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<p>UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO</p><p>FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO</p><p>PROARQ – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura</p><p>A QUALIDADE DA ILUMINAÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR</p><p>Estudo de caso em enfermarias no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle na</p><p>Cidade do Rio de Janeiro.</p><p>Pesquisador: Alexandre Gois de Andrade</p><p>Projeto de pesquisa submetido à banca de qualificação para aprovação da</p><p>dissertação de Mestrado do programa de Pós-Graduação em Arquitetura,</p><p>Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de</p><p>Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de</p><p>Mestre em Ciências de Arquitetura, área de concentração Qualidade,</p><p>Ambiente e Paisagem, linha de pesquisa Arquitetura, Projeto e</p><p>Sustentabilidade.</p><p>Orientador: Prof. Mauro César de Oliveira Santos, Dr. (Orientador) -</p><p>(PROARQ / FAU / UFRJ).</p><p>Coorientador: Profª. Patrizia di Trapano, DSc. (EBA / UFRJ).</p><p>Rio de Janeiro</p><p>Março de 2020</p><p>UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO</p><p>FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO</p><p>PROARQ – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura</p><p>A QUALIDADE DA ILUMINAÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR</p><p>Estudo de caso em enfermarias no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle na</p><p>Cidade do Rio de Janeiro.</p><p>Pesquisador: Alexandre Gois de Andrade</p><p>Projeto de pesquisa submetido à banca de qualificação para aprovação da dissertação de</p><p>Mestrado do programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e</p><p>Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à</p><p>obtenção do Título de Mestre em Ciências de Arquitetura, área de concentração Qualidade,</p><p>Ambiente e Paisagem, linha de pesquisa Arquitetura, Projeto e Sustentabilidade.</p><p>Andrade, Alexandre Gois de.</p><p>A qualidade da iluminação no ambiente hospitalar. Estudo de caso em</p><p>enfermarias no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle na Cidade do Rio de</p><p>Janeiro / Alexandre Gois de Andrade – Rio de Janeiro: UFRJ/FAU/PROARQ,</p><p>2020.</p><p>xiv, 144f.: il.; 31cm</p><p>Orientador: Mauro César de Oliveira Santos.</p><p>Coorientador: Patrizia di Trapano.</p><p>Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Rio de Janeiro,</p><p>PROARQ/Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, 2020.</p><p>Referências Bibliográficas: f. 106 – 111.</p><p>Iluminação 2. Ambientes de Saúde 3. Simulação Computacional 4. HUGG 5.</p><p>Ritmo Circadiano I. Mauro César de Oliveira. II. Universidade Federal do Rio de</p><p>Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em</p><p>Arquitetura. III. Título.</p><p>RESUMO:</p><p>São conhecidas diversas estratégias para promover o conforto lumínico nas edificações</p><p>hospitalares. Esta pesquisa apresenta como objeto de estudo as seguintes questões: [1] Quais são</p><p>os elementos decisivos e que norteiam um projeto de iluminação do ambiente de saúde? [2] A</p><p>iluminação artificial em LED causa danos ou prejuízos aos ocupantes em um ambiente de saúde?</p><p>[3] Como as normas e recomendações de iluminação utilizadas no Brasil, na Comunidade Europeia</p><p>e nos EUA, ABNT ISO 8995-1, ABNT NBR 15215, DIN 5035-3, DIN EN 12464-1, IESNA ANSI</p><p>IES RP-29-16, LEED 2009 for Healthcare e WELL Building Standard V1, resultam em benefícios</p><p>aos usuários dos ambientes de saúde? A partir das respostas destes questionamentos, foram</p><p>elaboradas recomendações para a melhoria do conforto lumínico dos ocupantes do ambiente de</p><p>saúde, visando a qualidade da iluminação aliada à eficiência energética. A metodologia do trabalho</p><p>se desenvolveu a partir da revisão bibliográfica sobre luz natural e artificial; revisão bibliográfica</p><p>integrativa; aplicação de questionário com teste de evocação livre de palavras (TEP) e escala de</p><p>Likert aos associados da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Edificação Hospitalar</p><p>(ABDEH); análise de conteúdo em entrevistas com Arquitetos e Lighting Designers com</p><p>experiência na área de saúde; simulações computacionais de iluminação estáticas e dinâmicas</p><p>através dos softwares AGI 32 e LICASO, em enfermaria do Hospital Universitário Gaffrée e</p><p>Guinle (HUGG). Os resultados revelaram a importância e os benefícios da luz natural nas atitudes</p><p>dos profissionais de projeto de arquitetura através da teoria das representações sociais. Além disso,</p><p>as simulações indicaram que a disponibilidade de luz natural e a iluminação artificial, quando</p><p>adequadas às normas citadas, permitem a sincronização do ritmo circadiano, tendo como</p><p>consequência o bem-estar dos ocupantes da edificação.</p><p>Palavras Chave: Iluminação; Ambientes de saúde, Simulação computacional; HUGG; Ritmo</p><p>circadiano.</p><p>ABSTRACT:</p><p>Several strategies are known to promote light comfort in hospital buildings. This research presents</p><p>the following questions as an object of study: [1] What are the decisive elements that guide a</p><p>lighting project for the health environment? [2] Does artificial LED lighting cause damage or harm</p><p>to occupants in a healthcare environment? [3] As the lighting standards and recommendations used</p><p>in Brazil, the European Community and the USA, ABNT ISO 8995-1, ABNT NBR 15215, DIN</p><p>5035-3, DIN EN 12464-1, IESNA ANSI IES RP-29-16, LEED 2009 for Healthcare and WELL</p><p>Building Standard V1, result in benefits for users of healthcare environments? From the answers</p><p>to these questions, recommendations were made to improve the lighting comfort of occupants of</p><p>the health environment, aiming at the quality of lighting combined with energy efficiency. The</p><p>methodology of the work was developed from the bibliographic review on natural and artificial</p><p>light; integrative bibliographic review; application of a questionnaire with free word evocation test</p><p>(TEP) and Likert scale to members of the Associação Brasileira para o Desenvolvimento da</p><p>Edificação Hospitalar (ABDEH); content analysis in interviews with Architects and Lighting</p><p>Designers with experience in the health field; computational simulations of static and dynamic</p><p>lighting using the software AGI 32 and LICASO, in the ward of the Hospital Universitário Gaffrée</p><p>e Guinle (HUGG). The results revealed the importance and benefits of natural light in the attitudes</p><p>of architectural design professionals through the theory of social representations. In addition, the</p><p>simulations indicated that the availability of natural light and artificial lighting, when appropriate</p><p>to the aforementioned standards, allow the synchronization of the circadian rhythm, resulting in</p><p>the well-being of the building's occupants.</p><p>Key words: Lighting; Health environments, Computer simulation; HUGG; Circadian rhythm.</p><p>A patient's bed should always be in the lightest spot in the room; and he</p><p>should be able to see out of the window (Nightingale, 2017, p. 23).</p><p>The axis of a ward should be as nearly as possible north and south; the</p><p>windows on both sides, so that the sun shall shine in (from the time he rises</p><p>till the time he sets) at one side or the other. There should be a window to</p><p>at least two beds, as is the case now in our best hospitals. Some foreign</p><p>hospitals, in countries where the light is far more intense than in England,</p><p>give one window to every bed (Nightingale, 2015, n.p.)</p><p>Dedicatória</p><p>Às Annas da minha vida:</p><p>Anna Gois de Andrade, minha mãe, que mesmo sem lembrar meu nome, sabia quem eu era e me agraciava</p><p>com um sorriso. Sem querer ela me influenciou na decisão de estudar a arquitetura hospitalar, pois quando</p><p>percebi já estava envolvido com a influência da luz no comportamento humano, nas emoções e Oxalá na</p><p>transformação da luz de hospital em luz da cura.</p><p>Anna Nunes de Andrade, minha filha, generosa, iluminada, e que no auge de sua juventude me ensinou</p><p>tantas coisas, dentre elas, que não há limites para o amor.</p><p>Agradecimentos</p><p>Aos professores Mauro Santos e Ivani Bursztyn, cujo acolhimento e orientação me</p><p>2019.</p><p>A fim de representar as gradações de cores de uma fonte de luz o CIE desenvolveu um diagrama</p><p>de cromaticidade bidimensional cujas coordenadas indicam as cores espectrais, e o ponto central</p><p>corresponde a cor branca (x = 0,33 e y = 0,33). Neste diagrama está representada a curva padrão</p><p>do corpo negro, composta pelas cores de luz relacionadas ao aquecimento de um objeto feito de</p><p>platina aquecida, conforme Figura 9:</p><p>19</p><p>Figura 9 - Diagrama de cromaticidade.</p><p>Fonte: LICHT.WISSEN 01, 2016.</p><p>Entretanto, fontes de luz com a mesma temperatura de cor podem ocasionar diferentes aparências</p><p>em ambientes ou objetos, seja devido as distintas composições espectrais da luz emitida, da direção</p><p>de visualização, tempo de exposição ou de aspectos físicos e psicológicos do observador, entre</p><p>outros (IESNA IES, 2000, p.4-1). A Figura 10 mostra exemplo de composição espectral da luz do</p><p>dia em comparação com a da lâmpada fluorescente e LED de mesma temperatura de cor aparente:</p><p>Figura 10 - Curvas espectrais de fontes de luz natural e artificial.</p><p>Fonte: LICHT.WISSEN 19, 2014.</p><p>Podemos citar, por exemplo, o estudo realizado por Kruithof em 1941, a fim de avaliar os efeitos</p><p>psicológicos da iluminação ao variarmos a temperatura de cor e a iluminância. Nesta pesquisa,</p><p>Kruithof (1941) indica que existe uma relação entre a faixa de iluminâncias que consideramos</p><p>“agradável” (do termo original pleasant), e as temperaturas de cor, conforme a Figura 11:</p><p>20</p><p>Figura 11 - Iluminância x Temperatura de cor.</p><p>Autor, adaptado de KRUITHOF, 1941.</p><p>Kruithof (1941) concluiu que as pessoas preferem fontes de luz com elevadas temperaturas de cor</p><p>em iluminâncias altas e fontes de luz com baixas temperaturas de cor em iluminâncias baixas.</p><p>Entretanto, este tema é discutido e revisitado por outros autores como Bodmann (1967), Davis e</p><p>Ginthner (1990), Ashdown, (2015) e Fotios (2017).</p><p>No artigo intitulado Quality of Interior Lighting Based on Luminance, Bodmann (1967),</p><p>entrevistou 400 sujeitos em uma sala de conferências onde foram submetidos a uma iluminação</p><p>com temperaturas de cor e iluminâncias pré-definidas. Todas as lâmpadas utilizadas na experiência</p><p>possuíam IRC maior que 85. Ao fim da experiência os resultados indicaram que a satisfação dos</p><p>usuários está relacionada a estes aspectos conforme Kruithof (1941), conforme Quadro 1:</p><p>Quadro 1 - Iluminância x temperatura de cor.</p><p>Autor, adaptado de BODMANN, 1967.</p><p>Entretanto, considerando-se que o ambiente de teste foi diferente, além do método aplicado,</p><p>Bodmann demonstra que seus resultados divergem daqueles encontrados por Kruithof (1941) em</p><p>iluminâncias mais elevadas. Bodmann (1967) afirma que na faixa de 700 a 3000 lux o ambiente</p><p>se mostrou aceitável para todos os tipos de lâmpadas e temperaturas de cor, quando não há outros</p><p>fatores envolvidos, contrariando a pesquisa de 1941 (KRUITHOF).</p><p>21</p><p>Por sua vez, Davis e Ginthner (1990) relatam que apesar do estudo de Kruithof ter sido publicado</p><p>diversas vezes em uma referência confiável como o IESNA Lighting Handbook, nenhuma</p><p>informação sobre o IRC das lâmpadas foi mencionada, o que suscitou dúvidas sobre a</p><p>confiabilidade da pesquisa por suspeitas que os sujeitos (há relatos que foram apenas dois, sendo</p><p>um deles o próprio autor) tivessem sido influenciados pelo baixo IRC das fontes de luz baseadas</p><p>em tecnologia fluorescente, visto que Kruithof trabalhava no desenvolvimento destas lâmpadas</p><p>para a Philips.</p><p>Ashdown, (2015) considera que Kruithof merece crédito por ter sido o primeiro a investigar o</p><p>assunto, apesar da falta de detalhamento na descrição do método, compreensível, por se tratar de</p><p>um estudo piloto com resultados preliminares. Entretanto, descreve a curva proposta por Kruithof</p><p>como “sem sentido”, pois não há limite superior para iluminação agradável em qualquer</p><p>temperatura de cor, e o limite inferior é relacionado a baixa iluminância, independentemente da</p><p>temperatura de cor.</p><p>Ao sintetizar essas ideias em uma revisão bibliográfica com 29 artigos sobre o trabalho de</p><p>Kruithof, Fotios (2017) concluiu que a única condição a ser evitada é a baixa iluminância, e que</p><p>futuros trabalhos deveriam relacionar as curvas espectrais das fontes de luz além da TCC, e</p><p>investigar as respostas fisiológicas.</p><p>A complexidade do tema não é menor quando nos referimos ao conceito do índice de reprodução</p><p>de cor, que é relacionada a capacidade de uma fonte de luz reproduzir a cor de objetos da mesma</p><p>forma que uma fonte luminosa de referência, em uma determinada temperatura de cor (IESNA</p><p>IES, 2000, p.3-40).</p><p>Um objeto ou uma superfície exposta à diferentes fontes de luminosidade são percebidas</p><p>visualmente em diferentes tonalidades. Esta variação está relacionada com as diferentes</p><p>capacidades das lâmpadas de reproduzirem diferentemente as cores dos objetos. Deste</p><p>fenômeno assume-se que sem luz não há cor. A capacidade da luz incidente em reproduzir</p><p>cores, adotou-se o conceito de reprodução de cores uma escala qualitativa de 0 a 100, ou</p><p>índice de reprodução de cores (IRC) (VIANNA; GONÇALVES, 2001, p.72).</p><p>Por tais razões, a ABNT ISO CIE 8995-1, (2013, p. 9), recomenda que o IRC seja elevado “tanto</p><p>para o desempenho visual quanto para a sensação de conforto e bem-estar, e que as cores do</p><p>ambiente dos objetos e da pele humana sejam reproduzidas natural e corretamente, e de modo que</p><p>façam com que as pessoas tenham uma aparência atrativa e saudável.” Recomenda-se a utilização</p><p>de fontes de luz com IRC acima de 80 em locais de longa permanência. Entretanto. os valores</p><p>mínimos recomendados são tabelados de acordo com as atividades e tarefas.</p><p>Na tarefa de fixar as premissas teóricas necessárias ao tratamento do tema, a CIE recomenda um</p><p>método de teste de cores que representa o grau de desvio de matiz de amostras submetidas a fontes</p><p>iluminantes padronizadas, submetidas a mesma temperatura de cor. O método produz uma</p><p>22</p><p>classificação que consiste em um índice geral: Ra, que representa a média de oito índices especiais:</p><p>R1-8, relacionados as amostras adequadas a reprodução das tonalidades do teste, além de outros</p><p>seis índices especiais e complementares: R9-14 (IESNA IES, 2000, p. 4-22).</p><p>Entretanto, com o desenvolvimento da tecnologia de emissão de luz em estado sólido, os comitês</p><p>da CIE apresentaram revisões ao método por conta de: Limitações devidas a quantidade e padrão</p><p>das 8 amostras de cor; pelo IRC ser apenas uma métrica de fidelidade de cor; por usar duas</p><p>fontes luminosas de referência; pela ausência de limite inferior na escala. Em 2015, adotou-se</p><p>então, um novo método, denominado TM-30, que inclui novas métricas, critérios e padrões que</p><p>foram consenso entre a indústria, entidades de projeto e governamentais. Entretanto, sua adoção</p><p>ainda não é exigida como um padrão, porém é utilizada como complementar ao IRC (U.S</p><p>DEPARTAMENT OF ENERGY, 2015).</p><p>O detalhamento do TM-30 não é o objetivo desta pesquisa, entretanto, alguns aspectos relevantes</p><p>devem ser descritos: Fidelidade de cores (Rf); Gama de cores (Rg); Gráficos, Figura 12:</p><p>Figura 12 - Principais aspectos do TM-30.</p><p>Autor baseado em ROYER and HOUSER, 2015.</p><p>A fidelidade de cores (Rf) é de certa forma, análoga ao Ra (IRC). É caracterizada pela média da</p><p>variação de cor entre a fonte de luz sob avaliação e o iluminante padrão, entretanto utiliza noventa</p><p>e nove amostras enquanto o IRC utilizava apenas oito, aumentando assim a precisão do método.</p><p>Os valores são limitados a faixa de zero a cem, quando no IRC não havia limite inferior,</p><p>melhorando assim a compreensão dos valores (U.S DEPARTAMENT OF ENERGY, 2015).</p><p>23</p><p>Figura 13 - Refletância x comprimento de onda (esq.) e Amostras de cores sob iluminante de 5000K (dir.).</p><p>Fonte: U.S DEPARTAMENT OF ENERGY, 2015.</p><p>A gama (gamut) de cores (Rg) compara a área delimitada pelas coordenadas de cromaticidade</p><p>média em cada fonte de teste em relação ao iluminante</p><p>padrão. O valor neutro é cem, e para valores</p><p>maiores que cem indicando um aumento nas saturações e valores menores indicando uma</p><p>diminuição na saturação (U.S DEPARTAMENT OF ENERGY, 2015).</p><p>O gráfico de vetores permite uma representação visual das variações de matiz e saturação,</p><p>baseados na média de cada agrupamento tonal em relação ao iluminante padrão. O gráfico</p><p>proporciona o rápido entendimento de como os matizes são reproduzidos pela amostra da fonte de</p><p>luz sob avaliação.</p><p>Figura 14 - Gráfico de vetores.</p><p>Fonte: U.S DEPARTAMENT OF ENERGY, 2015.</p><p>2.3 Conceitos de iluminação na arquitetura hospitalar</p><p>Dentre as autoras mais citadas em publicações sobre arquitetura hospitalar ao longo dos últimos</p><p>cem anos está, sem dúvida, Florence Nightingale, enfermeira britânica que participou da guerra da</p><p>Criméia e influenciou projetos com suas recomendações em duas publicações: Notes on nursing</p><p>(2017) e Notes on hospitals (2015). Ao incentivar a adoção de aberturas laterais nas edificações</p><p>24</p><p>hospitalares pavilhonares, Nightingale tinha como objetivo principal propiciar a ventilação natural,</p><p>entretanto, em seus estudos, percebeu que a luz também tinha papel terapêutico, afirmando que a</p><p>‘luz é essencial tanto para a saúde quanto para a recuperação”, e que o “o aspecto, a visão do</p><p>exterior e a luz do sol são assuntos de primeira importância para o doente”. (NIGHTINGALE,</p><p>2015, p. 23).</p><p>No que diz respeito às inovações trazidas pela tipologia de monobloco vertical no século XX,</p><p>agrupando setores e funções em planos funcionais, e transformando o hospital em uma máquina,</p><p>Costeira (2014, p.110) afirma que as tecnologias de climatização propiciaram o surgimento de</p><p>“diversos ambientes sem janelas” e que com isso:</p><p>O hospital monobloco se afasta de alguns dos mais importantes princípios encontrados</p><p>nos pavilhões “Nightingale” que preconizavam, ao lado de enfermarias com a ventilação</p><p>natural cruzada, a presença de abundante insolação. Estes atributos de insolação e</p><p>ventilação naturais só serão retomados pelos arquitetos no final da década de 1990, com</p><p>a crescente preocupação em humanizar os ambientes de assistência em saúde, dotando-</p><p>os de largas janelas que possam agregar a paisagem exterior com os leitos dos pacientes.</p><p>(COSTEIRA, 2014, p.110).</p><p>Na visão de Verderber (2010, p.52), as edificações hospitalares deveriam ser reinventadas,</p><p>removendo as barreiras que conectam o interior ao exterior, pois estas não favorecem ao processo</p><p>de cura. Esse processo de desmaterialização das barreiras físicas e simbólicas que impedem a visão</p><p>do mundo exterior, tem a capacidade de revelar a natureza e permitir que o edifício respire. Ao</p><p>enfatizar os aspectos da relação entre o ambiente hospitalar, a saúde humana e a sustentabilidade</p><p>nas edificações, Verderber (2010, p.9) defende padrões ou agentes de cura, dentre eles destaca-se</p><p>a importância da iluminação natural e vistas de qualidade para o exterior:</p><p>Luz natural e vista para o exterior - Fornecimento de luz natural e sua transmissão para</p><p>espaços interiores em ambientes de assistência médica, em oposição a ambientes de</p><p>assistência que não oferecem vistas significativas para o exterior ou são mal situados e,</p><p>portanto, impedem a transmissão da luz do dia para o ambiente construído.</p><p>(VERDERBER, 2010, p.10).</p><p>No século XXI, em que pese o que pareça ser o senso comum, a “luz de hospital” de cor branca,</p><p>fria e monótona, vem sendo substituída pelo conceito que privilegia o conforto, assim como o da</p><p>integração com a luz natural, dinâmica e, portanto, com variações de cor e de intensidade. Para</p><p>tanto se faz necessário identificar nos projetos soluções inovadoras e voltadas para o bem-estar</p><p>dos atores da edificação. Aliás, neste tocante, estão cada vez mais presentes os projetos executados</p><p>por especialistas, “lighting designers”, no Brasil denominados “arquitetos de iluminação”.</p><p>Até o final da década de 90, lidávamos com este assunto sem entender a necessidade do</p><p>trabalho de um lighting designer. Quando se concluía o projeto de arquitetura era preciso</p><p>passá-lo para um engenheiro de instalações, que fazia a iluminação com determinado</p><p>número de pontos de luz e certa quantidade de lux. A virada do século foi um momento</p><p>de oportunidade para novos profissionais e especialistas no assunto, como os lighting</p><p>designers. A partir dali começou a se dar mais importância à iluminação, que antes recebia</p><p>25</p><p>o mesmo cuidado da instalação de uma tomada ou de uma torneira; era secundário. A</p><p>qualidade da iluminação, combinada com o conhecimento das tecnologias que surgiram,</p><p>valoriza profundamente o projeto de arquitetura. O espaço dos lighting designers cresce</p><p>qualitativamente e de forma irreversível nos ambientes de saúde. Hoje, é inconcebível</p><p>fazer o projeto de um hospital sem ter o assessoramento, a consultoria e o apoio de um</p><p>lighting designer. Este profissional é estratégico na qualidade do resultado final da</p><p>produção de melhores ambientes de saúde (BITENCOURT, 2013 p.10 e 11).</p><p>Para Costi, (2002, p.207), a impressão que o paciente tem do ambiente pode ser marcante, e mesmo</p><p>sendo um hospital, este deve ser agradável, neste sentido avalia que “ a luz e a cor têm sido</p><p>valorizadas nos ambientes de circulação e espera dos estabelecimentos assistenciais de saúde, mas</p><p>sua integração com os demais projetos desde o início do processo projetual não é comum”. Em</p><p>que pese tal posição, a arquiteta e light designer Neide Senzi em sua entrevista à revista Lume</p><p>Arquitetura em 2016 ressalta que: “Gosto de usar a luz como um efeito visual interessante e de</p><p>desconectar a relação do hospital com a luz, logo, nada no hospital tem de parecer com hospital”</p><p>(2016). Pensando no conforto de pacientes e funcionários, Andrade, (2016), defende que:</p><p>No caso do quarto de internação a iluminação tem como finalidade amenizar os efeitos</p><p>negativos do tratamento para o enfermo, criando um ambiente aconchegante e agradável,</p><p>além de colaborar com a saúde mental e psicológica dos funcionários, favorecendo a</p><p>potencialização de sua produtividade e atendimento ao paciente. Destaca-se o fato de que</p><p>o paciente internado mantém-se no quarto a maior parte do tempo, sua mobilidade dentro</p><p>da unidade é reduzida. Por esta razão, o conforto lumínico deste ambiente deve favorecer</p><p>o repouso dos pacientes. (ANDRADE, 2016, p.86).</p><p>Hamilton (apud HAMILTON-WATKINS, 2009, p.78) afirma que “ambiente de cura é o resultado</p><p>de um projeto que demonstra melhorias mensuráveis no estado físico e psicológico de pacientes,</p><p>visitantes, médicos e funcionários”. Quanto maior o tempo de exposição a uma determinada</p><p>tipologia, maior é o potencial para que o ambiente tenha um impacto mensurável no indivíduo. A</p><p>condição física do mesmo também deve ser levada em consideração. Os frágeis, os recém-nascidos</p><p>e aqueles que são dependentes de outras pessoas são mais suscetíveis ao ambiente, especialmente</p><p>nos aspectos potencialmente negativos. Esta é uma das razões pelas quais é importante que o</p><p>ambiente hospitalar seja acolhedor, ou no mínimo, não cause nenhum prejuízo à saúde do paciente</p><p>(HAMILTON-WATKINS, 2009, p.81).</p><p>Na tarefa de fixar as premissas teóricas necessárias ao tratamento do tema, a IESNA ANSI IES</p><p>RP-29-16 (2016, p.5) afirma que os projetistas devem considerar que as necessidades de</p><p>iluminação de pacientes e staff diferem, e para evitar conflitos, estes devem determinar</p><p>prioridades, sem esquecer da flexibilidade e de soluções criativas adequadas ao ambiente</p><p>hospitalar, e o IESNA ANSI IES RP-29-16 (2016, p. 9; 34; 41 e 47) recomenda cinco categorias</p><p>projetuais em EAS:</p><p>26</p><p>• Conforto – observar necessidades conflitantes entre médicos e pacientes; o uso da luz natural, a</p><p>mitigação de ofuscamento, atributos visuais e estéticos, considerações sobre idade do paciente a</p><p>integração com as superfícies e acabamentos.</p><p>• Função – a execução de tarefas é primordial em um EAS, médicos,</p><p>enfermeiros, pacientes e</p><p>acompanhantes devem ser capazes de não somente enxergar, mas manipular, e observar</p><p>diferenças na cor e textura de objetos, seja através de altas iluminâncias, seja por diferença de</p><p>contrastes. Outros fatores devem ser considerados como temperatura de cor, índice de reprodução</p><p>de cor e uniformidade.</p><p>• Segurança – deve -se levar em conta que os ocupantes de um hospital podem ter limitações de</p><p>locomoção, stress emocional, efeitos da medicação, dificuldades de visão, entre outros, sendo</p><p>assim a luz correta pode mitigar o risco de quedas. A iluminação pode promover a correta</p><p>administração de remédios e o controle de infecções com o uso de luminárias que possam ser</p><p>laváveis ou descontaminadas quimicamente.</p><p>• Saúde e bem-estar – Com ligação direta ao tema do conforto, uma boa iluminação pode ser usada</p><p>para criar ambientes acolhedores e de apoio emocional, promovendo uma redução de ansiedade</p><p>de pacientes e demais impactados do ambiente hospitalar. Os projetistas de iluminação devem</p><p>desenvolver soluções que simultaneamente atendam as demandas da equipe médica e de</p><p>pacientes fragilizados por sua condição. Dentre os estudos recentes destacam-se os promovidos</p><p>pela cronobiologia, que aborda a influência da luz na saúde humana, física e mentalmente, assim</p><p>como no comportamento e desempenho.</p><p>• Sustentabilidade – por se tratar de um tema amplo, não se trata apenas das questões de uso de luz</p><p>natural e da eficiência energética do ambiente construído, e sim por aspectos relacionados a uma</p><p>edificação que opera 24 horas por dia, 7 dias por semana, o que implica na vida útil dos</p><p>equipamentos de iluminação, sua efetiva manutenção, ciclo de vida dos produtos e o impacto</p><p>ambiental de um futuro descarte.</p><p>2.4 Ritmo circadiano</p><p>Ao realizar análise específica do aproveitamento da luz natural na arquitetura, Fonseca (2000)</p><p>desenvolve seus estudos sobre os seus benefícios e as relações com a saúde o bem-estar do ser</p><p>humano, ao permitir a integração dos ambientes internos e externos. Ao sintetizar essas ideias,</p><p>afirma a autora que a luz natural “possibilita a desejada sincronia entre o funcionamento orgânico</p><p>e os sinais temporais externos, num favorecimento, em última instância, ao conforto, bem-estar e</p><p>desempenho” (FONSECA, 2007, p. 43)</p><p>27</p><p>A cronobiologia é uma ciência relativamente recente (Século XVIII), que por razões tecnológicas</p><p>alcançou seu reconhecimento apenas na década de 60, ao obter a comprovação de seus princípios:</p><p>Os seres vivos sincronizam suas funções vitais ritmicamente com o ambiente, sendo possível,</p><p>relacionar-se com este em horários adequados (JANSEN et al, 2007).</p><p>No que se refere aos ritmos biológicos Jansen et al (2007, p. 51) explica que “são nitidamente o</p><p>aparecimento recorrente e regular de eventos fisiológicos, morfológicos ou comportamentais,</p><p>antecipando-se a fatos externos”. Existem vários referenciais temporais, dentre estes destaca-se o</p><p>circadiano (circa: cerca; diem: dia), com período aproximado de um dia. Quando se trata de ciclo</p><p>circadiano, Rea e Figuero, (2011) descreve o acoplamento muito forte entre o claro-escuro padrão</p><p>do ambiente natural e a ciclicidade do relógio mestre endógeno, ou seja, sem este mecanismo</p><p>sincronizador, nosso relógio interno fica fora de sincronia, Figura 15 .</p><p>Figura 15 - Ciclo de atividade humana.</p><p>Fonte: LIGHTING EUROPE, 2016.</p><p>2.4.1 Percepção da luz</p><p>Embora o presente texto não comporte o detalhamento da parte biológica da percepção humana da</p><p>luz, vale ressaltar o estudo conduzido por Berson, Dunn e Takao, (2002), em que foram</p><p>descobertos novos fotorreceptores em celulares ganglionares da retina, denominadas ipRGCS</p><p>28</p><p>(intrinsically photosensitive retinal ganglion cells) que, por meio de um pigmento denominado</p><p>melanopsina, permite a conversão da radiação eletromagnética visível em sinais nervosos levados</p><p>ao núcleo supraquiasmático (SCN) do hipotálamo central. (O SCN é o marcapasso que regula os</p><p>ritmos circadianos). Estes fotorreceptores, diferentemente dos cones e bastonetes, não possuem</p><p>funções visuais, apenas o registro da luminância do ambiente, conforme Figura 16.</p><p>Figura 16 - Células ganglionares fotorreceptoras.</p><p>Fonte: LICHT.WISSEN 19, 2016.</p><p>À noite, a luz absorvida pelos foto pigmentos da retina sinaliza ao relógio biológico no SCN do</p><p>hipotálamo para suprimir a produção noturna de melatonina pela glândula pineal. O percentual de</p><p>supressão de melatonina em relação a iluminância zero (da escuridão) é um indicador do ritmo</p><p>circadiano. Cabe salientar que as pesquisas realizadas nos últimos vinte anos indicam o impacto</p><p>da exposição da retina à luz no processo de sincronismo deste ritmo (REA; FIGUERO, 2016, p.1).</p><p>Pelo sistema não visual a luz, entre outros efeitos, suprime a produção pineal de</p><p>melatonina, aumenta a frequência cardíaca e a temperatura corporal, estimula a produção</p><p>de cortisol e atua como um estimulante neurofisiológico, aumentando as medidas</p><p>subjetivas e objetivas de alerta, tempo de reação psicomotora e reduzindo lapsos de</p><p>atenção. A partir da descoberta do sistema não visual circadiano, o olho passou a ser</p><p>também entendido como um órgão da percepção temporal, pois as respostas não visuais</p><p>são separadas dos aspectos da visão, na medida que não estão relacionadas a padrões</p><p>espaciais de exposição à luz (SOARES, 2018, p. 26).</p><p>Dentre as relações verificadas, o espectro de ação da melanopsina nas ipRGCS humanas mostra</p><p>um pico de sensibilidade à aproximadamente 484 nm, (REA; FIGUERO, 2016, p. 3), ou seja,</p><p>coincidem com o espectro de fontes de luz artificial com predominância da luz azul, como as fontes</p><p>de luz com temperatura de cor elevada ou aquelas baseadas em tecnologia LED. “De todas as</p><p>fontes de luz artificial utilizadas em iluminação, o LED, pela composição espectral da luz que</p><p>emite, é a que possui maior capacidade para causar a supressão pineal da produção de melatonina,</p><p>29</p><p>e consequente impactos deletérios na saúde dos usuários.” (SOARES, 2018, p.40), como</p><p>exemplificado na Figura 17:</p><p>Figura 17 - Curvas de distribuição espectral de 4 fontes de luz equalizadas a 500 lumens e a curva do risco da luz</p><p>azul e da função de eficiência visual.</p><p>Fonte: U.S DEPARTAMENT OF ENERGY, 2013.</p><p>As preocupações dos prováveis malefícios que a luz artificial, e mais especificamente, a luz</p><p>produzida por dispositivos semicondutores, são tema de debates em congressos e em associações</p><p>não governamentais como a Lighting Europe, que representa mais de mil empresas na Europa,</p><p>empregando cem mil pessoas pelo continente, e portanto defendem, entre outros, o crescimento</p><p>estratégico da indústria de iluminação que beneficiará os usuários europeus e o meio-ambiente,</p><p>promovendo a economia circular. Para tal incentivam o mercado a adotar luminárias em LED,</p><p>sistemas de iluminação inteligente, e a idéia de “Human Centric Lighting” (HCL), iluminação</p><p>voltada ao bem-estar do ser humano (LIGHTING EUROPE, 2016).</p><p>A discussão sobre o risco da luz azul (blue light hazard) é de escala global, ao sintetizar essas</p><p>ideias o Departamento de Energia dos EUA, (U.S DEPARTAMENT OF ENERGY 2013, p.1) afirma</p><p>que embora associado aos LEDs, os mesmos não emitem mais luz azul que outras fontes de luz de</p><p>mesma temperatura de cor correlata e de acordo com os padrões internacionais, nenhuma fonte de</p><p>luz branca usada em aplicações gerais é considerada perigosa a retina de adultos saudáveis. Mesmo</p><p>quando a intensidade da luz gera desconforto, o risco é mitigado por mecanismos de defesa natural,</p><p>como piscar, constrição da pupila, mover os olhos e a cabeça, o que protege a retina contra sobre-</p><p>exposição. Sem estes mecanismos o próprio sol poderia danificar nossos olhos.</p><p>Entretanto, em estudo recente sobre o risco que os LEDs representam a saúde humana, Soares,</p><p>(2018, p. 76) mostrou em seu estudo de campo este impacto, reportando pela primeira vez no</p><p>Brasil alterações</p><p>na carga da melatonina sintetizada e o ritmo da temperatura corporal em função</p><p>30</p><p>da utilização de fontes de luz baseadas em LEDs. Portanto, longe de caracterizar dissonância,</p><p>evidencia, de um lado, sua importância e, de outro recomenda aos lighting designers que “além de</p><p>interagir com a arquitetura, dar expressividade e significado aos ambientes, atender a critérios</p><p>técnicos, funcionais e normativos, além de buscar eficiência energética, se familiarize com o tema</p><p>Luz e Saúde”.</p><p>Apenas a título exemplificativo, a fim de mostrar a importância dos estudos sobre os possíveis</p><p>efeitos secundários da adoção de LEDs na iluminação, em setembro de 2018 no Hospital</p><p>Universitário Gaffree e Guinle (HUGG), foi reinaugurada a Maternidade Escola Professor Rogério</p><p>Rocco. O espaço possui 20 leitos obstetrícios, e foram contempladas com três centros de parto</p><p>normal, denominados PPP (pré-parto, parto e pós-parto). A maternidade também conta com uma</p><p>Unidade Intermediária Neonatal, com 4 leitos normais e um leito canguru, onde o bebê poderá</p><p>ficar com as mães em tempo integral (UNIRIO, 2019).</p><p>Merece destaque que no projeto dos quartos PPP existe a possibilidade de uso de luz com</p><p>tonalidade azul, além da luz branca. Esta funcionalidade também está presente nos corredores, que</p><p>são utilizados pelas mães para deambular com os recém-nascidos, por vezes realizando</p><p>aleitamento, Figura 18:</p><p>Figura 18– Quarto PPP e Corredor HUGG.</p><p>Fonte: UNIRIO, 2019</p><p>Cabe salientar, neste momento, que conforme a pesquisa de Soares (2018), os LEDs “promovem</p><p>alterações na carga de melatonina sintetizada e no ritmo de temperatura corporal”, em especial</p><p>aqueles com comprimento de onda próximos ao pico de sensibilidade (484 nm) dos foto receptores</p><p>ipRGCS, (REA; FIGUERO, 2016).</p><p>31</p><p>2.4.2 A relação da luz no ritmo circadiano</p><p>Ao abordar as convergências e divergências nas pesquisas que relacionavam a influência da luz</p><p>nas respostas biológicas no ser humano, Martau, (2009, p. 128), afirma que “podem ser</p><p>inadequadas as práticas e a legislação atual, que preconizam atender tão somente aos requisitos</p><p>visuais, baseados na iluminância do ambiente e não nas respostas fisiológicas das pessoas,</p><p>baseadas na luz incidente nos olhos”.</p><p>A luz circadiana não pode ser definida em termos de quantidades fotométricas atuais (lux,</p><p>lumens, luminância) porque os mecanismos de foto transdução associados à visão, que</p><p>são subjacentes à fotometria convencional, são diferentes daqueles associados à sistema</p><p>circadiano” (REA; FIGUERO, 2011, p. 2).</p><p>Assim, afirma Rea e Figuero (2011, p. 8-11) que em termos práticos e com a devida ênfase ao</p><p>tema do ritmo circadiano e sua relação com a luz, esta pode ser decomposta nas seguintes</p><p>características:</p><p>• Quantidade - Embora o sistema visual funcione em uma ampla a faixa de iluminâncias, sua</p><p>efetividade ocorre a partir de 500 lux horizontais, o que corresponde a aproximadamente 100 lux</p><p>verticais, no limiar da ativação do sistema circadiano para a luz branca. A Figura 19 mostra a</p><p>resposta relativa dos sistemas visual e circadiano humano como função de iluminância fotóptica.</p><p>Figura 19 - Resposta relativa dos sistemas visual e circadiano humano como função de iluminância fotópica (em lx)</p><p>medida na córnea.</p><p>Fonte: REA; FIGUERO, 2011.</p><p>Neste gráfico, a função de desempenho visual relativa (RVP) representa a velocidade e precisão</p><p>do processamento da informação visual de uma tarefa qualquer iluminada pela fonte de luz</p><p>branca. As funções restantes representam a supressão de melatonina noturna relativas a cada</p><p>fonte de luz: Lâmpadas fluorescentes em 2.800K, 3500K e 6500K; LED em 5.200K e LED azul.</p><p>O gráfico representa um tempo de exposição de sessenta minutos. O símbolo “T “indica o limiar</p><p>32</p><p>do nível de luz para ativação do sistema circadiano aproximado das fontes de luz branca, (REA;</p><p>FIGUERO, 2011).</p><p>• Espectro – No que se refere ao espectro, Rea; Figuero, (2016) e Soares, (2018), articularam em</p><p>seus estudos que, diferentes fontes de luz com a mesma eficiência para o desempenho visual,</p><p>podem variar consideravelmente em termos de eficiência para estimular o sistema circadiano, e</p><p>vice-versa:</p><p>Quadro 2 - Eficácia relativa de diferentes fontes de luz para estimular a sistema circadiano em função da iluminância</p><p>fotóptica na córnea.</p><p>Fonte: adaptado de REA; FIGUERO, (2011).</p><p>• Distribuição espacial - A eficácia da luz incidente na córnea é função do cosseno dos ângulos no</p><p>eixo óptico da pupila, ou seja, quanto mais frontal, maior a influência (REA; FIGUERO, 2011).</p><p>Entretanto, estudos mostram que a exposição de luz na parte inferior da retina é mais efetiva na</p><p>supressão de melatonina que na parte superior, conforme Figura 20:</p><p>33</p><p>Figura 20 - Distribuição espacial de fotorreceptores.</p><p>Autor, adaptado de LICHT.WISSEN 19, 2016.</p><p>Portanto, como os fotorreceptores estão posicionados de forma a receber luz do céu, a luz</p><p>artificial para ser biologicamente efetiva deve ter um ângulo similar de incidência na parte</p><p>posterior e inferior do olho. É importante, além disso, acessar uma porção efetiva da área da</p><p>retina, visto que os fotorreceptores podem sofrer saturação, sendo assim fontes pontuais não são</p><p>eficazes para o efeito circadiano (LICHT.WISSEN 19, 2016, p. 21).</p><p>• Tempo de exposição – Em contraste com as características do sistema visual que responde a</p><p>estímulos rapidamente (por exemplo a luz de um flash), o tempo necessário para obter uma</p><p>resposta pelo sistema circadiano dependerá da duração da exposição à luz, por exemplo: Para</p><p>50% de supressão de melatonina, com uma fonte de luz branca em 5.500K, levou-se cerca de 28</p><p>minutos após a exposição a 3000 lux no olho, cerca de 33 minutos após a exposição a 1000 lux</p><p>no olho, entretanto, para 100 lux não houve supressão, ver Figura 21 :</p><p>Figura 21 - Exposição em minutos para suprimir a melatonina noturna em 50% em diferentes iluminâncias fotóptica</p><p>(em lux), medidos na córnea.</p><p>Fonte: REA; FIGUERO, 2011.</p><p>• Momento da exposição - Luz matinal suficiente (quantidade, espectro, distribuição espacial e</p><p>duração) ajuda os humanos a sincronizar suas vidas com seus horários. A mesma exposição à luz</p><p>noturna irá, no entanto, atrasar seu relógio interno, potencialmente limitando o sono e</p><p>comprometendo o bem-estar.</p><p>A luz que é aplicada antes da temperatura corporal mínima, que é atingida</p><p>aproximadamente de 1,5 a 2,5 horas antes de um despertar natural, atrasará o relógio,</p><p>resultando em dormir mais tarde e de acordar depois da hora no dia seguinte. Também é</p><p>importante notar que o histórico de curto prazo da exposição à luz afeta o nível de</p><p>sensibilidade circadiana à luz: quanto maior a exposição à luz durante o dia, menor a</p><p>34</p><p>sensibilidade do sistema circadiano à luz, medida pela supressão noturna da melatonina</p><p>(ACOSTA, 2015, p. 2).</p><p>2.4.3 As métricas para iluminação voltada ao ser humano</p><p>A CIE regulamenta e padroniza as métricas relativas a emissão da luz como a radiometria (relativo</p><p>a energia luminosa emitida em comprimentos de onda específicos) e fotometria, ou seja, os</p><p>aspectos da percepção desta luz pela retina, a qual varia com os comprimentos de onda, e é</p><p>intrinsicamente dependente da sensibilidade dos fotorreceptores.</p><p>Se considerarmos que desde o século XX as profissões ligadas a fotografia e a iluminação utilizam-</p><p>se de fotômetros (luxímetros) como uma ferramenta prática e barata para avaliar os estímulos</p><p>luminosos, é natural que seu uso também tivesse sido difundido entre pesquisadores para</p><p>quantificar os efeitos não visuais da luz.</p><p>Esta realidade assume nuances de maior destaque, quando a comunidade cientifica com interesse</p><p>em temas relacionados à iluminação busca por um método de avaliação dos sistemas não visuais,</p><p>a fim de criar um índice, ou uma grandeza que possa expressar os efeitos da luz sobre a fisiologia</p><p>e o comportamento humano. Podemos citar, por exemplo, o estudo</p><p>realizado por Enezi et al (2011),</p><p>que propôs uma métrica baseada em um nomograma de 480 nm (uma função de eficiência</p><p>luminosa) pode ser empregada como base para uma nova medida da intensidade da luz (que</p><p>pesquisadores denominam como "melanopic") relevante para a foto recepção de melanopsina.</p><p>Entretanto, Lucas et. al (2014) afirma que a iluminância fotóptica (lux) não é uma métrica</p><p>adequada para avaliar respostas circadianas, endócrinas, comportamentais e terapêuticas à luz,</p><p>visto que esta não leva em conta aspectos não visuais da percepção e possuem pico de sensibilidade</p><p>espectral na porção dos baixos comprimentos de onda (447 a 484nm) distintos da curva de</p><p>sensibilidade fotóptica humana (555nm), comprimento de onda utilizado nos luxímetros.</p><p>Neste artigo: “Measuring and using light in the melanopsin age”, Lucas et. al., (2014) propõe o</p><p>uso do Equivalent Melanopic Lux, (EML), métrica baseada em uma medição espectroradiométrica</p><p>local (alternativamente pode-se utilizar curvas fornecidas pelos fabricantes de lâmpadas). Os dados</p><p>são então aplicados a uma ferramenta de cálculo em uma planilha (Irradiance Toolbox), cujo</p><p>objetivo é calcular a iluminância efetiva de cada um dos foto pigmentos do olho humano. Portanto,</p><p>para um dado espectro, deriva-se um “α-opic” lux equivalente para cada um dos cinco</p><p>fotorreceptores no olho (três cones, bastonetes e os ipRGCs). Ao aplicar esta métrica é possível</p><p>avaliar a resposta circadiana entre duas fontes de luz, como no exemplo apresentado no manual de</p><p>uso do Irradiance Toolbox (COMMISSION ..., 2013, p.11), Figura 22:</p><p>35</p><p>Figura 22 - Comparação entre lâmpada incandescente e fluorescente.</p><p>Fonte: COMMISSION ..., 2013.</p><p>Percebe-se uma pequena diferença nos valores α-t equivalentes a luz de comprimento de onda</p><p>mais longo (LC, MC e R), entretanto para a função melanóptica (Z) há uma diferença de 14% (75</p><p>lux melanóptico) a mais para a fluorescente, e mais que o dobro para a função cianótica (SC),</p><p>indicando que ocorra um aumento da estimulação dos pigmentos dos cones azuis e da melanopsina</p><p>(COMMISSION ..., 2013).</p><p>De modo semelhante, a Lighting Europe promove as ideias da HCL, que tem métricas baseadas</p><p>na norma europeia DIN SPEC 5031-100, (apud LICHT.WISSEN 21, 2018), portanto, defende que,</p><p>para exercer os efeitos biológicos advindos dos receptores não visuais, deve ser atingida uma</p><p>iluminância mínima vertical ao nível dos olhos, por exemplo: 240 lux para lâmpada fluorescente</p><p>com temperatura de cor correlata (TCC) de 8.000K; 300 lux para LED com 6500K e 380 lux para</p><p>fontes de luz com 4.000K. Entretanto, quando não se desejam tais efeitos (alteração no ritmo</p><p>circadiano por supressão de melatonina), a iluminância de uma fonte de luz com TCC de 2.700K</p><p>não deve ser maior que 50 lux no plano dos olhos (LICHT.WISSEN 21, 2018). A tabela de</p><p>conversão de valores define um índice que é função da composição espectral da fonte de luz,</p><p>conforme Quadro 3:</p><p>36</p><p>Quadro 3 - Tabela de conversão de iluminância fotóptica em melanóptica.</p><p>Fonte: LICHT.WISSEN 21, extraído de DIN SPEC 5031-100.</p><p>A todos os mecanismos vislumbrados, Rea et al (2005), em seu artigo intitulado “A model of</p><p>phototransduction by the human circadian system” propôs uma métrica para ser consistente e</p><p>plausível em relação à biologia humana. Esta métrica é baseada em um modelo matemático que é</p><p>capaz de prever supressão a melatonina noturna através de um índice denominado CS, ou seja,</p><p>uma ferramenta baseada na composição espectral de fontes de luz e os aspectos de sensibilidade</p><p>do olho humano.</p><p>A luz circadiana (CLA) e o estímulo circadiano (CS) são dois índices que caracterizam as</p><p>sensibilidades espectral e absoluta do sistema circadiano humano. A gráfico indicado na Figura 23</p><p>deriva de medições da supressão noturna da melatonina. Os níveis de estímulo circadiano em</p><p>diferentes iluminâncias fotópticas também são mostrados (FIGUERO; REA, 2017):</p><p>Figura 23 - Estímulo Circadiano (CS) versus Luz Circadiana (CLA).</p><p>Fonte: FIGUERO; REA, 2017.</p><p>A luz circadiana é a irradiação ponderada pela sensibilidade espectral de cada mecanismo de foto</p><p>transdução da retina que estimula o relógio biológico, medido pela supressão noturna da</p><p>melatonina. O estímulo circadiano é uma transformação da luz circadiana em unidades relativas,</p><p>variando de zero (o limiar para ativação do sistema circadiano) a 0,7 (saturação de resposta) e é</p><p>37</p><p>diretamente proporcional à supressão noturna da melatonina após uma hora de exposição à luz</p><p>(FIGUERO; REA, 2017).</p><p>A métrica CS, disponibilizada pelo Lighting Research Center (LRC), no Rensselaer Polytechnic</p><p>Institute ainda não é recomendada pelo CIE, entretanto a instituição disponibiliza e incentiva o uso</p><p>de sua ferramenta de cálculo, disponível no site: https://www.lrc.rpi.edu/cscalculator/ e também</p><p>através de uma planilha eletrônica que pode ser baixada em computadores para execução off-line.</p><p>Para utilizar a calculadora CS é necessário conhecer a iluminância (vertical) ao nível dos olhos e</p><p>as fontes de luz utilizadas no ambiente em estudo.</p><p>Portanto, o primeiro passo para utilização da métrica CS é realizar uma avaliação fotométrica para</p><p>o ambiente, seja uma medição ou uma simulação. O segundo passo é o de inserir os dados relativos</p><p>às distribuições espectrais das fontes de luz, e quando estas não estiverem disponíveis, podem ser</p><p>utilizadas as distribuições padronizadas por categorias de lâmpadas do banco de dados da</p><p>ferramenta. A métrica considera que, apesar da resposta a luz circadiana varie de pessoa a pessoa,</p><p>um sistema de iluminação que promova um índice CS maior que 0,3 durante o dia (especialmente</p><p>se for pela manhã), e menos que 0,1 à noite, já pode ser considerado um bom ponto de partida</p><p>(FIGUERO; REA, 2017).</p><p>https://www.lrc.rpi.edu/cscalculator/</p><p>38</p><p>3 ILUMINAÇÃO EM EAS</p><p>Os projetos de iluminação para ambientes de saúde consideram aspectos da arquitetura, sejam</p><p>estes estéticos, ou da percepção psicológica ou que apoiem nosso bem-estar. A luz deve, como</p><p>vimos, proporcionar desempenho visual; conforto e ambiência, sem esquecer de seu compromisso</p><p>com a eficiência energética.</p><p>Atualmente a questão de iluminação do quarto de internação segue padrões estabelecidos</p><p>pelas normas, o que resulta em uma ambientação predominantemente institucional. No</p><p>entanto, é de fundamental importância o conhecimento dos benefícios fisiológicos e</p><p>psicológicos da iluminação sobre o ser humano, além da contribuição desse aspecto físico</p><p>com a qualidade ambiental. Para que a iluminação, tanto natural quanto artificial, seja</p><p>adequada é importante que as necessidades e características dos usuários sejam</p><p>reconhecidas (ANDRADE, 2016, p.85).</p><p>Entretanto, devemos considerar que a iluminação arquitetônica não é mais apenas para a visão e</p><p>desempenho de tarefas visuais. Os clientes estão cada vez mais solicitando e esperando sistemas</p><p>de iluminação que possam promover a saúde humana e o bem-estar, e os profissionais de</p><p>iluminação devem estar preparados para responder a essas expectativas (FIGUERO; REA, 2017).</p><p>3.1 Aplicação de normas em projetos de iluminação de EAS</p><p>No Brasil a ANVISA RDC 50, (2002, p. 9) recomenda que “a partir das diretrizes estabelecidas</p><p>no estudo preliminar e com base no projeto arquitetônico e de estrutura, deverá ser elaborado o</p><p>projeto básico de instalações elétricas e especiais”, e dentre diversos elementos destaca a</p><p>proposição de pontos de alimentação, iluminação e sinalização, ou seja, o projeto de iluminação é</p><p>um detalhe do projeto complementar de elétrica, caracterizando-se como uma especialidade. O</p><p>mesmo documento se referencia à norma antiga, entretanto desde o ano de 2013 o Brasil utiliza a</p><p>norma ABNT ISO CIE 8995-1 (2013).</p><p>Nos EUA, a Illuminating Engineering Society (IES) reconhece que os ambientes de saúde têm</p><p>demandas únicas e especiais, resultando na publicação de guias de recomendações</p><p>e práticas para</p><p>projetos de iluminação em EAS denominado IESNA ANSI/IES RP-29-06 (2016), com</p><p>periodicidade de 10 anos.</p><p>O objetivo deste documento é fornecer contexto, definir desafios e identificar práticas de</p><p>projeto de iluminação recomendadas para ambientes específicos de saúde. Este</p><p>documento não é prescritivo, mas tem a intenção de fornecer orientação e inspirar,</p><p>identificando possibilidades que permitam aos designers desenvolver as soluções</p><p>adequadas para situações e espaços completos (IESNA ANSI/IES RP-29-06, 2016, p. 1).</p><p>O IESNA ANSI IES RP-29-16 é organizado para complementar outras referências oficiais, tais</p><p>como as propostas pela Guidelines for Design and Construction of Healthcare Facilities, pelo</p><p>Facilities Guidelines Institute (FGI), uma organização sem fins lucrativos dedicada a desenvolver</p><p>39</p><p>diretrizes para o planejamento, o projeto e a construção de hospitais, instalações ambulatoriais e</p><p>instalações residenciais de saúde, assistência e apoio (FACILITY..., 2019).</p><p>Na Europa os requisitos que devem ser atendidos pela iluminação artificial nas unidades de saúde</p><p>são particularmente altos. Padrões e critérios de qualidade definem a qualidade da luz requerida e</p><p>levam em conta as necessidades de pacientes, médicos e equipe de enfermagem (LICHT.WISSEN</p><p>07, 2012). As normas DIN 5035-3: Artificial lighting - Part 3: Lighting of health care premises, e</p><p>a DIN EN 12464-1: Light and lighting – Light for work spaces - Part 1: Indoor work places; são</p><p>as referências utilizadas em projetos de iluminação de ambientes de saúde.</p><p>Em 2011, entrou em vigor uma versão atualizada da norma DIN EN 12464-1. Ele define</p><p>os requisitos mais importantes que precisam ser atendidos pela iluminação em termos de</p><p>parâmetros, como iluminância mantida (Em), uniformidade mínima (UO), brilho (UGR) e</p><p>índice de reprodução de cor (Ra). Na Alemanha, a norma DIN 5035-3: 2006 também</p><p>precisa ser observada, pois complementa a DIN EN 12464-1 estabelecendo requisitos</p><p>para outros tipos de interior, tarefa e atividade (LICHT.WISSEN 07, 2012, p. 38).</p><p>Observa-se, portanto, que a iluminância, o ofuscamento e o índice de reprodução de cores são os</p><p>requisitos de planejamento da iluminação mais relevantes e por esta razão são mundialmente</p><p>utilizados como critério de avaliação dos ambientes iluminados, natural ou artificialmente, por</p><p>conta da necessidade de atendimento as tarefas visuais.</p><p>Em ambientes de saúde os critérios são devidos ao desempenho do trabalho dos médicos e</p><p>enfermeiros, gerando demandas especificas, entretanto nos ambientes de permanência prolongada,</p><p>os atributos de conforto visual são igualmente importantes. No caso de enfermarias, quartos e</p><p>banheiros para os pacientes os requisitos a serem atendidos variam de acordo com a atividade,</p><p>conforme Quadro 4:</p><p>Quadro 4 - Requisitos de iluminação para enfermarias de EAS no Brasil.</p><p>Fonte: Autor adaptado de ABNT ISO CIE 8995-1, 2013.</p><p>40</p><p>Como tanto a norma brasileira quanto a europeia baseiam seu conteúdo técnico, estrutura e redação</p><p>na ISO/CIE-1:2002, as definições e grandezas descritas são praticamente as mesmas, inclusive os</p><p>requisitos de planejamento da iluminação, conforme a norma DIN EM 12464-1, (2011), Quadro</p><p>5:</p><p>Quadro 5 - Requisitos de iluminação para enfermarias de EAS na Europa.</p><p>Fonte: Autor adaptado de DIN EN 12464-1, 2011.</p><p>Entretanto, em contraste com a norma Brasileira, observa-se a existência de uma coluna extra</p><p>denominada Uo, que indica a uniformidade, ou seja, a razão entre a iluminância mínima e a média,</p><p>e deve ser maior que 0,7 para áreas de tarefa, e não pode ser inferior a 0,5 nas áreas de entorno</p><p>imediato. Ademais, os requisitos de qualidade na iluminação para realização de exames podem ser</p><p>tratados de duas formas:</p><p>• como um exame simples, onde a iluminância é de 300 lux, semelhante à de uma leitura, com</p><p>uniformidade em 0,7, atendendo a recomendação de uso geral, e o índice de reprodução de cor</p><p>(Ra) maior que 80;</p><p>• para exames mais apurados e eventual tratamento, recomenda-se uma iluminância de 1000 lux,</p><p>desde que a uniformidade seja maior que 0,7 e o Ra seja no mínimo 90, por conta das</p><p>especificidades que estes procedimentos requerem, por sua relação com requisitos visuais para o</p><p>desempenho de tarefas dos médicos e enfermagem.</p><p>As iluminâncias, tanto a horizontal quanto a vertical, são tratadas em detalhes nas recomendações</p><p>americanas. A questão da idade do paciente é levada em conta, pois a norma prevê as iluminâncias</p><p>para quando a maioria dos ocupantes do recinto se encontra na faixa de 25 a 65 anos, observa-se</p><p>uma redução de 50% para menores de 25 anos e um aumento de 100% dos níveis lumínicos para</p><p>maiores de 65 anos. Os americanos tratam a uniformidade sob a forma de razões, e de uma forma</p><p>inversa à forma Brasileira na expressão da relação entre iluminâncias:</p><p>𝑈𝑡 = 𝐸𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝐸𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜⁄</p><p>41</p><p>ocasionando em expressões do tipo 3:1; 4:1, ou seja 0,33 e 0,25 respectivamente, como verificado</p><p>no Quadro 6, na coluna Avg:Min:</p><p>Quadro 6 - Recomendações de iluminância mantida (lux).</p><p>Fonte: IESNA ANSI IES RP-29-16, 2016.</p><p>Tais aspectos assumem relevância ao verificarmos que na IESNA ANSI IES RP-29, (2016), onde</p><p>as preocupações com o conforto do paciente são tratadas de forma a respeitar inclusive o estado</p><p>de alerta e mobilidade dos pacientes, pois enquanto alguns passam o tempo assistindo TV, usando</p><p>dispositivos móveis (celulares e tablets), outros encontram-se em um estado que permanecem</p><p>horas deitados com visualização apenas do teto. Neste caso, o ofuscamento direto dos pacientes</p><p>deve ser evitado a todo custo, podendo ser alcançado com o uso de luminárias dotadas de sistemas</p><p>de luz indireta. Naquelas luminárias necessárias a realização de exames deve-se optar pelo uso de</p><p>um comando em separado, acionado por médicos e enfermeiros, com o devido cuidado na</p><p>operação a fim de evitar uma súbita exposição a luz (IESNA ANSI IES RP-29, 2016, p. 57). Figura</p><p>24:</p><p>Figura 24 - Limitação de ofuscamento e requerimentos de iluminação em leitos.</p><p>Fonte: LICHT.WISSEN 07, 2012.</p><p>42</p><p>Em enfermarias ou quartos compartilhados os comandos de iluminação devem ser</p><p>individualizados. A luz noturna deve se limitar à necessária para orientação, pois os ocupantes</p><p>estão em um ambiente desconhecido. Entretanto, como mostram todas as tabelas, a iluminância</p><p>deve ser baixa (menor que 5 lux) e posicionada em um plano a 0,85m de altura, pois neste nível a</p><p>enfermeira pode circular pelo quarto e executar tarefas sem importunar os pacientes</p><p>(LICHT.WISSEN 07, 2012, p.12).</p><p>Em sentido oposto, podemos citar o caso da UTI pediátrica do Instituto Fernandes Figueira (IFF)</p><p>no RJ, onde a iluminação de teto e sobre o paciente foi dimensionada com duas luminárias dotadas</p><p>de duas lâmpadas fluorescentes tubulares T5 de 28W, 4000K cada, e foi observado que seu</p><p>acendimento ocorre mesmo nas ocasiões em que a criança encontra-se dormindo ou sedada,</p><p>conforme Figura 25.</p><p>Figura 25 - UTI pediátrica no IFF.</p><p>Fonte: Autor, 2018.</p><p>A presença de uma janela não garante necessariamente que esta será utilizada, pois o acesso aos</p><p>sistemas de movimentação e/ou abertura são obstruídos impedindo seu uso.</p><p>O posicionamento dos comandos de iluminação (interruptores) é prejudicado pela quantidade de</p><p>equipamentos necessários a manutenção da vida e monitoramento e em lado oposto ao que o</p><p>enfermeiro se encontra, conforme grifos em vermelho na Figura 26:</p><p>43</p><p>Figura 26 - UTI pediátrica no IFF.</p><p>Fonte: Autor, 2018.</p><p>Diante da pesquisa realizada pode-se perceber a complexidade inerente destes ambientes onde as</p><p>demandas da medicina tecnológica, das tarefas de monitoramento e administração de</p><p>medicamentos, devem coexistir aos cuidados com o conforto do paciente.</p><p>Além de compreender as possíveis dificuldades inerentes ao leiaute de um quarto de internação é</p><p>preciso também refletir sobre o fato que</p><p>a posição do paciente no leito varia, sendo assim,</p><p>luminárias dotadas de algum tipo de mobilidade podem ser necessárias, a fim de atender as</p><p>diversas situações do cotidiano de um ambiente de internação, Figura 27:</p><p>Figura 27 - Definição de planos de leitura e de exames em leitos.</p><p>Fonte: LICHT.WISSEN 07, 2012.</p><p>44</p><p>Há de se reconhecer, no entanto, que a ANVISA RDC 50 (2002, p. 95) ressalta as diferentes</p><p>demandas de cada ambiente de acordo com as condições de conforto, grupo de usuários e sistemas</p><p>de controle, atendendo a uma classificação por função, onde destacam-se os ambientes que</p><p>demandam incidência de luz de fonte natural direta e sistemas de controle natural das condições</p><p>especiais de iluminação, dentre estes são incluídas as salas de observação, internação geral,</p><p>intensiva e queimados; quartos e enfermarias; diálise: salas para tratamento hemodialítico,</p><p>conforme abaixo:</p><p>• Aqueles que demandam sistemas comuns de controle da iluminação e não necessitam de</p><p>condições especiais de iluminação como aqueles sem incidência de luz natural direta nem de</p><p>iluminação artificial especial. Neste caso deve-se observar o Código de Obras local.</p><p>• Os ambientes que demandam incidência de luz de fonte natural direta e sistemas de controle</p><p>natural das condições especiais de iluminação, dentre estes são incluídas as salas de observação,</p><p>internação geral, intensiva e queimados; quartos e enfermarias; diálise: salas para tratamento</p><p>hemodialítico e para diálise peritoneal intermitente.</p><p>• Naqueles que necessitam de iluminação artificial especial no campo de trabalho e demandam</p><p>sistemas de controle artificial da iluminação. Se enquadram nesta categoria aqueles ambientes</p><p>onde os pacientes são manipulados: consultórios, salas de exames, de cirurgias e de partos,</p><p>quartos, enfermarias e salas de observação.</p><p>• Aqueles que demandam obscuridade, ou seja, consultórios e exames de oftalmologia,</p><p>imagenologia e laboratório para revelação de filmes e chapa.</p><p>De igual modo a ANVISA RDC 50 detalha as funções, o controle e posicionamento das</p><p>luminárias, quando se trata especificamente da iluminação dos quartos de internação geral e</p><p>intensiva:</p><p>Quanto ao quarto e a área coletiva da Unidade de Internação Intensiva são quatro tipos de</p><p>iluminação:</p><p>- Iluminação geral em posição que não incomode o paciente deitado;</p><p>- Iluminação de cabeceira de leito de parede (arandela);</p><p>- Iluminação de exame no leito com lâmpada fluorescente no teto e/ou arandela; e</p><p>- Iluminação de vigília nas paredes (a 50cm do piso) inclusive banheiros.</p><p>ANVISA RDC 50, (2002, p.116).</p><p>Com relação direta ao tema podemos citar, por exemplo, o projeto realizado por Senzi (2018, p.</p><p>107) para o Hospital Oswaldo Cruz, onde há possibilidade de acionamento programado de cenas</p><p>de iluminação, Figura 28:</p><p>45</p><p>Figura 28 - Programação de acionamentos em leito de hospital.</p><p>Fonte: Autor, adaptado de SENZI (2018).</p><p>a) Iluminação do leito e balizador de vigia noturno;</p><p>b) Leito, sanca e balizador de vigia;</p><p>c) Iluminação do leito, sanca, balizador, arandela do acompanhante e lavatório.</p><p>d) Total acendimento: leito com luz focal para procedimento e luminária de luz geral, sanca, luz</p><p>do acompanhante, hall de entrada e lavatório.</p><p>Portanto, ao realizar análise especifica de cada tipo de iluminação recomendada para quartos,</p><p>observa-se a necessidade de sistemas de iluminação que devem prever distintos tipos de luminárias</p><p>e controles a fim de atender as diversas demandas que de atendimento médico e do conforto do</p><p>paciente.</p><p>Não foi observada na norma Brasileira qualquer menção a moderna noção de sincronização de</p><p>ritmo circadiano, excetuando-se a obrigatoriedade da utilização de iluminação natural nos</p><p>ambientes de permanência prolongada. A IESNA ANSI IES RP-29, (2016), não é uma norma,</p><p>porém traz recomendações do uso da luz do dia como parte das ações para mitigar os efeitos de</p><p>uma ruptura do ciclo circadiano em pacientes internados e sem condição de locomoção para áreas</p><p>de convivência ao ar livre. Na Europa, como vimos, a norma DIN 5031-100 (apud</p><p>LICHT.WISSEN 21, 2018), usa a métrica de iluminância melanoptica no plano dos olhos como</p><p>46</p><p>parâmetro de impacto no ritmo circadiano. Por esta razão o movimento Human Centric Light</p><p>encoraja empresas e projetistas a adoção dos conceitos de uso da luz natural na arquitetura, para</p><p>que seus usuários tenham, pelo menos, 30 minutos de exposição ao sol diariamente. Quando, por</p><p>conta das latitudes desfavoráveis e principalmente no inverno, a utilização de sistemas de</p><p>iluminação artificial que mimetizam a dinâmica da luz natural são implementados, conforme a</p><p>Figura 29:</p><p>Figura 29 - Abordagem de luz artificial dinâmica, complementar a luz natural.</p><p>Fonte: LICHT.WISSEN 21, 2018.</p><p>Em um artigo publicado na edição de número 100 revista Lume Arquitetura, em 2019, foi</p><p>apresentado o projeto do Hospital Vila Nova Star, da Rede D’Or São Luiz, no bairro Vila Nova</p><p>Conceição, na cidade de São Paulo. O projeto de arquitetura, que possui 89 leitos de internação</p><p>foi responsabilidade da RAF Arquitetura. Já o projeto de iluminação foi assinado por Antonio</p><p>Carlos Mingroni, que se utilizou dos princípios de regulação do ritmo circadiano nos leitos de</p><p>internação.</p><p>A luz artificial simula a tonalidade de cor da luz natural, o que ajuda na regulação do ciclo</p><p>circadiano dos pacientes, mantendo inalterado seu relógio biológico – com a devida</p><p>produção e inibição de hormônios como melatonina e cortisol – e, desta forma,</p><p>colaborando para sua recuperação (MINGRONI, 2019).</p><p>Mingroni (2019) especificou e desenhou luminárias com o recurso denominado Tunable White10,</p><p>ou seja, que permitem regular a temperatura de cor de 2700K a 6000K, além de serem dotadas de</p><p>LED cuja composição espectral se assemelha a da luz do sol, sendo, portanto, um exemplo do uso</p><p>da tecnologia no Brasil, Figura 30:</p><p>10 Tecnologia de luminárias dotadas de LEDs com distintas temperaturas de cor, sendo possível regular sua</p><p>intensidade. (LUTRON, 2019), disponível em: http://www.lutron.com/en-US/Education-</p><p>Training/Pages/LCE/ColorTuning.aspx</p><p>http://www.lutron.com/en-US/Education-Training/Pages/LCE/ColorTuning.aspx</p><p>http://www.lutron.com/en-US/Education-Training/Pages/LCE/ColorTuning.aspx</p><p>47</p><p>Figura 30 - Leitos de internação do Hospital Vila Nova Star.</p><p>Fonte: MINGRONI, 2019.</p><p>Segundo Mingroni (2019), a automação propicia ao paciente total controle sobre as cenas de</p><p>iluminação através de tablet com configurações para leitura, assistir TV, receber visitas, abrir e</p><p>fechar persianas, o que permite ao paciente utilizar os benefícios da integração com a luz natural.</p><p>48</p><p>3.2 Organismos de certificação.</p><p>Os organismos nacionais e internacionais que promovem as certificações de sustentabilidade nas</p><p>edificações se interessam por minimizar os impactos do ambiente construído. Aliás, neste tocante,</p><p>destaca-se a certificação LEED, do U. S. Green Building Council (USGBC), que avalia o quanto</p><p>uma construção pode colaborar com a preservação dos recursos naturais e evitar impactos</p><p>ambientais através de um sistema de pontuação em diferentes categorias de análise e pelo</p><p>preenchimento dos requisitos de cada critério adotado na construção.</p><p>Observa-se a crescente adoção de práticas de sustentabilidade nas edificações, cujos critérios são</p><p>baseados no LEED 2009 for Healthcare, enfatizando aspectos do conforto ambiental e novas</p><p>tecnologias, a fim de que os ambientes proporcionem um maior acolhimento e humanização do</p><p>atendimento, mas sem descuidar de detalhes relacionados a boas práticas e cuidados com o</p><p>paciente. Nesse contexto, ressaltam-se os benefícios ao paciente em razão da utilização da luz</p><p>natural, já amplamente comprovados por pesquisas anteriores.</p><p>Especificamente no que se refere a controle de iluminação de ambientes internos da edificação</p><p>hospitalar (IEQ</p><p>- crédito 6.2) o objetivo da entidade certificadora é promover a produtividade,</p><p>conforto e bem-estar dos envolvidos, seja nas áreas comuns, nos locais de trabalho ou nos</p><p>ambientes de privacidade e de restabelecimento dos pacientes. Nos quartos e enfermarias, são</p><p>recomendados controles individuais (interruptores divididos em seções elétricas) a fim de atender</p><p>as necessidades e preferências dos envolvidos, acessíveis aos pacientes acamados, inclusive em</p><p>CTIs, unidades pediátricas entre outros, LEED for Healthcare (U.S. GREEN BUILDING</p><p>COUNCIL, 2009, p.94). Este crédito possui valor 1 (um) ponto.</p><p>Com ligação direta ao tema, o LEED 2009 for Healthcare recomenda que os Estabelecimentos</p><p>Assistenciais de Saúde (EAS) possuam “ambientes de descanso”, locais onde o paciente tem</p><p>acesso ao exterior através de claraboias, átrios e a utilização do paisagismo com o objetivo de</p><p>promover uma distração positiva, mitigando os aspectos estressantes que o ambiente hospitalar</p><p>proporciona. “Importantes estudos mostram que uma iluminação adequada, seja natural ou</p><p>artificial, é capaz de mostrar resultados positivos na saúde das pessoas.” (SENZI, 2018 p.106). O</p><p>uso de sistemas de automação e dimerização está ligado ao conforto e a redução de consumo de</p><p>energia como enfatiza Feldman, (2007, p. 171) “o uso adequado de dimmers em circuitos</p><p>específicos de iluminação, não só flexibiliza e valoriza o ambiente, mas também gera maior nível</p><p>de conforto aos usuários”.</p><p>Foram desenvolvidos estudos de iluminação natural nas enfermarias. A iluminância foi</p><p>relacionada a tipos de janelas em um modelo de estudo de iluminação natural para</p><p>enfermarias. As curvas isolux foram desenhadas demonstrando em porcentagem, a</p><p>distribuição da iluminância e sua relação com janelas com área, tipos e disposição</p><p>diferentes (COSTI, 2002, p.62).</p><p>49</p><p>Dentre as ações propostas para um empreendimento hospitalar receber pontuação no LEED 2009</p><p>for Healthcare (U.S. GREEN BUILDING COUNCIL, 2009), destaca-se o aproveitamento da luz</p><p>natural e vistas para o exterior, que se reflete no crédito 8.1, o qual recomenda a instalação de</p><p>dispositivos de automação da iluminação artificial que desliguem ou diminuam a potência das</p><p>luminárias quando houver luz natural nas áreas de permanência prolongada. Para obtenção do</p><p>crédito este requisito exige comprovação através da simulação computacional em pelo menos 75%</p><p>da área da edificação sob avaliação. Alternativamente pode ser utilizado o método prescritivo, que</p><p>aplica critérios distintos para as aberturas verticais e horizontais da envoltória, como segue:</p><p>Aberturas Verticais - atender a um índice dentro de uma faixa de valores entre 0,15 a 0,18, obtida</p><p>em função do produto da transmitância de luz (VLT), que é função do fator solar dos vidros, pela</p><p>relação de área da janela-piso (WFR), como na expressão:</p><p>0,15 < (VLT x WFR) < 0,18</p><p>Aberturas Horizontais - A zona de luz do dia abaixo de uma claraboia deve cobrir de 3% a 6% da</p><p>área do piso sob avaliação do crédito. Outra oportunidade para obtenção deste crédito se dá através</p><p>de medições de iluminância que comprovem no mínimo de 110 lux e no máximo 5.400 lux na área</p><p>sob avaliação do crédito. Para evitar ofuscamento os projetistas devem prever o uso de sistemas</p><p>de sombreamento automatizado. Este crédito possui valor 2 (dois) pontos.</p><p>Se considerarmos que os sistemas de iluminação artificial consomem energia e geram carga</p><p>térmica nos ambientes, pode-se inferir que este calor deva ser removido pelos sistemas de</p><p>condicionamento de ar, com um acréscimo no consumo de energia da edificação como um todo</p><p>(ELETROBRÁS/PROCEL/INMETRO, 2016). De igual modo, Feldman, (2007, p.20)</p><p>complementa que “Ao arquiteto cabe a concepção de projetos que possibilitem a execução de</p><p>edifícios mais eficientes, logrando com essa postura o conforto dos usuários e o uso racional de</p><p>energia”. De fato, no contexto do perfil de consumo de energia das edificações, a participação dos</p><p>usos finais é distinta, pois dependem do uso residencial ou comercial e público.</p><p>Revela-se, neste sentido a participação da iluminação artificial, tanto para o uso residencial quanto</p><p>para o comercial e público, sendo que neste último as ações para mitigar o consumo de energia</p><p>podem ter grande impacto nos custos de operação das edificações. Dentre estas ações está o uso</p><p>de lâmpadas e sistemas de iluminação eficientes, como o LED e a integração com automação de</p><p>mecanismos de aproveitamento da luz natural.</p><p>As vantagens da tecnologia de emissão de luz baseada em eletrônica se tornam evidentes quando</p><p>comparadas as lâmpadas tradicionais no aspecto da eficiência energética das edificações, em</p><p>50</p><p>especial aquelas destinadas às edificações hospitalares de grande porte, onde a iluminação</p><p>representa aproximadamente 40% do consumo de energia (IESNA ANSI IES RP-29, 2016).</p><p>Ao longo do presente estudo verifica-se a adoção de critérios baseados em organismos de</p><p>certificação de eficiência energética como o PBE-Edifica PROCEL ou de sustentabilidade nas</p><p>edificações como o LEED, enfatizando aspectos do conforto ambiental e novas tecnologias como</p><p>uso da automação para integração dos sistemas de iluminação natural e artificial, a fim de que os</p><p>ambientes proporcionem bem-estar aos usuários.</p><p>O reconhecimento da importância da eficiência das fontes de luz pode ser representado pelos</p><p>critérios de avaliação de edificações, onde o programa PBE-Edifica do PROCEL, em seu</p><p>procedimento para determinação da eficiência do sistema de iluminação artificial atribui como</p><p>indicador a densidade de potência de iluminação (DPI), que significa “Razão entre o somatório da</p><p>potência de lâmpadas e reatores e a área de um ambiente” (ELETROBRÁS/PROCEL /INMETRO,</p><p>2016, p. 34). A unidade deste índice é W/m² e para calculá-lo é necessário quantificar todas as</p><p>potências das luminárias (e seus equipamentos auxiliares) e dividir pela área do ambiente sob</p><p>avaliação. Este cálculo prevê que exista um projeto de iluminação que atenda a norma ABNT NBR</p><p>ISO CIE 8995-1 (2013), iluminação de ambientes de trabalho, ou seja, o ambiente deve estar</p><p>adequado a realização de tarefas e ao conforto lumínico dos usuários, respeitando-se as</p><p>iluminâncias mínimas para cada atividade.</p><p>O RTQ-C define edifício comercial e de serviço como sendo aquele que não tem o uso residencial</p><p>ou industrial, como escolas, hospitais e edifícios contendo outras atividades institucionais</p><p>(ELETROBRÁS/PROCEL/INMETRO, 2016). Para aplicação do método de determinação de</p><p>eficiência é utilizada uma tabela que relaciona o tipo de edificação (hospital) e o ambiente sob</p><p>avaliação, por exemplo, a área destinada a enfermaria. Para obtenção de etiqueta nível [A], a</p><p>densidade de potência de iluminação limite (DPIL) deve ser no máximo 9,5 W/m², conforme</p><p>Quadro 7:</p><p>51</p><p>Quadro 7 - Limite máximo aceitável de densidade de potência de iluminação (DPIL) para o nível de eficiência</p><p>pretendido - Método das atividades da edificação.</p><p>Fonte: ELETROBRÁS/PROCEL/INMETRO, 2016.</p><p>Portanto, para atingir o nível [A] o projeto de iluminação deve utilizar lâmpadas eficientes, onde</p><p>destacam-se aquelas de tecnologia LED. Entretanto a metodologia exige que os ambientes</p><p>atendam aos pré-requisitos de Divisão de Circuitos, Desligamento Automático e Contribuição da</p><p>Luz Natural (ELETROBRÁS/PROCEL/INMETRO, 2016, p.40). O objetivo é garantir que o</p><p>sistema de iluminação artificial funcione apenas quando a iluminância da tarefa não seja atendida</p><p>com o uso da iluminação natural.</p><p>Por divisão de circuitos o RTQ-C exige que cada ambiente fechado deve possuir um controle</p><p>facilmente acessível para acionamento da iluminação.</p><p>Por desligamento automático o RTQ-C exige que em ambientes maiores que 250 m² exista um</p><p>dispositivo de controle automático da iluminação, seja por horário pré-determinado, um alarme ou</p><p>sensores de presença.</p><p>Em relação ao aproveitamento da luz natural o RTQ-C</p><p>determina que as luminárias próximas às</p><p>janelas devem possuir um dispositivo de acionamento independentemente do restante do sistema,</p><p>Figura 31.</p><p>Figura 31 - Aproveitamento da luz natural.</p><p>Fonte: ELETROBRAS/PROCEL/INMETRO, 2016.</p><p>52</p><p>Também para Latourrette (2008) se um ambiente for dotado de zonas (circuitos) de iluminação</p><p>distintos e paralelos as aberturas da edificação e nestas zonas forem instaladas sensores de</p><p>iluminância programados de tal forma que ao ocorrer a incidência de luz natural, as luminárias</p><p>reduzirão seu fluxo e consequentemente pouparão energia, Figura 32.</p><p>Figura 32 - Divisão por áreas.</p><p>Fonte: LATOURRETTE, 2008.</p><p>Entretanto, normas e regulamentos são constantemente modificados, ou ao menos atualizados, a</p><p>fim de atender às demandas da sociedade ou para acompanhar novas tecnologias. Em julho de</p><p>2018 o INMETRO abriu para consulta pública, através de portaria 248, uma proposta do</p><p>aperfeiçoamento do regulamento técnico da qualidade para a classe de eficiência energética de</p><p>edifícios comerciais, de serviços e públicos (INMETRO, 2018).</p><p>Nesta proposta, o aproveitamento do potencial da luz natural foi incluído como um requisito</p><p>mínimo para obtenção da classe A de eficiência do sistema de iluminação. É recomendado o uso</p><p>de método de simulação baseado na métrica do IESNA IES LM-83-12 (2012), tanto para</p><p>modelagem climática horária anual quanto para a verificação das condições de risco de</p><p>ofuscamento.</p><p>Neste documento são descritas as características dos programas de simulação de iluminação</p><p>natural, a obrigatoriedade do uso de arquivos climáticos que representem uma região de mesma</p><p>latitude do edifício sob análise, o período de operação e a tipologia da edificação segundo seu uso</p><p>(INMETRO, 2018, p. 111).</p><p>Neste cenário, a ELETROBRAS realizou uma chamada pública a fim de promover projetos de</p><p>edificações de alta eficiência energética que alcancem um balanço energético próximo a zero,</p><p>53</p><p>denominadas edificações NZEB11 Brasil (ELETROBRAS, 2019). Dentre os objetivos desta</p><p>iniciativa, destacam-se:</p><p>• Desenvolvimento de projetos e construção de até quatro unidades NZEB´s no Brasil;</p><p>• Criar modelos que possibilitem a demonstração e verificação de viabilidade técnica,</p><p>financeira e de operação de edificações NZEB;</p><p>• Promover novos métodos de avaliação de eficiência energética de edificações.</p><p>Especificamente no que se refere ao aproveitamento da luz natural, o regulamento do novo método</p><p>de etiquetagem para edificações não residenciais prevê em sua minuta a avaliação da envoltória:</p><p>A avaliação do potencial da envoltória para o aproveitamento da luz natural é um requisito</p><p>mínimo para a classe A de eficiência energética desse sistema. O potencial de</p><p>aproveitamento é informativo, mas obrigatório para a classificação do sistema. Uma vez</p><p>informado na ENCE, não altera a classificação obtida com base potência instalada do</p><p>sistema. Para a avaliação do potencial da envoltória quanto ao aproveitamento da luz</p><p>natural, deve-se obter o percentual da área da edificação que apresenta autonomia de luz</p><p>natural ao longo do ano, evitando-se a incidência excessiva de luz solar direta. Para efeitos</p><p>dessa instrução normativa são consideradas áreas com autonomia da luz natural aquelas</p><p>que apresentam no mínimo 300 lux em pelo menos 50% das horas diurnas. O período</p><p>para o qual a luz natural é disponível deve ser considerado das 8h às 18h,</p><p>desconsiderando-se variações do horário de verão, durante os 365 dias do ano,</p><p>independentemente da tipologia e do uso da edificação. O cálculo da área que possui</p><p>potencial para o aproveitamento da luz natural deve ser feito considerando-se a soma de</p><p>todas as zonas primárias de luz natural. Todas as aberturas laterais e zenitais projetadas</p><p>com o intuito de iluminar o ambiente, totalmente voltadas para o exterior devem ser</p><p>contabilizadas. (ELETROBRAS, 2019).</p><p>Em que pese a atenção dispensada ao estudo de sistemas de iluminação econômica, ainda assim</p><p>vale notar a crescente preocupação mundial com o bem-estar do ser humano que ocupa as</p><p>edificações. O WELL Building Standard V1 foi lançado em 2014 e se apresenta como um exemplo</p><p>de organismo de certificação que tem como compromisso a melhoria da saúde global, trazendo</p><p>orientações de projeto que transformam os espaços onde as pessoas passam a vida.</p><p>O WELL foi desenvolvido através da integração de pesquisas científicas, médicas e da</p><p>literatura sobre saúde ambiental, fatores comportamentais, resultados de saúde e fatores</p><p>de risco demográficos que afetam a saúde com as principais práticas de projeto,</p><p>construção e gerenciamento de edifícios. O WELL Building Standard passou por um</p><p>processo abrangente de revisão por especialistas, que incluiu três fases - revisão científica,</p><p>profissional e médica. A Certificação WELL e o programa de credenciamento WELL AP</p><p>11 Edificações NZEB são edificações de alta eficiência energética com geração distribuída associada, de fonte</p><p>renovável, que alcançam um balanço anual energético próximo à zero (ELETROBRAS, 2019).</p><p>54</p><p>são administrados por terceiros através da colaboração da IWBI12 com a Green Business</p><p>Certification Inc (WELL, 2014).</p><p>O WELL Building Standard V1 adota como princípios a orientação sobre sete conceitos de saúde</p><p>para os ocupantes de uma edificação: Qualidade do ar, água e da luz, alimentação, atividades</p><p>físicas, conforto e saúde mental. Em relação ao tema da iluminação, avalia cinco aspectos</p><p>relevantes a qualidade do ambiente: A iluminância de tarefa, a fidelidade de cores, o controle de</p><p>ofuscamento, o aproveitamento da luz natural e a adoção de projeto de iluminação circadiana, ou</p><p>seja, aquela que avalia os impactos da luz sobre a saúde (WELL, 2014).</p><p>Neste sentido, reconhecemos o WELL Building Standard V1 (2014), como a proposta de conceitos</p><p>de projeto mais aderente aos objetivos desta pesquisa.</p><p>12 IWBI - International WELL Building Institute</p><p>55</p><p>4 METODOLOGIA</p><p>Para alcançar os objetivos propostos nesta dissertação, propõe-se o desenvolvimento da seguinte</p><p>metodologia de pesquisa:</p><p>• Apresentar conceitos da integração da iluminação natural com a artificial e suas relações com</p><p>as normativas para projetos em ambientes de saúde;</p><p>• Dissertar sobre o estado da arte das pesquisas sobre o ritmo circadiano, utilizando-se de revisão</p><p>bibliográfica integrativa.</p><p>• Aplicação de questionário a arquitetos, engenheiros e profissionais de projetos afiliados a</p><p>Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Arquitetura Hospitalar (ABDEH), através do</p><p>uso de recursos digitais na internet e análise de conteúdo através teste de evocação livre de</p><p>palavras (TEP) e da escala Likert.</p><p>• Análise de conteúdo em entrevistas com arquitetos de iluminação com relevância em projetos</p><p>de EAS no Brasil.</p><p>• Estudo de caso em enfermaria do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, (HUGG): Avaliação</p><p>de iluminância natural e artificial do ambiente interno através de simulação computacional</p><p>através dos softwares AGI 32 e LICASO, que são ferramentas de simulação luminotécnica de</p><p>iluminâncias, e de autonomia de luz do dia, “daylight autonomy” (DA).</p><p>• Análise do índice Circadian Stimulus (CS), na enfermaria sob estudo.</p><p>4.1 Revisão Bibliográfica sobre luz natural e artificial</p><p>Apresentação de fundamentação teórica sobre iluminação natural e artificial e conceitos sobre o</p><p>ritmo circadiano.</p><p>4.2 Revisão Bibliográfica Integrativa</p><p>Este capitulo propõe uma revisão da literatura internacional sobre o tema da Iluminação no</p><p>Ambiente Hospitalar, desenvolvendo uma análise sobre o estado da arte, as inovações tecnológicas</p><p>e as visões sobre as questões que envolvem a arquitetura hospitalar contemporânea. A pesquisa</p><p>visou estabelecer a delimitação de temas para que um projeto de iluminação de ambientes de saúde</p><p>tenha plena integração</p><p>aos aspectos arquitetônicos e sociais, visando o bem-estar do paciente,</p><p>acompanhantes e da equipe de médicos enfermeiros e colaboradores.</p><p>Para atingir os objetivos desta pesquisa, foi realizada a busca da literatura cientifica on-line, a</p><p>partir de bases de dados disponíveis ao grupo do Espaço Saúde do Proarq - UFRJ, dentre estes se</p><p>destacam o SCIELO, CAPES, PUBMED, entre outros. Entretanto, quando se trata de pesquisas</p><p>56</p><p>na área da saúde, destaca-se o Portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que opera a base de</p><p>dados BIREME, e promove o acesso à informação científica e técnica em saúde na América Latina</p><p>e Caribe. A partir da definição do tema Iluminação na Arquitetura Hospitalar, realizou-se a</p><p>identificação e seleção de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), com a relevância e aderência</p><p>ao tema a ser pesquisado, conforme o exemplo a seguir da Figura 33:</p><p>Figura 33 - Descritor Iluminação.</p><p>Fonte: DESCRITORES EM CIÊNCIAS DA SAÚDE - DECS</p><p>Sendo assim foram levantados os seguintes descritores:</p><p>• Ambiente de instituições de saúde;</p><p>• Arquitetura Hospitalar;</p><p>• Humanização da assistência;</p><p>• Hospitais;</p><p>• Iluminação;</p><p>• Planejamento hospitalar;</p><p>• Postos de enfermagem;</p><p>• Projeto arquitetônico baseado em evidencias;</p><p>• Quartos de pacientes;</p><p>• Ritmo circadiano.</p><p>Diante da pesquisa realizada pode-se perceber um elevado número de artigos utilizando-se a busca</p><p>simples, o que a tornaria inviável sob o ponto de vista do tempo e da efetividade, sendo assim</p><p>57</p><p>optou-se por utilizar a metodologia da revisão bibliográfica integrativa em três fases, como</p><p>apresentado a seguir:</p><p>1. Utilização de busca avançada, combinando dois descritores.</p><p>2. Aplicação de critérios de inclusão (operador AND) e de exclusão (operador NOT).</p><p>3. Comparação de artigos a fim de eliminar duplicidade.</p><p>Esta pesquisa se baseou em buscas na base BIREME e, portanto, se restringiu a arquivos</p><p>disponíveis em meio digital em portais digitais, entretanto, o tema não se restringe a estas bases</p><p>pois a arquitetura hospitalar é complexa e multidisciplinar, envolvendo distintas especialidades e</p><p>entidades pelo mundo. Dentre estas, destacam-se o Illuminating Engineering Society (IES),</p><p>entidade que publica guias de iluminação para arquitetura, engenharia e sustentabilidade nas</p><p>edificações, como o IESNA ANSI IES RP-29 (Recommended Practices - Lighting for Hospitals</p><p>and Healthcare Facilities), 2016, cujo objetivo vai além da aplicação de conceitos técnicos quando</p><p>aborda a saúde e o bem-estar do paciente como função do hospital.</p><p>58</p><p>4.3 Questionário aplicado a associados da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da</p><p>Edificação Hospitalar (ABDEH).</p><p>A fim de cumprir os objetivos desta pesquisa, um questionário foi disponibilizado aos associados</p><p>da ABDEH. Segundo Richardson (1999, p. 189), os questionários são úteis pois “cumprem pelo</p><p>menos duas funções: descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo</p><p>social”. O pesquisador optou, portanto, por um grupo segmentado de profissionais com atuação na</p><p>área de saúde, tendo em vista que seu conhecimento e experiência poderiam contribuir com</p><p>respostas às questões propostas nesta pesquisa. As informações de cadastro da ABDEH mostram,</p><p>em novembro de 2019, uma população de 922 associados, dentre estes estão profissionais das áreas</p><p>de arquitetura, engenharia, administração, medicina, enfermagem, entre outros (ABDEH, 2019).</p><p>A ferramenta de pesquisa utilizada foi a plataforma Google Forms (2019), que registrou 76</p><p>respostas, caracterizada como a amostra de trabalho nesta pesquisa, que ocorreu de 18/10/2019 a</p><p>25/11/2019, sendo que seu preenchimento foi voluntário, vinculada à aceitação do Termo de</p><p>Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Apesar de seu preenchimento ser espontâneo e</p><p>consensual, todas as perguntas deveriam ser respondidas a fim de validar os dados.</p><p>O questionário consiste de 26 perguntas, sendo 20 fechadas (opções em uma tabela de múltipla</p><p>escolha) e 6 abertas, onde os sujeitos puderam se expressar livremente sobre questões relacionadas</p><p>a luz e sua relação com a arquitetura de ambientes de saúde.</p><p>Nas questões fechadas, elaboradas de acordo com a escala Likert, (1932), propõe a utilização de</p><p>uma escala com categorias de respostas que vão de “concordo”, “concordo parcialmente”,</p><p>“discordo parcialmente”, “discordo” e “não sei opinar. Cada resposta tem um peso de 1 a 4,</p><p>dependendo do tipo de pergunta, relacionado à aderência ao tema da pesquisa. Caso o respondente</p><p>assinale “não sei opinar” o peso será zero.</p><p>No tocante a avaliação qualitativa, utilizou-se de questões abertas vinculadas a teoria das</p><p>Representações Sociais na sua abordagem estrutural que se referenciam a um núcleo central e</p><p>sistema periférico (ABRIC, 1993).</p><p>Para tornar o preenchimento deste questionário mais amigável as perguntas foram distribuídas em</p><p>cinco temas:</p><p>• Informações cadastrais: Nesta fase o objetivo foi avaliar o perfil sociodemográfico dos</p><p>sujeitos, utilizando-se das ferramentas de análise estatística básica, disponíveis no próprio</p><p>mecanismo de coleta, Google Forms (2019), através da geração de planilhas e gráficos.</p><p>• Associação de ideias: Após a caracterização da amostra realizada nas perguntas anteriores,</p><p>convidamos o associado a responder as questões através da participação em um teste de</p><p>59</p><p>evocação livre de palavras (TEP), onde foi proposto o termo indutor “luz”, isto é, o sujeito</p><p>deveria escrever as quatro primeiras palavras que lhe viessem a mente ao ouvir a palavra</p><p>“luz”, destacando as duas mais relevantes, justificando-se. Posteriormente o mesmo teste</p><p>foi aplicado para a expressão “luz de hospital”, nas questões (10) e (11). Este método</p><p>permite evidenciar as variações semânticas relativas a determinado termo com o objetivo</p><p>de contextualizar as representações sociais (CROMACK; BURSZTYN; TURA, 2009)</p><p>• Aspectos que influenciam um projeto de ambiente de saúde: Nesta parte do questionário o</p><p>associado da ABDEH é convidado a responder sobre os elementos que norteiam o projeto</p><p>de arquitetura de ambientes de saúde, indicando o grau de influência em cada aspecto,</p><p>desde a implantação, passando pela cultura do local até chegar as sugestões da equipe</p><p>médica. Nesta seção utiliza-se a técnica de análise escala de Likert (1932), onde os</p><p>respondentes especificam seu nível de concordância com uma afirmação.</p><p>• Conforto ambiental: A análise de conteúdo proposta nesta pesquisa visa identificar, através</p><p>de diversos instrumentos, uma correlação entre o texto originário de respostas às perguntas</p><p>ditas abertas, e as respostas às perguntas fechadas, como bem esclarece Bardin:</p><p>Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos,</p><p>sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores</p><p>(quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições</p><p>de produção/recepção (variáveis inferidas) nestas mensagens. (BARDIN, 1977, p. 42).</p><p>É importante, para tal, elucidar os possíveis pontos de contato nas questões sobre o conforto</p><p>ambiental verificando sua aderência aos conceitos de bioclimatismo, do bem-estar dos</p><p>usuários, do uso da iluminação natural, da influência dos entes do projeto e do uso de</p><p>iluminação circadiana em ambientes de saúde.</p><p>• Sua opinião é importante: Na parte final do questionário a pesquisa se debruça sobre as</p><p>questões a respeito das janelas em ambientes de internação, e sua importância para o</p><p>conforto e autonomia do paciente. Novamente aplica-se a técnica de análise escala de</p><p>Likert, (1932).</p><p>Como se depreende do aventado os resultados pretendem demonstrar o perfil profissional e as</p><p>representações sociais do grupo social representado pelos associados da ABDEH</p><p>60</p><p>4.4 Entrevistas com arquitetos e relatos de projetos em EAS.</p><p>Neste capítulo da metodologia a pesquisa se desenvolve</p><p>tornaram uma pessoa</p><p>melhor, mais sensível às dores e fraquezas do ser humano.</p><p>À professora Patrizia di Trapano, pelo incentivo na carreira acadêmica, pela amizade de todas as horas.</p><p>Aos demais membros da banca, professores Sylvia Meimaridou Rola e Daniel Coelho Feldman pela</p><p>disponibilidade e colaboração nesta caminhada.</p><p>À coordenação e aos professores do PROARQ cujas aulas nos fizeram perceber a grandeza da instituição.</p><p>À Maria da Guia, pelas agradáveis conversas e por repetir a frase: “Ninguém te obrigou, você quem quis”.</p><p>Aos mestrandos da turma de 2018, pela perseverança, amizade e tantas outras virtudes.</p><p>À diretoria e associados da ABDEH pela colaboração com a pesquisa.</p><p>Ao Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), em especial à arquiteta Silvana Quadra e ao Diretor</p><p>Fernando Ferry, pelo apoio a pesquisa.</p><p>Aos arquitetos que gentilmente concederam entrevistas: Antonio Carlos Rodrigues; Chean Yok Hsui; Fábio</p><p>Oliveira Bitencourt Filho; Fernanda Falcão; Guinter Parschalk; José Luiz Vaz Galvão; José Vanildo de</p><p>Oliveira Junior; Maurício Nunes Bastos; Moema Falci Loures; Mônica Rio Branco.</p><p>À minha família e amigos por compreenderem minha ausência.</p><p>À Vania Martins, pelo amor ao longo de tantos anos e pela coragem de mudar.</p><p>À Katia Fugazza, pelo carinho, solidariedade e por me eleger seu irmão.</p><p>À Aydê Andrade, por tantos anos dedicados à nossa mãe, por ser tão filha, mãe e irmã de todas as horas.</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1</p><p>1.1 Problema. ............................................................................................................................... 1</p><p>1.2 Justificativa. ........................................................................................................................... 1</p><p>1.3 Objetivos. ............................................................................................................................... 2</p><p>1.4 Metodologia. .......................................................................................................................... 2</p><p>1.5 Organização da dissertação. .................................................................................................. 3</p><p>2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................... 4</p><p>2.1 Conceitos de iluminação natural. ........................................................................................... 4</p><p>2.1.1 Disponibilidade de luz natural ........................................................................................ 6</p><p>2.1.2 Iluminação lateral ............................................................................................................ 7</p><p>2.1.3 Métrica da luz natural ..................................................................................................... 9</p><p>2.1.4 Softwares de simulação luminotécnica ......................................................................... 11</p><p>2.2 Conceitos de iluminação artificial ....................................................................................... 12</p><p>2.2.1 Aspectos qualitativos da iluminação artificial .............................................................. 13</p><p>2.3 Conceitos de iluminação na arquitetura hospitalar .............................................................. 23</p><p>2.4 Ritmo circadiano.................................................................................................................. 26</p><p>2.4.1 Percepção da luz ........................................................................................................... 27</p><p>2.4.2 A relação da luz no ritmo circadiano ............................................................................ 31</p><p>2.4.3 As métricas para iluminação voltada ao ser humano .................................................... 34</p><p>3 ILUMINAÇÃO EM EAS........................................................................................................... 38</p><p>3.1 Aplicação de normas em projetos de iluminação de EAS ................................................... 38</p><p>3.2 Organismos de certificação. ................................................................................................ 48</p><p>4 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 55</p><p>4.1 Revisão Bibliográfica sobre luz natural e artificial ............................................................. 55</p><p>4.2 Revisão Bibliográfica Integrativa ........................................................................................ 55</p><p>4.3 Questionário aplicado a associados da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da</p><p>Edificação Hospitalar (ABDEH). .............................................................................................. 58</p><p>4.4 Entrevistas com arquitetos e relatos de projetos em EAS. .................................................. 60</p><p>4.5 Estudo de caso: HUGG ........................................................................................................ 63</p><p>5 RESULTADOS .......................................................................................................................... 64</p><p>5.1 Resultados da Revisão Bibliográfica ................................................................................... 64</p><p>5.2 Resultados da Revisão Bibliográfica Integrativa ................................................................. 64</p><p>5.3 Resultados do Questionário ABDEH. ................................................................................. 68</p><p>5.3.1 Informações cadastrais. ................................................................................................. 68</p><p>5.3.2 Associação de ideias. .................................................................................................... 69</p><p>5.3.3 Aspectos que influenciam a qualidade de um projeto de ambiente de saúde. .............. 76</p><p>5.4 Resultados das entrevistas com arquitetos e lighting designers. ......................................... 83</p><p>5.4.1 Leitura transversal ......................................................................................................... 83</p><p>5.4.2 Teste de evocação livre de palavras (TEP). .................................................................. 83</p><p>5.4.3 Análise de conteúdo das entrevistas com arquitetos e lighting designers .................... 84</p><p>5.5 Resultados do estudo de caso no HUGG. ............................................................................ 90</p><p>5.5.1 Enfermaria da Pneumologia, D-03: .............................................................................. 90</p><p>5.5.2 Simulações de iluminação. ............................................................................................ 93</p><p>6 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO ............................................................................................... 101</p><p>7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 106</p><p>8 ANEXOS .................................................................................................................................. 112</p><p>8.1 Aspectos éticos da pesquisa ............................................................................................... 112</p><p>8.2 Termo de consentimento livre e esclarecido. TCLE - ABDEH ........................................ 113</p><p>8.3 Termo de consentimento livre e esclarecido. TCLE - Arquitetos ..................................... 114</p><p>8.4 Questionário ABDEH ........................................................................................................ 115</p><p>8.5 Questionário Arquitetos ..................................................................................................... 119</p><p>8.6 Plataforma Brasil ...............................................................................................................</p><p>através de entrevistas com um grupo de</p><p>dez arquitetos com experiência na área de saúde. Os sujeitos podem ser classificados em dois</p><p>grupos de cinco: o primeiro composto por arquitetos responsáveis pelo projeto global de ambientes</p><p>de saúde, ou seja, de hospitais e unidades de saúde. No segundo foram selecionados cinco light</p><p>designers, ou arquitetos de iluminação, com projetos relevantes neste segmento, conforme Quadro</p><p>8, organizado em ordem alfabética:</p><p>Quadro 8 - Nomes e profissões dos entrevistados.</p><p>Fonte: Autor</p><p>As dez entrevistas individuais ocorreram de entre os meses agosto a dezembro de 2019, sendo de</p><p>caráter voluntário, vinculada à aceitação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).</p><p>Foi solicitado ao entrevistado que permitisse a gravação em meio eletrônico a fim de proceder uma</p><p>posterior transcrição do texto. As gravações variaram sua duração dependendo da profundidade</p><p>de que cada entrevistado tratou cada tema, pois não havia um limite pré-estabelecido. Por esta</p><p>razão o tempo variou de 16 a 41 minutos, com uma média de aproximadamente 25 minutos,</p><p>totalizando 253 minutos de gravação que foram transcritos através do programa DICTATION.IO</p><p>(2019), de uso gratuito.</p><p>As entrevistas foram do tipo guiadas, que, segundo Richardson (1999, p. 212), são aquelas onde:</p><p>“o pesquisador conhece previamente os aspectos que deseja pesquisar e, com base neles, formula</p><p>alguns pontos a tratar na entrevista. As perguntas dependem do entrevistador, e o entrevistado tem</p><p>a liberdade de expressar-se como ele quiser, guiado pelo entrevistador”. O pesquisador elaborou,</p><p>portanto, um guia de perguntas, conforme Figura 34:</p><p>61</p><p>Figura 34 - Entrevista com arquitetos.</p><p>Fonte: Autor</p><p>Observa-se que o guia contempla o preenchimento de informações básicas sobre o entrevistado,</p><p>(nome, idade, atividade, entre outros) e consiste de nove perguntas abertas, sendo que as duas</p><p>primeiras são um teste de evocação livre de palavras (TEP), cujo termo indutor foi a palavra “luz”.</p><p>A terceira pergunta solicita ao entrevistado que descreva sua experiência na área de projetos para</p><p>ambientes e saúde. A quarta pergunta é sobre a atual interdisciplinaridade nos projetos e como se</p><p>dá a relação do entrevistado com esta questão. A quinta pergunta é similar as questões (de 12 a 17)</p><p>propostas aos associados da ABDEH onde se pretende avaliar quais os aspectos que norteiam um</p><p>projeto de iluminação de ambiente de saúde. A sexta e sétima perguntas propõem avaliar a</p><p>relevância da iluminação natural e sua distribuição nos ambientes de saúde. A oitava pergunta</p><p>questiona se o entrevistado já projetou ambientes com o uso de conceitos da iluminação circadiana.</p><p>Por fim o entrevistador solicita que o entrevistado compartilhe algum projeto para publicação nesta</p><p>pesquisa.</p><p>62</p><p>Ainda dentro do método, em que pese ser uma das teorias mais difundidas, e onde ao longo do</p><p>tempo se aperfeiçoa a técnica, a análise de conteúdo é dotada de diversos instrumentos</p><p>metodológicos aplicados na análise de textos, como bem afirma Bardin:</p><p>Um conjunto de técnicas de análise de comunicações visando obter, por procedimentos,</p><p>sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores</p><p>(quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições</p><p>de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 1977, p. 42).</p><p>Para a continuidade da pesquisa, sugere-se a realização de uma primeira leitura, transversal, a fim</p><p>de promover uma impressão geral, organizar as opiniões contidas no texto e em seguida avaliar os</p><p>elementos e princípios que as determinam (RICHARDSON, 1999, p.224). Em seguida a análise</p><p>de conteúdo codifica os dados e os categoriza a fim de fornecer ao leitor uma informação</p><p>simplificada e que “desempenha uma determinada função entre as mensagens e a realidade</p><p>subjacente” (BARDIN, 1977, p.119).</p><p>63</p><p>4.5 Estudo de caso: HUGG</p><p>O Hospital Universitário Gaffreé e Guinle (HUGG), de projeto assinado por Porto D’Ave e Häring,</p><p>foi escolhido por estar localizado na Cidade do Rio de Janeiro, no Bairro da Tijuca. Sua arquitetura</p><p>singular, com enfermarias destacadas do corpo principal da edificação, monobloco com jardim</p><p>interno e ruas arborizadas o torna uma escolha natural para este estudo. O hospital é uma unidade</p><p>suplementar da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, sendo um hospital geral para consultas</p><p>e procedimentos agendados (UNIRIO, 2020). Por se tratar de um hospital universitário,</p><p>pertencente a Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO, franqueou suas instalações à pesquisa. A</p><p>entrada principal do hospital está localizada na Rua Mariz e Barros nº 775, no bairro da Tijuca,</p><p>zona norte do município do Rio de Janeiro/RJ - Brasil. Uma área plana, com taxa de ocupação</p><p>densa e prédios com gabarito alto de uso residencial possuindo uso comercial no pavimento térreo,</p><p>Figura 35:</p><p>Figura 35 - Vista aérea do HUGG.</p><p>Fonte: Autor, adaptado de GOOGLE, 2018.</p><p>O programa do HUGG inclui inúmeros serviços como consultórios e clinicas de atendimento à</p><p>população em geral como oftalmologia, otorrinolaringologia entre outros. Os espaços que estas</p><p>especialidades ocupam na edificação sofrem constantes atualizações, dentre estas destaca-se a</p><p>ampliação do espaço destinado a cozinha e o refeitório, que foram implantados como uma</p><p>edificação anexa à planta principal, com a finalidade de atender tão somente aos aspectos</p><p>funcionais da edificação hospitalar, sem as devidas preocupações com a sustentabilidade nas</p><p>edificações pois carece da integração ao patrimônio, a cultura e ao conforto ambiental.</p><p>No terceiro pavimento localiza-se nosso estudo de caso: a enfermaria da Pneumologia, D-03,</p><p>reformada em 2019 e que vivencia uma menor influência das edificações do entorno. Neste</p><p>ambiente utilizaremos as ferramentas de simulação fotométrica e de avaliação da disponibilidade</p><p>64</p><p>de luz natural em conjunto com a metodologia de avaliação da influência da luz no ritmo</p><p>circadiano dos usuários.</p><p>5 RESULTADOS</p><p>5.1 Resultados da Revisão Bibliográfica</p><p>Esta dissertação apresentou no capítulo 2 (Fundamentação Teórica) uma revisão bibliográfica</p><p>sobre conceitos e aplicações de iluminação natural e artificial, conceitos de iluminação na</p><p>arquitetura hospitalar, além disso, discorreu sobre a teoria do ritmo circadiano e suas relações com</p><p>a iluminação natural e artificial.</p><p>5.2 Resultados da Revisão Bibliográfica Integrativa</p><p>Observou-se durante a fase de busca avançada, além da combinação de descritores, p.ex.:</p><p>“Arquitetura Hospitalar AND Iluminação”, a necessidade do uso de alguns critérios de exclusão</p><p>e inclusão objetivando-se o refinamento da pesquisa, e para tal foram elencados: [1] Artigo</p><p>completo, pois algumas bases disponibilizam apenas o título ou o resumo, [2] Tipo de documento,</p><p>portanto excetuam-se teses, dissertações e outros tipos de publicações. Nesta fase obteve-se o</p><p>resultado de 1.279 artigos, conforme o Quadro 9:</p><p>Quadro 9– Total dos estudos segundo as bases de dados e a conjugação dos descritores.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>BASES</p><p>DESCRITORES</p><p>BIREME</p><p>TOTAIS MEDLINE LILACS BDENF Index Psic. IBECS DESASTRES Coleciona SUS</p><p>1 Arquitetura hospitalar and iluminação 14 14</p><p>2 Arquitetura hospitalar and quartos de pacientes 78 78</p><p>3 Arquitetura hospitalar and postos de enfermagem 5 5</p><p>4 Arquitetura hospitalar and humanização da assist. 0 5 2 2 9</p><p>5 Arquitetura hospitalar and ritmo circadiano 1 1</p><p>6 AH and Projeto arquitetônico baseado em evidências 11 1 12</p><p>7 Ambiente de instituições de saúde and iluminação 23 23</p><p>8 AIS and quartos de pacientes 28 1</p><p>29</p><p>9 AIS and postos de enfermagem 23 2 1 26</p><p>10 AIS and humanização de assistência 2 18 13 2 35</p><p>11 AIS and ritmo circadiano 9 9</p><p>12 AIS and Projeto arquitetônico</p><p>baseado em</p><p>evidências</p><p>3 3</p><p>13 Planejamento hospitalar and iluminação 5 1 5</p><p>14 Planejamento hospitalar and quartos de pacientes 38 2 1 41</p><p>15 Planejamento hospitalar and postos de enfermagem 95 12 1 108</p><p>16 Planejamento hospitalar and humanização de assist. 0 30 11 1 42</p><p>17 Planejamento hospitalar and and ritmo circadiano 25 1 26</p><p>18 Planejamento hospitalar and Projeto arquit. EBD 1 1</p><p>19 Iluminação and quartos de pacientes 10 10</p><p>20 Iluminação and postos de enfermagem 3 2 5</p><p>21 Iluminação and humanização de assistência 0 0</p><p>22 Iluminação and ritmo circadiano 210 3 213</p><p>23 Iluminação and Projeto arquitetônico EBD 1 1</p><p>24 Hospitais and iluminação 26 1 1 27</p><p>25 Hospitais and quartos de pacientes 204 5 1 210</p><p>26 Hospitais and postos de enfermagem 66 6 5 2 79</p><p>27 Hospitais and humanização de assistência 0 127 63 7 11 208</p><p>28 Hospitais and ritmo circadiano 45 8 3 56</p><p>29 Hospitais and Projeto arquitetônico EBD 1 1</p><p>TOTAIS 927 223 101 11 1 2 14 1279</p><p>65</p><p>Revela-se, neste sentido a importância dos critérios de inclusão e exclusão, conforme preconiza a</p><p>fase dois da metodologia. Para avaliar a evolução dos temas optou-se por critério de seleção</p><p>temporal [1] para artigos publicados a partir de 1990 até a presente pesquisa, agosto de 2018, e a</p><p>inclusão daqueles cujos idiomas [2] fossem Português, Inglês ou Espanhol, e nos quais o assunto</p><p>principal [3] fosse relacionado aos descritores, pois a ferramenta de busca disponibiliza este</p><p>refinamento, conforme o Quadro 10:</p><p>Quadro 10 – Aplicação dos critérios de inclusão e exclusão.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>Se considerarmos a redução drástica do número de artigos pode-se inferir que os critérios de</p><p>seleção foram demasiadamente restritivos, entretanto, observou-se que por se tratar de um portal</p><p>de biblioteca relacionada a saúde, o volume de menções a área de arquitetura hospitalar e</p><p>iluminação não é necessariamente pequeno pois foram obtidos 98 artigos com relevância aos temas</p><p>desta pesquisa. Nesta fase foi necessária a leitura flutuante dos resumos e, em alguns casos, do</p><p>arquivo completo, pois os títulos nem sempre refletiam o conteúdo da pesquisa, como nos casos</p><p>dos descritores “Arquitetura hospitalar AND Quartos de pacientes” onde alguns assuntos surgiram</p><p>com frequência, por exemplo: “The end of shared rooms in hospitals: a cause for celebration?”,</p><p>cuja tradução livre seria: “O fim dos quartos compartilhados nos hospitais: motivo de</p><p>BASES</p><p>DESCRITORES</p><p>BIREME</p><p>TOTAIS MEDLINE LILACS BDENF Index Psic. IBECS DESASTRES Coleciona SUS</p><p>1 Arquitetura hospitalar and iluminação 6 6</p><p>2 Arquitetura hospitalar and quartos de pacientes 1 1</p><p>3 Arquitetura hospitalar and postos de enfermagem 0 0</p><p>4 Arquitetura hospitalar and humanização da assist. 0 1 1 0 2</p><p>5 Arquitetura hospitalar and ritmo circadiano 1 1</p><p>6 AH and Projeto arquitetônico baseado em evidências 0 0</p><p>7 Ambiente de instituições de saúde and iluminação 4 4</p><p>8 AIS and quartos de pacientes 0 0</p><p>9 AIS and postos de enfermagem 1 1</p><p>10 AIS and humanização de assistência 0 1 1</p><p>11 AIS and ritmo circadiano 2 2</p><p>12 AIS and Projeto arquitetônico baseado em</p><p>evidências</p><p>3 3</p><p>13 Planejamento hospitalar and iluminação 1 1</p><p>14 Planejamento hospitalar and quartos de pacientes 0 0 0</p><p>15 Planejamento hospitalar and postos de enfermagem 0 0</p><p>16 Planejamento hospitalar and humanização de assist. 0 0 0</p><p>17 Planejamento hospitalar and and ritmo circadiano 2 2</p><p>18 Planejamento hospitalar and Projeto arquit. EBD 0 0</p><p>19 Iluminação and quartos de pacientes 2 2</p><p>20 Iluminação and postos de enfermagem 0 1 1</p><p>21 Iluminação and humanização de assistência 0 0</p><p>22 Iluminação and ritmo circadiano 49 2 51</p><p>23 Iluminação and Projeto arquitetônico EBD 1 1</p><p>24 Hospitais and iluminação 4 4</p><p>25 Hospitais and quartos de pacientes 1 1</p><p>26 Hospitais and postos de enfermagem 2 2</p><p>27 Hospitais and humanização de assistência 0 4 1 5</p><p>28 Hospitais and ritmo circadiano 1 3 2 6</p><p>29 Hospitais and Projeto arquitetônico EBD 1 1</p><p>TOTAIS 82 11 5 0 0 0 0 98</p><p>66</p><p>comemoração?”. Podemos perceber que, apesar de tratar do tema proposto nos descritores, o</p><p>mesmo não tem aderência à pesquisa pretendida pelo autor, pois trata do investimento necessário</p><p>para adoção deste padrão de atendimento, com benefícios aos pacientes, entretanto com</p><p>consequências na elevação dos custos, aumento do staff e dificuldades na aplicação em unidades</p><p>cuja arquitetura não previa tal expansão.</p><p>Observa-se que, na fase três, o método proposto aplica uma comparação dos artigos salvos em</p><p>cada par de descritores a fim de eliminar eventual coincidência, obtendo-se assim o Quadro 11:</p><p>Quadro 11 – Aplicação dos critérios de exclusão por duplicidade.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>De acordo com a tabela três percebe-se que, em apenas vinte artigos houve duplicidade, este fato</p><p>ocorreu porque a mesma pesquisa pode estar em uma base como a MEDLINE e ao mesmo tempo</p><p>no LILACS, BDENF, INDEX PSICOLOGIA, IBECS, e etc. Da mesma forma observou-se um</p><p>total de 78 artigos, cuja relevância e aderência à pesquisa será objeto de estudo neste trabalho.</p><p>Através desta revisão verificou-se que os temas “Arquitetura Hospitalar”; “Ambientes de</p><p>instituições de saúde”; “Planejamento hospitalar” e “Hospitais”, são, sob o ponto de vista do</p><p>pesquisador, sinônimos e, portanto, foram usados em combinação com o tema mais relevante à</p><p>pesquisa: Iluminação, totalizando treze artigos, conforme evidenciado em vermelho na tabela 3 e</p><p>nas linhas 1; 7; 13; 24.</p><p>BASES</p><p>DESCRITORES</p><p>BIREME</p><p>TOTAIS MEDLINE LILACS BDENF Index Psic. IBECS DESASTRES Coleciona SUS</p><p>1 Arquitetura hospitalar and iluminação 6 6</p><p>2 Arquitetura hospitalar and quartos de pacientes 0 0</p><p>3 Arquitetura hospitalar and postos de enfermagem 0 0</p><p>4 Arquitetura hospitalar and humanização da assist. 1 1</p><p>5 Arquitetura hospitalar and ritmo circadiano 0 0</p><p>6 AH and Projeto arquitetônico baseado em evidências 0 0</p><p>7 Ambiente de instituições de saúde and iluminação 4 4</p><p>8 AIS and quartos de pacientes 0 0</p><p>9 AIS and postos de enfermagem 1 1</p><p>10 AIS and humanização de assistência 1 1</p><p>11 AIS and ritmo circadiano 1 1</p><p>12 AIS and Projeto arquitetônico baseado em</p><p>evidências</p><p>1 1</p><p>13 Planejamento hospitalar and iluminação 1 1</p><p>14 Planejamento hospitalar and quartos de pacientes 0 0</p><p>15 Planejamento hospitalar and postos de enfermagem 0 0</p><p>16 Planejamento hospitalar and humanização de assist. 0 0</p><p>17 Planejamento hospitalar and and ritmo circadiano 2 2</p><p>18 Planejamento hospitalar and Projeto arquit. EBD 0 0</p><p>19 Iluminação and quartos de pacientes 1 1</p><p>20 Iluminação and postos de enfermagem 0 1 1</p><p>21 Iluminação and humanização de assistência 0 0</p><p>22 Iluminação and ritmo circadiano 48 48</p><p>23 Iluminação and Projeto arquitetônico EBD 0 0</p><p>24 Hospitais and iluminação 2 2</p><p>25 Hospitais and quartos de pacientes 0 0</p><p>26 Hospitais and postos de enfermagem 1 1</p><p>27 Hospitais and humanização de assistência 0 2 1 3</p><p>28 Hospitais and ritmo circadiano 1 1 1 3</p><p>29 Hospitais and Projeto arquitetônico EBD 1 1</p><p>TOTAIS 70 5 3 78</p><p>67</p><p>Podemos perceber que os temas são relacionados à iluminação e suas interações com a arquitetura</p><p>hospitalar, como segue: ICU (Intensive Care Unit), no Brasil denominada de UTI; Light Design,</p><p>termo referente aos aspectos luminotécnicos e de projetos de iluminação em ambiente hospitalar;</p><p>EBD (Evidence-Based Design) ou design baseado</p><p>em evidências; Iluminação dinâmica, tema</p><p>relacionada a automação dos sistemas de iluminação, notadamente com o uso de variação de</p><p>temperaturas de cor e composição espectral da luz, supondo-se ter como objetivo de ajuste do</p><p>ritmo circadiano; Sono, assunto relacionado as dificuldades para dormir de pacientes e</p><p>profissionais de saúde dentro do ambiente hospitalar, conforme Figura 36:</p><p>Figura 36 – Distribuição das publicações sobre Arquitetura e Iluminação.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>A pesquisa desenvolve uma breve análise cronológica da distribuição dos arquivos desde os anos</p><p>1990 até os dias atuais, entretanto foram estudados apenas os artigos cujo tema principal foi a</p><p>iluminação, excetuando-se aqueles relacionados ao tema ritmo circadiano, Figura 37:</p><p>Figura 37 – Distribuição cronológica das publicações.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>0</p><p>2</p><p>4</p><p>6</p><p>8</p><p>10</p><p>Temas</p><p>Número de Artigos</p><p>ICU Light Design EBD Ilum Dinâmica Sono</p><p>0</p><p>2</p><p>4</p><p>6</p><p>8</p><p>10</p><p>12</p><p>14</p><p>Períodos</p><p>Número de Artigos</p><p>1990 a 1999 2000 a 2009 2010 a 2018</p><p>68</p><p>Observa-se que o tema “Iluminação” acrescido de seus descritores complementares: “quartos de</p><p>pacientes”; “postos de enfermagem”; “humanização de assistência” e “projeto arquitetônico</p><p>baseado em evidências”, obteve apenas dois artigos publicados, o que mostra a necessidade da</p><p>discussão destes temas na literatura. Por outro lado, a combinação da iluminação com o descritor</p><p>ritmo circadiano retornou um número expressivo de artigos: 48; indicando que o tema é atual e</p><p>relevante para as pesquisas, tanto da área médica como da arquitetura.</p><p>5.3 Resultados do Questionário ABDEH.</p><p>5.3.1 Informações cadastrais.</p><p>Neste capitulo realizamos a caracterização da amostra, que representa os associados da ABDEH.</p><p>O Quadro 12 indica o perfil destes respondentes:</p><p>Quadro 12 - Perfil sociodemográfico dos respondentes.</p><p>Fonte: Autor</p><p>Questão 1 - Atividade FREQUÊNCIA %</p><p>Arquiteto (a) 61 80,3</p><p>Engenheiro (a) 12 15,8</p><p>Enfermeiro (a) 2 2,6</p><p>Gestor (a) 1 1,3</p><p>Questão 2 - Gênero FREQUÊNCIA %</p><p>Feminino 49 64,5</p><p>Masculino 27 35,5</p><p>Questão 3 - Idade FREQUÊNCIA %</p><p>24 a 34 12 15,8</p><p>34 a 44 22 28,9</p><p>44 a 54 18 23,7</p><p>54 a 64 19 25,0</p><p>64 a 74 5 6,6</p><p>Questões 4 e 5 - Distribuição</p><p>demográfica</p><p>FREQUÊNCIA %</p><p>Sudeste 32 42,1</p><p>Sul 13 17,1</p><p>Nordeste 15 19,8</p><p>Centro Oeste 14 18,4</p><p>Norte 2 2,6</p><p>Questão 6 - Tempo de atuação</p><p>em arquitetura de saúde</p><p>FREQUÊNCIA %</p><p>Menos de 1 ano 6 7,9</p><p>De 1 a 5 anos 10 13,2</p><p>de 5 a 10 anos 11 14,5</p><p>Acima de 10 anos 46 60,5</p><p>Não atua em arquitetura 3 3,9</p><p>Questão 7 - Tempo de</p><p>associação à ABDEH</p><p>FREQUÊNCIA %</p><p>Menos de 1 ano 20 26,3</p><p>De 1 a 5 anos 22 28,9</p><p>de 5 a 10 anos 19 25,0</p><p>Acima de 10 anos 15 19,7</p><p>69</p><p>A pergunta (1) sobre atividade profissional mostrou que a grande maioria se declarou arquiteto</p><p>(61), acompanhados pelos engenheiros (12), além de enfermeiras (2) e gestora de serviços de saúde</p><p>(1), o que demonstra a variedade de profissões envolvida na associação e um interesse dos</p><p>arquitetos e engenheiros sobre o tema da pesquisa.</p><p>A pergunta (2) indica forte participação do público feminino (49 respostas), ou aproximadamente</p><p>65%, em sintonia com a maioria deste gênero junto a ABDEH (615 mulheres e 307 homens).</p><p>No resultado da pergunta sobre a idade do entrevistado (3), apresenta-se um perfil com idades</p><p>variando entre 24 a 72 anos, e uma média de 46 anos. Nota-se que a maioria dos associados</p><p>respondentes (59), situam-se na faixa de 34 a 53 anos, o que indica uma maturidade profissional</p><p>dos sujeitos da pesquisa.</p><p>Em relação à distribuição geográfica, as respostas das perguntas (4) e (5) revelam que os</p><p>participantes da pesquisa são provenientes de 27 cidades, distribuídas em 16 estados da federação.</p><p>O Estado do Rio de Janeiro, onde foi localizada a pesquisa e o estudo de caso, representa a maior</p><p>participação com 17 profissionais, seguido do Estado de São Paulo, com 12 respostas e Bahia e</p><p>Distrito Federal, ambos com 7 respostas. Este resultado pode indicar um viés, consequência da</p><p>pesquisa ter como base a Cidade do Rio de Janeiro e pelo fato do pesquisador ser um associado da</p><p>ABDEH local, entretanto não houve contato direto entre o pesquisador e os sujeitos. A fim de</p><p>simplificar a compreensão dos dados demográficos a pesquisa optou por demonstrar os resultados</p><p>agrupados por regiões: Sudeste; Sul, Nordeste, Centro Oeste e Norte.</p><p>A pergunta (6) tem por objetivo avaliar a experiência profissional na área de saúde, e os resultados</p><p>indicam que a maioria dos associados da ABDEH (47 profissionais) são envolvidos com esta área</p><p>de atuação há mais de 10 anos, o que corresponde a maturidade profissional da resposta à pergunta</p><p>(3), conforme o gráfico abaixo:</p><p>A questão (7) demonstra que o perfil da ABDEH é equilibrado em relação ao tempo de inscrição</p><p>dos associados, indicando que apesar da maioria ter atuação no mercado há mais de 10 anos</p><p>(questão 6) existe um potencial de renovação dos profissionais da área de saúde.</p><p>5.3.2 Associação de ideias.</p><p>Com o auxílio do software VOYANT-TOOLS, (SINCLAIR E ROCKWELL, 2016), foi realizada</p><p>a contagem de 302 palavras evocadas para o termo indutor “luz” referentes ao primeiro teste, ou</p><p>seja, foram descontadas palavras idênticas e elementos de conexão como artigos e preposições.</p><p>Após esta fase preliminar, estas evocações “constituem um grupo heterogêneo de unidades</p><p>70</p><p>semânticas” (BARDIN, 1977, p. 52), sendo necessária a criação de algum tipo de classificação e</p><p>ordenamento, a fim de alcançarmos o nível de representações condensadas e explicativas (análise</p><p>descritiva de conteúdo e elucidação de estereótipos).</p><p>Para tanto se fez necessário utilizar aproximações semânticas ligeiras, como o que ocorre em: “sol,</p><p>energia, dia”; ou em “conforto, bem-estar, aconchego”. Estas associações de ideias e agrupamentos</p><p>está explicitada no Quadro 13:</p><p>Quadro 13 - Agrupamento de palavras, termo indutor “luz”.</p><p>Fonte: Autor</p><p>Observa-se que ao lado de cada elemento existe um número indicativo das ocorrências, ou em</p><p>termos estatísticos, a frequência (f). Percebe-se que as nove palavras com maior frequência estão</p><p>relacionadas na primeira linha do quadro: Vida (25); Claridade (23); Saúde (17); Conforto (17);</p><p>Sol (10); Limpeza (9); Visão (8) e Alegria (8), totalizando 117 elementos, correspondendo a 38%</p><p>do total deste TEP.</p><p>Cabe salientar que a sequência em que as palavras foram mencionadas é importante para a análise,</p><p>sendo denominada ordem de evocação, entretanto, utiliza-se sua média que é obtida atribuindo-se</p><p>pesos distintos a cada ordem, ou seja, peso 1 para a primeira palavra, peso 2 para a segunda e assim</p><p>por diante, até o número de associações solicitadas, que nesta pesquisa foram quatro. Estes valores</p><p>individuais e ponderados foram divididos pela frequência, obtendo-se o valor da ordem média de</p><p>evocação (Ome).</p><p>A partir dos dados de frequência (f) e ordem média de evocação (Ome) de cada palavra e</p><p>utilizando-se da referência metodológica do software EVOC (CRISTO, 2012), o pesquisador</p><p>elaborou uma planilha eletrônica, onde foram calculadas a frequência média (fme) e a média das</p><p>ordens médias de evocação (OME) para toda a amostra. A fme resultante foi de 33 e OME teve</p><p>seu valor calculado em 2.58, conforme Quadro 14.</p><p>71</p><p>Quadro 14 - Frequência e OME, termo indutor “luz”.</p><p>Fonte: Autor</p><p>A fim de representar graficamente estas variáveis, foi concebido um quadro composto de quatro</p><p>quadrantes, onde o eixo vertical indica as frequências e o eixo horizontal as ordens de evocação.</p><p>Portanto, os elementos com “f” superior à média (fme) estarão acima do eixo horizontal e assim</p><p>respectivamente abaixo aqueles cuja frequência seja inferior à média. Da mesma forma, os</p><p>elementos cujas “Ome” sejam superiores às “OME” serão localizados à direita do quadro e quando</p><p>inferiores, à esquerda, conforme Quadro 15:</p><p>Quadro 15 - Distribuição dos elementos segundo frequência de evocação e ordem média de evocação, termo indutor</p><p>“luz”.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>Como ponto de partida, observa-se que no primeiro quadrante, (superior esquerdo), estão</p><p>localizados os elementos evocados mais vezes, ou seja com frequência superior a 33 (claridade,</p><p>visão, vida e sol), além de uma média de evocação menor, (Ome inferior a 2.58), pois foram</p><p>aqueles mencionados mais rapidamente, indicando sua possível participação ao núcleo central da</p><p>fme (33) Elementos f Ome < 2.58 Elementos f Ome ≥ 2.58</p><p>claridade 50 2.10 conforto 50 2.82</p><p>visão 46 2.57</p><p>vida 41 2.37</p><p>sol 37 2.24</p><p>saúde 26 2.46 limpeza 15 3.2</p><p>iluminação 26 2.31 alegria 10 3.2</p><p>≥ 33</p><p>< 33</p><p>72</p><p>representação social. Estes elementos têm um caráter consensual, estão ligados à memória coletiva</p><p>e à história do grupo. Além destas características o núcleo central tem um aspecto normativo,</p><p>definindo a homogeneidade deste, sendo estável, coerente e rígido (ABRIC, 1993, p. 75). O núcleo</p><p>central promove a objetivação, ou seja, permite “descobrir a qualidade icônica de uma ideia, ou</p><p>ser impreciso, é descobrir um conceito em uma imagem. Comparar e já representar, encher o que</p><p>está naturalmente vazio com substância” (MOSCOVICI, 2015, p. 71).</p><p>No quadrante oposto, (inferior direito), estão os elementos com um menor número de evocações,</p><p>(limpeza e alegria), portanto com fme menor que 33 e posteriormente lembrados, ou seja, possuem</p><p>OME maior que 2.58, com provável associação ao núcleo periférico, permitindo novas</p><p>interpretações e protegendo o núcleo central, pois permite a integração das experiencias e histórias</p><p>individuais. Suporta as contradições e a heterogeneidade do grupo, é flexível e sensível ao</p><p>ambiente externo (ABRIC, 1993, p. 76)</p><p>Ademais, podemos relacionar o segundo e terceiro quadrantes, que pertencem ao sistema</p><p>intermediário ou periferia próxima, como complementares ao sistema central e periférico. No</p><p>segundo quadrante (superior direito), encontram-se as evocações de maior fme e maior Ome,</p><p>(conforto) sendo muito citadas, mas sem importância para os sujeitos. No terceiro quadrante</p><p>(inferior esquerdo), estão as evocações de menor fme e de menor Ome, (saúde e iluminação),</p><p>consideradas importantes por um pequeno grupo de sujeitos (CRISTO, 2012, p. 96).</p><p>No que diz respeito às duas palavras mais importantes, tema da questão (9), adotou-se a técnica de</p><p>analise denominada “nuvem de palavras”, que é uma representação visual das palavras e frases</p><p>mais comuns das respostas abertas através do software VOYANT-TOOLS, (SINCLAIR e</p><p>ROCKWELL, 2016). Como resultado obteve-se em evidência as palavras “vida” (20); “saúde”</p><p>(15); “claridade” (12); “conforto” (12), ou seja, as mais frequentemente evocadas em ambas as</p><p>questões (8 e 9), exceto pela maior ênfase de “saúde” em relação à “claridade”, indicando uma</p><p>maior conexão semântica ao termo indutor “luz” quando o sujeito é levado a uma reflexão sobre</p><p>o tema. Diante da pesquisa realizada pode-se perceber que não ocorreram termos pejorativos ou</p><p>até mesmo de caráter negativo em relação ao tema proposto, Figura 38:</p><p>73</p><p>Figura 38 - Nuvem de palavras, termo indutor “luz”.</p><p>Fonte: Autor</p><p>Ainda na questão (9) foi solicitado aos sujeitos que expusessem a razão da escolha das duas</p><p>palavras mais importantes, as justificativas remetem algumas vezes à conceitos subjetivos, como,</p><p>por exemplo, a resposta de três sujeitos que relacionaram o termo indutor “Luz” às palavras “Vida”</p><p>e “Saúde”: Sujeito (22) – “vida e saúde, sensação de positividade”; Sujeito (34) – “Saúde porque</p><p>o sol renova. Vida porque luz e essencial para viver”; Sujeito (66) – “Vida e saúde mental, com</p><p>essas palavras em equilíbrio você consegue viver da melhor forma com luz adequada, trazendo até</p><p>mais sensação de felicidade”. Algumas respostas indicam a relação da arquitetura com o conforto</p><p>ambiental e sua relação ao bem-estar do usuário: Sujeito (07) – “Vida e bem-estar. Acredito que</p><p>faz parte no ser humano, precisar de luz”. Sujeito (18) – “Vida, porque significa que o local está</p><p>em funcionamento e aconchego, porque penso numa luz devidamente colocada em cada canto,</p><p>para diferentes atividades, adequada às necessidades”. Sujeito (28) – “Conforto, eficiência, pois</p><p>luz é essencial para a qualidade e eficiência do trabalho de enfermeiros e médicos dentro do</p><p>ambiente hospitalar”. Dentre as relações verificadas nas justificativas, ressaltam-se os estereótipos</p><p>do grupo pesquisado, revelando sua afinidade com o tema da saúde: Sujeito (26) – “No contexto</p><p>da arquitetura hospitalar: sono e janelas, voltadas diretamente ao paciente”. Sujeito (41) –</p><p>“Iluminação natural e iluminação artificial. O equilíbrio de ambas é essencial para um ambiente”.</p><p>Sujeito (46) – “segurança e organização do relógio biológico, porque a iluminação adequada traz</p><p>mais segurança aos funcionários para realização dos procedimentos e também pela iluminação</p><p>natural auxiliar na regularização dos hormônios e assim facilitar a recuperação do paciente”.</p><p>74</p><p>Sujeito (71) – “luz artificial e luz natural, porque é o que vai determinar a qualidade de iluminação</p><p>para o usuário durante o dia inteiro (24h)”.</p><p>De modo semelhante, para as questões (10) e (11) foi aplicado o TEP para o termo indutor “luz de</p><p>hospital” e com o auxílio das mesmas ferramentas, foi realizada a contagem de 296 palavras</p><p>evocadas referentes ao segundo teste. Aplicando-se a classificação e ordenamento, o novo corpus</p><p>agrupado está representado no Quadro 16:</p><p>Quadro 16 - Agrupamento de palavras, termo indutor “luz de hospital”.</p><p>Fonte: Autor</p><p>De forma análoga a questão anterior, observam-se na primeira linha do quadro as oito palavras</p><p>com maior frequência: Fria (23); Conforto (20); Branca (16); Artificial (10); Saúde (09); Claridade</p><p>(8); Natural (7), totalizando 100 elementos, correspondendo a 34% do total deste TEP.</p><p>Aplicando-se as ponderações na ordem de evocação, obteve-se o valor da Ome, e dando</p><p>continuidade ao método, os dados foram aplicados na planilha, tendo como resultados a frequência</p><p>média (fme) e a média das ordens médias de evocação (OME), para toda a amostra, Quadro 17:</p><p>75</p><p>Quadro 17 - Frequência e OME, termo indutor “luz de hospital”.</p><p>Fonte: Autor</p><p>Adotou-se então a mesma tipologia de quadro composto com os elementos ordenados por</p><p>frequência (f) e pela ordem média de evocações (Ome). Verificou-se que existe apenas um</p><p>elemento no quadrante superior esquerdo (fria), pois foi aquele evocado mais vezes, com</p><p>frequência superior a 37, e mencionado mais rapidamente (OME inferior a 2.42). No quadrante</p><p>inferior direito estão as palavras com um menor número de evocações, (artificial e segurança),</p><p>com frequência menor que 37 e lembrados mais tardiamente, com OME maior que 2.42. No</p><p>quadrante superior direito, encontram-se as evocações de maior frequência e ordem de evocação,</p><p>(conforto e saúde). No quadrante inferior esquerdo, estão as evocações de menor fme e de menor</p><p>Ome, (branca, natural e claridade). Quadro 18:</p><p>Quadro 18 - Distribuição dos elementos segundo frequência de evocação e ordem média de evocação, termo indutor</p><p>“luz de hospital”.</p><p>Fonte: Autor</p><p>76</p><p>Quando se trata das duas palavras mais importantes, questão (11), a “nuvem de palavras” revelou</p><p>que as palavras “fria” (23) e “conforto” (20), sobressai em relação as demais. Entretanto, os</p><p>elementos “branca” (16); “artificial” (10); “saúde” (9), são relevantes na associação de</p><p>estereótipos. Observa-se que a palavra “fria” agrega a maioria das conotações negativas como</p><p>“medo”, “triste”, “dor”, apontando uma analogia pejorativa ao termo indutor “luz de hospital”.</p><p>Figura 39:</p><p>Figura 39 - Nuvem de palavras, termo indutor “luz de hospital”.</p><p>Fonte: Autor</p><p>5.3.3 Aspectos que influenciam a qualidade de um projeto de ambiente de saúde.</p><p>As questões numeradas de (12 a 17) tem por objetivo indicar, através da escala Likert, (1932), qual</p><p>o grau de aderência a proposição dos aspectos que influenciam as decisões de um</p><p>projeto na área</p><p>de saúde. Entretanto, de acordo com a metodologia, as questões podem ter um caráter positivo ou</p><p>negativo em relação a atitude do respondente, sendo assim os valores percentuais são apresentados</p><p>em dois grupos de perguntas, sendo as positivas as de número (12, 14, 15 e 16) no quadro 19, e as</p><p>negativas (13 e 17), conforme quadro 20. Em ambas, a coluna resultado indica a soma das respostas</p><p>ponderadas em seus respectivos pesos e dividida pelo número de respondentes.</p><p>77</p><p>Quadro 19 - Questões 12, 14, 15 e 16 segundo a escala de Likert.</p><p>Fonte: Autor</p><p>Como a pesquisa utilizou 76 respondentes, o total de pontos possíveis seria 5,26 e o mínimo escore</p><p>1,32; indicando um valor médio de 3,29, ou seja, valores superiores à média indicam a maior</p><p>relevância que determinada questão tem na qualidade de um projeto de ambiente de saúde.</p><p>A questão (12) se refere a um suposto engessamento provocado pela rigidez da norma ANVISA</p><p>RDC-50. As respostas que apoiam a afirmação proposta, (concordo e concordo parcialmente) são</p><p>a maioria (72,4%), o que se relaciona com a necessidade de revisão da norma, cujo processo ocorre</p><p>desde o ano de 2019. Esta questão obteve escore 3,48; ou seja, levemente acima da média.</p><p>O problema do comprometimento da qualidade de um projeto por conta dos limites orçamentários</p><p>é tratado na questão (14). Se contarmos as respostas concordantes, há quase uma unanimidade</p><p>(98.7%) em relação ao tema, o que revela a necessidade de uma sinergia entre o arquiteto e os</p><p>proprietários e/ou gerenciadores, adequando o programa de necessidades ao projeto, com o</p><p>respeito aos condicionantes do orçamento. O escore de 4,88 ratifica este resultado.</p><p>Já na pergunta (15), foi abordada questão da escolha do terreno em relação ao programa de</p><p>necessidades e sua relação com a cidade, seus fluxos, acessos, atendimentos as normas edilícias, a</p><p>fim de proporcionar o correto atendimento ao futuro usuário da unidade de saúde. Observa-se uma</p><p>grande concordância com a afirmação, indicando uma insatisfação com os critérios utilizados</p><p>pelos responsáveis pelo empreendimento, seja este de cunho privado ou público. Da mesma forma</p><p>que a questão anterior o escore elevado 4,76 indica a assertividade do resultado.</p><p>Quando na questão (16) os associados são perguntados sobre a influência e relevância das decisões</p><p>do arquiteto no processo projetual de ambientes de saúde, promovendo-o a condição de</p><p>RESPOSTAS Não sei opinar Concordo</p><p>Concordo</p><p>Parcialmente</p><p>Discordo</p><p>Parcialmente</p><p>Discordo</p><p>QUESTÕES POSITIVAS Peso 0 Peso 4 Peso 3 Peso 2 Peso 1</p><p>12 - A RDC-50 tem alguns aspectos rígidos que</p><p>criam obstáculos, engessam as soluções e a</p><p>criatividade.</p><p>2.6 13.2 59.2 9.2 15.8 3.48</p><p>14 - Muitos projetos de ambientes de saúde são</p><p>comprometidos por limites impostos pelo</p><p>orçamento.</p><p>0 72.4 26.3 1.3 0 4.88</p><p>15 - Nem sempre os terrenos são escolhidos</p><p>segundo as necessidades urbanísticas e</p><p>arquitetônicas exigidas pelo programa.</p><p>1.3 72.4 21.1 3.9 1.3 4.76</p><p>16 - No desenvolvimento do projeto de</p><p>ambientes de saúde o arquiteto tem sido o</p><p>protagonista do processo.</p><p>1.3 10.5 55.3 25 7.9 3.50</p><p>Resultado</p><p>78</p><p>protagonista, as respostas classificadas como “concordo parcialmente” são a maioria (55,3%)</p><p>indicando uma tendência a relativizar sua importância, por conta de outros elementos de restrição</p><p>e/ou condicionantes de projeto, como aqueles que levam o arquiteto a condição de um prestador</p><p>de serviços de desenho, legalização e adequação a normas da vigilância sanitária, similar ao</p><p>trabalho de um despachante. Por se apresentar levemente acima da média: 3,50 o resultado revela</p><p>uma insatisfação com a condição atual dos profissionais de projeto de arquitetura.</p><p>Por outro lado, os resultados das perguntas negativas (13 e 17), indicam uma certa discordância</p><p>conforme Quadro 20.</p><p>Quadro 20 - Questões 13 e 17 segundo a escala de Likert.</p><p>Fonte: Autor</p><p>A questão (13) propõe a discussão sobre a influência da cultura do local nas decisões de projeto,</p><p>ou seja, como a arquitetura do entorno, suas relações com a cidade e a sociedade podem levar ao</p><p>arquiteto a uma reflexão sobre a harmonização do projeto, minimizando ou evidenciando uma</p><p>ruptura de conceitos arquitetônicos com os arredores e seus habitantes. Percebe-se que não há um</p><p>consenso sobre este tema, com discordância total de 63,1%, entretanto, por se tratar de uma</p><p>pergunta negativa indica que os respondentes consideram relevante considerar a cultura do local.</p><p>Entretanto o escore de 2,88, abaixo da média, indica uma moderada distribuição no resultado.</p><p>Historicamente os profissionais de saúde participam do processo de concepção dos ambientes onde</p><p>exercem suas atividades, por esta razão a questão (17) aborda este tema, para avaliar qual sua</p><p>influência no projeto. O gráfico indica que a maioria (67.1%) dos pesquisados entendem que as</p><p>sugestões da equipe médica têm elevado grau de relevância, entretanto, apesar da maioria, as</p><p>respostas discordantes (cerca de 1/3) indicam que parte dos profissionais de projeto tendem a</p><p>relativizar esta importância. Esta questão obteve escore 3,53; acima da média, porém com baixa</p><p>assertividade nas respostas “concordo” e “discordo”.</p><p>RESPOSTAS Não sei opinar Concordo</p><p>Concordo</p><p>Parcialmente</p><p>Discordo</p><p>Parcialmente</p><p>Discordo</p><p>QUESTÕES NEGATIVAS Peso 0 Peso 1 Peso 2 Peso 3 Peso 4</p><p>13 - A cultura do local não é preponderante nas</p><p>decisões do projeto.</p><p>0 15.8 21.1 28.9 34.2 2.88</p><p>17 - As demandas e sugestões espaciais</p><p>colocadas pela equipe médica devem vir em</p><p>primeiro lugar.</p><p>0 10.5 56.6 23.7 9.2 3.53</p><p>Resultado</p><p>79</p><p>5.3.4 Conforto ambiental.</p><p>No que diz respeito à pergunta (18): De que maneira os princípios da arquitetura bioclimática se</p><p>fazem presentes em projetos de arquitetura de saúde? As respostas variam desde uma posição de</p><p>insatisfação como os sujeitos 2, 14 e 26 que afirmam: “nem sempre se fazem presentes”; “pouco</p><p>presentes”; “de forma incipiente” a uma visão mais favorável como nos sujeitos 8, 10, 18 e 36</p><p>quando declaram “através dos usos corretos das aberturas para melhor aproveitamento de</p><p>iluminação natural, além de recursos arquitetônicos para manter um conforto na edificação, como</p><p>brises, jardins verticais, shafts etc”; “a partir do momento em que o projeto prevê, desde sua</p><p>concepção, a utilização de arquitetura que permita a obter melhor relação entre as necessidades de</p><p>usuários e pacientes, os elementos de clima onde o ambiente está inserido e os componentes de</p><p>controle deste ambiente”; “criando projetos com boa incidência de luz natural e estudando</p><p>devidamente a implantação do projeto para se ganhar na ventilação, minimizando o uso de</p><p>iluminação artificial e ar condicionado respectivamente”; “utilizando recursos de energia</p><p>renováveis, ambientes com luz natural favorecidos pela posição em relação ao sol tanto para</p><p>iluminação quanto para sombreamento, reduzindo a sensação do paciente estar enfermo, etc.”</p><p>Para avaliar a influência relativa dos atores do projeto no bem-estar dos ocupantes de um ambiente</p><p>de saúde, a pergunta (19) solicita ao associado ABDEH qual sua opinião a respeito do tema, com</p><p>uma indicação dos níveis pouco, médio e muito impacto. De acordo com Figura 40 abaixo a</p><p>Norma ANVISA RDC-50, o orçamento e as opções do arquiteto são os responsáveis pelo bem-</p><p>estar dos usuários:</p><p>Figura 40 - Como cada ente do projeto impacta no bem-estar do usuário.</p><p>Fonte: Autor</p><p>No que se refere à importância do uso de iluminação natural para os usuários da edificação de</p><p>assistência à saúde, a questão (20), aberta, estimulou os sujeitos a refletirem sobre o tema, e trouxe</p><p>80</p><p>uma quase unanimidade nas respostas afirmativas sobre sua relevância, com o uso de termos como:</p><p>fundamental, essencial, vital, entre outras. Alguns sujeitos (1), (10), (12), (18) declararam que</p><p>ajuda na recuperação do paciente, além de favorecer a manutenção do ciclo circadiano: “sensação</p><p>de bem estar, contato</p><p>com natureza, luz solar, percepção do dia e noite favorecem tratamentos,</p><p>além de reduzir gastos do ambiente de saúde”; “acredito que ter a percepção da passagem do tempo</p><p>contribui para aceleração da recuperação de pacientes que estão acamados, principalmente por</p><p>longos períodos”; “extrema importância, não somente nas áreas de permanência de pacientes mas</p><p>também para o staff. Principalmente centro cirúrgico. O ser humano é regido pelo ciclo circadiano</p><p>e a iluminação natural é fator determinante para que o ciclo aconteça”. “muito importante a</p><p>sensação ao ver o dia amanhecer e anoitecer (ciclo circadiano) no ambiente de saúde, além da</p><p>integração com o exterior, tirar proveito do potencial da luz solar iluminar os ambientes, o maior</p><p>tempo possível”; “A iluminação natural evita interferências no ciclo circadiano do paciente, traz</p><p>mais conforto e segurança por permitir ao mesmo a percepção do ambiente externo. Em pacientes</p><p>internados evita uma alienação em relação à passagem do tempo e consequentemente promove</p><p>uma sensação de continuar consciente da trajetória da vida, apesar de estar temporariamente em</p><p>um ambiente confinado”.</p><p>Na questão (21), utilizando-se dos mesmos atores da questão (19), aborda-se o tema do uso da</p><p>iluminação natural nos espaços de saúde, e neste caso as respostas indicam a relevância das opções</p><p>do arquiteto, mostrando seu protagonismo, superior inclusive a eventuais dificuldades com o</p><p>orçamento e de aspectos desfavoráveis do terreno, Figura 41.</p><p>Figura 41 - Influência dos entes do projeto na decisão de incluir luz natural em ambientes de saúde.</p><p>Fonte: Autor</p><p>Um estabelecimento assistencial de saúde pode ter um programa de necessidades que demande</p><p>vários níveis de atendimento e, portanto, com ambientes e funções distintas. Em alguns deles, o</p><p>81</p><p>impacto da iluminação no bem-estar do paciente e equipe médica é maior, por conta do tempo de</p><p>permanência. Sendo assim, a pesquisa estuda se a iluminação circadiana deva ser recomendada</p><p>em determinados ambientes, e a questão (22) aborda este tema. Os resultados indicam que os</p><p>ambientes de internação são os principais indicados para o uso desta tecnologia, no caso de</p><p>iluminação artificial. De forma similar ressalta-se a preocupação com os ambientes destinados aos</p><p>colaboradores e de uso da equipe médica, Figura 42.</p><p>Figura 42 - Ambientes prioritários para implantação de iluminação circadiana.</p><p>Fonte: Autor</p><p>5.3.5 Sua opinião é importante</p><p>De modo análogo aos aspectos que influenciam a qualidade de um projeto (questões 12 a 17), as</p><p>questões (23 a 26) utilizam-se da escala Likert (1932), para avaliar as atitudes dos respondentes</p><p>em relação as aberturas da edificação e seus benefícios aos usuários.</p><p>82</p><p>Quadro 21 - Questões 23 a 26 segundo a escala de Likert.</p><p>Fonte: Autor</p><p>A questão (23) mostra a relevância que os associados da ABDEH dão para presença da janela em</p><p>ambientes de permanência prolongada como quartos, enfermarias, salas de RPA e etc. Interessante</p><p>notar que 25% indicaram a concordância parcial, e esta falta de unanimidade se relaciona com as</p><p>questões propostas nas perguntas subsequentes.</p><p>As respostas positivas (80,3%) com relação à autonomia do paciente sobre a luz natural em</p><p>ambientes de saúde, indicam uma preocupação com as escolhas do usuário, entretanto, parte dos</p><p>pesquisados concorda parcialmente (18,4%), talvez por entender que este controle não seja</p><p>adequado por conta de aspectos relacionados ao tratamento ou por acreditar que esta é uma</p><p>responsabilidade da equipe médica. Houve apenas um voto discordante.</p><p>Quando perguntados sobre o controle da luz artificial, as respostas concordantes foram</p><p>praticamente idênticas à pergunta anterior, exceto por um voto de discordância parcial.</p><p>A presença de janelas em ambientes de saúde foi abordada na última pergunta (26) e as respostas</p><p>indicam, ao mesmo tempo, uma unanimidade sobre sua importância, e uma dicotomia em relação</p><p>às respostas das questões 23 e 24 para parte da amostra pesquisada, pois em ambas houve um</p><p>percentual de restrições parciais a sua utilização.</p><p>Como o total de pontos possíveis seria 5,26 e as respostas das questões 23 a 26 estão com</p><p>resultados próximos ao valor máximo (de 4,93 a 5,07), verifica-se a relevância que as janelas têm</p><p>na qualidade e no bem-estar dos usuários de ambiente de saúde.</p><p>RESPOSTAS Não sei opinar Concordo</p><p>Concordo</p><p>Parcialmente</p><p>Discordo</p><p>Parcialmente</p><p>Discordo</p><p>QUESTÕES POSITIVAS Peso 0 Peso 4 Peso 3 Peso 2 Peso 1</p><p>23 - Deveria haver janelas em todos os</p><p>ambientes de permanência prolongada em</p><p>ambientes de saúde.</p><p>0 73.7 25 1.3 0 4.90</p><p>24 - Os usuários deveriam ter controle sobre a</p><p>luz natural em seu ambiente.</p><p>0 80.3 18.4 1.3 0 4.99</p><p>25 - Os usuários deveriam ter controle sobre a</p><p>luz artificial em seu ambiente.</p><p>0 78.9 18.4 1.3 1.3 4.93</p><p>26 - É ótimo para o usuário a presença de janela</p><p>que possibilite o contato com o exterior.</p><p>0 85.5 14.5 0 0 5.07</p><p>Resultado</p><p>83</p><p>5.4 Resultados das entrevistas com arquitetos e lighting designers.</p><p>5.4.1 Leitura transversal</p><p>Nesta fase o pesquisador identificou problemas comuns como aqueles decorrentes dos limites</p><p>impostos no orçamento, que restringem a aplicação das melhores práticas arquitetônicas desde a</p><p>escolha do terreno, implantação e seu efetivo projeto adequado ao programa de necessidades da</p><p>edificação. Os arquitetos não se demonstraram preocupados com a especialização, ou seja, o</p><p>desmembramento do projeto em subprojetos, ou complementares, como o de instalações, acústica</p><p>e iluminação, por exemplo, pois segundo eles, prevalece na maioria das vezes o bom senso e a</p><p>busca do entendimento entre os envolvidos. A iluminação natural aplicada em ambientes de saúde</p><p>foi um tema cuja relevância foi ressaltada por todos os entrevistados, da mesma forma que</p><p>relataram a dificuldade de implementação por conta de restrições que vão da ordem cultural, que</p><p>de forma surpreendente, são oriundas de alguns membros da equipe médica. Outras objeções</p><p>surgem por problemas de adequação ao orçamento quando, por exemplo, são necessários</p><p>elementos de proteção a fachada. Entretanto, todos os entrevistados reconhecem que em pelo</p><p>menos áreas de uso comum e ambientes de permanência prolongada como quartos de internação</p><p>deveriam ser dotados de aberturas que promovesse o uso da iluminação natural, com controle para</p><p>proporcionar conforto. A pesquisa indicou que a iluminação circadiana de forma artificial ainda é</p><p>pouco usada no Brasil por conta dos custos dos equipamentos, necessidade de treinamento do staff</p><p>para sua correta aplicação, além de uma falta de documentação dos fabricantes que permitam uma</p><p>especificação mais precisa em cada caso.</p><p>5.4.2 Teste de evocação livre de palavras (TEP).</p><p>Para este TEP, o termo indutor “luz” foi proposto na questão (1). Ao aplicarmos os dados</p><p>provenientes deste teste no software VOYANT-TOOLS, (SINCLAIR e ROCKWELL, 2016),</p><p>obteve-se como resultado a contagem de 40 elementos distintos, representados por uma nuvem de</p><p>palavras onde destacam-se os elementos “brilho e conforto” com três evocações, e “cor, felicidade</p><p>e natureza” com duas, Figura 43:</p><p>84</p><p>Figura 43 - Nuvem de palavras, termo indutor “luz”.</p><p>Fonte: Autor</p><p>Ao justificar a escolha das duas mais importantes, os sujeitos mantiveram em evidência as palavras</p><p>“conforto” (3) e “brilho” (3), entretanto a palavra “tranquilidade” (2) surgiu com ênfase que “cor,</p><p>felicidade e natureza”, contrariando o indicado pela nuvem de palavras. Observou-se que não há</p><p>palavras de caráter negativo em relação ao termo “luz” para este grupo de entrevistados.</p><p>5.4.3 Análise de conteúdo das entrevistas com arquitetos e lighting designers</p><p>Ao longo da entrevista foi solicitado aos arquitetos e lighting designers que descrevessem suas</p><p>experiências na área de projetos de ambientes de saúde, e algumas respostas indicam a</p><p>versatilidade do profissional de projetos</p><p>ao lidar com diferentes perfis de cliente, como relatado</p><p>pelo arquiteto Antonio Carlos Rodrigues ao exemplificar que atende a rede Dr. Consulta, com mais</p><p>de 80 projetos racionais de clínicas populares, incluindo-se as reformas de algumas unidades, além</p><p>de atender a projetos para outros públicos de saúde privada considerada de alto padrão, como o</p><p>Einstein, Sírio, e Fleury, que “nos permite certos arroubos, pois há verba para investimento,</p><p>tempo, dinheiro, recursos, pesquisa” (informação verbal)13.</p><p>Ainda nesta questão podemos citar, por exemplo, o estudo realizado por Oliveira Junior onde o</p><p>cliente solicitou um projeto, em um lote já adquirido na cidade de João Pessoa - PB, porém a</p><p>13 Entrevista concedida ao autor por Antonio Carlos Rodrigues em junho de 2019.</p><p>85</p><p>atuação do arquiteto foi além pois ajudou a formatar o negócio, que se tornou uma clínica da</p><p>mulher, um centro de especialidades médicas voltado para o público das classes A e B. Este projeto</p><p>de edificação contempla o estacionamento e área técnica no subsolo, um pavimento térreo e</p><p>mezanino, mais dois pavimentos superiores voltados para a instalação de consultórios e clínicas.</p><p>A implantação permitiu que a fachada norte fosse uma empena cega, minimizando os impactos</p><p>térmico e de insolação excessivas nas salas de atendimento, já dotadas de elementos de proteção</p><p>do tipo brise-soleil, conforme Figura 44:</p><p>Figura 44 - Centro clínico, João Pessoa, PB, 2017.</p><p>Fonte: OLIVEIRA JUNIOR</p><p>De acordo com Oliveira, ao pensar sobre a luz no projeto a prioridade é o conceito, sem se preocupar</p><p>com os demais condicionantes do projeto.</p><p>86</p><p>A gente precisa na verdade dessa luz natural, é uma preocupação quando vai implantar o</p><p>edifício, e nas áreas que vão ter maior permanência dos pacientes. que tenham boas vistas,</p><p>e com um conforto térmico adequado. A iluminação natural ajuda a diminuir a dor, a</p><p>trabalhar a questão da depressão, então é só preocupação neste sentido. A premissa básica</p><p>é o conceito né, é a proposta de valor, esse para mim é o fundamental, aí depois eu</p><p>posiciono o resto (informação verbal)</p><p>14</p><p>.</p><p>Quando questionados sobre a interdisciplinaridade e crescente especialização dos profissionais</p><p>participantes dos projetos de edificações de saúde, os Light Designers Chean Yok, Fernanda</p><p>Falcão e Guinter Parschalk concordaram sobre a importância da consultoria da equipe médica na</p><p>definição das necessidades da parte clínica e de premissas de projeto. Jose Luiz Galvão, por sua</p><p>vez, aborda as convergências e divergências deste tema ao afirmar que:</p><p>O americano diz muito corretamente, meu mature é arquitetura, meu minor é o lighting</p><p>architecture, ou seja, arquitetura de iluminação. Então o que acontece é o seguinte, eu</p><p>entendo que o que tem que ser privilegiado é a arquitetura e não o projeto de iluminação,</p><p>quando você fala “complementar”, eu concordo, é um projeto complementar que se une</p><p>a acústica, se une ao ar condicionado, se une a eletromecânica, se une a todos os outros</p><p>projetos complementares. A relação com esta história toda é a seguinte: cada projetista às</p><p>vezes tem um ego maior do que o que devia ser, então, você tem que o arquiteto que fez</p><p>o projeto de arquitetura, entre outras coisas que ele tem que ter, é ser um “gerente de</p><p>egos”, porque há pessoas que acham que “a iluminação é preponderante”, e eu tenho por</p><p>objetivo fazer com que meu projeto não apareça, se meu projeto começa a aparecer</p><p>demais não está bom, é como uma pessoa de vestido de baile, pintada e de colar na praia,</p><p>não está bom. Quer dizer que um projeto de iluminação é um projeto para revelar a</p><p>arquitetura e possibilitar que uma função seja desempenhada neste espaço, que função?</p><p>Se for uma casa, lazer, se for uma boate, um show, se for um escritório é o trabalho, se</p><p>for uma escola uma aula, se for um hospital, recolhimento, descanso, enfim, sem ser uma</p><p>luz que pareça mais uma luz de câmara mortuária, tem que ser uma luz no ponto certo em</p><p>que a pessoa possa se sentir recolhida, descansando (informação verbal)</p><p>15</p><p>.</p><p>A noção de interdisciplinaridade é relacionada por Maurício Bastos ao conceito de troca de</p><p>conhecimento e experiencias, pois entende que a contratação de especialistas como um light</p><p>designer agrega valor e qualidade ao projeto. Na visão de Fabio Bitencourt o papel do arquiteto</p><p>líder do projeto é o da busca pelo equilíbrio e da compreensão das demandas dos diversos entes,</p><p>como a de fazer o cliente entender as recomendações de projeto, a fim de alcançar bons resultados.</p><p>14 Entrevista concedida ao autor por Oliveira Junior em outubro de 2019.</p><p>15 Entrevista concedida ao autor por Jose Luiz Galvão em outubro de 2019.</p><p>87</p><p>A light designer Fernanda Falcão, por sua vez, relaciona a importância das opções do arquiteto ao</p><p>justificar quais os aspectos que norteiam um projeto de iluminação de ambiente de saúde, segundo</p><p>ela a arquitetura é o ponto de partida, como o que ocorreu na expansão do Hospital Samaritano,</p><p>em Higienópolis, São Paulo, cuja arquitetura foi responsabilidade do escritório Botti Rubin.</p><p>Segundo Fernanda aquele é um exemplo interessante de quartos de internação com varandas. “foi</p><p>o primeiro quarto de internação que entrei que tinha uma varanda, e que você tinha uma percepção</p><p>da luz natural, do dia, daquela conexão entre o interno e o externo que achei maravilhosa”</p><p>(informação verbal)16. Em outra oportunidade Monica Rio Branco defende que na verdade se trata</p><p>de uma composição, pois afinal de contas o projeto de iluminação se relaciona com o de</p><p>arquitetura, que normalmente já vem com soluções definidas, como por exemplo de condições de</p><p>iluminação natural. Entretanto, para Fabio Bitencourt o que existe de mais definitivo nas decisões</p><p>que norteiam um projeto de iluminação de ambiente de saúde não foi citado como opções na</p><p>entrevista, que seria o usuário, pois as distintas características desse usuário precedem valores de</p><p>legislação, culturais, etc.</p><p>Em relação a questão da relevância do uso de iluminação natural em ambientes de saúde todos os</p><p>entrevistados concordam que esta é essencial para a recuperação do paciente e o bem-estar dos</p><p>ocupantes da edificação. Moema Loures destaca que em suas visitas a hospitais europeus constatou</p><p>o uso de janelas, inclusive em salas cirúrgicas, principalmente nos novos projetos, e que ao</p><p>comparar com o Brasil ficou surpresa com o movimento inverso. Entretanto, em seu projeto no</p><p>hospital Di Camp, localizado na Cidade do Rio de Janeiro, a arquiteta propôs o uso de iluminação</p><p>natural em todos os quartos, e em especial, implementou claraboias nas suítes acessíveis, o que</p><p>permite ao paciente ver o céu, Figura 45:</p><p>16 Entrevista concedida ao autor por Fernanda Falcão em dezembro de 2019</p><p>88</p><p>Figura 45 - Quarto acessível, Hospital Di Camp. 2019.</p><p>Fonte: ARTO ARQUITETURA.</p><p>De modo semelhante o arquiteto Mauricio Bastos, revela que a luz natural foi uma das premissas</p><p>de seu projeto para o Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, que é uma maternidade pública,</p><p>referência na zona oeste carioca. Entretanto, durante a execução da obra, os elementos de proteção</p><p>da fachada foram cortados por razões orçamentarias. Citou sua preocupação com os usuários,</p><p>pertencentes a uma classe média baixa ou carente, que deveriam ter uma qualidade de atendimento</p><p>e de acolhimento de excelência, entretanto sofrem com o calor em algumas enfermarias sem ar-</p><p>condicionado. Figura 46:</p><p>Figura 46 - UTI Neonatal, Hospital da Mulher. 2012.</p><p>Fonte: MAURICIO BASTOS, 2012 (arquivo pessoal)</p><p>89</p><p>Os ambientes de permanência prolongada são considerados prioritários para o uso da iluminação</p><p>natural, entretanto, foram citadas as áreas de convivência e de espera. O arquiteto Fabio Bitencourt</p><p>faz referência a norma inglesa que nenhum espaço dentro</p><p>de um hospital pode ter uma distância</p><p>superior a 50 metros de uma fonte de luz natural. Ressalta que além dos pacientes devemos prever</p><p>que os profissionais de saúde, que passam grande parte de seu tempo dentro do edifício e estão</p><p>sob estresse, portanto devemos cuidar deles para que possam cuidar da nossa saúde. Os light</p><p>designers Jose Luis Galvão e Guinter Parschalk lembram que áreas de internação intensiva são</p><p>geralmente coletivas, e existe uma dificuldade na concepção de um projeto que atenda a ideia do</p><p>uso da luz natural para alguns pacientes com a necessidade de recolhimento de alguns leitos, deve</p><p>haver um controle que proporcione conforto e adequação ao momento do paciente.</p><p>A iluminação artificial circadiana, tema desta pesquisa, tem sido proposta por light designers que</p><p>estão informados de seus benefícios através de congressos e divulgação de trabalhos científicos.</p><p>Entretanto seu uso ainda é restrito a estabelecimentos de saúde de excelência, geralmente</p><p>particulares e destinados ao público da renda elevada. A light designer Fernanda Falcão relata sua</p><p>dificuldade na obtenção de informações técnicas confiáveis dos produtos disponíveis no mercado,</p><p>já Chean Yok e Monica Rio Branco destacam que o custo elevado é um fator que dificulta a</p><p>implementação desta tecnologia, visto que ambas propuseram em seus projetos, porém não foram</p><p>executados.</p><p>De forma pioneira, no ano de 2010, o antigo Hospital Nossa Senhora de Lourdes, hoje a unidade</p><p>Jabaquara da rede D’Or São Luiz, localizado na Cidade de São Paulo, implementou um projeto de</p><p>iluminação circadiana executado pelo Light designer Guinter Parschalk. Por se tratar de uma</p><p>unidade de internação intensiva localizada no subsolo não havia como promover o uso da luz</p><p>natural, razão pela qual o light designer concebeu uma simulação que proporcionasse a distinção</p><p>de dia e noite. Figura 47:</p><p>Figura 47 - UTI Infantil, Hospital Nossa Senhora de Lourdes. 2010.</p><p>Fonte: GUINTER PARSCHALK, 2010 (arquivo pessoal)</p><p>90</p><p>5.5 Resultados do estudo de caso no HUGG.</p><p>5.5.1 Enfermaria da Pneumologia, D-03:</p><p>Devido a sua arquitetura pavilhonar, as enfermarias estão fora do eixo da edificação principal,</p><p>proporcionando vantagens como a ventilação e iluminação naturais, Figura 48.</p><p>Figura 48 - Planta baixa do HUGG.</p><p>Fonte: Autor, 2018.</p><p>A enfermaria D-03 localiza-se na fachada nordeste do edifício, é voltada ao tratamento dos</p><p>pacientes de doenças pulmonares, e tem como característica apresentar duas fachadas dotadas de</p><p>sete janelas de madeira, operáveis com sistema de abertura em folhas, além de uma sacada,</p><p>totalizando assim 15 aberturas.</p><p>Durante as visitas as unidades de internação, foi constatado que a maioria das janelas se</p><p>encontravam abertas, permitindo uma integração com o espaço exterior, exposição a luz natural e</p><p>a correntes de ar. A iluminância interna não foi avaliada com instrumentos durante esta visita,</p><p>porém o ambiente estava confortavelmente iluminado a ponto de um dos circuitos de iluminação</p><p>encontrar-se desligado, Figura 49.</p><p>Figura 49 - Enfermaria do 3° pavimento do HUGG.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>91</p><p>Se considerarmos o stress a que são submetidos os pacientes na condição deste tratamento pode-</p><p>se inferir que pequenas irritações como o ruído proveniente de outras edificações devem ser</p><p>evitadas, como, por exemplo, prover o ambiente com controles das folhas das janelas, (presentes</p><p>nas enfermaria do HUGG), segundo recomendações da IESNA IES RP 29 (2016, p.82), que ainda</p><p>sugere o acesso a vistas da natureza através das fenestrações da edificação, desde que protegidas</p><p>contra o calor e ofuscamento.</p><p>Entretanto, observa-se que esta enfermaria não atenderia as recomendações do LEED 2009 for</p><p>Healthcare, (U.S. GREEN BUILDING COUNCIL) crédito 8.1 para as aberturas verticais, cuja</p><p>relação entre a transmitância luminosa dos vidros (arbitramos em 0,89) e a relação entre as áreas</p><p>de janela-piso (0,14; ver Figura 50) resultou em um valor de 0,13; e a faixa estabelecidas seria</p><p>0,15 < (VLT x WFR) < 0,18.</p><p>Figura 50 - Caracterização da enfermaria.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>O ambiente interno é composto por paredes e teto pintados de branco, piso em cerâmica bege. A</p><p>fim de ser utilizada no período noturno, a enfermaria D-03 é dotada de 10 luminárias de sobrepor,</p><p>para quatro lâmpadas fluorescentes tubulares T8 32W, 4000K, distribuídas uniformemente em 2</p><p>fileiras de 5 luminárias. Portanto o consumo de energia deste ambiente totaliza 1.280W e a</p><p>densidade de potência de iluminação (DPI) corresponde a 8,96 W/m², o que atenderia aos critérios</p><p>de etiquetagem do RTQ-C, (ELETROBRÁS/PROCEL/INMETRO, 2016), pois o valor limite de</p><p>DPI para enfermarias necessário a classificação A é de 9,50W/m².</p><p>Em relação aos aspectos de conforto do paciente, a cama tem altura de 95 cm e está com a cabeceira</p><p>em oposição às janelas, Figura 51:</p><p>Planta Baixa Dimensões Aberturas</p><p>Enfermaria Largura: 1,15m</p><p>Área: 142,90m² Altura: 1,20m</p><p>Comprimento:18,73m Peitoril: 1,75m</p><p>Largura: 7,63m Área Individual</p><p>PD: 4,59m da janela: 1,38m²</p><p>Área Total: 19,32m²</p><p>Boxes</p><p>Área: 4,56m²</p><p>Comprimento: 2,35m</p><p>Largura: 1,94m</p><p>Sem fechamento</p><p>superior</p><p>Enfermarias do 2° e 3° pavimentos</p><p>92</p><p>Figura 51 - Vista dos leitos da enfermaria D-03.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>Observou-se que o paciente não tem autonomia para o comando das luminárias da enfermaria, e</p><p>não foram previstas luminárias para usos específicos para exames, conforme previsto na norma</p><p>ANVISA RDC-50 e ABNT NBR ISO CIE 8995-1 (2013). Entretanto, existe uma arandela cujo</p><p>comando se encontra dentro do box onde está localizado o leito, permitindo um certo conforto no</p><p>atendimento de demandas mais simples do usuário ou da equipe de atendimento, conforme Figura</p><p>52:</p><p>Figura 52 - Comando individual da arandela no box da Enfermaria do 3° pavimento do HUGG.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>93</p><p>5.5.2 Simulações de iluminação.</p><p>O AGI 32 (2019) é uma ferramenta de simulação de iluminação natural e artificial, da empresa</p><p>Lighting Analysis - Colorado EUA, que nos concedeu uma licença educacional, utilizada para</p><p>calcular a quantidade de luz artificial que será fornecida pelas luminárias instaladas no ambiente,</p><p>ou da luz natural com base na localização geográfica através de suas coordenadas de latitude e</p><p>longitude. O software pode então calcular as iluminâncias instantâneas de um determinado horário</p><p>de um dia escolhido para análise, fornecendo soluções numéricas e renderizadas para quase todas</p><p>as aplicações de iluminação, natural ou artificial, internas ou externas.</p><p>A pesquisa, conforme descrito no capítulo 2.4, visou estabelecer uma relação entre a iluminância</p><p>artificial no leito e a métrica CS. Para utilizar a calculadora CS é necessário conhecer a iluminância</p><p>ao nível dos olhos do paciente e as luminárias da enfermaria. O método utiliza-se da simulação</p><p>fotométrica do ambiente e dos dados relativos às distribuições espectrais das fontes de luz. Através</p><p>dos resultados obtidos por esta técnica é possível avaliar a influência da luz no ritmo circadiano</p><p>do paciente.</p><p>De forma pioneira, Acosta et. al (2015), propôs a aplicação da métrica CS em conjunto com o</p><p>conceito de autonomia de luz natural, ou DA. No artigo intitulado Analysis of circadian stimulus</p><p>allowed by daylighting in hospital rooms, Acosta apresenta a métrica CS Autonomy, cujo objetivo</p><p>é avaliar o percentual de dias em que os usuários receberiam um valor de CS que promovesse a</p><p>sincronização do ritmo circadiano. O valor de CS proposto foi de 0,35 (definido como 50% do</p><p>limite da saturação de supressão de melatonina) durante pelo menos uma hora no período da</p><p>manhã. Para a execução do método, são introduzidos os dados referentes a exposição da luz</p><p>natural, conforme o iluminante padrão da CIE D65 (6500K), disponibilizado na ferramenta de</p><p>cálculo de CS da LIGHT RESEARCH CENTER, conforme Quadro 22:</p><p>Quadro 22 - Cálculo de iluminância para fonte D65 e CS 0,35.</p><p>Fonte:</p><p>Autor, adaptado de LIGHT RESEARCH CENTER, 2019.</p><p>94</p><p>Portanto, através da calculadora de CS baseada na modelo de fototransdução de Rea et al (2005),</p><p>e segundo Acosta et. al (2015) o valor de CS de 0,35 corresponde a 233 lux fotóptico no olho. Esta</p><p>iluminância deve ser utilizada como parâmetro de configuração do software de simulação</p><p>dinâmica de luz natural a fim de verificar a adequação as métricas de avaliação de disponibilidade</p><p>de iluminação natural.</p><p>Para atingir tal objetivo, utilizou simulações computacionais para análise dinâmica de luz natural</p><p>no software DAYSIM 3.1. Entretanto a pesquisa não utilizou o DAYSIM, pois este software foi</p><p>descontinuado. O pesquisador entrou em contato com a empresa Lighting Analysts, que</p><p>desenvolveu o software LICASO (2017), um simulador de luz natural anual, que trabalha em</p><p>conjunto com o software AGI 32. Até recentemente, as únicas opções para simulações anuais eram</p><p>baseadas no Radiance, ferramenta de simulação de iluminação, como o software DAYSIM.</p><p>LICASO é um software de simulação anual que não se baseia no Radiance e no modelo ray</p><p>tracing. Ele se baseia no método radiosity (ASHDOWN, 1994) e assim como o DAYSIM, também</p><p>utiliza a base de dados meteorológicos (TMY: Tipical Meteorological Year) (ASHDOWN, 2017).</p><p>O software trabalha com a norma IESNA IES LM-83-12, que define métricas que serão utilizadas</p><p>nesta análise: Illuminance, Continuous Daylight Autonomy (cDA) Useful Daylight Illuminance</p><p>(UDI), Annual Sunlight Exposure (ASE), Figura 53:</p><p>Figura 53 - Padrão da simulação IESNA IES LM-83-2012.</p><p>Fonte: Autor adaptado do software LICASO (2017)</p><p>5.5.2.1 Resultados da simulação da iluminação artificial na enfermaria D-03: As simulações</p><p>estáticas de luz artificial com o software AGI 32 mostram valores de iluminâncias médias abaixo</p><p>95</p><p>da norma quando se considera a tarefa de leitura no leito. Entretanto, como a simulação se utilizou</p><p>de 276 pontos de medição pode ocorrer que alguns leitos tenham maiores ou menores valores de</p><p>iluminância na região dos olhos do paciente. Neste estudo consideramos apenas a iluminância</p><p>média no plano horizontal, a 1,0m de altura (decúbito dorsal - posição do paciente deitado sobre o</p><p>leito, de costas para o colchão) obtida através de simulação no AGI 32, cujo valor apurado foi</p><p>aproximadamente 170 lux, Figura 54.</p><p>Figura 54 - Simulação de iluminação artificial estática da Enfermaria do 3° pavimento do HUGG.</p><p>Fonte: Autor.</p><p>Ressalta-se que a ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 (2013) recomenda valores de iluminância geral</p><p>em enfermarias com 100 lux e a específica para leitura no leito em 300 lux.</p><p>5.5.2.2 Resultados do método CS (Circadian Stimulus): Ao aplicarmos os valores de iluminância</p><p>artificial no leito de internação, conforme dados fornecidos pelo software AGI 32 na ferramenta</p><p>de cálculo da métrica CS, conforme a planilha disponibilizada pelo LIGHTING RESEARCH</p><p>CENTER (LRC), no RENSSELAER POLYTECHNIC INSTITUTE no site:</p><p>https://www.lrc.rpi.edu/cscalculator/ foram obtidos os seguintes índices: CS (circadian stimulus),</p><p>CLA (circadian light), CCT (temperatura de cor) e CRI (índice de reprodução de cor). Conforme</p><p>Quadro 23:</p><p>96</p><p>Quadro 23 - Métrica combinada CS.</p><p>Entrada de dados Curva de distribuição espectral Resultados</p><p>Fonte: Autor adaptado de LRC 2019.</p><p>Portanto, de acordo com os resultados da métrica combinada, o CS (circadian stimulus) apurado</p><p>pela ferramenta foi de 0,152. Este valor indica que a iluminação artificial instalada na enfermaria</p><p>tem uma pequena influência no ritmo circadiano de seus usuários, pois se encontra próximo ao</p><p>valor mínimo do início da supressão de melatonina (0,1), segundo Figuero e Rea (2017). O valor</p><p>de CLA é irrelevante para nosso estudo, a iluminância de 170 lux foi o dado de entrada, a</p><p>temperatura de cor da lâmpada é de 4212K e o índice de reprodução de cor é 64,3.</p><p>5.4.2.3 Resultados de Daylight Autonomy (DA) na enfermaria D-03: A simulação dinâmica de luz</p><p>natural, utilizando-se dos critérios da IESNA IES LM-83-12 (2012), apresentou resultados que</p><p>demonstram que a enfermaria D-03 possui disponibilidade de iluminação natural em pelo menos</p><p>3 métricas: Continuous Daylight Autonomy (cDA), Annual Sunlight Exposure (ASE) e Useful</p><p>Daylight Illuminance – Acceptable (UDI), conforme Quadro 24.</p><p>97</p><p>Quadro 24 - Métricas simuladas conforme IES LM-83-2012.</p><p>Fonte: Autor, baseado no software LICASO (2017).</p><p>Em relação a métrica cDA, cujo objetivo é apresentar iluminância mínima de 300 lux, em 50%</p><p>das horas (3650) disponíveis em uma área não inferior a 75% do ambiente, os dados mostram que</p><p>em 100% da área em estudo a métrica foi atendida.</p><p>De modo semelhante, a ASE atende aos critérios de que, no máximo 10% da área (o resultado foi</p><p>7,6%) apresenta iluminância maior que 1.000 lux, em mais de 250 horas.</p><p>No que diz respeito a UDI, a enfermaria pode ser considerada aprovada, pois a faixa de</p><p>iluminâncias consideradas úteis, entre 100 a 2000 lux, foi atendida em 89% dos pontos de</p><p>simulação (o critério de aprovação é 80%), ou seja, em apenas 11% do espaço podem ocorrer</p><p>desconforto luminico e térmico. Entretanto, ao analisarmos os resultados das simulações</p><p>dinâmicas realizadas com o software LICASO (2017) em uma forma gráfica, que descreve as</p><p>iluminâncias máximas em horas do dia e ao longo de um ano, observa-se que, das 12:30h às 16:30h</p><p>existe um risco de ofuscamento e aumento de carga térmica, principalmente nos meses de março</p><p>a setembro, Figura 55:</p><p>98</p><p>Figura 55 - Mapa temporal de iluminância – máximos horas/mês.</p><p>Fonte: Autor, baseado no software LICASO (2017)</p><p>5.5.2.4 Resultados do método CS Autonomy: Como bem esclarece Acosta et. al (2015), para a</p><p>utilização da metodologia, deve ser introduzida uma configuração específica no software de</p><p>simulação dinâmica de luz natural, em nosso estudo o LICASO, de forma que atenda aos padrões</p><p>de horário matutino (entre as 7:30h as 12:30h), de forma a maximizar a resposta circadiana ao</p><p>estímulo luminoso, conforme Figura 56:</p><p>Figura 56 - Programação diária (manhãs) do CS autonomy.</p><p>Fonte: Autor, baseado no software LICASO (2017)</p><p>99</p><p>Da mesma forma devem ser configurados as métricas sob análise: cDA (Continuous Daylight</p><p>Autonomy), ASE (Annual Sunlight Exposure) e UDI-a (Useful Daylight Illuminances) utilizando</p><p>o valor da iluminância fotóptica (233 lux), ao nível dos olhos (1m na horizontal), obtida pela</p><p>calculadora CS, conforme Figura 57:</p><p>Figura 57 - Padrão da simulação CS autonomy criado no LICASO.</p><p>Fonte: Autor, baseado no software LICASO (2017)</p><p>Portanto, a partir da calibração aplicada ao modelo computacional da enfermaria D-03, onde as</p><p>iluminâncias fotópticas no plano horizontal, ao nível dos leitos devem ter o valor de 233 lux. A</p><p>enfermaria receberia então um valor de CS de 0,35 durante pelo menos uma hora no período da</p><p>manhã. Considerou-se o iluminante padrão da CIE D65 (6.500K), disponibilizado na ferramenta</p><p>de cálculo de CS da LRC. Os resultados são apresentados no Quadro 25:</p><p>Quadro 25 - Métricas simuladas conforme CS autonomy.</p><p>Fonte: Autor, baseado no software LICASO (2017)</p><p>100</p><p>Portanto, observa-se que na métrica cDA, cujo objetivo é apresentar iluminância mínima de 233</p><p>lux, em 50% das horas (1.825) disponíveis em uma área não inferior a 75% do ambiente, os dados</p><p>demostram que em 100% da área em estudo a métrica foi atendida.</p><p>De modo análogo ao estudo nos padrões da IESNA IES LM-83 (2012), a ASE atende aos critérios</p><p>pois apenas 7,6% da área apresenta iluminância maior que 1.000 lux, em mais de 250 horas.</p><p>Quanto à métrica UDI, onde a faixa de iluminâncias consideradas úteis é de 233 a 2000 lux, esta</p><p>foi atendida em 96% dos pontos de simulação (o critério de aprovação é 80%), ou seja, em apenas</p><p>4% da enfermaria podem ocorrer desconforto luminico e térmico.</p><p>101</p><p>6 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO</p><p>A partir</p><p>da metodologia desenvolvida e, com base nos resultados da revisão bibliográfica</p><p>integrativa, esta pesquisa elegeu a luz circadiana como um conceito chave para a análise realizada.</p><p>Nessa definição, a luz é referenciada em estudos de cronobiologia e, na descoberta de receptores</p><p>não visuais no sistema de foto transdução da retina, que é o responsável pelo estímulo do relógio</p><p>biológico dos seres humanos. Foram identificados ainda, fatores que contribuem para o uso da luz</p><p>natural e artificial em ambientes de saúde, bem como a relação desses com as atitudes dos</p><p>arquitetos e seus princípios projetuais.</p><p>Uma das questões que fomentaram esta pesquisa foi: como o LED pode ser classificado como uma</p><p>luz deletéria ao ser humano e ao mesmo tempo ser utilizada em sistemas que promovem a</p><p>regulação do ritmo circadiano? A resposta a essa pergunta parte do entendimento da tecnologia de</p><p>produção de luz branca baseada em semicondutores eletrônicos (LED), que se utiliza de um</p><p>emissor de luz azul, de comprimento de onda de aproximadamente 470nm. Essa caracterização se</p><p>aproxima ao pico de sensibilidade dos receptores ipRGCS, que regulam a produção de hormônios,</p><p>dentre eles o cortisol e a melatonina. Por conseguinte, podemos inferir num primeiro momento</p><p>que, os LEDs são fontes de luz que alteram o ritmo circadiano.</p><p>Pesquisas na Europa e nos EUA sobre o risco da luz azul indicaram que, a influência no ciclo</p><p>circadiano dependeria da curva espectral, do tempo e do momento de exposição, da intensidade, e</p><p>da distribuição espacial. Entretanto, essas informações são escassas em catálogos de produtos de</p><p>iluminação, que normalmente apresentam apenas o índice de reprodução de cor (IRC) e a</p><p>temperatura de cor como parâmetros, sendo assim, recomenda-se o uso de IRC elevado (acima de</p><p>90), visto que esse índice tem relação direta com uma composição espectral equilibrada. E,</p><p>conforme a revisão bibliográfica, uma fonte de luz com temperatura de cor mais baixa (2700K) é</p><p>um indicador de menor influência no ritmo circadiano.</p><p>Podemos citar o exemplo da maternidade do HUGG (p. 30), onde foram instaladas luminárias com</p><p>luz azul nos leitos e corredores da unidade de saúde, sem um estudo preliminar dos impactos que</p><p>esta luz provocaria nos usuários do espaço. Em sentido oposto, o hospital Vila Nova Star em São</p><p>Paulo (p. 47) adotou uma tecnologia em que os sistemas de luz baseados em LED, pudessem ser</p><p>controlados de forma a mimetizar o comportamento da luz natural, permitindo a sincronização do</p><p>ritmo circadiano. Deste modo, os exemplos demonstrados neste estudo reforçaram os resultados</p><p>da pesquisa bibliográfica que indicaram a tecnologia de LEDs como possuidora de elementos de</p><p>102</p><p>controle de variáveis de composição espectral, e que ao ser aliada a automação, permite o seu uso</p><p>seguro.</p><p>Diante da pesquisa realizada junto aos associados da ABDEH depreende-se que, através do teste</p><p>de evocação livre de palavras, a diferença entre simbolismo do termo indutor “luz” e o termo</p><p>indutor “luz de hospital”. Os resultados indicam que as imagens relativas em face da palavra “luz”</p><p>remetem a atitudes positivas representadas pelas palavras “claridade”, “visão”, “vida” e “sol” Cabe</p><p>ressaltar que, essas evocações pertencem ao núcleo central da representação social e que, portanto,</p><p>reproduzem o conceito de benéfico à saúde e ao bem-estar. De forma antagônica, o termo “luz de</p><p>hospital” tornou-se pejorativo, pois foi simbolizado pela palavra “fria” retratando através de</p><p>associação com as palavras “medo”, “triste”, “dor”, “desconforto” e “morte”, uma atitude</p><p>negativa. Devido a frequência elevada e a ordem média de evocação, o vocábulo “fria” está isolado</p><p>no núcleo central das representações sociais, demonstrando uma ideologia, quase que normativa e</p><p>influenciada pela história da amostra dos sujeitos no questionário. No que diz respeito ao sistema</p><p>periférico, as palavras “branca”, “natural”, claridade” e “conforto”, “saúde” tem sentido</p><p>antagônico, pois sofrem influências externas, permitem novas interpretações e protegem o núcleo</p><p>central.</p><p>Ao sumarizarmos os resultados do questionário aplicado aos associados da ABDEH, através das</p><p>respostas na escala Likert, observa-se uma aderência aos temas condicionantes, que influenciam a</p><p>qualidade dos projetos de ambientes de saúde. As questões sobre a norma ANVISA RDC-50 (12);</p><p>do protagonismo do arquiteto (16); mostram um resultado similar (3,48 e 3,50), não são unanimes,</p><p>indicando que existem diferentes atitudes que dependem da experiencia do profissional por conta</p><p>das singularidades de cada projeto. Por outro lado, observa-se um alto grau de concordância (4,88</p><p>e 4,76) nas respostas similares sobre os limites do orçamento (14) e as escolhas dos terrenos (15),</p><p>ambas demonstrando que, o arquiteto lida com decisões tomadas pelo contratante, e essas nem</p><p>sempre correspondem às necessidades do programa. As questões negativas (13 e 17) mostraram</p><p>resultados distintos: (2,88 e 3,53 respectivamente). A questão 13 mostra um padrão de</p><p>discordância entre os sujeitos, ou seja, aderente aos objetivos da pesquisa. Já na questão da</p><p>influência da equipe médica (17), a concordância é parcial, ligeiramente acima da média,</p><p>relativizando a identificação dos profissionais de saúde com o projeto arquitetônico. Em relação</p><p>ao tema de conforto ambiental os respondentes indicam que o orçamento é um elemento de</p><p>restrição da aplicação de conceitos de projeto, como a opção por elementos passivos de controle</p><p>de insolação. Segundo a pesquisa as janelas são indispensáveis, principalmente nos ambientes de</p><p>permanência prolongada. Ao compararmos os resultados através da escala Likert, observa-se</p><p>103</p><p>praticamente uma unanimidade quando o tema da qualidade do ambiente de saúde se relaciona</p><p>com as aberturas. Ou seja, janelas operáveis pelo usuário, proporcionam a entrada da luz natural,</p><p>desde que eles tenham controle sob sua operação.</p><p>A análise de conteúdo das entrevistas realizadas com arquitetos e lighting designers revelou que,</p><p>a responsabilidade pela implementação da luz natural em ambientes de saúde é uma atribuição do</p><p>arquiteto, visto que é ele quem atua na concepção e gestão dos demais projetos complementares,</p><p>dentre eles os de iluminação artificial. Em consequência disso, os lighting designers tem pouca</p><p>influência nestas decisões de projeto. No TEP os entrevistados evocaram somente palavras que</p><p>remetem a atitudes positivas em relação ao termo indutor “luz” com destaque a palavra “conforto”</p><p>evidenciando suas preocupações com o usuário. A aplicação da luz artificial circadiana ainda é</p><p>encarada com dificuldade por conta de custos e falta de especificações técnicas de qualidade.</p><p>Cabe salientar que, os resultados da pesquisa sinalizaram que as normas e recomendações</p><p>propiciaram benefícios aos usuários da edificação de saúde, principalmente quando relacionadas</p><p>à utilização da luz natural por conta da sincronização do ritmo circadiano. Em vista disso, é</p><p>recomendável que a norma ANVISA RDC-50 incluísse nos seus termos, ao menos nos ambientes</p><p>de permanência prolongada, uma obrigatoriedade do uso de fontes de luz artificial dinâmicas,</p><p>dotadas de controle de intensidade e espectro, e não somente da temperatura de cor, quando não</p><p>for possível a utilização da luz natural. Nesse aspecto, a situação atual é delicada, uma vez que o</p><p>projeto de iluminação, para a norma ANVISA RDC-50, é considerado um subprojeto de elétrica,</p><p>regulado apenas por critérios de iluminância, sem levar em conta questões importantes como, por</p><p>exemplo, o ofuscamento, no caso da UTI pediátrica do Instituto Fernandes Figueira. Cabe também</p><p>uma revisão da norma ANVISA RDC-50, em relação aos aspectos qualitativos da iluminação. Por</p><p>outro lado, observou-se resultados de excelência em hospitais onde as opções do arquiteto</p><p>prevaleceram sobre os elementos condicionantes de projeto como o orçamento, mantendo-se o</p><p>atendimento a norma,</p><p>120</p><p>LISTA DE FIGURAS</p><p>Figura 1 - Capela de Ronchamp, Le Corbusier. .............................................................................. 5</p><p>Figura 2 - Padrão para avaliação de luz natural proveniente de abertura lateral. ........................... 6</p><p>Figura 3 - Fontes de luz natural que alcançam o edifício. ............................................................... 7</p><p>Figura 4 - Esquema de penetração da luz lateral – corte. ................................................................ 8</p><p>Figura 5 - Aspectos qualitativos da iluminação. ........................................................................... 14</p><p>Figura 6 - Área de tarefa e de entorno imediato. ........................................................................... 15</p><p>Figura 7 - Ângulos de visão de fontes de luz em um escritório. ................................................... 16</p><p>Figura 8 - Diferentes atmosferas proporcionadas por temperaturas de cor em uma sala. ............. 18</p><p>Figura 9 - Diagrama de cromaticidade. ......................................................................................... 19</p><p>Figura 10 - Curvas espectrais de fontes de luz natural e artificial. ............................................... 19</p><p>Figura 11 - Iluminância x Temperatura de cor. ............................................................................. 20</p><p>Figura 12 - Principais aspectos do TM-30. ................................................................................... 22</p><p>Figura 13 - Refletância x comprimento de onda (esq.) e Amostras de cores sob iluminante de</p><p>5000K (dir.). .................................................................................................................................. 23</p><p>Figura 14 - Gráfico de vetores. ...................................................................................................... 23</p><p>Figura 15 - Ciclo de atividade humana. ........................................................................................ 27</p><p>Figura 16 - Células ganglionares fotorreceptoras. ........................................................................ 28</p><p>Figura 17 - Curvas de distribuição espectral de 4 fontes de luz equalizadas a 500 lumens e a curva</p><p>do risco da luz azul e da função de eficiência visual. ................................................................... 29</p><p>Figura 18– Quarto PPP e Corredor HUGG. .................................................................................. 30</p><p>Figura 19 - Resposta relativa dos sistemas visual e circadiano humano como função de iluminância</p><p>fotópica (em lx) medida na córnea. ............................................................................................... 31</p><p>Figura 20 - Distribuição espacial de fotorreceptores. ................................................................... 33</p><p>Figura 21 - Exposição em minutos para suprimir a melatonina noturna em 50% em diferentes</p><p>iluminâncias fotóptica (em lux), medidos na córnea. .................................................................... 33</p><p>Figura 22 - Comparação entre lâmpada incandescente e fluorescente. ......................................... 35</p><p>Figura 23 - Estímulo Circadiano (CS) versus Luz Circadiana (CLA). ......................................... 36</p><p>Figura 24 - Limitação de ofuscamento e requerimentos de iluminação em leitos. ....................... 41</p><p>Figura 25 - UTI pediátrica no IFF. ................................................................................................ 42</p><p>Figura 26 - UTI pediátrica no IFF. ................................................................................................ 43</p><p>Figura 27 - Definição de planos de leitura e de exames em leitos. ............................................... 43</p><p>Figura 28 - Programação de acionamentos em leito de hospital. .................................................. 45</p><p>Figura 29 - Abordagem de luz artificial dinâmica, complementar a luz natural. .......................... 46</p><p>Figura 30 - Leitos de internação do Hospital Vila Nova Star. ...................................................... 47</p><p>Figura 31 - Aproveitamento da luz natural. .................................................................................. 51</p><p>Figura 32 - Divisão por áreas. ....................................................................................................... 52</p><p>Figura 33 - Descritor Iluminação. ................................................................................................. 56</p><p>Figura 34 - Entrevista com arquitetos. .......................................................................................... 61</p><p>Figura 35 - Vista aérea do HUGG. ................................................................................................ 63</p><p>Figura 36 – Distribuição das publicações sobre Arquitetura e Iluminação. .................................. 67</p><p>Figura 37 – Distribuição cronológica das publicações. ................................................................. 67</p><p>Figura 38 - Nuvem de palavras, termo indutor “luz”. ................................................................... 73</p><p>Figura 39 - Nuvem de palavras, termo indutor “luz de hospital”. ................................................ 76</p><p>Figura 40 - Como cada ente do projeto impacta no bem-estar do usuário. ................................... 79</p><p>Figura 41 - Influência dos entes do projeto na decisão de incluir luz natural em ambientes de saúde.</p><p>....................................................................................................................................................... 80</p><p>Figura 42 - Ambientes prioritários para implantação de iluminação circadiana. .......................... 81</p><p>Figura 43 - Nuvem de palavras, termo indutor “luz”. ................................................................... 84</p><p>Figura 44 - Centro clínico, João Pessoa, PB, 2017. ...................................................................... 85</p><p>Figura 45 - Quarto acessível, Hospital Di Camp. 2019. ............................................................... 88</p><p>Figura 46 - UTI Neonatal, Hospital da Mulher. 2012. .................................................................. 88</p><p>Figura 47 - UTI Infantil, Hospital Nossa Senhora de Lourdes. 2010. .......................................... 89</p><p>Figura 48 - Planta baixa do HUGG. .............................................................................................. 90</p><p>Figura 49 - Enfermaria do 3° pavimento do HUGG. .................................................................... 90</p><p>Figura 50 - Caracterização da enfermaria. .................................................................................... 91</p><p>Figura 51 - Vista dos leitos da enfermaria D-03. .......................................................................... 92</p><p>Figura 52 - Comando individual da arandela no box da Enfermaria do 3° pavimento do HUGG.</p><p>....................................................................................................................................................... 92</p><p>Figura 53 - Padrão da simulação IESNA IES LM-83-2012. ......................................................... 94</p><p>Figura 54 - Simulação de iluminação artificial estática da Enfermaria do 3° pavimento do HUGG.</p><p>....................................................................................................................................................... 95</p><p>Figura 55 - Mapa temporal de iluminância – máximos horas/mês. .............................................. 98</p><p>Figura 56 - Programação diária (manhãs) do CS autonomy. ........................................................ 98</p><p>Figura 57 - Padrão da simulação CS autonomy criado no LICASO. ............................................ 99</p><p>LISTA DE QUADROS</p><p>Quadro 1 - Iluminância x temperatura de cor. ..............................................................................</p><p>conforme observado nos exemplos coletados durante as entrevistas com os</p><p>arquitetos (p. 86; 89 e 90).</p><p>De modo semelhante ao que ocorre nas normas, as recomendações de alguns organismos de</p><p>certificação de edificações, como o PBE-Edifica do PROCEL, nem sempre é privilegiado o bem-</p><p>estar do usuário, uma vez que, sua concepção está relacionada diretamente com a eficiência</p><p>energética. Em contrapartida, o WELL Building Standard V1 aborda esse visão sobre o ser</p><p>humano ao incluir no caderno de encargos de projeto a questão da qualidade da luz no ambiente</p><p>construído: adequar a iluminância e o índice de reprodução de cores do ambiente à tarefa; prover</p><p>104</p><p>o controle de ofuscamento; o aproveitamento da luz natural; e a adoção de projeto de iluminação</p><p>circadiana.</p><p>Outro ponto a ser observado está relacionado aos padrões estabelecidos por cada órgão que não</p><p>necessariamente são corroborados uns com os outros. Fato observado nesta pesquisa quando da</p><p>observação do resultado da avaliação de aproveitamento de luz natural na enfermaria do HUGG</p><p>em que, ao considerar o LEED 2009 for Healthcare crédito 8.1 (p. 92), devido à relação de área de</p><p>piso e de abertura, cujo resultado ficou abaixo do índice seria reprovada, mas que ao ser comparada</p><p>ao resultado da simulação de autonomia de luz natural foi aprovada tanto pelos critérios da IESNA</p><p>IES-LM-83-12, quanto da métrica combinada CS (p. 98).</p><p>No que tange a discussão dos resultados da simulação de iluminação artificial da enfermaria em</p><p>relação à métrica combinada CS, ressalta-se que, o ambiente seria menos impactante à noite caso</p><p>fosse dotado de simples interruptores, em circuitos separados para cada leito, de modo não</p><p>incomodar aos outros pacientes nos horários de atendimento do corpo médico. Nesse cenário, cabe</p><p>observar que, nos casos de projetos de edificações hospitalares onde o orçamento for menos</p><p>restritivo, a adoção de sistemas de iluminação dotados de automação é uma opção viável, conforme</p><p>exemplos apresentados.</p><p>De forma conclusiva, podemos afirmar que a presente pesquisa ilustrou como a métrica CS e o</p><p>conceito de disponibilidade de luz natural (DA), podem ser utilizadas de forma sistemática pelos</p><p>arquitetos e lighting designers, com o objetivo de mitigar os problemas relacionados ao ritmo</p><p>circadiano em ambientes de permanência prolongada como enfermarias e quartos de internação.</p><p>Desta forma, o método proposto, seja por meio de iluminação natural e/ou artificial, tem potencial</p><p>para beneficiar aos usuários de ambientes de saúde.</p><p>Assim, uma das grandes vantagens do uso da simulação dinâmica da luz natural é a possibilidade</p><p>de se desenvolver análises mais precisas através das métricas apresentadas, de modo auxiliar nas</p><p>decisões de projeto. Uma ferramenta que se apresenta como uma alternativa para os profissionais</p><p>da área de projetos eficientes é o LICASO. Esse programa possui uma grande velocidade para</p><p>simulação, é de fácil interação com o usuário e trabalha com a norma IESNA IES LM-83-12</p><p>(2012). Entretanto, ao fim desta pesquisa, o fabricante informou que esse produto seria</p><p>descontinuado, devido à norma exigir sua integração com mecanismos automatizados de proteção</p><p>solar (como persianas e brises), e essa modificação exigiria um grande investimento. No Brasil o</p><p>programa TROPLUX, atualizado para a versão 8 em 2019, é uma opção viável e alternativa, pois</p><p>105</p><p>se trata de um produto distribuído de forma gratuita, que atende aos conceitos da norma IESNA</p><p>IES LM-83-12 (2012), além de estar escrito em língua Portuguesa.</p><p>Por fim, nesta dissertação constatamos que, ao considerar a possibilidade de proporcionar saúde e</p><p>bem-estar aos usuários, a premissa básica de um projeto de arquitetura em ambientes de saúde é o</p><p>da utilização da luz natural. Desse modo cabem aos arquitetos atitudes para que a objetivação da</p><p>“Luz de Hospital” seja modificada por influências externas, ancorando-as numa interpretação</p><p>simbolizada pelas evocações, todas positivas, da palavra “LUZ”.</p><p>106</p><p>7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ABDEH. 2019. Disponível em: http://www.abdeh.org.br/# Acesso em: 03/05/2018</p><p>ABNT NBR ISO/CIE - 8995-1. Iluminação de ambientes de trabalho. 2013.</p><p>ABNT NBR 15215-3. 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Acesso em: 11 de fev. de 2020</p><p>VERDERBER, S. Innovations in Hospital Architecture. New York, NY, Routledge, 2010.</p><p>VIANNA, N. S.; GONÇALVES, J. C. S. Iluminação e Arquitetura. São Paulo, SP. Virtus S/C, 2001.</p><p>WELL Building Standard v.1. 2014. Disponivel em: https://legacy.wellcertified.com/en/explore-standard</p><p>Acesso em: 05/01/2020.</p><p>http://www.gbcbrasil.org.br/leed-healthcare.php.%20Acesso%20em%2010/12/2018</p><p>https://www.energy.gov/eere/ssl/downloads/evaluating-color-rendition-using-ies-tm-30-15</p><p>https://www.energy.gov/eere/ssl/downloads/evaluating-color-rendition-using-ies-tm-30-15</p><p>https://www1.eere.energy.gov/buildings/publications/pdfs/ssl/opticalsafety_fact-sheet.pdf</p><p>http://www.unirio.br/</p><p>https://legacy.wellcertified.com/en/explore-standard</p><p>112</p><p>8 ANEXOS</p><p>8.1 Aspectos éticos da pesquisa</p><p>Os autores se comprometem a cumprir as exigências da Resolução 466/2012 do Conselho</p><p>Nacional de Saúde (CNS), da Resolução 196/96 e outras normas e resoluções da Comissão</p><p>Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).</p><p>A pesquisa será monitorada da seguinte forma: serão explicados o fim e a destinação das</p><p>informações coletadas; os dados dos participantes serão mantidos em sigilo, a menos que estes</p><p>autorizem sua exposição. O pesquisador responsável suspenderá a pesquisa imediatamente ao</p><p>perceber algum risco ou danos à saúde do sujeito participante da pesquisa, consequente à mesma,</p><p>não previsto no termo de consentimento.</p><p>Plano para recrutamento e procedimentos:</p><p>Quando se tratar de pesquisa on-line, serão convidados por mensagem eletrônica pela ABDEH.</p><p>Quando se tratar de entrevista com arquitetos, o pesquisador poderá fazer uso de telefone ou da</p><p>forma presencial.</p><p>Critérios para suspender ou encerrar a pesquisa:</p><p>Como a pesquisa não é clínica, não há previsão de suspensão da pesquisa e a mesma será encerrada</p><p>quando as informações desejadas forem obtidas.</p><p>Critérios de inclusão:</p><p>Associados da ABDEH e arquitetos especialistas em projetos de ambientes de saúde.</p><p>Critérios de exclusão:</p><p>Sujeitos que não estejam dentro dos critérios de inclusão ou não desejem participar da pesquisa,</p><p>Instrumentos de coleta de dados:</p><p>Questionários e entrevistas.</p><p>Riscos e Benefícios:</p><p>Os riscos são mínimos e tentarão ser evitados, pois, o estudo se dedica exclusivamente na</p><p>percepção do ambiente físico. A exclusão de amostras pode causar danos psicológicos a sujeitos</p><p>mais sensíveis, como crianças, analfabetos, entre outros. Ha o risco de constrangimento pelo fato</p><p>de o sujeito não saber responder à pesquisa ou se envergonhar na presença do pesquisador.</p><p>Os benefícios desta pesquisa serão os conhecimentos advindos da mesma que poderão ser</p><p>aplicados nos futuros projetos de arquitetura hospitalar, promovendo o conforto e bem-estar de</p><p>pacientes e demais usuários dos EAS.</p><p>113</p><p>8.2 Termo de consentimento livre e esclarecido. TCLE - ABDEH</p><p>Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulada: A qualidade da iluminação no</p><p>ambiente hospitalar, que tem como objetivo central: Realizar uma análise da integração da iluminação</p><p>natural e artificial em leitos de internação. Se você aceitar participar, estará contribuindo para o</p><p>aprimoramento do ensino de arquitetura hospitalar e para a melhoria no conforto dos usuários de ambientes</p><p>de saúde. O tempo médio para responder a pesquisa é de 20 minutos. Sua participação não é obrigatória e</p><p>consistirá em responder a um questionário. A qualquer momento você pode desistir de participar, retirando</p><p>seu consentimento. A recusa, desistência ou suspensão da sua participação na pesquisa não acarretará em</p><p>prejuízo. O (A) Sr.(a) não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração. Os riscos</p><p>desta pesquisa são restritos ao âmbito de algum sentimento de desconforto ao confrontar as perguntas. O</p><p>responsável pela realização do estudo se compromete a suspender imediatamente a participação, de acordo</p><p>com o desejo do participante. Em caso de dano comprovadamente oriundo da pesquisa você terá direito a</p><p>indenização através das vias judiciais, como dispõem os artigos 927 a 954 do Código Civil Brasileiro, o</p><p>Código de Processo Civil e conforme previsto nos itens IV.3 e V.7 da Resolução Nº 466 de 12 de dezembro</p><p>de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Sendo sua resposta positiva em participar voluntariamente</p><p>dessa pesquisa, garante-se</p><p>o direito do sigilo, privacidade e anonimato dos dados coletados, bem como a</p><p>guarda do material por cinco anos, a contar da última coleta. Cabe ressaltar que, esses dados serão utilizados</p><p>somente para essa pesquisa, sob forma de um banco de dados que ficará sob a guarda dos pesquisadores do</p><p>projeto. Depois desse prazo, os dados serão destruídos. Dessa forma, podemos garantir que em nenhum</p><p>momento durante os processos de análise e divulgação dos resultados os participantes terão a identidade</p><p>exposta. Esta é a sua via deste termo onde consta os contatos do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e do</p><p>pesquisador responsável, podendo eliminar suas dúvidas sobre a sua participação agora ou a qualquer</p><p>momento. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o</p><p>Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/HUCFF/UFRJ, R.</p><p>Prof. Rodolpho Paulo Rocco, n.° 255 , Cidade Universitária/Ilha do Fundão , 7º andar, Ala E - pelo telefone</p><p>3938-2480, de segunda a sexta-feira, das 8 às 16 horas, ou por meio do e-mail: cep@hucff.ufrj.br.</p><p>Rio de Janeiro, ___ de ____________de 2019 .____________________Alexandre Gois de Andrade.</p><p>Pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro / Faculdade de Arquitetura e Urbanismo / Programa</p><p>de Pós-Graduação em Arquitetura (UFRJ/FAU/PROARQ), telefone 99258-8242, E-mail:</p><p>alexgoislp@globo.com.</p><p>Orientador: Prof. Mauro César de Oliveira Santos, Dr. - (PROARQ / FAU / UFRJ). Telefone: (21) 3938-</p><p>1661, E-mail: maurosantos@fau.ufrj.br.</p><p>Declaro que concordo em participar da pesquisa. Estou de posse deste Termo de Consentimento Livre e</p><p>Esclarecido (TCLE) e a outra será enviada pela plataforma Google Forms ao pesquisador responsável por</p><p>esta pesquisa. Favor assinalar uma alternativa:</p><p>*1. Você concorda em participar desta pesquisa?</p><p>□ Sou associado da ABDEH, sou maior de 18 anos e concordo em participar da pesquisa.</p><p>□ Não quero participar da pesquisa.</p><p>114</p><p>8.3 Termo de consentimento livre e esclarecido. TCLE - Arquitetos</p><p>Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulada: A qualidade da iluminação no</p><p>ambiente hospitalar, que tem como objetivo central: Realizar uma análise da integração da iluminação</p><p>natural e artificial em leitos de internação. Se você aceitar participar, estará contribuindo para o</p><p>aprimoramento do ensino de arquitetura hospitalar e para a melhoria no conforto dos usuários de ambientes</p><p>de saúde. O tempo médio para responder a pesquisa é de 30 minutos. Sua participação não é obrigatória e</p><p>consistirá em responder a um questionário. A qualquer momento você pode desistir de participar, retirando</p><p>seu consentimento. A recusa, desistência ou suspensão da sua participação na pesquisa não acarretará em</p><p>prejuízo. O (a) Sr.(a) não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração. Os riscos</p><p>desta pesquisa são restritos ao âmbito de algum sentimento de desconforto ao confrontar as perguntas. O</p><p>(A) responsável pela realização do estudo se compromete a suspender imediatamente a participação, de</p><p>acordo com o desejo do participante. Em caso de dano comprovadamente oriundo da pesquisa você terá</p><p>direito a indenização através das vias judiciais, como dispõem os artigos 927 a 954 do Código Civil</p><p>Brasileiro, o Código de Processo Civil e conforme previsto nos itens IV.3 e V.7 da Resolução Nº 466 de</p><p>12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Sendo sua resposta positiva em participar</p><p>voluntariamente dessa pesquisa, garante-se o direito do sigilo, privacidade e anonimato dos dados</p><p>coletados, bem como a guarda do material por cinco anos, a contar da última coleta. Cabe ressaltar que,</p><p>esses dados serão utilizados somente para essa pesquisa, sob forma de um banco de dados que ficará sob a</p><p>guarda dos pesquisadores do projeto. Depois desse prazo, os dados serão destruídos. Dessa forma, podemos</p><p>garantir que em nenhum momento durante os processos de análise e divulgação dos resultados os</p><p>participantes terão a identidade exposta. Você receberá uma via deste termo onde consta os contatos do</p><p>Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e do pesquisador responsável, podendo eliminar suas dúvidas sobre a</p><p>sua participação agora ou a qualquer momento. Caso concorde em participar desta pesquisa, assine ao final</p><p>deste documento, que possui duas vias, sendo uma sua e a outra do pesquisador responsável.</p><p>Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de</p><p>Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/HUCFF/UFRJ, R. Prof.</p><p>Rodolpho Paulo Rocco, n.° 255 , Cidade Universitária/Ilha do Fundão , 7º andar, Ala E - pelo telefone</p><p>3938-2480, de segunda a sexta-feira, das 8 às 16 horas, ou por meio do e-mail: cep@hucff.ufrj.br.</p><p>Rio de Janeiro, ___ de ____________de 2019 .____________________Alexandre Gois de Andrade.</p><p>Pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro / Faculdade de Arquitetura e Urbanismo / Programa</p><p>de Pós-Graduação em Arquitetura (UFRJ/FAU/PROARQ), telefone 99258-8242, E-mail:</p><p>alexgoislp@globo.com.</p><p>Orientador: Prof. Mauro César de Oliveira Santos, Dr. - (PROARQ / FAU / UFRJ). Telefone: (21) 3938-</p><p>1661, E-mail: maurosantos@fau.ufrj.br.</p><p>Declaro que concordo em participar da pesquisa. Eu receberei uma via deste Termo de Consentimento</p><p>Livre e Esclarecido (TCLE) e a outra ficará com o pesquisador responsável por esta pesquisa. Além disso,</p><p>estou ciente de que eu e o pesquisador responsável devemos rubricar todas as folhas deste TCLE e assinar</p><p>na última folha.</p><p>Rio de Janeiro, ______ de _____________________ de 2019.</p><p>Participante ou Representante Legal:</p><p>Nome em letra de forma:_______________________________________________________</p><p>Assinatura:__________________________________________________________________</p><p>Rio de Janeiro, ______ de _____________________ de 2019.</p><p>Pesquisador:</p><p>Nome em letra de forma:_______________________________________________________</p><p>Assinatura:_________________________________________________________________</p><p>115</p><p>8.4 Questionário ABDEH</p><p>116</p><p>117</p><p>118</p><p>119</p><p>8.5 Questionário Arquitetos</p><p>120</p><p>8.6 Plataforma Brasil</p><p>121</p><p>122</p><p>123</p><p>124</p><p>125</p><p>126</p><p>127</p><p>128</p><p>129</p><p>20</p><p>Quadro 2 - Eficácia relativa de diferentes fontes de luz para estimular a sistema circadiano em</p><p>função da iluminância fotóptica na córnea. ................................................................................... 32</p><p>Quadro 3 - Tabela de conversão de iluminância fotóptica em melanóptica. ................................ 36</p><p>Quadro 4 - Requisitos de iluminação para enfermarias de EAS no Brasil. .................................. 39</p><p>Quadro 5 - Requisitos de iluminação para enfermarias de EAS na Europa. ................................. 40</p><p>Quadro 6 - Recomendações de iluminância mantida (lux). .......................................................... 41</p><p>Quadro 7 - Limite máximo aceitável de densidade de potência de iluminação (DPIL) para o nível</p><p>de eficiência pretendido - Método das atividades da edificação. .................................................. 51</p><p>Quadro 8 - Nomes e profissões dos entrevistados......................................................................... 60</p><p>Quadro 9– Total dos estudos segundo as bases de dados e a conjugação dos descritores. ........... 64</p><p>Quadro 10 – Aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. ....................................................... 65</p><p>Quadro 11 – Aplicação dos critérios de exclusão por duplicidade. .............................................. 66</p><p>Quadro 12 - Perfil sociodemográfico dos respondentes. ............................................................... 68</p><p>Quadro 13 - Agrupamento de palavras, termo indutor “luz”. ....................................................... 70</p><p>Quadro 14 - Frequência e OME, termo indutor “luz”. .................................................................. 71</p><p>Quadro 15 - Distribuição dos elementos segundo frequência de evocação e ordem média de</p><p>evocação, termo indutor “luz”. ...................................................................................................... 71</p><p>Quadro 16 - Agrupamento de palavras, termo indutor “luz de hospital”. ..................................... 74</p><p>Quadro 17 - Frequência e OME, termo indutor “luz de hospital”. ............................................... 75</p><p>Quadro 18 - Distribuição dos elementos segundo frequência de evocação e ordem média de</p><p>evocação, termo indutor “luz de hospital”. ................................................................................... 75</p><p>Quadro 19 - Questões 12, 14, 15 e 16 segundo a escala de Likert. ............................................... 77</p><p>Quadro 20 - Questões 13 e 17 segundo a escala de Likert. ........................................................... 78</p><p>Quadro 21 - Questões 23 a 26 segundo a escala de Likert. ........................................................... 82</p><p>Quadro 22 - Cálculo de iluminância para fonte D65 e CS 0,35. ................................................... 93</p><p>Quadro 23 - Métrica combinada CS. ............................................................................................. 96</p><p>Quadro 24 - Métricas simuladas conforme IES LM-83-2012....................................................... 97</p><p>Quadro 25 - Métricas simuladas conforme CS autonomy. ............................................................ 99</p><p>LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS</p><p>ABDEH - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDIFICAÇÃO</p><p>HOSPITALAR</p><p>ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS</p><p>AEC - ARCHITECTURAL ENERGY CORPORATION</p><p>ASE – ANNUAL SUNLIGHT EXPOSURE</p><p>BVS - BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE</p><p>CC – COMPONENTE DE LUZ DIRETA E PROVENIENTE DO CEU</p><p>CIE – COMMISSION INTERNATIONAL DE L’ECLAIRAGE</p><p>CIN – CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO NATURAL</p><p>CNS – CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE</p><p>CONEP - COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA</p><p>CRE – COMPONENTE DE LUZ REFLETIDA EM SUPERFÍCIES EXTERNAS A EDIFICAÇÃO</p><p>CRI – COMPONENTE DE LUZ REFLETIDA INTERNA</p><p>CS – CIRCADIAN STIMULUS</p><p>DA – DAYLIGHT AUTONOMY</p><p>DAS – SPATIAL DAYLIGHT AUTONOMY</p><p>DECS - DESCRITORES EM CIÊNCIAS DA SAÚDE</p><p>DF - DAYLIGHT FACTOR</p><p>DIN - DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG</p><p>DPI – DENSIDADE DE POTÊNCIA DE ILUMINAÇÃO</p><p>DPIL – DENSIDADE DE POTÊNCIA DE ILUMINAÇÃO LIMITE</p><p>EAS – ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE</p><p>EBD - EVIDENCE-BASED DESIGN</p><p>EML – EQUIVALENT MELANOPIC LUX</p><p>FGI – FACILITIES GUIDELINES INSTITUTE</p><p>HCL – HUMAN CENTRIC LIGHTING</p><p>HUGG – HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GAFFRÉE E GUINLE</p><p>ICU - INTENSIVE CARE UNIT</p><p>IESNA - ILLUMINATING ENGINEERING SOCIETY OF NORTH AMERICA</p><p>IFF – INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA</p><p>IRC – ÍNDICE DE REPRODUÇÃO DA COR</p><p>IWBI - INTERNATIONAL WELL BUILDING INSTITUTE</p><p>LABEEE - LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES</p><p>LRC - LIGHTING RESEARCH CENTER</p><p>OME - ORDEM MÉDIA DE EVOCAÇÃO</p><p>PROARQ – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA</p><p>SCN – NUCLEO SUPRAQUIASMATICO</p><p>TCC – TEMPERATURA DE COR CORRELATA</p><p>TCLE - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO</p><p>TEP - TESTE DE EVOCAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS</p><p>TMY - TYPICAL METEOROLOGICAL YEAR</p><p>UDI – USEFUL DAYLIGHT ILLUMINANCE</p><p>UGR – UNIFIED GLARE RATING</p><p>UNIRIO - UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO</p><p>USGBC - U.S. GREEN BUILDING COUNCIL</p><p>UTI – UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO</p><p>1</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>1.1 Problema.</p><p>O hospital contemporâneo é uma instituição complexa e dinâmica, devido à abrangência de seu</p><p>programa que envolve funções como a de um hotel, com internações que exigem atenção especial,</p><p>consultórios médicos, serviços de diagnóstico e tratamento ambulatorial, além das demandas por</p><p>cozinha, lavanderia, entre outros. Esta multiplicidade de atividades acarreta constantes obras de</p><p>atualização, mudanças de leiaute e não raro, a conflitos entre os ambientes que necessitam</p><p>condições de conforto de excelência. Destacam-se as questões sobre os elementos decisivos nas</p><p>decisões de projeto de iluminação em um ambiente de saúde. Quais seriam, exatamente, as</p><p>condições e circunstâncias em que a iluminação, seja esta natural ou artificial, incomoda ou traz</p><p>algum prejuízo aos ocupantes do espaço hospitalar? A iluminação baseada em LEDs pode causar</p><p>danos aos pacientes? De igual modo, questiona-se quais os possíveis benefícios da aplicação das</p><p>normas de iluminação ABNT NBR 15215, ABNT ISO 8995-1, IESNA IES LM-83-12, DIN 5035-</p><p>3, DIN EN 12464-1, das recomendações do IESNA ANSI IES RP-29-16 e da utilização de critérios</p><p>de projeto propostos pelos organismos de certificação em sustentabilidade nas edificações, como</p><p>o LEED 2009 for Healthcare (U.S. GREEN BUILDING COUNCIL) e WELL Building Standard</p><p>V1 (2014), que recomendam atenção com a sincronização do ritmo circadiano dos usuários do</p><p>ambiente construído.</p><p>1.2 Justificativa.</p><p>A questão da sincronização do relógio biológico do usuário de ambientes de saúde, através do uso</p><p>da iluminação natural como preponderante nos projetos, e da complementação da luz artificial</p><p>dentro de uma temática atual, como os sistemas de luz circadianos que utilizam tecnologia de</p><p>LEDs e luz dinâmica, de forma a promover ambiências distintas e adequadas ao conforto e ao</p><p>bem-estar dos usuários do ambiente de saúde.</p><p>A necessidade de compreender as atitudes dos arquitetos ao se confrontarem com as</p><p>condicionantes de um projeto de ambiente de saúde, sejam estes referentes as normas, a escolha</p><p>do terreno, ao orçamento, as opções do profissional de projeto, entre outros.</p><p>O estudo da atualização da ANVISA RDC nº 50 (2002), que considera o projeto de iluminação</p><p>como complementar ao subprojeto de elétrica. Tal indicação pode suscitar projetos que não</p><p>contemplem o atendimento as questões de conforto dos usuários, como os aspectos quantitativos</p><p>da luz, ou sem aprofundar-se nas questões qualitativas da iluminação, como o ofuscamento, a</p><p>uniformidade, reprodução de cor, entre outros.</p><p>2</p><p>A questão de existirem normas nacionais e internacionais cuja relevância advém da aplicação dos</p><p>conceitos de sustentabilidade nas edificações com foco no ser humano, como o que ocorre no</p><p>movimento global denominado Human</p><p>Centric Lighting1 (HCL), e para tal, elucidar os possíveis</p><p>pontos de contato entre os parâmetros de organismos de etiquetagem e certificação PROCEL</p><p>RTQ-C (ELETROBRÁS/PROCEL/INMETRO, 2016); (ELETROBRÁS, 2019); LEED 2009 for</p><p>Healthcare (U.S.GREEN BUILDING COUNCIL, 2009) e WELL Building Standard V1 (WELL,</p><p>2014).</p><p>1.3 Objetivos.</p><p>Objetivo Geral: Compreender quais os fatores que contribuem para a valorização da luz natural e</p><p>artificial em ambientes de saúde, relacionando-os com os princípios projetuais na arquitetura.</p><p>Objetivos específicos: Conhecer o estado da arte das pesquisas sobre iluminação em ambiente de</p><p>saúde; entender como os profissionais de projeto de arquitetura hospitalar pensam a iluminação de</p><p>ambientes de saúde; discutir as normas, legislações recomendações de organismos de certificação</p><p>de edificações.</p><p>1.4 Metodologia.</p><p>Para alcançar os objetivos propostos nesta dissertação, propõe-se o desenvolvimento da seguinte</p><p>metodologia de pesquisa:</p><p>• Revisão bibliográfica de iluminação natural e artificial</p><p>• Revisão bibliográfica integrativa;</p><p>• Aplicação de questionário aos associados da ABDEH empregando TEP2 e escala Likert3;</p><p>• Análise de conteúdo nas entrevistas com arquitetos;</p><p>• Estudo de caso em enfermaria do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, (HUGG): Avaliação</p><p>de iluminância natural e artificial do ambiente interno combinada a análise do índice Circadian</p><p>Stimulus 4(CS).</p><p>1 (HCL), tradução livre do autor: “iluminação voltada para as pessoas”, definida como aquela que promove a saúde e</p><p>o bem-estar do ser humano.</p><p>2 (TEP) teste de evocação livre de palavras proposto por Bardin (1977).</p><p>3 Escala Likert é um método para avaliação de atitudes de sujeitos. (Likert, 1932)</p><p>4 (CS), modelo do mecanismo de fototransdução proposto por REA et al (2005).</p><p>3</p><p>1.5 Organização da dissertação.</p><p>A dissertação foi estruturada em 6 capítulos, acrescidos de referências bibliográficas e anexos</p><p>conforme abaixo descrito:</p><p>No capítulo 1: Introdução, apresentamos o problema, a justificativa, os objetivos e a metodologia.</p><p>No capítulo 2: Fundamentação Teórica, abordamos conceitos importantes da iluminação natural e</p><p>artificial, seguidos de um estudo sobre o uso de softwares de simulação luminotécnica e sua</p><p>aplicação em projetos de iluminação em ambientes de saúde. Ademais, consideramos importante</p><p>a reflexão os estudos recentes sobre o ritmo circadiano e sua influência no bem-estar humano.</p><p>No capítulo 3: Iluminação em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), discutimos a</p><p>aplicação de normas nacionais e internacionais em projetos de ambientes de saúde. Investigamos</p><p>também os organismos de etiquetagem e certificação PROCEL RTQ-C, LEED 2009 for</p><p>Healthcare (U.S.GREEN BUILDING COUNCIL, 2009) e o WELL Building Standard V1 (2014),</p><p>e sua relação com os aspectos da manutenção da saúde. Ainda neste capitulo estudamos alguns</p><p>projetos de iluminação de ambientes de internação.</p><p>No capítulo 4: Metodologia, que será dividida em cinco etapas:</p><p>- Revisão bibliográfica de iluminação natural e artificial</p><p>- Apresentação de Revisão Bibliográfica Integrativa, sobre o tema da iluminação no ambiente</p><p>hospitalar, desenvolvendo uma análise sobre o estado da arte, as inovações tecnológicas e as</p><p>questões que envolvem os projetos de iluminação de ambientes de saúde.</p><p>- Análise de conteúdo de um questionário aplicado aos associados da Associação Brasileira para</p><p>o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH) através da plataforma Google Forms (2019)</p><p>de TEP e da escala Likert.</p><p>- Entrevistas com profissionais com histórico relevante de projetos de iluminação para ambientes</p><p>de saúde.</p><p>- Estudo de caso, através de simulações estáticas (iluminação artificial) e dinâmicas (iluminação</p><p>natural), a fim de relacionar a qualidade da iluminação e sua relação com a sincronização do ritmo</p><p>circadiano e o bem-estar dos ocupantes da enfermaria sob avaliação.</p><p>No capítulo 5: Apresentação dos resultados da metodologia: Revisão bibliográfica teórica e</p><p>integrativa; questionários e entrevistas com arquitetos e as simulações computacionais de</p><p>iluminação da enfermaria do HUGG.</p><p>No capítulo 6: Apresentação das discussões e a conclusão.</p><p>No capítulo 7: Publicação das referências bibliográficas.</p><p>No capítulo 8: Lançamento dos anexos e apêndices.</p><p>4</p><p>2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA</p><p>A luz é frequentemente considerada a quarta dimensão da arquitetura pelos light designers. No</p><p>pensamento de Schwendinger (2000, p.5): “A iluminação acentua e amplia os limites e o fluxo do</p><p>espaço arquitetônico. Por sua vez, levar em consideração criativamente a comunidade preexistente,</p><p>ou seja, os usuários do espaço, pode adicionar riqueza e significado ao nosso trabalho como</p><p>designers de iluminação”.</p><p>Dentre as referências merece destaque o IES quando afirma: “A luz ocorre em um contexto</p><p>arquitetônico e um projeto de iluminação de qualidade responde à composição e a forma</p><p>arquitetônica. A integração da luz à arquitetura transmite significado e contribui para a</p><p>compreensão do espaço”. (IESNA IES, 2000, p.10-2).</p><p>Em seu curso de arquitetura da iluminação, a arquiteta Esther Stiller objetiva esclarecer a inserção</p><p>do projeto de iluminação no âmbito do projeto geral de arquitetura, afirma que: “A luz é matéria</p><p>prima do Universo; é, também, parte integrante da composição dos ambientes, sejam eles os</p><p>interiores dos edifícios, a paisagem exterior ou o espaço urbano. Contribuir para a sua correta</p><p>introdução na arquitetura é nosso propósito”. (STILLER, 1999, p.1).</p><p>2.1 Conceitos de iluminação natural.</p><p>A luz natural promove um significado especial a arquitetura, qualificando o espaço construído,</p><p>tornando materiais e palpáveis as formas pelo jogo de luz e sombras. A relação entre a arquitetura</p><p>e iluminação é inerente à forma de seu abrigo, modificando sua percepção e a influência da luz no</p><p>ser humano, no ritmo diário de sua vida, despertando sentimentos e suscitando emoções.</p><p>Na arquitetura moderna, a tectônica libertou as paredes, tornando-as leves, e permitiu o uso de</p><p>transparências, vãos e vazios, integrando o exterior ao interior. No que concerne as aberturas</p><p>verticais, Vianna e Gonçalves, afirmam que:</p><p>As janelas, elementos determinantes na caracterização da forma do edifício, também nos</p><p>deixam perceber a estreita relação existente entre arquitetura e clima. No clima tropical</p><p>quente e seco, elas se apresentavam em menor quantidade e dimensão. Eram colocadas</p><p>em paredes de grossa espessura, que além de barrar o calor serviam de elementos de</p><p>controle da luz(difusão). (VIANNA; GONÇALVES, 2001 p. 30).</p><p>Portanto, existe um conflito entre a indesejável entrada de calor e a necessidade da luz natural nas</p><p>edificações, e esta aparente contradição no raciocínio pode ser afastada com soluções criativas na</p><p>arquitetura. Dentre estas referências merece destaque a capela de Notre Dame du Haut, em</p><p>Ronchamp, França, de Le Corbusier, conforme a Figura 1:</p><p>5</p><p>Figura 1 - Capela de Ronchamp, Le Corbusier.</p><p>Fonte: ARCHDAILY, 2019.</p><p>Entretanto, as edificações são dependentes da iluminação artificial, em horários e locais distantes</p><p>das aberturas em que a luz natural não é suficiente para atender os níveis de iluminação</p><p>recomendados pelas normas.</p><p>Na tarefa de fixar as premissas teóricas necessárias ao tratamento do tema, a norma ABNT NBR</p><p>15215-3 (2007, p. v) recomenda que se tire proveito da luz disponível, desde que sob controle;</p><p>para tal, deve observar que o projeto contemple sua utilização desde suas etapas iniciais. As</p><p>soluções trazidas pela luz natural dependem de suas quantidades e distribuição por conta de</p><p>condições atmosféricas, obstruções externas, características das aberturas da edificação e dos</p><p>vidros, além das refletividades das superfícies internas.</p><p>No intuito de avaliar os parâmetros de luz natural, o sol é considerado como uma fonte de luz</p><p>pontual e concentrada, por outro lado, o céu (abóbada celeste) é uma fonte luminosa grande e</p><p>difusa e com distribuição de luminância variável, que atua sobre nosso planeta (HOPKINSON;</p><p>PETHERBRIDGE; LONGMOR, 1966). Sendo assim a iluminância que atinge o solo varia</p><p>conforme a órbita terrestre e os efeitos da atmosfera da terra.</p><p>A disponibilidade de luz natural no ambiente construído em um período de tempo depende</p><p>prioritariamente da luz direta do sol e daquela difundida pela atmosfera. Sendo assim, em função</p><p>da latitude, posição do sol, estação do ano e variações climáticas, pode proporcionar mais ou</p><p>menos luz natural em diferentes localidades. Portanto, trata-se de uma estimativa baseada em</p><p>algoritmos (modelos matemáticos) cujas referências são devidas as medições realizadas em</p><p>diversos países ao longo de décadas e, desta forma, confiáveis (ABNT NBR 15215-2, 2007).</p><p>A abóbada celeste tem variações de aparência que estão relacionadas a distribuição espacial de sua</p><p>luz e por esta razão a norma à caracteriza como três tipos de céu: claro, encoberto e parcialmente</p><p>encoberto, conforme a ABNT NBR 15215-2, 2007):</p><p>• Nas condições de céu claro existe uma tendência de este ser mais brilhante na linha do</p><p>horizonte. Não existem nuvens e as pequenas partículas de água presentes na atmosfera filtram</p><p>6</p><p>os comprimentos de onda na região dos vermelhos, ou seja, apenas os comprimentos de onda</p><p>azul atingem a terra conferindo ao céu a cor azul que o caracteriza.</p><p>• No céu encoberto, (quando as nuvens preenchem totalmente a abóbada celeste) a porção zenital</p><p>deste céu apresenta uma iluminância três vezes maior que o horizonte e as partículas de água</p><p>na atmosfera causam reflexão e refração para indistintos comprimentos de onda acarretando em</p><p>uma abóbada cinza claro.</p><p>• O céu parcialmente encoberto se caracteriza como uma condição intermediaria entre os céus</p><p>claro e encoberto e cuja iluminância dependerá da posição do sol.</p><p>2.1.1 Disponibilidade de luz natural</p><p>A literatura oferece diversos métodos: manuais, computacionais ou prescritivos para o cálculo de</p><p>iluminâncias internas as edificações, dentre estes destacam-se, o método dos lumens, o Daylight</p><p>Factor e o método do fluxo dividido (IESNA IES, 2000 p.8-10 e 8-5).</p><p>• Método dos lumens (IESNA IES, 2000 p.8-12). Aplicado a espaços retangulares com aberturas</p><p>verticais, que por sua simplicidade permite cálculos manuais, pois são requeridos apenas a</p><p>iluminância do exterior em lux (Ex), a transmitância da fenestração (Tr) e o fator de utilização</p><p>(Fu), com valores tabelados de cinco pontos dentro do espaço sob avaliação, conforme a</p><p>formula:</p><p>𝐸𝑖 = 𝐸𝑥 ∗ 𝑇𝑟 ∗ 𝐹𝑢.</p><p>Figura 2 - Padrão para avaliação de luz natural proveniente de abertura lateral.</p><p>Fonte: IESNA IES, 2000.</p><p>• O critério de desempenho conhecido como “Daylight Factor - DF”, que representa a relação</p><p>entre a iluminância interna (Ep) e a iluminância externa (Ee), ambas no plano horizontal,</p><p>medidas simultaneamente e sob céu encoberto:</p><p>𝐷𝐹 =</p><p>𝐸𝑝</p><p>𝐸𝑒</p><p>𝑥 100%</p><p>7</p><p>Portanto o DF se torna uma constante dentro do ambiente, podendo ser utilizado como critério</p><p>para comparar sistemas de iluminação natural, entretanto, não se considera a contribuição da</p><p>luz solar direta por conta de sua direcionalidade e desvantagens como incidência de radiações</p><p>nocivas como ultravioleta, aumento da temperatura interna dos ambientes, ofuscamento, entre</p><p>outros (ABNT 15215-3, 2007).</p><p>• Método do fluxo dividido, pois considera que a luz ao penetrar numa edificação pode percorrer</p><p>três tipos de caminhos para alcançar um ponto no ambiente interno (ABNT 15215-3, 2007):</p><p>a) CC - Componente de luz direta e proveniente do céu.</p><p>b) CRE - Componente de luz refletida em superfícies externas a edificação.</p><p>c) CRI - Componente de luz refletida interna, ou seja, após sofrer uma ou mais reflexões no</p><p>interior do ambiente avaliado. Figura 3:</p><p>Figura 3 - Fontes de luz natural que alcançam o edifício.</p><p>Adaptado de IESNA IES, 2000.</p><p>A contribuição de iluminação natural (CIN) corresponde a soma destas três componentes,</p><p>corrigida pelo fator de manutenção das superfícies internas (FM), pela transmissividade do</p><p>vidro (Kt), o fator de manutenção dos vidros (Km) e do fator de caixilho (Kc), conforme a</p><p>fórmula:</p><p>𝐶𝐼𝑁 = [𝐶𝐶 + 𝐶𝑅𝐸 + (𝐹𝑀 ∗ 𝐶𝑅𝐼)] ∗ 𝐾𝑡 ∗ 𝐾𝑚 ∗ 𝐾𝑐</p><p>Ressalta-se que o procedimento de cálculo da CIN em um ponto do ambiente interno se</p><p>assemelha ao do DF quando aplicado para céus encobertos padrão CIE ou céu uniforme.</p><p>2.1.2 Iluminação lateral</p><p>Em contraste com a iluminação artificial, que geralmente nos alcança por fontes luminosas</p><p>colocadas no teto, a iluminação natural frequentemente chega aos ambientes através de janelas</p><p>laterais, criando uma modelagem de luz distinta por conta de sua quantidade e distribuição</p><p>variável.</p><p>8</p><p>Muitos dos problemas da iluminação em edifícios surgem devido a sua própria natureza</p><p>e, em especial, por as janelas terem de desempenhar as funções não apenas da admissão</p><p>da luz no edifício, como também de proporcionarem uma visão do que se passa fora e o</p><p>desejado contacto visual com o mundo exterior. A tecnologia da iluminação é mais do</p><p>que um ramo da engenharia de iluminação, é uma ciência de iluminação com seus</p><p>próprios direitos e contendo também muito de arte (HOPKINSON; PETHERBRIDGE;</p><p>LONGMOR, 1966, p. 24).</p><p>No que diz respeito às aberturas laterais da edificação, as janelas podem proporcionar ventilação</p><p>natural, proteção contra os efeitos do clima e isolamento de ruídos externos, entretanto, quanto</p><p>maior for sua área, tanto maior será o calor transmitido através dos elementos translúcidos e/ou</p><p>fenestrações. Observa-se que a iluminação natural de ambientes internos depende não somente das</p><p>dimensões e posicionamento das aberturas, como também das refletâncias e acabamentos das</p><p>superfícies interiores.</p><p>Como explica Laranja, (2010) verifica-se a influência da orientação da abertura na disponibilidade</p><p>de iluminação natural no ambiente interno ao longo de sua profundidade à medida que os pontos</p><p>se distanciam da abertura. Esta característica da distribuição não uniforme decorre da dependência</p><p>da relação entre a altura de piso e a parte superior da janela, acarretando em diferentes eficiências</p><p>na penetração da luz, conforme Figura 4.</p><p>Figura 4 - Esquema de penetração da luz lateral – corte.</p><p>Fonte: VIANNA-GONÇALVES, 2001.</p><p>Desta forma, quanto maior a profundidade do ambiente em relação a altura da janela menor será a</p><p>contribuição da luz natural para a iluminação do mesmo. Em que pese tal posição, alguns</p><p>ambientes de permanência transitória não têm função laboral como por exemplo, os corredores,</p><p>que não demandam iluminâncias elevadas e tampouco uniformidade, sendo possível a solução da</p><p>janela unilateral. Por outro lado, ambientes de permanência prolongada exigem um rigor no</p><p>atendimento dos níveis lumínicos para cada atividade, além dos critérios de uniformidade e</p><p>ofuscamento, neste caso pode ser necessário a adoção de outras aberturas na edificação ou a</p><p>complementação com luz artificial (VIANNA-GONÇALVES, 2001).</p><p>9</p><p>2.1.3 Métrica da luz natural</p><p>Em função da existência de várias pesquisas e propostas de metodologias para avaliação da</p><p>disponibilidade de luz do dia, o IESNA (2012), publicou o IESNA IES LM-83-12, Approved</p><p>Method: IES Spatial Daylight (sDA) and Annual Sunlight Exposure (ASE), a fim de melhorar o</p><p>desempenho das ferramentas de previsão e simulação de luz natural.</p><p>As qualidades dinâmicas de um espaço dotado de luz natural requerem diferentes métodos de</p><p>avaliação daqueles que foram desenvolvidos para um espaço que é eletricamente iluminado. Em</p><p>um espaço artificialmente iluminado a iluminância média é um parâmetro relevante na análise da</p><p>qualidade do projeto luminotécnico, entretanto este índice não faz tanto sentido em um ambiente</p><p>naturalmente iluminado, devido a distribuição não uniforme das</p><p>iluminâncias por conta do</p><p>posicionamento das fenestrações e da relação entre as áreas das aberturas e a área do ambiente.</p><p>Outro aspecto não menos importante é que a avaliação de luz natural deve ser considerada ao longo</p><p>do tempo, e como esta varia conforme o clima local, do aspecto do céu e das estações do ano, há</p><p>de se considerar como critério de projeto a localização da edificação e a respectiva adequação dos</p><p>modelos computacionais utilizados (IESNA IES LM-83-12, 2012 p.1).</p><p>Ainda no que tange a essa avaliação, revela-se o céu de Perez, um modelo matemático usado para</p><p>descrever a distribuição da luminância relativa da abóbada celeste, sendo considerado referência</p><p>para cálculos e simulações de luz natural, (PEREZ et al, 1993). A base de cálculo não está</p><p>fundamentada necessariamente na média de determinado dia e local, mas sim nos dados que</p><p>melhor expressam as condições de céu do dia que se pretende simular. A estação meteorológica</p><p>de referência utiliza dados coletados num período de aproximadamente 30 anos. Se o dia que se</p><p>pretende simular é 23/05, os dados da estação meteorológica de referência indicarão o dia 23/05</p><p>que melhor representou as condições de céu e do clima, dentro do universo de dados. Os</p><p>parâmetros seriam brilho do céu e nebulosidade, representados através de valores que indicam</p><p>irradiação direta e difusa (LICASO, 2017).</p><p>Revela-se neste sentido o conceito de autonomia de luz do dia, ou “daylight autonomy” (DA)</p><p>definido como a porcentagem do ano em que a iluminância de tarefa em um plano de trabalho é</p><p>atingida sem a necessidade do uso da iluminação artificial. As definições dos níveis de iluminação</p><p>são as propostas pelas normas locais para cada tipo de ambiente e tarefa (ARCHITECTURAL ...,</p><p>2009).</p><p>De forma pioneira, Nabil e Mardaljevic (2006), propuseram uma nova abordagem ao problema da</p><p>métrica da luz natural denominada “useful daylight illuminance” (UDI). Em contraste com o</p><p>“daylight factor” DF que utiliza uma porcentagem, ou seja, um número que representa uma</p><p>avaliação pontual do espaço, a UDI utiliza dados meteorológicos atualizados, em que as condições</p><p>10</p><p>dos céus são dinamicamente consideradas resultando em previsão de iluminâncias em cada</p><p>momento (hora) do dia, em um ano, para cada ponto do ambiente sob análise. Dentre as razões</p><p>para se utilizar a UDI, Nabil e Mardaljevic (2006) defendem o uso de uma faixa de iluminâncias</p><p>consideradas úteis, entre 100 a 2000 lux. Criticam o conceito da DA afirmando que a simples</p><p>adoção de um valor mínimo (por exemplo 500 lux), como alvo para atingir uma determinada</p><p>economia de energia, não leva em conta as preferências dos usuários e os momentos em que pode</p><p>ocorrer desconforto provocado por ofuscamento e contrastes excessivos. Em razão disso, valores</p><p>de iluminância inferiores a 100 lux são considerados insuficientes, seja como fonte única no espaço</p><p>ou como complemento a artificial. Já os valores entre 100 e 500 lux caracterizam-se como</p><p>suficientes desde que tenham a possibilidade do uso de complementação de luz artificial. Na faixa</p><p>de 500 a 2000 lux são percebidos como desejáveis, pois atendem as normas de iluminância de</p><p>interiores e aqueles acima de 2000 lux se caracterizam por gerar desconforto lumínico, térmico ou</p><p>ambos.</p><p>O IESNA IES LM-83-12, após identificar, revisar e avaliar diversas metodologias utilizadas nas</p><p>ferramentas de previsão e simulação de luz natural, desenvolveu duas métricas, (parâmetros de</p><p>comparação que utilizam diversos métodos de cálculo), baseadas nos critérios da iluminância</p><p>suficiente em um ambiente naturalmente iluminado e do risco potencial da penetração excessiva</p><p>da luz do sol direta (IESNA IES LM-83, 2012)</p><p>A primeira métrica denomina-se “Spatial Daylight Autonomy” (sDA), ou seja, uma medida da</p><p>iluminância em uma determinada superfície, tendo como resultado um valor percentual da área de</p><p>piso que exceda um nível de iluminação especificado (por exemplo 300 lux), para uma quantidade</p><p>de horas anuais (por exemplo 50% das horas úteis - 8:00h às 18:00h). Adotou-se a forma de</p><p>expressar dotada de termo: sDA lux, %, ou seja, o termo “sDA”, seguido da iluminância mínima</p><p>especificada e do percentual de horas úteis no ano, ambas subscritas (IESNA IES LM-83, 2012</p><p>p.1 e p.3).</p><p>A fim de proporcionar uma nova dimensão a esta análise, a segunda métrica “Annual Sunlight</p><p>Exposure” (ASE) foca na potencial fonte de desconforto visual oriunda da luz direta do sol em</p><p>ambientes internos de trabalho. É definida como um valor percentual da área analisada que exceda</p><p>um nível de iluminação natural direta especificado, por um determinado número de horas no ano.</p><p>De forma análoga a sDA, adotou-se a expressão: ASE lux, horas, ou seja, o termo “ASE”, seguido da</p><p>iluminância máxima especificada e das respectivas horas úteis no ano em que esta condição se</p><p>aplique, ambas subscritas (IESNA IES LM, 2012 p.1 e p.10).</p><p>Vale lembrar que as duas métricas devem ser aplicadas nas mesmas condições e ambientes, e que</p><p>as mesmas são complementares, sendo assim podem proporcionar aos pesquisadores e</p><p>11</p><p>profissionais de projetos arquitetônicos uma melhor compreensão de como se avalia os espaços</p><p>naturalmente iluminados.</p><p>2.1.4 Softwares de simulação luminotécnica</p><p>Devido à complexidade dos ambientes e as demandas por velocidade nas avaliações das</p><p>alternativas de projeto, as ferramentas computacionais de cálculo da disponibilidade de luz natural</p><p>se tornaram importantes no cenário da arquitetura. Estes softwares são capazes de emitir relatórios</p><p>dotados de tabelas, vistas e plantas com indicações das iluminâncias, além de produzir imagens</p><p>realísticas através de renderização. Por sua precisão e confiabilidade, os organismos de certificação</p><p>como o LEED (U.S. GREEN BUILDING COUNCIL, 2009) já os adotam para comparação da</p><p>eficiência energética das edificações.</p><p>Alguns softwares podem avaliar as disponibilidades de luz natural internas a uma edificação de</p><p>forma estática como o DIALUX5 e o AGI 326. Em ambos, dado um modelo computacional de um</p><p>ambiente dotado de fenestrações (janelas, fachadas-cortina, átrios, claraboias, etc.) e fechamentos</p><p>da envoltória, localizados geograficamente em suas coordenadas de latitude e longitude, o software</p><p>pode então calcular as iluminâncias instantâneas de um determinado horário de um dia escolhido</p><p>para análise. Além dos dados referentes a distribuição de iluminâncias, são disponibilizados</p><p>relatórios de consumo de energia (quando associados a iluminação artificial), nível de ofuscamento</p><p>e imagens renderizadas do ambiente analisado. Os valores estáticos de iluminância obtidos através</p><p>destes softwares de simulação podem ser comparados com as normas, como por exemplo, a ABNT</p><p>ISO CIE 8995-1 (2013) a fim de avaliar sua adequação aos ambientes e as tarefas ali realizadas.</p><p>Entretanto, quando se trata de avaliar a disponibilidade de luz natural de forma dinâmica e que</p><p>atenda aos conceitos propostos pelos organismos de certificação de eficiência energética, faz-se</p><p>necessário o uso de softwares com esta funcionalidade. Estes programas se utilizam de uma base</p><p>de dados meteorológicos TMY7 (Typical Meteorological Year), no Brasil denominada de Normal</p><p>Climatológica, série 1981 a 2010, sendo que, recomenda-se utilizar os dados da estação mais</p><p>próxima à edificação a fim de obter uma melhor precisão na simulação (LABEEE, 2005).</p><p>Dentre os produtos disponíveis no mercado podemos destacar: Adeline, Daysim, Daylight 1-2-3,</p><p>EPS-r, Lumen Micro, Radiance e SPOT, (ARCHITECTURAL ..., 2009 p. 29), além destes, alguns</p><p>pesquisadores brasileiros utilizam o Troplux (LARANJA, 2016). Entretanto, nesta pesquisa</p><p>utilizamos o LICASO, da empresa Lighting Analysis, que nos concedeu uma licença educacional.</p><p>O programa permite a utilização de diversos tipos de céus padrões, como o céu de Perez,</p><p>5 DIALUX é um programa computacional para cálculo</p><p>luminotécnico, disponível em: https://www.dial.de/en/dialux/</p><p>6 AGI32 é um programa computacional para cálculo luminotécnico, disponível em: https://lightinganalysts.com/</p><p>7 Arquivo TMY: dados horários de radiação solar calculados a partir da nebulosidade horária.</p><p>https://www.dial.de/en/dialux/</p><p>https://lightinganalysts.com/</p><p>12</p><p>produzindo relatórios com os seguintes parâmetros: Iluminância, sDA, UDI, ASE, entre outros</p><p>(LICASO, 2017).</p><p>2.2 Conceitos de iluminação artificial</p><p>Os registros históricos das primeiras fontes de luz construídas pelo homem datam de 3.000 AC no</p><p>Antigo Egito, e há relatos que na Idade Média já se utilizava gordura de animais em velas. Nos</p><p>séculos XVIII e XIX as lâmpadas baseadas em óleos e a combustíveis como querosene foram</p><p>gradualmente sendo substituídas por similares a gás, até o surgimento da lâmpada elétrica por</p><p>incandescência patenteada por Thomas Edson em 1879, tornando-se um sucesso comercial até</p><p>recentemente, quando foi considerada obsoleta por conta de sua baixa eficiência (IESNA IES,</p><p>2000).</p><p>Desde as mais rudimentares formas de se conseguir luz, não só relacionadas à visão,</p><p>propriamente dita, mas, ao conforto, à satisfação pessoal, muitos séculos separam o</p><p>momento atual, dessas formas, as fogueiras de gravetos; as tochas; as velas, as</p><p>lamparinas; os candelabros, dentre outros, recursos estes criados, pelo homem, para sua</p><p>defesa e para uma visão mais clara de seu habitat (MOURA, 2008, p. 20).</p><p>Com a revolução industrial, as duas grandes guerras mundiais e a crescente necessidade de</p><p>produção, a arquitetura se desenvolveu e novas demandas por iluminação artificial emergiram,</p><p>concomitantes ao surgimento do movimento modernista, que devido a evolução do concreto</p><p>armado, promoveu a separação entre os fechamentos e a estrutura, permitindo a adoção da planta</p><p>livre. Entretanto novos problemas surgiram por conta da profundidade dos espaços e pela</p><p>dicotomia da entrada de calor na edificação e do aproveitamento da luz natural (ALIATA;</p><p>SCHMIDT, 2010; VIANNA-GONÇALVES, 2001; MOURA, 2008).</p><p>Em razão disso, e na ausência ou insuficiência da iluminação natural, a iluminação artificial tem</p><p>um papel fundamental para que seja possível a utilização de ambientes com a iluminância</p><p>satisfatória, em locais distantes das aberturas. Desta forma, as edificações são dependentes da</p><p>iluminação artificial em condições noturnas, uma exigência dos tempos modernos em que a</p><p>humanidade estendeu o número de horas produtivas para além dos limites do dia. Revela-se, neste</p><p>sentido a participação da iluminação artificial, assim como sua integração com a automação de</p><p>mecanismos de aproveitamento da luz natural.</p><p>Na maioria dos casos, um edifício é incapaz de responder aos problemas da iluminação</p><p>somente através da luz natural. Para todo projeto existe a condição natural de utilização</p><p>do edifício de dia e à noite. Essa dupla condição de uso é de importância fundamental</p><p>para a iluminação e tem sido pouco estudada. Geralmente, os arquitetos não se preocupam</p><p>nem um pouco com o modo como o edifício será utilizado a à noite, que características</p><p>ele assume quando está sob condições totalmente diversas para as quais foi “projetado”</p><p>(VIANNA-GONÇALVES, 2001, p.191).</p><p>13</p><p>2.2.1 Aspectos qualitativos da iluminação artificial</p><p>Nosso ambiente é o mundo como o vemos, pois, a luz é o meio que permite nossa percepção visual.</p><p>A iluminação correta contribui assim para a nossa saúde e nossa qualidade de vida. Ademais, as</p><p>tarefas visuais demandam alguns requisitos de qualidade, seja em uma atividade laboral, de</p><p>entretenimento ou até mesmo durante um período de descanso, pois nossa visão opera de maneira</p><p>semelhante a uma câmera e nos fornece cerca de 80% das informações que recebemos sobre o</p><p>nosso entorno (LICHT.WISSEN 01, 2016).</p><p>No que diz respeito a atender as necessidades humanas, IESNA IES (2000), considera que se trata</p><p>de uma tarefa complexa, pois, “emoções, ações, percepções e saúde são influenciadas pela</p><p>visibilidade, porque sua constatação e organização dos padrões de luz permitem as pessoas analisar</p><p>e avaliar o ambiente”. Como explica Lemos (2004, p.37), “Um bom projeto de iluminação deve</p><p>ser visto sob dois aspectos: o objetivo e o subjetivo”. Quanto ao primeiro aspecto, Lemos salienta</p><p>a quantidade de iluminação necessária ao ambiente, enquanto no segundo aspecto retoma a noção</p><p>de qualidade da iluminação e suas relações com as sensações e emoções.</p><p>As condições de conforto visual podem ser resumidas no ajuste dos níveis absolutos e</p><p>relativos de brilho das coisas aos propósitos que temos nos ambientes. Geralmente, as</p><p>fontes de luz não servem para ser vistas, mas para iluminar os outros objetos. Procuramos</p><p>ver sem ferir os olhos e sem sofrer estresse; ver mais daquilo que cada tarefa nos pede, e</p><p>menos daquilo que nos desvia a atenção da tarefa. Também procuramos ver o que é belo</p><p>e, de modo mais genérico, somos afetados pela expressividade do visível. A iluminação</p><p>das formas e vazios ao nosso redor tem significativo potencial estético (SCHMID, 2005</p><p>p. 283).</p><p>Entretanto, o objetivo de um projeto de iluminação é que este atenda às necessidades das pessoas.</p><p>A tarefa de um arquiteto de iluminação é elencá-las, usando o espaço conforme os objetivos da</p><p>arquitetura, sem esquecer dos aspectos ambientais e econômicos, desta forma traduzindo estes</p><p>requisitos em um ambiente agradável e funcional (IESNA IES, 2000).</p><p>Podemos dividir as características de qualidade da iluminação em três abordagens, que podem</p><p>possuir pesos diferentes dependendo do uso do espaço: Desempenho; Conforto; e Ambiência</p><p>Visual (LICHT.WISSEN 01, 2016). Figura 5:</p><p>14</p><p>Figura 5 - Aspectos qualitativos da iluminação.</p><p>Adaptado de LICHT.WISSEN 01, 2016.</p><p>• O desempenho visual - está relacionado aos níveis de iluminação e aos limites de ofuscamento</p><p>direto e refletido. De acordo com ABNT ISO CIE 8995-1 (2013), este aspecto assegura aos</p><p>trabalhadores realização de suas tarefas visuais de forma rápida e precisa, até mesmo sob</p><p>condições difíceis e de forma prolongada. De modo semelhante, Stiller (1999, p. 20) considera</p><p>que o desempenho visual é um “conjunto de técnicas que visa atender às necessidades físicas</p><p>do sentido da visão humana; aborda o aspecto objetivo da relação entre as fontes luminosas –</p><p>luminárias ou superfícies do ambiente – e o ser humano, e busca facilitar o desenvolvimento</p><p>das tarefas visuais”.</p><p>• O conforto visual - permite promover sensação de bem-estar aos trabalhadores, ABNT ISO CIE</p><p>8995-1 (2013). Também para Licht.Wissen 01 (2016, p.15), “o conforto visual depende de uma</p><p>boa reprodução de cor e uma harmoniosa e correta distribuição das luminâncias no espaço”.</p><p>Em outra oportunidade, Stiller (1999, p. 21), enfatiza o atendimento às necessidades emocionais</p><p>do ser humano, abordando o “aspecto subjetivo da relação entre o usuário e o ambiente que o</p><p>protege e busca facilitar o equilíbrio psicológico do usuário, fato que se coloca antes e acima</p><p>da capacidade de distinguir e realizar tarefas visuais.” Esta afirmação está em concordância</p><p>com o que defende o IES:</p><p>O desempenho visual é determinado unicamente pelas capacidades do sistema visual. O</p><p>conforto visual está atrelado às expectativas das pessoas. Qualquer sistema de iluminação</p><p>que não atenda as expectativas do usuário pode ser considerado desconfortável mesmo</p><p>15</p><p>quando o desempenho visual for adequado; e expectativas podem mudar ao longo do</p><p>tempo (IESNA IES, 2000, p. 3-33).</p><p>• A ambiência visual – é determinada pela temperatura de cor da luz, sua direção e modelagem,</p><p>ou seja, a luz deve evidenciar os cheios e vazios, através de variações de aparências de cor, uso</p><p>de sistemas de iluminação direta e indireta, expressando assim a cultura de um determinado</p><p>local, assim, afirma Mier (2016, p. 74): “a forma como será estabelecido esse jogo de luz e</p><p>sombras, nas áreas externas que nos rodeiam e nas áreas</p><p>internas que nos acolhem, fará com</p><p>que os espaços ganhem ambiências totalmente distintas”.</p><p>A ABNT ISO CIE 8995-1 (2013), por sua vez, relaciona os seguintes parâmetros que contribuem</p><p>para a satisfação de usuários de um ambiente luminoso: Iluminância; Ofuscamento; Distribuição</p><p>de luminância; Direcionalidade da luz; Aspectos da cor e superfícies; entre outros.</p><p>2.2.1.1 Iluminância</p><p>A iluminância é um fator de grande importância na concepção de projetos luminotécnicos, e varia</p><p>conforme o trabalho a ser realizado. No Brasil a norma ABNT ISO CIE 8995-1 (2013), em</p><p>consonância com as similares dos EUA e Europa, utiliza o critério de iluminância média sobre</p><p>uma determinada área da tarefa (área parcial onde efetivamente se realiza o trabalho), que não</p><p>deve estar abaixo dos valores recomendados em tabelas. As áreas do entorno imediato são</p><p>igualmente relevantes e devem manter uma boa distribuição de luminâncias no campo de visão.</p><p>Revela-se, neste sentido, o conceito de uniformidade8, mantendo-se acima de 0,7 na área da tarefa</p><p>e 0,5 para o entorno imediato, ou seja, a iluminância deve se alterar gradualmente, ver Figura 6:</p><p>Figura 6 - Área de tarefa e de entorno imediato.</p><p>Adaptado de LICHT.WISSEN 01, 2016.</p><p>8 A uniformidade da iluminância é a razão entre o valor mínimo e o valor médio ABNT ISO CIE 8995-1 (2013).</p><p>16</p><p>2.2.1.2 Ofuscamento</p><p>A sensação visual desconfortável produzida por áreas excessivamente brilhantes ou diferenças</p><p>excessivas na luminância é conhecido como ofuscamento. Pode ter um efeito adverso significativo</p><p>sobre o desempenho visual e o bem-estar das pessoas e, portanto, deve ser limitado. É do tipo</p><p>direto, quando ocorre a visualização da fonte de luz, ou ser denominado ofuscamento refletido</p><p>quando a luz retorna ao observador indevidamente ao incidir sobre superfícies especulares (ABNT</p><p>ISO CIE 8995-1, 2013).</p><p>Pode ser classificado como inabilitador, quando causado por fonte de luz pontuais e intensas, ou</p><p>ser do tipo desconfortável, quando cria uma sensação desagradável, especialmente quando o</p><p>observador é exposto por longos períodos, causando fadiga e diminuindo seu desempenho</p><p>(LICHT.WISSEN 01, 2016). Cabe salientar, neste momento, que a norma brasileira considera que:</p><p>“No interior de locais de trabalho, o ofuscamento desconfortável geralmente surge diretamente de</p><p>luminárias brilhantes ou janelas. Se os limites referentes ao ofuscamento desconfortável forem</p><p>atendidos, o ofuscamento inabilitador não é geralmente um grande problema.” (ABNT ISO CIE</p><p>8995-1, 2013, p. 6).</p><p>Em áreas de trabalho como escritórios, a posição relativa das mesas, das telas de computadores e</p><p>do observador podem gerar tanto uma visualização direta da luminária quanto um ofuscamento</p><p>refletido pela tela ou entorno. Portanto, um usuário em uma determinada estação de trabalho tem,</p><p>em seu ângulo de visão, partes de luminárias que podem gerar luminâncias diretas no olho em</p><p>contraste com aquelas produzidas pelas superfícies de reflexão do ambiente (tetos, paredes,</p><p>mobiliário e piso) (COMMISSION ..., 1995). Figura 7:</p><p>Figura 7 - Ângulos de visão de fontes de luz em um escritório.</p><p>Fonte: LICHT.WISSEN 01, 2016.</p><p>17</p><p>O método recomendado pela CIE9 para avaliar o ofuscamento utiliza um índice denominado UGR</p><p>(Unified Glare Rating), baseado em uma fórmula que permite avaliar o conforto lumínico em</p><p>usuários submetidos a uma condição de iluminação em um espaço controlado. Portanto, o UGR é</p><p>uma classificação do ofuscamento, que representa um parâmetro psicológico com a intenção de</p><p>medir qualquer resposta subjetiva de desconforto lumínico (COMMISSION ..., 1995, p. 6).</p><p>Seu valor pode ser obtido através das luminâncias do entorno, das partes visíveis e brilhantes da</p><p>luminária e a posição do usuário. Entretanto, devido as dificuldades práticas para obtenção de</p><p>destes dados utiliza-se o método tabular (conforme descrito na norma) ou os softwares de cálculo</p><p>luminotécnico para a avaliação do UGR (COMMISSION ..., 1995, p.1). Os fabricantes de</p><p>luminárias informam estes índices em um banco de dados fotométrico, relacionado as dimensões</p><p>espaciais de um ambiente típico, possibilitando aos projetistas a correta especificação de</p><p>luminárias que atendam aos requisitos de determinada tarefa e condições do ambiente. O índice</p><p>UGR é limitado para cada tipo de atividade e áreas, segundo a norma ABNT ISO CIE 8995-3,</p><p>sendo que a escala varia de 13 (ofuscamento desconfortável menos perceptível) a 28, como o pior</p><p>caso.</p><p>2.2.1.3 Distribuição de luminância</p><p>Os níveis de iluminação têm grande influência na rapidez, segurança e facilidade com que as</p><p>tarefas são realizadas. Uma correta distribuição de luminâncias permite um controle da adaptação</p><p>dos olhos e contribui para a visualização de objetos pois estes são claramente diferenciados do seu</p><p>fundo, ou seja, amplia-se a sensibilidade ao contraste (ABNT ISO CIE 8995-1, 2013, p. 3).</p><p>Portanto, quando projetamos, as refletâncias das superfícies devem ser levadas em conta pois</p><p>quanto mais escura, menor a refletância e por consequência, mais luz é absorvida, concorrendo</p><p>para uma ineficiência dos sistemas de iluminação. Segundo a ABNT ISO CIE 8995-1 (2013), as</p><p>refletâncias úteis variam de 0,6 a 0,9 para tetos; 0,3 a 0,8 para paredes; 0,2 a 0,8 para planos de</p><p>trabalho e de 0,1 a 0,5 para pisos. Vale lembrar que a excessiva diferença de luminâncias em um</p><p>ambiente é visualmente cansativa e reduz o senso de bem-estar por conta da necessidade constante</p><p>de adaptação dos olhos. Por outro lado, diferenças insignificantes na luminância trazem uma</p><p>sensação de monotonia aos ambientes (LICHT.WISSEN 01, 2016).</p><p>2.2.1.4 Direcionalidade da luz</p><p>A luz, quando posicionada de maneira adequada, pode revelar a profundidade, forma e a textura</p><p>dos objetos e superfícies. Por sua vez, as sombras podem proporcionar contrastes que modelam</p><p>9 CIE: Commission International de L’Eclairage. Comissão Internacional de Iluminação. Trata-se de uma entidade</p><p>dedicada aos assuntos relacionados a ciência e a arte da luz e da iluminação. Disponível em: http://cie.co.at/about-cie</p><p>http://cie.co.at/about-cie</p><p>18</p><p>objetos e faces, conferindo-lhes pontos de atenção e permitindo seu reconhecimento (IESNA IES,</p><p>2000, p.10-6). De fato, no contexto da direcionalidade e modelagem da luz em interiores,</p><p>recomenda-se o uso harmônico de luz difusa (sancas, arandelas, etc.) com as luminárias de luz</p><p>diretas (plafons e embutidos de teto), contribuindo para um clima visual agradável. Por outro lado,</p><p>um ambiente dotado apenas de luz difusa, sem a presença de sombras, torna-se monótono e a nos</p><p>faz sentir desorientados (LICHT.WISSEN 01, 2016).</p><p>2.2.1.5 Aspectos da cor</p><p>A cor de uma fonte de luz é relacionada a duas propriedades independentes e que frequentemente</p><p>são confundidas: Cromaticidade (também chamada de temperatura de cor correlata - TCC) e índice</p><p>de reprodução de cor, ou IRC (IESNA IES, 2000, p. 3-40).</p><p>Segundo Vianna & Gonçalves (2001, p.73), a temperatura de cor: “É o termo usado para descrever</p><p>a aparência de cor de uma fonte de luz comparada à cor emitida pelo corpo negro radiador”, e o</p><p>IESNA IES (2000, p. 4-14) a denomina como “temperatura de cor correlata” pois a relaciona a</p><p>radiação cuja cromaticidade é a mesma da fonte de luz que de deseja comparar.</p><p>A temperatura de cor se refere a aparência da cor da luz, sendo considerada quente para valores</p><p>abaixo de 3.300 K, intermediária ou neutra para valores entre 3.300 K a 5.300K e fria para valores</p><p>acima de 5.300K (ABNT ISO CIE 8995-1, 2013, p. 9). A cor da lâmpada usada determina a</p><p>impressão da sala, sendo de um branco quente e acolhedor, intermediário e funcional ou luz do dia</p><p>branca e fria, como na Figura 8:</p><p>Figura 8 - Diferentes atmosferas proporcionadas por temperaturas de cor em uma sala.</p><p>Autor, adaptado de PHILIPS,</p>