Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ</p><p>GRADUAÇÃO EM DIREITO</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>MARCOS SOARES BERNARDO</p><p>INVENTÁRIO E PARTILHA POR MEIO DE</p><p>ESCRITURA PÚBLICA</p><p>São João de Meriti</p><p>2022.</p><p>INVENTÁRIO E PARTILHA POR MEIO DE ESCRITURA PÚBLICA</p><p>Marcos Soares Bernardo1</p><p>RESUMO. O propósito do trabalho é expor uma análise breve sobre o imposto de</p><p>transmissão causa mortis e doações, o ITCMD, no contexto do poder de tributar dos entes</p><p>federados. Para tanto serão abordados: as hipóteses de incidência do ITCMD; as principais</p><p>implicações de tal modelo; as principais características atinentes ao ITCMD, ressaltando a</p><p>progressividade do citado imposto; as recentes alterações dos estados federados em relação ao</p><p>citado tributo diante da atual crise econômica; e a nova Lei de ITCMD no âmbito do Rio de</p><p>Janeiro.</p><p>Palavras-Chave: Imposto de transmissão causa mortis e doação. Progressividade.</p><p>Capacidade contributiva.</p><p>SUMÁRIO: INTRODUÇÃO, 1. O INVENTÁRIO E SUAS PARTICULARIDADES, 2. O</p><p>QUE É INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL, 2.1. REQUISITOS DO INVENTÁRIO</p><p>EXTRAJUDICIAL, 2.2. DOS DOCUMENTOS EXIGIDOS, 2.3. DO INVENTARIANTE, 3.</p><p>COMO OCORRE O INVENTÁRIO QUANDO HÁ DÉBITO FISCAL? 3.1.</p><p>HABILITAÇÃO PROCESSUAL DOS HERDEIROS, 3.2. DO INVENTÁRIO</p><p>EXTRAJUDICAL E O TESTAMENTO, 4. PAGAMENTO DO IMPOSTO E A DIVISÃO</p><p>DE BENS, 4.1. O REGISTRO DOS BENS NOS NOMES DOS HERDEIROS, 4.2. DA</p><p>POSSIBILIDADE DE MUDANÇA DO INVENTÁRIO JUDICIAL PARA O</p><p>EXTRAJUDICIAL. CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS.</p><p>1 Bacharelado em Direito pela Estácio de Sá de São João de Meriti. E-mail: bmarcossoares@gmail.com</p><p>3</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Este trabalho aborda a questão da possibilidade da realização da partilha de inventário pela</p><p>via administrativa, legitimada pela Lei nº 11.441, de 4 de janeiro de 2007, que alterou a</p><p>redação do Código de Processo Civil, Lei nº 5.869/73. Anteriormente a vigência desta lei, a</p><p>partilha só era possível pela via judicial, o que acarretava em uma demora totalmente</p><p>desnecessária, pois em muitos casos já existe um consenso entre os sucessores. Com a lei</p><p>11.441/07, esses casos passaram a ser solucionado pela via administrativa nos Cartórios por</p><p>meio de escritura pública, o que tornou esse processo mais célere e economicamente mais</p><p>vantajoso. Dentro deste tema, abordar-se-á inicialmente o conceito de direito de sucessão, os</p><p>seus fundamentos no ordenamento jurídico de uma forma mais sucinta. Além do conceito de</p><p>inventário e o momento da abertura, dando grande ênfase aos pontos relevantes, que nos</p><p>trazem dúvidas no momento de se valer do procedimento extrajudicial, demonstraremos os</p><p>pontos positivos que esta lei trouxe ao ordenamento jurídico.</p><p>Desde o advento da Lei nº. 11.441/2007, que alterou a redação do Diploma Processual</p><p>Civil de 1973, foi destinado às serventias extrajudiciais a possibilidade de realização de</p><p>alguns procedimentos, o que não apenas foi mantido, mas também ampliado, pelo Código de</p><p>Processo Civil de 2015. No que se refere ao inventário do falecido que deixou testamento, o</p><p>atual Código Processual Civil manteve a imposição legal anterior, no sentido de que nesse</p><p>caso seja adotada a via judicial. Sabe-se que o ato de testar é um ato solene, com inúmeras</p><p>determinações previstas em lei, sob pena de incorrer em nulidade. Na presente pesquisa serão</p><p>analisados os fundamentos favoráveis e contrários à realização de inventário extrajudicial na</p><p>existência de testamento. Para corroborar com o presente trabalho e motivar a investigação,</p><p>lançam-se, primeiramente, algumas indagações, como: É possível realizar inventário</p><p>extrajudicial no ordenamento jurídico brasileiro na existência de testamento? Por que é</p><p>possível a realização de inventário extrajudicial na existência de testamento revogado, caduco</p><p>ou invalidado por decisão judicial? O que levou o legislador a não permitir a realização de</p><p>inventário extrajudicial, na existência de testamento, mesmo se todos os herdeiros forem</p><p>maiores e capazes e estiverem de acordo com a forma de partilha? Destacadas as indagações e</p><p>com o fim de tornar preciso o problema da pesquisa, estabelece-se como pergunta central:</p><p>Quais os fundamentos que levaram o legislador à imposição do inventário judicial na</p><p>existência de testamento? O presente tema se justifica pela importância que representa ao</p><p>campo jurídico, principalmente, no que se refere ao êxito dos procedimentos de inventário</p><p>4</p><p>extrajudiciais. Neste sentido, a análise dos argumentos favoráveis e contrários à realização de</p><p>inventário extrajudicial na existência de testamento se faz importante para a uniformização</p><p>dos entendimentos acerca do tema. Observa-se que o disposto no artigo 610 do Código de</p><p>Processo Civil2 determina que o inventário seja judicial havendo conflito entre os</p><p>interessados, existindo herdeiro incapaz e, também, se o de cujus tiver deixado testamento.</p><p>Tal regramento existe no ordenamento jurídico brasileiro desde o Código de Processo Civil de</p><p>1973, quando a redação do artigo 982 foi alterada pela Lei nº. 11.441, de 2007.</p><p>Num conceito etimológico, a palavra sucessão vem do termo em latim succedere, que tem</p><p>por significado suceder alguém, ou seja, é o ato pelo qual uma pessoa substitui a outra, seja no</p><p>direito de titularidade de um bem, na obrigação de fazer algo, ou de dar algo. A sucessão pode</p><p>ocorrer de duas formas distintas. A primeira é conhecida como inter vivos, que ocorre quando</p><p>uma pessoa transmite a outra ou outras seus direitos ou deveres sobre determinado bem ainda</p><p>em vida. Como exemplo podemos citar a relação de compra e venda, onde o comprador</p><p>sucede aquele que vende o bem, adquirindo assim todos os direitos que a este pertenciam</p><p>sobre determinado bem. A segunda forma é a causa mortis, que é a transmissão do patrimônio</p><p>de uma pessoa a outra pelo fato da morte da primeira. Esta segunda forma é a qual se aplica o</p><p>direito sucessório, pois a matéria disciplinada por este ramo do direito é a transmissão dos</p><p>bens de alguém a outrem pelo fato da morte do primeiro, dando assim continuidade aos bens e</p><p>direitos por este deixado.</p><p>No direito sucessório moderno, este segundo pensamento é o que prevalece entre os</p><p>doutrinadores, pois o direito sucessório visa promover a característica da perpetuidade da</p><p>propriedade</p><p>1. O INVENTÁRIO E SUAS PARTICULARIDADES</p><p>Maria H. Diniz3 afirma que o direito das sucessões é o conjunto de normas que disciplinam</p><p>a transferência do patrimônio de alguém, depois de sua morte, ao herdeiro, em virtude de lei</p><p>ou testamento.</p><p>A base sobre a qual se funda o direito sucessório é algo que traz muita discussão entre os</p><p>doutrinadores, juristas, e operadores do direito. Alguns como Cimbali, e Carlos Roberto4 o</p><p>2 BRASIL. Código de Processo Civil de 2015. Art. 610.</p><p>3 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito das sucessões. 21. ed. São Paulo: Saraiva , 2010,</p><p>p. 03.</p><p>44 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. Saraiva, 2010, p. 25.</p><p>5</p><p>fundamento do direito das sucessões repousa na continuidade da vida humana, através das</p><p>várias gerações. Monteiro critica esse posicionamento5:</p><p>A sequência da vida humana não depende da sucessão, ela subsiste sem esse</p><p>instinto sexual. Aliás, tal doutrina explicaria apenas a transmissão da herança</p><p>entre ascendentes e descendentes, jamais a sucessão entre cônjuges, entre os</p><p>colaterais e entre o de cujus e o Estado.</p><p>Conseguinte, o inventário é o instrumento através do qual é feito um relatório do</p><p>patrimônio deixado pelo falecido, com o objetivo de se possibilitar a efetiva transferência da</p><p>herança aos herdeiros. Por meio do inventário os herdeiros serão identificados, assim como o</p><p>patrimônio deixado, e as quotas serão individualizadas, tudo objetivando à partilha da</p><p>herança, com a finalidade</p><p>de que as relações jurídicas em nome do falecido passem a ser de</p><p>titularidade dos herdeiros. Trata-se, portanto, conforme Carneiro6 de:</p><p>Uma espécie de descrição e liquidação do acervo hereditário a ser, em breve,</p><p>partilhado, e de uma determinação de quem concorrerá nessa divisão. Entre nós,</p><p>todo esse iter se desenvolve perante a a utoridade judiciária ou por escritura</p><p>pública. A partilha, por sua vez, é a fase final do procedimento sucessório, em</p><p>que se haverá de atribuir a cada um dos herdeiros a porção que lhe couber dos</p><p>bens e direitos do acervo, pondo fim à comunhão hereditária.</p><p>No que desrespeita ao espólio, o significado que interessa no campo das sucessões, e no</p><p>entendimento de Pablo Stolze 7 é, de fato, o de um conjunto de bens deixado pelo “de cujus”,</p><p>e que começa a ser visto como um ente desprovido de personalidade, mas com capacidade</p><p>processual, representado pelo inventariante.</p><p>Então, não há de confundir o termo espólio com o termo inventário. O primeiro é o</p><p>montante patrimonial com capacidade processual. O segundo é a descrição detalhada do</p><p>patrimônio do autor da herança8. O processo de inventário poderá acontecer tanto na via</p><p>judicial ou na extrajudicial. A modalidade extrajudicial é facultativa, e sua opção depende do</p><p>cumprimento de alguns requisitos.</p><p>É importante ressaltar que o Código Civil de 1916, assim como a redação original do</p><p>Código Civil de 2002, estabelecia sobre a carência de o procedimento ser judicial, entretanto,</p><p>com o surgimento da Lei nº. 11.441/2007 passou-se a admitir o inventário extrajudicial por</p><p>meio de escritura pública.</p><p>5 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, 2003 apud Gonçalves, 2010, p.22.</p><p>6 CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil - v. 3: meios de impugnação às decisões</p><p>judiciais e processo nos tribunais. 2019, p.37.</p><p>7 STOLZE, Pablo. Novo Curso de Direito Civil, 2018, p. 1319.</p><p>8 BRASIL. Tribunal de Justiça do Paraná TJ-PR – Processo Cível e do Trabalho – Recursos – Agravos – Agravo</p><p>de Instrumento: AI 01002-69.2019.8.16.0000</p><p>6</p><p>2. O QUE É O INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL</p><p>Inventário é um procedimento que é usado para fazer o levantamento de todos os bens,</p><p>sejam eles móveis ou imóveis, assim como as dívidas deixadas por alguém que faleceu. Fala-</p><p>se em inventário extrajudicial quando a divisão dos bens é feita em qualquer Cartório de</p><p>Notas.9</p><p>Feita essa apuração, se habilita os herdeiros para receber a herança líquida, ou seja, já</p><p>descontado no patrimônio as dívidas que o falecido deixou, se não houver dívidas, mas</p><p>somente patrimônio, abre a sucessão que só ocorre com o advento morte e procede a partilha</p><p>dos bens aos herdeiros habilitados.</p><p>Essa possibilidade de ser fazer inventário de forma extrajudicial é nova, pois até o ano de</p><p>2007 a única opção válida para levantamento de bens e habilitação de herdeiros num processo</p><p>de inventário somente poderia ocorrer via judicial.</p><p>Devido a morosidade que facilitava que os herdeiros também falecessem, gerando um</p><p>maior trabalho para habilitar os novos herdeiros. Nesse sentido, foi criada a Lei 11441/0710</p><p>que trouxe a previsão de realizar todo esse procedimento de inventário e partilha de forma</p><p>extrajudicial.</p><p>Com o surgimento desta lei, o inventário extrajudicial se tornou uma opção simples,</p><p>rápida, eficaz e que garante toda a segurança jurídica para aqueles que querem fugir da</p><p>morosidade do procedimento judicial.</p><p>O inventário extrajudicial permite que todas as fases do procedimento sejam feitas em</p><p>cartório, todavia, é indispensável o pagamento do imposto ITCMD (Imposto de Transmissão</p><p>Causa Mortis e Doações) e que o processo seja acompanhado por um advogado, que pode</p><p>representar todos os herdeiros.</p><p>O inventário extrajudicial pode ser feito em qualquer cartório de notas, independentemente</p><p>do domicílio das partes, do local onde se encontra os bens ou do local do óbito do falecido.</p><p>Não se aplicam as regras de competência do Código de Processo Civil ao inventário</p><p>extrajudicial.</p><p>9 Local onde são elaborados instrumentos públicos, como lavratura de escritura de compra e venda, doação de</p><p>imóveis, divórcios, emancipação, entre outros.</p><p>10 BRASIL. Lei 11.441/07.</p><p>7</p><p>Hodiernamente, o procedimento de inventário extrajudicial tem previsão legal no art. 610,</p><p>§§ 1º e 2º do Código de Processo Civil11, onde prevê os requisitos legais para realizar o</p><p>inventário extrajudicial.</p><p>2.1. REQUISITOS DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL</p><p>Dentro da previsão do artigo 610, §1º, do CPC, todos os herdeiros devem ser maiores de</p><p>idade e civilmente capazes, Ou seja, além de já terem alcançado 18 anos, os herdeiros não</p><p>podem estar sob curatela e não podem ser relativamente incapazes, sem conseguir expressar</p><p>sua vontade. Todavia, caso haja um menor de idade que tenha sido emancipado, haverá a</p><p>possibilidade de prosseguir com o inventário extrajudicial.</p><p>O artigo 610, §1º, do CPC, prevê que além de capazes, os herdeiros também devem estar</p><p>de acordo com os termos da partilha de bens, em suma, não pode haver conflito de interesses.</p><p>Caso um dos herdeiros não concorde e não haja acordo e consenso entre as partes, o</p><p>procedimento deverá seguir de forma judicial, cada qual constituindo seu próprio advogado</p><p>ou optando pela Defensoria pública.</p><p>O outro requisito não menos importante é a não realização do inventário por via</p><p>extrajudicial quando houver testamento do falecido, como podemos perceber a previsão do</p><p>art. 610 do CPC que se tratando desse caso o inventário ocorrerá de forma judicial.</p><p>Entretanto, existem algumas exceções: se o testamento estiver caduco ou revogado; se o</p><p>testamento já tiver sido aberto e homologado judicialmente, e as partes, sendo maiores,</p><p>continuarem de acordo com a partilha de bens.</p><p>Nos casos acima, será possível lavrar o inventário em cartório, mesmo com testamento.</p><p>Ademais, conforme o art. 129 do Provimento 37/16 da Corregedoria-Geral de Justiça do TJ</p><p>SP e o provimento nº 197/2020 CGJ12, em alguns casos é possível fazer o inventário em</p><p>cartório, mesmo com a existência de testamento.</p><p>Caso haja expressa autorização do juízo sucessório competente, nos autos do procedimento</p><p>de abertura e cumprimento de testamento, poderá ser feito o inventário em cartório, que</p><p>constituirá título hábil para o registro imobiliário.</p><p>Ainda com um dos requisitos, é necessário que todo o procedimento seja acompanhado por</p><p>um advogado, seja um que representará todos os herdeiros ou um para cada herdeiro, sem que</p><p>prejudique o consenso na partilha, como prevê o art. 610, § 2º:</p><p>11 BRASIL. Art. 610, § 1º e § 2º do Código de Processo Civil.</p><p>12 BRASIL. Provimento 37/16, art. 129 e Provimento 197/2020 da Corregedoria Geral de Justiça</p><p>https://www.projuris.com.br/curatela/</p><p>https://www.anoreg.org.br/site/atos-extrajudiciais/tabelionato-de-notas/inventario-extrajudicial/</p><p>https://extrajudicial.tjsp.jus.br/pexPtl/visualizarDetalhesPublicacao.do?cdTipopublicacao=3&nuSeqpublicacao=211</p><p>8</p><p>Art. 610, §2º O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes</p><p>interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja</p><p>qualificação e assinatura constarão do ato notarial.</p><p>E por fim, não poderá haver bens no exterior, caso haja, esse será um fator impeditivo pra</p><p>se realizar o inventário extrajudicial.</p><p>A disciplina do inventário extrajudicial está regulamentada pela Resolução 35/2007 do</p><p>CNJ, que dispõe que os herdeiros deverão apresentar ao tabelião toda a documentação que</p><p>comprove a existência de bens, direitos e dívidas. Nesse cálculo, também é incluso o</p><p>pagamento do ITCMD, que, por ser um imposto estadual, possui alíquotas diferentes para</p><p>cada estado e geralmente é uma porcentagem sobre o valor total dos bens.</p><p>O prazo para abertura de inventário está previsto no art. 611 do CPC:</p><p>Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2</p><p>(dois) meses, a contar da abertura</p><p>da sucessã o, ultimando-se nos 12 (doze) meses</p><p>subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento</p><p>de parte.</p><p>Dessa forma, a partir da data do falecimento, a contagem se inicia dentro do prazo de 2</p><p>meses para que os herdeiros ingressem com o procedimento correto, seja ele extrajudicial ou</p><p>judicial.</p><p>Com relação ao pagamento do ITCMD, para que não haja incidência de multa, deverá ser</p><p>efetuado em até 180 dias da data do óbito.</p><p>2.2. DOS DOCUMENTOS EXIGIDOS</p><p>A possibilidade de realização do inventário e partilha por escritura pública torna este</p><p>processo mais rápido desde que respeitados os requisitos formais previstos na lei 11.441/07 e</p><p>na Resolução 35 do CNJ, além daqueles que podem variar entre Estados, Municípios, e</p><p>Cartórios, que são impostos por regulamentos, portarias, circulares, entre outras formas de</p><p>normatização.</p><p>Quanto aos documentos que são exigidos para a realização da escritura pública de inventário</p><p>e partilha, o artigo 22 da Resolução do CNJ especificou aqueles que são indispensáveis para a</p><p>realização do ato.</p><p>Art. 22. Na lavratura da escritura deverão ser apresentados os seguintes</p><p>documentos: a) certidão de óbito do autor da herança; b) documento de</p><p>identidade oficial e CPF das partes e do autor da herança; c) certidão</p><p>comprobatória do vínculo de parentesco dos herdeiros; d) certidão de casamento</p><p>https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/179</p><p>https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/179</p><p>https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/itcmd-entenda-o-que-como-funciona-20082021</p><p>9</p><p>do cônjuge sobrevivente e dos herdeiros casados e pacto antenupcial, se houver;</p><p>e) certidão de propriedade de bens imóveis e direitos a eles relativos; f)</p><p>documentos necessários à comprova ção da titularidade dos bens móveis e</p><p>direitos, se houver; g) certidão negativa de tributos; e h) Certificado de Ca dastro</p><p>de Imóvel Rural - CCIR, se houver imóvel rural a ser partilhado.</p><p>A apresentação destes documentos se faz necessários para que se possam evitar erros ou</p><p>algum tipo de fraude no momento da realização do ato notarial, como fraude contra credores,</p><p>alguma das partes não ser herdeiro, entre outros tipos se situações que possam torna nula a</p><p>escritura pública. Os documentos a que se refere o artigo 22 devem ser originais ou cópias</p><p>autenticadas, com exceção dos documentos de identidade dos interessados que devem sempre</p><p>ser originais. Por fim, estes documentos devem ser mencionados na escritura pública</p><p>conforme o artigo 24 da Resolução do CNJ.</p><p>A não entrega destes documentos podem causar sérios transtornos aos interessados, ou até</p><p>mesmo torna nulo o ato notarial que realizou o inventário e partilha. Por essa razão, é</p><p>indispensável a apresentação destes documentos, evitando assim problemas futuros que</p><p>tornariam um ato que a princípio veio para tornar mais rápido o processo de inventário e não</p><p>abarrotar o judiciário em algo demorado e oneroso às partes.</p><p>2.3. DO INVENTARIANTE</p><p>O inventariante é aquele que tem a representação legal do espólio, é ele que irá administrar</p><p>o espólio. As declarações que este apresentar referente aos herdeiros e aos bens tem como</p><p>presunções serem verídicas, o qual irá responder civil e criminalmente sobre estas alegações.</p><p>O artigo 990 do Código de Processo Civil estabelece um rol a ser obedecida para a nomeação</p><p>do inventariante pelo juiz:</p><p>“Art. 990. - O juiz nomeará inventariante: I - o cônjuge ou companheiro</p><p>sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte</p><p>deste; II - o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não</p><p>houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou estes não puderem ser</p><p>nomeados; III - qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administraçã o do</p><p>espólio; IV - o testamenteiro, se lhe foi confiada a administração do espólio ou</p><p>toda a herança estiver distribuída em legados; V - o inventariante judicial, se</p><p>houver; VI - pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial.</p><p>Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomea ção, prestará, dentro de 5</p><p>(cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo.”</p><p>Contudo, este rol não tem aplicabilidade no que se refere ao procedimento extrajudicial,</p><p>pois a Resolução 35/07 do CNJ em seu artigo em seu artigo 11, estabelece como necessário a</p><p>nomeação de interessado na escritura pública de inventário e partilha para representar o</p><p>10</p><p>espólio, com poderes de inventariante no cumprimento das obrigações ativas e passivas</p><p>pendentes, sem necessidade de seguir a ordem prevista no art. 990 do Código de Processo</p><p>Civil. Sendo assim poderá ser nomeado como inventariante qualquer dos interessados sem</p><p>uma ordem de preferência quando se tratar de procedimento extrajudicial.</p><p>3. COMO OCORRE O INVENTÁRIO QUANDO HÁ DÉBITO FISCAL?</p><p>O art. 1784 do Código Civil afirma que há a abertura de sucessão com a causa morte, a</p><p>herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários</p><p>É válido ressaltar que ao contrário do que acontece nas transmissões inter vivos, onde a</p><p>transferência de bens imóveis se dá com o registro imobiliário e a de bens móveis através da</p><p>tradição, nas transmissões causa mortis é a própria morte que faz esta transferência, de forma</p><p>natural e imediata.</p><p>A função do inventário será apenas a de cumprir as formalidades tributárias e</p><p>administrativas, para que os bens do falecido possam ser transferidos nos registros</p><p>imobiliários e demais órgãos competentes, além do pagamento do imposto devido ao Estado.</p><p>O antigo CPC exigia a quitação dos tributos para a conclusão de um inventário, no caput e</p><p>§2º, do art. 1.031, e no caput e §5º art. 1.036. O sujeito passivo do ITCMD não possui</p><p>previsão expressa no ordenamento jurídico brasileiro, sendo percebido a partir do fato gerador</p><p>do tributo. Na hipótese de transmissão causa mortis, o sujeito passivo são os sucessores do</p><p>falecido. O art. 35 do CTN preconiza que “ocorrem tanto fatos geradores distintos quantos</p><p>sejam os herdeiros ou legatários”.13</p><p>A plena constituição da obrigação tributária requer a aceitação da herança, cujo as</p><p>consequências se remeterão à data da morte a abertura da sucessão; existindo a renúncia,</p><p>inexiste fato gerador para o possível herdeiro ou legatário que recusou a herança.</p><p>Para a dimensão de transmissão de bens móveis do imposto, é facultado aos Estados-</p><p>membros e ao Distrito Federal, como legítimos detentores da capacidade tributária, legislar</p><p>sobre a matéria dos bens móveis14, podendo ser o doador, donatário ou ambos.</p><p>A função do aspecto temporal é apontar em que instante preciso em que se concretiza o fato</p><p>gerador. Para a transmissão causa mortis, o momento da morte é crucial para se precisar o</p><p>aspecto temporal, conforme os arts. 1.784 e 1.923 do CC/2002, que apontam que a morte é o</p><p>13 BRASIL. Código Tributário Nacional. Art. 35.</p><p>14 BRASIL. Arts. 34 do ADCT e 24 da Constituição Federal de 1988.</p><p>11</p><p>evento material, mas não falam sobre o que se considera morte, pois é a partir do evento</p><p>morte que se abre a sucessão e há transmissão de bens e direitos para herdeiros e legatários.</p><p>Há uma discussão sobre esse tema, pois o CPC não prevê a prova de quitação dos tributos,</p><p>como se verifica o art. 659, mas é necessário que haja reserva suficientes de bens para o</p><p>pagamento da dívida por causa da previsão do art. 663 do CPC.</p><p>Todavia, para alguns estudiosos, essa exigência da reserva de bens torna impossível o</p><p>inventário extrajudicial, assim como torna o inventário judicial mais moroso, haja vista que</p><p>para que seja efetivada a reserva de bens, deverá obrigatoriamente ser procedida à avaliação</p><p>judicial do mencionado bem ou bens.</p><p>Há uma corrente, inclusive que acredita que essa exigência é inconstitucional, tanto a da</p><p>obrigatoriedade da quitação dos tributos, como a da reserva de bens (prevista no CPC/15),</p><p>pelos idênticos motivos expostos em</p><p>decisões recentes do STF sobre a exigibilidade da CND</p><p>(certidão negativa de débitos) e dos Tributos Federais, ADI 394-1 e 173-6, para a execução de</p><p>determinados atos.</p><p>É indiscutível que um bem posto fora do comércio não atenderá a sua função social e será</p><p>desfavorável à economia do país.</p><p>A discussão da função social da propriedade é tão essencial, que à vista desses critérios,</p><p>entre outros, o atual Código Civil, praticamente, extinguiu o compromisso e limitou</p><p>intensamente a cláusula de inalienabilidade.</p><p>Nessa discussão, temos de um lado o Fisco e do outro o princípio constitucional, que</p><p>estipula que a propriedade deverá cumprir a sua função social, sendo que, ao lavrarmos um</p><p>inventário em que haja débito fiscal, ao invés de impedirmos a finalização deste, deveríamos</p><p>oficiar ao Registro Imobiliário competente, para que se procedesse à averbação junto à</p><p>matrícula do imóvel, da existência de débito fiscal, podendo o descrito bem ou bens serem</p><p>alienados livremente, mas com a anuência do comprador do risco que aquela transação</p><p>representaria.</p><p>A propósito, o atual CPC, nos incisos I e II, do art. 792, determina que qualquer ação</p><p>fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória deverá ser averbada no respectivo</p><p>registro imobiliário para que seja considerada fraude à execução, repetindo o previsto na</p><p>Súmula nº 375, do STJ e prestigiando, cada vez mais, o princípio da concentração na</p><p>matrícula.</p><p>E, para o cancelamento da averbação, as partes poderiam se dirigir novamente ao</p><p>Tabelionato, para requererem o seu cancelamento, com a prova do pagamento do aludido</p><p>tributo.</p><p>12</p><p>3.1. HABILITAÇÃO PROCESSUAL DOS HERDEIROS</p><p>Ensina Tartuce15 que duas são as modalidades básicas de sucessão mortis causa:</p><p>Sucessão legítima: aquela que decorre da lei, que enuncia a ordem de vocação</p><p>hereditária, presumindo a vontade do autor da herança. É também denominada</p><p>sucessão ab intestato justamente por inexistir testamento.</p><p>Sucessão testamentária: tem origem em ato de última vontade do morto, por</p><p>testamento, legado ou codicilo, mecanismos sucessórios para exercício da</p><p>autonomia privada do autor da herança.</p><p>Ainda sobre as espécies de sucessão, explica Schreiber16 que:</p><p>Se o testador tiver herdeiros necessários, a sucessão testamentária operará ao</p><p>lado da sucessão legítima, pois, como se verá, a liberdade de testar não é plena</p><p>no direito brasileiro, pois nossa legislação somente permite que o falecido (de</p><p>cujus) disponha em testamento de metade do seu patrimônio hereditário,</p><p>destinando-se a outra metade, chamada herança legítima, aos herdeiros</p><p>necessários, se houver.</p><p>Diante do que foi exposto, algumas questões se levantam: como será o procedimento se o</p><p>falecido era autor ou réu numa demanda judicial? E quando deveremos substituir a parte por</p><p>seu Espólio ou por seus sucessores?</p><p>Esta situação será resolvida da seguinte forma: se o falecido não deixou nenhum bem, não</p><p>haverá necessidade de se abrir um inventário negativo, para nomeação de inventariante ou</p><p>nomeação de interessado, com poderes de inventariante, nos termos do art. 11, da Resolução</p><p>CNJ nº 35/07, haja vista que os próprios herdeiros poderão habilitar-se no processo, que se</p><p>encontra em curso.</p><p>Entretanto, se o falecido deixou outros bens, não haverá lugar para a habilitação dos</p><p>herdeiros, mas sim, a substituição do falecido pelo seu respectivo espólio. E, caso o espólio</p><p>venha a ser o vencedor da demanda e titular de um crédito, este crédito, eventualmente,</p><p>deverá ser inventariado em sobrepartilha, por força do disposto no inciso II, do art. 669, do</p><p>NCPC c/c art. 2.021, do CC/02.</p><p>É justo citar que a fundamentação legal do que foi dito acima se encontra no §1º do inciso</p><p>VII, do art. 75, art. 110, inciso I, do §1º, do art. 313 c/c art. 689, inciso IX, do art. 485, arts.</p><p>687 a 692, inciso II, do art. 778 e art. 1.004, todos do NCPC.</p><p>Vejamos também o que determina a nossa jurisprudência:</p><p>15 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil – volume único, 2020, p. 2170.</p><p>16 SCHREIBER, Anderson. Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência , 2ª ed, 2020, p. 1350;</p><p>13</p><p>PROCESSO CIVIL. AGRAVO. MORTE DO AUTOR.</p><p>SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. HABILITAÇÃO DOS HERDEIROS. –</p><p>Agravo interno objetivando a reforma da decisão que negou seguimento ao</p><p>agravo de instrumento e julgou prejudicado os embargos de declara ção opostos</p><p>às fls. 95 /96, mantendo a preferência à substituição pelo espólio, porquanto a</p><p>habilitação dos herdeiros somente se dará em caso de inexistência de bens a</p><p>inventariar, o que não é o caso, conforme verifica -se nas certidões de óbitos</p><p>apresentadas. – “Embora no caso de morte do autor da ação seja efetuada</p><p>a substituição processual pelo seu espólio, é admissível a simples habilitação dos</p><p>seus herdeiros na hipótese de inexistência de patrimônio susceptível de abertura</p><p>de inventário. (STJ, REsp 254180 / RJ , Sexta Turma, Rel. Min. Vicente Leal. DJ</p><p>de 15/10/2004, p. 304).” Precedentes. – Negado provimento ao agravo interno.</p><p>(AG AGRAVO DE INSTRUMENTO AG 201002010129031 – TRF2, publicado</p><p>16/06/2011)</p><p>Se o falecido era réu, será habilitado o espólio até a partilha e, após, a legitimidade será de</p><p>cada herdeiro pessoalmente. Nesse caso, cada herdeiro responderá até o limite do que herdou</p><p>do de cujus.</p><p>Na hipótese do falecido ser autor, mas sendo objeto do processo direito personalíssimo e</p><p>sem repercussão patrimonial, o processo será extinto.</p><p>De certo, já foi exposto como e quando a sucessão é aberta e quais são os herdeiros que</p><p>deverão ser habilitados num processo de inventário, contudo, como fica a situação do</p><p>cônjuge?</p><p>A Resolução nº 35/07, do CNJ, acertadamente, no seu art. 17, dispõe o seguinte:</p><p>“Art. 17. Os cônjuges dos herdeiros deverão comparecer ao ato de lavratura da</p><p>escritura pública de inventário e pa rtilha quando houver renúncia ou algum tipo</p><p>de partilha que importe em transmissão, exceto se o casa mento se der sob o</p><p>regime da separação absoluta.”</p><p>Por conseguinte, ficou claro que somente quando houver na partilha de bens, renúncia ou</p><p>cessão, é que deverá o cônjuge do herdeiro, dependendo ainda do regime de bens do</p><p>casamento, firmar a partilha.</p><p>Então, dessa forma, podemos afirmar que cônjuge não é herdeiro, mas ele poderá ou não</p><p>fazer jus daquele bem que ora está sendo inventariado em função do seu regime de bens,</p><p>somente isso.</p><p>Por último, ainda se levanta uma questão a respeito da sucessão: se houver renúncia em</p><p>favor do monte, o imposto ainda incidirá?</p><p>Na Cidade do Rio de Janeiro, a Lei Estadual nº 7.174/15 determina que:</p><p>14</p><p>Art. 7º O imposto não incide:</p><p>I – quando houver renúncia pura e simples à herança ou ao legado, sem ressa lva</p><p>ou condição, desde que o renunciante não indique beneficiário ou tenha</p><p>praticado ato que demonstre aceitação;</p><p>Nessa hipótese de renúncia em favor do monte, temos que ter em mente duas</p><p>preocupações: a) se todos da mesma classe renunciarem em favor do monte, herdará a classe</p><p>subsequente e por direito próprio17; b) se apenas um dos herdeiros renúncia, a sua parte</p><p>acrescerá à dos demais herdeiros da mesma classe.</p><p>3.2. DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICAL E O TESTAMENTO</p><p>A escritura pública é considerada um documento hábil e com fé pública. Assim, com o</p><p>grande avanço da via extrajudicial para questões de inventário, surge a questão sobre a</p><p>possibilidade ou não de se lavrar escritura pública de inventário com a existência de</p><p>testamento deixado pelo “de cujus.” Esse tema tem sido alvo de discussões envolvendo</p><p>juristas, e, inclusive, já foi o foco de alguns Provimentos e Resoluções junto às Corregedorias</p><p>dos Estados, no sentido de flexibilizar a realização da escritura pública em inventário cujo</p><p>autor da herança, em vida, realizou um testamento.</p><p>Da redação do artigo 610 do Código de Processo Civil, extrai-se que:</p><p>Art. 610. Havendo testamento ou interessado</p><p>incapaz, proceder-se-á ao</p><p>inventário judicial. § 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a</p><p>partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento</p><p>hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância</p><p>depositada em instituições financeiras.</p><p>Pontua-se que o próprio Colégio Notarial do Brasil aprovou o enunciado n°. 1 em seu XIX</p><p>Congresso Brasileiro, realizado entre os dias de 14 e 18 de maio de 2014 estabelecendo que: é</p><p>possível o inventário extrajudicial ainda que haja testamento, desde que previamente</p><p>registrado em Juízo ou homologado posteriormente pelo Juízo competente.</p><p>Nota-se que o Instituto Brasileiro de Direito de Família - IBDFAM, conforme Enunciado</p><p>16, aprovado em 2015, prevê que: mesmo quando houver testamento, sendo todos os</p><p>interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de interesses, é</p><p>17 BRASIL. Código Civil Brasileiro, art. 1.811.</p><p>15</p><p>possível que se faça o inventário extrajudicial.18</p><p>Assim sendo, não havendo conflitos, nem menores ou incapazes, e o testamento judicial</p><p>tenha sido registrado, pode-se prosseguir com o inventário extrajudicial, através de escritura</p><p>pública.</p><p>Resume-se que, pelo Código de Processo Civil, não é possível o inventário por escritura</p><p>pública quando houver testamento. No máximo, é possível a partilha por escritura pública ou</p><p>particular, desde que homologada em juízo, isto é, nos autos do inventário. Ou seja, havendo</p><p>testamento proceder-se-á ao inventário judicial.</p><p>O intuito do legislador ao obstar a lavratura de escritura de inventário extrajudicial,</p><p>conforme disciplinado no artigo 610 do Código de Processo Civil, foi a de resguardar o</p><p>interesse público e de incapazes, sem prejuízo de garantir o exato cumprimento da vontade do</p><p>testador, observados os limites legais.</p><p>Dessa forma, tem-se que o motivo da lei não admitir, em hipótese alguma, o inventário</p><p>extrajudicial caso exista testamento, é porque a análise do seu conteúdo, com o objetivo de</p><p>dizer o Direito, é função exclusiva do juiz, por ser inerente ao seu ofício, cabendo ao mesmo</p><p>analisar se a partilha feita está em de acordo com as disposições testamentárias e a real</p><p>vontade do testador.</p><p>4. PAGAMENTO DO IMPOSTO E A DIVISÃO DE BENS</p><p>Para que o processo do inventário seja terminado e oficializado no cartório, é necessário</p><p>pagar o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD), imposto estadual cuja</p><p>alíquota varia de estado para estado, podendo chegar a até 8%.</p><p>A grande dificuldade do inventário extrajudicial é o pagamento do ITCMD, porque ele</p><p>que só acontece se estiver tudo resolvido.</p><p>O inventariante, com o auxílio do advogado ou tabelião, deve preencher a declaração do</p><p>ITCMD no site da Secretaria da Fazenda do seu estado. O documento atua como uma</p><p>síntese dos bens deixados, dos herdeiros envolvidos e dos valores a serem pagos.</p><p>Desse modo, nesta etapa, a divisão de bens já deve ter sido acertada com a família, os</p><p>registros e certidões negativas devem ter sido providenciados, e as informações sobre os</p><p>herdeiros e a partilha devem ter sido reunidas.</p><p>18 Revista IBDFAM: Família e Sucessões, Belo Horizonte n. 11, p. 150-163, set./out. 2015. Localização: SEN,</p><p>TJDFT.</p><p>16</p><p>O imposto é calculado sobre o valor venal dos bens. Por isso, no preenchimento da</p><p>declaração do ITCMD são informados os valores de mercado de cada bem. No caso dos</p><p>imóveis, por exemplo, o valor informado é aquele que aparece no carnê do IPTU.</p><p>Depois de preenchida a declaração, o sistema emite uma guia de recolhimento do</p><p>imposto para cada herdeiro, já com o valor que cada um deve pagar.</p><p>Como o inventário extrajudicial nasce do preceito de que os familiares consentem com o</p><p>modo como foi feita a partilha, a função do advogado e do tabelião é somente de explicar à</p><p>família quais são os direitos de cada herdeiro, o que fica esclarecido na declaração do</p><p>ITCMD.</p><p>O objetivo é conseguir sempre que possível, um acordo no qual cada um fique com um</p><p>pertence sozinho. Se o patrimônio for de duas casas de 50 mil reais, fica um imóvel de 50</p><p>mil reais para um filho e outro imóvel de 50 mil reais para outro, por exemplo.</p><p>Entretanto, em muitos casos a parte que cabe a cada herdeiro não corresponde</p><p>exatamente ao valor de cada bem. Nesses casos, na declaração de ITCMD e no inventário</p><p>deve constar as situações diferentes de partilha. Por exemplo, que cada filho ficará com</p><p>50% de um imóvel e que depois decidirão o que vão fazer com ele, se vão vendê-lo e dividir</p><p>o dinheiro ou se um vai vender sua parte ao outro.</p><p>4.1. O REGISTRO DOS BENS NOS NOMES DOS HERDEIROS</p><p>Havendo imóveis envolvidos na partilha, os herdeiros precisam levar a certidão do</p><p>inventário aos Cartórios de Registros de Imóveis onde constam as matrículas dos imóveis</p><p>para que ocorra a transferência da propriedade.</p><p>Assim, concluído o inventário, os bens deixam de ser dos mortos, ou seja, do espólio e</p><p>passam a ser dos herdeiros, que devem ir aos respectivos cartórios e registrar a posse dos</p><p>bens</p><p>Com a certidão do inventário em mãos, o herdeiro, até poderá apresentar ao Detran para</p><p>a transferência de propriedade de veículos, e às repartições públicas e empresas para</p><p>regularizar a nova propriedade do titular dos bens, direitos e ações.</p><p>Após recebida a autorização da procuradoria e entregue toda a documentação, é</p><p>agendada no cartório uma data para a lavratura da Escritura de Inventário e Partilha pelo</p><p>tabelião, que finaliza o processo.</p><p>Todos os herdeiros e respectivos advogados devem estar presentes, munidos de uma série</p><p>de documentos, tais como: a certidão de óbito, documentos de identidade das partes e do</p><p>17</p><p>autor da herança; as certidões do valor venal dos imóveis, certidão de regularidade do</p><p>ITCMD.</p><p>4.2. DA POSSIBILIDADE DE MUDANÇA DO INVENTÁRIO JUDICIAL PARA O</p><p>EXTRAJUDICIAL</p><p>Quando a Lei 11.441/07 passou a vigorar, nasceu a seguinte questão: se aqueles processos</p><p>que já se estavam no Judiciário e que preenchiam os requisitos da referida lei poderiam ser</p><p>extintos para a adoção do procedimento extrajudicial. Para sanar esta dúvida o artigo 2º da</p><p>Resolução 35/07 do CNJ veio com a seguinte redação:</p><p>“Art. 2º. É facultada aos interessados a opção pela via judicia l ou extrajudicial;</p><p>podendo ser solicitada, a qualquer momento, a suspensão, pelo prazo de 30 d ia s,</p><p>ou a desistência da via judicial, para promoção da via extrajudicial.”</p><p>Desse modo, ficou autorizado para aqueles que ao tempo da edição da lei 11.441/07,</p><p>estavam se valendo do judiciário e preenchiam os requisitos do procedimento extrajudicial,</p><p>passam a adotar este mecanismo. Contudo, o CNJ ao publicar tal resolução, foi muito mais</p><p>além de autorizar a modificação do procedimento judicial para o extrajudicial. Determinou</p><p>como uma vontade dos interessados em escolher o procedimento extrajudicial, ou seja, estes</p><p>podem ou não escolher por este meio, mesmo respeitando todos os requisitos do extrajudicial.</p><p>Neste sentido temos a seguinte decisão:</p><p>EMENTA - APELACAO DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento:</p><p>16/11/2009 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 1ª CÂMARA CÍVEL DO</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Apelação</p><p>Cível nº 2009.001.60574DECISÃO Trata -se de Apelação tempestiva, fls. 41/6,</p><p>interposta pelo Estado do Rio de Janeiro, alvejando a Sentença de fl. 39, que nos</p><p>autos do Inventário dos bens deixados por Armando de Mario, a requerimento de</p><p>Vilma Nascimento de Mario, julgou extinto o feito sem resolução do mérito,</p><p>com fulcro no artigo 267, inciso VIII do Código de Processo Civil, em virtude do</p><p>pedido de desistência manifestado em fl. 37. O apelante pretende seja a sentença</p><p>anulada, porquanto o inventário não é apenas de interesse do Espólio, herdeiros</p><p>ou sucessores, mas também da Fazenda Pública, não cabendo, a ssim, a</p><p>desistência (...) Assim, com respaldo no artigo 557 do Código de</p><p>Processo Civil, nego provimento ao recurso.</p><p>Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2009. CAMILO RIBEIRO</p><p>RULIÈRE Desembargador. (TJ-RJ - APL: 288152120088190002</p><p>RJ 0028815-21.2008.8.19.0002, Relator: DES. CAMILO</p><p>RIBEIRO RULIERE, Data de Julgamento: 16/11/2009,</p><p>PRIMEIRA CAMARA CIVEL)</p><p>18</p><p>4.3. DO FORO COMPETENTE</p><p>No ramo do direito, em todas as suas áreas, a identificação do foro competente para</p><p>ingressar com a ação sempre causa dúvidas a muitos operadores do direito.</p><p>Quanto ao processo de inventário o artigo 96 do Código de Processo Civil determina que o</p><p>foro competente para ingressar com o processo de inventário é foro de domicílio do autor da</p><p>herança, ou seja, do falecido, caso não possua domicílio certo, o foro competente é onde se</p><p>encontra os bens, porém se os bens se encontrem em lugares diferentes o foro competente é</p><p>onde ocorreu o óbito.</p><p>Quando a Lei 11.441/07 passou a vigorar, pelo fato desta não determinar o foro competente,</p><p>aplicava se a regra de competente do artigo 96 do Código de Processo Civil, porém, a</p><p>aplicação subsidiária do Código de Processo Civil muitas vezes tornava impossível aos</p><p>herdeiros fazer uso do procedimento extrajudicial.</p><p>Para que os herdeiros pudessem fazer uso deste procedimento de forma mais fácil, sem que</p><p>houvesse nenhum tipo de impedimento que tornasse impossível este procedimento, o</p><p>Conselho Nacional de Justiça determinou através do artigo 1º da Resolução 35 estabelece que</p><p>seja de livre escolha dos interessados a opção do tabelionato para realizar a escritura de</p><p>inventário, não se aplicando assim as regras de competência prevista do Código de Processo</p><p>Civil.</p><p>Dessa forma, os herdeiros passaram a poder optar o domicílio que lhe for mais vantajoso</p><p>para realizar a escritura, tornando mais acessível, e menos custosa aos interessados.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Podemos concluir que a forma extrajudicial de se fazer a partilha traz muitos benefícios</p><p>para os herdeiros que se encaixam nos requisitos desse procedimento e também possuem</p><p>condições de optar por esta forma.</p><p>Apesar de toda a regulamentação do procedimento do inventário extrajudicial ser</p><p>relativamente nova, podemos dizer que trouxe muitos benefícios para os interessados, contudo</p><p>há requisitos que não permitem que esse procedimento seja mais abrangente, beneficiando</p><p>mais interessados.</p><p>Um dos pontos que não torna esse procedimento viável para todos, é justamente os altos</p><p>preços dos serviços cartorários, que para muitos esse se torna um impedimento gigantesco,</p><p>levando os herdeiros a judicializar para garantir a partilha.</p><p>19</p><p>A outra questão pertinente é se é possível fazer todo o procedimento extrajudicial se houver</p><p>testamento, visto que muitas correntes acreditam que essa possibilidade realmente acredita</p><p>que essa seria a grande inovação, visto que atualmente o testamento precisará ser validado por</p><p>um magistrado que verificará se não há vícios no testamento, e assim, permitindo seu registro.</p><p>Resume-se que, pelo Código de Processo Civil, não é possível o inventário por escritura</p><p>pública quando houver testamento. No máximo, é possível a partilha por escritura pública ou</p><p>particular, desde que homologada em juízo, isto é, nos autos do inventário. Ou seja, havendo</p><p>testamento proceder-se-á ao inventário judicial.</p><p>O presente trabalho acadêmico teve como objetivo expor uma visão geral quanto ao</p><p>inventário e partilha por meio de escritura pública, a partir de tal percepção, avaliar os</p><p>principais aspectos atinentes ao ITCMD, principalmente em relação à possibilidade de se</p><p>fazer o inventário quando há débito fiscal. Ressalta-se que o presente trabalho se limitou a</p><p>traçar os requisitos do inventário e partilha extrajudicial.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Constituição Federal de 1988. Art. 24.</p><p>BRASIL. Código de Processo Civil de 2015. Art. 690.</p><p>BRASIL. Código Tributário Nacional. Art. 35.</p><p>BRASIL. Lei 11.441 de 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/htm> Acesso em</p><p>20 set 2022.</p><p>BRASIL. Tribunal de Justiça do Paraná TJ-PR – Processo Cível e do Trabalho – Recursos –</p><p>Agravos – Agravo de Instrumento: AI 01002-69.2019.8.16.0000. Acesso em 20 set 2022.</p><p>BRASIL. Provimento 37/16, art. 129 e Provimento 197/2020 da Corregedoria Geral de</p><p>Justiça. Acesso em 20 set 2022.</p><p>BRASIL. Art. 34 do Ato das Disposição Constitucionais Transitórias.</p><p>BRASIL. Súmula 112 O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota</p><p>vigente ao tempo da abertura da sucessão.</p><p>Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988. Disponível em:</p><p><<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm></p><p>http://www.planalto.gov.br/htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm</p><p>20</p><p>CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil - v. 3: meios de</p><p>impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. 2019, p.37.</p><p>DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito das sucessões. 21. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2010, p. 03.</p><p>GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. Saraiva, 2010, p.</p><p>25.</p><p>SCHREIBER, Anderson. Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência, 2ª ed, 2020, p.</p><p>1350;</p><p>STOLZE, Pablo. Novo Curso de Direito Civil, 2018, p. 1319.</p><p>SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 35a ed. São Paulo:</p><p>Malheiros Editora, 2012, p. 709.</p><p>TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil – volume único, 2020, p. 2170.</p><p>.</p>

Mais conteúdos dessa disciplina