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I Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Todo o conteúdo deste ebook foi desenvolvido pela Descola em parceria com os professores do curso. OLÁ ALUNO Você já viu ou provavelmente está vendo o curso "Empatia: Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos". Esperamos que você tenha gostado do conteúdo e que tenha descoberto todo o potencial da empatia para mudar sua vida pessoal e profissional. Você aprendeu que se colocar no lugar do outro tem o poder de transformar seus relacionamentos e que a empatia pode ser utilizada para se conectar com seus clientes e, também, com o seu propósito de vida. Já começou a usar sua Roda da Empatia e começou a despertar suas habilidades empáticas. Neste ebook, falamos mais dos conceitos apresentados e relacionamos filmes e livros complementares, para que você siga aprofundando os conceitos abordados nas videoaulas e aprenda mais. Abraços Equipe Descola Uma escola de inovação online ÍNDICE 1 QUEM MINISTRA O CURSO? 7 Por um mundo em que não seja mais preciso ensinar a olhar para o outro É da necessidade de se entender o mundo, entender as pessoas que compartilham ele conosco e entender a nós mesmos como parte disso tudo que surge a oportunidade de estudarmos as nossas relações através de um olhar mais humano e profundo. Esse é o papel da empatia: expandir e aprofundar nosso olhar, nossa escuta, nosso entendimento e nossa percepção. E não podemos negar que estas são habilidades urgentes para o aperfeiçoamento da qualidade de vida de todas as pessoas, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Por isso, trouxemos aqui uma das vozes mais relevantes quando o assunto é empatia, a Tati Fukamati. Formada em Biologia e pós-graduada em neurociência e psicologia aplicada, ela sempre esteve envolvida com estudos e pesquisas que buscavam compreender o processamento e os mecanismos por trás das relações humanas. Foi durante sua pós-graduação que ela descobriu seu verdadeiro propósito: proliferar o conhecimento, a consciência e a prática da empatia para revolucionar o mundo. Tati trabalhou por mais de 5 anos como consultora de sustentabilidade pelo Amana Key, uma importante empresa de educação executiva que visa treinar novos líderes a partir de competências fundamentais para liderança. Em 2016, Tati criou o projeto Revolução da Empatia, uma empresa que cria e facilita palestras, workshops e experiências de empatia, despertando um novo olhar sobre nossas relações e sobre o nosso papel no mundo. E é essa abordagem que trouxemos neste curso de Empatia na Descola. Uma jornada incrível para que você também descubra o poder da empatia e revolucione sua própria vida. 2 A RAIZ DOS PROBLEMAS NO MUNDO 9 Às vezes parece que o mundo é feito de problemas, e a gente nem sabe direito por onde começar. Outras vezes, parece que nós é que somos feitos de problemas. De qualquer forma, estarmos cercados de problemas nos apavora. Sentimos o pulso da luta interna que as pessoas vivem dia após dia, alguns tentando construir um mundo que tenha, pelo menos, menos problemas, enquanto outros querem virar a coisa toda de cabeça para baixo e mudar o mundo de vez. Se você pudesse mudar tudo, o que você mudaria primeiro? Qual é o problema do mundo que te incomoda mais? Desrespeito, preconceito, intolerância, violência, guerras, pobreza, desigualdade, crises migratórias, manipulação da indústria, consumismo, exploração, destruição ambiental, mudanças climáticas, falta de coletividade, ausência de propósito, baixa autoestima, desesperança, hipocrisia, egoísmo, corrupção, bullying e educação limitadora. Infelizmente, fora desta página, a lista não tem fim. Como mudar o mundo mexendo apenas em uma coisa? 10 descola.org | empatia Vemos a nós mesmos. Enxergamos nossas limitações de visão, comunicação e conexão. Identificamos forças limitantes que nos distanciam uns dos outros, nos distanciam de nós mesmos e do mundo que é, no fundo, aquele que realmente queremos reconstruir. E, ao chegar mais perto, cavar mais fundo e investigar a raiz desses problemas, nos damos conta de que todos eles começam do mesmo lugar. A raiz do desequilíbrio do mundo está na desconexão entre as pessoas. Ou melhor, na falta de empatia entre elas. Mas, quando olhamos de verdade para todos os problemas do mundo, o que vemos por trás deles é muito claro. 11 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos A empatia é o que a professora Tati Fukamati chama de "o ponto de acupuntura" de todos os problemas do mundo. Segundo ela, o desenvolvimento das nossas habilidades empáticas pode nos ajudar a resolver todos os problemas da lista sem fim que você viu aqui e que vê todos os dias pelas ruas. A empatia é o caminho mais difícil, mas, também, o mais recompensador em direção ao que já estamos construindo. É a nossa reconexão com o mundo. Tudo isso que a gente está contando para você é inspirado na palestra da Tati no TEDxPedradoPenedo. Acesse o link para assistir! https://dsco.la/ted-tati 12 descola.org | empatia FALA TATI! A forma como a gente se relaciona com nós mesmos e com os outros tem tudo a ver com alguns dos padrões que observamos na nossa sociedade e com muitos dos problemas que estamos enfrentando. A forma como a gente enxerga o outro, como a gente escuta o outro e como a gente se conecta com ele, precisa mudar se quisermos construir um mundo mais pacífico, mais sustentável e mais colaborativo para todo mundo. Mas a luta - aquela, de todos os dias, pulsando no peito de todo mundo - é muito mais interna e pessoal do que parece. Embora o princípio do desequilíbrio da nossa sociedade esteja na crise das relações e na falta de coletividade, a luta continua sendo de um a um, na busca da cura do mundo pela cura de si mesmo. 13 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Podemos não ter o poder de mudar o mundo inteiro, mas podemos começar por nós mesmos. Partindo de uma única pessoa, podemos gerar impacto positivo em todo o coletivo. O caminho que você trilhou para chegar neste curso, e ainda há de trilhar até o fim dele, deixará rastros invisíveis para aqueles que virão após você. E são estes rastros que vão guiá-los pelo mesmo caminho. Você começa aqui. E o mundo, de certa forma, começa com você. 3 O QUE É EMPATIA? 15 Se fossemos definir o que é empatia em uma única frase simples e concisa, seria: a habilidade socioemocional de se colocar no lugar do outro, adotando sua perspectiva e compartilhando das mesmas emoções. Mas, na prática, a empatia tem o potencial de ser mais complexa do que isso. A grande maioria das pessoas, quando escuta sobre empatia, atribui ela àquela ideia fofa e delicada de olhar para o outro com compaixão e entendimento. Mas a empatia vai muito além disso. A revolução silenciosa da qual todos somos parte A empatia nos permite identificar, entender e responder ao que o outro sente, conduzindo nossas ações de forma mais consciente e responsável. 16 descola.org | empatia É certo que a empatia está relacionada à qualidade da conexão que estabelecemos com o outro, mas essa conexão tem um impacto muito maior do que a simples caridade humana. A empatia é como o sol. De longe, pode parecer uma simples luz bonita e sutil, mas, quando vista de perto, é uma força poderosa que rege os planetas e mantém o equilíbrio do universo. Empatia é uma força poderosa e revolucionária. Empatia é a ciência da natureza de quem nós somos e de como podemos ser juntos. Estamos acostumados à famosa regra de ouro de que devemos fazer aos outros o que gostaríamos de que fizessem com a gente. Mas, com isso, alimentamos em nós a tendência de agir com o outro da maneira que faz mais sentido para nós mesmos. E, dessa forma, ignoramos o fatode que as pessoas são diferentes e, por isso, respondem às situações de diferentes formas. A maneira como uma pessoa gostaria de ser tratada em determinada situação não é, necessariamente, igual a como o outro gostaria de ser tratado. A empatia exige que sejamos capazes de, antes de mais nada, enxergar quem é o outro e como podemos nos relacionar e responder de uma forma que faça sentido não para nós mesmos, mas para ele. 17 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Empatia é o elo que nos une como sociedade. Podemos compartilhar as alegrias do outro da mesma forma que compartilhamos suas lágrimas. A empatia busca, por meio de uma brincadeira constante de perspectivas e de novos olhares, acessar a verdade do outro e de nós mesmos, nos conduzindo a uma jornada de autoconhecimento em grande escala. Essa mudança de chavinha do cérebro que nos faz ver o mundo através dos olhos, da pele, do coração e das motivações de outro ser humano, nos ensina mais sobre o mundo e sobre quem somos como parte dele. É natural que, de primeira, a gente entenda a empatia como uma ferramenta para lidar apenas com os problemas do outro, associando ela a emoções negativas, como dor ou sofrimento. E é aí que nos enganamos. Empatia tem a ver com compartilhar dos sentimentos do outro em toda e qualquer situação, e não apenas em cenários negativos. Quantas vezes você já não ficou feliz ao ver seu amigo feliz, sentiu um alívio quando um parente seu parecia aliviado ou se emocionou com a realização do sonho de um desconhecido? 18 descola.org | empatia A empatia é sobre compartilhamento, seja ele de sentimentos e sensações boas ou ruins. É uma conexão que abrange as camadas mais profundas do ser, e que não faz distinção entre valores positivos ou negativos. Ser empático é olhar, escutar e sentir o que o outro vê, escuta e sente - e sem que ele precise pedir. Empatia é a mais pura conexão entre um ser humano e outro. Não é sobre ver. É sobre enxergar através. É aquele passo que damos para trás, a fim de entender quem é aquela pessoa e como podemos nos conectar com ela de forma que faça sentido para as necessidades que ela está expressando no momento. É avaliar o que existe por trás das atitudes e reações das pessoas, compreendendo as razões que motivam seus comportamentos. 18 19 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Empatizar é se desarmar Quando abrimos mão da necessidade de ser qualquer coisa para apenas estarmos verdadeiramente ao lado de uma pessoa - a escutando e entendendo, demonstrando compassividade sem o desejo de receber nada em troca -, nos conectamos com a nossa natureza empática. Porque a empatia está no entendimento, e não na tentativa incansável de transformar ou solucionar uma situação. A empatia não procura uma resolução, não corre atrás do futuro, mas sim te coloca no presente. Empatizar é abrir mão de ser um super-herói e simplesmente reconhecer as fraquezas e forças dentro de si mesmo e do outro. É parar de ver as pessoas como vítimas ou ameaças. Ser empático é a escolha de tirar de si todas as armas internas que te afastam das pessoas. É a cura da agressividade da não-escuta e do não-entendimento e o primeiro passo para a construção de relacionamentos mais próximos e verdadeiros. 19 20 descola.org | empatia 4 A CIÊNCIA DA EMPATIA 21 Imagina aí: as pontas das unhas da sua professora arranhando a lousa de giz. Uma criança andando na borda do terraço de um prédio. Seu amigo cortando o dedo na lateral do papel sulfite. Você provavelmente não entendeu nada. Mas sabe essa sensação aflitiva que você teve imaginando essas cenas? Ela é um sintoma da empatia. Nosso cérebro tem a capacidade de espelhar coisas. Ele interpreta e reproduz dentro dele mesmo tudo o que vemos no outro - ou que vemos acontecer com o outro. E nem precisa ser algo que desperta aflição ou qualquer tipo de emoção muito intensa. Aquele seu amigo que imita o Silvio Santos na mesa do bar, o passo de dança que te ensinaram na época da escola e todas as vezes que alguém teve que aprender qualquer coisa ao redor do mundo, havia um cérebro espelhando alguma coisa. O ser humano nasce empático? 22 descola.org | empatia Nossa habilidade de repetir gestos simples e complexos, imitar pessoas e aprender coisas novas é o que nos torna capazes de empatizar. Como diria a Tati Fukamati: “porque podemos imitar, podemos empatizar”. Segundo as descobertas do neurofisiologista italiano Giacomo Rizzolatt e outros estudos que sucederam suas pesquisas, o cérebro humano possui um mecanismo que chamamos de “sistema de neurônios espelho”. Este mecanismo serve para auxiliar a reprodução de movimentos, ações e até sentimentos. É como se o que observássemos no outro acontecesse dentro da gente. Todas as vezes que você se emocionou com um casamento ou sentiu palpitações de ansiedade com um filme de suspense, era o seu sistema de neurônios espelho trabalhando. Quando falamos em neurociência da empatia, estes neurônios tomam um dos papéis mais importantes de seu mecanismo. Eles são grandes responsáveis pelo desenvolvimento da nossa habilidade de praticar a empatia. Nascemos com essas estruturas, mecanismos e processos cerebrais justamente para facilitar nossas conexões com outras pessoas e permitir que possamos expressar e compartilhar empatia. 23 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Estamos acostumados a presumir e acreditar que o ser humano não é empático por natureza. Mas, acredite se quiser, a neurociência já conseguiu comprovar que sim. Aliás, tudo isso que te contamos até agora é parte deste estudo. Somos, de fato, seres sociais, feitos para viver em sociedade. Nossa natureza - ou todo o funcionamento da nossa espécie em nível biológico - gira em torno da necessidade de conexão, pertencimento e socialização, independente do contexto. Pesquisas experimentais da área da neurociência já observaram o funcionamento do sistema de neurônios espelho por trás da empatia. Muitos pesquisadores - incluindo o neurocirurgião franco-alemão Christian Keysers, que estuda há anos a neurociência no processo empático - descobriram que as Mas, então, o ser humano nasce empático? mesmas áreas do cérebro estimuladas por experiências físicas eram ativadas quando a mesma pessoa vivenciava episódios empáticos. Isso quer dizer que quando vemos um vídeo de alguém sentindo dor e quando nós mesmos sentimos aquela dor, exatamente as mesmas partes do nosso cérebro que são afetadas naquela pessoa, “acendem” no nosso cérebro também. Mas isso não acontece com todo mundo. Embora a empatia seja parte da composição do nosso cérebro, nem todas as pessoas sentem empatia da mesma forma ou na mesma intensidade. 24 descola.org | empatia Todos possuem empatia, porém, alguns sentem mais e outros menos. O que diferencia estes dois perfis, segundo Keysers, é o tamanho do canal que leva a informação recebida da parte visual do seu cérebro à parte emocional. Algumas pessoas são capazes de identificar os sentimentos do outro, mas não de senti-los dentro delas mesmas. No meio do caminho, a informação se perde. E o meio do caminho é exatamente este canal. 24 25 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Apesar da empatia ser inata, ela também pode ser treinada. E isso tudo porque... É isso mesmo que você leu. Não, nosso cérebro não é feito de plástico. Mas sua dinâmica e flexibilidade é muito parecida com um. Espera aí, a gente vai te explicar. A neurociência entende o nosso cérebro como um órgão que funciona de forma muito parecida com os nossos músculos: ele se molda e se adapta a todo e qualquer estímulo que a gente recebe. E é este o princípio da nossa aprendizagem. Quando aprendemos algo novo, nosso cérebro começa a desenvolvernovas estruturas específicas, que chamamos de rotas neurais (circuitos feitos por neurônios interligados). Nossos neurônios se comunicam entre si por meio de conexões que chamamos de sinapses, criando sinais elétricos que viajam pelo nosso cérebro. Nosso cérebro é plástico. 25 26 descola.org | empatia A neuroplasticidade é nada mais do que a habilidade do nosso cérebro de se reestruturar e se recuperar. E ela tem um papel essencial nos processos de aprendizagem que temos ao longo da vida, afinal, é o que permite a nossa evolução nas diversas atividades da vida. Veja bem: toda vez que aprendemos algo novo, uma nova rota neural é criada, e essa mesma rota é repetida ao exercitarmos aquele aprendizado novamente. Quanto mais treinamos uma atividade, mais essa rota é trilhada pelo cérebro, e mais eficiente se tornam os seus sinais elétricos. A plasticidade do cérebro é responsável pela nossa capacidade de nos tornarmos proficientes em uma habilidade, seja qual ela for. Graças a esse sistema cerebral, conseguimos aprender um instrumento musical, um idioma, um esporte ou qualquer outra habilidade, mesmo depois de adultos. E uma dessas habilidades é a empatia. Ao exercitar o olhar cuidadoso e a compassividade, as rotas que se constroem a partir dos seus neurônios espelho se tornam cada vez mais naturais. 27 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos A ciência também diz que o ato de empatizar acontece a partir da intersecção de dois componentes que são essenciais para o processo empático: a empatia cognitiva e a empatia afetiva. Quando exercitamos a empatia, são estes dois componentes que trabalham: Nossa capacidade de racionalmente compreender ou imaginar o que o outro pensa e sente. Nossa capacidade de se conectar e compartilhar o sentimento do outro. empatia cognitiva (o pensar) (o sentir) empatia afetiva Precisamos, ao mesmo tempo, ser capazes de compreender racionalmente a situação do outro e imaginar como se sente e, também, se deixar tocar emocionalmente pelos seus sentimentos. Sem qualquer um desses dois elementos, a empatia se torna um processo incompleto e não atinge o seu objetivo final, que é a CONEXÃO. 28 descola.org | empatia Um exemplo clássico do extremo da ausência de empatia afetiva no ser humano são os psicopatas. Eles conseguem compreender muito claramente o que acontece no universo do outro e como funciona seu raciocínio, mas, normalmente, têm pouco ou nenhum compartilhamento afetivo. Neurologicamente, os psicopatas possuem mau desenvolvimento do lado afetivo do cérebro, apresentando dificuldade em se conectar com o emocional tanto deles mesmos quanto de outras pessoas. Por outro lado, apesar de sua total falta de empatia afetiva, o psicopata possui um grau altíssimo de empatia cognitiva, podendo se conectar profundamente com as pessoas a nível mental -, muitas vezes utilizando isso para o mal na hora de antecipar os passos de alguém para manipular ou matar. Um exemplo interessante para o extremo da ausência de empatia cognitiva são alguns tipos de autismo. Em alguns dos casos, o autista não consegue se conectar a nível mental com alguém ou com uma situação, reagindo somente a estímulos afetivos, por ser extremamente sensível a eles. Por exemplo, este tipo de autista, em contato com uma briga, não será capaz de processar de maneira racional o cenário, podendo ser uma grande crise nervosa causada por seu alto grau de empatia afetiva. Ausência da empatia afetiva Ausência da empatia cognitiva O que acontece quando os dois extremos entram em desequilíbrio? 29 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Entendeu porque essas duas dimensões da empatia são tão importantes? Compreender este e outros mecanismos que nosso cérebro utiliza por trás da prática da empatia nos ajuda não só a aprofundar o nosso entendimento do que é a empatia, mas, também, a provocar o nosso entendimento acerca de nós mesmos como seres humanos. Quando percebemos que é tudo uma questão de adaptação, desenvolvimento e processo, nos sentimos mais capazes de aprender a praticar e aplicar a empatia em nossas vidas. Você nasceu empático. Mas o que você escolhe ser agora? 29 5 AUTO-OBSERVAÇÃO 31 O primeiro passo para o desenvolvimento da empatia é um obstáculo gigantesco. Mas, para a sua sorte, você já deu esse passo só de estar aqui. Agora, é a hora de deixar todo aquele medo e insegurança para trás e se entregar à jornada. Como vimos no capítulo anterior, a empatia funciona exatamente como um músculo do nosso corpo que precisa ser exercitado para ganhar força, flexibilidade, firmeza e tornar seu movimento cada vez mais natural. Empatia é um processo. E apesar de ser um processo humano e complexo, ele pode ser dividido em alguns passos que prometem iluminar o caminho e facilitar o progresso individual. Se a empatia é um músculo, então precisamos começar alongando e praticando esse músculo. E nosso alongamento é a auto-observação. Para conseguirmos observar o outro, precisamos ser capazes de observar a nós mesmos. E não estamos falando de manter seus olhos atentos a todo mínimo detalhe do que o outro faz ou expressa. É mais delicado do que isso. Como observar a si mesmo pode te ensinar a perceber o outro 32 descola.org | empatia Lembra daquela vez em que um colega de trabalho foi direto demais, a ponto de ser levemente grosso com você, assim, do nada, por nenhuma razão? Você ficou frustrado com o comportamento dele. Achou que tinha dito alguma coisa de errado ou feito algo que o incomodou, ou que ele estivesse evitando todo mundo por pura chatice e arrogância. Existia uma razão. Sempre existe. Mas você não conseguiu ver. Naquele dia, horas antes de conversar com você, ele pode ter brigado com o melhor amigo, recebido uma dura crítica do chefe ou passado a madrugada no hospital com a mãe. Mas, mais uma vez: você não conseguiu ver. E provavelmente não se preocupou em perguntar ou imaginar que havia uma razão justificável para que ele estivesse agindo daquela maneira. Pode ficar tranquilo, porque você não é o único que já fez isso. Não é a primeira vez que alguém fica irritado com um atendente grosso em pleno feriado (que provavelmente gostaria de estar passando mais tempo com a família), ou decepcionado com a falta de empolgação do amigo durante um passeio (porque talvez estivesse tendo um dia difícil em casa). 33 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Por trás de todo comportamento, há um sentimento. Sentimentos e ações estão tão conectados que podemos dizer que é como se crescessem enraizados uns nos outros. Por isso, para enxergarmos as razões por trás do que as pessoas fazem, devemos começar olhando para o que elas sentem. O que você faz diz muito sobre o que você sente. Empatia é sobre os sentimentos do outro, mas não conseguimos compreender com profundidade e propriedade os sentimentos de outro ser humano sem antes compreender os nossos próprios sentimentos. Há uma conexão direta entre nossos sentimentos e nossas ações, que nem sempre observamos. Ainda não temos tanta consciência a respeito do quanto nossas emoções influenciam nossas atitudes. Muitas vezes, os sentimentos das pessoas são a principal explicação do porque elas estão agindo de determinada maneira, e compreendê-los bem é essencial para que a empatia se manifeste. Assim, podemos parar de julgar apenas as ações e nos conectar mais profundamente com o que está por trás. Conseguindo observar com mais clareza a dinâmica por trás do desencadear de nossos sentimentos e entendendo as motivações por trás de nossas ações, chegamos mais perto de entender os mecanismos de outras pessoas. Quando adquirimos mais consciência de nossos estados emocionais, somos capazes de enxergar as pessoas da mesma forma que nos enxergamos. FALA TATI!34 descola.org | empatia De onde vêm os seus sentimentos? De que forma eles afetam sua vida ou seu comportamento? Qual a necessidade que existe por trás deles? Qual a melhor forma de responder a eles? Como você espera que os outros ajam? 35 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Aí vai um primeiro desafio para você: EXERCÍCIO DE AUTO-OBSERVAÇÃO Escolha um momento do dia para exercitar a auto- observação das suas emoções e reações. Sabe aqueles minutos antes de ir para cama? Pode ser a hora perfeita de parar e fazer um exercício importantíssimo para a sua auto-observação. Reflita a respeito do quanto os sentimentos que você teve ao longo do dia e suas ações estão conectados. Faça anotações sobre estes momentos do seu dia, registrando os fatos, sentimentos e reações envolvidos. No material complementar disponível para download, separamos um template especial para você utilizar neste exercício. 35 36 descola.org | empatia Neste template, você vai encontrar os seguintes campos para preencher: Pode ser um horário do dia em que você percebeu alguma oscilação diferente nas suas emoções ou um registro de todos os seus sentimentos ao longo do mesmo dia. No material, deixamos três espaços para você preencher. Mas você pode escolher quantos momentos quiser para registrar. O que aconteceu que provocou aquele pico emocional específico. HORÁRIOS FATOS sentimentos reações insights Como você está se sentindo no momento. Você pode estar triste, animado, cansado, irritado, fraco, cheio de energia etc. São muitas variações. Escolha aquela que estiver falando mais alto dentro de você. Aqui, vale qualquer grau de reação. Talvez você tenha sido grosso com alguém, tido uma explosão de alegria, cometido um erro precipitado, se colocado no limite da sua energia, ficado sem comer ou apenas dormido mal. A experiência de observar seus sentimentos e reações vai te trazer várias conclusões e insights valiosos. Use este espaço para escrever o que parece certo para você, mas seja honesto consigo mesmo ao avaliar seus padrões de comportamento. Você pode perceber que suas emoções têm grande impacto nas suas relações com desconhecidos, ou mesmo na sua produtividade no trabalho. Quem sabe até prejudique a sua relação consigo mesmo. Diferentes comportamentos e padrões podem nos dar diferentes insights. Fique atento aos sinais que estão diante de você. 37 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Para te ajudar no processo de preenchimento do template, vamos dar um exemplo. Nosso personagem principal aqui é o Caio, colaborador de uma startup da área de saúde. Neste exemplo, vemos as anotações de Caio referentes aos dois primeiros dias de sua semana: Fato Sentimento Reação Fato Fato Sentimento Sentimento 20:00 15:00 13:00 09:00 11:00 Reação Reação INSIGHTS 19:00 SEGUNDA QUARTAH H Breve discussão com a esposa Percebeu que tinha muita coisa pra fazer no trabalho Fez as pazes com a esposa Ansioso Ansioso Ansioso Se irritou no trânsito Ficou sem comer Ficou sem comer Quando alterado, projeta seus senti- mentos nas outras pessoas. Começa o dia com um conflito, deixa o restante mais difícil. Sua alimentação é prejudicada pelas oscilações emocionais. Só consegue relaxar quando suas relações estão em equilíbrio e harmonia. Teve uma reunião de última hora Almoçou com os colegas Chegou mais cedo em casa Frustrado Relaxado Realizado Não tomou café da manhã Trabalhou mais calmo Dormiu tranquilamente 38 descola.org | empatia Observamos apenas dois dias da semana de Caio, mas que já são suficientes para entender como o exercício pode ser completo de forma simples e eficaz. Ao final de cada dia, Caio tirou insights diferentes que, aos poucos, foram se acumulando até o último dia de sua semana. Ele pôde perceber, por exemplo, que quando seu emocional estava alterado, ele tinha a reação inconsciente de projetar seus sentimentos em outras pessoas. Lá na frente, no final desta mesma semana ou de um mês de exercício, quando Caio se sentir frustrado ou ansioso mais uma vez, ele saberá exatamente o que fazer para evitar a repetição desse comportamento, aumentando não só sua auto-empatia, mas seu relacionamento com outras pessoas. Você também pode utilizar o template que sugerimos por quanto tempo julgar necessário e interessante para o desenvolvimento das suas habilidades de auto- observação. Até o fim de uma semana, é possível coletar insights surpreendentes para a sua jornada de busca pela empatia. Mas, a longo prazo, esse exercício pode ser ainda mais revelador. Observe se o desenvolvimento da sua percepção individual te ajuda a enxergar as ações das outras pessoas de forma diferente. 39 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos No final deste ebook, criamos uma lista de desafios com 15 dias de empatia. Nela, você também vai encontrar alguns desafios de auto-observação. Corre lá! 40 descola.org | empatia 6 CURIOSIDADE PELO OUTRO 41 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Depois de olharmos para nós mesmos, estamos prontos para olhar para as outras pessoas. Por causa disso, o segundo passo da prática da empatia é a curiosidade pelo outro. Parece que não, mas a curiosidade pelo outro é uma das chaves mais importantes para o estabelecimento de uma relação empática. Você já foi atendido por alguém que sequer olhava nos seus olhos? Já discutiu com uma pessoa que, enquanto você falava, fazia alguma outra coisa em total distração? E você? Já passou por um entregador de panfletos na rua e recusou o papel sem olhar no rosto da pessoa? Já entrou em um ônibus sem reparar em quem era o motorista que estava dirigindo? Pois é. Vivemos tomados por uma correria tão maluca no dia a dia que, às vezes sem perceber, passamos pelas pessoas ou convivemos com elas como se fossem invisíveis. Cruzamos com uma quantidade absurda de vidas na mais sutil indiferença. “Como vai você? Eu preciso saber da sua vida...” Como vai você - Roberto Carlos 42 descola.org | empatia Esquecemos de olhar o outro nos olhos, de perguntar genuinamente como ele está, de escutar o que ele tem para dizer ou simplesmente dar atenção a sua presença no momento em que ele está diante de nós. É tanta pressa para tanta coisa que, sempre que paramos para focar no outro, achamos que estamos desperdiçando tempo. E vamos, cada vez mais, perdendo o interesse pelas pessoas, por suas experiências, seus pensamentos e, principalmente, seus sentimentos. Não existe empatia sem o outro. E não existe empatia sem interesse genuíno por quem o outro é. Quando somos empáticos, não queremos controlar o outro ou manipular seus sentimentos como se fossem fantoches. Estamos ali para incentivar o movimento que é natural para ele e assistir sua verdade se manifestando. 43 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Ativar e cultivar a curiosidade e o interesse pelo outro é uma das principais formas de ativar a empatia no nosso cérebro, pois abre uma primeira brecha para que possamos conhecer o universo do outro. A empatia é um exercício da expressão do nosso interesse pelo outro. Mas esse interesse ou curiosidade precisa ser verdadeiro. Precisa ser sincero, aberto, humano. Ter interesse pelo outro é querer entender o que se passa além do que está acontecendo na superfície. É ultrapassar camadas para acessar o que ele sente lá no fundo e gerar uma conexão. O despertar dessa curiosidade colabora para o desenvolvimento das nossas qualidades empáticas. É como o pavimento que prepara a estrada. Mas o caminho é longo, e existem muitas formas de demonstrar esse interesse. Algumas delas são: a escuta, a vulnerabilidade e a colaboração. Está pronto para conhecercada uma delas? No final deste ebook, criamos uma lista de desafios com 15 dias de empatia. Nela, você também vai encontrar alguns desafios sobre curiosidade pelo outro. Dá uma olhada! FALA TATI! 44 descola.org | empatia 7 ESCUTA 45 Desde o momento em que nascemos, todo mundo já começa a tentar fazer a gente falar. É mamãe para cá, papai para lá, e algumas titias na esperança de que conseguiremos pronunciar seus nomes. A primeira palavra de um ser humano é sempre comemorada como a grande conquista dos pais. Aprendemos a falar cercados de suspiros e aplausos. Mas, no meio dessa euforia toda, não aprendemos a escutar. Muitos de nós conseguem soletrar mais de duzentas palavras, escrever cem páginas de pesquisa e cantar em outros idiomas, mas não sabem escutar com atenção e qualidade. Os 4 níveis da escuta com qualidade 45 46 descola.org | empatia Aprender a ouvir o outro também faz parte da comunicação e é um do exercícios mais valiosos dentro da prática da empatia. Escutando, nós aprendemos também a nos expressar melhor e sermos pessoas melhores. Você já conversou com alguém por horas e a pessoa te respondeu como se não tivesse escutado nenhuma pala- vra do que você disse? Já se viu interrompendo alguém no meio de um raciocínio para falar de si mesmo, ou escutou o que a pessoa dizia pensando no que respond- eria em seguida? Estes são só alguns dos cenários que refletem a nossa falta de dedicação para ouvir o outro de verdade e, dessa forma, demonstrar interesse por seus pensamentos e sentimentos. Mas, se isso que a gente faz não é ouvir o outro, o que estamos fazendo? 47 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Otto Scharmer, professor da escola de negócios do MIT (Massachusetts Institute of Technology), desenvolveu uma metodologia para lidar com problemas complexos, chamada Teoria U. Dentro desta teoria, o diálogo humano é dividido em 4 níveis de escuta: 48 descola.org | empatia Lembra quando sua mãe dizia que as coisas "entram por um ouvido e saem pelo outro"? Lembra daquela discussão na qual você não escutou nada do que o outro disse, porque estava ocupado pensando no que iria responder? NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 1 PILOTO AUTOMÁTICO ESCUTA OBJETIVA Esta frase clássica resume a escuta de piloto automático. É aquele nível de escuta em que estamos ouvindo a pessoa falar, mas não absorvemos a informação compartilhada, simplesmente porque não estamos escutamos com interesse. É uma escuta sem profundidade. Aqueles papos em que tudo o que você consegue pensar é que não queria estar ali, e decide responder exatamente o que a pessoa quer ouvir apenas para satisfazê-la temporariamente. A escuta objetiva acontece naquelas conversas em que você não está realmente interessado no que o outro tem a dizer, mas sim no que você concorda e discorda daquilo que ele diz. Discussões e debates são o cenário mais propício para que esse nível de escuta e diálogo ganhe força. É como se fosse um filtro que nos impede de enxergar a verdade como um todo por trás do que o outro está dizendo. 49 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Lembra daquela vez em que você se abriu e foi escutado de forma tão profunda que se sentiu totalmente conectado com o outro? Lembra daquela ideia incrível que você teve enquanto conversava com um de seus colegas? NÍVEL 3 NÍVEL 4 ESCUTA EMPÁTICA ESCUTA GENERATIVA Neste nível de escuta, a empatia entra em cena. Estamos falando daquelas conversas em que estabelecemos uma conexão emocional com o outro, escutando seus pensamentos, sentimentos e necessidades de maneira atenta. Pessoas que têm a capacidade de dialogar por meio da escuta empática não sentem a urgência de concordar ou debater com o que o outro diz, porque estão dedicadas a se colocar no lugar do outro independente de sua opinião pessoal sobre o assunto em questão. Como diz seu nome, o quarto nível de escuta da Teoria U, está ligado a diálogos em que algo novo é gerado. É aquele tipo de conversa em que todo mundo entra no ritmo, a discussão ganha flow e os insights começam a surgir naturalmente. Para chegarmos a esse ponto, a escuta e a conexão entre os indivíduos precisa alcançar um grau de profundidade considerável, porque é só assim que conseguimos gerar novas ideias e criar em colaboração. 50 descola.org | empatia E, afinal, o que significa escutar o outro com qualidade? A escuta de qualidade diz respeito ao que chamamos de escuta atenta. Ao praticar a escuta atenta, você se compromete a: Estar presente no momento Suspender seus julgamentos Manifestar interesse pelo o que o outro tem a dizer Estar aberto a novas opiniões e pontos de vista • • • • Quando dedicamos atenção plena ao que o outro tem a dizer, sem julgamento e entendendo seus sentimentos sem tentar oferecer soluções premeditadas, estamos praticando a escuta atenta. É importante saber que não existe uma fórmula matemática pronta e infalível para a escuta. Você é responsável por interpretar o contexto e definir qual o nível de escuta que faz mais sentido, tanto para você quanto para o outro, dentro de cada cenário. A habilidade de escutar com interesse e ser grato pelo que é compartilhado representa um grande avanço na comunicação interpessoal e na capacidade de praticar e expressar a empatia. E é de diálogos como esses que entendemos o que realmente faz sentido para as pessoas e como podemos ajudá-las. 51 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos No final deste ebook, criamos uma lista de desafios com 15 dias de empatia. Nela, você também vai encontrar alguns desafios de escuta. Olha lá! 8 VULNERABILIDADE 53 Nós queremos parecer fortes. Até você, que está aqui para aprender a ser mais empático, tem uma parte aí dentro que está fazendo isso só para se sentir mais forte. Encontramos nestas novas habilidades comportamentais um meio de acessar as emoções do outro e nos sentirmos mais seguros em relação a nossa comunicação. Porque queremos parecer fortes o tempo todo, acabamos trancando nossas emoções em algum cantinho escuro dentro da gente e evitando contato com elas. Criamos uma fortaleza interna que nos distancia das pessoas, deixando à mostra apenas nossa versão mais forte, confiante, competente e plena, mesmo sabendo que ela não é a única versão verdadeira. Nas organizações, isso se repete com ainda mais intensidade. Não estamos acostumados a compartilhar nossas dores e desafios pessoais no trabalho. Fomos educados e treinados a guardar nossos sentimentos no ambiente profissional, na crença de que não há espaço para ser humano no trabalho. Temos medo de parecer fracos. “É preciso coragem para ser imperfeito” brené brown 53 54 descola.org | empatia De pouco em pouco, essa crença vai tomando conta da nossa vida inteira, nos transformando em pequenos desertos. E, onde não há espaço para demonstrarmos nossos sentimentos, não há espaço para sermos nós mesmos. Mas a empatia não é uma técnica de como se conectar com o outro lá de trás da sua fortaleza. É um estilo de vida que elimina toda e qualquer barreira invisível entre você e o outro. Por isso, a verdadeira comunicação empática depende por completo da vulnerabilidade. Diferente do que muitos acreditam, a vulnerabilidade não é uma ferida exposta ou uma fraqueza inconsequente. Requer de você ainda mais força e confiança para ser vulnerável do que para erguer as suas fortalezas. Vulnerabilidade é sinônimo de força. 55 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Para criar conexões empáticas profundas, é fundamental que haja vulnerabilidade. É preciso que você se permita ser o mais humano e verdadeiro possível, deixando-se abrir para aquela pessoa, e não a fim de controlá-la, mas de criar entre vocês uma relação de confiança,compreensão e segurança emocional. É isso que te fará realmente forte e, é claro, mais empático. A pesquisadora, professora e autora Brené Brown, que passou duas décadas de sua vida estudando temas como empatia, coragem e vulnerabilidade, defende que a coragem de ser imperfeito e se colocar no mundo abertamente é essencial para se conectar com você mesmo e com outras pessoas. “A vulnerabilidade é de onde nasce o amor, o pertencimento, a alegria, a coragem, a empatia e a criatividade.” A verdade é que, quanto mais nos fechamos, menos verdadeiros somos com o outro, o que faz com que qualquer pessoa naturalmente se feche ainda mais na hora de compartilhar com nós seus sentimentos. É simples, humano: as pessoas espelham o que oferecemos a elas. Assista a um dos TEDs da Brené Brown! https://dsco.la/tedx-brene 55 56 descola.org | empatia 9 COLABORAÇÃO 57 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos A essa altura, você já acumulou várias dicas de crescimento pessoal, entendeu o que é empatia e como você pode começar a praticá-la. Quando a empatia começa a se tornar uma competência, é possível desenvolver uma série de outras habilidades complementares a ela que são essenciais para a sua vida pessoal e profissional. Uma delas é a colaboração. Essa palavra tem ganhado mais espaço no nosso vocabulário há algum tempo. Entramos no que podemos chamar de “a era da colaboração”, em que vemos práticas colaborativas dentro da sala de aula, no ambiente corporativo, e até na própria economia e nos hábitos de consumo da sociedade. A empatia como motor da colaboração Para saber mais sobre estes movimentos da colaboração, conheça o CURSO GRATUITO de Economia Colaborativa da Descola. Ele pode ser essencial para a sua jornada de aprendizado! https://descola.org/curso/economia-colaborativa 57 58 descola.org | empatia Para que a colaboração aconteça, é necessário conhecer essas forças, esses propósitos, e mergulhar nas diferentes personalidades e vidas que cercam um objetivo. E, como você já deve imaginar, é isso que faz a empatia ser tão essencial para a colaboração. A colaboração só acontece quando quebramos barreiras entre pessoas, áreas, opiniões e transcendemos para o poder do coletivo. E é aí que entra a empatia, aproximando e conectando as pessoas. Um dos casos mais famosos e emblemáticos é o do empresário Bill McDermott, CEO da companhia multinacional de tecnologia SAP. Quando atuava como executivo da Xerox, Dermott criou uma filosofia dentro do trabalho de suas equipes que serve como um exemplo perfeito da combinação entre empatia e colaboração. "Nenhum de nós é mais inteligente do que todos nós juntos." Dermott incentivou os colaboradores a sempre dedicarem 50% de seu tempo focados em performance individual e 50% ajudando os colegas que não conseguiram alcançar uma performance ideal na primeira metade do tempo. A ideia era escutar a necessidade do outro olhando para a organização como um grande sistema interconectado e interdependente de suas partes, reconhecendo que a dificuldade do outro é, na verdade, de todos. 58 59 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Esse exemplo nos ajuda a ver a colaboração não como um agrupamento de pessoas iguais, mas como uma comunhão de diferenças. Colaboração é muito mais do que trabalho em equipe. Colaboração é uma união de propósitos pessoais que se unem através de um grupo para fazer coisas que não seriam possíveis se dependessem da força de apenas uma pessoa. Quando percebemos a empatia como uma aliada e como um meio de incitar a colaboração na prática, começamos a enxergar seu real potencial como ferramenta de transformação. 59 10 INOVAÇÃO EMPÁTICA 61 A prática da empatia nos encoraja a enxergar as pessoas como seres humanos integrais, deixando para trás aquela velha visão de que nossas emoções estão dissociadas de nossos pensamentos e ações. Começamos a enxergar não apenas nossos colaboradores, mas também os clientes dos nossos negócios menos como números e mais como seres humanos únicos com necessidades diversas. E, como Se conectando com os sentimentos e as necessidades de seus clientes 61 quaisquer outros seres humanos, nossos consumidores têm a necessidade de acreditar que seus sentimentos e necessidades importam. Não é à toa que as empresas estão investindo tanto na descoberta dos interesses, pensamentos, sentimentos e necessidades de seus diferentes públicos, a fim de compreendê-los e atendê-los da melhor maneira possível. 62 descola.org | empatia Caminhamos para novos níveis de conexão, além de um relacionamento mais pessoal e verdadeiro com nossos clientes. E cada vez mais os consumidores têm buscado por marcas que reflitam profundamente seus valores, estilo de vida e propósito. No fundo, tudo o que eles querem é ser ouvidos e compreendidos. Mas, para que as empresa consigam, de fato, fazer isso, elas precisam conhecer seus clientes com maior profundidade. Conhecer um público não se resume a dados, gráficos, números e métricas, mas é conhecer na pele mesmo, explorando seu universo. Leia o caso da designer de produtos Patrícia Moore no capítulo de "Cases" do ebook! 62 63 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos A American Society of Quality Control (ASQ) desenvolveu uma pesquisa de qualidade de produtos e de serviços que mostrou que cerca de mais de 60% das pessoas deixam de ser clientes de uma marca quando sentem que ela não se importa com elas. Este cenário tem despertado a consciência de empresas pelo mundo todo, que passaram a repensar não só seus produtos e seu relacionamento com os consumidores, mas também as relações internas que impactam indiretamente seus produtos. Agora, está evidente o quão essencial a empatia é como competência para a inovação. Mas seu papel não é meramente decorativo. É preciso colocar a mão na massa, investigar o outro e conhecer seu mundo para conseguir criar soluções que conversem com quem ele é. É a hora certa para começar a aplicar as habilidades que você aprendeu durante o curso. Aí vai um exercício início para você colocar isso tudo em prática! 63 64 Imagine que você está criando um novo negócio e, para isso, vai fazer uma investigação empática. Escolha uma pessoa para "investigar" empaticamente e combine com ela uma longa conversa. Quanto maior a empatia, maiores chances de criar algo realmente novo e de atingir sucesso. Portanto, procure explorar alternativas mais fora da caixa para entender o outro e vivenciar seus sentimentos, dores e necessidades. Não limite a sua pesquisa a uma entrevista simples e quadrada. Para efeitos desse exercício vamos supor que você decidiu criar um bar. Você pode começar perguntando coisas como: Quando você pensa em ir a algum lugar se divertir com amigos, quais lugares passam pela sua mente? Qual o seu sentimento quando vai a algum bar? Com que frequência você vai a bares? Tem alguma situação que te faz pensar: “Hoje preciso ir pro bar?” Qual é? Você gosta de bares mais “arrumados” ou estilo “boteco”? Por que? O que te deixa mais feliz quando você está em um bar? E o que mais te incomoda quando está em um bar? Você vai sempre aos mesmos bares ou gosta de experimentar algo novo? • • • • • • • • • • • • • Qual foi a primeira vez que você foi a um bar? Que momentos especiais você já compartilhou com pessoas importantes da sua vida dentro de diferentes bares? O que é um bom encontro com amigos ao redor de uma mesa para você? Que tipo de música você gosta? E que tipo de música te deixa mais confortável? E fora do bar? Que outros ambientes você gosta? A gente não vai dar muitas dicas de perguntas aqui, porque a intenção desse exercício é que você não se apegue a nenhum roteiro e, de fato, procure se conectar de forma humana ao momentoe à pessoa que você estará investigando. Use os elementos que você já aprendeu! Se coloque no lugar dela e busque compartilhar seus sentimentos e necessidades, escute e observe com muita atenção e interesse, esteja curioso para reparar coisas que vão além do óbvio e crie um campo de conexão. EXERCÍCIO 64 Vá mais fundo. Busque entender, também, quem essa pessoa é e qual a sua história, como é o seu dia a dia e seus hábitos. Faça perguntas mais profundas, conte sobre você e realmente se conecte com essa pessoa. Aí vão alguns exemplos: 65 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Caso você já tenha uma ideia para um novo negócio seu ou esteja trabalhando na idealização de um novo produto ou serviço dentro da sua empresa, fique à vontade para utilizar este mesmo exercício como ferramenta de investigação e de conexão com o seu cliente. Você está no caminho certo para construir uma inovação mais empática. 65 No próximo capítulo, você vai aprender um pouquinho mais sobre investigação empática e enriquecer sua coleção de ferramentas para se aprofundar no universo do outro. 11 MAPA DA EMPATIA 67 Uma hora ou outra, você vai sentir a necessidade de sair por aí para conhecer mais e mais pessoas, escutar mais e mais histórias e expandir a sua visão sobre o ser humano ou sobre um perfil específico de pessoas. Mais ou menos algo como o que a gente fez no exercício do capítulo anterior, lembra? Nós chamamos esse “sair por aí” de investigação empática, e a utilizamos para diferentes tipos de pesquisa, especialmente quando precisamos conhecer a fundo um público específico. Dentre estas pesquisas, está uma das ferramentas mais conhecidas quando o assunto é empatia: o Mapa da Empatia. O Mapa da Empatia é muito usado na pesquisa de perfil de consumidores para a construção de personas (representação fictícia do cliente ou usuário ideal de um negócio). E é uma ótima ferramenta para organizar insights adquiridos após a sua investigação empática. Depois de escutar as pessoas entrevistadas com interesse e atenção, fica fácil de traduzir todas as informações e organizá-las no papel. Mas, antes, é preciso aprender a preencher o mapa adequadamente. A ferramenta principal da sua investigação empática Para isso, vamos te explicar tudo o que você precisa saber sobre os elementos que compõem o Mapa da Empatia: 67 68 descola.org | empatia Independente do tema da sua pesquisa, o primeiro foco dela sempre será a pessoa com quem estamos falando. No primeiro quadrante, vão as informações essenciais a respeito do entrevistado. Algumas perguntas que você pode fazer: - Qual o nome dela? - Qual é sua idade? - Qual é sua profissão? - De onde ela vem? Com quem estamos sendo empáticos? No segundo quadrante, definimos o objetivo da pesquisa. Aqui, escrevemos o propósito da entrevista, que pode ser, por exemplo, “compreender quem é o entrevistado”. A resposta é com você: afinal, o que você está buscando nesta entrevista? Qual é a conexão que importa para você? O que eles precisam fazer? 69 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos O “fala” e “faz” são os quadrantes quatro e cinco. Eles abrangem os comportamentos e atitudes da persona dentro de um contexto. Aqui, vão as atitudes em público, a aparência e o comportamento da pessoa em relação aos outros. Algumas perguntas que você pode fazer: Este é o quadrante três, que abrange o campo da visão e o cenário que cerca a experiência de vida do entrevistado. Aqui, vão todas as informações sobre o contexto da pessoa: o que ela observa, o que exerce influência sobre ela etc. Algumas perguntas que você pode fazer: Fala e FazVê - Em que ambiente ela vive? - Quem são seus amigos? Como são seus amigos? - Ela está inserida em que mercado? - Qual é a realidade mais próxima da dela? - Quais sãos os hábitos dela? - O que faz parte de seu cotidiano? - Como ela se expressa? - Quais são suas opiniões mais aparentes? 70 descola.org | empatia Este é o quadrante seis, que abrange tudo o que a pessoa escuta. Aqui, vai tudo o que é dito em torno da pessoa por seus amigos, seu chefe, e até seus maiores influenciadores em grande escala, como celebridades, referências etc. Algumas perguntas que você pode fazer: - Como ela se informa? - Quais são suas fontes de conhecimento? - Quem são suas maiores influências? - Qual o senso comum que prevalece ao redor dela? Escuta O “pensa e “sente” são referentes ao quadrante sete. Eles abrangem os campos cognitivo e afetivo. Aqui, vão as opiniões, sentimentos, coisas que estão dentro da pessoa e que talvez ela não diga em voz alta, mas que fazem parte de seus conceitos. Ele é dividido entre dores e desejos: Pensa e Sente 71 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Pensa e Sente DesejosDores • O que realmente importa para ela? • Quais são suas maiores frustrações? • De onde vieram seus aprendizados mais importantes? • O que ela gostaria de mudar no mundo? • O que guia o mundo dessa pessoa? • O que direciona sua vida? • O que ela precisa que seja transformado para que ela seja mais feliz e viva uma vida melhor? • Quais são as suas aspirações? Os sentimentos mais profundos e enraizados da pessoa, seus medos, frustrações e obstáculos mais pessoais. Os desejos e necessidades por trás dos pensamentos, sentimentos, das atitudes e das dores da pessoa. 72 descola.org | empatia A melhor forma de coletar todas essas informações é acompanhando de perto o consumidor ou usuário em questão. E quando a gente diz perto, é com intenção. Tem a ver com interesse, escuta, abertura e verdade - tudo o que vimos até aqui. Ao observar o dia a dia de um consumidor, você consegue ver o que ele vê e investigar o que ele faz, quais são seus hábitos e atitudes. Praticando a escuta atenta, você será capaz de se conectar profundamente com aquilo que o consumidor diz e pensa sobre as coisas. E se você se conectar de verdade com ele, será capaz de compartilhar dos mesmos sentimentos que ele. Nos materiais complementares do curso, você vai encontrar o Mapa da Empatia para download! Mas, se quiser chegar mais rápido, você encontra o link aqui: http://dsco.la/mapa-da-empatia 73 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Dos sentimentos do consumidor a suas dores e necessidades, é um passo. Exercitando corretamente as suas competências empáticas, você dará espaço para as informações certas virem de encontro a você, contribuindo para os insights que você busca a respeito do seu negócio. Conhecendo as verdadeiras necessidades do seu consumidor, você pode criar soluções que vão além da inovação como já conhecemos, alcançando o fator humano e tocando na essência de outras pessoas. É dessa forma que empresas estão trazendo seu foco para os consumidores: vendo eles como muito mais do que números em uma planilha, mas pessoas com sentimentos e necessidades que devem ser escutadas. 12 LIDERANÇA 75 Para gerar uma inovação feita com base na empatia, é preciso que ela seja reflexo de uma liderança verdadeiramente empática. Os novos modelos de relacionamento que estão sendo praticados dentro das empresas com seus colaboradores e clientes só são possíveis graças às escolhas e prioridades dos líderes por trás deles. O novo contexto da empatia na vida e no trabalho criou, também, um novo parâmetro de liderança. Da mesma maneira que a inovação empática gira em torno do relacionamento como essência de tudo, a nova liderança também está começando a seguir este pensamento. A SUTILEZA ENTRE LIDERANÇA E RELACIONAMENTO 75 76 descola.org | empatia A forma de se relacionar de um líder influencia na forma como suas equipes interagem, no bem estar das pessoas e nos resultados que são alcançados. Hoje, vemos a liderança como um motor que mantémtimes em movimento, colaborando para que todos sejam a melhor versão de si mesmos. Por meio do olhar empático, muitos líderes têm tornado o relacionamento dentro das empresas significativamente mais sustentável. Ao voltar seu foco para as pessoas e suas necessidades, a performance de seus colaboradores passou a seguir naturalmente o espírito da empatia e da compassividade. FALA TATI! 77 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Mas ainda tem muito líder por aí que não entendeu como utilizar a empatia a favor de todos, então vamos te ajudar a visualizar e a diferenciar uma liderança verdadeiramente empática. Marcella é líder da equipe financeira de uma grande empresa de comércio exterior. Seu perfil é um ótimo exemplo de como as qualidades empáticas têm influência sobre seu modelo de liderança. 78 descola.org | empatia Possui um autoconhecimento em constante evolução, sempre observando e avaliando seus próprios comportamentos, hábitos e padrões a fim de se tornar a melhor versão de si mesma. Demonstra verdadeiro interesse pelas outras pessoas, dando a cada uma delas a atenção que merecem, olhando em seus olhos quando falam e tratando todas de igual para igual. Pratica a escuta atenta com todos os membros da equipe e as pessoas de fora dela, sempre interessada em entender a necessidade por trás do sentimento do outro. Se coloca em posições de vulnerabilidade e transparência para abrir espaço para relações mais profundas entre ela e sua equipe. Mantém sua gestão voltada para a colaboração e utiliza a força da coletividade para impulsionar transformações. Tem seu trabalho todo pautado em uma inovação empática que procura se aproximar cada vez mais de seus clientes como seres humanos. É guiada por um propósito muito forte, motivada pela alta performance, mas essencialmente preocupada com o impacto que seu trabalho tem sobre as pessoas. MARCELLA 79 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Antes de ser capaz de utilizar a empatia como competência prática dentro da empresa em que você atua ou do seu próprio negócio, é preciso que você exercite as diferentes habilidades e dimensões responsáveis pelo desenvolvimento da empatia em seu dia a dia. Quando a empatia já estiver enraizada no seu comportamento como pessoa, vai ficar fácil aplicar ela na sua vida profissional. E, aos poucos, você vai descobrir qual é o seu jeito de incorporar a empatia no seu modelo de liderança. 79 13 PROPÓSITO 81 Quando começamos a ampliar a esfera da empatia para além de nossos relacionamentos pessoais e profissionais, começamos a pensar nela como uma conexão quase que transcendental com as pessoas que fazem parte de uma mesma sociedade e habitam o mundo que estamos nos dedicando todos os dias a transformar. E a coisa toda ganha uma nova perspectiva. Lembra daquele papo que a gente começou lá no início deste ebook sobre como a empatia funcionava como um ponto de acupuntura dos problemas que enfrentamos em sociedade? No momento em que nos tornamos empáticos também com o mundo, a dimensão do nosso propósito de vida e profissional acaba se expandindo em uma escala ainda maior. É quando começamos a questionar qual é o nosso papel neste mundo e o que estamos fazendo para melhorá-lo. Será o objetivo da vida aprender a viver ou aprender a viver com o outro? 81 Como você contribui como cidadão? Qual o propósito do seu trabalho? Como você pratica empatia por meio dele? Ele melhora a vida de outras pessoas? De que outras formas você tem melhorado a vida das pessoas? Seus relacionamentos podem servir de exemplo para a sociedade? • • • • • • 82 descola.org | empatia A empatia nos conecta ao mundo em um nível que às vezes ultrapassa o nosso entendimento, mas que pode nos trazer cada vez mais perto de quem realmente somos como indivíduos. A colaboração, a vulnerabilidade, a compassividade, a sororidade e a união são apenas manifestações da essência coletiva que guia nosso propósito e nos faz maiores do que nós mesmos quando utilizamos nossas forças para somar e multiplicar. O verdadeiro poder da empatia está aí, nessa conexão muito maior do que a gente, e na nossa capacidade de criar um mundo que represente a verdade do que é ser humano. 82 83 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Assista ao vídeo da Monja Cohen contando uma história inspiradora que tem tudo a ver com o que falamos neste capítulo. Antes de clicar, se pergunte por um momento: qual é o primeiro instinto do ser humano em uma situação de completa escassez? http://dsco.la/monja-cohen 14 RODA DE EMPATIA 85 Chegou a hora da prática! As pessoas se perguntam como podem treinar mais a empatia como se houvesse uma receita pronta para isso. A verdade é que não há, mas existem meios possíveis. É preciso, antes de mais nada, que você mantenha um método de autoavaliação de como anda a empatia nas várias esferas da sua vida e em que aspecto você quer ou precisa exercitá-la. Afinal, que aspecto é esse? É na sua relação com a sua mãe? É no trabalho? É na forma como você lida consigo mesmo? Ou você precisa ser mais empático com o cara que te dá uma fechada na rua? Foi pensando nisso que a Tati Fukamati criou um exercício chamado Roda da Empatia, que a gente vai te explicar melhor neste capítulo. Uma ferramenta essencial para observar a empatia na sua vida 86 descola.org | empatia A Roda da Empatia é uma ferramenta intuitiva que serve de autoavaliação do seu nível de empatia em diferentes dimensões. Ela aborda exatamente 4 dimensões: Roda de Empatia Mundo Interno Trabalho Relações Pessoais So ci ed ad e 87 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Empatia é sobre conexão e a primeira conexão fundamental que você precisa exercitar é consigo mesmo. Quando nos tornamos capazes de praticar a autoempatia, fica mais fácil fazer o mesmo com nossas relações. Para isso, é importante estar consciente sobre os próprios sentimentos, aceitar as próprias fragilidades e conseguir se perdoar. E é essa dimensão que vai te ajudar a enxergar em que pé você está consigo mesmo. Quantas pessoas você conhece que estão sempre se queixando das relações de trabalho? Muitas, não é mesmo? Talvez você seja uma delas. A forma como as empresas se organizam hoje em dia abre muito espaço para a competição e até a intriga entre colegas. Sem contar que a alta carga de trabalho e os prazos sempre curtos fazem com que as pessoas estejam tão preocupadas com as entregas que esqueçam de olhar para as pessoas. Nesta dimensão, você vai avaliar como anda seu ambiente de trabalho, se você é capaz de exercer a empatia em todas as direções (com seus pares, com o seu chefe e com os seus liderados de igual maneira) e se existe empatia no propósito do seu trabalho. Parece a dimensão mais fácil e óbvia, mas nem sempre funciona assim. É enorme a quantidade de pessoas que relatam relações muito complicadas com familiares ou relações amorosas não empáticas, por exemplo. Às vezes, pode ser um grande desafio exercitar a empatia com as pessoas que mais amamos e com que mais convivemos. Esta dimensão vai te ajudar a avaliar como a abundância ou a escassez de empatia nas suas relações mais próximas tem afetado o seu relacionamento com você mesmo e com o mundo. Quando pensamos em empatia, normalmente restringimos nosso olhar para as pessoas que fazem parte da nossa vida. Mas e todas as outras? E as pessoas com quem você cruza na rua, no trânsito e na fila do supermercado? A pergunta que rege essa dimensão da sua Roda da Empatia é: você, como cidadão do mundo, anda exercitando bem a sua empatia e ajudando a construir um mundo melhor para TODOS? Trabalho Relações Pessoais Sociedade Mundo Interno 88 descola.org | empatia Como preencher a Roda da EmpatiaEm primeiro lugar, imprima a Roda da Empatia nos materiais complementares que estão disponíveis para download na nossa plataforma e pegue um lápis de cor. Se você tem habilidades digitais, também pode fazer isso no computador, mas brincar com um lápis de cor de vez em quando é sempre bom para exercitar nosso lado criativo. Por exemplo, o aspecto “exerce empatia com amigos”: se você sente que é super empático com seus amigos, você pode pintar nove ou dez espaços. Mas, se você sente que não tem sido um amigo empático e que pode melhorar nesse aspecto, você pode pintar três ou quatro espaços. Agora, se você sente que tem sido um péssimo amigo, você pinta um espaço só. Isso vai apontar que é urgente que você melhore neste aspecto. Você vai ver que o exercício contém um diagrama com quatro grandes dimensões e três aspectos em cada dimensão. A Roda também apresenta círculos concêntricos (que possuem o mesmo centro), que funcionam como uma “régua” de autoavaliação para cada um dos aspectos apresentados nela. Você vai repetir a mesma coisa para cada um dos aspectos e, no final, terá na sua frente um mapa de como anda a empatia na sua vida. Esse mapa vai facilitar a observação e o acompanhamento da evolução da sua empatia nos diferentes aspectos da sua vida. A ideia é que, para cada um dos 12 aspectos, você avalie se está indo bem ou não nas suas práticas e pinte, com um lápis de cor, a quantidade de espaços referentes à sua avaliação (sendo que um espaço pintado é a pior avaliação que você poderia se dar e dez espaços pintados é a melhor). Alguns aspectos terão muitos espaços pintados, outros nem tanto. Isso é normal e vai te ajudar a enxergar em quais dimensões você já está fazendo um bom trabalho e quais representam pontos de atenção, nos quais você precisa exercitar mais a empatia. 1. 4. 2. 5. 3. 6. 89 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Nos materiais complementares do curso, você vai encontrar um template da Roda da Empatia para você utilizar no seu exercício! Se quiser cortar caminho, deixamos um link aqui para você: http://dsco.la/roda-da-empatia Por meio deste exercício, você vai descobrir uma série de coisas sobre você mesmo que ainda não haviam sido trazidas à superfície antes. Essa consciência vai te ajudar a buscar por alternativas e possibilidades de mudança e aprimoramento da empatia como competência não só em sua vida, mas, também, na vida de outras pessoas próximas a você. 15 15 DIAS DE EMPATIA 91 Criamos uma lista de desafios específicos com formas bem legais de você começar a praticar todas as dicas que demos ao longo do ebook. São 15 dias de empatia. 15 desafios diferentes com base nas habilidades que você viu durante o curso: auto-observação, autoempatia, curiosidade pelo outro, escuta, vulnerabilidade e propósito. Utilize essa lista como um checklist e se desafie a completar pelo menos um dos exercícios por dia. Você pode fazer esta mesma lista quantas vezes quiser ou fizer sentido para você. O mais importante de tudo é que, nesta primeira vez, você mantenha o hábito durante os primeiros 15 dias seguidos para dar consistência ao seu desenvolvimento. Defina uma estratégia que funciona melhor para você e vai nessa! 15 desafios diferentes para começar a praticar empatia 91 92 descola.org | empatia Lembra do exercício que fizemos no capítulo de auto-observação? Agora é a hora de tornar isso um hábito, mas de uma forma mais simples. Sempre que uma emoção se destacar durante o seu dia, pare, observe a si mesmo e tome consciência do que você sentiu e do que fez você reagir de certa forma dentro daquela mesma situação. Aos poucos, você nem vai precisar mais de anotações, de tão natural que o exercício se tornará. Sabe aqueles dias mais difíceis em que você não consegue ser o seu melhor, ser mais produtivo e ágil? Bate aquela angústia no peito, você se sente desconfortável e não consegue fazer o que gostaria - seja essa coisa uma tarefa do trabalho, aquele esporte que você escolheu praticar ou algum compromisso pessoal. Pois é, você já parou para observar quais são exatamente os gatilhos que despertam em você esses sentimentos? Em que momento você se sente assim e por que? Quais são os pensamentos que passam pela sua cabeça nessas horas? Identifique seus limites, dificuldades e bloqueios. Este é um desafio para toda a vida. Geralmente, encaramos aqueles dias difíceis com pouca paciência e colocamos uma cobrança desumana sobre nós mesmos. E se você tentasse fazer por você mesmo o que faria pelo outro? Pense em alternativas de métodos que você pode utilizar para lidar com suas limitações, picos de emoção e momentos de fragilidade. Escute as necessidades que estão ali pedindo para serem atendidas e faça você mesmo aquilo que tanto espera que outra pessoa faça por você. Observe suas emoções ao longo do dia Identifique seus limites pessoais Crie métodos de autoempatia1 2 3 #AUT0-OBSERVAÇÃO 93 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Tenha, pelo menos, duas conversas “novas” nos próximos dias. Converse com uma pessoa desconhecida ou com um conhecido de quem você não sabe quase nada (o porteiro do seu prédio ou o segurança do seu trabalho, por exemplo). Abra espaço para uma conversa e tente conhecer mais sobre a pessoa, suas histórias e as coisas em comum que vocês compartilham. Converse com alguém próximo com quem você já tem um relacionamento legal, mas explorando sentimentos e tópicos sobre os quais vocês não conversam normalmente. Por exemplo: em vez de perguntar “como está o trabalho?”, pergunte “você está feliz com a sua carreira?”, ou, em vez de perguntar “como foi seu dia?”, pergunte “qual a coisa mais incrível que aconteceu com você hoje?”. Converse com um estranho na rua Tenha uma Conversa Profunda4 5 #CURIOSIDADEPELOOUTRO Vai lá no seu serviço de streaming preferido e se desafie a sair um pouco da zona de conforto. Escolha um filme de outro país com uma cultura bem diferente da sua e mergulhe no universo dos personagens. Olhe com curiosidade e empatia para a realidade do outro. Assista o filme de um país de uma cultura diferente6 94 descola.org | empatia Na próxima vez que alguém te atacar com raiva, pare, observe e tente enxergar essa pessoa por meio da lente da empatia. Perceba o que ela está sentindo, procure entender de onde vem aquela revolta, porque a pessoa se sentiu ameaçada e o que a levou a reagir daquela maneira com você. Escute o que as palavras dela verdadeiramente querem dizer, sem julgamento e sem reagir mais ainda, piorando a situação. Pode ser que seja uma discussão entre amigos ou no trânsito, não importa o tamanho dela. Aproveite a oportunidade para praticar sua escuta empática. Você já deve ter presenciado uma conversa aleatória dentro de uma roda de amigos sobre algum assunto que as pessoas discordavam completamente umas das outras. Mas talvez você nunca tenha escutado com atenção e percebido o que estava por trás da fala daquelas pessoas, seus sentimentos, necessidades, visão de mundo etc. Que tal aproveitar a próxima oportunidade para fazer exatamente isso? Se permita ficar em silêncio e praticar sua escuta atenta de forma imparcial, levando sua percepção para além das palavras que são ditas. Escute os sentimentos de alguém numa discussão Escute a conversa de duas pessoas com opiniões distintas8 9 Pratique a escuta atenta escutando a história de um idoso. Pode ser o seu avô, uma pessoa mais experiente no seu ambiente de trabalho ou até um desconhecido durante uma visita a um asilo. Escutando alguém com tantas histórias para contar e tanta experiência para ser compartilhada, você tornará o seu exercício de compreensão e compassividade muito mais intenso, abrindo os olhos para perspectivas e visões de mundo ainda maisdiferentes das suas. Escute a história de vida de um idoso 7 #ESCUTA 95 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Nem todo mundo tem o hábito de expressar seus sentimentos mais profundos, ainda que seja para pessoas próximas. E, por causa disso, muitas vezes perdemos a oportunidade de levar nossas relações para um nível completamente diferente de aproximação e troca. Se isso não for algo natural para você, tente praticar pelo menos uma vez com alguém de confiança. Abra seus sentimentos, expresse suas necessidades mais ocultas e permita-se se sentir vulnerável. Após a conversa, perceba como essa experiência mudou o relacionamento entre vocês. Geralmente, alimentamos a ideia de que não devemos nos permitir ser vulneráveis no ambiente de trabalho, porque é um sinal de fraqueza e falta de profissionalismo. Mas isso é uma grande mentira, afinal, é na integração e no entendimento das nossas emoções que conseguimos encontrar equilíbrio para os nossos resultados. E aí, quais são os seus pontos fracos no trabalho? Onde você precisa melhorar? Compartilhe seus sentimentos e necessidades com um colega de trabalho, gerente ou gestor de sua confiança, com quem você se sinta mais confortável para se abrir. Se você já se abriu com outra pessoa, você sabe exatamente o que você espera de uma conversa realmente empática. Então, esqueça tudo. É isso mesmo. Esqueça o que você julga necessário e confortável para você, porque agora é o momento de escutar as necessidades do outro. Construa um ambiente no qual o outro possa ter a abertura de falar sobre seus sentimentos e ser vulnerável também, sem se sentir coagido pela sua urgência de acolhê-lo. Apenas se faça aberto. Quanto mais você se abre para o outro, mais ele se abre para você. Na próxima conversa profunda que você tiver, pratique abrir mão um pouco de tudo o que você sabe para descobrir do que o outro precisa. Abra seus sentimentos para um amigo Seja vulnerável no seu ambiente de trabalho Construa um ambiente seguro para a abertura do outro10 11 12 #VULNERABILIDADE 96 descola.org | empatia Você é alto? Baixinho? Tem mãos grandes ou pequenas? Consegue dar passos largos ou mais estreitos? Tem alguma limitação física? Se coloque no lugar de outra pessoa que possui alguma diferença física em relação a você e saia por aí explorando vivenciar atividades como se fosse essa pessoa. Por exemplo, se você não usa óculos, você pode tentar usar por um dia para experimentar as mesmas sensações que essa pessoa tem (se for no cinema 3D, que você precisa usar dois óculos de uma vez, melhor ainda!). Sinta o que muda na sua experiência, que tipo de adaptações você precisa fazer e tire insights sobre como isso pode mudar a perspectiva de vida de outras pessoas. É bem natural a gente dividir as tarefas em casa quando vivemos com nossos pais, irmãos ou nossos companheiros. O pai cuida da limpeza enquanto a mãe cuida das crianças; um filho lava a louça, enquanto outro lava a roupa; um pai faz as tarefas mais pesadas, enquanto o filho fica com as tarefas mais simples... E se você trocasse de lugar com o seu irmão? E se você tentasse fazer as tarefas do seu pai por uma semana? E se você trocasse de papel com a sua esposa? Chegou o dia de tentar! Tenha um gostinho da experiência de uma pessoa bem próxima de você para exercitar sua empatia pelos sentimentos e necessidades dela. Se coloque no lugar de outra pessoa com diferenças físicas Troque de papel com alguém da sua família13 14 #EXPERIMENTAÇÃO 97 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos Se você vai de carro, bicicleta ou a pé para o trabalho todos os dias: já imaginou como deve ser para as outras pessoas que dependem do transporte público para chegar ao trabalho? Já imaginou pegar um metrô lotado, em pé durante todo o percurso, em um dia de chuva ou de calor intenso? Experimente por um dia. Vamos lá, não vai doer. E se doer ainda que um pouquinho, você com certeza vai aprender muito com a experiência. Agora, se você já anda de transporte público com frequência: já reparou nas pessoas com quem você divide o ônibus todos os dias? Já notou a expressão em seus rostos, o cansaço e o estresse? Já teve empatia pelo outro na hora de ceder um assento ou dar ajuda para alguém com uma mochila pesada? Às vezes, nem mesmo aqueles que passam por essa experiência estão olhando para ela de verdade. Então, pratique esse olhar da próxima vez. Um dia de transporte público15 #EXPERIMENTAÇÃO 97 16 EMPATIA EM ESCALA GLOBAL 99 A DIVERSIDADE E A PARTICULARIDADE DA EXPERIÊNCIA HUMANA Se já é um grande desafio olhar para o outro com empatia e compassividade quando “o outro” representa nossa família, amigos e pessoas que vivem dentro do mesmo universo que conhecemos, imagine só ter empatia por alguém que experienciou a vida de uma forma completamente diferente da sua - em outro país, outro território, outro clima, outra política, outra cultura. Quando falamos sobre transformar o mundo através da empatia, estamos falando de pessoas. E não são apenas as pessoas que possuem a mesma origem que você, que está lendo este ebook. Não estamos falando apenas dos seus colegas de trabalho, ou mesmo das muitas realidades já distantes da sua dentro de uma mesma cidade. O homem que acha doce sua terra natal ainda é um iniciante fraco. Aquele que considera todo o mundo sua terra natal já é forte. Mas é perfeito aquele para quem o mundo inteiro é uma terra estrangeira. (...) Somente adotando essa atitude o ser humano consegue entender a diversidade e a particularidade da experiência humana. Edward Said 99 100 descola.org | empatia Estamos falando de todos os seres humanos do planeta! O cara que está colhendo alimento de sua fazenda natural na Irlanda, a mulher que perdeu sua vida para um casamento forçado na Índia e a criança abandonada que passa fome nas ruas de Marrocos. Todos. 100 101 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos E por que isso é tão importante se não estamos na Irlanda, na Índia ou em Marrocos? Ter interesse genuíno e empatia por essas pessoas expande nossa perspectiva sobre a vida, sobre como algumas coisas que consideramos fundamentais ou completamente dispensáveis podem significar coisas totalmente distintas para pessoas que conheceram a vida por outros caminhos. Cada vez mais, o mundo se torna um só. As nações se misturam e se unificam, criando uma crescente diversidade e multiculturalidade. As culturas estão se mesclando e o ser humano tem ganhado mais consciência da dimensão dos vários mundos que o cercam. Mas nem tudo são flores. Ainda temos uma dificuldade absurda de entender nosso papel no meio de tudo isso. Esta é uma das discussões mais importantes que rodeiam o mundo hoje. Com o aumento massivo de imigrações em condições de refúgio, uma das questões humanas e socioeconômicas mais abordadas entre os grandes líderes mundiais e os cidadãos de todos os países é a política imigratória. 101 102 descola.org | empatia Está em discussão o nosso dever como cidadãos e como sociedade. Como devemos acolher os refugiados e de que forma podemos oferecer melhores condições de vida para estas pessoas que migraram de seus países em condição de guerra? E quais são os direitos daqueles que migraram por escolha? Qual a diferença entre eles? E o que eles têm em comum com a gente? A partir daí, somos imediatamente tomados pelo questionamento da nossa capacidade de enxergar o outro como igual. Afinal, a única forma de compreender a fundo a questão imigratória é se colocando no lugar dessas pessoas. É sermos capazes de enxergar o mundo pelo olhar de um estrangeiro. 103 Como se colocar no lugar do outro, ampliar perspectivas e melhorar relacionamentos E isso vai muito mais longe do que a política imigratória dos países.
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