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<p>EDITE GALOTE CARRANZA RICARDO CARRANZA 3.70 .10 7.02 2.40 BANHO ESCALAS EM ARQUITETURA +0.00 +0.18 .60 2.805 4.555 JANTAR +0.36 2 5 a edição 1 revista e S Blucher ampliada 2.40 12.50</p><p>ESCALAS DE REPRESENTAÇÃO EM ARQUITETURA</p><p>Blucher</p><p>EDITE GALOTE CARRANZA RICARDO CARRANZA ESCALAS DE REPRESENTAÇÃO EM ARQUITETURA edição revista e ampliada 3.70 .10 7.02 2.40 3.30 c BANHO +0.36 B B LAVABO H=.85 .90 .80 .60 DORMITÓRIO COZINHA ESTAR +0.00 02 +0.18 +0.18 .60 01 0.00 4.555 JANTAR +0.36 2 1 S 5.15 2.40 4.95 12.50 A</p><p>Escalas de representação em arquitetura 2018 Edite Galote Carranza Ricardo Carranza edição revista e ampliada - 2018 Editora Edgard Ltda. Colaboradores Arquiteta: Carolina Pepe Sacchelli Designer de interiores: Natália Cristina da Silva Programação visual: PWP Comunicação - www.pwp.com.br Blucher DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057 Rua Pedroso Alvarenga, 1245, andar Carranza, Edite Galote Rodrigues 04531-934 - São Paulo - SP - Brasil Escalas de representação em arquitetura / Edite Galote Tel.: 55 11 3078-5366 Ricardo Carranza. 5. ed. rev. ampl. - São Paulo : contato@blucher.com.br Blucher, 2018. www.blucher.com.br 240 p. il. Segundo Novo Acordo conforme 5. ed. Bibliografia do Vocabulário Ortográfico da ISBN 978-85-212-1272-0 (impresso) Academia Brasileira de Letras, março de 2009. ISBN 978-85-212-1273-7 (eletrônico) 1. Desenho arquitetônico 2. Representação arquitetônica I. II. Ricardo. É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios sem autorização escrita da 18-0029 CDD 720.284 Todos os direitos reservados pela Editora Edgard Blucher Ltda. Índice para sistemático: 1. Desenho arquitetônico</p><p>Bienal Internacional de Arquitetura G&C Arquitectônica Ltda. "A capacitação de uma pessoa adulta é essencialmente um fenômeno autodidático com base motivacional: não se trata de transferência de conhecimento, mas de sua apropriação dinâmica por parte do ou seja, aquele motivado por seu próprio 1 Chaves (2001, p. 132, em tradução livre).</p><p>CONTEÚDO Prefácio à edição 8 Prefácio à edição 10 Prefácio à edição 12 Prefácio à edição 14 Apresentação 18 Agradecimentos 19 "Nós, os desenhadores" 20 Introdução 21 Definição 25 A linguagem de concepção 26 Croqui 27 Materiais de desenho 33 Normas de desenho 41 Projeção ortogonal 65 Cortes e elevações 75 Planialtimetria 105 Nomenclatura 111 Projeto executivo de arquitetura 115 Escadas e rampas 137 Telhados 163 Vegetação 175 Detalhes construtivos 181 Perspectiva 195 Desenho de observação 217 Ergonomia e mobiliário 223 Verbetes 229 Bibliografia 235</p><p>PREFÁCIO À EDIÇÃO Para a humanidade, sempre foi importante importância da comunidade em seus contextos construir seus abrigos e projetar com maes- históricos. tria os detalhes de estruturação dos espaços 0 desenho técnico, como a escrita, tornou-se que ocupava. Soberanos, generais e famílias uma ciência específica e poderosa conhecida só influentes precisavam se apoiar naqueles que pelos que dominavam os códigos com que co- conheciam não as formas e os materiais com municavam suas Um código que, atual- que construir, mas, principalmente, como orga- mente, é mais um símbolo, pois não é secreto e nizar os detalhes dessas construções para criar consta de normas que controlam, permitindo espaços que satisfizessem os de distin- a transmissão correta da mensagem que, se tos grupos sociais, mas que também mostras- obedecida, transforma essas informações em sem às comunidades dimensões de nobreza, edificações, objetos e outros monumentos pre- poder, estética e peculiaridades da cultura da- sentes em vários grupos sociais. quele povo. 0 conhecimento desse engenho e Conhecer essa grafia-símbolo é uma neces- dessa arte tão necessários despertou-se assim, sidade básica daqueles que atuam nas áreas como uma especialidade reconhecida daqueles de arquitetura, engenharia, design gráfico e do que eram os melhores mestres e também dos produto. Sem essa linguagem, não é possível cidadãos que se orgulhavam desses feitos. produzir nessas Ensiná-la, portanto, re- 0 desenho técnico ganhou, então, relevân- quer experiência. E foi a partir dessa cia, pois permitia representar espaços e obje- cia que os autores, trabalhando conjuntamente tos imaginados para determinados projetos e neste livro, passaram a fazer apontamentos informar os encarregados de produzi-los com para transmitir a seus pupilos. Assim, organi- precisão e audácia. zaram este livro. Essa linguagem técnica, associada a no- Com cerca de um decênio dedicado ao ções de medidas e escala de representação, ensino de desenho técnico em faculdades de permitiu transmitir as diferentes concepções arquitetura e urbanismo, Ricardo Carranza é de edificações e objetos a muitos grupos, que conhecedor das facilidades e das dificuldades aperfeiçoaram e modificaram formas, volumes presentes nesse aprendizado. E constatando e estética para atender às distintas necessida- a quase inexistência de material didático com des com que deparavam em seu cotidiano ao enfoque voltado para arquitetura, iniciou 0 longo da história da civilização. preparo das informações hoje reunidas neste Constituiu-se, assim, em uma grafia nobre, livro. Essa experiência 0 autoriza a identificar conhecida por poucos, que tinham por ofício etapas definidas de aprendizagem que se ini- produzir e ensinar os artífices - e que se ciam com um processo de familiarização com a envolveram com materiais e técnicas específi- linguagem do desenho técnico e conhecimento cos para construir e montar desde objetos de das normas brasileiras (Associação Brasileira utilidade até monumentos que transmitiam a de Normas Técnicas ABNT). 0 domínio dessa</p><p>Prefácio à edição 9 linguagem permite que, nas etapas seguintes, Outro lado dessa dificuldade enfrentada volte-se para outras abordagens, como: dese- por estudantes e profissionais é nem sempre nho de criação, desenho informal e modelos iniciarem uma faculdade com curso de capa- tridimensionais. citação tendo frequentado anteriormente uma Com 0 avanço da revolução industrial, e escola técnica em edificações, não estando, en- consubstanciada no domínio da informática, a tão, aptos para pensar, conceber e realizar seus experiência de ensino do desenho técnico leva projetos. Daí a importância dos conhecimentos a inovações. Edite Galote Rodrigues Carranza trazidos por esta publicação, que os levem a su- se destaca por seu repertório que se traduz perar essas dificuldades de linguagem gráfica, num filtro seletivo de comandos de desenho podendo "aprender fazendo" a partir das se- por computador com 0 programa AutoCAD, da quências de informações e exercícios práticos Autodesk, mundialmente utilizado pelos escri- apresentados. tórios de arquitetura. Edite, ao organizar um Por isso, é muito bem-vinda a estratégia de repertório básico, leva sua experiência profis- apresentação de tópicos, mostrando os passos sional à frente de seu escritório de arquitetura, sequenciais a experimentar, testar. Essa é, tal- para 0 ambiente acadêmico, permitindo aos vez, a maior riqueza deste livro: propor exer- estudantes alcançar um bom desempenho em cícios práticos com dificuldades crescentes, desenho técnico, produzindo plantas, cortes e desde os primeiros esboços de um projeto pre- elevações representativos de seus projetos. liminar, até 0 desenho de um projeto executivo A dificuldade que muitos estudantes en- de arquitetura. melhores profissionais em contram nesse modo de desenhar pode ser desenho do projeto arquitetônico acabam de- resumida ao fato de terem que usar 0 compu- senvolvendo uma empatia com os programas tador como um novo instrumento de desenho de computador e se destacando ao longo de e, com ele, realizar projetos com os mesmos suas carreiras, com novos modos de produzir padrões gráficos constantes das Normas. Essa e novas pedagogias de ensinar. Talvez seja essa dificuldade é notória, pois é preciso que os a grande inovação que distingue os tempos profissionais se familiarizem com 0 uso desse modernos dos primórdios do desenho técnico. novo instrumento de desenho. Para tanto, a As- Este livro é uma porta que se abre, introduzindo sociação Brasileira de Escritórios de Arquite- 0 leitor no mundo do desenho, permitindo-lhe tura (ASBEA) procura mostrar as vantagens de separar passo a passo as dificuldades encon- adequar os parâmetros gráficos aos programas tradas nesse campo do conhecimento. de 0 que mostra na publicação de Cabriaghi, Amá, Castanho e Westermann (2002), intitulada Diretrizes gerais para inter- São Paulo, 18 de setembro de 2004 cambialidade de projetos em CAD: integração Gilda Collet entre projetistas, construtores e clientes. 2 GILDA COLLET BRUNA é arquiteta e urbanista formada pela Faculdade de Ar- quitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Tem doutorado pela FAU-USP e especialização em planejamento urbano pela Japan International Cooperation Agency (JICA), em Tóquio, Japão. É livre-docente pela FAU-USP e fez pós-doutorado como professora visitante da Universidade do Novo México, em Albuquerque, EUA. É professora e coordenadora da pós-graduação da Universi- dade Presbiteriana</p><p>PREFÁCIO À EDIÇÃO 0 desenho esse nosso tradutor de emo- seja, ferramenta de "como fazer", que obedece ções, sonhos e ideias pode assumir distintas a determinadas normas, capazes de viabilizar a formas de manifestação. Tanto Lúcio Costa, em materialização daquilo que ainda se encontra programa elaborado no início dos anos 1940 em estágio preliminar de concepção. para 0 Ministério da Educação sobre 0 tema, Ao contrário do desenho de observação e quanto Francis Ching, em seu livro Dibujo y do desenho de criação impregnados de in- proyecto, editado em 1999, reconhecem três dividualidade 0 desenho técnico é um ins- modalidades de desenho: 0 de observação, 0 trumento fundamentado numa linguagem de de criação e 0 técnico. Todas interessam ao ar- caráter universal, própria de outros registros, quiteto, uma vez que constituem instrumentos como a química, a matemática, a geometria, a vitais de trabalho. música. Por isso, capaz de ser entendido em 0 desenho de observação é uma ferramen- qualquer quadrante, por mais diversos que se- ta de apropriação de determinada realidade, re- jam as línguas e culturas. gistro daquilo que desperta nossa atenção um 0 presente livro aborda as normas que re- edifício, uma rua, uma paisagem. São incontá- gem 0 desenho técnico de arquitetura. Fornece, veis os desenhos de observação produzidos por de início, informações sobre os materiais e ins- arquitetos nos mais variados períodos da his- trumentos básicos de trabalho restritos, é cla- tória. Como Le Corbusier, que lançou seu olhar ro, ao desenho de prancheta, reservando para a sobre 0 Oriente, visitado em 1911 e quando de disciplina de Informática 0 ensino do desenho sua passagem pelo Brasil, em 1929. hoje corrente com 0 computador. Na sequên- 0 desenho de criação está "a serviço da cia, enfoca as normas de representação gráfica, imaginação, quando inventa", ou seja, "concebe porquanto indispensáveis à correta informa- deseja construir"; éo veículo pelo qual a essên- ção das características do objeto concebido. cia de nossas ideias se configura. Trata-se dos 0 corpo principal da publicação é dedicado ao familiares croquis. Variam quanto à expressi- esclarecimento dos princípios da disciplina, vidade, economia de linhas, personalidade. apoiada tanto no sistema de projeção ortogo- esboços inconfundíveis de Oscar Niemeyer e os nal quanto no perspectivo. traços sumários com que Lúcio Costa definiu 0 livro familiariza, assim, 0 estudante com Brasília são exemplos significativos. os recursos convencionais de representação No entanto, por ser sintético e de dimen- dos objetos pensados tridimensionalmente imprecisas, 0 desenho de criação, no ter- por meio de um conjunto de representações bi- ritório da arquitetura, carece das informações dimensionais que, no entanto, se interrelacio- indispensáveis à correta execução de deter- nam. Ou seja, inclui plantas, cortes e elevações minada ideia, futura edificação. É quando, em dos distintos componentes de uma edificação, seu auxílio, comparece 0 desenho técnico, ou em escalas as mais diversas, conforme 0 grau</p><p>Prefácio à edição 11 de esclarecimento pretendido. 0 desenho pers- correntes, limitados às regras básicas do dese- pectivo ferramenta das mais importantes de nho técnico. Vai além, ao se respaldar, segundo que se vale 0 arquiteto e que alcança hoje ele- os próprios autores, "nas diferentes especifi- vado grau de sofisticação com variados progra- cidades necessárias ao desenvolvimento de mas de computação tem esclarecidos, passo a um projeto, dos esboços iniciais ao projeto passo, seus princípios de montagem. executivo". E, ressalte-se, ganha eficácia como Por sua natureza mais complexa, recebem instrumento de aprendizado do aluno, com os especial atenção alguns componentes da edifi- exemplos e exercícios práticos propostos. Es- cação, como escadas, rampas e telhados, bem tão de parabéns, portanto, não só os autores, como alguns detalhes frequentes na etapa de por este livro belo, minucioso e oportuno, que projeto executivo, todos ilustrados por meio enriquece a rara bibliografia sobre 0 assunto, de exemplos e exercícios, assegurando ao leitor mas especialmente os alunos de nossos inúme- a compreensão necessária. Conclui 0 trabalho ros cursos de Arquitetura, que terão no Escalas um oportuno capítulo de verbetes, de modo a de representação em arquitetura uma "mão introduzir 0 aluno no universo dos vocábulos segura" para 0 registro correto de suas concep- arquitetônicos, que conta, como muitos outros ções, tímidas quando de seus primeiros passos, campos do conhecimento humano, com ter- mas capazes, com 0 correr do tempo, de ganhar minologias específicas que é necessário desde expressão original neste discurso permanente cedo e rico 0 da criação arquitetônica. A experiência pedagógica de mais de uma década do casal de arquitetos Edite e Ricardo Carranza os credencia para proporcionar-nos Julho de 2007 uma publicação que se distingue dos manuais Alberto 3 ALBERTO XAVIER nasceu em 1936 e formou-se em 1961 na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Lecionou nos cursos de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Presbiteriana Mackenzie, da Universidade Católica de Santos, do Centro Universitário Belas Artes e da Universidade São Judas Tadeu. Como arquiteto, trabalhou no Centro de Planejamento Urbanístico da UnB, no escritório de Rino Levi e no Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP. Foi responsável pela pesquisa e edição do livro Lúcio Costa: sobre arquitetura (1962), reeditado fac-simile em 2007, além de autoria nas coletâneas sobre a arquitetura moderna das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre e Depoimento de uma geração (1987), reedição revista e ampliada (2003) de obra eleita por especialistas como um dos dez livros mais importantes da década de 1980.</p><p>PREFÁCIO À EDIÇÃO A publicação de um trabalho revela além da miza a linguagem, permitindo àqueles que se divulgação de um conhecimento acumulado, 0 expressam por uma mesma língua se façam en- desejo de compartilhá-lo com um público mais tender, 0 desenho técnico confere precisão às amplo, cuja troca dele decorrente é uma etapa ideias expressas nos croquis, tornando-as uni- fundamental na construção do conhecimento. versalmente compreensíveis, portanto, exequí- Escalas de Representação em Arquitetura dos veis, para todos os profissionais da construção, arquitetos Edite Galote R. Carranza e Ricardo de engenheiros a operários. Carranza é resultado de suas experiências di- 0 formato similar a uma apostila com a dática e profissional, que gentilmente se dis- proposição de exercícios, facilita a compre- puseram a coletivizar. Lançada pela primeira ensão das muitas etapas de um projeto de vez em 2004, esta publicação vem conquis- arquitetura e suas respectivas representa- tando seu espaço entre os que se interessam ções e aproxima-se da experiência do aluno, em aprender desenho técnico de arquitetura, incentivando-o aos exercícios seguintes. Apre- confirmado por esta terceira edição. A sua con- sentando 0 vocabulário, os instrumentos, os tribuição já foi apontada pelos colegas Gilda materiais, as normas, os tipos de representa- Collet Bruna e Alberto Xavier, que me antece- ção e suas especificidades, os componentes e deram nos prefácios da primeira e da segunda detalhes construtivos, os autores fornecem os edição, respectivamente. Seja como a ajuda elementos necessários para que se possa pas- àqueles que não tiveram a oportunidade de sar da imprecisão dos desenhos de criação ao aprender desenho técnico destacada por Gilda, rigor do desenho executivo. seja como 0 apoio para esclarecer as dúvidas A partir dos sistemas de projeção ortogonal que surgem no desenvolvimento de um projeto e perspectivo e da simulação de uma possível comentado por Xavier, esta publicação é uma situação de projeto, introduz-se a complexidade fonte de consulta para 0 ensino e 0 aprendizado do projeto, do levantamento planialtimétrico de desenho técnico de arquitetura. ao detalhamento, facilitando a compreensão 0 desenho técnico é um recurso fundamen- da representação e da realidade representada. tal no processo do projeto arquitetônico, res- 0 desenho na prancheta tem outra dinâmi- ponsável pela intermediação entre a concepção ca do desenho no a começar pelo e a execução. Assim como a gramática unifor- tempo e materialidade de um e outro. Enquanto</p><p>Prefácio à edição 13 na prancheta, há a etapa do desenho no papel útil para aqueles que pretendem estudar ou manteiga e depois a sua cópia a nanquim em trabalhar com a documentação de arquitetura, papel vegetal que para ser corrigida, há que se pois facilitará a sua compreensão, constituin- raspar 0 vegetal com gilete, este também um do, portanto, um recurso de grande utilidade artefato em extinção, pelo menos no formato para a perscrutação de acervos, na medida que em que era utilizado. E no computador, as eta- auxilia a leitura de projetos pas são muito mais ágeis, permitindo que se al- Desejo que esse esforço de Edite e Ricardo tere e experimente com um simples toque, sem seja amplamente retribuído pela consulta dos que as ideias tenham amadurecido, precipitan- alunos e pelas questões que possam despertar do 0 resultado final. Cada técnica tem seus re- nos outros docentes e arquitetos, estimulando cursos próprios e 0 que de fato importa é saber a troca e 0 debate. como explorá-los, para 0 que esta publicação 2013 pretende dar uma orientação, que também é Monica Junqueira de JUNQUEIRA DE CAMARGO é arquiteta e urbanista graduada pela Uni- versidade Presbiteriana Mackenzie (1977) mestra em Arquitetura pela Univer- sidade Presbiteriana Mackenzie, doutora em História da Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP), e livre-docente pela USP. Trabalhou como arquiteta de 1977 a 2003 na Prefeitura do Município de São Paulo na área de pesquisa do Departamento do Patrimônio Histórico e na Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo. Lecionou História da Arquitetura no Brasil na Universidade Mackenzie de 1987 a 2003. Desde 2003, é professora da Facul- dade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP), onde desenvolve a linha de pesquisa Arquitetura e Cidade Moderna e com particular interesse em arquitetura brasileira e patrimônio histórico, tendo sido conse- lheira do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) no período de 2004 a 2007.</p><p>PREFÁCIO À EDIÇÃO TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS DA RE- desenvolver a inteligência e de formar 0 julga- PRESENTAÇÃO GRÁFICA EM ARQUITETURA mento, pois assim aprende-se a "ver". Manfre- exercícios de desenho, contidos neste do Massironi também expressou ideia similar, livro, são lições fundamentais para todos aque- afirmando que podemos "ver pelo desenho". 0 les que ingressam em cursos de arquitetura. ato de desenhar exige atenção, compreensão e Só se pode valorizar 0 que esse livro contém interpretação daquilo que ali está sendo visto a partir de um pequeno histórico da represen- e representado. Longe de ser um ato mecânico, tação e da própria profissão de arquiteto. De 0 desenho exige reflexão, alcançando a plena modo sucinto, pretende-se destacar a seguir desenvoltura de sua execução após árduo tra- alguns fatos históricos que nos permitirão en- balho, profunda experiência e intensa prática tender a nomenclatura utilizada para os vários cotidiana. tipos de desenho, 0 propósito de cada exercí- Em arquitetura, pensamento é prepon- cio, assim como a sequência desse aprendi- derantemente visual. 0 arquiteto necessita ex- zado de fundamentos de desenho. 0 desenho teriorizar suas ideias e pensamentos por meio de arquitetura sempre fascinou os arquitetos, de desenhos. É durante a prática projetual que e tem sido motivo de inúmeras reflexões. Im- esse profissional aprende a produzir diferentes portantes autores como Yves Deforge, Robin tipos de desenhos, que atendem a diferentes Evans, Ernst Gombrich, John Harvey, Wolfgang finalidades comunicativas. Há representações Lotz, Jean-Charles Lebahar, Jean Marie Savignat, para si mesmo, como 0 croqui de concepção, Alberto Luigi Vagnetti, entre ou- há desenhos explicativos, para que os outros tros, estiveram sobre 0 estudo de entendam 0 projeto, assim como há desenhos desenhos ao longo da história da arquitetura. técnicos, cuja finalidade é transmitir instruções A gravidade desse tipo de estudo reside no fato detalhadas de cada elemento para sua correta de que em arquitetura não se desenha apenas execução no canteiro de obra. A diferença mais para representar, se desenha para pensar e in- significativa entre eles é que enquanto os de- vestigar espaços. Nesse sentido, 0 desenho é senhos gerados na fase de concepção são mais um meio de reflexão, de registro e de materia- ambíguos e imprecisos, os desenhos da fase de lização de desenvolvimento são claros e precisos. De tal arquitetos raramente trabalham dire- modo, entre uma comunicação para si mesmo tamente com 0 objeto de seu pensamento, ou e uma comunicação com os outros, essa grande seja, eles não operam sobre os materiais na produção de desenhos não são meros registros execução da obra. Esses profissionais sempre gráficos, pois são oriundos de amplos conheci- trabalham via algum meio de representação, mentos e de uma ativa imersão intelectual. quase sempre 0 desenho. Como bem afirmou É sempre oportuno lembrar que a longa tra- Viollet-le-Duc, 0 desenho é 0 melhor meio de dição de elaborar desenhos vem da Antiguidade.</p><p>Prefácio à edição 15 Leonardo Benevolo lembra que desenhos de sobre pergaminhos, resultando desenhos mais arquitetura foram produzidos em diferentes detalhados e mais precisos. suportes. Há desenhos de plantas sobre pedra A partir do Renascimento, os Tratados de e argila na Mesopotâmia, assim como elevações Arquitetura divulgaram os "segredos" da arte sobre papiro no antigo Egito. Na Idade Média, 0 de desenhar das corporações de ofício, insti- suporte era 0 pergaminho. 0 papel só passa a tuindo capítulos sobre geometria e as técnicas ser 0 suporte de representação em arquitetura de desenho, inclusive a perspectiva linear, que a partir do século XV. É de se supor que diferen- propiciou 0 posicionamento preciso de obje- tes graus de dificuldades ocorreram no uso de tos no espaço em profundidade. Houve grande ferramentas que propiciaram desenhar sobre desenvolvimento do desenho entre os séculos esses diferentes suportes. XV e XVIII, sobretudo pelo domínio cada vez Diferentes ferramentas de desenho foram maior da geometria e das técnicas de repre- utilizadas nessa longa tradição de elaborar de- sentação. A passagem dos desenhos artístico- senhos. Embora os esquadros fossem conheci- -ilustrativos, dos artistas-arquitetos do Renas- dos na Antiguidade pelos egípcios, foi na Idade cimento, para os desenhos técnico-operativos Média que 0 compasso tornou-se 0 sustentácu- dos arquitetos da era industrial no século XVIII lo das operações geométricas da arte de dese- e XIX foi expressiva, e esteve em sintonia com nhar e de obter medidas para du- os vários "estilos" da arquitetura clássica. É rante as atividades no canteiro. Pelo compasso, interessante destacar que, se de um lado, os 0 pôde manusear as medidas desenhos expressivos e autorais mostravam a sem a necessidade de cálculo, e relacioná-las a capacidade criativa e as habilidades dos arqui- proporções entre as partes que definiam a mo- tetos na representação da percepção do espa- dulação das pedras. A arte de cortar pedras, a do outro, os desenhos técnicos e operativos estereometria, dependia da precisão geométri- tinham relação e compromisso direto com a ca e de gabaritos. Assim, enquanto a geometria construção. Essa oscilação entre desenhos de eliminava 0 problema de grandezas irracio- criação e de execução percorre todos os perío nais, os gabaritos serviam como modelos para dos da arquitetura. assegurar a uniformidade da modulação e da Entre os séculos XV e XVIII, os desenhos repetição das peças de cantaria. Todavia, esses expressivos se desenvolveram a partir da pers- conhecimentos eram mantidos apenas pelas pectiva linear renascentista, que propiciou corporações de ofício, como "segredos" da arte a "matematização" do espaço, incorporando de construir. recursos mais sofisticados de desenho, como A partir do século XII, 0 desejo de construir a técnica do claro-escuro, ao passo que os de- edifícios maiores, mais altos e com maior com- senhos técnicos passaram a ser cotados, incor- plexidade espacial, impulsionou a prática de porando detalhes construtivos, facilitando as execução de desenhos em grandes dimensões. operações no canteiro de obras. 0 crescente Até essa época, os desenhos eram preponde- afastamento do arquiteto do canteiro de obras rantemente traçados com vara e corda, direta- 0 obrigou a deixar desenhos mais detalhados mente no solo e em tamanho natural. Contudo, para a execução de cada elemento construtivo. a partir da necessidade de antecipar pelo dese- Se até a Idade Média boa parte das instruções nho as complexas relações entre elementos de era verbal, a partir de Filippo Brunelleschi a cantaria, intensifica-se a produção de desenhos prática de antecipar a obra pelo desenho fez</p><p>16 Escalas de representação em arquitetura com que 0 arquiteto assumisse uma posição de 0 DESENHO NA ERA DA ERA DIGITAL criador e não de um construtor. Esse processo Desde os anos 1990, grande parte da pro- se acelera a partir da metade do século XVII, so- dução de desenhos passou a ser produzida a bretudo na França, com 0 ensino acadêmico da partir de recursos computacionais. antigos profissão, que permitiu a formação do arquite- "gabaritos", agora com precisão absoluta dos to como "ofício". A "codificação" do desenho foi cálculos computacionais, são amplamente dis- necessária para incluir informações detalhadas ponibilizados em programas gráficos. Modelos sobre como representar a execução por partes paramétricos garantem a relação matemática de cada elemento construtivo. 0 crescente de- entre os componentes de um edifício, assim talhamento do projeto é decorrência da neces- como plantas, cortes e elevações podem ser ge- sidade de explicitar todas as operações técni- rados a partir de um modelo geométrico digital cas desejadas para a construção na ausência do tridimensional. Contudo, para que isso ocorra, arquiteto. Assim, os desenhos técnico-operati- 0 futuro arquiteto deve aprender as lições bási- vos foram sendo codificados com informações cas de desenho, saber os códigos de represen- cada vez mais detalhadas para viabilizar a sua tação, entender como as operações ocorrem correta tradução na construção de edifícios. durante a execução na obra. Desenha-se cor- Com a Revolução Industrial, sobretudo a retamente quando se tem 0 entendimento das partir do século XIX, acelerou-se a necessida- características essenciais do objeto que está de de informações mais detalhadas sobre cada sendo representado. elemento construtivo para a sua execução no Atualmente, a proliferação de cortes pers- canteiro de obras. Nesse momento, a geome- pectivados, propiciados pelas técnicas de mo- tria descritiva foi decisiva para dominar 0 delagem computacional nos induz a pensar desenho desses componentes no espaço. Essa esse fato como algo novo, nos esquecendo de geometria pressupõe planos bidimensionais que essa prática existe desde a Renascença, contendo dois eixos de cada vez. Ela é fun- permitindo ver interior e 0 exterior do edi- damental para a compreensão de como des- fício ao mesmo tempo. Essas lições históricas membrar um objeto tridimensional em planos da arte de representar espaços em arquitetu- ra não podem ser esquecidas, nem tampouco Não foi mera coincidência que, a partir da se pode abolir aprendizado lento e gradual metade do século XVIII, as axonométricas fo- sobre os vários tipos de representação e suas ram sistematizadas como auxílio à represen- diferentes finalidades comunicativas, pois boa tação de perspectivas com dimensões no es- parte de nosso ofício, como arquitetos, depen- paço. As perspectivas isométricas permitiram de desses conceitos fundamentos, reiterado 0 controle de medidas em verdadeira grande- por este livro. 0 ensino de geometria descritiva za. Assim, além das perspectivas cônicas, que tem sido profundamente alterado e, lamen- permitiram desde 0 Renascimento posicionar tavelmente eliminado de alguns currículos. 0 0 observador e perceptivamente den- raciocínio espacial, propiciado pela geometria tro do espaço, as isométricas representaram descritiva, aumenta significativamente a capa- um observador abstrato, aéreo, que observa cidade de perceber e desenhar formas no es- com precisão a relação entre as partes que paço. Mas nos últimos anos a atenção principal compõem 0 edifício. tem sido direcionada para a geometria topoló-</p><p>Prefácio à edição 17 gica. Nessa geometria de formas e superfícies que se pretende comunicar que irão contínuas, os planos não precisam ser paralelos interpretar os desenhos e executá-los. Existe entre si, nem a representação baseada em re- uma grande contribuição deste livro para 0 batimentos de planos. A geometria topológica conhecimento das técnicas de representação. em vetores no espaço. Isso significa Projeções ortográficas plantas, cortes e eleva- que os planos são definidos apenas por coorde- ções são ensinadas por meio de desenhos de nadas espaciais fornecida pelos ve- fácil apreensão. Elementos construtivos como tores. Nas últimas décadas, com os programas escadas e rampas, detalhes construtivos de gráficos, é possível utilizar ferramentas digitais alvenaria e de esquadrias portas e janelas, que operam sobre objetos tridimensionais sem bem como detalhes de tesouras e treliças e recorrer a representações Mas diferentes soluções para telhados são exempli- é importante entender que mesmo diante de ficados de modo claro, sem pré-requisitos que tantas mudanças é essencial 0 aprendizado dos dificultariam esse aprendizado inicial. Mesmo fundamentos que subjazem a esse tipo de re- diante das rápidas mudanças trazidas pelas presentação, pois se desenha melhor quando inovações tecnológicas, os desenhos e lições se tem 0 domínio desses preceitos. contidos neste livro se mantêm como um gran- Atualmente, a representação pode muito de meio de expressão para 0 arquiteto comu- além das restrições impostas pelo ângulo reto nicar e materializar suas Das projeções e 0 compasso. Contudo, 0 aprendizado que as ortogonais aos vários tipos de perspectivas, até formas geométricas puras trazem aos inician- os verbetes, 0 livro escrito por Edite e Ricardo tes é fundamental para a exploração de formas Carranza estimula 0 estudante a desenhar e complexas. fundamentos iniciais de desenho representar seus próprios projetos, de modo não foram alterados, mas foram ampliados com a contribuir na sua formação profissional. Em as novas possibilidades expressivas trazidas sua quarta edição, este livro certamente moti- pelos recursos computacionais. Consequen- vará alunos de arquitetura a fazer uma imersão temente, as normas de desenho que se pode na fascinante arte de aprender nas diferentes lições contidas neste livro nos leva a pensar a importância históri- ca desses preceitos, e a íntima relação que elas 2016 têm em relação à organização das informações Wilson Florio5 WILSON FLORIO possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universida- de Presbiteriana Mackenzie (1986), especialização em Didática do Ensino Superior (1995), mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) (2005). É professor adjunto do quadro permanente do progra- ma de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie e professor adjunto do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas.</p><p>APRESENTAÇÃO Escalas de representação em arquitetura é de complexidade, a relevância e a abordagem fruto de uma experiência didática. 0 título pre- do assunto e as informações técnicas sofriam tende contemplar as diferentes especificidades 0 impacto da receptividade e da postura crí- necessárias ao desenvolvimento de um proje- tica do aluno. As alterações, ajustes, revisão to, dos esboços iniciais ao projeto executivo. de erros de proposta ou simples falhas técni- A palavra escalas, nesse contexto, contempla cas como digitação, revisão às vezes insufi- 0 sentido técnico do termo no contexto do de- ciente por ter sido feita pela mesma pessoa senho de arquitetura escalas de redução ou que desenvolveu 0 exercício, problemas com ampliação, mas também a concepção de níveis arquivos eletrônicos, qualidade da plotagem, de abordagem no processo de projeto ima- em resumo: foram muitos desafios a nos exi- ginação, croqui, implantação, cortes, detalhe girem paciência, pesquisa e humildade, e que construtivo, perspectiva. nos ajudarem a melhorar como professores e 0 livro foi tomando corpo durante mais de seres humanos. Entendemos, principalmente, uma década de atividade acadêmica, nas disci- que dedicar-se ao trabalho do livro é acreditar plinas de Desenho Arquitetônico, Perspectiva, na possibilidade de um mundo melhor. Projeto de Sistemas Estruturais, Assim, chegamos a um formato com a se- Nesse quência de desenho e projeto de arquitetura, em Técnicas período, matizados. professores experiência exercícios foram fotografias, sobre Construtivas Arquitetura, Procuramos registros catalogados, planejados, alunos, bibliografias, sala das de tête-à-tête e adotar aula experiências Informática. estudados consideramos comentários fez sala os ano- linhas gerais, necessário aos cursos de arquitetu- tações, e 0 em de ra, e uma didática em que 0 desenho de arquite- aula - e siste- tura é compreendido em seus vários estágios de uma postura desenvolvimento, ou "escalas de representação". crítica de Esperamos que nossa contribuição seja e mas que útil aos professores e estudantes dos cursos de a em a diferença. arquitetura, engenharia e edificações, na ação ao serem lançados coletiva que é 0 caminho do conhecimento. na diversidade humana do ambiente de tra- balho, adquiriam maior profundidade: 0 grau Os autores</p><p>AGRADECIMENTOS Publicar um livro é um sonho. Sua reali- entendido também como linguagem; ao profes- zação só é possível a partir de perseverança sor Delton Capozzi pelos comentários e aper- e trabalho árduo. Nosso trabalho para a pri- feiçoamentos de exercícios; à arquiteta Caroli- meira edição durou cerca de cinco anos e foi na Pepe Sacchelli, pela execução de maquetes possível com a colaboração de pessoas real- eletrônicas e desenhos técnicos; à designer de mente especiais. interiores Natália Cristina da Silva, pela dedica- Gostaríamos de agradecer à Gil- ção e paciência na elaboração e revisão de de- da Collet Bruna, uma das primeiras pessoas a senhos para a segunda edição; a Marco Antonio acreditar no projeto e que, gentilmente, fez 0 Bastos Machado, pelo desenho de esquadrias; prefácio à primeira edição; ao prof. arquiteto ao prof. Wilson Florio, pela consistente pers- Alberto Xavier, pelo prefácio da segunda edi- pectiva histórica do desenho, no seu à ção e pelas minuciosas críticas e considerações quarta edição, e a Pasquale Laviano Filho, res- sobre a primeira edição, importantes para 0 ponsável pela diagramação e pela revisão de aperfeiçoamento do livro; à Mônica arquivos eletrônicos desta edição. Junqueira de Camargo pelo prefácio à terceira em que 0 conceito de desenho técnico é Os autores</p><p>"NÓS, os DESENHADORES" Na concepção do arquiteto João Batista Vi- Barbosa não deu ao desenho industrial que co- lanova Artigas, arquitetos são desenhadores, mentou 0 mesmo significado que ele tem hoje. pois 0 desenho é a sua linguagem fundamen- Nem poderia ser diferente. tal. Artigas fez de seus projetos um exemplo Como é inegável que 0 ensino do dese- de arrojo e esmero com detalhes construtivos, nho entre nós tem sido considerado ensino qualidade do espaço, correlações com a cidade, de disciplina sem importância prática algu- coragem de enfrentar os desafios da técnica, ma, tanto no curso primário como nos cursos preocupação com a percepção do usuário e secundários, 0 estudo feito por Rui Barbosa vínculos que soube estabelecer entre profissão, ganha mais saliência ainda na história do de- ensino e responsabilidade social, consolidan- senho brasileiro. E a associação entre a his- do-se, ao longo dos anos, como 0 profissional tória e 0 ensino de desenho, em especial sua raro da arquitetura compreendida em toda a consideração de se entender 0 desenho como sua complexidade. linguagem, e sua constante preocupação de Em suas palavras, algumas considerações inserção social. de caráter histórico: Creio que das considerações que fiz até "Mas para nós, os desenhadores, é impres- agora já é possível concluir que este ideário cindível conhecer as considerações sobre 0 nos tem impedido de enfrentar 0 ensino racio- ensino do desenho que [Rui Barbosa] teceu já nal, cuidadoso e interessado do desenho, nas em 1883, portanto na hora mesma em que a escolas brasileiras. Para desenhar é preciso ter polêmica que venho relatando se desenvolvia talento, imaginação, vocação. Nada mais falso. no mundo industrializado. Desenho é linguagem também e, enquanto lin- Refiro-me ao parecer que Rui, como re- guagem, é acessível a todos. Demais, em cada lator, apresentou sobre 0 ensino primário no homem há 0 germe, quando nada, do criador Brasil. Lá, creio que pela primeira vez em nossa que todos homens juntos constituem. E como língua, está registrada e em mais de uma opor- já tive oportunidade de sugerir, a arte, e com tunidade a nova modalidade de desenho ode- ela uma de suas linguagens - 0 desenho é senho industrial. Não resta dúvida de que Rui também uma forma de conhecimento."6 6 Artigas (1986, p. 48).</p><p>INTRODUÇÃO 0 DESENHO COMO LINGUAGEM -rei, faria deste, inclusive, um embrião de Linguagem é 0 meio de expressão e co- sistema bancário. A saúde do sistema, en- municação do pensamento. Sabemos como e tretanto, dependeria de alguma coisa como 0 que pensamos, ou julgamos que sabemos, um denominador comum entre quantidade, por meio da linguagem. diversidade de bens, expansão, e controle Tudo que 0 ser humano possui sobre 0 por um grupo em uma perspectiva de conti- real são pensamentos materializados pela nuidade, ou seja, capaz de assimilar a subs- linguagem, 0 que implica mensuração, con- tituição do indivíduo sem prejuízo do bom venção e distanciamento. 0 homem, então, andamento dos trabalhos. Esse conjunto de funda sua escala de agrimensor e edifica uma necessidades da economia urbana traria em memória coletiva. seu bojo 0 projeto essencial à permanência A alavanca que moveu 0 ser humano no do homem no seu habitat, isto é, a escrita. sentido de uma linguagem socialmente viá- Mas a invenção da escrita contava com vel foi 0 confronto com a complexidade da alguns antecedentes. Sobre a permanência, economia urbana. A organização social das essa chave do tempo, sabemos como impres- cidades da Mesopotâmia gravitava ao redor sionou 0 homem por meio das pinturas ru- do templo que um deus-rei presidia. Esse po- pestres, pois a linguagem é 0 que 0 homem chefe de estado era 0 centro de tem de mais próximo do tempo, do ponto de convergência das riquezas produzidas pela vista de uma ascendência, até 0 momento. coletividade. Ele possuía terras e 0 que nela A linguagem pictográfica é um dos registros fosse produzido, rebanhos e sua procriação, mais remotos daqueles antecedentes. Sinais mais uma receita controlada por uma corpo- pictográficos foram encontrados há milha- ração de sacerdotes devotados à contabilida- res de anos em cavernas, placas de pedra, de e progresso material do deus-rei. metal e madeira. A palavra hieróglifo, por A prática de empréstimos e 0 pagamento exemplo, resulta da junção do grego hiero, condicionado a um bônus ofertado ao deus- sagrado, com glyfé, talhado.</p><p>22 Escalas de representação em arquitetura Tabuinhas de argila encontradas cerca atribuída uma quantidade, tornando-se, en- de 3000 a.C., na região da Mesopotâmia, tão, um ideograma ou logograma. 0 sufixo registravam números, mas também carac- grama vem do grego grámma e significa le- teres, como "figuras taquigráficas um jar- tra, sinal, marca. ro, uma cabeça de touro, dois Com 0 uso, os sinais perderam sua iden- etc. A escrita é por isso denominada pic- tidade visual com 0 objeto que constituía a tográfica. Podemos supor 0 que significam sua referência, 0 que é compreensível, pois simplesmente Nesse início de 0 fim de toda linguagem é seu domínio pú- amadurecimento da linguagem, a seleção blico e, no processo de síntese, ele tende a de pictogramas simples e representativos afastar-se do desenho de observação para foi resultado de um trabalho coletivo. Como alcançar a dimensão de símbolo índice de especialização, ao pictograma foi Ideograma ou logograma chinês significando "dentro", "meio" Com a prática, 0 sinal passa a represen- Assim, temos a palavra sumeriana Ka, tar, além de coisas, ideias e sons. que significava rosto, e 0 sinal rosto barba- Ao associar um som a um sinal, criava-se do. No processo de convenção, passa a in- 0 fonograma, observável em várias culturas dicar também a sílaba "Ka", associando-se a de economia urbana Mesopotâmia, Anti- gritar, falar e palavra. go Egito, e China são alguns exemplos históricos. 0 sinal sumeriano significava rosto barbado e evoluiu para palavra Ka, que significa rosto (CHILDE, 1981). Afirmar que a linguagem, socialmente sência a arbitrariedade e autoritarismo. 0 fundamentada, tem sua origem associada a humanismo difundido a partir da Grécia se- um deus-rei e a sacerdotes administradores ria impensável sem 0 domínio da linguagem de sua riqueza não significa ancorar sua es- escrita. Mesmo assim, edificar e urbanizar 7 Childe (1981, p. 179).</p><p>Introdução 23 implicavam 0 domínio de vários níveis de Na Grécia, em torno do século V a.C., a linguagem, como a associação símbolo-pa- geometria pura foi estudada e sistematiza- lavra e 0 conhecimento de relações geomé- da. A duplicação do quadrado e a demons- tricas. Noções de geometria, modelos e co- tração geométrica do teorema de Pitágoras nhecimento empírico serão os instrumentos são exemplos do alcance do conhecimento mais comuns no canteiro de obras durante dos gregos sobre 0 assunto. muitos séculos. H G K A F av2 B P C a a D Q E As ordens arquitetônicas, além plo grego é uma imagem de força de uma convenção de uma época, e harmonia. são um exemplo brilhante da apli- No século XV, a invenção da cação da geometria ao desenho de perspectiva exata, tributada ao elementos arquitetônicos. 0 tem- arquiteto Filippo Brunelleschi, contribuiu como um novo instru- meio de controle da forma, se de- mento para 0 estudo do espaço, também sobre problemas sem alterar de forma direta os da geometria, encontrando uma so- meios de edificar. Albrecht lução para 0 desenho da elipse. estudioso da perspectiva como um</p><p>24 Escalas de representação em arquitetura Apesar das conquistas no campo da geo- tratégicos são projetados ortogonalmente metria, a elaboração de uma linguagem es- sobre 0 diedro, gerando projeções horizon- pecífica à construção, de uma maneira geral, tais e verticais denominadas épuras. só será estabelecida pelo matemático fran- Estudos subsequentes da teoria mon- cês Gaspard Monge, alavancada pela Revo- geana, por seus discípulos, ampliaram con- lução Industrial. ceitos e métodos. 0 matemático italiano Gino Conforme 0 método de Monge, figuras Loria considerou a necessidade de mais um tridimensionais são estudadas sobre dois plano de projeção, que se tornaria instrumen- planos perpendiculares entre si. Pontos es- tal para 0 estudo de determinadas peças. A partir da épura mongeana estavam lançadas as bases para 0 desenho projetivo. (A) 0 método é utilizado para 0 projeto de má- quinas e motores, móveis e utensílios, L T cios e cidades. A Z A' Z (A) (A) A" + + o X y + A Em resumo, podemos afirmar que 0 de- vel compreender um projeto em uma publi- senho técnico é linguagem que faz uso da cação internacional devido ao potencial de geometria aplicada à construção, simbolo- decodificação direta. É também sintomático gia específica, texto, normas e padrões, re- que um projeto excepcional geralmente cor- cursos analógicos, parâmetros de legislação, responde a um desenvolvimento gráfico ex- além de interpretar valores culturais como cepcional, pois a linguagem projetiva deve usos e costumes. Mesmo sem um maior co- circunscrever a complexidade do objeto a nhecimento de línguas estrangeiras, é possi- ser construído.</p><p>DEFINIÇÃO DESENHO - É a representação da forma senho arquitetônico é 0 meio pelo qual 0 ar- sobre uma superfície, por meio das linhas e quiteto expõe uma ideia, interpreta um dese- dos contornos. Interpretação gráfica de uma nho, uma necessidade. É a linguagem de um expressão visual calcada na experiência estudo, de um anteprojeto ou de um projeto sensível e na autonomia da "superfície" com arquitetônico. Por meio do traço, das plantas, valor de dos cortes e das fachadas, se concretiza pelo desenho uma ideia, uma DESENHO ARQUITETÔNICO Represen- tação gráfica em uma superfície da expres- DESENH AR, -ISTA, -0 são arquitetônica, pela linha, pelo contorno e pela forma. É 0 desenho em escala adequa- DESIGNAR indicar, apontar, mostrar. da como resultado de uma criação artística Do lat. marcar, traçar, represen- que se baseia na sensibilidade e na razão, tar, dispor, regular. De signum - i, sinal, duplo aspecto próprio da 0 de- marca 8 Corona e Lemos 10 Cunha (1997, p. 253). 11 Idem, p. 254.</p><p>A LINGUAGEM DE CONCEPÇÃO 0 processo de projeto é desencadeado construtivas, legislação, sustentabilidade e pela etapa de concepção, quando 0 arquite- instalações. to elabora graficamente as linhas gerais do 0 croqui será a base para 0 anteproje- projeto a ser construído. A etapa de concep- to, e sobre este se os projetistas ção precede a sequência de desenhos téc- dos complementares, como: fundações, es- nicos que serão efetivamente empregados trutura, instalações e equipamentos. 0 desa- para conduzir a construção de um edifício fio para 0 arquiteto é que sua concepção se ou edificação. desenhos de concepção, mantenha íntegra no decorrer do processo. denominados croquis, constituem a gênese No período historicista da arquitetura, de um projeto. Desde uma residência uni- os desenhos de concepção eram baseados familiar a um complexo hospitalar, são com em modelos convencionais e os arquitetos esses desenhos preliminares que a ideia se trabalhavam em perspectivas que não ocul- materializa. Na etapa de concepção, 0 arqui- tavam 0 caráter de uma receita cenográfica teto deve conduzir um processo de síntese estabelecida "a priori". A arquitetura moder- extremamente complexo, pois é a partir de na assumiu 0 compromisso de desvincular 0 desenhos esquemáticos, aparentemente tos- arquiteto enquanto profissional a serviço cos, singelos, que devem ser colocadas, em da corte - e encaminhá-lo à sua função social uma perspectiva coerente, as várias áreas de de profissional dedicado ao seu momento conhecimento constantes de um projeto. Um histórico. croquis de Le Corbusier ou Mies croqui deve atender a questões de ordem Van Der Rohe eram essencialmente objetivos, cultural, estrutural, plástica, de orientação qualquer traço cenográfico era banido em e circulação, conforto ambiental, técnicas respeito à comunicação de uma ideia.</p><p>CROQUI A linguagem de concepção de um proje- e indistinta, em que a imagem é abafada por to de arquitetura possui forte vínculo com outros fatores que se sobrepõem à idéia da 0 profissional que a utiliza. As canetas de arquitetura. 0 desenho 'magro' é quase um ponta porosa ficaram famosas nas mãos de 'não desenho" e não quer fazer concorrência Oscar Niemeyer, adepto de um croqui ex- à obra já realizada, como acontecia com as tremamente simplificado, sempre associado grandes perspectivas scenográficas que, em a um memorial justificativo. Lina Bo Bardi certo sentido, esgotavam a obra utilizava cores visando uma possível nica, numa estéril sobre-estrutura. Le Cor- cia emocional de seus projetos e 0 arquiteto busier desenha magnificamente, de maneira americano James Wines adotava exuberantes e poderia em lugar aquarelas artísticas. Existe toda uma gama de desenhar; e Saul Steinberg, que também de variações possíveis e viáveis para os es- é arquiteto, pode ser tomado como exemplo tudos de concepção. 0 desenvolvimento de de síntese analítica, estreita e perfeita como uma ideia em arquitetura implica um proces- documentação de uma, por assim dizer, lin- de síntese de grande envergadura. 0 cro- guagem arquitetônica qui deve contemplar 0 projeto, em sua escala Um exemplo de croqui seco, ou sintéti- preliminar, em toda sua complexidade plás- CO, é 0 de Oscar Niemeyer. Observemos seus tica, técnicas construtivas, solução estrutu- estudos para 0 Paço de São Paulo, de 1952. ral, implantação, e sua coesão e integridade 0 projeto não foi construído, mas seu desen- serão testadas nas etapas subsequentes. volvimento já apresentava 0 método que 0 "0 desenho 'seco' e analítico é a exigência arquiteto carioca viria consagrar ao longo básica da arquitetura moderna, a qual elimi- de sua carreira. Um conjunto de croquis vem na a representação scenográfica, sombreada acompanhado de um memorial justificativo. 12 Bo Bardi (2002, p. 65).</p><p>28 Escalas de representação em arquitetura É provável a influência, ou ascendên- milado durante a participação no projeto cia, de Le Corbusier no que se refere à para 0 Ministério da Educação e Saúde - correspondência entre reflexão e desenho 1936/1943. sobre Oscar Niemeyer, que deve tê-la assi- PMSP 2 PMSP 1 Croquis e perspectiva - Oscar Niemeyer Paço Municipal de São Paulo, 1952</p><p>Croqui 29 0 arquiteto Eduardo é por nós 0 acúmulo de traços propicia um desenvol- considerado um Seus croquis vimento mais sensível da concepção, como são expressivos e deliberadamente "livres"; se 0 arquiteto buscasse, por meio do aden- ao contrário do croqui de lineamento, os samento, uma leitura dos principais planos de Longo possuem "massa". Seu croqui é com que se identificaria no decorrer do denso, escultórico, característico do seu processo. Para Longo, projetar é descobrir. processo. Sua linha de trabalho é intuitiva. Croquis Eduardo Longo Estudo para residência C. Lunardelli, 1969 "Ter-se-á de fazer um discurso à par- que através da leitura da documentação grá- te sobre desenho, como meio de prever, ou fica e verbal devem estar à altura de aprovar seja, sobre desenho como projeto. Através ou não 0 projeto. Para que isto seja feito, os da simulação gráfica do edifício construí- desenhos têm de conter uma informação do podem prever-se as contribuições que a completa sobre a qualidade prestativa do construção pode fornecer sendo realizada. futuro edifício. 0 desenvolvimento da infor- Esta simulação permite à prova as mática representa outra razão para a impor- teses, transformando-as em predições veri- tância em compreender e clarificar a função 0 primeiro controle de qualidade do desenho, se considerar que grande par- do futuro edifício é efetuado pelo projetis- te das informações vem a ser elaborada e ta quando analisa criticamente os próprios transmitida de forma desenhos, 0 outro é efetuado pelos clientes 13 Carranza (2004). 14 Desenhador na concepção de Artigas (1986, p. 48). Massinori (1989, p. 11).</p><p>30 Escalas de representação em arquitetura CROQUIS DO AUTOR</p><p>Croqui 31 AB</p><p>32 Escalas de representação em arquitetura "0 desenho é nossa principal linguagem." Tibau</p><p>MATERIAIS DE DESENHO</p><p>34 Escalas de representação em arquitetura Para a elaboração de desenhos técnicos, são necessários diversos materiais e instrumentos. Vamos apresentar alguns de uso mais frequente. ESQUADROS Esquadros são instrumentos para desenhar, for- mar ângulos e tirar linhas perpendiculares ou para- lelas. Têm a forma de triângulos retângulos. Em ar- RÉGUA T quitetura, são utilizados em acrílico, mas também são confeccionados em metal ou madeira. Usam-se dois Instrumento utilizado para 0 traçado de linhas, ou para tipos de esquadros: com ângulos de 45° e 90°, e 60°, apoio dos esquadros. É utilizado mediante apoio do cabeçote 30° e Ambos são utilizados para 0 traçado de li- da régua T sobre um dos lados da prancheta. nhas retas verticais e inclinadas. Para trabalhos com planos inclinados, como escadas e coberturas, é mui- to útil 0 esquadro regulável, que permite variações angulares de uso menos frequente. RÉGUA PARALELA Tem a mesma função que a régua T, sendo mais precisa e de manuseio mais simples. É fixada à prancheta por um sis- tema de fios, 0 que permite maior liberdade no uso de esqua- 23° dros e traçado de linhas. 90° 45° 45°</p><p>Materiais de desenho 35 GABARITO DE CÍRCULOS 0 gabarito de círculos, também conhecido como bolôme- tro, é utilizado para simbologia de nível em planta, giros de portas, cantos arredondados e como parâmetro auxiliar para desenho de vegetação. Como os círculos têm indicações dos pontos de tangência, sua aplicação tem razoável precisão. MATA-GATO Mata-gato, ou máscara de apagador, é um gabarito auxi- liar nas correções que exigem maior precisão do desenhis- ta. vários tipos de recortes vazados tornam este gabarito mais flexível no interesse do foco da correção. COMPASSO 0 compasso é um instrumento utilizado para traçar circunferências, ar- cos, concordâncias entre arcos e retas e marcar medidas. Possui uma ponta seca para fixar 0 instrumento na prancheta e outra com grafite e tira-linhas para desenho a nanquim. Alguns modelos permitem 0 acoplamento de um mm alongador para desenhos de circunferências com raios maiores. Existe ain- da a possibilidade de utilizá-lo com caneta nanquim, mediante acessório 10 acoplado à haste do compasso.</p><p>36 Escalas de representação em arquitetura CURVA FRANCESA Instrumento utilizado para con- cordâncias de curvas sempre que os centros de raios de circunferência não sejam indispensáveis. 5 LAPISEIRAS BORRACHA As lapiseiras são utilizadas tanto para desenhos à mão livre croquis A borracha é uma companheira in- e desenhos de observação quanto para desenho técnico. Possuem vários separável do desenhista, pois sem errar diâmetros 0,3 mm, 0,5 mm, 0,7 mm e 0,9 mm. É recomendável que se uti- não se aprende. lizem lapiseiras 0,3 e 0,5 mm para desenhos técnicos com instrumentos, Para desenhos a grafite, é aconselhá- e as demais para desenhos à mão livre. As variações gráficas devem ser vel 0 uso de uma borracha macia branca obtidas mediante adensamento, 0 que requer habilidade do desenhista. ou verde. Alguns modelos coloridos, ana- tômicos, também são adequados. Evite 0 uso de borrachas para tinta, 7mm LAPISEIRA por serem muito abrasivas danificam 0 desenho. LAPISEIRA 80 90 100 TO 110 60 120 130 TRANSFERIDOR 0 transferidor é um instrumento semicircular, com a borda dividida em 180°, utilizado para medir 170 ou traçar ângulos. É muito útil para 0 desenho de uma 180 poligonal de terrenos, telhados ou rampas.</p><p>Materiais de desenho 37 12 mm GRAFITES As grafites possuem qualidades que atendem a diferentes objeti- vos. As da série H são mais duras e secas. Podem ser utilizadas para a montagem do desenho por sua clareza e precisão. Grafites da série B são macias e oleosas. Funcionam bem para croquis, desenhos de observação ou escrita. A grafite HB requer controle na etapa de aden- samento de linhas para evitar que borre, por tratar-se de uma grafite macia. Em geral, deve-se montar 0 desenho com a grafite H, reforçar com HB e sombrear com B. Mas é perfeitamente possível trabalhar apenas com H para desenho técnico em papel manteiga. 0 lápis tem caído em desuso pela praticidade das lapiseiras. É in- teressante comparar: experimente apontar um lápis com cuidado para que a grafite fique cônica e pontiaguda. A qualidade gráfica obtida é su- perior, apesar do trabalho de constantes retoques na ponta da grafite. PAPÉIS Fabricados a partir de fibras vegetais, água e componen- 1. PAPEL MANTEIGA tes químicos, os papéis possuem características diversas: Papel translúcido, levemente amarelado, 41 ideal para dese- gramatura relação de seu peso por metro quadrado nhos à grafite espessura medida de uma face a outra da folha; brancura 2. PAPEL MANTEIGA FOSCO graduação em que 0 papel reflete a luz; opacidade maior ou Papel branco, fosco, 45 mais poroso, ideal para desenhos à menor transparência; e textura de superfície. grafite. papéis destinados ao desenho possuem características 3. PAPEL VEGETAL específicas, tanto para utilização das grafites ou tintas quan- Papel translúcido, branco, superfície lisa, ideal para desenhos à to para propiciar resistência à ação abrasiva de borrachas. tinta naquim. Gramaturas de 52,5 a 180 Para desenho técnico de arquitetura, os tipos mais uti- Além dos papéis citados, há uma infinidade de outros tipos tam- lizados são: bém destinados ao desenho, porém mais adequados ao desenho ar- tístico, por exemplo: papel "canson", papel "arches", papel "ingres" e papel jornal.</p><p>38 Escalas de representação em arquitetura GABARITOS 1:50 Os gabaritos são réguas vazadas em acrílico para desenhos de louça sanitária, figuras geométricas, bancadas de cozinha, telhas ou símbolos gráficos. As empresas desenvolvem seus produtos e respectivos gabaritos. Dessa forma, é possível dese- nhar com precisão as peças de um banhei- 1:100 ro, área de serviço ou cozinha. Também são produzidos gabaritos de mobiliário que ajudam no dimensionamento de espaços residenciais ou de escritório. ESCALÍMETRO 0 escalímetro ou escala triangular de topografia possuem escalas de redução é um instrumento para conversão das da ordem de 1:500, 1:250, por exemplo, em dimensões reais de um objeto para sua função de seu objeto de referência possuir devida representação; por exemplo: no grandes dimensões, como 0 lote urbano, caso de uma residência, esta será repre- parques ou fazendas. Os terrenos mais fre- sentada mediante escala de redução; no quentemente utilizados em arquitetura, 0 caso de um parafuso, escala de ampliação. lote urbano, não demandam escalas com Em arquitetura, geralmente utilizamos as reduções superiores a 1:100. No caso de escalas de redução. Por tratar-se de um projetos como praças ou conjuntos habi- instrumento de medição, não deve ser tacionais, será preciso utilizar vários tipos utilizado para 0 traçado. Em arquitetura, de escalas. Mas, a partir dos fatores de re- 0 escalímetro mais utilizado possui as se- dução, compreende-se a utilização tanto de guintes escalas: 1:50, 1:75, 1:100, 1:125 uma escala 1:50, quanto 1:500. e 1:25, 1:20. Escalímetros para desenhos 100 2 3 4 5 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 27 28 29 30 EE ZE EZ oz " 0</p><p>Materiais de desenho 39 DIFERENCIAÇÃO DAS PRANCHETA RÉGUAS DE APOIO FITA ADESIVA A régua T é utilizada para desenho e apoio de instrumentos, como os esquadros, gabaritos e escalímetros. Atualmente, vem sendo substituída ESQUADRO pela régua paralela, que garante melhor 0 parale- lismo, pois não é necessário, como na régua T, sua sustentação com uma das mãos, facilitando 0 tra- balho do desenhista. Assim, na prática, vem a ser FOLHA DE PAPEL um instrumento de maior precisão. 30 45 45</p><p>NORMAS DE DESENHO</p><p>42 Escalas de representação em arquitetura Linha fina Desenho técnico é normalizado pela rísticas específicas de uma obra a ser cons- Associação Brasileira de Normas Técnicas truída. É imprescindível seu conhecimento (ABNT), que determina os critérios para e aplicação na elaboração de desenhos téc- Linha grossa representação gráfica em arquitetura, de nicos de arquitetura. 0 fato de existir uma maneira que 0 produto final, 0 desenho, norma para desenho permite, por exemplo, tenha um padrão. A padronização é neces- a leitura de projetos em revistas internacio sária para que 0 desenho se constitua em nais. Se a linguagem fosse arbitrariamente uma linguagem, e assim cumpra a função personalizada, seu caráter universal seria de informar ao corpo técnico - arquitetos, reduzido. 0 presente trabalho fundamenta-se engenheiros, tecnólogos, projetistas, dese- nos critérios fixados pela ABNT. nhistas, empreiteiros e mestres - as caracte- TIPOS DE LETRAS E NÚMEROS MANUSCRITOS Letras: sempre mas não inclinadas, conforme exemplo: ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ Números: não inclinados, conforme 0 exemplo: 0123456789 0123456789 A dimensão das entrelinhas não deve ser inferior a 2 mm. As letras e cifras das coordenadas devem ter altura de 3 mm.</p><p>Normas de desenho 43 TIPOS DE LETRAS E NÚMEROS NO COMPUTADOR Textos pequenos (por exemplo, cotas): 0,02. ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ 0123456789 Textos médios (por exemplo, notas explicativas): 0,10. ABCDEF VWXYZ abcdef VWXYZ 0123456789 Textos grandes (por exemplo, nomes de ambientes): 0,25. ABCDEF VWXYZ abcdef VWXYZ 0123456789 Textos em destaques (por exemplo, títulos de pranchas): 0,50. ABCDEF VWXYZ abcdef VWXYZ 0123456789 16 Computer-aided design (desenho assistido por computador).</p><p>44 Escalas de representação em arquitetura TRAÇADO DE LINHAS Formato A3 - linhas a cada 5 mm. 1/3 1/3 1/3 1/2 F G M 1/2 G F M 01 Linha auxiliar Linha auxiliar a a 45° G F G F G M 02 Linha auxiliar Linha auxiliar Linha auxiliar a 30° a 30° a 30° Para 0 traçado acima, F FINA M MÉDIA G GROSSA Nota: a distância entre linhas no exercício é de 5 mm. Observar espessura, uniformidade e precisão do traçado.</p><p>Normas de desenho 45 Para 0 traçado abaixo, considerar as mesmas regras da ilustração anterior. Formato A3 - linhas a cada 5 mm. Linha auxiliar Linha auxiliar Linha auxiliar a 60° a a 45° 30° 30° M G Linha auxiliar Linha auxiliar a 45° a 60° 30° F G M 03 Para grafite Para nanquim 0.7 linha grossa 0.6 linha grossa 0.5 linha média 0.4 linha média 0.3 linha fina 0.2 linha</p><p>46 Escalas de representação em arquitetura Para obtenção de bons resultados gráficos em um desenho técnico, é importante obser- var alguns critérios. Traçado - qualidade da linha; obser- qualidade gráfica do desenho. tipos var tonalidade homogênea e espessu- de linha, fina, média e grossa, são bá- ra constante. sicos e podem ser ampliados. A mesma linha pode ter várias gradações. Grafismo - tipos de linhas; observar Ex.: fina, muito fina, ou grossa, mais critérios (grossa, média, fina, contí- grossa etc. nua, descontínua). Lapiseiras 0,3 mm e 0,5 mm - grafite Linhas contínuas - arestas e contor- HB e H. nos visíveis. Lapiseiras 0,7 e 0,9 são mais adequa- Linhas tracejadas - arestas e contor- das ao desenho à mão livre. Adote gra- nos não visíveis. fites da série B. Traço fino - observar gradações. Procedimentos: montar 0 desenho com lapiseira 0,3H traço fino; refor- Traço médio - observar gradações. 0 que for necessário. Traço grosso/forte - observar grada- Procure girar a lapiseira, durante 0 0 traço grosso não é feito de um traçado, para que 0 desgaste da grafi- único golpe, mas por adensamento. te se faça por igual e 0 traçado resulte uniforme. A espessura atribuída a uma linha desempenha um papel importante na</p><p>Normas de desenho 47 LINHAS Linhas de contorno Contínuas (= 0,6 mm). Linhas internas Contínuas e firmes, porém de menor valor que as linhas de contorno, conforme 0 exemplo Linhas situadas além do plano do desenho Tracejadas, mesmo valor que as linhas de eixo, conforme 0 exemplo ( 0,2 mm). Linhas de projeção - traço e dois pontos Quando se tratar de projeções importantes, devem ter 0 mesmo valor que as linhas de contorno. São indicadas para representar projeções de pavimentos superiores, marquises, balanços, etc., conforme exemplo</p><p>48 Escalas de representação em arquitetura Linhas de eixo ou coordenadas - traço e ponto Firmes, definidas, com espessura inferior às linhas inter- nas e com traços longos, conforme exemplo ( 0,2 mm). Linhas de cotas - contínuas Firmes, definidas, com espessura igual ou inferior à linha de eixo ou coordenadas, conforme exemplo (+ 0,2 mm). Linhas auxiliares - contínuas Para a construção de desenhos, guia de letras e núme- ros, com traço; 0 mais leve possível, conforme exemplo mm).</p><p>Normas de desenho 49 SIMBOLOGIA desenhos técnicos devem ser elaborados conforme simbologias padronizadas. 0.00 Simbologia de indicação de nível em planta. 0.00 Simbologia de indicação de nível em corte. +34.25 +34.35 PLANTA Cotas de nível Escala 1:50 As cotas de nível são sempre em metro. N.A. - Nível acabado. N.O. - Nível em osso (sem acabamento). +34.25 [N.A.] +34.20 [N.O.] CORTE Escala 1:50 Linhas de interrupção de desenho Mesmo valor que as linhas de eixo, conforme exemplo mm).</p><p>50 Escalas de representação em arquitetura Linhas de indicação e chamadas - contínuas Mesmo valor que as linhas de eixo, conforme exemplo 1 mm). Simbologia de indicação de corte em planta A letra "A" indica a sequência dos cortes. A A As letras "FL" são acompanhas do número de folha em FL1 FL1 que se encontra desenhado 0 corte no conjunto de folhas do projeto. Simbologia de indicação de fachada 0 número "1" indica a sequência das fachadas. 1 As letras "FL" são acompanhadas do de folha FL 01/10 em que se encontra desenhada a fachada no conjunto de folhas do projeto. Indicação de eixos em planta 1 2 Na indicação de eixos verticais, utiliza-se numeração e, na indicação de eixos horizontais, utiliza-se A sequência alfabética (A,B,C...). B . -</p><p>Normas de desenho 51 Simbologia de indicação de detalhes construtivos No.DETALHE 01 FL.1 No. FOLHA Em projetos executivos, é usual utilizar simbologia de in- 1 2 dicação de acabamentos: círculo para piso, losango para ro- 3 4 dapé, triângulo para parede e quadrado para teto. A numeração indica 0 tipo de acabamento conforme tabe- la a ser desenvolvida para um determinado projeto. PLANTA DO TÉRREO 1 Título de desenho ESC.: 1:50 A norma determina a numeração de desenhos utilizando-se um círculo. 5 10 20 Simbologia para indicação de escala gráfica. ESCALA GRÁFICA N NM N - Norte verdadeiro: utiliza 0 Polo Norte como refe- rência NM - Norte magnético: pode ser utilizado somente na fase de estudos preliminares; é menos preciso, pois a agulha da bússola é atraída pelo campo magnético da Terra.</p>