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<p>19.1</p><p>•</p><p>•</p><p>Sangue e homeostasia</p><p>O sangue contribui para a homeostasia transportando oxigênio, dióxido de carbono, nutrientes e hormônios para dentro e para</p><p>fora das células do corpo. Ele ajuda a regular o pH e a temperatura corporais e fornece proteção contra doenças por meio de</p><p>fagocitose e produção de anticorpos.</p><p>O sistema circulatório consiste em três componentes interrelacionados: sangue, coração e vasos sanguíneos. O foco deste</p><p>capítulo é o sangue; os dois capítulos seguintes abordam o coração e os vasos sanguíneos, respectivamente. O sangue</p><p>transporta várias substâncias, ajuda a regular diversos processos vitais e fornece proteção contra doença. Apesar das</p><p>semelhanças de origem, composição e funções, o sangue é único de pessoa para pessoa, assim como a pele, os ossos e o</p><p>cabelo. Os profissionais de saúde rotineiramente examinam e analisam essas diferenças por meio de vários exames de</p><p>sangue enquanto tentam determinar a causa de inúmeras doenças. O ramo da ciência que estuda o sangue, os tecidos</p><p>formadores de sangue e os distúrbios associados é chamado de hematologia.</p><p>Funções e propriedades do sangue</p><p>OBJETIVOS</p><p>Descrever as funções do sangue</p><p>Descrever as características físicas e os principais componentes do sangue.</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>A maioria das células de um organismo multicelular não consegue se mover para obter oxigênio e nutrientes ou eliminar</p><p>dióxido de carbono e outras escórias metabólicas. Essas necessidades são atendidas por dois líquidos: o sangue e o líquido</p><p>intersticial. O sangue é um tecido conjuntivo líquido que consiste em células circundadas por matriz extracelular líquida. A</p><p>matriz extracelular é chamada de plasma sanguíneo e suspende várias células e fragmentos celulares. Líquido intersticial é</p><p>o líquido que banha as células do corpo (ver Figura 27.1), sendo constantemente renovado pelo sangue. O sangue</p><p>transporta o oxigênio vindo dos pulmões e os nutrientes do sistema digestório, que se difundem do sangue para o líquido</p><p>intersticial e, daí, para as células corporais. Dióxido de carbono e outras escórias metabólicas são levados no sentido</p><p>inverso, das células do corpo para o líquido intersticial e daí para o sangue. Em seguida, o sangue transporta as escórias</p><p>metabólicas para vários órgãos – pulmões, rins e pele – para que sejam eliminados do corpo.</p><p>Funções do sangue</p><p>O sangue apresenta três funções gerais:</p><p>Transporte. Conforme já dito anteriormente, o sangue transporta oxigênio dos pulmões para as células do corpo e</p><p>dióxido de carbono das células corporais para os pulmões para que seja exalado. Além disso, leva os nutrientes do</p><p>sistema digestório para as células corporais e hormônios das glândulas endócrinas para outras células do corpo. O</p><p>sangue também transporta calor e produtos residuais para diversos órgãos para que sejam eliminados do corpo.</p><p>Regulação. O sangue circulante ajuda a manter a homeostasia de todos os líquidos corporais. O sangue ajuda a</p><p>regular o pH usando tampões. Além disso, auxilia no ajuste da temperatura corporal por meio da absorção de calor e</p><p>propriedades refrigerantes da água (ver Seção 2.4) no plasma sanguíneo e sua taxa variável de fluxo pela pele, onde o</p><p>excesso de calor pode ser perdido do sangue para o ambiente. Ademais, a pressão osmótica do sangue influencia o</p><p>conteúdo de água das células, principalmente por meio de interações de proteínas e íons dissolvidos.</p><p>Proteção. O sangue é capaz de coagular (se tornar parecido com um gel), propriedade que o protege contra perdas</p><p>excessivas do sistema circulatório depois de uma lesão. Além disso, seus leucócitos protegem contra doença,</p><p>realizando fagocitose. Diversos tipos de proteínas sanguíneas, inclusive anticorpos, interferonas e complemento</p><p>auxiliam na proteção contra doença de várias formas.</p><p>Características físicas do sangue</p><p>O sangue é mais denso e mais viscoso que a água, além de ligeiramente pegajoso. A temperatura do sangue é de 38°C,</p><p>cerca de 1°C mais elevada que a temperatura corporal oral ou retal, e apresenta pH levemente alcalino, variando de 7,35 a</p><p>7,45. A cor do sangue varia com o conteúdo de oxigênio. Quando saturado com oxigênio, o sangue é vermelhovivo.</p><p>Quando insaturado de oxigênio é vermelhoescuro. O sangue constitui cerca de 20% do líquido extracelular, contabilizando</p><p>8% da massa corporal total. O volume de sangue varia de 5 a 6 ℓ em um homem adulto de porte mediano e de 4 a 5 ℓ na</p><p>mulher adulta de porte mediano. A diferença de volume entre homens e mulheres é decorrente das diferenças de tamanho</p><p>corporal. Vários hormônios regulados por feedback negativo garantem que o volume de sangue e a pressão osmótica</p><p>permaneçam relativamente constantes. Os hormônios aldosterona, hormônio antidiurético e peptídio natriurético atrial</p><p>(PNA) são especialmente importantes, pois regulam o volume de água excretada na urina (ver Seção 27.1).</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA | Coleta de sangue</p><p>As amostras de sangue para exames laboratoriais podem ser obtidas de várias maneiras. O procedimento mais comum é o de punção venosa (venipuntura), que</p><p>consiste na retirada de sangue de uma veia através de uma agulha e um tubo coletor contendo vários aditivos. Um torniquete é enrolado no braço acima do local da</p><p>punção, o que faz com que sangue se acumule na veia. Esse volume de sangue mais elevado faz com que veia se dilate. A abertura e o fechamento do punho fazem</p><p>com que a veia que ainda mais proeminente, tornando a punção mais bem-sucedida. A veia intermédia do cotovelo é um local comum de punção venosa (ver Figura</p><p>21.25A). Outro método de coleta de sangue é por meio de punção digital ou plantar. Tipicamente, os diabéticos que monitoram o nível de glicose sanguínea todos</p><p>os dias o fazem por meio de punção digital, sendo, muitas vezes realizada também para coletar sangue de lactentes e crianças. Na punção arterial, o sangue é</p><p>coletado de uma artéria; este procedimento é usado para determinar o nível de oxigênio no sangue.</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>Componentes do sangue</p><p>O sangue total possui dois componentes: (1) plasma sanguíneo, matriz extracelular aquosa que contém substâncias</p><p>dissolvidas e (2) elementos figurados, que consistem nas células e nos fragmentos celulares. Se uma amostra de sangue for</p><p>centrifugada em um pequeno tubo de vidro, as células (que são mais densas) se depositam no fundo do tubo enquanto o</p><p>plasma (que é menos denso) forma uma camada na parte superior (Figura 19.1A). Cerca de 45% do sangue é constituído</p><p>pelos elementos figurados e 55% por plasma sanguíneo. Normalmente, mais de 99% dos elementos figurados são</p><p>eritrócitos (hemácias). Os leucócitos e as plaquetas correspondem a menos de 1% dos elementos figurados. Por serem</p><p>menos densos que as hemácias, porém mais densos que o plasma sanguíneo, eles formam uma fina camada de creme</p><p>leucocitário entre as hemácias e o plasma no sangue centrifugado. A Figura 19.1B mostra a composição do plasma</p><p>sanguíneo e os números dos vários tipos de elementos figurados do sangue.</p><p>FUNÇÕES DA MEMBRANA PLASMÁTICA</p><p>Transportar oxigênio, dióxido de carbono, nutrientes, hormônios, calor e escórias metabólicas.</p><p>Regular o pH, a temperatura corporal e o conteúdo de água das células.</p><p>Proteger contra perda sanguínea por meio da coagulação e contra doença por meio de leucócitos fagocíticos e</p><p>proteínas como anticorpos, interferonas e complemento.</p><p>Figura 19.1 Componentes do sangue em um adulto normal.</p><p>O sangue é um tecido conjuntivo composto por plasma sanguíneo (líquido) e elementos figurados (hemácias,</p><p>leucócitos e plaquetas).</p><p>Qual é o volume aproximado de sangue no seu corpo?</p><p>Plasma sanguíneo</p><p>Quando os elementos figurados são removidos do sangue, é observado um líquido cor de palha chamado de plasma</p><p>sanguíneo (ou simplesmente plasma).</p><p>é mais complexa que a via extrínseca e ocorre mais lentamente, em geral em</p><p>alguns minutos. A via intrínseca é assim chamada porque seus ativadores ou estão em contato direto com o sangue ou estão</p><p>contidos no sangue (intrínsecos ao): não há necessidade de dano tecidual externo. Se as células endoteliais se tornam</p><p>rugosas ou são danificadas, o sangue pode entrar em contato com as fibras de colágeno no tecido conjuntivo ao redor do</p><p>endotélio do vaso sanguíneo. Além disso, o trauma às células endoteliais causa danos às plaquetas, resultando na liberação</p><p>plaquetária de fosfolipídios. O contato com as fibras de colágeno (ou com as paredes de vidro do tubo de coleta de sangue)</p><p>ativa o fator de coagulação XII (Figura 19.11B), que começa uma sequência de reações que, por fim, ativa o fator de</p><p>coagulação X. Fosfolipídios plaquetários e Ca2+ também podem participar da ativação do fator X. Uma vez ativado, o fator</p><p>X se combina com o fator V para formar a enzima ativa protrombinase (assim como acontece na via extrínseca),</p><p>completando a via intrínseca.</p><p>Via comum</p><p>A formação de protrombinase marca o começo da via comum. No segundo estágio da coagulação do sangue (Figura</p><p>19.11C), a protrombinase e o Ca2+ catalisam a conversão da protrombina em trombina. No terceiro estágio, a trombina, na</p><p>presença de Ca2+, converte fibrinogênio, que é solúvel, em filamentos de fibrina frouxos, que são insolúveis. A trombina</p><p>também ativa o fator XIII (fator estabilizador da fibrina), que fortalece e estabiliza os filamentos de fibrina em um coágulo</p><p>forte. O plasma contém um pouco de fator XIII, que também é liberado pelas plaquetas presas no coágulo.</p><p>A trombina exerce dois efeitos de feedback positivo. Na primeira alça de feedback positivo, que envolve o fator V,</p><p>acelera a formação de protrombinase. A protrombinase, por sua vez, acelera a produção de mais trombina e assim por</p><p>diante. Na segunda alça de feedback positivo, a trombina ativa plaquetas, que reforçam sua agregação e a liberação dos</p><p>fosfolipídios plaquetários.</p><p>Retração do coágulo</p><p>Uma vez formado, o coágulo tampa a área rompida do vaso sanguíneo e, dessa forma, interrompe a perda de sangue. A</p><p>retração do coágulo consiste na consolidação ou fortalecimento do coágulo de fibrina. Os filamentos de fibrina fixados às</p><p>superfícies danificadas do vaso sanguíneo vão gradativamente se contraindo conforme são recobertos pelas plaquetas. Com</p><p>a retração do coágulo, as margens do vaso danificado são aproximadas, diminuindo o risco de mais dano. Durante a</p><p>retração, um pouco de soro pode escapar por entre os filamentos de fibrina, sem perder elementos figurados do sangue. A</p><p>retração normal depende da concentração adequada de plaquetas no coágulo, que liberam fator XIII e outros fatores,</p><p>fortalecendo e estabilizando o coágulo. Assim, pode ocorrer o reparo permanente do vaso sanguíneo. Por fim, os</p><p>fibroblastos formam tecido conjuntivo na área rompida e novas células endoteliais reparam o revestimento do vaso.</p><p>Função da vitamina K na coagulação</p><p>A coagulação normal depende de níveis adequados de vitamina K no corpo. Embora a vitamina K não esteja envolvida na</p><p>formação do coágulo propriamente dito, ela é necessária para a síntese de quatro fatores de coagulação. Normalmente</p><p>produzida por bactérias que habitam o intestino grosso, a vitamina K é lipossolúvel e pode ser absorvida pelo revestimento</p><p>do intestino passando para o sangue se a absorção de lipídios for normal. Com frequência, as pessoas que sofrem de</p><p>distúrbios que retardam a absorção de lipídios (p. ex., liberação inadequada de bile no intestino delgado) apresentam</p><p>sangramento descontrolado em consequência da deficiência de vitamina K.</p><p>Os vários fatores de coagulação, suas fontes e vias de ativação estão resumidos na Tabela 19.4.</p><p>Mecanismos de controle hemostático</p><p>Muitas vezes ao longo do dia, pequenos coágulos começam a se formar, quase sempre em um local de pequena rugosidade</p><p>ou em uma placa aterosclerótica em desenvolvimento dentro de um vaso sanguíneo. Uma vez que a coagulação do sangue</p><p>envolve amplificação e ciclos de feedback positivo, o coágulo tende a crescer, criando um potencial para comprometer o</p><p>fluxo sanguíneo através de vasos não danificados. O sistema fibrinolítico dissolve pequenos coágulos inapropriados; além</p><p>disso, desfaz coágulos em um local danificado desde que o dano esteja reparado. A dissolução de um coágulo é chamada de</p><p>fibrinólise. Quando um coágulo é formado, uma enzima plasmática inativa chamada plasminogênio é incorporada ao</p><p>coágulo. Tanto os tecidos do corpo quanto o sangue contêm substâncias que podem ativar o plasminogênio, que passa a se</p><p>chamar plasmina ou fibrinolisina, uma enzima plasmática ativa. Entre essas substâncias estão a trombina, o fator XII</p><p>ativado e o ativador do plasminogênio tecidual (tPA), que é sintetizado nas células endoteliais da maioria dos tecidos e</p><p>liberado no sangue. Uma vez formada, a plasmina consegue dissolver um coágulo por meio da digestão dos filamentos de</p><p>fibrina e inativação de substâncias como fibrinogênio, protrombina e fatores V e XII.</p><p>TABELA 19.4 Fatores de coagulação.</p><p>NÚMERO* NOME(S) FONTE VIA(S) DE ATIVAÇÃO</p><p>I Fibrinogênio Fígado Comum</p><p>II Protrombina Fígado Comum</p><p>III Fator tecidual (tromboplastina) Tecidos dani cados e</p><p>plaquetas ativadas</p><p>Extrínseca</p><p>IV Íons cálcio (Ca2+) Dieta, ossos e plaquetas Todas</p><p>V Pró-acelerina, fator lábil ou globulina aceleradora (AcG) Fígado e plaquetas Extrínseca e intrínseca</p><p>VII Acelerador da conversão da protrombina sérica (SPCA), fator estável ou pró-</p><p>convertina</p><p>Fígado Extrínseca</p><p>VIII Fator anti-hemofílico (AHF), fator anti-hemofílico A ou globulina anti-hemofílica</p><p>(AHG)</p><p>Fígado Intrínseca</p><p>IX Fator de Christmas, componente de tromboplastina plasmática (PTC) ou fator</p><p>anti-hemofílico B</p><p>Fígado Intrínseca</p><p>X Fator de Stuart, fator de Prower ou tromboquinase Fígado Extrínseca e intrínseca</p><p>XI Antecedente da tromboplastina plasmática (PTA) ou fator anti-hemofílico C Fígado Intrínseca</p><p>XII Fator de Hageman, fator de contato ou fator anti-hemofílico D Fígado Intrínseca</p><p>XIII Fator estabilizador da brina (FSF) Fígado e plaquetas Comum</p><p>*Não existe fator VI. A protrombinase (ativador da protrombina) é uma combinação dos fatores V e X ativados.</p><p>Mesmo que a trombina exerça efeito de feedback positivo na coagulação do sangue, a formação do coágulo</p><p>normalmente permanece restrita ao local do dano. Um coágulo não se estende além do local lesado na circulação geral, em</p><p>parte porque a fibrina absorve trombina no coágulo. Outro motivo para a formação localizada de coágulo é a dispersão de</p><p>parte dos fatores de coagulação pelo sangue, cujas concentrações não são altas o suficiente para promover a coagulação</p><p>disseminada.</p><p>Vários outros mecanismos também controlam a coagulação do sangue. Por exemplo, as células endoteliais e os</p><p>leucócitos produzem uma prostaglandina chamada prostaciclina que se opõe às ações do tromboxano A2. A prostaciclina é</p><p>um poderoso inibidor da adesão e da liberação plaquetárias.</p><p>Além disso, o sangue apresenta substâncias que retardam, suprimem ou evitam a coagulação sanguínea, chamadas</p><p>18.</p><p>19.</p><p>20.</p><p>21.</p><p>22.</p><p>19.8</p><p>•</p><p>•</p><p>anticoagulantes. Entre essas substâncias, incluímos a antitrombina, que bloqueia a ação de vários fatores, inclusive XII,</p><p>X e II (protrombina); a heparina, um anticoagulante produzido pelos mastócitos e basófilos, que se combina à</p><p>antitrombina e aumenta sua efetividade no bloqueio da trombina; e a proteína C ativada (PCA), que inativa os dois</p><p>principais fatores de coagulação não bloqueados pela antitrombina e intensifica a atividade dos ativadores de</p><p>plasminogênio. Lactentes que não possuem</p><p>a capacidade de produzir PCA devido a mutação genética em geral morrem por</p><p>conta de coágulos sanguíneos durante o primeiro ano de vida.</p><p>Coagulação intravascular</p><p>Apesar dos mecanismos fibrinolíticos e anticoagulantes, não raro, coágulos sanguíneos se formam dentro do sistema</p><p>circulatório. Tais coágulos podem ser iniciados por superfícies endoteliais rugosas de um vaso sanguíneo resultantes de</p><p>aterosclerose, traumatismo ou infecção. Essas condições induzem à adesão de plaquetas. Coágulos intravasculares também</p><p>podem se formar quando o sangue flui muito lentamente (estase), possibilitando que fatores de coagulação se acumulem no</p><p>local em concentrações altas o suficiente para iniciar a coagulação. A coagulação em um vaso sanguíneo não rompido</p><p>(normalmente uma veia) é chamada de trombose. O coágulo, chamado trombo, pode se dissolver por si só,</p><p>espontaneamente. Se permanecer intacto, no entanto, o trombo pode se deslocar e ser levado pelo sangue. Coágulos</p><p>sanguíneos, bolhas de ar, gordura de ossos quebrados ou fragmentos transportados na corrente sanguínea são chamados de</p><p>êmbolo. Um êmbolo que se desprende de uma parede arterial pode se alojar em uma artéria de diâmetro menor e bloquear</p><p>o fluxo de sangue para um órgão vital. Quando o êmbolo se aloja nos pulmões, a condição é chamada de embolia</p><p>pulmonar.</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA |</p><p>Ácido acetilsalicílico (AAS) e agentes</p><p>trombolíticos</p><p>Nos pacientes com doenças cardíacas e/ou vasculares, os eventos da hemostasia podem ocorrer mesmo sem lesão externa do vaso sanguíneo. Em doses baixas, o</p><p>ácido acetilsalicílico (AAS) inibe a vasoconstrição e a agregação de plaquetas, bloqueando a síntese de tromboxano A2, além de reduzir as chances de formação de</p><p>trombo. Por conta desses efeitos, o AAS reduz o risco de ataques isquêmicos transitórios (AITs), AVE, infartos do miocárdio e bloqueio de artérias periféricas.</p><p>Agentes trombolíticos são substâncias químicas injetadas no corpo para dissolver coágulos sanguíneos que já se formaram com objetivo de restaurar a</p><p>circulação. Esses agentes ativam direta ou indiretamente o plasminogênio. O primeiro agente trombolítico, aprovado em 1982 pela FDA para a dissolução de coágulos</p><p>nas artérias coronárias do coração, foi a estreptoquinase, produzida por estreptococos. Uma versão da engenharia genética do ativador de plasminogênio</p><p>tecidual humano (tPA) é usada hoje em dia para tratar vítimas de infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVC) ou encefálicos (AVE) causados por</p><p>coágulos sanguíneos.</p><p>TESTE RÁPIDO</p><p>O que é hemostasia?</p><p>Como ocorrem o espasmo vascular e a formação de tampão plaquetário?</p><p>O que é fibrinólise? Por que o sangue raramente permanece coagulado dentro dos vasos sanguíneos?</p><p>Como as vias extrínseca e intrínseca da coagulação sanguínea se diferem?</p><p>Defina cada um dos seguintes termos: anticoagulante, trombo, êmbolo e agente trombolítico.</p><p>Grupos e tipos sanguíneos</p><p>OBJETIVOS</p><p>Distinguir os grupos sanguíneos AB0 e Rh</p><p>Explicar por que é tão importante a compatibilidade entre os tipos sanguíneos do doador e do receptor antes de</p><p>administrar a transfusão.</p><p>As superfícies das hemácias contêm inúmeros antígenos geneticamente determinados compostos de glicoproteínas e</p><p>glicolipídios. Esses antígenos, chamados aglutinogênios, ocorrem em combinações características. Com base na presença</p><p>ou ausência de vários antígenos, o sangue é classificado em diferentes grupos sanguíneos. Em um determinado grupo</p><p>sanguíneo, pode haver dois ou mais tipos de sangue diferentes. Existem, pelo menos, 24 grupos sanguíneos e mais de 100</p><p>antígenos que podem ser detectados na superfície das hemácias. Aqui, discutiremos dois importantes grupos sanguíneos –</p><p>AB0 e Rh. Os sistemas Lewis, Kell, Kidd e Duffy são exemplos de outros grupos sanguíneos. A incidência dos tipos</p><p>sanguíneos AB0 e Rh varia entre os diferentes grupos populacionais, conforme mostra a Tabela 19.5.</p><p>TABELA 19.5 Tipos sanguíneos nos EUA.</p><p>TIPO SANGUÍNEO (PERCENTUAL)</p><p>GRUPO POPULACIONAL 0 A B AB Rh+</p><p>Euro-americano 45 40 11 4 85</p><p>Afro-americano 49 27 20 4 95</p><p>Coreano-americano 32 28 30 10 100</p><p>Nipo-americano 31 38 21 10 100</p><p>Sino-americano 42 27 25 6 100</p><p>Nativo Americano 79 16 4 1 100</p><p>Grupo sanguíneo AB0</p><p>O grupo sanguíneo AB0 é baseado em dois antígenos glicolipídios chamados de A e B (Figura 19.12). Pessoas cujas</p><p>hemácias demonstram apenas antígeno A apresentam sangue do tipo A. Aqueles com apenas antígeno B são do tipo B. Os</p><p>indivíduos que apresentam tanto o antígeno A quanto o B são do tipo AB; aqueles que não têm antígeno A nem B são do</p><p>tipo 0.</p><p>Figura 19.12 Antígenos e anticorpos dos tipos sanguíneos AB0.</p><p>Os anticorpos no plasma não reagem com os antígenos eritrocitários.</p><p>Que anticorpos estão normalmente presentes no tipo sanguíneo O?</p><p>Em geral, o plasma sanguíneo contém anticorpos chamados aglutininas que reagem com os antígenos A ou B se os</p><p>dois se misturarem; são os anticorpos antiA, que reagem com o antígeno A, e os anticorpos antiB, que reagem com o</p><p>antígeno B. A Figura 19.12 mostra os anticorpos encontrados em cada um dos quatro tipos de sangue. Não possuímos</p><p>anticorpos que reagem com os antígenos de nossas próprias hemácias, porém temos anticorpos contra quaisquer antígenos</p><p>que nossas hemácias não possuam. Por exemplo, em caso de tipo sanguíneo B, a pessoa tem antígenos B nas hemácias e</p><p>anticorpos antiA no plasma sanguíneo. Embora as aglutininas comecem a aparecer no sangue alguns meses depois do</p><p>nascimento, ainda não foi esclarecido o motivo. Talvez sejam formadas em resposta às bactérias que normalmente habitam</p><p>o sistema digestório. Uma vez que os anticorpos são grandes anticorpos do tipo IgM (ver Tabela 22.3) que não cruzam a</p><p>placenta, a incompatibilidade AB0 entre a gestante e o feto raramente causa problemas.</p><p>Transfusões</p><p>Apesar das diferenças entre os antígenos das hemácias refletidas nos sistemas de grupo sanguíneo, o sangue é o tecido</p><p>humano mais facilmente compartilhado, salvando milhares de vidas todos os anos por meio de transfusões. Transfusão de</p><p>sangue consiste na transferência de sangue total ou componentes sanguíneos (hemácias ou plasma apenas) para a corrente</p><p>sanguínea ou diretamente na medula óssea vermelha. Na maioria das vezes, a transfusão é realizada para corrigir anemia,</p><p>para aumentar o volume de sangue (p. ex., depois de uma hemorragia significativa) ou para melhorar a imunidade.</p><p>Entretanto, os componentes normais da membrana plasmática eritrocitária de uma pessoa podem desencadear respostas</p><p>antígenoanticorpo danosas no receptor da transfusão. Na transfusão de sangue incompatível, anticorpos no plasma do</p><p>receptor se ligam aos antígenos nas hemácias doadas, o que causa aglutinação de hemácias. A aglutinação é uma resposta</p><p>antígenoanticorpo na qual há ligação cruzada das hemácias. (Observe que aglutinação não é a mesma coisa que coagulação</p><p>sanguínea.) Quando esses complexos antígenoanticorpo se formam, eles ativam proteínas plasmáticas da família</p><p>complemento (descrita na Seção 22.6). Essencialmente, o complemento torna porosa a membrana plasmática das hemácias</p><p>doadas, causando hemólise ou ruptura das hemácias e liberação de hemoglobina no plasma sanguíneo. A hemoglobina</p><p>liberada pode causar dano renal obstruindo os glomérulos renais. Embora bastante raro, é possível que os vírus que causam</p><p>AIDS e hepatites B e C sejam transmitidos por transfusão de hemoderivados contaminados.</p><p>Considere o que acontece quando uma pessoa com sangue do tipo A recebe uma transfusão de sangue do tipo B. O</p><p>sangue do receptor (tipo A) contém antígenos A nas hemácias e anticorpos antiB no plasma. O sangue do doador (tipo B)</p><p>contém antígenos B e anticorpos antiA. Nessa situação, duas coisas podem acontecer. Na primeira, os anticorpos antiB</p><p>no plasma do receptor podem se ligar aos</p><p>antígenos B nos eritrócitos do doador, causando aglutinação e lise das hemácias.</p><p>Na segunda, os anticorpos antiA no plasma do doador podem se ligar aos antígenos A nas hemácias do receptor, uma</p><p>reação menos grave porque os anticorpos antiA do doador estão tão diluídos no plasma do receptor que não promovem</p><p>aglutinação e lise significativas das hemácias do receptor.</p><p>Pessoas com sangue do tipo AB não apresentam anticorpos antiA nem antiB no plasma sanguíneo. Às vezes, são</p><p>chamadas de receptores universais, porque teoricamente podem receber sangue de doadores de todos os quatro tipos de</p><p>sangue. Elas não possuem anticorpos para atacar antígenos nas hemácias doadas. Pessoas com sangue do tipo 0 não</p><p>possuem antígenos A nem B nas suas hemácias e são, muitas vezes, chamadas de doadores universais, pois, em teoria,</p><p>podem doar sangue para todos os quatro tipos de sangue AB0. As pessoas do tipo 0 que precisam de sangue só podem</p><p>receber sangue do tipo 0 (Tabela 19.6). Na prática, o uso dos termos receptor universal e doador universal gera confusão e</p><p>pode ser perigoso. O sangue contém outros antígenos e anticorpos além dos associados ao sistema AB0 que podem causar</p><p>reações transfusionais. Por isso, o sangue deve ser testado e avaliado com cuidado antes da transfusão. Em cerca de 80%</p><p>da população, os antígenos solúveis do tipo AB0 aparecem na saliva e outros líquidos corporais. Nesses casos o tipo de</p><p>sangue pode ser identificado a partir de uma amostra da saliva.</p><p>Grupo sanguíneo Rh</p><p>O grupo sanguíneo Rh é assim chamado porque o antígeno Rh, chamado de fator Rh, foi encontrado pela primeira vez no</p><p>sangue do macaco Rhesus. Os alelos de três genes codificam o antígeno Rh. Pessoas cujas hemácias apresentam antígenos</p><p>Rh são chamadas de Rh+ (Rhpositivo); aquelas que não apresentam antígenos Rh são designadas Rh– (Rhnegativo). A</p><p>Tabela 19.5 mostra a incidência de Rh+ e Rh– em várias populações. Em geral, o plasma sanguíneo não contém anticorpos</p><p>antiRh. Se uma pessoa Rh– receber uma transfusão de sangue Rh+, no entanto, o sistema imune começa a produzir</p><p>anticorpos antiRh que persistem no sangue. Se uma segunda transfusão de sangue Rh+ ocorrer posteriormente, os</p><p>anticorpos antiRh previamente formados causarão aglutinação e lise das hemácias no sangue doado e ocorre uma reação</p><p>grave.</p><p>Tipagem e compatibilidade sanguíneas para transfusão</p><p>Para evitar incompatibilidades sanguíneas, os técnicos de laboratório fazem a tipagem do sangue do paciente e, depois</p><p>disso, realizam uma prova de reação cruzada com o sangue do doador potencial ou verificam se há anticorpos. No</p><p>procedimento de tipagem sanguínea AB0, gotas de sangue são misturadas a diferentes antissoros, que são soluções com</p><p>anticorpos (Figura 19.14). Uma gota de sangue é misturada a soro antiA, que contém anticorpos antiA que aglutinam</p><p>hemácias com antígeno A. Outra gota é misturada a soro antiB, que contém anticorpos antiB que aglutinam hemácias</p><p>com antígenos B. Se as hemácias se aglutinarem apenas quando forem misturadas a soro antiA, o tipo sanguíneo é A. Se</p><p>as hemácias se aglutinarem apenas quando misturadas ao soro antiB, o tipo de sangue é B. O sangue é AB se em ambas</p><p>as gotas ocorrer a aglutinação de hemácias; se não houver aglutinação, o tipo de sangue é O.</p><p>TABELA 19.6 Resumo das interações dos grupos sanguíneos AB0.</p><p>CARACTERÍSTICA</p><p>TIPO SANGUÍNEO</p><p>A B AB 0</p><p>Aglutinogênio (antígeno) nas hemácias A B A e B Nem A nem B</p><p>Aglutinina (anticorpo) no plasma Anti-B Anti-A Nem anti-A</p><p>nem anti-B</p><p>Anti-A e anti-B</p><p>Tipos de sangue compatíveis (sem hemólise) A, 0 B, 0 A, B, AB, 0 0</p><p>Tipos de sangue incompatíveis (hemólise) B, AB A, AB – A, B, AB</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA | Doença hemolítica do recém-nascido</p><p>O problema mais comum de incompatibilidade Rh, a doença hemolítica do recém-nascido (DHRN), pode surgir durante a gravidez (Figura 19.13). Normalmente,</p><p>não ocorre contato direto entre o sangue materno e o fetal durante a gravidez. Entretanto, se um pequeno volume de sangue Rh+ extravasa através da placenta do</p><p>feto para a corrente sanguínea da mãe Rh–, a mãe começa a produzir anticorpos anti-Rh. Como a maior possibilidade de extravasamento de sangue fetal para a</p><p>circulação materna é na hora do parto, em geral, o primeiro lho não é afetado. Se a mulher engravidar de novo, no entanto, seus anticorpos anti-Rh podem</p><p>atravessar a placenta e entrar na corrente sanguínea do feto. Se o feto for Rh–, não tem problema, pois o sangue Rh– não possui o antígeno Rh. Se o feto for Rh+,</p><p>entretanto, aglutinação e hemólise causadas pela incompatibilidade entre feto e mãe ocorrem no sangue fetal.</p><p>Uma injeção de anticorpos anti-Rh chamada de gamaglobulina anti-Rh pode ser aplicada para evitar a DHRN. Mulheres Rh– devem receber essa gamaglobulina</p><p>antes do parto e logo depois de cada parto ou aborto. Esses anticorpos se ligam e inativam os antígenos Rh fetais antes que o sistema imune da mãe possa responder</p><p>aos antígenos estranhos com a produção de seus próprios anticorpos anti-Rh.</p><p>Figura 19.13 Desenvolvimento da doença hemolítica do recém-nascido (DHRN). A. Ao nascimento, um pequeno volume de sangue fetal geralmente</p><p>atravessa a placenta e chega a corrente sanguínea da mãe. Pode ocorrer um problema quando a mãe é Rh– e o feto é Rh+, tendo herdado um alelo para os antígenos</p><p>Rh do pai. B. O sistema imune da mãe responde à exposição ao antígeno Rh com a produção de anticorpos anti-Rh. C. Durante a gravidez subsequente, os anticorpos</p><p>maternos cruzam a placenta para o sangue fetal. Se o segundo feto for Rh+, a reação antígeno-anticorpo resultante causa aglutinação e lise das hemácias fetais. O</p><p>resultado é a DHRN.</p><p>A DHRN ocorre quando anticorpos maternos anti-Rh cruzam a placenta e causam hemólise fetal.</p><p>Por que é improvável que o primeiro lho desenvolva DHRN?</p><p>No procedimento de determinação do fator Rh, uma gota de sangue é misturada a antissoro contendo anticorpos que</p><p>aglutinam hemácias com antígenos Rh. Se o sangue aglutinar, é Rh+ e, se isso não ocorrer, é Rh–.</p><p>Figura 19.14 Tipagem sanguínea AB0. As áreas no quadrado mostram aglutinação das hemácias.</p><p>No procedimento de tipagem sanguínea AB0, o sangue é misturado com soros antiA e antiB.</p><p>O que é aglutinação?</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA | Anticoagulantes</p><p>Pacientes que correm risco mais elevado de formar coágulos sanguíneos podem receber anticoagulantes. A heparina e a varfarina são exemplos dessas substâncias.</p><p>Muitas vezes, a heparina é administrada durante hemodiálise e cirurgia cardíaca a céu aberto. A varfarina atua como antagonista da vitamina K e, dessa forma,</p><p>bloqueia a síntese de quatro fatores da coagulação. A varfarina age de maneira mais lenta que a heparina. Para evitar coagulação em sangue doado, muitas vezes, os</p><p>bancos de sangue e laboratórios adicionam substâncias que removem Ca2+; EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) e CPD (solução de citrato, fosfato e glicose) são</p><p>dois exemplos.</p><p>23.</p><p>24.</p><p>25.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>Uma vez conhecido o tipo de sangue do paciente, é selecionado o sangue de doador com os mesmos tipos AB0 e Rh.</p><p>Na reação cruzada, as hemácias do possível doador são misturadas ao soro do receptor. Se a aglutinação não ocorrer, o</p><p>receptor não apresenta anticorpos que atacam as hemácias do doador. Uma opção é analisar o soro do receptor com um</p><p>painel de hemácias que têm antígenos sabidamente indutores de reações transfusionais para detectar eventuais anticorpos.</p><p>TESTE RÁPIDO</p><p>Que precauções precisam ser tomadas antes da realização de uma transfusão de sangue?</p><p>O que é hemólise e como pode ocorrer depois de uma transfusão de sangue incompatível?</p><p>Explique as condições que podem causar doença hemolítica do recémnascido.</p><p>DISTÚRBIOS | DESEQUILÍBRIOS HOMEOSTÁTICOS</p><p>Anemia</p><p>Anemia é uma condição na qual a capacidade do sangue de transportar oxigênio está reduzida. Todos os muitos tipos</p><p>de anemia são</p><p>caracterizados por contagem menor de hemácias ou diminuição da concentração de hemoglobina no</p><p>sangue. A pessoa se sente fadigada e intolerante ao frio, dois fatores relacionados com a falta do oxigênio necessário</p><p>para a produção de ATP e calor. Além disso, a pele é pálida devido ao baixo conteúdo de hemoglobina de cor</p><p>vermelha circulando nos vasos sanguíneos da pele. As causas e os tipos mais importantes de anemia são:</p><p>A absorção inadequada de ferro, a perda excessiva de ferro, o aumento da demanda de ferro ou a ingestão de</p><p>ferro insuficiente causam anemia ferropriva, o tipo mais comum de anemia. As mulheres correm risco mais</p><p>elevado de anemia ferropriva devido às perdas sanguíneas menstruais e demandas mais altas de ferro para o feto</p><p>em crescimento durante a gravidez. Perdas gastrintestinais, como nos casos de malignidades e ulcerações,</p><p>também contribuem para este tipo de anemia</p><p>A ingestão inadequada de vitamina B12 ou ácido fólico provoca a anemia megaloblástica, na qual a medula</p><p>óssea vermelha produz hemácias grandes e anormais (megaloblastos). Também pode ser causada por fármacos</p><p>que alteram a secreção gástrica ou são usados no tratamento de cânceres</p><p>A hemopoese insuficiente resultante da incapacidade do estômago de produzir fator intrínseco necessário para a</p><p>absorção de vitamina B12 no intestino delgado causa anemia perniciosa</p><p>A perda excessiva de hemácias por causa de sangramentos resultantes de grandes feridas, úlceras do estômago</p><p>ou especialmente menstruação intensa resulta em anemia hemorrágica</p><p>As membranas plasmáticas das hemácias se rompem prematuramente na anemia hemolítica. A hemoglobina</p><p>liberada extravasa para o plasma e pode danificar os glomérulos renais (unidades de filtragem). A anemia</p><p>hemolítica pode resultar de defeitos hereditários como enzimas eritrocitárias anormais ou de agentes externos</p><p>como parasitas, toxinas ou anticorpos de sangue transfundido incompatível</p><p>A síntese deficiente de hemoglobina ocorre na talassemia, um grupo de anemias hemolíticas hereditárias. As</p><p>hemácias são pequenas (microcíticas), pálidas (hipocrômicas) e de vida curta. A talassemia ocorre principalmente</p><p>em populações de países que margeiam o Mar Mediterrâneo</p><p>A destruição da medula óssea vermelha resulta em anemia aplásica. É causada por toxinas, radiação gama e</p><p>alguns medicamentos que inibem as enzimas necessárias para hemopoese.</p><p>Doença falciforme</p><p>As hemácias de uma pessoa com doença falciforme contêm HbS, um tipo anormal de hemoglobina. Quando a HbS</p><p>libera oxigênio para o líquido intersticial, ocorre a formação de estruturas rígidas e longas semelhantes a bastões que</p><p>conferem à hemácia o formato de foice (Figura 19.15). As hemácias falciformes se rompem com facilidade. Mesmo</p><p>que a eritropoese seja estimulada pela perda das hemácias, ela não consegue contrabalançar a hemólise. Os sinais e</p><p>sintomas da doença falciforme são causados pelo afoiçamento das hemácias. Quando as hemácias se tornam</p><p>falciformes, elas se degradam prematuramente (as hemácias falciformes morrem em cerca de 10 a 20 dias). Isso</p><p>ocasiona anemia, que pode provocar dispneia, fadiga, palidez e atraso do crescimento e desenvolvimento das</p><p>crianças afetadas. A rápida degradação e perda das hemácias também pode causar icterícia, que consiste na</p><p>coloração amarela dos olhos e da pele. As hemácias falciformes não atravessam com facilidade os vasos sanguíneos</p><p>e tendem a se agregar, formando grumos que obstruem os vasos sanguíneos. Essa situação priva os órgãos do corpo</p><p>de oxigênio suficiente e causa dor (p. ex., nos ossos e no abdome), infecções graves e dano orgânico, sobretudo nos</p><p>pulmões, no encéfalo, no baço e nos rins. Outras manifestações de doença falciforme são febre, taquicardia, edema e</p><p>inflamação das mãos e/ou pés, úlceras de perna, dano ocular, sede excessiva, poliuria e ereções dolorosas e</p><p>prolongadas nos homens. Quase todos os indivíduos com doença falciforme apresentam episódios dolorosos que</p><p>podem durar horas a dias. Algumas pessoas apresentam um episódio a intervalos de alguns anos, enquanto outras</p><p>têm vários episódios por ano. Os episódios podem variar de leves àqueles que exigem hospitalização. Qualquer</p><p>atividade que reduza a concentração de oxigênio no sangue, como a prática de exercícios vigorosos, pode provocar</p><p>uma crise falciforme (agravamento da anemia, dor no abdome e nos ossos longos dos membros, febre e dispneia).</p><p>Figura 19.15 Hemácias de uma pessoa com doença falciforme.</p><p>As hemácias de uma pessoa com doença falciforme contêm um tipo anormal de hemoglobina.</p><p>Quais são alguns dos sinais/sintomas da doença falciforme?</p><p>A doença falciforme é hereditária. Pessoas com dois genes falciformes apresentam anemia grave, enquanto</p><p>aquelas com apenas um gene defeituoso apresentam o traço falciforme. Genes falciformes são encontrados</p><p>principalmente nas populações (ou seus descendentes) que moram no cinturão da malária ao redor do mundo,</p><p>incluindo partes da Europa Mediterrânea, África Subsaariana e Ásia Tropical. Os genes responsáveis pela tendência</p><p>das hemácias a se tornarem falciformes também modificam a permeabilidade das membranas plasmáticas das</p><p>hemácias falciformes, causando o extravasamento de íons potássio. Níveis baixos de potássio matam os parasitas da</p><p>malária que infectam as hemácias falciformes. Por causa desse efeito, uma pessoa com um gene normal e um gene</p><p>falciforme apresenta resistência acima da média à malária. Desse modo, o fato de possuir um único gene falciforme</p><p>confere um benefício de sobrevida.</p><p>O tratamento da doença falciforme consiste na administração de analgésicos para aliviar a dor, terapia hídrica</p><p>para manter a hidratação, oxigênio para reduzir a deficiência de oxigênio, antibióticos para conter infecções e</p><p>transfusões de sangue. As pessoas que sofrem de doença falciforme apresentam hemoglobina fetal (HbF) normal,</p><p>uma forma discretamente diferente de hemoglobina que predomina ao nascimento e é encontrada em pequenas</p><p>quantidades depois do nascimento. Em alguns pacientes com doença falciforme, uma substância chamada</p><p>hidroxiureia promove a transcrição do gene normal HbF, eleva o nível de HbF e reduz as chances de as hemácias se</p><p>tornarem falciformes. Infelizmente, a hidroxiureia também exerce efeitos tóxicos na medula óssea e existem dúvidas</p><p>quanto a sua segurança para uso prolongado.</p><p>Hemofilia</p><p>Hemofilia é uma deficiência hereditária da coagulação na qual pode ocorrer sangramento de maneira espontânea ou</p><p>após microtraumatismos. É o mais antigo distúrbio hemorrágico hereditário conhecido; já foram encontradas</p><p>descrições da doença oriundas do início do século II a.C. Em geral, a hemofilia acomete homens e muitas vezes é</p><p>referida como “a doença real”, pois muitos descendentes da rainha Victória, começando com um dos seus filhos,</p><p>foram afetados pela doença. Os diferentes tipos de hemofilia são decorrentes de deficiências de fatores distintos da</p><p>coagulação sanguínea e exibem diversos graus de gravidade, variando de tendências hemorrágicas leves a</p><p>significativas. A hemofilia é caracterizada por hemorragias intramusculares e subcutâneas traumáticas ou</p><p>espontâneas, sangramentos nasais, hematúria e hemorragias nas articulações que provocam dor e dano tecidual. O</p><p>tratamento envolve transfusões de plasma fresco ou concentrados do fator de coagulação deficiente para atenuar a</p><p>tendência ao sangramento. Outro tratamento é a desmopressina (DDAVP), que pode elevar os níveis dos fatores de</p><p>crescimento.</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>4.</p><p>Leucemia</p><p>O termo leucemia se refere a um grupo de cânceres da medula óssea vermelha em que leucócitos anormais se</p><p>multiplicam de maneira descontrolada.</p><p>O acúmulo de leucócitos cancerosos na medula óssea vermelha interfere na</p><p>produção de hemácias, leucócitos e plaquetas. Em consequência disso, a capacidade de transportar oxigênio do</p><p>sangue diminui, o indivíduo se torna mais suscetível à infecção e a coagulação sanguínea se torna anormal. Na</p><p>maioria das leucemias, os leucócitos cancerosos se espalham para os linfonodos, o fígado e o baço, provocando o</p><p>aumento do tamanho desses órgãos. Todas as leucemias provocam os sinais/sintomas usuais de anemia (fadiga,</p><p>intolerância ao frio e pele pálida). Além disso, podem ocorrer perda de peso, febre, sudorese noturna, sangramento</p><p>excessivo e infecções recorrentes.</p><p>Em geral, as leucemias são classificadas como agudas (os sinais/sintomas se desenvolvem rapidamente) e</p><p>crônicas (os sinais/sintomas podem levar anos para se desenvolver). As leucemias também são classificadas com</p><p>base no tipo de leucócito que se tornou maligno. A leucemia linfoblástica envolve células derivadas das células</p><p>tronco linfoides (linfoblastos) e/ou linfócitos. A leucemia mieloide acomete células derivadas de célulastronco</p><p>mieloides (mieloblastos). Combinando o surgimento dos sinais/sintomas e as células envolvidas, existem quatro tipos</p><p>de leucemia:</p><p>A leucemia linfoblástica aguda (LLA) é a leucemia mais comum em crianças, porém adultos também podem</p><p>desenvolvêla.</p><p>A leucemia mieloide aguda (LMA) afeta tanto crianças quanto adultos.</p><p>A anemia linfoblástica crônica (ALC) é a leucemia mais comum em adultos, geralmente com mais de 55 anos.</p><p>A leucemia mieloide crônica (LMC) ocorre principalmente em adultos.</p><p>A causa da maioria dos tipos de leucemia não é conhecida. No entanto, alguns fatores de risco já foram</p><p>implicados, e incluem exposição a radiação ou quimioterapia para outros cânceres, fatores genéticos (alguns</p><p>problemas genéticos como síndrome de Down), fatores ambientais (tabagismo e benzeno) e microrganismos como o</p><p>vírus da leucemia/linfoma de células T humanas 1 (HTLV1) e o vírus EpsteinBarr (EBV).</p><p>As opções de tratamento englobam agentes citotóxicos, irradiação, transplante de célulastronco, interferona,</p><p>anticorpos e transfusão de sangue.</p><p>TERMINOLOGIA TÉCNICA</p><p>Banco de sangue. Instituição que coleta e armazena uma reserva de sangue para uso futuro pelo doador e outras</p><p>pessoas. Uma vez que bancos de sangue apresentam outras e diversas funções (imunohematologia, trabalho de</p><p>referência, educação médica continuada, armazenamento de tecido e osso e consulta clínica) são mais</p><p>apropriadamente referidos como centros de medicina transfusional.</p><p>Cianose. Alteração de cor discretamente azulada/arroxeada da pele, observada com mais facilidade nos leitos</p><p>ungueais e nas túnicas mucosas devido ao aumento da concentração de hemoglobina reduzida, que consiste em</p><p>hemoglobina não combinada com o oxigênio no sangue sistêmico.</p><p>Flebotomista. Técnico especializado em coletar sangue.</p><p>Gamaglobulina. Solução de imunoglobulinas do sangue que consiste em anticorpos que reagem com patógenos</p><p>específicos, como vírus. É preparada com a injeção do vírus específico em animais, remoção de sangue dos</p><p>animais após acúmulo dos anticorpos, isolamento dos anticorpos e sua injeção no ser humano a fim de conferir</p><p>imunidade a curto prazo.</p><p>Hemocromatose. Distúrbio do metabolismo do ferro caracterizado pela absorção excessiva de ferro ingerido e</p><p>excesso de depósito de ferro nos tecidos (especialmente fígado, coração, hipófise, gônadas e pâncreas) que</p><p>resulta em coloração bronzeada da pele, cirrose, diabetes melito e anormalidades ósseas e articulares.</p><p>Hemodiluição normovolêmica aguda. Remoção de sangue imediatamente antes da cirurgia e sua substituição por</p><p>uma solução acelular para manter o volume sanguíneo suficiente para a circulação adequada. Ao final da cirurgia,</p><p>uma vez controlado o sangramento, o sangue coletado é devolvido ao corpo.</p><p>Hemorragia. Perda de grande volume de sangue; pode ser interna (dos vasos sanguíneos para os tecidos) ou externa</p><p>(dos vasos sanguíneos diretamente para a superfície do corpo).</p><p>Icterícia. Coloração amarelada anormal da esclera dos olhos, da pele e das túnicas mucosas devido ao excesso de</p><p>bilirrubina (pigmento amareloalaranjado) no sangue. As três principais categorias de icterícia são icterícia pré</p><p>hepática, devido ao excesso de produção de bilirrubina; icterícia hepática, processamento de bilirrubina anormal</p><p>pelo fígado causado por doença hepática congênita, cirrose (formação de tecido cicatricial) hepática ou hepatite</p><p>(inflamação do fígado); e icterícia extra(pós)hepática, devido ao bloqueio da drenagem de bile por cálculos</p><p>biliares ou câncer do intestino ou pâncreas.</p><p>Sangue total. Sangue contendo todos os elementos figurados, plasma e solutos do plasma em concentrações</p><p>naturais.</p><p>Septicemia. Existência e multiplicação de toxinas ou bactérias causadoras de doença no sangue.</p><p>Transfusão préoperatória autóloga. Doação de sangue da própria pessoa; pode ser feita até 6 semanas antes de</p><p>uma cirurgia eletiva. Também chamada de prédoação. Esse procedimento elimina o risco de incompatibilidade e</p><p>de doenças transmitidas pelo sangue.</p><p>1.</p><p>2.</p><p>19.1</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>4.</p><p>5.</p><p>6.</p><p>7.</p><p>8.</p><p>9.</p><p>19.2</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>19.3</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>4.</p><p>5.</p><p>6.</p><p>19.4</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>4.</p><p>Trombocitopenia. Contagem de plaquetas muito baixa que resulta em tendência dos capilares ao sangramento.</p><p>Venissecção. Incisão de uma veia para coleta de sangue. Embora flebotomia seja sinônimo de venissecção, na</p><p>prática clínica, a flebotomia se refere à sangria terapêutica como a remoção de um pouco de sangue para reduzir</p><p>sua viscosidade no paciente com policitemia.</p><p>REVISÃO DO CAPÍTULO</p><p>Conceitos essenciais</p><p>Introdução</p><p>O sistema circulatório consiste em sangue, coração e vasos sanguíneos.</p><p>O sangue é um tecido conjuntivo líquido que consiste em elementos figurados (células e fragmentos celulares) circundados</p><p>por uma matriz extracelular líquida (plasma sanguíneo).</p><p>Funções e propriedades do sangue</p><p>O sangue transporta oxigênio, dióxido de carbono, nutrientes, escórias metabólicas e hormônios.</p><p>O sangue ajuda a regular o pH, a temperatura corporal e o conteúdo de água das células.</p><p>O sangue confere proteção por meio da coagulação e do combate a toxinas e micróbios pela ação de determinados leucócitos</p><p>fagocíticos ou proteínas plasmáticas especializadas.</p><p>As características físicas do sangue incluem viscosidade maior que a da água, temperatura de 38°C e pH de 7,35 a 7,45.</p><p>O sangue constitui cerca de 8% do peso corporal e seu volume varia de 4 a 6 ℓ em adultos.</p><p>O sangue é composto aproximadamente por 55% de plasma sanguíneo e 45% de elementos figurados.</p><p>Hematócrito é o percentual do volume de sangue total ocupado pelas hemácias.</p><p>O plasma sanguíneo é composto por 91,5% de água e 8,5% por solutos. Os principais solutos são proteínas (albuminas,</p><p>globulinas, fibrinogênio), nutrientes, vitaminas, hormônios, gases respiratórios, eletrólitos e escórias metabólicas.</p><p>Hemácias (eritrócitos), leucócitos e plaquetas são os elementos figurados do sangue.</p><p>Formação das células sanguíneas</p><p>Hemopoese é a formação de células sanguíneas a partir de célulastronco hematopoéticas na medula óssea vermelha.</p><p>As célulastronco mieloides formam hemácias, plaquetas, granulócitos e monócitos. As célulastronco linfoides dão origem</p><p>aos linfócitos.</p><p>Vários fatores de crescimento hematopoéticos estimulam a diferenciação e a proliferação de diversas células sanguíneas.</p><p>Hemácias (eritrócitos)</p><p>Hemácias maduras são discos bicôncavos sem núcleo e contendo hemoglobina.</p><p>A função da hemoglobina nas hemácias é transportar oxigênio e parte do dióxido de carbono.</p><p>As hemácias vivem cerca de 120 dias. Um homem saudável apresenta aproximadamente 5,4 milhões de hemácias por μℓ de</p><p>sangue; uma mulher saudável</p><p>tem em torno de 4,8 milhões/μℓ.</p><p>Depois da fagocitose de hemácias envelhecidas pelos macrófagos, a hemoglobina é reciclada.</p><p>A formação de hemácias, chamada de hematopoese ou eritropoese, ocorre na medula óssea vermelha adulta de determinados</p><p>ossos; é estimulada pela hipoxia que induz a liberação de eritropoetina pelos rins.</p><p>A contagem de reticulócitos é um exame laboratorial que indica a taxa de eritropoese.</p><p>Leucócitos</p><p>Os leucócitos são células nucleadas. Os dois principais tipos são os granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e os</p><p>agranulócitos (linfócitos e monócitos).</p><p>A função geral dos leucócitos é de combater inflamação e infecção. Os neutrófilos e macrófagos (que se desenvolvem a</p><p>partir dos monócitos) fazem isso por meio da fagocitose.</p><p>Os eosinófilos combatem os efeitos da histamina em reações alérgicas, fagocitam complexos antígenoanticorpo e</p><p>combatem vermes parasitas. Os basófilos liberam heparina, histamina e serotonina nas reações alérgicas que intensificam a</p><p>resposta inflamatória.</p><p>Os linfócitos B, em resposta a substâncias estranhas (antígenos), se diferenciam em plasmócitos que produzem anticorpos.</p><p>Os anticorpos se fixam aos antígenos e os neutralizam. Essa resposta antígenoanticorpo combate infecções e confere</p><p>imunidade. Os linfócitos T destroem os invasores estranhos de maneira direta. As células destruidoras naturais (NK, natural</p><p>killer) atacam microrganismos infecciosos e células tumorais.</p><p>5.</p><p>19.5</p><p>1.</p><p>2.</p><p>19.6</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>19.7</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>4.</p><p>5.</p><p>6.</p><p>7.</p><p>8.</p><p>9.</p><p>10.</p><p>19.8</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>4.</p><p>5.</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>19.1</p><p>19.2</p><p>Com exceção dos linfócitos, que podem viver anos, os leucócitos geralmente vivem apenas algumas horas ou alguns dias. O</p><p>sangue normal contém 5.000 a 10.000 leucócitos/μℓ.</p><p>Plaquetas</p><p>As plaquetas são fragmentos celulares em forma de disco derivadas dos megacariócitos. O sangue normal contém 150.000 a</p><p>400.000 plaquetas/μℓ.</p><p>As plaquetas ajudam a interromper a perda de sangue de vasos sanguíneos danificados por meio da formação de um tampão</p><p>plaquetário.</p><p>Transplantes de célulastronco de medula óssea e sangue de cordão umbilical</p><p>Transplantes de medula óssea envolvem remoção de medula óssea vermelha como fonte de célulastronco da crista ilíaca.</p><p>No transplante de sangue do cordão umbilical, célulastronco da placenta são removidas do cordão umbilical.</p><p>Os transplantes de sangue do cordão umbilical oferecem algumas vantagens em relação aos transplantes de medula óssea.</p><p>Hemostasia</p><p>Hemostasia se refere à interrupção do sangramento.</p><p>A hemostasia envolve espasmo vascular, formação de tampão plaquetário e coagulação sanguínea.</p><p>No espasmo vascular, o músculo liso da parede do vaso sanguíneo se contrai, o que retarda a perda de sangue.</p><p>A formação do tampão plaquetário envolve agregação de plaquetas para interromper o sangramento.</p><p>Coágulo é uma rede de fibras proteicas insolúveis (fibrina) na qual os elementos figurados do sangue são aprisionados.</p><p>As substâncias químicas envolvidas na coagulação são conhecidas como fatores de coagulação.</p><p>A coagulação do sangue envolve uma cascata de reações que pode ser dividida em três estágios: formação de protrombinase,</p><p>conversão de protrombina em trombina e conversão de fibrinogênio solúvel em fibrina insolúvel.</p><p>A coagulação é iniciada pela interação das vias extrínseca e intrínseca da coagulação sanguínea.</p><p>A coagulação normal demanda vitamina K e é seguida pela retração do coágulo e, por fim, fibrinólise (dissolução do</p><p>coágulo).</p><p>A coagulação em um vaso sanguíneo íntegro é chamada de trombose. Um trombo que se desloca do seu local de origem é</p><p>chamado de êmbolo.</p><p>Grupos e tipos sanguíneos</p><p>Os grupos sanguíneos AB0 e Rh são determinados geneticamente e baseados em respostas antígenoanticorpo.</p><p>No grupo sanguíneo AB0, a existência ou não de antígenos A e B na superfície das hemácias determina o tipo de sangue.</p><p>No sistema Rh, indivíduos cujas hemácias apresentam antígenos Rh são classificados de Rh+ e aqueles que não apresentam</p><p>o antígeno são Rh–.</p><p>A doença hemolítica do recémnascido (DHRN) pode ocorrer quando uma mulher Rh– engravida e o feto é Rh+.</p><p>Antes da transfusão do sangue, o tipo sanguíneo do receptor é determinado e, em seguida, é submetido à prova de reação</p><p>cruzada com o sangue do potencial doador ou analisado quanto à existência de anticorpos.</p><p>QUESTÕES PARA AVALIAÇÃO CRÍTICA</p><p>Recentemente, Shirlei utilizou antibióticos de amplo espectro para combater uma infecção urinária recorrente.</p><p>Quando estava cortando legumes, ela se cortou e teve dificuldades para cessar o sangramento. De que maneira os</p><p>antibióticos poderiam ter influenciado o sangramento de Shirlei?</p><p>A Sra. Brown está com insuficiência renal. Seus exames de sangue recentes indicaram hematócrito de 22. Por que</p><p>o hematócrito da Sra. Brown está baixo? O que pode ser feito para elevar o hematócrito dela?</p><p>Thomas está com hepatite, o que está comprometendo suas funções hepáticas. Que tipos de sinais/sintomas ele</p><p>está tendo com base na(s) função(ções) hepáticas relacionada(s) ao sangue?</p><p>RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DAS FIGURAS</p><p>O volume de sangue corresponde a cerca de 8% da massa corporal, aproximadamente 5 a 6 ℓ nos homens e 4 a 5 ℓ</p><p>nas mulheres. Por exemplo, uma pessoa de 70 kg apresenta um volume sanguíneo de 5,6 ℓ (70 kg × 8% × 1 ℓ/kg).</p><p>Plaquetas são fragmentos celulares.</p><p>19.3</p><p>19.4</p><p>19.5</p><p>19.6</p><p>19.7</p><p>19.8</p><p>19.9</p><p>19.10</p><p>19.11</p><p>19.12</p><p>19.13</p><p>19.14</p><p>19.15</p><p>As célulastronco pluripotentes se desenvolvem a partir do mesênquima.</p><p>Uma molécula de hemoglobina consegue transportar no máximo 4 moléculas de O2, cada uma ligada a um grupo</p><p>heme.</p><p>Transferrina é uma proteína plasmática que transporta ferro no sangue.</p><p>Ao se mudar para uma altitude elevada, o hematócrito sobe devido ao aumento da secreção de eritropoetina.</p><p>Os neutrófilos, eosinófilos e basófilos são chamados de leucócitos granulócitos porque possuem grânulos</p><p>citoplasmáticos visíveis à microscopia óptica quando corados.</p><p>Os linfócitos circulam do sangue para os tecidos e dos tecidos para o sangue. Depois de deixar o sangue, outros</p><p>leucócitos permanecem nos tecidos até morrerem.</p><p>Juntamente com a formação do tampão plaquetário, o espasmo vascular e a coagulação sanguínea contribuem para</p><p>a hemostasia.</p><p>O soro consiste em plasma sanguíneo sem as proteínas de coagulação.</p><p>O resultado do primeiro estágio da coagulação é a formação de protrombinase.</p><p>O sangue de tipo 0 geralmente contém anticorpos antiA e antiB.</p><p>Como é mais provável que a mãe comece a produzir anticorpos antiRh depois do parto do primeiro filho, ele não</p><p>sofre danos.</p><p>Aglutinação se refere ao agrupamento de hemácias.</p><p>Anemia, icterícia, dor óssea, dispneia, aceleração da frequência cardíaca, dor abdominal, febre e fadiga são</p><p>algumas das manifestações da doença falciforme.</p><p>____________</p><p>*1 μl = 1 mm3 = 106 litro.</p><p>O plasma sanguíneo é composto 91,5% de água e 8,5% de solutos, cuja maioria é</p><p>(7% por peso) de proteínas. Algumas das proteínas no plasma sanguíneo também são encontradas em outros lugares do</p><p>corpo, porém aquelas confinadas ao sangue são chamadas de proteínas plasmáticas. Os hepatócitos sintetizam a maioria</p><p>das proteínas plasmáticas, que incluem as albuminas (54% das proteínas plasmáticas), globulinas (38%) e fibrinogênio</p><p>(7%). Determinadas células sanguíneas amadurecem e se tornam produtoras de gamaglobulinas, um importante tipo de</p><p>globulina. Essas proteínas plasmáticas também são chamadas de anticorpos ou imunoglobulinas porque são produzidas</p><p>durante certas respostas imunológicas. Substâncias estranhas (antígenos), como bactérias e vírus, estimulam a produção de</p><p>milhões de anticorpos diferentes. Um anticorpo se liga especificamente ao antígeno que estimulou sua produção e, dessa</p><p>forma, neutraliza o antígeno invasor.</p><p>Além de proteínas, os outros solutos no plasma são eletrólitos, nutrientes, substâncias reguladoras como enzimas e</p><p>hormônios, gases e escórias metabólicas como ureia, ácido úrico, creatinina, amônia e bilirrubina.</p><p>A Tabela 19.1 descreve a composição química do plasma sanguíneo.</p><p>Elementos figurados</p><p>Os elementos figurados do sangue incluem três componentes principais: hemácias, leucócitos e plaquetas (Figura 19.2).</p><p>As hemácias ou eritrócitos transportam oxigênio dos pulmões para as células corporais e dióxido de carbono das células</p><p>do corpo para os pulmões. Os leucócitos protegem o corpo de patógenos invasores e outras substâncias estranhas. Existem</p><p>diversos tipos de leucócitos: neutrófilos, basófilos, eosinófilos, monócitos e linfócitos. Os linfócitos são ainda</p><p>subdivididos em linfócitos B (células B), linfócitos T (células T) e células exterminadoras naturais (natural killers, NK).</p><p>Cada tipo de leucócito contribui da sua maneira para os mecanismos de defesa do corpo. As plaquetas, o último tipo de</p><p>elemento figurado, são fragmentos celulares sem núcleo. Entre outras ações, elas liberam substâncias químicas que</p><p>promovem a coagulação do sangue nos casos de dano dos vasos sanguíneos. As plaquetas são o equivalente funcional dos</p><p>trombócitos, células nucleadas encontradas nos vertebrados inferiores que evitam a perda de sangue pela coagulação do</p><p>sangue.</p><p>O percentual do volume de sangue total ocupado pelas hemácias é chamado de hematócrito; o hematócrito de 40</p><p>indica que 40% do volume de sangue são compostos por hemácias. O hematócrito normal de mulheres adultas varia de 38 a</p><p>46% (média = 42), enquanto o de homens adultos varia entre 40 e 54% (média = 47). O hormônio testosterona, encontrado</p><p>em concentração muito mais elevada nos homens do que nas mulheres, estimula a síntese de eritropoetina (EPO), um</p><p>hormônio que, por sua vez, estimula a produção de hemácias. Dessa forma, a testosterona contribui para os hematócritos</p><p>mais altos nos homens. Valores mais baixos nas mulheres durante os anos férteis também podem ser decorrentes da perda</p><p>excessiva de sangue durante a menstruação. Uma queda significativa no hematócrito indica anemia, que consiste em</p><p>contagem de hemácias abaixo da normal. Na policitemia, o percentual de hemácias está anormalmente elevado e o</p><p>hematócrito pode ser de 65% ou mais, o que aumenta a viscosidade do sangue, acentua a resistência ao fluxo e dificulta o</p><p>bombeamento do sangue pelo coração. A viscosidade mais acentuada também contribui para elevação da pressão arterial e</p><p>do risco de AVE. As causas de policitemia são intensificação anormal da produção de hemácias, hipoxia tecidual,</p><p>desidratação, dopagem sanguínea e uso de EPO por atletas.</p><p>TABELA 19.1 Substâncias no plasma sanguíneo.</p><p>CONSTITUINTE DESCRIÇÃO FUNÇÃO</p><p>Água (91,5%)</p><p>Proteínas plasmáticas</p><p>(7%)</p><p>Porção líquida do sangue</p><p>A maioria é produzida pelo fígado</p><p>Solvente e meio de suspensão. Absorve, transporta e libera calor</p><p>Responsável pela pressão coloidosmótica. Principais contribuintes para a</p><p>viscosidade do sangue. Transportam hormônios (esteroides), ácidos graxos e</p><p>cálcio. Ajudam a regular o pH do sangue</p><p>Albumina Menor e mais numerosa proteína plasmática Auxilia a manter a pressão osmótica, um importante fator na troca de líquido</p><p>pelas paredes dos capilares sanguíneos</p><p>Globulinas Proteínas grandes (os plasmócitos produzem</p><p>imunoglobulinas)</p><p>As imunoglobulinas ajudam a atacar vírus e bactérias. Alfaglobulinas e</p><p>betaglobulinas transportam ferro, lipídios e vitaminas lipossolúveis</p><p>Fibrinogênio Proteína grande Tem participação essencial na coagulação sanguínea</p><p>Outros solutos (1,5%)</p><p>Eletrólitos Sais inorgânicos; Na+, K+, Ca2+, Mg2+ com</p><p>carga elétrica positiva (cátions); Cl–, HPO4</p><p>2–,</p><p>SO4</p><p>2–, HCO3</p><p>– com carga negativa (ânions)</p><p>Ajudam a manter a pressão osmótica e são essenciais nas funções celulares</p><p>Nutrientes Produtos da digestão como aminoácidos,</p><p>glicose, ácidos graxos, glicerol, vitaminas e</p><p>minerais</p><p>Essenciais nas funções celulares, no crescimento e desenvolvimento</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>4.</p><p>5.</p><p>6.</p><p>19.2</p><p>•</p><p>Gases Oxigênio (O2)</p><p>Dióxido de carbono (CO2)</p><p>Nitrogênio (N2)</p><p>Importante em muitas funções celulares</p><p>Envolvido na regulação do pH do sangue</p><p>Função não conhecida</p><p>Substâncias</p><p>reguladoras</p><p>Enzimas</p><p>Hormônios</p><p>Vitaminas</p><p>Catalisam reações químicas</p><p>Regulam o metabolismo, o crescimento e o desenvolvimento</p><p>Cofatores para reações enzimáticas</p><p>Produtos</p><p>residuais</p><p>Ureia, ácido úrico, creatina, creatinina,</p><p>bilirrubina, amônia</p><p>A maioria é subproduto do metabolismo proteico transportado pelo sangue</p><p>para os órgãos de excreção</p><p>Figura 19.2 Elementos figurados do sangue.</p><p>Os elementos figurados do sangue são as hemácias, os leucócitos e as plaquetas.</p><p>Que elementos figurados do sangue são fragmentos celulares?</p><p>TESTE RÁPIDO</p><p>De que maneira o plasma sanguíneo é semelhante ao líquido intersticial? Como se difere?</p><p>Que substâncias o sangue transporta?</p><p>Quantos quilogramas de sangue existem no seu corpo?</p><p>Como o volume de plasma sanguíneo no seu corpo se compara ao volume de líquido em uma garrafa de 2 ℓ de</p><p>CocaCola?</p><p>Enumere os elementos figurados existentes no plasma sanguíneo e descreva suas funções.</p><p>O que significa hematócrito mais alto e mais baixo que o normal?</p><p>Formação das células sanguíneas</p><p>OBJETIVO</p><p>Explicar a origem das células sanguíneas.</p><p>Embora alguns linfócitos vivam anos, a maioria dos elementos figurados do sangue dura apenas horas, dias ou semanas, e</p><p>a maioria precisa ser reposta continuamente. Sistemas de feedback negativo regulam a contagem total de hemácias e</p><p>plaquetas na circulação e, em geral, a contagem desses elementos permanece constante. A abundância de diferentes tipos de</p><p>leucócitos, no entanto, varia em resposta aos desafios impostos pelos patógenos invasores e por outros antígenos</p><p>estranhos.</p><p>O processo pelo qual os elementos figurados do sangue se desenvolvem é chamado de hemopoese, eritropoese ou</p><p>hematopoese. Antes do nascimento, a hemopoese ocorre primeiramente no saco vitelino do embrião e, depois, no fígado,</p><p>no baço, no timo e nos linfonodos do feto. A medula óssea vermelha se torna o principal local de hemopoese nos últimos 3</p><p>meses da gravidez e continua sendo a fonte de células sanguíneas depois do nascimento e ao longo da vida.</p><p>A medula óssea vermelha é um tecido conjuntivo extremamente vascularizado localizado nos espaços microscópicos</p><p>entre as trabéculas do tecido ósseo esponjoso. É encontrada principalmente nos ossos do esqueleto axial, nos cíngulos dos</p><p>membros superiores e inferiores e nas epífises proximais do úmero e fêmur. De 0,05 a 0,1% das células da medula óssea</p><p>vermelha são chamadas de célulastronco pluripotentes ou hemocitoblastos, que são derivadas do mesênquima (tecido a</p><p>partir do qual a maioria dos tecidos conjuntivos evolui). Essas células são capazes de se desenvolver em muitos tipos de</p><p>células diferentes (Figura 19.3). Nos recémnascidos, toda</p><p>a medula óssea é vermelha e, portanto, ativa na produção de</p><p>células sanguíneas. Com o envelhecimento do indivíduo, a velocidade de formação de células sanguíneas diminui; a medula</p><p>óssea vermelha na cavidade medular dos ossos longos se torna inativa e é substituída por medula óssea amarela, formada</p><p>principalmente por células gordurosas. Em determinadas condições, como sangramentos graves, a medula óssea amarela</p><p>pode voltar a ser medula óssea vermelha; isso ocorre porque célulastronco formadoras de sangue da medula óssea</p><p>vermelha vão para medula óssea amarela, que é repovoada por célulastronco pluripotentes.</p><p>Figura 19.3 Origem, desenvolvimento e estrutura das células sanguíneas. Algumas gerações de algumas linhagens celulares foram</p><p>omitidas.</p><p>A produção de células sanguíneas, chamada de hemopoese, ocorre principalmente na medula óssea vermelha</p><p>depois do nascimento.</p><p>A partir de que células do tecido conjuntivo evoluem as célulastronco pluripotentes?</p><p>As célulastronco na medula óssea vermelha se reproduzem, proliferam e se diferenciam em células que dão origem a</p><p>células sanguíneas, macrófagos, células reticulares, mastócitos e adipócitos. Algumas célulastronco podem também</p><p>formar osteoblastos, condroblastos e células musculares, que podem ser usadas como fonte de tecido ósseo, cartilaginoso e</p><p>muscular com finalidade de reposição orgânica e tecidual. As células reticulares produzem fibras reticulares, que formam o</p><p>estroma que dá suporte às células da medula óssea vermelha. Sangue das artérias nutrícias e metafisárias (ver Figura 6.4)</p><p>penetra no osso e passa para capilares dilatados e permeáveis, chamados seios, que circundam as fibras e as células da</p><p>medula óssea vermelha. Depois da formação das células sanguíneas, elas entram nos seios e em outros vasos sanguíneos e</p><p>deixam o osso pelas veias nutrícias e periosteais (ver Figura 6.4). Com exceção dos linfócitos, os elementos figurados não</p><p>se dividem depois que deixam a medula óssea vermelha.</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA | Exame da medula óssea</p><p>Às vezes, uma amostra de medula óssea vermelha precisa ser obtida para diagnosticar certos problemas sanguíneos, como leucemia e anemias graves. O exame da</p><p>medula óssea pode envolver aspiração da medula óssea (retirada de uma pequena amostra de medula óssea vermelha com uma seringa ou agulha na) ou biopsia</p><p>de medula óssea (remoção de uma amostra de medula óssea vermelha com uma agulha mais calibrosa).</p><p>Em geral, os dois tipos de amostras são retirados da crista ilíaca do osso do quadril, embora, muitas vezes, sejam aspiradas do esterno. Em crianças pequenas, as</p><p>amostras de medula óssea são coletadas de uma vértebra ou da tíbia. Depois disso, a amostra celular ou tecidual é enviada para análise laboratorial. Especi camente,</p><p>os técnicos laboratoriais buscam sinais de células neoplásicas (câncer) ou outras alterações celulares a m de ajudar o diagnóstico.</p><p>A fim de formar células sanguíneas, as célulastronco pluripotentes na medula óssea vermelha produzem mais dois</p><p>tipos de célulastronco, que possuem a capacidade de se desenvolver em vários tipos celulares. Essas célulastronco são</p><p>chamadas de célulastronco mieloides e célulastronco linfoides. As célulastronco mieloides começam o seu</p><p>desenvolvimento na medula óssea vermelha e dão origem a hemácias, plaquetas, monócitos, neutrófilos, eosinófilos,</p><p>basófilos e mastócitos. As célulastronco linfoides, que dão origem aos linfócitos, começam o seu desenvolvimento na</p><p>medula óssea vermelha, porém o completam nos tecidos linfáticos. As célulastronco linfoides também originam as células</p><p>natural killer (NK). Embora as diversas célulastronco apresentem diferentes marcadores de identidade celular nas suas</p><p>membranas plasmáticas, elas não podem ser distinguidas histologicamente e se assemelham aos linfócitos.</p><p>Durante a hemopoese, algumas das célulastronco mieloides se diferenciam em células progenitoras. Outras células</p><p>tronco mieloides e as célulastronco linfoides se desenvolvem diretamente nas células precursoras (descritas a seguir). As</p><p>células progenitoras não são mais capazes de se reproduzir e estão comprometidas a dar origem a elementos mais</p><p>específicos do sangue. Algumas células progenitoras são conhecidas como unidades formadoras de colônia (UFC). Depois</p><p>da designação UFC vem a abreviação que indica os elementos maduros no sangue que vão produzir: UFCE produz</p><p>eritrócitos (hemácias); UFCMeg produz megacariócitos, a fonte das plaquetas; e UFCGM produz granulócitos (sobretudo</p><p>neutrófilos) e monócitos (ver Figura 19.3). Células progenitoras, como as célulastronco, lembram linfócitos e não podem</p><p>ser diferenciadas apenas por sua aparência microscópica.</p><p>Na geração seguinte, as células são chamadas de células precursoras, também conhecidas como blastos. Depois de</p><p>várias divisões, elas se desenvolvem nos elementos figurados do sangue propriamente ditos. Por exemplo, os monoblastos</p><p>se tornam monócitos, os mieloblastos eosinofílicos se tornam eosinófilos e assim por diante. As células precursoras</p><p>apresentam aparências microscópicas reconhecíveis.</p><p>Vários hormônios chamados de fatores de crescimento hematopoéticos regulam a diferenciação e a proliferação de</p><p>células progenitoras específicas. A eritropoetina (EPO) aumenta o número de células precursoras de hemácias. A EPO é</p><p>produzida principalmente por células que se encontram entre os túbulos renais (células intersticiais peritubulares). Em caso</p><p>de insuficiência renal, a liberação de EPO fica mais lenta e a produção de hemácias inadequada, o que leva à diminuição do</p><p>hematócrito e da capacidade de levar oxigênio aos tecidos corporais. A trombopoetina (TPO) é um hormônio produzido</p><p>pelo fígado que estimula a formação de plaquetas a partir dos megacariócitos. Várias citocinas diferentes regulam o</p><p>desenvolvimento de tipos distintos de células sanguíneas. Citocinas são pequenas glicoproteínas tipicamente produzidas</p><p>por células como as da medula óssea vermelha, leucócitos, macrófagos, fibroblastos e células endoteliais. Em geral, atuam</p><p>como hormônios locais (autócrinos ou parácrinos; ver Capítulo 18). As citocinas estimulam a proliferação de células</p><p>progenitoras na medula óssea vermelha e regulam as atividades de células envolvidas nas defesas inespecíficas (como</p><p>fagócitos) e respostas imunes (como células B e T). Os fatores estimuladores de colônia (FEC) e as interleucinas (IL)</p><p>são duas importantes famílias de citocinas que estimulam a formação de leucócitos.</p><p>7.</p><p>8.</p><p>19.3</p><p>•</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA | Usos médicos dos fatores de crescimento</p><p>hematopoéticos</p><p>Os fatores de crescimento hematopoéticos disponibilizados pela tecnologia de DNA recombinante têm enorme potencial para usos médicos quando a capacidade</p><p>natural da pessoa de formar novas células sanguíneas está diminuída ou defeituosa. A forma arti cial da eritropoetina (epoetina alfa) é muito efetiva no tratamento</p><p>do comprometimento da produção de hemácias que acompanha a doença renal em estágio terminal. Fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos e</p><p>FEC de macrófagos são fornecidos para estimular a formação de leucócitos nos pacientes com câncer submetidos à quimioterapia, que mata as células da medula</p><p>óssea vermelha bem como as células cancerígenas, pois as duas células se encontram em mitose. (Lembre-se de que os leucócitos ajudam a proteger contra doenças.)</p><p>A trombopoetina parece ser uma grande promessa na prevenção da depleção das plaquetas, que são necessárias para a coagulação sanguínea, durante a</p><p>quimioterapia. Os FEC e a trombopoetina também melhoram o desfecho dos pacientes que recebem transplantes de medula óssea. Os fatores de crescimento</p><p>hematopoéticos também são usados para tratar trombocitopenia em neonatos, outros distúrbios da coagulação e vários tipos de anemia.</p><p>TESTE RÁPIDO</p><p>Quais fatores de crescimento</p><p>hematopoéticos regulam a diferenciação e a proliferação de UFCE e a formação</p><p>de plaquetas a partir de megacariócitos?</p><p>Descreva a formação das plaquetas a partir das célulastronco pluripotentes, incluindo a influência dos</p><p>hormônios.</p><p>Hemácias (eritrócitos)</p><p>OBJETIVO</p><p>Descrever a estrutura, as funções, o ciclo de vida e a produção das hemácias.</p><p>As hemácias ou eritrócitos contêm a proteína carreadora de oxigênio hemoglobina, que consiste em um pigmento que</p><p>confere ao sangue sua cor vermelha. Um adulto saudável do sexo masculino possui cerca de 5,4 milhões de hemácias por</p><p>microlitro (μℓ) de sangue* e uma mulher adulta saudável possui cerca de 4,8 milhões. (Uma gota de sangue contém cerca</p><p>de 50 μ ℓ .) Para manter a contagem normal de hemácias, novas células maduras precisam entrar na circulação na</p><p>impressionante velocidade de, pelo menos, 2 milhões por segundo, um ritmo que contrabalanceia a taxa igualmente alta de</p><p>destruição das hemácias.</p><p>Anatomia das hemácias</p><p>As hemácias são discos bicôncavos, com 7 a 8 μm de diâmetro (Figura 19.4A). (Lembrese de que 1 μm = 1/10.000 de 1</p><p>cm ou 1/1.000 de 1 mm.) As hemácias maduras apresentam uma estrutura simples. Sua membrana plasmática é, ao mesmo</p><p>tempo, resistente e flexível, o que possibilita a deformação eritrocitária sem ruptura quando as hemácias atravessam</p><p>capilares sanguíneos estreitos. De acordo com o que será abordado posteriormente, certos glicolipídios na membrana</p><p>plasmática das hemácias são antígenos responsáveis pelos vários grupos sanguíneos como ABO e Rh. As hemácias não</p><p>possuem núcleo e outras organelas e não podem se reproduzir nem realizar atividades metabólicas intensas. O citosol das</p><p>hemácias contém moléculas de hemoglobina; essas importantes moléculas são sintetizadas antes da perda do núcleo durante</p><p>a fase de produção da hemácia e constituem cerca de 33% do peso da célula.</p><p>Fisiologia das hemácias</p><p>As hemácias são muito especializadas na sua função de transportar oxigênio. Visto que hemácias maduras não possuem</p><p>núcleo, todo seu espaço interno fica disponível para o transporte de oxigênio. Uma vez que não possuem mitocôndrias e</p><p>geram ATP de forma anaeróbica (sem oxigênio), elas não utilizam o oxigênio que transportam. Até mesmo o formato da</p><p>hemácia facilita sua função. O disco bicôncavo possui uma área de superfície muito maior para a difusão de moléculas de</p><p>gás para dentro e para fora da hemácia do que uma esfera ou um cubo.</p><p>Cada hemácia contém cerca de 280 milhões de moléculas de hemoglobina. Uma molécula de hemoglobina consiste em</p><p>uma proteína chamada globina, composta por quatro cadeias polipeptídicas (duas cadeias alfa e duas beta), e um pigmento</p><p>não proteico anular chamado heme (Figura 19.4B), que está ligado a cada uma das quatro cadeias. No centro de cada anel</p><p>de heme, encontrase um íon ferro (Fe2+) que pode se combinar reversivamente com uma molécula de oxigênio (Figura</p><p>19.4C), possibilitando que cada molécula de hemoglobina se ligue a 4 moléculas de oxigênio. Cada molécula de oxigênio</p><p>captada dos pulmões ligase a um íon ferro. À medida que o sangue flui pelos capilares teciduais, a reação ferrooxigênio</p><p>se inverte. A hemoglobina libera oxigênio, que se difunde primeiro para o líquido intersticial e, depois, para as células.</p><p>A hemoglobina também transporta cerca de 23% do dióxido de carbono total, um subproduto do metabolismo. (O</p><p>dióxido de carbono remanescente é dissolvido no plasma ou carreado na forma de íons bicarbonato.) O sangue que flui</p><p>pelos capilares sanguíneos capta dióxido de carbono e parte dele se combina com aminoácidos na parte globina da</p><p>hemoglobina. Conforme o sangue flui pelos pulmões, o dióxido de carbono é liberado da hemoglobina e, depois disso, é</p><p>exalado.</p><p>Figura 19.4 Formatos de uma hemácia e uma molécula de hemoglobina. Em (B), observe que cada uma das quatro cadeias</p><p>polipetídicas de uma molécula de hemoglobina (azul) apresenta um grupo heme (dourado), que contém um íon ferro (Fe2+), mostrado em</p><p>vermelho.</p><p>A porção de ferro de um grupo heme se liga ao oxigênio para ser transportada pela hemoglobina.</p><p>Quantas moléculas de O2 uma molécula de hemoglobina consegue transportar?</p><p>Além da funçãochave no transporte de oxigênio e dióxido de carbono, a hemoglobina também participa na regulação</p><p>do fluxo sanguíneo e da pressão arterial. O hormônio gasoso óxido nítrico (NO), produzido pelas células endoteliais que</p><p>revestem os vasos sanguíneos, se liga à hemoglobina. Sob algumas circunstâncias, a hemoglobina libera NO. O NO</p><p>liberado causa vasodilatação, um aumento do diâmetro do vaso sanguíneo que ocorre quando o músculo liso na parede dos</p><p>vasos relaxa. A vasodilatação melhora o fluxo de sangue e aumenta o fornecimento de oxigênio para as células próximas do</p><p>local de liberação do NO.</p><p>As hemácias também contêm a enzima anidrase carbônica (CA), que catalisa a conversão de dióxido de carbono e água</p><p>em ácido carbônico, que, por sua vez, se dissocia em H+ e HCO3</p><p>–. Toda a reação é reversível e resumida da seguinte</p><p>maneira:</p><p>Essa reação é importante por dois motivos: (1) permite que cerca de 70% do CO2 seja transportado no plasma</p><p>sanguíneo das células teciduais para os pulmões na forma de HCO3</p><p>– (ver Capítulo 23) e (2) também serve como um</p><p>importante tampão no líquido extracelular (ver Capítulo 27).</p><p>Ciclo de vida das hemácias</p><p>As hemácias vivem aproximadamente 120 dias devido ao desgaste que suas membranas plasmáticas sofrem ao atravessar</p><p>os capilares sanguíneos. Como não têm núcleo e outras organelas, as hemácias não conseguem sintetizar novos</p><p>componentes para repor os danificados. A membrana plasmática fica mais frágil com o avanço da idade e as hemácias mais</p><p>propensas a se romper, especialmente à medida que são comprimidas pelos canais estreitos no baço. As hemácias rompidas</p><p>são removidas da circulação e destruídas por macrófagos fagocíticos presentes no baço e no fígado e os produtos da sua</p><p>degradação são reciclados e usados em vários processos metabólicos, inclusive formação de novas hemácias. A reciclagem</p><p>ocorre da seguinte maneira (Figura 19.5):</p><p>Figura 19.5 Formação e destruição das hemácias e reciclagem dos componentes da hemoglobina. Após deixar a medula óssea</p><p>vermelha, as hemácias circulam por cerca de 120 dias antes de serem fagocitadas pelos macrófagos.</p><p>A taxa de formação das hemácias pela medula óssea vermelha se iguala à taxa de destruição pelos macrófagos.</p><p>Qual é a função da transferrina?</p><p>Os macrófagos no baço, no fígado ou na medula óssea vermelha fagocitam hemácias rompidas ou gastas.</p><p>As porções globina e heme da hemoglobina são separadas.</p><p>A globina é degradada em aminoácidos, que podem ser reutilizados na síntese de outras proteínas.</p><p>O ferro é removido da porção heme na forma de Fe3+, que se associa à proteína plasmática transferrina, um</p><p>transportador de Fe3+ na corrente sanguínea.</p><p>Nas fibras musculares, nos hepatócitos e nos macrófagos do baço e do fígado, o Fe3+ se desliga da transferrina e se</p><p>fixa a uma proteína que armazena ferro chamada ferritina.</p><p>Ao ser liberado de um local de reserva ou absorvido do sistema digestório, o Fe3+ se fixa novamente à transferrina.</p><p>O complexo Fe3+–transferrina é levado para a medula óssea vermelha, onde as células precursoras de hemácias os</p><p>captam por meio de endocitose mediada por receptores (ver Figura 3.12) para uso na síntese de hemoglobina. O ferro</p><p>é necessário para a porção heme da molécula de hemoglobina e os aminoácidos para a porção globina. A vitamina B12</p><p>também é essencial para a síntese de hemoglobina.</p><p>A eritropoese na medula óssea vermelha resulta na produção de hemácias, que entram na circulação.</p><p>Quando o ferro é removido da heme, a porção sem ferro da heme é convertida em biliverdina, um pigmento verde e,</p><p>em seguida, em bilirrubina, um pigmento amareloalaranjado.</p><p>A bilirrubina entra no sangue e é transportada para o fígado.</p><p>No fígado, a bilirrubina é liberada pelos hepatócitos na bile, passa para o intestino delgado e, depois, para o intestino</p><p>grosso.</p><p>No intestino grosso, bactérias convertem bilirrubina em urobilinogênio.</p><p>Parte do urobilinogênio é absorvida de volta ao sangue, convertida em um pigmento amarelo chamado urobilina e</p><p>excretado na urina.</p><p>A maior parte do urobilinogênio é eliminada nas fezes na forma de um pigmento marrom chamado de estercobilina,</p><p>que confere às fezes sua cor característica.</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA | Sobrecarga de ferro e dano tecidual</p><p>Uma vez que íons ferro livres (Fe2+ e Fe3+) se ligam a moléculas nas células ou no sangue e as dani cam, a transferrina e a ferritina atuam como “escoltas proteicas “</p><p>protetoras durante o transporte e o armazenamento dos íons ferro. Por isso, o plasma praticamente não tem ferro livre. Além disso, apenas pequenas quantidades</p><p>estão disponíveis dentro das células corporais para uso na síntese de moléculas contendo ferro como os pigmentos citocromos necessários para a produção de ATP na</p><p>mitocôndria (ver Figura 25.9). Em casos de sobrecarga de ferro, a concentração de ferro no corpo sobe. Por não termos um método de eliminação do ferro</p><p>excessivo, qualquer condição que promova o aumento da absorção de ferro da dieta pode causar sobrecarga de ferro. A certa altura, as proteínas transferrina e</p><p>ferritina se tornam saturadas com íons ferro e a concentração de ferro livre aumenta. Doenças do fígado, coração, ilhotas pancreáticas e gônadas são consequências</p><p>comuns da sobrecarga de ferro. A sobrecarga de ferro também possibilita a proliferação de certos organismos dependentes de ferro. Em geral, esses micróbios não são</p><p>patogênicos, mas se multiplicam com rapidez e podem causar efeitos letais em um curto período de tempo na presença de ferro livre.</p><p>Eritropoese | Produção de hemácias</p><p>A eritropoese, que consiste na produção de hemácias, começa na medula óssea vermelha com uma célula precursora</p><p>chamada proeritroblasto (ver Figura 19.3). O proeritroblasto se divide várias vezes, produzindo células que começam a</p><p>sintetizar hemoglobina. Por fim, perto do final da sequência de desenvolvimento o núcleo é ejetado e se torna um</p><p>reticulócito. A perda do núcleo faz com que o centro da célula sofra uma endentação, produzindo o formato bicôncavo</p><p>diferencial das hemácias. Os reticulócitos retêm algumas mitocôndrias, ribossomos e retículo endoplasmático. Os</p><p>reticulócitos passam da medula óssea vermelha para a corrente sanguínea se espremendo entre as células endoteliais dos</p><p>capilares sanguíneos. Os reticulócitos se tornam hemácias maduras no período de 1 a 2 dias depois da sua liberação da</p><p>medula óssea vermelha.</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA | Contagem de reticulócitos</p><p>A taxa de eritropoese é medida pela contagem de reticulócitos. Normalmente, um pouco menos de 1% das hemácias mais antigas é substituído pelos recém-</p><p>chegados reticulócitos todos os dias. É preciso 1 ou 2 dias para que os reticulócitos percam seus últimos vestígios de retículo endoplasmático e se tornem hemácias</p><p>maduras. Assim, a contagem de reticulócitos variando de 0,5 a 1,5% de todas as hemácias em uma amostra de sangue é normal. A contagem baixa na pessoa</p><p>anêmica pode indicar carência de eritropoetina ou incapacidade da medula óssea vermelha de responder à EPO, talvez por conta de de ciência nutricional ou</p><p>leucemia. A contagem elevada pode indicar resposta boa da medula óssea vermelha à perda de sangue prévia ou reposição de ferro em alguém que apresentou</p><p>de ciência de ferro. Também pode apontar o uso ilegal de epoetina alfa por um atleta.</p><p>Normalmente, a eritropoese e a destruição de hemácias quase se equivalem. Se a capacidade de transportar oxigênio do</p><p>sangue diminui porque a eritropoese não está acompanhando a velocidade de destruição das hemácias, um sistema de</p><p>feedback negativo aumenta a produção de hemácias (Figura 19.6). A condição controlada é o aporte de oxigênio aos tecidos</p><p>corporais. A deficiência de oxigênio celular, chamada de hipoxia, pode ocorrer se muito pouco oxigênio entrar no sangue.</p><p>Por exemplo, o conteúdo mais baixo de oxigênio nas altitudes elevadas reduz o teor de oxigênio no sangue. O aporte de</p><p>oxigênio também pode cair em decorrência de anemia, que tem muitas causas, tais como a falta de ferro, de certos</p><p>aminoácidos e de vitamina B12 (ver Distúrbios | Desequilíbrios homeostáticos ao final deste capítulo). Problemas</p><p>circulatórios que reduzem o fluxo de sangue para os tecidos também podem diminuir o aporte de oxigênio. Independente da</p><p>causa, a hipoxia estimula os rins a intensificar a liberação de eritropoetina, acelerando o desenvolvimento dos</p><p>proeritroblastos em reticulócitos na medula óssea vermelha. Conforme a quantidade de hemácias circulantes aumenta, mais</p><p>oxigênio pode ser levado aos tecidos do corpo.</p><p>Figura 19.6 Regulação da eritropoese (formação de hemácias) por feedback negativo. Quantidade mais baixa de oxigênio no ar em</p><p>altitudes elevadas, anemia e problemas circulatórios podem reduzir o fornecimento de oxigênio aos tecidos corporais.</p><p>O principal estímulo à eritropoese é a hipoxia, que consiste na diminuição da capacidade de transportar oxigênio</p><p>do sangue.</p><p>Que alterações podem ocorrer no hematócrito quando nos mudamos de uma cidade ao nível do mar para</p><p>9.</p><p>10.</p><p>11.</p><p>19.4</p><p>•</p><p>•</p><p>uma vila no alto da montanha?</p><p>Não raro, bebês prematuros exibem anemia, em parte devido à produção inadequada de eritropoetina. Durante as</p><p>primeiras semanas depois do nascimento, o fígado, e não os rins, produz a maior parte da EPO. Uma vez que o fígado é</p><p>menos sensível que os rins à hipoxia, os recémnascidos apresentam uma resposta menor da EPO à anemia que os adultos.</p><p>Visto que a hemoglobina fetal (hemoglobina presente ao nascimento) carreia até 30% mais oxigênio, a perda de</p><p>hemoglobina fetal, devido à produção insuficiente de eritropoetina, piora a anemia.</p><p>TESTE RÁPIDO</p><p>Descreva o tamanho, a aparência microscópica e as funções das hemácias.</p><p>Como a hemoglobina é reciclada?</p><p>O que é eritropoese? Como a eritropoese afeta o hematócrito? Que fatores aceleram e retardam a eritropoese?</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA | Dopagem sanguínea</p><p>O fornecimento de oxigênio aos músculos é um fator limitante dos feitos musculares desde o levantamento de peso até a corrida de maratona. Em consequência</p><p>disso, aumentar a capacidade de transporte de oxigênio do sangue melhora o desempenho atlético, sobretudo em eventos de resistência. Uma vez que hemácias</p><p>transportam oxigênio, os atletas tentam vários meios de elevar a contagem dessas células, o que é conhecido como doping sanguíneo ou policitemia induzida</p><p>arti cialmente (uma contagem anormalmente elevada de hemácias) a m de adquirir uma margem competitiva. Os atletas aumentam sua produção de hemácias</p><p>injetando epoetina alfa, um agente usado para tratar anemia por meio da estimulação da produção de hemácias pela medula óssea vermelha. As práticas que</p><p>elevam a contagem de hemácias são perigosas porque tornam o sangue mais viscoso, aumentando a resistência ao uxo sanguíneo e di cultando o bombeamento</p><p>do sangue pelo coração. A viscosidade maior também contribui para a elevação da pressão arterial e do risco de acidente vascular cerebral ou encefálico. Durante a</p><p>década de 1980, pelo menos 15 ciclistas que participavam de competições morreram de infarto do miocárdio ou AVE relacionados com a suspeita de uso de epoetina</p><p>alfa. Embora o Comitê Olímpico Internacional tenha banido o uso da epoetina alfa, o controle é difícil porque essa substância é idêntica à eritropoetina natural (EPO).</p><p>O doping sanguíneo natural é a chave do sucesso dos maratonistas do Quênia. A altitude média no Quênia é de cerca de 1.830 metros acima do nível do mar e</p><p>existem regiões ainda mais altas. O treino na altitude melhora muito o condicionamento, a</p><p>resistência e o desempenho. Nessas altitudes, o corpo intensi ca a</p><p>produção de hemácias, o que quer dizer que o exercício oxigena bastante o sangue. Quando esses corredores competem em Boston, por exemplo, em altitude pouco</p><p>acima do nível do mar, seus corpos contêm mais eritrócitos do que os dos outros competidores que treinaram em Boston. Inúmeros campos de treinamento foram</p><p>estabelecidos no Quênia e, hoje em dia, atraem atletas de resistência de todo o mundo.</p><p>Leucócitos</p><p>OBJETIVO</p><p>Descrever a estrutura, as funções e a produção dos leucócitos.</p><p>Tipos de leucócitos</p><p>Diferentemente das hemácias, os leucócitos possuem núcleos e um complemento total de outras organelas, porém não</p><p>contêm hemoglobina. Os leucócitos são classificados como granulócitos ou agranulares agranulócitos, dependendo se</p><p>contêm notáveis grânulos citoplasmáticos cheios de substâncias químicas (vesículas) que se tornam visíveis com coloração</p><p>quando visualizados pelo microscópio óptico. Os leucócitos granulócitos englobam os neutrófilos, os eosinófilos e os</p><p>basófilos; os leucócitos agranulócitos abarcam os linfócitos e os monócitos. Conforme mostrado na Figura 19.3, os</p><p>monócitos e os leucócitos granulócitos se desenvolvem a partir de célulastronco mieloides. Em contrapartida, os linfócitos</p><p>evoluem a partir de célulastronco linfoides.</p><p>Leucócitos granulócitos</p><p>Depois da coloração, cada um dos três tipos de leucócitos granulócitos demonstra grânulos, com colorações distintas, que</p><p>podem ser reconhecidos no microscópio óptico. Os leucócitos granulócitos podem ser diferenciados da seguinte maneira:</p><p>Neutrófilos. Os grânulos do neutrófilo são menores que os dos outros leucócitos granulócitos, são distribuídos de</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>maneira uniforme e apresentam cor lilásclara (Figura 19.7A). Uma vez que os grânulos não atraem fortemente nem o</p><p>corante ácido (vermelho) nem o básico (azul), esses leucócitos são neutrofílicos (= neutros). O núcleo apresenta dois a</p><p>cinco lobos conectados por filamentos muito finos de material nuclear. Conforme o leucócito envelhece, o número de</p><p>lobos nucleares aumenta. Como os neutrófilos mais velhos apresentam lobos nucleares de vários formatos diferentes,</p><p>muitas vezes, são chamados de leucócitos polimorfonucleares (PMN)</p><p>Eosinófilos. Os grânulos grandes e de tamanho uniforme dentro de um eosinófilo são eosinofílicos (atraídos pela</p><p>eosina) – eles se coram de vermelhoalaranjado com corantes ácidos (Figura 19.7B). Em geral, os grânulos não cobrem</p><p>ou obscurecem o núcleo, que, na maioria das vezes, possui dois lobos conectados por um filamento fino ou um</p><p>filamento espesso de material nuclear</p><p>Basófilos. Os grânulos redondos e de tamanho variado de um basófilo são basofílicos (atraídos pela base) – eles se</p><p>coram de azularroxeado com corantes básicos (Figura 19.7C). Os grânulos comumente obscurecem o núcleo, que</p><p>apresenta dois lobos.</p><p>Leucócitos agranulócitos</p><p>Embora os chamados leucócitos agranulócitos possuam grânulos citoplasmáticos, eles não são visíveis ao microscópio</p><p>óptico devido ao seu pequeno tamanho e baixa afinidade pelos corantes.</p><p>Linfócitos. O núcleo de um linfócito possui uma coloração escura e é redondo ou discretamente endentado (Figura</p><p>19.7D). O citoplasma se cora de azulceleste e forma uma margem ao redor do núcleo. Quanto maior a célula, mais</p><p>visível o citoplasma. Os linfócitos são classificados de acordo com o diâmetro celular como linfócitos grandes (10 a 14</p><p>μm) ou pequenos (6 a 9 μm). Embora a importância funcional da diferença de tamanho entre os linfócitos pequenos e</p><p>grandes não seja conhecida, a distinção é útil do ponto de vista clínico porque a elevação da contagem de linfócitos</p><p>grandes tem importância diagnóstica nas infecções virais agudas e em algumas doenças causadas por imunodeficiência</p><p>Monócitos. O núcleo de um monócito normalmente tem forma de rim ou de ferradura e o citoplasma é azul</p><p>acinzentado e possui uma aparência espumosa (Figura 19.7E). A cor e a aparência do citoplasma são decorrentes de</p><p>grânulos azurofílicos muito finos, que são os lisossomos. O sangue é meramente um conduto para os monócitos, que</p><p>migram do sangue para os tecidos, onde crescem e se diferenciam em macrófagos. Alguns se tornam macrófagos</p><p>fixos (tecido), o que quer dizer que residem em um tecido particular; os macrófagos alveolares nos pulmões ou</p><p>macrófagos no baço são alguns exemplos. Outros se tornam macrófagos nômades, que vagam pelos tecidos e se</p><p>reúnem em locais de infecção ou inflamação.</p><p>Figura 19.7 Tipos de leucócitos.</p><p>As formas dos núcleos e as propriedades de coloração dos grânulos citoplasmáticos distinguem os leucócitos uns</p><p>dos outros.</p><p>Quais leucócitos são chamados de granulócitos? Por quê?</p><p>Os leucócitos e todas as outras células nucleadas do corpo apresentam proteínas, chamadas de complexo de</p><p>histocompatibilidade principal (MHC) ou HLA (human leukocyte antigen), que se projetam da membrana plasmática no</p><p>líquido extracelular. Esses “marcadores de identidade celular” são únicos para cada pessoa (exceto gêmeos idênticos).</p><p>Embora as hemácias possuam antígenos de grupo sanguíneo, eles não apresentam antígenos MHC.</p><p>Funções dos leucócitos</p><p>Em um corpo saudável, alguns leucócitos, sobretudo os linfócitos, podem viver vários meses ou anos, porém a maioria</p><p>sobrevive apenas alguns dias. Durante um período de infecção, leucócitos fagocitários podem durar apenas algumas horas.</p><p>Os leucócitos são muito menos numerosos do que hemácias, cerca de 5.000 a 10.000 células por microlitro de sangue; a</p><p>quantidade de hemácias excede a de leucócitos em uma proporção aproximada de 700:1. A leucocitose, que consiste no</p><p>aumento da quantidade de leucócitos acima de 10.000/μℓ, é uma resposta de proteção normal a estresses como organismos</p><p>invasores, exercício vigoroso, anestesia e cirurgia. O nível anormalmente baixo de leucócitos (abaixo de 5.000/μ ℓ ) é</p><p>chamado leucopenia. Nunca é benéfico e pode ser causado por radiação, choque e certos agentes quimioterápicos.</p><p>A pele e as túnicas mucosas do corpo são continuamente expostas a micróbios e suas toxinas. Alguns desses</p><p>organismos podem invadir tecidos mais profundos e causar doenças. Quando patógenos entram no corpo, a função geral</p><p>dos leucócitos é combatêlos por fagocitose ou respostas imunes. Para realizar essas tarefas, muitos leucócitos deixam a</p><p>corrente sanguínea e se reúnem em locais de invasão patogênica ou inflamação. Uma vez que os leucócitos granulócitos e</p><p>os monócitos deixam a corrente sanguínea para combater alguma lesão ou infecção, eles nunca retornam. Os linfócitos, por</p><p>outro lado, voltam a circular de maneira contínua – do sangue para os espaços intersticiais dos tecidos, para o líquido</p><p>linfático e de volta ao sangue. Apenas 2% da população total de linfócitos encontramse circulando no sangue em um</p><p>determinado momento; o restante se encontra no líquido linfático e em órgãos como pele, pulmões, linfonodos e baço.</p><p>As hemácias ficam contidas na corrente sanguínea, porém os leucócitos deixam a corrente sanguínea por meio de um</p><p>processo chamado emigração, também chamado de diapedese, no qual se movimentam ao longo do endotélio, se fixam</p><p>nele e, em seguida, se comprimem entre as células endoteliais (Figura 19.8). Os sinais precisos que estimulam a emigração</p><p>por um vaso sanguíneo em particular variam para os diferentes tipos de leucócitos. Moléculas conhecidas como moléculas</p><p>de adesão ajudam os leucócitos a se fixarem ao endotélio. Por exemplo, células endoteliais demonstram moléculas de</p><p>adesão chamadas selectinas em resposta a lesão e inflamação próxima. As selectinas se fixam a carboidratos na superfície</p><p>dos neutrófilos, fazendo com que fiquem</p><p>mais lentos e se movimentem ao longo da superfície endotelial. Na superfície dos</p><p>neutrófilos, há outras moléculas de adesão chamadas integrinas, que fixam os neutrófilos ao endotélio e ajudam o seu</p><p>movimento pela parede do vaso sanguíneo e no líquido intersticial do tecido lesionado.</p><p>Neutrófilos e macrófagos são ativos na fagocitose; são capazes de ingerir bactérias e destruir matéria morta (ver</p><p>Figura 3.13). Várias substâncias químicas diferentes liberadas por micróbios e tecidos inflamados atraem os fagócitos, um</p><p>fenômeno chamado de quimiotaxia. As substâncias que estimulam a quimiotaxia incluem as toxinas produzidas por</p><p>micróbios; as cininas, que são produtos especializados de tecidos danificados; e alguns dos fatores estimuladores de</p><p>colônia (FEC). Os FEC também intensificam a atividade fagocitária dos neutrófilos e macrófagos.</p><p>Entre os leucócitos, os neutrófilos respondem mais rapidamente à destruição tecidual causada pelas bactérias. Depois</p><p>de engolfar um patógeno durante a fagocitose, o neutrófilo libera várias substâncias químicas que destroem este patógeno.</p><p>Essas substâncias químicas incluem a enzima lisozima, que destrói determinadas bactérias, e fortes oxidantes, como o</p><p>ânion superóxido (O2</p><p>–), peróxido de hidrogênio (H2O2) e o ânion hipocloreto (OCl–), que é similar ao alvejante doméstico.</p><p>Os neutrófilos também contêm defensinas, proteínas que exibem uma ampla variedade de atividade antibiótica contra</p><p>fungos e bactérias. No neutrófilo, vesículas contendo defensinas emergem com fagossomos contendo micróbios. As</p><p>defensinas formam “lanças” peptídicas que perfuram as membranas microbianas; a perda resultante dos conteúdos celulares</p><p>mata o invasor.</p><p>Figura 19.8 Emigração de leucócitos.</p><p>As moléculas de adesão (selectinas e integrinas) ajudam na emigração de leucócitos da corrente sanguínea para o</p><p>líquido intersticial.</p><p>De que maneira o “padrão de trânsito” dos linfócitos no corpo é diferente dos outros leucócitos?</p><p>Os eosinófilos deixam os capilares e entram no líquido tecidual. Acreditase que liberem enzimas, como a</p><p>histaminase, que combatem os efeitos da histamina e outras substâncias envolvidas na inflamação durante reações</p><p>alérgicas. Os eosinófilos também fagocitam complexos antígeno–anticorpo e são efetivos contra alguns parasitas. Muitas</p><p>vezes, uma contagem de eosinófilos elevada indica uma condição alérgica ou uma parasitose.</p><p>Nos locais de inflamação, os basófilos deixam os capilares, entram nos tecidos e liberam grânulos que contêm</p><p>heparina, histamina e serotonina. Essas substâncias intensificam a reação inflamatória e estão envolvidas em reações de</p><p>hipersensibilidade (alérgicas). Os basófilos demonstram função similar aos mastócitos, células de tecido conjuntivo que se</p><p>originam das célulastronco pluripotentes na medula óssea vermelha. Assim como os basófilos, os mastócitos liberam</p><p>substâncias envolvidas na inflamação, inclusive heparina, histamina e proteases. Os mastócitos estão amplamente dispersos</p><p>no corpo, sobretudo nos tecidos conjuntivos da pele e nas túnicas mucosas dos sistemas respiratório e digestório.</p><p>Os linfócitos são os principais soldados nas batalhas do sistema linfático (descrição em detalhes no Capítulo 22). A</p><p>maioria dos linfócitos se movimenta continuamente entre os tecidos linfoides, linfa e sangue, passando apenas algumas</p><p>horas no sangue por vez. Dessa forma, apenas uma pequena proporção dos linfócitos totais é encontrada no sangue a cada</p><p>momento. Os linfócitos B e T e as células NK são os três tipos principais de linfócitos. Os linfócitos B são efetivos</p><p>sobretudo na destruição de bactérias e na inativação de suas toxinas. As células T atacam vírus, fungos, células</p><p>transplantadas, células cancerígenas e algumas bactérias e são responsáveis pelas reações transfusionais, alergias e rejeição</p><p>de órgãos transplantados. As respostas imunes realizadas pelos linfócitos B e T ajudam a combater infecção e fornecem</p><p>proteção contra algumas doenças. As células NK atacam inúmeros microrganismos infecciosos e determinadas células</p><p>tumorais que surgem de maneira espontânea.</p><p>Os monócitos levam mais tempo para alcançar o local de infecção que os neutrófilos, porém chegam em número maior</p><p>e destroem mais invasores. Na chegada, os monócitos crescem e se diferenciam em macrófagos migratórios que removem</p><p>os resíduos celulares e microbianos por fagocitose depois de uma infecção.</p><p>Conforme podemos concluir, a elevação da contagem de leucócitos circulantes geralmente indica inflamação ou</p><p>12.</p><p>13.</p><p>14.</p><p>15.</p><p>19.5</p><p>•</p><p>infecção. O médico pode solicitar uma contagem diferencial de leucócitos, que consiste na contagem de cada um dos</p><p>cinco tipos de leucócitos para detectar infecção ou inflamação, determinar os efeitos de possível intoxicação por</p><p>substâncias químicas ou drogas, monitorar distúrbios sanguíneos (p. ex., leucemia) e efeitos da quimioterapia ou constatar</p><p>reações alérgicas e parasitoses. Uma vez que cada tipo de leucócito desempenha uma função diferente, determinar o</p><p>percentual sanguíneo de cada tipo de leucócito ajuda no diagnóstico da condição. A Tabela 19.2 enumera a importância</p><p>tanto da contagem alta quanto da contagem baixa de leucócitos.</p><p>TESTE RÁPIDO</p><p>Qual é a importância da emigração, da quimiotaxia e da fagocitose no combate a invasores bacterianos?</p><p>Como a leucocitose e a leucopenia se diferenciam?</p><p>O que é contagem diferencial de leucócitos?</p><p>Quais as funções dos leucócitos granulócitos, dos macrófagos, dos linfócitos B e T e das células NK?</p><p>Plaquetas</p><p>OBJETIVO</p><p>Descrever a estrutura, a função e a origem das plaquetas.</p><p>Além dos tipos de células imaturas que se desenvolvem em eritrócitos e leucócitos, as célulastronco hematopoéticas</p><p>também se diferenciam em células produtoras de plaquetas. Sob a influência do hormônio trombopoetina, as célulastronco</p><p>mieloides se tornam células formadoras de colônia de megacariócitos que, por sua vez, evoluem para células precursoras</p><p>chamadas megacarioblastos (ver Figura 19.3). Os megacarioblastos se transformam em megacariócitos, células grandes</p><p>que se quebram em 2.000 a 3.000 fragmentos. Cada fragmento, envolvido por um pedaço de membrana plasmática, é uma</p><p>plaqueta. As plaquetas se originam dos megacariócitos na medula óssea vermelha e, depois disso, entram na circulação</p><p>sanguínea. Em cada microlitro de sangue há 150.000 a 400.000 plaquetas. Cada uma tem a forma de um disco irregular, 2 a</p><p>4 μm de diâmetro e muitas vesículas, porém sem núcleo.</p><p>TABELA 19.2 Importância da contagem de leucócitos (leucometria) alta e baixa.</p><p>TIPO DE LEUCÓCITO A CONTAGEM ELEVADA INDICA A CONTAGEM BAIXA INDICA</p><p>Neutró los Infecção bacteriana, queimaduras, estresse,</p><p>in amação</p><p>Exposição à radiação, intoxicação medicamentosa, de ciência</p><p>de vitamina B12, lúpus eritematoso sistêmico (LES)</p><p>Linfócitos Infecções virais, algumas leucemias, mononucleose</p><p>infecciosa</p><p>Doença prolongada, infecção pelo HIV, imunossupressão,</p><p>tratamento com cortisol</p><p>Monócitos Infecções virais ou fúngicas, tuberculose, algumas</p><p>leucemias e outras doenças crônicas</p><p>Mielossupressão, tratamento com cortisol</p><p>Eosinó los Reações alérgicas, parasitoses, doenças autoimunes Intoxicação medicamentosa, estresse, reações alérgicas agudas</p><p>Basó los Reações alérgicas, leucemias, cânceres,</p><p>hipotireoidismo</p><p>Gravidez, ovulação, estresse, hipotireoidismo</p><p>Seus grânulos contêm substâncias químicas que, uma vez liberadas, promovem a coagulação do sangue. As plaquetas</p><p>ajudam a cessar a perda de sangue de vasos sanguíneos danificados formando o tampão plaquetário. As plaquetas</p><p>apresentam vida curta, variando, em geral, de apenas 5 a 9 dias. As plaquetas mortas e velhas são removidas por</p><p>macrófagos fixos no baço e no fígado.</p><p>A Tabela 19.3 traz um resumo dos elementos figurados do sangue.</p><p>TABELA 19.3 Resumo dos elementos figurados do sangue.</p><p>NOME E APARÊNCIA CONTAGEM CARACTERÍSTICAS* FUNÇÕES</p><p>HEMÁCIAS OU</p><p>ERITRÓCITOS</p><p>4,8 milhões/μℓ em</p><p>mulheres;</p><p>5,4 milhões/μℓ em homens</p><p>7 a 8 μm de diâmetro, discos bicôncavos, sem</p><p>núcleos; vivem cerca de 120 dias.</p><p>A hemoglobina dentro das hemácias</p><p>transporta a maioria do oxigênio e parte do</p><p>dióxido de carbono no sangue.</p><p>LEUCÓCITOS 5.000 a 10.000/μℓ A maioria vive de algumas horas a alguns</p><p>dias.†</p><p>Combatem patógenos e outras substâncias</p><p>estranhas que entram no corpo.</p><p>Leucócitos granulócitos</p><p>Neutró los 60 a 70% de todos os</p><p>leucócitos</p><p>10 a 12 μm de diâmetro; o núcleo tem 2 a 5</p><p>lobos conectados por nos lamentos de</p><p>cromatina; o citoplasma possui grânulos</p><p>muito nos de cor lilás-clara.</p><p>Fagocitose. Destruição de bactérias com</p><p>lisozima, defensinas e oxidantes fortes, como</p><p>ânion superóxido, peróxido de hidrogênio e</p><p>ânion hipocloreto.</p><p>Eosinó los 2 a 4% de todos os leucócitos 10 a 12 μm de diâmetro; em geral, o núcleo</p><p>possui 2 lobos conectados por lamento</p><p>espesso de cromatina; grânulos grandes e de</p><p>cor vermelho-alaranjada enchem o</p><p>citoplasma.</p><p>Combatem os efeitos da histamina em</p><p>reações alérgicas, fagocitam complexos</p><p>antígeno-anticorpo e destroem certos vermes</p><p>parasitários.</p><p>Basó los 0,5 a 1% de todos os</p><p>leucócitos</p><p>8 a 10 μm de diâmetro; o núcleo tem 2 lobos;</p><p>grandes grânulos citoplasmáticos de cor azul-</p><p>arroxeada escura.</p><p>Liberam heparina, histamina e serotonina nas</p><p>reações alérgicas que intensi cam a resposta</p><p>in amatória geral.</p><p>Leucócitos agranulócitos</p><p>Linfócitos (T, B e NK) 20 a 25% de todos os</p><p>leucócitos</p><p>Os linfócitos pequenos apresentam 6 a 9 μm</p><p>de diâmetro; os grandes variam de 10 a 14</p><p>μm de diâmetro; o núcleo é redondo e</p><p>discretamente endentado; o citoplasma</p><p>forma uma borda ao redor do núcleo que</p><p>parece azul-claro; quanto maior a célula, mais</p><p>visível o citoplasma.</p><p>Medeia respostas imunes, inclusive reações</p><p>antígeno-anticorpo. Os linfócitos B se</p><p>desenvolvem em plasmócitos, que secretam</p><p>anticorpos. Os linfócitos T atacam vírus</p><p>invasores, células cancerígenas e células de</p><p>tecidos transplantados. As células NK atacam</p><p>uma ampla variedade de microrganismos</p><p>infecciosos e determinadas células tumorais</p><p>que surgem espontaneamente.</p><p>Monócitos 3 a 8% de todos os leucócitos 12 a 20 μm de diâmetro; núcleo em forma de Fagocitose (depois de se transformar em</p><p>16.</p><p>19.6</p><p>•</p><p>rim ou ferradura; o citoplasma é azul-</p><p>acinzentado e parece espumoso.</p><p>macrófagos xos ou migratórios).</p><p>Plaquetas 150.000 a 400.000/μℓ Fragmentos celulares de 2 a 4 μm de</p><p>diâmetro que vivem 5 a 9 dias; contêm</p><p>muitas vesículas, mas nenhum núcleo.</p><p>Formam o tampão plaquetário na</p><p>hemostasia; liberam substâncias químicas</p><p>que promovem espasmo vascular e</p><p>coagulação do sangue.</p><p>*As colorações são aquelas observadas no método de Wright.</p><p>† Uma vez gerados, alguns linfócitos, chamados de células de memória T e B, podem viver muitos anos.</p><p>CORRELAÇÃO CLÍNICA | Hemograma completo</p><p>O hemograma completo é um exame muito valioso que analisa anemia e várias infecções. Em geral, estão incluídas as contagens de hemácias, leucócitos e</p><p>plaquetas por microlitro de sangue total; hematócrito e contagem diferencial de leucócitos. A concentração de hemoglobina em gramas por mililitro de sangue</p><p>também é determinada. A hemoglobina normal varia da seguinte maneira: lactentes, de 14 a 20 g/100 mℓ de sangue; mulheres adultas, de 12 a 16 g/100 mℓ de</p><p>sangue; e homens adultos, de 13,5 a 18 g/100 mℓ de sangue.</p><p>TESTE RÁPIDO</p><p>Como se comparam as hemácias, os leucócitos e as plaquetas com relação ao tamanho, contagem por</p><p>microlitro de sangue e tempo de vida?</p><p>Transplantes de células-tronco de medula óssea e sangue de</p><p>cordão umbilical</p><p>OBJETIVO</p><p>Explicar a importância dos transplantes de medula óssea e de célulastronco.</p><p>O transplante de medula óssea consiste na substituição de medula óssea vermelha anormal ou cancerosa por medula</p><p>óssea vermelha saudável a fim de reestabelecer a contagem normal das células sanguíneas. Nos pacientes com câncer e</p><p>algumas doenças genéticas, a medula óssea vermelha com defeito é destruída por altas doses de quimioterapia e radiação</p><p>aplicada em todo o corpo pouco antes da realização do transplante. Esses tratamentos matam as células cancerígenas e</p><p>destroem o sistema imune do paciente a fim de diminuir as chances de rejeição do transplante.</p><p>A medula óssea vermelha saudável para transplante pode ser conseguida com um doador ou com o próprio paciente</p><p>quando a doença subjacente não está em atividade, como nos casos de leucemia em estado de remissão. Em geral, a medula</p><p>óssea vermelha do doador é retirada da crista ilíaca do osso do quadril sob anestesia geral com uma seringa e, em seguida,</p><p>é injetada na veia do receptor, de modo muito parecido com uma transfusão de sangue. A medula injetada migra para as</p><p>cavidades de medula óssea vermelha do receptor, onde as célulastronco do doador se multiplicam. Se tudo correr bem, a</p><p>medula óssea vermelha do receptor é inteiramente substituída por células saudáveis, não cancerosas.</p><p>Os transplantes de medula óssea são usados no tratamento de anemia aplásica, certos tipos de leucemia,</p><p>imunodeficiência combinada grave (IDCG), doença de Hodking, linfoma de não Hodgkin, mieloma múltiplo, talassemia,</p><p>doença falciforme, câncer de mama, câncer de ovário, câncer testicular e anemia hemolítica. Entretanto, há alguns</p><p>inconvenientes. Uma vez que os leucócitos do receptor foram destruídos em sua totalidade pela quimioterapia e pela</p><p>irradiação, o paciente fica extremamente vulnerável à infecção. (Demora 2 ou 3 semanas para a medula óssea transplantada</p><p>produzir leucócitos suficientes para promover proteção contra infecções.) Além disso, a medula óssea vermelha</p><p>transplantada pode produzir linfócitos T que atacam os tecidos do receptor, uma reação chamada de doença enxertoversus</p><p>1.</p><p>2.</p><p>3.</p><p>4.</p><p>5.</p><p>17.</p><p>19.7</p><p>•</p><p>•</p><p>hospedeiro. Da mesma forma, quaisquer linfócitos T do receptor que tenham sobrevivido à quimioterapia e à irradiação</p><p>conseguem atacar as células transplantadas do doador. Outro incômodo é a necessidade de administração de medicamentos</p><p>imunossupressores para o resto da vida. Ao mesmo tempo que essas substâncias reduzem o nível de atividade do sistema</p><p>imunológico, elas aumentam o risco de infecção. Os medicamentos imunossupressores também ocasionam efeitos</p><p>colaterais como febre, mialgia, cefaleia, náuseas, fadiga, depressão, elevação da pressão arterial e dano renal e hepático.</p><p>O avanço mais recente na obtenção de célulastronco envolve transplante de sangue de cordão umbilical. O cordão</p><p>umbilical é a ligação entre a mãe e o embrião (e, posteriormente, feto). Célulastronco podem ser obtidas do cordão</p><p>umbilical logo após o nascimento. As célulastronco são removidas do cordão por uma seringa e, em seguida, congeladas.</p><p>As célulastronco do cordão oferecem inúmeras vantagens em relação às obtidas da medula óssea vermelha:</p><p>A coleta é fácil, desde que com permissão dos pais do recémnascido.</p><p>São mais abundantes que as célulastronco na medula óssea vermelha.</p><p>A possibilidade de doença enxertoversushospedeiro é menor, logo a compatibilidade entre doador e receptor não</p><p>precisa ser tão próxima como no transplante de medula óssea vermelha, possibilitando um número maior de</p><p>potenciais doadores.</p><p>São menos propensas a transmitir infecções.</p><p>Podem ser armazenadas indefinidamente em bancos de sangue de cordão umbilical.</p><p>TESTE RÁPIDO</p><p>Quais são as semelhanças entre os transplantes de sangue de cordão umbilical e de medula óssea? Quais são</p><p>as diferenças?</p><p>Hemostasia</p><p>OBJETIVOS</p><p>Descrever os três mecanismos que contribuem para a hemostasia</p><p>Explicar os vários fatores que promovem e inibem a coagulação sanguínea.</p><p>Hemostasia, que não deve ser confundida com o termo muito parecido homeostasia,</p><p>é uma sequência de respostas que</p><p>interrompe o sangramento. Quando os vasos sanguíneos são danificados ou sofrem ruptura, a resposta hemostática precisa</p><p>ser rápida, localizada na região do dano e cuidadosamente controlada para que seja efetiva. Três mecanismos reduzem a</p><p>perda de sangue: (1) espasmo vascular, (2) formação de tampão plaquetário e (3) coagulação sanguínea. Quando bem</p><p>sucedida, a hemostasia evita hemorragia, que consiste na perda de grande volume de sangue dos vasos. Os mecanismos</p><p>hemostáticos conseguem evitar a hemorragia de vasos sanguíneos pequenos, porém as hemorragias substanciais de vasos</p><p>maiores demandam intervenção médica.</p><p>Espasmo vascular</p><p>Quando artérias ou arteríolas são danificadas, o músculo liso arranjado de forma circular em suas paredes contraise de</p><p>imediato, uma reação chamada de espasmo vascular. O espasmo vascular reduz a perda de sangue por vários minutos a</p><p>algumas horas, tempo durante o qual os outros mecanismos hemostáticos entram em ação. O espasmo é provavelmente</p><p>causado pelo dano ao músculo liso, por substâncias liberadas de plaquetas ativadas e por reflexos iniciados pelos</p><p>receptores de dor.</p><p>Formação de tampão plaquetário</p><p>Considerando seu tamanho pequeno, as plaquetas armazenam uma impressionante variedade de substâncias químicas.</p><p>Dentro de muitas vesículas são encontrados fatores de coagulação, ADP, ATP, Ca2+ e serotonina. Também estão presentes</p><p>enzimas que produzem tromboxano A2, uma prostaglandina; fator estabilizador da fibrina, que ajuda a fortalecer o</p><p>coágulo sanguíneo; lisossomos; algumas mitocôndrias; sistemas de membrana que captam e armazenam cálcio e fornecem</p><p>canais para liberação dos conteúdos dos grânulos; e glicogênio. Também dentro das plaquetas é encontrado o fator de</p><p>crescimento derivado das plaquetas (PDGF), um hormônio que promove a proliferação de células endoteliais vasculares,</p><p>fibras de músculo liso vascular e fibroblastos com objetivo de ajudar o reparo das paredes danificadas dos vasos</p><p>sanguíneos.</p><p>A formação do tampão plaquetário ocorre da seguinte maneira (Figura 19.9):</p><p>Inicialmente, as plaquetas entram em contato e se fixam a partes do vaso sanguíneo danificado, como fibras de</p><p>colágeno do tecido conjuntivo subjacente às células endoteliais danificadas. Esse processo é chamado de adesão</p><p>plaquetária.</p><p>Essa adesão ativa as plaquetas e suas características mudam de maneira drástica. As plaquetas estendem muitas</p><p>projeções que possibilitam entrar em contato e interagir umas com as outras; as plaquetas começam a liberar os</p><p>conteúdos das suas vesículas. Essa fase é chamada de reação de liberação das plaquetas. O ADP liberado e o</p><p>tromboxano A2 desempenham um papel essencial na ativação das plaquetas vizinhas. A serotonina e o tromboxano</p><p>A2 atuam como vasoconstritores, promovendo e sustentando a contração do músculo vascular liso, o que diminui o</p><p>fluxo de sangue pelo vaso lesado.</p><p>A liberação de ADP torna as outras plaquetas da área visguentas, e essa condição das plaquetas recémrecrutadas e</p><p>ativadas promove sua adesão às plaquetas originalmente ativadas. Essa aglomeração de plaquetas é chamada de</p><p>agregação plaquetária. Por fim, o acúmulo e a fixação de numerosas plaquetas formam uma massa chamada de</p><p>tampão plaquetário.</p><p>O tampão plaquetário é muito eficaz na prevenção da perda de sangue no vaso pequeno. Embora inicialmente o tampão</p><p>plaquetário seja frouxo, ele passa a ser bastante firme quando é reforçado por filamentos de fibrina formados durante a</p><p>coagulação (ver Figura 19.10). O tampão plaquetário pode cessar a perda de sangue por completo se o orifício no vaso</p><p>sanguíneo não for muito grande.</p><p>Coagulação do sangue</p><p>Normalmente, o sangue permanece em seu estado líquido enquanto se encontra no interior dos vasos sanguíneos. Se for</p><p>coletado do corpo, no entanto, tornase espesso e forma um gel. Por fim, o gel se separa do líquido. O líquido de cor palha,</p><p>chamado soro, é simplesmente plasma sanguíneo sem as proteínas de coagulação. O gel é chamado de coágulo sanguíneo,</p><p>que consiste em uma rede de fibras proteicas insolúveis chamadas de fibrina, na qual os elementos figurados do sangue são</p><p>aprisionados (Figura 19.10).</p><p>Figura 19.9 Formação do tampão plaquetário.</p><p>O tampão plaquetário pode cessar a perda de sangue por completo se o orifício no vaso sanguíneo for</p><p>suficientemente pequeno.</p><p>Juntamente com a formação do tampão plaquetário, quais são os dois mecanismos que contribuem para</p><p>a hemostasia?</p><p>O processo de formação do gel, chamado de coagulação, consiste em uma série de reações químicas que culmina na</p><p>formação de filamentos de fibrina. Se o sangue coagula com muita facilidade, uma das consequências pode ser trombose –</p><p>coagulação em um vaso sanguíneo não danificado. Se o sangue demora muito tempo para coagular, pode ocorrer</p><p>hemorragia.</p><p>Figura 19.10 Formação de coágulo sanguíneo. Observe as plaquetas e hemácias aprisionadas nos filamentos de fibrina.</p><p>O coágulo sanguíneo é um gel que contém elementos figurados do sangue emaranhados em filamentos de fibrina.</p><p>O que é o soro?</p><p>A coagulação envolve inúmeras substâncias conhecidas como fatores de coagulação. Esses fatores incluem os íons</p><p>cálcio (Ca2+), várias enzimas inativas sintetizadas por hepatócitos e liberadas na corrente sanguínea e diversas moléculas</p><p>associadas às plaquetas ou liberadas pelos tecidos danificados. A maioria dos fatores de coagulação é identificada por</p><p>numerais romanos que indicam a ordem da sua descoberta (não necessariamente a ordem da sua participação no processo</p><p>de coagulação).</p><p>A coagulação consiste em uma cascata complexa de reações enzimáticas na qual cada fator de coagulação ativa várias</p><p>moléculas do fator seguinte em uma sequência fixa. Por fim, formase a proteína insolúvel fibrina. A coagulação pode ser</p><p>dividida em três estágios (Figura 19.11):</p><p>Duas vias, chamadas de via extrínseca e intrínseca (Figura 19.11A, B), que serão descritas brevemente, levam à</p><p>formação de protrombinase. Uma vez formada a protrombinase, as etapas envolvidas nas duas fases seguintes da</p><p>coagulação são as mesmas tanto na via intrínseca quanto na extrínseca e, juntas, essas duas fases são chamadas de via</p><p>comum.</p><p>A protrombinase converte a protrombina (uma proteína plasmática formada pelo fígado) na enzima trombina.</p><p>A trombina converte fibrinogênio solúvel (outra proteína plasmática formada pelo fígado) em fibrina insolúvel. A</p><p>fibrina forma os filamentos do coágulo.</p><p>Figura 19.11 Cascata da coagulação sanguínea. As setas verdes representam ciclos de feedback positivo.</p><p>Na coagulação do sangue, os fatores de coagulação são ativados em sequência, resultando em uma cascata de</p><p>reações que envolve ciclos de feedback positivo.</p><p>Qual é o resultado do primeiro estágio da coagulação sanguínea?</p><p>Via extrínseca</p><p>A via extrínseca da coagulação sanguínea apresenta menos etapas que a via intrínseca e ocorre rapidamente – em uma</p><p>questão de segundos se o traumatismo for importante. É assim chamada porque uma proteína tecidual chamada de fator</p><p>tecidual (FT), também conhecida como tromboplastina, passa para o sangue a partir de células do lado de fora dos vasos</p><p>sanguíneos (extrínsecas aos) e inicia a formação da protrombinase. O FT é uma mistura complexa de lipoproteínas e</p><p>fosfolipídios liberada das superfícies de células danificadas. Na presença de Ca2+, o FT começa uma sequência de reações</p><p>que, por fim, ativa o fator de coagulação X (Figura 19.11A). Uma vez ativado, o fator X se combina com o fator V na</p><p>presença de Ca2+ para formar a enzima ativa protrombinase, completando a via extrínseca.</p><p>Via intrínseca</p><p>A via intrínseca da coagulação sanguínea</p>