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<p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>1</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>2</p><p>Apostila Preparatória</p><p>Para Provas Militares</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>3</p><p>SAUDAÇÕES CONCURSEIROS</p><p>Olá meu amigo concurseiro. Está tentando</p><p>ingressar na ESA, uma área que atrai por várias</p><p>razões: Tanto pela estabilidade e possibilidades</p><p>de progressão na carreira uma vaga de um cargo</p><p>importante para a sociedade. São várias as</p><p>motivações pelas quais você está tentando. É</p><p>onde você encontrará motivação nas horas mais</p><p>difíceis, quando até mesmo podemos ter a ideia</p><p>absurda de desistir. A motivação é o combustível</p><p>necessário para a sua preparação. Motivação</p><p>associada à disciplina de estudos é a chave do</p><p>sucesso.</p><p>Motivação, Disciplina e Foco.</p><p>O nosso conteúdo tem uma quantidade</p><p>razoável de assuntos, mas que distribuídos em</p><p>um bom número de aulas, vamos estudar tudo,</p><p>bem detalhadamente, então pode conter a</p><p>ansiedade. Tudo vai correr bem e foi</p><p>devidamente distribuído para que você possa</p><p>alcançar seu almejado sucesso!!!</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>4</p><p>SOBRE O AUTOR</p><p>Denílson de Paula Costa, é formado em História na modalidade de</p><p>Licenciatura Plena. Fez especialização em História Cultural (Latu-</p><p>Sensu, Pós-Graduação), sendo Professor de Antropologia e Ética na</p><p>Faculdade UNIESP, nos cursos de Administração e Ciências</p><p>Contábeis, Professor de Pós-graduação em Pedagogia ,</p><p>Psicopedagogia, Políticas Públicas e História da Faculdade</p><p>Anhanguera, Professor Substituto Universitário da FACIC de</p><p>Cruzeiro -SP nos cursos de Administração, Contabilidade, Direito e</p><p>Pós em Cultura Afro (Lei 10639/03), Por fim é Membro Efetivo da</p><p>Academia Militar de Estudos Terrestres do Brasil Exército Brasileiro e</p><p>do Comitê da Saúde da População Negra do Estado de São Paulo</p><p>DRS4 Diretoria de Taubaté-SP, Prof. Do CIOPEM CURSOS E</p><p>CONCURSOS MILITARES e CIOPEM EAD.</p><p>Já publicou em vários jornais da região, ATOS, GUAYPACARÉ e</p><p>VALEPARAIBANO, sobre história regional. Coautor do Livro:</p><p>“Encontros com a história e a cultura Africana e Afro-Brasileira”, de</p><p>autoria da Prefeitura de Arujá/SP. Também foi auto do livro digital:</p><p>"Quando o negro ri, é noite estrelada: relações étnico-raciais na</p><p>sociedade brasileira" no suporte e-book, formato PDF.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>5</p><p>Com o Plano de Aprovação você vai:</p><p>1. Definir o foco dos seus estudos</p><p>2. Estabelecer metas para o ano, mês e semana</p><p>3. Escolher uma Técnica de estudo</p><p>4. Aprender a administrar melhor o seu tempo</p><p>5. Definir as prioridades de cada matéria</p><p>6. Criar um Ciclo de estudos</p><p>7. Separar os seus estudos por blocos de leitura, exercícios e</p><p>revisão.</p><p>SUCESSO, FOCO E DETERMINAÇÃO!!!</p><p>VAMOS AOS ESTUDOS!</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>6</p><p>1. A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL</p><p>A Idade Moderna é a divisão convencionada pelos historiadores para</p><p>caracterizarmos a sociedade europeia entre os séculos XIV e XVIII. Este período</p><p>caracteriza-se por transformações muito profundas na sociedade, economia e</p><p>cultura. Compreende o período de formação das monarquias nacionais, a expansão</p><p>marítima, a colonização da América, e também do Renascimento Cultural e da</p><p>Reforma Religiosa.</p><p>Um dos momentos mais importantes para o desenvolvimento da História ocidental</p><p>e um dos momentos de maior ampliação do capitalismo comercial foi o denominado</p><p>como o período das “Grandes Navegações”, que se inicia com as navegações</p><p>portuguesas em busca de novas rotas para a compra de especiarias, pois os antigos</p><p>trajetos não eram mais viáveis.</p><p>1.1. Antecedentes Europeus:</p><p>No século XIV ocorre a transição entre o período denominado Idade Média para a</p><p>Idade Moderna, quando floresce o capitalismo e o Estado Absolutista. Na Idade</p><p>Média o sistema político era a monarquia descentralizada, ou seja, o rei não possuía</p><p>poderes plenos pois eles estavam distribuídos entre a nobreza feudal. O monarca</p><p>só mandava de fato em seu próprio feudo enquanto os outros senhores feudais</p><p>possuíam autonomia administrativa. E nos aspectos econômicos a Idade Média se</p><p>caracteriza por uma estrutura econômica agrária, sem comércio (praticamente</p><p>estática comercialmente), e de subsistência.</p><p>Após as guerras entre católicos e islâmicos no século XII, as chamadas cruzadas,</p><p>ocorreu a reabertura comercial do Mar Mediterrâneo, que durante os séculos da</p><p>Idade Média em termos comerciais estava tecnicamente estático. As cruzadas</p><p>tinham antes de tudo, objetivos religiosos, porém sua maior consequência foi o</p><p>“Renascimento Comercial e Urbano”. Foram pioneiras as cidades italianas de</p><p>Gênova e Veneza (naquela época eram cidades independentes e não havia ainda</p><p>o Estado Nacional italiano que só surgiria no século XIX) que passaram a</p><p>monopolizar a navegação no Mediterrâneo, impondo barreiras militares e</p><p>aduaneiras (impostos alfandegários), às embarcações de outras localidades.</p><p>Entre o século XII e XIV surge e se fortalece a classe social que será o elemento</p><p>social catalisador da formação do Estado Nacional Moderno e das Grandes</p><p>Navegações: A Burguesia.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>7</p><p>1.2 - O MEDITERRÂNEO E SUA IMPORTÂNCIA</p><p>O mar Mediterrâneo é o maior mar interior continental do mundo.</p><p>Compreendido entre a Europa meridional (sul), a Ásia ocidental (oriente médio), e</p><p>a África setentrional (Norte). Possui aproximadamente 2,5 milhões de km². Era a</p><p>plataforma de navegação dos romanos que o chamavam de “mare nostrum”, pois</p><p>os limites interiores do império eram seus litorais. Na idade média os europeus</p><p>viveram entre os séculos IX e XII o feudalismo, que se caracteriza principalmente</p><p>por ser uma estrutura econômico-social totalmente agrária, de subsistência, com</p><p>ausência quase total de comércio e baseada em relações medievais de</p><p>vassalagem, em que um guerreiro que possuía maior nobreza e poder, ao comandar</p><p>a conquista de um território em uma campanha militar, reconhecia seus nobres</p><p>subordinados com a concessão de feudos (territórios – grandes faixas de terra),</p><p>para que fossem então seus senhores. O mar neste período era dominado pelos</p><p>árabes islâmicos no norte da África, que enquanto a Europa padecia de uma</p><p>estrutura monárquica descentralizada em que o rei só tinha soberania de fato sobre</p><p>seu próprio feudo. O comércio era raro e uma atividade custosa de praticar, pois a</p><p>cada feudo que se atravessava, havia muitos impostos a serem pagos tanto para</p><p>entrar quanto para sair, como para usar suas estradas e pontes. Isso somado a uma</p><p>variedade de moedas que também variavam de feudo a feudo, assim como as leis</p><p>também variavam. Isso tudo tornava a atividade comercial bastante difícil.</p><p>O mar permitiu o contato entre regiões e povos muito diferentes. Com as cruzadas</p><p>Gênova e Veneza, enriqueceram muito e se impuseram economicamente e</p><p>militarmente no Mar mediterrâneo e passaram a dominá-lo. O mar passa a</p><p>movimentar um intenso comercio marítimo, pois unia a Europa ocidental às regiões</p><p>do Oriente Médio, onde iam buscar especiarias.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>8</p><p>O mar mediterrâneo passa a ser a partir das cruzadas um grande eixo comercial em</p><p>que a navegação e o comércio eram cada vez mais importantes. E a burguesia ia</p><p>ficando mais</p><p>que representavam a</p><p>aristocracia rural; os Restauradores ou Caramurus, composto por comerciantes</p><p>portugueses e pela burocracia estatal; os Exaltados ou Farroupilhas que</p><p>representavam as camadas médias urbanas.</p><p>Os Moderados defendiam uma monarquia moderada, os Restauradores pregavam</p><p>a volta de D. Pedro I e os Exaltados exigiam uma maior autonomia das províncias.</p><p>Os mais radicais, entre os exaltados, pediam o fim da Monarquia e a proclamação</p><p>de uma República.</p><p>34. A ORGANIZAÇÃO DAS REGÊNCIAS.</p><p>Regência Trina Provisória (abril a junho de 1831)</p><p>Composta por Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Joaquim Carneiro de</p><p>Campos e Francisco de Lima e Silva. O principal ato dos regentes foi a promulgação</p><p>da Lei Regencial, que suspendia temporariamente o exercício do poder Moderador.</p><p>34.1 - Regência Trina Permanente (1831/1835)</p><p>Composta por Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho e Bráulio Muniz.</p><p>O ministro da Justiça foi o padre Diogo Antônio Feijó, que criou a Guarda Nacional;</p><p>uma milícia armada formada por pessoas de posses, que se transformou no</p><p>principal instrumento de repressão da aristocracia rural, para conter os movimentos</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>40</p><p>populares. O comando da Guarda Nacional nos municípios era entregue ao coronel,</p><p>patente vendida aos grandes proprietários de terras, que assumiam, localmente, as</p><p>funções do Estado, garantindo a segurança e a ordem.</p><p>No ano de 1832, foi aprovado o Código do Processo Criminal, que concedia aos</p><p>municípios uma ampla autonomia judiciária. Esta autonomia será utilizada para</p><p>garantir a imunidade aos grandes proprietários de terras.</p><p>No ano de 1834, procurando atenuar as disputas políticas entre exaltados e</p><p>moderados, foi elaborado o Ato Adicional, que estabelecia algumas alterações na</p><p>Constituição de 1824. A seguir, as emendas à Constituição de 1824:</p><p>-A criação das Assembléias Legislativas Provinciais, substituindo os Conselhos</p><p>Provinciais e garantindo uma maior descentralização administrativa;</p><p>-A extinção do Conselho de Estado, que assessorava o imperador no exercício do</p><p>poder Moderador;</p><p>-Criação do Município Neutro do Rio de Janeiro, sede da administração central;</p><p>-Substituição da Regência Trina pela Regência Una, eleita pelas assembléias de</p><p>todo país. O mandato do regente seria de quatro anos. Semelhante medida é tida</p><p>como uma experiência republicana.</p><p>O Ato Adicional é visto como um avanço das idéias liberais visando garantir uma</p><p>maior autonomia aos poderes locais.</p><p>No ano de 1835 o padre Feijó foi eleito regente uno.</p><p>35. A REGÊNCIA UNA DE FEIJÓ (1835/1837)</p><p>Durante a regência de Feijó a uma reorganização dos grupos políticos. O grupo</p><p>Moderado divide-se em progressistas, defensores da autonomia provincial, e os</p><p>regressistas, que pregavam uma maior centralização política, para enfrentar os</p><p>movimentos populares. Os progressistas criaram o Partido Liberal, e os regressistas</p><p>o Partido Conservador.</p><p>Durante a regência de Feijó ocorrerá dois importantes levantes regenciais - a</p><p>Cabanagem na província do Pará e a Guerra dos Farrapos, na província do Rio</p><p>Grande do Sul.</p><p>Mostrando incapacidade para conter as revoltas, Feijó sofre grande oposição</p><p>parlamentar sendo obrigado a renunciar em 1837.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>41</p><p>36. A REGÊNCIA UNA DE ARAÚJO LIMA (1837/1840)</p><p>Araújo Lima era presidente da Câmara e partidário dos Conservadores. Sua</p><p>regência é de caráter conservador. Os movimentos populares eram atribuídos às</p><p>reformas liberais do Ato Adicional. Procurando restaurar a ordem no país, o Ato</p><p>Adicional foi alterado, mediante a aprovação, no ano de 1840, da Lei Interpretativa</p><p>do Ato Adicional, que suprimia a autonomia das províncias e garantia a</p><p>centralização política.</p><p>No ano de 1840 foi fundado o Clube da Maioridade, que defendia a antecipação da</p><p>maioridade do imperador. Segundo os membros do Clube, a presença do imperador</p><p>contribuiria para cessar os movimentos populares.</p><p>Em julho de 1840, após a aprovação de uma emenda constitucional - que</p><p>antecipava a maioridade do imperador - D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil.</p><p>Este episódio é conhecido como Golpe da Maioridade (D. Pedro tinha, na ocasião</p><p>15 anos).</p><p>36.1 - As Rebeliões Regenciais.</p><p>O período regencial foi marcado por uma grande instabilidade política, devido aos</p><p>conflitos entre a própria elite dirigente - os liberais e os conservadores - e das</p><p>camadas populares contra esta elite dirigente.</p><p>Após a independência, tornou-se necessária a organização do Estado Nacional</p><p>que, como vimos, manteve as estruturas socioeconômicas herdadas do período</p><p>colonial: o latifúndio monocultor e escravocrata, mantendo a economia nacional</p><p>voltada para atender as necessidades do mercado externo. Tal quadro veio agravar</p><p>a situação das camadas populares que passaram, por meio das rebeliões, a</p><p>questionar a estrutura do novo Estado e a propor um novo modelo- daí as propostas</p><p>separatistas e republicanas.</p><p>37. A CABANAGEM (PARÁ- 1835/1840)</p><p>Um dos mais importantes movimentos sociais ocorridos na história do Brasil,</p><p>marcado pelo controle do poder político pelas camadas populares.</p><p>A população do Pará vivia em um estado de penúria, e sua esmagadora maioria</p><p>vivia em cabanas, à beira dos rios, em condições de absoluta miséria.</p><p>O início do levante está ligado às divergências, no interior da elite dirigente, em</p><p>torno da nomeação do presidente da província. A revolta contou com apoio da</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>42</p><p>população pobre - insatisfeita com as péssimas condições de vida e contra os</p><p>privilégios das oligarquias locais.</p><p>Em 06 de janeiro de 1835, os cabanos dominam a capital da província e ocupam o</p><p>poder. Estabelecem um governo autônomo e de caráter republicano. Entre os</p><p>principais líderes encontravam-se o cônego Batista Campos, os irmãos Antônio e</p><p>Francisco Vinagre, Eduardo Angelim e o fazendeiro Clemente Melcher- proclamado</p><p>o novo presidente da província.</p><p>A Cabanagem foi um movimento essencialmente popular. Em virtude de traições</p><p>ficou enfraquecido, facilitando a repressão pelas forças regenciais. A primeira</p><p>rebelião popular da história brasileira terminou com um saldo de mais de 40.000</p><p>mortes, em população de aproximadamente 100.000 pessoas.</p><p>38. A GUERRA DOS FARRAPOS (RIO GRANDE DO SUL- 1835/1845)</p><p>A revolução farroupilha foi a mais longa que já ocorreu na história brasileira. O</p><p>movimento possui suas raízes na base econômica da região. A economia gaúcha</p><p>desenvolveu-se para atender as necessidades do mercado interno - a pecuária e a</p><p>comercialização do charque.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>43</p><p>Os fazendeiros de gado gaúcho, denominados estancieiros, se revoltaram contra a</p><p>elevação dos impostos sobre o charque, impedindo de competir com o charque</p><p>argentino- que era privilegiado com tarifas alfandegárias menores</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>44</p><p>Os estancieiros reivindicavam uma maior autonomia provincial. Os farroupilhas -</p><p>que pertenciam ao Partido Exaltado, em sua maioria republicanos; liderados por</p><p>Bento Gonçalves ocuparam Porto Alegre - no ano de 1835 - e em 1836 proclamaram</p><p>a República de Piratini.</p><p>Em 1839, com o auxílio do italiano Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro</p><p>proclamaram a República Juliana, região de Santa Catarina.</p><p>Com o golpe da maioridade, em 1840, D. Pedro II; procurando pacificar a região,</p><p>prometeu anistia aos revoltosos - medida que não surtiu efeito. Em 1842 foi enviado</p><p>à região Luís Alves de Lima e Silva - o barão</p><p>de Caxias - para dominar a região. Em</p><p>1845 foi assinado um acordo de paz - Paz de Ponche Verde - entre Caixas e</p><p>Canabarro, que entre outras coisas estabelecia anistia geral aos rebeldes,</p><p>libertação dos escravos que lutaram na guerra e taxação de 25% sobre o charque</p><p>platino.</p><p>O termo "farrapos" foi uma alusão à falta de uniforme dos participantes da rebelião.</p><p>39. A SABINADA (BAHIA - 1837/1838)</p><p>Movimento liderado pelo médico</p><p>Francisco Sabino Barroso, contrário</p><p>à centralização política patrocinada</p><p>pelo governo regencial.</p><p>Foi proclamada uma república</p><p>independente até que D. Pedro II</p><p>assumisse o trono imperial.</p><p>O governo central usou da violência</p><p>e controlou a rebelião, que ficou</p><p>restrita à participação da camada</p><p>média urbana de Salvador.</p><p>40. A BALAIADA (MARANHÃO - 1838/1841)</p><p>Movimento de caráter popular</p><p>que teve como líderes</p><p>Raimundo Gomes, apelidado</p><p>de "Cara Preta"; Manuel dos Anjos</p><p>Ferreira, fabricante de cestos e</p><p>conhecido como "Balaio"</p><p>e Cosme Bento, líder de</p><p>negros foragidos.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>45</p><p>A grave crise econômica do Maranhão e a situação miserável da população,</p><p>provocou uma rebelião contra a aristocracia local. Os rebeldes ocuparam a cidade</p><p>de Caxias e procuraram implantar um governo próprio. A repressão regencial foi</p><p>liderada por Luís Alves de Lima e Silva, que recebeu o título de "barão de Caxias"</p><p>pelo sucesso militar.</p><p>Houve ainda um outro levante, que durou apenas dois dias, mas tem grande</p><p>importância, por tratar-se de uma rebelião de escravos. Trata-se da Revolta dos</p><p>Negros Malês, ocorrida na Bahia, no ano de 1835. Os negros malês eram de religião</p><p>muçulmana, e se rebelaram contra a opressão dos senhores brancos. Com gritos</p><p>de "morte aos brancos, viva os nagôs", espalharam pânico pela região. A repressão</p><p>foi muito violenta.</p><p>41. O Segundo Reinado (1840/1889)</p><p>41.1 - Política interna</p><p>A vida política nacional, ao longo do Segundo Reinado, foi marcada pela atuação</p><p>de dois partidos políticos: o Partido Conservador e o Partido Liberal. Os dois</p><p>partidos representavam a classe dominante, defendiam a monarquia e a</p><p>manutenção da mão-de- obra- escrava. Por isto, não apresentavam divergências</p><p>ideológicas, justificando uma frase muito comum na época: "Nada mais parecido</p><p>com um conservador do que um liberal no poder, e nada mais parecido com um</p><p>liberal do que um conservador no poder".</p><p>41.2 - Evolução Politica</p><p>O primeiro ministério do Segundo Reinado era composto por liberais, que apoiaram</p><p>o golpe da Maioridade. Funcionou de 1840 a 1841 e ficou conhecido como</p><p>"Ministério dos Irmãos", sendo formado pelos irmãos Cavalcanti, Coutinho e</p><p>Andrada. O gabinete ministerial sofria oposição da Câmara, formada, na sua maioria</p><p>por conservadores. Diante desta situação, a Câmara de Deputados foi dissolvida e</p><p>marcada novas eleições.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>46</p><p>Para garantir uma maioria de deputados liberais, os membros do Partido Liberal,</p><p>usando de violência, fraudaram as eleições e garantiram a maioria parlamentar. Tal</p><p>episódio é conhecido como "eleições do cacete".</p><p>Os conservadores reagiram e exigiram que o imperador dissolvesse a Câmara que</p><p>havia sido eleita nas "eleições do cacete". D. Pedro II demitiu o ministério liberal,</p><p>nomeou um ministério conservador e marcou novas eleições - também marcadas</p><p>pelas fraudes.</p><p>A vitória dos conservadores e o avanço de medidas centralizadoras provocaram</p><p>uma reação dos liberais, em São Paulo e Minas Gerais - a chamada Revolta Liberal</p><p>de 1842.</p><p>Em 1844 o imperador demitiu o gabinete conservador e nomeou um gabinete liberal,</p><p>cuja principal decisão foi a criação da tarifa Alves Branco (1844), que extinguiu as</p><p>taxas preferenciais aos produtos ingleses; no ano de 1847 foi criado o cargo de</p><p>presidente do Conselho de Ministros, implantando o parlamentarismo no Brasil.</p><p>41.3 - O PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS</p><p>O parlamentarismo é um regime político onde o partido que detém a maioria no</p><p>Parlamento indica o primeiro-ministro, que é o chefe de governo e comanda o poder</p><p>Executivo. Desta forma, o Executivo fica subordinado ao Legislativo.</p><p>No Brasil, ao contrário, o primeiro-ministro era escolhido pelo imperador. Se a</p><p>Câmara não tivesse uma maioria de parlamentares do partido do ministério adotado,</p><p>ela seria dissolvida e novas eleições eram marcadas, o que tornava o Legislativo</p><p>refém do Executivo.</p><p>42. A REVOLUÇÃO PRAIEIRA (PERNAMBUCO- 1848/1850)</p><p>Movimento que ocorreu na província de Pernambuco, e está relacionado aos</p><p>levantes liberais de 1848, período conhecido como Primavera dos Povos.</p><p>As causas do movimento podem ser encontradas no controle do poder político pela</p><p>família dos Cavalcanti e no monopólio do comércio exercido pelos estrangeiros,</p><p>principalmente portugueses e que não empregavam trabalhadores brasileiros,</p><p>desenvolvendo um forte sentimento antilusitano.</p><p>O porta-voz da rebelião era o Diário Novo, jornal dos liberais que estava instalado</p><p>na Rua da Praia - daí a denominação de praieiros aos rebeldes - que no ano de</p><p>1848 publicou o "Manifesto ao Mundo", redigido por Borges da Fonseca. O</p><p>manifesto, fortemente influenciado pelas idéias do socialismo utópico, reivindicava</p><p>o voto livre e universal, a liberdade de imprensa, autonomia dos poderes,</p><p>liberdade de trabalho, federalismo, nacionalização do comércio varejista, extinção</p><p>do poder Moderador e do Senado vitalício e a abolição do trabalho escravo.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>47</p><p>Entre as lideranças do movimento, que contou com forte apoio popular, encontram-</p><p>se Nunes Machado e Pedro Ivo. Embora reprimida com muita facilidade foi um</p><p>movimento contra a aristocracia fundiária e está inserida no quadro geral das</p><p>revoluções populares que ocorreram na Europa de 1848.</p><p>43. Política externa</p><p>A política externa brasileira, durante o Segundo Reinado, foi marcada por conflitos</p><p>na região do Prata - responsáveis pela Guerra do Paraguai e por atritos diplomáticos</p><p>com a Inglaterra, gerando a chamada Questão Christie.</p><p>44. A QUESTÃO CHRISTIE (1863)</p><p>A influência da Inglaterra no Brasil está presente desde antes da nossa</p><p>independência. Com a assinatura dos tratados de 1810, a Inglaterra ganha</p><p>privilégios econômicos. Com a independência do Brasil, em 1822, a Inglaterra</p><p>impõe, como forma de reconhecer a independência, a renovação dos tratados de</p><p>1810. Ademais, o Brasil era dependente financeiramente da Grã-Bretanha.</p><p>Durante o Segundo Reinado, as relações entre Brasil e Inglaterra conhece</p><p>sucessivos atritos que culminaram com o rompimento das relações diplomáticas</p><p>entre os dois países.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>48</p><p>As hostilidades entre Brasil e Inglaterra começaram em 1844, com a aprovação da</p><p>tarifa Alves Branco, que acabou com as vantagens comerciais que a Inglaterra tinha</p><p>no Brasil.</p><p>A resposta do governo britânico foi a aprovação do Bill Aberdeen, decreto que</p><p>proibia o tráfico negreiro e outorgava o direito, aos ingleses, de aprisionar qualquer</p><p>navio negreiro.</p><p>Respondendo às pressões inglesas, no ano de 1850 foi promulgada a Lei Euzébio</p><p>de Queiróz, que extinguia definitivamente o tráfico negreiro no Brasil.</p><p>No ano de 1861, o navio inglês Prince of Wales afundou nas costas do Rio Grande</p><p>do Sul e sua carga foi pilhada. O embaixador</p><p>inglês no Brasil, William Christie, exigiu</p><p>uma indenização ao governo imperial.</p><p>No ano de 1862, marinheiros britânicos embriagados foram presos no Rio de</p><p>Janeiro e o embaixador Christie exigiu a demissão dos policiais e desculpas oficiais</p><p>do governo brasileiro à Inglaterra.</p><p>O Brasil recusou-se a aceitar as exigências de Christie. Alguns navios brasileiros</p><p>foram aprisionados pela Inglaterra; o governo brasileiro pagou a indenização</p><p>referente ao roubo da carga do navio inglês naufragado.</p><p>Em 1863, sob a mediação de Leopoldo I, rei de Bélgica, ficou estabelecido que a</p><p>Inglaterra deveria pedir desculpas ao governo brasileiro, pelo ocorrido com os</p><p>marinheiros na cidade do Rio de Janeiro. Diante da negativa da Inglaterra, D. Pedro</p><p>I resolveu romper relações diplomáticas com a Inglaterra.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>49</p><p>45. AS CAMPANHAS BRASILEIRAS NO PRATA.</p><p>Entre 1851 e 1870, o governo brasileiro realiza intervenções militares na região</p><p>platina - formada pela Argentina, Uruguai e Paraguai. Os motivos destas</p><p>intervenções eram as disputas territoriais, a tentativa de impedir a formação de um</p><p>Estado poderoso e rival e garantir a livre navegação nos rios da bacia do Prata</p><p>(Paraná, Paraguai e Uruguai).</p><p>45.1 - Campanha contra Oribe (1851)</p><p>O Uruguai possuía dois partidos políticos: o Blanco, liderado por Manuel Oribe,</p><p>aliado dos argentinos; e o Colorado, liderado por Frutuoso Rivera, apoiado pelo</p><p>Brasil.</p><p>A aliança entre Manuel Oribe, então presidente do Uruguai, com o governo</p><p>argentino de Juan Manuel Rosas, trouxe à tona a ideia de restauração do antigo</p><p>vice-reinado do Prata. Procurando garantir a livre navegação no rio da Prata, D.</p><p>Pedro II envia uma tropa militar - sob o comando de Caxias. Esta tropa recebe o</p><p>apoio das tropas militares de Rivera que, juntas, depuseram Manuel Oribe do poder.</p><p>45.2 - Campanha contra Rosas (1851)</p><p>Como Rosas apoiava os blancos, o governo imperial organizou uma expedição e</p><p>invadiu a Argentina. Os brasileiros venceram, na batalha de Monte Caseros,</p><p>depuseram Rosas e, em seu lugar colocaram o General Urquiza, auxiliar do Brasil</p><p>na campanha contra Oribe.</p><p>No ano de 1864 outro conflito na região, desta vez envolvendo o Paraguai.</p><p>46. A GUERRA DO PARAGUAI (1864/1870).</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>50</p><p>O Paraguai se constituiu em uma exceção na América Latina, durante o século XIX,</p><p>em virtude de seu desenvolvimento econômico autônomo. Durante os governos de</p><p>José Francia (1811/1840) e Carlos López (1840/1862) houve um relativo progresso</p><p>econômico, com construção das estradas de ferro, sistema telegráfico eficiente,</p><p>surgimento das indústrias siderúrgicas, fábricas de armas e a erradicação do</p><p>analfabetismo.</p><p>As atividades econômicas essenciais eram controladas pelo Estado e a balança</p><p>comercial apresentava saldos favoráveis, garantindo a estabilidade da moeda,</p><p>criando as condições para um desenvolvimento autossustentável, sem recorrer ao</p><p>capital estrangeiro.</p><p>Solano Lopes, presidente do Paraguai a partir de 1862, inicia uma política</p><p>expansionista, procurando ampliar o território paraguaio. O objetivo desta política</p><p>era conseguir acesso ao oceano Atlântico, para garantir a continuidade do</p><p>desenvolvimento econômico da nação. A expansão territorial do Paraguai deu-se</p><p>com a anexação de regiões da Argentina, do Uruguai e do Brasil.</p><p>Ademais, a Inglaterra não via com bons olhos o desenvolvimento autônomo do</p><p>Paraguai, achando necessário destruir este modelo econômico.</p><p>No ano de 1864, o governo paraguaio aprisionou o navio brasileiro Marquês de</p><p>Olinda, e invadiu o mato Grosso, levando o Brasil a declarar guerra ao Paraguai.</p><p>Em 1865 é formada a Tríplice Aliança, união das forças brasileiras, argentinas e</p><p>uruguaias contra o Paraguai.</p><p>47. PRINCIPAIS BATALHAS</p><p>Batalha de Riachuelo e a batalha de Tuiuti, onde as forças paraguaias foram</p><p>derrotadas; após a nomeação de Caxias no comando das tropas brasileiras (no</p><p>lugar do general Osório), houve sucessivas vitórias nas batalhas de Humaitá,</p><p>Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Angostura. Solano López foi morto em 1870, na</p><p>batalha de Cerro Corá.</p><p>48. CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA DO PARAGUAI.</p><p>A guerra serviu para destruir o modelo econômico do Paraguai, tornando-o um dos</p><p>países mais pobres do mundo, sua população sofreu uma drástica redução (cerca</p><p>de 75% dela morreu na guerra).</p><p>Para o Brasil, a participação na guerra contribuiu para o aumento da dívida externa</p><p>e a morte de aproximadamente 40 mil homens.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>51</p><p>A Inglaterra foi a grande beneficiada com a guerra, pois acabou com a experiência</p><p>econômica do Paraguai na região, e seus empréstimos reafirmaram a dependência</p><p>financeira do Brasil, Argentina e Uruguai.</p><p>A guerra do Paraguai marca o início da decadência do Segundo Reinado, em razão</p><p>do fortalecimento político do Exército, que se torna um foco abolicionista e</p><p>republicano.</p><p>49. Economia do Segundo Reinado.</p><p>Durante o Segundo Reinado houve uma diversificação das atividades econômicas,</p><p>muito embora o modelo econômico estivesse voltado para atender as necessidades</p><p>do mercado externo.</p><p>O cacau e a borracha ganharam destaque na produção agrícola. O surto da</p><p>borracha - Pará e Amazonas - levou o Brasil a dominar 90% do comércio mundial.</p><p>Porém, o principal produto de exportação brasileira será o café.</p><p>49.1 - Café: expansão e modernização.</p><p>O café foi introduzido no Brasil, por volta de 1727, por Francisco de Mello Palheta.</p><p>A partir de 1760 o produto passou a Ter uma importância comercial, sendo utilizado</p><p>para a exportação. Inicialmente no Rio de Janeiro, no vale do Paraíba e,</p><p>posteriormente o Oeste paulista.</p><p>No vale do Paraíba, as fazendas de café eram estruturadas de forma tradicional, ou</p><p>seja, grandes propriedades que utilizavam a mão- de-obra escrava. O esgotamento</p><p>do solo e a escassez de terras contribuíram para a decadência da produção na</p><p>região. Em contrapartida, a expansão do mercado consumidor internacional</p><p>favoreceu a expansão do cultivo do café para o Oeste paulista.</p><p>A economia cafeeira foi responsável pelo processo de modernização econômica do</p><p>século XIX: desenvolvimento urbano, dos meios de transportes (ferrovias e portos),</p><p>desenvolvimento dos meios de comunicação (telefone e telégrafo), a substituição</p><p>do trabalho escravo pelo trabalho livre e o surto industrial.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>52</p><p>50. Substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado.</p><p>A crise do escravismo brasileiro está relacionada a uma série de fatores, entre</p><p>os quais, as pressões inglesas sobre o tráfico negreiro e a expansão da</p><p>atividade cafeeira, trazendo a necessidade de ampliar a força de trabalho.</p><p>Com a extinção do tráfico negreiro em 1850- lei Euzébio de Queiróz- os</p><p>fazendeiros de café tiveram que encontrar uma solução para suprir a falta de</p><p>mão-de-obra; esta solução será a importação de imigrantes europeus.</p><p>O pioneiro em recrutar imigrantes europeus foi um grande fazendeiro da região</p><p>de Limeira, em São Paulo, o senador Nicolau de Campos Vergueiro, que trouxe</p><p>para a sua fazenda famílias da Suíça e da Alemanha, iniciando o chamado</p><p>sistema de parceria.</p><p>51. O sistema de parceria.</p><p>O fazendeiro custeava o transporte dos imigrantes europeus até suas fazendas</p><p>e estes, por sua vez, pagariam os fazendeiros com trabalho. O trabalho consistia</p><p>no cultivo do café e gêneros de subsistência, entregando ao fazendeiro boa parte</p><p>da produção (dois terços).</p><p>O regime de parceria não obteve sucesso, em razão dos elevados juros</p><p>cobrados sobre as dívidas assumidas pelos</p><p>colonos para trabalharem no Brasil,</p><p>os maus tratos recebidos e o baixo preço pago pelo café cultivado.</p><p>Diante do fracasso do sistema e das revoltas de colonos, outras formas de</p><p>estímulo à vinda de imigrantes formam adotados.</p><p>A imigração subvencionada substituiu o sistema de parcerias. Nela, o Estado</p><p>pagava os custos da viagem do imigrante europeu e regulamentava as relações</p><p>entre os fazendeiros e os colonos.</p><p>Os grandes "importadores" de imigrantes foram a Itália e a Alemanha, países</p><p>que passavam por guerras, em virtude do processo de unificação política.</p><p>A consolidação do trabalho livre e assalariado fortaleceu o mercado interno</p><p>brasileiro e criou condições para o desenvolvimento industrial.</p><p>Com a extinção do tráfico negreiro e a entrada maciça de imigrantes europeus,</p><p>abriu-se a possibilidade do desenvolvimento da chamada economia familiar:</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>53</p><p>pequenas propriedades, voltadas para o abastecimento do mercado interno.</p><p>Pressionado pela aristocracia rural, o governo imperial aprovou, em 1850, a</p><p>chamada Lei das Terras, determinando que as terras públicas só poderiam</p><p>tornar-se privadas mediante a compra. Dado ao preço elevado das terras,</p><p>pessoas de poucos recursos não tinham acesso, evitando desvio de mão-de-</p><p>obra para outras atividades que não fossem o setor agroexportador.</p><p>52. O surto industrial.</p><p>O desenvolvimento industrial brasileiro está relacionado com a promulgação, em</p><p>1844 da tarifa Alves Branco, que aumentou as taxas alfandegárias sobre os</p><p>artigos importados; o fim do tráfico negreiro foi um fator que também favoreceu</p><p>o florescimento industrial, pois os capitais destinados ao comércio de escravos</p><p>passaram a ser empregados em outros empreendimentos e, com a vinda dos</p><p>imigrantes e da consolidação do trabalho assalariado, houve uma ampliação do</p><p>mercado consumidor.</p><p>O maior destaque industrial do período foi, sem dúvida nenhuma, Irineu</p><p>Evangelista de Souza, o barão de Mauá. Dirigiu inúmeros empreendimentos, tais</p><p>como bancos, companhias de gás, companhias de navegação, estradas de ferro,</p><p>fundição, fábrica de velas. No campo das comunicações, trabalhou na instalação</p><p>de um cabo submarino ligando o Brasil à Europa.</p><p>O surto industrial e a chamada "Era Mauá", entraram em crise a partir de 1860,</p><p>com a tarifa Silva Ferraz, que substituiu a tarifa Alves Branco. Houve uma</p><p>redução nas taxas de importação e a concorrência inglesa foi fatal para os</p><p>empreendimentos de Mauá.</p><p>53. A queda da monarquia brasileira.</p><p>A queda monarquia brasileira está relacionada às mudanças estruturais que</p><p>ocorreram no Brasil ao longo do século XIX: a modernização da economia, o</p><p>surto industrial, a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre e</p><p>assalariado, o abolicionismo, o movimento republicano, os choques com a Igreja</p><p>e o Exército.</p><p>54. O movimento abolicionista:</p><p>A campanha pela abolição da escravidão ganhou impulso com o final da guerra</p><p>do Paraguai - muitos soldados negros que lutaram na guerra foram alforriados.</p><p>Organizaram-se no país vários "clubes" que discutiam a questão. Visando</p><p>diminuir as pressões internas e externas, (a Inglaterra tinha interesses na</p><p>abolição), o governo imperial iniciou uma série de reformas, com o intuito de</p><p>reduzir a escravidão:</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>54</p><p>-Lei do Ventre Livre (1871) - filhos de escravas nascidos a partir daquela data</p><p>seriam considerados livres. Os seus efeitos foram reduzidos visto que o escravo</p><p>ficaria sob a tutela do proprietário até os oito anos, cabendo a este o direito de</p><p>explorar o trabalho do escravo até este completar 21 anos de idade.</p><p>-Lei dos Sexagenários (1885) - libertava os escravos com acima de 65 anos de</p><p>idade. Esta lei ficou conhecida como "a gargalhada nacional". Primeiro pelo</p><p>reduzido número de escravos libertados, uma vez que poucos atingiam tal idade;</p><p>além disto, um escravo com mais de 65 anos representava um custo ao grande</p><p>proprietário, não tendo condições alguma de trabalhar. Por fim, depois da</p><p>libertação, o negro deveria dar mais três anos de trabalho ao senhor, como forma</p><p>de indenização!!</p><p>-Lei Áurea (1888) - decretava, no dia 13 de maio, a libertação de todos os</p><p>escravos no Brasil.</p><p>“A abolição da escravidão no Brasil foi um duro golpe aos grandes</p><p>proprietários de terras escravocratas, que passaram a combater a</p><p>Monarquia. São os chamados "Republicanos de 13 de maio".</p><p>55. A Questão Religiosa.</p><p>Choque do governo imperial com a Igreja Católica, em virtude do regime do</p><p>padroado, ou seja, o poder do imperador de nomear bispos- ficando a Igreja</p><p>subordinada ao Estado.</p><p>Em 1864, o Papa Pio IX, através da bula Sillabus proibiu a perman6encia de</p><p>membros da maçonaria dentro da organização eclesiástica. O imperador,</p><p>membro da maçonaria, rejeitou a bula. Porém, dois bispos obedeceram ao papa</p><p>e expulsaram párocos ligados à maçonaria. Os bispos foram condenados à</p><p>prisão com trabalhos forçados, sendo anistiados pouco depois. Os bispos eram</p><p>D. Vidal de Oliveira da diocese de Olinda, e D. Antônio de Macedo da diocese</p><p>de Belém.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>55</p><p>56. A Questão Militar.</p><p>Desde o final da Guerra do Paraguai, o exército vinha exigindo uma maior</p><p>participação nas decisões políticas do império. A insatisfação política, as idéias</p><p>positivistas e os baixos soldos levaram os militares, através da imprensa, a</p><p>criticarem a monarquia.</p><p>Em 1883, o tenente-coronel Sena Madureira criticou as reformas no sistema de</p><p>aposentadoria militar, sendo punido. O governo proibiu qualquer tipo de</p><p>declaração política dos militares na imprensa.</p><p>Em 1885, o coronel Cunha Matos do Piauí, utilizou-se da imprensa para</p><p>defender-se da acusação de desonesto, sendo preso por 48 horas.</p><p>A punição provocou um mal-estar na alta oficialidade, reclamando da</p><p>interferência civil sobre os assuntos militares. Entre os oficiais descontentes com</p><p>a Monarquia estava o marechal Deodoro da Fonseca.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>56</p><p>57. O movimento republicano.</p><p>O movimento republicano iniciou-se em 1870, com a fundação do Clube</p><p>Republicano e do jornal "A República" e o lançamento do "Manifesto</p><p>Republicano".</p><p>O Partido Republicano apresentava duas correntes: os</p><p>evolucionistas, liderados por Quintino Bocaiúva, que defendiam a via pacífica</p><p>para atingir o poder; os revolucionários, sob a liderança de Silva Jardim, que</p><p>pregavam a revolução e a participação popular. O movimento de 15 de novembro</p><p>foi conduzido pelos evolucionistas.</p><p>Entre os republicanos militares, as idéias de Augusto Comte foram muito</p><p>difundidas, principalmente por Benjamin Constant - trata-se do positivismo, cujo</p><p>lema era "Ordem e progresso".</p><p>58. A proclamação da República.</p><p>Em 1888, um novo gabinete fora nomeado, tendo como primeiro ministro Afonso</p><p>Celso de Oliveira Figueiredo, o visconde de Ouro Preto. Este iniciou um amplo</p><p>programa reformista procurando salvar a monarquia.</p><p>No dia 14 de novembro de 1889 foi divulgado um boato de que o visconde de</p><p>Ouro Preto havia decretado a prisão de Deodoro da Fonseca e Benjamin</p><p>Constant. Os militares rebelaram-se e na madrugada do dia 15, o marechal</p><p>Deodoro da Fonseca assumiu o comando dos rebelados que marcharam em</p><p>direção ao centro da cidade.</p><p>Na tarde de 15 de novembro de 1889, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro,</p><p>José do Patrocínio declarava a proclamação da República.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>57</p><p>O movimento, elitista e que não contou com a participação popular, foi aplaudido</p><p>e incentivado pela burguesia cafeicultora do Oeste Paulista, pois o ideal</p><p>republicano envolvia a idéia de federação, ou seja, grande autonomia aos</p><p>estados membros. Desta forma, a província de São Paulo ocuparia um ligar de</p><p>destaque no Estado republicano, como se verá adiante.</p><p>59. República Velha</p><p>59.1- A República da Espada (1891/1894)</p><p>Período inicial da história republicana onde o governo foi exercido por dois</p><p>militares, devido o temor de uma reação monárquica. Momento de consolidação</p><p>das instituições republicanas. Os militares presidentes foram os marechais</p><p>Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.</p><p>59.2 - GOVERNO DE DEODORO DA FONSECA.</p><p>O governo de Deodoro da Fonseca é dividido em dois momentos, o governo</p><p>provisório e o governo constitucional.</p><p>59.3 - GOVERNO PROVISÓRIO (1889/1891).</p><p>Período que vai da proclamação da República em 15 de novembro de 1889 até</p><p>a elaboração da primeira constituição republicana, promulgada em 24 de</p><p>fevereiro de 1891.</p><p>Entre as principais medidas do governo provisório estão a extinção da</p><p>vitaliciedade do Senado, a dissolução da Câmara dos Deputados, a supressão</p><p>do Conselho de Estado, extinção do Padroado e do beneplácito, a separação</p><p>entre Igreja e Estado, a transformação das</p><p>Além disto, estabeleceu-se a liberdade de culto, a secularização dos cemitérios,</p><p>criação do Registro Civil - para legalizar nascimentos e casamentos - a grande</p><p>naturalização, ou seja, todo estrangeiro que vivia no Brasil adquiriu</p><p>nacionalidade brasileira, e foi convocada uma Assembléia Nacional Constituinte,</p><p>responsável pela elaboração da primeira constituição republicana do Brasil.</p><p>60. A CONSTITUIÇÃO DE 1891.</p><p>Durante os trabalhos da Assembléia Constituinte evidenciaram-se as</p><p>divergências entre os republicanos. Havia o projeto de uma república liberal -</p><p>defendido pelos cafeicultores paulistas - grande autonomia aos estados</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>58</p><p>(federalismo); garantia das liberdades individuais; separação dos três poderes e</p><p>instauração das eleições. Este projeto visava a descentralização administrativa,</p><p>tornando o poder público um acessório ao poder privado - marcante ao longo da</p><p>República Velha.</p><p>O outro projeto republicano era inspirado nos ideais da Revolução Francesa, o</p><p>período da Convenção Nacional e a instalação da Primeira República Francesa.</p><p>Este ideal era conhecido como república jacobina, defendida por intelectuais e</p><p>pela classe média urbana. Exaltavam a liberdade pública e o direito do povo</p><p>discutir os destinos da nação. Por fim, inspirada nas idéias de Augusto Comte,</p><p>com bastante aceitação dentro do exército brasileiro, o projeto de uma república</p><p>positivista. O seu ideal era o progresso dentro da ordem, cabendo ao Estado o</p><p>papel de garantir estes objetivos. Este Estado teria de ser forte e centralizado.</p><p>Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a segunda</p><p>Constituição brasileira, e a primeira republicana. O projeto de uma república</p><p>liberal foi vencedor.</p><p>Foram características da Constituição de 1891:</p><p>-instituição de uma República Federativa, onde os Estados teriam ampla</p><p>autonomia econômica e administrativa;</p><p>-separação dos poderes em Poder Executivo, exercido pelo presidente - eleito</p><p>para um mandato de quatro anos (sem direito à reeleição), e auxiliado pelos</p><p>ministros; o Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, formado pela</p><p>Câmara de Deputados( eleitos para um mandato de três anos, sendo seu</p><p>número proporcional à população de cada Estado) e pelo Senado Federal, com</p><p>mandato de 9 anos, a cada três anos um terço dele seria renovado; o Poder</p><p>Judiciário, tendo como principal órgão o Supremo Tribunal Federal.</p><p>-o voto era descoberto (não secreto), direto e universal aos maiores de 21 anos.</p><p>Proibido aos soldados, analfabetos, mendigos e religiosos de ordens</p><p>monásticas.</p><p>-ficava estabelecida a liberdade religiosa, bem como os direitos e as garantias</p><p>individuais.</p><p>A Constituição de 1891 foi fortemente influenciada pelo modelo norte-americano,</p><p>sendo adotado o nome de República Federativa dos Estados Unidos do Brasil.</p><p>Nas "diposições transitórias" da Constituição ficava estabelecido que o primeiro</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>59</p><p>presidente do Brasil não seria eleito pelo voto universal, mas sim pela</p><p>Assembléia Constituinte.</p><p>61.O ENCILHAMENTO.</p><p>Além da elaboração da Constituição de 1891, o governo provisório de Deodoro</p><p>da Fonseca foi marcado uma política econômica e financeira, conhecida como</p><p>Encilhamento.</p><p>Rui Barbosa, então ministro da Fazenda, procurou estimular a industrialização e</p><p>a produção agrícola. Para atingir estes objetivos, Rui Barbosa adota a política</p><p>emissionista, ou seja, o aumento da emissão do papel-moeda, com a intenção</p><p>de aumentar a moeda em circulação.</p><p>O ministro facilitou o estabelecimento de sociedades anônimas fazendo com que</p><p>boa parte do dinheiro em circulação não fosse aplicado na produção, mas sim</p><p>na especulação de títulos e ações de empresas fantasmas.</p><p>A especulação financeira provocou uma desordem nas finanças do país,</p><p>acarretando uma enorme desvalorização da moeda, forte inflação e grande</p><p>número de falências.</p><p>Deve-se ressaltar que a burguesia cafeeira não via com bons olhos esta tentativa</p><p>de Rui Barbosa em industrializar o Brasil, algo que não estava em seus planos.</p><p>62. GOVERNO CONSTITUCIONAL (1891).</p><p>Após a aprovação da Constituição de 1891, Deodoro da Fonseca- eleito pela</p><p>Assembléia- permaneceu no poder, em parte devido às pressões dos militares</p><p>aos cafeicultores. A eleição pela Assembléia revelou os choques entre os</p><p>republicanos positivistas ( que postulavam a idéia de golpe militar para garantir</p><p>o "continuísmo" ) e os republicanos liberais. O candidato destes era Prudente de</p><p>Morais, tendo como vice- presidente o marechal Floriano Peixoto. Como o voto</p><p>na Assembléia não era vinculado, Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente de</p><p>Deodoro da Fonseca.</p><p>O novo governo, autoritário e centralizador, entrou em choque com o Congresso</p><p>Nacional, controlado pelos cafeicultores, e com militares ligados a Floriano</p><p>Peixoto.</p><p>Deodoro da Fonseca foi acusado de corrupção e o Congresso votou o projeto da</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>60</p><p>Lei das Responsabilidades, tornado possível o impeachment de Deodoro. Este,</p><p>por sua vez, vetou o projeto, fechou o Congresso Nacional, prendeu líderes da</p><p>oposição e decretou estado de sítio. A reação a este autoritarismo foi imediata e</p><p>inesperada, ocorrendo uma cisão no interior do Exército.</p><p>Uma greve e trabalhadores, contrários ao golpe, em 22 de novembro no Rio de</p><p>Janeiro, e a sublevação da Marinha no dia seguinte- liderada pelo almirante</p><p>Custódio de Melo- onde os navios atracados na baía da Guanabara apontaram</p><p>os canhões para a cidade, exigindo a reabertura do Congresso - forçaram</p><p>Deodoro da Fonseca a renunciar à Presidência, sendo substituído pelo seu vice-</p><p>presidente, Floriano Peixoto.</p><p>63. GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO (1891-1894).</p><p>Adepto do republicanismo radical, o "florianismo" virou sinônimo de</p><p>"jacobinismo". Foi um defensor da força para garantir e manter a ordem</p><p>republicana, recebendo o apelido de "Marechal de Ferro".</p><p>Floriano reabriu o Congresso Nacional, suspendeu o estado de sítio e tomou</p><p>medidas populares, tais como a redução do valor dos aluguéis das moradias</p><p>populares e suspendeu a cobrança do imposto sobre a carne vendida no varejo.</p><p>Estas medidas, porém, estavam restritas à cidade do Rio de Janeiro.</p><p>Seu governo também incentivou a indústria, através do estabelecimento de</p><p>medidas protecionistas - evidenciando o nacionalismo dos republicanos radicais.</p><p>No entanto, este</p><p>caráter nacionalista de Floriano Peixoto era mal visto no</p><p>exterior, o que podia dificultar as exportações de café e os interesses dos</p><p>cafeicultores.</p><p>O início da oposição à Floriano partiu em abril de 1892, quando foi publicado o</p><p>Manifesto dos Treze Generais, acusando o governo de ilegal e exigindo novas</p><p>eleições. Pela Constituição de 1891, em seu artigo 42, caso o Presidente não</p><p>cumprisse a metade do seu mandato, o vice- presidente deveria convocar novas</p><p>eleições. Floriano não acatou as determinações do artigo, alegando ter sido</p><p>eleito de forma indireta.</p><p>Os oficiais que assinaram o manifesto foram afastados e presos por</p><p>insubordinação.</p><p>Paralelamente, o Rio Grande do Sul foi palco de uma guerra civil, envolvendo</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>61</p><p>grupos oligárquicos pelo controle do poder político.</p><p>Federalistas (maragatos), liderados por Gaspar Silveira Martins, contra os</p><p>castilhistas (pica-paus), chefiados por Júlio de Castilhos, que controlavam a</p><p>política do Estado de maneira centralizada. Floriano interveio no conflito,</p><p>denominado Revolução Federalista em favor de Júlio de Castilhos. O apoio de</p><p>Floriano aos castilhistas fez com que a oposição apoiasse os maragatos.</p><p>Em setembro de 1893, na cidade do Rio de Janeiro, eclode a Segunda Revolta</p><p>da Armada, liderada pelo almirante Custódio de Melo. A revolta da Armada</p><p>fundiu-se com a Revolução Federalista. A repressão aos dois movimentos foi</p><p>extremamente violenta.</p><p>Após três anos de governo, enfrentando com violência as oposições, Floriano</p><p>Peixoto passa a presidência à Prudente de Morais, tendo início a República das</p><p>Oligarquias.</p><p>64. República das Oligarquias (1894/1930).</p><p>As oligarquias eram constituídas por grandes proprietários de terra e que</p><p>exerciam o monopólio do poder local. Este período da história republicana é</p><p>caracterizado pela defesa dos interesses destes grupos, particularmente da</p><p>oligarquia cafeeira. Os grupos oligárquicos vão garantir a dominação política no</p><p>país, através do coronelismo, do voto do cabresto, da política dos governadores</p><p>e da política de valorização do café.</p><p>64.1 - A política dos governadores</p><p>Um acordo entre os governadores dos Estados e o governo central. Os</p><p>governadores apoiavam o presidente, concordando com sua política. Em troca,</p><p>o governo federal só reconheceria a vitória de deputados e senadores que</p><p>representassem estes governadores. Desta forma, o governador controlaria o</p><p>poder estadual e o presidente da República não teria oposição no Congresso</p><p>Nacional.</p><p>O instrumento utilizado para impedir a posse dos deputados da oposição foi a</p><p>Comissão Verificadora de Poderes : caso um deputado da oposição fosse eleito</p><p>para o Congresso, uma comissão - constituída por membros da Câmara dos</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>62</p><p>Deputados - acusando fraude eleitoral, não entregava o diploma. O candidato da</p><p>oposição sofria a chamada "degola". No entanto, para manutenção de seu</p><p>domínio político, no plano estadual, sob o apoio do governo central, as</p><p>oligarquias estaduais usavam das fraudes eleitorais.</p><p>A política dos governadores foi iniciada na presidência de Campos Sales, e</p><p>responsável pela implantação da chamada política do café-com- leite.</p><p>64.2 - A política do café-com-leite.</p><p>Revezamento, no executivo federal, entre as oligarquias paulistas e mineiras. O</p><p>número de deputados federais era proporcional à população dos Estados. Desta</p><p>forma, os estados mais populosos - São Paulo e Minas Gerais - tinham maior</p><p>número de representantes no Congresso.</p><p>64.3 - Coronelismo e voto do cabresto.</p><p>O sistema político da República Velha estava assentado nas fraudes eleitorais,</p><p>visto que o voto não era secreto. O exercício da fraude eleitoral ficava à cargo</p><p>dos "coronéis", grandes latifundiários que controlavam o poder político local ( os</p><p>municípios ).</p><p>Exercendo um clientelismo político (troca de favores) o grande proprietário</p><p>controlava toda uma população ("curral eleitoral"), através do voto de cabresto.</p><p>Assim, o poder oligárquico era exercido no nível municipal pelo coronel, no nível</p><p>estadual pelo governador e, através da política do café- com-leite, o presidente</p><p>controlava o nível federal.</p><p>64.4 - A política de valorização do café.</p><p>Durante a segunda metade do século XIX, até a década de 30, no século XX, o</p><p>café foi o principal produto de exportação brasileiro. As divisas provenientes</p><p>desta exportação, contribuíram para o início do processo de industrialização- a</p><p>partir de 1870.</p><p>Por volta de 1895, a economia cafeeira passou a mostrar sinais de crise. As</p><p>causas desta crise estavam no excesso de produção mundial. A oferta, sendo</p><p>maior que a procura, acarreta uma queda nos preços - prejudicando os</p><p>fazendeiros de café.</p><p>Procurando combater a crise, a burguesia cafeeira - que possuia o controle do</p><p>aparelho estatal - criou mecanismos econômicos de valorização do café.</p><p>Em 1906, na cidade de Taubaté, os cafeicultores criaram o Convênio de Taubaté</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>63</p><p>- plano de intervenção do estado na cafeicultura, com o objetivo de promover a</p><p>elevação dos preços do</p><p>produto. Os governadores dos estados produtores de café ( São Paulo, Rio de</p><p>Janeiro e Minas Gerais ) garantiam a compra de toda a produção cafeeira com</p><p>o intuito de criar estoques reguladores. O governo provocaria uma falta do</p><p>produto, favorecendo a alta dos preços, e, em seguida vendia o produto.</p><p>Os resultados desta política de valorização do café foram prejudiciais para a</p><p>economia do país. Para comprar toda a produção de café, os governos estaduais</p><p>recorriam a empréstimos no exterior, que seriam arcados por toda a população;</p><p>além disto, caso a demanda internacional não fosse suficiente, os estoques</p><p>excedentes deveriam ser queimados, causando prejuízos para o governo - que</p><p>já havia pago pelo produto!</p><p>Outro mecanismo da valorização do café, foi a política cambial de desvalorização</p><p>do dinheiro brasileiro em relação à moeda estrangeira. Para quem dependia da</p><p>exportação - no caso a burguesia cafeeira - semelhante política atendia seus</p><p>interesses: na hora da conversão da moeda estrangeira em moeda brasileira não</p><p>havia perdas; porém, para quem dependia das importações - no caso a grande</p><p>maioria dos brasileiros, visto que se importava quase tudo, principalmente</p><p>gêneros alimentícios e roupas - esta política tornava os produtos estrangeiros</p><p>muito mais caros.</p><p>A política de valorização do café, de forma geral, provoca o que se chamará de</p><p>"socialização das perdas". Os lucros econômicos ficariam com a burguesia</p><p>cafeeira e as perdas seriam distribuídas entre a população.</p><p>65. A sucessão oligárquica ( 1894/1930)</p><p>65.1 - PRUDENTE DE MORAIS (1894/1898)</p><p>Seu governo foi marcado pela forte oposição dos florianistas. Adotou uma</p><p>postura de incentivar a expansão industrial, mediante a adoção de taxas</p><p>alfandegárias que dificultavam a entrada de produtos estrangeiros. Esta política</p><p>não agradou a oligarquia cafeeira, reclamando incentivos somente para o setor</p><p>rural.</p><p>O principal acontecimento de seu governo foi a eclosão da Guerra de Canudos,</p><p>entre 1896 e 1897, no interior da Bahia. As causas deste movimento são</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>64</p><p>encontradas no latifúndio de caráter monocultor -</p><p>voltado para atender os interesses do mercado externo. O predomínio do</p><p>latifúndio acentua a miséria da população sertaneja e a fome.</p><p>O movimento de Canudos possui um cunho religioso (messianismo). Antônio</p><p>Conselheiro, pregando a salvação da alma, fundou o arraial de Canudos, às</p><p>margens do rio Vaza-Barris. Canudos possuirá uma população de,</p><p>aproximadamente, 20 mil habitantes.</p><p>Dedicavam-se às pequenas plantações e</p><p>criação de animais para a subsistência.</p><p>O arraial de Canudos não agradava à Igreja Católica, que perdia fiéis; nem aos</p><p>latifundiários, que perdiam mão-de-obra. Sob a acusação do movimento ser</p><p>monarquista, o governo federal iniciou uma intensa campanha militar.</p><p>A Guerra de Canudos é objeto de análise de Euclides da Cunha, em sua obra</p><p>"Os Sertões".</p><p>65.2 - CAMPOS SALES ( 1898/1902).</p><p>Em seu governo procurou reorientar a política econômica para atender os</p><p>interesses das oligarquias rurais: café, algodão, borracha, cacau, açúcar e</p><p>minérios. Adotando o princípio de que o Brasil era um país essencialmente</p><p>agrícola, o apóio à expansão industrial foi suspenso. Já em seu governo, a</p><p>inflação e a dívida externa eram problemas sérios. Seu ministro da Fazenda,</p><p>Joaquim Murtinho, deu início ao chamado saneamento financeiro: política</p><p>deflacionista visando a valorização da moeda. Além do corte de crédito à</p><p>expansão da industria, o governo deixou de emitir moeda e criou novos impostos,</p><p>aumentando os que já existiam. Procurou-se uma redução dos gastos públicos</p><p>e foi</p><p>adotado uma política de arrocho salarial.</p><p>Outra medida para o equilíbrio econômico foi o funding-loan, acordo de</p><p>negociação da dívida externa: o Brasil teria um novo empréstimo; suspensão,</p><p>por 13 anos do pagamento das dívidas e de 63 para liqüidar as dívidas.</p><p>Para conseguir apóio do Congresso na adoção do saneamento financeiro,</p><p>Campos Sales colocou em funcionamento a política dos governadores.</p><p>65.3 - RODRIGUES ALVES (1902/1906)</p><p>Período conhecido como "qüadriênio progressista", marcado pela modernização</p><p>dos portos, ampliação da rede ferroviária e pela</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>65</p><p>urbanização da cidade do Rio de Janeiro - preocupação de seu prefeito, Pereira</p><p>Passos.</p><p>Houve também a chamada Campanha de Saneamento, dirigida por Osvaldo</p><p>Cruz, buscando eliminar a febre amarela e a varíola. Para combater a varíola, foi</p><p>imposta a vacinação obrigatória, provocando um descontentamento popular. Os</p><p>opositores ao governo aproveitaram-se da situação, eclodindo a Revolta da</p><p>Vacina.</p><p>No quadriênio de Rodrigues Alves foi aprovada as decisões do Convênio de</p><p>Taubaté, visando a valorização do café.</p><p>Destaque para o surto da borracha que ocorreu em seu governo. A extração e</p><p>exportação da borracha atendia os interesses da indústria de pneumáticos e de</p><p>automóveis. No entanto, a extração da borracha não se mostrou como alternativa</p><p>ao café. Sua exploração apresentou um caráter de surto, de aproximadamente</p><p>50 anos.</p><p>A economia da borracha provocou uma questão externa, envolvendo Brasil e</p><p>Bolívia, a chamada Questão do Acre. A solução veio com a assinatura do</p><p>Tratado de Petrópolis, em que o Brasil anexou o Acre, pagando uma indenização</p><p>de 2 milhões de libras para a Bolívia.</p><p>65.4 - AFONSO PENA ( 1906/1909).</p><p>Implantação do plano para a valorização do café, onde o governo compraria toda</p><p>a produção de café e armazenando-a, para depois vendê-la. Faleceu em 1909,</p><p>tendo seu mandato presidencial terminado por Nilo Peçanha, seu vice-</p><p>presidente.</p><p>65.5 - NILO PEÇANHA (1909/1910).</p><p>Criação do Serviço de Proteção ao Índio, dirigido pelo marechal Cândido Mariano</p><p>da Silva Rondon.</p><p>Seu curto governo foi marcado pela sucessão presidencial. De um lado,</p><p>representando a máquina oligárquica, estava o candidato Hermes da Fonseca,</p><p>de outro, como candidato da oposição, estava Rui Barbosa.</p><p>O lema da campanha de Rui Barbosa era Campanha Civilista, visto que Hermes</p><p>da Fonseca era marechal do exército. Rui Barbosa defendia a reforma eleitoral</p><p>com o voto secreto, a revisão constitucional e a elaboração do Código Civil.</p><p>Apesar de grande votação, Rui Barbosa não venceu as eleições.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>66</p><p>65.6 - HERMES DA FONSECA ( 1910/1914).</p><p>Imposição da chamada Política das Salvações: intervenção federal para</p><p>derrubar oligarquias oposicionistas, substituindo-as por outras que apoiassem a</p><p>administração.</p><p>Esta política de intervenção provocou a chamada Revolta de Juazeiro, ocorrida</p><p>no Ceará, e liderada pelo padre Cícero.</p><p>Ainda em seu governo, na cidade do Rio de Janeiro, eclodiu a Revolta da</p><p>Chibata, liderada pelo marinheiro João Candido, contra os castigos corporais e</p><p>excesso de trabalho na Marinha. A rebelião militar foi duramente reprimida.</p><p>O seu governo foi marcado por uma acentuação da crise econômica - queda nas</p><p>exportações do café e da borracha - levando o governo a realizar um segundo</p><p>funding loan.</p><p>65.6 - VENCESLAU BRÁS ( 1914/1918).</p><p>Em seu governo ocorre, no sul do país, um movimento social muito semelhante</p><p>à Guerra de Canudos. O conflito, denominado Guerra do Contestado,</p><p>apresentava como causas a miséria e a fome da população sertaneja, nas</p><p>fronteiras de Santa Catarina e Paraná. O movimento teve um caráter messiânico,</p><p>pois liderado pelo "monge" João Maria. A exemplo de Canudos, o movimento foi</p><p>duramente reprimido pelo governo.</p><p>O principal evento, que marcou o quadriênio de Venceslau Brás, foi a Primeira</p><p>Guerra Mundial (1914/18). A duração da guerra provocou, no Brasil, um surto</p><p>industrial. Este processo está ligado à política de substituição de importações: já</p><p>que não se conseguia importar nada, em virtude da guerra, o Brasil passou a</p><p>produzir. Este impulso à industrialização fez nascer uma burguesia industrial e o</p><p>operariado.</p><p>A classe operária, por sua vez, vivia em precárias condições, não possuindo</p><p>salário mínimo, não tendo jornada de trabalho regulamentada, havia exploração</p><p>do trabalho infantil e feminino. Muitos acidentes de trabalho aconteciam. Contra</p><p>este estado de coisas, a classe operária manifestou-se, através de greves. A</p><p>maior delas ocorreu em 1917, sendo reprimida pela polícia. Aliás, a questão</p><p>social na República Velha, ou seja, a relação capital/trabalho, era vista como</p><p>"caso de polícia". Até a década de 30 o movimento operário terá como bandeira</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>67</p><p>os ideiais do anarquismo e do anarcossindicialismo.</p><p>65.7 - RODRIGUES ALVES/ DELFIM MOREIRA (1918/1919).</p><p>O eleito em 1918 fora Rodrigues Alves que faleceu - gripe espanhola - sem tomar</p><p>posse. Seu vice-presidente, Delfim Moreira, de acordo com o artigo 42 da</p><p>Constituição Federal, marcou novas eleições. O vencedor do novo pleito foi</p><p>Epitácio Pessoa.</p><p>65.8 - EPITÁCIO PESSOA ( 1919/1922).</p><p>Seu governo é marcado pelo início de graves crises econômicas e políticas,</p><p>responsáveis pela chamada Revolução de 1930.</p><p>A crise econômica foi deflagrada com o início da queda - gradual e constante -</p><p>dos preços das matérias primas no mercando internacional, por conta do final da</p><p>Primeira Guerra Mundial. O setor mais afetado no Brasil foi, como não poderia</p><p>deixar de ser, o setor exportador do café.</p><p>No plano militar, Epitácio Pessoa resolveu substituir ministros militares por</p><p>ministros civis, em pastas ocupadas por membros das Forças Armadas. Para o</p><p>Ministério da Marinha foi indicado Raul Soares, e para o Ministério da Guerra,</p><p>Pandiá Calógeras. A nomeação causou descontentamento militar.</p><p>A oposição militar às oligarquias desencadearam o chamado Tenentismo . O</p><p>tenentismo foi um movimento que propunha a moralização do país, mediante o</p><p>voto secreto e da centralização política. Teve um forte caráter elitista - muito</p><p>embora sua propostas identificavam-se com os interesses das camadas médias</p><p>do país. Os tenentes julgavam-se os únicos capazes de solucionarem os</p><p>problemas do país: o chamada "ideal de salvação nacional".</p><p>O primeiro levante do tenentes ocorreu em 05 de julho de 1922, episódio</p><p>conhecido como Levante do Forte de Copacabana ( os 18 do Forte). O motivo</p><p>deste levante foi a publicação de cartas, cujos conteúdos,</p><p>ofendiam o Exército.</p><p>O autor teria sido Artur Bernardes, recém eleito presidente da República.</p><p>65.9 - ARTUR BERNARDES ( 1922/1926).</p><p>Apesar do episódio das "cartas falsas", Artur Bernardes foi declarado vencedor</p><p>em março de 1922 . O descontentamento no meio militar foi muito grande. O</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>68</p><p>levante do forte de Copacabana foi uma tentativa de impedir a sua posse.</p><p>No ano de 1924 uma nova revolta tenentista ocorre. Desta feita em São Paulo -</p><p>Revolução Paulista de 1924. A reação do governo foi violenta, forçando os</p><p>rebeldes a fugirem da cidade. Os revoltosos encontraram-se com outra coluna</p><p>militar - gaúcha - é comandada por</p><p>Luís Carlos Prestes. Originou-se assim, a Coluna Prestes, que percorreu cerca</p><p>de 25 mil quilômetros no interior do Brasil, denunciando os problemas da</p><p>República Oligárquica. No ano de 1927 a Coluna foi desfeita, tendo a maioria</p><p>dos líderes buscado refúgio na Bolívia.</p><p>O governo de Artur Bernardes foi palco da Semana de Arte Moderna,</p><p>inaugurando o Modernismo no Brasil. A expansão industrial, o crescimento</p><p>urbano, o desenvolvimento do operariado inspiraram os modernistas.</p><p>65.1.1 - WASHINGTON LUÍS ( 1926/1930).</p><p>Governo marcado pela eclosão da Revolução de 1930.</p><p>No ano de 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou, causando sérios</p><p>efeitos para a economia mundial. A economia norte- americana fica arruinada,</p><p>com pesadas quedas na produção, além da ampliação do desemprego. A crise</p><p>econômica nos EUA fizeram-se sentir em todo o mundo.</p><p>Os efeitos da crise de 1929, para o Brasil, fizeram-se sentir com a queda brutal</p><p>nos preços do café. Os fazendeiros de café pediram auxílio ao governo federal,</p><p>que rejeitou, alegando que a queda nos preços do café seria compensada pelo</p><p>aumento no volume das exportações, o que, aliás, não ocorreu.</p><p>No plano interno, em 1930, ocorriam eleições presidenciais. Washington Luís</p><p>indicou um candidato paulista - Júlio Prestes, rompendo o pacto estabelecido na</p><p>política do café-com-leite. Os mineiros não aceitaram ( Washington Luís</p><p>representava os paulista e, seguindo a regra, o próximo presidente deveria ser</p><p>um mineiro, aliás o governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrada ). O</p><p>rompimento da política do café-com-leite vai fortalecer a oposição, organizada</p><p>na chamada Aliança Liberal.</p><p>A Aliança Liberal era uma chapa de oposição, tendo Getúlio Vargas para</p><p>presidente e João Pessoa para vice-presidente. Esta chapa contava com o apoio</p><p>das oligarquias do Rio Grande do Sul, Paraíba e de Minas Gerais, além do</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>69</p><p>Partido Democrático, formado por dissidentes do Partido Republicano Paulista</p><p>(PRP).</p><p>O programa da Aliança Liberal vai de encontro aos interesses das classes</p><p>dominantes marginalizadas pelo setor cafeeiro e, aumentando sua base de</p><p>apoio, defendia a regulamentação das leis trabalhistas, a instituição do voto</p><p>secreto e do voto feminino. Reivindicava a expansão da industrialização e uma</p><p>maior centralização política. De quebra, propunha a anistia aos tenentes</p><p>condenados, sensibilizando o setor militar.</p><p>Porém, mediante as tradicionais fraudes eleitorais, o candidato da situação, Júlio</p><p>Prestes, venceu as eleições. A vitória do candidato situacionista provocou</p><p>insatisfação das oligarquias marginalizadas, dos tenentes e da camada média</p><p>urbana. Alguns tenentes, como Juarez Távora e João Alberto, iniciaram uma</p><p>conspiração para evitar a posse de Júlio Prestes. Temendo que a conspiração</p><p>pudesse contar com a participação popular, os líderes oligárquicos tomaram o</p><p>comando do processo. "Façamos a revolução antes que o povo a faça", esta fala</p><p>de Antônio Carlos Andrade, governador de Minas, sintetiza tudo.</p><p>O estopim do movimento foi o assassinato de João Pessoa. Em 03 de outubro,</p><p>sob o comando de Góes Monteiro eclode a revolta no Rio Grande do Sul; em 04</p><p>de outubro foi a vez de Juarez Távora iniciar a rebelião na Paraíba. Por fim. Em</p><p>24 de outubro de 1930, temendo-se uma guerra civil, o alto-comando das Forças</p><p>Armadas no Rio de Janeiro desencadeou o golpe, depondo Washington Luís,</p><p>impedindo a posse de Júlio Prestes e formando uma junta pacificadora,</p><p>composta pelos generais Mena Barreto, Tasso Fragoso e pelo almirante Isaías</p><p>Noronha. No dia 03 de novembro Getúlio Vargas era empossado, de forma</p><p>provisória, como presidente da República.</p><p>66. SIGNIFICADO DA REVOLUÇÃO DE 30.</p><p>O movimento de 1930, apesar de sua complexa base social ( oligarquias</p><p>dissidentes, tenentes, camadas médias urbanas ) não deve ser visto como</p><p>uma ruptura na estrutura social, política e econômica do Brasil. A</p><p>revolução não rompeu com o sistema oligárquico, houve tão somente uma</p><p>substituição de oligarquias no poder. A revolução de 30 colocou um novo</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>70</p><p>governo compromissado com diversos grupos sociais. Sob este ponto de</p><p>vista, pode-se dizer que o movimento de 1930 patrocinou um "re-arranjo"</p><p>do Estado brasileiro.</p><p>67. Era Vargas (1930/45)</p><p>A chamada Era Vargas está dividida em três momentos: Governo Provisório,</p><p>Governo Constitucional e Estado Novo.</p><p>O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado “Estado de</p><p>compromisso”, em razão do apóio de diversas forças sociais e políticas: as</p><p>oligarquias dissidentes, classes médias, burguesia industrial e urbana, classe</p><p>trabalhadora e o Exército. Neste “Estado de compromisso” não existia nenhuma</p><p>força política hegemônica, possibilitando o fortalecimento do poder pessoal de</p><p>Getúlio Vargas.</p><p>68. Governo Provisório ( 1930/1934 ).</p><p>68.1 - Aspectos políticos e econômicos</p><p>No plano político, o governo provisório foi marcado pela Lei Orgânica, que</p><p>estabelecia plenos poderes a Vargas. Os órgão legislativos foram extintos, até a</p><p>elaboração de uma nova constituição para o país. Desta forma, Vargas exerce o</p><p>poder executivo e o Legislativo. Os governadores perderam seus mandatos –</p><p>por força da Revolução de 30 – seu nomeados em seus lugares os interventores</p><p>federais ( que eram escolhidos pelos tenentes ).</p><p>A economia cafeeira receberá atenções por parte do governo federal. Para</p><p>superar os efeitos da crise de 1929, Vargas criou o Conselho Nacional do Café,</p><p>reeditando a política de valorização do café ao comprar e estocar o produto. O</p><p>esquema provocou a formação de grandes estoques, em razão da falta de</p><p>compradores, levando o governo a realizar a queima dos excedentes.</p><p>Houve um desenvolvimento das atividades industriais, principalmente no setor</p><p>têxtil e no de processamento de alimentos. Este desenvolvimento explica-se pela</p><p>chamada política de substituição de importações.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>71</p><p>69. REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 32.</p><p>Movimento ocorrido em São Paulo ligado à demora de Getúlio Vargas para</p><p>reconstitucionalizar o país, a nomeação de um interventor pernambucano para o</p><p>governo do Estado (João Alberto). Mesmo sua substituição por Pedro de Toledo</p><p>não diminuiu o movimento. O movimento teve também como fator a tentativa da</p><p>oligarquia cafeeira retomar o poder político.</p><p>O movimento contou com apoio das camadas médias urbanas. Formou-se a</p><p>Frente Única Paulista, exigindo a nomeação de um interventor paulista e a</p><p>reconstitucionalização imediata do país.</p><p>Em maio de 1932 houve uma manifestação contra Getúlio que resultou na morte</p><p>de quatro manifestantes: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a</p><p>radicalização do movimento, sendo que o MMDC passou a ser o símbolo deste</p><p>momento marcado pela luta armada.</p><p>Após três meses de combates as forças leais a Vargas forçaram os paulistas à</p><p>rendição.</p><p>Procurando manter o apoio dos</p><p>paulistas, Getúlio Vargas acelerou o processo</p><p>de redemocratização realizando eleições para uma Assembléia Constituinte que</p><p>deveria elaborar uma nova constituição para o Brasil.</p><p>70. A CONSTITUIÇÃO DE 1934.</p><p>Promulgada em 16 de novembro de 1934 apresentando os seguintes aspectos:</p><p>A manutenção da República com princípios federativos;</p><p>Existência de três poderes independentes entre si: Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário; Estabelecimento de eleições diretas para o Executivo e Legislativo;</p><p>As mulheres adquirem o direito ao voto;</p><p>Representação classista no Congresso (elementos eleitos pelos sindicatos);</p><p>-Criado o Tribunal do Trabalho;</p><p>-Legislação trabalhista e liberdade de organização sindical;</p><p>-Estabelecimento de monopólio estatal sobre algumas atividades industriais;</p><p>-Possibilidade da nacionalização de empresas estrangeiras;</p><p>-Instituído o mandato de segurança, instrumento jurídico dos direitos do cidadão</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>72</p><p>perante o Estado.</p><p>A Constituição de 1934 foi inspirada na Constituição de Weimar preservando o</p><p>liberalismo e mantendo o domínio dos proprietários visto que a mesma não toca</p><p>no problema da terra.</p><p>71. Governo Constitucional (1934/1937).</p><p>Período marcada pelos reflexos da crise mundial de 1929: crise econômica,</p><p>desemprego, inflação e carestia. Neste contexto desenvolve-se, na Europa, os</p><p>regimes totalitários ( nazismo e fascismo) – que se opunham ao socialismo e ao</p><p>liberalismo econômico.</p><p>A ideologia nazi-fascista chegou ao Brasil, servindo de inspiração para a</p><p>fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), liderada pelo jornalista Plínio</p><p>Salgado. Movimento de extrema direita, anticomunista, que tinha como lema</p><p>"Deus, pátria, família”. Defendia a implantação de um Estado totalitário e</p><p>corporativo. A milícia da AIB era composta pelos “camisas verdes”, que usavam</p><p>de violência contra seus adversários.</p><p>Os integralistas receberam apoio da alta burguesia, do clero, da cúpula militar e</p><p>das camadas médias urbanas.</p><p>Por outro lado, o agravamento das condições de vida da classe trabalhadora</p><p>possibilitou a formação de um movimento de caráter progressista, contando com</p><p>o apoio de liberais, socialista, comunistas, tenentes radicais e dos sindicatos –</p><p>trata-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL). Luís Carlos Prestes, filiado ao</p><p>Partido Comunista Brasileiro foi eleito presidente de honra.</p><p>A ANL reivindicava a suspensão do pagamento da dívida externa, a</p><p>nacionalização das empresas estrangeiras e a realização da reforma agrária.</p><p>Colocava-se contra o totalitarismo e defendia a democracia e um governo</p><p>popular.</p><p>A adesão popular foi muito grande, tornando a ANL uma ameaça ao capital</p><p>estrangeiro e aos interesses oligárquicos. Procurando conter o avanço da frente</p><p>progressista o governo federal - por meio da aprovação da Lei de Segurança</p><p>Nacional – decretou o fechamento dos núcleos da ANL.</p><p>A reação, por parte dos filiados e simpatizantes, foi violenta e imediata.</p><p>Movimentos eclodiram no Rio de Janeiro, Recife, Olinda e Natal – episódio</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>73</p><p>conhecido como Intentona Comunista.</p><p>71.1 - O golpe do Estado Novo</p><p>No ano de 1937 deveria ocorrer eleições presidenciais para a sucessão de</p><p>Getúlio Vargas.</p><p>A disputa presidencial foi entre Armando de Sales Oliveira – que contava com o</p><p>apoio dos paulistas e de facções de oligarquias de outros Estados. Representava</p><p>uma oposição liberal ao centralismo de Vargas. A outra candidatura era a de</p><p>José Américo de Almeida, apoiado pelo Rio Grande do Sul, pelas oligarquias</p><p>nordestinas e pelos Partidos Republicanos de São Paulo e Minas Gerais. Um</p><p>terceiro candidato era Plínio Salgado, da Ação Integralista.</p><p>A posição de Getúlio Vargas era muito confusa – não apoiando nenhum</p><p>candidato. Na verdade a vontade de Getúlio era a de continuar no governo, em</p><p>nome da estabilidade e normalidade constitucional; para tanto, contava com</p><p>apoio de alguns setores da sociedade. O continuísmo de Vargas recebeu apoio</p><p>de uma parte do Exército – Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra representavam</p><p>a alta cúpula militar – surgindo a idéia de um golpe, sob o pretexto de garantir a</p><p>segurança nacional.</p><p>O movimento de “salvação nacional” – que garantiu a permanência de Vargas</p><p>no poder – foi a divulgação de um falso plano de ação comunista para assumir</p><p>o poder no Brasil. Chamado de Plano Cohen, o falso plano serviu de pretexto</p><p>para o golpe de 10 de novembro de 1937, decretando o fechamento do</p><p>Congresso Nacional, suspensão da campanha presidencial e da Constituição de</p><p>1934. Iniciava-se o Estado Novo.</p><p>O Estado Novo ( 1937/1945 ).</p><p>O Estado Novo – período da ditadura de Vargas – apresentou as seguintes</p><p>características: intervencionismo do Estado na economia e na sociedade e um</p><p>centralização política nas mãos do Executivo, anulando o federalismo</p><p>republicano.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>74</p><p>72. A CONSTITUIÇÃO DE 1937.</p><p>Foi outorgada em 10 de novembro de 1937 e redigida por Francisco Campos.</p><p>Baseada na constituição polonesa ( daí o apelido de “polaca” ) apresentava</p><p>aspectos fascistas. Principais características: centralização política e</p><p>fortalecimento do poder presidencial; extinção do legislativo; subordinação do</p><p>Poder Judiciário ao Poder Executivo; instituição dos interventores nos Estados e</p><p>uma legislação trabalhista.</p><p>A Constituição de 1937 eliminava a independência sindical e extinguia os</p><p>partidos políticos.</p><p>A extinção da AIB deixou os integralistas insatisfeitos com Getúlio. Em maio de</p><p>1938 os integralistas tentaram um golpe contra Vargas – o Putsch Integralista –</p><p>que consistiu numa tentativa de ocupar o palácio presidencial. Vargas reagiu até</p><p>a chegada a polícia e Plínio Salgado precisou fugir do país.</p><p>73. POLÍTICA TRABALHISTA</p><p>O Estado Novo procurou controlar o movimento trabalhador através da</p><p>subordinação dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. Proibiu-se as greves e</p><p>qualquer tipo de manifestação. Por outro lado, o Estado efetuou algumas</p><p>concessões, tais como, o salário mínimo, a semana de trabalho de 44 horas, a</p><p>carteira profissional, as férias remuneradas. As leis trabalhistas foram reunidas,</p><p>em 1943, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regulamentando as</p><p>relações entre patrões e empregados.</p><p>A aproximação de Vargas junto a classe trabalhadora urbana originou, no Brasil,</p><p>o populismo – forma de manipulação do trabalhador urbano, onde o atendimento</p><p>de algumas reivindicações não interfere no controle exercido pela burguesia.</p><p>74. POLÍTICA ECONÔMICA</p><p>O Estado Novo iniciou o planejamento econômico, procurando acelerar o</p><p>processo de industrialização brasileiro. O Estado criou inúmeros órgãos com o</p><p>objetivo de coordenar e estabelecer diretrizes de política econômica.</p><p>O governo interveio na economia criando as empresas estatais – sem questionar</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>75</p><p>o regime privado. As empresas estatais encontravam-se em setores</p><p>estratégicos, como a siderúrgia ( Companhia Siderúrgica Nacional ), a mineração</p><p>( Companhia Vale do Rio Doce ), hidrelétrica ( Companhia Hidrelétrica do Vale</p><p>do São Francisco ), mecânica ( Fábrica Nacional de Motores ) e química (Fábrica</p><p>Nacional de Álcalis ).</p><p>75. POLÍTICA ADMINISTRATIVA.</p><p>Procurando centralizar e consolidar o poder político, o governo criou o DASP (</p><p>Departamento de Administração e Serviço Público), órgão de controle da</p><p>economia.</p><p>O outro instrumento do Estado Novo foi a criação do DIP (Departamento de</p><p>Imprensa e Propaganda ), que realizava a propaganda do governo. O DIP</p><p>controlava os meios de comunicação, por meio da censura. Foi o</p><p>mais</p><p>importante instrumento de sustentação da ditadura que, ao lado da polícia</p><p>secreta, comandada por Filinto Müller, instaurou no Brasil o período do terror:</p><p>prisões, repressão, exílios, torturas etc...</p><p>Como exemplo de propaganda tem-se a criação da Hora do Brasil – que difundia</p><p>as realizações do governo; o exemplo do terror fica por conta do caso de Olga</p><p>Benário, mulher de Prestes, que foi presa e deportada para a Alemanha</p><p>(grávida). Foi assassinada num campo de concentração.</p><p>76. O BRASIL E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.</p><p>Devido a pressões – internas e externas – Getúlio Vargas rompeu a neutralidade</p><p>brasileira, em 1942, e declarou guerra ao Eixo ( Alemanha, Itália, Japão ). A</p><p>participação do Brasil foi efetiva nos campos de batalha mediante o envio da</p><p>FEB ( Força Expedicionária Brasileira ) e da FAB ( Força Aérea Brasileira ).</p><p>A participação brasileira na guerra provocou um paradoxo político: externamente</p><p>o Brasil luta pela democracia e contra as ditaduras, internamente há ausência</p><p>democrática em razão da ditadura. Esta situação, somada à vitória dos aliados</p><p>contra os regimes totalitários, favorece o declínio do estado Novo e amplia as</p><p>manifestações contra o regime.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>76</p><p>77. O FIM DO ESTADO NOVO</p><p>Em 1943 Vargas prometeu eleições para o fim da guerra; no mesmo ano houve</p><p>o Manifesto dos Mineiros, onde um grupo de intelectuais, políticos, jornalistas e</p><p>profissionais liberais pediam a redemocratização do país.</p><p>Em janeiro de 1945, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores exigia a</p><p>liberdade de expressão e eleições. Em fevereiro do mesmo ano, Vargas</p><p>publicava um ato adicional marcando eleições presidenciais para 2 de dezembro.</p><p>Para concorrer as eleições surgiram os seguinte partidos políticos:</p><p>UDN ( União Democrática Nacional )- Oposição liberal a Vargas e contra o</p><p>comunismo. Tinha como candidato o brigadeiro Eduardo Gomes;</p><p>PSD ( Partido Social Democrático ) – era o partido dos interventores e apoiavam</p><p>a candidatura do general Eurico Gaspar Dutra;</p><p>PTB ( Partido Trabalhista Brasileiro ) – organizado pelo Ministério do Trabalho e</p><p>tendo como presidente Getúlio Vargas. Apoiava, junto com o PSD, Eurico</p><p>Gaspar Dutra;</p><p>PRP ( Partido de Representação Popular ) – de ideologia integralista e fundado</p><p>por Plínio Salgado;</p><p>PCB ( Partido Comunista Brasileiro ) – tinha como candidato o engenheiro Yedo</p><p>Fiúza.</p><p>Em 1945 houve um movimento popular pedindo a permanência de Vargas –</p><p>contando com o apoio do PCB. Este movimento ficou conhecido como</p><p>queremismo, devido ao lema da campanha “Queremos Getúlio “.</p><p>O movimento popular assustou a classe conservadora, temendo a continuidade</p><p>de Vargas no poder. No dia 29 de outubro foi dado um golpe, liderado por Goés</p><p>Monteiro e Dutra. Vargas foi deposto sem resistência.</p><p>O governo foi entregue a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal</p><p>Federal. Em dezembro de 1945 foram realizadas as eleições com a vitória de</p><p>Eurico Gaspar Dutra.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>77</p><p>78. República Populista.</p><p>A década de 30 trouxe profundas mudanças na estrutura social e econômica</p><p>brasileiras. Houve um avanço na industrialização brasileira, grande</p><p>desenvolvimento urbano – com aumento da população. O urbanismo favoreceu</p><p>o crescimento da burguesia industrial, da classe média e do proletariado.</p><p>O fortalecimento destas novas forças sociais trouxe uma mudança no aparelho</p><p>estatal: a permanência do populismo, transformado em prática política</p><p>costumeira com o intuito de conquistar o apoio das massas – principalmente a</p><p>urbana.</p><p>O fenômeno do populismo consiste, enfim, na manipulação – por parte do Estado</p><p>ou dos políticos – dos interesses da classe trabalhadora. O período que vai de</p><p>1945 (fim do Estado Novo) até 1964 (golpe militar) apresentou as características</p><p>acima.</p><p>79. Governo de Eurico Gaspar Dutra (1946/1951)</p><p>Marcado pela aliança política PSD/PTB, apresentou aspectos conservadores.</p><p>Em setembro de 1946 foi promulgada uma nova constituição, onde manteve-se</p><p>a república presidencialista e o princípio federativo. Foi instituído o voto secreto</p><p>e universal e a divisão do estado em três poderes ( Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário).</p><p>Externamente seu governo foi marcado pela aproximação com os Estados</p><p>Unidos – início da guerra fria e a opção brasileira pelo capitalismo. Como reflexo</p><p>desta política houve o rompimento das relações diplomáticas com a União</p><p>Soviética e o Partido Comunista foi colocado na ilegalidade.</p><p>No plano interno, Dutra procurou colocar em prática o primeiro planejamento</p><p>global da economia brasileira, o Plano Salte (saúde, alimentação, transporte e</p><p>energia). Houve a pavimentação da rodovia Rio-São Paulo e a instalação da</p><p>Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF).</p><p>Verificou-se uma enorme inflação, em razão do aumento da emissão de papel-</p><p>moeda. Ao mesmo tempo elevava-se o preço do café e das matérias-primas,</p><p>auxiliando a balança comercial brasileira.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>78</p><p>80. Governo de Getúlio Vargas ( 1951/1954 ).</p><p>A Segunda presidência de Vargas foi marcada pelo nacionalismo e pelo</p><p>intervencionismo estatal na economia, trazendo insatisfações ao empresariado</p><p>nacional e ao capital internacional.</p><p>No ano de 1951 o nacionalismo econômico de Vargas efetivou-se no projeto de</p><p>estabelecer o monopólio estatal do petróleo. Esse programa, que mobilizou boa</p><p>parte a população brasileira tinha como slogan “O Petróleo é nosso”, resultando</p><p>na criação da Petrobrás – empresa estatal que monopolizou a exploração e o</p><p>refino do petróleo no Brasil. Vargas planejava também a criação da Eletrobrás,</p><p>com o objetivo de monopolizar a geração e distribuição de energia elétrica.</p><p>Propôs, no ano de 1954, um reajuste de 100% no salário mínimo, como forma</p><p>de compensar as perdas salariais, em virtude da inflação.</p><p>A aplicação de uma política nacionalista, bem como a aproximação de Vargas à</p><p>classe trabalhadora, preocupava a classe dominante. Temia-se a criação de uma</p><p>República Sindicalista, como na Argentina de Perón. O líder da oposição a</p><p>Vargas era o jornalista Carlos Lacerda, que denunciava uma série de</p><p>irregularidades do governo; Lacerda também era o porta-voz dos setores ligados</p><p>ao capital estrangeiro.</p><p>Neste contexto ocorreu o atentado da Rua Toneleiros, uma tentativa de</p><p>assassinar Carlos Lacerda. No episódio foi morto o major da aeronáutica Rubens</p><p>Vaz. Os resultados da investigação apontaram que Gregório Fortunato - principal</p><p>guarda-costas do presidente - como o responsável pelo acontecimento.</p><p>Embora nunca tivesse ficado provado a participação de Getúlio Vargas no</p><p>episódio, este foi acusado pelos opositores como o mandante do atentado.</p><p>Em 23 de agosto o vice-presidente, Café Filho rompeu com o presidente; no</p><p>mesmo dia, o Exército divulga um manifesto exigindo a renúncia de Vargas. Na</p><p>madrugada de 24 de agosto, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>79</p><p>81. Governo de Café Filho ( 1954/1955 ).</p><p>Após a morte de Vargas, Café Filho – vice de Vargas assumiu o poder. Nas</p><p>eleições de 1956, o candidato da aliança PSD-PTB – Juscelino Kubitschek –</p><p>venceu.</p><p>O período de governo de Café Filho apresentou uma crise política quando o</p><p>coronel Bizarria Mamede, da Escola Superior de Guerra, proferiu um discurso</p><p>contra a posse de JK. O então Ministro da Guerra, general Henrique Teixeira</p><p>Lott, resolveu punir o coronel – ferindo a hierarquia, pois a punição deveria ser</p><p>dada pelo presidente da República – ao qual o ministro era subordinado.</p><p>Café Filho foi afastado da presidência,</p><p>rica e influente.</p><p>1.3 - A Revolução de Avis e a formação do Estado Nacional Moderno:</p><p>Portugal e Espanha são chamados países Ibéricos por estarem localizados na</p><p>Península Ibérica. Entre o século XII e XIV, Portugal se formou como um reino</p><p>cristão que lutou pela expulsão dos “mouros” (árabes e berberes islâmicos que</p><p>habitavam a península ibérica e hoje o norte da África) da península Ibérica</p><p>(Episódio conhecido como Guerra de Reconquista). Ao Norte haviam os reinos:</p><p>Cristão de Leão, Castela, Navarra e Aragão, enquanto ao sul, na maior parte da</p><p>península estavam os mouros. Nesse contexto o nobre francês Henrique de</p><p>Borgonha recebeu por seu destaque na luta pela expulsão dos islâmicos o</p><p>condado portucalense. Seu filho, Afonso Henriques, libertou-se politicamente do</p><p>reino de Leão e proclamou-se rei de Portugal em 1139. A independência do novo</p><p>reino foi formalmente reconhecida pelo rei de leão de Castela em 1143. A Guerra</p><p>de Reconquista influenciou toda a organização do Estado português. A constante</p><p>mobilização para a guerra reforçou o poder do rei como chefe militar, facilitando a</p><p>centralização política. A luta contra os mouros continuou até 1249, quando se deu</p><p>a conquista final do território atual de Portugal e a expulsão dos árabes. Para os</p><p>lusitanos, haviam encerrado a Guerra de Reconquista.</p><p>Portugal produzia vinhos, azeites e era um entreposto comercial marítimo</p><p>importante. As embarcações ancoravam onde hoje é a Cidade do Porto para se</p><p>abastecerem. Ali desde o século XIV, já era praticado um importante comércio em</p><p>razão disso.</p><p>Portugal sofreu intensamente os efeitos da peste negra (1347 – séc. XIV). Ocorreu</p><p>uma enorme perda populacional (em toda a Europa a peste chegou a matar quase</p><p>um terço da população) que tornou a mão de obra escassa e, portanto, mais cara,</p><p>gerando conflitos entre os camponeses e os senhores. Nesse momento foi criada</p><p>a Lei das Sesmarias em 1375 com o objetivo de superar a fome e a baixa produção</p><p>obrigando àqueles que possuíam terras produzir, e deveriam doar as terras a quem</p><p>pudesse cultivá-las e torná-las produtivas. Neste momento ocorreu uma crise</p><p>sucessória ao trono português que deu fim a dinastia de Borgonha, que estava no</p><p>poder desde D. Afonso Henriques.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>9</p><p>2. A crise sucessória no trono:</p><p>Em meio a esse clima de tensão social o último rei da dinastia de Borgonha morreu:</p><p>D. Fernando I. Para piorar as coisas, não deixou herdeiros masculinos. A filha do</p><p>rei morto, Dona Cristina era casada com o rei de Castela que se apresentou como</p><p>pretendente do trono português. A alta nobreza de Portugal apoiou as pretensões</p><p>do rei castelhano, mas a alta burguesia de Lisboa e do Porto foram contra o que</p><p>acabou por dividir Portugal.</p><p>Sob a liderança de Álvaro Pais, a burguesia comercial-marítima tomou a iniciativa</p><p>de aliar-se a D. João, mestre de Avis, irmão bastardo de Fernando I, o rei morto.</p><p>Depois de sublevar Lisboa, Álvaro Pais apelou com êxito para o povo. Graças ao</p><p>apoio popular, a alta burguesia venceu os castelhanos na batalha de Aljubarrota</p><p>(1385) pondo fim a ameaça estrangeira, representada pelo risco de anexação à</p><p>Espanha. Vitorioso contra os inimigos externos e internos, D. João, mestre de Avis,</p><p>com o apoio da alta burguesia, assumiu o trono como o título de D. João I (1385-</p><p>1433), fundando a Dinastia de Avis (1385-1580). Esse acontecimento, conhecido</p><p>como Revolução de Avis é considerado pelos historiadores portugueses, o início da</p><p>Era Moderna em Portugal. É considerado o primeiro Estado Nacional moderno</p><p>europeu. Também pode ser chamado de Estado Absolutista.</p><p>Nesta associação da burguesia e nobreza, que colocou D. João mestre de Avis</p><p>como soberano, o Estado passou a ser parceiro dos burgueses organizando a</p><p>legislação e os impostos de forma a estimular o comércio. Estabeleceu impostos,</p><p>leis e moedas nacionais (válidos em todo o território do país e não mais somente</p><p>nos feudos), enquanto se beneficia dos altos impostos que passa a receber e se</p><p>tornam a principal fonte de receita do reino. Desse encontro entre o Estado e a</p><p>economia, nos quadros de uma sociedade aristocrática foi ganhando forma a</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>10</p><p>política econômica mercantilista. O mercantilismo consistiu no controle da</p><p>economia pelo rei, ou mais exatamente na intervenção do estado na economia.</p><p>Mercantilismo: Prática econômica dos Estados Nacionais que pode ser sintetizada</p><p>em cinco características:</p><p>Metalismo: A riqueza das Nações seria determinada pela quantidade de</p><p>metais preciosos acumulados.</p><p>Balança comercial favorável: Exportar mais que importar (superávit), para</p><p>favorecer a entrada de metais preciosos, e com as vendas impedir sua saída</p><p>importando produtos.</p><p>Protecionismo: cobrança de altas taxas alfandegárias de produtos de</p><p>outros países para estimular a produção no seu. Taxas altas para manufaturados e</p><p>baixas para matérias primas, de forma a estimular a manufatura para ser exportada</p><p>em seu país.</p><p>Incentivo à manufatura: estímulo à produção de determinados produtos e</p><p>concessão de monopólio ao fabricante, impedindo a concorrência.</p><p>Sistema Colonial: A Busca por possuir colônias para que pudessem ser</p><p>exploradas. Eram importantes fontes das matérias primas e mercado consumidor</p><p>para as manufaturas da metrópole. As colônias deveriam realizar comércio</p><p>exclusivamente com a metrópole.</p><p>3. As grandes navegações:</p><p>Portugal foi pioneiro na expansão marítima pelo Oceano Atlântico. Este período é</p><p>muito importante, pois além de significar um momento de ampliação e</p><p>fortalecimento do capitalismo europeu, marcou a mudança do eixo econômico do</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>11</p><p>mar mediterrâneo para o Atlântico. As grandes navegações foram impulsionadas</p><p>pelo interesse dos reis e da burguesia (que contavam com o apoio da Igreja</p><p>Católica), a escassez de metais preciosos e a necessidade de buscar novas rotas</p><p>para as “índias”, pois o mar mediterrâneo estava monopolizado pelas cidades</p><p>italianas, e por terra os perigos eram muitos. O comércio atlântico fortaleceu-se mais</p><p>ainda a partir de 1453, quando a cidade de Constantinopla foi tomada militarmente</p><p>pelos Turcos Otomanos e inviabilizaram o comércio de especiarias na região para</p><p>os europeus.</p><p>4. O pioneirismo português:</p><p>São razões do pioneirismo português:</p><p>I. Centralização política (Portugal é o primeiro Estado nacional absolutista,</p><p>também chamado Estado Moderno).</p><p>II. Paz interna (Estabilidade político-social enquanto a Espanha ainda estava em</p><p>sua guerra de reconquista, e outros reinos europeus estavam em guerra).</p><p>III. Posição geográfica favorável.</p><p>IV. Existência de uma burguesia ambiciosa e com capacidade de investimento.</p><p>V. Experiência comercial.</p><p>VI. Interesse e incentivo comercial do Estado português (que inclusive criou escolas</p><p>de navegação).</p><p>VII. Novas invenções tecnológicas (Bússola, pólvora, astrolábio, quadrante,</p><p>cartografia etc.).</p><p>De todos os elementos que tornaram Portugal pioneiro, se destacam o ESTADO</p><p>ABSOLUTISTA e a PAZ INTERNA estas características exclusivas do reino</p><p>lusitano.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>12</p><p>O infante D. Henrique, filho do rei D. João I, foi considerado o principal</p><p>impulsionador da expansão ultramarina portuguesa. Por isso passou à História</p><p>como D. Henrique, o navegador.</p><p>Segundo uma tradição nascida no início do século XVIII, deve- se ao infante D.</p><p>Henrique a fundação da Escola de Sagres, onde eram formados os navegadores</p><p>portugueses do século XV. Essa escola</p><p>por motivos de saúde, assumindo o</p><p>presidente da Câmara de Deputados, Carlos Luz. Este era do PSD, da ala</p><p>conservadora, e inimigo político de Juscelino. Carlos Luz resolveu não punir o</p><p>general Mamede – tornando-se cúmplice de suas declarações e forçando o</p><p>pedido de demissão do general Lott.</p><p>Ficava claro a tentativa de um golpe e Henrique Lott, um defensor da legalidade</p><p>constitucional e da posse dos candidatos eleitos, antecipou-se aos golpistas. Lott</p><p>não assinou o pedido de demissão e organizou um contra-golpe. Ordenou que</p><p>as tropas fossem às ruas, reassumiu o poder e afastou Carlos Luz da</p><p>presidência.</p><p>A presidência foi entregue ao presidente do Senado, Nereu Ramos, que</p><p>governou até a posse de Juscelino Kubitschek (31/01/56).</p><p>82. Governo de Juscelino Kubitschek ( 1956/1961).</p><p>Governo marcado pelo grande desenvolvimento econômico. Política econômica</p><p>delineada pelo Plano de Metas, que tinha como lema “Cinqüenta anos de</p><p>progresso em cinco de governo.”</p><p>A realização do Plano de Metas resultou na expansão e consolidação do</p><p>:”capitalismo associado ou dependente” brasileiro, pois o processo de</p><p>industrialização ocorreu em torno das empresas estrangeiras (as</p><p>multinacionais). Estas empresas controlaram os setores chaves da economia</p><p>nacional – maquinaria pesada, alumínio, setor automobilístico, construção naval</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>80</p><p>– ocasionando a desnacionalização econômica.</p><p>A política econômica de JK acarretou um processo inflacionário, em razão da</p><p>intensa emissão monetária, e a política de abertura ao capital estrangeiro</p><p>resultou em remessas de lucros e royalties ao exterior.</p><p>O período de JK foi marcado, também, pela consrtrução de Brasília, pela criação</p><p>da Sudene (Superitendência para o Desenvolvimento do Nordeste).</p><p>A era JK foi também marcada por crises políticas, ocorrendo duas tentativas de</p><p>golpe: o levante de Jacareacanga e o de Aragarças – insurreições por parte de</p><p>alguns militares.</p><p>No final de seu governo a dívida externa brasileira aumentou consideravelmente,</p><p>levando o país a recorrer ao FMI e ao seu receituário.</p><p>Em 1960 houve eleições e Jânio da Silva Quadros, então governador de São</p><p>Paulo foi o vencedor, tendo como partido político a UDN e como vice-presidente</p><p>João Goulart, da coligação PSD/PTB.</p><p>83. Governo de Jânio Quadros (1961).</p><p>Jânio Quadros assume a presidência em um contexto de grave crise financeira:</p><p>intensa inflação, crescimento da dívida externa e déficit na balança de</p><p>pagamentos. Visando restabelecer o equilíbrio financeiro do país, Jânio realizou</p><p>um reajuste cambial, restringiu os créditos, incentivou as exportações e congelou</p><p>os salários. Iniciou a apuração de denúncias de corrupção administrativa e</p><p>nomeou uma comissão para definir a limitação da remessa de lucros para o</p><p>exterior.</p><p>No campo externo, Jânio Quadros procurou estabelecer uma política externa</p><p>independente dos Estados Unidos: aproximou-se dos países socialistas ao</p><p>restabelecer as relações diplomáticas com a União Soviética, enviou o vice-</p><p>presidente à China e prestigiou a Revolução Cubana, ao condecorar com a</p><p>Ordem do Cruzeiro do Sul um de seus líderes, Ernesto “Che” Guevara.</p><p>Semelhantes atitudes preocuparam os norte-americanos e a classe dominante</p><p>nacional.</p><p>A oposição ao governo tinha em Carlos Lacerda, governador do Rio de Janeiro,</p><p>seu principal representante e que articulava um golpe de estado.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>81</p><p>Sem apoio político Jânio acabou renunciando no dia 25 de agosto de 1961 –</p><p>após sete meses de governo. Sua renúncia nunca foi satisfatoriamente</p><p>explicada. A renúncia gerou uma grave crise política envolvendo a posse, ou</p><p>não, de seu vice-presidente João Goulart.</p><p>84. Governo de João Goulart ( 1961/1964 ).</p><p>João Goulart – cujo apelido nos meios sindicais era Jango – não era bem visto</p><p>pela elite nacional e pelas Forças Armadas. Era tido como agitador e com</p><p>tendências comunistas.</p><p>Representava uma ameaça a “segurança nacional” trazendo risco às instituições</p><p>democráticas do país.</p><p>Sob estas alegações, os ministros militares pediram ao Congresso Nacional a</p><p>permanência de Raniere Mazzilli na presidência –que assumiu interinamente</p><p>visto que Jango estava na China.</p><p>Contra a tentativa de golpe o governador do Rio Grande do Sul –Leonel Brizola-</p><p>, e cunhado de João Goulart liderou a chamada “campanha de legalidade”, que</p><p>buscava garantir a posse de João Goulart.</p><p>Para conciliar as duas correntes – favorável e contra a posse – o congresso</p><p>Nacional aprovou um ato adicional em 02 de setembro de 1961, estabelecendo</p><p>o sistema parlamentarista no Brasil. Com o parlamentarismo os poderes do</p><p>presidente foram limitados sendo que o primeiro-ministro é que governaria de</p><p>fato. O primeiro a ser eleito a exercer tal função foi Tancredo Neves.</p><p>Diante do fracasso do parlamentarismo foi convocado um plesbicito para decidir</p><p>sobre a manutenção ou não do regime. O resultado foi a volta do</p><p>presidencialismo (06/01/63).</p><p>Inicia-se uma segunda fase do governo de João Goulart marcada pela execução</p><p>do chamado Plano Trienal, que buscava combater a inflação e realizar o</p><p>desenvolvimento econômico. O plano deveria ser acompanhado de uma série</p><p>de reformas estruturais, denominadas reformas de base, que incluía a reforma</p><p>agrária; a reforma eleitoral – estendendo o direito de votos aos analfabetos; a</p><p>reforma universitária, ampliando o número de vagas nas faculdades públicas e a</p><p>reforma financeira e administrativa, procurando limitar a remessa de lucro e os</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>82</p><p>lucros dos bancos.</p><p>O descontentamento com a política do governo aumentou a partir do dia 13 de</p><p>março de 1964 quando, num comício na Central do Brasil – diante de 200 mil</p><p>trabalhadores – Jango radicalizou sua promessa de reforma agrária, lançou a</p><p>idéia de uma “reforma urbana” e decretou a nacionalização das refinarias</p><p>particulares de petróleo.</p><p>A reação uniu os grandes empresários, proprietários rurais, setores</p><p>conservadores da Igreja Católica e a classe média urbana que realizaram a</p><p>Marcha da Família com Deus e pela Liberdade.</p><p>Em seguida houve uma revolta dos marinheiros do Rio de Janeiro, servindo de</p><p>pretexto para o golpe militar – alegava-se que a disciplina nas Forças Armadas</p><p>estava em jogo. Na noite de 31 de março de 1964 o general Olympío Mourão</p><p>Filho (arquiteto do falso plano Cohen) colocou a guarnição de Juiz de Fora em</p><p>direção ao Rio de Janeiro. No dia 1Š de abril João Goulart foi deposto e exilou-</p><p>se no Uruguai, no dia 2 de abril. Encerrava-se assim o período democrático e</p><p>iniciava-se a República Militar no Brasil. Governo do marechal Castello Branco (</p><p>1964/67).</p><p>Foi eleito por vias indiretas, através do ato institucional nŠ 1, em 10 de abril de</p><p>1964.</p><p>Em seu governo foi criado o Serviço Nacional de Informação (SNI). Seu governo</p><p>é marcado por uma enorme reforma administrativa, eleitoral, bancária, tributária,</p><p>habitacional e agrária. Criou-se o Cruzeiro Novo, o Banco Central, Banco</p><p>Nacional da Habitação e o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). Criou-</p><p>se também o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.</p><p>Em outubro de 1965 foi assinado o ato institucional nŠ2, ampliando o controle</p><p>do Executivo sobre o Legislativo, extinguindo os partidos políticos – inaugurando</p><p>o bipartidarismo no Brasil. De um lado o partido governista a ARENA (Aliança</p><p>Renovadora Nacional) e, de outro lado, a oposição, reunida no MDB (Movimento</p><p>Democrático Brasileiro). Este mesmo ato determinou que as eleições para</p><p>presidente seriam diretas.</p><p>Em fevereiro de 1966 foi decretado o ato institucional nŠ3 estabelecendo</p><p>eleições indiretas para governador e para os municípios considerados de</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>83</p><p>“segurança nacional”, incluindo todas as capitais.</p><p>Em 1967, mediante o ato institucional nŠ4, foi promulgada uma nova</p><p>Constituição. Nela mantinha-se o princípio federativo e os princípios dos atos</p><p>institucionais – eleições indiretas para presidente e governadores. A Constituição</p><p>fortalecia os poderes presidenciais, permitindo ao presidente decretar estado de</p><p>sítio, efetivar intervenção federal nos Estados, decretar recesso no Congresso</p><p>Nacional, legislar por decretos e cassar ou suspender os direitos políticos.</p><p>Antes de deixar a presidência, Castello Branco instituiu a Lei de Segurança</p><p>Nacional, sendo um conjunto de normas que regulamentava todas as atividades</p><p>sociais, estabelecendo severa punições aos transgressores.</p><p>85. Governo do marechal Costa e Silva ( 1967/1969).</p><p>Fazia parte da chamada “linha dura” – setor do Exército que exigia medidas mais</p><p>enérgicas e repressivas para manter a ordem social e política.</p><p>Em seu governo, no ano de 1967, formou-se a Frente Ampla, grupo de oposição</p><p>ao regime militar – liderada por Carlos Lacerda e JK. A Frente exigia a anistia</p><p>política, eleições diretas em todos os níveis e a convocação de uma Assembléia</p><p>Constituinte.</p><p>As agitações internacionais de 1968 tornou a esquerda mais radical, defendendo</p><p>a luta armada para a redemocratização do país. O movimento estudantil crescia</p><p>e exigia democracia. Da mesma forma, os grupos de direita também se</p><p>radicalizavam. O assassinato do estudante Edson Luís pela polícia, na</p><p>Guanabara, provocou um enorme ato de protesto – a passeata dos cem mil.</p><p>Em dezembro de 1968, o deputado pelo MDB, Márcio Moreira Alves fez um</p><p>pesado discurso e atacando as Forças Armadas. O ministro da Justiça, Gama e</p><p>Silva, procurou processar o deputado; porém o Congresso garantiu a imunidade</p><p>do parlamentar. Como resposta, Costa e Silva decretou o ato institucional nŠ5 –</p><p>o mais violento de todos. Pelo AI-5 estabeleceu-se, entre outros: o fechamento</p><p>do Legislativo pelo presidente da República, a suspensão dos direitos políticos e</p><p>garantias constitucionais, inclusive a do habeas-corpus; intervenção federal nos</p><p>estados e municípios.</p><p>Através do AI-5 as manifestações foram duramente reprimidas, provocando o</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>84</p><p>fechamento total do regime militar.</p><p>Segundo o historiador Boris Fausto: “Um dos muitos aspectos trágicos do AI-5</p><p>consistiu no fato de que reforçou a tese dos grupos de luta armada.” Semelhante</p><p>tese transformou-se em realidade com a eleição (indireta) de um novo presidente</p><p>– Emílio Garrastazu Médici –pois Costa e Silva sofreu um derrame cerebral.</p><p>86. Governo do general Médici ( 1969/1974).</p><p>Período mais repressivo de todo regime militar, onde a tortura e repressão</p><p>atingiram os extremos, bem como a censura aos meios de comunicação. O</p><p>pretexto foi a intensificação da luta armada contra o regime.</p><p>A luta armada no Brasil assumiu a forma de guerra de guerrilha (influenciada</p><p>pela revolução cubana, pela guerra do Vietnã e a revolução chinesa).</p><p>Os focos de guerrilha no Brasil foram: na serra do Caparaó, em Minas Gerais –</p><p>destruído pela rápida ação do governo federal; um outro foco foi no vale do</p><p>Ribeira, em São Paulo, chefiado pelo capitão Carlos Lamarca – foco também</p><p>reprimido pelo governo rapidamente.</p><p>O principal foco guerrilheiro foi no Araguaia, no Pará. Seus participantes eram</p><p>ligados ao Partido Comunista do Brasil e conseguiram apoio da população local.</p><p>O modelo teórico dos guerrilheiros seguia as propostas de Mao Tsé-tung. O foco,</p><p>descoberto em 1972, foi destruído em 1975.</p><p>Ao lado da guerrilha rural, desenvolveu-se também a guerrilha urbana. Seu</p><p>principal organizador foi Carlos Marighella, líder da Aliança de Libertação</p><p>Nacional. Para combater a guerrilha urbana o governo federal sofisticou seu</p><p>sistema de informação com os DOI-CODI (Destacamento de Operação e</p><p>Informações-Centro de Operações de Defesa Interna), que destruíram os grupos</p><p>de guerrilha da extrema esquerda. Os DOIs-CODIs tinham na tortura uma prática</p><p>corriqueira.</p><p>87. O MILAGRE ECONÔMICO</p><p>Período do governo Médici de grande crescimento econômico e dos projetos de</p><p>grandes impactos (como a Transamazônica e o Movimento Brasileiro de</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>85</p><p>Alfabetização-MOBRAL), em razão do ingresso maciço de capital estrangeiro.</p><p>Houve uma expansão do crédito, ampliando o padrão de consumo do país e</p><p>gerando uma onda de ufanismo, como no slogan “este é um país que vai prá</p><p>frente”. O regime utiliza este período de otimismo para ocultar a repressão</p><p>política</p><p>– aproveita-se inclusive das conquistas esportivas da década de 70, como o</p><p>tricampeonato de futebol.</p><p>O ideólogo do “milagre” foi o economista Delfim Netto usando como atrativo ao</p><p>capital estrangeiro as baixas taxas de juros utilizadas no mercado internacional.</p><p>No entanto, a modernização e o crescimento econômico brasileiro não beneficiou</p><p>as camadas pobres. No período do “milagre” as taxas de mortalidade infantil</p><p>subiram e, segundo estimativas do Banco Mundial, no ano de 1975 70 milhões</p><p>de brasileiros eram desnutridos.</p><p>88. O governo do general Ernesto Geisel (1974/79).</p><p>O presidente Geisel tomou posse sob a promessa do retorno ‘a democracia de</p><p>forma “lenta, gradual e segura”. Seu governo marca o início do processo de</p><p>abertura política. Em novembro de 1974 houve eleições parlamentares e o</p><p>resultado foi uma expressiva vitória do MDB. Preocupado com as eleições</p><p>municipais, no dia 1Š de julho de 1976 foi aprovada a Lei Falcão, que estabelecia</p><p>normas gerias para a campanha eleitoral através do sistema de radiodifusão:</p><p>exibição da fotografia do candidato, sua legenda e seu número. Apresentação</p><p>do nome e seu currículo. Semelhantes regras forçava o candidato a conquistar</p><p>o voto no contato direto com o eleitor.</p><p>No dia 1Š de abril de 1977, o presidente – utilizando o AI-5 – decretou o recesso</p><p>do Congresso Nacional. Foi promulgando, então, o pacote de abril,</p><p>estabelecendo mandato de seis anos para presidente da República, manutenção</p><p>das eleições indiretas para governador, diminuição da representação dos</p><p>estados mais populosos no Congresso Nacional e criada a reserva de um terço</p><p>das vagas do Senado para nomes indicados pelo governo (senador biônico).</p><p>Embora a censura aos meios de comunicação tenha diminuído o regime</p><p>continuava fechada e a repressão existia. Como exemplo, a morte do jornalista</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>86</p><p>da TV Cultura, Vladimir Herzog, nas dependências do DOI-CODI paulista (1975)</p><p>e o “suicídio” do operário Manuel Fiel Filho em 1976.</p><p>O ano de 1977 foi muito agitado politicamente – em razão da crise mundial do</p><p>petróleo – resultando em cassações de mandatos e diversas manifestações</p><p>estudantis em todo o país. No ano de 1978 houve uma greve de metalúrgicos no</p><p>ABC paulista, sob a liderança de Luís Inácio da Silva, o Lula.</p><p>No final de seu governo, Geisel revogou o AI-5.</p><p>89. O governo do general Figueiredo ( 1979/1985).</p><p>Durante o governo de João Baptista Figueiredo houve fortes pressões, da</p><p>sociedade civil, que exigiam o retorno ao estado de direito, uma anistia política,</p><p>justiça social e a convocação de uma Assembléia Constituinte.</p><p>Em março de 1979, uma greve de metalúrgicos no ABC paulista mobilizou cerca</p><p>de 180 mil manifestantes; em abril de 1981, uma nova greve, que mobilizou 330</p><p>mil operários, por 41 dias. Neste contexto é que se destaca o líder sindical Luís</p><p>Inácio da Silva – Lula.</p><p>A UNE reorganizou-se no ano de 1979 e, neste mesmo ano, o presidente</p><p>Figueiredo aprovou a Lei da Anistia – que beneficiava exclusivamente os</p><p>presos</p><p>políticos. Alguns exilados puderam voltar ao país.</p><p>Ainda em 1979 foi extinto o bipartidarismo, forçando uma reforma partidária.</p><p>Desta reforma surgiram o PSD (Partido Social Democrático), herdeiro da antiga</p><p>Arena; o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), composto por</p><p>políticos do antigo MDB; o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), controlado por</p><p>Ivete Vargas e formado por setores da antiga ARENA; PDT (Partido Democrático</p><p>Trabalhista), fundado por Leonel Brizola e PT (Partido dos Trabalhadores), com</p><p>propostas socialistas.</p><p>Em 1983 a sociedade civil participou intensamente do movimento das Diretas-já.</p><p>Em 1984 foi apresentada a Emenda Dante de Oliveira, que propunha o</p><p>restabelecimento das eleições diretas para presidente da República. A emenda</p><p>foi rejeitada pelo Congresso Nacional.</p><p>No ano de 1985, em eleições pelo Colégio Eleitoral, o candidato da oposição-</p><p>Tancredo Neves derrotou o candidato da situação – Paulo Maluf. Tancredo</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>87</p><p>Neves não chegou a tomar posse – devido a problemas de saúde veio a falecer</p><p>em 21 de abril de 1985. O vice- presidente, José Sarney assumiu a presidência,</p><p>iniciando um período conhecido como Nova República. A Nova República.</p><p>90. Governo de José Sarney (1985/1990)</p><p>O mandato de José Sarney foi marcado pelos altos índices inflacionários e pela</p><p>existência de vários planos econômicos: Plano Cruzado (1986), Plano Bresser</p><p>(1987) e Plano Verão (1989).</p><p>O plano de maior repercussão foi o Plano Cruzado, que, procurando conter a</p><p>inflação determinou: congelamento de todos os preços por um ano; abono</p><p>salarial de 8%, e</p><p>reajustados após um ano, ou quando a inflação atingisse 20%; extinção da</p><p>correção monetária e o cruzeiro perdia três zeros e passava ser chamado de</p><p>cruzado.</p><p>Por ser um governo de transição democrática, importantes avanços políticos</p><p>ocorreram, como a convocação de uma Assembléia Constituinte que elaborou e</p><p>promulgou a Constituição de 1988 – “Constituição Cidadã”- que estabeleceu as</p><p>eleições diretas em todos os níveis; a legalização dos partidos políticos de</p><p>qualquer tendência; instituição do voto facultativo aos analfabetos, jovens entre</p><p>16 e 18 anos e pessoas acima de 70 anos; fim da censura; garantido o direito de</p><p>greve e a liberdade sindical; ampliação dos direitos trabalhistas; intervenção do</p><p>Estado nos assuntos econômicos e nacionalismo econômico ao reservar</p><p>algumas atividades às empresas estatais.</p><p>91. As eleições presidenciais de 1989.</p><p>Em dezembro de 1989 foram realizadas as primeiras eleições diretas para a</p><p>Presidência da República desde 1960. Três candidatos destacaram-se na</p><p>disputa: Fernando Collor de Mello, do pequeno Partido da Renovação Nacional</p><p>(PRN); Leonel Brizola do Partido Democrático Brasileiro (PDT) e Luís Inácio</p><p>“Lula” da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).</p><p>A disputa foi para o segundo turno entre Fernando Collor e Lula, cabendo ao</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>88</p><p>primeiro a vitória nas eleições – graças à imagem de “caçador de marajás”, e de</p><p>uma plataforma de luta contra a corrupção, na modernização do Brasil e de</p><p>representar os pobres e marginalizados – os “descamisados”.</p><p>92. O governo de Fernando Collor de Mello (1990/92).</p><p>Aplicou o plano econômico denominado de Plano Brasil Novo, o qual extinguiu</p><p>o cruzado novo e retornou o cruzeiro; congelou preços e salários; bloqueio boa</p><p>parte do dinheiro de aplicações financeiras e de poupanças por 18 meses.</p><p>Houve grande número de demissões no setor público, redução nas tarifas de</p><p>importação e um tumultuado processo de privatizações.</p><p>No entanto, as denúncias de corrupção envolvendo o alto escalão do governo</p><p>levou o Congresso a formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O relatório</p><p>final da CPI apontou ligações do presidente com Paulo César Farias – amigo</p><p>pessoal e tesoureiro da campanha presidencial. O envolvimento de Collor no</p><p>chamado “esquema PC”, que envolvia troca de favores governamentais por</p><p>dinheiro, gerou o processo de impeachment – ou seja, o afastamento do</p><p>Presidente da República.</p><p>Fernando Collor procurou bloquear o processo, porém a população foi às ruas</p><p>exigindo seu afastamento (“os caras-pintadas”).</p><p>O presidente renunciou em 30 de dezembro de 1992, após decisão histórica do</p><p>Congresso Nacional no dia anterior pelo seu afastamento. O vice-presidente</p><p>Itamar Franco assumiu o cargo.</p><p>93. O governo de Itamar Franco ( 1992/1995).</p><p>Realização de um plebiscito em 1993 que deveria estabelecer qual o regime</p><p>político (monarquia ou república) e qual a forma de governo (presidencialismo</p><p>ou parlamentarismo). No dia 21 de abril o resultado do plebiscito confirmou a</p><p>manutenção da república presidencialista.</p><p>No aspecto econômico o mais importante foi a aplicação do Plano Real, que</p><p>buscava combater a inflação e estabilizar a economia nacional. O Plano</p><p>pregava a contenção dos gastos públicos, a privatização de empresas</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>89</p><p>estatais, a redução do consumo mediante o aumento da taxa de juros e maior</p><p>abertura do mercado aos produtos estrangeiros.</p><p>O Plano contribuiu para a queda da inflação e aumento do poder aquisitivo e</p><p>da capacidade de consumo – em razão da queda dos preços dos produtos</p><p>face à concorrência estrangeira. A popularidade do Plano Real auxiliou o</p><p>ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, a vencer</p><p>as eleições em outubro de 1994.</p><p>94. O governo de Fernando Henrique Cardoso (1995/2002).</p><p>– através de uma mudança constitucional.</p><p>Seus dois mandatos são caracterizados pela aceleração do processo de</p><p>globalização: a criação do Mercosul e a eliminação das barreiras</p><p>alfandegárias entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai ( a formação do</p><p>bloco obedece várias etapas).</p><p>Em termo de organização social destaque para a questão fundiária do país</p><p>e a atuação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que,</p><p>através da ocupação de terras procura agilizar o processo de reforma agrária</p><p>no país.</p><p>Os anos de FHC como presidente foram marcados pela hegemonia do</p><p>neoliberalismo e antigos e urgente problemas nâo foram solucionados, tais</p><p>como a exclusão social, a imensa concentração fundiária e empresarial, a</p><p>corrupção e os descasos administrativos, ausência de uma política</p><p>educacional, desfaçatez na área da saúde e previdência social, a violência</p><p>urbana, o desemprego, crescimento do subemprego, concentração de</p><p>rendas e injustiça social...</p><p>Somente através do conhecimento histórico podemos analisar, entender e</p><p>transformar a nossa história. Somente ela (a História) pode conscientizar a</p><p>todos nós, para que juntos – ou individualmente – possamos transformar</p><p>nossa dura, triste e fascinante realidade...</p><p>Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro presidente do Brasil a conseguir</p><p>uma reeleição</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>90</p><p>– através de uma mudança constitucional.</p><p>Seus dois mandatos são caracterizados pela aceleração do processo de</p><p>globalização: a criação do Mercosul e a eliminação das barreiras</p><p>alfandegárias entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai ( a formação do</p><p>bloco obedece várias etapas).</p><p>Em termo de organização social destaque para a questão fundiária do país e</p><p>a atuação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que,</p><p>através da ocupação de terras procura agilizar o processo de reforma agrária</p><p>no país.</p><p>Os anos de FHC como presidente foram marcados pela hegemonia do</p><p>neoliberalismo e antigos e urgente problemas nâo foram solucionados, tais</p><p>como a exclusão social, a imensa concentração fundiária e empresarial, a</p><p>corrupção e os</p><p>descasos administrativos, ausência de uma política</p><p>educacional, desfaçatez na área da saúde e previdência social, a violência</p><p>urbana, o desemprego, crescimento do subemprego, concentração de rendas</p><p>e injustiça social...</p><p>Somente através do conhecimento histórico podemos analisar, entender e</p><p>transformar a nossa história. Somente ela (a História) pode conscientizar a</p><p>todos nós, para que juntos – ou individualmente – possamos transformar</p><p>nossa dura, triste e fascinante realidade...</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>91</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>1) História do Brasil</p><p>a) A expansão Ultramarina Europeia dos séculos XV e XVI.</p><p>b) O Sistema Colonial Português na América.</p><p>Estrutura político-administrativa; estrutura socioeconômica; invasões estrangeiras;</p><p>expansão territorial; interiorização e formação das fronteiras; as reformas pombalinas;</p><p>rebeliões coloniais; e movimentos e tentativas emancipacionistas.</p><p>c) O Período Joanino e a Independência.</p><p>2) A presença britânica no Brasil, a transferência da Corte, os tratados, as principais</p><p>medidas de D. João VI no Brasil, a política joanina, os partidos políticos, as revoltas,</p><p>conspirações e revoluções e a emancipação e os conflitos sociais.</p><p>3) O processo de independência do Brasil.</p><p>d) Brasil Imperial.</p><p>Primeiro Reinado e Período Regencial: aspectos administrativos, militares, culturais,</p><p>econômicos, sociais e territoriais; Segundo Reinado: aspectos administrativos, militares,</p><p>econômicos, sociais e territoriais; e Crise da Monarquia e Proclamação da República.</p><p>e) Brasil República.</p><p>Aspectos administrativos, culturais, econômicos, sociais e territoriais, revoltas, crises e</p><p>conflitos e a participação brasileira na II Guerra Mundial.</p><p>4) COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral – Volume Único. 10ª edição. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2012.</p><p>5) KOSHIBA, Luiz, PEREIRA, Denise Manzi Frayze. História do Brasil: no contexto da</p><p>história ocidental. Ensino Médio. 8ª edição, 6ª reimpressão revista, atualizada e</p><p>ampliada.</p><p>São Paulo: Atual, 2003.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>92</p><p>náutica nunca existiu como instituição</p><p>formal, mas não há dúvida de que D. Henrique desempenhou um papel importante</p><p>na expansão marítima portuguesa. A determinação em gastar elevadas quantias</p><p>sem esperar compensação imediata foi decisiva para a sua maior realização – a</p><p>ultrapassagem do cabo Bojador, em 1434. Trinta anos após a Revolução de Avis,</p><p>tiveram início as navegações portuguesas. Em 1415 Portugal conquistou a</p><p>cidade de Ceuta, localizada no norte da África, no Marrocos, que era um importante</p><p>centro comercial árabe.</p><p>Entre 1415 e 1488 foi explorado o litoral atlântico, onde hoje está o território litorâneo</p><p>entre o Marrocos e a África do sul. A esta faixa denomina-se Périplo africano. É</p><p>bom lembrar que avançar alguns quilômetros no oceano é tarefa complicada que</p><p>exige domínio das correntes marítimas e o mapeamento da trajetória. Tarefas lentas</p><p>e custosas. Em 1488, Bartolomeu Dias conquistou o extremo sul do continente</p><p>africano e dobrou o que era chamado de “cabo das tormentas”, devido ao mar</p><p>agitado, encontro dos oceanos Atlântico e Pacífico. Depois disso foi rebatizado de</p><p>cabo da boa esperança. Em 1498, Vasco da Gama conquistou a cidade de</p><p>Calicute, na Índia. Com a descoberta do caminho para a Índia, Portugal passou a</p><p>dominar o comércio de especiarias, e com sua rede de Feitorias, dominou o</p><p>comércio do ouro por cem anos (1450 a 1550) e já era um grande traficante de</p><p>escravos quando Pedro Álvares de Cabral chegou ao Brasil, em 1500.</p><p>5. As Navegações Espanholas</p><p>A Espanha começou sua navegação após o fim de sua Guerra de Reconquista, a</p><p>conquista da paz e o desenvolvimento do seu Estado Absolutista (O ano é 1492. No</p><p>mesmo ano que acaba a reconquista, Colombo chega à América). Seu primeiro</p><p>Grande navegador foi Cristóvão Colombo que em busca de novas rotas tentou a</p><p>circo navegação (dar a volta na terra de navio). Lembre-se que o mediterrâneo era</p><p>monopolizado pelos italianos, o caminho por terra e por Istambul (Turquia) eram</p><p>inviáveis devido aos riscos, e o Atlântico foi dominado por portugueses. A audaciosa</p><p>viagem de Colombo através do Atlântico tinha o objetivo de atingir a China.</p><p>Quando foi constatado que as terras atingidas por Colombo pertenciam a um</p><p>continente até então desconhecido, foram consideradas um obstáculo.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>13</p><p>O “Novo mundo” – a América –, no início, não despertou o interesse da Coroa</p><p>espanhola. O mesmo ocorreu com o Brasil depois que aqui chegou à esquadra de</p><p>Pedro Álvares Cabral. Com a Espanha entrando em cena, colocou-se o problema</p><p>das fronteiras luso-espanholas no ultramar, que só foi solucionada com o Tratado</p><p>de Tordesilhas. Motivações culturais</p><p>A crise do período medieval e a transição para Idade Moderna foram também</p><p>marcadas por uma profunda revolução intelectual, o chamado Renascimento</p><p>Cultural.</p><p>Nesse período, a instituição da Igreja Católica passou por uma intensa crise,</p><p>possibilitando as reformas religiosas protestantes e, posteriormente, a</p><p>própria contrarreforma católica. Esse fenômeno provocou certas mudanças nos</p><p>valores fundamentais da intelectualidade europeia moderna, que vieram a se</p><p>entrelaçar com os da época feudal.</p><p>O teocentrismo (Deus no centro das explicações sobre o mundo), por exemplo, dá</p><p>lugar ao antropocentrismo (o homem no centro das explicações). O surgimento do</p><p>antropocentrismo incentivou a expansão marítima ao valorizar o homem como</p><p>alicerce central da sociedade e, por isso, responsável por seu desenvolvimento.</p><p>Outra característica do Renascimento Cultural, o racionalismo, proporcionou</p><p>o desenvolvimento da ciência e de instrumentos fundamentais para a navegação,</p><p>como as caravelas de vela triangular, e o aperfeiçoamento de instrumentos de</p><p>localização, como a bússola e o astrolábio.</p><p>O surgimento da cartografia foi outro fator importante, já que deu maiores</p><p>precisões às medidas e orientações geográficas necessárias para o deslocamento</p><p>pelo mar.</p><p>Além disso, como consequência dessa crise institucional da Igreja Católica e das</p><p>reformas protestantes, a Igreja perdeu um número significativo de fiéis.</p><p>Sendo assim, a expansão marítima configurou-se também a partir de</p><p>uma justificativa religiosa: tornou-se necessário desbravar novos territórios a fim</p><p>de catequizar populações nativas e, assim, provocar o aumento do número de</p><p>fiéis. Essa missão foi atribuída aos jesuítas.</p><p>7.1. Motivação social e política</p><p>Outro fator fundamental para a realização da expansão marítima foi o fato de que,</p><p>ainda na Baixa Idade Média, acontece a formação de Portugal e a formação da</p><p>Espanha, importantes monarquias nacionais que centralizaram o poder no</p><p>Estado. Essas nações proporcionaram recursos humanos e</p><p>financeiros suficientes para a expansão. Além disso, a ascensão da</p><p>burguesia nestes reinos foi também determinante, uma vez que esse grupo social</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>14</p><p>pressionou seus reis na direção da ampliação das rotas comerciais e da busca por</p><p>metais preciosos.</p><p>6. A Expansão</p><p>Portugal foi o reino pioneiro da expansão marítima, lançando seus primeiros navios</p><p>ao mar ainda no século XV.</p><p>A tomada de Ceuta, marco da expansão marítima portuguesa, data de 1415. Isso,</p><p>porque além de sua posição geográfica privilegiada, sua formação como Estado</p><p>centralizado aconteceu de forma precoce, ainda na Idade Média.</p><p>A Espanha se insere nessa empreitada no final do século XV, estendendo sua</p><p>expansão por todo século XVI. Em seguida, Holanda e Inglaterra inauguraram as</p><p>expansões marítimas tardias, durante o século XVII.</p><p>É na busca pelas rotas até a Índia que a Espanha acaba por descobrir a América;</p><p>e Portugal, por chegar ao Brasil.</p><p>Até o final do Século XVI, tanto Portugal quanto Espanha continuaram a explorar os</p><p>oceanos e a colonizar territórios. Esse processo acabou por mudar o eixo</p><p>econômico do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, fundando um complexo</p><p>sistema colonial escravista e proporcionando o fortalecimento econômico e</p><p>político dos reinos europeus.</p><p>7. As Navegações Portuguesas:</p><p>Trinta anos após a Revolução de Avis, tiveram início as navegações portuguesas.</p><p>Em 1415 Portugal conquistou a cidade de Ceuta, localizada no norte da África,</p><p>no Marrocos, que era um importante centro comercial árabe. Entre 1415 e 1488 foi</p><p>explorado o litoral atlântico, onde hoje está o território litorâneo entre o Marrocos e</p><p>a África do sul. A esta faixa denomina-se Périplo africano. É bom lembrar que</p><p>avançar alguns quilômetros no oceano é tarefa complicada que exige domínio das</p><p>correntes marítimas e o mapeamento da trajetória. Tarefas lentas e custosas. Em</p><p>1488, Bartolomeu Dias conquistou o extremo sul do continente africano e dobrou</p><p>o que era chamado de “cabo das tormentas”, devido ao mar agitado, encontro dos</p><p>oceanos Atlântico e Pacífico. Depois disso foi rebatizado de cabo da boa</p><p>esperança. Em 1498, Vasco da Gama conquistou a cidade de Calicute, na Índia.</p><p>Com a descoberta do caminho para a Índia, Portugal passou a dominar o comércio</p><p>de especiarias, e com sua rede de Feitorias, dominou o comércio do ouro por cem</p><p>anos (1450 a 1550) e já era um grande traficante de escravos quando Pedro</p><p>Álvares de Cabral chegou ao Brasil, em 1500. A disputa comercial e territorial entre</p><p>Portugal e Espanha, fez com que o arbítrio internacional fosse necessário.</p><p>Em 1493, mediado pelo Papa, foi proposta a Bula Intercosteira que determinava</p><p>que os limites a 100 léguas das ilhas de Cabo Verde (pequeno arquipélago africano</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>15</p><p>próximo à Europa), a Oeste, seriam espanhóis e, a Leste, seriam portugueses.</p><p>Portugal negou. Depois em 1494, logo após a viagem de Colombo e antes da</p><p>chegada dos portugueses ao Brasil,</p><p>foi assinado o Tratado de Tordesilhas,</p><p>tomando por base o meridiano que passava a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo</p><p>Verde, ficou estabelecido que os domínios espanhóis eram aqueles situados a</p><p>Oeste e os portugueses os situados à leste. Porém, à medida que outros países</p><p>entraram na corrida pelas possessões ultramarinas, esse acordo passou a ser</p><p>questionado, principalmente pelo rei da França, que indagava “onde estava o</p><p>testamento de Adão, dizendo que o mundo era de Portugal e Espanha”. Nos anos</p><p>seguintes o território Brasileiro passou a ser alvo de invasões estrangeiras</p><p>francesas, inglesas e no século XVII dos holandeses.</p><p>8. A IGREJA E A EXPANSÃO MARÍTIMA.</p><p>Desde o século XV a Igreja vinha sofrendo várias críticas, e no século XVI passou</p><p>por um momento de enfraquecimento na Europa em razão da Reforma Religiosa</p><p>iniciada por Martinho Lutero. Para evitar que o protestantismo se espalhasse para</p><p>o Novo Mundo (as novas terras descobertas, as Américas) a Igreja apoiou</p><p>ativamente a expansão Ibérica e se associou ao Estado português e espanhol</p><p>através do regime de padroado. O padroado era a associação entre o Estado</p><p>Absolutista e a Igreja Católica. O Estado colaborava para a expansão territorial do</p><p>catolicismo e a Igreja apoiava a expansão tanto através de justificativas teológicas,</p><p>quanto na colaboração com a educação e aculturação dos habitantes do Novo</p><p>Mundo. Não podemos esquecer que também eram importantes como fator de</p><p>ocupação do território e a presença de povoamentos jesuíticos também eram</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>16</p><p>usados como forma de demarcar fronteiras. A educação proporcionada pela Igreja</p><p>era dada pela Ordem religiosa dos padres Jesuítas que construíam as “Missões</p><p>Jesuíticas”, cuja função era transmitir a fé católica aos indígenas e ensiná-los</p><p>agricultura de subsistência. Há de se destacar que os indígenas não foram</p><p>oficialmente escravizados por Portugal e muito disso se deve a oposição da Igreja</p><p>e a atuação dos jesuítas que tentavam impedir que os indígenas se tornassem</p><p>cativos</p><p>Oscar Pereira da Silva: Desembarque de Pedro Alvarez Cabral em Porto Seguro. Obra atualmente</p><p>exposta no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro. PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500/1530).</p><p>Fase caracterizada por uma certa marginalização de Portugal em relação ao Brasil.</p><p>O interesse português neste momento era o comércio com as Índias. Ademais, os</p><p>portugueses não encontraram na área colonial - de imediato - produtos lucrativos.</p><p>À exceção do pau-brasil, que seria extraído pelos indígenas.</p><p>Neste período a Metrópole realizou algumas expedições no litoral brasileiro, sem</p><p>fins lucrativos ou colonizadores.</p><p>Em 1501, sob o comando de Gaspar de Lemos, chegou uma expedição com o</p><p>objetivo de reconhecimento geográfico.</p><p>Em 1503, uma nova expedição, sob o comando de Gonçalo Coelho; prosseguiu o</p><p>reconhecimento da nova terra. O navegador italiano Américo Vespúcio</p><p>acompanhava as duas expedições.</p><p>Além destas expedições de reconhecimento da nova terra, Portugal enviou outras</p><p>duas expedições - em 1516 e 1526 - com objetivos militares. Foram as chamadas</p><p>expedições guarda-costas, comandadas por Cristóvão Jacques, com a missão de</p><p>aprisionar navios franceses e espanhóis, que praticavam o contrabando no litoral</p><p>brasileiro.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>17</p><p>Estas expedições contribuíram para a fixação - em solo brasileiro - dos primeiros</p><p>povoadores brancos: degredados, em sua maioria.</p><p>9. PERÍODO COLONIAL (1530/1822)</p><p>O início da colonização brasileira é marcado pela expedição de Martim Afonso de</p><p>Souza, que possuía três finalidades: iniciar o povoamento da área colonial, realizar</p><p>a exploração econômica e proteger o litoral contra a presença de estrangeiros.</p><p>Para efetivar o povoamento, Martim Afonso de Souza fundou a vila de São Vicente,</p><p>em 1532 e o primeiro engenho: Engenho do Governador. Também iniciou a</p><p>distribuição de sesmarias, isto é, grandes lotes de terra para pessoas que se</p><p>dispusessem a explorá-los. Com esta expedição, o sistema de capitanias</p><p>hereditárias começou a ser adotado, iniciando efetivamente o processo de</p><p>colonização do Brasil.</p><p>9.1 ADMINISTRAÇÃO COLONIAL</p><p>A administração colonial portuguesa no Brasil girou entre dois eixos: o centralismo</p><p>político - caracterizado por uma grande intervenção da Metrópole, para um melhor</p><p>controle da área colonial; e o localismo político - marcado pela descentralização e</p><p>atendia os interesses dos colonos, em virtude da autonomia dos poderes locais para</p><p>com a Metrópole.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>18</p><p>9.2 AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS</p><p>O Brasil foi dividido em 14 capitanias que foram entregues os 12 donatários. O</p><p>sistema de donatárias possuía sua base jurídica em dois documentos:</p><p>Carta de Doação: documento que estabelecia os direitos e deveres do donatário e</p><p>outorgava a posse das terras ao capitão donatário. É importante notar que o</p><p>donatário não possuía a propriedade da terra, mas sim a posse, o usufruto; cabendo</p><p>ao rei o poder ou não de tomar a capitania de volta.</p><p>Foral: documento que estabelecia os direitos e obrigações dos colonos.</p><p>Pelo regime das donatárias, os capitães donatários possuíam amplos poderes</p><p>administrativos, jurídicos e militares, sendo por isto caracterizado como um sistema</p><p>de administração descentralizado.</p><p>9.3 FRACASSO DO SISTEMA</p><p>O sistema de capitanias hereditárias, de um modo geral, fracassou. Na maioria dos</p><p>casos, a falta de recursos financeiros para a exploração lucrativa justifica o</p><p>insucesso.</p><p>Duas capitanias prosperaram: São Vicente e Pernambuco, ambas graças ao</p><p>sucesso da agricultura canavieira. Além do cultivo da cana, a capitania de São</p><p>Vicente mantinha contatos com a região do Prata e iniciaram uma nova atividade</p><p>comercial: a escravidão do índio.</p><p>Um outro fator para justificar o fracasso do sistema era a ausência de um órgão</p><p>político metropolitano para um maior controle sobre os donatários. Este órgão será</p><p>o Governo-Geral, criado com o intuito de coordenar a exploração econômica da</p><p>colônia.</p><p>10. O GOVERNO-GERAL</p><p>Com a criação do Governo-Geral em 1548, pelo chamado Regimento - documento</p><p>que reafirmava a autoridade e soberania da Coroa sobre a colônia, e definia os</p><p>encargos e direitos dos governadores-gerais - o Estado português assumia a tarefa</p><p>de colonização, sem extinguir o sistema de capitanias hereditárias.</p><p>O Governador-Geral era nomeado pelo rei por um período de quatro anos e contava</p><p>com três auxiliares: o provedor-mor, encarregado das finanças e responsável pela</p><p>arrecadação de tributos; o capitão-mor, responsável pela defesa e vigilância do</p><p>litoral e o ouvidor-mor, encarregado de aplicar a justiça.</p><p>A seguir, os governadores-gerais e suas principais realizações:</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>19</p><p>Tomé de Souza (1549/1553)</p><p>-Fundação de Salvador, em 1549, primeira cidade e</p><p>capital do Brasil;</p><p>-Criação do primeiro bispado do Brasil (1551);</p><p>-Vinda dos primeiros jesuítas, chefiados por</p><p>Manuel da Nóbrega, e início da catequese dos índios;</p><p>-Ampliação da distribuição de sesmarias;</p><p>-Política de incentivos aos engenhos de açúcar;</p><p>-Introdução das primeiras cabeças de gado;</p><p>proibição da escravidão indígena e início da adoção da mão-de- obra escrava</p><p>africana.</p><p>Duarte da Costa (1553/1558)</p><p>-Conflitos entre colonos e jesuítas envolvendo</p><p>a escravidão indígena; invasão francesa no</p><p>Rio de Janeiro, em 1555 pelos huguenotes</p><p>(protestantes), e fundação da França Antártica;</p><p>-Fundação do Colégio de São Paulo,</p><p>no planalto de</p><p>Piratininga pelos jesuítas José de Anchieta</p><p>e Manuel de Paiva;</p><p>-Conflito do governador com o bispo</p><p>Pero Fernandes Sardinha em virtude da vida</p><p>desregrada de D. Álvaro da Costa, filho do governador.</p><p>Mem de Sá (1558/1572)</p><p>-Aceleração da política de catequese, como forma de</p><p>efetivar o domínio sobre os indígenas;</p><p>-Início dos aldeamentos indígenas de jesuítas, as</p><p>chamadas missões;</p><p>-Restabelecimento das boas relações com o bispado;</p><p>-Expulsão dos franceses e fundação da Segunda cidade</p><p>do Brasil, São Sebastião do Rio de Janeiro, em</p><p>1565.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>20</p><p>Com a morte de Mem de Sá, a Metrópole dividiu a administração da colônia</p><p>entre dois governos: D. Luís de Brito, que se instalou em Salvador, a capital</p><p>do Norte, e; ao sul, D. Antônio Salema, instalado no Rio de Janeiro.</p><p>11. UNIÃO IBÉRICA (1580/1640)</p><p>D. Sebastião, rei de Portugal, morreu em 1578 durante a batalha de Alcácer-Quibir</p><p>contra os mouros sem deixar herdeiros diretos. Entre 1578 e 1580 o reino de</p><p>Portugal foi governado por D. Henrique, tio-avô de D. Sebastião - que também</p><p>morreu sem deixar herdeiros.</p><p>Foi neste contexto que o rei da Espanha, Filipe II, neto de D. Manuel invadiu</p><p>Portugal com suas tropas e assumiu o trono, iniciando o período da União Ibérica,</p><p>onde Portugal ficou sob domínio da Espanha até 1640.Com o domínio espanhol sob</p><p>Portugal, as colônias portuguesas ficaram sob a autoridade da Espanha. Este</p><p>domínio implicou mudanças na administração colonial: houve um aumento da</p><p>autoridade do provedor-mor para reprimir as corrupções administrativas; houve uma</p><p>divisão da colônia em dois Estados: o Estado do Maranhão ( norte ) e o Estado do</p><p>Brasil ( sul ), com o objetivo de exercer um maior controle sobre a região.</p><p>Outras consequências da União Ibérica: suspensão temporária dos limites impostos</p><p>pelo Tratado de Tordesilhas, contribuindo para a chamada expansão territorial;</p><p>invasão holandesa no Brasil.</p><p>12. RESTAURAÇÃO (1640)</p><p>Movimento lusitano pela restauração da autonomia do reino de Portugal, liderado</p><p>pelo duque de Bragança. Após a luta contra o domínio espanhol, inicia-se uma</p><p>nova dinastia em Portugal - a dinastia de Bragança.</p><p>O domínio espanhol arruinou os cofres portugueses e levou Portugal a perder</p><p>importantes áreas coloniais, colocando Portugal em séria crise econômico-</p><p>financeira. D. João IV intensifica a exploração colonial criando um órgão chamado</p><p>Conselho Ultramarino.</p><p>Através do Conselho Ultramarino, o controle sobre a colônia não era apenas</p><p>econômico, mas também político: as Câmaras Municipais tiveram seus poderes</p><p>diminuídos e passaram a obedecer a ordens do rei e dos governadores.</p><p>D. João IV também oficializou a formação da Companhia Geral do Brasil, que teria</p><p>o monopólio de todo o comércio do litoral brasileiro e o direito de cobrar impostos</p><p>de todas as transações comerciais. Após pressões coloniais, a Companhia foi</p><p>extinta em 1720.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>21</p><p>13. AS CÂMARAS MUNICIPAIS</p><p>Os administradores das vilas, povoados e cidades reuniam-se na Câmaras</p><p>Municipais, que garantiam a participação política dos senhores de terra. As</p><p>Câmaras Municipais eram compostas por vereadores, chamados "homens bons"</p><p>(grandes proprietários de terra e de escravos). A presidência da Câmara ficava a</p><p>cargo de um juiz.</p><p>As Câmaras Municipais representavam o localismo político na luta contra o</p><p>centralismo administrativo português.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>22</p><p>14. A IGREJA E A COLONIZAÇÃO</p><p>A igreja Católica teve um papel de destaque na colonização americana.</p><p>Várias ordens religiosas atuaram no Brasil - carmelitas, dominicanos, beneditinos</p><p>entre outras - com destaque para a Companhia de Jesus, os jesuítas.</p><p>A Companhia de Jesus, criada em 1534, por Inácio de Loyola, surgiu no contexto</p><p>da Contra Reforma e com o objetivo de consolidar e ampliar a fé católica pela</p><p>catequese e pela educação.</p><p>A ação catequista dos jesuítas na colônia gerou um intenso conflito com os colonos,</p><p>que queriam escravizar os índios. A existência de um grande número de índios nos</p><p>aldeamentos de índios - as Missões, atraía a cobiça dos colonos, que destruíam as</p><p>Missões e vendiam os índios como escravos.</p><p>A Companhia de Jesus, pela catequese, não tinha exatamente intensões</p><p>humanitárias, pois dominavam culturalmente os índios, facilitando sua submissão à</p><p>colonização e impondo um novo modo de vida. O excedente de produção - realizado</p><p>pelo trabalho indígena - era comercializado pelos jesuítas.</p><p>A catequização do índio fortaleceu e incentivou a escravidão negra, pelo tráfico</p><p>negreiro.</p><p>16. ECONOMIA COLONIAL</p><p>A primeira atividade econômica na colônia foi a extração do pau-brasil (período pré-</p><p>colonial). A extração era efetuada pelos indígenas e em troca do trabalho, os</p><p>europeus davam produtos manufaturados de baixa qualidade. Esse comércio é</p><p>chamado de escambo.</p><p>A atividade econômica que efetivou a colonização brasileira foi o cultivo da cana-</p><p>de-açúcar.</p><p>17. EMPRESA AGRÍCOLA COMERCIAL - A CANA-DE-AÇÚCAR</p><p>No contexto do antigo Sistema Colonial, o Brasil foi uma colônia de exploração.</p><p>Sendo assim, a economia colonial brasileira será de caráter complementar e</p><p>especializada, visando atender às necessidades mercantilistas. A exploração</p><p>colonial será uma importante fonte de riquezas para os Estados Nacionais da</p><p>Europa.</p><p>Portugal não encontrou, imediatamente, os metais preciosos na área colonial.</p><p>Para efetivar a posse colonial e exploração da área, a Metrópole instala no Brasil a</p><p>colonização baseada na lavoura da cana- de-açúcar com trabalho escravo.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>23</p><p>18. Por que açúcar?</p><p>O açúcar era um produto muito procurado na Europa e, além disto, Portugal já tinha</p><p>uma experiência anterior nas ilhas do Atlântico. Contribuiu também o clima e solo</p><p>favoráveis na colônia.</p><p>18.1 Estrutura de produção</p><p>Para atender as necessidades do mercado consumidor europeu a produção teria</p><p>de ser em larga escala, daí a existência do latifúndio (grande propriedade) e do</p><p>trabalho escravo.</p><p>Latifúndio monocultor, escravista e exportador formam a base da economia colonial,</p><p>também denominado PLANTATION.</p><p>As unidades açucareiras agroexportadoras eram conhecidas por engenhos e</p><p>estavam assim constituídas:</p><p>-Terras para o plantio da cana; a casa-grande, que era a moradia do proprietário;</p><p>-A senzala, que abrigava os escravos; uma capela;</p><p>-A casa de engenho, onde se concentrava a principal tarefa produtiva de</p><p>transformação da cana-de-açúcar.</p><p>A casa de engenho, por sua vez, era formada pela moenda, onde a cana era</p><p>esmagada, extraindo-se o caldo; a casa das caldeiras, onde o caldo era engrossado</p><p>ao fogo e, finalmente, a casa de purgar em que o melaço era colado em formas para</p><p>secar. O açúcar, em forma de "pães de açúcar" era colocado em caixas de até 750</p><p>Kg e enviado para Portugal.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>24</p><p>Havia dois tipos de engenhos. Engenhos reais eram aqueles movimentados por</p><p>força hidráulica; e Engenhos Trapiches - mais comuns - movidos por tração animal.</p><p>A produção de aguardente, utilizada no escambo de escravos, era realizada pelos</p><p>"molinetes" ou "engenhocas".</p><p>Muitos fazendeiros não possuíam engenhos, sendo obrigados a moer a cana em</p><p>outro engenho e pagando por isto, eram os chamados senhores obrigados.</p><p>Deve-se destacar a intensa participação dos holandeses na atividade açucareira</p><p>no Brasil. Eram os responsáveis pelo financiamento na montagem</p><p>do engenho do</p><p>açúcar, transporte do açúcar para a Europa, refino e sua distribuição.</p><p>19. TRÁFICO NEGREIRO</p><p>A implantação da escravidão na área colonial serviu de elemento essencial no</p><p>processo de acumulação de capitais.</p><p>Os negros eram capturados na África e conduzidos para o Brasil em navios (navios</p><p>negreiros), chamados de tumbeiros. Quando chegavam ao Brasil era exibidos como</p><p>mercadorias nos principais portos.</p><p>A mão-de-obra africana contribui para a acumulação de capitais no tráfico - como</p><p>mercadoria; em seguida, como força de trabalho na produção do açúcar.</p><p>20. ATIVIDADES SUBSIDIÁRIAS</p><p>O mundo do açúcar será possível graças a existência de outras atividades</p><p>econômicas que contribuem para a viabilidade da produção açucareira: a pecuária,</p><p>o tabaco e a agricultura de subsistência.</p><p>Pecuária- atividade econômica essencial para a vida colonial. O gado era utilizado</p><p>como força motriz, transporte e alimentação.</p><p>Atividade econômica voltada para atender as necessidades do mercado interno, a</p><p>pecuária contribuiu para a interiorização colonial e usava o trabalho livre (o</p><p>boiadeiro).</p><p>Tabaco- atividade econômica destinada ao escambo com as regiões africanas,</p><p>onde era trocado por escravos. A principal área de cultivo era a Bahia. A produção</p><p>do tabaco era realizada com mão-de- obra escrava.</p><p>Lavoura de subsistência- responsável pela produção da alimentação colonial:</p><p>mandioca e hortaliças. A força de trabalho era livre (mestiços).</p><p>A economia açucareira entra em crise a partir do século XVIII, dada a concorrência</p><p>das Antilhas e da produção de açúcar na Europa, a partir da beterraba. No entanto,</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>25</p><p>o açúcar sempre foi importante para a economia portuguesa, obedecendo ciclos de</p><p>alta e baixa procura no mercado consumidor.</p><p>21. As Rebeliões Nativistas</p><p>Ocorreram no Brasil entre os séculos XVII e XVIII como resultado, em sua maioria,</p><p>de indisposições com a Coroa Portuguesa.</p><p>Durante a colonização do Brasil, muitos problemas foram se apresentando. Tais</p><p>problemas abrangiam situações como a forma de concessão de terrenos para</p><p>colonos e aventureiros que vinham de Portugal para aqui se estabelecer, a extração</p><p>de recursos naturais, como o pau-brasil, o apresamento e o tráfico de indígenas,</p><p>entre outras coisas. Essas situações acabaram promovendo as chamadas</p><p>contradições da colonização. De tais contradições, as Rebeliões Nativistas</p><p>acabariam por se tornar emblemáticas.</p><p>A expressão “Rebeliões Nativistas” refere-se às revoltas e tentativas de revoluções</p><p>políticas que se desenrolaram em solo brasileiro entre os séculos XVII e XVIII.</p><p>Essas rebeliões aconteceram nesse período especialmente porque o sistema</p><p>colonial (começado efetivamente em 1530) já estava consolidado no Brasil e a Corte</p><p>Portuguesa já conseguia exercer sua autoridade na maior parte do território que</p><p>dominava, sobretudo naqueles que se tornaram os grandes polos de atividade</p><p>econômica: a Capitania de Pernambuco e a Capitania de Minas Gerais.</p><p>Contudo, o estabelecimento pela Coroa de regras e de exigências para os colonos,</p><p>como a cobrança de impostos sobre o que se produzia, chocava-se com as</p><p>perspectivas dos próprios nativos, que aqui passaram a fazer suas próprias regras,</p><p>inclusive, em alguns momentos, articulando-se com outros povos europeus, como</p><p>os holandeses e os espanhóis. Esse choque de perspectivas gerou situações</p><p>extremas, provocando confrontos e tentativas de instituição de governos paralelos</p><p>com autonomia política.</p><p>A chamada Aclamação de Amador Bueno, que ocorreu na Capitania de São Paulo,</p><p>por exemplo, consistiu em uma tentativa dos bandeirantes paulistas de elegerem o</p><p>fazendeiro e também bandeirante, Amador Bueno, governador da referida Capitania</p><p>à revelia da Coroa. As razões para tanto vinham das restrições que a Coroa</p><p>Portuguesa, após o fim da União Ibérica, passou a impor ao tráfico de índios na</p><p>colônia (uma das atividades mais lucrativas para os bandeirantes) e, sobretudo à</p><p>comercialização com os espanhóis por meio das fronteiras na região Sul.</p><p>Outro exemplo foi a Revolta de Beckmam, ocorrida em 1684, na cidade de São Luís</p><p>do Maranhão. Essa revolta teve como motivo central as exigências de melhorias</p><p>nas relações entre Maranhão e a Coroa Portuguesa, que, segundo os revoltosos,</p><p>não garantia o devido amparo à região. Os líderes da revolta eram irmãos (Tomás</p><p>e Manuel) Beckmam e deram nome ao evento. A rebelião durou cerca de um ano e</p><p>foi debelada por tropas portuguesas em 1685.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>26</p><p>Nas primeiras décadas do século XVIII, alguns confrontos tornaram-se notórios e</p><p>todos estavam diretas ou indiretamente associados à administração da Coroa</p><p>Portuguesa no Brasil. Três deles são notórios e seguem abaixo:</p><p>21.1. A Guerra dos Mascates:</p><p>Esse conflito ocorreu em meio à situação em que a Capitania de Pernambuco se</p><p>encontrava nas décadas que se seguiram após a expulsão dos holandeses em</p><p>1654. A situação financeira dos senhores de engenho, cujo centro político estava</p><p>na cidade de Olinda, agravava-se, haja vista que os bancos da Holanda que os</p><p>financiavam no passado não mais o faziam. Como tinham controle sobre a</p><p>autoridade local, a Câmara de Olinda, esses senhores de engenho induziram o</p><p>governo a aumentar os impostos que os comerciantes tributavam. A maior parte</p><p>desses comerciantes estava em Recife e, em protesto, entre os anos de 1710 e</p><p>1711, rebelou-se contra Olinda. Esses comerciantes eram chamados de mascates,</p><p>por isso o nome da revolta.</p><p>21.2. A Guerra dos Emboabas:</p><p>Essa guerra ocorreu dois anos antes da Guerra dos Mascates, porém na Capitania</p><p>de Minas de Gerais. Assim como o termo “mascate” era atribuído pejorativamente</p><p>aos comerciantes recifenses pelos senhores de Engenho de Pernambuco, o termo</p><p>“emboaba” era usado pelos mineiros, em geral bandeirantes paulistas estabelecidos</p><p>na Capitania de Minas Gerais, em referência aos estrangeiros que vinham a essa</p><p>Capitania à procura de metais preciosos. A Guerra aconteceu, portanto, entre</p><p>paulistas e os “emboabas”, tendo solução apenas no ano de 1709.</p><p>21.3. A Revolta de Vila Rica:</p><p>Essa revolta, conhecida também como Revolta Felipe dos Santos, também ocorreu</p><p>na Capitania de Minas Gerais, porém não entre mineiros ou prospectores de metais,</p><p>mas entre líderes políticos locais e a autoridade real da Coroa Portuguesa.</p><p>Os motivos da Revolta de Vila Rica (lugar onde o conflito estourou) eram</p><p>semelhantes às das outras: a imposição de alta carga tributária (impostos) aos</p><p>nativos pela Coroa. O conflito se deu no ano de 1720, e o seu nome secundário</p><p>remete a um dos revoltosos, o tropeiro Felipe dos Santos.</p><p>A Revolta de Vila Rica, em especial, tornou-se um preâmbulo para as chamadas</p><p>Rebeliões Separatistas, como a Inconfidência Mineira.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>27</p><p>22. A ECONOMIA MINERADORA</p><p>A descoberta de ouro vai provocar uma profunda mudança na estrutura do Brasil</p><p>colonial e auxilia Portugal a solucionar alguns de seus problemas financeiros.</p><p>A descoberta dos metais preciosos está relacionada com a expansão bandeirante</p><p>entre os séculos XVII e XVIII.</p><p>As primeiras descobertas datam do final do século XVII na região de Minas Gerais.</p><p>22.1. ADMINISTRAÇÃO DAS MINAS</p><p>Para administrar a região mineradora foi criada, em 1702, a Intendência das Minas,</p><p>diretamente subordinada a Lisboa. Era responsável pela fiscalização e exploração</p><p>das minas. Realizava a distribuição de datas - lotes a serem explorados, e pela</p><p>cobrança do quinto (20% do ouro encontrado).</p><p>Apesar do controle metropolitano, a prática do contrabando era muito comum e,</p><p>para coibi-la, a Coroa criou no ano de 1720,</p><p>as Casas de Fundição- transformavam</p><p>o ouro bruto (pó ou pepita) em barras já quitadas, ou seja, extraído o quinto</p><p>pertencente à Coroa.</p><p>A criação das Casas de Fundição gerou violentos protestos, culminando com a</p><p>Revolta de Filipe dos Santos.</p><p>Quando ocorre o esgotamento da exploração aurífera, o governo português fixa</p><p>uma nova forma de arrecadar o quinto: 100 arrobas anuais de ouro por município.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>28</p><p>Para garantir a arrecadação é instituída a derrama - a população completaria as 100</p><p>arrobas com seus bens pessoais. Este imposto trará um profundo sentimento de</p><p>insatisfação para com a Metrópole.</p><p>23. FORMAS DE EXPLORAÇÃO DAS MINAS.</p><p>Havia dois tipos de exploração do ouro:</p><p>-As lavras: a grande empresa mineradora, com utilização de trabalho escravo,</p><p>ferramentas e aparelhos;</p><p>-A faiscação: a pequena empresa, que explorava o trabalho livre ou escravos</p><p>alforriados</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>29</p><p>24. OS DIAMANTES</p><p>As primeiras descobertas de diamantes no Brasil ocorreram em 1729, no</p><p>Arraial do Tijuco, atual Diamantina. A dificuldade em se quinta o diamante levou a</p><p>Metrópole a criar o Distrito Diamantino - expulsão dos mineiros da região e a</p><p>exploração passou a ser privilégio de algumas pessoas - os contratadores - que</p><p>pagavam uma quantia fixa para extrair o diamante. Em 1771, o próprio governo</p><p>português assumiu a exploração do diamante, estabelecendo a real extração.</p><p>25. CONSEQÜÊNCIAS DA MINERAÇÃO</p><p>A atividade mineradora no Brasil, como já dissemos, provocou uma alteração na</p><p>estrutura colonial, ou seja, provocou mudanças econômicas, sociais, políticas e</p><p>culturais.</p><p>25.1 - As mudanças econômicas</p><p>Para começar, a mineração mudou o eixo econômico da vida colonial - do litoral</p><p>nordestino para a região Centro-Sul; incentivou a intensificação do comércio interno,</p><p>uma vez que fazia-se necessário o abastecimento da região das minas - aumento</p><p>da produção de alimentos e da criação de gado; surgimento de rotas coloniais</p><p>garantindo a interligação da região das minas com outras regiões do Brasil. Por</p><p>estas rotas, as chamadas tropas de mulas, levavam e traziam mercadorias. Entre</p><p>estas mercadorias, destaque para o negro africano, transportado da decadente</p><p>lavoura açucareira para a região das minas.</p><p>Houve também um enorme estímulo a importação de artigos manufaturados, em</p><p>decorrência do aumento populacional e da concentração de riquezas.</p><p>25.2 - As mudanças sociais</p><p>Como dito acima, houve um enorme aumento populacional nas regiões das minas.</p><p>Tal crescimento demográfico altera a composição e estrutura da sociedade. A</p><p>sociedade passa a ter um caráter urbano e multiplica-se o número de comerciantes,</p><p>intelectuais, pequenos proprietários, funcionários públicos, artesãos. A sociedade</p><p>mineradora passa a apresentar uma certa flexibilidade e mobilidade - algo que não</p><p>existia na sociedade açucareira. Inicia-se o processo de uma relativa distribuição de</p><p>riquezas.</p><p>A sociedade torna-se mais politizada, graças a vinda de imigrantes e, com eles, a</p><p>entrada das ideias iluministas- liberdade, igualdade e fraternidade.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>30</p><p>25.3 - As mudanças políticas</p><p>A Europa do século XVIII foi marcada pelo movimento filosófico denominado</p><p>Iluminismo. As ideias iluministas chegavam ao Brasil pelos imigrantes sedentos pelo</p><p>ouro ou trazidas pelos filhos dos grandes proprietários que foram estudar na Europa.</p><p>Alguns nomes merecem destaque, como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel</p><p>da Costa, Inácio Alvarenga Peixoto, entre outros. Estes nomes estão relacionados</p><p>ao primeiro movimento de caráter emancipacionista da história do Brasil: a</p><p>Inconfidência Mineira.</p><p>25.4 - As mudanças culturais</p><p>Toda esta dinâmica econômica, política e social favoreceu uma intensa atividade</p><p>intelectual na região das minas. A intensa riqueza extraída das minas também</p><p>incentiva a produção cultural, tais como a música (Joaquim Emerico Lobo de</p><p>Mesquita, padre José Maurício Nunes Garcia); a literatura (o Arcadismo); a</p><p>arquitetura e a escultura. Nesta área destaque para Antônio Francisco Lisboa, o</p><p>Aleijadinho e para mestre Valentim.</p><p>26. AS CONTRADIÇÕES DA ECONOMIA MINERADORA</p><p>A descoberta do ouro, como dissemos, auxilia Portugal a solucionar alguns de seus</p><p>problemas financeiros, principalmente seu saldo devedor para com a Inglaterra.</p><p>Em 1703 Portugal assinou com a Inglaterra um acordo denominado Tratado de</p><p>Methuen. Através dele, Portugal conseguia benefícios alfandegários para a venda</p><p>de vinhos na Inglaterra e ficavam obrigados a comprar manufaturados ingleses sem</p><p>qualquer taxa aduaneira. Assim, o Tratado de Methuen vai inibir o desenvolvimento</p><p>das manufaturas em Portugal e torná-lo dependente da Inglaterra.</p><p>Sendo assim, para pagar os produtos manufaturados que vinham da Inglaterra,</p><p>Portugal vai utilizar o ouro encontrado no Brasil. O afluxo de ouro brasileiro para a</p><p>Inglaterra contribui para o processo da Revolução Industrial, daí o ditado de que "a</p><p>mineração serviu para fazer buracos no Brasil, construir igrejas em Portugal e</p><p>enriquecer a Inglaterra".</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>31</p><p>27. O RENASCIMENTO AGRÍCOLA</p><p>No final do século XVIII, o Brasil conhece um período denominado Renascimento</p><p>Agrícola, marcado pela decadência da atividade mineradora e pelo retorno das</p><p>atividades agrícolas para o processo de acumulação de capitais.</p><p>A seguir os fatores deste renascimento agrícola:</p><p>-Esgotamento da exploração aurífera e decadência da região das minas;</p><p>-Processo de independência dos EUA (1776);</p><p>-Processo da Revolução Industrial na Inglaterra;</p><p>-Política de fomento agrícola patrocinada pelo marquês de Pombal.</p><p>A partir da Revolução industrial, a Inglaterra aumenta suas necessidades de</p><p>algodão - matéria prima para a indústria têxtil; sua principal área fornecedora</p><p>declara independência (as treze colônias inglesas), iniciando a guerra de</p><p>independência. Foi neste contexto que o Brasil passou a produzir algodão para</p><p>atender as necessidades inglesas. O cultivo do algodão será no Maranhão,</p><p>utilizando a mão de obra escrava.</p><p>Além do algodão, outros produtos merecem destaques neste período: o açúcar, o</p><p>cacau e o café.</p><p>Para encerrar, uma atividade econômica serviu para a ocupação do interior do</p><p>Brasil- assim como a pecuária- trata-se da extração das "drogas do sertão",</p><p>guaraná, anis, pimenta, salsaparrilha...</p><p>27.1 - A Monarquia Brasileira.</p><p>No início do século XIX, a França e a Inglaterra eram países capitalistas industriais,</p><p>já Portugal, ainda era um país mercantilista. Sendo assim, Portugal era dependente</p><p>da Inglaterra econômica e politicamente. Essa dependência é caracterizada pelo</p><p>Tratado de Methuen (Panos e Vinhos), assinado em 1703, o qual consistia no</p><p>consumo de têxteis pelos portugueses e no consumo de vinho pelos britânicos.</p><p>Nesse período, a França era governada por Napoleão Bonaparte, o qual defendia</p><p>os interesses da burguesia francesa. Deste modo, Napoleão desejava derrubar a</p><p>Inglaterra. Os dois países entram em conflito e a Inglaterra vence. Sendo assim, a</p><p>França reage.</p><p>Foram 14 anos de disputas. A França dominava a terra e a Inglaterra dominava os</p><p>mares, isso foi evidenciado pela Batalha de Trafalgar, em 1805 (disputa naval</p><p>travada entre a França - juntamente com a Espanha - contra o Reino Unido).</p><p>Percebe-se, então, que Napoleão possuía hegemonia sobre todo o continente, com</p><p>exceção da Grã-Bretanha. Dessa forma, Napoleão decreta o Bloqueio Continental</p><p>(proibição de contato comercial com o Reino Unido pelos países dominados por</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>32</p><p>Napoleão) em 1806 em Berlim, a fim de estrangular a economia britânica. Aqueles</p><p>países que não respeitassem o Bloqueio Continental eram invadidos pelas tropas</p><p>francesas.</p><p>27.2 - Como se deu a vinda da Família Real para o Brasil</p><p>Como Portugal dependia da Inglaterra econômica e politicamente, o país não</p><p>respeitou o Bloqueio Continental. Dessa forma, Lord Strangford (embaixador</p><p>inglês) sugeriu a transferência do governo português para o Brasil, já que Portugal</p><p>seria invadido pelas tropas napoleônicas. O Príncipe-Regente, D. João, aceitou a</p><p>proposta dada por Lord Strangford. Essa estratégia visava assegurar a</p><p>independência de Portugal.</p><p>Esse acordo fornecia escolta inglesa à Corte Portuguesa e garantia a legitimidade</p><p>do governo português. Em contrapartida, fornecia a Ilha da Madeira à Inglaterra</p><p>durante o conflito com a França, além da liberdade de comércio com portos</p><p>brasileiros.</p><p>Para invadir Portugal, a França fez um tratado com a Espanha, chamado Tratado</p><p>de Fontainebleau. Este acordo permitia a passagem das tropas francesas pelo</p><p>território espanhol e, em troca, os espanhóis poderiam ficar com parte do território</p><p>português.</p><p>Em novembro de 1807, a Família Real embarca rumo ao Brasil antes da invasão de</p><p>Portugal pelas tropas francesas.</p><p>27.3 - Chegada da Corte Portuguesa no Brasil e sua estadia</p><p>Devido a uma forte tempestade, em 22 de janeiro de 1808 uma parte da Corte</p><p>Portuguesa (incluindo D. João) chega em Salvador (Brasil). Também em janeiro de</p><p>1808, outra parte chega no Rio de Janeiro. Vale ressaltar que, além da Família Real,</p><p>vieram diversas pessoas associadas à Corte.</p><p>Logo após a chegada da Família Real no Brasil, o Príncipe-Regente, D. João,</p><p>estabelece, no dia 28, através de uma Carta Régia, a Abertura dos Portos às</p><p>Nações Amigas. Esse fato marcou o rompimento do Pacto Colonial, pois extinguia</p><p>a exclusividade de comércio com Portugal. A Abertura dos Portos às Nações</p><p>Amigas favoreceu a Inglaterra, pois aumentava o seu mercado consumidor (a</p><p>Inglaterra defendia o livre-cambismo). Em março de 1808, a Corte Portuguesa foi</p><p>instalada no Rio de Janeiro.</p><p>Em 1º de abril de 1808, D. João estabeleceu o Alvará de Liberdade Industrial, que</p><p>permitia o estabelecimento de manufaturas e indústrias no Brasil. No entanto, essa</p><p>tentativa de instalar manufaturas e indústrias não funcionou, pois não havia</p><p>mecanismos de proteção da produção brasileira e havia uma forte economia</p><p>agroexportadora escravista.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>33</p><p>Durante a estadia da Família Real no Brasil, diversos brasileiros foram despejados</p><p>para abrigar a Corte, o que gerou insatisfação popular. Além disso, a Corte</p><p>Portuguesa trouxe diversos livros, obras de arte, documentos, riquezas, entre outros</p><p>artigos.</p><p>27.4 - Medidas culturais tomadas por D. João</p><p>A vinda da Família Real para o Brasil trouxe diversas medidas culturais, as quais</p><p>foram tomadas por D. João durante o Período Joanino. Dentre elas:</p><p>A criação do Museu Nacional;</p><p>A criação da Biblioteca Real;</p><p>A criação da Escola Real de Artes;</p><p>A criação do Teatro Real de São João;</p><p>A criação do Observatório Astronômico;</p><p>A criação do Jardim Botânico;</p><p>A criação de cursos; e</p><p>A Missão Artística Francesa, que incentivou o desenvolvimento das artes.</p><p>27.5 - Tratados de 1810</p><p>Por conta do Bloqueio Continental, a Inglaterra utilizava o Brasil para escoar suas</p><p>mercadorias armazenadas. Essas mercadorias eram completamente</p><p>desnecessárias para o Brasil, como roupas inviáveis para os trópicos, espartilhos,</p><p>candelabros e, até mesmo, patins de gelo.</p><p>Em junho de 1808, as taxas sobre as mercadorias foram reajustadas: 16% de taxa</p><p>para as mercadorias portuguesas e 24% de taxa para as mercadorias das Nações</p><p>Amigas. Essa medida foi tomada para corrigir a diferença que desfavorecia</p><p>Portugal.</p><p>Após essa medida, os ingleses reivindicaram por seus benefícios. Dessa forma, os</p><p>ingleses e portugueses estabeleceram os Tratados de 1810 (o Tratado de</p><p>Comércio e Navegação, o Tratado de Amizade e Aliança e o Tratado dos</p><p>Paquetes). Esses Tratados têm como principais características:</p><p>O direito de extraterritorialidade: ingleses que cometessem crimes em territórios</p><p>portugueses seriam julgados conforme a lei inglesa; A liberdade religiosa para os</p><p>ingleses, além da garantia de que a Inquisição não seria estabelecida no Brasil;</p><p>15% de taxa para as mercadorias inglesas; Abolição do tráfico de negros. Os</p><p>Tratados de 1810 têm como principais consequências:</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>34</p><p>A aniquilação da burguesia portuguesa mercantil em relação ao comércio com o</p><p>Brasil;</p><p>O atraso no desenvolvimento industrial brasileiro; O domínio britânico sobre</p><p>Portugal. Brasil elevado a Reino Unido</p><p>Em 1814, os membros do Congresso de Viena estavam redefinindo o mapa que</p><p>foi muito modificado pela expansão de Napoleão e pela Revolução Francesa.</p><p>Dessa forma, recomendavam o retorno da Família Real a Portugal para que o</p><p>governo fosse legítimo. No entanto, Talleyrand, membro do Congresso, sugeriu a</p><p>elevação do Brasil a Reino Unido para que a Corte permanecesse em território</p><p>brasileiro e seu governo fosse legítimo. Em 16 de dezembro de 1815, D. João</p><p>criou, por meio de uma Carta Régia, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.</p><p>27.6 - Retorno a Portugal</p><p>Após alguns meses da invasão de Portugal pelas tropas francesas, os ingleses</p><p>derrotaram e expulsaram os franceses do território português.</p><p>Em 1821, D. João VI (D. João se tornou D. João VI, pois ele se tornou rei após a</p><p>morte de sua mãe, D. Maria I) retornou à Portugal devido à Revolução Liberal do</p><p>Porto que ocorreu em 1820. O filho de D. João VI, D. Pedro, permaneceu no Brasil</p><p>como Príncipe-Regente. Durante a regência de seu filho ocorre o processo de</p><p>Independência do Brasil.</p><p>Consequências da Vinda da Família Real para o Brasil</p><p>A principal consequência da vinda da Família Real para o Brasil foi a antecipação</p><p>do processo de Independência do Brasil.</p><p>27.7 - O Primeiro Reinado (1822/1831)</p><p>O Primeiro Reinado é caracterizado pela organização do</p><p>Estado Nacional Brasileiro, que pode ser</p><p>dividido nas seguintes etapas: as guerras de</p><p>independência, o reconheci- mento externo de</p><p>nossa independência, a elaboração da</p><p>primeira Constituição e a abdicação de D. Pedro I.</p><p>27.8 - As guerras de independência</p><p>Para garantir a independência e manter a unidade territorial D. Pedro I teve que</p><p>enfrentar a resistência de algumas províncias, governadas por portugueses e que</p><p>se mantiveram leais às Corte portuguesas. As províncias foram a Bahia, Pará, Piauí</p><p>e Maranhão.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>35</p><p>Outra província que se opôs foi a Cisplatina. A guerra da Cisplatina, que se iniciou</p><p>em 1823, só terminou em 1828 com a proclamação de sua independência (é o atual</p><p>Uruguai).</p><p>As guerras de independência contrariam a visão tradicional de que a independência</p><p>brasileira foi pacífica. Em virtude da ausência de um exército nacional organizado,</p><p>as guerras de independência contaram com o apoio das milícias civis - com forte</p><p>participação popular- e auxílio de mercenários ingleses e franceses, destacando-se</p><p>Lord Cochrane, John Grenfell, John Taylor e Pierre Labatut.</p><p>Com a derrota das forças militares contrárias à independência a unidade territorial</p><p>foi mantida e D. Pedro I coroado imperador em dezembro de 1822.</p><p>28. O reconhecimento da independência</p><p>O primeiro país a reconhecer oficialmente a independência do Brasil foram os</p><p>Estados Unidos da América, no ano de 1824.</p><p>O reconhecimento deu-se</p><p>obedecendo os princípios da Doutrina Monroe, que pregava e defendia a não</p><p>intervenção da Europa - através da Santa Aliança- nos assuntos americanos. "A</p><p>América para os americanos" era o lema da Doutrina Monroe. Desta forma, os</p><p>Estados Unidos da América garantiam sua supremacia política na região.</p><p>No ano de 1825 foi a vez de Portugal reconhecer a independência de sua antiga</p><p>colônia. A Inglaterra atuou como mediadora entre o Brasil e Portugal. Em troca do</p><p>reconhecimento, Portugal exigiu uma indenização de dois milhões de libras, que</p><p>auxiliariam o Reino lusitano a saldar parte de suas dívidas com os britânicos. Como</p><p>o Brasil não possuía este montante, a Inglaterra tratou de emprestar. Assim, o</p><p>dinheiro exigido por Portugal nem saiu da Inglaterra e, de quebra, o Brasil tornou-</p><p>se seu dependente financeiro.</p><p>Graças à mediação inglesa no reconhecimento de nossa independência, esta</p><p>obteve importantes regalias comerciais com a assinatura de um tratado, no ano de</p><p>1827, que reafirmava os tratados de 1810. O acordo garantia tarifas alfandegárias</p><p>preferenciais aos produtos ingleses, o que prejudicou o desenvolvimento econômico</p><p>brasileiro. O novo acordo estabelecia a extinção do tráfico negreiro - clausula que</p><p>não foi concretizada.</p><p>Assim, o Brasil continuava a ser um exportador de produtos primários, importador</p><p>de produtos manufaturados e dependente financeiramente da Inglaterra.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>36</p><p>29. A Organização jurídica do Estado Brasileiro</p><p>Após a independência do Brasil, tornou-se necessário organizar o novo Estado,</p><p>através de uma Constituição. Neste momento, a vida política no novo país estava</p><p>dividida em dois grupos. O Partido Português, que articulava a recolonização do</p><p>Brasil, e o Partido Brasileiro, dividido em duas facções: os conservadores, liderados</p><p>pelos irmãos Andrada e que defendiam uma monarquia fortemente centralizada; e</p><p>os liberais, que defendiam uma monarquia onde os poderes do rei fossem limitados.</p><p>No ano de 1823, uma Assembleia Constituinte - composta por 90 deputados -</p><p>apresentou um projeto constitucional que mantinha a escravidão, restringia os</p><p>poderes do imperador e instituía o voto censitário: o eleitor ou o candidato teria de</p><p>comprovar um determinado nível de renda. A renda seria avaliada pela quantidade</p><p>anual de alqueires de mandioca produzidos. Dado a isto, este projeto constitucional</p><p>ficou conhecido como a "Constituição da Mandioca".</p><p>Não gostando de ter os seus poderes limitados, D. Pedro I fechou a Assembleia</p><p>Constituinte. Procurando impedir sua dissolução, a Assembleia ficou reunida na</p><p>noite de 11 para 12 de novembro, episódio conhecido como Noite da Agonia.</p><p>Dissolvida a Assembleia, D. Pedro convocou um grupo de dez pessoas - Conselho</p><p>de Estado - que ficou encarregado de elaborar um novo projeto constitucional. O</p><p>projeto será aprovado em 25 de março de 1824.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>37</p><p>30. A CONSTITUIÇÃO DE 1824.</p><p>Os principais aspectos da primeira Carta do Brasil:</p><p>- Estabelecimento de uma monarquia hereditária;</p><p>- Instituição de quatro poderes: poder Executivo, exercido pelo imperador e seus</p><p>ministros; poder Legislativo, exercido por deputados eleitos por quatro anos e</p><p>senadores nomeados em caráter vitalício; poder Judiciário, formado por juízes e</p><p>tribunais, tendo como órgão máximo o Supremo Tribunal de Justiça e o poder</p><p>Moderador, de atribuição exclusiva do imperador e assessorado por um Conselho</p><p>de Estado. Pelo poder Moderador, o imperador poderia interferir nos demais</p><p>poderes. Na prática, o poder político do imperador era absoluto;</p><p>- O país foi dividido em províncias, dirigidas por governadores nomeados pelo</p><p>imperador;</p><p>- O voto era censitário, tendo o eleitor ou candidato de comprovar uma determinada</p><p>renda mínima; o voto seria a descoberto (não secreto);</p><p>- Eleições indiretas;</p><p>- Oficialização da religião católica e subordinação da Igreja ao controle do Estado.</p><p>- Assim, a Constituição outorgada em 1824, impedia a participação política da</p><p>maioria da população e concentrava os poderes nas mãos do imperador, através</p><p>do exercício do poder Moderador.</p><p>O excessivo autoritarismo do imperador, explicitado com o fechamento da</p><p>Assembleia Constituinte e com a outorga da Constituição centralizadora de 1824,</p><p>provocaram protestos em várias províncias brasileiras, especialmente em</p><p>Pernambuco, palco da primeira manifestação do Primeiro Reinado. Trata-se da</p><p>Confederação do Equador.</p><p>31. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR.</p><p>O nordeste brasileiro, no início do século XIX, encontrava-se em grave crise</p><p>econômica. Somada aos ideais revolucionários de 1817 (Revolução</p><p>Pernambucana) ocorre em Pernambuco um movimento republicano, de caráter</p><p>separatista e popular.</p><p>Entre os líderes do movimento temos as figuras de Manuel de Carvalho Pais de</p><p>Andrade, Cipriano Barata, padre Gonçalves Mororó e Frei Caneca. O movimento</p><p>recebeu apoio de outras províncias nordestinas (Rio Grande do Norte, Ceará e</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>38</p><p>Paraíba). Os rebeldes proclamaram a independência e fundaram uma república,</p><p>denominada Confederação do Equador (dada à localização geográfica das</p><p>províncias rebeldes, próximas à linha do Equador) e adotaram, de forma provisória,</p><p>a Constituição da Colômbia.</p><p>A repressão ao movimento, determinada pelo imperador, foi violenta e seus</p><p>principais líderes condenados à morte.</p><p>32. A Abdicação de D. Pedro I</p><p>Vários foram os fatores que levaram à abdicação de D. Pedro I. O Primeiro Reinado</p><p>apresentava uma difícil situação financeira em decorrência da balança comercial</p><p>desfavorável, contribuindo para as altas taxas inflacionárias.</p><p>Um grande descontentamento em relação à figura do imperador, em virtude de seu</p><p>autoritarismo, como o fechamento da Assembléia</p><p>Constituinte, a imposição da Constituição de 1824, a repressão à Confederação do</p><p>Equador.</p><p>Contam-se ainda, a desastrosa Guerra da Cisplatina e a participação do imperador</p><p>na sucessão do trono português.</p><p>A imprensa brasileira inicia uma série de críticas ao governo imperial, resultando no</p><p>assassinato do jornalista Líbero Badaró, grande opositor de D. Pedro I.</p><p>No ano de 1831, em Minas Gerais, o imperador enfrentou sérias manifestações,</p><p>sendo recebido com faixas negras em sinal de luto pela morte do jornalista.</p><p>Retornando à capital do Império, seus partidários promoveram uma festa em</p><p>homenagem ao imperador, desagradando a oposição e ao povo. Inicia-se uma luta</p><p>entre partidários e opositores ao imperador, denominada "Noite das Garrafadas".</p><p>Após sucessivas mudanças ministeriais, procurando conter as manifestações, D.</p><p>Pedro I abdicou, na madrugada de 7 de abril de 1831, em favor de seu filho D. Pedro</p><p>de Alcântara.</p><p>Em Portugal, após enfrentar o irmão D. Miguel, será coroado rei de Portugal, com o</p><p>título de Pedro IV.</p><p>A abdicação de D. Pedro I consolidou o processo de independência, ao afastar o</p><p>fantasma da recolonização portuguesa. Daí, nos dizeres de Caio Prado Jr., "o 7 de</p><p>abril, completou o 7 de setembro".</p><p>Como seu legítimo sucessor possuía apenas cinco anos de idade, inicia-se um</p><p>período político denominado Período Regencial.</p><p>C</p><p>IO</p><p>P</p><p>EM</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>U</p><p>R</p><p>SO</p><p>S</p><p>Por Prof. Denílson Costa</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>39</p><p>33. O Período Regencial (1831/1840)</p><p>O Período Regencial foi um dos mais conturbados da história brasileira. Dada a</p><p>menoridade do sucessor ao trono, o país foi governado por regentes, que, segundo</p><p>a Constituição de 1824, seriam eleitos pela Assembléia Geral. Durante as regências</p><p>haverá três correntes políticas: os Moderados ou Chimangos,</p>

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