Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

Prévia do material em texto

<p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 1</p><p>“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma</p><p>ação integrada de suas atividades educacionais, visando à</p><p>geração, sistematização e disseminação do conhecimento,</p><p>para formar profissionais empreendedores que promovam</p><p>a transformação e o desenvolvimento social, econômico e</p><p>cultural da comunidade em que está inserida.</p><p>Missão da Faculdade Católica Paulista</p><p>Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.</p><p>www.uca.edu.br</p><p>Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma</p><p>sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria,</p><p>salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a</p><p>emissão de conceitos.</p><p>Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 3</p><p>CONCEITOS ECONÔMICOS BÁSICOS</p><p>NECESSIDADE DE ESCOLHA E CUSTO DE</p><p>OPORTUNIDADE</p><p>DIFERENÇAS ENTRE MACRO E</p><p>MICROECONOMIA</p><p>FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO</p><p>DEMANDA</p><p>OFERTA</p><p>EQUILÍBRIO DE MERCADO</p><p>ELASTICIDADE</p><p>ESTRUTURAS DE MERCADO: CONCORRÊNCIA</p><p>PERFEITA E MONOPÓLIO</p><p>OLIGOPÓLIO E COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA</p><p>FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA</p><p>QUANTIFICANDO A RENDA NACIONAL: PIB</p><p>MOEDA</p><p>INFLAÇÃO</p><p>POLÍTICA MONETÁRIA</p><p>POLÍTICA FISCAL</p><p>SUMÁRIO</p><p>AULA 01</p><p>AULA 02</p><p>AULA 03</p><p>AULA 04</p><p>AULA 05</p><p>AULA 06</p><p>AULA 07</p><p>AULA 08</p><p>AULA 09</p><p>AULA 10</p><p>AULA 11</p><p>AULA 12</p><p>AULA 13</p><p>AULA 14</p><p>AULA 15</p><p>AULA 16</p><p>05</p><p>12</p><p>16</p><p>21</p><p>25</p><p>32</p><p>37</p><p>39</p><p>46</p><p>52</p><p>57</p><p>60</p><p>69</p><p>73</p><p>78</p><p>81</p><p>ECONOMIA</p><p>ANA LÍVIA CAZANE</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4</p><p>3</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Olá, Aluno(a)! É um prazer tê-lo conosco nesta disciplina.</p><p>Sou a Professora Ana Lívia Cazane e atuo como docente de graduação e pós-</p><p>-graduação na área de Economia desde 2011, quando fazia meu mestrado.</p><p>Talvez você se pergunte O PORQUÊ DE ESTUDARMOS ECONOMIA neste curso.</p><p>A resposta é muito simples: porque a Economia nos ensina a administrar os</p><p>recursos (mão de obra, matérias-primas e terra, dentre outros) que uma so-</p><p>ciedade possui, o que a torna interessante para todos.</p><p>Quantas vezes você já ouviu termos como inflação, crise econômica, desem-</p><p>prego, aumento ou diminuição das taxas de juros? Todas essas questões</p><p>estão inseridas no âmbito econômico, e trabalharemos ao longo desta dis-</p><p>ciplina para que, ao final do curso, você saiba como lidar com todos esses</p><p>assuntos, uma vez que o objetivo deste livro é trazer a você as principais</p><p>noções dessa ciência.</p><p>Acrescento que estudar e compreender a ciência econômica é uma forma de</p><p>aumentar significativamente os conhecimentos sobre o Brasil e sobre o mun-</p><p>do, bem como nos permite exercer a cidadania de maneira melhor e mais</p><p>efetiva. Além do mais, contribui para a tomada de decisões nos negócios, já</p><p>que a realidade econômica permeia os mais diferentes aspectos da vida e da</p><p>sociedade.</p><p>O conteúdo da Economia pode ser muito fascinante. Se você for curioso, in-</p><p>teressado e aplicado, poderá enriquecer sua vida pessoal e profissional por</p><p>meio deste conteúdo, pois estará trabalhando um assunto de extrema impor-</p><p>tância em nosso dia a dia.</p><p>Para contextualizar o assunto, primeiramente vamos conhecer os conceitos eco-</p><p>nômicos básicos (oferta, demanda, mercado) a fim de que você possa estabele-</p><p>cer relações entre a economia e o seu cotidiano. Na sequência, vamos estudar</p><p>as Estruturas de Mercado com o objetivo de compreender como o mercado se</p><p>organiza, identificando as estruturas que organizam os mercados e apontando</p><p>suas características e consequências. Também trabalharemos a parte Macroe-</p><p>conômica, Produto Interno Bruto e as Políticas Fiscais e Monetárias.</p><p>Bom estudo!</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5</p><p>AULA 01</p><p>CONCEITOS</p><p>ECONÔMICOS</p><p>BÁSICOS</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6</p><p>5</p><p>Em nosso dia a dia, nos deparamos com várias questões de economia.</p><p>Atualmente, o conhecimento sobre o assunto é muito necessário, uma</p><p>vez que grande parte dos problemas da sociedade está ligada a proble-</p><p>mas de natureza econômica. Porém, apesar de a maioria das pessoas partici-</p><p>parem ativamente da economia, poucas possuem conhecimento teórico que</p><p>possibilite analisar os problemas econômicos.</p><p>Em “Conceitos Econômicos Básicos”, trataremos dos principais elementos da</p><p>análise econômica. O objetivo é introduzir você, aluno(a), na discussão des-</p><p>ses conceitos que são fundamentais para o desenvolvimento eficiente da</p><p>disciplina.</p><p>A palavra ECONOMIA vem do grego “oiko”, que significa “casa”, e “nomos”,</p><p>que significa “norma, lei”. Assim, OIKONOMOS seria a administração da casa,</p><p>aquele que administra o lar, ou ainda, administração da coisa pública (Vas-</p><p>concelos, 2011).</p><p>A ciência econômica está classificada entre as ciências humanas. O seu cam-</p><p>po de atuação é o estudo de como são empregados os fatores de produção</p><p>para a obtenção de riquezas e como essas são distribuídas e consumidas</p><p>pela sociedade.</p><p>De acordo com Passos e Nogami (2003), a economia é uma ciência social,</p><p>pois se ocupa do comportamento humano e estuda como as pessoas e as</p><p>organizações na sociedade se empenham na produção, troca e consumo de</p><p>bens e serviços.</p><p>Uma definição muito prática de economia é utilizada por Hall e Lieberman.,</p><p>De acordo com esses autores, economia é o estudo da escolha sob condições</p><p>de escassez.</p><p>Mais detalhadamente, a economia estuda a maneira como se administram os</p><p>recursos escassos com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los</p><p>para seu consumo entre os membros da sociedade (Troster e Mochon).</p><p>ANOTE ISSO</p><p>“Economia é o estudo da escolha sob condições de escassez”.</p><p>HALL E LIEBERMAN</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7</p><p>6</p><p>Essas definições contêm diversos conceitos importantes, que serão discuti-</p><p>dos a seguir:</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>RECURSOS X NECESSIDADES</p><p>Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão</p><p>de obra, terra, matérias-primas, dentre outros) são limitados. Por outro lado,</p><p>as necessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam por força do</p><p>próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação do pa-</p><p>drão de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento do país, ne-</p><p>nhum deles dispõe de todos os recursos necessários para satisfazer todas</p><p>as necessidades da coletividade. Tem-se então um problema de escassez:</p><p>recursos limitados contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas (VAS-</p><p>CONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>Diante da escassez de recursos, toda sociedade deve, portanto, escolher en-</p><p>tre alternativas de produção e de distribuição dessa produção. É fácil imagi-</p><p>nar que, se os recursos fossem ilimitados, a Economia perderia seu sentido,</p><p>mas a realidade não é assim, e a sociedade precisa tomar decisões quanto à</p><p>melhor utilização de seus recursos (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKU-</p><p>RAI, 2015).</p><p>NECESSIDADE HUMANA > RECURSOS OU FATORES</p><p>Vamos detalhar um pouco mais esses conceitos: “Necessidade Humana” é</p><p>todo desejo que envolva a escolha de um bem econômico – sobrevivência</p><p>ou bem-estar. Pode ser dividida em “Necessidade Primária” e “Necessidade</p><p>Secundária”</p><p>• Primária = alimento, habitação, vestuário, saúde</p><p>• Secundária = transporte, educação, segurança, comunicação, lazer, cultura.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8</p><p>7</p><p>As necessidades humanas variam no tempo e no espaço e estão sujeitas a</p><p>influências culturais e inovações tecnológicas.</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>Por outro lado, para suprir as necessidades humanas, produzimos bens e</p><p>serviços. Para isso usamos os “Recursos” que são os elementos básicos uti-</p><p>lizados na produção de bens e serviços. São denominados também como</p><p>fatores de produção.</p><p>Tradicionalmente, esses fatores se dividem em três categorias: terra, traba-</p><p>lho e capital.</p><p>Cada Recurso (ou Fator) de produção possui um tipo de remuneração, que</p><p>depois será utilizada para satisfazer as necessidades humanas:</p><p>Recursos x Remuneração</p><p>FATOR DE PRODUÇÃO REMUNERAÇÃO</p><p>Mão de Obra Salários</p><p>Capital Financeiro Juros</p><p>Recursos Naturais e máquinas Aluguéis</p><p>Capacidade Empresarial</p><p>veem os produtos no mercado</p><p>como substitutos perfeitos. Não há custo de transação (como os custos de ir</p><p>à loja); se uma empresa cobrar um preço levemente superior ao das outras,</p><p>os consumidores vão rejeitá-la e comprarão na empresa que oferece o preço</p><p>mais baixo. Em um mercado perfeitamente competitivo, todos cobram o mes-</p><p>mo preço pelo bem, e esse preço é determinado pela interação de todos os</p><p>compradores e vendedores no mercado (BAYE, 2010).</p><p>Alunos(as), observem que há dois extremos nos mercados. Num deles, está o</p><p>monopólio, no qual apenas uma firma vende um bem, e não possui similares</p><p>que o substituam.</p><p>No outro extremo, está a concorrência perfeita, na qual muitas firmas ven-</p><p>dem bens que são substitutos perfeitos entre si. A maioria dos mercados fica</p><p>entre esses dois extremos.</p><p>Analisando cada extremo, é possível combinar suas características para fazer</p><p>previsões sobre o rumo que um determinado mercado está́ tomando (WES-</p><p>SELS, 2006).</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Em um mercado de concorrência perfeita muitas firmas vendem</p><p>bens que são substitutos perfeitos entre si.</p><p>MONOPÓLIO</p><p>Nesta seção, consideraremos o extremo oposto da concorrência perfeita, o</p><p>monopólio.</p><p>Enquanto uma firma competitiva é “tomadora de preço”, a firma monopolista</p><p>é “fazedora de preço”.</p><p>Uma firma é considerada monopolista se:</p><p>É a única vendedora</p><p>de um produto</p><p>O produto não tem um</p><p>substituto (similar)</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>Segundo Baye (2010), ao determinar se um mercado é caracterizado por mo-</p><p>nopólio, é importante especificar o mercado relevante para o produto. Por</p><p>exemplo, empresas concessionárias de serviços são monopólios locais em</p><p>que apenas uma empresa oferece o serviço a dada região. Para se assegurar</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49</p><p>48</p><p>disso, existem praticamente tantas empresas concessionárias quanto exis-</p><p>tem cidades no mundo, mas as concessionárias não competem diretamen-</p><p>te contra outras por consumidores. Os substitutos por serviços elétricos em</p><p>uma cidade são poucos, e, a não ser que mudem para uma cidade diferente,</p><p>os consumidores devem pagar o preço pelos serviços locais ou ficar sem ele-</p><p>tricidade. É nesse sentido que uma companhia concessionária é um mono-</p><p>pólio no mercado local.</p><p>Ainda de acordo com o autor, quando alguém pensa em um monopólio, nor-</p><p>malmente tem em mente uma empresa muito grande. No entanto, isso não</p><p>é necessariamente verdadeiro; a consideração relevante é se existem outras</p><p>organizações vendendo substitutos próximos para o bem em determinado</p><p>mercado. Por exemplo, um posto de gasolina em uma pequena cidade a vá-</p><p>rias centenas de quilômetros de outro posto de gasolina é um monopolista</p><p>naquela cidade. Em uma cidade grande, existem muitos postos de gasolina,</p><p>de forma que o mercado de gasolina não é caracterizado como monopólio.</p><p>Vasconcellos (2011) explica que para que existam monopólios, deve haver</p><p>barreiras que praticamente impeçam a entrada de novas firmas no mercado.</p><p>Essas barreiras à entrada podem advir das seguintes condições:</p><p>• Monopólio puro ou natural / economias de escala: ocorre quando o mer-</p><p>cado, por características próprias, exige elevado volume de capital. As em-</p><p>presas já́ instaladas operam com grandes plantas industriais, com elevadas</p><p>economias de escala e custos unitários bastante baixos, o que possibilita a</p><p>cobrança de preços relativamente baixos por seu produto, o que acaba sen-</p><p>do uma grande barreira para a entrada de novos concorrentes; os custos de</p><p>produção são tão altos que um único produtor é mais eficiente que vários</p><p>pequenos produtores.</p><p>• Um monopólio natural existe quando uma única firma pode suprir um bem</p><p>para todo um mercado de forma mais eficiente que duas ou mais firmas.</p><p>• O monopólio natural surge principalmente quando há ganhos de escala</p><p>substanciais durante a produção.</p><p>Em algumas situações, o governo pode oferecer a um indivíduo ou a uma</p><p>empresa o direito de monopólio. Por exemplo, uma cidade pode impedir que</p><p>outra empresa concessionária venha a competir com a companhia de ser-</p><p>viços local. Outro exemplo é o poder de monopólio potencial gerado pelo</p><p>sistema de patentes.</p><p>• Patentes: Licença exclusiva dada pelo governo para a produção de um bem.</p><p>Enquanto a patente não cai em domínio público, a empresa é a única que</p><p>detém a tecnologia apropriada para produzir aquele determinado bem.</p><p>• Patentes e direitos de propriedade são dois exemplos de licenças dadas pelo</p><p>governo autorizando que apenas uma única firma produza em um mercado.</p><p>• A racionalidade por trás do oferecimento de poder do monopólio a um novo</p><p>inventor é baseada no seguinte argumento: invenções demandam muitos</p><p>anos e consideráveis somas de dinheiro para serem desenvolvidas. Uma</p><p>vez que uma invenção se torna pública, na ausência de um sistema de pa-</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50</p><p>49</p><p>tente, outras organizações poderiam produzir o produto e competir com o</p><p>indivíduo ou com a empresa que o desenvolveu. Como essas organizações</p><p>não tiveram de despender recursos desenvolvendo o produto, poderiam</p><p>obter maiores lucros do que o desenvolvedor original. Na ausência de um</p><p>sistema de patentes, haveria um incentivo reduzido por parte das empresas</p><p>em desenvolver novas tecnologias e produtos (BAYE, 2010).</p><p>• Controle de matérias-primas básicas: Posse de um insumo-chave, por exem-</p><p>plo, o controle das minas de bauxita pelas empresas produtoras de alumínio.</p><p>• Embora a posse de um insumo-chave seja uma das razões para o aparecimen-</p><p>to de monopólio, na prática, monopólios raramente surgem por esse motivo.</p><p>LEGISLAÇÃO ANTITRUSTE</p><p>Caro aluno(a), preste atenção, Legislação antitruste é um conjunto de leis</p><p>destinadas a controlar o poder dos monopólios.</p><p>As leis antitrustes dão ao governo algumas formas de promover a competição:</p><p>• Permitem ao governo impedir fusões</p><p>• Permitem ao governo dividir empresas</p><p>• Permitem ao governo impedir que empresas façam atividades que tornem o</p><p>mercado menos competitivo</p><p>• O governo pode ainda regular o preço cobrado pelo monopólio.</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>União Europeia multa Google em € 2,4 bilhões por monopólio em</p><p>compras online</p><p>União Europeia impôs multa recorde ao buscador por abusar de sua</p><p>posição dominante ao favorecer sua ferramenta de compras online,</p><p>o Google Shopping. (Leia a matéria completa no link abaixo)</p><p>Fonte: O Estado de S. Paulo - 27/06/2017</p><p>http://link.estadao.com.br/noticias/empresas,google-e-multado-em-2-4-bil-</p><p>hoes-de-euros-por-favorecimento-em-compras-online,70001865813</p><p>Monopólios e Oligopólios (como veremos no próximo tópico) são imperfei-</p><p>ções do mercado, portanto, temos algumas políticas governamentais para</p><p>impedir o chamado “PODER DE MONOPÓLIO”.</p><p>Poder de Monopólio é quando um produtor ou grupo de produtores aumenta</p><p>os preços ou diminui a qualidade ou a variedade de produtos ou serviços</p><p>com a finalidade de aumentar os lucros.</p><p>Em resposta a essas imperfeições ou falhas de funcionamento do mercado,</p><p>normas jurídicas possibilitaram que a atuação do governo na economia fosse</p><p>cada vez mais abrangente.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51</p><p>50</p><p>As leis de defesa da concorrência surgiram nos Estados Unidos no fim do</p><p>século XIX, naquele período, empresas de pequeno porte passaram a ser ab-</p><p>sorvidas por outras maiores, que passaram a limitar a oferta e encarecer o</p><p>preço dos bens e serviços.</p><p>Desde 1960, o Brasil possui uma extensa legislação que procura coibir abusos</p><p>do poder econômico em defesa da concorrência e da proteção aos consumi-</p><p>dores, contudo, esse conjunto de normas até meados dos anos de 1990 tinha</p><p>sido pouco eficaz devido aos altos níveis de proteção à indústria nacional e</p><p>aos elevados índices de inflação. Em consequência, o Estado brasileiro fez</p><p>durante muitos anos a opção pelo controle de preços.</p><p>Esse cenário mudou a partir de 1988, com a Constituição Federal, na qual se</p><p>encontram os princípios básicos da atuação do Estado na economia e, a par-</p><p>tir dessa base legal, foi promulgada a lei n. 8884, de 11 de junho de 1994, que</p><p>criou o SBDC – SISTEMA BRASILEIRO</p><p>DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA.</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC, conforme</p><p>prevê o artigo 3º da Lei 12.529/2011, é composto pelo Conselho</p><p>Administrativo de Defesa Econômica – CADE e pela Secretaria de</p><p>Acompanhamento Econômico – Seae do Ministério da Fazenda.</p><p>O CADE tem as atribuições de analisar e aprovar ou não os atos de</p><p>concentração econômica, disseminar a cultura da livre concorrência,</p><p>investigar condutas prejudiciais à livre concorrência e, se for o caso,</p><p>aplicar punições aos infratores. A SEAE, por sua vez, realiza a chamada</p><p>“advocacia da concorrência” perante órgãos do governo e a sociedade.</p><p>Fonte: http://www.cade.gov.br/servicos/perguntas-frequentes/perguntas-ge-</p><p>rais-sobre-defesa-da-concorrencia</p><p>O CADE foi criado em 1962 e transformado em autarquia vinculada ao Minis-</p><p>tério da Justiça em 1994.</p><p>OBJETIVO: Orientar/ fiscalizar/ prevenir e apurar abusos de poder econômico.</p><p>É a última instância, na esfera administrativa, responsável pela decisão final</p><p>sobre a matéria concorrencial.</p><p>O CADE baseia suas decisões na lei antitruste de 1994, que regulamenta os</p><p>acordos de união e cooperação entre as empresas e possui a tarefa de julgar</p><p>os processos, desempenhando três papéis principais:</p><p>Preventivo Repressivo Educativo</p><p>Em todas essas funções, o CADE tem por principal objetivo zelar pela condu-</p><p>ta concorrencial, impedindo práticas que violem a essência competitiva do</p><p>mercado.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52</p><p>AULA 10</p><p>OLIGOPÓLIO</p><p>E COMPETIÇÃO</p><p>MONOPOLÍSTICA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53</p><p>52</p><p>Prezados(as) alunos(as), até aqui estudamos duas estruturas extremas de</p><p>mercado: a concorrência perfeita, em que o mercado é tão competitivo que</p><p>nenhuma firma isoladamente é capaz de influenciar seus preços por meio</p><p>de suas decisões individuais, e o monopólio, em que não há concorrência de</p><p>espécie alguma. Na prática, esses dois extremos são muito raros.</p><p>Na maioria dos mercados, a concorrência e a possibilidade das firmas indivi-</p><p>duais afetarem preços através de decisões isoladas coexistem. Portanto, po-</p><p>de-se afirmar que nesses mercados há concorrência imperfeita. Os padrões</p><p>de concorrência imperfeita podem ser os mais diversos possíveis (VASCON-</p><p>CELLOS, OLIVEIRA E BARBIERI, 2011).</p><p>A partir de agora, analisaremos os modelos mais conhecidos para explicar al-</p><p>guns desses padrões. São mais dois tipos de estruturas de mercado: o oligo-</p><p>pólio e a competição monopolística. Fique atento(a), pois os detalhes fazem</p><p>a diferença no entendimento desses conceitos.</p><p>OLIGOPÓLIO</p><p>A característica principal desta estrutura de mercado é o pequeno número de</p><p>competidores. Existe algum tipo de concorrência, mas que não é tão forte, e</p><p>em breve você vai entender o motivo.</p><p>Um oligopólio é uma organização de mercado em que há poucos vendedores</p><p>de uma mercadoria ou de substitutos muito próximos de modo que as ações</p><p>de cada vendedor afetam todos os outros vendedores. Devido aos poucos</p><p>vendedores, uma característica chave do oligopólio é a tensão entre coope-</p><p>ração e interesse próprio. Assim, cada firma não pode ser considerada “toma-</p><p>dora de preço”, como acontece na concorrência perfeita.</p><p>Características:</p><p>Poucos vendedore</p><p>oferecendo produtos</p><p>idênticos ou similares</p><p>Firmas</p><p>interdependentes</p><p>Cooperação entre</p><p>firmas agindo como</p><p>monopolista</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>É no oligopólio que podem surgir dois tipos ilegais de ação no mercado:</p><p>• Conluio (acordo): Duas empresas concordam com a quantidade a produzir e</p><p>o preço a se cobrar.</p><p>• Cartel (firmas): As duas firmas se unem e agem estrategicamente como se</p><p>fossem uma.</p><p>Embora oligopolistas gostariam de formar cartéis e obter lucros monopolis-</p><p>tas, essa situação além de antiética é também ilegal. Leis antitruste proíbem</p><p>explicitamente acordos entre oligopolistas.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 54</p><p>53</p><p>Portanto, o preço do oligopólio é menor que o preço do monopolista, mas</p><p>maior que o preço competitivo.</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>CADE ABRE DOIS PROCESSOS PARA APURAR CARTEL EM PRO-</p><p>DUTOS MÉDICOS.</p><p>O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu dois</p><p>processos administrativos para investigar um possível cartel no mer-</p><p>cado de órtese, próteses e materiais médicos especiais. As decisões</p><p>estão no “Diário Oficial da União” (DOU) desta quarta-feira (21).</p><p>De acordo com nota da autoridade antitruste, “o primeiro processo</p><p>investiga a infração no segmento de estimuladores cardíacos im-</p><p>plantáveis e itens acessórios que incluem eletrodos, conjuntos de</p><p>introdutores e cateteres”.</p><p>Nele, são investigadas quatro empresas “responsáveis pelo forneci-</p><p>mento de todos os estimuladores cardíacos implantáveis no Brasil”,</p><p>29 pessoas físicas e duas associações setoriais.</p><p>“O parecer aponta que existem fortes indícios de troca de infor-</p><p>mações sobre preços, vantagens em licitações, direcionamento de</p><p>pregões, alocação de clientes entre os concorrentes e acordo sobre</p><p>fornecimento e preços a serem praticados” entre 2004 e 2015, disse</p><p>a nota do Cade.</p><p>O segundo processo investiga “46 empresas, 80 pessoas físicas e a</p><p>Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Implantes</p><p>(Abraidi)”, destacou o Cade.</p><p>A Abraidi disse ter sido “surpreendida com a abertura de um proces-</p><p>so administrativo no CADE e, assim que for notificada pelo órgão,</p><p>dará os esclarecimentos solicitados”.</p><p>Fonte: VALOR ECONÔMICO / http://www.valor.com.br/empresas/5012380/</p><p>cade-abre-dois-processos-para-apurar-cartel-em-produtos-medicos</p><p>COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA</p><p>Alunos(as), a competição monopolística representa uma estrutura de merca-</p><p>do com alguns aspectos de competição e outros de monopólio.</p><p>De acordo com Vasconcellos, Oliveira e Barbieri (2011), o modelo procura en-</p><p>contrar um meio-termo mais realista entre os extremos de competição perfeita</p><p>e monopólio, reunindo elementos dessas duas estruturas de mercado. Assim,</p><p>nesse modelo a competição inclui a atividade de diferenciação de produto.</p><p>Suas principais características são:</p><p>MUITOS</p><p>VENDEDORES</p><p>PRODUTOS</p><p>DIFERENCIADOS</p><p>LIVRE</p><p>ENTRADA E SAÍDA</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 55</p><p>54</p><p>Um mercado está em concorrência monopolística quando ele é caracterizado</p><p>pela presença de muitas firmas que produzem mercadorias muito semelhan-</p><p>tes, mas não idênticas, e pela livre entrada de novas empresas nesse mercado.</p><p>As causas da diferenciação entre os produtos podem ser as mais diversas</p><p>possíveis. Entre elas, podemos citar:</p><p>• diferenciação na qualidade do produto</p><p>• diferenciação na localização da firma</p><p>• diferenciação nos serviços adicionais prestados pela firma, tais como assis-</p><p>tência técnica e informações ao consumidor</p><p>• diferenciação no serviço de vendas ao consumidor</p><p>As diferenças entre os produtos são percebidas pelos consumidores, sendo</p><p>que, quando uma firma sobe seu preço, ela não perde todos seus consumi-</p><p>dores, mas apenas parte deles (VASCONCELLOS, OLIVEIRA E BARBIERI, 2011).</p><p>Como exemplo pode-se citar:</p><p>• livros</p><p>• calças jeans</p><p>• jogos de computador</p><p>• restaurantes</p><p>• aulas de piano</p><p>• biscoitos</p><p>• móveis</p><p>Repare, aluno(a), que cada um desses exemplos representa um nicho de mer-</p><p>cado em que cada firma pode produzir um bem ou serviço ligeiramente dife-</p><p>rente de seus concorrentes.</p><p>Além disso, as firmas podem entrar e sair do mercado sem restrições (bar-</p><p>reiras).</p><p>Caros(as) alunos(as), aprendemos sobre os diversos tipos de estruturas de</p><p>mercado em uma economia.</p><p>Também aprendemos que os extremos deste conceito são a concorrência</p><p>perfeita e o monopólio, estruturas de mercado menos comuns. Na sequência,</p><p>estudamos os conceitos de oligopólio e competição monopolística.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 56</p><p>55</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>Programa de Leniência</p><p>O Programa de Leniência do Cade (Programa de Leniência) é um dos</p><p>principais instrumentos de combate a cartéis no Brasil e no mundo.</p><p>Instituído na legislação brasileira em 2000, o primeiro Acordo de</p><p>Leniência do país foi assinado em 2003, e, desde</p><p>então, mais de 50</p><p>Acordos de Leniência já foram assinados pela autoridade antitruste</p><p>brasileira.</p><p>O Programa de Leniência permite que empresas e/ou indivíduos</p><p>que participam ou que participaram de um cartel ou de outra práti-</p><p>ca anticoncorrencial coletiva celebrem Acordo de Leniência com o</p><p>Cade. Os signatários desse acordo devem se comprometer a cessar</p><p>a conduta ilegal, a denunciar e confessar a participação na prática da</p><p>infração à ordem econômica, bem como a cooperar com as investi-</p><p>gações, apresentando informações e documentos relevantes para o</p><p>detalhamento da conduta a ser investigada.</p><p>O Cade disponibilizou para consulta pública o Guia sobre o Progra-</p><p>ma de Leniência Antitruste do órgão – documento consolidado com</p><p>as melhores práticas e procedimentos usualmente adotados pela</p><p>Superintendência-geral da autarquia na negociação e celebração de</p><p>Acordos de Leniência.</p><p>Vocês podem acessar esse documento por meio do seguinte link: http://www.cade.</p><p>gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/guias_do_Cade/guia_pro-</p><p>grama-de-leniencia-do-cade-final.pdf</p><p>Para cada estrutura, estudamos características principais, quantidade de par-</p><p>ticipantes no mercado e problemas comuns desse tipo de estrutura. Na figura</p><p>a seguir, você poderá visualizar a comparação dessas quatro estruturas de</p><p>mercado.</p><p>CARACTERÍSTICAS CONCORRÊNCIA</p><p>PERFEITA</p><p>MONOPÓLIO OLIGOPÓLIO CONCORRÊNCIA</p><p>MONOPOLÍSTICA</p><p>Quanto ao número</p><p>de empresas</p><p>Muito grande Só há uma</p><p>empresa</p><p>Pequeno Grande</p><p>Quanto ao produto Homogêneo Não há substitu-</p><p>tos próximos</p><p>Pode ser</p><p>homogêneo ou</p><p>diferenciado</p><p>Diferenciado</p><p>Quanto ao controle</p><p>das empresas sobre</p><p>os preços</p><p>Não há possibili-</p><p>dade de controle</p><p>As empresas</p><p>têm grande po-</p><p>der para manter</p><p>preços elevados</p><p>Cartéis Pouca Margem</p><p>de manobra, visto</p><p>à existência de</p><p>substitutos</p><p>Quanto à concor-</p><p>rência extrapreço</p><p>(promoções, aten-</p><p>dimento, propagan-</p><p>da, pós-venda, etc.)</p><p>Não é possível Apenas</p><p>campanhas ins-</p><p>titucionais para</p><p>salvaguardar</p><p>sua imagem</p><p>Intensa, princi-</p><p>palmente se há</p><p>diferenciação</p><p>Intensa, no que diz</p><p>respeito às em-</p><p>balagens, formas</p><p>físicas, serviços</p><p>complementares,</p><p>etc.</p><p>Quanto às condi-</p><p>ções de ingresso na</p><p>indústria</p><p>Não há barreiras Barreiras ao</p><p>acesso de novas</p><p>empresas</p><p>Barreiras ao</p><p>acesso de no-</p><p>vas empresas</p><p>Não há barreiras</p><p>Fonte: Vasconcellos (2011)</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 57</p><p>AULA 11</p><p>FUNDAMENTOS</p><p>DA MACROECONOMIA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 58</p><p>57</p><p>Como as condições da economia em seu conjunto nos afetam profundamen-</p><p>te, as variações nas economias são amplamente noticiadas na mídia. De fato,</p><p>é difícil ler um jornal sem ver alguma nova estatística sobre a economia.</p><p>Assim, para avaliar a importância da macroeconomia, basta ler os jornais ou</p><p>escutar os noticiários.</p><p>Todos os dias é possível que você veja manchetes como: PAÍS PASSA POR</p><p>CRISE ECONÔMICA, BANCO CENTRAL INTERVÉM PARA COMBATER A INFLAÇÃO,</p><p>ou AÇÕES CAEM POR MEDO DE RECESSÃO. Esses eventos macroeconômicos</p><p>podem parecer abstratos, mas afetam a vida de todos nós. Executivos de</p><p>empresas que estejam realizando previsões de demanda para seus produtos</p><p>precisam avaliar com que rapidez a renda dos consumidores crescerá. Recém-</p><p>-graduados em faculdades em busca de empregos esperam que a economia</p><p>se aqueça e que as empresas contratem novos profissionais (MANKIW, 2014).</p><p>Uma vez que a economia afeta todas as pessoas, as questões macroeco-</p><p>nômicas desempenham um papel fundamental nos debates políticos nacio-</p><p>nais. Os eleitores estão atentos ao desempenho econômico e sabem que</p><p>as políticas governamentais podem afetá-los consideravelmente. Resultado:</p><p>a popularidade do presidente em exercício geralmente aumenta quando a</p><p>economia apresenta um bom desempenho e diminui quando este é precário</p><p>(MANKIW, 2014).</p><p>Nesse contexto, contamos com a estatística. A estatística pode medir a renda</p><p>total gerada na economia (PIB), a taxa de aumento dos preços (inflação), o</p><p>percentual da força de trabalho que não encontra emprego (desemprego).</p><p>Todas essas estatísticas são macroeconômicas.</p><p>O estudo da Macroeconomia apoia-se no registro estatístico dos principais</p><p>fluxos da produção e da renda. Este registro (denominado Contabilidade Na-</p><p>cional) segue normas e princípios definidos cada vez mais uniformizados em</p><p>escala internacional.</p><p>Mas nem sempre foi assim. Um século atrás, os economistas que monitora-</p><p>vam a economia contavam com pouca coisa além de observações casuais</p><p>para dar sequência a seus estudos. Esse tipo de informação fragmentada di-</p><p>ficultava a formulação de políticas econômicas. A experiência de uma pessoa</p><p>poderia sugerir que a economia estava indo em uma determinada direção,</p><p>enquanto a experiência de outra pessoa sugeria que a economia estava ca-</p><p>minhando em outra direção. Os economistas precisavam de alguma manei-</p><p>ra de combinar as inúmeras experiências individuais em um todo coerente</p><p>(MANKIW, 2014).</p><p>Hoje, dados econômicos constituem uma fonte sistemática e objetiva de in-</p><p>formações, e os jornais publicam notícias sobre alguma estatística divulgada</p><p>recentemente quase todos os dias. Em geral, essas estatísticas são produzi-</p><p>das pelo governo. Vários órgãos governamentais realizam levantamentos em</p><p>domicílios e empresas com o objetivo de aprender alguma coisa sobre suas</p><p>atividades econômicas — quanto estão ganhando; o que estão comprando;</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 59</p><p>58</p><p>que preços estão cobrando; se estão empregados ou se estão em busca de</p><p>trabalho; e assim sucessivamente (MANKIW, 2014).</p><p>Com base nesses levantamentos, são calculadas várias estatísticas que sin-</p><p>tetizam as condições da economia. Os economistas usam essas estatísticas</p><p>para estudar a economia, enquanto os formuladores de políticas públicas as</p><p>utilizam para monitorar os avanços e formular políticas.</p><p>Assim, alunos(as), nas palavras de Sampaio (2012), a Macroeconomia se ca-</p><p>racteriza como a teoria que estuda o nível de produto, o nível de renda, o</p><p>nível de emprego, o nível geral de preços, a taxa de salários, a taxa de juros,</p><p>a taxa de câmbio, o balanço de pagamentos e o estoque de moeda, todos</p><p>pelas medias globais e de forma agregada. Ela estuda o funcionamento da</p><p>economia como um todo.</p><p>Daqui para os próximos tópicos, estudaremos em macroeconomia os fatores</p><p>que determinam tanto os níveis dessas taxas citadas anteriormente como</p><p>suas mudanças no decorrer do tempo: a taxa de crescimento do produto, a</p><p>taxa de inflação, as mudanças verificadas na taxa de desemprego nos perío-</p><p>dos de expansão e recessão (SAMPAIO, 2012).</p><p>Portanto, para encerrar esse que é o primeiro tópico sobre o assunto, que</p><p>destacar o objetivo da Macroeconomia.</p><p>De acordo com Sampaio (2012), Macroeconomia consiste em elevar o nível de</p><p>renda e produto da economia, ou seja, promover seu crescimento, acompa-</p><p>nhado de um aumento no nível de empregos e de uma justa distribuição de</p><p>renda, com a promoção de maior bem-estar social. Também visa estabilizar</p><p>seus preços de modo a conter um processo inflacionário ou deflacionário,</p><p>pelo controle da oferta de moeda, por exemplo, evitando um desequilíbrio</p><p>monetário. Para tanto, a Macroeconomia se utiliza de instrumentos que per-</p><p>mitem galgar esses objetivos: uma política fiscal, por meio do controle dos</p><p>gastos e da arrecadação tributária do governo, uma política monetária, pelo</p><p>controle da oferta de moeda e, por conseguinte, da taxa de juros, uma po-</p><p>lítica cambial que pode favorecer ou não exportações e/ou importações de</p><p>acordo com a conjuntura econômica; uma política regulatória sobre preços e</p><p>salários, entre outras.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Macroeconomia consiste em elevar o nível de renda e produto da</p><p>economia, ou seja, promover seu crescimento, acompanhado de um</p><p>aumento no nível de empregos e de uma justa distribuição de renda,</p><p>com a promoção de maior bem-estar social.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 60</p><p>AULA 12</p><p>QUANTIFICANDO</p><p>A RENDA NACIONAL: PIB</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 61</p><p>60</p><p>Quando falamos em crescimento econômico, em geral referimo-nos ao cres-</p><p>cimento da atividade produtiva, medido pelo crescimento do PIB (Produto</p><p>Interno Bruto). PIB é o valor total da produção de bens e serviços finais obti-</p><p>dos por um país em território nacional, em determinado período de tempo,</p><p>usualmente um ano. Em geral, a produção é medida em unidades monetárias</p><p>(AMADO e MOLLO, 2003).</p><p>Uma boa maneira de entender a importância do PIB é refletir sobre como a</p><p>sociedade em geral julga o sucesso econômico de uma pessoa, e normalmen-</p><p>te se observa em primeiro lugar sua renda. Uma pessoa com uma renda ele-</p><p>vada pode adquirir com facilidade tanto produtos básicos quanto supérfluos.</p><p>Não surpreende que pessoas com rendas elevadas desfrutem de padrões de</p><p>vida mais altos – moradia melhor, cuidados com a saúde melhores, carros</p><p>luxuosos e assim por diante.</p><p>A mesma lógica se aplica à economia nacional. Ao julgar o sucesso da econo-</p><p>mia, é natural observar a renda total gerada pela economia. Esta é a tarefa do</p><p>produto interno bruto (PIB).</p><p>Além de muito utilizado, o produto interno bruto costuma ser considerado o</p><p>melhor indicador do desempenho da economia. O objetivo do PIB é sintetizar</p><p>em um único número o valor, em moeda corrente, da atividade econômica em</p><p>um determinado período de tempo (MANKIW, 2014).</p><p>De acordo com Mankiw (2014), existem duas maneiras de considerar essa es-</p><p>tatística. Uma delas seria considerar o PIB a renda total de todos que inte-</p><p>gram a economia. Outro modo seria considerar o PIB o total de gastos em</p><p>termos da produção de bens e serviços na economia. Seja de um ponto de</p><p>vista ou do outro, fica clara a razão pela qual o PIB é um indicador do de-</p><p>sempenho econômico. O PIB mede algo com o qual as pessoas se importam</p><p>— suas respectivas rendas.</p><p>Mas como o PIB mede tanto os rendimentos da economia quanto os dispên-</p><p>dios relacionados à sua produção? A razão disso é que esses dois valores,</p><p>na realidade, são iguais: para a economia como um todo, a renda (receita)</p><p>precisa ser equivalente ao gasto (despesa). Esse fato, por sua vez, decorre de</p><p>outro fato ainda mais fundamental: como em todas as transações existem</p><p>um comprador e um vendedor, cada unidade monetária de despesa de um</p><p>comprador precisa se transformar em uma unidade monetária de renda para</p><p>um vendedor. Quando Joe pinta a casa de Jane por US$1.000, esses US$1.000</p><p>representam uma renda para Joe e uma despesa para Jane. A transação con-</p><p>tribui em US$1.000 para o PIB, independentemente de estarmos somando o</p><p>total da renda ou somando o total da despesa (MANKIW, 2014).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 62</p><p>61</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Para a economia como um todo, a renda (receita) precisa ser equiva-</p><p>lente ao gasto (despesa).</p><p>Para entender melhor o significado do PIB, vamos recorrer às contas nacio-</p><p>nais, o sistema contábil utilizado para medir o PIB e muitas estatísticas a ele</p><p>relacionadas.</p><p>RENDA, GASTO E</p><p>FLUXO CIRCULAR</p><p>Para entender o PIB, primeiramente precisamos entender os principais agre-</p><p>gados macroeconômicos: o Produto, a Renda e a Despesa.</p><p>• Produto: é a denominação genérica para toda produção de bens e serviços</p><p>finais de uma economia.</p><p>• Renda: As famílias recebem remunerações pela venda de seus fatores de</p><p>produção às empresas. Essas remunerações são chamadas de Renda. A renda</p><p>da terra é o aluguel, a do capital é o lucro (ou os juros, quando o capital é</p><p>emprestado por terceiros) e a renda do trabalho é o salário. Assim, aluguéis,</p><p>lucros, juros e salários são os principais componentes da Renda Nacional de</p><p>um país.</p><p>• Despesa: os agentes econômicos (empresários, consumidores, governo, ou-</p><p>tros países) compram a produção de bens e serviços da economia nacional.</p><p>Essa distribuição do produto entre os agentes que o adquirem é um elemen-</p><p>to importante do estudo da Macroeconomia.</p><p>Agora, para compreender a interação desses conceitos no cálculo do PIB, va-</p><p>mos utilizar um exemplo de Mankiw (2014):</p><p>Imagine uma economia que produza um único bem – pão – a partir de um</p><p>único insumo – mão de obra. A Figura a seguir ilustra todas as transações</p><p>econômicas que ocorrem entre domicílios e empresas nessa economia.</p><p>O ciclo interno na Figura representa os fluxos correspondentes a pão e mão</p><p>de obra. As famílias vendem sua mão de obra para as empresas. As empresas</p><p>utilizam a mão de obra dos trabalhadores para produzir o pão que, por sua</p><p>vez, as empresas vendem às famílias. Desse modo, a mão de obra flui das fa-</p><p>mílias para as empresas, enquanto o pão flui das empresas para as famílias.</p><p>O ciclo externo na Figura representa o fluxo correspondente em moeda cor-</p><p>rente. As famílias compram pão das empresas. As empresas usam parte da</p><p>receita proveniente dessas vendas para pagar os salários dos funcionários,</p><p>sendo a parte restante o lucro que cabe aos proprietários das empresas (que</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 63</p><p>62</p><p>são, eles próprios, parte do setor de famílias). Consequentemente, a despesa</p><p>com pão flui das famílias para as empresas, e a renda, sob a forma de salários</p><p>e lucros, flui das empresas para as famílias.</p><p>O PIB mede o fluxo de moeda corrente nessa economia. Podemos fazer o</p><p>cálculo desse fluxo de duas maneiras. O PIB corresponde à renda total oriun-</p><p>da da produção de pão, que é igual à soma de salários e lucros — a metade</p><p>superior do fluxo circular de moeda corrente. O PIB representa também o</p><p>total de gastos com a compra de pão — a metade inferior do fluxo circular de</p><p>moeda corrente. Para calcular o PIB, podemos analisar tanto o fluxo de reais</p><p>partindo das empresas para as famílias quanto o fluxo de reais partindo das</p><p>famílias para as empresas (MANKIW, 2014).</p><p>Fonte: Mankiw (2014).</p><p>Aluno(a), preste atenção, essas duas maneiras de calcular o PIB precisam ser</p><p>equivalentes, uma vez que, segundo as regras da contabilidade, a despesa</p><p>dos compradores com produtos representa renda para os vendedores desses</p><p>produtos. Toda transação que afeta a despesa deve necessariamente afetar</p><p>a renda, e toda transação que afeta a renda deve necessariamente afetar a</p><p>despesa.</p><p>Portanto, o PIB mede duas coisas ao mesmo tempo: a renda total gerada pela</p><p>economia e a despesa total com bens e serviços produzidos na economia. A</p><p>razão pela qual o PIB pode medir as duas variáveis ao mesmo tempo é que</p><p>na verdade essas duas coisas são iguais. Para a economia como um todo, a</p><p>renda deve ser igual a despesa.</p><p>E por que isso é verdade? A razão pela qual a renda de uma economia seja</p><p>igual a sua despesa é que cada transação tem duas partes: um comprador</p><p>e um vendedor. Cada real de despesa de um comprador é um real de renda</p><p>para algum vendedor.</p><p>Vejamos outro exemplo. Imagine que Carolina pague a Severino R$ 100 para</p><p>cortar sua grama. Severino ganha R$ 100 e Carolina gasta R$ 100. Portanto, a</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 64</p><p>63</p><p>transação contribui tanto para a renda quanto para a despesa da economia.</p><p>O PIB, seja medido como renda total ou despesa total, aumenta em R$ 100.</p><p>Como todas as despesas da economia acabam sendo renda de alguém, o PIB</p><p>é o mesmo, independentemente de como seja calculado.</p><p>CÁLCULO DO PIB</p><p>Vamos detalhar bem a definição de PIB:</p><p>Produto Interno Bruto (PIB) representa o valor de mercado de todos os bens</p><p>e serviços finais produzidos pelo país em um determinado período.</p><p>• VALOR DE MERCADO: O PIB soma vários tipos diferentes de bens em uma</p><p>única medida do valor da atividade econômica. Para fazê-lo, lança mão dos</p><p>preços de mercado. Como os preços de mercado refletem o valor que as pes-</p><p>soas estão dispostas a pagar por diferentes bens, eles refletem o valor des-</p><p>ses bens.</p><p>• BENS E SERVIÇOS: Inclui tanto bens tangíveis (alimentos, vestuário, carros)</p><p>como serviços intangíveis (corte de cabelo, serviços domésticos e consultas</p><p>médicas). Apesar de ser muito abrangente, o PIB pode não captar transações</p><p>informais.</p><p>• FINAIS: Contabiliza somente o valor dos bens finais, não os bens intermediá-</p><p>rios (o valor é contabilizado somente uma vez). Conceito de valor adicionado:</p><p>bens intermediários são descontados para não gerar dupla contagem.</p><p>• PRODUZIDOS: Inclui</p><p>bens e serviços produzidos no presente. Não inclui tran-</p><p>sações envolvendo produtos produzidos no passado. A venda de um carro</p><p>usado não é incluída no PIB.</p><p>• PELO PAÍS: Mede o valor da produção gerada dentro dos limites de um país.</p><p>A produção no Brasil não necessariamente é realizada por brasileiros. Várias</p><p>empresas multinacionais produzem em território brasileiro. Sua produção</p><p>entra no PIB! O PIB é o Produto INTERNO, portanto produzido NO PAÍS.</p><p>• DETERMINADO PERÍODO: Mede o valor de produção que tem lugar em um in-</p><p>tervalo de tempo específico (normalmente um trimestre ou um ano). Devido</p><p>à sua complexidade, a apuração mensal do PIB é extremamente dispendiosa</p><p>e praticamente não é realizada.</p><p>Agora, o que não está contabilizado no PIB?</p><p>• PIB exclui muitos produtos que são produzidos e consumidos nas casas e que</p><p>nunca entram no mercado.</p><p>• PIB exclui os itens produzidos e vendidos nos mercados informais (ilegais),</p><p>por exemplo, contrabando e mercado de drogas.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 65</p><p>64</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>O QUE É O PIB:</p><p>O vídeo a seguir mostra de maneira divertida uma breve explicação</p><p>sobre o Produto Interno Bruto:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=DA7CHD9NXEM</p><p>PIB REAL E PIB NOMINAL</p><p>Caro (a) aluno(a), se quisermos usar o PIB para comparar a atividade econô-</p><p>mica em diferentes períodos do tempo, precisamos encontrar algum método</p><p>para excluir os efeitos das variações dos preços. Ou seja, precisamos ajustar</p><p>pela inflação.</p><p>Para realizar essa comparação, os economistas usam um conjunto de preços</p><p>iguais para avaliar as quantidades produzidas em diferentes anos. A abor-</p><p>dagem mais comum é escolher determinado ano, chamado de ano-base, e</p><p>utilizar os preços desse ano para calcular o valor de mercado da produção.</p><p>Não há uma regra sobre que ano deve ser escolhido como o ano-base, mas</p><p>geralmente é um ano recente.</p><p>Quando o PIB é calculado utilizando-se os preços de um ano-base, em vez</p><p>dos preços do corrente ano, ele é chamado de PIB real para indicar que é uma</p><p>medida do produto físico real. O PIB real é o PIB ajustado pela inflação. Para</p><p>distinguir o PIB real, que é medido com preços de um ano-base, do PIB calcu-</p><p>lado aos preços do ano atual, os economistas se referem ao último como PIB</p><p>nominal (FRANK e BERNANKE, 2012).</p><p>Mankiw (2014) cita um exemplo muito interessante para descrever a diferença</p><p>prática entre o cálculo do PIB real e do PIB nominal. Veja a seguir:</p><p>• Considere a economia que produz exclusivamente maçãs e laranjas.</p><p>• Nessa economia, o PIB representa a soma do valor de todas as maçãs produ-</p><p>zidas e o valor de todas as laranjas produzidas.</p><p>PIB = (Preço da Maçã × Quantidade de Maçãs) + (Preço da Laranja × Quanti-</p><p>dade de Laranjas).</p><p>• Os economistas chamam de PIB nominal o valor de bens e serviços medidos</p><p>em preços correntes.</p><p>• Observe que o PIB nominal pode aumentar, seja porque os preços sobem,</p><p>seja porque as quantidades aumentam. É fácil perceber que o PIB calculado</p><p>desse modo não representa um bom indicador do bem-estar econômico. Ou</p><p>seja, esse indicador não reflete precisamente até que ponto a economia con-</p><p>segue satisfazer a demanda das famílias, das empresas e do governo.</p><p>• Se todos os preços dobrassem sem que houvesse quaisquer modificações na</p><p>quantidade, o PIB dobraria. Entretanto, seria enganoso afirmar que a capa-</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 66</p><p>65</p><p>cidade da economia de satisfazer demandas tenha dobrado, uma vez que a</p><p>quantidade de todos os bens produzidos permanece inalterada.</p><p>• Um indicador mais eficiente do bem-estar econômico levaria em conta a pro-</p><p>dução de bens e serviços da economia, sem ser influenciado por variações</p><p>nos preços. Para esse propósito, os economistas utilizam o PIB real, que cor-</p><p>responde ao valor de bens e serviços mensurados utilizando-se um conjunto</p><p>constante de preços. Ou seja, o PIB real mostra aquilo que teria acontecido</p><p>com os gastos relacionados à produção, caso as quantidades tivessem se</p><p>modificado, mas os preços não.</p><p>• Para ver como o PIB real é calculado, imagine que desejássemos comparar</p><p>a produção em 2011 com a produção em anos subsequentes, para a nossa</p><p>economia composta de maçãs e laranjas.</p><p>• Começaríamos escolhendo um conjunto de preços, chamados de preços do</p><p>ano-base, tais como os preços vigentes em 2011.</p><p>• Os bens e serviços seriam então somados utilizando-se esses preços corres-</p><p>pondentes ao ano-base para valorar os diferentes bens a cada ano.</p><p>• O PIB real para 2011 seria:</p><p>PIB Real = (Preço da Maçã em 2011 × Quantidade de Maçãs em 2011) + (Preço</p><p>da Laranja em 2011 × Quantidade de Laranjas em 2011).</p><p>• De modo semelhante, o PIB real em 2012 seria</p><p>PIB Real = (Preço da Maçã em 2011 × Quantidade de Maçãs em 2012) + (Preço</p><p>da Laranja em 2011 × Quantidade de Laranjas em 2012).</p><p>• E o PIB real em 2013 seria</p><p>PIB Real = (Preço da Maçã em 2011 × Quantidade de Maçãs em 2013) + (Preço</p><p>das Laranjas em 2011 × Quantidade de Laranjas em 2013).</p><p>• Observe que os preços de 2011 são utilizados para calcular o PIB real para</p><p>todos os três anos. Como os preços são mantidos constantes, o PIB real só</p><p>varia de ano para ano se as quantidades produzidas variarem. Uma vez que</p><p>a capacidade da sociedade de proporcionar satisfação econômica aos seus</p><p>membros depende, em última instância, das quantidades de bens e serviços</p><p>produzidos, o PIB real constitui um melhor indicador do bem-estar econômi-</p><p>co do que o PIB nominal (MANKIW, 2014).</p><p>Tendo como base o PIB nominal e o PIB real, podemos calcular uma terceira es-</p><p>tatística: o deflator do PIB. O deflator do PIB, também conhecido como deflator</p><p>implícito de preços para o PIB, é a razão entre o PIB nominal e o PIB real:</p><p>Deflator do PIB = PIB Nominal</p><p>PIB Real</p><p>O deflator do PIB reflete aquilo que está acontecendo com o nível geral de</p><p>preços na economia. Para melhor entender isso, consideremos mais uma vez</p><p>um exemplo de Mankiw (2014) que cita uma economia com apenas um bem:</p><p>o pão.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 67</p><p>66</p><p>• Se P é o preço do pão e Q é a quantidade vendida, o PIB nominal corresponde</p><p>ao número total de unidades de moeda corrente gastas com pão, naquele</p><p>ano, P × Q.</p><p>• O PIB real corresponde ao número de bisnagas de pão produzidas naque-</p><p>le ano, multiplicado pelo preço do pão em algum ano-base, Pbase × Q.</p><p>• O deflator do PIB corresponde ao preço do pão naquele ano em relação ao</p><p>preço do pão no ano-base, P/Pbase.</p><p>• A definição do deflator do PIB nos permite desmembrar o PIB nominal em</p><p>duas partes: uma parte mede quantidades (PIB real) e a outra mede preços</p><p>(o deflator do PIB).</p><p>• Ou seja,</p><p>PIB Nominal = PIB Real × Deflator do PIB.</p><p>• O PIB nominal mede o valor atual, em unidades de moeda corrente, do total</p><p>da produção da economia. O PIB real mede a produção, com valores a preços</p><p>constantes. O deflator do PIB mede o preço da produção em relação ao pre-</p><p>ço respectivo da produção no ano-base. Podemos também representar essa</p><p>equação da seguinte forma</p><p>PIB Real = PIB Nominal</p><p>Deflator do PIB</p><p>• Nessa fórmula, podemos constatar de onde veio o nome deflator: ele é utili-</p><p>zado para deflacionar o PIB nominal (ou seja, expurgar a inflação) de modo a</p><p>gerar o PIB real (MANKIW, 2014).</p><p>OUTROS INDICADORES DE RENDA</p><p>As contas nacionais incluem outros indicadores de renda cuja definição dife-</p><p>re ligeiramente da do PIB.</p><p>Aluno (a), é importante estar ciente dos vários indicadores, uma vez que os</p><p>economistas e a imprensa costumam se referir a eles.</p><p>Para verificar como os indicadores alternativos de renda se relacionam entre</p><p>si, partimos do PIB, modificando-o de diversas maneiras. Para obter o pro-</p><p>duto nacional bruto (PNB), somamos os recebimentos de renda dos fatores</p><p>de produção (salários, lucros e aluguéis) do restante do mundo e subtraímos</p><p>os pagamentos de renda dos fatores de produção destinada ao restante do</p><p>mundo:</p><p>PNB = PIB + Renda dos Fatores Oriunda do Exterior – Renda dos Fatores</p><p>Destinada ao Exterior.</p><p>Enquanto o PIB mede</p><p>o total da renda produzida internamente, o PNB mede a</p><p>renda total gerada pelos chamados nacionais (residentes de uma nação). Por</p><p>exemplo, se um japonês residente nos EUA é proprietário de um prédio de</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 68</p><p>67</p><p>apartamentos em Nova York, a renda obtida com o aluguel que ele recebe é</p><p>parte integrante do PIB dos EUA, já que é recebida dentro dos Estados Unidos</p><p>(MANKIW, 2014).</p><p>Entretanto, uma vez que essa renda de aluguel representa um pagamento</p><p>para o exterior, ela não integra o PNB dos EUA (MANKIW, 2014).</p><p>Para obter o produto nacional líquido (PNL), subtraímos a depreciação do</p><p>capital — a parcela do estoque de fábricas, equipamentos e estruturas resi-</p><p>denciais da economia que sofre desgaste ao longo do ano:</p><p>PNL = PNB – Depreciação.</p><p>Uma vez que a depreciação do capital representa um custo de produção para</p><p>o produto total da economia, subtrair a depreciação demonstra o resulta-</p><p>do líquido da atividade econômica. O produto nacional líquido é aproxima-</p><p>damente igual a outro indicador conhecido como renda nacional. Os dois</p><p>diferem, em razão de uma pequena correção conhecida como discrepância</p><p>estatística, que surge porque diferentes fontes de dados podem não ser com-</p><p>pletamente coerentes (MANKIW, 2014).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 69</p><p>AULA 13</p><p>MOEDA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 70</p><p>69</p><p>O tema desta aula é a moeda; termo que designa de forma genérica o que</p><p>costumamos chamar de dinheiro. Também entraremos no tema da principal</p><p>doença da moeda: a inflação.</p><p>Segundo Sampaio (2012), para que se possa medir o produto da economia,</p><p>deve-se agregar (juntar) todos os bens e serviços e avaliá-los com base em</p><p>uma única unidade monetária de medida denominada:</p><p>MOEDA</p><p>Quando dizemos que uma pessoa tem muito dinheiro (ou grande quantidade</p><p>de moeda), geralmente queremos dizer que ela é rica. Em contrapartida, os</p><p>economistas utilizam o termo “moeda” (ou dinheiro) de uma maneira mais</p><p>específica. Para um economista, moeda não se refere a todos os tipos de</p><p>riqueza, e sim a um único tipo de riqueza: moeda significa um estoque de</p><p>ativos que podem ser prontamente utilizados para realizar transações. Em</p><p>suma, os dólares nas mãos da população norte-americana constituem o es-</p><p>toque de moeda do país (MANKIW, 2014).</p><p>A necessidade de algum tipo de medida de valor dos bens, que servisse tam-</p><p>bém para trocá-los entre si, vem desde o final da pré-história.</p><p>Comunidades primitivas podem trocar os bens entre si sem precisar de moe-</p><p>da, simplesmente através da troca direta. Isso deixa de funcionar quando as</p><p>trocas não são mais eventuais (produzi mais feijão do que precisava, gostaria</p><p>de ter mais arroz; procuro alguém que tenha excesso de arroz e o troque por</p><p>feijão), definir os valores recíprocos (quanto de um vale o outro), acertar as</p><p>quantidades, achar o interessado na troca exata que desejamos fazer, tudo</p><p>isso é complexo e não funciona regularmente.</p><p>A moeda simplifica tudo. Vendo meu feijão por moeda e utilizo-a para com-</p><p>prar arroz sem precisar achar quem deseja fazer a troca inversa. Os preços</p><p>dos bens também acabam se acertando mais facilmente. Enfim, as trocas</p><p>frequentes tornaram a moeda uma necessidade.</p><p>A moeda teve várias fases. Inicialmente, usava-se algum bem abundante na épo-</p><p>ca e no lugar: o sal foi um dos primeiros, daí a palavra salário. Mais tarde, usou-se</p><p>algum metal tido como precioso que fosse útil, porém escasso. Daí as moedas de</p><p>cobre, bronze, prata e ouro. Essa foi a fase das moedas metálicas, que durou até o</p><p>final da Idade Média na Europa. Essas moedas primeiramente eram locais e mais</p><p>tarde passaram a ser nacionais (somente o governo do país podia emiti-las).</p><p>O passo seguinte foi a emissão do papel-moeda (as cédulas oficiais do di-</p><p>nheiro de cada país) emitidas e garantidas pelo governo através de uma re-</p><p>serva em ouro – o lastro da moeda.</p><p>O sistema foi acertado entre as principais potências e passou a ser chamado</p><p>de padrão ouro.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 71</p><p>70</p><p>Cada país emitia sua moeda (em metal comum e em papel) de acordo com</p><p>suas reservas em ouro e o governo comprometia-se a trocá-la por ouro a</p><p>quem desejasse, a uma taxa fixa.</p><p>Depois esse sistema também foi substituído no final da Segunda Guerra</p><p>Mundial (1945) por um sistema em que apenas o dólar norte-americano se-</p><p>ria trocado por ouro, a uma taxa fixa. Todas as demais moedas podiam ser</p><p>trocadas por dólares, a taxas também fixas. Em 1971, o presidente americano</p><p>Richard Nixon decretou o fim da conversibilidade do dólar em ouro, encer-</p><p>rando essa fase.</p><p>Desde então, as moedas nacionais flutuam de forma aleatória e são garan-</p><p>tidas pelos governos como fonte de valor – mas sem qualquer garantia em</p><p>bens reais.</p><p>FUNÇÕES DA MOEDA</p><p>A moeda cumpre três funções econômicas fundamentais:</p><p>MEIO DE TROCA UNIDADE DE CONTA RESERVA DE VALOR</p><p>Como reserva de valor, a moeda representa um meio de transferir o poder de</p><p>compra do presente para o futuro. Se eu trabalho hoje e ganho R$100, posso</p><p>guardar esse valor e gastá-lo amanhã, na próxima semana ou no próximo</p><p>mês. Evidentemente, a moeda é uma reserva de valor imperfeita: se os preços</p><p>estão aumentando, a quantidade que você consegue comprar com qualquer</p><p>quantidade específica de moeda está diminuindo. Ainda assim, as pessoas</p><p>guardam moeda, uma vez que podem negociá-la em troca de bens e serviços</p><p>em algum momento no futuro (MANKIW, 2014).</p><p>Como unidade de conta, a moeda define os termos segundo os quais os</p><p>preços são determinados e as dívidas registradas. A microeconomia nos en-</p><p>sina que os recursos são alocados de acordo com os preços relativos — os</p><p>preços dos bens em relação a outros bens — ainda que os estabelecimentos</p><p>comerciais estipulem seus preços em unidades de moeda corrente, como,</p><p>por exemplo, dólares e centavos. Um vendedor de automóveis afirma que um</p><p>determinado veículo custa R$60.000, e não 1000 camisas (embora os valores</p><p>possam ser equivalentes). De modo semelhante, a maioria das dívidas requer</p><p>que o devedor abra mão de um número específico de reais no futuro, e não</p><p>de uma quantidade específica de alguma mercadoria (MANKIW, 2014).</p><p>A moeda constitui o padrão por meio do qual mensuramos as transações</p><p>econômicas. Como meio de troca, a moeda é aquilo que utilizamos para ad-</p><p>quirir bens e serviços. Quando entramos nos estabelecimentos comerciais,</p><p>estamos confiantes de que os lojistas aceitarão nossa moeda em troca dos</p><p>itens que estão sendo comercializados. A facilidade com que um determina-</p><p>do ativo pode ser convertido em um meio de troca, e utilizado para adquirir</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 72</p><p>71</p><p>outras coisas — bens e serviços — geralmente é conhecida como a liquidez</p><p>desse ativo. Uma vez que, por definição, é o meio de troca, a moeda é o ativo</p><p>que tem maior liquidez (MANKIW, 2014).</p><p>Seguindo o raciocínio de Mankiw (2014), para melhor entender as funções da</p><p>moeda, tente imaginar uma economia sem ela: uma economia de escambo.</p><p>Em um mundo como esse, o comércio exige a dupla coincidência de anseios</p><p>— a eventualidade improvável de duas pessoas, cada uma delas com um</p><p>determinado bem que a outra deseja, se encontrarem no momento exato,</p><p>no lugar exato, para realizarem esse intercâmbio. Uma economia de escambo</p><p>permite exclusivamente transações simples. A moeda possibilita transações</p><p>mais indiretas. Uma professora usa seu salário para comprar livros; o editor</p><p>utiliza a receita da venda dos livros para comprar papel; o fabricante de papel</p><p>utiliza a receita da venda de papel para comprar madeira e transformá-la em</p><p>polpa de celulose; a madeireira utiliza a renda obtida com a venda de ma-</p><p>deira para pagar ao lenhador; o lenhador usa sua renda para mandar o filho</p><p>para a faculdade; e a faculdade utiliza a mensalidade que recebe do aluno</p><p>para pagar o salário da professora. Em uma economia moderna, complexa, o</p><p>comércio geralmente é indireto e requer o uso de moeda.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>• MEIO DE TROCA: Como meio de troca, A MOEDA intermedeia</p><p>todas as transações econômicas, tanto de bens</p><p>e serviços quanto</p><p>de fatores de produção (é usada para pagar salários, lucros, juros</p><p>e aluguéis).</p><p>• UNIDADE DE CONTA: Como unidade de conta, a moeda é usada</p><p>em todos os cálculos de preços, rentabilidade e comparações de</p><p>valores.</p><p>• RESERVA DE VALOR: Como reserva de valor, ela permite guard-</p><p>ar valores ao ser poupada, isto é, não utilizada imediatamente no</p><p>consumo.</p><p>para cumprir as funções devidas, a moeda precisa ter as seguintes caracte-</p><p>rísticas físicas:</p><p>• ser facilmente divisível (divisibilidade)</p><p>• ser bastante portátil (portabilidade)</p><p>• ser durável em termos físicos (durabilidade)</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 73</p><p>AULA 14</p><p>INFLAÇÃO</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 74</p><p>73</p><p>Aluno(a), agora conversaremos sobre a inflação, ou seja, o aumento contínuo e</p><p>generalizado no nível de preços. Essa definição contém duas características que</p><p>devem estar presentes para que possamos distinguir um processo inflacioná-</p><p>rio. A primeira é a generalização do movimento dos aumentos de preços, que</p><p>devem ser observados na totalidade dos bens e serviços, e não se restringirem</p><p>apenas a algum ou a um grupo de preços. Tal movimento generalizado de pre-</p><p>ços é diferente de alterações de preços relativos, observadas quando o preço</p><p>de um ou mais bens é elevado. A segunda peculiaridade refere-se à continuida-</p><p>de do aumento dos preços ao longo do tempo, isto é, o processo inflacionário</p><p>caracteriza-se pelo movimento continuo dos preços, indicando que os agentes</p><p>econômicos têm a percepção de que os preços tendem a aumentar, e quando</p><p>tomam decisões levam isso em conta. Uma vez que a inflação representa um</p><p>aumento dos preços expressos na moeda local (preços monetários), o processo</p><p>inflacionário diminui o valor real da moeda ao longo do tempo.</p><p>Inflação significa a perda do poder de compra da moeda de um país. Em</p><p>outras palavras, ela se refere à situação em que o nível médio de preços da</p><p>economia está crescendo (VASCONCELLOS, 2012).</p><p>Os maiores afetados pelos altos índices de inflação são os trabalhadores de</p><p>baixa renda, aqueles que não mantêm aplicação financeira, pois tudo que</p><p>ganham, gastam na própria subsistência.</p><p>Alguns empresários, conseguem repassar os aumentos de custos provocados</p><p>pela inflação e garantir os lucros, e o governo ganha por meio da correção de</p><p>impostos e tarifas públicas.</p><p>Assim, a inflação causa concentração de renda porque os mais pobres têm</p><p>maiores dificuldades em se defender, enquanto os ricos podem reajustar</p><p>suas rendas, ganhar no mercado financeiro, etc.</p><p>Uma inflação aberta caracteriza-se pelo livre aumento de preços dos produ-</p><p>tos e insumos. Já numa inflação reprimida, o excesso de demanda não se ma-</p><p>nifesta através da alta dos preços, pois há controle de preços e congelamento</p><p>de salários e de taxas de juros. No entanto, a inflação acaba se manifestando</p><p>através da falta de produtos, filas, racionamentos, etc.</p><p>Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços inter-</p><p>nacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externa-</p><p>mente. Assim, tendem a provocar um estímulo às importações e desestímulo às</p><p>exportações, diminuindo o saldo da balança comercial (exportações menos im-</p><p>portações). Inclusive, esse fato costuma provocar um verdadeiro círculo vicioso</p><p>se o país estiver enfrentando déficit cambial. Nessas condições, na tentativa</p><p>de minimizar o déficit, as autoridades são obrigadas a lançar mão de desvalo-</p><p>rizações cambiais, as quais, depreciando a moeda nacional, podem estimular</p><p>a colocação de nossos produtos no exterior, desestimulando as importações.</p><p>Entretanto, as importações essenciais, das quais muitos países não podem</p><p>prescindir, como petróleo, fertilizantes, equipamentos sem similar nacional,</p><p>tornar-se-ão inevitavelmente mais caras, pressionando os custos de produção</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 75</p><p>74</p><p>dos setores que se utilizam mais largamente de produtos importados. O círculo</p><p>se fecha com uma nova elevação de preços provocada pelo repasse do aumen-</p><p>to de custos aos preços dos produtos (VASCONCELLOS, 2012).</p><p>Elevadas taxas de inflação também afetam a formação das expectativas so-</p><p>bre o futuro. O setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação,</p><p>dada a relativa instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros. O empre-</p><p>sário fica em um compasso de espera, enquanto a conjuntura inflacionária</p><p>perdurar, e dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus in-</p><p>vestimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria capaci-</p><p>dade de produção futura e consequentemente o nível de emprego podem ser</p><p>afetados pelo processo inflacionário (VASCONCELLOS, 2012).</p><p>O ÍNDICE DE PREÇOS</p><p>O índice de preços ao consumidor (IPC) é utilizado para monitorar as varia-</p><p>ções no custo de vida ao longo do tempo. Quando o IPC sobe temos que gastar</p><p>mais para manter o mesmo padrão de vida.</p><p>O índice de preços ao consumidor (IPC) é uma medida do custo geral dos</p><p>bens e serviços comprados por um consumidor típico.</p><p>O IPCA (ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO) utilizado como medida</p><p>de inflação pelo Banco Central é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geo-</p><p>grafia e Estatística – IBGE.</p><p>Em outras palavras, IPC é a ferramenta básica que os economistas utilizam</p><p>para medir o nível de preços e a inflação na economia. Especificamente, o ín-</p><p>dice de preços ao consumidor mede o custo de uma cesta de bens e serviços</p><p>em um determinado ano em relação ao custo da mesma cesta em outro ano,</p><p>chamado de ano-base.</p><p>O IPC é uma ferramenta extremamente útil, pois permite não apenas medir</p><p>variações do custo de vida, como também ajustar dados econômicos para</p><p>eliminar os efeitos da inflação.</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>O IPC fornece uma medida do nível médio de preços em relação</p><p>aos preços do ano-base. A inflação, ao contrário, é uma medida da</p><p>variação do nível médio de preços ao longo do tempo. A taxa de in-</p><p>flação é definida como a taxa percentual anual de variação do nível</p><p>de preços, como a medida, por exemplo, pelo IPC. Suponha que o</p><p>IPC seja de 1,25 em 2017 e de 1,30 em 2018. A taxa de inflação entre</p><p>2017 e 2018 é a porcentagem de aumento no nível de preços, ou o au-</p><p>mento no nível de preços (0,05) dividido pelo nível de preços inicial</p><p>(1,25), que é igual a 4%.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 76</p><p>75</p><p>CAUSAS DE INFLAÇÃO:</p><p>INFLAÇÃO DE DEMANDA</p><p>A inflação de demanda, considerada o tipo mais “clássico” de inflação, diz res-</p><p>peito ao excesso de demanda agregada, em relação à produção disponível de</p><p>bens e serviços. Intuitivamente, ela pode ser entendida como dinheiro demais</p><p>em busca de poucos bens (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>De acordo com os autores Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai (2015), parece</p><p>claro que a probabilidade de inflação de demanda aumente quanto mais a</p><p>economia estiver próxima de um ponto de pleno emprego de recursos. Afinal,</p><p>se houver desemprego em larga escala na economia, é de esperar que um</p><p>aumento da demanda agregada deva corresponder a um aumento na pro-</p><p>dução agregada de bens e serviços, pela maior utilização de recursos antes</p><p>desempregados, sem que necessariamente ocorra um aumento generalizado</p><p>de preços. Quanto mais nos aproximamos do pleno emprego, reduz-se a pos-</p><p>sibilidade de uma expansão rápida da produção, e a repercussão maior deve</p><p>se dar sobre os preços.</p><p>Como esse tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada,</p><p>e tendo em vista que, a curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações</p><p>de política econômica que a oferta agregada (cujos ajustes normalmente</p><p>acontecem a prazos relativamente longos), a política preconizada para</p><p>combatê-la assenta-se em instrumentos que provoquem uma redução da</p><p>demanda agregada por bens e serviços. O governo pode agir tanto direta como</p><p>indiretamente para reduzir o processo de inflação de demanda. Já a atuação</p><p>direta ocorre pela redução dos próprios gastos do governo. Evidentemente,</p><p>a redução dos gastos do “principal comprador” de bens e serviços tem um</p><p>efeito imediato e</p><p>eficaz sobre a demanda agregada. A atuação indireta do</p><p>governo ocorre por políticas que desencorajam o consumo e o investimento</p><p>privado. Por exemplo, pode implementar uma política monetária que procure</p><p>restringir a quantidade de moeda e de crédito, ou então uma política fiscal</p><p>que provoque um aumento da carga tributária tanto sobre bens de consumo</p><p>como sobre bens de capital (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>CAUSAS DE INFLAÇÃO:</p><p>INFLAÇÃO DE CUSTOS</p><p>Segundo Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai (2015), a inflação de custos</p><p>pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. O nível de deman-</p><p>da permanece praticamente o mesmo, mas os custos de certos insumos im-</p><p>portantes aumentam e são repassados aos preços dos produtos.</p><p>A sua natureza geral é a seguinte: o preço de um bem ou serviço tende a rela-</p><p>cionar-se bastante com seus custos de produção. Se estes sobem, mais cedo</p><p>ou mais tarde, o preço do bem provavelmente subirá. Uma razão frequente</p><p>para a elevação de custos são os aumentos salariais. O aumento das taxas de</p><p>salários, entretanto, não necessariamente significa que os custos unitários</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 77</p><p>76</p><p>de produção de um bem subiram. Se a produtividade da mão de obra empre-</p><p>gada aumenta na mesma proporção dos salários, os custos por unidade de</p><p>produto não são afetados. Por exemplo, se os salários aumentam em 10% e a</p><p>produção por trabalhador cresce na mesma proporção, não há razão para se</p><p>elevarem os preços, pois os custos salariais, por unidade de produto, perma-</p><p>neceram os mesmos (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>Por outro lado, se sindicatos com maior poder de barganha são capazes de</p><p>forçar um aumento de salários a níveis acima dos índices de produtivida-</p><p>de, os custos de produção de bens e serviços aumentam. Se os preços dos</p><p>produtos finais seguem os custos de produção, resulta em uma inflação im-</p><p>pulsionada pelos custos de produção (no caso, pelo aumento de salários)</p><p>(VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>A inflação de custos também está associada ao fato de algumas firmas, com</p><p>elevado poder de monopólio ou oligopólio, terem condições de elevar seus</p><p>lucros acima do aumento dos custos de produção. Nesse sentido, a inflação</p><p>de custos também é conhecida como inflação de lucros (VASCONCELLOS, TO-</p><p>NETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>Muitos economistas acreditam que o fenômeno da estagflação (estagnação</p><p>econômica com inflação) esteja associado a uma inflação de lucro (VASCON-</p><p>CELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 78</p><p>AULA 15</p><p>POLÍTICA</p><p>MONETÁRIA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 79</p><p>78</p><p>Aluno(a), preste atenção: a política monetária é um instrumento de atuação</p><p>do governo que diz respeito à quantidade de moeda na economia e às ope-</p><p>rações de crédito, ou seja, controle da liquidez. No caso do Brasil, a entidade</p><p>responsável pela execução dessa política é o Banco Central (BACEN).</p><p>Em outras palavras, é o BACEN que controla a quantidade de dinheiro em</p><p>circulação em uma economia de forma direta e indireta.</p><p>O Banco Central tem o monopólio de emissão da moeda e, por operações</p><p>e restrições no mercado financeiro, altera seu equilíbrio. Seu objetivo é o</p><p>de que os agentes alterem seu comportamento nos demais segmentos da</p><p>economia. Por exemplo, uma venda de títulos no mercado monetário pelo</p><p>Banco Central diminui a quantidade de moeda. Isso provoca um aumento na</p><p>taxa de juros, o que, por sua vez, produz uma série de efeitos, como queda na</p><p>demanda de alguns bens, diminuindo a pressão para aumentar os preços, e</p><p>fluxo maior de capitais externos – entre outros (VASCONCELLOS, 2012).</p><p>O Banco Central, para exercer sua política, possui quatro papéis principais:</p><p>1. Controlar a emissão de moeda: A Casa da Moeda é o órgão responsável pela</p><p>produção física do dinheiro. Entretanto, cabe ao BACEN decidir sobre a pro-</p><p>dução ou não de mais dinheiro.</p><p>2. Ser o banco dos bancos: Os bancos comerciais realizam diversas operações</p><p>com o público, recebem depósitos e realizam empréstimos, por exemplo.</p><p>Nessas relações com o público, recebe também obrigações de outros bancos</p><p>(desconta cheques de outros bancos, por exemplo). Essas transações não</p><p>ocorrem sempre na mesma proporção, de modo que pode haver dias que</p><p>ocorra uma entrada de dinheiro maior que a saída (mais depósitos que em-</p><p>préstimos, por exemplo) e pode haver dias em que as saídas superem as</p><p>entradas, de forma que o banco terá que tomar empréstimos para cumprir</p><p>suas obrigações. O BACEN empresta dinheiro ao banco com juros iguais à taxa</p><p>básica (SELIC) mais uma taxa punitiva (chamada taxa de redesconto).</p><p>3. Ser o banqueiro do governo: O BACEN empresta dinheiro também para o</p><p>governo. Além disso, todos os recursos que o governo arrecada, na forma de</p><p>impostos, contribuições e taxas, são depositados no Banco Central.</p><p>4. Gestor do SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: Autoriza o funcionamento das</p><p>instituições financeiras e regulamenta suas atividades.</p><p>A política monetária pode ser restritiva ou expansionista. É restritiva quando</p><p>o Banco Central promove a diminuição dos meios de pagamento da econo-</p><p>mia, reduzindo o consumo, o investimento e a atividade econômica.</p><p>Uma política monetária expansionista promove o aumento da liquidez da</p><p>economia e maior quantidade de recursos nos mercados, proporcionando</p><p>aumento dos meios de pagamento.</p><p>Quando deseja motivar o consumo, o Banco Central reduz a taxa de juros, e</p><p>quando deseja freá-lo, eleva a taxa de juros.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 80</p><p>79</p><p>Em momentos de taxa de juros alta, as organizações e as pessoas tendem a</p><p>reduzir seus projetos de investimentos ou adiam e aguardam um momento</p><p>mais propício para realizá-los.</p><p>Ao se depararem com taxas de juros muito baixas, as organizações e as pes-</p><p>soas são motivadas a captar recursos monetários para financiar seus proje-</p><p>tos, provocando aumento do consumo.</p><p>TAXA BÁSICA DE JUROS</p><p>A taxa básica (também chamada taxa referencial, taxa passiva, ou ainda juro</p><p>nominal) estabelece a remuneração mínima dos títulos que o Governo Fede-</p><p>ral emite no mercado para pegar dinheiro emprestado.</p><p>No Brasil, ela atende pelo nome de SELIC – Sistema Especial de Liquidação</p><p>e Custódia de Títulos Públicos. É fixada em reuniões do Conselho de Política</p><p>Monetária (COPOM) do BACEN, que acontecem em média a cada seis sema-</p><p>nas.</p><p>A taxa de juros tem efeito direto sobre a poupança, influenciando a remune-</p><p>ração do capital, e sobre os investimentos, influenciando o custo do capital.</p><p>Assim, se o objetivo é uma política monetária restritiva, a elevação da taxa</p><p>de juros irá diminuir a quantidade de dinheiro em circulação, ao estimular a</p><p>poupança e elevar os custos dos investimentos.</p><p>Ao contrário, para estimular o consumo e os investimentos, as taxas de juros</p><p>devem ser mais baixas.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 81</p><p>AULA 16</p><p>POLÍTICA</p><p>FISCAL</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 82</p><p>81</p><p>Caro(a) Aluno(a), o governo pode fazer uso da política fiscal para influenciar</p><p>nos resultados da economia. Esse tipo de política compreende o aumento</p><p>ou redução dos gastos do governo ou dos impostos. As políticas são expan-</p><p>sionistas quando visam aumentar o produto da economia – a redução dos</p><p>impostos ou o aumento dos gastos do governo. As contracionistas, em geral,</p><p>visam combater outros males, como o superaquecimento ou a inflação – ou</p><p>mesmo quando necessita melhorar seu resultado fiscal – e ocorrem quando</p><p>o governo aumenta os impostos ou diminui seus gastos. No curto prazo, a</p><p>política fiscal pode afetar a demanda agregada, aumentando ou reduzindo o</p><p>produto da economia (MILTONS, 2015).</p><p>Em outras palavras, refere-se a todos os instrumentos de que o governo dis-</p><p>põe para arrecadar tributos (política tributária) e controlar suas despesas</p><p>(política de gastos). A política tributária, além de influir sobre o nível de tri-</p><p>butação, é utilizada, por meio da manipulação da estrutura e alíquotas de</p><p>impostos, para estimular (ou inibir) os gastos de consumo do setor privado</p><p>(Vasconcellos, 2011).</p><p>Se o objetivo da política econômica for reduzir a taxa de inflação, as medidas</p><p>fiscais normalmente adotadas são a diminuição de gastos públicos e/ou o</p><p>aumento da carga tributária (o que inibe o consumo). Logo, essas medidas</p><p>visam diminuir os gastos da coletividade. Se o objetivo for maior crescimento</p><p>e emprego, os instrumentos fiscais são os mesmos, mas em sentido inver-</p><p>so, para elevar a demanda agregada. Para uma política que vise melhorar</p><p>a distribuição de renda, esses instrumentos devem ser utilizados de forma</p><p>seletiva, em benefício dos grupos menos favorecidos. Por exemplo, impostos</p><p>progressivos, gastos do governo em regiões mais atrasadas, etc. (Vasconcel-</p><p>los, 2011).</p><p>Segundo Vasconcellos (2011), toda política tributária deve obedecer a um</p><p>princípio constitucional chamado princípio da anterioridade (antes conheci-</p><p>do como princípio da anualidade), segundo o qual a implementação de uma</p><p>medida só pode ocorrer a partir do ano seguinte ao de sua aprovação pelo</p><p>Congresso Nacional. Como consta do art. 150, inciso III, b, da Constituição</p><p>Federal de 1988, é vedado às autoridades públicas cobrar tributos no mesmo</p><p>exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou</p><p>aumentou.</p><p>De acordo com Vasconcellos (2011), a receita ou arrecadação fiscal do governo</p><p>constitui-se das seguintes receitas:</p><p>• impostos indiretos: incidem sobre transações com bens e serviços. Por exem-</p><p>plo: IPI, ICMS;</p><p>• impostos diretos: incidem sobre as pessoas físicas e jurídicas. Por exemplo:</p><p>imposto de renda;</p><p>• contribuições à previdência social (de empregados e empregadores);</p><p>• outras receitas: taxas, multas, pedágios, aluguéis.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 83</p><p>82</p><p>GASTOS DO GOVERNO</p><p>De acordo com Vasconcellos (2011), nas contas nacionais, são diferenciados</p><p>três tipos de gastos do governo:</p><p>• gastos dos ministérios e autarquias, cujas receitas provêm de dotações or-</p><p>çamentárias. Como os serviços do governo (justiça, educação, planejamento)</p><p>não têm preço de venda de mercado, o produto gerado pelo governo é medi-</p><p>do por suas despesas correntes ou de custeio (salários, compras de materiais</p><p>para a manutenção da máquina administrativa) e despesas de capital (aqui-</p><p>sição de equipamentos, construção de estradas, hospitais, escolas, prisões);</p><p>• gastos das empresas públicas e sociedades de economia mista: como suas</p><p>receitas advêm da venda de bens e serviços no mercado, atuando como em-</p><p>presas privadas, nas contas nacionais elas são consideradas dentro do setor</p><p>de produção, junto com empresas privadas, e não como governo. Por exem-</p><p>plo: Petrobras, universidades públicas;</p><p>• gastos com transferências e subsídios: são considerados nas contas nacionais</p><p>como transferências (normalmente, donativos, pensões e subsídios), não são</p><p>computados como parte da renda nacional, pois representam apenas uma</p><p>transferência financeira do setor público ao setor privado, não ocorrendo</p><p>qualquer aumento da produção corrente. Por exemplo: aposentadorias e bol-</p><p>sas de estudo, que não são fatores de produção do período corrente.</p><p>SUPERÁVIT OU DÉFICIT PÚBLICO</p><p>Se o total da arrecadação superar o total dos gastos públicos nas várias es-</p><p>feras de governo, tem-se um superávit das contas públicas, caso contrário,</p><p>tem-se um déficit (também chamado de necessidades de financiamento do</p><p>setor público).</p><p>Excluindo-se os juros da dívida pública, interna e externa, tem-se o conceito de</p><p>superávit ou déficit primário ou fiscal. Quando são incluídos os juros nominais</p><p>sobre a dívida, tem-se o conceito de superávit ou déficit total ou nominal. Se</p><p>forem considerados apenas os juros reais (excluindo a taxa de inflação e a va-</p><p>riação cambial), tem-se o conceito de superávit ou déficit operacional.</p><p>Nos acordos firmados com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o con-</p><p>ceito relevante é o fiscal ou primário. Para o FMI, um país que apresenta</p><p>superávit primário, mesmo que apresente déficit nominal ou total, está com</p><p>suas contas relativamente equilibradas e revela condições de honrar seus</p><p>compromissos futuros, ganhando mais credibilidade para negociar sua dívida</p><p>externa, com juros menores e prazos maiores (VASCONCELLOS, 2011).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 84</p><p>83</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Vimos neste material de Economia que esta ciência nos cerca, seja em as-</p><p>pectos micro ou macroeconômicos!!! Você, futuro profissional, estará a todo</p><p>momento lidando com assuntos ligados à economia de um país.</p><p>O desafio é reunir todas essas informações e colocá-las em prática no dia</p><p>a dia, exercitando sua análise crítica, analisando notícias e relacionando os</p><p>conceitos vistos ao longo de todo este material.</p><p>Caro(a) aluno(a), espero que este estudo possa ser importante na sua vida</p><p>profissional, e coloco-me à disposição para quaisquer dúvidas, sugestões e</p><p>comentários pelo e-mail ana.nascimento@uca.edu.br</p><p>Um grande abraço,</p><p>Prof. Ms. Ana Lívia Cazane do Nascimento</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 85</p><p>84</p><p>ELEMENTOS COMPLEMENTARES</p><p>LIVRO</p><p>O CAPITAL no século XXI</p><p>Autor: Thomas Piketty</p><p>Editora: Intrínseca</p><p>Sinopse: Nenhum livro de economia publicado nos últimos anos foi capaz de provocar o furor</p><p>internacional causado por “O capital no século XXI”, do francês Thomas Piketty. Seu estudo sobre</p><p>a concentração de riqueza e a evolução da desigualdade ganhou manchetes nos principais jornais</p><p>do mundo, gerou discussões nas redes sociais e colheu comentários e elogios de diversos ganha-</p><p>dores do Prêmio Nobel.</p><p>Fruto de quinze anos de pesquisas incansáveis, o livro se apoia em dados que remontam ao século</p><p>XVIII, provenientes de mais de vinte países, para chegar a conclusões explosivas. O crescimento</p><p>econômico e a difusão do conhecimento impediram que fosse concretizado o cenário apocalíptico</p><p>previsto por Karl Marx no século XIX. Porém, os registros históricos demonstram que o capitalismo</p><p>tende a criar um círculo vicioso de desigualdade, pois, no longo prazo, a taxa de retorno sobre os</p><p>ativos é maior que o ritmo do crescimento econômico, o que se traduz numa concentração cada</p><p>vez maior da riqueza. Uma situação de desigualdade extrema pode levar a um descontentamento</p><p>geral e até ameaçar os valores democráticos. Mas Piketty lembra também que a intervenção políti-</p><p>ca já foi capaz de reverter tal quadro no passado e poderá voltar a fazê-lo.</p><p>Essa obra, que já se tornou uma referência entre os estudos econômicos, contribui para renovar</p><p>inteiramente nossa compreensão sobre a dinâmica do capitalismo ao colocar sua contradição fun-</p><p>damental na relação entre o crescimento econômico e o rendimento do capital. O capital no século</p><p>XXI nos obriga a refletir profundamente sobre as questões mais prementes de nosso tempo.</p><p>“Piketty transformou nosso discurso econômico; jamais voltaremos a falar sobre renda e desigual-</p><p>dade da maneira que fazíamos.” - Paul Krugman (Prêmio Nobel de Economia), The New York Times</p><p>FILME</p><p>Margin Call: O dia Antes do Fim</p><p>Ano: 2011</p><p>Sinopse: Peter Sullivan (Zachary Quinto), Seth Bregman (Penn Badgley) e Will Emerson (Paul Bet-</p><p>tany) trabalham no setor de riscos em uma corretora, que está realizando uma série de demissões.</p><p>Cerca de 80% do setor em que trabalham foi demitido, entre eles o chefe do trio, Eric Dale (Stanley</p><p>Tucci). Ao pegar o elevador, Eric entrega a Peter um pen drive, que contém algo em que estava</p><p>trabalhando no momento. O alerta para que tomasse cuidado com o conteúdo chama a atenção de</p><p>Peter, que fica após o horário de trabalho para dar uma olhada no arquivo. Logo ele descobre que</p><p>se trata de uma análise da volatilidade da empresa, que indica que há duas semanas ela ultra-</p><p>passou e muito o limite de risco o qual pode correr. Desta forma, a empresa está prestes a falir, o</p><p>que provoca uma reunião de emergência com diversos setores da empresa, entre eles seu dono, o</p><p>acionista John Tuld (Jeremy Irons).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 86</p><p>85</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AMADO, Adriana Moreira, MOLLO, Maria de Rollemberg. Noções de Macroeco-</p><p>nomia: Razões Teóricas para as Divergências</p><p>entre os Economistas. Manole,</p><p>01/2003. [Minha Biblioteca].</p><p>BAYE, Michael R. Economia de Empresas e Estratégias de Negócios. ArtMed,</p><p>09/2010.</p><p>BESANKO, David A., BRAEUTIGAN, Ronald R. Microeconomia - Uma Abordagem</p><p>Completa. LTC, 04/2004. [Minha Biblioteca].</p><p>BRITO, Osias. Guia prático de economia e finanças. Saraiva, 03/2016. [Minha</p><p>Biblioteca].</p><p>FRANK, Robert H., BERNANKE, Ben S. Princípios de Economia. AMGH, 01/2012.</p><p>[Minha Biblioteca]</p><p>PINHO, Diva B; VASCONCELLOS, Marco A. S. de. Manual de economia. São Pau-</p><p>lo: Saraiva.</p><p>MILTONS, Michele Merética. Col. Diplomata - Macroeconomia, 1ªedição. Sarai-</p><p>va, 10/2015. [Minha Biblioteca].</p><p>ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia, 21ª edição. Atlas, 08/2016.</p><p>[Minha Biblioteca].</p><p>SAMPAIO, Luiza Maria Moreira. Esquematizado - Macroeconomia, 2ª edição.,</p><p>2nd edição. Saraiva Educação, 2012. [Minha Biblioteca].</p><p>Rudinei, Marco Antonio Sandoval de V., TonetoJr. Sérgio e Sakurai. Economia</p><p>Fácil. Saraiva, 01/2015. [Minha Biblioteca].</p><p>VASCONCELLOS, M. A. S. de; OLIVEIRA, R. G. Manual de microeconomia. São</p><p>Paulo: Atlas.</p><p>VASCONCELLOS, Marco Antonio S. de. Economia: micro e macro: teoria e exer-</p><p>cícios, glossário com os 300 principais conceitos econômicos. 4. ed. São Pau-</p><p>lo: Atlas, 2011. 441 p. ISBN 978-85-224433215.</p><p>Vasconcellos, Marco Antonio Economia fácil / Marco Antonio Vasconcellos,</p><p>Rudinei To- neto Junior e Sérgio Sakurai. -- São Paulo: Saraiva, 2015. 232 p.</p><p>VASCONCELLOS, Marco Antonio de, OLIVEIRA, Roberto de, BARBIERI, Fabio. Ma-</p><p>nual de microeconomia, 3ª edição. Atlas, 08/2011. [Minha Biblioteca].</p><p>VICECONTI, Paulo. Introdução à economia, 12ª edição, 12th edição. Saraiva,</p><p>07/2009. [Minha Biblioteca].</p><p>SILVA, César Roberto da, LUIZ, Sinclayr. Economia e Mercados, 19ª edição. Sa-</p><p>raiva, 01/2010. [Minha Biblioteca].</p><p>WESSELS, Walter J. Microeconomia: Teoria e aplicações, 2ª edição. Saraiva,</p><p>05/2006. [Minha Biblioteca].</p><p>CONCEITOS ECONÔMICOS BÁSICOS</p><p>NECESSIDADE DE ESCOLHA E CUSTO DE OPORTUNIDADE</p><p>DIFERENÇAS ENTRE MACRO E MICROECONOMIA</p><p>FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO</p><p>DEMANDA</p><p>OFERTA</p><p>EQUILÍBRIO DE MERCADO</p><p>ELASTICIDADE</p><p>ESTRUTURAS DE MERCADO: CONCORRÊNCIA PERFEITA E MONOPÓLIO</p><p>OLIGOPÓLIO E COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA</p><p>FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA</p><p>QUANTIFICANDO A RENDA NACIONAL: PIB</p><p>MOEDA</p><p>INFLAÇÃO</p><p>POLÍTICA MONETÁRIA</p><p>POLÍTICA FISCAL</p><p>Lucros</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9</p><p>8</p><p>PROBLEMA DE ESCASSEZ</p><p>Os recursos produtivos (mão de obra, terra, matérias primas, dentre outros)</p><p>são limitados em qualquer sociedade. Porém, as necessidades humanas são</p><p>ilimitadas e sempre se renovam por força do próprio crescimento populacio-</p><p>nal e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida.</p><p>Independentemente do grau de desenvolvimento do país, nenhum deles dis-</p><p>põe de todos os recursos necessários para satisfazer todas as necessidades</p><p>da coletividade.</p><p>Tem-se então um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se</p><p>a necessidades humanas ilimitadas.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Tendo em conta essa situação, parece estranho à economia abordar</p><p>a escassez como um problema universal, isto é, como um problema</p><p>que afeta todas as nações. Isso se deve em razão de a economia</p><p>considerar o problema como de escassez relativa, uma vez que os</p><p>bens e serviços são escassos em relação ao desejo dos indivíduos</p><p>Bens escassos: são aqueles que nunca se têm em quantidade suficiente para</p><p>satisfazer os desejos dos indivíduos.</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>Vídeo: ECONOMIA ANIMADA - O QUE É ECONOMIA:</p><p>Descubra, em bom português, o que os economistas tanto estudam.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=mJsncXWcc-E</p><p>Da quantidade limitada de recursos produtivos associada às necessidades</p><p>ilimitadas do homem, originam-se quatro questões econômicas fundamen-</p><p>tais que norteiam boa parte da ciência econômica: o que produzir, quanto</p><p>produzir, como produzir e, finalmente, para quem produzir (VASCONCELLOS,</p><p>TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10</p><p>9</p><p>QUESTÕES ECONÔMICAS</p><p>BÁSICAS E CONTEXTO HISTÓRICO</p><p>Vamos analisar essas questões: O quê e quanto produzir? Como produzir?</p><p>Para quem produzir?</p><p>• O quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a socie-</p><p>dade terá de escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais</p><p>produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas;</p><p>• Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de pro-</p><p>dução serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível</p><p>tecnológico existente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba</p><p>decidindo como serão produzidos os bens e serviços. Os produtores esco-</p><p>lherão, entre os métodos mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de</p><p>produção possível;</p><p>• Para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus mem-</p><p>bros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distri-</p><p>buição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados</p><p>de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da</p><p>terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também da repartição inicial</p><p>da propriedade e da maneira como ela se transmite por herança.</p><p>Para os autores Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai (2015), o tratamento</p><p>dessas questões depende da forma do sistema de produção adotado, ou</p><p>seja, da forma da organização econômica.</p><p>Pode-se definir um sistema de produção, ou sistema econômico como o mo-</p><p>delo de organização econômica de uma sociedade com base no qual se orga-</p><p>niza a produção, a distribuição e o consumo de todos os produtos e serviços</p><p>que, em última instância, são consumidos visando o aumento de bem-estar.</p><p>De modo geral, os sistemas econômicos contemporâneos podem ser classifi-</p><p>cados em dois grandes grupos: o sistema socialista (de economia centraliza-</p><p>da ou planificada) e o sistema capitalista (ou economia de mercado).</p><p>No sistema socialista, a produção é gerida pelo governo (o Estado), predo-</p><p>minando a propriedade pública dos recursos de produção. No século XX,</p><p>até o início dos anos 1990, esse sistema prevaleceu em várias economias</p><p>e teve como líder a antiga União Soviética. Atualmente, poucas economias</p><p>adotam esse sistema fielmente, com destaque para Cuba e Coreia do Norte</p><p>(VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>Por sua vez, no sistema capitalista, o funcionamento da economia é regido</p><p>pelo mercado, ou seja, pela livre interação entre produtores e consumidores,</p><p>predominando (mas não somente existindo) a propriedade privada dos fa-</p><p>tores de produção e a livre iniciativa na sua utilização. Ainda que importante</p><p>do ponto de vista conceitual, na prática, essa discussão tem tido destaque</p><p>cada vez menor no debate econômico. A China, por exemplo, que adota um</p><p>sistema socialista de produção, tem, ao longo das últimas décadas, adotado</p><p>uma série de medidas de estímulos a uma economia de mercado, sendo, por</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11</p><p>10</p><p>isso, chamada informalmente de “socialismo de mercado” ou “capitalismo de</p><p>Estado” (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>Caros(as) alunos(as), gostaria neste momento de destacar que, embora tenha</p><p>um objetivo bem definido e um núcleo próprio de análise, a Economia se</p><p>relaciona fortemente com outras áreas de conhecimento.</p><p>O início do estudo da Economia coincidiu com os grandes avanços das ciên-</p><p>cias físicas e biológicas nos séculos XVIII e XIX. A construção do núcleo cien-</p><p>tífico inicial da Economia se deu com base nas chamadas concepções orga-</p><p>nicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas). Segundo o grupo organicista (da</p><p>Biologia), a Economia se comportaria como um órgão vivo. Essa é a origem de</p><p>importantes termos econômicos, como órgãos, funções, circulação e fluxos.</p><p>Segundo o grupo mecanicista (da Física), as leis da Economia se comporta-</p><p>riam como algumas leis da Física, o que explica o uso de termos como está-</p><p>tica, dinâmica, aceleração e velocidade, por exemplo. Além da influência da</p><p>Física e da Biologia, do fato de a Economia estudar indicadores ou unidades</p><p>de medida associadas a quantidades e preços, e muitas vezes estabelecer</p><p>relações entre essas variáveis (por exemplo, de que forma os preços afetam</p><p>a quantidade consumida de certo produto), surge a necessidade de empre-</p><p>garmos métodos matemáticos e estatísticos. A Matemática e a Estatística</p><p>permitem expressar de modo sintético importantes conceitos e relações de</p><p>Economia, tornando possível formalizar o entendimento de questões essen-</p><p>ciais sob a forma de modelos analíticos VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e</p><p>SAKURAI, 2015).</p><p>Outra interação importante ocorre entre a Economia e a Ciência Política, pois</p><p>esta determina boa parte das instituições sobre as quais se desenvolverão</p><p>as atividades econômicas. O sistema econômico em um regime democrático</p><p>funciona de maneira diferente de num regime ditatorial, uma vez que neste</p><p>a autoridade política tende a sofrer menos oposição e ter mais poder para</p><p>colocar em prática as políticas almejadas. Já́ num regime democrático, os</p><p>diferentes segmentos da sociedade podem opinar e interferir direta ou in-</p><p>diretamente sobre as ações do governo. Além disso, grupos políticos podem</p><p>atuar representando o interesse de grupos específicos da população, e não</p><p>o interesse da coletividade, e, assim, fazer com que determinada política go-</p><p>vernamental não atinja o melhor resultado do ponto de vista da sociedade</p><p>como um todo (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12</p><p>AULA 02</p><p>NECESSIDADE</p><p>DE ESCOLHA E CUSTO</p><p>DE OPORTUNIDADE</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13</p><p>12</p><p>Na vida, somos forçados a escolher continuamente. Quando optamos por</p><p>algo, temos que renunciar outras coisas.</p><p>Alimento Saudável x Alimento Industrializado</p><p>Como os recursos disponíveis são escassos, somente se pode satisfazer uma</p><p>necessidade se se deixa de satisfazer outra. Não há recursos materiais, tra-</p><p>balho ou capital suficientes para produzir tudo que as pessoas desejam. Por</p><p>isso, é necessário escolher entre as diferentes opções que se apresentam.</p><p>Esse problema é enfrentado pelos governos, famílias e empresas.</p><p>Quando decidem gastar ou produzir, governos, famílias ou empresas estão</p><p>renunciando a outras possibilidades. A opção que se deve abandonar para</p><p>poder produzir ou obter outra coisa se associa, em</p><p>economia, ao conceito de</p><p>Custo de Oportunidade (CO).</p><p>Em outras palavras, de acordo com Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai</p><p>(2015), intuitivamente o custo de oportunidade pode ser entendido como o</p><p>benefício gerado por aquilo do qual se abre mão ao se realizar uma escolha.</p><p>Justamente por isso, o custo de oportunidade também é chamado “custo</p><p>implícito” ou “custo alternativo”. Suponha, por exemplo, que um indivíduo</p><p>pode escolher consumir um bem X ou um bem Y e opta pelo Y. Como abdi-</p><p>cou do consumo do X, o benefício gerado por esse bem representa o custo</p><p>de oportunidade por ter optado por Y. Naturalmente, estamos assumindo</p><p>que o benefício gerado por Y é maior do que o gerado por X, caso contrário,</p><p>ele teria optado por X. De qualquer modo, o conceito de custo de oportu-</p><p>nidade reflete a ideia de que toda escolha envolve uma renúncia, que deve</p><p>ser considerada nas decisões de todos os agentes, sejam eles produtores</p><p>ou consumidores.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14</p><p>13</p><p>ANOTE ISSO</p><p>O custo de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de</p><p>outros bens ou serviços que se deve renunciar para obtê-lo.</p><p>Exemplificando, o conceito de CO implica também fazer trocas compensató-</p><p>rias, por exemplo: em 1945, 55% da capacidade industrial mundial era voltada</p><p>para armamentos – foi escolhido produzir armas ao invés de alimentos.</p><p>Outro conceito complementar ao CO é o Trade-off, que define uma situação</p><p>de escolha conflitante, ou seja, quando uma ação para a solução de um pro-</p><p>blema acarreta inevitavelmente outros.</p><p>A visão de Vasconcellos (2014) é interessante para complementar esse tema.</p><p>O autor faz a seguinte reflexão:</p><p>A economia parte do princípio de que os recursos são escassos diante do</p><p>conjunto de necessidades que tentamos satisfazer, que é sempre crescen-</p><p>te. Sendo assim, como esta ciência poderia ajudar a sociedade a escolher</p><p>os melhores usos para esses recursos?</p><p>A resposta é que o papel da economia é mostrar-nos quais são os custos</p><p>e benefícios associados a cada escolha. Ou seja, poderíamos afirmar que</p><p>a chamada abordagem econômica não é outra coisa senão uma análise de</p><p>custo-benefício aplicada às decisões da sociedade.</p><p>Assim, se uma empresa decidir se deve ou não lançar um produto novo, de-</p><p>verá avaliar quais serão os custos adicionais associados a este projeto, porto</p><p>que precisará contratar mão de obra, comprar mais insumos, mais matérias-</p><p>-primas, etc. (VASCONCELLOS, 2014). Além disso, a empresa deverá garantir</p><p>que seu proprietário receba pelo menos o rendimento equivalente à melhor</p><p>aplicação que poderia realizar com seus recursos financeiros que estaria in-</p><p>vestido no lançamento desse produto novo. Ou seja, além dos custos explíci-</p><p>tos anteriores, a empresa deverá incluir como despesa, ainda que implícita, o</p><p>custo de oportunidade de seu acionista.</p><p>Além disso, ainda de acordo com Vasconcellos (2014), também será importan-</p><p>te estimar o aumento de receitas (benefícios) que as vendas desse produto</p><p>significarão para a empresa. Assim, se os custos superam os benefícios adi-</p><p>cionais, sua decisão deverá ser não lançar o produto e vice-versa se a relação</p><p>custo-benefício for positiva. Esse tipo de análise configura o que se chama</p><p>de análise de viabilidade econômica de um projeto, uma das principais apli-</p><p>cações práticas da abordagem de custo-benefício que caracteriza a ciência</p><p>econômica.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15</p><p>14</p><p>Contudo, a utilização da abordagem custo-benefício não tem por que ficar</p><p>restrita às decisões econômicas individuais (microeconômicas), e também</p><p>pode ser usada para analisar a conveniência de realizar uma determinada</p><p>política macroeconômica. Assim, por exemplo, o aumento das transferências</p><p>de renda (Bolsa Escola, Bolsa Família, aumentos reais do salário mínimo,</p><p>benefícios da previdência social) praticado durante os governos Fernando</p><p>Henrique e Lula ajudou a reduzir a desigualdade da distribuição de renda</p><p>brasileira, uma das mais perversas do mundo. Isso certamente poderia ser</p><p>considerado um benefício para a sociedade brasileira tanto em termos éticos</p><p>como no tocante à estabilidade política e social. Todavia, essas transferên-</p><p>cias fazem parte do gasto do governo, o que leva o setor público a aumentar</p><p>impostos e a se endividar para poder financiá-las. O aumento dos impostos</p><p>reduz a capacidade de compra das famílias, inclusive no campo daquelas</p><p>que recebem as transferências, e o maior endividamento público diminui o</p><p>crédito disponível para famílias e empresas, elevando a taxa de juros, e se</p><p>constituindo em importantes custos para a sociedade.</p><p>Em síntese, qualquer decisão, seja ela individual (microeconômica) ou coletiva</p><p>(macroeconômica), implicará custos e benefícios para a sociedade, indepen-</p><p>dentemente de se esses últimos serão maiores que os primeiros e vice-versa</p><p>(VASCONCELLOS, 2014). Como afirmou certa vez Milton Friedman, famoso econo-</p><p>mista norte-americano, “em economia não existe almoço grátis”.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16</p><p>AULA 03</p><p>DIFERENÇAS</p><p>ENTRE MACRO E</p><p>MICROECONOMIA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17</p><p>16</p><p>Esta disciplina aborda duas questões principais: a micro e a macroeconomia.</p><p>Essa divisão facilita a compreensão dos conceitos. Convém então explicar as</p><p>principais diferenças dessas duas abordagens.</p><p>Os problemas econômicos podem ser vistos e analisados sob duas ópticas</p><p>que se complementam: a microeconomia e a macroeconomia.</p><p>• Microeconomia: ocupa-se da análise do comportamento das unidades eco-</p><p>nômicas como as famílias, ou consumidores, e as empresas. Estuda também</p><p>os mercados em que operam os demandantes e ofertantes de bens e servi-</p><p>ços. A perspectiva microeconômica considera a atuação das diferentes uni-</p><p>dades econômicas como se fossem unidades individuais.</p><p>A microeconomia é aquela parte da teoria econômica que estuda o compor-</p><p>tamento das unidades, tais como os consumidores, as indústrias e empresas</p><p>e suas inter-relações.</p><p>• Macroeconomia: parte dos fundamentos microeconômicos para o estudo do</p><p>desenvolvimento global da economia, ou seja, estuda e analisa a economia</p><p>como um todo. Assim, são considerados a renda nacional, o desemprego,</p><p>a inflação, a balança de pagamento e as taxas de câmbio e o crescimento</p><p>econômico.</p><p>A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto.</p><p>Seu propósito é obter uma visão simplificada da economia que, porém, ao</p><p>mesmo tempo, permite conhecer e atuar sobre o nível da atividade econômi-</p><p>ca de um determinado país ou de um conjunto de países.</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>Aluno, veja na prática a diferença entre o estudo da macro e da mi-</p><p>croeconomia:</p><p>• Em micro, você pode estudar por que há trabalhadores desem-</p><p>pregados em um determinado segmento.</p><p>• Em macro, você estudará o que determina o índice de desempre-</p><p>go em um país.</p><p>• Em micro, você pode estudar por que o preço do milho aumenta</p><p>se os fazendeiros têm uma safra ruim e uma colheita menor que</p><p>a normal.</p><p>• Em macro, você irá estudar por que todos os preços podem estar</p><p>subindo à taxa de 5% ao ano.</p><p>• Em micro, você pode estudar como um banco individualmente</p><p>tenta obter lucro.</p><p>• Em macro, você estudará como todo o sistema bancário opera.</p><p>Interessante, não é?</p><p>Observe como os conceitos se complementam!</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18</p><p>17</p><p>Alunos(as), nas próximas aulas, aprofundaremos a Teoria Microeconômica,</p><p>que consiste principalmente na análise de demanda, oferta e estruturas de</p><p>mercado.</p><p>A análise microeconômica, ou Teoria dos Preços, como parte da Ciência Eco-</p><p>nômica, preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e ser-</p><p>viços, bem como dos fatores de produção. O instrumental microeconômico</p><p>também procura responder a questões aparentemente triviais como, por</p><p>exemplo: porque, quando o preço de um bem se eleva, a quantidade deman-</p><p>dada desse bem deve cair ceteris paribus.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Utilizaremos com bastante frequência a expressão ceteris paribus,</p><p>que significa “tudo o mais mantido constante”. Como um fenômeno</p><p>econômico é normalmente influenciado por</p><p>vários fatores ao mes-</p><p>mo tempo, essa premissa é importante, pois permite analisar certo</p><p>fenômeno atribuindo um foco específico ao seu elemento causador.</p><p>Entretanto, deve-se salientar que se a Teoria Microeconômica não é um ma-</p><p>nual de técnicas para a tomada de decisões do dia a dia, mesmo assim ela</p><p>representa uma ferramenta útil para estabelecer políticas e estratégias, den-</p><p>tro de um horizonte de planejamento tanto no nível de empresas quanto no</p><p>nível de política econômica.</p><p>Para complementar essa definição, trago os autores Vasconcellos, Oliveira</p><p>e Barbieri (2011). De acordo com esses autores, a microeconomia fornece o</p><p>instrumental de análise que é empregado por praticamente todos os ramos</p><p>do pensamento econômico dominante. Ela fornece uma base teórica para</p><p>as disciplinas de economia aplicada, tais como: Economia do Setor Público,</p><p>Economia da Saúde, Economia da Educação, Economia do Trabalho, Economia</p><p>Agrícola, Economia Internacional, Economia do Meio Ambiente, etc. Três prin-</p><p>cípios caracterizam a elaboração da teoria microeconômica:</p><p>a. Pressupõe-se que a economia é composta por unidades tomadoras de deci-</p><p>são ou agentes econômicos. Essas unidades são usualmente (mas não neces-</p><p>sariamente) classificadas em dois grandes grupos: as firmas, que tomam de-</p><p>cisões relativas à produção de bens e serviços, e os consumidores, que, como</p><p>o nome sugere, tomam decisões concernentes ao consumo desses bens e</p><p>serviços. Um consumidor pode ser entendido tanto como um indivíduo isola-</p><p>do quanto como uma família que toma decisões de consumo coletivamente.</p><p>As firmas são normalmente interpretadas como pessoas jurídicas vinculadas</p><p>à produção de bens e serviços;</p><p>b. A cada unidade decisória é atribuída uma função-objetivo, que se supõe per-</p><p>seguida coerentemente. Frequentemente (mas também não necessariamen-</p><p>te), assume-se que cada consumidor tem por objetivo escolher o padrão de</p><p>consumo que lhe é preferido a todos os outros padrões acessíveis, e que a</p><p>firma tem por objetivo a obtenção de lucro máximo;</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19</p><p>18</p><p>c. Por último, presume-se que o sistema econômico oferece limites para a obten-</p><p>ção dos objetivos perseguidos pelos agentes econômicos. Esses limites con-</p><p>sistiriam na escassez relativa dos recursos produtivos ou fatores de produção</p><p>diante das necessidades dos agentes. Essa última hipótese adotada é chama-</p><p>da, notadamente nos livros de introdução à economia, de lei da escassez (que</p><p>vimos em aulas anteriores) (VASCONCELLOS, OLIVEIRA e BARBIERI, 2011).</p><p>Em nível de empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes</p><p>decisões:</p><p>• Política de preços da empresa;</p><p>• Previsões de demanda e de faturamento;</p><p>• Previsões de custos de produção;</p><p>• Decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção,</p><p>isto é, da melhor combinação de fatores de produção),</p><p>• Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefí-</p><p>cio da compra de equipamentos, ampliação da empresa, etc.);</p><p>• Política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumido-</p><p>res podem afetar a procura do produto);</p><p>• Localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros</p><p>consumidores ou aos centros fornecedores de insumos);</p><p>• Diferenciação de mercados (possibilidades de preços diferenciados, em dife-</p><p>rentes mercados consumidores do mesmo produto).</p><p>Em nível de política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na</p><p>análise e tomada de decisões das seguintes questões:</p><p>• Efeitos de impostos sobre mercados específicos;</p><p>• Política de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na com-</p><p>pra de insumos como máquinas, fertilizantes, etc.);</p><p>• Fixação de preços mínimos na agricultura</p><p>• Controle de preços;</p><p>• Política salarial;</p><p>• Política de tarifas públicas (água, luz, etc.);</p><p>• Política de preços públicos (petróleo, aço, etc.);</p><p>• Leis antitrustes (controle de lucros de monopólios e oligopólios).</p><p>Como se observa, são decisões necessárias ao planejamento estratégico das</p><p>empresas e à política e programação econômica do setor público.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20</p><p>19</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21</p><p>AULA 04</p><p>FLUXOS</p><p>DO SISTEMA</p><p>ECONÔMICO</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22</p><p>21</p><p>Caro(a) Aluno(a), para que você possa entender adequadamente as discus-</p><p>sões das próximas aulas, explicarei um conceito importante.</p><p>No lugar de “produto” ou “serviço”, por algumas vezes vou usar um único ter-</p><p>mo mais genérico: “bem”. Assim, toda vez que mencionarmos “demanda pelo</p><p>bem X”, não importa saber se “X” é sorvete, automóvel ou atendimento médi-</p><p>co. O objetivo é simplificar a discussão dizendo que X é um bem consumido</p><p>por alguém e produzido por outro. Isso será́ suficiente para entendermos as</p><p>discussões das próximas aulas.</p><p>Esta aula tem como objetivo discutir o funcionamento do “mercado”, um dos</p><p>mecanismos mais importantes do nosso cotidiano.</p><p>Uma economia de mercado funciona através de fluxos de bens e também</p><p>através de fluxos monetários, pois como sabemos, é preciso pagar por bens!</p><p>Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma</p><p>economia de mercado que não tenha interferência do governo (por enquan-</p><p>to, para simplificarmos) nem transações com o exterior (economia fechada).</p><p>Os agentes econômicos são as famílias e as empresas. As famílias são pro-</p><p>prietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades de produção</p><p>(empresas) no mercado dos fatores de produção. As empresas, pela combi-</p><p>nação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às</p><p>famílias no mercado de bens e serviços.</p><p>A esse fluxo de fatores de produção, bens e serviços denominamos fluxo real</p><p>da economia.</p><p>Podemos representar o fluxo de um sistema econômico de forma bem sim-</p><p>plificada. Para maior entendimento, ambos os grupos (família e empresas) in-</p><p>teragem em dois tipos de mercado: mercado de bens e mercado de recursos.</p><p>Representação gráfica da Circulação e fluxo no Sistema Econômico:</p><p>Fonte: Adaptado de Dallagnol (2008, p.36)</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23</p><p>22</p><p>Podemos perceber que o funcionamento do fluxo monetário, representado</p><p>por linhas contínuas, ocorre a partir das empresas que contratam, junto às</p><p>famílias, os fatores de produção, trabalho, capital, etc. Ao mesmo tempo, a</p><p>empresa organiza os fatores de produção de que agora dispõe e começa a es-</p><p>tabelecer o fluxo real quando ocorre a oferta de bens e serviços produzidos.</p><p>Os fluxos se encontram no mercado e têm uma sequência. Começa com a</p><p>necessidade das empresas com relação aos fatores de produção que con-</p><p>seguem com as famílias. As famílias, por sua vez, necessitam oferecer fato-</p><p>res de produção às empresas, pois necessitam de recursos financeiros para</p><p>poderem adquirir os bens e serviços de que necessitam. Estando as famí-</p><p>lias com recursos financeiros em mãos, adquirem os bens e serviços de que</p><p>necessitam, e esgotam ou diminuem a quantidade desses bens e serviços</p><p>no mercado, fazendo com que as empresas voltem a contratar os fatores de</p><p>produção com as famílias e, assim, começar novamente o ciclo do fluxo do</p><p>sistema econômico.</p><p>Devemos deixar claro a simplicidade do exemplo exposto, uma vez que, em</p><p>muitos casos, há a intervenção do governo e também a participação do mer-</p><p>cado externo, o que não foi adequado colocar no fluxo justamente para faci-</p><p>litar o raciocínio.</p><p>MERCADO</p><p>Mercado é o encontro entre vendedores e compradores. Um mercado pode</p><p>estar em qualquer lugar, na esquina de uma rua ou no outro lado do mundo,</p><p>ou bem perto, como o telefone ou os classificados do jornal. Não precisa ser</p><p>um lugar fixo. Nele, estão presentes os fundamentos da procura e da oferta,</p><p>que representam os interesses de consumidores e produtores (ou vendedo-</p><p>res).</p><p>Ou seja, Mercado é toda instituição social na qual bens e serviços são troca-</p><p>dos livremente. Em geral, o mercado ocorre conforme questões normativas</p><p>(ou legais), mas mesmo o mercado ilegal é um mercado – o comércio</p><p>de</p><p>produtos piratas e até́ o contrabando de drogas e armas ocorrem por via do</p><p>mercado.</p><p>A existência de um mercado é condição básica para a Demanda e a Oferta.</p><p>A oferta e a demanda são forças básicas de funcionamento de uma economia</p><p>capitalista, sendo que a oferta representa o desejo de vender por parte dos</p><p>vendedores e a demanda, por sua vez, representa o desejo de comprar por</p><p>parte dos compradores.</p><p>Nas sociedades contemporâneas, as compras ocorrem mediante o uso de</p><p>moeda como meio de troca. Como veremos nas aulas sobre macroeconomia,</p><p>uma das funções da moeda é justamente servir como intermediário das tro-</p><p>cas. Contudo, nada impede que dois agentes realizem trocas diretas entre</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24</p><p>23</p><p>produtos ou serviços, como ocorria na antiguidade, por meio do escambo.</p><p>De acordo com Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai (2015), seja com a in-</p><p>termediação da moeda ou por trocas diretas, o mercado é o mecanismo que</p><p>permite a interação entre agentes econômicos e a realização de todas essas</p><p>transações. É justamente por permitir e facilitar a ocorrência dessas transa-</p><p>ções que o mercado é uma instituição importante para o funcionamento da</p><p>economia, e quanto mais rápido e mais simples o mercado funcionar, mais</p><p>transações serão realizadas, e consequentemente mais produção e renda a</p><p>sociedade tende a gerar.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>CONCEITOS IMPORTANTES!</p><p>1. Bens: são todas as coisas úteis que satisfazem as necessidades</p><p>humanas. Nesse sentido, a casa é um bem que satisfaz a neces-</p><p>sidade que o homem tem de abrigar-se; o pão satisfaz a necessi-</p><p>dade de se alimentar, etc. Observe que aquilo que não é útil para</p><p>uma pessoa pode ser útil para outras. É o caso do cigarro que,</p><p>embora seja prejudicial à saúde, é útil e satisfaz a necessidade</p><p>de fumar do fumante. Logo, em termos econômicos, o cigarro é</p><p>um bem!</p><p>2. Preço: é a expressão monetária do valor de um bem ou serviço.</p><p>Os bens se dividem em não econômicos (abundantes ou livres) e</p><p>econômicos (raros ou escassos). Os bens são ditos “não econôm-</p><p>icos” se a eles não se puderem atribuir preços e, portanto, não for</p><p>possível transacioná-los no mercado. É o caso do ar que se respi-</p><p>ra, da luz solar, das águas dos rios, etc. Os bens econômicos, ao</p><p>contrário, são raros, e há que se negociar para adquiri-los. Essa</p><p>negociação lhes confere um preço e se processa no mercado.</p><p>3. Mercado: é o contexto (e não o local) em que compradores</p><p>(do lado da procura) e vendedores (do lado da oferta) realizam</p><p>transações. Alternativamente, pode-se dizer que o mercado é a</p><p>interação entre as forças de oferta e de procura.</p><p>Fonte: VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR E SAKURAI, 2015.</p><p>Aluno(a), para compreender perfeitamente este mecanismo, nas próximas au-</p><p>las trabalharemos dois conceitos básicos e que, invariavelmente, se referem</p><p>ao mercado: a demanda e a oferta. Posteriormente, falaremos do conceito de</p><p>equilíbrio, que representa o resultado da interação entre demanda e oferta.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25</p><p>AULA 05</p><p>DEMANDA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26</p><p>25</p><p>Para entender a demanda eu quero que você pense como um consumidor.</p><p>Em termos intuitivos, a demanda (você pode usar “procura” ou, de forma</p><p>mais rigorosa, função demanda) é definida como a quantidade de certo bem</p><p>que os consumidores desejam adquirir.</p><p>Vasconcellos (2014) define demanda (ou procura) como a quantidade de cer-</p><p>to bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado</p><p>período de tempo.</p><p>Existe uma regra, conhecida como LEI DA DEMANDA.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>LEI DA DEMANDA: Tudo o mais permanecendo constante (ceteris</p><p>paribus), quando o preço de um bem aumenta, a quantidade deman-</p><p>dada cai.</p><p>A relação quantidade/preço procurada pode ser representada por uma esca-</p><p>la de procura, conforme a apresentada a seguir:</p><p>ALTERNATIVA DE PREÇO (R$) QUANTIDADE DEMANDADA</p><p>1,00 12.000</p><p>3,00 8.000</p><p>6,00 4.000</p><p>8,00 3.000</p><p>10,00 2.000</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>De acordo com a lei geral da demanda, ceteris paribus, há uma relação ne-</p><p>gativa entre a quantidade adquirida de um bem e seu preço. Esse compor-</p><p>tamento pode ser observado na tabela acima e também no gráfico a seguir.</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27</p><p>26</p><p>Esse gráfico deve ser estudado com bastante atenção, pois é a representação</p><p>clássica da demanda. Apresenta um exemplo hipotético: o eixo Y (ordenada)</p><p>representa os diferentes preços (por unidade) e o eixo X (abscissa) representa</p><p>as quantidades demandadas de um bem - que pode ser chocolate, smartpho-</p><p>nes ou tratamento médico, por exemplo. A relação entre essas duas variáveis</p><p>é estabelecida pela linha do gráfico, e é justamente essa linha que recebe o</p><p>nome de demanda. Neste nosso exemplo, note que se o preço unitário do bem</p><p>for R10$, a quantidade demandada será igual a 2.000 unidades, ao passo que</p><p>se o preço unitário desse mesmo bem cair para R8$, a quantidade demanda</p><p>se elevará em 1.000 unidades, e se o preço cair para R3$, a quantidade</p><p>demandada será igual a 8.000 unidades. Assim, note que a demanda tem</p><p>inclinação negativa, refletindo o fato de que a quantidade procurada de certo</p><p>produto se eleva conforme há redução de seu preço, ceteris paribus.</p><p>Aluno(a), observe que o gráfico apresenta apenas a relação negativa entre</p><p>as diferentes quantidades demandadas em diferentes níveis de preço de um</p><p>mesmo bem. Entretanto, na teoria microeconômica, a demanda é determi-</p><p>nada por uma série de fatores que influenciam a escolha do consumidor,</p><p>entre os quais o preço do próprio bem, o preço de outros bens substitutos ou</p><p>complementares e a renda do consumidor.</p><p>Ou seja, a procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consu-</p><p>midor. Para estudar a influência isolada dessas variáveis, utiliza-se a hipótese</p><p>do ceteris paribus, ou seja, analisa-se cada uma dessas variáveis isolada-</p><p>mente, supondo que as demais permaneçam fixadas.</p><p>Complementando esse conceito, de acordo com Pinho e Vasconcellos (1998),</p><p>a escolha do consumidor é influenciada por algumas variáveis que em geral</p><p>serão as mesmas que influenciarão sua escolha em outras ocasiões. Dessa</p><p>forma, costuma-se apresentar quatro determinantes de procura individual:</p><p>VARIÁVEIS QUE</p><p>INFLUENCIAM A DEMANDA:</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28</p><p>27</p><p>Detalharemos agora, aluno(a), cada uma dessas variáveis.</p><p>Observe que já discutimos a variável “preço do bem” no tópico anterior, e ob-</p><p>servamos que quando o preço de um bem aumenta, a quantidade demanda cai.</p><p>Agora trabalharemos com o critério “renda”. Em geral, é fácil imaginar que</p><p>quando a renda de uma pessoa cai, a quantidade demandada consequen-</p><p>temente diminui. De acordo com a teoria econômica, existem três casos que</p><p>descrevem o efeito de variações na renda:</p><p>• Bem normal: a demanda por um bem aumenta conforme a renda dos agen-</p><p>tes aumenta (por exemplo, é o caso da maior parte dos bens que você̂ conhe-</p><p>ce, como roupas, viagens, etc.);</p><p>• Bens inferiores: neste caso, um aumento da renda leva os indivíduos a con-</p><p>ter a aquisição desse bem. É o caso de itens de consumo mais simples que,</p><p>a partir de certo nível de renda, podem ser trocados por outros de melhor</p><p>qualidade (salsicha ou carne de segunda, por exemplo);</p><p>• Bens de consumo saciado: aqueles cujo consumo não aumenta nem diminui</p><p>conforme a renda se altera. São itens que, em determinada quantidade, são</p><p>suficientes para suprir a demanda do agente, como fósforos ou sal, por exem-</p><p>plo (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR E SAKURAI, 2015).</p><p>Acompanhe nas próximas figuras o efeito de um aumento da renda sobre a</p><p>demanda de acordo com Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai (2015):</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29</p><p>28</p><p>Há um ponto importante a ser salientado e que normalmente causa confusão.</p><p>Note que o gráfico continua tendo o preço do bem A no eixo, e a quantidade de-</p><p>mandada do bem A no eixo X. Contudo, ao alterarmos a renda dos agentes, há</p><p>um deslocamento da demanda, indicando que, para qualquer nível de preços,</p><p>os</p><p>indivíduos almejam consumir uma quantidade maior do bem A em função</p><p>do aumento da renda. Isso ocorre porque ha ́uma alteração em uma variável</p><p>que afetou a demanda (no caso, a renda), mas que não esta ́representada nem</p><p>no eixo X nem no eixo Y. Tomando o caso do bem normal como exemplo, o au-</p><p>mento da renda deslocou a demanda para a direita. Se a renda do indivíduo ti-</p><p>vesse sofrido queda, teríamos um deslocamento da demanda para a esquerda;</p><p>então, para qualquer nível de preço, o consumidor desejaria consumir menos</p><p>desse bem (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR E SAKURAI, 2015).</p><p>Aluno, já trabalhamos os fatores “preço” e “renda”, agora vamos focar nosso</p><p>estudo no fator “preço de outros bens”.</p><p>Os preços de outras mercadorias podem influenciar a quantidade demanda-</p><p>da de uma mercadoria de duas maneiras.</p><p>Em primeiro lugar, duas mercadorias podem se prestar aproximadamente à</p><p>mesma finalidade. Um exemplo disso seriam duas cervejas de marcas dife-</p><p>rentes. Embora um consumidor possa ter preferência por uma marca ou por</p><p>outra, ele normalmente está́ disposto a trocar de marca se houver um bom</p><p>motivo para isso. Esse bom motivo pode ser o preço relativo das duas cerve-</p><p>jas. Quando dois produtos se prestam à mesma finalidade, dizemos que eles</p><p>são bens substitutos. Outros exemplos de bens substitutos são carne de boi</p><p>e carne de frango, viagens por via aérea e viagens por via terrestre, e assim</p><p>por diante (VASCONCELLOS, OLIVEIRA e BARBIERI, 2011).</p><p>Um exemplo bem próximo do nosso cotidiano é a possibilidade de se utilizar</p><p>álcool no lugar da gasolina em automóveis flex, ou então a possibilidade</p><p>de ir de um local a outro usando ônibus, metrô ou táxi, por exemplo. Para o</p><p>primeiro desses exemplos, um aumento no preço do álcool tende a provocar</p><p>diminuição em seu consumo, elevando, por sua vez, o consumo de gasolina.</p><p>Aqui há uma relação positiva entre a demanda por um bem e o preço do</p><p>seu substituto. Dito de outra forma, se o preço de um substituto aumenta, a</p><p>demanda pelo bem A também irá aumentar.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30</p><p>29</p><p>Em segundo lugar, há mercadorias que são consumidas conjuntamente,</p><p>como, por exemplo, camisas sociais e gravatas, combustível para automóvel</p><p>e pneus de automóveis, pão e manteiga, café e açúcar, etc. Dizemos que es-</p><p>sas mercadorias são bens complementares. Imagine agora duas mercadorias,</p><p>C e D. Um aumento no preço da mercadoria D fará com que a quantidade</p><p>demandada desta se reduza. De outro modo, uma vez que a mercadoria C é</p><p>consumida juntamente com a mercadoria D, caso o preço da mercadoria C</p><p>não se altere, a quantidade demandada desta deve diminuir (VASCONCELLOS,</p><p>OLIVEIRA e BARBIERI, 2011).</p><p>Computadores e softwares, por exemplo, representam um caso bastante co-</p><p>nhecido, dado que a aquisição do primeiro normalmente leva à aquisição</p><p>do segundo. Dessa forma, caso o preço dos computadores caia, é natural</p><p>considerar que ocorra um aumento na demanda de computadores, assim</p><p>como um aumento na demanda por softwares. Outro exemplo é o caso do</p><p>turista que viaja ao Brasil para ver os jogos olímpicos e demanda os servi-</p><p>ços de hotelaria para se hospedar. Assim, passagem aérea e hospedagem</p><p>em hotéis são bens complementares. Esse exemplo nos auxilia a estabelecer</p><p>uma relação negativa entre a demanda por um bem e o preço de seu bem</p><p>complementar. Isto é, se o preço do bem A subir, então a demanda por ele e</p><p>seus complementares irá cair.</p><p>Veja nas figuras abaixo o efeito do aumento no preço de um produto sobre a</p><p>demanda do outro, de acordo com Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai (2015):</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31</p><p>30</p><p>Agora, por fim, vamos analisar outros fatores, como “gosto e preferência dos</p><p>consumidores”. De acordo com Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai (2015),</p><p>os principais são discutidos a seguir:</p><p>• Fatores culturais: a demanda por certos bens é tipicamente influenciada por</p><p>fatores que, a princípio, não são puramente econômicos. Entre outros, pode-</p><p>mos citar a religião como fator social relevante que define o comportamento</p><p>de consumo dos agentes, como a não ingestão de carne bovina na Índia, por</p><p>exemplo;</p><p>• Fatores sazonais: o consumo de certos produtos ou serviços pode variar em</p><p>função do calendário. Durante a Semana Santa, por exemplo, há um aumento</p><p>expressivo no consumo de carne de peixe e uma queda significativa no de</p><p>carne vermelha (graficamente, a demanda por peixe sofreria um desloca-</p><p>mento para a direita, ao passo que a demanda por carne vermelha sofreria</p><p>um deslocamento para a esquerda, em seus respectivos mercados).Você̂ já</p><p>deve ter notado que a movimentação na praça de alimentação de um sho-</p><p>pping center é muito maior nos fins de semana do que nos demais dias.</p><p>Também já deve ter tido problemas para encontrar um técnico que conserte</p><p>seu ar-condicionado no verão, quando a demanda por esse tipo de serviço</p><p>aumenta muito;</p><p>• Fatores geográficos e climáticos: fatores climáticos e geográficos também</p><p>influem no comportamento de demanda dos agentes por certo produto. O</p><p>consumo de vinho tende a ser maior em regiões frias do que em regiões mais</p><p>quentes de um país, por exemplo;</p><p>• Outros fatores econômicos: além dos já mencionados, a disponibilidade de</p><p>crédito e a taxa de juros influenciam a decisão dos agentes em adquirir aque-</p><p>les bens que, tradicionalmente, são comprados a prazo, como automóveis,</p><p>imóveis e eletrodomésticos. Além desses, podemos destacar o efeito de cam-</p><p>panhas de publicidade, que podem fazer os consumidores se sentirem mais</p><p>atraídos a adquirir determinado bem.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32</p><p>AULA 06</p><p>OFERTA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33</p><p>32</p><p>Para entender a oferta, eu quero que você pense como um vendedor.</p><p>Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores</p><p>desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo.</p><p>De acordo com Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai (2015), oferta (ou função</p><p>oferta) é definida como a quantidade de um bem que os produtores (firmas)</p><p>desejam produzir e oferecer aos consumidores.</p><p>Assim como no caso da demanda, existe uma relação entre o preço do bem</p><p>e a quantidade que as empresas estão dispostas a produzir e oferecer aos</p><p>consumidores. Diferentemente da função demanda, contudo, a função oferta</p><p>estabelece uma relação positiva entre quantidade ofertada e nível de preços,</p><p>ceteris paribus (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>Quanto mais alto é o preço de mercado, maiores quantidades os vendedores</p><p>estarão dispostos a oferecer. Quanto mais baixo é o preço, menores quanti-</p><p>dades os vendedores estarão dispostos a oferecer.</p><p>É a lei da oferta!</p><p>ANOTE ISSO</p><p>LEI DA OFERTA: as quantidades ofertadas variam diretamente</p><p>com os preços. A quantidade ofertada de um bem diminui quando</p><p>seu preço cai.</p><p>Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação</p><p>direta entre a quantidade ofertada e nível de preços, ceteris paribus. É cha-</p><p>mada Lei Geral da Oferta.</p><p>Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma</p><p>série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço:</p><p>PREÇO (R$) QUANTIDADE OFERTADA</p><p>1,00 1.000</p><p>3,00 5.000</p><p>6,00 9.000</p><p>8,00 11.000</p><p>10,00 13.000</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>A figura a seguir apresenta um exemplo hipotético para o mesmo bem con-</p><p>siderado até aqui: assim como no caso da demanda, o eixo Y (ordenada)</p><p>representa os diferentes preços, mas o eixo X (abscissa), agora, representa as</p><p>quantidades ofertadas.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34</p><p>33</p><p>A relação entre essas duas variáveis é estabelecida pela linha do gráfico, e é</p><p>justamente essa linha que recebe o nome de função oferta, ou simplesmente</p><p>oferta.</p><p>Em nosso exemplo, note que se o preço unitário do bem for R$6, a quanti-</p><p>dade ofertada pela empresa será igual a 9.000 unidades, ao passo que se o</p><p>preço unitário do mesmo bem se elevar para R$8, a quantidade ofertada será</p><p>de 11.000 unidades.</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>A relação positiva entre a quantidade ofertada de um</p><p>bem e seu preço se</p><p>deve ao fato de que, ceteris paribus, o aumento no preço de mercado es-</p><p>timula as empresas a elevar a produção e/ou estimula a entrada de novas</p><p>empresas, aumentando a quantidade do bem ofertada aos consumidores</p><p>(VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>Vasconcellos (2014) explica que além do preço do bem, a oferta de um bem</p><p>ou serviço é afetada pelos custos dos fatores de produção (matérias-primas,</p><p>salários, preço da terra), por alterações tecnológicas e pelo aumento do nú-</p><p>mero de empresas no mercado. Parece claro que a relação entre a oferta e o</p><p>custo dos fatores de produção seja inversamente proporcional. Por exemplo,</p><p>um aumento dos salários ou do custo das matérias-primas deve provocar,</p><p>ceteris paribus, uma retração da oferta do produto. A relação entre a oferta</p><p>e nível de conhecimento tecnológico é diretamente proporcional, dado que</p><p>melhorias tecnológicas promovem melhorias da produtividade no uso dos</p><p>fatores de produção e, portanto, aumento da oferta. Da mesma forma, há</p><p>uma relação direta entre a oferta de um bem ou serviço e o número de em-</p><p>presas ofertantes do produto no setor.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35</p><p>34</p><p>VARIÁVEIS QUE</p><p>INFLUENCIAM A OFERTA:</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>Assim como no caso da demanda, o gráfico de oferta do bem também re-</p><p>presenta somente a relação entre o preço e a quantidade ofertada. Contudo,</p><p>existem outros fatores importantes que influenciam a decisão das empresas</p><p>sobre a quantidade a ser produzida. Além do preço, a oferta de um produto</p><p>ou serviço é influenciada pelo custo dos insumos e dos fatores de produção</p><p>(matérias-primas e salários, por exemplo), por alterações tecnológicas e pelo</p><p>aumento do número de empresas no mercado.</p><p>Detalharemos agora, aluno(a), cada uma dessas variáveis.</p><p>Observe que já discutimos a variável “preço do bem” no tópico anterior e</p><p>observamos que quando o preço de um bem aumenta, a quantidade ofertada</p><p>também aumenta.</p><p>Sobre a variável “tecnologia”, destaco que o avanço tecnológico exerce gran-</p><p>de influência sobre a capacidade produtiva das empresas. A Revolução In-</p><p>dustrial, que modernizou as técnicas produtivas, o advento da internet, que</p><p>tornou mais fácil e barata a comunicação, e o aumento da geração de ener-</p><p>gia por fontes renováveis (como a eólica, entre outras) são bons exemplos</p><p>do aumento da produtividade das empresas. Outro fator significativo para a</p><p>expansão da produção das empresas é o investimento em capital humano,</p><p>como o treinamento e o aumento do nível de escolaridade dos trabalhado-</p><p>res, por exemplo. Todas essas medidas permitem que as empresas tenham</p><p>melhores condições de aumentar a produção dos bens consumidos pelos</p><p>agentes (VASCONCELLOS, TONETO JUNIOR e SAKURAI, 2015).</p><p>Veja graficamente como acontece o impacto do aumento de produtividade</p><p>das empresas sobre a oferta, de acordo com Vasconcellos, Toneto Junior e</p><p>Sakurai (2015).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36</p><p>35</p><p>Alunos(as), vejam bem o que está ilustrado na figura acima, a melhora tec-</p><p>nológica causa um deslocamento do gráfico para a direita, quer dizer, seja</p><p>qual for o nível de preços, as empresas são capazes de produzir uma maior</p><p>quantidade de bens, sejam eles produtos ou serviços. Repare também que ao</p><p>alterarmos a produtividade das empresas, houve um deslocamento de toda</p><p>a oferta no gráfico.</p><p>Essa mesma figura pode ser usada para representar uma redução no “preço</p><p>dos insumos” porque se a matéria-prima fica mais barata, por exemplo, as</p><p>empresas podem adquirir maiores quantidades desse item sem pressionar</p><p>seus custos totais e, assim elevar sua produção para qualquer niv́el de preços</p><p>do bem produzido. Outro fenômeno que também seria representado pelo</p><p>deslocamento para a direita da função oferta seria a “entrada de novas em-</p><p>presas” no mercado do bem, ou seja, com mais firmas produzindo esse bem,</p><p>para qualquer niv́el de preços existiria uma maior quantidade disponível aos</p><p>consumidores.</p><p>Resumindo:</p><p>Determinantes da oferta individual:</p><p>• PREÇO: preço alto, venda lucrativa; quantidade oferecida é grande.</p><p>• PREÇO DOS INSUMOS: preço de insumo aumenta, produção torna-se menos</p><p>lucrativa; a quantidade oferecida diminui.</p><p>• TECNOLOGIA: avanços tecnológicos reduz os custos de fabricação da empresa</p><p>e aumenta-se a quantidade oferecida.</p><p>• NOVAS EMPRESAS: com mais firmas produzindo, esse bem existiria uma</p><p>maior quantidade disponível aos consumidores</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37</p><p>AULA 07</p><p>EQUILÍBRIO</p><p>DE MERCADO</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38</p><p>37</p><p>Relacionando, agora, consumidores e produtores com seus respectivos planos</p><p>de consumo e produção, isto é, com suas respectivas curvas de demanda e</p><p>oferta em um mercado específico, podemos analisar como acontece a interação</p><p>entre os agentes. Observem que, isoladamente, nem a curva de demanda, nem</p><p>a curva de oferta poderiam nos dizer até onde podem chegar os preços ou em</p><p>que medida os planos dos consumidores e dos produtores são compatíveis.</p><p>Para isso, deve-se realizar um estudo conjunto de ambas as curvas.</p><p>De acordo com Vasconcellos (2011), a interação das curvas de demanda e de</p><p>oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço</p><p>em um dado mercado. O preço de equilíbrio é aquele em que coincidem os</p><p>planos dos demandantes ou consumidores e dos ofertantes ou produtores.</p><p>Exemplo:</p><p>Conforme a explicação de Vasconcellos (2011), na intersecção das curvas de</p><p>oferta e demanda, teremos o preço e a quantidade de equilíbrio, isto é, o</p><p>preço e a quantidade que atendem às aspirações dos consumidores e dos</p><p>produtores simultaneamente.</p><p>Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio, teremos</p><p>uma situação de escassez do produto. Haverá uma competição entre os con-</p><p>sumidores, pois as quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas.</p><p>Formar-se-ão filas, o que forçará́ a elevação dos preços, até atingir-se o equi-</p><p>líbrio, quando as filas cessarão.</p><p>Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de</p><p>equilíbrio, haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo de</p><p>estoques não programado do produto, o que provocará uma competição en-</p><p>tre os produtores, conduzindo a uma redução dos preços, até que se atinja o</p><p>ponto de equilíbrio.</p><p>Como se observa, quando há competição tanto de consumidores como de</p><p>ofertantes, há uma tendência natural no mercado para se chegar a uma si-</p><p>tuação de equilíbrio estacionário – sem filas e sem estoques não desejados</p><p>pelas empresas. Desse modo, se não há obstáculos para a livre movimenta-</p><p>ção dos preços, ou seja, se o sistema é de concorrência pura ou perfeita, será́</p><p>observada essa tendência natural de o preço e a quantidade atingirem de-</p><p>terminado nível desejado tanto pelos consumidores como pelos ofertantes.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39</p><p>AULA 08</p><p>ELASTICIDADE</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40</p><p>39</p><p>Caros(as) alunos, agora abordaremos o conceito de Elasticidade.</p><p>Elasticidade é uma medida de como compradores e vendedores reagem a</p><p>uma mudança nos preços, ela nos permite analisar a oferta e a demanda com</p><p>muito mais precisão.</p><p>Quando o preço de um produto ou serviço aumenta, a quantidade deman-</p><p>dada diminui. Contudo, para prever o efeito do aumento do preço no gasto</p><p>total, devemos saber também em que proporção a quantidade diminui. A</p><p>quantidade demandada de alguns produtos, como o sal, não é muito sensí-</p><p>vel as mudanças de preço. De fato, mesmo que o preço do sal duplicasse ou</p><p>caísse pela metade, a maioria das pessoas dificilmente alteraria a quantida-</p><p>de consumida. Para outros produtos, entretanto, a quantidade demandada é</p><p>extremamente sensível às alterações de preço (FRANK, BERNANKE, 2012).</p><p>ELASTICIDADE-PREÇO</p><p>DA DEMANDA</p><p>De acordo com Frank e Bernanke (2012), a elasticidade-preço da demanda</p><p>para um produto é a medida da sensibilidade da quantidade demandada</p><p>deste produto às variações no seu preço. Formalmente, a elasticidade-pre-</p><p>ço da demanda para um produto é definida como a variação percentual na</p><p>quantidade</p><p>demandada resultante de uma mudança de 1% em seu preço. Por</p><p>exemplo, se o preço da carne diminuir 1% e a quantidade demandada au-</p><p>mentar 2%, então a elasticidade-preço da demanda da carne será́ igual a – 2.</p><p>Ainda de acordo com os autores Frank e Bernanke (2012), embora essa defini-</p><p>ção esteja se referindo à sensibilidade da quantidade demandada a uma mu-</p><p>dança de 1% no preço, ela também pode ser adaptada para outras variações</p><p>de preço, desde que sejam relativamente baixas. Nestes casos, calcula-se</p><p>a elasticidade-preço da demanda como a variação percentual na quantida-</p><p>de demandada dividida pela correspondente variação percentual no preço.</p><p>Assim, se uma redução de 2% no preço da carne bovina leva a um aumento</p><p>de 6% na quantidade de carne bovina demandada, a elasticidade-preço da</p><p>demanda por carne de bovina seria de:</p><p>variação percentual na quantidade demandada = 6% = -3</p><p>variação percentual no preço -2%</p><p>Assim, a elasticidade-preço da demanda sempre negativa (ou zero), por-</p><p>que as mudanças nos preços sempre serão inversamente proporcionais às</p><p>alterações da quantidade demandada. Assim, por conveniência, descarta-</p><p>mos o sinal negativo e falamos da elasticidade-preço em termos de valor</p><p>absoluto. A demanda para um produto será chamada de elástica se o va-</p><p>lor absoluto de sua elasticidade-preço for maior que 1; de inelástica, se o</p><p>valor absoluto de sua elasticidade-preço for menor que 1; e, finalmente, a</p><p>demanda terá elasticidade unitária se o valor absoluto de sua elasticida-</p><p>de-preço for igual a 1.</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41</p><p>40</p><p>Veja essa representação na figura abaixo:</p><p>Fonte: (FRANK, BERNANKE, 2012)</p><p>ANOTE ISSO</p><p>TIPOS DE ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA</p><p>1. Inelástica: A quantidade demandada não responde com muita</p><p>intensidade a alterações nos preços</p><p>2. Elástica: A quantidade demandada responde com muita inten-</p><p>sidade a alterações nos preços</p><p>3. Unitária: A quantidade demandada muda na mesma proporção</p><p>que o preço se altera</p><p>Vejamos agora um exemplo:</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>Vamos falar de pizzas!</p><p>Quando o preço da pizza é de $1 por fatia, os compradores desejam</p><p>adquirir 400 fatias por dia, mas quando o preço diminui para $0,97</p><p>por fatia, a quantidade demandada aumenta para 404 fatias por dia.</p><p>Com base no preço original, qual é a elasticidade-preço da deman-</p><p>da por pizza?</p><p>A demanda por pizza é elástica com relação ao preço?</p><p>A redução no preço de $1 para $0,97 é um decréscimo de 3%, o au-</p><p>mento na quantidade demandada de 400 para 404 fatias é um au-</p><p>mento de 1%. A elasticidade-preço da demanda por pizza é, então,</p><p>(1%)/(3%) = 1/3. Assim, quando o preço inicial da pizza for de $1, a</p><p>demanda por pizza não será elástica, mas sim, inelástica.</p><p>Fonte: (FRANK, BERNANKE, 2012)</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42</p><p>41</p><p>FATORES QUE AFETAM A</p><p>ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA</p><p>Para o economista Wall (2015), o valor da elasticidade depende de vários fatores:</p><p>• A disponibilidade de substitutos de consumo. Quanto mais numerosos e mais</p><p>próximos forem os substitutos disponíveis, mais elástica será́ a demanda. En-</p><p>tão, uma pequena porcentagem de mudança no preço de X pode gerar uma</p><p>grande porcentagem de mudança na quantidade demandada de X à medida</p><p>que os consumidores adotam ou rejeitam esses substitutos de consumo.</p><p>• A natureza da necessidade satisfeita pelo produto. Quanto mais possível</p><p>classificar a necessidade como um luxo, mais sensíveis ao preço os consumi-</p><p>dores tenderão a ser e mais elástica será a demanda. Quanto mais básica ou</p><p>premente a necessidade, menos sensíveis ao preço os consumidores tende-</p><p>rão a ser e menos elástica será a demanda.</p><p>• O período de tempo. Quanto mais longo o período de tempo, mais elástica</p><p>será a demanda (os consumidores levam algum tempo para ajustar seus pa-</p><p>drões de consumo a uma mudança no preço).</p><p>• A proporção da renda gasta no produto. Quanto maior a proporção da renda</p><p>gasta no produto, mais elástica a demanda tende a ser. É mais provável que</p><p>o consumidor note uma porcentagem de mudança no preço de um produto</p><p>se esse produto tiver um papel importante em seu padrão de gastos totais, o</p><p>que influenciará suas futuras intenções de compra.</p><p>• O número de usos disponíveis para o produto. Quanto maior a flexibilidade</p><p>do produto em termos do número de usos aos quais ele pode se destinar,</p><p>mais elástica será a demanda. É claro que quanto maior o número de usos</p><p>disponível para o produto, mais produtos substitutos estarão disponíveis.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>A elasticidade-preço da demanda para um produto ou serviço ten-</p><p>de a ser maior quando os substitutos para este produto são mais</p><p>facilmente encontrados, quando a parcela do produto no orçamento</p><p>do consumidor é maior e quando os consumidores têm mais tempo</p><p>para se ajustar às alterações de preço.</p><p>Entender os fatores que regem a elasticidade-preço da demanda é neces-</p><p>sário não apenas para compreender o comportamento do consumidor, mas</p><p>também para construir uma política pública eficiente. Considere, por exem-</p><p>plo, o debate sobre como os impostos afetam o tabagismo entre adolescen-</p><p>tes (FRANK, BERNANKE, 2012).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43</p><p>42</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>Um imposto mais alto sobre o cigarro pode reprimir o tabagismo</p><p>entre os adolescentes?</p><p>Os consultores contratados pela indústria do tabaco têm feito repre-</p><p>sentações no Congresso norte-americano contra as altas taxas que</p><p>incidem sobre os cigarros como forma de frear o tabagismo entre os</p><p>jovens. Esses consultores testemunharam que a principal razão de</p><p>os jovens fumarem é que seus amigos fumam, e eles concluíram que</p><p>os impostos teriam um pequeno efeito. O depoimento dos consul-</p><p>tores faz sentido econômico?</p><p>Os consultores estão quase certos quanto ao fato de a influência dos</p><p>amigos ser o determinante mais importante do tabagismo entre os</p><p>adolescentes. Todavia, isto não significa que os altos impostos sobre</p><p>os cigarros tenham um pequeno impacto nas taxas de tabagismo na</p><p>adolescência. Como a maioria dos adolescentes tem pouco dinheiro</p><p>para gastar à vontade, o cigarro constitui uma parcela significativa</p><p>no orçamento típico de um jovem fumante. A elasticidade-preço da</p><p>demanda está, então, longe de ser desprezível. Pelo menos para</p><p>alguns adolescentes fumantes, um alto imposto tornaria o ato de</p><p>fumar financeiramente inacessível. E, mesmo entre aqueles que po-</p><p>dem financiar os altos preços, pelo menos alguns preferem gastar</p><p>seu dinheiro em outras coisas, em vez de pagar os preços altos.</p><p>Dado que o imposto afetaria pelo menos alguns fumantes adoles-</p><p>centes, o argumento dos consultores começa a cair por terra. Se o</p><p>imposto detiver ao menos um pequeno número de fumantes, direta-</p><p>mente, como efeito do preço do cigarro, ele também irá deter outros</p><p>indiretamente, ao reduzir o número de amigos que fumam. E aque-</p><p>les que param de fumar por esses efeitos indiretos não irão, por sua</p><p>vez, influenciar outros a fumar, e assim por diante. Logo, mesmo se</p><p>o efeito direto do aumento do imposto sobre o cigarro em fumantes</p><p>adolescentes for pequeno, os efeitos cumulativos serão extrema-</p><p>mente grandes. O simples fato de que a pressão dos amigos pode</p><p>ser o principal determinante para que os adolescentes fumem não</p><p>significa que impostos mais altos sobre os cigarros não terão um im-</p><p>pacto significativo no número de adolescentes que fumam.</p><p>Fonte: (FRANK, BERNANKE, 2012)</p><p>ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA</p><p>Do lado do comprador no mercado, utilizamos a elasticidade-preço da de-</p><p>manda para medir a sensibilidade da quantidade demandada às alterações</p><p>de preço. Do lado do vendedor no mercado, uma medida semelhante é a</p><p>elasticidade-preço da oferta, definida como a variação percentual na quan-</p><p>tidade ofertada que ocorre em resposta a uma alteração de 1% no preço. Por</p><p>exemplo, se um aumento de 1% no preço do amendoim leva a um aumento</p><p>de 2% na quantidade ofertada, a elasticidade-preço da oferta de amendoim</p><p>é 2 (FRANK, BERNANKE, 2012).</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44</p><p>43</p><p>variação percentual</p><p>na quantidade ofertada</p><p>variação percentual no preço</p><p>O segredo para prever se a oferta de um produto será elástica em relação</p><p>ao preço é saber os termos sobre os quais as unidades adicionais dos insu-</p><p>mos envolvidos na produção desse produto podem ser adquiridas. De acordo</p><p>com os autores Frank e Bernanke (2012), os fatores a seguir (dentre outros)</p><p>influenciam a maneira como insumos adicionais podem ser adquiridos pelo</p><p>produtor. Ou seja, esses fatores são importantes porque em geral, quanto</p><p>mais fácil for a aquisição das unidades adicionais desses insumos, maior</p><p>será a elasticidade-preço da oferta.</p><p>• Flexibilidade de insumos: À medida que a produção de um bem necessita de</p><p>insumos que também são úteis para a produção de outros produtos, é relati-</p><p>vamente fácil desviar insumos extras de seus usos atuais, tornando a oferta</p><p>daquele bem relativamente elástica em relação ao preço. Assim, o fato de a</p><p>produção da limonada necessitar de mão de obra com um mínimo de habili-</p><p>dade significa que muitos trabalhadores poderiam migrar para a produção de</p><p>limonada se isso fosse uma oportunidade rentável. Uma cirurgia cerebral, por</p><p>exemplo, requer uma mão de obra treinada e especializada, o que significa</p><p>que até mesmo um grande aumento no preço não elevaria a oferta disponí-</p><p>vel, exceto no longo prazo.</p><p>• Mobilidade de insumos: Se os insumos podem ser facilmente transportados</p><p>de um lado para o outro, um aumento no preço de um produto em um mer-</p><p>cado permitirá que um produtor daquele mercado adquira os insumos de</p><p>outros mercados. Por exemplo, a oferta de produtos agrícolas nos Estados</p><p>Unidos torna-se mais elástica em relação ao preço pelo fato de milhares de</p><p>trabalhadores rurais migrarem para o norte durante a época do cultivo. A</p><p>oferta de entretenimento é, da mesma forma, mais elástica pelo fato de os</p><p>artistas gostarem de estar na estrada. Pessoas que trabalham em circos, can-</p><p>tores, comediantes e até mesmo dançarinos exóticos normalmente passam</p><p>um tempo considerável longe de casa. Para a maioria dos produtos, a elasti-</p><p>cidade-preço da oferta aumenta cada vez que uma nova rodovia é construída</p><p>ou quando a rede de telecomunicações é aperfeiçoada; ou mesmo quando</p><p>outra descoberta facilita encontrar e transportar os insumos de um lugar</p><p>para outro.</p><p>• Capacidade de produzir insumos substitutos: Os insumos necessários para</p><p>a produção de diamantes lapidados incluem diamantes brutos, mão de obra</p><p>especializada, máquinas especiais de corte e de polimento. Com o tempo,</p><p>pode aumentar o número de pessoas com as habilidades necessárias, assim</p><p>como a quantidade de maquinário especializado. O número de diamantes</p><p>brutos nas jazidas é provavelmente fixo, assim como os terrenos em Manhat-</p><p>tan, mas diferentemente dos terrenos em Manhattan, o aumento dos preços</p><p>encoraja os mineradores a investir os esforços necessários para encontrar</p><p>uma quantidade maior desses diamantes. Ainda assim, a oferta de pedras</p><p>naturais tende a ser relativamente inelástica por causa da dificuldade de</p><p>aumentar o número de cristais de diamantes. Está próximo o dia em que os</p><p>fabricantes de pedras preciosas poderão produzir pedras de diamante sin-</p><p>téticas idênticas às reais. De fato, já existem pedras sintéticas que conse-</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45</p><p>44</p><p>guem enganar até mesmo joalheiros muito experientes. A introdução de um</p><p>substituto sintético perfeito aumentaria a elasticidade-preço da oferta de</p><p>diamantes (ou, de qualquer forma, a elasticidade-preço da oferta de pedras</p><p>preciosas que têm características semelhantes aos diamantes).</p><p>• Tempo: Como leva algum tempo para os produtores trocarem uma atividade</p><p>por outra e como leva tempo para montar novas máquinas e fábricas e treinar</p><p>a mão de obra, a elasticidade-preço da oferta será́ maior para a maioria dos</p><p>produtos no longo prazo do que no curto prazo. No curto prazo, a incapacida-</p><p>de de um fabricante de aumentar os estoques existentes de equipamentos</p><p>e mão de obra qualificada tornam impossível expandir sua produção além</p><p>de um determinado limite. Contudo, se o problema fosse a falta de gerentes,</p><p>novos MBAs podem ser treinados em apenas dois anos. Ou, se o problema for</p><p>a falta de consultoria jurídica, novos advogados podem ser treinados em três</p><p>anos. No longo prazo, as empresas sempre podem comprar novos equipa-</p><p>mentos, construir novas fábricas e contratar mão de obra qualificada adicio-</p><p>nal. As condições que deram origem à curva de oferta perfeitamente elástica</p><p>de limonada, no exemplo discutido anteriormente, também são atendidas</p><p>para muitos outros produtos no longo prazo. Se um produto pode ser copiado</p><p>(no sentido de que qualquer empresa adquire o design e outras informações</p><p>técnicas necessárias para produzi-lo) e se os insumos necessários à sua pro-</p><p>dução forem utilizados em proporções consideravelmente fixas e estiverem</p><p>disponíveis a preços de mercado fixos, então a curva de oferta no longo prazo</p><p>para aquele produto será́ horizontal. Contudo, muitos produtos não atendem</p><p>a essas condições e suas curvas de oferta permanecem com uma inclinação</p><p>ascendente, mesmo no longo prazo (FRANK, BERNANKE, 2012).</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Elasticidade-Preço da Oferta</p><p>• Elasticidade-Preço da oferta mede o aumento ou diminuição, em</p><p>percentagem, da quantidade ofertada devido a uma mudança</p><p>percentual nos preços</p><p>• Mede o quanto a quantidade ofertada por um bem muda devido a</p><p>uma mudança no preço daquele bem</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46</p><p>AULA 09</p><p>ESTRUTURAS</p><p>DE MERCADO: CONCORRÊNCIA</p><p>PERFEITA E MONOPÓLIO</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47</p><p>46</p><p>Pretendemos estudar nesta e nas próximas aulas os mais diversos tipos de</p><p>mercado de uma economia. Esses mercados estão organizados de manei-</p><p>ra diferente graças a dois fatores principais: número de firmas produtoras</p><p>atuando no mercado e homogeneidade ou diferenciação dos produtos.</p><p>Para apresentar as estruturas de mercado, teremos quatro partes principais:</p><p>a primeira parte, chamada CONCORRÊNCIA PERFEITA explica que neste tipo</p><p>de estrutura existem muitos compradores e vendedores vendendo produ-</p><p>tos essencialmente iguais. A segunda parte, fala sobre o MONOPÓLIO, que é</p><p>quando uma única empresa vende um produto que não possui substitutos.</p><p>Na sequência, explicamos o OLIGOPÓLIO, ou seja, quando poucas empresas</p><p>oferecem produtos similares. E, por fim, discorreremos sobre a COMPETIÇÃO</p><p>MONOPOLÍSTICA, uma estrutura de mercado que possui algumas caracterís-</p><p>ticas de competição e outras de monopólio.</p><p>A partir da demanda e da oferta de mercado são determinados o preço e a</p><p>quantidade de equilíbrio de um dado bem ou serviço. O preço e a quantida-</p><p>de, entretanto, dependerão da particular forma ou estrutura desse mercado,</p><p>ou seja, se ele é competitivo, com muitas empresas produzindo um dado</p><p>produto, ou concentrado em poucas ou em uma única empresa, e se os pro-</p><p>dutos são homogêneos ou diferenciados. Dependerão também dos objetivos</p><p>dos empresários, ou seja, se desejam maximizar lucros a curto prazo, ou se</p><p>pretendem maximizar inicialmente sua participação no mercado, para afastar</p><p>concorrentes, etc.</p><p>Na análise das estruturas de mercado, avaliam-se os efeitos da oferta e da</p><p>demanda, tanto no mercado de bens e serviços como no mercado de fatores</p><p>de produção.</p><p>As estruturas do mercado de bens e serviços serão apresentadas a seguir.</p><p>CONCORRÊNCIA PERFEITA</p><p>Um mercado perfeitamente competitivo tem as seguintes características:</p><p>Existem muitos</p><p>compradores e</p><p>vendedores.</p><p>Os bens oferecidos</p><p>são essencialmente</p><p>os mesmos (bens</p><p>homogêneos).</p><p>As empresas podem</p><p>entrar livremente no</p><p>mercado</p><p>Fonte: Desenvolvido pela autora</p><p>Como resultado de suas características em um mercado perfeitamente competitivo:</p><p>• As ações de um único comprador ou vendedor não tem efeito no preço de mercado</p><p>• Cada comprador e vendedor aceita o preço de mercado como dado</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48</p><p>47</p><p>O fato de existirem muitas empresas pequenas, cada uma vendendo um pro-</p><p>duto idêntico, significa que os consumidores</p>

Mais conteúdos dessa disciplina