los em livros com mensagens direcionadas ao Reino de</p><p>Judá (Joel, Miquéias, Habacuque e Sofonias), livros com</p><p>mensagens específicas para o Reino de Israel (Amós e</p><p>Oséias), livros com mensagens para as nações (Jonas,</p><p>Naum e Obadias) e livros com mensagens dirigidas aos</p><p>judeus remanescentes do período pós-exílio (Ageu,</p><p>Zacarias e Malaquias). Os profetas do Reino de Israel</p><p>profetizaram no oitavo século; os de Judá no oitavo e</p><p>sétimo séculos; e os pós-exílicos no sexto e quinto sécu-</p><p>los.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Os profetas, inspirados por Deus, olharam para</p><p>o futuro, mas também para os seus próprios dias. Eles</p><p>denunciaram os pecados do povo quando este se des-</p><p>viava dos caminhos do Senhor. Os profetas nos mostram</p><p>que o povo de Israel (e nós também) precisava se arre-</p><p>pender de seus pecados, para finalmente, serem aceitos</p><p>por Deus. Portanto, estudar os profetas menores é um</p><p>20 Estudos Bíblicos</p><p>dever dos cristãos que desejam ter sua vida alinhada</p><p>com a vontade de Deus no que tange a vida pessoal e</p><p>práticas diárias.</p><p>Nas próximas lições, será apresentado um estudo</p><p>panorâmico de cada um dos doze livros citados, exa-</p><p>minando o contexto histórico de cada profeta, o propó-</p><p>sito de suas mensagens e a aplicação delas para os</p><p>nossos dias e para a nossa vida. Esperamos que esta</p><p>série de estudo abençoe a sua vida de forma especial</p><p>e desperte-o a aprofundar-se ainda mais no estudo dos</p><p>Profetas Menores.</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Os Profetas Menores tratam de questões relevantes</p><p>para os nossos dias e servem de edificação espiritual</p><p>a todo o povo de Deus. Com base no que estudou, dis-</p><p>serte para a classe alguns dos temas por eles tratados.</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Qual a origem do termo “Profetas Menores”? E, “os</p><p>Doze Profetas”?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>3. De quais livros compõe-se a coleção dos Profetas</p><p>Menores? De onde vem a estrutura bíblica que adota-</p><p>mos? Como é a estrutura da Septuaginta (versão grega</p><p>do Antigo Testamento)?</p><p>www.ib7.org 21</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>4. Qual o valor e a autoridade dos escritos dos Profetas</p><p>Menores para a igreja cristã? Cite alguns exemplos prá-</p><p>ticos.</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>5. Qual a procedência da mensagem dos Profetas Meno-</p><p>res? Partiu de quem a iniciativa de impulsioná-los? (2Pe</p><p>1:20,21)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>6. Qual a relação dos profetas menores com as profe-</p><p>cias acerca do Messias? O que eles profetizaram sobre</p><p>a vinda dele?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>7. O que significa dizer “a palavra dos profetas”? O que</p><p>quer dizer “como a uma luz que alumia em lugar escuro”?</p><p>(2Pe 1:19)</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>www.ib7.org 23</p><p>Daisy Moitinho</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo - 2 Coríntios 11:2</p><p>A aliança que fazemos com Deus, quando nos</p><p>convertemos, é considerada como um casamento. No</p><p>Antigo Testamento vemos que Jerusalém, ou o povo</p><p>judeu, era considerado como a noiva do Senhor. Mas</p><p>infelizmente, por várias vezes, o Senhor se sentiu como</p><p>o marido traído de Jerusalém. A adoração a outros</p><p>deuses é considerada como adultério ou prostituição.</p><p>Todos nós que fizemos uma aliança com Deus, fizemos</p><p>um compromisso de fidelidade a ele. O nosso Deus é</p><p>sempre fiel para conosco e ele nunca nos trai ou nos</p><p>decepciona. Assim como nós, ele também espera fide-</p><p>lidade de nossa parte. Que possamos a cada dia valori-</p><p>zar o privilégio de termos um relacionamento profundo e</p><p>pessoal com Deus.</p><p>Segunda-feira – Isaías 54:5</p><p>Há uma teoria sobre a criação do mundo que diz</p><p>que ele foi criado por Deus, mas que depois ele o aban-</p><p>donou à própria sorte, ou seja, é como uma mãe que gera</p><p>um filho e, depois dele nascido, abandona-o. É tão bom</p><p>sabermos que o nosso Deus, o Criador do universo, não</p><p>é assim. Ele ama a cada um de nós e nos conhece pelo</p><p>nosso nome. Ele deseja ter um relacionamento pessoal</p><p>com cada um dos seus filhos e filhas. Neste texto, ele se</p><p>apresenta como o esposo do povo de Israel. Um esposo</p><p>que ama, cuida e protege. Enquanto na outras religiões</p><p>o ser humano é que tem que ir até seus deuses, no cris-</p><p>tianismo é Deus que vem ao encontro da humanidade. O</p><p>nosso Deus vem ao nosso encontro todos os dias, para</p><p>24 Estudos Bíblicos</p><p>nos ouvir, falar conosco, nos amar e nos dizer: “Você</p><p>pode confiar em mim, porque eu nunca te abandonarei”.</p><p>Terça-feira – Jeremias 2:2</p><p>Desde a infância, tanto homens como mulheres são</p><p>incentivados a encontrar o amor verdadeiro para chegar</p><p>no “felizes para sempre” dos contos de fadas. Quando</p><p>Deus formou Adão e Eva, o seu objetivo era que os dois</p><p>tivessem um relacionamento feliz e não apenas estives-</p><p>sem juntos, ou seja, o Senhor deseja para nós casamen-</p><p>tos felizes. Por meio do casamento, homens e mulheres</p><p>aprendem muitas coisas, tais como respeito, amor, fide-</p><p>lidade, companheirismo, dependência, cuidado e prote-</p><p>ção, que um deve ter para com o outro. Tanto no Antigo</p><p>como no Novo Testamento, o relacionamento entre Deus</p><p>e o seu povo é retratado como um casamento. Neste texto</p><p>vemos que o Senhor não quer ter conosco um relacio-</p><p>pp. 543-544.</p><p>190 Estudos Bíblicos</p><p>porque haviam falhado como povo de Deus. Não esta-</p><p>riam os cristãos de hoje falhando por não priorizarem</p><p>de fato o que importa? Não estariam os cristãos de hoje</p><p>deixando para “amanhã” a obra que o Senhor já orde-</p><p>nou que fosse feita, como evangelização dos povos, por</p><p>exemplo? Será que muitas dificuldades que enfrentamos</p><p>hoje, sejam na economia, na vida familiar, no trabalho ou</p><p>até mesmo em nossas igrejas, pode ser o resultado de</p><p>nossa negligência para com a causa do Senhor?</p><p>Segunda mensagem: encorajamento (2:1-9). “No</p><p>segundo ano do rei Dario, no sétimo mês, ao vigésimo</p><p>primeiro do mês, veio a palavra do Senhor por intermé-</p><p>dio do profeta Ageu” (2:1). A segunda mensagem ocor-</p><p>reu no dia 17 de outubro de 520 A.C. O povo reanimou</p><p>e iniciou a obra, mas pelas dificuldades que enfrentava,</p><p>corria o risco de mais uma vez parar; então, através de</p><p>Ageu, o Senhor os anima e os fortalece.</p><p>Deus está com seu povo. Reconstruir o templo</p><p>era uma tarefa difícil, pois restavam apenas escombros</p><p>do primeiro, e o fator agravante era o fato de que alguns</p><p>que estavam ali conheceram o primeiro templo em sua</p><p>glória e beleza, e isso era fonte de desânimo. Ageu não</p><p>negou que o novo templo era “como nada” comparado</p><p>com o templo que Salomão havia construído, mas isso</p><p>não era importante. O que importava era que se tratava</p><p>de uma obra de Deus, e o povo podia contar com o</p><p>Senhor para ajudá-los a concluí-la. (2:3).</p><p>Deus conclama seu povo a não desanimar; preci-</p><p>savam levar adiante a obra, pois tinham por garantia a</p><p>presença do Senhor. Não deviam temer, pois o Deus que</p><p>liberou seu povo do Egito estava agindo no meio deles,</p><p>sua presença era baseada na aliança que uma vez fora</p><p>estabelecida no êxodo (Ex 19:5-6) e era animador o fato</p><p>de que ali estava não apenas um templo em construção,</p><p>mas a presença do Deus do templo.</p><p>www.ib7.org 191</p><p>A glória do segundo templo. Além de reanimar o</p><p>povo em sua presença, o Senhor os reanima com uma</p><p>promessa, pois ao falar da glória do segundo templo</p><p>foi dada ao povo a motivação para o trabalho, pois eles</p><p>estariam investindo seu tempo e esforço em algo que</p><p>traria resultados até além do que esperavam.</p><p>Uma vez que alguns tinham em sua lembrança o</p><p>templo construído por Salomão com todo seu luxo, rece-</p><p>ber a promessa que o segundo templo seria ainda mais</p><p>glorioso é de fato fonte de motivação. O Senhor se res-</p><p>ponsabilizou pessoalmente pela glória do templo: “Pois</p><p>assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, dentro</p><p>em pouco, farei abalar o céu, aterra e o mar e a terra</p><p>seca; farei abalar todas as nações, e as coisas preciosas</p><p>de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa,</p><p>diz o Senhor dos exércitos” (2:6-7).</p><p>A glória a que se refere o texto não deve ser tomada</p><p>em princípio como uma profecia messiânica, mas sim</p><p>como uma promessa de que Deus traria riquezas mate-</p><p>riais ao templo para torná-lo ainda mais luxuoso. A refe-</p><p>rência à prata e ao ouro em 2:8 e o contexto da recons-</p><p>trução, em que o pesar do povo era por não ter tais rique-</p><p>zas no templo reforça a ideia de que aqui, neste caso,</p><p>a glória é a riqueza, e é provável que o texto aponte</p><p>profeticamente para o tempo de Herodes, o grande, que</p><p>reinou de 37-04 A.C, tendo sido responsável pela cons-</p><p>trução do segundo templo, que era maior que o de Salo-</p><p>mão e foi uma das maravilhas do mundo antigo.</p><p>Um lugar de paz. “E neste lugar darei a paz, diz o</p><p>Senhor dos Exércitos”. Mesmo que a glória do segundo</p><p>templo deva ser tomada aqui como riquezas materiais,</p><p>não se pode negar que há um paralelo entre a promessa</p><p>de paz em 2:9 e a era messiânica, enquanto a aplica-</p><p>ção material se relaciona com o templo de Herodes, o</p><p>grande, a aplicação espiritual aponta para Cristo, que no</p><p>cumprimento de seu ministério pôde adentrar no templo</p><p>192 Estudos Bíblicos</p><p>e dizer “aqui está quem é maior do que Salomão” (Lc</p><p>11:31).</p><p>Terceira mensagem: exortação à santidade.</p><p>A terceira mensagem de Ageu foi no dia 18 de dezem-</p><p>bro de 520 A.C. O Senhor convida os sacerdotes a uma</p><p>reflexão sobre a santidade, procura mostrar-lhes que o</p><p>simples fato de construírem o templo nos os tornaria por</p><p>si só santos.</p><p>A transmissão da pureza (2:2,12). A “carne</p><p>consagrada” tornava santo tudo que tocasse, inclusive</p><p>a borda de uma veste, mas nada que tocasse a borda</p><p>dessa veste poderia, por sua vez tornar-se consagrada.</p><p>A situação retratada aqui talvez fosse bastante comum</p><p>na época. O altar fora reconstruído poucos anos depois</p><p>do retorno do exílio (535 A.C.), mas o templo ainda não</p><p>fora reconstruído. Isso significa que a carne dos sacri-</p><p>fícios não podia ser comida nos recintos normais do</p><p>templo, como era regra. Ao contrário, a comida teria de</p><p>ser transportada a um lugar específico.</p><p>Os regulamentos que estipulavam a transferência</p><p>de santidade não se encontram na Escritura, portanto</p><p>deviam fazer parte de uma tradição oral israelita. A lei em</p><p>Levítico 6:27 afirma que qualquer que tocasse a carne</p><p>de uma oferta pelo pecado seria consagrado, e quando</p><p>o sangue espirrasse em uma roupa, aquela roupa teria</p><p>de ser lavada.144 O foco do ensino de Ageu aqui é com</p><p>relação aos sacrifícios e cultos realizados no templo</p><p>inacabado, que anulava seu efeito purificador; não nos</p><p>esqueçamos que o templo ainda estava em ruínas por</p><p>negligência do povo.</p><p>A impureza é contagiosa e contamina (2:13).</p><p>Após perguntar sobre a santidade, o Senhor agora</p><p>questiona sobre a impureza. A contaminação ritual se</p><p>dava pelo contato com algo imundo ou com cadáver (Nm</p><p>19:11-13). O que se tem é o princípio didático da lei,</p><p>144 DIAS, J. Estudo do livro do profeta Ageu. Disponível em: <http://www.santovivo.</p><p>net/page294.aspx>. Acesso em: 03 out. 2013.</p><p>www.ib7.org 193</p><p>ela nos ensina que o mal e a impureza, de forma seme-</p><p>lhante à doença, é contagiosa. Toda oferta realizada</p><p>estava impura, contaminada, porque assim estavam os</p><p>que ofertavam, a condição de impureza do povo aca-</p><p>bava contaminando também a oferta (2:14). Afirma Ageu</p><p>que não adiantava o povo oferecer sacrifícios se não</p><p>havia real disposição em cortar o pecado de suas vidas,</p><p>se não havia real arrependimento (2:14). Os sacrifícios</p><p>não teriam significado, não seriam suficientes, se não</p><p>houvesse uma busca sincera do povo em viver segundo</p><p>a vontade de Deus.145</p><p>A obediência produz resultados (2:15-19). O</p><p>dia 18 de dezembro de 520 A.C foi o divisor de águas</p><p>para os judeus, pois até aquele dia, apesar de terem</p><p>sido castigados pelo Senhor, não voltaram a ele seu</p><p>coração (2:17). Mas o Senhor lhes exorta a observarem,</p><p>prestarem atenção, pois desde aquele dia o Senhor já</p><p>iria abençoá-los (2:19). A grande lição que podemos</p><p>aprender aqui é que quando se ouve a Deus e se coloca</p><p>o coração em agradá-lo, priorizando sua vontade em</p><p>nossa vida, suas bênçãos são derramadas. O mínimo</p><p>que se faz para o Senhor, com sinceridade de coração,</p><p>não fica no esquecimento. Jesus nos ensina que mesmo</p><p>que seja um copo de água, Deus vê e recompensa (Mc</p><p>9:41). A obediência para Deus é a mais perfeita presta-</p><p>ção de culto.</p><p>Quarta mensagem: restauração da dinastia</p><p>de Davi (2:20-23). A quarta mensagem de Ageu foi no</p><p>mesmo dia da terceira, 18 de dezembro de 520 A.C. A</p><p>mensagem é endereçada especificamente ao governa-</p><p>dor Zorobabel, que era descendente de Davi e ancestral</p><p>de Cristo segundo a carne.</p><p>As nações serão julgadas (2:21-22). “Farei abalar</p><p>os céus e a terra” (2:.21). Mesmo em meio aos conflitos</p><p>e guerras, a promessa de Deus traria confiança a Zoro-</p><p>145 DANIEL, Silas; COELHO, Alexandre. Op. cit., p. 92.</p><p>194 Estudos Bíblicos</p><p>babel e ao povo com um todo. Mesmo que Judá não</p><p>estivesse livre de enfrentar períodos em que o reino da</p><p>Pérsia (do qual ainda eram súditos) estaria em guerra,</p><p>Ageu revelou a intenção divina de subverter as nações</p><p>e restaurar a sorte de Israel. Isso foi fundamental para</p><p>incentivar e unificar a comunidade em sua iniciativa. A</p><p>recordação que a justiça divina ainda estava em vigor na</p><p>história humana reanimou</p><p>o espírito do povo e desper-</p><p>tou a fé adormecida.</p><p>Expectativa messiânica. “Naquele dia diz o</p><p>Senhor dos Exercito, tomar-te-ei, ó Zorobabel, filho de</p><p>Salatiel, servo meu” (2:23). O Senhor chamou Zoroba-</p><p>bel de “servo meu”, um título exclusivo, reservado a pes-</p><p>soas especialmente escolhidas, e sem dúvida Zorobabel</p><p>havia sido escolhido pelo Senhor. Deus o comparou ao</p><p>anel de selar do rei. O anel de selar era usado pelos</p><p>reis para colocar sua “assinatura” oficial em documentos</p><p>(Et 3:10; 8:8, 10), a garantia de que o rei cumpriria sua</p><p>promessa e as estipulações do documento. “As aspira-</p><p>ções messiânicas que dantes estavam ligadas ao reino</p><p>davídico, Ageu as transfere a Zorobabel, que, em virtude</p><p>desta posição nomeada, torna-se um tipo de Cristo”.146</p><p>Restauração da monarquia davídica. “E te farei</p><p>como um anel de selar, porque te escolhi, diz o Senhor</p><p>dos Exércitos” (2:23). Pelo fato de Zorobabel, filho de</p><p>Salatiel ser herdeiro do trono davídico, já que era neto</p><p>de Jeoaquim (1Cr 3:14-19), havia entre os judeus uma</p><p>certa expectativa de que ele teria um papel messiânico.</p><p>O mais importante é que, como o cetro e a coroa, o anel</p><p>de selar simbolizava a autoridade real. A designação de</p><p>Zorobabel como “anel de selar do Senhor” indicava que</p><p>Deus cancelara a maldição pronunciada por Jeremias</p><p>sobre o rei Joaquim e seus descendentes (Jr 22:24-30).</p><p>A restauração da autoridade real à família de Davi atri-</p><p>buída a Zorobabel por Ageu representava a retomada da</p><p>146 DRIVER, S. R. The Minor Prophets: Nahum, Habakkuk, Zephanaih, Haggai,</p><p>Zechariah, Malachi. Nova York: Oxford University Press, 1906, p. 163.</p><p>www.ib7.org 195</p><p>linhagem messiânica de Judá.147 Embora somente em</p><p>Jesus todas as promessas feitas no Antigo Testamento</p><p>se realizem, não se pode negar a importância de Zoro-</p><p>babel. Naquele momento histórico ele foi o responsável</p><p>tanto pelo início como pela conclusão da reconstrução</p><p>do templo, o que era fundamental para a estrutura reli-</p><p>giosa e serviço de culto em Israel. Sem o templo, fica-</p><p>vam comprometidos os rituais que prefiguravam Cristo e</p><p>o serviço de adoração.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Embora a prosperidade material não seja garan-</p><p>tia de prosperidade espiritual, o fato de negligenciar a</p><p>obra de Deus pode ser um retrocesso na vida em todos</p><p>os aspectos, inclusive o financeiro. Mesmo que a adora-</p><p>ção a Deus não esteja restrita a templos feitos por mãos</p><p>humanas, faz-se necessário o mínimo de zelo com o</p><p>local onde a Igreja se reúne. Os utensílios e demais itens</p><p>que pertencem à igreja e são consagrados para o uso</p><p>do Senhor não devem ser negligenciados uma vez que</p><p>muito do que é feito pela Igreja depende de seu estado</p><p>de conservação.</p><p>É preciso compreender qual o propósito de Deus</p><p>com relação a nós e qual sua missão para cada um</p><p>dentro da organização religiosa onde congregamos.</p><p>Não devemos cair na indiferença, mas à semelhança de</p><p>Ageu precisamos cumprir nosso ministério, na certeza</p><p>de que Deus sempre tem um remanescente e que suas</p><p>promessas jamais falham.</p><p>Ageu sai de cena tão bruscamente como entrou;</p><p>em pouco mais de três meses entregou sua mensagem</p><p>e deixou que Zorobabel ocupasse o posto para o qual</p><p>estava designado pelo Senhor. Aprendamos com este</p><p>profeta que não importa o quanto dure nosso ministério,</p><p>147 DRIVER, S. R. Op. cit., p. 163.</p><p>196 Estudos Bíblicos</p><p>o que vale são seus resultados. Não importa se outros</p><p>colham os frutos, o que importa é participar do plantio. Se</p><p>essa for nossa missão, sejamos, então, como o semea-</p><p>dor que nem sempre participa da colheita, mas nem por</p><p>isso fica sem seu galardão, pois a colheita jamais exis-</p><p>tiria não fosse a nobre tarefa de lançar a semente na</p><p>terra.</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Qual era a desculpa apresentada pelo povo pra não</p><p>edificarem o tempo? (1:2).</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Como é descrita a situação do povo por haverem</p><p>negligenciado a construção do Templo? (1:5-7; 9-11).</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>3. Qual foi o resultado imediato da mensagem de Ageu?</p><p>(1:12-15).</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>4. Qual era a causa da tristeza no povo quando recome-</p><p>çaram a reconstrução do Templo? (2:3).</p><p>www.ib7.org 197</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>5. Que promessa é feita ao povo em Ageu 2:7-9? Que</p><p>aplicação se pode fazer dela para os dias de Ageu e</p><p>para nosso tempo?</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>6. Que relação há entre a mensagem em Ageu 2:10-14</p><p>e a adoração?</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>7. O que mudaria na vida do povo a partir da obediência</p><p>à Palavra do Senhor? (2:19).</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>8. Que importância teve Zorobabel nos dias para a nação</p><p>judaica no tempo de Ageu? Como podemos aplicar as</p><p>promessas feitas a ele para a atualidade? (2:23).</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________________________________________________________________</p><p>Prezados irmãos e irmãs em Cristo Jesus,</p><p>A Tesouraria da Conferência Batista do Sétimo Dia</p><p>Brasileira tem como objetivo melhorar cada vez mais o</p><p>desempenho de suas atribuições e prestação de serviços.</p><p>Mas, para tanto, a colaboração de cada um de vocês é</p><p>indispensável, neste processo.</p><p>Solicitamos, portanto, que os valores referentes à</p><p>remessa mensal sejam depositados impreterivelmente até</p><p>5º dia útil de cada mês, nas seguintes agências e contas</p><p>bancárias, abaixo descritas, em nome da Conferência</p><p>Batista do Sétimo Dia Brasileira:</p><p>1. Banco do Brasil: Agência 1458-3 / Conta Corrente n. 19941-9</p><p>2. Banco Bradesco: Agência 2037 / Conta Corrente n. 37693-0</p><p>3. Banco Itaú: Agência 3703 / Conta Corrente n. 06312-7</p><p>Por favor, não mandem o recibo original do depósito,</p><p>pelo correio. Tirem uma fotocópia, se forem enviar pelo cor-</p><p>reio. Aqueles que puderem, usem o Scanner para copiar</p><p>tanto o recibo de depósito quanto o recibo do talão de</p><p>remessa, e enviem por e-mail para o seguinte endereço</p><p>eletrônico: secretaria@cbsdb.com.br.</p><p>As cópias dos recibos de depósito bancário e o recibo</p><p>do talão de remessa deverão ser enviados para o endereço</p><p>da sede geral da CBSDB, no máximo até o dia 15 de cada</p><p>mês. O tesoureiro que enviar os comprovantes de depósito</p><p>e recibo de remessa por e-mail não precisará mandar pelo</p><p>correio as cópias dos mesmos.</p><p>Muito Obrigado!</p><p>PÁGINA DO TESOUREIRO</p><p>www.ib7.org 199</p><p>Pr. Renato Sidnei Negri Junior</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – Mateus 23:35</p><p>Todo o capítulo 23 de Mateus relata a dura repre-</p><p>ensão que Jesus faz aos escribas e fariseus. A palavra</p><p>que é mais utilizada no texto para descrevê-los é “hipó-</p><p>crita”: alguém que finge ou dissimula sua verdadeira</p><p>personalidade, geralmente por possuir interesses ou</p><p>para se esconder. E eles eram assim porque seu único</p><p>interesse era o bem estar próprio. Mas justiça seria feita</p><p>sobre eles, os “Ais” descritos neste capítulo demonstram</p><p>isso. Eles seriam punidos por todo sangue inocente que</p><p>havia sido derramado sobre a terra, começando por Abel</p><p>até o último mártir referido no cânon hebraico, Zacarias.</p><p>A punição para eles veio provavelmente na destruição</p><p>de Jerusalém e do templo em 70 D.C. Nada está escape</p><p>dos olhos de Deus. Jesus está voltando e julgará com</p><p>justiça terra. Qual será a sentença dele sobre nós?</p><p>Segunda-feira – Isaías 2:2-4</p><p>Temos vividos dias difíceis. A tensão tem tomado</p><p>conta do nosso coração. Saímos e voltamos preocupa-</p><p>dos ao nosso lar. Não sabemos se a pessoa ao nosso</p><p>lado vai tirar a mão do bolso para nos cumprimentar ou</p><p>nos assaltar. Fala-se muito em acordos de paz, mas que</p><p>paz é esta que se arma para a guerra? Tudo isso porque</p><p>o diabo tem sido o príncipe deste mundo. Entretanto</p><p>haverá um dia em que tudo isso acabará. Viveremos em</p><p>um reino de paz e justiça que foi iniciado pelo nosso</p><p>Salvador e será estabelecido em plenitude no dia da</p><p>sua volta. Nesse reinado não haverá lugar para guerra.</p><p>Enquanto isso não acontece, precisamos nos lembrar</p><p>200 Estudos Bíblicos</p><p>das palavras confortadoras de Jesus: “Deixo com vocês</p><p>a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a</p><p>paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos nem tenham</p><p>medo” (Jo 14:27, NTLH).</p><p>Terça-feira – Isaías 11:6-9</p><p>O texto de hoje descreve a eficácia do governo</p><p>pacífico de Cristo. O fato é demonstrado pela ilustração</p><p>de animais selváticos, a presa e o predador, vivendo em</p><p>harmonia e a criança de colo brincando com a áspide.</p><p>Não haverá mais preocupação e perigo nenhum nos</p><p>ameaçará. Não existirão fronteiras geográficas, étnicas</p><p>ou sociais. Aos olhos humanos isso parece uma utopia,</p><p>porém a plenitude da paz universal será uma realidade,</p><p>graças ao conhecimento de Deus que inundará toda a</p><p>terra (v.9). E esse conhecimento é um viver de modo</p><p>sábio e submisso, de acordo com a vontade do Senhor.</p><p>Oremos para que sejamos alcançados e inundados pelo</p><p>temor e a Glória de Deus a fim de que possamos expe-</p><p>rimentar em sua morada a perfeição do seu reino que</p><p>será estabelecido para todo o sempre.</p><p>Quarta-feira – Zacarias 14:11</p><p>O profeta Zacarias falou tanto de um futuro pró-</p><p>ximo de Israel como de um futuro distante com Cristo.</p><p>Segundo o contexto imediato, algumas destas profecias</p><p>concretizaram-se sobre o povo que retornou do exílio</p><p>babilônico. Contudo, muitas das profecias, cumpridas ou</p><p>não, simbolizavam promessas que haveriam de se cum-</p><p>prir sobre a nova Jerusalém. O povo de Israel deixou</p><p>de experimentar muitas destas promessas por causa do</p><p>seu pecado. O Senhor virá, para uma última batalha, e</p><p>estabelecerá a nova Jerusalém (Ap 21:2,3), que será</p><p>www.ib7.org 201</p><p>governada pelo Messias, o Ungido de Deus. E diferente</p><p>da Jerusalém terrena que vivia e ainda vive em guerra, a</p><p>nova morada do Deus Altíssimo será segura e tranquila.</p><p>Mas assim como o povo de Israel, se nós não deixar-</p><p>mos de lado a vida de pecado que porventura vivemos,</p><p>jamais poderemos experimentar tal promessa.</p><p>Quinta-feira – Jeremias 23:5,6</p><p>Jeremias foi um dos profetas que exerceu seu</p><p>ministério antes e após o exílio. Ele acompanhou a</p><p>decadência espiritual dos últimos reis de Judá e também</p><p>presenciou o sofrimento do povo que foi levado cativo</p><p>à Babilônia. A promessa de um rei justo, sábio e que</p><p>executaria seu perfeito juízo sobre a terra, tanto traziam</p><p>esperança a um povo que vivia uma calamidade espiri-</p><p>tual por causa dos seus líderes tanto para um povo que</p><p>viveria 70 anos exilado, sendo governado por um rei</p><p>estrangeiro. A promessa do Renovo justo que se levan-</p><p>taria do trono de Davi cumpriu-se em Jesus Cristo. Ele</p><p>é o Senhor, Justiça Nossa, descrito pelo profeta. Mesmo</p><p>vivendo tempos de crise em que estamos cercados</p><p>por uma política corrompida, governantes impiedosos</p><p>e injustiça social, Jesus deve continuar reinando sobre</p><p>nossas vidas. Em tempo oportuno Ele se levantará do</p><p>seu trono e executará a sua justiça sobre a terra e então</p><p>não seremos mais oprimidos por todas estas coisas.</p><p>Sexta-feira – Atos 3:20,21</p><p>Neste trecho da pregação de Pedro no templo, ele</p><p>afirma que Jesus por certo tempo aguardaria no céu</p><p>até que chegasse o momento em que todas as coisas</p><p>seriam restauradas, e então ele voltaria. Isso me faz</p><p>lembrar as parábolas que Jesus proferiu a respeito de</p><p>202 Estudos Bíblicos</p><p>sua segunda vinda: parábola dos lavradores maus (Mt</p><p>21:33-41), parábola do bom servo (Lc 12:42-48) e a</p><p>parábola dos talentos (Mt 25:1430). Estas três parábolas</p><p>têm duas coisas em comum: um senhor que se ausenta</p><p>do país por um tempo que não é definido e também nas</p><p>três, quando o senhor retorna para casa ele faz justiça a</p><p>tudo o que estava certo ou errado. Chegará esse tempo</p><p>de refrigério, de restauração, justiça e paz. Qual é a sua</p><p>expectativa para este dia? Como você tem se prepa-</p><p>rado? Uma coisa é certa: estejamos prontos ou não, no</p><p>tempo determinado, o Senhor voltará.</p><p>Sábado – 2 Pedro 3:13</p><p>Essa segunda carta que Pedro escreveu aos cris-</p><p>tãos tem como um dos objetivos, e talvez o principal,</p><p>combater movimentos heréticos que estavam se levan-</p><p>tando dentro da igreja. O problema era um grupo de pes-</p><p>soas que misturavam filosofia grega e misticismo com</p><p>o cristianismo. Essas pessoas zombavam da segunda</p><p>vinda de Cristo. Por este motivo o apóstolo reserva parte</p><p>do conteúdo da carta para relembrar aos seus leitores</p><p>que a promessa da volta de Cristo é certa (2Pd 3:9).</p><p>Também Pedro afirma que a terra e tudo o que nela há</p><p>estão reservados para o fogo da destruição (v.7). Mas</p><p>há uma esperança para o povo de Deus, “novos céus e</p><p>nova terra”. O nosso Deus fará tudo novo, Ele não vai e</p><p>nem precisará reaproveitar nada disso do que vemos. A</p><p>terra que foi corrompida por causa do pecado do homem</p><p>já não existirá. O nosso Deus que do nada criou todas</p><p>as coisas apenas por sua palavra, é capaz, e fará tudo</p><p>novo.</p><p>www.ib7.org 203</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A dominação persa marca o contexto da profecia</p><p>de Zacarias. Provavelmente seu pano de fundo sejam</p><p>os distúrbios que principiaram depois da morte de Cam-</p><p>bises, em 522 A.C., motivados pela sucessão do trono</p><p>persa. A política desse império previa a restauração dos</p><p>cultos dos povos dominados. Ao patrocinar o culto local,</p><p>esperava conseguir algum consenso, pelo menos dos</p><p>sacerdotes, para sua administração. É claro que esse</p><p>conceito de tolerância não</p><p>pode ser levado ao pé da letra.</p><p>Não se tratava de consideração legítima pelos outros,</p><p>mas sim da percepção que o império mundial poderia</p><p>ser mais bem dominado de maneira duradoura. Qual a</p><p>situação dos judeus nessa nova ordem política? O povo</p><p>de Deus continuava dominado. O desejo de libertação,</p><p>acompanhado de esperança, ainda era extremamente</p><p>necessário. É nesse contexto que a mensagem de Zaca-</p><p>rias se faz presente.</p><p>AUTORIA E DATAÇÃO</p><p>O nome Zacarias significa “Yahweh se lembra”.</p><p>Este era um nome popular no Antigo Testamento. Ali</p><p>ZACARIAS</p><p>O REINADO MESSIÂNICO</p><p>Pr. Daniel Miranda Gomes</p><p>23 de Agosto de 2014</p><p>12</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Dias virão, declara o Senhor, em que levanta-</p><p>rei para Davi um Renovo justo, um rei que reinará</p><p>com sabedoria e fará o que é justo e certo na terra”.</p><p>(Jr 23:5, NVI)</p><p>204 Estudos Bíblicos</p><p>encontramos mais de 300 pessoas designadas com</p><p>este nome. Contudo, o escritor deste livro se identifica</p><p>como “Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, o pro-</p><p>feta” (1:1; Ed 5.1; Ne 12.12,16). Ido, o profeta, também</p><p>era líder de uma família de sacerdotes. Zacarias nasceu</p><p>em Babilônia e pertencia à tribo de Levi. Provavelmente</p><p>retornara do exílio juntamente com os demais judeus (Ne</p><p>12:1,4,16).148 Dessa forma, ele ocupou os dois ofícios,</p><p>sacerdote e profeta (Ne 12:1,4,7,10,12,16).149</p><p>O profeta aparece tanto como filho de Berequias</p><p>(1:1) quanto filho de Ido (Ed 1:1; 6:14).150 A palavra “filho”,</p><p>entretanto, em hebraico, pode significar também neto ou</p><p>descendente.151 Assim, o autor estaria referindo-se a si</p><p>mesmo em seu livro como filho de Berequias, enquanto</p><p>Esdras faz referência a seu avô. A expressão “jovem”,</p><p>que aparece diretamente em 2:4 e indiretamente em</p><p>2:8 (“enviou-me”), sugerem que Zacarias era um jovem</p><p>adulto quando retornou do exílio.152</p><p>A datação do livro é um ponto igualmente impor-</p><p>tante no estudo do texto. Três passagens em Zacarias</p><p>ajudam a fixar sua data de composição: 1:1,7; 7:1. Essas</p><p>datas vão do “oitavo mês do segundo ano de Dario” (520</p><p>A.C.) até o nono mês do quarto ano do mesmo rei (518</p><p>A.C.). Seu ministério assim se estenderia por pelo menos</p><p>dois anos, entre 520-518 A.C. Há também a possibilidade</p><p>de que esse ministério tenha sido um pouco mais longo,</p><p>talvez até a dedicação do templo, ou mesmo depois.153</p><p>148 SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida</p><p>Nova, 1995, p. 394.</p><p>149 CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por</p><p>versículo, v. 5. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 3659.</p><p>150 Alguns autores afirmam que isso seria o indício de que dois Zacarias teriam par-</p><p>ticipado da composição do livro (SMITH, Ralph L. Word biblical commentary: Micah-</p><p>Malachi, v. 32. Waco, TX: Word Books, 1984, p. 167-168).</p><p>151 SMITH, Ralph L. Op. cit., p. 167.</p><p>152 SMITH, Ralph L. Op. cit., p. 168.</p><p>153 SELLIN, E.; FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Aca-</p><p>demia Cristã, 2007, p. 650.</p><p>www.ib7.org 205</p><p>CONTEXTO HISTÓRICO</p><p>O ambiente no qual Zacarias desenvolveu seu</p><p>ministério foi o do retorno do cativeiro babilônico. Ao</p><p>assumir o trono, “para que se cumprisse a palavra do</p><p>Senhor, falada por intermédio de Jeremias”, Ciro, rei dos</p><p>medos e persas, decretou que todo o povo de Judá que</p><p>estava cativo subisse para edificar a casa do Senhor (Ed</p><p>1:1-4). Além disso, todos os utensílios do templo, que</p><p>estavam em Babilônia foram enviados de volta a Jerusa-</p><p>lém (Ed 1:7-11).</p><p>A reconstrução de Jerusalém deu-se em um</p><p>ambiente de temor, por causa dos “povos das outras</p><p>terras” (Ed 3:1-3). Nesta época, havia em Jerusalém</p><p>uma população mista, resultante da ação dos assírios.</p><p>Esses desejaram participar da reconstrução do templo.</p><p>Essa proposta, contudo, foi recusada e essa população</p><p>mista, habitantes da província de Samaria - que mais</p><p>tarde seriam conhecidos como samaritanos - se torna-</p><p>ram hostis aos judeus de tal forma que a obra foi inter-</p><p>rompida por cerca de 18 anos, e em 520 A.C. o templo</p><p>ainda estava em ruínas (Ed 4:1-5).154</p><p>Mais do que um abandono na construção do templo</p><p>pela oposição sofrida, Jerusalém enfrentava uma “época</p><p>de penúria econômica” que impedia que a obra progre-</p><p>disse.155 Além disso, havia paralisia moral que aceitava</p><p>como normais condições que exigem mudanças drás-</p><p>ticas.156 É nessa ocasião que o profeta Ageu começa</p><p>a atuar em seu ministério profético no segundo ano</p><p>154 SCHULTZ, Samuel J. Op. cit., p. 392.</p><p>155 SCHIMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. São Leopoldo, RS:</p><p>Sinodal, 1994, p. 258.</p><p>156 BALDWIN, J. G. Ageu, Zacarias e Malaquias: introdução e comentário. São</p><p>Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1982, p. 21.</p><p>206 Estudos Bíblicos</p><p>de governo do rei persa Dario I, em 520 A.C.157 Nesta</p><p>época de paralisia, sua tarefa específica foi a de induzir</p><p>os judeus a renovarem sua obra no templo. A situação</p><p>piorou ainda mais, pois, ao invés de trabalharam pela</p><p>Casa do Senhor, os judeus se desviaram daquilo que</p><p>deveria ser sua prioridade e se concentraram na cons-</p><p>trução de suas próprias casas (Ag 1:4).158</p><p>Pouco tempo depois de Ageu, talvez apenas dois</p><p>meses depois, surge o profeta Zacarias.159 O texto</p><p>bíblico diz: “Ora, o profeta Ageu e o profeta Zacarias,</p><p>filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam em</p><p>Jerusalém, em nome do Senhor Deus de Israel, que</p><p>estava sobre eles” (Ed 5:1).</p><p>Zacarias desempenhou papel fundamental para a</p><p>tarefa de conclusão do templo. Nos dias de hesitação</p><p>que se seguiram à segunda mensagem de Ageu, Zaca-</p><p>rias prestou inspiração de reforço para o grupo de esfor-</p><p>çados judeus.160 Sua primeira tarefa foi ajudar o profeta</p><p>Ageu a fazer com que os homens terminassem o tem-</p><p>plo.161</p><p>ESTRUTURA E MENSAGEM</p><p>O livro de Zacarias divide-se em duas partes prin-</p><p>cipais. A primeira parte (1-8) começa com uma exorta-</p><p>ção aos judeus para que voltem ao Senhor, para que</p><p>também o Senhor se volte a eles (1:1-6).</p><p>Enquanto encorajava o povo a terminar a reedifi-</p><p>cação do templo, o profeta Zacarias recebeu uma série</p><p>de oito visões noturnas (1:7-6:8), garantindo à comuni-</p><p>dade judaica em Judá e Jerusalém que Deus cuida do</p><p>157 SCHIMIDT, Werner H. Op. cit., p. 258.</p><p>158 SCHULTZ, Samuel J. Op. cit., pp. 392, 393.</p><p>159 SCHIMIDT, Werner H. Op. cit., p. 260</p><p>160 SCHULTZ, Samuel J. Op. cit., p. 394.</p><p>161 BALDWIN, J. G. Op. cit., p. 47.</p><p>www.ib7.org 207</p><p>seu povo, governando o seu destino. As cinco primei-</p><p>ras visões transmitiam esperança e consolação, mas as</p><p>últimas três apontavam para um juízo. A quarta visão</p><p>contém uma importante profecia messiânica (3:8,9). A</p><p>cena da coroação em 6:9-15 é uma profecia messiânica</p><p>clássica do Antigo Testamento. Duas mensagens (7 e 8)</p><p>fornecem perspectivas presentes e futuras aos leitores</p><p>originais do livro.</p><p>A segunda parte (9-14) contém dois blocos de pro-</p><p>fecias apocalípticas. Cada um deles é introduzido pela</p><p>expressão: “Peso da palavra do Senhor” (9:1; 12:1). O</p><p>primeiro “peso” (9:1-11:17) inclui promessa de salvação</p><p>messiânica para Israel, e revela que o Pastor-Messias,</p><p>que levaria a efeito tal salvação, seria primeiramente</p><p>rejeitado e ferido (11:4-17; cf. 13:7). O segundo “peso”</p><p>(12:1-14:21) focaliza a restauração e conversão de</p><p>Israel. Deus prediz que Israel pranteará por causa do</p><p>próprio Senhor “a quem traspassaram” (12:10). Naquele</p><p>dia, uma fonte será aberta à casa de Davi para a purifi-</p><p>cação do pecado (13:1); então Israel dirá: “O Senhor é</p><p>meu Deus” (13:9). E o Messias reinará como Rei sobre</p><p>Jerusalém (14).</p><p>O livro de Zacarias é o mais messiânico dos livros</p><p>do Antigo Testamento, em virtude de suas muitas refe-</p><p>rências ao Messias, que ocorrem em seus 14 capítulos.</p><p>Somente Isaías, com seus 66 capítulos, contém mais</p><p>profecias a respeito do Messias do que Zacarias.</p><p>Zacarias revela um exemplo notável de ironia divina</p><p>ao prever a traição do Messias por 30 moedas de prata,</p><p>tratando-as como “esse belo preço em que fui avaliado</p><p>por eles” (11:13). A profecia de Zacarias a respeito do</p><p>Messias no capítulo 14, como o grande Rei-guerreiro</p><p>reinando sobre Jerusalém, é uma das que mais</p><p>inspi-</p><p>ram reverente temor em todo o Antigo Testamento. Além</p><p>208 Estudos Bíblicos</p><p>disso, Zacarias profetizou a respeito da morte expiatória</p><p>de Cristo pelas mãos dos judeus, que, no tempo do fim,</p><p>levá-los-á a prantearem-no, arrependerem-se e serem</p><p>salvos (12:10-13:9; Rm 11:25-27).</p><p>Mas a contribuição mais importante de Zacarias</p><p>diz respeito às suas numerosas profecias concernentes</p><p>a Cristo. Os escritores do Novo Testamento citam-nas,</p><p>declarando que foram cumpridas em Jesus Cristo. Entre</p><p>elas estão: 1) ele virá de modo humilde e modesto (9:9;</p><p>13:7; Mt 21:5; 26:31, 56); 2) ele restaurará Israel pelo</p><p>sangue do seu concerto (9:11; Mc 14:24); 3) será pastor</p><p>das ovelhas de Deus que ficaram dispersas e desgarra-</p><p>das (10:2; Mt 9:36); 4) será traído e rejeitado (11:12,13;</p><p>Mt 26:15; 27:9,10); 5) será traspassado e abatido (12:10;</p><p>13:7; Mt 24:30; 26:31, 56); 6) voltará em glória para livrar</p><p>Israel de seus inimigos (14:1-6; Mt 25:31; Ap 19:15); 7)</p><p>reinará como rei em paz e retidão (9:9,10; 14:9,16; Rm</p><p>14:17; Ap 11:15); e 8) estabelecerá seu reino glorioso</p><p>para sempre sobre todas as nações (14:6-19; Ap 11:15;</p><p>21:24-26; 22:1-5).</p><p>Para Zacarias, somente a mudança genuína de</p><p>coração traria o favor divino (1:1-6). Mas o profeta vai</p><p>além, ele faz mais que uma exortação à reconstrução.</p><p>Naqueles dias de incerteza, o profeta tinha uma men-</p><p>sagem confortadora. Por meio de uma série de visões</p><p>noturnas, veio a certeza renovada de que Deus, que</p><p>mantém vigilância sobre o mundo inteiro, havia prome-</p><p>tido a restauração de Jerusalém.162</p><p>O livro de Zacarias chama a atenção pelo seu alto</p><p>teor escatológico. Ele transcende os limites da situação</p><p>do momento, dos problemas de sua época, para falar da</p><p>restauração final, permanente. Em seu ofício ele trata</p><p>de temas referentes ao início de uma era escatológica</p><p>162 SCHULTZ, Samuel J. Op. cit., pp. 394, 396.</p><p>www.ib7.org 209</p><p>final e à organização da comunidade escatológica, como</p><p>também trata de questões práticas de sua época.163</p><p>PROMESSA DE RESTAURAÇÃO</p><p>O livro de Zacarias trata da restauração espiritual</p><p>do povo de Israel e da sua cidade capital, Jerusalém –</p><p>não só no tempo de Zacarias, mas mais especificamente</p><p>no tempo do fim, depois da vinda do Messias. Descreve</p><p>também os julgamentos de Deus sobre os seus inimi-</p><p>gos, e torna-se claro que eles são também os inimigos</p><p>de Israel.</p><p>O profeta começa seu livro dizendo: “No oitavo mês</p><p>do segundo ano de Dario, a palavra do Senhor falou a</p><p>Zacarias…” (1:1). Este verso revela a ocasião, a fonte</p><p>divina e o agente humano que agiu no chamamento ini-</p><p>cial ao arrependimento. O dia específico do oitavo mês,</p><p>que começou em 27 de outubro de 520 A.C., é signi-</p><p>ficativo, pois o profeta judaico datou a sua profecia de</p><p>acordo com o reino de um monarca gentio. Isto cons-</p><p>tituiu lembrança a todos os ouvintes de Zacarias que</p><p>o tempo dos gentios estava em curso, e que nenhum</p><p>descendente de David estava no trono em Jerusalém.</p><p>Ainda mais, Zacarias, ao escutar a palavra de Deus, foi</p><p>apenas a pessoa que pronunciou esta profecia e não</p><p>a sua fonte (2Pd 1:21). Como profeta, ele era simples-</p><p>mente um servo e um enviado, chamado e ungido para</p><p>levar ao povo à Palavra de Deus.</p><p>Numa única noite, Zacarias teve uma série de</p><p>oito visões que foram interpretadas por um anjo e que</p><p>descrevem o futuro de Israel. Deve-se notar que estas</p><p>visões foram recebidas por Zacarias quando se encon-</p><p>trava perfeitamente acordado – não foram sonhos. Ele</p><p>163 SELLIN, E.; FOHRER, G. Op. cit., p. 650.</p><p>210 Estudos Bíblicos</p><p>até ficou exausto por causa das visões e adormeceu,</p><p>apenas para ser acordado pelo anjo (4:1). Nas visões,</p><p>as bênçãos de Deus para Israel atravessam os séculos</p><p>desde a reconstrução do templo nos dias de Zacarias,</p><p>até à restauração do reino de Israel sob o Messias.</p><p>As exortações que se seguem nos capítulos 7 e</p><p>8 são a resposta divina a um questionamento do povo,</p><p>apresentado, em todo o seu contexto, nos três primei-</p><p>ros versículos do capítulo 7. Uma delegação de Betel,</p><p>formada por representantes do povo, queria saber se</p><p>os judeus deveriam continuar ou parar o jejum anual</p><p>que realizavam em memória à queda de Jerusalém. A</p><p>resposta divina é clara: o que Deus queria mesmo era</p><p>a obediência do povo, o compromisso com a justiça, a</p><p>observância da sua vontade (Zc 7:8-14).164</p><p>A chave para a plena restauração de Israel é a volta</p><p>de Deus a Sião. Pois indica a ocasião em que Cristo</p><p>voltará, em glória, para implantar o seu reino sobre as</p><p>nações. Nesta ocasião, a presença divina fará de Jeru-</p><p>salém a cidade da verdade e da fidelidade. E o monte do</p><p>Senhor será santo, ou seja, separado à sua adoração.</p><p>PROMESSAS DE GLÓRIA POR MEIO DA TRIBULAÇÃO</p><p>As profecias dos capítulos 9 a 14 foram escritas</p><p>por Zacarias muito tempo depois das primeiras profecias</p><p>registradas no início do seu livro. Nessa época, inclu-</p><p>sive, o profeta Ageu já era, sem dúvida, falecido.</p><p>Se os primeiros oito capítulos, especialmente os</p><p>seis primeiros, foram escritos no período de 520 A.C. a</p><p>518 A.C., essa última parte foi escrita por volta dos anos</p><p>164 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:</p><p>CPAD, 2012, p. 99.</p><p>www.ib7.org 211</p><p>480 A.C. 470 A.C. Aqui, já não estamos mais diante de</p><p>um jovem Zacarias, mas do ancião Zacarias, o profeta.</p><p>Tudo leva a crer que, por essa época, a nova geração</p><p>do povo já não era sensível à voz de Deus como nos</p><p>dias de Zorobabel e Josué, posto que Jesus lembra que</p><p>Zacarias, já idoso, acabou assassinado “entre o santu-</p><p>ário e o altar” pelos seus colegas oficiais do Templo (Mt</p><p>23:25).</p><p>Nos capítulos de 9 a 10, Zacarias profetiza sobre</p><p>como Israel sobreviverá durante o Império Greco-Mace-</p><p>dônico; e no capítulo 11, o tema é Israel em um contexto</p><p>mais messiânico. Os capítulos 12 a 14 são dedicados</p><p>totalmente ao Reino do Messias</p><p>CONCLUSÃO</p><p>O livro de Zacarias começa com um chamado</p><p>ao arrependimento, mas termina com a visão de uma</p><p>nação santa e de um reino glorioso. Zacarias foi um dos</p><p>heróis de Deus que ministrou num tempo complicado</p><p>e num lugar difícil, mas encorajou o povo de Deus ao</p><p>mostrar-lhes visões daquilo que Deus planejou para o</p><p>seu futuro. Deus é zeloso para com Jerusalém e o povo</p><p>judeu e cumprirá suas promessas.</p><p>O livro do profeta Zacarias é também um registro</p><p>pungente acerca do plano de Deus para Israel no que</p><p>diz respeito ao final dos tempos e, portanto, um forte tes-</p><p>temunho de que o Deus de Israel é o Senhor da História.</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Qual é o assunto e qual é o contexto histórico do livro</p><p>de Zacarias?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Qual é a estrutura e a mensagem do livro de Zaca-</p><p>rias?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>3. Cite três profecias de Zacarias cumpridas em Jesus.</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>4. Como é descrita a restauração de Jerusalém no livro</p><p>de Zacarias?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>5. É possível viver num mundo de justiça, paz e segu-</p><p>rança? Isso ocorrerá algum dia? Quando e como será a</p><p>época da paz universal?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>Recorte aqui</p><p>Recorte aqui</p><p>www.ib7.org 219</p><p>Pr. Luiz Rogério Palhano</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo – Mateus 5:23-24</p><p>As palavras contidas nestes versos foram profe-</p><p>ridas aos judeus. Eles tinham o templo e o altar para</p><p>fazerem suas ofertas. Os sacrifícios e holocaustos per-</p><p>mitiam que eles mantivessem um bom relacionamento</p><p>com Deus. Quando Jesus diz para que se reconcilias-</p><p>sem com o irmão, na verdade estava querendo dizer:</p><p>“Como podes querer um bom relacionamento com Deus</p><p>se não procuras relacionar-se com o teu irmão”? Jesus</p><p>critica a religião superficial. O nosso culto a Deus não</p><p>consiste apenas em cumprir alguns deveres como visi-</p><p>tar o templo, ofertar, proferir a oração do Pai Nosso, e</p><p>outras atividades que podem ser feitas superficialmente.</p><p>Ele nos ensina que todos aqueles que vão ao templo</p><p>devem estar em comunhão com Deus e também com o</p><p>próximo, tanto exterior quanto interiormente. Os nossos</p><p>atos devem ser puros, e isso começa em nosso coração.</p><p>Segunda- feira – Jeremias 29:13</p><p>Existem fatores que impedem a presença de Deus</p><p>em nossa vida. Se quisermos viver, celebrar e compar-</p><p>tilhar das bênçãos divinas, precisamos viver em harmo-</p><p>nia com a vontade do Senhor. Buscar a Deus significa</p><p>o ardente desejo de ter comunhão com ele, de maneira</p><p>mais íntima a ponto de querer segui-lo plenamente,</p><p>conhecer os seus princípios, aprendê-los e praticá-los.</p><p>O profeta Jeremias nos ensina que devemos achá-lo,</p><p>isto é, encontrar-nos com ele e sentir o quanto nos ama,</p><p>sua compaixão, sua grandeza, sua majestade e poder,</p><p>sua salvação. Mas o Senhor nos alerta que só o achare-</p><p>220 Estudos Bíblicos</p><p>mos se o buscarmos de todo o coração. Quando conhe-</p><p>cemos a Deus, sabemos como buscá-lo e achá-lo.</p><p>Terça- feira – Êxodo 29:4-6</p><p>No texto de hoje, podemos notar que Deus, o nosso</p><p>Senhor, é zeloso e requer prioridade, exclusividade para</p><p>sua adoração. Aqueles que saíram do Egito com Moisés</p><p>estavam se tornando nação a partir daquele momento,</p><p>onde a “aliança” poderia lhes trazer tanto uma vida de</p><p>bênção, como de maldição. Neste sentido, as bênçãos</p><p>da “aliança” estavam condicionadas à obediência às</p><p>leis. Vemos uma grande diferença entre a bondade de</p><p>Deus, entre os adoradores, e a maldição e vingança</p><p>sobre os idólatras. Desde então, o Decálogo é um texto</p><p>que fundamenta o monoteísmo cristão, e não apenas</p><p>o judaico. Continua sendo lido por todos que amam a</p><p>Deus e demonstram esse amor na forma da obediência.</p><p>É um padrão perpétuo de liturgia e serviço religioso. É</p><p>um código de aliança entre o homem e o divino. Uma</p><p>chamada à adoração exclusiva, de um único e suficiente</p><p>Deus.</p><p>Quarta- feira – Deuteronômio 12:11-12</p><p>Adorar a Deus com nossos dízimos e ofertas é</p><p>uma forma de expressar-lhe o nosso amor e gratidão.</p><p>Os seres humanos foram criados por ele, e lhe devem</p><p>o fôlego de vida (At 17:28; Gn 1:26-27). Sendo assim,</p><p>ninguém possui nada que não haja recebido original-</p><p>mente do Senhor (Jo 3:27). Além dos dízimos, os isra-</p><p>elitas eram instruídos a trazer ofertas ao Senhor, princi-</p><p>palmente na forma de sacrifícios, assim como a oferta</p><p>de manjares, a oferta pacífica, a oferta pelo pecado</p><p>e a oferta pela culpa. Além das ofertas prescritas, os</p><p>israelitas podiam apresentar outras ofertas voluntárias</p><p>www.ib7.org 221</p><p>ao Senhor. Quando, por exemplo, os israelitas empre-</p><p>enderam a construção do Tabernáculo, trouxeram libe-</p><p>ralmente suas ofertas para a fabricação da tenda e de</p><p>seus móveis (Êx 35:20-29). Ficaram tão entusiasmados</p><p>com o empreendimento, que Moisés teve de ordenar-</p><p>-lhes que cessassem as ofertas (Êx 36:3-7). Seja você</p><p>um adorador entusiasmado e fiel nos dízimos e ofertas.</p><p>Faça por amor e reconhecimento a Deus.</p><p>Quinta- feira – 2 Coríntios 9:6-15</p><p>O apóstolo Paulo agradece e incentiva os cristãos</p><p>em Corinto a darem generosamente. Ele cita um prin-</p><p>cípio bem conhecido nas Escrituras: ceifamos o que</p><p>semeamos. É obrigação contribuir? Aqui, Paulo diz que</p><p>a oferta não deve ser feita por necessidade, mas em 1ª</p><p>Coríntios 16:1-2 (“... façam como ordenei às igrejas da</p><p>Galácia”), é abordado o mesmo assunto como ordem.</p><p>Podemos entender assim: é a responsabilidade de cada</p><p>cristão contribuir, mas não devemos fazê-lo só por causa</p><p>da obrigação. Devemos entender o propósito da oferta</p><p>e participar com alegria, reconhecendo o privilégio de</p><p>participar do trabalho do Senhor. A generosidade dos</p><p>gentios em ajudar os santos necessitados de Jerusa-</p><p>lém proporcionou muitos benefícios, pois além de ajudar</p><p>aqueles santos, demonstrou gratidão para com Deus e</p><p>comunhão com os irmãos. Por outro lado, os irmãos em</p><p>Jerusalém oravam em favor dos fiéis em Corinto. Uns</p><p>ofertam, e outros oram a favor, mas quem merece a gra-</p><p>tidão e a glória é o próprio Deus.</p><p>Sexta- feira – Colossenses 3:16</p><p>Tentar definir o termo “cultuar” não deixa de ser um</p><p>desafio a todos que se preocupam com uma verdadeira</p><p>adoração. Num sentido mais restrito, significa uma atri-</p><p>222 Estudos Bíblicos</p><p>buição de honra e glória ou devoção expressa a Deus</p><p>em público ou pessoalmente. Cremos que esta reverên-</p><p>cia suprema, que só é devida a Deus, inclui a adora-</p><p>ção, o louvor, ações de graça, a confissão de pecados, a</p><p>súplica de graça e bênção e a consideração da vontade</p><p>divina, que representa a vontade e planos do Senhor</p><p>para nossa vida. Quando nos reunimos para adorar a</p><p>Deus somos fortalecidos. Podemos observar, nesta carta</p><p>aos Colossenses, alguns elementos indispensáveis ao</p><p>nosso culto. Por meio de salmos, hinos e cânticos espi-</p><p>rituais, honramos ao Senhor com alegria, e a Palavra de</p><p>Deus nos proporciona sabedoria e refrigério da alma.</p><p>Sábado – João 4:21-24</p><p>Vemos aqui primeiramente Cristo estabelecendo</p><p>um diálogo pessoal com a samaritana, caracterizado</p><p>pelo respeito comum e amor que o nosso Mestre sempre</p><p>teve em todos os seus relacionamentos. Em segundo</p><p>plano, ele tratou da necessidade humana da vida espiri-</p><p>tual, uma necessidade que é tão básica como a própria</p><p>água. Ele indicou que o Evangelho pode satisfazer essa</p><p>necessidade por toda a eternidade. A esta altura, ele traz</p><p>à tona a próxima questão importante, que é a do pecado</p><p>à luz da verdade. Depois, vemos Jesus fazendo alusão</p><p>às diferenças entre judeus e samaritanos na adoração e,</p><p>então, finaliza a abordagem ensinando que agora era a</p><p>hora de adorar o Pai “em Espírito e em verdade, porque</p><p>o Pai procura a tais que assim o adorem” (v. 23). A ver-</p><p>dadeira adoração consiste em uma vida de testemunho</p><p>cristão. Não é o lugar, mas a maneira que vivemos que</p><p>conta para Deus.</p><p>www.ib7.org 223</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Qual seria a última mensagem de Deus para o seu</p><p>povo no Antigo Testamento? Isso fica a cargo de Mala-</p><p>quias. No entanto, comumente isolamos um assunto de</p><p>determinado contexto literário ignorando o tema central</p><p>daquela obra. O livro de Malaquias é o exemplo perfeito</p><p>disso. Quando falamos nele, pensamos logo em “dízimo”.</p><p>É como se “Malaquias” e “dízimo” fossem termos amal-</p><p>gamados. No entanto, veremos que o assunto predomi-</p><p>nante do profeta Malaquias não é o dízimo (este apenas</p><p>é tratado num contexto de corrupção sacerdotal e da</p><p>nação), mas contrariamente, é o relacionamento familiar</p><p>e civil entre o povo judeu que constituem o seu tema</p><p>principal. Outrossim, o livro demonstra que a forma com</p><p>que adoramos a Deus precisa ser compatível com a vida</p><p>que demonstramos com Deus aos que estão à nossa</p><p>volta. A vida do adorador deve</p><p>falar tanto quanto ou mais</p><p>alto que seus louvores.165</p><p>O livro de Malaquias fala do grande erro que é</p><p>nos esquecermos do amor de Deus. Quando alguém</p><p>165 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:</p><p>CPAD, 2012, p. 104-105.</p><p>MALAQUIAS</p><p>O CULTO SEGUNDO DEUS</p><p>Pr. Jonas Sommer</p><p>30 de Agosto de 2014</p><p>13</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“O filho honra seu pai, e o servo o seu</p><p>senhor. Se eu sou pai, onde está a honra que me é</p><p>devida? Se eu sou senhor, onde está o temor que</p><p>me devem? pergunta o Senhor dos Exércitos...”.</p><p>(Ml 1:6, NVI)</p><p>224 Estudos Bíblicos</p><p>se esquece do amor de Deus, isso afeta seu compor-</p><p>tamento, sua vida familiar e sua adoração. Quando o</p><p>amor de Deus e sua fidelidade são postos em dúvida, os</p><p>compromissos sagrados deixam de ser sagrados. Deus</p><p>enviou Malaquias para despertar o povo de seu sono</p><p>espiritual e exortá-lo a voltar-se para o Deus vivo. O livro</p><p>também nos mostra um povo que questiona a realidade</p><p>de seu pecado e de sua infidelidade a Deus, um povo</p><p>cada vez mais duro de coração. Por isso, o livro caminha</p><p>para o final com um texto muito sério, um confronto entre</p><p>um Deus desapontado e um povo decepcionado.166</p><p>O PROFETA E SEU TEMPO</p><p>O livro não menciona diretamente o reinado em que</p><p>Malaquias exerceu seu ministério. Malaquias significa</p><p>“meu mensageiro”, e seu livro não informa o nome do</p><p>seu pai, nem o seu local de nascimento. Sob o aspecto</p><p>histórico, nada sabemos sobre a vida do profeta Mala-</p><p>quias. Tudo o que entendemos é o que deduzimos de</p><p>suas declarações. O pequeno livro apresenta um prega-</p><p>dor impetuoso e vigoroso que buscava sinceridade na</p><p>adoração e santidade de vida. Possuía intenso amor por</p><p>Israel e pelos serviços do templo. É verdade que deu mais</p><p>destaque à adoração do que à espiritualidade. Contudo,</p><p>para ele o ritual não era um fim em si mesmo, mas uma</p><p>expressão da fé do povo no Senhor.167 Não obstante, há</p><p>evidências internas que permitem identificar o contexto</p><p>político, religioso e social do livro em apreço.</p><p>a) O governador de Judá. Jerusalém era gover-</p><p>nada por um pehah, palavra de origem acádica tradu-</p><p>166 RADMACHER, Earl; ALLEN, Ronald B.; HOUSE, H. Wayne. O novo comentário</p><p>bíblico do Antigo Testamento com recursos adicionais: a Palavra de Deus ao alcance</p><p>de todos. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, p. 1409.</p><p>167 GREATHOUSE, William M. Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de Janeiro:</p><p>CPAD, 2005, p. 345.</p><p>www.ib7.org 225</p><p>zida por “príncipe” na versão Almeida Revista e Corri-</p><p>gida, ou “governador”, na Almeida Revista e atualizada</p><p>(1:8). O termo indica um governador persa e é aplicado</p><p>a Neemias (Ne 5:14). O seu equivalente na língua persa</p><p>é tirshata (“tirsata, governador”, cf. Ed 2:63; Ne 7:65; 8:9;</p><p>10:1). A profecia mostra que o templo de Jerusalém já</p><p>havia sido reconstruído e a prática dos sacrifícios, reto-</p><p>mada (1:7-10).168</p><p>b) A indiferença religiosa. As principais denún-</p><p>cias de Malaquias são contra a lassidão e o afrouxa-</p><p>mento moral dos levitas (1:6); o divórcio e o casamento</p><p>com mulheres estrangeiras (2:10-16); e o descuido com</p><p>os dízimos (3:7-12). Tudo isso aponta para o período</p><p>em que Neemias ausentou-se de Jerusalém (Ne 13:4-</p><p>13, 23-28). Ademais, Malaquias pressupõe um templo</p><p>já construído e terminado, onde os serviços religiosos</p><p>aconteciam regularmente. Sendo assim, pode-se situar</p><p>Malaquias no período final de Neemias, ou logo depois</p><p>deste, ou seja, algo em torno de 450 a 430 A.C.169</p><p>No tocante à sua estrutura e mensagem, a profe-</p><p>cia começa com a palavra hebraica massa - “peso, sen-</p><p>tença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (1:1;</p><p>Hc 1:1; Zc 9:1; 12:1). O discurso é um sermão contínuo</p><p>com perguntas retóricas que formam uma só unidade</p><p>literária. São três os seus capítulos na Bíblia Hebraica,</p><p>pois seis versículos do capítulo quatro foram desloca-</p><p>dos para o final do capítulo três. O assunto do livro é a</p><p>denúncia contra a formalidade religiosa, prática genera-</p><p>lizada vista facilmente nos fariseus e escribas na época</p><p>do ministério terreno de Jesus (Mt 23:2-7).</p><p>CULTUAR A DEUS EXIGE DEVOÇÃO VERDADEIRA</p><p>168 RADMACHER, Earl; ALLEN, Ronald B.; HOUSE, H. Wayne. Op. cit., p. 1410.</p><p>169 LOPES, Augustus Nicodemus. O culto segundo Deus: a mensagem de Mala-</p><p>quias para a igreja hoje. São Paulo: Vida Nova, 2012, p. 15.</p><p>226 Estudos Bíblicos</p><p>Em nossos dias, assim como na época de Mala-</p><p>quias, o culto a Deus tem sido desvirtuado das mais</p><p>diversas maneiras. Embora muitos pensem que nada</p><p>temos a aprender com o Antigo Testamento em matéria</p><p>de culto, estão enganados. Ao levantarem sua voz contra</p><p>o povo de Deus de sua época, por haver desvirtuado o</p><p>culto ao Senhor, os profetas usaram como argumentos</p><p>princípios relativos à adoração a Deus que certamente</p><p>se aplicam ao povo de Deus de todas as épocas.</p><p>Nos dias de Malaquias, o culto apresentado por</p><p>Israel a Deus não estava sendo sincero e não era fruto</p><p>de uma devoção genuína. O povo da Aliança se esque-</p><p>cera do motivo real de se cultuar ao Senhor. Realizavam</p><p>o culto apenas para cumprir um formalismo religioso. As</p><p>acusações de Deus ao povo, por intermédio de Mala-</p><p>quias, com relação ao culto são:</p><p>1. Eles estavam profanando o culto. Por duas</p><p>vezes encontramos a advertência divina quanto à pro-</p><p>fanação do culto no primeiro capítulo de Malaquias (vv.</p><p>7, 12). Os sacerdotes estavam oferecendo pão imundo</p><p>na Casa de Deus. Eles estavam profanando o santu-</p><p>ário do Senhor. A oferta deles era um reflexo da vida</p><p>errada que levavam. Deus não busca adoração, mas</p><p>adoradores que o adorem em Espírito e em verdade. Se</p><p>Deus não aceitar nossa vida, ele também não aceitará</p><p>nossa oferta. Deus diz: “Eu não tenho prazer em vós, diz</p><p>o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a</p><p>vossa oferta” (1:10).</p><p>A impureza ou o caráter profano da oferta fica</p><p>patente nos versículos 8, 13 e 14. “Cego, coxo, doente</p><p>e roubado” são os adjetivos empregados para mostrar</p><p>o que estava sendo dado ao Senhor. Esclareça-se que</p><p>“roubado” não significa que eles estivessem roubando o</p><p>animal de alguma outra pessoa. O hebraico traz gâzül,</p><p>que significa “dilacerado por fera” que provavelmente</p><p>www.ib7.org 227</p><p>o roubara do rebanho. Era uma atitude extremamente</p><p>imoral. O que estava sendo oferecido a Deus era a car-</p><p>niça. A que ponto descera o povo! E como os sacerdotes</p><p>compactuavam com isso, aceitando oferecer tais coisas</p><p>ao Senhor. As prescrições de Levítico 22:18-25 eram</p><p>bem claras sobre as condições dos animais que deviam</p><p>ser ofertados a Deus. Mas, dava-se a carniça a Deus</p><p>e se perguntava: “Sacrifícios impuros? Quando fizemos</p><p>uma coisa dessas?” (1:7, BV). Quanta desfaçatez!170</p><p>2. Eles estavam negligenciando o culto . A negli-</p><p>gência se manifestava naqueles que pensavam que</p><p>qualquer coisa servia. Não obstante Deus ter deixado</p><p>bem claro que deveriam apresentar-lhe, como sacrifí-</p><p>cios, animais sem defeito algum, havia aqueles que ofe-</p><p>reciam qualquer animal a Deus, que traziam ao altar do</p><p>Senhor o animal defeituoso. Isso é desleixo! É falta de</p><p>zelo para com as coisas de Deus.</p><p>Mas, paremos e analisemos o que vemos em nosso</p><p>contexto presente. Não sucede assim, em nosso meio,</p><p>com muitos cristãos? Com muita frequência, os cristãos</p><p>acham que podem ofertar qualquer coisa a Deus. Con-</p><p>tanto que alguém ou alguma atividade seja dedicada</p><p>a Deus, mesmo sem entusiasmo, imaginam que Deus</p><p>ficará contente. Por isso a Igreja segue claudicando com</p><p>orações que não são ouvidas, e com falta de poder,</p><p>porque os fiéis não levam a sério os padrões divinos.</p><p>Temos dado o melhor para Deus, ou, como os judeus,</p><p>temos dado o resto? Tem ele o melhor das nossas emo-</p><p>ções, o melhor do nosso tempo, o melhor dos nossos</p><p>bens? Ou cuidamos da nossa vida e lhe damos o res-</p><p>tolho? Aborrecido, Deus lhes diz que ofereçam o animal</p><p>doente ao governador. Era também um costume pre-</p><p>sentear autoridades com animais e cereais. E pergunta:</p><p>170 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Malaquias: nosso contemporâneo. Rio de Ja-</p><p>neiro: JUERP, 1998, p. 32.</p><p>228 Estudos Bíblicos</p><p>“Terá ele agrado</p><p>em ti? ou aceitará ele a tua pessoa?”. A</p><p>resposta a ambas as perguntas é um sonoro não.171</p><p>3. Eles estavam prestando um culto entediante.</p><p>Os sacerdotes estavam enfadados de seu ofício, e por</p><p>isso estava fazendo-o de qualquer maneira. Culto e ser-</p><p>viço sem amor não são aceitáveis a Deus. O Senhor</p><p>não busca adoração, mas adoradores que o adorem</p><p>em Espírito e em verdade. Se Deus não aceitar nossa</p><p>vida, ele também não aceitará nossa oferta. É mister</p><p>que relembremos que o culto é bíblico ou é anátema. Os</p><p>princípios que regem o culto precisam ser emanados da</p><p>Palavra. Deus não aceita fogo estranho no altar. Deus</p><p>não aceita sacrifícios impuros no altar. Deus não aceita</p><p>nada menos que o melhor. O culto precisa ser, também,</p><p>de todo o coração, com sinceridade, com zelo, com amor,</p><p>com alegria, com deleite, qualquer coisa menos que isso</p><p>é entediante aos olhos do Senhor. Deus não aceita culto</p><p>com irreverência, superficialidade e leviandade.172</p><p>A condenação divina por meio de Malaquias é algo</p><p>que precisa ser levado a sério, Deus diz: “Ah, se um de</p><p>vocês fechasse as portas do templo. Assim ao menos</p><p>não acenderiam o fogo do meu altar inutilmente. Não</p><p>tenho prazer em vocês, diz o Senhor dos Exércitos, e</p><p>não aceitarei as suas ofertas” (1:10). Esse tipo de culto</p><p>não é digno do Senhor, não o interessa.</p><p>Quando desprezamos o culto divino, sentimos</p><p>canseira e não alegria na igreja. Quando fazemos as</p><p>coisas de Deus na contramão da sua vontade, encon-</p><p>tramos não prazer, mas enfado; não comunhão, mas</p><p>profunda desilusão. O pecado cansa. Fazer a obra de</p><p>Deus relaxadamente cansa. Um culto sem fervor espiri-</p><p>tual cansa. Quando o culto é desprezado, uma pessoa</p><p>vem à igreja e fica enfadada. Nada lhe agrada: a mensa-</p><p>gem a perturba, os cânticos a enfadam. Ela está enfas-</p><p>171 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 32.</p><p>172 LOPES, Augustus Nicodemus. Op. cit., p. 47.</p><p>www.ib7.org 229</p><p>tiada. O culto passa a ser um tormento, em vez de ser</p><p>um deleite. Precisamos ter a motivação correta no culto:</p><p>tudo deve ser feito para a glória de Deus (1Co 10:31).</p><p>Há um grande perigo de se acostumar com o sagrado</p><p>(1Sm 4), de se enfadar de Deus (Mq 6:3), de se cansar</p><p>de Deus (Is 43:22,23). A geração de Malaquias estava</p><p>bocejando no culto, resmungando acerca da duração do</p><p>culto e dizendo: que canseira!173</p><p>Alguém já declarou com propriedade que se não</p><p>há alegria na adoração, não há adoração. Não há tédio</p><p>em estar na presença de Deus, pois ele é manancial de</p><p>alegria, de felicidade. Quando não encontramos prazer</p><p>em Deus, nada poderá nos satisfazer. Um cristão ver-</p><p>dadeiro não precisa ser arrastado ao culto, isso lhe é</p><p>um prazer. Um verdadeiro cristão não troca o culto por</p><p>outra programação mais interessante, pois nada pode</p><p>ser mais prazeroso do que estar na Casa de Deus.</p><p>Devemos ter em mente que o culto é uma questão</p><p>de vida ou morte. Não podemos cultuar a Deus de qual-</p><p>quer modo, de qualquer maneira. Nosso culto deve ser</p><p>reverente. Devemos cultuá-lo de modo coerente. Uma</p><p>vida piedosa é um culto contínuo. Devemos cultuá-lo de</p><p>modo diligente. Devemos cultuá-lo com alegria!</p><p>O CULTO A DEUS E A FAMÍLIA</p><p>É interessante notar que após condenar os judeus</p><p>e os sacerdotes por seu desleixo com o culto a Deus,</p><p>o Senhor se dirige a um problema familiar que estava</p><p>prejudicando o culto. O casamento também é contem-</p><p>plado em Malaquias, mais especificamente no desprezo</p><p>dos homens por suas esposas judias e pelo casamento</p><p>desses mesmos homens com mulheres pagãs, que, via</p><p>173 LOPES, Hernandes Dias. Malaquias: a igreja no tribunal de Deus. São Paulo:</p><p>Hagnos, 2006, p. 31.</p><p>230 Estudos Bíblicos</p><p>de regra, levavam-nos a adorar outros deuses. Após</p><p>esses dois atos, esses homens iam ao Templo para orar</p><p>ao Senhor, como se nada houvesse acontecido. E Deus</p><p>os repreende por sua infidelidade para com ele e para</p><p>com a família que tinham constituído.174</p><p>Há dois parâmetros importantes a se pensar no</p><p>capítulo 2 de Malaquias:</p><p>Primeiro, a teologia determina a vida . Os sacer-</p><p>dotes deixaram de ensinar a Palavra e o povo se cor-</p><p>rompeu. Práticas erradas são fruto de princípios errados.</p><p>Eles estavam lidando de forma errada uns com os outros,</p><p>porque estavam lidando de forma errada com Deus.</p><p>Segundo, a família determina a igreja. Os casa-</p><p>mentos mistos estavam ameaçando a teocracia judaica,</p><p>a integridade espiritual da nação, e o divórcio estava</p><p>colocando em risco a integridade das famílias. O aban-</p><p>dono do cônjuge estava ameaçando o desmoronamento</p><p>do lar em Israel. Famílias desestruturadas e quebradas</p><p>desembocam em igrejas fragilizadas.175</p><p>Deus não leva a sério quem trai seu cônjuge. É a</p><p>pessoa mais real e mais próxima. É o ser mais concreto</p><p>para alguém. Como se portará com Deus que não é</p><p>visível nem concreto como o cônjuge? “Pois eu detesto</p><p>o divórcio” é a palavra divina. Num mundo que exalta</p><p>o divórcio, a declaração de Deus de que ele detesta o</p><p>divórcio exige de nós séria reflexão. Por tudo isto, torna-</p><p>-se excelente a recomendação final do terceiro oráculo</p><p>do profeta Malaquias: “não sejais infiéis”.176</p><p>174 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit. pp. 106-107.</p><p>175 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 43.</p><p>176 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 53</p><p>www.ib7.org 231</p><p>O CULTO A DEUS E AS CONTRIBUIÇÕES</p><p>O livro de Malaquias é o livro das perguntas. Nele,</p><p>existem vinte e seis perguntas (Ml 1:2,6-10,13; 2:10,</p><p>14-15,17; 3:2,7-8,13-14). Só não estão presentes no</p><p>capítulo quatro. Das vinte e seis, onze foram feitas por</p><p>Deus, nove pelo povo e seis pelo profeta. As perguntas</p><p>de Deus são sempre incisivas, honestas e profundas. As</p><p>do profeta seguem nesta direção. Já as do povo, são</p><p>absurdamente cínicas e irônicas. Mas vamos, agora,</p><p>voltar nossa atenção para uma das perguntas divinas.</p><p>1. Roubará o homem a Deus? Se esta não fosse</p><p>uma pergunta divina, diríamos, sem titubear, que é uma</p><p>pergunta sem sentido. Parece-nos impossível a criatura</p><p>poder roubar o Criador. Mas ela não só pode roubá-lo,</p><p>como rouba. Deus não acusa, mas afirma, sem rodeio</p><p>algum, que o seu próprio povo o rouba: Vós me rou-</p><p>bais (Ml 3:8b). Ele o rouba nos dízimos e nas ofertas</p><p>(Ml 3:8c). O termo hebraico para “roubais” (qaba�) tem</p><p>a ideia de “tomar à força”. Ele é usado de novo apenas</p><p>em Provérbios 22:23, no contexto de uma agressão ao</p><p>pobre. Isso nos mostra que se trata de um ato violento.177</p><p>Precisamos entender alguns aspectos importantes</p><p>sobre a questão do dízimo. Esse é um tema claro nas</p><p>Escrituras. Muitas pessoas, por desconhecimento, têm</p><p>medo de ensinar sobre esse importante tema. Outras,</p><p>por ganância, fazem dele um instrumento para extorquir</p><p>os incautos. Ainda outras, por desculpas infundadas,</p><p>sonegam-no, retêm-no e apropriam-se indevidamente</p><p>do que é santo ao Senhor. O povo de Deus, que fora</p><p>restaurado por Deus, agora estava roubando a Deus nos</p><p>dízimos e nas ofertas. Vejamos alguns pontos importan-</p><p>tes sobre o dízimo.</p><p>177 SILVA, Genilson da (ed.). Mais que palavras. Lições Bíblicas. Maringá, n. 291,</p><p>abril/junho, 2010, p. 75.</p><p>232 Estudos Bíblicos</p><p>Em primeiro lugar, o dízimo é um princípio esta-</p><p>belecido pelo próprio Deus. A palavra dízimo maaser</p><p>(hebraico) e dexatem (grego) significa 10% de alguma</p><p>coisa ou de algum valor. O dízimo não é uma cota de</p><p>1% nem de 9%; o dízimo é a décima parte de tudo o</p><p>que o homem recebe (Gn 14:20; Ml 3:10). O dízimo não</p><p>é invenção da Igreja, é princípio perpétuo estabelecido</p><p>por Deus. O dízimo não é dar dinheiro à igreja, é ato de</p><p>adoração ao Senhor. O dízimo não é opcional, é man-</p><p>damento; não é oferta, é dívida; não é sobra, é primícia;</p><p>não é um peso, é uma bênção.178</p><p>Em segundo lugar, o dízimo faz parte do culto. A</p><p>devolução dos dízimos fazia parte da liturgia do culto.</p><p>“A esse lugar fareis chegar os vossos holocaustos, e os</p><p>vossos sacrifícios, e os vossos dízimos...” (Dt 12:6). A</p><p>devolução dos dízimos é um ato litúrgico, um ato de ado-</p><p>ração que deve fazer parte do culto do povo de Deus.</p><p>Em terceiro lugar, o dízimo é para o sustento da</p><p>Casa</p><p>de Deus. “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos</p><p>em Israel por herança, pelo serviço que prestam, ser-</p><p>viço da tenda da congregação” (Nm 18:21). O dízimo é o</p><p>recurso que Deus estabeleceu para o sustento de pas-</p><p>tores, missionários, obreiros, bem como toda a manu-</p><p>tenção e extensão da obra de Deus sobre a terra. Se no</p><p>judaísmo os adoradores traziam mais de 10% de tudo</p><p>que recebiam para a manutenção da Casa de Deus e</p><p>dos obreiros de Deus, bem como para atender às neces-</p><p>sidades dos pobres, muito mais agora, que a Igreja tem</p><p>o compromisso de fazer discípulos de todas as nações.</p><p>2. Com maldição sois amaldiçoados: Em Mala-</p><p>quias 1:14, Deus amaldiçoa o enganador, que lhe prome-</p><p>teu um animal perfeito do seu rebanho, mas lhe ofereceu</p><p>um animal defeituoso. Em Malaquias 2:2, Deus garante</p><p>que amaldiçoará terrivelmente os sacerdotes que não</p><p>178 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., pp. 67-68.</p><p>www.ib7.org 233</p><p>obedecerem aos seus mandamentos e não honrarem o</p><p>seu nome. Agora, em Ml 3:9, Deus declara que amaldi-</p><p>çoou a nação toda por causa do roubo dos dízimos e</p><p>das ofertas. “Insurgir-se contra Deus e violar as suas leis</p><p>trazem maldição inevitável. Deus é santo e não premia</p><p>a infidelidade”179, nem ignora a desobediência. Isso é</p><p>assim desde o princípio (Gn 3:14-19).</p><p>3. Trazei todos os dízimos: Eis uma ordem clara</p><p>da parte Deus para todo o povo. O que essa expressão</p><p>sugere? Sugere que algumas pessoas haviam deixado</p><p>de trazer os dízimos. Mas não apenas isso. O “hebraico</p><p>também pode ser traduzido como o ‘dízimo inteiro’, o</p><p>que significa que o povo estava retendo uma parte do</p><p>que deveria ser trazido”180. O povo, na verdade, fingia</p><p>conformar-se à lei oferecendo alguns dízimos à casa do</p><p>Tesouro, mas não todos os exigidos pela lei (Lv 27:30).</p><p>Deus diz que os dízimos devem ser trazidos à casa do</p><p>Tesouro para que haja mantimento na sua casa.</p><p>4. E provai-me nisto: Deus afirma que, se o povo</p><p>parasse de roubá-lo, tudo mudaria. Ele chega a chamar</p><p>o seu povo a fazer um teste dele. O que mudaria, se o</p><p>povo mudasse? Se o povo parasse de roubá-lo, a seca</p><p>acabaria. Ele abriria as janelas do céu, não para julgar</p><p>e destruir (Gn 7:11; Is 24:18), mas para abençoar sem</p><p>medida, isto é, até não haver mais qualquer necessidade.</p><p>Essa é, literalmente, uma promessa de chuva. Se o povo</p><p>parasse de roubá-lo, os campos voltariam a produzir. Ele</p><p>repreenderia o devorador, o inimigo da colheita, prova-</p><p>velmente um tipo de gafanhoto (Jl 1:4).</p><p>O profeta Malaquias aponta as bênçãos que acom-</p><p>panham a restauração divina sobre aqueles que são fiéis</p><p>nos dízimos e nas ofertas. Deus abriria as janelas dos</p><p>céus e derramaria bênçãos sem medidas. É lá do alto</p><p>179 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 103.</p><p>180 DAVIDSON, F. O novo comentário da Bíblia. 3 ed. São Paulo: Vida Nova, 1997,</p><p>p. 937.</p><p>234 Estudos Bíblicos</p><p>que procede toda boa dádiva. Deus promete derramar</p><p>sobre os fiéis torrentes caudalosas das suas bênçãos.</p><p>Baldwin diz que as janelas do céu, que se abriram para a</p><p>chuva durante o dilúvio (Gn 7:11), “choverão” uma sequ-</p><p>ência superabundante de presentes, quando Deus man-</p><p>dar.181 É bênção sobre bênção, é bênção sem medida.</p><p>É abundância. É fartura. Mais vale 90% com a bênção</p><p>do Senhor do que 100% sob a Sua maldição. Janelas</p><p>abertas falam não apenas de bênçãos materiais, mas de</p><p>toda sorte de bênção espiritual. Nós precisamos evitar</p><p>dois extremos: a teologia da prosperidade e a teologia</p><p>da miséria. A teologia da prosperidade limita as bênçãos</p><p>de Deus ao terreno material; a teologia da miséria não</p><p>enxerga a bênção de Deus nas suas dádivas materiais.182</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Deus requereu ser temido como Senhor, honrado</p><p>como Pai, amado como marido. Qual é o ponto comum,</p><p>a linha mestra, de tudo isso? Amor. Sem amor, o temor</p><p>é um tormento e a honra não tem sentido. O temor, se</p><p>não contrabalançado pelo amor, é medo servil. A honra,</p><p>quando vem sem amor, não é honra, mas adulação. A</p><p>honra e a glória dizem respeito a Deus, mas nenhum</p><p>dos dois será aceito por ele, se não forem temperados</p><p>com o mel do amor. Amemos a Deus. Mas, não apenas</p><p>com palavras. Amor não é palavra. Nem sentimento. Na</p><p>Bíblia, o amor é dinâmico; é ação. Mostremos o nosso</p><p>amor a Deus com uma vida coerente. Que o nosso amor</p><p>por ele seja provado no que fazemos, naquilo que lhe</p><p>dedicamos.</p><p>181 BALDWIN, Joyce. Ageu, Zacarias e Malaquias: introdução e comentário. São</p><p>Paulo: Vida Nova, p. 207.</p><p>182 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 77.</p><p>www.ib7.org 235</p><p>Chegamos ao fim de mais uma lição e de mais uma</p><p>série de lições. Ao longo de todo este trimestre, estuda-</p><p>mos a Palavra de Deus, proferida pelos chamados 12</p><p>profetas menores, Deus disse o que precisava ser dito.</p><p>Falou tudo às claras. Foi direto. Sem duplo sentido. O</p><p>povo entendeu que ele não estava satisfeito. E, se não</p><p>haviam entendido ainda, conforme estudamos hoje, no</p><p>desfecho do último dos profetas menores, uma última</p><p>palavra de alerta foi alçada. Essa palavra vale para nós</p><p>também. Estejamos alerta! Cuidemos quanto à amnésia</p><p>espiritual, quanto ao cinismo disfarçado, quanto à desa-</p><p>vença mútua! Que Deus tenha misericórdia de nós!</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Quem era Malaquias e para quem ele profetizou? (1:1)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Que denúncias faz Malaquias com relação ao culto</p><p>que os judeus estavam apresentando ao Senhor? Que</p><p>tipo de sacrifícios eles estavam apresentando a Deus?</p><p>Estavam eles de acordo com as prescrições divinas?</p><p>Deus estava satisfeito com tais sacrifícios? O culto deles</p><p>estava sendo aceito por Deus? (1:5-14)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>236 Estudos Bíblicos</p><p>3. Com relação ao culto que oferecemos a Deus hoje,</p><p>quais cuidados devemos ter para que seja aceitável e</p><p>aprazível ao Senhor?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>4. Qual é a advertência que Deus faz aos sacerdotes?</p><p>(2:1-9)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>5. Que prática estava sendo comum com relação ao</p><p>casamento que é denunciada pelo profeta? (2:10-15)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>6. O que Deus tinha a dizer sobre isso? (2:16)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>7. Qual é a atualidade desta mensagem aos nossos</p><p>dias?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>www.ib7.org 237</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>8. Pode um homem roubar de Deus? No que os judeus</p><p>estavam roubando a Deus? Qual o resultado de tal ati-</p><p>tude? (3:6-9)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>9. Qual a recomendação de Deus? Quais a promessas</p><p>feitas aos que são fiéis nos dízimos e nas ofertas? (3:10-</p><p>18)</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>10. Que diferença haveria novamente entre justos e</p><p>injustos?</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________</p><p>238 Estudos Bíblicos</p><p>NOSSOS AUTORES</p><p>Pr. Daniel Miranda Gomes, casado com Daniela S. Durlo Gomes.</p><p>Advogado, possui o título de Bacharel em Ciências Jurídicas pela</p><p>UNORP de São José do Rio Preto-SP, e Pós-Graduação pela UNIN-</p><p>TER de Curitiba-PR. Cursou Teologia pelo Seminário Teológico Cris-</p><p>tão Evangélico do Brasil e Grego e Hebraico pela Faculdade Teológica</p><p>Batista do Paraná. É o atual Diretor do Departamento de Missões e</p><p>Evangelismo e Assessor Jurídico da CBSDB.</p><p>Pr. Edvard Portes Soles, é Pastor Titular na Igreja Batista do Sétimo</p><p>dia de Itararé, São Paulo. Casado com Janaína com quem tem dois</p><p>filhos: Maria Eduarda e João Pedro. Possui o título de Bacharel em</p><p>Teologia pela Faculdade Teológica Batista do Paraná.</p><p>Pr. Jonas Sommer, é casado com Clarice e tem dois filhos: Marcos</p><p>Paulo, de 4 anos e Paula Hadassa, de 7 meses. Graduado em Teologia</p><p>pela Faculdade Teológica Batista do Paraná, possui Licenciatura Plena</p><p>em Letras Português-Inglês pela UNISEB. É Mestrando em Teologia</p><p>pela Escola Superior de Teologia de São Leopoldo/RS (EST). É diretor</p><p>do Departamento de Educação Cristã da CBSDB e coordenador do</p><p>TIME. É membro da Igreja Batista do Sétimo Dia de União da Vitória,</p><p>Paraná.</p><p>Pr. Wesley Batista de Albuquerque, é pastor titular da 1ª Igreja Batista</p><p>do Sétimo Dia de Joinville, Santa Catarina. É graduado em Teologia</p><p>pelo Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Concei-</p><p>ção, de São Paulo. Ele e sua esposa Sâmia têm duas filhas: Lydia e</p><p>Lara.</p><p>Pr. Renato Sidnei Negri Junior, casado com Priscilla Negri com quem</p><p>tem um filho, Eduardo, e estão na expectativa da chegada do segundo</p><p>filho. É pastor titular da 1ª Igreja Batista do Sétimo Dia de Iporã, Paraná.</p><p>É Técnico em Eletromecânica pelo Centro Estadual de Educação de</p><p>Curitiba. Graduou-se como Bacharel em Teologia pelo TIME e está con-</p><p>validando seu curso pela UNICESUMAR.</p><p>www.ib7.org 239</p><p>Cristhiano Daniel Fritzen é casado com Deborah e pai dos peque-</p><p>nos Nicolas e Lucas. Médico Veterinário formado pela Universidade do</p><p>Estado de Santa Catarina (Udesc) em Lages e conheceu a fé Batista</p><p>do Sétimo Dia em Irineópolis (SC), sua terra natal, ao voltar da facul-</p><p>dade. Hoje reside em Prudentópolis (PR), onde ainda não há congrega-</p><p>ção BSD. É aluno da 3�ª turma do TIME.</p><p>Daisy Moitinho. Possui o título de Bacharel em Estatística pela UNI-</p><p>CAMP. Fez o curso de Liderança Cristã pelo Instituto Haggai. Colabora</p><p>com a CBSDB, atuando como intérprete em língua inglesa. É membro</p><p>da Igreja Batista do Sétimo Dia de Campinas, São Paulo.</p><p>Pr. Emanuel Lourenço da Silva é casado com Claudinéia e pai da</p><p>Julia. Estão esperando a vinda do segundo filho, ou filha. É pastor da</p><p>Primeira Igreja Batista do Sétimo Dia de Porto União, Santa Catarina</p><p>e pastoreia também as Igrejas do São Gabriel e do Bela Vista. É aluno</p><p>do TIME.</p><p>Pr. Luiz Rogério Palhano é casado com Cleomar. Graduou-se em Teo-</p><p>logia este ano pelo TIME. É pastor da Primeira Igreja Batista do Sétimo</p><p>Dia de Doiz Vizinhos, Paraná. Ocupa o cargo de Segundo Tesoureiro</p><p>da CBSDB.</p><p>Victória Brites Fajardo, formada em filosofia pela Universidade Fede-</p><p>ral de São Paulo e mestranda pela mesma, atua como professora na</p><p>rede pública e privada. Cursa o TIME e congrega na Primeira Igreja</p><p>Batista do Sétimo Dia de Guarulhos, São Paulo, onde tem o privilé-</p><p>gio de servir ao Senhor e aos irmãos através liderança do ministério</p><p>de Jovens e adolescentes juntamente com outro irmão (Luiz Miranda).</p><p>Além disso é colunista do site de sua igreja e primeira secretária da</p><p>Federação do Jovens da gestão de 2015.</p><p>240 Estudos Bíblicos</p><p>AUTORES CONVIDADOS</p><p>Pr. Alfredo Oliveira Silva , é casado com Lídia Souto de Moraes Oli-</p><p>veira Silva e pai de Anália e Mateus. Bacharel e Mestre em Teologia</p><p>pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. É Pastor Auxiliar</p><p>na Igreja Presbiteriana Memorial de Piedade, Jaboatão dos Guarara-</p><p>pes-PE, e professor da Academia Memorial de Ensino Superior de Per-</p><p>nambuco (AMESPE). E-mail: alfredo.oliveiras@gmail.com Blog: http://</p><p>www.alfredooliveiras.blogspot.com/.</p><p>Pastor Iverson Santos, é Pastor auxiliar na Igreja ABA (Aliança Bíblica</p><p>de Avivamento) Curitiba, Paraná. É formado em Ciências Sociais e tem</p><p>pós-graduação em Teologia Prática.</p><p>Pr. José de Godoi Filho. Graduado em Psicologia pela Universidade</p><p>Tuiuti do Paraná e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico</p><p>Batista do Paraná. Possui as seguintes pós-graduações: Psicologia Clí-</p><p>nica pela Universidade Tuiuti do Paraná; Novo Testamento e Grego pelo</p><p>Spurgeon’s College, Londres/Inglaterra; Estudos Concentrados em</p><p>Ministério Pastoral, pelo Regent’s Park College, Oxford/Inglaterra; Estu-</p><p>dos Concentrados em Exposição Bíblica e Aconselhamento Pastoral,</p><p>pelo Wheaton College, Wheaton/EUA. Leciona matérias relacionadas</p><p>ao Novo Testamento e Aconselhamento Pastoral no Seminário Bíblico</p><p>Betânia de Curitiba/PR. É um dos professores colaboradores do TIME.</p><p>Pr. Marcos Schunemann é Bacharel em Teologia pela Faculdade Teo-</p><p>lógica Batista de São Paulo e Graduado em Psicologia pela Univer-</p><p>sidade Camilo Castelo Branco. Casado com com Andreia e tem três</p><p>filhos.</p><p>namento de aparências ou de conveniência; ele deseja</p><p>ter um relacionamento feliz e cheio amor conosco. Você</p><p>quer se relacionar com Senhor dessa maneira?</p><p>Quarta-feira – Mateus 25:1</p><p>Todas as noivas sonham com o dia do casamento.</p><p>Gastam muito tempo se preparando para este dia. Che-</p><p>gado o dia, tudo já foi preparado, então elas se arru-</p><p>mam e aproveitam este momento tão especial. Assim</p><p>também nós temos nos preparado para nos encontrar</p><p>como Cristo, que em breve virá nos buscar. Mas o que é</p><p>se preparar para a volta de Cristo? Será que é apenas</p><p>ir aos cultos e escola bíblica? Ler a Bíblia e orar? Tudo</p><p>isso faz parte da nossa preparação, mas vai muito além</p><p>destas coisas. Essa preparação envolve relacionamento</p><p>profundo com Deus, entregar-se a ele sem reservas,</p><p>www.ib7.org 25</p><p>permitir que o Espírito Santo arranque de nós tudo o que</p><p>não é bom e nos molde segundo o seu querer. Assim,</p><p>naquele dia, quando a trombeta soar, estaremos prontos</p><p>e felizes para nos encontrarmos com o nosso amado</p><p>Jesus.</p><p>Quinta-feira – Jeremias 5:3</p><p>O nosso Deus requer fidelidade de cada um de</p><p>seus filhos. Mas como ser fiel a ele? Certo dia, Jesus</p><p>chamou os escribas e fariseus de túmulos pintados de</p><p>branco, pois por fora pareciam ser justos, mas por dentro</p><p>estavam cheio de pecados (Mt 23:27). Os escribas e fari-</p><p>seus eram líderes religiosos que aparentavam ser fiéis</p><p>a Deus, mas na verdade não eram. Muitas vezes, nós</p><p>caímos neste mesmo erro, porque pensamos que por</p><p>obedecermos ao decálogo estamos sendo fiéis a Deus.</p><p>O que nos esquecemos é que o pecado não está em</p><p>apenas cometer o ato pecaminoso, mas sim em ima-</p><p>giná-lo em nossa mente (Mt 5:28). O lugar mais difícil de</p><p>sermos fiéis a Deus é na nossa mente. Que diariamente</p><p>coloquemos em prática (Fp 4:8), para que sejamos com-</p><p>pletamente fiéis a Deus.</p><p>Sexta-feira – Apocalipse 19:7</p><p>É uma grande alegria participar de um casamento,</p><p>principalmente para os noivos. O encontro de Cristo com</p><p>a sua Igreja será tão feliz, que foi comparado com uma</p><p>festa de casamento. Assim como os noivos anseiam</p><p>pelo dia do casamento, assim também todos nós temos</p><p>ansiado por esse encontro, em que finalmente estaremos</p><p>livres do pecado e poderemos voltar à origem, quando o</p><p>relacionamento com Deus era face a face. Haverá uma</p><p>grande festa no céu para celebrar a união entre Cristo e</p><p>26 Estudos Bíblicos</p><p>a Igreja. Será algo muito melhor do que qualquer festa de</p><p>casamento que já participamos nesta Terra, pois Paulo</p><p>diz que “nem olhos viram e nem ouvidos ouviram o que o</p><p>Senhor tem preparados para aqueles que o amam” (1Co</p><p>2:9). Como é maravilhoso servir a este Deus que nos</p><p>ama e nos quer ao lado dele para todo sempre.</p><p>Sábado – Êxodo 20:3</p><p>Há um filme chamado “A décima nona esposa”,</p><p>que mostra o caso real do sofrimento e infelicidade de</p><p>Ann Eliza Young ao ter que dividir o marido com outras</p><p>esposas e mulheres. No Antigo Testamento vemos várias</p><p>ocasiões em que o Senhor se sentiu como Ann, ou seja,</p><p>dividindo seu povo com outros deuses. Mas assim como</p><p>Ann, ele não aceita essa situação e nos deixa com as</p><p>nossas próprias escolhas. O nosso Deus requer exclu-</p><p>sividade em um relacionamento. Ele não nos divide com</p><p>ninguém, pois é Deus zeloso. Ele é o único digno de todo</p><p>o nosso amor, louvor e adoração. Nenhum outro deus se</p><p>importou em tirar-nos do lamaçal do pecado, apenas o</p><p>nosso Criador e Pai. Mesmo que tenhamos falhado, ele</p><p>nos perdoou e nos deu uma nova chance. Que a cada</p><p>dia ofereçamos a Deus a exclusividade que lhe é devida.</p><p>www.ib7.org 27</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O livro de Oséias é o primeiro e mais extenso dos</p><p>Profetas Menores. Ele é o profeta da graça. É o homem</p><p>de coração quebrantado. Ele não apenas falou do amor</p><p>de Deus, mas o demonstrou de forma eloquente ao amar</p><p>sua esposa infiel. Ele pregou aos ouvidos e também aos</p><p>olhos. Ele falou à nação de Israel tanto pela voz profé-</p><p>tica como pelo exemplo. Estudar esse livro é penetrar</p><p>nas profundezas do coração de Deus e trazer à tona as</p><p>verdades mais sublimes do amor incondicional de Deus</p><p>pelo povo da aliança.8</p><p>O AUTOR</p><p>O nome Oséias significa Deus salva, ou salva-</p><p>ção, e é equivalente a Josué e Jesus. O nome do pro-</p><p>feta já trazia em si um chamado ao arrependimento e</p><p>uma semente de esperança. Oséias já foi chamado de</p><p>“o profeta do amor”, porque seu livro manifesta um pro-</p><p>fundo amor da parte de Deus por Israel, um amor não</p><p>8 LOPES, Hernandes Dias. Oséias: o amor de Deus em ação. São Paulo: Hagnos,</p><p>2010, p. 7.</p><p>OSÉIAS</p><p>FIDELIDADE NO RELA-</p><p>CIONAMENTO COM DEUS</p><p>Pr. Marcos Shünemman12 de Julho de 2014</p><p>2</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao</p><p>Senhor; como a alva, a sua vinda é certa; e ele des-</p><p>cerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia</p><p>que rega a terra”. (Os 6:6)</p><p>28 Estudos Bíblicos</p><p>correspondido. Deus é mostrado como um marido traído</p><p>que procura reatar o casamento com a esposa, que se</p><p>tornou prostituta.9</p><p>Muito pouco se sabe sobre ele, além do que está</p><p>contido na sua profecia. A julgar pelos reinados durante</p><p>os quais ele profetizou (Os 1:1), o ministério de Oséias</p><p>estendeu-se aproximadamente de 725 a 700 A.C. As</p><p>profecias de Amós, um jovem contemporâneo, estão inti-</p><p>mamente relacionadas às de Oséias. Contudo, os seus</p><p>ministérios foram diferentes. Oséias era um nativo do</p><p>Reino do Norte, e Amós era oriundo de Judá, e viajou a</p><p>Israel para profetizar. Oséias foi chamado para exempli-</p><p>ficar o relacionamento entre Deus e Israel por meio do</p><p>seu casamento com uma prostituta, ao passo que Amós</p><p>foi enviado pelo Senhor para proferir juízo sobre o povo</p><p>rebelde de Israel.</p><p>Oséias começou a profetizar no final de um perí-</p><p>odo de grande prosperidade material, durante o reinado</p><p>de Jeroboão II sobre Israel (2Re 14:23-27). Porém, infe-</p><p>lizmente, durante a maior parte da vida dele, as pes-</p><p>soas estavam falidas espiritualmente. Os seus líderes</p><p>permitiam que elas praticassem idolatria (2Cr 27:2; 2 Rs</p><p>15:35) e cometessem “prostituição” contra o Senhor (Os</p><p>1:2; 2:8; 4:12-15). Elas recusaram-se a reconhecer que</p><p>Deus lhes tinha proporcionado a riqueza que possuíam</p><p>(Os 2:8). Na verdade, atribuíam aos ídolos a sua prospe-</p><p>ridade (Os 2:5; 10:1). O povo havia se tornado cobiçoso</p><p>e avarento, oprimindo os que eram menos capazes de</p><p>se defender (Os 4:2; 10:13; 12:6-8). Então, o ministério</p><p>teve uma duração de 58 anos.</p><p>A vida pessoal e o ministério profético de Oséias</p><p>estavam ligados intimamente com a sua missão. O</p><p>Senhor usou a vida matrimonial de Oséias como exem-</p><p>plo para ensinar o Reino do Norte com muita veemência.</p><p>9 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 13.</p><p>www.ib7.org 29</p><p>O casamento do profeta com Gômer ocupa lugar cen-</p><p>tral no livro. Na verdade, foi a base de sua mensagem à</p><p>nação. Os filhos, cujos nomes nos parecem muito estra-</p><p>nhos, são mensagens do juízo de Deus à nação. De fato,</p><p>“a tragédia doméstica de Oséias o preparou para enten-</p><p>der e interpretar o amor imutável do Senhor”.10</p><p>CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS</p><p>Podemos resumir a história de Israel, contida no</p><p>livro de Oséias, por meio dos nomes dos três filhos do</p><p>profeta: 1) Jezreel (1:4) significa “disperso”; refere-se</p><p>à época em que Deus espalha Israel entre as outras</p><p>nações; 2) Lo-Ruama (1:6) significa “desfavorecida”;</p><p>quer dizer que o Senhor tira sua misericórdia da nação e</p><p>permite que ela sofra por seus pecados; 3) Lo-Ami (1:9)</p><p>significa “não meu povo”; refere-se àquela época do pro-</p><p>grama do Senhor em que Israel não comunga com ele e</p><p>não é o seu povo com antes o fora. Oséias informa que</p><p>haverá um tempo em que o Senhor chamará Israel de</p><p>“Meu Povo” e de “Favor” (2:1). Ele também apresenta</p><p>um resumo da condição espiritual de Israel (3:3-5).11 A</p><p>mensagem do livro, pode ser assim esboçada:</p><p>O LIVRO DE OSÉIAS</p><p>Tema Capítulos</p><p>A imagem da infidelidade de Israel 1 a 3</p><p>A proclamação dos pecados de Israel 4 a 7</p><p>A proclamação do julgamento 8 a 10</p><p>A promessa de restauração de Israel 11 a 14</p><p>10 CRABTREE, A. R. O livro de Oséias. Rio de Janeiro: CPB, 1963, p. 17.</p><p>11 WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Wiersbe: Antigo Testamento,</p><p>v. 4. San-</p><p>to André, SP: Geográfica Editora, 2009, p. 628.</p><p>30 Estudos Bíblicos</p><p>MENSAGEM PRINCIPAL</p><p>A principal mensagem é o amor incondicional de</p><p>Deus, sendo esta a mensagem que mais se aproxima à</p><p>paixão de Cristo. De maneira ilustrativa pode-se recor-</p><p>dar os acusadores da mulher pecadora que não conse-</p><p>guiram atirar a primeira pedra, por causa dos seus peca-</p><p>dos, e Jesus, que não tinha pecado algum, perdoando-</p><p>-a e dizendo: “Vai e não peques mais” (Jo 8:1-11). Em</p><p>Oséias, lemos: “Curarei a sua infidelidade, eu de mim</p><p>mesmo os amarei” (14:4).</p><p>Oséias estava lembrando o povo de Israel que</p><p>Deus os amava intensamente e que a fidelidade do seu</p><p>amor é constante. O amor de Deus é retratado no papel</p><p>do marido sofredor da esposa infiel. Israel foi avisado</p><p>que deveria abandonar seus deuses, os ídolos. A men-</p><p>sagem foi direcionada principalmente para aqueles que</p><p>ignoraram o amor verdadeiro, representado na atitude</p><p>de Gômer para com Oséias. O propósito da mensagem</p><p>era de conversão, mudança de atitude para com Deus.</p><p>A IMAGEM DA INFIDELIDADE DE ISRAEL</p><p>Oséias recebe uma ordem difícil do Senhor: “Vá,</p><p>tome uma mulher adúltera” (1:2, NVI). Então ele vai e</p><p>toma por esposa a Gômer. Conquanto haja várias inter-</p><p>pretações, é possível que Gômer fosse uma mulher</p><p>casta antes do casamento e que só se prostituiu após ter</p><p>contraído o matrimônio com Oséias.12 A razão principal</p><p>para essa interpretação é que seria incompatível com o</p><p>caráter santo de Deus ordenar a seu profeta algo moral-</p><p>mente reprovável e expor seu mensageiro a tal opróbrio.</p><p>12 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 34.</p><p>www.ib7.org 31</p><p>Crabtree diz que essa interpretação salvaguarda o cará-</p><p>ter moral do profeta e defende o caráter santo de Deus.13</p><p>Esse casamento é certamente um símbolo do adul-</p><p>tério espiritual de Israel. Mediante o seu relacionamento</p><p>cruelmente profanado com Gômer, Oséias pôde com-</p><p>preender o verdadeiro significado do pecado de Israel:</p><p>adultério espiritual e até prostituição.14</p><p>Depois, o Senhor ordenou que o profeta procurasse</p><p>a esposa desobediente, e ele a encontrou à venda em</p><p>um mercado de escravos (3:1-2). Ele teve de comprar a</p><p>própria esposa, trazê-la para casa e assegurar-lhe seu</p><p>perdão e amor. Ele tem todos os motivos para acreditar</p><p>que Gômer se arrependeu de seus pecados e tornar-se</p><p>uma esposa fiel.</p><p>Tudo isso retrata a infidelidade de Israel com o</p><p>Senhor. A nação estava casada com o Senhor (Êx 3</p><p>4:14-16; Dt 32:16; Is 62:5; Jr 3:14) e deveria manter-</p><p>-se fiel a ele. Todavia, Israel desejou ardentemente o</p><p>pecado, especialmente com os falsos deuses das outras</p><p>nações, e cometeu “adultério espiritual” ao abandonar o</p><p>Deus verdadeiro e adorar os ídolos dos inimigos. Eles</p><p>prometeram-lhe muitos prazeres, mas ela descobriu que</p><p>também havia dores e sofrimentos. Israel, como Gômer,</p><p>seria escravizada (cativeiro) por causa de seus peca-</p><p>dos. Mas esse não é o fim da história. Da mesma forma</p><p>que Oséias procurou sua esposa e a trouxe para casa,</p><p>o Senhor procuraria seu povo, o libertaria e o restauraria</p><p>em sua bênção e amor.15</p><p>Não podemos deixar esses capítulos sem salien-</p><p>tar que o “adultério espiritual” pode ser um pecado dos</p><p>cristãos do Novo Testamento como foi dos judeus do</p><p>Antigo (cf. 1Jo 2:15-17; Ap 2:1-7; Tg 4:1-10). Os cristãos</p><p>que amam o mundo e vivem para pecar são falsos com</p><p>13 CRABTREE, A. R. Op. cit., p. 45.</p><p>14 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 34.</p><p>15 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 627-628.</p><p>32 Estudos Bíblicos</p><p>seu Salvador e partem o coração dele. Paulo advertiu os</p><p>coríntios em relação a isso (2Co 11:1-3).</p><p>Assim como Oséias não deveria desistir da sua</p><p>mulher, mesmo diante da sua ostensiva infidelidade,</p><p>Deus não desiste do seu povo. Mesmo quando esse</p><p>povo se torna infiel, Deus permanece fiel. O seu amor é</p><p>incompreensível e imerecido. Ele não nos ama por causa</p><p>das nossas virtudes, mas apesar dos nossos pecados;</p><p>ele não nos busca por causa dos nossos méritos, mas</p><p>apesar dos nossos deméritos. O amor de Deus nos opor-</p><p>tuniza uma segunda chance. Ele é o Deus da segunda</p><p>oportunidade. Foi esse amor devotado do Pai celestial</p><p>que tornou possível nossa reconciliação com ele.16</p><p>A PROCLAMAÇÃO DOS PECADOS DE ISRAEL</p><p>Sem dúvida, todos os vizinhos falaram sobre os</p><p>pecados de Gômer e apontaram um dedo acusador para</p><p>ela. Não obstante, agora Oséias aponta o dedo para eles</p><p>e expõe os pecados deles. A mensagem dele é seme-</p><p>lhante aos jornais de hoje (cf. 4:1-2). Perjúrio, mentira,</p><p>homicídio, furto, adultério, traição, idolatria, bebedeira</p><p>– esses pecados e muitos outros abundam em nossa</p><p>nação. E, para deixar as coisas piores, a nação tentou</p><p>esconder seus pecados em “reavivamentos religiosos”</p><p>superficiais (6:1-6).</p><p>Oséias foi um pregador magistral. Observe como</p><p>retrata a condição espiritual do povo: 1) a nuvem da</p><p>manhã (6:4), porque num momento está aqui e, no</p><p>seguinte, já se foi, é passageira; 2) um pão que não foi</p><p>virado (7:8), pois a religião do povo não estava enrai-</p><p>zada na vida dele, mas era algo superficial; 3) as cãs</p><p>(7:9), porque perde a força, mas não se dá conta disso;</p><p>16 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 65.</p><p>www.ib7.org 33</p><p>4) uma pomba enganada (7:11), porque é instável, voa</p><p>de um aliado político para outro; 5) um arco enganoso</p><p>(7:16), com o qual não se pode contar.17</p><p>O povo de Israel estava com suas relações ver-</p><p>ticais e horizontais interrompidas. Não há sociedade</p><p>humana que possa prevalecer onde estão ausentes a</p><p>verdade, o amor e o conhecimento de Deus. Esses são</p><p>os fundamentos da piedade e da moralidade. Esses são</p><p>os alicerces da família, da igreja e da sociedade. Por não</p><p>haver verdade nas palavras e nas ações, era impossível</p><p>a confiança nos relacionamentos. Por não haver com-</p><p>paixão aos necessitados, era impossível o amor gover-</p><p>nar suas atitudes. Por conseguinte, a falta de verdade e</p><p>amor evidenciava a falta do conhecimento real de Deus,</p><p>uma vez que tanto a verdade quanto o amor têm suas</p><p>raízes no conhecimento de Deus. O profeta faz um diag-</p><p>nóstico da nação de Israel, dissecando suas entranhas</p><p>e trazendo à tona seus horrendos pecados. Esse diag-</p><p>nóstico não é diferente daquele que descreve a nossa</p><p>realidade em pleno século 21.18</p><p>A PROCLAMAÇÃO DO JULGAMENTO</p><p>A rebeldia sempre é punida (Pv 14:14), e Israel era</p><p>isso – rebelde (4:16; cf. Jr 3:6,11). Oséias via a chegada</p><p>dos assírios para punir a nação e escravizá-la. Ele retrata</p><p>esse julgamento com a chegada da águia veloz (8:1), a</p><p>fúria de uma tormenta (8:7) e com o fogo consumidor</p><p>(8:14). A nação se dispersará (8:8; 9:17) e colherá mais</p><p>que semeou (10:12-15). Os pecadores colhem o que</p><p>semeiam (Gl 6:7-8), todavia eles também colhem mais,</p><p>porque as poucas sementes plantadas multiplicam-se</p><p>17 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 628.</p><p>18 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p.78.</p><p>34 Estudos Bíblicos</p><p>e trazem uma grande colheita. Como é terrível segar a</p><p>colheita do pecado!19</p><p>Por que Deus permitiu que Israel fosse julgado pela</p><p>perversa Assíria? Porque ele amava seu povo. O amor</p><p>sempre disciplina para melhorar o filho (Hb 12:1-13; Pv</p><p>3:11-12). A mão da disciplina é a mão do amor; é o Pai</p><p>disciplinando o filho, não a punição de julgamento crimi-</p><p>nal. Devemos ser agradecidos pela disciplina amorosa</p><p>de Deus (Sl 119:71).</p><p>O propósito de Deus na disciplina do seu povo não</p><p>era a sua destruição, mas a sua restauração: “Então vol-</p><p>tarei ao meu lugar até que eles admitam sua culpa. E</p><p>eles buscarão a minha face; em sua necessidade eles</p><p>me buscarão ansiosamente. Venham, voltemos para o</p><p>Senhor. Ele nos despedaçou, mas nos trará cura; ele</p><p>nos feriu, mas sarará nossas feridas” (5:15-6:1, NVI). O</p><p>que Deus esperava era uma genuína conversão, mani-</p><p>festada pelo arrependimento (“até que se reconheçam</p><p>culpados”) e pela fé (“e busquem a minha face”). O arre-</p><p>pendimento e a fé são os dois elementos da conver-</p><p>são. O primeiro elemento é negativo. O arrependimento</p><p>é o reconhecimento da culpa, enquanto a fé é a volta</p><p>para Deus para depositar nele inteira confiança. Esse</p><p>apelo para voltar</p><p>ao Senhor baseia-se na certeza de</p><p>que o administrador do castigo poderia sarar as feridas.</p><p>Reduzidos à desesperança, não tiveram outro caminho,</p><p>senão voltar para o Senhor. No entanto, será que Israel</p><p>voltou-se mesmo para o Senhor? Era o Senhor mesmo</p><p>que eles buscavam? O texto mostra que essa volta não</p><p>era de todo o coração e que o arrependimento não foi</p><p>profundo o suficiente.20</p><p>Israel tinha abandonado a Deus para buscar a Baal,</p><p>o padroeiro da prosperidade. Eles não estavam interes-</p><p>sados em Deus, mas em suas colheitas. Eles queriam</p><p>19 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 629.</p><p>20 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p.119.</p><p>www.ib7.org 35</p><p>prosperidade, e não conhecimento de Deus. Essa volta</p><p>para Deus era apenas uma barganha. Eles se voltariam</p><p>para Deus, e Deus se voltaria para eles para abençoá-los</p><p>com chuvas e fartas colheitas. A religião natural era tudo</p><p>o que eles desejavam. Eles queriam uma boa colheita.</p><p>Não Deus, propriamente. A igreja evangélica brasileira</p><p>está eivada dessa mesma tendência. As pessoas lotam</p><p>os templos não porque têm sede de Deus, mas porque</p><p>têm fome do pão que perece. Elas não querem Deus,</p><p>querem apenas as benesses de Deus. Por sua vez,</p><p>muitos pregadores não estão interessados na salvação</p><p>dos perdidos, mas apenas no lucro.21</p><p>A PROMESSA DE RESTAURAÇÃO DE ISRAEL</p><p>Oséias não termina com uma nota sombria. Ele vê</p><p>a glória futura da nação. Da mesma forma que ele tirou</p><p>a esposa da escravidão e a restabeleceu em sua casa e</p><p>em seu coração, também a nação seria restaurada à sua</p><p>terra e ao seu Senhor. Esses capítulos finais exaltam o</p><p>amor fiel de Deus em contraste com a infidelidade de</p><p>seu povo. O Senhor amou Israel no Egito (11:1) quando</p><p>era uma nação cativa sem glória nem beleza. A graça</p><p>dele redimiu-a da escravidão, guiou-a, proveu a todas as</p><p>necessidades dela. Contudo, desde o início desse rela-</p><p>cionamento de Deus e Israel, o povo estava “inclinado</p><p>a desviar-se” (11:7). Deus atraiu-o com laços de amor</p><p>(11:4); no entanto, o povo tentou quebra-los e seguir seu</p><p>próprio caminho.22</p><p>Pecado não é apenas quebrar a lei do Senhor; é</p><p>partir o coração dele. Oséias descreve o coração do</p><p>Senhor quando tentou trazer seu povo infiel de volta à</p><p>sua bênção, e desejou que este lhe fosse fiel (11:8-11).</p><p>21 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p.119.</p><p>22 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 630.</p><p>36 Estudos Bíblicos</p><p>O capítulo 12 apresenta a nação “falando com grandeza”</p><p>e gabando-se de sua riqueza e de suas realizações, mas</p><p>Deus diz: “Efraim apascenta o vento e persegue o vento”</p><p>(12:1). O rebelde pode usufruir de riqueza material e dos</p><p>prazeres físicos, mas isso nunca satisfaz o coração nem</p><p>glorifica o Senhor, e, por fim, o rebelde ficará pobre, des-</p><p>prezado, cego e nu.</p><p>O profeta fecha as cortinas do seu ministério com</p><p>uma palavra de esperança e com uma promessa de</p><p>restauração. O cativeiro assírio não coloca um ponto</p><p>final no plano soberano de Deus. As tragédias humanas</p><p>não frustram os planos daquele que governa a história</p><p>e dirige o universo. O último capítulo de Oséias é, de</p><p>muitas maneiras, o mais belo de todo o livro e consti-</p><p>tui um encerramento apropriado da série de discursos</p><p>proféticos. Depois dos grandes vagalhões de conde-</p><p>nação que se chocaram contra Israel, Deus agora fala</p><p>ternamente em graça. Afinal, a graça brilha através das</p><p>nuvens ameaçadoras.23</p><p>APLICAÇÃO PARA A ATUALIDADE</p><p>O livro de Oséias relata a importância da fidelidade</p><p>e a sua relevância nos relacionamentos, abordando</p><p>desta forma os efeitos e as influências nos comporta-</p><p>mentos. O relacionamento estabelecido por Deus foi de</p><p>amor eterno e firmado através da aliança, sendo que as</p><p>juras de amor de Israel foram quebradas, ficou conhe-</p><p>cido através das circunstâncias o que realmente estava</p><p>no coração, a deslealdade.</p><p>Quando se fala de fidelidade, está se falando</p><p>de cumprir e honrar os compromissos assumidos na</p><p>aliança, tendo como princípio a moral, a obrigação; já a</p><p>lealdade inclui os valores baseados no vínculo afetivo,</p><p>23 FEINBERG, Charles L. Os profetas menores. São Paulo: Vida, 1988, p. 64,65.</p><p>www.ib7.org 37</p><p>ou seja, quem é fiel não trai devido à moral; já o leal não</p><p>trai devido o vínculo de amor e se revela num envolvi-</p><p>mento bem maior do que o previamente estabelecido.</p><p>Deus revela assim a sua grande lealdade e misericórdia,</p><p>pois mesmo Israel sendo infiel, Deus, contudo, esten-</p><p>deu a sua lealdade providenciando o Cordeiro que tira o</p><p>pecado do mundo.</p><p>O foco do ministério profético de Oséias não era a</p><p>política ou o social, senão alertar sobre as consequên-</p><p>cias da infidelidade gerada pela falta de confiança em</p><p>Deus. A idolatria ocupou o altar que era do Senhor, esta-</p><p>belecendo uma adoração nos corações que foram envol-</p><p>vidos com encantamento.</p><p>A história da família de Oséias é singular e eviden-</p><p>cia a profundidade do amor de Deus; amor imerecido.</p><p>Sempre se deseja receber amor, mas o profeta preci-</p><p>sou sentir na pele o peso da infidelidade da sua esposa</p><p>e, ainda assim, decidiu perdoá-la. Vale ressaltar que,</p><p>naquele tempo, o adultério era punido com a morte; a lei</p><p>estava a favor do profeta, que poderia atirar a primeira</p><p>pedra, mas Deus o conduziu para o perdão.</p><p>Da mesma forma que a oração do Pai Nosso traz</p><p>um confronto – “Perdoa as nossas dívidas, assim como</p><p>perdoamos nossos devedores” - Deus fez o profeta</p><p>sentir a dor da infidelidade do relacionamento do seu</p><p>povo escolhido e ainda perceber que, se Ele sendo Deus</p><p>é capaz de perdoar; isto deve ser praticado por todos os</p><p>homens.</p><p>Antes de se falar sobre a restauração do altar de</p><p>Deus, precisa-se enfatizar a restauração da família, pois</p><p>nos tempos atuais a infidelidade anda de mãos dadas</p><p>com a vingança e o ódio, não restando lugar para o</p><p>perdão. Para perdoar é necessário empenhar mais força</p><p>do que para se vingar, ou seja, é mais forte/sábio o</p><p>homem que libera o perdão do que aquele que se deixa</p><p>38 Estudos Bíblicos</p><p>levar pela inflamação do ódio. A mensagem de Oséias é</p><p>uma mensagem do perdão de Deus e isto é inspirador</p><p>para viver uma vida de perdão e misericórdia.</p><p>A presença do Senhor é real. Ele sempre esteve</p><p>presente e desejou que os homens tivessem um relacio-</p><p>namento pessoal com ele, mas desde o princípio até os</p><p>dias atuais, Deus tem sido esquecido por muitos e subs-</p><p>tituído por outros deuses, ou pior, Deus só é lembrado</p><p>nos momentos difíceis da vida. Esta atitude de infide-</p><p>lidade e idolatria (tudo o que ocupa o lugar de Deus)</p><p>entristeceu e tem entristecido a Deus. Mas o profeta</p><p>Oséias trouxe a memória de quem é Deus e que a pro-</p><p>messa de restauração do altar ao único Deus vivo seria</p><p>novamente estabelecida entre as famílias da Terra.</p><p>O culto que agrada a Deus é aquele realizado em</p><p>família, ou seja, através de pessoas que amam e querem</p><p>obedecer a Deus, tanto em casa com a sua própria famí-</p><p>lia quanto na igreja; momento em que as famílias se</p><p>reúnem para celebrar a Deus pelas bênçãos, conquistas</p><p>e desafios de fé. Na verdade o culto não termina, pois</p><p>deve ser contínuo.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Deus mostra, por meio de Oséias, o quanto algo</p><p>tão sagrado como o casamento pode ser destituído de</p><p>sacralidade por meio da infidelidade. Se tomarmos a</p><p>expressão infidelidade como sinônimo de traição, não</p><p>teremos dificuldades em entender o quanto essa prática</p><p>é abominável.</p><p>Quando Deus estabelece um relacionamento, ele</p><p>exige absoluta lealdade. Por intermédio de Oséias, o</p><p>Todo-poderoso anunciou que aplicaria um severo julga-</p><p>mento para libertar seu povo do torpor religioso e chamar</p><p>sua atenção. Este julgamento tomaria a forma de secas,</p><p>www.ib7.org 39</p><p>invasões e exílio. Apesar do rigor desse ato ter dado a</p><p>impressão de que Israel seria abandonado para sempre,</p><p>o Senhor pretendia restaurar seu povo. Quando os israe-</p><p>litas se arrependessem de seus pecados, Deus os faria</p><p>retomar à sua terra e restauraria suas ricas bênçãos.</p><p>O livro de Oséias fornece uma clara e equilibrada</p><p>ideia de Deus. O Senhor ama seu povo e com ele deseja</p><p>ter um relacionamento profundo e amoroso. Ele é ciu-</p><p>mento de</p><p>afeição e não tolera concorrentes. Quando seu</p><p>povo peca, ele o disciplina na medida certa. A disciplina</p><p>do Senhor pode parecer dura, mas a resposta divina ao</p><p>pecado de Israel é, na verdade, uma prova de seu amor</p><p>e comprometimento. Deus não admite que coisa alguma</p><p>arruíne o relacionamento que ele estabeleceu conosco,</p><p>e fará tudo para preservá-lo.</p><p>PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE</p><p>1. Qual o significado do nome Oséias?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>2. Qual a principal mensagem do livro de Oséias? Como</p><p>ela foi exemplificada?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>40 Estudos Bíblicos</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>3. No que consistia a infidelidade do povo de Israel para</p><p>com Deus?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>4. Compare os termos lealdade e fidelidade. Quais</p><p>semelhanças e quais diferenças?</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>5. Compare o amor de Oséias para com sua esposa e</p><p>o amor de Cristo para com sua noiva. Defina o amor</p><p>incondicional.</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________________________________</p><p>www.ib7.org 41</p><p>Pr. Luiz Rogério Palhano</p><p>MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS</p><p>Domingo - Isaías 40:3</p><p>Deus jamais nos deixará sem resposta. Ele perma-</p><p>nece fiel. Os planos que Ele tem para nossa vida não</p><p>mudaram e nem mudarão. Sabe por quê? Porque Ele nos</p><p>ama imensuravelmente. O derramamento do Espírito é o</p><p>poder pelo qual Deus realiza a sua vontade. A resposta</p><p>para os sedentos de Israel é água com abundância, são</p><p>rios sobre a terra seca, é benção sobre os descenden-</p><p>tes, é promessa do derramamento do Espírito Santo a</p><p>toda a posteridade, é a garantia da presença do Senhor,</p><p>abundantemente, na vida do povo. Como seria possível</p><p>duvidar de um Deus que se apresenta como o Primeiro</p><p>e o Último, e que fora dele não há Deus?</p><p>Segunda-feira - Salmos 51:1-11</p><p>Que tipo de cristãos nós seríamos sem o Espírito</p><p>Santo de Deus? Qual seria o nosso caráter sem o fruto</p><p>do Espírito? Parece que o rei Davi sabia estas respos-</p><p>tas. A Bíblia ensina que quando o profeta Samuel ungiu-</p><p>-o no meio de seus irmãos, desde aquele dia o Espí-</p><p>rito do Senhor se apoderou de Davi (1Sm 16:13). Ele</p><p>tornou-se aclamado, amado, exaltado em Israel porque</p><p>o Espírito Santo estava sobre ele e apoderou-se dele. O</p><p>texto de hoje apresenta um homem desesperado, que</p><p>havia pecado contra Deus e sabia das consequências</p><p>de suas atitudes. Um homem atormentado com a ideia</p><p>de perder a alegria da salvação e de voltar à natureza</p><p>fraca, endurecida pelo engano do pecado. Eis a razão</p><p>do seu clamor. Oremos hoje para que entendamos como</p><p>42 Estudos Bíblicos</p><p>Davi a importância da presença do Espírito Santo em</p><p>nossa vida.</p><p>Terça-feira – João 14:16-20</p><p>O texto de hoje faz parte de um contexto onde</p><p>o Senhor Jesus está dando as últimas instruções aos</p><p>seus discípulos. Segundo o dicionário bíblico, “Conso-</p><p>lador” significa alguém chamado para estar ao lado de</p><p>uma pessoa e defendê-la. Um advogado, em suma. O</p><p>Senhor promete o Espírito da Verdade que estaria para</p><p>sempre com os discípulos, que habitaria com eles e</p><p>que estaria neles. Fisicamente, Jesus não estaria mais</p><p>com eles, porém não estariam sozinhos. O Consolador</p><p>o substituiria. Embora ele não estivesse presente fisica-</p><p>mente, estaria espiritualmente. E para sempre! O mundo</p><p>não pode recebê-lo porque está envolto nas práticas do</p><p>pecado. A fórmula para que o Consolador esteja sempre</p><p>conosco é crer em Deus e em Jesus Cristo. Esse é o</p><p>princípio de uma vida em santidade. Amém.</p><p>Quarta-feira – João 14:26</p><p>Toda a Escritura é de inspiração divina, e é apta</p><p>para ensinar. Homens santos falaram da parte de Deus</p><p>movidos pelo Espírito Santo. A Igreja Cristã é regida</p><p>pelo Senhor, e é por meio da Bíblia que ele a ensina.</p><p>Ele também abre as mentes e corações para as suas</p><p>verdades. Jesus transmitiu a Palavra do Pai aos discípu-</p><p>los (v. 24), e deu garantias de que eles seriam lembra-</p><p>dos de tudo o que havia lhes dito. Quem tem ouvidos,</p><p>deve ouvir o que o Espírito diz às Igrejas (Ap 2:7). Como</p><p>Jesus mesmo falou, não somos órfãos, pois o Espírito</p><p>Santo está conosco e sua missão é ensinar a Igreja do</p><p>Senhor. Nossa oração hoje deve ser para que tenhamos</p><p>www.ib7.org 43</p><p>bom ânimo para praticar tudo o que o Espírito de Deus</p><p>tem nos ensinado.</p><p>Quinta-feira – Atos 4:31</p><p>Que coisa maravilhosa! A igreja está em oração, e</p><p>não porque simplesmente está com medo. Ao contrário,</p><p>suplica para que o Senhor estenda suas mãos e conti-</p><p>nue a fazer curas, sinais e prodígios em nome de Jesus.</p><p>Como resultado, temos uma grande manifestação onde</p><p>todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam</p><p>a palavra de Deus. Se eu fosse pastor de uma igreja</p><p>nessa época, e me fosse tirada a liberdade de falar do</p><p>Evangelho da Salvação, como eu agiria? Como a minha</p><p>igreja se comportaria? Há dois detalhes importantes no</p><p>contexto do nosso estudo: Pedro falava com intrepidez,</p><p>porque estava cheio do Espírito Santo (v. 8), e os após-</p><p>tolos falavam das coisas que viram e ouviram (v. 20),</p><p>ou seja, falavam daquilo que o próprio Jesus lhes havia</p><p>ensinado. Olhando por essa ótica, acredito que eu e a</p><p>igreja agiríamos da mesma forma, vocês não acham?</p><p>Sexta-feira - Atos 2:1-16</p><p>De acordo com a promessa de Jesus, a descida</p><p>do Espírito Santo ocorreu no dia do Pentecostes, dia</p><p>em que os judeus ofereciam ao Senhor as primícias de</p><p>suas produções agrícolas. Essa foi uma ocasião propí-</p><p>cia para o derramamento do Espírito, porque ali estavam</p><p>judeus e prosélitos de várias partes do mundo conhe-</p><p>cido, e também porque naquele dia seria feita a primeira</p><p>colheita dos frutos do Reino, a partir da obra consumada</p><p>do Messias. Neste mesmo dia, a multidão foi possuída</p><p>de perplexidade ao visualizar a manifestação do Espírito</p><p>Santo, prometida no Antigo Testamento e confirmada</p><p>pelo próprio Senhor. Lucas diz que todos foram cheios</p><p>44 Estudos Bíblicos</p><p>do Espírito Santo e passaram a ser testemunhas de</p><p>Jesus, a partir dali e em todos os lugares. Amém.</p><p>Sábado - Atos 2:16-20</p><p>O marco da fundação da igreja em Jerusalém foi,</p><p>sem dúvida, a descida do Espírito Santo, e o livro de Atos</p><p>narra com riqueza de detalhes este grandioso evento.</p><p>Como já vimos, o cenário para o derramamento do Espí-</p><p>rito Santo foi o dia do Pentecostes. Para ali eram atraídos</p><p>judeus de todo o mundo conhecido. Muitos peregrinos,</p><p>mas também inúmeros judeus piedosos vinham a Jeru-</p><p>salém para adoração. A manifestação do Espírito Santo</p><p>ocasionou o fenômeno das línguas, que gerou debate</p><p>sobre a sanidade dos discípulos. O discurso inflamado</p><p>do apóstolo Pedro tem início com a citação, na íntegra,</p><p>da profecia de Joel (Jl 2:28-32), e que naquele dia inau-</p><p>gural da era da Igreja, deu-se o seu cumprimento. É</p><p>muito importante saber que o Senhor cumpre todas as</p><p>suas promessas, e confortador saber que todo aquele</p><p>que invocar o nome do Senhor será salvo.</p><p>www.ib7.org 45</p><p>JOEL</p><p>O DERRAMAMENTO DO</p><p>ESPÍRITO SANTO</p><p>Pr. Jonas Sommer</p><p>19 de Julho de 2014</p><p>3</p><p>TEXTO BÁSICO:</p><p>“E, depois disso, derramarei do meu Espírito</p><p>sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas</p><p>profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão</p><p>visões. Até sobre os servos e as servas derramarei</p><p>do meu Espírito naqueles dias”. (Jl 2:28-29, NVI)</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Joel, o segundo dos chamados profetas menores,</p><p>exerceu seu ministério em Judá, no Reino do Sul. Em que</p><p>pese o fato de ele ter profetizado sobre o derramamento</p><p>do Espírito de Deus no futuro, com manifestações espe-</p><p>cíficas, a tônica de sua profecia vai mais além. O livro</p><p>trata da ameaça de julgamento de Deus contra Judá,</p><p>que é ilustrado com a devastadora praga de gafanho-</p><p>tos. A esperança de Judá repousa no arrependimento</p><p>e na misericórdia divina, que trará, com os julgamentos</p><p>do Dia do Senhor, e na sua abundante misericórdia ao</p><p>restaurar a nação. Joel atinge seu propósito desenvol-</p><p>vendo-o nas três partes que compõem sua profecia.</p><p>Há quem advogue que o livro de Joel pode ser</p><p>dividido em duas partes. A primeira descreve a devas-</p><p>tação de Judá, ocasionada por uma grande praga de</p><p>gafanhotos e a comunidade. E a segunda, a resposta de</p><p>Deus a Israel e às nações, conforme ilustrado no quadro</p><p>abaixo:24</p><p>24 SOARES, Ezequias. Os doze profetas menores: advertências e consolações</p><p>para a santificação da Igreja de Cristo. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, out/</p><p>dez. 2012, p. 20.</p><p>46 Estudos Bíblicos</p><p>LIVRO DE JOEL</p><p>Primeira Parte Segunda Parte</p><p>A praga de gafanhotos e</p><p>a comunidade</p><p>(1:1 - 2:17)</p><p>A resposta do Senhor a</p><p>Israel e às nações</p><p>(2:18-3:21)</p><p>A praga dos gafanhotos</p><p>(1:1-4)</p><p>Compaixão pela</p><p>comunidade (2:18-27)</p><p>Chamado à lamentação</p><p>(1:1-4)</p><p>Bênçãos para</p><p>a cumunidade (2:28-32)</p><p>Grande alarme (2:1-11) Julgamento das nações</p><p>(3:1-17)</p><p>Chamado ao</p><p>arrependimento (2:12-17)</p><p>Presença de Deus em</p><p>Jerusalém (3:18-21)</p><p>Há, no entanto, outros que dividem a profecia de</p><p>Joel em pelo menos três partes: um juízo imediato (1),</p><p>um juízo iminente (2:1-27) e o juízo futuro (Jl 2:28-3:21).25</p><p>O PROFETA, SEU ESTILO E SEU TEMPO</p><p>Não sabemos muito sobre este profeta. Há 12</p><p>homens no Antigo Testamento com este nome, mas não</p><p>podemos identificar o profeta com qualquer um deles.</p><p>26Seu nome significa “Yahweh é Deus”.27 Seu pai se cha-</p><p>mava Betuel, segundo alguns targuns, ou Petuel, con-</p><p>forme o texto hebraico que nos chegou à mão.</p><p>Devido à familiaridade dele com aspectos do</p><p>templo, dos sacrifícios e do sacerdócio, pode-se presu-</p><p>25 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:</p><p>CPAD, 2012, p. 26.</p><p>26 CRABTREE, A. R. Profetas menores. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista,</p><p>1971, p. 15.</p><p>27 FINLEY, Thomas J. The Wycliffe exegetical commentary: Joel, Amos and Oba-</p><p>diah. Chicago: Moody Press, 1990, p 2.</p><p>www.ib7.org 47</p><p>mir que pertencia à classe sacerdotal.28 Por conta de</p><p>sua contundente mensagem de juízo, alguns o chamam</p><p>de “João Batista do Antigo Testamento”.29</p><p>Joel escreve como um poeta lírico e dramático,</p><p>com constante uso de contrastes.30 Conforme estudio-</p><p>sos da estilística literária hebraica, há muito de parale-</p><p>lismo e ritmo da poesia hebraica no escrito. As figuras de</p><p>linguagem usadas por Joel mostram ser ele um homem</p><p>de imaginação vívida. Ele emprega figuras fortes e usa</p><p>muitas exclamações, como se vê no texto em português.</p><p>Isto deve corrigir um equívoco que muitos, mesmo sem</p><p>preconceito, nutrem. É que pensamos nos profetas como</p><p>se fossem beduínos fanáticos ou ignorantes. Quando</p><p>muito, julgamos que como eram pessoas vivendo numa</p><p>época atrasada em relação à nossa, tais profetas foram</p><p>primitivos e boçais. Esses homens foram geniais. Prova</p><p>disso é que aqui estamos, já entrados no terceiro milênio,</p><p>aprendendo com eles, estudando o que escreveram.31</p><p>As discussões sobre a data do livro são bastante</p><p>acirradas. Tem-se atribuído datas desde o século nono</p><p>até o século quarto A.C., pelas várias escolas. Porém,</p><p>com base nas evidências internas, e tendo em vista que</p><p>ele é citado por Amós e Oséias, a estimativa mais razo-</p><p>ável é a época da minoridade de Joás, durante a regên-</p><p>cia de Joiada, o sumo sacerdote, por volta de 830 A.C.</p><p>(2Rs 11:17,18; 12:2-16; 2Cr 24:4-14). Em todo o livro</p><p>também não há nenhuma referência à Babilônia, à Assí-</p><p>ria ou mesmo à invasão da Síria, e os únicos inimigos</p><p>mencionados são os filisteus, os fenícios, os egípcios</p><p>e os edomitas (3:4,19). Se ele tivesse vivido após Joás,</p><p>28 SCHMOLLER, Otto. The book of Joel. Grand Rapids: Zondervan Publishing</p><p>House, 2008, p. 3.</p><p>29 MACDONALD, William. Believer’s Bible commentary. Nashville: Thomas Nelson,</p><p>1995, p. 1107.</p><p>30 LOPES, Hernandes Dias. Joel: o profeta do Pentecoste. São Paulo: Hagnos,</p><p>2009, p. 16.</p><p>31 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. O profeta Joel. Disponível em: <www.scribd.</p><p>com/doc/18338219/o-Profeta-Joel-Pr-Isaltino>. Acesso em: 25 mar. 2014.</p><p>48 Estudos Bíblicos</p><p>sem dúvida teria mencionado os sírios entre os inimigos</p><p>que enumera, uma vez que eles tomaram Jerusalém e</p><p>levaram o imenso espólio de Damasco (2Cr 24:23,24).</p><p>A idolatria também não é mencionada, e os serviços do</p><p>Templo, o sacerdócio e outras instituições da teocracia</p><p>são representados como florescentes.32 Warren Wier-</p><p>sbe diz que Joel foi o primeiro profeta a escrever suas</p><p>mensagens.33</p><p>O JUÍZO IMEDIATO: A DESOLAÇÃO CAUSADA</p><p>PELA INVASÃO DE GAFANHOTOS</p><p>O livro do profeta Joel é, sobretudo, escatológico.</p><p>O primeiro capítulo descreve a desolação causada em</p><p>Judá por uma invasão de gafanhotos – um dos instru-</p><p>mentos do juízo divino mencionado por Moisés em sua</p><p>profecia (Dt 28:38,39) e por Salomão em sua oração (1Rs</p><p>8:37), e que já havia sido usado por Deus contra o Egito</p><p>(Êx 10:12-20). Nos capítulos seguintes, há também pro-</p><p>messas de bênçãos em foco, mas o tema principal conti-</p><p>nua sendo o juízo divino, sendo que agora em um futuro</p><p>ainda mais adiante.34 Isto é, a principal mensagem de</p><p>Joel é que Deus julga, e essa mensagem da realidade</p><p>do juízo divino, conforme orientação do profeta ao povo,</p><p>não deveria ser esquecida, mas recontada às gerações</p><p>seguintes. Não é à toa que Deus permitiu que essa obra</p><p>inspirada pelo Espírito Santo ficasse para a posteri-</p><p>dade, para que sua mensagem nunca fosse olvidada e</p><p>pudesse reverberar durante séculos, despertando</p>