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<p>passividade, individualismo, aceleração de cadências, minimização de níveis de criticidade, racionalização, distanciamento do entre outras (Mendes & Morrone, 2010). Estes artifícios defensivos desem- penham papel de freio à reapropriação, à emancipação e à mudança" (Dejours, 2011b, p. 65), podendo dificultar a ação ou a luta contra as pressões patogênicas do trabalho, contribuindo "para tornar aceitável aquilo que não deveria sê-lo" (Dejours, 2006, p. 36), gerando um frágil e artificial Quando esses mecanismos falham, não suportando mais as pressões advindas do mundo do trabalho, o sofrimento patogênico e consequente adoecimento se instalam. A ameaça à saúde agrava-se quando o trabalhador não se reconhece como sujeito da situação, quando não dispõe de recursos para ultrapassar e a atividade torna-se apenas um conjunto de prescrições externas (como as tarefas demandadas pelo chefe), que se confunde com a execução de procedi- mentos, não importando se são úteis (Bendassolli, 2012). A perda do controle sobre o trabalho amplia o chamado custo humano. Estudos no campo de saúde do trabalhador apontam para a importância da autonomia, da liberdade e do domínio sobre processo de trabalho (Dejours & Abdoucheli, 2009; Dejours, 2011a; Silva & Ramminger, 2014; Bendassolli, 2011, 2012). Dejours (2011a, p. 435) destaca a importância da diminuição da lacuna entre trabalho prescrito e trabalho real ao afirmar que "é na possibilidade de des- locar os constrangimentos, os limites do real por estratégias, pela mobilização da inteligência, (...) que a saúde e prazer podem ser conquistados, mesmo que de forma instável". Para a atividade laboral ser operadora de saúde, torna-se essencial que sejam dadas oportunidades para os trabalhadores extrapolarem prescrito, intervirem na sua realidade de trabalho, transformarem a si próprios e se reconhecerem como responsáveis pelo trabalho bem-feito (Silva & Ramminger, 2014; Bendassolli, 2012). Gaulejac revela preocupação também com o crescente hiato entre traba- lho real e o trabalho prescrito oriundo das mudanças no mundo do trabalho. Discorre sobre dois tipos de gerentes: do cotidiano, que conhecem "de perto as dificuldades encontradas pelos diversos níveis de complexidade do trabalho de seus subordinados", e os prescritores, que "desconhecem as dificuldades do cotidiano de trabalho de suas equipes e, portanto, realizam um modo de gestão tão somente pautado em indicadores de performance e de qualidade, sem conexão direta com a organização produtiva real" (Gaulejac, Braz, & Silva, 2020, p. 7). Estes últimos funcionam como agentes para a normalização do poder econômico e financeiro sobre conjunto da sociedade. 478</p>

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