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DIREITO PROCESSUAL CIVIL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Nilmar de Aquino 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
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OS: 0118/2/19-Gil 
CONCURSO: 
 
ASSUNTO: Direito Processual Civil 
 
1- Processo e Direito Material: em qualquer 
processo há pelo menos a afirmação de um direito em juízo. 
O processo existe para tutelar um direito. O processo deve 
conformar-se ao direito material. A razão de ser do 
processo é concretizar o direito material. O processo não 
tem um fim em si mesmo. 
A partir dessa perspectiva, fala-se em 
instrumentalidade do processo, visto que se prega a 
aproximação entre o processo e o direito material. 
O processo não é inferior ou subordinado ao direito 
material. Não há uma relação hierárquica entre processo e 
direito material. Um complementa o outro. A relação é de 
complementaridade; de simbiose, de mutualismo. 
(Pergunta de concurso: explique a relação circular 
entre processo e direito material. Resposta: o processo 
serve ao direito material, ao mesmo tempo em que este é 
servido pelo processo). 
 
Direito Processual 
 
Direito Material 
 
O mundo do direito material é o mundo da certeza. 
Quando se leva o direito material a juízo, o direito material 
muda e passa a ser um direito afirmado, alegado, 
processualizado. Assim, o autor não tem direito, ele diz que 
tem direito, já que o processo é incerteza quanto ao 
resultado. 
 2- Processo e Teoria do Direito: após a 2ª Guerra, a 
ciência jurídica começou a passar por um processo de 
transformação. A ciência jurídica foi criada pelos alemães 
do século XIX. Até a 2ª Guerra a ciência jurídica não 
conseguia resolver os problemas trazidos pela própria 
Grande Guerra, uma vez que as ações de Hitler estavam 
acobertadas legalmente. 
Desta forma, iniciou-se uma nova fase da ciência 
jurídica, chamado de neoconstitucionalismo, 
neopositivismo, pós-positivismo, ou positivismo 
reconstruído. Este é o estágio atual da fase metodológica do 
pensamento jurídico. 
O processo, por sua vez, não poderia ficar alheio a 
estas transformações da ciência jurídica do 
neoconstitucionalismo, as quais têm cinco características: 
1ª reconhecimento da força normativa da CF: não há 
mais dúvidas de que a CF é uma norma que pode ser 
realizada concretamente, independentemente do 
legislador, não sendo mera carta de intenções, mas sim 
uma norma com eficácia normativa (ex: a jurisprudência 
manda que o Estado entregue um remédio a um 
necessitado que ingressa em juízo. Se a CF diz que a saúde é 
um dever do Estado, então deverá cumprir, não sendo mero 
programa); 
2ª a teoria dos princípios: hoje, princípio é norma, 
espécie de norma. Norma é gênero, princípio é espécie de 
norma; 
3ª transformações da hermenêutica jurídica: 
3.1ª a percepção de que a atividade jurisdicional é 
criativa. O juiz é um partícipe importantíssimo na criação do 
direito. O juiz não mais declara as normas, e sim participa 
da construção delas. Não é possível negar o papel criativo 
da jurisprudência. A jurisdição de nosso tempo tem papel 
complementar ao do legislador. 
 3.2ª o princípio da proporcionalidade: foi 
construído para dar um conteúdo ético às decisões. 
Repercute em qualquer ramo do direito. 
4ª consolidou-se a teoria dos direito fundamentais: 
um verdadeiro pilar do direito constitucional 
contemporâneo, foi desenvolvida nesse período histórico e 
é um elemento indispensável do neoconstitucionalismo. 
5ª controle de constitucionalidade: a expansão, 
aprimoramento e desenvolvimento da jurisdição 
constitucional. Hoje, tem-se o controle concentrado e 
difuso de constitucionalidade, totalmente consagrados, 
podendo um juiz deixar de aplicar uma lei por entender ser 
ela inconstitucional. 
Essas características são consenso, não há discussão 
sobre a existência delas. Contudo, elas dão margem a 
abusos (ex.: juiz ultrapassar a força criativa do Judiciário). 
Por isso, cabe à ciência jurídica dar a elas um conteúdo mais 
concreto. 
Já se começa a falar que vivemos uma nova fase da 
ciência processual (4ª fase). 
A ciência processual começou no século XIV e a 
primeira fase é denominada de sincretismo ou praxismo. 
Nessa fase não havia distinção entre processo e direito 
material, ambos eram realidades indistinguíveis. Processo e 
direito material eram uma coisa só. À época, a 
preocupação eram os aspectos práticos do processo, a 
praxe forense. 
A 2ª fase é a do processualismo ou da fase cientifica. 
Nessa fase houve a separação absoluta entre processo e 
direito material. A partir dessa fase, ambos passam a ter 
realidades diversas e institutos próprios. Fase de afirmação 
da autonomia do direito processual. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Nilmar de Aquino 
 
 
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A 3ª fase é a do instrumentalismo em que há 
aproximação entre processo e direito material. Entende-se 
que os dois são coisas distintas, mas devem conviver. Os 
livros brasileiros costumam parar nesse momento histórico, 
só que essa fase não aborda as características do 
neoconstitucionalismo. O livro que é a marca do 
instrumentalismo é “instituições do direito processual civil”, 
de Cândido Rangel Dinamarco, escrito em 2001. 
A 4ª e atual fase ainda não tem um nome definido, 
mas há algumas propostas: neoprocessualismo (remete ao 
neoconstitucionalismo). Essa fase pretende a redefinição 
das categorias processuais a partir de outro método. Hoje, o 
estudo do processo tem de ser feito a partir dessas novas 
premissas metodológicas, ou seja, o estudo do processo 
tem que partir da força normativa da CF, da consolidação 
dos direito fundamentais etc. O neoprocessualismo é o 
estudo (compreensão) do processo a partir desta nova 
metodologia do neoconstitucionalismo. 
O livro síntese dessa concepção, sem, porém, adotar 
essa terminologia é o livro de Marinoni. Na Universidade 
Federal do RS, este movimento foi denominado de 
formalismo-valorativo1. A metodologia é a mesma, 
alterando apenas a denominação. Com essa definição, eles 
querem deixar claro o papel ético que o processo deve ter, 
principalmente com a propagação da boa-fé no processo. 
Atualmente, o art. 5o do NCPC aduz de forma 
expressa que: “aquele que de qualquer forma participa do 
processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.” 
3- Processo e Constituição: uma das características 
de nosso tempo é a constitucionalização dos direitos. A 
constituição incorporou inúmeras regras processuais e, 
muitas delas, normas processuais relativas a direitos 
fundamentais. 
Qual é a relação entre o processo e os direitos 
fundamentais? A primeira relação está na pauta dos direitos 
fundamentais, onde há diversos direitos fundamentais de 
conteúdo processual (ex: contraditório, ampla defesa, 
proibição de prova ilícita etc.). Na segunda relação, os 
direitos fundamentais têm duas dimensões: a) dimensão 
subjetiva (os direitos fundamentais são direitos titularizados 
pelo indivíduo, como o direito a vida, a liberdade etc.); b) 
dimensão objetiva (é que os direitos fundamentais, além de 
direitos, são normas que orientam a produção de toda a 
legislação infraconstitucional, ou seja, toda legislação 
infraconstitucional deve respeitar os direitos fundamentais. 
Impõem uma pauta de valores mínimos que devem ser 
seguidos pelo legislador infraconstitucional. O legislador 
não pode criar uma lei que fere o contraditório, pois os 
direitos fundamentais são normas que orientam a produção 
denormas). 
Qual a relação entre processo e a acepção subjetiva 
dos direitos fundamentais? O processo tem de ser 
 
1 Este tese tem como precursor o professor Carlos Alberto Álvaro 
de Oliveira. 
adequado à tutela, à proteção dos direitos fundamentais; o 
processo tem que estar preparado para proteção dos 
direitos fundamentais. O processo tem que ser construído 
para bem tutelar os direitos fundamentais. 
Qual a relação entre processo e a acepção objetiva? 
O processo tem de ser estruturado de acordo com as 
normas de direitos fundamentais (ex: um processo não 
pode impedir o contraditório, pois não estaria em 
consonância com os direitos fundamentais). O processo 
deve ser um bom instrumento para os direitos 
fundamentais (acepção subjetiva) e deve estar de acordo 
com os direitos fundamentais (acepção objetiva). 
 
 PRINCÍOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO 
1. Princípio do devido processo legal: 
Devido processo legal é a tradução brasileira da 
expressão due process of Law, expressão inglesa do século 
XIV. A idéia de devido processo legal, de limitação ao 
exercício do poder é do século XI, mas a expressão surgiu 
no século XIV e não na Magna Carta. 
Law significa direito e não lei. Lei em inglês é statute 
Law. O devido processo legal é um processo em 
conformidade com o direito como um todo, com a lei em 
sentido amplo, abrangendo a CF. 
Alguns autores não falam mais em devido processo 
legal e sim em devido processo constitucional. Esta 
expressão due process of law existe no direito inglês há 800 
anos. Esta expressão é genérica. 
O que significa ser um processo devido e 
determinado com a lei? Esta expressão é genérica de 
propósito, pois para o direito norte-americano e inglês, o 
direito é aquilo que os tribunais dizem (precedentes 
judiciais). Sendo assim, ao invés de estabelecerem o que é 
não devido, cabe a jurisprudência definir o que é devido. 
Em 800 anos de história, foi a jurisprudência dos tribunais 
que definiu o que é devido, surgindo o contraditório, o juiz 
natural, a ampla defesa etc. Não há, nos EUA, uma previsão 
constitucional do devido processo legal. 
Qual a diferença entre texto e norma? Este texto é o 
mesmo há 800 anos. A norma que se extrai do texto não é a 
mesma, tendo em vista que o processo em 1.215 não é o 
mesmo que em 2.010. O cão guia para um cego tem 
natureza jurídica de um olho. Desta forma, não se pode 
proibir a entrada deste cão em locais proibidos para 
animais. O texto diz uma coisa, porém, a norma é a 
interpretação que se tira deste texto. 
 Devido processo legal é um texto que os reis em 
1.215 interpretavam de uma forma completamente 
diferente dos juízes em 2.010. O devido processo legal é 
uma cláusula geral, um enunciado normativo aberto, cujo 
conteúdo é definido pelo juiz de acordo com as 
circunstâncias histórico-culturais do momento da decisão. É 
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aquilo que no momento histórico se entende o que é 
devido. 
 Não há como saber o que é exatamente o devido 
processo legal, variando conforme a interpretação dada ao 
texto. Há como saber o conteúdo mínimo deste texto, ou 
seja, aquilo que já está consolidado como garantias que 
decorrem do devido processo legal. Ao passar do tempo, se 
surgirem novas necessidades, estas novas garantias serão 
construídas. O juiz natural é do século XVII, após 400 anos 
do surgimento do texto. 
Devido processo legal é também uma cláusula que 
permite que se extraia outras garantias. É uma potência de 
outras garantias. Atualmente, esta se usando o processo 
eletrônico ou virtual (sem papel). O que é o devido processo 
eletrônico? O que ele deve obter para cumprir com o texto? 
Suas garantias são metas a serem buscadas. 
O conteúdo mínimo do devido processo legal serão 
estudadas logo abaixo. O que significa a palavra “processo” 
do texto do devido processo legal? Significa método ou 
meio de criação de normas jurídicas. Toda norma jurídica é 
resultado de um processo. Ou seja, o processo é um meio 
para criação das normas. As leis são frutos de um processo 
legislativo. As sentenças são frutos de um processo 
jurisdicional. As normas administrativas são frutos de um 
processo administrativo. Portanto, o processo legislativo, 
administrativo e jurisdicional, deve ser devido. 
Existe outro tipo de norma (não são legislativas, 
jurisdicionais etc.), que são as normas privadas, sendo 
normas produzidas pela autonomia privada (ex: 
regulamentos de clubes, regimentos de condomínio, 
contratos etc.). Estas normas também devem obedecer ao 
devido processo legal aplicado ao âmbito privado. No 
condomínio onde você eventualmente reside se um 
condômino for acusado de alguma ilicitude, terá um prazo 
para se defender, devendo o síndico resolver de plano. 
Contra sua decisão cabe recurso para a assembléia de 
condôminos. 
Segundo art. 57 do CC, a exclusão do associado só é 
admissível havendo justa causa, assim reconhecida em 
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, 
nos termos previstos no estatuto (Redação dada pela Lei n. 
11.127/05). Ou seja, o associado somente pode ser excluído 
se for oferecido o direito de contraditório. Antes da referida 
lei, o STF, no julgamento do RE 201.819, consolidou esta 
regra. Esta é a relação dos direitos fundamentais aplicada 
ao âmbito privado. Esta relação é denominada de eficácia 
horizontal (entre indivíduos) dos direitos fundamentais. 
Contrapõe-se à chamada eficácia vertical dos direitos 
fundamentais, que ocorre nas relações entre Estado e 
cidadão. 
O termo “devido” nessa expressão significou na 
idade média uma limitação dos direitos do rei em respeito 
aos direitos dos vassalos, isto é, uma limitação contra a 
tirania. Nesses 800 anos houve um acúmulo histórico que 
compõe a noção de processo devido. Hoje, o devido 
processo tem que ter contraditório, tem que ter decisões 
motivadas, não pode ter prova ilícitas, deve ter juiz 
imparcial, entre outros requisitos. 
Assim, o processo devido é um processo que se 
constrói historicamente, através de um acúmulo que não 
pode mais ser apagado, não se pode mais retroceder com o 
que foi conquistado. É uma cláusula aberta às necessidades 
de uma sociedade em determinado momento histórico, por 
isso sua longevidade. 
O devido processo legal tem duas dimensões: 
a) Dimensão formal ou processual: é o conjunto de 
garantias processuais, como o contraditório, proibição de prova 
ilícita etc. 
b) Dimensão substancial ou material ou substantiva: para o 
duo process of law norte-americano, tudo se extrai desta 
dimensão. Para que um ato de poder seja devido (lei, sentença 
etc.), basta que ele preencha o devido processo legal formal? Os 
norte-americanos entendem que não, pois não basta a 
observância das regras processuais, mas também que seja devida 
em si mesma. Ou seja, não é porque o legislador respeitou o 
processo legislativo que a lei é devida. É preciso que seja 
substancialmente devido, devendo controlar o abuso do poder, 
pois às vezes o poder é exercido de maneira correta, mas com 
conteúdo incorreto. Desse modo, o devido processo legal garante 
também que as decisões devem ser ponderadas e razoáveis. 
Processo que gera desgraça não é um processo devido, ainda que 
respeitados o devido processo formal. Processo devido é aquele 
que gera decisões devidas, não bastando a observância da 
dimensão formal. 
Tem de observar as exigências formais, bem como 
deve garantir decisões substancialmente devidas. Frisa-se 
que foram os norte-americanosque criaram a última 
dimensão, isto é, não basta seguir formalidades, mas sim 
controlar as opções do Estado. Não só controlar a forma, 
mas também a substância das decisões. Não é qualquer 
decisão que é devida. A decisão precisa ser justa, razoável e, 
por fim, equilibrada. Não basta que a decisão seja 
formalmente devida; é necessário que seja justa. 
O STF encampou tal ideia. Deu a tal criação 
americana outro sentido, a saber: passou a entender que o 
devido processo legal é em sua dimensão substancial o 
fundamento da máxima da proporcionalidade e da 
razoabilidade. Devido processo legal, proporcionalidade e 
razoabilidade se confundem. Esse entendimento é 
brasileiro, trata-se da construção do pensamento jurídico 
brasileiro (doutrina e jurisprudência). 
Deu um sentido diferente dos norte-americanos, um 
sentido peculiar, contudo isso não quer dizer que a posição 
brasileira esteja errada. Trata-se de uma construção 
brasileira bem fundamentada e muito bem compreendida. 
Produto da nossa cultura. 
Ressalta-se que há vozes contrárias a tal construção 
do STF, porque entendem que este tribunal entendeu mal o 
que os americanos quiseram estabelecer. Todavia, este 
argumento é pífio para negar o entendimento nacional 
dado ao devido processo legal substancial. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL PARA CONCURSOS 
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É certo que os americanos deram ao DP substancial o 
seguinte sentido  serve para proteger todos direitos 
fundamentais; trata-se cláusula de proteção pra todos os 
dir. fundamentais não previstos expressamente. Contudo, 
o Brasil não seguiu este entendimento, tendo em vista que 
os direitos fundamentais estão num rol não taxativo. 
Ademais, há outro argumento para embasar o 
entendimento nacional: razoabilidade e proporcionalidade 
são extraídos de outros instituídos (a igualdade e o Estado 
de Direito – “verdadeiras fontes da razoabilidade e 
proporcionalidade“). E, ainda, afirma que na Alemanha, 
onde a ideia de proporcionalidade surgiu, não se trabalha 
com o DPL. Não é algo com o que se opera. A 
proporcionalidade veio da igualdade, bem como do Estado 
de Direito. Enfim meus caros alunos, percebam que a 
jurisprudência brasileira reconstruiu o significado do devido 
processo legal e é certo que isso não pode ser tido como 
“errado”. Trata-se de um produto cultural. 
 
OBSERVAÇÃO FINAL: 
A doutrina da Teoria do Direito fica brigando quanto 
à natureza da proporcionalidade e da razoabilidade. Por 
quê? Porque uns afirmam que se trata de princípios (é a 
maioria). Outra parte entende que se trata de regras e não 
princípios (entendimento de Virgilio Afonso da Silva – filho 
de José Afonso da Silva). Por fim, destaca-se que o jurista 
Humberto Ávila entende que é um Postulado, ou seja, não é 
princípio nem regra, mas sim uma norma que determinada 
como outras normas devem ser aplicadas. Concurso: citar 
os três (princípio, regra, postulado, conforme 
entendimento doutrinário). Apenas opinar / se posicionar / 
se pedir (se perguntarem). 
 
Agora veremos outros princípios constitucionais do 
processo. Frisa-se que o rol que se estuda não é exaustivo. 
Vamos ver outros princípios ao longo do curso. 
Estudaremos os princípios expressos, os quais estão 
consagrados na CF (contraditório, ampla defesa, duração 
razoável do processo e publicidade), bem como os 
princípios constitucionais implícitos, ou seja, sem texto 
expresso, mas estão previstos na constituição como 
conteúdo do devido processo legal (são eles, o da 
efetividade, adequação e boa-fé processual). 
Observe-se, porém, que o CPC/2015, em seu capítulo 
1, tratando das normas fundamentais do processo civil, 
estabelece que: 
 a) O processo civil será ordenado, disciplinado e 
interpretado conforme os valores e as normas 
fundamentais estabelecidos na Constituição da República 
Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste 
Código. 
 b) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz 
atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, 
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa 
humana e observando a proporcionalidade, a 
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. 
(Grifos nossos) 
Vejamos: 
1) Contraditório: processo é procedimento 
organizado em contraditório, ou seja, processo é um 
conjunto de atos tendentes a uma decisão final em que os 
sujeitos desses atos participam e podem influenciar nesta 
decisão. O contraditório tem uma dupla dimensão (formal e 
substancial): em 1º lugar  é garantia de participação, de 
ser ouvido. A formal. Dimensão formal do princípio do 
contraditório é a que garante as partes o direito de 
participar do processo; é o direito de ser ouvido (de 
participar). Esta garantia é puramente formal, isto é, basta 
participar para preencher o requisito. 
 Em suma: P. do Contraditório é = participação + 
poder de influência *. Já em 2º lugar  * o poder de 
influência é a dimensão substancial, a qual garante às 
partes o tal “poder de influência”. A parte tem o direito 
intervir no conteúdo da decisão, não basta mera 
participação. É preciso que esta participação permita o 
convencimento do juiz, como por exemplo, o direito à 
produção de provas, de constituir um advogado etc. 
Algumas questões no processo são questões que 
podem ser conhecidas ex officio (o juiz age sem ser 
provocado a falar sobre o tema; significa agir em seu ofício), 
como por exemplo, a decadência, a inconstitucionalidade 
da lei (pelo controle difuso)** etc. **mesmo que ninguém 
suscite estas matérias o juiz pode, ao analisar o processo, 
reconhecê-las para proceder julgamento. 
Pode o juiz decidir ex officio, mas cadê a 
manifestação das partes? O juiz surpreenderá uma das 
partes que perdeu a demanda, pois a sentença irá se 
sustentar em matéria que não foi analisada pela parte, 
ficando a parte inibida de influenciar nesta decisão. Se, 
surpreendeu a parte com a decisão, o juiz incorrerá na 
violação a ampla defesa. Neste caso, deveria ouvir as 
partes para se manifestarem sobre o assunto e assim 
decidir acerca do assunto. Logo, o juiz pode atuar de ofício, 
mas deve intimar as partes para se manifestarem sobre a 
matéria. 
2) Ampla defesa: aspecto substancial do princípio do 
contraditório, a qual traz meios para influenciar na decisão. 
Antes se separava a ampla defesa do contraditório, mas 
hoje com a mudança do entendimento, não se fala mais em 
contraditório e em ampla defesa. O contraditório tem dupla 
dimensão. 
3) Duração razoável do processo: não significa dizer 
que é o princípio da rapidez. Processo rápido é processo 
tirano (autoritário). Processo demora por opção própria, 
pois isso garante uma melhor decisão. Existe um direito 
fundamental a uma demora mínima; um processo com o 
mínimo de atos para que a decisão seja justa. Porém, a 
demora deve ser razoável. Inexiste prazo certo e 
determinado para o processo. É o caso concreto que 
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definirá. O que é uma duração razoável? Não há como 
definir a priori um processo sem analisar o caso concreto. 
Há quatro critérios de aferição para saber sobre a razoável 
duração: 
 1º) Complexidade da causa; 
 2º) Estrutura do Judiciário: tem que analisar a 
estrutura do Judiciário para saber se há possibilidade de dar 
vazão aos processos;3º) Comportamento do juiz: precisa saber qual 
foi o papel do juiz no processo; e 
 4º) Comportamento das partes: é preciso saber 
se houve atos procrastinatórios das partes (ex: será que a 
oitiva da testemunha arrolada pela parte é essencial?) 
 
OBS.: tais critérios são definidos pelo tribunal 
europeu de direitos humanos. Eles têm uma jurisprudência 
definida há muitos anos sobre o tema. 
4) Publicidade: a fim de controlar o exercício do 
poder. No Brasil, os julgamentos são públicos. Os 
constitucionalistas questionam se os julgamentos 
televisionados são positivos. A impressão do cidadão é 
positiva. Destaca-se que nos EUA os julgamentos são 
fechados. Aqui, até os procedimentos administrativos são 
públicos. Talvez isso seja resquício da ditadura militar e 
talvez esse excesso de “publicidade” tenha sido reflexo de 
tal período. Contudo, há restrições pontuais a tal princípio, 
as quais são garantidas na CF (fundamento: interesse 
público ou em razão da preservação da intimidade*). 
*proteger a intimidade é um interesse público (e não 
privado), pois equilibra as relações as sociais. 
Agora vejamos os princípios implícitos – são 
extraídos do DPL: 
5) Efetividade: um processo para ser devido tem de 
ser efetivo, ou seja, tem de realizar, efetivar os direitos. Não 
basta um processo que reconheça os direitos, mas os 
realize, os efetive. Todos têm o direito fundamental de ver 
os seus direitos efetivados e não somente reconhecidos. 
Este princípio não está consagrado de forma expressa; é 
corolário (extraído) do devido processo legal. Nem toda 
doutrina aborda tal tema. 
Historicamente, os direitos do réu foram sendo 
construídos para evitar abusos por parte do autor e do 
Estado. Porém, não se falava em direito do credor. O direito 
privado brasileiro, por exemplo, é fundamentado na 
proteção do devedor. O discurso pró-efetividade é discurso 
pró-credor. Não comove as pessoas. Não é simpático. 
Vemos o devedor como alguém que merece proteção. 
Nosso direito privado sofreu influencia do dir. 
romano  este último sofreu influencias do Cristianismo 
(perdão, misericórdia, piedade, clemência)  daí se falar 
em credor com “n” deveres “morais”. Tudo isso humanizou 
o direito privado, mas gerou uma proteção excessiva ao 
devedor. No nosso direito temos o princípio do favor 
debitoris (em que devedor precisa ser favorecido – e é 
favorecido por meio do ordenamento jurídico). Fica 
clarividente que não se falava em direito fundamental do 
credor. Hoje já se fala, porém ainda não é bem aceito. 
Reunidos sobre a rubrica da dignidade de pessoa humana a 
solução de tal problema deixa de ser uma solução somente 
a favor do executado, mas sim uma solução mais justa. 
Ex1: impossibilidade de penhorar um cão-guia 
(natureza jurídica de olho). Não há uma regra expressa em 
tal sentido, mas parte do princípio da dignidade da pessoa 
humana. Frisa que tal cão é um bem valoroso (cerca de oito 
mil reais). 
Ex2: salário VS impenhorabilidade x penhorar parcela 
de um salário de um grande jogador de futebol. Ok  justo. 
Só se pode chegar a tal conclusão se partir da premissa que 
existe o princípio da efetividade. Daí surgem os argumentos 
para penhorar tal parcela salarial. 
Ex3: a regra é que o bem de família é impenhorável, 
para a proteção da dignidade do executado. Ao tornar o 
bem impenhorável, o direito do credor fica mitigado. No 
conflito entre efetividade e dignidade (dois direitos 
fundamentais), é preciso ponderá-los no caso concreto. A 
solução cabível seria a arrematação do bem, para o 
pagamento do credor, e a devolução do restante para que o 
devedor compre um novo bem. Há 10 anos, o que 
importava era o adimplemento dos direitos do autor, sendo 
a efetividade o direito por excelência. Deve-se escolher a 
solução mais ponderada ao caso concreto. 
6) Adequação: processo devido é processo 
adequado também. As regras-normas processuais têm de 
ser adequadas. Frisa que há três fatores de adequação: 
 1º critério - objetivo: o processo tem de ser 
adequado ao direito que por ele será tutelado, isto é, ao 
objeto do processo. Um processo de alimentos pode ser 
igual a um processo de anulação de um contrato? 
Peculiaridades do direito material discutido impõem regras 
processuais adequadas. A exigência de adequação objetiva 
é uma imposição da instrumentalidade do processo. 
2º fator - subjetivo: o processo deve ser adequado 
em relação aos sujeitos que vão participar do processo. A 
adequação subjetiva do processo é uma imposição do 
princípio da igualdade. As normas processuais precisam 
observar as diferenças. Não se pode dar o mesmo 
tratamento ao incapaz e ao capaz. Deve-se dar prioridade 
aos processos onde litigam os idosos, por exemplo. 
3º fator - teleológico: é preciso que as normas 
processuais sejam adequadas aos fins do processo. O 
processo deve ser adequado em relação aos seus fins, aos 
seus propósitos. Isso quer dizer, se a parte quer um 
processo para executar, não se pode criar um processo que 
tumultue a execução; não se pode permitir ampla discussão 
neste processo – tendo em vista que não é esta a finalidade 
de uma execução. 
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OS: 0118/2/19-Gil 
Tradicionalmente, o princípio da adequação era 
estudado como se ele fosse dirigido ao legislador, ou seja, é 
tarefa do legislador criar normas processuais adequadas. 
Ocorre que, atualmente, tal princípio também é dirigido ao 
juiz, não é somente aquele previsto em lei, é necessário que 
o juiz também prossiga na adequação das regras 
processuais. Mas aqui com uma diferença: legislador cria 
regras processuais adequadas gerais, o juiz teria de criar 
uma regra processual adequada ao caso concreto. 
O direito a um processo adequado é aquele que 
esteja em sintonia com o caso concreto. A adequação, além 
de ser legislativa, também deveria ser também jurisdicional. 
Fala-se, então, num sub - princípio da adequação, a saber: 
princípio da adaptabilidade do procedimento (também 
chamado de princípio da elasticidade ou ainda princípio da 
flexibilidade do procedimento). 
É certo que nenhum dos três critérios prevalece, pois 
deve ser adequado a todos os critérios. O critério subjetivo 
nada mais é do que uma exigência do princípio da igualdade 
no processo. Ou seja, deve-se perceber a diferença entre os 
litigantes e aplicar regras diferentes aos mesmos, para que 
se tornem iguais. A adequação também é um corolário 
(consequência) do devido processo legal. A visão tradicional 
da adequação diz que este princípio é dirigido ao legislador, 
ou seja, cabe ao legislador criar regras processuais 
adequadas abstratamente. 
 Ex1: O CPC diz que o prazo para contestação é de 
15 dias. Porém, se for defensor público o prazo é de 30 dias. 
Suponha que o autor junte 10 mil documentos, o réu terá 
prazo de 15 dias. Porém, se tivesse juntado apenas 1 
documento, teria o mesmo prazo. Isso quer dizer que, no 
primeiro caso concreto, o prazo não é adequado. Seria 
necessário ampliar o caso para tornar viável a defesa. Pode 
o juiz, diante do caso concreto, adequar a regra para tornar 
o processo adequado ao caso concreto? 
 Ex2: petição de danos morais com 800 páginas. Aí 
o juiz manda emendar para três páginas, pois não havia 
necessidade. Fez uma adequação ao caso concreto, haja 
vista que não há lei que diga o número de folhas. 
Enfim, atualmente, fala-se na adequação 
jurisdicional do processo. Ou seja, cabe ao juiz, no caso 
concreto, se se deparar com uma regra inadequada a este 
caso, deve afastar esta regra, criando uma nova regra 
processualao caso concreto. Para tanto, o juiz deverá 
fundamentar na inadequação da norma abstrata ao caso 
concreto. 
Marinoni entende que é direito fundamental da 
parte um processo legal adequado para o caso concreto. 
Esta adequação jurisdicional do processo é chamada por 
alguns autores de princípio da adaptabilidade do processo. 
O processo deve ser adaptável às peculiaridades do caso 
concreto. 
7) Boa- fé objetiva no processo: boa-fé objetiva é 
uma expressão criada pela doutrina como norma de 
conduta (é uma cláusula geral ou princípio). Não tem nada a 
ver com a acepção de boa-fé subjetiva, que significa boa 
intenção (elemento psicológico que nada tem a ver com a 
norma), se contrapondo a má-fé. A boa-fé como fato é 
levada em algumas situações de direito (ex: posse de boa-
fé). 
A segunda acepção é da boa-fé objetiva  o 
princípio em tela  como norma de conduta que impõe a 
parte o dever de respeitar ao outro, agindo com lealdade, 
ética, de modo a proteger a confiança que o outro tem em 
suas atitudes. Deve estar presente em todos os casos, o 
comportamento estar em conformidade com os padrões. 
Pouco importa a intenção do sujeito (boa ou má). É 
irrelevante o que o sujeito pensa. 
Esta boa-fé objetiva surgiu no direito civil, onde os 
contratantes deveriam respeitá-la. Segundo o art. 242 do 
CC Alemão, os contratantes devem agir de boa-fé. Com 
base nela, a jurisprudência entendeu que esta se aplica a 
qualquer relação jurídica, mesmo nas relações jurídicas de 
direito público, inclusive nos processos. Vincula a todos 
(juiz, advogados, auxiliares da justiça etc). 
Houve, portanto, a expansão da boa-fé objetiva. Até 
mesmo a Administração Pública deve respeitar a boa-fé 
objetiva. Embora os livros doutrinários indiquem apenas a 
boa-fé subjetiva (dolo ou culpa), é necessário se atentar a 
boa-fé objetiva. De onde se extrai a boa-fé objetiva? Da 
cláusula geral do devido processo legal. Segundo Menezes 
Cordeiro, o dever de comportar-se conforme a boa-fé 
decorre do princípio da igualdade. Para os civilistas 
brasileiros, em regra, o fundamento constitucional do 
princípio da boa-fé objetiva é a dignidade da pessoa 
humana. 
 
Conforme decisão do STF, é possível se extrair este 
princípio do fundamento constitucional do devido processo 
legal, que previu o fair trail (processo leal), no sentido de 
garantir uma participação justa e leal. Segundo este julgado, 
o fair trail (boa-fé objetiva) não recai somente sobre o autor 
ou réu, mas sobre todos os sujeitos do processo como o 
juiz, serventuários, peritos etc. (RE 464.963). Processo 
devido é processo LEAL (dentre outros adjetivos que fazem 
um processo devido). Trata-se de mais um adjetivo que 
torna o processo DEVIDO. 
 Há uma regra expressa no CPC que trata deste 
assunto. Segundo o art. 5º do NCPC, aquele que de 
qualquer forma participa do processo deve comportar-se de 
acordo com a boa-fé. 
Quais são as consequências do princípio da boa-fé 
processual? Ou seja, impõe o quê? Lista-se quatro regras 
não exaustivas. São exemplos de concretização do princípio 
da boa-fé: 
1ª consequência do p. da boa-fé processual: é o 
de proibir comportamentos dolosos; 
2ª consequência do p. da boa-fé processual: veda 
o abuso dos direitos processuais (abuso do direito é 
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exercitar um direito contrário a boa-fé). Ex: sujeito que se 
defende contra texto expresso de lei  abusa do direito de 
defesa. E é certo que o abuso de direito é ato ILÍCITO, 
porque é uma conduta contrária ao direito. 
3ª consequência do p. da boa-fé processual: a 
proibição “do venire contra factum proprium”. Para explicar 
tal princípio basta entender os exemplos abaixo: 
EX1: Ou seja, comportar-se contra as próprias 
atitudes. 
Ex2: Indicar bem para penhorar e depois falar que é 
bem de família. 
Do venire contra factum proprium  é espécie de 
abuso. 
 4ª consequência do p. da boa-fé processual: dos 
deveres de cooperação. 
 
 PRECLUSÃO 
Conceito: perda de um poder jurídico processual. 
Fala-se em preclusão das partes (ex: do direito de recorrer) 
e do juiz (ex: decidir novamente o que já foi decidido). Pra 
que serve a preclusão? A preclusão tem duas grandes 
funções no processo: 
1º - a preclusão é uma técnica jurídica que visa dar 
segurança às partes; serve para estabilizar certas situações 
jurídicas. 
2ª – também serve como uma técnica de aceleração 
do processo. Segue, impulsiona o processo para a frente. 
Não volta atrás. Razão pela qual não há processo sem 
preclusão. 
Frisa-se que Chiovenda identificou três espécies de 
preclusão, a saber: 
1ª) Temporal: é a perda de um poder processual, 
tendo em vista a perda de um prazo processual. Ex: tenho o 
prazo para contestar, não contestei, perdi o prazo. 
2ª) Consumativa: é a preclusão pelo seu exercício; 
pelo uso, pelo exercício do poder, tendo em vista que não 
se pode usá-lo mais de uma vez; isto é, usado o poder 
processual, não se tem mais este poder. Ex: o juiz pode 
sentenciar uma única vez. Ex2: as partes podem recorrer 
uma única vez. 
3a) Lógica: é a perda de um poder processual em 
razão de um comportamento contraditório a outro 
comportamento anterior realizado pela mesma parte (ex1: 
aceitar sentença e recorrer; ex2: a parte recorre da 
sentença que teve pedido de acordo homologado; ex3: 
quem oferece um bem a penhora perde o direito de 
questionar a validade desta penhora). É a aplicação do 
processo da proibição do venire contra factum proprium. A 
preclusão lógica é manifestação da boa-fé, a qual proíbe o 
comportamento contraditório. 
Nota-se que tal classificação é decorrente de atos 
LÍCITOS. 
Por fim, vejamos: a preclusão e as questões que 
podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. 
Existe a preclusão ao exame das questões de podem 
ser conhecidas de ofício pelo juiz? O juiz perde o poder de 
analisá-las? R.: é necessário ver o tema por meio de dois 
ângulos: 
1º) Enquanto o processo estiver pendente, é possível 
analisar as questões de ordem pública a qualquer tempo, 
não havendo preclusão para examiná-las. 
Aplica-se o art. 485, p. 3º, do NCPC: 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: § 
3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos 
incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de 
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. 
Em qualquer tempo  ler “enquanto o processo 
estiver pendente”. Até o término do processo não há 
preclusão. 
2º) Primeiro precisamos saber se há preclusão para o 
reexame das questões. Questão que já foi decidida 
anteriormente pode ser decidida novamente? 
Exemplificando, após a decisão que entender não ser 
o juiz impedido pode a parte alegar o impedimento em 
momento posterior? 
Para corrente majoritária e para a jurisprudência, 
não há preclusão, podendo ser reexaminada. 
Para corrente minoritária, uma vez decidida a 
questão, ocorre a preclusão, não havendo nenhum 
dispositivo no CPC, que habilite o entendimento 
supracitada (Barbosa Moreira e Fredie Didier). 
OBS.: é possível alegar tais questões pela primeira 
vez em recursos extraordinários? R.: este assunto será 
visto nos recursos. 
 
 JURISDIÇÃO 
1ª parte do conceito: é um Poder/função  a 
jurisdição é um poder, uma função atribuída a alguém. 
Deve-se destacar que, o exercício da jurisdição é o exercício 
de um poder. O Juiz decide com força imperial, tendo em 
vista que exerce um poder. Atribuída a terceiro imparcial. O 
que significa ser terceiro? Terceiro é um estranho aoproblema a ser resolvido. Não basta ser um estranho, é 
preciso que seja um terceiro imparcial. A impartialidade (a 
condição de não ser parte) e a imparcialidade (dado 
subjetivo, equidistante) são marcas da jurisdição. 
Impartialidade 
≠ 
Imparcialidade 
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Não confundir imparcialidade com neutralidade. A 
neutralidade não existe, pois ninguém é neutro diante de 
outra pessoa (ninguém é despido de valor em relação a 
outros). 
A jurisdição é um exemplo de heterocomposição. 
(hétero  distinto; composição  solução). Exatamente 
por tal motivo o mestre Chiovenda dizia que atividade 
jurisdicional era substitutiva*. *o juiz substitui a vontade 
dos litigantes pela dele. A solução não é de acordo com a 
vontade dos litigantes, mas sim do juiz. 
A substitutividade é uma característica fundamental 
para Chiovenda, era isso que marcava a jurisdição. Mas isso 
é discutível. Isso não é marca exclusiva da jurisdição, pois há 
outras atividades substitutivas que não são jurisdicionais. 
Ex: O CADE - por exemplo, é autarquia federal que decide, 
como terceiro, as questões relacionadas à concorrência. 
Tem substituição, mas não há jurisdição. 
Para alguns, este terceiro, órgão julgador, é sempre 
o Estado-juiz. Porém, esta afirmação não é correta. A 
jurisdição é monopólio do Estado, porém, isto não quer 
dizer que somente ele pode exercer a jurisdição. O Estado 
pode reconhecer a outros entes o poder de julgar. Ex: 
arbitragem - é jurisdição privada – autorizada pelo Estado. 
2ª parte do conceito: mediante um processo  a 
jurisdição é um poder exercido mediante um processo. Para 
que o juiz decida é preciso observar um processo devido. 
Não há jurisdição instantânea; deve ser sempre resultado 
de um processo devido que lhe preceda. O processo é o 
método de exercício da jurisdição. 
 3ª parte do conceito: a jurisdição visa 
Reconhecer/efetivar/proteger situações jurídicas 
concretamente deduzidas (expressão mais abrangente que 
direitos, pois tal expressão engloba direitos e deveres, 
afinal, o Judiciário também serve para proteger deveres). 
Uma marca da jurisdição é de que a jurisdição 
sempre atua sobre um problema concreto (juiz não é 
legislador que resolve problemas em abstrato). “A jurisdição 
atua sobre encomenda” (CARNELUTTI), em que se pede 
algo a ser resolvido pelo juiz (situação concreta). 
A atividade jurisdicional pressupõe um caso a ser 
resolvido. SEMPRE, não há exceção. A jurisdição atua 
diante de um problema concretamente deduzido para 
reconhecer, efetivar ou proteger direitos. Até mesmo numa 
ADI. Trata-se de uma atividade tópica (para resolver 
situações específicas). 
A jurisdição atua sempre sobre um problema. Este 
problema, SEMPRE seria uma lide (conflito entre dois 
sujeitos), segundo CARNELLUTI. Contudo, não é uma 
verdade absoluta. Normalmente o Judiciário é chamado 
para resolução de uma lide, mas, há processos que se 
instauram não para resolver uma lide, como por exemplo, 
para que a parte altere seu nome (não há lide). Trata-se de 
um problema que não é lide. Portanto, é possível haver 
jurisdição sem lide. O que não é possível é haver jurisdição 
sem um caso concreto. 
 4ª parte do conceito: ademais, não se pode 
ignorar que as decisões são atos de poder, de império e não 
mero conselho. Ato IMPERATIVO, mas não é só isso. A 
jurisdição é uma atividade CRIATIVA, o órgão jurisdicional, 
ao julgar, decide inovando, ou seja, cria norma jurídica nova 
que irá regular aquele problema concreto a qual foi 
submetido. Faz interpretações. 
Quando a norma geral não se encaixa ao caso 
concreto, forma-se uma nova norma concreta, não sendo 
igual a geral (ex: o contrato do Zeca Pagodinho com a 
Brahma, gerou uma quebra de boa-fé objetiva pós-
contratual com a Nova Schin). 
Nesse problema não há previsão normativa abstrata 
específica. O juiz foi obrigado a criar nova norma para 
resolução do caso concreto. As decisões do juiz sempre 
devem se pautar na legislação em sentido amplo. Quando a 
legislação é aberta, como a boa-fé, por exemplo, terá ele 
um poder criativo maior. A criação jurisdicional é uma 
marca do neoprocessualismo. 
Cita-se a título de exemplo o STF VS caso das terras 
indígenas. É certo que a criatividade deve ser analisada 
sob duas maneiras, através das quais se revelam a 
criatividade judicial: 
a. Norma específica individual (dispositivo) – norma 
jurídica individualizada: o juiz ao julgar cria norma jurídica 
específica (que é a sentença) ao caso concreto, sendo ela 
uma norma individualizada (entre as partes); e 
b. Norma geral do caso concreto (fundamentação): – 
norma jurídica jurídica geral que servirá como precedente 
para casos futuros o juiz, ao decidir o caso concreto, deverá 
examinar o ordenamento jurídico como um todo, para 
identificar qual a norma jurídica que fundamenta, que 
sustenta a norma que ele acabou de criar, pois não poderá 
criar uma norma do vazio. Ele cria norma para o caso 
concreto a partir do ordenamento. Toda solução concreta 
tem que se basear numa norma geral; sua base é uma 
norma geral criada pelo juiz por meio da interpretação. 
A norma geral que fundamenta a norma individual é 
uma norma que o juiz cria a partir da interpretação que ele 
faz do ordenamento jurídico. O que é a norma geral do caso 
concreto? É a norma geral criada pelo juiz na sentença, a 
partir da interpretação do ordenamento jurídico (para 
fundamentar a sua decisão). Mas, quem cria norma geral 
não é o legislador? O legislador cria normas gerais que 
ignoram particularidades, não abrangendo todas as 
situações que eventualmente possam ocorrer. 
O Juiz examina a lei, e com base nela interpreta de 
acordo com o caso concreto. A norma geral, muitas vezes, é 
quase que a mesma aplicável ao caso concreto; bastando ao 
juiz somente transcrever a norma. 
Há uma norma do CC que diz: “todos os contratantes 
tem que se comportar conforme a boa-fé”. No comercial da 
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Brahma, o cantor Zeca Pagodinho violou a boa-fé no 
contrato que tinha com a Nova Schin. 
O juiz, com base na interpretação feita ao 
ordenamento jurídico, deverá construir uma norma geral 
analisando a boa-fé (ex: “quem faz propaganda para uma 
empresa não pode 3 meses após representar a empresa 
concorrente”). 
Decidindo pela violação da boa-fé contratual, o juiz 
elabora uma norma individual (Zeca Pagodinho deve 
indenização no valor X); e uma norma geral (“Todo aquele 
que viola a boa-fé do contrato deverá indenizar”). 
A norma individual encontra-se no dispositivo da 
decisão. A norma geral encontra-se na fundamentação da 
decisão. Segundo ensina Pontes de Miranda, a lei é o ponto 
de partida. 
 A decisão cria uma norma jurídica individualizada 
(ex: empresa BLABALBAL não paga tal tributo) e cria 
também uma norma jurídica geral construída a partir de um 
caso concreto que pode servir como precedente para 
resolver caso futuros (ex: empresa de ramo “X” não precisa 
pagar y tributo). 
 
Atenção!!!  decisão jurisdicional é insuscetível de 
controle externo  a jurisdição é insuscetível de controle 
externo. O poder jurisdicional é o único poder que não pode 
ser controlado pelos demais. Ex: um ato administrativo não 
pode rever tal decisão; umalei não pode rever tal decisão. 
Um ato administrativo ou uma lei não podem controlar um 
ato jurisdicional. 
É certo dizer que a jurisdição controla outros 
poderes, porém, é insuscetível de ser controlada. Ex: dizer 
que um ato administrativo é ilegal; uma normal é 
inconstitucional etc. 
Por isso que as decisões do CADE não são 
jurisdicionais, tendo em vista que o Judiciário poderá alterar 
esta decisão. O CADE possui todas as características da 
jurisdição, exceto esta. 
Também frisa-se que a decisão tem aptidão para a 
coisa julgada: a jurisdição é o único ato do Poder que pode 
se tornar definitivo, indiscutível, até mesmo para a própria 
jurisdição. Nem mesmo a jurisdição pode decidir de novo. 
A jurisdição controla os próprios atos (controle 
interno da jurisdição), entretanto, quando há coisa julgada, 
nem mesmo a jurisdição poderá controlá-las. Somente a 
aptidão jurisdicional faz coisa julgada. 
Síntese: a jurisdição é função atribuída a terceiro imparcial 
para mediante um processo reconhecer, efetivar ou proteger 
situações jurídicas concretamente deduzidas de modo imperativo 
e criativo, em decisão insuscetível de controle externo e com 
aptidão para torna-se indiscutível. 
 
 
Equivalentes jurisdicionais: 
São os modos de solução de conflito não 
jurisdicionais. Traz a solução de conflito, mas não são 
jurisdição. Vejamos: 
 
Autotutela: a autotutela é a solução egoísta do 
conflito, pois um dos conflitantes impõe ao outro a solução 
do conflito pela força. Em princípio, a autotutela é vedada, 
podendo até configurar crime de exercício arbitrário das 
próprias razões. Porém, ainda sobrevivem hipóteses 
excepcionais em que a autotutela é permitida. É o que 
acontece com: 
 legítima defesa; 
 estado de necessidade; 
 Greve; 
 desforço incontinenti= Desforço incontinenti é a reação 
daquele que tem esbulhado a sua posse, podendo 
reagir imediatamente (art. 1.210, p. 1º do CC); 
 Guerra; 
 autoexecutoriedade da Administração Pública; 
 nunciação de obra nova= Na nunciação de obra nova o 
proprietário pode evitar a construção vizinha irregular 
quanto as normas municipais (art. 934 do CC) etc. 
 
É certo que na autotutela sempre é permitido um 
controle jurisdicional do seu excesso. 
Autocomposição: é a solução negociada do conflito. 
O conflito é resolvido pelos próprios litigantes. A 
autocomposição é incentivada, estimulada, pois se entende 
que é a forma mais eficaz de solução dos conflitos (ex: 
divórcio, separação, testamento no cartório sem 
intervenção judicial, acordo extrajudicial homologado pelo 
juiz etc.). Tal instituto pode ser judicial ou extrajudicial. 
Ademais, é certo que qualquer acordo que a parte 
fizer extrajudicialmente poderá (faculdade) ser levado para 
homologação judicial a fim de transformar o acordo em 
título executivo judicial (estimulo à autocomposição). Art. 
515, inc. III, NCPC: 
Art. 515. São títulos executivos judiciais: 
... III - a decisão homologatória de autocomposição 
extrajudicial de qualquer natureza; 
 
Espécies: a) transação: forma de extinção de 
obrigações, quando há concessões mútuas e recíprocas; e 
b) submissão da vontade do outro. 
No processo dá-se o nome de renúncia, se for o 
autor que abre mão do direito em que se funda a ação - 
não confundir desistência da ação com renúncia do direito, 
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pois naquela o autor pode ingressar com nova ação, tendo 
em vista que não atinge o direito. 
Caso seja o réu fala em reconhecimento da 
procedência do pedido - o réu reconhece os fatos e as 
consequências jurídicas; 
 Alternative disput resolution – ADR  são meios 
alternativos de solução de conflitos. O meio alternativo 
mais difundido é a autocomposição (por excelência). 
 
Mediação: consiste na intervenção de um terceiro 
no conflito para estimular o acordo; encaminhar os 
conflitantes a firmar um acordo. Na mediação, o terceiro 
não decide nem soluciona o conflito. Os litigantes 
solucionam o conflito e são estimulados pelo mediador. 
O desgaste da relação muitas vezes impede que as 
partes entrem em comum acordo. Há necessidade, 
portanto, de um facilitador do diálogo, ocasião em que o 
mediador escuta as partes. 
 Ex1: muito aplicado em casos de família; 
 Ex2: em conflitos internacionais, chama-se o chefe de 
Estado de um terceiro país para mediar as partes; 
 Ex3: litígios societários; e 
 
Há necessidade de um mediador que possui técnicas 
de mediação. Ex: os caras da polícia que têm treinamento 
para desarmar bandidos. O mediador não deve sugerir a 
solução, pois isto pode gerar um comprometimento, uma 
desconfiança pelas partes. Também não deve usar palavras 
estranhas e sim um vocábulo, uma linguagem afim da parte. 
O ambiente deve ser claro (cores claras) para evitar a 
rejeição da partes. A mesa deve ser circular, porque não há 
lados. Todos esses fatores são observados como técnicas 
estudadas. Por fim, a mediação pode ser judicial ou 
extrajudicial. 
Solução de conflito por tribunais administrativos: 
atualmente existem vários tribunais que decidem conflitos 
no âmbito administrativo. 
Esta solução é equivalente jurisdicional; tribunais 
administrativos julgam conflitos por heterocomposição; é 
muito similar a jurisdição, porém, não há poder 
jurisdicional. Exemplos: as decisões do tribunal marítimo 
solucionam os conflitos ocorridos em navegação; as 
decisões dos Tribunais de Contas; AP Fiscal; e Autarquias – 
como o CADE. 
Estes julgam o conflito com a forma de jurisdição. 
São decisões administrativas, tendo em vista que faltam 
atributos de jurisdição, a saber: a imutabilidade de suas 
decisões e a insuscetibilidade de controle externo. 
Arbitragem: na arbitragem, um terceiro escolhido 
pelas partes é chamado para resolver o conflito. 
Diferentemente da mediação, na arbitragem o terceiro 
soluciona o conflito. A arbitragem é uma solução por 
heterocomposição (terceiro que soluciona o conflito). 
A fonte da arbitragem é um negócio jurídico 
denominado convenção de arbitragem. A fonte é a 
autonomia privada, pois as partes optam pela arbitragem. 
Daí o porquê da cláusula de arbitragem em contrato de 
adesão ser nula. 
Somente pessoas capazes podem optar pela 
arbitragem e desde que envolvam direitos disponíveis. O 
árbitro pode ser qualquer pessoa capaz, não sendo 
necessário ser bacharelado em direito. Pode também ser 
composto por uma comissão de árbitros (formam uma junta 
arbitral – composta por três árbitros). 
OBS.: há arbitragem no direito administrativo. É um 
modo de resolver conflitos no âmbito administrativo. A 
arbitragem VS a Administração Pública é um tema novo e 
que está sendo desenvolvido. Porém, somente pode 
sujeitar a arbitragem naquilo que a Administração Pública 
atua negocialmente (bens disponíveis). Fala-se na aplicação 
de arbitragem aos contratos de concessões, por exemplo. 
(nas PPP’s) 
Também é bom frisar que a arbitragem dos litígios 
trabalhistas coletivos possui previsão constitucional (art. 
114, CF). Diante de sentença arbitral, o Judiciário: 
a) pode executar a decisão arbitral, visto que esta 
decisão é título executivo judicial e o árbitro não tem este 
poder; 
b) pode anular (invalidar) a sentença arbitral, em 
caso de vício formal; e 
c) não pode alterá-la ou revisá-la, não podendo 
decidir o conflito. 
 Tema do momento: arbitragem VS conflitos COLETIVOS 
tema em aberto; há propostas legislativas para se admitir 
isso. 
 
Segundo a Lei 9.307/96, o árbitroé juiz de fato e de 
direito. O Estado reconhece ao árbitro o poder de decidir 
de forma definitiva para o caso certo e determinado ( 
não é juiz do PJ). Se ele receber propina, responderá por 
corrupção passiva, que é crime contra a Administração 
Pública. 
 Na arbitragem, as partes podem escolher o direito que deve 
ser aplicado (direito estrangeiro) ou optar pela equidade. 
Existe uma ação própria para exigir a constituição do 
árbitro, caso uma das partes se negue a se sujeitar a 
arbitragem. Se a parte demanda diretamente em juízo, e na 
contestação, a outra parte não alega a cláusula 
compromissória, haverá revogação tácita da cláusula 
arbitral. 
O CPC/2015 ratifica isso em seu art. 337, § 6º: 
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OS: 0118/2/19-Gil 
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de 
arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da 
jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. 
O Judiciário que executa a decisão. A competência 
do árbitro é tão-somente para julgar. A sentença arbitral é 
título judicial. O Poder Judiciário não pode revisar a 
sentença arbitral – o mérito da decisão arbitral é 
insuscetível de controle pelo Poder Judiciário. 
Após a Lei 9.307/96, a sentença arbitral não precisa 
mais ser homologada judicialmente para ter validade. A 
arbitragem é voluntária, onde a parte “abre mão” do Poder 
Judiciário. Todas as garantias do devido processo legal 
devem estar presentes na arbitragem. A sentença arbitral 
pode ser anulada pelo Poder Judiciário se ela tiver algum 
vício formal (ex: não teve contraditório; o árbitro era 
corrupto). 
O Judiciário anulará esta decisão por meio da ação 
anulatória da sentença arbitral, que tem prazo de 90 dias 
para ser interposta, contados da data da prolação da 
sentença arbitral. Passados os 90 dias, a sua validade não 
poderá mais ser discutida, se tornando estável. 
OBS.: depois de anulada volta ao árbitro para ser 
proferido novo julgamento. 
Há coisa julgada arbitral? Há, pois se torna 
indiscutível e indestrutível em certo momento. E nesta 
esteira indaga-se: cabe ação rescisória? Cabe, em 90 dias 
por meio da ação anulatória supramencionada. É uma ação 
rescisória que cabe num prazo menor e num rol menor. 
 
Arbitragem é ou não jurisdição? 
Sim, é jurisdição, mas privada (entendimento 
majoritário). No Brasil é jurisdição. Contudo há outros 
entendimentos, com o de Luiz Guilherme Marinone, a 
decisão arbitral não é jurisdicional, tendo em vista que o 
árbitro não pode executá-la. Esta falta de executoriedade 
de suas decisões lhe retira o poder jurisdicional. Segundo 
Fred Didier, esta não é a melhor posição. Para tanto, cita a 
falta do poder de execução das decisões do juiz de direito 
criminal, que depende do juiz da vara de execuções penais. 
Frisa-se que não é inconstitucional (direito à 
liberdade). O nome do negócio jurídico que gera a 
arbitragem é chamado de convenção de arbitragem. 
Temos duas espécies de convenção de arbitragem, 
convenção de arbitragem é gênero e tem duas espécies, a 
saber: 
1ª) Cláusula compromissória e 
2ª) Compromisso arbitral. 
Convenção de arbitragem é o nome que se dá ao 
Negócio Jurídico que gera a arbitragem. 
 
 
 ESPÉCIES DE CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM 
1ª) Cláusula compromissória: é uma convenção de 
arbitragem para o futuro, prevista no contrato, se refere a 
conflitos futuros que possam vir a existir. 
É PACTUADA ANTES DA EXISTÊNCIA DO CONFLITO. 
Se um conflito sobrevier será resolvido por um árbitro. É 
abstrata, logo, não se refere a nenhum conflito específico. 
Tal cláusula aparece muito em grandes contratos 
empresariais. 
2ª) Compromisso arbitral: é uma convenção de 
arbitragem que se refere a um conflito concreto já 
existente. É celebrado quando um conflito já existe. 
O compromisso arbitral PODE ser um instrumento de 
complementação de uma cláusula compromissória aberta. 
As partes podem celebrar o compromisso arbitral sem que 
tenha havido entre elas qualquer compromisso anterior. 
 Não se permite ao juiz conhecer de ofício a convenção 
de arbitragem. Vejamos o NCPC: 
 Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, 
alegar: 
 X - convenção de arbitragem; 
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a 
incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias 
enumeradas neste artigo. Refere-se as matérias preliminares. 
 
 PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
1. Princípio da investidura 
Somente pode exercer jurisdição quem tiver sido 
investido (empossado) na função jurisdicional ou também 
aqueles nomeados (ex: quinto constitucional). A investidura 
não se dá só por meio de concurso público. A investidura do 
juízo é requisito de existência do processo. A competência e 
a imparcialidade são requisitos de validade do processo. 
 
2. Princípio da indelegabilidade 
O órgão jurisdicional não pode delegar o exercício de 
sua jurisdição a ninguém ou a outro órgão. Ao falar de 
indelegabilidade é necessário falar dos poderes do juiz 
dentre eles o poder ordinatório, ou seja, poder de praticar 
atos para que o processo avance. Tal poder pode ser 
delegado aos servidores. Vejamos: 
CF Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo 
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, 
observados os seguintes princípios: ... XIV os servidores receberão 
delegação para a prática de atos de administração e atos de mero 
expediente sem caráter decisório; 
NCPC Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em 
sentenças, decisões interlocutórias e despachos... § 4o Os atos 
meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, 
independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo 
servidor e revistos pelo juiz quando necessários. 
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Quando se fala em indelegabilidade, se fala em 
indelegabilidade do poder decisório. A CF permite, nos 
termos do art. 102, inc. I, alínea “m”, que o STF delegue a 
prática de atos executivos a juízes, tendo em vista que não 
são decisórios. 
CF Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, 
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - 
processar e julgar, originariamente: ... m) a execução de sentença 
nas causas de sua competência originária, facultada a delegação 
de atribuições para a prática de atos processuais; 
Esta previsão é destinada somente ao STF, porém, é 
unânime que todos os tribunais podem delegar a prática de 
atos executivos (poder executório). 
Outro exemplo de delegação é a de poderes 
instrutórios, em que os tribunais costumam delegar aos 
juízes singulares o poder de produção de provas (ex: ouvir 
testemunhas). 
Quando o juiz expede uma carta precatória delega a 
jurisdição? Não, pois carta precatória nada mais é do que 
um pedido de ajuda. Não se pode delegar o que o juiz não 
tem, pois ele não tem jurisdição em outra comarca. 
 
3. Princípio da inevitabilidade 
A decisão jurisdicional é inevitável. Se a parte 
pudesse escapar da jurisdição, ela nada mais seria que um 
conselho. 
 
4. Princípio da territorialidade 
A jurisdição é exercida sempre sobre um dado 
território (foro). Há sempre uma limitação territorial. 
Jurisdição é poder. E assim deve ter um lugar para poder 
exercê-lo. O nomesobre o qual a jurisdição se exerce é o 
foro, isto é, é a delimitação territorial para o exercício da 
jurisdição. Ex: o foro do STF é no país todo; Ex2: o foro de 
um TJ de um estado é aquele estado. 
Ressalta-se que na Justiça Estadual costuma-se falar 
em comarca e distrito. Os foros são chamados de comarcas. 
A comarca se refere a uma cidade ou a um grupo de 
cidades. E a comarca por sua vez pode ser subdivida e aí 
surge o distrito, o qual pode ter nome de uma cidade ou 
ainda de um bairro. 
Quanto à Justiça Federal o foro recebe outra 
denominação, a saber, seção judiciária. Cada seção 
judiciária corresponde a um Estado. A seção judiciária pode 
ser dividida em subseções. A seção judiciária sempre tem 
nome de Estado. A subseção sempre tem nome de cidade. 
A subseção judiciária abrange uma ou mais cidades. 
Ponderações sobre a territorialidade: 
 Quando duas comarcas fazem fronteira entre si, 
fala-se em comarcas contíguas. Existem comarcas que 
pertencem a uma mesma região metropolitana, não 
necessariamente sendo contíguas. Comarcas contíguas? São 
comarcas que fazem fronteira. Ex: São Paulo VS Guarulhos. 
 Imagine o julgamento relacionado a um imóvel  
que se encontre em entre duas comarcas. O poder de 
jurisdição deste juiz abrangerá todo o imóvel; trata-se de 
um caso de extraterritorialidade (art. 60 do NCPC), que é o 
exercício da jurisdição para além do seu território. 
 CPC Art. 60. Art. 60. Se o imóvel se achar situado em 
mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a 
competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a 
totalidade do imóvel. 
 O local em que será proferida a sentença é uma 
coisa. O local em que surtirá os efeitos da decisão é outra. 
A separação de um casal no Estado de São Paulo, por 
exemplo, surtirá seus efeitos em todo território nacional. 
 
5. Princípio da inafastabilidade 
A lei não excluirá do Judiciário, lesão ou ameaça de 
direito (art. 5º, inc. XXXV, da CF: a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito); 
Este é o princípio que garante o acesso aos tribunais. É a 
garantia da tutela preventiva; a parte poderá levar ao 
Judiciário qualquer ameaça de direito. 
- Princípio da inafastabilidade  lei não pode excluir o 
Poder Judiciário 
- Princípio da inevitabilidade  parte não pode escapar da 
jurisdição 
 
A jurisdição é universal (pois qualquer pessoa pode a 
ela ter acesso e também porque pode afirmar o que quiser 
em juízo). Do ponto de vista jurídico, nenhuma lesão ou 
ameaça de lesão pode deixar de ser levada ao Judiciário. 
Os atos administrativos discricionários também 
podem ser levados ao Judiciário pela parte. Este ato é 
controlado por meio da proporcionalidade e da 
razoabilidade, pois o administrador não pode ultrapassar os 
limites de liberdade estipulados em lei, consoante farta 
jurisprudência. 
Contudo, há questões que a própria CF leva para 
outro órgão o julgamento, como por exemplo, crime de 
responsabilidade VS SF. O SF exerce jurisdição (função 
atípica). 
Caso digno de observação é o das questões 
desportivas. Um problema desportivo somente pode ser 
levado ao Judiciário após o exaurimento das instâncias 
desportivas. Esse condicionamento tem previsão 
constitucional: 
CF Art. 217, § 1º. O Poder Judiciário só admitirá ações 
relativas à disciplina e às competições desportivas após 
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. 
É o único caso que a CF determinada um 
condicionamento para ir ao Judiciário. 
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Há inúmeras leis infraconstitucionais que 
condicionam o acesso ao Poder Judiciário por meio do 
esgotamento das instâncias administrativas, como por 
exemplo, a Lei do habeas data, Lei da Súmula Vinculante 
etc. 
São constitucionais tais leis? Deve-se responder que 
estas leis devem ser interpretadas de acordo com a CF; 
significa que, somente pode-se exigir o exaurimento da 
instância administrativa se não houver urgência (a parte 
puder esperar). Caso haja urgência não há que se falar em 
esgotamento da instancia administrativa. 
Ex: ADINS n. 2139 e n. 2160 x exigência de CCP na JT. 
O STF deu liminar para dar a interpretação conforme a CF. 
 
6. Princípio do juiz natural 
Este princípio é extraído do devido processo legal e 
de dos incisos XXXVII e LIII, do art. 5º, da CF. 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção 
(imparcialidade); 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão 
pela autoridade competente; 
 
Há dois aspectos principais do juiz natural: a) não 
haverá juízo ou tribunal de exceção (imparcialidade – daí 
falar em distribuição de processos – não posso escolher o 
juiz); e b) julgamento pelo juiz competente (competência – 
lei prévia). 
A competência e a imparcialidade são pressupostos 
processuais subjetivos de validade do processo. 
O juiz natural sob o prisma da imparcialidade veda a 
criação de um tribunal de exceção, ou seja, aquele criado 
extraordinariamente para julgar determinada causa (ex: 
tribunal de Nuremberg). O juízo da causa é aquele que já 
existe antes do fato a ser discutido em juízo. Foi necessário, 
mas os juristas já tinham noção que isso não poderia 
ocorrer, daí veio o Tribunal Penal Internacional para os 
crimes de guerra. 
Até hoje ocorre de presidente de tribunal designar 
um juiz tal para julgar determinada causa – por meio de 
portaria. Isso é uma violação, afinal, é garantia das partes a 
designação de um juízo já existente ou posto. Também não 
pode falar em avocação de processos. 
O juízo ad hoc ou designado ex post facto é aquele 
criado para julgar determinada matéria (na época do 
absolutismo, o rei escolhia o juiz da causa livremente). A 
garantia de imparcialidade decorre do juiz natural. Para 
garantir a imparcialidade do juiz é que se veda o tribunal de 
exceção. 
O juiz natural sob o prisma da competência: o 
princípio do juiz natural garante o juiz competente para 
julgar a causa, não bastando que ele seja o juiz natural. Juiz 
natural é o juiz competente com regras gerais de 
distribuição de competência previamente estabelecidas. A 
distribuição da ação no Fórum por sorteio, é uma forma de 
garantir o juiz natural. 
Aspecto formal do juiz natural é a competência; e 
Aspecto material do juiz natural é a imparcialidade 
(*Reclamação 417 do STF – LER). *cuida do caso abaixo: 
O Estado de Roraima foi criado pela CF de 1988. As 
ações judiciais, antes da promulgação da CF, eram 
remetidas ao tribunal dos territórios. Após a formação do 
Estado de Roraima, foi criado o Tribunal de Justiça, sendo 
este composto por poucos juízes. Após a transferência dos 
processos do Tribunal dos Territórios para o TJ de Roraima, 
houve a interposição de uma ação civil pública, contra o ato 
do Judiciário deste novo ente da Federação, em que todos 
os juízes deste tribunal figuraram como réus. O STF disse 
que não havia juiz natural naquele Estado, por falta de 
independência, a qual é necessária para a imparcialidade. 
 
 JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA (JV) 
É uma atividade de integração da vontade; o juiz na 
JV integra a vontade dos sujeitos tornando-a esta vontade 
apta à produção dos efeitos jurídicos desejados. 
A simples vontade do sujeito não é o bastante para 
os efeitos jurídicos que ele quer. O sujeito vai ao Poder 
Judiciário para tornar a vontade dele íntegra. Serve para 
completar / integrar a vontade dos sujeitos. 
É também uma atividade de fiscalização, isto é, na 
Justiça Voluntária o juiz iráfiscalizar se o ato praticado pela 
parte é um ato realizado de forma regular e, caso seja, o juiz 
integrará a vontade. 
 
 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA JUSTIÇA VOLUNTÁRIA 
 Necessária ou opcional 
Costuma-se dizer que a JV é necessária, ou seja, a 
parte não tem opção, se ela quer que aquele efeito jurídico 
se produza ela tem de ir ao Poder Judiciário. Ex: interditar 
um pródigo. 
Isso é uma regra, mas há casos excepcionais em que 
se admite uma JV opcional / facultativa. São casos que saem 
do parâmetro. Ex: divórcio consensual sem filhos. Afinal, 
pode se divorciar no cartório. É um caso raro, mas existe. 
No entanto, a regra é que a intermediação do Judiciário é 
necessária. 
É, em regra, portanto, necessária a jurisdição 
voluntária, pois alguns atos jurídicos somente podem 
produzir efeitos por meio da jurisdição voluntária (ex: 
alteração de nome, interdição etc.). Há exceções nos casos 
em que a jurisdição voluntária é opcional (permitida), como 
por exemplo, o divórcio, o arrolamento de bens consensuais 
em caso de ausência de incapazes, acordo extrajudicial (que 
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tem validade independentemente da homologação do juiz) 
etc. 
 Natureza constitutiva 
A jurisdição voluntária, em regra, tem natureza 
constitutiva. Ou seja, pela jurisdição voluntária criam-se, 
extinguem-se ou modificam-se situações jurídicas. 
 
 Contraditório 
Na jurisdição voluntária há contraditório; os 
interessados (que podem sofrer prejuízo com a decisão) 
tem o direito de participar; tem de ser ouvidos aqueles que 
podem ter interesses, no prazo de 15 dias. Existe citação em 
JV. Ex: Ex2: retificação de registro mobiliário  tem de citar 
os proprietários daquele imóvel. 
Art. 721, NCPC. Serão citados todos os interessados, bem 
como intimado o Ministério Público, nos casos do art. 178, para 
que se manifestem, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
 Duplo grau de jurisdição 
A jurisdição voluntária se encerra por sentença que é 
apelável. 
 
 O juiz possui todos os seus atributos 
São iguais aos da jurisdição. 
 
 Intervenção obrigatória do MP em determinados 
procedimentos 
Numa interpretação literal do art. 721 do NCPC, se 
entende que em todo procedimento de jurisdição 
voluntária, o MP deverá intervir. Ocorre que, para a 
intervenção do MP em jurisdição voluntária, é preciso que 
seja necessária a sua manifestação (ex: no acordo 
extrajudicial homologado, não há interesse do Estado, mas 
sim interesse privado).  O MP só se envolve quando 
houver interesse indisponível. Enfim, pode haver caso de 
Justiça voluntária sem intervenção do MP. 
 
 Costuma-se dizer na doutrina que é um processo 
inquisitivo 
O juiz é o protagonista. Ele tem muitos poderes. O 
contraponto do processo inquisitivo é o dispositivo (ou 
processo adversarial/acusatório). E isso se dá porque 
muitos processos de JV podem ser instaurados ex officio. 
Existem várias exceções de procedimentos de 
jurisdição voluntária que podem ser instaurados ex officio, 
visto que o normal é que o processo seja provocado pelas 
partes. 
 
 Possibilidade da utilização da equidade 
Este dispositivo nasceu para dar uma margem de 
discricionariedade maior ao juiz na jurisdição voluntária, 
tanto na sua condução quanto na decisão da sentença. O 
ideal é que o magistrado não se apegue tanto a literalidade 
da lei, adequando a lei ao caso concreto. 
O parágrafo único do art. 723 do NCPC permite um 
juízo de equidade por parte do magistrado nos casos de 
jurisdição voluntária. Porém, para os demais processos, 
prevê julgamento na estrita legalidade. 
Art. 723. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias. 
Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar critério 
de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que 
considerar mais conveniente ou oportuna. 
É certo que temos os procedimentos comum e 
especial, contudo há uma polêmica acerca da NATUREZA 
JURÍDICA DA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. Tem-se duas 
correntes. 
1ª) a jurisdição voluntária não é jurisdição, sendo 
uma atividade administrativa, natureza administrativa; 
atuando o juiz como administrador de interesses privados. 
Esta concepção é majoritária e tradicional; é a corrente 
mais difundida. Fundamentam tal corrente com os 
seguintes argumentos: 
 não há lide (não há conflito), logo, não há jurisdição; 
 não há ação, mas sim requerimento; 
 não há processo, mas tão–somente procedimento; 
 não há partes, mas somente interessados; 
 não há coisa julgada, pois esta somente nasce da 
jurisdição, fala-se no máximo em preclusão. 
 
2ª) a jurisdição voluntária tem natureza jurisdicional, 
mas jurisdição com outro propósito, conforme os seguintes 
argumentos: 
 pode não haver lide, porém, isto não significa dizer que 
sempre não haverá lide; 
 se o CPC/2015 manda citar os interessados, é porque há 
possibilidade de gerar uma lide; 
 não é correto afirmar que só há jurisdição se houver lide 
(trata-se de uma arbitrariedade teórica); e 
 a jurisdição atua sobre um caso concreto, mas não 
necessariamente sobre uma lide. 
Mesmo adotando a concepção de que a jurisdição 
voluntária tem natureza administrativa, não há como negar 
a existência de processo e contraditório, tendo em vista que 
o processo administrativo atual se exterioriza por meio de 
processo. Dizer que não há ação é concebível, porém, dizer 
que não há processo é inaceitável. 
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Processo administrativo tem amparo constitucional 
(o qual deve observar o contraditório e a ampla defesa). 
Primeira corrente Segunda corrente 
- Não há lide - Há lide 
- Não há ação - Há ação 
- Não há processo - Há processo 
- Não há partes - Há partes 
- Não há coisa julgada - Há coisa julgada 
 
 Atenção para o tema da coisa julgada na JV: 
Segundo art. 1.111 do CPC, a sentença poderá ser 
modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se 
ocorrerem circunstâncias supervenientes. A corrente 
tradicional entende não existir coisa julgada, visto que pelo 
dispositivo citado permite-se que a decisão seja modificada. 
Já a segunda corrente, com base no mesmo artigo 
supramencionado, entende que, em regra, a sentença é 
imodificável, havendo coisa julgada. Se o fato é posterior a 
coisa julgada, este fato não tem nenhuma relação com a 
sentença, sendo exigível nova decisão. Uma nova decisão 
não nega a coisa julgada, visto que o fato é posterior a esta. 
Exemplos: 
 o casal divorciado que se casa novamente não altera a 
sentença de divórcio, porém, pode-se casar novamente; 
 o filho que pede revisão da sentença alimentícia; 
 a pessoa que pede para mudar o nome e o juiz nega 
porque não havia motivo no entender do juiz para tanto, 
mas noutra época em razão de x propaganda o nome 
tornou-se ridículo. 
Nestes casos, não se está rescindindo a coisa julgada, 
mas sim se exigindo novo julgamento para a nova situação. 
Portanto, dizer que não há coisa julgada no art. 1.111 do 
CPC é erro elementar. 
CPC Art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem 
prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem circunstâncias 
supervenientes. 
 
 COMPETÊNCIA 
É a quantidade de poder atribuída a umdeterminado 
ente (órgão). É a medida do poder que cabe a algum ente. 
Logo, é uma limitação do poder. Nesse contexto, fala-se em 
competência legislativa, administrativa e jurisdicional. 
Cuidaremos da competência jurisdicional (civil). A 
competência, assim, é a distribuição de funções entre os 
diversos órgãos estatais. Assim, o órgão estatal somente 
pode exercê-lo nos limites de sua competência. 
A competência jurisdicional civil é a quantidade de 
poder jurisdicional atribuída a um determinado órgão. E 
observa os seguintes princípios: 
a) Princípio da tipicidade: a competência está 
prevista na legislação. É o legislador (sentido amplo) que 
determinará a competência. O fato dela ser típica não 
significa que ela tenha de ser expressa. Admite-se a 
chamada competência implícita. Ex: a Constituição Federal 
não diz que cabe ao STF julgar os embargos de declaração 
de seus julgados. Mas se ele não os julgar quem julgaria. O 
silêncio constitucional impõe que se descubra de quem é a 
competência. Não pode haver vácuo de competência. 
Algum órgão deve ser competente. Esta é a denominada 
competência implícita (IMPLIED POWER); 
b) Princípio da indisponibilidade: o órgão 
jurisdicional não pode se abster de proferir julgamento em 
ações de sua competência. O órgão jurisdicional não pode 
negar ou exigir a competência de outrem (ex: não pode 
escolher qual processo irá julgar). O legislador pode dar 
uma maior flexibilidade, permitindo que elas sejam 
modificadas sobre determinadas circunstâncias. Porém, 
quem determina esta modificação é o legislador, e não o 
titular do poder. 
 
REGRA DA COMPETÊNCIA DA COMPETÊNCIA (em 
alemão Kompetenzkompetenz): todo órgão jurisdicional 
tem a competência de examinar a sua própria competência. 
Também chamada de competência mínima (atômica). É o 
mínimo de competência que o órgão jurisdicional tem. 
TODOS JUÍZES TÊM. 
FORUM SHOPPING: fato da vida; que consiste na 
escolha do foro competente pelo autor; o autor escolhe o 
foro competente quando há vários foros igualmente 
competentes. Tem-se várias opções. Ex: lesão x honra x site 
x aconteceu em qualquer lugar do mundo. 
Logo, permite-se propor ação em qualquer lugar do 
mundo em que o site pode ser acessado. Pode-se demandar 
em qualquer lugar. As pessoas em regra buscam o país em 
que a jurisprudência é mais favorável aos pedidos de 
indenização por dano moral. 
O que não pode haver é o abuso deste direito de 
escolha. Ex: escolhe um foro que em nada lhe aproveita, 
mas em tudo prejudica o réu. Há um abuso, porque não traz 
nada de especial ao demandante e só prejudica o réu. 
A doutrina desenvolveu uma teoria para combater 
esta forma de abuso, a saber, FORUM NON CONVENIENS, a 
qual serve para afastar o abuso do FORUM SHOPPING, se a 
escolha não for conveniente é abusiva e o juiz pode recusar. 
Trata-se de teoria doutrinária do Direito da Escócia (civil 
Law). 
O STJ já tratou do assunto e não acatou este 
princípio, mas com certeza sua posição será modificada, 
pois a fundamentação deste argumento do STJ foi fraca, 
pois não levou em conta o princípio da boa-fé. 
 
 DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA 
A distribuição de competência é tarefa do legislador. 
A primeira distribuição é constitucional, que criou 5 justiças: 
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Justiça Federal, Justiça Estadual, Justiça Eleitoral, Justiça 
Militar e Justiça do Trabalho. 
J. FEDERAL, J. TRABALHISTA, J. MILITAR , J. 
ELEITORAL e J. ESTADUAL – competência residual – será de 
competência desta tudo aquilo que não for das 
supramencionadas justiças. 
Existe uma questão teórica sobre tal divisão. 
Vejamos: Imagine um juiz federal julgando uma causa 
militar. Perceba que é um juiz que não tem competência 
nos termos da CF. Falta competência no nível 
constitucional. 
A competência da Justiça Estadual é residual. O 
constituinte cuidou de enumerar a competência das 
demais, deixando a Justiça Estadual com uma competência 
residual. Todas as demais justiças são bancadas pela União, 
salvo a justiça militar estadual. 
O juiz sem competência prevista na CF profere 
decisões nulas ou inexistentes? Imagine um juiz do trabalho 
julgando uma causa eleitoral. Segundo Ada Pelegrine, esta 
decisão é inexistente, pois é uma decisão proferida em 
desrespeito a regra constitucional (ele é um não-juiz). 
Contudo, segundo a doutrina majoritária, trata-se de 
caso de invalidade da decisão, ou seja, a decisão é nula, que 
existe, porém, é viciada. Na decisão nula, é cabível ação 
rescisória. 
Após a distribuição constitucional, há a distribuição 
feita pela lei infraconstitucional. As leis federais e estaduais 
seguem a distribuição da competência em partes menores, 
até chegar ao regimento interno de um tribunal. 
A competência é determinada pela lei, mas o 
tribunal pode distribuí-la internamente por meio de seu 
regimento interno. O regimento interno recebe a 
competência que foi atribuída a determinado tribunal, 
distribuindo internamente. Ele não pode criar uma hipótese 
de competência, invadir o âmbito da reserva legal. Pode 
distribuí-la internamente pelos órgãos do tribunal. 
Tal distribuição é feito em abstrato (normas gerais 
que se aplicam a todas as pessoas). A lei não identifica o juiz 
da causa. Distribui sempre no plano geral e abstrato, assim, 
é preciso CONCRETIZAR a competência. Após a análise de 
todas estas normas, haverá condição de definir qual juiz é 
competente para julgar a causa. Examinando somente as 
leis (abstratas), não há como definir o órgão julgador 
competente, sendo preciso concretizá-las. Daí surge um 
fenômeno, a saber: 
 
 DETERMINAÇÃO OU FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
É preciso determinar ou fixar a competência para 
identificar qual órgão irá julgar determinada causa, pois 
apenas com a lei não é possível determiná-la. A fixação 
ocorre por meio do art. 43 do NCPC. 
 Art. 43. Determina-se a competência no momento do 
registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as 
modificações do estado de fato ou de direito ocorridas 
posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou 
alterarem a competência absoluta. 
Quando se dá a fixação da competência? Ocorre no 
momento do registro ou da distribuição da petição inicial 
onde se determinará o juízo competente para julgar a 
causa, sendo indispensável saber quando haverá o registro 
ou a distribuição da exordial. 
O momento de fixação da competência é um de dois: 
ou é da data da distribuição ou a data do registro nos casos 
em que só houver um juízo no foro. Se há uma vara, um só 
juiz  não há o que distribuir, logo, valerá a data do 
registro. Se houver mais de vara uma competente, a fixação 
dar-se-á com a distribuição. 
Fixada a competência, os fatos supervenientes não 
terão aptidão para que o processo saia do juízo. Trata-se de 
uma regra de estabilidade do processo, evitando que o 
processo fique transitando entre juízos. É o fenômeno 
denominado perpetuação da jurisdição (perpetuatio 
jurisdiciones). 
A regra da perpetuação tem duas exceções, ou seja, 
há dois fatos supervenientes que têm aptidão para quebrar 
a perpetuação da jurisdição, fazendo com que a causa saia 
daquele juízo e vá para outro, quais sejam: 
1º) nos casos de supressão do órgão 
judiciário/desaparecimento do órgão (ex: extinção do 
tribunal de alçada; extinguiu–se a vara); e 
2º) também quebra a perpetuação a alteração 
superveniente de competência absoluta, antes de proferida 
a sentença. Nos processos em que já havia sentença, o fato 
superveniente não incorrena quebra da perpetuação. 
 Em caso de alteração de competência material do cível 
para o juízo trabalhista, a apelação será encaminhada ao 
TRT? Não, tendo em vista que já houve prolação de 
sentença pelo juiz singular cível, podendo somente ser 
reformada pelo TJ. Obs.: tal questão aflorou após EC45. 
 
 CLASSIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
1. Competência originária e competência derivada 
Competência originária é a competência para 
conhecer e julgar as causas em primeiro lugar. A regra é a 
de que os juízos singulares (de primeira instância) tenham 
competência originária. Entretanto, há casos excepcionais 
em que uma demanda deve ser proposta originariamente 
perante o STF, STJ, TJ ou TRE, p. ex. O tribunal tem 
competência originária, embora seja excepcional (ex: julgar 
ação rescisória). 
Competência derivada é a competência para julgar a 
causa em nível de recursos recebendo a causa em um 
segundo momento (derivadamente). A regra é a de que a 
competência derivada seja dos tribunais. 
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Excepcionalmente, porém, o juiz de 1º grau pode ter 
competência derivada. Citemos dois casos de tal exceção: 
1º Embargos de declaração. Os embargos de 
declaração constituem exceção a regra da competência 
derivada, tendo em vista que o juiz singular julgara recurso 
interposto contra sua decisão; e 
2º Execuções fiscais de pequeno valor até 50 ORTN 
(aproximadamente R$ 500,00), em que o recurso contra 
sentença é julgado pelo próprio juiz que proferiu a sentença 
(art. 34 e p. 2º, da Lei 6.830/80). 
Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em 
execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações 
Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão 
embargos infringentes e de declaração. 
§ 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com 
documentos novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias 
perante o mesmo Juízo, em petição fundamentada. 
 
OBS.: no JEC o recurso é de competência da turma 
recursal, que é composta por juízes. Este caso seria uma 
exceção a regra? Não, pois o órgão com competência 
recursal é a turma recursal, e não o juiz singular. A 
competência é primordialmente derivada para os recursos. 
Já para o mandado de segurança seria originária. 
 
2. Competência absoluta e relativa 
Regras de competência absoluta: 
- São regras criadas para atender o interesse público, e, 
assim, não podem ser alteradas pela vontade das partes. E 
também não permite a modificação por conexão ou 
continência. 
- O desrespeito a estas regras gera a incompetência 
absoluta. Esta, por sua vez, pode ser conhecida ex officio ou 
pela provocação de qualquer das partes, por qualquer 
forma e enquanto estiver pendente o processo. Após o fim 
da ação, é cabível rescisória. 
- Essa alegação feita pelas partes, pode se dar por qualquer 
forma ou meio, não havendo forma pré-estabelecida (ex: 
escrita, oral etc.). Porém, apesar desta possibilidade, 
lembrar que o meio e o momento adequado para se alegar 
incompetência absoluta será em preliminar de contestação. 
 
Regras de competência relativa: 
- São regras criadas para atender o interesse particular, e, 
portanto, podem ser alteradas pela vontade das partes. 
- A incompetência relativa não pode ser reconhecida ex 
officio (Súmula 33 do STJ = A incompetência relativa não 
pode ser declarada de ofício.); somente o réu poderá alegá-
la. O réu deve alegá-la em preliminar de contestação, sob 
pena de preclusão, logo, o seu silêncio significará a 
aceitação do juízo. O juízo incompetente torna-se 
competente. 
A jurisprudência do STJ já admitia, ainda na vigência 
do CPC/73, a alegação de incompetência relativa nas 
preliminares da contestação, desde que não cause prejuízo 
ao autor. 
Todavia, atualmente, a questão já está pacificada, 
tendo o NCPC incorporado a jurisprudência do STJ. Veja-se: 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como 
questão preliminar de contestação. 
 
O MP pode alegar incompetência relativa, caso seja 
o réu incapaz. 
Princípio da competência sobre a competência 
(Kompetenzkompetenz) significa a possibilidade de todo o 
juiz para julgar a sua própria competência / incompetência. 
Na incompetência absoluta, o juiz o faz de ofício. Na 
incompetência relativa, o juiz deve ser provocado. 
A incompetência não gera a extinção do processo, 
mas sim a remessa dos autos para outro juízo, salvo (logo, 
gerará a extinção sem julgamento de mérito): 
 
 matéria ser de competência dos juizados especiais; e 
 competência internacional (ex: não há a possibilidade do 
juiz brasileiro remeter os autos ao juízo do México, 
ocorrendo a extinção do processo). 
Incompetência absoluta: gera a remessa dos autos 
ao juízo competente. Com o NCPC, não haverá mais a 
nulidade dos atos decisórios, pois o novel legislador 
processual incorporou ao texto legal o instituto da 
“translatio iudicii”, segundo o qual os atos decisórios terão 
seus efeitos conservados até serem revogados ou 
modificados pelo juízo competente. 
Art. 64, § 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-
se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra 
seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. 
Incompetência relativa: os atos decisórios não são 
anulados e gera tão-somente a remessa dos autos para o 
juízo competente. 
A possibilidade de alteração da competência relativa 
pelas partes pode ocorrer de duas formas: 
a) tácita, em que o réu não se opõe e gera alteração 
da competência; 
b) expressa, que ocorre por meio do foro de eleição 
(também denominado foro contratual). 
 
 O que é o foro de eleição? 
É uma cláusula contratual escrita de um negócio 
jurídico, na qual os negociantes/as partes escolhem o foro 
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onde causas relacionadas aquele negócio devem ser 
ajuizadas. 
Se houver foro de eleição, estas ações deverão ser 
interpostas no local escolhido. Não se pode escolher o juízo 
na cláusula de foro de eleição, apenas o território (logo, 
errado dizer fórum, o correto é dizer foro). 
Assim, as partes podem modificar a competência 
relativa, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de 
direitos e obrigações. Entretanto, a eleição de foro só 
produz efeito quando constar de instrumento escrito e 
aludir expressamente a determinado negócio jurídico. O 
foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
Observar, todavia, que antes da citação, a cláusula 
de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de 
ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao 
juízo do foro de domicílio do réu. Uma vez citado, incumbe 
ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro 
na contestação, sob pena de preclusão. 
Portanto, aos contratos de adesão, sempre que a 
cláusula de eleição de foro for abusiva, cabe ao réu alegar 
tal abusividade a fim de que o juiz repute a cláusula 
ineficaz. 
Síntese: 
Competência ABSOLUTA RELATIVA 
Critérios - Funcional 
- Material 
- Valorativo 
- Territorial 
Interesses 
protegidos 
- Interesse 
público. 
- Interesse 
privado. 
Derrogabilidade 
(possibilidade de 
abrir mão) 
- Não. - Sim (podem 
elegero foro). 
Conhecimento 
pelo juiz da 
violação (quando a 
regra for violada) 
- Poderá 
conhecer de 
ofício e a 
qualquer tempo 
ou grau de 
jurisdição. 
- Só pode ser 
conhecida 
mediante 
provocação das 
partes (Súmula 
33 do STF). 
Momento e modo 
adequado de 
alegação 
- Na preliminar 
de contestação. 
 - Na preliminar 
de contestação. 
Violação Remessa dos 
autos ao juízo 
competente 
Remessa dos 
autos ao juízo 
competente. 
 
 CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO / DE DISTRIBUIÇÃO DA 
COMPETÊNCIA 
Existe uma sistematização antiga (clássica) dos 
critérios de competência, que se divide em três: 
1) Critério objetivo; 2) Critério funcional; e 3) Critério 
territorial. 
1. Critério objetivo 
O critério objetivo é aquele que leva em 
consideração, para distribuir a competência, a demanda 
(problema que foi levado ao Judiciário). A parte pode 
demandar um despejo, uma cobrança, uma separação etc. É 
objetivo, pois toma por base um dado objetivo que é a 
demanda. 
A demanda, que é a provocação ao Judiciário, é 
composta por três elementos: 
a) partes; 
b) pedido; e 
c) causa de pedir. 
Qualquer desses elementos pode ser levado em 
consideração para fins de distribuição da competência (três 
sub-critérios de distribuição de competência). 
Os sub-critérios da competência são: 
a) em razão da pessoa (partes); 
b) em razão do valor da causa (pedido); e 
c) em razão da matéria (causa de pedir). 
 A vara privativa da Fazenda Pública foi criada em 
razão da pessoa; a presença do ente público é um dado 
relevante para definição da competência. É o que acontece 
também com as demandas que envolvem um ente federal. 
Há uma súmula 206 do STJ que precisa se 
examinada: 
Súmula 206 do STJ. A existência de vara privativa, 
instituída por lei estadual, não altera a competência territorial 
resultante das leis de processo. 
 
Suponha o Estado-membro demandado em comarca 
com vara única (não possua vara da Fazenda Pública) que 
requer o envio dos autos para comarca que possua vara 
privativa. Isso não deve prosperar, e o STJ entende que a 
vara privativa em comarca vizinha não altera competência 
territorial da comarca que possui vara única. 
Obs.: a criação de uma vara privativa não atrairá 
para ela causas que estão noutra comarca. 
 O pedido determina o valor da causa, em razão 
disso, criou-se outro critério de competência em razão do 
valor da causa. Quando se diz que o juiz fixou a 
competência em razão do valor, entende-se que ele utilizou 
o sub-critério do pedido (valor da causa). 
Tradicionalmente, a competência em razão do valor 
da causa seria uma competência relativa. Seria uma opção 
para a parte ir para uma vara estabelecida em razão da 
causa. 
Ademais, se o juiz extrapolasse o teto que foi 
estabelecido, seria absolutamente incompetente (ex: causa 
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com valor de 60 salários interposto na vara com causas até 
tal valor). 
Contudo, a lei dos juizados especiais mudou tal 
sistemática. Pessoa que vai para o juizado pleiteando mais 
que o teto fixado (40 salários mínimos), terá do juiz só o 
limite estabelecido na lei. Assim, o JEC não é incompetente 
e sim a pessoa que renuncia ao valor excedente. 
 OBS.: a lei dos juizados federais e juizados estaduais da 
fazenda pública inexiste opção. Onde houver juizado 
instalado deve ir pra lá. Caso de competência absoluta. 
Enfim, se o valor da causa estiver dentro do teto, 
cabe ao demandante escolher o juízo competente (ex: 
causa de 30 salários mínimos pode ser proposta perante a 
vara comum ou JEC). 
No JEC, se a causa tiver valor acima do teto, o 
julgador não discutirá a competência, entendendo que o 
autor renunciou o excedente. O que a sentença exceder no 
valor do teto, será ineficaz. Se a causa esta dentro do teto 
de 40 salários mínimos, o demandante poderá optar pelo 
JEC. 
No JEF, as causas que estão dentro do limite de 60 
salários mínimos, devem ser processadas necessariamente 
nos juizados federais. Não há uma opção, mas sim uma 
imposição, bem como no caso da lei dos juizados estaduais 
da fazenda pública. 
A competência definida pela causa de pedir (em 
razão da matéria) leva em consideração a natureza jurídica 
da relação discutida. A causa trabalhista, por exemplo, é da 
competência da Justiça do Trabalho. A ação de divórcio é da 
competência da vara da família. 
A competência em razão da matéria é SEMPRE 
absoluta. 
E da pessoa? 
Enfim, a competência objetiva (pessoa, matéria e 
valor) é sempre uma competência de vara (ex: vara dos 
juizados especiais, vara da fazenda, vara de família). 
 
2. Critério funcional 
No processo há diversas funções que devem ser 
exercidas pelo órgão jurisdicional. 
Quando o legislador distribui essas funções entre 
vários órgãos jurisdicionais, fala-se em competência 
funcional (competência originária e derivada são exemplos 
de competência funcional, a qual é absoluta). 
São funções exercidas dentro da ação (competência 
funcional): a) receber a petição inicial; b) instruir a ação; c) 
julgar a sentença, recurso, reconvenção e a cautelar; d) 
executar; e) declarar a inconstitucionalidade de lei pelo 
controle difuso etc. 
A competência funcional pode ser visualizada em 
duas dimensões: 
a) dimensão vertical; e 
b) dimensão horizontal. 
A competência funcional em dimensão vertical é 
visualizada entre instâncias; em instâncias diversas. A 
diferença entre instâncias gera visualização de competência 
funcional (ex: competência originária e derivada são 
espécies de competência funcional em uma perspectiva 
vertical). Também chamada de competência em razão da 
hierarquia (=vertical). 
A competência funcional em dimensão horizontal é 
uma distribuição que se faz na mesma instância, no mesmo 
nível hierárquico, no mesmo nível se distribui a 
competência. Ex: no processo penal, o juiz singular 
pronuncia  o plenário do júri condena e o juiz-
presidente dosa a pena. São funções exercidas na mesma 
instância. 
 
3. Competência territorial 
É aquele que identifica em que lugar (comarca) a 
causa deve ser processada. A competência territorial é, em 
regra, relativa e, assim, há casos em que a competência é 
territorial, mas é absoluta, sendo exceção a regra. 
Assim, ao longo do tempo, o legislador passou a criar 
regras de competência territorial absoluta. Por vezes, o 
legislador erra em confundir a competência territorial 
absoluta com a funcional. 
Exemplo clássico de tal confusão é o art. 2º da Lei de 
Ação Civil Pública (Lei 7.347/85), as ações serão propostas 
no foro do local onde ocorreram os danos, cujo juiz tiver 
competência funcional para processar a causa. 
A competência da ação coletiva no local do dano é 
de competência absoluta. O legislador, para não chamar de 
competência territorial, chamou de competência funcional 
ACP é competência territorial absoluta (mas fala-se em 
competência funcional). 
 Após, o ECA, nos termos do art. 209, dispôs que as 
ações serão propostas no foro do local onde ocorreu ou 
deva ocorrer o dano, cujo juiz terá competência absoluta. 
Neste dispositivo, o legislador não chamou de competência 
funcional. Aqui não se comete o erro da lei de ACP. Aqui há 
um aprimoramento nítido. 
 Segundo o art. 80 do Estatuto do Idoso 
(10.741/2003), as ações serão propostas no foro domicílio 
do idoso cujo juízo terá competência absoluta. Este 
dispositivo, em sua literalidade, deve ser aplicada em ações 
coletivas. 
Contudo, a interpretaçãomais correta parece ser 
aquela em que o idoso poderá optar pela interposição da 
ação individual em seu domicílio. O direito, quando protege 
o indivíduo, oferece uma opção ao beneficiário, e não uma 
imposição. 
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O parâmetro a ser seguido é o CDC (art. 101, inc. I - 
..a ação pode ser proposta no domicílio do consumidor...). 
Também é o caso do alimentando. 
Agora vejamos as regras básicas de competência 
previstas no NCPC: 
a) domicílio do réu (art. 46 do NCPC); e 
b) foro da situação da coisa (art. 47 do NCPC). 
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito 
real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de 
domicílio do réu. 
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no 
foro de qualquer deles. 
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele 
poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de 
domicílio do autor. 
§ 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no 
Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se 
este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em 
qualquer foro. 
§ 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes 
domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à 
escolha do autor. 
§ 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do 
réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. 
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre 
imóveis é competente o foro de situação da coisa. 
§ 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou 
pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de 
propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras 
e de nunciação de obra nova. 
§ 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de 
situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. 
Aqui temos situações em que o autor não pode optar, 
ele tem de propor a ação na situação da coisa. Nestas sete 
situações acima, o foro da situação da coisa é hipótese de 
competência absoluta. 
Ações reais imobiliárias – foro da situação do imóvel – foro “rei 
sitae” . 
Foros concorrentes: lugar da coisa, domicílio do réu ou eleição. 
 
Usufruto e enfiteuse  a situação da coisa será relativa. 
Exemplo de ações reais: 
Ação publiciana: ação pela qual se reivindica um bem de 
que se afirma proprietário, mas a pessoa não tem o título 
de propriedade. É ação reivindicatória sem título. 
 
 CONFLITO DE COMPETÊNCIA 
Inicialmente, cabe lembrar e dominar cada região a 
fim de resolver de pronto as questões de conflito de 
competência na prova. 
TRF5ª  Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco 
(SEDE), Alagoas. 
 
TRF4ª  Rio Grande do Sul (SEDE), Santa Catarina e Paraná. 
 
TRF3ª  São Paulo (SEDE) e Mato Grosso do Sul. 
TRF 2ª  Rio de Janeiro (SEDE) e o Espírito Santo. 
 
TRF 1ª os demais 14 estados que ficaram de fora, quais 
sejam: Piauí, Maranhão, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, 
Goiás, DF (SEDE), Tocantins, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, 
Amapá e Rondônia. 
 
 Conflito de competência? 
 É uma situação em que dois ou mais órgãos 
jurisdicionais discutem em torno da competência para 
julgar uma ou mais causas, podendo ser positivo (para 
julgar a causa) ou negativo (para não julgar a causa). O 
conflito é um incidente processual de competência 
originária de um tribunal (sempre será resolvido por um 
tribunal). 
O conflito é um incidente que pode ser provocado: 
 pelas partes, 
 pelo MP, ou 
 pelos próprios órgãos conflitantes. 
Se o MP não for o proponente, deverá intervir 
obrigatoriamente no incidente. É um caso de intervenção 
obrigatória do MP. 
Art. 66. Há conflito de competência quando: 
I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; 
II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, 
atribuindo um ao outro a competência; 
III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca 
da reunião ou separação de processos. 
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência 
declinada deverá suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro 
juízo. 
Não existe conflito se houver diferença hierárquica 
ente os conflitantes. Se um dos conflitantes revisa a 
decisão do outro, não há que se falar em conflito, 
prevalecendo a palavra do hierarquicamente superior (ex: 
não existe conflito entre o STF e os demais tribunais). 
Contudo, há conflito entre TJ (SP) e juiz do RJ do TJ de lá, 
por exemplo. 
Competência para examinar o conflito de 
competência. Competências do STF, STJ, TRFs/TJ. Método 
para decorar: STF e TRFs e TJs. 
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Competência do STF : SÓ julga conflito de Tribunal 
superior. 
Competência do TRF e TJ: só julgam conflitos de 
JUÍZES vinculados ao mesmo tribunal. Se tiver tribunal 
participando do conflito, a competência é do STJ. Se for 
juízes de tribunais diferentes, quem julga é STJ. 
OBS.: pegadinha de concurso  juiz estadual 
investido de função federal  conflito entre o juiz federal 
VS o juiz estadual investido de jurisdição federal. Quem 
julga tal conflito? Depende. Se estiverem vinculados ao 
mesmo TRF – este julgará, caso contrário será o STJ. 
Por fim, citou a: 
Súmula 3 do STJ. Compete ao tribunal regional federal 
dirimir conflito de competência verificado, na respectiva região, 
entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal. 
 
E também a súmula 348 e o RE 590.490: 
O STJ, no Informativo 406, aplicou o entendimento do STF (RE 
590409) e, contrariando a sua própria Súmula de nº 348, acolheu 
Embargos com efeitos infringentes para se declarar incompetente 
para resolver conflito de competência entre Juizados Especiais 
Federais e Juiz Federal de 1º grau de Jurisdição da mesma Seção 
Judiciária. Assim, ratifica a posição do STF no mencionado RE, 
entendendo que o competente é o próprio Tribunal Regional 
Federal. Veja abaixo a ementa do julgado: 
PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - AGRAVO 
REGIMENTAL - COMPETÊNCIA DO STJ PARA PROCESSAR E JULGAR 
O CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - JUIZADO ESPECIAL 
FEDERAL E JUÍZO COMUM FEDERAL - RE 590.409 - ACLARATÓRIOS 
ACOLHIDOS - REMESSA DOS AUTOS AO TRF DA 4ª REGIÃO. 
2. O Supremo Tribunal Federal ao julgar recurso extraordinário 
590.409, pendente de publicação, reconheceu que o STJ é 
incompetente para dirimir os conflitos de competência entre 
Juizado Especial Federal e Juízo Federal Comum da mesma sessão 
jurisdicional, uma vez que essa competência é do respectivo 
Tribunal Regional Federal. Embargos de declaração acolhidos, com 
efeitos infringentes, para reconhecer a incompetência deste 
Tribunal e determinar a remessa dos autos ao Tribunal Regional 
Federal da 4ª Região para o deslinde do conflito. 
Destaque-se que o STJ deverá reformular, em breve, a súmula 
supramencionada. 
 
 CONEXÃO E CONTINÊNCIA 
Havendo duas causas pendentes iguais, surge o 
fenômeno da litispendência. Existe outro sentido da palavra 
litispendência, significando o período de tempo que se 
compreende o nascimento e a morte do processo, isto é, a 
vida do processo (o fluir da existência do processo se chama 
litispendência). 
É correto afirmar que o recurso prolonga a 
litispendência, pois ele evita que o processose extingue. A 
junção de processos conexos ou continentes é facultativa, 
observando-se a conveniência e a economia processual. 
Entre os extremos pode surgir a seguinte relação: 
duas causas independentes, distintas, mas que possuem 
relação entre si. Existe um nexo entre elas. Conexão e 
continência é um vínculo que aproxima duas causas 
distintas entre si. Se fossem iguais seria litispendência. Se 
não tivesse vínculo seria irrelevante. Só pode falar de 
conexão se não houver litispendência. 
 
 CONEXÃO 
Há possibilidade de haver causas não iguais, porém, 
que guardam alguma semelhança ou vínculo entre si. Este 
fato é denominado de conexão. A conexão é a relação 
entre processos/causas distintas que guardam entre si 
algum vínculo. Trata-se de um fato processual relevante. 
A conexão reúne causas distintas com trâmite em 
juízos diferentes, para que um mesmo juízo processe e 
julgue. Um juízo adquire competência para julgar uma 
causa, fazendo com que outro a perca. A causa sai de um 
juízo e vai para o outro. Um juízo perde a competência para 
julgar a causa. E outro ganha a competência para julgar a 
causa conexa. Tal competência nova, a que surge, é 
ABSOLUTA. 
A conexão tem o propósito de economia processual 
e de evitar decisões contraditórias entre juízos. A conexão 
é causa de modificação de competência RELATIVA. Se 
ambos os juízes tiverem competência absoluta, ainda que 
haja conexão, não haverá reunião de processos! OBS.: 
conexão é um fato. É a semelhança de causas pendentes. 
Os efeitos da conexão são outros: reunião e 
processamento simultâneo. 
A conexão propriamente dita não é a mera reunião 
dos processos, sendo esta os efeitos ou consequências 
daquela. A importância desta distinção é a de que pode 
haver conexão sem haver reunião de processos. 
Ex1: ação cível e ação de família; 
Ex2: competência funcional entre juiz singular e 
tribunal; e 
Ex3: se uma das causas já foi julgada. 
Súmula 235 do STJ. A conexão não determina a reunião dos 
processos, se um deles já foi julgado. 
 
A conexão muda uma regra de competência relativa 
e muda a competência para um juízo em que as causas 
serão reunidas, daí surge uma regra de competência 
absoluta. Assim se faz necessário distinguir a alegação de 
incompetência relativa X da alegação de conexão. Enfim, 
são institutos diversos e não se deve confundi-los. 
Alegar modificação de competência relativa em 
razão da conexão não é a mesma coisa que alegar a 
incompetência relativa (dizer que o juiz não tem 
competência relativa). 
 
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OS: 0118/2/19-Gil 
 
Alegação de 
modificação de 
competência relativa 
Alegação de 
incompetência 
relativa 
Legitimidade 
Qualquer das partes 
pode suscitar a 
questão, além de o 
órgão jurisdicional 
poder conhecê-la ex 
officio 
Somente o réu pode 
suscitar a questão 
Efeito do 
acolhimento 
Remessa dos autos ao 
juízo prevento 
Remessa dos autos ao 
juízo relativamente 
competente 
Forma de 
alegação 
No bojo da petição 
inicial ou contestação, 
por simples petição ou 
até mesmo oralmente 
Preliminar de 
contestação 
Momento 
Enquanto o processo 
estiver pendente 
No primeiro momento 
que couber ao réu 
falar nos autos, sob 
pena de preclusão 
 
Assim, a conexão pode ser conhecida de ofício pelo 
juiz ou suscitada por qualquer das partes. Para evitar que 
haja decisões contraditórias, uma ação ficará suspensa até o 
julgamento da outra. A suspensão também será um efeito 
da conexão, nestes casos em que não há possibilidade de 
reunião dos processos. 
O autor costuma alegar a conexão por meio da 
petição inicial. Para haver conexão, basta que um dos 
elementos objetivos da ação (causa de pedir ou pedido) 
sejam similares. 
 
NCPC Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações 
quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. 
 Os processos serão unificados no juízo prevento. O 
registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o 
juízo. 
 
 CONTINÊNCIA 
Trata-se de um exemplo de conexão. A conexão e a 
continência produzem os mesmos efeitos: 
1. Modifica a competência relativa. Essa 
semelhança faz com que haja uma modificação da competência 
relativa. De que maneira? Uma causa sai de um juízo e vai para o 
outro juízo. Um juízo perde a competência para julgar uma causa, 
e outro ganha a competência. Junta-se os dois processos em um 
só juízo; 
2. Reúne as causas em um mesmo juízo para que elas 
processem-se simultaneamente; e 
3. Processem-se as causas simultaneamente. 
 
Pressupõe um juízo competente, mas que perde a 
competência porque existe uma semelhança entre as 
causas e a lei diz que devem ser reunidas em outro juízo 
para processar a causa. Na continência, as causa são quase 
iguais. 
Ambas possuem as mesmas partes e causa de 
pedir, mas o pedido de uma abrange o pedido de outra (ex: 
uma ação pede para anular cláusula do contrato e outra 
pede para anular integralmente o contrato). 
NCPC Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações 
quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, 
mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. 
O NCPC dá a conexão e a continência o mesmo 
tratamento jurídico (as consequências são as mesmas). 
Toda continência é uma conexão? Se há continência, as 
causas de pedir são iguais. Porém, se há conexão, nem 
sempre terá as mesmas causas de pedir e a conexão mais 
ampla, toda continência será uma conexão. 
A continência, portanto, é uma espécie de 
conexão, que tem o mesmo tratamento de outras espécies 
de conexão. Só haverá continência se o pedido da primeira 
ação for menor que o da segunda. Se for contrário, haverá 
litispendência parcial, e não continência. 
O conceito legal de conexão trazido pelo CPC/73 
era insuficiente, pois revelava hipótese MÍNIMA de 
conexão. Portanto, as hipóteses de conexão eram muito 
mais amplas do que o previsto no antigo art. 103 do 
CPC/73. 
Havia outros exemplos, como o da ação de 
alimentos e da investigação de paternidade. Veja: pedidos 
diversos e causas de pedir diversas. Mas há conexão entre 
elas, há um vínculo entre essas causas que justifica a 
reunião dos processos. 
Enfim, na ação de alimentos e na ação de 
investigação de paternidade, os pedidos e a causa de pedir 
são distintos, porém, não há dúvida de que há conexão. 
Imagine se um juiz sentencie declarando que o réu não é 
pai, e outro juiz condene ele ao pagamento de alimentos. 
Outro exemplo é o caso do despejo por falta de 
pagamento e a consignação em pagamento dos aluguéis, os 
pedidos e a causa de pedir são distintos, entretanto, trata-
se de um caso de conexão. 
Como se faz para descobrir hipóteses de conexão 
fora do conceito legal? Para chegar à resposta, deve-se 
indagar: “A solução de uma causa interfere* de alguma 
maneira na solução de outra?” Se a resposta for positiva, 
há conexão. *interfere (ler  prejudica). Trata-se da 
conexão por prejudicialidade. 
Este fenômeno da conexão diversa do art. 103 se 
denomina de prejudicialidade. A prejudicialidade implica na 
conexão, em razão desse vínculo entre causas. Frise-se que 
isso é pacífico. 
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O NCPC, admitindo estaespécie de conexão, 
atualmente regulamenta expressamente esta nova 
modalidade em seus § § 2º e 3º do art. 55. Note-se: 
§ 2o Aplica-se o disposto no caput: (faz menção à conexão) 
I - à execução de título extrajudicial e à ação de 
conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; 
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. 
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos 
que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou 
contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem 
conexão entre eles. 
Porém, faz-se necessário saber que as demanda 
conexas e continentes serão reunidas em um único órgão 
jurisdicional (juízo) a fim de receber julgamento conjunto. 
Este único órgão é denominado juízo prevento. 
Assim, atualmente, o tema é regulado pelos artigos 
58 e 59 do NCPC: 
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no 
juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. 
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna 
prevento o juízo. 
Assim, tem-se duas regras de prevenção, a saber: 
 Prevento é o juízo onde ocorreu em primeiro 
lugar o registro da inicial quando na comarca houver um único 
juízo competente; e 
 Prevento é o juízo identificado pela primazia da 
distribuição quando na comarca houver mais de um juízo 
competente para a demanda. 
 
CAUSAS REPETITIVAS (causas homogêneas ou 
isomórficas) 
Tais ações são aquelas em que há um mesmo tipo 
de tese sendo discutida. Há um padrão. Ocorre quando um 
juiz prolata a primeira decisão, sendo que ela servirá de 
modelo para outras que chegarem. Ex: os expurgos 
inflacionários no FGTS, nas contas de poupança, 
empréstimos compulsórios, causas tributárias, causas de 
reajuste de servidor, causa previdenciárias. 
Problema entre a Folha de SP e a Igreja Universal: a 
Folha fez uma reportagem no final de 2007 sobre a Igreja 
Universal. A Folha foi surpreendida por 70 ações de fiéis, 
nos mais diferentes lugares do país, alegando que após a 
reportagem eles foram chamados de otários. São 70 ações 
com petições iguais e com o mesmo advogado. Não há dano 
moral contra as pessoas, mas poderia haver contra a Igreja. 
A Igreja bancou as demandas sempre em cidades 
do interior, contra a Folha e contra a repórter para 
prejudicar e encarecer o caso, sendo que algumas 
audiências foram marcadas para o mesmo dia em locais 
diversos. 
Pergunta-se: há conexão entre essas ações? Os 
pedidos não são iguais porque cada um pede a sua 
indenização. Eles são parecidos. As causas de pedir 
também não são iguais porque cada um alega a sua lesão. 
Mas as causas indiscutivelmente se parecem. Todas elas se 
originam da mesma reportagem. Não se aplica o conceito 
legal de conexão, nem o conceito ampliado. Um pode 
ganhar, outro pode perder, não existe relação entre essas 
causas. 
Poderia tranquilamente substituir esses exemplos 
pelos dos consumidores que vão a juízo para não pagar 
tarifa básica de telefonia. Outro exemplo análogo seria dos 
contribuintes de todo Brasil não quererem pagar 
determinado imposto alegando ser ele inconstitucional. 
São exemplos de causas repetitivas. São causas 
que se parecem, discutem uma mesma tese, tem origem no 
mesmo fato, mas não há entre elas vínculo, não discutem 
uma mesma relação jurídica, não são conexas no sentido 
tradicional. Era unânime de que não haveria conexão. 
Mas surge um novo modelo de conexão que ao 
invés de reunir, escolhe-se uma ou duas causas que 
representem bem a controvérsia, paralisa o processo de 
todas as outras, estas escolhidas sobem, serão decidas e a 
decisão delas vale para todas que foram suspensas. Faz-se 
um julgamento por amostragem. Uma amostra esta que 
consiga revelar bem a controvérsia. No entanto, esta 
modalidade de conexão, na sistemática do CPC/73, só era 
aplicável no âmbito dos recursos especial e extraordinário. 
Agora, no NCPC, continua a incidência no Resp. e RE 
repetitivos, bem como no incidente de resolução de 
demandas repetitivas e na assunção de competência. 
 
 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL 
A competência da Justiça Federal está prevista em 
dois artigos da CF. O artigo 109 prevê a competência dos 
juízes federais. Já o artigo 108 prevê a competência dos 
TRF’s. São regras constitucionais taxativas. 
Existe uma figura esdrúxula chamada de juiz 
estadual investido de jurisdição federal (art. 109, p. 3º, da 
CF). É preciso que se preencham dois pressupostos de 
forma cumulativa: 
 1º) na localidade não haja sede da JF (pressuposto 
objetivo); e 
 2º) autorização legal expressa. 
Mas que autorização legal expressa? A 
Constituição previamente permite que causas 
previdenciárias e assistenciais contra o INSS, quando não 
haja vara federal no domicílio do cidadão, sejam julgadas na 
justiça estadual. 
Todavia, também é possível autorização por meio 
de leis infraconstitucionais. A CF permite que leis federais 
criem outras autorizações como: a) execução fiscal; b) 
usucapião especial rural; c) cumprimento de cartas 
precatórias federais para juízes estaduais; d) justificações 
perante ente federal. 
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O recurso será encaminhado ao TRF. Sendo criada 
posteriormente uma vara federal, os processos serão 
remetidos para esta. É fato novo, portanto, quebra a 
perpetuação. 
OBS.: não se trata de exemplo de causa que o juiz estadual faz às vezes do 
federal: ação civil pública federal. Esta será sempre ajuizada perante a 
Justiça Federal. 
 
 O mandado de segurança previdenciário tem de ser 
impetrado na Justiça federal; é uma ação previdenciária 
que escapa àquela “permissão” supramencionada, 
consoante (Súmula 216 do extinto TFR) ainda aplicada 
pelo STJ. 
 
216. Compete à Justiça Federal processar e julgar mandado 
de segurança impetrado contra ato de autoridade 
previdenciária, ainda que localizada em comarca do interior. 
Súmula do STF  689. O segurado pode ajuizar 
ação contra a instituição previdenciária perante o juízo 
federal do seu domicílio ou nas varas federais da Capital do 
Estado‑Membro. 
Deve-se observar que a nova regulamentação do 
CPC/2015 aduz que: 
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os 
autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier 
a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e 
fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na 
qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações: 
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e 
acidente de trabalho; 
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho. 
 
Agora veremos as regras de competência, uma a uma. 
A competência da JF se divide em: 
a) razão da pessoa (art. 109, incisos I, II e VIII); 
b) em razão da matéria (art. 109, incisos III, V-A, X e XI); 
c) funcional (art. 109, inciso X). 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa 
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, 
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de 
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional 
e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; 
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com 
Estado estrangeiro ou organismo internacional; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º 
deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº45, de 2004) 
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de 
autoridade federal, excetuados os casos de competência dos 
tribunais federais; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, 
a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença 
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à 
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. 
 
Os demais incisos são de competência criminal. 
Obs.: são três incisos em razão da pessoa, mas não 
é só em razão da pessoa que cuida tal artigo. 
 
 COMPETÊNCIA DA JF EM RAZÃO DA PESSOA 
Inciso I - As causas em que a União, entidade 
autárquica ou empresa pública federal forem interessadas 
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, 
exceto as de falência, acidentes de trabalho e sujeitas à 
Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 
OBS.: 
 Para a sociedade de economia mista federal a 
competência é da Justiça Estadual – JE. Ex: Petrobras, 
Banco do Brasil, Banco do Nordeste; 
 Entidade autárquica é um gênero que inclui as espécies 
de autarquias (INSS, Banco Central etc.); as fundações 
públicas (FUNAI etc.); os conselhos de fiscalização 
profissional (Conselho de medicina etc.); e as agências 
reguladoras federais; 
 O MP Federal não é órgão da União e nem entidade 
autárquica. A simples presença do MPF em juízo não faz 
com que a causa seja da JF, consoante entendimento 
majoritário na doutrina. Contudo, há decisão do STJ em 
sentido diverso, dizendo que a presença do MPF faz com 
que a causa seja da JF (Resp 440.002). Enfim, o MPF 
pode atuar na Justiça Estadual. 
Somente o juiz federal tem a competência para 
dizer a legitimidade destes entes federais. Um juiz estadual 
não tem competência para avaliar se há ou não interesse 
que justifique a participação. 
O juiz estadual, diante do pedido de um ente 
federal para intervir no feito, deverá remeter os autos a JF, 
visto que o juiz estadual não tem competência para avaliar 
se o ente federal pode ou não intervir. 
Súmula 150 do STJ. Compete a justiça federal decidir sobre a 
existência de interesse jurídico que justifique a presença, no 
processo, da união, suas autarquias ou empresas públicas. 
 
 Se o juiz federal, ao examinar a questão, não aceitar a 
intervenção do ente federal, devolverá os autos ao juiz 
estadual. 
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Súmula 224 do STJ. Excluído do feito o ente federal, 
cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, 
deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. 
 O juiz estadual deverá aceitar a decisão do juiz federal, 
não competindo a ele a discussão. 
Súmula 254 do STJ. A decisão do Juízo Federal que 
exclui da relação processual ente federal não pode ser 
reexaminada no Juízo Estadual. 
 
Há quatro exceções em que a causa não tramita na 
JF, mesmo que haja ente federal envolvido na causa: 
a) falência; 
b) eleitoral; 
c) trabalhista; 
d) relativas a acidente do trabalho. 
Causas trabalhistas sempre tramitam na Justiça 
do Trabalho. As empresas públicas têm regime funcional 
celetista. Neste caso, o servidor público terá processo 
tramitando perante a Justiça do Trabalho. Ex: mesmo que 
seja um caso de um empregado celetista de um ente 
federal, como no caso de celetista vs CEF. 
Falência é uma causa que sempre tramita 
perante a Justiça Estadual, ainda que haja interesse federal, 
abrangendo casos de insolvência civil e recuperação 
empresarial. 
Causas relativas a acidente do trabalho não 
podem ser processadas na JF. A ação acidentária pode 
decorrer de: a) acidente trabalhista (ação acidentária 
trabalhista); e b) acidente de outra natureza. Ocorrido o 
acidente de trabalho, surgem para a vítima duas 
pretensões/dois direitos: 
1º) direito à indenização (contra o empregador – 
perante a JT). A ação acidentária trabalhista indenizatória é 
uma ação contra o empregador, devendo ser proposta 
perante a Justiça do Trabalho; e 
2º) pretensão previdenciária (contra o INSS – aqui 
a causa é sempre da Justiça Estadual). Ação acidentária 
trabalhista previdenciária é uma ação a ser proposta contra 
o INSS, devendo ser proposta, por expressa previsão 
constitucional, perante a Justiça Estadual. Por fim, ações de 
revisão deste benefício decorrente do acidente também 
tramitam na Justiça Estadual. Pouco importa se no 
município tem vara federal, isso é irrelevante. 
Quando o acidente é de outra natureza  a 
pretensão indenizatória será proposta na JE ou JF, a 
depender da natureza jurídica do responsável pelo 
acidente. Ex: acidente de consumo – máquina bichada – 
empresa privada - Brastemp. 
Contudo, a ação previdenciária decorrente do 
acidente de outra natureza contra o INSS deverá ser 
proposta na JUSTIÇA FEDERAL, visto que a Constituição 
Federal somente excepciona as ações previdenciárias 
decorrentes de acidente de trabalho. 
 Inciso II - as causas entre Estado estrangeiro ou 
organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou 
residente no País; (se fosse U, E, DF  STF) 
O recurso ordinário constitucional – ROC irá para o 
STJ. 
Segundo o princípio da IMUNIDADE DE 
JURISDIÇÃO, o Estado estrangeiro não se sujeitará a 
jurisdição de outro Estado soberano. 
Ocorre que, a imunidade se refere a questões 
relativas a soberania do Estado (ex: os EUA negam visto a 
brasileiros; não se podendo discutir esta questão na 
jurisdição brasileira). 
Porém, não se aplica na discussão de atos privados 
do Estado (ex: ação de cobrança contra o presidente da 
França; veículo da embaixada americana colide contra 
veículo de brasileiro). 
Se o Estado estrangeiro se recusar a adimplir a 
condenação proferida pelo juiz federal, nada se poderá 
fazer. Cabe, neste caso, a resolução por meio das vias 
diplomáticas. 
Inciso VIII - Os mandados de segurança e os habeas data 
contra ato de autoridade federal, excetuado os casos de 
competência dos tribunais federais. 
O segredo é saber o que é autoridade federal. Isso 
porque, há autoridades federais que não são funcionários 
públicos federais. Desse modo, haverá possibilidade de uma 
autoridade privada ter contra si um MS tramitando na JF. As 
autoridades das instituições privadas de ensino superior 
tem o MS tramitando perante a JF (ex: reitor da 
universidade católica). 
Súmula 60 do TFR. O mandado de segurança contra autoridade 
privada federal é da competência da Justiça Federal. 
 
 COMPETÊNCIA DA JF EM RAZÃO DA MATÉRIA 
Inciso III - As causas fundadas em tratado ou contrato da 
União com Estado estrangeiro ou organismo internacional. 
A jurisprudência entende que somente irá para JF 
se a causa tiver fundamento em TRATADOS 
INTERNACIONAIS. Ainda que seja uma causa de família. 
Ex1: “sequestro” internacional de criança. 
Ex2: os alimentos internacionais ocorrem quando o 
domiciliado no estrangeiro demanda seu pai, residente no 
Brasil, perante a JF. 
Contudo, é preciso que a causa se funde 
exclusivamente em tratado. Se houver dir. interno que 
cuido do assunto aí não é mais da justiça federal; pouco 
importa as pessoas. 
Inciso V-A - Compete a JF julgar as causas relativas a 
direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo. 
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CF, Art. 109, § 5º - Nas hipóteses de grave violação de direitos 
humanos, o PGR, com a finalidade de assegurar o cumprimento de 
obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos 
humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o 
STJ, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de 
deslocamento de competência para a Justiça Federal. 
Imagine que há, em âmbito estadual, um inquérito 
policial ou civil que envolva um caso de grave violação de 
direitos humanos. O procurador-geral da República poderá 
requerer ao STJ o incidente de deslocamento de 
competência para a JF. 
É certo que este dispositivo partiu da premissa que 
a JF é mais estruturada que a JE. Ocorre que, nem sempre 
isso ocorre. 
O STJ entendeu que somente poderá haver 
deslocamento se provar a ineficiência ou inaptidão das 
autoridades estaduais. O STJ identificou um pressuposto 
implícito de aplicação do deslocamento de competência, 
que é a ineficiência ou inaptidão das autoridades estaduais 
(aqui falamos de duas searas, a saber: âmbito penal e 
âmbito civil). 
Inciso X - Homologação das causas referentes à 
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização. 
Inciso XI - O inciso diz respeito aos direitos dos índios 
coletivamente considerados 
Ex1: demarcação de terras indígenas; Ex2: 
Genocídio; Ex3: Possessória ajuizada por uma tribo 
Problema individual  justiça estadual. 
Súmula 140 do STJ. Compete a justiça comum estadual processar e 
julgar crime em que o indígena figure como autor ou vitima. 
 
 COMPETÊNCIA DA JF FUNCIONAL 
Inciso X - Trata-se do cumprimento de carta 
rogatória e execução sentença estrangeira. 
 
 COMPETÊNCIA DO TRF 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
I - processar e julgar, originariamente: 
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados 
seus ou dos juízes federais da região; 
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra 
ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; 
e) os conflitos de competência entre juízes federais 
vinculados ao Tribunal; 
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes 
federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência 
federal da área de sua jurisdição. 
A competência do TRF é dividida em: 
1. Originária – inciso I; 
2. Derivada – inciso II. 
A competência do TRF é só funcional. Não tem 
nada a ver com matéria ou com pessoa. A competência 
originária do TRF se divide em 3: 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais 
Federais: 
I - processar e julgar, originariamente: 
b) as revisões criminais e as ações rescisórias 
de julgados seus ou dos juízes federais da região; 
c) os mandados de segurança e os "habeas-
data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz 
federal; 
e) os conflitos de competência entre juízes 
federais vinculados ao Tribunal; 
ART. 108. COMPETE AOS TRIBUNAIS REGIONAIS 
FEDERAIS: 
I - PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE: 
B) AS REVISÕES CRIMINAIS E AS AÇÕES RESCISÓRIAS DE 
JULGADOS SEUS OU DOS JUÍZES FEDERAIS DA REGIÃO; 
 
 Cabe ao TRF processar e julgar ação rescisória de seus 
julgados ou de julgados de juízes federais. Se se quer 
rescindir um julgado do TRF ou a sentença de um juiz 
federal, a competência é do TRF. 
Todo tribunal julga a rescisória de seus julgados. Não tem 
exceção! 
 
Só que o TRF julga também a rescisória dos juízes 
federais. 
O TJ da BA julgou uma causa contra o Banco do 
Brasil. A União quer propor uma rescisória desse acórdão 
como terceira. Onde? TRF ou TJ? 
Vai propor no TJ. Se a causa é de tribunal se aplica 
o art. 108 e não o art. 109. 
O TRF não julga rescisória do TJ mesmo se a União 
for autora. Todo tribunal julga a rescisória dos seus 
julgados. 
ART. 108. COMPETE AOS TRIBUNAIS REGIONAIS 
FEDERAIS: 
I - PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE: 
C) OS MANDADOS DE SEGURANÇA E OS "HABEAS-DATA" 
CONTRA ATO DO PRÓPRIO TRIBUNAL OU DE JUIZ FEDERAL; 
 
O TRF julga MS e HD dos seus atos ou dos juízes 
federais. Se o ato foi do TRF será o próprio TRF. MS contra 
ato de tribunal quem julga é o próprio tribunal. 
Todo tribunal julga o MS dos seus atos, sempre. 
 
 
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OS: 0118/2/19-Gil 
ART. 108. COMPETE AOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS: 
I - PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE: 
E) OS CONFLITOS DE COMPETÊNCIA ENTRE JUÍZES FEDERAIS 
VINCULADOS AO TRIBUNAL; 
 
O TRF julga o conflito de competência entre juízes 
federais. O STJ editou a súmula 3 que atribui competência 
ao TRF entre conflito entre juiz federal e juiz estadual 
investido de jurisdição federal. 
Súmula 3 do, STJ: Compete ao Tribunal Regional 
Federal dirimir conflito de competência verificado, na 
respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido 
de jurisdição federal. 
Isso não está na CF. O STJ interpretou 
extensivamente alínea e. 
 
 MODELOS DE PROCESSOS 
Antes de se falar da teoria da ação aborda-se o 
seguinte tema: MODELOS DE PROCESSOS, quais sejam: 
ACUSATÓRIO /DISPOSITIVO /ADVERSARIAL: as 
partes são as protagonistas do processo (iniciam o 
processo, identificam o que deve ser discutido). O juiz será 
um fiscal e decidirá; e 
INQUISITIVO / INQUISITORIAL: modelo que 
confere ao órgão jurisdicional muitos poderes (condução, 
conhecer de ofício). O juiz é o grande protagonista. 
Daí surgiram os princípios*: dispositivo (partes) e 
inquisitivo (juiz). 
 *princípio não como norma, mas como uma 
orientação. 
Contudo, não há um processo puro (em alguns 
aspectos o processo é dispositivo e noutros inquisitivo). 
Assim, pode se falar que ele é preponderantemente 
dispositivo ou inquisitivo. Enfim, o processo não é puro. 
Atualmente, já se fala na existência de um terceiro 
modelo de PROCESSO COOPERATIVO (sem protagonismos). 
O processo se desenvolve de forma simétrica, fundada na 
boa-fé, partes e juiz agem de forma simétrica. 
O processo não é um diálogo só das partes. 
Também não é um monólogo como se pensava no modelo 
inquisitivo. Mas sim o diálogo em que todos devem 
cooperar para se chegar numa decisão mais justa. 
Inexiste uma assimetria entre juiz e partes na 
condução do processo. O juiz só se destaca no momento de 
decidir (este é o papel dele). A condução do processo é 
cooperativa. Este parece ser o modelo ideal à CF (a 
democracia). 
Tal modelo gera deveres. O juiz tem deveres a 
cumprir os quais decorrem do princípio da cooperação, o 
qual decorre do devido processo legal e da boa-fé. Impõe 
deveres de cooperação entre as partes (inclusive para o 
juiz). 
Esse princípio foi incorporado pelo novo CPC: art. 
5o Aquele que de qualquer forma participa do processo 
deve comportar-se de acordo com a boa-fé. 
Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar 
entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão 
de mérito justa e efetiva. 
O princípio da cooperação é uma decorrência do da 
proteção da boa-fé objetiva. 
 
A boa-fé, como padrão ético de conduta, deve ser 
respeitada em qualquer relação. Inclusive no processo. Boa 
- fé, aqui, é objetiva, é uma regra de conduta. 
Todas as partes devem se comportar de acordo 
com o que todos entendem como ético e legal. 
Isso gera para os sujeitos o dever de comportar-se 
de acordo com a boa-fé, precisando, para isso, haver 
cooperação entre eles. 
Hoje o alcance desta regra é mais abrangente 
porque atinge também o juiz que agora também é sujeito 
da relação processual, devendopaltar sua conduta de 
acordo com a boa-fé objetiva. 
O processo é simétrico em sua condução. Todos 
devem cooperar entre si, cada qual com o seu interesse. 
Deve defender o seu interesse, mas com lealdade, inclusive 
o juiz. Todos devem cooperar para que o processo chegue a 
um final justo o mais breve possível. O princípio gerou para 
o juiz 3 deveres: 
1. Dever de esclarecimento; 
2. Dever de proteção ou prevenção; 
3. Dever de consultar. 
 
1. DEVER DE ESCLARECIMENTO: 
O juiz tem o dever de ser claro em sua exposição. 
Seria uma deslealdade usar uma linguagem que ninguém 
entende. A lealdade impõe que o juiz seja claro em sua 
exposição. Também tem o dever de pedir para que a parte 
esclareça seus requerimentos. Ele tem o dever de pedir 
esclarecimentos. Se a parte faz requerimento que deixe 
dúvida, o juiz não pode indeferir sem antes dar a parte o 
direito de esclarecer o que se quer. 
 
2. DEVER DE PROTEÇÃO OU PREVENÇÃO: 
O juiz tem o dever de, verificada a existência de um 
defeito no processo, apontar esse defeito, determinar a sua 
correção e o modo como será corrigido. 
O juiz não pode, percebendo que o processo tem 
um defeito, ficar calado esperando que as partes se 
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OS: 0118/2/19-Gil 
manifestem. Deve mandar a parte corrigir o defeito dizendo 
qual é e como se corrige. O NCPC aduz que o juiz não pode 
indeferir a petição inicial sem que antes dê a oportunidade 
para a parte emendá-la. 
OBS: o NCPC prevê o princípio da primazia do 
julgamento de mérito segundo o qual o juiz deve 
oportunizar amplamente as partes a oportunidade de 
corrigir vícios e/ou irregularidades processuais a fim de se 
evitar a extinção do processo sem julgamento de mérito. 
 
3. DEVER DE CONSULTAR 
A parte tem o direito de manifestar-se sobre todas 
as questões relevantes para a decisão da causa. O juiz, 
portanto, não pode proferir uma decisão com base em 
questão de fato ou de direito, mesmo aquelas conhecíveis 
ex officio, sem antes dar oportunidade para a parte se 
manifestar. O juiz tem o dever de consultar as partes sobre 
uma questão que ele entenda que é relevante (de fato ou 
de direito) e que não foi alvo de debate ainda (não houve o 
contraditório). 
O NCPC trouxe expressamente a regulamentação 
desta possibilidade: 
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem 
que ela seja previamente ouvida. 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de 
jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se 
tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se 
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
Assim, o NCPC consagra o princípio da cooperação 
em sua perspectiva de dever de consulta que qualifica o 
controle. 
 
 TEORIA DA AÇÃO 
1. Acepções da palavra ação: há três acepções da 
palavra “ação” importantes para o direito que são: acepção 
constitucional, acepção processual e acepção material. 
1.1. Acepção constitucional (Direito de Ação) 
Nesta acepção, a ação é o direito de acesso a 
justiça. É o direito de buscar o Judiciário para satisfazer o 
seu direito. Está vinculado ao princípio da inafastabilidade, 
em que se estuda o direito de acesso a justiça (art. 5, inc. 
XXXV, da CF). 
Art. 5º. (...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação 
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
Desse modo, pode-se dizer que o direito de ação é 
um direito: 
a) fundamental; 
b) público (porque exercido contra o Estado); 
c) abstrato (é o direito de levar qualquer problema 
a juízo, não se referindo a nenhuma situação concreta); e 
d) autônomo (o direito de ação não se confunde 
com o direito que se afirma em juízo – ex: o direito de 
crédito). 
O direito de ação está em conformidade com o 
devido processo legal, pois se tem o direito de ir a juízo, 
direito a um processo devido, adequado e célere. 
 
1.2. Acepção em sentido processual 
A ação aqui é um ATO. O que se chama de 
demanda (ato de provocar a atividade jurisdicional). Pela 
demanda, a parte instaura o processo, provocando a 
atividade jurisdicional. 
A demanda é o exercício do direito de ir a juízo (na 
acepção constitucional), pelo qual a parte afirma ter um 
direito (na acepção material). 
A demanda une o direito de ir a juízo ao direito que 
se leva a juízo. Por isso, o direito de ação é sempre abstrato, 
mas o ato de demandar é sempre concreto (ex: levar um 
direito afirmando um problema concreto na petição inicial). 
 Quando a palavra ação aparece no concurso, é no 
sentido de demanda (acepção processual). 
É o exercício do direito constitucional de ação (um 
direito fundamental), afirmando uma determinada situação 
jurídica (de ter um direito contra alguém). A partir da 
demanda, o processo surge com o objetivo de resolvê-la. 
Sempre se afirma algo no judiciário, e essa afirmação é um 
direito que precisa ser protegido em juízo. Todo processo, a 
partir da demanda, é estruturado para dar resposta aquele 
problema. A demanda é a apresentação de um problema ao 
judiciário. Só que essa demanda é um ato que concretiza 
um direito fundamental (ao demandar o autor está 
concretizando um direito fundamental). 
Os elementos da ação, as condições da ação e a 
classificação da ação são sub-temas relacionados a teoria da 
ação em sentido processual. 
 
1.3. Acepção material da palavra ação 
Ação em sentido material é uma situação jurídica 
ativa material/substancial. O que se quer dizer, é que a 
parte tem direito contra outrem (ex: o direito de regresso 
contra seu representante). A expressão “ação”, prevista no 
art. 195 do CC, é um direito de ação no sentido puramente 
material, por exemplo. Pode tranquilamente substituir na 
frase “eu tenho direito contra João” por “eu tenho ação 
contra João”. 
CC Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm 
ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que 
derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. 
 
 
 
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 ELEMENTOS DA AÇÃO (DEMANDA) 
O estudo dos elementos deve partir de uma 
premissa: em toda demanda há ao menos a afirmação de 
uma relação jurídica litigiosa. 
Na demanda há o exercício de um direito, e, se no 
exercício de um direito há uma relação jurídica, é possível 
concluir que em toda demanda há uma relação jurídica. 
Conclusão: toda demanda tem uma relação jurídica 
afirmada pelo autor. 
A relação jurídica afirmada pelo demandante é 
denominada tecnicamente de res in iudicium deducta (coisa 
afirmada ou deduzida em juízo). Quando a parte vai a juízo, 
irá afirmar ou deduzir alguma coisa. A afirmação em juízo é 
mera dedução. Esta dedução deve ser provada para 
convencer o juiz quanto ao direito (“o processo é a certeza 
dos meios e a incerteza do resultado”). São elementos da 
relação jurídica afirmada: 
a) sujeitos; b) objetos; c) fatos. 
Relação jurídica é o vínculo entre pessoas que 
existe em torno de um objeto. Os elementos da relação 
jurídica afirmada pelo autor coincidem com os livros da 
Parte Geral do CC: 
a) Livro I (Das Pessoas); b) Livro II (Dos bens); c) Livro 
III (Dos fatos jurídicos). 
São três livros, pois a parte geral do CC cuida 
exatamente dos elementos do processocivil. Se em toda 
demanda há uma relação jurídica que possui três 
elementos, logo, são três os elementos da demanda (ação): 
a) partes; b) pedidos; c) causa de pedir. 
Elementos 
da relação 
jurídica 
Parte Geral 
do CC 
Elementos da 
demanda 
Condições da 
ação (que 
viabilizam a 
demanda) 
Sub-critérios 
objetivos de 
distribuição de 
competência 
Sujeitos Das Partes Partes Legitimidade 
ad causam 
Em razão da 
pessoa 
Objeto Dos Bens Pedido (é o 
bem da 
relação 
jurídica) 
Possibilidade 
jurídica do 
pedido 
Em razão do 
valor da 
causa 
Fato Dos Fatos 
Jurídicos 
Causa de 
pedir (é o 
fato 
jurídico) 
Interesse de 
agir 
Em razão da 
matéria 
 
São três os critérios objetivos de distribuição de 
competência, pois são três os elementos da ação. 
1. Partes 
Parte é o sujeito parcial do processo. É aquele 
sujeito do contraditório que age com parcialidade. Existe a 
parte da demanda (ou parte principal) do processo, que são 
demandante e demandado. Existe parte auxiliar do 
processo, que é a parte coadjuvante. A parte auxiliar 
também é parte (ex: assistente), porém, é uma parte 
auxiliar, cuja função é de auxiliar as partes principais. 
Não confundir parte do processo VS parte para 
certo incidente do processo (ex: juiz VS suspeição). Também 
não confundir parte do processo, com a parte do litígio. Às 
vezes, as partes do litígio (da briga) são distintas das partes 
do processo (ex: ação de alimentos em favor do menor 
proposta pelo MP). 
Há uma expressão chamada de “parte complexa”, 
que é a parte representada em juízo (incapaz). Sempre que 
em juízo estiverem representante e o representado (ex: 
mãe e filho), perceba que o filho é o autor / a parte, mas a 
mãe está ali representando a parte (que é incapaz e deve 
estar acompanhada da representante). A essa dupla 
(representante e representado) é a chamada PARTE 
COMPLEXA. OBS.: não se deve achar que parte 
ilegítima não é parte. Parte ilegítima é parte, porém, é 
ilegítima. Tanto é parte, que ela pode alegar ao juiz a sua 
ilegitimidade, com o fim de ser excluída do processo. 
 
2. Pedido 
O pedido é um dos elementos da ação que será 
analisado posteriormente (capítulo sobre petição inicial). 
 
3. Causa de pedir 
1. Fato; 2. Hipótese normativa (dispositivo legal); 3. 
Fato jurídico; 4. Relação jurídica: direitos e deveres 
(fundamento jurídico); e 5. Pedido. 
Se o fato da vida corresponde a uma hipótese 
normativa (a incidência colore o fato – PONTES DE 
MIRANDA), haverá um fato jurídico. O fato jurídico gera a 
relação jurídica, em que se encontra o direito e o dever. O 
pedido se baseia nos fatos ocorridos. 
Se o pedido equivale ao n. 5  aonde está a causa 
de pedir? 
Causa de pedir = 7 (3 + 4). 
Causa de pedir = fato jurídico + relação jurídica (fundamento jurídico  
direitos e deveres) 
 
A causa de pedir é composta do fato jurídico e do 
fundamento jurídico do pedido. 
Fundamento legal não é causa de pedir (fatos e 
fundamentos jurídicos). 
A parte não precisa demonstrar o fundamento 
legal, devendo apenas descrever os fatos (brocardo: “dá-me 
os fatos que lhe darei o direito”). 
Deve a parte descrever o direito que ela possui, e 
não o fundamento legal deste direito. 
 - Fato jurídico = fato descrito no dispositivo previsto em 
lei 
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OS: 0118/2/19-Gil 
- Fundamento jurídico = relação jurídica (direitos e 
obrigações) que surgem a partir de um fato jurídico 
 - Fundamento legal = dispositivo previsto na lei 
 
Exemplos: 
No acidente de trânsito: 
b) Fato jurídico (3) é o acidente de trânsito culposo 
que causou dano a alguém. 
c) Relação jurídica (4) é o direito de ser indenizado 
(direitos e deveres). 
d) Pedido (5) é o pedido de indenização (direito). 
 
Na ação de anulação contratual em razão do erro: 
e) Fato jurídico (3) é o contrato celebrado em erro, o 
qual gera o 4 (direito de anular o contrato). 
f) Relação jurídica (4) é o direito de anular (e não a 
anulação); este é o fundamento que se quer. 
g) Pedido (5) é o pedido de anulação. 
 Direito de anular não se confundo com a 
anulação. 
 
Na ADI: 
h) Fato jurídico (3) é a inconstitucionalidade da lei nº 
tal. 
i) Relação jurídica (4) é o direito difuso de retirar a lei 
inconstitucional do sistema normativo. 
j) Pedido (5) é o pedido de declaração da 
inconstitucionalidade. 
 
Na ação de cobrança por contrato não cumprido: 
k) Fato jurídico (3) é o inadimplemento do contrato. 
l) Relação jurídica (4) é o direito ao crédito. 
m) Pedido (5) é a condenação/cobrança. 
Petição Inicial 
 Fato jurídico 
 Do direito (o qual afirmo ter) 
 Pedido (peço aquilo que o direito que alego ter 
... me confere) 
Há causas de pedir próximas ao pedido e causas de 
pedir remotas ao pedido. Causa de pedir próxima somada a 
causa de pedir remota é igual a causa de pedir (CP = CPP + 
CPR). 
A bem da verdade é a divisão da causa de pedir 
(remota e próxima). 
Remota e próxima  mas qual o referente? A 
demanda. 
A causa de pedir próxima é o direito – fundamento 
jurídico (4). 
A causa de pedir remota é o fato jurídico (3). 
Isso porque, não há como ter um direito 
(fundamento jurídico) antes de um fato (fato jurídico). 
Causa de pedir = causa remota (fato) + causa próxima 
(fundamento) 
Posição cronológica: 1º vem o fato jurídico ocorrido (remoto)  2º 
vem o fundamento jurídico (próximo)  para se chegar ao direito 
(causa de pedir) 
 
 Atenção!!! Nelson Néri inverte (diz que a causa remota é 
o fundamento e a causa próxima é o fato!) 
Para que duas ações possuam a mesma causa de 
pedir é preciso que o fato e o fundamento jurídico de uma 
ação, corresponda a da outra. 
A doutrina de um modo geral afirma que o CPC 
adotou a Teoria da Substanciação da causa de pedir, a causa 
de pedir é o fato e o fundamento jurídico do pedido. 
Significa que para uma causa de pedir seja igual a uma outra 
causa de pedir é preciso que os fatos jurídicos sejam os 
mesmos e os direitos afirmados também (o nº 3 e o nº 4). 
Teoria da substanciação  causa de pedir = fatos + fundamentos 
Outra teoria que se contrapõe a primeira (T. da 
Substanciação). Segundo a TEORIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO 
DA CAUSA DE PEDIR, a causa de pedir se compõe apenas do 
fundamento jurídico do pedido (é apenas o direito que se 
afirma ter); os fatos jurídicos são irrelevantes nesta 
definição. 
Suponha a existência de uma ação anulatória de 
contrato por dolo e outra ação anulatória de contrato por 
erro: 
 Pela teoria da substanciação, as causas de pedir são 
distintas, pois o fato jurídico é diverso (erro não é dolo); 
 Para a teoria da individualização, essas causas de pedir 
são idênticas, pois em ambas se discutem o mesmo 
direito (direito de anular). 
Ante o exposto, fica claro que o CPC adotou a T. da 
Substanciação. 
 
 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES 
1. Classificação conforme a causa de pedir próxima 
(fundamento jurídico) 
a) Ações reais: fundada em um direito real. 
b) Ações pessoais: fundada em um direito pessoal. 
Não confundir com a ação reipersecutória, que é 
aquela que persegue a coisa (ex: ação com pedido de 
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OS: 0118/2/19-Gilentrega da coisa). Esta é reipersecutória a partir do pedido, 
podendo ser uma ação fundada em direito real ou pessoal. 
Pode-se perseguir a coisa, em virtude de um direito 
real que a parte tem sobre a coisa (ex: proprietário) ou em 
virtude de um direito pessoal (ex: locador que pede o 
despejo). 
 
2. Classificação conforme o objeto (pedido) 
a) Ação mobiliária 
b) Ação imobiliária 
A tendência é pensar que as ações imobiliárias são 
reais. Porém, pode a ação imobiliária ser uma ação pessoal, 
fundada em um direito pessoal (ex: ação de despejo), como 
também uma ação mobiliária ser uma ação real. 
 
3. Outras classificações de ações 
Ações necessárias: 
A ação necessária é aquela em cuja causa de pedir 
próxima há a afirmação de um direito que somente pode 
ser exercitar em juízo. 
Enfim, alguns direitos somente podem ser 
efetivados em juízo (ex: ações anulatórias, ação de falência, 
ação rescisória, ação de resolução do contrato). 
Obs.: Ações necessárias são SEMPRE constitutivas; 
 
2. Ações dúplices 
As ações dúplices têm duas acepções, a saber: 
Sentido processual dúplice: é aquele que permite 
ao réu a formulação de um pedido contra o autor, dentro 
da contestação (pedido contraposto). É possível no 
procedimento das ações possessórias (pedido de 
indenização) e JEC’s. O pedido contraposto é um ataque 
facultativo do réu. 
Sentido material dúplice: a ação dúplice é aquela 
que a simples defesa do réu já significa um contra-ataque. 
Não há necessidade de fazer pedido contraposto, ou seja, 
ao se defender estará automaticamente atacando. 
Ex1: alimentos  quer dar mil reais, nega o que autor 
quer e já afirma o que réu deseja (dois mil reais). As figuras se 
confundem. Já não se sabe mais quem é autor e réu. Autor e réu 
aqui só se diferem pelo tempo. Quem ajuizou a ação primeiro. 
Ex2: na ação de consignação em pagamento, o credor, ao 
negar a consignação, já revela um ataque. 
Ex3: ADC – ação declaratória de constitucionalidade. 
n) Toda ação meramente declaratória é dúplice. 
o) As ações possessórias são dúplices nos dois sentidos 
(material e processual), pois negar o pedido possessório 
já é a afirmação da posse. O réu das possessórias pode 
pedir indenização na própria CONTESTAÇÃO; e o pedido 
indenizatório que o réu pode formular no bojo da 
própria contestação é uma ação dúplice em sentido 
PROCESSUAL. 
 
4. Ações de acordo c/o tipo de tutela jurisdicional que se 
pleiteia 
 a) Ações de conhecimento  certificar direitos 
 b) Ações de execução  efetivar direitos 
 c) Ações cautelares  proteger direitos 
Classificação clássica. 
Classificação das ações de conhecimento 
a) condenatórias; b) mandamentais; c) executivas 
lato sensu (sentido amplo); d) constitutivas; e e) 
declaratórias. 
Contudo, antes de tratar da divisão 
supramencionada. É necessário tratar da classificação 
teórica que divide os direitos em: 
* Direitos a uma pretensão ou prestação (direito 
subjetivo): poder de exigir de outrem o cumprimento de 
uma prestação. Só se efetivam com a concretização da 
conduta, quais sejam: 
 fazer,  não fazer,  dar dinheiro ou  dar 
coisa que não seja dinheiro. 
São basicamente os direitos obrigacionais. Tanto é 
verdade que no livro de obrigações do CC faz a mesma 
divisão citada. Contudo, há outros direitos de prestação que 
não são obrigacionais, como o caso dos direitos reais 
(também podem ser prestacionais). 
Os únicos direitos que podem ser lesados ou 
inadimplidos são tão-somente os dir. de prestação. Só 
posso falar em inadimplemento se tiver relação com uma 
prestação. Somente estes se sujeitam à prescrição, isto é, é 
um fenômeno exclusivo do dir. a uma prestação. Vejamos o 
art. 189 do CC: 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a 
pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que 
aludem os arts. 205 e 206. 
Enfim, são institutos correlatos. Um pressupõe o 
outro. Tais direitos a uma prestação exigem uma realização 
material, isto é, estes direitos somente se efetivam se a 
conduta devida for cumprida. É preciso que a conduta 
devida se realize. Se a conduta devida não se realizar estes 
direitos não se efetivam. 
A conduta é sempre algo material, do mundo físico. 
Tal direito só se efetiva se realizado no mundo da vida. Tal 
direito precisa de uma realização material. O nome técnico 
de tal realização material é a EXECUÇÃO, que nada mais é, 
senão o cumprimento da prestação, a qual pode ser 
voluntária ou forçada. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL PARA CONCURSOS 
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OS: 0118/2/19-Gil 
A execução está intimamente ligada a uma 
prestação. Tudo o que tem a ver com execução diz respeito 
a uma prestação. Executar é fazer cumprir uma prestação 
devida. Tanto é assim que se pegar o Livro do CPC que cuida 
da execução – este fenômeno se divide em fazer, não fazer, 
de dar dinheiro e de dar coisa que não é dinheiro. Não é por 
acaso que o CPC/2015 diz no art. 783 que só se pode 
executar se houver inadimplemento. 
 Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-
se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. 
Não é por acaso também que o CPC/2015 no art. 
802 também fala da prescrição na execução. 
 Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a 
citação, desde que realizada em observância ao disposto no § 
2o do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido por 
juízo incompetente. 
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à 
data de propositura da ação. 
Por óbvio, que no Processo Civil interessa somente 
a execução forçada. Referida execução poderá ter como 
fundamento um título judicial ou título extrajudicial, assim, 
pode ser processada ora como fase do processo de 
conhecimento (como fase de um processo sincrético  um 
processo criado para que se peça o reconhecimento e a 
execução), ora como processo autônomo. 
Em ambas as hipóteses há processo de execução: 
contudo, no autônomo é somente para executar, mas no 
que é fase executiva de um processo sincrético ele tem 
outro fim além da execução. 
Outra divisão importante é a divisão da execução 
em direta e indireta. A execução direta ou violenta (o 
Estado faz com que a prestação/obrigação seja cumprida 
pelo devedor, dispensado a participação deste para 
satisfação do direito de crédito, como por exemplo, realiza 
a venda de um bem em hasta pública a fim de ver a 
prestação cumprida). 
O Estado substitui o devedor. Há quem chame esta 
primeira divisão de execução por sub-rogação, pois o 
Estado age no lugar no devedor. Trata-se da execução 
ostensiva. Você vê o sujeito sendo executado, sofrendo a 
violência do Estado. 
Já na execução indireta (o Estado força o devedor a 
cumprir a prestação; exerce uma pressão psicológica em 
face do devedor. Ela é invisível, a princípio, pois se opera na 
mente, a mente fica pressionada. É uma pressão por 
medo/ameaça (Ex: astreintes) ou estímulo (Ex: REFIS). 
Evolução Histórica das Ações de Prestação 
1ª Etapa: Código de Processo Civil 1973 
Quando da aprovação do Código de Processo Civil, 
em 1973, as ações eram ações de prestação não sincréticas. 
O objetivo das ações era apenas o de certificar a existência 
de um direito à prestação. Era uma ação pura de 
conhecimento. E para executar o direito a uma prestação 
que fora reconhecido, era preciso voltar a juízo para pedir a 
efetivação do direito. A execução de sentença, nessa época, 
fazia-se em ação autônoma. 
As ações de prestação não sincréticas, que eram a 
regra, eram chamadas de ações condenatórias (açãode 
prestação de conhecimento que poderia me dar um título, o 
qual poderia ser executado noutro processo). Exceções: 
havia algumas ações de prestação sincréticas, ações que 
além de certificar efetivavam. Davam ao demandante o 
reconhecimento do direito e propiciavam a efetivação do 
direito, como era o caso das ações possessórias. 
 OBS.: ação condenatória e ação sincrética 
 Ambas de prestação, mas as primeiras de puro 
conhecimento de as segunda  certificavam e 
efetivam o direito. 
E estas ações recebiam a seguinte classificação: as 
ações sincréticas eram chamadas ações mandamentais e 
ações executivas em sentido amplo. As ações 
mandamentais e executivas são ações sincréticas; neste 
ponto, se assemelham. 
A ação mandamental é uma ação de prestação 
sincrética por execução indireta (aquela em que o Estado 
força o devedor a cumprir a prestação). A ação executiva 
em sentido amplo é uma ação de prestação sincrética que 
se efetiva por execução direta. 
 OBS.: uma parcela da doutrina não 
aceitava essa distinção. Eles entendiam que todas deveriam 
ser chamadas de ação condenatória, pois todas visavam a 
uma prestação. 
Classificação quinaria das ações: 
1) Condenatórias; 
2) Mandamentais; 
3) Executivas; 
4) Constitutivas; e 
5) Declaratórias. 
Classificação era trinaria 
das ações: 
1) Ações condenatórias; 
2) Ações declaratórias; e 
3) Ações constitutivas. 
 
 
Para quem não aceita a divisão de acordo com a característica de 
ser sincrética ou não, a classificação era trinaria. 
2ª Etapa: Reforma de 1994 
Em 1994, o legislador reescreveu o art. 461 do CPC, 
assim, houve uma grande reforma na legislação processual, 
de modo que todas as ações de prestação de fazer e de não 
fazer viraram sincréticas. O legislador generalizou o 
sincretismo às ações de fazer e não fazer. Assim, aquilo que 
era exceção (ação sincrética) virou regra, virou universal. 
 
3ª Etapa: Reforma de 2002 
Houve a alteração do art. 287 do CPC/73, as ações 
de prestação para entrega de coisa passaram a ser 
sincréticas. O que era excepcional virou geral. A única ação 
que não era sincrética era a de dar quantia (obrigação de 
pagar). Em 2002, cria-se o art. 461–A, o qual universalizou, 
generalizou o sincretismo para as obrigações de entrega de 
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OS: 0118/2/19-Gil 
coisa, ou seja, toda a ação de prestação para entrega de 
coisa virou ação sincrética. Mandamentais ou 
condenatórias em sentido amplo. 
 
4ª Etapa em 2005 
Em 2005, a alteração legislativa se consolidou, de 
modo que as ações de prestação pecuniária passaram 
também a ser sincréticas. Generalizou as ações para o 
pagamento de quantia. 
Hoje se afirma que sempre que se vai ao Judiciário 
buscando uma prestação, são ações sincréticas e, portanto, 
são chamadas de condenatórias. As ações mandamentais e 
executivas são espécies de ações condenatórias. Se há 
condenação e por sua vez a efetivação se dá por execução 
direta, será executiva. Se a efetivação se dá por execução 
indireta, será ação mandamental. Enfim, prevalece a 
corrente trinaria, que entende ser as ações mandamentais e 
executivas lato sensu espécies de ações condenatórias. 
No Rio Grande do Sul (UFRS), mantém-se a idéia de 
5 ações, sendo três ações de prestação distintas. Não 
unificaram tudo em ações condenatórias. 
 
* Direitos potestativos: é o direito de interferir na 
situação jurídica de outrem criando, alterando ou 
extinguindo situações jurídicas. Se eu tenho o direito de 
submeter uma pessoa a uma mudança em sua esfera 
jurídica (ganhe, altere, perca), aí meu direito é potestativo. 
Aqui não se relaciona com nenhuma conduta do sujeito 
passivo (o sujeito passivo não deve nada). 
É exatamente por conta disso que no direito 
potestativo não há que se falar em inadimplemento, pois 
não há nada para adimplir. Logo, também não há que se 
falar em prescrição, mas sim em decadência. A decadência 
é o prazo de exercício de um direito potestativo. 
As situações jurídicas se desenvolvem no mundo 
jurídico, que é um mundo ideal. As relações humanas são 
situações de fato. Ex.: casamento é uma situação jurídica 
(invisível), que só existe no mundo jurídico. O 
relacionamento entre duas pessoas é a situação fática. O 
vínculo jurídico entre as pessoas não se extingue 
faticamente. As situações jurídicas nascem e morrem no 
mundo jurídico. Ex.: retirar a aliança (situação fática) não 
extingue o vínculo jurídico do casamento (situação jurídica). 
É o direito potestativo que vai criar e extinguir 
relações no mundo jurídico. Já o direito a uma prestação 
exige uma conduta. Os direitos potestativos não se 
relacionam a nenhuma conduta, só interferindo no mundo 
jurídico. Não há prestação devida, não há conduta devida. 
Não se pode falar em execução quanto aos direitos 
potestativos, porque execução só se aplica aos direitos a 
uma prestação. Não existe inadimplemento em relação aos 
direitos potestativos. Não há falar também em prescrição. 
Fala-se em decadência. Exemplos de direitos potestativos: 
1) Direito ao divórcio; 
2) Direito de rescisão; 
3) Direito de interditar; 
4) Direito de resolver o contrato; e 
5) Direito de anular o contrato. 
Ao ingressar em juízo para exercer um direito 
potestativo, a ação será constitutiva. Ação constitutiva é a 
ação em que se afirma um direito potestativo, é aquela pela 
qual se pretende a criação, alteração ou extinção de 
situações jurídicas. 
A sentença constitutiva, que acolhe direitos 
potestativos, NÃO SE EXECUTA, PORQUE O DIREITO 
POTESTATIVO NÃO SE EXECUTA. A própria sentença já 
criou, alterou ou extinguiu a situação jurídica. 
Os prazos decadenciais são os prazos das ações 
constitutivas, porque a decadência se relaciona aos direitos 
potestativos. Do mesmo modo, a prescrição está 
relacionada às ações condenatórias. Exemplos de ação 
constitutiva: 
1) Ação Rescisória; 
2) Ação de Resolução de contrato; 
3) Ação Anulatória; 
4) Ação de Extinção do Condomínio; e 
5) Ação de exclusão de herdeiro. 
Costuma-se dizer que as ações constitutivas não 
têm eficácia retroativa, só tem efeitos para frente. Contudo, 
o correto é dizer que a regra é a de que a ação constitutiva 
não produz efeitos retroativos, mas há exceções, como a 
ação de anulação de ato jurídico (art. 182, CC). 
Exemplos polêmicos de ações constitutivas: 
1. AÇÃO DE NULIDADE DO ATO JURÍDICO: 
A ação de nulidade é diferente da ação de anulação. A 
ação de anulação é constitutiva e não há controvérsias. A ação de 
nulidade é uma ação para desfazer o negócio. Alguns livros de 
Direito Civil afirmam que a ação de anulação é constitutiva, mas a 
de nulidade seria declaratória, em razão da gravidade da nulidade. 
Na verdade, o juiz decreta a nulidade e desfaz o negócio. 
Civilistas  
Constitutiva  anulação 
Declaratória  nulidade 
Para Fredie Didier diferença mesmo consiste no prazo (a 
anulação tem prazo e nulidade não); entendem que em ambos os 
casos são constitutivas, pois desfazem algo. 
2. AÇÃO DE INTERDIÇÃO: 
É claramente uma ação constitutiva; ação para retirar a 
capacidade de alguém; retira a situação jurídica da pessoa (a 
capacidade); Caso contrário, poderíamos falar em ação 
declaratória. 
Enfim, prova de civil  declaratória – civilistas. 
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OS: 0118/2/19-Gil 
E prova de processo civil  constitutiva - 
processualistas. 
3. AÇÃO DE FALÊNCIA (AÇÃO DE QUEBRA): 
É uma ação constitutiva que visa tirar a capacidade do empresário 
de administração do negócio. Em alguns livros, é afirmado que a 
falência é a ação declaratória. Quem pede a falência pede ao juiz a 
retirada do sujeito da administração de seu negócio para que 
ocorra a arrecadação dos bens para pagamento dos credores. 
Juristas de dir. empresarial  sentença declaratória 
Processualistas  sentença que decreta – constitutiva. 
4. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: 
Para os processualistas é uma ação constitutiva, para invalidar a 
lei, tirar a lei do sistema, mas para a maioria da doutrina, a maior 
parte dos constitucionalistas prega que se trata de ação 
declaratória. 
5. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE: 
A mais polêmica de todas as ações citadas. Para Fredie Didier é 
ação constitutiva, porque é uma ação para atribuir paternidade. 
Tornar o sujeito pai. Mas ele já não era pai antes? O professor diz 
que é de suma importância diferenciar o genitor (biológico) da 
figura do pai (jurídico). E o professor ainda usa como argumento 
que no caso de recuso do DNA, o réu será presumidamente pai e 
ponto. 
6. AÇÕES MERAMENTE DECLARATÓRIAS: 
Ação meramente declaratória é aquela que se pede a certificação 
da existência, inexistência ou modo de ser de uma relação jurídica. 
Não busca efetivar direito nenhum. Ação meramente declaratória 
pretende apenas obter certeza. Apenas quer certificar uma relação 
(que ela existe, se ela inexiste ou como ela existe). APENAS 
certifica. O art. 19 do NCPC, fala em existência, inexistência ou o 
modo de se de uma relação jurídica. 
 
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: 
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma 
relação jurídica; 
II - da autenticidade ou da falsidade de documento. 
Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda 
que tenha ocorrido a violação do direito. 
 
AS AÇÕES MERAMENTE DECLARATÓRIAS SÃO 
IMPRESCRITÍVEIS, porque elas servem apenas para 
certificar, não busca efetivar direito nenhum, busca apenas 
obter certeza. Logo, não se pode falar da existência de um 
prazo para obter-se certeza de uma relação jurídica. 
Exemplos: 
1) Ação declaratória de constitucionalidade; 
2) Ação de usucapião; 
3) Ação de consignação em Pagamento; 
4) Ação declaratória de inexistência de relação tributária; e 
5) Ação declaratória de reconhecimento de união estável. 
1ª corrente – até então majoritária – dizia que seria 
preciso entrar com outra ação condenatória, para uma vez 
ganhando, só assim executar. Essa solução é absurda, 
porque o direito já foi certificado. 
2ª corrente – já tem uma sentença que reconhece, 
só falta apurar o quantum, liquidar. Não havia sentido 
propor uma ação para declarar o crédito. Frisa-se, ainda, 
que TEORI ZAVASCKI – hoje ministro do STF – defende a 
última corrente há anos. 
Cita-se: 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento 
dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: 
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam 
a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não 
fazer ou de entregar coisa; 
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; 
III - a decisão homologatória de autocomposição 
extrajudicial de qualquer natureza; 
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em 
relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título 
singular ou universal; 
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, 
emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão 
judicial; 
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; 
VII - a sentença arbitral; 
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior 
Tribunal de Justiça; 
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão 
do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; 
X - (VETADO). 
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no 
juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação 
no prazo de 15 (quinze) dias. 
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito 
estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha 
sido deduzida em juízo. 
Outro ponto que merece destaque é o seguinte: 
as sentenças meramente declaratórias são imprescritíveis, 
mas as condenatórias são prescritíveis. Então, como fica a 
execução da meramente declaratória? A pessoa poderia 
entrar com a meramente declaratória e depois executar? 
Não! Porque com a ação meramente declaratória ter-se-á 
declaração de um direito prescrito. Enfim, não interrompe a 
prescrição, não revelou postura de cobrança. Se pode 
cobrar ou declarar e não cobra – isso não pode interromper 
a prescrição. É o risco que a pessoa corre ao fazer isso. 
Ação declaratória do parágrafo único do art. 20 do NCPC 
pode ser executada, mas se tiver prescrita a pretensão, 
impossível será a execução. 
 
 
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 CONDIÇÕES DA AÇÃO 
 INTRODUÇÃO 
 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
1. Concretista / Concepção Concretista do Direito 
de Ação 
Para os adeptos dessa corrente, o direito de ação 
era considerado como o direito a uma decisão favorável. 
Para esses autores, não ter ação era igual a não ter o direito 
discutido. Para eles, as condições da ação eram as 
condições de uma decisão favorável, ou seja, todas as 
condições que deveriam ser observadas para “ganhar” a 
causa seriam condições da ação. Nessa época, surge a 
expressão “carência de ação”. Carência de ação é a falta do 
direito de ação. Para essa concepção doutrinária, carência 
de ação é sinônimo de improcedência da ação. E carência 
de ação é uma decisão de mérito. Quem fosse vencido na 
ação era carente de ação. As condições da ação são 
questões de mérito. Tal teoria está superada, contudo 
precisa ser mencionada, pois as condições de ação 
nasceram no contexto concretista. 
 
2. Abstrativismo / Concepção Abstrativista do 
Direito de Ação 
Para os abstrativistas, o direito de ação é o direito 
a qualquer decisão (pouco importa o conteúdo da 
decisão). É o direito à jurisdição. O direito de ação é o 
direito de provocar a atividade jurisdicional. Para a corrente 
abstrativista, não se pode falar em condições da ação. O 
processo se divide em duas partes: o problema é de mérito 
ou o problema é processual. Tal concepção prevaleceu no 
mundo; o direito de ação é um direito abstrato. 
 
Concepção Eclética ou Mista 
A corrente eclética ou mista afirma que o direito 
de ação é o direito a uma decisão de mérito. Para os 
adeptos da concepção eclética, condições da ação são as 
condições para o exame do mérito da causa, para que o 
mérito seja examinado. Uma vez preenchidas as condições 
da ação permitem que o mérito seja examinado. Para os 
ecléticos, carência de ação não configura decisão de mérito. 
Julgou improcedente? Analisou o mérito. Tratava-se da 
teoria adotada pelo CPC/73. O CPC/73 adotou a concepção 
eclética do direito de ação. 
A teoria mista foi criada por Enrico Túlio Liebman, 
professor italiano do início do séc. XX, que veio ao Brasil a 
fim de fugir da 2ª Guerra (ele era judeu). Nessa época, 
excluindo o mestre Pontes de Miranda, não havia nomes de 
peso no direito processual. Ele teve como discípulos (alunos 
da USP) Frederico Marques, Moacir Amaral Santos e Alfredo 
Buzaid.O último (Alfredo Buzaid) foi o autor do Código de 
Processo Civil de 1973 e também é uma obra em 
homenagem a Liebman (o qual foi embora após o término 
da guerra). 
Para o nosso Código, a decisão que extingue o processo 
por carência de ação não é uma decisão de mérito e, portanto, 
não faz coisa julgada. Essa opção do CPC/73 era extremamente 
criticada e, do ponto de vista prático, se revela quase sempre 
inaplicável. Vejamos as críticas: 
 É certo que só há dois pontos para o juiz 
analisar, a saber: 1. processo (pressupostos processuais); e 2. 
mérito. Liebman disse que tinha outro ponto a ser analisado pelo 
magistrado, a saber, as condições relacionadas à ação. Esta 
terceira categoria, contudo, é logicamente impossível. 
 Também é muito difícil, talvez até mesmo 
impossível, separar as condições da ação do mérito da causa. 
Assim, a possibilidade jurídica do pedido é uma condição de ação; 
mas o pedido é o próprio mérito. 
 Outro exemplo é o caso da legitimidade ad 
causam (que é condição da ação), assim, a legitimidade para 
propor ação possessória é do possuidor. Se, ao final da instrução o 
juiz verificar que o autor não é possuidor, de acordo com a 
concepção eclética, deveria extinguir sem exame de mérito, por 
reconhecer ilegitimidade. Entretanto, quando o juiz julga 
improcedente uma possessória, está afirmando que o autor não 
tem direito a uma proteção possessória. Não dá para separar a 
análise do mérito e da questão da legitimidade. 
 A grande crítica à teoria eclética é que ela tenta 
separar coisas que não são diferentes. Ao dizer que se extingue 
por carência não há coisa julgada, então, sempre poderá renovar a 
ação. Erra-se também ao dizer que a decisão por carência não é 
decisão de mérito. A doutrina hoje dificilmente defende a 
concepção eclética dessa forma pura. 
Para Liebman o controle, a análise do 
preenchimento das condições da ação é uma análise que 
pode ser feita a qualquer tempo, enquanto estiver 
pendente o processo. 
Afirma-se também que é possível parar o processo 
para produzir prova sobre as condições da ação, o 
preenchimento das condições da ação é um fato que tem 
que ser provado, como por exemplo, perícia para saber se a 
parte é legítima. 
O CPC permite o controle das condições da ação a 
qualquer tempo. Contudo aflorou outra teoria para mitigar 
a teoria adotada pelo CPC/73, a saber: 
 
Teoria da Asserção / Teoria da Prospettazione / 
Teoria da verificação das condições da ação In Statu 
Assertionis 
 
Doutrinariamente esta teoria é a majoritária (e não 
na jurisprudência). Tal teoria dispõe que a análise das 
condições da ação deve ser feita apenas a partir do que foi 
afirmado pelas partes. 
Pega-se o que a parte disse na petição inicial e 
toma-se como verdade. Assim, se tudo o que a parte falou 
em abstrato for verdade, estão presentes as condições da 
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OS: 0118/2/19-Gil 
ação. Caso a resposta seja negativa, mesmo que tudo o que 
a pessoa fale seja verdade, extingue-se o processo por 
carência de ação. 
Para essa corrente, o preenchimento das condições 
da ação é feito pela afirmação e não pelas provas. Não se 
produz prova sobre as condições da ação. As condições da 
ação não devem ser provadas, devem ser analisadas tão-
somente por meio da asserção. 
Ex.1: o filho de Paulo ajuíza ação pedindo 
alimentos, afirmando que precisa de alimentos e que seu 
pai pode pagar. Analisando-se essa história, conclui-se que 
estão presentes as condições da ação. Se, ao longo do 
processo, ficar provado que o autor não é filho de Paulo, o 
juiz não extinguirá por carência, mas decidirá pela 
improcedência do pedido. 
Ex. 2: uma pessoa amiga do gerente do banco lhe 
empresta dinheiro. Aquele que emprestou ajuizou ação 
contra o banco, afirmando que o dinheiro foi emprestado 
ao funcionário do banco. Nesse caso, não estão presentes 
as condições da ação, porque o banco é parte ilegítima 
(logo, carência de ação). Eis o caso de aplicação da teoria da 
asserção. 
 
 CONDIÇÕES DA AÇÃO 
O CPC atual não mais menciona a categoria 
condição da ação. 
O inciso VI do art. 485 do CPC/2015 autoriza a 
extinção do processo sem resolução do mérito pela 
ausência de “legitimidade ou de interesse processual.” 
Há duas grandes diferenças em relação ao CPC/73. 
Primeiramente, não há mais menção à 
“possibilidade jurídica do pedido” como hipótese que leva a 
uma decisão de inadmissibilidade do processo. Observe que 
não há mais menção a ela como hipótese de inépcia da 
inicial; também não há menção a ela no inciso VI do art. 485 
do NCPC, que apenas se refere à legitimidade e ao interesse 
de agir; além disso, criam-se várias hipóteses de 
improcedência liminar do pedido, que poderiam ser 
consideradas, tranquilamente, como casos de 
impossibilidade jurídica de o pedido ser atendido. 
A segunda alteração silenciosa é a mais 
importante. 
O texto normativo atual não se vale da expressão 
“condição da ação”. Apenas se determina que, reconhecida 
a ilegitimidade ou a falta de interesse, o órgão jurisdicional 
deve proferir decisão de inadmissibilidade. Retira-se a 
menção expressa à categoria “condição da ação” do único 
texto normativo do CPC que a previa. 
Também não há mais uso da expressão carência de 
ação. 
A legitimidade ad causam e o interesse de agir 
passarão a ser explicados com suporte no repertório teórico 
dos pressupostos processuais. 
A legitimidade e o interesse passarão, então, a 
constar da exposição sistemática dos pressupostos 
processuais de validade: o interesse, como pressuposto de 
validade objetivo extrínseco; a legitimidade, como 
pressuposto de validade subjetivo relativo às partes. 
 
Interesse de agir: tal interesse é analisado a partir 
de duas dimensões, quais sejam: utilidade e necessidade. 
Relaciona-se com a causa de pedir. Há interesse de agir 
quando o processo for necessário e útil ao demandante. 
Caracteriza-se pela necessidade e utilidade da demanda. 
A utilidade só pode ser alcançada por meio de uma 
ação (daí a necessidade). O processo deverá ainda ser 
necessário à obtenção do proveito almejado, o que justifica 
a necessidade de se comprovar a resistência do réu à 
pretensão do autor. 
Ressalta-se que nas ações necessárias, referida 
necessidade não se questiona, porque a necessidade é 
presumida (ações que veiculam direitos que somente 
podem ser exercitados em juízo. Atualmente, como citado, 
é visto como pressuposto processual. 
OBS.: existe uma corrente doutrinária, liderada 
pela cátedra da USP, que identifica uma terceira dimensão 
do interesse de agir, defendendo que ao lado da 
necessidade e utilidade, deve-se ainda exigir a adequação 
do provimento e do procedimento à utilidade pretendida. 
 
3ª) Legitimidade “ad causam”: é uma aptidão ou 
poder conferido a alguém para conduzir validamente um 
processo em que se discuta determinada situação jurídica. 
A legitimidade SEMPRE é aferida pela relação jurídica 
litigiosa. Tenho de ver o que está sendo discutido para 
poder verificar se a parte é legítima ou não. O sujeito pode 
ter legitimidade para uma coisa e não legitimidade em face 
de outra coisa. A legitimidade é a pertinência subjetiva do 
processo, da ação. 
 
Classificação da legitimidade (veremos as duas 
mais importantes) 
1ª Exclusiva e Concorrente: 
Há legitimidade exclusiva quando se atribui a 
legitimidade a apenas um sujeito, sendo essa a regra, uma 
vez que legitimidade é o titular do direito discutido. 
Por outro lado, há situações em que a legitimidade 
é atribuídaa mais de um sujeito, nesse caso, fala-se em 
legitimidade concorrente (também chamada de co-
legitimação), como nos seguintes casos: 
 ações ajuizadas por qualquer condômino para proteção do 
condomínio em juízo; 
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OS: 0118/2/19-Gil 
 ações ajuizadas em face do devedor por qualquer credor 
solidário; e 
Saber legitimação concorrente é indispensável para 
compreender o estudo do litisconsórcio unitário. 
 
2ª Ordinária e Extraordinária: 
Legitimação ordinária: é aquela atribuída ao sujeito 
da relação discutida. Na legitimação ordinária há uma 
coincidência entre o legitimado e o sujeito da relação 
jurídica discutida em juízo, ou seja, o legitimado ordinário 
está em juízo discutindo interesse próprio (autor coincide 
com credor, p.ex.); está em nome próprio defendendo a 
própria situação. É a regra. 
Legitimação extraordinária: quando não há 
coincidência entre o legitimado e o titular da relação 
jurídica discutida em juízo; a parte não coincide com o 
sujeito da relação discutida. 
Alguém está em juízo em nome próprio 
defendendo interesse alheio. Sempre que alguém estiver 
em juízo defendendo interesse de outrem em nome 
próprio, será um legitimado extraordinário. 
Exemplos de legitimação extraordinária: MP 
quando pleiteia alimentos ao menor; e cidadão que propõe 
uma ação popular é um legitimado extraordinário 
(defendendo interesses da coletividade). 
Ademais, existem casos de uma pessoa estar em 
juízo defendendo, simultaneamente, interesses próprios e 
alheios, quando isso se der, a pessoa será legitimada 
ordinária-extraordinária. Ex: condôminos. 
 
Características da legitimação extraordinária: 
 Decorre da lei (art. 18, do NCPC), e não de negócio 
jurídico. Lei em sentido amplo; 
 O legitimado extraordinário é a parte do processo, 
embora não seja parte do litígio (podendo ser 
condenado: pagamento de custas; litigância de má-fé; 
em relação a ele que se verifica a competência quanto à 
pessoa. Ex: OAB VS convênio  justiça federal (e não 
estadual com argumento de que a relação é de 
consumo); 
 A coisa julgada proveniente de um processo conduzido 
por um legitimado extraordinário atinge ou vincula o 
titular do direito (caso contrário, não se justificaria a 
legitimidade extraordinária). É um caso raro de coisa 
julgada ultra partes. Há exceções legalmente previstas, 
como no caso da coisa julgada coletiva, que não 
prejudica o titular do direito. É certo que para que a 
coisa julgada não vincule terceiro se faz necessária a 
previsão expressa. Ex: art. 274, CC = (O julgamento 
contrário a um dos credores solidários não atinge os 
demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos 
que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve 
); e 
 A falta de legitimação extraordinária gera decisão que 
não examina o mérito da causa. 
Questões terminológicas: 
1- Legitimação extraordinária x substituição 
processual: a maior parte da doutrina entende que essas 
expressões sejam sinônimas. Entretanto, há quem entenda 
que a substituição processual é apenas um exemplo, uma 
espécie de legitimação extraordinária. Para esta última 
corrente, mais rigorosa, há substituição processual apenas 
quando alguém age sozinho em juízo defendendo os 
interesses do titular do direito. Assim, não haveria o que se 
falar em substituição processual quando o titular do direito 
em litisconsórcio com o legitimado extraordinário (quando 
isso acontece só haveria legitimação extraordinária e não 
substituição processual - esta segunda corrente é adotada 
por Barbosa Moreira e Alexandre Freitas Câmara); 
2- Substituição processual (legitimidade 
extraordinária) x sucessão processual: sucessão processual 
é a troca de sujeitos no processo, a mudança subjetiva, 
dessa forma, deve-se atentar para que o vernáculo 
“substituição” não leve a uma interpretação equivocada. 
3- Substituição processual (legitimidade 
extraordinária) x representação processual: na 
representação processual alguém está em juízo em nome 
alheio defendendo direito de outrem. O representante está 
em juízo em nome alheio, defendendo interesse alheio, 
logo, o representante não é parte do processo, apenas 
representa o incapaz, que é a parte. Ex: alimentos x criança 
(parte) x mãe (representante). 
 
 PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 
Pressupostos de existência: 
É tudo aquilo que deve existir para que o processo 
nasça. 
São os pressupostos para que o processo exista. Se 
ele existe, nasceu. Tudo mais será um problema de 
validade. São três os pressupostos de existência, quais 
sejam: 
1º) Capacidade de ser parte (também chamada de 
personalidade judiciária): é a aptidão de ser sujeito de um 
processo. Aqui se tem a capacidade ou não se tem a 
capacidade. Tenho aptidão de ser parte de um processo e 
posso ser tida como ilegítima. 
Quem tem a capacidade de ser parte? Todos os 
sujeitos de direito, ou seja, as pessoas físicas ou jurídicas, os 
entes despersonalizados, o nondum conceptus – o não 
concebido (a prole eventual), o espólio, o nascituro, o 
condomínio (não é pessoa jurídica nem pessoa física), a 
massa falida, uma tribo (não é pessoa jurídica nem pessoa 
física). 
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OS: 0118/2/19-Gil 
 Os animais são sujeitos de direito ou são objetos de 
sujeitos de direito? 
Tradicionalmente são objetos de sujeitos de 
direito. 
2º) Demanda: ato inaugural; e 
3º) Órgão investido de jurisdição. 
OBS.: há autores que preveem outros pressupostos 
de existência, como por exemplo, a citação. Ainda tem 
quem mencione a capacidade postulatória como 
pressuposto de existência. Contudo, tais institutos não são 
pressupostos de existência (e será explicado o porquê em 
aulas futuras). 
 
Pressupostos de validade: 
Os pressupostos processuais se dividem em: 
a) Objetivos: 
 Extrínsecos, negativos, impedimentos processuais: 
são os fatos exteriores (estranhos) ao processo que não 
podem acontecer para que o processo seja válido. 
Exemplos: a inexistência de litispendência, a inexistência de 
coisa julgada, a inexistência de perempção, a inexistência 
de convenção de arbitragem. 
 Intrínsecos: para que o processo seja válido é 
preciso que se respeite o procedimento (petição inicial 
apta, citação etc.). 
A citação é uma condição de eficácia do processo para o réu e um 
requisito de validade da sentença porventura proferida contra o 
réu. Se há uma decisão favorável ao réu este não precisa ser 
ouvido previamente. E o caso clássico é o da improcedência 
liminar da petição inicial, em que há uma decisão favorável ao réu 
sem que ele seja citado. 
Outro ponto que merece destaque é que a sentença 
eventualmente proferida contra o réu não citado (revel ou citado 
invalidamente) seria uma sentença nula, devendo ser impugnada 
por uma querela nullitatis, não havendo previsão de prazo para 
tanto. Isto é: pode ser invalidada a qualquer tempo mesmo após o 
prazo da ação rescisória por meio de instrumento chamado 
QUERELA NULLITATIS, destinada as sentenças especialmente 
defeituosas, defeito tão significativo que gera invalidação mesmo 
após o prazo da rescisória. 
Por conta disso, fala-se que a falta de citação ou a invalidade de 
citação que acarretou na revelia do réu são espécies de vícios 
TRANSRESCISÓRIOS.Por fim, para os professores da PUC (Arruda Alvim, Nelson Nery, 
Theresa Wambier, Cássio Escarpinela) de São Paulo a citação seria 
um pressuposto de existência do processo, logo, a sentença nestes 
casos é inexistente (quais casos? De falta de citação ou da 
invalidade de citação que acarrete na revelia do réu). Para tais 
pensadores a querela nullitatis é uma ação de declaratória de 
existência e não uma ação de nulidade como o Professor Fredie 
menciona. 
A crítica que se faz a essa corrente, é que o processo existe antes 
mesmo da citação, logo, a existência do processo não depende de 
citação, sendo esta apenas um ato que torna um ato eficaz para o 
réu. Ademais, como compreender as sentenças que não citam o 
réu por meio de tal corrente? 
 
b) Subjetivos: 
Juiz  são requisitos de validade relacionados à 
figura do juiz a competência e a imparcialidade deste. 
Partes  os requisitos processuais de validade são: 
capacidade processual (capacidade de para estar em juízo). 
Noção geral de capacidade processual 
Obs.:  capacidade de ser parte (personalidade 
judiciária). Agora vamos analisar a capacidade processual 
que é a aptidão para praticar os atos processuais sozinho 
(como atos jurídicos que são, por óbvio, exigem 
capacidade). A capacidade processual está relacionada à 
capacidade civil. 
A capacidade de ser parte é a aptidão para ser 
parte num processo. Todo mundo tem. É a personalidade 
judiciária, e é uma noção absoluta – ou se tem ou não se 
tem. A capacidade processual é completamente diferente. É 
a aptidão para praticar atos processuais sozinho. Note que a 
capacidade de ser parte se relaciona com a ideia de 
personalidade jurídica, e é pressuposto da capacidade 
processual. Capacidade para estar em juízo é sinônimo de 
capacidade processual. Pode aparecer no concurso a 
expressão “legitimatio ad processum”. 
Qual é a regra? Quem tem capacidade civil tem 
capacidade processual. Só que há exceções: as pessoas 
casadas são civilmente capazes, só que processualmente 
elas sofrem uma restrição da sua capacidade. Obs.: não 
tem a capacidade plena, mas tem a capacidade processual: 
17 anos – eleitor VS ação popular. Veja: são capacidades 
autônomas, mas a regra é de que as pessoas civilmente 
capazes sejam processualmente capazes. 
Enfim, a capacidade processual ou capacidade de 
estar em juízo ou legitimidade ad processum é a capacidade 
para prática de atos processuais. Enquanto a capacidade 
para ser parte se relaciona com a personalidade civil, a 
capacidade processual se relaciona com a capacidade civil. 
Em regra, quem tem capacidade civil, tem capacidade 
processual, entretanto, essa regra comporta exceções, 
como no caso da necessidade de outorga uxória do cônjuge 
para propositura de determinadas ações, como aquelas em 
que se discute a propriedade (art. 73, do NCPC). 
 
Consequências da ausência da capacidade 
processual 
São consequências da ausência de capacidade 
processual a correção do defeito, ex officio, pelo juiz. Não 
corrigido o defeito, as conseqüências variam de acordo com 
três situações (art. 76, § 1º do NCPC): 
a) autor sem capacidade: extinção do processo sem 
exame de mérito; 
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b) réu sem capacidade: prosseguimento do feito à 
sua revelia; e 
 c) terceiro sem capacidade: exclusão dos autos ou 
revelia, dependendo do polo em que se encontre. 
 
Capacidade processual das pessoas jurídicas 
As pessoas jurídicas são processualmente capazes, 
obviamente. Contudo, isso não é tão claro, pois muitas 
vezes falamos que estas pessoas agem por meio de seu 
representante. Todavia, isso pode levar à ideia que ela é 
incapaz, tendo em vista que age por intermédio de 
representantes. 
É certo que tal frase está incorreta, pois estas são 
“PRESENTADAS” em juízo, e não “representadas”, isto 
porque, possuem capacidade processual, ao contrário 
daquele que não possui essa capacidade, que deverá ser 
integrada pela assistência ou representação. Na 
PRESENTAÇÃO não há dois sujeitos, mas sim, um único 
sujeito, numa relação orgânica, em que o órgão torna 
presente, corporifica a pessoa jurídica, os órgãos da pessoa 
jurídica a tornam presente. É a relação orgânica que se 
estabelece entre órgão e pessoa jurídica. 
OBS.: por óbvio, que a pessoa jurídica pode ser 
representada, numa audiência por meio de um preposto, 
por exemplo. Contudo, isso não tem nada a ver com a 
capacidade processual. Assim, o proprietário da empresa 
não necessita de Carta de Preposição, eis que presenta a 
pessoa jurídica, diferente dos funcionários dessa empresa. 
Da mesma forma, o promotor presenta, e não representa o 
MP. Idem  o Presidente  ao falar quem fala é o Brasil. 
 
Curador especial 
O curador especial é o representante de um 
incapaz processual (tão-somente processual). Não se deve 
confundir com o curador que representa o interdito nos 
diversos atos da vida civil. O curador especial é um 
representante nomeado para atuar somente para 
determinado processo, designado por um juiz nos casos 
previstos no art. 72, do NCPC. Trata-se de um 
representante ad hoc (ou curador à lide ou curador 
especial). 
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao: 
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os 
interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a 
incapacidade; 
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital 
ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado. 
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela 
Defensoria Pública, nos termos da lei. 
O curador não é a parte do processo, mas apenas 
um representante desta, que é o curatelado (o curatelado 
que é a parte do processo), assim, não poderá dispor do 
direito discutido. O curador especial tem a função de 
defender os interesses do curatelado. Ele não pode, p.ex., 
fazer acordo nem reconvir, contudo pode: 
 embargar a execução (isso pode, porque isso é defesa, 
consoante súmula 196 do STJ: Ao executado que, citado 
por edital ou por hora certa, permanecer revel, será 
nomeado curador especial, com legitimidade para 
apresentação de embargos); 
 pode impetrar MS contra ato judicial; e 
 propor cautelar incidental. 
 
Enfim, trata-se de múnus público e, consoante a 
Constituição Federal, a curatela especial por excelência é 
uma atribuição atípica da Defensoria Pública, uma vez que 
não se relaciona com pessoas, necessariamente, carentes. 
Na ausência de Defensoria Pública na Comarca ou na 
impossibilidade de sua nomeação, poderá ser nomeado 
como curador qualquer pessoa capaz (na prática, o juiz 
procura designar um advogado). 
 
Capacidade processual das pessoas casadas 
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro 
para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo 
quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. 
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para 
a ação: 
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando 
casados sob o regime de separação absoluta de bens; 
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os 
cônjuges ou de ato praticado por eles; 
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a 
bem da família; 
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição 
ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os 
cônjuges. 
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do 
autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de 
composse ou de ato por ambos praticado. 
§ 3o Aplica-se o dispostoneste artigo à união estável 
comprovada nos autos. 
Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser 
suprido judicialmente quando for negado por um dos cônjuges sem 
justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo. 
Parágrafo único. A falta de consentimento, quando 
necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo. 
 a) Peculiaridades no pólo ativo (art. 73, caput, do NCPC): 
se o autor for casado, apenas poderá propor ação real 
imobiliária com o consentimento de seu cônjuge, salvo se o 
casamento for em regime de separação absoluta (art. 1.647, 
CC). 
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CC - Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos 
cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da 
separação absoluta: 
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; 
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; 
III - prestar fiança ou aval; 
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou 
dos que possam integrar futura meação. 
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos 
quando casarem ou estabelecerem economia separada. 
 
A necessidade de consentimento (outorga  
termo datado) não impõe um litisconsórcio necessário 
ativo, mas tão-somente a referida anuência. Ex: filha pede 
para o pai o consentimento para sair com amigas (isso não 
significa que o pai tenha que ir junto com ela e amigas!). 
Eventual litisconsórcio será meramente facultativo. 
Prova disso, é que o cônjuge que pretende propor a ação 
poderá requerer ao juiz da Vara da Família (conforme o art. 
74, do NCPC, bem como o art. 1.648, CC) o suprimento do 
consentimento, caso este não possa ser dado pelo outro 
cônjuge por certa impossibilidade ou ainda em caso de 
recusa de consentimento sem justo motivo. 
OBS.1: O NCPC estendeu tal regra para a união estável (art. 73, 
§ 3º). 
OBS.2: o art. 1.649, do CC, prevê que o ato será anulável se 
praticado sem consentimento. Outrossim, poderá ser decretada a pedido 
do cônjuge preterido ou dos herdeiros, o que significa dizer que o juiz não 
poderá decretar referida nulidade ex officio. 
 
b) Peculiaridades no pólo passivo (art. 73, §1º, do 
NCPC): nesta situação fala-se em litisconsórcio passivo 
necessário, ao contrário do que se dá no pólo ativo. Os 
incisos I e IV se referem aos direitos reais VS ações reais 
imobiliárias (salvo regime casamento separação absoluta), o 
inciso trata de obrigações solidárias decorrentes de atos 
ilícitos (em que ambos são comparsas), e o inciso III das 
dívidas contraídas para a economia doméstica por um dos 
cônjuges. 
c) Peculiaridades nas ações possessórias (art. 73, 
§2º, do CPC): no caso de composse e no caso de atos por 
ambos praticados, exige consentimento quando aplicado ao 
pólo ativo e o litisconsórcio necessário no pólo passivo, 
respectivamente. 
 
Capacidade postulatória 
Alguns atos processuais (atos postulatórios) exigem 
da parte uma capacidade técnica para praticá-los, 
denominada capacidade postulatória, atribuída, 
normalmente, apenas aos advogados, defensores públicos e 
membros do MP. 
Há casos, porém, em que se atribui aos leigos, a 
capacidade postulatória, como no: 
 a) HC; b) Revisão criminal; c) JEC’s em primeira 
instância e até 20 salários mínimos; d) Justiça do trabalho; 
e) Governadores de Estado para propositura da ADI ou ADC; 
f) Ação de alimentos (o alimentando pode assinar o pedido 
de alimentos sem advogado; no entanto, precisa de 
advogado para prosseguir acompanhando o processo); e g) 
Mulher vítima de violência doméstica ou familiar poderá 
pedir as medidas protetivas independente de advogado 
(para medidas de urgência – depois deve contratar); 
 
OBS.1: natureza do ato praticado por não advogado  o 
ato praticado por não advogado quando exigida a presença deste, 
é ato nulo. Trata-se de ato praticado por incapaz, logo, ato nulo 
(art. 4º, do Estatuto da Ordem). 
 
OBS.2: ato praticado por advogado sem procuração  o 
advogado é capaz para a prática do ato, mas nesta situação, isto é, 
sem procuração, não há falta de capacidade postulatória. Nesse 
caso há capacidade postulatória, mas falta a outorga de poderes, 
ou seja, a representatividade. Nesse caso, estaríamos diante de 
um ato existente e válido, que não poderá produzir efeitos 
(ineficaz) em relação ao suposto cliente, salvo se este ratificar o 
ato (art. 662, do CC). Enfim, o ato para o suposto representado é 
ineficaz, salvo se este o ratificar. 
CC Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha 
mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em 
relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os 
ratificar. Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou 
resultar de ato inequívoco, e retroagirá à data do ato. 
 
Considerações gerais: 
 Alguns autores preferem referir a REQUISITOS 
PROCESSUAIS DE VALIDADE em vez de pressupostos 
processuais de validade. Optam por reservar 
pressuposto processual ao plano da existência; 
 Muitos autores, notadamente os ligados à USP, o 
Marinoni e o Fredie, defendem a ideia de que o sistema 
das nulidades processuais se aplique à verificação dos 
pressupostos processuais de validade. Os pressupostos 
processuais de validade devem se submeter a tal teoria, 
tendo como consequência, a possibilidade de 
desconsiderar que a falta de um pressuposto processual 
de validade se isso não causar prejuízo. Ex: pessoa 
propõe ação, o juiz vê que este tem razão, mas não tem 
advogado. Houve a falha, mas não houve prejuízo. Não 
há motivo para anular tal pedido se não houve prejuízo. 
Anula o ato quando incide algum prejuízo à parte. 
Mesmo que a nulidade de decorra de um pressuposto 
processual de validade; 
É preciso aplicar o parágrafo único do art. 283 do 
NCPC, segundo o qual dar-se-á o aproveitamento dos atos 
praticados desde que não resulte prejuízo à defesa de 
qualquer parte. A essa aplicação do sistema de nulidades à 
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análise dos pressupostos processuais de validade deu-se o 
nome de INSTRUMENTALIDADE SUBSTANCIAL DO 
PROCESSO. 
 
 LITISCONSÓRCIO 
Conceito: há litisconsórcio sempre que houver uma 
pluralidade de sujeitos em um dos pólos do processo. 
 
Classificação: 
a) De acordo com o pólo em que se dá o 
litisconsórcio: 
a) Ativo; b) Passivo; e c) Misto. 
b) De acordo com o momento de sua formação: 
a) Inicial: quando se forma concomitantemente à 
formação do processo – é o que acontece em regra; e 
b) Ulterior (ou superveniente): surge durante o 
processo (exceção). O litisconsórcio ulterior poderá ser 
gerado: 1. em razão da conexão, que ao gerar a reunião dos 
processos, poderá gerar um litisconsórcio; 2. da sucessão, 
quando morrendo uma parte, será sucedida por seus 
herdeiros; e 3. da resposta do réu, por meio de alguma das 
modalidades de intervenção de terceiros, como o 
chamamento ao processo. 
 
c) De acordo com o direito material discutido: 
Simples (ou comum): a decisão de mérito pode ser 
distinta para os litisconsortes. O simples fato da decisão de 
mérito poder ser diferente já torna o litisconsórcio simples. 
Unitário: aqui a decisão de mérito tem de ser 
idêntica a todos os litisconsortes, tendo emvista que há 
apenas uma relação jurídica, a qual é indivisível. Os 
litisconsortes unitários recebem tratamento uniforme. 
Apenas haverá litisconsórcio unitário, se houver legitimação 
concorrente, ou seja, se ambos os litisconsortes tenham 
legitimidade para a causa. 
 
Para reconhecer qual a classificação pertence o 
litisconsórcio questione o seguinte: 
1) Os litisconsortes estão discutindo uma única 
relação jurídica? 
R.: Se forem discutidas mais de uma relação 
jurídica o litisconsórcio será sempre simples ou comum, 
caso o seja apenas uma relação, segue-se para a segunda 
pergunta; 
2) Esta única relação jurídica discutida é indivisível? 
R.: Se indivisível o litisconsórcio será unitário, se 
divisível o litisconsórcio será simples. 
 
Exemplos: 
1. Dois credores solidários cobram uma obrigação. 
Há apenas uma relação jurídica, entretanto, a mesma 
poderá ser divisível ou indivisível. Se divisível será 
litisconsórcio simples (ou comum) - entrega de dinheiro, 
mas caso seja indivisível será unitário – entrega de um 
camelo. 
OBS.: a divisibilidade ou não da obrigação 
solidária estabelecerá se o litisconsórcio formado será 
simples ou unitário. 
 
2. MP em litisconsórcio com um menor em uma 
ação de alimentos. Nesse caso, há um legitimado 
extraordinário em litisconsórcio com um legitimado 
ordinário. Nesse caso, há apenas uma relação jurídica, a 
qual é indivisível – litisconsórcio unitário. 
OBS.: sempre que um legitimado ordinário estiver 
em litisconsórcio com o extraordinário, este será unitário. 
Não há exceção. 
Ex.3: ação popular VS MP. Caso de litisconsórcio 
unitário. Haverá apenas uma relação jurídica indivisível. 
OBS.: Sempre que dois ou mais legitimados extraordinários 
atuam em litisconsórcio, o litisconsórcio será unitário. 
 Ex.4: litisconsórcio de poupadores pedindo a 
correção dos expurgos inflacionários/ou vários 
contribuintes questionando certo tributo. Cada litisconsorte 
discute sua relação jurídica. Se houver 10 litisconsortes, 
haverá 10 relações discutidas. Litisconsórcio simples. OBS.: 
litisconsórcio em causas repetitivas será sempre simples. 
Ex.5: ação pauliana (3º quer desconstituir um 
negocio fraudulento em face de duas pessoas que fizerem 
um negócio fraudulento). Assim, o terceiro ajuíza uma ação 
em face dos dois picaretas. Logo, temos um litisconsórcio 
passivo. Tem litisconsórcio e a ação é constitutiva? Chute 
que é litisconsórcio unitário. Não há base científica para 
tanto, mas a praxe, a experiência do professor não falha, 
em regra. OBS.: Se o caso é de ação constitutiva, e há 
litisconsórcio, este será unitário. 
 Identificando-se se o litisconsórcio é simples ou 
unitário, saber-se-á o regime de tratamento dos 
litisconsortes, uma vez que se este for unitário, o 
tratamento e a sentença, será uniforme; caso seja simples, 
cada litisconsorte poderá receber um tratamento e uma 
sentença diferente. 
 É certo que os atos das partes podem ser 
divididos em: 
Condutas determinantes: colocam as partes em 
uma condição desfavorável (ex.: confissão, revelia, não 
interposição de recurso, desistência, renúncia); e 
Condutas alternativas: é aquela que a parte pratica 
a fim de dar uma incrementada na sua situação; pretendem 
colocar as partes em condições favoráveis; tenta melhorar 
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mas não sabe se vai melhorar – diferentemente das 
determinantes (ex.: contestação, produzir prova, recurso, 
alegar etc.). 
 Tais condutas repercutem no litisconsórcio. 
Vejamos: 
1ª) A conduta determinante de um litisconsorte 
não prejudica o outro. Note-se que no litisconsórcio 
unitário, a conduta determinante apenas será eficaz se 
praticada por todos (ex.: no caso de desistência, deverá 
haver anuência de todos os litisconsortes para que o ato 
produza efeitos). No litisconsórcio simples, não vale essa 
regra, nada impedindo, por exemplo, a renúncia de apenas 
um dos litisconsortes. Aqui a conduta daquele que a prática 
o atinge; 
2ª) No litisconsórcio unitário a conduta alternativa de 
um dos litisconsortes, beneficia o outro, tendo em vista se tratar 
de uma única relação jurídica e indivisível; e 
3a) No litisconsórcio simples, a conduta alternativa de 
um dos litisconsortes, não beneficiará os demais. 
 
Tal regra de nº 3 sofre algumas mitigações tópicas, 
que ao longo do curso serão mencionadas. Nas partes da 
resposta do réu e da comunhão da prova. 
OBS.: por outro lado, em razão do PRINCÍPIO DA 
AQUISIÇÃO PROCESSUAL DA PROVA, uma vez produzida por 
um litisconsorte simples ou unitário, como passa a 
pertencer ao processo, poderá ser aproveitada por 
qualquer dos litisconsortes. Consoante: NCPC, Art. 117. Os 
litisconsortes serão considerados, em suas relações com a 
parte adversa, como litigantes distintos, exceto no 
litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de 
um não prejudicarão os outros, mas poderão os beneficiar. 
 Na época do CPC de 39, a doutrina classificava o 
litisconsórcio em três espécies ou figuras, de acordo com o 
grau do vínculo existente entre os litisconsortes: 
por comunhão: de interesses. Quando discutem a 
mesma relação. Aqui há maior vínculo. As partes têm 
interesses comuns. Há apenas uma relação jurídica 
discutida. Ex: credores solidários; eles têm uma comunhão 
de interesses. Simples ou unitário. 
por conexão: vínculo intermediário. Aqui há 
interesses diversos, mas estão relacionados entre si. Não 
são interesses comuns. Não estão discutindo o mesmo 
interesse, mas ligados entre si. Há mais de uma relação 
jurídica discutida, sendo elas ligadas entre si. Ex: mãe e 
filho se atuam em litisconsórcio contra o pai; um (o filho) 
pedindo investigação de paternidade e a outra (a mãe) 
pedindo ressarcimento com as despesas do parto. Pode ser 
simples ou unitário. 
por afinidade: menor vínculo. Aqui as partes 
discutem interesses semelhantes, diversos, não ligados 
entre si, mas que se parecem. Ex: é o litisconsórcio das 
causas de massa, naquelas situações repetitivas, tais como, 
as dos segurados, dos poupadores, dos contribuintes etc. 
OBS.: Todo litisconsórcio por afinidade é simples 
(sempre, sem exceção) e se relaciona com as causas de 
massa e com as causas repetitivas. Aqui SÓ SIMPLES. 
 O NCPC traz essa classificação em seu artigo 
113: 
 o inciso I trata do litisconsórcio por comunhão; 
 o inciso II do litisconsórcio por conexão; e 
 o inciso IIII, do litisconsórcio por afinidade. 
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo 
processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: 
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de 
obrigações relativamente à lide; 
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela 
causa de pedir; 
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de 
fato ou de direito. 
 
Atentar para o fato que poderá eventualmente 
surgir um litisconsórcio com centenas de pessoas. Ora, 
neste caso, como o réu poderia se defender? 
O nome de tal fenômeno é chamado de 
LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO (adjetivo que tem a ver 
com multidão). Fenômeno razoavelmente novo na vida 
forense brasileira. Vejamos o parágrafo primeiro do art. 113 
do NCPC: 
Art. 113, § 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio 
facultativo quanto ao número de litigantes na fase de 
conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando 
este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa 
ou o cumprimento da sentença. 
OBS.: o parágrafo primeiro não é expresso, mas se 
extrai dele o seguinte:ele cuida tão-somente do 
litisconsórcio por afinidade. 
A limitação pode ser feita pelo juiz (por meio do 
desmembramento). Agora o juiz pode fazer de ofício e, 
obviamente, também a requerimento do réu. Contudo, hoje 
a limitação, a recusa do litisconsórcio deve ser MOTIVADA. 
Apenas se justifica a limitação em dois casos:  se 
comprometer a rápida solução do litígio, ou  se prejudicar 
a defesa. 
A decisão acerca da limitação ou fragmentação é 
interlocutória, impugnável por AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
O pedido de limitação do litisconsórcio multitudinário ativo 
INTERROMPE o prazo de defesa, que recomeça da 
intimação da decisão. 
 
 
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Outra classificação, consoante a obrigatoriedade 
de sua formação: 
a) Necessário (aquele de formação obrigatória); ou 
b) Facultativo (opcional). 
NCPC - art. 114  diz que o litisconsórcio necessário 
quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a 
eficácia da sentença depender da citação de todos que 
devam ser litisconsortes ou por expressa previsão legal. 
O Litisconsórcio necessário por força de lei é 
simples. Exemplos de litisconsórcio necessário por força de 
lei (que é simples): 
 Ação usucapião de imóveis; e 
 Ação de demarcação de terras. 
Contudo, nada impede que litisconsórcio 
necessário seja SIMPLES e não unitário, nos casos de 
expressa previsão legal. Exemplo: qualifique o litisconsórcio 
na oposição (terceiro propõe ação em face de autor e réu). 
Que tipo? Passivo, necessário e, portanto, simples. 
Dica: necessário por força de lei  simples. 
Nem todo necessário é unitário, uma vez que 
quando o for por disposição legal, poderá ser simples. Nem 
todo litisconsórcio facultativo, será simples, podendo ser 
unitário quando em razão da natureza do pedido. 
Exemplos de litisconsórcio facultativo unitário: 
 Ação popular; e 
 Ações movidas por condôminos (repare que 
praticamente sempre será ativo). 
 Mas quando será unitário e facultativo? 
 Inexiste litisconsórcio necessário ativo. 
Ex: não tem sentido eu só poder ir ao Judiciário se 
eu tiver de ir com outra pessoa. 
Em suma: inexiste litisconsórcio necessário ativo 
tendo em vista que a recusa de um litisconsorte não pode 
impedir o direito fundamental de ir a juízo do outro, e ainda 
porque, por outro lado, ninguém é obrigado a ir a juízo. 
Ex: “A” demanda contra “C”; aí o juiz deve intimar 
“B” a fim de dar ciência do processo e se quiser tomar 
medida cabível, pois é caso de litisconsórcio necessário 
ativo, assim, será afetado, pela sentença de A vs C. Logo, B 
deve ser intimado, estar ciente do processo. 
 Qual a consequência da falta de citação no 
litisconsórcio necessário? Depende. Se unitário e um 
não for citado, a sentença é nula. Se simples e um não 
for citado, a sentença contra aquele que foi citado é 
válida e contra aquele que não foi citado a sentença é 
ineficaz. 
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a 
integração do contraditório, será: 
I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a 
todos que deveriam ter integrado o processo; 
II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não 
foram citados. 
 
 INTERVENÇÃO IUSSU JUDICIS 
É a intervenção de terceiro no processo por 
determinação do juiz, para que ele passe a fazer parte do 
processo. No CPC de 1939, havia disposição expressa deste 
instituto. O juiz poderia trazer o terceiro que ele entendesse 
dever fazer parte do processo, de uma forma ampla. O CPC 
de 1973 eliminou a previsão da intervenção iussu judicis. 
 Há quem afirme que a intervenção iussu judicis teria 
sido redimensionada, nos termos do parágrafo único do art. 
115 do NCPC  Nos casos de litisconsórcio passivo 
necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a 
citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do 
prazo que assinar, sob pena de extinção do processo. 
 Ou seja, a intervenção iussu judicis estaria limitada 
ao litisconsorte necessário não citado. 
Ocorre que, a prática forense passou a revelar uma 
necessidade de autorizar o juiz a trazer outros sujeitos ao 
processo, além dos litisconsortes necessários não citados, 
como nos casos do litisconsórcio unitário. 
O juiz, para proteger interesses, intimará o 
litisconsórcio unitário da existência de ação, para que não 
alegue posteriormente o desconhecimento da demanda 
(ex: entre cônjuges). 
Trata-se da aplicação do princípio da adequação, 
um pode de administração do processo. O próprio STF já 
citou tal instituto (a fim de evitar celeumas). 
 
 INTERVENÇÃO LITISCONSORCIAL VOLUNTÁRIA 
Poderá ter duas acepções: 1ª) É sinônimo de 
assistência litisconsorcial; e 2ª) É um litisconsórcio 
facultativo ulterior ativo simples. Ex: causas repetitivas VS 
tributo VS João - diz que não quer pagar tal tributo e juiz 
concorda. José que está numa situação semelhante e entra 
neste processo e pede a liminar. O que ele faz? Pede para 
ser litisconsórcio ativo, ulterior, simples (relações distintas 
embora afins) e facultativo. 
Isso é lícito? Em regra, essa segunda acepção, 
sempre ocorre após a concessão da liminar, razão pela qual 
não é lícita e não se admite, uma vez que desrespeita o 
princípio do juiz natural. Contudo, há quem admita essa 
intervenção como homenagem à economia processual e à 
igualdade, como é o caso de Cassio Scarpinella Bueno e 
Leonardo Greco. Isso é reflexo das causas repetitivas. 
Por fim, ressalta que a lei do MS, parágrafo 2º, art. 
10 reabre a discussão em tela. Vejamos: Art. 10. A inicial 
será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando 
não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar 
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algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo 
legal para a impetração. ... § 2o O ingresso de litisconsorte 
ativo não será admitido após o despacho da petição inicial. 
 
 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
Fundamentos da Intervenção de Terceiros 
Economia processual e garantir o contraditório de 
tais terceiros. É uma técnica para garantir a economia 
processual e o contraditório, ao permitir que algumas 
pessoas, que se relacionem ao processo, participem deste, 
evitando o surgimento de novas demandas. 
 
Conceitos Fundamentais 
Parte: é aquele que participa do processo como 
sujeito parcial. 
Terceiro: é um conceito por exclusão, é aquele que 
não é parte. 
Intervenção de terceiro: é o ingresso de um 
terceiro em processo alheio, tornando-se parte. Pressupõe 
um processo já existente, caso contrário, seria o caso de 
litisconsórcio. 
Incidente (substantivo) do processo: é um 
procedimento novo que surge de um processo já existente 
para dele fazer parte e de modo não necessário. Incorpora-
se. Ex.: impugnação ao valor da causa; exceção de 
impedimento; reconvenção; designação de um perito; e 
todas as intervenções de terceiro. Toda intervenção de 
terceiro é um incidente do processo. Caso seja processo 
incidente não será intervenção de terceiro. 
Processo incidente (adjetivo): é um novo processo 
que surge em razão de um processo já existente – que nele 
se desgarra - para nele produzir efeitos. Ex.: embargos à 
Execução; embargos de terceiro. 
 
Efeitos da Intervenção de terceiros noprocesso 
1. Ampliação subjetiva do processo: 1.1. Gera no 
processo, uma nova parte, pode ampliar o rol de sujeitos do 
processo (ex.: chamamento); ou 1.2. Gerar uma alteração, 
gerar a substituição de uma das partes originárias. 
2. Ampliação objetiva do processo (nem sempre 
ocorre). Ampliar objetivamente o processo é o acréscimo 
de um novo pedido. É o caso da denunciação da lide, que 
trazem ou agregam ao processo, um novo pedido. 
Controle da intervenção pelo Magistrado 
Toda intervenção, seja ela espontânea ou 
provocada, deverá passar pelo controle do magistrado, que 
decidirá pelo cabimento ou não da intervenção. 
NCPC, Art. 120. Art. 120. Não havendo impugnação no 
prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, 
salvo se for caso de rejeição liminar. 
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao 
requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o 
incidente, sem suspensão do processo. 
 
OBS.: A correta interpretação do caput deste 
artigo, é no sentido de que não basta a ausência de 
impugnação acerca da intervenção, sendo indispensável a 
autorização do juiz, sempre e em qualquer caso. 
 
Classificação das Intervenções de Terceiros 
Espontânea e Provocada (coacta) 
Enquanto na espontânea se dá a pedido do 
terceiro, como no caso da assistência; a provocada (coacta) 
o terceiro é chamado a fazer parte do processo, é o caso da 
denunciação, do chamamento. 
 
Cabimento das intervenções de terceiro: 
a) procedimento ordinário do procedimento de 
conhecimento: cabe qualquer intervenção de terceiro; 
b) nos Juizados Especiais não cabe qualquer 
intervenção de terceiros; 
 c) nas ações de controle concentrado de 
constitucionalidade: (ADIN, ADC, ADPF) não se admite 
qualquer intervenção de terceiros por expressa vedação 
legal. As leis n. 9.868/99 e n. 9.882/99 vedam 
expressamente a intervenção de terceiros nestas ações. Por 
outro lado, a doutrina faz duas ponderações, a saber: não 
há como impedir que um colegitimado possa intervir nessas 
ações (quem pode o mais pode o menos); e nessas ações 
se admite a intervenção do amicus curiae, ou “amigo da 
Corte”. 
O amicus curiae intervém para oferecer ao juízo, 
mais elementos ou subsídios, no sentido de alcançar uma 
decisão mais justa. Objetiva trazer novos aspectos que 
talvez não tenham passado pela cabeça do juiz (amplia sua 
visão). Ele é uma espécie de conselheiro (opina sobre o 
modo de o juiz decidir e não um perito que investiga fatos). 
Ele não precisa ser imparcial, ao contrário, vai 
apresentar o seu ponto de vista. Ex: se o amigo da corte é 
um religioso, dará sua opinião numa ação sobre o tema 
aborto, conforme sua visão religiosa. O NCPC trata esta 
figura como uma espécie de intervenção de terceiros (art. 
138). 
Como intervém? Por escrito, mas a jurisprudência 
do STF mudou e no final de 2003, a jurisprudência do STF 
passou a admitir a sustentação oral do amicus curiae. 
Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou 
admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae. 
O amicus curiae pode recorrer da decisão que 
julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. 
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OBS.: frisa-se que, em junho de 2003, o STF ao julgar o 
HC 82424, referente ao caso Elwanger, cidadão acusado da prática 
de crime de racismo contra a nação judaica. Em sua defesa, a 
parte alegou que ser “antissemita” não seria ser racista, eis que a 
raça humana não se subdivide em raças. O STF, por 8 votos contra 
3, decidiu que o crime de racismo é um crime contra as diferenças, 
contra a intolerância e não contra a raça. É preciso defender a 
diferença. O fundamento desses três votos não foi no sentido da 
defesa do acusado, de que a raça judaica não seria raça, mas sim 
no sentido que ele estaria apresentando suas idéias em suas 
obras, logo, em razão do direito de liberdade de expressão, o 
mesmo deveria ser absolvido. Nesse julgamento, foi admitida a 
intervenção do amicus curiae, embora a figura não seja prevista do 
CP ou no CPP. Essa observação é importante para explicar a fase 
atual. Vejamos: 
 Assim, atualmente, defende-se o cabimento de 
amicus curiae em qualquer processo, desde que se trata de 
um processo relevante e que o amigo da corte tenha 
representatividade, principalmente em ações coletivas, o 
que gera um caráter mais democrático. 
 Atualmente, o amicus curiae é admitido na Lei da 
Súmula vinculante, no julgamento de recursos repetitivos 
no âmbito do STJ e do STF. E tais recursos podem advir de 
qualquer processo. 
 
 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS EM ESPÉCIE 
Vamos adotar a seguinte legenda para tal tema: 
A – será o autor B – será o réu C – será o terceiro 
 
1) ASSISTÊNCIA 
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o 
terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma 
delas poderá intervir no processo para assisti-la. 
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer 
procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o 
processo no estado em que se encontre. 
 É uma forma de intervenção espontânea que pode 
ocorrer enquanto o processo estiver pendente e pode 
ocorrer em qualquer dos pólos do processo com a 
finalidade de auxiliar uma das partes naquilo que ela quer. 
O assistente não traz ao processo pedido novo, apenas 
adere ao pedido formulado pelo assistido. Para que o 
sujeito intervenha como assistente ele precisa demonstrar 
que possui interesse jurídico na causa; pressupõe que o 
assistente tenha com a causa interesse jurídico, e não 
moral, não sentimental nem econômico. 
O que é esse interesse jurídico que justifica a 
assistência? Há duas dimensões que de interesse jurídico 
que justifica a assistência; o interesse jurídico que justifica a 
assistência se divide em dois graus: 
1) interesse forte/direto/imediato 
Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o 
assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o 
adversário do assistido. 
No litígio entre “A” x “B”, “C” requer o ingresso 
como assistente, uma vez que guarda uma relação jurídica 
com “A”, que poderá ser prejudicada pela sentença do 
processo principal, ou seja, “C” tem interesse próprio que 
poderá ser afetado pela lide. 
Ex1: condômino pedindo para intervir em uma 
ação proposta por outro condômino. Assim, ele entra 
dizendo que é também é titular. 
Ex2: imaginem que “A” seja substituto processual 
de “C”, portanto, “A” defende interesse de “C” em juízo 
(“C”, portanto, é o substituído). É claro que o substituído 
poderá intervir com interesse forte. O direito em jogo é de 
“C” e “A” é um legitimado extraordinário. A intervenção do 
substituído sempre é por interesse forte. 
Tais exemplos são: 
O terceiro sempre poderá intervir quando tiver interesse 
forte, sendo que esse grau de interesse origina a assistência 
litisconsorcial, caso em que o assistente litisconsorcial se torna 
litisconsorte do assistido. O assistente não está subordinado ao 
assistido, sendo também um protagonista da lide (ele também é 
parte; não há diferença hierárquica entre eles). A assistência 
litisconsorcial gera litisconsórcio unitário, em regra, no pólo ativo. 
Assim, a assistência litisconsorcial é um litisconsórcio facultativo, 
se unitário (se vincula a coisa julgada), ou ulterior, geralmente 
ativo. 
 
2) interesse fraco/indireto/mediato 
“C” requer seu ingresso na lide para auxiliar “B”, 
tendo em vista ter uma relação com este,diferente daquela 
discutida em juízo que, entretanto é com ela conexa. Assim, 
o interesse de “C” é indireto, eis que sua relação com “B” 
poderá sofrer efeitos reflexos com a sentença proferida na 
demanda de “A” x “B”. Ex.: Ação de despejo de “A” x “B”, 
sendo “C” sublocatário deste. 
Este grau de interesse (chamado de interesse 
REFLEXO) gera a chamada assistência simples, em que o 
assistente simples não será litisconsorte do assistido, mas 
simples auxiliar deste, estando subordinado à sua vontade. 
Se o assistido desistir, renunciar ou transacionar, o 
assistente nada poderá fazer por estar subordinado à 
vontade do assistido. Dessa forma, o assistente simples é 
um legitimado extraordinário subordinado (ele não é 
litisconsorte). 
Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da 
parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos 
mesmos ônus processuais que o assistido. 
Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, 
omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto 
processual. 
Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte 
principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, 
renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre 
direitos controvertidos. 
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Se o assistido for revel, o assistente pode contestar 
por ele. Se o assistido desiste, manifesta sua vontade, o 
assistente fica vinculado; agora se ele permanece inerte o 
assistente pode ajudá-lo, contestando por ele. 
O STJ vem decidindo bastante sobre o seguinte 
tema: assistido não recorreu, mas o assistente recorreu. A 
lei permite que o assistente supra as falhas. Mas o STJ 
entende que este recurso do assistente não deve ser 
examinado, pois o assistido ao não recorrer teria aceitado a 
decisão. Assim, só será aceito o recurso do assistente se o 
assistido também recorrer. Não há súmula, mas existem 
vários julgados que mostram a posição do STJ. 
O assistente litisconsorcial se submete à coisa 
julgada, ao contrário do que ocorre com o assistente 
simples, que se submete a outra espécie de eficácia 
preclusiva, em um sentido mais forte do que a coisa julgada 
(vincula o dispositivo da decisão), e em outro sentido, mais 
fraca do que esta. Essa eficácia se denomina eficácia da 
intervenção; eficácia preclusiva da intervenção ou 
submissão à justiça da decisão. A eficácia da intervenção 
submete o assistente aos fundamentos da decisão contra o 
assistido (e não vincula ao dispositivo da decisão que 
transitou em julgado). 
Enquanto a coisa julgada apenas poderá ser revista 
por meio de ação rescisória ou anulatória, a superação da 
eficácia da intervenção se dá de forma mais simples, 
podendo o assistido propor nova demanda desde que 
demonstre que não pode influenciar na decisão do processo 
onde atuou como assistente, ou que o assistido ignorou 
provas que poderiam interferir na sentença. Esses casos em 
que o assistido se esquiva da eficácia da intervenção se 
denominam “exceptio male gestis processus” ou defesa de 
má-gestão do processo. 
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em 
que interveio o assistente, este não poderá, em processo 
posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar 
que: 
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas 
declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir 
provas suscetíveis de influir na sentença; 
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das 
quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. 
 
Tal artigo só se aplica a assistência SIMPLES. 
O STF, este ano, admitiu uma assistência simples 
em que o assistente, que se tratava de um Sindicato, não 
possuía interesse próprio ou reflexo na lide, já que estaria 
defendendo os interesses da categoria. Ou seja, o que se 
admitiu foi uma intervenção de um legitimado coletivo em 
uma ação individual para a formação do precedente 
jurisdicional, sob o fundamento de haver interesse na 
formação desse precedente. 
 
2) INTERVENÇÕES ESPECIAIS DOS ENTES PÚBLICOS 
(9.469/97) 
Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que 
figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, 
sociedades de economia mista e empresas públicas federais. 
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público 
poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que 
indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da 
demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de 
fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais 
reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, 
hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão 
consideradas partes. 
2.1. art. 5º, caput: é uma forma de intervenção 
espontânea, que pode se dar a qualquer tempo, em 
qualquer dos pólos, sem agregar pedido novo, exclusiva da 
União, e que dispensa demonstração de interesse jurídico, 
cabível quando o processo envolver entidade autárquica, 
empresa pública ou sociedade de economia mista federal. 
2.2. art. 5º, parágrafo único: é uma forma de 
intervenção espontânea, que pode se dar a qualquer 
tempo, em qualquer dos pólos, sem agregar pedido novo, 
que poderá ser requerida por qualquer Pessoa Jurídica de 
Direito Público, cabível em qualquer processo, 
imprescindível de interesse econômico do ente Público, 
com objetivo de prestar informações ao Juiz. Em razão 
desta última característica, muitos autores defendem se 
tratar de uma intervenção de amicus curiae. 
 
3) ALIENAÇÃO DA COISA OU DO DIREITO 
LITIGIOSO 
Vamos adotar a seguinte legenda para tal tema: 
A – será o adversário dos dois abaixo 
B – será o alienante ou cedente (dou exemplo aqui 
do réu como alienante, mas qualquer parte pode ser, isto é, 
o autor também poderia sê-lo). 
C – será o adquirente ou cessionário 
É possível a alienação de coisa ou direito litigioso, 
já que se assim não fosse, as empresas em dificuldade não 
poderiam se recuperar, por exemplo. No caso dessa 
alienação, aquele que adquire o bem ou direito, será o 
adquirente ou cessionário; aquele que aliena o bem será o 
alienante ou cedente; já a outro demandante será o 
adversário comum daqueles dois. 
O alienante não perde a legitimidade ad causam, 
ou seja, continua sendo parte legítima para figurar no 
processo. O adquirente, por sua vez, poderá interferir no 
processo, já que a coisa julgada lhe atingirá diretamente, 
podendo requerer seu ingresso na lide no lugar do 
alienante (sucessão). Para tanto, a anuência do adversário 
comum será imprescindível. 
Se o adversário comum concorda com a sucessão, 
o alienante poderá deixar o feito, ou nele permanecer a 
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OS: 0118/2/19-Gil 
título de assistência simples para auxiliar o adquirente a 
obter uma sentença favorável, o que, reflexamente, afasta a 
evicção. 
Se o adversário comum não concordar com a troca, 
o adquirente pode intervir como assistente litisconsorcial 
do alienante, já que intervirá para defender direito próprio, 
nesse caso ocorre um fenômeno interessante: o alienante 
permanece no processo defendendo interesse do 
adquirente, logo, permanece no feito atuando como um 
legitimado extraordinário superveniente. 
Art. 109. A alienação da coisa ou do direitolitigioso por ato 
entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das 
partes. 
§ 1o O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em 
juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a 
parte contrária. 
§ 2o O adquirente ou cessionário poderá intervir no 
processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente. 
§ 3o Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as 
partes originárias ao adquirente ou cessionário. 
Quanto ao terceiro de boa-fé, sendo a coisa 
litigiosa um imóvel, caberá ao autor da ação averbar na 
matrícula a pendência da ação. 
 
4) OPOSIÇÃO 
O Novo CPC reformulou a Intervenção de terceiros, 
não prevendo mais como uma de suas modalidades a 
Oposição e a Nomeação a Autoria, que , porém, 
continuam existindo, mas com outra natureza jurídica. Por 
outro lado, o novo Código manteve a Assistência, a 
Denunciação a Lide, o Chamamento ao Processo e 
acrescentou o Incidente de Desconsideração da 
Personalidade Jurídica e o Amicus Curiae, que estão 
disciplinadas do art. 119 ao art. 138. 
Neste post trataremos da Oposição, que, no que 
pese não ser mais considerada uma modalidade de 
Intervenção de Terceiros, assim o era classificada no 
CPC/73, que tratava da matéria do art. 56 ao art. 61. Já no 
Novo CPC, vem prevista no Título III, Capítulo VIII, art. 682 
ao 686, como procedimento especial. 
 
Procedimento: 
A Oposição será cabível quando 
alguém pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito 
sobre que controvertem autor e réu, até ser proferida a 
sentença, devendo ser as ação dirigida a ambas as partes, e 
terá como seus requisitos os exigidos para a 
respectiva demanda. Como é distribuída por dependência, 
serão os opostos citados, na pessoa de seus respectivos 
advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15 
(quinze) dias, não havendo que se falar em prazo dobrado, 
pela existência de advogados distintos. Se um dos opostos 
reconhecer a procedência do pedido, contra o outro 
prosseguirá o opoente. 
Caso a oposição seja admitida, ela será apensada 
aos autos e tramitará simultaneamente à ação originária, 
sendo ambas julgadas pela mesma sentença. Porém, se a 
oposição for proposta após o início da audiência de 
instrução, o juiz suspenderá o curso do processo ao fim da 
produção das provas, salvo se concluir que a unidade da 
instrução atende melhor ao princípio da duração razoável 
do processo. 
Como cabe ao juiz decidir simultaneamente a 
ação originária e a oposição, deverá conhecer desta em 
primeiro lugar, tendo em vista que a sua solução interfere 
diretamente no resultado que terá a primeira ação. 
 
 INTERVENÇÕES PROVOCADAS 
5) CHAMAMENTO AO PROCESSO 
- É uma forma de intervenção provocada sempre 
feita pelo réu; 
- É sempre facultativa; 
- Típico de ações de conhecimento (não cabe em 
execução. Aliás, pergunta clássica de concurso); 
- Nos casos em que o chamado é devedor solidário 
do chamante (o réu demandando chama ao processo 
outrem que responde solidariamente com ele). O 
chamamento ao processo pressupõe solidariedade entre 
chamante e chamado. O chamante e o chamado são 
devedores solidários em face do autor. Assim: 
Esquema gráfico: 
A  B 
  
 C 
Logo, B VS C tem também uma relação com A. Traz 
ao processo também alguém que deve ao autor. 
Art. 130, NCPC. É admissível o chamamento ao processo, 
requerido pelo réu: 
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; 
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou 
alguns deles; 
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir 
de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. 
 
1ª O fiador (chamante) pode chamar o devedor 
(chamado), mas o devedor demandado não pode chamar o 
fiador; CUIDADO  ÀS VEZES – INVERTEM. Só vale esta 
ordem: F e D OBS.: O devedor demandado não poderá 
chamar à lide o fiador, já que não tem ação de regresso 
contra este, salvo se o fiador seja com ele solidário por ter 
renunciado ao benefício de ordem. 
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2ª O fiador (chamante) pode chamar o co-fiador 
(chamado); e 
 
3ª O devedor (chamante) pode chamar o outro 
devedor (chamado). 
 
 Obs.: o art. 101, II, CDC prevê uma quarta 
hipótese de chamamento ao processo, a saber: o 
fornecedor (chamante) demandado pelo consumidor pode 
chamar a seguradora (chamada). É sui generis, pois ambos 
respondem solidariamente em face do consumidor. Temos 
em mente que o seguro paga somente a vítima. O CDC 
inova ao colocar a segurada do fornecedor como 
responsável solidaria, tanto que permite o chamamento ao 
processo. 
O chamamento ao processo revela certa 
incompatibilidade entre o direito material e o direito 
material, pois faculta ao credor escolher o demandado 
consoante o direito material. Já no direito processual 
permite-se ao escolhido trazer os demais devedores 
solidários à demanda. Por outro lado, há um lado positivo 
em face do chamamento, a sentença valerá contra todos os 
devedores que participaram do processo, podendo o autor 
executar qualquer deles, sendo que aquele que vier a pagar 
(chamante ou chamado) poderá, imediatamente, executar a 
sentença para cobrar do outro o seu respectivo quinhão 
(não precisa ajuizar uma ação regressiva). 
Art. 132, NCPC. A sentença de procedência valerá como 
título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de 
que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada 
um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar. 
O chamamento só será cabível em processo de 
conhecimento, transformando o terceiro em litisconsorte 
passivo, facultativo e ulterior do chamante. Será simples 
quando o bem seja divisível e unitário se este for indivisível. 
 
6) CORREÇÃO DA LEGITIMAÇÃO PASSIVA 
Veio substituir a antiga nomeação à autoria. Agora, 
Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não 
ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao 
autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial 
para substituição do réu. 
Realizada a substituição, o autor reembolsará as 
despesas e pagará os honorários ao procurador do réu 
excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do 
valor da causa. 
Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu 
indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida 
sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as 
despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos 
decorrentes da falta de indicação. 
O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no 
prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para 
a substituição do réu, também reembolsando as despesas e 
pagando os honorários ao procurador do réu excluído, que 
serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa. 
Todavia, no prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode 
optar por alterar a petição inicial para incluir, como 
litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. 
 
7) DENUNCIAÇÃO DA LIDE 
7.1) Características: 
É uma intervenção que pode ser provocada por 
qualquer das partes, sendo que quando provocada pelo 
autor, será feita na inicial, e quando pelo réu, na 
contestação. Pode-se dizer que a denunciação feita pelo 
autor não é, propriamente, uma intervenção de terceiro, 
uma vez que a lide já nasce com o terceiro. 
A denunciação da lide é uma demanda, isto é, o 
terceiro vem ao processo na condição de réu, sendo 
demandado pelo denunciante. 
Com a denunciação, o processo passa a ter uma 
nova demanda, o que significa dizerque a denunciação 
amplia objetivamente o processo. Essa nova demanda será 
regressiva, já que o denunciante demanda contra o terceiro 
em busca de ressarcimento dos prejuízos decorrentes do 
processo. Esse regresso ou reembolso, é a marca da 
denunciação da lide. Deve-se observar que a denunciação 
da lide gera pedido novo, e não processo novo, já que, 
como intervenção de terceiro, é apenas um incidente do 
processo. 
 A denunciação da lide é uma demanda regressiva 
eventual, uma vez que a ação é proposta à hipótese de um 
denunciante vir a perder a ação principal, assim, a 
denunciação da lide somente será examinada se o 
denunciante perder a ação processual. O exame da 
denunciação da lide pressupõe que o denunciante tenha 
perdido na ação principal (sendo, rigorosamente, uma 
demanda sob condição). 
Prova – sentença: 
Demanda original – 1ª a ser julgada; 
Demanda derivada – só será analisada se a 
primeira restar frustrada. 
A primeira demanda a ser julgada é a original, 
uma vez que no caso de êxito do denunciante em face do 
autor, o juiz sequer examinará a demanda regressiva, que 
restará prejudicada. 
Art. 129, NCPC. Se o denunciante for vencido na ação principal, o 
juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. 
Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de 
denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da 
condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em 
favor do denunciado. 
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Esquema gráfico: 
A  B 
  
 C 
Aqui o “C” não tem relação com o “A”. 
Ex: da denunciação da lide feita pelo réu. Pois se 
feita pelo autor  “C” não tem relação com “B”. Por quê? 
Porque o denunciado não tem relação com o adversário do 
denunciante. 
 Pergunta de prova: se o autor perde a 
ação  a denunciação da lide nem será apreciada  aí o 
autor recorre ao TJ que julga a denunciação da lide 
procedente. Quem vai apreciar a denunciação? Será o 
próprio TJ. Não irá para o primeiro grau. 
 
Qual é a posição do denunciado? 
Para responder corretamente se faz necessário 
lembrar que com a denunciação da lide temos duas 
demandas, quais sejam: 
1ª A  B 
2ª B  C 
Na demanda 2 o “C” é o réu de “B”. 
Na demanda 1 o “C” é o quê? 
Depende. 
Na derivada é réu, mas na original a posição dele é 
polêmica. 
Legitimado extraordinário (o denunciado é 
legitimado extraordinário na demanda derivada). O NCPC 
diz que o denunciado e o denunciante na ação principal são 
litisconsortes. 
Assim: 
Inimigos na demanda n. 2. 
Litisconsortes na demanda n.1. 
Na denunciação da lide, o denunciado não guarda 
relação com o adversário do denunciante, mas apenas com 
este. Assim, feita denunciação da lide, o processo passa a 
estruturar-se da seguinte forma: 
Originariamente: A x B 
Após a denunciação: A x B e C (demanda 01) / B x C 
(demanda 02) 
 
OBS.: a situação processual do denunciado é de 
réu na demanda regressiva; já quanto à demanda originária, 
o NCPC tentando acabar com a divergência verificada 
anteriormente, expressamente aduz que: 
 
Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: 
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo 
autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em 
litisconsórcio, denunciante e denunciado; 
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar 
de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-
se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; 
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo 
autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua 
defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a 
procedência da ação de regresso. 
 
 CONDENAÇÃO DIRETA DO DENUNCIADO 
Cabe condenação direta do denunciado em favor 
do adversário do denunciante? 
A  deve pagar  B 
B  deve paga  C 
Pode o juiz mandar o “A” pagar diretamente o “C”? 
Do ponto de vista do direito material, não seria 
possível, eis que o denunciado não guarda relação com o 
adversário do denunciante, sendo esse ainda, o 
entendimento da doutrina. 
C deve p/ B; 
B deve p/ A. 
Logo, C não deve nada para A, contudo o STJ 
passou a admitir a condenação direta da seguradora. 
Pense no: 
Autor – vítima; Réu – segurado; Terceiro – 
seguradora 
Ocorre que na prática (entendimento 
jurisprudencial), quando o denunciante (réu) não tinha 
condições financeiras de arcar com a condenação, a vítima 
(autor) amargava o prejuízo. Em razão disso, o STJ, no caso 
específico de contrato de seguro, partindo do pressuposto 
de que a seguradora (terceiro) era litisconsorte do 
segurado, condenava aquela diretamente a indenizar o 
prejuízo sofrido pelo adversário deste. 
O CDC, antecipando, a jurisprudência, já adotou tal 
pensamento (no art. 101). Ademais, a partir do novo CC, o 
art. 788 trouxe/prevê expressamente um caso em que a 
seguradora responde diretamente à vítima (também dentro 
desse contexto). 
Tal dispositivo estabeleceu uma solidariedade da 
seguradora perante a vítima nos casos de seguro de 
responsabilidade obrigatório (como o DPVAT). 
Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente 
obrigatórios, a indenização por sinistro será paga pelo segurador 
diretamente ao terceiro prejudicado. 
Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima 
do dano, o segurador não poderá opor a exceção de contrato não 
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cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste para 
integrar o contraditório. 
 
O STJ generalizou. 
“Obrigatoriedade” da denunciação da lide (a 
denunciação é imprescindível ao exercício do direito de 
regresso?) 
 
Mais adequado do que o termo obrigatoriedade 
seria o uso do termo “ônus”. 
A denunciação da lide era obrigatória na 
sistemática do CPC/73. Se não, vejamos: 
Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória: 
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a 
coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta 
possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta; 
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por 
força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do 
credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, 
exerça a posse direta da coisa demandada; 
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo 
contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder 
a demanda. 
 
A denunciação da lide era obrigatória, em regra, no 
caso clássico da evicção. 
Com o passar do tempo, percebe-se que até 
mesmo nos casos de evicção a denunciação da lide poderia 
não ser obrigatória em duas situações, a saber: 
 1ª Quando a denunciação da lide for vedada: se a 
denunciação é proibida, não pode resultar na perda do 
direito de regresso. A denunciação da lide é proibida nos 
JECs e ações de procedimento sumário; e 
 
 2ª Quando a denunciação da lide for impossível: 
não é caso de proibição, mas sim de impossibilidade. Ela é 
inconcebível no caso de evicção em razão de um ato 
administrativo; caso de perda de direito decorrente de 
processo administrativo (só é possível a denunciação da lide 
em processo judicial). 
Em taiscasos, admite-se ação autônoma de 
evicção. 
Por esta razão, o NCPC alterou tal sistemática a fim 
de considerar a denunciação da lide uma faculdade, 
podendo se demandar o direito de regresso quando a 
denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida 
ou não for permitida. 
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida 
por qualquer das partes: 
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo 
domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa 
exercer os direitos que da evicção lhe resultam; 
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a 
indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no 
processo. 
§ 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma 
quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser 
promovida ou não for permitida. 
 
 PETIÇÃO INICIAL 
A petição inicial é o instrumento da demanda 
(composta pelos três elementos da demanda: partes, causa 
de pedir e pedido), é a forma como a demanda se 
apresenta, assim como a procuração é um instrumento da 
representação voluntária. 
 
Requisitos (art. 319,NCPC): 
Art. 319. A petição inicial indicará: 
I - o juízo a que é dirigida; 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de 
união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de 
Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o 
endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a 
verdade dos fatos alegados; 
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência 
de conciliação ou de mediação. 
1º. Forma: em regra, a petição inicial tem a forma 
escrita. Há, no entanto, possibilidade de demandas orais, 
como nos casos: dos JEC’s; da Justiça do Trabalho; da 
demanda da mulher que se afirma vítima de violência 
doméstica (previsão na LMP) pode pleitear medidas 
protetivas oralmente perante um delegado de polícia (óbvio 
que em seguida a demanda será reduzida a termo). Há, 
ainda, a postulação eletrônica, como por exemplo, nos 
Juizados Virtuais, onde eles existem. 
 
2º. Assinatura: de quem tenha capacidade 
postulatória (normalmente: advogado, MP e DP; 
excepcionalmente, o leigo, como nos casos do JEC’s e HC). 
3º. Endereçamento Momento em que se aplicam 
as regras de competência: 
 Tribunal: Egrégio; Colendo; Excelso (este apenas para o 
STF); 
 Juiz Estadual: Juiz de Direito da Comarca de (xxxx); 
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 Juiz Federal: Juiz Federal da seção judiciária de (estado-
membro) – subseção de (cidade). 
 
4º Qualificação das partes: 
Autor: pessoa física. Deve-se informar todos os 
dados do indivíduo, tais como: nome completo, endereço, 
profissão, estado civil, CPF, existência de união estável, 
endereço eletrônico, domicílio e residência. Já a pessoa 
jurídica deve ser qualificada pelo tipo de pessoa jurídica: 
sociedade empresária; sociedade simples; pessoa de direito 
público; autarquia federal; fundação; associação civil etc., 
bem como a sede e o CNPJ. Quanto ao nascituro: deve-se 
qualificá-lo como “nascituro de (nome da mãe)” e aí se 
qualifica tal mãe. 
Réu: Caso não disponha das informações previstas 
acima, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz 
diligências necessárias a sua obtenção. O juiz possui 
poderes de requisitar tais informações de órgãos públicos 
como, por exemplo, a receita federal. Se, entretanto, faltar 
tais informações, mas for possível a citação do réu, a 
petição inicial não será indeferida. Também a petição inicial 
não será indeferida pelo se a obtenção de tais informações 
tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à 
justiça. 
5º. Causa de Pedir: fatos e fundamentos jurídicos 
do pedido (adiante). 
 
6º. Pedido (adiante). 
 
7º. Atribuição de valor à causa: o valor deve ser 
expresso em reais. 
Pode ser legal, previsto no art. 292, do NCPC; ou 
por arbitramento do autor, nos casos do art. 291, do NCPC 
(nos casos que não se encaixam no art. 292, CPC). Vejamos: 
O valor da causa é extremamente relevante, tendo 
em vista possuir várias finalidades, como a determinação da 
competência; do rito; a base de cálculo para multas 
processuais; a base do valor das custas; de base para o 
depósito na ação rescisória etc. Assim, jamais deve se 
colocar “para fins meramente fiscais” nem indeterminar o 
autor ao estabelecer o valor da causa, como p.ex.: “dá-se à 
causa”, mas sim: “dá à causa”, “dão à causa”, “atribui à 
causa”, “atribuem à causa”. 
O valor da causa pode ser controlado quando 
desrespeitar as regras do art. 292, NCPC ou quando for 
abusivo (desproporcional) nos casos em que cabe ao autor 
arbitrar o valor da causa. O juiz corrigirá, de ofício e por 
arbitramento, o valor da causa quando verificar que não 
corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao 
proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se 
procederá ao recolhimento das custas correspondentes. 
Art. 293, NCPC. O réu poderá impugnar, em preliminar da 
contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de 
preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a 
complementação das custas. 
 
8º. Requerimento de produção de provas que 
pretende utilizar. OBS.: no Mandado de Segurança (MS) só 
cabe prova documental, logo, não cometer o erro de numa 
petição de MS pedir todo tipo de “produção de prova”; 
 
9º. Toda petição deve conter todos os documentos 
indispensáveis à propositura da ação. Temos dois tipos de 
documentos indispensáveis à propositura da ação: 1º tipo: 
documento indispensável por força de lei, como p.ex.: a 
procuração, o título executivo na execução, a prova escrita 
na ação monitória; e 2º tipo: documento que se torna 
indispensável porque o autor faz referência a ele na inicial 
(caso o documento não esteja sob a posse do autor, deverá 
requerer, na própria inicial, sua exibição). 
Art. 320. A petição inicial será instruída com os 
documentos indispensáveis à propositura da ação. 
 
10º. A opção do autor pela realização ou não de 
audiência de conciliação ou de mediação. 
Possíveis manifestações do juiz: 
 
1ª) “Cite-se” – Determinação de citação do réu 
Estando a petição em termos (estando presentes 
todos os requisitos legais dos arts. 319 e 320), o juiz 
determinará a citação do réu. 
 
2ª) Emenda da inicial: 
É a correção da demanda inicial em razão de um 
vício sanável, o que se dá por determinação do juiz à luz do 
art. 321, com fundamento do princípio da cooperação. O 
prazo para emenda é de 15 dias, sendo que a desobediência 
à determinação judicial poderá acarretar a extinção do 
processo sem resolução de mérito. É direito do autor. 
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não 
preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta 
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de 
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a 
emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser 
corrigido ou completado (grifo nosso). 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz 
indeferirá a petição inicial. 
Alteração: é a alteração ou troca de algum dos 
elementos da inicial. Poderá ser: 
  Subjetiva (troca do réu, possível até a citação); ou 
  Objetiva (alteração do pedido ou da causa de pedir). 
Alteração possível emtrês fases, a saber: 
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 - possível até o saneamento, ocasião em que 
ocorre a estabilização da demanda; 
 - até a citação a alteração independe de 
anuência do réu; e por fim, 
 - da citação ao saneamento é possível a 
alteração, dependendo, entretanto, da concordância do 
réu, conforme prevê o art. 329, II do CPC. 
Aditamento: é a ampliação (acréscimo) do pedido, 
previsto no art. 294 do CPC. Apenas será possível até a 
citação. Esse regramento também é bastante criticado. 
Art. 329. O autor poderá: 
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de 
pedir, independentemente de consentimento do réu; 
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o 
pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado 
o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no 
prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de 
prova suplementar. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à 
reconvenção e à respectiva causa de pedir. 
Redução: é a redução do objeto, não havendo no 
CPC, um artigo que regule o tema; pode ocorrer de várias 
formas (pode haver p.ex. uma renúncia parcial, uma 
desistência parcial, um acordo parcial). 
3ª) Indeferimento da inicial 
É uma decisão proferida antes de se ouvir o réu 
pela qual o juiz rejeita a petição inicial; um juízo negativo 
sobre a petição inicial, em razão de algum vício formal 
insanável que, por isso, impede seu prosseguimento 
regular. 
Vícios insanáveis: 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: 
I - for inepta; 
II - a parte for manifestamente ilegítima; 
III - o autor carecer de interesse processual; 
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. 
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando: 
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses 
legais em que se permite o pedido genérico; 
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a 
conclusão; 
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. 
a) Inépcia da Inicial (art. 330, I): é um defeito da 
inicial relacionado ao pedido ou à causa de pedir. Inépcia é 
sinônimo de inaptidão, sendo casos desse defeito os 
previstos no art. 330, parágrafo primeiro do NCPC: 
 Falta de pedido ou de causa de pedir 
(também quando esses forem obscuros). 
 Pedido juridicamente impossível; 
 Incoerência da inicial (da narração dos 
fatos não decorre logicamente a inicial); 
 Pedidos incompatíveis entre si (ex: 
nulidade do contrato e sua revisão. “Petição suicida” – não 
confundir com sentença suicida do proc. penal); 
OBS.: há um quinto caso especial de inépcia 
previsto na legislação extravagante (art. 50, da Lei 
10.931/04). Esse artigo prevê que em uma ação onde se 
discute o valor de um contrato de financiamento 
imobiliário, o devedor, autor da ação, deve indicar quanto 
entende ser o valor devido. Ausente o valor que entende 
devido, a inicial será inepta. 
Art. 50. Nas ações judiciais que tenham por objeto 
obrigação decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação 
imobiliários, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as 
obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, 
quantificando o valor incontroverso, sob pena de inépcia... 
 
b) falta de interesse processual; 
c) ilegitimidade ad causam; 
d) não atendimento da determinação de emenda. 
O indeferimento da inicial será sempre uma 
decisão proferida antes da citação do réu. Já tendo 
ocorrido citação, não se tratará mais de indeferimento da 
inicial, mas sim, de sentença extintiva sem resolução de 
mérito. Tal distinção é relevante, já que no caso de 
indeferimento liminar, não haverá fixação de honorários 
advocatícios; e da sentença caberá apelação com as 
peculiaridades do art. 331, NCPC (juízo de retratação, no 
prazo de 5 dias). 
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, 
facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. 
§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu 
para responder ao recurso. 
§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo 
para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos 
autos, observado o disposto no art. 334. 
§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do 
trânsito em julgado da sentença. 
O indeferimento da inicial poderá ser total ou 
parcial, sendo que neste último caso, o processo mantém 
seu curso normal em relação à parte válida, razão pela qual, 
contra a decisão de indeferimento parcial caberá recurso 
de Agravo de Instrumento (todo agravo permite retratação; 
na apelação é diferente). 
Se a causa for de competência originária de 
Tribunal, como uma ação rescisória, o indeferimento parcial 
poderá se dar por acórdão ou por decisão monocrática 
proferida por relator, sendo que neste último caso caberá 
Agravo Interno ou Regimental. Se a decisão decorrer de 
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acórdão, caberá RO ou RE conforme o caso (menos 
apelação). 
O indeferimento ensejará extinção do processo 
sem resolução de mérito. 
 
4ª) Improcedência liminar do pedido 
 São hipótese que levam a extinção do processo 
com julgamento de mérito antes da citação do réu. 
a) em razão do reconhecimento da prescrição ou 
decadência legal do direito do autor (recordando que a 
decadência convencional não se opera de ofício, o juiz não 
pode reconhecer de ofício): 
Historicamente, a prescrição era matéria alegada 
pelo réu, não podendo ser conhecida de ofício. 
O CCB/02, por sua vez, previu que a prescrição 
poderia ser conhecida de ofício se favorecesse a 
absolutamente incapaz. Em 2006, a Lei 11.280, revogou o 
art. 194 do CCB que trata do assunto, e passou a prever que 
o juiz poderia conhecer de ofício qualquer prescrição. Em 
uma interpretação literal, atualmente, cabe improcedência 
prima facie por qualquer prescrição. 
Essa novidade apresentada pelo CPC tem sido 
bastante criticada, não se aplicando, por exemplo, na 
Justiça do Trabalho, já que a decisão seria desfavorável ou 
trabalhador. Alexandre Câmara chega a dizer que a regra é 
inconstitucional por violar a autonomia privada, já que em 
sendo o direito disponível, o réu poderia renunciar à 
prescrição e pagar seu débito. Para Fredie Didier, caberia 
essa prescrição de ofício apenas em relação a direitos 
indisponíveis. 
Analisando o artigo pelo ponto de vista processual, 
de acordo com o texto literal da lei, sempre caberá 
improcedência prima facie em razão de qualquer 
prescrição. 
OBS.: lembrar que prescrição e decadência são 
matérias meritórias e, assim, reconhecidas pelo juiz, 
acarretarão a extinção do processo com julgamento de 
mérito. 
 
b) Improcedência em causas que dispensem a fase 
instrutória (art. 332, NCPC): quando se tratar de causas que 
se dispense dilação probatória e que o pedido contradiga 
precedentes dos tribunais. Não há motivo para citar o réu. 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o 
juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente 
improcedente o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do 
Superior Tribunal de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo SupremoTribunal Federal ou 
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos 
repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de 
demandas repetitivas ou de assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre 
direito local. 
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente 
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de 
decadência ou de prescrição. 
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do 
trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241. 
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 
(cinco) dias. 
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o 
prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não 
houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar 
contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
A apelação nos casos do art. 332, também permite 
retratação que se dará, também, no prazo de 05 dias. A 
apelação subirá ao Tribunal COM as contrarrazões do réu 
caso o juiz não se retrate. 
Não há qualquer inconstitucionalidade no artigo, 
tendo em vista que a decisão é favorável ao réu. 
 
Pedido 
Estabelece o objeto do processo, sendo que a 
doutrina o divide em pedido imediato (que corresponde ao 
pedido de decisão, de julgamento, de providência 
jurisdicional, de conteúdo puramente processual) e pedido 
mediato (é o que se busca alcançar com o processo, o bem 
da vida que se pretende). 
 
1. Requisitos: 
a) Certo/expresso: ser expressamente deduzido na 
inicial, em razão do Princípio da Congruência. A 
interpretação do pedido considerará o conjunto da 
postulação e observará o princípio da boa-fé. (art. 322, § 2º 
do NCPC). 
Contudo, há casos excepcionais em que se admite 
pedido implícito, ou seja, se admite como formulado um 
pedido que não foi formulado. Admite-se considerar como 
deduzido um pedido implícito. É raro, mas se admite, tais 
como: 
 Condenação a honorários advocatícios 
 Aplicação de juros legais e correção monetária 
 Pedido relativo à obrigação de prestações periódicas – 
as parcelas vincendas se reputam incluídas no pedido 
(art. 323) 
 Condenação ao pagamento das verbas de sucumbências 
 Pedido de alimentos provisórios na ação de alimentos 
 
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 Art. 322. O pedido deve ser certo. 
§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a 
correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os 
honorários advocatícios. 
§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da 
postulação e observará o princípio da boa-fé. 
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de 
obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas 
incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa 
do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a 
obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-
las ou de consigná-las. 
 
b) Claro: se feito de maneira obscura, poderá gerar 
a inépcia; 
c) Determinado: é aquele delimitado em relação 
ao quanto (quanto quer) e ao que se quer (dizer o que 
quer), enfim, é o pedido líquido. Todavia, há casos em que 
se admite pedido genérico/ilíquido (art. 324, do CPC). 
Art. 324. O pedido deve ser determinado. 
§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: 
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os 
bens demandados; 
 As ações universais são aquelas que têm 
por objeto uma universalidade (um rebanho, uma 
biblioteca, um patrimônio). Não dá para individuar. 
II - quando não for possível determinar, desde logo, as 
consequências do ato ou do fato; 
 Nas ações indenizatórias, o pedido poderá 
ser ilíquido quando não se puder dimensionar, desde logo, 
as consequências do ilícito. Só cabe para pedido de 
indenização por dano moral se este for do tipo 
“prolongado” (ao longo da demanda irá aumentar, tão-
somente nestes casos). 
III - quando a determinação do objeto ou do valor da 
condenação depender de ato que deva ser praticado pelo 
réu. 
 Quando o valor do pedido depender de 
um comportamento do réu, admite-se pedido ilíquido, 
como ocorre nas ações de prestação de contas. 
 
d) Coerência /concludente: deve ser resultado da 
causa de pedir, caso contrário, haverá inépcia. 
OBS.: a sentença deverá atender aos mesmos 
atributos ou requisitos do pedido. 
 
Cumulação de pedidos 
Há cumulação de pedidos sempre que houver mais 
de um pedido formulado no mesmo processo. Se o 
processo contém mais de um pedido, há cumulação de 
pedidos. Diz-se que o processo tem objeto COMPOSTO. 
Poderá ser homogênea (quando a mesma parte 
formula mais de um pedido) ou heterogênea (quando for 
resultado de pedidos de vários sujeitos do processo/partes 
distintas. Ex.: reconvenção – caso de cumulação 
heterogênea). 
A cumulação de pedidos poderá ser inicial ou 
ulterior. Será inicial quando o processo já nasceu em 
cumulação; já a ulterior (ou superveniente) se dá quando o 
pedido surgir ao longo do processo. Ex: aditamento da 
petição inicial, denunciação da lide feita pelo réu, oposição, 
reconvenção, a conexão de causas pode gerar uma 
cumulação superveniente de pedidos. 
A cumulação poderá ainda ser própria ou 
imprópria. 
- Própria é a cumulação em que os pedidos 
formulados possam ser examinados e acolhidos 
simultaneamente. A cumulação própria, por sua vez, se 
divide em: 
Cumulação simples: os pedidos cumulados não 
guardam relação de dependência entre si (ex.: dano moral e 
dano material); 
Sucessiva: o segundo pedido depende, ou está 
atrelado à procedência do primeiro (ex.: declaração de 
paternidade e alimentos). 
- Imprópria é a cumulação em que há vários 
pedidos, mas apenas um poderá ser acolhido, em razão de 
incompatibilidade entre eles. É regida pela conjunção “ou”. 
Poderá ser: 
Subsidiária ou eventual: a parte formula dois 
pedidos alternativos, demonstrando a preferência ou 
prioridade pelo acolhimento de um deles – ex.: anulação do 
casamento ou divórcio. Nessa espécie de cumulação, o 
pedido subsidiário apenas será analisado se o pedido 
principal for rejeitado. Se o autor ganha apenas o pedido 
subsidiário poderá recorrer da decisão por ter sucumbido 
em relação ao pedido principal ou preferencial. A 
cumulação eventual é figura simétrica e oposta à 
cumulação sucessiva. Está prevista no art. 326, do NCPC. 
 Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem 
subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não 
acolher o anterior. 
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, 
alternativamente, para que o juiz acolha um deles. 
Alternativa: não há hierarquia ou prioridade entre 
os pedidos (ex.: consignação em pagamento em razão da 
dúvida quanto ao credor). Com o NCPC passou a ter 
previsão expressa na lei. Se o autor ganha o 2º pedido; não 
poderá recorrer; pois aqui é possível ao juiz deferir um ou 
outro. 
Não se deve confundir cumulação alternativa com 
pedido alternativo, uma vez que este é o pedido de 
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cumprimento de uma obrigação alternativa, previsto no art. 
325, do NCPC; é apenas um pedido de cumprimento de 
prestação alternativa, que por sua vez, possui mais de 
maneira de ser adimplida (ex.: pagar com arroz ou feijão).Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza 
da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um 
modo. 
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a 
escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de 
cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor 
não tenha formulado pedido alternativo. 
Na cumulação alternativa haverá mais de um 
pedido, e apenas um será acolhido. 
OBS.: essas espécies de cumulação poderão gerar: 
a) litisconsórcio sucessivo (mãe e filho em 
litisconsórcio contra o pai, onde o filho pretende a 
investigação de paternidade, e a mãe, o ressarcimento 
pelas despesas do parto); 
b) litisconsórcio eventual (ex.: o autor requer a 
condenação prioritária de “A”, sendo o pedido rejeitado, 
que seja condenado “B” – ocorre nos casos de denunciação 
da lide pelo autor); e 
c) litisconsórcio alternativo (ex.: consignação em 
pagamento contra dois possíveis credores). 
 A cumulação de pedidos deve preencher três 
requisitos: 
a) competência do juiz para todos os pedidos 
cumulados; 
b) identidade de procedimento (os pedidos devem 
poder tramitar sob o mesmo procedimento; pedidos 
relativos a procedimentos diversos apenas poderão ser 
cumulados caso se opte pelo procedimento ordinário); e 
c) compatibilidade dos pedidos, apenas em caso de 
cumulação própria. 
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que: 
I - os pedidos sejam compatíveis entre si; 
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; 
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de 
procedimento. 
 
 RESPOSTA DO RÉU 
Considerações iniciais 
A resposta do réu no processo civil é muito mais 
que a contestação. Vejamos: reconhecimento da 
procedência do pedido do autor; impugnação ao valor da 
causa; réplica, chamamento de terceiros; revelia; 
reconvenção; pedido de cancelamento de justiça gratuita 
do autor. Enfim, são alguns exemplos de defesa. 
A contestação está para a defesa assim como a 
inicial está para a demanda. A contestação é um 
instrumento da defesa. Todas as defesas são exercitadas na 
contestação, podendo ser cumuladas. 
 
Exceção substancial: 
Trata-se de um assunto de direito material (direito 
civil). Contudo, os civilistas em regra não aprofundam tal 
matéria. Daí o porquê de estudarmos a matéria aqui em 
direito processual civil. Vejamos: 
A exceção substancial é um direito. É um direito 
exercitado contra o exercício de um outro direito. É um 
direito que neutraliza outro direito. É um contradireito. Não 
nega o direito da outra parte (quem se utiliza da exceção 
substancial). 
Exemplos de tal instituto: direito de retenção; 
Exceção do contrato não cumprido; Prescrição; e Benefício 
de ordem do fiador. 
E a compensação? Pontes de Miranda entende que 
não é, mas para Moreira Alves é exceção substancial. Assim, 
evitar tal exemplo em prova. E a decadência? Não, pois é 
FATO. 
Consequência disso: toda exceção substancial em 
âmbito judicial se torna uma defesa. 
 
 CLASSIFICAÇÃO DAS DEFESAS 
a) Defesas de admissibilidade e defesas de mérito: 
Defesas de admissibilidade: são aquelas que têm 
por objetivo o questionamento da possibilidade de o juiz 
examinar o pedido do autor; o réu questiona a validade do 
processo. O réu pretende impedir o exame do pedido. (ex.: 
alegação de falta de competência, alegação de falta de 
pressuposto processual; de conexão; etc.). 
Defesas de mérito: é toda aquela que tem por 
objetivo impedir o acolhimento do pedido. O réu tem o 
objetivo de impedir não o exame, mas sim o de impedir o 
acolhimento do pedido (ex.: alegação do pagamento; todas 
as exceções substanciais; decadência). 
b) Defesas diretas e indiretas: 
Defesa direta: é aquela que não traz ao processo, 
fato novo, o réu se defende sem trazer fato novo ao 
processo. Só existem duas espécies de defesa direta, quais 
sejam: 
 1.o réu nega os fatos do autor; e 
 2.o réu reconhece os fatos do autor, mas nega 
suas consequências jurídicas (a esta espécie de defesa, 
denomina-se confissão qualificada). 
Tendo em vista que não se alega fato novo, o ônus 
da prova será exclusivo do autor, e não haverá réplica 
(manifestação do autor acerca da contestação). Toda defesa 
direta é de mérito, entretanto, nem toda defesa de mérito é 
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direta, como no caso das exceções substanciais, que são de 
mérito e indireta. 
Defesa indireta: o réu agrega fato novo, assumindo 
o ônus de demonstrá-los. Toda exceção substancial é uma 
defesa indireta, assim como toda defesa de admissibilidade 
também o é. No caso de existência de defesa indireta, o 
autor será intimado para replicar, será um direito do autor. 
Ocorre o que se denomina de confissão complexa 
quando o réu aceita os fatos do autor, mas traz fatos novos 
modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do autor. 
A confissão complexa é DIVISÍVEL, ou seja, o juiz 
poderá aceitar apenas parte da confissão, negando outra, 
podendo, por exemplo, aceitar a confissão, mas negar a 
alegação. Em regra, a confissão é indivisível, sendo a 
confissão complexa uma exceção. É a única confissão 
cindível, consoante art. 395, do NCPC. 
 Art. 395. A confissão é, em regra, indivisível, não podendo 
a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a 
beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-
se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de 
constituir fundamento de defesa de direito material ou de 
reconvenção. (grifo nosso) 
 
c) Objeções e Exceções (em sentido estrito): 
Objeções: são as defesas que o juiz pode conhecer 
de ofício (ex.: decadência legal; incompetência absoluta; 
pagamento). 
Exceções em sentido estrito: são as defesas que o 
juiz não pode conhecer de ofício (ex.: decadência 
convencional; incompetência relativa; compromisso 
arbitral; as exceções substanciais, ressalvada a prescrição). 
OBS.: a exceção de pré-executividade (defesa na 
execução) é efetivamente uma exceção no sentido 
processual e não uma objeção, já que abrange qualquer 
defesa que não exija dilação probatória. 
 
d) Defesas dilatórias e peremptórias: 
Defesa dilatória: tem por objetivo retardar a 
eficácia do que o autor pretende (o exame ou o 
acolhimento do pedido). Ex.: incompetência; conexão; 
exceção de contrato não cumprido – assim, existe defesa 
dilatória de mérito, como no caso ainda, do direito de 
retenção. 
Defesa peremptória: tem por objetivo extinguir ou 
perimir a demanda do autor (ex.: pagamento; prescrição). 
OBS.: elas podem ser tanto de mérito como de 
admissibilidade. 
 
Contestação 
A contestação é o instrumento da defesa. 
O prazo é de 15 dias; o prazo para a Fazenda 
Pública é dobrado, ou seja, 30 dias – mesmo que em 
litisconsórcio – afinal, as regras não se somam; 
litisconsórcio passivo com advogados diferentes de 
escritórios de advocacia diversos o prazo é de 30 dias; réu 
patrocinado por defensor público também terá o prazo em 
dobro (30 dias). 
A contestação se submete a duas regras básicas ou 
pilares normativos, quais sejam: 
1ª regra  CONCENTRAÇÃO DA DEFESA OU DA 
EVENTUALIDADE: toda a defesa do réu deve ser deduzida 
na contestação. O réu tem de formular todas as defesas 
para a eventualidade do que passar pela mente do juiz. Ex: 
não conheço o cara nem a dívida; caso entende que devo a 
dívida, esta está prescrita. Este princípio/regra sofre duas 
mitigações. 
A primeira é a seguinte: existem defesas que por 
expressaprevisão legal devem ser feitas fora da 
contestação, como no caso do impedimento e da suspeição. 
Já a segunda mitigação está relacionada à defesa 
que pode ser deduzida depois da contestação, previstas no 
art. 342, do NCPC. Trata-se do artigo que permite o 
“aditamento” da contestação. 
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir 
novas alegações quando: 
I - relativas a direito ou a fato superveniente; (ex: 
pagamento) 
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; (ex: objeções) 
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas 
em qualquer tempo e grau de jurisdição. (ex: decadência 
convencional) 
2ª regra  ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO 
ESPECIFICADA: o réu, em sua defesa, deve impugnar, 
especificadamente, cada um dos fatos afirmados pelo 
autor, não podendo se limitar a uma contestação genérica, 
já que o fato não impugnado especificadamente será 
entendido como verdadeiro, considerando-se ter havido 
admissão, que é justamente a não impugnação de um fato. 
Este pilar também se submete a duas mitigações 
previstas no art. 341, do NCPC, sendo: 
 A primeira o fato de que alguns sujeitos 
são dispensados do ônus da impugnação especificada 
(curador especial, advogado dativo, e defensor público); e 
 A segunda no sentido de que existem 
fatos cuja ausência de impugnação não poderá gerar 
presunção de veracidade, quais sejam: 
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; 
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento 
que a lei considerar da substância do ato; 
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em 
seu conjunto. 
 
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 RECONVENÇÃO 
Conceito: A reconvenção é uma ação do réu contra o 
autor no mesmo processo em que esteja sendo 
demandado. É um contra-ataque, é demanda, e não uma 
defesa, assim, na demanda reconvencional, o réu se torna 
autor, recebendo o nome de réu-reconvinte, ao passo em 
que autor da demanda originária se torna o autor-
reconvindo. A reconvenção e a ação principal são 
autônomas. Assim, a desistência da ação ou a ocorrência de 
causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não 
obsta ao prosseguimento do processo quanto à 
reconvenção. Contudo, se ambas houverem de ser julgadas 
haverão de sê-lo na mesma sentença. Apresentada a 
reconvenção o autor será intimado por meio da pessoa do 
seu advogado. Este terá 15 dias para apresentar defesa, isto 
é, contestar a reconvenção. 
Efeitos: A reconvenção não gera processo novo, 
mas sim uma demanda nova num processo velho. A 
reconvenção amplia, objetivamente, o processo, sendo um 
incidente seu, tanto que caso o juiz indefira sua inicial, 
referida decisão será impugnável por agravo de 
instrumento. 
Cumulação de pedidos: a reconvenção é uma 
hipótese de cumulação ulterior de pedidos. Daí a 
necessidade de observar dois requisitos, quais sejam:  o 
réu só poderá reconvir se o juiz também for competente 
para a reconvenção; e  a identidade do procedimento. A 
reconvenção deve processar-se pelo mesmo procedimento 
da ação. A ação principal e a reconvenção tramitam juntas. 
 
Cabe reconvenção em procedimento especial? Cabe 
desde que o procedimento se torne ordinário a partir da 
defesa. Há procedimentos especiais que se transformam 
em ordinários a partir da defesa. É por isso, por exemplo, 
que cabe reconvenção em ação monitória, consoante a 
súmula n. 292 do STJ: “A reconvenção é cabível na ação 
monitória, após a conversão do procedimento em 
ordinário”. 
 
O autor que vai contestar a reconvenção pode 
reconvir? Cabe reconvenção da reconvenção?  Pode, 
porque o autor vai apresentar a sua resposta (que inclui 
contestação e também a reconvenção);  Frisa-se que o 
autor poderá ser revel, mas a revelia será atípica, tendo em 
vista que é um revel que já está nos autos. Ademais, como 
já está nos autos ele terá direito de ser intimado;  E mais: 
tal sujeito já se manifestou nos autos (por meio da petição 
inicial), razão pela qual só gera confissão ficta naquilo que 
não for contraditório com o que já foi aclarado na petição 
inicial. 
 
Prazo: é o mesmo da contestação (15 dias), 
devendo, segundo o NCPC, ser apresentada na contestação, 
sob pena de preclusão consumativa. 
Formalidade: a reconvenção pressupõe conexão 
com a ação principal ou com os fundamentos de defesa do 
réu. OBS.: tal conexão não tem nada a ver com a conexão 
abordada em competência. A conexão aqui é qualquer 
espécie de vínculo, liame, é singela. Assim, a reconvenção 
será admitida quando houver algum vínculo. 
Terceiros e a reconvenção: a reconvenção pode 
ampliar subjetivamente o processo? Ou seja, na 
reconvenção, é possível trazer sujeito novo ao processo, em 
que o reconvinte reconvém contra terceiro? O NCPC aduz 
que sim. O art. 343, § 3o prevê que “a reconvenção pode ser 
proposta contra o autor e terceiro” e o seu § 4o que “a 
reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio 
com terceiro.” 
Sendo o autor substituto processual, isto é, 
legitimado extraordinário, caberá a reconvenção desde que 
o reconvinte afirme ser titular de direito em face do 
substituído, e a reconvenção seja proposta em face do 
autor, também na qualidade de substituto processual. 
 
Não cabimento da reconvenção: não cabe nos JEC’s 
(proibição expressa). Embora não se admita reconvenção 
nos JEC’s admite-se pedido contraposto. 
 
Interesse de agir: Como se examina o interesse de 
agir na reconvenção? A resposta deve levar em conta a 
premissa: “Não se admite reconvenção pela qual se peça 
algo que poderia ser obtido com a contestação”. Exemplos: 
 
1º Suponha que o autor ingresse com ação 
declaratória positiva, para obter a declaração da existência 
de uma relação jurídica. Nesta situação hipotética, não 
caberá reconvenção para pedir a declaração de inexistência 
da relação jurídica, que poderá ser obtida com a simples 
contestação, tendo em vista se tratar de ação dúplice. 
Destaca-se que, cabe reconvenção em ação declaratória, 
salvo quando para pedir a declaração contrária (Súmula 258 
do STF = É admissível reconvenção em ação declaratória). 
Nesta ação declaratória, o réu poderá reconvir para pedir 
uma condenação, por exemplo. 
 
2º Não cabe reconvenção para exercer exceção 
substancial (defesa indireta de mérito), devendo o réu se 
utilizar da contestação, tendo em vista que se trata de 
matéria de defesa. Ex: não caberá reconvenção para 
retenção, para exceção do contrato não cumprido. 
 
3º Não cabe reconvenção para pedir compensação, 
pois a compensação é um contradireito (exceção 
substancial), sendo alegado em defesa. Porém, se a 
compensação gerar um crédito em favor do réu, poderá ser 
requerida por meio da reconvenção. 
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Arguição de impedimento e suspeição 
Introdução: o NCPC, ao tratar do tema, extinguiu a 
exceção de competência e prevê, atualmente, duas 
espécies de exceções instrumentais: arguição de 
impedimento e arguição de suspeição. Podem ser 
suscitadas tanto pelo réu como pelo autor, e ainda, 
reconhecidas, de ofício, pelo juiz. Por essa razão é que não 
são rigorosamente, exceções, mas sim, mais 
adequadamente, “arguições”. Daí o NCPC ter modificado a 
denominação. 
Contra o juiz, o MP,o escrivão e o auxiliar da 
justiça de um modo geral (e não a outra parte). 
Se o juiz nega a condição de suspeito ou impedido, 
o julgamento se dará pelo Tribunal; 
Se o MP ou escrivão negam a condição de 
suspeitos ou impedidos, o julgamento se dará pelo próprio 
juiz da causa. 
Em face do juiz, a natureza da decisão será de 
acórdão, impugnável por RE ou Resp. 
Em face de perito, escrivão, MP, a decisão será 
interlocutória, impugnável por Agravo de Instrumento. 
No caso de acolhimento de impedimento e 
suspeição, os autos serão remetidos ao órgão substituto. 
 
* Considerações gerais: 
 As hipóteses de impedimento estão 
previstas no art. 144 do NCPC e as de suspeição no art. 145 
do NCPC. Importante – Memorizar!!! 
 
Procedimento 
No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 
conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a 
suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do 
processo, na qual indicará o fundamento da recusa, 
podendo instruí-la com documentos em que se fundar a 
alegação e com rol de testemunhas. 
Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao 
receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa 
dos autos a seu substituto legal, caso contrário, 
determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo 
de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, 
acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se 
houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. 
No tribunal, distribuído o incidente, o relator 
deverá declarar se recebe a arguição com ou sem efeito 
suspensivo. Se recebida sem efeito suspensivo, o processo 
voltará a correr; Caso contrário, com efeito suspensivo, o 
processo permanecerá suspenso até o julgamento do 
incidente. 
Enquanto não for declarado o efeito em que é 
recebido o incidente ou quando este for recebido com 
efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao 
substituto legal. 
Verificando que a alegação de impedimento ou de 
suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. 
Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento 
ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas 
custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo 
o juiz recorrer da decisão. 
Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o 
tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não 
poderia ter atuado. 
 Alegado exceção contra promotor, perito ou 
auxiliar da justiça, o próprio juiz da causa é quem a julgará. 
Contra esta decisão interlocutória, caberá o agravo de 
instrumento. Na arguição de suspeição ou impedimento 
contra o juiz, será a competência do Tribunal de Justiça. 
Contra este acórdão, será cabível RE e REsp. 
 
Consequências do acolhimento da arguição: 
1ª Remessa dos autos ao juiz substituto; 
2ª Anulação dos atos decisórios já praticados, se 
praticados quando já presente o motivo de impedimento ou 
de suspeição; e 
3ª Condenação do juiz as custas (despesas 
processuais), consoante art. 146, § 5º do NCPC*. Se o órgão 
acusado de suspeição se opõe à arguição, e posteriormente 
esta é reconhecida, ele será condenado a arcar com as 
custas, podendo mesmo recorrer dessa decisão. 
Quando se pretende arguir a suspeição ou 
impedimento da totalidade ou da maioria absoluta do 
Tribunal, o julgamento se dará pelo STF, o qual a própria 
Suprema Corte julgará a causa. 
O advogado pode arguir a suspeição do juiz sem 
poder especial? Pode, pois a arguição de suspeição 
demanda tão-somente poder geral (não precisa da 
autorização do cliente). Discute-se na jurisprudência, se a 
exceção de suspeição poderia ser argüida 
independentemente de poderes especiais para tanto. No 
âmbito do processo civil prevalece o entendimento de 
inexistir essa exigência, ao contrário do que ocorre no 
processo penal. 
A decisão de suspeição ou impedimento se projeta 
para fora do processo (ou seja, a decisão se aplica a outros 
processos envolvendo a mesma parte e o mesmo suspeito)? 
A decisão de suspeição ou impedimento faz coisa julgada, 
assim, sempre que envolver a mesma parte e o mesmo 
juiz, não mais necessitará ser arguida. 
 
 
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Revelia 
Conceito: a revelia é a ausência de apresentação 
tempestiva da contestação, é um fato que não se confunde 
com seus efeitos. Atualmente, há um sistema que protege o 
réu dos efeitos da revelia. 
A revelia é um ato-fato processual. É um fato 
jurídico em sentido amplo que produz efeitos. A revelia não 
se confunde com os efeitos da revelia. Ademais, pode haver 
revelia sem os efeitos da revelia. 
 
Efeitos: 
a) Presunção de veracidade das afirmações de fato 
feitas pelo autor (confissão ficta). É o denominado efeito 
material da revelia. O mais drástico efeito da revelia. 
Revelia é causa que gera consequência; 
b) Prosseguimento do processo sem a intimação do 
réu revel; 
c) Preclusão do direito de alegar algumas defesas; 
d) Efeito mediato da revelia, isto é, havendo 
confissão ficta, a revelia autoriza o julgamento antecipado 
do mérito (art. 355, II, do NCPC). 
 
Técnicas de proteção do réu revel: 
1) Art. 345, NCPC. A revelia não produz o efeito 
mencionado no art. 344 se: I - havendo pluralidade de réus, 
algum deles contestar a ação; Contestar é uma conduta 
alternativa, dessa forma, se um dos litisconsortes unitários 
contestar, a defesa aproveita aos demais litisconsortes. Por 
outro lado, em se tratando de litisconsórcio simples, o 
inciso I do art. 345 apenas se aplica aos fatos comuns. 
2) Revelia não significa procedência do pedido, 
sendo que o máximo efeito por ela produzido é a 
consideração dos fatos como verdadeiros, podendo 
acontecer de apesar dos fatos serem tidos como 
verdadeiros não resultar em direito ao autor. Não há 
confissão ficta se o contrário resultar da prova dos autos. 
3) Art. 345, NCPC. A revelia não produz o efeito 
mencionado no art. 344 se: ... II - o litígio versar sobre 
direitos indisponíveis; - Não se aplica a confissão ficta sobre 
fatos relacionados a direitos indisponíveis. 
4) Art. 345, NCPC. A revelia não produz o efeito 
mencionado no art. 344 se: ... III - a petição inicial não 
estiver acompanhada de instrumento que a lei considere 
indispensável à prova do ato; - Se o fato apenas se prova 
por instrumento, e este não foi juntado, a revelia não supre 
a prova do instrumento. 
5) Art. 345, NCPC. A revelia não produz o efeito 
mencionado no art. 344 se: ... IV - as alegações de fato 
formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem 
em contradição com prova constante dos autos. A confissão 
ficta não é efeito necessário da revelia (pode haver revelia 
sem confissão ficta, como no caso do fato alegado na inicial 
ser inverossímil). Revelia gera a confissão ficta se o 
contrário não resultar da prova dos autos. A lei 9.099/95 
prevê expressamente esse preceito. 
6) O revel poderá intervir no processo em qualquer 
fase, recebendo-o no estado em que se encontrar e a partir 
do momento em que ele intervier, deverá ser intimado dos 
atos e prazos processuais. O réu revel, não tendo se dado a 
preclusão, poderá produzir provas. 
7) Se o réu for revel, mas representado por 
advogado no autos, terá o direito a ser intimado. 
8) A querela nullitatis é também uma forma de 
proteção do réu revel que não tenha sido citado, ou o tenha 
sido invalidamente, podendo anular a sentença a qualquer 
tempo, mesmo após o prazo da ação rescisória. 
9) A existência de matérias que podem ser 
alegadas após a contestação também mitiga a revelia. 
10) Réu revel citado por edital ou com hora certa, 
temdireito a curador especial. O que significa dizer que a 
revelia nesses casos não produz qualquer efeito. 
11) O assistente simples pode fazer a defesa do 
revel assistido, pois é seu substituto processual (art. 121, 
parágrafo único). 
 
 PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SABEAMENTO 
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES: após a resposta do 
réu dá-se inicio a uma nova fase do processo chamada fase 
de saneamento ou fase de ordenamento do processo. Fase 
que começa a partir da resposta do réu. Qual o motivo de 
tal nome? A partir da resposta do réu caberá ao juiz tomar 
uma séria de providências que tornem o processo apto para 
que nele seja proferida uma decisão. O processo será 
corrigido em suas imperfeições. 
Observa-se que o saneamento pode ser feito em 
todo momento do processo, desde o início do processo. 
Agora, a partir dessa fase, a atividade de saneamento fica 
concentrada. As providências que o juiz toma a partir da 
resposta do réu são as chamadas providências preliminares. 
São inúmeras providências que o juiz poderá 
adotar, tais como: - se o juiz recebe a resposta do réu com 
uma reconvenção  terá de intimar o autor; - réu traz uma 
defesa indireta  juiz deverá intimar o autor para 
apresentar a réplica; - se o réu for revel  será necessário 
verificar se houve a produção dos efeitos da revelia; - se o 
réu alega um defeito no processo  o juiz terá que 
determinar a correção deste; - designação de curador 
especial; e - o réu denunciou a lide  o juiz deverá mandar 
citar o denunciado. Enfim, são inúmeras as providências 
que poderão ser adotas. 
 
 
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Considerações iniciais 
1. DASPROVIDÊNCIAS PRELIMINARES 
Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, 
conforme o caso, as providências preliminares descritas 
abaixo. 
Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a 
inocorrência do efeito material da revelia, ordenará que o 
autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda 
não as tiver indicado. 
Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou 
extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 
15 (quinze) dias em uma peça chamada réplica, permitindo-
lhe o juiz a produção de prova. 
Se o réu alegar qualquer das matérias preliminares 
enumeradas no art. 337, o juiz determinará a oitiva do 
autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe a 
produção de prova. 
Verificando a existência de irregularidades ou de 
vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo 
nunca superior a 30 (trinta) dias. 
Cumpridas as providências preliminares ou não 
havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento 
conforme o estado do processo. 
 
JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO 
PROCESSO: ultrapassada as providências preliminares, o 
magistrado deverá tomar uma decisão, que é o julgamento 
conforme o estado do processo. Existem sete variações de 
julgamento conforme o estado do processo. 
1ª variação: extinção do processo sem resolução 
do mérito ou com resolução de mérito sem análise do 
pedido. 
Após ultrapassar as providências preliminares 
poderá o juiz entender se tratar de julgamento sem exame 
do mérito. 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
I - indeferir a petição inicial; 
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por 
negligência das partes; 
III - por não promover os atos e as diligências que lhe 
incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e 
de desenvolvimento válido e regular do processo; 
V - reconhecer a existência de perempção, de 
litispendência ou de coisa julgada; 
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse 
processual; 
VII - acolher a alegação de existência de convenção de 
arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua 
competência; 
VIII - homologar a desistência da ação; 
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada 
intransmissível por disposição legal; e 
X - nos demais casos prescritos neste Código. 
A extinção do processo sem resolução do mérito 
pode ser divida em três grupos: 
1) inadmissibilidade (I, IV, V, VI e VII) 
2) por morte do autor e intransmissibilidade do 
direito (inc. IX); e 
3) revogação (incisos II, III e VIII). 
1º bloco: I – indeferimento da petição inicial – já 
estudado; IV – falta de pressuposto processual – já 
estudado; V – não estudamos; VI – carência de ação – já 
estudado; VII – convenção de arbitragem – já estudado. 
 
Vejamos o inciso V, do art. 485, NCPC: V - reconhecer 
a existência de perempção, de litispendência ou de coisa 
julgada; 
O que é a perempção? Três abandonos sucessivos de 
um mesmo processo geram a perempção de demandar pela 
quarta vez. Não atinge o direito do autor, mas este não 
poderá mais cobrá-lo, consoante parágrafo único, do art. 
486, § 3º do NCPC. 
486, § 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença 
fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o 
réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a 
possibilidade de alegar em defesa o seu direito. 
 
2º bloco: não é apenas a morte do autor que gera a 
extinção. O que gera a extinção é a morte do autor e a 
intransmissibilidade do direito (ex: ação com pedido de 
reintegração ao emprego). 
 
3º bloco: a revogação ocorre por meio do 
abandono ou da desistência (II). Obs.: Abandono  pode se 
dá por meio do autor (III) ou ainda de ambas as partes (VIII). 
O NCPC diz que a extinção do processo sem exame 
do mérito não impede a repropositura da demanda, pois se 
o mérito não foi julgado, nada impede a repropositura da 
ação para que ele seja julgado. O NCPC, no entanto, 
ressalva que nas hipóteses de litispendência, indeferimento 
da inicial; verificação da ausência de pressupostos de 
constituição e de desenvolvimento válido e regular do 
processo; verificação da ausência de legitimidade ou de 
interesse processual; acolhimento da alegação de existência 
de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral 
reconhecer sua competência, a propositura da ação 
depende da correção do vício. 
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o 
mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. 
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§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos 
casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova 
ação depende da correção do vício que levou à sentença sem 
resolução do mérito. 
§ 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a 
prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários 
de advogado. 
No mais, repita-se, as ações decorrentes de 
perempção e coisa julgada, não poderão ser propostas 
novamente em nenhum caso. 
Fala-se que o inc. V é uma das hipóteses de 
extinção por inadmissibilidade (certo que a extinção pode 
se dá por inadmissibilidade, morte e revogação. Tanto é 
verdade que, pela morte do autor, não poderá ser 
reproposta a ação. Ainda, se o juiz extingue a demanda por 
falta de pressuposto processual, não poderá ser reproposta 
a ação, salvo se corrigir o defeito que gerou a extinção do 
processo (poderá voltar a juízo, mas terá de corrigir o 
defeito; repropositura não haverá; haverá uma propositurade ação com o defeito sanado). Somente se extinto por 
revogação é que a ação pode ser reproposta. 
 
 HIPÓTESES DE EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO POR 
REVOGAÇÃO 
 Desistência da ação pelo autor 
Desistir da ação é desistir do processo, e não do 
direito material (renúncia ao direito). Portanto, não se pode 
confundir desistência do processo com renúncia ao direito. 
Na desistência o autor desiste do exame do pedido; desiste 
do processo (gera decisão que não é de mérito). A 
desistência nada tem a ver com a renúncia do direito 
discutido. É certo que a renúncia do direito (gera decisão de 
mérito). 
OBSERVAÇÕES: 
Exige-se poder especial para o advogado; este tem 
que possuir poderes especiais para desistir; não pode ser 
uma procuração genérica; tem que ser uma procuração 
específica com o poder de desistir (tem que constar 
expressamente o poder de desistir). 
Só produzirá efeitos após homologação judicial. 
Se o réu já apresentou contestação, a desistência 
precisa do seu consentimento para que seja homologa (art. 
485, p. 4°, do NCPC). 
NCPC, art. 485, § 4o Oferecida a contestação, o autor não 
poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. 
Caso tenha decorrido o prazo sem a apresentação 
da resposta não há motivo para exigir o consentimento do 
réu. 
Possível até o proferimento da sentença. 
O autor não “pede a desistência”, mas sim 
“desiste”. Solicita ao juiz a homologação de desistência. 
A Lei 9.469/97, nos termos do art. 3º, diz que 
quando o ente público federal for réu, só poderá consentir 
com a desistência do autor; caso o autor, além de desistir, 
também renunciar o seu direito. 
Nos processos de controle concentrado de 
constitucionalidade não se admite desistência. 
Na ação popular e na ação civil pública a 
desistência não gera extinção do processo, mas sim 
sucessão processual. 
 
Abandono das partes 
NCPC, art. 485, II - o processo ficar parado durante mais 
de 1 (um) ano por negligência das partes; 
O juiz pode ex officio extinguir por abandono das 
partes, desde que as intime pessoalmente para que, no 
prazo de 5 dias, coloquem o processo em andamento. 
A extinção por abandono somente se justifica se o 
prosseguimento do processo depender de ambas as partes. 
 
Abandono pelo autor 
III - por não promover os atos e as diligências que lhe 
incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
Também se exige a prévia intimação pessoal do 
autor para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. 
Quando ocorrer este abandono de causa por três 
vezes, ocorrerá a perempção. 
Antes da citação, o juiz poderá extinguir a ação de 
ofício. Após a citação e com a apresentação de resposta a 
extinção somente poderá ocorrer a pedido do réu, 
consoante a Súmula 240 do STJ: 
STJ, Súmula: 240 A extinção do processo, por abandono 
da causa pelo autor, depende de requerimento do réu. 
O STJ aplicou por analogia a regra da desistência. 
Agora, o NCPC regulamenta tal jurisprudência: 
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por 
abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu. 
Só haverá abandono se o autor deixar de praticar 
um ato que seja tido como indispensável ao 
prosseguimento do processo (ex: não pagar custas). Assim, 
caso o autor, por exemplo, não pague os honorários do 
perito, não poderá a ação ser extinta, devendo o processo 
seguir sem a perícia. 
Nas ações coletivas, o abandono do autor coletivo 
não gera a extinção do processo, mas gera tão-somente a 
sucessão processual. 
2ª . Extinção do processo pela prescrição ou 
decadência 
Trata-se de uma extinção COM exame do mérito. 
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3ª. Extinção do processo em razão da 
autocomposição 
Trata-se de uma extinção COM exame do mérito. 
OBS.: a autocomposição é gênero que engloba: 
 a transação; 
 a renúncia pelo autor; 
 o reconhecimento da procedência do 
pedido que é feito pelo réu; 
 
São três negócios jurídicos que sendo homologados 
pelo juiz extingue o processo COM exame do mérito. A 
extinção por autocomposição pode ocorrer em qualquer 
momento do processo, inexiste restrição temporal. 
Frisa-se que o advogado deve ter poder especial 
para praticar tais atos. 
No plano material, esses negócios jurídicos 
produzem efeitos jurídicos imediatamente, contudo para 
extinguirem o processo terão de ser homologados. 
Contudo, a partir do momento que o acordo for feito, ele já 
está valendo. 
Destaca-se que a autocomposição pode abranger 
matéria que não está sendo discutida no processo. Ex: as 
partes podem incluir outra dívida que não aquela que está 
sendo objeto do processo. Não há nenhum problema, na 
inclusão de questão não discutida em juízo. Contudo, não é 
todo direito que admite a autocomposição. *** 
***Obs.: há direitos que podem ser transigidos, 
mas não podem ser renunciados, a exemplo dos alimentos, 
os quais são insuscetíveis de renúncia, mas admitem 
transação. 
Também temos como exemplo os direitos 
coletivos, os quais são insuscetíveis de renúncia, mas 
admitem transação. 
Na investigação de paternidade, cabe 
reconhecimento da procedência de pedido, nada impede 
que o pai demando assuma que é o pai. 
Após as providências preliminares, o juiz pode 
concluir que não há motivo para extinguir o processo e terá 
de julgar a causa, daí dois caminhos se abrem: poderá julgar 
a causa imediatamente; ou terá de julgar a causa, mas 
posteriormente. 
No caso de julgamento imediato, o juiz julgará o 
processo com base em provas exclusivamente documentais, 
porque até então só houve petição inicial e resposta do réu. 
Caso ele entenda que seja caso de julgamento imediato, a 
prova é bastante para tanto. Quando isso acontece surge o 
chamado JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. 
 
 
4ª hipótese de julgamento conforme o estado do 
processo – 
 JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO 
Trata-se de uma técnica para abreviar o 
procedimento a fim de evitar atos desnecessários, tendo 
em vista que já há provas suficientes. 
Tal julgamento é cabível em duas hipóteses (art. 
355 do NCPC): 
 quando as questões fáticas possam ser 
comprovadas por documento; a causa discute fatos que se 
comprovam. Quando não há necessidade de produção de 
prova oral; 
 quando a revelia produz confissão ficta, 
assim, não há mais nada a provar, logo cabe julgamento 
antecipado do mérito (pedido). 
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, 
proferindo sentença com resolução de mérito, quando: 
I - não houver necessidade de produção de outras provas; 
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e 
não houver requerimento de prova, na forma do art. 349. 
O julgamento antecipado do pedido pode ser pela 
procedência ou improcedência, havendo resolução do 
mérito. 
Contudo, o juiz não poderá julgar antecipadamente 
o mérito, concluindo pela improcedência por falta de 
provas. Pois se faltam provas, por óbvio, não era caso de 
julgamento antecipado do pedido, deveria ter marcado 
instrução. 
O julgamento antecipado sempre trará consigo o 
risco do cerceamento de defesa, pois o juiz está 
dispensando provas; deve-se, portanto, fundamentar bem o 
julgamento antecipado do mérito. 
5ª hipótese de julgamento conforme o estado do 
processo – 
 DO JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO 
MÉRITO 
O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou 
mais dos pedidos formulados ou parcela deles: mostrar-se 
incontroverso ou estiver em condições de imediato 
julgamento, pois se enquadranas hipótese de julgamento 
antecipado do pedido. 
A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá 
reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. No 
caso de decisão ilíquida, a parte poderá liquidar ou 
executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão 
que julgar parcialmente o mérito, independentemente de 
caução, ainda que haja recurso contra essa interposto. Se 
houver trânsito em julgado da decisão, a execução será 
definitiva. 
A decisão proferida com base neste artigo é 
impugnável por agravo de instrumento. 
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6ª hipótese de julgamento conforme o estado do 
processo – 
 Do Saneamento e da Organização do Processo 
Não ocorrendo nenhuma das hipóteses anteriores, 
deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização 
do processo: I - resolver as questões processuais pendentes, 
se houver; II - delimitar as questões de fato sobre as quais 
recairá a atividade probatória, especificando os meios de 
prova admitidos; III - definir a distribuição do ônus da prova, 
observado o art. 373; IV - delimitar as questões de direito 
relevantes para a decisão do mérito; V - designar, se 
necessário, audiência de instrução e julgamento. 
Realizado o saneamento, as partes têm o direito de 
pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum 
de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável. 
As partes podem apresentar ao juiz, para 
homologação, delimitação consensual das questões de fato 
e de direito, a qual, se homologada, vincula as partes e o 
juiz. 
Se a causa apresentar complexidade em matéria de 
fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para que 
o saneamento seja feito em cooperação com as partes, 
oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as 
partes a integrar ou esclarecer suas alegações. 
Caso tenha sido determinada a produção de prova 
testemunhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15 
(quinze) dias para que as partes apresentem rol de 
testemunhas. As partes devem levar, para a audiência 
prevista, o respectivo rol de testemunhas. 
O número de testemunhas arroladas não pode ser 
superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova 
de cada fato. Porém, o juiz poderá limitar o número de 
testemunhas levando em conta a complexidade da causa e 
dos fatos individualmente considerados. 
As pautas deverão ser preparadas com intervalo 
mínimo de 1 (uma) hora entre as audiências. 
 
 TEORIA GERAL DA PROVA 
Conceito de prova 
O conceito de prova pode ser analisado por três 
acepções: 
1ª. Fonte de prova: tudo aquilo que posso extrair 
provas. Há três fontes de provas: 
1.1. Pessoas. Ex: testemunha. 1.2. Coisas. Ex: 
documentos. 
1.3. Fenômenos. Ex: cheiro. 
 
2ª. Prova é meio de prova: é o modo pelo qual se 
tira a prova de uma fonte e se coloca no processo. Como se 
extrai uma prova de uma fonte e se introduz no processo? 
Por intermédio do meio de prova. É a técnica que permite 
isso. Nesse sentido, são meios de prova: a perícia, a 
inspeção, o depoimento, a juntada de documento. 
FONTE  MEIO 
A testemunha é uma fonte de prova. 
O testemunho é um meio de prova. 
 
No Brasil, consoante o art. 369 do NCPC, vigora o 
princípio da liberdade dos meios de provas. 
NCPC, Art. 369. As partes têm o direito de empregar 
todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda 
que não especificados neste Código, para provar a verdade dos 
fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente 
na convicção do juiz. 
As provas podem ser produzidas por qualquer 
meio, mesmo que este não seja típico (não expressamente 
regulado), os meios de prova podem ser atípicos. 
Limite das provas: as provas hão de ser lícitas. Os 
meios de prova devem ser lícitos, pois existe regra 
constitucional que veda prova ilícita no processo (direito 
fundamental). Enfim, tal regra limita a liberdade da prova. 
O que é prova ilícita? É ilícita quando viola um direito. A 
proibição de prova ilícita compõe o devido processo legal. E 
este conteúdo do devido processo legal, o qual foi 
construído no âmbito do processo penal, se estendeu ao 
processo civil (adapta-se o seguinte: mitiga-se a proibição 
de prova ilícita em favor do réu; no processo civil: tal 
mitigação pode ocorrer em favor do réu ou do autor, ocorre 
sempre a proibição de prova ilícita). 
3ª. Prova como convencimento do juiz: a prova 
aqui é em sentido subjetivo; é a convicção do órgão 
julgador de que o fato afirmado existiu. Quando se fala que 
se provou algo, é dizer que convenceu o juiz de que aquilo 
que foi falado é verdade. É a prova como resultado do 
convencimento do juiz. 
FONTE  MEIO  RESULTADO 
 
 PROVA E CONTRADITÓRIO 
O direito à prova é o conteúdo do direito 
fundamental ao contraditório, tanto que o fundamento 
legal do direito à prova é a garantia do contraditório. Não 
há texto expresso quanto ao direito de prova, mas ele 
decorre do contraditório, ou seja, é conteúdo essencial do 
direito fundamental ao contraditório. 
Enfim, decorre do contraditório, mas qual o 
conteúdo de tal direito fundamental? Esse direito 
fundamental tem o seguinte conteúdo: 
 o direito de produção de provas; 
 o direito de participação da produção da prova (fiscalizar 
se a está sendo produzida regularmente; não pode ser 
sigilosa), o artigo abaixo ratifica isso: 
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Art. 474. As partes terão ciência da data e do local 
designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a 
produção da prova. 
 o direito de manifestar-se sobre a prova produzida; 
 o direito de exigir do juiz que se manifeste sobre a prova 
produzida. 
 
 O JUIZ E A PROVA 
 Poder instrutório do juiz 
No processo civil brasileiro, o juiz possui poder 
instrutório, podendo inclusive determinar a produção de 
provas ex officio. Esse poder não é complementar ou 
subsidiário, mas sim, poder paralelo ao das partes (art. 370, 
do NCPC). 
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da 
parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. 
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão 
fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias. 
É irrelevante ao poder instrutório do juiz se o 
direito é disponível ou não. 
ATENÇÃO: no processo penal a discussão tem outros 
fundamentos (lá se discute muito se o juiz pode ou não 
produzir prova de ofício), contudo, no processo civil deve-se 
ignorar tal discussão. 
 
Prova e verdade 
Um dos grandes temas do direito probatório é 
saber se a colheita de provas é um instrumento para que o 
juiz alcance a verdade. Assim, quando o juiz determina a 
produção de prova é para que aflore a verdade? 
Deve-se entender que o processo não é 
instrumento de revelação da verdade, mas sim um 
instrumento que permite se alcançar uma decisão justa 
fundamentada em uma verdade possível, coerente com o 
desempenho das partes em demonstrar a verdade dos fatos 
por elas alegados, através do gozo das garantias 
fundamentais como o contraditório, a ampla defesa e o 
devido processo legal. 
Ao longo da história, dividiram a verdade em real e 
a formal. A formal seria a verdade das partes. Os mais 
antigos diziam que bastava averdade que as partes 
construíram (a verdade formal), contudo isso hoje não faz 
mais sentido, pois o sistema que confere poder instrutório 
ao juiz é incompatível com a verdade formal. A verdade 
formal ou processual é tida como aquela produzida pelas 
partes no processo; já a verdade real, é considerada como a 
correspondência precisa entre o ocorrido e aquilo que 
consta nos autos. 
A verdade real é a correspondência precisa entre 
aquilo que se diz e o que aconteceu. O processo civil se 
pauta em qual verdade? A verdade real também não é uma 
meta no processo, porque a verdade real inexiste. A 
verdade real é uma ideia; é inalcançável; é impossível saber 
se a verdade é real ou não, porque o fato está no passado e 
o passado só nos chega por intermédio de alguém, sempre 
é preciso que haja alguém que nos fale sobre o passado, 
assim, a pessoa relata os fatos de acordo com as suas 
circunstâncias, de acordo com o que elas são. A verdade 
real não existe, é impossível a reconstrução precisa e exata 
do passado. 
“O segredo da Verdade consiste em saber que não 
existem fatos, mas apenas histórias”. 
Anônima (alguns dizem que é de Voltaire). Tal frase foi 
extraída da epígrafe do livro “Viva o povo brasileiro” de João Paulo 
Ribeiro. 
Assim, o processo não busca a verdade real, mas 
sim, A VERDADE POSSÍVEL DE SER PRODUZIDA, a verdade 
que baste para a produção de uma decisão justa. 
 
Sistemas de apreciação da prova 
Como se controlar o poder de convencimento do 
juiz a fim de que não se dê margem a arbitrariedades ou 
abusos do juiz? Para tanto foram desenvolvidos três 
sistemas de valoração das provas pelo juiz: 
1º) Sistema do livre convencimento: avaliação das 
provas livremente e intimamente, de acordo com o 
convencimento de cada juiz, sem qualquer tipo de limitação 
ou fundamentação (sobrevive no tribunal do júri – no 
processo civil foi abolida a convicção íntima). 
2º) Sistema da prova legal: não cabe ao juiz, mas 
sim ao legislador, valorar a prova previamente (ex.:três 
testemunhos a favor do autor enseja a procedência do 
pedido; no caso de testemunhos contraditórios entre um 
homem e uma mulher, prevalece o do homem; 
impossibilidade de condenação com base em um único 
testemunho – “quem tem apenas uma testemunha, não 
tem testemunha nenhuma”). 
3º) Sistema do livre convencimento motivado ou 
sistema da persuasão racional (art. 371, NCPC): o juiz se 
submete a limites na valoração da prova. 
NCPC, Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos 
autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e 
indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. 
Vejamos quatro limitações: 
 O devido processo legal, pois o juiz deve 
motivar a decisão; a decisão deve ser de acordo com aquilo 
que foi construído processualmente nos autos; respeitar o 
contraditório; e proibição de prova ilícita. 
 Regras de prova legal que ainda 
sobrevivem no sistema; o sistema ainda possui regras de 
prova legal que funcionam como forma de limite à 
valoração pelo juiz, como o contrato por valor acima de 10 
salários mínimos não poderá ser provado apenas por prova 
testemunhal (art. 227, do CC): 
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CC, Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova 
exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos 
cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo 
vigente no País ao tempo em que foram celebrados. 
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio 
jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou 
complementar da prova por escrito. 
 É a racionalidade. O juiz deve se limitar 
aos argumentos racionais, não podendo se decidir por 
critérios/fundamentos de fé, crença religiosa (ex.: cartas 
psicografadas); de algo que não se possa ser objeto do 
contraditório. Assim, prova de fé é ilícita, porque 
insuscetível de contraditório. Por essa razão o sistema 
também é conhecido como sistema da persuasão racional. 
Exemplos: 
Juiz que consulta Nossa Senhora; 
Provas espíritas (carta psicografada); e 
Juiz que consultava duendes é afastado nas Filipinas 
Um juiz filipino que dizia tomar decisões com a ajuda de 
duendes foi definitivamente afastado da magistratura pela 
Suprema Corte do país, informou o jornal Philippine Daily Inquirer. 
"Terminou sem final feliz o conto do juiz e os três duendes", 
brincou o jornal. 
Florentino Floro, 53 anos, havia sido afastado em março 
depois de revelar ter feito um pacto com três duendes - Armand, 
Luis e Angel - para ver o futuro. Ele acrescentou que escrevia em 
transe e que havia sido visto por várias pessoas em dois lugares 
distintos ao mesmo tempo. 
Matérias na imprensa filipina afirmaram que toda sexta-
feira o juiz trocava a beca azul por negra, para "recarregar os 
poderes psíquicos". Mas os argumentos não comoveram a 
Suprema Corte, para quem tais poderes "não têm lugar" no 
Judiciário. 
"Fenômenos psíquicos, mesmo assumindo que existam, 
não têm lugar na determinação do Judiciário de aplicar apenas a 
lei positivista e, na sua ausência, regras e princípios igualitários 
para resolver controvérsias", diz a sentença. 
As regras da experiência ou máxima da 
experiência: a argumentação racional é limitada pela regra 
da experiência. O juiz não pode, ao valorar as provas, 
contrariar as regras da experiência. Ele não pode dizer que 
não aceita as leis da gravidade, por exemplo. 
Além de limitar o livre convencimento motivado do 
juiz, há mais três funções das regras da experiência: 
1. Auxiliar o juiz na valoração das provas; 
2. Ajudar o juiz a aplicar conceitos indeterminados. Ex.: preço vil; 
e 
3. Serve também como premissa maior para as presunções 
judiciais. 
 
Por que o juiz quando vê a testemunha 
gaguejando, suando e se contradizendo não valora 
positivamente o que ela diz? A gagueira, a contradição etc., 
podem indicar que a testemunha está mentindo. As regras 
da experiência auxiliam o juiz a presumir, a fazer 
presunções. Presunção significa ter por ocorrido um 
determinado fato. Essa conclusão de que o fato ocorreu é 
uma decisão que se toma a partir de duas premissas: 
1. Premissa maior que é a regra da experiência; e 
2. Premissa menor que são os indícios. 
 
A presunção é o resultado desse raciocínio. 
O que é um indício? Indício é um fato que, uma vez 
provado, leva a presunção da ocorrência de outro fato com 
ele relacionado. O indício indica, ele aponta o outro fato. 
Não existe decisão judicial em que não haja presunção. 
Sempre haverá presunção. O juiz vai examinar as provas e 
vê um testemunho de alguém que é ligado a pessoa – ele 
presume que ela é parcial. 
A presunção não é um meio de prova. A presunção 
é a conclusão de um raciocínio, é o próprio convencimento 
do juiz. É equivocado dizer: tal fato se prova por presunção. 
Meio de prova é o indício que leva a prova do outro fato. A 
presunção não é meio de prova. 
A prova por indício é indireta ou indiciária. Indireta 
exatamente por isso. Não se produz a prova do fato que se 
quer provar. Ex: quer provar o sono, e faz prova do bocejo. 
O indício é um meio de prova, mas é também objeto de 
prova. Isso porque ele é um fato e como fato que é, precisa 
ser provado. O juiz só pode fazer uma presunção judicial se 
houver prova do indício. 
O indício é um fato conhecido (bocejo) que leva a 
prova de um fato desconhecido que não conseguiu obter 
prova dele (sono). A presunção judicial que é a que o juiz faz 
ao julgar, decorre do exame que o magistrado faz das 
provas. OBJETO DA PROVA 
O que é que se busca provar em juízo? A prova 
recai sobre o quê? A prova recai sobre fatos; os fatos 
afirmados pelas partes. São as afirmações que as partes 
fazem sobre os fatos. 
O objeto da prova não são apenas os fatos 
jurídicos. Prova-se: o fato jurídico e fato simples. 
Ex: de fato simples = o tipo de náilon da rede de 
proteção; a cor da camisa. 
Para um fato ser objeto de prova ele tem que ter 
três características: 
1. Tem que ser um fato controvertido. Se for incontroverso não 
pode ser objeto de prova; 
2. Tem que ser um fato relevante para a causa. Não pode parar o 
processo para discutir um fato que não tem nenhuma 
relevância para a causa; e 
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3. Tem que ser determinado. Ou seja, delimitado no tempo e no 
espaço. 
Essas são as características do fato probandum. 
 
É possível ser objeto de prova o fato negativo? 
Fato negativo é o não fato, é a não ocorrência. Claro. Tanto 
fato negativo é objeto de prova que certidão negativa é 
meio de prova. Mas tem que se provar um fato 
determinado. Tem como provar que não deu aula no 
domingo, mas não tem como provar que nunca deu aula 
aos domingos. Não tem como provar que nunca foi à 
Holanda, mas tem como provar que não estava lá na 
semana passada. 
Pode acontecer de a prova do fato ser impossível 
ou muito onerosa. Quando a prova do fato é impossível de 
ser produzida ou muito onerosa fala-se que há PROVA 
DIABÓLICA. Ex: a CF diz que é possível haver usucapião 
especial em alguns casos. Só que nesses casos o sujeito só 
pode usucapir se não tiver outro imóvel. 
Como se prova que não tem outro imóvel no 
planeta? É nitidamente uma prova impossível, diabólica. 
Pode provar que não tem imóvel num estado, mas não no 
mundo todo. 
Tem que se provar a existência do Direito, a 
existência de uma lei? O Direito objeto de prova é o Direito 
municipal, estadual, estrangeiro e costumeiro (ou 
consuetudinário). Se o direito é federal não precisa provar. 
Se o direito não for federal o juiz pode mandar que se prove 
o teor e a vigência desse direito. 
NCPC, Art. 376. A parte que alegar direito municipal, 
estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a 
vigência, se assim o juiz determinar. 
Os fatos que dispensam prova estão no art. 374 do 
NCPC: 
Art. 374. Não dependem de prova os fatos: 
I - notórios; 
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte 
contrária; 
III - admitidos no processo como incontroversos; 
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou 
de veracidade. 
 
Fato notório não pode ser objeto de prova. Não 
tem sentido a produção dessa prova. 
O problema é que fato notório é relativo 
territorialmente e temporalmente. 
É notório no tempo e no espaço. 
Há uma relatividade do fato notório 
historicamente. 
Há uma tendência grande em se confundir fato 
notório com regra ou máxima da experiência. 
Regra da experiência é um juízo abstrato que se faz 
a partir da observação daquilo que normalmente acontece 
de onde se extrai uma regra da experiência. 
Imagine que se deixe um pincel cair no chão. Todos 
poderão imaginar isso antes que se largue o pincel. Isso 
porque se sabe que toda massa menor que a Terra é atraído 
por seu centro. 
Não tem fato nenhum aqui. A gravidade é regra da 
experiência e não fato notório. 
Água parada serve para o mosquito procriar. Essa 
observação adveio da experiência. 
 Não confundir regra da experiência com fato 
notório!!! 
As regras da experiência, obviamente, não podem 
ser objeto de prova. 
Qual é a diferença do inciso II e III (confissão e 
admissão)? Admissão é a não contestação. Quando não se 
impugna. Quem cala, admite. A confissão é expressa; a 
admissão é tácita. A confissão exige poder especial do 
advogado; a admissão, não. A confissão é ato jurídico em 
sentido estrito; a admissão é ato fato. A confissão pode ser 
apenas judicial; a admissão pode ser extrajudicial. O ponto 
em comum é que fato confessado e o fato admitido 
dispensam prova. 
Admissão Confissão 
Tácita Expressa 
Não exige poder especial do 
advogado 
Exige poder especial do 
advogado 
Ato fato Ato jurídico em sentido estrito 
Pode ser extrajudicial e judicial Pode ser apenas judicial 
Ambas dispensam prova 
 
Não dependem de prova, ainda: 
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de 
veracidade. 
O que é presunção legal? Não confundir 
presunção judicial com presunção legal. Presunção legal é 
outra coisa. 
Presunção legal é uma regra jurídica que torna 
determinado fato como fato existente/ocorrido. É uma lei 
que determina que aquele fato se repute como existente. A 
lei toma o fato por ocorrido e se isso acontece, cabe ao juiz 
aplicar a lei. Quando o juiz aplica uma presunção legal, ele 
está aplicando a lei. Não é fruto de valoração das provas. 
A presunção legal se divide em: 
1. Absoluta ou iure et de iure; e 
2. Relativa ou iuris tantum. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL PARA CONCURSOS 
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OS: 0118/2/19-Gil 
Na presunção legal absoluta, a lei torna irrelevante 
a discussão sobre a existência daquele fato presumido. O 
legislador considera irrelevante discutir se o fato presumido 
ocorreu ou não. É aquele que não admite prova em sentido 
contrário. 
Ex.: cônjuge autoriza o outro para contrair dívidas 
para fazer face às economias domésticas. A lei presume 
isso. Se for para as economias domésticas é presumida a 
autorização. Responde solidariamente sem discussão – art. 
1.643 do CC. Casou porque quis. 
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de 
autorização um do outro: 
I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à 
economia doméstica; 
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição 
dessas coisas possa exigir. 
Ex.: aquele sujeito que compra imóvel em cuja 
matrícula está averbada uma penhora presume-se 
conhecedor da penhora. Ele não pode dizer que não sabia 
que o bem estava penhorado. É presunção absoluta de que 
ele sabe - art. 844 do NCPC. 
NCPC, Art. 844. Para presunção absoluta de 
conhecimento por terceiros, cabe ao exequente providenciar a 
averbação do arresto ou da penhora no registro competente, 
mediante apresentação de cópia do auto ou do termo, 
independentemente de mandado judicial. 
Na presunção relativa o legislador toma o fato por 
ocorrido, mas admite prova em sentido contrário. Por isso 
que é uma presunção relativa. Se a outra parte quiser 
provar que o fato não aconteceu isso é possível. 
Ex1.: a recusa ao exame de DNA gera presunção 
relativa de paternidade. 
 Ex2.: presunção relativa de veracidade da 
declaração de pobreza. Quem se declara pobre e, portanto, 
não pode pagar as custas do processo, há uma declaração 
relativa dessa declaração. 
Ex3.: presunção que decorre do registro imobiliário 
é relativa. O nome do sujeito que está no registro é o 
proprietário do imóvel, até que se prove o contrário. 
Essa divisão em absoluta e relativa é própria das 
presunções legais. Não das presunções judiciais. 
Qual diferença entre presunção e ficção legal? Na 
ficção legal o legislador cria um fato como ocorrido, 
sabendo que ele não ocorreu. Na presunção, o fato pode ou 
não ter ocorrido. 
 
 ÔNUS DA PROVA 
O que é ônus daprova? As regras sobre ônus da 
prova estabelecem a responsabilidade pela falta de prova 
de determinado fato, ou seja, quem tem o ônus da prova 
arcará com as consequências se a prova não for produzida. 
O ônus da prova não vai dizer quem vai produzir a 
prova. Qualquer um pode produzir a prova, até o juiz. As 
regras vão dizer quem vai arcar, se as provas não são 
produzidas. O autor pode não fazer nada, mas se surge a 
prova do que ele afirma, ele se desonera. 
As regras sobre ônus da prova são regras de 
julgamento. O que significa isso? São regras que só serão 
aplicadas no momento em que o juiz sentenciar. Não são 
regras de processo. São regras de julgamento, que auxiliam 
o magistrado a decidir. 
As regras sobre ônus da prova são regras de 
aplicação subsidiária. O que significa isso? Só devem ser 
aplicadas pelo juiz na falta de prova e se não for possível 
produzir novas provas. O juiz vai julgar e percebe que não 
houve prova dos fatos. Se ele percebe que se for possível 
produzir provas, ele manda instruir. Se ele percebe que não 
tem prova e não há mais como produzir a prova, então ele 
terá que julgar pelo ônus da prova. Só não sendo possível 
produzir provas que o juiz irá julgar com as regras do ônus 
da prova. 
Como compatibilizar um sistema que dá poder 
instrutório ao juiz e permite julgamento pelo ônus da 
prova? Isso parece um pouco incompatível. Regra de ônus 
da prova dá ao juiz uma tranquilidade de saber que se não 
existem provas ele pode julgar utilizando tais regras. Mas o 
poder instrutório dá poderes para ele produzir provas. Só 
pode julgar pelo ônus da prova se não for possível produzir 
provas. Se há como produzir provas, essas devem ser 
produzidas com base no poder instrutório. Para que haja 
convenção sobre ônus da prova não pode versar sobre 
direitos indisponíveis, nem se tornar excessivamente 
oneroso a uma das partes. 
Qual é a regra de ônus da prova do nosso código? 
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, 
modificativo ou extintivo do direito do autor. 
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades 
da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade 
de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade 
de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o 
ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão 
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de 
se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. 
§ 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar 
situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja 
impossível ou excessivamente difícil. 
§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode 
ocorrer por convenção das partes, salvo quando: 
I - recair sobre direito indisponível da parte; 
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do 
direito. 
§ 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada 
antes ou durante o processo. 
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Regra: quem alega o fato tem o ônus da prova 
desse fato. Essa regra é fixa e definida a priori. O legislador 
a priori diz que quem tem o ônus da prova é quem alega. 
Ela é uma regra também inflexível e estática. 
A doutrina desenvolveu a teoria da distribuição 
dinâmica do ônus da prova ou carga probatória dinâmica. 
De acordo com essa teoria, o ônus da prova deve recair 
sobre quem possa no caso concreto se desincumbir dele. 
Ou seja, o ônus da prova tem que ser distribuído a 
posteriori, caso a caso, de acordo com as peculiaridades do 
caso concreto. É uma distribuição dinâmica, flexível, atenta 
ao caso concreto. 
Essa teoria, que tem origem argentina, repercutiu 
muito no Brasil. É um dos assuntos da moda. Existem 
diversas decisões no STJ aplicando essa teoria. 
É a teoria atualmente adotada no NCPC. 
Como se aplica a distribuição dinâmica do ônus da 
prova? Entende-se que essa teoria é a concretização de dois 
direitos fundamentais: 
1. Direito fundamental a igualdade; e 
2. Direito fundamental a adequação – o processo 
adequado as peculiaridades do caso. 
Na distribuição dinâmica, se o juiz redistribui, ele 
dá a outra parte o ônus de provar que o fato não 
aconteceu. Ele não produz prova contra ele, mas a favor 
dele. 
Essa teoria inspirou o CDC, mas ele não a adotou. O 
art. 6º, VIII do CDC permite que o juiz redistribua o ônus da 
prova nas causas de consumo, caso a caso. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: ... VIII - a 
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do 
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do 
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, 
segundo as regras ordinárias de experiências; 
Mas isso sempre a favor do consumidor, se ele for 
hipossuficiente ou se for verossímil as suas alegações. O juiz 
está autorizado a redistribuir quando perceber que o ônus 
está pesado para o consumidor. O que se permite é uma 
redistribuição a favor do consumidor que será sempre no 
caso concreto. Apenas no caso a caso é que o juiz 
redistribuirá o ônus. A inversão do ônus pode se dar ex 
officio. Não se pode inverter em outros casos. 
É aplicação da distribuição dinâmica? Não. Na 
distribuição dinâmica prova quem puder provar, e não 
apenas a favor do consumidor. 
Qual é o momento para redistribuir o ônus da 
prova? Deve ser feita sempre antes da sentença. As regras 
sobre ônus da prova se aplicam no momento da decisão. O 
juiz ao decidir aplica as regras. Não confundir com o 
momento de aplicação das regras de inversão. A inversão 
do ônus tem que se dar durante o processo e não na hora 
da decisão. Ocorre durante o processo para permitir que a 
parte que agora recebeu um ônus que não tinha, possa se 
desvencilhar dele. 
Há quem entenda que o juiz pode inverter o ônus 
da prova na sentença. 
O art. 38 do CDC diz que há uma inversão legal do 
ônus da prova, enquanto a do art. 6º seria uma inversão 
judicial do ônus da prova e a do art. 38 seria uma inversão 
legal. 
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da 
informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. 
Se o consumidor alega que a publicidade é 
enganosa, cabe ao fornecedor provar que ela não é 
enganosa. Não há inversão aí. Há apenas uma presunção 
legal relativa de veracidade do que o consumidor disser. 
Presume-se que a afirmação é verdadeira. Outra regra 
estática do ônus. 
 
 TEORIA DA DECISÃO JUDICIAL 
CONCEITO DE SENTENÇA: sentença é uma palavra 
que tem uma acepção ampla. Ou seja, sentença pode ser 
utilizada como sinônimo de decisão judicial num sentido 
amplo. Neste sentido ela é gênero. Ex.: na CF a palavra 
sentença só aparece em sentido amplo – ao tratar das 
decisões do STF fala em sentença quando, na verdade, 
seriam acórdãos. Sentença no programa de um concurso é 
em sentido amplo. 
O que é sentença? 
1ª C – decisão de um juiz que encerra uma fase do 
procedimento (Fredie Didier). Para esta corrente decisão que o juiz 
toma e que não encerra uma fase do processo é decisão 
interlocutória. Esta corrente é a majoritária. 
2ª C – para esta corrente, sentença é a decisão do juiz 
que tenha qualquer dos conteúdos do art. 485 ou 487, NCPC. Se o 
juiz decide com base em um destes artigos é sentença. É 
irrelevante se encerra ou não o procedimento para ser 
caracterizada como sentença. O relevante é saber o conteúdo 
dela, mesmo que não encerre. 
Ex.: decisão do juiz queexclui um litisconsorte do 
processo: para a 1ª C, decisão interlocutória; para a 2ª, 
sentença, porque decide com base no art. 485. Outro 
exemplo: as decisões parciais de mérito são decisões 
interlocutórias para a corrente adotada pelo professor 
Fredie Didier e sentença para a 2ª corrente. 
O NCPC parece ter adotado uma corrente mista, 
unindo as duas correntes acima. Se não, vejamos: 
1o Ressalvadas as disposições expressas dos 
procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio 
do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase 
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a 
execução. 
Existe uma acepção restrita de sentença que é a 
sentença como norma. É a mais preocupante! 
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Em toda sentença o juiz analisa questões 
incidentes na fundamentação e a questão principal, (que é 
o pedido) no dispositivo. 
Quando o juiz decide uma questão principal (no 
pedido), o juiz estabelece a norma jurídica individualizada, 
ou seja, a norma no caso concreto. Ex.: João deve a José. A 
norma jurídica individualizada se submete a coisa julgada 
que é a indiscutibilidade da norma jurídica individualizada. 
Na fundamentação estão as questões incidentes, o 
juiz terá que identificar a norma jurídica geral do caso 
concreto. 
 A norma geral é: aquele que toma dinheiro 
emprestado de outrem tem que devolver. 
 Norma individual: João deve a José. 
Em toda decisão judicial tem que encontrar no 
mínimo duas normas: 
1º) a norma individual do caso concreto; e 
2º) a norma geral do caso concreto. 
A norma geral do caso concreto, exatamente por 
ser geral, pode ser aplicada em outras situações 
semelhantes. 
A norma jurídica geral do caso concreto (ratio 
decidendi) que está na fundamentação e da qual se extrai a 
solução do caso concreto possui a denominação de 
PRECEDENTE. Ele sempre está na fundamentação do 
julgado. Quando você cita uma decisão do STJ você terá que 
demonstrar que a fundamentação da decisão do STJ se 
aplica ao seu caso concreto. 
 
Características do precedente: 
1. Norma criada pela jurisdição; 
2. Norma criada a partir de um caso concreto; 
3. É uma norma geral. Assim, pode ser aplicada em 
casos futuros. 
O precedente não fica indiscutível pela coisa 
julgada, ou seja, a coisa julgada não recai sobre um 
precedente. 
 
Sobre o precedente recaem outros efeitos: 
Efeito persuasivo, ou seja, serve para argumentar, 
é um argumento a favor de quem menciona. Todo 
precedente serve como argumento e será mais forte ou 
mais fraco a depender da origem do precedente. Vara 
longínqua x STF. Este é o efeito mínimo do precedente; 
Se um precedente for reiteradamente aplicado 
pelo Tribunal transforma-se em jurisprudência (que é a 
reiteração na aplicação de um precedente). Quando a 
jurisprudência é dominante, ou seja, prevalece no tribunal, 
ela pode gerar uma súmula. 
Súmula é o texto da norma jurídica geral 
construída a partir de um caso concreto e que vem sendo 
reiteradamente aplicada. 
Qual é a relação entre precedente e súmula? A 
súmula é o texto normativo do precedente e para o 
precedente virar súmula tem que formar uma 
jurisprudência dominante. Súmula é norma geral a partir de 
uma interpretação de um caso concreto entre João e José. 
O precedente pode ter efeito impeditivo de 
recurso. Há precedente que se forem seguidos, impedem 
recurso da decisão. Ex.: súmula de Tribunal Superior, se 
seguida, ela impede recurso para discutir o tema debatido. 
Há precedente que tem que ser seguido. O efeito 
dele é vincular as pessoas que tem que observá-lo. É o caso 
da Súmula Vinculante. Tem que ser necessariamente 
observada. É o efeito maior que o precedente pode ter. 
O efeito do precedente é extensível para todos! 
Um processo do qual eu não fiz parte pode repercutir na 
minha vida. 
Coisa julgada pode-se desfazer por meio da 
rescisória. Agora como o precedente pode ser 
superado/revisto? Nenhum sistema é inflexível aos 
precedentes. Eles podem ser superados. Os mecanismos de 
superação dos precedentes são rigorosos. Se existe um 
precedente que vincula, as pessoas confiam nisso e passam 
a agir de acordo com o precedente. Para justificar uma 
mudança é preciso de uma carga de motivação, de 
argumentação grande. Esse mecanismo de superação do 
precedente chama-se overruling. 
O overruling se divide em duas espécies: 
1. Overruling prospectivo; 
2. Overruling retrospectivo. 
O prospectivo é a superação do precedente dali 
para frente. As novas situações serão regidas de acordo 
com o novo precedente. Não atinge as situações anteriores, 
como forma de proteger a confiança. Essa é a regra. Se o 
precedente é recente, ainda não esta consolidado, é 
possível falar em overruling retrospectivo, ou seja, uma 
superação que produzem efeitos retroativos. Ele só se 
justifica se o precedente a ser superado for recente. 
Mudança de jurisprudência e segurança jurídica: 
como equacionar a possibilidade de mudança de 
jurisprudência com a segurança jurídica? A forma é o 
overruling prospectivo, ou seja, superação do precedente 
dali pra frente, sendo que o novo precedente não atinge 
situações anteriores. 
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Signaling: às vezes os Tribunais não fazem o 
overruling, mas apontam signaling, ou seja, dá sinais de que 
a jurisprudência será alterada ou seguirá uma determinada 
orientação. É uma dica de que os tribunais mudaram seu 
entendimento. 
Ex.: propuseram uma ADI para discutir casamento 
homoafetivo. Celso de Melo indeferiu essa ADI, mas disse 
que achava que cabia ADPF. No outro dia entraram com a 
ADPF. 
 Continuação da teoria da decisão: 
DISTINGUISHING: é um método de comparação ou 
confronto entre o caso e o precedente. A aplicação do 
precedente é imprescindível para o distinguishing, ainda 
que o mesmo seja vinculante. Esse cotejo, essa 
comparação, que gerou o precedente é fazer o 
distinguishing. Verificar se há ou não peculiaridade que 
impede ou permite a aplicação do precedente. O 
distinguishing é absolutamente indispensável na aplicação 
dos precedentes. Não há como aplicar o precedente sem 
fazer o distinguishing. O que demonstra que a interpretação 
de um precedente é indispensável. A aplicação do 
precedente não é automática  é necessário interpretá-la. 
 
RATIO DECIDENDI: é a norma geral, o caso 
concreto que sustenta a decisão judicial. Essa é a razão de 
decidir. Na fundamentação o Magistrado fixará a norma 
jurídica geral do caso concreto, denominada de “ratio 
decidendi” (norma geral encontrada na fundamentação que 
sustenta a decisão, o dispositivo da sentença). A aplicação 
reiterada da ratio decidendi forma jurisprudência, podendo 
mesmo ser sumulada quando a incidência da questão for 
frequente. Dessa forma, a ratio decidente é o precedente 
judicial. Sempre que se fala em jurisprudência dominante, 
súmula, precedente, refere-se à ratio decidendi da decisão, 
ou seja, àquilo que sustenta a norma individualizada. Sobre 
o precedente não recai coisa julgada, tendo em vista tratar-
se de norma geral, recai sim outro tipo de força 
denominada força normativa do precedente. 
 
OBTER DICTUM (DICTA  no plural): tudo o que 
estiver na fundamentação e que dela puderser retirado 
sem inviabilizar o dispositivo. São os comentários ou 
apreciações laterais que aparecem na fundamentação cuja 
ausência não acarreta qualquer prejuízo à decisão. É tudo 
aquilo que está na fundamentação e que não é ratio 
decidendi. O obter dictum não é precedente. Embora, não 
sirva para aquele caso pode apontar para uma decisão 
futura do tribunal. O obter dictum pode ajudar na 
elaboração de um recurso. Exemplo de obter dictum é o 
voto vencido (o qual não sustenta a decisão, mas 
obviamente tem a sua utilidade). O obter dictum não é o 
precedente. Nenhum dos efeitos do precedente se aplica. 
Não pode haver súmula advinda de obter dictum, por 
exemplo. O obter dictum é algo dito de passagem. 
 Como se contava o prazo do art. 475-J do CPC/73? 
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de 
quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze 
dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de 
dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 
614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. 
Em 2007, o STJ deu uma sentença dizendo que o prazo 
contava-se do trânsito em julgado. Ademais, disse que a não 
cientificação do prazo à parte seria caso de multa a cargo do 
advogado (isso é um obter dictum; o mérito era acerca da 
contagem do prazo). 
OBS.: O STJ JÁ MUDOU SEU POSICIONAMENTO ACERCA 
DA CONTAGEM DO PRAZO E O NCPC ADOTOU OUTRA CORRENTE. 
 
 ELEMENTOS DA SENTENÇA 
Regulamentação legal atual: 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a 
identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o 
registro das principais ocorrências havidas no andamento do 
processo; 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de 
fato e de direito; 
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões 
principais que as partes lhe submeterem. 
 
1. RELATÓRIO: o relatório é a parte descritiva da 
sentença; nele há a história relevante do processo; a suma 
dos pedidos; a suma dos incidentes processuais. 
É a descrição daquilo que de importante ocorreu 
no processo, isto é, o resumo do pedido, da defesa, a 
notícia dos principais incidentes do processo. 
No Juizado Especial, o relatório é dispensável, 
sendo que nos demais procedimentos, apesar de sua 
imprescindibilidade ser prevista no NCPC, sua ausência não 
tem gerado a invalidação da sentença. 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO: seu objeto são as questões 
incidentes, devendo constar na fundamentação todas as 
questões relevantes para a solução do litígio. É uma 
imposição constitucional (art. 93, IX, CF). 
É uma consequência da publicidade, bem como do 
contraditório. Contudo, mesmo que se não houvesse texto 
expresso, a fundamentação seria consequência da 
publicidade e do contraditório. Sem fundamentação? 
Decisão NULA. 
No direito italiano, decisão sem fundamentação é 
decisão inexistente, porém não é a tese que vinga no Brasil. 
No Brasil é decisão que existe, mas é viciada. Na 
fundamentação é que está a racio decidente; é o 
precedente que produz uma séria de efeitos (já 
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examinados). OBS.: a coisa julgada não recai sobre a 
fundamentação. 
Há duas funções a motivação, a saber: 
1. Endoprocessual: serve para que as partes 
possam elaborar seus recursos e para que o tribunal possa 
manter ou reformar a decisão; e 
2. Extraprocessual: serve para dar publicidade ao 
exercício da função jurisdicional e para permitir o controle 
político das decisões. 
O CPC/2015 regulamenta o quê se deve entender 
por uma decisão não fundamentada: 
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão 
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de 
ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão 
decidida; 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem 
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer 
outra decisão; 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no 
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo 
julgador; 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de 
súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem 
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos; 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência 
ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência 
de distinção no caso em julgamento ou a superação do 
entendimento. 
 
3. DISPOSITIVO: é a conclusão da decisão; é a 
norma jurídica individualizada; que pode torna-se 
indiscutível pela coisa julgada material. Caso não haja 
dispositivo? Aí sim podemos falar que inexiste decisão. 
Contudo, pode acontecer de o dispositivo de uma 
sentença conter várias decisões; quando isso acontece 
temos o seguinte: embora formalmente seja única a 
sentença é constituída por várias decisões 
(substancialmente). 
Formalmente vejo uma decisão, mas na verdade há 
mais de uma decisão, há mais de uma sentença. E quando 
isso ocorre, fala-se que ela é um sentença OBJETIVAMENTE 
COMPLEXA. Embora uma só, contém várias decisões. Cada 
uma dessas decisões contidas em uma sentença se chama 
CAPÍTULO DE SENTENÇA, configurando, assim, o que se 
denomina unidade decisória da sentença. 
Em suma, para cada pedido deve-se abrir um 
parágrafo na sentença. É mais técnico e mais seguro. Diante 
disso, conclui-se que deve fazer uma fundamentação para 
cada capítulo. Muitas vezes o fundamento de um capítulo é 
comum ao de outro; aí não é necessário reproduzir. 
Assim, sugere-se que a fundamentação seja 
dividida em capítulos. Embora, ninguém faça isso na prática, 
deveria haver, por exemplo, uma fundamentação para a 
fixação dos honorários. Quando a fundamentação for 
idêntica dizer “remeto a fundamentação do pedido x, y, z”. 
 
 REQUISITOS OU ATRIBUTOS DA SENTENÇA 
Os requisitos são atributos que uma sentença deve 
ter para ser válida. Todos os requisitos da sentença se 
resumem em uma palavra, que é a congruência (perfeição 
da sentença). A congruência da sentença pode ser interna 
ou externa. 
CONGRUÊNCIA EXTERNA DA SENTENÇA: sentença 
congruente é aquela que se encontra em conformidade 
com o que foi pedido pelas partes. São vícios de 
congruência externa da sentença: a) citra petita (esquecer); 
b) ultra petita (exagerar); e c) extra petita (inventar). 
Sentença ultra petita: a sentença ultra petita é 
aquela em que o juiz ultrapassa o que se pede (ex: parte 
pede R$ 110 e ele dá R$ 150). Neste caso, a sentença só é 
nula em relação ao excesso (ex: nula em relação aos RS 40). 
Sentença extra petita: a sentença extra petita é 
aquele em que o juiz dá o que não se pediu, inventando um 
pedido (ex: parte pede a anulação do contrato e o juiz dá 
uma resolução ao contrato). 
Sentença citra petita: a sentença pode se omitir 
em relação: a) a fundamentação; b) ao dispositivo. Enfim, 
pode ser de dois tipos, vejamos: 
 
Em relação à FUNDAMENTAÇÃO RELEVANTE da 
decisão, o juiz deixa de examinar uma questão incidente 
relevante, que poderia levá-lo a outra decisão. Neste caso a 
sentença é nula por vício de motivação. O juiz não é 
obrigado a analisar todos os fundamentos da parte, salvo se 
for negar o pedido (violação ao contraditório). 
Em relação ao DISPOSITIVO da decisão, o juiz deixa 
de examinar um pedido (questão principal). Em relação aeste pedido não examinado, a sentença é inexistente (não 
havendo decisão). Não existindo decisão, não há que se 
falar em coisa julgada, podendo ser repetido o pedido em 
outro processo. Porém, se foi examinado com motivação 
nula, haverá uma sentença ou decisão nula. 
Aqui decisão não há, logo, não há que se falar em 
coisa julgada. Como falar em coisa de julgada de coisa que 
não foi julgada? Então, o que fazer? Renova-se o pedido. O 
processo acabou? Não. Renova-se o pedido. O ideal é que 
em embargos de declaração o juiz já se manifeste e resolva 
o problema. Caso contrário, renova-se o pedido. Não há 
preclusão. 
Não confundir a omissão em relação a uma decisão 
com a omissão em relação a um pedido, tendo em vista que 
os efeitos são muito distintos. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL PARA CONCURSOS 
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CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
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CONGRUÊNCIA INTERNA DA SENTENÇA: a 
congruência interna significa que a sentença deve ser: 
certa, clara, coerente e líquida. 
Certa: significa que a sentença não pode trazer 
dúvidas (ex: somente poderá se condenar alguém se houver 
prova do dano. Pode não saber o tamanho do dano, porém, 
deverá saber se houve ou não o dano). 
Clara/inteligível/clareza: significa dizer que a 
sentença deve ser inteligível, bem escrita (compreendida); 
não basta ter uma linguagem escorreita. É preciso, por 
exemplo, que a sentença não esteja borrada, amassada. 
Caso seja uma sentença manuscrita que seja com letra 
legível. Outro caso: caso cite língua estrangeira traduza 
também. Enfim, para o homem comum entender. A clareza 
é inclusive uma imposição do Princípio da Cooperação. 
 
Coerência/Coerente: significa não haver 
contradições ou proposições contraditórias, cabendo 
embargos de declaração contra sentença incoerente. 
 
Líquida: é aquele que define de forma completa os 
elementos da norma jurídica individualizada. A sentença é 
líquida se ela responde a cinco perguntas, quais sejam: 
 1. A dívida existe? 2. Quem deve? 3. A quem se 
deve? 4. O que se deve? 5. Quanto se deve? 
Portanto, nem toda iliquidez se resume ao 
quantum da sentença. Há situações em que se permite uma 
decisão ilíquida, quando o pedido do autor é ilíquido. 
Exemplo: no caso de um pedido genérico (art. 324, § 1º do 
NCPC)  admite-se sentença ilíquida. 
Tal iliquidez é em relação ao quantum. Transfere-
se a definição do quantum para outro momento. Liquidar a 
sentença? Completar a norma individualizada. Isso é a 
liquidação da sentença. Essa iliquidez mencionada é a 
iliquidez básica. 
Há, porém casos de iliquidez maior (mais ampla). 
Exemplo: sentença em ação coletiva. A sentença em ação 
coletiva condena o réu a ressarcir “as vítimas”. Quem são 
as vítimas? Quem são os credores? Você não sabe. A 
liquidação dessa sentença coletiva haverá necessidade de 
abranger não só o quantum se deve, mas também a quem 
se deve. 
 
OBS1.: se o pedido for líquido a sentença tem de 
ser líquida. O autor e somente ele poderá impugnar no caso 
de o juiz ter proferido uma sentença ilíquida. Pois isso é 
algo que só interesse a ele (ele fez pedido líquido  só cabe 
ele pedir sentença liquida), consoante a súmula abaixo: 
Súmula 318 do STJ. Formulado pedido certo e determinado, 
somente o autor tem interesse recursal em arguir o vício da sentença 
ilíquida. 
 
OBS2.: nos juizados especiais, a sentença sempre 
tem de ser líquida, sem qualquer exceção. Por fim, ressalta-
se que mesmo que o legislador venha estabelecer outros 
casos que sentença ilíquida, deve-se sempre responder a 
questão “a dívida existe?”, caso contrário seria uma 
sentença incerta. 
 
 DECISÃO VS FATOS SUPERVENIENTES 
Ao julgar a demanda, poderá o juiz levar em 
consideração os fatos ocorridos após sua propositura, ou 
deverá julgar de acordo com a realidade da época da 
propositura? 
O juiz deve proferir uma sentença justa, no dia em 
que decidir, conforme o contexto do dia em que for 
proferida, isto é, todos os fatos que acontecerem após a 
propositura da ação e que tenham relevância para o 
julgamento da causa devem ser levados em consideração. 
Assim, a sentença deve ser justa quando proferida, 
logo, levará em conta os fatos supervenientes. 
Todo fato superveniente à propositura da 
demanda, relevante para o julgamento da causa deve ser 
levado em consideração pelo juiz até mesmo ex officio (art. 
493, do NCPC). 
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato 
constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no 
julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de 
ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a 
decisão. 
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz 
ouvirá as partes sobre ele antes de decidir. 
Exemplo: se foi paga a dívida discutida. 
OBS.: é possível tanto que o interesse de agir passe 
a existir quanto a inexistir no curso do processo. 
 
 SENTENÇA DETERMINATIVA 
Aparece na doutrina basicamente em dois 
sentidos, sendo certo que o mais apropriado é o que 
entende como sentenças em que há maior 
discricionariedade judicial (o poder criativo do juiz se revela 
mais amplamente, como no caso das sentenças em que o 
juiz aplica o princípio da boa-fé, pois a lei não determina os 
requisitos da boa-fé, por exemplo). 
Enfim, sentença em que o juiz exerce um poder 
criativo. Existe certa discricionariedade. Cria uma solução 
não predeterminada pelo legislador. Exemplo: sentenças 
que aplicam uma cláusula geral. 
Em outro sentido, defende ser sentença 
determinativa aquela em que o juiz decide relações 
continuativas, que se prolongam no tempo (ex.: sentença 
em ações de alimentos ou guarda de filhos menores). 
 
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 EFEITOS DA SENTENÇA 
Há quatro efeitos advindos das sentenças. 
 
1. Efeitos principais: são aqueles que decorrem 
diretamente do conteúdo da sentença para atingir a relação 
jurídica controvertida. O efeito principal decorre da norma 
individualizada criada pelo juiz. Portanto, decorre da 
vontade do juiz. É aquilo que o juiz determinou. Este é o 
efeito principal da sentença. Mas não basta isso, é preciso 
que atinja a relação discutida. Isso sim é o efeito principal. 
Sentenças Condenatória Constitutiva Declaratória 
Efeito 
principal 
Permitir a 
execução da 
prestação 
devida. 
A criação da 
situação 
jurídica nova 
tendo em 
vista a 
efetivação de 
um direito 
potestativo. 
 
Ou ainda a 
mudança de 
uma situação 
jurídica ou a 
extinção de 
uma situação 
jurídica. 
A certeza 
acerca da 
existência ou 
não da 
relação 
jurídica. 
 
2. Efeitos reflexos: são aqueles que decorrem do 
conteúdo da sentença para atingir relação jurídica conexa 
àquela discutida. É a possibilidade de efeito reflexo que 
autoriza a assistência simples, isto é, admite-se a assistência 
simples, quando a sentença puder ter esse efeito reflexo. 
Assim, se o efeito principal atinge terceiro, autoriza-se a 
assistência litisconsorcial. 
Ex1: o despejo do locatário atinge reflexamente o 
sublocatário. A repercussão do despejo no sublocatário é 
um efeito reflexo da sentença. 
3. Efeitos anexos: são efeitos do fato-sentença. 
Aqui a sentença é vista como um fato, e não como um ato. 
São os efeitos automáticos da sentença, decorrendoda lei, 
independentemente do conteúdo da decisão; independem 
de manifestação judicial. O juiz não decide acerca dos 
efeitos anexos, que tampouco são requeridos pelas partes 
(independe do pedido da parte). A lei nesse caso trata a 
sentença como um FATO e não como um ATO. 
Ex1: a terceira sentença por abandono gera por 
efeito anexo a perempção. 
Ex2: a sentença que condena o réu a pagar quantia 
ou entregar coisa é apta a servir como título de uma 
hipoteca imóvel do réu. É uma hipoteca judiciária e não 
contratual, cujo título é uma sentença. O juiz não tem que 
autorizar uma hipoteca judiciária. Nem a parte tem que 
pedir tal hipoteca. É um efeito anexo tal hipoteca. 
Independe de pedido (não precisa ter perigo etc.). Cita-se o 
artigo abaixo: 
Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de 
prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão 
de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação 
pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária. 
§ 1o A decisão produz a hipoteca judiciária: 
I - embora a condenação seja genérica; 
II - ainda que o credor possa promover o cumprimento 
provisório da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do 
devedor; 
III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito 
suspensivo. 
 
4. Efeitos probatórios: a sentença é um 
documento público, logo, prova fatos, como por exemplo, 
sua própria existência ou a ocorrência de fatos nela 
descritos. 
Ex: a sentença faz prova dela própria. 
Ex2: a sentença prova tudo aquilo que o juiz diz 
que presenciou (ex: se o juiz falar que colheu o testemunho 
do João no dia 10 de março  a sentença é prova de que 
João foi testemunha naquele dia, naquela hora). 
OBS.: a sentença não prova o fato que o juiz 
reputou provado. Isto é, em outro processo, outro juiz 
poderá ter outra impressão daquele fato. Então, a sentença 
prova o quê? A sentença prova que o juiz reputou que 
aquele fato aconteceu. 
 
 COISA JULGADA 
Conceito: É a indiscutibilidade do conteúdo de 
determinadas decisões judiciais, é a estabilidade adquirida 
pela norma jurídica individualizada contida na sentença. 
Essa indiscutibilidade se opera tanto dentro quanto fora do 
processo em que a norma foi criada. 
Alguns autores se referem a este instituto como 
“coisa julgada material”, que se contrapõe à chamada 
“coisa julgada formal”. Esta última, para a maioria da 
doutrina, é a preclusão da decisão, isto é, a decisão se torna 
indiscutível dentro do processo em que foi proferida. 
OBS.: para Luís Eduardo Mourão a coisa julgada 
material é a coisa julgada das decisões de mérito. Já a coisa 
julgada formal é a coisa julgada das questões processuais; 
aquelas com base no art. 485 do NCPC. A preclusão para ele 
seria puramente endoprocessual. Frisa-se que esta não é a 
visão majoritária. Trata-se de tese interessantíssima, mas 
não é majoritária. 
Pressupostos da coisa julgada: são três. Vejamos: 
◊ que se trate de decisão de mérito; 
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◊ que se trate de decisão de cognição exauriente, 
exaustiva, que não sejam decisões provisórias como, por exemplo, 
as liminares, Não podem ser decisões fundadas em cognição 
sumária ou verossimilhança; 
◊ que haja coisa julgada formal, ou seja, para que a 
decisão se torne indiscutível em qualquer lugar é preciso primeiro 
que ela se torne indiscutível no processo. 
 
 COISA JULGADA 
 Efeitos da coisa julgada 
a) Efeito negativo: impede nova decisão sobre 
aquilo que já haja sido decidido. 
 
b) Efeito positivo: ocorre quando a propositura de 
uma demanda for baseada, fundamentada na coisa julgada, 
que será utilizada como causa de pedir de outra demanda. 
O juiz da segunda demanda deverá levar em conta a coisa 
julgada. Ex.: ação de alimentos fundamentada na coisa 
julgada produzida em ação investigatória de paternidade. 
 
c) Efeito preclusivo ou eficácia preclusiva: a coisa 
julgada torna preclusa a possibilidade de se alegar qualquer 
matéria que poderia ter sido alegada para o acolhimento ou 
rejeição do pedido, mas não o foi (“o que era possível 
deduzir e não foi deduzido considera-se deduzido e 
repelido”). 
NCPC, Art. 508. Transitada em julgado a decisão de 
mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações 
e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento 
quanto à rejeição do pedido. 
 
Frisa-se que se o autor tiver por fundamento outra 
causa de pedir ele poderá voltar a juízo, pois se trata de 
nova demanda. A eficácia preclusiva da coisa julgada não 
abrange outras causas de pedir. Este é o pensamento 
majoritário. OBS.: no caso de incompetência absoluta, 
pode-se alegar a matéria a qualquer tempo, desde que até 
o trânsito em julgado. 
Ademais, a eficácia preclusiva abrange tudo aquilo 
que a parte poderia ter suscitado. Assim, a eficácia 
preclusiva NÃO abarca fatos posteriores à coisa julgada. 
Qualquer coisa julgada pode ser afetada por fatos que lhe 
são posteriores. 
 
Coisa julgada e relações jurídicas continuativas 
São relações jurídicas continuativas aquelas que se 
prolongam no tempo, como as relações de família, 
locatícias, tributárias e previdenciárias. A sentença que 
envolva esse tipo de relação faz coisa julgada normalmente, 
sendo erro crasso defender o contrário com o fundamento 
de que a decisão poderá ser revista em caso de mudança 
dos fatos. 
Com a alteração dos fatos, é gerada uma nova 
situação, se impondo uma nova decisão que por sua vez 
produzirá nova coisa julgada. Tanto há coisa julgada que, 
não se demonstrado a nova situação, a sentença não será 
revista. 
A coisa julgada nestas relações recebe a 
denominação de “coisa julgada rebus sic stantibus”. Ex.: 
ação de alimentos, ação de guarda. Em tal sentido temos a 
súmula 239 do STF: “Decisão que declara indevida a 
cobrança do imposto em determinado exercício não faz 
coisa julgada em relação aos posteriores”. 
 
Limites objetivos da coisa julgada 
É o que se torna indiscutível pela coisa julgada. É o 
dispositivo, o comando jurídico, o conteúdo da norma 
jurídica individualizada. Assim, aquilo que foi decidido na 
fundamentação não fica acobertado pela coisa julgada. 
Logo, não faz coisa julgada: a) a análise das provas; b) 
questão prejudicial que decida incidentalmente; c) a “ratio 
decidendi” que também está na fundamentação. 
 
Limite subjetivo da coisa julgada 
São os sujeitos que se submetem a coisa julgada. 
Há três modelos de limitação subjetiva da coisa julgada. A 
coisa julgada vai se operar por uma entre três maneiras. 
Vejamos: 
 1. Inter partes (regra do nosso sistema - 
art. 506, do NCPC), ou seja, apenas vincula aqueles que 
participaram do processo, não prejudicando terceiros. 
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, 
não prejudicando terceiros. 
 2. Ultra partes, quando excepcionalmente 
vincular ou atingir terceiros. Exemplos: 
1. Aquela oriunda de um processo conduzido por 
substituto processual, caso em que atingirá o substituído; 
2. Atinge o adquirente de coisa litigiosa; 
3. Coisa julgada coletiva em ACP que versa sobre 
direitos coletivos – art. 103, II, CDC. 
 
 3. Erga omnes, sendo aquela que vincula a 
todos. Exemplos: 
1. ADI; 2. ADC; 3. ADPF; 4. ACP para direitos 
DIFUSOS. 
Modo de produção (quando haverá coisa julgada) 
Pode ocorrer de três formas, a saber: 
 Pro et contra, ou seja, poderá acontecer 
qualquer que seja o resultado da causa (favorável ou 
desfavorávelao autor). Trata-se da regra adotada no nosso 
sistema; 
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 Secundum eventum litis, depende do 
julgamento, ao contrário da anterior. Só ocorre segundo um 
determinado resultado. Vai depender do resultado. No 
processo civil praticamente inexiste (a doutrina não fornece 
exemplos, mas sim no processo penal, como, no caso da 
coisa julgada penal condenatória, que poderá ser revista a 
qualquer tempo). Obs.: no caso do art. 103, CDC – só se 
estende se for procedente, porém não se trata de exemplo 
de produção da coisa julgada secundum eventum litis. A 
coisa julgada aqui existe, mas só poderá ser utiliza se for 
procedente. O segundo eventum litis não se refere à coisa 
julgada, mas sim a extensão da coisa coletiva ao plano 
individual; e 
 Secundum eventum probationis, isto é, se 
a decisão for de improcedência por falta de provas não 
haverá coisa julgada, ou seja, apenas haverá coisa julgada 
se houver exaurimento da prova. Este último regime é hoje 
muito prestigiado, como se verifica nas ações coletivas 
(Ação Popular) e na lei do Mandado de Segurança (se o juiz 
concluir que não foi provado o alegado será possível 
interposição da ação ordinária). Indaga-se: pode haver coisa 
julgada na improcedência do MS? Sim, desde que o pedido 
seja julgado improcedente em razão da inexistência do 
direito. Outro exemplo é o da coisa julgada na ação coletiva 
que verse sobre direitos difusos e coletivos. 
 
 Instrumentos de revisão da coisa julgada 
a) Ação rescisória (art. 966, do NCPC): se 
caracteriza por se tratar de uma ação que permite a revisão 
da coisa julgada num prazo de 02 anos por razões formais e 
substanciais (de justiça). Assim, apesar do exíguo prazo para 
sua propositura, seu conteúdo é bastante amplo. 
b) Querela Nullitatis: se caracteriza por não se 
sujeitar a prazo e por apenas poder ser proposta por 
questões formais (em geral vícios na citação – ex: sentença 
proferida em face de pessoa não citada). 
c) Correção de erro material (art. 494,I do NCPC): 
pode se dar a qualquer tempo, e até mesmo ex officio (erro 
de cálculo, erro gráfico, erro ortográfico etc.). 
d) Revisão de decisão fundada em lei, ato 
normativo ou interpretação tida pelo STF como 
inconstitucionais: esta hipótese é uma forma de revisão da 
coisa julgada na execução prevista no CPC, nos arts. 525, 
§12. Trata-se de espécie de defesa do executado. 
 
Relativização da coisa julgada 
Teoria que prega a insuficiência dos meios 
supracitados para rever a coisa, para tal teoria é necessário 
relativizar ainda mais a coisa julgada. Frisa-se que a 
denominação correta seria Teoria da relativização atípica 
(pois a coisa julgada já é relativizada por meios típicos). 
O movimento doutrinário de relativização da coisa 
julgada pretende a revisão atípica da coisa julgada, ou seja, 
que ela seja revista por outros instrumentos além daqueles 
acima estudados, tendo em vista que a injustiça manifesta 
não pode prevalecer, devendo ser passível de revisão a 
qualquer tempo, bem como nos casos de manifesta 
inconstitucionalidade, manifesta falta de razoabilidade etc. 
 São adeptos desta concepção: Cândido 
Dinamarco e Humberto Theodoro Junior.  
Esse posicionamento tem justificado, por exemplo, 
a renovação da discussão acerca da paternidade; a 
diminuição de valores astronômicos fixados em 
desapropriações etc. Esta teoria tende a aniquilar a coisa 
julgada, além de não garantir que a segunda decisão 
proferida também seja injusta. 
 São expoentes de um contra movimento: 
Nelson Nery, Olvídio Baptista, Marinone, Barbosa Moreira. 
 
Assim, na doutrina prevalece o entendimento de 
que a coisa julgada apenas poderia ser revista por meios 
típicos, entretanto, o STJ possui inúmeras decisões 
relativizando atipicamente a coisa julgada (como nos casos 
da ação de paternidade – quando exame de DNA 
demonstrar o contrário do que o juiz dissera). 
 
 RECURSOS – TEORIA GERAL 
Conceito 
É um meio de impugnação voluntário (depende de 
provocação - não há recurso de ofício, recordando que a 
remessa necessária não é recurso – exatamente pelo 
motivo da voluntariedade), previsto em lei federal (não há 
recurso por costume ou norma estadual) para, no mesmo 
processo em que foi proferida, impugnar a decisão (recurso 
prolonga a vida de um processo – por isso a ação rescisória 
não é recurso -), a fim de reformá-la, invalidá-la, esclarecê-
la ou integrá-la. 
O recurso é um ato postulatório (não se confunde 
com petição – o recurso é uma outra demanda), e como tal, 
apresenta um pedido, ao qual antecede uma causa de 
pedir: 
Pedido (mérito recursal) 
 
Causa de pedir 
 
Reforma (pretende a 
correção da mesma decisão) 
– Não se discute a forma da 
decisão, mas sim seu 
conteúdo. 
Error in judicando – é a má 
aplicação ou interpretação da lei ou 
sua não aplicação; ou má valoração 
das provas. 
 
Invalidação (pretende uma 
nova decisão) – Não se 
discute o conteúdo da 
decisão, mas sim seus 
aspectos formais, sua 
validade. Pretende desfazer 
a sentença em razão de um 
defeito; quando a decisão é 
Error in procedendo – é erro que 
gera a nulidade da sentença por 
não possuir um de seus elementos 
(relatório, fundamentação ou 
dispositivo); por ser ultra, extra 
ou citra petita; ou pelo processo 
não ter transcorrido de acordo com 
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defeituosa. as regras de procedimento. 
 
Esclarecimento Sentença obscura ou contraditória 
 
Integração Sentença omissa 
 
OBS.: É possível o pedido cumulativo e mesmo 
subsidiário no recurso. Lembre-se que há a cumulação própria 
(quer todos os pedidos) e a cumulação imprópria (apenas um dos 
pedidos). Estas duas são cabíveis no âmbito recursal. 
 
Sistema dos meios de impugnação das decisões 
judiciais 
a) Recursos; 
b) Ações autônomas de impugnação de decisão 
judicial (Ex.: ação rescisória; “querela nullitatis”; mandado 
de segurança contra ato judicial; embargos de terceiro; 
reclamação); 
c) Sucedâneos recursais, são todas as formas de 
impugnação que não forem recurso nem ação autônoma. É 
tudo aquilo que serve para impugnar uma decisão judicial. 
(Ex.: reexame necessário, correição parcial e pedido de 
suspensão da segurança). OBS.: alguns autores dividem só 
em recursos e sucedâneos. Optam por uma divisão binária, 
colocando as ações autônomas como exemplos de 
sucedâneos recursais. O professor Fredie Didier opta pela 
divisão trinaria, pois entende que é conveniente destacá-las 
como outro tipo de meio de impugnação. 
Atos sujeitos a recurso: apenas as decisões são 
sujeitas a recurso (os despachos não admitem recurso). 
1. Decisões de juiz singular 
Interlocutórias que precluem (x cabe Agravo de instrumento do 
art. 1015 do NCPC). 
Sentenças (x cabe Apelação – art. 1009, NCPC). 
 
2. Decisões em Tribunal 
Monocráticas: aquelas proferidas por um membro, quais sejam:  
do relator; e  do Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal. 
Acórdãos: decisões colegiadas. 
 
OBS.: esse quadro é o básico, deve-se atentar para 
as observações abaixo: 
Das decisões de juiz singular 
1ª Decisões parciais que são agraváveis 
 2ª Existem sentenças agraváveis. Ex: sentença que

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