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DESENVOLVIMENTO CURRICULAR E 
INTERDISCIPLINARIEDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA 
ESCOLAR 
 
APRESENTAÇÃO 
 
CURRÍCULO LATTES 
 
Professora Me. Aline Mendes de Lima 
 
• Mestre em Educação Física pelo Programa de Pós Graduação Associado em Educação 
Física Universidade Estadual de Maringá e Universidade Estadual de Londrina (PEF- 
UEM/UEL) na linha Fatores Psicossociais e Motores Relacionados ao Desempenho 
Humano. 
• Psicóloga (Universidade Estadual de Maringá). 
• Formação em Psicologia do Esporte (Consultoria, Estudo e Pesquisa em Psicologia do 
Esporte – CEPPE) 
• Graduanda em Educação Física Bacharelado (Centro Universitário Ingá). 
• Ex membro do Grupo de Estudos de Psicologia do Esporte e Desempenho Humano 
(GEPEDH - UEM) 
• Psicóloga clínica e do esporte, atendimentos individualizados e experiência na 
Associação Desportiva e Recreativa Maringá (ADRM) Basquete Maringá, Seleto Futsal 
Maringá, Superação Run. 
 
 Experiência de atuação profissional na psicologia do esporte, com treinamento de 
habilidades psicológicas, atendendo atletas profissionais e amadores de modalidades 
como corrida de rua, tênis, futebol, futsal, basquete, bolão, ginástica rítmica. Experiência 
científica em temas como personalidade e lesão na corrida de rua, habilidades sociais, 
motivação no esporte. 
 
Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/3181621567835345 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Prezado (a) aluno (a) seja muito bem vindo à disciplina Desenvolvimento curricular 
e interdisciplinaridade na educação física escolar! Daremos início a um percurso em 
direção ao conhecimento quanto à atuação em educação física escolar e a 
interdisciplinaridade. 
Você já parou para pensar em como é organizado um currículo escolar? Como 
construir um plano de aula? Como atuar em educação física escolar de forma 
interdisciplinar? Ou até mesmo o que é interdisciplinaridade? Nesta disciplina tentaremos 
responder a esses e outros questionamentos. 
Na Unidade I “Currículo e a Educação Física” você vai compreender como se dá 
a organização do ensino básico, o que é um currículo escolar e o projeto político 
pedagógico. Você também terá acesso a alguns direcionamentos dados pela Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC) para o professor de Educação Física. 
Na Unidade II “Planejamento: Foco na Educação Física Escolar” os temas 
estudados serão características, organização e papel do planejamento na Educação 
Física escolar. Você também vai estudar alguns aspectos do planejamento participativo. 
E também quais os conteúdos essenciais da educação física para a formação do aluno, 
além de como organizar um plano de aula. 
Na Unidade III “Interdisciplinaridade: a Educação Física para além da quadra” 
começaremos a entender a interdisciplinaridade. Você também verá alguns aspectos 
legais relacionados a interdisciplinaridade e as possibilidades da Educação Física. 
Na Unidade IV “Professor e os Projetos Interdisciplinares na Escola: desafios e 
possibilidades” os temas serão o papel do professor de Educação Física, como construir 
projetos interdisciplinares na escola. Além de como fazer avaliação no contexto da 
interdisciplinaridade, e os desafios de uma prática interdisciplinar. 
Convido você a transcender os conteúdos trazidos aqui, procure se dedicar 
também às leituras complementares, sugestões de filmes e livros e reflexões. Ao final 
dessa disciplina você estará um pouco mais preparado (a) para atuar em educação física 
escolar e de forma interdisciplinar. 
Bons estudos! 
 
UNIDADE I 
CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO FÍSICA 
Professora Mestre Aline Mendes de Lima 
 
Plano de Estudo: 
• Organização do Ensino Básico; 
• Currículo: definições e direcionamentos; 
• Projeto Político Pedagógico; 
• Base Nacional Comum Curricular e a Educação Física. 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Contextualizar a organização do ensino básico e as competências a serem 
desenvolvidas; 
• Conceituar o currículo escolar e seus três pilares; 
• Compreender aspectos relacionados à elaboração e consolidação do projeto político 
pedagógico; 
• Estabelecer as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular para a Educação 
Física. 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado(a) aluno(a), seja muito bem vindo a Unidade I da nossa apostila de 
Desenvolvimento curricular e interdisciplinaridade na educação física escolar. Aqui 
faremos uma introdução às questões ligadas à organização escolar, currículo escolar, 
projeto político pedagógico e orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 
 Você já parou para pensar sobre os bastidores de uma escola? Qual o processo, 
caminho trilhado para que determinado conteúdo seja estudado, ou determinada aula 
aconteça? Quais direcionamentos são seguidos na estruturação de uma aula de 
educação física? 
 Nesta unidade você compreenderá o que é educação básica, como ela é 
organizada, quais as dez competências a serem desenvolvidas nos alunos, os seus 
direitos para o aprendizado e desenvolvimento das crianças no ensino infantil, como está 
organizado o ensino fundamental e médio. 
 Você também terá acesso a questões do currículo escolar, seus três pilares e 
aspectos da seleção de conteúdos. Conceituação do projeto político pedagógico e 
pressupostos a serem considerados para sua elaboração e consolidação. 
 Por fim, são apresentadas as orientações da Base Nacional Comum Curricular e 
as oito dimensões do conhecimento a partir da prática corporal enquanto objetivo 
principal da educação física. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 ORGANIZAÇÃO DO ENSINO BÁSICO 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/pe-teacher-smiling-wearing-
leggings-while-1505260688 
 
O Ensino Básico consiste na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino 
Médio. Segundo a Lei das Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/1996) é dever do Estado a 
educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos de idade. 
 O principal objetivo da educação básica é desenvolver o aluno, no sentido de 
promover a formação básica para o exercício da cidadania, além de fornecer meios para 
progressão no trabalho e em estudos posteriores (BRASIL,1996). 
 A Base Nacional Comum Curricular é o documento que explicita as aprendizagens 
essenciais de direito de todos os estudantes, expressando assim a igualdade 
educacional sobre a qual as singularidades devem ser consideradas e atendidas 
(BRASIL, 2018). 
 Isso significa que os sistemas e redes de ensino e as instituições escolares 
precisam realizar o seu planejamento seguindo os preceitos das aprendizagens 
essenciais a todos, mas sem perder de vista a equidade, que pressupõe o 
reconhecimento de que as necessidades dos estudantes são diferentes (BRASIL, 2018). 
 Cabe aos sistemas e redes de ensino a construção de currículos, e as escolas 
precisam elaborar propostas pedagógica considerando as necessidades, possibilidades 
e interesses dos estudantes, bem como suas identidades linguísticas, étnicas e culturais 
(BRASIL, 2018). 
 São consideradas dez competências gerais que devem ser desenvolvidas no 
processo educacional. Competência é compreendida enquanto capacidade de mobilizar 
conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e 
socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida 
cotidiana, do exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2018). 
 As 10 competências gerais da Educação Básica são (BRASIL, 2018, p. 09 - 10): 
 
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, 
social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e 
colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, 
incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,para 
investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar 
soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 
3. Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e 
também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), 
corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, 
matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias 
e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento 
mútuo. 
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de 
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais para se 
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver 
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de 
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do 
mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto 
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, 
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e 
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável 
em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de 
si mesmo, dos outros e do planeta. 
 
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-
se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com 
autocrítica e capacidade para lidar com elas. 
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se 
respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e 
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, 
culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, 
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, 
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. 
De acordo com os eixos estruturantes da Educação Infantil devem ser 
assegurados seus direitos para o aprendizado e desenvolvimento das crianças: conviver, 
brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Isso com base em cinco campos 
de experiência: o eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e 
formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações 
e transformações (BRASIL, 2018). 
 O Ensino Fundamental está organizado em cinco áreas do conhecimento com 
intuito de favorecer a comunicação entre conhecimentos e saberes dos diferentes 
componentes curriculares. Essas áreas do conhecimento são Linguagens (Língua 
Portuguesa, Arte, Educação Física e Língua Inglesa), Matemática, Ciências da Natureza, 
Ciências Humanas (Geografia e História) e Ensino Religioso. As competências 
específicas de cada área devem ser desenvolvidas ao longo dos nove anos (BRASIL, 
2018). 
 O Ensino Médio está organizado em quatro áreas do conhecimento: Linguagens 
e suas Tecnologias (Arte, Educação Física, Língua Inglesa e Língua Portuguesa), 
Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Biologia, 
Física e Química), Ciências Sociais e Humanas Aplicadas (História, Geografia, 
Sociologia e Filosofia) (BRASIL, 2018). 
 De uma forma geral, e trazendo um pouco mais para Educação Física, alguns 
 
objetivos importantes da educação física no ensino básico são primeiramente o acesso 
à educação. Todos os alunos devem ter o direito de participar, independentemente da 
cor, etnia, religião e gênero. Nesse sentido, cabe ao professor encontrar alternativas para 
a não exclusão destes alunos (DARIDO; RANGEL, 2005). 
 Outro ponto é a busca pela autonomia por meio da vivência de diferentes práticas 
das culturas corporais. Isso significa, por exemplo, ser capaz de manter um programa de 
atividades físicas regular ao longo da vida (DARIDO; RANGEL, 2005). 
 Também é importante desenvolver reflexão crítica, bem como a compreensão da 
saúde em suas interfaces com as condições de alimentação, renda, transporte, emprego 
e lazer, dentre outros, tendo em vista a realidade em qual os alunos estão inseridos 
(DARIDO; RANGEL, 2005). 
 Ainda se tratando do Ensino Básico, é responsabilidade do professor de educação 
física diversificar as vivências corporais e também de lazer. A escola deveria ser a 
instituição mais incentivadora de ações educativas com o objetivo de desenvolver o lazer 
(DARIDO; RANGEL, 2005). 
 
 
 
2 CURRÍCULO: DEFINIÇÕES E DIRECIONAMENTOS 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/happy-smiling-kid-glasses-
going-school-1146209870 
O currículo é um documento caracterizado por orientações pedagógicas sobre o 
conhecimento a ser desenvolvido na escola. É composto por objetivos, métodos e 
conteúdos (PARANÁ, 2008). 
 A proposta para o ensino da Educação Física, ou seja, seu currículo, foi formulado 
com base em estudos científicos desenvolvidos por autores brasileiros e estrangeiros. O 
currículo escolar representa o projeto de escolarização ou percurso no processo de 
apreensão do conhecimento científico selecionado pela escola (COLETIVO DE 
AUTORES, 1992). 
 Muito mais do que um simples documento, o currículo apresenta caráter político, 
considerando que representa o projeto de futuro para a sociedade. É a consolidação de 
embates políticos que produzem um projeto pedagógico vinculado a um projeto social 
(PARANÁ, 2008). 
 Nesse sentido, pode-se dizer que o currículo escolar apresenta caráter prescritivo 
para o trabalho docente, e ao mesmo tempo transcende essa parte técnica, já que 
também traz intenção política ligada ao homem e sociedade que deseja formar 
(PARANÁ, 2008). 
 Segundo o Coletivo de Autores (1992) é importante destacar que a escola não 
desenvolve o conhecimento científico. Há uma apropriação desse conhecimento, e um 
tratamento metodológico na busca por facilitar a sua apreensão pelo aluno. 
 A escola desenvolve a reflexão do aluno sobre esse conhecimento, sua 
capacidade intelectual. O aluno se apropria do conhecimento científico, e o confronta 
com o saber que já têm proveniente do seu cotidiano e de outras referências do 
pensamento humano (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
Em outras palavras, a escola é “o espaço do confronto e diálogo entre os 
conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do cotidiano popular. Essas são as 
 
fontes sócio-históricas do conhecimento em sua complexidade” (PARANÁ, 2008, p. 21). 
 O currículo é guiado por um eixo norteador, que corresponde aos fundamentos 
sociológicos, filosóficos, antropológicos, psicológicos e biológicos. A partir dele é 
construído o quadro curricular, que é a lista de disciplinas ou atividades curriculares 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 As disciplinas de tradição curricular são: Arte, Biologia, Ciências, Educação Física, 
Ensino Religioso, Filosofia, Física, Geografia, História, Língua Estrangeira Moderna, 
Língua Portuguesa, Matemática, Química e Sociologia (PARANÁ, 2008). 
 A Educação Física é uma área de conhecimento estruturada, pensada e 
fundamentada enquanto disciplina. Apresenta identidade própria, especificidades, e por 
isso, uma proposta curricular, conteúdos e objetivos a serem atingidos, em todos os 
níveis escolares (SOUZA; ROJAS, 2008). 
 O currículo pode ser conservador ou técnico, quando seu eixo é a constatação, 
interpretação, compreensão e explicação de determinadasatividades profissionais. 
Nesse caso a reflexão pedagógica é delimitada pela explicação de técnicas e 
desenvolvimento de habilidades (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Outro tipo de currículo é o que apresenta como eixo a constatação, a 
interpretação, a compreensão e a explicação da realidade social complexa e contraditória 
aos alunos (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Nesse caso a organização curricular se baseia no questionamento do objeto de 
cada disciplina curricular, colocando em destaque sua função social no currículo. Isso 
considerando que o conhecimento matemático, geográfico, artístico, histórico, 
linguístico, biológico ou corporal não expressa a totalidade da realidade, mas, apenas 
uma determinada dimensão dela (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 A visão de totalidade do aluno se constrói a partir da síntese das diferentes 
contribuições das diversas ciências para a explicação da realidade. Por isso, nessa 
perspectiva curricular nenhuma disciplina é constituída de forma isolada. A articulação 
dos conhecimentos das diversas áreas é que permitirão ao aluno constatar, interpretar, 
compreender e explicar a realidade social (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Nessa perspectiva então, as disciplinas são apenas um componente curricular, e 
só apresentam sentido pedagógico quando seu objeto é articulado aos demais objetos 
 
dos outros componentes do currículo (Línguas, Geografia, Matemática, História, 
Educação Física, etc.) (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 As diretrizes para a rede estadual do Paraná se baseiam nessa perspectiva crítica 
e foram construídas com ampla participação de professores na constituição das 
disciplinas escolares, objetivos e relações entre as diversas áreas de conhecimento 
(PARANÁ, 2008). 
 O currículo se materializa no contexto escolar por meio de uma dinâmica 
curricular. A dinâmica curricular se refere a um movimento próprio da escola e se constitui 
por três pilares, o trato com o conhecimento, a organização escolar e a normalização 
escolar (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 O trato com o conhecimento é a direção científica do conhecimento universal 
enquanto saber escolar. Corresponde a criação de condições para a assimilação e a 
transmissão do saber escolar, a sua organização e sistematização lógica e metodológica 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 A organização escolar é o tempo (horários, turnos, jornada, sessões, módulos) e 
espaço pedagógico (salas de aula, auditórios, bibliotecas, quadras) necessários para o 
aprendizado. A normalização escolar se refere ao sistema de normas, padrões, registros, 
regimentos, modelos de gestão, estrutura de poder e sistema de avaliação (COLETIVO 
DE AUTORES, 1992). 
 Existem alguns princípios para formulação de um currículo escolar ou em outras 
palavras, para a seleção dos conteúdos a serem ensinados. Dentre eles a relevância 
social. O conteúdo deverá ajudar a compreender a realidade social concreta (COLETIVO 
DE AUTORES, 1992). 
 Outro princípio é a contemporaneidade do conteúdo, ou seja, o acesso ao 
conhecimento mais moderno que existe, e os avanços da ciência e da técnica. Mas isso 
aliado aos conhecimentos clássicos, que são aqueles que são fundamentais e não 
perdem a contemporaneidade (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 A adequação às possibilidades sócio-cognoscitivas do aluno também é um 
princípio. O conteúdo deve estar adequado à capacidade cognitiva do aluno, seus 
conhecimentos e possibilidades (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 
Os princípios para seleção do conteúdo envolvem alguns princípios metodológicos 
e a lógica com que serão apresentados aos alunos. É importante contrapor o conteúdo 
científico com os saberes do senso comum, e também, em uma perspectiva dialética, a 
simultaneidade dos conteúdos (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Por exemplo, pensar ar, água, terra, homem e meio ambiente considerando a 
relação com o mundo social, e não esses conteúdos de forma seriada ou isolada 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Outro princípio curricular é a provisoriedade dos conhecimentos, ou seja, que a 
produção humana (intelectual, científica, ética, moral, afetiva), manifesta um 
determinado estágio da humanidade, que não foi necessariamente assim em outros 
momentos históricos (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 De uma forma geral, conforme o Coletivo de Autores (1992) quando se trata da 
formulação de um currículo, é importante ter uma concepção ampliada. Isso significa 
trocar os princípios da lógica formal (fragmentação, estaticidade, unilateralidade, 
terminalidade, linearidade e etapismo), pelos princípios da lógica dialética (totalidade, 
movimento, mudança qualitativa e contradição). 
 Dessa forma será trabalhada a apropriação do conhecimento pelo pensamento, 
por construção, e não uma simples transmissão de conhecimento para formação do 
indivíduo isolado (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008) o currículo da 
Educação Básica deve oferecer ao aluno a formação necessária para o enfrentamento 
e transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo. Deve ser capaz 
de promover formação tecnológica mas também humana. 
 
 
 
 
 
3 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/business-people-arranging-
sticky-notes-commenting-1668833794 
Segundo o Coletivo de Autores (1992) um projeto político pedagógico é 
constituído por uma intenção, ação deliberada, estratégia. É político no sentido de 
expressar uma ação e é pedagógico à medida que envolve reflexão sobre a ação dos 
homens na realidade, bem como as explicações das determinações dessas ações. 
 O projeto político-pedagógico de um educador deve ser muito bem definido. Isso 
porque irá orientar a sua prática na sala de aula, no que se refere à relação estabelecida 
com os alunos, o conteúdo a ser ensinado e os valores a serem desenvolvidos nos 
alunos (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Nesse sentido, é importante que o educador tenha clareza do projeto de 
sociedade e de homem que acredita, quais interesses defende, os valores, ética e moral 
que deseja consolidar em sua prática (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Além disso, deve articular suas aulas com esse projeto maior de homem e de 
sociedade que deseja formar. Em outras palavras, o educador precisa se preocupar em 
como o projeto político-pedagógico se realiza na escola, como se materializa no currículo 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Venâncio e Darido (2012) destacam que o projeto político pedagógico de uma 
escola, ou mais especificamente a forma como ele é concebido, evidencia a forma de 
pensar da escola, a educação e a própria Educação Física. 
 Nas palavras dos autores: “O PPP pode constituir-se como um legítimo 
instrumento para participação e envolvimento político e pedagógico dos professores, 
legitimar a Educação Física enquanto área de matriz pedagógica e nortear ações 
coletivas no cotidiano escolar” (VENÂNCIO; DARIDO, 2012, p. 107) 
 Os autores também trazem um desafio em relação a isso, que é quando o poder 
de decisão fica centralizado nas secretarias estaduais ou municipais. Uma forma de 
driblar essa questão é obter engajamento e envolvimento dos professores no sentido de 
trabalhar para encaminhar propostas próprias. 
Para construção do projeto político pedagógico é importante considerar 
(VENÂNCIO; DARIDO, 2012): 
 
- Caracterização da comunidade escolar: por meio de entrevistas, palestras, encontros, 
questionários. 
- Comunidade escolar: formada pelos pais, alunos, professores, funcionários, direção, 
coordenação pedagógica, etc. 
- Discussões e reflexões sobre a função e papel da escola na atualidade. 
- Definição e caracterização do perfil e necessidades específicas dos alunos da escola. 
- Definição e caracterização do perfil do corpo docente, coordenação e direção. 
- Definição da concepção de educação, visão de homem e sociedade compartilhadas 
pelo corpo docente, coordenaçãoe direção. 
- Definição das finalidades de cada componente curricular. 
- Estabelecimento de diretrizes norteadoras relacionadas às questões atuais como 
inclusão, qualidade da educação, modos de gestão escolar, etc. 
- Escolhas dos componentes curriculares e áreas de conhecimento que constituirão o 
currículo. 
- Tempos e espaços: organização dos componentes curriculares considerando carga 
horária, séries/anos, quantidades de turnos ou períodos. 
- Planos de ensinos interdisciplinares: objetivos, habilidades e competências a serem 
desenvolvidas, conteúdos mais relevantes, metodologia de trabalho, formas de 
avaliação. 
- Articulação e organização interdisciplinar entre os espaços existentes na escola: 
biblioteca, sala de vídeo, laboratório de informática, laboratório de ciências, anfiteatro, 
etc. 
- Elaboração de projetos interdisciplinares. 
- Periodicidade das reuniões pedagógicas com pais e alunos. 
 
- Fortalecimento e ampliação da formação do corpo docente. 
- Definição da participação das instituições democráticas como conselhos escolares, 
grêmio estudantil. 
- Definição de prioridades em relação a utilização dos recursos disponíveis (financeiros 
e materiais). 
- Participação de alunos e professores em fóruns, seminários, congressos, conferências, 
com financiamento da própria instituição ou órgãos competentes. 
- Parcerias com outras instituições como universidades, ONGs, fundações, institutos. 
- Calendário escolar definido pela própria escola. 
- Definição de formas de avaliação do PPP, elaborado pela própria comunidade escolar 
possibilitando autonomia e flexibilidade do projeto. 
 Todos esses aspectos foram sugeridos por professoras de Educação Física da 
rede de ensino municipal que participaram de uma pesquisa dos autores Venâncio e 
Darido (2012). 
 Essas sugestões refletem a importância do trabalho coletivo e interdisciplinar no 
que se refere a elaboração e concretização do projeto político pedagógico, com foco na 
qualidade de formação do aluno e do trabalho do professor, transcendendo uma mera 
reprodução do conhecimento (VENÂNCIO; DARIDO, 2012). 
 
 
 
 
4 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E A EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/children-playing-tug-war-
park-459100483 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) se aplica à educação escolar, 
conforme o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 
Lei nº 9.394/1996). 
 Como o próprio nome diz, é um documento norteador que serve como base para 
a estruturação do ensino no Brasil com foco em alcançar uma aprendizagem de 
qualidade (BRASIL, 2018). 
 A BNCC integra a política nacional da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino 
Fundamental e Ensino Médio) e foi elaborada por especialistas de diversas áreas do 
conhecimento, e é composta por orientações para adequação dos currículos regionais e 
projetos pedagógicos das escolas brasileiras (BRASIL, 2018). 
 Em relação aos direcionamentos específicos para a Educação Física, a BNCC 
traz que a Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais 
em suas diversas formas, enquanto produção social e histórica e entendidas como 
possibilidade de expressão (BRASIL, 2018). 
 Em outras palavras, a Educação Física trabalha com o movimento humano, mas 
não pura e simplesmente como deslocamento espaço-temporal de um segmento 
corporal ou de um corpo todo, e sim o movimento com todo o seu significado e inserção 
na cultura (BRASIL, 2018). 
 O papel da Educação Física na Educação Básica é permitir o acesso por parte do 
aluno a um vasto universo cultural: saberes corporais, experiências estéticas, emotivas, 
lúdicas. Experienciar essas práticas corporais permitirão aos alunos participar, de forma 
autônoma, nos contextos de lazer e saúde (BRASIL, 2018). 
 Ainda segundo a BNCC (BRASIL, 2018) existem três elementos fundamentais 
comuns às práticas corporais: o movimento corporal (elemento essencial), organização 
interna baseada em uma lógica específica, e produto cultural (vinculado ao lazer ou 
entretenimento e ao cuidado com o corpo e saúde). 
Importante ressaltar então que as práticas corporais são aquelas realizadas a 
parte das obrigações de trabalho, domésticas, higiênicas e religiosas, as quais já 
 
possuem propósitos específicos (BRASIL, 2018). 
 A prática corporal deve proporcionar ao aluno o acesso a uma dimensão de 
conhecimentos e experiências que ele não teria de outro modo. A vivência dessa prática 
gera um conhecimento muito particular e insubstituível revelando a multiplicidade de 
sentidos e significados inerentes às diferentes manifestações da cultura corporal de 
movimento (BRASIL, 2018). 
 Conforme a BNCC: “As práticas corporais são textos culturais passíveis de leitura 
e produção” (BRASIL, 2018, p. 214). É nesse sentido também, que a Educação Física 
se articula com a área das Linguagens. 
 De uma forma mais específica, a BNCC (BRASIL, 2018) recomenda que a 
Educação Física seja trabalhada a partir de seis unidades temáticas: brincadeiras e 
jogos, esportes, ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura. Esses temas 
serão trabalhados mais especificamente na Unidade II desta apostila. 
 Além disso, a BNCC (BRASIL, 2018) também considera oito dimensões do 
conhecimento: 
- Experimentação: refere-se à vivência propriamente dita das práticas corporais, o 
envolvimento corporal, a experimentação. É a possibilidade de apreender as 
manifestações culturais tematizadas pela Educação Física. Também é importante cuidar 
para que as sensações geradas no momento da realização dessas vivências sejam 
positivas. 
- Uso e apropriação: conhecimento que permite ao aluno a autonomia para as práticas 
corporais. Se diferencia do conhecimento gerado pela experimentação por promover no 
estudante a competência necessária para um maior envolvimento nas práticas corporais 
no lazer ou para a saúde. Em outras palavras consiste em viabilizar aos alunos a prática 
efetiva das manifestações da cultura corporal de movimento transcendendo o ambiente 
da sala de aula. 
- Fruição: está ligada à apreciação, ao desfrutar das experiências sensíveis geradas 
pelas vivências corporais. 
 
- Reflexão sobre a ação: conhecimentos originados da observação e análise das 
vivências corporais próprias e/ou realizadas pelos outros. É um ato intencional no sentido 
de formular e empregar estratégias de observação e análise para resolver desafios, 
aprender novas modalidades e adequar as práticas aos interesses e possibilidades. 
- Construção de valores: conhecimentos que se originam no contexto da tematização 
das práticas corporais. Envolve a aprendizagem de valores relativos ao respeito às 
diferenças, a produção e compartilhamento de atitudes e normas. 
- Análise: refere-se ao “saber sobre”, ou seja, conceitos necessários para compreender 
as características e o funcionamento das práticas corporais. Envolve conhecimentos a 
respeito da classificação dos esportes, sistemas táticos de uma modalidade, o efeito de 
determinado exercício físico no desenvolvimento de uma capacidade física, etc. 
- Compreensão: está associada ao conhecimento conceitual, mas se refere mais 
especificamente aos saberes que permitem compreender o lugar das práticas corporais 
no mundo. Se refere a temas que permitem aos alunos interpretar o que está por trás 
das manifestações da cultura corporal de movimento, como as dimensões éticas e 
estéticas, época em que foram construídas, motivos pelos quais e por quem foram 
criadas. 
- Protagonismo comunitário: se refere às atitudes e conhecimentos necessários para os 
estudantes terem uma participação ativa na democratização do acesso das pessoas às 
práticas corporais. Consiste na reflexão sobre as possibilidades que eles e a comunidade 
têm de acesso a essas uma práticas onde moram, os recursos disponíveis, agentes 
envolvidos.SAIBA MAIS 
A Base Nacional Comum Curricular está fundamentada na Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Brasileira (LDB 9394/1996). A LDB 9394/96 é a legislação que regulamenta o 
 
sistema educacional brasileiro, seja a nível público ou privado, da educação básica ao 
ensino superior. Essa é a lei mais importante no que diz respeito à educação. O objetivo 
principal da criação da LDB foi garantir o direito de acesso à educação gratuita e de 
qualidade para todas as pessoas. 
Fonte: Lei das Diretrizes e Bases (LDB 9394/1996). 
#SAIBA MAIS# 
 
 
REFLITA 
Nesta unidade você teve acesso às 10 competências básicas a serem desenvolvidas na 
educação básica conforme orientação da Base Nacional Comum Curricular. Como a 
Educação Física pode ajudar a desenvolver essas competências? Qual o papel da 
educação física frente a essa orientação? 
Fonte: a autora. 
A prática corporal é considerado o principal norteador dos componentes curriculares da 
Educação Física. O que você entende por prática corporal? Quais experiências 
relacionadas à prática corporal você teve na educação física escolar enquanto aluno? 
Fonte: a autora. 
#REFLITA# 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Nessa unidade você compreendeu um pouco da organização de uma escola e 
dos direcionamentos a serem seguidos na estruturação de uma aula de educação física 
do ponto de vista das diretrizes. 
 A educação básica compreende o ensino fundamental e médio e precisa cumprir 
o papel de desenvolver dez competências básicas nos alunos. O currículo escolar é um 
dos direcionamentos seguidos no ensino e é estruturado a partir de três pilares: trato 
com o conhecimento (parte científica), a organização escolar (tempo e espaço 
pedagógico) e a normalização escolar (regras). 
 A seleção dos conteúdos que compõem o currículo escolar ocorre a partir da 
relevância social, contemporaneidade e adequação às possibilidades sócio-
cognoscitivas do aluno. 
 O projeto político pedagógico irá orientar a prática no dia a dia da sala de aula, 
reflete o projeto de sociedade e de homem que se quer formar, mas muitas vezes é 
criado pelas secretarias estaduais e municipais. Nesse sentido é importante que o 
professor de educação física participe ativamente junto com os demais profissionais da 
escola, na atuação considerando as necessidades e características da escola e 
comunidade em que trabalham. 
 Um documento importante e que também guia a atuação nas escolas é a Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC). Nessa unidade você compreendeu algumas 
orientações considerando a prática corporal enquanto principal objetivo de trabalho na 
educação física. 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz vários direcionamentos importantes 
para o currículo da Educação Física. Conforme a BNCC, a Educação Física precisa 
garantir o desenvolvimento de 10 competências específicas nos alunos. Essas 
competências são retratadas a seguir. 
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O ENSINO 
FUNDAMENTAL (BRASIL, 2018, p. 223): 
1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a 
organização da vida coletiva e individual. 
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades 
de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação 
do acervo cultural nesse campo. 
3. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os 
processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais. 
4. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética 
corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas 
consumistas e preconceituosas. 
5. Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e 
combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus 
participantes. 
6. Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes 
práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam. 
7. Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural 
dos povos e grupos. 
8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento 
em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde. 
 
9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e 
produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário. 
10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, 
ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho 
coletivo e o protagonismo. 
 Fonte: Brasil (2018). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
 
• Título: Pedagogia da cultura corporal 
• Autor: Marcos Garcia Neira e Mario Luiz Ferrari Nunes. 
• Editora: Phorte. 
• Sinopse: a obra propõe a ampliação de possibilidades de ensino e aprendizagem da 
prática da Educação Física Escolar para professores, alunos e interessados, diante das 
constantes mudanças das dificuldades e desafios encontrados no ambiente escolar. 
Dividida em 5 capítulos, a obra de Neira e Nunes traz os seguintes temas: Cultura, que 
fundamenta as propostas voltadas para a pedagogia da cultura corporal; Cultura 
Escolar/Cultura da Escola, tema que analisa a cultura vivida diariamente nas escolas; 
Currículo e a Educação Física, uma visão crítica para a construção de um currículo 
escolar “que favoreça a pedagogia da cultura corporal”; Cultura Corporal, tema que 
transporta a linguagem corporal para questões sociais e escolares; Método de Ensino, 
que apresenta propostas de experiências estudadas e vivenciadas pelos autores diante 
da prática pedagógica; Considerações Finais e uma vasta Bibliografia. 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
• Título: O melhor professor da minha vida 
• Ano: 2017. 
• Sinopse: Aos 40 anos, o professor François Foucault (Denis Podalydès) leciona no 
renomado Liceu Henri IV, perto do Panthéon de Paris, escola mais tradicional e 
prestigiada de Paris. Devido a uma série de eventos, ele é obrigado a aceitar a 
transferência de um ano para uma escola no subúrbio da cidade e teme que o pior possa 
acontecer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases 
da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 18 
mai. 2021. 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2018. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 13 mai. 2021. 
 
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia de ensino da educação física. São Paulo: 
Cortez, 1992. 
 
DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação Física na Escola: Implicações Para a 
Prática Pedagógica. Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2. ed. 2005. 
 
PARANÁ. Diretrizes curriculares da Educação Básica Educação Física. Secretaria 
de Estado da Educação do Paraná, 2008. Disponível em: 
http://www.educacao.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2019-
12/dce_edf.pdf. Acesso em: 26 maio. 2021. 
 
SOUZA, R. S. E.; ROJAS, J. Educação Física e interdisciplinaridade na Educação de 
Infância. Motrivivência, n. 31, p. 207-222, 2008. 
 
VENÂNCIO, L.; DARIDO, S. C. A educação física escolar e o projeto político 
pedagógico: um processo de construção coletiva a partir da pesquisa-ação. Revista 
Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 26, n. 1, p. 97 - 109, 2012. 
 
 
UNIDADE II 
PLANEJAMENTO: FOCO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 
Professora Mestre Aline Mendes de Lima 
 
Plano de Estudo: 
• Planejamento: características e organização; 
• Papel do planejamento na Educação Física Escolar; 
• Como planejar? Conhecendo o planejamento participativo;• Quais os conteúdos da Educação Física são essenciais para a formação do aluno?; 
• Planos de Aula: o que são, sua importância e como organizá-los. 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar o planejamento escolar; 
• Estabelecer a importância do planejamento escolar; 
• Contextualizar como é realizado um planejamento; 
• Compreender a construção de um plano de aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Olá alunos e alunas!! Sejam bem-vindos à unidade II “Planejamento: foco na 
Educação Física Escolar”. Nessa unidade nós aprofundaremos os conhecimentos 
ligados a organização e planejamento das aulas, bem como os temas ou conteúdos a 
serem trabalhados. 
 Você já se questionou como organizar uma aula? Mais do que isso, porque é 
importante um planejamento adequado e porque é importante ter organização, não 
apenas conduzir uma aula de forma aleatória? 
 Os conhecimentos apresentados nesta unidade darão base para que você 
aprenda a ser mais assertivo na condução de uma aula de Educação Física, 
considerando pontos importantes do planejamento, organização, adequação à realidade, 
melhorias contínuas e conteúdos a serem trabalhados. 
 A unidade começa com uma contextualização sobre planejamento e organização. 
Também serão apresentadas as funções e importância do planejamento escolar, e os 
aspectos a serem levados em consideração para realizar um planejamento adequado. 
 Você também terá acesso aos conteúdos considerados primordiais no ensino da 
Educação Física, tendo como eixo norteador as práticas culturais. Serão apresentadas 
as seis unidades temáticas bem como sua estruturação conforme as séries escolares. 
Por fim, você aprenderá a elaborar um plano de aula e seus respectivos itens 
constituintes. 
 
 
 
 
 
 
 
1 PLANEJAMENTO: CARACTERÍSTICAS E ORGANIZAÇÃO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/young-business-leader-man-
entrepreneur-explaining-1357520090 
 
O trabalho docente é uma atividade sistematizada dirigida pelo professor e tem 
como objetivo a aprendizagem dos alunos. Esse trabalho transcende a sala de aula 
estando ligado também às exigências sociais e experiências pessoais dos alunos 
(LIBÂNEO, 1994). 
 O programa de Educação Física pode ser considerado o pilar da disciplina. Seus 
principais elementos são os conteúdos de ensino (conhecimento sistematizado e 
distribuído), o tempo pedagogicamente necessário para o processo de apropriação do 
conhecimento; e os procedimentos didático-metodológicos para transmissão desse 
conhecimento (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Nesse sentido, o planejamento precisa ser construído levando em consideração 
esses aspectos. Nas palavras de Libâneo (1994, p. 246) “O planejamento é um processo 
de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade 
escolar e a problemática do contexto social”. 
 Portanto, o planejamento escolar abrange a organização e coordenação das 
atividades didáticas em relação aos objetivos propostos, e também a revisão e 
adequação durante o processo de ensino (LIBÂNEO, 1994). 
 É um meio para programar as ações de ensino e ao mesmo tempo um momento 
de reflexão e avaliação. Envolve três tipos de planejamento: o plano da escola, o plano 
de ensino e o plano de aulas; e elementos como objetivos, conteúdos e métodos. 
(LIBÂNEO, 1994). 
 O plano da escola é um documento geral, suas orientações representam as 
ligações entre escola e sistema escolar mais amplo, e entre o projeto pedagógico e os 
planos de ensino (LIBÂNEO, 1994). 
 A partir da proposta pedagógica curricular, o professor elaborará seu plano de 
ensino ou plano de trabalho, que é um documento de sua autoria, que leva em 
consideração a realidade e necessidades de suas diferentes turmas de atuação 
(PARANÁ, 2008). 
 No plano de ensino são explicitados os objetivos e conteúdos específicos a serem 
 
trabalhados nos bimestres, trimestres ou semestres letivos, além das especificações 
metodológicas que guiarão o trabalho docente e o processo de ensino aprendizagem 
(PARANÁ, 2008). 
 O plano de ensino, portanto, é composto por ementa da disciplina, objetivos, 
conteúdo programático (pode haver divisão em unidades de ensino como forma de 
organização dos conteúdos a serem passados para os alunos), metodologia e 
cronograma (KUNZ et al., 2004). 
 O plano de aula é mais específico é constituído pela previsão de desenvolvimento 
de conteúdo de uma aula (LIBÂNEO, 1994). No último tópico dessa apostila você terá 
informações mais detalhadas sobre o plano de aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 PAPEL DO PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/office-kanban-planning-
system-vector-cartoon-708573796 
 
Planejar não é apenas preencher formulários para controle administrativo, mas 
sim uma possibilidade de pensar criticamente e prever futuras ações docentes, 
fundamentando-as nas questões sociais, econômicas, políticas e culturais em que a 
escola está inserida e dos atores do processo de ensino aprendizagem (pais, alunos, 
professores, comunidade). (LIBÂNEO, 1994). 
As funções do planejamento escolar são (LIBÂNEO, 1994): 
- Especificar princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho docente; 
- Manifestar os vínculos entre posicionamento filosófico, político pedagógico e as ações 
do professor em sala de aula através de objetivos, conteúdos, métodos e formas de 
ensino; 
- Organizar o trabalho docente de forma que seja ofertado sempre um ensino de 
qualidade em contraposição a rotina e improvisação; 
- Considerar as exigências da realidade social e o nível de preparo e condições 
socioculturais dos alunos para formulação dos objetivos, conteúdos e métodos; 
- Garantir a coerência entre o trabalho docente no que se refere aos elementos do 
processo de ensino aprendizagem (objetivos, conteúdos, características dos alunos, 
métodos e técnicas, avaliação); 
- Rever e atualizar o conteúdo do plano de ensino fazendo sempre os ajustes necessários 
quanto a progressão no conhecimento e adequação às condições de aprendizagem dos 
alunos; 
- Facilitar a preparação das aulas à medida que o material didático e as tarefas do 
professor e aluno podem ser selecionadas de forma mais rápida. 
 
 Um ponto importante sobre o planejamento é que ele não garante o bom 
andamento do processo de ensino, é construído em função da direção, organização e 
coordenação de ensino. Por isso é fundamental adequar à prática, às situações 
concretas e rever sempre que necessário (LIBÂNEO, 1994). 
 Assim, para planejar é preciso levar em consideração os conhecimentos do 
processo didático, metodologias específicas das matérias, e não menos importante, a 
experiência prática do professor. 
 As Diretrizes Curriculares do Paraná (2008) destacam a importância dos 
conteúdos disciplinares, da sua organização e seleção, bem como a importância de que 
o professor seja autor de seu plano de ensino. 
 Portanto, existem diretrizes nacionais e estaduais do currículo escolar, que são 
documentos como, por exemplo, a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), as 
Diretrizes Curriculares do Paraná (2008). 
 As escolas possuem plano político pedagógico com base nessas orientações, e o 
professor é guiado semestralmente ou anualmente por um plano de ensino, que também 
pode ser detalhado ou especificado em planos de aula. 
 Importante destacar que alguns aspectos da organização da aula contribuem para 
uma melhor participação dos alunos nas aulas, como ter um bom plano de aula 
(objetivos, conteúdos, métodos e procedimentos bem definidos), estimular e motivar a 
aprendizagem, avaliação do rendimento e estabelecimento de normas e exigências 
(LIBÂNEO, 1994). 
 
 
 
 
 
3 COMO PLANEJAR? CONHECENDO O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/business-class-teacher-
trainer-woman-workshop-1357516268O planejamento deve orientar a tomada de decisões da escola e corpo docente 
diante das situações de ensino aprendizagem, tendo como objetivo alcançar os melhores 
resultados possíveis (LIBÂNEO, 1994). 
 O planejamento ajuda a direcionar o processo de ensino, os conteúdos a serem 
ensinados, ajuda a dar orientação e segurança aos professores em sua prática em sala 
de aula (GODOI; BORGES, 2019). 
 Sendo assim, os principais requisitos para um planejamento adequado são levar 
em consideração os objetivos e tarefas da escola, exigências dos planos e programas 
oficiais, condições prévias dos alunos, princípios e condições do processo de 
transmissão e assimilação dos conteúdos (LIBÂNEO, 1994). 
 É fundamental ter clareza na direção que se quer dar ao processo educativo, por 
exemplo, possibilitar a assimilação de conhecimentos científicos e desenvolvimento de 
capacidades intelectuais para participação ativa no meio social. Nesse caso, os objetivos 
da escola seriam formação profissional, compreensão da realidade, formação política e 
cultural (LIBÂNEO, 1994). 
 O planejamento também requer seguir as diretrizes gerais dos programas oficiais. 
Estes trazem orientações de núcleos comuns de conhecimentos e buscam assegurar o 
direito à educação para todos os brasileiros. No entanto, essas diretrizes são apenas 
referências, cabendo às escolas elaborar seus próprios planos. Para isso são 
importantes os conhecimentos em Didática, Psicologia, Sociologia, e da disciplina 
específica sob responsabilidade do professor (LIBÂNEO, 1994). 
 Outro ponto é o conhecimento prévio do aluno e seu nível de preparo, ou seja, 
suas experiências anteriores, conhecimentos, habilidades, hábitos de estudo e nível de 
desenvolvimento. Também cabe aqui conhecer o ambiente social em que vivem esses 
alunos, linguagem utilizada, condições de vida e trabalho (LIBÂNEO, 1994). 
 Também é importante para o planejamento dominar os meios e condições de 
condução do processo de assimilação ativa nas aulas. Isso significa que o planejamento 
didático deve ser orientado pela prática na sala de aula (LIBÂNEO, 1994). 
 
 Em relação ao planejamento participativo, é possível citar a questão do plano 
político pedagógico da escola. Deve ser produto de um trabalho coletivo e do consenso 
entre o corpo docente, expressando seu posicionamento (LIBÂNEO, 1994). 
 O que se vê muitas vezes é uma preocupação maior em preparar os professores 
para que eles sejam bons executores do planejamento ou politicas desenvolvidas por 
outros profissionais que muitas vezes inclusive estão longe da sala de aula (GODOI; 
BORGES, 2019). 
 O problema é que o professor tem papel fundamental em colocar em prática o 
projeto político pedagógico escolar, é um mediador e deveria ter participação também no 
planejamento e construção, não se limitando apenas ao papel de executor (SACRISTÁN, 
2000 apud GODOI; BORGES, 2019). 
 Além disso, considerando também o dia a dia de trabalho, e chegando um pouco 
mais na consolidação do planejamento, é possível citar a questão da participação e 
inclusão dos alunos nos planos da escola ou professor. 
 Segundo Libâneo (1994) quando os objetivos ou plano de aula, ou ainda as etapas 
ou passos didáticos são explicitados aos alunos, a tendência é que eles participem e 
colaborem mais, evitando desobediências e conversas desnecessárias pois precisam 
cumprir os objetivos da aula juntamente com o professor e colegas. 
 
 
 
 
 
 
 
4 QUAIS OS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA SÃO ESSENCIAIS PARA A 
FORMAÇÃO DO ALUNO? 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/shining-basketball-court-
wooden-floor-vector-1759440986 
 
De uma forma geral, a Educação Física pode ser definida como uma prática 
pedagógica que, no contexto escolar, trabalha com formas de atividades ligadas à 
expressão corporal, tais como jogo, esporte, dança, ginástica, que consistem na cultura 
corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 A perspectiva da Educação Física Escolar que considera o desenvolvimento da 
aptidão física do homem como objeto de estudo, acaba contribuindo historicamente para 
a defesa dos interesses da sociedade capitalista (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Isso porque trabalha para educar o homem forte, ágil, apto, obediente, que 
respeita normas e hierarquia, alienando-o da sua condição de sujeito histórico, que não 
precisa necessariamente se adaptar, mas pode transformar a realidade social 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Nessa perspectiva o objetivo é desenvolver a aptidão física, por meio do exercício 
de atividades corporais que levem ao rendimento máximo de sua capacidade física 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Assim, o esporte acaba sendo selecionado pois remete ao alto rendimento. Nesse 
sentido também são selecionadas as modalidades esportivas mais conhecidas e de 
maior prestígio social (por exemplo, voleibol, basquetebol etc.) (COLETIVO DE 
AUTORES, 1992). 
 Na perspectiva da cultura corporal, o objetivo é diferente. Desenvolver uma 
reflexão sobre as formas de representação do mundo que o homem produziu ao longo 
da história por meio da expressão corporal (jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, 
esporte, malabarismo, contorcionismo, etc.). Essas manifestações corporais são 
entendidas enquanto formas de representação simbólica da realidade, criada 
historicamente e culturalmente (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também traz orientações no sentido 
das práticas corporais e cultura corporal, articulando a Educação Física à área das 
linguagens. Também considera que as vivências ligadas à prática corporal geram 
 
conhecimento insubstituível à medida que estão aliadas aos significados sociais 
(BRASIL, 2018). 
Segundo o Coletivo de Autores (1992, p. 27): 
É preciso que o aluno entenda que o homem não nasceu pulando, saltando, 
arremessando, balançando, jogando etc. Todas essas atividades corporais 
foram construídas em determinadas épocas históricas, como respostas a 
determinados estímulos, desafios ou necessidades humanas. 
Transmitir ao aluno essa visão de historicidade, de que a produção humana é 
histórica e provisória o ajudará a assumir a postura de criar outras atividades corporais 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). Isso significa que a Educação Física poderá ajudar 
a formar pessoas e não apenas sujeitos que se submetem à lógica capitalista. 
 Isso pode ser alcançado substituindo o individualismo por solidariedade, 
competição por cooperação, instigando a criatividade, enfatizando a liberdade de 
expressão dos movimentos, em contraposição à dominação e submissão (COLETIVO 
DE AUTORES, 1992). 
 É importante ter o cuidado de não fomentar vivências e experiências de sucesso 
para uma minoria e de insucesso para outros por meio da ênfase na competitividade e 
concorrência (KUNZ et. al., 2004). 
 Outro ponto importante é que além de trabalhar a expressão corporal por meio 
dos jogos, esportes, dança, ginástica, é válido acrescentar a esses conteúdos outros 
temas sociais pertinentes (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
Dentre esses temas estão ecologia, saúde pública, relações sociais do trabalho, 
preconceitos sociais, raciais, da deficiência, da velhice, distribuição do solo urbano, 
distribuição da renda, dentre outros (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 No que se refere aos conteúdos essenciais na perspectiva da cultura corporal, os 
conteúdos podem ser então didaticamente distribuídos em 6 unidades temáticas: 
brincadeiras e jogos, esporte, lutas, ginástica, dança e práticas corporais de aventura 
(BRASIL, 2018). 
 A seguir serão apresentadas definições desses conteúdos bem como sugestões 
de atividades a serem incorporadas na prática escolar. 
 
 O jogo corresponde a um processo criativo de modificação da realidade de forma 
imaginária. É um fator de desenvolvimento à medida que estimula o pensamento criativo 
e a ação para além do que se vê (COLETIVO DE AUTORES,1992). 
 São atividades que ocorrem com limitação de tempo, em espaço determinado, 
possuem regras que são seguidas de forma coletiva. Além disso, são marcadas pela 
apreciação do ato de brincar em si, ou seja, são atividades prazerosas (BRASIL, 2018). 
 Seguem algumas sugestões de temas de jogos para serem trabalhados na 
Educação Infantil (Pré-Escolar) e 1ª a 3ª séries do Ensino Fundamental, com base no 
Coletivo de Autores (1992, p. 46): 
- Reconhecimento de si mesmo e das próprias possibilidades de ação. 
- Reconhecimento das propriedades externas de materiais ou objetos para jogar, sejam 
eles do ambiente natural ou construídos pelo homem. 
- Identificação das possibilidades de ação com esses materiais/objetos e das relações 
destes com a natureza. 
- Pensamento, imagem e a conceituação verbal dessa imagem. 
- Interrelações com as outras matérias de ensino. 
- Relações sociais: criança-família, criança-crianças, criança-professor, criança-adultos. 
- Vida de trabalho do homem, da própria comunidade, das diversas regiões do país, de 
outros países. 
- Convivência com o coletivo, das suas regras e dos valores que estas envolvem. 
- Auto-organização, a auto avaliação e a avaliação coletiva das próprias atividades. 
- Elaboração de brinquedos. 
Sugestões de temas a serem trabalhados com a 4ª a 6ª séries do Ensino 
Fundamental (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.47): 
 
- Jogar tecnicamente e empregar o pensamento tático. 
- Desenvolvimento da capacidade de organizar os próprios jogos e decidir suas regras. 
Sugestões de jogos para 7ª a 8ª séries do Ensino Fundamental (COLETIVO DE 
AUTORES, 1992, p.48): 
- Organização técnico-tática e o julgamento de valores na arbitragem. 
- Necessidade de treinamento e avaliação individual e coletiva para jogar bem tanto 
técnica quanto taticamente. 
- Decisão de níveis de sucesso. 
Sugestões de temas de jogos para 1ª a 3ª séries do Ensino Médio (COLETIVO 
DE AUTORES, 1992, p.48): 
- Conhecimento sistematizado e aprofundado de técnicas e táticas, e da arbitragem. 
- Conhecimento sistematizado e aprofundado sobre o desenvolvimento/treinamento da 
capacidade geral e específica de jogar. 
- Prática organizada conjuntamente entre escola/comunidade. 
O esporte é uma das práticas mais conhecidas da contemporaneidade. É marcado 
pela comparação de desempenho entre adversários, possui um conjunto de regras 
formais, institucionalizadas por organizações (associações, federações e confederações 
esportivas). (BRASIL, 2018). 
 Pode-se dizer ainda que o esporte é uma prática social e um fenômeno complexo 
que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que o cria e o pratica. Nesse 
sentido, o esporte está subordinado aos princípios da sociedade capitalista (COLETIVO 
DE AUTORES, 1992). 
 Suas características marcantes, como a exigência de um rendimento máximo, 
comparação de rendimento, regras rígidas e racionalização dos meios e técnicas, 
revelam a reprodução das desigualdades sociais (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 
 Para trabalhar o esporte na escola, visto que ele também faz parte da cultura 
corporal, é importante focar nos valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, a 
solidariedade e respeito humano (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 A BNCC traz sete categorias de esporte: marca (comparar os resultados 
registrados em segundos, metros ou quilos, exemplo: atletismo, remo, ciclismo, 
levantamento de peso); precisão (acertar um alvo, exemplo: bocha, curling, golfe, tiro 
com arco, tiro esportivo); técnico combinatório (resultado é comparado a padrões, 
exemplo: ginástica artística e rítmica, nado sincronizado, saltos ornamentais); rede/ 
quadra dividida (arremessar, lançar ou rebater a bola, exemplo: vôlei de quadra ou praia, 
tênis); campo e taco (rebater a bola lançada pelo adversário o mais longe possível, 
exemplo: beisebol, críquete); invasão ou territorial (introduzir ou levar uma bola ou outro 
objeto a uma meta ou setor da quadra/campo defendido pelos adversários, exemplo: 
basquete, futebol, futsal, handebol, rúgbi); combate (disputas, exemplo: judô, boxe, 
esgrima, taekwondo) (BRASIL, 2018). 
 Serão explicitadas sugestões de trabalho contemplando o futebol, atletismo, 
voleibol e basquetebol. 
 O futebol pode ser contemplado enquanto jogo (com normas, regras, exigências 
físicas, técnicas, táticas); trabalho; espetáculo esportivo; fenômeno cultural (COLETIVO 
DE AUTORES, 1992). 
O atletismo é composto por práticas criadas pelo homem como correr, saltar e 
arremessar. Assim, é importante trabalhar a prática desses movimentos bem como as 
provas: corridas de resistência, velocidade (com e sem obstáculos), campo (cross-
country), com aclives-declives (de rua ou pedestrianismo) revezamento, saltos (no 
sentido horizontal: extensão e triplo, no sentido vertical: altura e com vara), arremesso 
de peso, lançamentos (dardo, disco, martelo) (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 O voleibol consiste em um jogo em que os jogadores buscam evitar que a bola 
caia no próprio campo de jogo, fazendo-a cair no campo do adversário por cima de uma 
rede. Podem ser trabalhados os fundamentos que servirão como base para outros jogos 
e brincadeiras também. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Os fundamentos do voleibol são saque (início da jogada), recepção (receber o 
saque do adversário), levantamento (preparação para o ataque), ataque (passar a bola 
 
para o campo adversário tentando dificultar a defesa), bloqueio (interceptação do ataque 
do adversário), defesa (evitar que a bola caia no próprio campo) (COLETIVO DE 
AUTORES, 1992). 
 No basquete é disputada uma bola, utilizando apenas as mãos, o objetivo é atingir 
um alvo, que é defendido pelo adversário. Os fundamentos do basquete também servem 
de base para outros movimentos e jogos. Em relação a atacar, os fundamentos são jogar 
a bola para o companheiro, driblar (progredir com a bola quicando-a) e arremessar (jogar 
a bola em direção à cesta). A defesa é marcada por dificultar os passes, dribles e 
arremessos do adversário (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Sobre as lutas, são disputas corporais marcadas por técnicas, táticas e estratégias 
com objetivo de imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o adversário de um 
determinado espaço. Marcada por ações de ataque e defesa. É possível trabalhar lutas 
brasileiras e de diversos países do mundo (por exemplo, judô, aikido, jiu-jítsu, muay thai, 
boxe, esgrima, etc.) (BRASIL, 2018). 
 A respeito das lutas brasileiras, destaque para a capoeira que marca a luta de 
emancipação dos negros no Brasil. A capoeira é uma manifestação cultural e é 
importante que seja trabalhada especialmente a nível de historicidade (COLETIVO DE 
AUTORES, 1992). 
 A ginástica envolve atividades como corridas, saltos, lançamentos e lutas. É uma 
forma particular de exercitação que com ou sem uso de aparelhos pode permitir 
importantes experiências corporais. Os fundamentos são saltar (se desprender da ação 
da gravidade chegando no ar), equilibrar (vencer a ação da gravidade), Rolar/girar (dar 
voltas sobre os eixos do próprio corpo), trepar (subir em suspensão pelos braços, com 
ou sem ajuda das pernas, em superfícies verticais ou inclinadas), balançar (pegar 
impulso e se movimentar em "vaivém") (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Algumas sugestões conforme as idades, são, para alunos da educação infantil e 
da 1ª a 3ª série do ensino fundamental (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 55): 
- Atividades que trabalhem os próprios fundamentos (saltar, equilibrar, balançar e girar) 
apresentando ao mesmo tempo o ambiente natural (declives, buracos, árvores, colinas), 
a própria construção da escola, praça, rua, quadra onde acontece a aula. 
 
- Formas ginásticas organizadas para promover vivências de identificação de sensações 
afetivas e/ou cinestésicas (prazer, medo, tensão, desagrado, enrijecimento, 
relaxamento). 
 Para alunos da 4ª a 6ª série seria interessante trabalhar formas técnicasdas 
diversas ginásticas (artística, rítmica, aeróbica, etc). Além de desenvolver projetos 
individuais ou em grupo de prática com apresentações na escola e para a comunidade 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Na 7ª e 8ª série também programas de formas ginásticas, mas com técnicas mais 
aprimoradas e considerando os interesses dos próprios alunos, com apresentações 
dentro e fora da escola, que envolvam a comunidade (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Para o ensino médio é possível aprofundar um pouco mais as formas ginásticas, 
trazendo maior conhecimento técnico da ginástica artística e rítmica, por exemplo. Além 
de formas ginásticas que impliquem conhecimento científico/técnico aprofundado da 
ginástica em geral, permitindo a vivência do treinamento sem perder de vista a 
perspectiva crítica do seu significado social (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 A dança representa diversos aspectos da vida do homem, é uma linguagem que 
permite transmitir sentimentos, emoções (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Pode ser 
definida como um conjunto de práticas corporais marcadas por movimentos rítmicos e 
coreografias (BRASIL, 2018). 
 Um ponto importante quando se trata do ensino da dança é o confronto que existe 
entre as formalidades técnicas e o aspecto expressivo. Mas é importante desenvolver no 
aluno as habilidades técnicas sem deixar de lado a liberdade de expressividade 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 De uma forma geral, em relação ao desenvolvimento técnico, é possível abordar 
os fundamentos ritmo (cadência), espaço (formas, trajetos, direções), energia (tensão, 
relaxamento, explosão). Para o conteúdo expressivo, alguns possíveis temas são ações 
da vida diária, estados afetivos, sensações corporais, mundo do trabalho e escola, 
problemas sócio-políticos atuais (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 As práticas de aventura se referem à experimentação corporal ligadas a situações 
de imprevisibilidade e ambiente desafiador. Podem ser de natureza ou urbanas. 
Exemplos de práticas de aventura na natureza: corrida orientada, corrida de aventura, 
 
corridas de mountain bike, rapel, tirolesa, arborismo, etc. Já as práticas de aventura 
urbanas são a prática de parkour, skate, patins, bicicleta etc. (BRASIL, 2018). 
 As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008) apresentam elementos 
estruturantes a serem trabalhados na disciplina de Educação Física. São conteúdos 
considerados articuladores, que podem integrar, agregar aos eixos principais/ seis 
unidades temáticas. 
 A proposta é articular cultura corporal a outros temas como corpo, ludicidade, 
saúde, mundo do trabalho, desportivização, técnica e tática, lazer, diversidade e mídia 
(PARANÁ, 2008). 
 Esses temas também podem ser chamados de temas transversais, que são 
assuntos que podem ser abordados em qualquer disciplina com foco em formar cidadãos 
críticos, de bom convívio social (TEIXEIRA, 2020). 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 PLANOS DE AULA: O QUE SÃO, SUA IMPORTÂNCIA E COMO ORGANIZÁ-LOS 
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A aula é um espaço organizado de forma intencional para possibilitar a apreensão, 
por parte do aluno, do conhecimento específico da Educação Física e sua relação com 
a realidade social (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 
 O plano de aula estabelece as diretrizes e meios de realização do trabalho do 
professor. Em outras palavras, deve ser um instrumento para ação, no sentido de 
funcionar como um guia de orientação prática, e devem ser constituídos por ordem 
sequencial, objetividade, coerência e flexibilidade (LIBÂNEO, 1994). 
 Deve ter ordem sequencial progressiva, seguindo o fato de que os objetivos são 
alcançados progressivamente, passo a passo. A objetividade seria a equivalência entre 
o plano e a realidade, ou seja, as possibilidades dos alunos e professores e 
possibilidades materiais da escola (LIBÂNEO, 1994). 
 A coerência deve existir entre os objetivos gerais, específicos, métodos e 
avaliação. Precisa ser flexível e passível de alterações. Não pode ser um documento 
rígido considerando que o processo de ensino remete a movimento e precisa ser 
modificado diante das condições específicas do dia a dia em sala de aula (LIBÂNEO, 
1994). 
 A importância de planejar uma aula se reflete no fato de que é na aula que são 
criadas as condições e meios necessários para assimilação ativa dos conteúdos, 
habilidades e desenvolvimento de capacidades (LIBÂNEO, 1994). 
 O plano de aula é um detalhamento do plano de ensino, ou seja, é a especificação 
em pequenas unidades para a situação didática real. Precisa ser documentado para 
melhor orientar a ação do professor além de servir para revisões para os anos 
subsequentes (LIBÂNEO, 1994). 
 A preparação de aulas ou construção do plano de aula, portanto, é uma tarefa 
fundamental e regular que faz parte do dia a dia de trabalho dos professores. Alguns 
fatores a serem levados em consideração são a duração da aula, espaço ou local de 
realização e materiais disponíveis (GODOI; BORGES, 2019). 
 Para elaboração é importante considerar também que nem sempre será possível 
concluir um assunto ou tópico em uma única aula. Segundo Libâneo (1994, p. 267): 
 
O processo de ensino aprendizagem se compõe de uma sequência articulada de 
fases: preparação e apresentação de objetivos, conteúdos e tarefas; 
desenvolvimento da matéria nova; consolidação (fixação, exercícios, 
recapitulação, sistematização); aplicação; avaliação. Isso significa que 
precisamos planejar não uma aula, mas um conjunto de aulas. 
 
 
Nesse sentido, o professor deve partir do tópico a ser trabalhado e desdobrá-lo 
em uma sequência lógica (conceitos, problemas, ideias), proporcionando compreensão 
clara do assunto. 
 O plano de aula deve ter como base objetivos, que são os resultados esperados 
em relação aos conhecimentos adquiridos e habilidades desenvolvidas. Alguns itens que 
devem compor um plano de aula são: preparação e introdução do assunto, 
desenvolvimento e estudo ativo do assunto, sistematização e aplicação, tarefas de casa 
(LIBÂNEO, 1994). 
 Para cada item deve ser indicado método, procedimentos e materiais didáticos, 
em outras palavras, o caminho a trilhar para alcançar os objetivos. O professor também 
precisa prever formas de verificar o rendimento dos alunos por meio de avaliações 
iniciais (verificação do que o aluno já sabe), durante o processo e ao final. Podem ser 
informais, para análise do progresso dos alunos, ou formais, para atribuição de notas 
(LIBÂNEO, 1994). 
 O tempo deve ser pensado apenas enquanto previsão, deve ser flexível e 
adaptado à realidade da aula. É importante considerar as características dos alunos para 
determinar se será necessário gastar mais ou menos tempo em cada item, por exemplo, 
na introdução ao assunto, sistematização e aplicação, etc. (LIBÂNEO, 1994). 
 Alguns exemplos de métodos são aulas de exposição oral da matéria, discussão 
ou trabalho em grupo, estudo dirigido individual, demonstração prática, aula de 
exercícios, recapitulação, aula de verificação para avaliação (LIBÂNEO, 1994). 
 Importante destacar que o planejamento é um norte, uma orientação, mas não se 
pode perder de vista as adaptações necessárias diante de imprevistos, como fatores 
climáticos por exemplo (chuva, frio) e até mesmo da receptividade dos alunos ao 
conteúdo, por exemplo, maior interesse ou resistência, dificuldade de aprendizagem 
(GODOI; BORGES, 2019). 
 O plano de aula é fundamental, portanto, para organização do tempo, 
planejamento de atividades e também para motivação e participação dos alunos, quando 
explicitado de forma clara. Isso porque pode estimular a participação dos alunos no 
 
cumprimento daquele determinado conteúdo, à medida em que eles são incluídos e se 
sentem parte dos objetivos a serem alcançados (LIBÂNEO, 1994). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
A Educação FísicaAdaptada é uma modalidade da Educação Física que surgiu para 
atender as especificidades da pessoa com deficiência. É um programa diversificado de 
atividades que considera as capacidades e limitações individuais (COSTA; SOUSA, 
2004). A Declaração de Salamanca (1994) se configura como um marco na educação 
especial e estabelece a questão da escola para todos, no sentido de capacitar as escolas 
para atender todas as crianças conforme suas necessidades. 
Para saber mais conteúdos a serem trabalhados na Educação Física conforme as 
respectivas séries consulte a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018) 
ou as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008). 
Fonte: Brasil (2018) e Paraná (2008). 
#SAIBA MAIS# 
REFLITA 
A qualidade de uma aula depende de vários fatores, como, por exemplo, fatores 
sociais, psicológicos, dinâmica da escola, dentre outros. Mas, é importante que você, 
enquanto professor, sempre faça algumas perguntas: os objetivos e conteúdos foram 
adequados à turma? A duração da aula foi adequada? Os métodos e técnicas foram 
adequados para atender às diferentes características dos alunos? Os alunos realmente 
tiveram um aprendizado consolidado sendo possível seguir com os conteúdos? 
Fonte: Questões baseadas em Libâneo (1994). 
Nesta unidade você aprendeu sobre planejamento, plano de aula. Se imagine 
enquanto professor de educação física do ensino fundamental de uma escola, iniciando 
uma turma nova. O que você levaria em consideração para preparar um plano de aula 
sem ter contato prévio com essa turma? 
Fonte: a autora 
 #REFLITA# 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Prezado (a) aluno (a), nesta unidade você aprendeu alguns princípios e questões 
associados a uma boa organização e planejamento de aula de Educação Física. 
 Você viu que existem três tipos de planejamento: o plano da escola, o plano de 
ensino e o plano de aulas, além dos elementos como objetivos, conteúdos e métodos. 
 O planejamento permite a possibilidade de pensar criticamente e prever futuras 
ações docentes, além de realizar avaliações contínuas para adequar os objetivos e 
ações à realidade do contexto escolar em que esse planejamento será aplicado. 
 Também foram apresentados os requisitos para um planejamento adequado, 
como levar em consideração os objetivos e tarefas da escola, exigências dos planos e 
programas oficiais, condições prévias dos alunos, princípios e condições do processo de 
transmissão e assimilação dos conteúdos. 
 Você também teve acesso a sugestões de estruturação de conteúdos das seis 
unidades temáticas da Educação Física: brincadeiras e jogos, esporte, lutas, ginástica, 
dança e práticas corporais de aventura. 
 Ao final foram apontados direcionamentos ligados a construção de um plano de 
aula que consiste em um guia de orientação prática que precisa ter ordem sequencial, 
objetividade, coerência e flexibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
No texto a seguir você terá um exemplo de aula sobre “rebater” que é uma técnica 
presente em diferentes esportes. Essas sugestões poderão ser utilizadas por você para 
trabalhar uma técnica de forma a proporcionar reflexões e participação ativa dos alunos. 
 
Aula sobre “rebater” (COLETIVO DE AUTORES, 1992): 
O professor pode incentivar a criação de jogos pelos próprios alunos. Propor como 
tema da aula "Rebater”. Colocar à disposição dos alunos materiais como: bolas de 
diversos tamanhos, materiais para rebater as bolas (por exemplo, raquetes de madeira 
ou plástico, pequenas tábuas estreitas e compridas que podem servir como raquetes, 
cabos de vassoura curtos ou compridos, etc.). 
 Em um primeiro momento, questionar os alunos sobre as formas que poderiam 
ser encontradas para bater na bola de maneira a lançá-la para o colega, que por sua vez 
irá rebatê-la. Depois, propor que os alunos encontrem formas coletivas de jogos de 
rebater. Finalmente, convidar os alunos a expressar seu pensamento sobre: quais os 
jogos mais fáceis? Quais os mais difíceis? Quais os mais prazerosos? Quais os que 
podem ser feitos com os amigos na rua? 
Fonte: Coletivo de Autores (1992). 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
 
• Título: Preparando-se para ser professor. Passo a Passo: manual de didática 
• Autor: Adriana Salete Loss. 
• Editora: Appris. 
• Sinopse: Esta obra apresenta as contribuições da Professora Adriana Salete Loss, na 
área da Didática Geral, a partir das experiências empreendidas na docência no Ensino 
Médio e no Ensino Superior. A autora oferece ao leitor um Manual de Didática Geral. 
Perpassa o histórico da didática, a docência, o planejamento, os objetivos e conteúdos, 
a metodologia e a avaliação. A autora padronizou uma metodologia interessante, que 
facilita a compreensão do leitor: a problematização, o desenvolvimento da temática e o 
fechamento. Este Manual de Didática Geral poderá contribuir com a formação inicial e 
continuada de professores, tendo em vista que apresenta um material prático com 
abordagens inerentes à Didática Geral. 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
• Título: Billy Elliot. 
• Ano: 2001. 
• Sinopse: Billy Elliot (Jamie Bell) um garoto de 11 anos que vive numa pequena cidade 
da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as minas da cidade. Obrigado pelo 
pai a treinar boxe, Billy fica fascinado com a magia do balé, ao qual tem contato através 
de aulas de dança clássica que são realizadas na mesma academia onde pratica boxe. 
Incentivado pela professora de balé (Julie Walters), que vê em Billy um talento nato para 
a dança, ele resolve então pendurar as luvas de boxe e se dedicar de corpo e alma à 
dança, mesmo tendo que enfrentar a contrariedade de seu irmão e seu pai sua nova 
atividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades 
educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994. 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. 
 
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia de ensino da educação física. São Paulo: 
Cortez, 1992. 
 
COSTA, A. M.; SOUSA, S. B. Educação física e esporte adaptado: história, avanços e 
retrocessos em relação aos princípios da integração/inclusão e perspectivas para o 
século XXI. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 25, n. 3, 2004. 
 
GODOI, M. R.; BORGES, C. M. F. O trabalho curricular dos professores de 
educação física em tempos de reformas. Curitiba: CRV, 2019. 
 
KUNZ, E; PIRES, G. L.; MATIELLO JUNIOR, E.; NEVES, A.; SANTOS, A. S. B. 
Didática da educação física. Ijuí: Editora Unijuí, 2004. 
 
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 
 
PARANÁ. Diretrizes curriculares da Educação Básica Educação Física. Secretaria 
de Estado da Educação do Paraná, 2008. Disponível em: 
http://www.educacao.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2019-
12/dce_edf.pdf. Acesso em: 26 maio. 2021. 
 
TEIXEIRA, E. D. Educação Física: planejamento e propostas de aulas para o Ensino 
Fundamental baseadas nos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Revista Educação Pública, v. 20, nº 8, 2020. 
 
 
UNIDADE III 
INTERDISCIPLINARIDADE: A EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ALÉM DA QUADRA 
Professora Mestre Aline Mendes de Lima 
 
 
Plano de Estudo: 
• Entendendo a interdisciplinaridade; 
• Aspectos legais relacionados a interdisciplinaridade; 
• A Educação Física e possibilidades: foco na interdisciplinaridade. 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar a interdisciplinaridade; 
• Compreender os direcionamentos legais; 
• Estabelecer as possibilidades da Educação Física na interdisciplinaridade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Olá prezado (a) aluno (a)! Seja bem vindo (a) a Unidade III. O assunto agora é 
interdisciplinaridade. Você já refletiu sobre a importância de ter acesso a diferentes 
disciplinas e áreas do conhecimento? Será que esses diferentes olhares e 
conhecimentos apresentamrelação entre si? Qual a importância da 
interdisciplinaridade? Como estabelecer uma atuação interdisciplinar? 
 Nesta unidade você poderá compreender o que é considerado uma atuação 
interdisciplinar, as quatro competências ligadas a uma atuação interdisciplinar, e 
desafios. Você verá também alguns aspectos legais a partir da Lei das Diretrizes e Bases 
(Lei nº 9.394/1996) e as Diretrizes Curriculares do estado do Paraná (2008). 
 Por fim, considerando que a educação física é componente curricular integrado 
ao projeto político pedagógico da escola, segundo a Lei das Diretrizes e Bases, serão 
trazidas contribuições práticas dessa área do conhecimento e como é possível consolidar 
a atuação em Educação Física de forma interdisciplinar. 
 É importante que você, futuro profissional da Educação Física, se prepare para 
levar contribuições dessa área do conhecimento para o desenvolvimento como um todo 
dos alunos, bem como trabalhar de forma relacional com outras áreas. Em outras 
palavras, a prática interdisciplinar fará parte do seu dia a dia de trabalho e nessa unidade 
você terá acesso a conhecimentos e reflexões para essa prática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 ENTENDENDO A INTERDISCIPLINARIDADE 
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A educação ou a escola possuem a função de transcender a transmissão de 
conhecimentos, contribuindo também para formação, autonomia e cidadania. Em outras 
palavras, é importante que a escola ajude a desenvolver competências sociais, 
linguísticas, criativas, visão crítica (KUNZ et al., 2004). 
 Professores preocupados com essa formação geralmente buscam formas de 
introduzir elementos de ensino que levam a autonomia, reflexão, desenvolvimento 
humano como um todo (KUNZ et al., 2004). 
 O processo educativo é por condição interdisciplinar. Isso porque reflete a prática 
social, que é complexa e requer múltiplos enfoques, no caso o olhar de diferentes 
disciplinas. Em outras palavras, o conhecimento transmitido precisa ter relação com a 
prática humana, nisso reside o caráter interdisciplinar (FAZENDA, 1998). 
 Em relação à prática educativa e sua ligação com a prática humana, segundo 
Libâneo (1994) a educação é um fenômeno social à medida que prepara as pessoas 
para a vida em sociedade. 
 Consiste em um processo de prover os indivíduos de conhecimento e 
experiências culturais tornando-os aptos a atuar e efetuar transformações no meio social 
(LIBÂNEO, 1994). 
 Os conteúdos da prática educativa são experiências, valores, crenças, modos de 
agir, técnicas e costumes acumulados por várias gerações e transmitidos de forma a 
serem assimilados e recriados pelas gerações subsequentes (LIBÂNEO, 1994). 
 Portanto, diante da multiplicidade de conteúdos e questões que abrangem o 
processo educativo, é possível entender a interdisciplinaridade inerente a ele. 
Sobre o caráter interdisciplinar da prática educativa, Fazenda (1998) pontua que: 
- Há sempre articulação do todo com as partes e dos meios com os fins. 
- Deve ser sempre em função da prática, do agir, não só teoria. 
 
- Precisa ter uma intencionalidade partilhada, uma razão de ser. 
Segundo Fazenda (1998, p. 43): “não se trata apenas de uma justaposição de 
múltiplos saberes: é preciso chegar à unidade na qual o todo se reconstitui como uma 
síntese que, nessa unidade, é maior do que a soma das partes”. 
 Uma atuação interdisciplinar se constrói desde a formação e é possível citar 
quatro competências ligadas a essa atuação: intuitiva (buscar sempre novas alternativas, 
romper os planos rígidos e comuns), intelectiva (capacidade de refletir, analisar, 
organizar ideias), prática (organização espaço temporal), emocional (autoconhecimento, 
afeto) (FAZENDA, 1998). 
 Mas, quando falamos em interdisciplinaridade é importante se atentar a alguns 
pontos, como a fragmentação ou isolamento dos conteúdos e da prática profissional em 
detrimento da integração. Além do distanciamento entre o que é estudado e a realidade 
ou cotidiano dos alunos. 
 Fazenda (1998) chama atenção para a fragmentação dos componentes 
curriculares escolares. Na prática é como se os alunos recebessem conteúdos das 
disciplinas como se fossem isolados entre si. A autora destaca o quanto é importante 
que haja integração entre as diferentes áreas de conhecimento e as atividades didáticas. 
 Além desse fragmento dos conteúdos das disciplinas, acaba acontecendo nas 
escolas também uma divisão das atividades docentes, técnicas e administrativas, 
quando na verdade deveria acontecer integração e um caminhar no mesmo objetivo 
(FAZENDA, 1998). 
 Outra questão fundamental quando se fala em interdisciplinaridade é também 
alinhar os conteúdos com a vida cotidiana fora da escola. Isso dará sentido ao que é 
aprendido e promoverá muito mais desenvolvimento (FAZENDA, 1998). 
 Em relação à Educação Física, o que acontece na prática muitas vezes são 
profissionais que realizam seu trabalho de forma isolada e nem participam das reuniões 
pedagógicas da escola, ou ainda a utilização da Educação Física para atingir objetivos 
de outras áreas, por exemplo, a alfabetização ou até mesmo problemas de disciplina 
(FERRAZ; MACEDO, 2001). 
 A prática interdisciplinar realmente é complexa e desafiadora e precisa romper 
alguns obstáculos, como a própria tendência a fragmentar o conhecimento e a 
 
dificuldade em trabalhar especificidades mas de forma articulada (SOUZA; ROJAS, 
2008). 
 Segundo Fazenda (1998) a interdisciplinaridade só será efetiva na prática se o 
projeto educacional tiver bem claro e bem estabelecido os objetivos que deseja alcançar 
e se todos os envolvidos estiverem trabalhando na mesma direção. 
 A interdisciplinaridade precisa ser construída na prática: “rompidas as fronteiras 
entre as disciplinas, mediações do saber, na teoria e na pesquisa, impõe-se considerar 
que a interdisciplinaridade é condição também da prática social” (FAZENDA, 1998, p. 
41). 
 A educação é um fenômeno social, um meio de transmissão de conhecimentos e 
habilidades, desenvolvimento de capacidades intelectuais, pensamento crítico e criativo 
para que o indivíduo atue na transformação social (LIBÂNEO, 1994). 
 O professor é o responsável por conduzir o processo de ensino, ocupando dessa 
forma papel fundamental na sociedade e também grande responsabilidade social 
(LIBÂNEO, 1994). 
 Os conteúdos devem ser abordados na escola de forma contextualizada e sob 
relações interdisciplinares. É necessário ensinar o aluno a sempre colocar a prova o que 
lhe é ensinado, rompendo a rigidez e atemporalidade que muitas vezes são dados aos 
conhecimentos (PARANÁ, 2008). 
 Seguindo essa perspectiva, os conhecimentos apresentados aos alunos devem 
contribuir para a crítica às contradições sociais, políticas e econômicas presentes na 
sociedade (PARANÁ, 2008). 
 Os conhecimentos transmitidos aos alunos também devem proporcionar 
entendimento do que há de melhor naquilo que foi produzido cientificamente, a reflexão 
filosófica, a criação artística, nos contextos em que esses saberes se constituem 
(PARANÁ, 2008). 
 Para que isso ocorra a escola deve promover a prática pedagógica caracterizada 
por diferentes metodologias, concepções de ensino, formas diferenciadas de 
aprendizagem e avaliações, conscientizando professores e alunos da necessidade de 
uma transformação emancipadora (PARANÁ, 2008). 
 Portanto, como o foco do processo de ensino é formar o indivíduo como um todo, 
 
fica mais fácil compreender a importância da interdisciplinaridade e de que o professor 
seja especialista na sua área mas converse e se integre com as demais. 
 
 
 
 
 
2 ASPECTOS LEGAIS RELACIONADOS A INTERDISCIPLINARIDADE 
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wooden-judges-616259696 
 
Segundo o artigo 2º da Resolução de 03/1998, “as propostaspedagógicas das 
escolas deverão assegurar tratamento interdisciplinar e contextualizado para Educação 
Física e Arte como componentes curriculares obrigatórios”. 
 A Lei das Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/1996) traz que a integralização curricular 
pode incluir projetos e pesquisas que envolvam temas transversais, como exibição de 
filmes de produção nacional, direitos humanos e prevenção de violência contra crianças 
e adolescentes, educação alimentar e nutricional. 
 Conforme a Resolução de 03/1998 Art. 6º “Os princípios pedagógicos da 
Identidade, Diversidade e Autonomia, da Interdisciplinaridade e da Contextualização, 
serão adotados como estruturadores dos currículos do ensino médio”. 
 Nesse sentido, uma das contribuições da Educação Física pode ser aliar as 
práticas ligadas a cultura corporal ou atividades que envolvam movimento mas que 
tenham como tema norteador alguns temas transversais ou os princípios estruturadores, 
como os mencionados na Lei das Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996) e na Resolução de 
03/1998. 
Em relação a interdisciplinaridade, algumas considerações são (BRASIL, 1998): 
- O princípio é de diálogo entre todos os conhecimentos, no sentido de questionamento, 
negação, complementação, ampliação, esclarecimentos. 
- O ensino não deve ficar apenas na descrição, mas sim promover nos alunos a 
capacidade de analisar, explicar, prever e intervir. Essas habilidades serão mais 
facilmente desenvolvidas justamente por meio da integração das diferentes disciplinas 
ou áreas de conhecimento. Cada área do conhecimento deve ter sua contribuição para 
 
o estudo comum de problemas concretos, ou desenvolvimento de projetos de 
investigação e/ou ação. 
- As disciplinas são recortes das áreas de conhecimentos que representam e não são 
suficientes para explicar isoladamente a realidade dos fatos físicos e sociais. Por isso 
mesmo é importante buscar interações que permitam uma compreensão mais ampla da 
realidade. 
- O objetivo comum é a aprendizagem dos alunos, para isso as disciplinas devem ser 
didáticas e estimular competências comuns ao mesmo tempo em que contribuem para 
o desenvolvimento de diferentes capacidades. A complementaridade entre as disciplinas 
é indispensável para um desenvolvimento intelectual, social e afetivo mais completo e 
integrado. 
- A escola apresenta ampla responsabilidade de contribuir para a constituição de 
identidades que integram conhecimentos, competências e valores que permitam o 
exercício pleno da cidadania e a inserção no mundo do trabalho. 
Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008) as relações 
interdisciplinares se estabelecem quando: 
- Conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina auxiliam a compreensão de um recorte 
de conteúdo qualquer de outra disciplina; 
- Ao tratar do objeto de estudo de uma disciplina, buscam-se conceitos, referenciais 
teóricos e conhecimentos de outras disciplinas que possibilitem uma abordagem mais 
abrangente desse objeto. 
As diretrizes curriculares do Estado do Paraná (2008) trazem os aspectos 
interdisciplinares até mesmo como base do currículo escolar. Durante a elaboração das 
diretrizes foram considerados para constituição das disciplinas a sua relevância e relação 
com as ciências de referência, 
Isso significa que apesar das diferenças na abordagem, em outras palavras, 
apesar das especificidades de cada disciplina, todas devem se estruturar a partir dos 
 
mesmos princípios epistemológicos e cognitivos, e trazer contribuições e aplicações 
práticas no dia a dia e realidade dos alunos (PARANÁ, 2008). 
 No entanto, as especificidades apresentam seu valor. O aprofundamento dos 
conhecimentos organizados nas diferentes disciplinas escolares são requisito básico 
para o estabelecimento e consolidação efetiva das relações interdisciplinares. É preciso 
um bom conhecimento específico para a compreensão da totalidade (PARANÁ, 2008). 
 Um ponto importante é que incluir no projeto político da escola e trabalhar a 
interdisciplinaridade também requer clareza e atuação sobre a concepção de formação 
que se deseja aderir, seja conservadora ou crítica (PARANÁ, 2008). 
 Dependendo da forma como é trabalhada, a interdisciplinaridade pode apresentar 
papel fundamental no desenvolvimento da visão crítica nos alunos. Segundo as diretrizes 
curriculares do Estado do Paraná (2008, p. 20): 
Tal perspectiva (perspectiva interdisciplinar) se constitui, também, como 
concepção crítica de educação e, portanto, está necessariamente condicionada 
ao formato disciplinar, ou seja, à forma como o conhecimento é produzido, 
selecionado, difundido e apropriado em áreas que dialogam mas que constituem-
se em suas especificidades. 
A efetividade da prática interdisciplinar se dará pela adequada articulação das 
disciplinas cujos conceitos, teorias e práticas enriquecem a compreensão dos conteúdos 
umas das outras (PARANÁ, 2008). 
 Importante destacar que a interdisciplinaridade no ensino dos conteúdos 
escolares evidencia as limitações das disciplinas em uma abordagem isolada, mas 
também mostra as especificidades de cada disciplina para uma possível compreensão 
de um objeto qualquer (PARANÁ, 2008). 
 
 
 
 
3 A EDUCAÇÃO FÍSICA E POSSIBILIDADES: FOCO NA INTERDISCIPLINARIDADE 
 
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A educação física é componente curricular integrado ao projeto político 
pedagógico da escola segundo a Lei das Diretrizes e Bases (n.9.394/1996) consolidando 
a perspectiva de que o homem é um ser em movimento, que se relaciona com o mundo 
por meio do movimento. 
 Nesse sentido, podemos falar em cultura do movimento, que é (KUNZ et al., 2004, 
p. 62): 
conjunto integrado de ações e significados relacionados ao movimento, 
compartilhado por determinado grupo ou comunidade num determinado espaço 
e tempo, e que o caracteriza, funcionando como mecanismo identitário, formativo 
e regulador dessa esfera da vida social. 
Portanto, a Educação Física é uma área do conhecimento com foco nas práticas 
corporais de movimento e apresenta especificidades pedagógicas. No entanto, o 
professor de educação física pode e deve se apoiar nessas especificidades para 
construir trabalhos interdisciplinares, dialogando e contribuindo para outras áreas 
(SOUZA; ROJAS, 2008). 
 Fala-se muito sobre uma educação para formação cultural, humana, pautada no 
aprender a aprender e nos valores humanos. A Educação Física traz importante 
contribuição nesse sentido já que o diálogo primário com o mundo desde o nascimento 
ocorre por meio de movimentos (KUNZ et al., 2004). 
 É pelo movimento que entendemos o mundo e as pessoas ao nosso redor. Logo, 
se movimentar livremente é uma das formas de tirar as amarras das referências externas 
que nos são impostas o tempo todo (KUNZ et al., 2004). 
 Em relação aos valores humanos, a Educação Física apresenta muito potencial 
para trazer contribuições para o desenvolvimento da cidadania dos alunos, abordando 
temas como ética, saúde, pluralidade cultural, meio ambiente, sexualidade (TEIXEIRA, 
2020). 
 A partir das práticas corporais a Educação Física pode trazer diversas 
contribuições a nível interdisciplinar. Como ajudar a melhorar as interações sociais, o 
 
agir, gesticular, se movimentar, que são ações fundamentais para a aprendizagem de 
um modo geral (SOUZA; ROJAS, 2008). 
 Segundo Souza e Rojas (2008, p. 209) “o fazer motor é envolver-se, concentrar-
se, estar atento, realizar operações mentais com os conceitos expostos e necessários 
de todos os tipos”. 
 Em se tratando da educação infantil, por exemplo, o movimento corporal, os 
gestos, motricidade, interação com brinquedos e brincadeiras são bases para o 
desenvolvimento de uma forma geral, o que implica na interdisciplinaridade (SOUZA; 
ROJAS, 2008). 
 A motricidade também vem carregada de significado e possibilidades,considerando que é uma forma de experimentar e interagir, possibilitando descobertas e 
conhecimentos sobre si, sobre o outro e o mundo. O controle motor contribui para o 
desenvolvimento pleno e para a autonomia (SOUZA; ROJAS, 2008). 
 Em relação ao desenvolvimento da autonomia por meio da educação física, Kunz 
et al. (2004) chamam atenção para a forma que o mundo atual está organizado e o 
quanto as crianças estão sendo submetidas a diversas atividades além de receber 
informações na velocidade do mundo eletrônico. 
 Antes mesmo das crianças descobrirem o mundo, lhe são impostas as referências 
do mundo dos adultos, como, por exemplo, uma agenda lotada desde cedo. As crianças 
precisam receber o acesso às mais modernas tecnologias e conhecimentos, no entanto, 
há que se ter um cuidado para que isso não escravize nem tira a sensibilidade emocional 
afetiva, nem aliene totalmente as crianças (KUNZ et al., 2004). 
 A recreação e os jogos, no ensino infantil, são uma oportunidade de experimentar, 
descobrir, inventar, exercitar e conhecer as próprias habilidades. Há estímulo da 
curiosidade, iniciativa e autoconfiança. Habilidades que ajudarão a melhorar a 
aprendizagem, o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da atenção (SOUZA; 
ROJAS, 2008). 
Segundo Souza e Rojas (2008, p. 217): 
 
 
A Educação Física, ao desenvolver ludicamente as habilidades básicas tais 
como correr, saltar, pular, balançar, equilibrar, escorregar, rastejar, cair, puxar, 
empurrar, sentar, explorar, observar, esconder, ordenar, manipular, e muitas 
outras, estará contribuindo para o crescimento intelectual, social, e motor da 
criança. 
 O movimento permite expressão de pensamentos, sentimentos e emoções. 
Integra emoções e relações sociais. Muitas vezes é visto como algo que impede a 
concentração e prejudica a aprendizagem. Mas, na verdade, é um caminho possível 
integrar conhecimentos das diversas disciplinas com atividades caracterizadas por 
movimento e ludicidade (SOUZA; ROJAS, 2008). 
 Há uma estreita relação entre o movimentar-se e a capacidade de planejar e 
antecipar ações, construção do pensamento, apropriação da cultura. O movimento é 
muito mais que simplesmente se deslocar no espaço (FERRAZ; MACEDO, 2001). 
 Nesse sentido, o lúdico e o movimento são fundamentais para o aprendizado e 
desenvolvimento das pessoas. E deve fazer parte não apenas das aulas de Educação 
Física, mas também nas atividades de outras disciplinas e áreas do conhecimento 
(SOUZA; ROJAS, 2008). 
 É consenso que a prática de atividade física por meio de jogos e brincadeiras na 
infância é muito saudável e favorável ao desenvolvimento. E também é importante para 
um autoconhecimento (KUNZ et al., 2004). 
 A educação física também apresenta papel fundamental no que se refere ao 
autoconhecimento no sentido de proporcionar experiências de movimentos que 
permitem entrar em contato com as próprias capacidades e limitações corporais (KUNZ 
et al., 2004). 
 Segundo Kunz et al. (2004, p.24 - 25): “A linguagem e o movimentar-se humano 
(como diálogo com o mundo) são as poucas possibilidades que ainda nos restam para 
uma melhor compreensão de quem somos e ter, a partir deles, uma melhor consciência 
do mundo em que vivemos”. 
 Um tema que diz respeito a diversas áreas do conhecimento mas que são 
facilmente trabalhados nas aulas de Educação Física são os valores. Atividades que 
envolvam respeito, tolerância, dignidade, confiança, perseverança (FERRAZ; MACEDO, 
2001). 
 
 É possível e necessário superar a fragmentação do conhecimento e construir uma 
Educação Física focada na articulação de todas as capacidades do aluno. É importante 
um diálogo com as diversas áreas do conhecimento revendo conteúdos, métodos, 
processos de aprendizado e desenvolvimento pautados também nas práticas corporais 
(SOUZA; ROJAS, 2008). 
 Não é o caso de inventar novos conteúdos da educação física, mas ressignificar 
os conteúdos tradicionalmente inseridos nos currículos escolares (esportes, danças, 
ginásticas, lutas, jogos e brincadeiras) (KUNZ et. al., 2004) e articular as contribuições 
com outras áreas do conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
Lúdico é uma forma de expressão humana, ou seja, é uma linguagem humana. É 
caracterizado pela expressão de alegria, diversão e prazer. Pode se manifestar por meio 
de brincadeiras, jogos ou em aulas de uma forma geral. 
Fonte: Gomes (2004). 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
Nesta unidade você teve acesso a conteúdos ligados à importância de articular a 
Educação Física com outras áreas do conhecimento. Pensando nisso, como você, 
enquanto professor de Educação Física, poderia trabalhar o raciocínio lógico e 
matemático aliado a coordenação motora? Pense em possíveis atividades e brincadeiras 
que podem ser trabalhadas na aula de Educação Física. 
Fonte: a autora. 
 
O desenvolvimento da moral e boa convivência social são pontos a serem desenvolvidos 
no ser humano de uma forma geral. A escola apresenta papel fundamental nesse 
sentido. Mas qual o papel e quais são as possíveis contribuições da Educação Física? 
Fonte: a autora. 
#REFLITA# 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Sabemos que a educação prepara as pessoas para a vida em sociedade e 
transformação social. O processo educativo é fundamentalmente interdisciplinar já que 
reflete a prática social e requer diferentes olhares, envolvendo então diversas disciplinas 
ou áreas do conhecimento. 
 Uma atuação interdisciplinar está ligada a quatro competências: intuitiva, 
intelectiva, prática e emocional. Alguns desafios são a fragmentação ou isolamento dos 
conteúdos e o distanciamento entre o que é estudado e a realidade dos alunos. 
 Nesta unidade você aprendeu algumas definições e direcionamentos legais 
quanto à prática interdisciplinar a partir da Lei das Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/1996) 
e as Diretrizes Curriculares do estado do Paraná (2008). 
 Falar em interdisciplinaridade é considerar que embora existam diferentes 
disciplinas, todas devem se estruturar a partir dos mesmos princípios, estabelecer 
relações entre si e trazer contribuições e aplicações práticas no dia a dia e realidade dos 
alunos. 
 Em relação a Educação Física, você viu que é possível e necessário construir 
práticas interdisciplinares a partir das práticas corporais, do movimento, contribuindo 
para a formação social, descobrir a si mesmo e o mundo, aprendizagem e 
desenvolvimento como um todo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
Nesta unidade você viu a importância de usar a criatividade para trabalhar 
conteúdos da Educação Física de forma interdisciplinar. O texto a seguir apresenta uma 
sugestão de trabalho que contempla questões da Educação Física aliadas a alguns 
outros temas sociais e transversais. 
 Exercício físico aliado a conteúdos que são trabalhados em outras disciplinas, 
como, por exemplo, da área das Ciências, ou mais especificamente, Geografia, História, 
Matemática e Biologia. 
 
Como trabalhar temas sociais e transversais aliados à prática de exercício físico? 
Transpondo os muros da escola e dentro das possibilidades, você pode se juntar 
a professores de outras disciplinas e construir um evento a ser realizado em contato com 
a natureza mas que possa trabalhar diversos temas, atividades e reflexões 
interdisciplinares. 
 Por exemplo, propor aos alunos uma atividade de acampamento na natureza. 
Nesse caso é possível oferecer aos alunos diversas atividades, desde o planejamento 
de quais materiais levar, o trabalho em equipe para montagem das barracas, além da 
possibilidade de praticar caminhadas recreativas, natação em rios, lagos ou mar, 
montanhismo e outros. Também é possível explorar a fauna e flora. 
 Alguns temas que podem ser trabalhados enquanto se explora o ambiente são a 
questão da devastação ou preservação do meio ambiente, a contradição de ser o homem 
ao mesmo tempo construtor epredador, questões ligadas a geografia, ciências da 
natureza, biologia, curiosidades sobre animais, plantas, história do local. 
 São diversas as possibilidades contemplando Educação Física, Matemática, 
História, Geografia e Biologia. É uma possibilidade bastante desafiadora e complexa, 
mas vem mostrar que é possível construir ações interdisciplinares. 
 
É possível realizar atividades ou eventos que contemplem especialidades ou 
questões mais próximas da Educação Física (como nadar, caminhar, correr, escalar, 
dentre outros movimentos ou práticas corporais) ao mesmo tempo em que são aliadas e 
integradas a outros temas ou assuntos de outras áreas do saber. 
 Com um pouco de criatividade e trabalho em equipe, a interdisciplinaridade vai se 
tornando possível e ajudando a construir e desenvolver indivíduos com visão crítica, 
autonomia, conhecimentos gerais e integrados, e aptos a transformar seu ambiente 
social. E a Educação Física certamente pode trazer grandes contribuições nesse 
desenvolvimento e formação de pessoas. 
Fonte: a autora com base em Coletivo de Autores (1992). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Educação Física: interdisciplinaridade, aprendizagem e inclusão 
• Autor: Vanja Ferreira. 
• Editora: Sprint. 
• Sinopse: Muito se tem falado sobre a contribuição da interdisciplinaridade na ciência e 
na educação. Esse livro, encontra subsídios que estabelecem a inter-relação da 
disciplina Educação Física com as demais disciplinas do currículo escolar, explicitando 
sua importância na formação integral do educando, mostrando sua contribuição no 
processo de construção do conhecimento e ainda demonstrando de que maneira a 
Educação Física pode contribuir para o processo de inclusão escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: Vem dançar 
• Ano: 2005 
• Sinopse: Pierre Dulaine (Antonio Banderas) é um dançarino de salão profissional, que 
se torna voluntário para dar aulas de dança em uma escola pública de Nova York. Pierre 
tenta apresentar seus métodos clássicos, mas, logo enfrenta resistência dos alunos, 
mais interessados em hip hop. É quando deste confronto nasce um novo estilo de dança, 
mesclando os dois lados e tendo Pierre como mentor. O filme retrata a mudança de 
comportamento dos alunos que eram considerados rebeldes. Pierre dá aula para alunos 
que ficavam na sala de retenção devido a mau comportamento. Conforme o professor 
de dança confia neles e busca os entender para além desse mau comportamento, os 
ajuda a descobrirem seu potencial e habilidades. 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 02 
 
• Título: Duelo de Titãs 
• Ano: 2001 
• Sinopse: Em 1971, a diretora de uma escola de ensino médio em Alexandria, no estado 
da Virgínia, é forçada a integrar adolescentes negros a um colégio só de brancos. Então, 
ela contrata Herman Boone, um técnico negro, para comandar o time de futebol 
americano da instituição. O entusiasmo com o famoso e venerado esporte é colocado à 
prova pela tensão racial, enquanto Boone sofre preconceitos raciais por parte dos demais 
técnicos e até mesmo de jogadores do seu time. Mas, aos poucos ele conquista o 
respeito de todos e torna-se um grande exemplo para o time e também para a pequena 
cidade em que vive. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases 
da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 18 mai. 
2021. 
 
BRASIL. Resolução CEB nº3, 26 de junho de 1998. Institui as diretrizes curriculares 
nacionais para o ensino médio. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de junho de 1998. 
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_98.pdf. Acesso em: 24 
mai. 2021. 
 
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia de ensino da educação física. São Paulo: 
Cortez, 1992. 
 
FAZENDA, I. C. A. Didática e interdisciplinaridade. Campinas, SP: Papirus, 1998. 
 
FERRAZ, O. L.; MACEDO, L. Educação física na educação infantil do município de São 
Paulo: diagnóstico e representação curricular em professores. Revista Paulista 
Educação Física, v. 15, n. 1, p. 63-82, 2001. 
 
GOMES, C. L. Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. 
 
KUNZ, E; PIRES, G. L.; MATIELLO JUNIOR, E.; NEVES, A.; SANTOS, A. S. B. 
Didática da educação física. Ijuí: Editora Unijuí, 2004. 
 
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 
 
PARANÁ. Diretrizes curriculares da Educação Básica Educação Física. Secretaria 
de Estado da Educação do Paraná, 2008. Disponível em: 
http://www.educacao.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2019-
12/dce_edf.pdf. Acesso em: 26 maio. 2021. 
 
PESSOA, V. I. F. Currículo e interdisciplinaridade na formação de professores. Rio 
Branco: Edufac, 2016. 
 
SOUZA, R. S. E.; ROJAS, J. Educação Física e interdisciplinaridade na Educação de 
Infância. Motrivivência, n. 31, p. 207 - 222, 2008. 
 
TEIXEIRA, E. D. Educação Física: planejamento e propostas de aulas para o Ensino 
Fundamental baseadas nos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Revista Educação Pública, v. 20, nº 8, 2020. 
 
UNIDADE IV 
PROFESSOR E OS PROJETOS INTERDISCIPLINARES NA ESCOLA: DESAFIOS E 
POSSIBILIDADES 
Professora Mestre Aline Mendes de Lima 
 
Plano de Estudo: 
• Papel do Professor de Educação Física; 
• Criando e executando projetos interdisciplinares na escola; 
• Avaliação no contexto da interdisciplinaridade; 
• Desafios: alunos e comunidade escolar. 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Contextualizar o papel do professor de Educação Física; 
• Estabelecer a construção e atuação em projetos interdisciplinares; 
• Compreender a avaliação em Educação Física Escolar; 
• Expor alguns desafios da atuação interdisciplinar em Educação Física. 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Seja muito bem vindo (a) a Unidade IV “Professor e os Projetos Interdisciplinares 
na escola: desafios e possibilidades”. Nessa unidade daremos continuidade ao tema 
interdisciplinaridade que teve início na unidade anterior. 
 Você vai poder compreender um pouco mais a fundo o papel do professor de 
Educação Física diante da interdisciplinaridade. Além disso, serão apresentadas 
algumas questões ligadas à construção de um projeto interdisciplinar, os benefícios de 
uma atuação interdisciplinar. 
 Também serão apresentados alguns pressupostos para que um projeto 
interdisciplinar ocorra, e algumas possibilidades e ferramentas para consolidação de uma 
prática interdisciplinar por parte do professor de Educação Física. 
 Outro assunto dessa unidade é a avaliação. Será feita uma contextualização de 
como geralmente ocorrem as avaliações, bem como sugestões de como organizá-la e 
estruturá-la, pensando também na Educação Física enquanto saber interdisciplinar. 
 Por fim, o último tópico desta unidade consiste em uma reflexão sobre os desafios 
de uma prática interdisciplinar e o papel dos professores, alunos e comunidade escolar 
em geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
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Quando se fala em interdisciplinaridade, a Educação Física tem suas implicações 
no fazer coletivo, no planejamento e tomada de decisão em grupo, desenvolvendo 
trabalhos que aproximem a Educação Física dos ideais institucionais e curriculares 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 O papel do professor de Educação Física é articular a prática de ensino ao projeto 
histórico. Em outras palavras, alinhar a prática ao projeto político pedagógico da escola 
e ao ser humano que se deseja formar, trabalhando na mesma direção com as demais 
disciplinas (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Os conteúdos e práticas, metodologias do ensino, a transmissão e avaliação de 
conteúdosdevem ser constantemente analisados e referenciados nos interesses 
coletivos, no projeto pedagógico e no projeto histórico (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Além disso, o processo ensino-aprendizagem da Educação Física envolve 
aspectos de conhecimento, habilidades e atitudes, e também as condutas sociais dos 
alunos nas suas mais diversas manifestações, tendo a expressão corporal como 
linguagem (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Quando se fala de formação global do aluno, são importantes algumas 
considerações quanto à Educação Física. Tradicionalmente a Educação Física se 
resume aos exercícios físicos e ginástica ou aos esportes e jogos (KUNZ et. al., 2004). 
 É importante ter o cuidado de não fomentar vivências e experiências de sucesso 
para uma minoria e de insucesso para outros por meio da ênfase na competitividade e 
concorrência (KUNZ et al., 2004). 
 Além disso, outro cuidado é não cair em situações em que durante uma aula, por 
exemplo, dar atenção aos considerados "mais capazes" em detrimento dos demais. 
Atenção em não ficar classificando os alunos entre os "mais" e "menos" capazes para a 
realização das atividades (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Importante destacar a questão do esporte, que também é muito tradicional e 
abrangente no campo da Educação Física especialmente como componente curricular 
do ensino fundamental e médio. Algumas críticas a essa tradição são a tendência à 
 
exclusão, competitividade exagerada, especialização precoce (KUNZ et al., 2004). 
 No entanto, a Educação Física não pode abandonar o esporte. Nesse sentido é 
importante buscar uma construção de um esporte escolar, mantendo o acesso aos 
fundamentos técnicos e táticos necessários para o aprendizado de uma modalidade, mas 
usando-o principalmente como ferramenta de desenvolvimento humano (KUNZ et al., 
2004). 
 O professor de Educação Física pode adotar uma postura de permitir erros, em 
vez de punir. Contribuir para a construção de uma perspectiva na qual o erro faz parte 
do processo ensino aprendizagem (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Outro ponto importante em relação ao papel do professor de Educação Física é a 
avaliação. Ela geralmente é usada predominantemente pelos professores e alunos para 
atender as normas da escola e legislação vigente, seleção de alunos para competições 
ou apresentações (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Além disso, geralmente é feita pela consideração da “presença” em aula como 
critério de aprovação ou, são feitas medidas biométricas (peso, altura etc.) e de técnicas 
(execução de gestos técnicos, destreza motora, qualidades físicas) (COLETIVO DE 
AUTORES, 1992). 
 O problema é que essa forma de avaliação e de ensino pode transformar a 
educação física escolar numa atividade desestimulante e segregadora, especialmente 
para os alunos que não apresentam habilidades excepcionais ou que não tenham gosto 
ou interesse pelo rendimento esportivo (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Portanto, é importante que o professor de Educação Física construa uma prática 
em conformidade com o projeto escolar e os demais professores, bem como com o 
modelo de homem que deseja ajudar a formar. Uma atuação que priorize cooperação e 
evolução pessoal em detrimento a comparações. 
 
 
 
2 CRIANDO E EXECUTANDO PROJETOS INTERDISCIPLINARES NA ESCOLA 
 
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hands-1647822502 
A interdisciplinaridade por definição requer a existência de pelo menos duas 
disciplinas bases distintas e uma relação ou interação entre elas (GERMAIN, 1991 apud 
FAZENDA, 1998). 
 Considerando que a prática interdisciplinar requer integração de conhecimentos, 
algumas questões norteadoras a serem feitas são: por que integrar? (Favorecer a 
integração das aprendizagens e dos saberes? Favorecer a gestão de classe? Promover 
um trabalho temático?), o que integrar? (Objetos de estudo? Estratégias de ensino? 
Técnicas?), quem integra? (Professores? Alunos? Idealizadores de programas?), como 
integrar? (Quais são os métodos? Procedimentos? Situações didáticas?) (FAZENDA, 
1998). 
 Alguns benefícios da atuação interdisciplinar são alunos mais motivados, com 
melhores condições de lidar com questões e problemas complexos, maior criatividade e 
atenção, melhor assimilação por conta das múltiplas conexões, desenvolvimento 
acadêmico, cognitivo e afetivo. Outros benefícios são conhecimento em campos 
específicos e conhecimento geral, pensamento crítico, preparação para graduação ou 
profissionalização (FAZENDA, 1998). 
 A ação interdisciplinar requer parceria a medida que envolve integração de 
saberes diferentes daquele em que se é especialista. Isso faz com que os professores 
precisem dialogar uns com os outros e trabalhar em parceria. Isso é positivo do ponto de 
vista de que gera também conhecimentos mais elaborados (PESSOA, 2016). 
 O problema é que é muito comum acontecer de uma equipe de professores 
lecionarem em conjunto no início de um curso, programa ou até mesmo ano letivo, 
depois, conforme vão ficando mais seguros com as perspectivas de outras disciplinas, 
partem para um trabalho individual (FAZENDA, 1998). 
 Nesse sentido, vale ressaltar a importância de reuniões periódicas entre os 
docentes como ferramenta importante para o trabalho interdisciplinar. Não só no início 
do ano ou do trabalho, mas de forma regular. Isso porque as reuniões favorecem um 
espaço de troca, de ouvir outros saberes, compartilhar experiências e estratégias e se 
manter trabalhando em equipe (PESSOA, 2016). 
 
 Algumas maneiras de trabalhar a interdisciplinaridade são por meio de seminários 
de encerramento do último semestre, projetos finais, alinhamento de disciplinas 
trabalhando de forma paralela, agrupamento de disciplinas em torno de seminários 
integradores comuns, experiências externas como trabalhos de campo (FAZENDA, 
1998). 
 Uma ferramenta interessante também para a prática interdisciplinar é a memória 
registro. Consiste no registro por parte dos alunos da sua história enquanto estudante: 
resultados de trabalhos, dificuldades e pontos positivos do processo de ensino 
aprendizagem em geral (PESSOA, 2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 AVALIAÇÃO NO CONTEXTO DA INTERDISCIPLINARIDADE 
 
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hand-drawn-1602169003 
A avaliação do ponto de vista tradicional foi criada pensando na preparação para 
o vestibular. Mas, após reformas educacionais entende-se que novas formas de 
conceber o ensino e novas formas de avaliação devem ser pensadas, com foco no 
desenvolvimento máximo das capacidades dos alunos, para além do conseguir o 
máximo número de alunos na universidade (DARIDO, 2017). 
 Em outras palavras, “a avaliação do processo ensino-aprendizagem é muito mais 
do que simplesmente aplicar testes, levantar medidas, selecionar e classificar alunos” 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 68). 
 No que se refere a Educação Física, existe a perspectiva tradicional ou 
esportivista na qual ocorrem avaliações com foco na medição (medidas antropométricas) 
e desempenho das habilidades físicas e motoras. É marcada por um modelo ideal, uma 
norma ou padrão correspondente ao desempenho esperado (DARIDO, 2017). 
 Por exemplo, teste de suficiência física, aplicado no início do ano e eficiência física 
no fim do ano. Exercícios de verificação da força (abdominal, membros superiores – 
flexão no solo, barra, e banco) e de coordenação geral (burpee). A partir das repetições 
os alunos são classificados em fraco, regular, bom e excelente (DARIDO, 2017). 
 As limitações dessa perspectiva são a aplicação mecânica, descontextualizada e 
aleatória: não se explicam os objetivos nem há vinculação desses exercícios com o 
conteúdo trabalhado no decorrer do ano. A avaliação tem caráter punitivo, classificatório 
ou de seleção (DARIDO, 2017). 
 Esse modelotradicional de Educação Física escolar, bem como a forma de 
avaliação, passou a ser alvo de críticas. O argumento é de que a avaliação deveria ser 
mais do que uma tabela de pontos (DARIDO, 2017). 
 A preocupação então se volta para aspectos internos do indivíduo, principalmente 
as dimensões psicológicas (considera-se que cada aluno chega com determinado nível 
de conhecimento, experiências anteriores e características pessoais) (DARIDO, 2017). 
 A autoavaliação passa a ser valorizada considerando que apenas o indivíduo 
conhece sua própria experiência, podendo definir o que é significativo da aprendizagem 
 
das tarefas (DARIDO, 2017). 
 Nesse sentido, surgiu a Abordagem Crítica/ Proposta Crítico Superadora com foco 
expandido para o como se adquire conhecimento, valorizando a contextualização dos 
fatos e o resgate histórico. Nessa perspectiva a avaliação é uma referência para analisar 
a aproximação ou distanciamento em relação ao eixo circular que norteia o projeto 
pedagógico da escola (DARIDO, 2017). 
 Aos poucos o paradigma de quantificação e aplicação de testes foi sendo 
abandonado e dando espaço para um modelo mais qualitativo, seguindo critérios de 
observação e frequência. O objeto de avaliação não é mais o resultado obtido pelo aluno 
e sim o processo de ensino-aprendizagem. O objeto de avaliação não é mais só o aluno 
e sim toda a equipe que integra o processo (DARIDO, 2017). 
 Na prática, muitos professores usam critérios ligados à participação, interesse e 
frequência do que resultados em testes físicos. Mas, poucos informam aos alunos sobre 
esses critérios. Parece que falta ao professor tratar a avaliação como um processo do 
interesse geral. Também há pouca diversificação dos critérios, o critério quase que 
exclusivo é a participação (DARIDO, 2017). 
 No entanto, não podemos ignorar a complexidade do objeto da Educação Física 
que é o movimento. Há uma infinidade de fatores envolvidos (força muscular, resistência, 
agilidade, equilíbrio, ritmo, sentimentos, cognição, afetividade, experiências anteriores, 
conhecimento, etc.) o que dificulta também o estabelecimento de critérios de avaliação 
(DARIDO, 2017). 
 Nesse sentido, alguns pontos a serem considerados são: por que avaliar? Quem 
avalia? Como avaliar? O que avaliar? Quando avaliar? (DARIDO, 2017). 
 A avaliação deve dar ao professor elementos para uma reflexão contínua sobre 
sua prática (escolha de competências, objetivos, conteúdos e estratégias), quais 
aspectos devem ser revistos ou ajustados para o processo de ensino aprendizagem 
(DARIDO, 2017). 
 Para o estudante a avaliação é tomada de consciência de suas conquistas, 
dificuldades e possibilidades. Para a escola é uma forma de ajudar a reconhecer 
prioridades e ações educacionais que demandam maior apoio (DARIDO, 2017). 
 Portanto, a avaliação contribui para o autoconhecimento e análise das etapas já 
 
vencidas, para alcançar objetivos previamente traçados. É um processo contínuo de 
diagnóstico da situação com a participação de professores, alunos e equipe pedagógica 
e que deve ser informada desde o início do ano letivo sobre a forma de avaliação 
(DARIDO, 2017). 
 A avaliação deve cumprir a função de expor as condições gerais dos alunos, 
fornecer dados reais e concretos para dar base para as decisões didático-metodológicas 
em relação aos ciclos de aprendizagem (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Em relação a quem avalia, os alunos devem participar da definição de critérios. 
Professores devem expor as necessidades. A autoavaliação do aluno é uma boa forma 
de desenvolvimento de autonomia. Também é indicada avaliação dos professores e 
processo de ensino (DARIDO, 2017). 
 É importante que os envolvidos no processo de avaliação participem ativamente 
da construção da avaliação. Ao aluno deve ser dada a oportunidade de expressar seus 
objetivos e participar da avaliação (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 Possíveis formas de avaliar são por meio de registros sistemáticos em fichários 
cumulativos, reservando um período em algumas aulas para que os alunos façam 
autoavaliação e avaliação da equipe pedagógica. Analisar o conhecimento sobre um 
assunto antes e depois de estudá-lo é outra opção (DARIDO, 2017). 
 Os alunos também podem ser avaliados de forma sistemática (observações das 
situações de vivência, perguntas e respostas formuladas durante as aulas) ou de forma 
específica (provas, pesquisas, relatórios, apresentações). É importante adotar formas de 
verificação do conhecimento mais diversificadas possível (DARIDO, 2017). 
 A respeito dos conteúdos da avaliação, algumas sugestões são (DARIDO, 2017): 
- Aquisição de competências, habilidades, conhecimentos e atitudes dos alunos 
- Dimensões cognitivas (competências e conhecimentos), motora (habilidades motoras 
e capacidades físicas) e atitudinais (valores). Devem estar integradas no processo de 
aprendizagem, mas na avaliação pode-se priorizar uma delas. 
- Provas teóricas, trabalhos, seminários, gravações, observações sistemáticas, testes de 
capacidades físicas. 
 
Sobre “quando avaliar” é importante que seja feita uma avaliação inicial. Algumas 
questões a serem feitas são (DARIDO, 2017): 
- O que os alunos sabem em relação ao que eu quero ensinar? 
- Quais experiências anteriores eles tiveram em relação ao conteúdo? 
- Quais os seus interesses? 
- Quais os estilos de aprendizagem? 
 Essa é uma avaliação diagnóstica, que ajudará o professor a conhecer melhor 
seus alunos. Outros tipos de avaliação são a avaliação formativa, que corresponde ao 
processo e ocorre no decorrer das aulas (pode ser feita ao final de cada aula ou em 
qualquer situação para melhorar o processo de ensino aprendizagem). E a avaliação 
informativa, que ocorre ao final do processo (DARIDO, 2017). 
 Para avaliação é importante considerar três dimensões: conceitual, atitudinal e 
procedimental. A avaliação na dimensão conceitual é caracterizada por (DARIDO, 2017): 
- Saber se os alunos aprenderam o conteúdo, adquiriram conhecimento 
- Provas teóricas 
- Observar o uso dos conceitos em diferentes situações/ aplicabilidade dos conteúdos 
- Uma forma de avaliar é observar o uso dos conceitos em trabalhos de equipe, debates, 
exposições, conversas entre os alunos. A prova escrita resolve o problema da dificuldade 
do professor em observar tudo isso em todos os alunos. Mas é importante ter o cuidado 
então de na prova não cobrar só definição de conceito e sim resolução de problemas, 
interpretação dos conceitos. 
Sobre a avaliação na dimensão atitudinal (DARIDO, 2017): 
- A tradição escolar não avaliou sistematicamente essa dimensão por considerá-la 
subjetiva ou sem importância. 
 
- Geralmente se avalia apenas a participação, mas a formação dos alunos enquanto 
cidadãos também faz parte das aulas de Educação Física e também precisa ser avaliada. 
- Como avaliar? Trabalhando as situações de conflito (adaptação a novos movimentos, 
uso de espaço e materiais, regras, expressões de sentimentos, inibições e 
dificuldades...). Propor debate e diálogo. 
- Observar nos alunos sua capacidade de aprender a reconhecer na convivência e 
práticas pacíficas, maneiras eficazes de crescimento coletivo, dialogando, refletindo e 
adotando uma postura democrática sobre diferentes pontos de vista. 
- A melhor fonte de informação é a observação sistemática de opiniões e atuações nas 
atividades grupais, debates, manifestações dentro e fora da aula, distribuição das 
tarefas, durante o recreio e atividades esportivas. 
- Utilizar fichas de observação das atitudes dos alunos. 
A avaliação na dimensão procedimental se refere a (DARIDO, 2017): 
- Saber fazer/ aplicação dos conteúdos. 
- Até que ponto os alunos sabem dançar, jogar, fazer pesquisa, utilizar um instrumento, 
orientar-se no espaço. 
- Como avaliar? Avaliar o progresso nos testes físicos, comparando o aluno consigo 
próprio. 
- Ir além das habilidades motoras e capacidades físicas:avaliar a capacidade de coletar 
notícias, confecção de livros, produção de textos. 
A nota não deve ter a função de punir o aluno, mas dar um feedback sobre o 
processo de ensino aprendizagem. A questão de atribuir ou não notas nas aulas de 
Educação Física gera bastante debates, mas segundo Darido (2017) deve ser discutida 
e decidida democraticamente por todos os interessados (escola, aluno, pais). Ainda mais 
em se tratando da prática interdisciplinar, na qual diversas áreas do conhecimento 
 
estarão relacionadas. 
 A avaliação está relacionada ao projeto pedagógico da escola, e deve ser aplicada 
exclusivamente para “informar e orientar para a melhoria do processo ensino-
aprendizagem” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 75). 
 Um dos papéis do professor de Educação Física também é fazer com que a 
avaliação do processo ensino-aprendizagem seja referência para a análise da 
aproximação ou distanciamento do eixo curricular que norteia o projeto pedagógico da 
escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
 
4 DESAFIOS: ALUNOS E COMUNIDADE ESCOLAR 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-school-children-
different-races-colorful-1760500883 
 A integração das diversas áreas do saber não garante a interdisciplinaridade. Ela 
transcende a simples integração dos elementos do conhecimento. É necessário buscar 
combinações e aprofundamento de informações (FAZENDA, 2013). 
 Uma atuação interdisciplinar requer antes de mais nada uma postura de debruçar-
se sobre o conhecimento, de buscar sempre mais conhecimento e se atualizar 
(FAZENDA, 2013). 
 Um desafio importante a ser citado é a preparação dos professores para uma 
atuação interdisciplinar e a qualidade dessa preparação (FAZENDA, 1998). Muitas vezes 
a prática interdisciplinar é confundida com uma justaposição de disciplinas diversas. 
Além disso, uma preocupação dos professores costuma ser como dominar 
conhecimentos específicos dessa diversidade de disciplinas (FAZENDA, 2013). 
 É difícil pensar em interdisciplinaridade diante da tradição tecnicista de ensino e 
educação compartimentalizada. Segundo Fazenda (2013, p.76): 
Quase sempre a não efetividade dessa prática decorre da ausência de 
conhecimento do seu significado, falta alguém que tome para si o compromisso 
de levá-la adiante ou, ainda, as normas educacionais apresentam-se como 
obstáculos naturais à construção da interdisciplinaridade de conhecimento. Com 
efeito, não será procurando quem facilite o processo que a interdisciplinaridade 
se realizará. 
Nesse sentido, um desafio para os educadores é uma mudança de atitude no 
sentido de superar o parcelamento do saber em direção a uma compreensão global. 
Além de entender que o conhecimento interdisciplinar transcende os limites do saber 
escolar e ganha força à medida que inclui as questões da vida social (FAZENDA, 2013). 
 A interdisciplinaridade é desafiadora e complexa visto que instiga a competência 
do educador para uma reorganização do saber e produção de um novo em uma 
sociedade, pode-se dizer, acostumada com o saber fragmentado (FAZENDA, 2013). 
 A prática interdisciplinar é uma atitude que requer coragem e muita dedicação 
(FAZENDA, 2013). E embora a atitude inicial do professor faça toda diferença, existe o 
 
papel dos alunos e comunidade escolar que também precisam adotar uma postura de se 
abrir para o novo. 
 É uma prática, portanto, que envolve professores, alunos e comunidade escolar 
efetuando esforço conjunto para romper com as visões fragmentadas do conhecimento; 
aliar teoria e prática, ou seja, conhecimentos que tenham aplicação e estejam ligados ao 
dia a dia de vida das pessoas (FAZENDA, 2013). 
 Além disso, é uma prática marcada pela formação integral, pela totalidade, 
embora possa formar especialistas. Também envolve construção de conhecimento para 
além do apenas ensinar e aprender (FAZENDA, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
A palavra “interdisciplinar” segundo o dicionário Michaelis significa “aquilo que é 
comum a duas ou mais disciplinas”, “que envolve duas ou mais áreas de conhecimento 
ou de estudo”. 
Fonte: Michaelis Online (2021) 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
Qual o papel do professor de Educação Física em relação à prática interdisciplinar 
na Educação Física Escolar? Quais aspectos são importantes levar em consideração? 
Fonte: a autora 
Nesta unidade trabalhamos o tema interdisciplinaridade na Educação Física Escolar. 
Mas sabemos que a postura interdisciplinar de um profissional vai se desenvolvendo 
desde a graduação. Qual ou quais relações você vê entre os conteúdos estudados nessa 
unidade e as demais disciplinas que você está estudando na graduação? 
Fonte: a autora 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Chegamos à última unidade. Aqui os temas se resumiram ao papel do professor 
de Educação Física, atuação em projeto interdisciplinar, avaliação e desafios para a 
comunidade escolar. 
 O papel do professor de Educação Física é desenvolver trabalhos que aproximem 
a Educação Física dos ideais institucionais e curriculares, aliar a prática, metodologias 
do ensino, a transmissão de conteúdo e avaliação aos interesses coletivos. Trabalhar 
questões ligadas a conhecimento, habilidades e atitudes de uma forma geral a partir da 
expressão corporal, além de priorizar a cooperação e o desenvolvimento pessoal. 
 No que se refere a uma prática interdisciplinar ou construção de um projeto 
interdisciplinar você viu nesta unidade que existem algumas questões norteadoras 
importantes: Por que integrar? O que integrar? Quem integra? Como integrar? 
 A prática interdisciplinar pode ser consolidada ou facilitada por meio de reuniões 
periódicas, eventos ou propostas que envolvam a escola e comunidade escolar como 
um todo, e uma ferramenta sugerida foi a memória registro. 
 A avaliação precisa ser organizada a partir de algumas questões norteadoras 
como: por que avaliar? Quem avalia? Como avaliar? O que avaliar? Quando avaliar? 
 Deve ser estruturada de tal forma que contribua para o autoconhecimento, sirva 
de parâmetro para análise das etapas já vencidas em relação ao conhecimento, seja 
base para as decisões didático-metodológicas e para as ações em direção ao alcance 
dos objetivos do projeto político pedagógico como um todo. 
 Portanto, a interdisciplinaridade requer coragem, atitude, mudança de paradigmas 
e parceria entre professores, alunos e comunidade escolar, mas traz diversas 
contribuições para a formação integral dos alunos. 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 Nesta unidade você compreendeu alguns aspectos de atuações interdisciplinares 
e também como realizar avaliação nas aulas de Educação Física. A seguir você terá 
acesso a um modelo ou exemplo de organização de uma aula e como pode ser realizada 
a avaliação. 
 
Exemplo de uma aula de ginástica 
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.80 - 81) 
Tema da aula 
Cultura corporal- afro brasileira (capoeira, xangô, maculelê, frevo, batuque, lundu). 
Quadros com os significados dos temas e elementos da ginástica (saltos, giros, 
equilíbrios etc.) presentes nesses temas. 
 
Organização da aula 
Parte 1: Fundamentação Teórica - quadros, cartazes, sínteses, textos simples sobre o 
tema, tabelas explicativas sobre atividade cárdio-respiratória e métodos de treinamento. 
 
Parte 2: Desenvolvimento da aula - procedimentos de introdução ao tema, explicações, 
exercitações, experimentações, descobertas, elaboração de séries, elaboração de uma 
comunicação escrita e apreciações sobre o evento aula. 
 
Avaliações 
Momento avaliativo na primeira parte da aula: após exposições teóricas dos conteúdos 
os alunos precisam responder às seguintes questões: "Por que treinar e como configurar 
séries de treinamento aeróbico?". No momento seguinte, dados da realidade são 
 
explicitados a partir do conhecimento dos alunos, os quais deverão serampliados 
durante a aula, na busca de novas sínteses. Essas sínteses são constantemente 
buscadas, como, por exemplo, na exercitação dos elementos que constituem os temas 
selecionados (cultura brasileira, controle cardiorrespiratório, as alterações do organismo 
sob exercitações e treinamento). A construção do saber é elaborada em ações 
comunicativas, interativas. Destaca-se aí o esforço coletivo na ampliação da 
sistematização do conhecimento. Também são ensinados encadeamento de saltos, 
giros, molejos, balanceios etc. e a avaliação desse momento através da apresentação 
de séries compostas pelos grupos, onde ficam evidentes as novas sínteses. 
 Momento avaliativo na segunda parte da aula: a professora e os alunos discutem 
a elaboração de novas sínteses sobre o conteúdo tratado, agora por escrito, e fazem 
apreciações pessoais sobre a aula. 
 Portanto, a avaliação não se reduz a partes, no início, meio e fim de um 
planejamento, ou a períodos predeterminados. Não se reduz a medir, comparar, 
classificar e selecionar alunos. Muito menos se reduz a análise de condutas esportivo-
motoras, a gestos técnicos ou táticas. 
 O que se destaca é que a avaliação apresenta, em sua variedade de eventos 
avaliativos, em cada momento avaliativo, o que a constitui como uma totalidade que tem 
uma finalidade, um sentido, um conteúdo e uma forma. 
 O sentido que se busca é a concretização de um projeto político-pedagógico 
articulado com um projeto histórico que tem como eixo curricular a apreensão e 
interferência crítica e autonomia na realidade. 
Fonte: Coletivo de Autores (1992, p.80 - 81) 
 
 
 
LIVRO 
 
 
• Título: Ensino híbrido: personalização e tecnologia da educação 
• Autor: Lilian Bacich, Adolfo Tanzi Neto, Fernando de Mello Trevisani 
• Editora: Penso 
• Sinopse: é um livro feito por professores para professores. Resultado das reflexões dos 
participantes do Grupo de Experimentações em Ensino Híbrido desenvolvido pelo 
Instituto Península e pela Fundação Lemann, este livro apresenta aos educadores 
possibilidades de integração das tecnologias digitais ao currículo escolar, de forma a 
alcançar uma série de benefícios no dia a dia da sala de aula, como maior engajamento 
dos alunos no aprendizado e melhor aproveitamento do tempo do professor para 
momentos de personalização do ensino por meio de intervenções efetivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
• Título: Além da Sala de Aula 
• Ano: 2011 
• Sinopse: O filme é de origem norte-americana e conta a história, baseada em fatos 
reais, de Stacey Bess que desde muito pequena demonstrou desejo de se tornar 
professora. Ainda recém formada, foi convidada para lecionar em uma escola-abrigo 
para pessoas sem teto e no primeiro dia de aula se deparou um a situação de dar aula 
em uma sala onde não havia livros, cheia de sucatas, crianças em diferentes idades, má 
alimentação, poucos recursos e ainda teve que lidar com os furtos do que ainda lhe 
restara. Stacey pensou em desistir, mas ao conhecer um pouco mais das crianças, 
resolveu buscar recursos para a escola. Então, a professora fez uma reforma na sala, e 
passou a distribuir comida para as crianças se alimentarem e conseguirem prestar 
atenção na aula. 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia de ensino da educação física. São Paulo: 
Cortez, 1992. 
 
DARIDO, S. C.. Avaliação em Educação Física na escola. In: DARIDO, S. C.; 
RANGEL, I. C. A. Educação Física na escola: implicações para a prática 
pedagógica. Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2. ed. 2017. 
 
FAZENDA, I. C. A. Didática e interdisciplinaridade. Campinas, SP: Papirus, 1998. 
 
FAZENDA, I. C. A. Práticas interdisciplinares na escola. São Paulo: Cortez, 2013. 
 
KUNZ, E; PIRES, G. L.; MATIELLO JUNIOR, E.; NEVES, A.; SANTOS, A. S. B. 
Didática da educação física. Ijuí: Editora Unijuí, 2004. 
 
MICHAELIS ONLINE. Dicionário de língua portuguesa. Disponível em: 
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/interdisciplinar/. Acesso em 04 jun 2021. 
 
PESSOA, V. I. F. Currículo e interdisciplinaridade na formação de professores. Rio 
Branco: Edufac, 2016. 
 
CONCLUSÃO GERAL 
 
Prezado (a) aluno (a) chegamos ao final da disciplina Desenvolvimento Curricular 
e Interdisciplinaridade na Educação Física Escolar. Agora podemos dizer que você 
conhece um pouco mais dos bastidores de uma escola, desde questões de leis e 
documentos, como planejar uma aula, até o complexo fenômeno da interdisciplinaridade. 
 Nessa disciplina você aprendeu o que é educação básica, como ela é organizada, 
o que é um currículo escolar, projeto político pedagógico, e teve acesso a orientações 
da Base Nacional Comum Curricular. 
 Você também compreendeu questões de planejamento e organização, como por 
exemplo, funções e importância do planejamento escolar, como realizar um 
planejamento adequado, considerações sobre planejamento participativo. Um ponto 
muito importante foram os conteúdos essenciais no ensino da Educação Física, tendo 
como eixo norteador as práticas culturais. 
 Por fim entramos no tema interdisciplinaridade. Foi feita uma conceituação desse 
tema, esclarecimentos sobre aspectos legais, e como consolidar a atuação em Educação 
Física de forma interdisciplinar. 
 Também foi apresentada a importância do professor de Educação Física diante 
da interdisciplinaridade, aspectos relacionados à construção de um projeto 
interdisciplinar, como realizar avaliações e possibilidades e desafios para a comunidade 
escolar que deseja consolidar uma prática interdisciplinar. 
 Consideramos que ao final dessa disciplina você esteja mais preparado para atuar 
como professor de Educação Física, conhecendo um pouco mais dos bastidores de um 
ambiente escolar, questões burocráticas, de organização, planejamento. Além de ter sido 
introduzido a interdisciplinaridade, podendo ser um agente dessa prática tão importante 
para formação de pessoas no ambiente escolar. 
Muito obrigada e até a próxima!!

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