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<p>2</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3</p><p>2 OS PRIMEIROS SOCORROS ................................................................................ 4</p><p>3 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE ................................................................................. 5</p><p>4 ATENDIMENTO À VÍTIMA ..................................................................................... 8</p><p>4.1 Parada Cardiorrespiratória (PCR) ....................................................................... 13</p><p>4.2 Obstrução respiratória......................................................................................... 16</p><p>4.3 Politraumatismo .................................................................................................. 21</p><p>4.4 Queimaduras ...................................................................................................... 24</p><p>4.5 Choque elétrico ................................................................................................... 29</p><p>4.6 Convulsões ......................................................................................................... 31</p><p>4.7 Animais Peçonhentos ......................................................................................... 37</p><p>4.8 Afogamento ......................................................................................................... 44</p><p>4.8.1 Prioridades no atendimento às vítimas de afogamento .................................... 45</p><p>5 MECANISMOS DE LESÃO .................................................................................. 46</p><p>5.1 Lesões Fechadas ................................................................................................ 46</p><p>5.1.1 Atendimento de emergência ............................................................................. 47</p><p>5.2 Lesões abertas ................................................................................................... 48</p><p>5.2.1 Atendimento de emergência ............................................................................. 51</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 56</p><p>3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Prezado aluno!</p><p>O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante</p><p>ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -</p><p>um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma</p><p>pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum</p><p>é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a</p><p>resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas</p><p>poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em</p><p>tempo hábil.</p><p>Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa</p><p>disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das</p><p>avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que</p><p>lhe convier para isso.</p><p>A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser</p><p>seguida e prazos definidos para as atividades.</p><p>Bons estudos!</p><p>4</p><p>2 OS PRIMEIROS SOCORROS</p><p>Fonte: shre.ink/mOgt</p><p>Entre os problemas de saúde mais críticos e visíveis hoje, estão os desastres,</p><p>doenças graves e os casos resultantes de incapacidade e/ou morte súbita. A cada</p><p>ano, mais de 70 milhões de americanos passam por procedimentos de emergência</p><p>em hospitais. Um em cada três são vítimas de uma lesão não fatal. Muitas vezes, as</p><p>primeiras pessoas que chegam ao local de um acidente não são treinadas o suficiente</p><p>para prestar atendimento adequado, e o tempo decorrido até que a vítima receba o</p><p>atendimento muitas vezes é longo, resultando em morte por falta de assistência</p><p>apropriada (KARREN, 2013).</p><p>Primeiros Socorros são os cuidados iniciais que devem ser prestados</p><p>rapidamente a uma pessoa vítima de acidente ou mal súbito e cuja condição física</p><p>ponha em risco a sua vida, a fim de manter as funções vitais e evitar que sua condição</p><p>se deteriore, determinando medidas e procedimentos até que a ajuda qualificada</p><p>chegue.</p><p>Lembramos que a função da pessoa que realiza o resgate é a seguinte:</p><p>➢ Contactar o serviço de atendimento emergencial do Corpo de Bombeiros (193)</p><p>ou SAMU (192);</p><p>➢ Fazer o que for necessário no momento certo, a fim de salvar uma vida e</p><p>prevenir danos maiores;</p><p>➢ Manter a vítima viva até a chegada desse atendimento;</p><p>➢ Manter a calma e a serenidade frente a situação inspirando confiança;</p><p>5</p><p>➢ Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao acidentado;</p><p>➢ Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado, afastando-as</p><p>do local do acidente, evitando assim causar o chamado "segundo trauma”;</p><p>➢ Ser o elo de ligação das informações para o serviço de atendimento</p><p>emergencial;</p><p>➢ Saber avaliar seus limites físicos e de conhecimento;</p><p>➢ Não tentar transportar ou medicar um acidentado.</p><p>As situações de urgência são evidenciadas por não ameaçarem a continuidade</p><p>de vida, embora necessitem de assistência. Toda pessoa, devidamente treinada, está</p><p>apta a oferecer os primeiros socorros. Eles sempre deverão ser efetivados</p><p>com responsabilidade e bastante atenção, pois a vida humana está em questão.</p><p>Segundo a Portaria 354/2014, caracterizam-se como emergências as situações que</p><p>impliquem em um sofrimento intenso ou em um risco real de morte. Essas situações</p><p>exigem um tratamento imediato (BRASIL, 2014).</p><p>A Lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940 em seu art. 135, caracteriza como</p><p>omissão de socorro “deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco</p><p>pessoal, à criança abandonada ou extraviada ou à pessoa inválida ou ferida, ao</p><p>desamparado ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro</p><p>da autoridade pública”, sob pena de detenção de um a seis meses, ou multa (BRASIL,</p><p>2017).</p><p>3 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE</p><p>Fonte: shre.ink/mMS4</p><p>6</p><p>É importante que o trabalhador tenha cuidado neste momento para garantir sua</p><p>segurança e não arriscar a própria vida, sendo essencial manter a calma para o</p><p>sucesso das medidas tomadas. No atendimento inicial a qualquer indivíduo com</p><p>danos à saúde, indicam-se as etapas seguintes como forma de proporcionar</p><p>segurança na adequação de ações a serem empregadas, e que também conferirão</p><p>ao indivíduo uma visão geral do quadro encontrado:</p><p>➢ Avaliação da cena;</p><p>➢ Avaliação do Nível de Consciência (AVI);</p><p>➢ Pedido de ajuda;</p><p>➢ Avaliação da circulação (C);</p><p>➢ Avaliação das vias aéreas (A);</p><p>➢ Avaliação da respiração (B).</p><p>A avaliação do ambiente consiste na primeira etapa básica na prestação dos</p><p>primeiros socorros. Ao chegar no local do acidente, seja em casa ou no local de</p><p>trabalho, assuma o controle da situação e proceda a uma rápida e segura avaliação</p><p>da ocorrência.</p><p>➢ Chame por ajuda: Telefones de emergência: 193 (Bombeiro), 192 (SAMU), 190</p><p>(Polícia Militar);</p><p>➢ Obtenha o máximo de informações possíveis sobre o ocorrido;</p><p>➢ Evite o pânico. A calma e a tranquilidade do acidentado desempenham um</p><p>papel muito importante na prestação dos primeiros socorros;</p><p>➢ Mantenha os curiosos afastados para evitar confusão e abrir espaço para</p><p>trabalhar;</p><p>➢ Rapidamente observe se há perigos para o acidentado ou para os que</p><p>estiverem oferecendo o socorro nas proximidades da ocorrência, como, por</p><p>exemplo: fios elétricos desencapados ou soltos, tráfego de veículos, andaimes,</p><p>vazamento de gás, etc.</p><p>➢ Identifique pessoas que podem ajudar, dando ordens breves, claras, objetivas</p><p>e concisas;</p><p>➢ Não altere a posição em que se encontra o acidentado, somente no caso de</p><p>risco de vida para ele ou para o socorrista. Ex: risco de explosão, estrada</p><p>perigosa onde não seja possível sinalizar.</p><p>7</p><p>O</p><p>➢ Mantenha a vítima hidratada.</p><p>➢ Controlar os sinais vitais do acidentado e o volume urinário.</p><p>➢ Transporte a vítima com urgência para o atendimento especializado de</p><p>emergência.</p><p>➢ Não se deve envolver em nenhuma circunstância, a extremidade com gelo.</p><p>➢ Se já passaram mais de 30 minutos desde o momento da picada, não realize</p><p>qualquer medida de primeiros socorros. Mantenha os cuidados gerais de</p><p>repouso e apoio psicológico: verificação dos sinais vitais, prevenção de estado</p><p>de choque e transporte da vítima, o mais veloz possível, ao serviço de</p><p>emergência médica.</p><p>➢ Sempre que for possível, localize a cobra que picou a vítima e encaminhe-a</p><p>com segurança para o reconhecimento, de modo que seja administrado o soro</p><p>específico, mais eficiente do que o soro universal.</p><p>➢ Pegue a cobra viva, erguendo-a do chão com uma haste qualquer pelo meio</p><p>do corpo, sem se arriscar e, em seguida, coloque-a em uma caixa bem</p><p>fechada, assim ela não consegue reagir, nem dar o bote. Se não for possível</p><p>levá-la viva, não hesite em matá-la e recolher o exemplar.</p><p>44</p><p>O que não fazer em caso de acidentes com animais peçonhentos</p><p>➢ Não faça torniquete ou garrote.</p><p>➢ Não corte a área afetada.</p><p>➢ Não perfure ao redor do local da picada.</p><p>➢ Não coce o local.</p><p>➢ Não aplique nenhum tipo de substância sobre a área afetada (fezes, álcool,</p><p>querosene, fumo, ervas, urina), nem realize curativos que o fechem, pois</p><p>podem favorecer a ocorrência de infecções.</p><p>➢ Não ofereça bebidas alcoólicas ao acidentado ou quaisquer outros líquidos</p><p>como álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito contra o veneno e</p><p>podem causar problemas gastrintestinais na vítima.</p><p>4.8 Afogamento</p><p>É muito comum o acontecimento de afogamento durante as temporadas de</p><p>verão, visto que, a concentração de veranistas aumenta nas praias brasileiras,</p><p>deixando mais evidentes os eventos que envolvem esse tipo de acidente. Anualmente,</p><p>o índice de óbitos por afogamento no país supera os 6.000 casos, além dos incidentes</p><p>não fatais, que chegam a mais de 100.000. Esses dados são evidenciados pelo</p><p>crescimento do número de pessoas que desfrutam das águas de rios, mares, lagoas,</p><p>piscinas, etc. para banho, natação, prática de esportes aquáticos, transporte ou</p><p>trabalho (HAUBERT, 2018).</p><p>Tipos de acidente na água</p><p>Existem três maneiras de classificar os tipos de acidente na água: síndrome de</p><p>imersão, hipotermia e afogamento, detalhadas a seguir.</p><p>Síndrome de imersão: Chamada também de hidrocussão, é a denominação</p><p>popular para o choque térmico, desencadeado por uma súbita exposição à água mais</p><p>fria que a temperatura do corpo, causando arritmia cardíaca que pode levar à síncope</p><p>ou à parada cardiorrespiratória (PCR).</p><p>45</p><p>Hipotermia: Ocorre quando há exposição da vítima à água muito fria,</p><p>diminuindo a temperatura normal do corpo humano e podendo induzir à perda do nível</p><p>de consciência com afogamento secundário, ou até a uma arritmia cardíaca com</p><p>parada cardíaca seguida de morte.</p><p>4.8.1 Prioridades no atendimento às vítimas de afogamento</p><p>Estar diante de uma cena de afogamento pode ser assustador, pois necessita</p><p>de muita agilidade para realizar o resgate. Portanto, nesse momento, ter o mínimo de</p><p>conhecimento dos primeiros socorros é fundamental para salvar a vida da vítima</p><p>(HAUBERT, 2018).</p><p>Antes de realizar o atendimento às vítimas de afogamento, é necessário seguir</p><p>algumas orientações, que serão essenciais para garantir a própria segurança:</p><p>➢ Caso você não seja um exímio nadador e não tenha treinamento adequado</p><p>para o resgate em águas, nunca tente salvar uma vítima de afogamento;</p><p>➢ É importante lembrar que a pessoa que se encontra nessa situação está muito</p><p>desesperada, buscando todas as maneiras para flutuar na água, por isso você</p><p>corre um grande risco de ser afogado junto à ela;</p><p>➢ Evite ao máximo entrar sozinho na água e busque alguém que também saiba</p><p>nadar para auxiliá-lo no salvamento;</p><p>➢ Entre na água com o mínimo possível de roupa, assim a vítima terá menos</p><p>chance de usar você como boia;</p><p>➢ Utilize uma boia ou qualquer elemento flutuante que permita ser agarrado pela</p><p>vítima (pedaços de madeira, pneu, prancha de surfe, etc.);</p><p>➢ Caso você estiver em um bote, não permita a subida da vítima porque pode</p><p>virar, faça a pessoa se segurar nele e reboque-a até à superfície;</p><p>➢ Comece medidas de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) imediatamente se</p><p>achar que a pessoa parou de respirar, até mesmo quando estiver removendo-</p><p>a para a superfície;</p><p>➢ Só entre na água se realmente for absolutamente necessário.</p><p>46</p><p>5 MECANISMOS DE LESÃO</p><p>Fonte: shre.ink/m8Et</p><p>As lesões ocorrem devido à força física investida contra o corpo. A forma como</p><p>esta força cria uma lesão denomina-se mecanismo de lesão. Mecanismos que</p><p>transferem quantidades significantes de força, normalmente resultam em lesões</p><p>graves. As lesões na pele e na musculatura subjacentes costumam ser denominadas</p><p>ferimentos. Mais especificamente, o ferimento é uma lesão causada por trauma que</p><p>interrompe a continuidade normal do tecido, órgão ou osso afetado. Os ferimentos</p><p>podem ser classificados, de maneira geral, como fechados ou abertos, simples ou</p><p>múltiplos (KARREN, 2013).</p><p>5.1 Lesões Fechadas</p><p>Em lesões fechadas, como contusões, as partes moles abaixo da pele são</p><p>danificadas, mas a pele não é rompida. Entre os tipos de lesões fechadas encontram-</p><p>se contusões e lesões por esmagamento (KARREN, 2013).</p><p>Contusão</p><p>Em uma contusão, a epiderme (camada externa da pele) permanece intacta;</p><p>na derme (camada subjacente da pele), no entanto, as células são danificadas e os</p><p>vasos sanguíneos são dilacerados. As contusões são caracterizadas por dor e</p><p>47</p><p>inchaço locais. Se os pequenos vasos sanguíneos abaixo da pele forem rompidos, a</p><p>área ficará preta e azul à medida que sangue e fluidos vazarem para o tecido</p><p>danificado.</p><p>Hematoma</p><p>Se vasos grandes forem dilacerados embaixo de uma área contundida, ocorre</p><p>um hematoma: um acúmulo de sangue embaixo da pele. Os hematomas são</p><p>caracterizados por um nódulo azulado. O sangue de uma equimose profunda pode</p><p>separar o tecido e se acumular em uma bolsa. A vítima pode perder 1 litro ou mais de</p><p>sangue em decorrência de um grande hematoma.</p><p>Lesões por esmagamento</p><p>A força de um golpe súbito ou trauma fechado pode causar uma lesão por</p><p>esmagamento. Nesse tipo de lesão, as camadas internas da pele sofrem danos</p><p>severos; podendo chegar a se romper. As lesões por esmagamento são</p><p>particularmente perigosas pois as lesões internas resultantes causam poucos ou</p><p>nenhum sinal externo. Embora o local da lesão possa ficar dolorido, inchado ou</p><p>deformado, costuma haver pouca ou nenhuma hemorragia externa. A vítima de uma</p><p>lesão por esmagamento pode a princípio parecer bem, mas sua condição pode piorar</p><p>rapidamente, resultando em choque e/ou morte. Por esse motivo, sempre suspeite de</p><p>danos internos ocultos em vítimas desse tipo de acidente (KARREN, 2013).</p><p>Ferimento Lesão na pele e na musculatura subjacente que interrompe a</p><p>continuidade normal do tecido, órgão ou osso afetado.</p><p>Contusão Equimose.</p><p>Epiderme Camada mais externa da pele.</p><p>Derme Segunda camada da pele, que contém os folículos pilosos, as</p><p>glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas e os nervos.</p><p>Hematoma Acúmulo de sangue sob a pele.</p><p>Fonte: Karren, 2013.</p><p>5.1.1 Atendimento de emergência</p><p>Equimoses pequenas geralmente não requerem tratamento. Contudo,</p><p>equimoses maiores e lesões por esmagamento podem causar sérias lesões internas</p><p>48</p><p>e perda significativa de sangue. Se suspeitar de sangramento interno ou se a vítima</p><p>exibir sinais e sintomas de choque, trate o choque da maneira correta:</p><p>➢ Aplique gelo ou compressas frias para ajudar a aliviar a dor e reduzir o inchaço.</p><p>Nunca aplique gelo diretamente sobre a pele ou por mais de 20 minutos</p><p>ininterruptos.</p><p>➢ Imobilize os membros doloridos, inchados ou deformados para ajudar</p><p>a</p><p>controlar a dor e o inchaço e prevenir lesões adicionais. Se houver grandes</p><p>áreas contundidas, investigue cuidadosamente a presença de fraturas, em</p><p>especial se houver inchaço ou deformidade.</p><p>5.2 Lesões abertas</p><p>Nos ferimentos abertos, a pele é rompida e a vítima fica suscetível a hemorragia</p><p>externa e contaminação do ferimento. Lembre-se: o ferimento em si pode ser apenas</p><p>parte da lesão da vítima: um ferimento aberto pode ser apenas a evidência superficial</p><p>de uma lesão mais séria, como uma fratura (KARREN, 2013).</p><p>Abrasão</p><p>Abrasão é um ferimento superficial causado por raspagem, arranhão ou</p><p>cisalhamento. Parte da camada da pele, geralmente a epiderme e parte da derme, é</p><p>perdida. Todas as abrasões, independentemente do tamanho, são bastante</p><p>dolorosas, por causa das terminações nervosas envolvidas. Pode vazar sangue da</p><p>abrasão, mas o sangramento geralmente não é intenso. As abrasões podem constituir</p><p>uma ameaça se grandes áreas de pele estiverem envolvidas (como pode acontecer</p><p>em acidentes de motocicleta, quando o condutor é atirado contra a pista). As ameaças</p><p>mais sérias das abrasões são a contaminação e a infecção.</p><p>Laceração</p><p>Laceração é uma ruptura da pele de profundidade variada, que pode ser linear</p><p>(regular) ou irregular e pode ocorrer isoladamente ou em conjunto com outros tipos de</p><p>lesões das partes moles. As lacerações podem causar sangramento significativo se o</p><p>objeto pontiagudo também cortar a parede de um vaso sanguíneo, principalmente</p><p>49</p><p>uma artéria. Isso costuma ocorrer nas áreas onde as artérias principais ficam próximas</p><p>à superfície da pele. As lacerações lineares, também conhecidas como incisões, são</p><p>caracterizadas por cortes penetrantes e uniformes com bordas lisas. Elas são</p><p>causadas por objetos cortantes pontiagudos, como facas, lâminas de barbear ou</p><p>vidros quebrados.</p><p>As lacerações lineares tendem a sangrar livremente. Sangramento intenso</p><p>(frequentemente profuso) e dano aos tendões e nervos são os riscos mais</p><p>significativos. Essas lacerações geralmente cicatrizam melhor que as lacerações</p><p>irregulares, já que as bordas do ferimento são lisas e retas. A laceração estelar</p><p>(irregular) é um corte causado por um instrumento irregular pontiagudo (como uma</p><p>garrafa quebrada) que produz uma incisão áspera na superfície da pele e nos tecidos</p><p>subjacentes (KARREN, 2013).</p><p>Avulsão</p><p>Avulsão é a extração de um retalho cutâneo, que pode ficar pendurado ou ser</p><p>cortado completamente; as cicatrizes costumam ser extensas. As avulsões tendem a</p><p>sangrar profusamente; em alguns casos, entre tanto, os vasos sanguíneos podem se</p><p>fechar e se retrair para o tecido circundante, limitando a perda de sangue. Se o tecido</p><p>avulsionado ainda estiver preso por um retalho de pele e for novamente encaixado no</p><p>lugar, a circulação para o retalho pode ficar seriamente comprometida. A gravidade</p><p>da avulsão depende do comprometimento da circulação para o retalho. As partes do</p><p>corpo que sofrem avulsão com maior frequência são os dedos das mãos e dos pés,</p><p>as mãos, os antebraços, as pernas, os pés, as orelhas, o nariz e o pênis. As avulsões</p><p>ocorrem comumente em acidentes automobilísticos ou industriais.</p><p>Ferimentos penetrantes e por punção</p><p>O Ferimento por punção é causado pela penetração de um objeto pontiagudo</p><p>(como um prego) na pele e nas estruturas subjacentes. O orifício pode parecer</p><p>bastante pequeno e ocasionar pouco sangramento externo, mas o ferimento pode ser</p><p>extremamente profundo, causando hemorragia interna severa e representando uma</p><p>séria ameaça de infecção. Os órgãos internos podem também ser danificados por</p><p>punções. Em alguns casos, o objeto que causa a lesão fica cravado no ferimento.</p><p>50</p><p>O disparo de armas de fogo pode causar ferimentos tanto de entrada como de</p><p>saída. O ferimento de entrada costuma ser muito menor que o de saída, que é</p><p>geralmente duas a três vezes maior e tende a sangrar de forma profusa. Muitas</p><p>vítimas apresentam ferimentos de múltiplos disparos; é necessário procurar</p><p>ferimentos adicionais com atenção, especialmente em regiões onde eles possam</p><p>estar disfarçados (como aquelas cobertas por cabelos ou roupas volumosas).</p><p>Facadas e punhaladas são perigosas e frequentemente fatais (KARREN, 2013).</p><p>Como as facadas são facilmente perceptíveis, os socorristas, com bastante</p><p>frequência, se concentram apenas no ferimento superficial da pele e deixam de</p><p>considerar os danos aos órgãos subjacentes. Lembre-se: o ferimento superficial da</p><p>pele quase nunca é fatal. Todas as fatalidades estão relacionadas aos órgãos</p><p>lesionados que ficam embaixo do ferimento cutâneo.</p><p>Amputações</p><p>Os acidentes automobilísticos e industriais podem ser suficientemente brutais</p><p>para amputar membros; as amputações também podem envolver outras partes do</p><p>corpo. Como os vasos sanguíneos são elásticos, eles tendem a sofrer espasmos e se</p><p>retraírem para o tecido circunjacente nos casos de amputação completa, portanto, tais</p><p>amputações podem causar perda relativamente limitada de sangue. Em caso de</p><p>amputação parcial ou desenluvamento, no entanto, as artérias laceradas continuam a</p><p>sangrar profusamente, e a perda de sangue pode ser maciça. As novas técnicas em</p><p>cirurgia microrreconstrutora permitem salvar muitos membros ou dedos amputados;</p><p>por essa razão, os cuidados com a parte amputada são de importância vital. Mais</p><p>adiante neste capítulo, veja as Considerações especiais de tratamento para obter</p><p>mais informações sobre o cuidado com partes amputadas (KARREN, 2013).</p><p>Mordidas</p><p>Mais de 2 milhões de mordidas de animais domésticos e mais de 2 mil picadas</p><p>de cobra ocorrem anualmente nos Estados Unidos. O número de mordidas de seres</p><p>humanos não está registrado, mas seria provavelmente significativo, se conhecido.</p><p>Nove em cada dez mordidas de animais são infligidas por cães; as complicações</p><p>podem incluir infecção, celulite e tétano. As piores mordidas de cães são aquelas que</p><p>causam perfuração e as que ocorrem em áreas com poucos vasos sanguíneos. Uma</p><p>51</p><p>mordida é, na realidade, uma combinação de lesão penetrante e lesão por</p><p>esmagamento. As mordidas podem envolver partes moles, órgãos internos e ossos,</p><p>podendo incluir a ruptura de tecidos ou órgãos. A força da mordida de um cão pode</p><p>causar uma lesão por esmagamento severa; e as mordidas podem resultar em</p><p>contaminação maciça (KARREN, 2013).</p><p>5.2.1 Atendimento de emergência</p><p>Sempre tome medidas para evitar o contato com substâncias corporais ao</p><p>cuidar de vítimas com lesões nas partes moles, pois há grande probabilidade de</p><p>contato com sangue, fluidos corporais, mucosas, ferimentos traumáticos ou úlceras.</p><p>Use luvas de proteção pois poderá ocorrer respingo ou esguicho de sangue,</p><p>proteja seu rosto e roupas. Depois do atendimento, descarte as luvas e lave</p><p>cuidadosamente as mãos com água morna e sabão. Antes de começar a tratar a lesão</p><p>em si, desobstrua as vias aéreas e forneça respiração artificial, se necessário. As</p><p>lesões em partes moles devem ser tratadas da seguinte forma:</p><p>➢ Exponha o ferimento para poder vê-lo claramente; se necessário, corte as</p><p>roupas da vítima ao redor do local.;</p><p>➢ Controle o sangramento com pressão direta, usando a mão enluvada e uma</p><p>bandagem compressiva estéril e seca, se possível;</p><p>➢ Previna contaminação adicional mantendo o ferimento o mais limpo possível.</p><p>Tente não o tocar com qualquer objeto que não esteja limpo. Deixe a limpeza</p><p>do ferimento para os profissionais;</p><p>➢ Aplique um curativo estéril seco no ferimento e enfaixe-o firmemente no local.</p><p>Em geral, você deve acionar o SRM se:</p><p>➢ O ferimento tiver esguichado sangue, mesmo que você tenha controlado o</p><p>sangramento.</p><p>➢ O ferimento for mais profundo que a camada externa da pele.</p><p>➢ O sangramento estiver incontrolável.</p><p>➢ Houver fragmentos ou objetos cravados, ou contaminação extensa.</p><p>➢ O ferimento envolver nervos, músculos ou tendões.</p><p>52</p><p>➢ O ferimento envolver boca, língua, face, genitais</p><p>ou qualquer área onde uma</p><p>cicatriz causaria desfiguração.</p><p>➢ O ferimento for uma mordida de animal ou humana.</p><p>Limpando ferimentos e prevenindo infecções</p><p>Na maioria dos casos, você não deve tentar limpar o ferimento. Deixe os</p><p>socorristas ou a equipe do pronto-socorro cuidar da limpeza dos ferimentos,</p><p>principalmente os que forem grandes, tiverem fragmentos incrustados, estiverem</p><p>muito sujos, possam requerer pontos ou sejam potencialmente fatais. Se o ferimento</p><p>for superficial (que não necessite do SRM ou de hospitalização):</p><p>➢ Lave a área ao redor do ferimento com água e sabão;</p><p>➢ Irrigue o ferimento com água limpa de torneira; a água deve fluir com pressão</p><p>moderada e ser suficientemente limpa para se beber. Nunca esfregue o</p><p>ferimento: isso pode danificar os tecidos feridos.</p><p>➢ Seque o ferimento dando tapinhas leves com gaze estéril e aplique pomada</p><p>antibiótica (que contenha neomicina, por exemplo).</p><p>➢ Cubra o ferimento com um curativo estéril não aderente e enfaixe.</p><p>➢ Nunca aplique água oxigenada, álcool isopropílico ou iodo em um ferimento.</p><p>Essas substâncias podem lesionar os tecidos e retardar a recuperação.</p><p>53</p><p>Considerações especiais de tratamento</p><p>As diretrizes de emergência anteriores se aplicam à maioria das lesões nas</p><p>partes moles, mas deve-se estar ciente das considerações especiais em caso de</p><p>lesões torácicas ou abdominais, objetos cravados, amputações e lesões</p><p>compressivas.</p><p>54</p><p>Lesões torácicas</p><p>Em caso de lesões penetrantes no tórax, acione o SRM e, em seguida, coloque</p><p>um curativo oclusivo (hermético e à prova d’água) sobre o ferimento aberto e prenda-</p><p>o em três lados. Você pode usar filme plástico ou outro objeto oclusivo (pelo qual o ar</p><p>não passe), uma das bordas deve ficar solta para flutuar à medida que a vítima respira</p><p>(KARREN, 2013).</p><p>Lesões abdominais</p><p>Se houver protrusão de órgãos através de um ferimento abdominal aberto,</p><p>acione o SRM; em seguida:</p><p>➢ Não toque os órgãos nem tente recolocá-los no abdome.</p><p>➢ Cubra os órgãos protrusos com um curativo estéril, limpo e úmido. Use</p><p>compressas de gaze estéreis, se possível, e umedeça-as com água limpa.</p><p>Nunca use algodão absorvente ou qualquer material que grude quando úmido,</p><p>como toalhas de papel ou papel higiênico.</p><p>➢ Cubra o curativo umedecido com material oclusivo, como filme plástico, para</p><p>reter a umidade e o calor.</p><p>➢ Fixe delicadamente o curativo no lugar com uma faixa ou lençol limpo.</p><p>Objetos cravados</p><p>Nunca remova um objeto cravado, a menos que ele penetre a bochecha e</p><p>cause problemas nas vias aéreas ou interfira nas compressões torácicas. Para tratar:</p><p>➢ Remova as roupas da vítima para expor o ferimento, se necessário; corte-as</p><p>sem mover o objeto cravado.</p><p>➢ Prenda manualmente o objeto cravado para impedir que ele se mova. O</p><p>movimento do objeto cravado, ainda que leve, pode aumentar o sangramento</p><p>e causar danos aos tecidos subjacentes, como músculos, nervos, vasos</p><p>sanguíneos, ossos e órgãos.</p><p>➢ Controle o sangramento com pressão direta, mas não pressione o objeto</p><p>cravado nem a pele ao redor da borda cortante do objeto.</p><p>55</p><p>➢ Estabilize o objeto com curativos grossos e enfaixe. O próprio objeto deve ser</p><p>completamente envolvido por curativos grossos, isso é feito com a finalidade</p><p>de reduzir ao máximo o movimento do objeto.</p><p>➢ Tranquilize a vítima enquanto investiga a presença de choque.</p><p>➢ Mantenha a vítima em repouso.</p><p>➢ Não tente cortar, quebrar ou encurtar o objeto cravado, a menos que ele impeça</p><p>o transporte da vítima. Caso o mesmo necessite ser cortado, estabilize-o antes.</p><p>Lembre-se: qualquer movimento do objeto cravado é transmitido à vítima e</p><p>pode causar danos adicionais ao tecido e choque. Essa etapa deve ser feita</p><p>pela equipe de resgate, se possível.</p><p>➢ Acione o SRM imediatamente.</p><p>Lesões compressivas</p><p>As lesões compressivas em sua maioria envolvem as mãos, mais</p><p>especificamente os dedos, que podem ser estrangulados quando ficam presos em um</p><p>orifício e não podem ser retirados. Quanto mais tempo o tecido permanecer sendo</p><p>comprimido pelo objeto, mais difícil será removê-lo pois o inchaço se torna mais</p><p>acentuado a cada minuto. Para tratar uma lesão compressiva:</p><p>➢ Remova o mais rápido possível o objeto que está pressionando o tecido. Se</p><p>não puder removê-lo, aplique um lubrificante, como sabão antisséptico, e</p><p>movimente a parte que estiver presa de forma lenta, porém firme, até que ela</p><p>se solte.</p><p>➢ Se possível, eleve o membro afetado enquanto remove o objeto.</p><p>➢ Se não conseguir soltar a parte que estiver presa nem remover o objeto, acione</p><p>o SRM.</p><p>56</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques da American Heart Association:</p><p>atualização das diretrizes de RCP e ACE, 2015.</p><p>ANDRADE, G. F. O. Noções básicas de primeiros socorros. UFRJ, 2020.</p><p>BOTELHO, M. H. C. Manual de primeiros socorros do engenheiro e do arquiteto.</p><p>Editora Blucher, 2009.</p><p>BRASIL. Código Penal. Brasília, DF: Senado Federal, 2017. Disponível em:</p><p>https://shre.ink/mMV9. Acesso em: 30 jul. 2022</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro:</p><p>FIOCRUZ, 2003. Disponível em: https://shre.ink/2O4d5. Acesso em: 30 jul. 2022.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 354, de 10 de março de 2014. Acolhimento</p><p>à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília, DF,</p><p>2012.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 354, de 10 de março de 2014. Publica a</p><p>proposta de Projeto de Resolução "Boas Práticas para Organização e</p><p>Funcionamento de Serviços de Urgência e Emergência". Brasília, DF, 2014.</p><p>Disponível em: https://shre.ink/mMVc. Acesso em: 30 jul. 2022.</p><p>BRASIL. SAMU. Protocolo Suporte Básico de Vida. Brasília, DF, 2014.</p><p>CARVALHO, A. E. L. Higiene e segurança do trabalho. SAGAH, 2019.</p><p>COUTO, R.C.; et al. Segurança do paciente. MedBook Editora, 2017.</p><p>HAUBERT, M. Primeiros socorros. SAGAH: Grupo A, 2018.</p><p>HINRICHSEN, S. L. Qualidade e segurança do paciente. MedBook Editora, 2012.</p><p>KARREN, K. J. Primeiros socorros para estudantes 10a ed. Editora Manole,</p><p>SAGAH, 2013.</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE. Animais peçonhentos, 2021. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3ceZWeZ Acesso em: 22 ago. 2022.</p><p>57</p><p>NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS</p><p>(Prehospital Trauma Life Support). 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning,</p><p>2018.</p><p>PAOLESCHI, B. CIPA: Guia Prático de Segurança do Trabalho. Editora Saraiva,</p><p>2009.</p><p>RODRIGUES, M.S.; SANTANA, L.F.; GALVÃO, I. M. Utilização do ABCDE no</p><p>atendimento do traumatizado. Rev Med (São Paulo). out.-dez.;96(4):278-80, 2017.</p><p>SANAR SAÚDE, Nova escala de Glasgow: 3 pontos cruciais, 2019.</p><p>TOLDO, P. R. A. Primeiros socorros de emergência. São Paulo, 2016.</p><p>WACHTER, R. M. Compreendendo a Segurança do Paciente. Grupo A, 2013.</p><p>WHITAKER, M. A. F. G. Pronto-socorro: atenção hospitalar às emergências.</p><p>Manole, 2015.</p><p>serviço de resgate médico (SRM) deve ser acionado nos primeiros minutos</p><p>após o acidente. Se possível, use luvas de proteção para evitar contato com fluídos</p><p>corporais ou sangue. Deve-se ter em mente que você poderá necessitar de proteção</p><p>adicional (como para proteger o rosto de respingos de sangue) ao aproximar-se da</p><p>vítima. Antes de se aproximar, verifique rapidamente a cena em busca de situações</p><p>expostas ao perigo como: fios elétricos caídos, combustível derramado, armas ou um</p><p>veículo instável. Se o local oferecer riscos, você pode remover os fatores para torná-</p><p>lo seguro (se possível e se for treinado para isso) ou se afastar do local até que os</p><p>riscos sejam neutralizados pelo corpo de bombeiros, polícia, ou empresa de energia</p><p>ou outros (KARREN, 2013).</p><p>Uma vez que o local é seguro, você pode se aproximar da vítima. Ao fazê-lo,</p><p>tente determinar se a mesma está ferida ou doente. Por exemplo, se você vir uma</p><p>escada ao lado da vítima caída, pode concluir que ela se machucou em uma queda.</p><p>Isso é chamado de mecanismo de trauma. Se uma pessoa for encontrada sentada em</p><p>uma cadeira em um restaurante, pode-se concluir que está doente. Defina também o</p><p>número de pessoas doentes ou feridas nas instalações. Se for um acidente de carro,</p><p>você deve procurar possíveis vítimas dentro e fora dos veículos. Pressuponha que</p><p>exista mais de uma pessoa ferida, especialmente nestes tipos de incidentes. Após</p><p>definir o número de vítimas, você poderá solicitar que uma pessoa no local entre em</p><p>contato com o serviço de socorro adequado. Você pode solicitar os serviços de</p><p>emergência, o corpo de bombeiros, polícia ou a companhia de energia (KARREN,</p><p>2013).</p><p>Você pode solicitar mais de uma ambulância caso encontre várias pessoas</p><p>feridas ou doentes. Pessoas feridas geralmente se encontram amedrontadas,</p><p>ansiosas, zangadas ou em choque. Para estabelecer a comunicação com a vítima e</p><p>conseguir o controle da situação, você precisa usar os três ‘C’s:</p><p>➢ Competência;</p><p>➢ Confiança;</p><p>➢ Compaixão.</p><p>8</p><p>4 ATENDIMENTO À VÍTIMA</p><p>As diretrizes da American Heart Association (2015) preconizam a seguinte</p><p>sequência para o atendimento as vítimas de acidentes.</p><p>➢ Avaliar o estado de consciência da vítima;</p><p>➢ Avaliar o pulso da vítima;</p><p>➢ Iniciar as compressões torácicas;</p><p>➢ Realizar a abertura de via aérea em casos clínicos;</p><p>➢ Realizar a abertura de via aérea em casos de traumas;</p><p>➢ Realizar a respiração boca a boca.</p><p>Atendimento direto à vítima</p><p>Na avaliação do estado de consciência da vítima é realizada a análise de seu</p><p>estado de consciência. A vítima está consciente?</p><p>➢ Toque-a no ombro com delicadeza;</p><p>➢ Tentar se comunicar com a vítima falando alto próximo ao seu ouvido. Pode-</p><p>se, por exemplo, fazer a seguinte pergunta: “posso ajudar?”.</p><p>Sempre observar:</p><p>➢ A vítima responde a estímulo verbal?</p><p>➢ Apresenta pulso? Está respirando?</p><p>➢ A via aérea está desobstruída?</p><p>➢ O exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes prioridades:</p><p>Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas (nome, idade, etc.).</p><p>➢ Respiração: movimentos torácicos e abdominais com entrada e saída de ar</p><p>normalmente pelas narinas ou boca.</p><p>➢ Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que se</p><p>perde.</p><p>➢ Pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as pupilas).</p><p>➢ Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na face e extremidades.</p><p>9</p><p>Como acionar o socorro especializado</p><p>O acionamento do socorro deve ser feito em todos os casos em que sejam</p><p>detectados danos à saúde de um individuo em seu local de trabalho, na rua ou em</p><p>casa, sejam esses danos de menor, médio ou maior gravidade. Se estiver sozinho,</p><p>deve deixar a vítima e acionar o socorro especializado antes de implementar qualquer</p><p>tipo de cuidado inicial. Deve-se entrar em contato com os Serviços de Urgência válidos</p><p>no território nacional pelos telefones: 193 (Bombeiros) ou 192 (SAMU).</p><p>A avaliação primária é a etapa crucial ao socorrer qualquer pessoa vítima de</p><p>acidente, nela você conseguirá definir, por meio dos sinais e sintomas, quais são as</p><p>reais necessidades da vítima. O socorrista conseguirá definir quais serão as manobras</p><p>e técnicas necessárias para aquele atendimento imediato, para garantir a</p><p>continuidade da vida. É nela, ainda, que o socorrista deve acionar o serviço de</p><p>emergência e urgência (KARREN, 2013).</p><p>Ao acionar o Sistema de Urgência/Emergência é importante informar:</p><p>➢ o tipo de emergência;</p><p>➢ o número de vítimas;</p><p>➢ o local do evento, com pontos de referência;</p><p>➢ o melhor acesso ao local.</p><p>Sinais vitais</p><p>Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. Consistem em</p><p>reflexos ou indícios que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os</p><p>sinais sobre o funcionamento do corpo humano que devem ser compreendidos e</p><p>conhecidos são:</p><p>➢ Temperatura;</p><p>➢ Pulso;</p><p>➢ Respiração;</p><p>➢ Pressão arterial.</p><p>10</p><p>Eles podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se, assim, que na ausência</p><p>deles, existem alterações nas funções vitais do corpo. Quando você não observar</p><p>sinais vitais nem respiração, inicie a sequência C-A-B solicitando a alguém que entre</p><p>em contato com o serviço de emergência e pegue um desfibrilador. De maneira</p><p>resumida, as diretrizes da American Heart Association AHA (2015) preconizam a</p><p>seguinte sequência:</p><p>1. Massagem cardíaca;</p><p>2. Desobstrução de vias aérea;</p><p>3. Boa ventilação.</p><p>Circulação (C)</p><p>Após as verificações primárias – cena e AVI – com a constatação da</p><p>inconsciência da vítima, deve-se verificar o pulso radial . Sua execução consiste em:</p><p>utilizar o dedo médio e o indicador para palpar durante 5 a 10 segundos a artéria radial</p><p>do indivíduo, localizada no antebraço, na altura do punho em linha com o dedo</p><p>polegar.</p><p>Caso haja ausência de pulso na vítima, o socorrista estará se deparando com</p><p>uma situação de Parada Cardiorrespiratória (PCR). A verificação de circulação poderá</p><p>ser feita também pelo pulso carotídeo da vítima, devendo durar de 5 a 10 segundos</p><p>também. O procedimento consiste em:</p><p>➢ Estender o pescoço da vítima e posicionar os dedos indicador e médio sobre a</p><p>proeminência laríngea. Deslize lateralmente a ponta dos dois dedos</p><p>executando uma leve pressão sobre o pescoço até que se perceba a pulsação.</p><p>11</p><p>Em situações de emergência deve ser tomado sempre o pulso central (pulso</p><p>carotídeo), uma vez que este não desaparece em condições de baixa pressão</p><p>sanguínea. Quando há dificuldade ou dúvida quanto à presença de pulso, deve-se</p><p>avaliar a presença de sinais circulatórios, também conhecidos como Sinais Vitais. Se</p><p>algum desses sinais estiver presente, a vítima possui circulação.</p><p>Abertura das vias aéreas (A)</p><p>A desobstrução das vias aéreas é feita pela manobra de inclinação da cabeça</p><p>e elevação do queixo. Esse processo corrige a principal causa de obstrução de vias</p><p>aéreas em indivíduos inconscientes não vítimas de trauma: a queda de língua. Esta</p><p>ocorre quando o músculo da língua, por ausência do controle do tônus, retrai, ficando</p><p>sobre a epiglote, fechando a glote e, assim, obstruindo a passagem de ar para a</p><p>traqueia do indivíduo, o caminho dos pulmões. Para executar a manobra, deve-se:</p><p>➢ Colocar uma das mãos na fronte da vítima e a utilizar para inclinar a cabeça</p><p>para trás;</p><p>➢ Deslocar a mandíbula para a frente com os dedos da outra mão colocados no</p><p>queixo da vítima.</p><p>Boa Ventilação (B) – Avaliação da Respiração</p><p>A respiração da vítima é verificada rapidamente, por cerca de 10 segundos,</p><p>como parte da constatação da Parada Cardiorrespiratória (PCR). Essa nova</p><p>sequência CAB recomendada pela American Heart Association (AHA) eliminou o</p><p>procedimento de “ver, ouvir e sentir”, conferindo assim agilidade para execução do</p><p>Suporte Básico de Vida (SBV).</p><p>Nesse momento, avalia-se a qualidade da ventilação da vítima e, para isso, o</p><p>trabalhador pode utilizar</p><p>como parâmetro a própria respiração. Se a vítima não estiver</p><p>ventilando (ausência de respiração), deve-se ventilar duas vezes com a utilização do</p><p>sistema boca-máscara (pocket mask). Dessa forma, a ventilação é realizada com a</p><p>máscara de ventilação que formará uma barreira, por meio do filtro de ar existente em</p><p>sua estrutura.</p><p>12</p><p>É importante informar que a respiração boca a boca não é mais utilizada devido</p><p>aos riscos de contaminação por agentes patogênicos, de transmissão indivíduo a</p><p>indivíduo. Se o profissional não possuir máscara de bolso ou não se sentir preparado</p><p>para aplicar as ventilações, ele pode realizar as compressões contínuas de 100 a 120</p><p>por minuto.</p><p>Na utilização do sistema bolsa-máscara, deve-se seguir os seguintes</p><p>procedimentos adiante, objetivando uma ventilação eficaz do indivíduo:</p><p>➢ Ajoelhar-se atrás ou ao lado da vítima;</p><p>➢ Aplicar a máscara que deverá cobrir a boca e o nariz da vítima;</p><p>➢ Utilizar os polegares e indicadores de ambas as mãos para fixar a máscara na</p><p>face da vítima, enquanto o terceiro, quarto e quinto dedos elevam a mandíbula,</p><p>mantendo a abertura das vias aéreas ou empregar o polegar e o indicador de</p><p>uma das mãos para fixar a máscara e elevar o queixo, enquanto emprega o</p><p>polegar e o indicador da outra mão para fixar a máscara na face e inclinar a</p><p>cabeça;</p><p>➢ Ventilar através da máscara por duas vezes, observando a expansão do tórax</p><p>da vítima.</p><p>13</p><p>4.1 Parada Cardiorrespiratória (PCR)</p><p>A cadeia de sobrevivência corresponde à sequência básica de ações a serem</p><p>tomadas por qualquer pessoa que presencie uma situação de urgência/emergência,</p><p>seja em casa, no trabalho ou fora dele. Etapas:</p><p>➢ Detecção imediata da Parada Cardiorrespiratória (PCR) e acionamento do</p><p>Serviço de Emergência/Urgência;</p><p>➢ A Reanimação cardiopulmonar precoce, com ênfase nas compressões</p><p>torácicas;</p><p>➢ Desfibrilação rápida com uso do desfibrilador externo automático (DEA);</p><p>➢ Suporte avançado de vida eficaz.</p><p>A PCR é reversível se for prestado o atendimento rápido, principalmente na</p><p>forma do Suporte Básico de Vida (SBV) feito por aquele que presenciou a cena ou</p><p>que encontrou a vítima primeiro. A identificação e os primeiros atendimentos</p><p>necessitam ser iniciados dentro de um período de, no máximo, 4 minutos a partir da</p><p>ocorrência, pois os centros vitais do sistema nervoso ainda continuam em atividade.</p><p>A maioria das paradas cardiorrespiratórias em adultos ocorre devido uma</p><p>alteração do ritmo cardíaco, denominada fibrilação ventricular. O único tratamento</p><p>para essa alteração é a desfibrilação, que consiste em uma descarga elétrica aplicada</p><p>no coração na tentativa de fazê-lo retornar a seu ritmo normal (ANDRADE, 2020).</p><p>A Ressucitação cardiopulmonar (RCP) é a combinação de técnicas de abertura</p><p>das vias aéreas, ventilação e compressões torácicas, e é a primeira linha de suporte</p><p>de vida para a pessoa em parada cardíaca. A aplicação da RCP deve ser realizada</p><p>após a efetiva confirmação da PCR, verificando a respiração e o pulso da vítima. Em</p><p>caso de dúvida sobre a ocorrência de parada cardíaca, recomenda-se realizar o</p><p>procedimento de ventilação passiva (respirações de resgate - uma respiração a cada</p><p>5-6 segundos) do indivíduo por duas vezes. A RCP deverá ser realizada em ciclos.</p><p>Cada ciclo corresponde a duas ventilações e 30 compressões torácicas, e cada</p><p>ventilação precisa ter duração de um segundo. Após dois minutos de RCP, o ritmo do</p><p>paciente deverá ser reavaliado. Nas situações em que o DEA está sendo utilizado, o</p><p>próprio aparelho realiza a análise automática do ritmo a cada dois minutos e define a</p><p>necessidade da aplicação de um novo choque. Durante a utilização de um</p><p>14</p><p>desfibrilador manual, a equipe deverá realizar a análise do ritmo a cada dois minutos,</p><p>determinando a necessidade de aplicar ou não um novo choque. Se o choque não</p><p>estiver indicado pelo DEA, as manobras de RCP deverão ser reiniciadas</p><p>imediatamente, exceto se o paciente apresentar algum movimento. Nesse caso, deve-</p><p>se checar o pulso e a respiração. Se o pulso estiver presente, deve-se avaliar a</p><p>respiração (ANDRADE, 2020).</p><p>Quando a respiração estiver presente, a vítima poderá ser colocada em posição</p><p>de recuperação (decúbito lateral esquerdo) para evitar obstrução da via aérea pela</p><p>queda da língua e broncoaspiração de secreções ou vômito. Se a respiração não</p><p>estiver presente ou for inadequada, a vítima deverá receber somente um suporte</p><p>ventilatório, com uma ventilação a cada cinco ou seis segundos (10 a 12 respirações</p><p>por minuto), enquanto a equipe prepara o material para obtenção de via aérea</p><p>definitiva (WHITAKER, 2015).</p><p>Para ventilar um paciente em PCR existem três (3) formas:</p><p>➢ Boca a boca;</p><p>➢ Dispositivo Válvula Máscara (Pocket-Mask);</p><p>➢ Dispositivo Bolsa-Válvula-Máscara (AMBU).</p><p>Depende do que estiver disponível no local. As compressões torácicas deverão</p><p>ter frequência de 100 a 120/min. Serão realizados cinco ciclos sequenciais, o que</p><p>corresponde a dois minutos de RCP. De modo geral, função da RCP não é despertar</p><p>a vítima, mas estimular a oxigenação e a circulação do sangue até que seja iniciado</p><p>o tratamento definitivo.</p><p>15</p><p>Técnica de compressões torácicas em adultos</p><p>Fonte: Andrade, 2020.</p><p>16</p><p>➢ O socorrista deve posicionar-se de joelhos, formando boa base, ao lado da</p><p>vítima e localizar o esterno situado entre os dois mamilos (linha intermamilar).</p><p>➢ Apoiar a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno, devendo</p><p>o eixo mais longo da mão acompanhar o eixo longo do esterno.</p><p>➢ Colocar a outra mão sobre a primeira, com os dedos estendidos ou</p><p>entrelaçados, mas que não devem ficar em contato com o esterno.</p><p>➢ Manter os braços esticados, com os ombros diretamente sobre as mãos,</p><p>efetuando a compressão sobre o esterno da vítima.</p><p>➢ A força da compressão deve ser provida pelo peso do tronco e não pela força</p><p>dos braços, o que causa rapidamente cansaço.</p><p>➢ O esterno deve ser comprimido cerca de 1/3 à metade de sua profundidade</p><p>para o adulto normal (cerca de 5 cm).</p><p>➢ A compressão deve ser aliviada completamente sem que o socorrista retire</p><p>suas mãos do tórax da vítima.</p><p>É o método efetivo de ressuscitação cardíaca que consiste em aplicações</p><p>rítmicas de pressão sobre o terço inferior do esterno. Ela deverá ser utilizada a partir</p><p>do momento que o socorrista não sentir o pulso da vítima, na etapa C – Circulação da</p><p>sequência CAB da vida. Uma dica para ter o ritmo necessário para realizar de 100 a</p><p>120 compressões por minuto, é realizar as compressões no ritmo de algumas</p><p>músicas, como Stayin’ Alive do Bee Gees ou Another one Bites the Dust do Queen,</p><p>que possuem um ritmo de 110bpm. A execução da RCP deve ser parada somente</p><p>devido à:</p><p>➢ Chegada do suporte especializado</p><p>➢ Ordem médica</p><p>➢ Cansaço extremo do socorrista</p><p>➢ Presença de sinais de vida na vítima</p><p>4.2 Obstrução respiratória</p><p>A primeira prioridade em uma emergência é estabelecer e manter uma via</p><p>aérea adequada. Em outras palavras, sua capacidade de fazer isso pode significar a</p><p>diferença entre a vida e a morte. Em alguns casos, a própria obstrução das vias aéreas</p><p>17</p><p>pode ser a emergência: uma criança pode engasgar com um brinquedo com peças</p><p>pequenas, ou um executivo pode engasgar com um pedaço de carne durante um</p><p>almoço de negócios. Em outros casos, o processo de lesão pode fazer com que a</p><p>vítima pare de respirar.</p><p>As emergências respiratórias podem ser causadas por vários acidentes ou</p><p>distúrbios médicos. O tipo de emergência respiratória mais comum é a angústia</p><p>respiratória, que pode ser causada por lesões, asma, hiperventilação e choque</p><p>anafilático e representa o início de uma condição potencialmente fatal (KARREN,</p><p>2013).</p><p>Emergências por obstrução das vias aéreas</p><p>Obstrução das vias aéreas superiores: um corpo estranho bloqueando o nariz,</p><p>o fundo da boca ou a área ao redor da laringe. A</p><p>língua é a maior responsável por</p><p>esse tipo de obstrução em vítimas inconscientes; as vias aéreas superiores podem</p><p>também ser bloqueadas por alimentos, pequenos objetos ou líquidos, incluindo saliva,</p><p>muco, sangue ou vômito. A obstrução das vias aéreas inferiores pode ser causada</p><p>por corpos estranhos ou por broncoespasmos (KARREN, 2013).</p><p>A obstrução das vias aéreas é mais comum em crianças, idosos e indivíduos</p><p>sem dentição, porque pedaços de alimentos e objetos pequenos que ficam retidos em</p><p>alguma localidade das vias aéreas, impedindo a passagem do ar para os pulmões. É</p><p>de grande importância para que alcance sucesso na ajuda a indivíduos que</p><p>apresentem obstrução de vias aéreas a identificação do tipo de obstrução ocorrida. A</p><p>obstrução pode ser parcial ou total.</p><p>No caso de obstrução parcial, a vítima apresenta tosse ineficaz, ainda há</p><p>ruídos respiratórios e agudos; o indivíduo apresenta sensação de sufocamento.</p><p>Enquanto na obstrução total, a vítima fica em apneia (ausência de respiração), ocorre</p><p>cianose, ausência de ruídos respiratórios e resulta em inconsciência. Caso a vítima</p><p>não for socorrida a tempo ela poderá evoluir para PCR (ANDRADE, 2020).</p><p>Em caso de obstrução parcial, deve-se acalmar a vítima, estimulada a tossir,</p><p>retirar as roupas apertadas que impedem a respiração como golas e gravatas, bem</p><p>como solicitar socorro especializado. Já no caso de obstrução total, deve-se solicitar</p><p>o atendimento especializado e iniciar a técnica de desobstrução, chamada Manobra</p><p>de Heimlich.</p><p>18</p><p>Essa técnica objetiva a expulsão do corpo estranho através da eliminação do</p><p>ar residual dos pulmões, criando uma espécie de tosse artificial.</p><p>Passo a Passo - Manobra de Heimlich:</p><p>➢ Com a vítima consciente (em pé), o socorrista deve se posicionar atrás dela,</p><p>formando base com os pés e colocando uma de suas pernas entre as pernas</p><p>da vítima.</p><p>➢ Abraça-se a vítima por trás, com os braços na altura do ponto entre a cicatriz</p><p>umbilical e o apêndice xifoide. Com as mãos em contato com o abdômen da</p><p>vítima, punho fechado e polegar voltado para dentro, serão realizadas</p><p>compressões abdominais sucessivas direcionadas para cima, até desobstruir</p><p>a via aérea ou a vítima perder a consciência.</p><p>➢ Com a vítima inconsciente (deitada), o trabalhador deve examinar sua boca,</p><p>retirando o corpo estranho caso esteja visível; posteriormente realizar duas</p><p>ventilações, com duração de um segundo cada; posicionar-se de joelhos ao</p><p>lado da vítima; realizar 30 compressões torácicas.</p><p>➢ Segue-se a verificação da boca e realiza-se esta sequência (ciclo) até que</p><p>ocorra a desobstrução ou até a chegada do socorro especializado.</p><p>Fonte: Karren, 2013.</p><p>19</p><p>Se a vítima estiver inconsciente ou perder a consciência</p><p>É possível encontrar uma vítima não responsiva em sufocamento de duas</p><p>maneiras. Primeiramente, a vítima não responsiva pode estar sem sinais vitais. Você</p><p>não consegue ventilá-la quando tenta, mesmo após reposicionar as vias aéreas. Você</p><p>assumirá, então, que a vítima apresenta uma obstrução das vias aéreas. A segunda</p><p>maneira de se deparar com uma vítima inconsciente é quando uma vítima</p><p>previamente consciente torna-se não responsiva enquanto você realiza manobras de</p><p>desobstrução das vias aéreas. Em qualquer um dos casos, você deve prosseguir com</p><p>as mesmas técnicas, que incluem compressões torácicas, busca por objetos</p><p>desalojados na boca e tentativas de ventilação. Se você não conseguir ventilar uma</p><p>vítima inconsciente, realize os procedimentos a seguir.</p><p>➢ Reposicione a cabeça. Incline-a um pouco mais para trás para tentar ventilar.</p><p>É comum socorristas não inclinarem a cabeça para trás o suficiente na primeira</p><p>vez.</p><p>➢ Realize 30 compressões no tórax. Posicione a palma da mão no meio do tronco,</p><p>sobre o osso do peito (esterno) entre os mamilos. Pressione numa frequência</p><p>de 100 vezes por minuto. Em adultos, as pressões devem ter pelo menos 5cm</p><p>de profundidade. Em crianças, as compressões devem atingir pelo menos 1/3</p><p>da profundidade do tronco.</p><p>➢ Procure por qualquer sinal dentro da boca da vítima que indique que a</p><p>obstrução tenha sido desalojada. Se algo for visualizado, remova utilizando seu</p><p>20</p><p>dedo em movimento de anzol. Não force nenhum objeto para dentro das vias</p><p>aéreas. Não tente remover nada que você não possa ver.</p><p>➢ Tente aplicar respirações de resgate. Se o ar entrar, cheque o pulso. Se o ar</p><p>não entrar, continue com os ciclos de 30 compressões torácicas, com a busca</p><p>por objetos desalojados e com as tentativas de ventilação.</p><p>Se a vítima for obesa ou estiver grávida</p><p>As vítimas de sufocamento obesas ou grávidas geram uma preocupação</p><p>especial. Você pode não ser capaz de colocar seus braços ao redor do abdome da</p><p>vítima para realizar uma compressão. Nesse caso, aplique a mesma técnica, porém</p><p>ao redor do tronco em vez do abdome. Isso é chamado de compressão torácica. Para</p><p>realizar a compressão em uma vítima consciente:</p><p>➢ Fique em pé atrás da vítima com seus braços diretamente sob as axilas da</p><p>vítima; envolva o tórax dela com os seus braços.</p><p>➢ Posicione o punho, pelo lado do polegar, no meio do osso do peito; assegure-</p><p>se de que está sobre o osso do peito, não sobre as costelas</p><p>➢ Segure o punho firmemente com a outra mão e impulsione de maneira brusca</p><p>para trás.</p><p>➢ Alterne as compressões torácicas com as batidas nas costas para a vítima</p><p>consciente.</p><p>Se a vítima for um bebê</p><p>Não use compressões abdominais em bebês – há um risco significativo de</p><p>lesão nos órgãos dessa região. Em vez disso, faça uma combinação de batidas nas</p><p>costas e compressões torácicas. Nunca coloque o dedo na garganta de um bebê</p><p>consciente para retirar corpos estranhos; se o bebê estiver inconsciente, faça a</p><p>remoção apenas se conseguir enxergar o objeto.</p><p>Execute este procedimento a seguir somente se a obstrução for causada por</p><p>um corpo estranho. Se for causada por inchaço decorrente de infecção ou doença, o</p><p>21</p><p>bebê deve ser imediatamente levado para um centro médico. Faça o mesmo com</p><p>bebês conscientes que apresentem dificuldade respiratória.</p><p>➢ Coloque o bebê no braço com a face para baixo, em um nível inferior ao do</p><p>tronco, formando um ângulo de aproximadamente 60 graus. Apoie a cabeça e</p><p>o pescoço do bebê na mão e ponha o antebraço na coxa para garantir firmeza.</p><p>➢ Usando a parte posterior da palma da outra mão, dê até cinco batidas rápidas</p><p>e fortes entre as escápulas (ver fig. 6 e 7).</p><p>Fonte: Karren, 2013.</p><p>4.3 Politraumatismo</p><p>Em 2018, o protocolo passou por alteração na 9ª edição do PHTLS -</p><p>Prehospital Trauma Life Support, sendo acrescentada a letra X ao mnemônico. Com</p><p>a alteração, passou a ser chamado de XABCDE do trauma. O principal objetivo do</p><p>protocolo é reduzir os índices de mortalidade e morbidade em vítimas de qualquer tipo</p><p>de trauma, através da identificação de lesões, potencialmente fatais ao indivíduo,</p><p>sendo aplicado a todas as vítimas em estado crítico, independentemente da idade</p><p>(SANAR, 2020).</p><p>Condutas de segurança na fase pré-hospitalar são condutas de segurança que</p><p>devem ser adotadas antes de iniciar a abordagem às vítimas de traumas, a fim de</p><p>salvaguardar a vida da equipe, um exemplo disso é a sinalização da cena em que irão</p><p>atuar, avaliação da segurança dessa cena, uso de EPI’s, entre outros.</p><p>22</p><p>Significado das Letras XABCDE</p><p>(X) - Exsanguinação</p><p>De acordo com PHTLS (2018 apud SANAR, 2020), a hemorragia externa grave</p><p>deve ser contida mesmo antes do manejo das vias aéreas, pois, apesar de</p><p>epidemiologicamente a obstrução de vias aéreas ser responsável pelos óbitos em um</p><p>curto período de tempo, são as hemorragias graves as maiores causas de mortes em</p><p>casos de traumas.</p><p>A (Airway) - Vias aéreas e proteção da coluna vertebral</p><p>Na opinião de Rodrigues, Santana e Galvão (2017), a obstrução das vias</p><p>aéreas ocasionada por traumas é responsável por 66-85% das mortes evitáveis. No</p><p>atendimento pré-hospitalar,</p><p>na avaliação das vias aéreas, é fundamental a técnica</p><p>correta para sua manutenção. Utiliza-se, assim, das seguintes técnicas: “chin lift”</p><p>(elevação do queixo), uso de aspirador de ponta rígida, “jaw thrust” (anteriorização da</p><p>mandíbula) e cânula orofaríngea (Guedel).</p><p>B (Breathing) - Boa Ventilação e Respiração</p><p>A análise do padrão respiratório da vítima deve ser realizada de forma</p><p>detalhada e, para que seja possível, é necessário expor o tórax do paciente para</p><p>realizar a inspeção, palpação, ausculta e percussão. Os parâmetros analisados nessa</p><p>fase são: frequência respiratória, movimentos torácicos, presença de cianose, desvio</p><p>de traqueia e observação da musculatura acessória (SANAR, 2020).</p><p>C (Circulation) - Circulação com Controle de Hemorragias</p><p>A circulação e a pesquisa por hemorragia são os principais parâmetros de</p><p>análise nesta fase do protocolo e, como já mencionado, a hemorragia é a principal</p><p>causa de morte em casos de trauma. O procedimento de imediato a ser adotado é o</p><p>estancamento da mesma, por meio de compressão direta no foco (SANAR, 2020).</p><p>23</p><p>D (Disability) - Disfunção Neurológica</p><p>Nessa fase do protocolo, o profissional vai analisar o nível de consciência da</p><p>vítima, bem como o tamanho e reatividade das pupilas, presença de hérnia cerebral,</p><p>sinais de lateralização e o nível de lesão medular (RODRIGUES; SANTANA;</p><p>GALVÃO, 2017, p. 1).</p><p>O objetivo principal é minimizar a probabilidade de lesão secundária e manter</p><p>o fluxo sanguíneo adequado para o tecido cerebral. É importante usar a escala de</p><p>goma de Glasgow atualizada (SANAR, 2020).</p><p>E (Exposure) - Exposição Total do Paciente</p><p>Ao realizar a exposição do paciente, o profissional deve considerar o controle</p><p>da hipotermia. Na fase “E” do protocolo, realiza-se a análise da extensão das lesões,</p><p>com controle do ambiente, a fim de prevenir a hipotermia. Devem ser analisados sinais</p><p>de trauma, sangramento, manchas na pele, entre outros. O socorrista deve se atentar</p><p>à parte do corpo que não está exposta, a qual pode esconder a lesão mais grave que</p><p>acomete o paciente (SANAR, 2020).</p><p>Escala de Gasglow</p><p>A escala de Glasgow é amplamente utilizada por diversos profissionais da área</p><p>médica, inclusive hospitalares, com o objetivo de determinar o estado neurológico do</p><p>paciente por meio da análise de seu estado de consciência.</p><p>24</p><p>4.4 Queimaduras</p><p>Fonte: shre.ink/m8vZ</p><p>Os traumas causados por queimaduras estão envolvidos nos processos em</p><p>que há interação inadequada do corpo humano com objetos ou substâncias de</p><p>diferentes temperaturas, ocasionada por calor ou frio, contato com gases, eletricidade,</p><p>radiação e produtos químicos. Portanto, a queimadura é qualquer lesão provocada</p><p>por agentes externos sobre o revestimento do corpo, que pode destruir desde a pele</p><p>até os tecidos mais profundos, como ossos e órgãos (HAUBERT, 2018).</p><p>Quanto à profundidade podemos classificar como 1º, 2º e 3º grau:</p><p>➢ 1º grau: tipo de queimadura que atinge a epiderme, a camada superficial da</p><p>pele. Apresenta lesões hiperemiadas e sem bolhas, com discreto edema e dor no</p><p>local.</p><p>➢ 2º grau: tipo de queimadura que atinge a epiderme e parte da derme, primeira</p><p>e segunda camadas da pele. Apresenta bolhas, e a dor é acentuada.</p><p>➢ 3º grau: tipo de queimadura que atinge todas as camadas da pele, músculos e</p><p>ossos. Apresenta necrose da pele, a qual fica com cor esbranquiçada ou escura.</p><p>A dor é ausente, devido à sua profundidade, lesando todas as terminações</p><p>nervosas responsáveis pela condução da sensação de dor.</p><p>25</p><p>A gravidade de uma queimadura é determinada pelos seguintes fatores:</p><p>➢ profundidade da queimadura;</p><p>➢ porcentagem queimada do corpo;</p><p>➢ gravidade da lesão;</p><p>➢ local da queimadura;</p><p>➢ complicações associadas (como condições físicas ou mentais preexistentes);</p><p>➢ idade da vítima.</p><p>Fonte: Haubert, 2018.</p><p>É essencial que seja observada a segurança pessoal, antes de qualquer ação,</p><p>após certificar, deve-se conduzir os primeiros socorros:</p><p>➢ Aplique os métodos de prestação de primeiros socorros somente depois da</p><p>realização de manobras de suporte básico de vida, hemostasia, prevenção de</p><p>choque e assistência às outras lesões que possam colocar em risco a vida do</p><p>acidentado ou piorar seu estado clínico.</p><p>➢ Afaste a pessoa ferida da origem da queimadura: esse é o primeiro passo e</p><p>tem prioridade sobre todos os outros tratamentos.</p><p>➢ Conduza a vítima ao atendimento especializado o mais rápido possível.</p><p>➢ Para queimaduras de primeiro grau, à lavagem com água corrente na</p><p>temperatura ambiente para o resfriar a área afetada, interromper o efeito do</p><p>agente causador da lesão, aliviar a dor e evitar que a queimadura se aprofunde.</p><p>➢ Nunca aplique gelo na área afetada, pois causa vasoconstrição e diminuição</p><p>da irrigação sanguínea, favorecendo também a queimadura por resfriamento</p><p>excessivo.</p><p>➢ Pode ofertar água ao acidentado, porém, lentamente. Se ele estiver</p><p>inconsciente, não é permitido.</p><p>➢ Fique atento, em todos os casos de queimaduras, mesmo as de primeiro grau,</p><p>para a necessidade de manter o local lesado limpo e protegido contra</p><p>infecções.</p><p>26</p><p>➢ Para às queimaduras de segundo grau, foneça cuidados adicionais, incluindo</p><p>lavar o local lesionado (procedimento imediato) e protegê-lo com compressa</p><p>de gaze, ou pano limpo umedecido, ou papel alumínio.</p><p>➢ Nunca fure ou estoure as bolhas que surgirem no local.</p><p>➢ Nunca aplique pomadas, cremes ou unguentos de qualquer tipo. É comum a</p><p>crendice de aplicação de creme dental, manteiga, graxa, etc., porém, a sua</p><p>retirada durante o atendimento hospitalar causa lesão e dano muito maior que</p><p>aquele causado apenas pela queimadura.</p><p>➢ Proteja o acidentado com cobertor ou algo similar para prevenir o seu estado</p><p>de choque e coloque-o em local confortável, com as pernas elevadas cerca de</p><p>30 cm em relação à cabeça.</p><p>➢ Se possível, remova as joias e roupas da vítima para evitar estrangulamento</p><p>se o inchaço se desenvolver.</p><p>➢ Não tente remover roupas grudadas no corpo da vítima ou objetos estranhos</p><p>que possam ter permanecido na queimadura após a lavagem inicial.</p><p>➢ Não deixe a vítima correr em casos de fogo no vestuário, deite-a no chão</p><p>abafando as chamas com a ajuda de cobertor, tapete, toalhas, casaco ou</p><p>assemelhados e, em seguida, molhe as suas roupas, desde que as chamas</p><p>não tenham sido ocasionadas por gasolina, óleo ou querosene.</p><p>➢ Em caso de queimaduras químicas, lave imediatamente a área afetada com</p><p>água, até mesmo sem esperar a retirada do vestuário - a melhor opção é lavar</p><p>debaixo de um chuveiro.</p><p>➢ Priorize casos de queimaduras nos olhos. Lave os olhos com água em</p><p>abundância por pelo menos 15 minutos, depois feche os olhos suavemente</p><p>com um curativo macio e leve a um profissional imediatamente.</p><p>➢ Em caso de queimaduras por frio ou geladuras, assegure-se de que a pessoa</p><p>ferida seja conduzida para um local aquecido; aqueça as partes congeladas</p><p>com água quente, mas não fervendo, ou com toalhas embebidas em água</p><p>quente e massageie suavemente para ativar a circulação sanguínea.</p><p>➢ Ofereça bebidas quentes (nunca alcoólicas) e peça-lhe que mova os pés e as</p><p>mãos para restabelecer a circulação.</p><p>➢ Fique atento aos sinais de choque, como agitação, confusão, sonolência, ritmo</p><p>cardíaco acelerado, sudorese, oligúria e hipotensão.</p><p>27</p><p>➢ Lave e proteja o local da ferida para queimaduras de terceiro grau, se possível,</p><p>com papel alumínio para isolá-lo efetivamente do ambiente externo, reduzir a</p><p>perda de calor e proteger contra microorganismos.</p><p>Envenenamento</p><p>Em suspeita de envenenamentos e intoxicações, é importante investigar a área</p><p>onde o acidentado foi encontrado, na tentativa de identificar, com a maior precisão</p><p>possível, o agente causador do envenenamento, ou encontrar pistas que ajudem</p><p>nessa identificação. Muitos indícios são úteis nessa dedução, como frascos de</p><p>remédios, produtos químicos, materiais</p><p>de limpeza, bebidas, seringas de injeção, latas</p><p>de alimentos, caixas e outros recipientes. Muitas pessoas supõem que exista um</p><p>antídoto para a maioria ou a totalidade dos agentes tóxicos, mas, infelizmente, isso</p><p>não é verdade. Existem apenas alguns produtos específicos para certos casos e que</p><p>necessitam de orientação médica para serem usados. Portanto, o bom atendimento</p><p>de primeiros socorros deve ser feito pelo uso, aplicação e práticas dos cuidados gerais</p><p>(HAUBERT, 2018).</p><p>Os primeiros socorros destinados às vítimas devem considerar qual o tipo</p><p>substância tóxico e, principalmente, qual órgão está afetando. Os procedimentos</p><p>gerais são:</p><p>➢ Isolar a área;</p><p>➢ Identificar o tipo de agente que está presente no local onde foi encontrado o</p><p>acidentado;</p><p>➢ Utilizar equipamentos de proteção próprios para cada situação, a fim de</p><p>proteger a si mesmo;</p><p>➢ Remover o acidentado o mais rapidamente possível para um local bem</p><p>ventilado;</p><p>➢ Solicitar atendimento especializado;</p><p>➢ Verificar os sinais vitais com agilidade;</p><p>➢ Aplicar técnicas de ressuscitação cardiorrespiratória, se necessário;</p><p>➢ Fazer respiração boca-a-boca somente utilizando máscara adequada;</p><p>➢ Manter o acidentado imóvel, aquecido e sob observação.</p><p>28</p><p>Estes procedimentos só devem ser aplicados se houver absoluta certeza de</p><p>que a área e o acidentado, estejam inteiramente seguros. É importante deixar</p><p>esclarecido o fato de que a presença de fumaça, gases ou vapores, ainda que pouco</p><p>tóxicos, em ambientes fechados, podem ter consequências fatais, porque esses</p><p>agentes se expandem muito rápido e tomam o espaço do oxigênio presente,</p><p>provocando asfixia.</p><p>Contato com a pele</p><p>Em casos de substância em contato direto com a pele, lave o local com água</p><p>corrente, pura e abundantemente. A lavagem da pele e mucosa afetada com água</p><p>corrente, tem demonstrado ser a mais valiosa prevenção contra lesões. Outras</p><p>medidas são:</p><p>➢ Retirar roupas e calçados do acidentado caso estiverem contaminados;</p><p>➢ Dar atenção redobrada ao caso, se o contato de substâncias químicas for com</p><p>os olhos, pois os agentes, além de serem absorvidos rapidamente pela</p><p>mucosa, podem produzir irritação intensa e causar a perda da visão;</p><p>➢ Lavar os olhos abundantemente com água corrente, durante pelo menos 15</p><p>minutos.</p><p>Ingestão de substâncias</p><p>Muitas intoxicações ocorrem pela ingestão de agentes tóxicos, líquidos ou</p><p>sólidos. O grau de intoxicação varia com a toxicidade da substância e com a dose</p><p>ingerida. Os cuidados prestados a vítimas de ingestão de substâncias devem incluir:</p><p>➢ Identifique o agente para informar ao médico ou procurar ver nos rótulos ou</p><p>bulas se existe alguma indicação de antídotos;</p><p>➢ Observe atentamente o acidentado, pois os efeitos podem não ser imediatos;</p><p>➢ Procure transportar o acidentado imediatamente a um pronto-socorro, para</p><p>diminuir a possibilidade de absorção do veneno pelo organismo, mantendo-o</p><p>aquecido;</p><p>➢ Provoque o vômito em casos de intoxicações por alimentos, medicamentos,</p><p>álcool, inseticida, xampu, naftalina, mercúrio, plantas venenosas (exceto</p><p>29</p><p>diefembácias – “comigo-ninguém-pode”) e outras substâncias que não sejam</p><p>corrosivas nem derivados de petróleo;</p><p>➢ Não provoque vômito em vítimas inconscientes e nem de intoxicação pelos</p><p>seguintes agentes: substância corrosiva forte, veneno que provoque queimadura</p><p>dos lábios, boca e faringe, soda cáustica, alvejantes, tira-ferrugem, água com cal,</p><p>amônia, desodorante, derivados de petróleo como querosene, gasolina, fluido de</p><p>isqueiro, benzina e lustra-móveis.</p><p>4.5 Choque elétrico</p><p>Nesses casos de acidentes, a rapidez do socorro é imprescindível. A vítima às</p><p>vezes pode apresentar queimaduras que sinalizam o percurso da corrente elétrica.</p><p>Além disso, existe uma grande possibilidade de sofrer arritmias. Diante de uma vítima</p><p>de choques elétricos, você, como socorrista, deve realizar as seguintes intervenções:</p><p>deite a vítima e estenda a cabeça dela para trás, de modo a facilitar a respiração; se</p><p>constatar a parada cardiorrespiratória, haja imediatamente, aplicando massagem</p><p>cardíaca; caso a vítima esteja respirando, observar se há alguma queimadura e o grau</p><p>da sua extensão; procure ajuda de profissionais (CARVALHO, 2019).</p><p>São abalos musculares causados pela passagem de corrente elétrica pelo</p><p>corpo humano. Os danos são causados pela conversão de energia elétrica em calor</p><p>quando a corrente passa por ele. A gravidade depende de: tipo de corrente,</p><p>resistência, duração do contato, magnitude da energia aplicada e caminho percorrido</p><p>pela corrente elétrica. A partir de 50 volts, o corpo humano já sente os efeitos de uma</p><p>descarga elétrica, ou seja, um choque acima desse valor pode ser fatal, dependendo</p><p>do caminho que ele percorra no corpo e a sua duração. As principais consequências</p><p>decorrentes do choque elétrico são:</p><p>➢ Parada cardiorrespiratória;</p><p>➢ Queimaduras.</p><p>Em 7 anos de levantamento de dados da Abracopel – Associação Brasileira de</p><p>Conscientização para os Perigos da Eletricidade, é possível afirmar que mais de 4.300</p><p>pessoas perderam suas vidas somente em acidentes envolvendo choque elétrico. Em</p><p>2019, o fio partido em ambiente interno foi a maior causa das mortes com 99</p><p>30</p><p>ocorrências e 85 mortes. Em seguida, vem os eletrodomésticos e eletroeletrônicos</p><p>que mataram 52 pessoas em 57 ocorrências (ANDRADE, 2020).</p><p>Os acidentes com eletricidade também oferecem perigo à pessoa que vai</p><p>socorrer a vítima, devemos proceder da seguinte maneira:</p><p>➢ Deve-se ligar para o corpo de bombeiros, ou qualquer outro atendimento</p><p>especializado, antes de iniciar qualquer procedimento;</p><p>➢ Avaliar a segurança da cena;</p><p>➢ Deve-se cortar a corrente elétrica antes de socorrer a vítima, desligando a</p><p>chave geral de força, retirando os fusíveis da instalação ou puxando o fio da</p><p>tomada (desde que esteja encapado).</p><p>➢ Se o item anterior não for possível, tentar afastar a vítima da fonte de energia</p><p>utilizando luvas de borracha grossa ou materiais isolantes, e que estejam secos</p><p>(cabo de vassoura, tapete de borracha, jornal dobrado, pano grosso dobrado,</p><p>corda, etc.), afastando a vítima do fio ou aparelho elétrico.</p><p>➢ Não tocar na vítima até que ela esteja separada da corrente elétrica ou que</p><p>esta seja interrompida.</p><p>➢ Em caso de parada cardío-respiratória, imediatamente iniciar as manobras de</p><p>ressuscitação.</p><p>➢ Insistir nas manobras de ressuscitação, mesmo que a vítima não esteja se</p><p>recuperando, até a chegada do atendimento especializado.</p><p>➢ Depois de obtida a ressuscitação cardío-respiratória, deve ser feito um exame</p><p>geral da vítima para localizar possíveis queimaduras, fraturas ou lesões que</p><p>possam ter ocorrido no caso de queda durante o acidente.</p><p>Fonte: Fiocruz, 2003.</p><p>31</p><p>4.6 Convulsões</p><p>As convulsões são caracterizadas por sinais e sintomas neurológicos</p><p>temporários que duram poucos minutos e resultam em atividade elétrica neuronal</p><p>anormal, paroxística e hipersincrônica no córtex cerebral. Geralmente, elas se</p><p>apresentam como inúmeras contrações involuntárias de vários músculos do corpo,</p><p>com início súbito causado por alterações nas funções cerebrais, e são acompanhadas</p><p>de perda de consciência (HAUBERT, 2018).</p><p>O cérebro humano contém bilhões de neurônios que se comunicam e execu-</p><p>tam suas funções devido à geração de impulsos elétricos constantes. A crise</p><p>convulsiva, por sua vez, aparece quando há um distúrbio nessa geração, sendo</p><p>originada por atividades elétricas cerebrais desorganizadas, excessivas e repetitivas.</p><p>Basicamente, ela pode ser uma crise parcial, caso o distúrbio elétrico fique restrito a</p><p>apenas um grupo de neurônios, ou ser chamada de crise convulsiva generalizada, se</p><p>os impulsos anormais se espalharem pelos dois hemisférios cerebrais. As convulsões</p><p>resultam de uma descarga neural excessiva (não sincronizada), e não</p><p>necessariamente de uma doença em si. Quando forem diagnosticadas como doença,</p><p>receberão</p><p>o nome de epilepsia, sendo a crise convulsiva apenas um de seus sinais</p><p>(HAUBERT, 2018).</p><p>Essa crise acontece quando está relacionada a alguns processos fisiológicos</p><p>e patológicos, como febre, fatores metabólicos, emocionais e hormonais, ativação</p><p>sensorial e ritmos circadianos.</p><p>As crianças estão mais propensas e vulneráveis às crises convulsivas do que</p><p>os adultos, devido à fase de crescimento e desenvolvimento associada ao período de</p><p>maturação do sistema nervoso, relacionando-se à falta de sistemas inibitórios no</p><p>sistema nervoso central. Essas crises representam a alteração neurológica mais</p><p>recorrente das emergências e correspondem a cerca de 1 a 5% dos atendimentos,</p><p>excluindo o trauma. A maior parte delas, aproximadamente 80%, cessa antes do</p><p>atendimento hospitalar, não sendo necessário um tratamento com anticonvulsivantes</p><p>no serviço de emergência (HAUBERT, 2018).</p><p>Os episódios que apresentam duração maior que cinco minutos podem implicar</p><p>em riscos de lesões do sistema nervoso central. O paciente é diagnosticado com</p><p>epilepsia quando apresenta mais de uma crise parcial ou generalizada sem causa</p><p>óbvia e reversível, além de um distúrbio cerebral que o predispõe a desenvolvê-las</p><p>32</p><p>periodicamente, sem agressão cerebral que as desencadeie. Por isso, não se pode</p><p>dizer que uma pessoa que consumiu muita bebida alcoólica e desencadeou uma crise,</p><p>tenha doença epilética. Dessa forma, sabe-se que nem toda crise convulsiva é</p><p>causada pela epilepsia. A seguir, você conhecerá algumas situações e alterações que</p><p>podem provocar convulsões:</p><p>➢ álcool ou drogas em excesso;</p><p>➢ meningite;</p><p>➢ hipoglicemia;</p><p>➢ hipóxia cerebral;</p><p>➢ desidratação grave;</p><p>➢ alterações hidroeletrolíticas;</p><p>➢ epilepsias;</p><p>➢ febre;</p><p>➢ infecções;</p><p>➢ traumas na cabeça;</p><p>➢ tumores cerebrais.</p><p>Entre os sintomas de uma crise convulsiva, estão os seguintes:</p><p>➢ rigidez corporal;</p><p>➢ queda da própria altura, brusca e desamparada;</p><p>➢ salivação excessiva pela boca;</p><p>➢ dilatação das pupilas (midríase pupilar);</p><p>➢ estado de inconsciência;</p><p>➢ palidez;</p><p>➢ mordedura da própria língua e/ou dos lábios;</p><p>➢ olhar vago, fixo;</p><p>➢ perda do controle esfincteriano de urina ou fezes;</p><p>➢ movimentos desordenados e involuntários;</p><p>➢ olhos revirados;</p><p>➢ suor excessivo.</p><p>33</p><p>Tipos de crise convulsiva</p><p>Quando se trata de convulsão, geralmente vem em mente a imagem de uma</p><p>pessoa se debatendo, babando e revirando os olhos freneticamente, porém, esse</p><p>quadro está relacionado apenas a uma crise convulsiva generalizada, classificada</p><p>como crise tônico-clônica. A seguir, os tipos mais importantes, que se apresentam</p><p>divididos em dois grupos: crise convulsiva parcial e crise convulsiva generalizada.</p><p>Crise convulsiva parcial</p><p>Este tipo de crise ocorre quando os impulsos elétricos anômalos ficam restritos</p><p>somente a uma região do cérebro, sem alteração de consciência do paciente, e</p><p>apresenta sintomas sutis, relacionados à região afetada. Entre seus sintomas, pode-</p><p>se citar:</p><p>➢ movimentos involuntários por apenas uma parte do corpo;</p><p>➢ alterações sensoriais (paladar, visão, audição e olfato);</p><p>➢ alucinações;</p><p>➢ fala alterada;</p><p>➢ vertigens;</p><p>➢ sensação de ausência corporal.</p><p>Ela pode se apresentar como crise convulsiva parcial simples, na qual os</p><p>sintomas das crises parciais são tão sutis que seu diagnóstico se torna de difícil</p><p>previsão e ainda podem ser confundidos com doenças psiquiátricas.</p><p>Crise convulsiva generalizada</p><p>Este é o tipo de crise convulsiva mais conhecido, também chamado de grande</p><p>mal, e ocorre quando os hemisférios cerebrais são afetados por descargas elétricas</p><p>desordenadas. Sua característica mais marcante se trata da crise tônico-clônica, um</p><p>quadro bastante sério, pois o paciente subitamente apresenta rigidez dos músculos e</p><p>cai inconsciente de imediato, seguindo com movimentos rítmicos e rápidos dos</p><p>membros superiores e inferiores. Em geral, ocorre perda do controle dos esfíncteres</p><p>fecais e urinários, trazendo uma situação muito constrangedora, e o paciente</p><p>34</p><p>apresenta salivação excessiva e mordedura da própria língua, causando uma espuma</p><p>avermelhada que sai pela boca.</p><p>As crises tônico-clônicas comumente duram entre um e três minutos e, ao final,</p><p>o paciente apresenta grande cansaço, sonolência, confusão mental e amnesia, e não</p><p>lembra o que aconteceu durante tal período. Nesse tipo de crise generalizada,</p><p>encontra-se a crise convulsiva atônica, que se manifesta com a perda súbita do tônus</p><p>muscular, fazendo a pessoa acometida cair. Em geral, ela é curta e dura menos de 15</p><p>segundos, mas, devido à queda, pode causar traumatismos corporais (HAUBERT,</p><p>2018).</p><p>Crise de ausência</p><p>É uma das manifestações possíveis da crise convulsiva generalizada e pode</p><p>ser chamada de pequeno mal. Nesse tipo, o paciente perde o contato e a consciência</p><p>com o mundo externo, ficando parado, com o olhar fixo. Há também alguns</p><p>automatismos, por exemplo, piscar os olhos repetidamente, como na crise parcial</p><p>complexa, a diferença está no tempo de duração, pois a crise de ausência é mais</p><p>curta, durando em média 20 segundos e podendo ocorrer várias vezes ao dia,</p><p>independentemente de o indivíduo apresentar aura ou confusão mental ao final delas.</p><p>Em geral, ele retoma a atividade que estava fazendo sem perceber, como se nada</p><p>tivesse acontecido. Em pessoas portadoras de epilepsia, as crises convulsivas</p><p>generalizadas podem ser desencadeadas por flashes repetidos de luz ou por</p><p>hiperventilação, o que ocorre com maior facilidade na infância e costuma desaparecer</p><p>após a adolescência.</p><p>Status epileticus</p><p>Status epileticus ocorre quando a convulsão começa e não termina após muitos</p><p>minutos, geralmente após cinco minutos, ou quando o paciente apresenta várias</p><p>crises sem que haja tempo de recuperação de consciência entre elas. A maioria das</p><p>crises caracteriza-se como autolimitada, não requer tratamento médico imediato</p><p>quando ocorre; já no caso de status epileticus, a pessoa deve ser levada com urgência</p><p>ao atendimento médico, pois sua complicação pode acarretar em lesões cerebrais.</p><p>35</p><p>Convulsão febril</p><p>Este tipo de convulsão acomete sobretudo crianças entre seis meses e seis</p><p>anos que apresentam quadro febril acima de 38ºC, trazendo muita apreensão aos</p><p>pais, mas é benigno e não causa lesão cerebral. É algo comum e ocorre em até 5%</p><p>das crianças dentro da faixa etária indicada, assim, aquelas que têm somente</p><p>convulsões febris não podem ser diagnosticadas como portadoras de epilepsia. O</p><p>fator desencadeante da convulsão é a febre, e o tipo de crise pode ser parcial, sendo</p><p>a mais comum a complexa, podendo incluir as tônico-clônicas. Geralmente, essas</p><p>convulsões são mais demoradas do que as epiléticas, durando até 15 minutos.</p><p>O mais importante em uma crise convulsiva é manter a calma, pois a maioria</p><p>delas é autolimitada e se resolve espontaneamente, se você se apresentar nervoso e</p><p>agitado, pode piorar ainda mais o estado da pessoa acometida pela crise. Veja o que</p><p>fazer nesses casos:</p><p>➢ Lembre-se de que crises generalizadas podem ser precedidas pelas parciais,</p><p>por isso, se o paciente estiver em pé ou sentado, o ideal é deitá-lo para evitar</p><p>quedas e traumatismos decorrentes dela.</p><p>➢ Retire os óculos do rosto do individuo, se o mesmo estiver usando-os.</p><p>➢ Procure afastar curiosos e pessoas que não poderão ajudar.</p><p>➢ Não dê tapas no rosto da vítima, nem mesmo jogue água para fazê-la retornar</p><p>da crise mais rápido.</p><p>➢ Afaste objetos que possam servir de obstáculos que machucarão a vítima.</p><p>➢ Não tente imobilizar os membros se o paciente apresentar uma crise tônico-</p><p>clônica e deixe que ele se debata, buscando apenas proteger sua cabeça com</p><p>uma almofada ou outro objeto macio, como um casaco dobrado.</p><p>➢ Afrouxe as roupas da vítima e deixe-a se debater livremente.</p><p>➢ Nunca, de maneira alguma, coloque os dedos no interior da boca da vítima na</p><p>tentativa de ajudá-la, se ela se sufocar com a própria língua. Os indivíduos em</p><p>crise contraem a mandíbula com tanta força que podem amputar seus dedos</p><p>com uma mordida. Faça apenas a simples lateralização da cabeça para</p><p>qualquer lado, assim, a língua cairá sozinha, e ele terá as vias aéreas</p><p>desobstruídas.</p><p>36</p><p>➢ Nunca coloque objetos, como colher, no interior da boca do paciente para</p><p>segurar sua língua, essa tentativa coloca sua integridade em risco, além de</p><p>facilitar que ele machuque a boca ou quebre os dentes.</p><p>➢ Faça a lateralização da cabeça, pois ela impedirá que o paciente se afogue</p><p>com a própria saliva.</p><p>➢ Chame ajuda médica se a crise durar mais do que cinco minutos.</p><p>➢ Deite o paciente confortavelmente de lado e deixe-o descansar ao terminar a</p><p>crise, pois ele pode permanecer desacordado por algum tempo.</p><p>➢ Nunca ofereça nada de beber ou de comer logo após a crise, pois o paciente</p><p>pode não conseguir engolir direito, ficando mais propenso ao risco de aspiração</p><p>de alimentos ou de líquidos para o pulmão.</p><p>➢ Evite comentários sobre o atendimento de uma convulsão, tanto durante como</p><p>após o socorro, pois a pessoa já se encontra desconfortável o suficiente com a</p><p>ocorrência da crise.</p><p>➢ Permaneça junto à vítima até que ela se recupere totalmente. Apresente-se a</p><p>ela, demonstrando atenção e cuidado com o caso, e informe-a de onde está e</p><p>com quem, proporcionando segurança e tranquilidade. Pode ser muito útil</p><p>saber se a pessoa é portadora de epilepsia e se está em dia com suas</p><p>medicações.</p><p>➢ Faça uma inspeção geral no estado da vítima após a crise, com intuito de</p><p>verificar se ela está ferida ou sangrando. Se apresentar alguma lesão,</p><p>encaminhe para o atendimento médico.</p><p>Técnica de lateralização</p><p>A posição lateral de segurança deve ser usada para proteger a vítima até a</p><p>chegada do socorro médico e, portanto, só pode ser realizada em indivíduos</p><p>inconscientes, mas respirando. Isso evita que a língua desça pela garganta,</p><p>impedindo a respiração e evitando que um possível vômito seja engolido e sugado</p><p>para os pulmões, o que pode levar à pneumonia ou asfixia (ANDRADE, 2020).</p><p>Deve-se seguir a seguinte sequência:</p><p>➢ Colocar uma das mãos da vítima abaixo do próprio corpo.</p><p>➢ Dobre um dos joelhos da vítima, mantendo-o seguro com uma das mãos.</p><p>37</p><p>➢ Colocar a outra mão da vítima abaixo do próprio pescoço, mantendo uma das</p><p>mãos sob o pescoço dela.</p><p>➢ Segurar a vítima pelo joelho dobrado e pelo pescoço, lateralizando-a em sua</p><p>direção.</p><p>➢ Posicionar a mão da vítima que estava sob seu próprio pescoço, espalmada</p><p>sob o rosto dela, para que se evite sufocamento por eventual vômito.</p><p>4.7 Animais Peçonhentos</p><p>Os animais peçonhentos, por meio de um mecanismo de caça e defesa,</p><p>possuem a capacidade de injetar em suas presas uma substância tóxica produzida</p><p>em suas glândulas, utilizando de dentes, ferrão, aguilhão, etc. para inoculá-la. A ação</p><p>de ataque e inoculação do veneno ocorre por instinto, seja por caça e alimentação ou</p><p>por defesa, pois ao sentirem-se ameaçados, eles tentam imobilizar seu agressor com</p><p>intuito de fugirem para um local seguro. Esses animais são comumente temidos pelo</p><p>ser humano, costumam estar presentes tanto em meios rurais como urbanos e</p><p>provocam inúmeros acidentes domésticos em variadas regiões brasileiras, com</p><p>índices crescentes ano após ano (HAUBERT, 2018).</p><p>É muito importante destacar que eles agem por instinto de defesa, por isso, a</p><p>maioria dos acidentes ocorre por descuido ou por imprudência humana, como</p><p>acontece ao calçar um sapato sem antes olhar seu interior, comprimindo um animal</p><p>ali alojado e aumentando as possibilidades de uma picada como reação. A seguir,</p><p>você poderá reconhecer os animais que têm maior importância epidemiológica.</p><p>Abelhas</p><p>As picadas por abelhas destacam entre os tipos mais encontrados de picaduras</p><p>de insetos, cujo ferrão se projeta da porção posterior do abdome para injetar veneno</p><p>na pele da vítima. As abelhas mais comuns são a africana e a europeia, que são</p><p>bastante parecidas e usadas como polinizadoras na agricultura e na produção de mel.</p><p>Nenhuma das duas tende a picar quando retiram néctar e pólen das flores, mas ambas</p><p>o farão para defender-se, se forem provocadas.</p><p>O perigo da picada de abelha está mais na quantidade recebida do que no</p><p>veneno em si, bem como muito relacionada à sensibilidade do indivíduo a ele. As</p><p>38</p><p>pessoas previamente alérgicas aos insetos podem ir à óbito com apenas uma picada,</p><p>por isso necessitam de um atendimento especializado imediato, pois se manifesta por</p><p>insuficiência respiratória, edema de glote, broncospasmo, edema generalizado das</p><p>vias aéreas, hemólise intensa, acompanhada de insuficiência renal e hipertensão</p><p>arterial, os quais, muito rapidamente, podem evoluir para os sintomas clássicos de</p><p>choque e, em seguida, morte (HAUBERT, 2018).</p><p>A maioria das pessoas vítimas por picadas de abelhas criam uma reação local</p><p>à picada, com sintomas de hipersensibilidade e, em geral, acompanham dor</p><p>generalizada, prurido intenso, pápulas brancas de consistência firme e elevada,</p><p>fraqueza, cefaleia, apreensão, medo e agitação, podendo evoluir para um estado</p><p>torporoso. Comumente, os sintomas ficam por pouco tempo, desaparecendo</p><p>gradativamente sem medicação.</p><p>Lacraias</p><p>As lacraias e as centopeias são cientificamente chamadas de quilópodes, bem</p><p>como estão distribuídas pelo mundo em regiões temperadas e tropicais. A lacraia é</p><p>peçonhenta, mas seu veneno não oferece muito perigo à espécie humana, possui</p><p>hábitos noturnos e, durante o dia, esconde-se em pedras, folhagens ou em qualquer</p><p>ambiente escuro e úmido que possa lhe oferecer abrigo. Ela também tem o hábito de</p><p>levantar sua cauda quando ameaçada, porém, injeta seu veneno por meio dos ferrões.</p><p>Seus ataques são caracterizados por dor local imediata em queimação, de intensidade</p><p>variável, que pode permanecer por muitas horas, acompanhada ou não de prurido,</p><p>hiperemia, edema e evolução para necrose superficial (HAUBERT, 2018).</p><p>Os sintomas eventualmente presentes incluem cefaleia, vômitos, ansiedade,</p><p>agitação, angústia, pulso irregular, tonturas, paresia ou dormência da região afetada,</p><p>linfadenite, linfangite e alterações cardíacas passageiras.</p><p>Lagartas venenosas</p><p>As lagartas estão na ordem das lepidópteras e possuem cem mil espécies</p><p>distribuídas por todo planeta. A maioria é encontrada em árvores e arbustos, onde se</p><p>nutrem de folhas e, quando chegam a forma adulta, se transformam em borboletas ou</p><p>mariposas. A maior parte dos acidentes ocorrem por contato com as formas larvais do</p><p>39</p><p>inseto, conhecidas como lagartas, taturana, sauí, lagarta-de-fogo, chapéu-armado,</p><p>taturana-gatinho e taturana-de-flanela, marandová, mandorová, ruga, oruga, bicho-</p><p>peludo, bicho-cabeludo, etc.</p><p>O veneno tem ação pouco conhecida, seu quadro clínico apresenta</p><p>manifestações que dependem da intensidade e extensão do contato - às três</p><p>principais são dermatológicos, hemorrágicas e osteoarticulares. As manifestações</p><p>dermatológicas apresentam uma sensação intensa de queimação e dor no local,</p><p>ocorrendo sua irradiação para as axilas e regiões inguinais. Elas podem estar</p><p>seguidas de eritema, edema, lesões papulares e prurido. As flictenas e as vesículas</p><p>desenvolvem-se 24 horas após o acidente com necrose superficial e</p><p>hiperpigmentação. O mal-estar, a sensação febril, as náuseas, os vômitos, a diarreia,</p><p>a lipotimia e outros sintomas também podem aparecer. Geralmente, o quadro regride</p><p>em dois a três dias, sem complicações ou sequelas. Já as manifestações</p><p>hemorrágicas são causadas, principalmente, pelas taturanas, que, quando em contato</p><p>com a pele humana, produzem queimaduras (HAUBERT, 2018).</p><p>Após o acidente, entre duas e 72 horas aparecem hematomas, equimoses,</p><p>hematúria, gengivorragia, cefaleia e palidez. As manifestações osteoarticulares, por</p><p>sua vez, se caracterizam pelas periartrites, em geral falangeanas,</p><p>e ocorrem</p><p>sobretudo nos seringueiros da região amazônica que entram em contato com lagartas</p><p>comumente chamadas de pararama. Pararamose, como se conhece popularmente, é</p><p>a doença considerada profissional, de natureza inflamatória, causada pelo contato</p><p>acidental com as cerdas dessas lagartas, cuja reação cutânea inicial se assemelha à</p><p>das outras espécies (dor, prurido e eritema). A exposição subsequente e continuada</p><p>leva o paciente a uma artrite crônica deformante.</p><p>Escorpiões</p><p>O envenenamento escorpiônico é muito comum no Brasil, ocorrendo mais nos</p><p>meses de calor e em indivíduos com idades entre 15 a 50 anos. Pode causar a morte,</p><p>principalmente em crianças, sendo o gênero Tityus o de maior importância no país.</p><p>Esse tipo de escorpião tem, em geral, de seis a sete centímetros de tamanho e</p><p>esconde-se, frequentemente, em lugares frescos e escuros, sob madeiras, pedras,</p><p>cascas de árvores, tijolos, folhas e telhas, junto aos domicílios, e pica ao ser</p><p>molestado. A ação do seu veneno é neurotóxica direta sobre os neurônios do córtex,</p><p>40</p><p>o cerebelo e a medula espinal, podendo ocorrer, ainda, a impregnação dos núcleos</p><p>neurovegetativos do bulbo, levando à morte por choque e apneia. Muitos escorpiões,</p><p>porém, produzem ferroadas inócuas, com os sinais comuns de vários graus de edema,</p><p>dor e alteração de cor da pele (HAUBERT, 2018).</p><p>Os sintomas desse tipo de acidentes podem ser locais (leves) ou sistêmicos</p><p>(moderados ou graves), ocorrendo após um intervalo de minutos a duas ou três horas.</p><p>Sua gravidade dependerá da espécie e do tamanho do escorpião, da quantidade de</p><p>veneno inoculado e da sensibilidade da vítima. Influirão na evolução desse quadro: a</p><p>precocidade do diagnóstico, o tempo decorrido desde a picada até o início do</p><p>atendimento, o uso de soroterapia e a perfeita manutenção das funções vitais.</p><p>Mais comuns no Brasil</p><p>ESCORPIÃO AMARELO</p><p>ESPÉCIE: Tityus serrulatus</p><p>TOXIDADE: Acidentes Graves</p><p>ESCORPIÃO MARROM</p><p>ESPÉCIE: Tityus bahiensis</p><p>TOXIDADE: Acidentes Graves</p><p>ESCORPIÃO PRETO</p><p>ESPÉCIE: Bothriurus bonariensis</p><p>TOXIDADE: Baixa Toxidade</p><p>Fonte: Ministério da Saúde</p><p>Aranhas</p><p>As aranhas causam acidentes comuns, e a maioria não apresenta repercussão</p><p>clínica, sendo os gêneros mais importantes no país a aranha-marrom, a aranha</p><p>armadeira e a viúva-negra. Outros tipos podem ocasionar acidentes, porém, são de</p><p>pouca importância clínica e epidemiológica, como a aranha caranguejeira.</p><p>➢ Aranha-marrom (Loxosceles): possui comportamento não agressivo, pica</p><p>comumente quando é comprimida contra o corpo. Têm de 1cm a 3cm de</p><p>comprimento total. Com hábitos noturnos, construindo teia irregular como</p><p>41</p><p>algodão esfiapado, ela, em geral, habita em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou</p><p>embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em</p><p>depósitos, garagens, porões, entre outros ambientes com pouca iluminação e</p><p>movimentação. Nos acidentes, sua picada é pouco dolorosa, e uma lesão</p><p>endurecida e escura costuma surgir várias horas depois, podendo evoluir para</p><p>uma ferida com necrose de difícil cicatrização. Em casos raros, ocorre o</p><p>escurecimento da urina.</p><p>➢ Aranha armadeira (Phoneutria): possui comportamento bastante agressivo,</p><p>assumindo posição de defesa e conseguindo saltar até 40 centímetros de</p><p>distância. Seu corpo pode atingir quatro centímetros, com 15 de envergadura.</p><p>Ela é caçadora de atividade noturna, vive sob troncos, palmeiras, bromélias e</p><p>entre folhas de bananeira, bem como pode se alojar em sapatos, atrás de</p><p>móveis, cortinas, sob vasos, entulhos e materiais de construção. Os acidentes</p><p>causam dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis no local, e raramente</p><p>ocorre agitação, náuseas, vômitos e diminuição da pressão sanguínea.</p><p>➢ Viúva-negra (Latrodectus): possui comportamento não agressivo. A fêmea</p><p>pode chegar a dois centímetros, e o macho de dois a três. Ela possui atividade</p><p>noturna e vive em grupos tecendo teia irregular em arbustos, gramíneas,</p><p>cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras, bem como próxima ou</p><p>dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e</p><p>mesas em jardins. Os acidentes causam dor na área da picada, contrações nos</p><p>músculos, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos</p><p>cardíacos.</p><p>➢ Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae): são aranhas não agressivas,</p><p>grandes e causam bastante medo. Apesar de seu tamanho e de</p><p>frequentemente se encontrarem em residências, não causam acidentes</p><p>considerados graves.</p><p>Cobras</p><p>As cobras venenosas comumente habitam áreas cultivadas como lavouras,</p><p>pastos e campos, possuem costumes noturnos e permanecem em esconderijos</p><p>durante o dia, por exemplo, tocas de tatus, tocos de árvores, covas de raízes e montes</p><p>de lenha. Costumam fugir dos locais que recebem sol diretamente, exceto nas</p><p>42</p><p>primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde. Os acidentes ofídicos merecem</p><p>atenção, pois podem colocar a vítima em risco, devido à sua gravidade. Por isso,</p><p>possuir noções para a identificação do ofídio agressor garante uma assistência</p><p>adequada, pois muitos desses acidentes ofídicos ocorrem por serpentes não</p><p>peçonhentas, tendo fundamental importância no tratamento e na autoproteção.</p><p>Identifica-se o gênero nos casos de serpentes peçonhentas, pois a soroterapia</p><p>específica (soro antiofídico) é um recurso terapêutico fundamental para a vítima</p><p>(HAUBERT, 2018).</p><p>Através de suas características anatômicas ou dos sintomas apresentados pela</p><p>vítima é que sua identificação deve ser realizada, porque esses aspectos se mantêm</p><p>relativamente constantes entre ofídios do mesmo gênero - sendo os de maior</p><p>importância epidemiológica: Micrurus (coral verdadeira); Crotalus (cascavel); Lachesis</p><p>(surucucu); Bothrops (jararaca, caiçaca, urutu e cotiara). As picadas tendem a</p><p>apresentar sintomas como dor local, taquipneia, perturbações visuais, náuseas,</p><p>vômitos, pulso fraco, enfraquecimento, extremidades frias, lesão de consciência,</p><p>rigidez na nuca, coma e óbito.</p><p>As toxinas envolvidas na ação da inoculação do veneno estão relacionadas aos</p><p>diferentes tipos, visto que geram reações diversas, como as que você verá a seguir.</p><p>➢ Proteolítica: apresenta lesões locais, como edema, bolhas e necrose,</p><p>decorrendo da atividade de proteases, hialuronidases e fosfolipases, da</p><p>liberação de mediadores da resposta inflamatória, da ação das hemorragias</p><p>sobre o endotélio vascular e da ação pró-coagulante do veneno.</p><p>➢ Neurotóxica: possui ação pré-sináptica que atua nas terminações nervosas,</p><p>inibindo a liberação de acetilcolina. Essa inibição é o principal fator pelo</p><p>bloqueio neuromuscular, do qual decorrem as paralisias motoras.</p><p>➢ Miotóxica: produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdo-miólise)</p><p>com liberação de enzimas e mioglobina para o soro, que são posteriormente</p><p>excretadas pela urina. Porém, não está identificada a fração do veneno que</p><p>causa esse efeito miotóxico sistêmico.</p><p>➢ Hemotóxica: é decorrente da ação das hemorragias que provocam lesões na</p><p>membrana basal dos capilares, associadas à plaquetopenia e às alterações da</p><p>coagulação.</p><p>43</p><p>➢ Coagulante: produz distúrbios da coagulação, caracterizados por consumo</p><p>dos seus fatores, bem como geração de produtos de degradação de fibrina e</p><p>fibrinogênio, podendo ocasionar incoagulabilidade sanguínea.</p><p>➢ Citotóxica: afeta células e tecidos, ocorrendo sua destruição, seguida de</p><p>necrose da região afetada.</p><p>Devem ser prestados os primeiros socorros à vítima de acordo com o tipo de</p><p>animal que causou o acidente.</p><p>Picadas de cobras</p><p>➢ A vítima, quase sempre, estará agitada. Deve-se mantê-la calma.</p><p>➢ Mantenha a vítima em decúbito dorsal, em repouso, evitando deambular ou</p><p>correr, caso contrário, a absorção do veneno pode disseminar-se mais rápido.</p><p>➢ Lave a região afetada com água e sabão, realizando, se possível, a</p><p>antissepsia.</p><p>➢ Mantenha elevado o membro afetado.</p>