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<p>2</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3</p><p>2 AGENTES QUÍMICOS ................................................................................ 4</p><p>2.1 Risco químico ........................................................................................... 4</p><p>2.2 Limites de tolerância da ACGIH ............................................................. 12</p><p>2.3 Estratégia de amostragem dos principais agentes ................................. 13</p><p>3 AGENTES BIOLÓGICOS ......................................................................... 18</p><p>3.1 Classe de Risco ..................................................................................... 19</p><p>3.2 Limites de tolerância .............................................................................. 22</p><p>3.3 Métodos de controle ............................................................................... 27</p><p>3.4 Conduta em caso de acidente ................................................................ 30</p><p>4 INTRODUÇÃO À VENTILAÇÃO INDUSTRIAL ......................................... 32</p><p>4.1 Ventilação natural ................................................................................... 35</p><p>4.2 Ventilação mecânica geral diluidora ....................................................... 37</p><p>4.3 Ventilação mecânica geral exaustora ..................................................... 41</p><p>5 Referências Bibliográficas ......................................................................... 43</p><p>3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Prezado aluno!</p><p>O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante</p><p>ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -</p><p>um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma</p><p>pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum</p><p>é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a</p><p>resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas</p><p>poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em</p><p>tempo hábil.</p><p>Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa</p><p>disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das</p><p>avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que</p><p>lhe convier para isso.</p><p>A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser</p><p>seguida e prazos definidos para as atividades.</p><p>Bons estudos!</p><p>4</p><p>2 AGENTES QUÍMICOS</p><p>Fonte: shre.ink/mT3b</p><p>Os riscos e as combinações químicas provêm dos elementos da tabela</p><p>periódica. São 118 elementos, que, combinados, geram os mais de 125 milhões de</p><p>agentes químicos que temos atualmente, segundo o Chemical Abstracts Service</p><p>(CAS, 2022), instituto que realiza o registro de todos os agentes químicos conhecidos,</p><p>no qual cada um recebe um número de registro. Apesar dessa quantidade de agentes</p><p>existentes, apenas uma parcela possui seus efeitos catalogados no organismo.</p><p>A Norma Regulamentadora NR 15, do Ministério do Trabalho, apresenta uma</p><p>listagem de pouco mais de 150 substâncias que foram estudadas e que têm efeitos</p><p>descritos na saúde, quando o trabalhador fica exposto sem a devida proteção.</p><p>2.1 Risco químico</p><p>O risco químico é a probabilidade de determinado indivíduo sofrer agravo de</p><p>acordo com aquilo que está exposto ao manipular produtos químicos que podem</p><p>causar danos físicos ou prejudicar a saúde.</p><p>Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, os compostos ou os</p><p>produtos que podem penetrar no organismo do trabalhador, principalmente pela via</p><p>respiratória, nas formas de poeira, fumo, gás, neblina, névoa ou vapor, ou pela</p><p>natureza da atividade, de exposição, que possam ter contato ou serem absorvidos</p><p>5</p><p>pelo organismo através da pele, por ingestão ou inalação (BALLESTRERI, 2018).</p><p>Observe as Figura 1, 2 e 3:</p><p>Figura 1 – Via de respiratória</p><p>Fonte: Alila Medical Media (ANO).</p><p>Figura 2 – Via digestiva</p><p>Fonte: Shutterstock.com.</p><p>6</p><p>Figura 3 – Via cutânea</p><p>Fonte: Shutterstock.com.</p><p>A via respiratória é a principal via de ingresso dos agentes químicos, pois a</p><p>maioria desses agentes está dispersa na atmosfera. Já a pele é relativamente</p><p>impermeável, agindo como uma barreira de proteção, no entanto, algumas</p><p>substâncias possuem a capacidade de penetrar através da epiderme, que é a primeira</p><p>camada da pele.</p><p>A via digestiva é a via de entrada dos agentes menos comum, contudo, pode</p><p>assumir importância quando é permitido, aos trabalhadores, comer ou beber nos</p><p>postos de trabalho, por exemplo, ou em caso de ingestão de agentes de forma</p><p>acidental ou proposital.</p><p>O nível de toxicidade de uma substância vai depender da sua concentração no</p><p>ambiente, do tempo de exposição, das características do agente e da susceptibilidade</p><p>individual de cada trabalhador (BALLESTRERI, 2018).</p><p>A intoxicação pode ser dividida em aguda e crônica:</p><p> Aguda: exposição curta em altas concentrações produzidas por substâncias</p><p>rapidamente absorvidas pelo organismo.</p><p> Crônica: exposição repetida em pequenas concentrações e com efeito</p><p>acumulativo no organismo.</p><p>7</p><p>Para avaliar o potencial tóxico das substâncias químicas, alguns fatores devem</p><p>ser levados em consideração:</p><p> Concentração: quanto maior a concentração, maiores serão os efeitos</p><p>nocivos sobre o organismo humano.</p><p> Frequência respiratória e capacidade pulmonar: representa a quantidade de</p><p>ar inalado pelo trabalhador durante a jornada de trabalho.</p><p> Sensibilidade individual: o nível de resistência varia de acordo com o</p><p>indivíduo.</p><p> Toxicidade: é o potencial tóxico da substância no organismo, dessa forma,</p><p>deve-se redobrar a atenção com substâncias que têm potencial tóxico mais</p><p>elevado.</p><p> Tempo de exposição: é o tempo que o organismo fica exposto ao</p><p>contaminante (BALLESTRERI, 2018).</p><p>Os agentes químicos são classificados, segundo as suas características físico-</p><p>químicas, em aerodispersoides – partículas microscópicas que permanecem</p><p>temporariamente em suspensão no ar, até sua deposição no solo ou em algum objeto.</p><p>Segundo Peixoto, os aerodispersoides são definidos como partículas sólidas</p><p>ou líquidas em suspenção no ar. Apresentam tamanho aproximado de 150 μm e são</p><p>comumente chamados de aerossóis (PEIXOTO, 2012).</p><p>Os aerodispersoides podem ser classificados em sólidos e líquidos. Os sólidos</p><p>são as poeiras e fumos, e os líquidos as névoas e neblinas. Não obstantes, também</p><p>são classificados como gases e vapores, como descritos nos seguintes esquemas:</p><p>8</p><p>Figura 4 – Aerodispersoides sólidos</p><p>Fonte: Ballestreri, 2018.</p><p>Figura 5 – Aerodispersoides sólidos</p><p>Fonte: Ballestreri, 2018.</p><p>9</p><p>Figura 6 – Aerodispersoides sólidos</p><p>Fonte: Fonte: Ballestreri, 2018.</p><p>Os efeitos da exposição a esses agentes no organismo incluem:</p><p> Rinites;</p><p> Sinusites;</p><p> Bronquites;</p><p> Asmas;</p><p> Neoplasias;</p><p> Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): grupo de doenças</p><p>pulmonares no qual duas doenças se destacam por serem responsáveis por</p><p>quase todos os casos;</p><p> Bronquite crônica e enfisema pulmonar: caracterizam-se por uma limitação</p><p>da passagem de ar pelas vias respiratórias dentro dos pulmões,</p><p>principalmente durante a expiração.</p><p> Pneumoconioses: grupo genérico de patologias que afetam o sistema</p><p>respiratório, estando etiologicamente relacionadas à inalação de poeiras em</p><p>10</p><p>ambientes de trabalho. Levam a um quadro de fibrose, ou seja, ao</p><p>endurecimento intersticial do tecido pulmonar. As mais importantes são</p><p>aquelas causadas pela poeira de sílica, configurando a doença conhecida</p><p>como silicose, e as causadas pelo asbesto, configurando a asbestose</p><p>(BALLESTRERI, 2018).</p><p>De acordo com o Conselho Regional de Química IV Região (2006), são</p><p>produzidos milhares de produtos químicos no mundo. Alguns são padronizados e</p><p>usados na fabricação de uma vasta gama de produtos, como é caso da amônia,</p><p>empregada tanto para a produção de produtos de limpeza quanto para a produção de</p><p>cosméticos. Outros são mais elaborados e visam atender determinado setor de</p><p>produção. Como exemplo, temos as resinas termoplásticas, usadas exclusivamente</p><p>pela indústria de tintas. Todos os setores industriais utilizam de forma direta ou indireta</p><p>produtos químicos nocivos. Mineração, siderurgia, farmacêutica, têxtil, alimentícia,</p><p>enfim, todas as indústrias fazem uso de produtos nocivos. Por exemplo, para a</p><p>industrial têxtil, são utilizados diferentes tipos de tinturas que, em sua maioria, são</p><p>altamente nocivas ao meio ambiente e a saúde humana (BALLESTRERI, 2018).</p><p>Produtos perigosos são identificados por diferentes símbolos, que listam, de</p><p>forma universal, as características e os perigos associados aos produtos químicos</p><p>perigosos. A figura 7 apresenta os principais símbolos adotados para identificar</p><p>produtos químicos nocivos:</p><p>Figura 7 – Simbolos de produtos químicos nocivos</p><p>Fonte: Shutterstock.com</p><p>A seguir, confira uma breve descrição e exemplos de produtos químicos</p><p>nocivos:</p><p>11</p><p> Materiais comburentes ou inflamáveis: material com facilidade de entrar em</p><p>combustão, ou seja, de queimar, de produzir chamas, e que, geralmente,</p><p>ao término da combustão, deixa pouco ou nenhum resíduo sólido.</p><p>Exemplos: petróleo, gasolina, álcool, acetona, solventes, colas de contato,</p><p>entre outros.</p><p> Explosivos: são substâncias (ou um conjunto de substâncias) inflamáveis</p><p>que, uma vez incendiadas, são capazes de liberar grande quantidade de</p><p>gases e calor em alta velocidade. Exemplos: pólvora, dinamite, recipientes</p><p>de aerossóis, ou seja, os sprays de qualquer gênero (desodorizantes, lacas,</p><p>entre outros).</p><p> Nocivos/irritantes: substâncias que podem causar danos agudos ou</p><p>crônicos para a saúde se forem ingeridas, inaladas ou absorvidas pela pele</p><p>em seres humanos. Exemplos: clorato de potássio, acetaldeído (etanal),</p><p>diclorometano, produtos de limpeza, produtos para proteção e tratamento</p><p>da madeira, entre outros.</p><p> Tóxico: material descartado, geralmente, em forma química, que pode</p><p>causar a morte ou danos aos seres vivos. São resíduos vindos da indústria</p><p>ou do comércio, porém podem conter resíduos residenciais, da agricultura,</p><p>militares, hospitalares, de fontes radioativas, entre outros. Exemplos: álcool</p><p>desnaturado, tira-nódoas, desinfetantes (como a creolina), lixívia,</p><p>amoníaco, entre outros.</p><p> Corrosivo: por ação química (reação de corrosão), é capaz de destruir ou</p><p>danificar, de forma irreversível, substâncias ou superfícies com as quais</p><p>esteja em contato. Exemplos: ácidos, alguns produtos de limpeza,</p><p>desentupidores de canalizações, soda cáustica, entre outros.</p><p> Perigosos para o meio ambiente: quando, em contato com a água ou com</p><p>o solo, podem ocasionar contaminação ambiental. Exemplos: pesticidas</p><p>(BALLESTRERI, 2018).</p><p>12</p><p>2.2 Limites de tolerância da ACGIH</p><p>É extremamente adequado o uso dos limites de tolerância aos agentes</p><p>químicos adotados pela ACGIH e pela NR 15, pois, de acordo com Peixoto (2012), a</p><p>capacidade de absorção de químicos pelo ser humano está relacionada ao seu tempo</p><p>de permanência em suspensão no ar.</p><p>Dessa forma, quanto menor o diâmetro da partícula e sua densidade maior é a</p><p>possibilidade desse agente penetrar o organismo, e ao conhecer a quantidade</p><p>máxima que se pode estar em contato com essas substâncias, é possível reduzir o</p><p>tempo de exposição do trabalhador.</p><p>Atividades ou operações insalubres são consideras aquelas que se</p><p>desenvolvem em ambientes em que a concentração dos agentes está acima dos</p><p>limites de tolerância previstos nos anexos da NR-15: “Entende-se por ‘Limite de</p><p>Tolerância’, para os fins desta Norma, a concentração ou intensidade máxima ou</p><p>mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não</p><p>causará danos à saúde do trabalhador durante a sua vida laboral” (BRASIL, 2019,</p><p>documento online).</p><p>A NR-15 apresenta 14 anexos com diretrizes sobre a exposição a agentes</p><p>nocivos à saúde do trabalhador. Como exemplo, o Anexo 12 apresenta equações para</p><p>o cálculo dos limites de tolerância para poeiras minerais. Nesse caso, para obter o</p><p>limite de tolerância (LT, em mg/m3 ) para poeira respirável contendo sílica cristalizada</p><p>(SiO2 , dióxido de silício) com jornada semanal do trabalhador de 48 horas, a equação</p><p>a ser aplicada é a seguinte:</p><p>Já para obter o limite de tolerância para poeira total com jornada semanal de</p><p>48 horas, a equação é representada por:</p><p>Numa avaliação da exposição a poeiras respiráveis, cuja concentração é de 5</p><p>mg/m3 , o teor de sílica livre cristalizada nessa poeira é de 2%. Nesse caso, o limite</p><p>de tolerância seria de:</p><p>13</p><p>Assim, por esse resultado deve ser entendido que 2 mg/m3 de poeira respirável</p><p>contêm 2% de sílica livre por m3 de ar.</p><p>O exemplo anterior é uma pequena parcela do que a NR-15 pode oferecer em</p><p>uma avaliação ambiental. A compreensão dos limites de tolerância e dos cálculos</p><p>envolvidos é fundamental para a elaboração do Laudo Técnico das Condições do</p><p>Ambiente do Trabalho (LTCAT).</p><p>A finalidade desse laudo técnico é determinar o pagamento ou não de</p><p>insalubridade. Em caso positivo, de acordo com a NR-15 (BRASIL, 2019, documento</p><p>online):</p><p>[...] assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o</p><p>salário mínimo da região, equivalente a: 40% para insalubridade de grau</p><p>máximo; 20% para insalubridade de grau médio; 10% para insalubridade de</p><p>grau mínimo. No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade,</p><p>será apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo</p><p>salarial, sendo vedada a percepção cumulativa. A eliminação ou</p><p>neutralização da insalubridade determinará a cessação do pagamento do</p><p>adicional respectivo.</p><p>O recebimento de insalubridade não garante a segurança ao trabalhador, que</p><p>pode continua exposto a agentes nocivos à saúde. Pois é notório que nem sempre é</p><p>possível substituir determinado produto químico nocivo por outro menos poluente e,</p><p>dessa forma, além do uso de EPIs adequados, cabe ao profissional de SST propor</p><p>medidas de controle, com a finalidade de reduzir a exposição aos agentes nocivos.</p><p>Os trabalhadores expostos aos agentes ambientais devem ser monitorados por</p><p>avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico mental e exames</p><p>complementares, realizados de acordo com os termos específicos da NR-7 —</p><p>Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (BALLESTRERI,</p><p>2018).</p><p>2.3 Estratégia de amostragem dos principais agentes</p><p>Conforme Carvalho (2018), as estratégias de amostragem correspondem ao</p><p>processo de se obter uma amostra do ar em um período de tempo específico para fins</p><p>de determinação da concentração do agente químico.</p><p>14</p><p>As avaliações ambientais dos agentes químicos inseridas nos programas</p><p>previstos pela legislação brasileira de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) –</p><p>principalmente o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) – e nos</p><p>laudos técnicos periciais têm sido questionados com frequência por profissionais que</p><p>atuam nas áreas de SST, auditores fiscais do trabalho, profissionais da vigilância da</p><p>saúde e trabalhadores quanto à confiabilidade de seus resultados e das conclusões</p><p>deles advindas.</p><p>Uma das questões mais frequentemente levantadas é qual a quantidade de</p><p>medições de concentração necessária para se chegar a um diagnóstico confiável, seja</p><p>referente às exposições de trabalhadores ou à contaminação de locais de trabalho.</p><p>É</p><p>possível indagar: como é possível concluir sobre a exposição de um trabalhador ou a</p><p>contaminação de um local de trabalho por um agente químico realizando-se apenas</p><p>uma ou duas medições no ano?</p><p>De fato, o Ministério do Trabalho (MT), através das ações de fiscalização e dos</p><p>trabalhos desenvolvidos pela Fundacentro, tem constatado a existência de sérios</p><p>problemas nos programas de monitoramento dos agentes químicos nos PPRA e</p><p>também nos laudos técnicos ambientais emitidos por grande parte das empresas.</p><p>Muitas delas nem realizam avaliações – a maioria faz apenas uma medição de</p><p>concentração ao ano – e as poucas que se dispõem a avaliar um número mínimo de</p><p>jornadas de trabalho apresentam incongruências na escolha dos dias e dos</p><p>trabalhadores a serem monitorados, na interpretação de resultados e na periodicidade</p><p>dos novos monitoramentos. As auditorias do MT têm constatado que o monitoramento</p><p>das exposições agudas tem sido negligenciado pela maioria das empresas auditadas</p><p>(CARVALHO, 2018)</p><p>O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) tem o objetivo de</p><p>preservar a saúde e segurança do trabalhador. Sua implementação e elaboração é de</p><p>responsabilidade dos empregadores. O fundamento básico do programa é antecipar,</p><p>reconhecer, avaliar e controlar os riscos ambientais existentes ou que podem vir a</p><p>surgir no ambiente de trabalho. Normalmente, empresas especializadas em</p><p>segurança e medicina ocupacional têm a permissão de realizar o programa junto com</p><p>a empresa contratante.</p><p>No caso de empresas que contem com o Serviço Especializado em Engenharia</p><p>de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT,) a própria equipe poderá realizar</p><p>15</p><p>o programa. Para desenvolver o PPRA, a NR-9 estabelece as seguintes etapas a</p><p>serem observadas (BRASIL, 2021, documento online):</p><p> Antecipação e reconhecimentos dos riscos;</p><p> Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;</p><p> Avaliação dos riscos;</p><p> Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia e da</p><p>exposição dos trabalhadores;</p><p> Monitoramento da exposição aos riscos;</p><p> Registro e divulgação dos dados.</p><p>A fase de antecipação e reconhecimento é primordial para a execução do</p><p>programa. Com base na NR-9, o reconhecimento deve conter a identificação do risco</p><p>presente no ambiente de trabalho, a localização e determinação da fonte geradora, as</p><p>possíveis trajetórias e meios de propagação dos agentes ambientais, a identificação</p><p>da quantidade de trabalhadores expostos e suas respectivas funções, os tipos de</p><p>atividades e o tipo de exposição, a obtenção de dados sobre comprometimento da</p><p>saúde do trabalhador, possíveis danos à saúde relacionados com os riscos</p><p>identificados disponíveis na literatura técnica, como a ACGIH, e, por fim, as medidas</p><p>de controle já existentes (CARVALHO, 2018).</p><p>Para a etapa de avaliação quantitativa, a NR-9 estabelece as seguintes</p><p>diretrizes:</p><p> Comprovar o controle da exposição ou a inexistência dos riscos</p><p>identificados na etapa de reconhecimento;</p><p> Dimensionar a exposição dos trabalhadores;</p><p> Subsidiar o equacionamento das medidas de controle.</p><p>A etapa de avaliação quantitativa do programa visa comprovar a existência ou</p><p>a inexistência dos riscos já identificados, sendo realizada pelo profissional de SST. Na</p><p>16</p><p>avaliação quantitativa, utiliza-se medições com os equipamentos de acordo com o</p><p>agente a ser avaliado.</p><p>Há inúmeros equipamentos de medições disponíveis, como o dosímetro, que</p><p>tem a função de medir a exposição do trabalhador durante a jornada de trabalho a</p><p>ruído, radiação, vibração e produtos químicos específicos. Outros exemplos de</p><p>equipamento desse tipo incluem luxímetro, monitor de Índice de Bulbo Úmido e</p><p>Termômetro de Globo (IBUTG), decibelímetro, anemômetro, medidores de vibração,</p><p>etc. Conforme descrito na NR-9 (BRASIL, 2021, documento online):</p><p>[...] deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes para a</p><p>eliminação, a minimização ou o controle dos riscos ambientais sempre que</p><p>forem verificadas uma ou mais das seguintes situações: a) identificação, na</p><p>fase de antecipação, de risco potencial à saúde; b) constatação, na fase de</p><p>reconhecimento, de risco evidente à saúde; c) quando os resultados das</p><p>avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os</p><p>valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes, os valores-</p><p>limite de exposição ocupacional adotados pela ACGIH [...], ou aqueles que</p><p>venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que</p><p>mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos; d) quando,</p><p>através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre</p><p>danos observados na saúde dos trabalhadores e a situação de trabalho a que</p><p>eles ficam expostos.</p><p>É de obrigação do empregador implantar, estabelecer e assegurar o</p><p>cumprimento do PPRA, ao passo que cabe aos trabalhadores cooperar com a</p><p>implantação e execução do programa e seguir as orientações previstas através de</p><p>treinamentos. Num contexto industrial, deve-se avaliar o grau de exposição dos</p><p>trabalhadores aos agentes químicos presentes no ambiente de trabalho durante a</p><p>realização do programa, sendo necessário medir a concentração dos agentes</p><p>químicos na zona respiratória e realizar a comparação com os limites de exposição</p><p>disponíveis na NR-15 — Atividades e Operações Insalubres, nos valores de</p><p>referência, ou como já visto, na ACGIH (BRASIL, 2019, documento online).</p><p>Segundo Torloni e Vieira (2003, p. 144):</p><p>[...] é muito trabalhoso, mas de fundamental importância, conhecer os</p><p>produtos químicos utilizados na empresa. As informações desejadas podem</p><p>ser obtidas na Ficha de Informação e Segurança de Produto Químico</p><p>(FISPQ), pelo fabricante, fornecedor ou importador, e de modo mais</p><p>completo, através do Material Safety Data Sheet (MSDS), que contém o</p><p>resumo das informações a respeito dos efeitos sobre a saúde, segurança e</p><p>toxicologia. Deve-se levar em conta que alguns produtos industriais podem</p><p>ser relativamente inertes nas condições ambientais, mas quando aquecidos</p><p>durante o processamento, podem se decompor e liberar substâncias</p><p>altamente tóxicas. Daí a importância de se conhecer também os produtos</p><p>gerados nessas circunstâncias. Considerar, por exemplo, que a presença de</p><p>17</p><p>gases biologicamente inertes, mas em alta concentração no ar, como o</p><p>nitrogênio, podem produzir situações fatais devido à deficiência de oxigênio.</p><p>Em relação a avalição e interpretação dos resultados da amostragem, Carvalho</p><p>(2018, p. 99) pondera:</p><p>Um modo mais prático de tratar os resultados obtidos, que dispensa o uso de</p><p>calculadoras, é inserir os resultados obtidos em um dos programas ou</p><p>planilhas disponibilizadas gratuitamente na internet [...]</p><p>Dentre eles, o mais conhecido no Brasil é o IHStat, da AIHA, uma planilha</p><p>Excel disponibilizada em língua portuguesa. Nela, todos os dados da</p><p>estatística descritiva e mais o LSCLE, 95%, o P95% e o LSTP95%,95%, não</p><p>podem ser obtidos automaticamente. A planilha permite a inserção de até 200</p><p>resultados de uma só vez.</p><p>Vários outros parâmetros, além dos sugeridos neste guia, são calculados na</p><p>referida planilha e podem auxiliar o profissional na análise estatística dos</p><p>resultados obtidos. Cada célula de cada parâmetro calculado apresenta um</p><p>comentário contendo uma explicação resumida sobre ela. Para acessar o</p><p>comentário, basta clicar na célula que contém uma marca vermelha em seu</p><p>canto superior direito. Maiores informações sobre esses parâmetros podem</p><p>ser obtidas em Hawkins et al. (1991) e Bullock e Ignacio (2006).</p><p>O programa Hyginist está disponível apenas em inglês, enquanto que o Altrex</p><p>Chimie está em francês. O Hyginist possibilita ao usuário realizar as análises</p><p>estatísticas utilizando, tanto os critérios adotados pelo IHStat, como outros,</p><p>inclusive do NIOSH.</p><p>Por fim, para avaliação e observação detalhada das metodologias e sequências</p><p>de amostragem dos agentes químicos,</p><p>é recomendável a consulta períodica ao Guia</p><p>técnico sobre estratégia de amostragem elaborado pela FUNDACENTRO</p><p>(CARVALHO, 2018, p. 5), elucida que ele é:</p><p>Guia para definição de estratégia de amostragem para a determinação de</p><p>concentração de agentes químicos no ar dos ambientes de trabalho. Orienta</p><p>a análise estatística dos dados obti dos e a comparação destes dados com</p><p>os valores de referência estabelecidos pela legislação brasileira.</p><p>Pois este só deve ser utilizado por profissionais que possuam qualificação</p><p>apropriada para utilizar metodologias de química analítica e manipular tanto</p><p>equipamentos de amostragem e medição de substâncias químicas no ar, quanto</p><p>protocolos ou programas computacionais de estatística aplicados à avaliação dos</p><p>agentes químicos no ar em ambientes de trabalho (Carvalho, 2018).</p><p>18</p><p>3 AGENTES BIOLÓGICOS</p><p>Fonte: shre.ink/mT3p</p><p>Entre os agentes biológicos estão os microrganismos de modo geral, as</p><p>culturas de células, os parasitas, as toxinas e os príons que têm potencial de causar</p><p>danos à saúde humana e animal, como infecções, intoxicações, alergias, doenças</p><p>autoimunes, neoplasias e malformações (XAVIER; DORA; BARROS, 2011). Por meio</p><p>do conhecimento e do gerenciamento dos riscos biológicos existentes em ambientes</p><p>laboratoriais, é possível tomar medidas para reduzir os riscos de acidentes e aumentar</p><p>a segurança ambiental e individual durante o exercício das atividades profissionais.</p><p>Os acidentes envolvendo materiais biológicos podem ocorrer por via direta,</p><p>como no caso da veiculação de agentes por meio de aerossóis e das gotículas, ou por</p><p>via indireta, como é o caso das mãos, das luvas e dos instrumentos perfurocortantes</p><p>contaminados com potenciais agentes biológicos (AYRES, s.d., documento online).</p><p>A penetração dos agentes biológicos no organismo pode ocorrer por via aérea,</p><p>intestinal, pela pele contendo lesão, pelas mucosas ou por via parenteral (é aquela</p><p>realizada fora do trato gastrointestinal e é representada pelas vias endovenosa,</p><p>intramuscular, subcutânea e intradérmica) (AYRES, s.d., documento online) .</p><p>Observe no Quadro 1 as principais doenças transmitidas pela exposição a</p><p>materiais biológicos:</p><p>19</p><p>Quadro 1 – Doenças transmitidas pela exposião a materiais biológicos</p><p>3.1 Classe de Risco</p><p>De acordo com o risco e a probabilidade de contágio, bem como com a</p><p>gravidade do dano à saúde, os agentes biológicos são classificados em quatro classes</p><p>de riscos, de acordo com a patogenicidade para o homem e para os animais, a</p><p>virulência, o modo de transmissão, a endemicidade (localização geográfica e sua</p><p>capacidade de disseminação) e a possibilidade de prevenção do contágio e/ou</p><p>tratamentos disponíveis. A classe de risco biológico é sempre determinada de acordo</p><p>com o agente de maior risco manipulado no local; por exemplo, para um local que</p><p>manipula agentes biológicos de classe 2 e 3, o nível de biossegurança local será o 3.</p><p>(XAVIER; DORA; BARROS, 2011).</p><p>A seguir, é possível observar as principais características dos agentes, de</p><p>acordo com cada nível de risco biológico, de acordo com Texeira e Valle (2010)</p><p> Classe de risco 1: ou nível de biossegurança 1 (NB1), estão os agentes que</p><p>nunca foram descritos como causadores de doenças para seres humanos</p><p>e animais e que não constituem um risco para o meio ambiente. Seu risco</p><p>de contágio individual ou coletivo é baixo.</p><p> Classe de risco 2: a Classe de risco 2 (NB2) inclui agentes capazes de</p><p>causar doenças no homem e em animais, mas com baixa probabilidade de</p><p>20</p><p>contaminação para os profissionais de laboratório e baixa capacidade de</p><p>transmissão no meio ambiente. Além disso, para os agentes desta classe</p><p>existem métodos profiláticos de contágio e tratamentos eficazes</p><p>disponíveis. Seu risco individual é moderado e o risco coletivo é baixo.</p><p> Classe de risco 3: a Classe de risco 3 (NB3) estão incluídos os agentes cuja</p><p>forma de contágio é pela via aérea e que causam doenças em homens e</p><p>animais, porém com profilaxia e tratamento disponíveis. Apresentam risco</p><p>de contágio de pessoa a pessoa, representando um alto risco individual e</p><p>um moderado risco coletivo.</p><p> Classe de risco 4: a Classe de risco 4 (NB4) compreende os micro-</p><p>organismos com alta capacidade de contágio e alta letalidade,</p><p>apresentando alto risco individual e coletivo e não apresentando profilaxia</p><p>ou tratamento disponíveis.</p><p>Para melhor entendimento observe o Quadro 2:</p><p>Quadro 2 – Classes de risco</p><p>21</p><p>Para que haja um ambiente seguro e para a implementação do uso de</p><p>equipamentos de proteção individual e coletiva nos estabelecimentos de saúde, foram</p><p>criadas no Brasil uma série de normativas regulamentando o transporte e o descarte</p><p>dos materiais biológicos, bem como os procedimentos de biossegurança de modo</p><p>geral.</p><p>De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (BRASIL,</p><p>2018), a regulamentação que envolve a biossegurança inclui:</p><p> Portaria 485, de 11 de novembro de 2005, do Ministério do Trabalho</p><p>(MT): aprova a Norma Regulamentadora (NR) 32.</p><p> NR 32: trata da saúde do trabalhador em serviços de saúde.</p><p> Portaria de Consolidação nº 05, de 28 de setembro de 2017, do</p><p>Ministério da Saúde (MS) (Portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011):</p><p>regulamenta os requisitos para a água para consumo humano;</p><p> Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 52, de 22 de outubro</p><p>de 2009: trata do controle de vetores e pragas;</p><p> RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002: estabelece os projetos físicos de</p><p>estabelecimentos de saúde;</p><p> RDC nº 222, de 28 de março de 2018: trata das boas práticas em</p><p>gerenciamento de resíduos;</p><p> NR 7: estabelece o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional;</p><p> NR 9: estabelece o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais;</p><p> NR 17: trata da ergonomia;</p><p> NR 26: estabelece a sinalização de segurança.</p><p>No que se refere especificamente ao transporte e descarte de materiais</p><p>biológicos, a regulamentação é feita pelas Normas reguladoras: NR 32, RDC 222, NR</p><p>9 e NR 26. Em todo caso, protocolos devem ser seguidos para a diminuição de</p><p>acidentes e de contaminações associados ao trabalho.</p><p>Os equipamentos de proteção individual (EPIs) e os equipamentos de proteção</p><p>coletiva (EPCs) visam a minimizar ou, até mesmo, a eliminar a exposição a agentes</p><p>perigosos, quando manipulados. A escolha de EPIs e EPCs é baseada na avaliação</p><p>do risco, que determina os níveis de biossegurança a serem seguidos para os</p><p>22</p><p>equipamentos, instalações e práticas. Dois fatores são fundamentais e deverão ser</p><p>concomitantes para a proteção individual e do meio ambiente:</p><p> A correta designação dos equipamentos de acordo com a sua função;</p><p> As boas práticas laborais vinculadas à utilização desses equipamentos.</p><p>3.2 Limites de tolerância</p><p>Assim como para os agentes químicos e físicos, existem limites de exposição</p><p>para agentes químicos, biológicos e físicos do ambiente de trabalho. Tais limites visam</p><p>à promoção da saúde e à segurança do trabalhador.</p><p>Em ambientes ocupacionais, a exposição é frequentemente usada como um</p><p>substituto para a dose, que é definida como a quantidade de agente tóxico que atinge</p><p>o tecido alvo durante um período de tempo definido. A resposta a um agente tóxico</p><p>depende de fatores do hospedeiro e consequentemente da dose.</p><p>O caminho da exposição à doença subclínica ou efeito adverso à saúde sugere</p><p>que existem fatores modificadores importantes, listados a seguir (KLAASSEN;</p><p>WATKINS III, 2012):</p><p> Exposições contemporâneas;</p><p> Suscetibilidade genética;</p><p> Idade;</p><p> Sexo;</p><p> Estado nutricional;</p><p> Fatores comportamentais.</p><p>Esses fatores modificadores podem influenciar se um trabalhador permanece</p><p>saudável, desenvolve doença subclínica que é reparada, ou progride para doença. A</p><p>dose é uma função da concentração da exposição, duração da exposição e frequência</p><p>da exposição.</p><p>As características individuais e ambientais também podem afetar a</p><p>dose.</p><p>23</p><p>Os limites de exposição ocupacional (LEOs) são expressos como níveis</p><p>aceitáveis de concentração ambiental (OELs, occupational exposure limits) ou como</p><p>concentração de um toxicante, de seus metabólitos ou de um marcador específico de</p><p>seus efeitos (BEIs, biological exposure indices) (KLAASSEN; WATKINS III, 2012).</p><p>Os OELs são estabelecidos como padrões por agências regulatórias ou como</p><p>guias por grupos de pesquisa ou organizações privadas. Para determinar se os riscos</p><p>advindos da exposição ocupacional são aceitáveis, é necessário caracterizar o perigo,</p><p>identificar as potenciais doenças ou efeitos nocivos e estabelecer a relação entre</p><p>intensidade da exposição ou dose e os efeitos adversos à saúde (KLAASSEN;</p><p>WATKINS III, 2012).</p><p>A Occupational Safety Health Administration (OSHA) publica OELs com valor</p><p>legal nos Estados Unidos, denominados PEL (permissible exposure limit). Também</p><p>utiliza a média ponderada de 8 horas de exposição (TWA-PEL, time weighted average,</p><p>permissible exposure limit) com a mesma denominação da ACGIH (American</p><p>Conference of Governmental Industrial Hygienists) e a define assim: “[...] o TWA-PEL</p><p>é o nível de exposição estabelecido como o nível mais alto de exposição que um</p><p>trabalhador pode estar exposto por 8 horas, sem incorrer o risco de efeitos adversos</p><p>para a saúde” (OSHA, 1995).</p><p>No Quadro 4, é possível observar, dentro de um mesmo país (Estados Unidos),</p><p>os níveis da OSHA, com valor legal, são, em geral, maiores do que os da ACGIH —</p><p>que são, na verdade, uma recomendação de uma organização não governamental</p><p>(ONG). Sendo assim, as empresas são obrigadas a seguir os OELs definidos pela</p><p>OSHA, mas podem adotar voluntariamente, ou por meio de negociações com os</p><p>sindicatos de trabalhadores, os OELs da ACGIH, ou ainda de outras fontes</p><p>(KLAASSEN; WATKINS III, 2012).</p><p>24</p><p>Quadro 4 – Níveis da OSHA nos Estados Unidos</p><p>Fonte: Buschinelli (2014).</p><p>No Brasil, são denominados limites de tolerância (LTs), sendo definidos como</p><p>“a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o</p><p>tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador,</p><p>durante a sua vida laboral” (BRASIL, 1978, p. 1), e estão estabelecidos nos Anexos</p><p>11 e 12 da Norma Regulamentadora (NR) 15 do Ministério do Trabalho e Emprego.</p><p>Geralmente, os LEOs podem ser estabelecidos para uma exposição para a</p><p>jornada inteira ou para exposições curtas. Em relação ao tempo de exposição, existem</p><p>três tipos de LTs também denominados TLVs (threshold limit values):</p><p> Tempo de valor limiar–média ponderada de tempo (TLV–TWA) ou média</p><p>ponderada no tempo: é a concentração média do agente químico que deve</p><p>ser respeitada nas jornadas de trabalho (8 horas diárias e 40 horas</p><p>semanais), e geralmente se modifica em função de inúmeras variáveis dos</p><p>ciclos produtivos e ambientais.</p><p> Valor limiar–limite de exposição a curto prazo (TLV–STEL) ou limites de</p><p>exposição para curto prazo: o limite de exposição média ponderada de 15</p><p>25</p><p>minutos; não deve ser ultrapassado em momento algum da jornada e é</p><p>suplementar ao TLV–TWA.</p><p> Valor limiar–teto (TLV–C): é a concentração máxima que não deve ser</p><p>excedida em qualquer momento da exposição no trabalho. A maioria dos</p><p>LEOs é atualizada periodicamente, por isso deve-se procurar sempre as</p><p>referências mais recentes em sua consulta (BUSCHINELLI, 2020).</p><p>Por causa da existência dos limites de tolerância é preciso sempre verificar se</p><p>as normas estão sendo cumpridas, assim é realizado o monitoramento. Neste caso,</p><p>temos o monitoramento biológico, que é a medição de uma substância, seus</p><p>metabólitos ou seus efeitos nos tecidos, fluidos ou ar exalado do corpo de pessoas</p><p>expostas e este pode ser realizado por meio dos seguintes meios:</p><p> Marcadores biológicos de medições de exposição de toxina ou de seu</p><p>metabólito específico em uma amostra biológica (como nível de chumbo no</p><p>sangue; ou ácido trans, trans-mucônico (ATTM), como o metabólito de</p><p>benzeno na urina; e etanol no ar exalado).</p><p> Marcador biológico de medição do efeito da resposta biológica que leva à</p><p>lesão ou doença causada pela exposição (como a atividade da</p><p>acetilcolinesterase (no caso de exposição a pesticidas organofosforados),</p><p>nível de protoporfirina eritrocitária (no caso de exposição ao chumbo) e nível</p><p>de β-2-microglobulina na urina (no caso da exposição ao cádmio).</p><p> Biomarcadores de suscetibilidade, indicadores que sinalizam sensibilidade</p><p>incomumente alta a certa exposição, como atividade de enzimas envolvidas</p><p>na biotransformação xenobiótica (como GST, glutationa estransferase, ou</p><p>NAT, N-acetiltransferase) e atividade de mecanismos de reparo de DNA</p><p>celular (BUSCHINELLI, 2020).</p><p>Embora o monitoramento biológico em si não seja uma medida preventiva, a</p><p>consideração do monitoramento biológico é interessante por ser um tema que</p><p>exemplifica claramente a natureza interdisciplinar da proteção dos trabalhadores</p><p>contra os efeitos deletérios da exposição a produtos químicos (WINDER; STACEY,</p><p>2005). Já, o monitoramento ambiental consiste na avaliação da atmosfera do</p><p>26</p><p>ambiente de trabalho, dos agentes presentes nesse ambiente, a fim de analisar os</p><p>riscos à saúde.</p><p>O monitoramento ambiental pode ser realizado utilizando uma das três</p><p>estratégias:</p><p> Monitoramento contínuo: fornece medição em tempo real da</p><p>concentração de contaminantes no ambiente de trabalho.</p><p> Amostragem integrada: com base na coleta (e concentração) de</p><p>amostras ao longo de um período de tempo para obter a</p><p>exposição média no período de amostragem — operação, turno</p><p>inteiro.</p><p> Amostragem instantânea (pontual): com base na coleta de</p><p>amostras em um ponto no tempo para avaliar exposições de pico.</p><p>Na avaliação da exposição à saúde ocupacional, os dois tipos de</p><p>monitoramento (ambiental e biológico) têm seu lugar. O monitoramento ambiental é</p><p>relativamente preciso, barato, e é uma fonte de dados amplamente disponível para</p><p>avaliação da exposição. O monitoramento biológico é um método insuperável de</p><p>avaliação da exposição quando a exposição cutânea é significativa, bem como nos</p><p>casos em que a variabilidade interindividual pode ter um papel importante (KLAASEN;</p><p>WATKINS III, 2012) .</p><p>Além da abordagem do fator de incerteza, modelos matemáticos têm sido</p><p>usados como um meio para se chegar a um padrão de exposição. No entanto, o uso</p><p>de tais modelos é controverso, pois todos dependem de suposições particulares e</p><p>podem fornecer valores finais que variam em ordens de magnitude, o que torna seu</p><p>uso limitado.</p><p>É importante reconhecer que os dados toxicológicos de animais experimentais</p><p>não são a única fonte de informação usada no estabelecimento de padrões de</p><p>exposição. Todos os dados humanos disponíveis devem ser incluídos e são de grande</p><p>importância. Embora a utilização dessas informações tenha limitações devido à</p><p>coexposição a diferentes agentes tóxicos no local de trabalho ou a relatórios de rigor</p><p>científico insatisfatório, estudos epidemiológicos positivos bem conduzidos em</p><p>humanos sempre superarão os estudos análogos em animais experimentais</p><p>((KLAASEN; WATKINS III, 2012).</p><p>27</p><p>3.3 Métodos de controle</p><p>Os métodos de controle de exposição voltados para agentes biológicos</p><p>consistem em componentes fundamentais para a segurança laboral, sendo que</p><p>também podem ser conhecidos pelo termo Biossegurança.</p><p>Esses métodos, segundo Estridge e Reynolds (2011), incluem fatores como os</p><p>descritos a seguir:</p><p> Precauções-padrão: são condutas adotadas pelos profissionais da saúde</p><p>na realização de qualquer procedimento e têm por finalidade reduzir riscos</p><p>de transmissão de agentes patogênicos. Exemplos dessas condutas são o</p><p>uso de equipamentos de proteção individual (EPI), imunização e manejo</p><p>adequado de resíduos dos serviços de saúde.</p><p></p><p>Equipamentos de proteção individual (EPIs): são dispositivos e</p><p>equipamentos especializados que devem ser utilizados pelo profissional</p><p>para proteção contra a exposição direta a materiais potencialmente</p><p>infectantes. Os EPIs incluem luvas, máscaras, jalecos, óculos de proteção.</p><p> Controles de prática de trabalho: referem-se a como a tarefa no ambiente</p><p>de trabalho é executada. São hábitos corretos e seguros. O uso desses</p><p>controles de práticas no ambiente de trabalho minimiza a probabilidade de</p><p>um profissional se expor aos riscos. Exemplos dessas práticas são lavar as</p><p>mãos antes de colocar luvas e após removê-las, e também em outros</p><p>momentos que achar necessário; usar corretamente EPIs ao ter contato</p><p>com fluídos biológicos; remover e descartar os EPIs ao término das</p><p>atividades e ao deixar a área de trabalho; utilizar desinfetante para limpeza</p><p>da área de trabalho, como água sanitária a 10%, antes e após o uso da área</p><p>de trabalho e em momentos que houver derramamento.</p><p> Controles de engenharia: são dispositivos e tecnologias direcionados a</p><p>isolar o profissional dos riscos. Recipientes resistentes a materiais</p><p>pontiagudos e agulhas de segurança são exemplos desses dispositivos</p><p>(Figura 8).</p><p>28</p><p>Figura 8 – Equipamentos de controle de engenharia.</p><p>Fonte: Slavish (2012, p. 225).</p><p>Os trabalhadores devem ser orientados e treinados sobre a utilização segura e</p><p>o descarte adequado de agulhas e outros materiais perfurocortantes. Esses materiais</p><p>devem ser descartados em recipientes próprios para perfurocortantes, que sejam à</p><p>prova de vazamentos e apresentem resistência a furos.</p><p>Os recipientes deverão ser mantidos em local seguro, no intuito de reduzir o</p><p>risco de acidente, quando o recipiente estiver com seu volume preenchido, este</p><p>deverá ser fechado com cuidado e colocado em um ponto de coleta indicado. Cabe</p><p>salientar que os recipientes não devem ser sobrecarregados. Veja na Figura 9 as</p><p>orientações para o adequado manuseio e descarte de perfurocortantes.</p><p>29</p><p>Figura 9 – Orientações para manuseio e descarte de perfurocortantes</p><p>30</p><p>3.4 Conduta em caso de acidente</p><p>A literatura referente a acidentes ocupacionais envolvendo materiais biológicos</p><p>indica que os profissionais mais expostos são aqueles que prestam assistência direta</p><p>aos pacientes, ou seja, os da área da saúde. Entretanto, cabe salientar que muitos</p><p>outros profissionais que não são desta categoria, mas que estão em contato direto</p><p>com fluidos corporais, também se envolvem em acidentes biológicos, como os</p><p>profissionais de limpeza, de lavanderia, de manutenções, da coleta de lixo, entre</p><p>outros (STAPENHORST et al., 2018).Na situação de exposição a agentes biológicos,</p><p>consideram-se como acidentes ocupacionais com maior gravidade aqueles que:</p><p> Relacionam-se com maiores volumes de sangue;</p><p> Envolvem lesões profundas causadas por materiais perfurocortantes;</p><p> Apresentam perceptível presença de sangue, quando no material cortante;</p><p> Relacionam-se com acidentes com agulhas utilizadas em punções venosas</p><p>ou arteriais.</p><p>Após exposição a materiais biológicos, algumas medidas imediatas devem ser</p><p>realizadas como primeira conduta. Essas medidas incluem:</p><p> Em casos de exposição percutâneas e/ou cutâneas, lavar exaustivamente</p><p>o local exposto, com água e sabão. Como opção, pode-se utilizar soluções</p><p>antissépticas degermantes;</p><p> Em casos de exposição de mucosas (olhos, boca e nariz), lavar</p><p>exaustivamente com água ou solução salina fisiológica;</p><p> Não se recomenda realizar procedimentos que possam aumentar a área de</p><p>exposição, como cortes e injeções;</p><p> Não se deve utilizar soluções irritantes, como éter e hipoclorito de sódio.</p><p>Lembrando que a vacinação é parte importante no cenário do serviço de saúde</p><p>ocupacional, pois objetiva a saúde dos trabalhadores. Entre as vacinas recomendadas</p><p>para os profissionais encontram-se as contra hepatites A e B, difteria, tétano,</p><p>coqueluche, varicela e influenza, além das vacinas meningocócica C conjugada e</p><p>tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) (SANTOS, 2010).</p><p>31</p><p>A Norma Regulamentadora nº 32, de 11 e novembro de 2005, estabelece que</p><p>o fornecimento de vacinas aos trabalhadores dos serviços de saúde deve ser gratuito.</p><p>Também estabelece que, sempre que existir vacinas eficazes contra agentes</p><p>biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar, expostos, estas deverão</p><p>ser fornecidas gratuitamente pelo empregador.</p><p>Veja noQuadro 10, resumidamente, algumas medidas a serem tomadas frente</p><p>a acidentes com material biológico:</p><p>Quadro 10 – Medidas tomadas em acidentes com material biológico</p><p>32</p><p>É de suma importância que os casos de acidentes relacionados ao trabalho</p><p>sejam notificados por meio da ficha de investigação de acidente de trabalho com</p><p>exposição a material biológico. Igualmente importante é notificar os casos e</p><p>compreender que devem ser avaliadas e planejadas ações no intuito de promover a</p><p>prevenção.</p><p>4 INTRODUÇÃO À VENTILAÇÃO INDUSTRIAL</p><p>Fonte: shre.ink/mT3G</p><p>Para fins conceituais entende-se que a ventilação é o sistema mecânico em um</p><p>edifício que traz o ar externo "fresco" e remove o ar interno "contaminado", ou seja</p><p>fazer as trocas de ar em um recinto fechado. Em um local de trabalho, a ventilação é</p><p>usada para controlar a exposição a contaminantes transportados pelo ar. É</p><p>comumente usado para remover contaminantes como fumos, poeiras e vapores, a fim</p><p>de proporcionar um ambiente de trabalho saudável e seguro. A ventilação pode ser</p><p>realizada por meios naturais (por exemplo, abrir uma janela) ou por meios mecânicos</p><p>(por exemplo, ventiladores ou sopradores) (SOBRINHO, 1996).</p><p>Os sistemas industriais são projetados para mover uma quantidade específica</p><p>de ar a uma velocidade específica (velocidade), o que resulta na remoção (ou</p><p>"exaustão") de contaminantes indesejáveis. Embora todos os sistemas de ventilação</p><p>sigam os mesmos princípios básicos, cada sistema é projetado especificamente para</p><p>corresponder ao tipo de atividade e à taxa de liberação de contaminantes naquele</p><p>local de trabalho.</p><p>33</p><p>A ventilação industrial é considerada um "controle de engenharia" para remover</p><p>ou controlar contaminantes liberados em ambientes internos de trabalho. É uma das</p><p>formas preferidas de controlar a exposição dos funcionários aos contaminantes do ar.</p><p>De acordo com a Environment, Health and Safety (EHS) (2017), outras</p><p>maneiras de controlar contaminantes incluem:</p><p> Eliminar o uso do produto químico ou material perigoso;</p><p> Substituir por produtos químicos menos tóxicos;</p><p> Mudança de processo ou;</p><p> Mudança de prática de trabalho. Existem então quatros grandes objetivos</p><p>de um sistema de ventilação:</p><p> Forneçer um suprimento contínuo de ar externo fresco.</p><p> Manter a temperatura e a umidade em níveis confortáveis.</p><p> Reduzir os riscos potenciais de incêndio ou explosão.</p><p> Remover ou diluir os contaminantes transportados pelo ar.</p><p>Os sistemas de ventilação mecânicos são compostos de muitas partes,</p><p>incluindo as apresentadas na seguinte figura:</p><p>Figura 11 – Partes do Sistema de Ventilação</p><p>Fonte: Adaptado de EHS (2017).</p><p>34</p><p>Em relação aos princípios básicos da ventilação para indústrias (ventilação</p><p>industrial), será demonstrado dados da Fundacentro (2002) e outras organizações</p><p>relacionadas à higiene do trabalho, elucidando um passo a passo bem elaborado</p><p>sobre movimentação de ar entre dois pontos, as perdas de carga através de</p><p>tubulações, o alcance de sucção de um captor e a reposição de ar de interiores.</p><p>Neste capítulo então, será possível entender um pouco mais sobre o sistema</p><p>de ventilação natural, o de ventilação diluidora e o de ventilação exaustora. E é</p><p>puramente justificável explorar os sistemas de ventilação pois, fornecimento de ar de</p><p>qualidade, confortável e</p><p>saudável para edifícios residenciais, comerciais ou industriais</p><p>é uma grande preocupação dos profissionais ligados à segurança do trabalho.</p><p>Tendo em vista que exposição a poluentes internos pode ser mais séria do que</p><p>a exposição a poluentes externos, pois as concentrações internas costumam ser mais</p><p>altas que as externas correspondentes (VEDAVARZ; KUMAR; HUSSAIN, 2007).</p><p>Alguns sintomas de qualidade do ar interior inaceitável são:</p><p>Fonte: Adaptado de Molter, pág. 2, s/d.</p><p>Lembrando que é importante não confundir climatização com ventilação.</p><p>Ambos os conceitos estão inseridos dentro de um grupo de preocupações</p><p>relacionadas ao conforto térmico. A ventilação diz respeito à circulação e à renovação</p><p>35</p><p>do ar, enquanto a climatização diz respeito à calefação e ao resfriamento do ar. Ainda</p><p>que um ambiente tenha uma temperatura adequada, a qualidade do ar pode ser ruim;</p><p>e o contrário também pode ser verdadeiro: o ar pode ter boa qualidade, pois o</p><p>ambiente é ventilado, mas a temperatura pode não ser adequada, causando</p><p>desconforto e outros problemas relacionados á saúde ocupacional (SOBRINHO,</p><p>1996).</p><p>Não obstante, é possível encontrar limitações em qualquer sistema de</p><p>ventilação, estes incluem:</p><p> Os sistemas se deterioram ao longo dos anos devido ao acúmulo de</p><p>contaminantes dentro do sistema, especialmente filtros;</p><p> Requer manutenção contínua;</p><p> Testes regulares e de rotina são necessários para identificar problemas</p><p>precocemente e implementar medidas corretivas;</p><p> Normalmente, somente pessoas qualificadas podem fazer modificações em</p><p>um sistema de ventilação para garantir que o sistema continue funcionando</p><p>de forma eficaz.</p><p>4.1 Ventilação natural</p><p>O uso da ventilação natural é um dos princípios básicos da sustentabilidade</p><p>das edificações de forma geral. Além de proporcionar o controle térmico do ambiente,</p><p>ela possibilita a troca constante de ar, gerando espaços com mais conforto,</p><p>salubridade e qualidade. Outra vantagem dessa estratégia é diminuir a necessidade</p><p>de ventilações mecânicas ou o uso de ar-condicionado. Dessa forma, além de</p><p>proporcionar um ambiente mais sustentável, também garante economia ao longo da</p><p>vida útil da edificação.</p><p>Uma estratégia de aplicação da ventilação natural é denominada ventilação</p><p>cruzada, resultante da diferença de pressão provocada pelo vento. Assim, quanto</p><p>maior for a diferença de pressão onde as aberturas estão localizadas, maior será o</p><p>fluxo de ar no ambiente. Este volume de ar é diretamente influenciado pelo tamanho</p><p>das aberturas do espaço, uma vez que, quanto maiores as aberturas, mais trocas de</p><p>ar ocorrerão.</p><p>36</p><p>Segundo Brown e DeKay (2007, p. 205), a ventilação cruzada:</p><p>[...] através dos recintos é incrementada com o uso de grandes aberturas nos</p><p>lados de pressão e sucção dos ventos (esfriamento). A taxa na qual o ar flui</p><p>através de um cômodo, retirando o calor consigo, é uma função da área das</p><p>entradas e saídas de ar, da velocidade do vento e da direção do vento em</p><p>relação às aberturas. A quantidade de calor removido por determinada taxa</p><p>de fluxo de ar depende da diferença de temperatura entre o interior e o</p><p>exterior da edificação.</p><p>Os autores ainda acrescentam que, conforme o ar circula dentro do ambiente,</p><p>surgem zonas de alta pressão, no lado que recebe os ventos, e zonas de sucção, no</p><p>lado que o vento sai. Sendo que para que a ventilação cruzada seja eficaz, é</p><p>importante que as entradas e saídas de ar estejam localizadas em lados opostos do</p><p>ambiente.</p><p>Veja um exemplo do funcionamento da circulação de ar em um sistema de</p><p>ventilação natural na Figura 12:</p><p>Figura 12 – Circulação do ar</p><p>Fonte: Chaves (2012).</p><p>Outra alternativa para promover a ventilação natural interna é a chamada</p><p>ventilação por efeito chaminé. Essa estratégia funciona em locais onde se tem</p><p>bastante vento e é utilizada como uma técnica de resfriamento. A ventilação por efeito</p><p>chaminé promove o movimento de ar através de aberturas localizadas em diferentes</p><p>níveis, e a saída de ar ocorre através de exautores eólicos, lanternins ou aberturas</p><p>zenitais (normalmente usados para iluminação e neste caso, como junção à</p><p>ventilação) (BROWN; DEKAY, 2007).</p><p>37</p><p>Além disso, desconsiderando-se a orientação dos ventos em cada local, o</p><p>melhor lugar para a saída de ar é a cumeeira. Observe na Figura 13 para melhor</p><p>entendimento, nela já está exemplificando o sistema de ventilação cruzada,</p><p>juntamente com o efeito chaminé.</p><p>Figura 13 – Sistema de ventilação cruzada</p><p>Fonte: Vita Arquitetura ( 2020).</p><p>A ventilação natural deve ser sempre priorizada em um ambiente interno,</p><p>porém ela nem sempre é suficiente ou, em muitos casos, não consegue ser tão efetiva</p><p>devido a fatores externos. Tendo em vista essa situação, a ventilação mecânica pode</p><p>se tornar um recurso complementar, a fim de proporcionar o maior conforto térmico</p><p>nos espaços internos e a liberação de agentes causadores de riscos ocupacionais</p><p>(BROWN; DEKAY, 2007).</p><p>4.2 Ventilação mecânica geral diluidora</p><p>Os sistemas de ventilação mecânica podem ser do tipo geral ou local. O</p><p>primeiro tipo distribui o ar de forma homogênea por todo o ambiente, e costuma ser</p><p>adotado quando não é possível diluir os contaminantes antes que se distribuam por</p><p>38</p><p>todo o ambiente. Já os sistemas locais são usados quando é preciso aspirar o ar</p><p>contaminado gerado localmente por algum processo. A utilização de sistemas de</p><p>ventilação mecânica geral diluidora apresenta diversos benefícios.</p><p>A principal vantagem desse tipo de sistema é a pouca interferência na</p><p>continuidade dos processos e operações industriais e sua eficiência em trocas</p><p>gasosas de ambientes que possuem mais de uma fonte ou fontes dispersas de gases</p><p>contaminantes (MACINTYRE, 1990).</p><p>Ainda de acordo com Macintyre (1990), quando o grau de toxicidade do</p><p>ambiente laboral permite esse tipo de solução, a ventilação diluidora apresenta um</p><p>custo de instalação e operação menor que o de outros sistemas. Quando essa solução</p><p>é inviável, existem alternativas, como, a captação para a exaustão de contaminantes</p><p>de maneira local.</p><p>A fonte poluidora no ambiente de trabalho gera um volume de contaminação a</p><p>uma taxa q (m³ /h), ao mesmo tempo que é insuflado ar puro a uma taxa Q (m³ /h). O</p><p>grau de contração (C) é dado pela equação apresentada a seguir:</p><p>Na prática diária é comumente utilizado um fator de segurança K, pois a diluição</p><p>não é perfeita, uma vez que existem fatores extrínsecos que dificultam esse processo,</p><p>como correntes de vento ou perda de eficiência dos motores insufladores. Assim,</p><p>transformando a equação anterior, temos:</p><p>A qualidade aceitável do ar interno é alcançada fornecendo ventilação em</p><p>qualidade e quantidade especifi cadas para o espaço condicionado. A taxa de</p><p>ventilação é a vazão de ar introduzida ou retirada do ambiente, expressa em m³ /min</p><p>ou pé³ /min. Diz-se que ocorreu uma troca de ar no ambiente quando o volume total</p><p>de ar deste ambiente foi trocado por completo após determinado período, conforme a</p><p>equação a seguir:</p><p>39</p><p>Já a taxa de ventilação requerida pode ser calculada por meio da equação</p><p>apresentada a seguir:</p><p>Onde:</p><p> TV é a taxa de ventilação (m³ /min ou pé³/min);</p><p> G é a taxa de geração da substância que se deseja diluir (kg/min ou lb/min);</p><p> f é o volume molecular de qualquer gás;</p><p> Pmol é o peso molecular da substância que se deseja diluir (kg ou lb);</p><p> VDC é a concentração máxima permitida, que deve ser retirada de tabelas</p><p>normativas para cada tipo de agente poluidor. Por sua vez, o VDC é dado</p><p>pela equação a seguir:</p><p>Onde:</p><p> kr é a concentração permitida no ambiente, isto é, que não deve ser</p><p>ultrapassada;</p><p> K é o fator de segurança, compreendido entre 3 e 10;</p><p> TLV é a taxa de geração de compostos considerados contaminantes e seus</p><p>limites aceitáveis (valores tabelados nas normas). Assim, a equação de TV</p><p>(taxa</p><p>de ventilação) pode ser reescrita na forma da equação abaixo:</p><p>40</p><p>O princípio usado para ventilação de diluição de contaminantes, com relação a</p><p>aberturas e colocação de exaustores, é sugerido pela ACGIH, comparando as formas</p><p>possíveis, para fazer essa diluição com os ventiladores nos locais adequados, e</p><p>também comos ventiladores nos locais inadequados (Figura 14).</p><p>Figura 14 – Ventiladores em lugares adequados e inadequados</p><p>Fonte: ACGIH, s/d.</p><p>41</p><p>4.3 Ventilação mecânica geral exaustora</p><p>Fonte: shre.ink/m8D0</p><p>Ventilação Local Exaustora (VLE) é um dos recursos mais eficazes para o</p><p>controle dos ambientes de trabalho, principalmente quando aplicada em conjunto com</p><p>outras medidas que visem a redução, ou mesmo a eliminação, da exposição de</p><p>trabalhadores a contaminantes químicos presentes ou liberados na forma de névoas,</p><p>gases, vapores e poeiras (SOBRINHO, 1996). Por isso, é importante que:</p><p>Para atingir o objetivo de manter o ambiente de trabalho dentro de parâmetros</p><p>seguros em termos de contaminação do ar e, por conseguinte, preservar a</p><p>saúde dos trabalhadores, é indispensável que o sistema de exaustão seja</p><p>projetado, construído, instalado, operado e mantido segundo os melhores</p><p>preceitos da Engenharia, atendendo às necessidades específicas de cada</p><p>processo ou operação a ser controlada.</p><p>Um sistema de exaustão dimensionado de forma inadequada obviamente não</p><p>cumpre o seu papel e, além do mais, induz os trabalhadores a terem a falsa</p><p>sensação de que o sistema de VLE está protegendo o ambiente. As</p><p>consequências são os prejuízos à saúde desses trabalhadores. Via de regra,</p><p>o custo financeiro para a reformulação de um sistema de VLE mal</p><p>dimensionado equivale ao custo total do sistema instalado, pois há</p><p>necessidade de um total redimensionamento, uma vez que são sistemas</p><p>executados sob medida (SOBRINHO, 1996, p. 13).</p><p>Os componentes básicos de um sistema de VLE são:</p><p>Fonte: Sobrinho, 1996.</p><p>42</p><p>O captor é o ponto de entrada dos poluentes no sistema de exaustão. A escolha</p><p>do tipo de captor mais adequado para certo processo depende de fatores ambientais</p><p>e da forma como é executada a tarefa pelos trabalhadores. Atualmente, na maioria</p><p>das galvânicas no Brasil, a colocação e a retirada das peças dos banhos e feita</p><p>manualmente, pelos trabalhadores.</p><p>O ventilador é o equipamento responsável pelo suprimento da energia</p><p>necessária para a obtenção do fluxo de ar ideal para o processo, por meio da geração</p><p>de uma pressão estática suficiente para vencer as resistências, bem como de uma</p><p>pressão de velocidade que mantenha o ar em movimento.</p><p>Sobrinho (1996, pág. 34) pondera que:</p><p>Na escolha do ventilador mais adequado ao projeto, devem ser considerados</p><p>alguns fatores como:</p><p>a) Tipo de poluente</p><p>Materiais particulados como poeiras e fibras, podem acelerar o desgaste</p><p>dos rotores e carcaça, por causa do atrito contínuo. Em razão disso o</p><p>ventilador deve ser instalado após o filtro;</p><p>Misturas gasosas inflamáveis e/ou explosivas requerem construções à</p><p>prova de faíscas e motores à prova de explosão;</p><p>Névoas corrosivas requerem revestimento superficial protetivo adequado.</p><p>b) Localização Ventiladores não devem ser instalados em interiores, pois</p><p>normalmente constituem fator de incremento de níveis de ruído, causando</p><p>um problema de Saúde Ocupacional. Recomenda-se a instalação de</p><p>ventiladores em casa de máquinas, fora do ambiente de trabalho.</p><p>c) Eficiência O equipamento deve trabalhar no ponto de operação,</p><p>atendendo às especificações com o mínimo de consumo de energia e o</p><p>máximo de rendimento.</p><p>d) Densidade e temperatura das misturas exauridas. Os ventiladores são</p><p>de dois tipos básicos:</p><p>Ventiladores axiais: normalmente aplicados em ventilação geral diluidora;</p><p>Ventiladores centrífugos: geralmente destinados à ventilação local</p><p>exaustora.</p><p>Os coletores são equipamentos destinados a remover os contaminastes da</p><p>corrente de ar exaurida do processo, antes da descarga para o ambiente externo. 34</p><p>Existem vários tipos de coletor, e a escolha depende de fatores relativos às</p><p>propriedades do contaminante e do gás carreador (propriedades fisico-químicas e</p><p>temperatura) e de aspectos práticos e econômicos.</p><p>Os dutos constituem o sistema responsável pela condução da mistura ar +</p><p>poluentes exauridos do processo. O sistema de dutos deve ser dimensionado de</p><p>forma a reduzir ao mínimo as perdas de carga, o que pode ser obtido mediante a</p><p>observação criteriosa das recomendações dos manuais de ventilação industrial. O</p><p>43</p><p>material de construção dos dutos deve ser resistente à corrosão e à abrasão que</p><p>possa ser provocada pelos poluentes presentes na corrente exaurida.</p><p>A descarga da corrente de ar exaurida deve ser feita para fora do ambiente e</p><p>de forma que ela não retorne pelas tomadas de ar e aberturas naturais do prédio.</p><p>Neste ponto também ocorrem perdas de carga.</p><p>A principal desvantagem desse sistema que pode ser apontada, é que os</p><p>contaminantes podem afetar o sistema respiratório dos ocupantes do ambiente antes</p><p>que sua concentração atinja o mínimo permitido para que seja realizado o trabalho no</p><p>local (MACINTYRE, 1990).</p><p>5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ARAÚJO, Eduardo, M. Introdução à higiene e segurança do trabalho. Editora</p><p>Intersaberes, 2021.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14679/ 2012:</p><p>sistemas de condicionamento de ar e ventilação - execução de serviços de</p><p>higienização. 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