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<p>(</p><p>ASSINATURAS</p><p>|</p><p>DEFENSORIAS</p><p>|</p><p>MAGISTRATURA</p><p>E</p><p>MP</p><p>)</p><p>AULAS DE CRIAÇÃO DE BASE</p><p>PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>Professor Gustavo Fernandes</p><p>AULA 04: PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS</p><p>Para a consecução dos fins públicos, o ordenamento jurídico confere aos agentes do Estado poderes administrativos, instrumentos por meio dos quais os órgãos e entidades estatais executam suas funções (função instrumental).</p><p>A consecução do interesse público primário pela Administração Pública fundamenta o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. Dele decorrem as prerrogativas ou poderes conferidos aos agentes estatais para que os órgãos e entidades executem suas funções em prol do bem comum (função instrumental).</p><p>Outra decorrência é a indisponibilidade do interesse público, que não pertence ao Estado e sim a coletividade, cujas prerrogativas ou poderes são irrenunciáveis, ressalvadas as hipóteses legais de delegação. Por isso, possuem o caráter de poderes-deveres – por exemplo, a Administração não poderá deixar de agir conforme seu poder de polícia caso esteja diante de um ilícito administrativo.</p><p>Lei n. 9.784/1999 – Art. 2º. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;</p><p>2. CONCEITO</p><p>Para CARVALHO, os poderes administrativos são prerrogativa de direito público conferidas aos agentes públicos pela ordem jurídica para que o Estado possa alcançar seus fins.</p><p>3. ABUSO DE PODER</p><p>Há abuso de poder se o agente agir em desconformidade com a lei, seja contra texto expresso, seja contra objetivos implicitamente tratados, com desvio do fim público legalmente estipulado ou com violação às regras de competência, quando atua fora delas ou atua para além delas. Para parte da doutrina, todo abuso de poder vai afrontar princípio da legalidade.</p><p>Consoante explica Carvalho Filho (2019, p.50), o abuso de poder é a expressão conduta ilegítima do administrador, quando atua fora dos objetivos expressa ou implicamente traçados na lei”. A conduta do agente poderá ser comissiva ou omissiva (omissão no cumprimento dos deveres e funções).</p><p>Questão: Ocorre desvio de poder na forma omissiva quando o agente público que detém o poder-dever de agir se mantém inerte, ao passo que o excesso de poder caracteriza-se pela necessária ocorrência de um transbordamento no poder-dever de agir do agente público, não sendo cabível na modalidade omissiva – ERRADO.</p><p>São duas as formas do abuso de poder:</p><p>· Excesso de poder: há vício de competência porque o agente atua fora dos limites da própria competência;</p><p>· Desvio de poder ou de finalidade: há vício de finalidade porque o agente atua dentro dos limites da própria competência, mas busca fim diverso do previsto em lei, o agente se afasta do fim público – a exemplo do agente que atua com fim de vingança contra desafeto seu. O ato praticado com tal vício é tido como nulo, segundo a Lei da Ação Popular (Lei n. 4717/65, Art. 2º, caput, alínea “e” e parágrafo único, alínea “e”).</p><p>Lei n. 4.717/65 - Art. 2º Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.</p><p>Questão: O abuso de poder tanto pode revestir a forma comissiva como a omissiva, porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do administrado. O excesso de poder, como forma de abuso de poder, torna o ato arbitrário, ilícito e nulo. O desvio de finalidade ou de poder, tal como definido na Ação Popular, apresenta-se como causa de nulidade dos atos da Administração – CERTO.</p><p>Questão: A remoção de determinado servidor público com o objetivo de puni-lo configura desvio de finalidade, podendo ser invalidada pela própria administração pública ou pelo Poder Judiciário – CERTO.</p><p>A invalidação da conduta abusiva pode se dar por meio da autotutela, na própria esfera administrativa, ou via ação judicial, por ação ordinária ou pelo mandado de segurança (art.5º, LXIX, CF).</p><p>A doutrina entende que o Judiciário, uma vez provocado, somente poderá analisar os aspectos de legalidade, sem adentrar no mérito do ato administrativo discricionário para</p><p>substituir a decisão do administrador.</p><p>Assim, o controle judicial se restringe à adequação do ato administrativo aos limites de mérito que forem impostos por lei, regra geral. Excepcionalmente, o Judiciário poderá fazer controle do mérito quando o agente agir de forma ilegal, de forma a analisar eventual violação aos princípios. Em certos casos, no entanto, a conduta do agente público poderá configurar crime de abuso de autoridade (Lei 13.869), desde que presentes o dolo e o elemento subjetivo especial (animus abutendi) da finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro.</p><p>Lei 13.869/2019 – Art. 1º, §1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.</p><p>4. PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO</p><p>Para CARVALHO, propõe-se classificação com base no critério do grau de liberdade do agente público ao atuar na conduta administrativa. O ato é discricionário se a lei conferir possibilidades de escolhas ao agente, que poderá avaliar, por critérios de conveniência e oportunidade, o ato a ser praticado, em vista do objetivo maior que é o atendimento dos interesses da coletividade.</p><p>Justifica-se a existência do ato discricionário pela impossibilidade do administrador de antever todas as possibilidades e pelo fato de ser o agente público quem tem as melhores possibilidade de avaliação, pela proximidade com o caso concreto e sempre visando atingir os interesses da coletividade.</p><p>Diferentemente, o ato será vinculado se a lei prescrever todos os elementos do ato e inexistir qualquer margem de escolha por parte do agente.</p><p>Para MEIRELLES, o poder ou ato vinculado é chamado de regrado e tem na lei os elementos e requisitos necessários à sua formalização. Já o poder ou ato discricionário terá apenas parte de seus elementos previstos na lei e para a outra parte haverá liberdade na escolha sobre o conteúdo do ato, além da conveniência e da oportunidade.</p><p>A consequência do ato vinculado para a Administração será a sua obrigação de agir de forma específica e consequência para o particular será o direito subjetivo de exigir do Poder Público a prática do ato vinculado. Ao passo que, tratando-se de ato discricionário, os critérios de oportunidade e conveniência não são absolutos, o que permite à Administração optar por uma dentre as soluções válidas.</p><p>Dentre os elementos do ato administrativo, a doutrina aponta que serão sempre vinculados a competência, a finalidade e a forma, bem como outros que a lei vier a indicar. Por outro lado, poderão ser discricionários ou vinculados os elementos objeto (conteúdo) e motivo.</p><p>O motivo será discricionário se a lei não o indicar sua definição ou quando utilizar conceitos jurídicos indeterminados – a exemplo da falta grave que dá uma margem de escolha ao administrador público – e será vinculado na hipótese da aposentadoria compulsória dos servidores públicos titulares de cargo efetivo, a partir dos 70 ou 75 anos, por exemplo.</p><p>Já o objeto será vinculado se a lei estabelecer único conteúdo possível para determinado fim e discricionário se o mesmo fim puder ser atingido por várias hipóteses – a exemplo da penalidade administrativa de suspensão e da multa administrativa aplicáveis a uma mesma conduta.</p><p>A forma apenas não será vinculada se não for definida por lei ou quando a lei definir mais de uma maneira. Além disso, sobre os elementos discricionários incidirá o mérito administrativo.</p><p>Conforme o princípio da legalidade,</p><p>entende-se que o controle judicial incidirá sobre os atos vinculados e os discricionários, desde que, neste último caso, haja transgressão dos limites legais. Para MEIRELLES, será analisada a conformidade da discricionariedade com a lei e com os princípios jurídicos e às regras da razoabilidade e da proporcionalidade.</p><p>No que toca aos vinculados, bastará que o juiz confronte a lei e o ato para constatar a sua validade ou ilegalidade.</p><p>Os atos discricionários permitem controle em relação aos elementos vinculados, mas inibem qualquer tentativa de o juiz tentar substituir o administrador na escolha dos critérios de conveniência e oportunidade.</p><p>“Erro é considerar-se o ato discricionário imune à apreciação judicial, pois a Justiça poderá dizer sobre sua legitimidade e os limites de opção do agente administrativo, ou seja, a conformidade da discricionariedade com a lei e com os princípios jurídicos. No exame dessa conformidade a razoabilidade e a proporcionalidade devem ser conjugadas com a necessidade do próprio ato. O que o Judiciário não pode é, no ato discricionário, substituir o discricionarismo do administrador pelo do juiz. Não pode, assim, ‘invalidar opções administrativas ou substituir critérios técnicos por outros que repute mais convenientes ou oportunos, pois essa valoração’ é privativa da Administração. Mas pode sempre proclamar as nulidades e coibir os abusos da Administração” (MEIRELLES, 2016, p.142).</p><p>5. PODER NORMATIVO (REGULAMENTAR)</p><p>Para parte da doutrina, fala-se em poder normativo porque o regulamento não é a única espécie de ato administrativo normativo. Outra parte adota a expressão mais restrita do poder regulamentar por correlacionar o poder normativo à função normativa, que é gênero do qual são extraídas a função legislativa, esta típica do Poder Legislativo e a função do poder regulamentar típica da Administração Pública. Tal vertente já foi adotada pelo STF na ADI 2.960 AgR (j. em 06.10.2007).</p><p>Devem ser expedidos sempre dentro dos limites da lei, sem inovar a ordem jurídica, e sua função é a “explicitação ou especificação de um conteúdo normativo preexistente, visando à sua execução no plano da praxis” (REALE apud DI PIETRO, 2019, p.118).</p><p>Segundo definição de DI PIETRO, é o poder da Administração para expedição de atos com efeitos gerais e abstratos (atos administrativos normativos), autonômos e impessoais. Tratando-se de poder normativo secundário exercido pela Administração, com a função de detalhar o conteúdo da lei para sua execução no plano prático, tais atos não poderão inovar na ordem jurídica, sob pena de violação ao princípio da separação de poderes. Diferentemente, os atos originários são aqueles emanados do legislativo, aos quais se permite a inovação na ordem jurídica (DI PIETRO, 2013, p. 91).</p><p>Questão: no exercício de seu poder normativo derivado, pode o Poder Executivo limitar e regular a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, meio ambiente, costumes, tranquilidade pública e propriedade – ERRADO, pois os atos normativos derivados ou secundários não devem inovar no ordenamento jurídico, ou seja, não há que se falar de limitação e sim apenas de regulamentação.</p><p>O regulamento, veiculado por meio de decreto e de competência exclusiva e originária do Chefe do Poder Executivo, é o ato normativo por excelência, mas outros atos poderão ser editados – a exemplo das resoluções, das portarias e das instruções normativas, que poderão ser emitidos por outras autoridades. A edição de qualquer ato normativo independe de previsão legal.</p><p>Tradicionalmente, a doutrina menciona dois tipos de regulamento de competência originária do Chefe do Poder Executivo, embora seja possível a delegação a certas autoridades no segundo caso:</p><p>· Regulamentos executivos (Art. 84, IV, CRFB): detalham e complementam a lei, sem poder inovar a ordem jurídica, sem poder de criação de obrigações de fazer ou não fazer a particulares. São indelegáveis, porque exclusivos do Chefe do Poder Executivo Federal;</p><p>CRFB/1988 - Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;</p><p>· Regulamentos autônomos: independem de lei e substituem o texto legal, de forma excepcional conforme previsão na CRFB – aplicável, por simetria, aos demais Chefes do Poder Executivo nos âmbitos estadual, distrital e municipal - com possibilidade de inovar a ordem jurídica. Admitem delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União.13</p><p>CRFB/1988 - Art. 84. (...) VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;</p><p>CRFB/1988</p><p>Art. 84. Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI (decreto autônomo), XII (conceder indulto e comutar penas) e XXV, primeira parte (prover os cargos públicos federais, o que implica a permissão para delegar o ato de desprovimento ou demissão), aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.</p><p>O STF já decidiu na ADI 6121 MC/DF (j. em 12 e 13.06.2019), no informativo 944, que o decreto regulamentar autônomo que gera a extinção de órgãos colegiados no âmbito da Administração federal pode ser objeto controle de inconstitucionalidade.</p><p>Já para CARVALHO, os decretos e regulamentos podem ser classificados em atos administrativos, se editados efetivamente pelo poder regulamentar ou decretos oriundos da função política de competência do Presidente da República, tidos como atos normativos primários diversos daqueles típicos da função administrativa – a exemplo do decreto de intervenção (Art. 36, §1º, CRFB); dos decretos de estado de defesa e de estado de sítio (Art. 136, §1º e Art. 138, CRFB); decretos de concessão do indulto e de comutação das penas (Art. 84, XII, CRFB) e; os regimentos internos do Tribunais e as resoluções das Casas Legislativas, para o autor. Tais atos seriam, portanto, atos políticos, já que não consistem em autênticos atos administrativos, embora também possam ser considerados autônomos – já que emanam da Constituição.</p><p>Os regulamentos executivos poderão ser controlados, regra geral, pela autotutela exercida pela Administração Pública e, ainda, pelo Judiciário se houver ofensa ao princípio da legalidade e pelo Congresso Nacional no âmbito federal, se houver exorbitância do poder regulamentar.</p><p>CRFB/1988 – Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;</p><p>Modernamente, parte da doutrina tem sustentado, com base em releitura do princípio da legalidade, a flexibilização da ideia clássica da separação de poderes, pela qual o legislador não poderia delegar integralmente sua função legislativa a outros órgãos administrativos, salvo nos casos expressamente previstos na Constituição. Como decorrência da complexidade de atividades realizadas pela Administração Pública e pelo fato de determinadas matérias submetidas ao Legislativo exigirem expertise técnica, a própria lei passou a delegar tais funções para determinados órgãos da Administração.</p><p>Tal fenômeno é chamado de deslegalização e sua adoção no Brasil foi inspirada pelo contexto francês e no direito norte-americano. Para CARVAHO e doutrina majoritária, apenas as questões técnicas poderão ser delegadas com base em parâmetros previamente enunciados por lei (delegation with standards), de forma que na deslegalização é vedada a delegação completa e integral.</p><p>“Ao exercê-la [a competência legislativa], o legislador reserva para si a competência para o regramento básico, calcado nos critérios políticos e administrativos, transferindo tão somente a competência para a regulamentação</p><p>técnica mediante parâmetros previamente enunciados na lei. É o que no Direito americano se denomina delegação com parâmetros (delegation with standarts). Daí poder afirmar-se que a delegação só pode conter a discricionariedade técnica” (Carvalho Filho, 2019, p.61-2).</p><p>O órgão técnico não apenas complementará a lei, mas inovará o ordenamento jurídico por meio de normas técnicas não contidas na legislação, o que faz com que alguns doutrinadores passem a falar em poder regulador, para distingui-lo do poder regulamentar.</p><p>Outra corrente reconhece a presença de mera regulamentação por parte do órgão técnico. Já para ALEXANDRE, o regulamento decorrente da deslegalização chama-se regulamento autorizado (ou delegado) e seria terceira espécie de regulamento, distinta do regulamento executivo e do autônomo, que cria normas técnicas não contidas na lei, fazendo-o em razão de expressa determinação legal.</p><p>Na ADI 4.787, j. em 1.02.2018, informativo 889, o STF reconheceu como constitucional o poder normativo da agência reguladora ANVISA.</p><p>Questão: De acordo com o STF, a competência das agências reguladoras para editar atos normativos que visem à organização e à fiscalização das atividades por elas reguladas representa o exercício de seu poder administrativo de polícia.</p><p>Info 1037: Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma de legislação estadual que estabelece prazo para o chefe do Poder Executivo apresentar a regulamentação de disposições legais. STF. Plenário. ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2021 - compete, com exclusividade, ao chefe do Poder Executivo examinar a conveniência e a oportunidade para desempenho das atividades legislativas e regulamentares que lhe são inerentes. Assim, qualquer norma que imponha prazo certo para a prática de tais atos configura indevida interferência do Poder Legislativo em atividade própria do Poder Executivo e caracteriza intervenção na condução superior da Administração Pública.</p><p>Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.</p><p>Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;</p><p>Info 729: É ilegal a imposição de limitação métrica ao funcionamento de rádios comunitárias por meio de ato regulamentar. STJ. 2ª Turma. REsp 1.955.888-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/03/2022.</p><p>6. PODER DISCIPLINAR</p><p>Objetiva a apuração, pela Administração Pública, das infrações administrativas e a aplicação	das	penalidades	aos	servidores	públicos	e	às	outras	pessoas administrativamente vinculadas (disciplina administrativa).</p><p>Em razão do vínculo funcional dos servidores públicos, DI PIETRO entende ser tal poder decorrente da hierarquia. Já para as pessoas não sujeitas ao vínculo funcional existe vínculo especial com a Administração – a exemplo dos estudantes das escolas públicas e das pessoas que contratam com o Poder Público (concessionárias e permissionárias de serviços públicos).</p><p>Questão: não é atividade típica de polícia administrativa a aplicação de sanções aos concessionários de serviços públicos, pela inadequação do serviço – pois se trata de poder disciplinar.</p><p>Questão: Entre os poderes próprios da Administração, o que está subjacente à aplicação de sanções àqueles que com ela contratam, corresponde ao poder disciplinar.</p><p>Segundo MEIRELLES, em ambos os casos há relação de supremacia especial que o Estado exerce sobre aqueles que possuem um determinado vinculo com a Administração, já que, para as demais pessoas incide o poder de polícia, de caráter geral e materializado pela imposição de sanções – a exemplo da multa de trânsito.</p><p>Questão: CESPE - 2019 - TCE-RO - Procurador do Ministério Público de Contas. Aplicação de multa a sociedade empresária em razão de descumprimento de contrato administrativo celebrado por dispensa de licitação constitui manifestação do poder disciplinar – CERTO.</p><p>Sobre a natureza do poder disciplinar há duas correntes. Para parte da doutrina (DI PIETRO, CUNHA JR. e MEIRELLES) trata-se de ato discricionário quanto a alguns dos aspectos: a Administração será obrigada a punir a infração se dela tiver conhecimento e sem que exista liberdade de escolha. Mas, relativamente à escolha da sanção a ser aplicada, existirá margem limitada de apreciação atrelada à garantia dos direitos ao contraditório e à ampla defesa, bem como ao dever de motivação das decisões.</p><p>Neste sentido, há dever de instauração do respectivo procedimento disciplinar, sob pena do administrador incorrer em crime contra a Administração Pública, conforme aduzido por MEIRELLES, para quem existe o poder-dever do referido sancionamento, embora a escolha da penalidade esteja sujeita ao critério de conveniência e oportunidade.</p><p>Em tais casos há limitação da discricionariedade à extensão da sanção, segundo CARVALHO - a exemplo da penalidade de suspensão, que poderá perdurar entre 30 a 90 dias.</p><p>Lei n. 8.112/1999 - Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.</p><p>Em outros casos, entende-se que a Administração não terá discricionariedade sobre a escolha e nem sobre a extensão, como nas situações de atos puníveis com pena de demissão. Neste sentido há tese fixada pelo STJ (Edição n. 142, de 19.12.2019):</p><p>(</p><p>A administração pública, quando se depara com situação em que a conduta do investigado se amolda às</p><p>hipóteses</p><p>de</p><p>demissão</p><p>ou</p><p>de</p><p>cassação</p><p>de</p><p>aposentadoria,</p><p>não</p><p>dispõe</p><p>de</p><p>discricionariedade</p><p>para</p><p>aplicar</p><p>pena</p><p>menos</p><p>gravosa,</p><p>por</p><p>se</p><p>tratar</p><p>de ato</p><p>vinculado.</p><p>)</p><p>Em 2019, DI PIETRO modificou seu posicionamento sobre o tema e passou a defender a natureza vinculada do ato, pela seguinte diferenciação: quando a lei permitir mais de uma conduta diferente, pela multiplicidade no objeto ou no motivo do ato administrativo, o administrador terá liberdade para escolher a melhor sanção aplicável; diferente será a situação da escolha do administrador pela punição, já que não se aplicam os critérios de oportunidade e conveniência. Neste último caso, então, haveria “certa margem de apreciação outorgada por lei à autoridade administrativa”, de forma que inexiste discricionariedade em certas infrações que não possuem definição legal – a exemplo dos conceitos jurídicos indeterminados como “procedimento irregular”, da “ineficiência de serviço” e da “falta grave”. A decisão administrativa deverá tomar por base nos fatos apurados e deverá motivar a escala da pena.</p><p>O STJ igualmente tem entendido o ato decorrente do poder disciplinar como</p><p>plenamente vinculado (AgInt no AREsp 1.395.319/ES, j. em 17.12.2019):</p><p>(</p><p>(...)</p><p>Por fim, não é demais lembrar que, em face dos princípios da proporcionalidade,</p><p>dignidade</p><p>da</p><p>pessoa</p><p>humana</p><p>e</p><p>culpabilidade,</p><p>aplicáveis</p><p>ao</p><p>regime</p><p>jurídico</p><p>disciplinar,</p><p>não</p><p>há juízo de discricionariedade no ato administrativo que impõe sanção disciplinar a</p><p>Servidor Público, razão pela qual o controle jurisdicional é amplo, de modo a conferir</p><p>garantia</p><p>aos</p><p>servidores</p><p>públicos</p><p>contra</p><p>eventual</p><p>excesso</p><p>administrativo,</p><p>não</p><p>se</p><p>limitando,</p><p>portanto,</p><p>somente</p><p>aos aspectos formais</p><p>do procedimento sancionatório.</p><p>)</p><p>7. PODER HIERÁRQUICO</p><p>É o poder de que dispõe a Administração Pública para estabelecer relação de subordinação entre os servidores – a exemplo da distribuição e do escalonamento de funções dos órgãos e da revisão e ordenação da atuação dos agentes, segundo MEIRELLES. Como a hierarquia incide no âmbito interno da Administração Pública como característica típica, haverá escalonamento dos órgãos e agentes em seu plano vertical para organizar a função administrativa, na visão de CARVALHO FILHO.</p><p>São atribuições do poder hierárquico, para DI PIETRO: a) editar atos normativos de efeitos apenas internos – a exemplo das resoluções e portarias,</p><p>que vinculam apenas os órgãos subordinados; b) dar ordens aos subordinados; c) anular atos ilegais ou revogar os inoportunos ou inconvenientes; d) aplicar sanções diante de infrações disciplinares, como manifestação do poder disciplinar; e) avocar e delegar atribuições.</p><p>Por ser a hierarquia poder interno estabelecido apenas entre os órgãos pertencentes à mesma pessoa administrativa, ela não existe sobre os órgãos consultivos, em razão das funções exercidas e nem entre a Administração Direta e a Indireta, entre as quais há supervisão ministerial. Não se admite, portanto, recurso hierárquico dirigido ao Ministério supervisor se a decisão recorrida vier de entidade por ele supervisionada, caso em que há controle finalístico. Ressalvam-se apenas os casos de previsão legal expressa (recurso hierárquico impróprio).</p><p>Questão: A relação hierárquica constitui elemento essencial na organização administrativa, razão pela qual deve estar presente em toda a atividade desenvolvida no âmbito da administração pública – ERRADO.</p><p>Inexiste hierarquia, ainda, no âmbito do Poder Judiciário nem do Poder Legislativo no sentido de coordenação e subordinação, para DI PIETRO. O que ocorre é distribuição de competência entre as instâncias dos Tribunais e as do Senado e da Câmara. Para MEIRELLES, a hierarquia é privativa da função executiva ou administrativa.</p><p>Questão: FCC - 2019 - TRF - 4ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Sobre os assim chamados “poderes da Administração Pública”, afirma-se corretamente que o dever de obediência, característico do poder hierárquico, não se aplica no exercício da função legislativa – CERTO.</p><p>Embora a competência seja considerada pela lei como irrenunciável, a delegação</p><p>significa a transferência temporária de competência, desde que seja permitida por lei e conveniente em razão de circunstâncias determinadas (Lei n. 9.784/1999, Art. 11 e Art. 12).</p><p>Lei n. 9.784/1999 –Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.</p><p>A doutrina, assim como a lei, não admite a delegação integral da competência, a qual poderá ser transferida para outro órgão (delegação vertical) ainda que não seja hierarquicamente subordinado ao delegante (delegação horizontal).</p><p>Segundo MEIRELLES, como decorrência do poder hierárquico, o órgão inferior não poderá recusar a delegação, bem como não poderá subdelegar a competência sem autorização expressa do delegante. Entretanto, conforme sentido mais técnico, apenas na delegação horizontal é possível que o delegatário recuse as tarefas, pela ausência de subordinação entre ele e o delegante. Seja como for, a delegação é revogável.</p><p>São casos indelegáveis: a edição de ato de caráter normativo; a decisão nos recursos administrativos e; as matérias de competência exclusiva (Art. 13). Excepcionalmente, será permitida a delegação dos decretos autônomos (Art. 84, VI, CRFB).</p><p>As decisões decorrentes da delegação serão consideradas editadas pela autoridade delegada, a qual deverá figurar como ré em eventual medida judicial, inclusive mandado de segurança. Neste sentido é o teor do Enunciado n. 510 da Súmula do STF: “Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial”.</p><p>Já na avocação, que possui caráter temporário, será indispensável a relação hierárquica, pois o órgão hierarquicamente superior chamará para si a competência atribuída ao órgão ou agente a ele subordinado, sempre realizada de forma excepcional e após devidamente justificados os motivos. Entretanto, não será avocável competência exclusiva do subordinado, segundo ALEXANDRE e DEUS.</p><p>Questão: Tratando-se de delegação de competência de superior para subordinado em uma estrutura hierarquizada, a autoridade delegante não pode exercê-la após a transferência da atribuição – ERRADO.</p><p>A Lei 9.784/99 parece ter caminhado nesta mesma direção, como se extrai do teor de seu art. 14, §1º, abaixo transcrito:</p><p>"Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial. § 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada."</p><p>Questão: A Administração Pública brasileira baseia-se no princípio da hierarquia, que estabelece uma relação de subordinação entre seus órgãos e agentes. Presta-se como instrumento de organização do serviço e meio de responsabilização dos agentes administrativos, impondo ao subalterno o dever de obediência às determinações superiores – CERTO.</p><p>8. PODER DE POLÍCIA</p><p>8.1 CONCEITO</p><p>Para a DI PIETRO e CARVALHO, consiste em atividade estatal capaz de limitar o exercício dos direitos individuais em especial a liberdade e a propriedade, em benefício do interesse público e decorre da supremacia geral, da qual decorre prerrogativa da Administração Pública em face do administrado. Não se exige vínculo especial, como no caso do poder disciplinar.</p><p>Questão: VUNESP - 2019 - TJ-RS - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento. O poder de polícia tem como destinatários todos os particulares submetidos à autoridade do Estado, não se aplicando aos vínculos formados em relação de sujeição especial com o poder público – CERTO.</p><p>Extrai-se do Art. 78, CTN o conceito legal do poder de polícia.</p><p>Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.</p><p>Seu exercício é, inclusive, um dos fatos geradores da obrigação tributária que incide sobre a taxa (Art. 145, inciso II, CRFB) e não se pode remunerar o poder de polícia pela cobrança de tarifa ou preço público, segundo CARVALHO FILHO.</p><p>CRFB/1988 - Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;</p><p>Obs.: poder de polícia se submete ao princípio da anterioriedade (tributária), como é no caso das taxas.</p><p>Embora a doutrina exija, para fins de remuneração por taxa, o exercício efetivo desse poder por parte da Administração, o STF reconheceu no RE 588.322, j. em 16.06.2010 o poder de polícia é presumido na situação do ente público possuir órgão específico e estrutura implantada.</p><p>Para CARVALHO FILHO, será competente a pessoa federativa com poder para regular a matéria sujeita ao poder de polícia, pelo princípio da predominância do interesse. De forma que, no caso das competências concorrentes, diversas pessoas, inclusive de níveis federativos diferentes, poderão exercer conjuntamente o poder de polícia (União, Estados, DF). Diferentemente, no caso das competências privativas, somente será válido o ato praticado pelo agente de pessoa federativa que detenha competência – a exemplo da regulação das atividades nucleares por parte da União (Art. 22, inciso XXVI, CRFB). Por isso, o ato praticado por agente de pessoa federativa sem tal competência será tido como inválido.</p><p>O poder de polícia é exercido pela polícia administrativa, que, em geral, age preventivamente (mas pode agir repressivamente, quando, por exemplo, proíbe o porte</p><p>de arma), e pela polícia judiciária, que atua de forma repressiva (mas nada impede que previna a ocorrência de crimes).</p><p>Cumpre diferenciar, ainda, conforme MEIRELLES, a) polícia administrativa, com atuação na área do ilícito administrativo e incidência sobre pessoas, sobre bens ou sobre atividades – a exemplo da situação em que a vigilância sanitária apreende bens impróprios para consumo de determinado estabelecimento comercial; b) polícia judiciária, com atuação na área do ilícito penal e incidência sobre pessoas.</p><p>Vale ressaltar que, em alguns casos, o poder de polícia pode ser exercido por órgão que também exerça o poder de polícia judiciária. Ex: quando a Polícia Federal faz a fiscalização das empresas de segurança privada ou quando emite passaporte.</p><p>Entende-se que a Administração, no exercício do poder de polícia, poderá tanto editar atos normativos como restrição a direitos – a exemplo dos decretos, como aqueles que recomendam o uso de máscaras em ambientes fechados como forma de evitar disseminação de variantes do coronavírus – como praticar atos concretos a título sancionatório – a exemplo das multas – ou a título de consentimento – a exemplo das licenças e autorizações.</p><p>Para a doutrina, o poder de polícia é exercido pelos Poderes da seguinte forma:</p><p>· Legislativo: criação, por lei, das limitações administrativas sobre o exercício das liberdades públicas;</p><p>· Executivo: regulamentação da lei e controle de sua aplicação, seja de modo preventivo, pelo exercício de fiscalização e pela emissão de autorizações, seja de modo repressivo, pelas medidas coercitivas.</p><p>Poder de polícia preventivo: ocorre quando a Administração Pública estabelece normas prevendo que o particular somente poderá exercer determinado direito se cumprir algumas exigências. Ex: licença para dirigir, autorização para porte de arma de fogo etc.</p><p>Poder de polícia repressivo: ocorre quando a Administração Pública impõe sanções administrativas ao particular que pratica um ilícito administrativo. Vale ressaltar que a aplicação dessa sanção não depende do Poder Judiciário, podendo ser aplicada diretamente pela própria Administração. A isso chamamos de autoexecutoriedade. Ex: interdição do estabelecimento comercial, apreensão de mercadorias etc.</p><p>Info 623: O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT detém competência para a fiscalização do trânsito nas rodovias e estradas federais, podendo aplicar, em caráter não exclusivo, penalidade por infração ao Código de Trânsito Brasileiro, consoante se extrai da conjugada exegese dos arts. 82, § 3º, da Lei nº 10.233/2001 e 21 da Lei nº 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro). STJ. 1ª Seção. REsp 1.588.969-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo).</p><p>Art. 82 da Lei nº 10.233/2001, §3º É, ainda, atribuição do DNIT, em sua esfera de atuação, exercer, diretamente ou mediante convênio, as competências expressas no art. 21 da Lei nº 9.503, de 1997, observado o disposto no inciso XVII do art. 24 desta Lei.</p><p>Lei nº 9.503/97, Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição: VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar as penalidades de advertência, por escrito, e ainda as multas e medidas administrativas cabíveis, notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar;</p><p>Info 647: A agência de turismo devidamente credenciada para efetuar operações de câmbio é equiparada a instituição financeira e subordina-se à regular intervenção fiscalizatória do Banco Central. STJ. 1ª Turma. REsp 1.434.625-CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/04/2019 – BACEN pode se utilizar do poder de polícia contra essas agências de turismo.</p><p>As pessoas jurídicas que realizam operações de câmbio equiparam-se, pelo art. 1º, inc. I, da Lei nº 7.492/86, e para os efeitos da lei, às instituições financeiras. STJ. 5ª Turma. RHC 9.281/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 13/09/2000 – são consideradas instituições financeiras para fins penais.</p><p>Info 671: Não é possível a manutenção de quiosques e trailers instalados sobre calçadas sem a regular aprovação estatal. STJ. 2ª Turma. REsp 1.846.075-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020.</p><p>As calçadas são consideradas bens públicos, classificadas como bens de uso comum do povo (art. 99, I, do Código Civil). Segundo a jurisprudência do STJ, a ninguém é lícito ocupar espaço público (no caso, a calçada), exceto se estritamente conforme a legislação e após regular procedimento administrativo. A Administração dispõe de dever-poder de revisão de ofício de seus atos, exercitável a qualquer momento, mais ainda quando o ato administrativo de qualquer tipo for emitido em caráter provisório ou precário, com realce para o urbanístico, ambiental e sanitário. Se o apossamento do espaço urbano público ocorre ilegalmente, incumbe ao administrador, sob risco de cometimento de improbidade e infração disciplinar, fazer a imediata demolição de eventuais construções irregulares e a desocupação de bem turbado ou esbulhado.</p><p>O Código de Trânsito Brasileiro (art. 181, VIII, e art. 182, VI, respectivamente) prevê sanção administrativa de multa para quem estacionar veículo no passeio (infração grave) e mesmo para quem nele simplesmente parar por minutos (infração leve). Seria contraditório punir quem para na calçada e, ao mesmo tempo, admitir a sua ocupação ilícita ou duradoura para fins comerciais (quiosques, trailers) ou com construções privadas, pouco importando a espécie.</p><p>Poder de polícia possui três atributos (características):</p><p>a) Discricionariedade: em regra, a Administração Pública tem a liberdade de definir a oportunidade e conveniência da prática dos atos de poder de polícia. Ex: a definição do dia e do local onde haverá uma fiscalização da vigilância sanitária.</p><p>Obs: a lei poderá impor que determinado ato de poder de polícia seja vinculado. Ex: licença para o exercício de uma profissão.</p><p>b) Autoexecutoriedade: a Administração Pública pode, com os seus próprios meios, executar seus atos e decisões, sem precisar de prévia autorização judicial. Ex: pode interditar um estabelecimento comercial sem autorização judicial.</p><p>Obs: nem sempre a autoexecutoriedade da Administração será suficiente. É o caso, p. ex., da multa. Se o particular não quiser pagar, será necessário propor ação judicial contra ele.</p><p>c) Coercibilidade: significa que as medidas adotadas pela Administração podem ser impostas coercitivamente aos particulares. Ex: o poder público pode apreender as mercadorias estragadas de um supermercado.</p><p>Obs: a autoexecutoriedade e a coercibilidade estão intimamente ligadas e alguns autores trabalham os dois atributos como sendo sinônimos.</p><p>Controle judicial: os atos de poder de polícia são atos administrativos e poderão ter a sua validade impugnada no Poder Judiciário pelas pessoas eventualmente prejudicadas.</p><p>Info 1060: É legítimo o poder de polícia conferido à ANATEL para fiscalizar as atividades de radiodifusão. STF. Plenário. ADI 4039/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24/6/2022 – podendo cobrar taxas devido a essa função.</p><p>8.2 ESPÉCIES</p><p>CARVALHO FILHO classifica o poder de polícia sob dois aspectos. No primeiro aspecto, há dois sentidos:</p><p>· Sentido amplo: aquele exercido por meio de toda e qualquer atuação restritiva</p><p>por parte do Estado, incluídos os atos do Poder Legislativo;</p><p>· Sentido	estrito:	abarca	apenas	a	atuação	concreta	da	Administração, correspondente às atividades tipicamente administrativas, subjacente à lei já preexistente.</p><p>Num segundo aspecto, há duas acepções:</p><p>· Poder de polícia originário: aquele exercido pelos entes federativos – como a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (pessoas políticas) de modo a alcançar as leis e os atos por eles editados. Equivale ao poder de polícia em sentido amplo;</p><p>· Poder de polícia delegado: aquele exercido pelas pessoas administrativas vinculadas ao Estado, por força de delegação (poder de polícia delegado). CARVALHO FILHO entende ser possível a delegação</p><p>inclusive a pessoas jurídicas de direito privado, desde que para exercício de atividades materiais, como a fiscalização, mas não caberia delegação do poder de criação das normas.</p><p>8.3 CARACTERÍSTICAS</p><p>A doutrina tradicional enumera cinco características do poder de polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade, coercibilidade, indelegabilidade e atividade negativa.</p><p>A discricionariedade incide tanto sobre o motivo e o objeto do ato quanto ao melhor momento de atuação da Administração e à aplicação da sanção mais adequada haverá margem de escolha dentro da moldura legal – a exemplo da autorização para portar arma de fogo.</p><p>Entretanto, DI PIETRO ressalta que o poder de polícia será vinculado em casos excepcionais, como na concessão de licenças para dirigir veículo automotor e para construir. Para MEIRELLES, o ato de polícia será discricionário de início, mas passa a ser vinculado se o seu modo e forma de realização vierem a ser estabelecidos por lei.</p><p>Já pela autoexecutoriedade, a Administração não precisará ingressar previamente no Poder Judiciário para garantir a execução de suas decisões. Poderá utilizar, então, seus próprios meios para tal. Para CARVALHO FILHO, de qualquer modo deverá ser observado o devido processo legal, bem como os princípios do contraditório e da ampla defesa, sob pena de invalidade do ato decorrente do poder de polícia.</p><p>Além disso, parte da doutrina desdobra a autoexecutoriedade em:</p><p>· Exigibilidade: a Administração poderá utilizar meio indiretos de coação – a exemplo da multa;</p><p>· Executoriedade: a Administração poderá realizar a execução forçada pelo uso da força pública, a exemplo da interdição de uma fábrica, apreensão de uma mercadoria (meios diretos de coação).</p><p>Só há executoriedade quando se tratar de situação urgente ou quando a lei assim autorizar. Por tal razão, embora em todas as medidas esteja presente a exigibilidade, nem todas as medidas possuirão executoriedade.</p><p>Questão: Prova: FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto. A atuação da Administração Pública se dá sob diferentes formas, sendo o exercício do poder de polícia uma de suas expressões, dotada de exigibilidade, que confere meios indiretos para sua execução, como a aplicação de multas, e admitindo, quando previsto em lei ou para evitar danos irreparáveis ao interesse público, a autoexecutoriedade, com o uso de meios diretos de coação – CERTO.</p><p>A multa, por sua vez, consiste em meio indireto para cumprimento do ato de polícia, já que a Administração não poderá executá-la diretamente. Neste caso, será necessária ação própria na via judicial para fins de cobrança. Assim, multa não é dotada de autoexecutoriedade (ou executoriedade).</p><p>Para o STJ, também não se admite a executoriedade na situação de demolição de casa habitada, para a qual é necessária ordem judicial (REsp 1.217.234/PB, 1ª Seção, j. em 14.08.2013).</p><p>A coercibilidade significa a imposição coativa das restrições por parte da Administração independentemente do consentimento do particular (imperatividade). Para MEIRELLES, é justificável o uso da força física, desde que proporcional e necessária no caso de oposição do particular – a exemplo da aplicação das medidas de isolamento e de quarentena previstas na Lei 13.979/2020, sobre o enfrentamento de emergência decorrente do coronavírus.</p><p>Questão: CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto. O poder de polícia administrativo possui autoexecutoriedade, princípio segundo o qual o ato emanado será obrigatório, independentemente da vontade do administrado – ERRADO, pois o quando o ato é obrigatório independentemente da vontade do administrado trata-se da coercibilidade.</p><p>A indelegabilidade decorre do fato de ser o poder de polícia atividade que, regra geral, não pode ser exercida por particular, por tratar-se de atividade típica do Estado. Assim já decidiu o STF (ADI 1.717, j. em 07.11.2002): “leva à conclusão, no sentido da indelegabilidade, a uma entidade privada, de atividade típica do Estado, que abrange até poder de polícia, de tributar e de punir, no que concerne ao exercício de atividades profissionais regulamentadas (...)” .</p><p>Os Conselhos de fiscalização profissional como CREA e CRM, possuem natureza jurídica de autarquia, sujeitando-se, portanto, ao regime jurídico de direito público.</p><p>Já no âmbito do STJ, há tese (Edição n. 135, de 04.10.2019): “Os conselhos profissionais têm poder de polícia para fiscalizar as profissões regulamentadas, inclusive no que concerne à cobrança de anuidades e à aplicação de sanções”.</p><p>Diferentemente, há a seguinte posição do STJ, para quem é lícita a delegação às pessoas jurídicas de direito privado atividades de polícia exclusivamente materiais, como o poder meramente fiscalizatório, aplicando-se a seguinte tese (Edição n. 82, de 31.05.2017): “Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de economia mista, facultado o exercício do poder de polícia fiscalizatório”.</p><p>Importante lembrar que o STJ também admite a delegação da atividade de consentimento (REsp 817.534/MG, j. em 10.11.2009), com base nos quatro ciclos de polícia trazidos por NETO: legislação, consentimento, fiscalização e sanção.</p><p>“No âmbito da limitação do exercício da propriedade e da liberdade no trânsito, esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece normas genéricas e abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão da carteira corporifica a vontade do Poder Público (consentimento); a Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade estabelecidade em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não guarda observância ao CTB (sanção). Somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder Público. No que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento por particulares estaria, inclusive, comprometido pela busca do lucro – aplicação de multas para aumentar a arrecadação”.</p><p>· Ordem de polícia: como preceito legal básico, é indelegável (ato de império)</p><p>– a exemplo dos requisitos exigidos para expedição da CNH, normas da vigilância sanitária. É a legislação que estabelece os limites e condições necessárias para o exercício da atividade ou uso dos bens por parte dos particulares.</p><p>· Consentimento de polícia: como o ato de anuência, expedido na forma de alvará, é delegável quanto aos aspectos materiais – a exemplo da emissão da CNH, licença para dirigir, autorização para construir etc. É a fase na qual a Administração dá o consentimento para que o particular pratique determinada atividade ou para que utilize o bem segundo a ordem de polícia em vigor.</p><p>· Fiscalização de polícia: como a verificação do cumprimento das ordens de polícia, é delegável quanto aos aspectos materiais – a exemplo de pardais eletrônicos instalados para restrição da velocidade dos veículos em determinada via pública, o fiscal vai até o açougue para verificar se o estabelecimento cumpre a legislação sanitária. Aqui a Administração verifica se o particular está cumprindo as regras estabelecidas na ordem de polícia.</p><p>· Sanção de polícia: como a submissão do infrator às medidas sancionatórias pertinentes, sendo indelegável por ser ato de império – a exemplo da aplicação de multa de trânsito por excesso de velocidade.</p><p>Obs.: as fases de ordem e fiscalização estão presentes em todo e qualquer ato de poder de polícia. Já as fases de consentimento e sanção podem ocorrer ou não.</p><p>Recentemente, ao apreciar o RE 633.782/MG, j. em 23.10.2020, o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral (Tema 532):</p><p>(</p><p>É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de</p><p>lei</p><p>, a pessoas jurídicas de</p><p>direito</p><p>privado</p><p>integrantes</p><p>da</p><p>Administração</p><p>Pública</p><p>indireta</p><p>de</p><p>capital</p><p>social</p><p>majoritariamente público</p><p>que prestem</p><p>exclusivamente serviço público</p><p>de atuação</p><p>própria</p><p>do Estado</p><p>e</p><p>em</p><p>regime</p><p>não concorrencial</p><p>.</p><p>(Info 996).</p><p>)</p><p>A corte destacou que o regime jurídico híbrido das estatais prestadoras</p><p>de serviços públicos em regime de monopólio é plenamente compatível com a delegação, nos mesmo termos que se admite a constitucionalidade do exercício delegado de atividade de polícia por entidades de regime jurídico de direito público.</p><p>No caso concreto, a Corte entendeu ser o regime da entidade como próximo ao aplicável à Fazenda Pública e, ainda, reconheceu como absolutamente indelegável a etapa da ordem de polícia, esta ligada à função legislativa.</p><p>Afastou-se a tese do STJ de que somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização seriam delegáveis. Em verdade, a única fase do ciclo de polícia que, por sua natureza, é absolutamente indelegável é a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa.</p><p>Em suma, os atos de consentimento, de fiscalização e de aplicação de sanções podem ser delegados a estatais que possam ter um regime jurídico próximo daquele aplicável à Fazenda Pública.</p><p>Atividade negativa ou positiva:</p><p>Finalmente, a tradicional afirmação de que o poder se polícia sempre impõe obrigação de abstenção perante o particular, via obrigação de não fazer decorre da lição de MELLO, para quem o Poder Público, mesmo nos casos de condutas positivas, estaria a evitar a realização de atividades de maneira perigosa ou nociva por parte dos particulares (mera aparência de obrigação de fazer) – a exemplo da colocação de equipamentos contra incêndios nos edifícios; a exibição da planta na licença de construir ou; o exame de habilitação para a emissão da CNH. Assim, o que Poder Público realmente quer é uma obrigação de não fazer.</p><p>Questão: FCC - 2021 - DPE-RR - Defensor Público. Ao exigir uma planta para licenciamento de construção pelo particular, o poder de Polícia da Administração Pública demonstra ser uma atividade A) de obrigação de fazer. B) material. C) negativa. D) positiva. E) mista – RESPOSTA C.</p><p>Já a doutrina moderna indica a possiblidade de imposição de obrigação de fazer – a exemplo das obrigações impostas ao proprietário de imóvel, com base na função social da propriedade, bem como, para OLIVEIRA, a imposição de limpeza dos terrenos; o dever de edificação compulsória da propriedade e a exigência de saídas de emergência nos edifícios.</p><p>Questão: “Atividade estatal consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público”, conceitua-se poder de polícia.</p><p>"DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PODER DE POLÍCIA. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE TRÂNSITO. GUARDA MUNICIPAL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. Poder de polícia não se confunde com segurança pública. O exercício do primeiro não é prerrogativa exclusiva das entidades policiais, a quem a Constituição outorgou, com exclusividade, no art. 144, apenas as funções de promoção da segurança pública. 2. A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas legalmente previstas, embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder de polícia, não havendo, portanto, óbice ao seu exercício por entidades não policiais. 3. O Código de Trânsito Brasileiro, observando os parâmetros constitucionais, estabeleceu a competência comum dos entes da federação para o exercício da fiscalização de trânsito. 4. Dentro de sua esfera de atuação, delimitada pelo CTB, os Municípios podem determinar que o poder de polícia que lhe compete seja exercido pela guarda municipal. 5. O art. 144, §8º, da CF, não impede que a guarda municipal exerça funções adicionais à de proteção dos bens, serviços e instalações do Município. Até mesmo instituições policiais podem cumular funções típicas de segurança pública com exercício de poder de polícia. Entendimento que não foi alterado pelo advento da EC nº 82/2014. 6. Desprovimento do recurso extraordinário e fixação, em repercussão geral, da seguinte tese: é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas." (RE 658.579, rel. Ministro ROBERTO BARROSO, Plenário, 06.08.2015).</p><p>Questão: As condições de validade do ato de polícia são as mesmas do ato administrativo comum, compreendendo a competência, a finalidade e a forma, acrescidas da proporcionalidade da sanção e da legalidade dos meios empregados pela Administração – CERTO.</p><p>Questão: Segundo entendimento já consolidado no âmbito no STJ, a quitação de multas de trânsito vencidas não pode ser condição para a liberação de veículo regularmente apreendido, haja vista que a multa não constitui punição autoexecutória – ERRADO.</p><p>Súmula 510 STJ : A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não está condicionada ao pagamento de multas e despesas – assim, o pagamento de multas vencidas e licenciamento atrasado condiciona essa liberação.</p><p>Questão: Considere que determinada empresa concessionária de serviço público de telefonia tenha sido multada pelo PROCON em razão de descumprimento de determinação deste órgão a respeito do prazo para instalação de linha telefônica. Nessa situação, de acordo com o STJ, a multa é ilegal porque a atividade da concessionária está sujeita exclusivamente à fiscalização setorial realizada por agência reguladora de atuação nacional – ERRADO, STJ – A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reiterou a legitimidade do Procon para aplicar multas (poder de polícia) por descumprimento de suas determinações, na defesa de interesse dos consumidores. A decisão da Turma se deu em questão em que foi suscitado possível conflito de atribuições entre o Procon e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).</p><p>Registre-se, ainda, que, consoante também disposto nos precedentes acima destacados a atuação do PROCON "não exclui nem se confunde com o exercício da atividade regulatória setorial realizada pelas agências criadas por lei, cuja preocupação não se restringe à tutela particular do consumidor, mas abrange a execução do serviço público em seus vários aspectos, a exemplo, da continuidade e universalização do serviço, da preservação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão e da modicidade tarifária" (REsp 1.138.591⁄RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 22⁄09⁄2009, DJe 05⁄10⁄2009).</p><p>Questão: a elaboração de lei dispondo acerca da implementação de programa de restrição ao trânsito de veículos automotores, conhecida atualmente como “rodízio”, não se insere na conceituação do poder de polícia, mas do poder disciplinar – ERRADO, trata-se de poder de polícia.</p><p>8.4 PRESCRIÇÃO DAS SANCÕES</p><p>As medidas decorrentes do poder de polícia poderão ser submetidas à autotutela, pelo controle da própria Administração, ou ao controle do Poder Judiciário. Há previsão da prescrição de 5 (cinco) anos, no âmbito da Administração Pública federal e desde que o ato não tenha natureza funcional (Lei n. 9873/1999, Art. 1º).</p><p>Lei n. 9873/1999 - Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.</p><p>É prevista também a prescrição intercorrente para o caso de paralisação do procedimento administrativo por mais de 3 (três) anos. Já para o caso do fato apurado também configurar crime, a prescrição será regida pelo prazo previsto na lei penal.</p><p>Art. 1o §1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. §2o Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.</p><p>Diferentemente, no âmbito estadual e municipal aplica-se o prazo de 5 (cinco) anos, conforme assentado em tese do STJ (Edição 82, de 20.04.2017):</p><p>“O prazo prescricional para as ações administrativas punitivas desenvolvidas por</p><p>Estados e Municípios, quando não existir legislação local específica, é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/32, sendo inaplicáveis as disposições contidas na Lei n. 9.873/99, cuja incidência limita-se à Administração Pública Federal Direta e Indireta.”</p><p>Obs.: prescrição intercorrente da Lei 9873 não se aplica no âmbito estadual e municipal.</p><p>Ainda sobre a prescrição, a mesma lei sobre as causas</p><p>a) de interrupção da prescrição da ação punitiva (Art. 2º);</p><p>Art. 2º Interrompe-se a prescrição da ação punitiva:</p><p>I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital;</p><p>II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato;</p><p>III - pela decisão condenatória recorrível.</p><p>IV – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal.</p><p>b) de interrupção do prazo prescricional da ação executória (Art. 2º-A) e;</p><p>Art. 2º-A. Interrompe-se o prazo prescricional da ação executória:</p><p>I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;</p><p>II – pelo protesto judicial;</p><p>III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;</p><p>IV – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor;</p><p>V – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal.</p><p>c) de suspensão da prescrição (Art. 3º):</p><p>Art. 3º Suspende-se a prescrição durante a vigência: I - dos compromissos de cessação ou de desempenho, respectivamente, previstos nos arts. 53 e 58 da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994;</p><p>image4.png</p><p>image5.png</p><p>image6.png</p><p>image1.png</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p><p>image7.png</p>

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