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<p>A persistência da violência contra as mulheres no</p><p>Brasil</p><p>Maszner, Eunice.1</p><p>2</p><p>Apesar de todos os avanços e conquistas, a desigualdade de gênero, a discriminação e a</p><p>violência contra as mulheres ainda persistem. A violência contra as mulheres aumentou</p><p>em 2023. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Brasil</p><p>registrou 722 feminicídios da primeira metade de 2023, sendo o maior número da série</p><p>histórica para um primeiro semestre já registrado pela entidade desde 2019. O número</p><p>aponta um aumento de 2,6% em comparação com os 704 casos contabilizados no</p><p>mesmo período de 2022, segundo levantamento do FBPS.</p><p>A informação publicada no anuário de 2023 confirma os resultados do relatório de</p><p>março, mas com uma diferença: correspondem a registros administrativos, ou seja, de</p><p>boletins de ocorrência, acionamentos aos 190 e solicitações da polícia. São casos que</p><p>chegaram ao conhecimento das autoridades depois de mulheres procurarem ajuda do</p><p>Estado.</p><p>Infelizmente, o que os números apontam está longe de ser positivo: em 2022, o número</p><p>de feminicídios aumentou 6,1%, com 1.437 mulheres mortas simplesmente por serem</p><p>mulheres. Os homicídios intencionais de mulheres também aumentaram (0,9% em</p><p>comparação com o ano anterior), pelo que a melhoria da notificação não pode ser a única</p><p>explicação para o aumento da violência mortal (FBSP, 2023).</p><p>O Instituto DataSenado informou em dezembro de 2023 que três em cada dez mulheres</p><p>brasileiras foram vítimas de violência doméstica. O instituto confirma que este é um dos</p><p>resultados do inquérito nacional sobre violência contra as mulheres realizado pela 10ª</p><p>vez em colaboração com o Observatório da Violência contra as Mulheres (OMV). A</p><p>medição é realizada a cada dois anos e é a série histórica mais antiga sobre o tema no</p><p>Brasil, criada em 2005 para auxiliar o Parlamento na elaboração da Lei Maria da Penha.</p><p>Nesse período, foram entrevistadas mais de 34 mil mulheres, das quais 2 mil em 2023</p><p>(DataSenado, 2023).</p><p>1 Professora universitária. Revisora bilíngue. Licencitura em Letras com Língua estrangeira. Bacharelado em</p><p>Direito. Especialização em Psicopedagogia. Especialização em Gestão Escolar com ênfase em Coordenação</p><p>Pedagógica. Mestranda em Linguagens. E-mail: eunicemaszner@gmail.com.</p><p>2 MASZNER, Eunice. A persistência. Varsóvia, Polônia, 2024.</p><p>mailto:eunicemaszner@gmail.com</p><p>Gráfico: 1: Mulheres vítimas de agressão recorrem a ajuda de</p><p>quem?</p><p>Fonte: DataSenado</p><p>2023</p><p>Conforme os dados divulgados pelo Ministério da Mulher, de janeiro a outubro de 2023, a</p><p>Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 atendeu em média de 1.525 ligações</p><p>telefônicas por dia. Foram 461.994 atendimentos, sendo 74.584 deles referentes a</p><p>denúncias de violência contra mulheres. Em 2022, nesse mesmo período, foram 73.685</p><p>(CNN Brasil, 2024).</p><p>Do total de denúncias recebidas pelo Ligue 180 no período, 51.941 foram realizadas pela</p><p>própria mulher em situação de violência. Dessas mulheres negras são as principais</p><p>vítimas, somando 31.931 das denúncias.</p><p>Além dos crimes contra a vida, as agressões em contexto de violência doméstica tiveram</p><p>aumento de 2,9%, totalizando 245.713 casos; as ameaças cresceram 7,2%, resultando</p><p>em 613.529 casos; e os acionamentos ao 190, número de emergência da Polícia Militar,</p><p>chegaram a 899.485 ligações, o que significa uma média de 102 acionamentos por hora</p><p>(FBSP, 2023).</p><p>É importante ressaltar que embora o nível de violência contra as mulheres seja</p><p>alarmante, um cenário preocupante também é a grande subnotificação de incidentes por</p><p>parte da polícia brasileira.</p><p>Os estudos aqui apresentados revelam um diagnóstico nacionalizado. Reconhecendo este</p><p>ponto de vista, é importante direcionar os investimentos e recursos das autoridades para</p><p>a implementação de programas e projetos que garantam a luta contra a violência contra</p><p>as mulheres e permitam ao país progredir mais rapidamente no longo caminho para a</p><p>igualdade. Afinal, políticas públicas só são possíveis com dados e informações de</p><p>qualidade coletados e processados por técnicos capacitados, além de estarem abertas aos</p><p>líderes públicos e à sociedade.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 17º Anuário Brasileiro de</p><p>Segurança Pública. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2023.</p><p>Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/07/anuario-</p><p>2023.pdf. Acesso em: 17 jan. 2024.</p><p>CNN, Brasil. 74% das brasileiras acreditam que a violência contra as mulheres</p><p>aumentou no país no último ano. 2023. Disponível em:</p><p>https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/74-das-brasileiras-acreditam-que-a-violencia-</p><p>contra-as-mulheres-aumentou-no-pais-no-ultimo-ano/ Acesso em: 17 jan. 2024.</p><p>SENADO. Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher – DataSenado. 2023.</p><p>Disponível em: https://www12.senado.leg.br/institucional/datasenado. Acesso em: 17</p><p>jan. 2024.</p><p>Como referenciar este artigo:</p><p>MASZNER, Eunice. A persistência da violência contra as mulheres</p><p>no Brasil. Jusbrasil. 2024 Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-persistencia-da-violencia-</p><p>contra-as-mulheres-no-brasil/2674834949</p><p>http://www.cnnbrasil.com.br/nacional/74-das-brasileiras-acreditam-que-a-violencia-</p>

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