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<p>AULA 1</p><p>ERGONOMIA</p><p>Profª Silvana Bastos Stumm</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Bem-vindo(a) a nossa aula! Nosso tema central fundamenta-se no conceito</p><p>de ergonomia e em sua aplicação. A ergonomia é essencial nos mais diversos</p><p>ambientes de trabalho como fábricas, indústrias e hospitais. Projetos de máquinas</p><p>e equipamentos, de veículos, de móveis comerciais, residenciais e hospitalares</p><p>seguem normas de concepção para proporcionarem conforto, bem-estar e</p><p>segurança ao trabalhador. Além disso, essas normas são extremamente</p><p>importantes para a saúde do indivíduo, evitando afastamentos causados por</p><p>lesões. Esta aula tem como objetivo básico entender a ergonomia e sua</p><p>aplicabilidade e como ela influencia o dia a dia do trabalhador. Após uma breve</p><p>introdução, abordaremos os seguintes temas: conceito de ergonomia;</p><p>macroergonomia e a abrangência da ergonomia; fatores humanos; antropometria;</p><p>e biomecânica ocupacional.</p><p>TEMA 1 – CONCEITO DE ERGONOMIA</p><p>Para podermos definir ergonomia, é necessário conhecer sua origem.</p><p>Usada pela primeira vez, segundo afirma Zunjic (2017), em 1857, pelo polonês</p><p>Wojciech Jastrzębowski, a palavra ergonomia tem sua origem na língua grega.</p><p>Ergos significa trabalho e nomos traduz-se como normas ou leis. Contudo, a</p><p>literatura nos mostra que a ergonomia, como ciência, surgiu mais tarde, tendo</p><p>forte influência da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. Iida (2014) afirma que</p><p>ela surgiu em 1949, tendo se desenvolvido de fato a partir da Segunda Guerra,</p><p>como consequência de acidentes ocasionados pelo uso de equipamentos</p><p>militares.</p><p>Falando ainda em história, é válido lembrar o engenheiro Frederick Winslow</p><p>Taylor (1856-1915), precursor da administração científica. Apesar de entender e</p><p>afirmar que o homem deveria adaptar-se à máquina, diferentemente do que</p><p>preconiza a ergonomia, Taylor (1995) atribuía os resultados positivos de uma</p><p>jornada de trabalho aos movimentos padronizados e repetitivos, bem como aos</p><p>tempos cronometrados.</p><p>Abordando, então, o conceito científico, Dul e Weerdmeester (2017)</p><p>entendem a ergonomia como uma ciência que tem o objetivo de melhorar, além</p><p>da segurança e da saúde, o conforto e a eficiência no trabalho. Pheasant (2003)</p><p>descreve a ergonomia como ciência do trabalho, incluindo nessa definição as</p><p>3</p><p>pessoas que o executam e de que forma o executam, as ferramentas e</p><p>equipamentos utilizados, os locais de trabalho, além dos aspectos psicossociais</p><p>da situação de trabalho. Igualmente importante é abranger a definição da</p><p>Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo), que a define como uma disciplina</p><p>científica que engloba homem e elementos, bem como métodos e princípios, com</p><p>o intuito de otimizar bem-estar e desempenho. Mais alguns conceitos e definições</p><p>podem ser mencionados, como os de Laville (1977), que afirma que o objetivo da</p><p>ergonomia é melhorar as condições laborais; e Iida (2014), que a conceitua como</p><p>o estudo da adaptação do trabalho ao homem.</p><p>Dessa forma, pensando na abordagem realizada até o momento, dizemos</p><p>que todos os autores citados, independentemente do modo como entendem</p><p>ergonomia, têm em comum a preocupação com a saúde e o bem-estar do</p><p>trabalhador.</p><p>TEMA 2 – MACROERGONOMIA E A ABRANGÊNCIA DA ERGONOMIA</p><p>A denominação de macroergonomia surgiu a partir da década de 1980,</p><p>quando a ergonomia passou a envolver as organizações sob uma visão mais</p><p>abrangente, englobando o sistema homem-máquina em todos os níveis</p><p>hierárquicos. Essa teoria está fundamentada em Hendrick (2005) e também</p><p>aparece citada por Iida (2014). Com essa evolução, a ergonomia passou a ser</p><p>aplicada em um nível macro, envolvendo o projeto de todos os sistemas de</p><p>trabalho, atingindo, inclusive, a gerência organizacional.</p><p>Segundo Hendrick (2005), com o aumento da competitividade mundial,</p><p>seria mister haver mais eficiência em todas as estruturas e processos de trabalho.</p><p>Trata-se de uma visão que persiste continuamente, basta observarmos, ao nosso</p><p>redor, a evolução industrial. Como resultado positivo disso, uma vez que o nível</p><p>administrativo mais alto toma as decisões, estão o aumento da segurança e da</p><p>saúde, uma melhor produtividade e a redução de erros e de acidentes. Com a</p><p>instituição de postos de trabalho informatizados, o uso de robôs, entre outros</p><p>avanços tecnológicos, além da queda do número de acidentes, o tempo torna-se</p><p>mais otimizado.</p><p>Mais recentemente, de acordo com Realyvásquez; Maldonado-Macías;</p><p>Romero-Gonzáles (2016), novos modelos macroergonômicos vêm sendo</p><p>desenvolvidos, incluindo fatores diversos que afetam o desempenho das</p><p>organizações. A aplicabilidade desses métodos é um meio estratégico para as</p><p>4</p><p>empresas aumentarem sua competitividade no mercado mundial.</p><p>Saímos, pois, de uma visão micro para uma visão macro da ergonomia.</p><p>Nesse contexto, o ergonomista é convidado para planejar e gerenciar o</p><p>desenvolvimento de projetos conforme a necessidade de cada setor de uma</p><p>organização, a análise dos seus postos de trabalho e a avaliação das tarefas que</p><p>lhe são pertinentes, dos seus ambientes e dos sistemas nela utilizados.</p><p>Segundo Iida (2014) e a própria Abergo (2020), classificamos a ergonomia</p><p>da seguinte forma: ergonomia física; ergonomia cognitiva; e ergonomia</p><p>organizacional. Seguindo nessa linha de abordagem, vamos falar um pouco</p><p>sobre as contribuições da ergonomia, em função do momento em que é realizada</p><p>a avaliação. Wisner (1987) entende que essas intervenções ergonômicas se</p><p>dividem em concepção, correção e conscientização. Iida (2014) abrange mais</p><p>uma, a participação. Falaremos sobre esses tipos e funções da ergonomia.</p><p>2.1 Ergonomia física</p><p>A ergonomia física está centrada em propriedades do ser humano</p><p>relacionadas à atividade física: anatomia, antropometria, fisiologia e biomecânica.</p><p>Envolve, ainda, o tipo de postura necessária para a atividade laboral, o modo de</p><p>manuseio de materiais, os movimentos repetitivos, os distúrbios</p><p>musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, aos projetos, à saúde e à</p><p>segurança do indivíduo.</p><p>2.2 Ergonomia cognitiva</p><p>A ergonomia cognitiva trata dos processos mentais que estão relacionados</p><p>às interações entre as pessoas e outros elementos de um sistema. A percepção,</p><p>a memória, o raciocínio e as repostas motoras integram esses processos. Carga</p><p>mental, tomada de decisão, interação homem-computador são alguns dos tópicos</p><p>importantes desse tipo de ergonomia.</p><p>2.3 Ergonomia organizacional</p><p>Voltada à otimização dos sistemas sociotécnicos, a ergonomia</p><p>organizacional envolve estruturas organizacionais, políticas e processos.</p><p>Comunicação, projeto de trabalho, programação em grupo, projeto participativo e</p><p>trabalho cooperativo, além da cultura organizacional, das organizações em rede,</p><p>5</p><p>do teletrabalho e da gestão da qualidade, são tópicos da ergonomia</p><p>organizacional.</p><p>2.4 Ergonomia de concepção</p><p>Quando falamos em concepção, entendemos que estamos na fase de</p><p>projeto. Essa é a melhor situação, pois podemos estudar alternativas diversas.</p><p>Em contrapartida, exige-se mais conhecimento e experiência do profissional para</p><p>que se possa tomar as decisões de forma segura, mesmo que baseada em</p><p>situações hipotéticas. De todas, a concepção envolve menor custo.</p><p>2.5 Ergonomia de correção</p><p>Nessa situação, abordamos casos reais, ou seja, vamos corrigir o que já</p><p>existe e não está adequado. Podemos encontrar o trabalhador com fadiga, alguma</p><p>doença do trabalho, estressado e, ainda, com a produtividade e a qualidade do</p><p>trabalho em queda. Algumas pequenas mudanças já podem ser suficientes para</p><p>a melhoria da situação; entretanto, quando é necessário realizar alguma mudança</p><p>maior, o custo será mais elevado.</p><p>2.6 Ergonomia de conscientização</p><p>Trabalha-se com a conscientização quando as dificuldades ergonômicas</p><p>ainda existirem, isto é, não foram completamente resolvidas nas fases anteriores.</p><p>Devido, ainda, ao processo produtivo, outros problemas podem aparecer.</p><p>Nesse</p><p>processo, também se capacita o trabalhador para que ele mesmo identifique e</p><p>corrija os problemas habituais. Como podem surgir imprevistos a qualquer</p><p>instante, no exercício de suas funções, os trabalhadores, treinados, conseguirão</p><p>enfrentar melhor essas situações.</p><p>2.7 Ergonomia de participação</p><p>A ergonomia de participação refere-se ao próprio usuário do sistema. Ele</p><p>mesmo será envolvido a participar na solução dos problemas que se apresentem.</p><p>Entende-se que o usuário tem mais conhecimento prático se o compararmos ao</p><p>analista, que, muitas vezes, não detecta algum detalhe essencial, notado por</p><p>quem usa o sistema. A busca pelas soluções ideais envolve ativamente o</p><p>trabalhador.</p><p>6</p><p>Entendida a classificação e a contribuição da ergonomia, Dul e</p><p>Weerdmeester (2017) a veem, ainda, contendo um objetivo social. Afirmam que</p><p>diversos problemas de natureza social e oriundos de erros humanos, que podem</p><p>provocar acidentes ligados à saúde e segurança, bem como ao conforto e à</p><p>eficiência, são resolvidos aplicando-se a ergonomia (Dul; Weerdmeester, 2017).</p><p>Inúmeros acidentes, afirma Iida (2014), têm como causa o erro humano. Apesar</p><p>de essa compreensão estar voltada à falha humana, como desatenção e</p><p>negligência, devemos lembrar que não podemos simplesmente afirmar que a</p><p>causa de determinado acidente adveio de um erro. Anteriormente a esse fato,</p><p>muitas decisões foram tomadas e contribuíram para a ocorrência do acidente.</p><p>TEMA 3 – FATORES HUMANOS</p><p>Quando pensamos em fatores humanos, vêm-nos à mente a relação entre</p><p>trabalhador e condições em que o trabalho é realizado. Entendemos, então, que</p><p>fazem parte dessa análise o indivíduo em si, o trabalho e a organização, levando-</p><p>nos a pensar como essas três abordagens se relacionam entre si e de que forma</p><p>influenciam na saúde e na segurança do trabalhador. Nesse aspecto, situamos</p><p>também a ergonomia.</p><p>Conforme falamos anteriormente, em muitos acidentes o erro humano é</p><p>apontado como causa. De acordo com Iida (2014), tal erro é resultado das</p><p>interações homem-trabalho ou homem-ambiente, estando incluídos nesse</p><p>contexto a variação da ação humana, a transformação do ambiente e o julgamento</p><p>da ação humana em relação a essas duas situações. Seguindo nosso raciocínio,</p><p>vamos abordar o erro, compreendendo seu significado sob a ótica da ergonomia.</p><p>Os três mais comuns são: erro de percepção; erro de decisão; e erro de ação.</p><p>3.1 Erro de percepção</p><p>Ligado aos órgãos sensoriais, o erro de percepção caracteriza-se por ações</p><p>que não geram o efeito esperado. Identificar ou entender determinada informação</p><p>de forma equivocada é um exemplo desse erro. A percepção ou compreensão</p><p>diferente do que se é desejado pode resultar em acidente.</p><p>3.2 Erro de decisão</p><p>Erro de decisão ocorre quando as informações passam pelo nosso sistema</p><p>7</p><p>nervoso central (SNC) e são ali processadas. Podemos exemplificar, nesse caso,</p><p>a tomada errada de decisão, isto é, quando, ao invés de se optar pela alternativa</p><p>correta, decidiu-se pela errada. Outra situação é cometer erros de lógica.</p><p>3.3 Erro de ação</p><p>Movimentos incorretos, troca de controles são exemplos desse tipo de erro.</p><p>Dizemos que erros dessa natureza dependem de ações musculares.</p><p>Dando continuidade à nossa conversa, devemos entender primeiramente</p><p>que equipamentos, mobiliários, instrumentos, quando projetados, são pensados</p><p>no conforto e na segurança do usuário. Existem casos diferenciados de projetos,</p><p>considerando extremos e outras necessidades que citaremos mais à frente. A</p><p>ergonomia está presente em todas as situações. Realizada essa contextualização</p><p>sobre erros, mostraremos os fatores humanos, que são parte integrante da</p><p>ergonomia, sempre estudados e analisados. Adotando Iida (2014) como</p><p>referência, temos: fatores fisiológicos; conhecimento, aprendizagem e</p><p>treinamento; fadiga; monotonia e motivação; e influências de sexo, idade e</p><p>deficiências físicas.</p><p>3.4 Fatores fisiológicos</p><p>Nosso organismo tem a característica de adaptar-se ao trabalho, em função</p><p>de fatores inerentes a nossa própria natureza e a fatores externos. O desempenho</p><p>físico individual está relacionado ao ritmo circadiano, que é o ciclo aproximado de</p><p>24 horas diárias. Segundo Meira Jr., Benedito-Silva e Falconi (2016), “a expressão</p><p>circadiana [...] relaciona-se com o ritmo da temperatura corporal e com o ciclo</p><p>vigília-sono”. No decorrer desse período em que as funções fisiológicas oscilam,</p><p>as energias são reconstituídas conforme ajustes pessoais, específicos para se</p><p>descansar. A temperatura do corpo, por exemplo, atinge valores mínimos durante</p><p>o sono e, segundo Iida (2014), é a variável fisiológica mais significativa e de fácil</p><p>verificação. No entanto, devemos associar ao ciclo de 24 horas as variações</p><p>individuais que abordaremos na sequência.</p><p>Inicialmente, entendamos que, para o correto funcionamento do organismo,</p><p>a luz solar tem papel fundamental, tanto para o ritmo circadiano quanto para os</p><p>outros indicadores fisiológicos. Sabe-se, também, que há indivíduos com maior</p><p>8</p><p>facilidade para o trabalho noturno (vespertinos), assim como aqueles que, para se</p><p>adaptarem a esse período, apresentam mais dificuldade (matutinos).</p><p>A revista Veja Saúde publicou em 2020 (disponível em:</p><p><https://saude.abril.com.br/medicina/teste-qual-e-o-seu-cronotipo>), um teste</p><p>para cada um conhecer o seu cronotipo, baseado no questionário de Horne-</p><p>Östberg (Bernardo, 2020). Os pesquisadores James A. Horne e Olov Östberg</p><p>(1977) publicaram um artigo descrevendo o ritmo circadiano e as particularidades</p><p>individuais. Esse estudo contempla a aplicação de várias perguntas relacionando</p><p>tarefas e horários, com o intuito de se identificar os cronotipos. Como um dos</p><p>resultados, os autores perceberam que o indivíduo matutino apresenta rápido</p><p>aumento da temperatura ao acordar, enquanto o indivíduo vespertino mostra um</p><p>aumento constante da temperatura, ao longo do dia. Interessantíssima a leitura</p><p>dessa pesquisa, com referência ao final de nossa aula (Horne; Östberg, 1977;</p><p>Bernardo, 2020).</p><p>Em indústrias que funcionam 24 horas por dia, reforçando o que</p><p>anteriormente dissemos, os vespertinos conseguem adaptar-se melhor à jornada</p><p>noturna; já os matutinos são mais producentes durante o dia. Outra característica</p><p>refere-se ao fato de os indivíduos matutinos acordarem de maneira natural, sem</p><p>o uso de alarme e terem como hábito dormir cedo, afirmam Meira Jr., Benedito-</p><p>Silva e Falconi (2016); ao contrário dos indivíduos vespertinos, que preferem</p><p>dormir e acordar tarde. Independentemente desse fato, pessoas que desenvolvem</p><p>suas atividades no período da noite têm o sono prejudicado. Em consequência,</p><p>podem apresentar fadiga crônica, doença profissional de que falaremos adiante.</p><p>Além dos cronotipos descritos, existem os indiferentes, de acordo com</p><p>Meira Jr., Benedito-Silva e Falconi (2016), que são os intermediários. Iida (2014),</p><p>considera a maioria das pessoas com perfil intermediário, usando como</p><p>classificação apenas as duas já mencionadas. Há estudos de cronotipo</p><p>especialmente para enfermeiros, que habitualmente têm jornadas de trabalho em</p><p>horários diferenciados. De modo geral, eles não seguem rotinas diárias se os</p><p>comparamos com engenheiros, administradores e advogados. Em alguns dias</p><p>trabalham diurnamente, em outros noturnamente e outros, ainda, diuturnamente.</p><p>3.5 Conhecimento, aprendizagem e treinamento</p><p>Conhecimento, de acordo com Iida (2014), “[...] é tudo que aprendemos e</p><p>9</p><p>sabemos”, envolve algum tipo de operação ou faz uso de informações</p><p>armazenadas na memória de longa duração. A gestão desse conhecimento</p><p>engloba aquisição, armazenamento e recuperação das informações para elas</p><p>serem usadas quando necessárias. Aprendizagem, afirma o pesquisador, “[...] é</p><p>o processo de aquisição de novos conhecimentos” (Iida, 2014). Normalmente, se</p><p>inicia pela verbalização da informação para descrever de que modo</p><p>a tarefa deve</p><p>ser realizada. Por fim, treinamento “[...] é o enriquecimento da memória com</p><p>conhecimento operacional” (Iida, 2014). Uma atividade realizada pela primeira vez</p><p>por um iniciante é diferente da executada por um profissional mais experiente.</p><p>Com treinamento e prática, a atividade se torna rotineira. Todo profissional, ao</p><p>iniciar uma atividade ou passar de uma atividade a outra, deve receber</p><p>treinamento.</p><p>3.6 Fadiga</p><p>Fadiga é a consequência da realização do trabalho continuado. De modo</p><p>geral, tem como resultado uma diminuição reversível do organismo e a queda da</p><p>qualidade produtiva. Decorre de fatores fisiológicos, ligados à intensidade e</p><p>duração da atividade física e mental; e psicológicos, como monotonia, falta de</p><p>motivação; e fatores ambientais e sociais (Iida, 2014). Grandjean (1998) relaciona</p><p>a fadiga “[...] com uma capacidade de produção diminuída e uma perda de</p><p>motivação para qualquer atividade”.</p><p>A fadiga é classificada em três categorias – fisiológica, crônica e</p><p>psicológica. E todas afetam a qualidade de vida do trabalhador. A fadiga fisiológica</p><p>ou muscular é causada pela deficiência de irrigação sanguínea no músculo,</p><p>segundo Iida (2104), gerando acúmulo de ácido lático e potássio, além de calor,</p><p>dióxido de carbono e água. Uma vez descansado o músculo, durante o repouso</p><p>diário, por exemplo, a fadiga é reversível. Já na crônica, destacam-se o</p><p>descontentamento, de forma significativa, a ausência de iniciativa, além de se</p><p>constatar uma crescente ansiedade e um cansaço contínuo. Essa forma de fadiga</p><p>apresenta efeito cumulativo: não se percebe melhora mesmo quando o corpo</p><p>repousa. Em relação à fadiga psicológica, nela os sintomas de cansaço aumentam</p><p>e, da mesma forma, a irritação, e é notado falta de interesse e de apetite. A</p><p>monotonia, a desmotivação, problemas de saúde podem agravar a fadiga</p><p>psicológica.</p><p>10</p><p>Em uma visão geral, podemos afirmar que os erros aumentam em</p><p>decorrência da fadiga, isso refletindo-se diretamente na vida do trabalhador, seja</p><p>no trabalho, seja na família. A saúde e a segurança do trabalhador ficam</p><p>igualmente comprometidas.</p><p>3.7 Monotonia e motivação</p><p>Conforme falamos no item anterior, a monotonia e a motivação exercem</p><p>forte influência no estado físico e mental do indivíduo, a primeira podendo agravar</p><p>e a segunda, aliviar a fadiga. A esses dois fatores atribuímos estímulos</p><p>ambientais, que tanto podem ser motivadores quanto causadores de monótonos,</p><p>como sugere Iida (2014). De acordo com Grandjean (1998), a monotonia “[...] é</p><p>uma reação do organismo a uma situação pobre em estímulos ou em condições</p><p>com pequenas variações dos estímulos”. Fadiga, sonolência, indisposição, falta</p><p>de atenção são alguns resultados da monotonia.</p><p>É importante mencionar que o leiaute e o planejamento do local onde se</p><p>executam as tarefas influem nesse mesmo sentido. Deficiência na iluminação,</p><p>ventilação inadequada, excesso de calor e de ruído são alguns exemplos</p><p>prejudiciais à motivação. Do ponto de vista fisiológico, relacionamos a monotonia</p><p>com os órgãos sensoriais. Em uma tarefa repetitiva, por exemplo, o cérebro</p><p>habitua-se e deixa de se sentir estimulado. Sob a ótica da psicologia, pessoas que</p><p>exercem atividades na sua área de interesse e, muitas vezes, formação, sentem-</p><p>se mais interessadas e motivadas, apresentando mais produtividade que as que</p><p>exercem atividades alheias a seu interesse ou formação. Percebe-se um</p><p>trabalhador motivado em função do seu desejo de atingir um objetivo, quando há</p><p>nele determinação e, até mesmo, necessidade de chegar a um resultado</p><p>esperado. Traçar metas e desafiar positivamente o trabalhador o ajudam a se</p><p>manter nesse estado.</p><p>Se seguirmos a teoria de Maslow, conforme Hesketh e Costa (1980), temos</p><p>a seguinte sequência de demandas por satisfação: necessidades fisiológicas,</p><p>necessidades de segurança, necessidades de aceitação, necessidades de</p><p>autoestima e, por fim, necessidades de autorrealização. No entanto, afirma Iida</p><p>(2014), a teoria é questionável e nem sempre é possível comprová-la na prática.</p><p>11</p><p>3.8 Influência de sexo, idade e deficiências físicas</p><p>Homens e mulheres, afirma Iida (2014), são intelectualmente capazes e</p><p>não apresentam diferenças sob esse aspecto do desempenho intelectual. As</p><p>diferenças são significativas, contudo, quanto às funções fisiológicas, capacidade</p><p>cardiovascular, forças musculares e dimensões corporais e, com todos os</p><p>avanços que acontecem, ainda encontramos muita discriminação social por conta</p><p>disso.</p><p>Em relação ao avanço da idade, é certo que ocorre a degradação de muitas</p><p>funções, o que é um processo natural, mas que muitas vezes afeta, ainda,</p><p>psicologicamente a vida do trabalhador. Desde que não haja exigências acima de</p><p>seus limites, os idosos têm plena capacidade de trabalhar. Existem leis</p><p>específicas de proteção à mulher e aos idosos, além de leis próprias para</p><p>portadores de necessidades especiais (PNE). Os projetos de mobiliários, por</p><p>exemplo, devem seguir normas próprias da Associação Brasileira de Normas</p><p>Técnicas (ABNT) para PNE, assim como os projetos de espaços físicos.</p><p>Em referência especificamente aos portadores de deficiência, devem ser</p><p>levadas em consideração características e necessidades próprias, fundamentais</p><p>para o projeto ergonômico. Embora haja, ainda, bastante preconceito em todos os</p><p>sentidos, no trabalho, na rua e até mesmo em atividades domésticas, a evolução</p><p>tecnológica, felizmente, é acelerada e muito tem a contribuir com a ergonomia</p><p>pensada em relação aos PNE.</p><p>TEMA 4 – ANTROPOMETRIA</p><p>Considerada uma técnica milenar, segundo Lopes Filho e Silva (2003), a</p><p>antropometria é entendida como uma ciência voltada à mensuração do corpo</p><p>humano e suas partes. Outra definição dada por Iida (2014), com sentido similar,</p><p>diz que a antropometria está relacionada às medidas físicas. E, segundo Dul e</p><p>Weerdmeester (2017), ela engloba as dimensões e proporções do corpo humano.</p><p>Pheasant (2003), a vê como um ramo das ciências sociais que trata das medidas</p><p>do tamanho do corpo e sua forma, força e capacidade de trabalho.</p><p>Contextualizando, foi a antropometria que nos permitiu ter medidas mais</p><p>corretas de vestuários, calçados, veículos, além de equipamentos de trabalho.</p><p>Dessa forma, tornou-se mais fácil adaptar ferramentas e máquinas aos usuários.</p><p>12</p><p>Na ergonomia, vinculamos tais medidas com se fazer projetos e dimensionar</p><p>postos de trabalho, pensando de modo generalizado.</p><p>Segundo Rodriguez-Añez (2001), as medidas antropométricas passaram a</p><p>ter maior importância na década de 1940 devido tanto à necessidade de produção</p><p>em massa quanto aos sistemas de trabalho mais complexos que surgiam. Com o</p><p>passar do tempo, a antropometria ganhou destaque no estudo da ergonomia.</p><p>Entretanto, constata-se que há diferenças antropométricas entre os sexos,</p><p>variações intraindividuais, variações nas proporções corporais em função da etnia</p><p>e do clima, variações extremas e seculares. Deve-se levar em conta, também, o</p><p>modo como as medidas são feitas, além das antropometrias estática (medidas do</p><p>corpo parado ou com poucos movimentos), dinâmica (medidas dos alcances em</p><p>movimentos) e funcional (medidas referentes à execução de tarefas específicas).</p><p>4.1 Diferenças entre sexos</p><p>Conforme Iida (2014), há variações de medidas entre homens e mulheres,</p><p>como de altura, tamanho, peso, entre outras. Os homens, comparados às</p><p>mulheres, têm tórax maior e ombros mais largos. As mulheres apresentam a bacia</p><p>mais larga, em relação aos homens. A proporção entre músculos e gordura</p><p>também é notória. Os homens têm mais músculos do que gordura; as mulheres</p><p>possuem mais gordura subcutânea, que dá origem às formas mais arredondadas.</p><p>Figura 1 – Antropometria masculina e feminina</p><p>Crédito: Sudowoodo/Shutterstock.</p><p>4.2 Variações intraindividuais</p><p>As variações intraindividuais estão relacionadas ao ciclo de vida do</p><p>indivíduo (Iida,</p><p>2014). Passamos por variações de altura, de peso e de forma, por</p><p>exemplo. Quando crianças, temos estatura diferente do que na fase adulta, isso</p><p>ocorrendo da mesma forma com outras condições do corpo.</p><p>13</p><p>Figura 2 – Ciclo de vida</p><p>Crédito: Ljupco Smokovski/Shutterstock.</p><p>4.3 Diferenças nas proporções corporais</p><p>Em relação às diferenças, citamos as variações étnicas e as relacionadas</p><p>ao clima. Notamos diferenças associadas à altura, ao tamanho e forma dos pés e</p><p>das mãos, ao comprimento de braços e pernas, entre outras (Iida, 2014). Se</p><p>compararmos mexicanos e sudaneses, constatamos que os primeiros têm menor</p><p>estatura, enquanto sudaneses chegam, em alguns casos, a mais de 2 metros de</p><p>altura. Em regiões de clima mais quente, a população tem o corpo mais fino e</p><p>braços e pernas mais longos. Em clima mais frio, ocorre o inverso: o corpo é mais</p><p>volumoso, por exemplo.</p><p>4.4 Variações extremas e variações seculares</p><p>De acordo com Iida (2014), quando encontramos, em uma mesma</p><p>população adulta, diferenças em torno de 25% na altura, no comprimento dos</p><p>braços e das pernas, fazendo analogia entre o homem mais alto e a mulher mais</p><p>baixa, chamamos isso de variação extrema. As seculares, por sua vez, englobam</p><p>várias gerações e acontecem a longo prazo. Estão relacionadas à alimentação,</p><p>às condições de saúde, aos hábitos de vida e à prática de esportes.</p><p>Estudadas as variações, vamos agora entender como aplicamos esse</p><p>conhecimento no desenho de máquinas, equipamentos, móveis e ferramentas.</p><p>Como devemos pensar no coletivo, os projetos baseiam-se na curva de Gauss.</p><p>Dessa maneira, contemplamos 95% da população, e 5% desta terá projetos</p><p>específicos. Iida (2014) utiliza os critérios de aplicação dos dados antropométricos</p><p>partindo de cinco princípios: projetos para a média da população, projetos para</p><p>extremos da população, projetos para faixas da população, projetos de dimensões</p><p>reguláveis e projetos adaptáveis</p><p>14</p><p>4.5 Projetos para a média da população (primeiro princípio)</p><p>Os produtos são dimensionados para 50% da população, ou seja, atendem</p><p>a média populacional. Pensa-se no uso coletivo e não no individual, como são os</p><p>transportes públicos, de forma geral.</p><p>4.6 Projetos para extremos da população (segundo princípio)</p><p>Dimensionam-se os projetos em função de um dos extremos da população,</p><p>ou para os 95%, ou para os 5%. Carros são exemplos da aplicação desse</p><p>princípio, pois são projetados para 95% da população.</p><p>4.7 Projetos para faixas da população (terceiro princípio)</p><p>Os projetos abrangem produtos/equipamentos fabricados em tamanhos</p><p>variados para se adaptarem aos indivíduos, como peças de vestuário e sapatos.</p><p>4.8 Projetos de dimensões reguláveis (quarto princípio)</p><p>Projetos de dimensões reguláveis permitem ao usuário adaptar seu</p><p>equipamento a suas necessidades. O banco do carro funciona dessa forma, assim</p><p>como cadeiras profissionais, macas e outros equipamentos.</p><p>4.9 Projetos adaptáveis (quinto princípio)</p><p>Os projetos adaptáveis demandam alto custo de fabricação, todavia</p><p>resultam em produtos desenvolvidos especificamente para determinado indivíduo.</p><p>Normalmente, são aplicados em próteses e outros aparelhos específicos,</p><p>conforme a necessidade.</p><p>Sob a ótica da indústria, afirma Iida (2014), produtos padronizados têm</p><p>menor custo, conforme o primeiro e o segundo princípios destacam. O terceiro e</p><p>o quarto são menos econômicos, mas não oferecem custo tão alto quanto o quinto</p><p>princípio.</p><p>15</p><p>TEMA 5 – BIOMECÂNICA OCUPACIONAL</p><p>Como parte da biomecânica geral, a biomecânica ocupacional preocupa-</p><p>se com o estudo das posturas, envolvendo os movimentos corporais e as forças</p><p>referentes ao trabalho. Dul e Weerdmeester (2017) e Kruger (2007) abordam</p><p>sobre esse tema as recomendações que devem ser seguidas pensando-se nas</p><p>condições de um trabalhador saudável.</p><p>5.1 As articulações devem permanecer em posição neutra</p><p>As articulações devem permanecer em posição neutra porque nela há</p><p>menor exigência dos músculos e dos ligamentos. Devido ao fato de eles serem</p><p>esticados, conseguem liberar a sua força máxima. Quando adotamos ou estamos</p><p>em má postura, como é o caso de braços erguidos, tronco inclinado, entre outras,</p><p>as articulações deixam de estar na posição neutra. Consequentemente, isso pode</p><p>acarretar dores e outros problemas de saúde, especialmente se os movimentos</p><p>se repetirem com frequência.</p><p>5.2 Os pesos devem ser movimentados próximos ao corpo</p><p>Quando movimentamos pesos, o modo certo de erguê-los é sempre junto</p><p>ao corpo. Isso porque, se o peso ficar afastado do corpo, os braços são mais</p><p>exigidos e tensionam, podendo gerar desequilíbrio, pois o corpo vai para a frente,</p><p>provocando uma reação contrária na tentativa de se manter o equilíbrio.</p><p>5.3 As posturas e os movimentos devem ser alternados</p><p>Posturas e movimentos em alternância proporcionam ao organismo a</p><p>possibilidade de repouso, pois os músculos utilizados não são requisitados</p><p>seguidamente, evitando fadiga muscular. Movimentos que são repetidos com</p><p>posturas prolongadas são prejudiciais, levando o corpo a um desgaste natural.</p><p>5.4 A duração do esforço muscular contínuo deve ser restrita</p><p>Quanto mais tempo um músculo é exigido, menos tempo conseguimos</p><p>aguentar. Essa exigência constante origina fadiga localizada e reduz</p><p>consideravelmente a produtividade no trabalho.</p><p>16</p><p>5.5 A exaustão muscular deve ser prevenida</p><p>Em caso de ocorrência de exaustão, o músculo necessita de um tempo</p><p>maior para que possa se recuperar. Curiosamente, um músculo exaurido</p><p>demanda, aproximadamente, 30 minutos para recuperar 90% de sua capacidade.</p><p>5.6 Devem ser feitas pausas curtas e repetidas</p><p>Para reduzir a fadiga muscular, é importante realizarmos paradas durante</p><p>a execução das tarefas. O correto é fazer pausas curtas e repetidamente. Além</p><p>de isso contribuir para a saúde, trabalha-se de forma mais produtiva.</p><p>5.7 Deve-se evitar curvar-se para frente</p><p>Sempre que fazemos o movimento de curvar-nos para frente, os músculos</p><p>e ligamentos das costas se contraem e ficam sobrecarregados. Dessa forma,</p><p>surgem dores na região lombar, que é a mais exigida durante essa postura.</p><p>5.8 Deve-se evitar inclinar a cabeça para frente</p><p>Inclinar a cabeça para frente provoca fadiga rápida nos músculos do</p><p>pescoço e dos ombros, devido ao peso da cabeça (de 4 kg a 5 kg). Além disso,</p><p>isso também sobrecarrega os músculos da nuca, provocando dores.</p><p>Figura 4 – Posição da cabeça</p><p>Crédito: Elenabsl/Shutterstock.</p><p>17</p><p>5.9 Deve-se evitar torções de tronco</p><p>Quando torcemos o tronco, tensionamos nossas vértebras, devido às</p><p>cargas assimétricas que sobrecarregam os músculos laterais da coluna vertebral.</p><p>O correto é movimentar o corpo inteiro para um lado e para o outro, mas</p><p>normalmente não fazemos dessa forma.</p><p>5.10 Devem-se evitar os movimentos bruscos e os picos de tensão</p><p>Orienta-se que o levantamento de pesos seja feito de forma gradual, depois</p><p>de um pré-aquecimento muscular. O correto é fazermos movimentos contínuos e</p><p>suaves, para aquecimento dos músculos. Assim, contribuímos para manter a</p><p>postura em boa forma, além de evitar problemas futuros que provoquem dores,</p><p>distensões e estresse.</p><p>Em sequência a essas orientações, vamos pensar nos postos de trabalho</p><p>e sua relação com os movimentos das mãos e dos pés, da cabeça e da nuca e</p><p>com as posturas. Veremos a forma correta de trabalhar, associando isso ao que</p><p>estudamos até agora sobre biomecânica ocupacional.</p><p>5.11 Em relação às mãos e aos braços</p><p>Como definimos onde os controles devem ficar? Para estabelecer a</p><p>localização de controles e de comandos em máquinas, equipamentos, painéis de</p><p>trabalho é preciso saber o espaço necessário, de modo geral, para que mãos e</p><p>braços se movimentem. Lembre-se de que a melhor forma de executar os</p><p>movimentos é mantendo as articulações na posição neutra.</p><p>5.12 Em relação à cabeça e à nuca</p><p>Em frente a um painel com mostradores,</p><p>cabeça e nuca não devem ultrapassar</p><p>15 graus. Recomenda-se não permanecer muito tempo nessa postura, a fim de</p><p>evitar problemas musculares. Além disso, precisamos enxergar todos os</p><p>mostradores no nosso campo visual. Essa visualização nos permite notar</p><p>qualquer aviso ou alarme, tornando o trabalho, além de ergonômico, seguro.</p><p>18</p><p>5.13 Em relação ao trabalho em pé</p><p>Trabalhos que precisam ser realizados em pé normalmente exigem</p><p>deslocamentos frequentes. Da mesma forma, tarefas que solicitam muita força ou</p><p>muitos movimentos são mais bem-sucedidas quando realizadas em pé. O correto</p><p>é alternar a posição em pé com a posição sentada, podendo-se fazer uso de uma</p><p>cadeira mais alta, que tenha apoio para os pés. Isso permite que o operador se</p><p>mantenha meio em pé, meio sentado. A postura de trabalho não pode ser curvada</p><p>e, para que isso não ocorra, deve haver espaço suficiente para as pernas e os</p><p>pés. Os giros de coluna também devem ser evitados.</p><p>5.14 Em relação à altura da superfície de trabalho</p><p>A altura correta da superfície de trabalho será definida em função da tarefa</p><p>que será realizada, em função das dimensões do usuário e de sua preferência</p><p>particular. A bancada deve permitir ajustes, respeitando as diferenças individuais.</p><p>Nas situações em que se trabalha na posição em pé, a mesa deve estar entre 5</p><p>cm a 10 cm abaixo dos cotovelos, sendo que, para tarefas detalhadas, os</p><p>cotovelos precisam manter-se apoiados. Quando a atividade é manual e em pé,</p><p>recomendam-se alturas entre 5 cm a 10 cm abaixo da altura dos cotovelos.</p><p>5.15 Em relação ao trabalho sentado</p><p>Atividades executadas na posição sentada resultam em maior</p><p>produtividade. A fadiga é menor, se comparada à da posição em pé, e o operador</p><p>fica mais confortável, além de não haver exigências para as articulações. Nessa</p><p>posição, nosso corpo fica mais bem apoiado, proporcionando bem-estar.</p><p>Similarmente à posição em pé, não devemos forçar a curvatura das costas,</p><p>pescoço e cabeça. Outro fator importante é haver espaço livre, sob a bancada,</p><p>para as pernas. Recomenda-se, ainda, intercalar a posição sentada com a</p><p>posição em pé e andando; ajustar assento, encosto e altura de bancada; usar</p><p>cadeiras próprias para tarefas que exigem mais detalhes; ter descanso (apoio)</p><p>para os pés; evitar movimentos errados para pegar objetos fora de alcance.</p><p>Segundo Grandjean (1998), assim o consumo de energia é reduzido e há alívio</p><p>das pernas. Todavia, pode haver flacidez dos músculos da barriga, cifose,</p><p>sobrecarga na coluna, além de se prejudicar a digestão e a respiração, afirmam</p><p>19</p><p>Grandjean (1998) e Dul e Weerdmeester (2017), por isso a importância de se</p><p>alternar as posições, conforme dissemos.</p><p>Ambientes hospitalares exigem muito de seus profissionais, seja em</p><p>relação à postura física, seja em relação às atividades diárias. Um estudo feito por</p><p>Mota e Teles (2012), tendo como método a pesquisa bibliográfica, constatou que</p><p>os piores riscos à saúde para profissionais de enfermagem são a falta de espaço</p><p>para desenvolver suas atividades, o carregamento de peso, muito esforço físico e</p><p>a postura inadequada. Existem inúmeras formas, com a ergonomia, de se evitar</p><p>o surgimento de problemas que levam o profissional a se afastar de suas funções.</p><p>Programas direcionados à qualidade de vida, a prática de ginástica laboral e a</p><p>adoção de posturas corretas contribuem para a saúde física e mental do</p><p>trabalhador.</p><p>20</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia. Rio de Janeiro, [S.d.]. Disponível</p><p>em: <http://www.abergo.org.br>. Acesso em: 28 nov. 2020.</p><p>BERNARDO, A. Teste: qual é o seu cronotipo? Veja Saúde, 19 mar. 2020.</p><p>Disponível em: <https://saude.abril.com.br/medicina/teste-qual-e-o-seu-</p><p>cronotipo>. Acesso em: 28 nov. 2020.</p><p>DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Blucher, 2017.</p><p>GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem.</p><p>Tradução: João Pedro Stein. 4. ed. Porto Alegre: Editora Bookmann, 1998. 338 p.</p><p>HENDRICK, H. W. Macroergonomic Methods. In: STANTON, N. et al. (Ed.).</p><p>Handbook of human factors and ergonomics methods. Boca Raton: CRC</p><p>Press LLC, 2005.</p><p>HESKETH, J. L.; COSTA, M. T. P. M. Construção de um instrumento para medida</p><p>de satisfação no trabalho. Revista de Administração de Empresas, Rio de</p><p>Janeiro, v. 20, n. 3, p. 59-68, jul./set. 1980.</p><p>HORNE, J. A.; ÖSTBERG, O. Individual differences in human circadian rhythms.</p><p>Biological Psychology, v. 5, p. 179-190, 1977.</p><p>IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2014.</p><p>KRUGER, J. A. Ergonomia e segurança do trabalho. Goiânia, 2007. Apostila</p><p>para curso de pós-graduação em Gestão da Produção da Fatesg.</p><p>LOPES FILHO, J. A.; SILVA, S. S. Antropometria: sobre o homem como parte</p><p>integrante dos fatores ambientais – sua funcionalidade, alcance e uso.</p><p>Arquitextos, São Paulo, v. 4, nov. 2003. Disponível em:</p><p><https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/642>. Acesso em:</p><p>28 nov. 2020.</p><p>MEIRA JR., C. M.; BENEDITO-SILVA, A. A.; FALCONI, M. M. V. Variação diurna</p><p>entre matutinos e vespertinos nos tempos de reação simples e de movimento.</p><p>Journal of Physical Education, Maringá, v. 27, 2016. Disponível em:</p><p><http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2448-</p><p>24552016000100128>. Acesso em: 28 nov. 2020.</p><p>21</p><p>MOTA, I. C. J. C.; TELES, N. S. B. Riscos ergonômicos aos quais os profissionais</p><p>de enfermagem estão expostos em ambiente hospitalar: uma revisão da literatura.</p><p>Revista Diálogos Acadêmicos, Fortaleza, v. 1, n. 1, p. 39-48, jan./jun. 2012.</p><p>PHEASANT, S. Bodyspace anthropometry, ergonomics and the design of</p><p>work. 2. ed. Londres: Taylor & Francis, 2003. Disponível em:</p><p><https://dl.uswr.ac.ir/bitstream/Hannan/133402/1/Stephen_Pheasant_Bodyspace</p><p>_Anthropometry%2C_Ergonomics_and_the_Design_of_the_Work%2C_Second_</p><p>Edition__1996.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2020.</p><p>REALYVÁSQUEZ, A.; MALDONADO-MACÍAS, A. A.; ROMERO-GONZÁLES, J.</p><p>Macroergonomic work systems’ design factors and elements: a literature review.</p><p>In: ALOR-HERNÁNDEZ, G.; SÁNCHEZ-RAMÍREZ, C.; GARCÍA-ALCARAZ, J.</p><p>(Ed.). Handbook of Research on Managerial Strategies for Achieving Optimal</p><p>Performance in Industrial Processes. Hershey: IGI Global, 2016. p. 116-136.</p><p>RODRIGUEZ-AÑEZ, C. R. 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