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<p>Olá, cursista! Damos as boas-vindas à aula sobre a Vigilância baseada em eventos. É</p><p>um prazer ter você por aqui! Esta aula faz parte do curso básico da Rede Cievs, que</p><p>pertence ao Programa de Formação em Emergências em Saúde Pública, o Profesp.</p><p>1</p><p>O objetivo desta aula é proporcionar a você os seguintes conhecimentos:</p><p>Compreender os conceitos e objetivos da Vigilância Baseada em Eventos, a VBE.</p><p>Identificar quais são as fontes de V-B-E;</p><p>Conhecer as principais fontes e sistemas de informação utilizados na V-B-E;</p><p>Aprender sobre avaliação de relevância;</p><p>Entender o que é clipping e o Comitê de Monitoramento de Eventos, o C-M-E;</p><p>Compreender o fluxo de informações.</p><p>2</p><p>Vamos começar entendendo o que é a Vigilância Baseada em Eventos.</p><p>De acordo com a O-M-S, a V-B-E é uma estratégia de vigilância ativa que tem como</p><p>objetivo a detecção rápida de potenciais emergências à saúde pública.</p><p>Essa abordagem proativa busca identificar e intervir precocemente em situações que</p><p>possam representar riscos para a saúde da população. Essa detecção ocorre de duas</p><p>formas: detecção ativa e passiva, que serão detalhadas mais à frente.</p><p>3</p><p>Antes da forma de detecção, é importante compreender primeiro o que detectar, de</p><p>forma a focalizar tópicos, como:</p><p>qualquer alteração no perfil cl��nico-epidemiológico de doenças e agravos de</p><p>notificação compulsória;</p><p>doenças de notificação compulsória imediata;</p><p>doenças inusitadas ou desconhecidas;</p><p>desastres;</p><p>epizootias; e</p><p>irregularidades de produtos, serviços, desabastecimentos e desassistências.</p><p>É importante destacar que os rumores devem ser relevantes para o local que está</p><p>fazendo a detecção, além de ser necessário entender qual o real impacto daquele</p><p>rumor para o estado ou região. Ressalta-se que é necessário compreender também</p><p>quais as fragilidades epidemiológicas do local e dar atenção aos rumores com esse</p><p>perfil.</p><p>4</p><p>Vamos, então, entender as formas de detecção, começando pela detecção ativa. Essa</p><p>caracteriza-se por trazer informações provenientes de fontes não oficiais, ou seja, são</p><p>rumores, cuja veracidade ainda não é conhecida. O processo de verificação será</p><p>explicado mais à frente.</p><p>As principais formas de capturar os rumores são por meio da mídia, de redes sociais e</p><p>atores-chave na população, como rádio ou algum veículo de notícias importante na</p><p>região. A seguir, são apresentados alguns exemplos de fontes não oficiais em que a</p><p>detecção ativa pode ser feita.</p><p>Redes sociais são muito importantes para a captura de rumores, como, por exemplo,</p><p>Facebook e Twitter.</p><p>O site Outbreak News Today traz informações a nível global.</p><p>No Google Alertas, é possível cadastrar um e-mail, selecionar algumas palavras-</p><p>chave, como dengue, surto e epidemia, e estabelecer um horário para que a busca</p><p>seja realizada. Assim, serão enviados ao e-mail cadastrado todos os sites em que as</p><p>palavras-chave escolhidas apareceram. Recomenda-se criar um e-mail exclusivo para</p><p>cadastro no Google Alertas, devido ao alto fluxo de notificações a serem</p><p>recebidas. Essa ferramenta é extremamente importante para a detecção ativa.</p><p>O Google News é utilizado para pesquisas direcionadas a agravos ou doenças.</p><p>Por último, o EIOS (Epidemic Intelligence from Open Sources) é uma excelente</p><p>5</p><p>plataforma para captura de rumores, tanto de fontes oficiais quanto não oficiais. A</p><p>pesquisa é feita através de painéis e a comunidade do Brasil é a maior do mundo. É</p><p>importante ressaltar a necessidade de treinamento com a OPAS para ter acesso ao</p><p>sistema. Recomenda-se conversar com o coordenador da sua unidade sobre a</p><p>disponibilidade de vagas.</p><p>5</p><p>A outra forma de detecção é a detecção passiva. Essa, caracteriza-se por ter</p><p>informações provenientes de fontes oficiais a respeito de eventos em saúde pública.</p><p>As informações detectadas, por serem de fontes oficiais, já são comprovadamente</p><p>verdadeiras. Logo, não há a necessidade de realizar a verificação, processo que</p><p>iremos explicar mais à frente.</p><p>Nessa forma de detecção, diferentemente da ativa, a informação chega diretamente</p><p>ao Cievs.</p><p>Ela pode chegar através dos mais diferentes meios, por exemplo:</p><p>Formulário de notificação imediata</p><p>Sistemas de Informação, por exemplo, o Sinan</p><p>Contatos telefônicos</p><p>Correio eletrônico, isto é, e-mail</p><p>6</p><p>Após a detecção é preciso fazer uma avaliação de relevância.</p><p>Essa avaliação é essencial para determinar a possibilidade de o rumor se tornar uma</p><p>emergência em saúde pública e consequentemente para identificar a ação adequada</p><p>a ser tomada.</p><p>Ela consiste em um conjunto de perguntas norteadoras, com respostas dicotômicas</p><p>(sim ou não), divididas nos seguintes grupos:</p><p>Relevância na saúde humana: Nesta categoria, são feitas perguntas para avaliar se o</p><p>rumor tem potencial de causar danos à saúde das pessoas. Alguns exemplos de</p><p>perguntas podem incluir: Evento de alta patogenicidade e/ou virulência e/ou</p><p>transmissibilidade? Trata-se de evento inesperado ou desconhecido?</p><p>Relevância na assistência: Aqui, a avaliação concentra-se em determinar se o rumor</p><p>pode afetar a prestação de serviços de saúde. Algumas perguntas podem ser:</p><p>Apresenta aspectos que demonstram aumento nos níveis de atendimentos ou</p><p>hospitalizações? O evento envolve grave comprometimento assistencial? Não existem</p><p>tratamentos específicos ou requer uso de medicamentos controlados?</p><p>Relevância social: Nesta categoria, são considerados os impactos sociais decorrentes</p><p>do rumor. Perguntas relevantes podem incluir: O evento afeta localmente o turismo</p><p>ou tem alta influência econômica? O evento afeta a convivência social?</p><p>Relevância na capacidade de resposta: Aqui, a avaliação visa identificar se o rumor</p><p>7</p><p>pode comprometer a capacidade de resposta das autoridades de saúde e dos</p><p>sistemas de saúde como um todo. Existem atrasos nas notificações ou análises de</p><p>dados ou silêncio epidemiológico? Existe sobrecarga na equipe de vigilância ou não</p><p>tem equipe de pronta resposta?</p><p>Iremos apresentar a seguir</p><p>a planilha com as perguntas e fórmulas já prontas.</p><p>7</p><p>A primeira parte da avaliação é em relação à relevância na saúde humana.</p><p>É necessário avaliar com sim (1 ponto) ou não (0 ponto) o impacto do rumor para a</p><p>saúde humana. Em todo processo da avaliação é fundamental responder com</p><p>atenção cada uma das perguntas.</p><p>Alguns exemplos de perguntas são: O evento é inesperado ou desconhecido? Ele é de</p><p>alta patogenicidade, virulência ou transmissibilidade? O evento afeta populações</p><p>vulneráveis? Entre outras.</p><p>8</p><p>A avaliação de relevância na assistência consiste em um bloco de três perguntas</p><p>referentes aos impactos que o possível evento pode causar nos serviços de saúde.</p><p>A primeira aborda se o evento tem aspectos que demonstram aumento nos níveis de</p><p>atendimento ou hospitalização. Muitas vezes essa informação está contida no texto</p><p>da notícia.</p><p>A segunda pergunta avalia se o evento envolve grave comprometimento assistencial</p><p>ou se não há tratamentos específicos para o agravo.</p><p>A última pergunta desse bloco é se o evento afeta profissionais de saúde.</p><p>9</p><p>A avaliação de relevância social também é composta por três perguntas.</p><p>A primeira aborda se o evento ou agravo vai causar medo, indignação social ou</p><p>estigmatização.</p><p>A segunda pergunta avalia se o evento afeta ou irá afetar o turismo ou a economia do</p><p>local.</p><p>A terceira e última pergunta desse bloco é se o evento afeta a convivência social.</p><p>10</p><p>A avaliação de relevância na capacidade de resposta refere-se à capacidade tanto do</p><p>local quanto da equipe de responder ao evento.</p><p>Existem três perguntas dentro desse bloco:</p><p>A primeira é se o local não tem capacidade para lidar com o evento.</p><p>A segunda é se existem atrasos nas notificações, análises ou silêncio epidemiológico.</p><p>E a última pergunta verifica se a equipe de vigilância está sobrecarregada e se não há</p><p>uma equipe de pronta resposta para auxiliar.</p><p>Para todos os blocos, é necessário ler o rumor inteiro para uma avaliação correta por</p><p>meio das perguntas.</p><p>11</p><p>Essas perguntas, com respostas dicotômicas, tendo a resposta “sim” o valor de 1</p><p>ponto e a resposta “não” o valor de 0,</p><p>ajudam a avaliar a relevância do rumor em</p><p>cada uma das categorias mencionadas. Após a resposta de cada uma das perguntas, é</p><p>dada uma pontuação para avaliar a relevância do rumor na saúde pública,</p><p>determinando a gravidade e o potencial impacto. Ao final, o rumor é classificado da</p><p>seguinte forma:</p><p>A pontuação sendo menor ou igual a 5 pontos, aquele rumor é avaliado como sem</p><p>relevância.</p><p>Sendo a pontuação final entre 6 e 15 pontos, o rumor é relevante e seu nível é</p><p>médio.</p><p>E se a pontuação for maior que 15 pontos, o rumor tem relevância alta.</p><p>12</p><p>Na detecção ativa, nem todos os rumores identificados são verídicos. Por isso, é</p><p>necessário realizar a verificação! Esse processo será feito apenas para os rumores</p><p>avaliados como relevantes.</p><p>A verificação ocorre de duas formas:</p><p>A primeira, é através de pesquisas em sites oficiais como do governo, da OMS, do</p><p>estado e município. Na imagem à direita, é possível observar alguns exemplos de</p><p>fontes oficiais:</p><p>Sites do governo: Ministérios, Agências Nacionais e Centros de Inteligência</p><p>Epidemiológica do Brasil e de outros países, como: Ministério da Saúde,</p><p>Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Anvisa, C-D-C Estados</p><p>Unidos e E-C-D-C União Europeia;</p><p>Site da O-M-S e regiões da O-M-S;</p><p>Organização Mundial da Saúde Animal;</p><p>Estado: Secretarias estaduais de saúde e sites de Salas de Situação de Saúde</p><p>do estado;</p><p>Município: Secretarias municipais de saúde e Prefeitura Municipal.</p><p>13</p><p>Se a informação em relação à veracidade ou não do rumor não for encontrada em</p><p>sites oficiais, então é realizada a segunda forma de verificação.</p><p>Ela se dá pelo contato via e-mail ou telefone.</p><p>Essa comunicação ocorre seguindo o fluxo abaixo:</p><p>O Cievs Nacional detecta e avalia rumores nacionais e internacionais.</p><p>Os rumores internacionais são informados pelos pontos focais dos Estados Parte, ou</p><p>seja, dos países, e pelo ponto focal da OPAS. A verificação é realizada pelo Cievs</p><p>Nacional enquanto unidade operacional da Secretaria de Vigilância em Saúde e</p><p>Ambiente designada Ponto Focal Nacional do Regulamento Sanitário Internacional.</p><p>Os rumores nacionais vêm dos Cievs Estaduais, que recebem a informação dos Cievs</p><p>municipais e regionais.</p><p>Todas as verificações precisam ser respondidas em um período de até 48 horas,</p><p>seguindo os preceitos do Regulamento Sanitário Internacional, o R-S-I.</p><p>14</p><p>Os rumores avaliados como relevantes são inseridos no clipping. Esse é um</p><p>documento que contém os rumores mais relevantes e será compartilhado com os</p><p>gestores de saúde e áreas técnicas.</p><p>O clipping tem como objetivos:</p><p>Apoiar a vigilância de rumores de potenciais emergências em saúde pública</p><p>veiculados em fontes formais e informais de notícias por meio de busca ativa.</p><p>Aprimorar a capacidade de alerta e resposta às emergências em saúde pública.</p><p>Um exemplo de estrutura de clipping é a organização em dois blocos:</p><p>O primeiro, com rumores ou eventos internacionais; e</p><p>O segundo, com rumores e/ou eventos a nível regional e local.</p><p>A elaboração e divulgação do clipping pode ser diária, em dias alternados ou</p><p>semanal. O que for mais viável para a unidade.</p><p>15</p><p>Aqueles rumores que foram avaliados como relevantes serão inseridos no Comitê de</p><p>Monitoramento de Eventos em Saúde Pública, o C-M-E. O C-M-E será detalhado em</p><p>uma aula posterior, mas ele tem como objetivo fomentar discussões de caráter gestor</p><p>para que haja a tomada de decisões.</p><p>No C-M-E do Cievs Nacional, o bloco de rumores é chamado de “Detecção e</p><p>Verificação de Rumores” e a estrutura de apresentação conta com um tópico de</p><p>Rumores Internacionais relevantes detectados e outro de Rumores Nacionais</p><p>relevantes detectados. Idealmente, eles devem ser apresentados separadamente, ou</p><p>seja, um único slide para todos os rumores internacionais e um slide para os rumores</p><p>nacionais.</p><p>As unidades Cievs podem realizar a divisão dos tópicos dos rumores em regionais,</p><p>estaduais e municipais/locais.</p><p>O C-M-E pode ser semanal, quinzenal ou mensal. O que for mais viável para a</p><p>unidade.</p><p>16</p><p>Agradecemos por ter assistido a esta aula!</p><p>Esperamos que tenha aprendido sobre vigilância baseada em eventos e sua</p><p>importância para o SUS.</p><p>Até mais!</p><p>17</p>

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